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Jackson do Pandeiro Roteiro de curta metragem de Ana Beatriz Santos da Silva

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Jackson do Pandeiro Roteiro de curta metragem de Ana Beatriz Santos da Silva

#1 EXT. DIA

Panorâmica de baixo para cima mostrando um

quintal cheio de galinhas e entulhos. A câmera pára,

focando uma menina sentada diante de algumas bonecas

velhas, enfileiradas como se fosse uma sala de aula.

Mariana gesticula sozinha, e responde como se

suas bonecas estivessem perguntado algo sobre a aula. Não

muito longe se ouve o chiado de um rádio velho, o som

torna-se mais forte e Mariana reconhece a música, abre um

sorriso e começa falar para suas bonecas a história do

cantador daquela melodia.

#2 EXT. DIA

Uma mulher entrega um saco de côco seco por algum

dinheiro e sai caminhando pela praça da cidade. Ao seu lado

o menino José passa com os olhos esbugalhados pela loja que

conserta sanfonas. O menino é puxado pelo braço, na

tentativa de apressar os seus passos. A mãe sabe o que ele

deseja. E diz:

Mãe: Sanfonas são muito caras, não

tenho como pagar, e você já tem um

pandeiro.

#3 EXT. DIA

José está com 13 anos, chega para a cidade de

Campina Grande com sua família. Continua fascinado pela

música e começa acompanhar as apresentações dos cantores de

côco e dos violeiros nas feiras livres.

#4 EXT. DIA

Plano-seqüência – várias imagens de José são

mostradas através de flashes. José aprendendo a tocar

pandeiro; sua primeira apresentação na rádio. A escolha do

seu nome artístico. A figura de Jack Perry, mocinho dos

filmes de faroeste. Sua chegada em João Pessoa em meados

dos anos 40. Durante a apresentação das imagens ouve-se a

melodia de Forró em Limoeiro, um dos sucessos de Jackson.

#5 INT. NOITE

A câmera foca em Jackson sorrindo, ele faz piada

e anuncia a próxima música. O foco não permite de imediato

que o telespectador saiba onde Jackson está. Ouvem-se

aplausos e o tilintar de copos.

A apresentação da noite acontece em um dos

cabarés de João Pessoa. A música começa no cabaré, minutos

depois a câmera corta, e a mesma música tem sua

continuidade em outra apresentação (dia seguinte) em uma

das emissoras de rádio da capital. Nas residências, as

famílias se divertem e dançam ao som de Jackson do

Pandeiro.

#6 EXT. DIA

A câmera mostra uma sequência de fatos/datas.

Jackson muda-se para Recife; em 1953, grava seu primeiro

grande sucesso „Sebastiana‟(aparece ele tocando e

cantando); conhece Almira, com quem casa-se em 1956. Doze

anos mais tarde separa-se de Almira; casa-se com Neuza; É

consagrado por cantar os mais diversos gêneros musicais,

baião, coco, samba-coco e até marchinhas de carnaval.

#7 EXT. DIA

A câmera foca um Jackson festivo em seu último

show na cidade de Brasília. Passa-se uma semana e o Brasil

recebe a notícia da morte de Jackson do Pandeiro.

Um senhor de cabelos brancos levanta de sua

cadeira de balanço, chega perto do rádio, aumenta o volume

pra escutar melhor o noticiário “A voz do Brasil” que,

acabava de começar. Em seguida escuta a triste notícia:

“Boa noite! É com grande pesar que anunciamos a morte de um

dos grandes artistas do Brasil. Morre aos 62 anos, com

complicações de embolia pulmonar e cerebral o grande

Jackson do Pandeiro. Jackson nos deixa muito mais que uma

história bonita de vida. Foram mais de 29 anos alegrando a

vida de muitos brasileiros, principalmente do povo

nordestino. Vai em paz, Jackson, o Brasil sentirá a sua

falta.”

#8 EXT. DIA

BLACK.

Mariana anuncia que a aula acabou. As bonecas

continuam sentadas, enfileiradas. A menina levanta-se,

ajeita suas vestes e fala:

Mariana: Espero que vocês tenham

gostado da aula de hoje. A história

dele é bonita não é? Não fiquem

tristes. Minha mãe me disse que o tio

Jackson com certeza está cantando em

algum lugar não muito distante daqui.

A câmera foca Mariana correndo e sorrindo em

direção porta da cozinha. A música de Jackson continua a

tocar.

“Convidei a comadre Sebastiana

Pra cantar e xaxar na Paraíba

Ela veio com uma dança diferente

E pulava que só uma guariba

E gritava: a, e, i, o, u, y

Já cansada no meio da brincadeira

E dançando fora do compasso

Segurei Sebastiana pelo braço

E gritei, não faça sujeira

O xaxado esquentou na gafieira

E Sebastiana não deu mais fracasso

Mas gritava: a, e, i, o, u, y”