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Associação da Juventude Activa da Castanheira Boletim Nº 22 Agosto 2007 Espaço Aquático desde 7 de Julho Já se nada nas piscinas No prazo previsto aí estão as piscinas: têm balneários, um bar, duas funcionárias e vão funcio- nar nos meses de Verão. Vão ser um sucesso para a Castanheira e para as aldeias vizinhas. Veja como elas são. Textos e fotos nas páginas centrais. SUMÁRIO: Contabilistas e gestores Página 5 Cartas de longe Página 8 Mordomos emigrantes: sim ou não? Página 9 As Eiras Página 11 Figuras: O Camareiro Página 11 António José Saraiva, empresário com distinção António José Saraiva SA é o nome da Empresa Distrital do Ano na Gala Empresas 2007 do jornal Nova Guarda. António José Saraiva é também o nome do castanheirense de 50 anos que está à frente da empresa que recentemente passou a Sociedade Anónima, tendo assim as contas auditadas e certificadas. Filho de empreiteiro, herdou do pai, como os irmãos David e João, a vocação para a iniciativa privada na área das obras públicas e infra-estruturas. A sua empresa tem hoje 38 empre- gados, entre os quais engenheiros e economista e um técnico superior de higiene e segurança. Dois milhões de euros são o volume de negócios anual. Entrevista na página 4. Encontro de Lisboa a 17 de Junho Emoção entre castanheirenses Como em cada ano em que há encontro de castanheirenses em Lisboa, os de cá e os de lá deixaram-se levar pela emoção. Relato na página 9.

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12Agosto 2007

PALAVRA DE PRESIDENTE

Faz falta a festaA AJAC organizou durante

8 anos um festival de cultura, que foi este ano interrompido por diversas razões que me escuso, por o já ter feito em edição anterior, de aqui co-mentar.

A AJAC não organizou a festa e este ano não houve festa na Castanheira.

Mas porque voltar ao as-sunto? Simplesmente porque andam no ar algumas ideias que precisam de divulgação.

A “festa” como ponto de encontro e de convívio de cas-tanheirenses e de muita outra gente que aflui por esses dias à nossa aldeia faz falta.

Não satisfeitos com o es-tado das coisas, um grupo de jovens, cheios de vontade e de ideias, prontificou-se para encetar os esforços necessários para que no próximo ano as festas regressem em força.

Independentemente do figurino das festividades, a iniciativa é de louvar. Para que essa tarefa tenha êxito é necessário que todos apoiem e patrocinem.

Força rapazes! Vitor Gonçalves,

Presidente da AJAC

Quer receber gratuitamente o jornal em casa?

Nome: ____________________________________________ Idade: ______ Profis-

são: _________________________ Morada: __________________________________

_______________________________________________________________

Telefone: _____________________ E-mail:_________________________________

Preencha este cupão e entregue directamente na AJAC ou envie para:Associação Juventude Activa da Castanheira - 6300-075 Castanheira

Ficha Técnica

Boletim da Associação da Juventude Activa da Castanheira

6300-075 Castanheira e-mail: [email protected] ou [email protected] Director: Vitor Gonçalves Coordenador: Joaquim Martins Igreja Periodicidade: Quadrimestral Tiragem: 1.000ex. Paginação: Elsa Fernandes Impressão: Marques e Pereira (Guarda)

Página on-line da AJACDesde Julho de 2006 que a AJAC dispõe de

uma página de Internet – www.ajac.com.pt. É o local de informação, comunicação e interliga-ção de todos os interessados pelas actividades desenvolvidas por esta associação. Aqui pode encontrar as edições anteriores do Castanheira Jovem, notícias da AJAC, o material à venda na Loja da AJAC, e inclusivamente deixar a sua su-gestão ou comentário, não só acerca da página, como também do trabalho desenvolvido ao longo do tempo. No ano anterior recebeu 715 visitas,

muitas das quais do estrangeiro. Este ano o número de visitas já ultrapassou as 2300. Toda a evolução do Espaço Aquático, já concluído, foi aqui transmitida através de fotografias, para que toda a gente se sentisse próxima do acontecimento. Se pretender receber todas as notícias e alterações da página na sua caixa de correio, basta assinar a Newsletter, e elas chegarão até si, tal como já fizeram dezenas de pessoas. Fica aqui o convite à participação activa de todos. Visitem-nos, comentem e sugiram, todas as opiniões e contributos são importantes para a melhoria do trabalho desenvolvido e a desenvolver.

Marta Marques

Programa “Aldeias Seguras” na Castanheira

O programa “Aldeias Seguras” está integrado no Programa de Acção Nacional de Sensibi-lização e Educação da Defesa da Floresta contra Incêndios da responsabilidade da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, articulado e no âmbito dos documentos e legislação em vigor: Resolução do Conselho de Ministros n.º 65/2006 de 26/05 e D.L. n.º 124/2006 de 28/06. O local escolhido para a implementação deste programa, no distrito da Guarda, foi a localidade de Castanheira.

Direccionado para a sensibilização da população rural este programa tem como objecti-vos criar, nesta comunidade, um sentimento de responsabilização comum e de pertença pelo património edificado e os espaços florestais adjacentes, criar condições reais de protecção da população incentivando a auto-protecção da comunidade, fortalecer e aproximar as relações entre a população e os agentes locais com responsabilidade em matéria da defesa da floresta contra incêndios, entre outras e fomentar a mudança de comportamentos em termos de defesa da floresta reduzindo os comportamentos negligentes. Resumindo, este programa visa essen-cialmente, organizar a aldeia em termos de defesa, contra os incêndios e também em qualquer caso de catástrofe, proteger as pessoas e bens, criando estratégias e definindo planos de se-gurança para a população. O rosto mais evidente deste programa tem sido até ao momento, a limpeza dos terrenos, onde se tem concentrado grande percentagem do desenvolvimento do programa. Aqui convém referir que, de acordo com a lei em vigor, a limpeza dos terrenos deve ser efectuada até 50 metros de casas isoladas e até 100 metros da povoação, sob pena de se incorrer numa contra-ordenação cujo montante mínimo são 140 euros. Apesar das inúmeras dificuldades, conseguiu-se deslocar duas equipas de sapadores florestais, que limparam vários terrenos, e a Junta de Freguesia adquiriu também um corta mato, para mais rapidamente ser efectuada a limpeza em todo o perímetro da aldeia.

Associação da Juventude Act iva da CastanheiraBoletim Nº 22 A g o s t o 2 0 0 7

Espaço Aquático desde 7 de Julho

Já se nada nas piscinasNo prazo previsto aí estão as piscinas: têm balneários, um bar, duas funcionárias e vão funcio-

nar nos meses de Verão. Vão ser um sucesso para a Castanheira e para as aldeias vizinhas. Veja como elas são.

Textos e fotos nas páginas centrais.

SUMÁRIO:Contabilistas e gestores

Página 5

Cartas de longePágina 8

Mordomos emigrantes: sim ou não?Página 9

As EirasPágina 11

Figuras: O CamareiroPágina 11

António José Saraiva, empresário com distinção António José Saraiva SA é o nome da Empresa Distrital do Ano na Gala Empresas 2007 do jornal

Nova Guarda. António José Saraiva é também o nome do castanheirense de 50 anos que está à frente da empresa que recentemente passou a Sociedade Anónima, tendo assim as contas auditadas e certificadas. Filho de empreiteiro, herdou do pai, como os irmãos David e João, a vocação para a iniciativa privada na área das obras públicas e infra-estruturas. A sua empresa tem hoje 38 empre-gados, entre os quais engenheiros e economista e um técnico superior de higiene e segurança. Dois milhões de euros são o volume de negócios anual.

Entrevista na página 4.

Encontro de Lisboa a 17 de Junho

Emoção entre castanheirenses

Como em cada ano em que há encontro decastanheirenses em Lisboa, os de cá e os de lá deixaram-se levar pela emoção.

Relato na página 9.

2Agosto 2007

No Dicionário Geográ-fico de Portugal de 1758 do Padre Luís Cardoso, existen-te no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do qual constam as freguesias de Portugal, vem lá descrita, no Volume 31, N.º 1, Fo-lhas l a 4, a freguesia da Rabaça, através do relato que o pároco, o Padre Cura

Domingos Rodrigues, fez em 2 de Junho de 1758, contendo as respostas aos interrogatórios ordenados pela Secretaria de Estado do Reino de Portugal, tendo como motivo principal inventariar os danos causados, no País, pelo terramoto ocorrido no dia 1 de Novembro de 1755, que são do teor seguinte:1. Acha-se o lugar da Rabaça na Província da Beira Alta. E do Bispado e comarca da Guarda, termo da vila do Jarmelo.2. É o dito lugar de jurisdição Real.3. Consta o sobredito lugar de quarenta e quatro fogos, e de cento e catorze pessoas de comunhão, e de confissão somente dezanove.4. Está situado em uma quase campina donde se descobrem os lugares da Castanheira e Pínzio em distância ambos de quase meia légua.5. A igreja paroquial está contígua ao dito lugar.6. O orago da igreja é S. Martinho, na qual se acham três altares, o maior com a imagem do Santo Padroeiro e da parte direita com a invocação de S. Sebastião, e da parte esquerda com invocação de Nossa Senhora do Rosário; não há naves na dita igreja; acha-se nela erecta a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.7. O pároco da dita igreja é cura anual ao qual apre-senta o prior de Santa Maria da vila do Jarmelo e se lhe dá de porção em cada ano cem alqueires de centeio, dois alqueires de trigo e dois almudes de vinho.8. Os frutos que recolhem os moradores do dito lugar em maior abundância é centeio.9. Não tem juiz ordinário e estão sujeitos ao da vila do Jarmelo.10. No dito lugar se faz uma feira em dia de S. Mar-tinho, que dura somente meio dia.11. Não tem o dito lugar correio, serve-se do da Guarda donde dista três léguas e meia.12. Dista o sobredito lugar da Guarda, cidade capital do Bispado, três léguas e meia, e da de Lisboa cidade capital e Corte do Reino, cinquenta e quatro léguas e meia.13. O sobredito lugar ficou sem ruína no terramoto.14. No sobredito lugar da Rabaça não há serra algu-ma, e por isso se não responde aos interrogatórios do título segundo que trata de semelhante averiguação.15. Também no dito lugar não há rios e por esse motivo se não responde aos interrogatórios do título terceiro que trata de semelhante averiguação.

Rabaça, 2 de Junho de 1758, O Padre Domingos Rodrigues.

Castanheirapara além da memória

REGISTOS

Notícia do lugar da Rabaça há 250 anos Momentos de nostalgia

numa guerra distanteNão posso deixar de dizer que houve

efectivamente alguma turbulência psíquica, nas primeiras semanas de vivência naqueles confins do mundo, onde a guerra se entrosava. É natural e aceitável, dada a concretização de uma mudança radical, nos modos de vida de alguém, que tinha planos mais dignos para concretizar. As saudades, sentimento típico do povo lusitano, faziam-se sentir com certo grau de intensidade, agitando as noites e carregando-as de alguma tristeza e mágoa. Nas horas em que o tédio molestava com mais vigor, a nostalgia e a amargura da distância atacavam ainda com mais profundidade. Como elemento integrante de uma nação, por natureza, carregada de penas, desgostos e pieguices, também eu próprio sentia, com profunda angústia, a repentina e prolongada separação. Todas as pessoas de quem gostava e a quem estava ligado pelos laços de sangue ou de amizade, restavam longe, por obra do acaso. Com alguma ansiedade, aguardava, dia após dia, notícias saudosas de todos aqueles que eu guardava, com amor caloroso, no coração. Se, porventura, elas tardavam, ficava tristonho e magoado, tremendamente infeliz. Acusava, com desgosto, a falta de acesso às boas novas do continente. Por outro lado, quando surgiam com toda a sua naturalidade, não me cansava de ler e reler as palavras afectuosas de cada uma dessas missivas. Absorvia uma a uma, com profunda concentração, como se estivesse a viver um momento único, que não queria, de modo algum, desperdiçar. Era como se vivesse, de novo, os momentos passados e me associasse, uma vez mais, àqueles que me escreviam. Sentia-me perto deles, a ouvir as suas palavras carinhosas e ternas, sorrindo com a sua alegria e sofrendo com as amarguras. Tornava-se intensamente gratificante e era aguardada, com alguma ansiedade, toda a cronologia dos acontecimentos e eventos quotidianos que ocorriam nos recantos distantes que havia algum tempo, eu abandonara para além do mar. E todas as novidades que provinham normalmente do continente, eram reencaminhadas para o nosso seio, através de um instrumento de corres-pondência característico dos serviços militares, designado por aerograma. A leitura dessas epístolas passava a ser um acto afectivo e carregado de sensibilidade marcante. Persistentemente turvava os olhos de cada um, tor-nando-os húmidos de comoção e obrigando-os a despejar, em lágrimas de felicidade, toda a emoção incontida. A recepção da correspondência diária proporcionava um momento único e agradável, intensamente acatado por todos e detentor de sensações nobres e emocionantes. Fazia reavivar, no psíquico de cada um de nós, um desencadear de cenas de melancolia, em rotação constante e com abrangência aos lugares distantes que havíamos deixado no espaço e no tempo. Por isso mesmo, era esperado por todos, com inquietação e desassossego e reflectia, em uníssono, o desejo fortemente sentido, de reactivar, naqueles instantes supremos, o contacto permanente e apaixonado, vivido à distância, entre nós próprios e os familiares ou amigos que nos encaminhavam tais missivas. Eram momentos como este que davam tréguas ao pavor e à desumanidade de uma guerra crescente, aliviando sensivelmente os espíritos cansados de sofrimento e fazendo sentir em cada um de nós a força das sensações dignas que também persistiam à distância. Os familiares e amigos, que restavam do outro lado do mar, através das variáveis mensagens escritas, davam-nos a força, o ânimo e alento capazes de nos fazer sobreviver naquele mundo repleto de tirania e crueldade que nos afrontava. A recepção e a leitura da correspondência diária eram, por isso mesmo, um bálsamo indicador da chama que nos ajudava a sobreviver e bem assim um dos pontos mais sublimes da árdua passagem por aqueles recantos da guerra.

por Carlos Videira

por António Moita Marques

11Agosto 2007

RUAS DA CASTANHEIRA

As EirasO vão da porta da casa

do Maifa desenha-se contra o céu, encostado às eiras. Já não é a”a casa do Maifa” como diziam antigamente, é o “cabanal” em ruínas do ti José Teixeira, paredes sem tecto nem habitantes. É o começo de um passeio à volta do maior lajedo que conhece-mos na região, o ponto mais alto da Castanheira, uns 150 metros de comprido, uns cem de largo, todo o espaço para malhar, até há 20 ou 30 anos. Agora, está vazio, ou quase. Há só um palheiro velho, ali no meio, a destoar. Deixá-lo estar, está bem.

De um lado, a rampa mais inclinada, que nós em peque-nos descíamos a medo. Deste e do outro lado, cinquenta metros à direita, escorrega-doiros como não havia outros. Os miúdos há 20 ou 30 anos ali andavam a escorregar, a romper as calças, sem protec-ção ou com uma base lisa de madeira debaixo do rabo ou mesmo, como faziam os filhos da tia Ana Julião, com uns carrinhos de rolamentos. Dava “pica”. Os escorregadoiros do

fundo do povo (da Laja Longa) eram menos inclinados, diría-mos hoje menos “radicais”.

As zonas à volta das Eiras não são a parte mais antiga da povoação, mas foi desde sempre utilizada para a malha de cereal, tendo começado a receber construções que lhe comeram as bordas a partir dos anos 60 do século XX. Há muitas construções sobre a rocha, ganhando segurança e até uma palheira do ti António Braz empinocada em cima do barroco. Parece estar ali a mais, mas lá estão as escadas vindas da casa junto à estra-da e o acesso pelo lado das eiras a permitir a entrada de animais.

No outro lado, do lado do cemitério, as construções não invadiram tanto a rocha. À volta das eiras descobrimos várias serralharias, a do Antó-nio Monteiro e a do Jerónimo Martins, esta um pouco acima da chamada “Fábrica” que funcionou até ao início dos anos 70. O ti Manuel “da Fábrica”, pai de Jerónimo Martins, era o homem que comandava a moagem, numa fase intermédia entre os moi-nhos e o zero absoluto de indústrias deste tipo. Agora está lá uma mercearia, ligada à mesma família.

Sabe bem andar por cima desta barriga bem redonda, cheia de histórias de esforço

de homens que guardavam o trabalho de um ano em palheiros feitos com muita arte. Depois de vários meses de crescimento da seara, eram dias intensos, os da malha, actividade dura, porque rápida e intensa. Primeiro eram os manguais, depois vieram as malhadeiras. Com estas, o ritmo era agressivo, com as es-pigas e a “moinha” a entrar por todos os orifícios da roupa e da cara. A bucha pelo meio do trabalho fazia voltar a energia por mais algumas horas. Dar o pão para a máquina, receber o centeio moído, retirar a palha, dá-la ao palheireiro que, sob pressão do tempo, compunha o melhor possível aquele pião ao contrário.

As Eiras estão hoje um bo-cadinho feias nas margens mas estão bonitas no meio. Não construam mais coisas ali pelo meio, não deixem avançar as construções. Não vale a pena manter esta memória viva? É que não se conhece uma terra com umas eiras assim. Valori-zá-las não é pôr-lhes blocos em cima. Deixem-nas estar.

Joaquim Martins Igreja

FIGURASO Camareiro

“Chô ai! Chô ai larum!”Cantava outras coisas pelo meio naquelas rondas nocturnas

solitárias mas acabava em geral assim. E os garotos gostavam e repetiam “Chô ai larum!”. Era o remate. Joaquim Braz era o nome verdadeiro mas toda a gente o conhecia por Camareiro. Vivia a dois passos do forno (ver imagem actual da casa, ao lado) com a sua irmã Maria Antónia, ambos solteiros. Ambos “com pouco juízo” e a viver nos limites da pobreza. Ao lado, a tia Rosa Margarida ia ajudando, outras famílias também. A pedido do Camareiro, a tia Rosa Margarida e a filha Lurdes coziam-lhe “um alqueirinho de pão”. Antes da cozedura prometia o Camareiro à Lurdes “Fazes uma bôla para ti”. Não fazia, evidentemente, mas depois ele levava uma garrafinha de vinho ao ti José Martins (o pai da Lurdes).

Quando era novo, o Camareiro ainda ia trabalhar ao jornal para “outre” mas depois as coisas complicaram-se naquelas cabe-ças e a vida ainda se complicou mais. A Junta ajudou-os às vezes,

mandava-lhes limpar a casa e lavar a rou-pa. Metiam os lençóis e man-tas em água a ferver e depois lavavam-nos na Fonte Macieira.

“Lá vem o Camareiro a cantar!” Outros acrescentavam “feito tontinho”. Hoje a ti Lurdes da Conceição diz-me que eram dois santinhos: “Se aqueles não estão no céu, não vai para lá mais ninguém”. A Maria Antónia morreu primeiro. Já não chegava a pobreza, uma vez foi atropelada por um carro perto de Pínzio. “Ficou coxinha até morrer.” Ele morreu alguns anos depois.

“Lá vem o Camareiro a cantar”! Adeus, Camareiro!Joaquim Igreja

10Agosto 2007

É com muito gosto que vos reporto a descrição da Castanheira Cimeira e Fundeira. É uma pequena aldeia sossegada, óptima para umas férias no campo, com uma localização um pouco longínqua das vilas que a rodeiam, mas com óptimos acessos neste momento. Tem perto uma ribeira onde estão instaladas piscinas. No que diz respeito às actividades económicas, antigamente era a resina, neste momento é apenas a agricultura e exploração de madeira. Tem um comércio e café. Tem uma associação, a APOCAST, a associação dos produtores de azeite. É uma população que tem poucos jovens, já que estes são emigrantes. Tem no momento cerca de 90 habitantes, dos quais cerca de 30 a 40% é população idosa. Em termos monumentais existem alguns chafarizes e pouco mais.

Sílvia Alexandra (habitante de Castanheira – Ermida)

*A vinte quilómetros da sede do concelho, a freguesia de Ermida encontra-se na margem direita da ribeira de Isna, afluente do rio Zêzere. É constituída pelos lugares de Castanheira Cimei-ra, Castanheira Fundeira, D. Maria, Monte Fundeiro, Perna de Galego Cimeira, Perna de Galego Fundeira, Relvas e Sipote. Actualmente, a freguesia de Ermida vive sobretudo à custa do sector primário, com a agricultura e as actividades derivadas da exploração da natureza. Aqui vivem cerca de setecentos habitantes, num número que nos últimos anos tem vindo a decrescer. Os motivos são óbvios e estão relacionados com a crescente desertificação do interior do País. Ermida tinha cerca de 80 moradores em 1527, segundo o Cadastro da População do Reino, 200 em 1730 e mais de 400 em 1891. O primeiro censo oficial realizado em Portugal, dava à freguesia o número de 90 fogos, a que correspondiam mais de 583 habitantes. (retirado da Internet)

CASTANHEIRAS POR TODO O LADO

Castanheira Cimeira e Fundeira (Ermida* – Sertã)

ACIMA DOS 80Gracinda Rita Gonçalves,

81 anosGracinda Rita Gonçal-

ves nasceu em Setembro de 1925. É filha única, talvez devido a um “ataque” que sua mãe sofreu, tendo esta ficado bastante incapacitada a nível de um membro inferior, um membro superior e mesmo da fala, aquando do nascimento de Gracinda. O facto da sua mãe não poder trabalhar contribuiu muito para que Gracinda nunca abandonasse a Castanheira.

Hermínia Gonçalves, madrinha de Gracinda, teve um papel importante no seu crescimento. “Foi minha madrinha que me criou”, recordou Gracinda. Frequentou a escola primária na escola das raparigas na Castanheira, tendo-se deslocado à cidade da Guarda para realizar o exame da 4ª classe, o qual efectuou com sucesso, tendo recebido o respectivo diploma. Tinha mais facilidade em decorar do que em escrever. Foi sua professora a D. Marquinhas. “Ouvi uma vez a D. Marquinhas perguntar à minha madri-nha: “Como te vês, Hermínia, para aturar esta “Zarga”?”, salientou Gracinda. Aprendeu a fiar e a tecer e adquiriu o seu próprio tear. Por conseguinte, a venda das “teias” era inevitável, o que obrigava a deslocação às feiras, principalmente às feiras de ano (S. João, S. Francisco, os Santos, etc.). Apesar de nunca fazer parte dos ranchos da ceifa, Gracinda ceifava para os lavradores da Castanheira. Gracinda, sempre muito pegada aos pais, apenas pensou em casar após a morte de seu pai (63 anos), aos quarenta anos de idade. Seu marido, dez anos mais novo, emigrou para a França na busca de uma vida melhor. Foi emigrante durante dez anos. Gracinda ficou na Castanheira onde chegou a ter a seu cargo três doentes: a mãe, a sogra e a madrinha. O casal não teve filhos. “Não tive filhos porque Deus não quis. O médico disse-me que apesar dos quarenta anos não tinha mal nenhum por dentro”, referiu Gracinda Rita Gonçalves.

Gracinda fez parte da Associação do Imaculado Cora-ção de Maria durante seis anos. Gracinda ainda recorda as arcas que existiam nos anexos da igreja, entretanto já desaparecidos, onde os mordomos guardavam o centeio que lhe era oferecido como esmola, para posteriormente venderem.

Gracinda é viúva há já doze anos. Passa a maior parte do tempo entre a sua casa, o Centro Paroquial e a igreja. Os seus cinco lindos gatos cortam-lhe a monotonia do dia a dia. Apesar das dificuldades da vida e dos “tombos”, é a alegria e a boa disposição, bem como uma veia religiosa que transparece dia a dia na personalidade de Gracinda Rita Gonçalves. É uma das mais alegres utentes do Centro Paroquial Nossa Senhora da Conceição.

Sílvia Teixeira e Henrique Dinis

3Agosto 2007

Encontro em Lisboa em 17 de Junho

Animaçãonão faltou

Tal como aconteceu em 2004, este ano, dia 17 de Junho, realizou-se novamente o convívio de Castanheirenses em Lis-boa, mais precisamente no Alto dos Moinhos, organizado pela Comissão dos Castanheirenses de Lisboa.

No convívio estiveram presentes cerca de 90 pessoas, das quais 29 se deslocaram de autocarro da Castanheira para o local do convívio, viagem organizada pela AJAC, onde não faltou muita animação.

Para além de ser um dia diferente de todos os outros, foi marcado pelo reencontro de pessoas que, apesar de serem naturais da Castanheira, já não se viam há algum tempo.

Após a sardinha assada, e para recordar velhos tempos, seguiram-se os torneios de sueca e raiola, com medalhas para os melhores jogadores. Em simultâneo, as senhoras cantaram e dançaram como faziam há uns anos atrás, quando eram ainda mais jovens. Após a entrega dos prémios, os assadores reinicia-ram o trabalho, carne assada para o lanche ajantarado.

A Comissão fez ainda questão de oferecer uma lembrança do Convívio de Castanheirenses de 2007 à AJAC e à Junta de Freguesia. O nosso Muito Obrigado, não só pela lembrança, como também pela excelente tarde que nos proporcionaram.

O dia terminou com os discursos, de um elemento da Co-missão de Castanheirenses, Miquelina Dinis, do Presidente da AJAC, Victor Gonçalves e do secretário da Junta de Freguesia, Manuel Dinis, muito aplaudidos por todos os presentes.

Apesar do trabalho exigido por este tipo de iniciativas, a animação e entusiasmo de todos vão garantir a sua continui-dade, não só em Lisboa, como também na Castanheira.

Contamos com uma próxima oportunidade.

Marta Marques

Castanheiraem movimento

ACDC

6.º lugar na época 2006/07Tendo folgado na 1ª jornada foi difícil compreender

como a equipa da Associação Cultural e Desportiva da Castanheira começou este campeonato. A jogar bem, só na sétima jornada é que arrecadou os primei-ros pontos. Chegou a ter várias vezes o pássaro nas mãos, mas nos últimos minutos lá foi tudo por água abaixo. Tudo corria mal. À sétima jornada começou a reluzir a arte dos jogadores. Foi uma série de cinco jogos sem perder. Foi no entanto na recta final que a equipa da Castanheira se distanciou dos seus mais directos adversários. Três jogos consecutivos sem perder elevaram a equipa da Castanheira à tranquila 6ª posição. A todos os atletas, treinadores, dirigentes e demais acompanhantes um muito obrigado pelo trabalho desenvolvido.

Henrique Dinis

CASAMENTOSXum Qi e Evangelista Gonçalves Pereira, em 17-10-2006 em Paris

Carla Alexandra Pereira Miguel e João José Raquel Cunha, em 26-05-2007 na Sé da Guarda

Maria da Conceição Marques Dias e Carlos José Ferreira de Sousa, em 07-07-2007 na Sé da Guarda

NASCIMENTOSLaura Gonçalves Pereira, filha de Evangelista Gon-çalves Pereira e de Xum Qi, nasceu em 16-11-2005 em Paris.

ÓBITOSAna Dinis Monteiro, 24-5-2007José Lourenço, Porto Mourisco, 27-5-2007António G. dos Santos, Porto Mourisco, 20-6-2007

Recolha Recolha de Sílvia Teixeira e Henrique Dinis

4Agosto 2007

A António José Saraiva SA é uma empresa média?

É uma PME (Pequena e Média Em-presa).

O galardão da melhor empresa do distrito dá à António José Saraiva SA projecção para além do distrito?

Sim, porque já fomos contactados por jornais nacionais, com a finalidade de lhes conceder uma entrevista e este facto resultou de termos ganho o galardão, começando a notar-se projecção para lá do Distrito. A juntar ao galardão, a empresa aguarda a emissão do certifi-cado da qualidade, que vai contribuir para projectar a empresa no distrito e para lá do distrito.

Em que é que trabalham?Maioritariamente são obras públicas,

onde prestamos serviços de abasteci-mento de águas e saneamento, estações de tratamento de águas residuais, arru-amentos, estradas, infra-estruturas para telefone e electricidade, loteamentos, recuperação de aldeias históricas e reconstrução de casas antigas, jardins e parques.

A empresa presta os seus serviços no distrito da Guarda, sobretudo nos concelhos de Sabugal, Almeida, Pinhel,

Figueira de Castelo Rodrigo, Manteigas e Guarda.

Que obras tem agora?Estou a fazer a obra de Abastecimento

de água e Saneamento à freguesia da Ruvina - Sabugal. Estou também a fazer a requalificação urbana do Largo dos Castelos Velhos numa zona nobre da cidade da Guarda. Em fase de conclu-são estão a obra do Centro Histórico de Pinhel, o Recinto futebolístico do Soito e o Regadio de Videmonte.

A actual situação da empresa sa-tisfá-lo?

Não, porque face à conjuntura actual todos os sectores de actividade estão a passar por uma situação difícil, nomea-damente o nosso sector da construção civil e obras públicas. A concorrência é muita e desleal, o que acarreta ainda mais dificuldades para quem prima em fazer trabalho com qualidade, satisfa-zendo todos os requisitos do cliente e cumprindo todas as exigências legais.

Tenho indícios que me levam a acre-ditar que a partir do segundo semestre de 2007 a conjuntura actual se altere para melhor. Daí conseguir angariar novas obras para poder assim continuar a crescer sustentadamente.

Mas está pessimista?Não, isto tem estado a descer nos últi-

mos anos, é altura de começar a subir.

Herdou a vocação do pai…Exacto, eu e os meus irmãos. Todos

trabalhamos no mesmo ramo.

Vai regularmente à Castanheira?Vou lá e gosto de lá ir. Tenho lá os

meus pais mas gosto também da terra. É pena que não encontremos lá ninguém do nosso tempo. Lembro-me muitas vezes dos anos sessenta e das represen-tações teatrais que lá se faziam. Tam-bém da escola primária. Ainda andei a estudar no Seminário em Cucujães mas depois deixei de estudar em 1974 antes de acabar o actual 9.º ano. Foi o maior erro da minha vida mas está assumido.

Depois disso fiz outras formações espe-cíficas do meu sector, como por exemplo técnico condutor de obra. Ainda pensei estudar mais mas actualmente o sistema de certificação é muito papel e pouca aprendizagem. Certificar por certificar não vale a pena. E a disponibilidade de tempo também é pouca.

Já fez obras na Castanheira?Não. Mas espero vir a fazer. Concorri

às piscinas (que ganhou o meu irmão) e vou concorrer ao Lar.

Vê algum desenvolvimento em pers-pectiva para a Castanheira?

A Castanheira fica a 20 minutos da Guarda. Tem de explorar essa proximi-dade, continuando as pessoas a viver aqui.

A Castanheira perdeu nos anos 60 a oportunidade de se ter desenvolvido porque não houve uma mão que tivesse trazido para aqui a electricidade dez anos mais cedo. Tinha sido suficiente. Muita gente nessa altura foi para Pínzio, o meu pai, o Amadeu Fortunato e outros. Os maiores negócios de Pínzio partiram de gente da Castanheira.

Entrevista realizada por Joaquim Igreja

ENTREVISTA

António José Saraiva, 50 anos, empresário

9Agosto 2007

Manoel José Tomé Pereira, 46 anos e Cristina Pereira, 44 anos

Vivemos no Brasil, na cidade de S. Paulo com os nossos dois filhos, bem como uma grande parte da nossa famí-lia*. A vida lá é muito agitada. Somos proprietários de uma padaria e de uma casa de rações para animais. Apesar de toda esta agitação, ainda temos tempo para ler o jornal “A Guarda” que rece-bemos todas as semanas. Consultamos também a página web desta Junta de Freguesia. Existe a Casa de Portugal no centro de São Paulo onde se encontram muitos portugueses e onde se realizam grandes festas. São vários os artistas portugueses que actuam nestas festas.

Por ficar um pouco longe não a costumamos frequentar. Além dos festejos populares também se realizam lá algumas festas de casamento, das quais estivemos presentes em algumas delas. Existe também uma equipa de futebol, a “Portuguesa”, que reúne nos seus jogos mais de dez mil portugueses. É o único estádio em S. Paulo onde não

há brigas. Aqui é seguro levar mulheres e crianças, mesmo crianças de colo, ao contrário dos outros estádios onde se pratica a violência. Existe ainda a parte religiosa, onde numa igreja, para onde vai Nossa Senhora de Fátima, principal-mente no mês de Maio, se juntam muitos portugueses. Numa cidade tão grande como S. Paulo ainda temos o prazer de encontrar gente da Castanheira. Agora já não tanto porque a vida é um pouco mais agitada, mas há algum tempo atrás reuníamos muitas vezes com o Brás, a esposa e a sogra. Mesmo assim ainda nos vemos algumas vezes. Apesar de ser

muito bom viver no Brasil, lá não existe este lindo céu azul e o sol parece ter outra cor devido à grande poluição que paira no ar. A última vez que estivemos aqui foi há 6 anos, mas agora encontrá-mos a Castanheira melhor, ficámos con-tentes com a construção das piscinas. É uma forma de as pessoas se sentirem melhor e de ocuparem o seu tempo de uma forma diferente e saudável. O único senão aqui na Castanheira é mesmo a ausência de novas tecnologias para utili-zação do público. Os mais novos sentem uma grande necessidade de comunicar com os amigos que se encontram dis-tantes. Os dias para eles parecem que não passam, temos mesmo primos que tinham o bilhete de avião marcado e resolveram ir um mês mais cedo.

Recolha de Marta Marques e Henrique Dinis

*Dos 7 irmãos do falecido pai de Manuel

José, três deles e respectiva família encontram-se

em S. Paulo e uma irmã de sua mãe também está

no Brasil.

Augusto Manuel Assunção TeixeiraEu sou de acordo em haver um mordomo ou mesmo dois que estejam mais longe, seja em Lis-boa ou mesmo no estrangeiro. Sei que para esses mordomos a festa fica muito mais dispendiosa e nem toda a gente tem possibilidades, mas é certo que também há muita gente que não se importava. Penso que é uma forma de voltarmos a inserir os

que se foram afastando com o passar dos anos, ou conviver mais com os que ainda estão muito ligados, bem como com os seus familiares. Na verdade, quem está longe da Castanheira está logo à partida excluído de qualquer mordomia. Temos que alargar o leque aos Castanheirenses. Alguns Castanheirenses que se encontram longe da aldeia dizem que só os “vêem” para as esmolas, ora aqui está uma forma de participarem nas festas e de as melhorarem de acordo com as necessidades de todos. Penso que o António Jacinto Órfão, mordomo emigrante, ficou contente quando foi nomeado e participou com grande interesse na festa, fazendo aquilo que tinha ao alcance. Estou triste porque esta ideia morreu ao nascer. Foi a primeira vez que isto aconteceu na Castanheira e as coisas até correram bastante bem. Eu mesmo sou este ano mordomo na festa da Senhora dos Prazeres em Aldeia Velha, terra da minha esposa. É uma forma de reforçar a minha ligação e de conviver com algumas pessoas com quem não convivia tanto.

Júlio ToméEu não concordo com um mordo-

mo residente no estrangeiro porque eu também fui emigrante e sei a despesa que uma pessoa tem para vir aqui três ou quatro vezes por ano. Além da despesa, o tempo também não é muito, a não ser que esteja reformado e, caso já estejam nessa situação, penso que estamos a

desperdiçar meios humanos, uma vez que quando voltassem teriam a sua vez. Na Castanheira há cada vez menos pessoas para as mordomias. Outra razão é que quando são precisos nem sempre é possível estarem para ajudar os colegas e para certos trabalhos, como por exemplo recolher as esmolas. É muito melhor estarem todos presentes. Mesmo o contacto que este mordomo poderia ter em relação aos emigrantes também não se reflecte nesta festa por ela não ocorrer pro-priamente no Verão.

DE LÁ PARA CÁ

DE LÁ PARA CÁ - INQUÉRITO

Concorda com mordomos emigrantes?

Recolha de Marta Marques e Henrique Dinis

SIM NÃO

8Agosto 2007

Sou mais um entre tantos que nasceram e cresceram na Castanheira, mas que depois se viram obrigados a deixar a nossa aldeia e partir para outras paragens. Deixo aqui o testemunho das nostálgicas recordações que guardo da minha infância passada nessa saudosa aldeia da Castanheira Nasci em 1969, ano em que houve muitos nascimentos na Castanheira (17), coisa que, diziam, já não se via há alguns anos. Nos bancos da escola enchíamos aquelas salas que, provavelmente, nunca mais voltaram a encher. Guardo desse tempo nostálgicas memórias das peripécias por lá passadas; das brincadeiras; dos ami-gos, sempre prontos para uns pontapés na bola e nas canelas; dos passeios que anualmente fazíamos, a pé, até à Rabaça; da liberdade que sentíamos quando saíamos da escola e tínhamos a tarde por nossa conta para corrermos pelas ruas da aldeia ou pelos campos à procura de ninhos ou de lagartixas.

Fiz a escola primária e a telescola na Castanheira, depois fui para o Outeiro, como era habitual nessa altura. Andá-vamos lá cerca de uma dúzia da Casta-nheira, sempre unidos, ajudávamo-nos e defendíamo-nos e todos respeitavam a malta da Castanheira. Entre as aulas, as horas de estudo, as orações, as confis-sões e as missas, lá arranjávamos algum tempo (pouco) para jogar à bola pelos corredores (com bolas feitas de papel e

Saudades

Manuel Augusto Abadesso, 38 anos, professor em Reguengos de Monsaraz

CARTAS DE LONGE

Dizia a Maria Rosa Igreja, no nº 20 deste jornal: “Parece-me que todos os que fomos criados na Castanheira, sofremos de uma doença chamada saudade.” Pois eu subscrevo e acrescento que, para mim e muitos outros, são as saudades da aldeia somadas às saudades da infância. Ambas são indissociáveis e, quando isso acontece, apertam mais.

Hoje tudo é diferente, os tempos são outros, a vida é outra. E cá longe dou comigo muitas vezes a pensar e a sentir saudades da Casta-nheira; saudades da paisagem, dos pinhais e dos barrocos; saudades dos banhos na ribeira, entre peixes e rãs; saudades do tempo dos ninhos e das cerejas; saudades do cheiro a rosmaninho e a alfazema e das fogueiras do S. João; saudades das nossas festas, das procissões e dos bailes; saudades do rancho folclórico, de que também fiz parte; saudades dos passeios à Santa Eufémia e ao Santo Amaro; saudades das tardes domingueiras à sombra do castanheiro da ti Ana Pires; sau-dades dos jogos de futebol no Outão, na Rasa ou em qualquer rua da aldeia; saudades do jogo do prego, da malha, do berlinde e da chona; saudades da neve, do vento da serra e dos pingos que chupávamos como gelados; saudades das azedas e dos pimentos curtidos; sauda-des… saudades… da Castanheira que trago no coração.

Manuel Augusto Abadesso

fita-cola) e ajudarmos a “pintar” de sujo as paredes brancas. Não raras vezes ficámos de castigo por isso. Recordo ain-da com saudade algumas vezes em que fomos a pé para a Castanheira, passar o fim-de-semana, porque o Padre Geadas tinha dado autorização já depois do ho-rário do autocarro. Uma vez até estava a nevar e quase nos perdemos, porque mal se notavam os caminhos.

Concluído o 9º ano, fui para o liceu da Guarda. O grupo do Outeiro dispersou-se por várias escolas, desde a Guarda até Lisboa. No princípio ia de autocarro todos os dias, depois aluguei um quarto na cidade. No liceu estudei até ao 12º ano, na área de Estudos Humanísticos, e foi aí que surgiu o gosto pelas línguas e literaturas, curso que viria depois a tirar na Universidade.

A conclusão do 12º ano foi também a conclusão de uma etapa da minha vida. Em Setembro desse ano (1988) vim estudar para a Universidade de Évora.

Cidade que era já património mundial, mas que era completamente desconhe-cida para mim, longínqua, quase no fim do mundo. Hoje aqui moro, cá casei, cá tenho dois filhos: o Diogo, de 8 anos, e a Catarina, de 2 anos.

Acabei o curso em 1994 e sou professor do ensino secundário (QZP de Évora). Depois de ter leccionado em Évora, Ponte de Sôr, Ferreira do Alentejo, Estremoz, Arraiolos e Viana do Alentejo, estou, este ano, a leccionar na Escola Secundária de Reguengos de Monsaraz.

Parabéns a toda a equipa da AJAC pelo extraordinário trabalho que tem desenvolvido em várias áreas. Quero agradecer ainda a oportunidade que dão, a mim e a muitos castanheirenses espalhados pelo mundo, de podermos partilhar este magnífico jornal que, periodicamente, nos traz saudades da nossa querida aldeia.

Manuel Augusto Abadesso

5Agosto 2007

Marta Sofia Vitória Carreira, 26 anos

Formação: Licen-ciatura em Contabili-dade e Auditoria

Local de Trabalho: Teresa Machado & As-sociados, Lda. – Gab. de Contabilidade – Portalegre

Funções: Técnica Oficial de Con-tas. Desenvolvo nesta empresa todo o acompanhamento dos nossos clientes, desde estudos de viabilidade económi-ca, à contabilização dos documentos, a análises financeiras bem como processos de controlo interno… Em suma, realizo todo o tipo de processos normais para o bom desempenho da vida económica da empresa cliente.

Razão desta profissão: O primeiro contacto com a área da contabilidade foi no secundário e como percebi fa-cilmente o mecanismo decidi que era isso que eu queria fazer.

O Mais Interessante: Como traba-lho num gabinete de contabilidade e como temos clientes muito variados, acho que o mais interessante é mesmo essa variedade. Tanto trabalho com uma empresa da área de saúde, como a seguir é uma da área de restauração ou uma sociedade agrícola, constru-tora, etc. Esta diversidade permite-me ter um maior conhecimento de várias áreas de negócios.

O Mais difícil: Infelizmente no nosso país a maior parte das pessoas pensa que o Técnico Oficial de Contas é um mero “entregador” de dinheiro ao Estado, quando na realidade essa descrição fica muito aquém da verda-deira definição. Mas como a mudança de mentalidades é um processo longo, espero que um dia essas pessoas aceitem os nossos conselhos acerca das suas empresas, como eles acei-tam a opinião de um médico quando necessário.

Ana Catarina Dinis Martins, 28 anos

Formação: Licen-ciada em Gestão In-dustrial de Produção (TOC).

Local de Trabalho:

Gabinete Técnico de Contabilidade e Seguros J. Vargas Lda. - Guarda.

Funções: Actualmente desempe-nho a função de Escriturária ligada ex-clusivamente ao serviços dos Seguros, realizando todo o trabalho que emerge deste serviço.

Razões desta Profissão: Foi uma opção tomada no secundário quando enveredei pela área económico-social. Quando terminei o 12º ano decidi continuar dentro da mesma área, se-guindo Gestão e Contabilidade.

O mais interessante: O facto de na área da gestão existirem muitas verten-tes, desde a gestão financeira, gestão de aprovisionamento, contabilidade entre outras e todas elas aplicadas em conjunto poderão levar-nos a desen-volver um trabalho interessante.

O mais difícil: O facto de a área da contabilidade ser uma profissão com constantes mutações, existindo sempre a necessidade de actualização e uma constante formação.

Outra dificuldade é a saturação do mercado de trabalho, existindo uma grande oferta de licenciados nesta área, o que torna muitas das vezes uma profissão mal remunerada devido a esse excesso de oferta.

António Gonçalves Martinho, 37 anos

Formação: Bacha-relato – Gestão Indus-trial e da Produção; Licenciatura – Gestão Informática; Pós - Gra-duação – Gestão de Unidades de Saúde; Mestrado - Para con-

clusão de Mestrado, estou a desenvol-ver, na Universidade da Beira Interior (UBI), a Tese “A influência dos estilos de liderança nas relações interpessoais dos profissionais de saúde”.

Técnico Oficial de Contas nº 79292 (Contabilista)

Local de trabalho: Centro de Saú-de de Sabugal.

Funções: As inerentes à categoria profissional – Assistente Administra-tivo.

Razões desta profissão: Sempre gostei de gerir recursos numa pers-

pectiva de ajuda ao próximo. Fi-lo enquanto membro da Junta de Fre-guesia, enquanto mentor e fundador desta associação, e tento fazê-lo no dia-a-dia ao prestar o melhor serviço aos utentes, que, pela sua condição de doentes, se encontram ainda mais fragilizados.

O mais interessante: Poder contri-buir para a maximização da satisfação dos doentes/utentes que recorrem ao Centro de Saúde, é para mim o mais gratificante.

O mais difícil: Sendo Administrati-vo, não interajo directamente com as situações de emergência graves; no entanto, toda a envolvente é percep-tível e agravada quando o acidente ocorre em situações menos comuns.

Antón io Manue l Tomé Pires, 26 anos

Formação: Licen-ciatura em Economia e Gestão

Local de Traba-lho: Gabinete de Contabilidade e Con-sultadoria.

Funções: O meu serviço consiste em realizar projectos de investimento para pequenas e médias empresas da região de Viseu.

Razão desta Profissão: A razão desta escolha foi por ser uma área de bastante interesse e de grande utilida-de e com muita diversidade.

O mais interessante: É trabalhar numa área tão vasta, onde no dia-a-dia adquirimos novos conhecimentos e estar relacionada com as opções que eu próprio tomei na infância.

O mais difícil: O mais difícil será porventura a incerteza que hoje se sente em relação ao futuro profissional, devido ao aumento de desemprego.

PROFISSÕES

Gestores e Contabilistas

Envie-nos o seu e-mail e receba o Castanheira Jovem na sua

caixa de correio ou consulte-nos em www.ajac.com.pt

6Agosto 2007

No dia 07/07/2007 abriu ao público o Espaço Aquático Social e Cultural da Castanheira. Foi o culminar de um longo processo, iniciado no ano de 2004, com o objectivo de dotar a Castanheira de uma infra-estrutura que proporcionasse uma mais-valia e um centro dinamizador da região.

A obra, lançada por concurso pú-blico nacional em Novembro de 2005 e com a adjudicação dos trabalhos à firma António Saraiva e Filhos Lda., em Maio de 2006, cumpriu com o planeado tanto a nível de duração dos trabalhos como do custo total, que não ultrapassou 1 cêntimo o orçamentado. Esta obra foi financiada pelo Programa de Iniciativa Comunitária Leader+, pela Câmara Municipal da Guarda, que também apoiou tecnicamente através da preciosa ajuda no lançamento processo de concurso público e da fiscalização dos trabalhos, e por fundos próprios da associação. A Junta de Freguesia cedeu o terreno e financiou o projecto de arquitectura.

Mas os objectivos não passam simplesmente por fazer obra, passam es-sencialmente por a obra a funcionar em prol de toda a população. Este objectivo, apesar das atípicas temperaturas deste Verão, está a ser alcançado. Em termos de utentes verifica-se um aumento diário de frequência, com natural predomínio da população mais jovem, consolidan-do-se como um ponto de encontro e de ocupação de tempos livres, não só para os habitantes da Castanheira, como também para os das aldeias vizinhas, que acorrem cada vez em maior número

a este espaço. Outra mais-valia que esta obra veio

trazer foi a criação de postos de traba-lho. São apenas dois e são postos de trabalho sazonais, mas com a continu-ação das obras no local, esperamos que haja condições para aumentar as vagas disponíveis e com uma maior duração, e ajudar dessa forma a dar uma resposta concreta a uma das grandes carências da nossa região.

O Espaço Aquático é composto por uma piscina sénior, com a dimensão de 13mx8mx1,8m e uma piscina infantil com a dimensão de 6mx4mx0,7m. Para além das piscinas, o espaço é servido por balneários com todas as condições e por um balneário específico para pessoas portadoras de deficiências. A qualidade e tratamento da água, por não dispormos de mão-de-obra ade-quada e formada, foram entregues a uma empresa que regularmente visita o espaço para assegurar todas as condi-ções de salubridade necessárias a um espaço que se pretende de excelência. Para apoio aos utentes foi montado um pequeno bar provisório, com esplana-da, aberto até às 24h00, com entrada livre após as 20h00, dinamizado com diversas iniciativas (semana do peixinho, música ao vivo, etc).

Não obstante as piscinas esta-rem envoltas pelos enormes barrocos característicos da Castanheira, que lhe transmitem uma beleza singular, a envolvente, não obstante o esforço que está a ser feito pela Junta de Freguesia da Castanheira, necessita de mais al-gumas intervenções, nomeadamente na

melhoria dos acessos.A nível de infra-estruturas no local

as piscinas, para se tornarem atractivas para todas as faixas etárias, carecem de ser complementadas com uma zona de convívio dedicada a grupos familiares e um campo de jogos.

Este lugar, pelo espaço em si é já é uma mais-valia, mas vale sobretudo pela atractividade que está a criar à Castanheira. Melhor que campanhas de promoção, este espaço está a passar a imagem de uma Castanheira “inquieta” que, apesar das dificuldades, não se deixa ficar e tem condições para ser um elemento dinamizador da região e ser uma aldeia virada para o futuro.

Espaço Aquático desde 7 de Julho

Já se nada nas piscinas

Porque é necessário pagar?

A entrada nas piscinas, no horário das 14h00 às 20h00, é paga e só os utentes detentores de ingresso podem entrar no espaço. A entrada tem um preço quase simbólico. Custam dois euros para os não sócios e um euro para os sócios, estando ainda sujeitos a descontos na compra de dez bilhetes. Depois das 20h00 a entrada para o bar é livre. A associação não pretende que este espaço seja uma fonte de receitas e de lucro, mas é necessário suportar os custos com os vencimentos dos funcionários, água, electricidade, manutenção da qualidade da água, manutenção geral, etc., para que este espaço tenha condições de funciona-mento.

Por isso é necessário pagar…

7Agosto 2007

Inquérito

O que espera das piscinas?

Rui Carreira, 15 anos, EstudanteAcho que vai ser uma coisa boa para o

desenvolvimento da Castanheira, ajudando a desenvolver o comércio interno, porque vai trazer muita gente. Vou utilizá-las, porque gosto de piscina e a água é muito saudável.

Manuel Marques, 58 anos, ReformadoEspero que seja um sucesso e que traga muita gente de fora. Eu

vou utilizá-la porque faz bem à saúde, e espero que seja um local de convívio.

Vanessa Dinis, 18 anos, EstudanteEspero que sejam confortáveis e que seja uma obra boa para a Cas-

tanheira, uma vez que é uma terra simples e neste momento não tem muitas actividades durante as férias. Vou utilizá-las porque gosto de piscinas e é uma forma de passar o tempo com os amigos.

Manuela Esteves, 37 anos, Ajudante de Centro de DiaEspero que seja uma mais-valia para a freguesia, porque vai trazer

mais benefícios e mais rendimento a nível económico. Eu talvez não a vá usar, porque não gosto de piscina, mas os meus filhos vão.

Encomendação das Almas

No dia 31 de Março, pelas 22h00, um grupo de 17 cantadeiras da Cas-tanheira estiveram na Praça Velha (Guarda) no Encontro de Encomendação das Almas, juntamente com mais sete colectividades. Numa noite gélida, em que só o som das vozes aquecia os corações, cada grupo actuou de uma forma individual, marcando a tradição religiosa da época da Quaresma, que ainda hoje algumas das nossas aldeias preservam. Para terminar a actuação, juntaram-se os grupos e cerca de 130 pessoas cantaram e encantaram o pouco público presente no evento. Henrique Dinis

Caminho do Vale do PoçoDecorrem neste momento as

obras de saneamento e abastecimento de água na Rua do Vale Poço, após ter sido electrificada, o que permite aos moradores terem á sua disposição as infra-estruturas básicas, melhorando o nível de vida e criando incentivo para uma nova dinâmica social, propor-cionando ainda a criação de espaços de lazer pertencentes ás associações (AJAC e ACDC) e melhorar as condi-ções do terreno da Freguesia.

Donativos

António Monteiro Igreja 500 eurosAnónimo 100 eurosAnabela Dinis (Porto M.) 60 eurosManuel Gonçalves Lino 50 eurosAntónio Joaquim Marques 50 eurosJúlio Martins 50 eurosManuel G. Marques 50 eurosJoaquim Julião 40 eurosMaria Rosa Martins Igreja 30 eurosManuel Moita 20 eurosAnónimo 20 euros

OBRAS NA JUNTA

Parque de merendas quase

prontoO parque de merendas que a

Junta de Freguesia está a construir no Porto Mourisco, junto à ribeira, está em fase de conclusão. Depois de reforçada uma parte lateral para que, em tempo de cheias, o parque não sofra danificações, é agora visível algum do equipamento que dotará este parque de merendas. Mesmo sem estar concluído, é já atracão para alguns jovens que não hesitaram em “inaugurar” os assadores, numa festa conjunta de aniversários.

6Agosto 2007

No dia 07/07/2007 abriu ao público o Espaço Aquático Social e Cultural da Castanheira. Foi o culminar de um longo processo, iniciado no ano de 2004, com o objectivo de dotar a Castanheira de uma infra-estrutura que proporcionasse uma mais-valia e um centro dinamizador da região.

A obra, lançada por concurso pú-blico nacional em Novembro de 2005 e com a adjudicação dos trabalhos à firma António Saraiva e Filhos Lda., em Maio de 2006, cumpriu com o planeado tanto a nível de duração dos trabalhos como do custo total, que não ultrapassou 1 cêntimo o orçamentado. Esta obra foi financiada pelo Programa de Iniciativa Comunitária Leader+, pela Câmara Municipal da Guarda, que também apoiou tecnicamente através da preciosa ajuda no lançamento processo de concurso público e da fiscalização dos trabalhos, e por fundos próprios da associação. A Junta de Freguesia cedeu o terreno e financiou o projecto de arquitectura.

Mas os objectivos não passam simplesmente por fazer obra, passam es-sencialmente por a obra a funcionar em prol de toda a população. Este objectivo, apesar das atípicas temperaturas deste Verão, está a ser alcançado. Em termos de utentes verifica-se um aumento diário de frequência, com natural predomínio da população mais jovem, consolidan-do-se como um ponto de encontro e de ocupação de tempos livres, não só para os habitantes da Castanheira, como também para os das aldeias vizinhas, que acorrem cada vez em maior número

a este espaço. Outra mais-valia que esta obra veio

trazer foi a criação de postos de traba-lho. São apenas dois e são postos de trabalho sazonais, mas com a continu-ação das obras no local, esperamos que haja condições para aumentar as vagas disponíveis e com uma maior duração, e ajudar dessa forma a dar uma resposta concreta a uma das grandes carências da nossa região.

O Espaço Aquático é composto por uma piscina sénior, com a dimensão de 13mx8mx1,8m e uma piscina infantil com a dimensão de 6mx4mx0,7m. Para além das piscinas, o espaço é servido por balneários com todas as condições e por um balneário específico para pessoas portadoras de deficiências. A qualidade e tratamento da água, por não dispormos de mão-de-obra ade-quada e formada, foram entregues a uma empresa que regularmente visita o espaço para assegurar todas as condi-ções de salubridade necessárias a um espaço que se pretende de excelência. Para apoio aos utentes foi montado um pequeno bar provisório, com esplana-da, aberto até às 24h00, com entrada livre após as 20h00, dinamizado com diversas iniciativas (semana do peixinho, música ao vivo, etc).

Não obstante as piscinas esta-rem envoltas pelos enormes barrocos característicos da Castanheira, que lhe transmitem uma beleza singular, a envolvente, não obstante o esforço que está a ser feito pela Junta de Freguesia da Castanheira, necessita de mais al-gumas intervenções, nomeadamente na

melhoria dos acessos.A nível de infra-estruturas no local

as piscinas, para se tornarem atractivas para todas as faixas etárias, carecem de ser complementadas com uma zona de convívio dedicada a grupos familiares e um campo de jogos.

Este lugar, pelo espaço em si é já é uma mais-valia, mas vale sobretudo pela atractividade que está a criar à Castanheira. Melhor que campanhas de promoção, este espaço está a passar a imagem de uma Castanheira “inquieta” que, apesar das dificuldades, não se deixa ficar e tem condições para ser um elemento dinamizador da região e ser uma aldeia virada para o futuro.

Espaço Aquático desde 7 de Julho

Já se nada nas piscinas

Porque é necessário pagar?

A entrada nas piscinas, no horário das 14h00 às 20h00, é paga e só os utentes detentores de ingresso podem entrar no espaço. A entrada tem um preço quase simbólico. Custam dois euros para os não sócios e um euro para os sócios, estando ainda sujeitos a descontos na compra de dez bilhetes. Depois das 20h00 a entrada para o bar é livre. A associação não pretende que este espaço seja uma fonte de receitas e de lucro, mas é necessário suportar os custos com os vencimentos dos funcionários, água, electricidade, manutenção da qualidade da água, manutenção geral, etc., para que este espaço tenha condições de funciona-mento.

Por isso é necessário pagar…

7Agosto 2007

Inquérito

O que espera das piscinas?

Rui Carreira, 15 anos, EstudanteAcho que vai ser uma coisa boa para o

desenvolvimento da Castanheira, ajudando a desenvolver o comércio interno, porque vai trazer muita gente. Vou utilizá-las, porque gosto de piscina e a água é muito saudável.

Manuel Marques, 58 anos, ReformadoEspero que seja um sucesso e que traga muita gente de fora. Eu

vou utilizá-la porque faz bem à saúde, e espero que seja um local de convívio.

Vanessa Dinis, 18 anos, EstudanteEspero que sejam confortáveis e que seja uma obra boa para a Cas-

tanheira, uma vez que é uma terra simples e neste momento não tem muitas actividades durante as férias. Vou utilizá-las porque gosto de piscinas e é uma forma de passar o tempo com os amigos.

Manuela Esteves, 37 anos, Ajudante de Centro de DiaEspero que seja uma mais-valia para a freguesia, porque vai trazer

mais benefícios e mais rendimento a nível económico. Eu talvez não a vá usar, porque não gosto de piscina, mas os meus filhos vão.

Encomendação das Almas

No dia 31 de Março, pelas 22h00, um grupo de 17 cantadeiras da Cas-tanheira estiveram na Praça Velha (Guarda) no Encontro de Encomendação das Almas, juntamente com mais sete colectividades. Numa noite gélida, em que só o som das vozes aquecia os corações, cada grupo actuou de uma forma individual, marcando a tradição religiosa da época da Quaresma, que ainda hoje algumas das nossas aldeias preservam. Para terminar a actuação, juntaram-se os grupos e cerca de 130 pessoas cantaram e encantaram o pouco público presente no evento. Henrique Dinis

Caminho do Vale do PoçoDecorrem neste momento as

obras de saneamento e abastecimento de água na Rua do Vale Poço, após ter sido electrificada, o que permite aos moradores terem á sua disposição as infra-estruturas básicas, melhorando o nível de vida e criando incentivo para uma nova dinâmica social, propor-cionando ainda a criação de espaços de lazer pertencentes ás associações (AJAC e ACDC) e melhorar as condi-ções do terreno da Freguesia.

Donativos

António Monteiro Igreja 500 eurosAnónimo 100 eurosAnabela Dinis (Porto M.) 60 eurosManuel Gonçalves Lino 50 eurosAntónio Joaquim Marques 50 eurosJúlio Martins 50 eurosManuel G. Marques 50 eurosJoaquim Julião 40 eurosMaria Rosa Martins Igreja 30 eurosManuel Moita 20 eurosAnónimo 20 euros

OBRAS NA JUNTA

Parque de merendas quase

prontoO parque de merendas que a

Junta de Freguesia está a construir no Porto Mourisco, junto à ribeira, está em fase de conclusão. Depois de reforçada uma parte lateral para que, em tempo de cheias, o parque não sofra danificações, é agora visível algum do equipamento que dotará este parque de merendas. Mesmo sem estar concluído, é já atracão para alguns jovens que não hesitaram em “inaugurar” os assadores, numa festa conjunta de aniversários.

8Agosto 2007

Sou mais um entre tantos que nasceram e cresceram na Castanheira, mas que depois se viram obrigados a deixar a nossa aldeia e partir para outras paragens. Deixo aqui o testemunho das nostálgicas recordações que guardo da minha infância passada nessa saudosa aldeia da Castanheira Nasci em 1969, ano em que houve muitos nascimentos na Castanheira (17), coisa que, diziam, já não se via há alguns anos. Nos bancos da escola enchíamos aquelas salas que, provavelmente, nunca mais voltaram a encher. Guardo desse tempo nostálgicas memórias das peripécias por lá passadas; das brincadeiras; dos ami-gos, sempre prontos para uns pontapés na bola e nas canelas; dos passeios que anualmente fazíamos, a pé, até à Rabaça; da liberdade que sentíamos quando saíamos da escola e tínhamos a tarde por nossa conta para corrermos pelas ruas da aldeia ou pelos campos à procura de ninhos ou de lagartixas.

Fiz a escola primária e a telescola na Castanheira, depois fui para o Outeiro, como era habitual nessa altura. Andá-vamos lá cerca de uma dúzia da Casta-nheira, sempre unidos, ajudávamo-nos e defendíamo-nos e todos respeitavam a malta da Castanheira. Entre as aulas, as horas de estudo, as orações, as confis-sões e as missas, lá arranjávamos algum tempo (pouco) para jogar à bola pelos corredores (com bolas feitas de papel e

Saudades

Manuel Augusto Abadesso, 38 anos, professor em Reguengos de Monsaraz

CARTAS DE LONGE

Dizia a Maria Rosa Igreja, no nº 20 deste jornal: “Parece-me que todos os que fomos criados na Castanheira, sofremos de uma doença chamada saudade.” Pois eu subscrevo e acrescento que, para mim e muitos outros, são as saudades da aldeia somadas às saudades da infância. Ambas são indissociáveis e, quando isso acontece, apertam mais.

Hoje tudo é diferente, os tempos são outros, a vida é outra. E cá longe dou comigo muitas vezes a pensar e a sentir saudades da Casta-nheira; saudades da paisagem, dos pinhais e dos barrocos; saudades dos banhos na ribeira, entre peixes e rãs; saudades do tempo dos ninhos e das cerejas; saudades do cheiro a rosmaninho e a alfazema e das fogueiras do S. João; saudades das nossas festas, das procissões e dos bailes; saudades do rancho folclórico, de que também fiz parte; saudades dos passeios à Santa Eufémia e ao Santo Amaro; saudades das tardes domingueiras à sombra do castanheiro da ti Ana Pires; sau-dades dos jogos de futebol no Outão, na Rasa ou em qualquer rua da aldeia; saudades do jogo do prego, da malha, do berlinde e da chona; saudades da neve, do vento da serra e dos pingos que chupávamos como gelados; saudades das azedas e dos pimentos curtidos; sauda-des… saudades… da Castanheira que trago no coração.

Manuel Augusto Abadesso

fita-cola) e ajudarmos a “pintar” de sujo as paredes brancas. Não raras vezes ficámos de castigo por isso. Recordo ain-da com saudade algumas vezes em que fomos a pé para a Castanheira, passar o fim-de-semana, porque o Padre Geadas tinha dado autorização já depois do ho-rário do autocarro. Uma vez até estava a nevar e quase nos perdemos, porque mal se notavam os caminhos.

Concluído o 9º ano, fui para o liceu da Guarda. O grupo do Outeiro dispersou-se por várias escolas, desde a Guarda até Lisboa. No princípio ia de autocarro todos os dias, depois aluguei um quarto na cidade. No liceu estudei até ao 12º ano, na área de Estudos Humanísticos, e foi aí que surgiu o gosto pelas línguas e literaturas, curso que viria depois a tirar na Universidade.

A conclusão do 12º ano foi também a conclusão de uma etapa da minha vida. Em Setembro desse ano (1988) vim estudar para a Universidade de Évora.

Cidade que era já património mundial, mas que era completamente desconhe-cida para mim, longínqua, quase no fim do mundo. Hoje aqui moro, cá casei, cá tenho dois filhos: o Diogo, de 8 anos, e a Catarina, de 2 anos.

Acabei o curso em 1994 e sou professor do ensino secundário (QZP de Évora). Depois de ter leccionado em Évora, Ponte de Sôr, Ferreira do Alentejo, Estremoz, Arraiolos e Viana do Alentejo, estou, este ano, a leccionar na Escola Secundária de Reguengos de Monsaraz.

Parabéns a toda a equipa da AJAC pelo extraordinário trabalho que tem desenvolvido em várias áreas. Quero agradecer ainda a oportunidade que dão, a mim e a muitos castanheirenses espalhados pelo mundo, de podermos partilhar este magnífico jornal que, periodicamente, nos traz saudades da nossa querida aldeia.

Manuel Augusto Abadesso

5Agosto 2007

Marta Sofia Vitória Carreira, 26 anos

Formação: Licen-ciatura em Contabili-dade e Auditoria

Local de Trabalho: Teresa Machado & As-sociados, Lda. – Gab. de Contabilidade – Portalegre

Funções: Técnica Oficial de Con-tas. Desenvolvo nesta empresa todo o acompanhamento dos nossos clientes, desde estudos de viabilidade económi-ca, à contabilização dos documentos, a análises financeiras bem como processos de controlo interno… Em suma, realizo todo o tipo de processos normais para o bom desempenho da vida económica da empresa cliente.

Razão desta profissão: O primeiro contacto com a área da contabilidade foi no secundário e como percebi fa-cilmente o mecanismo decidi que era isso que eu queria fazer.

O Mais Interessante: Como traba-lho num gabinete de contabilidade e como temos clientes muito variados, acho que o mais interessante é mesmo essa variedade. Tanto trabalho com uma empresa da área de saúde, como a seguir é uma da área de restauração ou uma sociedade agrícola, constru-tora, etc. Esta diversidade permite-me ter um maior conhecimento de várias áreas de negócios.

O Mais difícil: Infelizmente no nosso país a maior parte das pessoas pensa que o Técnico Oficial de Contas é um mero “entregador” de dinheiro ao Estado, quando na realidade essa descrição fica muito aquém da verda-deira definição. Mas como a mudança de mentalidades é um processo longo, espero que um dia essas pessoas aceitem os nossos conselhos acerca das suas empresas, como eles acei-tam a opinião de um médico quando necessário.

Ana Catarina Dinis Martins, 28 anos

Formação: Licen-ciada em Gestão In-dustrial de Produção (TOC).

Local de Trabalho:

Gabinete Técnico de Contabilidade e Seguros J. Vargas Lda. - Guarda.

Funções: Actualmente desempe-nho a função de Escriturária ligada ex-clusivamente ao serviços dos Seguros, realizando todo o trabalho que emerge deste serviço.

Razões desta Profissão: Foi uma opção tomada no secundário quando enveredei pela área económico-social. Quando terminei o 12º ano decidi continuar dentro da mesma área, se-guindo Gestão e Contabilidade.

O mais interessante: O facto de na área da gestão existirem muitas verten-tes, desde a gestão financeira, gestão de aprovisionamento, contabilidade entre outras e todas elas aplicadas em conjunto poderão levar-nos a desen-volver um trabalho interessante.

O mais difícil: O facto de a área da contabilidade ser uma profissão com constantes mutações, existindo sempre a necessidade de actualização e uma constante formação.

Outra dificuldade é a saturação do mercado de trabalho, existindo uma grande oferta de licenciados nesta área, o que torna muitas das vezes uma profissão mal remunerada devido a esse excesso de oferta.

António Gonçalves Martinho, 37 anos

Formação: Bacha-relato – Gestão Indus-trial e da Produção; Licenciatura – Gestão Informática; Pós - Gra-duação – Gestão de Unidades de Saúde; Mestrado - Para con-

clusão de Mestrado, estou a desenvol-ver, na Universidade da Beira Interior (UBI), a Tese “A influência dos estilos de liderança nas relações interpessoais dos profissionais de saúde”.

Técnico Oficial de Contas nº 79292 (Contabilista)

Local de trabalho: Centro de Saú-de de Sabugal.

Funções: As inerentes à categoria profissional – Assistente Administra-tivo.

Razões desta profissão: Sempre gostei de gerir recursos numa pers-

pectiva de ajuda ao próximo. Fi-lo enquanto membro da Junta de Fre-guesia, enquanto mentor e fundador desta associação, e tento fazê-lo no dia-a-dia ao prestar o melhor serviço aos utentes, que, pela sua condição de doentes, se encontram ainda mais fragilizados.

O mais interessante: Poder contri-buir para a maximização da satisfação dos doentes/utentes que recorrem ao Centro de Saúde, é para mim o mais gratificante.

O mais difícil: Sendo Administrati-vo, não interajo directamente com as situações de emergência graves; no entanto, toda a envolvente é percep-tível e agravada quando o acidente ocorre em situações menos comuns.

Antón io Manue l Tomé Pires, 26 anos

Formação: Licen-ciatura em Economia e Gestão

Local de Traba-lho: Gabinete de Contabilidade e Con-sultadoria.

Funções: O meu serviço consiste em realizar projectos de investimento para pequenas e médias empresas da região de Viseu.

Razão desta Profissão: A razão desta escolha foi por ser uma área de bastante interesse e de grande utilida-de e com muita diversidade.

O mais interessante: É trabalhar numa área tão vasta, onde no dia-a-dia adquirimos novos conhecimentos e estar relacionada com as opções que eu próprio tomei na infância.

O mais difícil: O mais difícil será porventura a incerteza que hoje se sente em relação ao futuro profissional, devido ao aumento de desemprego.

PROFISSÕES

Gestores e Contabilistas

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4Agosto 2007

A António José Saraiva SA é uma empresa média?

É uma PME (Pequena e Média Em-presa).

O galardão da melhor empresa do distrito dá à António José Saraiva SA projecção para além do distrito?

Sim, porque já fomos contactados por jornais nacionais, com a finalidade de lhes conceder uma entrevista e este facto resultou de termos ganho o galardão, começando a notar-se projecção para lá do Distrito. A juntar ao galardão, a empresa aguarda a emissão do certifi-cado da qualidade, que vai contribuir para projectar a empresa no distrito e para lá do distrito.

Em que é que trabalham?Maioritariamente são obras públicas,

onde prestamos serviços de abasteci-mento de águas e saneamento, estações de tratamento de águas residuais, arru-amentos, estradas, infra-estruturas para telefone e electricidade, loteamentos, recuperação de aldeias históricas e reconstrução de casas antigas, jardins e parques.

A empresa presta os seus serviços no distrito da Guarda, sobretudo nos concelhos de Sabugal, Almeida, Pinhel,

Figueira de Castelo Rodrigo, Manteigas e Guarda.

Que obras tem agora?Estou a fazer a obra de Abastecimento

de água e Saneamento à freguesia da Ruvina - Sabugal. Estou também a fazer a requalificação urbana do Largo dos Castelos Velhos numa zona nobre da cidade da Guarda. Em fase de conclu-são estão a obra do Centro Histórico de Pinhel, o Recinto futebolístico do Soito e o Regadio de Videmonte.

A actual situação da empresa sa-tisfá-lo?

Não, porque face à conjuntura actual todos os sectores de actividade estão a passar por uma situação difícil, nomea-damente o nosso sector da construção civil e obras públicas. A concorrência é muita e desleal, o que acarreta ainda mais dificuldades para quem prima em fazer trabalho com qualidade, satisfa-zendo todos os requisitos do cliente e cumprindo todas as exigências legais.

Tenho indícios que me levam a acre-ditar que a partir do segundo semestre de 2007 a conjuntura actual se altere para melhor. Daí conseguir angariar novas obras para poder assim continuar a crescer sustentadamente.

Mas está pessimista?Não, isto tem estado a descer nos últi-

mos anos, é altura de começar a subir.

Herdou a vocação do pai…Exacto, eu e os meus irmãos. Todos

trabalhamos no mesmo ramo.

Vai regularmente à Castanheira?Vou lá e gosto de lá ir. Tenho lá os

meus pais mas gosto também da terra. É pena que não encontremos lá ninguém do nosso tempo. Lembro-me muitas vezes dos anos sessenta e das represen-tações teatrais que lá se faziam. Tam-bém da escola primária. Ainda andei a estudar no Seminário em Cucujães mas depois deixei de estudar em 1974 antes de acabar o actual 9.º ano. Foi o maior erro da minha vida mas está assumido.

Depois disso fiz outras formações espe-cíficas do meu sector, como por exemplo técnico condutor de obra. Ainda pensei estudar mais mas actualmente o sistema de certificação é muito papel e pouca aprendizagem. Certificar por certificar não vale a pena. E a disponibilidade de tempo também é pouca.

Já fez obras na Castanheira?Não. Mas espero vir a fazer. Concorri

às piscinas (que ganhou o meu irmão) e vou concorrer ao Lar.

Vê algum desenvolvimento em pers-pectiva para a Castanheira?

A Castanheira fica a 20 minutos da Guarda. Tem de explorar essa proximi-dade, continuando as pessoas a viver aqui.

A Castanheira perdeu nos anos 60 a oportunidade de se ter desenvolvido porque não houve uma mão que tivesse trazido para aqui a electricidade dez anos mais cedo. Tinha sido suficiente. Muita gente nessa altura foi para Pínzio, o meu pai, o Amadeu Fortunato e outros. Os maiores negócios de Pínzio partiram de gente da Castanheira.

Entrevista realizada por Joaquim Igreja

ENTREVISTA

António José Saraiva, 50 anos, empresário

9Agosto 2007

Manoel José Tomé Pereira, 46 anos e Cristina Pereira, 44 anos

Vivemos no Brasil, na cidade de S. Paulo com os nossos dois filhos, bem como uma grande parte da nossa famí-lia*. A vida lá é muito agitada. Somos proprietários de uma padaria e de uma casa de rações para animais. Apesar de toda esta agitação, ainda temos tempo para ler o jornal “A Guarda” que rece-bemos todas as semanas. Consultamos também a página web desta Junta de Freguesia. Existe a Casa de Portugal no centro de São Paulo onde se encontram muitos portugueses e onde se realizam grandes festas. São vários os artistas portugueses que actuam nestas festas.

Por ficar um pouco longe não a costumamos frequentar. Além dos festejos populares também se realizam lá algumas festas de casamento, das quais estivemos presentes em algumas delas. Existe também uma equipa de futebol, a “Portuguesa”, que reúne nos seus jogos mais de dez mil portugueses. É o único estádio em S. Paulo onde não

há brigas. Aqui é seguro levar mulheres e crianças, mesmo crianças de colo, ao contrário dos outros estádios onde se pratica a violência. Existe ainda a parte religiosa, onde numa igreja, para onde vai Nossa Senhora de Fátima, principal-mente no mês de Maio, se juntam muitos portugueses. Numa cidade tão grande como S. Paulo ainda temos o prazer de encontrar gente da Castanheira. Agora já não tanto porque a vida é um pouco mais agitada, mas há algum tempo atrás reuníamos muitas vezes com o Brás, a esposa e a sogra. Mesmo assim ainda nos vemos algumas vezes. Apesar de ser

muito bom viver no Brasil, lá não existe este lindo céu azul e o sol parece ter outra cor devido à grande poluição que paira no ar. A última vez que estivemos aqui foi há 6 anos, mas agora encontrá-mos a Castanheira melhor, ficámos con-tentes com a construção das piscinas. É uma forma de as pessoas se sentirem melhor e de ocuparem o seu tempo de uma forma diferente e saudável. O único senão aqui na Castanheira é mesmo a ausência de novas tecnologias para utili-zação do público. Os mais novos sentem uma grande necessidade de comunicar com os amigos que se encontram dis-tantes. Os dias para eles parecem que não passam, temos mesmo primos que tinham o bilhete de avião marcado e resolveram ir um mês mais cedo.

Recolha de Marta Marques e Henrique Dinis

*Dos 7 irmãos do falecido pai de Manuel

José, três deles e respectiva família encontram-se

em S. Paulo e uma irmã de sua mãe também está

no Brasil.

Augusto Manuel Assunção TeixeiraEu sou de acordo em haver um mordomo ou mesmo dois que estejam mais longe, seja em Lis-boa ou mesmo no estrangeiro. Sei que para esses mordomos a festa fica muito mais dispendiosa e nem toda a gente tem possibilidades, mas é certo que também há muita gente que não se importava. Penso que é uma forma de voltarmos a inserir os

que se foram afastando com o passar dos anos, ou conviver mais com os que ainda estão muito ligados, bem como com os seus familiares. Na verdade, quem está longe da Castanheira está logo à partida excluído de qualquer mordomia. Temos que alargar o leque aos Castanheirenses. Alguns Castanheirenses que se encontram longe da aldeia dizem que só os “vêem” para as esmolas, ora aqui está uma forma de participarem nas festas e de as melhorarem de acordo com as necessidades de todos. Penso que o António Jacinto Órfão, mordomo emigrante, ficou contente quando foi nomeado e participou com grande interesse na festa, fazendo aquilo que tinha ao alcance. Estou triste porque esta ideia morreu ao nascer. Foi a primeira vez que isto aconteceu na Castanheira e as coisas até correram bastante bem. Eu mesmo sou este ano mordomo na festa da Senhora dos Prazeres em Aldeia Velha, terra da minha esposa. É uma forma de reforçar a minha ligação e de conviver com algumas pessoas com quem não convivia tanto.

Júlio ToméEu não concordo com um mordo-

mo residente no estrangeiro porque eu também fui emigrante e sei a despesa que uma pessoa tem para vir aqui três ou quatro vezes por ano. Além da despesa, o tempo também não é muito, a não ser que esteja reformado e, caso já estejam nessa situação, penso que estamos a

desperdiçar meios humanos, uma vez que quando voltassem teriam a sua vez. Na Castanheira há cada vez menos pessoas para as mordomias. Outra razão é que quando são precisos nem sempre é possível estarem para ajudar os colegas e para certos trabalhos, como por exemplo recolher as esmolas. É muito melhor estarem todos presentes. Mesmo o contacto que este mordomo poderia ter em relação aos emigrantes também não se reflecte nesta festa por ela não ocorrer pro-priamente no Verão.

DE LÁ PARA CÁ

DE LÁ PARA CÁ - INQUÉRITO

Concorda com mordomos emigrantes?

Recolha de Marta Marques e Henrique Dinis

SIM NÃO

10Agosto 2007

É com muito gosto que vos reporto a descrição da Castanheira Cimeira e Fundeira. É uma pequena aldeia sossegada, óptima para umas férias no campo, com uma localização um pouco longínqua das vilas que a rodeiam, mas com óptimos acessos neste momento. Tem perto uma ribeira onde estão instaladas piscinas. No que diz respeito às actividades económicas, antigamente era a resina, neste momento é apenas a agricultura e exploração de madeira. Tem um comércio e café. Tem uma associação, a APOCAST, a associação dos produtores de azeite. É uma população que tem poucos jovens, já que estes são emigrantes. Tem no momento cerca de 90 habitantes, dos quais cerca de 30 a 40% é população idosa. Em termos monumentais existem alguns chafarizes e pouco mais.

Sílvia Alexandra (habitante de Castanheira – Ermida)

*A vinte quilómetros da sede do concelho, a freguesia de Ermida encontra-se na margem direita da ribeira de Isna, afluente do rio Zêzere. É constituída pelos lugares de Castanheira Cimei-ra, Castanheira Fundeira, D. Maria, Monte Fundeiro, Perna de Galego Cimeira, Perna de Galego Fundeira, Relvas e Sipote. Actualmente, a freguesia de Ermida vive sobretudo à custa do sector primário, com a agricultura e as actividades derivadas da exploração da natureza. Aqui vivem cerca de setecentos habitantes, num número que nos últimos anos tem vindo a decrescer. Os motivos são óbvios e estão relacionados com a crescente desertificação do interior do País. Ermida tinha cerca de 80 moradores em 1527, segundo o Cadastro da População do Reino, 200 em 1730 e mais de 400 em 1891. O primeiro censo oficial realizado em Portugal, dava à freguesia o número de 90 fogos, a que correspondiam mais de 583 habitantes. (retirado da Internet)

CASTANHEIRAS POR TODO O LADO

Castanheira Cimeira e Fundeira (Ermida* – Sertã)

ACIMA DOS 80Gracinda Rita Gonçalves,

81 anosGracinda Rita Gonçal-

ves nasceu em Setembro de 1925. É filha única, talvez devido a um “ataque” que sua mãe sofreu, tendo esta ficado bastante incapacitada a nível de um membro inferior, um membro superior e mesmo da fala, aquando do nascimento de Gracinda. O facto da sua mãe não poder trabalhar contribuiu muito para que Gracinda nunca abandonasse a Castanheira.

Hermínia Gonçalves, madrinha de Gracinda, teve um papel importante no seu crescimento. “Foi minha madrinha que me criou”, recordou Gracinda. Frequentou a escola primária na escola das raparigas na Castanheira, tendo-se deslocado à cidade da Guarda para realizar o exame da 4ª classe, o qual efectuou com sucesso, tendo recebido o respectivo diploma. Tinha mais facilidade em decorar do que em escrever. Foi sua professora a D. Marquinhas. “Ouvi uma vez a D. Marquinhas perguntar à minha madri-nha: “Como te vês, Hermínia, para aturar esta “Zarga”?”, salientou Gracinda. Aprendeu a fiar e a tecer e adquiriu o seu próprio tear. Por conseguinte, a venda das “teias” era inevitável, o que obrigava a deslocação às feiras, principalmente às feiras de ano (S. João, S. Francisco, os Santos, etc.). Apesar de nunca fazer parte dos ranchos da ceifa, Gracinda ceifava para os lavradores da Castanheira. Gracinda, sempre muito pegada aos pais, apenas pensou em casar após a morte de seu pai (63 anos), aos quarenta anos de idade. Seu marido, dez anos mais novo, emigrou para a França na busca de uma vida melhor. Foi emigrante durante dez anos. Gracinda ficou na Castanheira onde chegou a ter a seu cargo três doentes: a mãe, a sogra e a madrinha. O casal não teve filhos. “Não tive filhos porque Deus não quis. O médico disse-me que apesar dos quarenta anos não tinha mal nenhum por dentro”, referiu Gracinda Rita Gonçalves.

Gracinda fez parte da Associação do Imaculado Cora-ção de Maria durante seis anos. Gracinda ainda recorda as arcas que existiam nos anexos da igreja, entretanto já desaparecidos, onde os mordomos guardavam o centeio que lhe era oferecido como esmola, para posteriormente venderem.

Gracinda é viúva há já doze anos. Passa a maior parte do tempo entre a sua casa, o Centro Paroquial e a igreja. Os seus cinco lindos gatos cortam-lhe a monotonia do dia a dia. Apesar das dificuldades da vida e dos “tombos”, é a alegria e a boa disposição, bem como uma veia religiosa que transparece dia a dia na personalidade de Gracinda Rita Gonçalves. É uma das mais alegres utentes do Centro Paroquial Nossa Senhora da Conceição.

Sílvia Teixeira e Henrique Dinis

3Agosto 2007

Encontro em Lisboa em 17 de Junho

Animaçãonão faltou

Tal como aconteceu em 2004, este ano, dia 17 de Junho, realizou-se novamente o convívio de Castanheirenses em Lis-boa, mais precisamente no Alto dos Moinhos, organizado pela Comissão dos Castanheirenses de Lisboa.

No convívio estiveram presentes cerca de 90 pessoas, das quais 29 se deslocaram de autocarro da Castanheira para o local do convívio, viagem organizada pela AJAC, onde não faltou muita animação.

Para além de ser um dia diferente de todos os outros, foi marcado pelo reencontro de pessoas que, apesar de serem naturais da Castanheira, já não se viam há algum tempo.

Após a sardinha assada, e para recordar velhos tempos, seguiram-se os torneios de sueca e raiola, com medalhas para os melhores jogadores. Em simultâneo, as senhoras cantaram e dançaram como faziam há uns anos atrás, quando eram ainda mais jovens. Após a entrega dos prémios, os assadores reinicia-ram o trabalho, carne assada para o lanche ajantarado.

A Comissão fez ainda questão de oferecer uma lembrança do Convívio de Castanheirenses de 2007 à AJAC e à Junta de Freguesia. O nosso Muito Obrigado, não só pela lembrança, como também pela excelente tarde que nos proporcionaram.

O dia terminou com os discursos, de um elemento da Co-missão de Castanheirenses, Miquelina Dinis, do Presidente da AJAC, Victor Gonçalves e do secretário da Junta de Freguesia, Manuel Dinis, muito aplaudidos por todos os presentes.

Apesar do trabalho exigido por este tipo de iniciativas, a animação e entusiasmo de todos vão garantir a sua continui-dade, não só em Lisboa, como também na Castanheira.

Contamos com uma próxima oportunidade.

Marta Marques

Castanheiraem movimento

ACDC

6.º lugar na época 2006/07Tendo folgado na 1ª jornada foi difícil compreender

como a equipa da Associação Cultural e Desportiva da Castanheira começou este campeonato. A jogar bem, só na sétima jornada é que arrecadou os primei-ros pontos. Chegou a ter várias vezes o pássaro nas mãos, mas nos últimos minutos lá foi tudo por água abaixo. Tudo corria mal. À sétima jornada começou a reluzir a arte dos jogadores. Foi uma série de cinco jogos sem perder. Foi no entanto na recta final que a equipa da Castanheira se distanciou dos seus mais directos adversários. Três jogos consecutivos sem perder elevaram a equipa da Castanheira à tranquila 6ª posição. A todos os atletas, treinadores, dirigentes e demais acompanhantes um muito obrigado pelo trabalho desenvolvido.

Henrique Dinis

CASAMENTOSXum Qi e Evangelista Gonçalves Pereira, em 17-10-2006 em Paris

Carla Alexandra Pereira Miguel e João José Raquel Cunha, em 26-05-2007 na Sé da Guarda

Maria da Conceição Marques Dias e Carlos José Ferreira de Sousa, em 07-07-2007 na Sé da Guarda

NASCIMENTOSLaura Gonçalves Pereira, filha de Evangelista Gon-çalves Pereira e de Xum Qi, nasceu em 16-11-2005 em Paris.

ÓBITOSAna Dinis Monteiro, 24-5-2007José Lourenço, Porto Mourisco, 27-5-2007António G. dos Santos, Porto Mourisco, 20-6-2007

Recolha Recolha de Sílvia Teixeira e Henrique Dinis

2Agosto 2007

No Dicionário Geográ-fico de Portugal de 1758 do Padre Luís Cardoso, existen-te no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do qual constam as freguesias de Portugal, vem lá descrita, no Volume 31, N.º 1, Fo-lhas l a 4, a freguesia da Rabaça, através do relato que o pároco, o Padre Cura

Domingos Rodrigues, fez em 2 de Junho de 1758, contendo as respostas aos interrogatórios ordenados pela Secretaria de Estado do Reino de Portugal, tendo como motivo principal inventariar os danos causados, no País, pelo terramoto ocorrido no dia 1 de Novembro de 1755, que são do teor seguinte:1. Acha-se o lugar da Rabaça na Província da Beira Alta. E do Bispado e comarca da Guarda, termo da vila do Jarmelo.2. É o dito lugar de jurisdição Real.3. Consta o sobredito lugar de quarenta e quatro fogos, e de cento e catorze pessoas de comunhão, e de confissão somente dezanove.4. Está situado em uma quase campina donde se descobrem os lugares da Castanheira e Pínzio em distância ambos de quase meia légua.5. A igreja paroquial está contígua ao dito lugar.6. O orago da igreja é S. Martinho, na qual se acham três altares, o maior com a imagem do Santo Padroeiro e da parte direita com a invocação de S. Sebastião, e da parte esquerda com invocação de Nossa Senhora do Rosário; não há naves na dita igreja; acha-se nela erecta a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário.7. O pároco da dita igreja é cura anual ao qual apre-senta o prior de Santa Maria da vila do Jarmelo e se lhe dá de porção em cada ano cem alqueires de centeio, dois alqueires de trigo e dois almudes de vinho.8. Os frutos que recolhem os moradores do dito lugar em maior abundância é centeio.9. Não tem juiz ordinário e estão sujeitos ao da vila do Jarmelo.10. No dito lugar se faz uma feira em dia de S. Mar-tinho, que dura somente meio dia.11. Não tem o dito lugar correio, serve-se do da Guarda donde dista três léguas e meia.12. Dista o sobredito lugar da Guarda, cidade capital do Bispado, três léguas e meia, e da de Lisboa cidade capital e Corte do Reino, cinquenta e quatro léguas e meia.13. O sobredito lugar ficou sem ruína no terramoto.14. No sobredito lugar da Rabaça não há serra algu-ma, e por isso se não responde aos interrogatórios do título segundo que trata de semelhante averiguação.15. Também no dito lugar não há rios e por esse motivo se não responde aos interrogatórios do título terceiro que trata de semelhante averiguação.

Rabaça, 2 de Junho de 1758, O Padre Domingos Rodrigues.

Castanheirapara além da memória

REGISTOS

Notícia do lugar da Rabaça há 250 anos Momentos de nostalgia

numa guerra distanteNão posso deixar de dizer que houve

efectivamente alguma turbulência psíquica, nas primeiras semanas de vivência naqueles confins do mundo, onde a guerra se entrosava. É natural e aceitável, dada a concretização de uma mudança radical, nos modos de vida de alguém, que tinha planos mais dignos para concretizar. As saudades, sentimento típico do povo lusitano, faziam-se sentir com certo grau de intensidade, agitando as noites e carregando-as de alguma tristeza e mágoa. Nas horas em que o tédio molestava com mais vigor, a nostalgia e a amargura da distância atacavam ainda com mais profundidade. Como elemento integrante de uma nação, por natureza, carregada de penas, desgostos e pieguices, também eu próprio sentia, com profunda angústia, a repentina e prolongada separação. Todas as pessoas de quem gostava e a quem estava ligado pelos laços de sangue ou de amizade, restavam longe, por obra do acaso. Com alguma ansiedade, aguardava, dia após dia, notícias saudosas de todos aqueles que eu guardava, com amor caloroso, no coração. Se, porventura, elas tardavam, ficava tristonho e magoado, tremendamente infeliz. Acusava, com desgosto, a falta de acesso às boas novas do continente. Por outro lado, quando surgiam com toda a sua naturalidade, não me cansava de ler e reler as palavras afectuosas de cada uma dessas missivas. Absorvia uma a uma, com profunda concentração, como se estivesse a viver um momento único, que não queria, de modo algum, desperdiçar. Era como se vivesse, de novo, os momentos passados e me associasse, uma vez mais, àqueles que me escreviam. Sentia-me perto deles, a ouvir as suas palavras carinhosas e ternas, sorrindo com a sua alegria e sofrendo com as amarguras. Tornava-se intensamente gratificante e era aguardada, com alguma ansiedade, toda a cronologia dos acontecimentos e eventos quotidianos que ocorriam nos recantos distantes que havia algum tempo, eu abandonara para além do mar. E todas as novidades que provinham normalmente do continente, eram reencaminhadas para o nosso seio, através de um instrumento de corres-pondência característico dos serviços militares, designado por aerograma. A leitura dessas epístolas passava a ser um acto afectivo e carregado de sensibilidade marcante. Persistentemente turvava os olhos de cada um, tor-nando-os húmidos de comoção e obrigando-os a despejar, em lágrimas de felicidade, toda a emoção incontida. A recepção da correspondência diária proporcionava um momento único e agradável, intensamente acatado por todos e detentor de sensações nobres e emocionantes. Fazia reavivar, no psíquico de cada um de nós, um desencadear de cenas de melancolia, em rotação constante e com abrangência aos lugares distantes que havíamos deixado no espaço e no tempo. Por isso mesmo, era esperado por todos, com inquietação e desassossego e reflectia, em uníssono, o desejo fortemente sentido, de reactivar, naqueles instantes supremos, o contacto permanente e apaixonado, vivido à distância, entre nós próprios e os familiares ou amigos que nos encaminhavam tais missivas. Eram momentos como este que davam tréguas ao pavor e à desumanidade de uma guerra crescente, aliviando sensivelmente os espíritos cansados de sofrimento e fazendo sentir em cada um de nós a força das sensações dignas que também persistiam à distância. Os familiares e amigos, que restavam do outro lado do mar, através das variáveis mensagens escritas, davam-nos a força, o ânimo e alento capazes de nos fazer sobreviver naquele mundo repleto de tirania e crueldade que nos afrontava. A recepção e a leitura da correspondência diária eram, por isso mesmo, um bálsamo indicador da chama que nos ajudava a sobreviver e bem assim um dos pontos mais sublimes da árdua passagem por aqueles recantos da guerra.

por Carlos Videira

por António Moita Marques

11Agosto 2007

RUAS DA CASTANHEIRA

As EirasO vão da porta da casa

do Maifa desenha-se contra o céu, encostado às eiras. Já não é a”a casa do Maifa” como diziam antigamente, é o “cabanal” em ruínas do ti José Teixeira, paredes sem tecto nem habitantes. É o começo de um passeio à volta do maior lajedo que conhece-mos na região, o ponto mais alto da Castanheira, uns 150 metros de comprido, uns cem de largo, todo o espaço para malhar, até há 20 ou 30 anos. Agora, está vazio, ou quase. Há só um palheiro velho, ali no meio, a destoar. Deixá-lo estar, está bem.

De um lado, a rampa mais inclinada, que nós em peque-nos descíamos a medo. Deste e do outro lado, cinquenta metros à direita, escorrega-doiros como não havia outros. Os miúdos há 20 ou 30 anos ali andavam a escorregar, a romper as calças, sem protec-ção ou com uma base lisa de madeira debaixo do rabo ou mesmo, como faziam os filhos da tia Ana Julião, com uns carrinhos de rolamentos. Dava “pica”. Os escorregadoiros do

fundo do povo (da Laja Longa) eram menos inclinados, diría-mos hoje menos “radicais”.

As zonas à volta das Eiras não são a parte mais antiga da povoação, mas foi desde sempre utilizada para a malha de cereal, tendo começado a receber construções que lhe comeram as bordas a partir dos anos 60 do século XX. Há muitas construções sobre a rocha, ganhando segurança e até uma palheira do ti António Braz empinocada em cima do barroco. Parece estar ali a mais, mas lá estão as escadas vindas da casa junto à estra-da e o acesso pelo lado das eiras a permitir a entrada de animais.

No outro lado, do lado do cemitério, as construções não invadiram tanto a rocha. À volta das eiras descobrimos várias serralharias, a do Antó-nio Monteiro e a do Jerónimo Martins, esta um pouco acima da chamada “Fábrica” que funcionou até ao início dos anos 70. O ti Manuel “da Fábrica”, pai de Jerónimo Martins, era o homem que comandava a moagem, numa fase intermédia entre os moi-nhos e o zero absoluto de indústrias deste tipo. Agora está lá uma mercearia, ligada à mesma família.

Sabe bem andar por cima desta barriga bem redonda, cheia de histórias de esforço

de homens que guardavam o trabalho de um ano em palheiros feitos com muita arte. Depois de vários meses de crescimento da seara, eram dias intensos, os da malha, actividade dura, porque rápida e intensa. Primeiro eram os manguais, depois vieram as malhadeiras. Com estas, o ritmo era agressivo, com as es-pigas e a “moinha” a entrar por todos os orifícios da roupa e da cara. A bucha pelo meio do trabalho fazia voltar a energia por mais algumas horas. Dar o pão para a máquina, receber o centeio moído, retirar a palha, dá-la ao palheireiro que, sob pressão do tempo, compunha o melhor possível aquele pião ao contrário.

As Eiras estão hoje um bo-cadinho feias nas margens mas estão bonitas no meio. Não construam mais coisas ali pelo meio, não deixem avançar as construções. Não vale a pena manter esta memória viva? É que não se conhece uma terra com umas eiras assim. Valori-zá-las não é pôr-lhes blocos em cima. Deixem-nas estar.

Joaquim Martins Igreja

FIGURASO Camareiro

“Chô ai! Chô ai larum!”Cantava outras coisas pelo meio naquelas rondas nocturnas

solitárias mas acabava em geral assim. E os garotos gostavam e repetiam “Chô ai larum!”. Era o remate. Joaquim Braz era o nome verdadeiro mas toda a gente o conhecia por Camareiro. Vivia a dois passos do forno (ver imagem actual da casa, ao lado) com a sua irmã Maria Antónia, ambos solteiros. Ambos “com pouco juízo” e a viver nos limites da pobreza. Ao lado, a tia Rosa Margarida ia ajudando, outras famílias também. A pedido do Camareiro, a tia Rosa Margarida e a filha Lurdes coziam-lhe “um alqueirinho de pão”. Antes da cozedura prometia o Camareiro à Lurdes “Fazes uma bôla para ti”. Não fazia, evidentemente, mas depois ele levava uma garrafinha de vinho ao ti José Martins (o pai da Lurdes).

Quando era novo, o Camareiro ainda ia trabalhar ao jornal para “outre” mas depois as coisas complicaram-se naquelas cabe-ças e a vida ainda se complicou mais. A Junta ajudou-os às vezes,

mandava-lhes limpar a casa e lavar a rou-pa. Metiam os lençóis e man-tas em água a ferver e depois lavavam-nos na Fonte Macieira.

“Lá vem o Camareiro a cantar!” Outros acrescentavam “feito tontinho”. Hoje a ti Lurdes da Conceição diz-me que eram dois santinhos: “Se aqueles não estão no céu, não vai para lá mais ninguém”. A Maria Antónia morreu primeiro. Já não chegava a pobreza, uma vez foi atropelada por um carro perto de Pínzio. “Ficou coxinha até morrer.” Ele morreu alguns anos depois.

“Lá vem o Camareiro a cantar”! Adeus, Camareiro!Joaquim Igreja

12Agosto 2007

PALAVRA DE PRESIDENTE

Faz falta a festaA AJAC organizou durante

8 anos um festival de cultura, que foi este ano interrompido por diversas razões que me escuso, por o já ter feito em edição anterior, de aqui co-mentar.

A AJAC não organizou a festa e este ano não houve festa na Castanheira.

Mas porque voltar ao as-sunto? Simplesmente porque andam no ar algumas ideias que precisam de divulgação.

A “festa” como ponto de encontro e de convívio de cas-tanheirenses e de muita outra gente que aflui por esses dias à nossa aldeia faz falta.

Não satisfeitos com o es-tado das coisas, um grupo de jovens, cheios de vontade e de ideias, prontificou-se para encetar os esforços necessários para que no próximo ano as festas regressem em força.

Independentemente do figurino das festividades, a iniciativa é de louvar. Para que essa tarefa tenha êxito é necessário que todos apoiem e patrocinem.

Força rapazes! Vitor Gonçalves,

Presidente da AJAC

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Ficha Técnica

Boletim da Associação da Juventude Activa da Castanheira

6300-075 Castanheira e-mail: [email protected] ou [email protected] Director: Vitor Gonçalves Coordenador: Joaquim Martins Igreja Periodicidade: Quadrimestral Tiragem: 1.000ex. Paginação: Elsa Fernandes Impressão: Marques e Pereira (Guarda)

Página on-line da AJACDesde Julho de 2006 que a AJAC dispõe de

uma página de Internet – www.ajac.com.pt. É o local de informação, comunicação e interliga-ção de todos os interessados pelas actividades desenvolvidas por esta associação. Aqui pode encontrar as edições anteriores do Castanheira Jovem, notícias da AJAC, o material à venda na Loja da AJAC, e inclusivamente deixar a sua su-gestão ou comentário, não só acerca da página, como também do trabalho desenvolvido ao longo do tempo. No ano anterior recebeu 715 visitas,

muitas das quais do estrangeiro. Este ano o número de visitas já ultrapassou as 2300. Toda a evolução do Espaço Aquático, já concluído, foi aqui transmitida através de fotografias, para que toda a gente se sentisse próxima do acontecimento. Se pretender receber todas as notícias e alterações da página na sua caixa de correio, basta assinar a Newsletter, e elas chegarão até si, tal como já fizeram dezenas de pessoas. Fica aqui o convite à participação activa de todos. Visitem-nos, comentem e sugiram, todas as opiniões e contributos são importantes para a melhoria do trabalho desenvolvido e a desenvolver.

Marta Marques

Programa “Aldeias Seguras” na Castanheira

O programa “Aldeias Seguras” está integrado no Programa de Acção Nacional de Sensibi-lização e Educação da Defesa da Floresta contra Incêndios da responsabilidade da Direcção-Geral dos Recursos Florestais, articulado e no âmbito dos documentos e legislação em vigor: Resolução do Conselho de Ministros n.º 65/2006 de 26/05 e D.L. n.º 124/2006 de 28/06. O local escolhido para a implementação deste programa, no distrito da Guarda, foi a localidade de Castanheira.

Direccionado para a sensibilização da população rural este programa tem como objecti-vos criar, nesta comunidade, um sentimento de responsabilização comum e de pertença pelo património edificado e os espaços florestais adjacentes, criar condições reais de protecção da população incentivando a auto-protecção da comunidade, fortalecer e aproximar as relações entre a população e os agentes locais com responsabilidade em matéria da defesa da floresta contra incêndios, entre outras e fomentar a mudança de comportamentos em termos de defesa da floresta reduzindo os comportamentos negligentes. Resumindo, este programa visa essen-cialmente, organizar a aldeia em termos de defesa, contra os incêndios e também em qualquer caso de catástrofe, proteger as pessoas e bens, criando estratégias e definindo planos de se-gurança para a população. O rosto mais evidente deste programa tem sido até ao momento, a limpeza dos terrenos, onde se tem concentrado grande percentagem do desenvolvimento do programa. Aqui convém referir que, de acordo com a lei em vigor, a limpeza dos terrenos deve ser efectuada até 50 metros de casas isoladas e até 100 metros da povoação, sob pena de se incorrer numa contra-ordenação cujo montante mínimo são 140 euros. Apesar das inúmeras dificuldades, conseguiu-se deslocar duas equipas de sapadores florestais, que limparam vários terrenos, e a Junta de Freguesia adquiriu também um corta mato, para mais rapidamente ser efectuada a limpeza em todo o perímetro da aldeia.

Associação da Juventude Act iva da CastanheiraBoletim Nº 22 A g o s t o 2 0 0 7

Espaço Aquático desde 7 de Julho

Já se nada nas piscinasNo prazo previsto aí estão as piscinas: têm balneários, um bar, duas funcionárias e vão funcio-

nar nos meses de Verão. Vão ser um sucesso para a Castanheira e para as aldeias vizinhas. Veja como elas são.

Textos e fotos nas páginas centrais.

SUMÁRIO:Contabilistas e gestores

Página 5

Cartas de longePágina 8

Mordomos emigrantes: sim ou não?Página 9

As EirasPágina 11

Figuras: O CamareiroPágina 11

António José Saraiva, empresário com distinção António José Saraiva SA é o nome da Empresa Distrital do Ano na Gala Empresas 2007 do jornal

Nova Guarda. António José Saraiva é também o nome do castanheirense de 50 anos que está à frente da empresa que recentemente passou a Sociedade Anónima, tendo assim as contas auditadas e certificadas. Filho de empreiteiro, herdou do pai, como os irmãos David e João, a vocação para a iniciativa privada na área das obras públicas e infra-estruturas. A sua empresa tem hoje 38 empre-gados, entre os quais engenheiros e economista e um técnico superior de higiene e segurança. Dois milhões de euros são o volume de negócios anual.

Entrevista na página 4.

Encontro de Lisboa a 17 de Junho

Emoção entre castanheirenses

Como em cada ano em que há encontro decastanheirenses em Lisboa, os de cá e os de lá deixaram-se levar pela emoção.

Relato na página 9.