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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008 fevereiro de 2008 Ano III - nº 13 Mineração pedirá apoio ao novo Ministro de Minas e Energia para flexibilizar o monopólio estatal do urânio Estudo do IBRAM comprova que o Brasil cobra a maior carga tributária em relação a seus concorrentes internacionais na atividade minerária Isto é Mineração! Exposição no Congresso Nacional evidencia importância do setor para o Brasil

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008 �

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Ano III - nº 13

Mineração pedirá apoio ao novo Ministro de Minas e Energia para flexibilizar o monopólio estatal do urânio

Estudo do IBRAM comprova que o Brasil cobra a maior carga tributária em relação a seus concorrentes internacionais na atividade minerária

Isto é Mineração! Exposição no Congresso Nacional evidencia

importância do setor para o Brasil

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008�

EXPEDIENTE Indústria da Mineração - Informativo do Instituto Brasileiro de Mineração

DIRETORIA EXECUTIVA: Presidente: Paulo Camillo Vargas Penna / Diretor de Assuntos Minerários: Marcelo Ribeiro Tunes / Diretor de Assuntos Ambientais: Rinaldo César MancinCONSELHO DIRETOR: Presidente: Roberto Negrão de Lima / Vice-Presidente: César Weinschenck de Faria

Produção: Profissionais do Texto – [email protected] / Jorn. Resp.: Sérgio Cross (MTB3978) Tiragem: 7 mil

Sede: SHIS QL 12 Conjunto 0 (zero) Casa 04 – Lago Sul – Brasília/DF – CEP 71630-205Fone: (61) 3364.7272 / Fax: (61) 3364.7200 – E-mail: [email protected] – Portal: www.ibram.org.br

IBRAM-Amazônia: Av Gov. José Malcher, 815 s/ 313/14 – Ed. Palladium Center – CEP: 66055-260 – Belém/PAFone: (91) 3230.4066/55 – E-mail: [email protected]

IBRAM-CONIM: Rua Alagoas, 1270, 10º andar, sala 1001, Ed. São Miguel, Belo Horizonte/MG – CEP 30.130-160 – Fone: (31) 3223.6751 – E-mail: [email protected]

O ano 2008 começou à toda velocidade para o IBRAM – Instituto Brasileiro de Minera-ção em seu trabalho de defender os interesses do setor. Nos primeiros 20 dias de janeiro, o Brasil assistiu a mais uma alteração no co-mando do Ministério de Minas e Energia, o que pode provocar uma série de mudanças na atuação governamental em relação ao setor. O desafio imediato do Instituto é fazer com que o novo Ministro e sua equipe se empenhem no que há muito o setor espera: mais atenção à mineração, em razão de sua importância econômica e social para o País.

Também na direção de valorizar a minera-ção como atividade produtiva e que contribui para a melhoria das condições de vida da popu-lação e do meio ambiente, o IBRAM promove a exposição itinerante ISTO É MINERAÇÃO, que

Discutir as estratégias para construir apoio político e comunitário da indústria da mine-ração na América Latina. Esse é o objetivo do workshop promovido conjuntamente pelo IBRAM, ICMM - International Council on Mining & Metals, Vale e Eurometaux (associação européia de metais). O workshop – que acontece entre os dias 11 e 13 de fevereiro, no Rio de Janeiro, é dirigido a todas as associações de mineração da América Latina.

Como parte dessas atividades acontecerá também o Reach / GHS Implementation Seminar. Este evento será realizado no último dia do workshop.

O Reach / GHS Implementation Seminar é a nova política de substâncias químicas da União Européia, criada como regulamento pelo Parlamento Europeu. Tem como objetivo promover o registro, avaliação, autorização e restrição para a venda e uso de substâncias químicas desde junho de 2007. O regulamento cria ainda a ECHA – Agência Européia de Produtos Químicos, que será responsável pelo sistema de registro.

IBRAM participa do PDAC há 10 anos

Entre os dias 2 e 5 de março, o Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Vargas Penna, e o Diretor de Assuntos Minerários do Instituto, Marcelo Ribeiro Tunes, estarão em Toronto, no Canadá, para representar a mineração em mais um PDAC – Prospectors and Developers Asso-ciation of Canadá. A convenção, que ocorre desde 1932, é considerada o top dos eventos de classe mundial relacionados à indústria de pesquisa e prospecção mineral. E como forma de acompanhar as atualizações na mineração, o IBRAM já há 10 anos participa do PDAC.

Segundo Paulo Camillo, eventos como esse representam oportunidades para incrementar as relações entre os países mineradores. Ele alerta as empresas brasileiras a participarem do PDAC, pois é uma excelente oportunidade para fecha-mento de negócios e troca de experiências. “É uma grande vitrine para todos”, diz Penna.

No ano passado, o evento bateu recorde de público, registrando a participação de 17.600 pessoas, com estandes de 100 países.

Informações de como participar ou adqui-rir estandes podem ser obtidas por meio do site www.pdac.com.br

É preciso valorizar a Mineração!

IBRAM e ICMM organizam workshop internacional no RJ

EDITORIAL

será inaugurada no dia 10 de março no Salão Negro do Congresso Nacional, em Brasília. Será uma forma, inclusive, de buscar o reco-nhecimento do Parlamento para as conquistas da atividade minerária, bem como mostrar à sociedade como ela depende dos minérios em seu dia-a-dia... e nem sempre o percebe.

Após a temporada no Congresso, a exposi-ção ISTO É MINERAÇÃO percorrerá várias re-giões brasileiras, buscando irradiar informações atualizadas sobre esta importante indústria.

Ainda no âmbito do Legislativo, o IBRAM vem atuando para demonstrar aos parlamen-tares que projetos que ali tramitam, notada-mente os que propõem aumento de royalties e da carga tributária da mineração, podem esvaziar os planos de expansão da atividade

no Brasil, com a redução de investimentos e queda da competitividade internacional. O Instituto prega um debate racional, sem emocionalismos, lastreado em informações técnicas consistentes que devem, estas sim, orientar as ações de natureza política.

E o IBRAM traz sua contribuição apresen-tando um estudo fundamentado, produzido por uma consultoria de renome internacio-nal, Ernst & Young, que comprova que a mineração brasileira, em vista da alta carga tributária, perde espaço no cenário mundial, sendo campeão às avessas na tributação das principais commodities.

Esta edição reproduz as principais partes do estudo, que pode ser consultado no site www.ibram.org.br.

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008 �

O Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, pedirá ao novo Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, apoio político na questão da flexibilização do monopólio do urânio, cuja exploração é prerrogativa da União. A proposta de emenda constitucional (PEC) para permissão da prospecção do miné-rio pelas empresas privadas no Brasil está em tramitação na Câmara dos Deputados.

A Constituição de 1988 confere ao Go-verno Federal o monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e repro-cessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados. Mas em tempos de procura por fontes alternativas de energia limpa (caso do urânio), risco de apagão energético no Brasil e combate ao aquecimento global, o Presidente do IBRAM acredita que a regra constitucional ficou ul-trapassada no atual contexto.

“A regra constitucional se transformou em um anacronismo da legislação. Estamos em tempo de procura por fontes alternativas de energia limpa e de combate ao aquecimento global. Há ainda o risco de apagão energético no Brasil”, diz Paulo Camillo.

Mineração pedirá apoio ao novo Ministro de Minas e Energia para flexibilizar monopólio do urânio

Além disso, diz, o País possui grandes re-servas de urânio – grande parte inexplorada –, que podem gerar excedentes exportáveis, em razão de diversos países estarem inves-tindo em usinas nucleares. “Esse comércio poderia gerar divisas para o Brasil financiar seu programa nuclear”, opina.

Memória

Em junho de 2007, Diretores e Conse-lheiros do IBRAM reuniram-se com o Pre-sidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), de quem obteve respaldo político para estimular o debate da matéria no Legislativo. Desde então, o tema avançou. A PEC que quebra o monopólio da União sobre o minério obteve parecer favorável na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e está em discussão em uma subcomissão específica, criada no âmbito da Comissão de Minas e Energia.

Estima-se que a exploração do urânio movimentaria US$ 12 bilhões no setor de mineração. Paulo Camillo explica que, até 2025, as fontes de energia hidrelétrica esta-

rão esgotadas, caso mantenha-se o ritmo de crescimento da economia de 5% ao ano. Ele lembra a valorização do minério de três anos para cá: de US$ 11 a libra-peso para cerca de US$ 100.

IBRAM acredita no MME quanto às demandas do setor

Paulo Camillo Penna, afirmou que o setor de mineração se ressente de atenção mais efetiva da administração federal, mas acre-dita que o novo Ministro de Minas e Energia revelará sensibilidade para as demandas de um setor que planeja investir US$ 32 bilhões no Brasil até 2011.

Lobão foi criticado na imprensa pela falta de experiência na área de energia e mine-ração, mas, para o IBRAM, seus 30 anos de vida pública lhe conferem sensibilidade para compreender um setor que contribui com quase 40% do saldo da balança comercial brasileira.

Camillo não compreende o descaso do Executivo em relação à mineração, em face dos números apresentados pelo setor: em 2006, a exportação de minérios totalizou US$ 17 bilhões. Para 2007, o valor deve beirar os US$ 19 bilhões.

Paulo Camillo faz questão de ressalvar que este afastamento não é característica exclusiva do governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nem decorreu da in-terinidade do Ministro Nelson Hubner, que remonta a maio passado. “Não quero ser injusto, o setor carece de apoio político há muito tempo”, diz.

O IBRAM solicitará uma audiência com o novo responsável pela gestão das políticas públicas para o setor de minérios. Entre as demandas prioritárias das mineradoras, além da flexibilização do monopólio do urânio, despontam a regulamentação da exploração de minérios em terras indíge-nas e a redução da carga tributária sobre a mineração.

Edison Lobão recebe a Pasta de Minas e Energia de Nelson Hubner, à dir., na sede do Ministério

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008�

A pesquisa abrange 12 tipos de minérios e revela que para oito deles (a maioria), o Brasil aparece em 1º lugar com a carga mais alta. São eles zinco, cobre, níquel, ferro, ouro, potássio, caulim e fosfato.

Nos demais, o Brasil mantém a 2ª maior carga para três mi-nérios – manganês, rochas ornamentais e carvão mineral – e a 3ª maior em relação a bauxita – veja quadro. Para efetuar a comparação entre os países, a Ernst & Young avaliou quanto uma empresa fictícia, com características exatamente iguais, pagaria de royalties e tributos nesses 21 países: foram considerados royalties [no Brasil utiliza-se a CFEM mais a taxa paga ao dono da terra onde se encontra a mina (que equivale a 50% da alíquota da CFEM)], mais a carga composta por imposto sobre a renda e o imposto sobre valor agregado (no Brasil PIS, COFINS, ICMS e no exterior o VAT).

Estudo derruba argumentos pró-elevação da carga tributária

O estudo do IBRAM tem o objetivo de embasar as discussões em torno da carga tributária da mineração brasileira, uma vez que há projetos em análise pelo Congresso Nacional que propõem ampliar a alíquota da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), mas desconsideram os tributos que incidem sobre a atividade.

Essas propostas não levam em conta que modificar somente a

Estudo do IBRAM comprova que Brasil cobra a maior carga tributária

em relação a seus concorrentes internacionais na mineração

Minérios Carga Tributária Posição do Brasil (carga de tributos em relação aos principais

produtores/exportadores)

Potássio 24,74% 1ª mais alta

Níquel 23,24% 1ª mais alta

Minério de Ferro 23,24% 1ª mais alta

Zinco 23,24% 1ª mais alta

Cobre 23,24% 1ª mais alta

Fosfato 23,24% 1ª mais alta

Caulim 23,24% 1ª mais alta

Ouro 21,74% 1ª mais alta

Carvão Mineral 23,12% 2ª mais alta

Rochas Ornamentais 20,54% 2ª mais alta

Manganês 24,74% 2ª mais alta

Bauxita 24,74% 3ª mais alta

Ranking de 21 países. Carga Tributária: Royalties; VAT (PIS, Cofins e ICMS); IR Federal e Estadual (20% de margem de lucro). Dados calculados considerando-se mineradora com faturamento anual de US$ 100 milhões (50% de vendas ao mercado interno); 20% de lucro líquido sobre receita bruta; atuação em área de 500km2

Peso da CFeM – a inFluênCia da CFeM na Carga tributária, Por si só, é exPressiva. ex.: se desConsiderásseMos a CFeM Cobrada sobre CauliM e FosFato, o brasil Cairia de �º Para �º no ranking de Países CoM a Maior Carga tributária sobre esses Minérios.

Estudo recente contratado pelo IBRAM junto a consultoria internacional Ernst & Young comprova

que o Brasil mantém a mais elevada carga tributária sobre a mineração, na comparação

com outros 20 países com os quais concorre na produção e exportação de minérios.

Países pesquisados pela Ernst & Young: África do Sul / Argentina / Austrália / Brasil / Canadá / Cazaquistão / Chile / China / EUA / Guiné / Índia / Indonésia / Jamaica / Marrocos / México / Nova Caledônia / Peru / Polônia / Rússia / Ucrânia / Venezuela.

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008 �

se comprometeram a incluí-la nos debates sobre os projetos relacionados à carga tri-butária”, diz o dirigente. O Presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia e o Presidente da Comissão de Minas e Energia da Câ-mara, José Otávio Germano, receberam o estudo e elogiaram a iniciativa do IBRAM em “enriquecer o debate em torno da ques-tão”, conforme declarou Germano. Outros parlamentares também receberam cópia da análise, que pode ser acessada no site do IBRAM (www.ibram.org.br).

ENTENDA A CFEMA CFEM é conhecida popularmente como um royalty recolhido pelas minerado-

ras sobre a receita líquida. Os municípios onde se desenvolve a atividade ficam com 65% do total; os estados com 23% e a União com 12%. A alíquota varia de 0,2% a 3%. Exemplo: para gemas e pedras preciosas o percentual é de 0,2%; ouro é de 1%; minério de ferro 2%; bauxita 3%.

Mas há, ainda, um percentual extra que é recolhido pelas mineradoras e direcio-nado ao proprietário da terra onde é instalada a mina, equivalente a 50% da alíquota da CFEM incidente sobre o mineral. Assim, o royalty final do minério de ferro acaba sendo de 3% e não 2%, já que mais 1% vai para o dono da terra; a CFEM total da bauxita fica em 4,5% em vez dos 3% e assim por diante.

“Este percentual extra de 50% da CFEM não é colocado na mesa pelos que querem aumentar a CFEM”, acusa Paulo Camillo, que acrescenta: “tentam convencer os parla-mentares de que, como alguns países cobram royalties mais altos do que o Brasil para determinados minérios, haveria espaço para elevar as alíquotas; argumentam, ainda, que a elevação momentânea dos preços internacionais dos minérios seria suficiente para compensar as mineradoras pela elevação da CFEM. São justificativas falaciosas e o estudo do IBRAM prova que é preciso considerar o peso dos tributos também”.

OuTRAs DIFICuLDADEs NO CAMINhO DA

MINERAçãO

A indústria da mineração é respon-sável por 5% do PIB nacional e por 40% do saldo da balança comercial. Seus investimentos na área social e ambiental contribuem para elevar o IDH de muitos municípios e o setor pretende investir mais de US$ 32 bi-lhões até 2011. Ainda assim, além de pagar tributos mais elevados do que seus concorrentes situados em outros países, as mineradoras brasileiras enfrentam outras situações adversas (não levadas em conta no estudo do IBRAM), tais como:

altos custos decorrentes da buro-cracia e dos encargos trabalhistas (cerca de 63% sobre o valor da folha de salários);

extrema dificuldade para com-pensar créditos tributários ou repassá-los a terceiros;

contam com benefícios fiscais me-nos competitivos referentes à depre-ciação, amortização e exaustão;

atuam em um país que mantém carga tributária total equivalente a expressivos 37% do PIB, o que inibe investimentos ainda mais amplos.

CFEM (mesmo não sendo, por definição, um tributo) significa impactar toda a carga tributária do setor, que já é a mais elevada, o que resulta em perda de competitividade para as mineradoras do Brasil.

O Presidente do Instituto, Paulo Camillo Vargas Penna, ressalta que enquanto o tra-balho comprova que o setor mineral não suporta mais ônus, nenhum dos projetos apresentados por parlamentares foi basea-do em estudos técnicos que demonstrem o contrário.

“A análise do IBRAM já foi apresentada às lideranças do Congresso Nacional, que

Paulo Camillo lembra que há outros encargos criados para onerar ainda mais a mineração, que também não foram objeto da pesquisa a cargo da Ernst & Young: a Com-pensação Ambiental (só existe no Brasil), que compromete os custos de todos os empreen-dimentos que provocam impactos ambientais; e projetos como o “poluidor-pagador” no Pará que, além de sobretaxar a atividade minerária, atribui, injustamente, a alcunha de poluidora a todas as empresas do setor.

Eugê

nio

Nov

aes

Parlamentares durante a apresentação da Ernst & Young. No detalhe, da esquerda para a direita, estão

Paulo Haddad (ex-Ministro), Paulo Camillo (Presidente do IBRAM), Arlindo Chinaglia (Presidente da Câmara).

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008�

o ex-Ministro da Fazenda e do PlanejaMento, o

eConoMista Paulo Haddad, Considera a

Carga tributária sobre os Minérios no brasil

Muito elevada e sugere que o setor organize

“uMa ProPosta Consensual entre os seus PartiCiPantes e

que, ao MesMo teMPo, seja de interesse

naCional”. Para ele, obter redução dessa

Carga no Curto Prazo soMente Por Meio

de “uM ProCesso de negoCiação do setor

CoM os diFerentes níveis de governo, visando a redução de alíquotas,

Prazos de reColHiMento, siMPliFiCações

buroCrátiCas etC.”. a Médio Prazo,

Haddad aCredita que é PreCiso Haver uMa reForMa tributária

Para adequar os “Custos FinanCeiros

e adMinistrativos da tributação sobre

a Mineração” CoM “suas neCessidades de CoMPetitividade

internaCional”.

A pesquisa revela que mesmo para os minerais em que os royalties no Brasil são menores do que os de algumas nações, sua carga tributária é a mais elevada, quando se somam os royalties e os tributos incidentes sobre a mineração.

“É cristalino, portanto, que não se pode isolar a CFEM dos tributos quando se discute elevar o ônus sobre a atividade, que penali-zam as empresas”, afirma Paulo Camillo.

É o que mostram os gráficos à pág. 7:

o royalty sobre o fosfato cobrado pelo Brasil (CFEM) é de 3%, enquanto que outros países concorrentes estabelecem um percentual mais elevado: Marrocos 7,25%; EUA 6,15%; Rússia 5,5%; China 4,81%. No entanto, quando se analisa a carga tributária mais o royalty, tem-se que todos esses países apresentam menos encargos sobre o fosfato em relação ao Brasil, que ocupa a 1ª posição no ranking das cargas mais elevadas para este minério (23,24%). O percentual de tributos que incidem sobre o fosfato nes-ses países é o seguinte: Marrocos 20,75% (3ª carga mais alta); EUA 13,15% (6º no ranking); Rússia 19,8% (4ª colocada); China 21,71% (2º lugar no ranking). “Ou seja, se considerados apenas os royalties, o Brasil está em 5º lugar no ranking, mas salta para 1º na análise tributária mais global”, resume Paulo Camillo.

outro exemplo é o do minério de ferro. Na comparação com a Austrália, que concorre diretamente com o Brasil para abastecer a China com este produto– é o maior mercado comprador –, o royalty brasileiro, se analisado em separado, é menor do que o cobrado na Austrália (3% ante 4%). Porém, a carga total de tributos (mais os royalties) do Brasil é de 23,24% enquanto que a australiana é bem menor: 15%. E a Austrália conta

Não se pode isolar discussão da CFEM dos tributos da mineração

com uma vantagem geográfica: maior proximidade com a China que barateia o frete, em relação ao ferro brasileiro.

sobre o potássio, há que se observar que o Brasil é importador desse minério. Ainda assim é o país que apresenta, disparado, a maior carga tributária sobre ele (24,74% ante 17,93% do segundo co-locado, o Chile), incluídos os royalties.

“Discutir a elevação da CFEM isoladamen-te dos tributos incidentes sobre a mineração é prejudicar uma indústria que é responsável por 5% do PIB e por 40% do saldo da balança comercial. O setor vai investir mais de US$ 32 bilhões até 2011, além de continuar a gerar vários indicadores importantes para o Brasil, como a ampliação do IDH de muitos municípios. Dificultar a competitividade da indústria da mineração é prejudicar o próprio desenvolvimento do País, uma vez que vários setores da economia dependem dos miné-rios”, afirma o Presidente do IBRAM.

Veja quanto cada país cobra de tributos das mineradoras

Os gráficos da página seguinte represen-tam quanto uma mineradora, com iguais características, paga de tributos e royalties no Brasil e nos países que concorrem na produ-ção e exportação, de acordo com a pesquisa conduzida pela Ernst & Young. Cada gráfico está associado a um minério diferente.

As barras retratam a carga tributária: a cor vermelha representa o imposto sobre valor agregado (VAT no exterior e PIS, COFINS e ICMS no Brasil); a cor amarela representa o Imposto de Renda; a cor verde os royalties da mineração (no Brasil trata-se da CFEM e o percentual pago ao dono das terras onde ocorre a atividade).

À frente das barras está a soma da carga total de cada país referente a cada minério.

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008 �

ANáLIsE COMPARATIVA DA CARgA TRIBuTáRIA

FosfatoBrasil apresenta a maior carga tributária

CaulimBrasil apresenta a maior carga tributária

ManganêsBrasil apresenta a 2ª maior carga tributária

FerroBrasil apresenta a maior carga tributária

ZincoBrasil apresenta a maior carga tributária

PotássioBrasil apresenta a maior carga tributária

BauxitaBrasil apresenta a 3ª maior carga tributária

Rochas OrnamentaisBrasil apresenta a 2ª maior carga tributária

Carvão MineralBrasil apresenta a 2ª maior carga tributária

NíquelBrasil apresenta a maior carga tributária

CobreBrasil apresenta a maior carga tributária

OuroBrasil apresenta a maior carga tributária

VAT IR ROYALTIES

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008�

O combate aos gases de efeito estufa gerados durante a Exposição Internacional de Mineração 2007 (EXPOSIBRAM) e o 12º Congresso Brasileiro de Mineração, realiza-dos em setembro, em Belo Horizonte (MG), já começou.

Na última semana de dezembro, o IBRAM em parceria com a Associação Mineira de Defesa do Ambiente (AMDA) iniciou o plantio

IBRAM e AMDA iniciam o plantio de 300 mudas na Serra do Rola Moça

Da esquerda para direita: Paulo Camillo (Presidente do IBRAM), Antonio Anastasia (Vice-Governador/MG), José Carlos Carvalho

(Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável/MG) e Maria Dalce Rica (Superindente Executiva/Amda)

Amda

Mostra acontecerá de 10 a 17 de março no Congresso Nacional

Os preparativos estão a mil por hora. A exposição Isto É Mi-neração – que será promovida pelo IBRAM em todo o País – fará sua estréia no Salão Negro do Congresso Nacional, em Brasília, entre os dias 10 e 17 de março.

Os visitantes terão oportunidade de manusear amostras de minerais, conhecer quais minérios são usados na fabricação de objetos e equipamentos presentes em nosso dia-a-dia, bem como os bons exemplos de gestão ambiental e responsabilidade social

Exposição do IBRAM no Salão Negro será interativa

do setor. A cronologia e os principais fatos históricos da mineração também poderão ser conferidos. A entrada é gratuita.

A mostra ocupará uma área de 132 m2 e abrigará sete salas temáticas. São elas: “Os minerais no nosso dia-a-dia”; “Tecno-logia e Logística”; “Responsabilidade Ambiental”; “Sociedade e Mineração”; “Desafios Produtivos”; “Responsabilidade Social – Ações Voluntárias das Empresas” e “Economia Mineral”. Mais informações no site do IBRAM www.ibram.org.br.

Este foi o primeiro evento público em Minas Gerais de neutralização de emissões de gases de efeito estufa

de 300 mudas de essências nativas da Mata Atlântica no Parque Estadual Serra do Rola Moça, no município de Brumadinho (MG). A idéia inicial era plantar 120 mudas, como mostra a placa na foto.

A cerimônia do plantio inicial contou com a presença do Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna, do Vice-Governador de Minas Gerais, Antônio Augusto Anastasia, do Secretário de Meio Ambiente e Desen-volvimento Sustentável de Minas Gerais, José Carlos Carvalho e da Superintendente Executiva da AMDA, Maria Dalce Rica, entre outras autoridades.

Para o Presidente do Instituto, a inicia-tiva é coerente com as atitudes do setor mineral, que segue as exigências de ordem técnico-legal da sustentabilidade e do meio ambiente. Paulo Camillo relembra que, de acordo com o estudo da empresa Key Asso-ciados – consultoria ambiental responsável pelo estudo da quantidade de carbono emitido pelos eventos em setembro – 120 mudas seriam suficientes para neutralizar as emissões de dióxido de carbono (CO2). Ainda assim, decidiu-se plantar mais 180 mudas visando ampliar os benefícios para o meio ambiente.

As espécies que foram plantadas são típicas da região do Rola Moça, ocorrendo nas áreas de transição entre matas de fun-do de vale e de altitude. Grande parte das mudas foi doada pelo Instituto Estadual de Florestas – IEF.

O biólogo e conselheiro da AMDA, Fran-cisco Mourão Vasconcelos, explica que além de seqüestrar carbono da atmosfera durante seu período de crescimento, em torno de 15 a 20 anos as árvores serão importantes para reconstituir o corredor de floresta úmida do local, que originalmente cobria todo o fundo do vale, e que foi reduzido a uma vegetação rala em função de sucessivos incêndios.

Maria Dalce Ricas, da AMDA, informa que a medida adotada pelo IBRAM faz parte do primeiro evento público em Minas Gerais de neutralização de emissões de gases de efeito estufa. Ela ressaltou também a importância da iniciativa ter partido de uma entidade que re-presenta um dos setores mais fortes da econo-mia mineira, responsável também por grandes quantidades de emissão. “Esperamos que a iniciativa do IBRAM seja o primeiro passo para que o setor de mineração, e outros, integrem-se com urgência na luta contra o efeito estufa que ameaça o planeta”, declara.

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008 �

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Funcionários da MRN durante curso de Manutenção de Mecânica

A mineradora anglo-australiana Rio Tinto (associada ao IBRAM) anunciou o projeto de uma “mina do futuro” em Perth, na Austrália. A medida faz parte dos esforços da empresa para manter a posição de uma das maiores produtoras de minério de fer-ro. O anúncio foi feito pelo Presidente da mineradora, Tom Albanese.

Os principais componentes da “mina do futuro” serão instalados em 2008 e 2009, incluindo o estabelecimento de um Centro de Operações Remotas (ROC, na sigla em inglês) em Perth, para administrar as ativida-des nas minas de Pilbara - que fica a centenas de quilômetros de distância. Isso vai permitir aos operadores supervisionar, à distância, as minas e as instalações de processamento.

Os trens inteligentes de controle remoto, máquinas de perfuração e caminhões devem

entrar em operação dentro da divisão de minério de ferro da Rio Tinto durante 2008. A presença de operários diretamente no local não será mais necessária ao passo que todos esses equipamen-tos vão se tornar “autônomos” – sendo capazes de tomar decisões sobre o que fazer a partir das condições do local e da interação com outras máquinas. Os operadores vão supervisionar todo o trabalho a partir do novo centro.

O Centro de Operações será construído nos arredores do aeroporto de Perth. Quando estiver pronto, em 2009, a unidade vai abrigar pelo menos 320 funcionários – que vão traba-lhar em conjunto com seus colegas de Pilbara para supervisionar, operar e otimizar o uso de ativos e processos essenciais, incluindo todas as minas, fábricas de processamento, rede ferroviá-ria, portos e usinas de energia. O planejamento operacional e a distribuição de funções também serão organizados pelo novo Centro.

A Mineração Rio do Norte (MRN) – asso-ciada ao IBRAM – vem investindo consideravel-mente na qualificação de seus funcionários. Este ano, a empresa conduz a capacitação de 162 funcionários por meio de sete cursos ministra-dos pelo Centro Federal de Educação Tecnológi-ca (Cefet) e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). As aulas são realizadas em Porto Trombetas, no município de Oriximiná (PA), na própria sede da mineradora.

O Cefet proporciona os cursos técnicos de Mineração, Eletrotécnica e Mecânica. E o Senai oferece cursos de manutenção de Mecânica Industrial, Mecânica de Usinas Ter-moelétricas, Mecânica de Máquinas Móveis e Elétrica Industrial.

De acordo com o gerente de Recursos Humanos da MRN, João Paulo Corrêa Mello,

Planta de secagem de Minério receberá investimento de us$ 7,5 milhões

Poucos dias antes do anúncio da mina do futuro, a Rio Tinto divulgou a construção de uma planta de secagem de minério em Corumbá (MS), onde possui uma unidade de extração. Serão investidos US$ 7,5 mi-lhões para que a empresa passe a fornecer minério seco granulado (conhecido como lump), a ser utilizado na produção de ferro pré-reduzido.

A Rio Tinto será a primeira empresa do setor a desenvolver esse passo de beneficiamento do produto. A expectativa é que a planta comece a operar em fevereiro. E a comercialização do minério aconteça três meses depois.

O Ibama já concedeu a licença ambien-tal para o projeto, que faz parte dos estudos de viabilidade para expansão da Rio Tinto, em Corumbá. Com a disponibilidade do lump, espera-se abrir mercado também para projetos de siderurgia em Corumbá que utilizem gás natural para os fornos. Sem a secagem, o uso do minério no município é limitado.

Quase 200 funcionários da MRN receberão qualificaçãoNo total, sete cursos serão ministrados pelo Cefet e Senai

Rio Tinto lança mina do futuroO projeto permitirá aos operadores supervisionar, à distância, as

minas e as instalações de processamento

levar as instituições para dentro da MRN foi a alternativa para viabilizar o treinamento do quadro de funcionários, já que Porto Trombetas fica distante de Belém, a 880 quilômetros. “Buscamos ter pessoas cada vez mais qualificadas e preparadas para exercer suas atividades”, afirma.

Investimento no trabalhador do Pará

Dos atuais 1.332 empregados contratados pela MRN, 80,1% são naturais do Pará: 52,19% são de Santarém, 14,26% de Oriximiná, 12,86% de Terra Santa, 11,27% de Belém e 7,89% de Óbidos. Juntos, os postos de traba-lho oferecidos pela MRN e pelas empresas contratadas instaladas em Porto Trombetas são responsáveis por 53% dos trabalhos formais de Oriximiná. As operações da mineradora

contribuem para a geração de quase 12 mil empregos, entre diretos e indiretos.

De acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioe-conômicos (Dieese)/Pará e do Ministério do Trabalho, o emprego com carteira assinada no setor mineral no estado acumulou, até novembro de 2007, crescimento de 14,21%. O Pará foi responsável por 81% dos postos de trabalho abertos na região Norte, sendo que somente no mês de novembro, o setor mine-ral foi responsável por 124 novas vagas.

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008�0

Programas incentivam o uso dos calcários agrícolas

Nesta edição, publicamos a última reportagem da série sobre os programas de incentivo ao uso dos calcários agrícolas no Brasil. Na edição passada, foram abordados a Operação Tatu e o Programa Nacional de Calcário Agrícola, o Procal. Agora, o leitor poderá conhecer as outras medidas que

fizeram a história do uso deste mineral como corretor de acidez do solo.

da, apresentada ao Governo Federal durante o Governo Sarney. Na ocasião, nomeou-se uma comissão, no Ministério da Agricultura, para adaptá-la aos preceitos do Governo. “Fiz parte deste grupo de trabalho. O resultado foi o PRONAC - Programa Nacional de Cala-gem. Redigimos o decreto a ser assinado pelo Presidente Sarney. O Ministro da Agricultura, Íris Rezende, anunciou no Jornal Nacional a implantação do PRONAC. Porém, o decreto nunca foi assinado e, consequentemente, o PRONAC não evoluiu”, explicou.

No que tange aos objetivos específicos, o Planacal visou esclarecer os agricultores sobre os benefícios da calagem (técnica de correção dos solos por meio de calcários) e dos ganhos de rentabilidade com seu uso racional.

Foram implementadas estratégias educa-cionais por meio de campanhas de esclareci-mentos ao produtor rural nas rádios, emissoras

de televisão e jornais, como também por meio de “corpo-a-corpo” com a população.

A conscientização, de acordo com o Diretor de Assuntos Minerários do IBRAM, Marcelo Ribeiro Tunes, foi a ferramenta básica do Plano. “Era preciso conscientizar que o uso do calcário é parte de um pro-grama de esclarecimento sobre a defesa do patrimônio nacional, cujos propósitos são de: uso adequado, construção da fertilidade e a preservação permanente do solo, trazendo benefícios aos agricultores e à sociedade como um todo”.

A meta do plano, dividida em três níveis (produtividade, uso de corretivo e demanda) consistiu num investimento durante, pelo me-nos, cinco anos. Quanto à operacionalização dos recursos, as indústrias produtoras de cal-cário arcariam com as despesas da elaboração dos Programas Estaduais. (Veja quadro)

Plano Nacional de Calcário Agrícola – Planacal

A Associação Brasileira dos Produtores de Calcário Agrícola (Abracal), preocupada com a participação do País na oferta de grãos e proteínas, e com o nível de desnutrição de boa parte da população brasileira, elaborou em 1998 a proposta de um Plano Nacional de Calcário Agrícola – Planacal. A medida aler-tava para a necessidade de investimentos em tecnologia de produção, sem afetar o meio ambiente, com a meta de elevar os índices de produtividade no território nacional.

O plano fundamentou-se também na cor-reção de acidez do solo brasileiro, enfatizando que este fator era limitante na produtividade agrícola e inibidor da renda no setor. De acordo com o Diretor-Executivo da ABRACAL, Fernando Carlos Becker, o PLANACAL foi uma proposta, muito elogiada e bem recebi-

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44º Congresso Brasileiro de Geologia espera receber três mil participantes

O 44º Congresso Brasileiro de Ge-ologia – promovido pela Sociedade Brasileira de Geologia e a Mineropar (Minerais do Paraná) – espera receber três mil pessoas, entre os dias 26 e 31 de outubro de 2008, em Curitiba, no Paraná. Sob o título, “O Planeta Terra em Nossas Mãos”, serão discutidos os temas mais variados acerca da susten-tabilidade, recursos hídricos, educação em geologia, entre outros, com o ob-jetivo de aproximar o público dessas informações.

O congresso coincidirá também com a comemoração do Ano Internacional do Planeta Terra e do aniversário de 101 anos da Fundação do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil.

Paralelo ao evento, os visitantes po-derão conferir a Expogeo – espaço para a realização de exposição que receberá como tema a “Geologia e Ciências da Terra”. Os 2.200 m2 estão à disposição de interessados. E os profissionais que quiserem encaminhar artigos para a or-ganização do congresso podem fazê-lo até 20 de abril.

Mais informações podem ser obtidas no site www.acquacon.com.br/44cbg ou por meio do e-mail [email protected] , ou pelo fone 11 3522 8164.

Dentre os benefícios econômicos do Pla-nacal estão o aumento na produção de grãos em torno de 18,98 milhões de toneladas, o incremento na produtividade de aproxima-damente 30% e na receita de grãos em torno de R$ 2,74 bilhões, como também o retorno do plano de cerca de R$ 2,4 para cada real investido e o aumento de cargas para o setor de transporte próximo aos 3,6 milhões de toneladas por ano. A fixação do homem no campo e incremento do emprego rural tam-bém representam benefícios.

Becker afirma que apesar de em todas as ocasiões o PLANACAL ter sido sempre aplaudido, até o momento não foi ainda implementado pelo Governo.

Programa de incentivo ao uso de corretivos de solos – Prosolo

O Programa de Incentivo ao Uso de Corre-tivos de Solos – Prosolo nasceu do raciocínio que a elevação da produtividade agrícola de forma vertical é uma proposta mais sustentável, no que concerne ao desenvolvimento agrícola, do que o aumento da produção de forma horizontal. Puderam participar deste programa empresas de todos os portes, cooperativas de produtores rurais e pessoas físicas.

Criou-se o Prosolo em 1988, como resul-tado do Planacal, mas só foi regulamentado em julho de 2001. Dentre os objetivos estava a elevação dos níveis de produtividade da agri-cultura brasileira, mediante a intensificação do uso adequado de corretivos de solo. A medida seria proporcionada pela disponibilidade de

Estimativa da Necessidade de Crédito (1) por Estado e Brasil (2) – (R$ milhão)

Unidade de Federação Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

Paraná 123,2 141,2 158,4 176,0 195,5São Paulo 112,2 124,2 136,4 150,5 163,6Rio Grande do Sul 95,3 113,0 132,0 148,8 166,5Minas Gerais 53,8 64,2 74,6 84,9 95,4Goiás 53,7 58,9 64,1 69,4 74,4Mato Grosso 47,2 52,9 58,6 64,4 70,0Mato Grosso do Sul 24,0 30,6 34,8 39,0 43,2Santa Catarina 20,8 25,9 31,0 36,01 41,2Subtotal 531,5 611,1 690,9 770,1 849,8Outros 184,5 213,1 239,1 267,7 293,7

Total 716,0 824,2 930,0 1.037,8 1.143,51. O preço médio da tonelada de calcário posto na propriedade é de R$ 22.

2. Refere-se ao período contado a partir da implementação do plano proposto. Fonte: Abracal

uma linha de crédito permanente para financiar a aquisição, frete e aplicação de corretivos agrí-colas. E as operações seriam realizadas por meio de instituições financeiras credenciadas.

Por meio do programa, o produtor teve financiamentos contratados no período de 01/07/2001 até 30/06/2002, no valor de até R$ 80 mil.

Programa Nacional de Recuperação de Pastagens Degradadas – Propasto

Para solucionar o problema das pastagens brasileiras, nativas e plantadas e na recuperação de pastagens degradadas criou-se, em julho de 2001, o Programa Nacional de Recuperação de Pastagens Degradadas – Propasto. O programa atendeu também a pecuaristas que já recebiam crédito rural de outros projetos.

O crédito concedido aos beneficiários do projeto foi de no máximo R$ 150 mil por produtor, independentemente de outros empréstimos, exceto aos que estavam par-ticipando do Prosolo, cujo montante seria reduzido. O período total para pagamento do empréstimo foi de cinco anos.

“É preciso lembrar que a pecuária no Brasil contribui expressivamente na pauta de exportações agrícolas e que ela necessita de incrementos na produtividade, principal-mente na qualidade nutricional das pastagens. Isto é, no alimento que o gado come para haver uma elevação tanto quantitativa quanto qualitativa”, afirma o Diretor-Executivo da Abracal, Fernando Carlos Becker.

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Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008��

José Roberto Freire é formado em Engenha-ria de Minas e pós-graduado em dois cursos - Engenharia de Segurança e Produção - pela Universidade Federal de Pernambuco. Com vasta experiência no setor da mineração, a última empreitada durou sete anos, entre 1998 e 2005, e na Votorantim Metais, também associada ao IBRAM. Lá, ele criou e coorde-nou a área de tecnologia e desenvolvimento e alavancou o crescimento dos negócios por meio da identificação de novas oportunidades minerais, como fusões e aquisições e explora-ção de minerais estratégicos.

Casado, pai de dois filhos, o pernambu-cano, nascido em Recife, afirmou durante a entrevista que o ingrediente de sucesso na mineração de ouro é aliar a tecnologia a uma equipe competente, motivada e qualificada.

IBRAM – Sabemos que uma das mis-sões da RPM (Kinross) é assegurar a mineração de ouro com o desenvolvi-mento sustentável. De que forma isso tem sido feito?

A RPM comemorou com os funcionários e empresas contratadas os melhores resultados de sua história em termos de saúde e segurança

ENTREVIsTA: JOsé ROBERTO FREIRE – PREsIDENTE KINROss BRAsIL

“As perspectivas para o ouro em 2008 são muito positivas”

José Roberto Freire – A Kinross atua em várias frentes. Junto à população, promovemos o entendimento de que estamos diante de uma atividade finita, que exige preparo para viver de uma outra maneira quando a mina não tiver mais como contribuir com a vitalidade econômica da região que a sedia. Para tanto, a RPM investe em educação, em qualificação profissional e em programas de infra-estrutura social que têm como base o aprendizado de novas formas de gerar renda e sustento.

Junto aos funcionários, a crença na sustentabi-lidade está sinalizada em iniciativas centradas em elementos vitais, como saúde, melhoria da qualidade de vida, política justa de remunera-ção e benefícios, plano de carreira e na certeza de que a empresa trabalha pelo bem comum.

No campo ambiental, a Kinross atua com rigor extremo, destinando recursos volumosos à minimização e ao controle dos impactos ambientais gerados pela mineração, como também na racionalidade na utilização dos recursos hídricos.

Quais são as perspectivas para o ouro em 2008 no Brasil? E como foi em 2007?

JRF – As perspectivas para o ouro em 2008 são positivas. O cenário que se configura é o de manutenção do alto preço da commo-dity, motivada pela desvalorização do dólar que acentuou as pressões de alta no valor de venda do ouro.

Assistimos, desde 2002, a uma recuperação consistente das cotações internacionais do metal que vêm alcançando os maiores valores em mais de 20 anos. Há outros três fatores que também explicam a valorização do metal. Em primeiro lugar, o ouro foi considerado uma for-te base monetária no passado e, com a recente instabilidade da economia americana, volta a ser um porto seguro para bancos e economias de países desenvolvidos. Em segundo, está a ampliação da demanda pelo ouro para uso industrial e, em terceiro lugar, a estabilização dos níveis de produção deste minério, nos últimos 10 anos, tem levado aos níveis mais reduzidos de oferta em âmbito mundial.

Há menos de um ano na Presidência da Kinross Brasil, José Roberto Freire já comemora os resultados. Só em 2007, a associada ao IBRAM, Rio Paracatu Mineração (RPM), produziu 5% a mais do que o previsto: 5,4 toneladas. E para este ano, a expectativa é que a produção da empresa seja de 12 toneladas. Deste número, 9 toneladas caberão à RPM e 3 toneladas à Mina de Crixás, empreendimento realizado em parceria com a AngloGold Ashanti, outra associada ao IBRAM.

RPM

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“a estabilização dos níveis de Produção

de ouro nos últiMos �0 anos teM levado a níveis Mais reduzidos

de oFerta do Metal eM âMbito Mundial”.

Pode nos descrever como foi o ano de 2007 para a RPM. E qual a perspectiva para 2008?

JRF – O ano de 2007 foi importante para a RPM. Nossa produção foi 5% acima do pre-visto – 5,4 toneladas anuais. Nossos resultados foram positivos, principalmente em função da alta do preço do ouro. Toda a nossa produção foi exportada para bancos internacionais.

Outro ponto importante do ano passado foi o início das obras do Projeto Expansão, que vai triplicar a capacidade produtiva da RPM já em setembro deste ano. O projeto vai garantir a con-tinuidade de vida da RPM por mais 30 anos.

Para 2008, a perspectiva de produção da Kinross é de 12 toneladas, sendo 9 toneladas da Rio Paracatu Mineração e 3 toneladas da Mina de Crixás, empreendimento realizado em parceria com a AngloGold Ashanti.

De acordo com dados do IBRAM (2006), o Brasil é o 13º maior produtor de ouro com 41 toneladas. O sr. acredita que nosso País consiga melhorar a atuação no ranking dos produtores?

JRF – Acredito que o País deva subir gradati-vamente no ranking de produtores mundiais em função dos novos projetos que estão em curso, atraídos pelo preço convidativo do ouro e pelo bom momento que passa o cená-rio mineral brasileiro. O Brasil ainda é um País com grande perspectiva para a exploração e o desenvolvimento de projetos minerais de ouro, justificando o potencial crescimento deste segmento no futuro.

A Kinross participou em 2006 com 19% da produção de ouro. Quanto foi no ano passado? E a perspectiva para 2008?

JRF – Entre 2002 e 2005, o volume exportado pela empresa respondeu por algo em torno de um quinto do total vendido pelo País ao mercado internacional. A expectativa é que a produção da Kinross, na RPM e em Crixás, alcance 26% do ouro produzido e exportado no Brasil. Essa porcentagem deve ser consi-derada com as produções atuais de todas as empresas de mineração de ouro e o Projeto Expansão da RPM.

Das 41 toneladas de ouro produzidas no Brasil em 2006, 33,8t foram expor-tadas. Por que exportamos quase tudo que produzimos?

Dizem que o maior consumidor de ouro é o mercado de ativos financeiros. Qual o motivo?

JRF – O ouro é um lastro forte que faz com que os investidores, com receio de outras opções de mercado, acabem apostando nesta commodity. Historicamente, percebemos a importância do ouro, que foi a primeira mo-eda, antes do surgimento do papel. O metal sempre esteve atrelado à sua força e valor.

Qual é a ferramenta básica para o su-cesso na mineração de ouro?

JRF – Podemos enumerar algumas ferramentas na mineração de ouro. A primeira delas é a tecnologia. A produção industrial de ouro, espe-cialmente em nosso caso em que operamos em uma mina de menor teor de ouro do mundo, o desenvolvimento tecnológico é fundamental.

A segunda ferramenta importante é desen-volver e manter uma equipe competente, motivada e qualificada. A gestão também é muito importante para termos processos cada vez mais racionais e eficazes.

Não poderia deixar de falar de dois pontos essenciais que garantem o sucesso: a respon-sabilidade ambiental e o bom relacionamento com a comunidade.

Minerar ouro é difícil? Como é o pro-cesso de segurança?

JRF – Não é difícil se estivermos atentos aos cuidados com o meio ambiente, buscarmos o bom relacionamento com a comunidade e investirmos constantemente na segurança.

Na área ambiental, buscamos sempre causar o menor impacto possível. Para isso, desen-volvemos uma série de medidas de proteção ambiental, que estão amparadas no Sistema de Gestão Ambiental. A RPM faz rígido e constante controle de emissão de poeira, particulados e gases por meio de instalação de equipamentos de monitoramento em diversos pontos da mina e também na comunidade do entorno.

A redução da poeira na área da mina é realizada pela aspersão de água por caminhões-pipa nos principais acessos da área. O controle da quali-dade da água é assegurado por um adequado sistema de drenagem da mina e pela correta operação da barragem de rejeitos. Além disso, mantemos procedimentos rigorosos de controle de ruídos, vibração e pressão acústica para atender a legislação e minimizar os incômodos dos moradores do entorno da unidade.

Com a comunidade, o desafio constante é manter o bom relacionamento já conquistado e sempre manter o canal aberto de diálogo. A pro-va de que o trabalho obtém bons resultados é a última pesquisa de opinião realizada pela RPM no município de Paracatu (MG), que mostrou aprovação de 71% da população em relação à empresa. O número é bem significativo, já que a média do setor de mineração é de 50%.

O que a Kinross faz para garantir a saúde e segurança no trabalho?

JRF – A Kinross se orgulha de falar sobre o assunto. Neste mês, comemoramos os melho-res resultados da história da RPM em termos de saúde e segurança. A empresa obteve a marca recorde 0,40 da taxa de freqüência de acidentes com perda de tempo. É um dos melhores resultados já conseguidos na indús-tria de mineração (que está entre as de maior risco, com nível 4) no Brasil, e certamente no mundo. A evolução pode ser comparada com resultados anteriores. Em 2001, esse índice na RPM era de 4,54.

Outro resultado importante foi obtido com as empresas contratadas que alcançaram, até o dia 21 de janeiro de 2008, 2,824 milhões de horas/homem trabalhadas sem acidentes com afastamento.

JRF – O Governo oferece muitos incentivos para a exportação do ouro e a demanda in-terna ainda é muito pequena se comparada a dos grandes países consumidores deste metal. No Brasil, as exportações são o destino pre-dominante da produção aurífera, sobretudo daquela realizada por empresas mineradoras. As importações de ouro, por seu turno, são praticamente inexpressivas. Elas representa-ram, em 2004 e 2005, menos de 0,1% do valor das exportações, com o que praticamen-te todo o valor exportado (R$ 567,5 milhões em 2005) se reverteu em saldo positivo para a balança comercial do País.

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Vale investirá US$ 500 mi em potássio na Argentina

A Vale investirá US$ 500 milhões na mineração de potássio na Patagônia, Argentina. A medida da mineradora é uma forma de abastecer a demanda por fertilizantes no Brasil e Argentina.

O consumo de potássio no Brasil significa cerca de seis milhões de toneladas por ano. A Vale deve enfrentar um aumento de custo em seu investimento, uma vez que o governo da Argentina considera a possibilidade de acréscimo do imposto sobre expor-tações para mineradoras.

A Anglo American – companhia anglo-africana, associada ao IBRAM, sediada em Londres – comemora a expansão do grupo na mineração de níquel. É que recentemente, por meio de estudos, descobriu-se a reserva Jacaré, no sul do Pará, situada próxima à de Onça-Puma, que está em fase de implantação pela Vale, também associada ao Instituto.

Segundo o Presidente da Anglo American Brasil Ltda, Walter José de Simoni, Jacaré é a mais recente descoberta no País com poten-cial de jazida de classe mundial. Na área de reserva, somente em 2007 foram feitos 50 mil metros de furos para sondagem, com vistas a dimensionar o potencial de metal contido.

Simoni informa também que os estudos do Projeto Jacaré encontram-se na fase de definição do tamanho da reserva, trabalho que deverá ser concluído até meados deste ano. “Será o próximo empreendimento a ser posto em execução pela companhia após concluir a segunda linha de Barro Alto (GO), por volta de abril de 2010”.

Barro Alto

Com o Projeto Jacaré a Anglo American espera dar um salto significativo na produção de níquel. Os informes preliminares indicam

Anglo American descobre reserva de níquel no Pará

uma reserva com teor e potencial pelo menos iguais aos de Barro Alto. Este está localizado a 170 km a noroeste de Brasília e a 150 km da mina e instalações operadas atualmente pela controlada Codemin, em Niquelândia.

Barro Alto é o maior projeto, no momen-to, da empresa no Brasil. Com investimento atualizado para US$ 1,5 bilhão, Barro Alto produzirá 36 mil toneladas de níquel contido em liga de ferro-níquel a partir de 2009.

Atualmente, a companhia produz 10 mil toneladas no Brasil por meio da Codemin, 18 mil em loma de níquel, na Venezuela, e 25 mil na África do Sul, como subproduto da exploração de minas de platina.

O preço do níquel e de outras commodities metálicas cotadas ou não em bolsas continua

em alta, puxados pela forte demanda da China. O metal chegou a ser negociado a US$ 55 mil a tonelada em 2007. Nos últimos meses, tem ficado entre US$ 25 mil e US$ 30 mil a tonela-da. A expectativa é que ainda se mantenha em patamares atrativos nos próximos anos, afirma Paulo Castellari, Diretor de Desenvolvimento de Negócios da Anglo American Brasil.

De acordo com o executivo, há dez anos a China respondia por 4% do consumo de níquel. Em 2007, esse índice saltou para 20% e em 2011 a previsão é atingir de 30% a 35%. O consumo per capita de aço inox, principal fonte de aplicação do metal, é de 5 kg ao ano no país. No Japão, é de 20 e na Europa, 14. A produção mundial de níquel em 2007 era estimada em 1,5 milhão de toneladas, 50 mil acima do consumo.

Reserva Jacaré, no Pará, terá o mesmo potencial que a de Barro Alto

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Anglo American compra MMX, em mais um negócio bilionário envolvendo mineradora brasileira

A negociação deve movimentar R$ 9,7 bilhões

Contrato preliminar entre a MMX Minera-ção e Metálicos e a Anglo American formaliza a venda de parte da empresa MMX à minera-dora inglesa. Esta operação, que deve chegar a US$ 5,5 bilhões, deverá ser concluída até março e terá três etapas.

A MMX será dividida em três empresas: uma nova MMX, a LLX (até então braço de logística, que terá capital aberto) e a Newco. No caso desta, 68% das ações serão vendidas na segunda parte da transação para a Anglo American por R$ 3,74 bilhões. A Newco e a LLX serão listadas no Novo Mercado da Bovespa.

A última etapa prevê a oferta de tag along (compra das ações pelo mesmo valor pago aos controladores) da Anglo aos minoritários da Newco, que terá a estrutura acionária atual da MMX. Se todos aceitarem a proposta, de US$ 316,12 por ação, o valor da compra chegará a US$ 5,5 bilhões.

Os minoritários da MMX, após a divisão da empresa, receberão uma ação da LLX e uma da Newco por papel da empresa. As ações da LLX, referentes às participações portuárias do

A Samarco Mineração (associada ao IBRAM) encerrou 2007 com recorde de produção de pelotas e de embarque de minério de ferro. Os números totalizados do período indicam que saíram dos fornos 14.260.650 toneladas métri-cas secas (tms) de pelotas e 14.292.287 tms de pelotas embarcadas. Com isso, a empresa fe-chou o ano passado com números que superam as marcas anteriores – de 13.851.470 tms de produção de pelotas em 2006 e de 13.824.410 tms em pelotas embarcadas em 2005.

Considerando o embarque total (pelotas e finos), a Samarco encerra 2007 com o núme-ro histórico de 16.020.106 tms, superando as 15.966.003 tms do ano de 2003.

Samarco fecha 2007 com recorde de produção A empresa fechou o ano passado com números que superam marcas anteriores

grupo, somam 85% da empresa de logística (os outros 15% foram comprados por fundo de pensão canadense em 2007).

A Newco terá a participação da MMX em duas das quatro principais minas da companhia, a MMX Amapá e a MMX Minas-Rio (dona do minerioduto que transporta o minério até o Porto do Açu). A MMX continua com participação de 51% no Porto do Açu e a Anglo American com a fatia atual, de 49%.

“Depois de comprar o controle da Newco, a Anglo vai consolidar 100% na MMX Minas-Rio e vai comprar 70% da MMX Amapá [os outros 30% são de uma mineradora america-na], além de deter 100% da Amapá Metálicos e 50% da pelotização”, disse o diretor jurídico da MMX, Paulo Gouvêa.

Em Minas, a Anglo ganha direito de pre-ferência em descobertas de minério, com algumas exceções. “Eles não se interessaram, por exemplo, pelos ativos da Serra Azul, que consideram pequenos para sua escala”, disse Eike Batista, principal executivo da MMX. Nessa região, estão os projetos da AVG, com

produção de 6 milhões de toneladas de minério por ano e potencial para chegar a 8 milhões, e a Minerminas, que produziu 700 mil toneladas em 2007 e foi comprada esta semana pela MMX, por US$ 125 milhões.

O valor de mercado da MMX hoje é de US$ 7,5 bilhões e o da nova MMX, após a reestruturação, será de US$ 12 bilhões. Batis-ta pretende fazer, meio a meio com a Anglo, uma planta de pelotização de 7,5 milhões de toneladas em 2012, aliada à expansão do minerioduto.

A Anglo American relata que, além de pagar US$ 5,5 bilhões por 100% das ações emitidas e a emitir da Newco, também reme-terá royalties à MMX a partir de 2025, com relação ao projeto Minas-Rio, e de 2023, com relação ao projeto Amapá.

“Esses dois projetos estão em sintonia com a estratégia da Anglo American e [...] irão au-mentar significativamente nossa participação no mercado de minério de ferro transportados por via marítima”, disse em nota a Presidente da Anglo American, Cynthia Carroll.

O mineroduto também teve recorde de bombeamento anual, de 16.398.608 tms de concentrado, ultrapassando as 15.726.924 tms do material bombeado em 2006.

A comercialização dessa produção já está to-talmente negociada, principalmente com a China e países da Ásia, Europa e o Oriente Médio.

Perspectivas

A Samarco produz anualmente 14 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro destinadas aos processos de alto-forno e redu-ção direta, e cerca de 1 milhão de toneladas de finos de minério concentrado.

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ãoA Samarco produz por ano 14 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro

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A partir de março de 2008, com a entrada em operação da terceira usina de pelotização, a empresa terá sua capacidade produtiva aumentada em 54%, passando dos atuais 14 milhões de toneladas de pelotas por ano para 21,6 milhões. Conseqüentemente, a partici-pação da Samarco no mercado mundial, hoje de 15%, poderá chegar a 19%.

Page 16: Isto é Mineração! - IBRAMibram.org.br/sites/700/784/00001300.pdf · Edison Lobão recebe a Pasta de Minas e Energia de Nelson Hubner, à dir., na sede do Ministério José Cruz/ABr

Indústria da Mineração Ano III - nº 1, janeiro de 2008��

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará concedeu, em dezembro, a renova-ção das Licenças de Instalação de todas as estruturas da mina de bauxita, da mineradora ALCOA, em Juruti. O empreendimento abrange terminal portuário, rodovia e ferrovia, bem como infra-estrutura para lavra e beneficiamento do minério de bauxita. A chancela do órgão ambiental confirma que a implantação da mina obedece aos parâmetros legais, até superando-os, tendo como referência os elevados padrões da companhia.

Monitoramentos periódicos são realizados sobre a qualidade da água, ar, solo, clima, ruído, fauna e flora em diversos pontos de amostra em Juruti. Importantes ações na área socioeconômica também estão em andamento, abrangendo desde o incentivo às culturas tradicionais, como a criação de peixes e quelônios, o aproveitamento de produtos florestais não-madeireiros e o artesanato, até o estímulo ao desenvolvimento de novas alternativas de geração de renda, como o cultivo de hortaliças e a qualificação de empresários para o aperfeiçoamento do comércio local.

Juruti é beneficiada, ainda, com outros programas que contam com parcerias entre a ALCOA e instituições de referência nas áreas de saúde, cultura, segurança e educação ambiental, pública e profissionalizante.

10 milhões de horas sem incidentes

Segundo Mauricio Macedo, Gerente de Sustentabilidade e Assuntos Institucionais da AL-COA Mina de Juruti, somando-se à excelência ambiental e todas as ações sociais, atingiu-se a significativa marca de 10 milhões de horas trabalhadas sem incidentes com afastamento, nas obras desta mina. A marca foi alcançada em 17 de dezembro de 2007 e constitui uma conquista extraordinária, tendo em vista os desafios das atividades de construção e sob as peculiaridades da região amazônica, como as intensas chuvas e os desafios logísticos.

“O empreendimento Alcoa Mina de Juruti conclui 2007 evidenciando avanço robusto, com cerca de 60% das obras concluídas em total segurança, superando as exigências am-bientais, dialogando com as comunidades e com suas Licenças de Instalação renovadas”, conclui Tiniti Matsumoto Jr., Gerente Geral de Desenvolvimento da Alcoa Mina de Juruti.

Aérea da mina de Juruti ainda em implantação

ALCOA renova licenças de instalação de mina

de bauxita em Juruti (PA)Outra vitória da empresa são as 10 mil horas

trabalhadas sem nenhum incidente na mina de Juruti

Crise nos mercados deve afetar pouco a mineração

A crise nos mercados financeiros, que derrubam bolsas e inibem investimentos em todo o planeta, deverá produzir efeitos mais reduzidos na indústria da mineração, já que as perspectivas de negócios são positivas. É a opinião do Presidente do IBRAM, Paulo Camillo Penna.

“Nos últimos anos estamos vivenciando um boom na mineração mundial. Em vista deste otimismo, muitos contratos de longo prazo para fornecimento de minérios foram assinados com diversas nações. Além disso, no plano interno, é preciso levar em conta os investimentos anunciados pelo governo federal, no âmbito do Programa de Acelera-ção do Crescimento (PAC), cujas obras vão exigir constante fornecimento de minérios”, diz Penna.

Com a crise gerada nos EUA, que detém 25% do PIB mundial, é esperada uma redução na demanda por minérios, já que aquele país deverá frear determinados investimentos, o que já se observa, por exemplo, na constru-ção civil. Esta desaceleração norte-americana provoca um efeito dominó nos demais países, mas há, segundo Paulo Camillo, a expectativa de que o mundo continue a crescer 5% ao ano (de acordo com o Banco Mundial).

“Somente na China, ao longo de 25 anos, a população equivalente a quatro vezes a do Brasil migrou para os grandes centros. Aquela nação está investindo pesado em infra-estrutura e vai continuar assim por muitos anos, sob risco de ver deteriorar as condições econômico-sociais. A China e outros países emergentes vão manter a demanda por minérios em um nível adequado aos negócios das mineradoras, inclusive as brasileiras”, diz Penna.

Quanto ao comportamento dos preços, o dirigente acredita que é difícil prever redução no preço em razão da queda na demanda ori-ginada pela crise americana. “Os preços estão sujeitos à volatilidade das bolsas, mas acho que é cedo para qualquer alarme em relação a queda de preços de minérios. Ainda mais que a situação atual é de não haver estoque de minérios no mundo. O que se produz já está vendido antecipadamente”, explica Penna.

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