ix encontro internacional da anphlac

132
de 26 a 2010 29 de julho Universidade Federal de Goiás - Faculdade de História Caderno de Resumos ISBN: 978-85-61621-03-2

Upload: truongdieu

Post on 07-Jan-2017

235 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

apoio

realizacao e organizacao

ANPHLACAssociação Nacional de Pesquisadores e Professores

de História das Américas

de 26 a

201029 de julho

Universidade Federal de Goiás - Faculdade de História

Caderno de ResumosISBN: 978-85-61621-03-2

Cade

rno

de R

esu

mos

do

9º E

nco

ntr

o In

tern

aci

ona

l da

ANP

HLAC

julh

o/20

10

Page 2: IX Encontro Internacional da ANPHLAC
Page 3: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

APRESENTAÇÃO

O Encontro da ANPHLAC, em sua nona edição, é evento consagrado no calendário acadêmico das instituições em nosso país. Isso se deve à quali-dade da produção apresentada e ao desejo de interlocução que mobiliza os profissionais na área da História das Américas. A comissão organizadora deste evento envidou todos os esforços para a realização do IX Encontro da ANPHLAC em Goiânia, considerando a importância do ano de 2010 para os debates sobre as independências na América.

Para a realização deste evento, foi fundamental a integração e participa-ção de um grande número de pessoas. Entre elas, destacamos os professo-res e funcionários da Universidade Federal de Goiás, a ANPUH Regional e os alunos, que, além de participarem das atividades do evento, foram impres-cindíveis para a organização do mesmo. Registramos, em nome de todos os monitores, um agradecimento especial para Daniele Maia Tiago, que, nos últimos meses, cuidou da secretaria de nosso evento. Na UFG, deve-se des-tacar o envolvimento e contribuições da Faculdade de História, do Programa de Pós-Graduação em História, da Assessoria de Comunicação (ASCOM) e da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC). “Agradecemos, também, às agências financiadoras nacionais, CAPES e CNPq, que deram apoio efetivo para o projeto do IX Encontro, confirmando a excelência de nosso evento e o lugar relevante ocupado por nossa associação, no meio acadêmico”. Sem a efetiva contribuição dessas pessoas e órgãos não teríamos chegado a este momento, em que nosso evento se concretiza. Queremos registrar aqui nos-so profundo agradecimento a todos/todas que contribuíram para que este evento seja bem-sucedido.

Os resumos que constam neste caderno não foram modificados, sendo a redação dos mesmos de inteira responsabilidade dos autores.

Desejamos as boas vindas a Goiânia a todos os congressistas do IX En-contro. Que estes dias em nossa cidade sejam de grande valia para o apri-moramento acadêmico, enriquecendo saberes com a necessária troca de experiências. Torcemos, também, para que uma semana intensa de debates se realize a contento de seus participantes. Que o sol brilhante de Goiânia nos anime e inspire!

Goiânia, julho de 2010.

A Comissão Organizadora.

Page 4: IX Encontro Internacional da ANPHLAC
Page 5: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

IX Encontro Internacional da ANPHLAC Associação de Pesquisadores e Professores de História das Américas

Programação e Caderno de Resumos

ISBN: 978-85-61621-03-2

Goiânia

26 de julho a 29 julho de 2010

Page 6: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS reitor: Prof. Dr. Edward Madureira Brasil

vice-reitor: Prof. Dr. Eriberto Francisco Bevilaqua Marin Faculdade de História:

diretor: Prof. Dr. Leandro Mendes Rocha vice-diretor: Prof. Dr. Alexandre Martins de Araújo

Programa de pós-graduação em História: Coordenadora: Profa. Dra. Maria Amélia Garcia de Alencar

Sub-coordenadora: Profa. Dra. Dulce Oliveira Amarante dos Santos

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISADORES E PROFESSORES DE HISTÓRIA DAS AMÉRICAS - ANPHLAC

presidente: Prof. Dra. Fabiana de Souza Fredrigo vice-presidente: Prof. Dr. Jaime de Almeida

1ª Tesoureira: Prof. Dra. Libertad Borges Bittencourt 1ª Secretária: Prof. Dra. Stella Maris Scatena Franco Vilardaga

2ª tesoureira: Prof. Dra. Maria Elisa Noronha de Sá Mäder 2º Secretário: Prof. Dr. Paulo José Koling

Comissão Organizadora do XI Encontro Internacional Prof. Dra. Fabiana de Souza Fredrigo

Prof. Dr. Jaime de Almeida Prof. Dra. Libertad Borges Bittencourt

Prof. Dra. Stella Maris Scatena Franco Vilardaga Prof. Dra. Maria Elisa Noronha de Sá Mäder

Prof. Dr. Paulo José Koling

Secretária Daniele Maia Tiago

Para citação bibliográfica utilizar: ANPHLAC (org.) XI Encontro Internacional da ANPHLAC. Programacão e Caderno de Resumos. Goiânia - GO: ANPHLAC,2010. ISBN: 978-85-61621-03-2

Arte da capa: Luciano dos Reis Frizzera

www.anphlac.org

Page 7: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

7

Prog

ram

ação

Associação Nacional de Pesquisadores e Professores de História das Américas

ANPHLAC

IX Encontro Internacional Programação e Caderno de Resumos

Programação

Segunda – 26/07

Credenciamento 14h às 18h30

Cerimônia e Conferência de Abertura 19hAUDITÓRIO DO IME-UFG

Terça 27/07

Minicursos 08h

Intervalo 10h às 10h15

Mesas Redondas 10h15 às 12h15

Mesas Redondas 14h às 16h

Intervalo 16h15 às 16h30 Mesas Redondas 16h30 às 18h30

Page 8: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

8

Assembléia ANPHLAC 19hQuarta 28/07

Minicursos 08h às 10h

Intervalo 10h às 10h15

Mesas Redondas 10h15 às 12h15

Mesas Redondas 14h às 16h

Intervalo 16h15 às 16h30

Conferência 16h30 às 18h30

Lançamento de livros 19h

Quinta 29/07

Minicursos 08h às 10h

Intervalo 10h às 10h15

Mesas Redondas 10h15 às 12h15

Sessão Homenagem 14h às 16h

Intervalo 16h15 às 16h30

Conferência de encerramento 16h30 às 18h30

Page 9: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

9

Conferências

Terça 26/07, 19hTítulo:A difícil transição à ordem republicana: Chile e Brasil no século XIX. Autor: Ana Maria Stuven (Universidade Católica do Chile)Local: AUDITÓRIO DO IME-UFG

Quarta 28/07, 16h30Título: Identidades construídas e territórios patrimoniais na América Latina: o exemplo das cidades históricas como espaços de memória. Autor:Hans Haufe (Universidade de Heidelberg)Local: AUDITÓRIO DO IME-UFG

Quinta 29/07, 14h

Sessão HomenagemMaria Lígia Coelho Prado (USP)Local: AUDITÓRIO DO IME-UFG

Conferência de Encerramento 16h30Título:Ensaios latino-americanos: definições do caráter nacional e construção de estereótipos. Autor:Maria Helena Capelato (USP): Local: AUDITÓRIO DO IME-UFG

Page 10: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

10

Mesas Redondas

Terça-feira, dia 27/07/2010 10h15 às 12h15

MR1. Indígenas: política e cultura no México nos séculos XIX e XX.Local: Sala 101 – Centro de Aulas

Gabriela Pellegrino Soares (coordenadora) - USP

Título: Professores de primeiras letras e mediação cultural – o caso de Anenecuilco

Desde o período colonial, os pueblos indígenas da Nova Espanha defenderam o acesso à instrução elementar. Após a independên-cia, nos pueblos com algum recurso, persistiu o costume de se pa-gar o professor de primeiras letras com dinheiro da caixa da comu-nidade e dos pais de família. A despeito das muitas dificuldades, essa prática permitiu que a escola primária se implantasse no cam-po mexicano bem antes da cruzada movida por José Vasconcelos e seus sucessores à frente da SEP, a partir de 1921. Aqui discutiremos o caso dos pueblos vizinhos de San Miguel de Anenecuilco e de Villa de Ayala, no estado de Morelos, que em 1872 se uniram para contratar um reputado professor. Don Mónico Ayala assumiu uma escola povoada por mais de 20 crianças, bancos, lousas, compên-dios de história do México, livros de aritmética e os silabários de San Vicente.

Laís Olivato - USP

Título: Dinâmicas simbólicas do movimento revolucionário de Hi-dalgo e Morelos

Em 1810, na Nova Espanha, os padres Miguel Hidalgo e José Maria Morelos iniciaram um movimento de independência política junto à massa indígena camponesa. Com o apoio financeiro de um

Page 11: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

11

grupo de guadalupanos, conduziram os indígenas que se rebela-ram contra a Espanha. O discurso popular e heterogêneo do movi-mento estava carregado de símbolos e mensagens polivalentes que traziam à tona a tradição mítica pré-colonial com traços do catoli-cismo espanhol aliados com anseios de liberdade, direitos civis e soberania popular, típicos da Ilustração.

Antonio Carlos Amador Gil - UFES

Título: As complexas relações entre os conceitos de índio e nação após a Revolução Mexicana

Durante o processo de institucionalização da Revolução Mexica-na, a partir de 1910, diversos intelectuais se preocuparam com os elementos constitutivos da nação mexicana projetada. Com este propósito, o Estado Mexicano implementou uma política indigenis-ta que sofreu diversas modificações durante o século XX. Diversos professores, historiadores e antropólogos, empregados pelo apa-rato estatal e ligados ao indigenismo, sustentaram um projeto de unificação nacional em que qualquer reivindicação cultural especí-fica deveria ser tratada num contexto de contribuição à cultura na-cional considerada como um todo homogêneo e orgânico. Preten-demos neste trabalho analisar as complexas relações elaboradas entre os conceitos de índio e nação e o processo de consolidação da política indigenista mexicana, no período que se inicia após a Revolução de 1910 até o Primeiro Congresso Indigenista Interameri-cano realizado no México em 1940.

MR 2. Alberdi, Sarmiento e a Nação argentina no século XIXLocal: Sala 102 – Centro de Aulas

Libertad Borges Bittencourt (coordenadora) - UFG

Título: Leituras sobre a nação na América Hispânica (século XIX): Francisco Bilbao e Domingos Faustino Sarmiento

Esta comunicação pretende examinar em textos de Sarmiento, con-siderados canônicos para a reflexão sobre a nação no século XIX,

Mes

as R

edon

das

Page 12: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

12

a vertente inaugural de uma matriz que se pauta pela racialização dessa reflexão e os desdobramentos desse padrão de análise. Pre-tendo investigar como as narrativas desse autor alimentaram o teor utopista de um desejo de universalidade como suporte de uma iden-tidade latino-americana. Destarte, torna-se fulcral para o historiador perscrutar a tessitura dessas tramas nacionais, buscando compreen-der os caminhos que levaram as construções nacionais a se imporem com tamanha força narrativa, arrogando-se o papel concomitante de intérpretes e fundadoras da tradição.

Mariana Marques de Maria - UFOP

Título: Juan Bautista Alberdi e a geração romântica de 1837: um esforço de criação de uma nova concepção de nação argentina.

Com o rompimento do vínculo colonial, o espaço hispano-america-no deparou-se com o problema da recomposição dos novos centros políticos através da articulação das unidades administrativas que formavam parte do conjunto de “povos”, províncias ou reinos per-tencentes à unidade maior que era a Monarquia, o que não apenas trouxe a tona o problema das divisões e recomposições dos espaços pré-existentes como também colocou-se em discussão quem deveria exercer o poder e qual seria a melhor forma de governar. Diante deste contexto vale ressaltar que em termos de vocabulário, a justificativa da independência na região do Prata se deu por meio de uma linguagem jusnaturalista, de maneira que se o vocabulário das teorias do direito natural pôde fornecer argumentos para a cons-tituição do Estado, a idéia de nação só foi se desenvolver a partir do romantismo nas letras argentinas. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo compreender de que forma a geração romântica de 1837 lidou com o problema da nação a partir da análise das concep-ções elaboradas por Juan Bautista Alberdi, em Fragmento preliminar al estudio del derecho (1837), durante o Salón Literario e em Bases y puntos de partida para la organización de la Republica Argentina (1852), após a queda de Rosas.

Page 13: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

13

Cláudio Luíz Quaresma Daflon - PUC/RJ

Título: O conceito de civilização em Juan Bautista Alberdi

No dia 3 de fevereiro de 1852, Juan Manoel Rosas foi derrota-do pelas tropas do general Urquiza. Esse acontecimento acabou se tornando conhecido como a batalha de Monte Caseros, evento que marcou o fim do domínio político federalista até então sustentado pelas alianças com os estancieiros. Foi justamente neste contexto que Juan Bautista Alberdi, nascido em Tucumán no ano da Revo-lução de Maio, escreveu Bases y puntos de partida para la orga-nización política de la República Argentina, uma obra que em seu próprio título sugere o ideal que o seu autor defendia, ou seja, a (re)fundação da ordem política argentina, desta vez sobre parâmetros institucionais idealizados na forma de um projeto de constituição, parte fundamental de um projeto mais amplo de nação. O trabalho visa estudar os sentidos em que o autor usa e modifica o conceito de “civilização” – parte essencial do vocabulário e do jogo político da época – na obra de Alberdi. Dessa forma, acredito que é possível explorar as relações do termo e seus vários significados com aquele projeto de nação que o autor propunha no momento em que estava escrevendo suas Bases.

Tito Souza da Silva - UFES

Título: Juan Bautista Alberdi: a história hispano-americana sob o olhar de um liberal argentino do século XIX.

Com o fim do processo revolucionário de Independência, a his-tória política da Argentina fora caracterizada pela busca por uma nova fórmula de unidade nacional. Por conseguinte, nesse con-texto, destacaram-se vários intelectuais que, adaptando os princí-pios liberais e republicanos, refletiram sobre os meios adequados para a consolidação e o desenvolvimento dessa nação ainda em construção. Dentro de um importante grupo de intelectuais argen-tinos, conhecido como a Geração de 37, abordamos o pensamento

Page 14: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

14

político do liberal Juan Bautista Alberdi. Pautado em uma lógica historicista, Alberdi interpretava a Independência como o primei-ro passo para que seu país pudesse lograr o mesmo progresso de outras nações, como Estado Unidos e Inglaterra. Porém, o caráter estritamente militar, necessário durante a revolução, agora deveria dar lugar aos valores do comércio e a moralidade cristã, os quais, baseados em um modelo político centralizado, consolidariam a Re-pública Argentina. Portanto, esta comunicação pretende abordar como Alberdi analisou a história hispano-americana e argentina a partir da Independência, bem como suas principais idéias políticas que exemplificam as particularidades do liberalismo argentino do século XIX.

MR 3. Perspectivas comparadas: História, Literatura e Ciência na Amé-rica LatinaLocal: Sala 103 – Centro de Aulas

Marta de Almeida (coordenadora) – IEP/MASTTítulo: Rio de Janeiro, Lima e as Exposições Internacionais de Higie-ne no início do século XX

Esta comunicação apresenta resultados parciais de pesquisa desenvolvida no pós-doutorado realizado no Instituto de Estudios Peruanos em Lima (IEP). Parto de um estudo comparado entre as Exposições Internacionais de Higiene organizadas em duas cidades capitais da América do Sul: Rio de Janeiro em 1909 e Lima em 1913. A organização destes eventos na América Latina esteve associada à série dos congressos médicos latino-americanos, iniciada em San-tiago do Chile, em 1901, de caráter profissional, onde os esculápios discutiam variados temas de medicina, áreas afins e saúde pública. Em paralelo ocorriam as exposições de higiene, abertas ao público, voltadas para incentivar a apreciação dos diversos segmentos so-ciais pelos hábitos higiênicos. Nelas, os profissionais da área e os visitantes poderiam acompanhar os resultados mais recentes das pesquisas higiênicas e da indústria ocorridas nas Américas e nos centros europeus. A exposição era, por excelência, o espaço para

Page 15: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

15

exibição das novidades higiênicas. Suas atividades foram acom-panhadas diariamente pela imprensa de cada país, fonte histórica destacada para este estudo. Pretendo analisar como um evento de natureza científica pode ganhar contornos específicos, de acordo com os interesses locais políticos e científicos, assumindo caracte-rísticas distintas de interlocução com o público em espaços urba-nos bem distintos.

Julio Pimentel Pinto (coordenador) - USP

Título: Borges, autor de policiais.

Jorge Luis Borges é bastante conhecido por seus contos, ensaios e poemas. No entanto, há um Borges subterrâneo, que opera lite-rária e historicamente por trás de boa parte de sua obra: o autor de narrativas policiais. Na obra individual ou em colaboração com Adolfo Bioy Casares, Borges tratou de redigir tramas que dialo-gavam continuamente com seu ofício de editor de coletâneas de policiais e, sobretudo, com as incontáveis leituras de histórias de enigmas – Poe e Chesterton à frente. Também teorizou sobre a pe-culiaridade desta narrativa e buscou reconhecer, nela, a origem de muitos outros relatos. Desta forma, não apenas se tornou um im-portante autor e difusor do gênero, como também contribuiu para renová-lo profundamente.

Laura de Oliveira - UFG

Título: A monstruosidade no romance ibero-americano: entre a fic-ção científica e o realismo maravilhoso.

O presente ensaio tem como objetivo discutir o imaginário te-ratológico nos romances ibero-americanos a partir da aproxima-ção entre dois gêneros literários: a ficção científica e o realismo maravilhoso. Em comum, esses dois gêneros possuem a dimensão fantástica e a mítica morbidez teratológica, que indicam os medos das sociedades e o esforço de subverter as noções ocidentais de racionalidade e de progresso, materializadas nas conquistas da ci-

Page 16: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

16

ência. A aproximação da ficção científica produzida na América Ibé-rica com o realismo maravilhoso permite demarcar as continuida-des entre o pensamento europeu e o romance ibero-americano, ao mesmo tempo em que revela as particularidades da relação desse universo específico com o projeto racionalista ocidental: os mons-tros que ocupam as narrativas literárias indicam permanências do imaginário teratológico europeu sobre o além-mar nos séculos XV e XVI, mas também, certamente, rupturas no que diz respeito à noção de monstruosidade e da forma como ela se constitui em metáfora dos males da civilização a serem exorcizados.

Cristiane Checchia - USP

Título: “O lugar que nunca ninguém visitou” – passado e história em Juan José Saer.

O escritor argentino Juan José Saer (1937-2005) dedicou boa par-te de sua obra a explorar as relações entre o passado e o presen-te não apenas como fonte de temas para suas ficções mas também como matriz geradora de problemas formais que desafiam o narra-dor contemporâneo. Ao fazê-lo, esbarrou em questões bastante ca-ras aos historiadores: o que é o passado, afinal de contas? Como representá-lo? A literatura pode encarnar uma dimensão política sem submeter-se a funções que lhe são alheias? A partir dessas questões, proponho nesta comunicação uma leitura de La ocasión, romance publicado pela primeira vez em 1986, com o propósito de analisar como essas questões foram expressas por Saer em um texto que tensiona os limites entre a ficção e o discurso historiográfico e que, ao mesmo tempo, busca transgredir as formas convencionais do romance histórico na América Latina. Ambientado no século XIX, La ocasión é protagonizado por Bianco, imigrante que se vê forçado a abandonar a Europa para se estabelecer nos pampas argentinos, onde se cruzam as imagens do deserto e da tradição literária nove-centista, revisitadas por Saer a partir de um contexto ainda marcado pela sombra desalentadora do período ditatorial.

Page 17: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

17

Luiz Carlos Sereza - UFPR

Título: “Cozinhando Ossos” – da antropofagia a ciência que devora tudo, uma leitura das imagens policiais norte americanas.

A América, desde a chegada dos europeus, teve na imagem da an-tropofagia a constituição de uma representação intensa que conde-nou os habitantes nativos, aos olhos do Velho Mundo, ao estado de barbárie. Das imagens de indígenas devoradores de carne humana a representações do folclore popular – os temíveis wendigos, apro-priados pela literatura ocidental por volta de 1910 no livro de Alger-non Blackwood – houveram centenas de construções a respeito des-ta prática, que invadiu a perspectiva ocidental se cristalizando em representações da cultura norte americana e permitindo a absorção destas por diversos produtos culturais. Nosso alvo neste trabalho é a análise destas absorções/permanências nos romances policiais norte-americanos, em específico os de Thomas Harrys e Patricia Cor-nwell. No primeiro, buscamos a imagem do psiquiatra canibal que consuma o imaginário antropofágico da barbárie agora circunscrito nos espaços de cultura. A partir de Cornwell, o foco é uma maneira outra de compreender a mesma representação, na imagem da de-tetive/médica legista, na pratica de manipular o corpo humano em busca da verdade sobre a morte.

MR 4. Revolução Cubana: Educação, cultura e mercado editorialLocal: Sala 107 – Centro de Aulas

Isabel Ibarra Cabrera (coordenador) - UFG

Título: Universidade, Estado e revolução em Cuba (1959-1965)

Este trabalho tem como objetivo central analisar as relações que se estabeleceram entre o Estado revolucionário cubano, a nação e a educação. Como se sabe, nos primeiros anos da revolução cuba-na, serão definidas as principais reformas econômicas, políticas, sócio-culturais e educacionais em Cuba. Nesse sentido, pretendo

Page 18: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

18

estudar as transformações da sociedade cubana, a partir de 1959 até 1965, e os reflexos dessas mudanças na universidade. Uni-versidade esta que em poucos anos deixa de ser uma instituição liberal para converter-se numa instituição socialista. Será utiliza-do para a analise o conceito de representação de Chartier (1990, p.20) onde apreender o real significa que existem duas ordens, “a representação como dando a ver uma coisa ausente”, e a outra, “a representação como exibição de uma presença, como apresenta-ção pública de algo ou alguém”. Nesse sentido, serão analisados os discursos, os projetos e as reformas da educação superior em Cuba mostrando nesse jogo de forças e interesses o que se mostra e o que se esconde. Também será necessário trabalhar o conceito de revolução significado por Kosseleck (1993) como um “acelerador dos tempos históricos”. Assim, analisarei nos discursos, projetos e reformas sobre a educação superior realizadas nesses primeiros anos em Cuba, as relações que foram se constituindo entre pas-sado, presente e futuro. Aqui conferindo também importância ao conceito de imaginário social elaborado por Bazcko (1985) quando se refere ao processo de formação de idéias –imagens de represen-tação coletiva.

Adriana Vidal Costa - UFES

Título: O mercado editorial, o boom da literatura e a Revolução Cubana.

O trabalho tem como objetivo mostrar que o clima político propicia-do pela Revolução Cubana teve impacto imediato e decisivo no mun-do das letras e no mercado editorial. Diante de práticas, esquemas e utopias revolucionárias, foi inevitável uma alta e explícita ideologi-zação do campo literário. Um cenário propício que levou muitos es-critores a reforçarem a crença no poder transformador da literatura. Muitos eram simpatizantes e defensores do processo revolucionário cubano. Por isso, para muitos escritores, o boom da literatura latino--americana não foi apenas um fenômeno comercial, mas também a oportunidade de apoiar decididamente as revoluções e os projetos socialistas na América Latina. Nesse período, foram produzidos vá-

Page 19: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

19

rios livros de grande valor literário que ganharam projeção interna-cional. Objetiva-se também mostrar a polêmica intelectual em torno do limite temporal do boom, que para muitos ficou circunscrito entre a década de sessenta e início dos anos setenta, em torno de figuras como Cortázar, García Márquez, Carlos Fuentes, Vargas Llosa e José Donoso.

Rafael Saddi Teixeira - UFG

Título: Didática da História, Historiografia e Revolução Cubana.

Este trabalho é um resumo das pesquisas desenvolvidas em minha tese de doutorado elaborada entre os anos de 2005 e 2009. Nosso objetivo é perceber o desenvolvimento de uma conduta ascética en-tre os revolucionários do Movimento 26 de Julho. O asceta político revolucionário, termo que cunhamos em nossa tese, é aquele que se sente um instrumento dos ideais nobres e puros da causa revolu-cionária. Para ele, o mundo e os seus prazeres estão marcados pela presença maligna, seja ela a corrupção, a vaidade, a exploração ou outros tipos de impurezas. O asceta tem o dever de agir para trazer os valores nobres e puros ideais para o mundo. Ele se levanta em armas para cumprir seu dever com estes valores revolucionários. Para tal análise, pesquisamos cartas, diários, memórias e discursos (muitos deles inéditos no Brasil) de revolucionários que participa-ram da luta insurrecional cubana. Nestas fontes, encontramos ele-mentos para perceber o modo como a conduta ascética se expressa através de uma forte noção de sacrifício dos prazeres do mundo e por uma tecnologia de disciplinarização do corpo na constituição de um revolucionário viril capaz de trazer os valores nobres de volta ao mundo corrompido.

Geni Rosa Duarte - UNIOESTE

Título: Nicolás Guillén: política, poesia e canto.

Este trabalho busca discutir algumas questões que emergem a partir da poesia do cubano Nicolás Guillén, a partir de sua produ-

Page 20: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

20

ção posterior ao ano de 1937. Trata-se de um período significativo e de rupturas importantes na vida do poeta afro-cubano. Após pu-blicar, no exterior, as obras España: poemas em cuatro angustias e una esperanza e Cantos para soldados y sones para turistas, o au-tor se vincula ao partido comunista cubano, assumindo funções no seu Comitê Central. Para alguns de seus biógrafos, sua obra poética dessa época servirá apenas como prenúncio da revolução cubana de 1959, deixando assim de lado outros elementos importantes de sua obra, como a maneira como Guillén se posicionava em relação a questões importantes dos anos 1930, 40 e 50, incluindo-se o Fas-cismo, a Guerra Civil espanhola e as questões raciais de sua época. Neste sentido, nosso objetivo é situar a poesia de Guillén frente às questões do seu tempo, bem como a releitura feita sobre ela após a revolução cubana. Aqui, referimo-nos às muitas reapropriações e releituras feitas por outros compositores latino-americanos em décadas posteriores, como, por exemplo, na obra do compositor uruguaio Daniel Viglietti nos anos 1960-70, além das releituras fei-tas por artistas vinculados ao projeto político que levou à ascensão da Unidade Popular no Chile no início da década de 1970.

MR 5. Intelectuais e nação na América Ibérica nos séculos XIX e XXLocal: Sala 109 – Centro de Aulas

Maria Elisa Noronha de Sá Mäder (coordenadora) - PUC/RJ

Título: A “República possível” de Alberdi na Argentina pós-rosista

A comunicação pretende analisar o conceito de “república pos-sível” desenvolvido por Juan Bautista Alberdi em seu livro Bases y puntos de partida para la organización politica de la Republica Ar-gentina, publicado em 1852, após a queda de Juan Manuel Rosas. Neste conceito estão presentes todos os elementos que deveriam compor a nova ordem política proposta pelo autor: a associação en-tre os princípios federativo e unitário na constituição de um sistema de governo misto que concilie as liberdades de cada província com as prerrogativas de toda a nação; a defesa de uma liberdade política restrita e de uma liberdade civil ampla; a necessidade de negociação

Page 21: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

21

com a herança colonial centralizada espanhola; a incorporação do mundo rural à nova ordem; a defesa da ação civilizadora espontânea advinda do transplante de imigrantes europeus, entre outros. Um projeto político que defendia a combinação do rigor político com um ativismo econômico que conduziria a nação Argentina em direção ao progresso e à civilização.

Marco Antonio Villela Pamplona - PUC/RJ

Título: Joaquim Nabuco e a questão social em fins do Império

Trata-se de um breve ensaio sobre a questão social vista por Jo-aquim Nabuco, durante os últimos anos do Império, quando de sua militância no abolicionismo. Valorizaremos em especial a correspon-dência de Nabuco com três abolicionistas brasileiros seus amigos (a saber, André Rebouças, José Veríssimo e Taunay) e os seus contatos com os abolicionistas estrangeiros (como o republicano radical Wen-dell Philip Garrison, filho de Lloyd Garrison). Seus escritos do perío-do e a sua atuação parlamentar, tanto em 1879 como em 1885-88, completarão o pano de fundo para nossa análise. Mostrarei como a intima relação desses intelectuais com o Estado e os projetos de nação veiculados em suas muitas narrativas (projetos esses que se mostraram via de regra bem mais excludentes que inclusivos) se relacionavam com os reais limites assumidos pelo encaminhamento da questão social entre nós. A ação moderada dos abolicionistas e emancipacionistas, evitando a implementação de medidas concre-tas associadas ao futuro dos libertos, acabaria tornando indefinido o lugar destes na ordem política vigente.

Fernando Vale de Castro - UFRJ

Título: Um projeto para a América do Sul: o Pan-americanismo nas páginas da Revista de Derecho Historia y Letras

O objetivo desta apresentação é realizar uma análise dos artigos sobre Pan-americanismo presentes na Revista de Derecho Historia y Letras de Buenos Aires, periódico fundado e dirigido pelo polí-

Page 22: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

22

tico e intelectual argentino Estanislao Severo Zeballos que circu-lou entre 1898 e 1924. O pilar central do trabalho será a análise dos debates acerca da compreensão do papel a ser exercido pelo chamado Novo Mundo no novo concerto internacional, valorizando a discussão sobre temática diretamente relacionada ao posiciona-mento da América do Sul no contexto mundial. É possível notar a valorização, nas páginas da Revista, de determinados aspectos da história argentina e sul-americana, com o objetivo de se elaborar um determinado ideal continental. Tal valorização possibilita pen-sar o periódico como um espaço no qual houve uma reflexão sobre um projeto para a América do Sul, baseado na construção de uma identidade marcada por características próprias e específicas da nação Argentina.

Ana Cristina Figueiredo - PUC/RJ

Título: A imprensa e o conceito de civilização na América Ibérica no século XIX

No século XIX, as nascentes Nações independentes da América passaram por profundas transformações. O impacto das ideias de ci-vilização trazidas da Europa influenciaram a vida política dos novos Estados no continente americano. Muitos intelectuais do período se tornaram protagonistas da História e atuaram de forma contundente nas diferentes lutas travadas para a consolidação da Nação. Os textos desses intelectuais são retratos de uma época. Diante desse cenário, é fundamental destacar o papel da imprensa. A elite intelectual uti-lizava as páginas de periódicos e planfetos para debater propostas constitucionais e ideológicas. Essa imprensa planfetária e imparcial expressava uma sociedade em mudança, era uma ferramenta utilizada por homens da ação política na esfera pública. O objetivo do trabalho é, exatamente, refletir sobre o papel dessa imprensa como “instância civilizadora” na Argentina, no período de 1837 a 1852, da criação do Salão literário ao fim do governo de Juan Manuel Rosas. O trabalho analisa também os textos de Domingo Faustino Sarmiento, no seu pri-meiro trabalho jornalístico, El Zonda, que começou a ser publicado, em julho de 1839, na província de San Juan.

Page 23: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

23

MR 6. Narrativas sobre alteridade: tradição antiimperialista, orali-dade e relações sociaisLocal: Sala 110 – Centro de Aulas

Christiane Vieira Laidler (coordenador) - UERJ

Título: Manuel Ugarte e a tradição antiimperialista na América Latina.

O trabalho tem o objetivo de abordar, através da trajetória do socialista argentino Manuel Ugarte, a constituição de um corpo de críticas ao imperialismo que definiram a América Latina como uma unidade frágil diante da influência das potências industrializadas. Rompendo com as convicções hegemônicas na segunda metade do século XIX de que as instituições liberais, uma vez consolidadas, se-riam suficientes para produzir o “progresso” nos moldes europeus e norte-americano, Ugarte advogou uma posição defensiva antiim-perialista que somente seria eficaz na medida em que a América Latina se unisse em torno do propósito de alcançar uma indepen-dência real. Embora a sua principal referência tenha sido o inter-vencionismo norte-americano na região, desencadeado a partir da guerra contra a Espanha, sua atuação na Segunda Internacional Socialista confirmou as teses antiimperialistas e a convicção da necessidade de uma ação política patriótica dos latino-americanos, na medida em que constatava o nacionalismo colonialista existente entre os socialistas europeus. Manuel Ugarte construiu uma rede de relações com lideranças nacionalistas entre as quais destacam--se Mariátegui, Haya de la Torre e Sandino o que justifica o estudo de suas idéias e projetos como fundamental para a compreensão de uma das matrizes do pensamento social latino-americano.

Larissa Moreira Viana - UFF

Título: Histórias que os negros contavam: tradições orais e rela-Histórias que os negros contavam: tradições orais e rela-ções raciais na afro-América pós-emancipação.

Esta comunicação tem um caráter exploratório, pois pretende apresentar os contornos teóricos de um projeto de pesquisa em fase

Page 24: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

24

inicial. O referido projeto pretende examinar a expressiva cultura oral dos afro-americanos no período pós-emancipação, analisando basicamente o papel desempenhado pelos contos na educação, coesão grupal e resistência política frente ao cativeiro e às tensões raciais no contexto pós-emancipação. A pesquisa apresenta uma op-ção interdisciplinar, transitando entre a História e a Antropologia, além de uma dimensão comparativa, reunindo fontes impressas de três regiões: Brasil, Cuba e Caribe inglês. Tais fontes foram coleta-das por folcloristas das referidas regiões, e constituem repertórios de narrativas orais originadas em comunidades negras e mestiças da Afro-América no contexto pós-emancipação.

Alex Donizete Vasconcelos - UFG

Título: O Haiti sob a intervenção da MINUSTAH: o poder do discur-O Haiti sob a intervenção da MINUSTAH: o poder do discur-so na representação do caos.

O Haiti é o país da Revolução Negra, do Vodu e das crises que parecem não ter fim. Estigmatizado desde as lides de sua inde-pendência o Haiti nasce póstumo. O país de Toussaint L’Overture nunca seria perdoado pela ignomínia infligida à ordem e ao querer eurocêntrico durante seu traumático processo de independência. Corriqueiramente apresentado com o taxativo rótulo de ‘país mais pobre das Américas’, o Haiti, ‘país de negros’, ocupado desde 2004 pela MINUSTAH – (Missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti) -, emerge nos discursos midiáticos como a própria repre-sentação do horror e do caos. Porto Príncipe, sua capital, ponto nevrálgico do país com seus mais de dois milhões de habitantes, impressiona não só pelo constante e desordenado vai-vem dos co-loridos tap-taps e de viaturas blindadas da ONU em suas ruas, mas também pela maneira com que geralmente é descrita e represen-tada: um cenário apocalíptico que, segundo alguns, lembram Mad Max. Pretendemos demonstrar aqui o poder que os discursos midi-áticos exercem na conformação das identidades e das representa-ções de um determinado povo, no nosso caso o haitiano, apresen-tando-o de maneira contumaz como bárbaro e abjeto, valendo-se invariavelmente do poder do discurso e das representações, sobre-

Page 25: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

25

tudo nos momentos de graves crises e/ou perturbação social, para fazer aflorar, através de um discurso atravessado por um racismo e um colonialismo sempre latentes, o desejo de desumanizá-lo.

Eliesse Scaramal - UFG

Título: O Candomblé que eu conheço e a Santería de Lázara Menéndez

Em um artigo publicado no ano de 1995 pela Casa de Las Ameri-cas de título “La santería que yo conozco...” a pesquisadora Láza-ra Menéndez tece algumas considerações sobre a configuração sócio-histórica de um segmento específico das Religiões de matriz africana em Cuba: La Regla de Ocha, comumente conhecida por Santería cubana. Na presente comunicação, proponho um cotejo do apresentado por Menéndez a partir de um segmento do Can-domblé que me encontro no caminho de conhecer: O candomblé de Ketu, o qual – em sua diáspora pelo interior do Brasil – desem-boca em Goiás nos idos de 1990. A discussão será apresentada a partir de um núcleo comum, qual seja: as religiões de viés yorubano (Santeria-Cuba, Candomblé de Ketu – Brasil e Culto Radá – Haiti) que formaram um compósito cultural e religioso no caribe - espe-cialmente em Cuba e Haiti – e no Brasil. Isso posto, apresentarei um histórico que visa situar a presença do candomblé no estado de Goiás como filigrana contemporânea da diáspora africana no Brasil e nas Américas.

MR 7. Escritas plurais: História, Literatura e (auto) biografiasLocal: Sala 301 – Centro de Aulas

Danyllo Di Giorgio Martins da Mota (coordenador) - UFG

Título: Brasil e Argentina na Geografia da Modernidade de Mon-Brasil e Argentina na Geografia da Modernidade de Mon-teiro Lobato

Os textos de Monteiro Lobato demonstram o grande interesse do autor pelas idéias de modernidade e progresso. Essa preocupação é um elemento constante em suas análises sobre a realidade bra-

Page 26: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

26

sileira. Em sua obra, especialmente no livro Mr. Slang e o Brasil, as questões nacionais são contrapostas a um contexto internacional. Lobato estabelece uma Geografia da Modernidade que indica uma escala de progresso na qual se encontram vários países em está-gios diferenciados. Para além da admiração pelos Estados Unidos e pela Inglaterra, tomados como parâmetros de modernidade, a Argentina tem uma grande evidência nos textos de Lobato como modelo de estabilização econômica e de sociedade voltada para o trabalho. A Argentina é, em certa medida, tomada como exemplo a ser seguido pelo Brasil. Nesse trabalho buscamos discutir a forma como Brasil e Argentina encontram-se contrapostos por Monteiro Lobato nos textos de Mr. Slang e o Brasil a partir das idéias de modernidade e progresso econômico.

Breno Anderson Souza de Miranda - UFMG

Título: Autobiografia, utopia e crítica nas biografias literárias de Oc-Autobiografia, utopia e crítica nas biografias literárias de Oc-tavio Paz e Vargas Llosa: Diálogos com a história.

Falar de ficção e história em nosso caso seria mergulhar em um cenário de tensões e conflitos. Tempos lineares ou circulares, o an-tigo ou o moderno, a barbárie ou a civilização, narrar a vida “real” ou “literária” do biografado ou inserir na escrita biográfica traços da persona autoral - figurações autobiográficas. Nossos escritores--críticos, Octavio Paz e Mario Vargas Llosa escreveram as biogra-fias de Sóror Juana Inés de la Cruz e Flora Tristán-Paul Gauguin, respectivamente. Aqui, nos interessa comparar esses trabalhos, fortemente marcados pela discussão sobre a condição “marginal” da literatura subcontinental ou da que, ancorada no “centro”, man-têm intensos contatos e constroem suas identidades a partir das “margens”. Menos que as vidas “reais” dos biografados, nosso foco versaria sobre projetos utópicos de uma crítica literária performáti-ca, mais preocupada em colocar o corpo autoral em trânsito com os caminhos tortuosos da escritura biográfica e da assinatura autoral. Chamamos atenção para a mescla entre o fazer do crítico, do ficcio-nista e do historiador da literatura, suas diversas vozes no texto e o caráter construtor da leitura. O fato de que o biógrafo no presente

Page 27: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

27

possa interagir com o biografado no passado nos interessa na me-dida em que a crítica possa intuir, nesse fluxo, certas intencionali-dades, crenças e valores literários apontados para o futuro.

Gabriel Sordi - UNICAMP

Título: O historiador Alexandre Dumas, Defensor do Uruguai

Em 1850, o aclamado romancista Alexandre Dumas (autor, entre outros, de Os três mosqueteiros, O conde de Montecristo e O ho-mem da máscara de ferro) publicou um livro de história intitulado Montevideo ou une nouvelle Troie. A comunicação explicitará as características da empreitada historiográfica de Dumas, sua rever-beração e os motivos que levaram o escritor francês a comparar a capital uruguaia com a cidade da epopéia homérica, engajando-se politicamente contra o governante argentino Juan Manuel de Rosas e o militar uruguaio Manuel Oribe, cujas tropas, em comum acordo, sitiavam Montevidéu. Para tanto, será também explorada, na apre-sentação, a relação de amizade mantida por Dumas com o militar e político uruguaio Melchor Pacheco y Obes e com o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi – o que rendeu também ao francês, pos-teriormente, a composição das Mémoires de Garibaldi (1860).

Ángela Pérez Del Puerto - UAM

Título: Cuba 1898: La guerra nascida del papel.

La realidad de los dos países que entraron en conflicto en 1898 en territorio Cubano era muy diferente.Estados Unidos se perfilaba a finales del siglo XIX como la primera potencia económica mundial y la prensa, como vía de control de la opinión pública, se alzaba como “el cuarto poder”. La España colonial de finales del XIX se encontraba sumergida en el enfrentamiento armado contra el mo-vimiento de independencia colonial cubana, que había comenzado en 1895 y al que no termina de encontrar solución. Esta situación de enfrentamiento sin fin,terminó por perjudicar los intereses eco-nómicos estadounidenses en la isla. Con estas premisas, el objetivo

Page 28: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

28

de este trabajó es estudiar el papel que jugó la prensa sensaciona-lista en la entrada de Estados Unidos en la guerra contra España en Cuba, los motivos que subyacieron y los mecanismos que pusie-ron en marcha para logar su objetivo. La Guerra Hispano-cubano--norteamericana comenzó en las páginas de los periódicos sensa-cionalistas estadounidenses que manipularon a la opinión pública hasta conseguir su apoyo a la guerra. Para ello, periódicos como el World o el Journal, iniciaron una potente campaña de información y desinformación que alzaron al “cuarto poder” (prensa) como fuerza capaz de determinar decisiones políticas. De esta forma Hearst y Pulitzer revolucionaron la forma de hacer y consumir prensa, dando como resultado una tendencia en la que la verdad es relativa y se adapta a lo rentable.

Barthon Favatto Suzano Júnior - UNESP

Título: Vidas para Leerlas: as trajetórias cruzadas de Carlos Franqui e Guillermo Cabrera Infante.

O triunfo da Revolução de 1959 introduziu profundas transforma-ções em todos os âmbitos da sociedade cubana, impactando sobre-maneira as trajetórias biográficas de seus atores históricos. No caso dos escritores Carlos Franqui (1921-) e Guillermo Cabrera Infante (1929-2005), os acontecimentos engendrados pelo triunfo revolucionário, em especial, aqueles decorrentes do alinhamento da política cultural, impeliu-os ao paulatino rompimento com o castris-mo, buscando cada qual o exílio na Europa: primeiro Guillermo, em 1965, e, posteriormente, Franqui, em 1968. De lá para cá, a literatura por eles produzida notabilizou-se por entoar ácidas críticas ao regi-me instaurado em Cuba. Mas, para além dessa dimensão, suas obras também comportam as impressões e recordações da amizade e da admiração recíprocas cultivadas ao largo de sessenta anos. É justa-mente a análise de tais enunciados o foco central desta apresenta-ção, pois, a justaposição entre os discursos acaba demarcando não somente as impressões que um edificou em relação ao outro, como também permite focalizar os encontros e divergências de opiniões que perpassam as construções identitárias sobre o exílio cubano.

Page 29: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

29

Terça-feira 27/07/2010 14h às 16h

MR 8. Viajantes nas/das Américas nos séculos XIX e XX: sentido e particularidade das viagensLocal: Sala 101 – Centro de Aulas

Kátia Gerab Baggio (coordenadora) - UFMG

Título: Simoens da Silva, um etnógrafo brasileiro na Argentina nas primeiras décadas do século XX

O objetivo desta apresentação é analisar os relatos de viagem do etnógrafo brasileiro Antonio Carlos Simoens da Silva (1871-1948) pela Argentina. Em sua primeira viagem ao país (1900-1901), rela-tada no livro Viagem pelo interior da República Argentina (1910), o autor percorreu as províncias de Buenos Aires, Mendoza, San Juan, Tucumán, Salta, Jujuy, Neuquén e Río Negro. Impressões e resultados dessa viagem foram apresentados no III Congresso Científico Latino-Americano, ocorrido em 1905, no Rio de Janeiro, o que demonstra os propósitos científico-intelectuais da viagem, além dos turísticos, conforme o próprio autor. A segunda viagem foi parte do programa do XVII Congresso Internacional de America-nistas, realizado em 1910, em Buenos Aires. Os viajantes iniciaram o percurso na capital argentina rumo ao noroeste do país e seguiram em direção a La Paz, Bolívia. A viagem foi relatada no livro Viagens etnográficas sul-americanas: Argentina-Bolívia (1921), em que o au-tor tratou, principalmente, das populações indígenas. Simoens da Silva realizou uma terceira viagem ao país vizinho, em 1936, em que retornou a Buenos Aires e Mendoza, como parte de um percurso muito mais longo, relatado no livro Notas de viagem em torno da América do Sul (1941). Pretende-se analisar as imagens construídas por Simoens da Silva sobre a Argentina, a partir de seu olhar como brasileiro, etnógrafo, intelectual e turista, em momentos distintos, levando em consideração a natureza dos relatos e o tipo híbrido de suas viagens: de estudo, pesquisa, intercâmbio intelectual e, ao mesmo tempo, turismo.

Page 30: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

30

Stella Maris Scatena Franco - UNIFESP

Título: Viagens de exílio e de formação nos relatos de argentinos e chilenos do século XIX

Esta apresentação está pautada em um projeto de pesquisa que consiste na análise de relatos de viagem de argentinos e chilenos nas décadas de 1840 e 1850. Entre eles estão os argentinos Juan Bautista Alberdi e Domingo F. Sarmiento, e os chilenos Benjamín Vicuña Mackenna e Isidoro Errázuriz. A situação do exílio perpas-sou a trajetória desses letrados que, envolvidos na oposição aos governos vigentes em seus países de origem, precisaram de lá retirar-se. Iniciaram, assim, périplos que incluíram — a variar, de caso a caso — a passagem por diferentes locais das Américas, Eu-ropa e África. Para além desta motivação pontual, defende-se aqui que os autores aproveitaram também esta circunstância para rea-lizar um tour ilustrado, sobretudo nas viagens à Europa, fazendo destas uma experiência de formação, que acreditavam necessária para tornarem-se figuras influentes nos cenários políticos de suas nações. Pretende-se abordar as motivações específicas e gerais para a realização de suas viagens. Ao mesmo tempo, procurar-se-á apresentar as fontes trabalhadas, ponderando-se sobre os limites e possibilidades de tratamento das mesmas como parte de dois agrupamentos, a saber: as viagens de exílio e de formação.

Gabriel Passetti - USP

Título: A Argentina e o Império Britânico, a barbárie e a civilização no relato de Robert FitzRoy

Robert FitzRoy era um homem do Império. Comandante da Ma-rinha Real e explorador, fez parte da administração colonial como governador da Nova Zelândia. Esta apresentação parte da atua-ção imperial deste homem para analisar seus relatos de viagem, em especial os diários escritos durante seu mais comentado feito, a viagem de circunavegação do globo do HMS Beagle, publicados em

Page 31: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

31

1839. Seus escritos são entendidos a partir do contexto pessoal e social em que seu autor se inseria, procurando identificar as cor-rentes filosóficas e religiosas às quais ele se vinculava e as redes de circulação de pessoas, materiais e idéias imperiais.Os objetivos são compreender seu diálogo com imagens consolidadas sobre a América Latina e o binômio civilização e barbárie; e identificar sua ressignificação nas décadas de 1830 e 1840, momento em que di-ferentes projetos para o Império Britânico eram confrontados em Londres.

Mary Anne Junqueira - USP

Título: Considerações sobre os relatos de viagens científicos: o caso da U. S. Exploring Expedition (1838-1842), a primeira viagem de circunavegação norte-americana.

A proposta da apresentação é tecer considerações sobre os relatos de viagem científicos, especialmente os produzidos como resultados de viagens de circunavegação. É conhecido o fato de as viagens de volta ao mundo — que tiveram lugar do último quartel do século XVIII à primeira metade do século XIX — inspirarem-se nas expedições re-alizadas pelo navegante inglês, James Cook (especialmente na se-gunda circunavegação do comandante, entre 1772-1775), no que diz respeito ao trajeto da exploração, à forma de apreender o mundo e ao modelo do relato propriamente dito. A narrativa da U.S. Explo-ring Expedition (1838-1842) abrange cinco volumes, mais 18 volumes científicos e um Atlas. Embora o comandante da operação norte--americana, Charles Wilkes, tivesse Cook como modelo — e inclusive discutisse no seu relatório com o capitão inglês e seus oficiais — as particularidades e as conjunturas do momento em que elaborava a narrativa influíram, e muito, no produto final. Além das distinções do texto de Wilkes, serão avaliados aspectos relativos à publicação da obra e à sua circulação.MR 9. Das narrativas oitocentistas às identidades no século XX: entre biografias e o pensamento latino–americanoLocal: Sala 102 – Centro de Aulas

Page 32: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

32

Fabiana de Souza Fredrigo (coordenadora) - UFG

Título: O ato autobiográfico: Francisco de Paula Santander em com-bate com Simón Bolívar

Nesta comunicação, pretende-se explorar as Memórias do Gene-ral Francisco de Paula Santander, considerando que o cotejamento entre distintas “escritas de si” possibilita demarcar o espaço social do grupo (composto pelos generais emancipadores) e concede vi-sibilidade às produções de memória de cada um desses homens, ultrapassando o grupo e combatendo com ele (para o caso de San-tander, o combate era, especialmente, com Simón Bolívar). Se a memória política latino-americana gerenciou e escolheu um projeto para a América, as fontes apontam para a diversidade dos mes-mos e para multiplicidade de caminhos abertos à ação dos atores históricos. Nessas “escritas de si”, que extrapolam o “contexto” da independência porque já divisam uma luta representacional na posteridade, os princípios republicanos e liberais se confrontam e apresentam um cotidiano substancioso, que se afasta dos “con-ceitos” estabelecidos pela historiografia.Em síntese, a pretensão é explicitar os elementos fundacionais dessas narrativas produzidas pelo grupo dos generais emancipadores, associando-as à interpreta-ção historiográfica, o que implica em questionar os registros de uma “cultura política” latino-americana.

Alberto Aggio - UNESP

Título: Montando um personagem: Salvador Allende reconfigurado.

A imagem de Salvador Allende marcou definitivamente o processo que ficou conhecido como a “experiência chilena”, fracassado inten-to de construir o socialismo por meio da democracia que existia no Chile até o inicio da década de 1970. Em torno de Salvador Allende formou-se um conjunto de interpretações desde esse momento da história até os dias que correm. Allende foi configurado como um revolucionário e um reformista ao mesmo tempo; outros disseram que se ele não viveu como um revolucionário, pelo menos foi assim

Page 33: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

33

que morreu; para analistas mais contemporâneos, foi o ultimo pre-sidente republicano do Chile; para muitos daqueles que o critica-vam na época, Allende tornou-se um símbolo antiimperialista que deve ser lembrado e tomado como referência junto a outros próce-res do latino-americanismo unitarista que recobrou vida recente-mente. Mas muito pouco se sabe sobre esse personagem histórico, sobre a sua vida e sobre seus limites e dilemas. Essa comunicação pretende estabelecer alguns pontos para uma reconfiguração da imagem e das interpretações sobre Salvador Allende a partir de biografias recentemente lançadas, fazendo um contraponto entre elas. O objetivo é o de tentar construir um personagem mais rico e denso, envolto em contradições e também em alguns mistérios, o que faz jus àquele que marcaria com sua vida um processo extre-mamente dramático da história política latino-americana.

Luiz Sérgio Duarte da Silva - UFG

Título: Filosofia da História e Teoria da Fronteira no ensaio americano.

Há uma filosofia da história - crítica e especulativa – no ensaio la-tinoamericano do século vinte. O gênero misto é importante como registro de esforços de produção de discursos identitários e orien-tadores, como marco do pensamento histórico no Novo Mundo e como experimento interpretativo inovador. Sobretudo, nele foi pro-duzida uma teoria da fronteira de caráter historicista necessária ao projeto de atualização que coordena o trabalho intelectual das elites letradas do extremo-Ocidente. Interessados em comunica-ção intercultural podem muito aprender com essa forma extremo--ocidental do historicismo.

Eugenio Rezende de Carvalho - UFG

Título: A polêmica entre Leopoldo Zea e Augusto Salazar Bondy sobre a existência de uma filosofia americana (1968-1969)

Page 34: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

34

Lançada em meados do século XIX, pelo pensador argentino Juan Bautista Alberdi (1810-1884), a polêmica sobre a existência ou não de uma filosofia latino-americana foi sendo retomada por vários in-telectuais e filósofos latino-americanos, fazendo-se presente nos de-bates de vários congressos de filosofia realizados na região um sé-culo mais tarde. O debate sobre a autenticidade e originalidade da reflexão filosófica latino-americana ganharia um novo impulso com a polêmica travada em 1968-1969 entre o filósofo mexicano Leopoldo Zea (1911-2004) e o peruano Augusto Salazar Bondy (1925-1974), a partir da publicação, em 1968, do livro de Salazar Bondy intitulado ¿Existe una filosofía de nuestra América?. Nele o filósofo peruano lançava algumas teses provocadoras a respeito do tema, as quais Zea procuraria contestar em seu livro, publicado no ano seguinte, La filosofía americana como filosofía sin más. Esta comunicação preten-de explorar o contexto e os elementos fundamentais dessa polêmica intelectual, de grande importância para a história das ideias e para o processo de constituição de uma identidade intelectual de cunho latino-americanista.

MR 10. Ditadura e resistência no Cone Sul: as produções cinemato-gráficas na Argentina, Brasil e ChileLocal: Sala 103 – Centro de Aulas

Euller Gontijo de Oliveira(Coordenador) - UFG

Título: A História oficial: Uma escrita fílmica da ditadura argentina.

A Presente Comunicação visa apresentar o cenário Político-Cul-tural Argentino da década de 80 (Pós-Ditadura) a partir do Filme: A História Oficial, considerada uma das mais representativas obras cinematográficas Latino-Americana, ganhadora do Oscar na cate-goria melhor filme estrangeiro em 1986. A Partir das relações en-tre Cinema-História, propomos a partir do filme em análise algumas reflexões de como o Cinema Argentino dialogou com um dos perío-dos mais traumáticos de sua história, deixando marcas profundas na sociedade argentina, marcas estas que persistem e que podem ser observadas em sua filmografia. As Representações da ditadura

Page 35: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

35

no cinema Argentino, são fontes ricas de compreensão das formas como essas representações dialogam com as subjetividades so-ciais, que configuram o momento de sua produção. Assim, analisar os discursos construídos sobre a ditadura presente no filme, é uma forma de perceber a tensão entre a construção imagética da dita-dura representada no filme e o que destaca a historiografia. Algu-mas questões como quais os projetos representacionais no filme? O próprio titulo pressupõe uma certa “verdade” sobre o período, mas o que há por trás dessa História Oficial? A quem interessa ou quais os interesses envolvidos nessa história oficial?Que tipo de verdade os filmes tendem a privilegiar quando atrelam o des-mascaramento da mentira oficial a tais fórmulas? Permeados por tais questões que orientaram nossa pesquisa, é que apresento os resultados nessa comunicação.

Breno de Souza Juz - UNICAMP

Título: Ditadura e memória no cinema argentino (1985-2006)

A última ditadura militar argentina (1976-1983) deixou profundas cicatrizes na sociedade e nas instituições políticas da Argentina devido à repressão e ao desaparecimento de dezenas de milhares de argentinos. Este trabalho visa perceber as mudanças ocorridas na sociedade argentina e nas relações que ela estabeleceu com seu passado recente através da narrativa cinematográfica produ-zida sobre a ditadura argentina. As transformações ocorridas nas aproximações cinematográficas em relação à memória das vítimas permite visualisarmos as mudanças no campo da memória e das representações audiovisuais referentes ao período histórico do Processo (1976-1983). Buscamos, portanto, por meio da análise dos filmes realizados nas últimas décadas (1985-2006), assinalar as narrativas que elaboram sobre a sociedade argentina durante a ditadura militar – autodenominada pelos militares de “Processo de Reorganização Nacional” – na intenção de levantar questões sobre os temas e perspectivas escolhidas na construção dessas obras e os limites da narrativa cinematográfica na reconstrução desse pas-sado traumático.

Page 36: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

36

Artur Sinaque Bez - UNESP

Título: A periferia de ‘nosotros’: cinema e revolução em Brasil e Argentina

Neste trabalho busca-se analisar a idéia de revolução latino-ame-ricana promulgada através da obra cinematográfica documental La Hora de Los Hornos (1966-1968), do cineasta argentino Fernando Eze-qeuiel Solanas, bem como o diálogo estabelecido com outros autores, evidenciado no próprio filme, em que se utilizou de várias sequências pertencentes a outras películas também latino-americanos produzidas nas décadas de 1950-1960. Destacaremos “Tiré-dié” (1958) do argenti-no Fernando Birri, e “Maioria Absoluta”(1962-1964) do brasileiro León Hirszman. Também se pretende investigar o papel político atribuído à figura do cineasta desde a criação do Instituto Cubano de Arte e Indústria Cinematográficos (ICAIC), em 1960, assim como o processo de incorporação das premissas referentes a esta instituição por parte dos cineastas de Brasil e Argentina. Acima de tudo, a pretensão desta pesquisa é buscar um melhor esclarecimento das posições políticas e estéticas de cada cineasta. A partir daí, delimitar as aproximações e afastamentos que permeiam o conjunto de realizadores e obras deno-minado Nuevo Cine Latinoamericano.

Luciano Bernardino de Sena - UFMG

Título: Filmando o não filmável: notas sobre Miguel Littín – Clan-destino no Chile.

Em 1985 o diretor chileno exilado na Europa Miguel Littín entrou em seu país com identidade falsa e filmou a situação de autoritarismo pela qual passava a sociedade. O material resultou em um documen-tário para uma rede de televisão européia e um filme para exibição nos cinemas. Com base nas imagens e na entrevista do diretor transfor-mada em livro por Gabriel Garcia Marques pretende-se um estudo da História recente do Chile e das possibilidades das imagens enquanto material para a historiografia. Neste sentido é possível falar dos limites

Page 37: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

37

da imagem enquanto elemento de transformação: Que tipo de trans-gressão representava o ato de filmar? Quais foram as conseqüências para o diretor e aqueles que se colocaram no filme e aceitaram afirmar sua oposição política posto que continuaram sob o mesmo governo? A discussão toma como base o instrumental teórico do crítico e cineasta francês Jean-Louis Comolli sobre o cinema enquanto atividade políti-ca. Segundo este autor o cinema, apesar de ter nascido e estar no cen-tro da exacerbação do espetáculo, pode desmontar representações e sistemas de poder através da busca de um outro real possível. Neste cinema não vemos a tentativa de apreensão de uma realidade última onde a lente objetiva é algo neutro. Importa reconhecer a represen-tação enquanto tal onde o discurso da pessoa filmada se faz possível pela presença da câmera.

Roberto Abdala Junior

Título: O cinema na conquista do paraíso: a produção “dialógica” da cultura histórica na América contemporânea - entre o cinema e a história.

O trabalho que ora apresentamos refere-se a uma investigação das possibilidades de diálogo – no sentido bakhtiniano – entre as culturas históricas dos povos da América e formas expressivas contemporâneas (especialmente narrativas do cinema e da televi-são) que participam da sua fabricação. Ancorados em reflexões e pesquisas de autores como Wertsch e Carretero, exploramos ele-mentos que as narrativas audiovisuais oferecem aos professores para se tornarem “co-autores” destas obras, a partir das salas de aula. A ideia que defendemos é que a apropriação diferenciada do discurso cinematográfico realizada pelos professores de História, que detém uma cultura histórica mais crítica, ampla e legítima so-bre o tema abordado nestas narrativas, permitem que os diálogos propostos pelos cineastas sejam transformados em “ferramentas culturais” na formação do conhecimento histórico escolar. Na apre-sentação estaremos abordando o filme 1492: a conquista do para-íso, de Ridley Scott (1992) para ilustrar as inúmeras possibilidades de empregar um filme na construção de conhecimentos, bem como

Page 38: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

38

demonstrando seus “diálogos” com a cultura histórica de determi-nada época – no caso da época de exibição do filme. Acreditamos que as “ferramentas culturais” construídas pelos professores nas suas práticas se desdobram numa visão mais crítica dos meios de comunicação de massa e das narrativas que eles fazem circular na sociedade, mas, sobretudo lançam o aluno/público em um univer-so mais rico e complexo do que aquele apresentado/representado pela obra.

MR 11. Bolivariansmo no século XXI: projeto político e comemoraçõesLocal: Sala 107 – Centro de Aulas

Tiago Ciro Moral Zancope (coordenador) - UFG

Título: A utilização da imagem de Simón Bolívar durante as come-morações do bicentenário de independência da Venezuela.

O objetivo desta comunicação é explicitar como a imagem de El Libertador vem sendo utilizada pelo mandatário venezuelano, Hugo Chávez, no interior das comemorações do bicentenário de independência da Venezuela. Sendo assim estruturamos nossa co-municação em três tópicos: o primeiro aborda a relação entre “po-der” e “comemoração”; o segundo analisa a problemática entre a “comemoração” e “memória”, e o terceiro reflete o papel do “Culto ao herói no interior da festa-cívica”. É no interior destes eixos te-máticos que procuramos compreender como Hugo Chávez busca uma aproximação de sua imagem com a de Simón Bolívar, assim como os recursos empreendidos pelo presidente venezuelano em seu projeto de consolidar seu nome como o “herdeiro político” de El Libertador.

Rafael Pinheiro de Araujo - UFRJ

Título: Socialismo do século XXI e democracia participativa – um olhar sobre o caso venezuelano.

Page 39: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

39

Assistimos hoje na América do Sul a emanação de novos movi-mentos sociais e lideranças políticas ao controle dos Estados da região. Dentre os processos políticos que ocorrem em países como Bolívia, Equador e Venezuela, destacamos o caso venezuelano. Isso se deve não apenas por conta da influência de Chávez na Améri-ca do Sul, mas pelo fato do mandatário venezuelano desenvolver em seu projeto duas propostas que provocam polêmicos debates entre os acadêmicos da região: o socialismo do século XXI e a de-mocracia participativa. Discutiremos teoricamente o socialismo do século XXI e a democracia participativa a partir do caso venezuelano, buscando a influência destas discussões na academia e na esquerda sul-americana.

Fernando Viana Costa - UFG

Título: Hay Camiños: Movimento Bolivariano e pós neoliberalismo A Venezuela de 1986 a 2002: entre mudanças e permanências.

A Venezuela, nos últimos anos, tem estado em evidência nos te-lejornais, nas revistas escritas de grande circulação, bem como nos debates entre intelectuais e militantes políticos. Seja foco de crí-ticas ou comentários sobre os avanços que estão em curso, nosso vizinho não passa despercebido, já que conflitos abertos e elei-ções acirradas evidenciaram a luta de classes e a fragilidade do Estado, frente aos graves problemas sociais em que vive o povo venezuelano. Em 1989 mais de quatrocentas pessoas foram as-sassinadas em um levante popular que se colocava contra o au-mento da passagem de ônibus, do combustível e dos alimentos. Tal movimento ficou conhecido como “caracaço ou sacudon1”. Em 1992, uma sublevação militar, que pretendia depor o presidente Andréz Carlos Perez, termina com a prisão de vários militares, den-tre eles o tenente Hugo Chávez Frias. Em 1998 este mesmo tenente é eleito presidente da República da Venezuela e, em 2002, com amplo apoio da população, resiste a um golpe de Estado e anuncia a construção do “socialismo do século XXI.” O nosso objetivo neste artigo é contribuir para a reflexão acerca do significado histórico das mudanças e permanências em curso na Venezuela de 1989 a

Page 40: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

40

2002, buscando compreender quais são as sínteses históricas que se abrem nos conflitos.

MR 12. Cultura e política na América Latina no século XX: partidos e redes sociaisLocal: Sala 109 – Centro de Aulas

Carlos Roberto da Rosa Rangel (coordenador) - UNIFRA

Título: A não-violência revolucionária no discurso das lideranças comunistas uruguaianas (1917-1942)

Na primeira metade do século XX, o sistema de partidos uruguaio destacou-se no contexto da América Latina por sua capacidade de mediação em uma sociedade com elevada secularização da vida política, desenvolvimento das liberdades públicas e privadas, am-plitude da educação popular, destacada moderação e rechaço da violência. Recorrendo-se aos resultados obtidos em tese de dou-toramento na UFRGS (2007) e valendo-se da interdisciplinarida-de entre ciência Política e História, mostra-se que, neste contexto, surgiu o Partido Comunista do Uruguai como uma clivagem no inte-rior do discurso marxista enunciado pelos socialistas, inaugurando um horizonte simbólico de justificações para ação política violenta. Contudo, o Partido conseguiu defender e manter-se na legalidade partidário-eleitoral, ao mesmo tempo em que dava suporte para a ação revolucionária em países latino-americanos. Essa ambigüi-dade alimentou confrontos intra e extra-partidários, colocando em debate dualidades centrais daquela conjuntura histórica, tais como: racionalidade e irracionalidade da ação política diante do processo histórico; ruptura radical com a tradição, respeitada a singularidade histórica nacional; luta pela criação de novos víncu-los sociais e de autoridade, ainda que compartilhando de um siste-ma de representação e legitimação, como grupo minoritário.

Page 41: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

41

George Felippe Zeidan Vilela Araújo - UFMG

Título: O impacto da Revolução Russa no movimento operário anar-quista uruguaio

A Revolução Russa de 1917 foi um divisor de águas para a esquerda mundial. Em muitos países da América Latina – incluindo o Uruguai – despontava um ainda incipiente movimento operário e social, ao mesmo tempo em que se questionava com cada vez mais veemência a ordem que havia sido imposta pelas elites desde o fim do período colonial. Naquela época, a tendência majoritária entre as esquerdas e o movimento operário uruguaio era notadamente anarquista e, se bem o evento revolucionário russo haja provocado comoção e otimis-mo, não deixou de suscitar inúmeras questões de ordem ideológica e conceitual. Em um primeiro momento, praticamente todos os grupos libertários saudaram a Revolução e manifestaram sua solidariedade. Contudo, com o estabelecimento, por parte dos bolcheviques, de um governo, muitos expressaram sua desconfiança e posterior rechaço à Rússia Soviética. Entretanto, alguns grupos, continuaram a defender a Revolução, a ditadura do proletariado e o governo bolchevique, como conduziram uma grande polêmica ideológica com os grupos contrá-rios. Foram delineando-se duas correntes principais: os anarcoditado-res, baseados no periódico La Batalla, e os chamados anarcopuritas, representados pelo periódico El Hombre. O enfrentamento entre elas seria, em grande medida, responsável pela posterior fratura e declínio do anarquismo uruguaio.

André Lopes Ferreira - UNESP

Título: Partidos tradicionais e partidos de idéias no Uruguai: uma crítica terminológica.

Toda vez que lidamos com um campo de investigação ou com ob-jetos de pesquisa cuja historiografia já existe de forma consolidada, enfrentamos um sem número de definições, conceitos e classifica-ções que podem se tornar verdadeiros obstáculos epistemológicos, ou seja, nos deparamos com idéias já naturalizadas pela literatura

Page 42: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

42

específica daquela área. O par de conceitos Partidos tradicionais / Partidos de idéias, entendidos como termos antinômicos, foi e ainda é largamente utilizado pela historiografia e a Ciência Política no Uru-guai, não havendo nesse sentido nenhum questionamento a respeito de sua capacidade explicativa ou, em outras palavras, sua eficácia heurística. Testando a validade desses conceitos em vários contex-tos históricos proponho uma crítica terminológica a eles, bem como procuro sugerir alternativas a sua utilização.

María Migueláñez Martéz - UAM

Título: Anarquistas em red. Uma história social y cultural Del movi-miento libertário continental.

En la década de 1920, los trabajadores latinoamericanos fueron interpelados por multitud de tendencias de izquierda que preten-dían asumir el liderazgo de su acción sindical y política. Pese a lo habitualmente señalado por la historiografía, los anarquistas no fueron ajenos a este proceso. Más bien al contrario: partimos de la hipótesis que la reactivación del movimiento internacional anar-cosindicalista en 1922, fecha de la refundación de la Asociación Internacional de Trabajadores (AIT) en Berlín, fue un acicate para las corrientes ácratas del continente. Algunos movimientos locales vinculados con la AIT, como el argentino y el mexicano, se aboca-ron a una intensa actividad de propaganda (intercambio de prensa y de correspondencia, proyectos editoriales, circulación de agen-tes transnacionales en giras de conferencias, etc.). A lo largo de nuestra presentación, trataremos de acercarnos a los siguientes temas: 1) cómo se configuraron las redes anarquistas latinoameri-canas vinculadas a esa actividad de propaganda; 2) la información que circuló gracias a tales conexiones, partiendo de la idea que los anarquistas buscaban crear y difundir un conjunto de mitos, ritua-les y símbolos unificadores que circularan de manera transnacional y que sirvieran como aglutinantes del movimiento; 3) cuáles fueron los elementos subjetivos subyacentes a la red anarquista que se estaba configurando: ¿De qué manera conciben su papel? ¿Cómo se auto-representan? ¿Cómo representan a los demás grupos?

Page 43: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

43

MR 13. Forjando Nações: Fronteiras e Migrações (séculos XIX e XX)Local: Sala 110 – Centro de Aulas

Ernesto Cerveira de Sena (coordenador) - UFMT

Título: Acordo de Ayacucho - territórios e as descontinuidades dos tratados: Forjando fronteiras, elaborando nações (Bolívia e Brasil: Entre colônia e 1867)

Os famosos tratados coloniais ( como os de Madrid, Santo Ildefon-so) são muitas vezes percebidos como precursores das limitações territoriais tanto da Bolívia quanto do Brasil, tornando-se inclusive como componente fundamental nas histórias de suas respectivas nações. Era como se após a independência bastaria cumprir o lega-do colonial para que fosse percebida a “verdadeira fronteira” entre os novos países. São muitos os discursos em livros de história que enunciam uma continuidade dos territórios, dos tempos coloniais, com os seus marcos cravados, sendo os precursores dos países que daí se delineariam. No entanto, alguns estudos cartográficos e ter-ritoriais, elaboradas por geógrafos e historiadores, nos ajudam a colocar em questão a concepção retilínea de formações frontei-riças, diluindo a força dos traçados feitos pelas metrópoles. Em-piricamente, no século XIX, percebemos que Bolívia e Brasil não conseguiam povoar, conhecer e muito menos controlar suas áreas “de fronteira”, ao mesmo tempo em que vários grupos humanos que habitavam essas regiões sequer se reconheciam como “bolivianos”, nem como “brasileiros”, demonstrando a vulnerabilidade de princí-pios como o do Uti Possidetis nas negociações.

Liz Andréa Dalfré - UFPR

Título: Alguns apontamentos do argentino Domingo Faustino Sar-miento sobre a natureza brasileira no II reinado.

Neste Encontro pretendo analisar algumas idéias do argentino Domingo Faustino Sarmiento sobre o Brasil, elaboradas a partir de

Page 44: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

44

suas viagens para esta porção da América portuguesa, em mea-dos do XIX. Sarmiento, foi um político e pensador argentino, que viveu no período de consolidação das identidades nacionais latino--americanas. Enfatizamos o caráter pedagógico destes textos que influenciaram na constituição de um imaginário latino-americano sobre quem eram os brasileiros, os argentinos apontando para contradições e estereótipos, além de sinalizarem o espaço que os grupos sociais, étnicos e políticos ocupavam (ou deveriam ocupar) nos nascentes países sul-americanos. Durante sua vida realizou al-gumas viagens ao Brasil, que resultaram em diversos textos nos quais tece comentários a respeito da natureza, população, política, educação, entre outros elementos do Império brasileiro. Nesta co-municação, analisarei o olhar deste pensador argentino a respeito da natureza brasileira, especificamente dos lugares por ele visita-dos, como a Bahia, Pernambuco, Pará e o Rio de Janeiro.

Érica Sarmiento da Silva - UERJ

Título: A imigração como questão nacional. O caso dos imigrantes galegos em Buenos Aires e no Rio de Janeiro.

A partir da segunda metade do século XIX, as políticas migratórias fizeram parte não só dos projetos de colonização e povoamento, da substituição de mão-de-obra escrava- no caso do Brasil- mas também da construção da identidade. Era necessário reconstruir a identidade nacional, sepultada pela heterogeneidade, pela chega-da de milhares de imigrantes que desembarcaram nos portos sul--americanos entre os anos de 1880 e 1930. Diversas medidas, des-de as naturalizações até a Lei de Residência na Argentina, em 1902 e a Lei Adolpho Gordo (lei dos indesejáveis), em 1907, no Brasil, revelaram a preocupação das elites desses países com a questão imigratória. Que fazer com os imigrantes? Qual o seu papel na so-ciedade? Medidas integracionistas e políticas ativas de restrição a determinados grupos migratórios fizeram parte da agenda política desses países.

Page 45: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

45

Carmen García García - UAM

Título: O’Donnell y La Capitanía General de Cuba (1844-1848)

Sin lugar a dudas Leopoldo O´Donnell es una de las grandes figu-ras políticas de la etapa isabelina puesto que presidió el Gobierno más duradero de todo reinado (1858-1863), al margen de dirigir el Consejo de Ministros en otras dos ocasiones más (1856 y 1865-1866). A pesar de ello es un personaje bastante desconocido, pues al margen de ciertos escritos del siglo XIX de carácter apologético, su biografía más reciente data de 1946. En esta comunicación pre-tendemos reconstruir la gestión que realizó como capitán general de Cuba desde su nombramiento en octubre de 1843 hasta su cese en febrero de 1848. Con esa reconstrucción no solamente se busca conocer mejor la trayectoria vital de uno de los grandes “espado-nes” del siglo XIX español, sino también analizar las directrices de la política colonial que fijaba la metrópoli y sus consecuencias en la problemática económica y social cubana. Este trabajo forma parte de um proyecto más general financiado por el Ministerio de Ciência e Innovación que tiene por título: Trayectorias transatlán-ticas: personajes y redes entre la Península Ibérica y el Continente Americano (Véase datos incluídos en el currículo).

MR 14. Leituras sobre indigenismo: natureza, fronteira e identidades.Local: Sala 301 – Centro de Aulas

Giovani José da Silva (coordenador) - UFMS/CPNA

Título: Presenças indígenas na fronteira Brasil-Bolívia: A trajetória dos Chi-quitano no atual Mato grosso do Sul (segunda metade do século XX).

A comunicação tem por objeto de estudo a trajetória histórica de certa população indígena (Kamba), localizada atualmente na pe-riferia da sede do município de Corumbá, Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil. O texto é parte da tese de Doutorado defendida recentemente no programa de Pós-Graduação em História da UFG (Universidade Federal de Goiás) e começa por desvelar a história dos

Page 46: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

46

ancestrais dos Kamba, os Chiquitano. Recuperando-se os principais eventos ocorridos ao longo do tempo com os Chiquitano, surgem per-sonagens e tramas que envolveram o processo histórico de migração e marcaram a presença dos Camba-Chiquitano (autodenominação do grupo) na fronteira Brasil-Bolívia. Com essas informações, o objetivo passa a ser a percepção e o entendimento de como os Kamba, na segunda metade do século XX, elaboraram identidades e práticas culturais para viverem e quais as estratégias adotadas pelo grupo que lhes garantiram a sobrevivência física e cultural até os dias atu-ais, em uma região transnacional. Nesta elaboração estão presentes importantes elementos, tais como a memória social, as fronteiras, as culturas de migração e as identidades étnicas e nacionais, analisa-dos em perspectiva histórica.

Igor Luis Andreo - UNESP

Título: Samuel Raiz Garcia ante a Teologia da Libertação e os indí-genas de Chiapas.

Esta comunicação consiste na síntese de uma das reflexões que se pretende defender na Dissertação de Mestrado (em andamen-to) Teologia da Libertação e Cultura Política Maia Chiapaneca: o Congresso Indígena de 1974 e as raízes do Exército Zapatista de Li-bertação Nacional, cuja proposta, entre outros objetivos centrais, consiste em apresentar o papel de conscientização étnico-política desempenhado, no período que vai de 1968 a 1974, pela Teologia (ou Cristianismo) da Libertação entre comunidades indígenas do estado de Chiapas (México), a partir da tentativa de compreensão das especificidades político-teológicas assumidas pela diocese lo-calizada na cidade de San Cristóbal de las Casas sob o bispado de Samuel Ruiz García – que se iniciou em 1960. Para realizar tal tarefa procurou-se reconstruir determinados aspectos da trajetória familiar e eclesiástica de Samuel Ruiz, da realidade social chiapa-neca e das transformações pelas quais a Igreja católica passou no período – enfocando os setores eclesiásticos com os quais Samuel Ruiz manteve relações mais estreitas e constantes – com intuito de compreender, por fim, como o entrelaçamento entre esses diversos

Page 47: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

47

fatores resultou nas opções adotadas pelo bispo de San Cristóbal de las Casas.

Rafael Gonçalves Borges - UFG

Título: Identidade e Meio Ambiente: possíveis aproximações entre indigenismo e ambientalismo.

O presente trabalho constitui ao mesmo tempo o resultado de uma dissertação de mestrado e parte de um projeto de pesquisa em desenvolvimento que pretende discorrer acerca das relações existentes entre meio ambiente e produção de identidades. O discurso pela preservação ambiental tem conseguido êxito inegá-vel neste início de milênio, e os processos que possibilitaram tal constatação podem ser percebidos nas duas últimas décadas do Século XX. Defendendo uma “identidade ambiental” baseada so-bretudo em um novo imperativo de responsabilidade, o movimento ambientalista estabelece relações muito particulares com outras construções identitárias mais tradicionais e centradas. Dentre elas, destaca-se a relação com a retórica indigenista e a idealização dos grupos indígenas na forma como os mesmos lidam com os recur-sos naturais. Assim, parte-se da hipótese que supõe uma conexão entre o sucesso do discurso ambientalista e a aceitação da causa indigenista em fins do século XX.

Terça-feira 27/07/2010 16h15 às 18h30

MR 15. Guerras na América do Sul no século XIX: Cisplatina e ParaguaiLocal: Sala 101 – Centro de Aulas

Ney Iared Reynaldo (coordenador) - UFMT

Título: Guerra do Paraguai: Um conflito anunciado (1852-1864)

Nessa comunicação serão apresentados os fatores regionais que, na província de Mato Grosso, contribuíram para a deflagração da

Page 48: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

48

Guerra do Paraguai. A fronteira, conceito que subsidiou a análise, foi abordada no sentido territorial e concebida como expressão da dinâmica que a ocupação do território por distintas sociedades im-prime. Com tal conceito, buscou-se compreender a crescente supre-macia da fronteira-linha, em detrimento da fronteira-zona, no espaço banhado pelo rio Paraguai. Focalizaremos, principalmente, os anos de 1852 a 1864, período que inicia com a liberalização do rio da Prata à navegação internacional, fato que recuperou a navegação até o Atlântico para as comunidades ribeirinhas brasileiras e paraguaias que viviam nas margens do rio Paraguai. Na Província de Mato Gros-so (Brasil) e no Departamento de Concepción (Paraguai), foi vivencia-da uma experiência de fronteira de conflitos e intercâmbios durante o período colonial (século XVIII). As disputas territoriais se agravaram após a independência do Paraguai, quando ocorreu um crescente isolamento fronteiriço, decorrente de dificuldades promovidas pelos governantes do país vizinho. Em vista dessa situação, a província de Mato Grosso reorganizou suas atividades econômicas, vinculando-as aos mercados regional e nacional. Com a reabertura da navegação pelo rio Paraná, em 1852, o rio Paraguai tornou-se alvo de dispu-tas entre brasileiros e paraguaios pela livre navegação, pois os pa-íses envolvidos tinham posições distintas quanto ao tema. De 1854 a 1856, as dificuldades de navegar no trecho do rio que cruzava o Paraguai, impostas por esse país, ocasionaram prejuízos econômicos e a necessidade de militarizar a Província com o fortalecimento das guarnições militares na região em litígio. A partir de 1856, fruto de acordo diplomático, assinado entre as duas nações, a navegação no rio foi facilitada. Os desentendimentos permaneceram, entretanto, com o Paraguai apontando uma série de iniciativas (tais como ocupa-ção de terras, captura de escravos fugidos, invasões de indígenas), oriundas da província de Mato Grosso, que o prejudicavam.

Marcelo Santos Rodrigues - UFT

Título: As comemorações pelo fim da Guerra do Paraguai na Argen-tina e no Brasil em 1870

Em princípios de 1870 a Guerra do Paraguai estava concluída. A

Page 49: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

49

entrada das tropas uruguaias, argentinas e brasileiras na cidade de Assunção marcavam o inicio da desmobilização dos respectivos exércitos depois de 5 anos de guerra. A cidade de Buenos Aires foi a primeira a embandeirar-se para as recepções de seus soldados. Festas e comemorações estenderam-se por dias, todavia sempre acompanhadas pelas desordens e conflitos, freqüentemente noti-ciados nos principais jornais da capital argentina, e atribuídas aos soldados de regresso. No Brasil a chegada dessas notícias chamou à atenção do governo imperial que adotou como estratégia a re-tirada fragmentada das tropas brasileiras. No Senado brasileiro, ma imprensa, nos cafés, debates acalorados dividem a opinião da capital do império sobre as recepções e comemorações. Esse artigo tem o objetivo de discutir as recepções dos soldados brasileiros e argentinos nos seus respectivos países, destacando a forma das recepções organizadas pelos países vitoriosos.

Roberta Teixeira Gonçalves – UFRRJ

Título: Caballero contra o império: o discurso oriental de legitima-ção da guerra cisplatina (1825-1828)

O objetivo deste trabalho é analisar o discurso político produzido pelos líderes do movimento conhecido como Trienta y Tres cabal-leros Orientales durante a Guerra Cisplatina. Para tal fim, utilizará, prioritariamente, o material intitulado Memorias de la expedicion de los 33, al mando del general D.Juan Antonio Lavalleja, para expulsar a los portugueses de la banda Oriental, composto por 118 cartas. Com o exame desta documentação, espera-se entrever sobre quais elementos se balizou a produção discursiva dos cabal-leros orientais para legitimar a guerra e de que forma o discurso político fez uso de elementos culturais – como a proximidade his-tórica da Banda Oriental com as Províncias Unidas ou uma suposta rivalidade entre a região do antigo vice-reino do Rio da Prata e o império brasileiro em razão do passado colonial de ambos – com o intuito angariar a adesão à causa oriental.

Page 50: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

50

MR 16. Projetos para a América Latina: instituições econômicas e governos populistasLocal: Sala 102 – Centro de Aulas

Paulo José Koling (coordenador) - UNIOESTE

Título: Uma contribuição à critica do neoliberalismo: a análise de Raúl Prebisch sobre o monetarismo.

Nas análises que Raúl Prebisch fez sobre o desenvolvimento eco-nômico latino-americano, enquanto intelectual e/ou membro da Ce-pal, que resultaram numa visão da divisão internacional do trabalho fundamentada na relação dualista do sistema centro-periferia e num projeto para a superação da condição periférica dos países da região, percebe-se um fio condutor em sua crítica à teoria do livre comércio. Após revisar as referências teóricas da sua formação acadêmica e dos primeiros anos de atuação profissional na Argentina, no texto do Manifesto Periférico, de 1949, já na Cepal, foi incisivo ao afirmar que a teoria clássica não passava de teoria. Neste período também expôs em texto da Comissão que o livre mercado não existia, pois não havia livre mobilidade do trabalho no âmbito internacional. Na década de 1970, porém, ao problematizar o capitalismo periférico e vivenciar as mudanças da política estadunidense do dólar e dos juros, decorrentes das crises do petróleo (1973 e 1979), Prebisch se contrapôs ao novo liberalismo de Friedman e Hayek. A nova crise geral do sistema preocupou o economista argentino, principalmente no que dizia respeito à sua exportação para os países periféricos. Neste período ele foi mais contundente em sua crítica à teoria do livre mercado, atualizada na versão do monetarismo e do Estado mí-nimo, e considerava a moda do neoliberalismo uma febre. Após sua morte a Cepal silenciou sobre esta crítica e nos anos noventa aderiu às reformas neoliberais.

Hernán Ramiro Ramírez - UEL

Título: Ascenso e o caso dos guardiões da ortodoxia argentina: 45 anos de história da Fundación de Investigaciones Económicas Lati-noamericanas (FIEL)

Page 51: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

51

Nesta comunicação abordaremos a história da Fundación de Investigaciones Económicas Latinoamericanas (FIEL), instituto de pesquisa vinculado às agrupações corporativas da alta burguesia nacional e transnacional atuante na Argentina, sendo o principal expoente do liberalismo econômico naquele país, instituição na qual se congregaram importantes lideranças empresariais e tecno-cráticas de destacada participação no último terço do século pas-sado, particularmente durante a maior parte dos governos autori-tários.Interessa-nos analisar as razões de sua ascensão, na década de 1960, sua manutenção no poder, durante três décadas, e seu posterior ocaso, etapas estas que tanto foram produtos do con-texto histórico geral quanto dos próprios processos vividos pela instituição, podendo ser demarcadas a partir do estudo da coopta-ção dos quadros diretivos e técnicos, construção e impacto do seu discurso, captação de recursos materiais e colonização dos primei-ros escalões do governo. Como instituição, a FIEL teve importân-cia crucial, incidindo de forma substantiva no debate político e nas diretrizes adotadas nesse período, as quais mudaram radicalmente as estruturas econômica, social e até política do país, levando-o a mergulhar em crises cíclicas e na estagnação estrutural, ainda presentes.

Cleverson Rodrigues da Silva - UFMS

Título: Vargas, Cárdenas e Perón: a questão trabalhista nos discur-sos presidenciais e ministeriais.

Discutir um período tão importante da história da América Lati-na, envolvendo três países cuja política seguiu caminhos distintos e ao mesmo tempo tão parecidos, não é uma tarefa fácil, porém, esse desafio pode ser realizado. Pretende-se com essa pesqui-sa, partindo da análise de um ciclo muito importante da história Latino-americana, marcado por transformações sociais, políticas e econômicas, contribuir para o entendimento da formação da classe trabalhadora nesses países a partir dos discursos presidenciais e

Page 52: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

52

ministeriais dos governos Vargas, Cárdenas e Perón. Busca-se com-preender também, como esses atores interpretaram e perceberam suas políticas de promoção do trabalhador Latino-americano num momento de crescimento industrial pós-crise de 1929. Esse perío-do, tanto no Brasil, como no México e na Argentina é marcado pela ascensão das massas populares e da pequena burguesia urbana, porém, ainda é o período de transição para a formação de uma verdadeira economia capitalista. Essa pesquisa tem como metodo-logia e fonte, os documentos contendo os discursos presidenciais e ministeriais do Arquivo Eletrônico (LAMP) da Universidade de Chi-cago.

Carlos Eduardo Vidiga

Título: Desenhos Geopolíticos da América do Sul (1945-1982).

A história da América do Sul, em perspectiva geopolítica, é assunto pouco trabalhado pela literatura da área, embora nos últimos anos a temática tenha sido abordada indiretamente no campo das Re-lações Internacionais. Uma periodização da história das relações internacionais da América Latina, para o período em foco, proposta pelo historiador e diplomata venezuelano Demetrio Boesner, indi-ca a existência de três subperíodos, o da “Guerra Fria e defesa do status quo (1946-1957)”; o da “Polarização Cuba-OEA (1958-1967)” e “Dos anos sessenta aos anos oitenta (1968-1980)”. O que aqui se propõe é uma nova periodização para a história geopolítica da América do Sul, a partir da produção acadêmica mais recente e de fontes primárias, notadamente do Ministério das Relações Ex-teriores do Brasil. Quatro períodos podem ser, a princípio, divisa-dos: o imediato pós-guerra (1942/1945-1948); a égide do sistema interamericano (1948-1962); o aumento do apoio norte-americano a regimes autoritários (1962-1977); o da presença de forças difusas e centrífugas (1977-1982).

MR 17. Mariátegui e EducaçãoLocal: Sala 103 – Centro de Aulas

Page 53: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

53

Renata Bastos da Silva (coordenadora) - UERJ

Título: Lima e a história da educação no Peru segundo José Carlos Mariátegui

Os estudiosos e especialistas na história e no desenvolvimento sócio político da América Latina, em especial da região dos Andes e da Floresta Amazônica, conhecem o clássico livro do pensador José Carlos Mariátegui, nos referimos a de Sete ensaios da realidade pe-ruana. Publicado em 1928, mas que só chegou traduzido ao Brasil em 1975, com prefácio de Florestan Fernandes. Dos sete temas que Mariátegui trata em seu livro, destacaremos dois para nossa apre-sentação. São os intitulados: El proceso de la instrucción publica, e Regionalismo y Centralismo. No primeiro ele traça a história da constituição da educação no Peru de modo geral, e salienta o papel da Universidade de Lima. No outro capítulo ele discutiu o papel po-lítico da capital Lima com parando-a com outras grandes capitais do mundo, entre elas o Rio de Janeiro, Moscou e Nova Iorque. Neste sentido, pretendemos levar ao conhecimento do público em geral as idéias desse eminente pensador da esquerda sobre a Educação e o papel da Cidade na constituição da história de seu país o Peru. Nosso trabalho compõe a mesa redonda intitulada Mariátegui e a Educação, composta também pelos seguintes trabalhos: A mulher e a política por Mariátegui, professor Tiago Simões e A Educação con-tra a Monstruosidade Carcerária Peruana na Política de Mariátegui, do professor Ricardo Marinho.

Ricardo José de Azevedo Marinho - UNIGRANRIO

Título: A educação contra a monstruosidade carcerária peruana na política de Mariátegui

Mariátegui ao analisar o sistema penitenciário peruano desde 1924 mostra que a utilização da prisão pela polícia como um “as-pirador de pó” social, a fim de “limpar” e livrar a sociedade da es-cória resultante das transformações econômicas, em especial, a “vagabundagem” era, de fato,uma monstruosidade. Além da his-

Page 54: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

54

tória da qualificação da vagabundagem em crime no Peru não se justificar, Mariátegui mostra como não existe qualquer correlação entre as taxas de encarceramento e o nível de ressocialização. O recurso automático pela polícia da prisão do “vagabundo”, com o intuito de debelar a agitação e a desordem urbana era um remédio que,freqüentemente, agrava a doença que supostamente curaria. Ao contrário, reforçava a marginalização política, a alienação so-cial e o sentimento de injustiça, uma vez que afeta de forma des-proporcional à população peruana, especialmente o seu Grande Número, ou seja, os indígenas, mais vulneráveis economicamente. Desta forma, sustenta Mariátegui, ser totalmente irrealista tentar lidar e tratar a questão da “vagabundagem” com o brutal e ineficaz instrumento da prisão, e seria urgente reconectar o debate sobre a “vagabundagem” à questão social mais ampla do século XX que esta discussão escondia: a educação como espaço de socialização e ressocialização de apenados e desempregados, e, como preven-ção aos vetores da insegurança social e da precarização e deterio-ração mental.

Tiago Martins Simões - UERJ

Título: A Mulher e a Política por Mariátegui

Em 1924, José Carlos Mariátegui escreveu para a revista Varieda-des de Lima, uma análise sobre o papel da mulher na vida pública. Ele observou que um dos acontecimentos substantivos do século XX foi a aquisição, pela mulher, dos direitos políticos do homem. Seu ingresso na política, no parlamento e no governo, abriu espaço para uma nova educação; esta, que a leva ao trabalho e à vida pú-blica, traz sensibilidade às ações políticas, educando a sociedade e transformando as estruturas outrora não ocupadas pela mulher. Conforme escreve em As Reivindicações feministas, publicado em 1924, sua observação perpassa por algumas “células, alguns núcle-os de feminismo”, que prosperam entre as mulheres que trabalham, quer em ofícios intelectuais ou manuais. Nosso pensador cita como exemplo a poesia, retratada em sua obra 7 ensaios da realidade peruana pela poesia de Magda Portal, que expressa a realidade

Page 55: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

55

desta forma feminina a que se refere. Assim, nosso trabalho integra a mesa intitulada Mariátegui e a Educação, composta pelos traba-lhos Lima e a história da educação no Peru segundo José Carlos Mariátegui, da Professora Renata Bastos da Silva e A Educação contra a Monstruosidade Carcerária Peruana na Política de Mariá-tegui do Professor Ricardo José de Azevedo Marinho.

MR 18. Duas Argentinas? Discursos e representações sobre um mito e(m) suas origens (XIX)Local: Sala 107 – Centro de Aulas

José Alves de Freitas Neto (coordenador) - UNICAMP

Título: Discursos da dualidade: gêneros narrativos e construções identitárias na Argentina oitocentista.

A imagem de uma Argentina dividida surgiu entre as elites ilustra-das liberais do século XIX como uma metáfora bastante recorrente na linguagem política e que tinha a função de conferir um senti-do particular a sua história. As oposições entre campo e cidade, barbárie e civilização, federalistas e unitários, tradição oral e tra-dição letrada são ilustrativas da dualidade existente nas análises produzidas naquela época. A representação das “duas argentinas” sobreviveu ao tempo e acabou consagrando o texto Facundo como um monumento de sua cultura, que suscitou inúmeras releituras. A proposta desta comunicação é discutir sobre as vinculações en-tre a política, literatura e história e como estas, por meio de uma construção discursiva específica, foram elaboradoras de uma ge-nealogia da nação e suas identidades. Partindo das relações entre ordens discursivas e identidades em excertos extraídos da chama-da Geração de 1837, analisaremos os jogos de “imagem” e “contra--imagem”, cujas oposições sobre as identidades argentinas nos Oitocentos geraram discursos maniqueístas. Estes discursos, no entanto, nos instigam a procurar a permeabilidade dos conceitos e, de certa forma, uma indagação em relação ao “mito de origem” da dualidade argentina, propondo pensar a historicidade e as formas como os gêneros narrativos, tais como literatura e historiografia (a

Page 56: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

56

partir da obra de Bartolomé Mitre), empreenderam seus esforços e marcaram o campo da cultura política na Argentina em meados do século XIX.

Bruno Passos Terlizzi - UNICAMP

Título: A cidade do Prata: o utopismo no discurso fundador de Do-mingos Faustino Sarmiento presente em Argirópolis.

Por inúmeras vezes a utopia desenhou seu espaço conceitual no âmbito imaginário e representativo da América. Fruto das ten-sões e contradições ocorridas na história, a utopia tem como uma de suas características apontar caminhos alternativos no processo de superação dos problemas existentes em seu contexto de pro-dução, em que a atuação racional do indivíduo na conformação da sociedade geraria uma espécie de redenção do homem por si mesmo. Obra pouco debatida pela crítica especializada, Argirópo-lis (1850), de D.F. Sarmiento (1811-1888), demonstra um projeto de superação da crise política argentina de meados de 1850, a partir da “fantástica” proposta de construção de uma capital federal na ilha de Martín García como forma de unificação da nacional. Mas como Sarmiento teria chegado a tal projeto? É a partir da mudança do próprio conceito de história no autor – expresso primeiramente em Facundo (1845) como determinismo historicista – que se chega ao desenvolvimento de um utopismo projetivo em Argirópolis, em que o planejamento racional da cidade – figura utópica por nature-za – é um dos mitos orientadores no projeto e discurso político de nação presente em D.F. Sarmiento.

Ivia Minelli - UNICAMP

Título: A força política na grandeza das formas: o século XIX em diálogo nas obras de Sarmiento e Hernández O estudo do gênero gauchesco para a análise das obras de Do-mingo F. Sarmiento e José Hernández, fundamentais na história da literatura argentina devido ao intenso debate que seus escritos promovem desde o século XIX, suscita a reflexão sobre as manifes-

Page 57: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

57

tações artísticas e estratégias discursivas desprendidas em Facun-do: civilização e barbárie e Martín Fierro, reveladoras de um univer-so simbólico em disputa ao longo do período pós-independência. As diferentes acepções sobre gauchos e indígenas encontradas em cada texto são representativas de uma nacionalidade a ser defini-da, sobre a qual debatem Sarmiento e Hernández segundo suas distintas perspectivas a respeito da intelectualidade argentina, da expressão política relativa ao campo e à cidade, dos projetos e ru-mos civilizatórios para novo país, da adoção de símbolos nacionais, entre outras. Na abordagem aqui proposta, política e cultura se encontram e são colocadas em franco diálogo, sem o objetivo de determinar uma em função da outra, com o objetivo de valorizar a complexidade de um pensamento argentino oitocentista tensiona-do ante a heterogeneidade de um discurso nacional em construção.

Priscila Pereira - UNICAMP

Título: De Hidalgo a Hernández: a literatura gauchesca argentina e seus Outros

O surgimento do chamado gênero gauchesco está intimamente re-lacionado com a disputa pela voz do gaucho rioplatense, bem como com as distintas imagens que se conformaram em torno de sua fi-gura. O gênero teria se constituído no contexto da revolução e das guerras de independência no Vice-Reinado do Rio da Prata, quando a voz gaúcha é retirada de sua marginalidade para ser sublimada e universalizada pela literatura. Ou seja, a gauchesca surge como uma conjunção entre a voz ouvida do gaúcho (o cantor) e a palavra escrita do letrado (o escritor), constituindo-se assim em uma alian-ça unificadora de vozes, cujo objetivo é demarcar o lugar do Outro numa narrativa.Contudo, no centro dessa conjunção entre cultura popular e erudita está a disputa pela voz do gaúcho. Isso significa dizer que tal embate está ancorado em um jogo simbólico de inclu-sões e exclusões de outras vozes, as quais aparecem como distor-cidas e inimigas, a exemplo do que ocorrem com negros, indígenas e imigrantes. Esta comunicação apresentará, portanto, alguns dos principais debates sobre a gauchesca, desde o surgimento do gê-

Page 58: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

58

nero com os cielitos de Bartolomé Hidalgo até a releitura que faz a geração do Centenário do poema de José Hernández, de modo a ressignificar a metáfora sarmientina civilização e barbárie.

MR 19. Circulação de idéias, imagens e representações entre EUA e Brasil (século XIX e XX)Local: Sala 109 – Centro de Aulas

Cecília da Silva Azevedo (coordenadora) - UFF

Título: América Latina: visões da esquerda norte-americana

O trabalho visa recuperar as críticas à política externa norte-ame-ricana para a América Latina e as visões sobre os processos polí-ticos em curso na região veiculadas pelos periódicos The Nation e Dissent, importantes órgãos da imprensa liberal e de esquerda nos EUA nas décadas de 60 e 70. Num contexto marcado pela ascen-são e declínio de inúmeros movimentos sociais e políticos nos EUA – movimento pelos direitos civis, movimento estudantil, pacifista, feminista, entre outros -, a América Latina serviu como referên-cia e objeto de preocupação e mobilização política para esse seg-mento político nos EUA. Ao recuperar os principais elementos do que se poderia chamar de cultura política liberal-radical nos EUA, o trabalho procurará discutir as conexões e compartilhamento de visões entre a esquerda latino e norte-americana. O trabalho pro-cura apresentar, assim, uma face muito pouco visível do dissenso no universo político norte-americano, mesmo quando se considera o período em questão.

Tereza Maria Spyer Dulci - USP

Título: Semelhanças e diferenças entre os processos de criação da Foreign Affairs (1922) e a Revista Brasileira de Política Internacional (1958).

Esta comunicação pretende analisar a emergência dos projetos

Page 59: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

59

político-editoriais das revistas Foreign Affairs e a Revista Brasileira de Política Internacional, os periódicos sobre relações internacio-nais mais antigos e relevantes dos Estados Unidos e do Brasil. A Foreign Affairs (FA) foi criada em 1922 e é uma revista sobre re-lações internacionais publicada pelo Council on Foreign Relations (CFR). O CFR é um grupo do setor privado com sede em Nova York, que desde 1920 afirma ter como missão promover a compreensão da política externa e do papel desempenhado pelos EUA no mun-do. A Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI) foi fundada no Rio de Janeiro em 1958 – pelo Instituto Brasileiro de Relações Internacionais (IBRI) órgão apoiado pelo Ministério das Relações Exteriores do Brasil. A RBPI tem como principal objetivo promover e ampliar o debate acerca das relações internacionais e do desafio da inserção internacional do Brasil.

Flávio Thales Ribeiro Francisco - USP

Título: Reinventando a raça: formulações identitárias nas páginas de O Clarim da Alvorada. (1924-1932)

A comunicação apresenta o debate do jornal negro O Clarim da Alvorada (1924-1932) em torno das experiências políticas dos ne-gros norte-americanos. Por volta de 1928, a publicação da impren-sa negra paulista passou a usar os jornais afro-americanos como fonte para retratar as relações conturbadas entre negros e brancos nos Estados Unidos. A partir da preocupação em estabelecer um projeto de integração para os negros de todo o Brasil, O Clarim da Alvorada oscilou entre criticar os conflitos raciais da sociedade norte-americana e elogiar a autodeterminação dos negros norte--americanos. As referências às experiências políticas deste grupo ajudaram a delinear, por volta de 1930, uma crítica de O Clarim da Alvorada ao preconceito racial e a ideia de uma identidade trans-nacional a partir de uma África “civilizada”.

Carla Viviane Paulino - USP

Título: Etnologia, tecnologia e progresso no relato de viagem do

Page 60: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

60

norte-americano Thomas Ewbank ao Brasil(1846).

Nesta comunicação pretendo discutir alguns aspectos da narra-tiva de viagem Life in Brazil or a journal of a visit to the land of the cocoa and the palm (Vida no Brasil ou um diário de visita à terra do cacau e da palmeira), escrita pelo inglês radicado nos Estados Uni-dos Thomas Ewbank (1792-1870) em 1846, período em que esteve no Brasil. Impresso nos Estados Unidos e respectivamente na Inglaterra em 1856, o livro e os textos publicados sobre sua viagem em revistas importantes do período, alcançaram um público amplo e foram lidos por viajantes e estudiosos das ciências humanas. Publicado no Brasil pela primeira vez somente em 1973, 117 anos após sua primeira publi-cação no exterior, o relato mostra-se impregnado pelas concepções de mundo relacionadas à ciência, à tecnologia e ao progresso tal como eram concebidas no período. Desta forma, pretendo discutir e demonstrar como o relato foi escrito a partir destas concepções, que implicaram em uma construção de imagens e representações de um Brasil que, por uma somatória de características negativas, estaria condenado a um desenvolvimento lento e sempre inferior em relação á Europa e Estados Unidos.

MR 20. Diálogos entre Europa e América Latina: circulação de idéias, imagens e práticas políticas (1930 – 1950)Local: Sala 110 – Centro de Aulas

Wagner Pinheiro Pereira (coordenador) - USP

Título: “O cinema da suástica na América Latina: o projeto de ex-pansão internacional da Hispano-Film-Produktion na Argentina, Brasil e México (1936-1945)

A comunicação analisa o projeto de expansão internacional do cinema nazista na Europa e na América Latina (1936 - 1945), que ti-nha como objetivos criar em Berlim uma “Nova Hollywood Mundial” e estabelecer o controle hegemônico do III Reich sobre um espaço eu-ropeu e latino-americano integrado econômica e culturalmente, que pudesse rivalizar e até impedir a presença das produções cinemato-

Page 61: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

61

gráficas americanas e soviéticas nestes territórios. Para a concreti-zação de tais ambições expansionistas, o regime nazista investiu na ação da Hispano-Film-Produktion (HFP), privilegiada instituição político-cultural responsável pela produção e distribuição de fil-mes nazi-franquistas (documentários propagandísticos e ficcionais de entretenimento), dirigidos aos públicos da Alemanha nazista, da Espanha franquista e da América Latina (especialmente, Argen-tina, Brasil e México). Em termos gerais, a comunicação abordará: a formação da HFP; os filmes da HFP; a competição de interesses nazistas e franquistas na América Latina; as tentativas da Alema-nha nazista e da Espanha franquista em conquistar o mercado do cinema mexicano; o projeto nazista para os cinemas argentino e brasileiro; e a contra-ofensiva dos governos dos Estados Unidos da América e da Grã-Bretanha frente à expansão internacional do cinema nazista na América Latina.

Priscila Ribeiro Dorella - UFMG

Título: Vasos comunicantes do moderno: Octavio Paz e o Surrealismo.

O poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz (1914-1998) teve, como se sabe, diversas influencias artísticas e políticas. Certamente, o surrealismo é uma das mais importantes, embora seja uma de suas ‘afinidades eletivas’ menos estudadas. As relações entre Paz e os surrealistas, como André Breton e Luis Buñuel, se estabeleceram a partir das manifestações artísticas, mas foram aprofundadas no compartilhar de uma percepção ética e moral da sociedade. Por meio de uma análise social do seu envolvimento com o surrealismo, essa comunicação busca discutir em que medida esse movimento subversivo esta presente na obra e na vida do poeta em questão.

Maria Antonia Dias Martins - USP

Título: Cuadernos Americanos: ponto de conexão entre intelec-tuais mexicanos e republicanos espanhóis na construção de uma identidade hispano-americana

Page 62: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

62

A revista mexicana Cuadernos Americanos criada em 1942 foi gestada por um grupo de intelectuais mexicanos e exilados espa-nhóis. Num artigo de apresentação da revista, publicado no nú-mero de estréia, seu editor Jesus Silva Herzog expôs os objetivos desse novo veiculo de comunicação que situava a América Latina num lugar privilegiado no mundo pós Guerra. Criticando as solu-ções apresentadas pelo comunismo, nazismo e o liberalismo, bem como a Europa destroçada pelo conflito e EUA comprometido com os interesses dos agentes financeiros, argumentou que, naquele momento, somente a América Latina possuía condições de pensar criticamente os destinos da humanidade. O Objetivo deste tra-balho é analisar as reflexões veiculadas nesta revista no período compreendido entre 1945 até 1955 no que se refere à identidade hispano-americana e seu papel no mundo pós Guerra.

Ângela Meirelles de Oliveira - USP

Título: Redes antifascistas no Cone Sul: Diálogos entre intelectuais engajados e militantes políticos: 1932-1939.

Esta comunicação pretende analisar a articulação de uma rede constituída por intelectuais engajados e militantes que, apesar de divergências políticas e ideológicas, empenharam-se na luta contra os fascismos entre 1932-1939 no Cone Sul (Argentina, Chile, Brasil e Uruguai). A luta antifascista envolveu uma multiplicidade de for-ças políticas, entre as quais pudemos identificar a) as organizações compostas por intelectuais independentes motivados pela “defesa da cultura” e da “liberdade de criação”, b) os intelectuais que se integraram às Frentes Populares com objetivos relacionados à par-ticipação na vida política nacional e c) os intelectuais comunistas - vinculados aos Partidos Comunistas locais e ao Movimento Comu-nista Internacional - que se integraram na luta antifascista no plano nacional e internacional.Estas trajetórias de luta não são comparti-mentadas ou estanques e, em diferentes momentos, elas se entre-laçaram, estando conectadas também aos movimentos antifascistas europeus, como o Amsterdam-Pleyel (1933) e o Comité de Vigilance des Intellectuels Antifasciste - CVIA (1934)

Page 63: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

63

MR 21. Política, Imprensa e Diplomacia na América Latina (séculos XIX e XX)Local: Sala 301 – Centro de Aulas

Dinair Andrade da Silva (coordenador) - UnB/UPIS

Título: A Imprensa platina e o golpe militar no Brasil: reflexões a propósito da Missão Especial enviada ao Uruguai, em abril de 1964, pelo governo brasileiro.

Esta comunicação possui dois objetivos principais. O primeiro é divulgar uma fonte significativa da história das relações intera-mericanas do Brasil, ou seja, o dossiê da Missão Especial envia-da ao Uruguai, em abril de 1964, pelo Governo Castelo Branco. O segundo é discutir a posição da imprensa platina diante do golpe militar no Brasil, explicitada com veemência em razão da presença incômoda daquela Missão Especial em Montevidéu. O mencionado dossiê, classificado à época como documento secreto, é composto por três volumes que integram o Relatório do Enviado Extraordi-nário e Ministro Plenipotenciário em Missão Especial junto ao Go-verno da República Oriental do Uruguai, Jayme de Souza Gomes, de 22 de maio de 1964. A imprensa platina em geral, e a uruguaia particularmente, adotou uma postura hostil ao movimento militar de 31 de março de 1964, conferindo-lhe o perfil de “golpe de gori-las”, diante da opinião pública da região. Neste sentido, a atuação da imprensa tornou-se mais explícita quando desembarcaram em Montevidéu, no mês de abril daquele ano, os integrantes da Mis-são Especial do Brasil ao Uruguai. Pretendia-se, sob forte pressão, obter do governo uruguaio o compromisso formal de que o ex-Pre-sidente Goulart e seus acompanhantes fossem confinados em área distante da fronteira brasileira, no Departamento de Montevidéu, onde poderiam ter suas atividades controladas, com maior facilida-de, pelas autoridades uruguaias.

Page 64: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

64

Raquel dos Santos Oliveira - MAST

Título: Política exterior e colaboração científica nas relações Brasil--Argentina (1912-1919)

Em 1912 e 1919, o Brasil foi atravessado pela linha de totalida-de de eclipses totais do Sol. Naquela época a observação des-te fenômeno era uma oportunidade única para a realização de determinados estudos sobre o sol e o sistema solar. O eclipse de 10 de outubro de 1912, que foi observado na cidade de Pas-sa Quatro (MG), movimentou um grande número de astrônomos. Dentre estes estavam presentes duas expedições argentinas, uma enviada pelo Observatório de Córdoba e outra pelo Obser-vatório de La Plata. A expedição chefiada por Charles D. Perrine (1867-1951) do Observatório de Córdoba foi organizada com o propósito de verificar o desvio da luz em sua passagem pelo disco solar e assim comprovar a teoria da relatividade geral, formulada por Albert Eisntein (1879-1955). Entretanto, os esforços empre-endidos foram em vão uma vez que no dia do eclipse choveu. O próximo eclipse total do Sol que atravessaria o Brasil ocorreria em 29 de maio de 1919. Este eclipse que foi observado na cidade de Sobral (CE) era uma grande oportunidade para a comprovação da teoria da relatividade geral que até aquele momento estava sem verificação. Apesar dos esforços de C. Perrine em organizar uma expedição argentina para observar o eclipse em Sobral, o governo argentino não permitiu o envio da expedição. Assim, este trabalho se propõe a analisar a mudança nas relações políticas entre Brasil e Argentina que culminou por afetar as relações de colaboração científica durante o período compreendido entre os anos de 1912 e 1919.

José Augusto Ribas Miranda - UFT

Título: Realpolitik do Império nas Repúblicas do Pacifico: Atuação de Varnhagen (1863-1867).

Page 65: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

65

O presente trabalho tem o objetivo de apresentar as primeiras re-flexões sobre a atuação de Francisco Adolfo Varnhagen, em missão diplomática do Brasil Império com as Repúblicas do Chile, Equador e Peru, entre os anos de 1863 e 1867. Utilizando-me dos Relatórios do Ministério de Negócios Estrangeiros, da correspondência troca-das entre Varnhagen e políticos brasileiros, durante sua estada à frente da missão diplomática, além das discussões ocorridas na Câ-mara de Deputados e do Senado do Império, assim como de fontes jornalísticas dos países envolvidos, essas fontes históricas permi-tem compreender as ações diplomática do Império nos momentos em que se discutiam as questões de fronteiras, a navegabilidade do rio Amazonas, o direito de asilo político e a intervenção militar da Espanha em regiões da América Andina.

Natally Vieira Dias – UFOP

Título: Oliveira Lima e José Veríssimo: visões da Revoluçao Mexi-cana na imprensa (1910-1914).

Analisamos comparativamente as interpretações sobre o processo revolucionário mexicano desenvolvidas por Manoel de Oliveira Lima e José Veríssimo, como colaboradores dos jornais O Estado de São Paulo e O Imparcial, do Rio de Janeiro, respectivamente. Discutimos a questão da atuação pública dos intelectuais através da imprensa no período e a influência da imprensa internacional em suas análises sobre o México, posto que Oliveira Lima escrevia da Europa para o jornal paulista e Veríssimo, mesmo estando no Brasil, normalmente se remetia a comentários da imprensa estadunidense. Comparamos como os intelectuais brasileiros se apropriaram da experiência me-xicana para fundamentar suas críticas à situação política nacional, considerando as diferentes perspectivas ideológicas assumidas por cada um, sendo que Veríssimo era um republicano convicto, en-quanto Oliveira Lima não escondia suas preferências monárquicas. Com a intervenção dos Estados Unidos no México revolucionário e a atuação do Brasil na mediação diplomática do conflito – jun-tamente com Argentina e Chile –, ambos voltaram suas reflexões

Page 66: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

66

para o tema das relações continentais. Nesse sentido, analisamos como os acontecimentos mexicanos influenciaram seus posiciona-mentos em relação à questão de uma identidade do Brasil republi-cano na América e suas relações com a potência continental e com os demais países do continente.

Adriana Hassin Silva - UFRJ

Título: Azeredo da Silveira e a diplomacia da integração continental.

O presente trabalho tem como objetivo observar a politica diplo-matica brasileira entre os anos de 1974 e 1979, periodo no qual o Itamaraty esteve sob comando do Embaixador Azeredo da Silveira. Durante estes cinco anos em que esteve à frente do Itamaraty, o Em-baixador deixou um legado de reorientação das diretrizes diplomá-ticas brasileiras; ao desengajar o país de seu circuito tradicional de relações internacionais (com Argentina, Estados Unidos e Portugal), superando a igualmente tradicional politica da “cordialidade oficial”, a chancelaria brasileira assumiu nova postura que visava potencia-lizar uma inserção internacional, situando o país na vasta agenda diplomática sul-americana, europeia, médio-oriental e afro-asiática. Seu objetivo último repousava no anseio de mundialização das re-lações exteriores do Brasil e, neste contexto, a forja da integracao continental (e a lideranca regional dela decorrente) passam a ser te-mas prementes da agenda nacional.

Quarta-feira, dia 28/07/2010 10h15 às 12h15

MR 22. Debate sobre identidade, cultura e política em revistas la-tino-americanasLocal: Sala 101 – Centro de Aulas

Tânia da Costa Garcia (coordenadora) - UNESP

Título: A canção folclórica argentina e as reconfigurações do nacio-nal no cenário político ideológico dos anos 50

Page 67: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

67

Em meados do século XX, em plena Guerra Fria, o interminável debate em torno da identidade nacional é, na América Latina, re-tomado em novas bases. A cultura de massa, sobretudo a música popular atrelada ao mercado, configura-se, pela sua ampla capaci-dade de difusão, como um dos principais campos de disputas em torno do nacional, revelada nas suas variadas formas de produção, circulação e consumo. Na Argentina dos anos 50, as diferentes apropriações da denominação “música folclórica” pela música po-pular urbana – leias-se midiatizada – relacionada ao nacional, ana-lisadas a partir das representações discursivas veiculada pela im-prensa escrita especializada, formam a problemática central desta comunicação. A revista Mundo Radial, cujo principal assunto era, além da programação radiofônica, as notícias do mundo musical, constitui o ponto de partida desta abordagem. Através do periódi-co é possível acompanhar as diversas representações associadas à música folclórica como tradição, cultura rural e identidade nacional em oposição à idéia de progresso relacionado à cultura estrangeira presente no espaço urbano e difundida pelos meios de comunica-ção.

Carine Dalmás - USP

Título: As políticas culturais do PCB e do Partido Comunista do Chile entre 1948 e 1956: uma análise comparativa do debate artístico pu-blicado nas Revistas Fundamentos, Vistazo e Gaceta de Chile

Ao longo da primeira metade do século XX, o PCB e o Partido Comunista do Chile (PCCh) exerceram um papel central na difusão do marxismo-leninismo em seus países e tomaram a imprensa escri-ta como veículo privilegiado para tal fim. A revista cultural Funda-mentos (PCB), a revista de “variedades” Vistazo (PCCh) e a revista literária, Gaceta de Chile (dirigida por Pablo Neruda), publicadas entre 1948 e 1956, participaram desse processo e permitem uma análise a respeito das políticas culturais do PCB e do PCCh. Desta forma, o objetivo principal desta comunicação é, a partir da abor-dagem dos textos que estas revistas dedicaram à divulgação e à análise da produção artística da época, verificar as possíveis pro-

Page 68: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

68

postas político-culturais que as embasaram e sua relação com os pressupostos político-culturais do “realismo socialista” zdanovista, vigente no Movimento Comunista Internacional entre 1947 e 1953.

Mariana Martins Villaça - UNIFESP

Título: A revista Cine del Tercer Mundo (Montevidéu, 1969-1970): debates sobre o cinema político na América Latina

A Cinemateca del Tercer Mundo(1969-1973), apesar de uma breve existência, em virtude da intervenção exercida pelo regime militar uruguaio, foi um centro catalisador de produções latino--americanas consideradas “cine de combate” e teve participação ativa nos debates sobre o Nuevo Cine Latinoamericano, no final dos anos sessenta. Essa instituição produziu vários curtas-metra-gens e publicou a revista Cine del Tercer Mundo que reuniu, em seus dois únicos números, importantes ensaios teóricos acerca das discussões sobre o cinema político na América Latina. Nesta comu-nicação, problematizamos os significados políticos subjacentes ao projeto que sustentou a criação dessa Cinemateca e de sua revis-ta, os principais conceitos discutidos em suas publicações – tais como tercer cine e cine imperfecto – e a rede de trocas que seus integrantes estabeleceram com cineastas e produtores latino-ame-ricanos e europeus.

Sílvia Cezar Miskulin - USP

Título: O papel do intelectual no México nos anos setenta e oitenta: polêmicas e debates nas revistas Plural e Vuelta.

As revistas Plural e Vuelta reuniram um grupo de intelectuais me-xicanos, liderados pela presença de Octavio Paz, diretor das publi-cações. Nos anos setenta e oitenta, a sociedade mexicana realizou importantes debates que repercutiram nas páginas das revistas. A forte repressão governamental ao movimento estudantil de 1968

Page 69: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

69

fez com que muitos intelectuais, entre eles colaboradores das re-vistas, criticassem os sucessivos governos presidenciais do PRI nos anos setenta. No entanto, as revistas Plural e Vuelta abriram espa-ços para polêmicas e alguns escritores defenderam a participação e apoio aos governos do PRI. O debate sobre o papel do intelectual esteve sempre presente nestas publicações e prosseguiu ao longo dos anos oitenta no México.

Regina Aída Crespo - UNAM

Título: Imagens do México na correspondência do Itamaraty (1919-1959)

O Arquivo Histórico do Palácio do Itamaraty, no Rio de Janeiro, guarda a correspondência enviada pelos diplomatas brasileiros ao Ministério de Relações Exteriores, durante suas missões no Mé-xico, entre 1919 e 1959. A análise deste acervo documental, ain-da pouco trabalhado, contribui para entender as relações entre o México e o Brasil. Sabemos que a tradicional busca pela liderança continental e a inevitável competição econômica têm condicionado a agenda política do México edo Brasil e incidido na construção de imagens “do outro” nos âmbitos ideológico e cultural. Sabemos, também, que os dois países percorreram um caminho distinto em sua relação com o nacionalismo e o latino-americanismo, caminho que levou o México a adotar por muitos anos um “nacionalismo de defesa” e o Brasil a fortalecer uma política de isolamento con-tinental. A análise da correspondência enviada pelos diplomatas brasileiros ao MRE, de 1919 a 1959, ajudará a entender como se foi construindo e consolidando, ao longo do tempo, um certo “perfil” da cultura, da política e da sociedade mexicanas entre os brasilei-ros, “perfil” que contribuiu para orientar as relações do Brasil com o México durante o período. Além disso, a análise do tratamento dado pelos diplomatas brasileiros aos temas do nacionalismo e do latino-americanismo em sua correspondência ajuda a compreender o lugar e o papel do Brasil dentro do universo hispano-americano e a checar se estes temas cumpriram ou não algum papel na política externa do país frente ao México durante o período.

Page 70: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

70

MR 23. Política e identidades no Chile: da formação da nação à ditadura militar (séculos XIX e XX)Local: Sala 102 – Centro de Aulas

Horácio Gutiérrez (coordenador) - USP

Título: Tipos nacionais mestiços na construção da identidade chilena

Na construção da identidade chilena no século XIX apareceram dife-rentes ensaístas exaltando uma figura mestiça que representaria ao chi-leno típico: o roto. Trata-se de uma figura de caráter urbano, forjada nas lides da mineração do Norte Grande e também durante sua participação na Guerra do Pacífico (1879-1884), e que se teria disseminado nas cida-des com a urbanização e a expansão da indústria. Na primeira metade do século XX surge outra figura mestiça, esta de origem rural, que acaba substituindo ao roto na simbologia nacional: o huaso. O presente texto discute a construção de estas figuras mestiças por ensaístas chilenos, principalmente a do huaso, que é até hoje o tipo nacional representativo da chilenidade e personagem central nas festas pátrias, a pesar de o setor rural ter perdido importância frente à indústria ao longo do século XX, e igualmente o huaso quase ter desaparecido do campo, em decor-rência do processo de modernização da agricultura.

Samantha Viz Quadrat - UFF

Título: Juventudes, política e revolução: o Chile de Allende

O presente trabalho tem como objetivo discutir a participação política dos jovens no Chile de Salvador Allende (1970-1973). A juventude chilena, assim como o país naquele momento, se apre-sentava bastante dividida sobre o governo da Unidade Popular. O foco desse trabalho é dirigido para as parcelas da juventude chile-na que se constituíram uma grande força de oposição, concentra-da especialmente no movimento estudantil através da FESES e da FEUC e do grupo extremista Patria y Libertad. Alguns desses jovens

Page 71: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

71

circularam por todos esses grupos e naturalmente pela própria so-ciedade representando uma voz importante no Chile naquele mo-mento. Tomaram as ruas e outros espaços públicos para manifestar a sua insatisfação e, futuramente, alguns desses jovens transforma-ram-se em importantes quadros do governo ditatorial de Augusto Pinochet.

Cristina Luz García Gutiérrez - UAM

Título: Españoles desaparecidos en Chile: Una perspectiva trans-nacional De entre los más de tres mil casos de detenidos y ejecutados que recogió el Informe Rettig en Chile al comienzo de la transición, sólo cuatro tenían nacionalidad española. Este factor implicó una mayor trascendencia internacional en relación a los procesos desarrollados por la justicia chilena. En este sentido, el componente de nacionalidad permitió que las familias de los desaparecidos y ejecutados contasen con más resortes en sus demandas de justicia y rehabiltación, que uti-lizaron tanto en España como en los tribunales regionales de Derechos Humanos. En sí mismo, los casos nos ayudan a entender cómo funcionó la represión chilena. Dos de ellos, Antonio Llidó y Joan Alsina, forma-ban parte del clero de base, que por su relación con los sectores más humildes de la población, sufrieron especialmente las presiones de la dictadura. El tercer caso, Michelle Peña Herreros, es el de una mujer embarazada, lo que nos permite introducir la perspectiva de género en la investigación y estudiar las diferencias represivas que exitieron entre ambos sexos. Por último, el caso de Carmelo Soria, funcionario de la ONU, nos adentra los delitos contra la inmunidad diplomática, además de contar con una mayor trascendencia pública, tanto a nivel nacional como internacional.

Elisa de Campos Borges - UFF

Título: Experiências dos trabalhadores chilenos nos Cordones In-dustriales (1970-1973)

Page 72: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

72

A efervescência política vivida no Chile nos anos 1970, fruto da eleição do socialista Salvador Allende, propiciou experiências di-versas protagonizados pelos movimentos sociais, dentre elas a atuação dos trabalhadores nos Cordones Industriales. Em outubro de 1972, o governo Allende enfrentou uma de suas maiores crises com a prolongada greve patronal, que interrompeu o sistema de produção, transporte e abastecimento de produtos essenciais para a população chilena. O governo encontrou na classe trabalhadora, uma importante aliada social que ocupou as indústrias paralisadas, assumindo a continuação do processo produtivo e a distribuição dos produtos à população. Após a greve patronal, a mobilização dos trabalhadores nos Cordones Industriales adquiriu um cará-ter mais reivindicativo: passaram a pressionar o governo a adotar medidas mais radicais na transição ao socialismo. Nosso trabalho procura refletir sobre as experiências particulares de trabalhado-res que participaram deste movimento, identificando as principais discussões e tensões políticas da época. Analisaremos, a partir do discurso dos trabalhadores, a influência da cultura sindical e dos partidos políticos neste movimento popular chileno.

MR 24. Trocas comerciais e fronteiras nas Américas (séculos XVI a XX)Local: Sala 103 – Centro de Salas

Victor Hugo Veppo Burgardt (coordenador) - UNIPAMPA

Título: Poder e silêncio na fronteira: a lógica do abigeato.

Pesquisa em andamento, envolvendo dois contextos, tais sejam: bra-sileiro e uruguaio. Trata-se de um estudo de História Política Compa-rada do Cone Sul, onde é analisado o fenômeno social chamado “abi-geato”, em outras palavras “roubo de gado”, em pequenas ou grandes proporções, que ocorre na fronteira entre o Brasil e o Uruguai (com mais intensidade) e entre o Brasil e a Argentina (com menos intensida-de). Tal fenômeno ultrapassou os séculos e vem se constituindo num grande desafio às políticas públicas regionais. Com o fim de expandir o estudo ao longo de toda a fronteira Brasil-Uruguai, foi escolhido ini-cialmente um balizamento temporal entre 1970 e 2009, num plano de

Page 73: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

73

observação compreendido pelas cidades de Sant’Ana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai). O abigeato ocorre obedecendo certa lógica, explora o manto de silêncio da população sobre o fato e desafia as autoridades que se tornam impotentes uma vez que, aparentemente, os foras da lei atuam sob a proteção do poder. Trata-se de uma pes-quisa que visa estudar tal fenômeno em ambos os lados da fronteira, no período considerado, analisando as políticas que foram praticadas em outros tempos, no sentido de combater este ilícito, objetivando su-gerir, à luz de novas tecnologias, medidas atuais de combate, dentro da lei, pragmáticas e eficazes.

Pilar Toboso Sánchez - UAM

Título: Los Orígenes cubanos de El Corte Inglés y de Galerías Pre-ciados: los dos grandes almacenes del comercio en España.

Pesquisa em andamento, envolvendo dois contextos, tais sejam: brasileiro e uruguaio. Trata-se de um estudo de História Política Comparada do Cone Sul, onde é analisado o fenômeno social cha-mado “abigeato”, em outras palavras “roubo de gado”, em peque-nas ou grandes proporções, que ocorre na fronteira entre o Brasil e o Uruguai (com mais intensidade) e entre o Brasil e a Argentina (com menos intensidade). Tal fenômeno ultrapassou os séculos e vem se constituindo num grande desafio às políticas públicas regio-nais. Com o fim de expandir o estudo ao longo de toda a fronteira Brasil-Uruguai, foi escolhido inicialmente um balizamento temporal entre 1970 e 2009, num plano de observação compreendido pe-las cidades de Sant’Ana do Livramento (Brasil) e Rivera (Uruguai). O abigeato ocorre obedecendo certa lógica, explora o manto de silêncio da população sobre o fato e desafia as autoridades que se tornam impotentes uma vez que, aparentemente, os foras da lei atuam sob a proteção do poder. Trata-se de uma pesquisa que visa estudar tal fenômeno em ambos os lados da fronteira, no período considerado, analisando as políticas que foram praticadas em ou-tros tempos, no sentido de combater este ilícito, objetivando suge-rir, à luz de novas tecnologias, medidas atuais de combate, dentro da lei, pragmáticas e eficazes.

Page 74: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

74

Francismar Alex Lopes de Carvalho - USP

Título: Rivalidade imperial e comércio fronteiriço: aspectos do con-trabando entre as províncias espanholas de Mojos e Chiquitos e a capitania de Mato Grosso (Ca. 1767-1800)

A emulação entre Espanha e Portugal pela definição da posse das regiões limítrofes das colônias da América foi acompanhada de políticas distintas no tocante ao comércio entre vassalos de ambos os impérios. Ao passo que havia rigorosa proibição ao contrabando por parte da Coroa espanhola, a Coroa portuguesa estimulava ve-ladamente o comércio ilegal que, na região do vale do rio Guaporé, tornou-se intensamente praticado por mercadores, missionários, militares e mesmo governadores. As missões de Mojos e Chiquitos consolidaram-se em notáveis produtoras de gado, cacau, açúcar, algodão e vários produtos agrícolas, mas a irregularidade com que recebiam artigos europeus encorajava missionários e comerciantes a procurar fornecedores alternativos. Por sua vez, entre os portu-gueses, o estímulo do poder central, a disponibilidade de metal precioso em Mato Grosso e o imperativo de abastecer o Forte do Príncipe da Beira eram circunstâncias que propiciavam uma aco-modação de interesses ao nível local. Delimitado entre o período pós-jesuítico, auge do contrabando, e a administração dos últimos governos reformistas, responsáveis por tentativas de interdição, este texto procura analisar quais os impactos, sobre os povos indí-genas, tanto da dinamização do comércio entre os domínios rivais, quanto do acirramento do controle sobre a circulação e a produção das missões.

José Carlos Vilardaga - USP

Título: Do ouro ao mate: idas e vindas de Manoel Pinheiro Zurara no espaço paulista-paraguaio durante a União Ibérica (1580-1640)

Esta apresentação visa expor alguns resultados de pesquisa feita junto ao Archivo Nacional de Asuncion (Paraguay), com documen-

Page 75: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

75

tação do período colonial. Nela, surgiram personagens de origem portuguesa e castelhana que trafegaram entre a Capitania de São Vicente e a Província do Paraguay, em especial na região do Guairá, durante o período da união das coroas ibéricas (1580-1640). Den-tre estas personagens, focamos aqui a figura de Manoel Pinheiro Zurara, português com negócios em Nova Granada e bom trânsi-to na corte filipina. Homem de confiança do governador geral do Brasil, D. Francisco de Souza (1591-1602), foi a São Paulo primeiro como mineiro de ouro e, mais tarde, voltou carreado com mercês e nomeado responsável por todas as minas de metais a serem des-cobertas. Neste ofício durou pouco, pois na mesma época foi pre-so transportando mercadorias e escravos negros para as Índias de Castela pela “via proibida de San Pablo”. Apesar disso, terminou seus dias como influente comerciante de erva mate no porto de Maracayú, no Paraguay. Sua trajetória revela as possibilidades de negócios e de tratos comerciais neste amplo e transitável espaço que unia a capitania de São Vicente, no Brasil, às regiões para-guaias, durante o período da União Ibérica e mostra uma história que vai muito além das tradicionais bandeiras.

MR 25. Reflexões sobre literatura: Real maravilhoso, Western Fic-tion e os romances indigenistasLocal: Sala 107 – Centro de Aulas

Ricardo Henrique Borges Behrens (coordenador) - UFES

Título: O invisível revelado: a resistência indígena na obra de Ma-noel Scorza

Esta comunicação analisa o livro A tumba do relâmpago, uma das obras da série A Guerra Silenciosa, ciclo de cinco romances escritos pelo peruano Manuel Scorza entre os anos 1970 e 1979. Partindo do entendimento de que essa literatura constitui uma importante fonte para entender a atuação dos indígenas como atores históricos que resistem a séculos de dominação, pretende-se identificar os meca-nismos utilizados por Scorza, a exemplo do conflito com a racionali-dade ocidental e a valorização da mitologia, para revelar a história

Page 76: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

76

de sucessivos movimentos de camponeses e mineradores de origem indígena (falantes do quíchua e habitantes dos Andes centrais peru-ano ao longo das décadas de 1950 – 1960) contra as ações arbitrá-rias de oligarcas , donos de imensas propriedades agrárias, das leis e dos governantes das províncias, e uma multinacional da mineração que também possuía grandes extensões de terra, a companhia Cerro de Pasco Corporation. Testemunha desses movimentos, Scorza, com-partilhando do sentimento de derrota dos comuneiros, optou por seguir seu anseio de mudança social através da arte escrita, denun-ciando por meio de seus romances os problemas vivenciados pelos “invisíveis” indígenas da América do Sul.

Érika Patrícia Souza Garcia - UFG

Título: Identidade Norte-Americana no Western Fiction (1900-1930)

Na literatura norte-americana durante as décadas de 1900-1930, houve uma larga produção de romances que utilizavam o Oeste, o wil-derness e a fronteira como cenários de seus enredos. Estes romances retratavam a expansão territorial dos Estados Unidos no século XIX e a ocupação dos novos espaços territoriais do país, incentivada pela dou-trina do Destino Manifesto, mobilizando pessoas em busca de oportuni-dades e riquezas que o Oeste poderia proporcionar. Nesta comunica-ção utilizarei dois romances: O Pioneers! e Cimarron, para possibilitar uma relação entre o western fiction e a formação da identidade norte--americana no início do século XX, período a partir do qual a identida-de pioneira se tornaria uma referência para o país, caracterizando os norte-americanos como herdeiros das características dos pioneiros e adquirindo uma imagem de supremacia perante o mundo.

Felipe de Paula Góis Vieira - UNICAMP

Título: Em busca da América: O Real Maravilhoso como discurso de representação do continente latino-americano.

O trabalho tem por objetivo analisar os limites do Real Maravi-

Page 77: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

77

lhoso como conceito e discurso estético-político de representação da América Latina. A intenção é buscar nos debates entre os princi-pais expoentes da chamada nova narrativa hispano-americana, re-flexões sobre a identidade latina. Essa nova narrativa iniciada nos anos de 1950 e continuada nas décadas seguintes é responsável por fomentar uma idéia de unidade latino-americana, criando um pastiche sobre aquilo que seria a América. Analisar os limites e as implicações políticas desses discursos, assim como as formas atra-vés das quais os intelectuais da década de 1960 [década do boom dessa nova narrativa] representam a América, a luz dos processos históricos que permeiam as suas escritas, é o grande objetivo do trabalho. Partindo da idéia de que História e Literatura são discipli-nas distintas, porém permeadas por pontos-comuns, na medida em que interpretam e escrevem um determinado passado, o grande in-teresse deste trabalho é a análise, a investigação e a pesquisa da-quilo que se constituiu por América segundo os preceitos do Real Maravilhoso; mais do que isso, como os intelectuais desse período incorporam e produzem imagens sobre o latino-americano ampara-das por um projeto estético-político de unidade continental.

Dernival Venâncio Ramos Júnior - UFT

Título: Memória e Identidade no Caribe Colombiano: O Olhar dos Literatos (1967-1985)

A narrativa produzida no Caribe colombiano, as obras de Gabriel García Márquez, como Cien años de soledad, Germán Espinosa, La tejedora de coronas, Manuel Zapata Olivella, Changó el gran putas, e Fanny Buitrago, Los pañamanes, se projetam publica-mente como memória e história através de uma série de recursos discursivos como a criação de arquivos ficcionais e a abordagem de fatos históricos supostamente marcantes para história da re-gião como o massacre dos trabalhadores da United Fruit Com-pany em 1928, a escravidão e a resistência quilombolas, a pre-sença da Inquisição espanhola durante o período colonial, etc. Este trabalho pretende investigar esta apropriação do passado como discurso socialmente endereçado vinculado à tentativa de

Page 78: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

78

positivar a identidade regional no Caribe colombiano na segunda metade do século XX.

MR 26. Olhares coloniais: religião e sociedade na Nova EspanhaLocal: Sala 109 – Centro de Aulas

Marcelo da Rocha Wanderley (coordenador) - UFF

Título: Matrimônio, Bigamia e Mulatos Livres na Nova Espanha (Sé-culo XVII)

Assim classificados, os mulatos livres constituem um grupo bas-tante significativo da sociedade novo-hispana do século XVII, estan-do presentes em diferentes registros documentais ao longo deste período do Antigo Regime. Principais símbolos da mestiçagem bio-lógica e cultural acabarão por receber destacada atenção das au-toridades tanto civis como eclesiásticas em sua tarefa de controlar ameaças de rebelião. Em particular, foram largamente observados pelos agentes do Tribunal Inquisitorial tendo em vista diferentes práticas desviantes. A mais comum dizia respeito à bigamia, dada a frequência com que aparecem processos contra indivíduos denun-ciados como casados por duas vezes pertencentes a este grupo. Centrada numa abordagem vinculada à História da vida Cotidiana, apoiada na análise das práticas rotineiras, nas atitudes dos grupos periféricos que evidenciam suas identidades sociais por vezes am-bíguas, além dos modos de seu enquadramento em sociedades do Antigo Regime, a presente comunicação tem como objetivo analisar as trajetórias de indivíduos classificados como mulatos livres na Nova Espanha, em particular os residentes na cidade do México. A proposta visa assim delinear os processos de categorização desen-volvidos pela Inquisição em relação aos mulatos livres acusados de bigamia, buscando recuperar principalmente os indícios sobre os moldes de convivência entre casais e ademais as características de suas redes étnicas e interétnicas de matrimônios.

Page 79: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

79

Juliana Beatriz Almeida de Souza – UFRJ

Título: D. Antonio de Lorenzana e a devoção a Virgem de Guadalu-pe – Nova Espanha, século XVIII.

Francisco Antonio de Lorenzana y Buitrón nasceu em León, Espa-nha, em 22 de setembro de 1722. Em 1765, foi nomeado bispo de Plasencia e, em 1766, eleito o vigésimo quarto arcebispo do Mé-xico. A sede do arcebispado do México ficara vacante em 1765, com a morte de d. Manuel Rubio y Salinas, que dirigiu a diocese por quase dezesseis anos. Em agosto de 1766, Lorenzana chegou a Nova Espanha. Segundo Malagón-Barceló, foi em México que Lorenzana iniciou sua atividade como autor ou, pelo menos, seus primeiros escritos de caráter eclesiástico que se conhecem, sendo já prelado, datam de 1766, pouco tempo depois de chegar à capital de Nova Espanha. Lorenzana publicou uma série de éditos, pas-torais e, como meio de preparar o Concílio IV Mexicano, editou os Concílios anteriores. Essa comunicação se concentrará na análise de um dos escritos do arcebispo, a Oración a Nuestra Señora de Guadalupe, publicada em 1770. A intenção será analisar a imagem da Virgem de Guadalupe apresentada por Lorenzana e como o ar-cebispo entendia o papel da devoção a Guadalupe na transmissão da doutrina cristã e na incorporação dos diferentes grupos sociais da sociedade novohispana.

Saulo Mendes Goulart - UNICAMP

Título: Don Carlos e a Inquisição Mexicana: considerações acerca do Processo inquisitorial del Cacique de Tezcoco

O trabalho estabelece uma análise comparativa entre o Proceso Inquisitorial del Cacique de Tezcoco (fonte novohispana da primeira metade do século XVI. Manuscrita no ano de 1539 no México e pu-blicada em 1910 pela Comisión Reorganizadora del Archivo General y Público de la Nación) a partir das atitudes da antiga nobreza indíge-na transmitidas na documentação e do contexto no qual a fonte foi

Page 80: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

80

produzida, visando em quais aspectos a inquirição e execução de Don Carlos Ometochtzin, índio principal de Texcoco, relaciona-se ao cená-rio dos primeiros anos da conquista espanhola no México, ou seja, de que maneira o processo se insere nas dinâmicas da conquista espiri-tual. Fixando nossos olhares nos interrogatórios que o processo com-porta, tentamos averiguar, por meio dos dados levantados na própria investigação inquisitorial, o estado, as reações e as movimentações da antiga aristocracia indígena ante as investidas de supressão da antiga religião. Nossas reflexões para a observação de um cenário antagônico partem de um pressuposto conjuntural, desta forma, a problemática central define-se a partir da inserção da documentação em um cenário maior, com vistas a observar de que maneira o proces-so inquisitorial do cacique de Texcoco pode nos fornecer aspectos de um antagonismo entre espanhóis e indígenas, entre cristianismo e religião autóctone.

MR 27. Intelectuais e Nação no Peru: Imprensa e LiteraturaLocal: Sala 110 – Centro de Aulas

Marcos Sorrilha Pinheiro (coordenador) - UFMT

Título: Utopia andina e socialismo na historiografia de Alberto Flo-res Galindo (1970-1990)

Alberto Flores Galindo (1949 – 1990) é reconhecidamente um dos principais intelectuais da história contemporânea do Peru. Autor de cerca de nove livros, seu trabalho mais conhecido e divulga-do, Buscando un Inca. Identidad y utopia en los Andes de 1986, tornou-se em muito pouco tempo um “best-seller” no Peru, fato aparentemente inexplicável para um livro de conteúdo acadêmico. Historiador de matriz marxista, sua trajetória política sempre este-ve declaradamente vinculada aos movimentos políticos de esquer-da, porém sem uma adesão partidária declarada. Este estudo de Alberto Flores Galindo coloca em destaque o papel do intelectual no esforço de compreender, traduzir e explicar seu tempo. Nes-te sentido, como resultado desse exercício, destacou-se o papel do andino, especificamente, da cultura andina e da tradição Inca

Page 81: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

81

remanescente nesta. Um dos produtos dessa tradição foi a formu-lação daquilo que Flores Galindo concebeu por utopia andina. A utopia andina se configura como uma realidade alternativa que constrói uma imagem superestimada do império Inca. No pensa-mento de Flores Galindo ela aparece como forma de articular as tradições andinas ao socialismo peruano. De outra maneira, nos aparece como uma forma de articular os principais temas estuda-dos e trabalhados pelo autor ao longo de sua breve, porém intensa trajetória intelectual.

Graziela Menezes de Jesus - UFES

Título: Nação, literatura e dualismos: Arguedas e o Indianismo no Peru.

Ao estudarmos a História do Peru observamos um dualismo his-tórico e cultural entre as regiões da costa e da serra. Essa chama-da tese do dualismo peruano apareceu com muita força no inicio do século XX tanto nos textos históricos, quanto nos literários que acentuavam a heterogeneidade e o conflito. Partindo desse pres-suposto temos como objetivo apresentar alguns aspectos da obra do escritor José Maria Arguedas, considerado um dos principais expoentes do indigenismo peruano. Através da análise de Los Rios Profundos vamos apontar como o autor construiu representações do mundo andino inseridos no contexto do dualismo peruano e qual a relação dessa obra com o imaginário nacional peruano do início do século XX.

Gustavo de Oliveira Araújo - UFG

Título: Os “luminosos” que as(c)endem o sendero: mídia e discurso, relações acerca da guerrilha.

Compreender como foi dada a relação entre o grupo guerrilhei-ro peruano e os traficantes de narcóticos do país e como essa re-lação é tratada pela mídia impressa do país. O intuito é analisar os discursos destas mídias, principalmente a partir de 1999, e ver como foi sendo construída, ou forjada, toda uma “identidade” do

Page 82: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

82

grupo, vendo como foram sendo instituídas novas nomenclaturas (de guerrilheiros a narco-terroristas) e como os jornais e revistas in-fluenciaram nesse processo. A hipótese é de que após a prisão dos principais líderes da guerrilha no início da década de 1990 houve algumas divisões internas no grupo que acabaram contribuindo para um estreitamento das relações entre guerrilheiros e trafican-tes, uma vez que surge a “necessidade” de manutenção da estrutu-ra “guerrilheira”.

Priscila Miraz de Freitas Grecco - UNESP

Título: Blanco e Transblanco: o encontro entre Octavio Paz e Ha-roldo de Campos.

A obra do poeta e ensaísta mexicano Octavio Paz (1914-1998) é reconhecida mundialmente por sua pluralidade de interesses e pe-los vínculos intelectuais que construiu ao longo de sua trajetória, possibilitando o enriquecimento da crítica e do fazer poético na América Latina. No caso do Brasil, encontramos sua presença com maior força a partir da década de 1970, com a tradução de alguns ensaios que compuseram Signos em rotação, com tradução de Se-bastião Uchoa Leite, organização e ensaios críticos de Haroldo de Campos, Celso Lafer, e do próprio Uchoa Leite. Em 1986, Haroldo de Campos se dedica à “transcriação” de um importante poema de Paz, Blanco, que se transforma no português, em Transblanco. O encontro entre Paz e Campos, iniciado pelo envio da Antologia noigandres e da Teoria da poesia concreta de Campos para Paz, foi mediado por Celso Lafer, que havia tido aulas com Paz nos Estados Unidos. Assim, o que pretendemos com essa exposição, é proble-matizar a relação que se estabeleceu entre os dois poetas, e qual sua importância para a poesia latino-americana, para as relações intelectuais entre México e Brasil.

MR 28. Novas linguagens: memoriais, internet, discurso e resistência.Local: Sala 301 – Centro de Aulas

Page 83: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

83

Luiz Fernando Silva Prado (coordenador) UEG/UFG

Título: Memoriando itinerários da história da América no Brasil.

Os memoriais (acadêmicos) e histórias de vida (de professores), pouco reconhecidos e utilizados como documentos de pesquisa, fo-ram, por muito tempo, alvo de críticas, respaldadas pelo argumento de sua fragilidade metodológica. Mais recentemente, esse material documental tem sido apropriado como objeto de investigação por parte de historiadores interessados em ampliar e enriquecer o seu campo de conhecimento na pesquisa histórica, notadamente a da educação. Por constituírem em instrumentos históricos e reflexivos para relatos de experiência acadêmico-pedagógica podem, assim, revelar viabilidade documental e valiosa contribuição científica. É o que se pretende com esse artigo: examinar três importantes memoriais, elaborados, como exigência acadêmica, para concursos de Professor Titular em disciplinas de História da América junto ao Departamento de História da FFLCH/USP. O primeiro, apresentado em 1996 por Janice Theodoro da Silva; o segundo, de Maria Ligia Coelho Prado, em 2001 e, em 2006, o de Maria Helena Rolim Ca-pelato. Com eles, pretende-se examinar as trajetórias de vida das professoras titulares, entrelaçadas com o percurso profissional, articulando-os com os contextos históricos vividos. Mais precisa-mente, como objeto central de estudo, almeja-se percorrer o aci-dentado itinerário do ensino e da pesquisa em História da América no Brasil, protagonizados pelas autoras arroladas nesta reflexão.

Celso Gestermeier do Nascimento - UFCG

Título: A nação Aymara: realidade no século XXI?

Durante séculos, no continente americano, reivindicações de comunidades indígenas foram tratadas com descaso e, não rara-mente, com violência. Parece que no novo século essa tendência começa a se modificar, em particular na Bolívia, onde em dezembro de 2005 foi eleito o primeiro presidente da etnia aymara, e reeleito em dezembro de 2009. Entretanto, não é somente através da parti-

Page 84: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

84

cipação política partidária que se pode observar a atuação aymara: eles chegam até o ciberespaço e mantém sites onde expõem o pro-jeto de uma Revolução Índia, cujo objetivo final seria a restauração do Qollasuyu, localidade aymara do Império Inca. Nosso objetivo é discutir a apresentação de um cronograma de atividades exposto por militantes aymara no ciberespaço, com a finalidade de consti-tuição gradual de ma cidadania nativa e contribuir para um debate acerca dela: utopia ou realidade? Para isso é bom lembrar que a nova constituição boliviana – aprovada no governo Evo Morales – se poderia ser classificada de “utópica” no século passado, no século XXI tornou-se realidade.

Lívia Gonçalves Magalhães - UFF

Título: A luta pela memória o campo virtual: o olhar positivo da ditadura pelos jovens argentinos.

A proposta deste trabalho é utilizar esta relação juventude-In-ternet para problematizar a memória positiva de parte dos jovens argentinos sobre o período da última ditadura militar que governou o país, o autodenominado Processo de Reorganização Nacional (1976-1983). O “espaço” escolhido foi a rede social virtual Face-book, local em que predomina a participação juvenil e no qual os membros possuem uma liberdade de participação e manifestação de suas idéias, além de uma oportunidade de criar grupos baseados em identidades e preferências sobre determinado tema, estilo de vida, religião etc. A cada dia a Internet e suas redes sociais ganham mais força na sociedade contemporânea, especialmente entre os jovens. Para muitos, ela é um espaço de socialização e também uma oportunidade de manifestar-se publicamente, com a possibilidade de conseguir ampla atenção e retorno. A hipótese de trabalho é de que a memória positiva do período militar é uma maneira destes jo-vens de manifestar sua insatisfação com o atual governo argentino, de Cristina Kirchner, e o anterior de seu marido, Nestor Kirchner, que se apresentam publicamente como os defensores da memória pública da oposição aos militares.

Page 85: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

85

Marcos Alexandre de Melo Santiago Arraes - UFSC

Título: Discursos e imagens do americanismo no pós-guerra.

A pesquisa que hora proponho intenta analisar as configurações dis-cursivas que buscavam consolidar o americanismo enquanto paradig-ma cultural e imagético no Brasil. Adoto a idéia de paradigma enquanto um modelo cultural em sentido amplo, envolvendo questões de com-portamento, organização política, padrões de consumo bem como, no caso específico, também uma cultura do ver e do olhar, que se entende por ideal e procura-se seguir.Já o americanismo é aqui assumido en-quanto uma “ideologia programática” em que estão presentes diversos elementos discursivos, tais como o ideal de democracia, o progresso e a tradição, o trabalho, a liberdade. Toda essa discursividade conden-sada e assumida enquanto uma prática de vida cotidiana ficou também conhecida como american way of life. A escolha do período de deve ao início da Guerra Fria, momento em que o Brasil será alvo de um grande bombardeio de propagandas e imagens vinculadas ao americanismo, como procurarei demonstrar.

Quarta-feira 28/07/2010 14h às 16h

MR 29. Europa e América Latina: visões imperiais e circulação de idéiasLocal: Sala 101 – Centro de Aulas

Maria Ligia Prado (coordenadora) - USP

Título: “A América Latina e o projeto imperial francês no século XIX”

Na segunda metade do século XIX, a França, por meio de manifes-tações oficiais de representantes de seu governo, advogava ocupar um lugar de primazia entre as grandes potências mundiais, defen-dendo a idéia de sua “natural” supremacia sobre o mundo extra--europeu e, em particular, sobre a América Latina. Nesta apresen-tação, pretendo indicar algumas dessas proposições, tomando a Revue des Deux Mondes: recueil de la politique, de l’administration et des moeurs como fonte principal de análise. A revista, fundada

Page 86: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

86

por François Buloz em 1829, tinha a finalidade de promover vín-culos culturais, políticos e econômicos entre o mundo europeu e o “outro” mundo – americano, asiático e africano. O olhar univer-salista que guiava a publicação se voltou com freqüência para a América Latina, objeto, além das narrativas de viagem, de artigos sobre acontecimentos políticos e dados econômicos, ou sobre as relações que esta guardava com a França. Embora a Revue des Deux Mondes não fosse um órgão de comunicação governamental, acredito que se colocou como porta-voz de um projeto cultural e político com pretensões imperiais, no que se referia às relações da França com o mundo extra-europeu, definindo representações sobre terras estrangeiras e explorando caminhos para irradiar os interesses franceses.

José Luis Bendicho Beired - UNESP

Título: “Latinismo e hispanismo no debate intelectual ibero-americano”

Nesta comunicação vou discutir como duas correntes de opinião pautaram o debate intelectual em torno de certas questões po-líticas e culturais do espaço ibero-americano, entre fins do sécu-lo XIX e as primeiras décadas do século XX. O repudio à herança espanhola encontrou grande difusão nos círculos letrados ibero--americanos durante o século XIX. Em contrapartida, essa atitude conviveu com outra corrente de defesa da herança hispânica e de aproximação dos países americanos com a Espanha, a qual se for-taleceu notavelmente a partir do final daquele século. Por sua vez, o latinismo também se apresentou como uma importante referência do ambiente intelectual da Espanha e de suas ex-colônias america-nas. Para essa corrente, tais regiões formavam parte de uma vasta civilização latina, da qual a França se arvorava como principal balu-arte. O latinismo e o hispanismo conviveram durante décadas como referências complementares no ambiente intelectual espanhol e latino-americano. Entretanto, a partir de certo momento as duas correntes passaram concorrer entre si e a anterior complementari-dade cedeu lugar a uma fase de tensões e conflitos. Os interesses políticos, culturais e materiais da Espanha e da França em relação à

Page 87: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

87

América Latina tornaram-se objeto de acirradas polêmicas que pre-tendemos analisar por meio do exame de uma seleção de autores e publicações de época.

Patricia Funes - UBA

Título: Espejos de Europa en América Latina en las décadas de 1920 y 1960.

Partimos de la idea que las décadas de 1920 y 1960 guardan estrecha relación respecto de la producción de saberes y sentidos acerca de la región en torno a un conjunto de problemas: la idea de crisis, de moder-nidad, el rol de los intelectuales y la política. Temas como la nación, la revolución, la interpelación/representación de las clases subalternas, en términos de clase, étnicos y/o etarios (obreros, campesinos, jóvenes), la idea de cultura como portadora de valores emancipados, recorren las preocupaciones centrales del campo intelectual y político. Hubo, sin em-bargo, tanto en los años veinte como en los años sesenta una relación tensionada respecto de la consideración de Europa y recíprocamente. Sobre todo en el terreno de las vanguardias (tanto políticas como estéti-cas) y con el telón de fondo de un tercer actor: los Estados Unidos. Muy sintéticamente, nos proponemos recorrer esa tensión que se advierte en una idea afirmativa de la región que, sin embargo, dialoga y reinterpreta valores de las vanguardias europeas. En los años veinte aún cuando el “antieuropeísmo” fuera un centro de gravedad importante en la refle-xión intelectual es innegable la relación con las vanguardias europeas, las que a su vez, discuten e impugnan la “vieja Europa” que colapsó con la Primera Guerra. En los años sesenta, la Revolución Cubana y los pro-cesos de descolonización imprimieron a la idea de europea de “Tercer Mundo” nuevos significados. En el caso de América Latina nos centra-remos en el diálogo de las izquierdas europeas respecto del proceso cubano (Sartre, Bettelheim, Mandel) y en los ecos del 68 francés en la región.MR 30. Relações intelectuais nos séculos XIX e XX: Argentina, Bra-sil e México.Local: Sala 102 – Centro de Aulas

Page 88: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

88

Everaldo de Oliveira Andrade (coordenador) - UNG

Título: A América Latina sob o olhar de Mário Pedrosa.

A comunicação tem por objetivo central analisar o diálogo de-senvolvido pelo crítico de arte e militante politico Mário Pedrosa em relação á produção artística e cultural latino-americana, tendo como fontes iniciais sua correspondência. Mário Pedrosa defendeu ao longo de sua trajetória profissional e política uma posição críti-ca e independente da produção do artista em relação ao mercado e às instituições políticas,chocando-se com as posições tanto do realismo socialista quanto das correntes nacionalistas. Esse posi-cionamento provavelmente o tenha aproximado de um campo de elaboração cultural comum e original com outros grupos e corren-tes da América Latina e que pretendemos examinar.

André Ferreira Mello - UFES

Título: Sarmiento, intérprete da independência americana: um es-tudo do “discurso presentado para suceoción en el Instituto Histo-rico de Francia”

Durante sua estadia em Paris em 1846, por ocasião das viagens por Europa, África e América, Domingo Faustino Sarmiento (1811-1888) apresenta o Discurso de recepcion en el Instituto Histori-co de Francia. Neste texto, ao tomar como objeto a dinâmica do movimento de emancipação hispano-americano até o momento e desconsiderar a especificidade do processo mexicano, Sarmiento parte de uma comparação entre as trajetórias de Simón Bolívar (1783-1830) e José de San Martín (1778-1850) com a finalidade de demonstrar como cada uma delas representou a gênese e o de-senvolvimento de espíritos políticos que, embora republicanos, apontavam para tendências distintas de (re)organização política, após a garantia da independência. No Prata, a prevalência de uma dessas tendências seria a principal causa para o quadro crônico de instabilidade política e guerras civis até então característicos da região. Assim, partindo de alguns procedimentos próprios ao cam-

Page 89: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

89

po da chamada história intelectual, nosso objetivo neste trabalho é apontar e analisar algumas questões relativas ao modo como esta representação histórica foi constituída.

Jorge Eschriqui Vieira Pinto - UNESP

Título: A constituição da Organização Nacional no Brasil e no Mé-xico e a Implantação de uma Política de Defesa Nacional e de Rela-ções Exteriores no Pensamento de Alberto Torre e Andrés Molina Enríquez.

Alberto Torres e Andrés Molina Enríquez foram intelectuais pre-cursores no Brasil e no México, nas duas primeiras décadas do sé-culo XX, da análise crítica à República Velha e ao Porfiriato. Tal análise é constituída por meio do estudo das realidades brasilei-ra e mexicana e da elaboração de um projeto de política nacional alternativo à política adotada pelos regimes liberal-oligárquicos, apontando-se a necessidade urgente de se solucionar problemas como a ausência de uma política de defesa nacional e de relações exteriores. Diante de um contexto marcado pela ameaça à sobera-nia nacional proveniente do imperialismo das grandes potências, pela forte presença de capitais e interesses estrangeiros, pela ine-xistência de forças armadas bem equipadas e preparadas e de um plano de segurança nacional no caso de possíveis confrontos arma-dos com outras nações e pelo quadro de desorganização nacional em geral, os dois autores basearam-se nestes aspectos para elabo-rarem um programa de defesa nacional e de relações exteriores a ser adotado pelos seus países.

Waldir José Rampinelli - UFSC

Título: A Revolução Mexicana no seu Centenário: seus precursores ideológicos e sua influência na América Latina

A Revolução Mexicana, que marca o início do período contem-porâneo na América Latina, busca seus antecedentes ideológicos, entre outros, em duas organizações que fizeram uma dura oposição

Page 90: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

90

à ditadura de Porfírio Díaz: 1) o Clube Liberal Ponciano Arriaga, fun-dado em San Luis Potosí (1900), por Camilo Arriaga e demais libe-rais que pretendiam reconstruir o antigo “partido” liberal sobre ba-ses sólidas de organização; e 2) o Partido Liberal Mexicano (PLM), criado por Ricardo Fores Magón e Juan Sarabía (1905), que evoluiu de um plano anarquista para ideias socialistas. Estas duas organi-zações, por sua oposição à ditadura, sofreram uma grande repres-são. O grupo de Flores Magón, por meio do jornal Regeneración, desde o seu exílio nos Estados Unidos desempenhou um papel fun-damental no desenvolvimento das lutas sociais dos últimos anos do porfiriato, enquanto que Arriaga transformou a cidade de San Luis em cuna de La Revolución. A derrubada do Estado oligárqui-co mais bem estruturado do continente por meio de um processo revolucionário teve repercussões no término dos demais Estados, também oligárquicos, latino-americanos. No Brasil, no Uruguai e na Argentina, por exemplo, os acontecimentos mexicanos eram acom-panhados com muito cuidado, quer pelos grupos organizados de esquerda, quer pelos oligarcas.

MR 31. Argentina Contemporânea: política e integração continentalLocal: Sala 103 – Centro de Aulas

Paulo Renato da Silva (coordenador) - UFT

Título: “Ilusões cômicas”: as tentativas de apropriação da tradição iberal-democrática argentina pelo governo de Perón (1946-1955)

Juan Domingo Perón se fortaleceu politicamente ligado a grupos antiliberais como o GOU (Grupo de Oficiais Unidos), formado por militares que lideraram um golpe de Estado em 1943. Quando foi presidente, entre 1946 e 1955, Perón defendeu o fortalecimento do Estado, o qual deveria intervir na economia, na produção cultural e em instituições diversas como sindicatos, partidos políticos, esco-las e universidades, dentre outras. Contudo, paralelamente a esse discurso antiliberal, Perón não podia ignorar o peso da tradição li-

Page 91: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

91

beral-democrática argentina, sobretudo após a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial e, até meados do segundo mandato, o seu governo se apresentou como continuador desta tradição. Para o escritor argentino Jorge Luis Borges, o peronismo foi uma “ilusão cômica”, pois havia crença em mentiras. Porém, consideramos que não tenha sido casual que Perón tenha caído, justamente, quan-do radicalizou o discurso contra os opositores e se distanciou de forma mais nítida dos valores liberal-democráticos. O objetivo da comunicação é desenvolver as tentativas de apropriação da tradi-ção liberal-democrática pelo peronismo e destacar como isto nos leva a um quadro político distinto do comumente apresentado pela historiografia.

Mario Angelo Brandão de Oliveira Miranda - PUC/RJ

Título: A Deposição de Juan Perón e sua repercussão no ambiente político das eleições presidenciais brasileiras de 1955.

Este trabalho, apoiado nas perspectivas da história conceitual, tem por objetivo tentar compreender algumas interpretações da-das ao episódio político de deposição do Presidente da República Argentina Juan Perón, em setembro de 1955, assim como seus usos e influências para as discussões acerca do momento político vivido no Brasil. Nas manchetes e colunas dos periódicos nacionais, são freqüentes as análises comparativas entre a experiência peronista na Argentina e varguismo no Brasil. Desta forma, através do olhar dos formadores de opinião da imprensa brasileira, são definidos cenários políticos futuros para o Brasil, a partir de aproximações e distanciamentos entre estas experiências. Em suas análises sobre os últimos dias do governo de Perón, a imprensa brasileira faz uso de diversos conceitos políticos e a eles atribuem significados va-riados. No calor dos debates, o conceito de revolução aparece de maneira muito significativa nas principais manchetes dos jornais. Discutir os seus diferentes usos e associações também é um dos pontos relevantes para esta pesquisa.

Page 92: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

92

Iuri Cavlak - UNESP

Título: Brasil e Argentina: Qual integração?

Ao longo da segunda metade do século XX, foram várias as con-junturas históricas que apontaram para o estreitamento de rela-ções políticas e econômicas entre os dois maiores países latino--americanos. Analisando o tempo presente, cabe indagar: qual o tipo de integração foi intentada? Qual o significado do Mercosul e seus desdobramentos atuais? Com efeito, na relação passado/presente, trata-se de uma continuidade dentro de rupturas ou rup-turas dentro de uma continuidade plena?

MR 32. Narrativas e Memórias sobre as Revoluções no México (sé-culo XX)Local: Sala 107 – Centro de Aulas

Fábio da Silva Sousa (coordenador) - UNESP/FAPESP

Título: Narrativas revolucionárias: apontamentos sobre a leitura anarquista e comunista da Revolução Mexicana.

Os primeiros anos da Revolução Mexicana foram acompanhados com ardor e fervor pelos militantes anarquistas da república brasi-leira, que por meio das páginas dos periódicos da imprensa operá-ria, divulgaram e articularam apoio aos revolucionários mexicanos. Tendo como base a leitura realizada pelo jornal Regeneración, do Partido Liberal Mexicano, os operários gráficos dessas publicações ácratas, interpretaram o processo revolucionário mexicano como uma insurgência libertária e como a primeira fase de uma “mítica” Revolução Mundial. Findada a fase armada da Revolução Mexicana em 1920 e concomitante a esse fato, a polarização do movimento operário brasileiro, com a organização dos militantes comunista, essa leitura do México revolucionário modificou-se, e antes a Revo-lução que era saudada, passou a ser criticada. Nessa comunicação, tendo como base algumas matérias publicadas pela imprensa ope-rária brasileira e um extenso artigo de Astrojildo Pereira, pretendo analisar os pontos de ruptura da narrativa anarquista para a pers-

Page 93: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

93

pectiva comunista, e elucidar como a leitura da Revolução Mexi-cana enquadrou-se nos anseios de transformação social presente nessas duas doutrinas políticas.

Rafael Pavani da Silva - UNICAMP

Título: Disputas pela revolução Mexicana: reflexões sobre política, historiografia e legitimidade no limiar do centenário.

Tendo em vista o centenário da Revolução Mexicana, este texto visa trazer à tona divergências nos sentidos e símbolos deste pas-sado revolucionário, sobretudo a partir dos conflitos e transforma-ções dos períodos de Calles e Cárdenas – com a consolidação do novo Estado – e das interpretações historiográficas a respeito. Ao considerar que a formação do Estado mexicano hodierno deu-se por meio da construção de um simbolismo político criado a par-tir da referência ao passado insurrecional, pretendo ressaltar os conflitos e as propostas silenciadas no processo de consolidação do poder presidencial e do Regime do Partido Oficial. Assim, por meio das transformações da retórica presidencial a propósito do passado revolucionário, do debate público nos principais jornais, da pressão exercida pelos escritos dos principais interlocutores do governo e pelas tentativas de deslegitimação do Regime, uma das hipóteses ora buscada é a de que a presença de um partido oficial não significou a ausência de conflitos, tampouco a imobilidade po-lítica no México dos anos 1920 e 30. Deste modo, a tese a respeito de uma política monolítica, ou do populismo cardenista, por sua vez, podem ser repensadas com a ampliação do status político para diferentes atores sociais.

Caio Pedrosa da Silva - UNICAMP

Título: Narrativa e memória na literatura hagiográfica cristera (Mé-xico, 1929-2000)

O trabalho visa apresentar os pontos de partida da pesquisa que se pretende realizar em torno do tema das hagiografias de

Page 94: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

94

santos cristeros, escritas a partir do final da Guerra Cristera (Mé-xico,1926-1929). Depois do fim da guerra foi escrita uma série de narrativas a respeito desse evento; muitos desses textos buscaram defender os guerreiros católicos ou o exército federal mexicano. Entre os diversos gêneros escritos sobre o tema – como as novelas, os contos, e os relatos de guerra – há também a literatura hagio-gráfica, que busca trazer à tona a vida, tida como exemplar, de per-sonagens que tiveram participação destacada nos movimentos ca-tólicos de resistência e que morreram durante os conflitos. Alguns desses personagens foram canonizados recentemente, enquanto outros, apesar de serem tema de escritos não foram elevados ao grau de ‘santo’ pela hierarquia da Igreja católica. Um dos obje-tivos do estudo é entender quem são os santos, que característi-cas são consideradas importantes para se enaltecer determinado personagem nas diferentes hagiografias. Além disso, buscamos en-tender como se dá diálogo entre as hagiografias dos mártires e o passado cristero, visando compreender que memória a respeito da revolta foi produzida nesses escritos.

Júlia Rany Campos Uzun - UNICAMP

Título: “Quando Mnemósine encontra Montezuma” – a construção do passado mesoamericano através das gravuras da Biblioteca del niño mexicano

Esta pesquisa pretende desvendar como a produção artístico--cultural do México durante o governo de Porfirio Díaz (1876-1910) construiu a representação do passado na Mesoamérica. Produzido entre 1899 e 1902, o conjunto documental escolhido para análi-se foi a Biblioteca del niño mexicano. Este objeto de estudo nos permite, através da abordagem da leitura das imagens, reconhecer duas Américas que se mostravam até então obscuras: de um lado, o México porfirista, com seus grandes artistas e graves problemas educacionais; de outro, o modo como esse mesmo México cons-truiu seu passado. Encontramos permanências e rupturas que de-

Page 95: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

95

vem ser mais bem discutidas em um discurso de alteridade, em que o Eu se reconhece no (supostamente) Outro. Através destes dois vieses caminha esta pesquisa.

MR 33. Missionários no século XVI: história e organização socialLocal: Sala 109 – Centro de Aulas

Márcia Helena Alvim (coordenadora) - UFABC

Título: Metais, pedras preciosas e fósseis: relatos sobre a formação dos elementos terrestres nas histórias missionárias do século XVI novo-hispano.

Neste trabalho discutiremos questões relativas à estrutura e for-mação dos elementos terrestres da região do Vale do México utili-zando como fonte documental os relatos das Histórias missionárias do século XVI novo-hispano, especialmente as narrativas sobre os metais, pedras preciosas e fósseis. Muitos religiosos deste período se dedicaram à descrição da cultura, costumes, crenças e conhe-cimentos indígenas sobre o mundo natural, dentre estes, desta-camos os frades Bernardino de Sahagún e Gerónimo de Mendieta. O estudo destas obras, através da abordagem oriunda da História das Ciências, busca analisar o panorama cultural, sócio-econômico e dos conhecimentos daquele período através de uma justaposição destes âmbitos e da compreensão das singularidades epistemoló-gicas do século XVI em seu encontro com a cultura indígena ameri-cana.

Anderson Roberti dos Reis - USP

Título: O repartimento sob o juízo no México. Os pareceres de fran-ciscanos e jesuítas a respeito do trabalho indígena no final do sé-culo XVI.

Desde o início da colonização, o trabalho compulsório dos indígenas esteve entre as questões mais debatidas na Espanha e em suas posses-sões americanas. As encomiendas se tornaram um dos eixos centrais

Page 96: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

96

na polêmica sobre a legitimidade do trabalho forçado nas Américas. Homens como Antônio de Montesinos e Bartolomé de Las Casas con-denaram abertamente, ainda na primeira metade do século XVI, o modo como os espanhóis exploravam e maltratavam os ameríndios. Nos anos finais do século XVI, a exploração do trabalho indígena voltou à tona. Os repartimientos, instituição de recrutamento de mão-de-obra nativa, estiveram sob o julgamento de franciscanos e jesuítas. Teólogos dessas duas ordens religiosas foram chamados a dar seus pareceres a respeito da licitude e legitimidade do repartimiento no México. O objetivo deste trabalho é analisar e confrontar as duas visões sobre aquela instituição, avaliando e enumerando os seus respectivos argumentos.

Renato Denadai da Silva - UNICAMP

Título: Diego Dúran e a representação do indígena na crônica His-tória de lãs Indias de Nueva Espña e islã de La tierra firme.

Este trabalho se constitui de uma pesquisa de mestrado em anda-mento, que propõe um estudo sobre a figura do indígena na crônica Historia de las Indias de Nueva España e islas de la tierra firme de Diego Durán (1537-1588), frade dominicano que atuou como mis-sionário na Nova Espanha no século XVI. A análise se concentrará, sobretudo, em compreender a construção e a função desempenha-da pelos indígenas em seu texto, bem como os processos de escrita e de constituição da crônica. O estudo será pautado nos conceitos de alteridade, representação e lugares de produção, com os quais pretendemos observar como Durán, a partir de seus objetivos de evangelizador e seus conhecimentos a respeito das populações in-dígenas, se debruçou sobre esses povos e criou, em sua crônica, uma representação que coaduna toda sua experiência missioná-ria, seus ideais de “ordenamento social” e seus objetivos político--religiosos, instâncias que se encontram imbricadas na obra e no pensamento do religioso.

Gláucia Cristiani Montoro - UFF

Título:O Dilúvio Universal e a América: a presença da cosmovisão européia do século XVI no Códice Telleriano Remensis.

Page 97: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

97

Nos textos de diversos cronistas de origem européia do século XVI existe uma compreensão dos indígenas da América e de suas histórias sob o prisma da cosmovisão cristã. Esse esforço de adap-tação se estende à confecção de códices - livros de tradição indí-gena - quando a patronagem dos documentos estava nas mãos de europeus. A própria seleção dos temas segue a lógica de tradições européias, estreitamente conectadas à Escolástica e à Bíblia. Na estrutura do Códice Telleriano Remensis, manuscrito híbrido do México central de meados do século XVI, essas tradições se fazem presentes, mas são mais evidentes na pena de um dos anotadores do códice - possivelmente um frade dominicano - que apresenta uma grande preocupação em encaixar os acontecimentos relata-dos nos mitos mexicas às histórias bíblicas, especialmente ao Di-lúvio, um fenômeno considerado universal pelos cristãos daquele período.

MR 34. O lugar discursivo do indígena. Os problemas da origem, do caráter e da participação dos ameríndios (séculos XVI-XIX)Local: Sala 110 – Centro de Aulas

Luiz Estevam de Oliveira Fernandes (coordenador) - UNICAMP

Título: A mestiçagem como exclusão do indígena nas propostas de Francisco Pimentel (México – 1864)

A questão da mestiçagem e do papel do indígena nas socieda-des independentes foram discussões comuns em boa parte da Amé-rica no século XIX. No México, a apologia da mestiçagem é um fenô-meno associado, normalmente, a intelectuais ligados ao Porfiriato e, depois, à Revolução. Mas, antes disso, conservadores e liberais já defendiam a possibilidade da mestiçagem entre “brancos” e “índios”. Um deles, o conservador, Francisco Pimentel, filólogo e literato liga-do ao governo de Maximiliano e às principais instituições científicas do país, escreveu, em 1864, Memoria sobre las causas que han origi-nado la situación actual de la raza indígena. No livro, Pimentel fez um ataque ao projeto de modernização liberal e apontou o “problema indígena” como uma das principais mazelas do México, propondo

Page 98: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

98

uma mestiçagem que eliminasse o fenótipo índio da população e a educação como forma de acabar com essa “reminiscência do passa-do”. Neste trabalho, analisaremos tais propostas, sua recepção, os diálogos que provocou, e a questão da mestiçagem no México da segunda metade do século XIX.

Flavia Galli Tatsch - UNICAMP

Título: O diálogo entre as imagens literárias e iconográficas na construção do mito das guerras de fronteira contra os índios do “deserto”.

Esta apresentação se ocupará do diálogo, no final do século XIX, entre a literatura e a iconografia na construção de um universo cul-tural em torno do mito da guerra de fronteira contra os índios do “deserto”. Em 1892, o pintor argentino Angel Della Valle termina-va de pintar a tela La Vuelta del Malón. Esta obra foi considerada como o ponto de chegada de uma longa tradição, na literatura e na iconografia, do mito do malón - expedição ou ataque de índios a fazendas e povoados que levava, em meio ao butim, uma mulher branca como mercadoria. Se a escrita foi o meio privilegiado para a circulação das idéias, com narrações épicas em verso ou em prosa, folhetins e novelas gauchescas, as representações visuais acaba-ram por oferecer uma relação distinta com o tema. Nas primeiras pinturas, o ameríndio era tratado como símbolo máximo entre a fronteira e a barbárie, cuja imagem desumanizada justificava uma guerra de extermínio. No entanto, quando La vuelta del Malón foi realizada já não havia malones nos pampas. Os nativos eram ini-migos vencidos, ainda que houvesse conflitos em alguns pontos do território argentino. O mito do malón ainda causava um grande impacto no imaginário dos argentinos: a obra de Angel Della Valle atraiu um público imenso quando de sua exposição.

Flávia Preto de Godoy Oliveira - UNICAMP

Título: “L’Amérique et lês indigènes: a visão do indígena americano na Encyclopedie”

Page 99: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

99

Publicada entre 1751 e 1772, a Encyclopédie ou Dictionnaire rai-sonné des sciences, des arts et des é considerada por muitos como um texto sintetizador das mais importantes ideias iluministas, com ampla difusão entre a sociedade letrada do período, seu impacto como geradora de conhecimento no período foi bastante significa-tivo. No entanto, nos primeiros volumes organizados por Diderot e D’Alembert não havia nenhum verbete dedicado exclusivamente à América. Esta ausência foi retificada anos mais tarde com a publica-ção do Supplément à Encyclopédie, organizado por Jean-Baptiste R. Robinet. Curiosamente, o verbete Amérique foi escrito por Sa-muel Engel e Cornelius de Pauw. Não sendo as escolhas dos au-tores da Encyclopédie e de seu Supplément casuais, podemos nos questionar a respeito da imagem da América construída a partir deste verbete. Este trabalho tem como proposta justamente inves-tigar as representações do continente americano e, sobretudo, de seus habitantes, contidas no artigo sobre a América do suplemento à Encyclopédie. Para tanto, além da análise textual do verbete, se-rão feitas comparações com as imagens dos ameríndios elaboradas em outras obras de importantes filósofos das Luzes, como Voltai-re e Rousseau, inserindo-os dentro de um quadro historiográfico e epistemológico.

Luiz Guilherme Assis Kalil - UNICAMP

Título: As ovelhas de outro aprisco: o problema da origem dos indí-genas nos relatos coloniais.

A apresentação tem por objetivo analisar algumas das teorias sobre a chegada dos seres humanos ao Novo Mundo formuladas ao longo do século XVI e início do XVII por autores como os religiosos Joseph de Acos-ta e Gregorio García. A partir do momento em que começou a ficar claro que as terras alcançadas por Colombo constituíam uma quarta parte do mundo e que o Papa, através da bula Sublimis Deus, confirmou a huma-nidade dos indígenas, começaram a surgir hipóteses sobre a origem dos habitantes desta terra. Hipóteses estas, que buscavam integrar esses habitantes à escatologia cristã e ao passado clássico. Pretendemos de-monstrar que as dezenas de explicações formuladas no período sobre

Page 100: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

100

a origem dos indígenas (desde descendentes de hebreus até a hipótese autóctone) estavam intimamente ligadas ao esforço de determinar que “gênero de gente” os indígenas eram, questão decisiva para a condução do processo de evangelização no Novo Mundo.

MR 35. Intelectuais e mercado editorial na América Latina no sé-culo XXLocal: Sala 301 – Centro de Aulas

Maria de Fátima Fontes Piazza (coordenadora) - UFSC

Título: O Iberoamericanismo em Terra de Sol

Terra de Sol: Revista de Arte e Pensamento (1924-1925) apresen-tou-se com duas vertentes bem definidas: uma nacionalista e lu-sófila, e outra, iberoamericanista. No número inaugural, um artigo chamou à atenção para a sujeição cultural do Brasil às influências culturais européias e explicitou a idéia de que seria um erro buscar uma aproximação cultural com Portugal para a afirmação da nossa nacionalidade. Esse projeto cultural iberoamericanista era geracio-nal e encontrava-se em vários periódicos, como América Latina: Re-vista de Arte e Pensamento (1919-1920), América Brasileira: Rese-nha da Actividade Nacional (1921-1924) e na primeira fase de Festa (1927-1928). Terra de Sol apresentou artigos que discutiam o con-tinente americano com seus atores políticos e intelectuais, além de ter publicado onze artigos de autores da América hispânica (alguns em castelhano) e mais de vinte intelectuais brasileiros escreveram à respeito de temas iberoamericanos, como Rocha Pombo sobre Ricardo Levene em Um historiador argentino e Tristão de Athayde sobre o escultor chileno Totila Albert.

Amina Maria Figueroa Vergara - USP

Título: Minério de cobre ou “pão do Chile”: A Villa de Sewell, a mina El Teniente e a novela social chilena.

Page 101: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

101

Tendo-se pesquisado a fundo a estrutura da United Fruit Com-pany (companhia estadunidense exportadora de bananas presente em todos os países centro-americanos durante a primeira metade do século XX) em dissertação de mestrado, notou-se que as com-panhias, também estadunidenses, que se instalaram no Chile ain-da em fins do século XIX, com o propósito de explorar as imensas minas de cobre do país, apresentaram a mesma estrutura quanto à disposição dos alojamentos dos trabalhadores, escritórios dos funcionários administrativos e à formação de redes sociais, por exemplo. A produção de cobre da mina El Teniente é parte essen-cial do PIB chileno, daí a denominação do minério como “pão chi-leno”. Entretanto, a vila de Sewell, que na década de 1950 chegou a comportar cerca de 16 mil pessoas, foi abandonada e há poucos anos, tombada Patrimônio Histórico da Humanidade. A intenção inicial, a ser desenvolvida em um trabalho de doutorado, é realizar um estudo comparativo entre os dois tipos de companhia, poden-do mesmo ampliá-lo para outras companhias estrangeiras, em sua maioria estadunidenses, que se instalaram na América Latina em fins do século XIX e inícios do XX. Assim como a United Fruit Com-pany na América Central, as companhias exploradoras de cobre no Chile, a Anaconda Copper Mining Company e a Braden Copper Mining Company, causaram considerável impacto no imaginário so-cial chileno, impulsionando a produção de alguns romances acerca da ação dessas companhias no Chile. A denominada novela social chilena descreveu com lirismo e precisão a realidade dos mineiros, um bom exemplo que uma vasta gama de escritores que descreveu a ação dessas companhias é o romance Sewell do escritor chileno Baltazar Castro, de 1946.

Mateus Fávaro Reis - UFMG

Título: Marcha e Ercilla: novas coordenadas dos mercados edito-riais no Uruguai e no Chile (1928-1974)

O mercado editorial hispano-americano se expandiu de forma conside-rável entre as décadas de 1920 e 1970, com destaque para os cenários já bem estudados da Argentina e do México. No Uruguai e no Chile, os

Page 102: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

102

desafios para a implementação e consolidação de uma indústria edito-rial foram significativos, ocupando um espaço não menos importante na agenda dos intelectuais desses dois países meridionais. Em meio à con-corrência de títulos oriundos de seus vizinhos, tanto os intelectuais uruguaios quanto os chilenos se emprenharam na árdua tarefa de construir as bases de um mercado editorial robusto e dinâmico, que se articularam aos projetos de difusão de leitura por meio de dois dos seus principais semanários e revistas: Marcha de Montevidéu e Ercilla de Santiago. Com o apoio de intelectuais e políticos exilados de seus países vizinhos, os dois projetos editoriais ultrapassaram as fronteiras nacionais e se tornaram em importantes locais de so-ciabilidade intelectual, debate de projetos de difusão da leitura e construção de culturas políticas de cunho democrático.

Quinta-feira, dia 29/07/2010 10h15 às 12h15

MR 36. Cultura Visual e imaginário político nas AméricasLocal: Sala 101 – Centro de Aulas

Carlos Alberto Barbosa (coordenador) - UNESP

Título: A Fotografia nas Revistas Culturais Latino-Americanas: as experiências das revistas S. Paulo (Brasil, 1936) e Rotofoto (Méxi-co, 1938).

O objetivo dessa comunicação é apresentar uma comparação en-tre duas revistas culturais que tiveram vida efêmera na década de 1930 em seus respectivos países. Um primeiro ponto em comum é que ambas utilizaram a fotografia como elemento central em sua estrutura de comunicação. Abordarei a revista S. Paulo, editada no Brasil no ano de 1936 em contraponto com a Rotofoto, publicada no México apenas durante o ano de 1938. Esta pesquisa se insere dentro de um projeto mais amplo em que procuro refletir com rela-ção à circulação de idéias culturais e políticas entre o México e o Brasil na primeira metade do século XX. Busco examinar em espe-cial como se constituíram repertórios visuais comuns entre os dois

Page 103: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

103

países, tanto na produção de imagens carregadas com uma retóri-ca do engajamento político e que contribuíram para a construção do imaginário político latino-americano.

Edméia Ribeiro - UEL

Título: Falando de política na Espanha oitocentista: Las mujeres españolas, portuguesas y americanas

A coleção Las mujeres españolas, portuguesas y americanas cons-titui-se em uma coleção de imagens – litografias - e textos publica-da no final do século XIX – década de 1870 - na Espanha. Produção bastante grandiosa para a época, por seu tamanho e aspectos edi-toriais, escolheu a temática feminina para abordar assuntos políti-cos prementes naquele momento. A Espanha, neste período, sentia os reflexos de algumas perdas como a territorial - com as inde-pendências na hispanoamérica - além de perdas no campo político, econômico e militar. Considerando tal contexto, nesta comunica-ção apresentaremos uma reflexão sobre o sentido político desta coleção, partindo da hipótese de que ela configura-se em produção material que construiu uma representação simbólica das caracte-rísticas nacionais espanholas e elaborou um discurso sobre si, ex-presso no conjunto de sua percepção, produção e composição.

Andréa Helena Puydinger De Fazio - UNESP

Título: Representações étnicas e culturais no cinema e no imaginá-rio norte-americano

Nesta comunicação, trago resultados da pesquisa de mestrado Cultura, política e representações do México no cinema norte-ame-ricano: Viva Zapata! de Elia Kazan, na qual – entre outros objetivos – busquei as representações do México presentes no filme Viva Zapata! (1952). Através da reflexão sobre como se dá a constru-ção do outro no imaginário norte-americano concluímos que a visão de uma nação sobre as outras resulta de fatores como: proximi-dade cultural e identificações históricas entre os países, heranças

Page 104: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

104

do pensamento colonial, relações entre cultura e política. Ainda, apresentaremos a evolução do tratamento dispensado aos chica-nos desde os primórdios do cinema, até a década de 1980, focando nas abordagens do filme Viva Zapata!, que utiliza prioritariamente atores norte-americanos para interpretar papéis de mexicanos e in-dígenas, reproduz discursos sobre a superioridade da democracia norte-americana, mas em contrapartida mostra um notável esforço de pesquisa e precisão histórica, e foge da associação movimento zapatista = banditismo, bastante reproduzida pelo cinema norte--americano.

MR 37. Olhares entrecruzados: Imagens e representações nas AméricasLocal: Sala 102 – Centro de Aulas

Sean Purdy (coordenador) - USP

Título: “Se eu fosse negro”: raça, liberalismo e cidadania nos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial

Nesse trabalho analisamos uma série de 44 colunas publica-das entre 1942 e 1945, na popular revista mensal Negro Digest nos Estados Unidos (a versão negra de Seleções). Escrita por pro-eminentes intelectuais, políticos, religiosos, negociantes, artistas e atletas brancos e chamada “Se eu fosse negro”, essa coluna regu-lar tornou-se umas das mais populares atrações entre os leitores da revista e incluia contribuições das mais variadas personalidades do país, tais como a primeira-dama Eleanor Roosevelt, o roman-cista e roterista comunista Howard Fast e o ator hollywoodiniano Edward G. Robinson. Argumentamos que as colunas refletiram bem as contradições do projeto liberal do New Deal: apparentemente inovadoras, inclusivas e anti-racistas, também apontaram os estrei-tos limites de cidadania na época e a persistência de supremacia branca no país.

Page 105: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

105

Mônica Sol Glik - UAM

Título: No escurinho do cinema: o Cone Sul entre a Alemanha nazis-ta e a pressão aliada (1940-1945)

A partir de 1940, o American Way of Life chegava a América La-tina por médio de uma ofensiva de persuasão ideológica sem pre-cedentes, que levaria ao cinema imagens relativas à superioridade militar dos Estados Unidos. Numerosos documentos diplomáticos confirmam os temores de Washington frente à suposta formação de uma “quinta coluna” no Cone Sul, com especial atenção a Argenti-na e Brasil, países colocados sob suspeita, devido á numerosa pre-sença de imigrantes europeus. Os serviços diplomáticos de Argen-tina, Estados Unidos e Alemanha reagem frente a este fenômeno nos momentos prévios à ruptura das relações de Argentina com o Eixo. O material produzido pelos estudos de Hollywood e exibido nos cinemas de Buenos Aires constitui uma importante fonte para pensar esta problemática. A partir delas, podemos entre cruzar os diversos mecanismos pelos quais o governo de Franklin Delano Roosevelt tentava se assegurar a liderança continental e impedir a influencia alemã na região. As telas do cinema, as caricaturas e as páginas de publicidade, são alguns dos frentes onde tem lugar as lutas de representação, para as quais as armas culturais resultam tão importantes quanto os tanques que atravessam a Europa em guerra.

Beatriz Helena Domingues - UFJF

Título: O Concerto barroco: encontros e desencontros da Ibero America com suas matrizes mediterrâneas.

Esta comunicação analisa a novela do escritor cubano Alejo Car-pentier ?Concerto barroco? Publicada em 1974, sugerindo, jun-tamente com Enrique Krauze e Richard Morse, que a ficção pode ser muito eficaz para iluminar processos históricos complexos. No caso, trata-se do processo de encantamento e desencantamento da Ibero-America com a Europa, enfocado através dos dois perso-

Page 106: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

106

nagens centrais da obra: o Amo e Filomeno, seu escravo negro. Ne-les e por eles se pode perceber uma versão da metáfora Prospero--Caliban, tal qual se apresentava no século XVIII (no século XIX, ela se transfere para a relação entre Ibero e Anglo-America Estados Unidos). Argumento ainda ser possível perceber, no escravo Filo-meno, uma antropofagia da cultura européia na linha proposta pelo movimento modernista e pela realismo maravilhoso, do qual Alejo Carpentier foi um dos maiores representantes. Também argu-mento que esta obra pode enriquecer o cenário de debates intelec-tuais entre America e Europa no Século das Luzes.

Eduardo Bonilha - UNESP

Título: Em busca dos Alicerces institucionais e morais dos Estados Unidos.

Das razões recorrentemente evocadas pelo discurso da elite po-lítica norte-americana para justificar as “cruzadas” interventoras que sua nação vem realizando no cenário político mundial desde o final do século XIX até os dias atuais, a excepcionalidade de suas instituições, as heróicas façanhas da fundação de sua nação (1776-1787), e a defesa de certos valores e princípios morais adquiridos via Reforma ( e reaplicados à prática política de seu país), são as mais citadas. Herdeiros de sólidos alicerces constitucionais consa-grados pela cultura política clássica ocidental resgatada no Renas-cimento e no Humanismo, e pela tradição do pensamento político anglo-americano em especial, os fundadores americanos e seus seguidores valorizaram o potencial destas distinções que supos-tamente confirmariam a superioridade de seu sistema republicano em relação aos regimes internacionais, inclusive aos próprios pre-ceitos, critérios e ideais que os regem. Daí a missão e destino da América, qual seja, se apresentar ao mundo como exemplo de uma nova ordem política possível, uma solução/alternativa para o caos belicoso reinantes no cenário mundial. Em nosso trabalho, aborda-remos as origens, encobertas pelo pó do tempo, das instituições políticas americanas e dos princípios morais que as consubstan-

Page 107: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

107

ciam, e que são a força motriz por trás das práticas políticas ameri-canas. Há contradições entre os desígnios iniciais da América e seu atual policiamento do sistema internacional? Ou que dizer de seu papel de protagonista em uma possível hecatombe nuclear? Seu pragmatismo os curvou à realpolitik européia? A quem servem hoje a liberdade, a democracia e a prosperidade ao estilo americano?

MR 38. América Latina Contemporânea: Ditaduras militares, refor-mas e “socialismo” venezuelanoLocal: Sala 103 – Centro de Aulas

Vanderlei Vazelesk Ribeiro (coordenador) - UFRRJ

Título: Confederación Campesina X Confederação Agrária: Distin-tos Modos de Atuação no campo Peruano.

Neste trabalho, analisa-se a atuação da Confederação Campesi-na do Peru e da Confederação Nacional Agrária durante a ditadu-ra militar peruana (1968-1980). Sob o impacto da reforma agrária promovida pelo governo do general Velasco Alvarado enquanto a Confederação Campesina, de orientação maoísta procurava rejei-tar o projeto a Confederação Agrária criada pelo regime procurava aprofundá-lo. Quais os diálogos estabelecidos entre essas confe-derações e a ditadura militar? Qual a relação entre os dirigentes dessas confederações? Como essas confederações atuaram após a paralisia do processo de reforma agrária ocorrida depois da que-da do general Velasco Alvarado? São reflexões que procuraremos aprofundar.

João Márcio Mendes Pereira - UFRRJ

Título: A política de “reforma agrária de mercado” do Banco Mun-dial na América Latina: Colômba, Brasil e Guatemala em perspecti-va comparada (1994 – 2005)

O trabalho analisa os fundamentos, os objetivos e os resultados da política de “reforma agrária de mercado”, implementada em vá-

Page 108: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

108

rios países da América Latina como parte da agenda de liberaliza-ção econômica e reforma institucional prescrita e impulsionada via financiamento externo e assistência técnica pelo Banco Mundial. Sob formatos distintos, tal política materializou-se em projetos e programas de financiamento público para a compra e venda de ter-ras negociadas diretamente entre “demandantes” (trabalhadores rurais) e “ofertantes” (proprietários). Segundo seus proponentes, iniciativas dessa natureza conformariam um novo modelo de “re-forma agrária”, que superaria os supostos erros do passado por se basearem em transações de mercado, e não na desapropriação de terras. Discute-se criticamente a teoria e a prática de tal política, mostrando que: a) todo o discurso de legitimação esgrimido pelos teóricos do Banco direcionava-se a condenar o papel redistributivo do Estado frente à concentração de riqueza (no caso, a terra rural); b) o modelo de intervenção fundiária defendido pelo Banco e im-plementado na Colômbia, no Brasil e na Guatemala fracassou em resolver o problema do acesso à terra pelos trabalhadores rurais, não configurando uma alternativa consistente à reforma agrária re-distributiva.

Tiago Ciro Zancope - UFG

Título: La espada de Bolívar ha vuelto a La batalla: A utilização do legado de Simón Bolívar por Hugo Chávez na construção de uma unidade Ibero-Americana.

Arrolamos alguns discursos do presidente venezuelano, Hugo Chávez, nos quais o mesmo expõe seu projeto de construção de uma unidade Ibero-Americana. Não obstante, o mandatário ve-nezuelano busca nos escritos de Simón Bolívar, destacadamente aqueles que compreendem o período de convocatória do Congres-so Anfictiónico do Panamá, uma fonte de legitimação para suas idéias. Nesse sentido, torna-se necessário identificarmos as seme-lhanças e diferenças entre os projetos, tendo como perspectiva a construção de uma identidade “unificadora” para os países ibero--americanos.

Page 109: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

109

Tiago Santos Salgado - UNESP

Título: A cultura política chavista na América Latina.

O trabalho tem como objetivo investigar se o atual processo polí-tico venezuelano - que teve início com a eleição do presidente Hugo Chávez em 1998 - produz uma cultura política que pode ser enca-rada como assimilável no atual contexto político latino-americano, principalmente nos governos intitulados de nova esquerda, atual-mente presentes em um grande número de países do continente e caracterizados, por diversos estudiosos, como sendo divididos em duas correntes: uma democrática e moderna e outra antide-mocrática e populista. A indagação acerca da possível assimilação de uma cultura política chavista por outros processos políticos na região vem ao encontro desta divisão, uma vez que a Venezuela se caracteriza como o principal país da chamada esquerda latino--americana antidemocrática.

MR 39. Teoria e Escritas da História: México, Cuba e ArgentinaLocal: Sala 107 – Centro de Aulas

Fabio Murici dos Santos (coordenador) - UFES

Título: A questão nacional na historiografia argentina nas primeiras décadas do século XX.

Construir um passado nacional unificado foi um dos principais objetivos da produção historiográfica argentina produzida entre os anos de 1900 e 1930. Naquele contexto, as reavaliações sobre o tema dos gaúchos ocuparam grande destaque, já que eles haviam sido considerados como uma das maiores barreiras para a unifica-ção nacional durante o século XIX. Questionando essa interpretação, autores como Ricardo Rojas e Leopoldo Lugones propuseram toda uma releitura sobre o papel dos habitantes do pampa na história nacional, nas lutas de independência e na formação da própria índo-le argentina. Pretendemos discutir essa perspectiva, assim como os projetos políticos que orientaram sua elaboração.

Page 110: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

110

Eduardo Ferraz Felippe - USP

Título: Horizontes permeáveis: escrita da História e pensamento estético na obra de Alejo Carpentier.

Esta apresentação tenciona analisar a relação entre pensamento estético e escrita da história nas conferências do escritor latino--americano Alejo Carpentier. Argumenta-se que as considerações de Carpentier acerca do papel do romancista são sintomas do es-gotamento do esteticismo que orientava a produção literária cuba-na, fruto da percepção de que a arte, na modernidade, encontra-se desviada de seu destino, que é de ser a base da vida dos homens em sociedade. Carpentier percebe a necessidade de novas referên-cias capazes de orientar a América Latina em seu destino, alicerça-das em um processo de tradução capaz de gerar novas formas de identificação coletiva, e que tem no passado o elemento primordial de edificação da identidade latino-americana, parte integrante da sua forma de imaginar a nação.

Fabio Luis Barbosa dos Santos - USP

Título: Origens do pensamento racial na América Latina

Este trabalho apresenta parte dos resultados da tese de doutorado: Visões de progresso em José Martí (Cuba), Juan B. Justo (Argentina) e Ricardo Flores Magón (México): teoria da história e desenvolvimento econômico na América Latina na virada do século (XIX-XX).

MR 40. Vanguardas artísticas na América Hispânica: cultura e identidadesLocal: Sala 109 – Centro de Aulas

Alexandre Ribeiro Gonçalves (coordenador) - UEG

Título: Identidade e arquitetura latino-americana contemporânea.

O ponto fundamental na formulação deste trabalho é o estudo da

Page 111: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

111

arquitetura latino-americana contemporânea, realizada nos últimos 20 anos, a partir da compreensão e estruturação da história desta produção arquitetônica em três cidades distintas, que se justificam pela sua importância cultural e por sintetizarem as manifestações arquitetônicas latino-americanas mais expressivas e mais impor-tantes no cenário internacional neste início de século: São Paulo, Santiago do Chile e Cidade do México. A historiografia da arquitetu-ra latino-americana é recente e vem recebendo importantes contribui-ções nos últimos 25 anos, especialmente a partir da contribuição dos SAL (Seminários de Arquitetura Latino-americana). Todavia, um estudo contextualizado sobre a produção de arquitetos de uma geração mais nova, formados a partir do final da década de 1980, ainda não foi feito. Julga-se, assim, haver condições de fornecer dados inéditos a respeito dessa história, vinculada à História das Américas. É possível avançar na análise crítica do período, suprir uma deficiência documental na historiografia e colaborar com nossos acervos culturais, oferecendo in-formações, orientações ou mesmo indagações no sentido de contribuir com o estudo da arquitetura latino-americana contemporânea.

Luciana Coelho Barbosa - SEE [GO]

Título: “La Piel y La entraña”: a relação entre a arte engajada e a constru-ção da identidade nacional mexicana em David Alfaro Siqueiros.

Esta comunicação tem como proposta discutir a construção de uma identidade mexicana sob a perspectiva de David Alfaro Siqueiros. Este ar-tista é personagem importante para a compreensão das transformações ocorridas na sociedade mexicana sob o contexto revolucionário. A revo-lução mexicana ultrapassou o caráter político-militar, afetando as ativida-des artísticas do período. O movimento muralista, do qual Siqueiros fazia parte, ao interpretar a revolução, promoveu a idéia de uma arte revolucio-nária, nacional e popular com forte apelo social. Desta forma o movimen-to procurou difundir a idéia de um nacionalismo cultural que procurava dar coesão à diversidade populacional mexicana. Assim, a ênfase deste trabalho consiste, pois, na compreensão de como a o contexto histórico subsidiou o discurso artístico-identitário siqueiriano.

Page 112: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

112

Imara Bemfica Mineiro - UFMG

Título: Deixemos de comer frutas de cera: apontamentos sobre as vanguardas artísticas na América Hispânica.

Em fevereiro de 1909 Rubén Darío, ícone do modernismo hispa-no-americano, traduz e comenta o Manifesto Futurista de Marinet-ti, publicado no mesmo ano em Paris. Essa poderia ser, assim, lida como uma das ocasiões a servir de marca inicial para pensar as van-guardas na América Hispânica. A reverberação das provocações de Marinetti, bem como as questões próprias à modernidade do início do século e específicas ao continente americano, desembocaram no irrompimento de inúmeros e variados movimentos marcados pela recusa em seguir o imperativo da tradição. Dentre tais movi-mentos, um dos últimos a se apresentar – sendo possível pensá-lo, portanto, como aquele que encerra essa periodização das vanguar-das hispano-americanas – foi, em 1931, o Movimento de Vanguarda da Nicarágua que produziu, entre outros, a Ode a Rubén Darío na qual lemos sobre suas “saborosas frutas de cera”.Considerando esse recorte temporal e partindo dos manifestos e textos dessas vanguardas, este trabalho se propõe a abordar te-mas recorrentes em suas produções, como: a questão da identida-de e dos laços de pertencimento a uma região; a relação traçada entre natureza e cultura; a presença ou ausência de um desejo de desvincular o fazer artístico de qualquer função mimética.

Eduardo Gusmão de Quadros - PUC/Goiás

Título: O símbolo sobre rodas: a identidade latino-americana no jovem Guevara

Ernesto “Che” Guevara era argentino, se tornou herói da revolução cubana e morreu lutando pelo comunismo na Bolívia. Seu engajamen-to político surgiu após a viagem empreendida com o amigo Alberto Granado por diversos países da América do Sul. Tomando como fonte básica o diário escrito durante esta viagem, investigamos como o jo-vem Guevara passou a questionar as fronteiras nacionais e em que

Page 113: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

113

parâmetros se baseou para imaginar uma unidade latino-americana.

MR 41. História das relações Interamericanas nos séculos XIX e XXLocal: Sala 110 – Centro de Aulas

Américo Alves de Lyra Júnior (coordenador) - UFRR

Título: Um Brasil americano: relações Brasil - Estados Unidos para Salvador de Mendonça.

O trabalho tem por propósito apresentar as impressões de Sal-vador de Mendonça acerca das relações do Brasil com os Estados Unidos na primeira década da novel República brasileira. Mendon-ça realiza a analise de posições privilegiadas. Em um primeiro mo-mento, como Ministro Plenipotenciário nos Estados Unidos quando participou dos esforços relativos à construção de “uma amizade continental” que auxiliava os norte-americanos a obstaculizar a presença européia na América. Desse período tem-se o plano Blai-ne-Mendonça, a presença do brasileiro, com discursos oficiais, na inauguração dos Museus Comerciais de Filadélfia e outros esforços diplomáticos de aproximação dos países em tela. No segundo mo-mento, Salvador de Mendonça, já afastado das atividades diplomá-ticas, exerce a função de jornalista. Mais precisamente de analista político em periódicos como o Jornal do Comércio. Nos periódicos, Mendonça aponta discordâncias com a política externa do barão do Rio Branco e Joaquim Nabuco, tentando mostrar como os dois representantes diplomáticos comprometiam o país, e quiçá a Amé-rica Latina, com uma aproximação ingênua do pan-americanismo dos Estados Unidos. Nessas contradições, pretende-se perceber as concepções divergentes, no interior das elites diplomáticas bra-sileiras, de uma identidade americana na inserção internacional da República.

Carlos Domíguez Avila - UNIEURO

Título: Guerra e paz em El Salvador (1979-1992): um estudo com fontes brasileiras

Page 114: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

114

A comunicação explora a origem e evolução do conflito armado salvadorenho que vigorou durante a década de 1980, entre o go-verno e as forças revolucionárias da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN). Cumpre acrescentar que o conflito em questão foi um dos acontecimentos mais marcantes na histó-ria recente de El Salvador, em particular, e da América Latina e Caribe em geral. A comunicação se fundamenta em documentação primária resgatada no Arquivo Histórico do Ministério das Relações Exteriores. A documentação em questão inclui relatórios enviados a Brasília desde a Embaixada em São Salvador (e outras capitais americanas), memorandos internos, e despachos de Brasília para o exterior. Também se utiliza literatura especializada publicada no Brasil e no exterior.

Gerson Galo Ledezma Meneses - UFC

Título: Alianças e rivalidades no Cone Sul à época do I Centenário da Independência

Os países do cone sul ofereceram ao mundo uma grande festa comemorativa dos cem anos de Independência, numa época de in-tranqüilidade, de decadência da liderança inglesa e de ascensão da hegemonia norte-americana. Neste trabalho mostraremos como as elites de Buenos Aires comemoraram cem anos de Independên-cia em 1910: aproveitaram a festa para colocar em andamento as suas alianças coma Europa, Estados Unidos e Chile, e fortaleceram as rivalidades com os países que consideravam um perigo cons-tante, como o Brasil e outros que, embora não perigosos, se apre-sentavam enigmáticos; projetaram a imagem de país forte ligado à “raça ibérica”, num tipo de relações internacionais pragmáticas; estreitaram as relações com os vizinhos chilenos e com a Espanha, considerada a “mãe pátria” e tentaram, na sua política interna, es-conder os graves problemas com os socialistas e anarquistas.

MR 42. Produções artísticas nas Américas: história, música e narrativaLocal: Sala 301 – Centro de Aulas

Page 115: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

115

Emilio Gonzales (coordenador) - UTFPR

Título: Históra, Música e narrativa: deslocamentos e migrações na tríplice fronteira Brasil/Paraguai e Argentina

Desenvolvido a partir de um trabalho de pesquisa com músicos que vivem e sobrevivem na região da Tríplice Fronteira entre Bra-sil, Paraguai e Argentina, o trabalho busca levantar e investigar a trajetória de artistas que desenvolvem música nessa região a partir de experimentalismos e influências múltiplas que se fundem neste peculiar espaço geográfico. A musica ali realizada se alimenta das diferentes referências, estilos, bagagens lingüísticas e identitárias, repertórios musicais e perspectivas distintas, presentes na trajetó-ria de músicos de diferentes de regiões do Brasil e diferentes nacio-nalidades, como bolivianos, paraguaios e argentinos, entre outros. A partir da bagagem trazida por estes músicos em seus diferentes deslocamentos, temos buscado compreender a maneira como sua obra constrói e desconstrói, significam e ressignificam, pulverizam, compõem e decompõem conceitos geralmente tidos como estáti-cos, como nação, identidade, fronteira, ethos e língua. Longe de apenas reafirmar sua “identidade” nacional, estes músicos, ao seu modo, e de acordo com suas capacidades e possibilidades técni-cas, narram e ressignificam a fronteira a partir de suas vivências; narrativas que, não raro, aparecem de maneira profundamente en-raizadas em sua obra musical.

Cristiano Vinícius de Oliveira Gomes - UFG

Título: As percepções do ameríndio nas composições de Renato Russo.

O índio, como sujeito emblema inaugural de uma outra face da modernidade, a do dominado e a do solapado na sua dinâmica sócio-cultural, teve a voz quando não deturpada, silenciada pelos meios instrumentalizados pela cultura européia em solo america-no. Seja pelo viés catequisador ou civilizatório, fazer um paralelo entre a condição indígena e a da geração, da qual Russo era tri-

Page 116: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

116

butário, ressalta a indignação frente a uma razão moderna. Nesse sentido, possibilitar uma leitura das percepções do ìndio assumidas por Renato Russo em suas composições é um caminho para estabelecer um veio de comunicação a partir de suas letras. Tomando por referência a composição Índios na qual a incisividade dos versos “Quem me dera ao menos uma vez”, repetidos no início de cada estrofe, denota a insatisfação ante o estado de coisas es-tabelecidas na América, no seu processo modernizador. Assumindo o tempo de quem fala, ou seja, de Russo, o índio é assumido como sím-bolo da precariedade da relação sócio-cultural estabelecida na mo-dernidade ocidental. Por esse trâmite, o verso da mesma música“E o futuro não é mais como era antigamente” remete à condição de carên-cia de sentido frente às vicissitudes de uma vida que não se apresen-ta digna, justa. A revisão do conceito de modernidade, desse modo, assume nas composições de Russo, tomando o índio como um sujeito interlocultor-histórico, uma dimensão crítica, de embate e de retoma-da de possíveis identidades.

Marli Rosa - UNICAMP/FAPESP

Título: Pato Donald no batuque dos “bons amigos”: manifestações culturais na política de “boa vizinhança”

Definida a partir dos princípios do Pan-Americanismo, a Política da Boa Vizinhança, criada por Franklin Delano Roosevelt na VII Con-ferência Interamericana de Montevidéu, em 1933, representou uma grande mudança na relação política e cultural dos Estados Unidos com os países da América Latina, em especial, o Brasil. Privilegiando as manifestações culturais, nesta comunicação, pre-tendo explorar a relação entre a canção Aquarela do Brasil, de Ari Barroso, composta em 1939, durante o regime ditatorial de Getúlio Vargas, com o filme Saludos Amigos, dos estúdios Disney, lançado em 1942, quando os Estados Unidos se fizeram presentes na Améri-ca Latina, a fim de impedir o crescimento da influência da Alemanha nazista de Hitler no continente. O objetivo desta apresentação é evidenciar os traços de estereótipos e o olhar de fora construídos pelos Estados Unidos, por meio de Walt Disney, acerca da América

Page 117: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

117

Latina e, em especial, do Brasil, ao som do samba brasileiro com es-tética internacionalizada, caracterizado por influências da música americana do período.

Victor Creti Bruzadelli - UFG

Título: Soy loco por ti, América: a retomada da tradição musical latina no Brasil pela Tropicália.

As informações musicais brasileiras e aquelas oriundas de outros países da América Latina sempre estiveram em contato e ajudaram a se constituir mutuamente enquanto gênero musical. Isso se torna mais evidente quando analisamos a música produzida nas áreas de fronteira entre o Brasil e estes países, já que estas canções incor-poravam ritmos, instrumentos, palavras e jeitos de cantar, entre outros, de nossos vizinhos. Com o estabelecimento da indústria musical brasileira no início do século XX, tal configuração permane-ceu bastante evidente, ainda que se tentasse constituir, sobretudo no governo varguista a partir de 1930, a tradição musical brasileira. Entretanto, no fim da década de 1950, com o surgimento e a impo-sição da Bossa Nova sobre os principais meios de comunicação de massa, os ritmos latinos vão cedendo o status de principal fonte de diálogo musical para o jazz importado dos Estados Unidos, sendo muito pouco evidente perceber este diálogo nas mass media do período. Todavia, em 1967, com as propostas antropofágicas da Tropicália, este diálogo com a cultura latina é retomado e passa a influenciar de maneira decisiva este movimento estético. Este tra-balho busca analisar a retomada deste contato estabelecido entre a música popular brasileira e as oriundas de os outros países lati-nos, evidenciando a importância deste dado cultural para a estéti-ca tropicalista

MR 43. Crônicas e Etnohistória nos séculos XVI e XVIILocal: Sala 302 – Centro de Aulas

Page 118: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

118

Gláucia Cristiani Montoro (coordenadora) - UFF

Título: O dilúvio universal e a América: a presença da cosmologia européia do século XVI no Códice Telleriano Remensis.

Nos textos de diversos cronistas de origem européia do século XVI existe uma compreensão dos indígenas da América e de suas histórias sob o prisma da cosmologia cristã. Esse esforço de adap-tação se estende à confecção de códices - livros de tradição indí-gena - quando a patronagem dos documentos estava nas mãos de europeus. A própria seleção dos temas segue a lógica de tradições européias, estreitamente conectadas à Escolástica e à Bíblia. Na estrutura do Códice Telleriano Remensis, manuscrito híbrido do México central de meados do século XVI, essas tradições se fazem presentes, mas são mais evidentes na pena de um dos anotadores do códice - possivelmente um frade dominicano - que apresenta uma grande preocupação em encaixar os acontecimentos relata-dos nos mitos mexicas às histórias bíblicas, especialmente ao Di-lúvio, um fenômeno considerado universal pelos cristãos daquele período.

Susane Rodrigues de Oliveira - UnB

Título: As mulheres Incas nos discursos dos cronistas e historiogra-fia sobre as origens e expansão do Twantinsuyo.

Trata-se dos resultados de uma pesquisa de doutorado sobre as representações do feminino veiculadas nos discursos das origens e expansão do Tawantinsuyo. O corpus dessa pesquisa foi cons-tituído por crônicas dos séculos XVI e XVII, e também por algumas obras da historiografia produzida na segunda metade do século XX e início do XXI no âmbito da etnohistória. Na leitura minuciosa des-se corpus foi possível recortar as superfícies discursivas que trazem à luz matrizes de sentido, – representações sociais, valores e nor-mas, – indícios que informam sobre as subjetividades e relações de gênero que estiveram nas origens e expansão do governo dos

Page 119: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

119

Incas sobre os Andes. A partir desses recortes foram analisados os sentidos que essas representações imprimiram/imprimem sobre o real. Nesse trabalho se entrecruzam basicamente dois objetivos: primeiro, a “desconstrução” de imagens elaboradas no passado e no presente, revelando suas condições de produção, ou seja, o seu caráter histórico e seus mecanismos de construção; segundo, a procura de indícios nos discursos que nos permitam vislumbrar outras possibilidades de existência para as mulheres Incas na his-tória, imagens que representem uma ruptura com os esquemas que instituíram uma determinação biológica das identidades e papéis sociais.

Vinicius Muhlethaler Beire - UNIFEOB

Título: Atraer a todos los pueblos: uma análise sobre o projeto de conversão pacifica de Las Casas.

Durante mais de cinquenta anos, o dominicano Bartolomé de Las Casas (1484?-1566) defendeu a possibilidade de uma conversão pacífica dos indígenas. Mesmo ressaltando aspectos positivos da re-ligiosidade encontrada no Novo Mundo - como fizera em Apologética Historia Sumaria - seu objetivo primordial, assim como o dos outros religiosos, era a catequização completa desses habitantes. Dentre suas obras, De Único Vocationis Modo (Del único Modo de Atraer a Todos los Pueblos a la verdadera religión) é aquela em que o frade estabelecera sua tese de uma cristianização não forçada, baseada somente no convencimento. O presente trabalho pretende refletir sobre como o religioso concebia tal projeto, discutindo como utiliza-va seus argumentos “de fato” e “de direito”.

MR 44. Ditaduras na América Latina (Século XX): memórias e exílioLocal: Sala 303 – Centro de Aulas

Lorenna Burjack da Silveira (coordenadora) - UFG

Título: A Ditadura e o Desterro: os caminhos percorridos pelos exi-lados brasileiros do golpe de 1964.

Page 120: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

120

Este trabalho se propõe a realizar uma abordagem acerca do exílio vivenciado por brasileiros que se opunham ao regime militar inaugurado 1964. Diante da forte onda de repressão advinda do golpe, que classificava qualquer atitude de crítica ao regime como ato de subversão, muitos brasileiros optaram ou foram obrigados a partir para outros países. Inicialmente os principais locais de concentração de exilados foram países da América Latina, como Uruguai, Chile e Cuba. A sucessão de golpes militares em diversos países latino-americanos inaugurou uma nova etapa na vida dos exilados brasileiros, que se viram obrigados a partir principalmen-te para a Europa. França e Suécia foram dois países europeus que se destacaram no recebimento desses desterrados. Outro dado interessante é a presença de exilados brasileiros nos Estados Uni-dos, país que ofereceu suporte bélico, logístico e econômico aos militares que executaram o golpe. Quem foram os brasileiros que escolheram os EUA como local de desterro? Quais atividades de-senvolveram durante o período do exílio? Essas são algumas das questões que serão analisadas nesta comunicação.

Pâmela de Almeida Resende - UNICAMP

Título: “Um passado que no quiere passar” memória e esquecimen-to nas ditaduras do Cone Sul.

As ditaduras militares que tomaram o poder no Cone Sul, nas décadas de 1960 e 1970, constituíram experiências traumáticas na história desses países. Nota-se a presença de um passado que não quer ir embora, apesar de todas as iniciativas realizadas pelos po-deres constituídos para apagá-lo da memória social, para criar uma visão consensual ou para impor o esquecimento. Nesse sentido, é necessário ter em vista que o intuito não é pensar na resistência às respectivas ditaduras, e sim os embates entre movimentos de me-mórias contrárias, nascidas da tensão entre o lembrar e o esquecer desse passado recente. Como os fatos ocorridos nas ditaduras mi-litares foram (re)significados pelos diferentes grupos no momento das respectivas transições democráticas? E como eles são interpre-

Page 121: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

121

tados atualmente? Existem vozes investidas de maior legitimidade para determinar o ocorrido ou o que deve ser recordado? Inicia-se assim um “novo ciclo” de esclarecimento, discussão e elaboração da memória social a respeito dos crimes de terrorismo de Estado, do julgamento dos militares, além da necessidade da abertura dos arquivos da repressão. Com o intuito de pensar esses questiona-mentos, utilizaremos como base dois casos: Brasil e Argentina.

Marcos Oliveira Amorim Tolentino - UNICAMP

Título: As comemorações do 16 de setembro sob a ótica da DIPBA (1990-1996)

Todos os anos, no dia 16 de setembro, notam-se por toda a Ar-gentina diversas iniciativas comemorativas em torno do episódio de La Noche de los Lápices. Tal episódio refere-se a uma série de ope-rativos orientados à repressão do movimento estudantil secunda-rista, ocorridos entre 15 e 21 de setembro de 1976, na cidade de La Plata. Trata-se de um dos casos emblemáticos que se instauraram na memória coletiva da sociedade argentina acerca da violência e da repressão sistemática dos sete anos da mais recente ditadura militar no país (1976-1983). Com o intuito de mapear as diferentes iniciativas ocorridas anualmente no dia 16 de setembro, entre 1990 e 1996, propomos a utilização da documentação presente no ar-quivo da ex-Dirección de Inteligencia de la Policía de la Provincia de Buenos Aires (DIPBA) serviço de inteligência que funcionou na Argentina entre os anos de 1956 e 1998. A análise dos documentos que formam o acervo do arquivo da DIPBA nos possibilita mapear o confronto das memórias dos distintos agentes envolvidos em sua produção. De um lado, o material produzido pelos envolvidos nos atos comemorativos reproduz quais memórias e de que maneira elas são transmitidas em suas iniciativas públicas. De outro, os informes de inteligência dos agentes policiais que espelham a ver-dade que essas forças construíram para justificar as suas ações de vigilância.

Page 122: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

122

Minicursos

TERÇA 26/07

MC1 - Intelectuais Latino Americanos (1880-1930) - Fernando Luiz Vale Castro (UFRJ) MC2 - Indígenas e Crioulos: política, guerra e economia na Argenti-na no século XIX - Gabriel Passetti (USP) | Wagner Pinheiro Pereira (USP)

MC3 - Revolução Cubana: novos temas e novas abordagens - Sil-via Cézar Miskulin (USP) / Rickley Leandro Marques (UFMA) / Isabel Ibarra Cabrera (UFG)

MC4 - O espetáculo do poder: política cultural, cinema e propa-ganda nos fascismos europeus e nos populismos latino-america-nos. (1922-1955) -Wagner Pinheiro Pereira (USP)

MC5 - Vanguardas literárias latino-americanas - Cristiane Checchia (USP) / Imara Benfica Mineiro (UFMG)

MC6 - A questão agrária na América Latina - Vanderlei Vazelesk (UFRJ)

MC7- Origens do pensamento radical da América Latina - Flávio Luiz Barbosa dos Santos (USP)

MC8 - Os índios na história das Américas: ensino & pesquisa -Gio-vani José da Silva (UFMS/ CPNA)

MC9 - Religiões de matriz africana na diáspora americana -Eliesse Scaramal (UFG)

Page 123: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

123

MC10 - Usos e leituras das crônicas coloniais para o trabalho do historiador -Luiz Estevam de Oliveira Fernandes (IFHC-UNICAMP); Luíz Guilherme Assis Kalil (UNICAMP)

MC11 - Peronismo(s) e política cultural: debates sobre o nacional, os setores populares e a tradição liberal-democrática argentina du-rante o governo de Perón (1946-1955) - Paulo Renato da Silva (UFT)

MC12 - O primeiro centenário da Revolução Mexicana: perspecti-vas de investigação a partir de fontes pictóricas e musicais. -Emílio Gonzalez (UTFPR)/ Geni Rosa Duarte (UNIOESTE)

Min

icur

sos

Page 124: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

124

Índice Remissivo

Adriana Hassin Silva - UFRJ 66

Adriana Vidal Costa - UFES 18

Alberto Aggio - UNESP 32

Alexandre Ribeiro Gonçalves (coordenador) - UEG 110

Alex Donizete Vasconcelos - UFG 24

Américo Alves de Lyra Júnior (coordenador) - UFRR 113

Amina Maria Figueroa Vergara - USP 100

Ana Cristina Figueiredo - PUC/RJ 22

Anderson Roberti dos Reis - USP 95

Andréa Helena Puydinger De Fazio - UNESP 103

André Ferreira Mello - UFES 88

André Lopes Ferreira - UNESP 41

Ângela Meirelles de Oliveira - USP 62

Ángela Pérez Del Puerto - UAM 27

Antonio Carlos Amador Gil - UFES 11

Artur Sinaque Bez - UNESP 36

Barthon Favatto Suzano Júnior - UNESP 28

Beatriz Helena Domingues - UFJF 105

Breno Anderson Souza de Miranda - UFMG 26

Breno de Souza Juz - UNICAMP 35

Bruno Passos Terlizzi - UNICAMP 56

Caio Pedrosa da Silva - UNICAMP 93

Carine Dalmás - USP 67

Carla Viviane Paulino - USP 59

Carlos Alberto Barbosa (coordenador) - UNESP 102

Carlos Domíguez Avila - UNIEURO 113

Carlos Eduardo Vidiga 52

Carlos Roberto da Rosa Rangel (coordenador) - UNIFRA 40

Carmen García García - UAM 45

Cecília da Silva Azevedo (coordenadora) - UFF 58

Celso Gestermeier do Nascimento - UFCG 83

Page 125: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

125

Índi

ce R

emis

sivo

Christiane Vieira Laidler (coordenador) - UERJ 23

Cláudio Luíz Quaresma Daflon - PUC/RJ 13

Cleverson Rodrigues da Silva - UFMS 51

Cristiane Checchia - USP 16

Cristiano Vinícius de Oliveira Gomes - UFG 115

Cristina Luz García Gutiérrez - UAM 71

Danyllo Di Giorgio Martins da Mota (coordenador) - UFG 25

Dernival Venâncio Ramos Júnior - UFT 77

Dinair Andrade da Silva (coordenador) - UnB/UPIS 63

Edméia Ribeiro - UEL 103

Eduardo Ferraz Felippe - USP 110

Eliesse Scaramal - UFG 25

Elisa de Campos Borges - UFF 71

Emilio Gonzales (coordenador) - UTFPR 115

Érica Sarmiento da Silva - UERJ 44

Érika Patrícia Souza Garcia - UFG 76

Ernesto Cerveira de Sena (coordenador) - UFMT 43

Eugenio Rezende de Carvalho - UFG 34

Euller Gontijo de Oliveira(Coordenador) - UFG 34

Everaldo de Oliveira Andrade (coordenador) - UNG 88

Fabiana de Souza Fredrigo (coordenadora) - UFG 32

Fábio da Silva Sousa (coordenador) - UNESP/FAPESP 92

Fabio Luis Barbosa dos Santos - USP 110

Fabio Murici dos Santos (coordenador) - UFES 109

Felipe de Paula Góis Vieira - UNICAMP 76

Fernando Vale de Castro - UFRJ 21

Fernando Viana Costa - UFG 39

Flavia Galli Tatsch - UNICAMP 98

Flávia Preto de Godoy Oliveira - UNICAMP 98

Flávio Thales Ribeiro Francisco - USP 59

Francismar Alex Lopes de Carvalho - USP 74

Gabriela Pellegrino Soares (coordenadora) - USP 10

Gabriel Passetti - USP 30

Page 126: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

126

Gabriel Sordi - UNICAMP 27

Geni Rosa Duarte - UNIOESTE 19

George Felippe Zeidan Vilela Araújo - UFMG 41

Gerson Galo Ledezma Meneses - UFC 114

Giovani José da Silva (coordenador) - UFMS/CPNA 45

Gláucia Cristiani Montoro (coordenadora) - UFF 118

Gláucia Cristiani Montoro - UFF 96

Graziela Menezes de Jesus - UFES 81

Gustavo de Oliveira Araújo - UFG 81

Hernán Ramiro Ramírez - UEL 50

Horácio Gutiérrez (coordenador) - USP 70

Igor Luis Andreo - UNESP 46

Imara Bemfica Mineiro - UFMG 112

Isabel Ibarra Cabrera (coordenador) - UFG 17

Iuri Cavlak - UNESP 92

Ivia Minelli - UNICAMP 56

João Márcio Mendes Pereira - UFRRJ 107

Jorge Eschriqui Vieira Pinto - UNESP 89

José Alves de Freitas Neto (coordenador) - UNICAMP 55

José Augusto Ribas Miranda - UFT 64

José Carlos Vilardaga - USP 74

José Luis Bendicho Beired - UNESP 86

Júlia Rany Campos Uzun - UNICAMP 94

Juliana Beatriz Almeida de Souza – UFRJ 79

Julio Pimentel Pinto (coordenador) - USP 15

Kátia Gerab Baggio (coordenadora) - UFMG 29

Laís Olivato - USP 10

Larissa Moreira Viana - UFF 23

Laura de Oliveira - UFG 15

Libertad Borges Bittencourt (coordenadora) - UFG 11

Lívia Gonçalves Magalhães - UFF 84

Liz Andréa Dalfré - UFPR 43

Lorenna Burjack da Silveira (coordenadora) - UFG 119

Page 127: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

127

Luciana Coelho Barbosa - SEE [GO] 111

Luciano Bernardino de Sena - UFMG 36

Luiz Carlos Sereza - UFPR 17

Luiz Estevam de Oliveira Fernandes (coordenador) - UNICAMP 97

Luiz Fernando Silva Prado (coordenador) UEG/UFG 83

Luiz Guilherme Assis Kalil - UNICAMP 99

Luiz Sérgio Duarte da Silva - UFG 33

Marcelo da Rocha Wanderley (coordenador) - UFF 78

Marcelo Santos Rodrigues - UFT 48

Márcia Helena Alvim (coordenadora) - UFABC 95

Marco Antonio Villela Pamplona - PUC/RJ 21

Marcos Alexandre de Melo Santiago Arraes - UFSC 85

Marcos Oliveira Amorim Tolentino - UNICAMP 121

Marcos Sorrilha Pinheiro (coordenador) - UFMT 80

Maria Antonia Dias Martins - USP 61

Maria de Fátima Fontes Piazza (coordenadora) - UFSC 100

Maria Elisa Noronha de Sá Mäder (coordenadora) - PUC/RJ 20

Maria Ligia Prado (coordenadora) - USP 85

María Migueláñez Martéz - UAM 42

Mariana Marques de Maria - UFOP 12

Mariana Martins Villaça - UNIFESP 68

Mario Angelo Brandão de Oliveira Miranda - PUC/RJ 91

Marli Rosa - UNICAMP/FAPESP 116

Mary Anne Junqueira - USP 31

Mateus Fávaro Reis - UFMG 101

Mônica Sol Glik - UAM 105

Ney Iared Reynaldo (coordenador) - UFMT 47

Natally Vieira Dias – UFOP 65

Pâmela de Almeida Resende - UNICAMP 120

Patricia Funes - UBA 87

Paulo José Koling (coordenador) - UNIOESTE 50

Paulo Renato da Silva (coordenador) - UFT 90

Pilar Toboso Sánchez - UAM 73

Page 128: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

Priscila Miraz de Freitas Grecco - UNESP 82

Priscila Pereira - UNICAMP 57

Priscila Ribeiro Dorella - UFMG 61

Rafael Gonçalves Borges - UFG 47

Rafael Pavani da Silva - UNICAMP 93

Rafael Pinheiro de Araujo - UFRJ 39

Rafael Saddi Teixeira - UFG 19

Raquel dos Santos Oliveira - MAST 64

Regina Aída Crespo - UNAM 69

Renata Bastos da Silva (coordenadora) - UERJ 53

Renato Denadai da Silva - UNICAMP 96

Ricardo Henrique Borges Behrens (coordenador) - UFES 75

Ricardo José de Azevedo Marinho - UNIGRANRIO 53

Roberto Abdala Junior 37

Samantha Viz Quadrat - UFF 70

Saulo Mendes Goulart - UNICAMP 79

Sean Purdy (coordenador) - USP 104

Sílvia Cezar Miskulin - USP 68

Stella Maris Scatena Franco - UNIFESP 30

Susane Rodrigues de Oliveira - UnB 118

Tânia da Costa Garcia (coordenadora) - UNESP 66

Tereza Maria Spyer Dulci - USP 58

Tiago Ciro Moral Zancope (coordenador) - UFG 38

Tiago Ciro Zancope - UFG 108

Tiago Martins Simões - UERJ 54

Tiago Santos Salgado - UNESP 109

Tito Souza da Silva - UFES 13

Vanderlei Vazelesk Ribeiro (coordenador) - UFRRJ 107

Victor Creti Bruzadelli - UFG 117

Victor Hugo Veppo Burgardt (coordenador) - UNIPAMPA 72

Vinicius Muhlethaler Beire - UNIFEOB 119

Wagner Pinheiro Pereira (coordenador) - USP 60

Waldir José Rampinelli - UFSC 89

Page 129: IX Encontro Internacional da ANPHLAC
Page 130: IX Encontro Internacional da ANPHLAC
Page 131: IX Encontro Internacional da ANPHLAC
Page 132: IX Encontro Internacional da ANPHLAC

apoio

realizacao e organizacao

ANPHLACAssociação Nacional de Pesquisadores e Professores

de História das Américas

de 26 a

201029 de julho

Universidade Federal de Goiás - Faculdade de História

Caderno de ResumosISBN: 978-85-61621-03-2

Cade

rno

de R

esu

mos

do

9º E

nco

ntr

o In

tern

aci

ona

l da

ANP

HLAC

julh

o/20

10