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1 IX ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA ANTIGA DO GTHA-ANPUH NOVAS FRONTEIRAS DE PESQUISA EM ANTIGUIDADE NO BRASIL PROGRAMAÇÃO 07 DE NOVEMBRO – SEGUNDA-FEIRA 9:00 – Inscrições e Entrega do material (entrada do auditório) 9:30 – Abertura do evento (auditório) 9:45-11:00h – Conferência de Abertura (auditório) Crossing the Comparative Frontier: Reinventing the Archaeology of Roman Slavery Dra. Jane Webster (Escola de História, Clássicas e Arqueologia da Universidade de Newcastle) 11:00h – Intervalo para o Café 11:15-12:45h Mesa de Comunicações Coordenadas 1: Espaço e Sociedade no Mediterrâneo Romano: Diálogos entre Atenas e Roma (auditório) Coordenador: Fábio Augusto Morales Renan Corrêa Teruya (PUC-Campinas) – A Visão de Habitar no Espaço Doméstico das Cartas de Cícero (séc. I a.C.) O objetivo da comunicação é propor um estudo acerca do espaço doméstico e das concepções de habitar da aristocracia romana no período republicano tardio (68 a 43 a.C.). Para tanto, são utilizadas algumas das fontes mais ricas em conteúdo e quantidade deste período, as cartas de Marco Túlio Cícero para seus amigos, para seu irmão, para o amigo Bruto, assim como para Ático. Cícero escreveu 914 epístolas e menciona nelas suas casas em Túsculo, Fórmias, Arpino, Roma, Pompéia, Anzio e Cumas. Acreditamos que a relação entre o espaço doméstico e a aristocracia republicana é capaz de revelar aspectos importantes a respeito da importância do espaço na antiguidade, assim como as relações entre público e privado nas casas e as transformações socioespaciais. A comunicação, além de propor uma cronologia especifica da interpretação das unidades domésticas por Cícero, analisa essa trajetória, compreendendo que o habitar é formado por uma diversidade de significados, além de não esquecer do fator da temporalidade. Palavras-Chave: Cícero; Epístolas; Habitar. Felipe Perissato (USP) – Elêusis e o Mito Eleusino na Época dos Antoninos: Espaço e Integração Os Mistérios de Elêusis são um dos mais prestigiosos cultos pan-helênicos do Mundo Antigo. Com a conquista romana da Grécia, os benefícios e privilégios às iniciações do culto se estenderam também aos cidadãos de todo o Mediterrâneo de cidadania romana. Nesse sentido, uma multiplicação nas doações de grãos e nas intervenções no espaço construído é observada no santuário eleusino, localizado na Ática e, portanto, de constante influência de Atenas, considerada

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IX ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA ANTIGA DO GTHA-ANPUH

NOVAS FRONTEIRAS DE PESQUISA EM ANTIGUIDADE NO BRASIL

PROGRAMAÇÃO

07 DE NOVEMBRO – SEGUNDA-FEIRA

9:00 – Inscrições e Entrega do material (entrada do auditório)

9:30 – Abertura do evento (auditório)

9:45-11:00h – Conferência de Abertura (auditório)

Crossing the Comparative Frontier: Reinventing the Archaeology of Roman Slavery

Dra. Jane Webster (Escola de História, Clássicas e Arqueologia da Universidade de Newcastle)

11:00h – Intervalo para o Café 11:15-12:45h – Mesa de Comunicações Coordenadas 1: Espaço e Sociedade no Mediterrâneo Romano: Diálogos entre Atenas e Roma (auditório) Coordenador: Fábio Augusto Morales

Renan Corrêa Teruya (PUC-Campinas) – A Visão de Habitar no Espaço Doméstico das Cartas de Cícero (séc. I a.C.) O objetivo da comunicação é propor um estudo acerca do espaço doméstico e das concepções de habitar da aristocracia romana no período republicano tardio (68 a 43 a.C.). Para tanto, são utilizadas algumas das fontes mais ricas em conteúdo e quantidade deste período, as cartas de Marco Túlio Cícero para seus amigos, para seu irmão, para o amigo Bruto, assim como para Ático. Cícero escreveu 914 epístolas e menciona nelas suas casas em Túsculo, Fórmias, Arpino, Roma, Pompéia, Anzio e Cumas. Acreditamos que a relação entre o espaço doméstico e a aristocracia republicana é capaz de revelar aspectos importantes a respeito da importância do espaço na antiguidade, assim como as relações entre público e privado nas casas e as transformações socioespaciais. A comunicação, além de propor uma cronologia especifica da interpretação das unidades domésticas por Cícero, analisa essa trajetória, compreendendo que o habitar é formado por uma diversidade de significados, além de não esquecer do fator da temporalidade. Palavras-Chave: Cícero; Epístolas; Habitar. Felipe Perissato (USP) – Elêusis e o Mito Eleusino na Época dos Antoninos: Espaço e Integração Os Mistérios de Elêusis são um dos mais prestigiosos cultos pan-helênicos do Mundo Antigo. Com a conquista romana da Grécia, os benefícios e privilégios às iniciações do culto se estenderam também aos cidadãos de todo o Mediterrâneo de cidadania romana. Nesse sentido, uma multiplicação nas doações de grãos e nas intervenções no espaço construído é observada no santuário eleusino, localizado na Ática e, portanto, de constante influência de Atenas, considerada

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pelos antigos como a grande difusora dos ensinamentos da agricultura e do culto de mistérios à humanidade. Assim, Elêusis atraiu para seu santuário peregrinos de todo o Mediterrâneo, sobretudo de figuras das elites intelectuais, romanas e provinciais, e até mesmo de imperadores como Augusto e Adriano. A seguinte comunicação tem como objetivo discutir questões sobre o santuário de Elêusis e o mito eleusino durante a época dos Principados Antoninos no século II d.C., buscando entender sua integração de forma ampla com o Mediterrâneo a partir da presença e difusão romanas. Nesse sentido, a monumentalização do santuário e a organização social do culto eleusino no século II d.C. serão confrontados a partir da documentação arqueológica e epigráfica, em que será possível esboçar um quadro interpretativo para a questão. Palavras-Chave: Elêusis; Principados Antoninos, Integração. Fábio Augusto Morales (PUC-Campinas) – Estrutura, lógica e variação das intervenções espaciais “romanas” em Atenas (sécs. II a.C.- II d.C.) Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma análise do conjunto das intervenções espaciais associadas direta ou indiretamente a Roma nos espaços públicos atenienses, das (prováveis) primeiras intervenções no século II a.C. até as intervenções da época antonina no século II d.C. Neste longo período, Atenas envolveu-se diretamente com diversos episódios da conturbada história política e militar romana, o que promoveu importantes alterações nos espaços públicos da cidade, tendo dois momentos de intensa atividade construtiva: os principados de Augusto e de Adriano. No entanto, tais momentos não podem ser compreendidos isoladamente, na medida em que engajam problemas e soluções espaciais produzidas nos períodos anteriores – o espaço é parte do trabalho morto das sociedades, vivificado na (re)produção social. Neste sentido, é a própria sociedade ateniense que se reproduz por meio de seu espaço, em um período no qual sua história se confunde cada vez mais intimamente com a história romana em particular e a história mediterrânica como um todo. Tais intervenções são, portanto, indícios extremamente importantes para a história dos processos de integração mediterrânica sob dominação romana. Ainda que extensamente analisadas pela bibliografia, as intervenções ainda não foram analisadas detidamente em seu conjunto, de modo que se tornem visíveis as estruturas, lógicas e variações que as orientaram ao longo do período. Assim, integrando na análise dados quantitativos e qualitativos, esta comunicação discutirá os limites e as possibilidades de uma abordagem propriamente espacial para a produção de uma história urbana de Atenas sob dominação romana, destacando a historicidade do evergetismo construtivo como estrutura dominante na produção do espaço, sob a qual se enquadram diferentes lógicas e variações que vão da celebração antiquária à propaganda imperial. Palavras-Chave: Atenas; Roma; Evergetismo.

Mesa de Comunicações Coordenadas 2: Ritual e Sociedade nas Ilhas Britânicas: novos debates (sala de cursos) Coordenador: Alexandre Santos de Moraes

Pedro Vieira da Silva Peixoto (NEREIDA/UFF) – Veículos de semelhanças e diferenças: um estudo sobre gênero e sua construção nos enterramentos com carros das Ilhas Britânicas (séc. IV-II a.C.) Entre os séculos IV-II a.C., homens e mulheres do norte bretão, numa região correspondente, hoje, a Yorkshire (Inglaterra), foram enterrados de um modo diferenciado em relação aos demais membros de suas comunidades. Foram

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encontrados em suas sepulturas veículos, ossadas de porcos e objetos cuidadosamente adornados. Essas tumbas se tornaram relativamente icônicas à Idade do Ferro bretã, como parte da chamada “cultura de Arras”. Além de suscitarem o debate em torno de possíveis migrações e contatos entre o continente e as Ilhas Britânicas durante o período pré-romano, os enterramentos com carros inspiraram também um conjunto de visões particulares, por vezes acentuadamente estereotipadas, a respeito das relações de gênero entre os bretões antigos. A presente comunicação buscará problematizar as maneiras pelas quais o gênero se manifesta nos enterramentos com carros encontrados nas Ilhas Britânicas a partir do estudo da cultura material, para além de simples oposições binárias. Serão discutidos aspectos múltiplos (como a localização e configuração espacial das tumbas, orientação e tratamento dos mortos, dados osteológicos animais e humanos e as características dos artefatos depositados nas sepulturas), a fim de se criar uma visão mais complexa da construção de atributos de gênero durante a Idade do Ferro bretã. Palavras-chave: Práticas mortuárias, gênero, Ilhas Britânicas. Érika Vital Pedreira (NEREIDA/UFF) – O triplismo nas representações de divindades masculinas da Europa Céltica. Estudo de caso: os Genii Cucullati da Britânia Os Genii Cucullati eram divindades cultuadas em diversas regiões da Europa, desde a Britânia até a Panônia. Contudo, receberam maior evidência durante o período romano, graças à difusão da prática da representação iconográfica de forma humana, que ganhou maior vigor. Desta forma, seu nome advém do modo como são representados, trajando um vestuário semelhante a capas e capuzes (cucullus). Particularmente na Britânia, as imagens representativas dessas divindades são, em sua maioria, encontradas sob a forma tripla, o que nos suscita alguns questionamentos, tendo em vista nosso interesse pelas representações múltiplas na religiosidade e no artesanato célticos. Objetivamos, assim, através da apresentação e análise de algumas dessas imagens, expor nossas hipóteses acerca do que denominamos fenômeno religioso do triplismo. Palavras-chaves: Triplismo, divindades masculinas, Britânia Brunno Oliveira Araujo (NEREIDA/UFF) – Colonização e o problema da Celticidade nas Ilhas Britânicas: Impressões iniciais sobre as práticas comensais na Bretanha Romana (séc. III-V d.C) O banquete enquanto objeto de debate e pesquisa tem sua história profundamente entrelaçada com os Celtas Antigos, bem como identidades e contextos culturais posteriores que de alguma forma se relacionem geográfica e culturalmente, compondo a área de pesquisa que chamamos de Estudos Célticos. A importância central do festim na dinâmica política e social destas populações, como atestado por fontes escritas e arqueológicas, é uma ferramenta investigativa bastante popular nos estudos que buscam compreender o universo político e simbólico dos Celtas, acessando através de suas práticas de comensalidade a economia, cosmovisão e representações de poder. Ao mesmo tempo, não é incomum encontrar análises que entendam o “banquete celta” enquanto uma entidade atemporal, ou repositório de um caráter resistivo da cultura da Idade do Ferro. Estas visões, que desembocam em estudos comparativos entre a proto-história e o medievo, em muito moldaram e cristalizaram as visões sobre o banquete tanto entre os Celtas Antigos quanto no mundo medieval, atribuindo-lhes valores, sentidos e sistemas simbólicos que estes autores esperam ser inter-relacionáveis.

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Esta comunicação se propõe a discutir novas perspectivas sobre o banquete, rompendo com as proposições tradicionais sobre a celticidade, buscando abordagens melhor contextualizadas sobre seu papel nestas regiões. No caso específico, apresentarei alguma questões sobre o banquete e sua relação com as novas identidades construídas nas Ilhas Britânicas durante o período romano, à luz de discussões oriundas da Antropologia da Alimentação. Palavras-Chave: banquete, celticidade, Bretanha Romana, pós-colonialismo

14:00-15:30h – Mesa Redonda 1: Arqueologia romana, novas tecnologias e usos didáticos (auditório) Coordenadora: Maria Isabel D’Agostino Fleming

Maria Isabel D’Agostino Fleming (LARP-MAE/USP) – Os projetos piloto do LARP A pesquisa acadêmica do LARP orientada pelo grande tema produção, poder e simbolismo no mundo romano num contexto de contatos no espaço e no tempo, é desenvolvida tendo como foco os subtemas Arquitetura e Urbanismo; Religião e Consumo; Território e Paisagem, que estruturam também um ou mais dos projetos piloto do laboratório e permeiam a elaboração e construção de plataformas. Os projetos piloto, enquanto ferramenta de gestão e estudo do registro arqueológico, permitem acessar aspectos dos quais geralmente outros tipos de enfoque histórico não se aproximam. O estudo dos processos sociais e históricos, em sua dimensão espacial, possibilita reconstruir e interpretar as paisagens culturais a partir dos objetos que as constituem. Pensar o registro arqueológico e a cultura material desde uma matriz espacial é converter o espaço em objeto de investigação arqueológica. Tatiana Bina (LEIR/USP) – “Projeto Herculano”: desafios da transformação da pesquisa científica universitária em uma proposta educativa O primeiro projeto educativo do LARP-USP foi concebido a partir do desenvolvimento de pesquisas contando com a tecnologia que permite reconstituições em três dimensões. Foi desenvolvido um aplicativo que permitia a visualização em primeira pessoa de habitação romana, modelada de acordo com as evidências pompeianas. O projeto educativo aplicado com turmas de sexta série incitou, a partir de questões colocadas pelos próprios alunos, o alargamento do projeto para uma cidade, no caso Herculano, visando aprofundar o conhecimento sobre o uso do espaço e suas estruturações sociais na antiguidade. Tendo em conta essa perspectiva se procurou elaborar um projeto a partir das próprias linhas de estudo do LARP, como o urbanismo da cidade, a religiosidade e a fabricação cerâmica. O objetivo dessa comunicação é trazer à tona a importância da elaboração de recursos didáticos como meio de estimular um maior contato entre a academia e o ensino básico e médio. Não apenas pela escassez destes, mas pelo desconhecimento da importância dos estudos da antiguidade na conjuntura atual. Julia Farias Codas (IME-LARP-MAE/USP) – Glossário Romano Interativo Arquitetônico (GLO.R.I.A) As pesquisas do LARP na área de arquitetura romana provincial são a base do projeto GLO.R.I.A, que tem o objetivo de ampliar o acesso da comunidade ao conhecimento divulgando-o através de uma plataforma online no formato "wiki" que agrega verbetes, imagens e modelos interativos 3D. O projeto é focado na

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interatividade com o usuário, induzindo-o a navegar através de outros artigos, para além de sua busca inicial.

Mesa Redonda 2: CEIA (sala de cursos) Coordenador: Livia Lindóia Paes Barreto

Livia Lindóia Paes Barreto (UFRJ/CEIA-UFF) – A COSMOGRAPHIA de Claudius Ptolemaeus e a edição de 1486: estudos e análise de suas características A Cosmographia de Claudius Ptolemaeus, apesar de escrita em grego, no século II d.C., a partir dos anos de 1400 surge em versão latina. Sua sobrevivência, sustentada pelo conteúdo de ideias inovadoras, principalmente na elaboração de mapas, “explode” em publicações, no momento dos grandes descobrimentos (séculos XV e XVI). A edição de 1486, publicada em Ulm, tal como chegou até nós, é um documento que se abre em diversas linhas de pesquisa: para os geógrafos e cartógrafos, para os estudiosos de línguas clássicas, para os historiadores que queiram pensar o espaço como visão de mundo, e para os estudiosos da arte e outras ciências em geral. Fábio Cairolli (CEIA/UFF) – Marcial, teorias poéticas e tradutológicas. Presente e futuro da pesquisa no Brasil A presente comunicação visa apresentar o desenvolvimento da pesquisa sobre a obra do poeta latino Marcos Valério Marcial (c. 40 - c. 105 d.C.) no Brasil, em particular no que tange às análises literárias e aos esforços tradutológicos empreendidos por pesquisadores brasileiros. Em seguida tentaremos fazer projeções de que caminhos devem ser trilhados a partir do conhecimento acumulado em nosso país. Palavras-chave: Marcial, tradução, poesia latina. Manuel Rolph Cabeceiras (CEIA/UFF) – Mos Maiorum e Fronteira Étnica: a Romanidade em Questão A autopercepção dos romanos nas fontes literárias e imagéticas que nos chegaram é frequentemente associada ao ideal de mos maiorum. A nossa proposta, no bojo de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida sobre “Identidades, Fronteira Étnica e Império Romano”, é demonstrar como a releitura desse “costume dos ancestrais” a partir da categoria de “fronteira étnica” (desenvolvida pelo antropólogo norueguês Fredrik Barth, 1928-2016) nos proporciona novas luzes no modo como tal ideal é apresentado nessas fontes. Para tanto tomamos como exemplo o estudo de caso da obra do historiador romano Caio Salústio Crispo (86 - 35 a.C.?). Palavras-chave: identidade, império, historiografia.

15:30h – Intervalo para o Café 16:00-17:30h – Workshop: Religião Romano-Céltica (sala de cursos) Dra. Jane Webster (Universidade de Newcastle)

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DIA 08 DE NOVEMBRO – TERÇA-FEIRA 9:15-10:45h – Mesa Redonda 3: O Labeca e o estudo da Monumentalização nas Póleis (auditório) Coordenadora: Maria Beatriz Borba Florenzano

Maria Cristina Nicolau Kormikiari (MAE/USP) – Interação cultural e disputa territorial entre fenícios, cartagineses, elímios e gregos na Sicília oriental A Arqueologia estuda a mudança nas práticas de viver das sociedades por meio da cultura material por estas produzidas e pelas interferências (dialéticas) realizadas com seus meio-ambientes. O contato entre grupos distintos é uma das possíveis chaves de apreensão e explicação da mudança, mesmo não sendo o único. A Sicília oriental configura-se como uma excelente área de estudo para se trabalhar tais questões de mudança e contato, o que implica identidade(s), por ter sido uma área de assentamento e frequentação de grupos tão distintos como fenícios e cartagineses; elímios e gregos. Pretendemos apresentar os caminhos mais recentes que têm sido percorridos na busca de um melhor entendimento do que foi o Mediterrâneo na Antiguidade a partir dos dados arqueológicos compilados nos últimos anos nessa área. Elaine Hirata (MAE/USP) – O Labeca- Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga e o ensino de História O Labeca - Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga é um dos laboratórios de pesquisa do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo, instituição que abriga um acervo de artefatos originários de sítios mediterrânicos antigos. O Labeca, desde a sua fundação em 2006, vem se constituindo em um espaço de investigação sobre a cidade grega percebida como uma formação politica particular inscrita em um território, mas que estabelece redes de interações econômicas e sociais em várias escalas, que variam do local ao mediterrânico. Um dos eixos de atuação do Laboratório está direcionado para a divulgação dos resultados dos projetos desenvolvidos pelos seus pesquisadores para além dos círculos acadêmicos, na busca de um público formado de professores e alunos da área de ciências humanas, do ensino fundamental ao universitário. Para isso o Labeca vem investindo na produção do que pode ser chamado “instrumentos de trabalho” ou seja, um conjunto de materiais em forma de textos e materiais em linguagem áudio visual como vídeos, aplicativos em forma de maquetes digitais bem como maquetes físicas de cidades gregas antigas. A proposta pedagógica que fundamenta a criação de todos esses materiais está na prática da “educação por meio das coisas”, ou seja, na exploração do mundo material como fonte de conhecimento sobre uma sociedade, seja ela antiga quanto contemporânea. A abordagem das “coisas” no processo de ensino/aprendizagem sinaliza uma possibilidade real de integração das áreas de conhecimento, utilizando metodologias inspiradas na arqueologia. Nesta comunicação pretendemos discutir o alcance e o sentido de nosso programa de difusão científica para o ensino das ciências humanas e da história em particular. Maria Beatriz Borba Florenzano (MAE/USP) – “Humanidades Digitais” no Labeca: estudando o contato cultural com o Banco de dados Nausitoo Uma das realizações do Labeca-Laboratório de estudos sobre a cidade antiga é a criação de um Banco de dados imagético, o Nausitoo. Este banco digital de dados foi estruturado a partir dos aspectos materiais remanescentes de muitas cidades gregas e obedeceu a critérios conceituais que visam atender ao melhor

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conhecimento da sociedade do mundo helênico antigo a partir do ordenamento do espaço. Nesta apresentação pretende-se expor como uma pesquisa sobre o contato cultural na Grécia antiga pode ser realizada no manuseio deste Banco de dados.

Mesa Redonda 4: Rito, Religião e Poder no Mediterrâneo Antigo (sala de cursos) Coordenador: Maria Regina Candido

Maria do Carmo Santos (NEA/UERJ) – Poder Imperial, Cristianismo e cidades romanas no século I As margens do Mediterrâneo desde a Antiguidade estiveram pontilhadas de inúmeras e prósperas cidades. Nelas, a atividade comercial desenvolvia-se largamente, colocando em contato pessoas das mais diversas procedências étnicas, promovendo um intercâmbio não somente de mercadorias, mas também de idéias e de elementos culturais muito díspares, oriundos de sociedades cujos processos históricos eram guiados por diferentes ethos. Dentre estes elementos, a religião era, sem dúvida, uma das mais importantes, uma vez que é do conhecimento de todos a estreita ligação existente entre o poder político e a crença nos deuses. O nosso trabalho constitui-se numa reflexão sobre a recepção das idéias cristãs nas cidades do Império Romano e as possíveis modificações na mentalidade dos que a estas se converteram. Maria Regina Candido (NEA/UERJ) – As práticas mágicas na Atenas Clássica As pesquisas sobre os vestígios da cultura material nos informam sobre a realização das práticas mágicas e as vítimas de impecação. Entretanto, percebemos a escassez de informação sobre os responsáveis pelos procedimentos mágicos, ou seja, os homens e as mulheres considerados especialistas na realização da magia, definidos pela literatura como magus, pharmakos, feiticeiros. Nós os consideramos como detentores de um saber-fazer específico, conhecimento especializado que nos leva a qualifica-los como profissionais da magia. Jose Roberto de Paiva Gomes (NEA/UERJ) – O ritual da oscophorias na tirania dos Pisistratidas Analisar as hidrias áticas com a temática “mulheres na casa das fontes”. Tucidides (2,15,5) destaca que as águas da kallirhoe tinham uma finalidade ritual como uma etapa, que fazia parte dos preparativos para o casamento. O significado ritualístico demonstrado pela decoração do edifício como folhagens, flores, coroas ou aspersão de essências, não caracteriza a função social da casa das fontes como um fenômeno, simplesmente de caráter cotidiano. Como a função de carregar a água somente seria uma função social feminina, algumas delas serão nomeadas no discurso visual, este recurso utilizado pelos pintores que evidenciaria o caráter divino na cena. Observamos uma vertente histórica que qualifica como hipótese à existência do aspecto divino nas ações humanas.

10:45h – Intervalo para o Café 11:15-12:45h – Mesa de Comunicações Coordenadas 3: Entre Luxo e Honra: Formas de Distinção Social na Antiguidade (auditório)

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Coordenadora: Tatiana Bina

Gustavo Junqueira Duarte Oliveira (LEIR/USP) – Glória como Forma de Transmissão de Informação e Distinção Social nos Poemas Homéricos Os poemas homéricos apresentam várias formas de transmissão da informação a longa distância no interior de suas narrativas. O rumor e a notícia, por exemplo, diferenciam-se da glória por não trazerem necessariamente um juízo de valor atrelado àquilo que se transmite. Esta é uma característica da glória como forma de transmissão da informação. O que caracteriza esse tipo de transmissão é o fato dela agregar ao indivíduo sobre o qual se transmite informações um ganho especial de status, especificamente valorizado, seja positivo, seja negativo. Ao ser tema de transmissão relacionada à glória, o sujeito tem a forma de ser visto pelos outros homens necessariamente modificada. O acúmulo de Glória, em suas várias manifestações, é um dos principais mecanismos de distinção social entre os sujeitos nos poemas homéricos. Palavras-Chave: Homero; Informação; Glória. Gabriel Cabral Bernardo (LEIR/USP) – Honra e Distinção Social na Esparta Clássica Cada sociedade possui um conjunto idiossincrático de normas que, através da atribuição de valores positivos e negativos a determinadas ações, procuram moldar o comportamento de seus membros, tendo sempre em vista um cânone considerado ideal. Graças a estudos como os de N. R. E. Fisher (Hybris, 1992), D. L. Cairns (Aidōs, 1993) e J. E. Lendon (Empire of Honor, 1997) podemos observar como um valor em específico, a honra (timḗ), possuía uma influência considerável na cultura grega clássica, tanto na motivação individual quanto na categorização desses indivíduos em suas respectivas escalas sociais. O objetivo dessa comunicação é apresentar os resultados parciais de uma pesquisa de mestrado que busca analisar justamente o papel da honra em uma sociedade específica, a espartana, procurando mostrar como a timḗ grega ali atuava de forma significante quando o objetivo era a aquisição de distinção social. Tatiana Bina (LEIR/USP) – Luxo e Banquete Entre o Fim da República e Começo do Império Romano Com as conquistas romanas republicanas os romanos se interessaram e tiveram acesso a objetos e costumes refinados e desconhecidos até então, como pedras preciosas, tecidos, perfumes, objetos decorativos. A reação, como se pode observar nas fontes, é a produção de um discurso “moralista”, entre o fim da República e o começo do Império, tomando o luxo como corruptor dos romanos, o que levará à dissolução da estrutura política republicana.Enquanto a magnificência do evergetismo é vista com bons olhos, é no domínio privado que as condenações estão focadas. As leis suntuárias latinas se caracterizam por serem sobretudo relativas aos gastos referentes aos banquetes romanos, sendo a primeira a lei Orchia, de 182 a. C., e tendo como subsequentes a lei Fannia, a lei Didia, a lei Licinia, a lei Aemilia, a lei Cornelia, a lei Antia e a lei Iulia de 46 a. C.; elas estabelecem interdições com relação ao local em que ocorrem os banquetes, a sua mobília, o seu aparato, os escravos a serviço, a vestimenta e os acessórios dos convivas e, sobretudo, os pratos servidos. Há de se ter em conta que o banquete era um momento especial de sociabilidade, no qual se cristalizam as relações de clientela e debates políticos. Assim se propõe uma apresentação que versará sobre a ideia de luxo no período em questão, a legislação suntuária e a importância dos banquetes, revisitando a proposta interpretativa de Guido Clemente. Palavras-Chave: Roma; Luxo; Legislação.

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Ivana Lopes Teixeira (Faculdade de São Bernardo do Campo) – Luxo, Consumo, Objetos e Status Social em Plínio, o Antigo Os livros da Historia Natural de Plínio, o Antigo, sobre os materiais animais e vegetais (8 ao 32) descrevem a posse e uso dos materiais e seus produtos derivados, como, p. ex., marfim, papiro, vinhos, iguarias culinárias etc., e um ethos ideal de consumo destes, entretanto, os livros sobre as terras e minerais concentram a maioria dos materiais e produtos que Plínio comumente chama de produtos de luxo ou atribuídos à presença da luxúria na sociedade imperial romana, incluindo a posse do dinheiro. Plínio, o Antigo, identifica a posse de determinados bens ou materiais com as posições sociais, são bens posicionais e simbólicos, e as mudanças introduzidas pelo aumento da riqueza, a partir dos séculos III e II a.C., com as guerras de conquista, alterou a relação entre a posição social e a posse do dinheiro e dos objetos de valor material no Império no século I. A partir do Principado, as relações entre posição social e bens confundiram-se mais ainda, sobretudo, com a maior ascensão e enriquecimento dos libertos e a entrada das elites provinciais na corte imperial, o que, segundo Plínio, trouxe a desordem social, política, econômica e moral. O objetivo desta comunicação é apresentar a crítica ao luxo e ao consumo excessivo em Plínio, que tem sido recorrentemente discutida por inúmeros autores (Beagon, 1998; Carey, 2003; Sinclair, 2003; Murphy, 2004; Wallace-Hadrill, 2008) e, também, a relação entre os objetos e status social, ou seja, a questão dos bens posicionais e simbólicos na retórica de Plínio, o Antigo. Palavras-Chave: Plínio, o Antigo; Luxo; Posição Social.

Mesa de Comunicações Coordenadas 4: Comunidades e Política no Mediterrâneo Antigo (sala de cursos) Coordenador: Uiran Gebara da Silva

Maíra Casseb Giosa (Universidad Autónoma de Madrid/USP) – Heródoto e a Democracia em Atenas Tido como o primeiro historiador a emitir opinião pessoal em seus escritos, Heródoto não só relata as disputas que levaram gregos e persas às Guerras Médicas durante o século V a.C., mas também dá sua própria opinião a respeito dos governos que existiam à época em diferentes regiões. Além das monarquias e oligarquias, Heródoto dá especial atenção ao governo democrático que então florescia em Atenas, a primeira polis a implementar em sua estrutura social e política o controle do demos. O governo popular ateniense começou a ganhar forma a partir da reforma política do legislador Sólon e foi exemplo para a implantação de democracias em outras poleis. Consequentemente, essa situação serviu de base para o surgimento do império ateniense, que durou até o fim da Guerra do Peloponeso. O objetivo desta apresentação é analisar o impacto da democracia nos escritos do historiador – que claramente considerava a democracia como o melhor dos três governos –, tendo como referência sua obra, Histórias, além de estudos modernos feitos sobre o aparecimento deste tipo de governo em Atenas e suas consequências. Alguns dos autores utilizados para esta análise são Josiah Ober, Kurt Raaflaub, Peter Nielsen, Mogens Hansen, Domingo Plácido, entre outros. Deste modo, a pesquisa pretende entender tanto o impacto da democracia nos autores antigos (nesta comunicação tratarei especificamente de Heródoto) e como eles lidavam com a ideia de governo popular, em contraposição aos demais. Palavras-Chave: Heródoto; Democracia; Atenas.

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Matheus Coutinho Figuinha (USP) – Aristocracias, Monasticismo e a Noção de Declínio e Queda do Império Romano Desde que Edward Gibbon publicou sua monumental History of the Decline and Fall of the Roman Empire, entre os anos de 1776 e 1788, os estudiosos têm considerado as aristocracias ocidentais dos séculos IV e V amplamente fascinadas pela Igreja e pelo monasticismo. Tantos aristocratas teriam sido ordenados clérigos ou teriam se tornado monges que um dos motivos do declínio e da queda do Império romano teria sido justamente a fuga de homens talentosos do governo e da administração para igrejas e monastérios. Foi somente na década de 1970 que o monasticismo deixou de ser relacionado à noção de declínio e queda do Império romano. Graças sobretudo aos trabalhos de Peter Brown, o monasticismo passou a ser entendido como um dos indícios mais claros da originalidade do período a partir de então conhecido como Antiguidade Tardia (séculos IV-VIII), pois estaria no centro das transformações sociais, culturais e religiosas da época. Mas, apesar das mudanças teóricas e metodológicas pelas quais os estudos do monasticismo passaram e da nova dimensão que este último assumiu na história da Antiguidade Tardia, a tese de que as aristocracias fascinaram-se pelo monasticismo nos séculos IV e V não foi questionada. Ela simplesmente deixou de ser associada à noção de declínio do Império romano. Meu objetivo nesta comunicação é avaliar os principais posicionamentos historiográficos acerca da relação entre a expansão do monasticismo e a noção de declínio e queda do Império romano e discutir como a conversão monástica das aristocracias ocidentais nos séculos IV e V pode ser estudada atualmente. Palavras-Chave: Monasticismo; Aristocracias; Declínio do Império. Ygor Klain Belchior (UFOP) – Rumores, Comunidades e Política nas Guerras Civis entre César e Pompeu Este presente trabalho tem como objetivo estudar a política e as comunidades no Mediterrâneo antigo tendo como foco as cidades provinciais envolvidas nos conflitos civis entre César e Pompeu (59 a 58 a.C.). Essas cidades serão analisadas em conjunto tendo em vista a comunicação e a circulação de rumores sobre a guerra no intuito de demonstrar como este tipo de informação, tratado aqui como uma forma de notícia típica e importante para comunidades orais, era empregado pelos seus habitantes como uma forma de tomarem decisões em deliberação sobre qual partido apoiar. Como fontes, utilizaremos os Comentários sobre as Guerras Civis, de César, e a poesia épica de Lucano, a Farsália, obras que já tiveram os seus rumores problematizados, só que dentro de uma perspectiva literárias, ou seja, como uma forma de dar mais vivacidade ou colorido aos eventos dinâmicos e assustadores de uma guerra civil. Esta perspectiva não é a que adotaremos, pois, os rumores, aqui, serão analisados através de uma perspectiva histórica e sociológica. Para isso, abordaremos este objeto através da Teoria da Ação Coletiva, a mesma que visa estabelecer uma visão mais racional e organizada dos movimentos sociais ocasionados por rumores, como uma forma de tecer parâmetros para a circulação de produtos, palavras e até mesmo sobre o interesse particular destas comunidades para além de alianças particulares para com generais patronos. Além desta abordagem, será do nosso interesse localizar estes rumores em sua geografia com o intuito imediato de desenhar esta comunicação como local e com interesses específicos da guerra, como conseguir comida, água e madeira das cidades ao entorno do conflito. Palavras-Chave: Guerras Civis; Rumor; Comunicação.

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Uiran Gebara da Silva (USP) – As Comunidades Rurais da Gália tardo-antiga O trabalho apresentado nesta comunicação visa refletir sobre as formas de organização comunitária dos habitantes das regiões rurais do norte da Gália tardo-romana. Ao longo dos séculos XIX e XX, os estudiosos dessa região produziram uma imagem que sempre enfatizou a invisibilidade ou a mesmo não existência de relações comunitárias no norte da Gália, valorizando demasiadamente a centralidade das grandes propriedades e dos proprietários rurais na organização social do campo galo-romano. A partir do final do século passado, porém, a historiografia e a arqueologia da região têm permitido olhar essas comunidades sob novas perspectivas. A investigação se desdobra em fases distintas. Inicialmente apresenta uma reflexão sobre as bases empíricas de qualquer tentativa de reconstrução dessas comunidades rurais, a partir do mapeamento de assentamentos rurais entre os séculos III e V d.C. e diversas representações de rustici nos textos produzidos na Gália desse período. Em seguida apresenta uma exposição das possíveis estruturas e fronteiras internas e externas dessas comunidades rurais, como as formas de organização comunitária que se pode vislumbrar nas fontes, ou as ações que estabelecem relação com grandes proprietários, na forma do patronato ou da resistência cotidiana ao seu poder. Por fim, apresenta uma problematização dos horizontes políticos e da dialética entre ações individuais e coletivas, o que servirá de elemento fundamental para a estruturação de modelos teóricos da organização social e da ação política e dessas comunidades rurais. Palavras-Chave: Gália; Campo; Estrutura Social.

14:00-15:30h – Mesa de Comunicações Coordenadas 5: Estudos do espaço no Mediterrâneo Antigo II: o registro arqueológico e as fronteiras (auditório) Coordenadora: Camila Diogo de Souza

Camila Diogo de Souza (MAE/USP) – As fronteiras entre os vivos e os mortos: reflexões sobre os significados dos registros arqueológicos de natureza funerária na Grécia do Período Geométrico (900 a 700 a.C.). A presente comunicação tem como objetivo discutir aspectos e parâmetros da organização e da construção do espaço funerário no contexto histórico do processo de formação e origens da pólis, através da análise comparativa de conjuntos da cultura material proveniente dos contextos funerários de diferentes comunidades gregas do Período Geométrico, compreendido aproximadamente entre 900 e 700 a.C. A arquitetura e os elementos constitutivos das sepulturas, o tipo e a orientação dos enterramentos, os dados sobre o morto e sobre a constituição do mobiliário funerário e, finalmente, a localização e a distribuição dos túmulos integram o conjunto de práticas e representações da morte que é engendrado pelo agenciamento do espaço. O estudo detalhado e em conjunto das características desses contextos funerários, principalmente em direção ao final do Geométrico (o século VIII a.C.), possibilita o estabelecimento de uma “paisagem funerária” que suscita questões inerentes à problemática das interações entre o espaço dos vivos e o espaço dos mortos no âmbito das póleis gregas. Palavras-chave: práticas funerárias, pólis, Período Geométrico. Daniela Bessa Puccini (MAE/USP) – Contribuição da epigrafia ao estudo das fronteiras no mundo antigo: Tasos em período arcaico e clássico. Nesta comunicação, pretende-se apresentar os primeiros resultados de minha pesquisa de pós-doutorado, que se propõe a discutir o conceito de fronteira a

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partir da função desempenhada pelas vias terrestres – ruas e estradas – e pelo mar na pólis de Tasos em época arcaica e clássica. Através da análise de três documentos epigráficos – a Estela do Porto, a Estela de Aliki e as Leis sobre o Comércio do Vinho e do Vinagre –, datados entre o início e o fim do século V a.C., as ruas, estradas e o mar serão discutidos à luz dos novos conceitos desenvolvidos nos estudos sobre fronteiras no mundo antigo. Segundo Whittaker (1997 : 59) e Machado (1998 : 41-2), a fronteira não é somente o limite de um território, mas também o ponto a partir do qual a pólis se expande. Em se tratando de uma ilha, que por definição tem como fronteira mais imediata a sua costa, serão discutidos o conceito de território marítimo e de peraia, as posses de Tasos no continente trácio, como elementos de expansão da fronteira insular. O mar e as vias constituem-se deste modo como fronteiras e conexões, sendo o lugar onde ocorrem os contatos e as trocas que dão dinamismo à vida da pólis. Vão, deste modo, estabelecer a integração e a articulação entre os diversos espaços políades. Palavras-chave: Tasos; Epigrafia; Frontier History. Viviana Lo Mônaco (MAE/USP) – Formas de contato inscritas no terreno: os frúria da Sicília centro-meridional. A presente comunicação visa apresentar a nossa pesquisa de doutorado, intitulada “Redes de interação entre gregos e não gregos: os frúria da hinterlândia da Sicília grega”. A pesquisa insere-se no projeto LABECA (Laboratório de Estudos sobre a Cidade Antiga) do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, cujo principal objetivo é entender a relação dos grupos humanos com seu espaço no contexto do Mediterrâneo antigo. Nossa proposta é investigar as formas, as funções e a continuidade de fruição dos frúria da Sicília centro-meridional (Itália). Esse território, com particular enfoque na sua área central, conhecida com o nome de Sikanía, na antiguidade representou um lugar de cruzamento dos interesses de mais de uma pólis. Entre elas, Akragas e Gela estiveram presentes de uma forma marcante na história das populações e da paisagem da área do presente estudo, a partir do final do séc. VII a.C. Meu objetivo com a presente pesquisa é oferecer uma contribuição aos estudos desse território, observando o seu desenvolvimento ao longo de pouco mais que dois séculos (final do VII até o começo do IV), de sorte a alcançar uma visão abrangente das dinâmicas de contato e propor novas sugestões para o referido tema. Consciente dos limites das fontes textuais principalmente e dos estudos arqueológicos sobre uma parte do território, servir-me-ei do auxílio das teorias das redes, da observação da paisagem e de metodologias não invasivas que poderão trazer informações úteis para a interpretação dos dados levantados. Palavras-chave: Frúrion – Contato gregos e não gregos – Território.

Mesa de Comunicações Coordenadas 6: Pesquisas em Egito Antigo (GEKEMET-CEIA-UFF) (sala de cursos) Coordenador: Manuel Rolph Cabeceiras (CEIA/UFF)

Nely Feitoza Arrais (UFRRJ/CEIA-UFF) – Controle Territorial e Domínio Político: a Agricultura e as Bases da Hierarquia Social no Egito Antigo O Egito faraônico é descrito como um “estado territorial”. Ou seja, uma organização política que dominava de forma unificada um vasto território em contraste com as civilizações que surgiram no mesmo período na região da Mesopotâmia, estas baseadas em organizações políticas menores denominadas cidades-estados. O controle do território passou necessariamente pelo controle

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destas regiões provinciais e a tensão entre os líderes locais e o governo central foi regulada ao longo da evolução política do Estado faraônico. Em momentos de controle estatal, os nomarcas poderiam controlar várias províncias localizadas de forma não contíguas. A dominação de um nomarca sobre províncias contíguas surgia em caso de relaxamento do poder central, possibilitando uma ampliação de seus poderes frente ao mesmo gerando muitas vezes a transmissão hereditária deste cargo. O Estado egípcio antigo pressupõe, na sua origem, uma diferenciação de funções dos membros que o integrarão. A base econômica deste Estado é eminentemente agrícola, ou agropecuária, o que significa que há uma relação muito forte com o controle do excedente a ser produzido. Os funcionários responsáveis pelo controle administrativo representam o grupo que não produz diretamente os bens para sua subsistência. São assim responsáveis pela organização que garantirá a produção e a redistribuição dos excedentes e para assegurar a reprodução da ordem social que, por sua vez, garante a sobrevivência tanto sua como dos integrantes do Estado que os comporta. A identificação e análise das características gerais dessa organização e sua variação ao longo da história egípcia constituem os objetivos do presente estudo. Palavras-chave: terra, poder, economia. Alessandra P. Antunes do Vale (SME-RJ/CEIA-UFF) – A Literatura Egípcia no Reino Novo: Um estudo a partir de A Contenda de Apepi e Sequenenra O Reino Novo (c. 1550-1069 a.C.), sobretudo durante o período Raméssida (XIXª - XXª dinastias), foi uma das épocas de maiores transformações nos diversos campos da sociedade egípcia, pois nele ocorreram inúmeras modificações políticas, econômicas, sociais, culturais, etc. Nesse período teria ocorrido uma mudança extremamente radical na forma de se pensar o mundo e de se pensar o indivíduo por ele mesmo no Egito. Essa mutação da mentalidade coletiva aconteceu especialmente após o domínio dos hicsos, que abrira as fronteiras do país às influências estrangeiras, o que, juntamente com uma fase de prosperidade acarretada por campanhas militares vitoriosas e intensa atividade comercial com o exterior, foram alguns dos fatores que suscitaram um refinamento dos costumes, permitindo aos egípcios uma percepção de si mesmos como indivíduos. Este teria sido, então, o momento da afirmação de uma nova forma de pensar, presente há algum tempo na população e que finalmente atingia o sistema canônico, oficializando-se. Tais fatores, que tanto contribuíram para a mudança na mentalidade egípcia, acabaram refletindo-se e exercendo forte influência na literatura do Antigo Egito. Palavras-chave: Domínio hicso, guerra, mentalidade. Beatriz Moreira da Costa (CEIA/UFF) – As Estelas Votivas de Abidos e o Festival de Osíris durante o Reino Médio Tardio (c. 1976 – 1709 a.C.) Em nossa pesquisa, estudamos O Festival de Osíris que consiste em uma das principais evidências da importância de Osíris e de Abidos no Reino Médio, o qual foi alvo de atenção da maioria dos faraós reinantes durante o período. O festival traz em si elementos que relembram a origem mítica da realeza egípcia e que reafirmam a posição do faraó como força de equilíbrio do cosmos. Peregrinos vinham de todo o Egito para acompanharem a procissão e erigiam estelas em capelas votivas voltadas para a via em que ocorria, para que pudessem se beneficiar da festividade. Através de Estelas provenientes do acervo do Museu Nacional do Rio de Janeiro, analisamos a participação de particulares no festival, buscando identificar os meios pelos quais a festividade legitimava a norma social e de que forma criava espaços para tensionamentos e desejos individuais.

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Palavras-chave: Religião, prática ritual, ideologia.

15:30h – Intervalo para o Café 16:00-17:30h – Workshop: Religião Romano-Céltica (sala de cursos) Dra. Jane Webster (Universidade de Newcastle) DIA 09 DE NOVEMBRO – QUARTA-FEIRA 9:15-10:45h – Mesa Redonda 5: História Antiga: Perspectivas e Ensino (auditório) Coordenadora: Adriene Baron Tacla

Fábio Faversani (LEIR/UFOP) – A história antiga e a oferta do ensino superior de história com qualidade: qual a relação que existe? A pesquisa em História Antiga no Brasil é bastante recente. Aliás, a pesquisa acadêmica em História de um modo geral no Brasil é bastante recente uma vez que Universidades só se instalam muito tardiamente, mesmo se considerado o ambiente latino-americano. Além de ser recente, a pesquisa sobre a Antiguidade se concentrava até muito recentemente apenas no Rio de Janeiro e São Paulo. Poucas eram as universidades que contavam com pesquisadores em História Antiga em nossas Universidades. Não apenas estados da federação como um todo desconheciam a existência de um pesquisador da Antiguidade, mas regiões inteiras (no caso da região norte apenas recentemente essa realidade se alterou). Conforme a oferta do ensino universitário em História foi se expandindo e se consolidando, ocorreu um aumento também no número de professores de História Antiga e uma ampliação da sua distribuição geográfica. Nossa hipótese é que há uma aderência significativa entre a oferta do ensino de antiguidade e a qualidade dos cursos. O ensino de História Antiga por especialistas da área, com a construção de grupos de pesquisa, pode assim corresponder, mais do que à simples oferta de um componente curricular, à consolidação da oferta do ensino da disciplina como um todo com uma qualidade mais elevada. A oferta de História Antiga se trata, cremos poder afirmar e tentaremos demonstrar, de um sinal de amadurecimento e consolidação do ensino superior de História onde ela ocorre. Adriene Baron Tacla (NEREIDA/UFF) – A História Antiga no Ensino Básico: em defesa de História Global No último ano, enfrentamos um amplo e tenso debate sobre o componente História da BNCC e a inclusão ou não de História Antiga (e de História Global como um todo) no ensino básico brasileiro. No entender limitado de nossos colegas que atuavam na elaboração do projeto, a história global ainda é feita na perspectiva de um controle europeu. Com efeito, uma larga tendência nos estudos de ensino de História no Brasil tem defendido o privilégio da História Local em detrimento do que aqui se convencionou designar como “História Geral”. Muitos partem do princípio de que a História Local teria um maior apelo à curiosidade, estimulando mais facilmente o interesse do alunado. Apesar de reconhecermos a relevância e o interesse de se aplicar a História Local nos primeiros anos do ensino fundamental, é preciso atentar que uma tal perspectiva parte da premissa de que apenas o mesmo e o familiar é que provocam interesse, posto que somente eles seriam tangíveis para o ensino escolar; o que a nosso ver não corresponde à realidade.

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Desejo, aqui, discutir esses projetos de ensino de História, defendendo que podemos estruturar o conteúdo do ensino de História Antiga a partir da perspectiva transnacional e dentro de uma proposta atinente às Humanidades Digitais. Afinal, o estudo da Antiguidade nos oferece o desafio ideal para uma tal perspectiva, ao passo que as ferramentas digitais e o próprio debate em História Digital podem muito contribuir para tornar esse passado e seu debate conceitual mais tangíveis na sala de aula. Regina Maria da Cunha Bustamante (LHIA/UFRJ) – Cultura Material na Antiguidade Clássica e os Desafios da Educação Patrimonial Nesta apresentação, objetivamos analisar as relações entre Cultura Material, Museu, Educação Patrimonial e Ensino da História na construção do conhecimento histórico escolar, tendo como recorte temporal a Antiguidade Clássica.

Mesa Redonda 6: Novas Perspectivas em Estudos Romanos (sala de cursos) Coordenadora: Claudia Beltrão da Rosa

Claudia Beltrão da Rosa (UNIRIO) – Simulacra et instrumenta sacra: divindades, monumentos e paisagens religiosas na Roma dos séculos II-I AEC Na interseção entre a História Social, a História da Religião e a História da Arte, o Laboratório de Estudos Interdisciplinares da Antiguidade (LIBER), do Núcleo de Estudos e Referências sobre a Antiguidade e o Medievo (NERO), vinculado ao PPGH-UNIRIO, desenvolve pesquisas ligadas a questões concernentes à representação visual e verbal de divindades, objetos rituais, monumentos e paisagens religiosas, ou com leituras religiosas possíveis, destacando a construção, veiculação e recepção de imagens divinas e religiosas em diferentes suportes. O objetivo geral é analisar a função e a finalidade da figuração de deuses e objetos rituais, as lógicas que presidem sua construção e a organização de uma linguagem visual e de paisagens religiosas, estudando sua composição e caracterização, seus dispositivos visuais e a criação de modos de percepção que ultrapassam as imagens e fundamentam as experiências religiosas, sociais e políticas dos grupos humanos criadores e destinatários dessas imagens. grandes eixos estruturam as pesquisas: de um lado, a questão da eficiência das imagens religiosas através de procedimentos de criação, consagração, animação, exibição, circulação, manipulação etc.; de outro, a criação de sentidos para essas imagens em contextos cultuais, a partir da análise dos estilos, das formas, das cores, dos materiais, dos lugares de culto, e de discursos que criam/recriam seus significados, permitindo a criação de paisagens religiosas. Assim, trata-se de estudar as modalidades de construção de paisagens religiosas na cidade de Roma, seja através de suas características materiais, seja através do estudo dos discursos e representações, para cuja criação e manutenção as imagens são peças-chave. Palavras-chaves: Simulacra; Paisagens religiosas; Religião romana. Ana Teresa Marques Gonçalves (UFG) – A Noção de Fé Verdadeira na Obra Prudentina: Uma Anállise do Poema Apotheosis Neste trabalho, objetivamos reler criticamente o poema Apotheosis, produzido por Prudêncio na passagem do IV para o V século d.C. Nele, o autor nos fornece em hexâmetros dactílicos alguns pontos da ortodoxia cristã que estava se desenvolvendo ao longo da Antiguidade Tardia. Buscando o proselitismo, Prudêncio reflete sobre as profecias, os mistérios da Trindade e outros assuntos

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concernentes à filosofia cristã. Na tentativa de afirmar uma identidade cristã, o poeta tece interessantes críticas às práticas judaicas. Para auxiliar na conversão dos gentios, Prudêncio tenta nesta obra reapresentar a fé cristã usando dispositivos poéticos. Cláudio Umpierre Carlan (UNIFAL) – Antiguidade Tardia e as Moedas do Museu Histórico Nacional No período conhecido com Antiguidade Tardia, o mundo romano sofreu uma série de reformas administrativas, políticas, sociais, militares, econômicas e religiosas, numa tentativa de salvaguardar e modernizar o império. Essas mudanças estão presentes nas cunhagens monetárias, numa clara política de propaganda e legitimação, de uma elite que circulava a orla do poder. Objetivo do nosso trabalho é realizar um estudo da função monetária como uma difusão ideológica e agente legitimador da soberania romana, durante a Antiguidade Tardia. Analisaremos e identificaremos as fontes numismáticas da coleção existente no Museu Histórico Nacional (MHN), Rio de Janeiro, o maior espólio de moedas da América Latina, com mais de 130 mil peças das mais variadas regiões. Importante patrimônio e acervo arqueológico brasileiros ainda pouco explorado.

10:45h – Intervalo para o Café 11:15-12:45h – Mesa de Comunicações Coordenadas 7: Integração no Mediterrâneo Antigo (auditório) Coordenador: Gilberto da Silva Francisco

Gilberto da Silva Francisco (LEIR/USP) – Vasos Coríntios e a Questão Orientalizante A cerâmica coríntia arcaica, também chamada de orientalizante, experimentou uma ampla projeção no Mediterrâneo antigo. Inicialmente, sua circulação estava ligada ao comércio de perfume coríntio. Dessa forma, vasos relacionados ao transporte de perfume (pequenos frascos como alabastros e aríbalos) tiveram ampla distribuição e, atualmente, são encontrados em inúmeros sítios arqueológicos em torno do Mediterrâneo. Além disso, vasos não relacionados ao transporte e armazenamento de outros produtos também foram exportados e, em menor quantidade, compõem esse cenário de achados atuais da cerâmica coríntia. O objetivo dessa apresentação é discutir um aspecto específico desse tipo de objeto: o seu enquadramento em um contexto “orientalizante” de produção e suas consequências. Considerando a cerâmica coríntia e outras produções criadas em diálogo com ela (como a cerâmica arcaica na Etrúria e a forte presença da técnica de figuras negras em vários centros produtivos de cerâmica no mundo grego), serão discutidos a influência da cerâmica arcaica de Corinto na difusão e fixação de padrões “orientalizantes”, a noção de “Oriente x Ocidente” no cerne desse conceito, e seu efetivo aproveitamento para este debate. Palavras-Chave: Cerâmica Coríntia; Estilo Orientalizante; Difusão. Bruno dos Santos Silva (LEIR/USP) – Rede Bética e os Relatos Geográficos A teoria das redes vem cada vez mais fazendo parte dos estudos da Antiguidade, numa tentativa de repensar as formas de interação entre os diferentes povos no passado. Os principais estudiosos do tema da integração no mundo antigo fazem uso deste conceito, e incorporam cada vez mais sua linguagem, que nasce nas

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ciências sociais do século XX. No campo da Antiguidade, os estudos arqueológicos foram pioneiros no uso dessa teoria e muito têm contribuído para o debate. Entretanto, quase não há estudos que proponham articulá-la com a análise de fontes escritas. Dessa forma, o principal objetivo desta apresentação será discutir a viabilidade e a pertinência dessa articulação. Para tanto, buscaremos, primeiramente, traçar um breve panorama das mais recentes e atuais tentativas de uso dessa teoria no campo dos estudos da Antiguidade; e, em seguida, expor uma análise de algumas fontes escritas – textos dos séculos III a.C. a I d.C. que fazem uso de relatos geográficos, como, por exemplo, Histórias de Políbio, Geografia de Estrabão, Biblioteca Histórica de Diodoro Sículo, História Natural de Plínio, entre outros – procurando analisar a viabilidade da aplicação da teoria das redes para a análise de fontes dessa natureza. A questão central que norteará esta exposição será o contato entre as diferentes comunidades do vale do Guadalquivir e a cidade de Gades – uma importante ocupação fenícia que se destacou na Antiguidade pela sua relevância no comércio marítimo entre o Atlântico e o Mediterrâneo – entre os séculos III a.C. a I d.C. Pretendemos discutir a possibilidade de historicizar a formação de uma rede nesta região a partir da análise de tais fontes. Palavras-Chave: Redes; Contato; Vale do Guadalquivir. Gustavo de Freitas Sivi (LEIR/USP) – As Cartas de Vindolanda: Tipologias de uma Nova Fonte Vindolanda é um forte romano localizado na Bretanha, sendo parte da chamada linha militar de defesa Stanegate, traçada por Agrícola. O pesquisador Alan Bowman traça uma estratigrafia em cinco níveis deste forte, ocupado entre 86 e 120 d.C.. Nos níveis 2 e 3, correspondentes ao auge do governo de Agrícola, foi encontrado o que se convencionou chamar de as cartas de Vindolanda (Vindolanda writing tablets), pequenos fragmentos cuja a maioria são feitos de madeira e escritos com tinta comum. Tratam-se nestas cartas de diversos temas – questões administrativas do forte, questões da organização militar, do cotidiano desta elite, entre outros. De acordo com Bowman, por diversos motivos, estas cartas não constituem um acervo homogêneo e coetâneo, sendo marcado por incertezas na tradução, na recuperação e na reconstituição. Pretende-se então, apresentar a construção de uma tipologia que de conta de explicitar a amplitude dos temas que aparecem neste documento, e também enfatizar os aspectos únicos deste documento, capaz de contribuir para se elucidar a vida na fronteira do Império. Palavras-Chave: Vindolanda; Tipologia; Fronteira. Pedro Luís de Toledo Piza (LEIR/USP) – Unidade, Integração e Espaço de Culto nas Comunidades Cristãs Antigas: Uma Leitura das Cartas de Inácio de Antioquia É muito comum se encontrar na historiografia a caracterização do cristianismo antigo como um fenômeno histórico altamente diversificado em si mesmo, a ponto de se falar em “cristianismos”, no plural. Como é bem sabido e conhecido, era comum nos três primeiros séculos existir inclusive uma pluralidade considerável de correntes cristãs na mesma cidade do Império. Obviamente, nem todas essas correntes consideravam ideal e saudável a existência de tamanha fragmentação. Um dos autores cristãos antigos que defendem com afinco a unidade dos cristãos é Inácio de Antioquia, que afirma ser supervisor (ou bispo) da comunidade cristã existente na grande metrópole síria. Em sua visão, os que promovem a divisão nas igrejas são dignos de nada menos que o inferno. A manutenção da unidade deve ser alcançada por meio da submissão de todos os cristãos de uma cidade a um único supervisor. Havia obstáculos, porém: um deles poderia ser a prática comum

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de se reunir a igreja local em diversas casas, muito provavelmente com seus próprios líderes. Inácio de Antioquia, porém, condena tal prática: a coesão da comunidade local poderia apenas ser alcançada com a reunião cultual de toda a igreja de uma cidade em um único local, com todas as dificuldades que isso poderia gerar com relação a acomodação de gente e organização do espaço. Para Inácio, no entanto, a reunião única era imprescindível para a garantia da unidade: apenas dessa forma o supervisor poderia se utilizar do culto para exercer o controle social sobre sua comunidade, identificando os que resistiam a dele participar e exercendo influência sobre os irresistentes. O objetivo desta comunicação é apresentar o embate entre a proposta de integração da comunidade cristã local defendida por Inácio de Antioquia e os costumes locais de manutenção de espaços difusos de culto. Palavras-Chave: Inácio de Antioquia; Cristianismo; Integração.

Mesa de Comunicações Coordenadas 8: Imaginário e Monumentalização: visões em torno da morte (sala de cursos) Coordenadora: Ellen M. T. Vasconcelos

Talita Nunes (NEREIDA/UFF) – Morte, Memória e Gênero Feminino na Atenas Clássica A memória pode ser definida num sentido geral como a propriedade de conservar certas informações e impressões. Por conseguinte, ela é um elemento essencial da identidade, tanto individual como coletiva. Isto porque a memória individual ao reunir informações passadas relativas ao ‘eu’ permite construir a identidade (conjunto de características próprias) de uma pessoa. Semelhantemente isso ocorre com a memória coletiva que congrega informações partilhadas por um determinado grupo de pessoas (comunidades, povos, nações, etc.) e que o distingue dos demais, ou seja, forma sua identidade. Entretanto, nesta comunicação nos concentraremos na perda da memória individual causada pela morte. Segundo José Carlos Rodrigues, a morte consiste na dissolução do indivíduo na espécie, ou seja, na perda da individualidade, isto é da identidade e consequentemente da memória. Esta era a concepção tradicional da morte entre os gregos antigos e entre a grande maioria dos cidadãos atenienses do Período Clássico. Contudo, havia uma forma de manter-se livre do aniquilamento total: manter-se ‘vivo’ por meio da memória dos outros. Isto posto, nesta comunicação apresentaremos a concepção grega da morte como o domínio do esquecimento, assim como os ritos fúnebres e a sepultura como o modo de se manter as margens deste. Neste sentido, veremos o papel do gênero feminino na Atenas Clássica nos rituais funerários e nas visitas ao túmulo como um importante mecanismo na preservação da memória do morto. Palavras-chaves: Morte, memória, gênero feminino, Atenas Clássica. Ana Carolina Moliterno (NEREIDA/UFF) – A entrada para o mundo os mortos: as tumbas de passagem na Irlanda Neolítica Durante o período Neolítico, a Europa Atlântica desenvolveu uma peculiaridade: é possível observar a monumentalização (ou seja, a construção de monumentos) conspícuos ligados à temática funerária em toda sua extensão. Foram construídos marcos visíveis na paisagem por toda a faixa Atlântica europeia, monumentos megalíticos e estruturas em madeira – em sua maioria de formatos circular, funcionando como reflexo da cosmovisão das populações pré-históricas que se

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assentavam e, por consequência, possuíam uma noção de tempo e espaço diferenciada das populações nômades. Considerando o contexto particular da faixa atlântica europeia, esta comunicação tem por objetivo analisar monumentos megalíticos funerários durante o Neolítico na Irlanda. O enfoque será direcionado para um tipo característico de monumento funerário irlandês: as tumbas de passagem. Espalhadas por toda a ilha, divididas em 3 tipologias distintas, considerando suas complexidades e tamanhos e funcionando como microcosmos da paisagem ritual da qual fazem parte, podem ser interpretadas simbolicamente como a entrada para o domínio dos mortos: trazendo à tona os sentidos e a corporalidade daqueles que adentravam as tumbas, possibilitando uma série de rituais ligados à temática da morte. Para entendermos melhor seu papel na cosmovisão das comunidades Neolíticas Irlandesas, considerar-se-á a influência e o impacto que esses monumentos exerceriam sobre um indivíduo que os visualizasse na paisagem e os adentrasse: serão utilizados conceitos advindos da Arqueologia da Paisagem (como monumentalização), o conceito advindo da fenomenologia (tanto do corpo quanto da paisagem) – conhecido como incorporação, além de analisar a partir da Arqueologia dos Sentidos os recursos sensoriais que esses monumentos oferecem. Palavras-chave: Morte, Tumbas de Passagem, Neolítico Irlandês Camila A. Jourdan (NEREIDA/UFF) – Esconder os corpos e os crimes: o mar como um lugar de não-retorno O poder do mar pode ser compreendido em sua capacidade de submersão, em sua imensidão e vastidão, em sua profundidade e seu constante movimento. Estas cinco características atribuídas por Astrid Lindenlauf (2003), em seu estudo sobre o mar como um lugar de não-retorno, nos possibilita perceber as potencialidades do mar na atuação do desaparecimento e/ou no encobrimento de rastros indesejados. Para os helenos, ter uma morte no mar era ultrajante. Deste modo, pretendemos nesta comunicação analisar passagens que nos permitam elucidar a relação de ações consideradas vergonhosas/criminosas pela sociedade helênica com o mar, tanto em obras do período arcaico quanto do clássico. Interpreta-se, assim, que o imaginário sobre o mar e a morte relacionada a ele perpassa, em alguns sentidos, os séculos, indicando-nos uma interdiscursividade entre Homero e Heródoto, por exemplo. Palavras-chaves: Morte, mar, sociedade helênica. Ellen M. T. Vasconcelos (NEREIDA/UFF) – Damas Iberas: representação, comunicação e hibridização no espaço funerário Durante o período “Orientalizante” a Península Ibérica experimentará inúmeras mudanças e reestruturações socioculturais, principalmente em virtude da presença e interação de populações provenientes do Mediterrâneo Oriental, como fenícios e helenos. Com o surgimento de entrepostos fenícios e emporía helênicos, o comércio exterior ibérico se organizará e passará a ser controlado por uma recente elite ibera, presente tanto nos oppida, como nos portos estrangeiros. Esta aristocracia local em um certo momento irá eleger a estatuária como um meio de exposição de seu poder e status, elegendo as necrópoles como um espaço de comunicação. Com isto, esta comunicação pretende fazer uma breve analise da função e representação de esculturas femininas do âmbito funerário, conhecidas como “Damas Iberas”. Além disto, como um resultado de um encontro multicultural, identificaremos elementos e signos nas esculturas que comprovam um processo de hibridismo cultural nas regiões sul e sudeste da Península Ibérica a partir do século VIII a.C.

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14:00-15:30h – Mesa de Comunicações Coordenadas 9: LECA – As abordagens do material cerâmico e o conhecimento das sociedades antigas (sala de cursos) Coordenador: Fábio Cerqueira Vergara (UFPel)

Camila Diogo de Souza (MAE/USP) – A cerâmica enquanto forma de prestígio social na Grécia do século VIII a.C. A análise do repertório iconográfico da produção cerâmica argiva do Período Geométrico na Grécia (900 a 700 a.C. aproximadamente) revela sua originalidade, especificidade e autonomia e fornece elementos e indícios para a compreensão das relações entre a arte e a sociedade, principalmente no que diz respeito aos pressupostos e características da Arte Geométrica. Contudo, a abordagem iconográfica de estudo revela-se lacunar e insatisfatória quando a análise de seu suporte material e das características do seu contexto arqueológico são desconsiderados ou ignorados. Visamos nesta breve comunicação refletir sobre os significados, usos e papéis sociais dos vasos cerâmicos provenientes de contextos funerários em Argos, no Peloponeso, Grécia, durante o século VIII a.C. Palavras-chave: Grécia Geométrica, cerâmica, prestígio. Juliana Figueira da Hora (MAE/USP) – Timbres anfóricos tasienses: o papel dos timbres no Egeu e no Mar Negro – divulgação ou autenticação? Esta comunicação tem o objetivo de apresentar e discutir a produção e circulação das ânforas tasienses que possuíam timbres. Procuraremos mostrar a importância de Tasos no contexto da produção anfórica do Egeu e o histórico dessa ilha em relação ao comércio do Egeu, Mediterrâneo e Mar Negro. Os timbres anfóricos de Tasos – assim como suas moedas – são documentos essenciais para o aprofundamento das pesquisas sobre as relações comerciais da ilha em período arcaico e clássico. As ânforas timbradas são reconhecidas por serem marcadores cronológicos e ao mesmo tempo, elas são capazes de apontar importantes centros produtores do mundo grego de período clássico até o período helenístico. Os principais centros relacionados de produção (Egeu) e de importação (Mar Negro) são: Tasos, Rodes, Knides no Egeu e Heracléia Pôntica, Sinope e Quersoneso, no Mar Negro. Muitas publicações ao longo dos anos foram aprimoradas, havendo considerável precisão nos dados, porém há dúvidas acerca do papel do timbre. Estariam os timbres relacionados à divulgação de produtos locais nas relações e transações comerciais? Por fim, procuraremos correlacionar essas questões com as novas propostas teóricas ligadas à conectividade do Mediterrâneo e as redes de relações entre os habitantes dessas regiões na Antiguidade. Palavras-chave: ânforas tasienses, timbres, Egeu. Francisco de Assis Sabadini (MAE/USP) – Mudanças formais e ornamentais na cerâmica ática entre 1100 e 700 a.C. Durante os séculos XIII e XII a.C., uma série de destruições atingiram os principais centros de poder micênicos, ocasionando a queda progressiva desse sistema social, político e cultural. Se, por um lado, o fenômeno desarticulou as estruturas da tradição antiga, por outro, atuou criando uma nova organização social. A desagregação desse sistema veio acompanhada de mudanças visíveis no registro arqueológico das regiões antes ocupadas por esta sociedade, sendo a cerâmica uma categoria importante desse registro devido a sua abundância e resistência aos processos de degradação. O objetivo dessa comunicação é debater a mudança gradual ocorrida em termos ornamentais e formais na cerâmica da Ática, Grécia, entre 1100 e 700 a.C., período imediatamente posterior aos eventos supracitados. Os vasos analisados para tal

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finalidade foram produzidos para uma elite local, são bem decorados e finamente moldados, encontrados em contextos funerários e agregados a outros materiais de acesso restrito, como ouro e ferro. Tais características pressupõem uma distinção, são objetos de status e poder depositados junto aos cadáveres em suas respectivas sepulturas, existindo diferenças quanto à quantidade e qualidade. Estes itens, embora restritos a um determinado grupo social, apresentam marcadores de tradição manifestos em certos ornamentos e na manutenção de algumas formas, que possuem sua contrapartida no aparecimento de inovações de ornamentos, formas ou técnicas de produção. Palavras-chave: Arqueologia; Cerâmica; Grécia. Carolina Kesser Barcellos Dias (UFPel) – Da teoria à prática: análise do material cerâmico e contribuições interdisciplinares Nesta comunicação apresentaremos alguns resultados das atividades desenvolvidas no Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga (LECA). Com base nas experiências empíricas de análise do material cerâmico, na construção e desenvolvimento de cursos voltados para o estudo da produção cerâmica grega, e na contribuição de disciplinas de caráter particularmente técnico ou tecnológico (desenho de material arqueológico, cerâmica, fotografia) procuraremos refletir acerca de nossas contribuições para a construção de um espaço de estudos de cultura material, história e antropologia da antiguidade. Palavras-chave: Cerâmica grega, interdisciplinaridade, metodologia

15:30h – Intervalo para o Café 16:00-17:30h – Mesa de Comunicações Coordenadas 10: Espaço e Memória na (auditório) Coordenadora: Marcia Severina Vasques

Liliane Tereza Pessoa Cunha (MAAT/UFRN) – O Culto Isíaco na obra O Asno de Ouro O madaurense Apuleio, autor da obra O Asno de Ouro, fora um importante cidadão romano, difusor de concepções filosóficas e religiosas - como o movimento da Segunda Sofística e o Platonismo - bem marcantes em seus escritos, durante o século II d.C. Apuleio escreveu durante a dinastia Antonina, na época imperial, período em que uma considerável pluralidade cultural florescia no Império e redefinia os seus costumes. Neste sentido, esta comunicação tem como objetivo perceber a importância da construção de um espaço sagrado na obra apuleiana, que é refletido na maneira como ele apresenta uma série de cultos considerados, em sua maioria, à margem da religião romana e que foram introduzidos em sua realidade. O culto dedicado a deusa Ísis, o cerne desta análise, é tratado pelo autor de modo benfazejo, uma vez que ele já estava atrelado a religião imperial oficial. Pretende-se, então, apresentar a religião dedicada à deusa Ísis e a edificação de um espaço sagrado isíaco na obra O Asno de Ouro, dando enfâse ao seu culto, festividades e rituais, a fim de mostrar a sua relevância para esta cultura e a intenção de Apuleio em apresentar positivamente um culto em detrimento de outros, de modo a realizar uma apologia à deusa nilótica. Palavras-chave: Espaço Sagrado; Ísis, Ritual; Apuleio.

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Arthur Rodrigues Fabrício (MAAT/UFRN) – A construção da memória cultural nos templos de Ramsés III Ramessés III (1187 a.C. – 1157 a.C.), segundo faraó da XX dinastia egípcia, reinou durante a passagem da Idade do Bronze para a Idade do Ferro, no contexto de um delicado clima político e social, com tentativas de invasão por estrangeiros, greves de trabalhadores e uma tentativa de regicídio em meio a um golpe de estado. Apesar das adversidades, este faraó foi o responsável pela construção de um suntuoso complexo de culto real, em Medinet Habu, a última grande estrutura monumental erigida no Novo Império. Neste espaço sagrado, um dos exemplos mais bem conservados da estrutura axial templária da época, reúne-se grande parte da herança cultural egípcia do período, seus padrões artísticos, arquitetônicos, escultóricos, seus mitos, anseios e rituais, suas crenças no pós-vida e na função do faraó, principal mediador entre as esferas divina e humana. Neste sentido, com base no conceito de memória cultural, esta comunicação tem por objetivo realizar uma breve análise do templo memorial de Ramessés III, por meio de suas iconografias e de seus registros escritos, buscando demonstrar como este pode ter sido utilizado para perpetuar uma memória de longa duração da sociedade egípcia e de seus valores, ressaltando os diversos tipos de recursos que foram adotados neste espaço para a consolidação deste projeto rememorativo e da autoimagem de Ramessés III à época. Palavras-chave: Ramessés III; Medinet Habu; Novo Império; memória cultural. Ruan Kléberson Pereira da Silva (MAAT/UFRN) – Guerra, ordem e equilíbrio cósmico na Alta Mesopotâmia A relação que os homens travam com o ambiente que ocupam resulta na construção de significados particulares que, por sua vez, são produtos das propriedades de estímulo que esse mesmo ambiente envia aos homens que circulam por ele. Para o caso particular dos palácios imperiais das capitais neoassírias, um dos principais elementos de estímulo do ambiente foi o programa escultórico de relevos compostos em lajes de alabastro fixados às paredes dos cômodos palacianos. Esses relevos revelam: a) um modo racional de construção espacial dos ambientes; b) um discurso oficial acerca da imagem pretendida pela realeza assíria, que gerenciava a própria atividade escultórica; c) uma afirmação material da soberania política e da superioridade técnico-militar que fazia o poderio assírio ser reconhecido; e, dentre outros, d) revela um modo de agir, uma forma de proceder que a audiência diversa dos palácios deveria assumir. Nesse sentido, analisar a estrutura arquitetônica dos palácios imperiais neoassírios é, acima de tudo, procurar compreender como as diversas dimensões da sociedade assíria interagiam no interior de um espaço relativamente fechado, mas que fazia circular uma quantidade significativa de elementos, em interação. Palavras-chave: Arquitetura; Palácios imperiais; Relevos neoassírios; Ordem e Equilíbrio Cósmico.

Mesa de Comunicações Coordenadas 11: A Pesquisa sobre a Guerra Antiga (GEHM-CEIA-UFF) (sala de cursos) Coordenador: Manuel Rolph Cabeceiras (CEIA-UFF)

Sandro Teixeira Moita (ECEME/CEIA-UFF) – Expandindo fronteiras: a pesquisa em História Militar Antiga O objetivo do presente trabalho é fazer uma reflexão acerca da relação entre a pesquisa em História Militar e a História Antiga, com o estabelecimento de

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intersecções que atualizam e aprofundam como tais campos do conhecimento podem ser observados a partir de um novo olhar, extrapolando inclusive limites originais e trazendo ideias e reinterpretações mesmo para eventos do presente, em especial no estudo dos conflitos contemporâneos, por instituições civis e militares. Valendo-se disto, busca-se entender ainda o uso e o abuso da História Militar Antiga no debate estratégico atual. Palavras-chave: Guerra, Antiguidade, Estratégia. Hiram Alem (Mestrando PPGHC/NIELIM-UFRJ/CEIA-UFF) – Por uma História Cultural da Guerra – Considerações teóricas sobre a Nova História Militar Com o surgimento da Nova História Militar a partir dos anos 60, a História Militar passou a analisar mais do que apenas os relatos e descrições de grandes feitos de generais e as minúcias de batalhas. A Nova História Militar possibilitou uma expansão temática, teórica e metodológica para a historiografia militar, permitindo-se igualmente uma interface interdisciplinar com outros campos do saber, como a antropologia e a psicologia. Com isto em mente, a presente comunicação tem como objetivo apontar, ainda que brevemente, as possibilidades e limitações de uma articulação intradisciplinar entre a Nova História Militar e a Nova História Cultural. Palavras-chave: Guerra, Antiguidade, Interdisciplinaridade. Douglas Magalhães Almeida (GEHJA/GEHM-CEIA-UFF) – Manuais da Guerra Japonesa: As Fontes dos Conflitos Antigos antes dos Samurais A Guerra Antiga como precedente da Guerra Moderna, assim como na Europa, se estende também no Japão ao período que costumamos designar como feudal, e então, a respeito dela, é comum pensar em nobres e honrados Samurais travando épicas batalhas. Todavia, apesar da existência de documentos importantes em fornecer um panorama variado desta época, não são eles devidamente estudados. Aqui temos um campo onde as pesquisas na área da nipologia são escassos. Este trabalho tem a intenção de apresentar os novos rumos das pesquisas e quais são os tipos de fontes trabalhadas no estudo em história militar japonesa, discutindo a presença da documentação e os grupos que as produziram, do período anterior e durante o surgimento dos guerreiros que desenvolverão o aspecto do pensamento bélico japonês. Palavras-Chave: Guerra Antiga, Japão, documentação.

DIA 10 DE NOVEMBRO – QUINTA-FEIRA 9:15-10:45h – Mesa Redonda 7: Ensino e Pesquisa de História Antiga no Brasil do Século XXI: Desafios, abordagens e perspectivas – Parte I (auditório) Coordenador: Alex Degan

Alex Degan (UFTM) – A Nova Queda de Roma: História Antiga, Ensino de História e o Brasil do século XXI Dominique Santos (FURB) – O Ensino e a Pesquisa em História Antiga no Brasil – Reflexões a partir dos dados da Plataforma Lattes A área de História Antiga se desenvolveu muito nas últimas décadas no Brasil, o que pode ser percebido tanto pela quantidade de pesquisadores dedicados ao

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estudo deste período histórico específico quanto pela qualidade das publicações por eles disponibilizadas. Esta comunicação apresenta os resultados de uma pesquisa qualiquantitativa realizada no âmbito do LABEAM - Laboratório Blumenauense de Estudos Antigos e Medievais e que teve por objetivo analisar sistematicamente a produção acadêmica da área a partir dos dados fornecidos pela Plataforma Lattes, o que nos permite compreender algumas questões importantes para a área, como, por exemplo, o que tem sido pesquisado nos últimos anos pelos docentes que lecionam História Antiga de forma permanente em alguma IES brasileira, quais temas tem sido contemplados pelos Trabalhos de Conclusão de Cursos de Graduação e Especialização, Dissertações de Mestrado, e Teses de Doutorado orientados por estes docentes, dentre outras coisas mais. Luis Ernesto Barnabe (UENP) – Justiniano José da Rocha e os primeiros manuais de História Antiga na escolarização brasileira José Justiniano da Rocha foi o primeiro professor de História do Imperial Colégio Pedro II e tradutor dos primeiros compêndios franceses adotados; e produziu ao fim de sua vida (1860) seu próprio compêndio. Considerando a importância do Colégio em termos de inspiração aos demais estabelecimentos de ensino secundário do país, e de tal maneira que suas publicações influenciariam os currículos e manuais escolares do período tanto em termos de uma definição de história como em concepções do que seria a “nossa” primeira história, iniciada com Adão e Eva – e, portanto, entrelaçada com a história sagrada, objetivo deste trabalho é esboçar – a partir da análise da trajetória do autor no cenário político e educacional e de sua produção de manuais escolares – a circulação do saber histórico, especificamente acerca da História Antiga, na sociedade brasileira por volta do período 1838-1860. Palavras Chave: José Justiniano da Rocha; Manuais Escolares; Usos do Passado

Mesa Redonda 8: Pesquisas em Estudos do Antigo Oriente Próximo (sala de cursos) Coordenador: Marcia Severina Vasques

Margareth Bakos (PUC-RS) – Jaroslav Cerny, escritas de si, Deir el Medina Acima temos um autor, um achado e um lugar. Tal como ensina Michel de Certeau, inexiste uma história sem esses dados. Falta-nos saber sobre o lugar. Deir El Medina é o nome de um povoamento cóptico com uma igreja e um mosteiro situado nas cercanias de uma cidade: Djeme. igreja foi instalada nas ruínas do templo da deusa Hathor, construído por Ptolomeu IV (221-205 a.C.). Nos tempos faraônicos, esse lugar era chamado de pa demi, “a vila”, embora a mais oficial das denominações para a área era “Lugar da Verdade” ou ‘Necropolis”, segundo Cerny. Graças ao papel desempenhado pelas areias na conservação da vila, poucos sítios arqueológicos do Egito faraônico permitem uma evocação visual tão evidente do seu passado na atualidade como Deir el Medina. Pode-se concluir que Deir el Medina foi lugar pequeno de apenas 1 ½ ha, hoje totalmente escavado. O primeiro trabalho arqueológico ali realizado em grande escala foi dirigido por Ernesto Schiaparelli (1856-1928). As escavações mais recentes realizadas em Deir el Medina ficaram ao encargo do Institut Français d´Archeology Orientale, remontando seu início ao ano de 1917, sob a direção de Bernard Bruyére (1879-1971). Em 1925, juntou-se a essa equipe um filólogo de origem tcheca, Jaroslav Cerny (1898-1970).Esta comunicação versa sobre os desdobramentos da participação de Jaroslav, a partir de suas pesquisas, para o conhecimento da história do Antigo Egito.

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Marcia Severina Vasques (UFRN) – Retratos funerários no Egito Romano: diálogos interculturais Os retratos funerários do Egito romano, comumente chamados de “Retratos do Fayum”, assim como as máscaras mortuárias tinham por finalidade suprir dois aspectos básicos e essenciais para a manutenção da vida após a morte e a garantia para a sobrevivência no Além: a identidade social e individual do morto. Mas o que era o retrato para a sociedade egípcia do período? Quais elementos das culturas egípcia, grega e romana podemos elencar que estão em contato (emaranhados) material e culturalmente? Tendo por finalidade analisar a função do retrato funerário no Egito do período romano objetivamos elencar os elementos advindos de tradições diferentes, mas que estavam em diálogo e interação na sociedade egípcia dos séculos I-II d.C. Palavras-chave: Egito Romano – Retrato funerário – emaranhamento

10:45h – Intervalo para o Café 11:15-12:45h – Mesa de Comunicações Coordenadas 12: Relações de gênero no Mediterrâneo Antigo (auditório) Coordenadora: Thais Rocha da Silva

Aline Saes Rodrigues (USP) – O Discurso Ideológico e a Experiência Social: Status e Mobilidade Social Feminina em [Demóstenes] 59, Contra Neaira Este trabalho tem como objetivo uma leitura crítica da retórica grega presente no discurso forense 59 Contra Neaira, inserido no Corpus Demosthenicum, mas com provável autoria do orador Apolodoro. A partir disso, pretende-se uma investigação do feminino e sua pluralidade em Atenas no século IV a.C, explorando a visão e o ideário masculinos acerca das mulheres, implícitos no discurso e nas leis atenienses ali expostas, para explicitar a experiência social do cotidiano: diferentes posições éticas e status envolvendo mulheres, seus papéis sociais e sua mobilidade diante das dicotomias ateniense/não ateniense, legítima/ilegítima. Além disso, buscamos compreender elementos fundamentais ao estudo da idealização tendenciosa presente na retórica das Cortes atenienses, tomadas como espaços de ganha e perda de honra exclusivamente masculinos. Procuramos situar nossa pesquisa no sentido de evidenciar o debate entre a dicotomia representação/realidade nos discursos e a possibilidade de um alcance, em suas entrelinhas, de uma aproximação com a experiência do cotidiano. Pretende-se, através da análise da documentação textual em Contra Neaira, atentar para as transgressões comportamentais femininas, evidenciando suas ações fora dos limites "impostos" pelo modelo idealizado na sociedade ateniense, o da mélissa, e o uso da normatização do universo feminino como uma forma de manutenção da ordem na Pólis. O discurso forense 59 de Apolodoro, Contra Neaira, nos abre portas acerca das atitudes, tanto legais quanto comportamentais, tomadas em relação às mulheres em Atenas, assim como suas exceções e contraposições, tendo a trajetória de Neaira como exemplo primeiro. Portanto, procuramos indícios de que o ideal feminino reproduzido pelos autores antigos – e defendido no julgamento de Neaira – não concordava com a realidade, repleta de uma complexidade social em que as leis atenienses não eram seguidas à risca e, portanto, precisavam ser reforçadas nas cortes através da retórica e do convencimento. Palavras-Chave: [Demóstenes]; Retórica; Ideal Feminino.

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Fabrício Sparvoli Godoy (USP) – Homossexualidade Masculina em Roma: Uma Nova Fronteira de Pesquisa em História Antiga no Brasil A história da sexualidade e gênero são campos de reflexão historiográfica relativamente recentes, não apenas no Brasil, tendo suas origens nos movimentos contestatórios, sobretudo americanos, dos anos 1960 e 1970. Há apenas cerca de 15 ou 20 anos, no entanto, historiadores brasileiros, em diálogo com a produção internacional, têm pensado tais histórias na Antiguidade. Esta apresentação enseja, por conseguinte, ser uma revisão da produção historiográfica nacional acerca da homossexualidade masculina na Roma do século I d.C., especificamente. Para isto, tratarei, inicialmente, das produções concernentes à homossexualidade masculina em Roma surgidas no país nestes últimos 15 ou 20 anos. Em seguida, pensarei acerca dos diálogos que tais pesquisas estabelecem com os debates fomentados a partir de autores estrangeiros, debates estes cruciais para a história da homossexualidade, como a disputa entre correntes historiográficas divergentes, como entre construcionistas e essencialistas. Finalmente, procurarei situar minha presente pesquisa em seu contexto de produção nacional, mas também internacional, relacionando-a com os trabalhos nacionais citados e com os debates internacionais do campo da história dos homossexuais em Roma. Palavras-Chave: Roma; Homossexualidade; Historiografia. Gaya Maria Vazquez Gicovate (USP) – Participação das Mulheres Espartanas no Espaço Público Apresentarei os resultados da pesquisa de iniciação científica O feminino na vida pública da polis: uma análise das mulheres espartanas na obra de Plutarco. A qual trata das mulheres espartanas na obra Vidas Paralelas de Plutarco (século I e II d. C.), mais especificamente nos livros Lisandro, Agesilau, Ágis e Cleomenes (séculos V e IV a. C.). A justificativa de superar o modelo atenocêntrico idealizado do padrão feminino passivo, submisso, enclausurado no âmbito privado, leva à análise das singulares mulheres de Esparta. Estas mulheres gozavam de direitos e espaços diferentes do encontrado nas outras polis gregas a partir das leis licúrgicas. Pesemos que a instituição de Licurgo, suas regras e costumes, forjaram a identidade e a organização da polis Esparta, independentemente de seu caráter mítico, e essa identidade e organização é o que atribuiu e gerou o período histórico dos séculos V e IV. Obter e gerir propriedades forneceu as ricas espartanas um status econômico próximo ao dos homens, assim, chegaram a deter boa parte das terras agrícolas de Esparta. As leis lacônicas forneciam ensino para as meninas e garantia certa liberdade de circulação às mulheres, já que a autonomia e educação seriam importantes para administração. Então, há uma importância da mulher espartana em sua sociedade que ultrapassa a bipolaridade espacial (mulher no espaço privado-homem no espaço público), e essa importância se manifesta na obra de Plutarco. A fonte é uma junção de biografias comparativas de generais e governantes romanos e gregos inscritas na história de suas próprias cidades, com foco na vida pública destes governantes. Ainda podemos notar que Plutarco retrata a história da polis espartana, sendo o biografado o meio para acessá-la. Deste modo, esta obra é um documento que fornece circunstâncias interessantes para avaliar a participação feminina no espaço público da polis espartana, o foco central de minha pesquisa. Nesta obra que trata em suma de História Política e Militar encontram-se diversas narrativas de mulheres dotadas de influência e força de atuação no meio público de sua cidade, por isso a escolha desta obra.

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A obra é escrita séculos depois do período estudado, quando o Peloponeso estava sob o domínio romano. É uma fonte de amplo caráter exemplar e normatizador, mas a possibilidade do seu uso para acessar a atuação pública das mulheres lacedemônias é confirmada pelo uso e citação de variadas fontes, e pela verossimilhança destas narrativas nas sociedades antigas gregas e romanas, observada a partir da recepção e circulação da obra no período em que foi publicada. Palavras-Chave: Esparta; Mulheres; Participação Política. Sarah Fernandes Lino de Azevedo (USP) – Traições Políticas e Amorosas no Império Romano (31 a.C. – 68 d.C.) Esta comunicação visa apresentar algumas considerações a respeito da relação entre os crimes de maiestas (traição política) e adultério entre a aristocracia romana do período Júlio-Claudio, com base em fontes como Tácito, Suetônio, e Dião Cássio. A partir de um estudo prosopográfico, e considerando elementos que definem a aristocracia romana como uma 'corte', pretende-se apontar e explorar questoes sobre a natureza e a dinâmica destes dois crimes no jogo político do início do império. Desta forma, abordaremos tópicos como: pactos de lealdade política e patriarcal; usos e manipulações da ‘lei Júlia sobre adulterio’ na política; e importância do circuito informal de trocas de influências na dinâmica da política da corte imperial. Palavras-Chave: Roma; Adultério; Maiestas. Thais Rocha da Silva (Oxford) – A vida cotidiana no Egito antigo: problemas e desafios na construção de modelos analíticos Os estudos sobre a vida cotidiana no Egito antigo incorporaram diversas generalizações que só recentemente vem sendo (re)discutidas pelos egiptólogos. Entre os diversos tópicos associados ao chamado “daily life", o gênero, os usos e apropriações do espaço pelas mulheres têm sido tendência em muitas pesquisas desde a década de 1990. Análises sobre Deir el-Medina e Amarna, combinando evidências arquitetônicas e objetos, surgiram como modelos para se pensar e problematizar as relações de gênero e os usos do espaço na vida cotidiana no Egito antigo. Embora a Egiptologia reconheça que ambos os contextos sejam exceções e não podem ser generalizados tanto no espaço como no tempo, outros sítios que oferecem documentação material relevante não foram incorporados na discussão. Nessa apresentação pretendo discutir as duas ordens do problema. Primeiro, desconstruir as associações entre gênero, espaço doméstico e vida privada no contexto egípcio a fim de demonstrar que os usos do termo gênero são inadequados para analisar o material disponível. Em segundo lugar, pretendo discutir de que maneira os modelos surgidos a partir de Deir el-Medina e Amarna são problemáticos para se pensar a vida dos egípcios a partir da vida cotidiana.

Mesa de Comunicações Coordenadas 13: O Texto Latino: História, Literatura e Linguística (sala de cursos) Coordenador: Manuel Rolph Cabeceiras

Thaíse Bastos Pio (PPGLC-UFRJ/CEIA-UFF) – Imaginário e representação das terras italianas nas Geórgicas de Vergílio Geórgicas de Vergílio, compostas no período de 37 a 30 a.C., constituem um poema didático dividido em quatro cantos nos quais são tratadas diversas atividades que o universo rural envolve: o cultivo dos cereais, dos vegetais, dos animais e das

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abelhas, respectivamente. Ao longo da obra conjugam-se as preceituações sobre técnicas agrícolas e as digressões, ou seja, passagens em que o poeta se afasta da postura de magister e narra sobre outros temas, em geral, de cunho mitológico e filosófico. A partir da tradução e análise de uma destas passagens, conhecida como Laudes Italiae, versos 136 a 176 do II canto, buscaremos verificar a relevância de alguns dos temas tratados nas digressões, considerando, sobretudo, o contexto de produção da obra, e compreender o seu papel frente à finalidade instrutiva do poema. Palavras-chave: Século de Augusto, Poesia Latina, Mitologia. Beethoven Alvarez (IEL-UNICAMP/CEIA-UFF) – Senarii iambici ac uariatio: efeitos expressivos no Persa de Plauto A comédias de Plauto (c.184-255 a.C.) foram escritas em variados tipos de verso. Isto implica, naturalmente, uma variação rítmica evidente. Além disso, muitos versos possuíam grande liberdade de variação em sua organização métrica. Diversos estudiosos, antigos e modernos, notaram e comentaram essas possibilidades de variação. Em uma abordagem mais específica, Gratwick e Lightley (1982), analisam a variação de sílabas longas e breves dentro de septenários trocaicos e propõem uma interpretação que valoriza a expressão dramática. Neste mesmo sentido, o presente trabalho se propõe a analisar algumas passagens em senários iâmbicos selecionados da peça plautina Persa e perceber a variação métrica interna dos versos a partir de seus efeitos expressivos em termos de conexão entre organização métrica e conteúdo dramático. Palavras-chave: Teatro, Comédia Romana, Métrica. Douglas Gonçalves de Souza (PPGLC-UFRJ/UNEAL/CEIA-UFF) – Ecos textuais entre gêneros poéticos: uma análise da lamentatio de Ariadne A triste relação amorosa vivenciada por Ariadne e Teseu foi narrada de maneiras variadas pelos autores da tradição literária greco-latina. Não obstante, o discurso de lamentação da heroína, ao se perceber abandonada pelo amante, é lugar comum na poesia latina. O presente estudo, por um viés teórico-metodológico intertextual, objetiva analisar a lamentatio da heroína cretense, comparando fragmentos do epílio catuliano (Carmen LXIV) ao texto da VII Heroidum Epistula de Ovídio, já que consoante Knox (1995) os ecos textuais existentes evidenciam que a lamentação desta carta elegíaca se embasa no poema de Catulo. Palavras-chave: Gêneros literários, intertextualidade, mitologia. Luiz Pedro da Silva Barbosa (UFRJ/CEIA-UFF) – Aspecto morfológico e Aspecto lexical: Um olhar sobre a formação dos verbos estativos latinos Este trabalho é um recorte da pesquisa realizada durante Mestrado em Estudos da Linguagem (UFF). No decorrer das análises de construções com verbos estativos no Latim, deparamo-nos com uma diferenciação que levou a dois traços distintos que incidem sobre a significação do verbo, ambos chamados de "aspecto", porém distintos tanto em níveis formais quanto em níveis funcionais. A pesquisa se alicerça em uma visão linguística funcionalista centrada no uso e, para tanto, toma como material de análise o corpus das comédias de Plauto. Palavras-chave: História da Língua, Plauto, funcionalismo.

14:00-15:30h – Mesa de Comunicações Coordenadas 14: NERO/ LIBER (auditório) Coordenador: Cláudia Beltrão

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Gisele Oliveira Ayres Barbosa (UNIRIO) – Representações do lituus em moedas republicanas romanas A partir da segunda metade do século II AEC, algumas mudanças significativas ocorreram nos padrões de cunhagens romanos. Os tresuiri monetales, magistrados responsáveis pela emissão das moedas, passaram a fazer constar cada vez mais referências aos antepassados ilustres de sua gens nas peças, como forma de dar visibilidade a si próprios e a suas famílias. Por outro lado, as referências religiosas nas moedas se ampliaram, contemplando não só imagens de divindades e signa religiosos, mas também cenas e objetos ligados à prática ritual e ao cotidiano religioso dos romanos. O lituus, bastão de extremidade curva, utilizado pelos sacerdotes áugures na delimitação do templum, aparece pela primeira vez em um denário cunhado em 135. Nessa peça e em outras produzidas posteriormente, a presença do lituus é em geral interpretada como um símbolo da pietas e associada a um ancestral do monetário que tivesse exercido o augurato. Ainda que essas interpretações sejam procedentes, a presente comunicação tem como proposta buscar outras possibilidades de análise, a partir da associação do lituus ao poder, como símbolo do direito à tomada de auspícios e do imperium, por exemplo. Serão analisadas moedas cunhadas até o ano de 81 AEC, data da ascensão de Sila ao poder. Ao lado de seus seguidores, Sila também cunhou moedas com representações de lituus. Palavras-chave: Religião romana; Instrumenta sacra; Iconografia. Maria Eichler Sant’Angelo (UNIRIO) – Lucretii simulacra: estátuas de culto e teologia romana no De rerum natura Propomos analisar de que modo a concepção epicurista de simulacrum, presente no poema De rerum natura, fundamenta a noção de Lucrécio a respeito da natureza dos seres divinos. Tal investigação contribui não apenas para uma melhor compreensão da teologia lucreciana, mas também nos situa no campo de debates e controvérsias de cunho político e filosófico que permeou o processo de criação de uma literatura teológica romana no século I AEC. Os principais interlocutores do poeta romano, nesse esforço de sistematização e racionalização da religião romana, foram Cícero e Varrão, os quais não compartilharam de suas convicções filosóficas epicuristas. Lucrécio estabelece que os deuses, mesmo não interferindo nos assuntos humanos, não estão por completo ausentes. A percepção sutil da tranquilidade que emana dos seus simulacra, na forma de estátuas de culto, é capaz de despertar, naquele que as observa, a correta atitude ritual diante dos altares e no interior dos templos romanos. A tranquilidade dos deuses infunde no corde ex adyto dos adeptos do epicurismo, a pacata mens recomendada pelo poeta para se estabelecer com eles uma relação pautada pelos valores romanos da fides, ratio e libertas. Palavras-chave: Simulacrum; Lucrécio; Teologia epicurista. Thiago de A. L. C. Pires (UNIRIO) – Textos e contextos: literatura augustana e a topografia religiosa do Janículo A reformas regionais promovidas por Augusto, em 7 AEC., incluíram administrativamente a região periférica do vicus Ianiculum ao tradicional centro de Roma. Nesta apresentação, iremos explorar como o Janículo é representado na literatura da época augustana. Analisaremos, sobretudo, alguns episódios míticos e históricos que foram destacados e/ou ali localizados, e como a topografia religiosa do local e seus monumentos alimentaram a memória de tais episódios, construindo uma paisagem religiosa para a Roma augustana. Palavras-chave: Ianiculum; Religião romana; Paisagem religiosa.

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Debora Casanova da Silva (UNIRIO) – A procissão dos Vicomagistri: uma análise da paisagem religiosa através da autopromoção dos oficiantes dos rituais em homenagem a Augusto (séc. I AEC) A ara dos uicomagistri é um relevo do período do principado augustano que apresenta uma procissão sacrificial na qual podemos verificar a presença massiva dos magistri e ministri nos rituais em homenagem ao princeps. Esta ara estava integrada a uma rede de grandes e pequenos altares posicionados na urbs. Estes altares tinham como objetivo: promover a aproximação de Augusto com a plebe e com os bairros, e registrar, tornando memoráveis, os nomes dos oficiantes (magistri) e seus assistentes (ministri). Sendo um documento significativo por trazer a representação iconográfica da procissão desses atores, nossa análise prima por identificar os signos presentes no altar que fazem referência a essa ligação de Augusto com a plebe, possibilitando o reconhecimento da criação de uma rede de comunicação visual que acaba por trazer os magistri para o centro do ritual. A presença dos atores na ara nos possibilita pensar na formação da paisagem religiosa da urbs augustana e na singularidade da inclusão da plebe com seus colégios de bairro em um ritual oficial do calendário romano. Segundo John Scheid e François Polignac, a paisagem religiosa pode ser identificada através da composição de três elementos, sendo eles; o mito, o ritual e o espaço. Com esta comunicação, temos o intuito de apresentar dois desses elementos; a representação do ritual e seus componentes, e o espaço. Palavras-chave: Rituais religiosos; Paisagem religiosa; Iconografia augustana.

Mesa de Comunicações Coordenadas 15: Estudos do espaço no Mediterrâneo Antigo I: os espaços sagrado e profano (sala de cursos) Coordenadora: Lilian de Angelo Laky

Márcia Cristina Lacerda Ribeiro (MAE/USP) – Entre textos e pedras: os arqueólogos decifram o enigma do templo de Delfos Dentre as inúmeras construções do Santuário de Delfos, indubitavelmente, seu coração é o templo de Apolo. O templo passou por sucessivos processos de destruição e reconstrução e foi objeto de observação de muitos antigos: Ésquilo, Eurípides, Píndaro, Heródoto (V a.C) e Pausânias (II d.C). De porte de tais textos, os arqueólogos iniciaram as escavações, conduzidas por T. Homolle a partir de 1892. Todos estavam irrequietos, pois apesar de descobertas importantes, a prioridade era encontrar as métopas e os frontões do templo, descritas por Eurípides e Pausânias, o que já parecia um sonho inalcançável. Não imaginavam, contudo, que estavam diante de referências de períodos distintos do templo. Muito transcorrerá até F. Croissant, em um longo e minucioso estudo, publicado pela École francaise d’Athènes, em 2003, sanar alguns mal-entendidos das leituras do texto de Pausânias no que respeita a descrição dos frontões e restabelecê-los em seu contexto (século IV a.C.), o que só foi possível com um trabalho de reagrupamento, de reconstituição e de análise do conjunto das peças dos frontões. Depois dessa longa jornada, entre idas e vindas, os textos de Eurípides e Pausânias foram definitivamente colocados em seu devido contexto. Objetivamos nessa comunicação reconstituir um pouco desse percurso tortuoso dos arqueólogos, frente aos textos e as pedras, a decifrar os enigmas de Apolo, Lóxias. Palavras-chaves: arqueologia, Delfos, textos escritos

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Jorge Luiz Fabbro da Silva (MAE/USP) – Os templos de Tel Arad e Tel Moza: Um estudo das relações entre disposição do espaço de culto e ideologia de estado no Reino de Judá, na Idade do Ferro II, de uma perspectiva semiótica Até meados do Século XX, a Bíblia Hebraica constituía-se na única fonte de informação sobre a religião e o culto do antigo Israel, bem como de seu sucessor, o Reino de Judá. Nela, embora apenas o Tabernáculo itinerante e o Templo de Jerusalém, construído pelo rei Salomão em sua capital, sejam admitidos como legítimos, vários locais de culto são mencionados, inclusive alguns diretamente patrocinados por reis de Judá. Na década de 1960, pela primeira vez, um desses templos foi encontrado durante as escavações arqueológicas de Tel Arad, uma fortaleza na fronteira sul do Reino de Judá (Séc. IX-VII aC.). Recentemente, depois de um lapso de meio século, um segundo templo foi encontrado pelos trabalhos de resgate arqueológico de Tel Moza, na periferia de Jerusalém (Séc. VII a.C.). Tanto o templo de Arad quanto o de Moza estão diretamente associados a atividades do governo central, o que permite sugerir que sediavam um culto oficial ou, pelo menos, patrocinado pelo estado. Além disso, ambos apresentam impressivas semelhanças, na disposição do espaço, com o Tabernáculo e o Templo de Jerusalém, descritos pelas fontes literárias. Tal corpo de dados arqueológicos e literários, expressivamente aumentado com dados recentes, propicia revisitar, de modo potencialmente mais promissor, o tema da relação que haveria entre a forma do culto e os interesses de estado em Judá. Nesse contexto e com esse propósito, o presente trabalho propõe-se a apresentar um resumo dos dados arqueológicos e uma proposta tentativa de interpretação semiótica desses dados. Palavras-chave: judá, culto, estado. Lilian de Angelo Laky (MAE/USP) – O desenvolvimento do culto de Zeus no mundo grego até a sua apropriação pela cidade grega em época arcaica e clássica A partir da análise dos dados referentes aos sessenta santuários dedicados a Zeus no mundo grego entre a Idade do Bronze e a época clássica (até 345/44 a.C.) foi possível estabelecer períodos importantes de mudança no culto de Zeus até a sua apropriação pela cidade grega a partir do final do século VII a.C. Nessa comunicação, apresentaremos as principais características assumidas pelo culto, na longa duração, durante a Idade do Bronze e a Idade do Ferro em santuários da divindade com funções regionais e as permanências inovações de quando o culto passou a fazer parte do universo da pólis, de sua organização política e espacial. Palavras-chave: culto de Zeus, santuários, pólis. Isabel Cristina Catanio (MAE/USP) – Habitações no Ocidente grego antigo: exemplos e reflexões, da pólis à hinterlândia A presença grega no Mediterrâneo Ocidental contribuiu para o que denominamos hoje “helenidade”, ou seja, a formação de uma identidade grega ou pan-helênica, ao longo dos períodos Arcaico e Clássico (cerca de 600 – 300 a.C.). Um dos aspectos mais evidentes na morfologia das póleis gregas do Ocidente, também conhecidas como apoikiai (tradução literal do grego: colônias) é a organização do tecido urbano e a especialização do espaço, na construção e ressignificação da paisagem. Nesse contexto, e dentro do recorte cronológico já mencionado, gostaríamos de abordar e debater a respeito do espaço habitacional nas cidades gregas antigas do Ocidente – mais especificamente, no sul da Itália e no sul da França. Estes são locais onde vários povos gregos se instalaram, entre eles, os foceus, povo da Ásia Menor, estudado com maior profundidade em nossa pesquisa. Como se encaixam o bairro residencial e a casa (oîkos) - enquanto edifício arquitetônico - na malha urbana? Qual seu papel no urbanismo grego, suas

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relações com os edifícios e áreas públicas, e sua importância e significado na vida e cotidiano de algumas póleis do Ocidente? O contato entre gregos e indígenas locais influenciou a estética e o modo de vida doméstico, de ambas as partes? Tais perguntas indicam alguns dos pontos relevantes para a reflexão que desejamos propor aos ouvintes. Palavras-chave: Oîkos, apoikia, especialização.

15:30h – Intervalo para o Café 16:00-17:30h – Assembleia dos membros do GTHA da ANPUH (auditório) DIA 11 DE NOVEMBRO – SEXTA-FEIRA 9:15-10:45h – Mesa Redonda 9: História Antiga: Novas Perspectivas de Pesquisa (auditório) Coordenador: Alexandre Carneiro

Leandro Mendonça Barbosa (Universidade Católica Dom Bosco-Campo Grande/MS ) – Pandora e a concepção do feminino na Grécia Antiga: interfaces entre o humano e o divino Desde o alargamento nos estudos históricos que a questão de gênero, e da mulher especificamente, passou a ser contemplada nas pesquisas sobre a Antiguidade. Novos documentos e novas abordagens foram levados em conta acerca das análises da mulher no Mundo Antigo. No que se refere a realidade grega, os pioneiros no estudo da questão do feminino, como Sue Blundell, Elaine Fantham, Gerda Lerner, Nicole Loraux, Pauline Schmitt Pantel e Catherine Salles, sempre se debruçaram sob temáticas como o cotidiano no oikos, os rituais de que mulheres eram partícipes, as festas, ou ainda temas como prostituição e escravidão. No Brasil, a questão da mulher encontra eco na obra de Fábio Lessa, que se debruça, dentre outras análises, sobre as teias de relações tecidas por mulheres atenienses. Estes especialistas lançam mão de documentação textual – sobretudo das comédias de Aristófanes – ou ainda da iconográfica, normalmente em artefatos representando mulheres em seu cotidiano. Destarte uma temática acerca do feminino é menos explorada quando tratamos desta realidade: a representação religiosa. Não estamos negando que existam estudos específicos, haja vista os trabalhos de Mary Lefkowitz, Sarah Pomeroy e Ellen Reeder. Contudo a temática das deusas e do feminino sagrado não esteve dentre os assuntos favoritos dos estudiosos do feminino na Grécia. Em consonância com a temática deste encontro do GTHA, “Novas Fronteiras de Pesquisa em Antiguidade no Brasil”, propomos uma reflexão acerca de Pandora, presente no imaginário religioso helênico como a primeira mulher humana, modelada e adornada pelos deuses, que mais tarde se tornará a desgraça da humanidade. Utilizando de documentação textual, que vai desde as obras hesiódicas até a comédia aristofânica, passando por fragmentos de escritos do poeta arcaico Semônides de Amorgos, e imagética, pretendemos tecer um panorama do pensamento mítico grego em relação à figura feminina.

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Alexandre Carneiro (NEREIDA/ UFF) – As experiências do Nereida: novas perspectivas de estudos A comunicação tem como objetivo apresentar as temáticas e as abordagens trabalhadas pelos pesquisadores do Nereida ao longo dos sete anos de existência do núcleo, desde sua criação em 2009. Ana Lívia Bomfim Vieira (UEMA) – O Ensino de História Antiga e a “desnaturalização” do mundo O atual cenário das políticas voltadas para a educação básica nos obriga a tecer algumas considerações e reflexões acerca do lugar do Ensino da “História Antiga” nas séries do ensino fundamental e médio. Acreditamos que um dos mais importantes significados do ensino de História é a possibilidade que ele oferece ao aluno de “desnaturalizar” as relações, lugares e modelos sociais. Compreender as múltiplas experiências e vivências humanas, historicamente construídas por milênios, é capaz, assim cremos, de libertar o aluno das amarras dos preconceitos de gênero, crença, etnia, etc. E nesse sentido, o ensino de História Antiga ocupa um espaço privilegiado, pois é capaz de demonstrar que as sociedades humanas foram capazes de construir possibilidades diversas para se relacionarem com seus conflitos, medos e alteridades. Pretendemos com este trabalho, portanto, discutir como a História Antiga pode contribuir para a construção, no aluno, de uma noção de pertencimento histórico, de um sentimento de ser um agente na sua formação como cidadão. Palavras-chave: Ensino, História Antiga, cidadania

Mesa Redonda 10: Ensino e Pesquisa de História Antiga no Brasil do Século XXI: Desafios, abordagens e perspectivas – Parte II (sala de cursos) Coordenador: Guilherme Moerbeck

Guilherme Moerbeck (UERJ/FGV) – Desenvolvendo o pensamento histórico: experiências com duas turmas no 6 ano do ensino fundamental da rede municipal de Duque de Caxias/RJ A noção de consciência histórica vem sendo desenvolvida desde a década de 1980, especialmente por historiadores como Reinhart Koselleck e Jörn Rüsen. A historiografia brasileira se apropriou, principalmente do segundo, para refletir sobre as possibilidades de aliar esta noção à didática da História. As narrativas míticas, entendidas aqui como um conjunto de discursos que emprestavam inteligibilidade, coerência e muitas vezes coesão às culturas antigas, estão absolutamente presentes nos currículos do 6º ano do ensino fundamental. O presente trabalho tem como principal intuito unir a noção de consciência histórica e as narrativas míticas em uma pesquisa empírica com os alunos do 6º ano do ensino público do município de Duque de Caxias/RJ. Para tal, os alunos, moradores do Distrito de Xerém, serão convidados para um conjunto de atividades que tem como objetivo estabelecer uma tensão entre as narrativas politeístas dos mitos gregos, em especial, com o conjunto de informações que os discentes obtêm em outras esferas que não a própria escola e que tendem a cristalizar visões excludentes de mundo, sobretudo a partir de narrativas monoteístas cristãs. Dessa maneira, esta comunicação vislumbra apresentar um conjunto de resultados de uma experiência pedagógica, ao criar um universo de alteridades, mas também de possibilidades de identificação e novas leituras de mundo por parte dos alunos ao entrarem em contato com sociedades pretéritas.

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José Maria Neto (UPE) – O palco e a sala: ensinando História com Eurípides O ensino de História Antiga exige estratégias de aproximação com o aluno brasileiro, e a arte é uma delas: uma abordagem logopática (Cabrera, 2006), que alie a compreensão racional à emocional, favorece em muito a apreensão dos conteúdos e estimula a discussão do tempo vivido. Electra, de Eurípides, traz à tona questionamentos fundamentais ao cidadão, seu lugar no mundo e o espaço para a alteridade na sala de aula. Sua transposição para o cinema, Electra, a Vingadora (1962) é um espaço de mediação notável, que transforma em imagens e fala a narrativa teatral ateniense. Alexandre Santos de Moraes (NEREIDA/ UFF) – Produção de conteúdo para o Youtube: A experiência do vídeo do rapto de Perséfone Nos últimos anos, o Youtube se consolidou com um espaço importante para quem busca informação na internet. Além das diversas aulas gravadas e postadas, muito populares entre vestibulandos, há uma vasta produção de conteúdo direcionada tanto para alunos quanto para professores que, muitas vezes, utilizam-nos como recursos áudio-visuais em sala de aula. Nossa exposição tratará das escolhas, discursos, adaptações e questões envolvidas na produção do vídeo O rapto de Perséfone. O relato da experiência busca apresentar algumas variáveis envolvidas no debate acerca da elaboração de material didático para essa plataforma específica.

10:45h – Intervalo para o Café 11:15-12:45h – Mesa de Comunicação Livre 1 (auditório) Coordenador: Alexandre Carneiro

Mateus Mello Araujo da Silva (NEREIDA) – Novas abordagens: a política políade na construção das fronteiras étnicas Partindo-se das ideias de Fredrik Barth, de que as fronteiras étnicas não são imutáveis através do tempo e do espaço, e de François Hartog, da construção da identidade grega que se dá em oposição ao bárbaro, analisaremos duas obras de Heródoto e Ésquilo. História e Os Persas, inseridos no contexto do século V a.C., nos abrem a possibilidade de compreensão das fronteiras que os gregos traçavam entre si e aqueles que colocavam como bárbaros. Nessa operação, faziam-se necessários critérios para que fossem identificados e classificados aqueles com quem se entrassem em contato. Até então, tiveram grande relevo nas análises dos demarcadores étnicos a língua, a ancestralidade comum e a cultura. Mas com base na História e Os Persas serão analisados outros elementos a serem levados em consideração como caracteres demarcadores dessa fronteira entre helenos e bárbaros. Será dado espaço para a análise dos persas, entendendo que ocupam espaço privilegiado no imaginário grego do século V a.C. Levaremos o fator político como um diferenciador importante entre helenos e bárbaros persas. O político tem influência determinante na construção dessa identidade étnica. Porém não serão esquecidas as zonas fronteiriças, como a própria tirania nas poleis, em que parte desses caracteres poderiam ser mobilizados pelos helenos. Com isso, analisaremos os conceitos de democracia, oligarquia, tirania e monarquia com o fim de identificar suas ressonâncias no delineamento das fronteiras dos persas e helenos.

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Palavras-chave: Etnicidade, gregos, persas Camila Côndilo (USP) – Aspectos narrativos do fazer genealógico Homérico e Herodotiano Aspectos narrativos do fazer genealógico Homérico e Herodotiano O paper discutirá aspectos da estrutura narrativa das genealogias em Homero e Heródoto. Para tanto, realizar-se-á um estudo no qual serão comparados e contrastados elementos como focalização, contexto de aparição, motivos predominantes, dentre outros em genealogias presentes na Ilíada e nas Histórias. Com isso, visa-se tanto um melhor entendimento do papel exercido pelas genealogias nos diversos gêneros literários antigos quanto de sua relação com o complexo processo de rupturas e continuidades entre poesia épica e narrativa histórica na escrita da história grega Palavras-chave: Genealogia; Homero; Heródoto. Luana Neres de Sousa (UFG) – Do desejo homoerótico à cegueira social: uma análise do amor de Critóbulo por Clínias no Sympósion de Xenofonte O homoerotismo masculino ateniense praticado no período clássico, denominado pelos antigos gregos de paiderasteia, já foi objeto de diversos estudos, desde a Antiguidade até os dias atuais. Todavia, em grande parte desses trabalhos, o foco encontra-se no debate acerca da existência ou não do coito entre os envolvidos, como se apenas o descumprimento dos limites socialmente aceitos para os contatos sexuais fosse preocupação dos pensadores antigos. Ao analisarmos com afinco textos de Platão e de Xenofonte, constatamos que a preocupação desses autores transcendente o campo sexual, contemplando também a questão do desejo. O objetivo dessa comunicação é, através do diálogo com outras fontes e com a historiografia, analisar de que maneira o descontrole do personsagem Critóbulo em relação ao seu desejo por Clínias é apresentado por Xenofonte no Sympósion enquanto uma espécie de cegueira social, que teria reflexo no exercício de sua cidadania. Palavras-chave: Homoerotismo, hybris, cegueira social, pederastia, Atenas. Anita Fattori (USP) – As cartas de Tell Harmal: práticas administrativas e sociabilidades no Antigo Reino de Eshnunna O presente trabalho parte de um conjunto de cartas administrativas mesopotâmicas oriundas do sítio arqueológico de Tell Harmal, correspondente à antiga cidade de Shaduppûm. e datadas do período Paleobabilônico (c. 2000 – 1600 AEC.), especialmente do momento em que Shaduppûm representava um importante entreposto do antigo Reino de Eshnunna. Por meio da análise da correspondência de três administradores - War um-ḫmāgir, o representante do rei na cidade; Nanna-mansim, o chefe da administração da cidade particularmente no que diz respeito a assuntos ligados à lei e aos trabalhos públicos; e Imgur-sîn, responsável pelo registro dos campos - e de uma reflexão sobre o papel dos escribas como mediadores letrados dessa realidade, o presente estudo se propõe a uma reflexão sobre as práticas administrativas, as experiências sociais e as estratégias de sociabilidade que podem ser entrevistas nesses documentos.

Mesa de Comunicação Livre 2 (sala de cursos) Coordenador: Alexandre Santos de Moraes

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Helena Schütz Leite (FURB) – Identidade e Alteridade na Britânia pós-romana: uma análise da construção do discurso étnico na obra De Excidio Britanniae, de Gildas (c. Séc. VI) A Britannia pós-romana é marcada por diferentes elementos de transição: cultural, política e econômica. Depois de permanecer por alguns séculos como prouincia romana, no século V a Ilha passa a uma condição diferente, agora sem a presença e o controle administrativo romano. A principal narrativa textual sobre esse período é derivada da obra de um clérigo britânico do século VI, Gildas, e sua carta aberta: De Excidio Britanniae. Em seu discurso é possível perceber uma preocupação de caráter étnico, envolvendo diversas reflexões sobre momentos de convivência harmônica e conflituosa entre pictos, escotos, britânicos e saxões, nos quais elementos sociais e culturais aparecem articulados. Pensar no desenvolvimento de uma identidade, seja ela coletiva ou individual, no período da Antiguidade Tardia possivelmente permitirá a compreensão da formação e/ou transformação do pensamento de determinado grupo ou indivíduo. Portanto, o principal objetivo deste trabalho é analisar o modo como Gildas identifica, ao longo de sua narrativa, cada etnia, criando assim um discurso identitário que pode ter sido, ou não, apropriado, de maneira completa ou parcial, pelo possível público ao qual o autor da De Excidio se dirigia. Ou seja, buscamos analisar a forma como Gildas identifica o outro, o diferente, e a partir dos elementos de alteridade compreender também o modo como ele identifica a si mesmo. Palavras-chave: Britannia pós-romana; Identidade; Gildas Ana Lucia Santos Coelho (UFOP) – Considerações sobre os elogios e críticas a Nero e seu Principado (séc. I-IV d.C.) Esta comunicação pretende apresentar algumas considerações sobre os elogios e críticas feitos a Nero e seu Principado no recorte temporal dos séculos I ao IV d.C. O objetivo central é tentar identificar as representações e apropriações sobre Nero nas fontes produzidas tanto na contemporaneidade quanto na posteridade desse governo, investigando as similitudes e diferenças, as mudanças e permanências entre tais representações e apropriações. Busca-se, ainda, compreender a relação entre a avaliação da personalidade do soberano, a avaliação de seu reinado e as diversas concepções de Principado, à luz dos interesses e valores daqueles que produziram e julgaram as fontes; e identificar como ao longo do tempo os elogios e críticas não apenas se sucederam, mas elaboraram uma tradição negativa acerca do Principado neroniano. Palavras-chave: Roma; Principado; Nero. Júlio César do Carmo de Sá (UNIFAL) – Amoedagem visigoda, herança romana na Península Ibérica Em meados de 507 d.C. após a formação do reino de Toulouse no sul da França, os Visigodos continuaram adentrando a Península ibérica fixando em Toledo e formando ali um reino forte que perduraria até o ano de 711. Como federados romanos, mantiveram uma ligação com a cultura Clássica e economicamente os visigodos mantiveram formas comerciais romanas. As circunstancias que obrigam os visigodos a adentrar o império romano os forçam a estar em constante contato com sua cultura, levando-os a criar “copias” das moedas romanas para que pudessem ter uma convivência mais igualitária com os romanos, copiaram a moeda romana para ser admitido no império. Com a criação de um órgão legislativo, o Código de Eurico, as tradições do direito germânico e romano se mesclam, o que permitirá aos visigodos serem regidos por mais do que costumes ou tradições orais, dando identidade e personalidade para este povo. A evolução nas formas de cunhagem estaria interligada a necessidade de legitimar o poder

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régio, símbolos cristãos passam a estar vinculados à imagem real, o que auxiliou na propagação da religião além da fixação desta nova forma de governo. Através de uma análise destas fontes, buscamos compreender todo o processo de legitimação através da numismática, não obstante, também será nossa premissa visualizar a evolução na cunhagem destas, como a cultura clássica herdada dos Romanos está presente em todo este processo, influenciando o processo de legitimação regia e auxiliando na conversão de todo Reino Visigodo durante o período que conhecemos como Antiguidade Tardia. Palavras-Chaves: Visigodo, Moedas, Cultura Classica. Dominique Monge Rodrigues de Souza (Franca) – Administração provincial e corrupção nas epístolas de Plínio, o Jovem (séculos I – II d.C) As desvantagens de um mau governo e o combate às práticas corruptas são debatidas desde a Antiguidade. Em Roma, principalmente após a Segunda Guerra Púnica (218-201 a.C.), diversas medidas foram empregadas visando conter a expansão dessas práticas ilegais nas províncias. Uma dessas medidas foi a criação de leis que coibiam e puniam a má administração provincial e a extorsão praticados por magistrados romanos, como a Lex Iulia repetundarum (59 a.C). Durante o Principado, observou-se uma permanência na busca por modos de combate à corrupção. Assim, a comunicação proposta tem como objetivo interpretar as estratégias de prevenção e punição relatadas nas epístolas do senador romano Plínio, o Jovem. Além disso, visamos também debater o papel do Senado como corte de justiça, na manutenção da administração do Império e combate às práticas corruptas. (Processo FAPESP 2015/07270-9) Palavras-chave: Corrupção; Direito Romano; Principado

14:00-15:30h – Mesas de Comunicações Livres 3 (auditório) Coordenador: Dominique Santos

Kahina Thirsa Hostin (FURB) – “Senhor do Alto e do Baixo Egito, nascido de Rá, amado de Amón”: a Construção da imagem de Ramsés II e a legitimação divina de seu governo (1279-1213 a. C.) O governo faraônico do Egito Antigo esteve fundamentado em aspectos que poderíamos denominar de político-religiosos, uma vez que naquele contexto, política e religião eram esferas indissociáveis. O poder do monarca, o faraó, perpassava por seu direito divino ao trono, e sua relação consanguínea com os deuses deveria ser afirmada constantemente para que sua autoridade real fosse reconhecida socialmente. Ramsés Ousermaâtre – Meriamon, ou Ramsés II, terceiro faraó da XIX dinastia do Reino Novo egípcio (1550 a 1070 a.C.), personagem central desta análise, teve seu governo marcado por diversas construções, sobretudo templos, espaços privilegiados para a divulgação real e ponto de diálogo entre os agentes do poder e a população. Considerando isto, a proposta desta pesquisa é analisar os vestígios iconográficos de alguns destes templos construídos e/ou reformados durante seu reinado, como Abu Simbel e Abydos, tentando compreender a possível utilização destes recursos como elementos constitutivos do imaginário social produzido em torno da figura do faraó para legitimar divinamente tanto o seu governo quanto de seus antecessores. Palavras-Chave: Ramsés II; Legitimação divina; iconografia. André Menari (UNIFAL) – O caso Tartessos: vestígios egípcios na Península Ibérica?

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O papel da Península Ibérica na Antiguidade tem sido debatido constantemente na historiografia internacional e, recentemente, na historiografia brasileira. Este trabalho tem como norte analisar os vestígios egípcios encontrados na região do chamado reino de Tartessos. Desta maneira, buscaremos, com ajuda de fontes escritas e cultura material definir algumas questões pertinentes à natureza do reino de Tartessos e como estes pontos nos ajudam a compreender, também, as características do sul da Península Ibérica no período pré-romano. Dentro da cultura material, há uma constante referência a temáticas orientais, entre elas as culturas egípcia e fenícia, que nos levou às indagações do porquê de estas representações se fazerem presentes naquela região da Península Ibérica e do papel da Península Ibérica na Antiguidade. Palavras-Chaves: Tartessos, Península Ibérica, Análise de Cultura Material Diogo Moraes Leite (USP) – A Sátira II de Juvenal e os epigramas homoeróticos de Marcial O epigramatista Marco Valério Marcial, poeta da segunda metade do século I em Roma, deixou uma obra de mais de 1500 epigramas de temática bastante variada, os quais, além de celebrações de casamento e nascimento e lamentos fúnebres, tratam de vários aspectos da vida cotidiana de sua época, às vezes de maneira bastante satírica. Em nossa pesquisa de mestrado estudamos o homoerotismo masculino nos epigramas de Marcial. Na sociedade romana as relações interpessoais, inclusive as sexuais, eram balizadas por convenções sociais sujeitas a relações de poder e hierarquia. Desta forma, uma relação homoerótica poderia ser socialmente aceita ou condenável, dependendo do status social e das relações de poder envolvidas; podendo assim, no contexto epigramático, figurar como mo tivo para vitupério ou ser um elemento para um encômio. Tanto em Marcial quanto em Juvenal, o desvio em relação a um certo modelo de conduta poderia ser motivo par a invectiva. Propomos nesse trabalho traçar uma comparação dos tópoi de invectiva usados por Marcial com os tópoi presentes nas sátiras de Juvenal (satirista latino de fins do Século I e início do século II de nossa era), especificamente aqueles que tratam de relações homoeróticas. A partir da tradução e análise da Sátira II de Juvenal, traçaremos um paralelo com os epigramas de Marcial. Palavras-chave: Marcial; Juvenal; homoerotismo

Mesa de Comunicação Livre 4 (sala de cursos) Coordenador: Márcia Vasques

Jenny Barros Andrade (UFES) – Educação e cultura na Antiguidade Tardia: o caráter pedagógico da obra Saturnalia A presente comunicação terá por objetivo analisar o caráter pedagógico da Saturnalia, obra escrita provavelmente em 430 d.C. A fonte textual utilizada é um compêndio de sete livros, alguns incompletos, que narram um banquete realizado durante o festival da Saturnalia. Seu autor, Macróbio Ambrósio Teodósio, foi um membro da aristocracia romana que viveu durante os séculos IV e V e redigiu tal documento com o propósito de auxiliar a educação de seu filho. Por consequência, na Saturnalia, é possível constatar o objetivo pedagógico do autor, que escreveu uma espécie de enciclopédia da cultura clássica, abordando assuntos como astrologia, literatura, gramática, retórica, entre outros. Devido esse aspecto, a obra é considerada uma literatura de erudição. Por meio dessa fonte, será possível analisar, ainda durante a Antiguidade Tardia, a permanência da cultura clássica na

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formação do homem romano, mesmo durante o processo de cristianização, nos séculos IV e V. Félix Jácome Neto (Universidade de Coimbra) – O Orestes de Eurípides e o tema da soteria (salvação) dos atenienses Como se sabe através do relato do livro oitavo de Tucídides e do tratado da Constituição dos Atenienses atribuído a Aristóteles, Atenas viveu um período de grave instabilidade política nos anos seguintes ao fracasso da expedição à Sicília (415-413 a.C.): entre os anos de 411 e 410 a democracia foi derrubada por um movimento oligárquico que aprovou um regime controlado por um Conselho de 400 homens, que por sua vez foi substituído após alguns meses por um governo mais moderado que contava com o apoio virtual de 5 mil homens aptos a participar da vida política. Esse sistema, enfim, teve vida breve pois os atenienses repuseram a democracia no ano de 410. No seio dos debates políticos entre as facções oligárquicas e democráticas que alimentaram essas bruscas mudanças de regime político, destaca-se a palavra soteria ("salvação"). Assim, Pisandro, um dos principais líderes dos oligarcas em 411/410, clama, segundo Tucídides, os cidadãos atenienses a "pensar sobre a nossa salvação mais do que sobre o regime político", promovendo a defesa de que a única salvação para Atenas diante do efeito da derrota na Sicília para a Guerra contra Esparta e das disputas políticas internas estava ligada a um possível apoio financeiro dos persas que, segundo a propaganda dos oligarcas, exigiam para tanto uma mudança de regime em Atenas: da democracia para um governo em que poucos dominassem e fossem de confiança dos persas. O tema da soteria, contudo, não foi apenas um assunto urgente dentro do contexto político ateniense desse período, mas foi também da produção teatral destes anos. Assim, a Lisístrata de Aristófanes, o Filoctetes de Sófocles e o Orestes de Eurípides, exploram, a seu modo e com diferentes mensagens políticas, o tópico da soteria de Atenas. Nessa comunicação, iremos nos debruçar sobre uma dessas peças, nomeadamente o Orestes, apresentada ao público em 408. Veremos, nesta obra, como Eurípides elabora um argumento sobre a soteria de Atenas através do entrelaçamento do passado mitológico e das preocupações políticas do presente. Palavras-chaves: Eurípides - democracia ateniense - Orestes José Ernesto Moura Knust. (IF Fluminense-Macaé) – Estado e comunidade na Itália central proto-republicana (séculos VI-III a.C.): uma releitura da expansão romana sob uma ótica não-estatista A Roma primitiva, assim como todas as formações estatais anteriores ao século XVIII, não era um Estado-Nação Moderno. Este é um truísmo, mas o Estado Romano tem sido abordado por boa parte da historiografia moderna como se possuísse o mesmo tipo de configuração dos modernos estados ocidentais (com monopólio da violência, soberania territorial, monismo jurídico interno, etc.). Contudo, a Roma proto-republicana nos apresenta um estudo de caso muito oportuno para desafiar essa visão acrítica: Roma possuía uma relação muito complexa com as comunidades vizinhas, incorporando-as progressivamente ao seu sistema hegemônico ao mesmo tempo em que nõ as anexava à sua soberania territorial. Para explicar esse quadro de maneira satisfatória, é preciso abandonar o enquadramento modernista e institucional do Estado Romano e pensar a especificidade histórica dessa formação estatal – que só pode ser alcançada por um estudo da própria organização social da Itália central tirrênica para além de enquadramentos estatistas. Essa comunicação tem por objetivo traçar algumas ideais básicas a partir do qual pretendo repensar a relação entre Estado e Sociedade na Roma proto-republicana a fim de propor um novo modelo histórico

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para explicar a expansão romana sobre a Itália, um dos temas clássicos da História Antiga. Tal modelo tem como aspecto central o abandono de uma abordagem que identifica Roma como o sujeito da história, ainda muito corrente, em favor de uma abordagem que identifique os diferentes grupos sociais, aristocráticos e camponeses, “romanos” e “itálicos”, como sujeitos da história. Palavras-chave: República Romana, Expansão Romana, Itália Romana, Estado.

Crosley Rodrigues Gomes (UNIFAL) – A Colonização Grega na Península Ibérica: A Formação da Cidade de Emporion e sua relação com os Povos Indigetes A península Ibérica foi uma região muito cobiçada durante todo o período da Antiguidade. Por contar com grandes minas de prata, cobre e estanho e também possuir um solo rico para o desenvolvimento agrícola, muitos povos buscaram seu controle, como os fenícios, os gregos e por último os romanos. Nesta pesquisa procuraremos analisar e entender o processo de conquista dos gregos que se fixaram na região nordeste da península. Sua chegada e conquista do território e a formação da pólis de Emporion. Muitos autores fazem relatos sobre as colônias gregas na Ibéria, mas optamos por uma análise do geógrafo Estrabão que traz com uma grande riqueza de detalhes as relações entre os povos foceus-massaliotas com os nativos da região e através de seus relatos podemos buscar elementos que nos auxiliam a entender que mesmo após a conquista não podemos afirmar que houve uma hegemonia da cultura helena sobre a cultura nativa. Se a princípio o autor nos apresenta um cenário de separação e até mesmo de conflitos com o passar do tempo está relação passa por transformações devido às constantes invasões que o local sofria e mesmo a necessidade do uso da experiência dos nativos no conhecimento da região. Conhecimento que era utilizado não somente para o uso agrícola, como também para se encontrar rotas comerciais mais seguras. Neste sentido vamos procurar analisar a formação desta pólis grega, desde sua fundação até as relações entre os que ali chegaram com os povos que já estavam presentes no local. Palavras-chaves: Colonização Grega, Antiguidade Clássica, Emporion.

15:45h – Conferência de Encerramento (auditório)

Quels droits politiques pour les citoyennes de l’Athènes classique ?

Profa. Dra. Titular Violaine Sebillotte Cuchet (Paris 1 –

Panthéon Sorbonne/ ANHIMA)

17:00h – Lançamento de Livros:

Máscaras funerárias do Egito Romano: crenças funerárias, etnicidade e identidade cultural de autoria de Márcia Vasques;

A democracia ateniense pelo avesso de autoria de Fábio Augusto Morales

e

Perspectivas da arqueologia romana provincial no Brasil de autoria de Maria Isabel D’Agostino Fleming.