janeiro fevereiro 2016

Upload: revista-missoes

Post on 13-Apr-2018

228 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    1/36

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    2/36

    aparente imobilidade da sociedade em reivin-

    dicar seus direitos, como saneamento bsico,qualidade da gua e sade coleva, fundamentaa Campanha da Fraternidade Ecumnica 2016(CFE). Com o lema: Quero ver o direito brotar

    como fonte e correr a jusa qual riacho que no seca(Am 5, 24), o tema escolhido para a Campanha CasaComum, nossa responsabilidade.

    Organizada pelo Conselho Nacional de Igrejas Crists(CONIC), a CFE ser realizada em parceria com as igrejasliadas a ele: Igreja Catlica Apostlica Romana, IgrejaEvanglica de Consso Luterana no Brasil, Igreja Epis-

    copal Anglicana do Brasil, Igreja Presbiterana Unida doBrasil e Igreja Sria Ortodoxa de Anoquia.A CFE tem por objevo assegurar o direito ao sa-

    neamento bsico para as pessoas e luz da f, fazercom que todas lutem por polcas pblicas e atudesresponsveis que garantam a integridade e o futurode nossa casa comum. Importa recordar que, h 23anos, quando o pas sediou a Conferncia das NaesUnidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento,mais conhecida como Rio-92, muitos ambientalistas e

    jornalistas acreditaram que a pauta ambiental passariaa fazer parte da vida das pessoas e da cena polca. Isso

    no aconteceu, ao menos no como previsto.Antes, durante e logo aps a realizao da Rio-92,

    o uxo de informaes nos veculos de comunicao,muitos deles com editoriais xos de meio ambiente,indicava que o pas estava disposto a corrigir a posturaassumida por sua delegao na Conferncia das NaesUnidas para o Meio Ambiente Humano, realizada em1972, em Estocolmo, Sucia. Depois da Rio+20, em 2009,no se chegou a um acordo que estabelecesse metaspara conter em pelo menos dois graus o aumento datemperatura. Ento, ao m da COP 15 em Copenhague,

    os Estados Unidos, apoiados pelos emergentes Brasil,frica do Sul, ndia e China propuseram uma nova abor-dagem: cada pas dizer o que estava disposto a fazer,com metas nacionais pretendidas assinadas por todosnum acordo global.

    Em sintonia com a Laudato Si', a CFE nos coloca emdireo ao cuidado da Casa Comum. Para o telogoe escritor Leonardo Bo, um dos redatores da Carta daTerra, caso de se pensar, porque para ele o ser humanoest perdendo o senmento de pertena que as religiessempre garanram. As pessoas esto desenraizadas edesconectadas.

    SUMRIOJANEIRO/FEVEREIRO 2016/01

    OPINIO -------------------------------------------------04 Cyberracismo no Brasil Stephen Ngari

    JUVENTUDE ---------------------------------------------05 Misso em Ananindeua Guilherme Cavalli

    PR-VOCAES ---------------------------------------06

    Testemunhas corajosas do Evangelho Geoffrey Boriga

    INFNCIA MISSIONRIA ------------------------------07 Criana, vida que nos ensina (1a. parte) Andr Luiz de Negreiros

    VOLTA AO MUNDO ------------------------------------08 Notcias do Mundo Acnur / COP2 / News.va / The Guardian

    ESPIRITUALIDADE ---------------------------------------10 A espiritualidade da Casa Comum Ronaldo Lobo

    TESTEMUNHO ------------------------------------------12 A Misso no nossa, de Deus

    Ana Paula Foletto

    FORMAO MISSIONRIA --------------------------14

    Casa Comum: nossa responsabilidade Judinei Vanzeto

    F EM AO -------------------------------------------16 Falso paradigma de bem-estar Marcus Eduardo de Oliveira

    FAMLIA CONSOLATA ---------------------------------17 Se ele no for santo, nenhum outro ser Francesco Pavese

    FRICA ---------------------------------------------------22 A alegria de ser catlico no Congo Joseph Mampia

    SIA ------------------------------------------------------23 ndia: por uma ecologia humana Mrio de Carli

    DESTAQUE DO MS -----------------------------------24

    A origem de tudoAnair Voltolini

    MISSO EM CONTEXTO -----------------------------26 Onde h uma vontade, h um meio! Maria Emerenciana Raia

    BBLIA ----------------------------------------------------29 A atualidade do profeta Paulo Mz

    ENTREVISTA ---------------------------------------------30 Conhecendo experincias de f Paulo Mz

    ATUALIDADE ---------------------------------------------32 O vasto mundo da educao Carlos Lema Garcia

    VOLTA AO BRASIL --------------------------------------34

    CNBB / Folha de S. Paulo (Kleber Nunes)

    E D I T O R I A L

    4 CAMPANHA DA FRATERNIDADE

    ECUMNICA1. Cartaz da Campanha da

    Fraternidade Ecumnica2016 (CFE).

    Arte e Ilustrao:Anderson Augusto S. PereiraA

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES2

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    3/36

    Ano XLIII - N 01 Jan/Fev 2016

    Rua Dom Domingos de Silos, 110

    02526-030 - So Paulo

    Fone/Fax: (11) 2238.4595Site: www.revistamissoes.org.br

    E-mail: [email protected]

    Redao

    Diretor:Paulo Mz

    Editora: Maria Emerenciana Raia

    Equipe de Redao:Rosa Clara Fran-zoi, Joseph Mampia, Stephen Ngari,Isaack Mdindile, Geoffrey Boriga e Car-los Roberto Marques

    Colaboradores:Andr L. de Ne-greiros, Boris A. Nef Ulloa, FrancescoPavese, Marcus E. de Oliveira, Nei A.Pies, Edson L. Sampel, Mrio de Carli,Joseph Onyango Oye, Joaquim Ferreira

    Gonalves, e Jaime C. Patias

    Agncias: Adita l, Asia News, CIMI,CNBB, Ecclesia, Fides, POM, Misna eVaticano

    Diagramao e Arte: Cleber P. Pires

    Jornalista responsvel:Maria Emerenciana Raia (MTB 17532)

    Administrao: Luiz Andriolo

    Sociedade responsvel:Instituto Misses Consolata(CNPJ 60.915.477/0001-29)

    Impresso:Grfca SerranoFone: (11) 2201.4449

    Colaborao anual: R$ 65,00BRADESCO - AG: 545-2 CC: 38163-2

    Instituto Misses Consolata

    (a publicao anual de Misses de 10 nmeros)

    MISSES produzida pelosMissionrios e Missionrias da Consolata

    Fone: (11) 2238.4599 - So Paulo/SP (11) 2231.0500 - So Paulo/SP (95) 3224.4109 - Boa Vista/RR

    Membro da PREMLA (Federao deImprensa Missionria Latino-Americana).

    ISSN 2176-5995

    a edio de outubro lmode Misses, na rubrica,Misso em Contextofoi publicada a matria:Wamarkt poma: nos

    tomaram consigo, de autoria deCorrado Dalmonego, missionrioda Consolata trabalhando entreos indgenas da etnia Yanomami,em Roraima. A matria havia sidoelaborada por ocasio da celebra-

    o dos 50 anos de misso entreaquele povo indgena.Na mesma alegria cinquenten-

    ria, Corrado Dalmonego concluiuseu mestrado em Cincias Sociais,com concentrao em Antropologiano dia 17 de dezembro, defenden-do a tese Paeterep: Quem soesses Napp? Elementos para oestudo da construo Yanomamina alteridade dos missionrios.O evento aconteceu na Poncia

    Universidade Catlica de So Paulo

    (PUC-SP), em Perdizes, na capitalpaulista.

    Diante da banca examinadora,

    constuda pela presidenta, pro-fessora doutora Lcia Helena VitalliRangel, e pelos professores douto-res Carmen Sylvia de Alvarenga Jun-queira e Marcos Antnio Pellegrini,Corrado foi aprovado com louvor.Representando os missionrios daConsolata, parciparam os padresAquilo Fiorenni, conselheiro re-gional dos missionrios, e PauloMz, diretor da revista Misses. O

    evento contou ainda com a presen-a de alguns convidados e colegasdo mestrando.

    Como famlia missionria daConsolata, nos unimos primeiroao padre Corrado, a quem para-benizamos pelo feito. Em segundolugar, nos unimos a toda regio daAmaznia, onde ele desenvolveseu apostolado h oito anos namisso Catrimani.

    Paulo Mz, imc, diretor da revista Misses.

    Misso entre

    os Yanomami50 anos entre os Yanomami socelebrados com tese de mestrado.

    CLEBERPIRES

    Professores doutores: Marcos Antnio, Carmen Sylvia, Lcia Helena e o mestrando, padre Corrado Dalmonego.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 3

    de Paulo Mz

    N

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    4/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES4

    ais de 50% da populao brasileira com-posta por afrodescendentes. Entretanto,as estascas revelam que esta parcela

    desfavorecida na sociedade, compe amenor taxa de acesso educao, sade, ascenso aos cargos de trabalho, ao salrio justo.Nela tambm se encontra a maior taxa de pobreza,moradia informal, criminalizao e encarceramentode policiais violentos etc. Mesmo assim, o pas se con-

    sidera socialmente democrco. As aes armavasdo governo, mesmo cricadas pela elite, contribuempouco para mudar o quadro racial. O pior percebercasos crescentes de agresso racial, e a indiferenadas pessoas, enquanto outras ridicularizam os casos.

    O advento das redes sociais digitais revela a gra-

    vidade do problema. O preconceito permeia todasas camadas da sociedade atual. Por medo da lei quecriminaliza o racismo ou para manter a boa aparncianessa questo, os preconceituosos usam os escon-derijos virtuais para lanar ou espalhar mensagensracistas no ambiente digital. Os agressores atacamsuas vmas, mesmo que no seja pelo fato de sernegros, mas aproveitam suas caracterscas raciaispara venlar o seu dio, inveja ou desprezo pelapessoa. A agresso racista contra as guras pblicas,por exemplo, os jogadores, os atores e os modelos,nas redes sociais s revelam no cenrio nacional o

    que acontece todos os dias com pessoas humildes.

    M

    de Stephen Ngari

    ComportamentoAs redes sociais no incenvam o racismo, mas ofe-

    recem sociedade um diagnsco do comportamentoreal das pessoas. O que acontece entre duas pessoasou poucas pessoas no ambiente sico, um desastreuniversal no ambiente virtual. Quando se posta umamensagem racista no virtual, em poucos minutos elavira uma bola de neve. Quem a l, dependendo daeducao, contribui posiva ou negavamente ao seudesenvolvimento. Em todo caso, a mensagem avana

    e assim, o estrago da intolerncia racial.Uma reportagem nos meios de comunicao digitalsobre racismo vira um meme, ou seja, se espalha empouco tempo. Quanto mais as pessoas comentam,mais a informao aparece, sobretudo nas redes so-ciais digitais. Os comentrios vo mudando de tom,

    de repdio brincadeira. No nal, a vma se sentehorrorizada pela agresso racista e pelas brincadeirasfeitas sobre o caso. A liberdade e a segurana(pers falsos e nomes ccios) oferecidas nas mdiasdigitais possibilitam comentrios sem censura ousem o cuidado devido, enquanto aborda um tema

    to sensvel. As leis rgidas e punies rigorosas nocontemplam esse crime.Portanto, necessrio reavaliar o sistema de

    legislao, execuo e punio contra o racismo. Aeducao e a formao sobre o respeito diversidadecultural e racial inicia-se nas famlias e se aprofundanas instuies de educao. A educao carente deca e respeito diferena, que leva fraternidadeuniversal, um fracasso. Que se faa mais esforona educao e na formao, porque no so as leisque mudam as pessoas, mas a educao.

    Stephen Ngari, imc, missionrio queniano da Consolata em So Paulo, SP.

    OPINIO

    O advento das redes sociaisdigitais revela a gravidadedo problema racial no pas.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016 MISSES4

    no

    Cyberracismo

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    5/36

    Jovens assessores da IAMe membros da Juventude

    Missionria participaram da1 Experincia Missionriadas Obras Pontifcias, em

    janeiro de 2016, no Par.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 5

    ARQUIVOPOM

    ermanece conosco, Senhor (Lc 24, 29).

    Foi com este desejo, de reper o apelofeito pelos discpulos de Emas a Jesus,que 63 jovens assessores da Infncia eAdolescncia Missionria (IAM) e mem-

    bros da Juventude Missionria (JM) do Brasil e repre-sentantes do Paraguai, parciparam da 1 ExperinciaMissionria das Obras Poncias.

    Denominada Misso Sem Fronteiras, a Experinciaocorreu de 5 a 15 de janeiro de 2016 em Ananindeua,regio metropolitana de Belm, capital do estado doPar, celebrou a caminhada de 10 anos da Juventude

    Missionria e alimentou os animadores das Obras namisso de serem promotores do Reino.Para o secretrio nacional da Obra da Propagao

    da F, Guilherme Cavalli, o evento veio ao encontrodo que pretende as POM. Ajudar a Igreja a ser sa-maritana como aquela que serve todos os povos,conforme o carisma das Obras Poncias. A Experin-cia Missionria um momento de ir ao encontro,de estar nas periferias como presena profca queapresenta Jesus como fonte de esperana, lembraGuilherme. A Igreja da Amaznia lugar de parda,por isso aqui estamos. Desejamos ser comunidade

    junto s trs realidades onde estamos.

    "P

    de Guilherme Cavalli Leidiane dos Santos, membro da coordenao daExperincia, destacou a importncia da misso nodespertar do ardor missionrio. A misso deu um

    importante passo na vida missionria destes jovens.A Amaznia ponto de parda e acredito que essaExperincia despertou o desejo de ir alm, perder omedo, ser cada vez maisAd Gentes, ressaltou.

    A Experincia Missionria realizou, alm de visitass famlias e celebraes, ocinas nas comunidadesSantAna, Nossa Senhora das Graas e So Marcos,localizadas no conjunto habitacional Paar, maior ocu-pao territorial da Amrica Lana. Elas abordaramtemcas sobre o Meio Ambiente, Direitos Humanose Sade Comunitria. As ocinas nos proporciona-

    ram viver a realidade com eles, buscando a melhorada comunidade nos trs mbitos das temcas,destacou Daniel Biencourt, coordenador estadualda Juventude Missionria da Bahia e facilitador daocina sobre meio ambiente. Desejamos ajudar adespertar o protagonismo dos moradores, fazendocom que eles se percebam ainda mais como sujeitosdas transformaes. De 5 a 8 de janeiro os jovensmissionrios esveram em formao e at o dia 15,permaneceram junto s comunidades.

    Guilherme Cavalli, secretrio nacional da

    Pontifcia Obra da Propagao da F - Juventude Missionria.

    JUVENTUDE

    Misso em

    Ananindeua

    Grupo que participou da 1 Experincia Missionria em Ananindeua, PA.

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    6/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES6

    PR-VOCAES

    risto chama a cada um de ns para viver emseu grande amor. Muitos ainda esto nastrevas, no conhecem a Jesus. Lembre-se queJesus ao ser elevado aos cus nos deixou umtestemunho: recebereis a virtude do Esprito

    Santo, que h de vir sobre vs; e ser-me-eis teste-munhas, tanto em Jerusalm como em toda a Judeiae Samaria e at os conns de toda a terra (At 1, 8).

    Dar testemunho de Cristo morto e ressuscitado a grande vocao de cada um de ns, e dos jovensde modo especial. A vocao e a misso de cada

    jovem inicia-se na conscincia de ser amado, deser amado eternamente e escolhido desde toda aeternidade. Esse olhar d sendo vida, pois deleadvm o convite: Segue-me. O convite de JesusCristo aos jovens mais do que um simples projeto.A vocao est posta na vontade de Deus, o jovemao perguntar quer saber: Qual o seu plano comrelao minha vida, o seu plano de criador, de Pai?Qual a sua vontade? Eu desejo realiz-la. Qual a

    minha vocao, permeia a pergunta, em uma fasci-

    Cde Geoffrey Boriga

    nante e apaixonada busca interior de cada jovem.

    No s para a vocao sacerdotal e religiosa, mas avocao de cada pessoa, a vocao vida e vida emplenitude. a vocao crist, a perfeio do segui-mento, a sandade.

    Caminho da santidadeO caminho vocacional o caminho da sandade

    ao qual cada jovem chamado prca do amor.Que a juventude ao perceber isto comece a percorreros lugares daqueles coraes que no reconhecem oamor de Deus. Principalmente olhando outros jovens.Sendo estes tambm convidados a mudar a histria

    deste mundo. Mudar e renovar o mundo em quevivemos marcado pela explorao, individualismo,guerra e medo. Para isto, necessria uma autncarevoluo cultural e espiritual, que leve o Evangelhoaos circuitos da vida. Queridos jovens, fazei-vos, vsmesmos, promotores desta revoluo pacca, capazde testemunhar o amor de Cristo para com todos, aparr dos mais necessitados e sofredores, disse SoJoo Paulo II em inmeras ocasies.

    Segue-me, diz Jesus. Muitos jovens poderiamperguntar: mas para onde? A resposta clara: para ir

    ao encontro do homem, mistrio insondvel; e parair ao encontro de todos os homens, imenso oceano.Isto possvel numa Igreja missionria, capaz de falars pessoas e, sobretudo, capaz de alcanar o coraodo ser humano porque l, naquele lugar nmo esagrado, se realiza o encontro salvco com Cristo.

    Esta a proposta dos missionrios da Consolata atodos os jovens. Colaboremos junto na misso dessesmissionrios para espalhar consolao e esperanaao mundo inteiro. Vistamos a camisa da misso, sim,misso sem fronteiras.

    Geoffrey Boriga, imc, seminarista queniano em So Paulo, SP.

    Testemunhas

    corajosasdo Evangelho

    Misso semfronteiras a

    proposta dosmissionrios daConsolata para

    todos os jovens.

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    7/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 7

    m toda a Bblia h referncias s crianas. Desta-cam-se as exortaes sobre o cuidado que se deveter em ensin-las: ensina a criana no caminhoem que deve andar, e quando envelhecer no sedesviar dele (Pv 22, 6). No tempo do Ango

    Testamento, as crianas j mannham comunho comDeus. Ainda que no fossem conscientes deste fato,elas gozavam da proteo divina. Deus ouviu a voz deIsrael quando ainda era criana, em Gn 21, 17. Poupou

    a vida do menino Moiss na ocasio em que o Faramandou matar todas as crianas do sexo masculino,Ex 2. Samuel era ainda pequeno quando ouviu a vozde Deus e recebeu o seu chamado para o ministrioprofco e sacerdotal, 1Sm, 3.

    O Novo Testamento arma que Jesus dispensavaateno e empregava tempo para atender as crianas:deixai vir a mim as criancinhas, e no as impeais,

    em Mt 19, 14. No se pode imaginar a quandade de

    INFNCIA MISSIONRIA

    E

    de Andr Luiz de Negreiros lies morais e espirituais que extramos da vida deuma criana. Dentre as muitas, veremos algumas queso preciosas para a vida do cristo. O texto de Marcos

    nos traz algumas delas (Mc 9, 33-37).Humildade

    Jesus e seus discpulos estavam se dirigindo a Ca-farnaum. No caminho, houve uma discusso entre osdiscpulos, sobre quem seria o maior. Jesus chamouos 12, e lhes disse: se algum quiser ser o primeiro,ser o lmo e servo de todos (v. 35). Seu ensino foireforado quando disse: aquele que se tornar humilde

    como esta criana, esse o maior no reino doscus (Mt 18, 4). Jesus estava ensinando que agrandeza no reino de Deus o servio humilde.

    Ningum discorda de que a criana em si smbolo de humildade e simplicidade. Suamaneira de ser fala claramente sobre isto. Umacriana nunca procura ser maior ou melhor,mas ser o que : criana. A vida crist deve sermarcada por essa qualidade que to reco-mendada pela Bblia Sagrada. Humildade umavirtude com que manifestamos o senmento danossa fraqueza ou de nosso pouco ou nenhummrito, e que faz parte de uma personalidadecrist slida. Ela deve manifestar-se de maneira

    voluntria e constante em nossas atudes,mantendo-nos numa posio menor: ...cadaum considere os outros superiores a si mesmo(Fp 2, 3). No se idenca uma pessoa humilde

    pela sua maneira de falar, vesr etc. Isto no vem aocaso. Tampouco se pode dizer que uma pessoa bemvesda no seja humilde. De ambos os lados podehaver engano, tanto de uma falsa humildade, comode uma aparente arrogncia. necessrio que Cris-to cresa, e que eu diminua (Jo 3, 30). (connua naprxima edio, com as lies de perdo e pureza).

    Andr Luiz de Negreiros Secretrio Nacional da Pontifcia Obra da IAM.

    Criana,vida que nos ensina (1 parte)

    Referncias sobre as crianas na Bblianos ensinam lies morais e espirituais.

    LAUDETE

    Parquia Nossa Senhora do Perptuo Socorro, Joinvile, SC.

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    8/36V

    OLTA

    AOM

    UNDO

    Fontes:Acnur, COP21, News.va, Tiago Borges.

    pelo papa Francisco e por sua encclica Lau-dato Si', ns exigimos que vocs reduzamdrascamente as emisses de carbono paramanter o aumento da temperatura abaixodo nvel perigoso de 1,5C e que ajudem osmais pobres do mundo a se adaptarem aosefeitos das mudanas climcas.

    VaticanoDia Mundial de Orao pelas VocaesComo gostaria que todos os bazados

    pudessem, no decurso do jubileu extraordi-nrio da Misericrdia, experimentar a alegriade pertencer Igreja. Com essas palavras,o Santo Padre inicia a mensagem para o 53Dia Mundial de Orao pelas Vocaes, aser celebrado em 17 de abril de 2016, noIV Domingo da Pscoa. A Igreja a casada misericrdia e tambm a terra onde a

    vocao germina, cresce e d fruto, diz opapa na mensagem que tem como tema: AIgreja, me de vocaes. A converso e avocao so como que duas faces da mesmamedalha, interdependentes connuamenteem toda a vida do discpulo-missionrio,observa o ponce.

    ArgentinaO m do kirchnerismo

    O segundo turno das eleies presidenciaisargennas, realizadas em 22 de novembro,

    foi apertado, mas deu a vitria ao opositor eprefeito de Buenos Aires, Mauricio Macri. frente de uma coalizao de centro direita,Macri ps m a 12 anos de governo da famliaKirchner, que teve incio com Nstor e con-nuou com sua esposa, Crisna. Tal como noBrasil em 2014, o pleito argenno dividiu opas e criou um clima de rivalidade que o pre-sidente eleito fez questo de atenuar em seuprimeiro discurso aps a vitria nas urnas. um dia histrico. Uma mudana de poca. Um

    tempo que no pode deter-se em revanchesou ajustes de contas. Construir uma Argennacom pobreza zero, derrotar o narcotrco emelhorar a qualidade democrca, discur-sou Macri. Com plataforma liberal, o novopresidente argenno promete promover aabertura a invesmentos estrangeiros, reduzira inao para o patamar de um dgito hojeesmada em 28% - e combater o trco dedrogas por meio da criao de uma agncianacional contra o crime organizado.

    Estados Unidos60 milhes de refugiados

    O nmero de pessoas foradas a deixarsuas casas por causa das guerras, conitose perseguies ultrapassou 60 milhes em

    2015, um recorde histrico, segundo infor-mou a Agncia da ONU para refugiados, oAcnur. A principal causa para o aumento nonmero de refugiados e deslocados internosfoi o conito da Sria. Desde 2011, houve umaumento de 4,7 milhes na populao derefugiados no mundo - sendo que 4,2 milhes(89%) vieram daquele pas. A comunidadeinternacional precisa enfrentar as causasdos deslocamentos. A soluo da crise derefugiados no humanitria, polca. necessrio resolver conitos como o da Sria

    e reconstruir os pases, disse Luiz FernandoGodinho, porta-voz do Acnur no Brasil.

    FranaNovo acordo sobre o clima

    Representantes de 195 pases se reuniramem Paris, at 11 de dezembro, para sugerirum novo acordo internacional sobre o aque-cimento global. Um dos pontos importantes o nanciamento dos pases mais ricos aosmais pobres para ajud-los a combater o

    aquecimento, esmado em US$ 100 bilhespor ano. Os defensores da teoria do aqueci-mento global armam que a industrializao responsvel pelo aumento da temperaturado planeta, devido queima de combusveisfsseis e emisso de carbono, que causariamum efeito estufa na Terra, fazendo comque ela retenha mais calor do que o normal.O arcebispo emrito de So Paulo, cardealCludio Hummes, entregou s autoridadesdas Naes Unidas e do governo francsuma peo com 800 mil assinaturas aos

    dirigentes do mundo, que diz: Inspirados

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES8

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    9/36

    ara que todos sejam um, Pai, como tuests em mim e Eu em . Que eles tam-bm estejam em ns, para que o mundo

    creia que tu me enviaste (Jo 17, 21). atravs desse trecho bblico que o Pon-ce nos convida a rezar pela unidade dos cristos.

    desagradvel a diviso entre os cristos. Por-tanto, ns devemos sempre pensar na unio e nona separao, pois temos um nico mestre e Pai.Cristo durante a sua misso aqui na terra semprefoi protagonista da unio e nos deixou a misso decombater o esprito da diviso.

    A inteno missionria desse ms faz com queeste desejo de Jesus torne-se cada vez mais o nosso.Portanto, connuamos a rezar e a nos comprometer

    pela plena unidade dos discpulos de Cristo. A nossacerteza que Ele mesmo est ao nosso lado e nossustenta com a fora do seu Esprito, de dilogo ehumildade, de sempre buscar a unio.

    sob a guia do Esprito Santo que o dilogo e avontade de construir dia a dia a comunho com amor

    Inteno Missionria

    de Joseph Onyango Oiye

    "P

    Janeiro:Para que, atravs do dilogo e da

    caridade fraterna, com a graa doEsprito Santo, sejam superadas asdivises entre os cristos.

    Fevereiro:Para que cresam as

    oportunidades de dilogo e deencontro entre a f crist e ospovos da sia.

    recproco nos permiro dar novos e importantespassos rumo unio plena dos cristos.

    No ms de fevereiro, o Santo Padre nos convida arezar pelo dilogo entre os cristos e as vrias mani-festaes da f na sia. Este um chamado para quea f crist e o povo da sia busquem connuamente

    uma aproximao respeitosa que levar a uma convi-vncia harmnica de todos os seres humanos comocriaturas de Deus.

    O connente asico, com toda sua imensidoe complexidade tem um signicado muito especialpara a Igreja. A sia o local escolhido por Deus denascimento e da morada terrena da palavra encar-nada. por isso que a Igreja emprega todo esforopara tornar Cristo, o seu Evangelho de vida e a suacomunidade, verdadeiramente inculturados no povoda sia.

    atravs disso que o Ponce nos convida a re-

    zar pelo processo de dilogo e encontro da f paraque a proclamao e interiorizao da Igreja na siaconrme a Igreja na sua misso de servio para levaro amor de Cristo sia e aos seus povos.

    Joseph Onyango Oiye, imc, seminarista queniano em Braslia, DF.

    LVAROPACHECO/IMC

    Cardeal Michael Michai, arcebispo de Bangcoc, com monge budista e representante muulmano.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 9

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    10/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES10

    ESPIRITUALIDADE

    de Ronaldo Lobo

    alar da ecologia dentro daIgreja , sem dvida, lembrarde So Francisco de Assis,o Santo da natureza. Anosatrs, ensinou-nos a convi-

    ver com ela. So Francisco amavae respeitava as criaturas de Deus,porque amava, respeitava e admi-rava o prprio Criador. Observava,contemplava e dialogava com todas

    as criaturas, assim ensinando aosseus discpulos uma convivnciaharmoniosa com a natureza. Emboramuita gente admire o santo, poucosseguem o seu exemplo. Portanto,volta tona a questo de comocuidar desta nossa casa terrestre?Depois do chamado clamoroso do

    F

    A espiritualidade

    da Casa Comum com pequenas atitudes que devemosmudar nossa vida, casa, bairro, cidade,estado, pas e assim faremos algo para

    salvar nosso planeta.

    Papa Francisco na sua encclica

    Laudato Si',a Igreja comea a darpassos nesta direo.Sagrada Escritura

    O texto da criao, com seussignicados mcos, metafricose alegricos um belo exemplopara usarmos nesta reexo (Gn1, 1-2, 4). Sem dvida, acreditamosque Deus criou este universo e o proprietrio do cu e da terra.Segundo Dhomen ele tambm

    proprietrio por ser o Criador; porconseguinte, ele garante tambma manuteno deste mundo, queconstitui sua propriedade. Essapossibilidade se torna mais belaquando o ser humano, criado imagem e semelhana dEle, se tornao parceiro e co-criador junto com

    Deus. Jesus, mais tarde, chama-ria o ser humano como um bomadministrador dos bens de Deus(Mt 25, 14-30). Numerosos Salmosusam as imagens da natureza paralouvar a Deus. Cantai ao Senhor umcnco novo, terra inteira, cantai aoSenhor (Sl 96). A geograa privile-

    giada da terra santa aparece cadainstante com sua impressionantediferena de relevos. A SagradaEscritura, apontando a cada criatura,apontando a natureza, ordena-lhea louvar o Senhor! (Dn 3, 56-88).

    A realidade outraO universo existe faz bilhes de

    anos com suas galxias e a nossa, aVia Lctea, uma entre tantas, viajapelo espao com seus bilhes de sis

    e sistemas planetrios. A Terra oterceiro planeta do sistema solare nico conhecido que apresentacondies que permitam a existnciade vida inteligente. Se analisarmosbem, o ser humano o mais recen-te integrante deste ecossistemaenorme, ou seja, surgiu h uns 70

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES10

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    11/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 11

    faremos algo para salvar nossoplaneta. As famlias, as religies, asescolas, as universidades, as ONGs,pequenos grupos conscienzandoa base, pressionando os poderosose exigindo dos nossos governantespara que haja uma mudana con-creta. Assim, podemos dar passos

    em direo proteo do planeta edo seu ecossistema, a ora e faunaem exno, trco das espcies,desmatamento indiscriminado edestruio dos ecossistemas.

    No fcil mudar hbitos quan-do j nos acomodamos com eles.Mais ainda, adquirir novos hbitossempre um desao. A mais longa

    jornada comea com um nicopasso diz um ango ditado chins.

    Portanto, necessrio comear! Areciclagem j est na moda e emtodas as discusses da sustenta-bilidade ela aparece em primeirolugar. As crises hdricas nas cidadese apages tm nos ensinado a im-portncia do consumo conscienteda gua, e o consumo da energiaeltrica de forma eciente. J estoao alcance de todos as torneirasmodernas que controlam o uxo degua, as lmpadas modernas que

    consomem bem menos energia.Pequenas atudes como fecharuma torneira, desligar uma luz, -rar da tomada os nossos modernosaparelhos podem amenizar des-perdcios grandes e aliviar o bolso.Mais ainda, devemos aprender aser e a ensinar as novas geraesa ser tambm consumidores cons-cientes.

    Ronaldo Lobo, svd, Superior Provincial dos missionriosdo Verbo Divino, em Curitiba (PR).

    H sinais de preocupaoUltimamente, h uma preo-

    cupao crescente sobre o seubem-estar e permanncia. Pode-mos recordar grandes encontrosmundiais que aconteceram emtorno do tema, o Pacto de Kyoto, aEco 92, a Rio mais 20 e tantos ou-

    tros encontros internacionais, coma presena dos lderes mundiaisem torno deste tema. (Podemoscham-los mais de desencontros doque encontros, terminando semprecom os pases ricos cedendo menose pases pobres, pressionados,pagando o preo). A Igreja Catlicaocialmente no falava nada sobretal destruio do planeta, deixando margem um punhado de telogos

    que apontavam o perigo atravsdas suas reexes.A Igreja da Amrica Lana, com

    a maioria de seus telogos (per-seguidos) deu uns passos largosnesta direo. suciente olhar ostemas relacionados ecologia nasCampanhas da Fraternidade quea Igreja no Brasil tem trabalhadonos lmos anos. Sem dvida, elaconnua inuenciando os passos epensamentos do atual papa. Com a

    chegada de Francisco e a parr dasua encclica Laudato Si', a Igrejadeu uma volta de 180 graus nestadireo e a questo da defesa daecologia denivamente entrouna sua agenda. Hoje, parece que uma obrigao de todo el, queum dia gostaria de entrar no parasoceleste, primeiro cuidar do parasoterrestre.

    com pequenas atudes que

    devemos mudar nossa vida, casa,bairro, cidade, estado, pas e assim

    mil anos. Embora seja o lmo aaparecer, tornou-se o mais astuto,inteligente e carrasco do seu prpriohabitat, comeando a dominar oresto do planeta. Conseguiu eliminarmuitas espcies, desmatou ores-tas, poluiu ambientes, resultandona realidade que ns enfrentamos:

    crescente eroso, desercao esalinizao.

    Sem dvida, a religio crist e acivilizao ocidental devem carregarcerta culpa pela situao atual. Ouseja, duas citaes radas do livrodo Gnesis (Gn 1, 26-28) podemter gerado toda a histria degra-dante da civilizao do ocidente,a primeira, agora vamos fazer osseres humanos, que sero como

    ns, que se parecero conosco.Eles tero poder sobre os peixes,sobre as aves, sobre os animaisdomscos e selvagens. A outra,sede fecundos e multiplicai-os,enchei e subjugai a terra, dominaisobre os peixes... Embora no seriaesse o signicado das citaes daSagrada Escritura (que so umaalegoria), mas foi justamente issoque o ser humano fez!

    Surgiram ento os problemas -

    as mudanas climcas, as chuvascidas, o aquecimento da atmosfera,o fenmeno de degelo das placasantrcas e o aumento da camadade oznio. Mais ainda, para piorar,envenenamos os solos, estufamosos cus (uso desmedido de petrleoe carvo no transporte e na inds-tria) e paralelamente, entupimos asupercie (h um nmero assusta-dor do crescimento populacional),

    efeito ao qual o nosso ecossistemano ser capaz de suportar.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 11

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    12/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES12

    TESTEMUNHO

    uando adolescente, aoouvir falar das misses,dos missionrios e missio-nrias que deixavam tudoe param para pases dis-tantes, mesmo no enten-

    dendo a profundidade do assunto,aquilo mexia dentro de mim. Poroutro lado, como minha famlia erahumilde e sem muitos recursos, eu

    descartava a ideia, achando queaquilo nunca seria para a minhapessoa. Meus pais eram simplescolonos, porm, nos deram umaboa educao para a vida. Somos11 lhos e eles nos formaram norespeito, na f, na dignidade e nosprincpios cristos.

    O ango desejo e interesse veionovamente tona quando chega-ram as missionrias da Consolata

    na cidade vizinha minha terranatal, Horizonna, Rio Grande doSul. Fiquei contente, pois a minhacuriosidade teria a oportunidadede conhecer mais de perto aquilopelo qual sena atrao. De fato,as irms comearam a visitar as ca-pelas e a fazer o que chamavam deAnimao Missionria Vocacional.Reuniam a comunidade e falavam deDeus, das misses e algumas vezesconvidavam os jovens para falar da

    vocao missionria. Depois de al-

    de Ana Paula Foletto

    Qguns encontros, percebi que a coisa

    no era to dicil e que eu tambmpoderia ser uma missionria. Faleicom meus pais desse meu desejo.Eles caram surpresos, pois eu nuncahavia comentado nada sobre isso.Mas, como bons cristos, catlicos,apoiaram a minha escolha.

    EncantoCom o passar do tempo, eu ia

    entendendo mais o que era a vidamissionria: um servio de doao

    total s pessoas mais necessitadas

    e de modo parcular quelas queainda no nham ouvido falar deDeus. Cada vez que eu me encon-trava com as irms, mais crescia emmim a vontade de ser uma delas.Os encontros iam se sucedendo,

    at que um dia elas pediram para

    A Misso

    no nossa de DeusIrm Ana Paula Foletto, missionria daConsolata, narra trabalho em Bubaque,Arquiplago dos Bijags, Guin Bissau, frica.

    visitar minha casa, conhecer meus

    pais e irmos. Aquilo para mimfoi o mximo; era como se j mevessem aceito para ir morar comelas. Mas, ainda no era hora. Tiveque esperar mais alguns meses atque o dia chegou. Eu estava muitocontente. Deixar os pais, os irmos ea casa, doeu, mas era grande minhaempolgao. Eu estava me prepa-rando para ser uma missionriada Consolata, para ir para a frica!

    No tempo de formao, comecei

    a estudar o Carisma da Congregao.

    O fato de saber que elas parampara outros pases para evangelizar,no me assustou; antes, me animouainda mais. Parr como missionriapara outras terras ajudou-me ata superar as diculdades, espe-

    cialmente as da vida em comum,

    FOTOS:ARQUIVOPESSOAL

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    13/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 13

    partilhando a vida com colegas

    vindas de lugares no conhecidos,com ideias e costumes diferentesdos meus... Mas, cada dia mais iapercebendo que aquele era mesmoo caminho que eu desejava percorrerpara dar minha resposta ao Senhorque me chamava. Fui em frente,sempre acompanhada pelas irmsformadoras que iam me orientando.

    A Ilha de BubaqueDando um grande pulo na minha

    histria pessoal, em 1992 fui des-nada Misso da Guin Bissau. Hojeeu me encontro precisamente emBubaque, uma ilha do chamado Ar-quiplago dos Bijags. O arquiplago composto por 88 ilhas, localizadasna costa do Oceano Atlnco e quefazem parte da Guin-Bissau, ondetambm trabalham as missionriasda Consolata. A ilha de Bubaque, temuma rea de 48 km2, 18 dos quais

    so pntanos alagados pelo ocea-no durante a mar alta. Bubaqueest situada no canto sudeste doarquiplago. a ilha mais cobiadapelos europeus, escolhida peloscolonizadores alemes antes daI Guerra Mundial e pelo governoportugus depois de 1920, comoo centro principal das suas avi-dades no arquiplago. Os alemesconstruram at uma fbrica para aextrao do leo de palma (elaeisguineensis) com um porto para

    navios de pequeno e mdio porte

    para escoarem o produto.A Misso

    A prioridade de nossa presenamissionria na Guin Bissau e naIlha de Bubaque, sempre a evan-gelizao e a parlha da f crist,traduzida na preocupao pela vidado povo, no estar no meio deles,

    apoiando-os em suas necessidades,visitando suas famlias, estudandosempre mais sua lngua, conhecendoa fundo a sua tradio e cultura,principalmente atravs da escutae do dilogo... No fundo, nada fa-zemos de extraordinrio; apenasparlhamos a vida e a f com opovo e tentamos ir descobrindo ariqueza de sua cultura e costumes.

    Ns mesmas nos damos contade quanto temos aprendido e de

    quanto ainda temos que aprender

    desse povo, que vive um dia de cada

    vez, com serenidade, em harmoniacom a criao, sabendo extrair atdas diculdades e momentos di-ceis, a alegria de viver. O povo deBubaque um povo alegre e muitoacolhedor, muito aberto s coisasnovas e que lhes faam bem e osajudem a crescer. De tudo isso,ns, com respeito e amor, usamoscomo trampolim para, aos poucos,atra-los sempre mais para perto deDeus. O trabalho missionrio no

    fcil em nenhum lugar deste mun-do; mas para quem tem f e estconvencido de que esta a missoque Deus lhe pede, tudo se tornapossvel. O que pessoalmente meajuda muito a viver esta dimenso a passagem do Livro de Sofonias3, 16-17, que diz: no se enfraque-am os teus braos, pois, o Senhorteu Deus est congo, como herie Salvador. O que temer, ento?

    A gente sabe que a Misso no nossa - ela de Deus; e por isso, ele que age, protege, acompanhae abenoa os seus missionrios emissionrias. Sinto-me realizada emuito feliz, como mulher consa-grada, tendo a oportunidade derevelar a ternura de Deus e a suaprovidncia a este povo querido eamado por Ele.

    Ana Paula Foletto, MC, missionria da Consolata atuando

    na Guin Bissau, Bubaque.

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    14/36

    FORMAO MISSIONRIA

    s Igrejas que integram oConselho Nacional de Igre-

    jas Crists do Brasil (CONIC)assumiram como missoo mandato evanglico da

    unidade, que diz: Que todos sejamum, como tu, Pai, ests em mim eeu em ; que tambm eles estejamem ns, a m de que o mundo creiaque tu me enviaste (Jo 17, 21) eempreenderam juntas mais umavez a Campanha da FraternidadeEcumnica (CFE-2016).

    O ecumenismo uma manifes-tao de que a paz e a unidade nadiversidade so possveis porque

    Ade Judinei Vanzeto que Igrejas irms podem reparr

    dons e recursos na sua misso,pois o ecumnico marcado pelodesafio de construir uma casa--comum (oikoumene) para todosos seres vivos.

    A CFE 2016 apresenta o temaCasa Comum, nossa responsabi-

    lidade e tem como lema: Querover o direito brotar como fonte ecorrer a jusa qual riacho que noseca (Am 5, 24). As Igrejas juntasmanifestam uma atude profcapor estruturas que fragilizam adignidade humana.

    O cuidado com a criao umabusca pela jusa, sobretudo nospases pobres e em situao devulnerabilidade social. A Campanhasempre prope uma reflexo a

    parr de um problema especcoda fragilidade humana. Este anotrata da ausncia dos servios desaneamento bsico em nosso pas.A temca est em sintonia com aEncclica do papa Francisco Lau-dato Si': cuidar da Casa Comum,que tm chamado a ateno parao atual modelo de desenvolvimen-to que ameaa a vida e destri abiodiversidade.

    No BrasilO abastecimento de gua, es-

    gotamento sanitrio, limpeza ur-bana, manejo de resduos slidos,controle de meios transmissoresde doenas e drenagem de guaspluviais, os quatro eixos que com-pem o saneamento bsico, sonecessrios para que haja sadee vida dignas para a populao.A dupla combinao entre gua

    e esgoto uma condio para

    o centro a f em Jesus Cristo.Esta a quarta vez que o CONICpromove a Campanha e as aes

    juntas so um apelo para a pro-moo do dilogo, da jusa, dapaz e do cuidado com a criao.Tambm uma comprovao de

    A Campanhada Fraternidade

    Ecumnica 2016traz como desafo

    construir umacasa comum para

    todos os seresvivos.

    FACAS

    C

    Seminrio Regional discute Campanha da Fraternidade Ecumnica, 2016, Lages, SC.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES14

    Casa Comumnossa responsabilidade

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    15/36

    de saneamento bsico no Brasilapresentou signicavos avanos,porm sua implantao ainda lenta. Dados da Pesquisa Nacionalpor Amostra de Domiclios (PNAD)de 2013, IBGE, mostram que 85%das moradias possuem acesso gua encanada. J o percentual

    de domiclios com acesso redecoletora de esgotos ou fossa spca de 76,2% em 2013. Cerca de 10%dos domiclios no so contempla-dos pelo servio pblico de coletade resduos slidos domiciliares,enquanto que apenas 0,4% nocontam com o fornecimento deeletricidade.

    O saneamento bsico essen-

    cial para evitar doenas. Em 2015,houve mais de 340 mil internaesde crianas por infeces gastroin-tesnais. Cerca de metade delasvieram a bito por falta de aten-

    dimento imediato de sade. Setodos vessem coleta de esgotossanitrios haveria uma reduo de74,6 mil internaes. No mesmoano 2.135 pessoas morreram porinfeces gastrointesnais.

    LegislaoA Constuio Federal de 1988

    contempla o saneamento no ar-go 21, inciso XX, ao armar que:estabelece como competncia

    da Unio instuir diretrizes para

    o saneamento bsico e no argo200, inciso IV, estabelece comocompetncia do SUS parcipar daformulao da polca e da exe-cuo das aes de saneamentobsico.

    No dia 5 janeiro de 2007 foipromulgado a Lei Nacional de Sa-

    neamento Bsico - Lei no 11.455(LNSB). A Lei prope o controlesocial em quatro funes de gestodos servios pblicos de saneamen-to bsico: planejamento, regulao,prestao e scalizao.

    Cada municpio deve elaborar oPlano Municipal de Saneamento B-sico (PMSB) de forma parcipava,conforme Decreto no 8.211/2014.

    A Lei 12.305 de 2 de agosto de2010 instui a Polca Nacional deResduos Slidos e esclarece seusprincpios, objevos, instrumentose diretrizes e fala das responsabi-

    lidades de quem gera os resduose do poder pblico.O saneamento bsico uma

    necessidade e um direito para quetodos possam ter vida saudvel.Todos os moradores so chamadosa parcipar e a scalizar o PlanoMunicipal de Saneamento Bsicode sua cidade, bem como reersobre o que a Palavra de Deus pedeacerca da Casa Comum.

    Judinei Vanzeto jornalista.

    erradicar a pobreza e a fome, bemcomo reduzir a mortalidade infanle dar sustentabilidade ambiental.Segundo o UNICEF e dados daOrganizao Mundial da Sade(OMS), 2,4 bilhes de pessoas -caram sem acesso ao saneamentode qualidade em 2015.

    O Brasil ocupava, em 2011,a 112 posio mundial no quese refere ao item saneamentobsico. O ndice de Desenvolvi-mento do Saneamento no Brasilfoi de 0,581, inferior a algumasnaes do Norte da frica, doOriente Mdio e Amrica Lana.Mas a responsabilidade pela CasaComum de todos, ou seja, dos

    governantes e da populao. Nessesendo, uma ao prca das Igre-

    jas crists, segundo o objevo daCFE, mobilizar a populao dosmunicpios para reclamar Planos

    de Saneamento Bsico e exercero controle social sobre sua exe-cuo. Assegurar o direito aosaneamento bsico para todas aspessoas e empenharmo-nos, luzda f, por polcas pblicas e a-tudes responsveis que garantama integridade e o futuro de nossaCasa Comum (Texto Base, n. 26).

    As urgnciasFelizmente nos lmos anos,

    a difuso dos servios pblicos

    C E S E O R G B R

    Participantes do Simpsio Ecumenismo e Misso Testemunho Cristo em um Mundo Plural, Vargem Grande Paulista, SP.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 15

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    16/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES16

    F EM AO

    esde o momento em que a avidade eco-nmica, grosso modo, consolidou a vontademxima de progredir da humanidade naproduo e no consumo de mercadorias, deimediato houve um choque entre os sistemas

    econmico e ecolgico.Choque esse que, com o passar dos tempos e com

    o avano das economias modernas que expandem sua

    capacidade de produo a qualquer custo, contribuiu

    sobremaneira para aprofundar os danos ambientais,dada a escassez acentuada de recursos naturais.Desde ento, o crescimento passou a ser visto e

    entendido como espcie de sinnimo do aumentoconnuo das quandades produzidas. Lamentavel-mente, isso levou a consolidar um po de sociedadevoltada quase que exclusivamente para a abundnciamaterial.

    Essa abundncia material, por sua vez, se converteuento num falso paradigma de bem-estar e, o ladoinverso dessa moeda a moderao no consumo e naproduo se tornou algo ruim, verdadeira erva dani-

    nha para o crescimento da economia, especialmente

    D

    de Marcus Eduardo de Oliveira

    para os indicadores econmicos (PIB, em destaque)que avaliam a capacidade produva das economias.

    Dessa perspecva emergiu o principal conito entrea economia e a ecologia: crescer versus preservar. Aexpresso mxima desse conito, pois, est implcitana existncia de limites.

    Limites

    Em relao a isso, no se pode perder de vista queos recursos naturais so - e tudo indica que connua-ro sendo - limitados (e muitos deles nitos) frenteaos desejos cada vez mais ilimitados (e innitos) dasociedade.

    O que est bem claro que, enquanto a teoriaeconmica connuar usando e abusando da criaode novas necessidades, ser muito dicil mudar acara da economia para um desenvolvimento sus-tentvel que esteja subordinado s leis da natureza;principalmente aos parmetros essenciais (dentrode limites ecolgicos) que do nalidade e coerncia

    ao termo sustentvel, ou seja, a parcimnia no usoe trato dos recursos naturais.

    Tudo isso passa, essencialmente, por produzirbem-estar de outra maneira, respeitando o meioambiente, e no destruindo-o com a transformaode recursos em mercadorias descartveis, fteis e,em muitos casos, desnecessrias.

    Cada vez mais torna-se fundamentalmente im-portante difundir a noo de que mais produo(a essncia do crescimento) destruidora do meioambiente.

    medida que se toma conscincia dos impactosnegavos do crescimento sobre o meio ambiente,aproxima-se mais da tentava de reverter o modeloeconmico que a est.

    Contudo, tal atude no e nem ser fcil, mas perfeitamente possvel e muito desejvel. Certomesmo que se a humanidade quer sobreviver emequilbrio, num ambiente saudvel, ela precisar,primeiramente, ter a coragem de virar a pgina daabundncia sem limites.

    Marcus Eduardo de Oliveira economista e professor de economia da FAC-FITO e do

    UNIFIEO, em So Paulo. [email protected]

    Para sustentar o modeloeconmico de hoje estamos

    consumindo os recursos da Terramais rpido do que a naturezapode reabastec-los, e isso no

    mais pode perdurar.

    Falso paradigma

    de bem-estar

    Audincia pblica da Comisso de Meio Ambiente da Cmara, Braslia, DF.

    ANTONIOCRUZ/ABR

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    17/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 17

    de Francesco Pavese

    urante o ano de 2016,esta pgina dedicada aoBem-aventurado JosAllamano apresentartestemunhos de pessoas

    que o conheceram de perto. Elesmostraro aspectos interessantes

    que nos faro ver que ele era umhomem de Deus. No apresenta-remos tanto seus ensinamentos,mas caracterscas de sua perso-nalidade. Sem dvida, Allamano foiconsiderado por muitos contem-porneos um sacerdote especial,superior mdia, seja pela riquezade sua espiritualidade, seja pelogeneroso dinamismo apostlico.Iniciamos nos reportando a algumascoisas sobre sua sandade.

    Armou monsenhor GiovanniBasta Ressia, bispo de Mondovie seu companheiro, recordandoo tempo transcorrido juntos noseminrio: todos ns senamosque o mais prximo do Coraode Jesus era ele, ao qual nenhumousava se comparar. Tambm umoutro seu companheiro, que foireitor de seminaristas, expressa amesma convico: quando Alla-

    mano era interno no Seminrio deTurim, nhamos todos uma grandevenerao por ele. Todos o vamossempre vontade. Tinha um sorrisoconstante que lhe provinha do co-rao. Era impossivel no andar deacordo com ele. Meu bispo dizia deAllamano: Eh! O que quer, aquele um santo e sempre foi assim!

    Fama de santidadeEsta fama de santidade no

    se limitava ao tempo de semi-

    Ddevia comportar-se com Allamanoquando o encontrasse. O bisposimplesmente lhe sugeriu: pensaque estars beijando a mo de umsanto.

    Dom Carlo Rollini, que teve afortuna de car hospedado na Con-solata quando era capelo militardurante a Primeira Guerra Mundial(1915-1918), assim expressa a sua

    impresso: parecia que me encon-trava com um santo cannico e osseus encontros sempre me faziambem: uma boa palavra, um gestode saudao que deixava sempreboa impresso, diria um perfumede sandade. Sempre o recordeicom parcular venerao.

    Irm Anglica, missionria daConsolata, desde pequena fre-quentava o Santurio, pois moravamuito perto. Manifestou sua re-

    cordao: entrando no santurio,indicaram-me Allamano em orao,e minha me me dizia: v aquelesacredote? um santo que reza.E eu o respeitei desde ento comprofunda venerao.

    Podemos nos reportar a muitostestemunhos como estes. Paraconcluir, trago um episdio curiosodo senso comum: um dia um sacer-dote do Convio Eclesisco, onde

    Allamano era reitor, chateado porno haver recebido uma permisso,disse, irritado: voc acredita deser santo, mas no . Com calma,Allamano respondeu: eu nuncapensei de ser santo, reza para queeu me torne. Tinha razo a senho-ra Madalena Serra, que armou:eu acredito que ele seja santo. Seno for santo ele, nenhum outroser.

    Francesco Pavese, imc, missionrio na Itlia.

    nrio, quando os jovens viviamentusiasmados, mas permaneciacom os anos e foi um testemu-nho que impressionou muitos deseus contemporneos. A seguir,transcrevemos alguns entre muitostestemunhos que possumos:

    O padre Angelo Marchina, dosServos da Caridade: ele sempre

    teve o conceito de santo, desdeo primeiro dia que ve a fortunade conhec-lo (1911), at o dia desua santa morte. Depois de suaparda desta terra, enterrado esufragado em sua sepultura, noo recomendei mais a Deus porque

    j o considerava entre os santos noCu, entao me recomendava pelasua intercesso junto ao Alssimo.

    O cnego Antonio M. Riberi,quando jovem, perguntou ao seu

    bispo, de quem era secretrio, como

    Se ele no for santonenhum outro ser

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    18/36

    uando se fala da comuni-dade mais numerosa dosmissionrios da Consolatana Regio do Brasil, cer-tamente vem em menteo Seminrio Teolgico

    Missionrias no Brasil

    Comunidade Padre Joo Batista Bsio

    de Myriam Depin

    Por Geoffrey Boriga e Isaack Mdindile

    m 2016, temos a inteno de

    apresentar neste espao ascomunidades das mission-rias da Consolata no Brasil.Todas com a marca de Nossa

    Senhora e do Bem-aventurado padreJos Allamano. Antes, porm, que-remos falar um pouco de como asmissionrias chegaram ao Brasil. Ahistria das irms no pas est ligadaaos padres missionrios, dado quepertencem a dois Instutos criados

    pelo mesmo Fundador e com o mes-mo Carisma. Ambos veram inciona Itlia, em Turim. Foram fundadospelo Bem-aventurado Jos Allamano

    o dos padres e irmos em 1901,e o das irms em 1910. O objevoprincipal a Obra Missionria daIgreja entre os no-cristos e nasIgrejas parculares, em lugares demaior carncia de evangelizadores.Em 1903, os primeiros quatro missio-nrios da Consolata j param para

    o Qunia; e em 1913, as primeiras15 missionrias tambm seguirampara o mesmo pas, para um traba-lho missionrio em conjunto. Em

    1926, um segundo pas africano

    abria as portas para os missionriose as missionrias: a Abissnia, hojeEpia - na poca, colnia italiana.

    A Guerra talo-etipicaMas, em 1942, a guerra inter-

    rompeu o florescente trabalhomissionrio. Como a Itlia perdeua guerra, os estrangeiros italianos,portanto, tambm os missionriose as missionrias foram expulsosdo pas.

    A pedido de um bispo brasileiroem 1937, um grupo de padres eirmos veio ao Brasil, sendo aco-lhido pelo padre Joo Basta Bsio,

    tambm missionrio da Consolataitaliano que os precedera e lhespreparara um lugar em So Manuel,interior do estado de So Paulo.

    Nesta cidade, os missionrios daConsolata esto at hoje. PadreBsio j havia visitado alguns lugaresde Santa Catarina, entre eles Riodo Oeste. Foi justamente l que ogrupo dos missionrios se estabe-leceu. Devido Primeira Guerra,as irms veram que esperar. Elaschegaram ao Brasil s nove anosmais tarde, em 1946; e tambmforam se estabelecer em Rio do

    Oeste. Eis o nome das sete irmsdo primeiro grupo: Llia Raaelli,Giusniana Perale, Teresina Gar-beroglio, Pier Clara Minoli, TheresiaBrenna, Sanna Comi e Maria AnnaAngiono. Este foi o primeiro elo deuma corrente que nunca mais serompeu, tambm porque uma dasnalidades pelas quais as irms vie-ram para o Brasil era a formao denovas missionrias para o trabalhona frica. (no prximo nmero a

    viagem e chegada ao Brasil)

    Myriam Depin, MC, missionria em So Miguel

    Paulista, SP.

    E

    QPadre Joo Basta Bsio. O Semi-

    nrio est localizado na zona sulda cidade de So Paulo, bairrodo Ipiranga. Nele se encontram

    jovens missionrios que esto sepreparando adequadamente paraa missoAde Inter Gentes.Atualmente so 17 os membros

    desta comunidade, dos quais, 16

    so jovens em formao e o Supe-rior, padre Paco, que espanhol.Cinco desses jovens so do Qunia,outros cinco vm da Tanznia eoutros cinco do Congo. Um vemda Colmbia. Quinze desses 16

    jovens esto fazendo a graduao

    QUER SER MISSIONRIO?TEL.: (11) 2232.2383

    E-mail: [email protected]

    QUER SER MISSIONRIA?TEL.: (11) 2231.0500

    E-mail: [email protected]

    Ide pelo mundo efazei discpulos meus

    todos os povos.(Mt 28, 19)

    CLEBERPIRES

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES18

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    19/36

    Um carisma a servio da vidade Ftima Bazeggio

    iante da desaadora tarefade discpulos missionrios,que entendem a sua voca-o a parr do chamadoa ser presena consolado-

    ra na sociedade, que os Leigos

    abundncia (cf. Jo 10, 10).A ONU, ao analisar os maiores

    problemas mundiais, estabele-ceu objevos de desenvolvimentoe entre eles esto: reduo damortalidade infanl, melhoria dasade das gestantes, educaobsica para todos. No Brasil de

    tanta desigualdade social, ainda

    D

    Missionrios da Consolata (LMC)de vrias comunidades prestamservio na Pastoral da Criana,pela necessidade e urgncia doacompanhamento de gestantese crianas, por meio de orienta-es bsicas de sade, educao,nutrio e cidadania, para quetodas as crianas tenham vida em

    em teologia, enquanto um faz ps--graduao no campo de missiolo-gia. Sete jovens esto no primeiroano de teologia, enquanto cincoesto no segundo. Trs esto noquarto e lmo ano de teologia.Estes trs lmos esto prestesa comear a penlma etapa da

    formao de base, que o ano deservio, numa linguagem comumseria uma espcie do ano pastoral.

    Com efeito, o seminrio antesde tudo uma famlia, na qual se vivea consagrao para a Misso, sendoela uma comunida-de fraterna. Emborade idades diferentes,mentalidades, cul-turas e nacionalida-

    des diversas, vive-senuma comunidadede irmos. Na ver-dade este o primei-ro sinal de novidadedo Evangelho que sequer anunciar. Emoutras palavras, aunidade e a diversi-dade se enriquecemmutuamente pelofato de que a vocao e a misso

    so idncas.

    Vida comunitriaNa dimenso humana se apro-

    funda o amor prpria vida e aosoutros, bem como aos valores quedo sendo existncia humana.Tendo isso como base, a dimen-

    so espiritual ajuda os jovens emformao a conhecerem mais pro-fundamente Jesus e a segui-lo emsua totalidade, construindo assimuma personalidade completamenteidencada com Ele. Por outrolado, a vida comunitria os tornaresponsveis pela comunidade,

    no servio recproco e na par-lha dos bens espirituais, morais etemporais.

    A principal misso desses jo-vens o estudo teolgico peloqual eles so capacitados para

    compreender a realidade huma-

    na em todas as suas dimenses,entrando nela com esprito crcoconstrutivo, para colaborar natransformao do mundo, luz doevangelho. Por isso frequentamduas faculdades de teologia: aPoncia Universidade Catlica deSo Paulo e o Instuto So Paulo

    de Estudos Superiores. Percebe-seque no suciente conhecer ateologia pastoral ou suas tcnicas,e nem sequer fazer experinciaspastorais. Trata-se de viver j aMisso, embora com muitas li-mitaes e confrontar-se com oprojeto de vida missionria. Por

    isso que o seminrio d oportu-nidade para avidades pastorais,especialmente durante os naisde semanas. Essas avidades in-cluem: pastoralAd Gentesurbana,pastorais sociais (dependentes

    qumicos, moradoresde rua, povos indge-nas e pastoral afro) eanimao missionriae vocacional.

    A interculturalida-de uma realidadeque se vive no Semi-nrio Teolgico PadreJoo Basta Bsio. Estefato constui um de-sao importante paraa formao mission-ria. Os jovens em for-mao se preparampara viver e trabalhar

    com confrades de outras culturas,

    procurando a comunho nos ele-mentos que caracterizam a famliaConsolata. Rezemos para que Deuspossa acompanhar a vida e a missodesses jovens.

    Geoffrey Boriga e Isaack Mdindile, imc, so seminaristas

    da Consolata em So Paulo, SP.

    ARQUIVOIMC

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 19

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    20/36

    Misses o veculo de comunicao do Instituto Misses Consolata e retrata otrabalho missionrio de levar a consolao aos que sofrem, aos que andam tristes,aos que esto sem esperana.

    Torne-se um missionrio membro da famlia Consolata, mantendo onosso trabalho, contribuindo fnanceiramente. Mediante a suacontribuio,enviaremos Misses para voc como forma de gratido!

    Veja como fcil:

    por BOLETO BANCRIO

    por CHEQUE NOMINAL E CRUZADO - Instituto Misses Consolata

    por DEPSITO BANCRIO

    R$ 15,00 R$ 20,00 R$ 30,00 R$ 40,00 R$ 65,00 ou mais

    1 Exemplarda ltima edio

    2 Exemplaresda ltima edio

    4 Mesesltimas edies

    5 Mesesltimas edies

    10 Mesesltimas edies

    Rua:Dom Domingos de Silos, 110 - 02526-030 - So Paulo - SP - Telefax: (11) 2238.4595 - E-mail: [email protected]

    AG.: 545-2

    C/C: 38163-2

    AG.: 0355

    C/C: 17759-3

    AG.: 0386-7

    C/C: 945-8

    Envie para ns o Comprovante, junto com seu Nome,Data de Nascimento, CPF, Endereo, Telefone e E-mail para:

    h muito por fazer nas reas desade, educao e saneamentobsico. Nesse sendo, a Pastoral daCriana direciona suas avidades

    para a gestante e a criana at osseis anos, em todos os estadosdo Brasil e em 20 pases de trsconnentes.

    As famlias acompanhadaspela Pastoral da Criana recebemorientaes sobre os cuidadosnos primeiros mil dias de vida

    do beb, sobre a importncia doaleitamento materno, da vacina-o, da sade bucal, entre muitosoutros.

    Ainda so muitos os desaospara serem superados, mas noqueremos perder a alegria, a audciae a dedicao cheia de esperana.

    No deixaremos que nos roubema fora missionria (EG 109).

    Ftima Bazeggio Leiga Missionria da Consolata, LMC.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES20

    ajude-nos e venhafazer parte desta obra

    Grupo de Leigos Missionrios da Consolata, Recanto Consolata, So Paulo, SP.

    ARQUIVOIMC

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    21/36

    MISSES RESPONDE

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 21

    bazar. J no se dir o mesmo, por exemplo, com afuno de, no confessionrio, perdoar os pecados emnome de Jesus, conferida to somente aos padres ebispos, por fora do sacramento da ordem, recebidoem segundo e terceiro graus, respecvamente. Asbnos dadas por um dicono permanente a objetosde uso piedoso, disciplinadas pelo direito cannico,esto teologicamente fundamentadas na vocaoevangelizadora de que gozam todos os bazados e nodiferem ontologicamente da bno que um pai ouuma me aplica a um lho. o mesmo sacramental.

    Viso mgicaNo adequado usar a palavra poder, para

    criar uma espcie de disno sacramental entre osmembros da hierarquia e os leigos. Desta feita, nose um cristo mais santo, em virtude da recepodo sacramento da ordem. Um bispo no melhorque um padre ou que uma leiga. Abandonemos umaviso mgica dos sacramentos! A propsito, o papaFrancisco explicitou bem este tema, demonstrandoque a nica diferena teologal entre os seres huma-

    nos repousa no sacramento do basmo, disponvela quem quiser. Escreveu o vigrio de Cristo: o sacer-dcio ministerial um dos meios que Jesus uliza aservio do seu povo, mas a grande dignidade vemdo basmo, acessvel a todos. (Evangelii Gaudium,n. 104). E conclui o bispo de Roma: Na Igreja, asfunes no do juscao superioridade de unssobre os outros. Com efeito, uma mulher, Maria, mais importante do que os bispos. (Ibidem).

    Edson Luiz Sampel doutor em Direito Cannico pela Pontifcia Universidade Lateranense,

    de Roma. Membro da Academia Marial de Aparecida (AMA) e da Unio dos Juristas

    Catlicos de So Paulo (Ujucasp).

    Conclio Vacano II restaurou a gura do di-cono permanente, cuja origem se encontra

    nos primrdios do crisanismo (At 6, 1-6).Pergunta-se: um leigo, com autorizaoespecial, em determinadas circunstncias,

    pode executar qualquer ocio litrgico ou eclesiscoatribudo a um dicono? A resposta armava. E aexplicao assaz simples: o dicono frui do sacerdciocomum de todos os is. Por exemplo, tanto quantoum leigo, o dicono, transitrio ou permanente, nopode celebrar uma missa. O dicono permanente no um sacerdote, como o presbtero (padre) e o bispo.Por este movo, em vista do papel desempenhado

    pelos chamados ministros extraordinrios, muitasdioceses ainda no viram a necessidade pastoral deordenar homens casados para o diaconato.

    As atribuies do dicono permanente, salvo amisso genrica do servio, no decorrem do sacra-mento da ordem, mas do sacramento do basmo eso reguladas pelo direito cannico. Por exemplo,o dicono permanente ministro ordinrio do sa-cramento do basmo (cnon 861, 1.), embora aadministrao do referido sacramento seja encargoprecpuo do proco (cnon 530, 1.). Sem embargo,qualquer ser humano, varo ou mulher, catlico,

    acatlico ou mesmo ateu, dispe do poder de

    de Edson Luiz Sampel

    O

    Um bispo no melhor queum padre ou que uma leiga.

    Abandonemos uma viso mgicados sacramentos!

    Quais so os poderesde um dicono permanente?

    DEZEMBRO 2015MISSES 21

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    22/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES22

    de Joseph Mampia

    omo funciona a Igreja Catlica no connenteafricano? Como so as celebraes? Estasperguntas me foram feitas muitas vezes eem lugares diferentes por diversas pessoas.Gostaria de apresentar essa realidade pouco

    falada da Igreja, com enfoque na vivncia crist naRepblica Democrca do Congo.

    Como em outros pases africanos, a Igreja Catlicano Congo tem caracterscas prprias. bastanteanimada e viva. Apesar dos problemas e das di-culdades codianas, o povo parcipa sempre comentusiasmo, zelo e alegria. Na maioria das Igrejasou em quase todas, as missas so demoradas. Nosdomingos ordinrios, a durao das missas vai de duasa trs horas. impressionante o fato de que o povo

    nunca manifesta gestos de impacincia ou cansao.

    Alegria nas celebraesO canto e a dana, sendo signicavos nas cultu-

    ras africanas como maneiras de expressar a alegria,fazem parte principal das celebraes eucarscas.Do incio da missa at o m, quase tudo cantado,incluindo a prosso de f e preces da assembleia.Nos cantos de glria, santo e ao de graas, todo o

    povo, incluindo o prprio celebrante e a equipe daliturgia expressam sua alegria e louvor a Deus dan-ando e batendo palmas. A procisso de entrada feita danando, e durante o canto do hino de louvor(glria), costuma-se louvar cantando e danando aoredor do altar, fazendo um crculo. As ofertas quasesempre so realizadas em duas las danantes, homense mulheres. A parcipao do povo nas celebraes

    total, pois as celebraes litrgicasso entendidas como tempo de con-vivncia fraterna.

    Apesar das caracterscas mencio-

    nadas, a Igreja Catlica no Congo uma Igreja bastante inculturada, isto, vivida tendo em conta os valoresculturais locais. Por isso a nica quetem rito de missa prprio, um poucodiferente do rito romano universal.No entanto, esta missa inculturadano pode ser entendida como o quemuitas pessoas chamam de missa afrono Brasil. Quer dizer, no se trata deornamento diferente da Igreja univer-

    sal, no se trata da decorao do altarcom vrias cores ou panos coloridos .Ao contrrio, os simbolismos ou a

    maneira de celebrar prpria do Congotm signicado teolgico correto e reconhecido pelaIgreja universal. Trata-se apenas de uma maneiradiferente de viver a f crist a parr dos valoresconhecidos e encarnados. Os valores cristos cons-tuem o verdadeiro fermento que ajudam a levantare iluminar os valores da cultura local. Tal a belezade viver a vida crist na frica.

    Joseph Mampia, imc, seminarista congols em So Paulo, SP.

    A Igreja bastante animada eviva, o povo participa sempre com

    entusiasmo e zelo.

    C

    A alegria de ser

    catlico no Congo

    Padre Andrs Garca Fernndez, imc, em misso no Congo.

    LATIENDOCONELS

    UR.W

    ORDPRESS.C

    OM

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    23/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 23

    DIVULGAO

    linha de abertura, converso e proposio para que

    todos vessem vida. Com Jesus no era uma simplesconvivncia ou integrao entre as pessoas, mas odilogo passava pela superao de conitos e entraveshistricos. Recentemente na ndia, sentaram-se mesa na Festa do Deepavali, cristos e hindustas,onde entre tantas coisas, os is foram convidadosa perdoar e esquecer as ofensas entre os irmos.A festa traz o senso de liberdade e amizade entretodas as pessoas vesndo-se da melhor forma pos-svel, para manifestar alegria, gozo e paz. Da partedos cristos, foi lida a mensagem que o Poncio

    Conselho para o Dilogo Inter-religioso enviou aosseguidores do hindusmo. A mensagem serviu parapromover a ecologia humana, o cuidado da casacomum. A mensagem dos cristos citou a recenteencclica Laudato Si', do Papa Francisco. Armou aimportncia da formao e educao das pessoasem todos os nveis: da sade do nosso planeta, daconscincia e da responsabilidade ecolgica e daproteo sbia dos recursos da Terra, comeandopela famlia, a primeira estrutura fundamental afavor da ecologia humana.

    Mrio de Carli, imc, missionrio em Monte Santo, BA.

    s tradies religiosas do crisanismo e do

    hindusmo buscam constantemente umaaproximao respeitosa, viva e profundado ser humano com todos os seres criadospor Deus. Apresentam pers diferentes,

    mas sempre h espaos para a mtua colaborao.Os hindustas, por exemplo, tm a festa religiosaDiwali- Festa das Luzes ou Ano Novo - que acontecena ndia, na qual os religiosos acendem pequenaslmpadas chamadas diyas, vestem roupas novas,comem doces e soltam fogos de arcio. Com estafesta desejam evidenciar a vitria das foras do Bemsobre o Mal, das trevas sobre a luz, do conhecimen-

    to sobre a ignorncia, procurando a integrao ea harmonia com todos. Da escurido luz a luznos compromete com as boas aes que nos levamperto do divino. Para os cristos, a Bblia nas suaspginas iniciais, nos revela um belo poema em quepodemos contemplar o universo todo como criaturade Deus. A armao que exista a luz (Gn 1, 3) eraa armao mais eloquente do Esprito de Deus quecontemplava, observava profundamente e, em cadagesto que fazia, tecia e desenhava, colocando todoo universo em harmonia, como numa sinfonia que

    cria beleza e admirao. Com um olhar mais amplodo universo, ns deveramos aprender que no foia luta pela sobrevivncia do mais forte que garanua vida de todas as criaturas at os dias de hoje, masa cooperao e a coexistncia mtua entre eles. isso que necessitamos aprender: a viver em mtuacolaborao.

    Luzes sobre a ecologia humanaO respeito religio do outro o maior testemu-

    nho de f que uma pessoa pode dar. Nos Evangelhosvemos que Jesus se sentava mesa, tomava a pala-

    vra e comunicava a sua experincia de Deus numa

    de Mrio de Carli

    A

    ndiaPor uma ecologia humanaO respeito religio do outro

    a maior prova de f que umapessoa pode dar.

    Festa das Luzes ou Ano Novo, ndia.

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    24/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES24

    DESTAQUE DO MS

    esta: Quem acolhe, pela graa deDeus, a misso, chamado a viverde misso.

    Esta palavra do papa se revestede um signicado muito profundoe toca o cerne do tema ao se falardo Fundador e da Fundao de uma

    Famlia Missionria.O padre Jos Allamano percebeucom muita sabedoria e acolheucom muita solicitude e carinho odom do carisma de Fundador dosInstutos Missionrios e a parr daconvico que este dom vinha doCu. A Misso se tornou o pontochave de toda a sua vida.

    Aniversrio da FundaoNo dia 29 de janeiro as comuni-

    dades dos Missionrios e das Mis-sionrias da Consolata comemoram,com alegria e grado, na oraoe no compromisso de delidade, oaniversrio da Fundao das duasCongregaes: Instuto MissesConsolata em 1901 e Instuto das

    Irms Missionrias da Consolataem 1910.

    Animado por um intenso ardorapostlico e por uma clara conscin-cia da Misso evangelizadora daIgreja, padre Allamano sacerdoteda diocese de Turim, Itlia alargou

    os horizontes da sua mente e doseu corao ao mundo inteiro. APalavra de Jesus: Ide e anunciai oEvangelho a todos os povos (Mt28, 19), tornou-se uma forte e cons-tante inquietao. No podendo eleparr como missionrioAd Gentes,por sua frgil sade, desde 1891 foiamadurecendo em seu esprito afundao de um Instuto dedicadoao anncio de Jesus Cristo entreos povos. O processo exigiu mui-

    to empenho e fadiga. Encontrouapoio e parlha de ideais, no seubispo, cardeal Agosnho Richelmy,companheiro de seminrio e amigo.Uma grave doena contribuiu parao adiamento da realizao destesonho. A cura considerada um

    A origeEm 29 de janeiro de1901, Jos Allamano

    fundava o InstitutoMisses Consolata. Em

    29 de janeiro de 1910, asMissionrias da Consolata.

    So mais de cem anos aservio da Misso.

    a sua Mensagem para oDia Mundial das Missesde 2015, o papa Franciscodeu muita nfase dimen-so missionria da Vida

    Consagrada como parte integranteda mesma, como compromissoda Igreja e no mundo e como ex-presso da ao redentora e liber-tadora de Deus no meio do povo.Uma expresso muito feliz e quesinteza toda a sua mensagem

    N

    de Anair Voltolini

    ARQUIVOIMC

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    25/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 25

    hoje mesmo o Revmo Sr. Reitor s16h30 vai inaugurar Consolana(Casa dos Missionrios) o InstutoMissionrias da Consolata. -Albosignanda lapillo! (a escrever-se sobrepedra branca).

    origem de tudo isto est a sua

    devoo e amor lial SanssimaVirgem Consolata, de cujo Santuriofoi reitor por 46 anos; sua conanae carinho paternal aos missionrios es missionrias; sua f incondicionala Deus, doador da graa carismcae a sandade de vida que palmilhoucom perseverana e delidade aoEvangelho, dia aps dia.

    FestaAos 76 anos, aps uma vida

    de profunda experincia de Deuse vivida intensamente a servioda Misso, Jos Allamano nasceupara a vida eterna. Era o dia 16de fevereiro de 1926. Esta data celebrada cada ano na Famlia Con-solata como a Festa do Fundador.Aps sua beacao este dia foiindicado como Memria litrgicado Bem-aventurado Jos Allamano.

    Tanto o dia 29 de janeiro, como

    o 16 de fevereiro, so ocasies pri-vilegiadas de encontro, sempre eonde possvel, entre os membrosdos Instutos, juntamente com osLeigos Missionrios da Consolata ecom as comunidades crists ondevivemos e atuamos. So dias de festa,de orao e ao de graas, dias derenovao do prprio compromissovocacional no servio da Misso.

    Anair Voltolini, MC, Superiora das irms missionrias

    da Consolata.

    de tudomilagre da Virgem Consolata - foipara ele o sinal da ao de Deus noprojeto da Fundao. Assim, em 29de janeiro de 1901 nasceu o Ins-tuto dos Missionrios da Consolata(Instuto Misses Consolata).

    No dia 8 de maio de 1902 par-

    ram para a Misso no Qunia osprimeiros quatro missionrios: doissacerdotes e dois irmos leigos,seguidos por outros.

    Bem cedo perceberam a necessi-dade da presena feminina na Mis-so. Escreviam ao padre Allamanosolicitando irms missionrias. Nassuas buscas conseguiu respondera este apelo com o envio de irmsda conhecida obra do Cotolengo.O envio de irms foi interrompido

    em 1909. Perante a insistncia dosmissionrios, na pessoa do bispoFilipe Perlo, o Fundador connuousuas buscas tentando entender oProjeto de Deus. Concorde como arcebispo de Turim, confortadopelo parecer do cardeal Jernimo

    Gotti - prefeito da Congregaopara a Evangelizao dos Povos -e encorajado especialmente pelopapa Pio X, Jos Allamano no dia29 de janeiro de 1910, deu incioao Instuto das Missionrias daConsolata.

    Ele mesmo, de maneira muitosimples e paterna, parlhou comas irms como foi o processo dessafundao. Armou: foi o CardealGo que me encorajou a fundaro Instuto de vocs, dizendo-me: vontade de Deus que se funde oInstuto das irms. Mas irms hmuitas, respondi-lhe. Sim, muitasirms, mas poucas missionrias,retrucou ele. O que porm o Alla-mano realou mais foi a interven-

    o do papa. Dizia: foi o papa PioX que vos quis. Em dilogo comele o Fundador tinha exposto adiculdade de encontrar pessoalfeminino idneo e suciente paraa Misso, ao que o papa lhe disse: preciso que vs mesmo fundeisum instuto de irms missionrias,como fundastes o dos missionrios.Sandade - objetei - j existemtantas famlias religiosas femininas!

    Sim, - retrucou Pio X - mas noexclusivamente missionrias. Eu,contudo, Beassimo Padre, - voltei adizer-lhe - no tenho a vocao parafundar irms! Se no tendes estavocao, eu vo-la dou! - respondeu--me o papa.

    Com a fora e a uno destaspalavras, Allamano se ps obrapara iniciar o Instuto das irms. Nodirio da Casa Me dos Missionrios(Caderno 1909-1910, PP. 21-22), na

    data de 29 de janeiro de 1910, l-se:

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    26/36

    orria o ano de 1965 quandoalgumas mes que traba-

    lhavam em busca de sus-tento para suas crianasno bairro do Jardim Peri,

    zona norte da capital paulistana,se reuniram na tentava de man-ter os lhos protegidos durante odia, enquanto saam para ganhar

    C

    de Maria Emerenciana Raia

    higiene, lazer a alimentao. Nadcada de 70, houve a obriga-

    toriedade de o Estado atenderessas mesmas necessidades sociais.Nasceu a parceria com a PrefeituraMunicipal de So Paulo e foramformalizados os convnios com aCEI (Creche de Educao Infanl)Perizinho, atendendo no momen-to 100 crianas de 1 a 3 anos e oCCA Peri (Centro para Crianase Adolescentes), atendendo 140crianas e adolescentes de 6 a 15anos no turno contrrio escola.

    Em 1990, tendo em vista a grandedemanda da comunidade e o altorisco de vulnerabilidade das famlias,nasceu mais uma unidade, a CEIPadre Gelindo Sconi, atendendocrianas de 2 e 3 anos. Hoje, o tra-balho da endade centrado no

    Centro de AssistnciaSocial do Jardim

    Peri completou 50anos de atividadesem 2015, ajudandocrianas e famlias

    na periferia da zonanorte de So Paulo.

    o po de cada dia. Pediram ajuda Parquia Nossa Senhora da Pe-nha, igreja localizada no centro do

    bairro, sob a responsabilidade dosmissionrios da Consolata.

    Surgia assim o Centro de As-sistncia Social do Jardim Peri,endade lantrpica. O trabalhovoluntrio atendia as crianas comcarinho e proteo, garantindo

    Centro para Crianas e Adolescentes Peri, Jardim Peri, So Paulo, SP.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES26

    MISSO EM CONTEXTO

    Ondeh uma vontade,h um meio!

    FOTOSARQUIVO

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    27/36

    atendimento socioeducavo diriode aproximadamente 300 crianase adolescentes e de 100 jovens eadultos, atravs do MOVA Pro-grama de Alfabezao de Adultos.

    50 anos de histriaO Programa de Alfabezao

    de Adultos conta com prossionaishabilitados e convnio com as se-cretarias municipais de Educaoe de Assistncia Social. Com o for-talecimento e a prossionalizaodo terceiro setor, hoje, o CentroSocial do Jardim Peri j possui o re-conhecimento de Ulidade Pblicaem todas as esferas do governo etem condies de liberar cerca-dos necessrios para uma atuao

    transparente e de total gratuidadeaos atendidos.Em 2015, um ousado passo foi

    dado: com muita vontade e ajudado empresrio Jairo Quarero ealguns parceiros, um prdio de qua-tro andares foi inaugurado em umterreno doado nas imediaes daParquia Nossa Senhora da Penha,para ampliar a atuao do CentroSocial, atendendo adolescentes.Um belo presente nos 50 anos de

    existncia da endade.O Centro Social conta com a

    contribuio mensal de alguns paro-quianos da Parquia Nossa SenhoraConsolata do Jardim So Bento, zonanorte da capital paulistana, atravsda Pastoral da Promoo Huma-na. Alm de paroquianos, algunssimpazantes da causa tambmajudam. A Pastoral organiza chs ealmoos benecentes ao longo do

    ano nas dependncias da parquia,para complementao da ajuda aoCentro. Com o valor arrecadado, possvel manter os compromissos epagar os funcionrios, pois o conv-nio com a Prefeitura no sucientepara cobrir todos os gastos.

    Por ocasio do Natal, a Pastoralda Promoo Humana prepara eentrega as sacolinhas, com roupa,brinquedo e calados, distribuin-do mais de mil para crianas das

    diversas creches pertencentes ao

    Centro (e tambm ou-tras endades).

    Falar da atuaodos voluntrios, fun-cionrios, missionriose missionrias que jtrabalharam e aindatrabalham em prol

    das crianas e adoles-centes atendidos peloCentro Social JardimPeri reviver 50 anosde histria! O slogando Centro onde huma vontade, h ummeio. Prova disso estem sua origem e nacontinuidade de seutrabalho.

    Contribuir com essetrabalho ser cidadoconsciente de suas res-ponsabilidades. Saibacomo isso pode ser feito e a rela-o dos endereos das unidadesdo Centro Social. Voc tambmpode ajudar tornando realidade

    o slogan do Centro, pois onde huma vontade, h um meio.

    Maria Emerenciana Raia editora da revista Misses.

    JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 27

    Para contribuio, qualquer valor:

    Centro de Assistncia Social do Jardim Peri

    Banco Bradesco agncia 278c/c 32.590-2CNPJ 243.704.600/0001-43

    Creche PerizinhoAvenida Peri Ronche, 168tel. [email protected]

    Centro para Criana e Adolescente PeriRua Dom Carlos Gouveia, 40Tel. [email protected]

    Creche Pe. Gelindo Scotni

    Rua Francisco Arcuri, 133Tel. [email protected]

    MOVA Nossa Senhora da Penha

    Praa Dom Helvcio Gomes de Oliveira, [email protected]

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    28/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES28

    amais vou esquecer do amigo de adolescncia

    Luiz Cavinao Neto, o Pitu. No nhamos maisque 15 anos quando numa daquelas entoobrigatrias abreugraas - que a gente chamavamesmo de chapa do pulmo -, o mdico me

    recomendou uma dieta alimentar reforada. Por midez,no me atrevi a perguntar o movo, mas o medo deuma tuberculose muito me abateu. O Pitu percebeue s a ele ve coragem de confessar. Sua reao veioimediata e sem vacilo: se ver que comer no mes-

    mo prato que voc, eu como! E no teve receio deconnuar sempre prximo. Felizmente, o problemaera s a magreza de um jovem muito avo. No seise foi prudente, mas que foi amigo, isso ele foi!

    No dia 14 de fevereiro celebra-se o Dia da Ami-zade. Estaria ligado histria do bispo So Valenn,que teria morrido nessa data. Em muitos pases, oValentnes day o dia dos namorados, que no Brasilse comemora em 12 de junho. Mas aos amigos e s

    amizades dedicam-se tambm outras datas. Para a

    J

    de Carlos Roberto Marques

    Amigo:coisa pra se guardar...Quem encontra um amigo fel,encontra um tesouro. (Eclo 6,14).

    ONU, 30 de julho o Dia Internacional da Amizade,que teria origem diferente, mas controversa. Htambm o Dia do Amigo, que alguns comemoramem 18 de abril, outros em 20 de julho.

    Aquele que ama muito bom termos um dia especial para lem-

    brar e manifestar grado e carinho aos nossos is

    amigos. No sem movo, a palavra amigo tem suaraiz no lam, derivada, como se concluiu, da palavraamor. Amizade afeto, proteo, apoio, como oPitu demonstrou. tambm conana: chamei-vosamigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvide meu Pai (Jo 15, 15). Amigo para dividir tristezas,mas tambm comparlhar felicidade, porque sofrersozinho muito doloroso, e alegrar-se sozinho notem graa nenhuma.

    O verdadeiro amigo se entristece comnossas derrotas e muito se alegra comnossas vitrias, solidrio e sem inveja.

    O verdadeiro amigo sabe ouvir e, quan-do preciso, sabe calar. Um abrao podeser a melhor acolhida, mesmo em totalsilncio. O verdadeiro amigo pode dizersim e pode dizer no; entender e aceitaro sim ou o no tambm demonstraode verdadeira amizade.

    Mas no preciso esperar o Dia daAmizade ou o Dia do Amigo para lembrare homenagear essas pessoas que nosso to caras. No deixe passar o dia do

    aniversrio, o dia do prossional, ou umadata qualquer que d a oportunidade deexternar seu afeto e seu respeito. Anal,

    como uma planta, a amizade precisa ser culvadae cuidada para que no murche e perea. E busquetransformar seu vizinho no amigo mais prximo, poiso socorro pode vir na hora certa, e a oportunidade deservir tambm, sem constrangimentos e sem favores,mas por puro e desinteressado amor. Graas a Deus,tem ainda muito Pitu por a!

    Carlos Roberto Marques Leigo Missionrio da Consolata LMC,

    e membro da equipe de redao.

    CIDADANIA

    28

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    29/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 29

    pracada para com o pobre! A negao do outropobre signica a negao do prprio Deus.

    Face de DeusNa misria se encontra a verdadeira face de Deus.

    Em outras palavras, se o comportamento co nomelhorar, a consequncia inevitvel ser a ausnciade Deus em sua prpria casa.

    Importa sublinhar que no o culto em si que estsendo rejeitado, mas toda a ideologia que usa o culto

    para encobrir interesses econmicos ou religiosos. Porisso, poder-se-ia dizer que a falsa adorao contribuipara um aumento galopante do custo social. Onde faltaa dimenso horizontal, a dimenso vercal impossvel.

    O comportamento dirio o critrio para a auten-cidade do culto. O conhecimento de Deus se manifestanotadamente no campo das relaes entre os sereshumanos. Armaramos que o mais importante no o culto, mas a prca da jusa.

    A tentao de um dualismo que separa a vida do

    culto real! A violao do direito inalienvel do serhumano , antes de tudo, uma violao do prprioDeus. Trata-se de crime contra Jav, o autor e protetorda vida. No h conhecimento de Deus quando noh comunho e solidariedade com os mais pobres.

    A CFE 2016, a parr dos problemas ambientais e desade coleva decorrentes da precariedade da ofertados servios de saneamento bsico, resultantes deprocessos fundamentalmente polcos e sociais, nosprope a leitura do profeta Ams para reencontrarmoso caminho da verdadeira fraternidade.

    Paulo Mz, imc, diretor da revista Misses.

    de Paulo Mz

    A atualidadedo profeta

    Quero ver o direito brotar ecorrer a justia qual riacho

    que no seca (Am 5, 24)

    BBLIA

    lema da Campanha da Fraternidade Ecum-nica 2016 pode ser inserido num contextoem que o profeta explicita o po de culto

    desejado por Deus. Alis, Ams ps nfase questo social e econmica ao denunciar oluxo excessivo s custas da explorao da populao.A avidade profca de Ams pode ser situada entreos anos 760 e 755 a.C., durante o reinado de JerobooII (793-753 a.C.), que tornou-se lugar de prcas re-ligiosas consideradas formas hediondas de pecado,porque vinculadas opresso dos pobres.

    A parr de Am 8, 4, por exemplo, tudo indica quemuitas das prcas religiosas serviam meramentecomo formalidade, manipulando a divindade paralegimar as prcas contrrias lei da aliana. A

    aliana preconizava que o culto deveria ser testemu-nha e encarnao da prca de comunho com Deus,com o verdadeiro carter de Deus como soberano emisericordioso. Ams crica o que ocorria no templotendo como inteno acabar com as injusas sociaise econmicas; a literatura dos profetas propunhanova forma de adorao, fundamentada na prca da

    jusa e no restabelecimento do direito dos pobrese explorados. Os profetas desmascaram a violncia,a supercialidade do sistema religioso medida quepropem que o nico rito agradvel a Deus a prca

    da solidariedade. A opresso do pobre pelo poderosoh de se tornar na literatura profca um sinal incon-testvel da negao de Deus.

    Podemos interpretar a realidade e como ela semanifesta por meio do no conhecimento de Deus.Quando o conhecimento de Deus rejeitado, malinterpretado, manipulado ou ocultado, temos fortereexo no aumento da prca de injusas entre osmais pobres. O conhecimento de Deus exige semprea prca da jusa. A questo, portanto, no a inte-gridade de Deus, mas a integridade do ser humano eda criao. O ranking do conhecimento de Deus - alto

    ou baixo - residiria na maneira como a solidariedade

    O

    Crrego poludo, Vila Santa Catarina, So Paulo, SP.

    DIVULGAO

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    30/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES30

    Conhecendo

    experinciasde f

    ENTREVISTA

    Quarta Campanhada Fraternidade

    Ecumnica une igrejascrists em busca docuidado com a Casa

    Comum.

    pastora luterana RomiMrcia Bencke Secre-tria-Geral do ConselhoNacional de Igrejas Cristsdo Brasil, CONIC, rgo

    que trabalhou a elaborao daquarta Campanha da Fraternidade

    Ecumnica 2016 (CFE). Em entre-vista revista Misses, a pastoraanalisa os desdobramentos da CFE.

    A Campanha da Fraternidadedeste ano a quarta ecumnica.O que une o CONIC em volta destaCampanha?

    Nas Campanhas anteriores oque movou o CONIC foi a possi-bilidade das Igrejas unirem-se em

    torno de um testemunho pblicocomum. Todo o processo de ela-borao da Campanha da Frater-nidades Ecumnica trabalhadoconjuntamente entre as Igrejas,por meio de representaes indica-das por elas. muito interessanteouvir as experincias diferentesque cada Igreja traz e fazer comque cada uma dessas experinciasse torne uma virtude. As CFEs con-tribuem de maneira signicava

    para reforar as aes ecumnicas.

    A

    de Paulo Mz

  • 7/25/2019 Janeiro Fevereiro 2016

    31/36JANEIRO/FEVEREIRO 2016MISSES 31

    uma belssima oportunidade dasIgrejas se conhecerem melhor.

    Em 2015, o documento NostraAetate completou 50 anos. O queas igrejas crists no Brasil podemaprender da evoluo presente e

    futura do relacionamento judaico-

    -cristo?Creio que um grande aprendi-

    zado do relacionamento judaico--cristo compreendermos que asintolerncias religiosas no apre-sentam nenhum po de benecio.O anssemismo no pode seraceito sob hiptese alguma. Opovo judeu foi muito perseguidoao longo da histria da humani-dade. Olhar para o passado uma

    oportunidade que temos para dizerque determinadas experinciasnunca mais devem se reper. Aperseguio aos judeus umadelas. Da mesma forma, nenhumpovo deve ser perseguido por ra-zes religiosas. Todas as religiescarregam consigo a dimenso daespiritualidade e isso que pre-cisa ser valorizado. Creio que muito importante olharmos paraas intolerncias religiosas atuais.

    Intolerncia contra as tradiesde matriz africana, muulmana,em outros pases contra o prpriocrisanismo. A f jamais deve indu-zir ao dio e negao do outro.

    O que a Campanha da Frater-nidade Ecumnica 2016 vai trazerde novo, lido a parr da encclicado papa Francisco (Laudato Si')que nos prope uma ecologia

    integral?Essa Campanha da FraternidadeEcumnica tem como tema CasaComum, nossa responsabilidade.Quero ver o direito brotar comofonte e ver a jusa qual riachoque no seca (Am 5, 24) o lemabblico que orienta a Campanha. Anovidade presente nesse tempo

    reconhecermos o cuidado da CasaComum como uma das dimensesda jusa. Nossa cultura ocidental bastante antropocntrica. Esque-cemos que toda a criao obra doamor de Deus. Se maltratamos acriao, ferimos a prpria imagemde Deus. Cada esgoto correndo

    a cu aberto uma ferida quedeixamos na criao. Cada lixo

    jogado na rua uma bofetada quedamos na criao. Precisamos nosreconhecer como parte de algomuito maior. Ns, seres humanos,no somos o centro do universo.Somos uma minscula parte dele,por isso precisamos compreenderque devemos habitar essa CasaComum com responsabilidade.

    Superar a lgica capitalista quecr que tudo pode ser exploradoeconomicamente um dos desa-os. Precisamos nos reconhecercomo cuidadores e cuidadorasdessa Casa que recebemos gra-tuitamente. Para tanto, um dosdesafios mudarmos o nossoeslo de vida. Tentarmos ir almdas aparncias e olhar para o queest alm da nossa viso.