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JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS Estudo biomecânico ex vivo de hemilaminectomia e pediculectomia em coluna toracolombar canina São Paulo 2017

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Page 1: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS

Estudo biomecânico ex vivo de hemilaminectomia e pediculectomia em coluna

toracolombar canina

São Paulo

2017

Page 2: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS

Estudo biomecânico ex vivo de hemilaminectomia e pediculectomia em coluna

toracolombar canina

Tese apresentada junto ao Programa de Pós-

graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da

Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Doutor em Ciências

Departamento

Cirurgia

Área de concentração

Clínica Cirúrgica Veterinária

Orientador

Prof. Dr. Cássio Ricardo Auada Ferrigno

São Paulo

2017

Page 3: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

(Biblioteca Virginie Buff D’Ápice da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)

T. 3521 Santos, Jaqueline França dos FMVZ Estudo biomecânico ex vivo de hemilaminectomia e pediculectomia em coluna

toracolombar canina. / Jaqueline França dos Santos. -- 2017. 97 f. : il. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina

Veterinária e Zootecnia. Departamento de Cirurgia, São Paulo, 2017.

Programa de Pós-Graduação: Clínica Cirúrgica Veterinária. Área de concentração: Clínica Cirúrgica Veterinária. Orientador: Prof. Dr. Cassio Ricardo Auada Ferrigno. 1. Descompressão. 2. Biomecânica. 3. Cães. 4. Coluna vertebral. 5. Hérnia de

disco. I. Título.

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Page 5: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome: SANTOS, Jaqueline França dos

Título: Estudo biomecânico ex vivo de hemilaminectomia e pediculectomia em

coluna toracolombar canina

Tese apresentada junto ao Programa de Pós-

graduação em Clínica Cirúrgica Veterinária da

Faculdade de Medicina Veterinária e

Zootecnia da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de Doutor em Ciências

Data: / /

BANCA EXAMINADORA

Prof(a).Dr(a).___________________________________________________ Instituição:__________________________ Julgamento:_________________ Prof(a).Dr(a).___________________________________________________ Instituição:__________________________ Julgamento:_________________ Prof(a).Dr(a).___________________________________________________ Instituição:__________________________ Julgamento:_________________ Prof(a).Dr(a).___________________________________________________ Instituição:__________________________ Julgamento:_________________ Prof(a).Dr(a).___________________________________________________ Instituição:__________________________ Julgamento:_________________

Page 6: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

DEDICATÓRIAS

Page 7: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

“Tudo é possível àquele que crê”.

(Jesus Cristo)

“Um dia descobrimos que apesar de viver 100 anos,

esse tempo todo não é suficiente

para realizarmos todos os nossos sonhos,

para dizer tudo o que tem de ser dito...

O jeito é: ou nos conformamos

com a falta de algumas coisas na nossa vida

ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...”

(Mário Quintana)

À Deus

Por guiar e iluminar meu caminho

todos os dias e por todas

as conquistas concedidas

Page 8: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

“O valor 'família'

só é possível se estiver associado ao valor 'amor'

e ao conceito 'incondicional”.

(Marcos Ribeiro Ecce Ars)

Aos meus pais, Euclides França dos Santos e Laura de Fátima Afonso dos Santos

Aos meus irmãos e cunhadas,

Kleber França dos Santos, Euclides França dos Santos Junior, Fernanda Mazetti França dos Santos e Wanessa Mendes França dos Santos

Aos meus sobrinhos,

Kaio Mazetti França dos Santos, Arthur Mendes França dos Santos, Heloísa Mazetti França dos Santos, Giovana Mendes França dos Santos

pelo apoio incondicional, confiança e amor

que me possibilitam ser uma pessoa melhor a cada dia

Page 9: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

“A maior habilidade de um líder é

desenvolver habilidades extraordinárias

em pessoas comuns”.

(Abraham Lincoln)

Ao Professor Cassio Ricardo Auada Ferrigno

Pela oportunidade de

realizar este sonho

Page 10: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

“Pensar é o trabalho mais difícil que existe.

Talvez por isso tão poucos se dediquem a ele”.

(Henry Ford)

Ao mestre e tecnólogo em saúde e especialista em biomecânica

do aparelho locomotor do IOT/HC/FMU/USP

César Augusto Martins Pereira

por ter tornado possível a realização deste trabalho

Page 11: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

AGRADECIMENTOS

Page 12: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por guiar e iluminar minha vida e por mais esta conquista.

Ao meu orientador e amigo Prof. Cássio Ricardo Auada Ferrigno pela paciência,

dedicação, oportunidade e confiança. Obrigada por todos os ensinamentos

profissionais e pessoais. Espero um dia ser como o senhor, uma referência mundial

dentro da Ortopedia Veterinária. Admiro-te absurdamente por tudo que você é, por

tudo que conquistou e o que seu nome representa na ortopedia. Sempre será meu

mestre!

Ao meu amigo e excepcional colaborador, também conhecido como oráculo, César

Augusto Martins Pereira por ter tornado possível a realização deste trabalho. Muito

obrigada pela inigualável competência, dedicação sem medida e grande paciência

na orientação e auxílio na realização dos testes biomecânicos, organização e

análise dos resultados e escrita do material e método entre outros. Você foi

fundamental para que esse sonho fosse possível. Não tenho palavras para

agradecer tudo que fez por mim. Obrigada pela pessoa e pelo profissional que você

é!!

Ao meu amigo e grande colaborador Alexandre Navarro Alves de Souza por toda

ajuda, muitos ensinamentos e paciência. Excelente pesquisador, você foi

fundamental para a realização deste trabalho. Mesmo que não tenha sido no papel,

você foi meu coorientador nesta pesquisa e se hoje estou recebendo o titulo de

doutora, muito disso devo a você. Admiro-te muito. Obrigada por tudo!

Ao Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia

da Universidade de São Paulo pela oportunidade de realização deste trabalho.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo

apoio e incentivo imprescindível para a realização deste trabalho e concessão da

bolsa de doutorado (Processo 2013/18806-1).

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela

concessão da bolsa de doutorado nos primeiros cincos meses.

Aos professores Asdrubal Falavigna e Julia Maria Matera pelas sugestões no

exame de qualificação.

Aos meus amigos Kelly Cristiane Ito Yamauchi, Olicies da Cunha, Daniela

Fabiana Izquierdo Caquías, Márcio Poletto Ferreira, Marcos Ishimoto Della Nina

e Vanessa Couto de Magalhães Ferraz muito obrigada por tudo! Vocês foram

meus professores junto com o professor Cássio durante esses anos. Aprendi com

vocês mais que ortopedia, aprendi sobre a vida, sobre convivência, sobre o amor

Page 13: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

pela profissão e o respeito aos pacientes. Vi em vocês grandes qualidades que, se

um dia, eu possuir metade delas, já estarei muito feliz. São exemplos de humildade

e competência. Vocês são pessoas em que eu me espelho! Parabéns e muito

obrigada!!!

Ao Professor Fernando De Biasi pelos ensinamentos e por ter feito surgir em mim o

amor pela ortopedia. Você é um ótimo professor! Parabéns e obrigada por tudo!

Ao meu grande amigo Artur Gouveia Rocha por tudo que você faz por mim e por

todo apoio sempre. O mundo precisa de mais pessoas como você.

A minha grande amiga Stela Madruga por todos os momentos vividos, amizade,

apoio e pela ajuda na normalização deste trabalho.

As minhas amigas Lizete Cabrera, Letícia da Costa, Claudia Mendes, Martha de

Domênico Oehlmeyer Portilho, Liege Garcia, Fernanda Reggazzi e Tatiana

Mariani pelo amor e amizade sempre.

As minhas amigas Danielle Tiemi Komorizono e Débora Akemi pelo apoio,

amizade, paciência e companheirismo.

A minha amiga Monize Lários Silveira por todas as conversas, viagens, por toda

ajuda, apoio e amizade. Por ser minha primeira e mais dedicada orientada. Continue

sendo essa pessoa maravilhosa, cheia de energia positiva e com o coração do

tamanho do mundo.

A minha amiga Paola Junqueira pelo amor em seus olhos, pelo sorriso lindo e fácil

em seus lábios que contagia, alegra e espalha amor pelo mundo, pelo exemplo de

humildade e carisma. Agradeço a Deus por ter colocado você em minha vida.

A Tereza da Silva Leite pelo carinho, atenção e por me tratar como uma filha.

Aos meus amigos do LOTC, Thales Bregadioli, Renato Cavalcanti e Fernanda

Paes, por todos os momentos vividos, pelos ensinamentos e paciência.

A querida e meiga Aline Macedo pelas fotos utilizadas no trabalho e pelo exemplo

de amor e carinho que coloca em tudo que faz. Você me ensinou muito sobre a vida.

Ao colega Paulo Marinho pelos ensinamentos e auxílio neste trabalho.

A colega Isis dos Santos pelo auxílio nas fotos e vídeos dos ensaios biomecânicos.

A colega Helena Maciel pela edição dos vídeos do ensaio biomecânico.

Ao meu amigo Victor José Vieira Rossetto pelo exemplo de ser humano

sensacional e profissional que é. Obrigada por tudo.

Page 14: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

A minha amiga e exemplo de profissional Talita Floering Breda Souza. Se um dia

eu for metade da cirurgiã, professora e pessoa que você é, já será fantástico!

Obrigada por tudo!

A professora Denise Tabacchi Fantoni pela pessoa sensacional que é, sempre

bem humorada e engraçada, espalhando alegria por onde passa, exemplo de

humildade, respeito e competência. Obrigada pelo carinho e respeito que sempre

teve por mim. Levarei seu exemplo para toda a vida!

A todos os funcionários do HOVET/FMVZ/USP, em especial Cledson Lelis dos

Santos, Jesus dos Anjos Vieira, José Miron Oliveira da Silva e Otávio

Rodrigues dos Santos pela amizade, ajuda e convivência. Aprendi muito com

vocês!

Aos secretários do Departamento de Cirurgia, Livia Gimenes e Belarmino Ney

Pereira pela ajuda.

Aos meus filhos que sempre cultivaram em mim o amor e o respeito pela minha

profissão. Coloco em cada paciente tratado por mim, o amor e o cuidado que teria

com vocês ou trato como eu gostaria que vocês fossem tratados e isso faz eu ser

melhor em todos os sentidos. Obrigada!

A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram para a realização deste trabalho.

Nada realizamos sem a colaboração daqueles que nos transmitem com paciência e

dedicação sua experiência de vida e trabalho.

Page 15: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

RESUMO

SANTOS, J. F. Estudo biomecânico ex vivo de hemilaminectomia e

pediculectomia em coluna toracolombar canina. [Ex vivo biomechanical study of

hemilaminectomy and pediculectomy in canine thoracolumbar Column]. 2017. 97f.

Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,

Universidade de São Paulo, São Paulo, 2017.

Doença do disco intervertebral (DDIV) é uma condição muito comum no cão,

afetando predominantemente as raças condrodistróficas. A DDIV toracolombar é a

causa mais comum de disfunção neurológica em cães. Os sinais associados com o

prolapso de disco podem variar de dor espinhal, paresia a paraplegia e perda da

nocicepção. Dentre as técnicas usadas para descompressão da coluna toracolombar

destacam-se a hemilaminectomia, que envolve a remoção das facetas articulares e

do osso pedicular adjacente, e a pediculectomia, a qual preserva as facetas

articulares e remove o pedículo, em torno do forame intervertebral. O objetivo desse

estudo foi avaliar as características biomecânicas da coluna vertebral toracolombar

canina frente à força de flexão e medir os efeitos desestabilizadores de várias

hemilaminectomias e pediculectomias unilaterais consecutivas entre o segmento

T11 e L2. Foram realizados cinco testes biomecânicos para cada corpo de prova,

sendo o controle no segmento íntegro e após realização de uma, duas, três e quatro

hemilaminectomias ou pediculectomias. Para cada teste, realizou-se 3 repetições

para cálculo da média dos valores obtidos. Foram feitos 19 testes, sendo 10 inclusos

no grupo hemilaminectomia e 9 no grupo pediculectomia. Calculou-se a média das

três repetições da soma das diferenças angulares e da força e a média da altura dos

corpos de prova. Os dados foram analisados pelo programa SPSS v. 20.0 utilizando

o modelo de Equações de Estimações Generalizadas (GEE) com teste de Bonferroni

para as comparações múltiplas, com nível de significância de 5%.

Os resultados permitiram concluir que existe diferença estatística, sendo o valor

maior, com o aumento de número de técnicas descompressivas consecutivas, mas a

desestabilização que levam as técnicas é pequena, de aproximadamente dois graus,

não havendo diferença entre as técnicas.

Page 16: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

Palavras-chave: Descompressão. Biomecânica. Cães. Coluna vertebral. Hérnia de

disco.

Page 17: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

ABSTRACT

SANTOS, J. F. Ex vivo biomechanical study of hemilaminectomy and

pediculectomy in canine thoracolumbar spine. [Estudo biomecânico ex-vivo de

hemilaminectomia e pediculectomia em coluna toracolombar canina.]. 2017. 97f.

Thesis (Doctorate in Science) - Faculty of Veterinary Medicine and Animal Science,

University of São Paulo, São Paulo, 2017.

Intervertebral disk disease (IVDD) is extremely common in dogs and typically affects

chondrodystrophic breeds. Thoracolumbar IVDD is the most common cause of

canine neurological dysfunction. Clinical signs associated with disk protrusion may

range from spinal pain to paresis/paraplegia and loss of nociception. Procedures for

thoracolumbar spine decompression include hemilaminectomy and pediculectomy.

Hemilaminectomy involves removal of articular facets and adjacent pedicular bone;

pediculectomy differs from hemilaminectomy in that articular facets are preserved.

This study set out to investigate the biomechanical behavior of the canine

thoracolumbar spine under flexion and measure destabilizing effects of multiple

consecutive unilateral hemilaminectomies and pediculectomies performed at T11

through L2. Test specimens were submitted to five biomechanical tests, as follows:

intact segment (control) and following one, two, three and four hemi laminectomies or

pediculectomies. Nineteen tests were performed in total (10 in the laminectomy and 9

in the pediculectomy group). Tests were repeated three times and mean angle

differences, force values and specimen length calculated. Data were analyzed using

the Generalized Estimated Equations (GEE) method and the Bonferroni test for

multiple comparisons. Statistical analyzes were performed using SPSS software (v.

20.0); the level of significance was set at 5%. Results revealed significant

differences, with higher values reflecting higher numbers of consecutive

decompression procedures. However, destabilization promoted by decompression

techniques investigated was mild (approximately two degrees), and did not differ

significantly between techniques.

Keywords: Decompression. Biomechanics. Dogs. Spine. Herniated disc.

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SANTOS, J. F.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Imagens radiográficas do segmento vertebral T10 a L3 a ser testado – São Paulo – 2015 .................................................................................. 55

Figura 2 – Montagem do dispositivo– São Paulo – 2015 .......................................... 56

Figura 3 – Preparação do corpo de prova– São Paulo – 2015 ................................. 57

Figura 4 – Corpo de prova posicionado na máquina de ensaio biomecânico pronto para o início do teste– São Paulo – 2015 ...................................... 59

Figura 5 – Imagem fotográfica do ensaio– São Paulo – 2015 ................................... 61

Figura 6 – Programa de análise mostrando o processamento automático das fotos .......................................................................................................... 62

Figura 7 – Programa de análise mostrando o processamento manual de uma foto ........................................................................................................... 63

Figura 8 – Imagem fotográfica de vértebra lombar ilustrando os locais da realização das técnicas de hemilaminectomia e pediculectomia – São Paulo – 2016 ..................................................................................... 65

Figura 9 – Imagem fotográfica de vértebra lombar ilustrando os locais da realização das técnicas de hemilaminectomia e pediculectomia – São Paulo – 2016 ..................................................................................... 65

Figura 10 – Imagem fotográfica da sequência de hemilaminectomias esquerdas unilaterais realizadas no grupo Hemi após o posicionamento das colunas na máquina de ensaio – São Paulo – 2015 ................................ 66

Figura 11 – Imagem fotográfica após realização da sequência de hemilaminectomias (H1, H2, H3 e H4) esquerdas unilaterais realizadas no grupo Hemi– São Paulo –2015 .......................................... 67

Figura 12 – Imagem fotográfica da sequência de pediculectomias esquerdas unilaterais realizadas no grupo Ped – São Paulo – 2015 ......................... 68

Page 19: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 –Tabela comparativa da média da diferença angular entre os grupos

Hemi e Ped e dentro dos grupos nos momentos íntegro, 1, 2, 3 e 4 técnicas descompressivas – São Paulo - 2015 ...................................... 71

Tabela 2 – Média da diferença angular, em graus, entre as vértebras T10-T11, T11-T12 e T12-T13 para o grupo Hemi nos momentos íntegro com 1, 2, 3 e 4 técnicas– São Paulo –2015 ................................................... 73

Tabela 3 – Média da diferença angular, em graus, entre as vértebras T13-L1, L1-L2 e L2-L3 para o grupo Hemi nos momentos íntegro com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015 .......................................................... 73

Tabela 4 –Média da diferença angular entre as vértebras T10-T11, T11-T12 e T12-T13 para o grupo Ped nos momentos íntegro com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015 ................................................................... 74

Tabela 5 –Média da diferença angular (graus) entre as vértebras T13-L1, L1-L2 e L2-L3 para o grupo Ped nos momentos íntegro com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015 ................................................................... 74

Tabela 6 –Somatória dos ângulos (graus) entre as vértebras T10-T11, T11-T12, T12-T13, T13-L1, L1- L2 e L2-L3 para o grupo Hemi nos momentos íntegro (INT), com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015 .................... 75

Tabela 7 – Somatória dos ângulos (graus) entre as vértebras T10-T11, T11-T12, T12-T13, T13-L1, L1-L2 e L2-L3 para o grupo Ped nos momentos íntegro (INT), com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015 ....................................................................................................... 75

Tabela 8 – Tabela comparativa da altura (milímetros – mm) e 15% da altura (mm) dos corpos de prova entre os grupos – São Paulo –2015 ............ 76

Tabela 9 – Tabela comparativa dos grupos e das forças (N) – São Paulo –2015 .... 76

Page 20: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Gráfico da comparação da soma dos ângulos entre os grupos – São Paulo - 2015 ...................................................................................... 72

Gráfico 2 – Gráfico da comparação da força (N) entre os grupos nos diferentes momentos – São Paulo – 2015 ................................................................ 77

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SANTOS, J. F.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 23

2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 26

2.1 ANATOMIA DA COLUNA TORACOLOMBAR .............................................................. 26

2.2 DISCO INTERVERTEBRAL ........................................................................... 27

2.3 DEGENERAÇÃO DO DISCO INTERVERTEBRAL ........................................ 28

2.4 DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL TORACOLOMBAR ...................... 30

2.4.1 Hansen tipo I ................................................................................................ 31

2.4.2 Hansen tipo II ............................................................................................... 32

2.5 DIAGNÓSTICO ............................................................................................. 33

2.6 TRATAMENTO .............................................................................................. 35

2.6.1 Tratamento cirúrgico .................................................................................. 36

2.6.2 Biomecânica das técnicas cirúrgicas da coluna toracolombar ............. 40

2.6.3 Hemilaminectomia ...................................................................................... 41

2.6.4 Pediculectomia ........................................................................................... 42

3 OBJETIVO ................................................................................................... 44

4 HIPÓTESES ................................................................................................. 46

5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ......................................................................... 48

6 SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA ........................................................................... 50

7 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................... 52

7.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO ................................................................................. 52

7.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO ................................................................................. 52

7.3 CORPOS DE PROVA ......................................................................................... 53

7.4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL ........................................................................ 53

7.5 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA ............................................................................... 54

7.6 DISPOSITIVO ................................................................................................... 55

7.7 PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA .............................................................. 56

Page 22: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

SANTOS, J. F.

7.8 ENSAIOS BIOMECÂNICOS .................................................................................. 59

7.8.1 Fotos ............................................................................................................ 60

7.8.2 Parâmetros analisados .............................................................................. 64

7.8.3 Hemilaminectomia e Pediculectomia........................................................ 64

7.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...................................................................................... 68

8 RESULTADOS ............................................................................................. 71

9 DISCUSSÃO ................................................................................................ 79

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 88

REFERÊNCIAS ............................................................................................ 90

Page 23: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

INTRODUÇÃO

Page 24: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Introdução 23

SANTOS, J. F.

1 INTRODUÇÃO

A cirurgia descompressiva é o principal método de tratamento para cães com

disfunção neurológica secundária a compressão da medula espinhal (VOLL, 2010),

e dentre as técnicas utilizadas destacam-se a hemilaminectomia e a pediculectomia

como sendo as mais utilizadas (BRISSON, 2010). Em muitas situações, existe a

necessidade de uma abordagem ampla por meio da realização de técnicas

cirúrgicas descompressivas consecutivas, diante de pacientes com múltiplas

extrusões do disco intervertebral, no entanto, não se sabe ao certo qual o número de

hemilaminectomias e pediculectomias consecutivas que podem ser realizadas com

segurança biomecânica para o tratamento da doença do disco intervertebral (DDIV).

A degeneração do disco intervertebral e a consequente doença do disco

intervertebral, caracterizada por extrusão (Hansen tipo I) ou protrusão (Hansen tipo

II) do material discal para o interior do canal vertebral toracolombar, provocam a

síndrome neurológica de ocorrência mais comum em cães (BRAUND, 1996;

MARINHO, 2013), com os sinais clínicos variando desde dor leve à paraplegia

(VOLL, 2010).

Os locais mais comumente envolvidos na DDIV são os espaços discais

intervertebrais entre T11 e L2 (SEIM, 2008). O tratamento conservador engloba

repouso, analgésicos, anti-inflamatórios e fisioterapia e está indicado para pacientes

com déficits neurológicos leves, como apenas dor (BRISSON, 2010). Já o

tratamento cirúrgico, indicado para pacientes com alterações neurológicas graves ou

apresentando quadro progressivo, resulta em recuperação funcional satisfatória em

90% dos casos, com melhor prognóstico para os cães com menores déficits

neurológicos (FESTUGATTO et al., 2008).

Considerando que a coluna vertebral é uma estrutura tridimensional

complexa, estabilizada pelas vértebras, discos intervertebrais, cápsulas e facetas

articulares, assim como uma série de ligamentos e músculos, as perturbações

dessas estruturas por doenças, traumas ou procedimentos cirúrgicos, podem levar à

instabilidade e deterioração do quadro neurológico. Embora a cirurgia vertebral seja

comumente realizada, em medicina veterinária, existem poucos estudos

Page 25: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Introdução 24

SANTOS, J. F.

investigando os potenciais efeitos desestabilizadores desse tipo de procedimento

abrangendo mais de um espaço intervertebral. Estudos biomecânicos de colunas

vertebrais que forneçam dados confiáveis sobre estabilidade e efeitos de técnicas

cirúrgicas, combinados a experiência clínica, podem fornecer conhecimento

científico para ajudar na tomada de decisão da técnica (CORSE; WALTER; FRIIS,

2003).

A hérnia de disco recorrente pode ocorrer (FORTERRE et al., 2008; STIGEN;

OTTESEN; JADERLUND, 2010) e é relatada em 2,7 a 41,7% dos casos. As

recorrências que ocorrem quatro ou mais semanas após a lesão inicial, estão

localizadas em um espaço de disco diferente da primeira extrusão, mas 87,5% das

recorrências ocorrem em um espaço de disco adjacente a lesão inicial (REYNOLDS;

BRISSON; NYKAMP, 2013). A taxa de recidiva foi de 14,59% (41 casos) no grupo

de 281 cães, observada entre 9 a 51 meses após a cirurgia. Em todos os 41 casos,

a causa da recorrência foi a extrusão de outro disco (NECAS, 1999) e os locais mais

comuns da recidiva foram T11-T12 e T12-T13, que representaram 13 dos 28 (46%)

das lesões. Em geral, em 14 de 28 casos (50%) o disco infrator foi identificado como

o disco localizado imediatamente cranial ou caudal à primeira herniação (DHUPA;

GLICKMAN; WATERS, 1999). Se a lesão recorrente ocorrer em um espaço diferente

e adjacente ao operado inicialmente ou se a distribuição do material se estender por

mais de um espaço intervertebral, existirá a necessidade da realização de técnica

descompressiva em espaços subsequentes e o estudo deve ser útil para orientar a

necessidade de estabilização vertebral posterior nesses casos.

O objetivo deste estudo foi fazer uma análise biomecânica dos efeitos de

múltiplas hemilaminectomias ou pediculectomias unilaterais consecutivas entre o

segmento T11 e L2 da coluna vertebral toracolombar canina sobre a diminuição da

estabilidade presente no segmento intacto e verificar se existe diferença entre as

técnicas e com o aumento do número de espaços intervertebrais estudados.

Page 26: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

REVISÃO DE LITERATURA

Page 27: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 26

SANTOS, J. F.

2 REVISÃO DE LITERATURA

A revisão de literatura encontra-se dividida como se segue:

2.1 ANATOMIA DA COLUNA TORACOLOMBAR

As vértebras são compostas de corpo vertebral, arco vertebral (formado pelos

pedículos direito e esquerdo e lâmina dorsal) e pelos processos articulares,

transversos e espinhosos (EVANS; DE LAHUNTA, 2013). Processos articulares

decorrentes do pedículo no aspecto caudal e cranial formam articulações sinoviais

com as vértebras adjacentes. Processos acessórios estendem-se caudolateralmente

aos pedículos. Processos transversos surgem a partir da junção do pedículo e corpo

vertebral e se estendem craniolateralmente na coluna lombar. Processos espinhosos

projetam-se dorsalmente a partir da lâmina vertebral (KERWIN; LEVINE; HICKS,

2012). O corpo vertebral encontra-se ventral aos pedículos e está ligado as

vértebras adjacentes por discos intervertebrais (TOOMBS; WATERS, 2002).

As 13 vértebras torácicas articulam-se com costelas. Os processos

espinhosos das vértebras torácicas cranial a T10 são inclinados caudalmente e os

seguintes são inclinados em sentido oposto. O local desta mudança é denominado

vértebra anticlinal (T11). As vértebras T11 a T13 não possuem processos

transversos. Os processos articulares começam a diminuir de tamanho a partir de

T11 e T12 e são muito menos proeminentes cranialmente a T10-T11. Sete vértebras

lombares são encontradas, o processo transverso de L1 é menor, sendo os demais

processos mais estreitos e longos (KERWIN; LEVINE; HICKS, 2012).

O forame intervertebral é uma abertura ventral entre as vértebras,

ligeiramente cranial aos processos articulares e permite a saída de nervos espinhais

e vasos do canal medular. Um seio venoso encontra-se ao longo do aspecto ventral

do canal espinhal (TOOMBS; WATERS, 2002).

Page 28: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 27

SANTOS, J. F.

Estabilidade biomecânica da coluna vertebral depende dos processos

articulares, do disco intervertebral, de músculos e ligamentos. Destes, o disco

intervertebral tem sido demonstrado como o maior responsável pela estabilidade. O

ligamento supraespinhoso, longitudinal dorsal e ventral, interespinhosos, transversos

e ligamentos amarelos, juntamente com o ligamento Intercapital (T2-T11),

contribuem para a estabilidade da coluna vertebral. Alterações discais,

especialmente em combinação com a remoção do processo articular, alteram a

biomecânica da coluna vertebral (KERWIN; LEVINE; HICKS, 2012).

2.2 DISCO INTERVERTEBRAL

Os discos intervertebrais são estruturas que tem função principal conectar as

vértebras, fornecer flexibilidade a coluna e absorver impactos. Estão localizados

entre todos os corpos vertebrais, exceto entre a primeira e a segunda vértebra

cervical e entre as sacrais. Um disco intervertebral (DIV) é composto do ânulo

fibroso externamente e do núcleo pulposo internamente. O núcleo pulposo é uma

estrutura semelhante a um gel em animal jovem e se torna progressivamente

desidratado, perdendo as suas propriedades biomecânicas (TOOMBS; WATERS,

2002; DENNY; BUTTERWORTH, 2006). O ânulo fibroso consiste de faixas de fibras

paralelas oblíquas unindo um corpo vertebral ao adjacente (KERWIN; LEVINE;

HICKS, 2012), sendo sua porção ventral, uma vez e meia mais espessa que a dorsal

(TOOMBS; WATERS, 2002; DENNY; BUTTERWORTH, 2006).

O núcleo pulposo é composto de aproximadamente 80% de água. Este alto

teor de água serve para transmissão hidráulica de forças de compressão,

proporcionando mobilidade e estabilidade à coluna vertebral. As fibras do ânulo

fibroso proporcionam um reforço quando o DIV sofre rotação axial, flexão e extensão

e compressão axial, sendo as fibras internas mais resistentes à compressão e as

externas à tração (SMOLDERS; FORTERRE, 2015). O ânulo fibroso do disco

intervertebral fornece apoio biomecânico e permite o movimento multidirecional

(TAKEUCHI et al., 1999; TOOMBS; WATERS, 2002).

Page 29: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 28

SANTOS, J. F.

As faces craniais e caudais dos discos intervertebrais são formadas por

placas terminais de cartilagem hialina, que cobrem as epífises dos corpos vertebrais

e estão ligadas às lamelas anulares internas (TOOMBS; WATERS, 2002; KERWIN;

LEVINE; HICKS, 2012). A placa cartilaginosa final permite a entrada de nutrientes

para o disco que é avascular (TOOMBS; WATERS, 2002).

O disco intervertebral pode ser considerado como uma almofada cheia de

água que transmite forças de compressão entre os corpos vertebrais e proporciona

mobilidade, bem como estabilidade dos segmentos da coluna vertebral. O DIV

saudável exerce alta pressão de inchaço, que é responsável pela separação de

vértebras contíguas. A separação de vértebras adjacentes cria uma tensão

constante sobre os ligamentos da coluna, impedindo deslocamentos descontrolados

que iriam provocar picos de tensão nas vértebras (SMOLDERS; FORTERRE, 2015).

2.3 DEGENERAÇÃO DO DISCO INTERVERTEBRAL

Degeneração do DIV é um processo fisiológico que ocorre com o

envelhecimento. A função fisiológica do DIV, uma estrutura essencial à coluna

vertebral, é em grande parte dependente da qualidade da sua matriz extracelular e,

por conseguinte, da capacidade das suas células constituintes em sintetizar,

remodelar e manter uma matriz bioquimicamente saudável (BRISSON, 2010).

A degeneração envolve alterações celulares significativas e a matriz

deteriora-se como consequência de alterações da composição celular e alteração da

homeostase e das enzimas de regulação da matriz. Esta cascata de acontecimentos

conduz finalmente a falha estrutural do ânulo fibroso, núcleo pulposo e placa

terminal. Uma vez que os componentes individuais do DIV funcionam

sinergicamente, a deterioração de um componente leva à degeneração de outro,

resultando em uma cascata degenerativa que pode levar à DDIV (BERGKNUT et al.,

2013).

Alterações degenerativas do DIV em raças condrodistróficas e não-

condrodistróficas são geralmente referidas como metaplasia condróide e metaplasia

fibrosa, respectivamente (BRISSON, 2010).

Page 30: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 29

SANTOS, J. F.

O núcleo pulposo que passa por metamorfose condróide, começa a ser

gradualmente substituído por cartilagem hialina, processo que se inicia na zona

perinuclear (SHARP; WHEELER, 2009) e ocorre com a diminuição progressiva do

teor de proteoglicanos, com conseqüente desidratação e acúmulo de mineral. Esta

degeneração leva à perda da capacidade de suportar pressão de forma homogênea

causando degeneração secundária e em um episódio agudo de tensão mecânica, o

núcleo é expelido rapidamente através de uma ruptura no ânulo. Uma vez que o

núcleo é colocado excentricamente dentro do anel, o núcleo expulso tende a ser

projetado dorsalmente atingindo a medula espinhal. O dano resultante é composto

por vários graus de contusão e compressão medular (KERWIN; LEVINE; HICKS,

2012; SMOLDERS et al., 2013).

Metaplasia condróide ocorre ao longo de toda a coluna vertebral. Um total de

24% a 90% dos dachshunds desenvolvem mineralização de um ou mais DIV, com

uma média de 2,3 discos calcificados por cão. Calcificações têm sido relatadas em

todos os discos, mas os discos da região torácica, especialmente entre T10 e T13,

são mais frequentemente calcificados radiograficamente (BRISSON, 2010). Um fator

biomecânico lógico pode ser a desproporção entre o comprimento da coluna e o

comprimento dos membros. No entanto, não existe correlação entre uma coluna

vertebral relativamente longa e degeneração do DIV nestes cães (SMOLDERS;

FORTERRE, 2015). Levine e colaboradores (2006), em um estudo clínico com 75

dachshunds, relataram que dimensões corporais, como as distâncias médias entre a

primeira vértebra torácica e a primeira vértebra sacral e entre o calcâneo e o tendão

patelar, foram significativamente mais curtas e associadas com maior gravidade da

disfunção neurológica nos dachshunds afetados, quando comparados aos não

afetados. Os resultados sugerem que determinadas dimensões do corpo podem

estar associadas com extrusão ou protrusão aguda toracolombar em dachshunds

com disfunção neurológica grave.

Metaplasia fibrosa é um processo degenerativo relacionado com a idade que

ocorre de forma independente de raça, mas está documentado mais comumente em

cães não-condrodistróficos com 7 anos ou mais (BRISSON, 2010). O núcleo pulposo

sofre degeneração, sendo gradualmente substituído por fibrocartilagem, com

consequente aumento de estresse sobre o anel. O anel sofre desgaste e

degeneração que leva a ruptura de fibras ao longo de um período de meses a anos.

Isso permite a protrusão do núcleo no aspecto dorsal do ânulo, resultando em

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Revisão de literatura 30

SANTOS, J. F.

compressão medular (TOOMBS; WATERS, 2002; SMOLDERS et al., 2013). Este

processo se inicia mais tarde e progride mais lentamente do que a degeneração

condróide. Alterações também ocorrem no ânulo fibroso, com perda e fragmentação

das lamelas (SHARP; WHEELER, 2009).

Os cães condrodistróficos tem maior grau de degeneração discal, mas essa

degeneração não pode ser correlacionada com a gravidade dos sinais clínicos

(KRANENBURG et al., 2013).

A degeneração do DIV é um fenômeno comum em cães e pode resultar em

doença, mas também pode ser encontrada em pacientes assintomáticos. Esse

processo degenerativo predispõe a extrusões e protrusões discais, pois déficits na

qualidade e integridade biomecânica do DIV pode levar a falha estrutural da unidade

vertebral funcional e, finalmente, a compressão da medula espinhal (BERGKNUT et

al., 2013).

Com a degeneração crescente, a função estabilizadora do DIV em relação à

biomecânica rotacional, isto é, flexão, extensão, flexão lateral, rotação axial é

perdida, acompanhada de um aumento da mobilidade segmentar da coluna

vertebral. No entanto, nos estágios finais de degeneração do DIV, a frouxidão

diminui e a coluna vertebral reestabiliza como resultado da formação de osteófitos,

espondilose e colapso do espaço intervertebral (BERGKNUT et al., 2013). Em um

estudo biomecânico com 18 cães comparando não condrodistróficos com DIV

normais e condrodistróficos com DIV degenerados, a cirurgia de laminectomia com

nucleotomia na coluna lombar, resultou em uma diminuição significativa da rigidez e

aumento da amplitude de movimento, permitindo concluir que a biomecânica

espinhal difere significativamente entre cães condrodistróficos e não

condrodistróficos e este aspecto deve ser considerado na utilização deste como

modelo para pesquisa biomecânica da coluna vertebral (SMOLDERS et al., 2012).

2.4 DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL TORACOLOMBAR

Os discos intervertebrais podem sofrer degeneração com a idade resultando

em diminuição da mobilidade e estresse em regiões tais como cervical caudal,

toracolombar e lombossacra (KERWIN; LEVINE; HICKS, 2012).

Page 32: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 31

SANTOS, J. F.

A DDIV toracolombar é a causa mais comum de disfunção neurológica em

pequenos animais, afeta cães pequenos (NECAS, 1999; SEIM, 2008; FORTERRE et

al., 2010; MCKEE et al., 2010), mas pode afetar também caninos de grande porte

(MACIAS et al.; 2002) e os sinais associados com a doença de disco podem variar

de dor epaxial, paresia a paraplegia e perda da nocicepção (DENNY;

BUTTERWORTH, 2006).

A DDIV toracolombar é associada à degeneração condroide ou fibróide do

núcleo pulposo dos discos intervertebrais, produzindo extrusão ou protrusão,

compressão da medula espinhal e aprisionamento radicular (SEIM, 2008).

Além dos sinais clínicos de paresia ou paraplegia que caracterizam as lesões

da medula espinhal, o material que sofreu extrusão inflama as raízes nervosas e as

meninges, resultando em muita dor e hiperestesia quando a coluna vertebral é

manipulada (LORENZ; KORNEGAY, 2006).

2.4.1 Hansen tipo I

A ruptura total do ânulo fibroso permitirá extrusão de quantidades variáveis de

núcleo pulposo no canal vertebral, esse fenômeno é conhecido como Hansen tipo I e

é mais comum em raças condrodistróficas (BRISSON, 2010).

Os locais mais comumente envolvidos na extrusão de disco são os espaços

discais intervertebrais entre T11 e L2 (SHARP; WHEELER, 2009). Estes locais

perfazem aproximadamente 65 a 75 % de todas as extrusões discais (LORENZ;

KORNEGAY, 2006; SEIM, 2008). Extrusões múltiplas podem ocorrer, mas a

incidência é baixa (AIKAWA et al., 2012b).

As raças mais acometidas são as condrodistróficas, onde o dachshund

apresenta a maior predisposição à doença, o que mostra algum tipo de etiologia

genética ou relação anatômica da coluna com o corpo do animal (ZANG, 2012). Os

teckels têm dez vezes mais risco que todas as outras raças combinadas. Cerca de

80% dos problemas de disco ocorrem em animais entre 3 e 7 anos de idade.

Embora a protrusão de disco ocorra em gatos, é incomum (LORENZ; KORNEGAY,

2006; SEIM, 2008).

Page 33: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 32

SANTOS, J. F.

Hansen também descreveu um fenômeno específico associado à

degeneração tipo I com ruptura superaguda do anel de um disco intervertebral

degenerado, ocorrendo juntamente com a propagação do núcleo calcificado no

interior do espaço epidural ao longo de um grande número de vértebras, muitas

vezes sem um notável centro de compressão medular. Trata-se de uma extrusão

aguda não compressiva designada por extrusão tipo III como uma subclasse da

Hansen tipo I. Esta nomenclatura tem sido confundida com a extrusão traumática,

onde pequeno volume de material discal atinge a medula em alta velocidade, após

ruptura superaguda do disco intervertebral, normalmente associada a movimentos

exagerados da coluna vertebral e que ocorre frequentemente em cães atletas,

referida como lesão de disco tipo III (TOOMBS; WATERS, 2002).

2.4.2 Hansen tipo II

A ruptura parcial do ânulo fibroso (camadas internas) acarretará insinuação

do disco causando a protrusão de Hansen tipo II, mais relatado em raças não-

condrodistróficas (DENNY; BUTTERWORTH, 2006; BRISSON, 2010). Essa

protrusão parcial parece causar trauma medular repetitivo causando sinais

lentamente progressivos de compressão da medula espinhal sendo mais comum em

cães idosos de raças de grande porte, mas pode acometer cães de pequeno porte

também. Ocorrem principalmente nas regiões cervicais caudais, lombossacra e

toracolombar (MARINHO et al., 2014).

Em caninos condrodistróficos a extrusão é 11,3 vezes mais frequente que a

protrusão, enquanto que nos pacientes não-condrodistróficos, a extrusão é 1,5

vezes menos frequente que a protrusão (KRANENBURG et al., 2013).

Hansen (1952) provou a existência de um predisposição a protrusão em

dachshund, buldogue francês e pequinês. São raças condrodistróficas e o exame

anatomopatológico de 88 cães mostrou que o prolapso do disco pressupõe a

degeneração e que a degeneração do disco existe na coluna vertebral muito mais

que o número de prolapsos nos permite supor.

Page 34: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 33

SANTOS, J. F.

2.5 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico baseia-se na resenha, histórico, sinais clínicos e exames

complementares. O exame neurológico completo é fundamental para localizar e

avaliar a gravidade da lesão (KERWIN; LEVINE; HICKS, 2012).

Os sinais clínicos de extrusão de disco variam de dor à paralisia, com graus

variados de perda da percepção da dor. Embora os cães levemente afetados

possam melhorar com tratamento conservador, os animais com histórico de dor e

paraparesia ou paralisia aguda, os que não respondem ao tratamento conservador e

aqueles pacientes com deterioração neurológica progressiva requerem diagnóstico

por imagem para localização da lesão e cirurgia (VOLL, 2010). Segundo Penning et

al. (2006) o grau de compressão da medula espinhal, avaliado com ressonância

magnética em 67 cães com extrusão toracolombar, não foi associado à gravidade

dos sinais neurológicos e não foi um indicador prognóstico neste estudo.

Henke et al. (2013) relataram em um estudo realizado em 60 cães, que

alterações do exame neurológico por si só, não podem, com precisão, refletir a

extensão do dano estrutural medular em animais com extrusão aguda do disco

intervertebral toracolombar.

A localização de uma hérnia de disco toracolombar é confirmada por imagens

radiográficas, mielográficas, tomografia computadorizada e ressonância magnética

(SEIM, 2008). As radiografias têm acurácia de 51 a 94,7% para correta identificação

do espaço intervertebral afetado, mas não pode ser utilizada isoladamente para

diagnóstico da hérnia de disco porque não fornece informações sobre lateralização

do material herniado, extensão e grau de compressão medular e presença de outras

lesões (BRISSON, 2010). Segundo Olby et al. (1994), a imagem radiográfica

identifica o local exato da lesão em 60 a 70 % dos casos.

O exame radiográfico mostra diminuição do espaço intervertebral, opacidade

do forame intervertebral, discos intervertebrais calcificados, material discal

mineralizado dentro do canal vertebral, colapso das articulações sinoviais, mas não

a hérnia (JENSEN et al., 2008).

A mielografia tem sido a modalidade de imagem padrão para o diagnóstico da

extrusão de disco em cães. A precisão da mielografia para localização da lesão varia

de 72 A 97% e sua acurácia para lateralização da lesão varia de 53% a 100%

Page 35: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 34

SANTOS, J. F.

(BRISSON, 2010). Um estudo realizado por Schulz et al. (1998) comparou os

achados clínicos, radiográficos e cirúrgicos da localização da extrusão de DIV em

cães de raças pequenas e concluíram que a lateralização do material foi o fator

menos confiável para determinar o lado para realização da hemilaminectomia. Esse

resultado difere de estudos anteriores que examinaram a confiabilidade da

mielografia para localizar a lesão e sugere ainda que, a cirurgia pode não ser o

padrão para a determinação da localização do DIV herniado, pois, frequentemente, o

mesmo está distribuído bilateralmente no canal e tomografia computadorizada ou

ressonância magnética podem ser necessários para delinear a distribuição.

A tomografia computadorizada (TC) é rápida, tem potencial de formatar as

imagens em outros planos e as imagens tridimensionais melhoram seu valor

diagnóstico. É uma ferramenta diagnóstica sensível e não invasiva que pode ser

utilizada como procedimento único ou adjuvante a mielografia para evitar efeitos

colaterais potenciais (OLBY et al., 2000). A TC é mais sensível do que a mielografia

para localização de extrusões de disco quando comparadas ao padrão ouro

tomografia computadorizada contrastada (NEWCOMB et al., 2012). Lim et al. (2010)

estudaram as características da TC em DDIV toracolombar aguda em cães e

concluíram que ela pode ser útil no diagnóstico em raças condrodistrófitas,na

avaliação do estado do paciente e na identificando de hemorragia epidural

concorrente.

A ressonância magnética (RM) é considerada o melhor método de diagnóstico

para detecção de degeneração discal em cães e para imagem da medula espinhal

cervical, discos e estruturas associada (BRISSON, 2010).

Reynolds; Brisson; Nykamp (2013) compararam a acurácia da mielografia, da

ressonância magnética e do procedimento cirúrgico para localização da extrusão de

disco intervertebral inicial e lesão recorrente e concluíram que, apesar das limitações

da ressonância magnética, houve maior concordância entre os observadores

utilizando ressonância magnética, tanto para a extrusão recorrente como para a

primeira lesão.

Page 36: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 35

SANTOS, J. F.

2.6 TRATAMENTO

Tratamento conservador da protrusão ou extrusão do DIV toracolombar

normalmente consiste em repouso em local restrito, antiinflamatórios, relaxantes

musculares, analgésicos e fisioterapia (BRISSON, 2010).

A terapia clínica está indicada para animais que sofrem um episódio inicial de

disfunção neurológica moderada, dor ou para aqueles que possuem outros

problemas clínicos que impeçam a cirurgia (COATES, 2004; LORENZ; KORNEGAY,

2006). Embora a terapia conservadora tenha um bom resultado em cães

apresentando déficits neurológicos leves com hiperpatia, 50% dos pacientes

apresentaram recorrência em 1 a 36 meses após o primeiro episódio (BRISSON,

2010) e cães com incapacidade de deambular são melhor tratados por cirurgia

descompressiva (FORTERRE et al., 2010).

Trinta e sete cães com diagnóstico de DDIV sem percepção à dor profunda

superior a 48 horas e não submetidos ao tratamento cirúrgico foram estudados,

sendo 11 animais (55%) apresentaram recuperação funcional satisfatória, sendo

necessário, um período mínimo de 30 dias do início dos sinais clínicos para

estabelecer um prognóstico quanto ao retorno dos movimentos voluntários

(SANTOS et al., 2011).

Os cães com DDVI toracolombares nos graus IV e V devem ser tratados

cirurgicamente com cirurgia descompressiva, para uma melhor recuperação do

paciente (TUDURY et al., 2004).

Segundo Arias e colaboradores (2007) em um estudo com 45 cães, 69% dos

pacientes estudados, não responderam ao tratamento conservativo e 84% destes,

apresentaram uma recuperação total em curto prazo após o tratamento cirúrgico

com hemilaminectomia. Após esses resultados, concluíram que a classificação da

hérnia de disco toracolombar em graus, de I a V, facilitou a escolha do tratamento e

avaliação dos resultados, considerando a cirurgia descompressiva uma forma efetiva

de tratamento.

Levine et al. (2007) relatou que a taxa de sucesso no tratamento parece maior

com a cirurgia, 37 de 39 pacientes (94,8%) versus terapia médica em 103 de 185

(55,6).

Page 37: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 36

SANTOS, J. F.

Hemilaminectomia e fenestração de disco único provou ser efetivo para

tratamento de DDIV toracolombar Extrusões de disco que foram tratadas por

hemilaminectomia e fenestração do disco afetado. Quarenta cães submetidos a

tratamento com a associação das técnicas cirúrgicas, destes, vinte e sete cães (68

por cento) não apresentaram sinais detectáveis de disfunção neurológica ou dor

toracolombar na avaliação final e outros oito cachorros (20 por cento) tiveram

paraparesia ambulatorial leve, mas foram considerados por seus proprietários como

animais de estimação funcionais. Recorrência de sinais neurológicos consistente

com a doença do disco toracolombar foi observado em cinco cães (13 por cento) e

foi resolvido com sucesso completamente em um dos três cães que foram tratados

(SCOTT, 1997).

2.6.1 Tratamento cirúrgico

Descompressão cirúrgica é um procedimento frequentemente utilizado para o

tratamento de extrusão do disco intervertebral toracolombar em cães (HETTLICH;

KERWIN; LEVINE, 2012). Os objetivos do tratamento cirúrgico na doença do disco

intervertebral toracolombar são: a descompressão da medula espinhal, a remoção

do material do interior do canal medular e consequentemente levar a redução do

edema, o alívio da dor e a prevenção de futuras extrusões (TUDURY, 1985; SEIM,

2008).

A fenestração de disco isolada para tratamento de cães com paralisia ou

perda da nocicepção não é recomendada. A descompressão cirúrgica com remoção

do material herniado é uma modalidade de tratamento bem aceita para pacientes

com déficits neurológicos graves ou progressivos, mas também tem sido

recomendada para pacientes com déficits leves ou apenas dor por alguns autores,

pois a existe uma maior chance de recuperação com o tratamento cirúrgico

(BRISSON, 2010).

O tratamento cirúrgico promove recuperação funcional satisfatória de 33 cães

com doença do disco intervertebral toracolombar, sendo que o prognóstico para a

Page 38: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 37

SANTOS, J. F.

recuperação funcional, após o tratamento cirúrgico, é melhor quanto menor o grau

de disfunção neurológica (FESTUGATTO et al., 2008).

Os pacientes com distúrbios cirúrgicos da coluna toracolombar podem ser

tratados com laminectomia dorsal, hemilaminectomia, mini-hemilaminectomia,

foraminotomia ou fenestração (SEIM, 2008; FLEGEL et al., 2011). No entanto, a

remoção de protrusões crônicas de disco (Hansen tipo II) pode ser um desafio

usando estes procedimentos pela grande manipulação da medula, sendo a

corpectomia lateral uma opção viável em compressões ventrais (FLEGEL et al.,

2011; MOISSONNIER et al., 2004).

Stigen; Ottesen; Jaderlund (2010) afirmam que quando existe material

calcificado no local da hérnia, é indicada a realização da fenestração no momento da

descompressão cirúrgica para tentar diminuir a probabilidade de recidiva local.

Forterre et al. (2008) afirmam que em doença de disco toracolombar, fenestração do

espaço afetado, previne a extrusão do material de disco restante, reduzindo o risco

de recorrência precoce, em até 6 semanas.

A técnica usada para descomprimir os discos toracolombares geralmente é a

hemilaminectomia, que envolve a remoção das facetas articulares e do osso

pedicular adjacente. Alternativamente, as facetas podem ser preservadas e o

pedículo de osso ventral a elas, removido. A última técnica é quase sempre referida

como laminectomia lateral ou mini-hemilaminectomia e foi descrita por Braund et al.

(1976) (DENNY; BUTTERWORTH, 2006), porém, para outros autores, o termo mais

adequado é pediculectomia (SEIM, 2008; BRISSON, 2010).

Pediculectomia tem como objetivo alcançar descompressão da medula

espinhal através de abordagem menos invasiva, preservando as facetas articulares

e pela remoção de menos osso vertebral. Esse procedimento é mais rápido, fornece

acesso ao aspecto ventral e lateral do canal vertebral, diminui o traumatismo tecidual

durante o acesso cirúrgico e o tempo de recuperação pós-operatório, porém, existe

o risco de maior manipulação da medula espinhal (BRISSON, 2010).

Hemilaminectomia e mini-hemilaminectomia diferem pelo acesso ao canal

vertebral e a quantidade de osso removido. A hemilaminectomia requer a remoção

de uma metade do arco vertebral, incluindo a lâmina, o pedículo e os processos

articulares em um lado da vértebra, e geralmente é realizada através de uma

abordagem dorsal da coluna vertebral. A mini-hemilaminectomia se estende no

mesmo comprimento que a hemilaminectomia, mas preserva os processos

Page 39: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 38

SANTOS, J. F.

articulares, removendo os pedículos adjacentes ao forame intervertebral, mas não a

lâmina, removendo a porção do arco vertebral ventral nos processos articulares.

Normalmente é realizada através de uma abordagem lateral ou dorsolateral

(HUSKA, 2012).

Arias et al. (2007) avaliaram os resultados clínicos após realização de cirurgia

descompressiva em 36 cães com doença do disco intervertebral toracolombar e

concluíram que a cirurgia descompressiva (hemilaminectomia), com a retirada do

material do disco do interior do canal vertebral, foi uma forma efetiva de gerar

melhora do quadro funcional, pois 72,2% dos pacientes apresentaram recuperação

total e apenas 5,6% tiveram insucesso no tratamento, sem alteração do quadro

funcional anterior à cirurgia.

Dhupa; Glickman; Waters (1999) mostraram que uma segunda hérnia de

disco que ocorre em um local distinto da lesão inicial é a causa mais comum de

recidiva e que dachshunds têm um risco significativamente maior que outras raças.

Aikawa et al. (2012a) acompanharam 831 cães com doença de disco

intervertebral toracolombar e concluíram que o prognóstico é excelente após o

tratamento cirúrgico com hemilaminectomia e fenestração com dor profunda intacta

em, pelo menos, um dos membros pélvicos ou cauda. A determinação do grau de

disfunção neurológica pode ser utilizada como um indicador de prognóstico para a

recuperação e tempo até deambulação.

Foi encontrado material discal residual em 40 cães estudados, após

hemilaminectomia para tratamento de doença de disco intervertebral toracolombar.

O significado clínico da presença de material residual no canal vertebral ainda não

foi completamente elucidado, entretanto, esse material não foi associado a falhas

em alcançar a recuperação funcional nestes casos (ROACH et al., 2012).

Davis; Brown (2002) pesquisaram indicadores de prognóstico para o tempo

até a deambulação depois de descompressão cirúrgica com laminectomia dorsal ou

hemilaminectomia em 112 cães não deambulatórios com extrusão discal

toracolombar e sugeriram que a recuperação é mais rápida em pacientes com

movimentos voluntários no pré-operatório, pois 96% dos pacientes conseguiram se

movimentar em 3 meses com tempo médio para deambulação de 12,9 dias.

Voll (2010) estudou 30 cães paraplégicos com ausência de dor profunda

inferior e superior a 48 horas, devido à extrusão aguda do disco intervertebral e

concluiu que pacientes com ausência de dor profunda devem ser considerados

Page 40: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 39

SANTOS, J. F.

candidatos a cirurgia descompressiva e que o argumento de um prognóstico ruim,

como afirmado em alguns estudos prévios, não se justificou baseado na duração da

ausência de dor profunda antes do procedimento cirúrgico e o retorno da percepção

de dor profunda dentro de quatro semanas pode ser associado com prognóstico

favorável para retorno da locomoção.

Setenta e um cães paraplégicos com DDIV toracolombar e dor profunda

preservada foram tratados com hemilaminectomia e fenestração de pelo menos dois

discos adjacentes com taxa de sucesso de 86% com tempo médio de recuperação

da função motora entre 8 e 10 dias em um tempo médio de 29 meses de

acompanhamento e animais que tinham sinais clínicos por mais de seis dias levaram

significativamente mais tempo para recuperar a capacidade de locomoção, em

media, 6,9 dias adicionais, quando comparados com aqueles que demonstraram

sinais clínicos por menos de seis dias (FERREIRA; CORREIA; JAGGY, 2002).

Complicações em potencial associadas à cirurgia toracolombar dependem do

tipo de cirurgia realizada, do número de locais operados, dos conhecimentos sobre

anatomia regional, da disponibilidade de instrumentos neurocirúrgicos apropriados e

de experiência cirúrgica. Complicações associadas a hemilaminectomia e mini-

hemilaminectomia incluem trauma iatrogênico da medula espinhal, seroma, infecção

e/ou deiscência. Pode ocorrer instabilidade vertebral, fibrose muscular e/ou

contratura sobre a medula espinhal, se forem removidas quantidades excessivas de

lâmina, de facetas articulares e de pedículos (SEIM, 2008). Arthurs (2009) relatou

um caso onde foi realizada mini-hemilaminectomia bilaterais em T12-T13 e

pediculectomia em T13, resultando em instabilidade, detectada radiograficamente

por presença de subluxação vertebral e macroscopicamente por manipulação trans

cirúrgica delicada, após piora do quadro neurológico do paciente, tratado com

estabilização cirúrgica.

Page 41: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 40

SANTOS, J. F.

2.6.2 Biomecânica das técnicas cirúrgicas da coluna toracolombar

Panjabi et al. (1998) define instabilidade como a perda da capacidade da

coluna para manter o seu padrão de deslocamento e uma diminuição significativa na

sua capacidade para manter as zonas neutras.

Revés et al. (2012) testaram segmentos T13-L3 de cães não condrodistróficos

e concluíram que a hemilaminectomia associada com o procedimento de

corpectomia lateral parcial, causa instabilidade e, por conseguinte a utilização de

ambas as técnicas, no mesmo espaço intervertebral sem mais estabilização da

coluna vertebral é desencorajado.

Uma avaliação biomecânica de flexão em 4 pontos estudou hemilaminectomia

em múltiplos locais da coluna lombar de cães entre 15 e 30 kg, onde foram

realizadas hemilaminectomia entre L2-L3 (1 EIV), entre L1-L3 (2 EIV) e entre L1-L4

(3 EIV) e hemilaminectomia bilateral entre L2-L3 e entre L1-L3. Os resultados

mostraram que a hemilaminectomia unilateral pode ser realizada ao longo de três

vértebras consecutivas sem produzir instabilidade vertebral significativa, enquanto

que a hemilaminectomia bilateral pode ser realizada ao longo de duas vértebras

consecutivas (CORSE; WALTER; FRIIS, 2003).

Schulz et al.(1996) estudaram as características biomecânicas de 48 colunas

vertebrais toracolombares de cães entre 10 e 25 kg, usando unidade motora

vertebral T13-L1, normais e alteradas cirurgicamente para determinar os efeitos do

trauma cirúrgico à estabilidade lateral e concluíram que fenestrações e

laminectomias em cães, não desestabilizam significativamente o segmento testado à

flexão lateral.

Vicente et al. (2013) avaliaram o efeito de três procedimentos cirúrgicos

(corpectomia lateral esquerda - CL, corpectomia lateral esquerda associada a mini-

hemilaminectomia CL-MH ou associada a hemilaminectomia CL-H) sobre a

biomecânica e colapso intervertebral de uma unidade motora vertebral lombar. A CL

induz significativamente a um aumento da amplitude de movimento na flexão lateral

para o lado da cirurgia e na amplitude lateral total. A CL-MH não altera a

estabilidade da coluna em comparação CL, enquanto ele proporciona um melhor

acesso ao canal espinhal. A CL-H desestabiliza ainda mais a unidade motora

vertebral. O achado de colapso intervertebral seguindo estes procedimentos

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Revisão de literatura 41

SANTOS, J. F.

cirúrgicos confirma a importância do disco intervertebral e das facetas articulares na

manutenção de integridade espacial.

2.6.3 Hemilaminectomia

A hemilaminectomia é muito utilizado para expor o canal vertebral em cães e

gatos, sendo a doença do disco intervertebral a causa mais frequente para indicação

desta abordagem. Ela expõe os aspectos laterais, ventral e dorsal da medula

espinhal e do canal vertebral. Após a exposição da coluna vertebral, o espaço

intervertebral correto deve ser confirmado pela contagem a partir de um ponto de

referência anatômico conhecido, muitas vezes, a última costela. O exame

radiográfico é sempre Indicado para verificação de alterações anatômicas que

possam Influenciar a correta localização do espaço intervertebral a ser operado. Os

limites para confecção da hemilaminectomia incluem o aspecto ventral do processo

acessório, a base dorsal do processo espinhoso e a base dos processos articulares

cranial e caudal ao espaço acometido (KERWIN; LEVINE; HICKS, 2012).

A hemilaminectomia está indicada quando a medula espinhal é comprimida

por lesões de massa no canal vertebral lateral, dorsolateral ou ventrolateral. A

hemilaminectomia é preferível à laminectomia porque preserva melhor a integridade

mecânica e estrutural da coluna, é menos traumática e mais cosmética, além de

reduzir a chance de cicatrizes que causem compressão medular. A

hemilaminectomia bilateral pode ser realizada quando a lesão compressiva está em

ambos os lados da medula (SEIM, 2008). Hemilaminectomia tem sido usada por

muitos anos como um procedimento de descompressão da medula espinhal, mas a

remoção de uma compressão localizada ventralmente implica em um alto risco de

lesões iatrogênicas e neste caso, a utilização da corpectomia lateral parcial, talvez

seja mais indicada (RÉVÉS et al., 2012).

Page 43: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Revisão de literatura 42

SANTOS, J. F.

2.6.4 Pediculectomia

A pediculectomia parcial, também chamada de mini-hemilaminectomia é a

abertura do canal realizada em volta do forame intervertebral, preservando os

processos articulares, permitindo um bom acesso à parte ventral do canal vertebral.

É menos invasiva e está indicada para compressões laterais e ventrais ao canal

vertebral (LUBBE; KIRBERGER; VERSTRAETE, 1994). A mini-hemilaminectomia

pode ser facilmente transformada em hemilaminectomia na necessidade de uma

maior abordagem durante o procedimento cirúrgico (SEIM, 2008).

Desvantagens da mini-hemilaminectomia incluem a diminuição da exposição

da medula espinhal e a possibilidade de deixar material do disco residual. Com o

diagnóstico correto, o procedimento pode ser bem sucedido porque o osso pode ser

removido com precisão sobre o local da DDIV (KERWIN; LEVINE; HICKS, 2012). O

que determinará o resultado é a capacidade de retirar o material do interior do canal

vertebral e a escolha da técnica, do conhecimento do tipo de compressão,

localização da mesma e da habilidade do cirurgião (MARINHO et al.,2014).

Page 44: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

.

OBJETIVO

Page 45: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Objetivo 44

SANTOS, J. F.

3 OBJETIVO

Comparar as características biomecânicas da coluna vertebral toracolombar

canina frente à força de flexão e medir os efeitos desestabilizadores de múltiplas

hemilaminectomias e pediculectomias unilaterais consecutivas.

Page 46: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

HIPÓTESES

Page 47: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Hipóteses 46

SANTOS, J. F.

4 HIPÓTESES

Existe diferença de estabilidade com o aumento do número de

hemilaminectomias no teste não destrutivo de flexão

Existe diferença de estabilidade com o aumento do número de

pediculectomias no teste não destrutivo de flexão

Existe diferença de estabilidade entre as técnicas de hemilaminectomia e

pediculectomia no teste não destrutivo de flexão

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LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Page 49: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Limitações do estudo 48

SANTOS, J. F.

5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Estudo biomecânico não simula a exigência mecânica real à flexão do

segmento vertebral testado

Estudo ex vivo não possibilita avaliar força em situações de utilização normal

da coluna

Ausência da atuação de forças intrínsecas

Ausência das forças de rotação e extensão

Variação entre raças

Impossibilidade de utilização de cadáveres de cães condrodistróficos para

realização dos testes, já que estes são mais acometidos pela doença do disco

intervertebral

Apenas avaliação radiográfica dos corpos de prova, não realização de

ressonância magnética para avaliação da presença de degenerações discais

e tomografia computadorizada para descartar alterações estruturais na coluna

vertebral

Page 50: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

.

SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA

Page 51: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Significância clínica 50

SANTOS, J. F.

6 SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA

Gerar dados biomecânicos que poderão melhorar a compreensão das

alterações causadas pelas duas técnicas descompressivas utilizadas em espaços

intervertebrais consecutivos ou não na coluna toracolombar canina, podendo inferir

se há alguma vantagem ou impeditivo para realização das técnicas abordadas.

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MATERIAL E MÉTODO

Page 53: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 52

SANTOS, J. F.

7 MATERIAL E MÉTODO

Os testes biomecânicos foram realizados no Laboratório de Biomecânica do

Laboratório de Ortopedia e Traumatologia Comparada do Departamento de Cirurgia

da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. O

presente estudo foi aprovado pela “Comissão de Ética no Uso de Animais” (CEUA)

da FMVZ/USP certificado número 3064/2013. Os cadáveres utilizados foram obtidos

de animais que vieram a óbito por causas não relacionadas ao estudo.

7.1 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram inclusos no trabalho cadáveres de cães com massa corporal de 10 a

22 kg (quilogramas) com idade entre 2 e 9 anos, sem predileção por sexo ou raça e

sem histórico ou diagnóstico radiográfico de alterações ósseas na coluna vertebral.

7.2 CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO

Atraso ou ausência do disparo da máquina fotográfica após acionamento do

controle remoto na parada de 10 segundos da máquina de ensaio depois do

deslocamento máximo

Posicionamento errôneo dos cilindros refletores nos marcadores durante o

teste

Ausência ou erro de movimentação das partes móveis do dispositivo

Identificação incorreta da amostra ou do número da repetição realizada

Erro na execução da técnica cirúrgica ou na localização do espaço

intervertebral onde a mesma foi executada

Erros de leitura ou leituras anormais da máquina de ensaios

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Material e método 53

SANTOS, J. F.

7.3 CORPOS DE PROVA

Foram utilizadas 30 colunas de cadáveres de cães. Todo material biológico foi

obtido dentro de duas horas após a morte ou eutanásia do animal, envolvido em

compressas cirúrgicas embebidas em solução fisiológica 0,9% e conservado em

freezer convencional, com temperatura de -24ºC.

As peças foram obtidas por dissecção romba local. Sendo realizada uma

incisão de pele desde o início da coluna torácica até o final da lombar seguida de

rebatimento da pele. Todos os órgãos internos foram rebatidos após incisão do

músculo diafragma e a coluna desarticulada entre T1-T2 (primeira e segunda

vértebra torácica) e L7-S1 (sétima vértebra lombar e primeira sacral).

O armazenamento das colunas foi feito em embalagens plásticas com

dimensões de 62 cm (centímetros) de altura por 59 cm de largura e identificadas

com canetas de marcação permanente com os dados de identificação do animal.

Dez colunas utilizadas para adequação do método foram chamadas de piloto.

Essas adequações incluíram substituição do método de captação de imagem de

câmera filmadora por máquina fotográfica com maior resolução e detalhamento da

imagem e disparo da máquina por controle remoto; padronização dos marcadores

englobando um espaço intervertebral anterior e um posterior aos locais estudados e

adequação das técnicas cirúrgicas testadas. A massa corporal para inclusão na

pesquisa também precisou ser alterada, uma vez que colunas menores resultaram

em contato do primeiro e do último marcador com o dispositivo, limitando sua

movimentação durante os testes.

Inicialmente, 20 colunas foram inclusas para desenvolvimento do estudo,

entretanto, um corpo de prova foi excluído por erro de leitura da máquina,

totalizando 19 corpos de prova estudados.

7.4 DELINEAMENTO EXPERIMENTAL

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Material e método 54

SANTOS, J. F.

Os corpos de prova foram divididos em: grupo Hemi composto por 10 colunas

onde foi realizada a técnica de hemilaminectomia e o grupo Ped, formado por 9

colunas em que foi feita a técnica de pediculectomia.

7.5 AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA

As colunas foram radiografadas após a coleta para diagnóstico de doenças

ósseas como fraturas e/ou luxações vertebrais, proliferação ou lise óssea vertebral,

calcificações discais, espondilose ventral, opacificação do forame intervertebral,

diminuição dos espaços intervertebrais, entre outros, que pudessem impossibilitar o

uso das mesmas no estudo e imediatamente antes do teste para o posicionamento

dos marcadores (Figura 1). Todos os exames foram realizados utilizando o arco

cirúrgico1 com 70 kV (quilovolts) e 1,4 ma (miliampères) no modo de regulagem

automático.

1 GE HEAL THCARE Modelo Brivo OEC 850

Page 56: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 55

SANTOS, J. F.

Figura 1 – Imagens radiográficas do segmento vertebral T10 a L3 a ser testado – São Paulo – 2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: A – Projeção látero-lateral. B – Projeção ventro-dorsal. C – Projeção látero-lateral após posicionamento dos 7 marcadores, de T10 a L3.

7.6 DISPOSITIVO

O dispositivo para o ensaio de flexão da coluna era composto por dois copos

com oito parafusos para fixação das extremidades da coluna em cada copo. Esses

copos eram fixados a duas bases articuladas por rolamentos que eram conectadas a

parte móvel superior e a fixa inferior da máquina de ensaios. As bases articuladas

eram mantidas fixas à máquina e os copos eram removidos para a fixação da coluna

e posterior reposicionamento junto às bases articuladas (Figura 2).

A

B

C

Page 57: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 56

SANTOS, J. F.

Figura 2 – Montagem do dispositivo– São Paulo – 2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: A – Base articulada superior e inferior, respectivamente. B – Copos para fixação das extremidades da coluna. C – Montagem dos copos nas bases articuladas.

7.7 PREPARAÇÃO DOS CORPOS DE PROVA

Os corpos de prova foram descongelados em temperatura ambiente com as

compressas umedecidas com solução fisiológica 0,9%. As vértebras T2, T3, L6 e L7

foram dissecadas, retirando todo tecido mole para posterior fixação com resina

A

B

C

Page 58: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 57

SANTOS, J. F.

acrílica autopolimerizável2. O segmento proximal foi fixado primeiramente, após

alinhamento do segmento no centro do copo. Após secagem da resina, a mesma foi

invertida e o segmento distal foi fixado da mesma forma após proteção dos copos

com papel alumínio para facilitar a retirada do dispositivo ao final dos testes. Para o

posicionamento da coluna para fixação com resina acrílica, foi utilizado uma barra

com duas presilhas de alumínio que eram fixadas aos copos e a barra presa a uma

morsa por meio de uma base de madeira (Figura 3).

Figura 3 – Preparação do corpo de prova– São Paulo – 2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: A – Corpo de prova na posição dorso-ventral após dissecção de T2, T3, L6 e L7 para fixação com resina acrílica. B – Corpo de prova na posição látero-lateral após dissecção de T2, T3, L6 e L7 para fixação com resina acrílica. C – Suporte para fixação do corpo de prova a resina acrílica.

A resina acrílica foi preparada com a mistura de duas medidas de copos

dosadores do polímero de metilmetacrilato para uma parte do monômero. A coluna

era fixada por oito parafusos em cada copo, dispostos em duas fileiras de parafuso,

sendo quatro parafusos em cada fileira posicionados na porção superior de cada

copo. Realizou-se a inserção de pinos de Steinmann de 1,5 mm de diâmetro e 250

mm de comprimento nos corpos vertebrais, à direita dos processos espinhosos

2 Jet® Acrílico Auto Polimerizante – São Paulo - Brasil

A B C

Page 59: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 58

SANTOS, J. F.

com auxílio de uma perfuratriz e o posicionamento dos pinos foi direcionado pelo

arco cirúrgico na parte central do corpo vertebral. Os pinos foram posicionados de

T10 a L3, sendo sete pinos, um em cada vértebra. Após fixação das duas

extremidades e posicionamento dos pinos, os copos eram fixados as bases

articuladas presas à máquina de ensaios por dois parafusos em cada copo. O copo

superior era fixo inicialmente, a carga zerada no programa da máquina e com o

deslocamento inferior da parte móvel da máquina para fixação do copo inferior.

A montagem de um pino de Steinmann com dois cilindros cada um deles com

uma extremidade refletora e um espaçador entre os dois cilindros foi chamado de

marcador. Em cada corpo de prova foram colocados sete marcadores posicionados

em T10, T11, T12, T13, L1, L2 e L3. Os cilindros possuíam seis milímetros de

diâmetro e 12 mm de comprimento com furo radial de 1,5 mm de diâmetro por onde

eram fixos aos pinos de Steinmann, uma das extremidades foi coberta com película

refletora e um espaçador de 210 mm de comprimento foi colocado entre os dois

cilindros em cada pino para padronizar a distância entre eles. Um fundo preto foi

colocado atrás dos marcadores para melhorar a localização dos mesmos nas fotos.

Em um plano paralelo ao plano dos marcadores, foi colocado um gabarito

constituído por uma madeira coberta com cartolina preta e três esferas de 15 mm de

diâmetro cada, cobertas com película refletora (Figura 4).

Page 60: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 59

SANTOS, J. F.

Figura 4 – Corpo de prova posicionado na máquina de ensaio biomecânico pronto para o início do teste– São Paulo – 2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: 1 – Gabarito. 2 – Corpo de prova posicionado na máquina universal. 3 – Marcadores posicionados em T10, T11, T12, T13, L1, L2 e L3. Notar os dois cilindros refletores e o espaçador em cada pino. 4 – Fundo preto para contraste dos marcadores na captação das imagens fotográficas.

7.8 ENSAIOS BIOMECÂNICOS

Os corpos de prova foram submetidos a ensaios biomecânicos não

destrutíveis de flexão nas condições intacto, com uma, duas, três e quatro

hemilaminectomias ou pediculectomias esquerdas consecutivas. Todas as cirurgias

foram executadas por um único cirurgião devidamente capacitado.

1

3 2

4

Page 61: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 60

SANTOS, J. F.

O primeiro grupo, composto por dez corpos de prova realizada a técnica de

hemilaminectomia, foi chamado de grupo Hemi e no segundo grupo, chamado de

Ped, formado por nove corpos de prova, realizou-se a técnica de pediculectomia. Os

espaços intervertebrais estudados foram T11-T12, T12-T13, T13-L1 e L1-L2. Em

cada situação estudada foram realizadas três repetições.

O dispositivo manteve o corpo de prova na posição vertical no inicio do ensaio

e com o movimento de descensão da parte móvel da máquina de ensaios, o corpo

sofria um arqueamento progressivo graças ao grau de rotação presente nas bases

articuladas. Com a compressão gradativa, os ângulos entre as vértebras

aumentavam no segmento estudado, esse aumento era visualizado através do

afastamento entre os marcadores.

A máquina universal de ensaios utilizada foi KRATOS (modelo KE3000MP,

série M1012931 e célula de carga de 3000 Kg). Os ensaios foram realizados com

cargas entre 0 e 50 Kg a uma velocidade constante de 50 mm/min (milímetros por

minuto). O deslocamento máximo foi padronizado em 15% do comprimento total da

coluna, medido entre os copos superior e inferior antes do inicio do ensaio através

de uma fita métrica. Após o deslocamento máximo, a máquina permanecia parada

por dez segundos para aquisição da imagem fotográfica e retornava a posição zero

com velocidade de retorno de 100 mm/min, esse ciclo se repetiu mais duas vezes.

Os resultados de força e deslocamento, assim como os gráficos gerados, foram

registrados no software Kratos (modelo Tracomp-W95) para posterior análise.

7.8.1 Fotos

Para aquisição das imagens fotográficas, foi utilizada uma câmera3 com

controle remoto que disparava após 2 segundos do aperto do botão. A máquina

fotográfica foi regulada com ISO de 200, tempo de exposição de 1/60 segundos,

abertura do diafragma em 25, zoom de 50 vezes e modo de exposição manual com

flash.

3 Canon® modelo EOS Digital Rebel XT - São Paulo - Brasil

Page 62: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 61

SANTOS, J. F.

A máquina foi posicionada a 2,2 metros de distância do corpo de prova a um

metro de altura, de maneira que o sensor da máquina fosse mantido paralelo ao

plano dos marcadores e do gabarito. A máquina era disparada por controle remoto

para registro de uma imagem no momento zero, antes do inicio do teste e na parada

de dez segundos após o deslocamento máximo da máquina, registrando duas

imagens por teste, sendo seis imagens após as três repetições. Ao final do teste,

íntegro, uma, duas, três e quatro hemilaminectomias ou pediculectomias, a máquina

fotográfica registrava 30 imagens de cada coluna para posterior análise. Na parte

frontal do dispositivo superior era fixada uma etiqueta autoadesiva amarela com

escrito em cor preta para identificação do corpo de prova e das repetições realizadas

(Figura 5).

Figura 5 – Imagem fotográfica do ensaio– São Paulo – 2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: A – Imagem fotográfica no momento zero, antes do inicio do teste. B – Imagem fotográfica no momento de parada de dez segundos da máquina de ensaio, após o deslocamento máximo.

Com o objetivo de mensurar os ângulos formados entre os marcadores

inseridos nas vértebras utilizando as fotos tiradas durante os experimentos e as

forças máximas registradas nos ensaios mecânicos, foi desenvolvido um programa

Page 63: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 62

SANTOS, J. F.

de computador na linguagem Delphi (Borland Software Corporation - Austin - EUA)4.

O programa permitia a análise automática das fotos e dos arquivos da máquina de

ensaios Kratos, gerando um relatório com os resultados obtidos.

Na primeira aba do programa, intitulada "Processamento automático", era

possível abrir uma sequência (na ordem cronológica) de fotos referentes ao ensaio

de uma coluna e analisá-las automaticamente, ou seja, o programa procurava em

cada foto, 14 pequenos círculos brancos (marcadores) e 3 círculos brancos maiores

(gabarito) e para confirmar a identificação dos pontos, o programa desenhava sobre

a imagem, círculos verdes sobre os marcadores e círculos azuis sobre o gabarito.

Uma lista era gerada com a identificação do espécime, do grupo, número de

repetição, situação inicial e final (antes e depois da aplicação de carga) e nome da

foto na caixa "Fotos disponíveis" e as coordenadas de todos os pontos encontrados

eram registradas na caixa "Resultados" (Figura 6).

Figura 6 – Programa de análise mostrando o processamento automático das fotos

Fonte: (PEREIRA, C.A.M., 2015)

4 Desenvolvido por César Augusto Martins Pereira

Page 64: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 63

SANTOS, J. F.

Caso o programa não encontrasse automaticamente todos os pontos em uma

determinada imagem, ou seja, 14 pontos para os marcadores e três para o gabarito,

era possível selecionar manualmente o centro dos pontos não identificados na

segunda aba do programa (Figura 7).

Figura 7 – Programa de análise mostrando o processamento manual de uma foto

Fonte: (PEREIRA, C.A.M., 2015)

Na terceira aba ("Resultados") do programa era possível visualizar uma

planilha com todos os pontos identificados e também iniciar o processamento

automático do cálculo dos ângulos formados entre os marcadores (total de seis

ângulos) e também do cálculo do ângulo formado pelos três pontos do gabarito.

As forças registradas no arquivo geradas pelo programa da máquina de

ensaios Kratos eram analisadas na aba "Kratos" onde era possível abrir os arquivos

da máquina e analisá-los automaticamente para encontrar a força máxima no

instante de deslocamento máximo segundo as três repetições de cada situação

estudada.

Page 65: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 64

SANTOS, J. F.

7.8.2 Parâmetros analisados

Calculou-se a média das três repetições dos ângulos medidos entre T10-T11,

T11-T12, T12-T13, T13-L1, L1-L2 e L2-L3. Com a somatória do cálculo desses

ângulos em cada momento, foi possível determinar a diferença entre os ângulos das

vértebras antes e depois da aplicação de cargas em todas as situações, que foi

chamada de diferença angular (DA). A média das três repetições da força registrada

no deslocamento máximo foi calculada para o momento íntegro, uma, duas, três e

quatro técnicas de descompressão. A força (entre todos os marcadores) foi

determinada segundo as diferentes técnicas descompressivas. A altura dos corpos

de prova também foi avaliada e comparada entre os grupos.

7.8.3 Hemilaminectomia e Pediculectomia

Foi realizada incisão da gordura subcutânea e fáscia lombodorsal na linha

média dorsal, ligeiramente à esquerda dos processos espinhosos, estendendo-se de

T9 a L4. Incisão ao redor dos processos espinhosos do espaço intervertebral a ser

operado, um anterior e um posterior. Elevação dos músculos epaxiais de suas

fixações na parte lateral dos processos espinhosos, lâmina, faceta articular e

pedículo até o nível do processo acessório usando um elevador de periósteo. A

musculatura foi afastada com quatro afastadores de Gelpi, sendo dois craniais e dois

caudais. Com auxílio de uma goiva foram retirados os processos articular e

acessório para realização da técnica de hemilaminectomia e apenas a remoção do

processo acessório para a pediculectomia (Figuras 8 e 9). Um perfurador elétrico5 de

alta rotação com um cabo de extensão a 10 rotações por minuto e uma fresa

cilíndrica de três milímetros de diâmetro foi utilizada para perfurar o osso cortical

externo e a camada medular e o início da cortical óssea interna. Com uma espátula

dental e pinças Love Kerrison de um e dois milímetros de diâmetro, nas angulações

5 Dremel® modelo 398 Professional digital – São Paulo – Brasil

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Material e método 65

SANTOS, J. F.

de 45 e 90 graus, foi retirada a cortical óssea interna para abertura do canal medular

e exposição da medula espinhal.

Figura 8 – Imagem fotográfica de vértebra lombar ilustrando os locais da realização das técnicas de hemilaminectomia e pediculectomia – São Paulo – 2016

Fonte: (MACEDO, A.S., 2016) Legenda: A – Imagem fotográfica de vértebra lombar sendo evidenciado (retângulo) local da região de abertura da técnica de hemilaminectomia. B - Imagem fotográfica de vértebra lombar sendo evidenciado (retângulo) local da região de abertura da técnica de pediculectomia.

Figura 9 – Imagem fotográfica de vértebra lombar ilustrando os locais da realização das técnicas de hemilaminectomia e pediculectomia – São Paulo – 2016

Fonte: (MACEDO, A.S., 2016) Legenda: Imagem fotográfica de vértebra lombar sendo evidenciado local da região de abertura da técnica de hemilaminectomia (linha descontínua) e local de abertura da pediculectomia (linha contínua).

Page 67: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Material e método 66

SANTOS, J. F.

A hemilaminectomia foi feita primeiramente no espaço intervertebral T12-T13

(Hemilaminectomia 1 – H1), após, realizada em T13-L1 (Hemilaminectomia 2 – H2),

T11-T12 (Hemilaminectomia 3 – H3) e por ultimo, entre L1 - L2 (Hemilaminectomia 4

– H4). As hemilaminectomias estenderam-se do processo articular da vértebra

anterior até o espaço imediatamente anterior ao processo articular do espaço

intervertebral posterior (Figura 10 e 11).

Figura 10 – Imagem fotográfica da sequência de hemilaminectomias esquerdas unilaterais realizadas no grupo Hemi após o posicionamento das colunas na máquina de ensaio – São Paulo – 2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: A – Imagem fotográfica de H1. B – Imagem fotográfica de H1 e H2. C – Imagem fotográfica de H1, H2 e H3. D – Imagem fotográfica de H1, H2, H3 e H4. Sendo 1 – Medula espinhal, 2 – Faceta articular, D – Região dorsal à medula espinhal, V – Região ventral à medula espinhal.

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Material e método 67

SANTOS, J. F.

Figura 11 – Imagem fotográfica após realização da sequência de hemilaminectomias (H1, H2, H3 e H4) esquerdas unilaterais realizadas no grupo Hemi– São Paulo –2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

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Material e método 68

SANTOS, J. F.

A pediculectomia foi realizada no espaço intervertebral T12-T13

(Pediculectomia 1 – P1), após entre T13-L1 (Pediculectomia 2 – P2), T11-T12

(Pediculectomia 3 – P3) e finalmente entre L1-L2 (Pediculectomia 4 – P4). As

pediculectomias estenderam-se do processo acessório anterior até o processo

acessório do espaço posterior ao estudado (Figura 12).

Figura 12 – Imagem fotográfica da sequência de pediculectomias esquerdas unilaterais realizadas no grupo Ped – São Paulo – 2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: A – Imagem fotográfica de P1. B – Imagem fotográfica de P1 e P2. C – Imagem fotográfica de P1, P2 e P3. D – Imagem fotográfica de P1, P2, P3 e P4. Sendo 1 – Medula espinhal, 2 – Faceta articular, D – Região dorsal à medula espinhal, V – Região ventral à medula espinhal.

7.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Foram digitados os dados no programa Excel e posteriormente exportados

para o programa SPSS v. 20.0 para análise estatística. Foram descritas as variáveis

quantitativas pela média, o desvio padrão e o intervalo de 95% de confiança. Para

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Material e método 69

SANTOS, J. F.

avaliar a diferença entre os grupos e entre os ângulos foi utilizado o modelo de

Equações de Estimações Generalizadas (Generalized Estimating Equation, GEE)

com o teste de Bonferroni para as comparações múltiplas. Foi considerado um nível

de significância de 5%.

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RESULTADOS

Page 72: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Resultados 71

SANTOS, J. F.

8 RESULTADOS

Os dados correspondem aos ensaios biomecânicos de 19 colunas, sendo 11

machos e 8 fêmeas, 18 animais não apresentavam raça definida e um era da raça

Border Collie. A média de idade foi de 5,67 anos e a de massa corporal foi de 14,72

kg. Para cada corpo de prova foi calculada a média de 3 repetições nas situações

íntegra, com 1, 2, 3 e 4 técnicas descompressivas.

Na Tabela 1 são apresentadas as medidas descritivas e intervalo de 95% de

confiança para a média da soma das diferenças angulares entre as vértebras T10-

T11, T11-T12, T12-T13, T13-L1, L1-L2 e L2-L3 nos momentos íntegro (INT), 1, 2, 3

e 4 técnicas descompressivas. Houve uma diferença estatística entre as médias das

diferenças angulares nos momentos íntegro, 1, 2, 3 e 4 nos dois grupos (Hemi e

Ped) (P<0,001 em todas as comparações pelo teste de Bonferroni). Observamos

que a medida que o ângulo aumenta, a média é maior estatisticamente, sendo o

menor o íntegro e maior o momento 4. Ao compararmos os grupos Hemi e Ped em

cada um dos momentos estudados íntegro, 1, 2, 3 e 4 técnicas descompressivas,

observa-se que não houve diferença estatística.

Tabela 1 - Tabela comparativa da média da diferença angular entre os grupos Hemi e Ped e dentro dos grupos nos momentos íntegro, 1, 2, 3 e 4 técnicas descompressivas – São Paulo - 2015

Hemi Ped

Média (graus)

Desvio padrão IC95% Média (graus)

Desvio padrão IC95% P

INT 34,3a

6,8 30,3-38,3 31,2a

3,0 29,4-33,1 0,169

1 35,2b

6,8 31,2-39,2 32,0b

2,8 30,2-33,7 0,146

2 35,9c

7,0 31,8-40,0 32,3c

2,9 30,5-34,1 0,118

3 36,3d

6,9 32,2-40,3 32,7d

2,9 30,9-34,5 0,118

4 36,8e

7,0 32,7-40,8 33,1e

2,9 31,3-34,8 0,105

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: IC95%: Intevalo de confiança de 95% para a média. P obtido pela análise de Equações de Estimações Generalizadas.

a,b,c,d,eLetras diferentes representam medidas estatisticamente diferentes

entre os ângulos dentro dos grupos.

O gráfico 1 mostra a média da soma dos ângulos para cada momento (íntegro

- INT, com 1, 2, 3 e 4 técnicas descompressivas para os dois grupos Hemi e Ped

(Hemilaminectomia e Pediculectomia).

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Resultados 72

SANTOS, J. F.

Gráfico 1 - Gráfico da comparação da soma dos ângulos entre os grupos – São Paulo - 2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

Na tabela 2, apresentam-se as médias das diferenças angulares (DA), em

graus, entre T10-T11, T11-T12 e T12-T13 nas situações íntegras (INT), com 1, 2, 3 e

4 técnicas de descompressão para o grupo Hemi.

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Resultados 73

SANTOS, J. F.

Tabela 2 – Média da diferença angular, em graus, entre as vértebras T10-T11, T11-T12 e T12-T13 para o grupo Hemi nos momentos íntegro com 1, 2, 3 e 4 técnicas– São Paulo –2015

T10-T11 (graus) T11-T12 (graus) T12-T13 (graus)

Coluna Grupo INT 1 2 3 4 INT 1 2 3 4 INT 1 2 3 4

1 Hemi 3,3 2,9 2,8 2,8 2,9 7,4 7,3 7,4 7,6 7,3 10,1 10,5 10,7 11,0 10,9

2 Hemi 2,8 2,8 2,7 2,7 2,7 7,1 7,1 7,1 7,6 7,6 8,2 8,5 8,8 8,8 9,0

3 Hemi 3,6 3,7 3,8 3,7 3,7 6,1 6,5 6,5 6,5 6,6 8,2 8,5 8,6 8,7 8,6

4 Hemi 3,8 3,9 3,9 4,0 4,1 6,8 7,1 7,2 7,3 7,4 7,9 8,4 8,4 8,6 8,5

5 Hemi 1,9 1,9 1,8 1,7 1,7 4,7 4,7 4,5 4,6 4,5 6,0 6,7 6,5 6,4 6,4

6 Hemi 3,5 3,7 3,6 3,5 3,6 6,6 6,5 6,5 6,6 6,6 7,6 7,8 7,9 8,1 8,1

7 Hemi 2,4 2,8 3,1 3,1 3,0 5,9 6,1 6,1 6,3 6,3 9,1 10,3 10,0 9,8 10,0

8 Hemi 3,3 3,1 3,1 3,2 3,2 6,9 7,4 7,2 7,6 7,8 8,6 9,6 9,8 9,8 9,7

9 Hemi 1,9 1,7 1,7 1,7 1,9 3,7 4,1 4,2 4,3 4,2 5,6 5,9 5,9 5,9 6,1

10 Hemi 2,8 3,0 3,1 3,2 3,1 2,7 2,9 3,0 3,2 3,2 4,1 4,4 4,6 4,8 4,7

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

Na tabela 3, apresentam-se as médias das diferenças angulares, em graus,

entre T13-L1, L1-L2 e L2-L3 nas situações íntegras (INT), com 1, 2, 3 e 4 técnicas

de descompressão para o grupo Hemi.

Tabela 3 – Média da diferença angular, em graus, entre as vértebras T13-L1, L1-L2 e L2-L3 para o grupo Hemi nos momentos íntegro com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015

T13-L1 (graus) L1-L2 (graus) L2-L3 (graus)

Coluna Grupo INT 1 2 3 4 INT 1 2 3 4 INT 1 2 3 4

1 Hemi 9,8 10,2 10,2 10,5 10,8 7,3 7,3 7,6 7,3 7,5 6,6 6,5 6,8 6,4 6,8

2 Hemi 8,4 8,5 8,8 9,0 8,8 3,4 3,6 3,7 3,7 3,9 4,2 3,7 3,9 3,8 3,9

3 Hemi 10,3 10,3 10,6 11,0 11,2 7,8 8,0 8,3 8,4 8,9 6,2 5,9 6,0 6,3 6,3

4 Hemi 6,6 6,9 6,9 6,9 7,0 4,2 4,8 4,9 4,9 5,0 5,0 4,2 4,1 4,1 4,1

5 Hemi 6,4 6,8 7,1 7,4 7,4 6,7 6,9 7,0 7,0 7,3 6,1 6,0 6,4 6,4 6,6

6 Hemi 6,4 6,5 6,6 6,6 6,8 4,2 4,2 4,4 4,5 4,4 3,5 3,4 3,5 3,5 3,7

7 Hemi 9,7 10,5 11,5 11,8 11,5 7,1 7,2 7,1 7,2 7,9 6,5 5,7 6,0 6,0 6,1

8 Hemi 7,1 7,5 7,8 8,1 8,1 4,5 4,6 4,7 4,6 4,8 4,2 3,7 4,1 4,1 4,4

9 Hemi 6,0 6,3 6,6 6,7 6,7 5,2 5,1 5,3 5,3 5,3 4,1 4,5 4,5 4,5 4,8

10 Hemi 4,6 4,8 4,6 4,7 4,8 4,5 4,5 4,8 4,9 5,1 4,0 3,9 4,0 4,1 4,5

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

Na tabela 4, apresentam-se as médias das diferenças angulares, em graus,

entre T10-T11, T11-T12 e T12-T13, nas situações íntegras (INT), com 1, 2, 3 e 4

técnicas de descompressão para o grupo Ped.

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Resultados 74

SANTOS, J. F.

Tabela 4 – Média da diferença angular entre as vértebras T10-T11, T11-T12 e T12-T13 para o grupo Ped nos momentos íntegro com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015

T10-T11 (graus) T11-T12 (graus) T12-T13 (graus)

Coluna Grupo INT 1 2 3 4 INT 1 2 3 4 INT 1 2 3 4

1 Ped 3,1 3,2 3,2 3,4 3,3 5,9 6,3 6,3 6,5 6,6 7,1 7,3 7,5 7,5 7,7

2 Ped 2,7 2,8 2,8 2,8 2,9 8,1 8,4 8,4 8,5 8,5 7,1 7,6 7,4 7,6 7,6

3 Ped 1,2 1,3 1,1 1,3 1,2 7,1 7,3 7,4 7,5 7,5 8,0 8,1 8,2 8,4 8,5

4 Ped 4,2 4,0 4,0 3,9 4,0 3,9 4,2 4,0 4,5 4,4 9,5 9,7 10,1 10,0 10,1

5 Ped 4,8 4,9 4,8 5,1 5,2 7,3 7,8 7,8 8,0 8,0 6,0 6,1 6,3 6,4 6,4

6 Ped 2,9 2,9 2,9 2,9 3,0 8,0 8,3 8,3 8,1 8,3 9,1 9,3 9,4 9,9 10,0

7 Ped 0,4 0,4 0,4 0,2 0,4 7,3 7,1 6,9 7,1 6,9 8,9 9,4 9,5 9,8 9,9

8 Ped 3,1 3,2 3,2 3,1 3,1 5,8 6,2 6,2 6,5 6,5 5,6 5,5 5,9 6,0 5,9

9 Ped 6,2 6,0 5,6 5,6 5,3 3,7 4,1 4,3 4,3 4,5 13,5 13,2 12,9 12,7 12,3

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

A tabela 5 mostra as médias das diferenças angulares, em graus, entre T13-

L1, L1-L2 e L2-L3 nas situações íntegras (INT), com 1, 2, 3 e 4 técnicas de

descompressão para o grupo Ped.

Tabela 5 – Média da diferença angular (graus) entre as vértebras T13-L1, L1-L2 e L2-L3 para o grupo Ped nos momentos íntegro com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015

T13-L1 (graus) L1-L2 (graus) L2-L3 (graus)

Coluna Grupo INT 1 2 3 4 INT 1 2 3 4 INT 1 2 3 4

1 Ped 6,5 6,9 7,2 7,1 7,2 5,6 5,5 5,7 5,7 5,7 5,1 5,0 4,9 5,0 4,9

2 Ped 4,8 5,1 5,7 5,9 5,9 4,1 4,4 4,3 4,3 4,6 3,3 3,4 3,4 3,3 3,3

3 Ped 5,9 6,0 6,1 6,4 6,3 5,1 5,3 5,3 5,3 5,5 3,1 3,1 3,1 3,1 3,0

4 Ped 6,4 6,5 6,8 6,9 7,0 5,0 5,1 5,1 5,2 5,4 3,5 3,2 3,2 3,2 3,2

5 Ped 4,6 4,5 4,7 4,7 4,8 5,1 5,1 5,3 5,2 5,5 3,4 3,4 3,4 3,4 3,5

6 Ped 6,1 6,3 6,3 6,4 6,4 3,5 3,5 3,7 3,8 3,8 2,8 2,5 2,6 2,5 2,8

7 Ped 6,0 6,3 6,8 6,8 6,8 3,6 3,8 3,7 3,8 3,9 1,0 1,2 1,1 1,0 1,1

8 Ped 4,6 4,7 4,8 4,7 4,9 4,5 4,5 4,4 4,5 4,6 3,8 4,0 3,8 3,9 3,9

9 Ped 5,2 5,8 6,2 6,7 7,2 4,3 4,3 4,4 4,5 4,5 3,7 3,8 4,1 4,0 4,2

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

A tabela 6 mostra a somatória dos ângulos, em graus, entre as vértebras T10-

T11, T11-T12, T12-T13, T13-L1, L1-L2 e L2-L3, nas situações íntegra (INT), com 1,

2, 3 e 4 técnicas de descompressão para o grupo Hemi.

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Resultados 75

SANTOS, J. F.

Tabela 6 – Somatória dos ângulos (graus) entre as vértebras T10-T11, T11-T12, T12-T13, T13-L1, L1- L2 e L2-L3 para o grupo Hemi nos momentos íntegro (INT), com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015

Coluna Grupo INT

(graus) 1

(graus) 2

(graus) 3

(graus) 4

(graus)

1 Hemi 44,4 44,6 45,6 45,7 46,1

2 Hemi 34,1 34,3 35,1 35,6 36,0

3 Hemi 42,2 43,0 43,9 44,6 45,3

4 Hemi 34,3 35,2 35,3 35,7 36,1

5 Hemi 31,8 33,0 33,4 33,6 33,9

6 Hemi 31,8 32,1 32,5 32,8 33,2

7 Hemi 40,7 42,6 43,8 44,1 44,7

8 Hemi 34,6 36,0 36,7 37,4 37,9

9 Hemi 26,5 27,7 28,2 28,4 29,0

10 Hemi 22,7 23,4 24,2 24,8 25,4

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

A tabela 7 mostra a somatória dos ângulos, em graus, entre as vértebras T10-

T11, T11-T12, T12-T13, T13-L1, L1-L2 e L2-L3, nas situações íntegra (INT), com 1,

2, 3 e 4 técnicas de descompressão para o grupo Ped.

Tabela 7 – Somatória dos ângulos (graus) entre as vértebras T10-T11, T11-T12, T12-T13, T13-L1, L1- L2 e L2-L3 para o grupo Ped nos momentos íntegro (INT), com 1, 2, 3 e 4 técnicas – São Paulo –2015

Coluna Grupo INT

(graus) 1

(graus) 2

(graus) 3

(graus) 4

(graus)

1 Ped 33,2 34,2 34,8 35,1 35,3

2 Ped 30,1 31,5 31,9 32,4 32,8

3 Ped 30,5 31,1 31,3 31,9 32,0

4 Ped 32,5 32,8 33,2 33,6 34,0

5 Ped 31,3 31,8 32,3 32,7 33,4

6 Ped 32,3 32,7 33,1 33,6 34,2

7 Ped 27,1 28,2 28,4 28,7 29,0

8 Ped 27,4 28,1 28,3 28,7 29,0

9 Ped 36,7 37,2 37,5 37,8 38,0

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

Na tabela 8 são comparadas as médias da altura e dos 15% da altura das

colunas entre os grupos em milímetros (mm). Não houve diferença estatisticamente

significativa.

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Resultados 76

SANTOS, J. F.

Tabela 8 -Tabela comparativa da altura (milímetros – mm) e 15% da altura (mm) dos corpos de prova entre os grupos – São Paulo –2015

Hemi n= 10

Ped n= 9

P

Altura (mm) 251,5 ± 25,0 280,0 ± 54,3 0,177

15% altura (mm) 37,7 ± 3,7 42,0 ± 8,1 0,177

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Dados apresentados pela média±desvio padrão e comparados pelo teste t de Student para amostras independentes.

Na tabela 9 são apresentadas as medidas descritivas e intervalo de 95% de

confiança para as forças, em Newton (N), nos momentos íntegro, 1, 2, 3 e 4. Dentro

do grupo Hemi houve diferença entre todos os momentos, exceto para os momentos

2, 3 e 4 entre os quais não houve diferença significativa (P=0,999). Dentro do grupo

Ped, houve diferença estatística entre os momentos íntegro e 3 (P=0,043), 1 e 3

(P=0,034) e 1 e 4 (P=0,033). Entre os outros tempos não houve diferença estatística

dentro deste grupo.

Tabela 9 - Tabela comparativa dos grupos e das forças (N) – São Paulo –2015

Hemi Ped

Força Média

(N)

Desvio padrão IC95% Média (N)

Desvio padrão IC95% P

INT 42,7a

4,4 34,1-51,3 46,1a,d

7,4 31,7-60,6 0,689 1 33,7

b 3,1 27,6-39,8 37,0

a 4,6 28,1-46,0 0,549

2 31,4c

3,1 25,4-37,4 36,0a,d,e

4,5 27,1-44,9 0,400

3 31,0c

3,0 25,1-36,9 35,3b,e,f

4,4 26,6-43,9 0,425

4 30,5c

3,0 24,7-36,3 34,9c,d,f

4,2 26,8-43,1 0,386

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015) Legenda: IC95%: Intervalo de confiança de 95% para a média. P obtido pela análise de Equações de Estimações Generalizadas.

a,b,c,d,eLetras diferentes representam medidas estatisticamente diferentes

entre as forças dentro dos grupos.

O gráfico 2 mostra a comparação da força entre os grupos Hemi e Ped nos momentos íntegro, 1, 2, 3 e 4 técnicas descompressivas.

Page 78: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Resultados 77

SANTOS, J. F.

Gráfico 2 - Gráfico da comparação da força (N) entre os grupos nos diferentes momentos – São Paulo –2015

Fonte: (SANTOS, J.F., 2015)

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DISCUSSÃO

Page 80: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

Discussão 79

SANTOS, J. F.

9 DISCUSSÃO

A hérnia de disco toracolombar é a causa mais comum de disfunção

neurológica em cães (NECAS, 1999; SEIM, 2008; FORTERRE et al., 2010; MCKEE

et al., 2010) e o presente estudo teve como objetivo abordar o tema através de teste

biomecânico. A coluna toracolombar possui uma anatomia específica (TOOMBS;

WATERS, 2002; DENNY; BUTTERWORTH, 2006; EVANS; DE LAHUNTA, 2013),

sendo sua estabilidade biomecânica muito dependente do DIV (KERWIN; LEVINE;

HICKS, 2012; VICENTE et al., 2013). Como o canal medular é estreito nessa região,

a presença de instabilidade poderia causar lesão medular.

O DIV pode sofrer um processo degenerativo que interfere na capacidade de

cumprir sua função fisiológica e na movimentação normal da coluna vertebral,

influenciando outros componentes como ligamentos, articulações e corpos vertebrais

e consequentes alterações biomecânicas podem acontecer (TAKEUCHI et al., 1999;

SHARP; WHEELER, 2009; BRISSON, 2010; BERGKNUT et al., 2013;

KRANENBURG et al., 2013; SMOLDERS; FORTERRE, 2015), podendo resultar em

hérnia de disco (HANSEN, 1952; COATES, 2004; LEVINE et al., 2006; LORENZ;

KORNEGAY, 2006; ROACH et al., 2012; SMOLDERS et al., 2013; MARINHO et al.,

2014).

Um fator importante a ser avaliado é que nos testes realizados, o DIV não foi

removido e nem estava protruído ou extruído. Sendo conhecido que o DIV

desempenha um papel importante na estabilidade à flexão, extensão, arqueamento

lateral e torção axial (TAKEUCHI et al., 1999), deve-se pensar que existindo

instabilidade, mesmo com o disco preservado, poderíamos questionar se essa

estabilidade, que foi considerada pequena, poderia ser clinicamente importante em

pacientes com DDIV, onde o disco encontra-se efetivamente afetado, apesar deste

estudo não ter avaliados os mesmo através de RM.

As raças mais acometidas por esta afecção são as condrodistróficas, onde o

dachshund ou teckel apresenta a maior predisposição à doença (ZANG, 2012), o

estudo biomecânico de cães apenas dessa raça, seria indicado já que pode existir

etiologia genética ou relação anatômica da coluna vertebral com o corpo do animal,

que poderia interferir nos resultados encontrados. A impossibilidade da coleta de

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Discussão 80

SANTOS, J. F.

cadáveres somente dessa raça, levou a utilização de cães que vieram a óbito ou

foram eutanasiados por motivos não relacionados ao estudo e os grupos foram

formados por animais sem raça definida, não condrodistróficos, contribuindo para a

homogeneidade dos mesmos. Smolders et al. (2012) afirmaram que coluna vertebral

de cães não condrodistróficos pode servir como um modelo apropriado para estudo

do DIV saudável e que os condrodistróficos seriam uma opção em estudo de DIV

degenerado. Logo, a utilização de cães não condrodistróficos seria interessante e

até indicada em um estudo sobre efeitos desestabilizadores em que a degeneração

discal, poderia interferir na estabilidade da coluna.

A padronização dos corpos de prova é necessária para avaliação mais

fidedigna dos parâmetros que estão sendo estudados. O intervalo de idade

determinado foi entre dois e nove anos de idade para os cadáveres que foram

inclusos, pois o envelhecimento pode causar aumento na rigidez vertebral. O

intervalo de massa corporal estipulada foi entre dez e vinte e dois quilos, sendo a

média do grupo hemilaminectomia de 13,17 kg e a do pediculectomia de 16,77 kg. A

média da altura dos corpos de prova do grupo onde foi realizado pediculectomia

(280 mm) foi maior que a média do grupo hemilaminectomia (251,5 mm), mesmo

considerando que a técnica de pediculectomia preserva mais estruturas anatômicas

que poderiam contribuir com a estabilidade e tendo corpos de provas maiores, os

grupos estudados não apresentaram diferenças em relação à presença de

instabilidade, quando foram comparados, pois a rigidez vertebral apresenta

correlação positiva com o porte do paciente. O sexo não apresenta efeitos

comprovados e não foi considerado (SCHULZ et al., 1996).

Os locais mais comumente envolvidos na extrusão de disco são os espaços

discais intervertebrais entre T11 e L2 (SEIM, 2008; SHARP; WHEELER, 2009).

Estes locais perfazem aproximadamente 65 a 75 % de todas as extrusões discais

(LORENZ; KORNEGAY, 2006; SEIM, 2008). O número total de hérnias encontradas

em 300 pacientes foi de 330. O local da lesão mais comum foi o T12-T13 (28,48%),

seguido por T13-L1 (23,64%), T11-T12 (12,73%) e L1-L2 (11,82%), por esse motivo,

esse local foi escolhido para estudo.

Alguns fatores que podem estar associados como causas de piora precoce,

menos de um mês, do quadro neurológico pós-operatório de cirurgias

descompressivas para tratamento de extrusão de disco na coluna toracolombar são

lesão por instabilidade, extrusão de material discal adicional ao sítio operado e

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Discussão 81

SANTOS, J. F.

herniação de disco em outro espaço intervertebral (HETTLICH; KERWIN; LEVINE,

2012). Sendo este um fator importante relacionado à pesquisa sobre a existência de

instabilidade ou não em técnicas descompressivas consecutivas.

Aikawa et al. (2012b) relataram extrusões discais múltiplas, que foram

relatadas em 1,8% (14 de 793 casos), sendo todas elas localizadas entre T11 e L3,

exceto em dois cães com extrusão em L3-L4 e outra L5-L6. Os locais relatados

nesse trabalho como locais em que aconteceram as recidivas são condizentes com

o local estudado e a ocorrência de lesões múltiplas seria um caso em que seria

necessária a realização de técnicas descompressivas em mais de um EIV.

Existem vários exames de imagem que podem ser utilizados, para diagnóstico

e localização da lesão (OLBY et al., 1994; SCHULZ et al., 1998; OLBY et al., 2000;

PENNING et al., 2006; JENSEN et al., 2008; LIM et al., 2010; NEWCOMB et al.,

2012; HENKE et al., 2013; REYNOLDS; BRISSON; NYKAMP, 2013), sendo a

ressonância magnética, o método mais indicado para diagnóstico de degeneração

do DIV, na presente pesquisa, os corpos de prova foram apenas avaliados

radiograficamente, a fim de eliminar quaisquer anormalidades anatômicas,

processos patológicos ou traumáticos, sendo este um fator limitante para avaliação

da presença de degeneração e padronização dos corpos de prova, já que alterações

discais associadas a remoção do processo articular, alteram a biomecânica da

coluna vertebral (KERWIN; LEVINE; HICKS, 2012).

O tratamento conservativo pode ser efetivo em relação à recuperação da

função (SANTOS et al., 2011). Segundo MACIAS et al. (2002), o tratamento não

cirúrgico de DDIV toracolombar, em cães de grande porte, não tem um resultado

satisfatório a um longo prazo e a cirurgia parece ser benéfica e indicada mesmo em

quadros neurológicos leves.

As extrusões de disco foram lateralizadas à esquerda ou à direita no canal

espinhal em 64,85% das lesões (214 de 330 discos). O material de disco herniado

foi encontrado ventral e lateral à medula espinhal em 52 lesões (15,75%), apenas

ventral em 59 lesões (17,88%) e apenas dorsal em 5 lesões (1,52%)(NECAS, 1999).

Um dos fatores observados na escolha da técnica cirúrgica descompressiva a ser

utilizada, é a localização do material discal dentro do canal vertebral, levando em

consideração os dados desse estudo, as técnicas de hemilaminectomia e

pediculectomia são rotineiramente utilizadas por permitirem acesso ao material

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Discussão 82

SANTOS, J. F.

extruído na grande maioria desses casos, isto é, lateral ou ventralmente à medula

espinhal.

Hemilaminectomia e pediculectomia são cirurgias descompressivas descritas

na literatura por muitos autores (LUBBE; KIRBERGER; VERSTRAETE, 1994;

DAVIS; BROWN, 2002; FERREIRA; CORREIA; JAGGY, 2002; MOISSONNIER et

al., 2004; TUDURY et al., 2004; ARIAS et al., 2007; VOLL, 2010; FLEGEL et al.,

2011; AIKAWA et al., 2012a; REVÉS et al., 2012). A técnica a ser escolhida pode

depender da natureza da compressão (extradural, intradural e extramedular ou

intramedular), localização circunferencial, segmento anatômico da medula espinhal

afetado, extensão da exposição medular requerida e preferência do cirurgião

(CORSE; WALTER; FRIIS, 2003). As técnicas escolhidas para estudo são muito

utilizadas e poucos trabalhos estudaram sobre a estabilidade da coluna, existindo

poucas informações sobre a possibilidade de realização dessas técnicas em

espaços intervertebrais consecutivos até o presente momento. Hemilaminectomia

como único procedimento não resultou em diminuição da instabilidade em coluna

lombar canina (CORSE; WALTER; FRIIS, 2003), mas quando associada à técnica

de corpectomia lateral, ela mostrou efeito desestabilizador na coluna toracolombar

canina à flexão e extensão.

Os objetivos da cirurgia descompressiva vertebral incluem exposição da

medula espinhal (TUDURY, 1985; FESTUGATTO et al., 2008) e técnicas com menor

influência sobre a estabilidade vertebral também são desejadas (CORSE; WALTER;

FRIIS, 2003). Dentre as técnicas estudadas, ambas possibilitam a exposição do

canal vertebral para retirada do material e quando essas técnicas foram comparadas

em relação à estabilidade angular, não mostraram diferença estatística mesmo

quando a técnica descompressiva foi realizada em quatro espaços intervertebrais

consecutivos unilaterais.

A abordagem dorsal, atualmente utilizada para as técnicas de

hemilaminectomia ou pediculectomia e, em menor escala, a abordagem dorsolateral

foram consideradas apropriadas para exposição do canal medular e remoção do

material herniado. O acesso dorsolateral permite a exposição do arco vertebral, sem

excessiva retração dos tecidos moles, facilitando a localização do espaço

intervertebral afetado (FORTERRE et al., 2008). Para o estudo, foi utilizado o acesso

dorsal pela maior exposição e necessidade também de posicionamento e

manutenção dos marcadores durante todos os ensaios.

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Discussão 83

SANTOS, J. F.

Quando hemilaminectomia e mini-hemilaminectomia foram comparadas, os

resultados confirmaram que a diferença na altura do defeito entre as técnicas está

relacionada à remoção dos processos articulares criando um defeito maior ao longo

do canal vertebral dorsal, enquanto não se observou diferença no acesso ao canal

ventral. Nenhum efeito do sítio vertebral foi detectado, sugerindo que nenhum

procedimento proporciona uma vantagem em relação ao outro devido à localização

da lesão ao longo da coluna toracolombar. O material residual ocorre com ambas as

técnicas (HUSKA, 2012). Esses fatores, associados aos resultados dos testes

biomecânicos, possibilitam escolha da técnica de acordo com a preferência e

experiência do cirurgião.

Aikawa; Shibata; Sadahiro (2013) relataram realização de hemilaminectomia e

estabilização com pinos e cimento ósseo ou placa para tratamento de hérnia de

disco toracolombar em 11 cães com melhora da função neurológica em todos os

pacientes. A estabilização foi justificada pela existência de lesão dinâmica

diagnosticada com mielografia sob estresse. Existem relatos como o de Arthurs

(2009) de um caso onde foi realizada mini-hemilaminectomia bilaterais em T12-T13

e pediculectomia em T13, resultando em instabilidade e piora clinica, mas sendo a

literatura muito escassa sobre o assunto e tendo relato de um caso isolado, não

temos alto grau de evidência científica para avaliação das possíveis complicações e

possíveis confundidores.

O estudo biomecânico da unidade vertebral motora possibilita a análise dos

dados para quantificar os efeitos das alterações biomecânicas sofridas pela coluna

vertebral (CORSE; WALTER; FRIIS, 2003). A utilização da unidade vertebral motora

é padronizada para o estudo biomecânico da coluna vertebral, a opção pela não

utilização da mesma, deveu-se pela intenção de manutenção do gradil costal para

verificação também do comportamento biomecânico desta área de transição de um

segmento móvel para um segmento fixo na coluna canina.

Testes biomecânicos não destrutivos avaliando todos os graus de liberdade

vertebrais (flexão, extensão, flexão lateral, torção, compressão e cisalhamento) além

de movimentos vertebrais simultâneos, melhor caracterizariam a biomecânica da

coluna vertebral intacta e o impacto de possíveis alterações cirúrgicas (PANJABI,

1977). As forças atuantes na coluna vertebral são todas essas que podem ser

testadas. As facetas articulares, preservadas na técnica de pediculectomia e não na

de hemilaminectomia, contrapõem mais efetivamente os movimentos de torção,

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Discussão 84

SANTOS, J. F.

entretanto, a coluna vertebral canina em movimentação normal, movimenta-se mais

comumente em flexão e em extensão. O ideal seria a realização de todos os graus

de liberdade nos corpos de prova, pois a avaliação de uma única força representa

uma simplificação excessiva dos movimentos complexos normais realizados pela

coluna, mas não existindo essa possibilidade, optou-se pela realização do

movimento mais comumente realizado pela mesma e muito importante para a

locomoção, a flexão. Os segmentos de movimento da espinha vertebral foram mais

flexíveis em flexão do que na extensão (PANJABI; BRAND; WHITE, 1976).

Exame biomecânico de segmentos vertebrais isolados fornecem dados para

quantificar os efeitos da cirurgia. A unidade motora vertebral é o menor segmento

funcional da coluna composta por duas vértebras adjacentes, o DIV e a conexão

ligamentosa. As unidades vertebrais multissegmentares são maiores, com duas mais

unidades motoras vertebrais (CORSE; WALTER; FRIIS, 2003).

O teste de flexão em quatro pontos produz flexão do segmento testado e

permite mensurações destrutivas para avaliação da força vertebral e não destrutivas

para avaliar estabilidade vertebral (CORSE; WALTER; FRIIS, 2003). O teste

utilizado no estudo foi o de flexão da coluna, mas não em quatro pontos, justamente

pela manutenção do gradil costal que impossibilitaria a utilização desta modalidade

de teste. A realização do estudo não destrutivo é justificada pelo objetivo de avaliar

apenas da estabilidade após a realização das técnicas sucessivamente, sendo a

coluna seu próprio controle e isso resulta em maior padronização das amostras. A

opção de não retirada dos corpos de prova da máquina de testes para a realização

das cirurgias, também foi feito para evitar erros que essa manipulação poderia

proporcionar. A realização de três repetições, em cada momento, foi feita para

acomodação da amostra e maior confiabilidade nos resultados encontrados e para o

cálculo da média desses valores. Segundo Revés et al. (2012), para os testes

projetados como não destrutivos, uma TC após os ensaios poderia fornecer

informações sobre lesões na coluna vertebral que não são visíveis

macroscopicamente, sendo considerada esta, uma limitação do estudo.

A amplitude de movimento à flexão encontrada por Revés et al. (2012) foi de

8,4 ± 2,4 graus para a unidade motora funcional intacta, 12,2 ± 2,8 graus no

segmento T13-L3 de cães após realização de hemilaminectomia associada à

corpectomia lateral, valor esse muito menor que o encontrado no presente estudo

para a hemilaminectomia (média de 36,76 graus com 4 técnicas descompressivas e

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Discussão 85

SANTOS, J. F.

35,19 com 1 técnica), isso poderia ser explicado por esse estudo ter testado apenas

o segmento, que teria menos mobilidade em cães com massa corporal maior, onde

a resistência seria maior também.

O deslocamento do atuador de 25 mm em unidades motoras vertebrais

multissegmentares lombares caninas, manteve as colunas vertebrais dentro da faixa

fisiológica (elástica) de flexão e extensão (CORSE; WALTER; FRIIS, 2003). Sendo a

faixa de deformação elástica o objetivo do estudo não destrutivo, nosso estudo

trabalhou com valores de deslocamento máximo de 15% da altura dos corpos de

prova, 37,7 e 42 mm para o grupo Hemi e Pedi respectivamente, pois a norma de

ensaios preconizada o encurtamento do corpo de prova durante o ensaio, sendo

esses valores maiores dos que citados anteriormente possivelmente por não ter sido

utilizado teste de flexão em quatro pontos e um maior número de vértebras no

segmento estudado. Hemilaminectomia não diminuiu a rigidez da coluna vertebral

lombar durante a flexão e a extensão. Estes resultados suportam recomendações

clínicas sobre hemilaminectomias consecutivas múltiplas em cães (CORSE;

WALTER; FRIIS, 2003).

Corse; Walter; Friis (2003) avaliaram a realização de três hemilaminectomias

adjacentes e concluíram que não afetam significativamente a estabilidade vertebral

na flexão e extensão extremas na coluna vertebral lombar canina. Apenas o

segmento lombar foi avaliado, podendo ter diferença biomecânica o segmento

toracolombar testado no nosso estudo, sendo este um ponto de transição entre uma

área fixa e uma área móvel. A diferença de metodologia e dados estudados, não

permite a comparação entre vários trabalhos dos dados numéricos sobre

instabilidade, este trabalho aferiu a diferença angular, medido em graus.

O papel relativo da descompressão da medula espinhal associada a

procedimentos de estabilização vertebral é especulativo e o potencial de atrofia do

disco à longo prazo secundária a estabilização vertebral não foi determinada. Por

causa de artefatos metálicos, o uso de RM ou TC de acompanhamento para avaliar

a coluna vertebral teria sido subótima. A mielografia teria evitado este problema; no

entanto, é uma técnica de imagem menos favorável. A estabilização vertebral com

placa proporcionaria atrofia do DIV a longo prazo, evitaria novas protrusões discais e

preveniria qualquer componente dinâmico (flexão e rotação) de compressão da

medula espinhal (MCKEE; DOWNES, 2008).

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Discussão 86

SANTOS, J. F.

A instabilidade clínica foi definida como a perda da capacidade da coluna

vertebral sob cargas fisiológicas em manter seu padrão de deslocamento para que

não haja nenhum déficit neurológico inicial ou adicional, nenhuma grande

deformidade e ausência de dor incapacitante (WHITE; PANJABI, 1990).

A desestabilização a que levam as técnicas é pequena, de aproximadamente

dois graus. O padrão de mudança foi muito semelhante quando as duas técnicas

foram analisadas separadamente. Os desvios padrões encontrados foram altos,

mostrando que as diferenças são realmente pequenas, levando ao questionamento

de quanto seriam relevantes clinicamente essas desestabilizações. Essa variação de

dois graus pode representar apenas fadiga dos corpos de prova por causa das

repetições a que foram submetidos. Uma limitação a ser considerada é que, tanto

biologicamente quanto mecanicamente, o ambiente in vivo difere do ambiente in

vitro, logo, os resultados in vitro sobre estabilidade não podem ser comparados

diretamente, mas as conclusões podem ser usadas para determinar a estabilidade

relativa biomecânica provável in vivo (SMOLDERS et al, 2012).

Análises futuras usando sistemas de teste que podem avaliar a estabilidade

vertebral de forma não destrutiva em seis graus de liberdade isolados e em conjunto,

assim como a incorporação dos efeitos da musculatura paravertebral e de vários

graus de degeneração do disco, serão um modelo mais completo de estudo.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Considerações finais 88

SANTOS, J. F.

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado nos resultados obtidos nos ensaios biomecânicos ex vivo não

destrutivos de flexão, realizados em colunas toracolombares caninas, concluiu-se

que não houve diferença quando os grupos hemilaminectomia e pediculectomia

foram comparados e a desestabilização causada pelas mesmas, mesmo em

espaços intervertebrais consecutivos, detectada estatisticamente, é pequena, de

apenas dois graus.

Page 90: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

REFERÊNCIAS

Page 91: JAQUELINE FRANÇA DOS SANTOS - Biblioteca Digital de Teses

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