jornal a luta é agora ano i nº 01
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Arquivo eletrônico do Jornal impresso da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Acre - ADUFAC www.adufac.orgTRANSCRIPT
a é !LUTA AGORAASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
Rio Branco (AC) Maio de 2014Jornal da ADUFAC Ano I - Nº 01
Distribuição gratuita www.adufac.org
2014:o anoda Educação!
Maio:mês de lutas!Confira as principais ações da Gestão A Luta é agora (2014-2016) e as perspectivas da mobilização docente para o mês de maio
Nova Diretoria
da ADUFAC
(2014/2016)
Desde o dia 2 de janeiro, a
ADUFAC conta com uma nova
Diretoria e Conselho Deliberativo
para gestar a entidade no biênio
2014/2016. Os atuais diretores e
conselheiros são:
Diretoria: Presidente: Gilberto
Melo (CAp), Vice-Presidente: João
Lima (CFCH), 1º Secretário: Moisés
Lobão (CCBN), 2º Secretário:
L e n i l d a F a r i a ( C E L A ) , 1 º
Tesoureiro: Edcarlos Miranda
(CCET), 2º Tesoureiro: Jair Vicente
(Aposentado).
C o n s e l h o D e l i b e r a t i v o :
Presidente: Eurenice de Lima
( C F C H ) , V i c e -
P r e s i d e n t e :
R o n a l d o M e l o
(CCET), Secretário:
J o s e a n A l v e s
(CCET). Membros:
L e t í c i a M a m e d
(CFCH), Tânia Mara (CELA),
G i l b e r t o D a l m o l i n ( C E L A ) ,
S u p l e n t e s : R a q u e l I s h i i
(CELA),Gerson Albuquerque (CELA)
e Sávio Maia (CFCH).
a é !LUTA AGORA - 2014 -
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EXPEDIENTE
a é !LUTA AGORA é uma
publicação da Associação dos Docentes da Universidade Federal
do Acre - ADUFAC.
Diretora responsável e diagramação:
Raquel Ishii
Redação:Denis Henrique, João Lima, Moisés Lobão
Fotos: Raquel Ishii, Letícia Mamed, Moisés Lobão e
Narjara Costa, Gilberto Dalmolin
Colaboração:Tânia Mara Rezende e Alderlândia da Silva
Maciel
Revisão: Carlos André Alexandre de Melo
Adufac se manifesta caráter contra
de normas internas autoritário
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r e s t r i ç ã o d o s
Ah o r á r i o s d e
funcionamento e a
criação da pena de suspensão de
até 45 dias para estudantes
suspeitos de cometer crimes
levou a Associação dos Docentes
da Universidade Federal do Acre a
se manifestar publicamente no
dia 11 de janeiro. Os docentes
entregaram ao reitor Minoru
Martins Kinpara um documento
contrário às medidas.
Pa r a a d i r e t o r i a d o
sindicato, a restrição do horário é
um equívoco, uma vez que o
espaço é público e utilizado pela
comunidade em geral e não
apenas por quem trabalha ou
estuda na Ufac. Nesse sentido, a
restrição do acesso não pode ser
confundida com a questão da
segurança interna do campus.
No documento entregue
ao reitor, os professores
reivindicaram uma política de
segurança que atenda a
comunidade acadêmica em
todos os dias e horários.
A questão agravou-se
ainda mais com a circular nº
001/2014, de 07 de janeiro,
expedida pela prefeitura do
Campus que, exorbitando a
norma interna, estabeleceu a
proibição de entrada na Ufac
aos sábados e domingos.
Outra medida questio-
nada pelos professores foi a
suspensão preventiva por 30
dias (prorrogável por mais 15
dias) de alunos acusados ou
suspeitos de cometer crimes.
Ela foi recebida com protes-
tos por toda a comunidade
universitária, uma vez que
contraria o preceito constitu-
cional da presunção da
inocência.
A partir desses questio-
namentos, a diretoria da
Adufac solicitou ao reitor que
r eab r i s s e o deba te no
Conselho Universitário para
que as medidas fossem
reavaliadas.
Até a presente data,
não há qualquer resposta
oficial por parte da reitoria ao
documento protocolado em
janeiro deste ano.
ASCOM/ADUFAC
Rio Branco (AC) Maio de 2014
Jornal da ADUFAC Ano I - Nº 01
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O dia 19 de março de 2014 foi marcado por intensos debates sobre a atual conjuntura em que se insere a luta dos docentes federais pela reestruturação da carreira e por melhores condições de trabalho.
A paral isação seguiu a agenda nacional dos Fórum dos Servidores Públicos Federais – SPF que indicaram 19 como o dia nacional de mobilização de todos
o s se to re s púb l i co s federais.
Na sede da ADUFAC, pela manhã, foi feita uma avaliação das ações da greve de 2012 e uma anál i se do contexto atual, que exige intensifi-cação da mobilização local e nacional. No período da tarde, houve discussão e proposição de uma pauta local de reivindicações a ser apreciada nas próximas assembleias.
Os debates contaram com as participações dos representantes do Comando Local de Greve dos
S e r v i d o r e s T é c n i c o s -Administrativos da Ufac, categoria em greve desde o dia 17 de março, e da Presidente do Diretório Central dos Estudantes - DCE.
Dia de paralisação
e debates
Com a finalidade de refletir sobre o golpe militar de 1964 no Acre e na Amazônia, a ADUFAC realizou nos dias 31 de março e 1º de abril o evento “Cenários Amazônicos: 50 anos após o golpe de 64: a lembrança de tudo aquilo”.
O evento teve início no dia 31 de março com o Show Musical “Cantando a poesia de uma página virada: ditadura nunca mais!”, com a participação de músicos locais. Na tarde do dia seguinte, 1º de abril, ocorreu a Mesa de Debate intitulada “Estado de Exceção não rima com liberdade: lembrar para eliminar o entulho que restou”, com a participação do professor E lder Andrade (UFAC), dos pesquisadores e músicos João Veras e Sérgio Satie, do jornalista Toinho Alves e do ex-padre Manoel Pacífico.
Realizado no dia 3 de abril, o evento 'Tragédia no Madeira' teve como objetivo debater sobre a problemática com o transbordamento do Rio Madeira, que atinge o Acre, o sul do Amazonas, Rondônia e Bolívia, e sobre as estratégias discursivas do governo do Acre em propagandear um 'estado de normalidade'.
Segundo o mediador do debate, professor Gerson Albuquerque, a ideia foi iniciar uma discussão sobre a situação que o Acre enfrenta, denunciando os consórcios das hidrelétricas do Rio Madeira como protagonistas de uma tragédia anunciada, além de exigir não apenas providências das instituições públicas responsáveis, mas punição aos envolvidos no processo de licenciamento ilegal que autorizou a instalação das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau. Como debatedores, o evento contou com a participação, via video-conferência, do Prof. Dr. Luis Gazón (UNIR), do jornalista Altino Machado e do Prof. Dr. Elder Andrade (UFAC).
DITADURA MAIS!NUNCA TRAGÉDIA NO MADEIRA
ASCOM/ADUFAC
ASCOM/ADUFACASCOM/ADUFAC
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Trabalho docente, saúde do professor e ócio: elementos de uma diabólica ou divina trindade
s reformas do Estado,
Aque se iniciaram por
volta da década de
1990 e que não cessam de aconte-
cer, provocam implicações no
trabalho docente, que se expres-
sam pela intensificação, burocrati-
zação, produtivismo acadêmico,
individualismo e avaliação externa
em detrimento do trabalho coleti-
vo.
Os traços dessa política
neotecnicista repercutem inevita-
velmente não só nas condições de
trabalho dos professores, que
sobrecarregados e exacerbados
deixam de exercer a reflexão e a
crítica sobre o significado do
trabalho que desenvolvem e as
condições em que é realizado, mas
repercutem em sua saúde, levan-
do-os ao adoecimento físico e
o dia 11 de março, a ADUFAC reuniu-se com os
Ndocentes recém-contratados da UFAC no ano de
2013. Dentre outros assuntos, foram esclareci-
dos os principais pontos referentes ao fim da aposentadoria
integral dos servidores, com a criação, por parte do governo
federal, do Fundo de Previdência do Servidor Público (Fu-
presp), e sobre a Lei Nº 12.863, que trata do reenquadramen-
to funcional dos professores. Sobre esse último aspecto,
tendo em vista que muitos dos novos docentes ainda não
haviam sido re-enquadrados de forma correta, a ADUFAC, por
meio do ofício nº 075/Presidência, requereu junto à
Administração Superior que fossem procedidas as devidas
retificações nos TERMOS DE POSSE dos novos professores. Até
o momento, não houve resposta da Reitoria da Ufac.
emocional.
Esse quadro pode ser muito
destruidor e ao mesmo tempo
propício ao fortalecimento da
construção da formação político-
sindical de cada docente, pois a
extensão do tempo gasto para
construí-la pode não ser devida-
mente mensurada e os professores,
vistos como acomodados, podem,
em suas subjetividades, estar se
construindo como intelectuais
transformadores.
Considerando esse espa-
ço/tempo de formação políti-
co–sindical, cabe vislumbrar uma
categoria de análise que possa ir
na contramão da intensificação do
trabalho docente e do adoecimen-
to. Acena-se, então, para o ócio.
Importante se faz lembrar
que escola deriva de scholé,
palavra grega que designa “lugar
do ócio”. Não importa se a escola é
de Educação Básica ou Superior, o
ócio é inerente ao trabalho docen-
te. Não o ócio como sinônimo de
desocupação, do ato de não fazer
nada ou da condição de preguiça
assumida pelo indivíduo. Pelo
contrário, o ócio como tempo
necessário para o desenvolvimento
da refle-
x ã o , d a
capacida-
d e d e
p e n s a r e
e x e r c e r a
crítica. É preciso
não se deixar sucumbir pela distor-
ção que o capitalismo faz do ócio,
colocando-o como mero tempo de
reposição de energias para gerar
mais trabalho, mais produtividade
e mais lucro. De igual modo, é
imprescindível tomar o trabalho
docente como categoria de análise
que represente muito mais que
produtivismo, performatividade e
avaliação externa. É preciso lutar
agora, e por todo o tempo que for
necessário, para repor o trabalho
docente como elemento emancipa-
dor e não opressor e adoecedor.
Para essa tarefa, é posta a
exigência da participação sindical,
que colabore para uma apurada
consciência social a respeito da
conjuntura política, econômica e
social na qual desenvolve sua
atividade.
(...) o ócio é inerente ao
trabalho docente. Não o ócio
como sinônimo de desocupação,
do ato de não fazer nada ou da
condição de preguiça assumida
pelo indivíduo. Pelo contrário,
o ócio como tempo necessário
para o desenvolvimento da
reflexão, da capacidade de
pensar e exercer a crítica.
Tânia Mara Rezende MachadoProfessora do Centro de Educação,
Letras e Artes da Ufac
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professores recém-contratados
professores recém-contratados
ADUFAC reúne com
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2014 é o ano da educação! recorrente negativa
Ado governo federal,
durante todo o ano de
2013, em negociar efetivamente a
pauta sobre a reestruturação da
carreira docente e melhoria das
cond ições de t raba lho nas
Instituições Federais de Ensino
Superior – IFES junto ao nosso
Sindicato Nacional (ANDES-SN),
tem mobilizado cada vez mais a
categoria docente desde o início do
ano de 2014.
O objetivo é pressionar o
governo no sentido de reverter a
Lei 12.772 que impôs modificações
na carreira docente, aprofundando
distorções como a ausência da
lógica original do PURCE (Plano
Único de Classificação de Regime
Jurídico Único), no que diz respei-
to à relação da malha salarial entre
as várias classes e níveis, bem
como a inexistência de um piso
salarial de referência.
Nos últimos dias 26 e 27 de
abril de 2014, foi realizada, em
Brasília, mais uma reunião da
diretoria do ANDES-SN com o Setor
dos Docentes das IFES, cuja pauta
voltou-se para construção de uma
greve nacional dos docentes em
2014.
Após verificação do quadro
de mobilização dos docentes em
Moisés Silveira LobãoRepresentante da ADUFAC junto ao Setor das IFES e
Professor do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da Ufac
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A G E N D E - S E n a U F A C
13
14
DIA
DIA
Homenagem ao dia das mães
Assembleia Geral
Eleição Diretoria ANDES-SN
Eleição Diretoria ANDES-SN
Às 10h, Brunch. Às 18h, Lanche Sede da ADUFAC
Às 9h, Auditório da ADUFAC
21DIA
Vigília Nacional pela EducaçãoMesas de debates, Auditório da ADUFAC
23
31DIA
DIA
Assembleia Geral
Baile das Flores
9h, Auditório da ADUFAC
23h, Clube dos Oficiais da PMDas 8h às 20h, Sede da ADUFAC
Das 8h às 20h, Sede da ADUFAC
MAIO
nível nacional e exposição da pauta
protocolada junto à Secretaria de
Educação Superior do Ministério da
Educação, aprovaram-se os seguin-
tes encaminhamentos:
1. Intensificar a mobiliza-
ção, fortalecendo as assemble-
ias e aprofundando o debate
sobre a construção da greve,
além da proposição de pautas
locais, a partir da articulação
com a pauta nacional de nego-
ciação em curso (carreira,
salário, condições de trabalho
e autonomia);
2- Encaminhar ao Setor
das IFES do ANDES-SN, que se
reunirá nos dias 24 e 25 de
maio, a deliberação sobre
deflagração ou não da greve,
com base no resultado da
rodada de assembleias gerais
de cada associação docente.
- Entre os dias 12 e 16 de
maio: rodada de assembleias
gerais que incluam na pauta a
deliberação sobre a paralisação
do dia 21 de maio e constituição
de fóruns locais articulados, se
possível, com os técnicos e
estudantes no que diz respeito à
precarização das condições de
trabalho e funcionamento da
instituição.
- Dia 21 de maio: reunião
entre a SESU-MEC e ANDES-SN,
com paralisação dos docentes
das IFES, com realização de atos
de mobilização e vigília.
Maio é mês de Lutas
Reunião do SETOR DAS IFES
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Co m o i n t u i t o d e
aproximar mais o
Sindicato da comuni-
dade docente, as reuniões nos
centros acadêmicos e no Colégio
de Aplicação se constituíram, de
fato, numa ação importante para a
retomada da luta, como uma das
primeiras atividades da nova
diretoria da Adufac. Apesar das
conhecidas d ificuldades de
mobilização, as reuniões foram
participativas pela qualidade das
intervenções dos professores,
sindicalizados ou não, que se
propuseram a discutir as questões
sobre “segurança” no campus
apresentadas em documento à
Reitoria por meio do Ofício
005/Presidência, datado de 10 de
janeiro, no qual se solicita a
o dia 11 de março, a
NDiretoria da ADUFAC
reuniu-se com os
professores aposentados da
Universidade Federal do Acre com
objetivo de atualizar as demandas
dos respectivos professores no que
diz respeito aos processos judiciais
e às perspectivas de luta para uma
submissão dos artigos 205 e 470 do
Regimento Geral da Ufac à nova
a p r e c i a ç ã o d o C o n s e l h o
Universitário.
Além do debate em torno
destas questões, as reuniões nos
centros foram significativas, não
apenas porque se traduziram numa
das estratégias necessárias para a
retomada da mobilização da
categoria, mas também porque se
constituíram como um espaço de
diálogo, franco, respeitoso e
aberto, com a maioria dos docentes
em torno da construção de uma
pauta local, catalisando os diferen-
tes problemas que afetam, sobre-
maneira, as condições efetivas do
trabalho docente, em suas indisso-
ciáveis dimensões acadêmicas
(ensino, pesquisa e extensão).
Somos todos sindicato: e mobilização da basefortalecimento da luta
Diretoria da ADUFAC reúne comprofessores aposentados
Nessa retomada da luta,
tanto na esfera local quanto
nacional, será necessário um
engajamento efetivo de toda a
categoria na defesa da reestrutu-
ração e valorização da carreira
docente, bem como na melhoria
das condições de trabalho acadê-
mico e isso passa, necessariamen-
te, por diferentes formas de
fortalecimento do sindicato, a
começar por uma maior aproxima-
ção da direção com a sua base,
num amplo processo de envolvi-
mento dos sindicalizados, sobretu-
do na construção e execução do
plano de luta, por uma universida-
de pública, de qualidade, demo-
crática, laica e referenciada
socialmente. João Silva LimaProfessor do Centro de Filosofia
e Ciências Humanas da Ufac
carreira de professor federal que
não seja excludente em relação ao
professor aposentado.
Na ocasião, foi proposta a
produção de um documento que
resgate a história da universidade e
do ensino superior no Acre, a partir
das trajetórias de vida dos profes-
sores. ASCOM/ADUFAC
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o dia 19 de março de
N2014, os professores
Gilberto Francisco
Alves de Melo (Presidente) e o Prof.
Gilberto Francisco Dalmolin
( m e m b r o d o C o n s e l h o
Deliberativo) participaram de uma
reunião com os professores do
Campus Floresta, Cruzeiro do Sul,
com o objetivo de contextualizar a
luta dos professores do magistério
superior em nível local e nacional.
Foram esclarecidas ainda as
questões relacionadas às ações
judiciais levantadas pela Adufac,
com vistas a garantir direitos dos
associados.
Como último ponto debati-
do, apresentou-se aos professores
a possibilidade de criação da
subseção da Adufac em Cruzeiro do
Sul, tendo em vista a necessidade
de ampliar a participação dos
professores do Campus Floresta
nas deliberações em nível local e
nacional.
Diretoria da Adufac conclama osprofessores de Cruzeiro do Sul
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Universidade Pública Brasileira: velhos e novos desafios
á muitos anos, a
Hliteratura educacio-nal bras i le ira, os
intelectuais comprometidos com a universidade pública, gratuita e autônoma, os sindicatos em geral, e as Associações dos Docentes das Universidades – AD'S destacam uma realidade preocupante, que aflige a educação superior brasileira e, em particular, o conjunto de universidades e Instituições de Ensino Superior (IES) públicas. Nos anos de 1990, essa realidade acentuou-se, ocupando um espaço mais incisivo nos estudos e pesqui-sas sobre os rumos da educação superior brasileira. A título de ilustração, independente de sua percepção ideológica, identifica-mos alguns trabalhos de renoma-dos intelectuais brasileiros que revelam uma conotação negativa sobre o ensino superior no país, como poderá ser observado em TRINDADE, 1999, CHAUÍ, 1999, MENEZES, 2000, DIAS SOBRINHO & RISTOFF, 2000,MACHADO, 2000, GENTILI, 2001, entre outros tantos trabalhos publicados.
Em linhas gerais, as análises feitas pelos estudiosos apontam que a crise acentuada nas universi-dades, a partir da década de 1990, está diretamente vinculada a duas questões centrais: ao processo de
ajustamento do projeto político nacional à nova ordem mundial, onde a educação superior é alvo de incisiva política oficial de reconfi-guração; e as políticas públicas para educação superior levadas a cabo no período militar ditatorial, como a Reforma Universitária, a Lei 5.540/68 e o Relatório Final da C o m i s s ã o N a c i o n a l p a r a Re fo rmu lação da Educação Superior – projeto GERES – criado no interior do MEC, em março de 1986, que ao tentar reestruturar o ensino superior causou grandes polêmicas e a reação imediata da comunidade acadêmica e de entidades como o CRUB, o ANDES-SN, a FASUBRA, a UNE, SPBC, e até a CAPES, apesar de esta ser um órgão do governo.
O projeto GERES, em especi-al, foi considerado como um retrocesso em relação às lutas históricas das forças progressistas que, desde a década de 1930, vinham reivindicando reformas no ensino superior. Ao reafirmar a política governamental, combatida veementemente no início da década de 1980, de desobrigação do Governo com os recursos desti-nados ao ensino superior, o referido projeto propôs dois tipos de universidade: a universidade do conhecimento e a universidade do ensino, contrariando a proposta elaborada pelas Associações dos Docentes das Universidades e pelo ANDES-SN, em 1982.
Apesar do governo não ter resistido às pressões das entidades vinculadas ao setor educacional e ter cedido às suas intensas reações, reivindicando o não envio do Projeto GERES ao Congresso Nacional, nos deparamos na atualidade, com as mesmas reivin-dicações por parte das entidades e da sociedade civil organizada e com os principais aspectos daquele projeto em pleno vigor, bem como com a resistência dos Governos em
e l a b o r a r p o l í t i c a s públicas para o e n s i n o superior que reconheçam, valorizem e financiem a universidade p ú b l i c a , g r a tu i t a e autônoma.
Identificamos ainda, com as reformas empreendidas no octênio FHC, aprofundadas nos dois man-datos do governo Lula da Silva e atual governo Dilma Rousselff, que o processo de mercadorização, privatização, sucateamento, precarização, empresariamento e produtivismo acadêmico com relação ao ensino superior são as facetas mais significativas de suas ações.
Os governos mencionados, ao flexibilizarem a organização e funcionamento das Instituições de Ensino Superior por meio de decretos, contribuíram ainda mais para reduzir o grau de cumprimen-to com a gratuidade e autonomia das IES que, além de transmitir, deveriam produzir e compartilhar conhecimento mediante sua função de extensão. Apesar do ANDES-SN reafirmar incisivamente sua proposta de universidade, os embates e dificuldades enfrenta-dos nos últimos anos com as políti-cas públicas oficiais têm se constituído em um processo de luta, permeada por muitas tensões e desgastes, não obstante a apro-vação sistemática de leis e decre-tos que, geralmente, põem em risco a sobrevivência universidade pública por tentarem (e consegui-rem!) subordiná-la ao imediatismo dos interesses governamentais que, em última instância, estão atrelados a uma economia mundia-lizada e incapaz de desenvolver-se autonomamente!
A revolução democrática
emergente nunca se ligará às
necessidades educacionais da
maioria e aos interesses da Nação
como um todo se não tivermos a
coragem exemplar de varrer a
obra do regime ditatorial, que
resultou de um conluio do espírito
conservador com o controle
imperialista de nossa vida cultural
(...) as lutas travadas nos idos do
fim da década de 60 não estão
mortas. Elas fornecem o lastro que
poderá suportar a nossa avançada
para diante, engatando a
revolução democrática emergente
à reconstrução da universidade
que deverá servir ao Brasil no
século XXI. (Florestan Fernandes,
1979).
Alderlândia da Silva MacielProfessora do Centro de Educação,
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