jornal da contag31 milhões para mais de r$ 60 milhões. o valor deverá ser utilizado para as...
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JORNAL DA CONTAG 1Filiada à:
Veículo informativo da
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES
CONTAGANO XII • NÚMERO 139 • OUTUBRO DE 2016
Jornal da
ATÉ QUANDO FICAREMOS ASSIM?
JORNAL DA CONTAG2
EDITORIAL
PRESIDÊNCIA
Alberto Ercílio BrochPresidente da CONTAG
MSTTR sai fortalecido das eleições municipais 2016
A população brasileira está desacre-
ditada e insatisfeita com a classe
política como um todo e esse fato
ficou evidenciado no último pleito eleitoral,
no dia 2 de outubro, quando foi registrado
um alto índice de votos brancos e nulos e
de abstenção do eleitorado.
No primeiro turno, 17,58% do eleitora-
do em todo o País, ou seja, mais de 25
milhões de eleitores e eleitoras deixaram
de comparecer às urnas. Quanto à soma
nacional dos votos brancos e nulos, ain-
da não foi finalizado pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Mas, em São Paulo, o nú-
mero já está consolidado e apontou para
uma alta de quase 3% em relação à elei-
ção passada. Foram 1,2 milhão de votos
brancos e nulos em 2016, o equivalente
a 13% do universo total de eleitores(as)
paulistanos(as). E, infelizmente, esse foi o
cenário em quase todo o País.
Os casos de corrupção envolvendo
políticos e instituições públicas deixaram
o eleitorado desanimado e com poucas
perspectivas. E esse descrédito também
é inflamado pela mídia, que apresenta
os casos ilícitos como algo que envolve
todos os políticos e partidos. Nesse sen-
Veja o balanço das eleições nas páginas 4 e 5 deste jornal.
tido, é fundamental a participação de to-
dos e todas e, principalmente, que haja
um aprofundamento do debate sobre a
importância da classe política para a to-
mada de decisões nos municípios, esta-
dos e no âmbito federal, e para que as
mudanças necessárias no sistema político
brasileiro aconteçam de fato. Precisamos
resgatar nos próximos pleitos a nossa
luta por um processo eleitoral democrá-
tico, transparente, justo e com igualdade
de oportunidades para todos(as), onde
os(as) eleitores(as) podem continuar ele-
gendo os seus candidatos e candidatas
de uma forma consciente, empoderada e
articulada para cobrar dos seus eleitos(as)
o cumprimento das promessas e compro-
missos firmados durante a campanha. Ou
seja, precisamos amadurecer e avançar
na nossa democracia, porque só assim,
com o passar do tempo, poderemos re-
cuperar a credibilidade da classe política
e das instituições públicas para que con-
sigam responder aos anseios da popula-
ção. Afinal, o processo democrático não
passa apenas pela eleição, está também
em participar, fiscalizar e cobrar dos(as)
eleitos(as) para o Legislativo e Executivo.
Dentro dessa lógica, o Movimento
Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais (MSTTR) tem a estratégia política de
apostar nos pleitos eleitorais, elegendo os
representantes da agricultura familiar. Mais
especificamente sobre as eleições munici-
pais, esse é um processo extremamente
importante porque muitas das demandas
do cotidiano dos agricultores e agricultoras
familiares e das comunidades rurais, como
estradas vicinais, energia, escolas, saúde,
segurança pública, entre outras, passam
por decisões das Câmaras de Vereadores
e a execução pelas Prefeituras. Além dis-
so, fortalecendo a nossa participação e
aumentando a nossa representação no
poder público local, estaremos trilhando
avanços nos espaços estaduais e no fe-
deral. Precisamos avançar na Câmara dos
Deputados, no Senado, nas Assembleias
Legislativas e nos governos estaduais, es-
paços com perfil bem conservador e com
resistência à pauta da agricultura familiar.
Com as informações que recebemos das
nossas Federações até o momento, pode-
mos afirmar que acertamos na estratégia
e saímos das eleições 2016 fortalecidos.
Conseguimos eleger uma quantidade con-
siderável de prefeitos(as), vice-prefeitos(as)
e vereadores(as) orgânicos e comprometi-
dos com o MSTTR e com o nosso projeto
político. Portanto, vislumbramos um ce-
nário de avanços da pauta da agricultura
familiar e da classe trabalhadora como um
todo. Precisamos, agora, fiscalizar, cobrar
e apoiar os(as) nossos(as) representantes
para que possam fazer um bom manda-
to e sejam uma referência para os demais
municípios de que é possível fazer uma
gestão pública responsável e fortalecer o
campo e a agricultura familiar.
JORNAL DA CONTAG 3
Ronaldo Ramos
JORNAL DA CONTAG 3
A Agência Nacional de Assistência
Técnica e Extensão Rural (Anater)
foi criada há dois anos, depois de
muita luta dos movimentos sociais e, so-
mente agora, no final de 2016, existe a pos-
sibilidade de que seja formada uma equi-
pe de trabalho para que o órgão comece
suas atividades. Durante o Seminário para
Avaliação do Cenário Nacional de Ater, re-
alizado pela CONTAG entre os dias 21 e
23 de setembro, o presidente em exercí-
cio da Anater, Walmir Severo, afirmou que
os gerentes de cada Diretoria Executiva
da instituição serão contratados em ou-
tubro, e que o processo seletivo para os
cargos de técnicos seria aberto ainda
neste ano. Outro participante do seminá-
rio, o representante da Secretaria Especial
de Agricultura Familiar e Desenvolvimento
Agrário, Everton Ferreira, afirmou que o
valor do contrato de gestão entre governo
e Anater seria duplicado, passando de R$
31 milhões para mais de R$ 60 milhões.
O valor deverá ser utilizado para as des-
pesas de funcionamento do órgão, para a
capacitação de agentes de Ater e para o
lançamento de chamada pública de Ater
para o semiárido.
“Trata-se de um valor insignificante para
a realização efetiva e eficiente da Ater em
todo o Brasil. Enfrentamos ainda a realida-
de de um problema constante e muito gra-
ve que são os passivos existentes com as
empresas que realizaram serviços de Ater.
Há empresas que estão há um ano sem
receber pelo trabalho realizado”, aponta o
secretário de Política Agrícola da CONTAG,
David Wylkerson. O representante do Incra
no seminário realizado pela CONTAG,
POLÍTICA AGRÍCOLA ATER
Um longo caminho pela frenteFuncionamento efetivo da Anater deve ser objeto de mobilização constante dos movimentos sindicais e sociais
Jorge Tadeu, informou que o órgão não
tem recursos suficientes para honrar as
dívidas. Durante o seminário de avaliação,
Everton Ferreira sinalizou que os contra-
tos de serviços deverão ser repactuados,
o que pode significar a redução do valor
destinado para contratações e do número
de famílias atendidas pelo serviço de Ater.
A justificativa de falta de recursos se
mostra insustentável diante do Decreto-Lei
1.146/1970, que determina que 2,5% da
contribuição sindical dos trabalhadores e
trabalhadoras na agroindústria seja desti-
nado ao Incra e isso não ocorre. Os recur-
sos estão sendo destinados ao Orçamento
Geral da União, com o objetivo de consti-
tuir superávit primário. Somente de janeiro
a novembro de 2015, o valor arrecadado
equivale a pouco mais de R$ 1,2 bilhão,
recursos que deveriam ser aplicados para
desapropriação de terras para a Reforma
Agrária, para estruturação de assentamen-
tos, para a contratação de serviços de Ater
e outras atividades – além de ser valor mui-
to maior do que o Incra tem disponível em
2016, cuja demanda financeira até o final
do ano é de cerca de R$ 419 milhões e
só pagou R$ 143 milhões até o momento.
No entanto, o que ocorre desde 2011 é
a interrupção ou atraso dos pagamentos
das instituições privadas sem fins lucrativos
que prestam serviços de Ater em todo o
Brasil. E, por isso, essas instituições estão
perdendo infraestrutura pois precisam ven-
der patrimônio para honrar seus deveres
trabalhistas. “Trata-se de um desmonte,
que tem como consequência o discurso de
que as instituições privadas sem fins lucra-
tivos não são viáveis. O objetivo é destinar
os serviços de Ater prioritariamente para
as instituições públicas de Ater e, assim,
tirar força das organizações da sociedade
civil”, aponta David Wylkerson. “É preciso
muita mobilização e articulação para pautar
o governo federal para o fortalecimento da
Assistência Técnica e Extensão Rural, por-
que nenhuma política pública é dádiva dos
governos: elas são sempre resultados de
insistência e de muita luta dos movimentos
sociais”, afirma o dirigente.
OUTRAS POSSIBILIDADES DE RECURSOS PARA ATER:Alienação do patrimônio não utilizado do Incra: R$ 300 milhões;Atualização das taxas do Incra: R$ 300 milhões/ano (*);
Cobrança devida ao ITR (em parceria com a Receita Federal): R$ 800 milhões/ano (*);Cotas de reserva ambiental e crédito de carbono dos assentamentos: R$ 1 bilhão/ano (*);Tributação dos agrotóxicos: R$ 6 bilhões/ano (*);
Destinação de recursos do Plano Safra (ao invés de pagar equalização): R$ 1 bilhão/ano (*).(*) Soma total dos valores anuais, consi-derando o Decreto-Lei 1.146/1970: R$ 10,3 bilhões/ano.
JORNAL DA CONTAG4
SECRETARIA GERAL ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2016
MSTTR amplia representação política nos municípiosNo balanço parcial, foram eleitos cerca de 42% dos candidatos e candidatas comprometidos(as)
com o fortalecimento da agricultura familiar
O Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais (MSTTR), desde meados da década de 90, luta pela
implementação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento
Rural Sustentável e Solidário (PADRSS), que questiona o modelo he-
gemônico de desenvolvimento, contemplando um conjunto de pro-
postas que visam a emancipação dos sujeitos do meio rural brasilei-
ro e a superação de problemas históricos e estruturantes do campo
em seus aspectos social, político, econômico e ambiental.
Para isso, o PADRSS tem como um dos seus elementos centrais
e estruturantes o fortalecimento da democracia participativa. Ao lon-
go dos últimos anos, a CONTAG, as Federações e Sindicatos vêm
participando ativamente das ações em Defesa da Reforma Política
e Eleições Limpas, do Plebiscito Popular por uma Constituinte
Exclusiva Soberana do Sistema Político, e têm incentivado a candi-
datura de trabalhadores(as) rurais e lideranças comprometidas com
o projeto político do MSTTR.
Avaliando dados enviados pela maioria das Federações filiadas,
podemos afirmar que houve intensa participação dos agricultores e
agricultoras familiares nas eleições municipais de 2016, possibilitan-
do o fortalecimento da representação política da agricultura familiar
nas Prefeituras e nas Câmaras de Vereadores em todo o País. De
1.021 candidaturas registradas, conseguimos eleger 438, ou seja,
42%, chegando a 55% de eleitos(as) em alguns estados.
Levando em consideração que vivemos um cenário político ad-
verso no País, com a criminalização dos movimentos sociais e de
partidos de esquerda, de descrédito da população no geral com a
classe política, o resultado obtivo pelo MSTTR nas urnas foi bastante
positivo, um avanço para a agricultura familiar brasileira.
“A partir desse resultado nas eleições municipais, pudemos per-
ceber o amadurecimento e um interesse maior do movimento sin-
dical pela política partidária que é de fundamental importância para
mudarmos a realidade do meio rural brasileiro”, avaliou a secretária
Geral da CONTAG, Dorenice Flor da Cruz.
A dirigente destacou que, agora, é preciso manter o diálogo e
acompanhar de perto o mandato dos eleitos e eleitas para avançar-
mos na pauta de fortalecimento da agricultura familiar. “É preciso que
os eleitos e eleitas permaneçam ao lado dos nossos trabalhadores
e trabalhadoras para defender os nossos direitos que estão amea-
çados e para lutar por novas conquistas para a categoria e para o
campo. Temos que participar das sessões das Câmaras Municipais,
cobrar e fiscalizar o trabalho do Legislativo e do Executivo de perto.
Através da nossa participação efetiva podemos fazer a diferença no
nosso País, que precisa avançar nas políticas públicas e não retroce-
der”, enfatizou a secretária.
Total de candidatos(as): 1.021(803 HOMENS E 218 MULHERES)
PREFEITOS(AS) - 27
VICE-PREFEITOS(AS) - 47
347 HOMENS79%
91 MULHERES21%
24 HOMENS89%
3 MULHERES11%
38 HOMENS80%
9 MULHERES20%
284 HOMENS79%
79 MULHERES22%
TOTAL DE ELEITOS(AS) - 438 (42%)
VEREADORES(AS) - 364
78% 22%
JORNAL DA CONTAG 5
ELEIÇÕES MUNICIPAIS 2016
MULHERES RURAIS
Representação política das mulheres precisa avançarMSTTR amplia representação política nos municípiosApesar de representar maioria da população brasileira, o índice de mulheres eleitas para as prefeituras não passa de 11%
A luta das mulheres por democracia,
poder e participação política está
presente na vida das Margaridas.
Mas esta não é uma luta fácil! Mesmo as
mulheres representando 51% da popu-
lação brasileira, segundo o último Censo
do IBGE, ainda existe muito preconceito,
violência, falta de prioridade e conserva-
dorismo quando o assunto é aumentar a
representatividade política feminina nos
poderes públicos.
Dos 5.509 municípios com eleição de-
finida no primeiro turno, apenas 639 terão
prefeitas mulheres no próximo mandato,
representando um índice de 11,6%, ou
seja, 0,3% inferior nas eleições de 2012,
quando foram eleitas 663 prefeitas.
Muitos partidos cumprem a cota de 30%
de registro de candidaturas de mulheres
apenas no papel, mas muitas das candida-
tas acabam nem chegando às urnas, e as
que chegam a disputar as eleições recebem
recursos dos partidos bem inferiores ao que
é destinado aos candidatos homens.
Portanto, não é uma missão fácil au-
mentar a representação política das mu-
lheres diante deste cenário. Seguindo as
orientações do Movimento Sindical de
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
(MSTTR) e da Marcha das Margaridas,
a CONTAG, as Federações e Sindicatos
incentivaram a candidatura de compa-
nheiras em todo o País compromissadas
com o projeto político do MSTTR e das
Margaridas. De um total de 218 candi-
datas, conseguimos eleger 91 mulhe-
res, ou seja, 41,74%. Desse total de elei-
tas, três serão novas prefeitas, nove
vice-prefeitas e 79 vereadoras.
“Esse resultado já é o reflexo do tra-
balho desenvolvido pelo MSTTR voltado
à organização, formação política e em-
poderamento das mulheres para atuar
em todos os espaços de representação,
seja nas comunidades, no movimento
sindical ou no poder público”, destaca
a secretária de Mulheres da CONTAG,
Alessandra Lunas.
Apesar do avanço nas candidaturas das
mulheres comprometidas com o projeto
político do MSTTR, a média nacional ainda
se apresenta como um desafio para todas
nós. Por mais quatro anos, teremos que
conviver com uma grande maioria de pre-
feitos, vice-prefeitos e vereadores homens,
brancos, empresários e com idade igual ou
superior a 50 anos. Esse é um perfil que
difere da maioria da população brasileira.
De acordo com Alessandra, as mulheres
continuarão a ser sub-representadas, im-
pactando, sobretudo, na prioridade que
será dada às políticas públicas específicas
para as mulheres nos municípios e os res-
ponsáveis em realizar esse trabalho.
“O resultado das eleições demonstra
mais uma face do golpe efetivada, seja
pelos investimentos milionários em can-
didaturas da direita, seja pelos ataques à
capacidade das mulheres em ocupar os
espaços de poder e às candidaturas de
esquerda, e seja pelo crescimento da cor-
rupção do voto. Essa estratégia da direita
ganhou força nesse último pleito e ela sai
fortalecida para 2018. Precisamos intensi-
ficar a nossa luta”, avalia Alessandra.
Luiz Fernandes
JORNAL DA CONTAG6
POLÍTICAS SOCIAIS NÃO AOS RETROCESSOS
Muito trabalho pela frente
APesquisa Nacional por Amos-
tragem de Domicílio (Pnad) aponta
que, do total do trabalho infantil
no Brasil, 30,8% é realizado no meio ru-
ral. A mesma pesquisa mostra que, en-
tre os anos de 2001 a 2014, houve uma
queda na utilização do trabalho infan-
til: de 5,1 milhões de crianças para 2,83
milhões. No entanto, entre 2013 a 2014
esta queda foi interrompida, e o trabalho
infantil cresceu 14,75%, sendo 5,8% em
atividades agrícolas.
Mesmo com a queda no período de
2001 a 2014, o Brasil ainda está distan-
te de alcançar as metas assumidas com
a Organização Internacional do Trabalho
(OIT) em eliminar as piores formas de
trabalho infantil até 2015 e de erradicar
a totalidade do trabalho infantil até 2020.
Em 2006, o Brasil sediou em Brasília a
XVI Reunião Regional Americana da
Organização Internacional do Trabalho
(OIT). Na ocasião, o governo brasileiro
se comprometeu em cumprir as referi-
das metas. Entre as “piores formas” es-
tão a pulverização de lavouras e o traba-
lho em estábulos.
Na perspectiva de continuar a luta
pela erradicação do trabalho infantil, em
agosto de 2016, a Comissão Nacional
de Trabalho Infantil (Conaeti) vem coor-
denando um processo de construção
do novo Plano Nacional de Prevenção
e Erradicação do Trabalho Infantil e
Proteção ao Adolescente Trabalhador,
período 2016-2019. A CONTAG está
presente nesse debate para assegurar
que o recorte do campo seja incorpora-
do ao novo plano, e garantir que crian-
ças e adolescentes não sejam obrigados
a lidar com agrotóxicos ou em condições
de perigo, ou que deixem de ir à escola
para trabalhar - situação que, infelizmen-
te ainda é muito comum no meio rural.
A primeira edição do Plano, que en-
globou os anos de 2011 a 2015, deter-
minou a eliminação das piores formas do
trabalho infantil, meta não cumprida, por
diversas razões, entre elas destacamos a
pouca renda das famílias que ainda vivem
em situação de pobreza e a não compre-
ensão por parte destas famílias sobre as
implicações no desenvolvimento físico,
mental e social das crianças e adolescen-
tes no futuro.
MENOS TRABALHO, MAIS EDUCAÇÃO – “O
trabalho infantil tem raízes em questões
culturais, porque muitos acreditam que é
melhor colocar os(as) jovens para trabalhar
do que deixá-los à toa. Mas é preciso lutar
para que eles tenham escolas e atividades
culturais e esportivas para que possam
ocupar o tempo de forma produtiva e que
os ajude no futuro. A luta da erradicação
do trabalho infantil está muito junta à luta
pela educação do campo”, afirma o se-
cretário de Políticas Sociais da CONTAG,
José Wilson Gonçalves.
O dirigente aponta, ainda, que é preci-
so saber reconhecer a exploração infantil,
pois, no campo, existem muitos tipos de
trabalho que podem proporcionar ferra-
mentas práticas e sociais que refletirão
positivamente na vida adulta, gerando
autoconfiança, autoestima, relação fa-
miliar e competência laboral. “Obrigar
a criança a trabalhar e não dar a ela a
chance de brincar e de se educar é muito
diferente de proporcionar para elas tare-
fas apropriadas à idade, que não repre-
sentem risco à saúde e integridade física
da criança e não interfiram nas condições
de escolarização e no tempo para o la-
zer”, explica José Wilson.
O Brasil ainda não cumpriu metas de erradicação do trabalho infantil com as quais se comprometeu junto à Organização Internacional do Trabalho: a luta continua
Carol Garcia - SECOM GOV/BA
7
JUVENTUDE RURAL LUTA CONTRA RETROCESSOS
Tudo parado
trabalho que executam nessa área. Neste
ano, a presidência do Conjuve deveria
passar da representação da sociedade
civil para um integrante do governo,
mas não há notícia sobre esse proces-
so de transição. A Secretaria Nacional de
Juventude não respondeu às perguntas
feitas pela CONTAG sobre a previsão de
atividades do Conjuve, nem sobre temas
relacionados à juventude rural.
A juventude do campo, floresta e águas
do Brasil deve se mobilizar também con-
tra a PEC 241/2016, de autoria do atual
governo federal, que pretende impedir,
por 20 anos, o aumento dos inves-
timentos em políticas sociais
como saúde, educação e progra-
mas sociais. Trata-se de medida que
prejudica toda uma geração em nome de
um “ajuste fiscal” que tem como objetivo
garantir o pagamento da dívida pública
para bancos. Seria a consolidação de uma
transferência para instituições financeiras
de recursos que deveriam ser investidos
na população.
“A atual conjuntura política exige
grande mobilização da juventude do
MSTTR para garantir, nas ruas e jun-
to aos parlamentares de seus estados, que
medidas como essas não sejam aprovadas.
Também devemos cobrar a volta das ativida-
des dos espaços de debate de políticas pú-
blicas para a juventude, para garantir que
todos os e as jovens brasileiros(as)
tenham direito a uma vida digna,
com condições de crescimento
e felicidade”, afirma a secretária de
Jovens da CONTAG, Mazé Morais.
Políticas fundamentais para a juventude rural não avançam no atual governo federal
A extinção do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) pelo
atual governo federal representa um
enorme retrocesso para todas as políticas pú-
blicas voltadas para a Agricultura Familiar, es-
pecialmente o Plano Nacional de Juventude e
Sucessão Rural, instituído em maio pela pre-
sidenta Dilma Rousseff, por meio do Decreto
8.736/2016.
No entanto, com o processo de rees-
truturação do MDA em uma Secretaria
Especial de Agricultura Familiar e do
Desenvolvimento Agrário ligada à Casa
Civil, ações fundamentais para a execução
do plano ainda não saíram do papel. É o
caso da configuração do Comitê Gestor do
Plano Nacional de Juventude e Sucessão
Rural, que será o responsável por coorde-
nar as ações necessárias para a execução
de diversas ações do plano.
Também é motivo de preocupação a falta
de atividades de espaços de discussão e pro-
posição de políticas para a juventude como
o Conselho Nacional de Juventude (Conjuve),
e o comitê permanente de Promoção
de Políticas para a Juventude Rural do
Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural
Sustentável (Condraf). O Conjuve tem como
objetivos formular e propor diretrizes voltadas
para as políticas públicas de juventude, de-
senvolver estudos e pesquisas sobre a reali-
dade socioeconômica dos jovens e promover
o intercâmbio entre as organizações juvenis
nacionais e internacionais.
O conselho conta com representantes
dos movimentos juvenis, organizações não
governamentais, especialistas e persona-
lidades com reconhecimento público pelo
para bancos. Seria a consolidação de uma
transferência para instituições financeiras
de recursos que deveriam ser investidos
“A atual conjuntura política exige “A atual conjuntura política exige “A atual conjuntura política exige
MSTTR para garantir, nas ruas e jun-
to aos parlamentares de seus estados, que
medidas como essas não sejam aprovadas.
Também devemos cobrar a volta das ativida-
des dos espaços de debate de políticas pú-
blicas para a juventude, para garantir que
todos os e as jovens brasileiros(as)
to aos parlamentares de seus estados, que
medidas como essas não sejam aprovadas.
Também devemos cobrar a volta das ativida-
des dos espaços de debate de políticas pú-
Jovens da CONTAG, Mazé Morais.
tenham direito a uma vida digna,
7
blicas para a juventude, para garantir que
todos os e as jovens brasileiros(as)
Juventude não respondeu às perguntas
feitas pela CONTAG sobre a previsão de
atividades do Conjuve, nem sobre temas
A juventude do campo, floresta e águas
do Brasil deve se mobilizar também con-
tra a PEC 241/2016, de autoria do atual
governo federal, que pretende impedir,
por 20 anos, o aumento dos inves-
mas sociais. Trata-se de medida que
prejudica toda uma geração em nome de
um “ajuste fiscal” que tem como objetivo
garantir o pagamento da dívida pública
mas sociais. Trata-se de medida que
prejudica toda uma geração em nome de
um “ajuste fiscal” que tem como objetivo
garantir o pagamento da dívida pública
por 20 anos, o aumento dos inves-
tra a PEC 241/2016, de autoria do atual
governo federal, que pretende impedir,
por 20 anos, o aumento dos inves-
trabalho que executam nessa área. Neste
ano, a presidência do Conjuve deveria
Políticas fundamentais para a juventude rural não avançam no atual governo federal
so de transição. A Secretaria Nacional de
Juventude não respondeu às perguntas
feitas pela CONTAG sobre a previsão de
atividades do Conjuve, nem sobre temas
A juventude do campo, floresta e águas
passar da representação da sociedade VOLTA
MDA!MDA!MDA!
O CONJU
VE
O CONJU
VE
O CONJU
VE
PREC
ISA
PREC
ISA
VOLTAR
VOLTAR
VOLTAR
PELO
PLA
NO
PELO
PLA
NO
PELO
PLA
NO
NACIO
NAL
DE
NACIO
NAL
DE
NACIO
NAL
DE
JUVEN
TUDE
E
JUVEN
TUDE
E
JUVEN
TUDE
E
JUVEN
TUDE
E
SUCES
SÃO R
URAL
SUCES
SÃO R
URAL
SUCES
SÃO R
URAL
SUCES
SÃO R
URAL
PELA GARANTIA
PELA GARANTIA
PELA GARANTIA
DOS DIR
EITOS
DOS DIR
EITOS
DOS DIR
EITOS
NÃO À PEC 241
NÃO À PEC 241
NÃO À PEC 241
JORNAL DA CONTAG
JORNAL DA CONTAG8 JORNAL DA CONTAG8
GOLPE NOS TRABALHADORES(AS)
ASSALARIADOS(AS) RURAIS
Não é modernização, é retrocessoPropostas do Governo Temer para mudar leis trabalhistas são, na prática,
a extinção da Consolidação das Leis do Trabalho
O ministro do Trabalho do gover-
no de Michel Temer, Ronaldo
Nogueira, já afirmou, em várias
entrevistas para a imprensa, a intenção
de mandar ao Congresso Nacional, até
dezembro, propostas para “modernizar” a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A CLT é o conjunto de leis aprovadas
na década de 40, ainda no governo de
Getúlio Vargas, que foram modificadas por
leis posteriores, mantendo-se, entretanto,
a sua essência. É este conjunto de
normas que garante, nos dias atuais, di-
reitos mínimos a todos os trabalhadores e
trabalhadoras urbanos e rurais, protegen-
do-os(as) e promovendo a dignidade e a
segurança no trabalho.
Entre as principais ameaças da propos-
ta do Governo Temer está a possibilidade
de que o negociado prevaleça sobre o le-
gislado. Isso significa que um acordo feito
entre sindicatos e empresas, ou entre sin-
dicatos patronais e de trabalhadores(as),
seja mais forte do que a lei, mesmo que o
acordo prejudique os(as) trabalhadores(as).
Atualmente, os acordos feitos em con-
venções coletivas só podem ser diferen-
tes da lei se forem favoráveis ao(à)
trabalhador(a). A lei estabelece os
limites mínimos de direitos, e o
acordado nunca pode ficar
abaixo disso. Se a proposta
do Governo Temer
for aprovada, isso
será possível. “Nas
situações em que a
representação dos tra-
balhadores for fraca, ou que
haja desconhecimento da legisla-
ção, haverá muitos prejuízos para
os(as) trabalhadores(as), que têm
menos força de barganha diante das
empresas”, afirma o secretário de
Assalariados(as) Rurais da CONTAG,
Elias D’Angelo Borges.
Outro prejuízo que ameaça os(as)
trabalhadores(as) é a flexibilização da
jornada de trabalho. O governo po-
derá levar em consideração propostas
como as da Confederação Nacional
da Indústria (CNI), que defende, por
exemplo, a jornada intermitente: o tra-
balhador seria pago somente pelas
horas que efetivamente trabalhasse, e
nas horas em que ficasse ocioso, mas em
prontidão para o trabalho, não seria remu-
nerado. Nesse período de prontidão, seria
impossível para o(a) trabalhador(a) investir
seu tempo em outra atividade de traba-
lho, de formação ou de lazer, pois estaria
sempre de sobreaviso, mas sem ganhar
nada por isso. “O intuito dessa proposta
é não precisar pagar pelo horário de almo-
ço do(a) funcionário(a), um tempo que os
empresários(as) consideram como despe-
sa”, explica Elias Borges.
Há ainda a grande ameaça de mu-
dança do conceito de trabalho escravo,
com a retirada dos elementos “jornada
exaustiva” e “condições degradantes de
trabalho”. O projeto de alteração está no
Senado Federal pronto para ser votado e,
se aprovado, vai impedir que os fiscais do
trabalho autuem de maneira adequada os
empresários(as) que impõem aos funcio-
nários condições indignas de trabalho. “A
alteração do conceito vai restringir o tra-
balho escravo somente à restrição de mo-
bilidade, mas nós sabemos que no cam-
po, floresta e águas no País não é apenas
isso o que acontece. São conhecidos os
casos de trabalhadores(as) que foram
resgatados(as) e que eram obrigados(as) a
dormir com os porcos”, aponta o dirigente.
TERCEIRIZAÇÃO – Outra aposta do Governo Temer é a aprovação do PLC 30/2015, que permite a terceirização am-pla e irrestrita nas atividades rurais e ur-banas. Pela proposta, os empregadores sequer querem assumir a responsabilida-de solidária pelo cumprimento das obri-gações previstas em lei. Precisamos ficar atentos, pois a terceirização é uma por-ta para a violação dos direitos mínimos dos(as) trabalhadores(as). A comprovação disto é que 90% dos trabalhadores(as) resgatados(as) em situação análoga à es-cravidão são terceirizados.
POLÍTICA AGRÁRIA JORNADA DE LUTAS UNITÁRIA
JORNAL DA CONTAG 9
Nenhum direito a menos para os povos do campo, florestas e águas
CONTAG e demais entidades que compõem o Campo Unitário realizam acampamento em Brasília e ações em vários estados em defesa da democracia, reforma agrária, políticas públicas e soberania territorial e alimentar
A conjuntura de ameaça aos direitos
dos povos do campo, das águas
e das florestas exigiu a retomada
de ações unitárias entre as organizações
sociais e sindicais do meio rural para for-
talecer a mobilização em defesa da reto-
mada da democracia, da soberania terri-
torial e alimentar e para impedir qualquer
retrocesso nos direitos conquistados pela
classe trabalhadora.
Segundo as lideranças do Campo
Unitário, essa primeira ação da Jornada de
Unitária de Lutas após o impeachment da
presidenta Dilma Rousseff, demonstrou o
protagonismo e a força política dos prin-
cipais movimentos sociais do campo e
deu o tom ao governo ilegítimo de Michel
Temer sobre o que irá enfrentar no próximo
período, caso não faça avançar a reforma
agrária e insista na implementação de me-
didas retrógradas e de retirada de direitos.
A pauta de reivindicações, construída
conjuntamente, traz como principais pon-
tos a defesa da soberania nacional, a defe-
sa do MDA forte para concretizar a reforma
agrária e fortalecer as políticas para a agri-
cultura familiar e camponesa, a defesa da
terra e do território com o assentamento
das famílias acampadas e com a demar-
cação das terras indígenas e titulação das
terras quilombolas. Outros pontos também
importantes na pauta são a defesa das
políticas públicas - como o Minha Casa
Minha Vida, os Programas de Aquisição de
Alimentos (PAA) e de Alimentação Escolar
(Pnae), assistência técnica, Pronera, entre
outros-, bem como a contrariedade ao blo-
queio das ações de reforma agrária, à re-
forma da Previdência Social, ao retrocesso
nos direitos das mulheres, à criminalização
dos movimentos sociais e sindicais, e em
defesa do direito à alimentação saudável.
AÇÕES DA JORNADA DE LUTAS – As organiza-
ções integrantes do Campo Unitário, entre
elas a CONTAG, mobilizaram cerca de dois
mil trabalhadores(as) rurais para a ocupação
do Ministério do Planejamento. No entan-
to, esta foi uma ação nacional e, ao todo,
foram 13 estados mobilizados por meio de
ocupações de terras e de prédios públicos e
marchas realizadas por uma ampla unidade.
“Essa Jornada de Lutas Unitária demons-
trou a organicidade e a união dos movimen-
tos sociais e sindicais do campo diante de
um governo ilegítimo, que vem impondo re-
trocessos muito grandes nas políticas públi-
cas e dos direitos. Com os movimentos uni-
dos, o nosso objetivo é conseguir mobilizar
e conquistar avanços na reforma agrária e
garantir que esta política avance e não haja
retirada de direitos da classe trabalhadora,
em especial dos trabalhadores(as) rurais”,
destacou o secretário de Política Agrária da
CONTAG, Zenildo Xavier.
Durante o período de 5 a 7 de setembro,
em Brasília, além de ocupar o Ministério do
Planejamento e instalar um acampamento
no Incra, foram realizadas oficinas, assem-
bleias, místicas, conversas e negociações.
Fruto da pressão das ações, uma comissão
foi recebida no Palácio do Planalto por qua-
tro ministros, pelo secretário de Agricultura
Familiar e o presidente do Incra para ne-
gociar a pauta. No decorrer dos dias, tam-
bém ocorreram outras negociações, que
não trouxeram resultados concretos, mas
apontaram para novas agendas de reuni-
ões para continuidade das tratativas.
A jornada foi encerrada no dia 7 de se-
tembro, num grande ato político junto com
o Grito dos Excluídos, quando a Esplanada
dos Ministérios foi ocupada por mais de 10
mil pessoas do campo e da cidade. Para
a Diretoria da CONTAG, esse foi um mo-
mento importante de passar uma mensa-
gem coletiva de unidade, demonstrando
que independência significa a soberania e
a liberdade efetiva do povo brasileiro e o
respeito ao voto.
“Não nos demos por satisfeitos com as
primeiras negociações da nossa pauta.
Continuamos mobilizados e vigilantes con-
tra qualquer retrocesso. Está tendo luta e
união dos trabalhadores e trabalhadoras
rurais!”, reforçou Zenildo.
Nicinha Porto
JORNAL DA CONTAG10
Contra a aprovação da PEC 241
O Governo de Michel Temer en-
viou ao Congresso Nacional
a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 241, que impõe o
congelamento por 20 anos dos gastos
da União com a justificativa de estabele-
cer um novo regime fiscal. A medida limi-
ta as despesas primárias ao equivalente
aplicado no ano anterior corrigido apenas
pela inflação.
Apesar de o governo alegar que precisa
conter os gastos públicos para minimizar
os impactos da crise econômica, a maior
despesa do orçamento público é com a
dívida. A dívida brasileira é obscura e cres-
ce a cada ano devido a juros inconstitucio-
nais. Somente em 2015, 42,43% do PIB
brasileiro foi destinado para o pagamento
de juros da dívida pública brasileira. Já
os investimentos em áreas como saúde,
educação e infraestrutura representaram
menos da metade do que foi gasto com o
pagamento de juros.
Caso a PEC 241 seja aprovada, serão
grandes os impactos para a população
NENHUM DIREITO A MENOS
TERCEIRA IDADE
Proposta de Emenda à Constituição pretende congelar salários, aposentadoriase investimentos nas políticas públicas por 20 anos
brasileira, em especial para as pessoas ido-
sas. Serão reduzidos drasticamente os in-
vestimentos na saúde, nas políticas sociais
- entre elas a habitação -, e a Previdência
e Assistência Social também serão impac-
tadas com a falta de reajustes com ganho
real e com uma possível desvinculação do
salário mínimo. O Sistema Único de Saúde
(SUS) será enfraquecido, o acesso aos
medicamentos nas Farmácias Populares e
ao programa Minha Casa Minha Vida fica-
rá mais difícil, e assim com outras políticas
que visam a melhoria da qualidade de vida
e a distribuição de renda da população.
O Diesse divulgou recentemente um es-
tudo que aponta como seriam os investi-
mentos feitos pelo governo federal na saú-
de e educação caso a PEC 241 estivesse
em vigor desde 2002. Na educação, o in-
vestimento teria sido 47% menor do que é
investido atualmente. Na saúde, teria sido
26% menor.
Ou seja, as mudanças propostas por
meio desta PEC confirmam a opção do
Governo Temer em priorizar o ajuste fiscal
pela ótica da despesa primária, colocando
em risco a maioria das conquistas da clas-
se trabalhadora. Em nenhum momento
cogitam criar novas possibilidades de ar-
recadação, como a taxação das grandes
fortunas, como a CONTAG sempre defen-
deu, o aumento de impostos ou com a re-
alização de uma reforma tributária.
As medidas anunciadas até o momento
levam a uma redução relativa do papel do
Estado como indutor do desenvolvimento
no País, bem como de sua responsabilida-
de com o bem-estar da população e dos
seus idosos e idosas, que necessitam de
políticas que garantam um envelhecimento
saudável e digno.
Para evitar tais retrocessos, é funda-
mental que todos e todas cobrem dos
seus deputados(as) e senadores(as) que
não aprovem a PEC 241. Precisamos es-
tar mobilizados e articulados para fortale-
cer a nossa luta. A secretária de Terceira
Idade da CONTAG, Lucia Moura, destacou
que um dos principais papeis do MSTTR
é alertar os trabalhadores e trabalhadoras
rurais sobre os projetos que tramitam no
Congresso Nacional e que impactam dire-
tamente na vida de todos(as). “Essa PEC
não está sendo amplamente divulgada pela
mídia e nós precisamos orientar as pessoas
que estão na base. Essa PEC traz um retro-
cesso gigantesco, principalmente para as
pessoas da terceira idade. Não podemos
admitir que essa proposta seja aprovada e
nem que digam que significa um avanço.
Quem vai pagar pelo ajuste fiscal serão os
mais pobres, os(as) trabalhadores(as) e os
idosos e idosas. Vamos perder a qualida-
de de vida, o poder de compra e o Estado
deixará de ser responsável pelas principais
políticas públicas”, alertou a dirigente.
Rovena Rosa/Agência Brasil
Brasil ratifica os termos do Acordo de Paris
Você ouviu falar da Conferência do
Clima de Paris (COP 21) que acon-
teceu de 30 de novembro a 11 de
dezembro de 2015, não é mesmo? Na
ocasião, 195 países, entre eles o Brasil,
assinaram o chamado Acordo de Paris,
no qual os governos se comprometeram a
tomar diversas medidas para garantir que
a temperatura do planeta não aumente em
2°C até o ano de 2100, ou, até melhor, im-
pedir que o aumento ultrapasse 1,5°C.
Até abril de 2017, cada um dos países
participantes da COP 21 precisa transfor-
mar o pacto firmado em lei nacional den-
tro dos seus territórios. Esse processo
é chamado de ratificação. As conse-
quências da elevação da tempe-
ratura do planeta são a de-
sertificação de diversas
áreas, a alteração
do regime de
chuvas, o
Para a agricultura familiar, isso significa colaborar com os esforços para impedir desmatamento e preservar os recursos naturais
MEIO AMBIENTE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
derretimento das calotas polares seguido
da inundação de cidades litorâneas e, até
mesmo, a extinção de inúmeras espécies
de animais.
Cada país definiu e apresentou as me-
didas que tomará para alcançar o ob-
jetivo de manter a temperatura do pla-
neta sob controle. Esse compromisso
são as Contribuições Nacionalmente
Determinadas (iNDC, na sigla em inglês). O
Brasil afirmou que, até 2025, deve diminuir
as emissões de gases de efeito estufa em
37%, e chegar a uma redução de 43% até
2030 – tendo como base de comparação
os níveis de gases emitidos em 2005.
Além disso, nosso País se comprome-
teu a até 2030 interromper totalmente o
desmatamento da Amazônia Legal e a
restaurar 12 milhões de hectares de flores-
tas. Isso porque o compromisso brasileiro
afirma que até 2100 não haverá mais ne-
nhuma emissão de gases poluentes, em
uma descarbonização total da economia.
Para alcançar essa meta, além do reflores-
tamento e recuperação de áreas desmata-
das, o Brasil se compromete a aumentar
até 2030 a participação de bioenergia
sustentável (biodiesel, gás natural,
etc) para 18% da sua matriz
energética, e a partici-
pação de energias
renováveis (solar, eólica, hidrelétrica, etc)
para 45%.
E A AGRICULTURA FAMILIAR? – Para os agricul-
tores e agricultoras familiares, a ratificação
do Acordo de Paris tem várias consequên-
cias com benefícios a longo prazo. A primei-
ra é a necessidade de participar do esforço
nacional para combater o desmatamento e
contribuir para a preservação de recursos
naturais como a água, o solo, os animais e
as plantas. Evitar queimadas e a derrubada
de matas ciliares, proteger nascentes e cur-
sos d’água são ações que fazem parte do
esforço de preservar a vida no planeta para
nós e para as futuras gerações.
Outra consequência é que o esforço
de aumentar a participação da bioener-
gia sustentável e da produção de energia
renovável na matriz energética brasileira
abrirá oportunidades para que a agricultu-
ra familiar aumente a participação econô-
mica nesse processo, aproveitando o po-
tencial das propriedades rurais para além
da produção de alimentos.
A região do semiárido nordestino, por
exemplo, tem um grande potencial para
a geração de energia solar e eólica, e a
produção de oleaginosas que podem
ser transformadas em combustível é
um imenso campo a ser explorado em
todo o Brasil. O Movimento Sindical de
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
precisa estar atento às outras dimensões
da agricultura familiar, em que a preserva-
ção do meio ambiente é aliada de formas
de gerar renda e promover o desenvolvi-
mento sustentável e solidário do campo,
floresta e águas de nosso País.
11
mar o pacto firmado em lei nacional den-
tro dos seus territórios. Esse processo
é chamado de ratificação. As conse-
quências da elevação da tempe-
ratura do planeta são a de-
sertificação de diversas
áreas, a alteração
do regime de
chuvas, o
2030 – tendo como base de comparação
os níveis de gases emitidos em 2005.
Além disso, nosso País se comprome-
teu a até 2030 interromper totalmente o
desmatamento da Amazônia Legal e a
restaurar 12 milhões de hectares de flores-
tas. Isso porque o compromisso brasileiro
afirma que até 2100 não haverá mais ne-
nhuma emissão de gases poluentes, em
uma descarbonização total da economia.
Para alcançar essa meta, além do reflores-
tamento e recuperação de áreas desmata-
das, o Brasil se compromete a aumentar
até 2030 a participação de bioenergia
sustentável (biodiesel, gás natural,
etc) para 18% da sua matriz
energética, e a partici-
pação de energias
sos d’água são ações que fazem parte do
esforço de preservar a vida no planeta para
nós e para as futuras gerações.
Outra consequência é que o esforço
de aumentar a participação da bioener-
gia sustentável e da produção de energia
renovável na matriz energética brasileira
abrirá oportunidades para que a agricultu-
ra familiar aumente a participação econô-
mica nesse processo, aproveitando o po-
tencial das propriedades rurais para além
da produção de alimentos.
A região do semiárido nordestino, por
exemplo, tem um grande potencial para
a geração de energia solar e eólica, e a
produção de oleaginosas que podem
ser transformadas em combustível é
um imenso campo a ser explorado em
todo o Brasil. O Movimento Sindical de
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais
precisa estar atento às outras dimensões
da agricultura familiar, em que a preserva-
ção do meio ambiente é aliada de formas
de gerar renda e promover o desenvolvi-
mento sustentável e solidário do campo,
floresta e águas de nosso País.
11JORNAL DA CONTAG 11
JORNAL DA CONTAG12
FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO SINDICAL PLATAFORMA MOODLE
Inclusão de tecnologias nos cursos de formação da ENFOC Ambiente virtual de aprendizagem proporciona interação entre educandos(as) e educadores(as) no tempo
comunidade e aprimora vivências durante o tempo escola
Aeducação popular está centrada
no sujeito: para construir o co-
nhecimento conjuntamente é im-
portante ouvir e interagir, compartilhar as
experiências. Dessa maneira, a presença
física das pessoas nas atividades forma-
tivas é fundamental, mas e se o contato
e a interação puder se estender também
para os períodos em que estamos longe
da escola?
Para isso, a tecnologia é a melhor aliada.
A 6ª turma do Curso Nacional de Formação
Política da ENFOC está passando pela ex-
periência de utilizar a Plataforma Moodle,
um ambiente virtual de aprendizado no
qual os(as) educandos(as) se mantêm em
contato, compartilhando aprendizagens
do tempo escola e também durante as
atividades do tempo comunidade, quando
interagem nos seus espaços de militância.
É importante destacar que as atividades
online são acompanhadas por tutores(as)
da Rede de Educadores(as) Populares da
ENFOC em todo o Brasil.
“Nossa intenção é expandir a experi-
ência para todas as atividades formativas
da ENFOC, além de incentivar que as
Federações e Sindicatos também se apro-
priem dessa ferramenta. A ideia é envolver
muitas pessoas de todos os estados, prin-
cipalmente as que compõem a Rede de
Educadores(as). Até o momento, já temos
26 educadores(as) assumindo a tutoria no
Curso. Queremos que cada vez mais gente
se aproprie das ferramentas para fortalecer
os nossos processos formativos”, afirma
o secretário de Formação e Organização
Sindical da CONTAG, Juraci Souto.
AVANÇOS – É a primeira vez que o Movimento
Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras
Rurais (MSTTR) utiliza a Plataforma Moodle
e os resultados surpreenderam positiva-
mente. No período entre o 1º e o 2º mó-
dulo, os(as) educandos(as) tiveram acesso
aos textos orientadores dos debates du-
rante todo o curso com a oportunidade de
discuti-los nos fóruns existentes no am-
biente virtual da plataforma, aprofundando
o conhecimento e fortalecendo os “laços
de camaradagem” criados entre os(as) par-
ticipantes. Nesta primeira vivência, 74%
dos(as) educandos(as) participaram efetiva-
mente do processo de interação online.
Neste período entre o 2º e o 3º mó-
dulo, o desafio é organizar ou participar
de Grupos de Estudos Sindicais (GES)
já existentes, para multiplicar todo o co-
nhecimento construído durante o curso a
partir de suas vivências. As etapas des-
se processo devem ser compartilhadas na
Plataforma Moodle, com o objetivo de que
os(as) educandos(as) troquem experiências
e acompanhem a evolução dos grupos.
É importante destacar que os(as)
educandos(as) que por diversas razões
não têm computador ou acesso à internet
não se sentem excluídos do processo,
pois podem usar seu smartphone, ou ain-
da, fazer no caderno, levar impresso todos
os materiais que são disponibilizados na
plataforma Moodle e, nos momentos de
encontro, podem compartilhar com o gru-
po suas ideias e experiências, ou podem
utilizar os computadores dos Sindicatos
e Federações. Mas, para aqueles(as) que
não têm dificuldade e podem acessar o
espaço virtual do curso, livremente e a
qualquer momento, existe a possibilida-
de dos educandos(as) postarem seus
trabalhos, emitir opiniões sobre assuntos
da conjuntura política, interagir com as
postagem dos colegas, compartilhar tex-
tos, vídeos e fotografias que interessem
ao grupo e ao desenvolvimento do curso,
enriquecendo o processo formativo em
uma experiência que já se mostra positiva
e promete muitos frutos para o MSTTR.
“Para nós que estamos vivendo esta
experiência, esta é uma demonstração de
que a ENFOC segue atualizada na pers-
pectiva da formação humana e da trans-
formAÇÃO política”, afirma Juraci.
Arquivo ENFOC
JORNAL DA CONTAG 13
VICE-PRESIDÊNCIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS COOPERAÇÃO INTERNACIONAL
Agricultura familiar além das fronteirasFortalecendo esperanças na luta em defesa da cooperação internacional como ferramenta do MSTTR
para fortalecer a Agricultura Familiar no Brasil e em todo o mundo
13
Estamos todos articulados. Os
acordos comerciais entre a União
Europeia e o Mercosul, por exem-
plo, podem debilitar a comercialização de
produtos da agricultura familiar e campo-
nesa no Bloco e o acesso desta aos bens
naturais, já que normalmente se orientam
ao beneficiamento da produção em gran-
de escala. A agricultura familiar e campo-
nesa também é afetada pelos movimentos
do mercado internacional e por todos os
processos que constituem a globalização.
Por isso, as questões internacionais preci-
sam de cada vez mais espaço na agenda
do Movimento Sindical de Trabalhadores e
Trabalhadoras Rurais (MSTTR). É preciso
fortalecer as estratégias de ação conjun-
ta com outros países para garantir que os
direitos de agricultores e agricultoras fami-
liares sejam reconhecidos e efetivados no
Brasil e em todo o mundo.
A atuação da CONTAG junto a orga-
nismos internacionais e às plataformas
da sociedade civil se dá, principalmente,
no âmbito da região da América Latina e
Caribe, e também com os países de lín-
gua portuguesa situados na Europa, África
e Ásia. Participamos dentro das repre-
sentações da sociedade civil em espaços
como a Reaf Mercosul, a Celac, a Unasul
e a CPLP*. A CONTAG também atua atra-
vés de plataformas internacionais como a
Coprofam, a Uita e o Fórum Rural Mundial.
Mas como se dá essa atuação?
Principalmente na forma de levar para os ou-
tros países a experiência do MSTTR na luta
para a conquista e consolidação de direitos
dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, e
na conquista de políticas públicas que con-
tribuam para o desenvolvimento solidário e
sustentável da agricultura familiar. Em muitos
países da América Latina, Caribe e África
não há sequer o reconhecimento da agricul-
tura familiar, o que torna inviável a luta por
políticas específicas, por exemplo. Outra for-
ma de atuação é a contribuição dentro dos
organismos internacionais para a construção
de diretrizes que garantam segurança e so-
berania alimentar para os países, elementos
que estão diretamente relacionados com a
agricultura familiar.
“Os problemas enfrentados pela agri-
cultura familiar e camponesa no Brasil
são muito semelhantes aos enfrentados
nos demais países porque são, em ge-
ral, problemas impostos pela mundializa-
ção do capital e sua livre circulação em
escala global. Enfrentamos falta de direi-
tos básicos como saúde, educação, sa-
neamento, dificuldade de acesso à terra
e para a comercialização da produção,
sofremos com a ação de multinacionais
e extrangeirização de terras e territórios.
Precisamos unir forças para lutar junto
aos órgãos internacionais, movimentos e
organizações sociais contra a suprema-
cia do capital, e assegurar que em todo
o mundo a agricultura familiar e campo-
nesa exerça seu papel de garantir sobe-
rania e segurança alimentar e nutricional”,
explica o vice-presidente e secretário de
Relações Internacionais da CONTAG,
Willian Clementino Matias.
Para aprofundar e fortalecer o conhe-
cimento sobre a importância da políti-
ca internacional do MSTTR, a CONTAG
promove o Curso Nacional de Formação
em Cooperação Internacional para
Promoção da Agroecologia e Soberania
Alimentar e Nutricional, cujo 1º módu-
lo foi realizado entre os dias 21 e 23
de setembro, em Brasília (DF), com a
participação de dirigentes sindicais e
trabalhadores(as) rurais, além de repre-
sentantes da Confederação Nacional
dos Trabalhadores Assalariados Rurais
(CONTAR), num total de 50 participantes.
Celac: Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos – criado em 2011, formado pelos 33 países da América Latina e Caribe.
Unasul: União de Nações Sul-Americanas – criada em 2008, formado pelos 12 países da América do Sul.
CPLP: Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – criada em 1996, for-mada por Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Arquivo CONTAG
JORNAL DA CONTAG14
FINANÇAS E ADMINISTRAÇÃO CONTRIBUIÇÃO SINDICAL RURAL
Por uma melhor sustentabilidade sindical do MSTTR CONTAG e Federações debatem com deputado sugestões para
Projeto de Lei que trata da contribuição sindical rural
OProjeto de Lei 5795/2016 trata
da regulamentação da contri-
buição sindical rural, da criação
da contribuição negocial (em substituição
à assistencial) e da criação do Conselho
Nacional de Autorregulação Sindical
(CNAS). O Projeto está sendo avaliado
na Comissão Permanente de Trabalho,
Administração e Serviço Público da
Câmara dos Deputados, e está apensado
ao PL 6706/2009 – de autoria do senador
Paulo Paim (PT-RS) e cujo relator é o depu-
tado Lucas Vergílio (SD-GO).
A discussão sobre seu conteúdo, por-
tanto, ainda está aberta e o Movimento
Sindical de Trabalhadores(as) Rurais
(MSTTR) busca contribuir para que o PL
5795/2016 seja aprovado de forma que
a sustentabilidade da luta pelos direitos
dos trabalhadores e trabalhadoras rurais
seja garantida e a organização sindical
fortalecida. No dia 12 de setembro, du-
rante reunião dos(as) presidentes(as) das
Federações e Diretoria da CONTAG, o
projeto foi extensamente debatido, e as
propostas formuladas pela CONTAG fo-
ram apresentadas ao relator do projeto,
deputado Bebeto (PSB-BA).
Uma das principais propostas acres-
cidas ao PL 5795/2016 é a transferên-
cia do recebimento da contribuição sin-
dical para a Caixa Econômica Federal
(CEF), por meio de uma guia unificada.
Dessa forma, as pessoas pagariam as
contribuições junto à CEF, como ocorre
com os trabalhadores(as) urbanos(as),
que faria a distribuição dos recursos de
acordo com código sindical fornecido
às entidades sindicais pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE). As entidades
sindicais e os contribuintes poderão im-
primir as guias para a cobrança direto no
site da Caixa.
“A transferência do recebimento e distri-
buição dos recursos pela Caixa Econômica
Federal traz como vantagens o modelo
unificado da guia, possibilidade de utiliza-
ção do Brasão da República e a prestação
de contas junto ao Fundo de Amparo ao
Trabalhador (MTE/FAT) e ao Tribunal de
Contas da União (TCU), dando maior cre-
dibilidade ao processo de cobrança, dan-
do a ela um caráter oficial, o que incentiva
o recolhimento”, explica o secretário de
Finanças e Administração da CONTAG,
Aristides Santos.
O MSTTR apoia a iniciativa de criação da
contribuição negocial, assegurando trata-
mento diferenciado para os agricultores(as)
familiares. Os(as) presidentes(as) aponta-
ram, ainda, para que o recolhimento das
contribuições seja feito com um valor de
referência unificado nacionalmente para
os(as) agricultores(as) familiares e que a
cobrança para a categoria seja feita de
forma individual. Além disso, os partici-
pantes da reunião se posicionaram firme-
mente contra a proposta de criação de
um Conselho Nacional de Autorregulação
Sindical (CNAS).
“Do jeito como está no projeto, o
CNAS tem a função de regular as ativida-
des sindicais, mas o princípio que rege o
Movimento Sindical hoje é o da liberdade
e autonomia. As regras são necessárias,
porém não aceitamos ser tutelados, con-
trolados. Além disso, a composição do
conselho tal como está no PL 5795/2016
não considera a proporcionalidade da re-
presentação das centrais sindicais: todas
têm o mesmo peso, independentemente
de tamanho. Também não está garan-
tida a presença da representação dos
trabalhadores(as) rurais, pois a CONTAG
ainda precisaria disputar espaço entre as
três vagas para confederações”, explica
o dirigente. “Não vemos a necessida-
de da criação deste conselho”, conclui
Aristides Santos.
Cesar Ramos
JORNAL DA CONTAG 15
Pelo presente edital, a Diretoria da CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES - CONTAG, convoca as Federações e Sindicatos filiados a participarem do 12º CONGRESSO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES -
12º CNTTR a se realizar nos dias 13, 14, 15, 16 e 17 de março de 2017; no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, no endereço SDC, Eixo Monumental - Lote 05, Centro de Convenções Ulysses Guimarães - Brasília - DF; para discussão e deli-beração do seguinte temário: I - analisar a situação política, social e econômica do País; II - analisar a situação política, social e econômica internacional; III - analisar a situação política, social e econômica da categoria trabalhadora rural agricultora fa-miliar; IV -avaliar o desempenho e a ação política do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais - MSTTR; V - definir diretrizes de atuação unitária do MSTTR em todas as áreas de interesse da categoria trabalhadora agricultora familiar, em especial: a) fortalecer a organização dos trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares, b) assegurar o acesso dos trabalhadores rurais à terra, c) melhorar as condições de vida e trabalho da categoria profissional trabalhadores rurais agricultores e agricultoras familiares e, d) assegurar o pleno exercício da atividade rural; VI - avaliar e atualizar as diretri-zes, o conteúdo e as ações e mecanismos de implementação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário - PADRSS; VII - avaliar e encaminhar o processo de dissociação sindical das entidades do MSTTR; VIII - eleger a Diretoria e o Conselho Fiscal da CONTAG, para o quadriênio 2017 a 2021; IX - alterar, por maioria simples, o Estatuto Social da CONTAG. O 12º CNTTR e as Eleições para a Diretoria e Conselho Fiscal da CONTAG, gestão 2017 a 2021, serão realizados de acordo com o Estatuto Social da CONTAG, aprovado pelo Conselho Deliberativo da CONTAG em 29 de julho 2016, e com o Regimento Interno do 12º CNTTR, aprovado pelo Conselho Deliberativo da CONTAG de 28 de julho de 2016, dos quais serão encaminhadas cópias a todas as entidades filiadas por meio de correio eletrônico e que estarão disponíveis a todos os interessados no site da CONTAG: www.contag.org.br. Será também fornecida cópia a todos os interessados e interessadas que o solicitarem, por escrito, à Secretaria Geral da CONTAG, arcando o solicitante com as eventuais despe-sas de reprodução e envio. Em atendimento ao art. 2º do Regimento Interno do 12º CNTTR, a CONTAG enviará, a todas as Federações e aos Sindicatos, por registro postal, até o dia 26 de agosto de 2016, Edital de Convocação do 12º CNTTR, detalhando as condições gerais para participação no mesmo.
Brasília - DF, 18 de agosto de 2016.
ALBERTO ERCÍLIO BROCH
Presidente
ESTE EDITAL FOI PUBLICADO NO DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO EM 22 DE AGOSTO DE 2016 E, NO MESMO PERÍO-DO, A VERSÃO COMPLETA DO EDITAL DE CONVOCAÇÃO FOI ENVIADA VIA CORREIOS A TODAS AS FEDERAÇÕES E SINDICATOS FILIADOS.
CONTAG
PREPARAÇÃO PARA O 12º CNTTR
EDITAL DE CONVOCAÇÃO12º CONGRESSO NACIONAL DOS TRABALHADORES RURAIS AGRICULTORES E AGRICULTORAS FAMILIARES - 12º CNTTR E ELEIÇÕES PARA A DIRETORIA E CONSELHO
FISCAL DA CONTAG PARA GESTÃO 2017/2021
JORNAL DA CONTAG16
Por que é importante realizar um Cen-
so Agropecuário? Qual é a sua função?
O Censo Agropecuário é fundamental
para configurar um retrato do setor agro-
pecuário brasileiro em suas dimensões
econômica, social e ambiental. Tendo em
vista a complexidade das inter-relações
dessa estrutura, somente com uma pes-
quisa censitária modelada qual o Censo
Agropecuário torna-se possível conhecer
quem são, quantos são, onde e como
atuam os produtores agropecuários do
Brasil. E nesse sentido é que serão reve-
ladas informações sobre o dimensiona-
mento de áreas cultiváveis, os níveis de
produção de alimentos e da criação ani-
mal; os dados sobre a utilização e apli-
cação dos implementos e instrumental
agrícola, sobre a caracterização dos tra-
balhadores rurais, a propriedade e a dire-
ção dos trabalhos, além da classificação
dos padrões de obtenção e ocupação do
território agrícola nacional.
Tanto o agronegócio quanto a agri-
cultura de caráter familiar são funda-
mentais do ponto de vista econômico:
se o primeiro é um grande fornecedor
de divisas por meio de exportações, o
segundo representa quase 3/4 do pes-
soal ocupado na agropecuária, notada-
mente na produção de alimentos para o
consumo interno, cujo comportamento
tem impacto direto na inflação. Logo,
as duas vertentes do setor agropecuário
ENTREVISTAA
cerv
o IB
GE
EXPEDIENTE / Jornal da CONTAG – Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (CONTAG) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch | 1º Vice-Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Willian Clementino da Silva Matias | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Elias D'Angelo Borges | Finanças e Administração Aristides Veras dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto | Secretaria Geral Dorenice Flor da Cruz | Jovens Trabalhadores Rurais Mazé Morais | Meio Ambiente Antoninho Rovaris | Mulheres Trabalhadoras Rurais Alessandra da Costa Lunas | Política Agrária Zenildo Pereira Xavier | Política Agrícola David Wylkerson Rodrigues de Souza | Políticas Sociais José Wilson Sousa Gonçalves | Terceira Idade Maria Lúcia Santos de Moura | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail [email protected] | Internet www.contag.org.br | Edição e Reportagem Verônica Tozzi | Reportagem Lívia Barreto | Projeto Gráfico e Diagramação Fabrício Martins | Impressão Viva Bureau e Editora
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devem ser alvos-chave de políticas pú-
blicas estratégicas.
Nesse sentido, as informações coleta-
das junto aos estabelecimentos agrope-
cuários brasileiros são o ponto de partida
para a elaboração de estudos e ações
efetivas de políticas que visem o desen-
volvimento do cenário rural, consideradas
as variantes econômicas, sociais e terri-
toriais. Não obstante, há especificidades
na pesquisa que também chancelam sua
excelência; por exemplo: os dados do
Censo Agropecuário são o único modo
de efetuar estimativas sobre o fluxo dos
gastos previdenciários com aposentado-
rias, dos agricultores familiares pertencen-
tes à modalidade de segurado especial
da Previdência Social. Tais estudos são
necessários à construção de um sistema
de proteção social robusto e efetivamente
aplicável à realidade dos agricultores fami-
liares, valendo lembrar que a área rural, ti-
picamente ocupada por estabelecimentos
agropecuários, é onde se concentram os
piores índices de pobreza no Brasil, reme-
tendo-nos a outro desdobramento aplicá-
vel para os dados coletados: subsidiar es-
tudos acadêmicos e desenvolvimento de
projetos que culminem em ações de com-
bate à pobreza. Por fim, seus dados tam-
bém servem às análises comparativas de
indicadores agropecuários e ambientais,
de organismos nacionais e internacionais,
como os indicadores para monitoramento
dos Objetivos do Desenvolvimento Sus-
tentável (ODS).
Quais os benefícios para a investi-
gação ao fazer uma ligação da base
de dados do Censo com a Declara-
ção de Aptidão ao Pronaf?
Como referido anteriormente, o Cen-
so Agropecuário reúne informações que
permitem vários tipos de olhares, e dentre
tantos, por exemplo, teríamos como evi-
denciar qual é o público-alvo da agricul-
tura familiar e, com base neste universo,
possibilitar-nos fazer comparações com
os dados do cadastro da DAP, facultan-
do-nos a oportunidade de efetuar análise
e verificar possíveis distorções.
Por que o governo brasileiro e o Con-
gresso Nacional não priorizaram a rea-
lização do Censo Agropecuário 2016?
Essa é uma situação complexa, não
é que não priorizem; a operação censi-
tária requer um tal montante de recursos
financeiros, que se distribuem basica-
mente em três anos de trabalho, e este
modelo de disponibilidades, na conjun-
tura econômica atual, está sempre con-
correndo com tantas outras necessida-
des, igualmente prementes. Tal como
ocorre em nossas próprias realidades
pessoais, quando priorizamos o atendi-
mento de uma demanda em detrimento
de outras.
Quais os impactos para a agricultura
familiar e para o monitoramento das
políticas públicas com a não realiza-
ção do Censo Agropecuário?
O Censo Agropecuário, no que repor-
te o potente e rico acervo de informações
referentes que produz e oferece, é fun-
damental para a compreensão e dimen-
sionamento do universo agropecuário
nacional. E tanto os que vivem e traba-
lham naquele cenário, quanto governo,
pesquisadores, ambientalistas e investi-
dores, todos dependem dessa foto.
ANTONIO CARLOS SIMÕES FLORIDO é gerente do Censo Agropecuário do IBGE. Em entrevista ao Jornal da CONTAG, explica a importância da realização do Censo Agropecuário no Brasil e sua função para as áreas econômica, social e ambiental. Após dez anos do último Censo específico na área rural, Florido também aponta alguns impactos com a não realização da pesquisa em 2016 por falta de recursos.