jornal do morhan - ed. 55

7
Morhan conquista avanços na luta pela indenização dos filhos separados dos pais durante o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase Carretinha da Saúde recebe o Prêmio ODM Brasil, em Brasília Pag: 6, 7 e 8 Pag: 3 Jornal do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase Janeiro a Junho 2013 Ano XXIII • N° 55

Upload: dangliem

Post on 09-Jan-2017

221 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Jornal do Morhan - Ed. 55

Morhan conquista avanços na luta pela indenização dos filhos separados dos pais durante o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase

Carretinha da Saúde recebe o Prêmio ODM Brasil, em Brasília

Pag: 6, 7 e 8

Pag: 3

Jornal do Movimento deReintegração das PessoasAtingidas pela HanseníaseJaneiro a Junho 2013Ano XXIII • N° 55

Page 2: Jornal do Morhan - Ed. 55

PRÊMIO ODM BRASIL - 03

“Não basta prevenir, diagnosticar e tratar a

doença. É preciso cuidar das pessoas. E, para isso,

é urgente el iminar o preconceito”

s ações do Morhan na busca pela garantia dos direitos das pessoas atingidas pela hanseníase no Brasil gan-

haram reconhecimento internacional no primeiro semestre de 2012. Em fevereiro, a Organização das Nações Unidas (ONU) escolheu a cidade do Rio de Janeiro para sediar o 1º Seminário Internacional de Hanseníase e Direitos Humanos, realizado em alusão ao Dia Mundial de Combate à Hanseníase, lembrado sempre no último domingo de janeiro.

Fruto de uma parceria já consolidada com o embaixador da ONU para eliminação da hanseníase no mundo, o japonês Yo-hei Sasakawa, a iniciativa reafirmou o protagonismo do Brasil na luta para ser o primeiro país a indenizar os filhos que foram separados de seus pais durante o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase. O apoio de Sasakawa à nossa luta tem valor simbólico, força política e é estratégico para reforçar o trabalho que desenvolvemos Brasil afora.

Nossos esforços para detectar precocemente novos casos da doença e para promover ações de educação em saúde e contra o preconceito também merecem destaque. Em maio, a Carretinha da Saúde foi contemplada com o Prêmio Objetivos de Desenvolvi-mento Milênio Brasil (ODM Brasil) – reconhecimento que dividimos com a ONG RIOSOLIDÁRIO, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e as Secretarias Municipais de Saúde, por meio do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (Cosems RJ). Em parce-ria com a Novartis, a Carreta da Saúde estende a ação a outros Estados e reforça o compromisso do Morhan com a eliminação da hanseníase até 2015, conforme recomendado pela ONU.

Segundo o Ministério da Saúde, o país registra uma taxa de prevalência da doença de 1,56 casos para cada grupo de 10 mil habitantes, com 3.950 novos casos detectados em 2011. De acordo com o levantamento, 60% dos casos de hanseníase estão concentrados em 166 municípios do Brasil – o que representa somente 10% do total. Os desafios que ainda se colocam são muitos, porém, para nós, servem como incentivo para trabalhar cada vez mais e melhor e garantir a promoção da saúde e da cidadania das pessoas atingidas pela hanseníase.

RECONHECIMENTO INTERNACIONAL

SUMÁRIO

Prevenção da hanseníase recebe Prêmio ODM Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03

Um passeio pelos Núcleos . . . . . .04 e 05

Mobilização nacional . . . . . . . . . . . 6, 7 e 8

Aprovada indenização trabalhista para as pessoas que trabalharam nas Colônias durante o período do Isolamento Compulsório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Entrevista com Márcia Fontanella .10 e 11

Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Endereço: Rua do Matoso, N° 6, Grupo 204Praça da Bandeira – Rio de Janeiro/RJ – CEP 20270-130 Tele-fones: (21) 2502.0100 / 2502.0074Email: [email protected]: www.morhan.org.brProdução de conteúdo: Bel Levy e Renata Fontoura Tiragem: 7.000 exemplaresDistribuição Gratuita/Circulação Dirigida

02 EDITORIAL

PREVENÇÃO DA HANSENÍASE RECEBE PRÊMIO ODM BRASILCarretinha da Saúde, que promove o diagnóstico imediato da doença, esteve entre as

iniciativas contempladas pelo Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil

romover o diagnóstico precoce da hanseníase, fundamental para o sucesso do

tratamento, e contribuir para a superação do pre-conceito que ainda é associado à doença. Com estes dois compromissos, a Carretinha da Saúde, unidade móvel que percorre o Estado do Rio de Janeiro, conquistou em maio o Prêmio Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Brasil (ODM Bra-sil), concedido a iniciativas que contribuem para o cumprimento, até 2015, dos 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, propostos pela Or-ganização das Nações Unidas (ONU). A ação é promovida pelo Morhan, em parceria com a ONG RIOSOLIDÁRIO, o Instituto EBX, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e as Secretarias Municipais de Saúde, por meio do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (COSEMS RJ).

A hanseníase integra a proposta da ONU como um adendo ao Objetivo de Desenvolvimento do Milênio nº 6, ref-erente ao enfrentamento de doenças relacionadas às condições de vida das populações. “A hanseníase tem cura e o tratamento está disponível gratuitamente no SUS. No entan-to, o Brasil registra o maior índice de incidência da doença no mundo. Por isso, a eliminação da hanseníase é uma recomendação expressa da ONU e uma prioridade do Governo Federal, que reconhece o controle da doença como uma das metas do Programa Brasil Sem Miséria”, aponta Artur Custódio, coordenador nacional do Morhan.

Para a diretora presidente da ONG RIOSOL-IDARIO, Daniela Pedras, o prêmio é uma grande motivação ao desenvolvimento de tecnologias so-ciais. “Este reconhecimento sinaliza que estamos inovando na implementação de projetos estrutur-antes para o país, que levam não só a informação, mas a solução de problemas, como é o caso do estigma da hanseníase”, considera Daniela.

Unidade móvel equipada com três ambulatóri-os e palco para realização de atividades lúdicas, a Carretinha da Saúde vem contribuindo para a promoção da saúde e da cidadania em todo o Es-tado do Rio de Janeiro. Além do diagnóstico da hanseníase e da difusão de informações sobre a doença, são realizadas programações culturais, como apresentações de teatro, sempre com ên-fase no combate ao preconceito. Em 2011, mais de mil pessoas foram beneficiadas pela ação, em 30 campanhas realizadas em diversas cidades e em comunidades cariocas com Unidades de Polí-cia Pacificadora (UPP).

Para Artur, a articulação entre saúde e cidadania é o diferencial da Carretinha da Saúde. “Não bas-ta prevenir, diagnosticar e tratar a doença. É preciso cuidar das pes-soas. E, para isso, é urgente elim-inar o preconceito”, considera o coordenador nacional do Morhan.

Artur destaca, ainda, que a ex-periência da Carretinha da Saúde demonstra que a colaboração en-tre diferentes setores da sociedade é fundamental para o desenvolvi-mento sustentável. “A premiação é o reconhecimento de como uma parceria da iniciativa privada com um movimento social pode colab-orar com políticas de governo em prol da melhoria da qualidade de vida da população”, aposta.

A iniciativa do Morhan foi umas das 20 práticas premiadas entre as 1.638 inscritas na edição 2011 do Prêmio ODM Brasil. Durante a cerimônia de premiação, no Palácio do Planalto, em Brasília, a presidenta Dilma Rousseff destacou a importân-cia dessas ações para o país. “O governo tem de fazer o seu papel, e procuramos fazer, mas precis-amos, sim, da mobilização de toda a sociedade, empresas e instituições para darmos mais quali-dade de vida ao povo brasileiro”, declarou.

Artur Custódio Coordenador nac ional do Morhan

EXPEDIENTE

Page 3: Jornal do Morhan - Ed. 55

04 UM PASSEIO PELOS NÚCLEOS

Um passeio pelos NúcleosMobilização em Ribeirão Preto

Realizada no dia 5 de maio pela Sociedade Brasileira de Dermato-logia com apoio do Morhan e da Sociedade Brasileira de Hansenolo-gia, a Campanha Nacional Contra Hanseníase ganhou um importante reforço no Estado de São Paulo. Em Ribeirão Preto, a Secretaria Municipal de Saúde e o núcleo local do Morhan aderiram à iniciativa e ofereceram à população orientação e avaliação de casos suspeitos durante ação do “Dr. Móvel” – ônibus da Prefeitura de Ribeirão Preto adaptado para fazer atendimentos médicos – realizada na Esplanada do Teatro Pedro II. Na cidade, em 2011, foram registrados 47 novos casos da doença.

Salão de Leitura em Niterói

O Morhan fez uma participação especial no 3º Salão de Leitura de Niterói, em julho. Durante o evento, que promove anualmente um encontro entre a literatura e as diversas linguagens da arte e do pensamento, uma peça de teatro alertou o público sobre a im-portância do diagnóstico precoce da hanseníase e o enfrentamento do preconceito que ainda envolve pacientes e familiares. Mais de cem atividades, entre debates, palestras e shows, todas gratuitas, foram oferecidas para a população fluminense nesta edição de 2012.

Roda de conversa sobre hanseníase no Piauí

No dia 28 de abril, o Morhan Pauí reforçou seu compromisso na luta contra a hanseníase, promovendo uma iniciativa inédita: a Roda de Conversa com o Morhan. A atividade contou com a participação de 64 alunos de Enfermagem, que debateram aspectos relacionados ao preconceito que ainda envolve a doença. Durante a apresentação, o público pôde conhecer as ações realizadas pelos voluntários do Morhan na região. Por meio de slides, palestras alertaram os futuros profissionais de saúde para os sinais e sintomas da hanseníase e para a importância do diagnóstico precoce da doença. O encontro aconteceu na Obra Kolping, localizada no Bairro Dirceu Arcoverde, em Teresina.

Regularização fundiária é tema debate no Acre

Representantes do Morhan Acre e do Instituto de Terras do Acre estiveram reunidos no dia 31 de maio, em Cruzeiro do Sul, para debater a regularização fundiária da antiga colônia de hanseníasos Hernanes Agrícola, no bairro do Telégrafo. Com uma área de mais de 35 mil metros quadrados, a localidade abrigava portadores de hanseníase e, hoje, abriga o hospital dermatológico que atende pa-cientes com a doença. A regularização deve beneficiar mais de 200 famílias que receberão o título de propriedade no mês de julho.

Dia Mundial da Saúde

Para comemorar o Dia Mundial da Saúde, 07 de abril, diversos movimentos sociais organizaram uma manifestação, no dia 10 de abril, em São Paulo. Voluntários do Morhan Barueri participaram de uma passeata que tomou a Praça da Sé e reuniu profissionais de saúde e representantes do Governo Federal. Filhos separados dos pais pelo isolamento compulsório de pessoas com hanseníase também estiveram presentes, para sensibilizar a sociedade sobre a importância de estender a eles a indenização concedida aos ex-pa-cientes da doença. Durante o evento, a causa ganhou o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Presidenta Dilma recebe voluntários do Morhan em Minas Gerais

Voluntários do núcleo Santa Izabel foram recebidos pela presiden-ta Dilma Rousseff no mês de maio, em Betim, Minas Gerais. O grupo homenageou Dilma pelo Dia das Mães e pediu apoio na criação do Grupo de Trabalho Interministerial, que realizará um levantamento sobre a situação dos filhos separados dos pais pela política de isola-mento compulsório das pessoas com hanseníase. A presidenta sau-dou os integrantes do Movimento, agradeceu as homenagens, disse conhecer as reivindicações do Morhan e se comprometeu em ler os documentos entregues pelos voluntários.

Exposição aborda história da hanseníase

Inaugurada no dia 17 de maio pela primeira-dama do Estado do Rio Grande do Sul, Sandra Genro, a exposição fotográfica “Da Lep-ra à Hanseníase”, deu início à mobilização local para recuperação do patrimônio histórico da Colônia de Itapuã. A mostra, dedicada a revelar a atualidade das instalações e do cotidiano dos moradores da região, está aberta ao público até o mês de setembro, no Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul. Na cerimônia de abertura, Sandra Genro agradeceu pelo convite de realizar a mostra, que lhe possibilitou conhecer mais profundamente a história da hanseníase em seu Estado. “Ver aquela pequena cidade com suas ruas planeja-das, as casas lado a lado, o clube, as igrejas, a prisão, enfim, aquelas edificações que guardam os sentimentos de uma comunidade que foi isolada do resto do mundo foi uma experiência dura e inesquecív-el”, relatou a primeira-dama. A mostra conta com vídeos e imagens históricas do acervo da Colônia de Itapuã, além das fotos recentes, feitas pelas fotógrafas Sandra Genro e Beliza Boniatti, em visita à Colônia de Itapuã em fevereiro deste ano.

Page 4: Jornal do Morhan - Ed. 55

06 ESPECIAL

MOBILIZAÇÃO NACIONALAudiências públicas, abaixo assinados e a criação de uma força-tarefa nacional pressionam aprovação para

indenização dos filhos separados dos pais

ESPECIAL 07

Brasil representa uma liderança mundial na defesa dos direitos humanos das pes-

soas atingidas pela hanseníase: foi o segundo país do mundo a indenizar os pacientes submeti-dos ao isolamento compulsório, depois do Japão, e poderá ser o primeiro a indenizar os seus fil-hos, separados dos pais logo após o nascimento. Reconhecida pela Organização das Nações Uni-das (ONU) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a atuação do Morhan foi decisiva para garantir medidas reparatórias às pessoas segre-gadas nas antigas colônias e para trazer ao de-bate púbico a importância de estendê-las aos seus filhos, conforme recomendação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas.

Neste cenário, a reivindicação para que a pres-identa Dilma Rousseff assine medida provisória que assegure a devida indenização às vítimas do maior episódio de alienação parental do país vêm ganhando força por meio de intensa mobilização política e social. Nos primeiros meses de 2012, a realização de “encontrões” de filhos que foram separados dos pais durante o isolamento com-pulsório das pessoas com hanseníase contribuiu para chamar a atenção da sociedade brasileira para a questão. Paralelamente, audiências públi-cas sobre o tema envolvendo ex-portadores da doença, seus familiares, representantes do movi-mento social e autoridades políticas foram realiza-das em Minas Gerais, no Pará e, pela primeira vez, no Rio Grande do Sul.

Como desdobramento dessas ações, repre-sentantes do movimento social foram recebidos na Casa Civil da Presidência da República, no dia 4 de maio. Na ocasião, uma Carta Aberta aos Ministros do Governo Federal foi entregue pelo Morhan, a fim de reforçar a articulação para a

sentantes do movimento social e do governo foi criada pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes”, aponta o coordenador nacion-al do Morhan.

“O isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase, praticado como política de Estado en-tre as décadas de 1930 e 1980, dividiu milhares de famílias brasileiras e, ainda hoje, é uma ferida aberta. Essas pessoas foram impedidas de con-viver com os seus familiares e submetidas a uma vida de privações, muitas vezes em instituições precárias, sem acesso à educação, lazer e cultura. Por isso, a indenização é fundamental”, defende.

Rio Grande do Sul adere à mobilização

Realizados com o objetivo de sensibilizar a so-ciedade, os “encontrões” de filhos de ex-pacientes de hanseníase e audiências públicas para reivin-dicar a reparação de danos causados pela alien-ação parental já percorreram todo o país, reunindo milhares de pessoas. “No ano passado, conquis-tamos o apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de defensorias públicas e assembleias legislativas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Pernambuco, Acre, Ceará, Santa Catarina, Pará e Piauí”, comemora Artur Custódio.

Em 2012, o Estado do Rio Grande do Sul aderiu à mobilização e realizou em abril o I Encontro de Filhos Separados dos Pais pelo Isolamento Com-pulsório da Hanseníase no Rio Grande do Sul (I Encontrão-RS). O evento reuniu mais de cem pes-soas e recebeu o apoio do Governo do Estado e da primeira dama do Rio Grande do Sul, Sandra Genro, que desde então vêm assumindo um papel de liderança na garantia dos direitos das pessoas atingidas pela hanseníase no Estado gaúcho.

. “Os ‘encontrões’ são fundamentais para o resgate da cidadania das pessoas que foram sep-aradas de seus familiares durante o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase e para a reivindicação de seus direitos. O I Encontrão-RS foi a oportunidade para mobilização local em tor-no da causa e o primeiro passo para inaugurar a realização de audiências públicas sobre o tema no Estado”, destaca Artur.

Em junho, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (Alers) abriu as portas para a

criação do Grupo de Trabalho Interministerial para viabilização da indenização dos filhos que foram separados dos pais durante o isolamento com-pulsório das pessoas com hanseníase. A instân-cia será formada pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pelos ministérios da Saúde, da Previdên-cia Social e do Desenvolvimento Social e Com-bate à Fome, sob a coordenação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH).

“O Grupo de Trabalho Interministerial levará os caminhos da reparação à presidenta Dilma Rousseff. A proposta é a indenização dos filhos que foram separados dos pais nos moldes da lei federal nº 11.520, de 18 de setembro de 2007, que concede pensão especial às pessoas submetidas ao isolamento compulsório”, esclarece o coorde-nador nacional do Morhan, o conselheiro nacion-al de saúde Artur Custódio, se referindo à lei que garante aos cidadãos que foram segregados nas antigas colônias pensão vitalícia de R$ 750, forne-cimento de próteses, realização de intervenções cirúrgicas e assistência à saúde por meio do Siste-ma Único de Saúde (SUS).

Para Artur, o momento político reflete a noto-riedade que o movimento pela reintegração das pessoas atingidas pela hanseníase vem ganhando na esfera pública. “No início da mobilização, en-tregamos à Presidência da República um cadastro com quatro mil nomes de pessoas que teriam sido separadas dos pais ao nascer ou que perderam o contato com a família durante a fase do isolamen-to compulsório das pessoas com hanseníase. Ag-ora, estamos realizando levantamentos de dados e estatísticas para justificar a criação do Grupo de Trabalho Interministerial. Para acelerar esse processo, uma força-tarefa composta por repre-

audiência pública “O direito à reparação dos filhos das pessoas atingidas pela hanseníase”, que reu-niu mais de 200 pessoas, entre filhos de ex-hanse-nianos, representantes da sociedade civil e au-toridades locais. O evento levou ao Rio Grande do Sul o Programa Reencontros, identificação de pais, mães e irmãos por meio de exame de DNA, e promoveu a coleta de saliva para realização dos testes genéticos.

Fruto de parceria do Morhan com o Instituto Nacional de Genética Médica Populacional (In-agemp), o Programa Reencontros tem o apoio da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH) e é inspirado na história das Avós da Praça de Maio, que também utilizaram exames genéticos para reencontrar seus netos, filhos de cidadãos desaparecidos durante a ditadura militar, na Argentina. “Na experiência brasileira, o Morhan mapeia o histórico familiar e os documentos de pessoas que já identificaram prováveis familiares, para que o exame genéti-co comprove os laços de parentesco”, apresenta Artur.

Page 5: Jornal do Morhan - Ed. 55

08 ESPECIAL

Uma questão histórica

No Brasil, até a década de 1980, a lei federal nº 610 de 13 de ja-neiro de 1949 recomendava o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase, que eram então mantidos em colônias. A mesma lei ordenava a entrega dos bebês de pais com hanseníase à adoção, o que levou à separação de milhares de famílias. Esta situação perdur-ou até 1986, quando os antigos hospitais colônias – então chamados leprosários – foram transformados em hospitais gerais. “Os muros foram derrubados, os portões abertos, mas a luta pelo reencontro destas famílias ainda continua”, revela Artur.

Envolvido na promoção da saúde e da cidadania de pacientes com hanseníase e seus familiares, o Morhan desenvolve um extenso tra-balho na busca de reunir as famílias separadas pelo isolamento com-pulsório dos pacientes com hanseníase e de reparar os danos causados por esta política, vigente no país até a década de 1980. Um trabalho importante realizado nesta área é a mobilização para a aprovação, pela presidente Dilma Rousseff, de legislação que garanta a inden-ização dos filhos separados de seus pais, conforme recomendação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas. Hoje, a lei fed-eral nº 11.520 de 18 de setembro de 2007 dispõe sobre a concessão de pensão especial às pessoas atingidas pela hanseníase que foram submetidas ao isolamento compulsório – porém, o benefício não se estende aos seus filhos.

“Desde 2010, o Conselho Nacional de Saúde recomenda a aprovação de uma medida provisória que estenda as ações de rep-aração e indenização aos filhos separados dos pais durante a fase do isolamento compulsório de pacientes com hanseníase”, defende o coordenador nacional do Morhan. Neste contexto, o movimento so-cial, apoiado por artistas como Ney Matogrosso, Elke Maravilha e instâncias como a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, vem promovendo audiências públicas em todos os Esta-dos brasileiros, com o objetivo de fortalecer o debate sobre o tema e a reivindicação da medida provisória que estenda o benefício aos filhos das pessoas submetidas ao isolamento compulsório.

“O Grupo de Trabalho Interministerial levará os caminhos da reparação à presidenta Dilma Rousseff. A proposta é a indenização dos filhos que foram separados dos pais nos moldes da lei federal nº 11.520, de 18 de setembro de 2007, que concede pensão especial às pessoas submetidas ao isolamento compulsório”,

“Os ‘encontrões’ são fundamentais para o resgate da cidadania das pessoas que fo-ram separadas de seus familiares durante o isolamento compulsório dos pacientes com hanseníase e para a reivindicação de seus direitos”

Artur Custódio Coordenador nac ional do Morhan

INDENIZAÇÃO TRABALHISTA 09

Aprovada Indenização Trabalhista para as pessoas que trabalharam nas

Colônias durante o período do Isolamento Compulsório.

ais uma importante conquista na bus-ca pela reparação dos danos causados

pelo isolamento compulsório de pacientes com hanseníase foi comemorada em fevereiro. A As-sembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou por unanimidade a indenização de 353 ex-pacientes, que entre as décadas de 1940 e 1980 trabalharam gratuitamente nos hospi-tais-colônia onde viviam – hoje transformados no Instituto Estadual de Dermatologia Sanitária, an-tiga Colônia de Curupaiti, em Jacarepaguá, e no Hospital Estadual Tavares de Macedo, em Itaboraí.

O coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, conta que durante a fase do isolamento compulsório das pessoas com hanseníase muitos pacientes trabalhavam nos locais de internação, sem ter nenhum vínculo empregatício reconhecido. “Mesmo com a regularização de sua situação tra-balhista, nos anos 80, esses cidadãos continuaram a receber remuneração inferior ao salário mínimo nacional. Por isso essa indenização, recomendada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU, é legítima”, informa Artur.

A votação do Projeto de Lei nº 1.188/2012 – que determina indenização mensal no valor de R$ 622 às pessoas que trabalham ou trabalhar-am sem a devida remuneração nas duas unidades de saúde – aconteceu no dia 9 de fevereiro, após recomendação enviada à casa pelo governador Sergio Cabral. No documento, Cabral reconhece que “tais indenizações têm como pano de fundo

a situação especial da prestação do serviço real-izado por essas pessoas, que trabalharam nessas duas unidades de saúde estaduais voltadas ao tratamento da hanseníase, muitas vezes sem a devida contraprestação, e, ainda, a necessidade de promover a definitiva integração dessas pes-soas à sociedade”.

Dos 353 cidadãos contemplados, 52 pessoas que não têm mais aptidão para trabalhar e nem recebem benefício previdenciário terão direito à pensão vitalícia. Os demais receberão a inden-ização por dez anos. Somadas, as medidas repa-ratórias chegam a R$ 1,6 milhão por ano. O texto aprovado prevê o reajuste anual dos valores pelo mesmo percentual do salário mínimo estadual. As categorias de indenização foram definidas a partir do estudo de cada caso e a análise do resultado de perícia médica realizada pela Secretaria de Es-tado de Saúde do Rio de Janeiro.

Para Artur, a aprovação deste projeto de lei representa um importante passo na garantia dos direitos humanos das pessoas atingidas pela hanseníase e constitui um momento histórico para o Estado do Rio de Janeiro e o movimento social. “Esta é uma iniciativa exemplar do Estado do Rio de Janeiro e abrirá precedente para que outros es-tados brasileiros possam compensar os anos de serviços prestados gratuitamente por estas pes-soas à sociedade”, afirma o coordenador nacional do Morhan.

“Tais indenizações têm como pano de fundo a situação especial da prestação do serviço realizado por essas pessoas, que trabalharam nessas duas unidades de saúde estaduais voltadas ao tratamento da hanseníase, muitas vezes sem a devida contraprestação, e, ainda, a necessidade de promover a definitiva integração dessas pessoas à sociedade”,

Sergio Cabral

Page 6: Jornal do Morhan - Ed. 55

10 ENTREVISTA CONHECIMENTO COMO PRÊMIO

Gincana cultural “A hanseníase tem cura. O preconceito também” mobilizou centenas estudantes e professores

de escolas públicas e privadas do Paraná

A gincana cultural “A hanseníase tem cura. O preconceito também” movi-

mentou o Paraná entre os meses de março e maio. Organizada pelo Morhan, pelo Nú-cleo de Ações Pedagógicas Integradas do Núcleo Regional de Educação de Cascavel (NAIPE/NRE), do Paraná, e pela Secretar-ia Municipal de Saúde da cidade, a iniciati-va mobilizou 950 estudantes e professores de 36 escolas públicas e privadas localiza-das em 14 municípios da região.

De forma lúdica e criativa, a ação buscou informar estudantes, pais, professores e toda a população sobre os aspectos clínic-os relacionados à hanseníase e as questões sociais que envolvem as pessoas atingidas pela doença. Foram dois meses de pro-

gramação, com ações para a sensibilização de professores, pedagogos e diretores de escolas e o envolvimento de alunos em ativ-idades como caça ao tesouro, seminários, palestras e a elaboração de paródias mus-icais sobre o tema. As equipes vencedoras foram premiadas com uma viagem a Foz do Iguaçu, onde realizaram um ato simbólico para chamar a atenção da sociedade para o tema.

Em entrevista, a coordenadora geral da gincana no NRE de Cascavel e voluntária do Morhan, professora Márcia Fontanella, faz um balanço da experiência e ressalta a importância de integrar o setor da Edu-cação em ações de promoção da saúde.

Qual foi a motivação para o lançamento da gincana “A hanseníase tem cura. O preconceito também”?

A principal motivação foi mobilizar a população paranaense para importância epidemi-ológica e social da hanseníase. Por aqui, a doença não era um problema reconhecido

– eu mesma só me aprofundei sobre o tema depois de conhecer o trabalho do Morhan. A partir dessa aproximação, começamos a pensar em uma ação que integrasse os setores da Saúde e da Educação e que pudesse contribuir para o enfrentamento da doença e do preconceito relacionado a ela. Então, elaboramos as tarefas da gincana com muito cuidado para que os participantes fossem adquirindo conhecimento sobre o tema. No decorrer das atividades, na medida em que fui recebendo fotos, relatórios e depoimentos, percebi que estavam preparados para disseminar as informações e combater o preconceito em suas comunidades.

Qual a importância de integrar o setor de Educação em ações de promoção da saúde?

S empre defendi a ideia de que a escola é o caminho para a transformação da sociedade. É dentro das salas de aula que tudo acontece. Todas as notícias, as mudanças de sis-

tema, as visões em relação à sociedade, meio ambiente, religião, tudo é abordado na escola. Nossos estudantes trazem informações das suas comunidades e levam conhecimento para elas também. Eles são um canal de comunicação excelente e por isso é tão importante en-volvê-los em ações humanitárias. Especialmente em relação à hanseníase, ações como essa são fundamentais porque ainda há muita desinformação, o que resulta em elevados índices de novos casos da doença. Ao levar o tema para dentro das escolas, temos a oportunidade de preparar nossos alunos para multiplicar informações em suas comunidades, colaborando para realização do diagnóstico precoce e para o enfrentamento do preconceito.

Quais foram as estratégias desenvolvidas para mobilizar as escolas?

Lançamos a gincana em duas etapas. A primeira mobilizou professores de Ciências e de Biologia, pedagogos e diretores das instituições de ensino de toda a região. A segunda

foi direcionada a representantes das escolas de Cascavel. Todos assistiram a palestras sobre a hanseníase no Brasil e no mundo, ministradas pelo coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio, e sobre a situação epidemiológica de nossa região, apresentada pela enfermeira da 10ª Regional da Saúde, Liege Bittencourt. A estratégia foi decisiva para sensibilizar e incenti-var os educadores, que entenderam a real necessidade da iniciativa e montaram suas equipes. A interação entre os profissionais de saúde, as escolas e parceiros como a Pastoral da Criança também foi fundamental nesse processo. Para fomentar a participação dos alunos, investimos na criação de atividades divertidas, como a caça ao tesouro, e em canais de comunicação interativos, por meio de um blog e de uma página no Facebook.

Quais foram os resultados dessa experiência inovadora?

A ação tomou uma proporção muito grande, por isso não é possível mensurar quanti-tativamente o seu resultado. Mas sabemos que a repercussão foi altíssima. Todos

os envolvidos, desde a comissão organizadora até o funcionário da escola e o morador da comunidade, atuaram como protagonistas de algo novo e contribuíram para a construção de um conhecimento compartilhado. Isso é extramente positivo, já que houve a valorização de cada um dos participantes, nos diferentes espaços sociais em que estão inseridos. São fatos e momentos que ficarão na memória e que serão levados para toda a vida.

Como foi coordenar a gincana sendo voluntária do Morhan?

C oordenar a gincana “A hanseníase tem cura. O preconceito também” foi extrema-mente gratificante. Sempre tive vontade de me envolver efetivamente em um tra-

balho de voluntariado, mas nunca havia sentido essa energia que senti no Morhan. Ser voluntária do Movimento me trouxe a possibilidade de desenvolver um projeto deste porte, que envolveu quase mil estudantes e professores, com grau de aprendizado ímpar e o re-sultado maravilhoso que alcançamos. Tenho certeza que ainda vamos realizar outras ações importantes. Agradeço a todos que colaboraram, em especial, ao coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio.

Vitória para todos Durante a gincana cultural “A hanseníase tem cura. O preconceito também”, escolas públicas e privadas de Cascavel e mu-

nicípios vizinhos formaram equipes de 25 alunos, com idades entre 11 e 17 anos, e dois coordenadores. Na principal prova do

concurso, a caça ao tesouro, os estudantes foram desafiados a decifrar enigmas relacionados à doença e puderam testar os

conhecimentos adquiridos dentro das salas de aula e em palestras e seminários que integraram a programação.

Ao final da gincana, durante um seminário que aconteceu no dia 16 de maio, os vencedores foram anunciados. Empatados

com sete mil pontos, os colégios estaduais Antonio de Castro Alves, de Capitão Leônidas Marques, e Princesa Izabel, de Três

Barras do Paraná, conquistaram o primeiro lugar. Além da viagem das equipes para Foz do Iguaçu, as escolas também foram

premiadas. Uma delas recebeu um aparelho multimídia e outra um vídeo game Xbox. Já os coordenadores das equipes ganhar-

am um aparelho DVD cada um.

“A experiência da gincana “A hanseníase tem cura. O preconceito também” deve ser reproduzida em outras cidades, já que

tivemos como principal retorno a formação ética dos alunos, que levarão o conhecimento adquirido para toda a vida. Em 27 anos

de atuação pelo Morhan, esta é a primeira vez que vejo e participo de um trabalho com uma dimensão tão grande”, comemora

Artur Custódio, coordenador nacional do Morhan.

“Especialmente em relação à hanseníase, ações como essa são fundamentais porque ainda há muita desinformação, o que resulta em elevados índices de novos casos da doença”,

Márcia Fontanella, professora e voluntária do Morhan

Page 7: Jornal do Morhan - Ed. 55

Dúvidas sobre a hanseníase, denúncias e outras informações: www.morhan.org.br/webhansen ou Telenhansen® 0800 026 2001 Contas para doações: banco do brasil – Ag.0093-0 – C/C. 25836-9 ou banco Itaú – Ag.0408 – C/C. 51.246-5

HANSENÍASE E DIREITOS HUMANOS O Rio de Janeiro foi a cidade escolhida pela Organização das Nações Unidas (ONU)

para a inauguração de um ciclo de seminários internacionais sobre hanseníase e direitos

humanos. O 1º Seminário Internacional de Hanseníase e Direitos Humanos aconteceu

dia 1º de fevereiro, em alusão ao Dia Mundial de Combate à Hanseníase, lembrado sem-

pre no último domingo de janeiro. O evento reuniu mais de 200 participantes de diversos

Estados brasileiros e de países como Colômbia, Argentina, Paraguai e Uruguai. A inicia-

tiva é resultado de parceria do Morhan com a ONU, o Ministério da Saúde, a Secretaria

de Estado de Saúde do Rio de Janeiro e o Instituto EBX e contou com o apoio da ONG

RIOSOLIDÁRIO e da Organização Pan Americana de Saúde (Opas).

A escolha pelo Brasil como anfitrião do evento se deve ao protagonismo que o país exerce na luta pelos direitos humanos

das pessoas atingidas pela hanseníase. A programação incluiu palestras, mesa de discussão sobre o panorama da doença no

Brasil e na América Latina e o lançamento do Apelo Global 2012 contra a Hanseníase no Rio de Janeiro. Os próximos quatro

seminários serão realizados no Leste Europeu, Ásia, África, Oceania e na sede da ONU, em Nova York.

12 NOTAS

A cidade de Itu, em São Paulo, recebeu,

no dia 18 de abril, um patrimônio que havia se perdido em 1969: um busto de bronze de

Padre Bento, conhecido como Apóstolo da Caridade, que atuou na cidade entre 1869 e

1911, em favor das pessoas com hanseníase. A peça, doada por Maria Augusta Tibiriçá

ao Morhan no ano passado, foi colocada sobre o túmulo de Padre Bento, no interior

da Igreja Nosso Senhor do Horto, onde ele celebrava missas para os hansenianos. O

busto de bronze foi reencontrado por acaso por Simone Reis, voluntária do Morhan,

durante a pesquisa para um documentário sobre hanseníase. “Recebi a peça e a levei

para casa com o coração aos saltos, ainda sem acreditar no que estava acontecendo.

Entreguei o busto de Padre Bento ao Morhan e ele pôde finalmente retornar à Igreja

Nosso Senhor do Horto, em Itu”, conta Simone, emocionada.

O BOM FILHO À CASA TORNA

PAÍS UNIDO EM CAMPANHA CONTRA HANSENÍASE HISTÓRIA DA HANSENÍASE EM FOCO

Profissionais de saúde de todo o país participaram da

campanha “Sociedade Brasileira de Dermatologia Contra

a Hanseníase”, realizada em maio com o apoio do Morhan

e da Sociedade Brasileira de Hansenologia. A iniciativa foi

lançada no Rio de Janeiro e teve como principais objetivos

sensibilizar os profissionais de saúde e reforçar a luta contra

o preconceito que ainda persiste contra os pacientes e seus

familiares. Em 23 Estados brasileiros, hospitais e postos de

saúde intensificaram a realização do diagnóstico da doença

e promoveram ações de educação em saúde. “A iniciativa

reforçou o empenho dos dermatologistas na luta contra a

hanseníase, que é uma doença negligenciada”, ressalta a

coordenadora geral da campanha, a médica Marilda Milan-

ez. O presidente da Sociedade Brasileira de Hansenologia,

Marcos da Cunha Virmond, também exalta a importância

da ação. “Nosso objetivo foi sensibilizar os profissionais de

saúde para o enfrentamento da hanseníase, já que 44% da

população brasileira vive em Estados com alta incidência da

doença”, conclui.

A experiência brasileira na preservação do patrimônio

histórico da hanseníase foi destaque em seminário inter-

nacional realizado em maio, nos Estados Unidos. O coor-

denador nacional do Morhan, Artur Custódio, foi um dos

convidados da iniciativa promovida pela Associação para

Integração, Dignidade e Avanço Econômico (IDEA, na sigla

em inglês). Representantes de países como África do Sul,

Japão, Noruega, Taiwan, Filipinas e Canadá também partic-

iparam do evento. O encontro discutiu as estratégias para a

preservação de sítios históricos relacionados a questões de

direitos humanos e a geração de recursos para as institu-

ições responsáveis por eles. “Este foi um passo importante

para a criação de uma rede internacional em defesa do pat-

rimônio histórico da hanseníase. É preciso preservar essa

história, para que medidas como o isolamento compulsório

de pacientes não se repitam”, avalia Artur Custódio. Du-

rante o seminário, também foram planejadas as ações para

o Congresso Internacional de Hanseníase, que acontece em

2013, na Bélgica.