itajaí registrou os mais frágeis estão morrendo · malucas! nós não estamos no trânsito, nós...

4
6 GERAL [email protected] SEGUNDA-FEIRA, 29 DE SETEMBRO DE 2014 DIARINHO www.diarinho.com.br ELTON DAMASIO tô passando!” é o que pa- recem expressar alguns pe- destres, ciclistas e motoci- clistas com suas atitudes pouco prudentes. Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), se o pedestre estiver numa distância de até 50 metros de uma faixa de seguran- ça, ele deve caminhar até a pintura no asfalto para então atravessar a rua. So- mente quando a faixa é inexistente é que se deve atravessar em linha reta. “Se você observar em qual- quer lugar de Itajaí, vai ver uma faixa de segurança e indivíduos atravessando ali do lado, fora da faixa. Mas, onde começa o erro? Começa nas casas!”, ava- lia o instrtutor Antônio, explicando que educação se traz de berço. Por falta de respeito com a própria vida e com a de terceiros, as pessoas acabam se ex- pondo a riscos que pode- riam ser evitados. Para Antônio, se hou- vesse mais educação, bons exemplos e valorização de valores universais, o nú- mero de mortes no trânsi- to seria menor. O presidente da As- sociação dos Usuários de Bicicleta de Itajaí (Ci- clo-ação), Jorge Andria- ni, reconhece que há mui- ta imprudência rolando em Itajaí. “O trânsito tá malu- co? As pessoas é que estão malucas! Nós não estamos no trânsito, nós somos o trânsito. Há desrespeito de todas as partes”, ressalta. Ciclista no dia-a-dia, Andriani acompanha zi- queiros andando fora das ciclovias mesmo nas ruas em que há os espaços ex- clusivos pras bikes. Ele de- fende que é fundamental mudar nossa cultura e res- gatar o respeito perdido. Andriani ainda avalia que colocar uma lombada an- tes de uma faixa de pedes- tres é assinar um atestado de ignorância do motoris- ta. “É óbvio que deve-se dar a preferência para o pe- destre, pois o maior deve proteger o menor. Mas isso não acontece. E mesmo com a lombada, as pesso- as passam por cima e igno- raram quem está a pé”, ob- serva. Itajaí tem quase 200 mil habitantes e 145 mil veículos. De janeiro a agosto deste ano, duas pessoas morreram, vítimas do trânsito, a cada mês. Entre as 16 vítimas, a maior parte delas pertence ao grupo mais frágil da cadeia de circulação urbana: pedestres, ciclistas e motociclistas. A partir de hoje, o DIARINHO apresenta uma série de reportagens especiais sobre o tema. Nesta primeira, falaremos sobre a falta de respeito e de educação como fatores determinantes na causa dos acidentes. Amanhã, você confere os diferentes impactos provocados por uma batida quando se está a pé, de bicicleta, de moto e automóvel. Já na quarta- feira apresentaremos a estratégia do programa chamado “Traffic Calming”, que oferece uma alternativa para humanizar o trânsito, ter mais respeito pelo outro e, consequentemente, pela vida. Itajaí registrou 5783 acidentes de trânsito este ano NA CONTRAMÃO DA VIDA Os mais frágeis estão morrendo tudo, os automóveis foram os que menos mataram. Somente uma pessoa que estava de carro morreu. A campeã de mortes é a moto. Dos 1190 aciden- tes envolvendo motos, seis pessoas não resistiram ao impacto e morreram. O nú- mero também preocupa os ziqueiros: cinco mortes en- tre 117 vítimas. Não menos grave é a situação dos pe- destres, pois quatro pesso- as morreram vítimas dos 125 acidentes de trânsito. O instrutor de autoesco- la há quatro décadas, Antô- nio Japiassu, ressalta que não dá para isentar o gru- po frágil da responsabili- dade nos acidentes. Pedes- tre caminhando pela beira da estrada, ciclista na con- tramão e com fone de ou- vido, motoqueiros com a mesma pressa do diabo fu- gindo da cruz, costuran- do todo mundo no trânsi- to. O especialista defende que, por serem os mais vulneráveis, as potenciais vítimas deveriam redo- brar a atenção. Mas, mui- tas vezes, isso não acon- tece. “Sai da frente que eu Karine Mendonça [email protected] Q uem é o mais vul- nerável no trânsi- to? Aquele que, em um acidente, sofre o primeiro impacto. Numa escala de perigo, os pas- sageiros de carretas são os mais protegidos, segui- dos dos de caminhões, ôni- bus, microônibus, vans, caminhonetes e automó- veis. Sem qualquer estru- tura para se protegerem, os pedestres carregam no pró- prio corpo o peso da base da tabela de impacto. En- tre os vulneráveis, quando o corpo é o próprio escudo, se encaixam também os ci- clistas e motociclistas. De janeiro a agosto des- te ano, Itajaí registrou 5783 acidentes. Confor- me dados da coordenado- ria Municipal de Trânsi- to (Codetran), o número já ultrapassa o total do ano passado, quando foram re- gistradas 5203 ocorrências. Em oito meses de 2014, os acidentes em maior núme- ro foram aqueles envolven- do carros: 4263 casos. Con-

Upload: truongdung

Post on 01-Dec-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

6 GERAL [email protected] SEGUNDA-FEIRA, 29 DE SETEMBRO DE 2014 DIARINHOwww.diarinho.com.br

ELTON DAMASIO

tô passando!” é o que pa-recem expressar alguns pe-destres, ciclistas e motoci-clistas com suas atitudes pouco prudentes.

Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), se o pedestre estiver numa distância de até 50 metros de uma faixa de seguran-ça, ele deve caminhar até a pintura no asfalto para então atravessar a rua. So-mente quando a faixa é inexistente é que se deve atravessar em linha reta. “Se você observar em qual-quer lugar de Itajaí, vai ver uma faixa de segurança e indivíduos atravessando ali do lado, fora da faixa. Mas, onde começa o erro? Começa nas casas!”, ava-lia o instrtutor Antônio, explicando que educação se traz de berço. Por falta de respeito com a própria vida e com a de terceiros, as pessoas acabam se ex-pondo a riscos que pode-riam ser evitados.

Para Antônio, se hou-vesse mais educação, bons exemplos e valorização de valores universais, o nú-mero de mortes no trânsi-

to seria menor. O presidente da As-

sociação dos Usuários de Bicicleta de Itajaí (Ci-clo-ação), Jorge Andria-ni, reconhece que há mui-ta imprudência rolando em Itajaí. “O trânsito tá malu-co? As pessoas é que estão malucas! Nós não estamos no trânsito, nós somos o trânsito. Há desrespeito de todas as partes”, ressalta.

Ciclista no dia-a-dia, Andriani acompanha zi-queiros andando fora das ciclovias mesmo nas ruas em que há os espaços ex-clusivos pras bikes. Ele de-fende que é fundamental mudar nossa cultura e res-gatar o respeito perdido. Andriani ainda avalia que colocar uma lombada an-tes de uma faixa de pedes-tres é assinar um atestado de ignorância do motoris-ta. “É óbvio que deve-se dar a preferência para o pe-destre, pois o maior deve proteger o menor. Mas isso não acontece. E mesmo com a lombada, as pesso-as passam por cima e igno-raram quem está a pé”, ob-serva.

Itajaí tem quase 200 mil habitantes e 145 mil veículos. De janeiro a agosto deste ano, duas pessoas morreram, vítimas do trânsito, a cada mês. Entre as 16 vítimas, a maior parte delas pertence ao grupo mais frágil da cadeia de circulação urbana: pedestres, ciclistas e motociclistas. A partir de hoje, o DIARINHO apresenta uma série de reportagens especiais sobre o tema. Nesta primeira, falaremos sobre a falta de respeito e de educação como fatores determinantes na causa dos acidentes. Amanhã, você confere os diferentes impactos provocados por uma batida quando se está a pé, de bicicleta, de moto e automóvel. Já na quarta-feira apresentaremos a estratégia do programa chamado “Traffic Calming”, que oferece uma alternativa para humanizar o trânsito, ter mais respeito pelo outro e, consequentemente, pela vida.

Itajaí registrou 5783 acidentes de trânsito este anoNA CONTRAMÃO DA VIDA

Os mais frágeis estão morrendotudo, os automóveis foram os que menos mataram. Somente uma pessoa que estava de carro morreu.

A campeã de mortes é a moto. Dos 1190 aciden-tes envolvendo motos, seis pessoas não resistiram ao impacto e morreram. O nú-mero também preocupa os ziqueiros: cinco mortes en-tre 117 vítimas. Não menos grave é a situação dos pe-destres, pois quatro pesso-as morreram vítimas dos 125 acidentes de trânsito.

O instrutor de autoesco-la há quatro décadas, Antô-nio Japiassu, ressalta que não dá para isentar o gru-po frágil da responsabili-dade nos acidentes. Pedes-tre caminhando pela beira da estrada, ciclista na con-tramão e com fone de ou-vido, motoqueiros com a mesma pressa do diabo fu-gindo da cruz, costuran-do todo mundo no trânsi-to. O especialista defende que, por serem os mais vulneráveis, as potenciais vítimas deveriam redo-brar a atenção. Mas, mui-tas vezes, isso não acon-tece. “Sai da frente que eu

Karine Mendonça [email protected]

Q uem é o mais vul-nerável no trânsi-to? Aquele que, em um acidente, sofre

o primeiro impacto. Numa escala de perigo, os pas-sageiros de carretas são os mais protegidos, segui-dos dos de caminhões, ôni-bus, microônibus, vans, caminhonetes e automó-veis. Sem qualquer estru-tura para se protegerem, os pedestres carregam no pró-prio corpo o peso da base da tabela de impacto. En-tre os vulneráveis, quando o corpo é o próprio escudo, se encaixam também os ci-clistas e motociclistas.

De janeiro a agosto des-te ano, Itajaí registrou 5783 acidentes. Confor-me dados da coordenado-ria Municipal de Trânsi-to (Codetran), o número já ultrapassa o total do ano passado, quando foram re-gistradas 5203 ocorrências. Em oito meses de 2014, os acidentes em maior núme-ro foram aqueles envolven-do carros: 4263 casos. Con-

SEGUNDA-FEIRA, 29 DE SETEMBRO DE 2014 [email protected] GERAL 7DIARINHOwww.diarinho.com.br

Todos devem seguir as leis de trânsito

Trânsito é feito por pessoas que devem ser mais educadas e gentis

Educação, legislação e fiscalização

Série de reportagens “Na contramão da vida”HOJE

“Na contramão da vida”

mostra os alarmantes núme-

ros de acidentes na cidade de

Itajaí em 2014. A reportagem

constata que, das 16 mortes

do ano, apenas uma envolve

quem estava num carro. O res-

to das vítimas fatais são ciclis-

tas, pedestres e motociclistas.

AMANHÃPorque algumas batidas

têm mais impacto e conse-

quências danosas do que

outras? Os especialistas

explicam as diferenças de

acidentes de trânsito. Veja

depoimentos de pessoas que

sobreviveram a acidentes no

trânsito.

QUARTAA estratégia do “Traffic

Calming” mostra alternati-

vas simples e eficientes para

humanizar o trânsito, causar

menos impacto em acidentes,

ter mais respeito pelo outro e,

consequentemente, pela vida.

Educação e respeito no trânsi-

to também estão no tema.

Outro instrutor de longa carreira, Tadeu Pereira Rai-mundo destaca que trânsito equilibrado é composto pelo tripé “educação, legislação e fiscalização”. Tadeu acredita que como as famílias têm ter-ceirizado a tarefa de educar os filhos, o estado tem o de-safio de corrigir e colocar na cabeça do povão as normas para convivência no trânsi-to. Contudo, ele aponta que os órgãos fiscalizadores pare-cem dar pouca importância aos mais frágeis.

“Eles só visam aquilo que dá lucro. O que dá lucro? Multas, IPVA, licenciamento. Isso gera dinheiro e gerando dinheiro, o estado tem recur-sos para trabalhar”, aponta. Itajaí fechou o mês de agosto com 144.976 veículos licen-ciados. Do total, 87 mil são automóveis e as motos so-mam quase 41 mil.

Tadeu ainda defende que os municípios precisam criar uma

legislação específica para aten-der o grupo mais frágil. Atual-mente, o plano diretor de Itajaí conta apenas com um artigo que atribui ao município o de-ver de “reduzir os conflitos de o tráfego, priorizando e prote-gendo o pedestre e o ciclista”. A lei complementar que cria o serviço de agente de autori-dade de trânsito, de 2002, diz que cabe aos guardinhas “pro-mover a orientação de moto-ristas, ciclistas e pedestres no cumprimento das normas de trânsito”.

Pro especialista, os agen-tes deveriam ficar nos trechos mais movimentados, puxan-do a orelha de quem atravessa fora da faixa, ciclistas e moto-

queiros imprudentes. “É assim que se educa, corrigindo in-cansavelmente”, opina.

De acordo com o chefão da Codetran, Albanir dos San-tos, há uma equipe de guardas dedicados ao “Edutran”, de-partamento destinado à edu-cação para o trânsito. São re-alizadas palestras nas escolas e blitze educativas pelas ruas. No entanto, ele reconhece que o efetivo não é suficiente pra tanta demanda. Hoje, são 96 agentes distribuídos em dife-rentes funções – inclusive as administrativas. O Edutran se-ria a base para construir, da-qui umas décadas, uma socie-dade mais educada e prudente no trânsito.

As leis de trânsito não abrangem somente os ve-ículos motorizados, mas todos os usuários das vias públicas. A partir do mo-mento que você sai da sua casa e coloca o pé na calça-da, já faz parte do trânsito. Toda pessoa que se deslo-ca de um lugar a outro, in-dependentemente de como o faz, está sujeito às regras do Código de Trânsito Bra-sileiro (CTB). Confira os esclarecimentos prestados pelos sabichões do DIARI-NHO quanto ao comporta-mento no trânsito de cada integrante do grupo mais frágil, cumprindo a lei es-pecífica e zelando pela pró-pria integridade.

Pedestres: O pe-destre deve compre-ender seu corpo como

um meio de locomoção. Assim como os carros só devem trafe-gar na estrada, o povão deve ca-minhar somente pela calçada. Da mesma forma como é irregu-lar um carango invadir a contra-mão, o pedestre não pode atra-vessar a rua fora da faixa de segurança. Se a demarcação es-tiver num trecho de até 50 me-tros de distância, deve-se cami-nhar até o local específico para fazer a travessia. A única exce-ção é para as vias sem qualquer sinalização.

Ciclistas: O cida-dão que está numa bicicleta, está em um

veículo. Por mais que seja uma condução de propulsão humana, deve respeitar as mesmas regras dos automóveis. Onde não tem ciclovia ou ciclofaixa, deve andar perto do meio-fio do lado direi-to, nunca e em nenhuma hipó-tese na contramão. Não se deve avançar o sinal vermelho. Não é recomendado usar fones de ou-vido. Nos locais com ciclovia ou ciclofaixa, é proibido andar fora delas.

Motociclistas: além de seguir todas as leis de

trânsito, a ultrapassagem só é permitida pela esquerda. Cal-ma, paciência e atenção são fundamentais na corrida em duas rodas.

ITAJAÍ

Palestra alerta para os cuidados com o coraçãoHoje é o Dia Mundial do

Coração. Para lembrar ao po-vão de que o vermelhinho que bate no peito precisa de cui-dados para prevenir doenças, a secretaria de Saúde de Itajaí realiza diversas palestras no postinho de saúde da locali-dade do Votorantim. O falató-rio começa às 14h de hoje e vai até o fim da tarde. Todos

estão convidados a participar. A unidade fica na rua Nestor dos Santos.

Quem vai passar as orien-tações à comunidade é a na-turóloga Suelen dos Santos Amorim. Como ter mais qua-lidade de vida, dormir me-lhor, ter uma alimentação saudável, respirar correta-mente e se livrar do estresse

são alguns dos temas que se-rão abordados durante o en-contro. Também será feito um teste sobre a qualidade de vida dos pacientes e aler-tas sobre doenças cardiovas-culares, que matam mais de 300 mil por ano no Brasil. A palestra será gratuita e aberta aos pacientes e pra comuni-dade interessada.

ARQUIVO

SE LIGA, POVÃO

Bancários podem fazer beicinho a partir de amanhãNa terça, em assembleia, será decidido pela greve ou não

Quem precisar ir ao ban-co a partir de amanhã, cor-re o risco de ficar na mão se o serviço depender de quem está do outro lado do bal-cão. Funcionários de agên-cias bancárias da região pro-metem cruzar os braços ao aderir uma greve nacional da categoria. Uma assembleia marcada para rolar às 9h de amanhã, na sede do sindica-to dos Empregados em Esta-belecimentos Bancários de Itajaí e região pode confir-mar o beicinho. Até o mo-mento, apenas o funcioná-

rios do Banco do Brasil ainda não confirmaram a participa-ção.

O anúncio da greve foi feito depois que os profis-sionais rejeitaram os 7% de aumento salarial propostos pela federação Nacional dos Bancos (Fenaban) há pouco mais de uma semana. Eles pedem reajuste de, no mí-nimo, 12,5%. “Falaram que a gente rejeitou 7% de au-mento, mas 7% foi só o que teve de inflação, então, esse aumento é o mesmo que nada”, argumenta Vilma Lea

Rebello, do sindicato dos Bancários de Itajaí e Região.

De todos os bancários, confirma Vilma, apenas o do Brasil não se manifes-tou a favor da paralisação. Se seguirem a proposta ini-cial, o restante dos bancá-rios vai parar de trabalhar. Enquanto o beicinho durar, o povão vai ter acesso ape-nas aos serviços oferecidos nos guichês de autoatendi-mento, mas os saques fica-rão limitados à quantidade de grana armazenada nos caixas eletrônicos.

BALNEÁRIO

Hoje abre a programação do Outubro Rosa A Câmara da Mulher Em-

presária da CDL de Balne-ário Camboriú abre a pro-gramação das ações da Campanha Outubro Rosa hoje com a palestra “A Se-mente da Vitória”, com o palestrante motivacional Ai-nor Lotério. A proposta do Outubro Rosa é trabalhar a conscientização da popu-lação sobre a prevenção do câncer de mama e prevê inúmeras atividades organi-zadas pela Câmara Mulher Empresária e a Rede Femini-na de Combate ao Câncer. O

ingresso é um livro infantil. Claudia Dagnoni, coor-

denadora da Câmara da Mu-lher, explica que um dos objetivos da campanha é es-timular a participação po-pular na campanha através da coleta de recursos com a “moeda solidária” e da ven-da de camisetas. Além dis-so, segundo Cláudia, as em-presárias querem apurar o olhar da sociedade para a conscientização e preven-ção do câncer de mama e estimular o autoexame. No país, a doença resulta em

cerca de 13 mil mortes, a cada ano.

Para que a sociedade se engaje na campanha, a Câ-mara da Mulher da CDL pretende espalhar cofrinhos nas empresas parceiras para estimular a contribui-ção, orientar comerciantes e funcionários a vestirem pe-ças de roupa rosa durante o mês, e vender as camisetas da Rede Feminina de Com-bate ao Câncer. O dinhei-ro arrecadado será doado à rede. Os cofrinhos são lacra-dos.

RC n

Sindicato quer mais que os 7% oferecidos pela

Fenaban

10 GERAL [email protected] TERÇA-FEIRA, 30 DE SETEMBRO DE 2014 DIARINHOwww.diarinho.com.br

LUCAS CORREIA

A estratégia do programa “Traffic Calming” mostra al-ternativas simples e eficientes para humanizar o trânsito, causar menos impacto em acidentes, ter mais respeito e educação pelo outro e, consequentemente, pela vida.

Há um mês, Lucas teve

a perna esmagada por um carro. Ele ainda tá em

recuperação no hospital

Batidas com impacto de toneladasKarine Menonça [email protected]

A facilidade de andar sobre duas rodas, es-capar de congestio-namentos e a sensa-

ção de liberdade podem custar um alto preço quando a vítima do acidente está numa moto-cicleta. Um mês depois do aci-dente que o prensou entre um carro e a moto que pilotava, Lucas Canuto, 19 anos, con-tinua internado no hospital Marieta Konder Bornhausen. Ontem, ele passou por uma ci-rurgia de enxerto na perna di-reita. Lucas foi uma das 1190 vítimas de acidentes de motos em Itajaí, entre janeiro e agos-to deste ano.

A cicatriz na coxa é apenas uma marca externa do trau-ma provocado pelo aciden-te no dia 29 de agosto. Lucas trafegava pela rua José Eugê-nio Müller, na Vila Operária, quando foi acertado por um carro. O rapaz seguia na pre-ferencial, em direção ao cen-tro, no momento em que um automóvel, vindo da rua Fran-cisco de Paula Seara, dobrou à esquerda e bateu de fren-te com a motoca. Lucas conta que tentou desviar, mas o car-ro acertou a lateral da moto. A perna direita dele foi prensada ao parachoque.

Ao cair no chão, Lucas per-cebeu que parte da coxa es-tava completamente aberta, com os músculos à mostra. Dentro da ambulância, ainda consciente e angustiado com a dor, os prejuízos passaram fei-to um filme na cabeça do ra-paz: o abandono do trabalho de agente marítimo, a forma-tura em gestão portuária dali a 15 dias, o medo de ficar per-neta.

Enquanto a vítima teve de passar por quatro cirurgias, a motorista do automóvel não sofreu um arranhão. No pri-meiro procedimento cirúrgi-co, os médicos fecharam a fe-rida do motociclista. Depois, foi preciso uma nova opera-ção para limpar a infecção. Na terceira cirurgia, os mé-dicos retiraram o tecido ne-crosado. Por fim, ontem ele recebeu o enxerto. Foi retira-da carne da perna esquerda para preencher um quadrado de 10 centímetros. Apesar de todo o sofrimento, Lucas não corre o risco de perder os mo-vimentos e não quebrou ne-nhum osso.

“Moto é complicado. Você tem que cuidar de si mesmo, mas também pode acabar so-frendo as consequências pe-los erros dos outros”, lamen-ta o jovem. Ele garante que vai dar um tempo das duas

A física explica porradaços

As equações de físi-ca, aquelas dos tempos da escola, muitas vezes, são essenciais pra se com-preender o impacto de um acidente de trânsito. É pre-ciso levar em considera-ção a velocidade do veícu-lo, o peso do condutor e o tempo da colisão. Até a força da gravidade vai pra ponta do lápis.

A pedido do DIARI-NHO, o físico, que é pro-fessor da Univali, Carlos Daniel Ofugi Rodrigues, simulou a trombada de um condutor de 70 qui-los, dirigindo um veículo a 50 km/h. Se a batida for em uma superfície estáti-ca, como um muro ou um poste, o porradaço vai pro-duzir uma força equiva-lente a 496 quilos, ou seja, quase meia tonelada.

Já se a batida for de um carro a 50 km/h con-tra outro veículo que se aproxima no sentido con-trário, na mesma veloci-dade, a força produzida dobra de intensidade. Isso porque a velocidade dos dois veículos é somada, o que causa um impacto muito maior. É como se os motoristas fossem esma-gados por uma rocha de uma tonelada.

Apesar de os cálcu-los preencherem uma fo-lha de papel inteira e pa-recerem cabulosos para os menos entendidos nas leis da física, o resultado é de simples compreensão. Ofugi reforça que os va-lores encontrados são sig-nificativos e traduzem a importância da direção de-fensiva, do respeito às leis e a educação no trânsito, enfim, do respeito à vida.

RankingDe janeiro a agosto deste ano, Itajaí registrou 5783 acidentes de trânsito. O número já ultrapassa o total de 2013, quando foram registradas 5203 ocorrências. Confira os números de acidentes e ocorrências fatais na cidade

rodas, pois o impacto psico-lógico foi tão forte quanto a dor física.

Corpo vira escudoQuando um pedestre, ci-

clista ou motociclista se envol-ve em algum acidente de trân-sito, dificilmente sairá sem arranhões. Isso porque eles pertencem ao grupo dos mais frágeis e têm o próprio corpo como escudo. Como as estatís-ticas comprovam, os acidentes envolvendo motos são os que mais matam. Só em Itajaí, fo-ram seis este ano. As leis da física também não favorecem os mais vulneráveis quando o choque se dá com outro veícu-lo em movimento. Isso porque o impacto carrega a força das duas velocidades.

Há uma década como so-corrista do Corpo de Bombei-ros de Itajaí, o soldado An-selmo dos Santos explica que quando um pedestre ou ciclis-ta é atropelado dentro da ci-dade, quando o veículo não passa por cima dele, as con-sequências tendem a ser me-nos graves do que uma batida entre carro e moto. Montado numa motoca, o piloto vai so-frer um impacto duplo com a força contrária dos dois veícu-los que se chocam.

Anselmo conta que em 90% dos casos, os motoquei-

ros batem com a cabeça e so-frem alguma lesão. Por isso, é recomendado o uso de capa-cete fechado no queixo para poupar os dentes e proteger também o nariz. As fraturas mais comuns são nos mem-bros inferiores. O soldado con-ta que quando o motoquei-ro percebe que vai bater, não deve ficar agarrado à moto, mas deve saltar ou pelo menos levantar as pernas para não fi-car prensado contra a lataria.

“Ao sair da moto, a pessoa não sofre o impacto do choque dos dois veículos, mas somen-te o da queda. Pode quebrar o quadril, a perna, o braço, como pode só sofrer um arra-nhão. Agora, se ficar na moto, não tem escapatória”, comen-ta Anselmo. Outro problema de permanecer grudado à mo-toca é de ser lançado, depois que o corpo já recebeu o cho-que das velocidades.

Quando se está de bike, o ziqueiro deve tentar saltar quando percebe que será im-possível evitar o porradaço.

No entanto, caso o acidente seja inesperado, o resultado deve resultar em escoriações e ossos quebrados. “O corpo fica completamente exposto, e normalmente tem fratura”, explica. Neste caso, também há o risco de o ziqueiro ser es-magado pelos rodados, como aconteceram nos acidentes fa-tais envolvendo bicicletas este ano em Itajaí. As vítimas tive-ram parte do corpo esmagada.

Um pedestre cruza a rua fora da faixa de segurança e é acertado por um motoris-ta distraído mexendo no celu-lar. O que acontece? Fratura. O impacto é mais fraco do que com uma moto, pois a veloci-dade de quem anda a a pé é praticamente nula.

No entanto, assim como no caso das bikes, todo o corpo está sujeito às lesões. “A pes-soa pode ser lançada pra cima do capô e bater com a cabe-ça numa das partes do car-ro. Como não tem capacete, a pancada pode levar a óbito”, explica o soldado.

Acidentes com impactos mais graves envolvem porradaços entre motos e carros

Amanhã: “Na contramão da vida,” parte III

ACIDENTES Nº QUANTAS MORTES

COM MOTOS 1190 6

COM BIKE 117 5

COM PEDESTRES 125 4

COM AUTOMÓVEIS 4263 1

8 GERAL [email protected] QUARTA-FEIRA, 1º DE OUTUBRO DE 2014 DIARINHOwww.diarinho.com.br

ELTON DAMASIO

Iniciativas pra reduzir acidentesDireção defensiva, educação dos motoristas e sinalização adequada das vias dão segurança ao trânsito

Karine Mendonça [email protected]

Os números apresenta-dos pelo DIARINHO esta semana na sé-rie “Na contramão da

vida” sinalizam que a seguran-ça no trânsito pede passagem. Até agora foram quase seis mil acidentes e 16 mortes em Ita-jaí. Para finalizar a série de re-portagens especiais, apresen-tamos hoje três iniciativas que buscam diminuir a quantida-de de ocorrências, minimizar os impactos dos acidentes e criar um ambiente mais seguro nas estradas: o programa com o nome traffic calming, educa-ção e direção defensiva.

O nome estrangeiro que sig-nifica “acalmar o trânsito” é uma espécie de sossega-leão das vias públicas. O traffic cal-ming usa técnicas para mudar o volume de tráfego e o com-portamento dos motoristas, que passam a conduzir os ve-ículos de forma menos apres-sada. O doutor em sistemas

de transporte, Gilmar Cardoso, destaca que esse sistema bus-ca moderar o trânsito para au-mentar a segurança das vias. A medida estimula ainda a circu-lação em veículos alternativos.

Algumas medidas que fa-zem parte do traffic calming e que já podem ser vistas pe-las ruas de Itajaí é a implanta-ção das travessias elevadas na região central. A colocação de mini-rotatórias, algumas ape-nas com pintura no asfalto e sinalizadas com taxões, tam-bém já são realidade na ave-nida Nilo Bittencourt, no São Vicente. Ainda tem a demarca-ção reforçada dos 42 quilôme-tros das ciclovias e ciclofaixas. De acordo com Gilmar, essas estratégias organizam o tráfego e deixam os motoristas mais atentos aos outros.

Apesar da iniciativa positiva que iniciou na Europa na dé-cada de 1970 e agora se disse-mina pelaqui, o sabichão res-salta que a técnica não pode ser banalizada e também não deve ser entendida como uma

Boas ideias da iniciativa privada

Enquanto o poder públi-co se dedica à conscientiza-ção da gurizada, a multina-cional Volvo se debruça há quase 30 anos na mobilização de empresas ligadas aos ser-viços de transportes. Com o programa Volvo Seguran-ça no Trânsito, a firma bus-ca estimular o segmento de transporte a agregar o valor “segurança” na gestão dos negócios para reduzir o nú-mero dos acidentes e mortes no trânsito. A multinacional tem até um simulador de tombamento de caminhões, que comprova, na prática, a eficácia do uso do cinto de segurança. O simulador fez parte da programação da Se-mana de Trânsito de Itajaí e Navegantes. O povo pode experimentar a sensação de tombar de caminhão.

O seminário regional “Vol-vo de Segurança 2014” será realizado em Balneário Cam-boriú no próximo dia 16 de outubro. Serão abordados três temas voltados às transpor-tadoras de cargas: como a sociedade observa o Trans-porte Rodoviário de Cargas; desafio Zero Acidentes; ISSO 39001 que trata do gerencia-mento da segurança no trân-sito. O encontro é gratuito e rola no Infinity Blue, na Es-trada da Rainha. As inscri-ções podem ser feitas pelo saite www.pvst.com.br, cli-cando em “eventos”.

Direção com atençãoDirigir sempre com

atenção, para poder prever o que fazer na direção e evitando acidentes. Esse é o prin-cípio básico da direção defensiva. O departa-mento Nacional de Trân-sito (Denatran) afirma que nenhum acidente acontece por acaso, por obra do destino ou por azar. Na grande maioria dos acidentes, o fator humano é determinante. Ou seja, cabe aos con-dutores e aos pedestres a respectiva dose de responsabilidade.

De acordo com o agente de trânsito Jean Simas, geralmente os acidentes ocorrem por causa da pressa, falta de atenção ou de sim-

ples gentilezas. Quan-do uma situação de risco não é percebida, ou quando uma pessoa não consegue visualizar o perigo, aumentam as chances de acontecer um acidente.

Além da atenção redobrada na hora de dirigir, faz parte da di-reção defensiva também manter o veículo em con-dições seguras. É dever de todo motora criar o hábito de fazer periodi-camente a manutenção preventiva. Ela é funda-mental para minimizar o risco de acidentes de trânsito. Uma manuten-ção feita em dia evita quebras, custos com consertos e, principal-mente, acidentes.

Travessias elevadas e sinalizadas

representam uma novidade positiva

solução generalizada. Gilmar aponta que a implantação do traffic calming é recomendada em áreas próximas a escolas, hospitais e onde se registra grande circulação de pessoas.

“Se você banalizar, a estra-tégia perde o efeito. O condu-tor precisa ter uma percepção do risco que um local tem em relação ao outro. Ele precisa ter mobilidade, mas também entender que há locais onde precisa de atenção redobra-da. É para isso que foi criado o traffic calming”, comenta.

De acordo com o coorde-nador de Trânsito de Itajaí, Albanir dos Santos, é feita uma análise técnica dos locais onde se pretende colocar uma travessia elevada. O chefão concorda que nem toda faixa de segurança deve virar lom-bada. “Debaixo de uma sina-leira não há necessidade de se ter uma faixa elevada. Os veí-culos já vão parar ali no sinal. Esse obstáculo só iria atravan-car o fluxo”, avalia.

Educação é o caminho“Falta conscientização e

mudança de comportamento dos adultos. Por isso, tentamos atingi-los a partir das crian-ças”, explica o agente de trân-sito e responsável pelo projeto “Edutran”, da Codetran, Jean Simas. Na opinião dele, a es-tratégia tem dado certo. Com

duas frentes de trabalhos reali-zados com estudantes, o órgão tem capacitado a gurizada so-bre o comportamento adequa-do no trânsito.

Um dos trabalhos de cons-cientização é o Aluno Guia. A iniciativa é com alunos da quarta série da escola Gaspar da Costa Moraes. O time é for-mado por 14 crianças, sendo sete no matutino e sete no ves-pertino. O Projeto Aluno Guia, criado em 2011, é encarregado de controlar a travessia de pe-destres em frente às escolas. Sempre supervisionado por um guardinha, o estudante se-gura plaquinhas de “Pare” e auxilia na segurança dos cole-gas durante a travessia no iní-cio e final das aulas.

“O resultado é visível. A gente vê uma mudança dos outros alunos na forma de se comportar, eles atravessam na faixa, descem da bicicleta e re-passam isso pros familiares”, comenta Jean. Segundo o agente de trânsito, alguns pais até comentam que o desempe-nho escolar do filho e o com-portamento em casa melho-raram. “As crianças passam a compreender melhor o trânsi-to e também cobram mudan-ças de atitudes dos pais”, pon-tua.

Outra iniciativa é a forma-ção de “Agentes Mirins”. O trabalho é desenvolvido em

parceria com o Parque Dom Bosco e atende crianças na fai-xa etária dos 11 anos. Os pré--adolescentes passam por trei-namento para aprender sobre as leis de trânsito e acompa-nham a Codetran em diver-sas ações e blitze educativas. “Queremos conscientizá-los para termos estatísticas mais positivas”, garante Jean.

No “Aluno Guia”, estudantes ajudam colegas a atravessar as ruas