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li<l l'i'ff> Senho ra Ju1za Federa l da 260 . f / JSP Vara Civel da Subseção Jud1ci6rio de soo pau o . JFSP-FORUM CI VEL-SPJ 15 1 0712013 11:59 h íílil ''" íli1i íl ili i 1i1iilfü1i ilííl 1 CP Juntede-AFSP _lf:_1 RF· '1_[",.(7 ___ jj ·- ---- Rubr ic e _ -------- Processo nº. 0003374-14.2009 .403.6103 COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS - AMBEV, por seus advogados, nos autos da ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, na qual figura como assistente simples do autor a União Federal , e como co-Ré a empresa África Publicidade, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos artigos 191 e 518 do Código de Processo Civil ("CPC"), apresentar CONTRARRAZÕES às apelações interpostas contra a r. sentença de fls. 441-448, que requer sejam juntadas e oportunamen te remetidas ao Egrégio Tribunal Regional da 3ª Região. Termos em que, Pede Deferimento . São Paulo, 12 de julho de 2013. .-'. ... :;:::- "" . '• , Fernandci,Dontas M. Neustein OAB/SP nº. · ' Brito ATantes ÔAB/SP nº. 234.926

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Page 1: JFSP-FORUM CIVEL-SPJ íílil - jota.info · indenização para reparação de supostos danos morais de caráter difuso. 2. - A r. sentença de tis. 441-448, que também admitiu a

• li<l l'i'ff>

,celcnti~sirno Senho ra Ju1za Federa l da 260 . f / JSP Vara Civel da Subseção Jud1ci6rio de soo pau o .

JFSP-FORUM CI VEL-SPJ 151 0712013 11:59 h

íílil ''" íli1i íl ili i 1i1iilfü1i ilííl 1

CP ~~P3r32764-14.2009.403 .6103 B.V,f:JV~ Juntede-AFSP _lf:_1 ~(!('1~ RF· '1_[",.(7 ___ jj

·- ---- Rubr ice _ --------

Processo nº. 0003374-14.2009 .403.6103

COMPANHIA DE BEBIDAS DAS AMÉRICAS - AMBEV, por seus advogados, nos autos da ação civil pública proposta pelo Ministério Público Federal, na qual figura

como assistente simples do autor a União Federal, e como co-Ré a empresa África

Publicidade, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com

fundamento nos artigos 191 e 518 do Código de Processo Civil ("CPC"), apresentar

CONTRARRAZÕES

às apelações interpostas contra a r. sentença de fls. 441-448, que requer sejam

juntadas e oportunamente remetidas ao Egrégio Tribunal Regional da 3ª Região.

Termos em que,

Pede Deferimento.

São Paulo, 12 de julho de 2013.

~I? .-'. ... :;:::- "" . '• , Fernandci,Dontas M. Neustein

OAB/SP nº. 162.60~ ·

'

(t\1~0 Brito ATantes ÔAB/SP nº. 234.926

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MINISTÉRIO Púsuco FED ,.,, .,., ,,, '!lúf """'" ·~ 1) 111)1 ,,~ ERAL E UNIÃO FEDERAL

Companhfa de Bebidos d , os Arnerlcas - AMBEV

interessada: África Publicidade

CONTRARRAZões DE APELAÇÕES

Egrégio Tribunal,

/. SÍNTESE DO CASO

1. - Discute-se na demanda a suposta abusividade de uma campanha publicitária intitulada "Ronaldo", veiculada para promover uma marca de cerveja

de fabricação da Apelada. Em um verdadeiro libelo político contra a legalidade de propaganda de cerveja genericamente considerada, e sob a alegação de que a campanha "Ronaldo" é abusiva por induzir o consumidor a se comportar de formo prejudicial à sua saúde, elevando o consumo de produto "maléfico à

saúde humana", o Apelante Ministério Público Federal ("MPF") , autor da ação,

requereu a condenação da Apelada e Interessada ao pagamento de indenização para reparação de supostos danos morais de caráter difuso.

2. - A r. sentença de tis. 441-448, que também admitiu a União como assistente

simples do MPF, julgou improcedente a demanda, asseverando que:

(i) não há prova de que a mera exibição da campanha "Ronaldo" . . . • · 1 ar·1a 0 consumidor a se 1nduz1na a maior consumo de cerveja, ou ev

comportar de forma prejudicial à saúde, conforme alegado pela inicial;

{ii) . mo de cerveja, não mesmo que tivesse havido aumento do consu .

. 'd causado pela refenda existem provas de que ele tena s1 o

campanha publicitária; e

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o dono moral colei· ivo de e podendo ser presumido ou P olróte~ difuso tem de ser provado nõo

o enc1a1. · A _ sobrevieram as apelações inter .)1. 468-481). O MPF insiste que a ca Postas Pelo MPF (fls. 452-466) e pela Uniõo r~s. . mpanha inrt

1 . dUZ o consumidor a um maior cons 'u ada "Ronaldo'' é ilícilo e que in . . umo de cerv .

oduto contribui para maior êxito P fi . eJa ao sugerir que a ingestão do pr . . ro 1ss1ona1 AI .

vo do efetivo sofrimento individu 1. · ego, ainda, ser desnecessária a pro . a12ado do c . . d dono moral coletivo e consequent onsum1dor para a configuração

o e Procedência da ação.

4 _ A União reitera a alegação de . que a campanha bl" ·t . . -. d z 0 consumidor a se comport d . pu 1c1 ano em questao

1n u ar e maneira prei· d · 1 , · . . . tão excessiva de bebida 1 . . u ic1a a saude ao 1ncent1var a ,nges s a coollcas AI · d . ,

t. tal indução teria e _ . · em os nscos a saúde individual e cole 1va, onsequencias sob _ criminalidade e saúde pública. re questoes relacionadas ao trânsito.

1/. RESUMO DAS RAZÕES PELAS QUAIS A R. SENTENÇA DEVE SER MANTIDA

5. - Não procedem os argumentos sustentados nas apelações do MPF e da União, devendo a r. sentença ser mantida na íntegra porque:

~ A propaganda "Ronaldo" não é abusiva, haja vista que não incita o

consumidor a se comportar de maneira nociva à saúde. Não há

associação entre o êxito profissional do ex-jogador de futebol Ronaldo e o

consumo de cerveja. O consumidor médio sabe que o sucesso do ex­

jogador não se deve ao consumo do produto. Além disso, apenas o

consumo excessivo de bebidas alcoólicas é maléfico a saúde, o que é

desaconselhado expressamente pela referida propaganda.

, Inexiste qualquer prova de que a campanha "Ronaldo" tenho

incrementado o consumo excessivo de cerveja, ensejando os supostos

danos daí decorrentes. Se a inicial alega que a propaganda gerou

determinada conduta prejudicial, deveria haver prova disso nos autos. e

não há.

) Diante da notoriedade dos riscos associados à ingestão excessiva de

álcool, eventuais danos sofridos por consumidores em razão do consumo

, 1· olvem-se no plano da irresponsável de bebidas alcoo 1cas res

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responsabilldade pessoal d d

. · 1 · aquele q preju 1c10 o si próprio (a rl 12 ue Odo1o · · §3° 111 conduto 'Obtd

consumidor expressam e nt · . do CDC) " ornr~ntr; e em sua · A Apelada ad· t

moderação. nõo podendo s Propagandas par tt::.r e oo ser respo . o o consumo c.om

quem age de maneira centrá . nsab11lzada por d . na. anos sofndo5 por

.,.. Eventuais danos causados po . r consumidores b .

de terceiro. sem relação de . ern nagados constituem f t causahdad . o o propaganda da Apelada. A re . . e direta e imediata com a

. _ sponsab11idade por terceiros nao pode ser imputada à A por esses danos causados

pelada {art. 12. §3º.111. do CDC) .

.,.. conforme jurisprudência recente d Direito Brasileiro não reconhece f" o SUPERIOR TRIBUNAL OE JUST\ÇA, 0

a 1gura do d que o dano moral está ligado à

1 _ ano mora\ coletivo. haja vista

esao a bens de n t . d" . personalíssima. incompatível com

0 _ a ureza 1n 1v1dual e

noçao de coletividade desta ação.

~ A ação é eminentemente ideol · · . og1ca. motivada pela aparente inconformidade do Apelante MPF e 1. . . . om a 1c1tude da propaganda de ceNeJa genericamente considerada A t - . . -. . , . . · pre ensao de impor restnçoes a uma at1v1dade licita viola o princípio da 1 1·d d -ego 1 a e e da separaçao dos poderes (arts. 2º e 5°. li, da CF).

111. ESCLARECIMENTO INICIAL - a Apelada é uma empresa socialmente

responsável

6. - Os Apelantes acusam a propaganda de cerveja da Apelada de violar

valores sociais 1; de não ser feita de maneira "socialmente responsável"2; e

pretendem fazer crer que a empresa não age de maneira responsável. Mas, ao

contrário, a Apelada é uma empresa socialmente responsável, cumpridora de

seus deveres legais, geradora de milhares de empregos diretos e indiretos, e

recolhedora de vultosas quantias de dinheiro a título de tributos.

7. - Criada em 1999 pela fusão da Companhia Cervejaria Brahma e do

Companhia Antártica Paulista, a Apelada é hoje a maior empresa de bebidas da

A , . . . . . d do Atua em 14 países é líder

menca Latina e a quarta mrnor cerveJana o mun . ·

1 Fls. 459. 2 Fls. 460.

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9. -

11>.IÍattOS JV-"'j\Auriel v stencr ~e.., Ad' njln•.h"

ercodo brasilefr o de cervejas f ,o ni . . , re erência r bifidode. sustenfob1hdade e em mundlal em gestão crec-cimen1o

,,10 geração d 1

• " ' 1e e va o res sociais e ombien1ois.

Aléll1 c umprir estritamente su .

,."""() )

13

8 - as obngaç- . · toriomente compromissos que e t· oes legais. o Apelado assume otun on irmam a s . d

' . com que pauta o desempenh d e ne ade. responsabilidade e 8t1co 0 e suas ativid d s - .

nhos que promove visando , ª es. a o exemplos disto os o(()Pº a preservação amb· t 1 e . 00 consumo responsável3 N . ien a , ao desenvolvimento

soc101

e · a area de preservação ambiental, destocom­se:

,. campanha de reaproveitam t . en o dos subprodutos, o que acarreta um

impacto muito menor ao m · · _ e10 ambiente e, ao mesmo tempo, reflete

reduçao de custos para as fábricas; b projetos de desenvolvimento d t · · -r e ecnolog1a hmpa, com reduçao de

emissão de carbono, aplicado na fábrica de Viamão/RS;

};> projeto de incentivo a 36 grupos de cotadores de recicláveis em todo o

Brasil; preservação da fauna e flora nas áreas ricas em biodiversidade,

que fazem parte de suas unidades produtivas, como é o caso, dentre

outros, da cidade de Maués/ AM, na floresta amazônica4 ;

};> esforço para a baixa utilização relativa de água em sua produção5;

};> incentivo ao projeto "Reciclagem Solidária", que fornece equipamentos

e conhecimento técnico às cooperativas de cotadores de lixo em todo o Brasil; e

};> incentivo ao projeto "Recicloteca", que constitui o principal centro de

pesquisas sobre reciclagem e meio-ambiente no Brasil.

Na área de desenvolvimento social, destacam-se as suas campanhas de:

};> investimento em projetos voltados para a comunidade das cidad~s próximas às unidades produtivas da Apelada, por meio de atuaçao

conjunta com cooperativas, ONGs e centros comunitários;

- , . . t . e em 2008 esse número 3 Em 2007 a AmBev investiu R$ 195 milhões em açoes soei? 9mbien ats ' Disponív~I em

b' R$ 206 m1lhoes. . su 1u para M t . o?oage-&cod=388607, http://www.fazenda.gov .br /resenhaeletron~ca/Mostra ª er~a.as -zõaae:&cod=484307 - acesso http://www.fazenda.gov.br /resenhaeletronica/MostraMatena.aso ·

em 28.6.2013. A • d de a osto de 2008 - fls. 366. 4 Dados extraídos da Revista Valor Econ~m~co, data ª agosto de 2008- fls. 367. 5 Dados extraídos da Revista Valor Econom1co, datada de 9

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Y ;ncentl\ o à agricultura · Por me1 Projeto Zona Franca Yerd o do inve!.tlnient

dentre outros benefi . e. do Governo do E o de R$ 70 in1lhõ(·'> rio . - . c ios. gorante stodo do Arnozona~ e UQ

na reg1ao e o f1nanciament a rnonutenção de 12 '. l . rural;

0 de rnais de 1 3 Polos ogncolos

· oo casas Populares na zona ,. apoio e colaboração 0

P . . ro1etos corn

educa cnanças e jovens de São P o a Fundação Gol de Letra, que

programa Esporte Clube Cid - Oulo e do Rio de Janeiro e o . Odao de p rt ·

cidadania por meio do desenv 1

. 0 o Alegre que promove 0 » doações sistemáticas ao P .

0 virnento esportivo: e íOJeto Ação C . . .

campanhas de doações de 0 rnun1tana e realização de . . roupas. alim t . .

diversas ONGs e instituições. en os e rnatenal escolar para

No âmbito da responsabilidade . 10. - social dest

,...,0 vidas visando à conscientização de t d · . acam-se as campanhas pro

1

• • o a a sociedade d 'vel e dos riscos assoc·iad acerca o consumo sponsa os ao consum · d . re 0 1n ev1do de bebidas alcoólicas.

_ o "Programa Ambev de Consu R • , 11. . mo esponsavel '. que teve início em 2001 . norteado pel~s premissas da Organização Mundial da Saúde ("OMS"), está

baseado em: (i) combater 0 uso abusivo do álcool; (ii) incentivar o cumprimento

da lei que proíbe ª venda de bebidas a lcoólicas para menores de 18 anos; e (iii) conscientizar a população sobre os riscos de beber e dirigir6.

12. - Para colocar em prática esse programa. a Apelada realiza parcerias com o

Poder Público, campanhas de orientação em pontos de vendas, ações

específicas em eventos por e la patrocinados e veiculação de peças publicitárias

com os dizeres "Se beber não dirija", "Beba com moderação"?, "Brahmeiro bebe com responsa", entre outras.

J 3. - Desde o início do Programa já foram doados mais de 80 mil bafômetros aos

órgãos de trânsito e a entidades governamentais federais, estaduais e municipais.

como a Polícia Rodoviária Federal, a Companhia de Engenharia do Tráfego - CET e o Denatran.

/ resºQnsavel0fçl6.h1ml - acesso em 6 Disponível em http://www.ambev.eom.br/pt-br consumo- ----

28.6.2013. . . 0 19115

htm- acesso em 28.6.2013. 7 Disponível em http://www3.detran.rs.gov.br/clipp1ng/2005 1 - ·

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0 pio~1ruma "An)iqo dc.i Ve .. A - · · 7 é ou tr

1 · "itld1:..1des publicas, visando à 0 exernpto de . ~on' "'' . b os e fe lt conscfentrzaç;a. parcena da ~rnp1•::<..r:J l ditiQll so os do ó lc '--10 do pop 1 "' se . 0

0 1. O Pro e t u açoo sobre~ os ric;c.r.,., de .... 5portes e da Justiça, Detrans e Secre ta 1 j o, de au1orio dos tv\inistérios dos 11°• · d que alua p · r as Muni · ·

,Apelo a, nncipalrnente . . ctpais de Trân:,ito é apoiado ,elO - no d1stnbui - '

1- cientizoçoo para prevenção de acid Çao de material publicit6rio de cons entes de trârisito.

A Apelada também é urna das t . 1 S. - , Pa roc1nadora d

saúde e Alcool - C ISA, respon , s o Centro de Informações obre - save1 Pela . r 5

0 divulgaçao do vídeo "Bebid . Pra ica de eventos educativos co(l'lº a ou direção· f

·buição do guia "Como falar sob · aça a escolha certa" e a distn re o uso do ál 1 nidodes vizinhas às unidades prod t· coo com seus filhos" , nos cornu uivas da Apeladaª.

_ os proprietários de bares e restaur _ 16. , 1 d . antes sao outro foco do programa de uma responsave esenvolv1do pela A

1 cons ,, . . Pe ada. Campanhas como o "Peça o ,, "Bar de Responsa ObJet1vam a · t -

RG e onen açao e conscientização dos mais de ·1 pontos de venda para não forn .

800 m1 . ecerem bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, mencionando a proibição legal para esse tipo de prática9.

17. - Como visto, a Apelada engaja-se em campanhas visando a desestimular o

consumo irresponsável de álcool, exatamente o oposto do que alegam os

Apelantes. A Apelada busca a conscientização e educação da população

acerca do consumo de bebidas alcoólicas, inclusive em parcerias com o Poder

público, para mitigar os possíveis danos decorrentes de condutas inconsequentes

dos consumidores.

V RAZÕES PARA A MANUTENÇÃO DAR. SENTENÇA RECORRIDA 1 •

l8. - Na petição inicial, o Apelante MPF alega que a campanha publicitária

"Ronaldo" é abusiva 1º, nos termos do art. 37, §2º, do CDC11 , pois, ao supostamente

d'· · /beber-ou-diriqir.htm\ a http://www.ambev.com.br/pt-br/consumo-responsavel/beber-ou- mqir

acesso em 28.6.2013. . . . /

r . 12013106/ombev-treino-\O-mil-9 Disponível em http://g1 .qlobo.com/no-de-1ane1ro_no icio

profissionais-em-consumo-responsavel.html - acesso em 28.6.2013.

'º Fls. 69. . 'd de discriminatório de quolqu~f ti Art. 37, § 2º, do CDC: "É abusiva, dentre outras a pubhc1 t? - se aproveite do deficiência

natureza, o que incite ~A vio}êncio, ~xplore o medo .ºu ~a~~~~r~~~~~ntois, ou ~ue seja capoz d~. de julgamento e expenenc10 da criança, desrespeit~. . sa à sua soude ou segurança. induzir o consumidor a se comportar de formo prejudicial ou pengo

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• r '('

/, . 11 0 con<;un10 de cervl"Jo

0 ~~o 1c o êxito v-·. conc;umo do produ to. lnc r Pro fisslona111, lnu ,110'º' e m doenç- ernentondo o LJ1 o <..onsumidcJr o uni -onsisfiriom . . ~s , e lac lonadas ao s donos doí dccorrontcs. qu~

L • 05 e 1lfc tfos praticados consumo . 1cool1C . . . - . Por consurnid excessivo de btJb1da·,

" .10 hom1cfd1os, v1o le nc1a sexu a l 1 ores ernbriogado ( . tróns1 • · e c.). s oc1den1es de

As alegações não foram comp J 9. - . rovadas no r

damentos para a improcedência d _ P acesso. tendo sido este um dos run a açao. A

/antes valem-se de subterfúgio n t . gora, em sede d e apelaçõo. os APe ª entat1va d

. tência de prova de suas alega - e Prevalecer a despeito do ;nex1s Çoes. Os Apela t .

(i) o dono moral coletivo indep d n es basicamente sustentam que en e de prov d . d;víduos pertencentes à comunidade 13; (ii ª o abalo p sicológico d os

.'n ossível14; e (iii) a mero veiculação de ) a prova das alegações da inicial é

irriPfi ura o dano moral coletivo propaganda alegadamente ilícita1s já con1Q .

(1) Inexistência de abusividade da propa d gan a objeto desta ação

20. - É descabid~ ~ ,t~se de que a campanha publicitária "Ronaldo" é abusiva. mpanha publlc 1tana atacada nest - . .

A co a açao foi produzida com o ex-jogador de futebol Ronaldo e, enquanto ele aparece driblando personagens, a narração

relota que suas conquistas foram obtidas com muito esforço, e que o ex-atleta

teve de driblar aqueles que o desacreditavam. A narração da peça limita-se a

discorrer sobre a experiência de vida do protagonista, sem qualquer insinuação ou incentivo ao consumo da bebida.

21. - A utilização de um personagem bem sucedido, como o ex-jogador Ronaldo.

não vincula o seu êxito profissional à cerveja Brahma. como alegam os Apelantes.

Fosse verdadeira essa premissa, toda e qualquer propaganda que se utilizasse de

celebridades seria ilegal, pois existiria uma suposta associação entre o sucesso

daquele(a) protagonista e o produto por ele( a) anunciado - o que é uma insensatez'º·

12 Fls. 64-65. 13 Fls. 466. 14 Fls. 455. 15

Fls. 457-458. . . t apel relevante poro que o 16 Frise-se que a aparição de celebridades em comerciais sequer em P clusão foi alcançado em consumidor tome decisão sobre a compra do produto. Es

1sa _ consobre

0 perfil do consumidor

. . l IBOPE e traz diversas cone usoes " pesquisa realizada em 2008 pe o · qu Influência na decisão de compra · do Século XXI, dentre elas a de que "celebridades têm pouca

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.\ oem svcedida traje tó ria d ., • . · 0 0 ><-otle t

•1

• ido 1nte rnac 1o na lment o tem 0

v ~conllec . . e, não sendo e r corn o seu tol~nto noto 'º uatquer contnbu1çõo Para sua h b ' . sensato supor q •

·dô a o lhdo d e e ue a cer {'310 t~nha ti rn c ornpo.

0 poder Judiciório jó rechaço ,,1 • . . u essa tese <. públic os e m tudo similares o es10 qu em. ª º m e nos. outros duas oçõPs ct'''s d e l . e atac ava ~

ta9onizo as P o c ampeão mundial d . m Propagandas d e Brohmo pro t r Carlinhos Brown . Assim c orno n t e rodeios Guilherme Morc hi e pelo can o . t es e caso o MPF t .

g ondos ob1e o das ações assoe· · ambem alegava q ue os roPª . iavam o sue P urno de ceNeJa, alegação ess . essa de seus protago nista s ao cons . a dev1dam t . .

. ·ório. Confira-se trecho de urn Pre d en e 1nf1rmada pelo Poder JUd1c1 ce ente nesse sentido:

''A peç a publicitário volto-se ao P · bl' u ico adulto suo personagem. A afirmação de qu t .ªapenas enaltece conquistas de

no consumidor, a idéia simplista de e u~ PUbhcidade teria o condão de \ncuttr, profissional subestima a capacidade d q d' 0 consumo da bebida traria sucesso vulnerabilidade, nos termos em que afi~ •scerni":'~n!o dos consumidores. de cujo juízo." 11 moda na 1n1c1at. não está convencido este

para se aferir a abusividade dev . 24. - . e-se avaliar se a propaganda é capaz de

t 0 cap acidade de decisão do · ate ar consum1dor18 • Isso obviamente não se

funde com a utilização de imagens pos·t· t · · · · · · con ' 1vas - ecnica pubhc1tana elementar e lícito. A questão que se coloca, ao cabo de tudo, é a de avaliar a recepção

dessas imagens p ositivas pelo consumidor. Os tribunais já se pronunciaram nesse

sentido especifica mente em relação à propaganda de cerveja:

"Com efeito, a propaganda da cerveja marca 'Brahma' não estimula ou incentiva o 'embebedar-se', a condução de veículo em estado de embriaguez, nem eventual sucesso com o sexo feminino, pelo consumo da bebida. A hipótese dos autos nada mais é do que uma peça publicitária que procura vender o produto. velendo-se de um cenário onde se imagina um calor intenso, saciando a s~~e através da ingestão da bebida e, em seguida, a chegada de uma mulher. Altas. esse sempre foi o mote em comerciais de bebidas alcoólicas, não hav~ndo qualquer infringência ao disposto no art. 37 do Código de Defesa do Consumidor. E como bem destacou o douto sentenciante, com base no parecer do Parquet d

1

e 1 º grau, o anúncio simplesmente retrata a 'sensação agradável de se tomar uma cerveja em dia de insuportável calor'." 19

17 Fls. 420-421 - grifos acrescentados. . t nocivos _

0 experiência brasilei'a 18 LOPEZ, Teresa Ancona. Nexo causal e produtos potenc1almen e

do tabaco. São Paulo: Quartier Latin, .2?08, P· 12~· 2 2005

_ grifos acrescentados. 19 TJMG. AC nº. 519.764-8, rei. Des. Maunc10 Barros. J. 7.1 ·

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, JC

Í;

consumidor es tá a c osturnad - O l 'd d o com a 1·1· n5. ltO os qua 1 o es de PíOduj u 11zaçõo d ll

"ue ressa o d o bem os ou serviços E a nguagem publk:il6rio a o consum . anunciado o for. ." sse foto não o induz a p ensar a1.'e ...,.,_se n esse sentido, os lições d a vivenciar o situ õ

firº'" · e ADROAL aç o relrolado. cori A ptMENTA CATTA PRETA FEDERIGHI : Do FURTADO FABRÍCIO e SUSANA 1f1'4fllr

"Primeiro. o c hamado 'dever d to de necessário relatividad e v~racidade' na . _

no c tos n e gativos do s e, Pois ninguém ta d1fusao PUblici16ria tem uma osp eagondística uma o~u r ~roduto, nem é ~Propaganda paro ressaltar os proP . . . Je 1v1dade t t . e se esperar do mensagem public1tóno. o. consumidor jamais tomaºr _ai. Ciente de trato-se de material

a contidos ou im 1· ª ao pé d 1 naturez P •citas na me a etra as Insinuações dessa ete_vado .co~p~nente de f~~tasia e ambi~~~ge~. de todo~ conhecido que é o Alias. o 1ndustna da PUblic1dade tal açao quase onirlca de tais peças

· · • • 1 • como f · · inteiro rnv1ave sem esse component O unc1ona em nossos dias, seria por · f ' 1 • e. u toda p Por enganosa e 1n te ao Princ ípio d . ropoganda teria de ser proibida, . . . t 'I a veracidade . .

reduzir a uma 1nu 1 e enfadonho _ · ou os anunc ias se haveriam de t b . t· sucessao de e .f. rigorosame n e o 1e 1vas das qualidad . spec1 tcações e descrições

cada produto. "20

es. defeitos. Preços e características de

"A publicidade sempre terá element . Consumidor do produto ou serviço p <?s fantasiosos para tornar atraente ao

. ora isto o mercad . . t ' d . gra de seu próprio i·ogo A pubi· .d o JO es a prepara o. e uma re · 1c1 ade obus· · · e quer o bter vantagem sobr f iva, porem e aquela mensagem

qu e as raquezas e medos humanos."21

, · sato supor que um · d ' 'd 26. - E tnsen tn rv1 uo possa projetar diretamente para a sua vida a situação retratada na propaganda, concluindo, ao final, que o consumo

do produto anunciado é capaz de transpor a ficção apresentada para a

realidade cotidiana, principalmente diante do notório e antigo conhecimento

pela população das características da cerveja, conforme demonstrado a fls. 298-

299 da contestação. Confiram-se as lições de RUY ROSADO DE AGUIAR JÚNIOR e WALTER CENEVIVA nesse sentido:

"( ... ) Assim, todos sabem que um tapete não voa, uma mulher não adquire a beleza da top-model por comprar o vestido que ela veste. nem o jovem se ilude que terá uma vida plena de aventuras e sucessos apenas por adquirir uma certa

1 d nte da internet. Fatos ai FABRÍCIO, Adroaldo Furtado. Iniciativa judicial e prova documenta pr~xe _e ai do nexo notórios e máximas da experiência no direito probatório: a determinaçao p(roocoersdsu) Estudos e

. - d · · 1 . LOPEZ Teresa Ancona e · · causal e os limites do poder de 1nstruçao o JUIZ. n. · . . te _ 0

paradigma do pareceres sobre livre-arbítrio, respc:>nsC?bilidade ~ ~roduto de ~~~o in;;~ngrifos acrescentados. tabaco: aspectos c ivis e processurns. Rio de Janeiro. Renovar, 2 bp. a publicidade no coe. ln: 21 fEDERIGHI, Suzana Maria Pimenta Catta Preta. Algumas notas ~o re idor São Paulo: Verbatim, SODRÉ, Marcelo Gomes. Comentários ao Código de Defesa do onsum · 2009. pp. 235-236.

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,.,,arc o d e b ebida o u C'IÇJqrro\ , e ni o rnto1n1nçõo ó dlv u ln od No~~t'" <..cr•o· , a e.orno ' '· n t 1q l 1ó

~e fc1·,~ rJ l f'Jo:.ilbilldor1,} e J "A /""lUblicfdc1de n ôo .... I J11'1 fo to r<;ot .,7., '' '~ri< ior r,•,, . -= Olso p · con/1ec1do e e m retaç:o0 00 q · Oró m . se , 1

. Comum ou m ódio. Serve m d .... uai haja irno('\~~·~n~r~ ~ · q Prod u to •ufü

1, . n lr t t

d · h ""exen, 1 ~~~ • ~, •;r1c:nr, produtos e coz1n a e copa e rnesrn6 o ª.' bebidas alc~~QflQ d o co11•,qrf11<hr

os c igorros."7'.I c a i mais c omuns, 0

., _ os Apela ntes parec em sugerir

27 · que 0 Pubr · . orbítrio do c onsumrdor e obrigá-! IC1dade seja capa .. d 1

1vre , . o a adq . . .. e anu or o r tonto. não e razoavel supor que o consum·d u1nr determinados produtos l lo

en t · - 1 or m · d . · 'tr·co e autod e erminaçao, a Ponto d e fica , e 'º seja desprovido de sen:-.o

cn · r a merc - d rodutos anunc rados a despeito de su . - e a Publicidade, adquirindo

os p . 1· .d d a consc1enc i ferir o pub rc r a e um Pod e r alicia nt a e sua vontade. Além de

con . . e que ela não d t' . te1igénc10 e a capacidade de d isce . e em, essa tese subestima 0 rn . . . rn1mento do .

'dido pelos Tnbuna1s Brasileiros Conf s consumidores, conforme já dec1 · tra-se:

"Nesse p asso, d iante dos a nteced t . . levando-se em conta o ProJ·eto deen.des h1stóncos aqui citados. e também

- v1 a em s . d . homem. nao se pode emprestar às ocre ade cnado pelo próprio décadas, um valor absolutamente ~ro~?gandas de cigarro. praticadas há enveredar pelo tabagismo. É negar uee~rsivo na _escolha da pessoa em se vida relegando-o a p osição d e s~ h~mem e Protagonista de sua própria man~bra em prol de desideratos de .~~~~ importância. de simples massa de afirmar que o homem não age se tnd us nas sedentas por lucros. Em realidade,

gun o o seu livre arbítrio - d _. "contaminação propagandista" i - , em razao e supo~.a h _ . arqu tetada pelas Industrias do fumo é afirmar

que nen uma opçao feita pelo homem é genuinamente livre porq~anto toda es~olho do p esso.a, desde a compra de um veículo a um eletr~doméstico. sofre os influxos d o meio social e do marketing. É desarrazoado afirmar-se que nessas hipóteses a vontade nã o é livre."24

" ( ... ) sabe-se q ue a te levisã o, no Brasil, existe há décadas. e o povo já está habituado a distinguir o real do irreal, o verdadeiro do falso. o honesto do desonesto, não se d e ixando levar por tudo que nela é divulgado . inclusive em filmes - que muitas vezes fazem a apologia de crimes -, novelas e outros programas, freqüente m ente exibidos em horários impróprios. ( ... ) Dizer que os industriais, os comerciantes e o próprio povo brasileiro podem mudar o seu comportamento por tudo que assistem na televisão, é fazer pouco caso da inteligência do brasileiro. "25

ZJ. AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Os pressupostos da responsabilidade civil no Código ~e Defes1°.

. d consumo de cigarros. n. do Consumidor e as ações de indenização por danos assocr? os 0~ . . 476

_ gritos LOPEZ, Teresa Ancona (coord.). Estudos e pareceres sobre hvre-arb1tno ··· cit.. p.

acrescentados. . P 1

. RT 19

9 t, pp. l l 8- l l 9 -

23 CENEVIVA, Walte r. A publicidade e o direito do consumidor. Sõo ou o. ·

grifos acrescentados. . ·tos acrescentados. it STJ. REsp nº. 1.113.804, rei. Min. Luís Felipe Solomõo, J. 27·4·2º1 O - gn Nunes i 24.3.2005 - grifos is TJMG. AI nº. 502.578-1 , rei. Des. Guilherme Luciano Baeta · ·

acrescentados.

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,. oindo mais descabida 0 1 _ e ese de

:;B· sivO porque c apaz d e irtdu21r À que a com 0 pu _ '-l "lrig 1 Ponha P bll

e' rol. e nao apenas de cerveja es õo exces . u Ci16ria "Ronaldo" , ge . corno 1 s1va de b b

efl ando ora atacada leva 0 a ega a A e idas alcoólica'" oPªg - . consu111id Pelan1e Uniõ •

pr ssociada ao ex1to Pessoal/p f' or a acred·t o o fls. 478. Soz. 0 tó a ro lssiori 1 ' ar que a y

as . dessa bebida específica. e não a. isso levaria cerveja Brohrno (1'101s qualquer bebid o consumidor a beber

. a alcoólica. Atém disso. ressalte-se que "9 - 'd a Propaga ~ · ·r 0 consumi or a se comporta d nda abusiva . . dLJZI r e form e aquela capaz d 1fl tá inexoravelmente ligado ao a Perigosa à sa, d e . 5o es consumo · u e ou seguranç is e não é incentivado Pela Peça Pub1· . , . ~ de beb·d .. ª ' e O qu 1c1tana "R ' as alcoohcas onaldo". ·

A potencialidade nociva do 30. - , consumo exce .

/O população ha muito tempo conf ss1vo de cerveja é conhecido pe · orrne dem

testoção. Nem a atuação do ex-· onstrado a fls. 298-299 da con Jogador Ronald I rnentos da propaganda objeto desta - - o, tampouco os demais

ee . . . oçao soo capa d . consumidor a noc1v1dade do consum . zes e obliterar da mente

do o irresponsável do produto.

31 _ A despeito de se tratar de fato not , . · ono. a Apelada d onsabilidade social, adverte · prezan o pela sua

resp . aos consumidores para o caráter conhecidamente nocivo do produto anunciad . .

. . , o, inserindo em absolutamente todas as suas campanhas publ1crtarias as chamada "f _ . . s rases de advertenc1a" que

informam sobre os riscos que podem advir do consumo abusivo daquele pro~uto.

32. ~ Na campanha .. Ronaldo", por exemplo, a Apelada informava, ao final. de

maneira escrita e falada: "Beba com moderação". A inserção desse tipo de

advertência, mesmo diante da ausência de exigência legal, demonstra que a

propaganda foi feita de maneira socialmente responsável, ao contrário do que sustentam os Apelantes.

33. - Por fim, importante esclarecer que, ao contrário do que alega o Apelante

MPF a fls. 65 e 462, o ex-jogador não oferece a cerveja ao consumidor. Ao final do

anúncio, Ronaldo apenas empunha a cerveja como se estivesse fazendo um

brinde em celebração às suas suadas conquistas. E ainda que o protagonista

estivesse oferecendo o copo ao consumidor - e não está-, sugerindo a ingestão

daquele copo, isso não qualificaria a propaganda como abusiva, pois, repita-se,

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J\.1f :1ttos l\11 uriel

f( ·stcncr e.;... ''" ''faJru

0 penos o indução ao consumo excessivo de ólcool revestiria o aludido onúncio de itegolidode2t-

34. - Dada a inexistência de abusividade no propaganda objeto desta oçõo. este é o primeiro motivo paro o monutençõo do r. sentença recorrido.

(li) Ausência d e demonstração dos supostos donos alegadamente causados

pela propaganda objeto d e sta ação

35. - A r. sentença recorrida é perfeita ao asseverar que não há provas de que o propaganda "Ronaldo" induzo o maior consumo de cervejas27 , nem de que. caso tivesse havido aumento desse consumo. ele serio causado pela aludido campanha publicitária2s. O Apelante MPF insurge-se contra esse trecho do r.

sentença sob a alegação de que a produção de tal prova seria impossível29• o

que é falacioso.

36. - O aumento do consumo de determinado produto pode ter sido demonstrado através. por exemplo, de pesquisas e estatísticas. não se tratando

nem mesmo de prova complexa. sobretudo para o Apelante MPF. órgão que

dispõe de todos os meios para comprovar suas a legações. incluindo prerrogativas

especiais (auxílio de órgãos de apoio do Estado, instauração de inquérito civil

público, envio de ofícios com exigência de resposta em prazo determinado. etc.).

37. - Não há nos autos qualquer prova que suporte a alegação dos Apelantes

de que o propagando "Ronaldo" originou maior consumo de cerveja e. assim,

maior ocorrência dos donos reclamados.

38. - A inicial menciona o fls . 85-1 03 estudos genéricos sobre a suposta relação

entre os propagandas de bebidas alcoólicas e o aumento do consumo desses

produtos. Há de se frisar, entretanto, que esta ação não se baseia nos efeitos da

26 "A pericufosidode intrínseco é aquela que decorre do uso normal e típico do produto e não como resuffado de sua utilização imprópria ou anormal. Assim. uma publicidade de bebido alcoólico. por exemplo, não se mostraria abusivo em razão do produto em si mesmo. mas apenas coso incentivasse os consumidores a um uso impróprio (excessivo) do produto. tomando-se suscetível de colocar em risco a saúde e segurança do consumidor (ex.: direçõo e bebida)." (DIAS. Lucio Ancona Lopez de Magalhães. Publicidade e Direito: publicidade, propaganda e marketing. São Paulo: RT. 2010, p. 194).

21 Fls. 444v. :?S Fls. 444v. '!; Fls. 455.

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propagando de bebidas a lcoólicas e m geral. mos sim noa supo•toa efe\to• danosos de uma propaganda específica da cerveja Brahma. E sobre os efe\tos

dessa propagando especfnco, os Apelantes !Imitaram-se a declinar presunções,

que sabidamente não dão ensejo ao dever de Indenizar.

39. - Se os Apelantes afirmam que uma propagando especifica le 10 o umo

delerminada conduto prejudicial pelo consumidor. cabia-lhes dcmon~tror o efetivo ocorréncia dessa conduto e em que medido elo teria sido díretom-::n1~ causada pela componho publicitório "Ronaldo". Nodo disso foi feito.

40. - E mesmo que tudo isso houvesse sido provado, restaria ainda aos Apelante~ comprovar que, em decorrência da veiculação da propagando questionado nesta ação, teria havido aumento do consumo Imoderado e trresponsóvet de cerveja, pois, conforme acima explicado, somente esse tipo de consumo pode ser prejudicial à saúde.

41 . - A fls. 456 o Apelante MPF sustenta que a configuração do dano mora\ - e consequente procedência da ação - prescinde da comprovação "da dor. sentimento ou abalo psicológico sofridos pelos indivíduos". A alegação é um subterfúgio capcioso utilizado pelo Apelante para desviar o foco da ação.

42. - O debate travado nestes autos não se relaciona com a prova do sofrimento individual de cada consumidor em razão da mera veiculação da

propaganda "Ronaldo". A ação não foi proposta sob a alegação de que se \ra'a

de propaganda ofensiva ou discriminatória, cuja veiculação teria ofendido os

consumidores, e que a prova do sofrimento individualizado de cada um não seria

necessária.

43. - A ação foi proposta sob a alegação de que a campanha "Ronaldo"

induzia determinada conduta, razão pela qual se fazia necessário, sim, demonstrar

que essa propaganda efetivamente deu causa a maior consumo de cerveja e

aos danos daí decorrentes (doenças, acidentes, crimes, etc.). Como essa prova

não foi produzida, a ação foi corretamente julgada improcedente.

44. - Em suma, os Apelantes requerem a recomposição de um dano que, se

fosse existente, poderia ter sido provado e não o foi. Alegações genéricas sobre os

males supostamente causados pelas propagandas gerais de bebidas a\co6\icos

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11,.,0 st ,,rostam 0 c.omprovor o suposlo dono e ou!.ado eo;rJ1-K.11ir;l'Jrn1Jr 1tB p~lri con1pc.1nl10 public.ilôrio "f~onaldo".

45, A ousencio de demonstração do dano rica ainda mais evidenle do onoli'...P.

de pedido da iniciaFJO, quanto o Apelante MPF requer um valor a ser indenlzodo "cornpo1ível" com o mon1on1e investido "nesse segmento de atividade" (publicidade), o que nada tem a ver com os supostos danos alegados. O Direito brasileiro não admi1e o hipótese de indenização por donos hipotéticos. incertos ou

indeterminados .. Nesse sentido é o entendimento do jurisprudência:

"Os arts. 1.059 e 1.060 exigem dano " efetivo" como pressuposto do dever de Indenizar. O dano deve, por isso. ser certo, atual e subsistente. Incerto é dono hipotético. eventual, que pode vir o ocorre r, ou não. A a tualidade exige que o dono jó tenho se verificado. Subsistente é o dono que ainda não foi ressarcido. Se

0 dano p ode re velar-se inex istente, ele também não é certo e , portanto, não há Inde niza ç ão possív e l. ( ... )O dever de reparar pressupõe o dano e sem ele não há indenização devido. Não basta o risco de dano, não basta o conduta llídta. Sem uma conseqüência concreta, lesiva ao patrimônio econômlco ou moral, não se Impõ e o dever d e reparar." 31

" Nã o se admite o dano incerto, improvável ou eventual, o dano condicional e nem mesmo o dano hipotét ico - Ausência de comprovação cabal de que a imagem da empresa foi ferida - Recurso improvido. { ... ) Mais. o dano é o pressupo sto da obrigação de reparar, e deve ser provado. "Se não houver provo do dano, falta fundamento para a indenização. Não se admite o dono incerto. improvável ou eventual, o dano condicional e nem mesmo o dano hipo\é1ico", ensina Rui Stoco, "Tratado de responsabilidade Civil", 60 ed . SP: RT. p. 1181 No mesmo sentido, a jurisprudência (TJSP. JTJ 141/1 14; RT 612/44, JTJ-LEX 182/79 e 237/66)"32

"Não deve ser acolhido pedido de indenização por perdas e danos se a parte não descreve com precisão os prejuízos sofridos e os lucros cessantes, limitando-se a mencioná-los genericamente."33

46. - A doutrina posiciona-se da mesma maneira. Confira-se:

"Não pode haver responsabilidade civil sem existência de um dano a um bem jurídico, sendo imprescindível a p rova real e concreta dessa lesão."34

l> Fls. 79. 31 STJ. REsp nº. 965.758, rei. Min. Nancy Andrighi. j. 19.8.2008- grifos acrescentados. 32 TJSP. AC nº. 418.818-5/4-00. rei. Des. Francisco Vicente Rossi. j. 19.3.2007 - grifos acrescen,ados.

33 TJSP. AC nº. 192.658-1, rei. Juiz convocado Batista Lopes. j. l l .6.19~~ · . . _ 1 . saraiva J.t DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro - Responsabrlldade Ovrl. Soo Pau o. ·

1991,p.55.

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"f• P'.' iso que provt:' o clono c.orKH•lo. c1 rnolldc1cJf" cJo dcino qu•J 6 ,,1,, rhnnn1•xi, 'J

que rrnporta conc.lu11 ciu< núo h á 111onolrci cJo Cldrnllir ac, l"Jo d<, rP-prnw;6•J 11 1w J1, 11,1,;.i o rnvocoçõo do srrnpl~s f)ipólesr> ou ovonlualiclade do suo vc·rlfic..oçf1t)." ••

"Tomb0rn como anoto o doutrino com Insistência. o dono devn 'if'.H rr>ot, nlu(Jf n (.. erto. Nõo se indenizo. como regro, por dono hipolé lico ou lnc.~rlo ( ••• ) 110 mesmo sendo do que temos o rlrmodo, não se d eve admitir o concv.~i'Jo d.;, indenizações por prejuízos hipo1éllcos, vagos ou muito gerals.":1t.

47. - Exatamente por esse motivo que o Poder Judiciário já decretou a

improcedência de ação em tudo semelhante a esta, em que o Apelante MPF

pleiteava a indenização de danos alegadamente ocorridos em decorrência da

veiculação de propaganda de Brahma protagonizada pelo cantor Carlinhos

Brown, sob a mesma acusação de que o anúncio associava o sucesso do cantor

ao consumo de cerveja. Confira-se trecho daquela r. decisão:

"Entendo que. mesmo o dano moral coletivo de caráter difuso tem que ser provado. Não pode ser presumido nem pode ser um dano potencial. No caso, o autor sustenta que a mera exibição das peças publicitárias causou o dano. Isso porque elos induziriam o um maior consumo de cerveja bem como levariam o consumidor o se comportar de forma prejudicial ou perigosa à suo saúde ou segurança. Contudo, não há prova de que isso tenha de fato ocorrido. Mesmo que tenha havido um aumento do consumo de cerveja, não há prova de que se}a devid o à s p ro p agandas em questão. ( ... ) Entendo. na esteira destes julgados, que não há que se falar em indenização por dano moral coletivo de caráter difuso, no presente caso, já que não houve comprovação do efetivo dano."37

48. - Diante da inexistência da comprovação dos danos supostamente causados

pela propaganda intitulada "Ronaldo", não há de se falar em responsabilização civil

da Apelada, pois, conforme leciona o jurista RUI STOCCO, "não pode haver

responsabilidade sem a existência de um dano efetivo"38. Pelo exposto, é irretocável a

r. sentença recorrida ao dispor que o dano difuso tem de ser provado, não podendo

ser presumido ou potencial, mais um motivo pelo qual ela deve ser mantida.

(iii) A inexistência de nexo de causalidade entre os danos alegados nesta ação

e a propaganda "Ronaldo"

49. - Conforme assevera a r. sentença recorrida39, não há qualquer prova de

35 DIAS, José Aguiar. Responsabilidade Civil em Debate. Rio de Janeiro: Forense, 1983. PP· 21 l-212· 36 VENOSA, Sílvio Salvo de. Direito Civil. São Paulo: Afias, 2006, pp. 273-275. 37 Fls. 323-343 - grifos acrescentados. 38 STOCCO, Rui. Responsabilidade Civil e a sua Interpretação jurisprudencial: doutrino e

jurisprudência. São Paulo: RT, 1999, p. 665. 39 Fls. 444v.

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]\!fattos Murici

1I estener ~ A~h ''l''"'"\~

que a propoqonda 'T'onoldo" lerlo sido a cousa dos danos o l89ado-:. pc lu, APt-""/ante'>.

50 Os danos reclamados nes1a açõo podem ser divididos em dois grupo'>

distintos: os supostamenle sofridos pelo consumidor de bebidos em eycec,so (cirrose hepática, câncer de boca. esôfago, estômago e fígado, lesões cerebrais, problemas psiquiátricos, etc.) e os donos causados por consumidores embriagados (acidentes de trânsito. homicídios, violência sexual. etc.).

a) os danos alegadamente sofridos pelo consumidor de cerveja

51. - Com relação ao primeiro grupo. nenhum dos danos reclamados tem como

fator de rfsco o consumo moderado de cerveja, recomendado pela propaganda

da Apelada. Apenas o consumo excessivo dessa bebida é teoricamente associado aos danos narrados na inicial, e esse tipo de consumo é expressamente desaconselhado pela propaganda da Apelada, razão pela qual a responsabilidade por esse fato não pode ser atribuída a ela.

52. - A licitude da atividade de fabricação e comercialização de cerveja

(demonstrada a fls. 302-308 da contestação); a inexistência de defeito do produto (demonstrada a fls. 299-302 da contestação); a notória e antiga ciência dos riscos

associados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas (demonstrada a fls. 298-

299 da contestação); e a inexistência de abusividade na propaganda objeto

desta ação (conforme demonstrado acima) rompem o nexo causal entre os

danos reclamados na inicial e a conduta da Apelada.

53. - A responsabilidade por eventuais problemas de saúde decorrentes do

consumo irresponsável de cerveja recai sobre o próprio consumidor que adota

conduta sabidamente prejudicial a si próprio. A responsabilidade pessoal de cada

um por suas escolhas - expressão do livre arbítrio humano - é um conceito

fundamental para o Direito. A opção consciente vincula o indivíduo às

conseqüências de seus atos.

54. - Além disso, a Ré adverte expressamente em campanhas e ma1enais

publicitários aos consumidores para beberem com moderação. Se o consumi~or. dotado de ciência inequívoca do perigo do consumo irresponsável de bebidas

alcoólicas (fls. 299), ainda assim opta por fazê-lo, deve assumir a responsab\\idade

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J\lf attos Muriel

J(estener A'f"'1 ad,u

pelo suo escolho. sem transferi lo ao lobricante do produto, que noo 1Jbrlr 0 o respons6vr~1 C"I g ninguém o consumi-lo (.; recomendo o consum ~ · 1 r::-5e, a propó~itr.>.

o posição de TERESA ANCONA LOPEZ

1 de p ropagandas ern quei 0 . "E vórios ainda seriam os exemp os f ·10 Em resumo as pess lnduçõo para o comportamento correto nôo surte meier 'as. responsabilidades pooas fazem o que ~los

t m de assu r isso E es t· querem, mas nõo gos o . d'f ndido. O governo deve continuar . .se ipo de atitude esfó cada vez mais .1 ~s de comportamentos que Põem cumpnndo o sua porte ao adve~ir poro o~P:S"~essoos têm que assumir a responsaeb~~1sco o saúde e a vida dos cidodõ.os~

0 risco. Infelizmente, hó incentivo à ~:r ade d~ seus

atos. jó que assumirooder Público. através de seus diversos i;no~og1a . Os repr~sentantes d·~a~ãos como c rianças que ~ada podem e nadorgaos, têm considerado os C::' de permanente proteçao. e tudo u a sabem. e. portanto, necess1tamre por 'culpa' ou responsabilidade de qt e d.e mau lhes acontece será/ se:_~~odos que exercem alguma atividade lucr e~~e1ros. que. no momento atua , sa a iva. geralmente os empresas. •

1 40

. . de-ncia dos tribunais brasileiros é firme pelo reconh . 55. - A 1unspru . _ ec1mento da b ·i·dade pessoal do c1dadao que adota conduta sabidamente . responsa 11 arnscada.

Os julgados abaixo, extraídos de causas que guardam semelhanças com a

presente, demonstram o desfecho que deve ser dado a esta ação. Confira-se:

"Trata-se na origem, de ação indenizatória por danos mora·is e m t . . . . a ena1s promovida pelo ora recorrido em desfavor dc:1 ora recorrente. companhia de bebidas ao fundamento de que. ao c.onsum1r. por diversos anos. conhecida marca de cachaça. . tornou-se alcool'?t~a, circunstância que motivou 0 degradação de sua vida pessoal e prof1ss1onal, vindo a falecer no curso da presente ação. Sustentou, nesse contexto. que a publicidade do produto da recorrente violou as disposições do CDC. notadamente quanto à correta informação sobre os malefícios decorrentes do uso de bebida alcoólica. o juiz antecipou o exame da controvérsia e julgou improcedente o pedido. Interposto recurso de apelação. o tribunal de origem. por maioria de votos. deu-lhe provimento, ao reconhecer cerceamento de defesa e. ato contínuo. anulou a sentença, determinando, por conseguinte. a produção de prova técnica médica concernente à comprovação da dependência química do recorrido. No especial, a Turma, ao prosseguir o julgamento. por maioria. deu provimento ao rec urso e entendeu. entre outras questões. que. embora notórios os malefícios do consumo excessivo de bebidas alcoólicas, tal atividade é exercida dentro da legalidade, adaptando-se às recomendações da Lei n. 9 .294/1996, que modificou a forma de oferecimento ao mercado consumidor de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, ao determinar, quanto às primeiras, a necessidade de ressalva sobre os riscos do consumo exagerado do produto. Ademais, aquele que, por livre e espontânea vontade, inicia-se no consumo de bebidas alcoólicas, propagando tal hábito durante certo período de tempo, não pode, doravante, pretender

~j LOPEZ. Teresa Ancona. Nexo causal e produtos ... cit., p. 133.

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atribuir responsabilidade de sua conduto 00 fab 1 t d ti ld d u lt r can e o produto, qu• •><•rce

o v o e e a e regulamentada pelo poder público "41

"l'enso LJUe atos como fumar. beber, consumir produtos allomonto colórir o!> , (Jrn oltos do~E's. ~e oçúc.ar. sódio ou qorduras, ou, ainda, praticar mporto~ rodi~nii, 1. escolho rn~rvr.duol, se: dó no exercício da liberdade protegido consti1ucionolrn1mt<_, () ho~em m edro ~õo ignora os risc os que cada um desses exemplos PO'>'.ui. opto pO! foz~ los p or suo lrvre e esponfô neo vontade. devendo arcar com os óscos increntr~r, o-; suas o p ções. Nesse c o so concreto, afastar o excludente de responsabilidade. em razoo do exercício do livre-arbítrio, equivale. dato moxima venia. o responsabillzor urn restaurante especializado na comercialização de 'fost tood'. na hipótese de um cliente que seja portador de obesidade m órbida e/ou diabete. simplesm ente porque aquela pessoa tem o hábito d e fazer suas refeições naquele estabelecimento, m esmo sabendo dos riscos atrelados ao tipo de comido ali servido.""2

"O homem e a mulher são dotados d e raciocínio, inteligência e livre arbítrio poro assumirem. na vida. os conseqüências de suas condutos, que não devem ser transferidas aos outros. " 43

56. - Configurada a excludente de responsabilidade prevista no art. 12. §3º, Ili.

do coe. fica elidido o dever de indenizar da Apelada. Por mais essa razão. deve ser mantida a improcedência da ação.

b) os danos ale gadame nte c ausados por consumidores embriagados

57. - Com relação aos a legados danos causados por consumidores

embriagados (acidentes de trânsito, homicídios e atos de violência em geral)44 ,

estes tampouco podem ser atribuídos à Apelada.

58. - O ordenamento jurídico brasileiro acolheu a teoria do nexo causal direto e

;mediato, ou seja, só são indenizáveis os danos causados direta e imediatamente por um

determinado agente. conforme dispõe o artigo 403 do Código Civil45 • É o que preconiza

a doutrina46, com amparo na jurisprudência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL47 •

AI STJ. REsp nº. 1.261 .943-SP, rei. Min. Massami Uyeda. j. 22.11 .2011 - grifos acrescentados. d2 STJ. REsp nº. 886.347-RS, rei. Desembargador convocado Honildo Amaral de Mello Castro. Í·

25.5.201 O - grifos acrescentados. (] TJSP. AC nº. 235.799-4/9, rei. Des. Laerte Nordi. j . 9.9.2003. u Fls. 25-27. . . !5 "Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor. as perdas e danos só incluem os pre1u1Zo~

· · d 6 posto no 1e1 efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e Imediato. sem pre1u1zo 0 is processual" - grifos acrescentados. . . ousado

~ "Na indenização envolve-se o prejuízo conseqüente. direta e 1med1otamente. do dano e t d~ . , . . . t lt t direta e imediatomen e. Mas aquilo que exorbita do que sena o 1ncremen o resu an e, _ dos e

obrigação descumprida não pode ser conferido ao credor a título de inde~iz.açoo por pe~z de . . . rt 'd de de enriquecimento. em v

danos, pois, se o fosse, traduzir-se-ta em ºf?º un_1 ? d emoto. que serio restabelecimento de equilíbrio. Não é, portanto, 1nden1z.o~el 0 ~~a~o~~ 0

1~~trtuições de Direito conseqüência indireta do inadimplemento." (PEREIRA. Cato Mano a 1 vo.

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5Q Donos quP <;(' 'iUpô l •rn os soe. ia dos do ma nu1ra lr' dlrt"I , , n uo r on-:,urnr, ri• cer. eia - c. o rno 0 aumenlo do c rlmlnalldade o os ac idente·. dr., lré.lr 1.,11r) dC"pe·ndem de condula ilfc i1o do c onsumidor do produ1o, scrn relor,.oo dirt;tr.J o/gurna com o fabtic an1e. Em verdade, esses alegados danos indireto•, têm corno causa foto d e terceiro. c uja responsabilidade não pode ser a tribuldo à Ap~lodo. Em consonâ nc ia ao princípio da causalidade. responde pelo do no aquele QU(.:

lhe deu cousa. Confira-se o posição d o doutrina a resp eito:

"Por culpa de terceiro. isto é. de qualquer pessoa além do vflimo ou do agente de modo que. se alguém for demandado para indenizar um prejulzo que lhe foi imputado pelo autor. poderá pedir o exclusão d e suo responsabilidade se o ação que provocou o dono devido exclusivamente o terceiro. ( ... ) Assim sendo. se o ação do terceiro causou o dono. esse terceiro seró o único responsável pelo composição do prejuízo."48

"Terceiro. ainda no definiç ã o d e Aguiar Dias, (ob. cit. V . 11/299) , é qualquer pessoa o lé m d o vítima e o responsá vel. alguém que não tem nenhuma ligação com o causador do d ono e o lesado . Pois. não raro, acontece que o ato do terceiro é o couso exclusivo d o evento, afastando qualquer relação de c ausalidade entre o conduto do autor a p arente e a vítima." 49

60. - Portanto , inexiste nexo c ausal direto e imediato entre a exibição da

propagand a "Ro na ldo" e os danos referidos na inicial associados de maneira

indireta ao consum o de cerveja, e que oc orrem por culpa exclusiva de terceiros,

Civil - Teoria Geral das Obrigações, vol. li. Rio de Janeiro: Forense, 2003. p. 337). a1 "Ora, em nosso sistema jurídico, como resulta do disposto no art. 1.060 do CC, a teoria adotado

quanto ao nexo de causalidade é a teoria do dano direto e imediato. Não obstante aquele dispositivo da codificação c ivil diga respeito à impropriamente denominada responsabilidade contratual, aplica-se ele também à responsabilidade extracontratual ( ... ). Essa teoria só odmile o nexo de causalidade quando o dano é efeito nec essário de uma causa, o que abarca o dono direto e imediato ( .. . )." (STF. RExt nº. 130.764-1, rei. Min. Moreira Alves, j. 12.5.1992.) "O Ministro Celso de Mello, em voto proferido no RE. nº 1307 64, 1 ª Turma, DJ de 7 .8.92, assim se manifestou: 'O vínculo d e c ausalidade objetiva evidencia-se como um dos elementos essências à teoria do risco administrativo. Causa - acentua o magistério doutrinário - 'é toda condição do resultado ... ' (Damásio d e Jesus, 'Código Penal anotado, p .30, 1990. Saraiva) . A projeção ?ºs antecedentes causais no tempo - especialmente quando o evento lesivo ocorre 21 meses opos o evasão de um dos sentenciados - revela-se c omo causo obstativo de configuração do necessário e imediato liame etiológico entre o c omportamento dos agentes estatais e o consumaçã o do dano causado à outra pessoa. O eventual reconhecimento do nexo causal .. ~o espécie, exacerb aria de tal modo o sentido da teoria do risco administrativo. que o reduDnO. virtualmente, à d imensão mais radic al da teoria do risco integral, que não foi consagrado pe~o nosso sistema de direito constituc ional positivo. consoante acentuo o jurisprudência dessa propn<? Corte (RDA 97/177 - RT 330/270- 328/138 - 449/104)."' (STF. RExt nº. 460.81 2, rei. Min. Eros Grou, I·

8.5.2007).. . . . . . . - . . 002 100. AS DINIZ, Mana Helena. Curso de D1re1to Civil Bras1/e1ro, vol. VII. Soo Paulo. Soro1vo. 2 · p . ~9 CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de Responsabilidade ... cit .. p. 90.

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confiçiu1011do uma ei...cludenle de rusponsoblliclade · 1 - . . previs a no ort. 12. f13''. 111. do coe Outro motivo para o conf1rn1ação de improcedenc.ia da dcmallda.

(lv) Não configuração de dano moral coletlvo

61. Ainda que superados (i) a inexistência de abusividade da propaganda atacada nesta ação; (ii) a falta de comprovação do aumento do consumo de

cerveja e dos danos daí decorrentes em razão da aludida propaganda; e (iii) o ausência de nexo de causalidade direto e imediato entre a conduta da Apelado

e os alegados danos, fato é que o Direito brasileiro não reconhece a possibilidade de configuração do dano moral coletivo.

62. - Isso porque danos morais são aqueles que afetam direito da personalidade.

CARLOS ALBERTO BfTTAR os define como "aqueles que atingem os aspectos mais

íntimos do personalidade humana (o da intimidade e da consideração pessoal),

ou o da própria valoração da pessoa no meio em que vive e atua (o da

reputação ou da consideração social) "5o, ou seja, elementos estritamente individuais, o que inviabiliza o tratamento coletivo a esse instituto.

63. - Ao contrário do que sustentou o Apelante MPF a tis. 455-456, a posição mais

recente do SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA permanece sendo pela impossibilidade de configuração de danos morais coletivos. Confira-se:

"A decisão agravada julgou a causa de acordo com o entendimento da Primeira Turma do Superior Tribunal de Justiça no sentido de que é inviável a condenação por danos morais coletivos no âmbito de ação civil pública."51

"PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. DANO MORAL COLETIVO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO DO DANO MORAL À NOÇÃO DE DOR, DE SOFRIMENTO PSÍQUICO, DE CARÁTER INDIVIDUAL. INCOMPATIBILIDADE COM A NOÇÃO DE TRANSINOIVIDUALIDADE (INDETERMINABILIDADE DO SUJEITO PASSIVO E INDIVISIBILIDADE DA OFENSA E DA REPARAÇÃO). RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO."'s2

"( ... ) deu-se provimento ao recurso especial interposto em razão de tratar~se ~e questão já apreciada, mais de uma vez e à unanimidade, no ãmbito da Pnmeira Turma, que, inclusive em caso análogo, já decidiu que não há falar em dano moral coletivo, uma vez que não parece ser compatível com o dano moral ª

5:J BITT AR Carlos Alberto Reparação civil por danos morais. São Paulo: RT, 1992. p . 41 · todo" · · . . dl · 9 4 2013 - grifos ocrescen "· 51 STJ. AgRg no REsp nº. 1.305.977 - MG, rei. M1n. An Pargen er, J. · ·

52 STJ. REsp nº. 598.281 - MG, rei. Min. Luiz Fux, j. 2.5.2006.

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Ideia do "tronslndlvldualldode" diante do 1 lndlvlslbllldade do ofensa e do 'reporaçõo dn:~:~';.1.~.~c;õo do sujeito po11lvo •do

64. - No m esmo sentido se orientam os Tribunais Estaduais. Confira-se:

"Os dan.o~ morais s~o ofensas aos direitos da personalidade. ou seja. dirt::ito-, persc:>na_h~s1mo~. e disso resulta o suo incompatibilídode com 0 noçoo dA trans1ndlv1duahdode."54 -

"No que tange ao pedido do porquet para que seja fixado indenização decorrente de dano moral coletivo: Dono moral é aquele que fere direito subjetivo próprio de cada indivíduo. não havendo que se falar em dano moral coletivo. Note-se que muitas vezes um evento que enseja dano moral o determinado indivíduo não gera. necessariamente. dano moral a outro. O próprio objeto do dano moral afasta a conjunção de vários indivíduos, uma vez que os critéõos de dor. sofrimento psíquico etc. estão intimamente ligados a cada indivíduo. e muitos vezes não são compartilhados por outros. na mesma proporção."55

"No caso. não se tem por configurado o dano moral coletivo quando em discussão ofensa a direitos transindividuois. O dano moral é ofensa a um direito do personalidade, devendo atingir a uma pessoa, que é, como se sobe. quem detém a titularidade de direitos da personalidade. Assim, o dono moral. pelo seu próprio significado, recai sobre uma pessoa que, por alguma razão teve um direito próprio do personalidade atingido. ( ... ) Por isso, ante o dificuldade de suo real comprovação quando em discussão 0 afetação de direitos difusos. de titularidade indeterminada por natureza, não há de se folar, em dano moral coletivo. " 56

65. - Diante da impossibilidade da configuração de dano moral coletivo, por

mais essa razão deve ser confirmada a improcedência da ação.

(v} As demais inconsistências da ação que confirmam a sua improcedênc\a

a. Uma ação ideológica voltada contra a licitude da propaganda de

cerveja - a pretensão dos Apelantes viola os princípios da legalidade

e da separação dos poderes

66. - Embora nas apelações os Apelantes aparentemente se limitem ª questionar a peça publicitária "Ronaldo", da leitura dos autos resta nítido que esta

ação não se volta apenas contra essa publicidade, mas sim contra a \egalidade

de toda e qualquer propaganda de cerveja. Isso fica evidente da leitura da

SJ STJ. AgRg nº. 1.109 .905 - PR, rei. Min. Hamilton Carvalhido, j. ~2.6.20 l O - ~nfos acre~centados. 54 TJSP. AC nº. 648.543.5/1-00, rei. Des. José Geraldo de Jacob1n? Rabello, 1· 28.7 ·200 : 6 5 2008. ss TJMG. AC nº. 1.0702.04.122667-2/001, rei. Des. Vanessa Verdohm .Hudson Andrade, l· · · S6 TJMG. AC nº. 1.0702.03.066365-3/001, rei. Des. Geraldo Augusto.1. 27 .2.2007 ·

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petição inicial, que dedico mais dt• 70 loudos(I) para otocar 0 pubhci(Jrlrje rjo

cervejas em geral. e somente 4(1) para trotar do mcnc.ionodo on\'Jr cio publicitório~7•

67. - Esta ação é eminentemente ideológico e pollhco, fundado no inconformismo dos Apelantes com a opção do legislador de nõo restringir o:.

propagandas de bebidas com teor alcoólico igual ou inferior a 13º Gay Lu~soc ("GL"). Denota-se que a pretensão dos Apelantes é de ver implementado. 1io

Poder Judiciário, restrições à publicidade de cerveja que o Legislador não quis impor, expediente que fere a divisão de poderes previsto no art. 2° da Constituição Federal ("CF").

68. - A CF dispôs no art. 220. §4º, que a propaganda comercial de tabaco. medicamentos. terapias e bebidas alcoólicas está sujeito a restrições legais. contendo, sempre que necessário, advertências sobre seus riscos. Essas restrições foram determinadas pela Lei nº. 9.294/96 que, por opção do legislador. teve sua aplicação restrita58 às bebidas com teor alcoólico superior a 13° GL. excluindo. portanto. as cervejas, como reconhece a Apelante União a fls. 473-47 4.

69. - A alteração desse estado de coisas exige modificação legislativa. o que

vem sendo discutido no Congresso Nacional. onde tramita o Projeto de Lei nº.

2733/2008, que visa a alterar o art. lº, parágrafo único, da Lei nº. 9.294/96.

70. - No campo jurídico, a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 17 55/Df foi

proposta pelo Partido Liberal visando a suprimir do ordenamento jurídico o

parágrafo único do artigo 1 º, sob a alegação de que este violaria a Cf. O

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, contudo, não conheceu da ação. O v. acórdão

contém importantes considerações sobre o seu mérito do pleitos9. Uma de\as é a

de que o Poder Legislativo poderia ter aplicado as restrições da lei nº. 9.294/96 à propaganda de todo o tipo de bebida alcoólica. mas optou por não o fazer.

sendo assim, e não havendo patente inconstitucionalidade que iustifique a

supressão do mencionado dispositivo do sistema legal, não cabe ao Poder

Judiciário agir como legislador positivo, estendendo as restrições legais a outros

hipóteses não previstas na lei. Confira-se trecho da mencionada decisão:

57 Fls. 62-65. 58 Art. 1º. parágrafo único. da Lei nº. 9.294/96. s9 STF. ADIN nº. 1755-5/DF. rei. Min. Nelson Jobim. j. 15. l O. l 998.

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:·o 1e~1islodo~ entendeu dP hrniln1 o nplic o<; ao <..los o~peclfico'> re!.triçi'~·~ quo, nt;;u o bebicJo~ < orn teor alcoollc: o suriorior o l 3º (JOY LU'>'>O( V6-se desde 1 dld st a , ogo, que o pe 0 ne o oç o, Importa em pretender transformar o STF em legl1lador positivo. Se d~clarormos a lnconstltuclonolldade da regro, estaremos estendendo as restrições os b~bldos com teor olcoóllc o Inferior a 13º Gay Lussoc. /r, •• 13• cJ'.3<.de logo. que o pedido. nesta oçõo. importo em pretender lronsformor o Sll ern legislador positivo. Se declararmos a Inconstitucionalidade da regra. estaremos estendendo os restrições do lei a õmblto por elo não alcançado e dese)odo. ( .. ) O legislador. no linho determinada pela Consfí1uiçõo, resolveu dispor, no Li;1

9.294/96, sobre o uso e o propaganda de "produtos fumígenos". "de bebidm alcoólicos com teor superior a 13º Gay Lussac". de medicamentos e de detemivo'> agrícolas. Não dispôs o lei sobre bebidos com teor alcoólico inferior o 13º Gay Lussoc (cerveja. vinhos, ele.). Poderia fazê-lo. mas não o fez.."60

71. - Mesmo após o decisão do STF. o insistente Ministério Público Federal ajuizou

outros ações civis públicos contra o União Federal no Paraná e Rio Grande do Sul.

requerendo o regulamentação de todos os propagandas de bebidos com teor

alcoólico superior a 0,5º GL. alegando inconstitucionalidade do parágrafo único

do art. J º da Lei nº. 9.294/96. As ações. contudo. foram julgados improcedentes

com base nos argumentos listados pelo STF na citado ADIN nº. 1755/DF. Confira-se:

"'Constitucional. Lei Federal. Restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros. bebidas alcoólicas. etc. impugnação do dispositivo que define o que é b eb ida alcoólica paro os fins de propaganda. Alegado discriminação legal quanto às bebidas com teor alcoólico inferior à treze grous Gay Lussac. A subtração da norma do corpo da lei, Implica em atuar este Tribunal como legislador positivo, o que lhe é vedado. Matéria para ser dirimida no âmbito do Co ngre sso Nacional. Precedentes. Ação não conhecida.' (sem grifos no onginol) {ADIN J .755-5/DF, Rei. Min. Nelson Jobim. j. 15/10/98). Em que pese o não conhecimento da aludida AD/N, insta reconhecer que. por via oblíqua, o Corte Suprema assentou a impossibilidade de o Poder Judiciário atuar como legislador positivo no caso em discussão. E, em verdade. é exatamente o que pretende o autor na presente demanda. Dessa maneiro. no linho do precedente acima citado. o pedido de declaração incidental de inconstitucionalidade merece ser indeferido." 61_

"Em que pese o não-conhecimento da a ludida ADIN. insta reconhecer que. por via oblíqua, a Corte Supre m a assentou a impossibilidade de o Poder Judiciário atuar como legislador positivo no caso em discussão. E, em verdade. é exatamente o que p re te nde o autor na p resente dem a nda. Dessa maneira, observo que não há omissão do Pod e r Legislativo, uma vez que· por meio da Lei 9.294/96, restringiu a propaganda comercial de bebidas alcoólicas. O alcance da restrição e seus limites devem ser dados pelo Poder constitucionalmente legitimado para tanto e não por melo do Poder Judiciário.

1JJ STF. ADln nº. 1755-5/DF, rei. Min. Nelson Jobim, j. 15.10.1998- grifos acrescentados. d ... 61 Sentença proferida na Ação Civil Pública nº. 2008.70.00.013135-1 /PR, ajuizado no Seçõo Ju iciana

de Curitiba/PR - fls. 368-372 - grifos acrescentados.

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Nesso loudo. sem dc>scurar do m levônclci dos , . opresenlodos no exordlal, te m-se que o legislador de l~rgurr~ento, rne1rJ11Jrld1c ,j., c idodôos b rasileiros fique m o descoberto do procpocg1uosod)eradnartne~1~r,; quer;~ 1 1 1 1 . 1. . . n o e ..11';•.Jtdo~ q11Q en 1om ~or o coo 1co 1nfe nor ao delerminodo pelo le i.

A despe1lo de lod9 o documenloçõo cient ific o, lmpende-se c onc luir que compelir o Poder Publico o efe tuar tal closslflcoçõo Importaria em molfer\r 0 prlncípl~ do sepo~oçõo d e poderes, sobre o qual se assenta a R~público Federativo do Brasil. Estaria o Poder Judlclórlo usurpando a funçõ o leglstottva atribuído precip uamente , pelo Mogno Corto, ao Congre sso Noclonal." 6? '

72. - Ou seja, os Apelantes apenas estão repetindo tentativas frustradas de modificar o lei, ao arrepio do que determina a CF, conforme reconheceu o STF.

Note-se que o Apelante MPF o faz não apenas nesta ação, mas também em outras três ações civis públicas63 ajuizadas contra a Apelada, todas fundadas na

ausência de regulamentação específica da publicidade de cerveja.

73. - A tese não encontra respaldo sequer dentro do próprio Ministério Púb\ico,

órgão Apelante. Em ação popular cuja finalidade era justa mente a de suspender

a veiculação de propaganda de bebidas alcoólicas por suposto induzimento ao

consumo, o órgão opinou pela legalidade dessa publicidade e afirmou que a

p o p ulação a encara com naturalidade, infirmando a tese da inicial desta ação. Confira-se:

"Assim sendo, a lide é f lagrantemente temerária, dada possibilidade de publicidade de bebidas a lcoólicas, o que é foto incontroverso. O autor está m ovimentando a máquina judiciária sem fundamento razoáve\, devendo ser condenado na forma do art. 13 da Lei nº. 4.717/65. O autor não demonstrou. claramente, nos autos. o ato lesivo à coletividade que ele pretendia repudiar. A. publicidade de produtos alcoólicos não pode ser considerada Uega\, já que inexiste determ inação legal que a proíba. Também não é l\egítima, já que a sociedade brasile ira encara com naturalidade a publicidade e o consumo do álcool. Desta forma, não merece cabimento a ação popular." 64

74. - Andou bem, portanto, a r. sentença recorrida ao seguir a iutisprudência

consolidada sobre o tema, e não ceder aos argumentos político-ideológicos do

Apelante MPF que, caso acata d os, levariam o Poder Jud iciário a usurpar função

62 Sentença proferida na Ação Civil Pública nº. 2009.71.00.019713-7, ajuizado no Seção Judiciooo de Porto Alegre/RS - fls. 349-352 - grifos acrescentados.

63 ACP nº. 2008.61.03.007791-6, ACP nº. 2009.61.03.003374-7 e ACP n~. 0003?~1-~l.20l0.~.03.6\03d~~ duas primeiras em curso perante o 1 º Vara Federal da Subseçoo Jud1c1ono de S<:'o Jose Compos/SP, e o último, cuja decisão de improcedência já transitou em julgado. tromi1ou perante o 26º Vara Federal do Subseção Judiciária de São Paulo/SP.

50637-8 em

ó4 Parecer exarado pelo Ministério Público Federal nos autos do Processo nº. l999.6l .OO.O ·00 _ . - - p 1 fl 36l-364 - glifos acrescento s. trom1te perante a 24ª Vara Federal da Subseçao de Soo ou o- s.

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f\!1attOS ]\ furiel

t/ csti.:ner ~ \~ ' " aJos

" prio do Poder Legislativo. A tese dos Apelantes viola clarament · · ,.. _ _ e o pnnc1p10 da -eporaçao dos poderes. e nao deve ser acolhida pelo Poder Judiciário como jo aec•a1t.. o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL nesse sentido:

75. -o:.re rec

"lsençã~ tributário: reserva constitucional de lei em sentido formal e poslulodo do sepo_raçoo _de po?~r~s. - A ~xigêncio constitucional de lei em sentido formal poro o "e1culoçoo ord1nona de isenções tributarias impede que o Judiciário estendo semelhante beneficio a quem. por razões impregnados de legitimidade jurídico, não foi contemplado com esse "favor legis". A extensão dos benefícios isencionois. por via jurisdicional encontro limitação absoluto no dogma do separação de poderes. Os magistrados e Tribunais, que não dispõem de função legislativa -considerado o princípio do divisão funcional do poder -. não podem conceder. ainda que sob fundamento de isonomia. isenção tributária em favor daqueles o quem o legislador com apoio em criterios impessoais. racionais e objetivos. não quis contemplar com o vantagem desse beneficio de ordem legal. Entendimento diverso, que reconhecesse aos magistrados essa anômalo função }uridlca, equivaleria, em última análise, o converter o Poder Judiciário em Inadmissível legislador positivo. c ondição institucional que lhe recuso a própria lei Fundamental do Estado. Em temo de controle de constttuclonalldode de atos estatais, o Poder Judiciário só deve atuar como leglslodor negativo. Precedentes. "65

"Remuneração Funcional - Reajuste - Pretendido Extensão Jurisdicional. A Servidor Preterido. De Determinado Reajuste Salarial - Inadmissibilidade - Reserva De Lei E Postulado Do Separação De Poderes - Recurso De Agravo Improvido. - O Poder Judiciá rio - que não dispõe de função legislativa - não pode estender. aos servidores públicos. determinado reajuste salarial, somente passivei de conc e ssão, quanto a eles. mediante lei. - A Súmula 339 do Supremo Tribunal Fed era l - que consagra específica projeção do princípio da separação de poderes - foi recebida pela Carta Politlca de 1988, revestindo-se, em conseqüênc ia , de plena eflcócla e de Integral aplicabilidade sob a vigente ordem constituc ional. Precedentes."66

co ((J o

e sentido oriento-se. também, o TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

O""OU essa tese do Apelante MPF em ação semelhante a esta. proposto

r pno Apelada, visando à imposição de restrições à propagando de

do e refngerontes. Confira-se: ~ os odo

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1l IÍattOS JV.J.Murie1 Y-estener ~ Ad,ogados

76. - Tendo em vista a motivação puramente ideoi · . t · d og1ca desta açã

consubs onera a em tese que viola os princípios da legard d _º· d . 1 a e e da separaçao

dos po eres, por mais este motivo deve ser confirmada . . _ . a r. sentença recomda pela rmprocedencra da demanda.

b. A infundada alegação de que a suposta violação ao Código do CONAR ensejaria a procedência da ação

77. - Os Apelantes sustentam que a propaganda "Ronaldo" viola a

autorregulamentação do CONAR sobre publicidade de cerveja, o que daria margem aos danos morais coletivos e a consequente procedência desta ação. A

tese é descabida.

78. - Como já explanado no capítulo (i} a cima, a propaganda objeto desta a ção não sugere que o consumo do produto anunciado contribui para o êxito profissional, nem há oferecimento de cerveja ao consumidor, sugerindo a ingestão da bebida.

79. - Não obstante, já há no CONAR um procedimento específico para

averiguar o cumprimento de suas normas, e eventual inobservância dos

dispositivos do código de autorregulamentação são decididas ali sob um rito

próprio. Os efeitos do suposto descumprimento dos dispositivos do Código do

C0"4AR circunscrevem-se ao âmbito autorregulamentar, não se transpondo à

onó.ise dos mesmos fatos em Juízo, que se regula por regras próprias, de ordem

o~bl"ca, com diferente nível de formalidade.

ao. - E a:r"lda que assim não fosse, fato é que o Apelan1e MPF sequer busca a

ao ~coçõc oura e simples das normas autorregulamentares, mas, na verdade,

()(ocuro 1ofer-se do Poder Judiciário para criar sanções não previs1as nem pe\o

:0· .AR, r ern pe a lei. Ou seja, ainda que a propaganda obie1o des1a ação

o;vesse 1iolado r; t::ódigo do CONAR, isso ensejaria as penas ali previs1as, e não

0 co tiguroçõo de danos morais, como sustenta o Apelante MPF.

Por mais esse motivo, deve ser man1ida a improcedência desta

oçõo,

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VI. CONCLUsAo

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82. - Po1 esses rnollvos. 1emulc ndo se a ludo o que lol d mo11; ti CJ< lo pulC1 con/estoçoo d <> fls. ?83-320. o Ape lado 1 cquo1 <eja negado p rovlnionto <1 opeloçõo mantendo-se o fn1ogro do 1. senlc nço ruc o1dda .

Termos c m que.

Pode Der crlmonlo.

Sõo Paulo, 12 de julho do 20 13.

/'. P;

Fernando Dantas M. Neusteln 0A8/SP nº. 162.603

\Álvaro Brito Arantes OAB/SP nº. 234.926