jbemfolhas29
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Informativo do Jardim BotânicoTRANSCRIPT
Casa em ordemSubprefeitura da Zona Sul promete fazer cumprir as leis no Jardim Botânico,
combatendo os principais problemas do bairro. (Páginas 4 e 5)
Tempo para meditação sPsiquiatra e monge, Alcio Braz garante que a paz e a tranqui li
da de do Jardim Botânico são ótimos para meditar. (Página 2)
s
Ilustre colecionador rJoão Sattamini fala dos prazeres de viver na “Montmartre”
carioca. (Página 7)
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jb folhasmarço/abril 2009 | ano 5 | nº29 distribuição gratuita
em
o informativo do jardim botânico
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ExpedienteEditora Responsável: Christina Martins (Mtb 15185 RJ)
Redação: Betina Dowsley
Projeto Gráfico: Paulo Pelá - www.bolaoito.com.br
Revisão: Carla Paes Leme
Publicidade: Célia Medeiros - 9311-9174
Impressão: CMYK Gráfica - 2581-8406
Secretária de Redação: Sheila Gomes
Fotos da Capa: Chris Martins
O JB em Folhas é uma publicação bimestral, editadapelo Armazém Comunicação Projetos Jornalísticos Ltda.
Tiragem: 5.000 exemplares
Telefone: 2294-4926
e-mail: [email protected]
site: www.jbemfolhas.inf.br
Editorial Enfim, 2009!
Caro Leitor,
Depois das chuvas, de um verão morno e de um carnaval animado, o ano de 2009 começa ago
ra em março. É hora de colocar a casa em ordem e, por conta disso, a equipe do JB em Folhas foi
conversar com o novo subprefeito da Zona Sul, Bruno Ramos. Os planos dele para o Jardim Botânico
em especial você pode conferir em nossa matéria de capa (páginas 4 e 5).
Problemas como o trânsito e os moradores de rua, porém, não serão resolvidos rapidamente, a
gente sabe, mas querer resolvêlos já é um começo. E é um pouco sobre esse momento “começar
de novo” administrativo que a coluna Dedo de Prosa discorre na página 6.
Aliás, com ou sem crise, o comércio mantém seu otimismo e vários lugares estão com data certa
para abrir suas portas no Jardim Botânico, como informa a coluna Folhas do Jardim (página 3).
Esse crescimento é saudável para o bairro, na opinião do colecionador de artes João Sattamini, o
Ilustre Morador desta edição, que não esconde o seu amor pelo Jardim Botânico e pelo que é pro
duzido em seus ateliês. Aliás, segundo ele, “a produção de arte carioca é muito melhor e maior do
que a de São Paulo”. Ponto para nós
Até maio!Christina Martins e Betina Dowsley
Distribuição:Bancas de jornais, galerias e prédios comer ciais
do Jardim Botânico, Bibi Sucos, Cavídeo, Jardim
Botânico, Parque Lage. Display: Galeria da
Rua Maria Angélica.
Telefones úteisBombeiros 193 / 33991234Cedae (água e esgoto) 195 / 22970195CEG 0800240197CETRio 25071867 / 22524067Comlurb 25742000Defesa Civil 199 / 25765665DisqueDenúncia 22531177DisqueLuz (Iluminação urbana) 25075151DisqueBarulho 25032795Guarda Municipal 0800211532Light 0800210196Patrulha Ambiental 3874100115ª DP 33997040/ 7043/ 7052Polícia Militar 190Subprefeitura da Zona Sul 25215540TeleDengue 25750007Vigilância Sanitária 25062215
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Psiquiatra e monge zen budista, Dr. Alcio Braz
é um ótimo exemplo da chamada “tribo JB”:
pessoas que fazem tudo sem sair do Jardim Botânico. Ele mora no bairro há 11 anos, faz natação
no Clube Militar e trabalha do Hospital da Lagoa, no qual oferece sessões gratuitas de meditação,
abertas a pessoas de qualquer credo, sexo ou idade. Além do hospital, onde é chefe do Serviço de
Saúde Mental e coordenador do HumanizaSUS, Dr. Alcio mantém consultório na rua Visconde de
Carandaí, dentro do Templo Zen do Jardim Botânico (www.sanghazen.com.br ), que também tem
horários variados para a prática de meditação. Informações pelo número 25128187.
Cara do JB Dr. Alcio Braz
Ciclovia A propósito do ar
tigo “Pelo direito de pedalar”
na coluna “Um dedo de prosa”, manifesto minha
total discordância sobre essa pretensa e descabi
da noção de que os ciclistas devem ter qualquer
preferência na via compartilhada da Lagoa.
(...) Fui duplo usuário, ciclista e esportista, du
rante muitos anos, até que tive que reconhecer
que não era mais prazeroso nem possível peda
lar no mesmo ritmo. Porque a frequência de an
darilhos, esportistas, pessoas com cães e famílias
com crianças foi crescendo de tal forma que não
havia mais como pedalar com tranquilidade.
Hoje sou pedestre e me voltei contra os
ciclistas (...). Quer pedalar? Sugiro ir para as
Cartas ciclovias IpanemaLeblon, Copacabana ou Barra.
Nestes locais estão bem demarcadas as faixas
de ciclistas e de pedestres. (...)
Na Lagoa não dá mais, o espaço é absoluta
mente o mesmo, não há como separar ciclistas
e pedestres, a menos que seja feita uma obra
grandiosa alargando a ciclovia. (...) Como isto é
impossível, quem quiser pedalar em paz, sem
ser incomodado e sem causar transtornos aos
demais, sugiro pedalar antes das 6h e depois
das 20h (...).
Portanto, Sra. Chris, sugiro “desembarcar” ou
procurar outros locais para pedalar. (...) Hoje em
dia: LAGOA SÓ PARA PEDESTRES!!!
Paulo Antonio S. Jesus
AuLAS DE FRAnCêS – professor francês
diplomado pela Sorbonne – universi-
dade de Paris. Todos os níveis. Pascal:
2512-1940
AuLAS DE PIAnO – professora formada
na França, com mais de 10 anos de
experiência, especializada em aulas
para crianças a partir de 4 anos. Em
domicílio ou na rua Pacheco Leão. Béa-
trice: 2512-1940 ou 8149-0070
CLASSIFICADOS
Curtas no Caroline CaféO Caroline Café, em parceria com a Academia
Internacional de Cinema, promove exibição e
lançamentos de curtametragens. Produzido por
Lúcia Albuquerque, o evento abre também es
paço para a discussão de filmes junto à mídia
especializada e ao público em geral. O progra
ma acontece nas noites de terçafeira, a partir
das 20h, no telão do bar. Antes da exibição, são
distribuídas sinopses dos filmes da semana. No
final, o público elege o melhor curta da noite
com uma premiação simbólica. Não haverá co
brança de consumação mínima. O Caroline Café
fica na Rua J.J. Seabra, 10. Para receber a pro
gramação de cada semana, é só enviar email
para [email protected] .
Crianças no samba
enquanto o restaurante Quadrifoglio, que tam
bém mudará de nome, reabre em abril, com
chef e garçons exfuncionários do Fasano.
Arquitetura de Lúcio Costa no Espaço Tom Jobim
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“No carnaval das Amigas da Pracinha”, de Ur
sula Brando e Tude Rocha, ao som da bateria
mirim Surfe Favela, do Vidigal, sob o comando
de Mestre Dá. O Bloco da Pracinha contou com
o apoio do Mercado Afonso Celso, Salão Karícia,
Drogaria Max, D’Ione Presentes, Show Brasil
Material de Construção, Bibi Sucos, bares Jóia e
Belmonte, Ética Imobiliária, Vila Ipanema e Jar
dim Botânico Educação Infantil, além do Ibeu,
que patrocinou as ventarolas, e o estúdio ACR,
onde foi feita a gravação do samba.
Mais atividades na Pio XI O primeiro Sebinho das Canelas do ano aconte
cerá em 28 de março, sábado, na Praça Pio XI,
entre 10h e 13h. O trocatroca de livros infantis
vai comemorar o Dia do Circo, com recreação e
contação de histórias com o grupo Meleka de
Jacaré. A estilista Alfa Siqueira, da grife infantil
Boto Rosa, participa da brincadeira, ajudando
as crianças a criar um livro de pano. Para a tro
ca, é importante que as crianças levem livros
em bom estado.
novas marcas no JBDepois de três meses fechada, a loja na esqui
na da rua Jardim Botânico com Maria Angélica
reabre em março com uma franquia da rede
Mega Matte, substituindo o tradicional Bazar
Velasquez. Março também marca a inaugura
ção da Masotti, loja de móveis ao lado do Espe
lunca Chic. Charme não falta ao ateliê Clemen–
ttina, na rua Lopes Quintas, que oferece cursos
de moda para crianças com Helen Pomposelli,
além de objetos e acessórios selecionados por
sua irmã Fabiana. A doce promessa do bairro,
ainda sem data de abertura, é uma loja da Ko
penhagen, ao lado do bar Jóia. Aproveitando
as férias de verão, estão em reforma o Estúdio
FMourão, na rua Saturnino de Brito; o Filé de
Ouro, na Jardim Botânico; e a casa lotérica da
rua Visconde da Graça. Já o bar e restaurante
Saturnino será substituído por uma pizzaria,
Folhas do Jardim q
Clube da Memória A fim de estimular
a memória, em março serão formados no
vos grupos para o Clube da Memória. A
disponibilidade de horário é: segundafeira
no final da tarde ou quartafeira de manhä.
Cidadania s Contatos com Regina (25408864 / 85511420)
ou Yêdda (34776657 / 85721130).
Informática para a terceira idade Se depen
der do Clube Militar, a terceira idade vai entrar
na era digital. A lan house que funciona dentro
do clube está com inscrições abertas para cursos
básicos de informática, explicando o que é
um computador e apresentando o sistema
Windows e a internet. Os já iniciados podem
ampliar seus conhecimentos nos programas
Word, Excel e Power Point. O Clube Militar fi
ca na rua Jardim Botânico, 391. Informações
pelos telefones 25396898 / 24421582.
A criançada resistiu ao sol e compareceu em pe
so à terceira edição do Bloco da Pracinha, que
aconteceu dia 28 de fevereiro na praça Pio XI. A
arteeducadora Rosa Geszti e a figurinista Teresa
Nabuco organizaram uma oficina de customiza
ção de fantasias, enquanto o grupo Meleka de
Jacaré criou instrumentos musicais a partir de
sucata e animou o público, que cantou o samba
Onze anos após sua morte, o arquiteto Lúcio Costa
(1901998) é homenageado no Espaço Tom Jo
bim, no Jardim Botânico, com a mostra “Casa de
Lúcio”. Até 15 de abril, ficarão expostos cerca de
100 itens, entre fotos, vídeos, croquis, projetos e
curiosidades, que revelam facetas menos conhe
cidas de um dos principais nomes da arquitetura
modernista. A visitação é gratuita, de quarta a
domingo, das 10h às 17h.
Agenda do Cineclube Jardim BotânicoO Cineclube Jardim Botânico programou algu
mas raridades para este bimestre. O primeiro
da série é “Nosferatu” (Alemanha, 1922), dia 17
de março. Na semana seguinte, dia 24 é a vez
“A última gargalhada” (Alemanha, 1924) e na
última terça do mês “Aurora” (USA, 1927). Em
abril serão exibidos “City Girl / Our Daily Bread”
(USA, 1929) em inglês, no dia 7; “Tabu” (USA,
1931), no dia 14; e “Man of Aran” (Inglaterra,
1934), no dia 28. As sessões acontecem todas
as terçasfeiras, às 19h, no Centro de Visitantes
do Jardim Botânico, com entrada franca.
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Ordem é legal!Com nova administração desde janeiro, a cidade
do Rio de Janeiro tem visto choques de ordem
por todo lado. O bairro do Jardim Botânico, po–
rém, até o fechamento desta edição, ainda não
havia sido alvo de tais operações. O JB em Folhas
conversou com o novo subprefeito da zona
sul, Bruno Ramos, para conhecer suas metas e
apontar os principais problemas do bairro, cons
tantemente levantados por nossos entrevistados
e leitores, através da seção de Cartas.
Sua primeira atitude ao assumir o posto de
subprefeito da Zona Sul, ao assumir em janeiro
deste ano, foi transferir seu escritório do Parque
do Catacumba para o complexo de prédios que
concentra a administração municipal, na rua Bar
tolomeu Mitre, próximo à Praça Santos Dumont. A
medida visa a facilitar a comunicação com outras
secretarias, como a de Urbanismo, possibilitando
mobilização imediata sempre que necessário.
“O trânsito é um problema de toda a Zo
na Sul e vem sendo tratado como tal”, afirma
Bruno Ramos. O subprefeito destacou a criação
de uma faixa reversível num pequeno trecho
do Humaitá e o alargamento da pista que dá
acesso à Lagoa, no sentido Leblon, como duas
importantes iniciativas para melhorar a circula
ção em nosso bairro.
Um ponto levantado pelo advogado de 30
anos, sendo quase 10 deles trabalhando ao la
do de Eduardo Paes, é o ponto final dos ônibus
da linha 409, no Horto. Segundo ele, há inú
meras reclamações dos moradores locais sobre
a quantidade de veículos parados na via – em
geral, é fácil encontrar cinco, quando são permi
tidos apenas dois –, obrigando os motoristas a
trafegarem na contramão.
Morador de Ipanema, Bruno reconhece pro
blemas semelhantes entre os dois bairros, como
o estacionamento proibido e a atuação irregular
dos valets de parking decorrentes da prolifera
ção de bares e restaurantes. Outro problema do
qual ele já tomou conhecimento é o aumento
da população de rua. Ele mesmo destaca as ru
as Batista da Costa e a Lineu de Paula Machado
como os principais focos do problema, que au
menta a cada dia junto com o crescimento co
mercial do bairro. Ele ressalta que o importante
é que a vizinhança não dê apoio aos moradores
de rua e cita como exemplo um caso que tes
temunhou em São Conrado: “Quando retiramos
uma moradora de rua, uma senhorinha inter
veio a seu favor, argumentando que o ajudava
semanalmente com R$ 50. Com essa facilidade,
a desabrigada sempre voltava. Se não houver
contribuições, eles voltam uma ou duas vezes,
mas depois vão procurar outro lugar”.
Para isso, Bruno adianta que, em março, de
ve ser programado um choque de ordem no
Jardim Botânico, visando à repressão a estas e
outras irregularidades que prejudicam a qualida
de de vida aqui. Para resolver algumas destas
questões, porém, ele admite que será preciso
mudar a forma jurídica da Guarda Municipal,
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Alguns exemplos da desordem urbana no Jardim Botânico. À direita, o subprefeito da Zona Sul Bruno Ramos.
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para poder estender tanto seu horário como sua
atuação. “Estamos investindo na imagem. Se o
funcionário vê que os seus superiores estão na
rua, trabalhando e agindo, ele vai entender que
ele também deve dar o melhor em seu trabalho
também”, afirma o subprefeito.
Claro que nem todos os problemas de nosso
bairro dependem de atitude ou ação do sub
prefeito. Por isso, ele não se sente à vontade
para falar sobre o excesso de linhas de ônibus
que circulam na rua Jardim Botânico, sobre a in
vasão de estabelecimentos comerciais em zo
nas residenciais no bairro, como pelo 6º Juiza
do Especial Cível, ou ainda sobre a revitalização
do Parque Lage. De todo modo, não se recusa
a, sempre que necessário, fazer a ponte entre
a sociedade e o poder público competente.
Há apenas dois meses na administração pú
blica, Bruno Ramos pede paciência aos mo
radores e trabalhadores do Jardim Botânico e
garante que manterá sempre aberto um canal
de comunicação com a população, principal pa
râmetro de avaliação de seu trabalho. “Estare
mos aqui esperando a participação dos morado
res, que é muito importante. Os que quiserem
denunciar irregularidades podem usar como
canal o próprio telefone da subprefeitura (tel:
25115674). Também estamos disponíveis para
conversar sobre melhorias para o bairro” – ga
rante Bruno.
Problemas do bairro que não podem ser esquecidos pelo novo subprefeito:
População de rua nas cercanias da Benjamin da Costa
Limpeza do canal da rua Lineu de Paula Machado
Fiscalização do trânsito no bairro
Atuação dos valets de parking na rua Maria Angélica e arredores
Calçadas invadidas por mesas de estabelecimentos na JJ Seabra
Comércio ilegal nas calçadas
Estacionamento em local proibido
A N U N C I E : 2 2 9 4 - 4 9 2 6
Seguindo a máxima de que, se não pode combater, juntese a ele,
a Igreja Metodista do Jardim Botânico encontrou uma maneira cria
tiva de mandar seu recado aos foliões do bloco Suvaco do Cristo.
Ganhou no quesito simpatia!
FLAGRAnTE s
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uM DEDO DE PROSApor Chris Martins
novos tempos, velhos problemas
O novo prefeito assumiu o cargo mostrando
disposição para colocar a cidade em ordem.
E isso é bom, pois passamos um bom tem
po sem ninguém para comandar o circo. E
começou bem, com o apoio dos governos
federal e estadual, coisa nunca antes vista
na história política dessa cidade, já diria o
Presidente Lula. Gosto desse gás de início
de governo, mas me incomoda essa mania
de começar do zero qualquer administra
ção, como se nada do que tenha sido feito
A banca de jornais que fica em frente ao número 635 da
rua Jardim Botânico conhece bem o público do bairro.
Além de oferecer publicações diversas, difíceis de encontrar em qual-
quer esquina, a banca reserva jornais e revistas. O horário de funciona-
mento é grande: das 5h à meia-noite. O tel é 2540-7912.
O sumiço do display que o JB em Folhas mantinha havia
quatro anos na galeria número 728 da rua Jardim Botâ-
nico sem maiores explicações.
Para elogiar ou para reclamar, este aqui é o seu espaço. Mande a sua opinião por e-mail jbemfo [email protected].
antes tivesse valido a pena. Na minha inocente
opinião, são uma perda de tempo e um des
perdício de dinheiro.
É bem verdade que a nossa cidade andava às
moscas, ou melhor, entregue ao mosquito da
dengue. Mas acho que tem coisas que foram
feitas em governos anteriores que ainda são
válidas. A começar pela logomarca da prefei
tura. Qual a real necessidade da troca? Vamos
combinar que o cidadão não está preocupado
se a logo da prefeitura é azul, laranja ou roxa.
O que ele quer é ver o dinheiro arrecadado em
(muitos) impostos bem aplicado e não apenas
repondo material gráfico. Além disso, é uma fal
ta de consciência ambiental e um desperdício
de papel e de dinheiro. O nosso dinheiro, que
fique bem entendido..
Outro assunto que ganhou as manchetes dos
jornais logo que o prefeito assumiu foi a revita
lização do Cais do Porto. A ideia é ótima e tem
todo o meu apoio. Mas quando a casa estiver
arrumada! Atualmente, a cidade do Rio de Ja
neiro tem vários problemas mais urgentes pa
ra se resolverem como educação, segurança e
outros serviços vitais. Eu não sou política, mas,
vem cá, não seria melhor começar pelo básico
e revitalizar a cidade do Rio de Janeiro, que es
tá abandonada, alagada, à mercê de bandidos,
que promovem tiroteiro a qualquer hora e em
qualquer lugar, sem medo de nada?
Não seria bom o carioca ter o direito de ir
e vir em dias de chuva, sem ficar com me
do de alagamentos e arrastões em vários
pontos da cidade? Que tal limpar bueiros e
recuperar áreas que estão críticas há muitos
anos como a entrada da Hípica da Lagoa,
que em qualquer chuva fica totalmente ala
gada provocando congestionamento? Isso
só para citar exemplos do bairro.
Uma boa campanha de educação na cida
de poderia ser o começo de tudo. Principal
mente uma que mostrasse ao povo que o
lixo jogado na rua – ou pela janela do carro
– se acumula nos bueiros e depois, quando
os temporais chegam, é o grande respon
sável pelos alagamentos de ruas, desmoro
namentos e tragédias em vários pontos da
cidade. E esse recado é tanto para os mais
humildes, quanto para os mais abastados
que, sem cerimônia, despejam o que não
querem pela janela do “possante”.
Como se pode ver, ainda existe um longo
caminho para colocar a casa em ordem e o
principal trabalho está em educar a popula
ção. Só depois disso feito poderemos pensar
em revitalizar áreas, criar centros de cultura
etc. Torço para que isso aconteça logo, prin
cipalmente nas questões básicas, para que a
gente possa voltar a chamar o Rio de Janeiro
de “Cidade Maravilhosa”.
DE OLHO nO JB
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Valeu!
Foi mal!
Foi por acaso que João Sattamini veio morar no
Jardim Botânico. Era 1971 e ele procurava apar
tamento, quando recebeu a dica de um portei
ro sobre uma cobertura disponível no bairro,
que ainda não era conhecido como “Soho” ou
“Montmartre” brasileira, por abrigar vários ate
liês. Advogado por formação, João é reconhe
cido como um dos principais colecionadores
de arte do Brasil, com mais de 1.300 peças
de grandes artistas como Lygia Clark, Antonio
Dias, Volpi, Cildo Meirelles e Jorge Guinle, que
fazem parte do acervo permanente do Museu
de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói,
construído especialmente para isso, a partir de
projeto de Oscar Niemeyer.
A ligação de João com o bairro vai além de
seu apartamento. Por 12 anos, foi diretor da
Associação de Amigos da Escola de Artes Visu
ais do Parque Lage (AMEAV). Por conta disso,
tem na lembrança grandes feitos como a re
forma do casarão que abriga a EAV, e também
brigas memoráveis – todas ganhas – com a
Associação de Moradores e Amigos do Jardim
Botânico (AMAJB). “A Associação queria tirar
a escola do parque e vivia arrumando encren
ca com os eventos que promovíamos. Foram
vários processos ao longo daquele tempo”,
afirma Sattamini, que do parque só tem como
herança a cadela Bionda, uma viralata mesti
ça, que encontrou perdida no parque depois de
uma festa. Atualmente, o advogado só visita o
local como convidado de exposições.
Apesar de saber o endereço de todos os im
portantes ateliês instalados no bairro – como
os de Vik Muniz e Beatriz Milhazes –, João não
costuma visitálos. Mas não deixa de compa
recer aos circuitos de arte promovidos na re
gião, que, na sua opinião, “dão vida ao bair
ro”. Sobre a falta de uma galeria de porte no
Jardim Botânico, ele cita o entrave burocrático
enfrentado pela HAP, galeria de Heloísa Ama
ral Peixoto, que impede que a única iniciativa
nesse sentido no bairro funcione abertamente
por falta de alvará da Prefeitura. “Se ainda fos
se uma construtora, era até um cuidado válido,
mas é uma galeria que vai gerar cultura. Acho
que isso deveria ser revisto”, defende João.
Andando com dificuldade devido a um tombo
em sua casa no ano passado, quando fraturou o
fêmur, João Sattamini não tem feito muitos pas
seios a pé, como gosta. Antes, ele costumava
caminhar pelo Horto – ou Chácara do Algodão,
como se refere à região – chegando até a Vista
Chinesa. Seus passeios na região incluem tam
bém visitas ao amigo Leonel Kás e sua editora
Aprazível, que lançou recentemente “Arte e ou
sadia o Brasil na coleção Sattamini” (Luiz Camilo
Osório e Cristina Chacel), um panorama da arte
brasileira a partir do acervo do colecionador.
Já o roteiro gastronômico é cumprido sema
nalmente em almoços com a filha, Valéria, no
japonês Yumê ou no Lorenzo Bistrô. Fazem par
te do roteiro também o Fazendola – nos dias de
sábado para degustar a feijoada da casa – e a
Adega do Porto. Atualmente, ele aguarda a rea
bertura do Filé de Ouro, primeiro restaurante que
conheceu quando se mudou para o bairro.
Para João, o Jardim Botânico é o bairro mais
civilizado do Rio de Janeiro e, entre o verde
predominante em toda sua área, destaca o
parque que lhe dá nome, uma referência in
ternacional que soube se manter bem admi
nistrado ao longo do tempo. Ele aproveita pa
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ra elogiar a substituição do muro por grades,
no limite com a rua Pacheco Leão, “que deu
frescor à paisagem”.
Mesmo os problemas maiores da região, como
o trânsito e o crescimento do comércio, são mi
nimizados pelo advogado, que os vê como parte
do progresso. “As linhas de ônibus são necessá
rias para trazer as pessoas para se tratarem na
ABBR e o trânsito não é um problema apenas do
bairro, mas de toda a cidade”, afirma João.
Entre os projetos de João está a criação de
uma fundação que possa abrigar toda a sua
coleção de forma correta a partir de 2010,
quando encerra o contrato de comodato com
o MAC. Além do museu, João ainda mantém,
por falta de espaço, obras de arte em outras
duas residências. Ele não descarta a ideia
de ter suas obras perto de casa, mas é uma
questão que só o tempo poderá resolver. En
quanto isso, ele prefere pensar no bairro ape
nas como área de lazer. “O Jardim Botânico é
um charme”, finaliza.
Ilustre Morador q
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