jan · 2013. 6. 27. · françois chamoux, a civilização grega. lisboa, portugal: edição 70,...

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2 jan.2009 issn 2179-4960 REVISTA ARCHAI JOURNAL: ON THE ORIGINS OF WESTERN THOUGHT C L Á S S I C A Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

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  • EDITORIAL

    Jonatas R. Alvares Gabriele Cornelli

    ARTIGOSUrbanização e a Construção da Paisagem no Alto Império Romano: a Colônia de Augusta EmeritaAiran dos Santos Borges

    O Poeta e a Cidade: Platão Enfrenta HomeroAlzira Silvestre dos Santos

    A Paixão Política de Platão: sobre Cercas Filosóficas e sua PermeabilidadeGabriele Cornelli

    O Desrespeito das Leis Sociais e a Ruína Humana no Hipólito de EurípidesHelena Vasconcelos

    Os Tipos de Justiça na KallípolisJosé Wilson da Silva

    Cidades Gregas do Ocidente e a Água: estudo comparativo entre os sistemas de captação e dispensa da água nas Poleis de Metaponto e PoseidoniaMaria Elizabeth MesquitaMaria BeatrizBorba Florenzano

    Civitas In Civibus Est, Non In Parietibus (De Urbis Excidio 6,6). História e Tempo Eterno na ‘Arquitetura Cívica’ de Roma Antiga em De Civitate Dei de Santo AgostinhoPedro Paulo Alves dos Santos

    O Esquema Decorativo da Sala do Trono do Rei Neoassírio Ashurnasirpal IIPhilippe Racy Takla

    Diversões Públicas em Roma: da Fase Republicana à Fase ImperialPriscilla Adriane Ferreira Almeida

    Lei, Retórica e Democracia – o Uso das Leis no Discurso ForensePriscilla Gontijo Leite

    A Natureza do Discurso Verdadeiro a partir de uma Abordagem Convergente em Platão e IsócratesRobson Régis Silva Costa

    O Cuidado de Si no EpicurismoThiago Rodrigo de Oliveira Costa

    Sobre a Autodidaxía e a Autárkeia de EpicuroMiguel Spinelli

    TRADUÇÃO

    Performance e Inteligibilidade: traduzindo Íon, de PlatãoMarcus Mota

    RESENHA

    François Chamoux, A Civilização Grega. Lisboa, Portugal: Edição 70, 2003, 344 pp. ISBN: 972-44-1139-7Maria Carolina Alves dos Santos

    2 jan.2009

    issn 2179-4960

    2 jan.2009

    issn 2179-4960

    2ja

    n.20

    09

    R E V I S T A

    ARCHAI JOURNAL: ON THE ORIGINS OF WESTERN THOUGHT

    ARCHAI JOURNAL: ON THE ORIGINS OF WESTERN THOUGHT

    C L Á S S I C A

    Versão integral disponível em digitalis.uc.pt

  • desígnio 2

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    jan.2009

    A PAIXÃO POLÍTICA DE PLATÃO: SOBRE CERCAS FILOSÓFICAS E SUA

    PERMEABILIDADEGabriele Cornelli*

    ,

    RESUMO: O presente artigo se propõe abordar a questão

    da relação entre a filosofia e a política, partindo do debate

    intelectual sobre ética e política do V-IV século em Atenas.

    Debate, este, que acontece na esteira do surgimento de uma

    nova individualidade, marcada pela descoberta da tragicidade

    alma. Destaca-se no interior deste debate a redefinição de

    uma postura filopolítica, em toda sua ambigüidade histórica

    e idealidade ética. Aristófanes, Tucídides, Eurípides, Górgias e,

    obviamente, o próprio Platão estão empenhados na definição da

    possibilidade (ou menos) de encontro entre filosofia e cidade,

    público e privado, justiça e interesses, indivíduo e comunidade.

    A solução platônica para o problema revela complexidade e

    articulação típicas de seu pensamento: o filósofo que se repara

    da tempestade atrás de uma cerca acadêmica (Resp. 496d) é o

    mesmo que, “para não parecer somente palavra a ele mesmo”

    (VII Epist. 328c) zarpa em direção ao incerto projeto siracusano.

    PALAVRAS-CHAVE: Platão, Filosofia política, República,

    Ética antiga, História do Pensamento Ocidental.

    PLATO’S POLITICAL PASSION: ON PHILOSOPHICAL WALLS

    AND THEIR PERMEABILITY

    ABSTRACT: This article proposes to address the relationship

    between philosophy and politics through the 5th-4th Century’s

    intellectual debate on ethics and politics in Athens. A debate

    which takes place in the wake of the rise of a new individuality,

    marked by the discovery of the tragicity of the soul. What stands

    * Gabriele Cornelli é

    professor (Adjunto I)

    de Filosofia Antiga no

    Departamento de Filosofia

    da Universidade de Brasília,

    Coordenador do Grupo

    Archai: as origens do

    pensamento ocidental e

    Presidente da Sociedade

    Brasileira de Platonistas.

    INTRODUÇÃO

    A idéia de deste ensaio surgiu-me a partir da re-leitura recente de uma tese clássica da Nicole

    Loraux, em seu livro A invenção de Atenas (1981)

    segundo a qual os escritores politeiai do V-IV século

    (Isocrates, Tucidides, mas vale como veremos para

    outros também) são obrigados a usar a arma da

    palavra por se encontrarem de alguma forma

    impossibilitados em seu desejo de ação.1

    A palavra, portanto, expressa uma paixão

    política. Mas uma paixão impossível.

    Em busca desta paixão entre os livros que

    estavam em minha mesa, há algum tempo dedicados

    ao V-IV século em Atenas – Aristófanes, Tucídides,

    Eurípides, Górgias e, obviamente, o próprio Platão

    – percebi que um termo aparece com uma certa

    freqüência e releva de alguma forma que todos

    eles estão empenhados na definição desta paixão.

    Trata-se do termo φιλοπόλις: um termo a meu ver reducionisticamente traduzido no interior do

    léxico do patriotismo. Mas antes de pensar na

    filopolítica, será preciso anotar algumas reflexões

    sobre o contexto histórico em que esta literatura

    é produzida.

    1. Agradeço as contribuições

    dos amigos e estimados

    colegas Giovanni Casertano,

    José Otávio N. Guimarães

    e André L. Chevitarese,

    por aceitarem discutir

    comigo aspectos pontuais

    deste ensaio. Obviamente,

    a responsabilidade pelas

    idéias aqui expressas é

    exclusivamente minha. Uma

    versão anterior do mesmo

    foi apresentada inicialmente

    no V Seminário Internacional

    Archai: a cidade antiga

    (2-6 de Junho de 2008),

    em Brasília e uma versão

    inglesa deste texto está no

    prelo da publicação Cornelli,

    G. & Lisi, F. (orgs). Plato

    and the Ancient City. Sankt

    Augustin/Berlin, Academia

    Verlag, 2009.

    Versão integral disponível em digitalis.uc.pt