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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE ALAGOAS JINGLES E MÚSICAS OS DIREITOS AUTORAIS NA PROPAGANDA ELEITORAL Gustavo Ferreira Gomes Advogado. Professor de Direito Eleitoral do Centro Universitário Cesmac. Mestre em Direito pela Universidade Federal de Alagoas RESUMO: Este trabalho busca lançar alguns esclarecimentosacerca do (des)respeito aos Direitos Autorais no âmbito do processo eletivo brasileiro, de forma mais especifica, no tocante às músicas e aos jingles de propagandas eleitorais que vem a utilizar de forma indevida a produção musical (só música, só letra ou música e letra) de outrem, sem a devida observância dos direitos do autor oriundos da produção artística. A escolha deste tema, inquestionavelmente influenciado pelas aulas da disciplina Direito da Propriedade Intelectual, ministrada pelo Prof Querino Mallman, no Mestrado de DireitoPúblico da UniversidadeFederal de Alagoas (UFAL), almeja avaliar os limites da propaganda eleitoral em relação aos direitos autorais, em especial, quando estes podem ser ofendidos e como a Justiça Especializada Federal Eleitoral pátria atua nestes casos - sem olvidar os limites desta atividade jurisdicional. Assim, faz-se necessário explicar quais são os Direitos Autorais, o que é propagandapolítica eleitoral e, por fim, como a Justiça Eleitoral tem decididoas ofensas a estes diretos. 71

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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DE ALAGOAS

JINGLES E MÚSICASOS DIREITOS AUTORAIS NA PROPAGANDA ELEITORAL

GustavoFerreira GomesAdvogado. Professor deDireito Eleitoral do CentroUniversitário Cesmac.Mestre em Direito pelaUniversidade Federal deAlagoas

RESUMO:Este trabalho busca lançar alguns esclarecimentosacercado (des)respeitoaos Direitos Autorais no âmbito do processo eletivobrasileiro, de forma mais especifica, no tocante às músicas e aosjingles de propagandas eleitorais que vem a utilizar de formaindevidaa produção musical (só música, só letra ou música e letra)de outrem, sem a devida observância dos direitos do autor oriundosda produção artística. A escolha deste tema, inquestionavelmenteinfluenciado pelas aulas da disciplina Direito da PropriedadeIntelectual,ministradapelo Prof Querino Mallman, no Mestrado deDireitoPúblico da UniversidadeFederal de Alagoas (UFAL), almejaavaliar os limites da propaganda eleitoral em relação aos direitosautorais, em especial, quando estes podem ser ofendidos e como aJustiça Especializada Federal Eleitoral pátria atua nestes casos -sem olvidar os limites desta atividade jurisdicional. Assim, faz-senecessário explicar quais são os Direitos Autorais, o que épropagandapolítica eleitoral e, por fim, como a Justiça Eleitoral temdecididoas ofensasa estes diretos.

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I NOTAS INTRODUTÓRIAS ACERCA DOS DIREITOSAUTORAIS

Ab initio, é interessante destacar que não se entendia haverum Direito decorrente da produção intelectual tanto que os eventuaisplágios a obra eram considerados só e somente como uma condutamoralmente reprovável. Em virtude da "evolução tecnológica" querepresentou a prensa de Gutttenberg, em meados do período medievo,é que se começou a reconhecer os direitos do autor em relação a suaobra intelectual.

Nesta linha, Bruno Jorge Hammes apresenta como marcodivisor às reclamações de Martinho Lutero acerca da reprodução semautorização de sua Bíblia e de seus escritos, senão, veja-se: "Lutero sequeixava da reprodução da sua bíblia e de outros escritos. Comparavaos reimpressores aos salteadores e ladrões. O que até então só seconsideravauma violação à moral, começa a ser visto como violação aum direito." (LEWICKI,2006, p. 281).

No tocante a historicidade dos Direitos Autorais, vale a penaler o artigo de Lewicki (2006, .p. 281) sobre o tema, na qual o referidoautor, inspirado em Persio Arida, lembra que há relevante distinçãoentre evoluçãohistórica e historicidade, in extenso:

Falar sobre a historicidade do direito autoralnão é o mesmo que contar a Sua história:parafraseando um recente estudo sobre ahistoricidade da norma, por mais importanteque seja a análise de suas raízes, não importatanto entender como direito autoral evoluihistoricamente, ou seja, a história do direitoautoral propriamente dito, mas sim, comopode vir a evoluir em circunstânciasdiferentes.

Feita a breve explanação histórica, deve-se delimitar de formaprecisa "o que" e "quais" são os Direitos Autorais protegidos noordenamentojurídico nacional, por isso, traz-se definições exemplaresdestes direitos feitas por alguns dos civilistas brasileiros de maiorescol do século próximo passado, mais precisa e respectivamente,

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Bevilacqua, Pontes de Mimada e Orlando Soares (apud CALDASBARROS, 2007, p. 482-3):

Direito Autoral é o que tem o autor da obraliterária, científica ou artística, de ligar seunome às produções de seu espírito e dereproduzi-Ias, ou de transmiti-Ias. Naprimeira relação, é manifestação dapersonalidade do autor; na segunda, é denatureza econômica.

[...]

A expressão "direito autoral" ou "direito deautor" tem os inconvenientes que derivamde no conceito ora (A) se porem sob talexpressão a) o direito de identificação daobra, como direito autoral de personalidade,b) o direito de ligar o nome à obra e c) odireito de reprodução, ora (B) somente a) eb), ou (C) somente. É chocante chamar-se dedireito de autor o que adquire o outorgadode direito de edição. Daí a necessidade de setratarem separadamente tais direitos, comseus nomes científicos [...] Quando se dizque o direito de personalidade é parteintegrantedo direito autoral, a direito autoraldá-se o sentido (A) ou (B). Assim, estaria detal modo extrapolado o conceito queabrangeria o direito de personalidade, direitoautoral imprecluível de nominação e, em(A), o direito real precluível.

[...]

Direito autoral é o conjunto de normasjurídicas que em essência regulam o direitoatribuído ao autor da obra literária, científicae artística, no sentido de reproduzir eexplorar economicamente, enquanto vivertransmitindo-o aos seus herdeiros e

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sucessores com prazo de sessenta anos, acontar da data àe seu falecimento.

Diante das palavras acima, corroboradas pelo lecionamentosdo professor Mallmann (2008), os Direitos Autorais revelam-se comosendo um Direito com natureza jurídica, no mínimo, sui generis. Talassertiva decorre do caráter dúplice, moral e patrimonial, que estespossuem.

Diante disto, tem-se, curiosamente, um Direito quesimultaneamente enquadra-se entre os personalíssimos, caráter moralde sua natureza jurídica, porque prevê a proteção aos direitos depessoa determinada (autor, artista, cientista entre outros) em relação àexploração e divulgação de sua obra; doutra banda, este mesmo direitotambém tem natureza jurídica patrimonial, pois entra na esfera dopatrimônio de alguém, na condição de bem intangível, podendoinclusive ser negociado e, por consequente, passado a propriedadepara terceiro.

Por isso, Bruno Jorge Hammes (apud MALLMAN, 2008, p.201) lançou a sapiente observação que "o direito do autor não pode,pura e simplesmente, ser equiparado a um direito de propriedadecomo também não é apenas um direito personalíssimo." Tal definiçãoestá nitidamente respaldada na Teoria Dualista dos Direitos Autorais.

A Teoria Dualista "assenta-se sobre a natureza dúplice dodireito" autoral, consoante Eliane Abrão, isto é, tal direito é "tudo aomesmo tempo agora", pegando de empréstimo título de música e deálbum do grupo de pop rock nacional Titãs, de forma mais clara, étanto direito moral (personalíssimo) quanto patrimonial,características estas que, nas palavras de Barros (2007, p. 483),existem "de forma paralela e inter-relacionada.". Em contrapartida, aTeoria Monista entende que os Direitos Autorais são tão somente OUdireito moral (personalíssimo)OU patrimonial,de forma exclusiva.

O Direito Autoral na condição de Direito Moral/Pessoal épersonalíssimo, portanto somente pode ser exercido por seu titular.Com este caráter, os Direitos Autorais têm por finalidade tutelar nãoa

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rimagem física, psíquica ou moral do autor em si, mas a imagem desteem relação a sua obra, conforme explica Mallmann.12

Importante destacar que a expressão "Direito Moral", aquiutilizada, não se refere à Moral propriamente dita, na verdade, vemsendo usada como representação de que se trata de direito inerente àpersonalidade do autor, novamente, como muito bem explica o doutoprofessorHammes (apud MALLMAN,2008, p. 203-4), ipsis litteris

O direito moral do autor nada dizsobre a moralidade (ética) do autor, semerece respeito como pessoa, mas seo merece como autor; diz respeito aobom nome como autor [...].O direitomoral é o que protege o autor nasrelações pessoais e idéias (de espírito)com a obra. Não pode ser confundidocom o direito à personalidade emgeral, embora diga respeito àpersonalidade do autor.

Por causa disto, José de Oliveira Ascensão (apudMALLMAN, 2008, p. 204-5) propõe que seja utilizado o termo"DireitoPessoal" no lugar de "Direito Moral," posto que

O qualitativo moral é impróprio,pois não hásetores éticos no direito de autor e éincorreto, pois foi importado sem traduçãoda língua francesa [...] mas no significadoque se pretende o qualitativo é estranho alíngua portuguesa e deve, pois, sersubstituído.

Neste caso trata-se de direito irrenunciável, podendo,inclusive, o autor autorizar que a obra seja divulgada e distribuída emversão abreviada e/ou com partes omitidas, sem que isto venha asignificarrenúncia. A título meramente ilustrativo, cumpre destacar ocaso do filme Lawrence da Arábia (Lawrence of Arabia), 1962,

12Cumpredestacar que as características morais/pessoais do Direito do Autoraqui expostas tiveram por base inicial o artigo em pauta.

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épico que tratou da independência do povo árabe do julgo do ImpérioOtomano, com a participação direta do governo inglês, por meio dopersonagem título. Como em todo o filme, houve a edição e, porconsequente, o corte de algumas cenas, pois o filme já estava muitolongo. O filme fez enorme sucesso à época, mas os cinéfilos semprecogitavam como seria o filme com as cenas retiradas. Em 1992,Robert A. Harris recuperou as cenas cortadas para editar o filme comelas, ao mostrar ao diretor do filme original, David Lean, este teriadito que seria necessário fazer o corte de algumas delas, para seadequaraos novostempos- frise que a versão "reduzida" deste filmetem três horas e meia de duração. Traz-se tal história comocomprovação prática de que a eventual divulgação/exploração emtrechos ou redução da obra não retira do autor seu direito pessoalsobre a mesma.

o aspecto moral/pessoal do Direito do Autor, dada a essênciapersonalíssima deste, além de irrenunciável, também é intransferível,o autor não pode renunciar, nem transferir este direito quem quer queseja - no tocante a transferência, a única exceção a passagem destesdireitos aos herdeiros.

De igual modo é imprescritível- em que pese Pontes eMiranda, conforme visto mais acima, usar o termo imprec1uível.Nestecaso a diferença de termos vai além de ser uma mera questão desemântica, posto que acolhido o uso do termo imprescritível, se está aafirmar que não há perda do direito da ação para fins de proteger osDireitos Autorais, no entanto, acaso acolhido a sugestão pontiana deque seria imprec1uível, estar-se-ia a afirmar que o Direito.PessoallMoral do Autor não perece nunca. Majoritariamente tem-seoptado por ser um direito imprescritível.

No tocante a ser perpétuo, tal característica é extremamentediscutida, pois há aqueles que entendem não haver tal perpetuidade,posto que a obra caia em domínio público 70 (setenta) anos após amorte de seu autor, entretantohá os que veem a perpetuidade em todoo tempo, até por haver a obrigação do poder estatal público depreservar uma obra depois de esta cair em domínio público.

Por fim, o extrapatrimonialDireito Pessoal do Autor, além deabsoluto, visto que oponível erga omnes, também é inalienável, bem

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como impenhorável ou inexpropriável, quiçá dada à impossibilidadede mensurar este direito, sem olvidar a natureza personalista deste.

Sem olvidar, o caráter patrimonial dos Direitos Autorais,sendo que é desta natureza que advém às vantagens pecuniárias pormeio de royaltie/3 e/ou direitos pela exploração, utilização ou fruiçãoda obra. (QUERINO, 2008).

A violação dos Direitos Autorais em seu aspecto patrimonialenseja a aplicação de sanções civis, penais e administrativas - sendoque a adoção, ou não, de uma destas não exclui a possibilidade deresponder por outra destas ilicitudes.

As principais características do Direito Patrimonial do Autor,segundo Carlos Alberto Bittar (apud MALLMAN, 2008, p. 208) sãoser:

alienáveis, isto é, podem ser objetos denegócios jurídicos para ingressar nocomércio; são penhoráveis, isto é, sujeitos àconstrição judicial; temporários, ou seja,tem um período limitado de tempo e sãoprescritíveis, quer dizer, perdem-se osdireitos de ação pela inércia ou decurso dotempo.

2 NOÇÕES BÁSICAS DE PROPAGANDA ELEITORAL

Exposto quais são os Direitos Autorais, passa-se a fazer anecessária delimitação do que é propaganda eleitoral, a qual estádevida e escorreitamente explanada por Coneglian (2008, p. 19),senão,veja-se:

13Pluralde Royalty que, segundo o Dicionário HOUAISS, significa "s.m.ECONJUR 1 compensação ou parte do lucro paga ao detentor de um direitoqualquer, p.ex. de uma patente, concessão etc. {r. sobre certa marcaindustrial}2 parte acordada da receita de uma obra qualquer, paga ao autor,compositor etc., gero em forma de percentagem sobre o preço de custo avarejo de cada exemplar vendido {viver dos royalties de um único best-seller}[...].".HOUAISS, Antonio;VILLAR,Mauro de S. (orgs.).DicionáriolIouaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:Objetiva,2001, p. 2479.

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A propaganda é a espécie dentro do gêneropublicidade. A publicidade é o meioutilizado para dar conhecimento público aqualquer elemento do conhecimentohumano. Enquanto a publicidade tem comoobjetivo levar o fato ao conhecimento detodos, a propaganda busca fazer com que odestinatário dela aceite o bem divulgado. Apublicidade tem como objetivo transmitirconhecimento. Já a propaganda tem porobjetivo transmitir o conhecimento e fazercom que aquele que adquiriu conhecimentoaceite o objeto da propaganda como algobom e desejável.

A publicidade política é aquela que sedesenvolve em tomo de temas políticos,entendida a "política" em seu mais amplosentido.

Diante disto, pode-se dividir a publicidade política em 03(três) grupos distintos:

. 18)A propaganda político-eleitoral, a qual "tem por objetivo aconquista do voto";

. 28) A propaganda política, a qual se subdivide em político-partidária, "dirigida à aceitação, pelo cidadão, de condutas,trabalhos e obras dos políticos de determinado partido ou dopróprio partido como entidade acima de seus filiados", apolítica não-partidária (discussão de tema que "se situa nocampo da grande política", por isso também pode "serdebatida por políticos"), e a política não-partidária informal("se faz por meio de cidadãos não políticos, ou não filiados apartidos políticos, mas que envolve aspectos políticos");

. 38) A comunicação institucional, sendo que esta também sesubdivide em: por força de lei ("administração pública seutiliza como meio de atingir seus fins" ou "para darefetividadea seus atos"), convocatória (o nome por si só já diztudo, busca convocar/chamar as pessoas para ver ato da

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administração pública) e propaganda institucional("propaganda de um ato, uma obra, de uma realização" daadministração pública). (CONEGLlAN, 2008, p. 20).

Para não ser excessivamente abrangente, no presente trabalho,tão somente será feita a exposição, de forma sucinta, dos princípiosgerais da propaganda político-eleitoral, os quais serão úteis no estudodo descumprimento dos Direitos Autorais no âmbito da JustiçaEleitoral.

Nesta senda, um conceito básico de propaganda político-eleitoral, da lavra do eleitoralista cearense Pinto Ferreira (1977, p.289), é que

A propaganda é uma técnica deapresentação, argumentos e opiniõesao público, de tal modo organizada eestruturadapara induzir conclusões oupontos de vista favoráveis aos seusanunciantes. É um poderosoinstrumento para conquistar a adesãode outras pessoas, sugerindo-Ihesidéias que são semelhantes àquelasexpostas pelos propagandistas. Apropaganda política é utilizada para ofim de favorecer a conquista doscargos políticos pelos candidatosinteressados, fortaJecer-lhesa imagemperante o eleitorado, sedimentar aforça do governo constituído, ouminar-lhe a base, segundo asperspectivas dos seus pontos desustentaçãoou contestação.

A própria Justiça Eleitoral nacional disponibiliza,por meio dosítio Glossário Eleitoral Brasileiro(http://www.tse.gov.br/internetlinstitucional/glossarioeleitoral/index.html), alguns conceitos elementares da searaeleitoralista, entre eles alguns referentes à propaganda política, osquais se embasam os próximosparágrafos. .

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Ab initio, necessário definir que propaganda política, sendoque esta consiste em "todas as forma&em lei permitidas, de realizaçãode meios publicitários tendentes à obtenção de simpatizantes aoideário partidário ou à obtenção de votos." (SOBREIRO NETO, 2002,p. 159).

Nesta senda, ainda segundo Sobreiro Neto, a propagandaeleitoral é aquela feita por partidos políticos, coligações partidárias ecandidatos com vistas à captação de votos, com o uso dos meiospublicitários permitidos na Lei Eleitoral, com intuito de "influir noprocesso decisório do eleitorado, divulgando-se o curriculum doscandidatos, suas propostas e mensagens", durante o período eletivoou, mais popularmente denominado, de "campanha eleitoral."

Conforme Farhat (1996, p. 100/102),"a expressão 'campanhaeleitoral' designa todo o período que um partido, candidato oupostulante a uma candidatura dedica à promoção de sua legenda,candidatura ou postulação. Em sentido estritamente legal, a campanhaeleitoral só começa após designados os candidatos pela convençãopartidária."

Cumpre destacar que a legislação vigente determina que apropaganda eleitoral somente possa começar no dia 06 julho e deve seencerrar na véspera do dia das eleições, precisamente às vinte e duashoras - exceção a esta determinação é a manifestação silenciosa doeleitor em prol do seu candidato.

A propaganda eleitoral é denominada de gratuita quando, semônus econômico quanto à transmissão para partidos, coligações ecandidatos, é veiculada no rádio e na televisão - isto ocorre por seremconcessões do poder público, razão pela qual é obrigatóriã a sujeíçãode "todas as emissoras de rádio e as emissoras de televisão queoperam em VHF e UHFI4, bem assim os canais de televisão porassinatura sob a responsabilidade do Senado Federal, da Câmara dosDeputados, das Assembleias Legislativas e da Câmara Legislativa doDistrito Federal," a determinação de veiculação deste tipo depropaganda. "(SOBREIRO NETO, 2002, p. 181).

14VHFe UHF são, respectivamente, as siglas em inglês para u/tra highfrequency e very highfrequency, frequênciaspara a transmissãode sinais detelevisão e rádio.

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rDenomina-se de propaganda intrapartidária a permitida pelo

§I0, do art. 36 da Lei n°. 9.504/97(Lei Eleitoral) ao pré-candidatoparabuscar conquistar os votos dos filiados ao seu partido (maisprecisamente daqueles que possam votar nas convenções de escolhade candidatos- os quais, por isso, são denominadosde convencionais)para sagrar-se vencedor e poder registrar a sua candidatura junto àJustiça Eleitoral. Trata-se de propaganda dirigida tão somente a umgrupo específico,os convencionais,com vista a uma "eleição interna,"em âmbito partidário.

Sobreiro Neto (2002, p. 60) define a propaganda partidáriacomo a divulgação, sem ônus para as agremiações partidárias, viarádio e televisão, "de temas ligados exclusivamente aos interessesprogramáticos dos partidos políticos", com o "escopo de angariarsimpatizantes ou difundir as realizações do quadro". Este tipo depropaganda é regulado pela Lei nO. 9.096/95 (Lei dos PartidosPolíticos- LPP) e é veiculada nos períodos não eleitorais (em ambosos semestresdos anos sem eleição e no 10semestre do ano eleitoral).

Por fim, no tocante às modalidades de propaganda, destaque-se que, no dia da eleição, não pode haver nenhum tipo de propaganda,sendo neste dia considerado "boca-de-uma" toda e qualquer tipo dedivulgação, além da manifestação individual e silenciosa do eleitor.Pode-se definir a boca-de-urna como "ação dos cabos eleitorais edemais ativistas, denominados 'boqueiros', junto aos eleitores que sedirigem à seção eleitoral, promovendo e pedindo votos para o seucandidatoou partido." A Lei Eleitoral não somente proíbe a boca-de-uma, com também define como crime eleitoral "a realização deatividades de aliciamento de eleitores" no dia da eleição. (FARHAT,1986,p. 80-1).

Encerrada a exposição acerca dos diferentes tipos depublicidadepolítica e delimitada o que é propaganda político-eleitoral,é importante destacar que esta mesma, no ordenamento jurídicoconstitucional, é regida por princípios específicos, os quais, acasoofendidos, ainda que eventualmente, tem por consequência apropagandavir a ser considerada ilícita.

Cândido (2004, p. 153) apresenta a seguinte relação dePrincípios que regem a Propaganda Política (gênero), o que

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obviamente são igualmente afeitos à modalidade Político-Eleitoral(~spécie), quais sejam:

1°) Princípio da Legalidade - o primeiro, aoqual se vinculam todos os demais,plenamente em vigor em nosso sistemaeleitoral, e que consiste na afinnação de quea lei federal regula a propaganda, estando oordenamento composto de nonnas cogentes,de ordem pública, indisponíveis e deincidência e acatamento erga omnes.

2°) Princípio da Liberdade - é o livre direitoa propaganda,na fonna que dispuser a lei.

3°) Princípio da Responsabilidade - toda apropaganda é de responsabilidade dospartidos políticos e coligações, solidárioscom os candidatos e adeptos pelos abusos eexcessos que cometerem.

4°) Princípio Igualitário - todos, comigualdade de oportunidades, têm direito àpropaganda,paga ou gratuita.

5°) Princípio da Disponibilidadedecorrente do Princípio da Liberdade daPropaganda, significa que os partidospolíticos, coligações candidatos e adeptospodem dispor de propaganda lícita,garantida e estimulada pelo Estado, já que alei pune com sanções penais a propagandacriminosa e pune a propaganda irregularcom sanções administrativo-eleitorais,precipuamente.

6°) Princípio do Controle Judicial daPropaganda- consiste na máxima segundo aqual à Justiça Eleitoral, exclusivamente,incumbe à aplicação das regras jurídicassobre a propaganda e, inclusive, o exercíciode seu Poder de Polícia.

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Expostos e explicados os princípios que regem a propagandapolítico-eleitoral,os quais terão influência direta nos julgamentos doscasos de ofensas aos Direitos Autorais na seara eleitoralista, passa-senesta oportunidade a fazer breve exposição acerca da publicidadepolítica.

A Comunicação Institucional pode ocorrer a qualquer época,no entanto, nos anos em que há a realização de eleições, sofrelimitações para que não haja excesso, por parte dos ocupantes decargos eletivos, com o intuito de beneficiar a eles próprios ou aoscandidatosde sua preferência.

A propaganda político-partidária também, em princípio,ocorre todo o tempo, mas no 2° semestre dos anos em que há processoeletivo, o famigerado horário partidário gratuito, no rádio e na TV,ficasuspenso- em verdade dará lugar ao horário eleitoral gratuito, oqual é, de igual modo, veiculadonestes meios de comunicação.

Cumpre destacar que os pretensos candidatos (candidatos acandidatos ou pré-candidatos) poderão fazer propaganda internacorporis com o intuito de obter a aprovação de seus nomes nasConvenções Partidárias, mas deve-se lembrar que este tipo depropaganda é permitido porque não se trata ainda de propagandapolítico-eleitoral, mas sim intrapartidária, eventual excesso queextrapola os limites partidários será devidamente punido pela JustiçaEleitoralbrasileira.

Faz-se o destaque acima em razão de que somente se pode,efetiva e indubitavelmente, falar em candidato depois que houver odeferimento do pedido de registro da candidatura, conforme lição deCândido(2004, p. 97):

o registro de candidatos se constitui emetapa jurisdicional dentro da fasepreparatória do processo eleitoral.Registrados, os candidatos assumem essacondição em caráter oficial, terminando aquio que politicamente se convencionou de

. chamar de "Candidato a Candidato". Antesdo registro e após as convençõesjá se podefalar em candidato, de vez que o partido já

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definiu com quem quer concorrer, mas acondição de candidato oficial só se adquirecom o deferimento do registro.

A propaganda eleitoral propriamente dita somente tem iníciono dia 06 de julho do ano em que houver eleições e terá seu términono dia da eleição (votação), consoante o estipulado na Lei n°.9.504/97, conhecida como Lei Eleitoral (LE).

A citada Lei Eleitoral fixou que o 1° e o 2° turnos das eleiçõesserão sempre, e respectivamente, no primeiro e no último domingo deoutubro do ano em que houver eleições. Reprise-se que neste dia tãosomente será permitida a manifestaçãopessoal e silenciosado eleitor.

Tal poderá ser realizada em todos os meios de comunicação,inclusive intemet e/ou qualquer outro que já tenha sido ou venha a sercriado, obviamente desde que obedeça ao disposto em lei. Além dalegislaçãoeleitoral pertinente, leis não eleitorais também podem afetara propaganda político-eleitoral, sem olvidar que o Tribunal SuperiorEleitoral (TSE) publica resoluções, as quais têm o condão de afetardiretamenteo controle normativo das propagandas no período eletivo,porque estas são dotadas de "força de lei ordinária", assim, ainterpretação da legislação vigente contida nas mesmas é acrescida danecessária observância destas, consoante se depreende da ementa doparadigmático Acórdão nO. 823, de lavra da supracitada CorteSuperior,proferido no julgamento do Recurso nO.1.943,de Iraí/RS, de02 de abril de 1952,ainda sob a égide do Código Eleitoral de 1950,noentanto ainda válido no dias atuais: "As resoluções do TSE, facultadasnos art. 12, - 4 e 1,e 196 do Código, têm força de lei geral e a ofensa àsua letra expressa motiva recurso especial, nos termos do art. 167 doCódigo. [...]"

Frise-se que é proibida toda e qualquer propaganda político-eleitoral paga no rádio ou na televisão, somente sendo possível o jácitado horário gratuito. Outrossim, o Código Eleitoral (CE), no caput,de seu art. 242, textualmente fixa que

A propaganda, qualquer que seja a suaforma ou modalidade, mencionará sempre alegenda partidária e só poderá ser feita emlíngua nacional, não devendo empregar

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meios publicitários destinados a criar,artificialmente, na opinião pública, estadosmentais, emocionaisou passionais.

Ainda neste liame, o art. 243 do CE vigente tem as expressasproibições relativas às propagandaseleitorais.

A realização, em recinto aberto ou fechado, de qualquer ato depropaganda eleitoral não depende de licença da polícia, nem denenhuma autoridade judicial, sendo permitida a propaganda em TV,rádio (estas duas somente se gratuita, reitera-se), mídia impressa,faixas, pinturas, "santinhos", adesivos, pinturas em casas, músicase/oujingles, dentre outras. São proibidos os showmícios, os brindesquepossam representar alguma vantagemao eleitor, os outdoors,pagano rádio e na TV e em bens de uso comum (neste caso há umadiferença entre o que é fixado no Código Civil de 2002 como sendobem de uso comum e o que estabelece a legislação eleitoral, sendoesta bem mais abrangente).

Encerra-se aqui a pequena exposição acerca da propagandapolítico-eleitoral para se passar a esmiuçar como a Justiça Eleitoraldecide os casos que há a veiculação de música e/ou jingle emdescumprimentocom a legislação que protege os Direitos Autorais -sem olvidar as penalidades a que estão sujeitos os eventuais intratoresdo art. 17.

3 OS DIREITOS AUTORAIS NA JUSTIÇA ELEITORAL

Neste ponto, passa-se ao momento mais relevante do presentetrabalho, responder ao seguinte questionamento: como a JustiçaEleitoraltrata as ofensasaos Direitos Autorais?

Aparentemente, seria um tema estranho à seara eleitoralista,entretanto não se pode olvidar que, além da proteçãointraconstitucional, há também tutela constitucional dispensada aosDireitosAutorais, mais precisamente,nas palavras de Afonso da Silva(2007,p. 124):

2.2 Propriedade intelectual. A matériaconsta no art. 5°, XXVII, que contém duasnormas bem distintas. A primeira e principal

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confere aos autores o direito exclusivo de

utilizar, publicar e reprJduzir suas obras,sem especificar, como faziam asConstituições anteriores; mas, compreendidoem conexão com o disposto no inciso IX domesmo artigo, conclui-se que são obrasliterárias, artísticas, científicas e decomunicação. Enfim, aí se assegura osdireitos do autor de obra intelectual,reconhecendo-lhe, vitaliciamente, ochamado "direito de propriedadeintelectual", que compreende direitos moraise patrimoniais.

Santos (2006, p. 22-25) expõe que do texto constitucionalvigente se extrai os cinco princípios que regem os direitos autorais:

. O da exclusividade de utilização, tanto no aspecto patrimonialquanto no extra-patrimonial;

. O da pessoalidade e transmissibilidade, mais precisamente, agarantia que o autor tem de ver a sua obra preservada, semque isto impeça que ele transfira a outrem a possibilidade deexploração comercial da mesma;

. O da temporalidade, isto é vitalício para o autor, mas seusherdeiros deverão explorá-Iopor prazo determinadoem lei;

. O da proteção da participação individu~l em obras coletivas,proteção do Direito do Autor individual em obras decorrentesda contribuição de várias pessoas;

. O da fiscalização do aproveitamento econômico, tal princípio"insere-se muito mais no contexto de cobrança dos direitosautorais".

Por isso, não se apresenta ser tema tão estranho à searaeleitoral, desde que a violação deste direito ocorra quando daveiculação de propaganda política, mormente, de cunho eleitoral.

Cumpre destacar que neste trabalho optou por ser feita aanálise de situações práticas de litígios já decididos no âmbito

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jurisdicional eleitoral ou, usando o popular estrangeirismo acadêmico,num estudo de leading cases referentes às questões de ofensas aosdireitos do autor mais importantes (para não falar em quase todas) quereceberama necessáriatutelajurisdicional na seara eleitoral.

É bom lembrar que o termo leading case é expressão comumno Sistema Jurídico consuetudinário (Common Law) anglo-saxão, emespecial no estadunidense,importada e incorporada recentementepelomeio acadêmico brasileiro, significa, segundo Guido Fernando SilvaSoares (apud-GOMES JR., 2004). "decisão que tenha constituído emregra importante, em torno da qual outras gravitam", a qual "cria oprecedente, com força obrigatóriapara casos futuros".

De forma bem mais objetiva, passa-se a avaliar a abalizadajurisprudência da Justiça Federal Especializada Eleitoral em relaçãoaos casos em que houve a alegação de propaganda eleitoral irregulare/ou ilícita por suposta ou efetiva inobservância dos requisitosprotetoresdos DireitosAutorais.

Ab initio, necessário destacar que a competência para decidirquestões acerca do adimplemento ou não pela exploração de obraalheia em respeito aos direitos do autor é da Justiça Comum Estadual,assim tem caminhado o entendimento jurisprudencial da JustiçaFederal Especializada Eleitoral, isto é, esta mesma se vê comoincompetente para dirimir estas questões. Aliás, este já era oentendimentojurisprudencial da Justiça Eleitoral tanto na vigência daLei n°. 5.988, de 14 de setembro de 1973, quanto na da Lei n°. 9.610,

. de 19de fevereiro de 1998,na ordem, o primeiro e o segundo estatutoa cuidar especificamente de Direitos Autorais no Brasil, senão, veja-se, respectivamente

DIREITO AUTORAL. OBRASMUSICAIS. FISCALIZACAO.COMPETENCIA. NOS TERMOS DOART. 116 DA LEI 5.988/73, NAOCOMPETE AO TSE ADOTARQUALQUER MEDIDA SOBRE AUTILIZACAO DE OBRAS MUSICAISPELOS PARTIDOS POLITICOS, SOBQUALQUER FORMA, DEVENDO AFISCALIZACAO SER EXERCIDA PELO

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CONSELHO NACIONAL DE DIREITOAUTORAL. (TSE, PET 97]5, Reso]ução n°.] 5065, julgamento em 21/02/] 989, ReI.Min. José Francisco Rezek, publicado DJ] 7/08/1989, p. ]3] 95 e BEL, V01. 464,Tomo ], p. 439).

RECLAMAÇÃO CONTRAPROPAGANDA QUE TERIASUPOSTAMENTE SE UTILIZADO DEOBRA INTELECTUAL PERTENCENTEAOS RECLAMANTES.

A Justiça Eleitoral é incompetente paradirimir reclamações em face de eventuaisagressões a Direito Autoral.

A pessoa que postula cargo público e queexerce a função pública, não pode se opusera divulgação da própria imagem, ou vozsalvo se a divulgação importar em ofensa ahonra ou violar sua intimidade.

Reclamação de que não se conhece.(TRE/AL, Res. nO.11.086, Proc. nO.XVII-422, julgamento em 06.09.1990, ReI. Des.Carlos Mero, ReI. Des. designado PauloRoberto de Oliveira Lima, publicadoDOEAL 11.09.1990,p. t9).

Recurso. Decisão que julgou procedenterepresentação e determinou a suspensão dautilização dejingles de campanha.

Competênciapara processar e julgar o litígiorelacionado a direitos autorais é da JustiçaComum. Legitimidade exclusiva dosdetentores da propriedade da melodia.

Provimento. <TRE/RS, RREP 16-1032004[Jaguari/RS], julgamento em 26.08.2004,

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r

ReI. Des. Dálvio Leite Dias Teixeira,publicado em sessão).

Importante destacar que, no entanto, a atividade jurisdicionaleleitoral não exclui a análise da propaganda político-eleitoral ser ilegalou irregular em decorrência da ofensa aos Direitos do Autor, nestecaso a Justiça Eleitoraljulga pedido para retirar propaganda que tenhadesrespeitadoestes direitos, ipsis verbis

Compete à Justiça Eleitoral vedar areprodução, no horário destinado àpropaganda eleitoral gratuita, de imagens,verdadeiro videoclipe, fruto da criaçãointelectual de terceiros, sem autorização deseu autor ou titular. (TSE, RP 586[Brasília/DF], julgamento em 21.10.2002,ReI. Min. Francisco Peçanha Martins, ReI.Min. Fernando Neves da Silva, publicadoem sessão e RJTSE, Vol. 14,Tomo 3, p. 42).

A propaganda político-partidária também está sujeita a estetipo de controle de suas atividades, ainda que seja em menor escala,senão,veja-se:

PROPAGANDA PARTIDÁRIA.UTILIZAÇÃO DE IMAGENS DEPROPRIEDADE DE EMISSORA DETELEVISÃO. LEGITIMIDADE ATIVA.VIOLAÇÃO A DIREITO AUTORAL.NÃO-CARACTERIZAÇÃO.INEXISTÊNCIA DE DESVIO DEFINALIDADE.IMPROCEDÊNCIA.

Tem legitimidade o titular de direito autoralpara representarà Justiça Eleitoral, visandocoibir prática ilegal em espaço depropaganda partidária ou eleitoral.

O uso de trecho de matéria jornalística napropaganda partidária, com a finalidade deexplorar tema de caráter político-comunitário, não constitui desvio de

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finalidade a atrair a aplicação da penalidadeprevista no § 2° do art. 45 da Lei n°9.096/95.

Não caracterizada, na espécie, ofensa à leiou violação a direito autoral, julga-seimprocedente a representação.<TSE,RP 678[Brasília/DF], julgamento em 18.11.2004,ReI. Min. Francisco Peçanha Martins,publicado DJ, Volume I, 04.02.2005, p. 185e RJTSE, VoI. 16,Tomo 1,p. 114).

Como bem observado por Mallman (2008), nas orientaçõesacerca do desenvolvimento deste trabalho, tais decisões acimademonstram de forma inequívoca que, apesar da Justiça Eleitoral nãoser um órgão jurisdicional, por sua própria finalidade, afeito àsquestões sobre propriedade intelectual, este tema não lhe passadespercebido.

Sem olvidar que a titularidade em apresentar RepresentaçãoEleitoral por ofensa a Direito Autoral em propaganda eleitoralpertence ao autor ou a um dos autores da obra indevidamenteutilizada, ipsis litteris

REPRESENTAÇÃO ELEITORAL.VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL.LEGITIMIDADE ATIVA DE CO-AUTOR.OBRA COLETIVA INQIVISÍVEL.AUTORIZAÇÃO DA MAIORIA DOS CO-AUTORES. PROCEDÊNCIA DAREPRESENTAÇÃO.

1.Cada co-autor pode, individualmente,semaquiescência dos outros, registrar a obra edefender os próprios direitos contra terceiros(art. 32, § 3°, da Lei n° 9.610/98).

2. A utilização de obra intelectual coletivaindivisível em campanha eleitoral reclama aautorização expressa da maioria dos co-autores (art. 32, § 1°,daLei nO9.610/98).

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3. Representação julgada procedente.(TRE/AP,Ac. 1798, REP 342 [Macapá/AP],julgamento em 1°.08.2006, ReI. Des.Anselmo Gonçalves da Silva, publicado emsessão).

A título explicativo, a Representação Eleitoral é uma dasações eleitorais típicas, a finalidade da mesma é coibir os atospraticados por candidatos,partidos, coligação e/ou terceiros contráriosaos dispositivos contidos na Lei Eleitoral, atualmente o procedimentodesta ação está regulado pela Resolução nO.22.624/07 do TSE. O usode procedimento inadequadopode resultar no improvimento do pleitopor causa disto.

Representação. Direito e resposta.Discussão. Meios utilizados.Impossibilidade. Incompatibilidade.Procedimentos. Propaganda impugnada.Referência. Fatos públicos e notórios.Divulgação. Imprensa. Caráter ofensivo.Não-configuração. Decisão. Improcedência.Agravo regimental.

1. A utilização de cenas externas, trucagem emontagem, bem como violação ao direito deautor constituem matérias não relacionadasao pedido de direito de resposta e devem serapuradas por meio do rito do art. 96 da LeinO 9.504/97, não podendo ser objeto doprocedimento estabelecido para o direito deresposta, previsto no art. 58 da Lei nO9.504/97, dada a incompatibilidadede ritos.

2. Hipótese em que a propaganda impugnadaveicula referências a fatos públicos enotórios, divulgados na imprensa, que nãopossuem caráter ofensivo.

Agravo regimental desprovido. (TSE, ARP1097 [São Paulo/SP], julgamento em

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13/09/2006, ReI. Min. Marcelo HenriquesRibeiro de Oliveira,publicadoem sessão).

Outrossim, a Justiça Eleitoral está ciente que se faz necessáriodefender não somente o caráter patrimonial do Direito de Autor, masde igual modo sua natureza moral/pessoal, inclusive, dada ainalienabilidade e a irrenunciabilidade destes, tal defesa pode ser pormeio de herdeiros - se necessário for, é o que se depreende de lapidarjulgamento neste sentido do Tribunal Regional Eleitoral candango, inverbis

PROPAGANDA ELEITORAL. USO DEOBRA MUSICAL. FALTA DEAUTORIZAÇÃO DO TITULAR DOSDIREITOS MORAIS.

1 - Ainda que tenha cedido os direitospatrimoniais, o autor da obra ou seussucessores podem demandar a proteção dosdireitos morais, vez que, inalienáveis eirrenunciáveis, não podem ser transferidos(L. 9.610/98, art. 27 e 49, I, 23parte).

2- A utilização, em propaganda eleitoral, deobra musical depende de autorização dotitular dos direitosautorais.

3 - Nos direitos morais do autor da obracompreende-se o de conservar a obra inéditae de assegurar a integridade dela, podendose opor à prática de atos que, de qualquerfonna, possam prejudicá-Io ou atingi-Iocomo autor, em sua reputação ou honra (L.9.610/98, art. 24, III e IV).

4 - Agravo provido. (TRE/DF,ARPLEI 879,Resolução nO. 4750, [Brasília/DF],julgamento em 30.09.2002, ReI. Des. JairOliveira Soares,publicado em sessão).

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De suma importância,para ao acolhimento da representação,éa comprovação por parte do autor (nesses casos denominado,representante)da autoria da composição, verbis

RECURSO - REPRESENTAÇÃOJINGLESDE CAMPANHAELEITORAL-ALEGAÇÃO DE PLÁGIO - NÃO-COMPROVAÇÃO DA AUTORIAIMPROCEDÊNCIA- MANUTENÇÃODASENTENÇA.

A teor do art. 72 da Resolução n°.21.61012004, para que seja julgadaprocedente representação contra propagandaeleitoral que desrespeite o direito do autor, éimprescindível a comprovação da autoria.TRE/SC, Ac. nO. 19.701, RREP n°. 1712,julgamento em 21.10.2004, ReI. Des. HiltonCunha Jr., publicado em sessão.

A Justiça Eleitoral tem reconhecido a existência de plágio emconsonânciacom a melhor interpretação acerca dos Direitos do Autor,por isso a cópia de trecho ou "apenas" da melodia já é suficienteparaconfigurar a ofensa a este dúplice direito de receber a devida sançãoeleitoral. No entanto, faz-se mister demonstrar de forma clara aexistênciada ofensa, in verbis:

RECURSO EM REPRESENTAÇÃOPROPAGANDAELEITORAL GRATUITA

HIPÓTESE DO ART. 63 DARESOLUÇÃO TSE 22.261/06VIOLAÇÃO À DIREITO AUTORAL -CONFIGURAÇÃO - IMPROVIMENTO.

Ocorre a hipótese do art. 63 da ResoluçãoTSE 22.261/06, quando a propagandaeleitoral apresenta indícios de reprodução decriações de autoria alheia.

Manutenção da decisão recorrida. (TRE/RN,RRP 2150 [Natal/RN], julgamento em

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18.09.2006, ReI. Des. Artur CortezBonifácio,publicado em sessão).

Recurso Eleitoral. Propaganda Irregular."Jingle" com Melodia de Terceiro.Representação julgada parcialmenteprocedente. Recurso Desprovido' (TRE/SP,Ac. 164.597, RE 30739 [Franco daRochalSP], julgamento em 03.10.2008, ReI.Des. Flávio Yarshell, publicado em sessão).

Ausente a imprescindível demonstração de ofensa ao Direitodo Autor, impossívelhaver a aplicação de sanção, in verbis:

Representação. Propaganda. Inserções. Uso.Cena externa, montagem e trucagem. Não-caracterização. Alegação. Utilização.Imagens de terceiros em desrespeito aodireito do autor. Não-configuração. Decisão.Improcedência.Agravo regimental.

1. Hipótese em que não se averigua autilização de cena externa, montagem etrucagem, nem mesmo uso de imagem emdesrespeito ao direito do autor, o que ensejaa improcedênciada representação.

Agravo regimental desprovido. TSE, ARP1073 [BrasílialDF], julgamento em13.09.2006, ReI. Min. Marcelo HenriquesRibeiro de Oliveira, publicado em sessão.

Também é relevante requerer a aplicação da sanção correta,como demonstra a jurisprudência abaixa transcrita, posto que nestecaso identificou-se o uso indevido de jingle de estabelecimentocomercial, mas o enquadramento indevido, como crime eleitoral,resultou na ausência de punição do candidato, em que pese averificação pelo Tribunal Regional Eleitoral paraense da práticaabusiva por parte deste, verbis:

RECURSO EM REPRESENTAÇÃO.UTILIZAÇÃO DE JINGLE DE EMPRESA

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COMERCIALMERCADOELEITORAL.

COMEM

SOLIDEZ NOPROPAGANDA

O bemjurídico tutelado no crimeprevisto noart. 334 do CE (mesma redação do art. 48 daResolução n.o 22.261/06) é a igualdade napropaganda política partidária,intrapartidária ou eleitoral, e o tipo objetivoseria a utilização, o aproveitamento,o lucro,significando levar uma vantagem ou ganharalguma coisa, o que não está caracterizadono fato de o recorrido ter se utilizado dejingle de um supermercado na suapropaganda veiculada no horário gratuito.

O artigo 62, da mesma Resolução, não podetambém servir de embasamento aorecorrente, pois o malfadadojingle trazido aestudo não se presta a promover a marca dosupermercado, que já é bastante consolidadae conhecida em nosso Estado, como um dosmaiores do setor. Mais fácil o contrário, queo representado esteja, na realidade, sepromovendo com o jingle da empresa e coma finalidadeprecípua, nesta época, de atingiro eleitorado, o que não é alcançado pelavedaçãolegaI.

Recurso a que se nega provimento.(TRE/PA, Ac. 19824, ROREP 880[BelémIPA], julgamento em 14/09/2006,ReI. Des. Paulo Gomes Jussara Júnior,publicado em sessão).

Em contrapartida,devidamente demonstrada a regularidadenacessão da obra, no todo ou em parte, ou seja, devidamente observadoos direitos do autor, a propaganda eleitoral também será consideradaregular.

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RECURSO ELEITORAL. Representação.Propaganda eleitoral irregular. Alegadaprática de ato ilícito contra propriedadeintelectual alheia. Plágio de jingle.Inocorrência. Existência de nota deprestação de serviços que comprova suaaquisição. Ausência, ademais, dedemonstração do alegado prejuízo sofrido naesfera jurídica do recorrente. Sentençamantida. RECURSO DESPROVIDO.(TRE/SP,Ac. 164.607,RE 30136 [Jales/SP],julgamento em 03.10.2008, ReI. Des. PauloAlcides, publicado em sessão).

Recurso Eleitoral. Representação.Propaganda eleitoral irregular. Música decampanha eleitoral. Eleições 2008.Improcedência.

Preliminar de intempestividade de juntadade documentos. Acolhida. Impossibilidade,em sede recursal nos Tribunais Regionais,de apresentação de alegação escrita oujuntada de documentos. Art. 268 do CódigoEleitoral. Não-conhecimento dosdocumentosjuntados.

Mérito. Utilização de música cuja melodiafoi a mesma usada por candidato aPresidente eleito. Ausência deirregularidade. Inexistência.de violação dedireito autoral. Não-demonstração deeventual confusãona opinião do eleitor.

Recurso a que se nega provimento.(TRE/MG, Ac. 5672, RE 4241[Divinópolis/MG], julgamento em11.12.2008, ReI. Des. Antônio Romanelli,publicado DJEMG 16.02.2009).

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rFrise-se que se tem buscado combater o plágio, bem como

toda e qualquer ofensa aos Direitos Autorais, inclusive entre

programas de propaganda política e até entre candidatos, senão, veja-se, respectivamente:

RECURSO. REPRESENTAÇÃOELEITORAL. PRELIMINAR DE

INTEMPESTIVIDADE. REJEIÇÃO.MÉRITO. PROPAGANDA ELEITORAL.

MENSAGEM QUE MENOSPREZA AREPRESENTANTE. DIREITO DERESPOSTA. IMPROVIMENTO DORECURSO.

Não versa o pedido sobre direito de resposta,previsto no artigo 58 da Lei n.o 9.504/97,não se aplicando os prazos da norma retromencionada,havendo entendimentode que arepresentação poderia ser intentada até adata da eleição.

Preliminar rejeitada.

A paródia, além de procurar menosprezar arepresentante,remetendo à opinião pública odesleixo, a falta de responsabilidade, aindase constitui em cópia indevida depropaganda da recorrida, o que é vedadopela lei eleitoral, em respeito aos direitosautorais.

Recurso improvido. (TRE/PA, Ac. 20046,ROREP 1200 [Belém/PA], julgamento em27.10.2006, ReI. Des. Jorge Luiz LisboaSanches,publicado em sessão).

RECURSOS ELEITORAISPROPAGANDA ELEITORALIRREGULAR - PROCEDÊNCIAPARCIAL - UTILIZAÇÃO INDEVIDAEM PROPAGANDA ELEITORAL DASEMELHANÇA FÍSICA E ATITUDE DE

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POLÍTICO JÁ FALECIDO - ATITUDEQUE DEVE SER COMBA.TIDA PELAJUSTIÇA ELEITORAL - PROPAGANDAQUE PODE LEVAR O ELEITORA ERROE/OU GERAR DÚVIDASDESPROVIMENTOAOS RECURSOS.

Trecho voto

[...] uso do pseudônimo de ENÉAS FILHOcom afirmação de que continuarátrabalhando como o pai, de forma a induzir oeleitor .em erro, uma vez que o "de cujus"nunca teve filho.

Houve registro de candidatura dorepresentado sem impugnação. Afirma queseu genitor era, de fato, vereador e sechamava Enéas.

No caso, não há simples imitação. Háverdadeiro propósito de fazer com que oeleitor, no mínimo, se confunda, ou com oaspecto fisico do candidato ou com a fala,pelo fato de deixar claro nas inserções dapropaganda que é filho do Dr. Enéas (decujus) e que, por essa razão, irá continuar oseu trabalho.

Na propaganda eleitoral deve prevalecer averdade. (TRE/SP, Ac. 163808, RE 29840[São Paulo/SP], julgamento em 18.09.2008,Rela. Desa. Clarissa Campos Bernardo,publicado em sessão).

Nas jurisprudências acima, pode-se observar que a OrdemJurídica Eleitoral busca punir as propagandas irregulares e/ou ilícitasque tenham desrespeitado de algum modo os Direitos Autorais, emque pese, em regra, a discussão acerca deste tema não pertencer àseara da Justiça Eleitoral.

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r

CONCLUSÃO

A escolha do presente tema de trabalho adveio dos poucosestudos acerca dos aspectos da Propriedade Intelectual, maisprecisamente,os Direitos Autorais, no OrdenamentoJurídico Eleitoral- quiçá, porque, aparentemente, não há nenhuma vinculação entreestes.

No entanto, o controle e a proteção ao direito de propagandapolítico-eleitoral demonstram a necessidade de, no uso de seu lícitopoder regulamentar, a Justiça Eleitoral ter que tratar deste tema, bemcomo no exercício de sua atividadejurisdicional.

Tal hipótese não é remota, consoante a exemplar explanaçãode Rover (2006, p. 33-7), na qual apresenta de forma pertinente aimportância da Propriedade Intelectual e dos Direitos Autorais nasociedadebrasileiramoderna:

Numa sociedade onde a informação assumepapel de destaque tanto para odesenvolvimento econômico, como social ecultural, a Propriedade Intelectual,particularmente o chamado direito autoral,ganha uma importância nunca antes vista.Considerada o produto mais valioso eessencial dentro desta sociedade, acaba porlevantar em tomo de si as mais importantesdiscussões.

Entretanto, apesar da, no mínimo, pouca jurisprudênciaeleitoralista sobre o tema dos Direitos Autorais, observa-se que noscasos aqui analisados houve a devida busca tanto pelo TribunalSuperior Eleitoral quanto pelos Tribunais Regionais Eleitorais emhaver a escorreitaproteção aos Direitos do Autor.

No entanto, alguns aspectos funcionam como elementosessenciais à obtenção de tal proteção, conforme se pode inferir dosjulgados ora transcritos: que há prejuízo sendo suportado por quemalega a ofensa em seus Direitos Autorais, seja no aspecto patrimonialseja moral; a imprescindível comprovação da condição de autor daobra objeto da ação (aqui tomo a liberdade de também incluir, além do

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autor, quem detenha o direito sobre a exploração econômica da obra);e que também seja pedida a reprimenda correta a ofensa ao direitoautoral - mormente, a suspensão da propaganda e, em alguns casos, aaplicação de multa (deve-se lembrar que eventual reparação civil deveser buscada na Justiça Comum).

Por isso, dada a importância dos Direitos Autorais e que estespodem ser ofendidos na propaganda político-eleitoral e, em menorescala, na propaganda político-partidária, faz-se necessário lançarmaiores luzes sobre este tema na seara do Direito Eleitoral, sendo opresente trabalho singela contribuiçãoneste sentido.

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