jardim-escola joão de deus de chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf ·...

42
2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar1 Jardim-Escola João de Deus Chaves Projeto Educativo 2013/2016 «Há cem anos a educar»

Upload: trinhthu

Post on 08-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

1

Jardim-Escola João de Deus Chaves

Projeto Educativo 2013/2016

«Há cem anos a educar»

Page 2: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

2

Índice

I-Introdução .......................................................................................................................................................... 4

II- Fundamentação Teórica .................................................................................................................................. 6

João de Deus Ramos e a sua época .................................................................................................................. 7

III- Caraterização do Concelho ........................................................................................................................... 10

3.2.Clima ......................................................................................................................................................... 10

3.3. Relevo ...................................................................................................................................................... 11

3.4. Organização Administrativa e Social ....................................................................................................... 11

3.5.A História do concelho ............................................................................................................................. 12

IV - A ASSOCIAÇÃO DE JARDINS-ESCOLAS JOÃO DE DEUS ................................................................................. 15

V - MÉTODO JOÃO DE DEUS ............................................................................................................................... 17

5.1 - João de Deus Ramos e a Sua Época ....................................................................................................... 18

5.2 - O Ambiente ............................................................................................................................................ 19

5.3 - Escola e Sociedade ................................................................................................................................. 20

5.4 - Educação Moral ...................................................................................................................................... 21

5.5 - Enquadramento Teórico ........................................................................................................................ 23

5.6 - As Práticas .............................................................................................................................................. 23

VI - O JARDIM-ESCOLA JOÃO DE DEUS DE CHAVES ............................................................................................ 28

6.1 - Breve Caraterização do Jardim-Escola ................................................................................................... 28

Caracterização física da escola ....................................................................................................................... 30

6.2 - Instalações Escolares .............................................................................................................................. 31

6.2.1 – Hall .................................................................................................................................................. 31

6.2.3 – Secretaria ........................................................................................................................................ 31

6.2.4 - Arquivo ............................................................................................................................................ 31

6.2.5. - Salas de Aula .................................................................................................................................. 31

6.2.6. - Salão ............................................................................................................................................... 32

6.2.7. – Ginásio ........................................................................................................................................... 32

6.2.8. – Biblioteca ....................................................................................................................................... 32

6.2.9. - Sala de Professores (Biblioteca) ..................................................................................................... 32

6.2.10 – Cozinha, Copa e Refeitório ........................................................................................................... 32

6.2.11 – Sala de Repouso/Vestiário............................................................................................................ 33

6.2.12 – Arrecadações, Lavandaria e Rouparia .......................................................................................... 33

Page 3: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

3

6.2.13 - Instalações Sanitárias .................................................................................................................... 33

6.3 - Caraterização da População Escolar....................................................................................................... 33

6.3.1 - Pessoal Discente .............................................................................................................................. 33

6.3.2 - Pessoal Docente .............................................................................................................................. 34

6.3.3 - Pessoal Não Docente ....................................................................................................................... 35

6.4.- Organização nos períodos de Férias ...................................................................................................... 36

6.5.- Relação entre o Jardim-Escola e a Comunidade Educativa ................................................................... 36

6.5.1.- Contacto com pais e Encarregados de Educação ............................................................................ 36

6.6.- Projetos/ Protocolos e Parcerias ............................................................................................................ 37

VII - O que pretendemos .................................................................................................................................... 37

7.1.- Intenções Educativas .............................................................................................................................. 37

7.2.- Metas ..................................................................................................................................................... 38

VIII - Disposições Finais ...................................................................................................................................... 39

8.2.- Vigência do Projeto Educativo ............................................................................................................... 39

8.3.- Avaliação do Projeto Educativo ............................................................................................................. 39

8.4.- Critérios de Avaliação Final do Projeto Educativo ................................................................................. 40

8.5.- Divulgação do Projeto Educativo ........................................................................................................... 40

9. Considerações finais ....................................................................................................................................... 41

Page 4: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

4

I-Introdução

O Projeto Educativo, enquanto instrumento consagrado na lei, pode tornar-se um dos

pilares da estrutura educativa local que mais contribui para a construção da autonomia da

Escola. Por isso, o projeto Educativo de Escola representa uma rutura com a normalização e

constitui-se como uma referência para a organização do presente e do futuro, proporcionando

um enquadramento e um sentido para as ações individuais.

É um “macro referencial” da definição do sentido global do trabalho de cada uma das

escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos em que se inserem.

Define princípios e linhas orientadoras gerais, assentes nas caraterísticas da comunidade

educativa, de acordo com as orientações nacionais; estabelece metas prevendo parcerias e

tendo em conta os recursos disponíveis (materiais, …); enuncia uma resposta educativa global

da instituição; define as políticas educativas para aquela comunidade educativa; é a expressão

dos princípios, orientações e metas a atingir pela escola; clarifica os aspetos de gestão e

administração que permitam cumprir a ideologia político-educativa da escola; define e reflete a

visão, a ideologia e as ações da escola; cria uma matriz de suporte que vai ser concretizada no

P.C.E e no P.C.T e é o tronco comum de onde partem os vários projetos existentes na escola,

tais como: formação do pessoal docente e não docente, orientações administrativas, ofertas da

escola, organização curricular.

Projeto Curricular de Escola

A utilização do Projeto Curricular de Escola é ainda mais recente do que a do

Projeto educativo de Escola e está associada à ideia de que o currículo tem de ser

percecionado numa conceção de projeto, portanto enquanto algo que é aberto e dinâmico,

de forma a permitir apropriações e adequações às realidades para que é proposto e onde vai

ser vivido. De facto, embora as metodologias ativas (quando preconizavam a importância da

diferenciação pedagógica) e as teses que defendem a integração curricular tenham recorrido

à ideia de projeto, foi com o desejo da escola responder à diversidade (cultural e outras) da

população que a frequenta e, mais recentemente, com a proposta da organização curricular

na lógica do modelo da “ gestão flexível do currículo” que o conceito de Projeto Curricular de

Escola, e também o projeto Curricular de Escola, ganharam mais sentido.

Page 5: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

5

Cármen e Zabala (1991) definem o Projeto Curricular de Escola como um “ conjunto de

decisões articuladas, partilhadas pela equipa docente de uma escola, tendentes a dotar de

maior coerência a sua atuação, concretizando as orientações curriculares de âmbito nacional

em propostas globais de intervenção pedagógica-didática adequadas a um contexto

específico”.

A escolha do tema

A escola não pode nem deve trabalhar isoladamente. Os pais e a comunidade que a

envolvem devem ser parceiros ativos na elaboração de todos os projetos para que haja um

crescimento de ambas as partes. Assim, e para que haja uma parceria entre todos os agentes

educativos, pensamos dar a conhecer, a toda a população flaviense, o método praticado pelos

nossos Jardins- escolas.

Após a elaboração do respetivo projeto educativo, bastava apenas decidir qual o seu título.

Ficou decidido em conselho escolar do dia 2 de setembro de 2013 que este teria uma duração de 3

anos e de título “o Método João de Deus”.

Decidimos também não dividi-lo em subtemas e ao longo dos 3 anos desenvolver as

atividades programadas e atingir em simultâneo as metas propostas pois estas são indissociáveis.

As metas principais a atingir serão:

Estimular a interação com os pais entre Jardim-Escola, toda a comunidade educativa;

Dar a conhecer a toda a comunidade educativa a Associação de Jardins-Escolas João

de Deus, sua história, fundadores/pedagogos e principais atividades;

Implementar junto da população sénior e analfabeta o método João de Deus

(Cartilha Maternal);

Fazer com que a criança aluno/ aprendiz, com o auxílio de um docente transmita o

seu conhecimento, passando assim a ser um “transmissor” de conhecimento;

Implementar nas crianças, valores cívicos e morais, olhando para o idoso com o

respeito que se foi perdendo ao longo dos tempos;

Interiorizando e assumindo nas crianças valores que promovam a autonomia, o

espírito crítico, crescendo numa liberdade responsável.

Page 6: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

6

Queremos, acima de tudo, que este venha a ser uma mais-valia educativa, social e cultural,

não só para a comunidade educativa mas também para a cidade de Chaves, não perdendo de vista

toda a sua história e caraterísticas.

II- Fundamentação Teórica

Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, fundada pelo mecenas

Casimiro Freire, em 188 (quando 80% da população portuguesa era iletrada) alfabetizou, desde a

sua fundação até 1920, vinte e oito mil adultos e crianças.

Acompanharam-no nessa iniciativa destacadas personalidades, como João de Barros,

Bernardino Machado, Jaime Magalhães Lima, Francisco Teixeira de Queiroz, Ana de Castro Osório,

Homem Cristo, entre outros. Jaime Cortesão escrevia: O culto de João de Deus, esse, é mais íntimo,

mas não menos fecundo.

Em volta do nome do grande lírico, autor da Cartilha Maternal, juntaram-se muitos

professores, intelectuais, artistas e construtores que lançam os verdadeiros alicerces da pátria.

Em 1908, por proposta de João de Deus Ramos, filho do poeta-educador, passou a

designar-se: "Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, Bibliotecas Ambulantes e

Jardins Escolas".

Em 1917, foi inaugurado o Museu João de Deus, projeto de Escola-Monumento (da autoria

de Raul Lino e hoje classificado património de interesse municipal), ao qual se associaram

numerosos intelectuais e artistas, entre os quais João de Barros e Afonso Lopes Vieira.

A partir de 1920, a Associação de Jardins-Escolas João de Deus enriqueceu o número de

alfabetizados, com mais 135 640 crianças. Nesse ano, iniciou-se a formação de Educadores de

Infância, mas só em 1943 seria fundado, com carácter sistemático, o primeiro Curso de Didática Pré-

Primária (designação de João de Deus Ramos). Vinte anos depois, começa a funcionar um Curso de

Auxiliares de Educação Infantil (extinto em 1980), no intuito de evitar que as crianças estivessem

entregues a vigilantes sem preparação especializada.

Exemplo de respeito pela obra desta instituição (hoje Instituição Particular de

Solidariedade Social - IPSS), dedicada à Educação e à Cultura, foi, sem sombra de dúvida, a atitude

de um dos principais apóstolos do salazarismo, o ministro Carneiro Pacheco, que, em 1936,

decretou o encerramento das escolas do Magistério Primário, não se atrevendo, dado o peso e

reconhecimento públicos desta instituição, a encerrá-la, admitindo, por Decreto-Lei de 15 de

Page 7: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

7

Agosto de 1936, "... o respeitoso projeto de responsabilidade e honestidade dessa instituição". A

criação, por diploma legal de 9 de Novembro de 1988, da Escola Superior de Educação João de

Deus, ministrando os cursos de Educadores de Infância e de Professores do Ensino Básico - - 1.°

Ciclo representou novo ponto alto no historial da instituição.

A aposta num crescimento sustentável, em que a qualidade do ensino e as novas ofertas

educativas continuaram a ser uma preocupação desta centenária instituição, tem sido reconhecida

e respeitada, quer no plano nacional quer internacional.

O enorme esforço que tem sido efetuado por esta Instituição na procura de um caminho

que conduza ao conhecimento e à responsabilidade ética da ciência, continuam, assim, inscritos na

sua matriz.

Brincar é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não deve ser visto como

entretenimento ou diversão.

Todos brincamos ou brincámos, contudo este brincar não é semelhante ao longo do

tempo. Uma criança com dois ou três anos gosta de brincar sozinha, tem necessidade de manipular

vários materiais e uma curiosidade incessante, sobre si e também sobre o que o rodeia. Dos 4 aos 6

anos, as crianças adoram mostrar o que já sabem fazer e procuram os elogios para as suas proezas.

No entanto a sua capacidade de concentração e entrega a uma tarefa ainda é diminuta. Dos 7 aos 9

anos procuram atividades mais lúdicas que envolvam esforço físico.

Todavia esta brincadeira não deve ser livre, ou seja, a criança deve ser conduzida e

acompanhada, para que esta aprendizagem seja a mais correta. É este o papel fundamental de

educadores e professores no sentido de orientarem e facultarem à criança os materiais necessários

a esta atividade. Não devemos pois esquecer que a criança brinca com aquilo que lhe fornecemos e

que a forma como brinca vai fazer com que a sua personalidade seja formada, pois é através das

brincadeiras que ocorre a descoberta de si mesmo e do outro.

João de Deus Ramos e a sua época

"O João, com esta cabeça pequenina há-de ir longe..."

Page 8: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

8

Nascido nos anos 70 do século XIX, anos que viram nascer inúmeras personalidades

eminentes em matéria de educação, João de Deus Ramos foi também um homem da primeira

metade do século seguinte, que costumava apelidar, carinhosamente, de "o século da Criança".

Admirava intensamente os educadores ligados à Escola Nova, sobretudo A. Ferrière: as suas ideias e

a sua obra permitem considerá-lo o representante português desta escola.

Seguia Ferrière, mas queria produzir uma obra original e portuguesa. Afirmava,

frequentemente:

"Rejeito toda a cópia servil do que se faz no estrangeiro, à exceção, contudo, daquilo que é

universalmente adotável ou adaptável". Consciente, à época, da preservação da identidade cultural

e dos valores próprios de cada nação, tal como o escritor português Almeida Garrett defendia que:

"Nenhuma educação pode ser boa se não for eminentemente nacional". Em 1909, lança o que seria

a primeira iniciativa para pôr em marcha o sonho de inaugurar o 1.° Jardim-Escola João de Deus.

"Dia a dia, hora a hora, sem desfalecimentos, sem a menor hesitação, João de Deus Ramos foi

erguendo, a pouco e pouco, esse Jardim-Escola de Coimbra, primeiro em Portugal". (Joaquim

Manso, 1911).

Contemporâneo de Decroly e de Maria Montessori, João de Deus Ramos foi o impulsionador,

em Portugal, de um movimento de interesse pelas crianças de idade inferior a seis anos.

Afirmava que "o abandono das crianças, sob o ponto de vista cultural, antes da idade (7

anos),não é só uma lacuna que os Jardins-Escolas se propõem preencher, mas um grave erro a

corrigir".

Para além dos Jardins-Escolas João de Deus, fundou, no Estoril, em 1928, com João Soares,

uma grande escola primária e secundária; o "Bairro Escolar", inspirado no exemplo da escola de

Roches, de E. Demolins.

O projeto revestia-se de um carácter inovador e interessante, uma vez que o ensino

secundário não se encontrava divulgado e muitas crianças e adolescentes teriam que prosseguir os

seus estudos dentro do internato. Assim, no "Bairro Escolar" existiu um centro pré-escolar, uma

escola primária, um liceu e as vivendas onde os alunos viviam como em família, dormindo em

quartos de duas e três camas. Infelizmente, uma incompatibilidade de visões sobre a educação e o

papel dos alunos entre os sócios, aliada a dificuldades financeiras vieram interromper esse inovador

projeto.

Muitos foram os que reconheceram a João de Deus Ramos capacidades intelectuais, cívicas e

políticas de elevado nível. Júlio Dantas, em 1896, afirmava: "João de Deus e João de Deus Ramos

Page 9: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

9

são dois grandes nomes da história da pedagogia portuguesa: um o pensamento, o outro a ação;

um criou o método, outro a escola". Foi este reconhecimento público do seu trabalho que o levou a

referir-se a si ironicamente: "Depois de João Sem-Medo e de João Sem-Terra, eis aqui o João Sem-

Nome".

"É preciso que o povo saiba ler e escrever, é preciso motivar os políticos para a execução

desses princípios". Por esta ideia lutou toda a vida: Ministro da Instrução Pública (1920), Ministro

do Trabalho (1925), antes havia ocupado em duas legislaturas o lugar de deputado em São Bento.

Exerceu, também, por duas vezes, o cargo de Governador Civil. Em 1953, data do seu

falecimento, João de Deus Ramos tinha realizado o seu "sonho": a criação de 11 Jardins-Escolas.

Page 10: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

10

III- Caraterização do Concelho

Chaves é um dos seis concelhos da região do Alto Tâmega situado no distrito de Vila Real.

A sede de concelho é a cidade de Chaves, a qual dista cerca de 64 km da capital de distrito Vila Real

e fica a oito km da fronteira com a Espanha. Confina a Norte com a Galiza - Espanha, a Este pelos

concelhos de Vinhais e Valpaços, a Sul pelos concelhos

de Vila Pouca de Aguiar e a Oeste pelos concelhos de

Montalegre e Boticas.

O Concelho abrange uma área de 600,12 km2,

é composto por 39 freguesias e nela residem 43.667

habitantes concentrados, fundamentalmente, na

cidade e nas aldeias limítrofes.

Tem uma densidade populacional de 68,12 habitantes por km² e, nos últimos anos, a

população tem crescido um pouco (6,7%).

3.2.Clima

Quanto ao clima, durante o inverno, a coluna mercurial do termómetro desce mais do que

nas cidades e praias do litoral, sem contudo chegar a haver os frios rigorosos de Barroso e da Serra

do Marão. Durante o verão, o mercúrio do termómetro sobe mais do que no litoral, mas não chega

a haver os calores sufocantes como no Douro. Entre dezembro e

janeiro a temperatura varia entre os 6 e os 8 graus centígrados,

de março a junho varia entre os. 20 e os 30 graus. Estudos

realizados nesta matéria concluíram que a temperatura

raramente desce aos zero graus. Esta região não está muito

exposta a grandes e frequentes ventanias, registando-se

algumas no princípio da primavera e do outono, a altura pluviométrica atinge os 890 mm., e são

bastante frequentes as geadas, que às vezes, em Dezembro e Janeiro, chegam a tomar o aspeto de

Page 11: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

11

nevadas.

Fora da cidade de Chaves assume relevo a formosa vila de Vidago, que constitui um espaço

de centralidade infra-concelhia, pois presta vários serviços aos aglomerados próximos, possuindo

também importantes equipamentos hoteleiros e algumas das mais importantes fontes de água

mineral do país (Salus, Vidago e Campilho).

3.3. Relevo

Os espaços mais marcados pela ruralidade, aparecem à medida que se deixa o vale e se inicia

a caminhada ao longo das encostas em direção às terras altas, pois tendo o vale posição central no

território concelhio é dominado por relevos graníticos e xistosos em seu redor, atingindo estes os

1000 metros de altitude.

Esta configuração do relevo está muito ligada à diversificação dos

aspetos da paisagem, imprimindo-lhe cambiantes magníficas pelos

contrastes que origina no coberto vegetal e pela acentuação dos

rigores do clima na serra.

Foi da montanha que se assistiu nos últimos 50 anos a uma saída de residentes para o centro

urbano e para outros países, principalmente europeus. Nos campos ficaram os mais idosos,

penalizando o rejuvenescimento da população.

A cidade tem assim, crescido quer em extensão, como no número de população, fruto das suas

potencialidades com claro destaque das caldas de Chaves e correspondente apoio hoteleiro e oferta

turística, sendo a segunda estância termal do país, recebendo anualmente mais de 7000 aquistas.

3.4. Organização Administrativa e Social

Chaves assume uma posição estratégica no contexto do Noroeste Peninsular reforçada pela

confluência de importantes vias rodoviárias internacionais.

O vale de Chaves ocupa uma área de 25 km² ou 2500

hectares. Tem cerca de 8,5 km de comprimento e cerca de 3 km de

largura. Vai desde a Ponte de Arcossó até à Povoação de Pereira

de Veiga. É banhada pelo Rio Tâmega, aliás quase todo o vale fica

Page 12: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

12

situado na sua margem esquerda e delimitada por montes e serras. A leste defronta-se com a Serra

do Brunheiro (919 metros) e com a terminação setentrional da Serra da Padrela; a oeste limita-se

com uma série de pequenas elevações de terreno, que servem de alicerce à Serra de Bustelo, a qual

por sua vez, serve de contraforte à Serra do Larouco e ao planalto de Barrosos. A norte está a Serra

de Mairos que se expande para Espanha atingindo aí 1083 metros e a Sul está separado pela Ribeira

de Oura por um conjunto de colinas que se prendem ao Brunheiro, no lugar de Pêto de Lagarelhos.

Quase todo o concelho é tradicionalmente agrícola. Aqui cultivam-se batatas, centeio,

hortaliças, árvores de fruto e vinha. A Veiga de Chaves, com os seus solos férteis, atravessada ao

meio pelo Rio Tâmega e os seus solos banhados pelas águas das Caldas foi, em tempos, o sustento

de muita gente.

Freguesias que compõem o concelho de Chaves

3.5.A História do concelho

Cada época histórica deixou os seus testemunhos no património que foi

construindo.

São numerosos os vestígios aqui presentes, legados por civilizações pré-históricas que levam a

admitir mesmo a existência de povoamentos no longínquo período Paleolítico. É considerado deste

período um instrumento de pedra encontrado na encosta da serra do Brunheiro. Porém, são

abundantes os achados procedentes do Neolítico, do Calcolítico de Mairos, Pastoria, S. Lourenço,

etc.… e das civilizações proto-históricas, nomeadamente nos múltiplos Castros

situados no alto dos montes que envolvem toda a região do Alto Tâmega.

Page 13: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

13

Foram as legiões romanas, que há dois milénios, dominaram esses homens, que até aí tinham

vivido, como deuses, alcandorados no cimo das montanhas e se instalaram de modo especial no

vale, fertilíssimo do Tâmega. Fixaram-se onde hoje é a cidade e distribuíram pequenas fortificações

pelas alturas circundantes, aproveitando, para tais guardas-avançadas, alguns dos castros

conquistados.

Edificaram, presumivelmente, a primeira muralha que envolveu o aglomerado populacional;

construíram a imponente ponte de Trajano, sobre a via Bracara-Asturica; tiraram proveito das águas

quentes mínero-medicinais, implantando balneários termais; exploraram filões auríferos e outros

recursos do solo e subsolo.

Tanta importância adquiriu este núcleo urbano, nessa época, que foi

elevado à categoria de Município, quando no ano 79 dominava Vespasiano,

primeiro César da Família Flavia. Será esta a origem de Aquae Flaviae, designação antiga da atual

cidade de Chaves.

Situar-se-ia o imponente núcleo monumental e centro cívico da cidade no

cerro envolvente da área hoje ocupada pela Igreja Matriz. O seu atual recorte

lembra ainda o traçado de um acampamento romano, com o Forum, o Capitólio

e a Decumana que seria a rua Direita. De facto, neste perímetro foram encontrados os mais

relevantes vestígios arqueológicos a testemunhá-lo, expostos no Museu da Região Flaviense, sendo

mesmo de evidenciar uma lápide alusiva a um combate de gladiadores. A florescência da

dominação romana verificou-se até ao início do século III, apagando-se gradualmente com a invasão

dos povos denominados vulgarmente por Bárbaros. As invasões dos Suevos, Visigodos e Alanos,

provenientes do leste europeu, puseram termo à colonização romana. As guerras entre

Remismundo e Frumário que disputavam o direito ao trono, tiveram como consequência uma

quase total destruição da cidade, a vitória de Frumário e a prisão do Idácio, notável Bispo de

Chaves.

O período de dominação bárbara durou até que os mouros, povos do Norte de África,

invadiram a região e venceram Rodrigo, o último monarca visigodo, no início do século VIII.

Com a invasão dos árabes, também o islamismo invadiu o espaço ocupado pelo cristianismo o

que determinou uma azeda querela religiosa e provocou a fuga das populações residentes para as

Page 14: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

14

montanhas com as inevitáveis destruições. As escaramuças entre mouros e cristãos duraram até ao

século XI. A cidade começou por ser reconquistada aos mouros no século IX, por D. Afonso, rei de

Leão que a reconstruiu parcialmente. Porém, logo depois, no primeiro quartel do século X, voltou a

cair no poder dos mouros, até que no século XI, D. Afonso III, rei de Leão, a resgatou, mandou

reconstruir, povoar e cercar de muralhas.

Da presença islâmica remanesce, quase tão-somente na

cultura popular, uma grande variedade de lendas interligando

castros, tesouros fabulosos e mouras encantadas.

Foi, provavelmente, por volta de 1160 que Chaves foi

integrada no país que já era então Portugal, com a relevante

intervenção dos lendários Ruy e Garcia Lopes tão intimamente

ligados à história desta terra.

Pela sua situação fronteiriça, Chaves era vulnerável ao

ataque dos invasores. D. Dinis, como medida de proteção, mandou levantar o Castelo e a

fortificação muralha da que ainda hoje dominam o burgo citadino e a sua periferia, num grande

raio. Em 1253 realizou-se em Chaves. O casamento de D. Afonso III com a sua sobrinha D. Beatriz,

filha de Afonso X, o Sábio; foi o Bolonhês quem concedeu à povoação o seu 1º foral, a 15 de Maio

de 1258; D. Manuel I outorgaria novo foral em 1514. Aquando da Guerra da Independência, D. João

I montou em redor de Chaves um cerco que durou 4 meses; tendo-lhe rendido a praça. O senhorio

da vila foi então dada a D. Nuno Alvares Pereira, que o viria a ceder a D. Afonso, seu genro,

fundador da Casa de Bragança, na qual Chaves, se conservou durante vários séculos.

A Cidade foi cenário de diversos episódios bélicos no século XIX, nela se tendo celebrado, a

20 de Setembro de 1837, a designada Convenção de Chaves, após o combate de Ruivães, pondo

termo à revolta cartista de 1837, conhecida pela revolta dos marechais. Em

Chaves travou-se a 8 de Julho de 1912, o combate entre as forças realistas de

Paiva Couceiro e as do governo republicano, chefiadas pelo coronel Ribeiro de

Carvalho, de que resultou o fim da 1ª incursão monárquica. A 12 de Março de 1929 Chaves foi

elevada à categoria de cidade.

Page 15: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

15

IV - A ASSOCIAÇÃO DE JARDINS-ESCOLAS JOÃO DE DEUS

Um Modelo Humanista

O Jardim-Escola João de Deus de Chaves pertence à Associação de Jardins-Escolas João de

Deus, sucedânea da Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, que alfabetizou entre

1882 e 1920 cerca de 28 mil adultos e crianças. É uma Instituição Particular de Solidariedade Social,

devotada ao serviço da educação do povo e da criança portuguesa.

A Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus foi fundada por Casimiro Freire

em 1882, época em que o índice de analfabetismo das classes trabalhadoras rondava cerca de 87%.

Acompanharam-no nessa iniciativa algumas personalidades destacadas desse tempo como João de

Barros, Bernardino Machado, Jaime Magalhães Lima, Francisco Teixeira de Queiroz, Ana de Castro

Osório, Homem Cristo, entre outros.

Em 1908 por proposta de João de Deus Ramos, filho do Poeta-Educador, passou a designar-

se “Associação de Escolas Móveis pelo Método João de Deus, Bibliotecas Ambulantes e Jardins-

Escolas”.

Começa, então, a sentir-se a necessidade de dar carácter mais fixo, mais amplo e perdurável

à obra de instrução levada a cabo e, em 1911, João de Deus Ramos funda em Coimbra o primeiro

Jardim-Escola João de Deus. Cerca de metade da verba que se despendeu nesta realização foi

conseguida pelo Orfeão Académico de Coimbra dirigido por António Joyce. E esse exemplo

frutificou. Até 1953, data do seu falecimento, João de Deus Ramos criou onze jardins-escolas,

continuando infatigavelmente a missão educativa da Associação.

Em 1917, foi inaugurado o Museu João de Deus, projeto de Escola-Monumento (da autoria

de Raul Lino e hoje classificado património municipal), ao qual se associaram numerosos

intelectuais e artistas dessa época, entre os quais João de Barros e Afonso Lopes Vieira.

Page 16: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

16

Jaime Cortesão que considerava a Associação de Jardins-Escolas dos melhores legados da 1ª

República escrevia: “O culto de João de Deus, esse, é mais íntimo, mas não menos fecundo. Em

volta do nome do grande Lírico, autor da “Cartilha Maternal”, juntaram-se muitos professores,

intelectuais, artistas e construtores que lançam os verdadeiros alicerces da Pátria”.

A partir de 1920, a Associação de Jardins-Escolas João de Deus enriqueceu o número de

alfabetizados por aquele Método com mais cento e trinta e cinco mil e seiscentas e quarenta

crianças. Nesse ano, iniciou-se o primeiro ano de formação de Educadores de Infância, mas só em

1943 seria fundado, com carácter sistemático, o primeiro Curso de Didática Pré-Primária

(designação de João de Deus Ramos). Vinte anos depois, começa a funcionar um Curso de Auxiliares

de Educação Infantil (que viria a ser extinto em 1980), no intuito de evitar que as crianças

estivessem entregues a vigilantes sem preparação especializada.

Exemplo de respeito pela obra desta instituição, dedicada à Educação e à Cultura, é, sem

sombra de dúvida, a atitude de um dos principais apóstolos do salazarismo, o ministro Carneiro

Pacheco, que em 1936, decretou o encerramento das escolas do Magistério Primário, mas não se

atreveu, dado o peso e o reconhecimento públicos desta instituição, a encerrá-la, reconhecendo,

por Decreto-Lei de 15 de Agosto de 1936, o seu respeitoso projeto de responsabilidade e

honestidade.

Foi este o reconhecimento público do trabalho de João de Deus Ramos, que de si próprio

dizia ironicamente: depois de João Sem-Medo e de João Sem-Terra, eis aqui o João Sem-Nome. Era

nesta modéstia, que se revia o pedagogo que já à época defendia: “É preciso que o povo saiba ler e

escrever, é preciso motivar os políticos para a execução desses princípios”. Eleito deputado por

duas vezes (em 1913 e 1915), João de Deus Ramos exerceu ainda os cargos de Governador Civil, de

Ministro da Instrução Pública e de Ministro do Trabalho.

A 9 de Novembro de 1988 o Decreto-Lei n.º 408/88 autoriza a criação da Escola Superior de

Educação João de Deus com os Cursos de Educadores de Infância e de Professores do Ensino Básico

1ºCiclo. Aos quais se juntaram os CESES em Investigação em Educação, Gestão Escolar e

Desenvolvimento Pessoal e Social.

Page 17: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

17

A Associação de Jardins-Escolas João de Deus e a Escola Superior de Educação João de Deus

tem ao seu serviço mais de mil pessoas, entre educadores, professores, auxiliares de educação e

outros colaboradores, cuja atividade se reparte pelos centros infantis, jardins-escolas, ludotecas e

museus.

Desde a fundação das Escolas Móveis pelo Método João de Deus e posteriormente dos

jardins-escolas com o mesmo nome já foram matriculadas cerca de 200.000 crianças.

A fase etária da frequência escolar faz-se entre os 3 e os 10 anos. Estes alunos recebem duas

refeições diárias e as quotizações são estudadas para custarem um mínimo de encargos aos pais e

encarregados de educação e de acordo com o rendimento do seu agregado familiar.

A Associação de Jardins-Escolas João de Deus organiza, periodicamente, em geral todos os

anos, reciclagens e visitas de estudo a centros educativos em Portugal e no estrangeiro, procurando

assim manter os seus métodos a um nível europeu.

Recordando João de Deus Ramos, terminaremos com palavras suas:

“São assim os Jardins-Escolas João de Deus modelo português de escola Pré-Primária que

muito me orgulho de poder legar à minha Pátria.”

V - MÉTODO JOÃO DE DEUS

O que é hoje o Método João de Deus deve-se, em grande medida, às ideias pedagógicas do

Poeta João de Deus (1830/1896), do seu principal mentor João de Deus Ramos (1878/1956), de sua

filha Maria da Luz Ponces de Carvalho (1916/1999) e de todos aqueles que, ao longo destes anos,

têm colaborado, com tanta dedicação e amor, na obra educativa e cultural dos Jardins-Escolas João

de Deus.

Os seus conhecimentos, as suas experiências, bem como as muitas viagens de estudo que

temos realizado por todo o mundo, contribuíram decisivamente para o sucesso do que

continuamos a denominar por Método João de Deus.

Page 18: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

18

5.1 - João de Deus Ramos e a Sua Época

Nascido no final do século XIX, nos anos 70, anos estes que viram nascer inúmeras

personalidades eminentes em matéria de educação, João de Deus Ramos é também um homem da

primeira metade do século seguinte, que costumava apelidar, carinhosamente, de «o século da

criança».

É a época brilhante da Escola Nova, movimento a favor de uma infância mais compreendida

e feliz, que tem também um eco em Portugal.

João de Deus Ramos admirava intensamente os educadores ligados à Escola Nova,

sobretudo A. Ferriére: as suas ideias e a sua obra permitem considerá-lo o representante português

desta escola (1).

Seguia Ferriére, mas queria produzir uma obra original e portuguesa. Afirmava,

frequentemente: «Rejeito toda a cópia servil do que se faz no estrangeiro, à exceção, contudo,

daquilo que é universalmente adotável ou adaptável».

Muito consciente, já na sua época, da preservação da identidade cultural e dos valores

próprios de cada nação, adorava citar o escritor português Almeida Garrett “Nenhuma educação

pode ser boa se não for eminentemente nacional”.

(1) João de Deus Ramos, para além dos Jardins-Escolas João de Deus, fundou no Estoril, em 1928,

com João Soares (pai do antigo Presidente da República Portuguesa, Mário Soares) uma grande

escola primária e secundária, que se inspirou no exemplo da escola de Roches, de E. Demolins. O

Projecto era inovador e muito interessante: o «Bairro Escolar». Os alunos internos eram numerosos

nesta época. O ensino secundário não estava muito divulgado e muitas crianças e adolescentes

teriam que prosseguir os seus estudos dentro do internato. Dentro do «Bairro Escolar» existiu um

centro Pré-Escolar e uma escola primária, um liceu e as vivendas onde as crianças viviam como em

família, dormindo em quartos de duas e três camas. Infelizmente, a empresa não durará mais do

que poucos anos, devido a dificuldades financeiras.

Page 19: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

19

5.2 - O Ambiente

A arquitetura dos primeiros edifícios é de um estilo verdadeiramente nacional, português e

até mesmo regional.

João de Deus Ramos considerava que a criança aceitará melhor a escola se a «fisionomia»

arquitetural desta se assemelhar à da sua própria casa. A adaptação faz-se assim mais facilmente e

atenta-se, também, a que a escola seja à escala da criança, para que esta se sinta como em sua

casa.

João de Deus Ramos preocupava-se muito com o edifício: rejeitava os corredores longos e as

escadas, aconselhava cores suaves, janelas grandes, espaço suficiente, mas não demasiado. A

decoração era confiada a artistas, mas deveria ser discreta.

O edifício deveria ser circundado por um jardim, sem vizinhos demasiado próximos; as

janelas permitiriam uma ligação com a natureza, as árvores, o céu. O jardim, segundo ele, devia ser

seis vezes maior que o edifício, para permitir a realização de atividades em pleno ar livre e mesmo,

por vezes, o cultivo de legumes e flores. Que alegria no dia em que se comem as maçãs que vimos

crescer! E que lição bem aprendida!

A pedagogia fala muito da escola ativa e da importância da criação de um ambiente rico e de

bom gosto estimulando o espírito da criança e o seu sentido de harmonia e equilíbrio.

João de Deus Ramos já estava dentro do movimento das ideias atuais: preservação da

identidade cultural, necessidade de cuidar e preparar convenientemente o ambiente, tanto sobre o

seu plano físico como nos seus aspetos humano e cultural.

No plano físico, pretendia um ambiente muito alegre, luminoso e florido. Aceita a ideia de

Froëbel e o nome de «Kindergarten» (Jardim de Infância), não como uma imagem retórica, mas

como uma necessidade de ligação entre a natureza e a criança. Não se trata de comparar a criança a

uma flor, mas de constatar o entusiasmo das crianças perante as flores. O nome fröbeliano de

Jardim-Escola evoca isto.

Page 20: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

20

Os animais? Não, dado que não podemos tê-los presos e mal alojados na escola. Os animais

poderão sofrer e a criança não pode sentir-se culpada por esta situação de sofrimento de outros

seres. Será prejudicial na formação da sua sensibilidade.

Por vezes, um pequeno peixinho vermelho, ou outro animalzinho já nascido em cativeiro,

poderá dar uma nota de cor e movimento dentro da sala de aula. Poder-se-á fazer criação de

bichos-da-seda. Para os alimentar será necessário que exista uma amoreira no jardim.

João de Deus Ramos estimava que estas ideias eram muito importantes e, pode crer-se que,

verdadeiramente, o são, dado que as crianças amam a sua escola e estão felizes dentro deste

ambiente, nos planos educativo e humano.

5.3 - Escola e Sociedade

Segundo João de Deus Ramos, a escola devia ter a imagem da sociedade desde a Creche.

Democrata, pretendia acabar com as escolas de elites, mas, em 1911, ano de abertura do

primeiro Jardim-Escola João de Deus, o país saía da monarquia e as suas ideias não iriam encontrar

mais que um pequeno eco.

Não aceitava mais discriminação política na escola. A escola para todos, ricos ou pobres, de

todas as raças, de todas as crenças religiosas ou políticas. Um bibe aos quadrados, cada idade com a

sua própria cor esbate as diferenças de traje que, à época, eram por vezes muito acentuadas.

Todos os alunos deviam almoçar na escola, o que, segundo João de Deus Ramos, poupava o

cansaço das deslocações e favorecia a socialização e hábitos alimentares saudáveis. Tudo era

explicado: o que se comia, as razões de uma alimentação variada...

João de Deus Ramos desejava que se cultivassem na escola verdadeiros laços de

fraternidade e solidariedade. Preconizava uma disciplina muito doce, sem prémios nem castigos.

Page 21: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

21

Esta disciplina, a que chamava de «ativa», devia ser o mais possível orientada como uma verdadeira

educação cívica.

As próprias crianças organizavam a vida na escola, os jogos, as refeições...

5.4 - Educação Moral

A disciplina, compreendida como o modo de viver bem consigo mesmo e com os outros, era

mantida sem prémios nem punições e contribuía para a formação do carácter. «Sem prémios»: são

fonte de vaidade e de inveja e deturpam o verdadeiro sentido do dever. «Sem punições»:

prejudicam o desenvolvimento da dignidade humana e, na maior parte das vezes, são aplicadas sem

que a criança tenha consciência de ter cometido o erro.

Como Rousseau, João de Deus Ramos acreditava que a criança nasce boa. É necessário

defendê-la e compreendê-la. Aqueles que trabalham e se comportam bem, merecem elogios e

carinhos. A estimulação é necessária, mas o termo de comparação, para a criança, é ela própria.

Em caso de um mau trabalho ou de problemas de conduta, devem estudar-se

cuidadosamente os motivos e, eventualmente, permitir que a criança sofra as consequências dos

seus atos, não como um castigo imposto, mas como um efeito natural, que poderá interiorizar, uma

lição válida que lhe servirá de futuro. Sempre o raciocínio e a lógica ao nível da compreensão das

crianças.

Por exemplo:

É preguiçoso? Não existe preguiça sem motivo. Como está de saúde, que métodos de ensino

lhe são aplicados, sente-se apoiado mental e efetivamente? Será que os trabalhos que lhe são

pedidos estão de acordo com o seu próprio ritmo?

A atitude de João de Deus Ramos em face de problemas como o roubo, a mentira, a

agressividade, era sempre muito coerente. É preciso melhorar e saber melhorar, mas não punir. É

necessário dar a conhecer o gosto pelo bem e pelo fazer o bem, pondo-se à escala da criança e com

amor.

Page 22: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

22

Já em 1911, João de Deus Ramos pensava mais na educação do que na instrução; é uma

ideia corrente nos nossos dias, mas não no início do século.

Na base da sua metodologia existia sempre uma ideia de simpatia, no real sentido da

palavra: simpatia como convergência de pontos de vista e, mesmo, de sentimentos. Um ambiente

de simpatia cria o meio ideal, a firmeza e a calma, tão importantes para dar à criança um

sentimento de segurança.

As crianças mantêm-se calmas se estiverem ocupadas e se sentirem prazer nas tarefas que

executam, mesmo que estas sejam trabalhosas. É necessário que o trabalho seja amado e

respeitado, daí que o apresentemos de uma forma atraente, a fim que se possa gostar dele como se

gosta de um jogo.

Era um traço que definia muito bem o carácter de João de Deus Ramos, o infinito respeito

pela criança. O respeito pela criança é frequentemente proclamado, quase sempre mais na teoria

do que na prática, mas João de Deus Ramos não respeitava somente a infância, respeitava cada

criança.

Contemporâneo de Decroly e de Maria Montessori, João de Deus Ramos foi o instigador, em

Portugal, de um movimento de interesse pelas crianças com menos de seis anos.

Na sua época e em Portugal, raramente as crianças saíam da casa familiar para frequentar

um centro escolar antes dos quatro anos.

Tenta-se oferecer às crianças um ambiente familiar, favorável ao seu desenvolvimento: os

jogos, as canções, a rítmica com arcos e bolas, os cálculos, as histórias, a casa das bonecas, os jogos

simbólicos.

João de Deus Ramos, como todos os pedagogos daquela época valorizava os jogos, em

matéria de educação. Mas aconselhava a escolhê-los bem.

Page 23: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

23

Aos quatro anos, e sem que a fatigue, traça-se para a criança um programa muito alegre e

harmonioso, que fará apreender bons hábitos e favorecerá a sua integração no grupo.

5.5 - Enquadramento Teórico

Que aspetos mais importantes desenvolver, com quatro anos de idade, segundo a psicologia

e pedagogia, a nível das aquisições de base?

A educação percetiva, a motricidade e a educação verbal, são aspetos muito importantes. A

educação preceptiva começa desde o berço e, quase podemos dizer, é de grande valor para o

indivíduo. Não se trata de «afinar» os sentidos, mas sim de saber utilizá-los melhor.

Na educação percetiva trabalha-se sobretudo a visão e a audição, os dois sentidos que

permitem as aquisições mais espirituais e até mesmo estéticas. Trata-se de estimular o gosto, de

observar, de criar o senso do belo e da harmonia, de melhor perceber os sons graves, os sons

agudos, a intensidade dos sons e das sonoridades, o timbre dos instrumentos, etc.

A educação auditiva permite uma iniciação musical que favorece o bom ritmo da leitura. É

com base na educação visual e auditiva que se pode falar, na escola, de uma educação através da

arte.

Não se refere muito os outros sentidos; devem ser localizados, mas não têm a mesma

importância.

5.6 - As Práticas

Com a visão e audição poder-se-á traçar um alegre programa de educação auditiva e

musical. Na escola cantam-se e dançam-se canções infantis e populares, todos os dias. Como o jogo,

tenta-se preservar os valores tradicionais.

Page 24: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

24

A educação da visão destina-se a uma boa coordenação óculo-manual e trabalha-se imenso

a motricidade fina, o estímulo e uma correta lateralização através de toda uma gama de jogos

destinados a este efeito.

Trabalha-se muito com o papel: no início tritura-se, rasga-se, corta-se, depois utiliza-se o

«origami» japonês, que facilita a precisão e permite fazer pombas, peixes, rãs, barcos e as fitas

multicoloridas de onde nascem diferentes tipos de harmonias.

Aos quatro anos, as crianças desenham sobre grandes folhas com lápis de cera. Desenham

livremente, assim como modelam pastas variadas, mas sobretudo barro. A criatividade da criança é

estimulada de várias formas.

Depois de ter ensinado as crianças a observar e a entender, são incitadas a exprimir-se: por

gestos, pelo corpo, pelo desenho, mas sobretudo oralmente.

A expressão verbal e não verbal é privilegiada; trabalha-se a linguagem e a expressão oral

através do diálogo, das histórias, dos contos, das contas, das pequenas poesias, das pequenas

dramatizações e marionetas.

Um programa batizado de «Tema de Vida» – que se chamava «lições das coisas», no tempo

de João de Deus Ramos - contribui muito para o alargamento do léxico passivo e sobretudo do

léxico ativo da criança. Este programa representa um dos aspetos mais originais da pedagogia de

João de Deus Ramos. Aquilo que se pretende não é somente que a criança saiba as coisas, mas

sobretudo que as compreenda, que possa estar em sintonia e em empatia com o que a rodeia.

A criança deve abordar o seu conhecimento como indivíduo e conhecer o seu corpo, ter uma

ideia do seu esquema corporal. De seguida, deve tomar consciência da sua integração temporal,

adquirir a ideia do hoje, do ontem e do amanhã. Para isto, damos-lhe uma referência, uma unidade

de tempo: a mais simples é o dia. E recorremos à clássica experiência da bola que gira em torno de

si mesma e à volta de uma fonte de luz.

Page 25: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

25

Fala-se do que a rodeia: o que é sólido, líquido, gasoso. Fazem-se experiências. Depois fala-

se das grandes famílias do nosso planeta: os minerais, as plantas, os animais. Tudo é apresentado

como exemplos vivos, slides, filmes, imagens.

As lições não são feitas sob a forma de exposições orais, mas sim de diálogos através dos quais a

criança deve observar, descobrir e descrever. Sempre que possível, o objeto é observado

diretamente ou através de lupas e microscópios, tocado, sentido e eventualmente provado. São

realizadas experiências de molde a estimular o espírito científico. As formas, as qualidades são

designadas com rigor.

A ideia de João de Deus Ramos é a de estabelecer um «curriculum» em forma de espiral: os

ciclos são concebidos em função da idade das crianças; procura-se abordar o homem como

indivíduo e depois como pertencente ao corpo social; finalmente é evocada a ideia de Deus.

Esta ideia de ciclos sucessivos está já contida no termo «enciclopédia». Porém, o que João

de Deus Ramos deseja desenvolver não é uma ideia enciclopédica, mas sim uma lógica: relacionar

bem é raciocinar bem.

Todas as lições estão ligadas umas às outras, a fim de fortificar a memória e de facilitar a

aquisição de conhecimentos.

Aos quatro anos, os jogos contribuem para motivar a leitura, para distinguir a esquerda e a

direita e estimular o desenvolvimento motor: sequências de imagens, palavras afixadas para

designar os objetos circundantes, livros em local acessível, histórias lidas pelo educador.

As crianças também ditam frases que a professora escreve e que elas podem ilustrar.

Tem-se um grande cuidado com a introdução da Matemática e esta é associada à vida

prática da criança: há três degraus para subir; eu tenho três bombons, tu tens um a mais; eu joguei

cinco vezes com a minha bola, etc.

Estas situações constituem uma base de trabalho. João de Deus Ramos, como outros

pedagogos da atualidades, aconselha a começar pela noção de «unidade». É um bom ponto de

partida.

Page 26: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

26

Os conceitos devem ser postos em prática através dos jogos e de materiais simples de

encontrar e manipular.

Recorre-se, também, aos jogos de Froëbel, para interiorizar situações muito concretas, que

estimulam a criança a contar e a fazer pequenas operações ligadas ao quotidiano. Têm à disposição

ateliers de jogos de ação – uma mercearia ou armazéns onde se utilizam a moeda e uma balança,

onde se comparam pesos e volumes, onde se pode empacotar e embrulhar os volumes, o que é um

excelente exercício de motricidade fina.

O espaço está dividido em cantos: um canto das plantas, um dos jogos, outro da casinha,

outro do médico, etc.

Cada sala possui uma biblioteca: aos 3/4 anos, a criança pode ver as imagens, sentada em

almofadas e o acesso aos livros é muito fácil.

Ouve-se música, fazem-se jogos tradicionais ou livres, de preferência ao ar livre.

A criança gosta e aceita bem este programa variado, que contribui para a formação da sua

personalidade. Procura-se que a criança seja calma, organizada, curiosa e recetiva.

João de Deus Ramos considerava a idade de 5 anos como muito importante para a formação

do indivíduo. É como uma idade de transição, já não se encontra na fase pré-escolar, mas ainda não

chegou à primária: é um degrau a subir, uma fase «pré-elementar», «pré-primária», como ele lhe

chamava.

Praticam-se jogos, as «lições das coisas», fazem-se desenhos, mas a Matemática é mais

avançada e inicia-se de uma forma muito racional e lúdica a leitura e a escrita.

João de Deus Ramos pensava, como os pedagogos de hoje, que aguardar por uma grande

maturidade para aprender a ler é como esperar por ter músculos para começar a cultura física. É o

exercício que contribui para a maturação mental requisitada.

Page 27: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

27

É também muito importante, adaptar-se ao ritmo da criança sem a sobrecarregar, para a

fazer alcançar o programa preestabelecido. É necessário fazer com que a criança aprenda

agradavelmente, passo a passo, como num jogo. Isto põe a questão central das aprendizagens de

base e de qual o momento ideal para começar o processo de preparação.

O insucesso escolar, e mesmo profissional, poderá estar ligado a uma preparação escolar

tardia e mal estruturada. É preciso compreender a palavra «aprendizagem» como conotada pelas

noções de estimulação e de iniciação. A aprendizagem é vista não somente como aquisição de

conhecimentos, mas, sobretudo, como exercício de faculdades.

Assim pensava João de Deus Ramos e os resultados deram-lhe razão. É necessário começar a

adquirir as competências aos 5 anos e a aprendizagem da leitura é um bom ponto de partida.

A escolha de um método é essencial, método que permita o desenvolvimento das estruturas

mentais da criança. Nos jardins-escolas - «A Cartilha Maternal».

Os resultados são surpreendentes: as crianças aprendem a ler geralmente em 90 lições e o

insucesso escolar é quase inexistente.

O método utiliza estratégias de leitura do tipo «Bottom-up», em sinergia com estratégias do

tipo «Top-down», baseado na unidade global da palavra – considera-a como a ferramenta

linguística que permite o dinamismo verbal.

É também um método que apresenta as dificuldades da Língua Portuguesa segundo uma

progressão pedagógica e que constitui um verdadeiro estudo da Língua.

João de Deus Ramos considerava a aprendizagem da leitura e da escrita como o desenrolar

natural da educação pré-escolar: depois do ensino do código oral, a criança pode ser iniciada ao

código escrito, que lhe permite aceder à cultura. Estas duas aquisições deverão então constituir

uma unidade e não revelar duas escolas diferentes – a creche e a escola primária – como é habitual

nos nossos sistemas escolares.

Page 28: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

28

Escreveu muito pouco, porque acreditava que, em pedagogia, as ideias são facilmente

ultrapassadas e que é necessário viver com o seu tempo. Adorava transmitir as suas ideias às suas

alunas, afetuosamente por ele consideradas como suas «discípulas».

Depois da morte de João de Deus Ramos, foram introduzidas algumas alterações

necessárias, como por exemplo, o material Cuisenaire e os Blocos Lógicos de Dienés, e um material

de um professor português, João Nabais, chamado Calculadores Multibásicos, excelentes para

aprender a fazer operações sobre outras bases que não a base 10. Na época dos computadores é

preciso trabalhar bem na base 2 ou 9.

A paz, o interculturalismo e a integração das crianças diferentes são tidos em conta desde as

classes pré-escolares.

VI - O JARDIM-ESCOLA JOÃO DE DEUS DE CHAVES

6.1 - Breve Caraterização do Jardim-Escola

Jardim-Escola João de Deus de Chaves

Código da Giase/ME: 1703969

Endereço: Avenida Dr. António Granjo

Código Postal: 5400-080 Chaves

Localidade: Chaves

Freguesia: Santa Maria Maior

Concelho: Chaves

Sul: Av. Dr. António Granjo

Nascente: ROTARY

Page 29: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

29

Poente: Largo do Monumento

Telefone: 276 322 355

Fax:276 322 217

E-mail: [email protected]

Perfil/Valência de escola

2.1.Pré-Escolar

Esta valência é constituída por três salas, três educadoras titulares:

Bibe Amarelo (3anos)

Educadora titular Luísa Maria Encarnação

Rodrigues

Ajudante de ação educativa Maria

Henriqueta Morais

Bibe Encarnado (4 anos)

Educadora titular Paula Marisa Pereira da

Nova

Bibe Azul (5 anos)

Educadora titular Isabel Maria Pereira

Fernandes

As educadoras do Bibe azul e encarnado

trabalharam em parceria pedagógica.

2.2. 1º Ciclo

Esta valência é constituída por quatro salas, três professores titulares e um de apoio:

Bibe Castanho (1.º ano)

Professora titular Vera Brás

Bibe Verde (2.º ano)

Professora Helga Ferreira

Bibe Azul-turquesa (3.º ano)

Professora Filipa Carvalho

Bibe Azul-escuro (4.ºano)

Professora Filipa Carvalho

Professor de Apoio: Marco Ferreira

Page 30: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

30

Caracterização física da escola

Tipo de Edifícios

Tipo de Edifícios Este Jardim-Escola é constituído por dois edifícios a “Escola Mãe” e a “Escola

Nova”.

A “Escola Mãe” passou por duas fases de construção. A primeira fase em 1959 (empreiteiro

Barros e Feliciano) e a segunda fase em 1961 (empreiteiro José Domingues de Almeida) sendo o

arquiteto o Dr. Raul Lino. A área de implantação do edifício/ construção é de 35 485m². Este projeto

surge sobre os moldes apurados desde que se construiu o Jardim-escola de Coimbra I. As dimensões

são adequadas ao número de crianças que a valência do Pré-Escolar permite. É constituído por:

secretaria (10,53 m²), gabinete (10,53 m²), salão (71,55 m²), 2 salas (31,32 m² cada uma),

cantina(49,94 m²), cozinha (21,71m²) com os seus anexos (cave composta por seis despensas e

sótão por duas arrecadações), vestiários( 3,78m²), 2 casa-de-banho para adultos( m² ) e outra para

as crianças( m² ). O pavimento em solho (taco envernizado) e mosaico nas zonas das casas-de-

banho, cozinha e copa.

Os materiais de acabamentos são os mais próprios e adequados atendendo à região em que

está localizado, à época em que foi construído e aos resultados de experiência de quem o

concebeu.

Quanto ao aspeto exterior foram conseguidos as principais características que se têm

evidenciado desde a construção do primeiro Jardim-escola. O seu aspeto exterior resume-se numa

feição atraente e alegre, como deve ser próprio de instituições educativas para crianças, e com uma

fisionomia que não se confunde com quaisquer estabelecimentos de ensino dedicado a crianças,

em qualquer país.

A “Escola Nova” inicia a sua construção em 1996 (empreiteiro José da Cruz Bernardes) sendo o

arquiteto o Dr. Victor Manuel da Silva Vicente. A área de implantação do edifício/ construção é de

598,05m². Este projeto surge sobre a vontade de ampliar a “Escola Mãe” e implementar o 1.º Ciclo.

É construído então um novo edifício com ligação funcional, através do refeitório à “Escola Mãe”.

Nesta altura fizeram-se também obras à cozinha para esta melhor se adequar às novas

Page 31: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

31

necessidades. É constituído por: 4 salas (1.º sala 36,6 m², 2.º sala 38 m², 3.º sala 38m² e 4.º sala 47,3

m²), ginásio 85 m², 2 casas de banho (uma em cada piso) 9,69m².

O seu aspeto exterior é agradável e não destoa do edifício já existente.

Os dois edifícios apresentam aquecimento central, servidos por duas caldeiras ou painel solar.

O painel solar só é utilizado para as águas quentes durante alguns meses em que o clima o permite.

6.2 - Instalações Escolares

6.2.1 – Hall

Este é o local por onde toda a comunidade educativa e outros utentes entram no jardim-

escola. É a partir deste ponto que é feita a distribuição das crianças para cada uma das valências. É,

também, o acesso para a zona da secretaria.

6.2.3 – Secretaria

Nesta sala são atendidos/recebidos os pais/encarregados de educação, fornecedores e todas

as pessoas que necessitem de tratar de assuntos relacionados com o Secretariado.

Gabinete de Direção

No gabinete são atendidos pais e encarregados de educação, assim como todos os

funcionários docentes e não docentes que necessitem de algum esclarecimento da direção.

6.2.4 - Arquivo

Nesta sala é guardada toda a documentação que precisa ser arquivada para memória futura.

6.2.5. - Salas de Aula

É nestas salas que se realizam as principais atividades curriculares das crianças. Em todas

elas existem, também os cantinhos da Leitura e de Jogos, de modo a proporcionar às crianças

atividades lúdicas e de enriquecimento cultural. Em cada uma das salas existem estantes e outro

mobiliário para que os docentes possam arrumar o material didático e para que possam lecionar as

suas aulas.

Page 32: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

32

6.2.6. - Salão

O salão é o local privilegiado para as atividades de grupo das crianças do Bibe Encarnado,

uma vez que é o prolongamento da sua sala de atividades diárias. É onde se recebem todas as

crianças, diariamente, de manhã, quando se cantam as canções em roda e, à sexta-feira, para

apresentar o teatro de fantoches. É o local onde as crianças esperam, em comboio, para irem

almoçar.

6.2.7. – Ginásio

É neste espaço que se realizam as aulas de Expressão e Educação Físico-Motora, as

atividades de caráter mais alargado a todas as turmas ou que pela sua especificidade necessitem de

mais espaço como as festas ou peças de teatro, por exemplo. Estará, também, disponível para

conferências, colóquios ou outras atividades organizadas pelo jardim-escola ou, até, por outras

instituições com quem possamos estabelecer parcerias.

Junto a este espaço existem dois balneários, duas casas de banho e uma arrecadação para se

guardar material diverso.

6.2.8. – Biblioteca

Este é um espaço que ainda não está em funcionamento, mas que se pretende, através do

desenvolvimento do presente Projeto Educativo, colocar em funcionamento com a maior brevidade

possível. Na sala que antigamente estava dedicada aos alunos do 4.º ano. Esta sala funcionará como

sala de professores, de audiovisuais e computadores.

6.2.9. - Sala de Professores (Biblioteca)

Servirá como sala de professores quando as atividades anteriormente descritas não

existirem, uma vez que são situações esporádicas. Nesta sala preparam-se materiais didáticos,

planificam-se aulas e servirá como local de partilha de experiências entre os vários docentes.

6.2.10 – Cozinha, Copa e Refeitório

As refeições são preparadas na cozinha e servidas no refeitório. Este é utilizado por todas as

turmas. É na copa que se lava e seca a loiça utilizada.

Page 33: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

33

6.2.11 – Sala de Repouso/Vestiário

Nesta sala cada funcionário não docente poderá guardar os seus bens pessoais num cacifo

individual e poderá descansar na hora do almoço.

6.2.12 – Arrecadações, Lavandaria e Rouparia

Há arrecadações em várias zonas do edifício. Servem para arrumação do bastidor, do

material didático, dos catres, dos alimentos, dos produtos de limpeza e higiene, da roupa, etc.

6.2.13 - Instalações Sanitárias

Além das instalações sanitárias para docentes, não docentes há casas de banho afetas a cada

uma das valências (Creche, Pré-escolar e 1.ºCiclo) As do 1.ºCiclo estão divididas por género,

masculino e feminino. Sempre que os alunos vão à casa de banho em grupo, fazem-no em comboio

para que haja uma maior organização.

6.3 - Caraterização da População Escolar

6.3.1 - Pessoal Discente

O número de crianças matriculadas, este ano, é cerca de 92, distribuídas por 3 turmas do

Pré-Escolar e 3 turmas do 1º Ciclo. Contamos, em 2016, vir a ter um total de 175 crianças.

As crianças que frequentam este jardim-escola revelam diferentes níveis de

heterogeneidade: socioeconómico, cultural, cognitivo e comportamental.

Como vivemos tempos difíceis, de crise económica, o Jardim – Escola passa por enorme

crise, são poucas as crianças matriculadas. Este facto devesse também à abertura do novo Centro

Escolar e às mensalidades demasiado altas comparativamente com as praticadas no meio.

Page 34: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

34

Apesar da existência de crianças pertencentes a famílias carenciadas, cujos pais ou

encarregados de educação estão, até, no desemprego, uma grande parte das crianças pertence a

um estrato social médio. A maioria das famílias trabalha no sector terciário e as suas habilitações

literárias incluem-se maioritariamente no ensino secundário. O seu ambiente e acompanhamento

familiar poderão considerar-se satisfatórios.

6.3.2 - Pessoal Docente

O pessoal docente desde jardim-escola não é todo ele, formado na Escola Superior de

Educação João de Deus, em Lisboa.

A presidente do Conselho Diretivo e diretora pedagógica. É a representante perante o

Instituto da Segurança Social, o Ministério da Educação e demais instituições nos assuntos de

carácter geral do jardim-escola em todas as valências e do 1.ºCiclo em particular; organiza e preside

aos Conselhos Escolares; é responsável pela secção financeira e contabilística; pela compra da

alimentação, material escolar, material didático; pelas obras a efetuar; pela organização do pessoal

docente e não docente e orientadora do trabalho realizado em todas as valências, com especial

relevo no 1.ºCiclo.

O corpo docente do jardim-escola é constituído, atualmente, por 3 educadoras e 4

professores, estando incluído na valência do 1.º ciclo um docente de apoio.

Este pessoal tem a seu cargo a planificação, organização e orientação de todo o trabalho

pedagógico e de disciplina das crianças pelas quais são responsáveis.

É nosso interesse criar estabilidade no corpo docente, pois é muito importante, não só

porque contribui para uma melhor relação pedagógica com as crianças, famílias e restante pessoal

mas também porque contribui para um melhor desenvolvimento dos projetos em que o jardim-

escola estiver envolvido e para melhor ultrapassar os obstáculos que forem surgindo. Quanto maior

Page 35: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

35

é o conhecimento da comunidade educativa e do seu contexto, maior facilidade existe na tomada

de decisões e no estabelecimento das prioridades.

O corpo docente trabalha em grupo nas planificações das atividades, em situações de sala de

aula e nos Conselhos Escolares, quando é feita a avaliação sumativa dos alunos e no planeamento

dos projetos a desenvolver.

6.3.3 - Pessoal Não Docente

O corpo não docente já trabalha neste Jardim-Escola há imenso tempo.

É constituído, atualmente, por 1 administrativa, 2 ajudantes de ação educativa, 1 cozinheira

e 1 auxiliar de ação educativa, que apoiam todas as valências.

A administrativa é responsável pelos serviços de reprografia, secretariado, atendimento aos

encarregados de educação na secretaria, pela contabilidade e fornecedores.

As ajudantes de ação educativa são responsáveis pelo apoio às atividades letivas, serviços de

almoços e lanches, acompanhamento dos alunos nos recreios e nas entradas e saídas.

A cozinheira é responsável pela preparação das refeições e pela organização e manutenção

da limpeza e higiene da cozinha.

As auxiliares de limpeza são responsáveis pela limpeza e manutenção de todo o espaço físico

do jardim-escola, interior e exterior. Distribuem e apoiam os almoços e os lanches e o pessoal

docente, sempre que necessário na organização e distribuição do material didático e nas demais

atividades de apoio aos alunos, sempre que necessário.

É nosso interesse criar, também, estabilidade do corpo não docente. Para isso contribui,

certamente, as reuniões mensais que são feitas com o pessoal referido.

Page 36: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

36

6.4.- Organização nos períodos de Férias

Durante as férias de Natal, Carnaval e Páscoa o Jardim-escola funciona em regime de

roulements do corpo docente. Pretende assim, a instituição à qual pertencemos, fazer face às

necessidades dos pais e encarregados de educação.

Durante os períodos de roulement são interrompidas as atividades letivas. Para a

substituição dessas atividades serão planificadas outras de carater mais lúdico (veem comtempladas

no Plano Anual de Atividades).

Durante os roulements o pessoal docente terá, também, como função realizar as avaliações

das crianças, planificar e organizar trabalhos para os períodos seguintes. O pessoal não docente terá

como função proceder a limpezas mais profundas e a toda a arrumação dos espaços.

Este Jardim-Escola estará aberto todos os meses do ano. Os pais deverão proporcionar aos

seus educandos um mês de férias, tendo em conta que estes não podem interromper as atividades

letivas.

6.5.- Relação entre o Jardim-Escola e a Comunidade Educativa

Esta relação é feita através de contactos formais e horas pré-estabelecidas pelos membros

do Conselho Escolar.

6.5.1.- Contacto com pais e Encarregados de Educação

No início do ano letivo, sempre que se justifique, realiza-se uma reunião geral para a

apresentação e discussão das normas de Regulamento Interno;

No início do ano realiza-se uma reunião, por turma, para a apresentação do educador/

professor, das principais normas do Regulamento Interno, do Projeto Educativo, do Projeto

Curricular do Jardim-Escola e do Plano Anual de Atividades;

Semanalmente há uma hora individual de atendimento aos encarregados de educação;

Page 37: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

37

Semana da Família e dias combinados diretamente com os encarregados de educação -

Projeto Escola Família- durante os quais os mesmos podem partilhar histórias, experiencias,

dar uma aula,…

Reuniões extraordinárias para tratar de assuntos relacionados coma orgânica e

funcionamento do jardim-escola, problemas surgidos, avaliação, projetos e outros de

interesse comum.

6.6.- Projetos/ Protocolos e Parcerias

Através de projetos, protocolos e parcerias pretendemos estabelecer muitas das nossas metas

para estes três anos que se seguiram.

Aguardaremos pelas eleições em meados de outubro de 2013, para estabelecer parcerias com

as diferentes autarquias. Iniciaremos o nosso Projeto a 2 de setembro de 2013 com um protocolo

assinado com o Lar de Santa Marta. Será nessa instituição que arrancaremos com as nossas aulas de

Cartilha Maternal (duas vezes por semana), junto da população mais idosa.

É nosso objetivo que daí resulte benefício pedagógico, social e cultural para a nossa comunidade

educativa.

VII - O que pretendemos

7.1.- Intenções Educativas

O principal objetivo desta instituição é apoiar as famílias das nossas crianças, dentro de uma

filosofia comum a todos os Jardins-Escolas João de Deus espalhados pelo país.

Assim, deve ser o objetivo do Jardim-Escola de Chaves proporcionar aos alunos todas as

aprendizagens que possam levar a um bom relacionamento com os outros e no seu

desenvolvimento enquanto cidadão, integrando-se na sociedade e respeitando os valores cívicos.

Brincar é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não deve ser visto apenas

como diversão ou entretenimento. O lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal,

social e cultural, colaborando para um saudável e harmonioso crescimento. Esta é uma das

Page 38: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

38

intenções educativas propostas pelo nosso método de ensino e devemos reforçar a ideia que este

tem mais de 100 anos.

O veículo utilizado para que tal aconteça será a metodologia João de Deus e todos os seus

princípios. Fundamentaremos a nossa escolha em três princípios básicos, para esta grandiosa

instituição:

Criar um ambiente harmonioso, de paz e tranquilidade, capaz de fomentar um clima

que permita trabalhar em boas condições. Sendo de primordial importância a criação

de um ambiente de simpatia, no verdadeiro sentido da palavra, baseado em

equilibradas relações entre todos os que aí exercem funções. Essas relações devem

ser norteadas por um profundo respeito entre todos e englobará primordialmente a

criança. Só assim se fortalece um verdadeiro sentido de escola no seu mais elevado e

lato conceito;

Instituir a tolerância de crenças e convicções, que devem ser respeitadas, quando

não colidam com o funcionamento geral da instituição. Este principio tem a ver com

um conceito de liberdade responsável;

Fomentar o gosto pelo trabalho quando bem distribuído, e permitir a sua realização

em boas condições. Este aspeto é muito importante para adultos e crianças e será

um dos hábitos que podem favorecer a integração num futuro escolar e profissional

evitando possíveis e indesejáveis marginalizações.

7.2.- Metas

Ao longo destes 3 anos de trabalho tentaremos alcançar as seguintes metas:

Estimular a interação com os pais e toda a comunidade educativa;

Dar a conhecer a toda a comunidade educativa a Associação de Jardins-Escolas João de

Deus, a sua história, fundadores e principais atividades;

Fomentar a proximidade de relações estabelecidas entre toda a comunidade educativa;

Deslocarmo-nos às diferentes instituições e junto da população mais idosa aplicarmos a

Cartilha Maternal;

Page 39: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

39

Criar hábitos de ajuda ao próximo.

VIII - Disposições Finais

8.1.- Destinatários

N.º de alunos Ano de Escolaridade

Pré-escolar: 40 a 75 crianças

Bibe Amarelo

Bibe Encarnado

Bibe Azul

1.º Ciclo: 40 a 100 crianças

1.º Ano

2.º Ano

3.º Ano

4.º Ano

8.2.- Vigência do Projeto Educativo

Duração do Projeto em meses 33

Data prevista para o inicio e final do projeto De setembro de 2013 a julho de 2016

8.3.- Avaliação do Projeto Educativo

O Projeto Educativo passará por três momentos de avaliação:

Diagnóstica (início do projeto);

Intermédia (no fim de cada período);

Final (no fim do terceiro ano do projeto).

Notas: todas as atividades serão analisadas e sujeitas a uma avaliação para que possam ser

efetuados os ajustes necessários. Tentaremos discutir e analisar em conselho escolar os

diferentes indicadores que surgirão.

Page 40: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

40

Ao conselho escolar competirá o acompanhamento e avaliação do Projeto Educativo,

focando, entre outros, os seguintes aspetos:

A realização das atividades previstas e não previstas no Plano anual de Atividades;

O grau de pertinência e consecução dos objetivos do Projeto Educativo;

Participação dos docentes envolvidos, num balanço a realizar em julho de cada ano

letivo para avaliação do projeto;

Inquérito aos pais sobre o projeto desenvolvido;

Relatório final de cada ano letivo que inclua uma reflexão crítica sobre as atividades

desenvolvidas;

A apresentação de sugestões para a etapa seguinte de desenvolvimento do Projeto

Educativo.

Só em julho de 2016 saberemos se as metas propostas foram alcançadas e se as estratégias

adotadas foram as mais adequadas.

8.4.- Critérios de Avaliação Final do Projeto Educativo

Insuficiente Não foram atingidas as metas.

Suficiente Foram atingidas apenas algumas metas.

Bom Foram atingidas todas as metas.

8.5.- Divulgação do Projeto Educativo

O projeto será apresentado no início de cada ano letivo.

Este estará disponível, na secretaria, para a consulta de toda a comunidade educativa.

Page 41: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

41

9. Considerações Finais

Em suma e refletindo em tudo aquilo que nos propomos alcançar com este Projeto

Educativo, tentaremos comprovar junto da nossa comunidade educativa que o método

implementado pelo pedagogo João de Deus, é sem dúvida, um dos grandes pilares da educação em

Portugal.

Por isso, dar a conhecer, a toda a comunidade educativa, o seu método e toda a sua história,

torna-se assim imprescindível.

Prosseguir, ainda que de uma maneira humilde, o seu legado é uma das formas de enaltecer

a sua obra. Por isso, um dos grandes objetivos deste PEE é por em prática, junto daqueles que mais

precisam, o método usado em todos os Jardins-Escola.

Desta maneira, os Jardins-Escola deverão continuar a prosseguir na construção de uma

Educação Básica de sucesso para todos, onde se afirma a diversidade e a diferença pedagógica.

Page 42: Jardim-Escola João de Deus de Chaveschaves.escolasjoaodeus.pt/documentos/projeto_educativo.pdf · escolas do Agrupamento, tendo em conta os diferentes contextos ... e para que haja

2013-2016 Jardim-Escola João de Deus de Chaves - “Há cem anos a educar”

42

IX- Bibliografia

DEUS, João de, Associação de Jardins-Escola João de Deus, Regulamento Interno, Associação

de Jardins-Escola João de Deus, 2012.

LEITE,Carlinda, Projetos Curriculares de Escola e de turma, Edições ASA, Porto, 2001.