jonas degrave folha de rosto - repositorio.poli.ufrj.br

101
PLATAFORMA MULTI-MISSÃO PARA NANOSSATÉLITES CUBESAT Jonas Mendonça Lima Degrave Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Eletrônica e de Computação da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientadores: Otto Corrêa Rotunno Filho Heraldo Luís Silveira de Almeida Rio de Janeiro Fevereiro de 2021 0

Upload: others

Post on 16-Oct-2021

4 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

PLATAFORMA MULTI-MISSÃO PARA NANOSSATÉLITES CUBESAT

Jonas Mendonça Lima Degrave

Projeto de Graduação apresentado ao Curso

de Engenharia Eletrônica e de Computação

da Escola Politécnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do título

de Engenheiro.

Orientadores:

Otto Corrêa Rotunno Filho

Heraldo Luís Silveira de Almeida

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2021

0

Page 2: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br
Page 3: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

iii

Degrave, Jonas Mendonça Lima

Plataforma Multi-Missão para Nanossatélites

CubeSat / Jonas Mendonça Lima Degrave - Rio de

Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2021

XXI, 80 p.: il.; 29,7 cm.

Orientadores: Otto Corrêa Rotunno Filho

Heraldo Luís Silveira de Almeida

Projeto de Graduação - UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Eletrônica e de Computação, 2020.

Referências Bibliográficas: p. 76-80.

1. Nanossatélites. 2. CubeSat. 3. Plataforma Multi

Missão. 4. Engenharia de Sistemas. 5. Modelo

Computacional. I. Rotunno, Otto Corrêa. II. Almeida, H.

L. S. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola

Politécnica, Curso de Engenharia Eletrônica e de

Computação. IV. Plataforma Multi-Missão para

Nanossatélites CubeSat.

Page 4: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Declaração de Autoria e de Direitos

Eu, Jonas Mendonça Lima Degrave CPF 147.074.727-88, autor da monografia

PLATAFORMA MULTI-MISSÃO PARA NANOSSATÉLITES CUBESAT, subscrevo

para os devidos fins, as seguintes informações:

1. O autor declara que o trabalho apresentado na disciplina de Projeto de Graduação da

Escola Politécnica da UFRJ é de sua autoria, sendo original em forma e conteúdo.

2. Excetuam-se do item 1. eventuais transcrições de texto, figuras, tabelas, conceitos e

idéias, que identifiquem claramente a fonte original, explicitando as autorizações

obtidas dos respectivos proprietários, quando necessárias.

3. O autor permite que a UFRJ, por um prazo indeterminado, efetue em qualquer mídia

de divulgação, a publicação do trabalho acadêmico em sua totalidade, ou em parte. Essa

autorização não envolve ônus de qualquer natureza à UFRJ, ou aos seus representantes.

4. O autor pode, excepcionalmente, encaminhar à Comissão de Projeto de Graduação, a

não divulgação do material, por um prazo máximo de 01 (um) ano, improrrogável, a

contar da data de defesa, desde que o pedido seja justificado, e solicitado

antecipadamente, por escrito, à Congregação da Escola Politécnica.

5. O autor declara, ainda, ter a capacidade jurídica para a prática do presente ato, assim

como ter conhecimento do teor da presente Declaração, estando ciente das sanções e

punições legais, no que tange a cópia parcial, ou total, de obra intelectual, o que se

configura como violação do direito autoral previsto no Código Penal Brasileiro no

art.184 e art.299, bem como na Lei 9.610.

6. O autor é o único responsável pelo conteúdo apresentado nos trabalhos acadêmicos

publicados, não cabendo à UFRJ, aos seus representantes, ou ao(s) orientador(es),

qualquer responsabilização/ indenização nesse sentido.

7. Por ser verdade, firmo a presente declaração.

________________________________________________

Jonas Mendonça Lima Degrave

iv

Page 5: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politécnica – Departamento de Eletrônica e de Computação

Centro de Tecnologia, bloco H, sala H-217, Cidade Universitária

Rio de Janeiro – RJ CEP 21949-900

Este exemplar é de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que

poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja

ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações, desde que sem

finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor.

v

Page 6: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Dedicatória

Dedico este trabalho ao Programa Espacial Brasileiro.

“Não sabendo que era impossível,

ele foi lá e fez!”

Mark Twain

vi

Page 7: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Agradecimentos

Agradeço à família, pelo incondicional apoio, motivação e formação.

Aos orientadores, por todo o apoio durante a trajetória acadêmica e suporte aos

trabalhos desenvolvidos.

À POLI (Escola Politécnica), pelos ensinamentos de ‘engenheiro politécnico’, e

ao curso de Engenharia Ciclo Básico, que possibilitou a orientação profissional.

À COPPE (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de

Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), por disponibilizar a

infraestrutura de seus laboratórios à pesquisa de excelência, em especial, o Laboratório

de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (LabH2O) e o Laboratório de Estruturas e

Materiais (LabEST).

Agradeço aos alunos e pesquisadores do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais), que prontamente me receberam em múltiplas visitas, no Laboratório de

Combustão e Propulsão (LCP), no Laboratório de Integração e Testes (LIT), no

CubeDesign, no Curso de Inverno de Introdução às Tecnologias Espaciais (CIITE), no

Workshop em Engenharia e Tecnologia Espaciais (WETE) e no International Academy

of Astronautics Latin American CubeSat Workshop (IAA-LACW), ampliando minha

fronteira do conhecimento e aproximando-me da certeza da carreira a seguir.

À Samara State Aerospace University (SSAU), pelo deslumbre gerado no curso

Space Engineering and Technologies, Institute of Space Rocket Engineering.

Ao CNPq e à FAPERJ, pelo financiamento do aluno pesquisador e dos projetos.

Aos 172 colegas do Grupo de Pesquisas Aeroespaciais UFRJ, equipes Minerva

Rockets e Minerva Sats, com as quais tive a oportunidade de aprender e ensinar,

orientar, assim como o desafio de presidir. Durante 4 anos, essa foi uma imensa fonte de

troca de conhecimento, crescimento profissional em engenharia e gestão, integrando os

progressos tecnológicos à oportunidade de aprender e ensinar.

Agradeço aos amigos, pelos momentos vividos, laços de amizade, empreitadas

criadas e aventuras compartilhadas.

vii

Page 8: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica / UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletrônico e de

Computação.

PLATAFORMA MULTI-MISSÃO PARA NANOSSATÉLITES CUBESAT

Jonas Mendonça Lima Degrave

Fevereiro / 2021

Orientadores: Otto Corrêa Rotunno Filho

Heraldo Luís Silveira de Almeida.

Departamento: Engenharia Eletrônica e de Computação.

Os nanossatélites CubeSats constituem uma plataforma promissora para a

democratização do acesso ao espaço devido a seu baixo custo de desenvolvimento,

construção e lançamento comparado à satélites tradicionais. Através deles, instituições

de ensino como faculdades e escolas podem lançar seus próprios experimentos,

capacidade antes limitada somente às instituições governamentais e militares. Para que

a missão de um CubeSat seja nominal, é necessário que muitas funções sejam

desempenhadas simultaneamente. As atividades são divididas em subsistemas, de modo

que cada subsistema seja responsável por uma atividade específica. O termo Plataforma

Multi-Missão (PMM) trata do sistema complexo de engenharia que envolve todos os

subsistemas relacionados com as funções essenciais para o funcionamento de um

satélite. O presente trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de um modelo

computacional de uma Plataforma Multi-Missão (PMM) para nanossatélites CubeSat,

estabelecendo uma arquitetura de pequenos satélites capaz de ter o funcionamento

nominal no espaço. Realizou-se a modelagem da estrutura (STR), do modelo de

suprimento de energia (EPS) e do modelo de determinação e controle de atitude

(ADCS) do CubeSat.

Palavras-Chave: Plataforma Multi Missão, Nanossatélite, CubeSat.

viii

Page 9: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of

the requirements for the degree of Electronics and Computing Engineer.

MULTI-MISSION PLATFORM FOR CUBESAT NANOSSATELITES

Jonas Mendonça Lima Degrave

Fevereiro / 2021

Advisors: Otto Corrêa Rotunno Filho

Heraldo Luís Silveira de Almeida.

Department: Electronics and Computing Engineering

CubeSats are a promising platform for democratizing access to space due to

their low cost of development, construction and launch compared to traditional

satellites. Educational institutions such as colleges and schools can launch their own

experiments, a capacity previously limited only to government and military institutions.

For a CubeSat's mission to be nominal, many functions must be performed

simultaneously. These activities are divided into subsystems, so that each subsystem is

responsible for a specific activity. A Multi-Mission Platform (PMM) refers to the

complex engineering system that involves all subsystems related to the essential

functions of a satellite. The present work aims to develop a computational model of a

Multi-Mission Platform (PMM) for CubeSats, establishing an architecture of small

satellites capable of having nominal functioning in space. The computational model of

the Structure (STR), Energy Supply (EPS) and Determination and Control of Attitude

(ADCS) systems was developed.

Keywords: Multi Mission Platform, Nanossatélite, CubeSat.

ix

Page 10: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Sumário

Dedicatória vi

Agradecimentos vii

Sumário x

Lista de Figuras xii

Lista de Tabelas xv

Lista de Símbolos xvi

1 - Introdução 1

1.1 - Tema 1

1.2 - Delimitação 2

1.3 - Objetivo 2

1.4 - Metodologia 2

1.5 - Estrutura do Trabalho 4

2 - Fundamentação Teórica 5

2.1 - Engenharia de Sistemas em Projetos Espaciais 5

2.2 - Nanossatélites CubeSat 8

2.3 - Plataforma Multi-Missão para Nanossatélites (PMM-n) 11

2.4 - Especificação PC/104 14

3 - Subsistema de Estrutura (STR) 17

3.1 - Introdução 17

3.2 - Modelagem Matemática 18

3.3 - Modelagem Computacional 25

3.4 - Resultados 29

4 - Subsistema de Suprimento de Energia (EPS) 37

4.1 - Introdução 37

4.2 - Modelagem Matemática 37

4.3 - Modelagem Computacional 43

x

Page 11: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

4.4 - Resultados 49

5 - Subsistema de Determinação e Controle de Atitude (ADCS) 52

5.1 - Introdução 52

5.2 - Modelagem Matemática 52

5.2.1 - Modelo Dinâmica 53

5.2.2 - Modelo Cinemática 54

5.2.2.1 - Sistema de coordenadas inerciais centrado na Terra (ECI). 54

5.2.2.2 - Local vertical local horizontal (LVLH). 55

5.2.2.3 - Coordenadas fixas no CubeSat (CS). 56

5.2.2.4 - Modelo Cinemático 56

5.2.3 - Modelo Roda de Reação 57

5.2.4 - Determinação de Atitude 58

5.2.5 - Controle 61

5.3 - Modelagem Computacional 63

5.3.1 - Modelo Dinâmica 64

5.3.2 - Modelo Cinemática 64

5.3.3 - Modelo Roda de Reação 66

5.3.4 - Modelo Determinação de Atitude 66

5.3.5 - Modelo de Controle de Atitude 68

5.4 - Resultados 69

6 - Conclusões e Recomendações 73

6 .1 - Considerações Finais 73

6 .2 - Conclusões 74

6.3 - Recomendações 75

Referências Bibliográficas 76

xi

Page 12: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Lista de Figuras

xii

Figura 2.1: Esquemático das etapas envolvidas com o gerenciamento de projetos.

Figura 2.2: Diagrama V com as fases envolvidas no desenvolvimento de sistemas.

Figura 2.3: Classificação das dimensões do CubeSat.

Figura 2.4: Arquitetura de um CubeSat e a interface do EPS com outros subsistemas.

Figura 2.5: Requisitos dimensionais para a PC/104- Plus.

Figura 3.1: Especificação de requisitos dimensionais para CubeSat 1U.

Figura 3.2: Requisitos dimensionais para CubeSat 2U.

Figura 3.3: Requisitos dimensionais para CubeSat 3U.

Figura 3.4: Dimensões do perfil L estrutural.

Figura 3.5: Elementos do cálculo de flambagem.

Figura 3.6: Elementos do cálculo de parafusos.

Figura 3.7: Fresadora CNC Roland MDX-540.

Figura 3.8: Quadro inferior.

Figura 3.9: Quadro superior.

Figura 3.10: Placa eletrônica PC/104.

Figura 3.11: Trilho 1U.

Figura 3.12: Trilho 2U.

Figura 3.13: Trilho 3U

Figura 3.14: Parafuso M2,5.

Figura 3.15: Parafuso M3.

Figura 3.16: Espaçador M3 10mm.

Figura 3.17: Espaçador M3 15mm.

Figura 3.18: Estrutura dos CubeSats 1U, 2U e 3U.

Figura 3.19: CubeSat 1U, 2U e 3U.

Figura 3.20: Fluxo de simulação FEA estrutural estática.

Page 13: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

xiii

Figura 3.21: Modelo da montagem do CubeSat carregado no SpaceClaim.

Figura 3.22: Supressão de elementos da montagem SpaceClaim.

Figura 3.23: Modelo final após simplificação de chanfros, filetes e escareamentos.

Figura 3.24: Modelo após a geração de malha hexaédrica.

Figura 3.25: Deformação total de 800N de compressão longitudinal.

Figura 3.26: Stress de von-Mises com 800N de compressão longitudinal.

Figura 3.27: Deformação total com 260N de força lateral.

Figura 3.28: Stress de von-Mises com 260N de força lateral.

Figura 4.1: Curva de eficiência do conversor DC-DC vs potência consumida.

Figura 4.2: Curva de tensão de descarga da bateria versus DoD.

Figura 4.3: Curvas de descarga em função da corrente da bateria.

Figura 4.4: Curvas de descarga em função da temperatura.

Figura 4.5: Curvas de descarga em função dos ciclos de recarga.

Figura 4.6: Modelo Computacional do EPS.

Figura 4.7: Diagrama da máquina de estados “on” e “off” em função da entrada do telecomando (TC), com as saídas de telemetria (TM) e potência (power).

Figura 4.8: Modelo computacional da energia do painel solar.

Figura 4.9: Modelo computacional da energia do EPS.

Figura 4.10: Modelo computacional da energia do OBC.

Figura 4.11: Modelo computacional da energia do TT&C.

Figura 4.12: Modelo computacional da energia do ADCS.

Figura 4.13: Modelo computacional da energia do PLD.

Figura 4.14: Modelo computacional do cálculo da potência de baterias.

Figura 4.15: Modelo de cálculo de DOD.

Figura 4.16: Modelo de cálculo tensão das baterias VBat.

Figura 4.17: Incidência de luz solar nos painéis do nanossatélite.

Figura 4.18: VBat (V), DoD (%), PBat (W) e IBat (A) do EPS simulado.

Page 14: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

xiv

Figura 5.1: Sistema de coordenadas inerciais (ECI).

Figura 5.2: Sistema de coordenadas local (LVLH).

Figura 5.3: Sistema de coordenadas do CubeSat (CS).

Figura 5.4: Esquema básico de um sistema de controle em malha fechada.

Figura 5.5: Representação esquemática do controlador PID.

Figura 5.6: Modelo Computacional do ADCS.

Figura 5.7: Animação 6DOF do CubeSat.

Figura 5.8: Modelo Computacional da Dinâmica do CubeSat.

Figura 5.9: Modelo Computacional de Cinemática.

Figura 5.10: Modelo Computacional de Transformação para Quaternions.

Figura 5.11: Modelo Computacional das Rodas de Reação.

Figura 5.12: Sistemas de controle para o ADCS.

Figura 5.13: Controlador PID para estabilização do satélite.

Figura 5.14: Controlador PD para apontamento do satélite.

Figura 5.15: Apontamento CubeSat para comando [ φ = 0º, θ = 0º, ψ = 0º ].

Figura 5.16: Apontamento CubeSat para comando [ φ = 90º, θ = 0º, ψ = 0º ].

Figura 5.17: Apontamento CubeSat para comando [ φ = 0º, θ = 90º, ψ = 0º ].

Figura 5.18: Apontamento CubeSat para comando [ φ = 0º, θ = 0º, ψ = 90º ].

Figura 5.19: Chaveamento do comando de controle.

Figura 5.20: Potência resultante das rodas de reação.

Figura 5.21: Velocidade angular do CubeSat.

Figura 5.22: Velocidade angular das rodas de reação.

Figura 5.23: Torque das rodas de reação.

Figura 5.24: Momento angular das rodas de reação.

Figura 5.25: Atitude do CubeSat.

Figura 5.26: Erro de apontamento do CubeSat.

Figura 5.27: Parâmetros de interesse na resposta do controle PID.

Page 15: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Lista de Tabelas

xv

Tabela 2.1: Índice de Maturidade Tecnológica (TRL).

Tabela 2.2: Dimensões padronizadas dos CubeSats 1U, 2U e 3U.

Tabela 2.3: Vantagens no uso da PC/104-Plus.

Tabela 3.1: Esforços mecânicos atuantes na estrutura satélite dentro do P-POD.

Tabela 3.2: Dimensionamento do fator de segurança.

Tabela 3.3: Propriedades mecânicas dos Alumínio 7075-T6.

Tabela 3.4: Relação de número de peças por montagem de CubeSat 1U, 2U e 3U.

Tabela 3.5: Massa e dimensões das estruturas 1U, 2U e 3U.

Tabela 3.6: Massa das montagens dos CubeSats.

Tabela 3.7: Massa das peças modeladas.

Tabela 3.8: Propriedades de massa do CubeSat 1U.

Tabela 3.9: Propriedades de massa do CubeSat 2U.

Tabela 3.10: Propriedades de massa do CubeSat 3U.

Tabela 4.1: Parâmetros Orbitais.

Tabela 4.2: Potência elétrica dos subsistemas.

Tabela 5.1: Propriedades da Roda de Reação.

Page 16: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Lista de Símbolos

xvi

PMM Plataforma Multi-Missão

PMM-n Plataforma Multi-Missão para Nanossatélites

STR Structure (Estruturas)

EPS Electrical Power System (Subsistema Elétrico e de Potência)

ADCS Attitude Determination and Control System (Subsistema de Controle e Determinação de Atitude)

U Unidade de CubeSat

kg Quilograma

cm Centímetro

COTS Commercial off-the-shelf (Componentes Disponíveis Comercialmente)

CDS CubeSat Design Specification (Especificação de Design de CubeSats)

TRL Technology Readiness Level (Índice de Maturidade Tecnológica)

AEB Agência Espacial Brasileira

NASA National Aeronautics and Space Administration (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço)

LEO Low Earth Orbit (Órbita Terrestre Baixa)

$ Dólar

P-POD Poly Picosatellite Orbital Deployer

mm Milímetros

X Eixo das abscissas

Y Eixo das ordenadas

Z Eixo das cotas

TT&C Telemetry Tracking and Commands (Controle Térmico e Telemetria e Telecomando)

MPPT Maximum Power Point Tracker (Rastreamento de Ponto de Potência Máxima)

DET Direct Energy Transfer (Transferência Direta de Energia)

Page 17: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

xvii

OBC On Board Computer (Computador de Bordo)

PLD Payload (Carga Útil)

BCR Battery Charge Regulator (Regulador de Carga de Bateria)

PCM Power Conditioning Modules (Módulo de Controle de Potência)

FPGA Field Programmable Gate Array

ISA Industry Standard Architecture (Arquitetura Padrão Industrial)

PCI Peripheral Component Interconnect (Interconexão de Componentes Periféricos)

GEVS General Environmental Verification Standard

G Aceleração em força-g equivalente a 9.8 m/s

G rms Aceleração em força-g em valor eficaz, valor quadrático médio

σ Tensão (sigma)

ºC Temperatura em graus celsius

η Fator de segurança.

g/cm³ Densidade em gramas por centímetro cúbico.

MPa Tensão em megapascal

GPa Gigapascal

J Joules

g Gramas

W Watts

m Metros

km Quilômetros

K Kelvin

M2,5 Rosca métrica de 2,5 mm de diâmetro

M3 Rosca métrica de 3 mm de diâmetro

Lij Momento de inércia tomado no centro de massa em relação ao sistema de coordenadas

N Newton

º Grau

Page 18: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

xviii

a.m. Antes do meio-dia

p.m Depois do meio-dia

mW Miliwatts

Pbus Potência consumida pelo barramento

Peps Potência consumida pelo EPS

Pobc Potência consumida pelo OBC

Padcs Potência consumida pelo ADCS

Pttc Potência consumida pelo TT&C

Ppld Potência consumida pelo Payload

Psolar Potência gerada pelos painéis solares

Pbat Potência consumida nas baterias

Ibat Corrente das baterias

Vbat Tensão das baterias

Fator Fator de correção para carga e descarga de baterias

DoD Depth of Discharge (Profundidade de Descarga)

t Tempo

d/dt Operador de derivada com relação ao tempo

f( ) Função polinomial

CC Constant Current (Corrente Constante)

CV Constant Voltage (Tensão Constante)

C Corrente normalizada em relação à capacidade da bateria

mA miliAmpére

A Ampére

V Volts

mAh miliAmpére-hora

Ah Ampére-hora

CBERS-4A China-Brazil Earth-Resources Satellite (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres)

Page 19: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

xix

TM Telemetria

TC Telecomando

Power Potência

DC Direct current (Corrente Contínua)

TStep Tempo de simulação

BOL Beginning of Life (Início de Vida)

EOL End of Life (Final de Vida)

rpm Velocidade em Revoluções por Minuto

mNm Torque em miliNewton-metro

Nm Torque em Newton-metro

mNms miliNewton-metro-segundo

rad Ângulo em radiano

rad.s -1 Velocidade angular em radiano/segundo

Nms.rad -1 Coeficiente de atrito viscoso em Newton-metro-segundo/radiano

Nm.A -1 Coeficiente Km do motor DC em Newton-metro/Ampere

mAs.rad -1 Ganho Kp do motor DC em miliAmpere-segundo/radiano

mCs.rad -1 Ganho Ki do motor DC em miliCoulomb-segundo/radiano

L Momento angular do satélite

L r Momento angular da roda de reação

J Momento de inércia do satélite

J r Momento de inércia da roda de reação

ω Velocidade angular do satélite

ω rr Velocidade angular da roda de reação

τ res Torque resultante

τ ext Torque externo

L rr Momento angular da roda de reação.

J rr Momento de inércia da roda de reação

q Quaternion

Page 20: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

xx

Ξ(q) Operador de transformação de sistema de coordenada com quaternion

J R i Momento de inércia da i’ésima roda de reação

ω r i Velocidade angular da i’ésima roda de reação

Σ Operador de somatório

∫ Operador de integração

I rr Momento de inércia da roda de reação

k m Constante do motor DC

b Coeficiente de atrito viscoso da roda de reação

K prr Constante de ganho proporcional do controle PI da roda de reação

K irr Constante de ganho integrativo do controle PI da roda de reação

A Matriz de cossenos diretores

φ roll , ângulo de Euler

θ pitch , ângulo de Euler

ψ yaw , ângulo de Euler

XYZ Sistema de rotação de Euler em X, Y e Z.

arctan Arco Tangente

arcsen Arco Seno

P(s) Função de transferência da planta do sistema de controle

C(s) Função de transferência do controlador do sistema de controle

y(t) Saída do sistema de controle

r(t) Referência do sistema de controle

e(t) Erro do sistema de controle

u(t) Comando do controlador do sistema de controle

α(t) Vetor de ângulos de Euler da atitude do satélite

α ref Vetor de ângulos de euler de referência do controle de apontamento

K p Constante de ganho proporcional do controlador PID

K i Constante de ganho integrativa do controlador PID

K d Constante de ganho derivativa do controlador PID

Page 21: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

xxi

ECI Earth Centered Inertial coordinate system

LVLH Local Vertical Local Horizontal coordinate system

CS Cubesat Coordinate System

PI Proportional Integrative control

PD Proportional Derivative control

PID Proportional Integrative Derivative control

Page 22: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Capítulo 1

Introdução

No Capítulo 1, serão apresentados o tema, delimitação, objetivos, metodologia e

estrutura do presente trabalho.

1.1 - Tema

O tema do trabalho é o estudo de uma arquitetura básica de pequenos satélites,

com massa de até 10 kg (nanossatélite), para aplicações em missões espaciais de

pesquisa científica. Assim, o problema a ser resolvido é a criação de um modelo

computacional capaz de representar os diferentes subsistemas do satélite.

O nome “CubeSat” decorre do formato cúbico desses nanossatélites, classe de

satélites de até 10 kg. Seguem dimensões padronizadas 1U, 2U, 3U e 6U, onde cada

“U” corresponde a um volume de 100 mm x 100 mm x 113,5 mm (PUIG-SUARI et al .,

2014). A maior vantagem da padronização é a possibilidade dos veículos espaciais

terem um sistema de lançamento desses nanossatélites independente do fabricante

(POGHOSYAN et al. , 2017). Os CubeSats constituem uma plataforma promissora para

a democratização do acesso ao espaço devido a seu baixo custo de desenvolvimento,

construção e lançamento comparado à satélites tradicionais. Através deles, instituições

de ensino como faculdades e escolas podem lançar seus próprios experimentos,

capacidade antes limitada somente às instituições governamentais e militares. Ao longo

dos anos, os CubeSats passaram a ser empregados de cunho científico e não apenas

educacional (SELVA et al. 2012). Devido ao uso de componentes disponíveis

comercialmente (COTS, do inglês Commercial-Off-The-Shelf ) e de outras tecnologias

que foram miniaturizadas, foi possível a realização de missões com chances de

resultados científicos significativos (SARDA et al ., 2006).

A criação de ferramentas para o ecossistema brasileiro de missões espaciais, nas

universidades e centros de pesquisa, pode contribuir de forma assertiva na expansão das

atividades espaciais. Promove-se a facilitação de novos projetos que derivam desse

desenvolvimento como uma contribuição estratégica para futuros trabalhos no país.

1

Page 23: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

O presente trabalho visa desenvolver um modelo computacional preliminar de

uma Plataforma Multi-Missão (PMM) para nanossatélites CubeSat, estabelecendo uma

arquitetura de pequenos satélites capaz de ter o funcionamento nominal no espaço.

1.2 - Delimitação

O objeto de estudo é um modelo computacional parcial de um nanossatélite,

adotando o padrão internacional CubeSat. Serão abordados o modelo estrutural (STR), o

modelo de suprimento de energia (EPS) e o modelo de determinação e controle de

atitude (ADCS) do satélite. Não serão abordadas questões relativas ao controle térmico,

proteção contra radiação cósmica, emissões eletromagnéticas, mecânica orbital,

propulsão, processamento de dados e telemetria. A modelagem será feita de forma

modular, permitindo o desenvolvimento futuro de múltiplas missões,

independentemente do tipo de órbita e objetivo da missão, garantindo o funcionamento

do satélite no espaço.

1.3 - Objetivo

O objetivo geral é estabelecer a arquitetura base de uma Plataforma

Multi-Missão para CubeSats, e então, modelar e simular o funcionamento de

subsistemas de uma arquitetura de nanossatélite CubeSat 3U. Como objetivos

específicos: (1) modelagem do Subsistema de Estrutura (STR); (2) modelagem do

Subsistema de Energia (EPS); (3) modelagem do Subsistema de Determinação e

Controle de Atitude (ADCS).

1.4 - Metodologia

No desenvolvimento do presente trabalho, foi realizada a pesquisa, análise,

modelagem, simulação e verificação de uma arquitetura base para nanossatélites

CubeSat.

2

Page 24: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

A primeira etapa consistiu no planejamento dos requisitos e restrições

envolvidas com a arquitetura de nanossatélites a ser estudado. Foram esquematizadas as

restrições e especificações envolvidas, com a representação através de diagramas

funcionais dos subsistemas do CubeSat. Também foram definidas as dimensões da

estrutura mecânica e das placas de circuito eletrônicas do CubeSat, segundo a

padronização estabelecida nos documentos CubeSat Design Specification Rev.13

(CALPOLY, 2014), assim como PC/104 Specification V.2.6 (PC/104 Embedded

Consortium, 2008).

Em seguida, foi definida uma Plataforma Multi-Missão de Nanossatélite

(PMM-n) modular, capaz de operar diferentes missões. A sua estrutura, para ser

modular, foi projetada para integrar diferentes módulos eletrônicos no padrão PC/104,

amplamente adotado nessa classe de satélites, com a possibilidade de expansão em

diferentes tamanhos: 1U, 2U e 3U. Assim, possibilitou-se a integração da PMM-n a

diversas cargas úteis em uma ampla variedade de missões. Dentre os subsistemas da

PMM-n, foram detalhados os subsistemas de Estruturas (STR), Suprimento de Energia

(EPS) e Determinação e Controle de Atitude (ADCS).

Para o Subsistema de Estrutura (STR), foi definido um modelo matemático para

as tensões estruturais ao qual está sujeito o nanossatélite. Um modelo computacional

para a estrutura foi elaborado através do software SolidWorks , e foram feitas simulações

computacionais para validar o modelo matemático.

Para o Subsistema de Energia (EPS), foi definido um modelo matemático para o

balanço de energia no carregamento e descarregamento das baterias do satélite. Um

modelo computacional foi elaborado através do software Simulink/Matlab , e foram

feitas simulações computacionais para validar o modelo matemático.

Para o Subsistema de Determinação e Controle de Atitude (ADCS), foi

elaborado um modelo descritivo da dinâmica do satélite, assim como modelado um

conjunto de rodas de reação atuadas através de um controlador que busca estabilizar e

apontar o satélite. Para determinação de atitude, foram assumidos conhecidas as leituras

de sensores inerciais, sensor magnetômetro e sensor de sol, para estabelecer uma

estimativa de atitude para o satélite, que alimentará o sistema de controle. As

3

Page 25: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

simulações foram realizadas no software Simulink/Matlab com base nos modelos

desenvolvidos.

Finalmente, foi verificada a compatibilidade dos modelos matemáticos

desenvolvidos para a PMM-n com os resultados computacionais obtidos.

1.5 - Estrutura do Trabalho

O presente trabalho foi dividido em seis capítulos. O Capítulo 2 abordará a

Fundamentação Teórica, onde serão discutidos conceitos de Engenharia de Sistemas,

Plataforma Multi-Missão, Nanossatélites CubeSat e PC/104, relacionados com o

desenvolvimento do trabalho. Os Capítulos 3, 4 e 5 apresentam os subsistemas de

Estruturas, Energia e Determinação e Controle de Atitude, respectivamente, detalhando

os modelos matemáticos e computacionais. O Capítulo 6 conclui o presente trabalho e

discute possíveis perspectivas.

4

Page 26: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Capítulo 2

Fundamentação Teórica

No Capítulo 2, serão abordados os conceitos de engenharia de sistemas em

projetos espaciais, de nanossatélites, da plataforma multi-missão para nanossatélites e

da especificação PC/104.

2.1 - Engenharia de Sistemas em Projetos Espaciais

O CubeSat é composto por diversos subsistemas que se conectam e interagem,

seja por software, por hardware ou mecanicamente, caracterizando assim um

sistema/projeto complexo (BURGER, 2014). No gerenciamento de um projeto

tradicional é comum a utilização de cinco etapas durante um desenvolvimento:

Iniciação (definição do escopo), Planejamento (detalhamento das atividades a serem

realizadas), Execução (gestão de pessoas e recursos para a execução das atividades),

Controle (análise do andamento das atividades e tomada de ações corretivas) e

Encerramento (documentação dos resultados) (PMI, 2008). A Figura 2.1 mostra como

cada etapa está relacionada entre si.

Figura 2.1. Esquemático das etapas envolvidas com o gerenciamento de um projeto. Adaptado

de MORAES, 2012.

Entretanto, a maneira de aplicação de cada etapa pode variar de acordo com as

necessidades de cada segmento (PMI, 2008). Para o gerenciamento de um projeto de engenharia

aeroespacial, que é responsável por sistemas complexos, utiliza-se a Engenharia de Sistemas,

5

Page 27: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

que pode ser definida como uma abordagem interdisciplinar que torna possível a concretização

de sistemas de elevada complexidade (Incose, 2004). O seu foco encontra-se em definir, de

maneira precoce, o ciclo de desenvolvimento de um sistema, às necessidades do usuário e as

funcionalidades requeridas. Realiza-se então a documentação sistemática dos requisitos,

abordando a síntese de projeto e a etapa de validação de forma a considerar o problema

completo (Incose, 2015).

Para o auxílio durante o desenvolvimento, muitos documentos pode ser

utilizados, como o Nasa Systems Engineering Handbook , ECSS-E-ST-10C Rev.1 –

System Engineering General Requirements , o Nasa Space Flight Program e o Project

Management Handbook . Os documentos definem todo o ciclo de vida do

projeto/produto desde a fase de concepção até o descarte. Também pode-se utilizar o

Diagrama V que é uma ferramenta para visualização de todo o ciclo de projeto e é

baseado no processo de verificação e validação. A Figura 2.2 mostra as etapas

envolvidas e as relações existentes entre elas.

Figura 2.2. Diagrama V com as fases envolvidas no desenvolvimento de sistemas.

O Diagrama V mostra algumas etapas envolvidas, como: Concepção, Missão,

Projeto, Execução, Operação e Descarte. Abaixo será explicado em maior detalhes cada

etapa, seguindo as definições de LIMA (2011).

6

Page 28: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

- Concepção: nessa fase, são realizados os estudos de viabilidade e pesquisas

iniciais para se levantar as necessidades e possíveis soluções que poderão ser

implementadas.

- Missão: com base nos estudos preliminares define-se os objetivos, metas,

requisitos de missão, partes interessadas, conceito de operação (CONOPS), e

requisitos de sistema.

- Projeto: consiste na definição de uma proposta que atenda todos os requisitos

definidos na etapa anterior. Nessa fase são feitos os desenhos de engenharia,

cálculos, simulação, orçamentos etc. O projeto é dividido em duas etapas, de

modo que seja possível verificar se todos os requisitos são atendidos.

- Execução: Durante essa fase o produto será construído, de fato, todas as partes

serão fabricadas e/ou integradas caso sejam Custom of the shelf (COTS). Alguns

testes já são realizados de modo a garantir um nível alto de qualidade das partes

mais críticas.

- Validação: Após a execução todos os componentes, subsistemas, sistemas e

produto final passam pelos mais variados testes para que seja assegurada uma

alta qualidade do produto final. São realizados os testes mecânicos, elétricos, de

integração etc.

- Operação: Por fim, após ter sido validado, o CubeSat está apto a entrar em

operação.

Uma outra ferramenta bastante usada na análise do desenvolvimento de um

projeto/produto aeroespacial é o Índice de Maturidade Tecnológica (do inglês,

Technology Readiness Level - TRL) (MANKINS, 1995). Esta, junto com a engenharia

de sistemas, é utilizada como ferramenta para avaliação do sistema e auxilia nas

tomadas de decisões. A escala TRL, é uma escala para representação dos níveis

tecnológicos do projeto/produto desde a análise de conceitos fundamentais até a

validação final. Essa escala foi introduzida pela NASA em 1970 para determinar a

maturidade das tecnologias desenvolvidas nos sistemas aeroespaciais e consiste em 9

níveis. A Tabela 2.1 mostra os níveis da escala TRL.

7

Page 29: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Tabela 2.1. Índice de Maturidade Tecnológica (TRL). Adaptado de OLECHOWSKI, 2015.

A aplicação do TRL para avaliar a maturidade de um produto não é restrito

apenas a sistemas espaciais, podendo ser aplicado em setores como de defesa, óleo e gás

e infraestrutura.

Percebe-se, com as ferramentas expostas, que o desenvolvimento de um

projeto/produto aeroespacial demanda muitas fases, testes e validações. O presente

trabalho visa facilitar o desenvolvimento destas tecnologias fornecendo uma base com o

cumprimento das etapas iniciais envolvidas. Encurta-se o tempo, custo e esforços

necessários, fazendo com que estudos futuros sejam beneficiados com os resultados.

2.2 - Nanossatélites CubeSat

Nas duas últimas décadas, o mundo observou o surgimento e consolidação de

dois conceitos que revolucionaram o cenário espacial mundial: o NewSpace e os

CubeSats. O primeiro diz respeito a um movimento da indústria espacial que transforma

as demandas por atividades espaciais em produtos (KOECHEL, 2018). Diversas

empresas privadas, então, começaram a ganhar protagonismo no setor aeroespacial -

como a SpaceX , Blue Origin , Virgin Galactic etc. O objetivo principal desse movimento

8

TRL Definição

9 Sistema totalmente validado em missões operacionais bem sucedidas

8 Sistema completo e aprovado para voo através de testes

7 Protótipo testado no ambiente de interesse (espaço)

6 Protótipo do sistema/subsistema testado em um ambiente similar ao ambiente de interesse

5 Validação de componentes em um ambiente relevante

4 Validação de componentes em laboratório

3 Prova de conceito de funções críticas e/ou experimentais

2 Formulação do conceito da tecnologia e/ou aplicação

1 Princípios básicos observados e documentados

Page 30: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

é baratear os custos ao mesmo tempo em que ocorre o avanço tecnológico. Para

comparação, o lançamento de 1 kg na Órbita Baixa da Terra (do inglês, Low Earth Orbit

– LEO) pelo veículo espacial Space Shuttle (NASA) tem custo aproximado de $

54.500,00, enquanto o mesmo lançamento utilizando o Falcon 9 ( SpaceX ) tem custo

estimado em $ 2.750,00, percebendo-se uma redução de aproximadamente 95%

(JONES, 2018).

Já a segunda tecnologia, os CubeSats, são uma classe de satélites de dimensões e

custos reduzidos, que surgiram no final da década de 1990 com um caráter educacional

(PUIG-SUARI et al ., 2014). Por serem versáteis e por apresentarem requisitos de

massa e volume sua difusão cresceu de maneira exponencial, visto que esses

nanossatélites podem desempenhar funções similares às dos satélites convencionais

demandando investimentos muito menores.

São diversas missões que podem ser realizadas com CubeSats, como observar a

atmosfera, detectar raios gama, detectar campos magnéticos, rastrear detritos espaciais,

realizar experimentos biológicos, etc (POGHOSYAN et al. , 2017). Dentre as missões

citadas, a de sensoriamento remoto é a mais aplicada, representando 45% (VILLELA et

al ., 2019). Existe um grande interesse comercial nos nanossatélites para sensoriamento

remoto, devido ao seu baixo custo, e que, em baixa órbita, obtêm imagens de alta

qualidade da Terra. Os dados possuem uma importância para diversos setores, como

agropecuário e de segurança, o que aumenta o interesse nesses lançamentos. Como é

possível, com um só voo do veículo espacial, colocar centenas de CubeSats em órbita, o

uso de constelações de nanossatélites tem sido bastante explorado e possui aplicações

também nos setores de comunicação e defesa.

Um CubeSat tem o seu tamanho definido em “U”, que é uma unidade medindo

100 mm x 100 mm x 113,5 mm, com o peso de 1,33 kg (SPECIFICATION, 2014).

Várias unidades podem ser empilhadas formando 1,5U, 2U, 3U, etc (Figura 2.3). Um

CubeSat 2U, por exemplo, possui duas unidades de 1U, tendo a dimensão final de 100

mm x 100 mm x 227 mm.

9

Page 31: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 2.3. Classificação das dimensões do CubeSat. O volume de 1U é igual a

10x10x11,35 cm 3 . Adaptado de POGHOSYAN et al ., 2017.

Para o CubeSat ser compatível com a sua integração no P-POD (do inglês, Poly

Picosatellite Orbital Deployer ) é necessário a presença de trilhos, que também possuem

dimensões padronizadas. Cada CubeSat deve ter quatro trilhos, cada um com 8,5 mm x

8,5 mm com um espaço adicional de 6,5 mm x 6,5 mm no topo de cada face. No

mínimo, 75% dos trilhos do CubeSat devem ter contato com os trilhos do P-POD.

Para o presente estudo, foram adotados como requisitos mecânicos as

especificações que constam no documento SPECIFICATION (2014). A Tabela 2.2

mostra algumas das dimensões padronizadas para os CubeSats de 1U, 2U e 3U.

Tabela 2.2 . Dimensões padronizadas dos CubeSats 1U, 2U e 3U (SPECIFICATION, 2014).

10

Dimensões Unidades

1U 2U 3U

X e Y [mm] 100 100 100

Z [mm] 113,5 227 340,5

Contato mínimo com o P-POD

[mm] 85,12 170,25 255,3

Massa (máxima)

[kg] 1,33 2,66 4

Page 32: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Esses nanossatélites têm um potencial para serem aplicados em diferentes

missões educacionais, científicas ou comerciais. A aplicação de uma arquitetura

modular validada - em que seja possível mudar apenas a unidade referente a carga útil e

manter a unidade com os subsistemas essenciais para o funcionamento do CubeSat -

pode facilitar o desenvolvimento dos CubeSats em diferentes áreas. Na seção posterior,

será detalhado o funcionamento da arquitetura modular para nanossatélites.

2.3 - Plataforma Multi-Missão para Nanossatélites (PMM-n)

Para que a missão de um CubeSat seja nominal, é necessário que muitas funções

sejam desempenhadas simultaneamente. As atividades são divididas em subsistemas, de

modo que cada subsistema seja responsável por uma atividade específica. O termo

Plataforma Multi-Missão (PMM) surge nesse contexto, e trata-se do sistema complexo

de engenharia que envolve todos os subsistemas relacionados com as funções essenciais

para o funcionamento de um satélite (LEITE, 2007). As vantagens no uso da PMM é a

redução dos custos e dos prazos envolvidos no desenvolvimento de um satélite

tradicional, garantindo uma plataforma validada que pode ser aplicada em diversos

projetos espaciais.

Em um satélite tradicional (500 kg), a classificação dos subsistemas da PMM

são: Estrutura Mecânica do Módulo de Serviço (PMM), Controle de Atitude e Órbita e

Supervisão de Bordo (ADCS), Propulsão, Gerador Solar, Suprimento de Energia (EPS),

Controle Térmico e Telemetria e Telecomando (TT&C). Estes foram os subsistemas da

PMM utilizada no satélite Amazônia 1, um satélite brasileiro de sensoriamento remoto

para detectar o desflorestamento da região Amazônica (SILVA, 2014).

Para um nanossatélite, os subsistemas mais citados na literatura são: Estrutura

Mecânica, Elétrico e de Potência (do inglês, Eletrical Power System - EPS),

Computador de Bordo (do inglês, On Board Computer - OBC), Sistema de Telemetria,

Rastreio e Telecomando (do inglês, Telemetry Tracking and Commands - TT&C),

Controle e Determinação de Atitude (do inglês, Attitude Determination and Control

System - ADCS) e a Carga Útil (do inglês, Payload - PLD) (QUIROS-JIMENEZ, 2019;

DAVOLI et al ., 2019; CARRARA, 2017; LANGER, 2016). A seguir, há um maior

11

Page 33: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

detalhamento da funcionalidade de cada um desses subsistemas, segundo

QUIROS-JIMENEZ, (2019).

- Estrutura Mecânica: a estrutura do CubeSat é um subsistema fundamental para o

funcionamento nominal do CubeSat. Portanto, a estrutura deve ser desenvolvida de

forma a atender as demandas da missão para a qual foi designado, sendo capaz de

suportar a vibração gerada durante as diferentes fases de voo do foguete. Quando em

órbita, a estrutura tem a função de manter a integridade da carga útil e dos subsistemas,

de forma a garantir a operacionalidade durante todo o tempo da missão. É importante

durante o design do nanossatélite o preenchimento de todos os requisitos estruturais

definidos no documento Cal. Poly CubeSat Design Specification envolvendo os

requisitos de massa, volume e forma (ADDE, 2018).

- Subsistema Elétrico e Potência (EPS): responsável por garantir a energia

necessária para o funcionamento dos demais subsistemas durante toda a missão. O EPS

é constituído de células solares, bateria, conversores e placas de gerenciamento. Tendo a

função de gerar, controlar, armazenar e distribuir energia. Mais detalhes sobre esse

subsistema serão apresentados mais adiante. O fornecimento de energia nos CubeSats

advém basicamente dos painéis solares e também conta com uma fonte secundária que

são as baterias, que podem ser de lítio ou de zinco, por exemplo, a depender da

necessidade do sistema (WESTON, 2018). Duas arquiteturas são utilizadas para a

transferência de energia entre os subsistemas: com o rastreamento de ponto de potência

máxima (do inglês, Maximum Power Point Tracking - MPPT) ou com a transferência

direta de energia (do inglês, Direct Energy Transfer - DET). É necessário também um

regulador de carga da bateria (do inglês, Battery Charge Regulator - BCR) e de

módulos de condicionamento de energia (do inglês, Power Conditioning Modules -

PCM), que vão regular e distribuir a energia para os demais subsistemas.

- Subsistema de Determinação de Atitude e Controle (ADCS): é o subsistema

capaz de detectar a atitude do nanossatélite e controlar a sua orientação. Para isto, é

composto de sensores e atuadores, que juntos são responsáveis por estabilizar ou

reorientar o nanossatélite se necessário. Pode-se utilizar torques magnéticos, rodas de

reação ou sistemas propulsivos para a reorientação do CubeSat. Mais informações sobre

os seus componentes serão apresentadas mais à frente.

12

Page 34: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

- Telemetria, Rastreio e Telecomando (TT&C): responsável por transferir

informações para os sistemas em Terra. É um subsistema essencial para a transferência

dos dados envolvidos com a missão do nanossatélite, o que é chamado de telemetria

(QUIROS-JIMENEZ, 2019). É também capaz de receber, interpretar e executar

comandos, e de enviar informações sobre a operacionalidade de todos os demais

subsistemas.

- Computador de Bordo (OBC): tem como funcionalidade controlar e codificar os

sensores presentes no satélite, com o objetivo de gerir comandos automáticos a partir de

microcontroladores ou FPGA’s (Field Programmable Gate Array).

- Carga Útil (PLD): subsistema pode mudar a cada missão, adaptando às

necessidades de cada experimento a ser executado. Para um CubeSat de sensoriamento

remoto, por exemplo, pode consistir em uma câmera de alta resolução para observação

da Terra. A Figura 2.4 traz o resumo dos subsistemas envolvidos na organização de um

CubeSat.

Figura 2.4. Arquitetura de um CubeSat e a interface do Sistema Elétrico de Potência

(EPS) com outros subsistemas. Adaptado de GONZALEZ-LLORENTE, 2019.

Define-se, por questões de nomenclatura, o termo PMM-n para a Plataforma

Multi-Missão quando utilizada em nanossatélites (< 10 kg), para diferenciar da PMM de

satélites pequenos (500 kg). A PMM-n possui as mesmas vantagens da PMM

tradicional, reduzindo os custos e o tempo no desenvolvimento dos CubeSats. Com a

integração dos subsistemas cruciais para o funcionamento do nanossatélite em uma

13

Page 35: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

unidade, com o payload contendo a missão a ser realizada em outra, tem-se uma

arquitetura modular, capaz de adaptar-se a diferentes aplicações. Por ser a unidade que

contém todos os subsistemas necessários para o funcionamento nominal do

nanossatélite, é indispensável que seja devidamente projetada e simulada para as

operações em órbita.

2.4 - Especificação PC/104

Os sistemas eletrônicos que compõem os subsistemas do CubeSats são

essenciais para o seu funcionamento. Entretanto, o projeto, desenvolvimento e

fabricação dos módulos a cada nova missão levam a uma alta demanda de tempo e

custos. A padronização dos hardwares utilizados nos sistemas eletrônicos tem o

potencial de reduzir os custos, o risco e o tempo envolvidos no desenvolvimento dos

produtos (LEHRBAUM, 1993). Um exemplo da padronização é o barramento ISA (do

inglês, Industry Standard Architecture - ISA) que possui todas as instruções de

comunicação entre os componentes, que podem ser aplicadas em diferentes

microarquiteturas. É nesse contexto que aparece o PC/104 como um conjunto de

especificações mecânicas e eletrônicas que, quando implementadas, é uma versão mais

compacta do barramento ISA (PC/104 CONSORTIUM et al. , 2008).

A especificação PC/104 foi publicada primeiramente em 1992, com o objetivo

de incorporar as tecnologias de hardware e software em sistemas embarcados. O seu

nome é baseado nos 104 contatos de sinais dos conectores de barramento (PC/104

CONSORTIUM et al ., 2008). Além do PC/104 também existe a PC/104- Plus que

também é uma especificação que permite o uso do barramento PCI (do inglês,

Peripheral Component Interconnect ). A PC/104- Plus possui conectores tanto para

barramentos ISA de 104 pinos como para os de 120 pinos PCI. Por conta dessa

versatilidade, os requisitos da PC/104- Plus foram os escolhidos para o presente estudo.

Em questões de aplicação, o uso PC/104- Plus , bem como da PC/104, favorece o

desenvolvimento de soluções para os setores militar e aeroespacial, onde há requisitos

como a necessidade de miniaturização, baixo peso e a resistência a condições

operacionais - vibrações e temperaturas extremas. Adiciona-se o fato dos produtos que

14

Page 36: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

são derivados das especificações PC/104 reforçar a importância dos COTS (do inglês,

Commercial Off-The-Shelf - COTS). Sendo componentes prontos para uso, permitindo o

rápido desenvolvimento, com baixo investimento, de tecnologias antes restritas a

pequenos grupos tornando-as mais acessíveis. Os COTS são um dos responsáveis na

redução dos custos envolvendo a fabricação dos CubeSats.

A PC/104- Plus , sendo capaz de adaptar as funcionalidades de um computador

de larga escala para um sistema embarcado, garante o cumprimento das restrições

referentes ao tamanho, robustez e confiabilidade. Suas maiores vantagens são a redução

do tamanho, o fato de permitir que seus módulos sejam empilháveis, a minimização de

componentes e do consumo de energia. Mantém-se a robustez e confiabilidade do

sistema, mesmo quando adaptados para operar em microssistemas com diferentes

aplicações. A Tabela 2.3 mostra as principais vantagens no uso da PC/104- Plus .

Tabela 2.3. Vantagens no uso da PC/104- Plus . Adaptado de PC/104 CONSORTIUM et al .,

2008.

Como citado anteriormente, uma das vantagens da PC/104- Plus , assim como a

PC/104, é a capacidade de empilhamento dos módulos, o que permite uma maior

intercambialidade entre as placas, confiabilidade na conexão entre os módulos - por

garantir uma maior rigidez de todo o sistema, praticidade na montagem além de também

ocupar um espaço menor (Figura 2.5). As informações que constam no documento

PC/104 Specification v.2.6 foram utilizadas como requisitos elétricos e mecânicos.

15

Vantagens Características

Menor espaço 90 x 96 mm

Empilhamento Possibilidade de expansão

Conectores de barramento Confiável em ambientes extremos

Baixo consumo de energia Baixo consumo de energia e baixa geração de calor

Conectores ISA e PCI Versatilidade de adaptação a diferentes projetos

Page 37: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

(a)

(b)

Figura 2.5. Requisitos dimensionais para a PC/104- Plus . (a) Empilhamento dos

módulos PC/104, nas variantes de 8-bit e 16-bit, e PC/104- Plus , na variante de 32-bits. (b)

Dimensões da PC/104- Plus . (PC/104 CONSORTIUM et al ., 2008).

16

Page 38: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Capítulo 3

Subsistema de Estrutura (STR)

No Capítulo 3, será apresentado o subsistema de Estruturas (STR), sua

modelagem matemática, a modelagem computacional e os resultados obtidos.

3.1 - Introdução

A estrutura do CubeSat é responsável por garantir a operacionalidade de todos

os subsistemas garantindo o funcionamento apesar das condições às quais estará

submetido. O projeto da estrutura deve ser executado de forma a garantir a resistência

em diferentes momentos, como durante o voo e em órbita. Deve considerar, portanto, os

carregamentos impostos pelo veículo lançador nas condições mais extremas de voo,

com uma margem de segurança suficiente para que não ocorram deformações plásticas

ou fratura dos componentes do satélite.

Alguns dos fatores que atuam no CubeSat durante o seu carregamento

(vibrações, expansão térmica e acelerações) podem levar a deformações e falhas ao

longo dos diferentes estágios de um lançamento. A determinação do projeto apropriado

capaz de sustentar todas as condições é crucial para o sucesso da missão. Abaixo são

citados alguns dos fatores que atuam no CubeSat durante o seu carregamento.

- Carregamento estático: tensões geradas pela montagem de componentes como

pré-tensão nos parafusos.

- Acelerações de estado estacionário: acelerações longitudinais e laterais durante a

decolagem.

- Cargas térmicas: atrito do ar no foguete e aumento da temperatura devido a

função do motor.

- Vibrações de baixa frequência (sinusoidais): vibrações ocorrendo quando os

motores estão funcionando.

- Vibrações aleatórias: vibrações e ruídos provenientes do motor durante

decolagem e voo, misturando o escapamento com o ar atmosférico e

17

Page 39: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

turbulências da camada limite transferidas para a nave espacial como mecânicas

vibratórias de natureza aleatória.

- Cargas acústicas: ruído proveniente do motor durante a decolagem e o vôo,

mistura da exaustão com a atmosfera ou a fricção do ar com o foguete e atuando

dentro da cavidade onde a espaçonave fica, a carenagem.

- Choques: choque devido a dispositivos pirotécnicos que permitem a liberação do

veículo lançador estágios ou o satélite.

O presente Capítulo irá buscar, então, simular condições similares à que o

nanossatélite terá que suportar em uma missão espacial completa, além de detalhar o

design da estrutura desenvolvida e as análises computacionais realizadas.

3.2 - Modelagem Matemática

O dimensionamento da estrutura de um satélite deve considerar os

carregamentos impostos pelo ambiente do veículo lançador nas condições mais

extremas de voo, com uma margem de segurança suficiente para que não ocorram

deformações plásticas ou fratura de componentes do satélite.

É possível obter-se informações a respeito das condições de voo através da

documentação técnica dos veículos lançadores e de padrões pré-estabelecidos, como o

GEVS (do inglês, General Environmental Verification Standard ) (NASA, 2019).

Dessa forma, considerando os requisitos de carregamentos do veículo lançador,

é possível estudar o projeto estrutural da carga útil com relação a um conjunto de

condições operacionais do envelope de voo durante todas as fases da missão.

Os principais requisitos de vibrações são provenientes de vibrações senoidais,

vibrações randômicas, vibrações acústicas e vibrações de choque. No presente trabalho,

será adotada uma análise simplificada através de um modelo quasi-estático

determinístico, adotando o valor de 20G aplicado sobre a massa global do nanossatélite

como a força de carregamento, que corresponde ao valor de pico de uma vibração

senoidal 14.1G rms . As forças resultantes consideradas para o modelo inicial de projeto

estão indicadas na Tabela 3.1.

18

Page 40: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Tabela 3.1: Esforços mecânicos atuantes na estrutura satélite dentro do P-POD.

Para que não ocorra a deformação plástica da estrutura dentro de uma

determinada condição de carregamento, o valor máximo do stress de von Mises (sigma)

obtido nas simulações deverá estar dentro do limite de escoamento do material (sigma)

dentro de um fator de segurança (n).

Há três elementos que devem ser levados em consideração na determinação do

fator de segurança. Para a incerteza do projeto, adotou-se uma margem de 25% para

contemplar aproximações de modelagem. Para as propriedades do material, adotou-se a

margem de 0%, pois as propriedades mecânicas dos materiais empregados são muito

bem validadas. Para os esforços atuantes, adotou-se uma margem de 50% devido à alta

variabilidade do ambiente de trabalho. Dessa forma, o fator de segurança mínimo

calculado é o produto das três margens, temos que η minimo = 1,875. Adotou-se, então, o

fator de segurança η = 2,0 para o projeto (Tabela 3.2).

Tabela 3.2: Dimensionamento do fator de segurança.

19

Eixo Aceleração Massa Força

Z 20G 4,00 kg 784 N

X; Y 20G 1,33 kg 260 N

(3.1)

(3.2)

Incerteza Fator de Segurança

Projeto 1,25

Propriedades do Material 1,0

Esforços Atuantes 1,5

Fator de Segurança Mínimo 1,875

Fator de Segurança (η) 2,0

Page 41: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Seguindo as recomendações do CDS, o material estrutural escolhido para o

projeto foi o Alumínio 7075-T6, aeronáutico, com excelentes propriedades mecânicas

(Tabela 3.3) e baixa densidade, resultando em uma estrutura resistente e leve, ideal para

aplicações espaciais.

Considerando-se o valor de limite de escoamento do material (503 MPa) e o

fator de segurança do projeto (η = 2,0), deseja-se projetar uma estrutura cujas tensões de

von-Mises estejam abaixo de 250 MPa, para oferecer uma margem segura de trabalho

que não resulte em deformações plásticas estruturais.

Tabela 3.3: Propriedades mecânicas dos Alumínio 7075-T6 (MatWeb).

O CDS especifica as dimensões que um CubeSat deve respeitar para que tenha

compatibilidade com o P-POD lançador de satélites.

Em especial, devem ser respeitados os limites de 100,0 mm para as larguras X e

Y do satélite, e os limites de 113,5, 227,0 e 340,5 mm para o comprimento Z dos

CubeSats 1U, 2U e 3U, respectivamente. O sistema de coordenadas deve estar

localizado no centro geométrico do CubeSat (Figuras 3.1; Figura 3.2 e Figura 3.3).

Apenas os trilhos metálicos podem fazer interface com o P-POD. Suas

dimensões deverão ser de 8,5 x 8,5 mm na seção transversal (X/Y), e comprimento (Z)

de 0,5 a 7,0 mm entre a face externa e a estrutura interna do CubeSat.

20

Propriedade Mecânica Valor

Densidade 2,81 g/cm³

Limite de Escoamento (24 ºC) 503 MPa

Limite de Ruptura (24 ºC) 572 MPa

Módulo de Elasticidade 71,7 GPa

Coeficiente de Poisson 0,33

Calor Específico 0,96 J/g-ºC

Temperatura de Fusão 477 - 635 ºC

Condutividade Térmica 130 W/m-K

Page 42: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 3.1: Especificação de requisitos dimensionais para CubeSat 1U (CDS, 2014).

21

(a)

(b)

(c)

(d)

Page 43: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 3.2: Requisitos dimensionais para CubeSat 2U (CDS, 2014).

Figura 3.3: Requisitos dimensionais para CubeSat 3U (CDS, 2014).

Para o dimensionamento dos trilhos externos do CubeSat, foi adotada uma

estrutura de perfil em L na seção transversal (X/Y), para reduzir o peso. A espessura (t)

adotada foi de 1,5 mm e a largura de 8,5 mm com abas simétricas. A área da seção

22

Page 44: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

(A XY ) resultante é de 23,25 mm² e o momento de inércia principal (I Principal ) foi de 63,62

mm 4 .

Figura 3.4: Dimensões do perfil L estrutural.

Considerando os valores dos esforços da Tabela 3.1, pode-se calcular uma

tensão compressiva máxima de 8,6 MPa dividindo-se a força de 800 N por quatro vezes

a área seccional do trilho. O valor encontrado está muito abaixo do valor crítico.

Calcula-se a força crítica de Euler para flambagem, onde F é o valor da força

crítica na coluna; E é o módulo de elasticidade (71,7 GPa); I é o menor momento de

inércia principal da seção da coluna (63,62 mm^4); L é o comprimento da coluna sem

suporte (93 mm); e K é o fator de comprimento efetivo, que vale 0,5 quando ambos os

lados estão fixos pelos frames internos (Figura 3.5).

O valor resultante para F é de 20,8 kN, muito acima das condições de trabalho.

O cálculo de flambagem é o mesmo para as três seções do CubeSat 3U, visto que o

23

(3.3)

(3.4)

Page 45: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

cálculo de flambagem é feito entre as seções livres da estrutura onde o perfil L não é

suportado pelos frames internos.

Figura 3.5: Elementos do cálculo de flambagem.

Finalmente, calcula-se a força de cisalhamento em uniões metálicas parafusadas

do quadro e trilho. A área de referência da seção transversal do parafuso M2,5 (d = 2,5

mm) é 4,91 mm² (AM M2.5 ) e a área de compressão no perfil em L (espessura t = 1,5 mm)

é 3,75 mm² (Figura 3.6).

Figura 3.6: Elementos do cálculo de parafusos.

As tensões resultantes são 52,97 MPa para o cisalhamento do parafuso e 69,33

MPa para a compressão do trilho de alumínio pelo parafuso.

24

Page 46: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Considerando os limites de escoamento de 503 MPa para o trilho de Alumínio

7075-T6 e 215 MPa para o parafuso de aço inox 304 (MatWeb), os fatores de segurança

resultantes são 4,06 para cisalhamento e 7,25 para compressão, dentro da margem

segura de operação.

3.3 - Modelagem Computacional

Considerando a questão da usinabilidade das peças de alumínio, foram adotadas

decisões de design considerando o emprego de uma fresadora CNC para a fabricação,

modelo Roland MDX-540 (Figura 3.7), disponível em laboratório parceiro para a futura

manufatura de protótipos.

25

(3.5)

(3.6)

(3.7)

(3.8)

(3.9)

(3.10)

Page 47: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 3.7: Fresadora CNC Roland MDX-540.

Cantos internos foram convertidos em filetes com o raio da fresa de usinagem,

para garantir a fabricabilidade das peças. Ainda, foi feito um esforço para reduzir o

número de vezes que as peças precisam ser viradas durante o processo de fresamento,

para serem fabricadas fresando-se apenas um único lado da peça.

Com base nos cálculos dos esforços mecânicos, foram projetadas as peças dos

CubeSats 1U, 2U e 3U no software SolidWorks (Figuras 3.8 até 3.17).

26

Page 48: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

27

Figura 3.8: Quadro inferior.

Figura 3.9: Quadro superior.

Figura 3.10: Placa eletrônica PC/104.

Figura 3.11: Trilho 1U.

Figura 3.12: Trilho 2U.

Figura 3.13: Trilho 3U.

Page 49: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Os elementos de fixação foram escolhidos com base nos componentes

comercialmente disponíveis.

Os parafusos M2,5 e M3 são hexalobulares e escareados, em aço inox 304, nos

comprimentos 4 mm e 10 mm, respectivamente. Os espaçadores M3 são sextavados, em

latão, nos comprimentos de 10 mm e 15 mm.

A Tabela 3.4 relaciona o número de peças necessárias para cada montagem de

CubeSat.

28

Figura 3.14: Parafuso M2,5.

Figura 3.15: Parafuso M3.

Figura 3.16: Espaçador M3 10mm.

Figura 3.17: Espaçador M3 15mm.

Page 50: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Tabela 3.4: Relação de número de peças por montagem de CubeSat 1U, 2U e 3U.

3.4 - Resultados

A estrutura do CubeSat foi projetada para ser leve, de fácil fabricação e capaz de

integrar com os demais subsistemas. Buscou-se um projeto modular, podendo

facilmente retirar ou adicionar novos componentes em seus módulos. Toda a estrutura

seguiu os requisitos presentes no documento “ CubeSat Design Specifications ”. A Figura

3.18 mostra os resultados para a estrutura do CubeSat 1U, 2U e 3U.

29

Peça CubeSat 1U CubeSat 2U CubeSat 3U

Frame Inferior 1 2 3

Frame Superior 1 2 3

Placa PC/104 5 10 15

Trilho 1U 4 - -

Trilho 2U - 4 -

Trilho 3U - - 4

Parafuso M2,5 8 16 24

Parafuso M3 4 8 12

Espaçador 10mm 4 8 12

Espaçador 15mm 20 40 60

Page 51: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 3.18: Estrutura dos CubeSats 1U, 2U e 3U.

A massa das estruturas 1U, 2U e 3U ficou em 74,57 g, 145,07 g e 215,58 g,

respectivamente (Tabela 3.5). Considerando os valores máximos definidos como

requisitos para o 1U, 2U e 3U sendo 1,33 kg, 2,66 kg e 4,00 kg, respectivamente, os

valores obtidos ficaram muito abaixo do limite, permitindo ampla capacidade de

carregamento de cargas úteis.

Tabela 3.5. Massa e dimensões das estruturas 1U, 2U e 3U.

30

Componente Massa (g) Dimensões (mm)

Estrutura 1U 74,57 100,0 x 100,0 x 113,5

Estrutura 2U 145,07 100,0 x 100,0 x 227,0

Estrutura 3U 215,58 100,0 x 100,0 x 340,5

Page 52: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Para a montagem da estrutura do CubeSat são utilizadas três partes: trilho

lateral, quadro superior superior e inferior. Na montagem do CubeSat 1U, utiliza-se 4

peças, o 2U 8 peças e o 3U 12 peças de cada parte, totalizando 12 peças para o 1U, 16

peças para o 2U e 36 peças para o 3U. Para a fixação do quadro superior e inferior no

trilho lateral foram utilizados parafusos hexalobulares escareados M2,5 de aço inox 304.

A integração da estrutura com as placas eletrônicas foi realizada com

espaçadores sextavados M3 de 10 mm na primeira placa e 15 mm nas placas

subsequentes. Para a fixação dos espaçadores, foram utilizados parafusos hexalobulares

escareados M3 de aço inox 304. A Figura 3.19 mostra a integração da estrutura com as

placas eletrônicas. A Tabela 3.6 mostra o valor final da massa de CubeSat.

Figura 3.19: CubeSat 1U, 2U e 3U.

Tabela 3.6: Massa das montagens dos CubeSats.

31

Componente Massa (g) Dimensões (mm)

Empilhamento PCBs 1U 396,68 95,89 x 90,17 x 93,0

CubeSat 1U 471,25 100,0 x 100,0 x 113,5

CubeSat 2U 938,44 100,0 x 100,0 x 227,0

CubeSat 3U 1405,63 100,0 x 100,0 x 340,5

Page 53: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

O material escolhido para compor a estrutura foi o alumínio 7075-T6, que é

amplamente utilizado na indústria aeroespacial desde 1940, sendo de alta resistência e

extremamente leve (MICHAILIDIS et al . 2014). Recomenda-se, ainda, a anodização do

alumínio, processo realizado para proteger a superfície do material contra abrasão.

Todas as peças usinadas foram projetadas para ter esse material. Os materiais utilizados

nos CubeSats projetados constam na Tabela 3.7.

Tabela 3.7: Massa das peças modeladas.

As montagens, totalmente definidas, passaram nos testes de detecção de

interferências sem conflitos entre os elementos, indicando o correto posicionamento das

peças e elementos de fixação.

Um dos requisitos aponta para a necessidade da origem das coordenadas estarem

posicionadas a 2 cm do centro geométrico dos CubeSats na direção X e Y

(SPECIFICATION, 2014). A tolerância é de 2 cm, 4,5 cm e 7 cm para os CubeSats 1U,

2U e 3U, respectivamente. É possível verificar que os CubeSats projetados

32

Componente Material Massa (g) Dimensões (mm)

Trilho 1U Alumínio 7075-T6 8,14 113,5 x 8,5 x 8,5

Trilho 2U Alumínio 7075-T6 15,26 227,0 x 8,5 x 8,5

Trilho 3U Alumínio 7075-T6 22,39 340,5 x 8,5 x 8,5

Quadro Inferior Alumínio 7075-T6 18,25 99,2 x 99,2 x 5,0

Quadro Superior Alumínio 7075-T6 18,08 99,2 x 99,2 x 5,0

Espaçador 10mm Latão 1,22 16,0 x 4,7 x 4,1

Espaçador 15mm Latão 1,83 21,0 x 4,7 x 4,1

Parafuso M2.5 Aço Inox 304 0,21 4,0 x 4,7 x 4,7

Parafuso M3.0 Aço Inox 304 0,60 10,0 x 5,5 x 5,5

PCB PC/104 Fibra de Vidro 71,04 95,9 x 90,2 x 12,7

Page 54: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

apresentaram o desvio do centro de massa em relação à origem menor que 3 mm em

todos os eixos das montagens, atendendo assim ao requisito. Garante-se uma estrutura

equilibrada não existindo desvios de centro de gravidade e permitindo a adição de

outros componentes sem prejuízo à essa especificação.

As Tabelas 3.8, 3.9 e 3.10 detalham os valores de centro de massa dos CubeSats

1U, 2U e 3U. Estas tabelas também mostram os momentos de inércia que serão valores

utilizados para simular a rotação de cada CubeSat. São valores importantes na

simulação do ADCS, detalhado no Capítulo 5.

Tabela 3.8: Propriedades de massa do CubeSat 1U.

Tabela 3.9: Propriedades de massa do CubeSat 2U.

33

Centro de massa (m)

X = -0,00077187 Y = 0,00295366 Z = 0,00019128

Momentos de inércia (kg.m²)

Lxx = 0,00098447 Lxy = -0,00000596 Lxz = -0,00000122

Lyx = -0,00000596 Lyy = 0,00076775 Lyz = 0,00000732

Lzx = -0,00000122 Lzy = 0,00000732 Lzz = 0,00100223

Centro de massa (m)

X = -0,00077520 Y = 0,00296644 Z = 0,00019211

Momentos de inércia (kg.m²)

Lxx = 0,00499604 Lxy = -0,00001191 Lxz = -0,00000243

Lyx = -0,00001191 Lyy = 0,00456263 Lyz = 0,00001463

Lzx = -0,00000243 Lzy = 0,00001463 Lzz = 0,00198798

Page 55: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Tabela 3.10: Propriedades de massa do CubeSat 3U.

Finalmente, para validar o projeto, foram realizadas simulações estáticas

estruturais de elementos finitos (FEA) no software Ansys Workbench.

O fluxo de trabalho de simulação inicia-se com a seleção dos materiais de

engenharia na base de dados de materiais. Em seguida, carrega-se a geometria, define-se

e configura-se o modelo, calcula-se a solução do problema e geram-se os resultados da

análise (Figura 3.20).

Figura 3.20: Fluxo de simulação FEA estrutural estática.

Após a escolha dos materiais das peças a serem simuladas, carrega-se a

geometria da montagem estrutural, feita no SolidWorks, para o software de modelagem

SpaceClaim do Ansys Workbench. No SpaceClaim, é feita a limpeza do modelo em

relação à supressão de elementos de montagem que não serão simulados, e é feita a

simplificação de detalhes das peças, como chanfros, filetes, escareamento de furos, de

forma que as próximas etapas possam convergir melhor, sem prejuízo ao resultado final

(Figuras 3.21 até 3.24).

34

Centro de massa (m)

X = -0,00077632 Y = 0,00297072 Z = 0,00019239

Momentos de inércia (kg.m²)

Lxx = 0,01505221 Lxy = -0,00001786 Lxz = -0,00000365

Lyx = -0,00001786 Lyy = 0,01440211 Lyz = 0,00002194

Lzx = -0,00000365 Lzy = 0,00002194 Lzz = 0,00297373

Page 56: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Após os ajustes do modelo no SpaceClaim, foi construída uma malha hexaédrica

com controle de dimensão de elementos de 1mm. As condições de contorno foram

35

Figura 3.21: Modelo da montagem do

CubeSat carregado no SpaceClaim.

Figura 3.22: Supressão de elementos da

montagem no SpaceClaim.

Figura 3.23: Modelo final após

simplificação de chanfros, filetes e

escareamentos.

Figura 3.24: Modelo após a geração de malha hexaédrica.

Page 57: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

estabelecidas para um suporte fixo na base de um CubeSat, e a aplicação das forças de

trabalho de 800N na face superior do topo do satélite, para compressão longitudinal (Z),

no primeiro cenário de simulação. Em seguida, foi feita uma simulação com 260N de

força lateral (X/Y) aplicada aos furos M3 dos quadros internos, para simular a

aceleração da carga útil no interior do satélite (Figuras 3.25 até 3.28). Deformação

visual foi amplificada 100 vezes para visualizar a tendência de deformação.

36

Figura 3.25: Deformação total com 800N de

compressão longitudinal.

Figura 3.26: Tensão de von-Mises com

800N de compressão longitudinal.

Figura 3.27: Deformação total com 260N de

força lateral.

Figura 3.28: Tensão de von-Mises com

260N de força lateral.

Page 58: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Capítulo 4

Subsistema de Suprimento de Energia (EPS) No Capítulo 4, será detalhado o subsistema de Suprimento de Energia (EPS), a

sua modelagem matemática, computacional e os resultados obtidos.

4.1 - Introdução

Responsável por garantir a energia necessária para os demais subsistemas,

devendo possuir uma confiabilidade extrema, pois sua falha pode acarretar ao fim da

missão. Faz-se necessário o estudo de casos críticos associados ao uso extremo de

energia e a casos em que não há geração de energia devido à falta de luminosidade.

O presente estudo utilizou como referência uma órbita igual ao do satélite

CBERS-04A, podendo assim modelar matematicamente e computacionalmente os casos

críticos de geração e transmissão de energia. Com essa referência, torna-se possível

calcular o tempo em que haverá iluminação solar, e o tempo que haverá comunicação

com a base terrestre, parâmetros fundamentais para essa modelagem.

4.2 - Modelagem Matemática

Para equacionar o balanço energético do satélite, primeiro é necessário

estabelecer uma referência operacional de missão em relação aos parâmetros orbitais.

No contexto da PMM-n, pretende-se atender a diversas missões,

independentemente de órbita e carga útil. No entanto, para validação inicial do modelo

computacional do EPS, foi adotada a órbita do satélite brasileiro CBERS-04A (Tabela

4.1), desenvolvido pelo INPE em um cooperação sino-brasileira, simulando o

lançamento de um CubeSat através do aproveitamento da capacidade excedente de

carga útil do veículo lançador. Assim, os parâmetros orbitais do CubeSat nessa

hipotética missão são similares aos do CBERS-04A, para fins de dimensionamento da

energia solar irradiada nos painéis solares, assim como os tempos de iluminação e

eclipse obtidos através dos modelos de e propagação de órbita.

37

Page 59: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Foram escolhidos componentes COTS para os subsistemas OBC, TT&C,

ADCS, EPS, PLD e Painel Solar, para calcular o consumo energético (Tabela 4.2).

Tabela 4.1: Parâmetros Orbitais.

Tabela 4.2: Potência elétrica dos subsistemas.

38

Parâmetros Orbitais do Satélite CBERS-04A (INPE)

Altitude 778 km

Inclinação 98,504º

Hora local no nodo descendente 10:30 a.m.

Repetição do ciclo 26 dias

Revoluções/dia 14 + 9/26

Semi-eixo principal (média) 7148,865 km

Excentricidade 1,1 x 10 -3

Argumento do perigeu 90°

Erro do argumento do perigeu < 5°

Estabilidade da hora local no nodo descendente ± 10 minutos

Período orbital 100,26 minutos

Distância inter-faixas no Equador 106,25 km

Intervalo entre faixas adjacentes 3 dias

Subsistema Sigla Potência

Computador de bordo OBC -400 mW

Telemetria, Rastreio e Telecomando TT&C -480 mW recebendo

-4 W enviando

Controle e determinação de atitude ADCS -180 mW idle -6 W pico

Suprimento de energia EPS -160 mW

Carga útil PLD -380 mW idle -800 mW imageando

Painel Solar Solar +19,2 W iluminado +0 W sombra

Page 60: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

A potência consumida pelo barramento (PBus) é calculada como a soma das

potências de todos os subsistemas consumidores de energia.

A potência resultante consumida nas baterias (PBat) é a diferença entre a

potência consumida pelo barramento multiplicada por um coeficiente de eficiência do

conversor de tensão DC-DC (Figura 4.1) e a potência gerada pelos painéis solares

(PSolar).

Figura 4.1: Curva de eficiência do conversor DC-DC versus potência consumida.

39

(4.1)

(4.2)

(4.3)

Page 61: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

A corrente que sai das baterias é calculada entre a razão de potência consumida

e a tensão das baterias.

Para modelar perdas energéticas decorrentes do processo de carregamento

eletroquímico das baterias, é estabelecido um fator de carregamento que vale 1,1

durante a carga das baterias, e vale 1,0 durante a descarga.

O cálculo da variação do carregamento da energia interna das baterias é feito

através do equacionamento da profundidade de descarga DoD ( Depth of Discharge ).

Finalmente, calcula-se a tensão das baterias através do polinômio que relaciona

a tensão com a profundidade de descarga (Figura 4.2).

40

(4.4)

(4.5)

(4.6)

(4.7)

(4.8)

Page 62: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 4.2: Curva de tensão de descarga da bateria versus DoD.

A modelagem dos efeitos não-lineares das baterias é um campo de estudo

experimental que requer testes em bancada. Na realidade, há histerese entre as curvas de

carga e descarga de baterias. Há diferenças em função da corrente da bateria, isto é, uma

família de curvas de carga e descarga em função da corrente (Figura 4.3). A temperatura

das baterias influência nas suas propriedades (Figura 4.4), assim como o

envelhecimento das baterias após múltiplos ciclos de carga e descarga (Figura 4.5).

Figura 4.3: Curvas de descarga em função da corrente da bateria (Panasonic).

41

Page 63: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 4.4: Curvas de descarga em função da temperatura (Panasonic).

Figura 4.5: Curvas de descarga em função dos ciclos de recarga (Panasonic).

Há variação das características das baterias, não só entre diferentes fabricantes,

mas entre lotes de produção, e ainda variabilidade entre um mesmo lote, cabendo uma

modelagem estocástica dos parâmetros.

42

Page 64: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Fazendo-se a análise experimental de lotes de baterias, selecionando-se os

elementos de menor variabilidade dentro de uma faixa de aceite de parâmetros,

embutindo os fatores não-lineares de modelagem no modelo elétrico, e realização do

controle térmico das baterias, são algumas das recomendações para garantir a melhor

previsibilidade computacional do comportamento experimental das baterias.

No presente trabalho, no entanto, foi abordada uma modelagem linear,

determinística e simplificada das baterias, para simulação de um modelo inicial.

4.3 - Modelagem Computacional

A implementação computacional das equações da modelagem matemática foi

feita através do software Simulink/Matlab (Figura 4.6).

Figura 4.6: Modelo Computacional do EPS.

43

Page 65: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Foram estabelecidos dois cenários operacionais. Em um cenário nominal, o

subsistema de telemetria e telecomandos (TT&C) está transmitindo dados durante 5%

do tempo, com os outros subsistemas ligados. Em um pior cenário, o subsistema TT&C

está transmitindo 100% do tempo.

A condição de iluminação dos painéis solares foi modelada através de uma

variável booleana “t_iluminado”, representando a condição de iluminação e sombra do

satélite correspondente à órbita do CBERS-4A. Por simplicidade, os valores foram

pré-computados e alimentados ao sistema através de um arquivo de dados. Para futuras

missões que tenham parâmetros orbitais diferentes, será necessário implementar um

modelo propagador de órbita que calcule a condição de iluminação solar para a missão.

Foi assumido que a incidência solar irradia de forma máxima nos painéis

solares, fazendo com que produzam sua máxima potência toda vez que estão iluminados

pelo sol. Para uma modelagem mais precisa, é possível acoplar o modelo do ADCS que

resolve a atitude do satélite em relação ao Sol, e computar o ângulo de incidência solar,

para variar a potência dos painéis solares de acordo com a iluminação efetiva.

Cada subsistema foi modelado através de uma máquina de estados (Figura 4.7),

que recebe um telecomando booleano TC de habilitação vindo do OBC, definindo-se o

estado ligado ou desligado do subsistema. Em decorrência disto, é calculada a potência

produzida de cada subsistema, assim como produzido um sinal de telemetria booleano

TM indicando que o subsistema está ligado (Figuras 4.8 até 4.13).

Figura 4.7: Diagrama da máquina de estados “on” e “off” em função da entrada do

telecomando (TC), com as saídas de telemetria (TM) e potência (power).

44

Page 66: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 4.8: Modelo computacional da energia do painel solar.

Figura 4.9: Modelo computacional da energia do EPS.

45

Page 67: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 4.10: Modelo computacional da energia do OBC.

Figura 4.11: Modelo computacional da energia do TT&C.

Figura 4.12: Modelo computacional da energia do ADCS.

46

Page 68: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 4.13: Modelo computacional da energia do PLD.

São calculadas as potências do barramento PBus e dos painéis solares PSolar,

que alimenta as baterias com PBat e, com isto, calcula-se a profundidade de carga e

descarga das baterias, assim como a tensão resultante (4.3.9 até 4.3.11).

Figura 4.14: Modelo computacional do cálculo da potência de baterias.

47

Page 69: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Calcula-se o valor de DOD por diferenças finitas, somando-se os pacotes de

energia de PBus a cada instante de tempo (Figura 4.15).

Figura 4.15: Modelo de cálculo de DOD.

A partir do valor de DOD, finalmente, emprega-se a curva de descarga para

calcular o valor de tensão das baterias VBat (Figura 4.16).

Figura 4.16: Modelo de cálculo tensão das baterias VBat.

48

Page 70: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

4.4 - Resultados

Como resultados das simulações computacionais, foram obtidos os gráficos que

representam a incidência de luz solar nos painéis do nanossatélite (Figura 4.17) assim

como a tensão das baterias VBat [V], profundidade de descarga DoD [%], potência das

baterias PBat [W] e corrente das baterias IBat [A] (Figura 4.18).

Figura 4.17: Incidência de luz solar nos painéis do nanossatélite.

Figura 4.18: VBat (V), DoD (%), PBat (W) e IBat (A) do EPS simulado.

49

Page 71: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

É possível verificar que o DoD máximo do EPS está abaixo de 15%, isto é,

durante os ciclos de iluminação e sombra, o sistema de energia consegue reter o

carregamento das baterias dentro de uma faixa conservadora, sem uma elevada

profundidade de descarga.

A simulação é importante para o planejamento da missão, tendo em vista que a

falha no gerenciamento de energia é fatal para o satélite. Assim, o correto

dimensionamento de potência é crítico para a sobrevivência no espaço. Em um cenário

em que o DoD atinge 100% e as baterias são completamente descarregadas, fará com

que haja o corte dos reguladores de tensão, desabastecendo o OBC de energia, que por

sua vez deixará de controlar o EPS e os demais subsistemas. Isto leva o satélite à total

inoperabilidade, que se torna um cenário irreversível, resultando em falha e terminação

da missão.

Durante o projeto do EPS, são alocados sensores para monitorar diretamente os

níveis de tensão da bateria VBat, corrente nas linhas de potência IBat e temperatura.

Assim, é possível calcular os valores de PBus, PBat e PSolar, para diagnosticar o

funcionamento dos equipamentos do satélite.

O valor de DoD não pode ser medido diretamente, pois não é possível medir

através de sensores a quantidade de energia armazenada em uma bateria. No entanto, é

possível estimar o DoD construindo-se uma função inversa àquela da Figura 4.2,

calculado através de VBat. Outra forma mais precisa de fazer isto é calcular o DoD

através dos valores integrados de PBus, em uma simulação de tempo real calculando a

energia real do sistema. A diferença entre os dois valores irá indicar o envelhecimento

da bateria, visto que a curva de VBat vs DoD do início de vida (BOL) do satélite será

diferente da curva de fim de vida (EOL). Com base nisto, pode-se estimar uma previsão

de falha das baterias do EPS através do monitoramento da sua perda de efetividade após

muitos ciclos de recarga.

O monitoramento do status de energia do satélite é importante para a tomada de

decisão dos operadores do satélite no centro de controle, em solo. Verificando-se a

telemetria (TM) dos sensores do EPS, é possível definir um plano de trabalho para a

50

Page 72: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

realização de missões espaciais através do envio de telecomandos (TC) pelo OBC para

habilitar diferentes subsistemas.

O modelo computacional pode ser usado para verificar o balanço de energia

decorrente da execução do plano de trabalho. Comparando-se os valores simulados com

os valores reais obtidos pelas telemetrias, é possível discutir a precisão e correção dos

modelos, assim como detectar falhas e condições anormais de operação, diagnosticando

o satélite através de seu balanço energético.

51

Page 73: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Capítulo 5

Subsistema de Determinação e Controle de

Atitude (ADCS)

No Capítulo 5 será especificado o subsistema de Determinação e Controle de

Atitude (ADCS), a sua modelagem matemática e computacional, bem como os

resultados obtidos.

5.1 - Introdução

O ADCS tem como objetivo determinar a atitude e posteriormente fazer o

reposicionamento do satélite, normalmente garantindo que haja um melhor alinhamento

para imageamento ou para maior contato com a luz solar. Existe a possibilidade de que

haja alguma interferência externa, gerando um torque, que faça o satélite mudar a

posição e nesse caso tem-se que reposicionar e estabilizar na atitude desejada.

Para um estudo de caso, desenvolve-se dois cenários: o primeiro em que após

um torque externo precisa-se parar, reposicionar e estabilizar e o segundo em que dado

um novo vetor posição tem-se que orientar o CubeSat corretamente e estabilizar sua

posição.

5.2 - Modelagem Matemática

Para a modelagem matemática do ADCS, foram usados os resultados obtidos no

projeto estrutural, em especial, a massa e o tensor de inércia do CubeSat, calculados

através da análise de propriedades de massa da montagem no SolidWorks.

O modelo foi adaptado da metodologia descrita por CUBEDESIGN (2020).

As propriedades elétricas e mecânicas das rodas de reação foram adaptadas de

“Datasheet NanoTorque GSW-600”, indicadas na Tabela 5.1.

52

Page 74: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Tabela 5.1: Propriedades da Roda de Reação

5.2.1 - Modelo Dinâmica

A dinâmica do satélite é modelada através da equação vetorial para o momento

de angular L em função do tensor de inércia J e da velocidade angular ω.

O torque τ é igual à taxa de variação do momento angular.

53

Parâmetro Valor Unidade

Massa 100 g

Momento de Inércia 0,025 g . m²

Velocidade Máxima 6000 rpm

Velocidade Torque Máx. 3500 rpm

Tensão 6 V

Corrente Stall 500 mA

Corrente Zero Torque 60 mA

Torque Máximo 1,5 mN.m

Momento Máximo 15,7 mN.m.s

Coef. Atrito Viscoso 5e-6 N.m.s.rad -1

Coef. Motor Km 0,003 N.m.A -1

Ganho Kp Motor 0,2 mA.s.rad -1

Ganho Ki Motor 0,05 mC.s.rad -1

(5.1)

(5.2)

Page 75: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Derivando-se a primeira equação e aplicando a regra do produto da derivada,

isolando-se ω, é possível encontrar a equação diferencial para a velocidade angular do

CubeSat.

O cálculo do momento angular da roda de reação (L rr ) é dado pela mesma

equação. Pela conservação do momento angular total do sistema, é possível relacionar o

momento angular do CubeSat com o momento angular das rodas de reação, e assim

estabelecer-se o elo entre a variável manipulada do sistema com a variável controlada

do sistema.

5.2.2 - Modelo Cinemática

Foram considerados três sistemas de coordenadas para referenciar a cinemática

do satélite em relação Terra, à posição local, e à estrutura do satélite.

5.2.2.1 - Sistema de coordenadas inerciais centrado na Terra (ECI).

O sistema ECI tem a origem posicionada no centro da Terra. O eixo-Z é normal

ao plano equatorial, apontando para o norte. O eixo-X é o vetor entre o centro da terra e

o ponto do equinócio vernal no ano Juliano 2000 (ECI-J2000). O eixo-Y é o produto

54

(5.3)

(5.4)

(5.5)

(5.6)

Page 76: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

vetorial do eixo-Z e eixo-X (Figura 5.1). O sistema é fixo, e é útil para descrever a

posição de objetos espaciais em relação à Terra.

Figura 5.1: Sistema de coordenadas inerciais (ECI).

5.2.2.2 - Local vertical local horizontal (LVLH).

O sistema LVLH tem a origem posicionada no centro do satélite. O eixo-Z

aponta para o centro da terra. normal ao plano equatorial, apontando para o norte. O

eixo-Y aponta para a direção oposta ao momento angular da órbita. O eixo-X é o

produto vetorial do eixo-Y e eixo-Z (Figura 5.2). Sendo um sistema móvel, e útil para

descrever a posição de objetos espaciais em relação à órbita do satélite.

Figura 5.2: Sistema de coordenadas local (LVLH).

55

Page 77: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

5.2.2.3 - Coordenadas fixas no CubeSat (CS).

O sistema CS tem a origem posicionada no centro geométrico do satélite. O

eixo-Z aponta para o lado de saída do P-POD. O eixo-X aponta para o lado de portas de

acesso do P-POD. O eixo-Y é o produto vetorial do eixo-Z e eixo-X (Figura 5.3). Sendo

um sistema fixo no satélite, é útil para descrever a posição dos elementos do satélite em

relação a sua própria estrutura. Espacialmente, é um sistema útil para descrever a

posição de objetos espaciais em relação aos componentes do satélite (ex: sensor sol,

magnetômetro).

Figura 5.3: Sistema de coordenadas do CubeSat (CS).

5.2.2.4 - Modelo Cinemático

Os vetores campo magnético local e direção do sol local são descritos no sistema

LVLH e também no sistema satélite CS.

Com isto, é possível computar a rotação do sistema CS relativo ao sistema

LVLH, para determinar a atitude (orientação espacial) do satélite em relação à Terra.

Os vetores de referência mag_ref e sol_ref empregados no modelo

computacional são fornecidos a priori a partir da propagação de órbita da missão e hora

local. Os vetores mag_obs e sol_obs são observados pelo satélite através de seus

sensores e são gerados na simulação a partir da transformação do sistema LVLH para

CS, empregando-se o quaternion de velocidade angular em CS.

56

(5.7)

Page 78: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

5.2.3 - Modelo Roda de Reação

O modelo de ADCS adotado, por simplicidade, tem 3 rodas de reação

linearmente independentes, montadas nas direções dos eixos X, Y e Z do CubeSat.

As equações abaixo definem o equacionamento do momento angular das rodas

de reação (L rr ) na forma vetorial.

O torque das rodas de reação é dado pela corrente I rr de controle das rodas,

multiplicada pela constante k m dos motores.

O atrito viscoso decorrente do eixo de rolamento dos motores é modelado

através da constante b, e é proporcional à velocidade angular da roda de reação.

A corrente de controle dos motores é determinada pela ação de um controlador

proporcional integral (PI) que regula a velocidade angular das rodas de reação.

57

(5.8)

(5.9)

(5.10)

(5.11)

(5.12)

Page 79: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Por fim, isola-se a velocidade angular ω calculada em função da corrente de

controle, para estabelecer a equação do sistema de rodas de reação.

5.2.4 - Determinação de Atitude

A determinação de atitude pode ser realizada utilizando o método TRIAD

(MARKLEY, 2014). O método cria dois sistemas de coordenadas, um com base no

magnetômetro e sensor de Sol do satélite e outro baseado em modelos matemáticos do

campo eletromagnético da Terra e da posição do Sol, referentes à posição da órbita onde

o CubeSat está.

Os vetores r são chamados de vetor referência, e os vetores b são os medidos

pelos sensores. A relação entre eles, caso existam medições exatas, é dada pela

transformação linear em (5.17), onde A , uma matriz de cossenos diretores do sistema, é

a matriz de atitude.

58

(5.13)

(5.14)

(5.15)

(5.16)

(5.17)

Page 80: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Há dois vetores de orientação solar: um referência e um medido. Há, ainda, dois

vetores magnéticos: um referência e outro medido. Com i = 1, 2:

A expressão (5.18) só será válida quando houver um sistema livre de erros, algo

improvável, uma vez que todo sensor possui um erro de medição, mesmo que pequeno.

Contudo, tem-se uma boa aproximação, considerando-se que um dos vetores b satisfaz

a equação A r i = b i exatamente, e o outro, satisfaz apenas aproximadamente.

Assim, o método TRIAD pode ser descrito por duas matrizes ortonormais: { v 1 v 2

v 3 } dos vetores referência e { w 1 w 2 w 3 } dos vetores medidos pelos sensores. Pode-se

descrever a matriz de atitude como:

Para a determinação dos vetores, primeiramente é necessário normalizá-los, pois

são matrizes ortonormais. Como há dois vetores referência, e dois vetores medidos,

sabendo que eles não são paralelos, pode-se encontrar os vetores ortogonais.

59

(5.18)

(5.19)

(5.20)

(5.21)

(5.22)

(5.23)

Page 81: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Finalmente, a matriz de atitude estimada é dada por:

Com a matriz A de cossenos diretores, pode-se encontrar os ângulos de rotação

de roll, pitch e yaw (φ, θ, ψ) referentes aos eixos do satélite. Existem vários tipos de

rotação, como as XYZ, ZYX, ZXZ, XZX e outras, dependendo da aplicação desejada.

Em particular temos: φ = arctan[A(2,3)/A(3,3)]; θ=-arcsen[A(1,3)]; ψ =

arctan[A(1,2)/A(1,1)], onde só é válido para o sistema de rotação XYZ, que foi a

escolhida no desenvolvimento do modelo computacional de determinação de atitude.

60

(5.24)

(5.25)

(5.26)

(5.27)

(5.28)

(5.29)

(5.30)

Page 82: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

5.2.5 - Controle

Modela-se o controle do satélite inicialmente definindo-se alguns termos do

problema. Seja a variável controlada a grandeza de interesse que deseja-se controlar, por

exemplo, a atitude ou a velocidade angular do satélite. Referência é o valor desejado

para a variável controlada. Variável manipulada é aquela que afeta o valor da variável

controlada, e pode ser modificada pelo controlador, por exemplo, o valor de comando

para as rodas de reação do satélite. Distúrbios são outras influências que afetam a

variável controlada, também chamados de perturbações.

O objetivo do controle é propor um algoritmo de ajuste da variável manipulada

para que a variável controlada (saída) convirja para a referência, independentemente da

ocorrência de distúrbios. Uma das formas de se fazer isto com precisão é

implementando-se o controle em malha fechada. Isto é, retroalimenta-se a saída y(t),

compara-se com a referência r(t) para produzir o erro e(t). O controlador C(s) calcula o

sinal de controle u(t) que entrará na planta P(s), para que o valor de y(t) alcance a

referência e o valor de e(t) tenda a zero após determinado tempo (Figura 5.4).

Figura 5.4: Esquema básico de um sistema de controle em malha fechada.

Seja α(t) o vetor de atitude do satélite, e α ref o vetor de atitude para o qual se deseja

apontar o satélite.

61

Page 83: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Pode-se construir o vetor de erro e(t) como a diferença entre a atitude atual e a

atitude desejada.

A lei geral de controle para um controlador do tipo PID é dado pela expressão

u(t), onde K p , K d e K i são as constantes de calibração do controlador. O diagrama de

blocos correspondente ao controle PID é ilustrado na Figura 5.5.

Figura 5.5: Representação esquemática do controlador PID.

62

(5.31)

(5.32)

(5.33)

(5.34)

(5.35)

(5.36)

Page 84: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

5.3 - Modelagem Computacional

Os modelos matemáticos descritos foram implementados no Simulink/Matlab

para simular o subsistema de determinação e controle de atitude do satélite (ADCS).

Na Figura 5.6, estão representados o modelo cinemático, que alimenta o modelo

de determinação de atitude, que alimenta o modelo de controle, que alimenta o modelo

de rodas de reação, que alimenta a dinâmica do satélite. O bloco de animação 6-DOF da

biblioteca aerospace do Simulink oferece uma visualização animada do satélite durante

a simulação, útil para diagnosticar o modelo (Figura 5.7).

Figura 5.6: Modelo Computacional do ADCS.

Figura 5.7: Animação 6DOF do CubeSat.

63

Page 85: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

5.3.1 - Modelo Dinâmica

O modelo Simulink que implementa o modelo descrito em 5.2.1 é representado

pela Figura 5.8. Inicialmente, as perturbações externas foram desconsideradas.

Figura 5.8: Modelo Computacional da Dinâmica do CubeSat.

5.3.2 - Modelo Cinemática

O modelo Simulink que implementa o modelo descrito em 5.2.2 é representado

pela Figura 5.9, simulando a leitura dos sensores de sol e magnético do satélite.

Figura 5.9: Modelo Computacional de Cinemática.

64

Page 86: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

A operação de transformação de velocidade angular ω para o quaternion q é

implementada pelo modelo da Figura 5.10.

Figura 5.10: Modelo Computacional de Transformação para Quaternions.

65

Page 87: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

5.3.3 - Modelo Roda de Reação

As rodas de reação são modeladas por um barramento vetorial que representa,

através de um único conjunto de blocos, os três eixos (X, Y e Z).

Na Figura 5.11, foram destacados o controlador PI de velocidade angular dos

motores, assim como o modelo de motores DC que computa os torques e momentos

angulares das rodas de reação.

Para avaliação de performance do sistema, também é estudada a potência das

rodas de reação, que poderá ser comparada com as especificações do EPS e integração

com o modelo elétrico do satélite.

Figura 5.11: Modelo Computacional das Rodas de Reação.

5.3.4 - Modelo Determinação de Atitude

Para computar a operação inversa à descrita em 5.2.2, isto é, determinar a

orientação do satélite a partir da medida dos sensores de sol e magnetômetro no sistema

CS, conhecidos os valores correspondentes no sistema LVLH, é implementado o

algoritmo TRIAD para resolver o problema de determinação de atitude.

A saída do algoritmo é a matriz  de cossenos diretores, a partir da qual podem

ser calculados os ângulos de Euler para roll, pitch e yaw (φ, θ, ψ) de orientação do

satélite.

66

Page 88: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

O algoritmo TRIAD é descrito através do código MatLab abaixo:

67

1. function euler = fcn(mag_obs,mag_ref,sol_obs,sol_ref)

2. %Determinação da matriz de atitude da referência

3. r1=mag_ref/norm(mag_ref);

4. r2=sol_ref/norm(sol_ref);

5. v2=cross(r1,r2)/norm(cross(r1,r2));

6. v3=cross(r1,v2)/norm(cross(r1,v2));

7. A1=[r1 v3 v2];

8. % Determinação da matriz de atitude do CubeSat

9. b1=mag_obs/norm(mag_obs);

10. b2=sol_obs/norm(sol_obs);

11. w2=cross(b1,b2)/norm(cross(b1,b2));

12. w3=cross(b1,w2)/norm(cross(b1,w2));

13. A2=[b1 w3 w2];

14. % Determinação da matriz

15. A=A2*transpose(A1);

16. % Determinação dos ângulos de Euler

17. roll=atan(A(2,3)/A(3,3));

18. pitch=-asin(A(1,3));

19. yaw=atan(A(1,2)/C(1,1));

20. euler = [roll; pitch; yaw];

Page 89: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

5.3.5 - Modelo de Controle de Atitude

Foram projetados dois modos de controle para o CubeSat (Figura 5.12).

Figura 5.12: Sistemas de controle para o ADCS.

No primeiro modo, deseja-se estabilizar o satélite em uma operação chamada

detumbling , realizada após a separação do CubeSat com o foguete lançador. Para isto,

comparou-se a velocidade angular ω CS do CubeSat com a referência [0; 0; 0],

buscando-se anular a rotação. Foi empregado um controlador PID com as constantes

[K p = 1; K i = 0,1; K d = 3] (Figura 5.13).

Figura 5.13: Controlador PID para estabilização do satélite.

No segundo modo, deseja-se apontar o satélite para uma determinada atitude de

referência. Isto é feito durante a rotina operacional do satélite para atender aos seus

objetivos de missão, alinhar os painéis solares ao sol, apontar um sensor para um objeto

alvo de experimentos, direcionar antenas comunicadoras, entre outras aplicações

diversas. Para isto, realimentou-se a atitude observada do satélite, proveniente do

modelo de determinação, e comparou-se com o comando de atitude desejado. Foi

empregado um controlador PD com as constantes [Kp= 1; Kd = 0.5] (Figura 5.14).

68

Page 90: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Figura 5.14: Controlador PD para apontamento do satélite.

5.4 - Resultados

Nas simulações, foram executados diversos comandos de apontamento nas três

direções, para verificar a capacidade do satélite de orientar-se em cada eixo (Figuras

5.15 até 5.18).

69

Figura 5.15: Apontamento CubeSat para

comando [ φ = 0º, θ = 0º, ψ = 0º ].

Figura 5.16: Apontamento CubeSat para

comando [ φ = 90º, θ = 0º, ψ = 0º ].

Figura 5.17: Apontamento CubeSat para

comando [ φ = 0º, θ = 90º, ψ = 0º ].

Figura 5.18: Apontamento CubeSat para

comando [ φ = 0º, θ = 0º, ψ = 90º ].

Page 91: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Em seguida, foi simulada a condição de missão em que foi feito o chaveamento

dos modos de controle. Foi estabelecida uma velocidade angular inicial no CubeSat de

[0.1; 0.1; 0.1] rad/s. Foi feita uma simulação transiente de 5 minutos (360 segundos).

Até o instante t = 120s, o modo de controle está definido para 1, realizando

estabilização de velocidade angular. Depois do instante de chaveamento, é habilitado o

comando 0 que troca a regra de controle para controle de apontamento (Figura 5.19)

para a referência de apontamento [π/4; 0; 0].

É possível verificar os dois instantes em que há variação na potência das rodas

de reação, correspondentes às manobras de estabilização e apontamento que estão sendo

realizadas (Figura 5.20).

A potência estacionária residual nas rodas de reação em t = 360s é decorrente do

atrito viscoso das rodas e precisa ser compensado através do fornecimento de corrente

aos motores, para que mantenham velocidade constante. Os motores acumularam

momento angular na transferência de momento do CubeSat (Figura 5.24), e terminam a

simulação com velocidade diferente de zero (Figura 5.22), para que o CubeSat fique

estabilizado sem girar (Figura 5.21).

70

Figura 5.19: Chaveamento do comando de

controle.

Figura 5.20: Potência resultante das rodas de

reação.

Page 92: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

É possível verificar a convergência de apontamento do CubeSat para a atitude

desejada (Figura 5.25), e o zeramento do erro de apontamento no estado estacionário

71

Figura 5.21: Velocidade angular do CubeSat.

Figura 5.22: Velocidade angular das rodas

de reação.

Figura 5.23: Torque das rodas de reação.

Figura 5.24: Momento angular das rodas de

reação.

Figura 5.25: Atitude do CubeSat.

Figura 5.26: Erro de apontamento do

CubeSat.

Page 93: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

(Figura 5.26). Isto só ocorre a partir do instante t = 120s, após a mudança da regra de

controle.

É possível ajustar as constantes de ganho dos controladores para melhorar a

resposta do sistema. Alguns parâmetros da resposta ao degrau, isto é, a resposta a um

comando que é chaveado, são de especial interesse em um controlador PID.

Parâmetros como tempo de subida, overshoot da resposta, tempo de

estabilização e erro de estado estacionário (Figura 5.27) podem ser futuramente

estudados através da análise do lugar geométrico das raízes do sistema ( root-locus ),

assim como análise de estabilidade do sistema, variando-se os ganhos para realocar os

polos do sistema de controle em malha fechada.

Figura 5.27: Parâmetros de interesse na resposta do controle PID (National Instruments).

72

Page 94: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Capítulo 6

Conclusões e Recomendações

6.1 - Considerações Finais

Após a formulação matemática de modelos que descrevem os Subsistemas de

Estruturas (STR), Suprimento de Energia (EPS) e Determinação e Controle de Atitude

(ADCS), é possível verificar a interdependência entre diversos aspectos dos sistemas.

Por exemplo, o subsistema STR tem como uma de suas saídas uma matriz de

inércia, que é usada no modelo ADCS para estudar a rotação do CubeSat durante sua

rotina operacional. A energia decorrente destas manobras, por sua vez, constitui uma

carga de energia que precisa ser modelada no EPS.

No modelo STR, é viável estudar o espaço disponível da estrutura do satélite

para acoplamento de novos componentes das missões. Os subsistemas OBC, TT&C e

PLD, por exemplo, têm uma materialização física, e o hardware precisa ser instalado na

estrutura física do satélite. Um modelo computacional que represente essa montagem

complexa é fundamental para o planejamento de integração física do modelo de vôo do

satélite. É preciso também computar os efeitos produzidos no balanço de massa do

satélite, coordenadas do centro de massa, assim como dimensões externas de interface

com o P-POD para atender a requisitos do CDS, que devem ser rigorosamente seguidos.

No modelo EPS, é possível verificar a influência da escolha de diferentes

componentes para cada subsistema no balanço energético do satélite. A causa mais

frequente de inoperabilidade dos satélites é a falha do sistema de energia, crítico para a

sobrevivência da missão. Dessa forma, é fundamental haver um modelo computacional

para ajudar no dimensionamento dos parâmetros energéticos, e auxiliar a operação do

satélite na tomada de decisão de envio de telecomandos e o consumo resultante.

No modelo ADCS, é possível verificar a controlabilidade e apontamento do

CubeSat para a realização das rotinas operacionais e missão e experimento do satélite.

Os modelos obtidos, ainda que preliminares, são satisfatórios para consolidar

uma base de estudo para a Plataforma Multi-Missão de Nanossatélites (PMM-n). Podem

73

Page 95: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

ser aprofundados em diversos aspectos, para considerar diversos fenômenos que foram

simplificados ou desconsiderados, e tornar os modelos mais realistas.

6.2 - Conclusões

Como conclusão do presente estudo, verifica-se que os modelos computacionais

detalhados para os subsistemas STR, EPS e ADCS constituem uma base inicial para

pesquisas futuras. Busca-se a consolidação de uma Plataforma Multi-Missão de

Nanossatélites CubeSat (PMM-n).

A validação de uma PMM-n nacional contribui com a diminuição do custo, do

tempo e do esforço para o desenvolvimento de uma missão espacial completa. Do ponto

de vista de ciclo de vida de projetos espaciais, algumas etapas já terão sido previamente

validadas através de trabalhos anteriores, o que cria uma herança de validação prévia

para a construção de novos projetos, aumentando a confiabilidade das missões e

diminuindo o risco de novos projetos.

Considerando-se a escala TRL de maturidade de projetos espaciais, é possível

constatar que para os subsistemas presentes no estudo, é alcançado o nível de

maturidade TRL 3. Foram cumpridas as fases cognitivas de criação e investigação

científica, equacionamento de modelos, assim como a realização de simulações, tomada

de medidas científicas e formulação de provas de conceito analíticas. Para avançar ao

TRL 4, será necessário realizar investigação experimental em laboratório nos modelos.

Propõe-se a PMM-n como uma plataforma COTS, ou seja, uma tecnologia

pronta para uso - pronta para integrar missões espaciais que serão executadas. A

PMM-n está sendo projetada para ser facilmente adaptada a diversas cargas úteis e

diferentes órbitas, considerando-se a arquitetura CubeSats 1U, 2U e 3U, para uso em

diferentes aplicações espaciais a depender do interesse da missão.

O presente trabalho, portanto, é uma contribuição de esforços para a proliferação

das missões espaciais nacionais e facilitar o desenvolvimento no Brasil.

74

Page 96: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

6.3 - Recomendações

Futuramente, é relevante dar continuidade ao processo de validação e elevação

da maturidade tecnológica da PMM-n.

Será necessário aprofundar os modelos dos subsistemas STR, EPS e ADCS,

assim como criar modelos para os subsistemas TT&C, OBC, PLD.

Para STR, podem ser feitas análises modais no domínio da frequência, para

verificar a compatibilidade dos modos de vibração da estrutura do nanossatélite aos

modos de vibração dos veículos lançadores. Podem ser integrados também novos

componentes à estrutura para aproximar o modelo base de possíveis missões espaciais

que venham a utilizá-lo. Experimentalmente, é necessário fabricar um primeiro

protótipo em laboratório, fazendo a integração mecânica dos componentes e ensaios de

qualificação da estrutura. Além de ensaios destrutivos para verificar a resistência aos

esforços mecânicos, será necessário validar a estrutura com relação a testes de vibração,

choque e vibração acústica, para os quais pode ser buscada a expertise do LIT/INPE.

Para o EPS, é necessário aprofundar o modelo de baterias para contemplar as

não-linearidades presentes nos componentes reais. É necessário também definir uma

arquitetura de hardware eletrônico para a realização do modelo matemático proposto.

Será necessário considerar aspectos de radiação espacial, controle térmico e degasagem.

Para o ADCS, é necessário criar um modelo mecânico que realize as rodas de

reação do satélite, compatível com o padrão CubeSat. É necessário projetar o hardware

eletrônico que fará a medição de sensores e controle dos motores, alimentando-os com a

potência necessária para o funcionamento.

Finalmente, espera-se que o trabalho possa servir de ponto de partida para

muitos outros que virão, juntos, consolidar a PMM-n. Celebra-se, em fevereiro de 2021,

o lançamento do satélite Amazônia-1 do INPE ao espaço, após 20 anos de pesquisas e

desenvolvimento da PMM de pequenos satélites (classe 500 kg). Honrada coincidência

à qual presto minha admiração e da qual tiro inspiração. Avante!

75

Page 97: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

Referências Bibliográficas

ADDE, K. Alemayehu; ELIAS, L. Rezene. Finite Element Analysis of 3U CubeSat

Structure. Int. J. Sci. Eng. Res, v. 9, n. 6, p. 734-740, 2018.

AEB. IMATEC, Índices de Maturidade Tecnológica. Disponível em:

http://imatec.aeb.gov.br/. Acesso em 01 fev. 2021.

CARRARA, Valdemir et al . The ITASAT CubeSat development and design. Journal of

Aerospace Technology and Management, v. 9, n. 2, p. 147-156, 2017.

CUBEDESIGN, INPE. ADCS. Disponível em: http://www.inpe.br/cubedesign/2020/.

Acesso em: 01 fev. 2021.

DAVOLI, Franco et al . Small satellites and CubeSats: Survey of structures,

architectures, and protocols. International Journal of Satellite Communications and

Networking, v. 37, n. 4, p. 343-359, 2019.

GOMSPACE. High performing Camera-system for Earth Observation Projects.

Disponível em:

https://gomspace.com/shop/subsystems/payloads/earth-observation.aspx. Acesso em: 01

fev. 2021.

GONZALEZ-LLORENTE, Jesus et al . Single-Bus and Dual-Bus Architectures of

Electrical Power Systems for Small Spacecraft. Journal of Aerospace Technology and

Management, v. 11, 2019.

http://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?MatGUID=4f19a42be94546b686bbf43

f79c51b7d. Acesso em: 01 fev. 2021.

INPE. Órbita do CBERS 04A. Disponível em:

http://www.cbers.inpe.br/sobre/orbita/cbers04a.php. Acesso em: 01 fev. 2021.

INPE. Plataforma Multimissão (PMM). Disponível em:

http://www.inpe.br/amazonia1/sobre_satelite/pmm.php#5. Acesso em: 01 fev. 2021.

76

Page 98: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

ISISPACE. ISIS On Board Computer. Disponível em:

http://www.cbers.inpe.br/sobre/orbita/cbers04a.php. Acesso em: 01 fev. 2021.

KOECHEL, S.; LANGER, M. New Space: Impacts of Innovative Concepts in Satellite

Development on the Space Industry. In: Proceedings of the 69th International

Astronautical Congress, Bremen, Germany. 2018. p. 1-5.

LANGER, Martin; BOUWMEESTER, Jasper. Reliability of CubeSats-statistical data,

developers' beliefs and the way forward. 2016.

LANGER, Martin; BOUWMEESTER, Jasper. Reliability of CubeSats-statistical data,

developers' beliefs and the way forward. 2016.

LEHRBAUM, Rick. Using PC/104 embedded-PC modules for embedded applications.

In: Proceedings of WESCON'93. IEEE, 1993. p. 633-638.

LEITE, Alexandre Carvalho. Detecção e diagnóstico de falhas em sensores e atuadores

da plataforma multi-missão. 374p. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Tecnologias

Espaciais)-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), São José dos Campos,

2007.

LIMA, J. S. S.; JOTHA, L. S.; BIONDI, R. B. Constelação de Nano Satélites para

Coleta de Dados Ambientais: Documento de Descrição da Missão. Centro Regional do

Nordeste-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CRN/INPE), Natal-RN, 2011.

MANKINS, John C. Technology readiness levels. White Paper, April, v. 6, n. 1995, p.

1995, 1995.

MARKLEY, F. Landis; CRASSIDIS, John L. Fundamentals of spacecraft attitude

determination and control. New York, NY, USA:: Springer New York, 2014.

MATWEB. Aluminum 7075-T6 Mechanical Properties. Disponível em:

MATWEB. Stainless Steel 304 Mechanical Properties. Disponível em:

http://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?MatGUID=abc4415b0f8b490387e3c92

2237098da. Acesso em 01 fev. 2021.

77

Page 99: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

MICHAILIDIS, N. et al . Investigation of corrosion fatigue durability for an 7075

aluminum alloy subjected to blasting and anodizing. In: Proceedings of the 11th

International Conference “THE-A” Coatings in Manufacturing Engineering. 2014. p. 3.

MORAES, Emerson Augusto Priamo. Guia Pmbok para gerenciamento de projetos. In:

Anais do Congresso Nacional de Excelência em Gestão, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

2012.

NANOAVIONICS. CubeSat Electrical Power System EPS. Disponível em:

https://nanoavionics.com/cubesat-components/cubesat-electrical-power-system-eps/.

Acesso em: 01 fev. 2021.

NANOAVIONICS. CubeSat Reaction Wheels Control. Disponível em:

https://nanoavionics.com/cubesat-components/cubesat-reaction-wheels-control-system-s

atbus-4rw/. Acesso em: 01 fev. 2021.

NASA. General Environmental Verification Standard. Greenbelt, Maryland: Gsfc, 2019.

Disponível em: https://standards.nasa.gov/standard/gsfc/gsfc-std-7000. Acesso em: 01

jan. 2021.

NATIONAL INSTRUMENTS. PID Theory Explained. Disponível em:

https://www.ni.com/pt-br/innovations/white-papers/06/pid-theory-explained.html.

Acesso em 01 fev. 2021.

OLECHOWSKI, Alison; EPPINGER, Steven D.; JOGLEKAR, Nitin. Technology

readiness levels at 40: A study of state-of-the-art use, challenges, and opportunities. In:

2015 Portland international conference on management of engineering and technology

(PICMET). IEEE, 2015. p. 2084-2094.

OSDOL, Todd Chun-Van et al . Design, fabrication, and analysis of a 3U CubeSat

platform. 2013.

PANASONIC. Lithium Ion NCR18650B Datasheet. Disponível em:

https://www.batteryspace.com/prod-specs/NCR18650B.pdf. Acesso em: 01 fev. 2021.

PC/104 CONSORTIUM et al . PC/104 Specification Version 2.6, 2008.

78

Page 100: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

PEIXOTO, Daniela Cristina Cascini; DA SILVA JÚNIOR, Diógenes Cecílio. A

framework for architectural description of embedded system. In: International

Workshop on Software and Compilers for Embedded Systems. Springer, Berlin,

Heidelberg, 2004. p. 2-16.

PMI. Um Guia do Conhecimento em Gerenciamento de Projetos. Guia PMBOK®.

Quarta Edição – EUA: Project Management Institute, 2008.

POGHOSYAN, Armen; GOLKAR, Alessandro. CubeSat evolution: Analyzing CubeSat

capabilities for conducting science missions. Progress in Aerospace Sciences, v. 88, p.

59-83, 2017.

PUIG-SUARI, Jordi; TURNER, Clark; AHLGREN, William. Development of the

standard CubeSat deployer and a CubeSat class PicoSatellite. In: 2001 IEEE aerospace

conference proceedings (cat. No. 01TH8542). IEEE, 2001. p. 1/347-1/353 vol. 1.

PUIG-SUARI, Jordi; TWIGGS, B. CubeSat design specification rev. 13. The CubeSat

Program, Cal Poly SLO, 2014.

QUIROS-JIMENEZ, Olman D.; D’HEMECOURT, Duncan. Development of a flight

software framework for student CubeSat missions. Revista Tecnología en Marcha, p. ág.

180-197, 2019.

ROLAND. Modela Pro II MDX-540 Milling Machine. Disponível em:

https://www.rolanddga.com/support/products/milling/modela-pro-ii-mdx-540-3d-millin

g-machine. Acesso em 01 fev. 2021.

SARDA, Karan et al . Canadian advanced nanospace experiment 2: Scientific and

technological innovation on a three-kilogram satellite. Acta Astronautica, v. 59, n. 1-5,

p. 236-245, 2006.

SELVA, Daniel; KREJCI, David. A survey and assessment of the capabilities of

CubeSats for Earth observation. Acta Astronautica, v. 74, p. 50-68, 2012.

79

Page 101: Jonas Degrave Folha de Rosto - repositorio.poli.ufrj.br

SILVA, Douglas Felipe da; MURAOKA, Issamu; GARCIA, Ezio Castejon. Thermal

control design conception of the Amazonia-1 satellite. Journal of Aerospace Technology

and Management, v. 6, n. 2, p. 169-176, 2014.

SOLARI, Edward. ISA and EISA: theory and operation: including PC, XT, AT and

EISA I/O bus operation/by Edward Solari.

SPECIFICATION, CubeSat Design. Rev. 13. The CubeSat Program, Cal Poly SLO,

2014.

SWARTWOUT, Michael; JAYNE, Clay. University-class spacecraft by the numbers:

success, failure, debris.(but mostly success.). 2016.

VILLELA, Thyrso et al . Towards the thousandth CubeSat: A statistical overview.

International Journal of Aerospace Engineering, v. 2019, 2019.

WESTON, Sasha et al . State of the Art: Small Spacecraft Technology. 2018.

80