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JORNAL DA PEDIATRIA HHoossppii ttaall ddee SSaannttoo EEssppíírr ii ttoo ddee AAnnggrr aa ddoo HHeerr ooííssmmoo
Edição nº 28 Junho 2010 Publicação Semestral
Notícias
Editorial
Os 10 Mandamentos da Criança aos pais
Dia Mundial da Criança
Expressão Artística na Criança
A Arte Infantil e o Desenho
“ Comunicação Criativa: Ajudar de Forma Activa”
1. As minhas mãos são pequenas: por favor não esperem a perfeição ao fazer a cama, desenhar, atirar e agarrar uma bola. As minhas pernas são pequenas: por favor abrandem para eu vos poder acompanhar. 2. Preciso de encorajamento para crescer. Por favor sejam brandos nas vossas críticas. Lembrem-se: podem criticar o que faço sem me criticarem a mim. 3. Os meus olhos não vêem o mundo do mesmo modo que os vossos. Por favor deixem-me explorá-lo em segurança. Não me impeçam de o fazer sem necessidade. 4. Os meus sentimentos ainda estão tenros. Não impliquem comigo o tempo todo. Tratem-me como desejariam ser tratados. 5. As tarefas domésticas estão sempre a precisar de ser feitas. Só sou pequeno por pouco tempo. Por favor percam tempo a explicar-me as coisas deste fantástico mundo em que vivemos e façam-no de boa vontade. 6. Por favor não vão "fazer por cima" tudo o que eu faço. Isso dá-me a ideia de que os meus esforços nunca alcançam as vossas expectativas. Sei que é difícil, mas não me comparem a outras crianças. 7. A minha existência é uma dádiva. Cuidem de mim como é esperado, responsabilizando-me pelas minhas acções, dando-me linhas de orientação e disciplinem-me de um modo afectuoso. 8. Por favor não tenham medo de ir passar fora um fim-de-semana. Os filhos precisam de férias dos pais como os pais precisam de férias dos filhos. É uma bela maneira de mostrarem como a vossa relação é especial. 9. Por favor dêem-me a liberdade para tomar decisões que me dizem respeito. Deixem-me falhar, para que eu possa aprender com os meus erros. Assim, um dia estarei preparado para tomar as decisões que a vida me exigirá. 10. Por favor dêem-me todas as oportunidades para eu aprender e bons exemplos para eu seguir. Assim poderei tornar-me numa pessoa verdadeira, recta e humana.
Olá amiguinhos!!! É com muito gosto que vos dirijo algumas palavras neste dia tão importante. Hoje,
dia 1 Junho celebra-se o dia mundial da criança, para que os adultos não se
esqueçam o quão importante vocês são para a sociedade em geral. Felizmente por
cá, em regra, as crianças raramente são esquecidas, mas em muitos lugares no
mundo os adultos andam distraídos pela fome e pela guerra não podendo assim
ajudar as suas crianças. Quando há PAZ, vocês são alegres, brincalhões, irradiam
luz e energia e então os adultos são mais felizes e constroem coisas boas para que
todas as crianças sejam ainda mais felizes.
Sei que há uma situação que vos torna por vezes tristes, que é quando ficam
doentes e precisam de ser internados. Para que não tenham receio, vou falar-lhes
um pouco do Serviço de Pediatria, que é um local especial onde vocês, crianças,
poderão ficar internadas caso necessitem.
Para mim, é o sítio mais bonito do Hospital, é acolhedor, com paredes muito
coloridas onde há desenhos de paisagens fantásticas e animais engraçados. Podem
fazer amigos e brincar com outras crianças. Podem ter a companhia da mamã ou
do papá e dormir tranquilamente porque eles estão sempre convosco. As pessoas
que lá trabalham, sempre prontas a ajudar-vos, são alegres, simpáticas e têm um
lindo sorriso. Sabem!!! É que um sorriso ajuda a curar!!!
Um beijinho da amiguinha Lurdes.
Directora Clínica
Dr.ª Lurdes Dias
Fórum Pais, organizado pelo Serviço de Pediatria, destina-se a todos quantos lidam com crianças. Com oito módulos definidos e calendarizados até final do ano, decorreram já os seguintes:
“Otites, faringites e Outras ITES” (Foram conferencistas os
Médicos: Drs. Francisco Gomes, Bruno Cardoso, Victor Miranda, Fátima Nunes e Paula Gonçalves.)
“Primeiros Socorros” (Apresentaram trabalhos os Médicos: Drs., Bruno Cardoso, Victor Miranda, Fátima Nunes e Paula Gonçalves e Enf.º Pedro Soares.)
“Ops…Caí! Segurança e prevenção de acidentes” (As apresentações foram proferidas pelos Médicos: Drs. Victor Miranda, Rosa León e Enfªs Sofia Fins, Venusa Alves, Carla Pereira e Natália Santos.)
Na sequência da comemoração do Dia do Hemofílico, teve lugar neste hospital um Encontro de Crianças Hemofílicas e suas famílias que, para além do lanche de confraternização, versou: Historial da Hemofilia, Caracterização da Doença, Problemas de Tratamento e Cuidados a ter. As nossas crianças estiveram com muita atenção e fizeram alguns registos.
A Pediatria contou com a presença dos seguintes médicos internos do ano comum: Dr.
António Amorim, Dr. Cláudio Oliveira, Dr.ª Mónica Seidi, Dr.ª Bárbara Pimentel.
A Dr.ª Raquel Alves iniciou o seu Internato de Pediatria neste serviço.
O Dr. Victor Miranda, Interno de Pediatria, deixa-nos definitivamente para continuar a especialização na Madeira, de onde é proveniente. A sua passagem por cá deixou marca e é com saudade que o recordaremos. Desejamos-lhe felicidades!
Em estágio de 4º ano, estiveram no nosso serviço durante alguns meses as alunas finalistas Joana Carreiras e Tânia Silva. No futuro profissional que se aproxima desejamos-lhes felicidades.
Presentes estiveram, também, os alunos do 3º ano do Curso de Enfermagem da ESEAH.
Aproveitando a presença da vice-presidente da APOFEN Berta Alves e da Psicóloga Elisabete Almeida decorreu, a 4 de Junho no nosso Hospital, um Encontro sobre Fenilcetonúria com palestra alusiva e almoço, em que participaram as Nutricionistas Andreia Aguiar e Cláudia Meneses. Ficou estabelecido que o próximo Encontro Nacional sobre Fenilcetonúria, a decorrer em 2012, se realizará na Ilha Terceira.
No dia 3 de Junho a Operação Nariz Vermelho, representada por Mark Mekelbourg, teve a amabilidade de visitar o nosso Serviço, ainda dentro das comemorações do Dia da Criança.
As crianças adoraram e conseguiram esquecer por momentos a situação de internamento. No dia seguinte, Mekelbourg fez um Workshop para os funcionários da Saúde cujos resultados foram excelentes. Recomenda-se aos profissionais de todas as áreas!
As I Jornadas Açorianas de Pediatria realizaram-se a 10 e 11 de Junho, em Ponta
Delgada. O Serviço de Pediatria participou com a apresentação dos seguintes trabalhos: “Lesão Ocular” – Drs.Victor Miranda, Raquel Alves, Paula Gonçalves e Francisco
Gomes. “Revisão da Consulta de Cardiologia Pediátrica do Hospital de Santo Espírito de
Angra do Heroísmo” – Drs. Raquel Alves, Paula Gonçalves, Victor Miranda e Francisco Gomes.
“Alergia às Proteínas do Leite de Vaca… mais um caso” – Drs. Bárbara Pimentel, Paula Gonçalves, Francisco Gomes e Enfs. Helena Sequeira, Cristina Braga e Luísa Bretão.
As II Jornadas Açorianas de Pediatria realizar-se-ão em 2012 em Angra do Heroísmo e serão organizadas pelo Serviço de Pediatria.
O Projecto “Comunicação Criativa: Ajudar de Forma Activa” da EBS Tomás de Borba, continuou com a decoração do Serviço realçando-se, nesta fase, o enquadramento exterior: hall do 5ª piso e entrada externa do serviço.
O Contador de Histórias, Paulo Freitas, está de novo connosco para contar histórias aos nossos meninos.
Continuamos a receber jogos, livros e brinquedos, pelo que muito agradecemos a quem
nos tem agraciado!
“ O desenho infantil é, voluntariamente, realista”
(Luquet, 1987)
O desenho é uma forma de comunicação, de projecção do mundo emocional e afectivo, uma necessidade de
representar a realidade e uma tentativa de organizar o mundo envolvente. A folha funcionará como o “ecrã”, onde a criança
se vai revelar (Klein & Winnicott).
O estudo do desenho pode fornecer indicadores relativamente ao desenvolvimento da criança ao nível sensório-
motor (controlo e pressão do traço), intelectual (integração, perspectivas e coordenação dos detalhes) e afectivo (simbolismo
dos detalhes, regressão, cores e organização do espaço).
As primeiras tentativas do desenho infantil surgem por volta dos 2/3 anos de idade. Esta primeira fase do desenho,
a garatuja, resulta de uma excitação motora. “O desenho é uma simples consequência do gesto” (Wallon, 1987). Na segunda
fase passará a haver uma imitação dos pais, a que o resultado, dada a maturidade motora e cognitiva é frustrado. Na
terceira, o mundo é representado tal como é conhecido pela criança (ex. presença de perfis com dois olhos.). Na quarta e
última fase a percepção ganha rigor e o mundo é representado segundo as relações da lógica inerentes aos próprios
componentes perceptivos.
Luquet distinguiu 4 estágios de evolução do grafismo infantil que nos permitem perceber o processo progressivo e
evolutivo do sistema gráfico elaborado pela criança. Sendo o primeiro o Realismo Involuntário, que se inicia por volta dos
dois anos e põe fim ao período chamado rabisco. A criança que começou por traçar sem desejo de representação descobre
por acaso uma analogia com um objecto e passa a nomear o seu desenho. Depois dá-se o Realismo Frustrado, geralmente
entre os 3 e 4 anos, tendo descoberto a identidade e a forma – objecto, procura reproduzir esta forma. Esta fase é
caracterizada pela sua incapacidade de sintetizar, tendo dificuldades em englobar os elementos num todo. O desenho
parece querer aproximar-se do real mas não consegue, é ainda muito imperfeito. Depois temos o Realismo Intelectual,
estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, fase em que desenha do objecto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. Nesta fase
ela mistura várias perspectivas. Aqui um aspecto importante do desenho infantil, é o uso da legenda, uma vez que para a
criança, o nome do objecto é desenhado, constitui-se como uma característica essencial desse mesmo objectivo. O
Realismo Visual dá-se por volta dos 12 anos, característico do desenho do adulto é alcançado pela criança quando esta
começa a fazer a crítica dos seus próprios desenhos. Aqui ela começa a reparar que os desenhos anteriormente concebidos
não estão de acordo com os objectos reais, rejeitando então o Realismo Intelectual e assumindo o Realismo Visual.
Nesta fase os processos utilizados no realismo intelectual são substituídos pelos equivalentes no realismo visual,
nomeadamente à transparência sucede a opacidade, que se faz acompanhar da perspectiva.
Em suma, a arte infantil é facilitadora da primeira relação terapeuta-criança, pois esta é uma tarefa que
frequentemente aceitam com agrado, para além de ser um precioso material projectivo que permite aceder à forma como
estas vivenciam o “mundo”, na medida em que o desenho é voluntariamente realista.
Unidade de Psicologia do Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo
A arte desempenha um papel de relevo na constituição das estruturas superiores da personalidade. Como
expressão humana, e muito antes de atingir o nível elevado dos valores estéticos, revela-se em manifestações de
criatividade espontânea e em expressões emocionais.
A arte plástica infantil é essencialmente uma linguagem que ajudará a criança a encontrar o seu equilíbrio
natural, através de uma série de expressões sensoriais e intelectuais.
Quanto mais a criança tomar consciência de si e da sua circunstância mais desenvolve, por meio da
experiência artística, o sentido de independência e liberdade, o impulso criador, a maturidade emocional e
intelectual, em suma, os múltiplos aspectos da sua personalidade, para se expressar espontaneamente.
Por isso a arte infantil é uma arte particular, com uma evolução e um valor próprios. A criança não imita,
cria! A criatividade na criança manifesta-se através do fazer, ou seja, da experimentação constante. A criatividade é
fruto de uma pedagogia não directiva, flexível e aberta, que permite que seja a própria criança a descobrir o seu
modo de agir, de se exprimir e de comunicar com os outros.
A expressão é motivada pelo que mais a impressiona. A criança é livre de escolher o seu tema e fá-lo
naturalmente, visto que o tema está sempre nela. Em síntese, é ela própria.
Quando a criança se exprime livremente, ninguém melhor do que ela pode responder pelo que faz, porque
faz o que quer, e é, por conseguinte, a autora dos seus próprios actos. Deste modo desenvolve, além da
autoconfiança, um elevado grau de responsabilização, dando simultaneamente expressão à sua imaginação e
sensibilidade; aprende a conhecer-se e a conhecer os outros, a aceitar e respeitar a autenticidade de cada um ou o
modo pessoal como cada um se exprime de acordo com as suas ideias, sentimentos e aspirações.
A criança torna-se, assim, um ser cooperante e interventor no meio em que se insere.
A criança como artista, não copia traços ou formas, tonalidades ou sombras: a criança dá ao que vê a sua
interpretação. Há que deixá-la crescer e afirmar-se para que sinta que é ela própria a única autora da sua obra.
Educadora de Infância
Helena Dutra
O dia 1 de Junho, Dia Mundial Da Criança, também se comemorou no serviço de Pediatria!
O Hipermercado Modelo, através das figuras da banda desenhada Shreck e Irmão Metralha, visitaram o serviço distribuindo prendas a todas as crianças internadas.
O Hospital, através da Comissão de Humanização, presenteou as crianças com lembranças e bolo. O Ricardo encarregou-se de distribuir o bolo e a prenda às crianças acamadas.
Gostas de bolo, não gostas?
Vamos lá, então, distribuir as prendas e o bolo!
Aqui está o teu bolo!
Toma a tua prenda, bebé!
Também queres uma prenda?
Que festa! Até deu para jogar à bola! Belo Dia da Criança!
Direitos da Criança Hospitalizada VIII
“A equipa de saúde deve ter a formação adequada para responder às necessidades psicológicas e emocionais das crianças e da família.”
Projecto “Comunicação Criativa: Ajudar de Forma Activa”
O Projecto “Comunicação Criativa: Ajudar de Forma Activa” continua a ser
desenvolvido entre as Instituições Escola Básica Integrada Tomás de Borba e o Hospital
de Santo Espírito de Angra do Heroísmo – EPE, Serviço de Pediatria. Ao entrarmos no
terceiro período lectivo, entramos também na sua recta final, que deixou de ser um
sonho para se tornar numa realidade, construída dia a dia, passo a passo! Estamos a
dinamizar a (re) decoração deste Serviço
hospitalar, através do envolvimento dos alunos
da Escola, sensibilizando a comunidade
educativa e o meio envolventes para a
importância da Saúde, do bem-estar físico,
psíquico e emocional, destacando o contributo
das Artes em geral em prol das aprendizagens
dos alunos e da melhoria de instalações dos
possíveis utentes, deste serviço em particular.
Com muita vontade e determinação, os
alunos da Escola EBS Tomás de Borba, quiseram transmitir uma mensagem ímpar que
guia qualquer Ser Humano na vida: não estamos sós! Queremos e podemos contribuir
para o bem comum e, acreditamos que ao unir as mãos, poderemos fazer sempre a
diferença, para a construção de um Mundo melhor!
Foi necessário Acreditar! E agradecemos
assim, a todos os que acreditaram nesta iniciativa
arrojada, inovadora e ambiciosa.
A cooperação que cresceu entre as duas
Instituições, revelou ao longo destes dois anos
lectivos, o esforço, a partilha, a compreensão e
inter-ajuda entre si, criando laços que dificilmente
serão esquecidos!
A coordenação e organização dos mais de
setecentos alunos que nele se envolveram revelou o esforço de uma Escola que se uniu,
nas diferentes áreas e estruturas, de modo significativo sobre os pilares da Educação: a
Cidadania, o Conhecimento, o Empreendedorismo, a Inclusão e a Criatividade!
Na era da Comunicação, acreditamos ter conseguido atingir os objectivos a que
nos propusemos, ultrapassando qualquer expectativa inicial: das ideias passámos à
acção, através de uma vontade férrea e de um espírito aguerrido.
Na Escola EBS Tomás de Borba existe o espaço e a liberdade de criar Projectos
que se afirmam na construção de uma Sociedade Educativa, ambicionada e acarinhada
pelo sonho de podermos viver melhor e, em que cada e qualquer indivíduo terá a sua
responsabilidade, como educador, aprendiz ou simplesmente cidadão.
Este projecto pluridisciplinar e transversal necessitou de uma organização que
permitiu a sua dinamização acordada e em sintonia com a realidade do Serviço de
Pediatria, respeitando escrupulosamente as suas necessidades e exigências, de modo a
rentabilizar todo o seu potencial e a própria entrega pessoal dos seus intervenientes,
dando-se total destaque à motivação dos alunos envolvidos. Foram realizados diversos
trabalhos e intervenções que decoraram o corredor, a sala A de internamento, para além
de terem sido construídos jogos e placards/expositores… no entanto, outros trabalhos
estão ainda a ser finalizados!
Do pré-escolar ao 12.º ano, todos os ciclos de ensino deram o seu contributo, em
diversas disciplinas… os nossos alunos, estão assim de Parabéns, bem como as duas
Instituições!
A Educação e a Saúde deram as mãos numa iniciativa inédita na Região
Autónoma dos Açores!
A Organização
Hospital de Santo Espírito de Angra do Heroísmo
SERVIÇO DE PEDIATRIA Director do Serviço Dr. Francisco Gomes
PRODUÇÃO, COORDENAÇÃO E REALIZAÇÃO
Helena Dutra e Anabela Faria
COLABORADORES
Drª Lurdes Dias Unidade de Psicologia HSEAH
Educ. Helena Dutra Organização do Projecto da
EBS Tomás de Borba Crianças internadas
AGRADECIMENTOS
Eng.º Júlio Silva