john ankerberg - os fatos sobre

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John Ankerberg - Os Fatos Sobre

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  • Os Fatos sobre

    A HOMOSSEXUALIDADE

    Por:

    John Ankerberg e John Weldor

    Digitalizado por: L.D.

    -E.G.-

  • _______________

    Este livro foi digitalizado com o intuito de

    disponibilizar literaturas edificantes todos aqueles

    que no tem condies financeiras ou no tem boas literaturas ao seu alcance.

    Muitos se perdem por falta de conhecimento como diz a Bblia, e s vezes por que muitos cobram muito

    caro para compartilhar este conhecimento.

    Estou disponibilizando esta obra na rede para que

    voc atravs de um meio de comunicao to verstil tenha acesso ao mesmo.

    Espero que esta obra lhe traga edificao para sua

    vida espiritual.

    Se voc gostar deste livro e for abenoado por ele, eu

    lhe recomendo comprar esta obra impressa para

    abenoar o autor.

    Esta uma obra voluntria, e caso encontre alguns erros ortogrficos

    e queira nos ajudar nesta obra, faa

    a correo e nos envie. Grato

    _______________

  • Traduzido do original em ingls: "The Facts on Roman Catholicism"

    Copyright 1993 by The Ankerberg Theological Research Institute

    publicado por

    Harvest House Publishers Eugene, Oregon 97402 EUA

    Traduo: lone Haake. Reviso: Ingo Haake

    Ingrid H. L. Beitze Jacques Cristiano Ribeiro

    Capa e Layout: Reinhold Federolf

    Todos os direitos reservados para os pases de lngua portuguesa 1997 Obra Missionria Chamada da Meia-Noite

    R. Erechim, 978 - B. Nonoai 90830-000 - PORTO ALEGRE - RS/Brasil

    Fone: 0(51) 241-5050 - FAX: 0(51) 249-7385 www.chamada.com.br - [email protected]

    Composto e impresso em oficinas prprias

    "Mas, meia-noite, ouviu-se um grito:

    Eis o noivo! sa ao seu encontro" (Mt 25.6).

    A "Obra Missionria Chamada da Meia-Noite" uma misso sem fins lucrativos, que cr em toda a Bblia como infalvel e eterna Palavra de

    Deus (2 Pe 1.21). Sua tarefa alcanar todo o mundo com a mensagem de salvao em Jesus Cristo e aprofundar os cristos no conhecimento

    da Palavra de Deus, preparando-os para a volta do Senhor. CATALOGAO NA FONTE DO

    DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO

    A611f Ankerberg, John, 1945-

    Os fatos sobre o catolicismo romano : o que a Igreja Catlica Romana realmente cr? / John Ankerberg e John Weldon ; [traduo: Ione Haake]. - 2. ed. - Porto Alegre : Obra Missionria

    Charnada da Meia-Noite, 1999. 9lp. ; 13,5x19,5cm. - (Os fatos sobre)

    ISBN 85-7408-029-2 Traduo de: The facts on Roman Catholicism.

    Bibliografia: p. [84] - 91. 1 .Igreja Catlica - Doutrinas - Miscelnea.

    I. Weidon, John. II. Ttulo. III. Srie. CDD-230.2

  • INDCE

    Uma Avaliao Bblica da Igreja Catlica Romana 1. Por que a questo do que constitui revelao divina deveria ser de vital interesse para todos os cristos? 2. Por que os protestantes crem que somente a Bblia tem autoridade e inerrante (livre de erros)? 3. Quais as diferentes categorias do catolicismo romano moderno? 4. Na atualidade, as doutrinas fundamentais da Igreja Catlica Romana tm mudado? 5. O que so os sacramentos e como eles funcionam na vida de um fiel catlico? 6. O que a Bblia ensina com referncia salvao? 7. O que a Igreja Catlica ensina com referncia salvao? 8. O que a Bblia ensina sobre a doutrina da justificao? 9. O que a Igreja Catlica Romana ensina quanto doutrina da justificao? 1 0. Os protestantes e os catlicos esto atualmente de acordo quanto doutrina da justificao, ou os ensinos do Concilio de Trento continuam em vigor? 11. Como comprometida a viso catlica romana da autoridade e inerrncia bblicas? 12. O papa infalvel? 1 3. Qual o papel singular de Maria no catolicismo romano, e ele bblico? 14. O que dizer dos "catlicos evanglicos" que aceitam Roma como autoridade? Uma palavra pessoal aos catlicos

    Apndice: Algumas Peculiaridades do Catolicismo no Brasil Notas

  • Uma Avaliao Bblica da Igreja Catlica Romana

    "A Igreja Catlica Romana a verdadeira Igreja, estabelecida por Jesus Cristo para a

    salvao de toda a humanidade" (Pe. John A. 0'Brien, The Faith of Millions [A F de

    Milhes], p. 46.)

    "Tu, porm, fala o que convm s doutrina" (instrues do apstolo Paulo a

    Tito, Tito 2.1). Este livro foi escrito com duplo propsito: (1) ajudar os cristos no catlicos a

    entender melhor o que o catolicismo romano cr e pratica; (2) ajudar os catlicos romanos a

    avaliar sua prpria igreja com base no ensino bblico. Isto necessrio pelo fato de que,

    como ensina acertadamente o apologista catlico Karl Keating, no livro entitulado What

    Catholics Really Believe - Setting the Record Straight [1992, p. 12] (O Que os Catlicos

    Realmente Crem - Deixando as Coisas Claras): "aos catlicos exigido que aceitem e

    creiam em todas as doutrinas declaradas como pertencentes Igreja".

    Ningum pode negar que na Igreja Catlica vm ocorrendo mudanas considerveis

    desde o Vaticano II, o maior concilio catlico que pretendia inaugurar "o comeo de uma

    nova era na histria do catolicismo romano".1 Desde o Vaticano II, a Igreja Catlica tem

    estimulado cada dia mais a leitura da Bblia por parte de seus membros e a aplicao da

    mesma em suas vidas. Tambm no mais considerado um pecado grave freqentar igrejas

    que no sejam catlicas. Talvez a mudana mais importante no catolicismo seja a de

    permitir uma nova liberdade para o Evangelho bblico.

    O moderno catolicismo romano louvvel tambm em outros aspectos. Por exemplo,

    socialmente, a Igreja tem mantido consistentemente um conceito elevado de santidade da

    vida e do matrimnio. Quanto Bblia, tem continuado a defender a inerrncia das

    Escrituras, ao menos como uma doutrina oficial da Igreja. No que se refere Teologia, ela

    aceita o conceito ortodoxo da Trindade, da divindade de Cristo e da propiciao. Espi-

    ritualmente, entende bem a seriedade do pecado e as conseqncias do mesmo no juzo

    eterno.

    No entanto, tudo isso no significa que a Igreja no tem problemas. Talvez a questo

    mais sria no catolicismo romano seja a sua indisposio em aceitar exclusivamente a

    autoridade bblica como determinadora final da doutrina e da prtica crists. Por exemplo,

    ao se aceitar a Tradio catlica como um meio de revelao divina, at mesmo os

    ensinamentos biblicamente corretos na Igreja se confundem com ensinamentos anti-

    bblicos, que, por sua vez, fazem que se revise, neutralize ou se anule o que h de

    verdadeiro.

    Estamos de acordo com o que diz o Dr. D. Martin Lloyd-Jones, ao afirmar que, em

    diversos aspectos, o problema "no tanto uma questo de negao da verdade, mas sim um

    acrscimo verdade, o que eventualmente se converte num afastamento da mesma",2 Essa

    situao verdadeiramente infeliz uma ilustrao do princpio que o prprio Jesus ensinou:

    que at mesmo as tradies religiosas sinceras podem converter-se em um meio de afastar

    as pessoas daquilo que Deus tem de melhor para suas vidas. Em certa ocasio, Jesus disse o

    seguinte aos principais lderes religiosos de sua poca: "Negligenciando o mandamento de

    Deus, guardais a vossa prpria tradio" (Marcos 7.8). De qualquer maneira, no se pode negar a afirmao de que "a Igreja Romana tem

    sido uma das influncias mais poderosas da histria em todas as civilizaes..." Assim,

  • porque o catolicismo romano uma das principais religies do mundo, tendo mais de 900

    milhes de adeptos, e pelo fato de que sua influncia no mundo enorme necessria uma

    avaliao bblica dos ensinamentos dessa Igreja.

    1. Por que a questo do que constitui revelao divina deveria ser de vital interesse

    para todos os cristos?

    Se Deus se tem revelado humanidade, possvel saber onde se encontra tal

    revelao? Podemos identific-la? Em outras palavras, podemos realmente saber o que Deus

    nos tem falado?

    Nenhum outro tema de maior importncia para pessoas religiosas, em qualquer

    religio. A questo sobre o que constitui revelao divina crucial, pois, sem ela sabe-se

    muito pouco sobre Deus: quem Deus, o que nos tem comunicado ou o que Ele espera de

    ns. Assim, a questo da autoridade divina est inseparavelmente ligada ao assunto da

    revelao divina. Somente o que provm de Deus tem autoridade divina. Em outras pala-

    vras, somente a revelao de Deus tem poder intrnseco e verdadeiro para merecer

    obedincia.

    Ento, Deus tem falado? Se assim, onde tem falado?

    Os protestantes tm assegurado tradicionalmente que Deus tem falado

    exclusivamente nos 39 livros do Antigo Testamento e nos 27 livros do Novo Testamento.

    Somente estes livros tm autoridade divina.

    Em contraste, o catolicismo romano ensina que alm da Bblia protestante existem

    outras cinco fontes adicionais da autoridade divina. Em primeiro lugar, existem livros

    adicionais que foram escritos entre o Antigo e o Novo Testamento, conhecido entre os

    catlicos com o nome de livros deuterocannicos, que os protestantes chamam de

    "apcrifos". Os catlicos romanos consideram esses livros como Escritura genuna, e por

    isso os incluem como parte de sua Bblia.4 Em segundo lugar, o catolicismo sustenta que a

    autoridade divina pode ser encontrada na Tradio oficial da Igreja Catlica Romana e a

    chama tambm de "Palavra de Deus".5

    Em terceiro lugar, concede autoridade divina

    (infalibilidade) ao papa, quando este fala oficialmente assuntos sobre a f e a moral.6 Em

    quarto lugar, quando falam ou ensinam de acordo com o papa e a Tradio catlica

    ortodoxa, os bispos catlicos so considerados infalveis e conseqentemente com

    autoridade divina.7 Finalmente, a interpretao catlica romana oficial da Bblia

    (ensinamento catlico) considerada como tendo garantia e autoridade divinas/ Em

    essncia, essas cinco fontes podem ser resumidas pelo termo "Tradio Catlica Romana".

    O protestantismo rejeita estas fontes adicionais de autoridade divina, porque so elas

    mesmas que causam a diviso mais importante entre as duas igrejas. Nem os protestantes

    nem os catlicos podem negar essa questo. No pode haver autoridade divina na Bblia e,

    ao mesmo tempo, em outras fontes diversas de suposta revelao, se estas negam a Bblia.

    Pois Deus no se contradiz a si mesmo (2 Corntios 1.17-20); Salmo 145.13; Gaiatas 3.21;

    Hebreus 13.8) e no pode mentir (Tito 1.2). Ele no pode afirmar uma srie de

    ensinamentos na Bblia para logo depois dizer que esto equivocados, mediante a revelao

    de outras formas de tradio. Portanto, os protestantes crem que se a Bblia

    verdadeiramente a Palavra de Deus (como tambm afirmam os catlicos), ento tudo aquilo

    que contradiz o ensinamento bblico no pode de modo algum proceder de Deus.

    Em poucas palavras, essa questo crucial pelo fato de que a Tradio catlica e a

    revelao bblica no se harmonizam em relao a assuntos de vital importncia, tais como

    os meios de chegar salvao. Finalmente, isso pode trazer srias conseqncias pessoais,

  • inclusive a insegurana sobre os verdadeiros meios de salvao ou a rejeio inconsciente

    dos mesmos.

    No se pode negar que tanto os catlicos devotos como os protestantes desejam

    sinceramente fazer a vontade de Deus; desejam saber o que agrada a Deus com o objetivo

    de viver segundo esse conhecimento. Por isso que a questo da autoridade bblica de

    crucial importncia.

    2. Por que os protestantes crem que somente a Bblia tem autoridade e inerrante

    (livre de erros)?

    Como haveremos de ver, a Bblia afirma e assume sua inerrncia em todo o seu

    contedo. Mas importante reconhecer que a inerrncia da Bblia est inseparavelmente

    relacionada tanto com a doutrina da revelao, como prpria natureza de Deus. Por qu?

    Em primeiro lugar, porque a revelao de Deus teve lugar mediante uma forma

    concreta, que se denomina "inspirao verbal, plenria". Isso quer dizer que a inspirao

    divina da Bblia refere-se s suas prprias palavras (Mateus 4.4; Romanos 3.2) e se estende

    a cada parte das Escrituras. Por isso que a Bblia diz o seguinte: "Toda Escritura

    inspirada por Deus..." (2 Timteo 3.16). Em segundo lugar, a Bblia revela que a natureza de Deus santa; portanto, Ele no

    pode mentir. Se a inspirao divina se estende a cada palavra da Bblia, a Bblia em sua

    totalidade deve ser considerada livre de erros. Em outras palavras, se Deus incapaz de

    inspirar o erro, tudo que inspirado inerrante.

    Finalmente, a Bblia tambm revela que Deus Onipotente, Todo-Poderoso. Isto

    significa que Ele foi capaz de proteger de todo erro o processo de inspirao, apesar de que

    a revelao tenha sido dada atravs de homens falveis. Sob a luz de tudo que foi dito antes,

    devemos concluir que qualquer coisa que Deus falar inerrante; e pelo fato de que cada

    palavra da Bblia a palavra do prprio Deus, conclumos que ela no contm erros.

    Assim, a fim de estabelecer apenas a Bblia como a nica fonte de autoridade divina

    necessrio provar que: (a) a Bblia reivindica ser a inerrante Palavra de Deus; (b) essa

    reivindicao justificada; e (c) qualquer coisa que contradiga o que a Bblia ensina no

    pode ter, logicamente, autoridade divina.

    A. A Bblia reivindica ser a Palavra inerrante de Deus?

    1. O Antigo Testamento

    Ou o Antigo Testamento a Palavra de Deus, ou se trata de uma fraude, pelo fato de

    que afirma repetidamente sua autoridade divina (por exemplo, Isaas 40.8). A frase que diz:

    "Assim diz o Senhor", ou expresses similares so utilizadas cerca de 2.800 vezes (Jeremias

    1.2; xodo 34.27; Deuteronmio 18.18, 1 Reis 22.14; Isaas 8.19-20; Jeremias 36.28; Amos

    1). A inspirao (isto , inerrncia) explicitamente afirmada em quase 70% do Antigo

    Testamento, ou 26 dos 39 livros.9

    Alm disso, as afirmaes do Novo Testamento no tocante inspirao plenria e

    verbal do Antigo Testamento proporcionam provas adicionais. Vemos que o Novo

    Testamento "afirma a autoridade e/ou autenticidade de mais de 90% dos livros do Antigo

    Testamento".1" Por exemplo, no livro de Hebreus a frase "Deus falou" ou frases

    equivalentes aparecem inmeras vezes exatamente antes de citar livros especficos do

    Antigo Testamento, tais como os Salmos (Hebreus 1.6-12; 4.7), Jeremias (8.8-12), Ageu

    (12.26), Deuteronmio (13.5) e outros. Particularmente relevantes so as palavras

  • pronunciadas por Cristo que, como Deus encarnado, fala de maneira infalvel (Mateus

    24.35; Joo 5.46; 7.16; 8.14-16; 26, 28, 12.48-50; 14.6; Filipenses 2.1-8; Tito 2.13; 2 Pedro

    1.20-21; Joo 1.14). Em Joo 17.17 Jesus disse: "A tua palavra a verdade"; e em

    Mateus 4.4 Ele afirma: "No s de po viver o homem, mas de toda palavra que

    procede da boca de Deus". Em ambos os casos, Jesus s poderia estar se referindo s

    Escrituras dos judeus - nosso Antigo Testamento protestante (conforme Lucas 24.27). O

    prprio Jesus, portanto, afirmou que 100% do Antigo Testamento inspirado e inerrante."

    2. O Novo Testamento

    O prprio Jesus indicou em mais de uma ocasio que viria uma nova revelao de

    Deus. Por exemplo, Ele prometeu aos discpulos que o Esprito Santo lhes ensinaria todas as

    coisas e os lembraria de tudo o que Jesus havia ensinado (Joo 14.26), referindo-se aos

    Evangelhos (conforme Mateus 24.25). Ele tambm prometeu que o Esprito Santo os guiaria

    a toda verdade (Joo 16.12-15), referindo-se obviamente ao resto do Novo Testamento. De

    modo que no surpreendente que:

    Todos os escritores neotestamentrios reivindicam que os seus escritos tm

    autoridade divina... O efeito cumulativo desse auto-testemunho constitui uma esmagadora

    confirmao de que os escritores neotestamentrios reivindicam a inspirao.*12

    Realmente o fato de que os escritores neotestamentrios assumiram que seus escritos

    eram to vlidos como os do Antigo Testamento diz muito. Estes escritores eram judeus

    ortodoxos que criam que a Palavra de Deus at aquele momento se limitava ao cnon do

    Antigo Testamento. Adicionar algo s Escriturai existentes era um terrvel atrevimento, a

    no ser que a inspirao fosse inequvoca. Entretanto, o seu reconhecimento da inspirao

    no to surpreendente. O prprio fato do advento do Messias profetizado desde a

    antigidade e da Nova Aliana (como em Isaas, Jeremias, Ezequiel, etc), junto com a

    encarnao e a propiciao feitas pelo prprio Deus (Joo 1.14; Filipenses 2.1-9), exigiam a

    existncia de escritos divinos correspondentes para explicar e expor estes eventos, como

    ocorreu na atividade de Deus na Antiga Aliana (por exemplo, Gaiatas 3.8; comp. tambm

    Joo 16.12-15). Deus no tinha melhores candidatos para trazer essa revelao que os

    apstolos de Seu prprio Filho, ou aqueles a quem eles aprovaram para faz-lo. E talvez

    para dar ainda mais credibilidade, o antigo ctico e perseguidor da Igreja, o grande apstolo

    Paulo, foi comissionado por Deus para escrever a substancial quarta parte de toda a nova

    revelao.

    Poder-se-ia acreditar que Jesus cria que o Esprito Santo, o "Esprito da Verdade",

    que inspirou o Novo Testamento (Joo 16.13-15) haveria de deturpar Suas prprias palavras

    ou inspirar algum erro?

    Como o Deus encarnado poderia ensinar a infalibilidade do Antigo Testamento

    divinamente inspirado e no saber que a mesma condio deveria cumprir-se no caso do

    Novo Testamento, tambm inspirado divinamente? Talvez um dos motivos por que Jesus

    nunca escreveu nada porque sabia que no era necessrio: o Esprito Santo haveria de

    inspirar a Palavra inerrante. De que outra forma Ele poderia ensinar (ou poderamos

    razoavelmente crer) o seguinte: "Minhas palavras no passaro" (Mateus 24.35)?

    _______________ * Exemplos de reivindicaes de inspirao divina (isto , inerrncia) do Novo Testamento incluem

    Hebreus 1.1-2; 1 Corntios 2.1,7,10,12-13; Gaiatas 1.11-12; Efsios 5.26; 1 Tessalonicenses 2.13; 4.8; Tiago 1.18; 1 Pedro 1.25; 2 Pedro 3.2,16; 1 Timteo 4.1; Apocalipse 1.1-3; 22.18-19.

  • Apesar disso, seria correto chamar escrituras errantes de "sagradas"? Como pode ser

    divina a inspirao que deixa margem para a verdade e o erro? Ela no seria simplesmente

    humana e, como qualquer outro livro, a Bblia no deveria ser tratada como outro livro qual-

    quer? Se respondermos que no, apelando ao seu contedo teolgico nico, como podemos

    saber que esse contedo verdadeiro?

    Se a Palavra de Deus eterna, como ter falhas? O que Deus quis dizer quando

    chamou a Sua Palavra de "santa", "perfeita", "verdadeira", "reta", "boa", "digna de

    confiana" e "pura"?

    Sobre esta questo da inerrncia, o grande expositor Charles Spurgeon afirmou o

    seguinte: "Este o livro que no est manchado por erro algum, mas que genuinamente

    puro. Por qu? Porque Deus o escreveu. Ah! Acuse Deus de erro, por favor! Diga a Ele que

    Seu livro no o que deve ser..."13

    B. Como sabemos que as reivindicaes sobre a inspirao da Bblia so

    legtimas? Existem numerosas linhas convergentes que evidenciam com suficiente certeza que a

    Bblia de fato a nica revelao de Deus para a humanidade. Por exemplo, numerosas

    predies do futuro, as quais se cumprem mais adiante, encontram-se somente na Bblia e

    somente tm explicaes com base na inspirao divina.14

    Entretanto, o aspecto que

    desejamos ressaltar simplesmente a autoridade do prprio Jesus Cristo. Jesus expressou

    alguma dvida quanto s Escrituras? Ele alguma vez advertiu a Igreja que o cnon do Novo

    Testamento estaria incompleto ou corrompido? um fato histrico que Jesus se levantou

    dentre os mortos: isso algo que ningum foi capaz de fazer em toda a histria da

    humanidade.15

    Isso prova a verdade de Sua reivindicao de que era Deus encarnado. Sendo

    assim, Ele uma autoridade infalvel, e nesse papel declarou que o Antigo Testamento a

    palavra inspirada de Deus, o qual autenticou previamente o Novo Testamento (Mateus

    24.35, Joo 14.26) e inspirou pessoalmente o ltimo livro (Apocalipse 1.1-3).

    Realmente, s se conhecer a fora da causa em favor da inerrncia mediante um

    estudo detalhado da confiana absoluta de Jesus nas Escrituras e o uso que fez delas.'6 Para

    Jesus, o que as Escrituras diziam era o que Deus tinha dito. Nunca Ele disse: "Estas

    Escrituras esto equivocadas", para logo dar a correo. Se Jesus era Deus, ento Seu ponto

    de vista quanto s Escrituras era correto: a Bblia verdadeiramente a Palavra inerrante e

    revelada de Deus.

    Se Deus no pode mentir, nunca muda, e se podemos confiar que jamais se contradiz

    a si mesmo, ento chegamos a uma s concluso: qualquer coisa que negue o que Deus tem

    revelado na Bblia no procede de Deus. Em nenhuma parte das Escrituras Deus nos diz que

    aceitemos algo que contradiga o que Ele falou em outra parte da Sua Palavra. Por tudo isso

    que os protestantes sustentam logicamente que a nossa lealdade espiritual somente a

    Deus e Sua Palavra. Ser leais s tradies da Igreja ou aos homens que reivindicam autori-

    dade divina - coisa que nunca foi estabelecida - tomar de Deus o lugar que, por direito, Ele

    deve ocupar em nossa vida.

    3. Quais as diferentes categorias do catolicismo romano moderno?

    Existem nove categorias de pessoas catlicas romanas no mundo inteiro. As

    diferenas entre as mesmas no so claras, porque se sobrepem ou se fundem entre si. Os

    catlicos individualmente no apreciaro nem concordaro necessariamente com esses

    rtulos. No entanto, nos serviro como definies convenientes para fins de anlise:

  • 1. Catolicismo nominal ou social: o catolicismo romano da maioria no

    comprometida, aqueles que talvez nasceram ou se casaram na Igreja, mas tm pouco co-

    nhecimento da teologia catlica e que so, na prtica, catlicos somente de nome.

    2. Catolicismo sincretista ou ecltico: o catolicismo romano que est misturado ou

    foi absorvido, em diferentes graus, pela religio paga da cultura nativa em que ele existe

    (como no Mxico e na Amrica do Sul).

    3. Catolicismo tradicional ou ortodoxo: o ramo poderoso e conservador do

    catolicismo romano que sustenta as doutrinas histricas da Igreja, tais como as que foram

    reafirmadas no Concilio de Trento no sculo dezesseis.

    4. Catolicismo "moderado": o catolicismo romano do Vaticano II, o qual no

    completamente tradicional nem inteiramente liberal.

    5. Catolicismo modernista ou liberal: o catolicismo romano "progressista", posterior

    ao Vaticano II, que rejeita at certo ponto a doutrina tradicional.

    6. Catolicismo cultural ou tnico: o catolicismo que freqentemente conservado

    pelos imigrantes na Amrica, aqueles que utilizam "sua religio para sentir-se como parte de

    algo. Eles sentem que no ser catlico romano no pertencer e perder (sua) nacionalidade

    e suas razes."17

    7. Catolicismo apstata ou desviado: o catolicismo romano que envolve os catlicos

    alienados, retrgrados ou apstatas, aqueles que em sua maioria so indiferentes Igreja

    Catlica oficial.

    8. Catolicismo carismtico: o catolicismo romano que busca "o batismo do Esprito

    Santo" e o falar em lnguas, alm de outros dons espirituais como sinais de maior

    espiritualidade catlica.

    9. "Catolicismo" evanglico: o ramo dos antigos catlicos romanos que so

    autenticamente evanglicos e rejeitaram os ensinamentos anti-bblicos de Roma, tendo

    freqentemente optado por permanecer na Igreja Catlica com o fim de evangelizar outros

    catlicos.

    Os tradicionalistas so, sem dvida, o setor mais influente da Igreja Catlica, porque

    mediante o papa, os bispos e os sacerdotes ortodoxos, ocupam o centro do poder do

    catolicismo. Os tradicionalistas crem que por obedecerem Igreja Catlica so obedientes

    a Deus e a Cristo. Isso assim porque ensinado que qualquer coisa que a Igreja Catlica

    proclamar como crena e prtica ortodoxa mediante sua Tradio, , por definio, a

    vontade de Deus.11

    *

    4. Na atualidade, as doutrinas fundamentais da Igreja Catlica Romana tm mudado?

    Com tal variedade na expresso catlica moderna, muita gente pode chegar

    concluso de que as doutrinas de Roma tm mudado desde o Vaticano II (1962-1965).

    Apesar de ser verdadeiro que a Igreja Catlica tem sofrido alteraes significativas, no

    ocorreu nenhuma mudana doutrinria importante. Isso admitido tanto pelos catlicos

    versados na doutrina como pelos que no so catlicos. Por exemplo, o apologista catlico

    Karl Keating confessou: "A Igreja Catlica no mudou nenhuma de suas doutrinas em

    Trento nem tampouco o fez no Vaticano II", e: "...no tem havido nenhuma alterao nas

    doutrinas bsicas... A Igreja Catlica ainda continua sendo a nica igreja verdadeira..."19

    De

    maneira semelhante, um Concilio Evanglico recente sobre o catolicismo concluiu o

    seguinte: "...existem muitas indicaes de que Roma continua sendo fundamentalmente a

    mesma de sempre".2" Em 1964, ningum menos que o prprio papa Paulo VI afirmou que

    "nada realmente muda na doutrina tradicional".21

    Outro comentarista destacou: "O

  • catolicismo romano no muda. Na essncia, o mesmo que sempre foi".22

    Apesar disso, Roma no mais exatamente o que foi uma vez. O Vaticano II instituiu

    numerosas mudanas no-doutrinrias (por exemplo, eclesisticas), como tambm

    alteraes significativas na interpretao da doutrina tradicional. Essas novas interpretaes

    possuem tal elasticidade que tm o efeito prtico de permitir que aqueles que o queiram

    possam efetuar mudanas na doutrina fundamental. Como afirma o telogo protestante

    Millard J. Erickson, em seu livro intitulado Christian Theology (Teologia Crist):

    [Examinar a teologia catlica] difcil porque, havendo uma posio oficial e

    uniforme dentro do catolicismo romano concernente maioria dos assuntos, s no presente

    parece existir uma enorme diversidade. Os padres doutrinrios oficiais continuam os

    mesmos, no entanto, no presente so suplementados e, em alguns casos, parece que algumas

    declaraes posteriores se contradizem. Entre essas afirmaes posteriores podemos citar as

    concluses do Concilio Vaticano II e as opinies publicadas por estudiosos catlicos.23

    Mas, apesar das mudanas efetuadas no Concilio Vaticano II, realizado h mais de 30

    anos, evidente que as doutrinas histricas de Roma, que provm da autoridade centralizada

    nos ensinamentos, continuam sendo as mesmas. Um aspecto de importncia para os protes-

    tantes a doutrina da salvao. Apresentaremos esse assunto com uma anlise sobre os

    sacramentos catlicos.

    5. O que so os sacramentos e como eles funcionam na vida de um fiel catlico?

    Os sacramentos do catolicismo envolvem determinadas atividades espirituais de que

    os adeptos participam, tais como o batismo, a crisma (confirmao), a penitncia e a

    participao na missa. Essas atividades so presididas por um sacerdote catlico que atua

    como mediador entre Deus e o homem. So tambm celebradas com a finalidade de repartir

    a "graa" de Deus (neste caso, como uma substncia ou poder espiritual) e o favor de Deus.

    O sistema de sete sacramentos de Roma iniciou aparentemente no sculo doze. No

    presente, "para o catlico romano, toda a sua vida, desde o bero at a sepultura - e at alm

    da sepultura, no purgatrio - condicionada pelo enfoque sacramentai".24

    De maneira que a

    compreenso dos sacramentos essencial para entender o prprio catolicismo.

    Mediante os sacramentos, "a graa interior o [poder] que se recebe no interior da

    alma, permitindo que atuemos de maneira sobrenatural."25

    Alm disso: "O dom sobrenatural

    de Deus, infundido na prpria essncia da alma como um hbito graa habitual. Essa graa

    tambm chamada de graa santificadora ou graa justificadora, porque est includa em

    ambas..."26

    De modo que a verdadeira diferena entre o ponto de vista protestante e o catlico

    quanto aos sacramentos no reside no nmero dos mesmos - dois ou sete - mas sim no

    significado e no propsito dos prprios sacramentos. O protestantismo v os seus

    sacramentos, batismo e ceia, principalmente como smbolos e memoriais de verdades

    teolgicas vitais. Por outro lado, o catolicismo v os sacramentos como capazes de mudar

    interiormente uma pessoa, atravs de uma forma de fortalecimento espiritual. No

    protestantismo, um sacramento sublinha uma promessa de Deus; no catolicismo, os

    sacramentos infundem uma graa especial dentro da alma, com o fim de atender uma ne-

    cessidade especfica. Os sacramentos catlicos so, portanto, um sinal externo de uma graa

    infundida.

    Apresentamos abaixo um resumo dos resultados de cada um dos sacramentos:

    - Batismo (que no se repete): limpa o pecado original, remove outros pecados e o

  • castigo deles, prove um novo nascimento espiritual ou regenerao (Joo 3.3), inicia o

    processo da justificao e "necessrio para a salvao".27

    - Crisma (no se repete): outorga o Esprito Santo num sentido especial, o qual

    conduz a "um aumento da graa santificadora e aos dons do Esprito Santo", como tambm

    a outros poderes espirituais e a uma vinculao com a Igreja Catlica.2*

    - Penitncia: remove a penalidade dos pecados cometidos depois do batismo e da

    crisma. Dessa forma, os pecados "mortais" so remidos e a "justificao" que se perde por

    esses pecados terem sido cometidos se restaura como um processo contnuo.29

    - Santa Eucaristia: onde Cristo volta a ser sacrificado e os benefcios do Calvrio

    se aplicam continuamente ao fiel.3"

    - Matrimnio: onde se confere a graa para permanecer nos laos matrimoniais,

    segundo os requisitos da Igreja Catlica.31

    - Uno dos Enfermos: (antigamente chamado de extrema uno) confere graa

    sobre os enfermos, sobre os ancios ou aqueles que esto agonizando, e ajuda no perdo dos

    pecados e, s vezes, na cura fsica do corpo.32

    - Santas Ordens (no se repete): confere graa especial e poder espiritual aos bispos,

    sacerdotes e diconos quanto liderana da Igreja, como representantes de Cristo "por toda

    a eternidade".33

    O Concilio Catlico de Trento (1545-1563), cujos decretos continuam tendo

    autoridade, declarou como "antema" (divinamente maldito) qualquer um que negasse os

    sete sacramentos de Roma: "Se algum diz que os sacramentos ...no foram todos

    institudos pelo Senhor Jesus Cristo, ou que existem mais ou menos de sete... ou que

    qualquer um dos sete no seja intrnseco e verdadeiramente um sacramento, que seja

    antema."34

    Alm disso, "se algum diz que os sacramentos... no so necessrios para a

    salvao... e que sem eles... somente pela f os homens obtm de Deus a graa da jus-

    tificao... seja antema".35

    E ainda, o Cnone Quinto diz: "Se algum afirma que o batismo

    opcional, isto , que no necessrio para a salvao, seja antema"36

    .

    Isso significa que o catolicismo oferece o que se denomina salvao sacerdotal - uma

    salvao que se outorga mediante as funes do sacerdcio, ou seja, dos sacramentos.

    Conseqentemente, a salvao resulta (1) da graa de Deus, (2) de f e obras individuais e

    (3) do sistema catlico romano dos sacramentos (por isso que a igreja tem ensinado

    tradicionalmente que s existe uma nica Igreja verdadeira - Roma - e que os que no

    pertencem a ela no podem ser salvos, pelo fato de no participarem nem da Igreja e nem

    dos sacramentos, os quais contribuem para obter a salvao). Nas duas prximas perguntas

    veremos o que a Bblia ensina sobre salvao, e a seguir o compararemos mais

    detalhadamente com o ponto de vista catlico sobre esse assunto.

    6. O que a Bblia ensina com referncia salvao?

    A Bblia ensina que a salvao algo que se concede gratuitamente a qualquer

    pessoa que confia genuinamente em Jesus Cristo para o perdo dos pecados. De modo que a

    Bblia ensina que a salvao somente pela graa mediante a f e no tem nada a ver com

    os mritos pessoais ou com obras de justia. Vejamos os seguintes versculos:

    "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unignito,

    para que todo o que nele cr no perea, mas tenha a vida eterna" (Joo 3.16, nfase

    acrescentada).

    "Dele todos os profetas do testemunho de que, por meio do seu nome, todo o

  • que nele cr, recebe remisso de pecados" (Atos 10.43, nfase acrescentada).

    "No qual temos a redeno, pelo seu sangue, a remisso dos pecados, segundo a

    riqueza da sua graa" (Efsios 1.7, nfase acrescentada).

    "Porque pela graa sois salvos mediante a f; e isto no vem de vs, dom de

    Deus; no de obras, para que ningum se glorie" (Efsios 2.8-9, nfase acrescentada). "Porque [Jesus] fez isto uma vez por todas, quando a si mesmo se ofereceu"

    (Hebreus 7.27b, nfase acrescentada).

    "Por isso tambm pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus,

    vivendo sempre para interceder por eles" (Hebreus 7.25, nfase acrescentada). "...mas pelo seu prprio sangue [Jesus] entrou no Santo dos Santos, uma vez por

    todas, tendo obtido eterna redeno... Jesus, porm, tendo oferecido, para sempre, um

    nico sacrifcio pelos pecados... Porque com uma nica oferta aperfeioou para sempre

    quantos esto sendo santificados. E disto nos d testemunho tambm o Esprito Santo...

    Tambm de nenhum modo me lembrarei dos seus pecados e das suas iniqidades"

    (Hebreus 9.12; 10.12-17, nfase acrescentada).

    Alguns dos versculos citados ensinam que a salvao - ou o perdo dos pecados -

    proveniente das boas obras, ou dos sacramentos religiosos ou de quaisquer outros meios

    alcanados por mritos humanos? Esses versculos insinuam que a salvao se obtm por

    ser bom ou por algum esforo pessoal? No. A Palavra de Deus nos ensina que a salvao

    completa ocorre somente pela f naquilo que Cristo consumou na cruz h 2000 anos.

    Por a salvao ser exclusivamente pela graa, mediante f, significa que uma vez que

    uma pessoa confia em Cristo ela pode saber que seus pecados foram perdoados - todos os

    seus pecados, passados, presentes e futuros. "...Perdoando todos os nossos delitos"

    (Colossenses 2.13b, nfase acrescentada). (Quando Cristo pagou a plena penalidade divina

    pelos nossos pecados h 2000 anos, todos os nossos pecados pertenciam ao futuro. E se a

    Bblia ensina que nossos pecados foram perdoados no momento em que depositamos nossa

    f em Cristo, isso deve incluir todos eles, at os pecados futuros). Assim que, acontea o

    que acontecer na vida (veja Romanos 8.28-39), a pessoa que confia exclusivamente em

    Cristo para obter a salvao ir para o cu quando morrer, pois o prprio Deus prometeu a

    essa pessoa que seria possuidora de "uma herana incorruptvel, sem mcula,

    imarcescvel", porque est "reservada nos cus para vs outros" (1 Pedro 1.4-5, nfase

    acrescentada). A salvao oferecida por Deus est perfeitamente assegurada precisamente porque

    envolve um ato da graa de Deus e no depende de maneira nenhuma dos mritos humanos

    ou de obras para sua realizao:

    "Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra e cr naquele

    que me enviou, tem a vida eterna, no entra em juzo, mas passou da morte para a

    vida" (Joo 5.24, nfase acrescentada).

    "Em verdade, em verdade vos digo: Quem cr, tem a vida eterna" (Joo 6.47,

    nfase acrescentada).

    "Estas cousas vos escrevi a fim de saberdes que tendes a vida eterna, a vs outros

    que credes em o nome do Filho de Deus" (1 Joo 5.13, nfase acrescentada).

    Novamente, esses versculos ensinam que se pode saber agora ser possuidor da vida

    eterna meramente pela sua confiana pessoal em Jesus. Se algum tem vida eterna, essa

    vida no pode ser perdida, no mesmo? Ela tambm no pode ser obtida posteriormente,

    no ? Porm os versculos citados no refletem os ensinamentos da Igreja Catlica, que

    afirma que a salvao um processo provisrio que dura por toda a vida e que se obtm

  • parcialmente por boas obras e mritos pessoais.

    Biblicamente, a salvao completa, no sentido do perdo de todos os pecados e uma

    posio correta perante Deus, tem lugar em um momento no tempo - quando se recebe a

    Cristo como Salvador pessoal - ainda que os resultados prticos da salvao (como a

    santificao progressiva ou crescimento em santidade) aconteam ao longo de toda uma

    vida. Assim, (1) a reconciliao completa com Deus (completo perdo dos pecados e

    cancelamento da penalidade do pecado), (2) a regenerao (ter vida espiritual diante de

    Deus e o partilhar da vida eterna), e (3) a justificao (o crente cr na completa justia de

    Cristo) ocorrem todas num instante, no momento da f salvadora. Alm disso, elas so

    irrevogveis pelo fato de serem todas dons de Deus; e Deus diz que Ele jamais toma de

    volta o que deu (Romanos 11.29).

    O catolicismo, pelo contrrio, ensina que ter uma posio correta diante de Deus

    algo que no pode ocorrer completamente nesta vida e nem pode ocorrer num momento

    especfico. Em vez disso, trata-se de algo que envolve um processo muito longo e

    alcanado somente depois de uma vida de boas obras, de mritos obtidos e - com muita

    probabilidade - de enorme sofrimento pessoal no purgatrio depois da morte, com o fim de

    limpar os resduos do pecado e aperfeioar judicialmente o crente.

    Aqui o contraste entre o ponto de vista bblico da salvao e o ponto de vista catlico

    romano no pode ser mais claro. O material a seguir nos preparar para as trs prximas

    perguntas:

    Graa:

    Bblia: A inclinao de Deus para os homens mediante a qual expressa Sua

    misericrdia e Seu amor, de maneira que o crente passa a ser considerado como se fosse

    inocente e perfeitamente justo.

    Catolicismo: Uma substncia ou poder que parte de Deus e que dado ao crente

    mediante um sacramento, com o fim de capacit-lo a realizar obras meritrias e ganhar o

    "direito" de entrar no cu.

    Salvao: Bblia: O recebimento instantneo de uma posio irrevogavelmente correta diante

    de Deus assegurada no momento da f inteiramente pela graa. A salvao dada queles

    a quem a Bblia descreve como "mpios", "pecadores", "inimigos" e "filhos da ira"

    (Romanos 5.6-10; Efsios 2.1) e, portanto, queles que de fato no so justos.

    Catolicismo: O processo vitalcio mediante o qual Deus e os homens colaboram para

    assegurar o perdo dos pecados. Isso se consegue somente depois da morte (e a purificao

    dos pecados no purgatrio), e depende da obteno pessoal, por parte do homem, da justia

    objetiva diante de Deus; de outra maneira no existe salvao.

    Reconciliao (mediante a propiciao): Bblia: Todos os pecados so perdoados no momento da salvao - passados,

    presentes e futuros - porque a morte de Cristo satisfez toda a ira de Deus contra o pecado

    (veja Colossenses 2.13).

    Catolicismo: Os pecados so perdoados s virtualmente e preciso livrar-se dos

    mesmos por um processo de mediao feito pela Igreja e seus sacramentos, durante a vida

    do fiel.

    Regenerao: Bblia: A concesso instantnea da vida eterna e o avivamento do esprito do

  • homem, tornando-o vivo para Deus.

    Catolicismo: (Em parte) o processo vitalcio de infundir graa (poder espiritual) para

    poder fazer obras meritrias.

    Justificao: Bblia: A declarao legal da justia de Cristo que se atribui ao crente no momento

    da f, como ato que procede totalmente da misericrdia de Deus.

    Catolicismo: O novo nascimento espiritual e o longo processo de santificao que

    comea no momento em que se realiza o sacramento do batismo.

    7. O que a Igreja Catlica ensina com referncia salvao?

    Os papas catlicos tm enfatizado historicamente a crena de que, como disse Joo

    Paulo II: "O homem justificado por obras e no somente por f."37

    Apesar das mudanas que tm ocorrido no catolicismo, a maioria dos sacerdotes

    continua leal a Roma. Talvez isso explique porque, de acordo com uma das mais minuciosas

    pesquisas j feitas entre os clrigos americanos, "mais de trs quartos dos sacerdotes

    catlicos rejeitam a idia de que nossa nica esperana para chegar ao cu somente por

    meio da f pessoal em Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Eles crem, pelo contrrio, que

    'o cu uma recompensa divina para aqueles que tm uma vida correta'." A lealdade

    sacerdotal a Roma pode ser tambm a explicao por que essa pesquisa revelou que "quatro

    quintos de todos os padres rejeitam a Bblia como primeira fonte a ser buscada para decidir

    sobre questes religiosas; ao invs disso, eles avaliam suas crenas religiosas com base no

    que diz a Igreja."31

    *

    A maioria dos sacerdotes catlicos nega a doutrina bblica da salvao porque, como

    sacerdotes - leais ao papa -, -lhes exigido que rejeitem a idia de que somente a Bblia tem

    autoridade divina. Para eles, a autoridade divina est na Igreja Catlica e na Tradio. Os

    padres, portanto, primeiramente olham para a Igreja em busca de respostas para as questes

    religiosas, pois crem que somente a igreja Catlica pode determinar infalivelmente a

    doutrina correta atravs da sua interpretao da Bblia. De modo que um estudo da histria

    catlica mostrar que a Igreja, e no a Bblia, que tem desenvolvido a doutrina catlica

    atravs dos anos. Essas doutrinas so, em parte, sustentadas pela definio singular que

    Roma d s palavras bblicas.

    Por exemplo, os escritores catlicos freqentemente falam de "salvao por graa" ou

    afirmam enfaticamente que "as boas obras no podem assegurar a salvao"

    - e para isso citam passagens das Escrituras. Mas repetimos que eles tm em mente

    algo diferente do que diz a Bblia. Eles no fazem mais que reiterar a posio do Concilio de

    Trento, que afirma que ningum pode praticar boas obras ou agradar a Deus sem que antes

    lhe seja infundida a graa santificadora. Mas - e isto essencial

    - a teologia catlica ensina tambm que essas mesmas obras inspiradas pela graa

    so, no final, as que ajudam a salvar uma pessoa.

    de vital importncia que nos demos conta que termos como "f", "graa",

    "salvao", "redeno" e "justificao" so interpretados mediante uma teologia catlica

    mais ampla, chegando a tal grau de alterao que perdem seu significado bblico.*

    ____________ * Por exemplo, as palavras usadas nos cnones 1 e 3 do Concilio de Trento no que se refere

    justificao soam inteiramente bblicas40

    - at serem interpretadas luz da teologia catlica mais ampla. Ento, elas passam a significar algo inteiramente diferente daquilo que a Bblia diz.

  • Karl Keating est inteiramente correto quando diz: "Em muitos assuntos, os

    fundamentalistas (cristos conservadores) e os catlicos esto em desacordo porque definem

    os termos diferentemente".w

    Os catlicos devotos no questionam os ensinamentos de sua Igreja com respeito

    definio de termos bblicos porque a Igreja Catlica enfatiza que "sobre o Livro (a Bblia)

    est a Igreja..."40

    A Igreja tem a autoridade final sobre a Bblia; portanto, a interpretao que

    ela faz da Palavra a autorizada. Finalizando, a interpretao que a Igreja faz dos termos

    bblicos - no a da Bblia - a que prevalece.

    Por isso The Papal Encyclicals (As Encclicas Papais) confessa corretamente que,

    enquanto os protestantes recorrem Bblia para determinar se uma doutrina verdadeira ou

    no,

    Isso exatamente o oposto do que fazem os catlicos no tocante f. Na concepo

    dos catlicos, eles tm que aceitar a Deus conforme os padres dEle e no seus prprios.

    No lhes dado "julgar" a mensagem divina, mas somente receb-la. J que a recebem de

    um organismo vivo que a ensina, no necessrio que se preocupem com o significado da

    revelao, porque o sempre presente magistrio [ofcio de instruir] vivo pode comunicar-

    lhes exatamente o que significam as doutrinas.41

    Novamente, os catlicos recorrem Igreja porque lhes prometido que ela exerce

    autoridade infalvel quanto correta interpretao da Bblia. Em outras palavras, o catlico

    cr que pode, com plena confiana, aceitar qualquer coisa que a Igreja ensine, sem nunca ter

    que preocupar-se que ela poderia estar equivocada.

    Entretanto, em sua crtica definitiva ao Concilio de Trento (concilio convocado com

    o objetivo de opor-se aos ensinamentos protestantes), o eminente telogo luterano Martin

    Chemnitz (1522-1586) disse corretamente que os papas e o ofcio de ensino catlicos

    reservaram para si mesmos a prerrogativa de uma interpretao tendenciosa das Escrituras

    formulada principalmente com base na Tradio catlica. O resultado final foi uma

    interpretao totalmente nova, "de modo que devemos crer no no que as Escrituras nos

    dizem de maneira simples, direta e clara, mas no que eles, mediante seu poder e autoridade,

    interpretam para ns. Atravs dessa estratgia eles procuram escapar das passagens mais

    claras [das Escrituras] concernentes f justificadora... intercesso de Cristo, etc."43

    Em ntido contraste com a Bblia, a doutrina catlica da salvao ensina ou sugere

    que o verdadeiro perdo dos pecados provm no somente da f em Cristo, mas tambm

    mediante vrios ou todos os seguintes recursos:

    (a) os sacramentos, tais como o batismo e a penitncia,

    (b) a participao na missa, (c) a ajuda da Virgem Maria, (d) a recitao do rosrio, e

    (e) o sofrimento no purgatrio depois da morte. Pelo fato de que o verdadeiro mrito do

    homem, conseguido mediante esses e outros meios, at certo ponto responsvel pela

    salvao, o catolicismo no pode negar logicamente que ensina uma forma de salvao por

    obras. Uma breve anlise desses cinco pontos confirmar isso.

    A. Os sacramentos No livro Fundamentais of Catholics Dogma (Fundamentos dos Dogmas Catlicos), o

    Dr. Ludwig Ott observa: "Os sacramentos so os meios apontados por Deus para se alcanar

    a salvao eterna. Trs deles so to necessrios na forma ordinria da salvao que sem o

    uso deles a salvao no pode ser alcanada [isto , o batismo, a penitncia, as santas

    ordens].44

    1. O batismo: A Igreja Catlica ensina que o batismo traz remisso do pecado

  • original, da culpa prpria e de toda punio resultante do pecado.45

    A Igreja Catlica ensina

    tambm que o batismo concede (1) justificao, (2) novo nascimento ou regenerao

    espiritual, e (3) santificao. O apologista catlico Karl Keating diz: "A Igreja Catlica

    sempre tem ensinado que a justificao vem mediante o sacramento do batismo" e que "o

    batismo o ato justificador".46

    Assim, "a justificao que ocorre no batismo produz uma

    real mudana na alma..."47

    A Catholic Encyclopedia (Enciclopdia Catlica) continua explicando a importncia

    do batismo no esquema da salvao:

    Os efeitos deste sacramento so: (1) limpa-nos do pecado original; (2) torna-nos

    cristos mediante a graa pela participao na morte e ressurreio de Cristo, colocando-nos

    num programa inicial de vida...; (3) torna-nos filhos de Deus medida que a vida de Cristo

    se manifesta em ns... O Vaticano II declarou: "...o batismo constitui um sacramento que

    une todos os que nasceram de novo atravs do mesmo. O batismo, em si mesmo, somente

    um comeo. (Mas)... o batismo necessrio para a salvao..."i8

    O batismo, entretanto, somente o comeo da justificao, porque no ensinamento

    catlico as boas obras subseqentes aumentam a graa (o poder espiritual) e ajudam numa

    justificao aperfeioada.

    2. A penitncia: A penitncia consiste em um ou mais atos particulares considerados

    como uma satisfao oferecida a Deus em reparao por pecados cometidos.49

    A penitncia

    pode incluir a mortificao, como o uso de uma camisa irritante feita de pelos speros de

    animais5"; a reza, uma romaria religiosa a um santurio de Cristo ou de Maria

    51; ou certo

    nmero de outras obras.

    De acordo com The Catholic Encyclopedia (A Enciclopdia Catlica), o prprio

    Jesus Cristo instituiu o sacramento da penitncia para "o perdo dos pecados cometidos

    depois do batismo".52

    Assim, "no sacramento da penitncia, os fiis obtm, pela

    misericrdia de Deus, o perdo dos pecados cometidos contra Ele..."53

    Como temos visto, o sacramento da penitncia designado especificamente para

    tratar dos pecados cometidos depois do batismo. Por qu? Porque a graa que se recebe ou

    se infunde no batismo pode se perder por completo pelo pecado mortal. Tal pecado

    considerado mortal porque efetivamente destri a graa de Deus dentro da pessoa, fazendo

    com que a salvao seja novamente necessria. De modo que um novo sacramento (a

    penitncia) necessrio com o fim de restaurar a pessoa ao estado de graa que ela recebeu

    primeiro no batismo.

    De fato, sem a penitncia uma pessoa no pode ser restaurada salvao. A

    penitncia est ligada ao conceito de justificao de tal maneira que realmente "restaura" o

    processo de justificao. Em um sentido, por isso que o Concilio de Trento fala do

    sacramento da penitncia como "o segundo pilar" da justificao.54

    Por meio da penitncia, o fiel catlico romano (em parte, a um nvel humano) na

    verdade realiza propiciao ou satisfao por seus prprios pecados. Isso aparentemente

    indica que, num sentido muito real, a morte de Cristo, por si s, no foi suficiente para

    pagar esses pecados completamente.

    3. A confisso sacerdotal (determinada pelas Santas Ordens): embora isso seja

    freqentemente desconhecido entre os fiis, a Igreja Catlica deixa bem claro que na

    confisso pessoal dos pecados o sacerdote no tem autoridade intrnseca para perdoar os

    pecados. Sua nica autoridade deriva do fato dele ser um representante de Cristo e de Cristo

    estar operando atravs dele. Assim que, quando um padre diz: "Eu te absolvo", isso no

  • quer dizer que ele por si s est absolvendo a pessoa dos seus pecados; Cristo que o faz

    atravs dele. Todavia, afirma-se que a confisso sacerdotal necessria para a salvao.

    Alm disso, pelo fato de Cristo estar operando, em Pessoa, atravs do sacerdote (que

    pode ser chamado de "outro Cristo"), sua absolvio to vlida como se feita pelo prprio

    Cristo.55

    Nos Fundamentais of Catholic Dogma (Fundamentos do Dogma Catlico) lemos

    que "a confisso a auto-acusao de seus pecados feita pelo penitente, com o fim de obter

    completamente o perdo do sacerdote em virtude do poder das chaves... A confisso

    sacramentai dos pecados uma ordem de Deus e necessria para a salvao."56

    B. A missa Ainda que a Igreja Catlica assegure que a missa no diminui de modo algum a

    propiciao de Cristo, ela cr, no entanto, que as bnos da morte de Cristo se aplicam ao

    cristo mediante a mesma. Os catlicos ensinam que na missa realmente, em sentido

    verdadeiro, Cristo sacrificado de novo. No se trata de uma recrucificao de Cristo (Ele

    no volta a sofrer ou a morrer novamente), mas trata-se de muito mais que um simples culto

    memorial. Karl Keating, diretor de "Catholic Answers" (Respostas Catlicas), cita o Pe.

    John A. 0'Brien como descrevendo corretamente a missa: "A missa a renovao e a

    perpetuao do sacrifcio da Cruz, no sentido que se oferece novamente a Deus a Vtima do

    Calvrio... e se aplica os frutos da morte de Cristo na cruz s almas humanas

    individualmente".57

    Pelo fato do fruto da morte de Cristo ser realmente aplicado na missa, percebe-se por

    que os catlicos do tanta importncia a essa prtica. The Catholic Cate-chism (O

    Catecismo Catlico) cita o Concilio de Trento como fornecendo o ponto de vista catlico

    padro: "O sacrifcio (da missa) verdadeiramente propiciatrio... mediante a missa

    obtemos misericrdia e achamos graa para socorro em tempo de necessidade. Porque me-

    diante esta oblao o Senhor aplacado... e ele perdoa os erros e pecados, mesmo os mais

    graves.''"

    Outra obra catlica renomada afirma: "No sacrifcio da missa, o sacrifcio de Cristo

    na cruz se faz presente, celebrado em sua memria, e se aplica seu poder salvador."59

    De

    modo que, "como sacrifcio propiciatrio... o sacrifcio da missa efetua a remisso dos

    pecados e a punio por eles..."*61

    C. O papel de Maria O catolicismo ensina oficialmente que o papel de Maria na salvao de maneira

    nenhuma diminui o papel de Cristo. Contudo, a Igreja Catlica tambm ensina que Maria

    desempenhou um papel vital no perdo dos pecados e na salvao do mundo. Em The Christ

    of Va-tican II (O Cristo do Vaticano II), lemos que tanto as Escrituras como a Tradio

    "mostram o papel da Me do Salvador no esquema da salvao"; que ela cooperou

    livremente "na obra da salvao humana mediante a f e a obedincia"; e que, portanto, "a

    unio da Me com o Filho na obra de salvao se tornou manifesta desde a concepo

    virginal at a morte de Cristo."62

    ___________________ * O sacrifcio da missa no redime a culpa do pecado imediatamente, como o fazem os

    sacramentos do batismo e da penitncia, mas de forma mediata, conferindo a graa do arrependimento. O Concilio de Trento ensina: "Propiciado pela oferta do sacrifcio [missa], Deus, concedendo a graa e o dom da penitncia, d remisso de transgresses e pecados, por mais atrozes que sejam."

    60

  • The Catholic Encyclopedia (A Enciclopdia Catlica) observa: "Maria no estava

    sujeita lei do sofrimento e da morte, as quais so penalidades do pecado da natureza

    humana, ainda que ela os tenha conhecido, experimentado e suportado para nossa

    salvao."" (Para mais informaes sobre o papel de Maria, veja a Pergunta 13).

    D. O rosrio Segundo a Tradio, o rosrio proporciona poder espiritual ao catlico, como

    tambm numerosas bnos e graas de Deus. O papa Paulo VI afirmou em sua exortao

    apostlica Marialis Cultus (2 de fevereiro de 1974) que o rosrio a prtica piedosa que

    constitui "o compndio de todo o evangelho".64

    Por isso, ele enfatizou que "o rosrio deve

    ser considerado como uma das melhores e mais eficazes oraes... que a famlia crist

    convidada a recitar".65

    O rosrio composto tanto por oraes mentais como por orao em viva voz. Na

    orao mental, o participante medita sobre os principais "mistrios" (eventos em particular)

    da vida, da morte e das glrias de Jesus e de Maria. A parte que feita em voz alta envolve

    a recitao de quinze "dezenas" (pores) da orao "Ave Maria", que incluem quinze

    virtudes principais que foram praticadas por Jesus e por Maria. Um escritor catlico disse:

    "...o rosrio, recitado com meditao sobre os mistrios, produz os seguintes maravilhosos

    resultados: gradualmente nos d um conhecimento perfeito de Jesus Cristo; purifica nossas

    almas, lavando os pecados; nos d vitria sobre todos os nossos inimigos... supre o que

    falta para pagarmos todas as nossas dvidas a Deus e tambm a nossos semelhantes e,

    finalmente, obtm para ns toda espcie de graas do Deus todo-poderoso."66

    E. O purgatrio O catolicismo cr que a penitncia pode ser realizada mediante boas obras nesta vida

    ou atravs do sofrimento infernal no purgatrio depois da morte. Os que esto no purgatrio

    so chamados "a igreja sofredora... os quais morreram na graa e cujas almas esto sendo

    purificadas no purgatrio..."67

    De modo que "o castigo temporal pelos pecados expiado

    pelo fogo purificador [do purgatrio]... por suportar voluntariamente o castigo expiatrio

    imposto por Deus."68

    O sofrimento no purgatrio se justifica com base no seguinte: como ningum pode

    entrar no cu com qualquer mancha de pecado, "qualquer pessoa que seja algo menos que

    perfeita deve ser primeiro purificada antes que tenha direito [ao cu]."69

    Ainda que

    tecnicamente as almas no purgatrio no possam dar genuna satisfao por seus pecados,7"

    acredita-se que o fato de estarem no purgatrio e de suportarem o castigo por causa dos seus

    pecados tanto as limpar dos resduos do pecado como lhes permitir entrar no cu como

    pessoas novamente aperfeioadas.71

    Assim, no purgatrio, a pessoa paga o castigo do pecado venial ou mortal, ainda que

    a culpa desses pecados j tenha sido perdoada mediante o sacramento da penitncia.72

    The Catholic Encyclopedia (A Enciclopdia Catlica) ensina:

    As almas dos que morreram em estado de graa sofrem por algum tempo uma

    purificao que os prepara para entrarem no cu... O propsito do purgatrio limpar as

    imperfeies, os pecados veniais e os erros, e de perdoar ou abolir o castigo temporal

    resultado do pecado mortal perdoado no sacramento da penitncia. Trata-se de um estado

    intermedirio, em que os falecidos podem pagar pecados no perdoados antes de receberem

    sua recompensa final... Tal "castigo sofrido no purgatrio" pode ser aliviado pelas ofertas

    dos fiis vivos, quer sejam missas, oraes, esmolas, ou outros atos de piedade e devoo.73

    Acabamos de fazer um breve exame do que a Igreja Catlica ensina acerca do perdo

  • dos pecados; tambm (1) dos sacramentos, como o batismo e a penitncia; (2) da missa; (3)

    da Virgem Maria; (4) do rosrio; e (5) do sofrimento no purgatrio. Em certo sentido, o

    catolicismo ensina que todas estas prticas perdoam o pecado ou a culpa do pecado.

    Mas a Bblia ensina que o pleno perdo do pecado, incluindo tambm sua penalidade,

    ocorre exclusivamente pela graa, mediante a f em Jesus Cristo, e tem sua base na completa

    suficincia da morte de Jesus na cruz, que foi uma expiao propiciatria completa. O

    ensino catlico, por outro lado, implica (ao menos) que a morte de Cristo foi em certo

    sentido insuficiente nessas reas. Ainda que os catlicos discordem dessa avaliao, parece

    que esta a concluso lgica de suas prprias crenas e prticas.

    O livro Catholicism and Fundamentalism (Catolicismo e Fundamentalismo) de Karl

    Keating contm a posio reconhecida dos catlicos quanto salvao. Ele se ope ao

    ensinamento bblico da salvao exclusivamente pela graa mediante a f, e acentua que, no

    catolicismo, homens e mulheres aprendem que merecem o cu por suas boas obras e por sua

    justia pessoal, mas que s "aceitar a Jesus" como Salvador no resolve nada:

    Para os catlicos, a salvao depende do estado da alma no momento da morte.

    Cristo... fez sua parte, e agora ns devemos cooperar e fazer a nossa. Se tivermos que

    atravessar os portes [celestiais], necessrio que estejamos na condio espiritual correta...

    A Igreja ensina que somente as almas que so objetivamente boas e objetivamente

    agradveis a Deus merecem o cu, e tais almas so cheias da graa santificadora... Segundo

    pensam os catlicos, qualquer pessoa pode obter o cu e qualquer um pode perd-lo... Os

    aparentemente santos podem jogar fora a salvao no ltimo instante e acabar sem van-

    tagem alguma sobre algum que jamais fez uma boa obra em sua vida. Tudo depende de

    como algum chega morte, que por esta razo se torna o ato mais importante na vida de

    uma pessoa... [O que isso significa que] "aceitar a Jesus" nada tem a ver com transformar

    uma alma espiritualmente morta em uma alma viva com graa santificadora. A alma [que

    "aceita a Jesus"] permanece igual [isto , morta]... Os reformadores viram a justificao

    como um ato meramente jurdico, pelo qual Deus declara que o pecador merece o cu. A

    Igreja Catlica, no de se surpreender, entende a justificao de forma diferente. Ela a v

    como uma verdadeira erradicao do pecado e como verdadeira santificao e renovao. A

    alma se torna objetivamente agradvel a Deus, e, desse modo, merece o cu. Ela merece o

    cu porque agora de fato boa... A Bblia ensina claramente que somos salvos pela f. Os

    reformadores estavam totalmente certos em dizer isso e at a simplesmente repetiram o

    ensino constante da Igreja. Eles erraram em dizer que somos salvos exclusivamente pela

    f.*74

    Mas se a Bblia ensina que a salvao inteiramente pela graa, ento a salvao

    somente pela f. Acrescentar obras meritrias significaria que a salvao seria por f e por

    obras. E a Bblia indica claramente que os conceitos da "salvao pela graa" e da "salvao

    pelas obras" envolvem princpios opostos. No se pede ter uma salvao baseada em 75%

    de graa e 25% de obras - ou exclusivamente uma coisa ou exclusivamente a outra. De

    modo que a prpria Escritura enfatiza: "E se [a salvao] pela graa, j no pelas

    obras; do contrrio, a graa j no graa" (Romanos 11.6). ___________________ * Em My Ticket to Heaven (Minha Passagem Para o Cu), um popular livrete catlico (mais de

    3.000.000 de cpias impressas), dito ao leitor que essa "passagem para o cu" so as boas obras e a absteno permanente do pecado mortal (pp. 3-10). Portanto, "se eu fizer minha parte, Deus far Sua parte" (p. 12). Esse_ livrete definido como um "estudo da salvao" e uma apresentao franca da f crist, mas seu principal efeito produzir o medo de nunca alcanar o cu, pois a salvao to claramente definida como envolvendo um perfeccionismo prtico. Escrito por um padre de 40 anos, ele no menciona uma s vez a f pessoal em Jesus Cristo como base para a salvao.

  • 8. O que a Bblia ensina sobre a doutrina da justificao?

    Este , talvez, o mais importante assunto deste livro, pois nenhuma doutrina mais

    crucial - nem mais mal interpretada e negligenciada, mesmo pelos protestantes - do que a

    doutrina da justificao exclusivamente pela f.

    A Bblia ensina que qualquer pessoa que cr simples e verdadeiramente em Jesus

    Cristo como seu Salvador pessoal que o livra do pecado, nesse momento irrevogvel e

    eternamente justificada. O que a justificao? A justificao o ato de Deus por meio do

    qual Ele no somente perdoa o pecado dos crentes, mas tambm os declara perfeitamente

    justos por meio da imputao da obedincia e da justia do prprio Cristo sobre eles, me-

    diante a f. Para entendermos melhor, vejamos o seguinte exemplo: se um tio rico deposita

    um milho de dlares na conta corrente de um jovem sobrinho, o dinheiro agora

    propriedade do sobrinho, apesar do jovem nunca t-lo adquirido nem trabalhado para ganh-

    lo e nem sequer o merecia. Na justificao, Deus "deposita" a justia de Cristo na conta do

    crente - Ele atribui ao cristo a perfeio moral de Seu prprio Filho. A justificao ,

    portanto, um ato perfeito de Deus, e porque inteiramente realizado por Deus em sua

    totalidade, uma vez para sempre, no se trata de um processo que abarca toda a vida, como

    no caso da santificao (crescimento pessoal em santidade de vida).

    Os versculos seguintes mostram que a justificao : (1) o crdito da justia com

    base na f da pessoa; (2) um ato completo de Deus; (3) algo que acontece inteiramente

    parte dos mritos pessoais ou de boas obras:

    "...Mas ao que... cr naquele que justifica ao mpio, a sua f lhe atribuda como

    justia... bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justia, independentemente de

    obras" (Romanos 4.5-6, nfase acrescentada).

    "Conclumos, pois, que o homem justificado pela f, independentemente das

    obras da lei" (Romanos 3.28, nfase acrescentada, veja tambm Filipenses 3.9). "Justificados, pois, mediante a f, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor

    Jesus Cristo" (Romanos 5.1, nfase acrescentada).

    "Logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele

    salvos da ira. (Romanos 5.9, nfase acrescentada; ver Romanos 9.30-10.4; 1 Corntios

    6.11; Gaiatas 2.16; 3.8-9, 21, 24).

    Infelizmente, alguns catlicos tm interpretado mal a posio de alguns protestantes

    neste assunto, pensando que a simples concordncia com a doutrina da salvao salva

    inteiramente e que os protestantes do pouca importncia s boas obras e santificao.

    Pelo contrrio, as Escrituras ensinam claramente que as boas obras e a santificao so de

    crucial importncia - realmente, o pleno conhecimento da graa (num sentido protestante)

    que produz as boas obras e o crescimento na vida de santidade (ver Efsios 2.8-10; 1 Pedro

    5.12; 2 Pedro 3.18; Colossenses 1.6; 2.23). Mas as boas obras e a santificao nada tm a

    ver com a nossa justificao. O que a justificao significa para os protestantes que os

    crentes devem pleitear diante do trono de Deus os mritos de Cristo ao invs dos seus

    prprios mritos. Por isso que os cristos bblicos aceitam o "dom da justia" (Romanos

    5.17) e "nos gloriamos em Cristo Jesus, e no confiamos na carne" (Filipenses 3.3).

    Justificao significa que um cristo pode ter a segurana de que, aos olhos de Deus,

    agora ele possui a perfeita santidade necessria para sua entrada no cu. Por qu? Se a morte

    de Cristo perdoou todos os pecados e satisfez completamente a pena divina devida por eles,

  • e se Deus declara que os crentes so completamente justos com base na f em Cristo, nada

    mais necessrio para permitir sua entrada no cu. Assim, porque a justificao - i.e,

    porque a justia e os mritos de Cristo so creditados ao crente (no que se refere a Deus) - o

    cristo agora possui santidade perfeita nesta vida e a tem desde o momento da f salvadora.

    No lhe fazem falta os sacramentos, as indulgncias, o rosrio ou o purgatrio para entrar no

    cu. Esse o significado da doutrina bblica da justificao.75

    9. O que a Igreja Catlica Romana ensina quanto doutrina da justificao?

    A Igreja Catlica nunca negou que a justificao um ato da graa de Deus. De fato,

    os escritores catlicos com freqncia parecem ser completamente bblicos - e isso que

    causa confuso. Por exemplo, consideremos a simples resposta dada questo: "Como

    justificado o pecador?" No Doctrinal Catechism (Catecismo Doutrinrio) de Stephen

    Keenan dito: "Ele justificado gratuitamente pela pura misericrdia de Deus, no por seus

    prprios mritos ou os de qualquer outro ser humano, mas exclusivamente pelos mritos de

    Jesus Cristo; porque Jesus Cristo nosso nico mediador da redeno, que, sozinho, por sua

    paixo e sua morte, nos reconciliou com seu Pai".76

    O problema aqui no que os catlicos ensinam que "a justificao ocorre pela

    graa". O problema que a definio catlica de "justificao" e de "graa" diferente do

    que a Bblia ensina. A Igreja Catlica ensina que justificao a infuso da graa

    santificadora ou da habilidade sobrenatural que de fato age para ajudar uma pessoa a ser

    objetivamente justa e agradvel aos olhos de Deus. Se mantida at a morte, essa graa d

    pessoa o mrito da entrada no cu porque ela viveu uma vida justa. Tal pessoa de fato

    merece o cu porque a bondade dela, em parte, o obteve. Isso explica porque a base para a

    justificao na teologia catlica no o fato da justia de Cristo ser imputada ao crente

    somente pela f. Mas o fato de que - mediante os sacramentos - a justia de Cristo se

    infunde em nosso ser, de maneira que progressivamente nos tomamos mais e mais justos. E

    com base nisso - de que temos agora a justificao de fato - somos declarados "justos".

    Assim, no catolicismo, a justificao ocorre em primeiro lugar por meio dos sacramentos e

    no exclusivamente pela f pessoal em Jesus Cristo.

    Entretanto, a Igreja argumenta que, por essa infuso da habilidade santificadora no

    ser merecida por qualquer pessoa, trata-se inteiramente de um dom da graa de Deus. Mas,

    na realidade tudo isso parece significar que Deus prove os meios pelos quais os indivduos

    podem ajudar a obter sua prpria salvao. No fim das contas, o que nos salva so as obras

    que fazemos depois da converso, ativadas pela graa. Vamos explicar isso mais

    detalhadamente.

    Na teologia catlica a graa infundida um poder ou uma fora espiritual dada aos

    fiis, que os capacita para realizar obras meritrias. Quando os fiis cooperam com essa

    graa e a usam corretamente, recebem o poder para se tornarem justos e retos em si

    mesmos. Se possuirmos essa "graa" (isto , poder ou substncia) dentro de ns, podemos

    literalmente ganhar nosso caminho para o cu. Como? Colaborando com a graa habitual

    que existe em ns, podemos chegar a um estado de verdadeira justia. somente neste

    ponto que somos "declarados justos" porque, de fato, somos objetivamente justos.

    Continuando a cooperar com a graa de Deus e por meio da atuao meritria individual,

    aumentamos de fato nossa graa e nossa justificao.77

    Porque "a alma torna-se boa e santa

    mediante a infuso da graa"78

    , na medida em que isso intensificado ao longo da vida, a

    pessoa morre naturalmente em estado de graa. Ento ela entra no purgatrio para pagar a

    pena final pelos seus pecados e para aguardar a recompensa celestial. Num sentido muito

  • real, portanto, a justificao catlica simplesmente o reconhecimento do mrito ou da bon-

    dade humanos por parte de Deus.

    Talvez seja proveitoso fazer uma reviso neste ponto. No catolicismo, a justificao

    uma renovao interna, uma capacitao do homem - tanto uma regenerao como uma

    santificao. Isso acontece atravs duma infuso da graa de Deus e significa que o prprio

    homem, em seu prprio ser, feito justo e agradvel a Deus. The Catholic Encyclopedia (A

    Enciclopdia Catlica) apresenta a seguinte definio da justificao: "Primria e

    simplesmente, a justificao a possesso da graa santificadora... somos justificados por

    Cristo... e por boas obras..."79

    Segundo o ensinamento catlico, a justificao o ato da graa de Deus por meio da

    qual uma pessoa - em colaborao com Deus - se faz justa a si mesma.m Outra forma de

    expressar isso dizer que a justificao a obra da graa dentro de um homem, ajudando-o

    a torn-lo santo, interior e exteriormente:

    ...a Bblia ensina que a justificao um renascimento. Trata-se da gerao de uma

    vida sobrenatural em um antigo pecador (Joo 3.5; Tito 3.5), uma renovao interior

    completa (Efsios 4.23) e uma verdadeira santificao (1 Corntios 6.11). A prpria alma

    torna-se bonita e santa. No se trata de uma a ma feia escondida por uma cobertura bonita

    (uma referncia ao conceito protestante da justificao imputada). Por ser bonita e santa, ela

    pode ser recebida no cu, onde no permitida a entrada de nada que seja impuro"81

    .

    Infelizmente, porm, o catolicismo s tem confundido a justificao com a

    santificao e a regenerao.82

    Como escreve o catlico P. Gregory Stevens em The Life of

    Grace (A Vida na Graa): "Em primeiro lugar, a justificao uma real e profunda

    transformao do homem [regenerao], um dom genuno de santificao dado a ele".83

    Mas, isso um erro, porque a justificao (Romanos 3.28-4.6; Filipenses 3.9), a regenerao

    (Joo 3.6-7; 6.63; 2 Corntios 5.17; Gaiatas 6.15) e a santificao (Efsios 2.10, 2 Pedro

    3.18) so trs doutrinas bblicas distintas. Confundi-las significa distorcer inteiramente a

    essncia da salvao bblica.

    A Bblia ensina que a justificao a obra da graa de Deus em Cristo declarando

    justo o crente. Ela no a obra da graa de Deus no homem para realmente faz-lo justo, o

    que a santificao (ver Romanos 10.1-4; 1 Corntios 1.30). A documentao lxica e a

    discusso na nota nmero 75 no final do livro provam que a viso catlica da justificao

    est equivocada.

    10. Os protestantes e os catlicos esto atualmente de acordo quanto doutrina da justificao, ou os ensinos do Concilio de

    Trento continuam em vigor?

    Em 1983, um grupo de telogos luteranos e catlicos fez o importante anncio de

    que havia chegado a um acordo quanto ao significado da justificao. Ainda que essa

    afirmao to amplamente divulgada tenha levado muitas pessoas a crerem que os catlicos

    e os protestantes haviam entrado num acordo quanto doutrina, a verdade era muito

    diferente.

    Em primeiro lugar, mesmo que haja ou no eruditos catlicos que aceitem a doutrina

    bblica da justificao, isso no quer dizer que Roma a tenha aceitado. Em segundo lugar, os

    envolvidos nesse assunto no fizeram tal coisa. Apesar de que suas declaraes pareciam

    evanglicas, uma leitura minuciosa do informe demonstrava que o que eles sustentavam era

    a doutrina tradicional catlica da justificao. Por exemplo, o relatrio claramente

  • equiparava a justificao com a santificao: "Mediante a justificao somos tanto

    declarados como feitos justos. A justificao, portanto, no uma fico jurdica [uma

    referncia ao conceito protestante]. Deus, ao justificar, realiza o que Ele promete. Ele

    perdoa pecados e nos torna verdadeiramente justos."84

    Mas, como observou corretamente W. Robert Godfrey, professor de Histria

    Eclesistica do Seminrio Teolgico Westminster na Califrnia: "O relatrio se rende aos

    catlicos romanos quanto doutrina da justificao e compromete demasiado o que

    essencial para o Evangelho."85

    Assim, o relatrio no uniu os catlicos e os luteranos quanto

    natureza da justificao; ele simplesmente sustentou o ponto de vista catlico.

    Na essncia, os decretos feitos pelo Concilio de Tren-to quanto justificao

    continuam sendo a teologia normativa catlica romana. Esses decretos jamais foram

    modificados, nem alterados ou rescindidos por Roma. Por isso que Karl Keating sustentou

    que os critrios de Trento quanto justificao no so somente verdadeira doutrina catlica

    mas que so tambm verdadeira doutrina bblica.86

    A doutrina catlica reiterada pelo Concilio de Trento (1545-1563) principalmente

    uma resposta s "heresias" da Reforma protestante. Uma leitura cuidadosa da sexta seo

    sobre a justificao demonstra claramente que, a despeito da alegao dos catlicos, seus

    pronunciamentos no somente so no-bblicos mas realmente anti-bblicos.

    O Concilio de Trento decretou que todo aquele que no "aceitar fiel e firmemente

    esta doutrina catlica da justificao... no pode ser justificado..."" De modo que, na seo

    intitulada "Cnones referentes justificao" lemos, por exemplo:

    Cnone 9 - Se algum diz que o pecador justificado somente pela f, querendo

    dizer com isso que no se requer nada mais para colaborar com o fim de obter a graa da

    justificao... que seja antema [maldito por Deus].88

    No surpreende que esse Concilio tambm tenha decretado que as boas obras

    aumentam nossa justificao. Por exemplo, lemos no Cnone 24:

    Se algum diz que a justia recebida [i.e., a justificao] no se conserva e tambm

    no aumenta diante de Deus mediante boas obras, mas que essas obras so meramente os

    frutos e os sinais da justificao obtida, e no a causa de seu aumento, que seja antema.89

    O Concilio de Trento estabelece, talvez, a forma mais sutil de justificao pelas obras

    que se tenha imaginado. Essa sutileza pode ser a explicao porque alguns catlicos

    estimulam ativamente os protestantes a lerem os decretos de Trento - para "provar" que o

    catolicismo no ensina uma forma de salvao por obras. Pensamos que cada protestante

    deve ler estes decretos cuidadosamente e mais tarde determinar por si mesmo se o Evan-

    gelho da graa foi ou no foi rejeitado.

    Infelizmente, pelo fato do ensino catlico romano negar que a justificao a

    declarao passada e completa de Deus, o Juiz, ele mina totalmente a segurana de salvao

    do fiel. Se "justificar" significa fazer justa uma pessoa, essa pessoa est merc de sua

    prpria condio subjetiva como base da sua aceitao por Deus. Isso explica por que a

    justificao catlica flutua na vida do fiel. Ela no um ato consumado de Deus. Pelo

    contrrio, sua manuteno baseada nas obras dos pecadores energizadas pela graa. Desse

    modo, ela dificilmente pode proporcionar algum sentido de segurana de salvao. Por

    exemplo, como a Igreja Catlica ensina que a justificao pode ser perdida pelo pecado

    mortal, uma pessoa s pode saber que mantm sua justificao se est segura de que no

    cometeu um pecado mortal. Porm, no ensinamento catlico, tal conhecimento , no mni-

    mo, problemtico. O pecado mortal nem sempre claramente definido,90

    de maneira que o

    conhecimento definido de que se cometeu tal pecado nem sempre possvel.

    claro, ento, que os catlicos e os protestantes no esto de acordo sobre esse

  • assunto.

    11. Como comprometida a viso catlica romana da autoridade e inerrncia bblicas?

    Do ponto de vista doutrinrio, a Igreja Catlica Romana tem ensinado

    tradicionalmente que a Bblia a Palavra inerrante de Deus, e os catlicos continuam

    afirmando que eles tm o mais alto conceito das Escrituras. O padre John 0'Brien, da

    Universidade de Notre Dame, escreve: "Longe de ser hostil contra a Bblia, a Igreja Catlica

    sua autntica me... O fato que a Igreja Catlica ama a Bblia, reverencia-a como a pala-

    vra inspirada de Deus, leal mesma e lhe obedece inteligentemente e muito mais que

    qualquer outro grupo religioso no mundo... uma lealdade sem paralelo na histria".91

    Mas essa posio foi comprometida pelo Vaticano II, que restringiu a inerrncia

    bblica a um aspecto mais reduzido do ensinamento bblico e tambm permitiu uma invaso

    maior da neo-ortodoxia. Com efeito, a Igreja agora toma a posio de "inerrncia limitada":

    as Escrituras so inerrantes, mas no em sua totalidade.92

    (O intrprete que deve decidir o

    que e o que no inerrante, um exemplo de "julgamento privado" que a Igreja alega

    rejeitar).

    Mas mesmo assim, na prtica, at mesmo o conceito tradicional da inerrncia foi

    comprometido (1) pela aceitao dos livros Apcrifos pela Igreja, (2) pela crena na

    Tradio inerrante, e (3) pela alegao de que exclusivamente a Igreja interpreta

    corretamente as Escrituras.

    1. Os Apcrifos solapam a inerrncia O catolicismo ensina que as Escrituras so compostas por muito mais do que o cnon

    aceito pelos judeus, por Jesus e pela Igreja dos quatro primeiros sculos, isto , os 39 livros

    do Antigo Testamento protestante. So adicionadas novas pores dos livros de Ester e

    Daniel, e mais outros sete livros, escritos entre os dois Testamentos: Tobias, Judite, 1 e 2

    Macabeus, Ben Siraque (tambm chamado Eclesistico), Baruque e Sabedoria.9394

    A Igreja

    Catlica denomina esses livros adicionais de "obras deuterocannicas" - que so cannicos

    ou escri-tursticos para os catlicos, mas nunca fizeram parte da Bblia judaica.

    Os Apcrifos solapam a doutrina da inerrncia porque esses livros incluem erros

    histricos e de outra natureza. Assim, se os Apcrifos so considerados parte das Escrituras,

    isso identifica erros na Palavra de Deus. Por isso, nem os judeus,95

    nem Jesus,96

    nem os

    apstolos,97

    nem a maioria dos pais da Igreja primitiva91

    * nunca aceitaram os Apcrifos

    como parte das Escrituras.99

    "10

    O erudito bblico Dr. Ren Pache comenta: "Exceto no caso de determinada

    informao histrica interessante (especialmente em 1. Macabeus) e alguns belos pen-

    samentos morais (por exemplo Sabedoria de Salomo), esses livros contm lendas absurdas

    e banalidades, erros histricos, geogrficos e cronolgicos, alm de doutrinas obviamente

    herticas; eles at aconselham atos imorais (Judite 9.10,13)".H)1

    Os erros dos Apcrifos so

    freqentemente apontados em obras de autoridade reconhecida. Por exemplo:

    Tobias... contm certos erros histricos e geogrficos, tais como a suposio de que

    Senaqueribe era filho de Salmaneser (1.15) em vez de Sargo II, e que Nnive foi tomada

    por Nabucodonosor e por Assuero (14.15) em vez de Nabopolassar e por Cixares... Judite

    no pode ser histrico porque contm erros evidentes... [Em 2 Macabeus] h tambm

  • numerosas desordens e discrepncias em assuntos cronolgicos, histricos e numricos, os

    quais refletem ignorncia ou confuso...102

    Durante 1500 anos no foi exigido de nenhum catlico romano que cresse que os

    Apcrifos eram parte das Escrituras, at que o Concilio de Trento estabeleceu seu decreto

    fatdico.103

    Infelizmente esse Concilio adotou essa posio "por razes de convenincia e

    no de evidncias".104

    Assim, "sem levar em conta as evidncias, nem os antigos papas e

    eruditos, nem os pais da Igreja e o testemunho de Cristo e dos apstolos", foi tomada a

    deciso de incluir os livros Apcrifos nas Escrituras."15

    O doutor Pache assinala que um dos motivos pelos quais o Concilio de Trento

    aceitou os Apcrifos foi meramente em resposta aos argumentos dos reformadores que

    procuravam defender o princpio "sola scriptura" - que exclusivamente a Bblia a

    autoridade para o crente.

    Por que, pois, Roma adotou uma posio to diferente e atrevida? Porque, ao ser

    confrontada pelos reformadores, ela precisava de argumentos para justificar seus desvios

    anti-bblicos. Ela declarou que os livros Apcrifos apoiavam doutrinas como as oraes

    pelos mortos (2 Macabeus 1 2.44); o sacrifcio expiatrio (que finalmente se transformou na

    missa, 2 Macabeus 1 2.39-46); dar esmolas com valor expiatrio, o que tambm conduz ao

    livramento da morte (Tobias 12.9; 4.10); a invocao e a intercesso dos santos (2

    Macabeus 15.14; Baruque 3.4); a adorao aos anjos (Tobias 12.12); o purgatrio; e a

    redeno das almas depois da morte" (2 Macabeus 1 2.42,46).106

    2. A Tradio catlica solapa a inerrncia Como dissemos anteriormente, o catolicismo aceita a Tradio sagrada como se esta

    tivesse autoridade divina: o Vaticano II enfatizou que as Escrituras catlicas e a Tradio

    "formavam um s depsito sagrado da palavra de Deus".107

    Assim, "tanto a Tradio

    Sagrada como a Sagrada Escritura devem ser aceitas e veneradas com o mesmo sentido de

    lealdade e reverncia."108

    Karl Keating pensa que "...o problema do fundamentalista

    [evanglico] que ele vive sob o conceito errneo de que as Escrituras tm a ltima

    palavra..." e que a Tradio "no conta para nada".109

    Naturalmente, de maneira bblica, a tradio no m. As prprias Escrituras

    reconhecem sua utilidade, mas s quando est baseada no ensinamento apostlico (2

    Tessalonicenses 2.15; 3.6) ou se no estiver em conflito com as Escrituras. Quando a

    tradio reflete as verdades das Escrituras isso bom. Mas quando ela nega e se ope

    Palavra de Deus na Bblia temos um problema.

    A Tradio catlica composta de uma enorme quantidade de literatura: os

    ensinamentos dos pais da Igreja, os credos histricos, os escritos dos eruditos e lderes da

    Igreja, as leis dadas por snodos e conclios, decretos papais, etc. Hoje, uma das funes

    normais da Igreja Catlica continuar refinando a doutrina e a prtica.

    Vrios problemas so gerados pela alegao da Igreja de que este enorme volume de

    informao , em certo sentido, necessrio para a salvao e/ou infalvel. Em primeiro lugar,

    existe uma dificuldade insupervel para determinar com autoridade o que Tradio

    infalvel. Como confessa Keating, "o maior problema, sem dvida, determinar em que

    consiste a autntica Tradio.""" Em segundo lugar, a enorme quantidade de informaes

    apresenta um problema. Somente as "bulas" papais de 450 a 1850 formam mais de 40

    volumes. Isso tem levado a "dificuldades quase insuperveis" para os telogos catlicos.111

    Em terceiro lugar, os problemas relacionados com a realidade dos erros, as auto-

    contradies demonstrveis e tambm as negaes de ensinamentos bblicos so inevitveis.

    Em quarto lugar, a Tradio contraditria e as diferenas na interpretao histrica da

  • Tradio tm atormentado as alegaes de infalibilidade. Por exemplo, at os papas tm

    estado em desacordo no tocante a assuntos como a liberdade religiosa, a validade do

    casamento civil, a legitimidade da leitura da Bblia, a Ordem dos Jesutas, os dados cient-

    ficos de Galileu, e outros assuntos."2 Em raras ocasies, os. papas at se colocaram ao lado

    das heresias, como fez o papa Librio (352-366) quando aceitou os arianos, que rejeitavam a

    divindade de Cristo (cf. Zzimo e os pelagianos, Honrio I e os monotelitas, ou Viglio e os

    monofisistas e nestorianos).

    Finalmente, o prprio testemunho da histria da Igreja demonstra repetidamente que

    quando qualquer outra fonte de autoridade colocada em p de igualdade com as Escrituras,

    estas se convertem em uma autoridade secundria. De acordo com Keating, "os

    fundamentalistas dizem que a Bblia a nica regra de f... os catlicos, por outro lado,

    afirmam que a Bblia no a nica regra de f e que no h nada na Bblia que sugira que

    assim haveria de ser.""3 Entretanto, "basta lermos a histria da Igreja para descobrirmos que

    quando outra fonte de autoridade colocada lado a lado em importncia com as Escrituras,

    estas, eventualmente, so relegadas a ltimo plano"."4

    Se a Tradio catlica fosse de fato "inerrante" e "sagrada", ento no negaria as

    Escrituras."5 Talvez isso explique o motivo pelo qual muitas das doutrinas no-bblicas da

    Igreja se agregaram em meio ao debate e dissenso entre os prprios catlicos. Por

    exemplo, no Concilio de Trento nem todos os participantes acreditavam que os Apcrifos

    fossem parte das Escrituras. E no Concilio Vaticano I, nem todos criam que o papa deveria

    ser considerado infalvel.116

    3. A interpretao catlica solapa a inerrncia Nos Documents of Vatican II (Documentos do Vaticano II), na categoria

    "Revelao", aparece o seguinte:

    A tarefa de interpretar autenticamente a Palavra de Deus, seja ela escrita ou

    transmitida [isto , Tradio], confiada exclusivamente ao ofcio ensinador vivo da

    Igreja..."117

    Aqui vemos que a Igreja Catlica atribui a si mesma o poder exclusivo para

    interpretar corretamente a Bblia catlica e a Tradio. O ponto de vista protestante do

    direito do indivduo interpretar devotamente a Bblia por meio do estudo diligente (2

    Timteo 2.15), e sob a iluminao do Esprito Santo rejeitado como falso.118

    Keating afirma que a compreenso que os evanglicos tm da Bblia como a nica

    autoridade irracional, porque "o indivduo o menos estvel de todos os intrpretes." E ele

    cr que a nica forma de podermos saber que a Bblia realmente inspirada se uma Igreja

    infalvel nos diz assim. 119

    Naturalmente, devemos formular as seguintes perguntas: a Igreja Catlica

    verdadeiramente infalvel? Sua Tradio inerrante? Ela sempre interpreta a Bblia

    corretamente? Ela afirma que sim. Por esse motivo que Keating e outros catlicos fazem

    referncia "Igreja que tem autoridade e infalvel" e "realidade de uma Igreja cujo

    ensino infalvel".120

    Mas onde esto as provas?

    E importante que neste ponto entendamos o que a Igreja Catlica quer dizer com o

    termo infalvel. A infalibilidade se define oficialmente como "imunidade de erro, excluindo

    no somente a sua existncia como at mesmo sua possibilidade."121

    Essa infalibilidade se

    estende no somente ao papa nos assuntos de f e mora