Jornada da atençãoNa era do esquecimento digital

Status:Desatento econectado

Há muito tempo atrás, as pessoas tinham um hábito muito curioso: ficarem juntas para trocar ideias e conversar sobre assuntos interessantes.

Esse foi um outro tempo. Um tempo em que as pessoas ainda sabiam parar e armazenar as doses diárias de informações que liam.

Com o passar das décadas e o avanço da tecnologia, uma espécie acabou entrando em extinção e hoje se encontra desaparecida.

Vocês sabem de quemestou falando?

Vocês sabem de quemEstou falando?

Essa moça quieta, tranquila, que faz com que sejamos capazes de absorver , processar e significar o que lemos, saiu de casa. E deixou uma carta para seus pais: a paciência e o tempo.

“As pessoas não têm mais tempo para mim depois que essa tal de internet surgiu. Vou desaparecer do mundo para ver se sentem minha falta. Quero voltar para o passado, onde eu ainda tinha vez”.

Vocês sabem de quemEstou falando?

E foi assim que a atenção começou a desaparecer do mundo.

Depois que a atenção desapareceu do mundo, as pessoas começaram a ler tudo de forma muito rápida na Internet e nas redes sociais. Passaram a confundir informação com conhecimento.

Um grupo de pesquisadores, da área da Comunicação, começou a estudar esse fenômeno para entender o que de fato estava acontecendo. E estou hoje aqui, na Campus Party mais uma vez, para contar essa história para vocês.

Por que você lembra e esquece de algo que leu?

Como lembramos de uma foto antiga e seu

contexto, mas esquecemos do nome dos personagens e do

texto associados à ela?

Vamos conhecer um pouco da jornada da atenção do mundo digital e discutir o desafio dos produtores de conteúdo para tornar as informações dignas de serem lembradas e compartilhadas.

Quantas redes sociais você usa

por dia?

O Brasil possui 276milhões de conexões via celular.

Dados: We are Social /2015

O brasileiro gasta, por dia, conectado:

5h26 minutos na internet (via computador ou tablet) 3h46 minutos pelo celular.

Dados: We are Social /2015

Os brasileiros permanecem conectados 9 horas e 13 minutos por dia.

Dados: We are Social /2015

E de tudo isso que é lido, o que de fato, é lembrado?

Vamos ver o que ocorre em um minuto na Internet no mundo!

Imagem: http://www.excelacom.com

“Às coisas que você lê fazem um caminho...Do cérebro ao coração”

(Carmine Gallo)

A atenção é a moeda de troca

Tem que saber criar conexões ;)

As empresas que têm conseguido mais curtidas e bons resultados nas redes sociais são aquelas que descobriram, a partir do perfil e hábitos dos seus públicos,como criar conexões emocionais.

Elas souberam transformar informações sobre seus produtos e serviços em narrativas envolventes.

“ Contar histórias é uma maneira bastante eficaz de se conectar emocionalmente com o público.”(Dale Carniege)

Como então criar posts que fiquem na memória do público? Eles precisam ser:

Emocionantes - capazes de tocar o coraçãoOriginais - ensinam algo novo na prática, dão dicas (Owned media)

Memoráveis - apresentam seu conteúdo de um jeito diferente do que faz a maioria das empresas, que usam as redes sociais para autopromoção ou objetivos apenas mercadológicos.

Criação de gatilhos mentais

“Os gatilhos mentais são atalhos utilizados pelo nosso cérebro para tomar determinadas ações. Extremamente poderosos, eles influenciam nossas ações, atitudes e comportamentos”. (Edson Oliveira)

Disponível em: http://maispersuasao.com.br/wp-content/uploads/2014/05/Gatilhos-Mentais.pdf

Alguns tipos de gatilhos mentaisNovidade;História;Simplicidade;Curiosidade;Referência;Sentimento de importância.

Uma dica que eu daria para as empresas - antes de se comunicar usando as redes sociais: descubram seu propósito.

Os conteúdos precisam ter uma forte ligação com o propósito da sua empresa. Se não, pode ocorrer a dissonância cognitiva, quando você posta algo,mas na vida real é totalmente diferente..

Marketing de autoridade: Influenciar e inspirar pessoas com um tema pelo qual sua empresa é apaixonada - Isso é essencial para fortalecer a identidade.

“Nada grandioso jamais foi realizado sem entusiasmo”.

Ralph Waldo.

Ou seja: as pessoas só irão reter o conteúdo se sua empresa for capaz de se comunicar bem.

Vivemos em uma nova economia, a da atenção.

Isso exige um esforço maior, tanto por parte dos produtores de conteúdo (que precisam ter mais conteúdos de qualidade), quanto dos leitores, que necessitam de mais atenção para reter o que lêem.

As histórias plantam ideias e emoções no cérebro dos ouvintes. Nosso cérebro é mais ativo quando ouvimos histórias, de acordo com pesquisadores da Universidade de Princeton.

Então,que tipos de conteúdo são mais

eficazes?

Histórias pessoais;Histórias de clientes com os quais o público possa se identificar e reconhecer emoções já vivenciadas;Histórias sobre o sucesso de uma marca.

“As grandes empresas estão descobrindo que as histórias dão rosto humano a um conglomerado que de outra forma não teria rosto”. (Carmine Gallo)

Criação de um personagem para personificar a marca - que dê à ela uma importância subjetiva para o valor objetivo;Conheça os pontos fortes de sua marca;Valorize as palavras-chave mais usadas pelo seu público.

Nosso cérebro têm um botão “salvar” natural (Martha Burns). É a dopamina. Ela é a substância que faz com que nosso cérebro seja capaz de reter informações. Aprender ou ler algo novo estimula a liberação de dopamina.

Quando você lê algo interessante e empolgante, os níveis de dopamina aumentam no cérebro para ajudar a reter novas informações. Quando a dopamina está ausente, parece que não lembramos de nada que lemos.

Reforce o fator novidade nas postagens.

Aposte também no Gatilho da Curiosidade.

Apresente dados com alma, ou seja, contexto e história.Use elementos visuais que reforcem sua marcaEvite o backlog cognitivo - não poste demais!

Abuse de imagens

Ao ouvir informações, você lembrará apenas de 10% do conteúdo três dias depois. Quando incluímos uma imagem, a taxa de retenção passa para 65%

(Efeito de superioridade da imagem : John Medina, Universidade de Washington)

Uma dica final: sua empresa precisa reconhecer o papel das histórias e das emoções, em qualquer rede social.

Vamos a um exemplo prático!

A Nestlé fez um post no facebook comemorativo aos 150 anos, com um cartaz de 1991 com a divulgação da promoção de Maggi que dava de brinde um porta-caldos. Foram 263 mil curtidas, 9,6 mil comentários, 9 mil compartilhamentos.

Além de resgatar o vínculo de memória afetiva do consumidor com a marca, a ação mostra que a empresa cuida da história da sua marca, do seu produto e também da história do consumidor, reforça identidade e reputação.

(Com informações de Carolina Kuk. Métricas até 27 de abril de 2016) Link > https://www.linkedin.com/pulse/mem%C3%B3ria-empresarial-m%C3%ADdias-sociais-ii-carolina-kuk

A Nestlé, em colaboração com o Centro de Memória, fez um post (no facebook) comemorativo dos 150 anos. O assunto era o chocolate Surpresa, que carrega um valor afetivo enorme por ter feito parte da infância de muitas crianças nos anos 1980, 1990 e 2000.

O Surpresa era um tablete de chocolate ao leite que foi lançado em 1980. Junto do chocolate, vinham cartões colecionáveis temáticos (Animais de Todo o Mundo, Pantanal, Animais da Amazônia, Shows da Natureza foram algumas das coleções). Estes cartões eram colados em álbuns enviados para os consumidores pelo correio. Além de divertidos eram educativos, já que traziam informações sobre cada animal ou cada fenômeno da natureza. Foram mais de 272 mil curtidas, 19500 compartilhamentos e 13 mil comentários

(Com informações de Carolina Kuk. Métricas até 20 de abril de 2016) Link > https://www.linkedin.com/pulse/mem%C3%B3ria-empresarial-m%C3%ADdias-sociais-carolina-kuk

Obrigada por ter me concedido o bem mais valioso da era digital, a atenção!

Eu sou Isabela Pimentel, jornalista, historiadora e estudo os temas memória e comunicação nas redes sociais.

Esse material estará disponível para download emhttp://www.comunicacaointegrada.com.br/publicacoes/

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