jornal ampare out2014

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1 AMPARE Ano XIV | nº 45 | outubro – novembro – dezembro de 2014 Pag. 4 Pag. 5 Pag. 3 Artigo: Você é tolerante? Marcos A M Bittencourt Notícias AMPARE Ampare: Quem somos e o que fazemos... Fruto do mato Cheiro de jardim Namoro no portão Domingo sem chuva Segunda sem mau humor Sábado com seu amor Filme do Carlitos Chope com amigos Crônica de Rubem Braga Viver sem inimigos Filme antigo na TV Ter uma pessoa especial E que ela goste de você Música de Tom com letra de Chico Frango caipira em pensão do interior Ouvir uma palavra amável Ter uma surpresa agradável Ver a Banda passar Noite de lua cheia Rever uma velha amizade Ter fé em Deus Não ter que ouvir a palavra não Nem nunca, nem jamais e adeus. Rir como criança Ouvir canto de passarinho. Sarar de resfriado Escrever um poema de Amor Que nunca será rasgado Formar um par ideal Tomar banho de cachoeira Pegar um bronzeado legal Aprender um nova canção Esperar alguém na estação Queijo com goiabada Pôr-do-Sol na roça Uma festa Um violão Uma seresta Recordar um amor antigo Ter um ombro sempre amigo Bater palmas de alegria Uma tarde amena Calçar um velho chinelo Sentar numa velha poltrona Tocar violão para alguém Ouvir a chuva no telhado Vinho branco Bolero de Ravel E muito carinho meu. Carlos Drummond de Andrade Desejo a você ...

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Jornal da Associação AMPARE (Associação dos Amigos dos Portadores de Síndrome de Pânico em Recife)

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Page 1: Jornal AMPARE  out2014

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AMPAREAno XIV | nº 45 | outubro – novembro – dezembro de 2014

Pag. 4

Pag. 5

Pag. 3

Artigo:

Você é tolerante?Marcos A M Bittencourt

Notícias AMPARE

Ampare: Quem somos e o que fazemos...

Fruto do mato Cheiro de jardim Namoro no portão

Domingo sem chuva

Segunda sem mau humor

Sábado com seu amor

Filme do Carlitos Chope com amigos

Crônica de Rubem Braga

Viver sem inimigos

Filme antigo na TV

Ter uma pessoa especial

E que ela goste de você

Música de Tom com letra de Chico

Frango caipira em pensão do interior

Ouvir uma palavra amável

Ter uma surpresa agradável

Ver a Banda passar

Noite de lua cheia

Rever uma velha amizade

Ter fé em Deus Não ter que ouvir a palavra não

Nem nunca, nem jamais e adeus.

Rir como criança Ouvir canto de passarinho.

Sarar de resfriado

Escrever um poema de Amor

Que nunca será rasgado

Formar um par ideal

Tomar banho de cachoeira

Pegar um bronzeado legal

Aprender um nova canção

Esperar alguém na estação

Queijo com goiabada

Pôr-do-Sol na roça

Uma festa Um violão Uma seresta Recordar um amor antigo

Ter um ombro sempre amigo

Bater palmas de alegria

Uma tarde amena

Calçar um velho chinelo

Sentar numa velha poltrona

Tocar violão para alguém

Ouvir a chuva no telhado

Vinho branco Bolero de Ravel E muito carinho meu. Carlos Drummond de Andrade

Desejo a você ...

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Editorial

“Então é Natal! E o que o que você fez? O ano termina... E nasce outra vez!”

Mais um ano de AMPARE. Mais um ano de atividades em prol da Saúde Mental. Mais um Natal em família. Nosso Décimo-Quarto Natal! É hora de agradecermos a Deus o tra-balho realizado, as conquistas obtidas. É hora de reformularmos os desejos!

“Fazendo de cada companheiro um amigo e de cada amigo um irmão, entramos em sin-tonia com o Espírito do Natal e tornamo-nos aptos a construir um Feliz Ano Novo!”

E nesse novo ano que vai chegar, nós que fazemos a FAMILIA AMPARE desejamos a todos os nossos associados e amigos: SAÚDE. PAZ. AMOR & REALIZAÇÕES! Que Deus nos abençoe a todos e que a PAZ DO MENI-NO JESUS continue conosco pelos 365 dias do Ano Novo, para que possamos viver cada dia como se fosse NATAL!

Bem-vindo 2015!

Am

pare

reco

men

da DVDs

Filmes

LivrosO Fantasma do Pânico ou o Fundo do Poço: como esquecer? – Socorro Capiberibe – relato pessoal – estudo de caso – AGN Gráfica – 4ª edição revista e atualizada – 2007 – Locais de venda: Ampare, Idéia Fixa, Livrarias Imperatriz (Shoppings Recife, Plaza, Tacaruna e Guararapes), Livraria Cultura.

CARTA DE AMOR – MARIA BETHÂNIA – DVD – Brasil – MPB – 2013 – Gravadora Biscoito Fino – Gravado ao vivo no Vivo Rio.

EM BOA COMPANHIA – SIMONE – DVD – MPB – 86min – Gravadora Biscoito Fino –Show de Simone gravado ao vivo no Teatro Guararapes em Olinda-PE.

UNDER THE STARS – ANDRÉ RIEU – DVD – Holanda – Classico – 2012 – Gravado ao vivo em Maastricht – Holanda com André Rieu e sua The Johann Strauss Orchestra. Duração de 110min.

BLUE JASMINE (BLUE JASMINE) – Comédia – EUA – 2013 – 98 min – colorido – direção: Woody Allen - com: Alec Baldwin e Cate Blanchett. Recebeu três indicações ao Oscar 2014.

AMANTE A DOMICÍLIO (FADING GIGOLO) – Comédia – EUA – 2013 – 96min – Colorido – direção: John Turturo– com: John Turturo – Woody Allen – Vanessa Paradis e Sharon Stone. Diversão garantida.

AS COISAS DA VIDA (LE CHOSES DE LA VIE) – Drama – França - 1969– 81 min – colorido - direção: Claude Sautet– com: Michel Piccoli e Romy Scheneider. Filme considerado uma das obras-primas do cinema francês nos anos 60.

CEM AFORISMOS SOBRE O AMOR E A MORTE – Friedrich Nietzsche – Uma centena de aforismos sobre dois temas universais, que interessam a todo ser humano e que talvez definam o que é ser humano: a necessidade do amor e a consciência da morte.

AURORA – Friedrich Nietzsche – Nietzsche elabora sua crítica da moral cristã-ocidental e dos conceitos a ela associados, como “alma”, “Deus”, “pecado”, “sujeito” e “livre-arbítrio”. A epígrafe (“Há tantas auroras que não brilharam ainda”) explica o título e traduz a esperança nietzscheana de um mundo novo.

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AMPARE – Associação dos Amigos dos Pacientes de Pânico em RecifeFundada em 23 de abril de 2001. CNPJ: 10.429.193 /001-54. Rua Oswaldo Cruz, 393, Boa Vista, Recife/PE – CEP: 50555-220. Fones: (81) 3222.-6252 – (81) 8517-1057www.ampare-pe.com.br / [email protected]: Wagner Saldanha MaiaVice-presidente: Jacilene Cansanção BittencourtDir. Administrativo: Ana Paula HawattDir. Cultural: Socorro CapiberibeDir. Financeira: Francisca ModestoDir. Técnico: Jane LemosCONSELHO FISCALTitulares: Amanda Britto Lyra, Maria Helena Baltar e Marcos Antonio BittencourtSuplentes: Edson Rodrigues, Jaidete Almeida e Maria do Carmo NigroJornalista responsável: Maria Cândida Capiberibe Maia Cavalcanti – DRT/PE 3036Revisão e assessoria de comunicação: Mariana Capiberibe MaiaFotografias: Maria Capiberibe Jung, Mariana Capiberibe Maia e Wagner MaiaImpressão: NGE Gráfica e EditoraTiragem: 5.000 exemplares

EXPEDIENTE

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AMPARE Notícias

A Livraria Idéia Fixa divulga, no dia 29/11, as 19 hora, na Praça do Parna-mirim, o resultado do XXVIII concurso Estórias de Criança, que este ano contou com o tema “Ariano Suassuna: o escritor e seus personagens”. O concurso, já tradicional no Recife, é realizado pela escritora Mirian Carri-lho, proprietária da livraria. Neste ano participaram crianças de 7 a 12 anos, em três categorias: Poesia, Prosa e Desenho.

“Quem vai cuidar do cuidador? Saúde e qualidade de vida do profissional de saúde”. Este é o tema do curso que a FAFIRE realizará no sábado, 06/12, através do grupo de formandos “Arqueólogos da Mente, Escultores da Alma”. O evento contará com palestras e mesas redondas e acontecerá das 8h as 18h30, no auditório da Faculdade. Os valores são R$ 80 para profissionais e R$ 50 para estudantes. Inscrições podem ser feitas no site da FAFIRE.

A psicóloga e diretora da AMPARE Ana Paula Hawatt, com Jurandir Freire Costa, psicanalista e escritor pernambucano, em evento do Centro Psicanalítico de Pernambuco (CPPL), na Academia Pernambucana de Letras, no mês de setembro.

Foi lançado recentemente o livro “Sobreviventes – A jornada continua”, da escritora e psicóloga pernambucana Micheline Patrícia. O romance, da Editora Baraúna, narra a história de Clara, que após perder o pai para o suicídio, se vê em meio a um reencontro inesperado, mistérios e lugares maravilhosos. De acordo com a autora, Sobreviventes tem o objetivo de proporcionar as pessoas uma reflexão acerca da sua vida e do futuro da humanidade.

A Diretora Técnica da Ampare, a nossa estimada JANE LEMOS, médica Psiquiatra, foi contemplada com mais dois cargos eletivos que aumentam seu currículo de atividades prestadas ao serviço médico de Pernambuco, ao longo de sua carreira: Foi reeleita Secretária Geral da AMPE e eleita também Diretora Cultural da Associação Médica Brasileira com sede em São Paulo. Parabéns, Jane Lemos!!!POSSE DA NOVA PRESIDENTE

DA AMPE (Associação Médica de Pernambuco)

Helena Maria Carneiro Leão, Médica Reumatologista, Ex-Presidente do Cremepe, foi eleita em 28 de Agosto Presidente da Associação Médica de Pernambuco, tomando posse em 04 de novembro próximo passado, em solenidade festiva na sede da AMPE, para a gestão no período de 2014/2017. Estiveram presentes à solenidade, a Vice-Presidente da Ampare: a Psicóloga Jacilene Cansanção Bittencourt; A Diretora Administrativa e Psicóloga Ana Paula Hawatt; além da nossa Diretora Técnica Jane Lemos (Psiquiatra) e membro da nova Diretoria da AMPE. Sucesso à nova Presidente!

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Fundada em 23 de Abril de 2001, por um grupo de por-tadores do transtorno do pânico e idealizada pelo médico pernambucano Wilson Alves de Oliveira Jr., a Ampare existe para “amparar” pessoas como você, que estão pre-cisando de ajuda. E, apesar de criada inicialmente para os pacientes com pânico, hoje a Ampare acolhe também os pacientes com Depressão, TOC, Transtorno Bipolar, Hi-peratividade, Déficit de Atenção e outros transtornos de ansiedade e do humor.

Trabalhamos por uma Medicina mais humana e eficaz, que se traduza em tratamento digno e adequado, e uma melhor qualidade de vida para quem sofre de transtornos psicossomáticos. Temos um site informativo sobre o nosso trabalho, com artigos de médicos e psicólogos abordando sobre o Pânico, outros transtornos de ansiedade, depres-são e seus tratamentos; além de entrevistas e depoimentos de pacientes, dicas de livros, agenda de palestras, cursos para estudantes e profissionais da área... Visite, fique por dentro e indique aos amigos: www.ampare-pe.com.br

Temos também um JORNAL de periodicidade trimes-tral com uma tiragem de 5.000 exemplares, que circula com êxito pelos meios médicos e demais meios sociais, le-vando a todos uma visão ampla de nossas atividades.

Contamos com excelentes Profissionais: Médicos e/ou Psicólogos - que abraçando a causa humanista da AMPA-RE, prestam atendimento aos sócios dessa Associação, em seus próprios consultórios e com hora marcada, seguindo a nossa proposta eficiente e digna, que respeita os diferen-tes níveis sócio-econômicos dos pacientes.

A AMPARE também dispõe de um “SPPA” (Serviço de Psicologia e Psiquiatria AMPARE) na própria Sede, to-

AMPARE

(81)3222-6252

8517.1057

8873.7400

Quer anunciar?

Entre em contato:

“Faze com alma o que na vida te for dado fazer, mas não te esqueças de integrar-te nos grandes planos de Deus”. (D. Hélder Câmara)

dos os dias, das 7:30 às 19:30h, com valores compatíveis ao nível sócio-econômico de cada um.

O valor da consulta com os Psiquiatras para este ano de 2014 continua sendo de R$80,00 (Nos consultórios da AMPARE).

O valor das sessões de psicoterapia com os Psicó-logos é negociado diretamente entre o profissional e o paciente, mediante avaliação sobre reais condições financeiras do paciente - não ultrapassando o valor má-ximo de R$80,00 e o valor mínimo de R$40,00 (Nos consultórios da AMPARE)

Com uma taxa simbólica de apenas R$15,00 por mês, você se torna associado da AMPARE e pode usufruir dos serviços prestados por esta associação. Associe-se já!

Promovemos palestras em empresas, faculdades, colé-gios, igrejas etc., para divulgar os transtornos emocionais e o nosso trabalho. Para solicitar uma palestra fale conosco.

Nossos contatos: (81)3222-6252 (Fixo) / 8517.1057 (oi) / 9504.0782 (Tim) / 89910240 (Claro) / 8873.7400 (Socorro Capiberibe / Diretoria). Nosso E-mail: [email protected]

Nosso endereço: Rua Oswaldo Cruz, 393, sala 01, Boa Vista, CEP 50050-220, Recife - PE (Térreo e 1º Andar do Prédio Anexo da Associação Médica de PE).

Nosso horário de atendimento: de 2ª à 6ª feira, das 7:30h às 19:30h e aos Sábados das 8:00 as 12:00h.

Quem somos e o que fazemos...

“Não, não pares. É graça Divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada certa, manter o ritmo... Mas a graça das graças é não desistir. Prosseguir firme... podendo ou não podendo... Caindo embora aos pedaços... Chegar até o fim.”

(Dom Helder Câmara)

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ARTIGO // MARCOS A M BITTENCOURT

Você é tolerante?

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Estamos vivendo em uma época onde em várias partes do mundo inteiro medra a intolerância, ou seja, a falta de tolerância. Diariamente vemos notícias de fundamentalistas islâmicos que assassinam civis inocentes porque não aceitam as mesmas doutrinas religiosas, o que constitui intolerân-cia religiosa. Na Europa, a intolerância étnica para com os africanos que migram para os grandes centros urbanos das principais capitais tem sido uma tônica constante dos mo-vimentos neonazistas formado, em sua maioria, por jovens que adotaram uma ideologia de extrema-direita. No Brasil, nos últimos anos, temos visto ações criminosas contra índios, prostitutas, homossexuais, moradores de rua, dentre outros. Tudo isso explicado pela falta de tolerância, uma dificuldade em lidar com aquele que nos é diferente. Por que tratarmos desse tema num periódico que trata da saúde mental e afe-tiva? É porque a nossa atitude de tolerância ou intolerância está diretamente relacionada com a nossa qualidade de vida. Incluam-se aí os elementos bio-psico-social. A falta de to-lerância tem a ver com os nossos conteúdos internos mais primitivos e reacionários, aqueles que, em primeiro lugar, nos machucam, mas que são externados em nossas relações pes-soais e sociais através da intolerância.

Mas, o que é mesmo “tolerância”? O Dicionário Etimo-lógico da Língua Portuguesa (MACHADO, 1977) dá-nos a seguinte definição de tolerância: “Do latim tolerantia, cons-tância a suportar, resistência; paciência”. E de uma pessoa to-lerante, diz-se que é alguém que suporta e que resiste.

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a edu-cação, a ciência e a cultura) publicou em 1995 uma Declara-ção chamada “Dos princípios sobre a Tolerância” (WEBER, 1999). O documento diz que “A tolerância é o respeito, a acei-tação e apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nos-so mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos....é a harmonia na diferença....é uma virtude que torna a paz possível e con-tribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz.... A tolerância não é concessão, condescendência, in-dulgência. A tolerância é, antes de tudo, uma atitude ativa

fundada no reconhecimento dos direitos universais da pessoa humana e das liberdades fundamentais do outro.”

Alguns pensam que ser tolerante a alguém ou a alguma coisa implica em ter que aceitar o que os outros pensam ou o que eles fazem. Isso é uma falácia. Ser tolerante implica que se aceite que os outros pensem de maneira diferente de nós, sem por isso os odiarmos. Alexander Chase disse que o cume da tolerância é mais rapidamente alcançado por aqueles que não andam carregados de convicções. Talvez tenha sido es-se o pensamento de John Lennon em sua música “Imagine”. Entretanto, é quase uma utopia vivermos num mundo sem convicções, sem valores, ou algo que nos dê sentido.

Para John Locke (filósofo inglês e ideólogo do libera-lismo – 29/8/1632 – 28/10/1704), tolerar é parar de com-bater o que não se pode mudar. Podemos ser tolerantes dentro do mesmo grupo, por exemplo, face aos pequenos defeitos e diferenças de caráter; ser tolerantes face aos que não pertencem ao nosso grupo; e tolerar as convic-ções e crenças dos outros que sejam diferentes das nossas (diferenças religiosas e ideológicas, por exemplo).

John Stuart Mill, na sua obra “Sobre a Liberdade”, escre-veu: “A humanidade terá muito a ganhar deixando que cada um viva como lhe parece bem, e não forçando cada um a viver como parece bem aos restantes”. Mas será que isso não seria uma utopia ? É aqui que aparece o paradoxo da tolerância. Karl Popper (filósofo da ciência austríaco, 28/71902 — 17/9/1994) disse que “Se formos de uma tolerância absoluta, mesmo com os intolerantes, e não defendermos a sociedade tolerante con-tra os seus assaltos, os tolerantes serão aniquilados e com eles a tolerância.” Será que o tolerante deve tolerar o intolerante absolutamente? Talvez a resposta seja “Não”. A tolerância tem de se proteger a si própria. Pode fazê-lo facilmente, dizendo que todos podem expor um ponto de vista mas ninguém po-de forçar os outros a aceitá-lo. A única coerção deve ser a da argumentação; a única obrigação, o raciocínio honesto. O to-lerante pode lutar contra a intolerância mas não precisará usar as mesmas armas. Muito cuidado aqui. Alguns confundem tolerância para com o que nos é diferente com tolerância para

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SPPAServiço de Psicologia e Psiquiatria da AMPARE

PSICOLOGIA (81) 3222.6252

• Alexandra Albuquerque • Alessandra Bacelar • Amanda Britto • Ana Helena Cavalcanti • Ana Paula Hawatt • Carmita Nigro • Cristina Jatobá

SPPAServiço de Psicologia e Psiquiatria da AMPARE

PSICOLOGIA (81) 3222.6252

• Francisca Cleide • Jacilene Cansanção • José Belarmino • Marcos Bittencourt • Maria Helena Baltar • Suellen Cansanção • Tereza Márcia

com o criminoso. Ao que nos é diferente, a compreensão e a tolerância; ao criminoso, a lei.

A intolerância é um fenômeno psicologicamente interes-sante porque é sintomático de insegurança e medo. Os talibãs do Afeganistão obrigavam as mulheres a usar burca, a ficar em casa e a desistir da sua educação e do seu emprego porque temiam a sua liberdade. Os velhos tornam-se intolerantes pa-ra com os jovens quando ficam alarmados com a indiferença votada pela juventude ao que eles há muito conhecem e esti-mam. Os mais jovens tornam-se intolerantes para com os mais idosos porque eles são o retrato de sua própria morte, um aviso de que o tempo é o senhor do destino. O medo gera a intole-rância e a intolerância gera o medo: o ciclo é vicioso.

Freud disse que nos servimos de mecanismos de defesa tais como a projeção, quando condenamos no outro (consciente-mente) aquilo que nós reprovamos em nós mesmos (incons-cientemente). Por exemplo, quando nosso incômodo é diri-gido a um tema moral específico e de maneira sistemática e constante, existe grande probabilidade de termos problemas de autoaceitação nessa área. No auge de seu ministério, o pre-gador televiso americano, Jimmy Swaggart, falava constante-mente contra a prostituição e contra a infidelidade conjugal em seus discursos dominicais. Em 1988, foi visto e fotografado com prostitutas em um motel no Texas, fato que se repetiu, causando grande impacto na imprensa americana.

Em nossos relacionamentos pessoais, às vezes, é preciso tolerar pequenas coisas que julgamos falhas do outro em prol do todo da relação. Não é o mesmo que se calar na relação (até porque o outro deve conhecer o que nos in-comoda), mas o desafio de não sermos intransigentes em assuntos de menor valor. Porém, convém investigar uma possível “dedicação sacrificial” caracterizada pelo silêncio daquele que pensa que “tolera”. É que o adoecimento emo-cional de quem tolera indica que a pessoa faz um esforço além do que pode suportar. Algumas vezes, a intolerância nos relacionamentos advém de algum transtorno de ordem afetiva e emocional pelo qual estamos passando. Por exem-plo, a distimia, uma forma leve de depressão, tem como uma de suas características, o mau-humor constante e o pessimismo. Convém identificar e tratar a pessoa.

Por fim, a tolerância é melhor desenvolvida quando conhecemos melhor a realidade da pessoa a quem não to-leramos. Enquanto nos mantemos distantes, mantemos o ódio. Mas, se nos dispusermos a escutar, a ver as coisas a partir da perspectiva do outro, a nos colocarmos no lugar do outro, exercitaremos, assim, a tolerância.

MENSAGEM AMPARE

ANÚNCIO DE VENDA DE UM SITIO

Um comerciante amigo do grande poeta Olavo Bilac, queria vender um sítio.

Amigo, você que sempre me visita e conhece bem meu sítio, poderia redigir um anúncio de ven-da, para que seja publicado no jornal?

Aceitando o pedido, com completa disposição, Bilac pegou o papel e redigiu o anúncio:

“Vende-se um lindo sítio, afastado da cidade, on-de você vai gozar descanso e felicidade. Tem pomar que o ano todo é o salão onde as aves executam seus gorjeios em sinfonias suaves e as falenas no canteiro, adejam entre os agaves. Tem, no silêncio da noite, a lua mostrando recato, quando a brisa deleitosa embala as plantas do mato e a relva dorme escutando o aca-lanto de um regato. Sua casa proporciona um conforto permanente e é, pela manhã, banhada nos raios do sol nascente. A varanda, à tarde, tem uma sombra envol-vente... ”

Terminada a redação do texto, o poeta entregou o anúncio ao amigo. Passado algum tempo se en-contraram novamente, quando o poeta perguntou:

“Amigo, vendeu o sítio no valor corresponden-te?”

O comerciante respondeu: “Estimado Bilac, nem pensei mais nisso. Quando li aquele anúncio desisti, na mesma hora, de vender o meu paraíso!”

Às vezes alguém chega para nós, e com a pala-vra certa, com a observação adequada muda nosso ângulo de visão, faz-nos quebrar os paradigmas e, entendemos que certas coisas de que tanto precisa-mos e achamos não ter, estão bem do nosso lado...

Olavo Bilac

”Assim é a vida. Assim somos nós. A felicidade às vezes pode estar do nosso lado, bem ao alcance das nossas mãos, mas por ser tão simples pode passar despercebida. Esteja atento. Não abra mão de ser feliz!”

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A PALAVRA DE QUEM SENTE // DEPOIMENTO DO PACIENTE

Depois de uma recaída no traba-lho, a primeira, e espero que a última, com pânico total de que eu não seria capaz de seguir em frente com tanta carga sobre mim, precisei que uma amiga preciosa me levasse à emergên-cia do hospital procurar minha neuro-logista. Quando a doutora meu viu na emergência, perguntou: “O que houve, minha filha? Você estava tão bem!” Respondi: “Não estou me sen-tindo bem. Estou com medo, cansada, aflita, angustiada, eu não quero ficar doente de novo. Passei mal hoje no trabalho, tiver dormência nas pernas, a cabeça ficou atordoada e estou com medo de ter outra trombose.”

Conversamos um pouco em uma consulta e dali saí com uma guia pa-ra comprar os remédios que eu havia conseguido diminuir bastante e já estava feliz no conhecido desmame. Chegar na farmácia e comprar os remédios e tomá-los foi uma grande dor para mim porque eu queria era parar de tomá-los como o desmame previa. E estava voltando…

Ainda bem que temos uns retor-nos na vida, para podermos tomar a estrada certa, posteriormente. Sem pressa, sempre, precisamos entender o corpo que habitamos, buscar aju-da, seguir com acompanhamento até quando precisarmos. Tudo no tempo dos seres humanos enfermos.

Do hospital, minha amiga me levou para a farmácia e de lá, para a casa dela. Dormi o sono dos per-turbados em busca de serenidade, após uma crise nervosa. Foi tão bom dormir naquele quarto ensolarado! Acordei, e minha amiga me serviu um almoço delicioso. Após a refei-

ção, ela me disse: “Vou levar você em um lugar que você adorará!”

Assim cheguei na AMPARE, um pouco frágil, uma vez que havia tomado o remédio e estava ainda cansada, mui-to embora tivesse descansado. Apoiada nos ombros de minha amiga, minha primeira visita foi uma casa charmo-sa, aconchegante, amarelinha ocre, de porta branca, ao lado da Secretaria da Saúde. Pense em um lugar agradável no qual pisei e me senti segura. Sentei-me na sala de espera e aguardei minha ami-ga resolver alguns trâmites. Saí dali com uma consulta com a Psicóloga Jaidete Almeida no dia seguinte, logo cedo.

Impressionante foi como eu saí da AMPARE nesse primeiro dia: já mais forte, com a cabeça centrada e muito fe-liz com o recomeço da terapia que havia parado há oito meses porque eu acha-va que já estava instrumentalizada para seguir em frente, somente com o apoio neurológico, sem o psicológico: engano!

No dia seguinte, conheci a Jaidete, que entrou em minha vida para que eu conseguisse trazer mais razão para minhas escolhas profissionais, princi-palmente. Juntas, temos caminhado há algum tempo que nem conto porque quando estou na AMPARE, o tempo entra em outra dimensão: a esfera da minha alma, do corpo que habito e preciso respeitar. Estar na AMPARE é estar comigo: ouvir-me, escutar-me, ver-me para poder replanejar-me!

Paralela às sessões de terapia na AMPARE, consegui terminar o livro “Atoleiro de Pó” (Damianovic, 2014), recém publicado e com acesso para dowload grátis no www.linguagemefor-macao.com.br ou em http://www.loja.edufpe.com.br/portal/spring/livro/deta-

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• Ana Cláudia Gonçalves • Andréa Chavante • Caroline Espínola • Diva Alencar • Fabiana Maciel • Fabiana Maia

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• Janduirtes Figueiredo • José Vieira Filho • Mariana Brayner • Niedja Moraes • Rodrigo Silva • Samia Berardo • Tereza Amélia

lhe/371Gostaria de convidá-los para lê-lo.

O escrevi para registrar todo o meu percurso desde que tive trombose venosa profunda na perna esquerda, em março de 2012. De lá para cá, são muitas minhas aprendizagens, que tenho a felicidade de compartilhar com todos aqueles que querem ouvir uma paciente que chorou e sofreu, desesperadamente, por muitos meses, na busca de um caminho para sair dos atropelos da trombose em meu corpo.

O caminho existe! O primeiro, des-cobri com os Doutores Arnóbio Mar-ques, Newton de Barros Júnior, Marco Antônio Jovino, José Geraldo de Ca-margo Lima, Feliciana Castelo Branco e a Psicóloga Julieta Al Makul Durce. O segundo caminho foi construído com os anjos anteriormente citados, mais um que apareceu em minha vida: a Psicólo-ga Jaidete Almeida, da AMPARE!

Amigos queridos, ótima leitura! Sigam em frente com os tratamentos de vocês, sempre com muita vontade de querer achar as saídas de nossos atoleiros e, mais importante, com o desejo de evitar as entradas para as quedas nos mesmos.Saúde a todos e paz de espírito e serenidade na alma.

Maria Cristina Damianovicwww.linguagemeformacao.com.br

A primeira vez que cheguei na AMPARE, estava, literalmente, nos ombros de uma amiga.

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O que o levou a escolher sua profissão

Sempre tive curiosidade pela área. Além disso, sempre tive uma inclinação por tentar ajudar o outro, de alguma forma, no seu sofrimento.

Como você vê o uso do medicamento no tratamento do transtorno de pânico e outros transtornos de ansiedade?

Alguns casos podem ser trabalhados sem o uso deles. Outros apresentam uma necessidade maior. Pesquisas mostram que o efeito medicamentoso é semelhante ao efeito psicoterápico (pesquisas com a psicoterapia cognitivo-comportamental; podemos ver esses resultados no livro de paulo knapp chamado “terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica”, especialmente no cap. 26, onde é abordado o tema “tratamento associado de terapia cognitiva e farmacoterapia”). Não tenho problemas quanto a trabalhar com clientes que estejam fazendo uso, especialmente quando a visão do psiquiatra é de retirada futura desse medicamento. Infelizmente alguns psiquiatras ainda desvalorizam a psicoterapia e chegam ao extremo absurdo de orientar o cliente a não buscar o processo psicoterápico. Mas, isso vem mudando e tenho a felicidade de trabalhar com muitos psiquiatras que não têm essa visão.

Na prática clínica, o que considera mais importante para a eficácia do tratamento?

Na realidade tem uma série de fatores: 1. O profissional deve amar a sua profissão. 2. O profissional deve dominar a sua área de atuação, dominar as teorias das quais se utiliza para a intervenção. 3. Ter um bom contato com os outros profissionais que também estejam auxiliando o seu cliente (especialmente o psiquiatra). 4. Estar sempre atualizado.

É importante lembrar que, por mais que sigamos todos esses passos, estamos trabalhando com seres humanos, e nem sempre conseguimos dar conta de todos os casos

Que sugestão daria para uma formação acadêmica mais qualificada no país?

Na realidade é necessário que se fale, antes, na formação de quem forma os profissionais, ou seja, a formação dos professores. E isso deixa muito a desejar no brasil. A bibliografia é vasta, mas alguns estudiosos como perenoud afirmam que “os professores do hoje não estão dispostos nem preparados para praticar uma pedagogia diferenciada”. Necessitamos de políticas públicas de valorização do educador, onde, entre tantas mudadças, precisam de melhores salários, mudanças na carga horária, formação continuada, dedicação exclusiva, bolsas de pós-graduação, etc.

Em sua opinião o transtorno do pânico tem cura ou controle?

Em minha opinião o que ocorre no processo psicoterápico é a cura. A partir do momento em que o cliente volta a fazer o que não mais estava conseguindo (como sair só, dirigir, viajar de avião, etc.). Entendo isso como cura.

Uma pessoa que admira: Jesus.

Um hobby: Tocar violão.

Um sonho: Que os seres humanos, de um modo geral, consigam viver em harmonia (pode ser utopia, mas acredito que é o desejo de muitos).

Um filme: A minha vida é um verdadeiro filme (com direito a oscar).

Uma música: Na realidade são muitas. Mas, algumas são especiais por marcarem certos momentos da sua vida. Uma música especial para mim é a “Agnus daí” (Michael W. Smith).

Uma realização: Todas as vidas que já ajudei a se reestabelecer.

Uma mensagem: Perseverança. Tanto aos profissionais como aos clientes; todos nós devemos perseverar. Sempre lembro às pessoas que todo problema tem solução, a questão é encontrarmos a mais edequada para aquela situação. Nesse processo erramos, nos estressamos, remomeçamos... Mas sempre perseveramos, até alcançar um resultado satisfatório.

PERFIL DO PSICÓLOGO

Edson Rodrigues da Silva [Psicólogo clínico (cognitivo-comportamental) | Professor de psicologia | Especialização em psicoterapia cognitivo-comportamental | Especialização em educação | Mestrando em educação]