ix seminário dos estudantes de pós-graduação em filosofia...

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ix Seminário dos Estudantesde Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar

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Universidade Federal de São CarlosCentro de Educação e Ciências Humanas

Programa de Pós-Graduação em Filosofia

ReitorProf. Dr. Targino de Araújo Filho

Pró-Reitor de PesquisaProf. Dr. Claudio S. Kiminami

Pró-Reitor de Pós-GraduaçãoProf. Dr. Bernardo Arantes do N. Teixeira

Diretora do Centro de Educação e Ciências HumanasProfa. Dra. Wanda Aparecida Machado Hoffman

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em FilosofiaProf. Dr. Fernão de Oliveira Salles dos Santos Cruz

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Capa e editoraçaoJonathan jota

arteLinha_ponto.recorte de jonathan jota

comissão organizadoraAdriano Ricardo Mergulhão

Felipe CalleresProf. Dr. Fernão de Oliveira Salles dos Santos Cruz

José Luciano Verçosa MarquesPedro Rodolfo Fernandes da Silva

Rubens José da RochaWagner de Barros

Apoio

Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências

Humanas UFSCar

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0sumário

9apresentação

1Mapa

do

campus

1 16resumos1programação

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apresentação

O Seminário dos Estudantes de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar é um evento que tem o objetivo de criar um espaço acadêmico que favoreça o

debate e a interação entre os estudantes de pós-graduação em filosofia da UFSCar e das demais universidades brasileiras, bem como divulgar a

produção acadêmica discente dos programas de pós-graduação. O evento ocorre anualmente, nas dependências desta instituição, estando

atualmente em sua oitava edição. Além das comunicações de trabalhos de pós-graduandos, a programação conta com palestras e mini-cursos,

ministrados por professores convidados,como formade enriquecer o evento.

Comissão Organizadora

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Mapa do campus

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Vygotski e a Teoria Histórico-Cultural: bases conceituais marxistas.Abel Gustavo Garay GonzálezUFSCARCAPESOrientador(a): Prof.ª Drª Maria Aparecida Mello

A intenção desta comunicação é analisar e explicitar as bases conceituais da Teoria Histórico-Cultural do psicólogo e filosofo russo, Lev S. Vygotski . A Teoria Histórico-Cultural baseia-se no Materialismo Histórico-Dialético de Marx e tem sua fundamentação metodológica alicerçada na análise microgenética. Os pressupostos teóricos de Marx subsidiam as análises de Vygotski na discussão de que o ser humano não é só estrutura biológica, mas, sim, consequência da relação histórico-cultural, tendo o trabalho como mediador principal. Vygotski supera o paradigma biologicista e apresenta um novo modelo de desenvolvimento psíquico do ser humano pautado na visão de sociedade, de homem e de conhecimento como eminentemente social, bem como as concepções de ensino e de aprendizagem como processos da atividade humana mediados pelas relações humanas e da própria natureza. Vygotski, em suas pesquisas, buscava elaborar categorias e princípios para desenvolver uma teoria psicológica que abarcasse o psiquismo humano, fundamentando-se no materialismo histórico-dialético. Uma preocupação inicial nessa busca era a de estabelecer interlocução com os psicólogos russos da época demonstrando que a consciência e o comportamento, objetos da investigação psicológica, não poderiam ser entendidos

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separadamente, mas como uma totalidade dialética. Sendo assim, tinha como motivação em sua obra identificar o mecanismo do desenvolvimento de processos psicológicos no indivíduo (formação do Psiquismo) por meio da aquisição da experiência social e cultural.Vygotski é o propulsor do caráter histórico e social dos processos psicológicos superiores (únicos dos seres humanos), ou seja, a idéia de que esses processos, que têm a característica de alto grau de universalização e descontextualização da realidade empírica imediata, originam-se na vida social humana por meio das atividades mediadoras, como são os signos e as ferramentas. Vygotski indica que toda atividade psíquica humana acontece em dois momentos relacionados dialeticamente, como atividade coletiva chamada de interpsíquica e como atividade individual chamada de intrapsíquica. Daí a importância de analisar nesta comunicação a categoria ontológica, psicológica e gnosiológica de Vygotski, fundamentada no materialismo histórico-dialético de Marx.

A herança kantiana e a Revolução Copernicana do pensamentoAdriano Ricardo MergulhãoUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Paulo Roberto Licht dos Santos

Pretendemos expor a natureza da representação do tempo (Zeit)

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na obra “Crítica da Razão Pura”, circunscrevendo nossa discussão ao conjunto histórico de problemas inaugurado pela interpretação do filósofo M. Heidegger sobre o conceito de tempo exposto em sua obra “Kant e o Problema da Metafísica”, localizando em sua argumentação sua convergência e contrapontos frente à interpretação oferecida pela escola Neokantiana de Marburgo. Assim posicionaremos, frente a frente, diferentes tradições filosóficas historicamente definidas, o Neokantismo e a Fenomenologia de base existencial, e a partir desta situação promoveremos um diálogo minucioso que busca delimitar o horizonte dentro do qual a noção filosófica de temporalidade opera, a partir de dois diferentes níveis teóricos; A) em relação ao projeto original de Kant e B) a partir de duas diferentes perspectivas teóricas, tornando mais evidente quais intenções estariam ligadas as principais vertentes filosóficas surgidas na Alemanha ao longo século XX. A partir deste contraponto relativo à visão geral do conceito de tempo e suas subseqüentes apropriações, desejamos expor o desenvolvimento histórico e conceitual desta problemática, relacionando-a ao conjunto de questões suscitadas pela proposta de uma “Revolução Copernicana do pensamento” aos moldes epistemológicos (dos pensadores neokantianos Cohen, Natorp e Cassirer) e fenomenológicos (de Heidegger). Como conseqüência da diferença de princípio existente entre as propostas destas correntes de pensamento, a primeira vista irreconciliáveis, somos levados a opor o neokantismo e a fenomenologia como “doutrinas” absolutamente distintas, interessa-nos aqui demonstrar que esta separação é muita mais tênue do que os filósofos envolvidos desejariam admitir, podendo ser qualitativamente compreendida como uma partilha de caminhos intelectuais, de certo modo

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complementares em seus objetivos mais gerais, tendo em vista que a “origem comum” destas tradições surgem a partir de um contexto específico, o questionamento gnosiológico propiciado por um “retorno a Kant”, que trata em última instancia de uma e mesma problemática, a saber, a questão do ser, pois se a filosofia fundamenta a ciência, o conhecimento do ser é a condição de possibilidade do conhecimento do real.

Governo do outro e verdade de si: do não poder ao não saberAlexandre Gomes dos SantosUFSCarCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva

No curso “O governo dos vivos” de 1980, Foucault tem por objetivo pensar a relação entre o governo dos homens e a manifestação da verdade correlata e necessária ao poder. Foucault estuda tal verdade na forma da subjetividade, manifestação, confissão, discurso de verdade sobre si mesmo para um outro, mas sempre excessiva, suplementar à utilidade economicista do conhecimento sobre aqueles os quais se governa. Para ele, as relações entre governo e verdade seriam anteriores ao aparecimento de elementos como o Estado e a sociedade na análise de uma governamentalidade racional. Assim, dever-se-ia inverter a tradicional forma de análise política e filosófica que consistiria em dizer “se me são dados os instrumentos teóricos necessários para

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que eu me faça possuidor de um discurso de verdade, então, o que posso fazer em relação ao poder ao qual me sujeito?”. Para Foucault, a nova pergunta deve considerar a vontade do sujeito de se desfazer da sua ligação com o poder e, daí, questionar o que então se pode fazer do sujeito de conhecimento e da verdade. Essa é a atitude que diz “nenhum poder existe por si!”, ou então, “não existe legitimidade intrínseca do poder!”. Assim, nosso objetivo consistirá em percorrer o citado curso ministrado por Foucault com o fim de entender o que é feito do sujeito e das relações de conhecimento quando nos valemos de uma premissa fundamental: nenhum poder é fundado no direito ou na necessidade.

Pressupostos epistemológicos Hume: cético ou naturalista? pirrônico ou acadêmico?Alexandro FernandesFaculdade de Educação São Luis de Jaboticabal - SP Orientador(a): Prof.º Dr.º Fábio Rodrigo Leite

Este resumo tem por objetivo apresentar a característica real do pensamento empregado por David Hume, enquanto identifica os pontos centrais de sua teoria epistêmica, bem como a pretensão de caracterizar sua filosofia diante da díade ceticismo/naturalismo, discussão frequentemente abordada ao longo da História da Filosofia. A partir disso, procura contrapor e conciliar a interpretação do ceticismo Pirrônico e Acadêmico, para destacar

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o ceticismo em Hume e caracterizar, no interior da filosofia cética, qual tipo de ceticismo melhor se adapta a seu pensamento. Haja vista, Hume é tradicionalmente caracterizado como um filósofo cético, mas, ao longo da história, vários autores preocuparam-se em elaborar ensaios na tentativa de rejeitar a interpretação cética de sua filosofia, atribuindo a ela outras classificações, dentre as quais a de naturalista: corrente filosófica que tem como principal objetivo viver de acordo com as leis da natureza. O que não se pode admitir. Após apresentar na Investigação sobre Entendimento Humano (IEH), as origens dos diferentes tipos de conhecimentos de que dispomos e as etapas nas quais eles se processam, Hume, destina o último capítulo, precisamente, a seção XII, intitulada “Da filosofia acadêmica ou cética”, para evidenciar os tipos de ceticismo, e em especial uma crítica ao ceticismo radical, denominado por ele de pirrônico. David Hume, dessa forma, manifesta acerca do conhecimento empírico, pois estende essa desconfiança até mesmo ao poder da razão. Por seu turno, devido a essa postura de ataque contundente ao ceticismo radical denominado por ele de Pirrônico, insurgem sobre a figura do referido filósofo teorias, as quais colocam o ceticismo de Hume como sendo algo fingido e que, também, desconhecido por ele. Por considerarmos essas críticas equivocadas devido à postura sistemática do filósofo, até mesmo porque, era um profundo estudioso da Filosofia Antiga, fez-se a necessidade em desenvolver esta pesquisa.

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O ser para a morte heideggeriano e a identidade primordial entre ser e nadaAmir AbdalaPUC-SPCAPESOrientador(a): Profa. Dra. Dulce Critelli

O trabalho examina a noção heideggeriana de ser para a morte no horizonte de sua ontologia, delineada pela confluência originária entre ser e nada. Ao longo da denominada primeira fase de sua trajetória filosófica, o tema da morte é projetado ao plano principal das preocupações filosóficas de Heidegger, sobretudo no estudo intitulado Ser e tempo, quando, em sua pesquisa acerca do sentido do ser, desenvolve-se a analítica existencial na qual se pronuncia o ser humano como ser para a morte. Situando o tema da finitude humana no conjunto de textos redigidos no referido período, localizamos a morte em sua procedência ontológica, uma vez que, evidenciada na disposição fundamental da angústia, confronta a existência dos seres humanos com a identidade primordial entre nada e ser, sobre a qual se estende seu leque de possibilidades existenciais.A singularidade do dasein revela-se plenamente quando somos arrebatados pela disposição fundamental da angústia, que subtraí à totalidade dos entes os seus significados convencionais, colocando-nos face à completa ausência de suportes existenciais,

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isto é, suspendendo-nos no nada. Na imensidão do nada, emerge a possibilidade extrema e irremissível do dasein: a morte. Não se trata da morte compreendida como acontecimento que sobrevém do exterior, fenômeno exógeno ao dasein. Ao contrário, a iminência da morte situa-se no núcleo do dasein, indicando o seu não ser mais que é constitutivo de sua finitude e que remove o seu amplo conjunto de possibilidades.Apresentando-se como impossibilidade de todas as possibilidades, a morte desvela a nulidade do fundamento da existência ao acenar com a total inefetividade do dasein, que, procedendo do nada originário, situa-se na conjunção da pura indeterminação com o pleno poder ser. Afinal, se o poder ser repousa em um não ser original, a finitude imanente ao dasein, em sua projeção de um não ser absoluto e definitivo, explicita-o essencialmente como um universo de possibilidades. No ser para a morte, anunciado na disposição existencial da angústia, revela-se a nulidade de fundamento da existência humana, suspensa no pertencimento originário entre ser e nada.

Michel Foucault: democracia e crise da parrhesia política.Anderson Aparecido Lima da SilvaUSPCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Franklin Leopoldo e Silva

Em seu último curso no Collège de France, em 1984, Foucault

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relembrava o itinerário que o havia levado ao estudo da noção de parrhesia. Em 1982, no curso A hermenêutica do sujeito, a noção recebe uma primeira análise no contexto da direção de consciência, da condução espiritual, do conselho da alma, das formas através das quais o sujeito, dizendo a verdade – que acredita e reconhece como sendo francamente a verdade –, se manifesta, isto é, como constitui a si mesmo e é reconhecido pelos outros como sujeito que pronuncia um discurso de verdade e se conduz de acordo com esse discurso. No entanto, declara Foucault, o desenvolvimento de suas pesquisas o levou a reconhecer que a origem da noção se encontrava em outro lugar, qual seja, que “a noção de parrhesia é, fundamentalmente, uma noção política”. Foucault procederá à análise dessa parrhesia fundamentalmente política sobretudo no curso de 1983, intitulado O governo de si e dos outros. E é neste contexto que o caso paradigmático de Péricles, apresentado por Tucídides, servirá como uma das vias de explanação deste enredo político de utilização da parrhesia, isto é, da parrhesia em sua prática política efetiva. Prática que, permeada desde o princípio por tensões, não deixará de revelar a gradual desagregação entre os atos e as palavras, entre os discursos e as condutas dos cidadãos, colocando em xeque a possível harmonia entre democracia e parrhesia. Constatação que, amplamente difundida à época em textos filosóficos e políticos, será identificada por Foucault como “crise da parrhesia democrática no pensamento grego do século IV”. Crise esta que teria como uma de suas consequências o processo de inflexão, de desvio progressivo da “parrhesia política” a uma “parrhesia ética”, própria à filosofia, e que encontraria em Sócrates seu patrono modelar.

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Lógica e Inferência no TractatusAnderson Luis NakanoUFSCarFAPESPOrientador(a): Prof.º Dr.º Bento Prado de Almeida Ferraz Neto

Segundo o Tractatus Logico-Philosophicus de Wittgenstein, a inferência é consequência de uma relação interna entre as proposições envolvidas, e não cabe às “proposições da lógica” (tautologias) justificar a inferência. Se é certo que o Tractatus nos conduz, como afirma Ramsey, a uma teoria da inferência extremamente simples, é enganoso dizer, como o faz Russell, que o Tractatus nos leva a uma simplificação surpreendente da teoria da inferência. Aos olhos de Wittgenstein, a teoria da inferência desenvolvida no Tractatus recebe um aspecto totalmente novo e muito importante, que difere dos sistemas lógicos de Frege e Russell, nos quais a inferência era justificada por leis básicas ou axiomas lógicos. Deste modo, não se trata apenas de uma “simplificação” da teoria dos Grundgesetze ou dos Principia, mas de uma teoria distinta e mais clara da inferência, pois mostra que entre as premissas e a conclusão de uma inferência não há intermediários. É de se perguntar, então, qual é o papel das “proposições da lógica” pois, se elas não servem de intermediários para o processo de inferência, elas parecem perder sua raison d’être. O objetivo do presente trabalho é mostrar que, a despeito

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delas não justificarem a inferência, elas ainda assim são úteis para o processo dedutivo. Para isso, recorreremos à noção de cálculo e de operação, fundamentais para se compreender a lógica e a matemática sob a ótica do filósofo austríaco.A reelaboração da noção boeciana de Pessoa na Summa Theologiae de Tomás de Aquino (Primeira Parte, questão 29)André Luís TavaresUNIFESPCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Juvenal Savian Filho

Em nossa pesquisa, trabalhamos o uso que Tomás de Aquino faz na ST I q. 29 da noção de “Pessoa”, que retira de Boécio: Persona est rationalis naturae individua substantia - “Pessoa é a substância individual de natureza racional”1).A compreensão da noção de Pessoa (o termo vem dos cultos, manifestações teatrais e reflexões gramaticais greco-romanas) possui uma longa e disputada história no pensamento cristão; a “Pessoa” entra na filosofia ocidental a partir das querelas trinitárias e cristológicas do cristianismo antigo; esta noção só pode ser compreendida na Summa Theologiae se tivermos em conta outros dois elementos, presentes nas questões 27 e 28 da mesma Prima Pars: processões e relações. Estas noções possibilitam “abrir” aquela de Boécio, numa hermenêutica que possibilitará a Tomás inserir a definição boeciana em seu sistema de pensamento. Um conceito ôntico-estático é interpretado de modo a se tornar ontológico-dinâmico. Tomás, em sua Summa Theologiae, irá afirmar que a definição 1 BOÉCIO, Duabus Naturae, a.3, ad 2, 4 (citado por Tomás de Aquino em ST I a q. 29. a. 1, enunciado). O referido texto de Boécio é comumente encontrado com o título “Contra Èutiques e Nestório”.

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de Boécio se aplica também às pessoas divinas, desde que se entenda “racional” no sentido de “intelectual”, e “individual” no

sentido de “incomunicável”2. São estes conceitos que nosso autor irá utilizar para receber e reinterpretar a definição de Boécio; reinterpretará individua substantia como esse per se subsistens in natura intelectuali3.

Singularidade e universalidade em A interpretação dos sonhos, de FreudAndré Santana MattosUFSCarFAPESPOrientador(a): Prof. Dr. Luiz Roberto Monzani

Em A interpretação dos sonhos, Freud apresenta um rico material de análises de sonhos, articulado ao estabelecimento de teses gerais sobre o sonho, chegando por fim às formulações metapsicológicas acerca do aparelho psíquico, levadas a cabo no capítulo 7. A questão que aqui abordamos diz respeito às relações entre singularidade e universalidade que se configuram nesta obra. Podemos distinguir um primeiro momento epistêmico, onde essa relação se dá entre os sonhos singulares e as teses gerais sobre o sonho, e um segundo momento, onde o sonho 2 Cf. ST I a, q. 29, a. 3, ad 4. 3 In Sent, I, d. 23, a. 2, citado por GUGGENBERGER, A. in FRIES, H. Encyclopédie de la foi, tome III. Paris: Du Cerf, 1966, p. 429.

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ocupa o lugar do singular, ao ser tomado como uma formação psíquica entre outras, enquanto o termo do universal passa a

consistir, por um lado, na classe dos sintomas neuróticos, e, por outro, nas formulações sobre o aparelho psíquico, que deve ser o responsável pela produção de toda e qualquer formação psíquica. A relação entre o sonho e a classe das formações psíquicas anormais ou patológicas, ao estabelecer uma analogia entre estes dois termos, toma o sonho como um membro desta classe, o que justificará, de acordo com o plano epistêmico ao qual Freud ali se propõe, considerar a investigação dos sonhos como um trabalho preliminar à investigação das neuroses, a qual poderia se servir dos conhecimentos psicológicos estabelecidos pela primeira. Porém, a consideração do desenvolvimento histórico das investigações e das concepções de Freud, o qual é evocado por ele mesmo na Traumdeutung, inverte a ordem dos termos desse arranjo epistêmico, já que foi a partir da transposição do método e de uma tese teórica relativos às neuroses que Freud iniciou a sua investigação dos sonhos. Já a exposição do esquema do aparelho psíquico, que, sob o ponto de vista histórico, tem seu precedente no Projeto de 1895, se justifica, no plano da obra, a partir de seu poder explicativo com relação aos sonhos, mas também aos sintomas psicopatológicos e outras formações psíquicas. O que pretendemos explorar aqui são as estratégias de sustentação epistêmica empreendidas por Freud, no âmbito dessas múltiplas relações entre singularidade e universalidade configuradas na Traumdeutung.

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Liberdade e temporalidade na fenomenologia de Merleau-PontyBeatriz Viana de Araujo ZanfraUNIFESPCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Alexandre de Oliveira Torres Carrasco

Na obra A estrutura do comportamento, de 1942, Maurice Merleau-Ponty, por meio da noção de estrutura, combate o naturalismo e o intelectualismo, mostrando que o corpo não é um agregado de músculos e de nervos que opera de acordo com a causalidade mecânica e funcional e que a consciência reflexiva não é a única forma da consciência e nem sua primeira manifestação, mas sim dependente da consciência perceptiva e indiscernível do corpo como princípio estruturante. Nesse sentido, no capítulo destinado à questão das relações da alma e do corpo, Merleau-Ponty mostra que todos os problemas a esse respeito se reduzem ao problema da percepção, entendida como “o ato que nos faz conhecer existências” e vê a necessidade da filosofia transcendental ser redefinida a fim de integrar nela o fenômeno do real, sendo tal filosofia a fenomenologia, com a investigação da percepção desempenhando um papel fundamental em tal filosofia. Em Fenomenologia da Percepção, de 1945, Merleau-Ponty retoma o problema das relações da alma e do corpo abordado no livro anterior, mostrando que a temporalidade resolve

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tal problema, pois a ideia de subjetividade como temporalidade nos permite ver que o para-si, a revelação de si a si, é o vazio no qual o tempo se faz, e o mundo “em si”, que é o horizonte de nosso presente, fazem o problema redundar em saber como um ser que é porvir e passado tenha também um presente, o que suprime o problema, já que o porvir, o passado e o presente estão ligados no movimento de temporalização. Sendo assim, a solução de todos os problemas de transcendência se encontra na espessura do presente pré-objetivo, onde encontramos, entre outras coisas, o fundamento de nossa liberdade.

Quê Democracia? O conceito de democracia à luz do procedimento da crítica em crítica da Filosofia do Direito de Hegel.Bryan Félix da Silva de MoraesUNIFESPCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Rodnei Antônio do Nascimento O presente projeto busca apresentar a hipótese de leitura segundo a qual o conceito de democracia presente em Crítica da Filosofia do Direito de Hegel de Karl Marx não obedece à fixação de sua forma, sendo, por isso, fruto de um procedimento filosófico específico exprimido pelo conceito de crítica: procedimento que produz e reconstrói conceitos a fim de dar-lhes novas determinações. Nessa obra o objeto de Marx é a filosofia hegeliana do Estado;

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nela descobre-se que a solução apresentada por Hegel para o problema do dilaceramento do mundo ético na sociedade civil-burguesa – que pretende mediar a particularidade social e a universalidade política do mundo ético por intermédio da ideia de Estado – se vale de uma positivação especulativa que engendra ilusões e misticismo acerca da verdade do processo político moderno. Como resolução para essa problemática de um mundo ético ilusório, Marx, a partir das implicações deste procedimento da crítica, propõe o conceito de democracia – um conceito dotado de volatilidade formal, que relativiza o conceito hegeliano de Estado, delegando-o a momento do processo social moderno.

Norma, normal e anormal em canguilhem e FoucaultCaio Augusto T. SoutoUFSCar CAPESOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Thelma Lessa da Fonseca

Propomo-nos analisar a relação entre a noção de norma, com seus correlatos normal e anormal, a partir de duas obras: O normal e o patológico, do historiador e epistemólogo das ciências da vida Georges Canguilhem, e O nascimento da clínica, de Michel Foucault. São textos circunscritos ao domínio da medicina, mas que trazem implicações filosóficas importantes para a compreensão da função que a norma desempenha noutras práticas sociais. Foucault aproxima-se de uma história conceitual

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e crítica da ciência médica, avessa a um modelo progressista, tal como apresentada por Canguilhem acerca dos conceitos de normal e de patológico, mas amplia a reflexão para um domínio exterior ao estritamente científico, analisando as condições de possibilidade práticas do surgimento e desenvolvimento da ciência médica. Sua tese é a de que a medicina moderna, tal como a conhecemos hoje, só se tornou possível a partir da clínica, lugar institucional surgido no final do século XVIII, que propiciou um olhar “de profundidade” sobre o corpo dos doentes, sob a condição de separá-los do convívio com os demais corpos da sociedade. Para que tal separação fosse lograda, era necessário o estabelecimento de um conceito de norma, que remetesse ao funcionamento são dos organismos vivos. Ocorre que, como já demonstrara Canguilhem, as condições que permitem observar se um fenômeno fisiológico é normal só são dadas segundo um dispositivo de laboratório. Em se tratando de medicina, que tem como objeto uma atividade em movimento (a vida), o cientista não pode definir objetivamente quais são as condições normais: primeiramente porque as próprias condições laboratoriais de observação já modificam o meio que circunda uma vida; em segundo lugar, porque mesmo o que difere de uma condição normal (perfeita adaptação do organismo ao seu meio), o que seria portanto uma condição anormal, é já a instituição de uma norma orgânica diferente, ainda que repulsiva à própria vida. Tem-se disso que o conceito médico de norma é condicionado por fatores exteriores ao âmbito intrínseco da ciência, o que Foucault, após, identificaria na instituição da clínica, a qual tem uma gênese histórica (portanto contingente) comprometida com outras instituições sociais que tiveram lugar no desenvolvimento

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da sociedade ocidental.

Os conceitos fundamentais para a exposição da História da Filosofia hegelianaCarlos Gustavo Monteiro CherriUFSCarCAPESOrientador(a): Prof. Dr. José Eduardo Marques Baioni

Partindo da noção hegeliana de que a filosofia é uma só e reúne todo o seu conteúdo na forma de unilateralidades de seus momentos, momentos que expressam o todo racional de uma época, isto é, a sua inteligibilidade, pretende-se selecionar os principais conceitos da dinâmica do movimento filosófico, presentes na obra Introdução à História da Filosofia, de Hegel. Nesse sentido, é importante esclarecer o que Hegel entende por conceito, por pensamento, progressão, desenvolvimento, época, configurações e a relação da filosofia com as demais figuras do espírito, a saber, a religião e a ciência. Desse modo, será possível compreender como a filosofia assume a forma da consciência de si do espírito e como seu movimento total culmina na unilateralidade (pensamentos filosóficos particulares) e como são superadas tais unilateralidades por meio da própria filosofia. Tendo em vista apenas as noções que demonstram o movimento da filosofia, poder-se-á contribuir com as categorias que estruturam a lógica hegeliana da progressão da filosofia e como tais estruturas determinam a sua história (da filosofia). Além disso, as contribuições se estendem ao campo pedagógico

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da disciplina “História da Filosofia”, pois será possível selecionar as diretrizes para a exposição filosófica e como tal exposição se torna ou não conforme com o pensamento que os próprios filósofos determinaram em suas obras.

Religião estática e religião dinâmica, segundo Henri BergsonCatarina RochamonteUFSCar CAPESOrientador(a): Prof. Dr. Débora Cristina Morato Pinto

A religião estática está sempre ligada à representação, havendo na evolução das representações religiosas um progresso que corresponderia ao processo civilizatório. A determinação natural da inteligência, voltada para a sobrevivência do indivíduo e para a preservação da espécie, limita normalmente a religião a um conjunto de normas supostamente desprovidas de genealogia e cuja função social já foi sobejamente constatada. Entretanto, no terceiro capítulo de As duas fontes da moral e da religião, Bergson mostrará uma perspectiva sobre a religião que ultrapassa esse caráter utilitário. A possibilidade de superação da dimensão utilitária e social da religião relaciona-se à origem comum a que se pode remeter tanto a inteligência quanto o instinto, pois se no homem a inteligência, através da função fabuladora, conduz à religião estática, petrificada em instituições e costumes, a potencialidade intuitiva, pode conduzir à religião dinâmica, através da experiência de contato com o processo contínuo de criação. A

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religião dinâmica, no que tem de mais característico, ultrapassa o âmbito da representação porque é contato direto com a vida, é retorno à origem do instinto e da inteligência através da intuição mística. Há, pois, a possibilidade de ruptura com o universo estático das representações religiosas. A possibilidade de superação do divórcio entre a inteligência e o movimento que a criou é possível, mas tal só se dá em indivíduos excepcionais capazes de romper com a própria condição humana. Há nos místicos uma conversão da humanidade por meio da qual um indivíduo sozinho supera a espécie ao coincidir diretamente com o movimento da vida. Tais indivíduos são os verdadeiros responsáveis pelo progresso espiritual da humanidade, pois são eles que vitalizam a história através de uma ação que reverbera no âmbito do fechado e no coração daqueles que não conseguiram dar esse salto.

Saberes, práticas e controle dos corpos: uma análise feminista do jornal News Seller.Clara Guimarães SantiagoUFABCBolsa UFABCOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Graciela de Souza Oliver

O presente trabalho se propõe a realizar uma análise das matérias direcionadas as mulheres e publicadas no jornal News Seller, entre os de 1960 a 1969, na região do Grande ABC Paulista. A hipótese

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de pesquisa é que em uma sociedade em desenvolvimento, patriarcal e em plena ditadura militar, o conhecimento científico apresentado no jornal em forma de divulgação científica, seria um saber “domesticado”. Como referencial teórico-metodológico utilizamos a obra de Michel Foucault e a epistemologia feminista. Os estudos feministas há alguns anos já fazem uma aproximação com a obra do Foucault, tendo essa relação chamada por algumas autoras de “artes feministas da existência”, fazendo referência ao cuidado de si/ artes da existência. Em nosso trabalho, além de utilizar a proposta Foucaultiana para o estudo da sexualidade, temos a genealogia do poder como uma das base para análise dos dados, pois trabalhamos com a hipótese de tentativa de docilização dos corpos femininos pelos discursos produzidos pelo jornal. As matérias já analisadas seguem um padrão rígido de indicação do comportamento feminino, principalmente, baseando-se em “pesquisas científicas” e discursos médicos. Nesse sentido, Dulcília Buitoni afirma que a imprensa feminina é a mais ideologizada de todas, pois produz discursos desconectados da realidade em forma de matérias “frias” que mais se aproximam da chamada “imprensa diversional” - entretenimento. Do ponto de vista metodológico, utilizamos os conceitos propostos por Foucault na Arqueologia do Saber, que consistem em buscar as descontinuidades e rupturas nos discursos, o não-dito. Encontramos em pesquisas preliminares discursos que podem ser relacionados com a ditadura militar, tais como, a criação do suplemento “Entre nós... as mulheres” no ano de 1964, que resulta – de acordo com os parâmetros Foucaultianos – em uma ruptura discursiva. O trabalho também utiliza como referencial teórico a epistemologia feminista, e procura buscar nestas relações, um

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diálogo com as questões filosóficas e de gênero. A pesquisa é vinculada a um programa de pós-graduação interdisciplinar em inclui filosofia.A sociedade civil-burguesa na filosofia do direito de Hegel.Claudeni Rodrigues OliveiraUNESPOrientador(a): Prof.º Dr.º Dr. Pedro Novelli.

O artigo se propõe analisar o papel da sociedade civil-burguesa na Filosofia do Direito de Hegel, reconhecendo-a como imprescindível tanto para a esfera da Família como para o Estado. Assim sendo, a problemática será abordada, sobretudo, considerando a terceira parte da Filosofia do Direito, momento em que a sociedade civil-burguesa é situada como mediação entre a eticidade presente na esfera da Família e o Estado enquanto efetividade ética. Se no âmbito da família, o indivíduo na condição de filho mantinha com os pais uma relação mediada exclusivamente pela afetividade e pelo amor, no âmbito da sociedade civil-burguesa, ao contrário, é o econômico que definirá o papel social do indivíduo. Enquanto momento de realização da vontade livre é na própria sociedade civil-burguesa que o indivíduo procurará caminhos para sair da particularidade. O indivíduo tem a liberdade, mas faltam-lhe condições de realizá-la na sua totalidade. As associações que aparecem nesse momento visam fins particulares e, portanto, não conseguem realizar os anseios dos próprios indivíduos, prevalecendo uma unidade ainda incompleta. Com efeito, enquanto mediação entre a família e o Estado, a sociedade civil-burguesa, como apresenta Hegel na terceira parte da Filosofia do Direito, cumpre um importante papel na medida em que permite

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aos indivíduos criarem meios que possam unificar suas vontades e, portanto, ampliar a liberdade.

Sobre o Argumento do Conhecimento de JacksonDaniel Borgoni USPCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Plínio Junqueira Smith

Temos experiência consciente, sabemos disso, mas não sabemos como conciliá-la com uma abordagem materialista da mente. Alguns estados mentais, principalmente as sensações, parecem possuir uma dimensão fenomênica que escapa ao fisicalismo, isto é, a tese de que tudo que existe no mundo é físico. Em outras palavras, estes estados mentais parecem possuir propriedades qualitativas intrínsecas, que só podem ser experienciadas em primeira pessoa. Tais propriedades são os qualia, também caracterizados como os aspectos subjetivos da experiência. Para defender a existência dos qualia e para refutar o materialismo, os dualistas da mente contemporâneos, em geral, dualistas de propriedades, costumam se basear em argumentos que defendem a existência de um hiato explicativo e ontológico entre consciência e matéria. Nesse sentido, um dos mais debatidos argumentos antimaterialistas da atualidade foi proposto por Frank Jackson: o Argumento do Conhecimento. Neste experimento mental, Jackson defende sua intuição de que nenhuma informação física captura os qualia. Para tanto ele utiliza o experimento mental de Mary, uma neurocientista que sempre viveu num quarto onde tudo era preto e branco. A pergunta crucial feita por Jackson é: ao ver

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o vermelho pela primeira vez, Mary aprende algo novo sobre o mundo? Os objetivos desta apresentação são expor o argumento do conhecimento, comentar e analisar algumas críticas que incidem sobre ele.

Do problema epistemológico ao despertar do Absurdo.Daniella Bianchi dos SantosUFSCarOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Silene Torres Marques

Os séculos XIX e XX foram certamente palco de fortes ataques ao racionalismo e seus pressupostos. Aparentemente, o fato de inúmeros sistemas filosóficos tentarem compreender o mundo sob o auxílio da razão e do intelecto humano não impediu que o problema do conhecimento persistisse e vigorasse até o pensamento contemporâneo, e talvez até mesmo principalmente nele. O que vemos como fator fundamental para isso é não apenas os tropeços da razão ao longo da história da Filosofia, mas também certa irredutibilidade de determinados objetos ao conhecimento humano. Conforme veremos, tal incompatibilidade é gerada por uma defasagem entre o que se pensa saber e o que se sabe efetivamente. Nesse sentido, os limites da epistemologia muitas vezes acabam gerando um mal-estar à consciência sempre ávida por respostas e explicações. A contingência e finitude naturais da existência humana se contraporiam, assim, ao absoluto e eterno, o que poderia despertar um sentimento de “estranheza” frente ao

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mundo, agora hostil e denso. Dado o quadro geral, pretendemos abordar de que forma a postura do autor Albert Camus frente ao problema do limite do conhecimento racional humano origina o que acaba sendo o termo-chave de todo seu pensamento: o absurdo.

A Sensibilidade do Comediante em DiderotDavid Ferreira CamargoUFSCarCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Luís Fernandes dos Santos Nascimento

No Paradoxo sobre o Comediante (≈1773), obra de Denis Diderot (1713 – 1784), discute-se, sobretudo, as qualidades essenciais do ator e as implicações no modo como ele representa. Há, no entanto, uma dificuldade para se compreender em que medida pode ser interpretada a afirmação de que “há em um tipo de ator, o grande comediante, a qualidade nula sensibilidade”. Responder essa questão parece ser crucial para compreender no pensamento de Diderot o que diz respeito não somente ao desempenho do ator, mas à sensibilidade humana. No Sonho de d’Alembert (1769) ocorre uma “transposição do limite da sensibilidade” quando se está em estado de sono. Essa obra apresenta algumas propostas teóricas e metafóricas do que é e como funciona a sensibilidade nos seres vivos. Acredita-se que a leitura dessa obra possa contribuir para uma melhor

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compreensão do que seja a sensibilidade de uma maneira mais geral na concepção desse filósofo. Essa última obra mencionada será utilizada como complemento para se melhor entender a nula sensibilidade do grande comediante. Espera-se que a análise e discussão do tema da sensibilidade nessas duas obras deem um passo importante para se entender a qualidade da insensibilidade que pode estar presente tanto no sonhador quanto no grande comediante no instante de seus estudos.

A fenomenologia como método de investigação do Ser em HeideggerDeborah Moreira GuimarãesUNIFESP CAPESOrientador(a): Prof. Dr. Jamil Ibrahim Iskandar

Neste trabalho será abordada a maneira pela qual o filósofo Martin Heidegger resgatou noções importantes da fenomenologia husserliana para a elaboração de um método que servisse ao seu principal intento filosófico nos anos 20: a busca pelo sentido do ser. Heidegger utilizou o princípio fundamental da fenomenologia, o retorno às coisas mesmas, na concepção de sua ontologia de base fenomenológica: era preciso retornar ao ser em si mesmo, àquilo que estava oculto no ser-aí, velado, inacessível à apreensão humana. Ou seja, Heidegger atribuiu à fenomenologia um desocultamento do ser do ente: só deveria

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ser possível estabelecer a pergunta pelo sentido do ser porque o ser-aí já se direcionava por um prévio entendimento do sentido de seu ser, que ocultava o sentido originário e constitutivo do ser. Portanto, este trabalho abordará como o filósofo em questão elaborou seu método hermenêutico fenomenológico unindo as ideias de Husserl à sua ontologia fundamental, a partir do estudo acerca da dicotomia velamento-desvelamento proposta por Heidegger como a chave para a compreensão do sistema filosófico de Ser e Tempo. Com esta dicotomia, um conceito se mostra bastante relevante, a saber, a noção de verdade, que será responsável por abarcar toda a problemática em torno da relação entre a investigação do ser proposta por Heidegger e o retorno às coisas mesmas, elaborado por Husserl. Logo, com o surgimento do modelo binário velamento-desvelamento, o ponto de partida deixou de ser a apreensão pela consciência proposta por Husserl para se tornar o desocultamento, no sentido de mostrar o que fora ocultado durante a história da Filosofia: o ser.

Simone de Beauvoir e Judith Butler: aproximações e distanciamentos e os critérios de ação políticaDjamila Taís Ribeiro dos SantosUNIFESPCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Edson Luis de Almeida Teles

Nosso projeto de pesquisa tem o propósito de promover uma

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análise comparativa entre as filósofas Simone de Beauvoir e Judith Butler no que diz respeito às obras, O segundo sexo e Problemas de Gênero. Analisaremos as linhas interpretativas de Beauvoir, demonstrando suas aproximações ou distanciamentos da interpretação de Butler, assim como as ferramentas conceituais em que as filósofas se apoiam para explicar e problematizar a categoria das mulheres. Veremos também como os argumentos apresentados nestas duas obras possuem relevância para se pensar esta categoria em termos de ação política4.Simone de Beauvoir em seu O Segundo sexo de 1949 pensa a categoria de gênero a partir de uma perspectiva existencialista. O eixo central de sua reflexão parte de uma pergunta aparentemente simples: o que é uma mulher? Sendo fiel à sua perspectiva, ela responderá que uma mulher não se nasce, ela se faz, ela torna-se. Em princípio, Judith Butler, reconhece as contribuições teóricas de Beauvoir, porém vale ressaltar que Butler não é uma exegeta do pensamento da filósofa francesa, ou seja, apesar de a tomar como ponto de partida e de ancoragem, desenvolve sua própria teoria e fundamenta uma noção performativa de sujeito.

4 (...) �O pensamento era secundário no discurso; MS o discurso e a ação eram tidos como coevos e coiguais, da mesma categoria e da mesma e da mesma espécie; e isto originalmente significava não apenas que quase todas as ações políticas, na medida em que permanecem fora da esfera da violência, são realmente realizadas por meio de palavras, porém, mais fundamentalmente, que o ato de encontrar as palavras adequadas no momento certo, independentemente da informação ou comunicação que transmitem, constitui uma ação.� (ARENDT, 2005)

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Uma leitura acerca da formulação da hipótese do mundo como vontade de potência no parágrafo 36 de Para além de bem e mal de NietzscheEder Corbanezi USPFAPESPOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Scarlett Marton

Se no parágrafo 22 de Para além de bem e mal Nietzsche confere um estatuto interpretativo à sua concepção de mundo como vontade de potência, o filósofo precisa que essa concepção de mundo resulta de uma boa arte de interpretação. Com isso, Nietzsche indica uma pretensão de superioridade em relação à concepção da “legalidade da natureza” defendida pelos físicos, fruto de uma arte ruim de interpretação. Um pouco adiante, no parágrafo 36 do mesmo livro, Nietzsche atribui um estatuto hipotético à sua concepção de mundo como vontade de potência, mas ao mesmo tempo insiste que se trata de uma hipótese necessária e elaborada com rigor metodológico, indicando novamente uma pretensão de superioridade dessa hipótese em relação às demais.Além de perguntar por que Nietzsche atribui um estatuto hipotético à sua concepção de mundo, nosso objetivo é examinar a complexa formulação dessa hipótese no parágrafo 36 de Para além de bem e mal. Essa complexidade se revela ao menos na medida em que a formulação da hipótese do mundo como vontade de potência

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é apresentada como necessária, mas se baseia ela própria em suposições de diferentes estatutos: algumas dessas suposições podem ser consideradas proposições da própria filosofia de Nietzsche, ao passo que a suposição da causalidade, designada explicitamente como uma crença, não traduz uma proposição do próprio filósofo, sendo, antes, amplamente criticada em sua obra. Mesmo assim, a crença na causalidade é incorporada à argumentação no parágrafo em questão para, a nosso ver, desempenhar uma função específica. Embora não seja uma condição necessária para a elaboração da hipótese da vontade de potência, se aquela crença for admitida, então, também assim, deve-se necessariamente formular a hipótese da vontade de potência: desse modo, Nietzsche sugere que as concepções de mundo baseadas na crença na causalidade não retiram de seu próprio pressuposto aquela consequência necessária, ou seja, a elaboração da hipótese da vontade de potência.

Bergson e o pensamento chinês: o I Ching e a duraçãoEduardo Soares RibeiroUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Silene Torres Marques O presente trabalho tem por objetivo traçar um paralelo entre determinados aspectos da filosofia de Henri Bergson e o I Ching, livro-fundador da civilização chinesa. Apontaremos como dois

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registros de pensamento tão distantes no espaço e no tempo chegaram a conclusões ontológicas semelhantes sem, no entanto, reduzir um ao outro, ou explicar um pensamento pelos conceitos do outro. Para tanto, utilizaremos os conceitos de duração de Bergson, nos pautando principalmente em seus textos “Introdução à metafísica” (1903) e o “O pensamento e o movente” (1934), e de mutação do I Ching. Respaldando-nos em autores tidos como clássicos, tanto na tradução e interpretação do I Ching (Richard Wilhelm) quanto na sinologia (Marcel Granet), iremos desenvolver nossa hipótese do Ser manifesto no I Ching se dar de forma similar à substância bergsoniana definida como pura mudança e movimento. Tentaremos mostrar, ainda, a semelhança entre a visão bergsoniana da duração, a qual está para além de uma definição pela linguagem, e a constatação de Lao-Tsé de que “o Tao que pode ser dito não é o verdadeiro Tao”. Finalmente, nos propomos a indicar a resposta a este problema em Bergson e no I Ching, isto é, em que medida a intuição da duração do filósofo e sua comunicação – sua expressão através da linguagem –, que se dá por intermédio de imagens, tem um paralelo com a constituição imagética do I Ching com seus hexagramas.

Teoria Crítica: pressupostos filosóficos acerca do direito em HabermasElvis Francis Furquim de MeloUFSCarOrientador(a): Prof.º Dr.º Luiz Roberto Gomes

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Na obra Direito e Democracia: entre facticidade e validade, de 1992, o filósofo alemão Jürgen Habermas afirma que: “o direito se interliga não somente com o poder administrativo e o dinheiro, mas também com a solidariedade” (HABERMAS, 2003a, p. 62). É diante dessa premissa básica, que a exequibilidade do direito, enquanto mediação entre sistema e o mundo da vida (Lebenswelt), se apresenta em sociedades complexas. Esta ideia confere o direito como elemento mediador da integração social, dado que implica uma sociedade democrática, inclusiva e solidária. Nesse sentido, é possível o redimensionamento do direito como dispositivo articulador na recuperação do entendimento entre o campo social e o sistema? A hipótese essencial é que a “colonização do mundo da vida”, com o avanço da economia capitalista e do aparato do Estado, minimizou as possibilidades de realização dos espaços democráticos e comunicativos. Segundo Habermas, o problema reside na racionalização sistêmica do mundo da vida, perante o qual, o Direito assume uma função indispensável. A pesquisa, de natureza filosófica (teórico-reflexiva), procurará entender e analisar, no pensamento de Jürgen Habermas, o potencial emancipatório do direito enquanto categoria de mediação entre o mundo da vida e o sistema.

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Hegel e o momento dialético da denegação [Verneinung] revelado no escrito de Freud: o “Caso Dora”.Fábio Luís Rodrigues FigueredoFaculdade Vicentina de CuritibaFAVIOrientador(a): Prof. Dr. Geraldino Alves Ferreira Netto.

O presente artigo tem objetivo de revelar que existem estruturas dialéticas da “denegação” encarnadas no escrito “Fragmento da Análise de um Caso de Histeria”, elaborado por Freud em 1901, conhecido, mais popularmente, como Caso Dora. Freud já havia elaborado um texto nesse conteúdo: “A negação” [Die Verneinung], em 1925, desvelando a natureza dialética do trabalho analítico, que foi comentado por Jean Hyppolite, a convite de Jacques Lacan em 1954, num congresso sobre a técnica freudiana, em que argumentava ser, a denegação, uma “Aufhebung” [suprassunção] consistindo na “volta” do recalcado sob uma forma lingüística, e, portanto, assintomática, mas nem por isso uma aceitação do recalque. Ou seja, o paciente em análise apresenta seu ser num jeito de não sê-lo. Por exemplo, Dora, em análise, autocensura o seu pai por ter um caso extra-conjugal com a Srª K, amiga da família, mas por detrás dessa negação, segundo Freud, há um desejo edipiano pelo pai e outro pelo esposo da Srª K, mas todos reprimidos e revelados como sintomas de histeria. Portanto, a partir do legado teórico de Hyppolite, Lacan e de outros pesquisadores, busca-se, primeiramente, compreender o conceito denegação

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em Freud e Hegel intercalado diretamente ao caso Dora, a partir de recortes textuais. Um segundo momento desse trabalho de pesquisa revela ser a dialética das negatividades contido no texto de Dora um momento da totalidade, isto é, (de) negação [Verneinung] não é uma dualidade opositiva, exclusão, mas o inaugurar permanente de um sentido existencial novo, criador e singular do Ser numa ilação hegeliana.

Sobre os limites da faculdade sensitiva no De anima de AristótelesFelipe CalleresUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Marisa Lopes

Neste trabalho, pretendo verificar no De anima de Aristóteles os limites de uma abordagem da faculdade sensitiva que seja independente das faculdades imaginativa e intelectiva. No De anima, Aristóteles estabelece uma hierarquia das faculdades da alma, na qual as primeiras faculdades são pressupostas pelas posteriores de maneira que há um escalonamento das formas de vida, assim, as plantas têm como característica de sua forma de vida a faculdade nutritiva: elas crescem, se reproduzem, morrem. Já os animais possuem sensação além da faculdade nutritiva, e, por último, há aqueles que possuem as faculdades nutritiva,

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perceptiva e intelectiva. Segundo essa estrutura seria possível compreender a faculdade nutritiva de modo independente das demais, assim como a faculdade perceptiva poderia ser compreendida sem uma investigação acerca da faculdade intelectiva. Além dessas três faculdades, Aristóteles apresenta uma faculdade que seria emergente em relação à sensação. Trata-se da phantasia, imaginação. Esta faculdade seria responsável pela criação de imagens, que permaneceriam após a sensação, daí os sonhos seriam o exemplo máximo em que conteúdos sensíveis operam enquanto os sentidos estão inativos. Além da produção de imagens, a imaginação é apresentada com uma segunda função, a partir da qual os objetos dos sentidos são julgados como verdadeiros ou falsos. A confiabilidade do julgamento da imaginação varia dentre os objetos dos sentidos mostrando uma possível dependência e passividade dos sentidos em relação à imaginação, o que levaria o leitor do De anima a pensar em uma passividade dos sentidos e sua dependência em relação à imaginação.

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O tédio na indústria cultural: algumas reflexões sobre a usurpação do esquematismo como dessignificação e repetitividade dos objetos na cultura de massaFelipe R. da SilvaUNESPFAPESP Orientador(a): Prof. Dr. Robespierre de Oliveira O objetivo deste trabalho é perscrutar, a partir do quadro teórico-conceitual provido pela teoria crítica da sociedade, algumas das consequências da usurpação do esquematismo feita pela indústria cultural sob a perspectiva do tédio. Se o esquematismo atribuía ao sujeito a capacidade de interpretar e agir conscientemente sobre o mundo, de formar significados para si a partir da espontaneidade da cultura, o que acontece quando essas possibilidades são danificadas com o surgimento da indústria cultural? Afora as afirmações tradicionais - como a semiformação e o fetichismo na cultura de massas -, a meta é tratar o tédio moderno, no campo da cultura, como mais um fenômeno inerente à essa usurpação. A usurpação do esquematismo, sob nossa interpretação, não pode ser tratada somente em termos subjetivos, mas também objetivos, como reificação objetiva de um processo psíquico (materializada sob a forma do esquematismo de produção capitalista). Na medida em que a indústria cultural produz mercadorias de maneira mecânica, seus produtos carregam primeiramente uma previsibilidade em sua estrutura que nega a participação ativa

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do sujeito em termos interpretativos. Em segundo lugar, em paralelo a esse caráter previsível de seus objetos culturais, a maneira com que os materiais são desenvolvidos internamente nega qualquer possibilidade de significado substancial, visto que seus conteúdos são momentos reificados que não possuem coerência entre si. Assim, longe de apenas negar a possibilidade de significado em termos somáticos por meio da conformação cognitiva a mecanismos fetichistas, a indústria cultural perpetua um esquema de produção que exclui a possibilidade do novo e do significado no âmbito da cultura de massa. Esses fatores, basicamente, propiciam as condições para o advento do tédio.

A experiência da fruição musical na segunda fase de Friedrich NietzscheFelipe Thiago dos SantosUNESPFAPESPOrientador(a): Prof. º Dr.º Márcio Benchimol Barros

Humano, Demasiado Humano (1878) representa o inicio da fase em que a filosofia de Nietzsche (1844 – 1900) rompe com suas antigas e principais influências: Schopenhauer e, sobre tudo, Wagner. No que tange à arte, esse momento “destrutivo” da filosofia de Nietzsche passa a criticar a deificação do músico (gênio) e a concepção de música enquanto linguagem do inefável (expressão da essência do mundo) e/ou dos sentimentos, ideias

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essas desenvolvidas pelo Romantismo e, sobretudo, pelo compositor Richard Wagner. Além disso, Nietzsche também critica – com certa ressalva – outra concepção presente na época, a saber, a que pretende mostrar que o critério da audição musical são, unicamente, as relações sonoras (formalismo), concepção defendida pelo crítico musical vienense Eduard Hanslick em Do Belo Musical (1851). Mas a segunda fase do pensamento Nietzscheano (compreendida entre 1876 e 1882) não concebe a arte apenas de uma maneira negativa. No segundo Nietzsche podemos perceber, a partir de uma historicidade musical defendida pelo filósofo que, a música, desarraigada de falsas interpretações acerca dos seus efeitos e do seu conteúdo, pode fundamentar a vida enquanto uma experiência afirmadora. Portanto, nosso objetivo será o de expor, a partir das críticas de Nietzsche em sua segunda fase à concepção de música presentes em sua época, uma filosofia da música de características próprias. Num segundo momento mostraremos que, mesmo em sua segunda fase, essa filosofia se utiliza da música para apontar uma experiência singular, isto é, de afirmação do homem frente ao mundo. Para a satisfação de nossos objetivos analisaremos tanto as obras da segunda fase de Nietzsche como os póstumos não publicados, além de dialogar com os comentadores brasileiros e estrangeiros.

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Foucault, a experiência do conceito: sobre a ideia de arqueologiaFernando Sepe UFSCarCAPESOrientador(a): Thelma Lessa da Fonseca

Trata-se de apresentar o método arqueológico de Foucault a partir de uma dupla caracterização: 1) sua relação com a prática da epistemologia histórica francesa e a busca pelo desvelamento de um plano conceitual que organiza nossas formas de dizer e estar na verdade (aquilo que um dia Foucault chama de jeux de verité); 2) como a arqueologia nos coloca um problema filosófico por excelência, a saber, a experiência do conceito. Sendo assim, em um primeiro momento mostraremos como o método arqueológico desloca o problema epistemológico clássico - qual a essência da verdade? - para como dizemos, ou estamos na verdade?, colocando em jogo uma historicidade das normas e do método dos saberes e formações discursivas com pretensão de veracidade, afastando qualquer pretensão de fundamentação a priori. Tal reflexão filosófica calcada na história da ciência permite uma problematização do aspecto formal de produção da verdade, ou seja, das diferentes partilhas inerentes aos processos de racionalização. Em segundo lugar, exemplificaremos brevemente uma das consequências possíveis de tal investigação a partir de uma análise pontual do estudo foucaultiano sobre a loucura e

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sua ressignificação na passagem do período renascentista para o clássico, da mudança ocorrida entre a “experiência trágica da loucura” e a loucura como experiência da desrazão.Relações entre o problema da antropologia em Foucault e os discursos sobre a loucuraFillipa SilveiraUFSCarCAPESOrientador(a): Prof. Dra. Débora Cristina Morato Pinto

Esta comunicação tem o propósito de examinar as possíveis relações existentes entre a investigação de Foucault sobre a antropologia e a psicologia, buscando encontrar elementos que apontem para a gênese do problema daquela no contexto do nascimento das ciências humanas. Esta relação é significativa uma vez que a antropologia se torna problemática para Foucault enquanto um saber que questiona e “constitui” o homem nas suas relações entre alma e corpo, entre sujeito e objeto, entre o âmbito mais íntimo (interno) e as relações com o outro (externo). Parto dos elementos que permitem observar uma consideração mais ampliada da pergunta sobre o homem em relação ao fenômeno da loucura que se observa na tese de 1961 – História da loucura na Idade Clássica com relação ao que se desenvolve no primeiro livro do autor, Doença mental e personalidade [1954]. A consideração destes dois textos revela que apesar de o primeiro abordar já os elementos históricos e culturais na formação de percepções distintas sobre o fenômeno da doença mental, centra-se, em sua primeira parte, numa compreensão do sujeito e da doença no tocante à questão da personalidade.

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Este conceito seria revisto e suprimido na reedição da obra em 1962 que adquiriu o título Doença mental e psicologia (1962). Já a História da loucura, desenvolvida à luz de uma compreensão arqueológica da história, parece remeter inteiramente o “sujeito” da doença mental à investigação sobre as condições que teriam tornado possível o desenvolvimento destes mesmos diagnósticos e da constituição de um modelo de homem normal a partir do fenômeno da loucura. O abandono da ideia de personalidade parece indicar a adoção de uma postura definitivamente crítica com relação à antropologia.

A memória involuntária e os signos na Recherche de Proust. Franceila de Souza RodriguesUNIFESPCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Luciano Ferreira Gatti

Um dos intentos literários mais ousados do século XX, Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, foi e continua sendo um dos romances mais estudados por filósofos e estetas do século XX. Quais elementos da estrutura narrativa de Em busca do tempo perdido corroboraram no reconhecimento da obra como um importante objeto de estudo para filósofos do século XX? É seguindo esse percurso que buscarei desenvolver esta comunicação, cujo objetivo principal é estabelecer um estudo comparativo e uma aproximação intelectual entre duas diferentes

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abordagens filosóficas da Recherche, A imagem de Proust de Walter Benjamin e Proust e os signos, de Gilles Deleuze. Nessa jornada tentarei demonstrar que tanto Walter Benjamin como Gilles Deleuze tecem um importante diálogo entre filosofia e literatura, situando a obra de Proust como objeto privilegiado de uma filosofia crítica a modelos tradicionais e totalizantes do saber.

O Ateneu, de Giorgio Agamben: destruição do passado e consciência histórica em Raul PompéiaFranco Baptista SandanelloUNESPFAPESPOrientador(a): Prof. Dr. Wilton José Marques

Como podemos narrativizar a experiência se, no momento em que a vivemos, não a verbalizamos de imediato, o que faz de todo discurso ficcional uma interpretação pontuada e posterior do passado? Ou seja, como compreender o diálogo entre a narrativa e a experiência se, entre ambas, interpõe-se a mediação opressiva do tempo e da memória? Enquanto um exame imediato do problema poderia levar a um relativismo ou a um extremismo, fazendo predominar um dos termos em detrimento dos demais, um caminho alternativo pode ser descoberto na inversão da proposição inicial: e se, na impossibilidade de uma narrativização integral da experiência, buscássemos o limite de toda verbalização, o momento de mudez original da experiência,

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a infância da experiência? É esta a alternativa de estudo proposta por Giorgio Agamben no capítulo inicial de Infância e História, “Infância e História: ensaio sobre a destruição da experiência”, em que realiza, entremeada a discussões teóricas, uma série de “Glosas” a partir da análise das obras de Charles Baudelaire, Marcel Proust etc. Neste caminho, propomos, dentro dos limites desta apresentação, avaliar, após uma discussão inicial deste texto de Agamben, sua aplicação – ou “glosa” – ao romance O Ateneu, de Raul Pompéia, onde a verbalização das primeiras experiências do menino pelo narrador adulto, no mundo corrompido de um internato brasileiro do século XIX, corresponde tanto ao material do texto (“Crônica de Saudades”) quanto à motivação de sua narração (narrador-memorialista).

Sartre: Identidade, imaginário e estética.Gabriel Gurae Guedes Paes UFSCarOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Thelma Silveira da Mota Lessa da Fonseca

Roquentin, protagonista de A Náusea, não dispõe dos mecanismos sociais que, cristalizando o mundo dentro de relações pré-determinadas, disfarçam o absurdo da existência e dão sentido à vida. A existência é revelada a Roquentin como fatos presentes sem justificativa, sem passado ou futuro, sem utilidade, sem identidade, sem conexão. Nesse mundo de absoluta contingência

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não é possível construir uma identidade. Roquentin encontra no imaginário a possibilidade de construir um sentido estável para a sua vida que será também uma fuga do inconsistente mundo real que o conduz à perda da identidade. Essa esperança de “salvar-se” da existência é pressentida quando ele escuta um velho ragtime no Rendez-vous dês Cheminots. Roquentin pensa que poderia escrever um romance de aventuras, narrar algo irreal e não uma biografia de alguém que verdadeiramente existiu, como até então almejava. A problemática a ser leventada no trabalho se constitui a partir da seguinte questão: Como Roquentin, personagem de A náusea, pode através do imaginário negar a contingência e imprevisibilidade do mundo, possibilitando assim uma “salvação” da contingência que o leva as crises de Náusea? Essa “salvação” se dá pela construção de uma identidade imaginária. O “desabamento do mundo”, percebido como contingência radical, é um “desabamento” também da identidade de Roquentin. Cabe ao personagem negar o real e assumir uma nova identidade a partir da criação imaginária. A questão sobre como o imaginário pode se estruturar para negar a contingência nos leva a uma indagação de ordem moral: o imaginário, ao negar o real dele se afastando, não seria uma fuga, uma recusa de enfrentar o mundo e sua contingência?

Para além do curto vôo do entendimento: o mistério e o movimento do pensamento no Fausto de Fernando PessoaGisele Batista Candido

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USPFAPESPOrientador(a): Prof. Dr. Márcio Suzuki

Se por um lado a enigmática abertura do primeiro ato de Fausto - Tragédia Subjetiva revela um parentesco entre a vida e o pensar ao anunciar que tudo é ilusão, “sombras de vida e de pensamento”, por outro o drama, segundo Pessoa, “representa a luta entre a Inteligência e a Vida, em que a Inteligência é sempre vencida”. Será ao compartilhar o Mistério, enquanto horizonte e destino, que vida e pensamento se aproximarão, ambos carentes de um sentido existencial cognoscível. Contudo, será também o Mistério que estará no cerne da tensão entre vida e pensamento. Enquanto a vida ignora e se incorpora ao Mistério, o pensamento pretende entendê-lo e manipulá-lo. Incapaz de decifrar a inconsciência da vida ou de esclarecer o Mistério, o pensar não alude, no entanto, apenas à derrota do intelecto diante da vida. Diretamente ligado à consciência de que o entendimento, no limite, é incapaz de dar conta da incompreensibilidade que envolve a existência, o pensamento é também responsável por conduzir Fausto ao incognoscível encontro com o Mistério. Ocorre que o seu “pensar fundo” não corresponde apenas ao sobrepujado “curto vôo do entendimento”, mais além, o “pensar fundo é sentir o desdobrar/ Do mistério”. Detendo-nos na arquitetura desse pensar fundo podemos notar que ele apresenta várias facetas. Entre essas facetas destacam-se a do pensamento racional positivo, o entendimento, que se contenta sobretudo com aquilo que é sentido sólido, com a clareza, com a compreensão coerente. Além desse pensamento racional positivo, temos também o encontro com

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um tipo de pensamento sensível, freqüentemente manifestado através dos “olhos d’alma”, que, abstendo-se de arquitetar ou refletir sobre seu objeto, é impressionado, sensibilizado por aquilo que experimenta; ele é conduzido e não é aquele que conduz. E, ainda, é possível detectar a manifestação de um pensamento crítico, cujo caráter predominante é uma espécie de reflexão negativa, que através da crítica tende a desestabilizar, negar, duvidar de tudo, inclusive de sua própria incidência e juízo. Abordando, portanto, as experiências e o exercício alargado do pensar fundo, esse trabalho tem como meta o estudo do alcance e da arquitetura de tal pensamento em Fausto...

A hermenêutica das Geiteswissenschaften de Dilthey em contraposição ao método positivo de ComteGuilherme José Santini FSB-SPOrientador(a): Prof.º Dr.º Pedro Monticelli

A Filosofia no século XIX, após o apogeu do idealismo romântico, passou por uma crise de identidade diante do prestígio das Ciências Naturais. A aplicação do método positivo ao estudo da Natureza rendera às Ciências Naturais uma segurança epistemológica e uma efetividade empírica que a ungia de prestígio acadêmico e social. A influência do idealismo, por sua vez, segundo o ideal da Filosofia enquanto pensamento puro, alijara ainda mais a Filosofia o domínio da casualidade.

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Diante de tal panorama, na segunda metade do século XIX, no auge da Segunda Revolução Industrial, despontam na Alemanha e na França novas fundamentações metodológicas para o estudo dos fenômenos humanos. Mas, enquanto tributárias do idealismo, tais tentativas não poderiam, no entanto, não repelir premissas empiricistas ou realistas, ou não acolher, por outro lado, a concepção historicista da vida espiritual.Em suma, o desafio pós-hegeliano concentrou-se na fundamentação de uma nova metodologia das Ciências da Natureza (Naturwissenschaften) e das Ciências do Espírito (Geiteswissenschaften), não obstante sem apelar ao empiricismo ou à metafísica, e sem desprezar de todo a premissa idealista da determinação histórica da vida do espírito.Duas fundamentações marcaram época e influenciaram, desde a França e a Alemanha, o pensamento ocidental posterior: a metodologia positivista de Comte e a hermenêutica de Dilthey. Comte fundamentou uma metodologia unívoca das Ciências, aplicando ao estudo dos domínios humanos o método próprio das Ciências Naturais; Dilthey, por sua vez, reagiu ao positivismo comtiano, fundamentando, desde uma Psicologia não-naturalizante, uma hermenêutica independente, dir-se-ia uma metodologia interpretativa para as Ciências do Espírito ou Ciências Humanas.O objetivo desse trabalho é apresentar as premissas e objetivos do positivismo de Comte aplicado às chamadas Ciências Sociais, e, em seguida, o eixo central da hermenêutica das Geiteswissenschaften de Dilthey, para destacar finalmente a contribuição de Dilthey na descontrução do positivismo de Comte.

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Freud na Proximidade da “Escola de Schopenhauer”Guilherme Marconi GermerUNICAMPFAPESPOrientador(a): Professores Doutores Luiz Roberto Monzani e Oswaldo Giacoia Júnior

Esta apresentação condensa os principais resultados de nossos atuais estudos de doutorado, cuja proposta é analisar e interpretar as concordâncias, influências e distâncias fundamentais entre Schopenhauer e Freud. Seus pontos de partida são as principais referências deste àquele, nas quais podem-se delimitar duas posturas fundamentais: uma de homenagem e reconhecimento do filósofo como precursor de alguns dos conceitos mais importantes da psicanálise, e outra de crítica, distanciamento e negação de sua influência sobre a última. Mais especificamente, Freud reconhece que Schopenhauer antecipa seus conceitos do inconsciente, repressão, “importância psíquica da sexualidade”, instintos de vida e morte e pessimismo antropológico. Além destas referências, se defenderá que o pensador também adianta suas críticas à religião e possibilidade da felicidade, sua defesa da possibilidade de uma psicologia científica, entre outros conceitos. No concernente às suas diferenças, se sintetizará que a psicanálise consiste em (1) uma “ciência do inconsciente” e (2) “um método de tratamento das neuroses”5, enquanto a doutrina schopenhaueriana é (1) uma filosofia metafísica (2) favorável à autopurificação passiva pela 5 FREUD, S.. Psicanálise, 1926, In: v. XX da Edição Standart Brasileira, 1996, p. 254.

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negação da Vontade. Após este reconhecimento, se argumentará, porém, que ambas as diferenças

não são contraposições, pois (1) Freud sugere a psicanálise a uma vida de “controle dos instintos”, que embora não renuncie a, suaviza bastante a “meta da satisfação”, e (2) ambos defendem que o melhor para as ciências e a filosofia é se reforçarem, complementarem e verificarem mutuamente. Inspirado em uma metáfora de Thomas Mann, se concluirá que a psicanálise possui uma “dependência independente” da filosofia, e em especial, de Schopenhauer, e que assim, sua postura diante do último não é ambígua, mas ambivalente. Após apresentar a “sistematização científica” da “escola de Schopenhauer” de Domenico Fazio, se proporá que Freud se encontra em sua proximidade e propicia a criação da categoria historiográfica dos “cientistas” na mesma. Junto a uma segunda categoria periférica atribuível a esta tradição, a saber, a dos “artistas”, ambas precisariam sua extensão para além do núcleo estrito de filósofos delimitado pelo italiano.

O estudo da causalidade no “Tratado sobre o primeiro princípio” de João Duns EscotoGustavo Barreto Vilhena de PaivaUSPCAPESOrientador(a): Prof. Dr. José Carlos Estêvão

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O “Tratado sobre o primeiro princípio” de João Duns Escoto (c. 1265-1308) é considerado uma das mais complexas provas da existência de Deus formuladas na Idade Média. Em poucas palavras, nela o autor busca concluir, primeiramente, a necessidade de uma natureza primeira eficiente a partir do conhecimento de que há naturezas efetuadas; somente em um segundo momento há a prova da existência de uma tal natureza primeira. Assim, nesse tratado, a prova parte de um estudo das coisas não enquanto existentes, mas enquanto essências necessariamente ordenadas por relações de causalidade. Destarte, o próprio argumento sobre a existência de Deus é antecedido por um detalhado estudo metafísico sobre a ordenação essencial (e, portanto, necessária) do universo. Essa ordenação essencial do mundo, nos diz Duns Escoto, se divide em duas ordenações entre os entes: [i] uma de eminência e [ii] outra de dependência. Pela primeira, é estabelecida uma ordem entre os entes essencialmente mais perfeitos e os entes essencialmente menos perfeitos, que são, portanto, inferiores àqueles anteriores e por eles excedidos. Pela segunda, é dada uma ordenação entre aqueles anteriores dos quais outros entes dependem e aqueles posteriores que dependem de outro ente anterior. Aqueles dos quais outros dependem podem ser sem esses outros; porém, os que dependem de algo anterior não podem ser sem isso de que dependem. Pois bem, essa dependência é explicada, por Duns Escoto, justamente como as quatro relações entre a causa e o causado – a saber, as relações de causalidade eficiente, final, material e formal – e as relações que ordenam os causados entre si. No presente trabalho, estudo com especial atenção a noção de causalidade tal como Duns Escoto a apresenta nesse seu

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“Tratado”, considerando-a no contexto em que ela aí surge, a saber, em meio a uma discussão acerca da ordenação dos entes no universo.Aprender a ver o mundo: A fé perceptiva e o papel do filósofo diante desta, segundo Merleau-PontyUFSCarFAPESPOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Débora Morato Pinto e Prof.º Dr.º Franklin Leopoldo e Silva Merleau-Ponty propõe pensar novas teorias que pudessem unir a filosofia com as novas descobertas da psicologia, além de encontrar novas respostas a antigos problemas postos pela filosofia, como, por exemplo, a dualidade cartesiana. Através de um estudo do livro “Fenomenologia da Percepção (1945/2006)” de autoria de Merleau-Ponty, buscaremos entender os argumentos usados contra a psicologia clássica e contra alguns filósofos modernos como, por exemplo, Descartes, filósofo o qual Merleau-Ponty deu grande atenção e as críticas a este autor o fez pensar e encontrar o seu cogito tácito. Como em Descartes há o cogito como o fundamento primeiro do conhecimento, ou no limite, de sua filosofia. Em Merleau-Ponty também o há (esse fundamento), em nosso trabalho tentamos mostrar que sempre há algo anterior ao que conhecemos reflexamente, sempre há o irrefletido, ou seja, sempre é necessário haver algo como o cogito tácito para haver um cogito reflexivo. Extrapolando este argumento podemos pensar que sempre há algo anterior, sempre há um fundamento para o nosso conhecimento, ou melhor, para a nossa vida. Há em Merleau-Ponty uma certeza e todos estão

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cientes dela, entendemos que esta certeza, em nosso filósofo, é a fé perceptiva. E esta fé é primeira a tudo em nosso conhecimento. Trataremos nesta apresentação a fé perceptiva, explicando o que é ela, e o papel do filósofo diante desta fé perceptiva.

A cura e o poder em Vigiar e PunirÍtalo Leandro da Silva UELOrientador(a): Prof. Dr. Marcos Alexandre Gomes Nalli

O problema do poder para Michel Foucault é claramente formulado em suas pesquisas de cunho genealógico, iniciadas na década de 1970. Neste âmbito destaca-se a publicação de Vigiar e Punir em 1975, além de toda uma série de outros textos publicados sob a égide Ditos e Escritos e as aulas ministradas em seu período como professor no Collège de France. A questão que ora investigamos limita-se aos primeiros cinco anos das investigações da genealogia – de 1970 a 1975 - e coaduna o tema do poder com o tema da cura, este último encontrado transversalmente em seus escritos. Traduzimos nossa investigação com a seguinte pergunta: Como podemos entender a cura nas investigações foucaultianas de cunho genealógico? No momento, avançamos na interpretação de Vigiar e Punir em comparação com as teses sustentadas no curso O Poder Psiquiátrico, ministrado em 1973-1974. A hipótese de trabalho levantada e que vem se sustentando é da compreensão da cura como efeito produzido pelas instituições

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disciplinares, seja o asilo psiquiátrico no tratamento da loucura ou da prisão no tratamento dos criminosos. O diagnostico do presente realizado por Foucault, tem carácter histórico, resgata o momento de emergência do panoptismo enquanto um poder que é exercido sobre os corpos de modo a transformá-los para extrair-lhes o máximo de eficiência e docilidade. Destaca-se a forte influência de práticas religiosas na formação das disciplinas. A cura, seja a dos loucos ou a dos criminosos, seria alcançada pela aplicação do poder disciplinar e pela própria materialidade arquitetônica dos hospitais, asilos e das prisões, a qual está ancorada no modelo do Panóptico de Bentham.

A articulação entre percepção e linguagem nos textos intermediários de Merleau-PontyJeovane Camargo UFSCarCNPqOrientador(a): Prof. Dr. Débora Cristina Morato Pinto

Procuramos analisar as mudanças teóricas no desenvolvimento do pensamento de Merleau-Ponty. Para tanto, nos servimos do principal texto referente ao primeiro período de sua filosofia, intitulado Fenomenologia da percepção (1945) — no qual algumas teses idealistas teriam sido apresentadas, segundo crítica do próprio autor —, e dos textos compreendidos entre os

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anos de 1950, nos quais Merleau-Ponty iniciou um processo de revisão de algumas teses lançadas em 1945. Dentre tais textos, consideramos de modo especial A Linguagem indireta e as vozes do silêncio (1952) e A prosa do mundo (1951-1952), os quais tomam por tema a linguagem e algumas manifestações literárias para, a partir de sua análise, oferecer um novo modo de se conceber as relações entre percepção e linguagem. A pertinência de tal projeto de pesquisa se evidencia pelo fato de que Merleau-Ponty, nesses textos dos anos 50, apresenta uma nova articulação entre percepção e linguagem que reaparece em sua última filosofia e a condiciona. Enquanto a Fenomenologia da percepção mostra a experiência silenciosa do mundo (intencionalidade anônima do corpo) como primeira em relação à linguagem, os textos intitulados A Linguagem indireta e as vozes do silêncio e A prosa do mundo apresentam percepção e linguagem como co-originárias.

O historicismo viquiano e o racionalismo cartesiano:por uma antropologia mais integralJoão Alberto Mendonça SilvaUCDBOrientador(a): Prof.º Dr.º Josemar De Campos Maciel

Resumo: Durante a Idade Moderna a Europa viveu transformações significativas no seu modo de conceber a ciência e a realidade. Referenciando modernamente a filosofia, Giambattista Vico surge como sinal de contradição e dúvida frente àquilo que seu

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tempo desenvolvera como verdade. Contudo, sem se dar conta daquilo que fazia, ele fundamentou assuntos e concepções que marcam a Filosofia, a História e a própria sociedade, inclusive contemporaneamente. Nomeando algumas de suas obras, sua história e elementos de seu pensamento, busca-se aqui identificar o ser humano e sua condição dentro dos referenciais apontados por Vico durante o desenvolvimento de seu pensamento. Dessa forma, trazendo o argumento histórico viquiano, baseado no desenvolvimento filológico, pretende-se demonstrar uma construção de mundo e de homem marcadas pela linguagem que se manifesta na história e na sua relação com o metafísico. Retrocedendo temporalmente para resgatar o argumento cartesiano encontra-se uma Europa no fervilhar das transformações científicas, além da necessidade de se alcançar um método de pesquisa. Assim, Descartes contribuíra demonstrando não apenas as possibilidades de fazer ciência, mas também de conhecer o ser humano e os elementos substanciais numa análise antropológica. Tratando daqueles concernentes à alma e ao corpo, pretende-se enumerar, dentro do cartesianismo, o homem e apresentar a problemática que envolve tal questão, projetando-se enunciá-lo pelo desenvolvimento da fisiologia e pelo dualismo corpo/alma, justificado pelo ego cartesiano e pela busca da verdade absoluta, além da tranquilidade de espírito, tão almejada por Descartes. O próximo passo deste intento é o diálogo entre ambas as concepções, demonstrando suas divergências e paralelismo no tocante à antropologia para enunciar a constituição do homem e, assim, apresentar sua síntese com a figuração de uma integralidade antropológica nascida da junção dos pontos correlatos e complementares de ambas as concepções, bem

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como a possibilidade de fazer valer seus elementos. Aplica-se, ao longo deste trabalho, os métodos dos autores no que diz respeito à pesquisa e ao enunciado dos problemas, bem como na elaboração dos textos que o compõe. Assim, o cartesianismo dos comentadores e o viquianismo de busca pelos originais desdobrando, por fim, no diálogo entre ambas as concepções.

As origens naturais da ética: o pragmatismo naturalista de Philip KitcherJosé Costa Júnior UFMGOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Telma Birchal

Após a publicação de A Origem das Espécies de Charles Darwin em 1859, deu-se gradualmente o reconhecimento de que os humanos, assim como os outros seres vivos, surgiram através de um processo natural de desenvolvimento. Dessa forma, poucas áreas do estudo da vida ainda não foram tocadas pelos desenvolvimentos da biologia evolutiva. As investigações sobre a natureza dos traços e capacidades humanas não são exceções. Nesse contexto, diversas teorias foram propostas com objetivo de explicar uma das principais características humanas, a capacidade moral. Por vias diferentes, especulou-se que a moralidade é uma capacidade humana originada no processo evolutivo, que trouxe vantagens para o florescimento do animal humano. Nesse sentido, nossa exposição trata da hipótese do filósofo

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Philip Kitcher, para quem a moralidade possui um caráter funcionalista (KITCHER, 2011). Segundo sua análise, somos dotados de mecanismos psicológicos adequados para superar a tendência de nos preocuparmos somente com a nossa manutenção. Dessa forma, nossos antepassados foram capazes de formular padrões para a ação, discuti-los entre si e elaborar formas para regular a conduta do grupo. A orientação normativa socialmente integrada foi uma tecnologia social que respondeu aos problemas relativos à ausência de altruísmo confrontando por nossos ancestrais. A ampliação desse desenvolvimento da capacidade de orientação normativa é o que Kitcher chama de “projeto ético”, uma construção humana que tem, ao longo de nossa história, contribuído para o progresso moral. Tal projeto não tem fim, pois sempre é necessário criarmos e revisarmos normas o pragmatismo naturalista defendido pelo autor.Nossa investigação busca, além de esclarecer a relação entre a biologia e a moralidade, avaliar as consequências da hipótese de Kitcher para a filosofia moral, investigando se a existência de mecanismos biológicos subjacentes à moralidade acarreta consequências para a reflexão filosófica sobre a natureza da moral. Assim, refletimos se o esclarecimento de fatos sobre a natureza do animal humano pode contribuir de algum modo para elaborarmos respostas para a mais importante questão que a espécie já se colocou: como devemos viver?

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A unidade do espaço em Sobre o Primeiro Fundamento da distinção de direções no espaço de Kant

José Luciano Verçosa MarquesUFSCarCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Paulo R. Licht dos Santos

O ensaio Sobre o Primeiro Fundamento da Distinção de Direções no Espaço, apesar de suas poucas linhas, representa um passo fundamental na gênese da noção kantiana de espaço como forma da intuição. É nele que, pela primeira vez, Kant reconhece a unidade como característica indispensável do espaço, pois, do contrário, não nos seria possível distinguir dois objetos dotados de mesma forma e mesma magnitude, mas que estão em lugares distintos. Esse reconhecimento representa uma tomada de posição importante em relação ao debate entre defensores do espaço absoluto de Newton e o espaço relativo de Leibniz, pois, na medida em que apresenta a insustentação do princípio leibniziano de identidade dos indiscerníveis, Kant parece apresentar o que será o fundamento subjetivo do espaço, o que significa um rompimento com a concepção newtoniana. Com base nisso, a comunicação em questão tem como objetivo apresentar a análise do ensaio em questão, demonstrando os pontos de aproximação e divergência tanto com o pensamento newtoniano como com o pensamento leibniziano, bem como demonstrando as aproximações e as divergências com a noção de espaço exposta na Crítica da Razão Pura.

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A questão “O que é uma mulher?” e seus fantasmas nas reflexões de Virginia Woolf e Simone de Beauvoir Juliana OlivaUSJTCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Hélio Salles Gentil

Em algum momento de suas carreiras, as escritoras Virginia Woolf e Simone de Beauvoir preocuparam-se com os impedimentos, vindos de um ideal de Mulher construído, que assombram as mulheres em suas vidas particulares. Simone de Beauvoir era francesa, nasceu em 1908 e morreu em 1986; a inglesa Virginia Woolf nasceu em1882 e morreu em 1941. No que diz respeito ao tempo em que viveram, poderiam ter se encontrado, mas nunca se conheceram, contudo Beauvoir leu Woolf e chegou a considerar o ensaio A room of one’s own, publicado em 1929 - onde a escritora inglesa fala da necessidade da mulher ter um quarto só para ela dentro de sua própria casa como metáfora para alertar para a necessidade da mulher buscar sua independência – próximo de O Segundo Sexo, obra publicada em 1949, na qual Beauvoir questiona a posição de outro do sexo feminino em relação ao sexo masculino. Para a autora a ideia de Mulher e todo mundo feminino teriam sido construídos em relação um mundo masculino, que corresponderia a uma suposta “essência” absoluta na sociedade. Beauvoir tenta nomear o conjunto de cerceamentos que rodeiam a situação feminina num ideal que se pretende uma essência fixa e imutável, pertencente a um céu inteligível, que ela chama “Eterno feminino”. Woolf, em 1931, convidada a falar na Sociedade Nacional de Auxílio às Mulheres sobre a

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sua experiência profissional enquanto escritora para mulheres que se preparavam para entrar no mercado de trabalho, refere-se à situação das donas-de-casa que se dedicavam totalmente às tarefas domésticas por meio de um anjo que as seduziria a permanecer naquela situação, o “Anjo do Lar”. Beauvoir e Woolf identificaram o problema de se ter como padrão um ideal universal a ser seguido por todas as mulheres e questionando esse padrão colocado além da vida real; cada uma em seu momento então se deparou com a necessidade de desmontar esse ideal, e então perguntar: “o que é uma mulher?” Esta comunicação consiste em explorar o que esta pergunta suscita para Woolf e para Beauvoir, estabelecendo um diálogo entre as contribuições deixadas pelas duas para a questão.

Crítica à tradição francesa de comentário ao problema da alegoria e da interpretação alegórica em PlatãoJuliano OrlandiUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Eliane C. de Souza

A questão da alegoria em Platão recebeu tradicionalmente de seus intérpretes um tratamento indireto e parcial. Na maior parte das vezes, ela foi tratada como um tema subalterno cujo esclarecimento não pareceu ser de fundamental importância para a compreensão da filosofia platônica. Um exemplo desse

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procedimento se encontra na tradição francesa de comentário ao problema do mito em Platão, na qual figuram como principais representantes Frutiger, Pépin e Brisson. Preocupados fundamentalmente com a natureza e o valor do discurso mítico, eles abordaram a questão da alegoria exclusivamente do ponto de vista da interpretação alegórica dos relatos tradicionais. Não se dedicaram a investigar a presença do discurso alegórico em circunstâncias textuais não míticas da obra platônica, tais como nas narrativas apresentadas pelas personagens (Alegoria da Caverna, por exemplo) ou nos próprios enredos literários dos diálogos. Chegaram, assim, a conclusões que, se comparadas à complexidade dos casos platônicos de alegoria, se mostram insustentáveis. Meu objetivo é, portanto, demonstrar as falhas e as dificuldades dessa tradição de comentário e recolocar a questão da alegoria de um ponto de vista mais amplo.

Significação (Bedeutung): apresentação e representação da Linguagem a partir de WittgensteinKarina da Silva OliveiraUNESPCAPESProf.º Dr.º Lúcio Lourenço Prado

Esta pesquisa diz respeito a um trabalho teórico, de estudo de conceitos e argumentos, a ser realizado com base em análises de aforismos constantes nas Investigações Filosóficas (1953) de

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Ludwig Wittgenstein, tendo em vista, apreender a funcionalidade da linguagem e verificar suas implicações. Trataremos da investigação acerca da linguagem, na qual, compreender a “dupla” função da linguagem, conforme afirma Wittgenstein no § 280 das Investigações. Se por um lado, a linguagem é sempre pública porque “comunica” algo ao outro, por outro lado, a linguagem tem a ver com uma “apresentação” (Darstellung) ou “comunicação” (Mitteilung) que significa a imagem da “representação” (Vorstellung) que o falante possui, e que, portanto, é especificamente sua, sem poder ser de “mais ninguém” (IF § 280). Neste sentido, se de fato há a dupla função, uma delas diz respeito à sensação do falante, ao seu sentimento ou afetação, se estamos corretos, como pensaríamos essas considerações à luz da crítica de Wittgenstein ao solipsismo metodológico. Nosso trabalho vai expor, em linhas gerais que, a temática das denominações remete à da representação – denomino o que posso ter representado. Acerca dessa problemática, a representação, por sua vez, tem a ver com a “significação” (Bedeutung), “representar-se” (sich vorstellen) é um apresentar de significado e de sentido, destarte, questionamos como interpretar essas considerações perante sua defesa veemente da impossibilidade da “linguagem privada” (IF § 243).

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O Absoluto segundo HegelLarissa Drigo AgostinhoParis IV SorbonneOrientador(a): Dr. Bertrand Marchal

Pretendemos neste trabalho explorar o conceito hegeliano de absoluto principalmente seu papel no interior da Ciência da lógica, ou seja, na construção de um conceito de realidade (Wirklichkeit). O conceito hegeliano de absoluto é talvez um dos conceitos mais mal compreendidos da história da filosofia. Para uns ele é indício do caráter sistêmico e “autoritário” da dialética hegeliana, para outros a prova de que a dialética é simplesmente o desdobramento de forças que estão sempre, desde o início, potencialmente contidas na realidade, o que transforma a racionalidade hegeliana do real num artifício ou “astúcia” da razão. Ao compreendermos o conceito de absoluto como uma forma lógica, uma idéia no sentido platônico do termo, podemos depreender toda a funcionalidade que este conceito possui na construção de uma noção de realidade, onde atuam de maneira relacionada as modalidades da contingência, necessidade e as possibilidades. Se Deleuze estava certo ao afirmar que a mônada leibniziana era responsável pela criação de um mundo que não fosse mais como a sociedade de Leibniz dobrada ou dupla, o conceito hegeliano de absoluto estabelece a condição de possibilidade de um pensamento dialético, ou seja, ele é a condição de possibilidade para que o real possa ser racional, compreendido e criado a partir de uma rede de relações, entre a necessidade, a contingência e o possível.

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Hegel e Nietzsche: as interpretações de Heráclito, o problema do devir e a peculiaridade da dialética hegelianaLincoln Menezes de FrançaUFSCarOrientador(a): Prof.º Dr.º . José Eduardo Marques Baioni

Hegel considera na Ciência da Lógica o devir como a unidade do ser e do nada. Heráclito, enquanto filósofo do devir, expressa nele esse momento lógico fundamental para Hegel: uma unidade de opostos. A mais alta expressão da dialética para Hegel, a dialética como princípio, nas palavras de Hegel: “o absoluto como processo”. Nessa perspectiva, o pensamento de Heráclito está submetido aos encadeamentos da lógica especulativa hegeliana. Assim, a oposição se expressa placidamente na Lógica, que no encadeamento lógico do desdobramento do mesmo que se tornou outro-de-si, na inquietude da oposição, exprime o “princípio da vida”, o princípio da vida lógica, tão simplesmente, a essência enquanto mudança, harmonicamente expresso na oposição. A harmonia racional se expressa, portanto, na diferença, num devir da amizade. Ou seja, há movimento, há desdobramento, transformação, mas não é uma oposição conflituosa, é uma oposição para o reconhecimento do todo. Desse modo, a totalidade sempre vence, manifestando-se, no entanto, pela luta, pois o todo é o combate e os combatentes, o permanente vencedor. Sob a interpretação que Nietzsche faz de Heráclito, ao contrário, não pode haver vencedor. Ora um, ora outro vence, a luta é eterna e cada qual é por si mesmo e não um é o mesmo que o outro e necessitam diferenciar-se para se reconhecerem, não sendo, assim, o mesmo na diversidade, como em Hegel. Sob

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a perspectiva de Nietzsche o real é inconsistente. Essa sensação de inconsistência se torna entusiasmo quando Heráclito observa a origem efetiva de todo o devir e de todo o perecer. Essa origem está numa força que se desdobra em duas atividades polarizadas em opostos. O devir nasce desse combate. Combate, aliás, que é expressão mais profunda da realidade grega. Nietzsche elogia a luta como fundamento da efetividade como devir. Neste trabalho levantamos o questionamento acerca da concepção hegeliana do devir em oposição à de Nietzsche no sentido de averiguar a peculiaridade da dialética hegeliana.

A Concepção de Educação de CondillacLourenço Fernandes Neto e SilvaUSPCAPES Orientador(a): Prof. Dr. Pedro Paulo Garrido Pimenta

Este trabalho tem por objetivo entender o modo como o abade de Condillac compreende a educação através de uma análise do seu Curso de Estudos, redigido para a instrução do Príncipe de Parma e publicado em 1780. Ali, o problema da educação se torna fundamental como a síntese dos interesses do filósofo em epistemologia e política. Após estabelecida em suas obras anteriores a forma como os conhecimentos humanos se originam e em que consistem a linguagem, a imaginação, o raciocínio, o erro e a verdade, é preciso mostrar como estas conclusões se

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aplicarão na reforma de cada um dos indivíduos, o que se mostra muito claramente nas considerações preliminares ao mencionado Curso de Estudos. A concepção de educação de Condillac, claramente reformista, se pautará numa cuidadosa análise dos métodos de pensamento, do uso da linguagem, e na incessante busca da forma mais adequada de compreensão de tudo o que nos afeta. Esta espécie de pragmatismo sistemático baseado nos prazeres e desprazeres individuais, como exposto em seu Tratado das Sensações, deverá se afastar decididamente de uma noção absoluta de razão, de correção ou de verdade. Desse modo espera-se ser possível compreender adequadamente o motivo pelo qual alguns filósofos contra-revolucionários franceses, já no século XIX, chamam a Condillac de “o mais culpável dos conjuradores modernos”.

Behaviorismo e fenomenologia: como o diálogo vem acontecendo?Lucas Roberto Pedrão PaulinoUSPCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Reinaldo Furlan

Sob o tema do diálogo entre Behaviorismo e Fenomenologia objetivamos, neste trabalho teórico, problematizar tal diálogo. Para isso, retomamos os fundamentos de ambas as escolas de pensamento e analisamos textos sobre o tema do período de

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1966 a 1991. A análise segue autores de ambas as escolas que defendem graus de compatibilidade entre elas. Consideramos o nível de entendimento dos autores sobre estas escolas como um fator crucial para a interpretação e análise por eles feita. Disso decorre nosso questionamento dos fundamentos dos textos analisados nesse trabalho que, apesar de estar em andamento e se referir à parte da tese de doutorado, cremos já poder oferecer algumas análises iniciais. Como exemplo, dentre os autores que defendem a incompatibilidade, há argumentos que afirmam que a Fenomenologia não recorre a pressupostos teóricos e analisa os dados puros da natureza, o que seria contra os pressupostos behavioristas de que toda análise pressupõe uma teoria e um viés; ou mesmo que há uma diferença no âmbito no âmbito da subjetividade no qual o Behaviorismo consideraria o homem no modelo da tábula rasa de Locke, enquanto que a Fenomenologia pressuporia no homem um fundamento de relação com o mundo. Sabemos, entretanto, de um ponto de vista geral, que a noção de dados puros é avessa à Fenomenologia e que a noção de tábula rasa não é aplicável a muitos tipos de Behaviorismo, o que nos faz duvidar da precisão conceitual dos autores e questionar, por exemplo, sobre qual o tipo de Behaviorismo ou de Fenomenologia os autores estão versando? Entendemos que tal questionamento pode proporcionar o direcionamento da crítica para alvos mais precisos, permitindo a discussão sobre possíveis acertos e equívocos, além da continuidade do diálogo. Retomamos parte da história do Behaviorismo, salientando seu caráter genérico e diferenças entre os tipos de Behaviorismo, principalmente àqueles de Skinner e Watson, e parte dos fundamentos da Fenomenologia, principalmente a de Merleau-Ponty. Este

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trabalho, assim, questiona e salienta imprecisões sobre o modo como o diálogo vem acontecendo, colaborando na abertura de um espaço filosófico para a elaboração de novos trabalhos sobre o presente tema.

A relação entre escritor e leitor em “O que é a literatura?”Lucila Lang Patriani de Carvalho USPCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva

A proposta do presente trabalho é a de analisar a abordagem realizada pelo filósofo Jean-Paul Sartre no âmbito da obra “O que é a literatura?” a respeito de dois temas que se encontram intrinsecamente relacionados: a Intersubjetividade e a Liberdade. Neste particular, estruturaremos a nossa apresentação a partir das relações estabelecidas entre dois sujeitos específicos e que passam a ser contextualizados a partir da literatura: o escritor e o leitor. É através desta relação estabelecida a partir de ambos que passaremos, necessariamente, pela caracterização de cada um dos polos, apontando as suas respectivas peculiaridades e situaremos o tema da liberdade em meio a tal contexto. Podendo ser considerados como dois dos temas centrais de Sartre, as relações intersubjetivas e a liberdade são recorrentes e se fazem presentes em outras obras. Com o intuito de melhor estudar e estabelecer algumas relações a partir dos temas propostos é

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que recorreremos a algumas considerações expostas conforme, principalmente, o presente na obra “O Ser e o Nada”. A partir destas duas obras selecionadas para a exposição proposta em nosso trabalho, traçaremos as vertentes que estabelecerão semelhanças e diferenças de temas presentes em dois momentos da filosofia sartriana, priorizando o que concerne à relação estabelecida entre o escritor e o leitor, com especial atenção ao aspecto da liberdade.

Max Weber e a ética kantiana: polêmica sobre os imperativos práticos e seu sentido formal.Luis Felipe M. de Salles RoselinoUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.º Drº Wolfgang Leo Maar

A discussão de Max Weber sobre o sentido “livre de valores” (Wertfreiheit) nas ciências sociais e econômicas propõe que seria um erro considerar que os imperativos kantianos seriam puramente formais. Alguns especialistas, como Wolfgang Schluchter propuseram uma leitura dessa discussão com base em uma comparação esquemática entre a metafísica dos costumes kantiana e os tipos de ética designados por Max Weber nessa discussão. A presente abordagem irá revisar alguns aspectos colocados por W. Schluchter em Isenção dos juízos de valor e discussão sobre valores: Max Weber entre Immanuel Kant e

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Henrich Rickert (Werturteilsfreiheit und Wertdiskussion: Max Weber zwischen Immanuel Kant und Henrich Rickert), propondo que Max Weber estaria menos voltado para um diálogo com a Metafísica dos costumes de Kant, e muito mais próximo à Crítica da razão prática (KpV), lida por M. Weber segundo o problema da possibilidade de uma orientação puramente racional do agir moralmente correto e da impossibilidade de uma formulação prática que não implique necessariamente em uma valoração prática. Sua correspondência com os tipos de ação racional, em Conceitos sociológicos fundamentais, parece confirmar essa possível interpretação. Ao final da discussão será levantada a seguinte questão: Será possível concluir que o imperativo categórico nunca se apresenta, na ação humana, de modo puramente formal?

Do decoro e do ridículo: a crítica do Discurso sobre as ciências e as artesLuiz Henrique MonzaniUFSCarCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Luís Fernandes dos Santos Nascimento

No Discurso sobre as ciências e as artes o foco de Rousseau é investigar a fundo a sociedade tal como ela se apresenta; quer dizer: não se trata da busca por um valor normativo para a compreensão do que a sociedade poderia ser ou ainda sobre o que ela deveria

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ser. A questão é mais simples e direta: as sociedades atuais são corrompidas; os costumes de cada indivíduo são moldados pela sociedade em que ele vive e a degeneração está à frente de qualquer um que abra os olhos para vê-la: então, existe algo em todas as sociedades que invariavelmente irá corrompê-las. É com esse diagnóstico que Rousseau abre as primeiras páginas o Primeiro Discurso, onde leremos que a arte ensejou as paixões e que isso ocasionou uma mudança nos costumes: de rústicos e naturais os homens tornaram-se polidos e artificiais. Dessa influência das artes e das ciências na sociedade sobre os nossos costumes a primeira consequência foi negativa: ao tornaram-se polidos, todos começaram a agir de um modo determinado e houve a supressão das diferenças. Duas causas serão apontadas para explicar a uniformidade de costumes decorrente desse processo que acabamos de descrever: o decoro e o ridículo, temas que pretendemos investigar a fundo em nosso trabalho.

A crítica da presença do Eu na consciênciaLuiz André Colonetti BetUFSCarCAPESOrientador(a): Silene Torres Marques

Através do seu livro A Transcendência do Ego, Sartre funda o que ele próprio define como o objeto por excelência da Psicologia, cujo desenvolvimento pode ser encontrado na obra Esboço para uma

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teoria das emoções. Por outro lado, também define o que seria o objeto da Fenomenologia, que será largamente desenvolvido nas obras posteriores, como A Imaginação, O Imaginário e, principalmente, O Ser e o Nada. Através d’A Transcendência do Ego, Sartre inicia um movimento importante da gênese do seu pensamento chamado por alguns comentadores de “limpeza da consciência”, desenvolvido ao longo das obras que precedem O Ser e o Nada e que articulam os esforços conceituais necessários para a concepção da mesma. Este trabalho de “limpeza” acima citado consiste na eliminação dos “conteúdos da consciência”, onde já são criticados pelo autor no artigo Uma ideia fundamental na fenomenologia de Husserl: a intencionalidade presente no livro Situações I. A eliminação destes conteúdos da consciência é, para o autor, o elemento que possibilita uma alternativa para superar as “ilusões comuns do realismo e do idealismo”, como diz o autor no artigo acima citado. Assim, interrogar sobre a presença do Ego na consciência torna-se um passo fundamental no pensamento do autor.

A compreensão do Virtual no debate entre Deleuze e Badiou.Marcelo Marcos BarbosaUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Franklin Leopoldo e Silva

A origem da noção de Virtual, no sentido como é empregada na

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filosofia contemporânea, encontra-se na obra de Bergson. Tal noção indica o modo de ser da realidade que não pode jamais ser reduzido a uma figura qualquer do não ser, dimensão que será descrita por Deleuze como o fundamento de toda existência atual. Não por acaso, justamente contra a idéia de que a existência possua um fundamento para além da sua atualidade, este será um dos pontos centrais atacados por Badiou, para quem o virtual não atingiria a pretendida unidade do real. Segundo seu comentário, “para tentar pensar até o fim, sem sacrificar os direitos do Uno, o virtual como parte do objeto real, e logo o ente-imagem como dividido em uma parte atual e uma parte virtual, Deleuze se empenha em uma analítica do indiscernível.” De fato, a análise seguirá os principais momentos desenvolvidos por Deleuze sobre o tema, e com isso Badiou não comete necessariamente um erro em relacionar os termos Uno e Virtual, uma vez que o próprio Deleuze afirma: “Só houve uma proposição ontológica: o Ser é unívoco”, repudiando assim toda definição que expresse o Ser pela equivocidade, ou seja, que afirme que a existência se diz em vários sentidos. Diante dessas duas possibilidades de interpretação, iremos retornar aos principais momentos da filosofia bergsoniana que desenvolvem o conceito, para com isso, precisar os argumentos que estão na origem da disputa entre os comentadores.

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Rawls: o “eu” político na justiça como equidadeMárcio Morais Silva UFPIFUFPIOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Elnôra Maria Gondim Machado Lima

A justiça como equidade de John Rawls é uma das teorias políticas mais discutidas na atualidade. O autor pretende eleger princípios justos de justiça para serem aplicados à estrutura básica da sociedade visando a resolução dos impasses no tocante a distribuição de seus bens primários. Para tanto é pensado em um procedimento onde pessoas, simetricamente posicionadas e com algumas restrições, deliberem acerca dos princípios de justiça, a saber a posição original sob o véu de ignorância que objetiva anular as informações que poderiam fazer com que as partes elegessem princípios em beneficio próprio. Por situar as partes por trás de um véu de ignorância, a concepção de pessoa em seu primeiro grande escrito, Uma Teoria da Justiça (1971), foi entendida pelos críticos como algo formal, desincorporado e como um átomo isolado, ficando desta forma, apenas no âmbito subjetivo e individual e não no coletivo. Rawls em seus escritos posteriores refez alguns pontos de sua teoria objetivando sanar as imprecisões do seu principal escrito. Sendo assim, a concepção de pessoa a partir de Justiça e Democracia, é descrita como um membro plenamente ativo da sociedade, ou seja, como um cidadão político. O “eu” da justiça como equidade entendido desta forma se coaduna com a sociedade organizada como um sistema equitativo de cooperação social e a teoria como uma concepção de justiça política. Desta forma, o presente trabalho

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pretende analisar a concepção de pessoa contida na justiça como equidade, partindo da posição original em Uma Teoria da Justiça, onde os escritos de Rawls ainda contêm aspectos metafísico-filosóficos e que foi alvo de criticas, até os seus escritos posteriores onde a ideia de pessoa e a de justiça como equidade é declarada pelo filósofo como política, a saber a Justiça e Democracia, Liberalismo Político e Justiça como Equidade: uma reformulação. Demonstrando, desta forma, que houve uma mudança na concepção de pessoa da teoria rawlsiana.

Os ‘Sonhos de um visionário’ e a Dialética Transcendental: aprofundamento ou retrocesso de problemas?Marcio Tadeu GirottiUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Paulo Robert Licht dos Santos

Nossa proposta é trazer uma discussão acerca da problemática da ilusão transcendental e do focus imaginarius da Crítica da razão pura, vinculada a um retrocesso ou a um aprofundamento de questões anteriores à obra crítica de Immanuel Kant. O problema da ilusão na filosofia de Kant já é parte de suas discussões em seu período de juventude, em especial, na obra Sonhos de um visionário explicados por sonhos da metafísica (1776). Também é nesta obra que aparece, pela primeira vez, a expressão focus imaginarius, como um ponto focal para formação de imagens.

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Nesse sentido, verifica-se que tanto a ilusão quanto o focus imaginarius voltam a fazer parte do itinerário de Kant no período de sua filosofia crítica, que nos leva a pensar: por que Kant volta a tratar da ilusão? E por que ele retoma a metáfora do focus imaginairus? Sabemos que a ilusão, nos Sonhos, é uma ilusão ótica; na Crítica, ela é uma ilusão transcendental. Agora, será que Kant deixou algo em aberto e precisou retomar estes conceitos a fim de resolver alguma questão? Podemos falar de uma mesma ilusão? E o focus imaginarius, tem a mesma função nas duas obras? É com estas interrogações que procuraremos abordar a temática de uma possível aproximação ou retrocesso entre a obra pré-crítica e a obra crítica.

A interpretação da ordem e da desordem em A evolução criadoraMarcos Daniel CamoleziUSPFAPESPOrientador(a): Prof. Dr. Franklin Leopoldo e Silva

Almejamos discutir o problema da ordem e da desordem presente em A evolução criadora, de Henri Bergson. A discussão será realizada pelo cotejo entre a segunda analogia da “Analítica dos princípios” da Crítica da Razão Pura (B 232-256) e o tópico “A desordem e as duas ordens” (EC, capítulo III, p. 233-238). Na segunda analogia, intitulada “Princípio da sucessão no tempo

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segundo a lei de causalidade”, Kant encontra-se às voltas com o problema da objetividade da experiência. Ele procura mostrar que a imaginação não poderia oferecer uma ordem de sucessão necessária, “pois pela simples percepção fica indeterminada a relação objetiva dos fenômenos que se sucedem uns aos outros” (ed. Calouste Gulbenkian, B 234). A necessidade da sucessão deveria provir apenas da causalidade enquanto conceito puro do entendimento, capaz de determinar objetivamente a ordem do antes e do depois. Para assegurar o lugar do entendimento em sua epistemologia, Kant acaba, portanto, por vislumbrar a possibilidade de outra ordem que não aquela necessária. É por essa razão que, em alusão indireta a Kant no tópico acima referido, Bergson procura mostrar que a desordem consiste em um conceito intermediário entre duas ordens, uma contingente e uma necessária, e representa a oscilação que realizamos entre elas na vida cotidiana. Desse modo, nosso objetivo consiste em expor a origem do problema das duas ordens em sua vertente idealista e, em seguida, apresentar a alternativa de Bergson ao problema.

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Forças e estruturas orgânicas segundo Herder e KantMario SpezzapriaUSPCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Márcio Suzuki

Nas resenhas à obra de Herder Ideais para uma filosofia da história da humanidade, Kant afirma que a atitude de Herder pela natureza orgânica é fundada sobre um uso não correto da razão e representa uma volta a considerações de tipo metafísico: isso em particular no caso da força orgânica, que Herder chama de “invisível”. O juízo de Kant que Herder esteja deslizando na metafísica provoca a indignação de Herder, e causa, como é notório, um contraste entre os dois que permanecerá por anos. A resenha kantiana não restitui a centralidade que os conceitos de ser orgânico, forças e estruturas orgânicas têm na obra herderiana a fim da constituição de uma “nova” filosofia da historia. Segundo Herder, a análise das formas nas quais os organismos viventes se desenvolvem e o confronto das estruturas anatômicas deles permite de supor a existência de uma estrutura prototípica geral (Hauptform), e pensar que a natureza inteira se desenvolva segundo uma lei de desenvolvimento orgânico. O que é observável na natureza é a disposição e organização de formas que continuamente formam outras formas, segundo um ordem de complexidade. Ao vértice atual da cadeia dos seres orgânicos encontra-se o homem; o qual, porém, considerado de uma maneira mais geral como parte da natureza orgânica comum a todos os seres viventes, deve ser pensado também como figura intermediária, que poderá se desenvolver organicamente

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em formas futuras, ainda desconhecidas. Desse modo, Herder apresenta um esboço de teoria estrutural-morfológica muito interessante, no esforço de fornecer uma leitura da natureza e dos destinos do homem valendo-se de um conceito do organismo que opera de maneira imanente.

O afastamento da Ideia do Bem em República VI e o “pessimismo gnoseológico” de PlatãoNatalia Costa RugnitzUNICAMPFAPESPOrientador(a): Lucas Angioni

A presente comunicação pretende discutir a relação entre o bem em si (auto to agathon) e o conhecimento (episteme), tal como Platão a apresenta no Livro VI de República (504e-511e). Consideraremos, em primeiro lugar, o “extraordinário exagero” (daimonia hyperbole, 509c) socrático, com base no qual o bem em si pode ser entendido como “transcendente” às ideias. Analisaremos esta transcendência refletindo sobre a interpretação segundo a qual não há, em sentido estrito, uma alteridade ontológica radical do bem a respeito do resto dos elementos do mundo inteligível, mas que ele compartilha a natureza eidética, uma vez que é definido como máximo objeto de ciência (megiston mathema, 505a). Assim, ao se manter no ápice do topos noético, veremos abrir-se a possibilidade do conhecimento do bem em termos

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análogos ao conhecimento das Ideias em geral. Observaremos em seguida, porém, as múltiplas vias pelas quais Platão sugere que o encontro intelectual com este ente ideal supremo, se bem possível, é altamente improvável (504a, 504d, 505b, etc.). Consideraremos, por fim e com base nisto, que embora não seja adequado conceber um “pessimismo epistemológico” no Platão da República (dado que o bem em si se apresenta como cognoscível), talvez sim seja possível vislumbrar um certo “pessimismo gnoseológico”, na medida em que o filósofo assume explicitamente a extrema dificuldade que existe para a alma de avançar dialeticamente até o objeto supremo - sem cuja visão, porém, todas as demais coisas se tornam supérfluas (505a-b).

A relação entre pintar e escrever em MontaigneNelson Maria Brechó da SilvaPUC-SPOrientador(a): Dra. Maria Constança Peres Pissarra

Esta comunicação trata do relacionamento entre pintura e escrita em Montaigne. Desse modo, destacam-se as seguintes interpelações: Por que relacionar a pintura com a amizade? Qual é o sentido da pintura? Montaigne compara a sua obra com a pintura, porque a arte promove a expressão dos sentimentos e da razão. Nesse sentido, a pintura expressa a interioridade e, da mesma forma, cada ensaio remete a um novo ângulo, em outras palavras, ao exame de si mesmo pelo julgamento da própria

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razão. Por essa razão, tal estudo pretende abordar uma visão humanista do pensamento montaigniano, que deseja trazer para os ensaios as suas experiências marcantes para, a partir disso, refletir sobre suas opiniões. Exercitar pelo viés do julgamento e da escrita envolve um talento semelhante ao artista que, pela arte, desenvolve o seu quadro com aquilo que faz parte do seu interior. Da mesma forma, ensaiar possibilita a expressão do “eu”, que se encontra em busca do seu sentido. A escrita assume a função de tornar estático aquilo que está em movimento no interior do ser humano. Assim, nota-se uma postura humanista no filósofo. Contudo, a escrita convida à re-escrita e ao surgimento de novas experiências, uma vez que escrever está ligado ao ato de experimentar aquilo que foi escrito.

Bergson e Sri aurobindo: confluências e distinções em torno do conceito de intuição.Nestor Reinoldo Müller UFSCar

O estudo de pensadores indianos constitui uma das vias de ampliação da perspectiva quase exclusivamente europeia que ainda caracteriza a atividade filosófica da academia brasileira. Nesse sentido, o último XV Encontro Nacional da ANPOF dedicou uma sessão temática para a filosofia das culturas orientais, contando com 11 comunicações sobre autores indianos e budistas, e gestões estão sendo concentradas para a instituição de um

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respectivo Grupo de Trabalho, notadamente por iniciativa de professores da UFPB e da UFJF. A presente comunicação explora a lição de Henri Bergson (1859-1941) e Sri Aurobindo Ghose (1872-1950) sobre um tema nuclear em suas obras, focalizando em especial, de um lado, a conferência “A Intuição filosófica” e o ensaio “Introdução à Metafísica”, publicados por Bergson no livro “La pensée et le mouvant”, e do outro lado os capítulos “Os métodos do conhecimento vedântico” e “Supramente, Mente e a Maia Sobremental”, integrantes da obra “The Life Divine”, de Sri Aurobindo, cuja primeira tradução em língua portuguesa acha-se em curso. O paralelo aqui investigado delineia uma via de diálogo, abrindo-se para sugestões no sentido de que outros trabalhos estendam o esclarecimento de elementos estruturais de diferenciação e confluência entre a tradição filosófica europeia e a tradição védica indiana.

Impulso sexual e sociabilidade: desenvolvimento do ser moral no livro IV do “Emílio”Paulo Ferreira JuniorUFSCarCNPQOrientador(a): Prof.º Dr.º Luís Fernandes dos Santos Nascimento

“Mas se, como não podemos duvidar, o homem é sociável por natureza, ou pelo menos é feito para tornar-se tal, só pode sê-lo através de outros sentimentos inatos, relativos a sua espécie, pois

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considerando apenas a necessidade física, ele deve certamente dispensar os homens em vez de os aproximar”. (Rousseau, Emílio, Martins Fontes, 1995, p. 392). A passagem citada foi extraída da Profissão de fé do vigário saboiano, trecho no qual Rousseau argumenta que a Moral não é obra de preconceitos e pode ser demonstrada. Notadamente, o trecho citado coloca uma tensão com uma tese muito difundida na antropologia de Rousseau, qual seja: que o homem não é social por natureza. Portanto, podemos dizer que a “natureza humana” encerra uma ambivalência espinhosa que muito interessou Jean-Jacques porque colocava em risco a possibilidade de uma moral imune ao relativismo. O presente trabalho propõe que o impulso sexual também é um tema chave no livro IV do Emílio porque oferece um modo adequado de compreender como a sociabilidade e, por consequência, a moralidade emergem da natureza humana. Ora, se a verdadeira moral pode ser demonstrada, então a sociabilidade é um pressuposto que precisa ser explicado. Emílio, o homem da natureza educado para viver em qualquer tipo de sociedade, só a conhece de fato quando, no despertar do desejo sexual, ela não pode ser mais evitada. Dito de outro modo, o desejo sexual é uma necessidade natural associada ao bem-estar que, necessariamente, envolve outro ser humano e coincide com o desenvolvimento do ser moral, por isso ela se torna uma tema importante para a compreensão da sociabilidade na obra Emílio.

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O Sumo Bem no Dialogus de Pedro AbelardoPedro Rodolfo Fernandes da SilvaUFSCarFAPEAMOrientador(a): Prof.º Dr.º Carlos Eduardo de Oliveira

Pedro Abelardo dedicou os últimos anos de sua vida à discussão ética. Desse período resultaram duas obras – a Ethica ou Scito te ipsum e o Dialogus inter philosophum, judaeum et christianum ou Collationes - através das quais inovou a ética medieval. No que se refere à obra aqui tomada para análise, o Dialogus, é um texto bem ao estilo polêmico de Abelardo, que se inicia com o diálogo entre o Filósofo e o Judeu, depois entre o Filósofo e o Cristão, o que possibilita dizer que são dois diálogos, ressalvando que destes o segundo não foi concluído. Nele é narrado o encontro, fruto de um sonho, de uma religião tolerante, personificado em três debatedores que estão sob a moderação de um eu-narrador. É um diálogo controverso, nem sempre calmo - marcado pela busca da verdade reivindicada pela razão e pela lei moral natural. Por meio da análise de tal texto objetiva-se investigar a afirmação de Abelardo segundo a qual o essencial da ética está em mostrar o que é o sumo bem, de que modo este pode ser alcançado e, por consequência, o sumo mal evitado. Tomando a proposta estóica e agostiniana da moral como coroamento de toda filosofia, Abelardo aborda tal problema nos rigores da lógica aristotélica.

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Sobre o surgimento da moderna predicação lógica universalRafael dos Reis FerreiraUNICAMPCNPqOrientador(a): Arley Ramos Moreno

A expressão mais usual da predicação universal na Lógica Contemporânea é a função proposicional. Um dos primeiros, senão o primeiro, a introduzir o termo “função proposicional” foi Bertrand Russell (1872-1970). Mas, em uma perspectiva histórico-conceitual, podemos dizer que o conceito de função proposicional foi introduzido mais explicitamente pela primeira fez, e ao mesmo tempo, por Johann Gottlob Frege (1848-1925) e Charles Sanders Peirce (1839–1914). Em Frege, o conceito de função proposicional surge no contexto de seu projeto de fundamentação da Aritmética na Lógica, com influência em autores posteriores como Russell. Em Peirce o conceito de função proposicional surge de suas investigações semióticas sobre a realidade. A presente comunicação abordará a questão de como dois pensadores que, pelo que se sabe, parecem não ter conhecido os trabalhos um do outro, introduziram o conceito de função proposicional de modo independente.

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Sexualidade e desatino em Michel FoucaultRafael Fernando Hack UFSCar CAPESOrientador(a): Prof. Dr. Luiz Roberto Monzani

Ainda que convencionalmente dividido em três distintos períodos (arqueologia, genealogia e ética), o pensamento de Foucault resiste a fragmentação periódica. Prova disso são as confluências verificáveis entre a arqueologia e a genealogia como no caso da loucura e da sexualidade. Ambas podem ser verificadas sob o prisma próprio da configuração do poder delineado pelo filósofo nas pesquisas realizadas na década de setenta (genealogia). As características elencadas por Foucault em “A vontade de saber” (primeiro volume da “História da sexualidade”) são condizentes a configuração que o poder apresenta na “Historia da loucura”. Pretendemos assim, analisar as características predominantes do poder no período clássico demonstrando a similaridade do seu modus operandi nas temáticas supracitadas. O poder jurídico-discursivo, forma predominante durante o classicismo, atua através de cinco aspectos centrais: 1) A relação negativa (A rejeição, a exclusão, a recusa e a ocultação seriam a forma determinante de atuação do poder); 2) A instância da regra (O poder estabelece a lei, fundamentalmente através de binômios: licito e ilícito; permitido e proibido); 3) O ciclo de interdição (o poder somente exerce-se mediante a lei de proibição. O sujeito deve renunciar a si mesmo e o castigo apresenta-se como supressão. “Tua existência só será mantida a custa de tua anulação.” (FOUCAULT, 1988, p.81)); 4) A lógica da censura (negação

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da existência, impedimento da pronunciação, afirmação da proibição. O encadeamento destes três princípios no mecanismo de censura impõe um princípio de inexistência, não-manifestação e mutismo); e, 5) A unidade do dispositivo (agindo de maneira uniforme e maciça o poder é exercido de cima a baixo. Trata-se do jogo entre o lícito e o ilícito, a transgressão e o castigo. “Em face de um poder, que é lei, o sujeito que é constituído como sujeito – que é ‘sujeitado’ – é aquele que obedece.” (FOUCAULT, 1988, p. 82).). Pretendemos, deste modo, observar a presença desta forma de poder na “História da loucura” demonstrando as similaridades entre os dois períodos da produção intelectual do filósofo.

Relações entre percepção e memória na filosofia de Henri Bergson.Rafael Pellegrino UFSCarCAPESOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Silene Torres Marques

Como assunto geral para este seminário, propomos estudar as relações entre percepção pura, lembrança-imagem e memória pura, os três elementos principais envolvidos na dinâmica da psicologia Bergsoniana; uma psicologia da duração. Com isso, nossa apresentação procurará dar conta do jogo argumentativo que, nos três primeiros capítulos de Matéria e Memória, forma

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o pilar central dessa psicologia esboçada por Bergson em seu segundo livro. Tentaremos expor de que forma Bergson conduz sua argumentação de modo a demonstrar uma relação de gradação entre esses dois termos. Uma gradação que, no entanto, não corresponde a graus de força ou de grandeza, mas de níveis de consciência entendidos pelo autor como graus de contração da duração. Concentraremos, assim, nossa atenção sobre três pontos fundamentais dessa argumentação. Em primeiro lugar, analisaremos, no primeiro capítulo, aquilo que Bergson denomina teoria da percepção pura. Veremos que ela é a pedra angular da teoria psicológica apresentada em Matéria e Memória. Ora, existindo ela mais de direito que de fato, sendo uma percepção no instantâneo, portanto na qual a memória está ausente, Bergson irá introduzir este esquema inicial em graus cada vez mais alargados de duração para explicar, no segundo capítulo, o reconhecimento concreto das imagens. Este alargamento da teoria inicial introduzida no primeiro capítulo trará, com seu ápice no esquema do circuito da percepção atenta, a questão da sobrevivência das lembranças-imagem e, portanto, questões a respeito daquilo que Bergson denomina memória pura. Seguiremos, assim, até o terceiro capítulo do livro, dando especial atenção à teoria bergsoniana das ideias gerais. Deste modo, percorreremos a via central que nos conduz desde a materialidade de uma percepção pura até o grau extremo da pura consciência. Nosso objetivo será mostrar como, para Bergson, a ideia de graus de consciência, entendida como graus de contração da memória, isto é, da duração, é o que está em jogo na resolução do problema da relação entre consciência e

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corpo, assim como de toda a psicologia esboçada por Bergson em Matéria e Memória.

Algumas Considerações sobre a Linguagem Fenomenológica de Rudolf CarnapRenato Machado PereiraUFSCarOrientador(a) : Prof.º Dr.º Bento Prado Neto.

Os positivistas lógicos procuraram desenvolver sua análise da linguagem sob o ponto de vista de que o sentido de uma sentença é dado pelo seu método de verificação. Um exemplar desse pensamento encontramos na obra “A Construção Lógica do Mundo” (1928) de Rudolf Carnap, onde ele descreve um sistema linguístico chamado de linguagem fenomenológica. Esse sistema era fundamentado na lógica, que estava sob forte influência do Principia Mathematica de Russell e Whitehead, e na redução do mundo para o “dado sensível”, isto é, uma maneira de reconstruir o mundo a partir da percepção interna (sensações) das experiências individuais. Para Carnap, essa linguagem era potencialmente capaz de descrever todas as sentenças com sentido em termos dos “dados sensíveis”, isto é, a verdade de uma sentença seria diretamente verificada através da pessoa cuja experiência a sentença se refere. No entanto, essa concepção de sentenças em termos de dados

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sensíveis foi muito criticada. Uma das principais objeções era a dificuldade em estabelecer que partes do mundo as sentenças elementares supostamente faziam referência. Se cada um de nós é limitado a interpretar qualquer sentença como sendo a descrição de nossas próprias experiências individuais, é difícil ver como nós poderemos comunicar o todo, isto é, o mundo. E uma outra importante objeção era que a redução do mundo às sentenças em termos de dados sensíveis, expressadas num sistema lógico, não poderia ser vista como uma relação lógica, pois é uma relação de instâncias de naturezas diferentes. Então, o que poderia ser essa redução? Alegará o próprio Carnap e outros positivistas lógicos que falar de comparações entre sentenças em termos de dados sensíveis e partes do mundo é tratar de assuntos metafísicos. Assim, o artigo tem por finalidade fazer algumas considerações sobre a linguagem fenomenológica de Rudolf Carnap.

Necessidade e contingência: sobre o conceito de história em Karl MarxRoberto Nunes JuniorUFFOrientador(a): Prof.º Dr.º Claudio Oliveira

Uma das questões mais polêmicas na obra do filósofo alemão Karl Marx é o seu conceito de história. A tradição marxista nos ensina que caminhamos inexoravelmente para o comunismo e caberia aos “coveiros do capitalismo” (o proletariado) a missão de

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concretizar tal feito. No entanto, a ideia de que não há teleologia na história, para o autor de O Capital, tem aparecido cada vez mais, principalmente após a queda do socialismo na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e no leste Europeu. Muito mais do que fruto do pessimismo que abateu boa parte da esquerda no mundo todo e para além da noção de “Fim da história” de Francis Fukuyama, rediscutir o “inexorável” é elemento primordial para entendermos como Marx via o processo histórico. A frase usada no próprio O Capital de que “a anatomia do homem é a chave para entendermos a anatomia do macaco” diz mais sobre história do que sobre qualquer outra coisa e apresenta dois pontos centrais: a problematização dos conceitos de necessidade e contingência, dentro do que chamaríamos de “filosofia da história” e a compreensão da história como um processo aberto e múltiplo que poderia ter inúmeras conclusões. A “necessidade histórica” de um evento só pode ser justificada posteriormente, ou seja, não há finalidade nem caminho determinado a seguir. Desse modo, a partir da compreensão de Karl Marx, o acontecimento gera sua própria necessidade e justificativa.

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Kant inserido no debate político jusnaturalista modernoRodrigo Luiz Silva e Souza TumoloUSPFAPESPOrientador(a): Prof. Dr. Maurício Cardoso Keinert

O objetivo aqui é estabelecer a ligação da política kantiana relativa especialmente à formação do Estado com o debate jusnaturalista moderno que viera se desenvolvendo até então, tendo como eixos centrais de reflexão os escritos políticos A Paz Perpétua e Teoria e Prática. É sabido que Kant ficou bastante entusiasmado com o debate político e, em um primeiro momento, fora incitado pelas obras de Rousseau – haja vista que o nome do seu escrito político mais famoso foi emprestado também de escritos políticos daquele (Projet de paix perpétuelle). Pretende-se em um primeiro momento estabelecer as fases de desenvolvimento do pensamento político kantiano para seguir, em um segundo momento, a uma releitura dos seus escritos políticos mencionados a fim de apontar os elementos que corroborem sua filiação ao debate jusnaturalista. É forçosa a análise do conceito de teleologia embutido na natureza (especialmente exposto na Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita) que serve de sustento à argumentação presente na segunda seção da Paz Perpétua. Em um terceiro momento, intenta-se uma reflexão sobre o lugar do direito natural na reflexão kantiana, se o cosmopolitismo kantiano responde bem ao problema da sociedade geral do gênero humano proposto por Rousseau (Manuscrito de Genebra) e, enfim, uma crítica geral do que até então foi apresentado.

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A teoria da ação comunicativa e o conflito social na busca por reconhecimento: superação ou complementaridade?Ronaldo Martins GomesUFSCarOrientador(a): Prof.ª Drª Anete Abramowicz

O objetivo deste texto é compreender como, numa perspectiva de introdução à filosofia social, e em que medida a Teoria da Ação Comunicativa desenvolvida pelo pensador alemão Jurgen Habermas e a Teoria do Conflito Social na busca por Reconhecimento do filósofo Axel Honneth, que foi assistente de Habermas no Instituto de Pesquisa Social se relacionam. Honneth propõem em sua teoria atualizar o pensamento do jovem Hegel do período de Jena e, paralelamente, se propõem a dar conta de algumas aporias que, em sua maneira de ver, a teoria habermasiana não consegue responder e muito menos superar. Ambos os autores são “descendentes” da Teoria Crítica, respectivamente segunda e terceira geração conforme entendem alguns estudiosos, portanto, preocupados em desenvolver uma explicação que dê conta da realidade social do mundo ocidental em sua racional complexidade e, também, com suas intensas contradições. Interessa entender, ainda que numa perspectiva de introdução ao tema, se essas teorias são de natureza complementar ou não, se de fato Honneth pode responder o que ele dia que faltou a Habermas responder, ou se, essas teorias são de certa forma dependentes uma da outra. Pretende-se, a partir das conclusões parciais a que se consiga chegar, visualizar possíveis utilizações em futuras pesquisas a serem realizadas na área das ciências humanas, em especial no que diga respeito à

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filosofia da educação.

Heteronímia como crítica às filosofias da representaçãoRubens José da RochaUFSCarCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Luís Fernandes dos Santos Nascimento

O objetivo desta comunicação será mostrar como elementos centrais da poesia de Fernando Pessoa apontam para uma solução original quanto ao problema da representação na forma poética. Após o impasse instaurado pela crítica sistemática às filosofias fundadas na representação (Kant, Hegel, Marx, Nietzsche), o pensamento vê-se intimado a deslocar a velha questão sobre a essência última das coisas para a análise das condições de possibilidade de enunciação não objetiva pela filosofia. Segundo Deleuze, os conceitos não são criação de um ou outro autor empírico, mas de um número indefinido de personagens, ou seja, autores conceituais que animam a história da filosofia. Os personagens conceituais são como “heterônimos do filósofo, e o nome do filósofo, o simples pseudônimo de seus personagens”. (DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a Filosofia? p.86). O juízo sintético em Kant, a vontade de potência em Nietzsche, a sensualidade estética em Kierkegaard, ou o capital em Marx, são conceitos criados por personagens como o Inquisidor, Dioniso, Don Juan, Capitalistas e Proletariados. Nossa abordagem seguirá dois

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eixos de articulação: primeiro, mostrar como a figura da certeza sensível, assim como aparece no Guardador de Rebanhos, se ocupa em desfazer a certeza ontológica de si como fundamento do cogito na forma poética. A ideia é que o mestre heterônimo, ao formalizar com a palavra poética a experiência imediata com os objetos, sustenta para si e para os discípulos a verdade da certeza sensível como antídoto contra a tirania da representação. Em seguida, mostraremos como Álvaro de Campos, trilhando o caminho aberto pela astúcia poética de Alberto Caeiro, condensa estilhaços de noções reflexivas do sujeito como elemento propulsor da dinâmica interna das sensações. O primeiro momento tem por objetivo evidenciar a poesia de Alberto Caeiro como modo de absorção da experiência filosófica entre os extremos da certeza sensível e do sujeito da reflexão. O segundo momento busca compreender como o impulso de despersonalização constitui uma função simbólica de reflexão que estrutura o fluxo interno das sensações na forma poética.

O conceito de ideia e sua relação com o sensível em Descartes e LeibnizSacha Zilber KontisUSPCNPqOrientador(a): Profa. Dra. Tessa Moura Lacerda

A revolução que Descartes opera no conceito de ideia em relação

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à escolástica repercutiu em toda a filosofia do século XVII, seja nos filósofos cartesianos, seja nos seus críticos. A ideia tal como por ele concebida não se coloca mais como um arquétipo divino ou como uma essência, mas como um conteúdo próprio da mente. Ela é, como afirma a Meditação Terceira, como uma imagem do objeto no intelecto. Por imagem, entretanto, não se deve pensar em uma reprodução fiel, mas sim como uma representação objetiva, como a coisa mesma enquanto conteúdo do intelecto. É justamente nesse ponto que Leibniz procura se afastar da tradição cartesiana. Ao colocar a ideia no interior do paradigma restritivo da imitação, da relação cópia-original, Descartes teria ficado limitado a uma noção puramente intuitiva da representação, o que explicaria sua rejeição das representações sensíveis do campo do conhecimento. Leibniz, ao estruturar sua concepção de ideia sobre as relações expressivas entre a ideia e seu objeto, amplia o campo da representação para além do paradigma da imitação, salvaguardando o conhecimento sensível das interdições cartesianas. A presente comunicação pretende apresentar como Leibniz constrói sua concepção de ideia no contexto de uma crítica ao cartesianismo e que, ao mesmo tempo, encontra eco na própria filosofia cartesiana. Desse modo, será possível delinear os traços básicos da relação entre Descartes e Leibniz no que concerne ao sensível, o que acabará por indicar, mesmo que em linhas gerais, o sentido da relação de ambos os filósofos com o empirismo de Locke.

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O modelo de constituição “apreensão-conteúdo de apreensão” nas Investigações lógicas de HusserlScheila Cristiane ThoméUFSCar Orientador(a): Prof.º Dr.º Bento Prado de Almeida Ferraz Neto

O modelo de constituição apreensão-conteúdo de apreensão (Auffassung-Auffassungsinhalt) foi formulado por Husserl pela primeira vez nas Investigações Lógicas (1900-1901). Segundo este modelo - que é primeiramente pensado para descrever a constituição perceptiva, mas que em seguida é generalizado como modelo para toda constituição objetiva - em toda constituição de objetos há um ato intencional que se direciona para dados de sensações e apreende tais conteúdos sensíveis que servem de base para a constituição do objeto. O objeto é, então, constituído mediante síntese e interpretação, como a unidade de múltiplos modos de perfis (suas múltiplas determinações sensíveis, como por exemplo, sua cor, forma espacial, seu cheiro, etc.). Este modelo interpretativo quando aplicado ao ato de percepção, de fato, funciona muito bem, mas uma dificuldade já aparece quando tentamos aplicar este modelo, por exemplo, para a constituição de objetos categoriais, pois nestes casos os conteúdos que servem de base para o ato de apreensão não são conteúdos propriamente sensíveis. O caso das intenções categorias manifesta a exigência de certo alargamento do modelo de constituição apreensão-conteúdo de apreensão. Procurarei apresentar nesta comunicação, num primeiro momento, em que consiste o modelo de constituição apreensão- conteúdo de apreensão nas Investigações lógicas e, num segundo momento, será empreendida uma discussão sobre

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os problemas que resultam da tentativa de Husserl de aplicar este modelo de constituição para todas as operações constitutivas da consciência.

As formas de reconhecimento – a relação entre lembrança e percepção na filosofia de BergsonSolange BitterbierUFSCarCNPqOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Silene Torres Marques

Para Bergson, a análise do reconhecimento consiste não somente em descrevê-lo, mas em abordar os problemas colocados por determinadas teorias do reconhecimento, as quais, por suas concepções equivocadas – em especial aquelas acerca da percepção e da sua relação com a lembrança – não conseguiram chegar a uma análise coerente deste fato. Segundo tais teorias criticadas por Bergson, o reconhecer seria explicado ao se fazer da lembrança uma espécie de percepção enfraquecida, como se entre percepção e lembrança houvesse uma simples diferença de grau. Essa compreensão da lembrança como um enfraquecimento da percepção revela seu caráter equivocado quando atentamos para duas formas que o reconhecimento pode tomar em nossa vida, tal como Bergson expõe minuciosamente em Matéria e memória. Uma delas é aquela própria à nossa vida prática onde a percepção, voltada ao agir, encadeia ações

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automáticas, visando exclusivamente ao útil e sem utilizar as lembranças: é o reconhecimento próprio à memória corporal, uma memória-hábito. A outra forma de reconhecimento exige a intervenção da memória enquanto lembrança e é através dele que experienciamos o misto que é nosso presente: um misto de percepções e lembranças, mais precisamente a união de estados motores e de lembranças. Tal reconhecimento é o ponto de contato entre passado e presente, entre memória pura e percepção, nos permitindo não somente compreender como Bergson caracteriza a memória espontânea, esta que aguarda uma “fissura” para expor suas particularidades, mas também a peculiaridade da consciência diante de nossas ações no presente. Pretendemos, diante da importância do reconhecimento na filosofia bergsoniana, expor uma análise de suas formas e de suas implicações nas concepções de consciência, memória e vida prática presentes na obra Matéria e memória.

A Hipótese de Obsolescência da Psicanálise em Herbert MarcuseSuzan Cristina dos AnjosUFPRCAPESOrientador(a): Prof. Dr. Luiz Repa

Em 1963, Marcuse pronunciaria em Nova York, na reunião anual da American Political Science, a conferência que mais tarde seria

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publicada no Brasil sob o título “Obsolescência da Psicanálise”. Nela, o filósofo irá afirmar que alguns princípios fundamentais da teoria freudiana, ao contrário do que pensava o pai da psicanálise, teriam validade histórica. Aqui, pretendemos analisar a hipótese marcuseana de obsolescência da psicanálise, ou seja, o motivo pelo qual Marcuse afirma a caducidade da teoria freudiana. Para Marcuse, a sociedade industrial avançada teria liquidado definitivamente com a figura balizadora do “Pai todo poderoso” edipiano. A figura do pai enquanto protagonista de uma família responsável pelas primeiras experiências de socialização e consolidação de valores necessários para a manutenção da ordem capitalista, hierarquia e autoridade, por exemplo, perde totalmente o seu valor. No interior de uma sociedade parricida, em seu sentido mais literal, a noção de “indivíduo” enquanto encarnação da estrutura do aparelho psíquico freudiano (ID, EGO, SUPEREGO), teria sido superada. Aquele antigo indivíduo se transformaria em massa. Nosso objetivo, aqui, é analisar estas transformações históricas que fazem com que Marcuse afirme a obsolescência da psicanálise, ao mesmo tempo em que se mantem fiel às suas “hipóteses mais provocadoras”. De acordo com o teórico crítico, a psicanálise freudiana, ou melhor, a sua metapsicologia - ainda que datada - possui uma “tendência oculta” a partir da qual é possível analisar a subjetividade que sustenta e mantem o status quo, quer dizer, a metapsicologia freudiana funcionaria enquanto instrumento que lança luz sobre os mecanismos de controle e repressão das pulsões conflitantes com a manutenção da ordem. E que, em um só tempo, aponta para a superação desta mesma realidade, isto é, a metapsicologia freudiana também serviria enquanto orientação para a transformação da realidade.

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Subjetividade e Tempo na Fenomenologia de HusserlTayrone Barbosa Justino AlvesUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Bento Prado de Almeida Ferraz Neto

Edmund Husserl nasceu em 8 de abril de 1859 em Prosnitz (atual Morávia, Áustria). É conhecido como o fundador da fenomenologia, linha de pensamento famosa no inicio do sec. XIX, inaugurada com as Investigações Lógicas. Nesta importante obra Husserl tem dois objetivos, o primeiro, denunciar os preconceitos psicologistas acerca da fundamentação da lógica; e o segundo, fundamentar uma teoria do conhecimento que não caia nestes mesmos preconceitos. Mas a partir de 1907 a fenomenologia toma rumos diferentes, com um curso sobre crítica do conhecimento, que posteriormente é publicado com o nome de A Idéia da Fenomenologia. Este texto apresenta certas mudanças com relação às Investigações, entre elas a introdução da redução fenomenológica. Tais mudanças culminarão nas teses expostas nas Idéias para uma Fenomenologia Pura e para uma Filosofia Fenomenológica. O objetivo da apresentação é investigar quais problemas levam Husserl a reconsiderar algumas teses de sua teoria fenomenológica até 1900, além das consequências que tais problemas trazem para a teoria fenomenológica em seu desenrolar posterior.Trataremos de tais assuntos da seguinte maneira: num primeiro momento exporemos rapidamente a teoria presente nas Investigações Lógicas. Nesta exposição pretende-se abordar

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as estruturas presentes no ato de conhecimento. Por fim, num segundo momento visamos esclarecer os motivos pelos quais Husserl é levado a reformular a concepção de subjetividade presente nas Investigações. Esta reformulação se dá, e isto é o que tentaremos apontar devido a dois motivos: o primeiro é o dilema que as estruturas presentes na fenomenologia de 1900 acarretam quanto à crítica do conhecimento; o segundo se dá devido às novas considerações sobre o tempo. Vale resaltar que este ultimo aspecto, a apreensão do tempo, é essencial para compreendermos as mudanças feitas na teoria fenomenológica. Para tal empreitada utilizaremos além das Investigações e A Idéia da Fenomenologia, as Lições para uma Consciência Interna do Tempo de 1905.

A psicanálise em Michel Foucault: agente do poder político moderno ou prática de liberdade?Thiago Canonenco NaldinhoUFSCarFAPESPOrientador(a): Prof.º Drº Luiz Roberto Monzani

A presente comunicação pretende abordar a presença da psicanálise na filosofia de Michel Foucault, especificamente naquele denominado o eixo da ética, constituído pelo agrupamento de suas pesquisas realizadas durante o fim dos anos 70 e início

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dos anos 80 do século passado. Partiremos das considerações foucaultianas situadas n’A vontade de saber (1º volume de sua História da sexualidade), onde a psicanálise é descrita como uma importante engrenagem do poder político moderno. Pautado por uma racionalidade que defende o uso e a gestão da vida humana como qualquer outro recurso disponível a seu governo, o Estado moderno teria empreendido um empobrecimento do tecido relacional tramado por e entre os indivíduos com o intuito de facilitação de seu gerenciamento. Nesse contexto, o saber e a prática psicanalíticos agiriam, por meio da atualização da antiga tecnologia cristã da confissão, na extração de uma verdade íntima do indivíduo, coadunada à normalização subjetiva posta em jogo pelo poder político. Em contraponto, abordaremos as declarações localizadas no curso de 1981-1982, ministrado no Collège de France e intitulado A hermenêutica do sujeito, no qual Foucault parece relatar uma outra modalidade de exercício da psicanálise nas relações entre sujeito e verdade. Nas veredas de sua investigação acerca da estética da existência, Foucault passa a entrever uma possibilidade de resistência ao poder subjetivante moderno por meio da invenção de novos modos de vida a partir do “cuidado de si”. Nesta feita, a psicanálise passa a ser relatada como uma forma de saber que traria em seu cerne as mesmas questões crucias – o preço que o sujeito deve pagar para aceder à verdade e os consequentes efeitos da verdade sobre o sujeito – que estiveram presentes na “cultura de si” existente nas antigas sociedades greco-helenístico-romanas, na qual exibia-se uma intensa proximidade entre a questão filosófica concernente às condições e limites do acesso do sujeito à verdade e a espiritualidade (entendida como o conjunto de práticas de si que

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garantiriam tal acesso ao sujeito).

A atividade das mãos: o papel do trabalho na educação de EmílioThiago Vargas Escobar AzevedoUSPCAPESOrientador(a):Prof. Dra. Maria das Graças de Souza

A comunicação tem como objetivo desenvolver algumas reflexões acerca da função do trabalho e das atividades manuais na educação de Emílio, e demonstrar suas como tais temas se ligam, de maneira mais ampla, ao campo dos problemas morais. Ensinar trabalhos que permitam ao jovem tornar-se autossuficiente e afastá-lo da ociosidade serão questões que deverão ocupar grande parte das preocupações do preceptor: devendo o pupilo aprender a ser útil para a sociedade na qual escolherá viver, e sendo o trabalho um dever incontornável do homem social, uma educação que vise bons resultados deverá iniciá-lo na maior diversidade de ofícios possíveis, tantos quantos forem necessários para que sua autonomia seja assegurada. Entretanto, não se trata de instruí-lo em quaisquer ofícios: sua a independência será garantida pelo trabalho das mãos, atividade que, segundo Rousseau, é a que mais se aproxima do estado natural. Ao ensiná-lo um fazer artesanal, instigando o pupilo a

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adquirir habilidades que o permitam, independente da do meio social ou situação em que se encontre, ser livre, Rousseau também evitará que Emílio se exponha à dependência causada pela divisão do trabalho. Finalmente, o trabalho das mãos será visto como um eficaz remédio para os males causados pelo vício da ociosidade: tornando o corpo vigoroso e saudável, as atividades manuais também fortalecem o temperamento e equilibram as paixões, e, desta forma, terminam por compor parte fundamental da moral e da educação de Emílio.

Entre as faces atuais e virtuais da continuidade: relações filosóficas entre Deleuze e Peirce Thien Spinelli Ferraz UNESP

Com este trabalho procuramos explorar relações estabelecidas por G. Deleuze (1925-1995) com a filosofia e semiótica de C. S. Peirce (1839-1914). Consideramos que o pensamento de G. Deleuze mergulha em problemáticas filosóficas fundamentais à filosofia moderna e contemporânea, problemáticas dentre as quais destacamos a reflexão sobre a continuidade e suas dimensões atuais e virtuais para a experiência. Entendemos que estas questões sobre a continuidade também são abordadas na filosofia peirceana, principalmente no que diz respeito à natureza fenomenológica e ontológica da continuidade e de suas dimensões atuais e virtuais. Nesse sentido, vemos que algumas

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regiões filosóficas habitadas pelo pensamento deleuziano se encontram com aquelas nas quais há a presença da filosofia e da lógica peirceanas, de modo que alguns elementos das relações de vizinhança entre estas filosofias são indicados por Deleuze em sua abordagem dos regimes de signos nascidos no cinema, por exemplo. No entanto, entendemos que estas ressonâncias não se fazem limitadas a este campo, de modo que buscamos explorar em que sentido a concepção de virtual e de um continuum ontológico e semiótico atravessa a filosofia de ambos os pensadores. Assim, discutimos como na filosofia deleuziana a noção de continuidade é concebida como um fluxo de ligações entre heterogêneos planos de intensidade por meio dos quais pensamentos são atualizados e virtualizados na experiência. Já na filosofia de Peirce, pautada em um Realismo Ontológico associado ao seu Sinequismo (uma teoria do continuum), o atual e o virtual seriam dimensões de realização da mente e do pensamento em diferentes manifestações fenomenológicas que se apresentam enquanto qualidades, relações e mediações. Por fim, com base na investigação sobre relações entre a filosofia de Deleuze e a de Peirce acerca da continuidade, buscamos indicar em que sentido o atual e o virtual não são realidade opostas, mas sim dimensões complementares para a realização do pensamento e de seus processos de criação de afirmações e registros de suas existências, posicionamentos e durações no tempo.

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Considerações acerca da formação discursiva no pensamento arqueológico de Michel FoucaultTiago Brentam PerenciniUNESPCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Rodrigo Pelloso Gelamo

Michel Foucault questiona a verdade no discurso produzido historicamente. A história não se constitui da totalidade do saber. Antes, é formada por sucessivas rupturas discursivas. Nosso objetivo nesse trabalho é compreender o modo de formação do discurso na história em A arqueologia do saber (1969). Primeiramente, procuraremos demonstrar como Foucault refuta as categorias tradicionais de análise tais como a distinção dos grandes tipos de formas ou gêneros que individualizam e opõem grandes temas como ciência, literatura e filosofia, bem como a ideia de gênese e de influência na história. Depois, cabe evidenciar quando o autor irrompe com a ideia de continuidade histórica nos objetos do discurso, nos modos de enunciação, nos conceitos e nas escolhas teóricas. Em terceiro lugar, identificaremos e demonstraremos de que modo cada discurso traz consigo as suas próprias regras de formação a partir de quatro relações: (a) O conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no tempo e no espaço que se constituem como práticas discursivas; (b) o sistema de formação que residem de maneira específica nas fronteiras de cada discurso e (c) o conjunto de relações verticais, discursivas e não discursivas a que se situa a formação do discurso. Acreditamos que essas considerações sobre as

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relações próprias de cada discurso contribuam para uma análise arqueológica do saber na história.

Notas sobre algumas alterações constatadas no argumento do imperativo categórico entre a Fundamentação da metafísica dos costumes e a Crítica da razão práticaThomas Matiolli MachadoUNESPCNPqOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Clélia Aparecida Martins

Na Fundamentação da metafísica dos costumes (1785), Kant fundamenta a moralidade, ou a razão pura prática na descoberta da espontaneidade da razão teórica e de sua passagem à razão prática. A liberdade da razão como espontaneidade refere-se, naturalmente, à razão teórica, porém, o homem como membro do mundo inteligível deve representar a sua vontade, que é senão a razão prática, como livre. Afinal, se aceita a alegação de Kant da espontaneidade da razão, não há como negar sem contradição a concessão da propriedade das coisas em si aos seres racionais e, com isso, sua submissão às leis do mundo inteligível. Supondo ser possível, a partir da razão teórica, inferir a liberdade, e disto uma justificação do caráter impositivo da lei moral, Kant conclui que, o homem enquanto ser racional, portanto “pertencente ao mundo inteligível, (...) jamais pode pensar a causalidade de sua própria vontade de outro modo senão sob a ideia da liberdade,

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pois independência de causas determinantes do mundo sensível é liberdade” (GMS, AA 04: 452). Não obstante, na Crítica da razão prática (1788) Kant relaciona o princípio da autonomia, como autolegislação, e insere um recurso conceitual que na Fundamentação inexistia, a saber, o factum da razão. O objetivo do presente trabalho é expor a diferença de abordagem entre as duas obras, e perscrutar o porquê do filósofo de Königsberg, ao tratar da possibilidade do imperativo categórico na segunda Crítica, ter achado necessário inserir o factum da razão em seu argumento.

Linguagem e sentido: a filosofia como temporalização do discurso em Henri BergsonVanessa de Oliveira TemporalUFSCarFAPESPOrientador(a): Prof.ª Dr.ª Débora Cristina Morato Pinto

A obra de Bergson contém uma dificuldade intrínseca quanto ao método intuitivo, sobretudo quanto à possibilidade de sua aplicação sem mistura à teoria de base racional. Esta dificuldade se coloca de modo que sua solução não pode ser feita a partir do emprego da lógica. Também quanto à análise filosófica, a novidade deste método impossibilita sua refutação seguindo o caminho da análise de texto, pois, de antemão, a maneira como o analisamos se vale do pensamento lógico. E sua obra se

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concentra em demonstrar e combater este uso do pensamento – predominante da tradição filosófica – na medida em que ele abstrai e antropomorfiza a natureza temporal do Ser. Apesar de a linguagem ser constituída por vários elementos temporais, sua hierarquia não contempla a ordem dos fatos positivos e apaga a subjetividade de sua autoria. Além disso, o emprego do passado na língua, não se refere obrigatoriamente a uma ordem concreta de eventos, em alguns casos, também se presta a constituir a condição de possibilidade do comentário ou narrativa do real. Procuraremos apresentar algumas alternativas de Bergson à vocação lógica predominante na linguagem, as quais envolvem a dimensão biológica do homem e a impossibilidade de dissociação da consciência e da vida do restante da natureza.

Do problema da recepção na obra Rua de mão única de Walter BenjaminVinicius Domingues ChamiçoUNIFESPCAPESOrientador(a): Prof.º Dr. Francisco De Ambrosis Pinheiro Machado

Escrita no período do entre guerras na Alemanha, a obra Rua de Mão única de Walter Benjamin é exemplo especial da paradoxal e grandiosa efervescência cultural da década de 20, no período conhecido como a República de Weimar. Influenciada pela vanguarda europeia, as “imagens de pensamento” (Denkenbild)

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são fragmentos de uma escrita singular e dissonante que permeia toda obra com uma crítica social e literária. Mas além do engajamento da obra, seu conteúdo e forma transparecem uma preocupação ainda recente na História da Arte: o problema da recepção. Assim, será apresentada uma análise acerca da preocupação de Benjamin transparecida na obra Rua de Mão única do problema da recepção, e como a consciência do autor alemão acerca do desenvolvimento da técnica e do fim aura já se encontravam de forma embrionária numa obra que precedia o ensaio “A obra de arte na época da sua reprodutibilidade técnica” cerca de 10 anos. Walter Benjamin nesta obra percebe uma mudança na percepção dos passantes na metrópole a ponto do autor se dedicar numa forma de escrita que mimetizasse um dos piores inimigos da crítica e da reflexão distanciada: os reclames publicitários.

A Primazia do objeto: esboços da relação Nietzsche-AdornoVinicius dos Santos XavierUFSCarCNPqOrientador(a): Prof. Dr. Wolfgan Leo Maar

O objetivo da presente comunicação é estabelecer a relação entre a filosofia da linguagem de Nietzsche e a crítica adorniana. Para situar tal imbricação em ambos os pensadores, apresentar-se-á, em um primeiro momento, como Theodor W. Adorno

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se vale da teoria nietzscheana para fundamentar sua crítica à hipóstase do objeto. Ainda que não cite textualmente, Adorno é um devedor daquele na medida em que sua crítica penetra no objeto histórico e não-estático afim de compreendê-lo, por meio da interpretação, sem cristalizar nenhum de seus aspectos. Essa cristalização se daria como ideológica. Em seguida, mostrar-se-á como a relação é estabelecida tomando-se o antropomorfismo da filosofia nietzscheana. Nesta, a prioridade que se dá a algumas experiências, que se cristaliza como verdade por meio de um esquecimento passivo, é desmontada teoricamente por meio da crítica. Nesse sentido, normas sociais e morais são impostas como verdade na medida em que se priorizam experiências em detrimento de outros aspectos, que, por si sós, seriam tão relevantes quanto quaisquer outros. A opção por um aspecto é sempre arbitrária e moralizante. Isto indica a internalização das normas sócio-morais pela consciência e sua criação pelas idiossincrasias pessoais dissimuladas. Nesse âmbito, ao atentar para a primazia do objeto, Adorno, sem esquecer-se do movimento dialético, constrói sua crítica e demonstra como o capitalismo tardio é hipostasiado e gira em torno de si mesmo. Sendo assim, há uma via de interpretação da apropriação da teoria nietzscheana por Adorno. Não há uma fixidez do objeto com um sentido estanque que não seja perpassado pela história e pela intepretação. O que em Nietzsche aparece como esquecimento e como moral, em Adorno aparece como alienação e reificação, visto o movimento cada vez mais abstrato e dominador do capital tornado fetiche. Há uma adequação autoimposta do movimento objetivante do objeto em direção à sua hipóstase também interna, vinda de dentro do sujeito como sua consciência (reificada). É

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na não aceitação de qualquer dado cristalizado, de qualquer conceito pré-concebido e hipostasiado, na sua ruptura interna, que se pode levar a cabo uma teoria dialética negativa.

A instabilidade das fronteiras das concepções de ciênciaVitor Orquiza de CarvalhoUNICAMPFAPESPOrientador(a): Prof.º Drº Luiz Roberto Monzani

O objetivo desta comunicação é o de compreender as fronteiras de concepções de ciência levando em consideração os conflitos no processo de suas demarcações. A partir da constatação de que as definições de ciência podem sofrer influências de dimensões que extrapolam aspectos metodológicos ou estritamente epistemológicos, este trabalho visa discutir a pertinência de considerar a instabilidade das fronteiras dos conceitos de ciência. Para ilustrar os conflitos de demarcação, propomos uma divisão em três grupos de estudiosos: (a) filósofos e historiadores da ciência, os quais dispensam apresentação sobre sua legitimidade em relação ao tema; (b) cientistas que de antemão têm sua cientificidade garantida, como a maioria dos físicos, que aparenta não se ocupar da tarefa de conceituar a ciência, preocupando-se primordialmente com o fazer da ciência per si, seja teórica ou empiricamente, mas que não deixam de significá-la uma vez que são eles que alimentam e desafiam os filósofos da ciência

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com suas propostas; e, no nosso entender, um terceiro grupo (c) pode compor esse conflito pelos que almejam ser – ou ter sido – reconhecidos como cientistas, ou seja, aqueles que na história do conhecimento proclamaram que seus fazeres seriam científicos por essa ou aquela justificação. Com esta divisão em mente, recuperamos brevemente alguns conflitos teóricos históricos que possivelmente teriam influenciado processos de demarcação característicos, como o do nascimento do conceito de ciência moderna e o da passagem do século XIX para o próximo. A partir disso, argumentamos com base em Lebrun e Kuhn que conflitos de demarcação podem ser decisivos para evidenciar a instabilidade de uma concepção de ciência. Nesse sentido, defendemos que a compreensão de uma concepção de ciência não pode prescindir do entendimento do contexto e do texto do discurso que levou a sua demarcação. Isto nos levou ao entendimento de que um conceito de ciência se estabelece de modo nebuloso, diante de diversas influências, o que faz do assunto algo difícil de afunilar e de expressar em termos absolutos.

Kierkegaard, Wittgenstein e os enunciados religiososWagner de BarrosUFSCarCAPESOrientador(a): Prof.º Dr.º Bento Prado de Almeida Ferraz Neto

O presente trabalho tem o objetivo de expor como, segundo a

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interpretação de Schönbaumsfeld, enunciados religiosos são significativos tanto para Kierkegaard quanto para Wittgenstein. Entre os diversos trabalhos que buscam investigar a relação entre Kierkegaard e o Tractatus de Wittgenstein, encontramos a leitura singular de Genia Schönbaumsfeld, desenvolvida em A confusion of spheres. A autora observa que o ponto comum entre os dois filósofos não está na consideração sobre natureza da linguagem, mas sim na visão sobre o ético-religioso. Para Schönbaumsfeld, Kierkegaard e Wittgenstein defendem que os fatos não adquirem qualquer influência nas ações ou decisões ético-religiosas. Há, pois, uma cisão entre esfera valorativa e esfera objetiva. A tese geral defendida pela autora é que ambos os filósofos ressaltam a esfera de cada fenômeno, ou seja, a fé religiosa não pode ser tratada como algo factual ou científico. Ao tentar trazer o religioso para o factual, objeto da ciência, o resultado é a negação de sua característica particular. Deste modo, trabalhar com os conceitos religiosos mediante uma perspectiva “científica” incorre na distorção do sentido do que é religioso. Segundo Schönbaumsfeld, ambos os filósofos defendem que é necessário distinguir cada esfera, não confundir religião com ciência e enunciados veritativos com a oração religiosa. De acordo com Schönbaumsfeld, temos que a compreensão dos conceitos da linguagem religiosa envolve a práxis religiosa, ou seja, o sentido envolve a práxis. Todavia, a interpretação de Schönbaumsfeld não é ausente de problemas. Buscar-se-á, por fim, apresentar os pontos negativos e positivos da leitura de Schönbaumsfeld.

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Universidade Federal de São CarlosCentro de Educação e Ciências Humanas

Programa de Pós-Graduação em Filosofia

Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências

Humanas UFSCar