Órgão Oficial da Associação de Oficiais Militares Estaduais do Rio de Janeiro AME/RJ

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Durante a entrevista, realizada no Centro de Educação Física e Desportos da Polícia Militar (CEFD), em

Sulacap, Jonas Licurgo exibia com orgulho a medalha de Ouro conquistada no ParaPan-Americano. O atleta foi campeão no Lançamento de Dardo, ati ngindo a marca de 28.99m, novo recorde Parapan-americano da classe F55.

Jonas Licurgo é detentor de um currículo recheado de

tí tulos nacionais e internacionais. Atualmente é o terceiro melhor do mundo no lançamento de dardo (classe F55), com a marca de 30,56m, feito obti do no Mundial de Atleti smo de Doha, no Qatar. No entanto, o atleta não se dá por sati sfeito. O próximo objeti vo é representar o país nos jogos Paralímpicos Rio 2016. E no que depender da torcida brasileira, Jonas Licurgo chegará mais uma vez ao lugar mais alto do pódio.

Antes de se tornar referência no atleti smo, Jonas Licurgo passou por um doloroso processo de adaptação à nova realidade para aprender a viver com a ausência de algo que era muito importante, até vital, no caso, o funcionamento de suas pernas. O ano era 2000. Jonas Licurgo ti nha 30 anos quando um acidente de carro o deixou paraplégico. Após superar um quadro de depressão, que o fez pensar em suicídio, enxergou um novo horizonte no esporte adaptado. Tentou basquete, handebol e natação, mas foi no atleti smo onde se encontrou como atleta. Jonas Licurgo conta que preferiu a modalidade individual à coleti va, pois queria depender de si mesmo para melhorar seu desempenho e testar os próprios limites.

Aos 45 anos, o atleta, que é evangélico, concilia os treinos diários com o trabalho de Agente da Operação Lei Seca, com a missão de conscienti zar os motoristas quanto ao perigo de dirigir alcoolizado. Jonas Licurgo prova a cada dia que não existem barreiras quando o assunto é vencer e se superar. Sua força de vontade, dedicação e amor pelo

esporte servem de exemplo e inspiração para todos nós.

Parapan de Toronto

“Foi uma honra parti cipar de um evento tão grandioso quanto esse. Foram quatro anos de intensa preparação e graças a Deus consegui trazer para o Brasil a medalha de Ouro. Acho que a fi cha ainda não caiu” (risos).

Reação ao ser convocado

“Estava em casa com a família. Um amigo me ligou e disse que meu nome constava na lista dos convocados para parti cipar do Parapan de Toronto. Fiquei muito feliz, mas assustado ao mesmo tempo. Quando vi que era realmente verdade, comecei a chorar. Quase não acreditei”.

Importância de Deus em sua Vida

“As condições climáti cas não eram favoráveis no dia da prova. Lembrei de uma passagem bíblica que me deu plena certeza de que subiria no lugar mais alto do pódio. Conquistei o ouro no primeiro lançamento que fi z. Ergui minhas mãos para o céu e disse: Deus, essa vitória é sua. Eu só fui o instrumento”.

Expectati va para os Jogos Paralímpicos Rio 2016

“Disputar uma Olimpíada é o sonho de todo atleta. Vai ser sensacional defender as cores do meu país em casa, mas a pressão também é maior. O fator psicológico pesa bastante e deve ser trabalhado todos os dias. O mental é tão importante quanto o fí sico quando se trata de desempenho numa competi ção. Venho treinando forte, dando meu máximo. Depois do Parapan de Toronto, as pessoas estão acreditando mais em mim e isso me moti va cada dia mais. Quero corresponder bem às expectati vas”.

Apoio da família

“É sempre um orgulho poder representar meu país, meu estado e a insti tuição Polícia Militar em competi ções tão importantes para o atleti smo. O mais difí cil é vencer a saudade de casa, mas isso faz parte da vida do atleta. Tenho uma família e amigos maravilhosos, que me apoiam e me incenti vam a todo o momento. Parti cipo das competi ções sempre pensando muito neles”.

O acidente

“Por incrível que pareça, a paraplegia mudou minha vida

para melhor. Mas no começo foi muito difí cil me adaptar à nova realidade. Passei dois anos tentando entender o porquê disso ter acontecido”.

Grati dão pela ADEZO

“Um amigo me convidou para conhecer a ADEZO, associação dos defi cientes da Zona Oeste. Relutei muito em aceitar, mas ele foi insistente e me convenceu. Chegando lá, me deparei com defi cientes felizes e cheias de energia. A ADEZO me fez acreditar que valia a pena viver, mesmo com todas as limitações a que o ser humano está sujeito”.

Opção pelo atleti smo

“Comecei jogando basquete, mas também fi z natação e handebol. No entanto, eu precisava de um esporte individual porque queria depender apenas de mim, das minhas forças. Foi então que resolvi fazer um teste no atleti smo. Os resultados foram aparecendo e mostrando que as chances de ir mais longe eram cada vez mais evidentes. Não ti ve dúvidas que era o que eu queria fazer para o resto da vida. Desde 2011 até hoje já foram sete recordes Brasileiros, sete das Américas e

SUPERAÇÃO

Jonas com sua treinadora Jurema “Ela sempre acreditou no meu po-tencial como atleta, e me fez acreditar também”.

No Mundial de Doha/Qatar, Jonas conquistou a medalha de bronze e ainda bateu o recorde das Américas com a marca de 30,56m. Foto: Arquivo pessoal.

Ele foi o terceiro colocado no lançamento de dardo no Mundial Paralímpico de Atleti smo em Doha (Qatar). Orgulhou a nação brasileira ao conquistar a medalha de Ouro no Parapan-Americano de Toronto (Canadá).

No entanto, para chegar aonde chegou, o Sargento Reformado da Polícia Militar do Rio de Janeiro Jonas Licurgo teve que trilhar por um longo caminho que envolveu lutas e adversidades.

Jonas Licurgo: um obstinado em superar

os próprios limites

Por Luana Leite Fotos: Angela Gastaldi

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sete Sulamericanos. Atualmente, sou o terceiro melhor do mundo na minha modalidade, feito que conquistei recentemente em Doha, no Catar”.

Contribuição do esporte adaptado

“A cada dia me surpreendo mais positi vamente com a importância do esporte adaptado. É emocionante ver a determinação e garra dos nossos atletas, mostrando que não há limites quando se tem força de vontade, independente de qualquer ti po de defi ciência. Isso me faz crescer muito como atleta e pessoa”.

A questão do patrocínio

“Os três primeiros atletas de alto rendimento recebem da Caixa Econômica Federal ajuda fi nanceira durante um ano. O valor do benefí cio varia de acordo com a categoria do esporti sta. Também contamos com a colaboração de empresas privadas, como a NovaRio, a Unigranrio, o Colégio e Curso Miguel Couto, a Energy Point, que doa os suplementos alimentares, e a própria Polícia Militar, que disponibiliza o espaço fí sico”.

Cenário de difi culdade

“É muito difícil conseguir patrocínio. No caso do esporte adaptado é mais complicado pela pouca visibilidade na mídia. Espero que isso um dia mude. Os esportes paralímpicos têm alcançado resultados tão mais expressivos que os convencionais. O desempenho do Brasil no Parapan de Toronto foi histórico: 257

medalhas no total”.

A treinadora Jurema Henrique

“Jurema é um ser humano admirável, que sempre me moti vou e acreditou no meu potencial dede o início. É muito bom tê-la ao meu lado, pois além de grande treinadora, é minha amiga”.

Se pudesse voltar no tempo o que mudaria?

“Não mudaria nada, pois tudo que aconteceu foi para me fortalecer e me tornar a pessoa que sou hoje. Passei por momentos muito difí ceis, com depressão a tentati va de suicídio. Se eu cheguei até aqui não foi por acaso, lutei para isso e não desisti nas primeiras difi culdades. Hoje, posso transmiti r uma mensagem de oti mismo para aqueles que pensam que só por que estão na cadeira de rodas são inferiores aos andantes”.

Mensagem Final

“Nunca desista dos seus sonhos, independente da situação em que você se encontra. Apesar de quaisquer difi culdades que esteja passando, viva intensamente. A vida é cheias de escolhas. Eu escolhi ser feliz!”

Jonas divide seu tempo entre os treinos e a missão de salvar vidas como agente de conscienti zação da Operação Lei Seca. Foto: Arquivo pessoal

O atleta vai representar o país e a PMERJ nos jogos Paralímpicos Rio 2016. Vem mais medalhas por aí! Foto:Arquivo pessoal.