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IX Encontro Nacional – o ENABED 2016 Forças Armadas e Sociedade Civil: Atores e Agendas da Defesa Nacional no Século XXI Florianópolis – UFSC Ciência, Tecnologia, Indústria e Gestão de Defesa. INDÚSTRIA BRASILEIRA DE DEFESA: OS IMPACTOS DOS ACORDOS DE COMPENSAÇÃO OFFSET PARA O SEU DESENVOLVIMENTO Autores: Camila de Lima Teixeira Oliveira. Pós-graduanda em Gestão de Negócios Internacionais pelo IBMEC- RJ; Bacharel em Defesa e Gestão Estratégica Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Contato: [email protected] Leandro Aparecido Simal Moreira. Doutorando em Engenharia de Defesa no Instituto Militar de Engenharia; Foi membro do Laboratório de Estudos Estratégicos e Institucionais – LEEI / UFRJ Contato: [email protected]

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IX Encontro Nacional – o ENABED 2016 Forças Armadas e Sociedade Civil: Atores e Agendas da Defesa

Nacional no Século XXI Florianópolis – UFSC

Ciência, Tecnologia, Indústria e Gestão de Defesa.

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE DEFESA: OS IMPACTOS DOS ACO RDOS DE COMPENSAÇÃO OFFSET PARA O SEU DESENVOLVIMENTO

Autores:

Camila de Lima Teixeira Oliveira. Pós-graduanda em Gestão de Negócios Internacionais pelo IBMEC- RJ; Bacharel em Defesa e Gestão Estratégica Internacional pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Contato: [email protected] Leandro Aparecido Simal Moreira. Doutorando em Engenharia de Defesa no Instituto Militar de Engenharia; Foi membro do Laboratório de Estudos Estratégicos e Institucionais – LEEI / UFRJ Contato: [email protected]

INDÚSTRIA BRASILEIRA DE DEFESA: os impactos dos acordos de compensação offset para o seu desenvolvimento

RESUMO Este artigo apresenta os resultados da pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Rio de Janeiro no âmbito do bacharelado Defesa e Gestão Estratégica Internacional em parceria com o Laboratório de Estudos Estratégicos e Institucionais da UFRJ (LEEI) sobre as vantagens e desvantagens dos acordos de compensação offset para o desenvolvimento da Indústria Brasileira de Defesa. O trabalho contém uma ampla e atualizada revisão bibliográfica sobre o assunto, dividida em duas partes: (i) um referencial teórico que percorre os conceitos de Base Industrial de Defesa e offset, em que importantes autores tais como J. Brauer, J. P. Dunne e William E. Jones são visitados; e (ii) o referencial jurídico brasileiro sobre acordos de compensação, desde o Decreto 86.010 de 15 de maio de 1981, que estabeleceu a exigência de compensação nos contratos de compra de material de emprego militar em benefício, a priori, da indústria aeronáutica brasileira, até os atuais documentos norteadores da política de defesa no Brasil, incluindo-se ainda um vasto levantamento sobre as leis e portarias que regulam o tema no âmbito de cada uma das Forças Armadas brasileiras. Baseado no referencial teórico levantado, o artigo faz uma análise das vantagens e desvantagens dos acordos com offset tanto para os países recebedores de transferência tecnológica quanto para os países ofertantes. Além disso, são apresentados os resultados de uma pesquisa de campo, realizada com pessoas de nacionalidade brasileira, envolvidas de alguma forma na área de defesa, em que se buscou obter dados sobre o conhecimento e a percepção dos acordos de compensação offset no país. Palavras-Chaves: Indústria Brasileira de Defesa, Acordos de compensação Offset, Base Industrial de Defesa.

ABSTRACT This paper presents the results of research developed at the Federal University of Rio de Janeiro under the bachelor degree Defence and International Strategic Management in partnership with the Strategic and Institutional Studies Lab of UFRJ about the advantages and disadvantages of offset compensation arrangements for the development of the Brazilian Defense Industry. The work contains an extensive and updated literature review on the subject, divided into two parts: (i) a theoretical framework that runs through the Defense Industrial Base and Offset concepts, in which important authors such as J. Brauer, JP Dunne and William E. Jones are visited; and (ii) the Brazilian legal framework on compensation arrangements, since the Ordinance 86.010 of May 15, 1981, which established the compensation requirement in purchase agreements for military use of material benefit, first, the Brazilian aeronautics industry, until the current guiding documents of defense policy in Brazil, including a vast survey of the laws and ordinances that regulate the issue within each of the Brazilian Armed Forces. Based on the raised theoretical framework, the article analyzes the advantages and disadvantages of offset agreements with both the recipient countries for technology transfer and for the offerers countries. In addition, we present the results of a field survey conducted with Brazilian nationals, involved in any way in the defense area, in which it sought to obtain data on the knowledge and perception of offset compensation arrangements in the country. Key-words: Brazilian Defense Industry, Compensation Agreements Offset, Defense Industrial Base.

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Introdução

O Brasil investiu numa indústria nacional de armas ao empreender com a criação de

algumas empresas e institutos que o ajudaram a se posicionar como produtor de material de

emprego militar (MEM). A saber: o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, em 1947; a Escola

Superior de Guerra, em 1948; o Centro Técnico Aeroespacial, em 1950; o Instituto de

Pesquisas da Marinha, em 1959; o Instituto Militar de Engenharia, em 1959; e a Empresa

Brasileira de Aeronáutica (EMBRAER), em 1969, a Indústria de Material Bélico do Brasil

(IMBEL), em 1975, a Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON), em 1982 e,

mais recentemente a Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. (Amazul), em 2013. A

EMBRAER, a IMBEL, a EMGEPRON e a Amazul foram criadas pelo governo como

empreses públicas vinculadas respectivamente à Aeronáutica, ao Exército e à Marinha do

Brasil. Hoje, somente a EMBRAER não é mais uma empresa pública devido a sua

privatização em 1994.

Na década de 1960, o Brasil decidiu investir na sua indústria de Defesa por acredita

ser essencial para a segurança nacional, reduzindo também a dependência de produtos

estrangeiros, nas décadas seguintes, 1970 e 1980, o país inicia o processo de exportação

de produtos de defesa nacionais e alcança a 8ª posição mundial no ranking dos

exportadores de materiais de emprego militar (DAGNINO & CAMPOS FILHO, 2007). Com o

fim da Guerra fria na década de 1990, e as politicas de desarmamento mundiais, o Brasil

acaba por ficar com matérias excedentes no mercado internacional de sistemas de armas

(SILVA, 2012).

Na década de 2000, os cenários nacionais e internacionais modificaram-se. Foram

criadas a Estratégia Nacional de Defesa (END), a Política de Defesa Nacional (PDN),

cresceu da participação chinesa no comércio internacional que, enquanto parceira comercial

do Brasil, afetou positivamente a balança comercial brasileira, aumentando tanto as

exportações quanto as importações. Diante da nova conjuntura foi possível um crescimento

econômico que alavancou a capacidade de investimentos estatais em áreas como a defesa.

Entre 2006 e 2009, o orçamento destinado à defesa nacional apresentou uma expansão

superior à do Produto Interno Bruto (PIB), com um crescimento de 23% contra 16% de

expansão do PIB (BRASIL, 2011a). As perspectivas futuras são o aumento da demanda por

MEM, graças à implementação dos programas de reaparelhamento e adequação das

Forcas Armadas brasileiras. (BRASIL, 2008; BRASIL, 2011a).

1. Conceito de Base Industrial de Defesa.

No Sistema Internacional as relações entre os Estados Nacionais são pautadas num

jogo de interdependência e anarquia, onde os Estados buscam sempre defender seus

interesses. Isto pode resultar em alianças ou conflitos, sendo assim, é imprescindível que os

2

Estados formulem políticas, entre elas, Políticas de Defesa, que visem preservar a

soberania e os interesses nacionais. Assim, o Brasil, através da sua Política de Defesa

Nacional, em seu nono objetivo pretende “Desenvolver a Base Industrial de Defesa,

orientada para a obtenção da autonomia em tecnologias indispensáveis”, o mais importante

para esta pesquisa (BRASIL, 2005a)

Marcelo Silva (2012, p. 18-30) em sua dissertação mostra quão vasta é a quantidade

de definições para a BID. Para Todd (1988 apud SILVA, 2012), a BID “compreende setores

industriais que produzem bens militares tanto quanto setores que produzem bens civis. [...]

quando a maioria deles é destinada para o mercado de defesa, a indústria é então

classificada como uma indústria de defesa”. Para Taylor e Hayward (1989 apud SILVA,

2012), a BID “compõe uma ampla variedade de empresas que suprem o departamento de

defesa e as força armadas com os equipamentos por ele requeridos”. Segundo Haglund

(1989, apud SILVA, 2012), deve atender ainda a dois requerimentos: “deve prover o material

normal de tempo de paz requerido pelos militares, e ser rapidamente expansível para

atender o aumento de demanda do tempo de guerra ou situações emergenciais”.

Segundo o Ministério da Defesa do Brasil, o conceito de BID trata de “um conjunto

de empresas estatais ou privadas, bem como organizações civis e militares, que participem

de uma ou mais etapas de pesquisa, desenvolvimento, produção, distribuição e manutenção

de produtos estratégicos de defesa” (BRASIL, 2005c).

A relevância da BID ganha sentido significativo a partir da análise de Ralph Sanders

(1990 apud SILVA, 2012, p. 30) de que o fato de o Governo inglês ter intentado influenciar a

África do Sul a não vender mísseis Scorpion à Argentina durante a Guerra das Malvinas, em

1982, evitou que o conflito tivesse resultados diferentes e ainda motivou sucessivas crises

políticas na Argentina. Diante desse evento, depreende-se que os países capazes de

desenvolver seus sistemas de armas, reduzem relativamente a dependência estrangeira

para fornecimento de sistemas de armas durante conflitos.

Eduardo Brick acredita que o termo Base Industrial de Defesa não é suficiente em si,

pois “o complexo envolve muito mais do que apenas instituições desenvolvedoras e

fabricantes de sistemas e produtos específicos para a defesa”. Para Brick, o termo mais

apropriado seria Base Logística de Defesa (BLD), que seria “o agregado de capacitações,

tecnológicas, materiais e humanas necessário para desenvolver e sustentar a expressão

militar do poder e a capacidade e competitividade industrial do país como um todo” (BRICK,

2011, p. 6). Neste estudo utilizaremos o termo adotado pelo Ministério da Defesa, Base

Industrial de defesa.

2. Offset: Acordos de Compensação em Defesa

Offset é “toda e qualquer prática compensatória acordada entre as partes, como

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condição para a importação de bens, serviços e tecnologia, com a intenção de gerar

benefícios de natureza industrial, tecnológica e comercial” (BRASIL, 2002).

Rodrigues (2007, p.52) entende que offsets “são práticas compensatórias industriais,

tecnológicas e/ou comerciais negociadas como condição de aquisição de máquinas,

equipamentos e serviços de grande valor agregado, com a intenção de criar um benefício

para o comprador”.

Ivo (2004) reconhece o offset como uma prática de compensação comercial,

industrial e tecnológica, que possibilita a obtenção de diversos benefícios a partir de grandes

importações de produtos e/ou serviços geralmente com alto valor agregado. Segundo ele,

diversas nações utilizam esses acordos de compensação como impulsionador do

desenvolvimento industrial e tecnológico de suas indústrias.

A origem do offset no mundo é incerta. Segundo Ivo (2004), alguns autores

consideram como a primeira ocorrência dessa prática o Kompensation

Gegenseitigkeitsgechäfte alemão (negócios de reciprocidade, tradução IVO, 2004), que se

tratava de trocas de produtos manufaturados por matérias-primas, com retorno parcial em

divisas, sempre que possível. Essa prática teria surgido com o fim da Primeira Grande

Guerra como uma solução para a escassez de divisas que a Alemanha enfrentava para

obter matéria-prima. Outros autores acreditam que a origem do offset data da assinatura do

Tratado de Bretton Woods em 1944, a partir da necessidade de se restabelecer a ordem

mundial com a reconstrução da Europa e do Japão. Durante a Segunda Grande Guerra, os

offsets ocorriam através de trocas diretas de MEM por commodities, pois os países que

mais sofreram economicamente com o conflito não podiam pagar pela importação dos

mesmos (IVO, 2004).

No Brasil, a primeira experiência offset de que se tem registro ocorreu na década de

1950 quando a Força Aérea Brasileira (FAB), numa aquisição de aeronaves inglesas exigiu

o valor equivalente das aeronaves em algodão (IVO, 2004; JORGE & BORGES, 2007;

TAVARES et al, 2014). No entanto, o marco jurídico brasileiro para os acordos de

compensação, que será tratado mais adiante, data do ano de 1981 com a aprovação do

Decreto n.º 86.010, de 15 de maio, que estabelecia a inclusão de cláusulas de

compensação nos contratos de aquisição de aeronaves e produtos aeronáuticos afins no

âmbito da aviação civil e militar, a fim de garantir o desenvolvimento da indústria

aeroespacial brasileira (BRASIL, 1981). Ainda no contexto brasileiro, a maior parte dos

contratos que apresentaram acordos de compensação priorizava a aquisição de tecnologia,

pois estas possibilitariam a “produção interna de peças e componentes relacionados ao

objeto do contrato; a promoção de exportação de produtos nacionais; e a obtenção de carga

de trabalho para a indústria local, preferencialmente do setor aeroespacial” (IVO, 2004, p.

52).

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A prática do offset divide-se em dois tipos e seis modalidades. Seus tipos são a

compensação direta, onde a compensação envolve bens e serviços diretamente

relacionados ao equipamento importado; e a compensação indireta, que ocorre quando a

compensação envolve bens e serviços indiretamente relacionados ao equipamento

importado (BRASIL, 2010b; BRASIL, 2010c).

As modalidades do offset são (BRASIL, 2005b; BRASIL, 2010a; BRASIL, 2010b;

BRASIL, 2010c):

• Produção sob licença: é a reprodução de um equipamento ou produto a partir da

transferência de informação técnica estrangeira;

• Co-produção: trata-se da associação entre empresas e/ou governos para produção

parcial ou total no país importador;

• Produção sob subcontrato: trata-se da terceirização da produção de partes de um

determinado produto pelo produtor original no país comprador;

• Investimentos: são realizados pelo fornecedor estrangeiro na forma de capital para

estabelecer ou expandir uma empresa nacional através da criação de uma joint-

venture ou de investimento direto;

• Transferência de tecnologia: ocorre através de P&D, assistência técnica,

treinamento, e atividades que visem ao aumento qualitativo do nível tecnológico do

país;

• Countertrade (contrapartida): são acordos comerciais que ocorrem na forma de (i)

barter (troca); (ii) Counter-Purchase (Contra-compra); (iii) buy-back

(subcontratação).

(i) Troca de produtos e serviços por outro de valor equivalente;

(ii) O vendedor estrangeiro se compromete a comprar ou providenciar

um comprador de um valor determinado de produtos ou serviços de

uma empresa nacional;

(iii) O vendedor estrangeiro aceita como pagamento total ou parcial

produtos derivados do produto originalmente importado.

3. A Evolução da Legislação e Normas sobre Offset.

Esta pesquisa tomou como marco jurídico dos acordos de compensação (offset) no

Brasil o Decreto nº 86.010, de 15 de maio de 1981, que estabeleceu a inclusão de cláusulas

de compensação nos contratos de aquisição de aeronaves e produtos aeronáuticos no

âmbito da aviação civil e militar, a fim de garantir o desenvolvimento da indústria

aeroespacial brasileira. Em seu art. 1º, este decreto determina quais as incumbências da

Comissão de Coordenação do Transporte Aéreo Civil (COTAC), que foi criada por Decreto

anterior de nº 64.910/1969. Dentre suas incumbências está “propor às autoridades

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governamentais medidas visando a assegurar o desenvolvimento harmônico da indústria do

transporte aéreo” (BRASIL, 1981). Em Julho de 1987, este decreto foi revogado pelo

Decreto nº 94.711 que passou a determinar no §3º do art. 4º que “os pedidos formulados

pelas empresas de transporte aéreo regular serão instruídos com parecer fundamentado do

Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias, na forma a ser estabelecida pela COTAC”.

Em 1988 foi promulgada a Constituição Federal brasileira que em seu art. 218, o

Estado assume o compromisso de “promover e incentivar o desenvolvimento científico, a

pesquisa e a capacitação tecnológica”. Isso demonstra a intenção brasileira de

desenvolvimento econômico e tecnológico interno, bem como a autonomia tecnológica do

país.

A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, determinou que os editais de licitação para

contratação de bens, serviços e obras poderiam, mediante prévia justificativa, exigir a

promoção de medidas compensatórias comerciais, industriais, tecnológicas ou acesso a

condições vantajosas de financiamento, cumulativamente ou não. (BRASIL, 1993).

No âmbito regulatório do Ministério da Defesa do Brasil tem-se a Portaria Normativa

nº 764/MD/2002, que aprovou a Política e as Diretrizes de Compensação Comercial,

Industrial e Tecnológica do Ministério da Defesa, cujo principal objetivo é a promoção do

desenvolvimento tecnológico e qualitativo das indústrias de defesa brasileiras.

O art. 8º desta portaria estabelece que toda negociação de importação com o mesmo

fornecedor num período de 12 meses realizada por qualquer uma das Forças Armadas deve

incluir um acordo de compensação, se o valor líquido (free on board)1 for acima de

US$ 5.000.000,00 (cinco milhões de dólares americanos) ou qualquer outra moeda num

valor equivalente. O art.19 estabelece que a iniciativa privada possa usufruir de créditos de

compensação desde que formalizada a utilização através de instrumento específico e que

beneficie as Forças Armadas. O art. 21 e seu parágrafo único responsabilizam a SELOM,

cuja finalidade principal é cooperar no desenvolvimento de atividades de planejamento da

logística e da mobilização nacional, por promover e coordenar a integração das Forças

Armadas com as demais partes dos acordos de compensação.

Em 2008, no segundo mandato de governo do então Presidente Luiz Inácio Lula da

Silva, o Decreto nº 6.703, de 18 de dezembro daquele ano aprovou a END, que além de

obrigar os órgãos da administração pública federal a incluírem em seus planejamentos,

ações que concorram para fortalecer a defesa nacional, dispõe que “[...] no esforço de

reorganizar a indústria nacional de material de defesa, buscar-se-á parcerias com outros

países, com o objetivo de desenvolver a capacitação tecnológica nacional, de modo a

1 Free on Board (FOB): Modalidade de divisão de responsabilidades, direitos e custos entre vendedor e comprador em transações comerciais internacionais. Ver: www.mdic.gov.br/sistemas_web/aprendex/default/index/popup/id/101

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reduzir progressivamente a compra de serviços e de produtos acabados no exterior”

(BRASIL, 2008).

Em 2010, a Lei nº 12.349, de 15 de dezembro, absorveu o §11 do art. 3º da Lei nº

8.666, de 21 de junho de 1993, sobre normas para licitações e contratos da Administração

Pública, permitindo a inclusão nos editais de licitação para contratação de bens, serviços e

obras, medidas de Compensação Comercial, Industrial e Tecnológica (offset) (BRASIL,

2010d).

Em 2011, o Decreto 7.546, de 2 de agosto, definiu as medidas de Compensação

Comercial, Industrial e Tecnológica (offset) como sendo “toda e qualquer prática

compensatória acordada entre as partes, como condição para a importação de bens,

serviços e tecnologia, com a intenção de gerar benefícios de natureza industrial, tecnológica

e comercial” (BRASIL, 2011b).

O Decreto nº 7.970, de 28 de março de 2013 regulamentou dispositivos da Lei nº

12.598/2012, e cria a Comissão Mista da Indústria de Defesa (CMID) com as seguintes

finalidades: “(i) assessorar o Ministro de Estado da Defesa em processos decisórios com

relação a aquisições ou importações de itens de defesa; (ii) coordenar todos os assuntos

referentes à PNID; (iii) definir quais produtos, obras ou serviços serão considerados

PRODE, SD ou PED; entre outras atribuições.”

No âmbito regulatório da Aeronáutica brasileira tem-se a Portaria nº 1.395/GC4, de

13 de dezembro de 2005 que revogou a Portaria 853/GM2 de 18 de dezembro de 1991 e a

747/GM2 de 21 de setembro de 1992 e estabelece a Política de Compensação Comercial,

Industrial e Tecnológica do Ministério da Aeronáutica definindo acordo de compensação

como sendo “O instrumento legal que formaliza o compromisso e as obrigações do

fornecedor estrangeiro para compensar as importações realizadas pelas Forças Armadas;

por empresas nacionais contratadas pelas Forças Armadas e; por operadores da Aviação

Civil.” (BRASIL, 2005b).

O objetivo dessa Política é “a promoção do crescimento dos níveis tecnológico e de

qualidade do Parque Industrial Aeroespacial Brasileiro, com a modernização dos métodos e

processos de produção e implementação de novas tecnologias” (BRASIL, 2005b). Tendo isto

em vista, o documento lista algumas ações, as quais chamou de estratégicas, que

possibilitarão o cumprimento do que objetiva esta Política, dentre as quais destacamos:

[...] b) incentivar, nos Acordos de Compensação, a efetiva participação de empresas nacionais, objetivando o aumento da carga de trabalho, preferencialmente do Parque Industrial Aeroespacial Brasileiro; c) formalizar contratualmente a transferência de tecnologia, visando à elevação do nível técnico-profissional dos recursos humanos do Parque Industrial Aeroespacial Brasileiro, assim como de seus processos; d) criar novas oportunidades de emprego de alto nível tecnológico, mediante a especialização e o aperfeiçoamento dos recursos humanos do Parque Industrial Aeroespacial Brasileiro; [...]

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h) negociar, junto aos fornecedores externos, a participação de empresas nacionais, sempre que possível, na produção de bens e serviços afetos ao objeto da aquisição; e i) buscar a garantia da máxima autonomia nacional na manutenção, operação e futuras atualizações dos bens e serviços objetos da negociação. (BRASIL, 2005b)

Já em 2010, no âmbito regulatório da Marinha do Brasil, a Portaria nº 59, de 18 de

fevereiro determina as Diretrizes para a Compensação Comercial, Industrial e Tecnológica,

substituindo a Portaria nº 286/MB/2001. Assim como a Política de Compensação Comercial,

Industrial e Tecnológica do Ministério da Aeronáutica, a Portaria nº 59 aborda conceitos

sobre as práticas de offset, e atribui responsabilidades internamente para a implementação

e acompanhamento dos acordos de compensação, designando a Empresa Gerencial de

Projetos Navais (EMGEPRON) como responsável por assessorar a condução das

negociações destes no âmbito da Marinha do Brasil. Esta Portaria também criou o Conselho

de Compensação da Marinha do Brasil (CCMB) (BRASIL, 2010b).

A Portaria n º 201 do Estado Maior do Exército, de 26 de dezembro de 2011 aprovou

as Normas para Gestão de Acordos de Compensação Comercial, Industrial e Tecnológica no

Exército Brasileiro. Bem como a Marinha e a Aeronáutica, esta Portaria conceitua sobre as

práticas de offset e atribui responsabilidades internamente para a implementação e

acompanhamento dos acordos de compensação, criando também o Sistema de Gestão de

Acordos de Compensação Comercial, Industrial e Tecnológica do Exército Brasileiro

(SISGAC) (BRASIL, 2011c).

4. A Indústria Brasileira de Defesa.

A história da Indústria Brasileira de Defesa pode ser dividida nos seguintes períodos:

período das Fábricas Militares; das Grandes Guerras; da Pesquisa e Desenvolvimento; o

Declínio; e por último, o Movimento de Revitalização.

Em 1889 inicia-se o período das Fábricas Militares e ocorre a Proclamação da

República, que com ela traz muitos problemas políticos e econômicos que contribuíram

ainda mais para a estagnação da indústria bélica. No entanto, a necessidade de se

reequipar o Exército e a Marinha, desguarnecidos pelos conflitos, trouxe novo folego à

indústria. Inicialmente, recorreu-se à importação de armamentos a fim de que os Arsenais

promovessem oficinas de montagem e manutenção destes. Isso gerou uma dependência de

fornecedores internacionais que de fato não contribuiu para o desenvolvimento da indústria

bélica brasileira no período (LAMELLAS, 2010).

No período das Fábricas Militares foram fundadas as Fábricas do Realengo, em

1898, que produzia munições para armas portáteis; a Fábrica de Piquete, em 1906,

atualmente Fábrica Presidente Vargas, que produzia explosivos; a Fábrica do Andaraí, em

1932, que produzia granadas de artilharia e morteiros; a Fábrica de Curitiba que produzia

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viaturas coloniais hipomóveis, cozinhas de campanha, equipamentos de transposição de

cursos de água e reboques para viaturas; a Fábrica de Itajubá que produzia armamento

leve; a Fábrica de Juiz de Fora que produzia munição de grosso calibre; a Fábrica de

Bonsucesso, em 1933, que produzia máscaras contra gases, produtos químicos fumígenos

e de gases de guerra; e em 1939 a Fábrica de Materiais de Comunicações, hoje Fábrica de

Material de Comunicações e Eletrônica (FMCE) da IMBEL (IMAI, 2011).

O período das Grandes Guerras data de 1914 a 1945. Durante a Primeira Guerra

Mundial houve uma diminuição das importações e escassez de mão de obra especializada.

Já na Segunda Guerra Mundial surgiu um novo fôlego para a indústria com novos

financiamentos à produção, mas estes não foram suficientes para suprir a demanda em sua

totalidade e novamente o país tornou a recorrer às importações para equipar as tropas

nacionais (FERNANDES, 2013).

O marco do período da Pesquisa e Desenvolvimento data de 1950, com a retomada

da industrialização e a implantação de uma nova política de ciência e tecnologia a fim de

romper com as barreiras tecnológicas oriundas das articulações das grandes potências para

controlar as pesquisas de tecnologias militares nas áreas nuclear, de mísseis e computação,

com a justificativa de impedir o aumento de arsenais atômicos (LAMELLAS, 2010).

Esse movimento impulsionou as Forças Armadas para a capacitação autônoma e

obtenção de material bélico.

A Força Aérea, com o atual Centro Técnico Aeroespacial, a Força Naval, com o Instituto de Pesquisas da Marinha, e a Força Terrestre, com o Centro Tecnológico do Exército, realizaram extraordinário trabalho de fomento industrial, tendo a iniciativa privada respondido de maneira exemplar ao esforço nacional (LAMELLAS, 2010, p. 21).

Na década de 1960, o Brasil já possuía universidades, centros de pesquisas e um

parque industrial que pretendia desenvolver a indústria de defesa. Durante a década de

1970 a indústria se diversificou com a produção de sistemas de pontaria, blindagens,

canhões, metralhadoras de calibres maiores e embarcações. Nesse período também foram

criadas as empresas: Imbel, Emgepron, Embraer, Engesa, Avibras, Bernardini, Engesa-

Química, DF Vasconcelos, CBC, Novatração, Prólogo, Siteltra, Helibras, Valparaíba, Condor,

Britanite, Bemesa, Terex (LAMELLAS, 2010).

Apesar de pouco desenvolvidas tecnologicamente, se comparadas a empresas de

países desenvolvidos, as empresas brasileiras viam nas exportações uma forma de escoar

os produtos que o Estado brasileiro não conseguia adquirir por incapacidade financeira.

Nesse contexto, nos anos 1980, a indústria de defesa brasileira iniciou sua projeção no

mercado internacional. As empresas que se destacaram nas exportações foram a Engesa,

Avibras e Embraer (FERNANDES, 2013). Nessa mesma década, o Brasil alcançou a 8ª

posição no ranking mundial de exportadores com cerca de US$ 2 milhões em vendas,

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segundo dados do SIPRI2. Isso se deveu muito à conjuntura mundial da época, tendo em

vista a instabilidade no Oriente Médio e os diversos conflitos espalhados pelo mundo

(DAGNINO & CAMPOS FILHO, 2007).

Nos anos 1990, com o fim da Guerra Fria, surgiram as políticas de desarmamento

mundiais, o que acabou gerando excedentes de MEM no mercado internacional (SILVA,

2012). Questões internas também se tornaram entraves para o desenvolvimento da IBD,

como o esforço de cooperação entre Arábia Saudita e o Brasil no desenvolvimento de um

tanque, que, no entanto, estagnou-se por dificuldades de financiamento do Brasil devido à

hiperinflação e aos elevados níveis de dívida externa (DAGNINO & CAMPOS FILHO, 2007).

O declínio da Indústria Brasileira de Defesa pode ser explicado pelos seguintes

motivos: (i) as empresas brasileiras dependiam muito das exportações, visto a baixa

demanda do Estado brasileiro por produtos de defesa e redução dos orçamentos militares;

(ii) pouco acesso a tecnologia de ponta e alto custo produtivo devido a tecnologia envolvida;

(iii) novos entrantes no mercado internacional, como China, Índia, Paquistão e Coréia do

Norte; (iv) problemas macroeconômicos internos brasileiros e políticas fiscal e cambial

fracas (LAMELLAS, 2010; FERNANDES, 2013).

Na década de 2000, foram criadas a END e a PDN, o cenário internacional

modificou-se, por exemplo, o crescimento da participação chinesa3 no comércio

internacional que, enquanto parceira comercial do Brasil, afetou positivamente a balança

comercial brasileira, aumentando tanto as exportações quanto as importações. Diante da

nova conjuntura foi possível um crescimento econômico que alavancou a capacidade de

investimentos estatais em áreas como a defesa. Entre 2006 e 2009, o orçamento destinado

à defesa nacional apresentou uma expansão superior à do PIB, com um crescimento de

23% contra 16% de expansão do PIB (BRASIL, 2011a). Em 2013, as perspectivas eram o

aumento da demanda por materiais de emprego militar para a Defesa. De acordo com o

Diagnostico produzido pela ABDI (BRASIL, 2011a)

o governo federal deverá investir cerca de R$ 60 bilhões nos principais programas de reaparelhamento e adequação da área militar. Desse total, cerca de R$ 18 bilhões (30%) já estão contratados, R$ 9,3 bilhões (15,6%) são de produtos que se encontram em fase de desenvolvimento e 27,7% estão aguardando a seleção das empresas. Nesses 27,7%, destacam-se os três programas voltados para a implantação e modernização dos sistemas de monitoramento e controle, o SISFRON do Exército, o SisGAAz da Marinha e o SISDABRA da Força Aérea. (BRASIL, 2011a, p. 14)

2 SIPRI – Stockholm International Peace Research Institute - Um instituto internacional independente dedicado à pesquisa em conflitos, armamentos, controle de armas e desarmamento (Tradução Nossa). Disponível em: <http://www.sipri.org/about> 3 Fonte: BNDS. A Economia Brasileira:conquistas dos últimos dez anos e perspectivas para o futuro. Disponível em:<www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/livro60anos_perspectivas_setoriais/Setorial60anos_VOL1EconomiaBrasileira.pdf> Acesso em 15/06/2015.

10

SITUAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROGRAMAS DE REAPARELHAMENT O E

ADEQUAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS

(R$ milhões e %) (2011-2020).

Situação Valores Estimados

(R$ milhões)

Participação (%)

Encomendados

(incluindo lotes iniciais)

18.061 30,1

Em desenvolvimento 9.382 15,6

Processo de seleção 16.638 27,7

Total 60.101 100,0

Fonte: BRASIL, 2011a, p.14. Situação dos principais programas de reaparelhamento e adequação das Forças Armadas (R$ milhões e %)

(2011-2020).

Eduardo Brick (2014ab) elaborou dois mapeamentos sobre a indústria de defesa e

segurança no Brasil a partir de entrevista realizada com empresas integrantes da

Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (ABIMDE). O

primeiro mapeamento diz respeito ao perfil das empresas associadas à ABIMDE e o

segundo ao mercado de segurança e defesa brasileiro. Aproximadamente 50% das 200

empresas associadas à ABIMDE responderam totalmente ou parcialmente ao questionário

de pesquisa.

Com base nesse estudo, pode-se observar que a natureza jurídica da grande maioria

das empresas é privada sendo que mais de 60% são limitadas; as sociedades anônimas

representam 23,66%, e as empresas públicas, órgãos públicos do Poder Executivo Federal

e sociedades de economia mista se reduzem a 4,31% do total. De um total de 93 empresas,

apenas 22 possuem capital maior que 100 e menor ou igual a 1.000 e outras 22 possuem

capital maior que 1.000 e menor ou igual a 10.000. A maioria das empresas brasileiras

possui capital misto, com participação no seu capital majoritariamente brasileira. Contudo os

investimentos estrangeiros são bastante numerosos. Vinte e quatro empresas possuem

participação de capital estrangeiro oriundos de países como França, Itália, EUA, Reino

Unido, Israel, Noruega, Rússia, Panamá e Espanha (BRICK, 2014a).

Baseado na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)4,

Brick (2014a) identificou que 12 das 88 empresas que informaram dados são indústrias de

médio porte e 17 empresas de comércio e serviços são pequenas. Com relação à

4 A classificação de porte segundo a classificação do IBGE para fins bancários, ações de tecnologia, exportação e outros: Para as Indústrias: Microempresa = até 19 empregados; Pequena empresa = 20 a 99 empregados; Média empresa = 100 a 499 empregados; Grande empresa = mais de 500 empregados. Para Comércio e serviços: Microempresa = até 9 empregados; Pequena empresa = 10 a 49 empregados; Média empresa = 50 a 99 empregados; Grande empresa = mais de 100 empregados.

11

distribuição geográfica, existe uma grande concentração de empregos no sudeste,

particularmente em São Paulo.

Segundo a ABIMDE (2011), em 2011 o número de empregos diretos no setor de

defesa era da ordem de 25 mil e indiretos da ordem de 100 mil. Para Correa Filho (2013)

apesar de a indústria de defesa ainda representar uma parcela mínima do emprego

industrial, a perspectiva é de que haja um crescimento considerável devido aos projetos

estratégicos previstos para atendimento às demandas das Forças Armadas nos próximos

vinte anos. Ou seja, que em 2020 esses números sejam 48 mil e 190 mil respectivamente, e

em 2030, 60 mil e 240 mil respectivamente (BRASIL, 2011a).

De acordo com o Diagnóstico da ABDI (BRASIL, 2011a), a empregabilidade da

Indústria Brasileira de Defesa está dividida em 38% do número de empregados em

atividades de defesa em empresas de capital público; 24 % em atividades de defesa em

empresas de capital privado misto – minoritário estrangeiro; outros 24 % em empresas de

capital privado nacional; e 14% em empresas de capital nacional misto – minoritário público.

Brick (2014b) identificou que há grande concentração do mercado em poucas empresas,

pois apenas 5 delas são responsáveis por cerca de 90% do faturamento total. Ele observou

também que as empresas se sustentam principalmente com a exploração do mercado civil e

que a partir de 2008 ocorreu um aumento do faturamento com as Forças Armadas.

5. Vantagens e desvantagens dos Acordos de Compensa ção (offset)

Para analisar os impactos positivos e negativos dos acordos de compensação

(offset), admitiremos a existência de dois lados a serem analisados, o lado dos

“recebedores” e o lado dos “ofertantes” (CARLOS, 2013).

Em sua análise, Carlos (2013) identificou que os acordos de compensação

proporcionam as seguintes vantagens aos “recebedores”:

(i) Influência positiva na balança comercial do país;

(ii) Estimula o apoio popular às compras de sistemas de defesa;

(iii) Possibilidade de desenvolvimento da indústria local;

(iv) Correções no mercado de trabalho;

(v) Aumento do capital para investimento;

(vi) Promoção de indústrias estratégicas;

(vii) Correção da assimetria de informação;

(viii) Redução dos riscos e incertezas dos investimentos;

(ix) Promoção de fontes alternativas de investimentos

(CARLOS, 2013, p. 24-25).

Com relação ao Brasil, podemos exemplificar o projeto F-X Gripen como uma

possibilidade de desenvolvimento da indústria local, como uma promoção das indústrias

12

estratégicas brasileiras e de fontes alternativas de investimentos, pois além da transferência

de tecnologia, prevê-se a entrega dos códigos fontes dos softwares embarcados nas

aeronaves. Foram oferecidas ainda, como vantagens comerciais, a possibilidade de parceria

com empresas do setor aeroespacial brasileiro, além de investimentos diretos em áreas

como a indústria eletrônica (IVO, 2004).

Conforme a Portaria nº 764/MD/2002, as vantagens dos acordos de compensação

são (i) a elevação do patamar tecnológico das indústrias de defesa, com a atualização dos

seus processos produtivos e a obtenção de tecnologias atuais, objetivando aumentar a sua

produtividade e permitir a sua competitividade no mercado internacional; (ii) geração de

novos empregos de elevado grau tecnológico, por meio da diferenciação e do

aprimoramento dos recursos humanos dos setores de interesse; (iii) a nacionalização dos

itens de defesa, acompanhada da gradual autonomia relativa ao mercado estrangeiro

(CARLOS, 2013). Isto posto, os países em desenvolvimento, enquanto “recebedores”,

possuem três principais motivos para praticarem offset: “(i) Desenvolver a Base Industrial de

Defesa; (ii) Reduzir a dependência dos fornecedores de armas estrangeiros; e (iii) Contribuir

para o desenvolvimento de sua indústria civil de alta tecnologia.” (CARLOS, 2013, p.25).

No caso brasileiro, a Embraer pode representar o sucesso mais claro da estratégia

de transferência de tecnologia bem sucedida. A Embraer gradualmente ascendeu

tecnologicamente, o que possibilitou o desenvolvimento simultâneo de tecnologias militares

e civis, tornando-a um líder mundial no mercado de jatos regionais. Isto, no entanto, foi

conseguido através de investimento maciço do governo e de subsídios (BRAUER &

DUNNE, 2005). Todavia, o caso da Embraer poderia não ter surtido o efeito que surtiu se a

empresa não tivesse capacidade para absorver e aprimorar a tecnologia recebida.

Baseado na experiência norte-americana, Jones (2001) aponta algumas

desvantagens oferecidas pelos acordos de compensação aos países “recebedores”. Ele

afirma que os acordos de compensação podem aumentar a capacidade militar em

detrimento de uma utilização mais eficiente dos recursos financeiros na defesa. Mas adiante

apresenta-se um exemplo disso que ocorreu na Indonésia a partir da literatura de Brauer &

Dunne (2005). Jones (2001) observa ainda que empregos são perdidos porque alguns

produtos de defesa são importados, ou seja, até as peças produzidas no exterior diminuem

o número de empregos na base industrial de defesa. A produção estrangeira também

representa uma fonte de concorrência adicional que pode reduzir a quota de mercado

nacional, e, portanto, da base industrial. Nesse sentido, como desvantagens para os

“recebedores”, há o aumento dos custos associados ao contrato de aquisição, com o

aumento de preços devido aos acordos de compensação; a corrupção; a falta de

transparência nas transações; e a transferência de tecnologias primárias ou defasadas

(CARLOS, 2013; BRASIL, 2010a). Outro resultado da compensação é o fato de algumas

13

peças não serem fabricadas no país recebedor, o que representa uma vulnerabilidade em

caso iminente de confronto armado, pois limitaria o acesso a determinadas peças críticas

quando necessárias (JONES, 2001).

Brauer & Dunne (2005) apresentam casos que podem corroborar a negatividade dos

acordos de compensação para os países “recebedores”. O programa de aviões civis da

Indonésia baseado em acordos de compensação não foi bem sucedido, pois empregava

muito mais trabalhadores do que precisava e foi prejudicado pelo excesso de capacidade de

produção. Além de o governo ter investido cerca de US$ 1 bilhão em um avião civil

particular, que deixou de receber a certificação das Forças Armadas impossibilitando a sua

comercialização. O caso da Índia em que há dúvidas de que certas tecnologias foram

transferidas com sucesso nos acordos de compensação praticados, pois a indústria não

conseguiu acompanhar o ritmo da mudança tecnológica em sistemas de armas (BRAUER &

DUNNE, 2005). Nesse sentido, a transferência de tecnologia avançada é uma preocupação

para qualquer governo, pois se ela ocorrer de forma incorreta irá prejudicar a base industrial

de defesa, porque aumenta a concorrência de empresas estrangeiras em todos os níveis da

base industrial (JONES, 2001).

Segundo Brauer & Dunne (2005) e Jones (2001), os acordos de compensação mais

refletem tentativas de justificar politicamente a aquisição estrangeira, especialmente em

democracias emergentes, do que benefícios econômicos comprovados. Finalmente, para

um país em desenvolvimento, ser capaz de manter e atualizar sistemas de defesa em curto

prazo é mais viável que manter a capacidade de produção doméstica. Isto pode ser

conseguido através dos acordos de compensação (offsets) possibilitando a manutenção das

capacidades tecnológicas e transferência de tecnologia para manter uma base industrial de

defesa local (BRAUER & DUNNE, 2005).

Jones identificou ainda algumas características que dizem respeito ao país

comprador ser motivado a adquirir tecnologia para reforçar a sua posição econômica e/ou

política em longo prazo: (i) o reconhecimento de que acordos de compensação dependem

do ambiente político e econômico bem como da infraestrutura industrial de cada país; (ii) a

necessidade de o volume dos benefícios das compensações serem proporcionais ao poder

aquisitivo do país comprador, e por último; (iii) a política de compras governamentais

baseada em acordos de compensação dever ser ligada ao desejo de fornecer uma base

para promover ainda mais o desenvolvimento econômico do país (JONES, 2001).

Renato Dagnino (2010) analisa os efeitos dos acordos de compensação em defesa

dessa mesma forma.

Os acordos de offset têm um impacto pequeno em termos de geração de emprego sustentável, não parecem contribuir de forma substantiva para o crescimento econômico e, com muito poucas exceções não resultam em significativa transferência de tecnologia, nem mesmo no interior do setor militar; muito menos

14

para as empresas que operam no setor civil do país receptor. Mas mais do que isso, nos poucos casos em que ocorreu uma efetiva transferência de tecnologia, ela rapidamente se tornou obsoleta em função do continuo avanço tecnológico produzidos nos países exportadores. (DAGNINO, 2010, p. 172)

Em suma, estes autores afirmam que as compensações não resultam em redução de

custos na aquisição de armas, não estimulam o desenvolvimento econômico, não estimulam

e nem sustentam a criação de emprego, que se limitam apenas a transferência de

tecnologia para o setor militar que muitas vezes ocorre ao longo de décadas e a custos

elevados, e que não há quase nenhuma transferência de tecnologia bem sucedida no setor

civil. Além disso, qualquer que seja a tecnologia transferida é rapidamente ultrapassada por

avanços tecnológicos contínuos nos principais países desenvolvidos, especialmente

Estados Unidos.

Da perspectiva do “ofertante”, a transferência de tecnologias pode representar perda

de competitividade futura, pois através desta, futuros concorrentes aprimoram suas

capacidades produtivas e tecnológicas. Mas de fato, o que se tem visto é a transferência de

tecnologias defasadas ou em vias de desatualização, que somadas à falta de capacidade

dos países “recebedores” de acompanhar as inovações tecnológicas, configuram um mau

negócio para estes últimos (JONES, 2001). Isto posto, para os “ofertantes” as vantagens se

reduzem a

(i) Vencer as disputas internacionais de vendas de armas, já que quase a

totalidade das mesmas inclui as compensações como um dos fatores de decisão;

(ii) Ampliar os mercados consumidores;

(iii) Estabelecer alianças estratégicas;

(iv) Padronizar os armamentos utilizados por seus aliados;

(v) Reduzir o custo de fabricação dos componentes em razão da economia de

escala (CARLOS, 2013, p.25).

Contudo, as desvantagens apresentadas aos “ofertantes” são “a perda da

capacidade de desenvolvimento tecnológico, pois seus recursos passam a ser investidos em

outro país; a perda de qualificação da mão de obra na matriz; e principalmente o

enfraquecimento das relações comerciais internas” (CARLOS, 2013, p.25-26).

6. Vantagens e desvantagens da prática de Offset no Brasil

Ao se considerar um país pacifista, sem intenções imperialistas, o Brasil se coloca

em posição confortável no sistema internacional onde não nutre inimigos declarados. Desse

modo, o país não possui a urgência de pronto emprego das suas Forças Armadas. A

principal vantagem disso é que o país dispõe de tempo para investir em ciência, tecnologia e

inovação para fortalecer sua Base Industrial de Defesa e aparelhar suas Forças Armadas,

de modo que não haja dependência de fornecimento estrangeiro para provimento militar. A

15

Defesa Nacional depende fundamentalmente desses dois instrumentos igualmente

importantes: as Forças Armadas, que são a expressão operacional militar do Poder; e a

Base Industrial de Defesa (ou Base Logística de Defesa), que é a expressão industrial,

científico-tecnológica do Poder e que tem a capacidade industrial e de inovação para

aparelhar e manter as Forças Armadas em funcionamento.

A partir deste panorama da prática de offset no Brasil, cabe agora analisar as

consequências de sua utilização. Conforme exposto aqui, os acordos de offset são

solicitações de compensação baseadas no valor dos contratos de aquisição de produtos de

defesa realizado pelo governo, pelas Forças Armadas ou por empresas estatais. O caso

analisado neste trabalho é o brasileiro, cuja compensação solicitada é, em sua maioria, a

transferência de tecnologia. A partir da constatação de que o Brasil está seguindo uma

tendência mundial ao praticar offset em seus contratos de aquisição de produtos de defesa

buscaremos demonstrar as vantagens e desvantagens desta prática para o país.

Conforme exposto ao longo deste trabalho, não existe no Brasil um complexo

industrial específico e exclusivo para a defesa, mas sim capacitações industriais que podem

ser utilizadas para desenvolvimento e produção de material de emprego militar, incluindo as

4 principais empresas vinculadas às Forças Armadas brasileiras: EMBRAER, EMGEPRON,

AMAZUL e a IMBEL. Sendo assim, é difícil mensurar o quão relevante é a prática do offset

para o setor industrial, pois como já mencionado, a produção de defesa só é ativada

conforme a demanda. Sua participação na geração de empregos ainda é bastante ínfima.

Em empresas de capital público, 38% dos empregados atuam em atividades de defesa; em

empresas de capital privado misto-minoritário estrangeiro 24%; em empresas de capital

nacional misto-minoritário público, apenas 14% atuam em atividades de defesa. O mercado

que as sustenta é principalmente o civil, tendo o mercado de defesa um acréscimo de

participação a partir de 2008, após o início do movimento de reaparelhamento das Forças

Armadas Brasileiras.

Assim como seguiu o exemplo de vários países desenvolvidos na utilização dos

acordos de compensação nas aquisições de defesa, o Brasil poderia seguir o exemplo de

países como os Estados Unidos e centralizar a gestão do desenvolvimento e da aquisição

de sistemas de defesa em um único ente responsável para agregar clareza e coesão ao

setor de defesa no país. Atualmente, atuam nesse sentido pelo menos três Ministérios

diferentes com orçamentos diferentes: o Ministério da Defesa, os Ministérios de

Desenvolvimento Industrial e Comércio Exterior e o de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Enquanto “recebedor”, o Brasil busca benefícios com os acordos de compensação

nas aquisições de defesa através da transferência de tecnologia, com a promoção de

algumas empresas estratégicas e com a nacionalização de itens de defesa, pois através

desses contratos, empresas brasileiras estão sendo capacitadas tecnologicamente a

16

produzir os itens hoje adquiridos de empresas estrangeiras. Essa capacitação, se

aprimorada nacionalmente, pode criar oportunidades de participação no mercado

internacional para as empresas brasileiras, além de reduzir a dependência de fornecimento

estrangeiro de produtos de defesa. O aumento da capacidade militar, além de uma

consequência vantajosa, é uma motivação, tendo em vista os programas de

reaparelhamento militar brasileiro. Não obstante, a produção estrangeira tem representado

uma forte concorrência para as indústrias nacionais, e o aumento dos custos associados

aos contratos de aquisição resulta em um aumento da capacidade militar em detrimento de

uma utilização mais eficiente dos recursos financeiros na defesa. E de fato ainda não

reduziu a vulnerabilidade de acesso a peças e partes importadas e produtos de defesa.

Como “ofertante”, tendo em vista que para vários países as cláusulas

compensatórias representam um fator relevante na escolha de um fornecedor de produtos

de defesa, o Brasil poderá ter a oportunidade de ampliar os mercados consumidores da sua

indústria e estabelecer novas alianças estratégicas. Como desvantagem poderá perder tanto

a competitividade futura com a transferência de tecnologia quanto a capacidade de

desenvolvimento tecnológico interno.

7. Percepção dos Acordos de Compensação pela popula ção

Em 06 de Outubro de 2015 foi publicado na internet, nas redes sociais e enviado por

e-mail a diversos destinatários, um formulário, criado com a ferramenta Google Forms, para

investigar a percepção de pessoas – que de algum modo tem ligação com as áreas

tecnológica, ou de gestão, ou de defesa – sobre os Acordos de Compensação Offset. Cento

e onze (111) pessoas responderam ao questionário, que aceitou respostas até a data 2 de

Novembro de 2015.

O formulário inicia com a investigação do perfil profissional que o entrevistado

possui: (1) civil atuando na área de gestão no meio civil – 15%; (2) civil atuando na área de

gestão no meio militar – 1%; (3) civil atuando na área tecnológica no meio civil – 4%; (4) civil

atuando na área tecnológica no meio militar – 8%; (5) militar da Marinha do Brasil – 28%; (6)

militar do Exército Brasileiro – 8%; (7) militar da Força Aérea Brasileira – 2%; e (8) outros -

34%.

A pergunta seguinte questionava se o entrevistado possuía algum conhecimento

sobre algum acordo de compensação offset praticado pelas Forças Armadas brasileiras.

Das 111 respostas, 45% declararam que não possuíam conhecimento algum sobre acordos

de compensação offset praticados pelas Foças Armadas brasileiras.

A terceira questão buscou saber qual era a percepção do entrevistado a respeito dos

impactos dos acordos de compensação offset nos contratos na área da defesa para um país

recebedor como o Brasil, se estes eram (1) muito negativos; (2) negativos; (3) não

17

impactam; (4) positivos; ou (5) muito positivos. De acordo com as respostas, 54% acreditam

que os acordos de compensação offset são positivos para países recebedores como o

Brasil, enquanto apenas 2 % dos entrevistados acreditam que são muito negativos.

A quarta questão era sobre a percepção do atual estágio de desenvolvimento da

Indústria Brasileira de Defesa (IBD), ou seja, se esta (1) não existe; (2) se pouco

desenvolvida; (3) se está em desenvolvimento; (4) se está desenvolvida; (5) se está muito

desenvolvida. A opção “muito desenvolvida” obteve 0% (zero) da preferência dos

entrevistados, enquanto que 48% percebem dos entrevistados que a IBD está em

desenvolvimento.

A quinta e última questão questionava qual era a percepção do entrevistado sobre os

impactos dos acordos de compensação offset para o desenvolvimento da IBD, se estes (1)

são muito negativos; (2) são negativos; (3) não impactam; (4) são positivos; (5) são muito

positivos. 58% dos entrevistados acreditam que os acordos de compensação offset

impactam positivamente no desenvolvimento da IBD.

Em suma, estas entrevistas demonstraram que de um total de 111 entrevistados,

58% acreditam que os acordos de compensação offset são positivos para o

desenvolvimento da IBD; 48% acreditam que a IBD é desenvolvida e; 54% que os impactos

dos acordos de compensação offset para países recebedores como o Brasil são positivos.

Contudo, 45% dos entrevistados declararam não ter conhecimento algum sobre acordos de

compensação offset praticados pelas Forças Armadas brasileiras, diferente do citado na

introdução do questionário. Desta forma podemos concluir que (i) tanto a percepção de que

os acordos offset são predominantemente benéficos para o país recebedor (ii) quanto o

desconhecimento total sobre tão somente a existência de tais acordos por uma parcela

significativa da população entrevistada, podem estar baseados nas poucas informações

fornecidas sobre este tema, tanto pelo governo quanto pelas FFAA brasileiras.

8. Conclusão

Este estudo buscou analisar os impactos para a Indústria Brasileira de Defesa dos

acordos de compensação offset nos contratos de aquisição de produtos de defesa, a fim de

saber se estes contribuem ou não, em alguma medida, para o desenvolvimento da indústria

de defesa.

Partindo do pressuposto de que os acordos de compensação impactam no

desenvolvimento da IBD, este trabalho mostrou, a partir de uma breve análise histórica, que

a utilização dos offsets em aquisições de produtos de defesa datam desde os primórdios da

Indústria de Defesa Brasileira a fim de obter tecnologias para o desenvolvimento da própria.

No entanto, o marco jurídico dos acordos de compensação data de 1981 com o Decreto nº

86.010 enquanto que o marco jurídico da IBD data de 1792, mais de 100 anos antes. Tendo

18

identificado isso, buscamos expor as vantagens e desvantagens do emprego de acordos de

compensação para os países “recebedores” e também para os países “ofertantes”.

A partir dos dados obtidos em relação ao Brasil, não foi possível afirmar que os

offsets contribuem positivamente para o desenvolvimento da IBD, pois conforme

mencionado antes, no Brasil existem empresas capacitadas a suprir uma demanda de

defesa e não um complexo industrial consolidado para fabricação de PRODE. No entanto,

os dados obtidos através de entrevistas online demonstram que a população envolvida de

algum modo com a área de defesa no Brasil, acredita que esses acordos de compensação

contribuem positivamente para o desenvolvimento da IBD.

Conforme citado anteriormente, de um total de 111 entrevistados, 58% acreditam que

os acordos de compensação offset são positivos para o desenvolvimento da IBD; 48%

acreditam que a IBD é desenvolvida e; 54% que os impactos dos acordos de compensação

offset para países recebedores como o Brasil são positivos. Contudo, 45% dos entrevistados

declararam não ter conhecimento algum sobre acordos de compensação offset praticados

pelas Forças Armadas brasileiras, diferente do citado na introdução do questionário. Isto

demonstra que (i) tanto a percepção de que os acordos offset são predominantemente

benéficos para o país recebedor (ii) quanto o desconhecimento total sobre tão somente a

existência de tais acordos por uma parcela significativa da população entrevistada, podem

estar baseados nas poucas informações fornecidas sobre este tema, tanto pelo governo

quanto pelas Forças Armadas brasileiras.

Dentre as vantagens identificadas estão a obtenção de tecnologia e a promoção de

empresas estratégicas como compensação numa aquisição de produtos de defesa,

enquanto que a desvantagem reside na forte concorrência estrangeira no mercado nacional

e o uso ineficiente dos recursos financeiros de defesa.

Na perspectiva dos ofertantes a vantagem mais significativa é a ampliação dos seus

mercados consumidores. Contudo, como desvantagem há a perda de competitividade

futura, pois ao transferir conhecimento tecnológico, o ofertante está contribuindo para o

aprimoramento de um futuro concorrente no mercado internacional.

Referências

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19

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BRASIL. Decreto nº 5.484, de 30 de junho de 2005. Aprova a Política de Defesa Nacional. Brasília, DF, 30 jun. 2005a.

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