jornal do fnru - jornada nacional de lutas - abril 2015

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Lutamos por avanços no Minha Casa, Minha Vida Brasil | Abril de 2015 Nossa moradia, nossa luta 15 de abril - mobilizações nos estados Jornada Nacional de Luta pelo direito à moradia e pela Função Social da Propriedade 16 de abril - grande ato em Brasília “Organize e participe das atividades da Jornada. Vamos às ruas defender nossas bandeiras!” Construir juntos o Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano Por uma reforma política Mídia Ninja Reprodução/Outras Palavras

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Jornada Nacional de Luta pelo Direito à Moradia e pela Função Social da Propriedade.

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Page 1: Jornal do FNRU - Jornada Nacional de Lutas - Abril 2015

Lutamos por avanços no Minha Casa, Minha Vida

Brasil | Abril de 2015

Nossa moradia, nossa luta

15 de abril - mobilizações nos estados

Jornada Nacional de Luta pelo direito à moradia e pela

Função Social da Propriedade

16 de abril - grande ato em Brasília

“Organize e participe das atividades da Jornada. Vamos às ruas defender nossas bandeiras!”

Construir juntos o Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano

Por uma reforma política

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Terminadas as duas pri-meiras fases do Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV), o governo federal prepara a sua terceira etapa. Se é inegável o tamanho do investimento feito nesses úl-timos seis anos pelo governo, não podemos, no entanto, dizer que seus resultados são somente positivos.

O MCMV 3 não pode ser somente mais do mesmo. Os movimentos populares, o Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU) e os pesqui-sadores defendem, mais uma vez, mudanças profundas nesta política. Dentre elas, destacamos que é preciso ter uma política clara para que as moradias se localizem em lu-gares com infraestrutura, com equipamentos sociais, mobi-lidade e oportunidades de tra-balho. Evitando os conjuntos na extrema periferia, que se transformam em guetos.

Defendemos que a política habitacional não pode ser so-mente a construção de mora-dias, mas de bairros, aliando moradia às demais políticas de inclusão social. É preciso

que o protagonismo do pro-grama esteja nas mãos do po-der público e dos conselhos e não nas mãos das construto-ras, que hoje definem o que e onde se vai construir. O poder público não pode ficar refém da especulação imobiliária, que faz da política pública um grande e rentável negócio.

O governo precisa ouvir as propostas e construir esta nova etapa do MCMV de for-ma participativa e com dispo-sição a mudanças.

MCMV ENTIDADESO MCMV Entidades e o Pro-

grama Nacional de Habitação Rural foram criados graças à pressão e proposição dos mo-vimentos populares. Em mui-tos lugares, estes programas garantiram o envolvimento da população, projetos de melhor qualidade, com áre-as maiores, que deveria ser a marca de todo o MCMV. São projetos concebidos e de-senvolvidos pelo setor mais importante desta cadeia: a família que vai morar. No en-tanto, representou apenas 5% de todo o programa. O que

vemos é o pouco apoio e a cri-minalização da organização e mobilização dos movimentos populares.

No MCMV 3, queremos ampliar a participação destas modalidades e aprofundar os mecanismos de participa-

No MCMV 3, queremos aprofundar os mecanismos de participação e de autogestão

É hora de avançar no Minha Casa, Minha Vida

Manifesto: “A Caixa não se vende”A Caixa Econômica Federal

é muito mais do que um patri-mônio do povo. Os mais de 200 milhões de brasileiros confiam na Caixa como parceira do Es-tado na execução de políticas públicas para todos, que tira-ram milhões da miséria nos úl-timos 12 anos.

Os mais de 78 milhões de clientes confiam à Caixa muito mais do que suas economias nas contas, pou panças e finan-ciamentos habitacionais. Os

clientes depositam suas espe-ranças e seus sonhos.

O anúncio sobre a intenção de abrir o capital da Caixa coloca em cheque o compromisso assumi-do de fortalecimento dos bancos públicos, e abre um caminho sem volta para a privatização.

Na crise de 2008, foram os bancos públicos, e a Caixa, em particular, quem deu liquidez ao mercado para que o País não mergulhasse na recessão. Um banco múltiplo, rentável e

reforma urbana já!

social a serviço do Brasil e de seu povo: é esse o modelo que defendemos.

Nos últimos 12 anos, empre-gadas e empregados da Caixa contribuíram decisivamente para a reconstrução da empre-sa, depois dos anos neoliberais de sucateamento e de descaso com seu quadro funcional.

Pelo imenso volume de recur-sos que gere, e pelo lucro que gera, a Caixa sempre foi alvo da cobiça dos ban cos privados, na-

cionais e estrangeiros: a Caixa tem a maior rede de atendimen-to do País e mais de 100 mil em-pregados. Administra os recur-sos do FGTS, da ordem de mais de R$ 410,7 bilhões em ativos, e tem R$ 605 bilhões em sua car-teira de crédito. Não é à toa que garantir a manutenção da Caixa e do seu papel social exige luta permanente.

Vender o patrimônio do povo brasileiro para fazer superá-vit primário é um filme que já

Em muitos lugares, no programa, foi garantido o envolvimento da população

Divu

lgação

Assinam o manifesto:

vimos. Sabemos onde vai dar esse caminho equivocado: demissão, arrocho e, por fim, privati zação, como ocorreu com os bancos estaduais no passado, sem que isso repre-sentasse uma solução dura-doura para o Estado brasileiro.

A missão da Caixa é atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentá-vel do País. A inclusão social, o acesso à moradia, o plane-jamento urbano, enfim, todos esses valores que conferem dig-nidade ao povo brasileiro e que são a razão de ser da Caixa são valores inegociáveis.

A Caixa é do povo. A Caixa não se vende!

ção e de autogestão, garantir recursos em fluxo contínuo, apoio às inovações e à quali-dade das moradias e do con-junto, acesso a terras bem lo-calizadas e diversidade.

Queremos a valorização da autogestão, seu reconheci-

mento por meio de lei, para que se torne política de esta-do e priorize os processos efe-tivamente participativos.

Queremos avançar rumo à propriedade coletiva, reafir-mando que moradia é direito e não mercadoria!

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A luta pela Função Social da PropriedadeA propriedade deve estar a serviço do fortalecimento do direito à moradia digna

uma destinação social, como por exemplo, habitação, parques, es-paços culturais, entre outros.

A Constituição Federal e o Esta-tuto da Cidade (Lei n. 10.257 de 2001) trouxeram vários instru-mentos, a serem aplicados pelo Poder Público, para assegurar o cumprimento da função so-cial da propriedade. No entanto, estão longe de ser efetivados. É preciso que esses instrumentos estejam nos Planos Diretores Municipais e que o Poder Pú-blico esteja empenhado em sua aplicação.

A ocupação de imóveis e terre-nos vazios pela população pobre, para servirem como moradia, bem como a demanda pela regu-larização fundiária são lutas le-gítimas e necessárias pelo cum-primento da função social da propriedade. Apesar disso, essas

A função social da propriedade está diretamente ligada à cons-trução de uma sociedade mais justa e igualitária, em que toda a propriedade urbana deve servir para satisfazer as necessidades coletivas da população. Ou seja, a propriedade deve estar a servi-ço do fortalecimento dos direitos à moradia digna, à educação, ao transporte de qualidade, ao lazer, à cultura, ao meio ambiente, aos serviços públicos, à infraestrutu-ra urbana, ao saneamento e a to-dos os demais direitos humanos.

Isto significa que a propriedade urbana não poderá se submeter aos interesses do mercado, mas que deve servir para o bem-estar do coletivo nas cidades. Imóveis vazios e imóveis abandonados, que servem à especulação imo-biliária devem ser combatidos e precisam urgentemente de

lutas são duramente criminaliza-das e reprimidas, especialmente a mando insensível do Poder Ju-diciário às demandas sociais, em ordens de reintegração de posse. Por outro lado, a ocupação das classes mais abastadas a terrenos públicos, por exemplo, não so-frem qualquer ameaça.

Assim, a luta pela função so-cial da propriedade também é a luta contra os despejos, contra a violência nos despejos, contra a especulação imobiliária e pela regularização fundiária. É uma luta que faz parte da luta pelo Direito à Cidade, por sociedades justas, igualitárias e ambiental-mente sustentáveis. É direito da população lutar contra as injus-tiças sociais e exigir que a pro-priedade tenha uso destinado às necessidades humanas e não às necessidades do mercado.

Muito avançamos nestes últimos 12 anos de governos democráticos no Brasil. De-pois da criação do Estatuto da Cidade, conseguimos progre-dir na construção do Minis-tério, das Conferências e dos Conselhos das Cidades, além da atuar na formulação de leis setoriais e cobrar por investi-

mentos em habitação, mobili-dade e saneamento.

Na 5ª Conferência Nacio-nal das Cidades, em 2013, por exemplo, o tema esco-lhido, “Quem muda a cidade somos nós: Reforma Urbana já!”, provocou o conjunto da sociedade brasileira a debater a integração das políticas de

Desafios do Sistema Nacional do Desenvolvimento Urbano

É direito da população exigir que a propriedade tenha função social

desenvolvimento urbano.Nesse contexto de avanços,

apesar das dificuldades em se colocar em prática muitas conquistas que aprovamos, no último período, os movimen-tos organizados pela Reforma Urbana priorizaram o deba-te em torno da construção do Sistema Nacional de Desen-

Marcelo C

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r

reforma urbana já!

Organizações do Fórum Nacional de Reforma Urbana vêm realizando grandes mobilizações

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Dia

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Br volvimento Urbano (SNDU). O

sistema é uma ferramenta para efetivar a Reforma Urbana no Brasil, garantindo o diálogo e a integração entre as políticas setoriais de saneamento, mo-bilidade, habitação popular e demais programas urbanos. Da mesma forma, o SNDU propõe a integração entre as esferas do Poder Público.

Dentro do debate da 5ª Con-ferência das Cidades, ficou cla-ro que precisamos do SNDU para aprofundar a participação e integração nas questões urba-nas, assim como precisamos de Conselhos de caráter delibera-tivo, do Fundo Nacional de De-senvolvimento Urbano, que são instrumentos importantes que garantem a efetividade e a in-tegração das políticas urbanas. Apesar disso, sabemos que ain-da temos muitos gargalos que nos impedem de colocar na prá-tica instrumentos e conceitos que democratizem o acesso à cidade e avancem na função so-

cial da cidade e da propriedade.Se existe consenso na cons-

trução do SNDU, na hora de en-caminhar as ações, começam as dificuldades. O grupo de traba-lho interministerial que deveria tratar da minuta da proposta de lei construída pelo Conselho das Cidades, e aprovada na 5ª Con-ferência das Cidades, teve pou-cos avanços em mais de um ano de trabalhos.

Assim, fica claro que, no pró-ximo período, vamos necessitar de uma forte articulação e mo-bilização das organizações para pressionar o governo a transfor-mar em lei o Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano. Ao mesmo tempo, devemos cui-dar para que não aconteçam al-terações que venham a diminuir a eficácia deste instrumento. Somente com o povo nas ruas, grandes mobilizações e atuação forte dentro dos fóruns de parti-cipação é que podemos alcan-çar nossos objetivos e avanças na Reforma Urbana.

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4 reforma urbana já!

“Não confio em mais nin-guém”, “político é tudo igual”, “que volte a ditadura”, “vou cuidar da minha vida e o resto que se exploda”. Frases como estas são ditas todos os dias por pessoas descrentes da política. Muitas vezes, elas são incen-tivadas por aqueles que não querem ver o povo assumindo seu papel protagonista da vida do país. Preferindo criar con-fusão para que a população desista de lutar e deixe de acre-ditar e ter esperança.

Temos acompanhado, nos últimos anos, uma crescente fiscalização, controle e parti-cipação nos rumos da política brasileira, apesar de ainda in-suficientes. Se compararmos com dois outros momentos históricos, veremos que o con-texto político é bem melhor que em outros tempos. Duran-te a ditadura, se alguém denun-ciasse algo errado podia ser preso, torturado e até morto.

Já na era tucana (de governos do PSDB), os órgãos de fiscali-zação que hoje são autônomos para trabalhar, eram impedidos de exercer seu papel e havia até o famoso “engavetador geral da República”.

Na verdade, a sensação de que aumentou a corrupção surge somente porque ela está sendo combatida. Os corruptos e corruptores se tornam públi-cos, são investigados e julgados. No entanto, o discurso de au-mento da corrupção está sendo utilizado pelos nossos inimigos para impedir novas conquistas.

Para nós, do movimento po-pular, existe esperança num Brasil melhor. Por isso lutamos todos os dias e nunca iremos desistir de acreditar nos nossos sonhos. Assim, coletivamente, iremos concretizá-los.

Há anos, temos como nossas bandeiras, a luta pelas reformas de base, urgentes e necessárias, entre as quais a Reforma Urba-

na, Agrária, Tributária, do Sis-tema de Justiça, dos Meios de Comunicação, e tantas outras.

Porém, sem a Reforma Polí-tica, nenhuma outra será pos-sível. Temos pontos de acordo, como o fim do financiamento empresarial das campanhas - armadilha para a corrupção. E outros pontos que precisamos ajustar no debate franco e aber-to. Participamos de fóruns para aprofundar esta discussão e estivemos juntos no Plebiscito Popular pela Constituinte Ex-clusiva do Sistema Político.

Não recuaremos até vermos a transformação completa da política, porque acreditamos nela e sabemos que não há ou-tra forma, a não ser fortalecê-la, para avançarmos rumo à socie-dade que queremos.

Renovemos a esperança e si-gamos, no bate-papo com ami-gos, na escola, na fábrica, nas re-des sociais e principalmente nas ruas, com esperança e lutando.

Não recuaremos enquanto não vermos mudanças na política

Ainda existe esperança e força:Reforma Política, já!

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Contra o ajuste fiscal que só atinge os trabalhadores

Há anos, os movimentos sociais pedem por reforma política

Desde que o Governo Dil-ma foi reeleito, contrariando inclusive o que afirmou em campanha, temos assistido à implementação de um ajuste fiscal com medidas recessi-vas, que são implementadas por uma equipe econômica formada por três ilustres re-presentantes dos ricos e de-fensores dos interesses do capital. São eles, os Ministros Joaquim Levy, na Fazenda; Nelson Barbosa, no Planeja-mento; e Alexandre Tombini, como presidente do Banco Central.

O envio e a aprovação das medidas provisórias 664 e 665, no final do último ano, tornaram mais rigoroso e li-mitado o acesso da popula-ção a uma série de benefícios previdenciários, entre eles o seguro-desemprego, a pensão por morte, o abono salarial e o auxílio doença. Com isso, o governo estabeleceu concre-tamente um conjunto de pre-juízos a direitos já adquiridos por milhões de homens e mu-lheres trabalhadores.

A intenção do governo fede-ral em mexer nos programas atendidos com recursos do Fundo de Desenvolvimen-to Social, atinge diretamente

vários projetos em desen-volvimento e a desenvolver no próximo período. A esta finalidade responderemos: nenhum direito a menos! Re-forma Urbana já!

Continuaremos a lutar con-tra a contraditória política em desenvolvimento no país de, mais uma vez, responsabilizar os trabalhadores e as traba-lhadoras pobres, residentes nas periferias, nas favelas, vilas e palafitas deste país, fa-zendo com que eles paguem pela crise que não provoca-ram. Quem deve pagar pelas crises do capitalismo e ajustes fiscais contra seus interesses são os ricos.

Reafirmamos também que outro ajuste fiscal é possível. As mudanças econômicas de-vem ir no sentido de taxar as grandes fortunas. Assim, mu-dar a lógica perversa e históri-ca de que quem menos ganha, mais imposto paga, enquanto quem mais ganha, menos im-posto paga.

Avançar na Reforma Urba-na com a taxação das grandes fortunas e patrimônio privado é o caminho que devemos se-guir para conquistar as trans-formações sociais que preci-samos e queremos.

Este jornal é uma publicação especial do Fórum Nacional de Reforma Urbana para a Jornada Nacional de Lutas por Moradia, construída pela CMP (Central de Movimentos Populares), Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores), MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vi-las e Favelas), MNLM (Movimento Nacional de Luta pela Moradia) e UNMP (União Nacional de Moradia Popular). Editora: Vivian Fernandes/Assessoria de Comunicação do FNRU. Contatos: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected].

Expediente

Homenagem - Zezéu Ribeiro

“Em cada passo,a oportunidade de propor,de transformar,de estar em movimento”.Zezéu Ribeiro

Ao sempre companheiro das lutas das cidades, movimentos populares, que conosco com-partilhou sonhos de cidades justas, lindas e generosas.

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