issn 0100-1922 anais da biblioteca nacional

338
ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL VOL. 103 1983 RIO DE JANEIRO 1984

Upload: others

Post on 06-Jun-2022

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

ISSN 0100-1922

ANAIS

DA

BIBLIOTECA

NACIONAL

VOL. 103

1983

RIO DE JANEIRO • 1984

Page 2: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA

Ministro: ESTHER DE FIGUEIREDO FERRAZ

SECRETARIA DA CULTURA

Secretário: MARCOS VINICIOS VILAÇA

FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA

Dlretor-Execut.vo: IRAPOAN CAVALCANTI DE LYRA

BIBLIOTECA NACIONAL

Diretora-Geral. MARIA ALICE BARROSO

Page 3: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

ANAIS

DA

BIBLIOTECA

NACIONAL

VOL. 103

1983

SUMÁRIO

Correspondência passiva do General Bõhm 3-236

Catálogo de raridades bibliográficas recuperadas pelo Subprojeto de

Integração do Acervo Histórico 237-304

Relatório da Diretora-Geral — 1983 305-334

ISSN 0100-1922

An. Bibl. Nac. Rio du Janeiro v. 103 p. 1-334 1983

Rio de Janeiro • 1984

Page 4: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

MEC/SECRETARIA DA CULTURA

FUNDAÇÃO NACIONAL PRÓ-MEMÓRIA

BIBLIOTECA NACIONAL

DIVISÃO DE INFORMAÇÃO E DIVULGAÇAO

SEÇÃO DE EDITORAÇÃO

Chefia: Lucindo Hermes Paulo

SETOR DE PROGRAMAÇÃO VISUAL

Joaquim Marçal Ferreira de Andrade

Ana Lúcia de Abreu

COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO

Sintra Gráfica e Editora Ltda.

SUPERVISÃO GERAL

Rofran Fernandes

Biblioteca Nacional (Brasil)

Anais da Biblioteca Nacional. — Vol. 66 (1944) -

. — Rio de Janeiro : A Biblioteca, 1944-

v. : il. ; 26 cm

Continuação de: Anais da Biblioteca Nacional do Rio

de Janeiro.

ISSN 0100-1922.

I. Biblioteca Nacional (Brasil). 2. Biblioteca Nacional

(Brasil) ~ Catálogos. 8. Manuscritos — Brasil. 4. Brasil —

História. 5. Brasil — Bibliografia. I. Título.

CDD 027.581

BIBLIOTECA NACIONAL

Av. Rio Branco, 219

20042 Rio de Janeiro - RJ

Impresso no Brasil

Page 5: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

CORRESPONDÊNCIA PASSIVA DO GENERAL BÒHM

PREPARADA POR RONALDO MENEGAZ

Page 6: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

NOTA PRELIMINAR

A correspondência com o General João Henriques de Bõhm, que ora

apresentamos, constitui dois códices da Seção de Manuscritos, pertencentes

ambos à Coleção Martins1 e referenciados no "Catálogo

de manuscritos sobre

Santa Catarina existentes na Biblioteca Nacional" (Anais da Biblioteca Na-

cional, Rio de Janeiro, P5:209-78, 1978).

Segundo os dados do Catálogo, o primeiro códice, de número 66, contém

a "Correspondência

passiva do general Bõhm com o marechal-de-campo Antô-

nio Carlos Furtado de Mendonça. Ilha de Santa Catarina, 1775-1776. Ocorrem

numerosos anexos, incluindo uma carta do governador Pedro Antônio da

Gama e Freitas, mapas de tropas e de armamentos e relações diversas. Original

e cópias. 223 p."

O segundo, de número 82, contém a "Correspondência

passiva do ge-

neral Bõhm com o marechal-de-campo Antônio Carlos Furtado de Mendonça

e com d governador Pedro Antônio da Gama e Freitas. Ilha de Santa Catarina,

1776-1777. Ocorrem numerosos anexos, incluindo mapas de tropas, notícias,

relações, a 'Última

Instrução sobre a Ilha de Santa Catarina..e correspon-

dência diversa. Originais e cópias. 235 p."

São ao todo, nos dois códices, 93 cartas, 16 relações (homens, material,

dinheiro, fardamento), cópias, notícias e quadros, além de nove mapas, dois

no primeiro e sete no segundo volume, que reproduzimos em seus lugares

competentes e que são:

"Mapa das Companhias dos Regimentos de Mendonça, Bragança, e Estre-

moz de que é comandante o Tenente Coronel Nicolau Antônio de Al-

meida Pacheco."

"Mapa do armamento barracamento, ferramentas, e petrechos."

i Coleção adquirida do espólio de Francisco Antônio Martins pelo Conde de Figueiredo,

que a doou à Biblioteca Nacional cm 1890. Compreende numerosos cód ccs, dentre os

quais cabe referência aos estudos e desenhos de Jacques Funck sobre fortalezas e obras

públicas do Rio de Janeiro, documentos relativos à defesa de Santa Catarina e do Rio

Grande, além de trabalhos de Hi tória Natural. Seu acervo è de cerca de 3.000 do-

cumentos dos séculos XVII e XVIII.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 7: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

"Mapa geral de toda a tropa militar; e auxiliares de que é comandante

o Capitão de Cavalaria Cipriano Cardoso de Barros Leme."

"Mapa geral de toda a tropa militar, e auxiliares, que se acham nesta

guarnição."

"Mapa de toda a tropa que se tem apresentado; destacados da infantaria

debandada da Ilha de Santa Catarina de que é comandante o Tenente

Bernardo José Fernandez."

"Mapa geral das tropas que se acham neste continente da Laguna."

"Mapa da tropa espanhola, que guarnece a Ilha de Santa Catarina, dos

destacamentos guardas, doentes, e desertores, extraídos do dito número."

"Mapa da tropa que se tem apresentado dos debandados da infantaria da

Ilha de Santa Catarina, de que é comandante o Tenente Bernardo JoséFernandez."

"Mapa das Companhias de auxeliares de pé, cavalos, e ordenanças quese acham na vila da Laguna, e freguesia da Vila Nova de Santa Anna."

As cartas do primeiro volume provêm em sua maioria de Antônio Carlos

Furtado de Mendonça, sendo uma delas de Pedro Antônio da Gama e Freitas.

Ocorre também uma carta de José Marcelino de Figueiredo, Governador do

Rio Grande, a Furtado de Mendonça, acompanhando a instrução para trans-

porte de tropas. No segundo volume, além da correspondência de Furtado

de Mendonça, que se encerra com carta de 5 de março de 1777, escrita em

Cubatão, ocorrem sete cartas de Pedro Antônio da Gama e Freitas e cópia

de carta enviada da Colônia por Luís Antônio da Cunha e Azevedo a Furtado

de Mendonça, com data de 3 de agosto de 1776.

Depois da capitulação de Furtado de Mendonça, a correspondência com

Bõhm é continuada por Cipriano Cardoso de Barros Leme, que escreve nove

cartas; mais nove cartas de Manuel Gonçalo Leite; quatro cartas de Manuel

da Costa da Silveira; quatro cartas de Cristóvão de Almeida; uma carta de

Simão Pereira de Carpes e uma de João da Costa da Silveira. Ocorrem tam-

bém cartas não destinadas ao General Bõhm, mas trocadas entre outras pes-soas, todas ligadas à defesa de Santa Catarina e das fronteiras do Sul, além

doutros documentos.

A partir da invasão da Ilha, as cartàs procedem de vários locais do litoral

catarinense, onde se tenta organizar pontos de resistência, como Laguna,

vila escolhida em conselho tão logo o comandante da fortaleza de Santa Cruz

recebe ordens de entregá-la aos espanhóis; Cubatão, de onde partem as duas

últimas cartas de Furtado de Mendonça, datadas de 4 e 5 de março de 1777,

Vila Nova de Santa Ana, Freguesia de São Miguel, Rio de São Francisco e

Vila dos Barreiros.

Após a transcrição dos textos, o leitor dispõe de um índice com resumo

das cartas ordenadas segundo a seqüência no códice e de um índice de todos

os nomes que aparecem nas cartas.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 8: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

No que se refere aos critérios adotados na transcrição dos textos, pro-curou-se atualizar a leitura sem prejuízo das normas da ecdótica. Desse modo,

pois, sem fugir ao sistema ortográfico e às regras de acentuação gráfica emvigor, foram objeto de respeito2:

l — As formas que divergem do protótipo consagrado no léxico atual, das

quais se registram alguns exemplos:

pelà flutuação da pretônica, como:

a) a/e. S/ê: menhã (3), adientar (4), diente (43), amenhã (142);

b) e/i: milhor (6), sigurando (37), sigurar (60), pitulância (60),similhante (69), irrigularidades (70), intender (76), distino (141);

c) i/e: seguemento (7), ceremônia (8), infenitos (8), partecipa (10,

36), infenetamente (12), tever (12), teverem (13), derigir (16),deminuir (17), queseram (60), devisão (60), premeira (60), pre-sioneiros (94);

d) e/o: proguntou (58), somana (59);

e) o/e: rebustos (72);

f) o/i: chicolate (35);

g) o/u: curveta (5), muchilas (17), destruçada (43), cursário (60),furnecimento (61), furnecer (73, 76), sussego (84), crussário (157,159);

h) u/o: somacas (17), socedido (21), poderem (26);

pela flutuarão da postónica:

a) e/a: núraaro (10);

b) e/o: bésporas (2);

c) o/e: pólvera (154, 156);

pela ditongação da tônica:

a) a/ai: despaicho (180);

b) e/ei: petreichos (41);

c) o/ou: douze (43), fousse (70), Tinouco (97), poupa (98), touda

(180), fougo (180, 197), pouvo (180), toudos (180);

pela redução do ditongo:

a) ei/e: area (35), beja (198);

b) ou/o: troxe (87);

2 Indica-se entre parênteses o número da carta ou documento onde ocorre o «xemplorelacionado.

An. Bibl. Nac.( Rio de Janeiro, J03:3-236, 1985.

Page 9: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

• — pela metátese da-consoante:- ... -

a) desfazendo grupo consonantal próprio: perciso (3), peftensões (22),

pertendia (27), garnadeiros (35), perçisamente (160), perjuízo (160);

b) compondo grupo consonantal próprio: detreraina (3), detremi-

nação (6), pressiste (7), pressuado (36, 41), pertrubáda (38), crus-

sário (157, 159), crossário (168).

— Outras formas divergentes que podem representar sincretisraos regionais,

regionalizados. e/ou históricos, como: despois, reclutas, batarias, impe-

demia, viage, Monte Vedio, Boinos Aires.

— As terminações -aes, -ao, -ea, -eo, -oa, como em geraes, oficiaes, cabedaes,

mãos, grãos, légoa, deo, Deos, mastareos.

— As crases de artigo e preposição com a letra a inicial de substantivo, pro-

cedimento corrente nas cartas de Furtado de Mendonça. No original,

essa crase é marcada seja pelo acento agudo no a do substantivo, seja

pela ausência da preposição ou do artigo. Registrou-se o fato com o uso

do acento grave, como nos exemplos:

não faz preciso ir Àlaguna (36);

deviam vir receber a carga Àraçatuba (47);

Que com arribada [à ribada] de um navio castelhano (55);

prezo verdadeiramente amizade de V. Exa. (60);

dos convites que houveram para àssistência destas festas (65).

— A pontuação original em todos os casos, inclusive naqueles em que o

emprego da vírgula opõe-se às normas atuais, como:

entre elementos da frase coordenados sindeticamente:

instruído das novidades, e movimentos (1);

os soldados trarão suas muchilas, e armas, e os cartuchos das cartu-

cheiras ou patronas, e as suas barracas (17);

para fazerem mastareos, e vergas, e também cabos, e lonas, prega-

duras, e taboada ... (83);

antes da conjunção integrante, separando a oração subordinada da

principal:

pois é certo, que a minha vontade sempre está pronta (14);

é certo, que ele em tempo antes da nossa chegada dizem ser mara-

vilhas (88);

por lhe parecer, que a minha família o desatendia (88).

Por outro lado, desenvolveram-se ligaduras e formas abreviadas, de grande

emprego neste tipo de documentação.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J(95:3-236, 1983.

Page 10: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

Na grafia do ditongo ãw, seguiu-se a distinção vigente entre o emprego

de arn e ão, atualizando-se também a desinência plural oens e oêns para ões.

Para maior clareza do texto adotou-se o acento grave para marcar a crase,

de acordo com a regência.

Ronaldo Menegaz

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 11: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

INTRODUÇÃO

Em 1761, pelo Acordo do Prado, Portugal e Espanha convencionaram

a anulação do Tratado de Madri, de 1750. Desde 1756 a Inglaterra e a França

lutavam na chamada Guerra dos Sete Anos, resultante de uma coalizão entre

a França, a Áustria, a Rússia, a Suécia e a Saxônia com a finalidade de

abater o poderio de Frederico II da Prússia. Da aliança da Inglaterra com a

Prússia resultou o aspecto marítimo e ultramarino que adquiriu o conflito

entre a França e a Inglaterra. Por força do Pacto de Família, que reuniu em

auxílio de Luís XV os soberanos da família dos Bourbons (Espanha, Nápoles

e Parma), a Espanha entra na guerra em 1762. Sendo D. José, rei de Por-

tugal, casado com D. Mariana Vitória, irmã ds Carlos III da Espanha, Por-

tugal foi pressionado para tomar parte no Pacto de Família em auxílio da

França. O rompimento da tradicional aliança entre Portugal e a Inglaterra

deixaria os ingleses sem o apoio que representavam os portos portugueses na

metrópole e nas colônias. D. Luís da Cunha Manuel, Ministro dos Negócios

Estrangeiros, resistiu tenazmente às imposições de D. José Torrero, Embai-

xador do Rei Católico em Lisboa, e do Ministro Plenipotenciário do Rei

Cristianíssimo, Jacob 0'Dunne, alegando que a aliança luso-britânica, sendo

apenas de caráter defensivo, não representava hostilidade aos governos de

Madri e Paris. Além do mais, diante das calamidades que os vassalos portu-

gueses haviam passado com o terremoto de 55 e as desordens da conjuração

de 58, o soberano português não podia exigir de seus súditos os sacrifícios

de uma guerra. O primeiro documento contendo as exigências de Madri e

Paris foi entregue em 16 de março de 60 com o prazo de quatro dias para

resposta. Em face da negativa, novo expediente foi encaminhado a D. Luís

da Cunha Manuel, a 1.° de abril, quando os'espanhóis já se concentravam

nas fronteiras portuguesas. A 30 de abril, D. Nicolás de Carvajal y Alencaster,

Marquês de Sarria, entra em Portugal pela província de Trás-os-Montes, à

frente de 42.000 homens. Em 18 de maio é declarada a guerra. À invasão

do território metropolitano com o objetivo de ocupar os portos antes que a

Inglaterra o fizesse, segue-se a ocupação da Colônia do Sacramento, à margem

do Prata, pelo Governador de Buenos Aires, D. Pedro de Cevalhos.

Em 3 de novembro de 1762, em Fontainebleau, foram assinados os artigos

preliminares de paz, depois consignados em tratado que se ratificou em Paris,

em 3 de fevereiro de 63. A França perdia a maior parte de seu império colo-

nial em favor da Inglaterra. Portugal recebia de volta todas as praças con-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3'236, 1983.

Page 12: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 12 -

quistadas pela França e pela Espanha "restituídas

no mesmo estado em queestavam antes da tomada, e quanto às colônias portuguesas na América, ou

em outra parte, se tiver havido alguma mudança, todas as coisas se tornarão

a pôr no mesmo estado em que estavam antes da presente guerra." Prelimi-

nares da Paz de Fontainebleau.

Na América, ainda desconhecendo a convenção de Fontainebleau, uma

esquadra luso-britânica bombardeou sem resultados, em janeiro de 63, a

Colônia do Sacramento. Em abril, Cevalhos começa a ocupação de terras por-tuguesas e toma os fortes de Santa Teresa e São Miguel, em território hoje

pertencente ao Uruguai, a povoação do Rio Grande de São Pedro e a margem

esquerda do sangradouro da Lagoa dos Patos. Tomando depois conhecimento

do tratado de paz, Cevalhos devolve a Colônia do Sacramento, mas nega-se

a devolver o Rio Grande. Inutilmente protestaram os representantes de Por-

tugal em Madri, até que, por incentivo do Marquês de Pombal, passam os

portugueses à ação militar, ocupando a margem norte do canal da Lagoa

dos Patos e acercando-se da principal povoação gaúcha sem contudo a tomar.

Desse modo, se na Europa, Portugal e Espanha encontravam-se em paz,o mesmo não acontecia em seus domínios na América. Em 73, o novo gover-nador de Buenos Aires, D. Juan José de Vértiz y Salcedo, entra em território

do Rio Grande e funda o forte de Santa Tecla, próximo a Rio Pardo. À to-

mada do forte de Santa Tecla, em 75, pelo Major Rafael Pinto Bandeira,

segue-se a recuperação do Rio Grande, em 76, pelo Tenente-General João

Henriques de Bóhm. Era este um militar alemão, discípulo do Conde de

Lippe, organizador do exército português e comandante da tropa luso-britânica

na Guerra dos Sete Anos. Depois de servir em Portugal, Bõhm veio para o

Brasil, onde organizou o exército e exerceu as funções de inspetor-geral. A ele

é dirigida a quase totalidade das cartas que ora se editam. Cobrem o período

que vai de 17 de fevereiro de 1775 (a primeira carta de Antônio Carlos Furtado

de Mendonça a João Henriques de Bõhm) a 23 de março de 1778 (carta de

Manuel da Costa da Silveira, comunicando a chegada de embarcações espa-

nholas para a retirada dos invasores).

Acompanham-se, através das cartas e demais documentos, os preparativos

para a retomada do Rio Grande, ação para a qual a importância de Santa

Catarina é primordial, por desempenhar a ilha o papel de entreposto colo-

cado entre o Vice-Rei, D. Luís de Almeida Soares Portugal Alarcão Eça Melo

Silva e Mascarenhas, 2.° Marquês do Lavradio, e a região conflitada da fron-

teira com os domínios da Espanha no Sul. Essa posição talvez facilitasse o

desvio de recursos ou os negócios ilícitos, "a

ladroeira", de que fala Furtado

de Mendonça em sua carta de 18 de junho de 75: "...

V. Ex.a não ignora,

pois vio o mao estado em que isto estava, e ao mesmo tempo me é precisoajustar tudo o que pertence para a Fazenda Real por conta de se não con-

tinuar na ladroeira em que isto estava, e creio que V. Ex.a, isto, também não

ignora." De fato, é da ilha que saem para a fronteira o feijão e a farinha,

o gado, armas e soldados, tudo que vem do Rio de Janeiro e de outras partesdo Brasil para as terras portuguesas do Sul.

"Aqui vêm vindo as embarcações

arribadas que vão do Rio de Janeiro para esse Rio Grande as quaes me dão

bastante enfado porque todos querem o que aqui não há: uns amarras; outros

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, lOh 3-236, 1983.

Page 13: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 13 -

âncoras, e pano, e cabos, e eu vou fazendo todo o esforço para remediar

estas faltas." Carta de Furtado de Mendonça a Bõhm, de 15 de junho de 1776."Nestas

armações não se acha chumbo, que V. Ex.a me diz lhe falta; sendo

bem certo que depois que eu aqui cheguei se tem remetido para esse Conti-

nente tudo o que tem vindo do Rio de Janeiro." Carta de 26 de janeiro de

76. A Ilha tem grande importância não só como centro de abastecimento

mas também como centro de informação. Aí são recebidas, através do Vice-Rei,

ordens e notícias vindas de Lisboa e do Rio, as quais são transmitidas a Bõhm.

Assim a carta de 2 de setembro de 75: "me

diz o Sr. Marquês Vice-Rei, que

por um aviso da nossa corte, que recebeo a 13 do mês passado lhe partecipao Menistro de Estado a notícia de que os castelhanos se acham com toda a

força armando navios em todos os seus portos com o destino de passarem ao

nosso Brasil, e como esta Ilha é, que embaraçada, pode cortar todo o socorro,

que é preciso para esse Continente, julga-se que será o premeiro lugar, queeles possam atacar..."

Além das ordens, avisos e notícias concernentes à defesa e à administração,

chegam aos confins do Sul ecos dos acontecimentos da corte, festas, estado

de saúde do rei e de seu poderoso Ministro, como a permanência de D. Joséem Oeiras, em casa do Marquês,

"de donde vai tomar banhos ao Esturil".

Carta de 16 de novembro de 75. Em carta de 16 de dezembro, Furtado de

Mendonça remete a Bõhm uma estampa da inauguração da estátua eqüestre

de D. José. "Remeto

a V. Ex.a esse canudo de folha-de-Flandes em que vai

a estampa da inauguração da estátua eqüestre, que V. Ex.a pode ficar com

ela, porque eu tive mais duas, que dei uma delas ao Governador desta Ilha,

reservando esta para V. Ex.a, e em outra ocasião hei de remeter um extrato

dos convites que houveram para àssistência destas festas que faz cócigas, ou

vontade de se ter assistido a elas mas parece-me que por nossos pecados não

veremos tão cedo ao menos a estátua." A inauguração da estátua, no Terreiro

do Paço, hoje Praça do Comércio, ocorreu no dia 6 de junho de 1755. Com

relação à estátua escreve Furtado de Mendonça, em carta de 13 de janeirode 76, que um tenente de cavalaria

"fez uma sátira à estátua eqüestre, ou

não sei se ao retrato do Sr. Marquês de Pombal, pelo que foi açoutado pelasruas públicas, sendo primeiro expulso, creio, que com infâmias." Da cruel

execução do genovês João Batista Pelle faz o missivista referência na carta de

2 de março de 76. Esse genovês, residente em I.isboa, foi injustamente acusado

de tentar contra a vida do Marquês, colocando um engenho de fogo na car-

ruagem que devia conduzi-lo às festividades da inauguração da estátua. O in-

feliz foi julgado sem direito a defesa e condenado a, depois de ter as mãos

decepadas, ser puxado por quatro cavalos aos quais estava amarrado pelosbraços e pernas.

"Remeto a V. Ex.a as gazetas que ultimamente me vieram

com a sentença que teve o malvado João Baptista Pelle." Na mesma carta, há

notícias da saúde do Rei e de Pombal. "As

novidades que dão as minhas

cartas do Reino, é ter-se recolhido Sua Majestade de Oeiras muito bom, e

que o Marquês de Pombal esteve em casa quase um mês por conta de uma

canelada, e tudo se acha em grande sussego."

Enquanto na Europa tudo se achava "em

grande sussego", nas colônias

da América preparavam-se hostilidades e fortaleciam-se defesas. Esse aspecto

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, Í0J:3-2S6,. 1983.

Page 14: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 14 _

duplo das relações entre os dois reinos ibéricos mostra-se bem na carta de

2 de maio de 76. "Estimarei,

que V. Ex.a consiga o ter nessa assistência

muito gado para assim puder com a chegada de mais dragões acabar de

conquistar as nossas terras. Do Rio de Janeiro se não dá novidades, e só se

me diz, que a nossa corte, e a de Castela estão em ajustes Deos premita queisto se conclua para nos podermos retirar." E ainda em 18 de julho escreve

Pedro Antônio da Gama e Freitas: "As

notícias da nossa corte dão a espe-

rança de se porem as nossas tropas em sossego."

Entrementes preparava a Espanha uma grande expedição comandada porD. Pedro de Cevalhos, agora Vice-Rei do Rio de Prata, e composta de 13.000

homens em 116 embarcações. De fato, pela carta de 21 de novembro, Furtado

de Mendonça transmite a Bòhm o aviso recebido, na madrugada daquele dia,

do Governador da Colônia, "que

expedindo um homem, com a obrigação de

o instruir das novidades que havia, e des que chegassem pelo aviso que os

castelhanos esperavam no fim de outubro: diz que a 7 deste mês chegou o

tal portador, e lhe sigura ser verdade o vir D. Pedro Cevalhos por Vice-Rei

de Buenos Aires, ou Lima com quatro marechaes-de-campo, e mais ofeciaes

correspondentes a 20000 homens, que junto com os petreichos, conduzem

outenta e tantas velas, e se diz que o grosso desta armada, se encaminha pre-

meiro que tudo a tomar esta ilha:"

Em 20 de fevereiro de 77 os castelhanos já estão chegando a Santa Cata-

rina, conforme o aviso de Furtado de Mendonça: "Ê

este o premeiro aviso

que faço a V. Ex.a, não só com o inimigo a vista; mas entrando pela barra

dentro." Dois dias depois comunica ele ao Vice-Rei a disposição dos defen-

sores da Ilha. "Devo

sigurar a V. Ex.a, que os ânimos de todos desde o Gover-

nador até o último soldado se mostram com o maior valor e espírito sem

embargo de verem esta grande expedição:" A carta de 25 já comunica a de-

cisão de retirada para Laguna.

Exatamente nesses dias, mais precisamente em 24 de fevereiro, falecia

D. José em Lisboa. O advento de D. Maria I, com todas as mudanças que se

seguiram, teve o aspecto de uma revolução, a Viradeira. Logo cuidou a rainha

de reatar as boas relações com a Espanha. D. Francisco Inocêncio de Sousa

Coutinho, na qualidade de ministro plenipotenciário, vai a Madri para ne-

gociar com o Conde de Florida Blanca, ministro espanhol, um novo tratado

preliminar de limites dos domínios ultramarinos, que foi firmado em Santo

Ildefonso, em 1.° de outubro de 1777.

Como escreve Hélio Vianna na História Diplomática do Brasil: "De

acordo com esse convênio, devolvia a Espanha a Ilha de Santa Catarina

e modificava a linha de limites estabelecida no Tratado de Madri, na partedo Sul, de modo a ficar, não só com a Colônia do Sacramento, mas com os

Sete Povos das Missões Orientais do Uruguai, dominando as navegações do

Prata e desse rio, alcançando-o não mais pelo Ibicuí, porém junto à foz do

Pepiri-Guaçu. Além disso, teriam início os limites sulinos na barra do Chuí,

e não junto à ponta de Castilhos Grandes, de modo a passar pela Lagoa

Mirim e não mais pelas cabeceiras de seus tributários, prosseguindo pelo di-

visor das águas do centro do atual Estado do Rio Grande do Sul até atingir

o citado Pepiri-Guaçu. Daí por diante a divisória era quase a mesma do

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 1Oi: 3-236, .1983.

Page 15: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 15 -

ajuste de 1750, com modificações, inclusive na Amazônia, entre os Rios

Japurá e Negro."

Cipriano Cardoso de Barros Leme, comandante da tropa sediada na Vila

Nova de Santa Ana, comunica em 3 de setembro de 77 ao general comandante:

"Em vinte sete de agosto, recebi carta do Il.mo Ex."10 Sr. Marquês Vice-Rei,

com data de dez de agosto, em que ordena cessem as hostelidades, contra os

vassalos de El-Rei Católico, por assim ordenar a Rainha minha senhora."

Ronaldo Menegaz

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, /0J:S-236, 1983.

Page 16: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

1 II."o e Ex.mo Sr.

Tenho a honra de participar a V. Ex.a que cheguei a esta Ilha no dia

5 deste mês, e não fui logo à presença de V. Ex.a por me persuadir que com

brevidade chegariam a este porto algumas embarcações de guerra, que no

Rio de Janeiro se estavam aprontando para se virem ajuntar com a nova

armada, que se acha neste porto.

O Snr. Vice-Rei me recomenda na sua carta de instrução, que tenha com

V. Ex.a Ga conrespondência, a mais regular, e pronta para que possa ser ins-

truído das novidades, e movimentos, que houverem nesse Continente.

Espero que V. Ex.a assim me permita repetidas vezes as suas ordens que

sempre as executarei com a mais pronta vontade. Deos guarde a V. Ex.a

muitos anos.

Ilha de Santa Caterina 17 de fevereiro de 1775.

II.mo e Ex.mo Sr. João Iienriques Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Il.mo, e Ex.mo Sr.

Sem embargo que em carta de ofício tenho a honra de participar a V. Ex.a

ter chegado a esta Ilha, vou por esta forma segunda vez à presença de V. Ex.a

desejando saber se V. Ex.a tem passado bem nesse Continente; eu tive a honra

no Rio de Janeiro de ir repetidas vezes à casa de V. Ex.a saber de S. Ex.a,

e sempre tendo o gosto de me dizerem que S. Ex.a passava muito bem, e

remeto a V. Ex.a nesta mesma ocasião um caixotinho com a carta inclusa

que se entregou ao meu Ajudante-das-Ordens Joaquim Pedro, devendo V. Ex.a

ficar certo que com a maior brevidade farei remeter a V. Ex.a tudo o que

vier para V. Ex.a.

Nos últimos navios que chegaram ao Rio de Janeiro nas bésporas de

eu partir não trouxeram novidades, e na nossa Corte se não falava ainda quando

devia partir a nau que deve trazer o Governador de São Paulo. V. Ex.a me

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 17: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 18 -

dê as suas ordens, e ocasiões de servir para o que sempre me achará prompto.Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Caterina 17 de fevereiro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo o mais obrigado venerador

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

11.®° e Ex.mo Sr.

Ontem de menhã me mandou entregar o chefe da esquadra uma carta

para mim de S. Ex.a o Sr. Marquês Vice-Rei, e nela me diz que despois daminha partida não coube no possível fazer sair as embarcações que se estavamaprontando

para esta Ilha, e que com bastante trabalho consegue que partamas embarcações com que manda reforçar a defesa do Rio Grande, e junta-mente uma das fragatas

que vem a incorporar-se com a esquadra, e que na

mesma fragata vem embarcada a tropa que consta da relação que diz me

remetia, a qual deve passar a esse Continente a ordem de V. Ex.a, já seja, porvia do mar, ou da terra isto é por aquela parte que eu me parecer mais pronta,cômoda, e segura.

As referidas embarcações para reforçar a defesa do Rio Grande, que são

tres, com efeito chegaram, e duas marcantes; mas a fragata não chegou, nem

partiu com estas embarcações, nem o Sr. Vice-Rei me remeteu a referida re-

lação dizendo-me no fim da carta que na primeira embarcação me remeteria

a relação da tropa que ficava a partir, e pelas notícias que tenho particularesé esta tropa as companhias do meu regimento e do Regimento de Bragança

que ficaram no Rio de Janeiro e não sei se alguns soldados de Chichorro.

Vistas as notícias que José Marcelino participou ao Governador desta

Ilha de terem entrado no Rio Grande as nossas embarcações sem que as

fortalezas dos castelhanos lhe atirassem me pareceu que este transporte eramais cômodo, e pronto indo pela via do mar, e por terem tão bom comboio

ficando resolvido a fazer remeter esta tropa a V. Ex.a pela via do mar.

O mesmo Sr. Vice-Rei me diz que logo remeta a V. Ex.a as cartas queagora remeto as quaes me foram agora entregues devendo entender que a

tropa que o mesmo Sr. faz agora marchar não vem toda junta, e a que vier,

logo que chegue a fragata não terá aqui demora, e verdadeiramente ainda

não sei se poderá ir esta tropa toda por mar; por falta de embarcações poisaqui não tenho mais que uma que está para aviso, e outra que estava paracarregar azeites para a Bahia.

O chefe da esquadra está de acordo de sair com a maior força da esquadra,

e diz que desejava que V. Ex.a lhe participasse as notícias que tivesse paraseu governo pois também vai até onde puder ser, ao Rio da Prata, e daí

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 7W: 3-236, 1983.

Page 18: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 19 -

mandar uma fragata a comboiar os dois navios que vão para a Colônia, em

que vão, o governador, o coronel, e sargento-maior da mesma praça para o

que o chefe há de mandar o escaler com um oficial a receber as referidas notícias.

As embarcações que aqui ficam para fazer os prontos avisos ao Sr. Marquês

é a fragatinha chamada a de Pernambuco que devia de servir de hospital à

esquadra.

Faz-se perciso que V. Ex.a me queira sempre avisar, se os avisos que faz

ao Sr. Marquês podem aqui esperar ocasião de haver embarcação para o Rio

de Janeiro, ou se os devo fazer partir sem demora, pois de outra forma fazendo

eu as prontas remessas das cartas de V. Ex.a, e de José Marcelino poderei

ficar aqui sem embarcação com que faça qualquer aviso ao Sr. Vice-Rei que

seja preciso, e eu espero que V. Ex.a me queira comunicar tudo aquilo que

entender ser preciso visto o que o Sr. Marquês me detremina na sua carta de

instrução como já disse a V. Ex.a, desejando sempre que V. Ex.a me dê as

suas ordens, que as executarei com a mais pronta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Caterina 20 de fevereiro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

li."» e Ex.m0 Sr.

A esta hora, que são oito da menhã me vem o Governador desta Ilha

apresentar a carta que teve de Pedro José Soares Governador da Colônia

na qual lhe participa que não tendo os castelhanos no porto de Monte Vedio

mais do que cinco embarcações com pouca prevenção; sucessivamente lhe tem

chegado com socorro de bastante gente, e de muitos petrechos de guerra, e

por todas actualmente se acham no mesmo porto de Monte Vedio quinze

embarcacões com as circunstâncias, que declara a relação que tenho a honra

de remeter a V. Ex.a, chegando tudo isto, logo o general que se achava em

Boeinos Aires, se pôs em viagem para o campo da Colônia da qual seguiu

logo por Monte Vedio em direitura ao Rio Grande: A maior parte da gente

que lhe tem vindo de Espanha, e a mais com que cá se achava tinha man-

dado adientar para o mesmo Continente do Rio Grande.

Ainda não chegou a tropa de que fez menção o Sr. Marquês Vice-Rei

na última carta que escrevi a V. Ex.a, e creio que o motivo de não chegar

é os continuados, e grandes ventos sul que tem feito, e eu me acho em um

pouco de embaraço a respeito deste transporte pois não tenho embarcações

mais que para conduzirem trezentos para quatrocentos homens, e eu creio

que virão oitocentos, e como o resto que não puder ir com as embarcações

de guerra que vão para a defesa desse Rio forçosamente hão de ter demora

pelo motivo que digo, queira V. Ex.a fazer-me pronto aviso dizendo-me se

quer que vão por terra, ou por mar, mas para irem, ou entrar pelo Rio Grande,

ou irem a Alaguna, sempre se faz preciso que V. Ex.a faça expedir do Rio

Grande as somacas que aí estiverem para se poder fazer este transporte.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 19: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 20 -

A carta inclusa do chefe da esquadra vai aberta por ma darem dizendo--me

que era para mim, e com esta incovocação a abri. Este chefe se fez ontem

a vela com a nau Ajuda e as duas fragatas a comboiar os dois navios da

Colônia em que vão o governador, coronel e sargento-maior, e duzentas re-

clutas, e uma companhia de artelharia.

Ultimamente me entregou o Governador desta Ilha úa via de cartas de

V. Ex.a para o Sr. Vice-Rei, e outra do Brigadeiro José Casemiro, e é tudo

o que por ora tenho a honra de pôr na presença de V. Ex.a. Deos guardea V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 28 de fevereiro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Relação das embarcações que se achavam no porto de Monte Vedio a

3 de fevereiro de 1775

Cinco fragatas Del-Rei de 26 até 30 peças

Uma nau de 75 peças

Duas charruas afragatadas de 36 peças cada üa

Uma curveta \

Um bergantim \ Estas têm todas as 18 peças

Uma tartana )

Um navio marcante que monta 60 peças — mas não tem senão 20 peças na

bataria de cima

Uma fragata de El-Rei que veio proximamente das Malvinas

Dois navios que servem de avisos

Il.mo e Ex.m0 Sr.

Ultimamente participei a V. Ex.a que estavam a chegar as oito compa-

nhias, quatro do meu regimento, e quatro do Regimento de Bragança par-ticipando-me antão S. Ex.a o Sr. Marquês Vice-Rei que esta tropa devia

sem perda de tempo ser transportada para esse Continente às ordens de V. Ex.a

pela via de terra, ou mar; conforme a mim me parecesse que era mais pronto

cômodo, e seguro participando eu a V. Ex.a na última parada que ficava na

resolução de a remeter por mar podendo ser.

Ontem já de noite chegou a fragata N. Sra. da Assumpção, e nela vêm

quatro companhias duas do meu regimento, e outras duas de Bragança, queo seu estado efetivo são trezentas, e vinte e quatro praças, incluindo nestas

o capitão-ajudante, o cirurgião-mor, dois ajudantes do mesmo, e um espin-

gardo, e me diz o Sr. Marquês nesta ocasião, que esta tropa traz o destino de

ser transportada para o Rio Grande de São Pedro, que porém este transporte

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 20: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 21 -

deve ser conforme o precisar V. Ex.a e que entretanto a devo eu conservar

nesta Ilha, tendo prontas todas as providências necessárias para ela ir passando

o mais comodamente que for possível para esse Continente, já, seja por mar,

ou por terra em pequenas divisões de forma que os povos não façam detri-

mento grave à continuação da passage destes corpos.

Eu tinha pronto embarcações para fazer todo o transporte por mar, por

me parecer que era mais pronto, e cômodo e por ter participado o Gover-

nador desse Continente ao desta Ilha que as nossas embarcações tinham en-

trado no Rio Grande sem que os castelhanos lhe atirassem.

Fico esperando os prontos avisos de V. Ex.a se quer que esta tropa siga

o destino que traz devendo V. Ex.a dizer-me se quer que vão por mar, ou

por terra, sendo bem certo que V. Ex.a sabe milhor que ninguém o incômodo

que dá este transporte por terra. Eu fico com embarcações prontas para se

fazer por mar no caso que V. Ex.a assim o determine.

Diz o Sr. Marquês Vice-Rei que as bagagens sempre considera que em

todo o caso devem ir por mar, e que a estas companhias faz seguir as outras

de que já faço menção as quaes vêm com o mesmo destino devendo V. Ex.a

resolver sobre elas da mesma forma.

Nesta ocasião faço sair as embarcações de guerra que vieram destinadas

para a defesa do Rio Grande e vão também algumas marcantes, e eu espero

que V. Ex.a me queira participar logo por parada a sua detreminação. O co-

mandante das referidas embarcações leva üa via para V. Ex.a do Sr. Marquês

Vice-Rei, e eu sempre desejo que V. Ex.a me participe as suas ordens para o

que sempre estou pronto. Deos guarde a V. Ex.a.

Bordo do Galião na Barra da Ilha de Santa Caterina a 7 de

março de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Il.mo e Ex.mo Sr.

Antes de ontem recebi a carta de V. Ex.a a tempo que me achava san-

grado por causa de ir continuando a padecer mais da cabeça, e de irem con-

tinuando as vertigens, e antes tinha também recebido a carta de V. Ex.a do

dia seis também a tempo de estar com esta moléstia nesta carta me diz V. Ex.a

que naquele instante recebe a carta do Major Rafael que V. Ex.a remete por

cópia remetendo-me V. Ex.a também um saco de cartas para o Senhor Marquês

Vice-Rei que tudo já remeti ao mesmo senhor e se este vento que pressiste

actualmente continuar dentro de três ou quatro dias creio que elas chegarão.

Diz V. Ex.a que as três embarcações armadas, e as duas sumacas carrega-

das com gêneros não chegaram ainda mas persuado-me que chegariam entre

poucos dias por se terem encontrado no dia dez na altura de trinta grãos.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0.?:3-236, 1983.

Page 21: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 22 -

Eu já estou certo que esta tropa deve passar por mar, e só espero asordens de V. Ex.a para a fazer partir.

As quatro companhias que ultimamente chegaram com Manoel Nunes

Ramalho trazem duzentos setenta, e um soldados entrando dezasseis do Regi-mento de Estremoz, com dous capitães, dous tenentes três alferes três sar-

gentos quatro furriéis três porta-bandeiras onze cabos, sete tambores um

quartel-mestre um capelão um cirurgião-mor dous ajudantes do mesmo umtambor-mor, um coronheiro que entrando o sargento-mor são trezentas, e

quatorze praças.

O chefe da esquadra ainda anda por essas partes e já entreguei ao Capitão--de-Mar-e-Guerra B. Tristão a carta de V. Ex.a para ele que este oficial é o

que está comandando a barra aonde presentemente se acham três embarcações

de guerra a primeira comandada pelo referido capitão-de-mar-e-guerra a se-

gunda por D. Francisco Xavier Teles, e a terceira ainda está entregue ao

piloto que a trouxe esperando que chegue o chefe da esquadra para lhe no-mear ofeciaes competentes. A fragata Assunção

que transportou as últimas

quatro companhias de que é comandante Antônio Jacinto logo que fez o

desembarque desta tropa foi em seguemento do chefe da esquadra e é porora quanto tenho que pôr na presença de V. Ex.a remetendo a V. Ex.a acarta do Senhor Governador de São Paulo, e outra do Ajudante-das-Ordens

Gaspar José de Matos. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 22 de março de 1775.

II.mo e Ex."™ Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Il.n» e Ex.mo Sr.

Meu estimadíssimo e senhor do meu respeito tive o gosto de receber a

carta de V. Ex.a da sua letra, e não respondo da minha porque a minha

moléstia o não permite eu acabei de me sangrar por conta de esta moléstia

se adiantar, e de me repetirem as vertigens e formigamentos no braço esquerdo

e estando ontem purgado aproveito hoje o dia porque amanhã repito este

remédio estimarei que V. Ex.a passe muito bem.

Continuarei a partecipar a V. Ex.a as novidades e presentemente remeto

a V. Ex.a esse folheto que me remeteo Francisco José da Afonseca para quedepois de o ler lhe pôr um sobre-escripto ao Jorge Luís o qual não remeto

a ele pelo supor ocupado com os seus belos cabelos e já partecipei ao Capitão

José Lopes Lima que seu camarada Antônio Gomes tinha largado ou des-

confiado com a cabeleira, e me pesa que João Miguel ficasse no Rio de Ja-neiro porque este ainda pareceria mais guapo com cabelo que Antônio Gomes.

Queira V. Ex.a agradecer aos seus súbditos a sua atenção e todos os queaqui estamos que somos também de V. Ex.a súbditos nos pomos na presençade V. Ex.a e principalmente Joaquim tgnácio que é hoje o sargento-mor dos

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3 236, 1983.

Page 22: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

auxiliares desta Ilha vindo também em minha companhia Manoel Gomes

em capitão agregado deste regimento e Antônio Corrêa de Mesquita em

tenente efectivo.

Queira V. Ex.a dizer-me algüa cousa a respeito da defesa desta Ilha di-

zendo-me o seu parecer pois V. Ex.a sabe belamente o estado das forças que

eu aqui tenho que é um chamado Regimento de Pernambuco que em tudo

é mau, e lhe faltam mais de duzentos soldados tendo infenitos incapazes eu

queria ser mais extenso, e responder a alguns oficiaes que me escreveram mas

não posso nem poderei estes dias mais chegados, e não quero demorar a

V. Ex.a as cartas que tenho em meu poder.

Eu estimarei muito que V. Ex.a sem ceremônia se queira servir de mim

para lhe remeter o que for preciso avisando-me só V. Ex.a para onde quer

que se remeta o que V. Ex.a quiser ou por mar ou por Terra, e para dar

gosto, e servir a V. Ex.a tem sempre pronta a minha vontade. Deos guarde

a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina a 22 de março de 1775.

De V. Ex.a

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõlim

Esquecia-me dizer a V. Ex.a que eu trouxe Jôàquim Pedro para me servir

de ajudante-das-ordens e Antônio de Melo chamado o Pescadinha, Joaquim

Pedro como está nomeado governador para Minas foi buscar o seu general

e estou só com Antônio de Melo e Joaquim Pedro me tem devido saüdade

pois vivo com ele há muitos anos mas ele foi quem escolheu o ser ajudante-

-das-ordens de Minas depois de estar nomeado sargento-mor dos auxiliares

daqui.

Captivo o mais obrigado e muito venerador

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Il.mo e Ex.m0 Sr.

Esta menhã a bordo do galião tive a honra de escrever a V. Ex.a parti-

cipando-lhe o que V. Ex.a bem verá da minha carta e recolhendo-me a esta

casa com mais pressa por conta da minha má cabeça, se me faz agora pre-

ciso participar a V. Ex.a que remeto um mestre-carpinteiro de engenho de

moinhos, e outro de muleiro, levando o primeiro um oficial, também reme-

tendo a V. Ex.a o soldado José de Santa Ana da companhia, e Regimento do

Coronel Manoel Nunes Teixeira, e todas as referidas pessoas mando entregar

já na Barra do Sul desta Ilha ao capitão-de-mar-e-guerra, que vai comandando

as embarcações de guerra que vão para a defesa do Rio Grande.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3 236, 1983.

Page 23: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 24 -

Esta tarde recebi a carta de V. Ex.a de 26 do mês passado, em queV. Ex.a me participa não haver novidade; V. Ex.a me tem sempre pronto

para tudo o que for dar-lhe gosto. Deus guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Caterina a 7 de março de 1775.

li.®0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex-a

Captivo e muito [ilegível] venerador

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

P.S.

Espero que V. Ex.a com a brevidade possível me diga se devo, ou não

remeter esta tropa, e se deve ir por via do mar, ou da terra.

10 II.»» e Ex.mo Sr.

Tenho recebido a carta de V. Ex.a de vinte deste mês em que V. Ex.a

me partecipa ter recebido as cartas que escrevi a V. Ex.a pelo capitão-de-mar-

-e-guerra comandante das três embarcações de guerra que daqui fiz expedir,

e bem sinto o contratempo que estas experimentaram, e as embarcações mer-

cantes que foram na sua conserva espero que V. Ex.a me queira dizer se a

embarcação que encalhou no lagamar teve ou não algum perigo.

Fico certo que V. Ex.a encarregou ao Brigadeiro Governador desse Con-

tinente as disposições para a marcha da tropa que aqui se acha à ordem

de V. Ex.a, e inteiramente me hei de dirigir pelos avisos que me fizer o

referido governador ficando no conhecimento que este transporte se deve

fazer por terra.

Eu na forma do parecer de V. Ex.a tinha embarcações prontas, e sufe-

cientes para irem ao lagamar com esta tropa agora fico aprontando outra

qualidade de embarcações mais pequenas porquanto na barra da Laguna não

podem entrar das que eu tinha prontas mais que uma mas espero que aqui

não tenha demora esta tropa logo que me fizer os avisos competentes o

Governador desse Continente queira Deos que ele mos faça cora toda a bre-

vidade pois me dizem que de quinze do mês que vem ou já no princípio

do mesmo mês para diante estes transportes são mais trabalhosos. Esta tropa

trouxe barracas caldeiras, e ferramenta competente para o número da mesma

e não remeto a V. Ex.a agora um mapa destas ferramentas e abarracamento

porque o que eu tinha o mandei para a fortaleza de Santa Cruz para se passaruma revista por ele mas na primeira ocasião o remeterei a V. Ex.a.

Eu estou com algum cuidado por conta de não saber se üa parada queteve o desastre de se perder em um Rio entre a guarda do Emaú, e esta

enseada do Brito se foi expedida por V. Ex.a ou do Governador desse Conti-

nente ou do Comandante da Laguna mas diz o homem que a conduzia quelhe parece ser expedida da Laguna mas expedindo Ga parada a V. Ex.a no

dia oito V. Ex.a na carta que ultimamente recebo de V. Ex.a de vinte deste

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 70*3-236, 1983.

Page 24: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 25 -

mês me não fala nesta parada sendo bem certo que a última carta que recebi

de V. Ex.a antes desta foi com a data de nove deste mês queira V. Ex.a

dizer-me se me tem escripto proximamente mais algüa carta.

Amanhã faço expedir a via de cartas que V. Ex.a me remete para o

Senhor Vice-Rei do Estado de quem não tenho tido há tempos notícias. Do

chefe da armada não sei notícias nenhüas, o capitão-de-mar-e-guerra que

conduzio as últimas quatro companhias logo que se fez o desembarque desta

tropa saiu a buscar o chefe.

Desejo que V. Ex.a tenha a mais perfeita saúde, e as maiores felicidades

em todas as suas acções. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 29 de março de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

11 II .mü e Ex.rao Sr.

Em toda a ocasião me desejo pôr na estimável presença de V. Ex.a

estimarei que V. Ex.a vá continuando a passar muito bem eu muito pouca

melhora tenho experimentado com as seis sangrias, e cinco purgas que tenho

tomado, e ainda hoje tomei a quinta.

Vão as gazetas que ultimamente recebi de Lisboa, e se V. Ex.a não

tiver visto as dos meses antecedentes eu as remeterei, e vai mais alguns papéis

que também V. Ex.a quererá ver que não tendo V. Ex.a incômodo tudo deve

tornar a vir, e para dar gosto e servir a V. Ex.a estou eu sempre com a mesma

vontade. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina a 29 de março de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Queira V. Ex.a mandar-me entregar as cartas que remeto para alguns

oficiaes súbditos de V. Ex.a.

12 Il.mo e Ex.mo Sr.

Tendo há dias recebido a primeira carta de V. Ex.a de vinte, e seis do

mês passado recebo agora que são nove horas da manhã outra de V. Ex.a

feita a dous deste mês, e me pareceo justo dar pronta resposta a V. Ex.a para

ficar na certeza que eu não mando marchar as quatro companhias que ulti-

mamente chegaram sem que V. Ex.a novamente me diga que as faça marchar

pois o Senhor Marquês Vice-Rei em carta de dezassete do mês passado como

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 25: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 26 -

já disse a V. Ex.a me diz que estas quatro companhias devem ser transpor-

tadas para o Rio Grande de São Pedro, porém que este transporte deve ser

conforme o requerer, e pedir V. Ex.a, e entretanto o devo eu aqui conservar

nesta Ilha tendo promptas todas as providências necessárias para esta tropa

ir passando para esse Continente com a comodidade que for possível.Estas providências ficam dadas e eu estimo infenetamente

que V. Ex.a

aprove a resolução em que tenho estado de fazer passar este reforço por avia do mar para essa fronteira que V. Ex.a acha o último caminho, e visto

o que tem padecido esse Continente que logo que tever a pronta resolução

de V. Ex.a que em quarenta, e oito horas poderei fazer mandar a referida

tropa toda tendo chegado o que faltar.

Creio que quando esta chegar a V. Ex.a terão chegado as novas embar-

cações ou corsários que daqui fiz partir para defesa desse Rio.

Na vila da Alaguna me avisa aquele comandante que tem mil e quatro-centos e vinte alqueires, e meio de farinha que de Pernaguá enviou aquele

ouvidor por ordem do Senhor Marquês Vice-Rei a este comandante partecipo

que faça logo sem perda de tempo conduzi-la para esse Continente pelamelhor via que for possível, se eu tivesse aqui embarcação suficiente paraeste transporte a faria partir para fazer esta condução mas como a não

tenho parecia-me que V. Ex.a aí poderá ter sumacas que tenham ido com

transporte ou com negócio que pudesse mandar a Alaguna para transportar-se

esta farinha com mais brevidade, e aviso a este comandante que a faça re-

meter mandando-a V. Ex.a buscar.

Fico certo de V. Ex.a não ter notícia do Rio da Prata.

Como V. Ex.a me diz que o Tenente-Coronel Nicolau Antônio de Almeida

novamente provido para o Regimento de Estremoz seria bom tomasse à *ua

conta a conduta do reforço que fica esperando as ordens de V. Ex.a, é o

motivo por que o não faço já marchar, e com o primeiro aviso que tever de

V. Ex.a a respeito do mesmo reforço ficarei sabendo se o devo ou não fazer

partir antes de partir o mesmo reforço.

Fico certo de não fazer marchar o Sargento-Mor Manoel Nunes Ramalho

por estar provido em tenente-coronel do regimento desta guarnição.

Eu vou cuidando em fazer aprontar todas as farinhas que aqui se pude-

rem fazer sendo bem certo que depois de fazer os provimentos precisos para

esta Ilha hei de remeter a V. Ex.a toda a que puder, e me parece tenho

saptisfeito a responder a V. Ex.a as duas cartas que tenho tido a honra de

receber de V. Ex.a, e sempre desejo estar pronto para executar as determinações

de V. Ex.a. Deos guarde V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a* de março de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

* A carta não foi datada.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 26: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 27 -

13 Il.m0 e Ex.mo Sr.

A última que tive a honra de receber de V. Ex.a a que não tenho dado

resposta foi a de vinte, e três do mês passado ficando certo de V. Ex.a ter

mandado reclamar ao Coronel Molina por via do Tenente-Coronel Alexandre

Cardoso os bens dos infelices que tinham dado à costa, e vejo que este coronel

não fala ainda na restituição que é o ponto principal.

Estimo que as nossas três embarcações de guerra estejam seguras no lagamar.

Já disse a V. Ex.a ficava esperando pelos avisos do Brigadeiro Gover-

nador desse Continente para fazer marchar a tropa que aqui se acha à ordem

de V. Ex.a, e eu estou desejando muito que cheguem estes avisos por conta

que o inverno vai querendo dar o seu princípio, e em semelhante tempo é

muito mais custoso este transporte.

Agora vou informar a V. Ex.a que o chefe da esquadra deu fundo nesta

barra no dia trinta do mês passado depois de ter dado comboi ao transporte

do socorro destinado para a Colônia até Monte Vedio aonde diz que deu

fundo no dia dezasseis também do mês passado achando a esquadra espanhola

no maior descanso que é possível tudo desarvorado para invernar encalhada

na lama, esta esquadra consta de quatro naus de linha três fragatas, e nove

navios armados em guerra, que a maior parte destes capazes para levarem

duas baterias. Diz este chefe que no dia dezassete mandou a fragata Graça

comboiar o transporte até a Colônia, e ficou fundiado defronte de Monte

Vedio até o dia dezoito, que era o tempo que julgava ter chegado à Colônia

o transporte. Diz que no tempo da primeira noute que deu fundo os espa-

nhoes tiraram-se do descanso de sorte que aprontaram até as vergas dos joa-

netes envergadas antes de nascer o sol puseram-se de tal forma que supõem

que menos de dez naus de linha há de ser dificultoso dar-lhe ataque diz mais

que no dia dezoito se fez à vela para bordejar no Rio da Prata para sair

para fora depois de ter perdido a melhor ocasião de destruir a armada espa-

nhola por razão das notícias que lhe levou a fragata Graça de estar em sossego

esse Continente.

Este chefe se apartou no dia vinte, e nove do mês passado da outra

fragata, e da nau Ajuda por conta da tormenta que teve estas embarcações,

e a fragata que foi à Colônia ainda não chegaram.

Agora vou informar a V. Ex.a que ontem de tarde chegou aqui üa

sumaca que traz doze dias de viagem com o destino de ir para esse Conti-

nente a qual entrou neste porto por precisar fazer conserto no masto grande

hoje o está fazendo, e amanhã sae, esta sumaca tem por invocação Nossa

Senhora do Carmo, e o mestre se chama João da Silva Santos; esta noute

entrou outra com o mesmo destino com dez dias de viagem, e também

amanhã há de sair, a invocação desta é Nossa Senhora da Conceição São

Francisco, e Almas, e o mestre é Miguel José de Freitas. Estas mesmas embar-

cações trazem as vias que me pareceo irem mais seguras por irem nesta parada

a segunda embarcação em que falo levava para esse Continente seis soldados

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 27: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 28 -

do meu regimento pertencentes às quatro companhias do mesmo meu regi-

mento que aqui se acham que eu aqui deixo ficar para seguirem o destino

que teverem as suas companhias estas duas sumacas a sua maior carga é dos

mercadores mas consta-me que pertencem à Fazenda Real levam também

alguma parte.

Tenho a honra de remeter a V. Ex.a o mapa da tropa que aqui se acha

com o destino de marchar para esse Continente neste mapa se não fala no

armamento porque este trazem o competente para o estado efectivo. Resta-me

só segurar a V. Ex.a que desejo a certeza da sua saúde, e que fico pronto

para lhe dar gosto. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 4 de abril de 1775.

II.wo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

14 II.mo e Ex.D'° Sr.

Nunca desejo perder ocasião de me pôr por este modo na presença de

V. Ex.a estimarei que V. Ex.a sempre me dê o gosto de me segurar que passamuito bem eu meu Ex.mo vou continuando a passar muito mal antes de

ontem pude ir à Missa mas de tarde me pus muito mal até agora ontem estive

de remédio, e não tenho devido benefício aos muitos que tenho tomado.

As duas embarcações em que falo a V. Ex.a vão para esse Continente

não trazem novidade, e não tem chegado ao Rio de Janeiro nau ou embar-

cações de Lisboa as últimas notícias tenho eu partecipado a V. Ex.a.

Eu não tenho devido a José da Nóbrega o dar-me o gosto de me dizer

o estado em que se acham as companhias do meu regimento parecia-me que

posso dizer a V. Ex.a o estranhar-lhe este descuido.

Eu tenho grande sentimento de V. Ex.a se não querer servir de mim pois

é certo, que a minha vontade sempre está pronta para dar gosto a V. Ex.a.

Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina 4 de abril de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo o mais obrigado súbdito

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Em Ga das embarcações que daqui partem amanhã vai üa grande senhora

para esse Continente que me parece que poderá servir ou para Jorge Luís

ou para o meu Capitão Antônio Gomes em recompensa dos seus belos cabelos.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 28: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

Mm

OftiWidlhfutlTtJ ^

X- (**ftlhltb*<t*1. !> if t.'iUUi* ']'"%

f

^'^^.u^rwr Wv'^i- —-T-T"-

jt l id tl./.*' it ! t ffP/Alas S^i >*3fesWJ tWwt &inw» W j»> *¦' & *' "< ' •* *§ '

Ji **£. >

¦ .&«* w smk 5m

¦ ,

1 ^tW ,'.'

¦¦"" "-H'f !»¦ Tj |1'P ifj

<\tf« . to .__... \Jsi I \ -5 , ! / 1 i.Jfd.5£i ft' 11 1

f&W WM 2' I? __I_- - ... ; 1 Sf\j £*_S? " 7t ^TZ

j t , / . / <* , 3 , j / , .. • : I 6a I j & JT, ' ~XmT

, .. _ I :/ ->

7^ / v? 7 7jj y. /. 2 /___ ;/ £j,'s ; .1,.arffW / 2 : ! . ' fi, : s!f £.4 72 ' ;•

--'"zr:: —isJfrj_|:. • - -p^r

¦¦; wi" a/ii^illllaa|gili;ir1nll!f iT1 m

!>-f CtQ^ntniif-crH^f fiém*{-!w**nhi*< ã*i t \uit!wJ>< .Íif Jt&mMti Âtj Otí/wtfnl« f-ír^Ar $aLi>'/>>Av> *u,

'

X_>

") ' í * $h ¦;

'

/.l-"<£ /''uHtíítW <'? ,t>7/(*í**rtCli f Vífc<MU»ftír* *

/J- '' •"' <-.j\

•?' *# '

£ -HjíffK«6 <-kf Ifctj&W1

ikktmtd* .h e by.mxi*\

*•? W_*

f.. Jz

*

I ^ i.

_

<S

-5 ^ • ! ! 3

-9 r:.Z <

¦k ^ ^

J: 4 ã £ ftatuJ|^:w ^ ;-ê -4

^* ,:¦¦ V ; ¦ •»

& i:! C' I' i' •

£y % ' -hS , I . J • f«-:iL >

* r* r> J

;¦ . ^, V ; W , v>\«4

^ l /if L— J/£J3ti^£^ :

.

'/r!?*j^: JQ! * :' «

' 4«1J? ! 72 ; 4

' !* >5"" /-Sr

"tíi

. / 7* . «, 5. ^ , T: f»' ^ tu Cl

,i s ;/g»; j ./^o.t /..

j $&/{&•>

!

I »-•.

Page 29: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 30 -

16 II.»0 e Ex.mo Sr.

No dia cinco recebi a carta do Governador desse Continente que remeto

a V. Ex.a por cópia, e na conformidade do aviso que V. Ex.a me tinha feito

no dia vinte para derigir a marcha desta tropa pelos avisos que o dito gover-nador me fizesse vou a dizer a V. Ex.a que esta embarcou para passar à Laguna

no dia, oito, e neste mesmo dia se foram por mais perto, estas embarcações

deste transporte da Barra do Sul para no dia seguinte saírem mas não pôdesuceder assim por conta do vento contrário que no dia seguinte do embarque

houve, mas me persuado que hoje poderão sair.

Na conformidade do mesmo aviso do governador vão as bagagens e mu-

nições de sobresselente em direitura a esse lagamar, e vai nesta embarcação

o Quartel-Mestre do Regimento de Bragança com dous soldados de cada

companhia, e um ofecial inferior de cada regimento; e um soldado do Regi-

mento de Estremoz, e mais quatro soldados um do meu regimento, e três

do Regimento de Bragança por não estarem capazes de marcharem.

Neste hospital ficam cinco soldados três do meu regimento, e dous do

Regimento de Bragança que por incapazes totalmente não marcham.

A esta tropa fiz incorporar seis soldados do meu regimento vindos ulti-

mamente do Rio de Janeiro em üa sumaca.

Remeto a V. Ex.a por cópia a carta que escrevo à Junta da Real Fazenda

desse Continente para V. Ex.a vir no conhecimento dos cabedaes que pre-sentemente remeto para pagamento das tropas que têm a honra de estarem

debaixo das ordens de V. Ex.a remetendo mais um resumo para melhor cia-

reza desta remessa.

Esta tropa a mandei moniciar com doze cartuchos atendendo à marcha

que devem fazer.

Queira V. Ex.a fazer os prontos avisos ao tenente-coronel comandante desta

tropa ordenando-lhe se os cabedaes de que vai entregue, e o Capitão JoãoAlberto Ribeiro os deve fazer marchar para Porto Alegre.

É o que se me oferece dizer a V. Ex.a desejando muito que V. Ex.a

sempre tenha as maiores felicidades, e a melhor saúde. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 10 de abril de J775.

Il.mo e Ex.mu Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

17 Cópia

Agora me avisa da fronteira do norte o Sr. General Bõhm haverem

entrado felizmente, ao lagamar os nossos três xavecos não tendo esta fortuna

duas somacas que faltam. Diz-me S. Ex.a que ele manda vir por terra paraaquela fronteira as quatro companhias de que me remete mapa que vieram

no corsário Nossa Senhora da Assunção e as outras quatro que V. Ex.a lhe

avisa esperar, e me manda por cópia o que V. Ex.a lhe escreveo, e o queele escreve a V. Ex.a a este respeito. Em conseqüência do referido, aviso ao

Comandante da Laguna haja de dilatar as carretas que ali forem chegando,

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 30: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 31 -

e daqui faço partir outras, e assim mesmo cavalhadas, e terei competentes

para as ditas oito companhias, e nomeio um comissário capaz para reger este

transporte, e V. Ex.a se servirá advertir aos comandantes se sujeitem nesta

parte ao seu conselho, e disposição aliás tudo é confusão, e detrimento grande.Pela relação inclusa verá V. Ex.a o que mando, e o que digo ao dito comis-

sário intendente do transporte. Em üa das cartas de V. Ex.a vejo ordenar

o Senhor Marquês Vice-Rei que sempre a bagagem munições e armas de

sobresselente das ditas companhias deve passar por mar à Barra deste Rio

Grande, e neste caso só os soldados trarão suas muchilas, e armas, e os car-

tuchos das cartucheiras ou patronas, e as suas barracas, e cada oficial, a sua

cama e uma canastra porque desta sorte repartindo-se-lhe em Garupaba meio

alqueire de farinha a cada praça para um mês que é o mais que poderão

gastar na marcha bastar-lhes-ão abundantemente duas carretas para cada

companhia porque a mesma farinha vai sempre a deminuir o peso, e se lhes

pagará a dinheiro a terceira quarta como aqui se está praticando com a

tropa por falta dela, e dos transportes mas se a tropa não ficar saptisfeita,

e a V. Ex.a parecer podem trazer talvez üa quarta às costas isto é a não

haver mais carretas ou serem necessárias. A brevidade com que se precisamarche a tropa sabe melhor V. Ex.a assim como a necessidade que temos

aqui de farinha para V. Ex.a se servir remeter a que lhe for possível.É o que por ora se me oferece dizer a V. Ex.a que Deos guarde muitos

anos. Porto Alegre 25 de março de 1775. P. S. Esta Barra não é para virem

a ela muitas embarcações em conserva, e sim cada uma como puder.Il.mo e Ex.rao Sr. Antônio Carlos Furtado de Mendonça.

José Marcelino de Figueiredo

Instrução, e notícia do que deve observar o comissário nomeado para o

presente transporte Antônio de Sousa de Oliveira como abaixo se declara.

Para as oito companhias que da Laguna se devem transportar em direilura

u fronteira do norte deste Continente não trazendo esta tropa mais que as

suas armas, e as suas mochilas, e os ofeciaes respeitivos üa até duas canastras

com as suas barracas competentes pois tudo o mais de bagage munições e ainda

armas compridas devem vir por mar se remetem carretas com seis bois, e

piães competentes 16

cavalos, e mulas mansas para ofeciaes, e conduta 60

reses para comer até a entrada da praia 60

Esta tropa deve ser muneciada na Laguna ao tempo de sair com meio

alqueire de farinha para um mês, e a terceira quarta se lhes deve pagar a

dinheiro como aqui se está praticando com a mais tropa em atenção à falta

de transportes. Regula-se que esta tropa tendo cada quatro dias de marcha

um de descanso, e andando quatro ou cinco légoas por dia poderá gastar até

a Barra do Rio Grande 3C dias quando muito devendo ditos comandantes

acomodar-se com o razonável parecer de quem derigir a marcha em atenção aos

pousos às carretas, e aos animaes. Se as ditas oito companhias vierem sepa-

radas se deve separar também igualmente o transporte o que deve regular

o comissário encarregado do transporte o qual deve representar aos respec-

tivos comandantes tudo o que precisar se faça ou se evite.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10): 3-236, 1983.

Page 31: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 32 -

Depois de tudo posto em marcha me dará dito comissário conta por

parada do que necessitar, e do gasto diário que se fizer a respeito de se

saber aonde se precisam reses suposto que o mesmo comissário poderá tirar

razonavelmente das estâncias por onde transitarem as precisas do que pas-sará recibo para haverem o seu pagamento devendo providenciar o benefício

dos couros para poderem entrar sem avaria nos armazéns de Sua Majestade

isto se entende com os que não poderem ficar aos donos para se pagar com

a carne. O mesmo comissário poderá pedir o auxílio que precisar aos ofeciaes

dos destrictos, e moradores deste Continente dando as clarezas necessárias na

forma do custume. Como nos meses de fevereiro, e março corrente têm saído

desta Capitanea para a Laguna quarenta, e üa carretas tomará o dito comis-

sário na marcha conhecimento das que estão mais adiantadas e de ordem

minha lhes assignalará dia certo, e competente para se acharem na Laguna

ou Garupaba a fim de que não experimente demora a vinda da tropa

enquanto eu faço sair outras carretas para buscarem os gêneros de que aqui

se precisa para particulares com a cominação de três meses de cadeia aos quefaltarem ou se demorarem a fim de não trazerem a tropa. O conhecimento

que o dito comissário encarregado da marcha ou transporte da tropa dita

tem do país, e as provas que tem dado do zelo em outras deligências do

serviço de Sua Majestade me faz esperar saptisfaça em tudo esta deligência

com acerto, e sem opressão nem queixa.

Com aviso do dito comissário feito da Laguna ao cabo da guarda de

Tramandaí se aprontarão naquela guarda outras sessenta reses no dia deter-

minado. Porto Alegre a 25 de março de 1775.

18 Resumo do dinheiro que se entregou por esta Provedoria da Real

Fazenda por ordem do Il.mo e Ex.mo Sr. Marechal-de-Campo e General ao

Tenente-Coronel Nicolao Antônio de Almeida Pacheco, e ao Capitão JoãoAlberto Ribeiro para o conduzirem, e entregarem nos cofres reais do Rio

Grande à ordem da Junta da Real Fazenda daquela Capitania.

Para pagamento dos soldos do mês de julho das tropas queem dezembro do ano passado marcharam em companhia do Il.mo

e Ex.mo Sr. Tenente-General para a fronteira do Rio Grande, e

das da guamição daquele Continente

Para pagamento dos soldos até o fim de junho das tropas quede presente marcham para a mesma fronteira debaixo do co-

mando dos mesmos oficiaes

Para pagamento dos soldos do mês de julho das ditas tropas . .

Para pagamento de um mês de soldos das mesmas tropas que

principia em 6 do corrente mês de abril e há de findar em 5 de

maio, de que hão de dar conta os ditos oficiaes

Ilha de Santa Catarina a 8 de abril de 1775

Manoel José [ilegível] Ramos

[ilegível] Interino da Fazenda Real

14:799$445

3:677$720

1:325$683

1:281$998

21:084^846

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, I0h%-236, 1983.

Page 32: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 33 -

19 Cópia

Ao Tenente-Coronel Nicolao Antônio de Almeida, e ao Capitão João

Alberto Ribeiro mandei entregar quatorze contos setecentos noventa, e nove

mil quatrocentos quarenta, e cinco réis para os soldos do mês de julho deste

ano para as tropas que em dezembro do ano passado marcharam para esse

Continente, em companhia, e à ordem do Il.mo e Ex.mo Sr. General-em-Chefe

do Exército do Sul, e das da guarnição desse Continente esta quantia fez

remeter proximamente o Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei para eu a fazer

expedir na forma que agora o faço, V. S.a, e os mais Srs. Deputados devem

mandar passar os conhecimentos do estilo que espero me remetam na pri-

meira ocasião para a conta do almoxarife desta Ilha. Aos mesmos ofeciaes

mandei entregar três contos seiscentos setenta, e sete mil setecentos, e vinte

réis sendo esta quantia resto de outra maior que o mesmo Il.mo e Ex.mo Sr.

Marquês Vice-Rei me fez remeter para pagamento das oito companhias que

marcham presentemente debaixo da ordem do mesmo tenente-coronel sendo

o líquido que ficou depois de feitos os pagamentos competentes da referida

maior quantia a qual pertence ao pagamento da referida tropa até o mês

de junho devendo V. S.a, e os mais Srs. remeterem-me os conhecimentos

competentes. Também aos mesmos ofeciaes mandei entregar um conto duzentos

oitenta, e um mil novecentos noventa, e oito réis para pagamento de um

mês dos soldos da mesma tropa que vai comandando o referido tenente-coronel

que principia a seis do corrente e há de findar a cinco de maio tendo-se

tirado esta quantia da maior em que acima falo devendo estes ofeciaes apre-

sentarem os prés dos pagamentos que tiverem feito para se examinarem e

liquidarem a conta que V. S.a e mais Srs. lhe devem mandar tomar deven-

do-se também remeter clareza desta conta para descarga do mesmo almoxa-

rife. Entregou-se mais a estes ofeciaes um conto trezentos vinte e cinco mil

seiscentos oitenta, e três réis que também ultimamente fez remeter o Il.mo e

Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei para pagamento da tropa que vai debaixo da

ordem do referido tenente-coronel também para o mês de julho que V. S.a,

e os mais Srs. me remeteram os conhecimentos competentes para descarga

deste almoxarife. Remetendo a V. S.a, e mais Srs. os conhecimentos de terem

recebido estes ofeciaes as quatro parcelas que receberam. Deos guarde a V. S.a.

Ilha de Santa Catarina a 9 de abril de 1775. Sr. José Marcelino de Figueiredo,

Brigadeiro de Cavalaria, e Governador do Continente do Rio Grande, e

Presidente da Junta da Real Fazenda do mesmo Continente, e mais Srs.

Deputados da mesma Junta. Antônio Carlos Furtado de Mendonça.

20 II."»0 e Ex.mo Sr.

Há muito tempo que V. Ex.a me não tem favorecido com as suas esti-

madíssimas notícias estimarei que V. Ex.a vá continuando a passar muito bem

eu há seis dias que não passo tão mal.

Não dou a V. Ex.a notícia da Europa porque até o dia vinte, e seis do

mês passado não tinha chegado nenhüa embarcação ao Rio de Janeiro mas

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 33: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 34 -

todos os dias se esperava pela nau de Guerra com os dous governadores deMinas, e São Paulo.

Agora vamos às novidades do Rio no Segundo Regimento se proveramos postos seguintes. O ajudante passou a capitão, e o Tenente Melo a aju-

dante e a tenente de garnadeiro o Tenente Ramalho o Sargento Manoel Joa-

quim e o Porta-Bandeira Joaquim de Almeida a alferes, e ao alferes que é

cunhado de Luís Pinheiro não lhe dei o nome tenente agregado, e o Alferes

Francisco de Araújo passou a alferes de granadeiros o Sargento Francisco Roís

a quartel-mestre o Alferes Francisco da Costa Moura reformado no Regimento

de Pernambuco passou a ajudante o Tenente Francisco Luis e a tenente o

Alferes Manoel Jorge, o cadete do Segundo Regimento Egas Monis passoua alferes tem havido alguns desertores, e de uma vez nove que saíram arma-

dos expediram-se os piquetes de cavalaria mas não tinham ainda aparecido

da Bahia, e do Rio vieram alguns marinheiros ainda que poucos e da Bahia

vieram trinta, e cinco reclutas, e eu não sei que razão haja para V. Ex.a me

não permitir o gosto de o servir no que eu faço o maior gosto. Deos guardea V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina a 10 de abril de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo o mais obrigado venerador

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

21 II.»» e Ex.»° Sr.

Tenho recebido as duas cartas de V. Ex.a de quatro e onze deste mês

devendo primeiramente segurar a V. Ex.a o quanto tenho estimado a feliz

entrada das nossas embarcações apesar do pouco efeito que teve o fogo dos

castelhanos eu estimarei que V. Ex.a sempre seja felizmente socedido.

Sobre o que V. Ex.a me diz a respeito das cartas do Sr. Marquês Vice-Rei

devo segurar a V. Ex.a que logo que as recebo sem demora as remeto a V. Ex.a;

eu a última que tive de S. Ex.a foi de três do mês passado só partecipando-meter recebido carta minha pelo Sargento-Mor Rocio, e outra em que me re-

metia os conhecimentos do pagamento do mês de julho da tropa que se

acha nesse Continente, mas espero que em breves dias teremos cartas de S. Ex.a.

Remeto a V. Ex.a essas duas cartas do chefe da esquadra, e sem embargo

que ele dirá a V. Ex.a as novidades a respecto da mesma esquadra vou a dizer

a V. Ex.a que ele quando se recolheo a esta Barra por causa do temporal se

perdeu da sua companhia, a nau Ajuda, e a fragata Nazareth, estas embar-

cações me deviam bastante cuidado pela tardança que tiveram até chegarem

mas com efecto estão nesta Barra, e ultimamente chegou a fragata Nazareth

que no dia vinte, e sete do mês passado encontrou com um navio espanhol

que ia de Cades para Cheia o comandante da fragata recebeu a seu bordo

o capitão do navio espanhol, e parte da guarnição deste navio, e nele lhe

An. Bifei. Nac., Rio de Janeiro, M\3-236, 1983.

Page 34: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 35 -

meteo gente da sua guarnição, e vindo demandar este porto se perdeu dafragata a qual entrando aqui só dentro de poucos dias chegou o navio espanhol

o qual já partiu para o Rio de Janeiro junto com a mesma fragata não só

a dar-lhe comboi mas a fazer conserto que necessita a mesma fragata. A fra-

gata Graça que foi de Monte Vedio comboiar os dous navios à Colônia ainda

não chegou, e já me dá cuidado.

Sobre o que participa a V. Ex.a o Sr. General de São Paulo de ter prontoum regimento de paulistas, e as companhias de caçadores, eu não sei mais

que ter-me participado ter levantado este regimento, e companhias, e per-suado-me ter pronto esta tropa para a expedir conforme os avisos que V. Ex.alhe fizer sendo bem certo que deve o mesmo governador mandar com estatropa os víveres precisos para ela se manter eu lhe escrevo agora dizendo-lhe

que no caso de fazer marchar a mesma deve dar as prevenções precisas paraeste transporte recomendando-lhe também que as embarcações que condu-

zirem esta tropa não devem ser muito grandes por conta de poderem entrar

na Laguna pois poderá esta tropa vir em ocasião de aqui não haver somacas

competentes para entrarem naquela Barra.

Eu já tive parte de ter marchado de Garupaba as oito companhias queultimamente daqui marcharam, e que iam fazendo a sua marcha felizmenteelas não ocuparam as dezasseis carretas que o Governador deste Continentetinha destinado para este transporte, e só sim doze por centa das poucasbagagens que levaram consigo. Esta tropa na Laguna não desembarcou paraa parte da vila mas sim para a outra parte no Campo da Barra por antesme ter informado não ser preciso desembarcarem

para a parte da vila porse evitar o transporte de tornarem a passar aquele Rio, e só me resta agorater a notícia de chegar a embarcação que transportou as bagagens ao lagamar

que o tempo não é muito proporcionado para o mesmo lagamar mas como

V. Ex.a me partecipou que quisesse seguir o que me partecipasse José Mar-

celino a este respeito inteiramente assim se executou queira V. Ex.a parte-cipar-me a chegada desta embarcação para o meu sossego.

Eu bem sinto não poder ter socorrido a V. Ex.a com bastantes farinhas,

mas do ano passado, eu não achei ainda as precisas aqui para o sobresselente

desta tropa de forma que devendo esta Provedoria dar lia certa porção paraalgüas paisanas do estabelecimento deste presídio como são viúvas, e outras

gentes necessitadas por ora está suspensa estas reções. As mandiocas deste ano

não só não estão ainda capazes para se fazerem farinhas de forma que tendo

agora precisão delas para o fornecimento da tropa mandei que as pessoas

que têm deste gênero defizessem só dous sacos cada uma para evitar o pre-

juízo que as mesmas têm por não estarem ainda de vez mas também é certo

que deste gênero há este ano pouco persuadindo-me que a que houver não

será ainda toda precisa para esta guarnição mas do Rio de São Francisco me

avisa o capitão-mor que por todo o ano poderá pôr pronta dezoito até vinte

mil alqueires, e que todos os meses lhe vá mandando embarcação que possatransportar de dous até três mil alqueires, e com brevidade faço partir Ga

devendo V. Ex.a estar na certeza que eu o desejo socorrer com todas as minhas

forças, e com toda a minha vontade que esta sempre está pronta paraobsequiar a V. Ex.a.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 35: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 36 -

Resta-me só dizer a V. Ex.a que aqui chegaram os três desertores caste-lhanos do Regimento de Buenos Aires com a carta de V. Ex.a de vinte, e

quatro do mês passado os quaes já foram para o Rio de Janeiro à ordemdo Sr. Marquês Vice-Rei do Estado na fragata Nazareth com o mesmo pas-saporte

que trouxeram. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 20 de abril de 1775.

II.rao e Ex.tt0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

22 II mo e Ex.mo gr.

Tive o gosto de receber a carta de V. Ex.a de onze deste mês agradeçomfenitamente a V. Ex.a 0 permitir-me as suas estimáveis notícias, e estimo nomeu coração

que V. Ex.a passe muito bem eu meu Ex.m<> continuo a passarmal mas das vertigens, e do formigamento do braço estou melhor, e paraV. Ex.a conhecer o quanto mal tenho passado lhe seguro que tenho estadoem estado de não ter pertensões com qualquer outra senhora da mesma gra-duação que foi para esse Continente há muito que para mim se acabou este

gostoso tempo.

Não tenho que partecipar a V. Ex.a notícias porque do Rio de Janeironão tem vindo embarcação depois

que ultimamente escrevi a V. Ex.a.

Eu tive uma carta de José da Nóbrega pela embarcação que trouxe os

desertores sendo bem certo se ele quisesse que prontamente chegasse o seuobséquio devia remeter as suas cartas pelas paradas que V. Ex.a expede.

Agradeço o que V. Ex.a diz sobre a defesa desta Ilha que eu sempre supusa necessidade

que esta Ilha tinha de naus, e ainda que hoje esta armada secompõe de oito embarcações eu suponho

que só as duas naus, e os douscorsários é que podem fazer defesa.

É bem certo que a gente que nos meteram nos regimentos saídas dascadeas do Reino nos fizeram um grande prejuízo mas este Regimento deFernando da Gama não só é composto de algãa desta gente mas de ua grandeparte dos sentenciados como V. Ex.a sabe é a boa gente que eu aqui tenhomas sempre faço mais algüa confiança que do Regimento de Pernambuco quepeior que este o não pode haver e isto mesmo conhece V. Ex.a.

Um súbdito como eu sempre fui, e sou de V. Ex.a pode ter a liberdadede mandar a V. Ex.a pela parada üa pequena lata de chá a mim me segurameu irmão Afonso que é bom, e se o não for o pode gastar Jorge Luís, eAntônio Gomes, e V. Ex.a, dê-me sempre o gosto de o servir. Deos guardea V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina a 21 de abril de 1775.

II.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Súbdito e amigo captivo muito obrigado

Aniônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 36: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 37 -

23 Il.m0 e Ex.®0 Sr.

Tenho recebido as duas cartas de V. Ex.a de quatorze, e dezassete em quena primeira me partecipa V. Ex.a acharem-se ancorados meia légoa distante

do pontal do lagamar as cinco embarcações castelhanas, e na segunda terem

estas entrado menos üa das fragatas por ter encalhado, e terem-se-lhe cortado

os mastros de tudo isto fiz aviso ao chefe da esquadra o qual com o primeiroaviso tomou a resolução de sair com a esquadra, e como os ventos têm sido

contrários lhe pude fazer o segundo aviso ainda fora da Barra, e a este me

respondeo que tomava a resolução de entrar a esperar as ordens do Sr. Marquês

Vice-Rei. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 25 de abril de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

24 II .mo e Ex.mo Sr.

À Barra do Norte desta Ilha chega a sumaca Nossa Senhora dos Prazeres

Santo Antônio, e Almas de que é mestre Nicolao Gonçalves Lima que partiu

do Rio de Janeiro a quinze deste mês e por causa dos ventos contrários que

achou nesta altura veio à Barra pareceu-me receber a via que traz de S. Ex.a

o Sr. Marquês Vice-Rei para V. Ex.a, e remetê-la por esta parada remetendo

também a V. Ex.a üa carta para o Capitão-de-Mar-e-Guerra Hardcastle que

é dos Armazéns Reaes da Provedoria do Rio de Janeiro o mestre desta sumaca

diz que com ele saiu outra por invocação também Nossa Senhora dos Prazeres

São Francisco, e Almas de que é mestre João Francisco dá por notícia ter

chegado a nau Belém no dia dez com o Governador de São Paulo que é

Martim Lopes e com o meu sucessor das Minas Geraes, eu não tive carta do

Rio de Janeiro por isso não partecipo a V. Ex.a mais novidades desejando

sempre em tudo obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 27 de abril de 1775.

II mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

25 Il.m0 e Ex.mo Sr.

Bem desejava eu dar notícias a V. Ex.a da nossa Europa, e do Rio de

Janeiro mas há muito tempo que não vem embarcação para aqui. O mestre

desta sumaca diz que antes de partir do Rio chegou üa embarcação da Co-

lônia que dava a notícia que a gente que até agora se supunha ter-se perdido

do Regimento de Pernambuco por faltar a embarcação em que eles vinham

estava parte dela na Colônia por ter ido esta embarcação às Malvinas com

trabalho que se deve supor, e diz que na noute sucessiva em que desembar-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 37: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 38 -

caram se sumiu a mesma embarcação mas que não tinha ninguém dentroestimarei que V. Ex.a passe muito bem eu sempre sinto que V. Ex.a se nãt>

queira servir de mim. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina a 27 de abril de 1775.

II.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Captivo e amigo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

26 No dia 27 do mês passaco remeti a V. Ex.a uma via do Sr. MarquêsVice-Rei,

que veio na sumaca que aqui se acha ainda arribada, agora remetotambém a outra via vinda na sumaca de que fazia menção na mesma carta.

Esta tarde recebi a carta de V. Ex.a de 25 do mês passado em que V. Ex.ame partecipa aonde se acham ainda as embarcações castelhanas, e ter chegado,ainda que com trabalho a sumaca da bagage das outo companhias, que daquifiz expedir, e ter-se perdido a sumaca de que era dono e mestre Antônio Lopes

pela vaidosa presumpção do mesmo.

Logo que me seja possível hei de fazer expedir as farinhas que se poderemremeter para esse Continente.

A mim também me não consta da quantidade de farinhas, que se per-

deram nas três sumacas naufragadas no dia 18 de março.

Eu já aqui sabia pelo Governador desse Continente, que as outo compa-nhias que ultimamente daqui marcharam V. Ex.a as mandou ir para PortoAlegre. E é certo que alguns soldados destas companhias são dos que vieramde Lisboa das cadeias, e estes nunca podem ser capazes, senão para deitaremos bons a perder: Esta tropa aqui a mandei aquartelar na fortaleza de SantaCruz, e como esteve em parte aonde não podiam fazer desordens, não possodizer nada da sua conduta.

Do Rio de Janeiro ainda não tenho notícias as quais logo partecipareia V. Ex.a em tempo competente. Agradeço a V. Ex.a o mapa das embarcaçõesarmadas em guerra.

Nestas duas sumacas, que aqui estão esperando vento para saírem, vêm

outo soldados do Regimento de Estremoz, e eu faço embarcar nas mesmassumacas dois soldados dos cinco, que aqui ficaram doentes, é um do meuregimento, e outro do de Bragança, tendo a honra de remeter a V. Ex.a assuas vias em que nelas lhe mandei declarar não terem aqui recebido pré depois

de terem saído do hospital.

V. Ex.a sempre me tem muito pronto para tudo o que for obsequiá-lo.Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 3 de maio de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10):3-236, 1983.

Page 38: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 39 -

27 II.a» e Ex.mo Sr.

Vou a partecipar a V. Ex.a que chegou a fragata Graça que de Monte

Vedio tinha ido comboiar os dous navios à Colônia que em um deles ía o

governador da mesma praça o qual também veio com o governador que acabou

de ser da mesma, e do que foi remeto a V. Ex.a carta, e também do coronel

da mesma praça e sem embargo de me persuadir que o mesmo governador

partecipará a V. Ex.a alguas notícias vou a referir o mais breve que puder

ser o que ele me partecipa.

Diz que no dia dezassete do mês passado teve noticia do campo dos

castelhanos terem prendido um homem que trazia cartas expedidas do Rio

Pardo o que lhe tem dado cuidado diz que as notícias que tem desse Rio

adquiridas pelo campo são de se achar tudo em paz este governador foi com-

primentado por D. Nicolás de Lordruy comandante do campo de São Carlos

em que está aquartelada a tropa espanhola fazendo-lhe protestos de boa ami-

zade mas logo represaram üa das nossas canoas que andava à pesca debaixo

do alcance da artelharia mandou o governador o sargento-mor da praça com-

primentar D. Nicolás e proguntar-lhe se aquele era o efeito da boa harmonia,

e como esta desordem poderia ser cometida sem sua ordem lhe pedia se abs-

tivesse de não alterar a boa harmonia em que estavam as nossas nações pois

não devia consentir que debaixo da artelharia se tomassem ou fizessem afronta

às nossas armas a que respondeu que queria por escripto o que o governador

pertendia pelo não poder decedir sem o pôr na presença do seu general,

e com efecto lhe escreveo pedindo-lhe as terras que no tratado da paz se

mandaram entregar, e as embarcações que nos têm tomado em tempo de

paz desta carta não teve ainda resposta tornou o mesmo D. Nicolás pelo seu

sargento-mor a fazer novos protestos da boa harmonia a que o nosso governador

conveio dizendo-lhe que não havia de sofrer insultos, e nesta ocasião indo o

governador acompanhar este major até fora das portas vieram três corsárias

dos espanhoes apanhar as nossas canoas que com efecto apanharam üa sem

embargo de se lhe fazerem três tiros da fortaleza fugindo em direitura a

Buenos Aires; a segunda corsária perseguiu outra canoa, e como esta se lhe

escapou teve a confiança de ir para o seu lugar por entre as nossas fortalezas,

e de fragata Graça se lhe atirou a qual a sorprendeo com a sua lancha, e

logo o governador escreveo ao comandante o qual se justeficou dando üa

satisfação (diz que honrada) dizendo que as corsárias não estavam debaixo

da sua ordem por serem comandadas pelo seu chefe que se achava em Monte

Vedio seguindo-se a isto entregar-se a corsária como foi apanhada mandan-

do-se também entregar a canoa da mesma forma como foi apanhada, e junta-

mente o patrão da corsária que a tinha tomado que o seu general assim o

ordenava para este patrão ser castigado como parecesse justo ao governador

o qual sem castigo o tornou a mandar.

Em üa madrugada apareceram três ou quatro vultos defronte das nossas

guardas de campo na distância de trinta ou quarenta passos e gritando-Ihe

ou falando-lhe a nossa sentinela lhe respondeo deles o sargento-mor de linhas

que razão tinha ela para andar ali passeando com armas a que se lhe res-

pondeo que os nossos soldados não faziam serviço nenhum sem armas, e que

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 39: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 40 -

estava no destrito da sua guarda instou o mesmo major dizendo que ali era

campo neutral que não devia ali chegar tornou a sentinela a dizer que pelamesma razao nao devia ele também ali chegar na noute seguinte mandouo nosso governador reforçar as guardas e patrulhar toda a noute pelo campo

que eles dizem no.s pertence que será para diante da nossa guarda oitentaou cem passos, e tornando no outro dia de madrugada o mesmo major arondar as nossas guardas fazendo-lhe

grande espécie esta novidade disse aocabo da patrulha não devia patrulhar por aquele lugar, e que ía fazer queixaao seu comandante o qual escreveo ao nosso governador protestando tranqüi-lidade dizendo que com aquela novidade

queria romper a guerra, e que estavana posse de passar de noute a estacada para a nossa parte a patrulhar defrontedas nossas guardas ao que se lhe respondeo

que motivo davam eles de viremde noute rebuçados

passear pela frente das nossas guardas, e que isto lhenao sofreria pelo perigo que considerava às nossas guardas avançadas as quaespassava ordem para que vendo mais de dous homens juntos passar a estacada

para a nossa parte de noute os tomarem como inemigos fazendo-lhe fogo,e que de dia lhe não embaraçava, e que em boa amizade

passeassem os seusoficiais pelo campo convindo o comandante deles que de noute não patru-lhassem da estacada para a nossa parte; fugindo nesta ocasião um preto, e ummarinheiio de um dos navios que tinham ido com o transporte mandando o

governador pedir esta gente que primeiramente mandaram entregar só o pretodizendo não mandavam o marinheiro por ser de navio particular instou se-

gunda vez o governador dizendo que o marinheiro pertencia a El-Rei não só

porque estava alistado pelo chefe da nossa esquadra mas porque os navios

que El-Rei fretava a ele pertenciam durante o tempo de frete seguindo-seo mandar entregar o marinheiro o qual hoje se acha a bordo do chefe deesquadra, e c tudo o que me partecipa este governador.

Remeto a V. Ex.a essa via do Sr. Marquês Vice-Rei vinda na lancha

Nossa Senhora da Ajuda, e São João Eaptista de que é mestre Matias Xaviera qual ontem aqui entrou arribada também

por causa de ventos contrários,

e me persuado que amanhã poderá sair porque hoje já começou a ventar donorte, e creio que sairão hoje pela Barra do Sul aonde já se achavam asduas somacas em que nas minhas últimas cartas falava a V. Ex.a o que não

posso afirmar por chegar das fortalezas da Barra do Norte a esta hora, e

querer prontamente expedir a V. Ex.a esta via com estas cartas creio quecom brevidade parteciparei a V. Ex.a notícias do Rio de Janeiro porque dizo mestre desta somaca

que na mesma ocasião com ele saiu üa somaca paraaqui que tiaz cartas para mim. Estimarei

que V. Ex.a continue a lograr muitoboa saúde e eu sempre estou pronto para tudo o que for obsequiar a V. Ex.a.Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 8 de maio de 1775.

U.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Ria de Janeiro, 205:3-236, 1983.

Page 40: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 41 -

28 II .mo e Ex.mo Sr.

Sempre desejo repetidas notícias de V. Ex.a porque o estimo, e respeito

verdadeiramente e sempre desejo que V. Ex.a passe muito bem eu sempre

passo mal da cabeça mas vou podendo continuamente trabalhar. Esta noute

recebi as cartas que vieram pela nau Belém, e depois de as ler fiquei tão

esquentado da cabeça não me foi possível escrever àquela hora e só sim agora

que são seis remeto a V. Ex.a as gazetas mercúrios e leis que nesta ocasião

me remeteram, e também a degressão dos supostos naufragados do Regimento

de Pernambuco que foram ter às Malvinas entendendo que estavam quatro

grãos ao norte de Pernambuco em terras do Pará este papel o pode V. Ex.a

deixar ficar no caso que o queira e eu não quero demorar mais as notícias

a V. Ex.a a quem eu sempre quero e desejo obsequiar, e servir com a mais

pronta vontade. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

ll.,no e Ex.,no Sr. João Henriques de Bohm

V. Ex.a me não tem dado as suas estimáveis notícias há muito

tempo.

Captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

29 II."0 e Ex.®° Sr.

Ontem quase noute entrou a nau Belém de que é comandante Antônio

Januário, e hoje da meia noute para a üa hora recebi as vias, e cartas que

trouxe esta nau, e sem perda de tempo remeto a V. Ex.a Ga via do Sr.

Marquês Vice-Rei e também remeto nesta ocasião outra do mesmo senhor

à Junta da Real Fazenda desse Continente estou fazendo desembarcar duas

parcelas de dinheiro que pertencem

a esse Continente que são vinte contos

para despesas de fortificações, carruagens, e hospital, e trinta, e dous contos

duzentos vinte, e dous mil, setenta, e seis réis para os soldos dos meses de

agosto, e setembro deste ano das tropas da guarnição deste Continente as

quaes marcharam com V. Ex.a, e das oito companhias que ultimamente foram

debaixo do comando do Tenente-Coronel Nicolau Antônio tendo até aqui

vindo debaixo do comando do Tenente-Coronel Manoel Nunes Ramalho.

Sirva-se V. Ex.a de mandar buscar estes cabedaes fazendo-me antes os avisos

precisos de quando poderá chegar à Laguna a escolta que os devem conduzir

para aí se acharem ao mesmo tempo para não haver demora nesta remessa,

e isto mesmo partecipo nesta ocasião ao Governador desse Continente o Bri-

gadeiro José Marcelino para ficar certo que se acham aqui estes cabedaes, e

poder executar as ordens que poderá ter a este respeito de V. Ex.a a quem

eu sempre desejo obsequiar, e obedecer.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 2 W: 3-236, 1983.

Page 41: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 42 -

Queira V. Ex.a dizer-me se tem sido entregue das minhas cartas de dezvinte, vinte, e cinco, e vinte, e sete de abril, e de três, e oito deste mês'Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 15 de maio de 1775.

Il.m° e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

30 ll.mo e Ex.mo Sr.

Eu nesta casa fica um barril um caixote e duas caras de açúcar quepertencem a V. Ex.a vindas do Rio de Janeiro e logo que houver ocasiãoas hei de fazer conduzir estas encomendas à Laguna para serem remetidascom a brevidade

possível eu expeço esta parada com tanta pressa para V. Ex.a

ser ciente do novo parecer que não posso ser mais extenso e só remeto essemodelo que é do fardamento do Terço dos Mulatos do Rio de Janeiro queouço que estes alcoviteiros não estão contentes com as calcas ou calçõescompridos.

V. Ex.a se deve persuadir que eu inteiramente estou saptisfeito com osvotos da amizade de V. Ex.a e é bem certo que nessas áreas tudo falta e poresse motivo tenho eu pedido a V. Ex.a se queira servir de mim para daquio socorrer pois é certo V. Ex.a tem sempre pronta a minha vontade

para o servir.Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina a 20 de maio de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Vão as cartas tenho para V. Ex.a.

De V. Ex.a

Captivo muito obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

31 Il.mo e Ex.mo Sr.

A esta hora que são nove da noute recebo cartas do Il.mo e Ex.mo Sr.Marquês Vice-Rei cora a via que tenho a honra de remeter a V. Ex.a e omesmo senhor me remete úa relação de diversos materiaes pertencentes àsembarcações da defesa desse Rio Grande para aqui se receberem enquantonão há ocasião oportuna de se remeterem por terra a esse Continente paraonde se devem enviar sem perda de tempo. Eu os mando receber esperandoos prontos avisos de V. Ex.a em que me diga como devem ser remetidos daLaguna para diante.

Depois que remeti a V. Ex.a as cartas vindas na nau Belém sube que

na mesma nau vinha o Tenente Antônio Caetano Correia, o Alferes José

An. Bibl. Nac,, Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 42: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 43 -

Carlos, e um cadete do Regimento de Bragança os quaes aqui ficam para os

fazer marchar na ocasião em que remeter o dinheiro que veio na mesma nau

para esse Continente queira V. Ex.a dar as providências precisas para estes

ofeciaes terem as cavalgaduras prontas para a sua marcha na Laguna, e na

mesma ocasião hão de marchar dous soldados dos três que ainda estavam

doentes pertencentes as oito companhias que ultimamente daqui marcharam,

e tudo o referido o participo ao Governador desse Continente para remeter

úa via que vem para a Junta da Real Fazenda desse Continente. V. Ex.a

sempre me tem pronto para tudo o que for obsequiá-lo. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 20 de maio de 1775.

II mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

No dia em que expedi a última carta para V. Ex.a com a data de quinze

recebi a de V. Ex.a feita no dia sete deste mês tendo só que dizer sobre ela

que logo fiz expedir as cartas que V. Ex.a remeteo para o Sr. Marquês Vice-Rei.

32 Il.mo e Ex.to0 Sr.

Ao Tenente Antônio Caetano Correia e ao Alferes José Carlos, mandei

entregar trinta, e dous contos duzentos, vinte e dous mil, e setenta e seis réis,

para os soldos dos meses de agosto, e setembro deste ano, para as tropas,

que se acham nesse Continente, e assim vinte contos de réis pertencentes às

despesas das fortificações, carruagens, e hospital desse Continente que o II.100

e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei tinha remetido na forma, que ja avisei a V. Ex.

para serem estas quantias entregues na Junta da Real Fazenda desse Continente.

Aos mesmos oficiaes mandei entregar um conto, trezentos, outenta e sete

mil, e trinta e outo réis, para pagamento dos soldos do destacamento que se

acha nesse Continente do Regimento desta Ilha, pertencentes aos meses de

janeiro até setembro deste ano para serem entregues na referida forma, não

indo incluído nesta quantia os soldos do Capitão Antônio Martins Couto

e Castro, porque aqui os recebe sua mulherl Esperando, que V. Ex.a seja

servido mandar que não seja este oficial incluído no recibo dos respectivos

pagamentos, que se fizerem a este destacamento, e irei remetendo para o

mesmo destacamento os competentes soldos na ocasião em que se fizerem

remessas dos que vierem do Rio de Janeiro.

Os diversos gêneros, e materiaes, que já avisei a V. Ex.a ter remetido

para aqui o dito Sr. Vice-Rei pertencentes às embarcações desse Continente

já os fiz conduzir para Alaguna, o que partecipo também à Junta da Fazenda

Real desse Continente. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 18 de junho de 1775.

11.®° e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J0.J: 3-236, 1983.

Page 43: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 44 -

33 Resumo do dinheiro que se remete para a fronteira do Rio Grande

pelo Tenente Antônio Caetano Correia e pelo Alferes José Carlos desta

Provedoria da Real Fazenda da Ilha de Santa Catarina.

Para despesas de fortificações, carruagens, e hospital do mesmo

Continente

Para soldos dos meses de agosto, e septembro deste ano dastropas

que se acham na mesma fronteira

Para soldos de nove meses do 1.° de janeiro ao fim de setembro

inclusível deste ano do destacamento do regimento desta Ilha

que se acha na mesma fronteira 1.387$038

Soma 53.609$114

Fé lis Gomes de Figueiredo

Provedoria da Fazenda Real

34 II .m° e Ex.™0 Sr.

Nesta ocasião faço marchar o tenente, alferes, e cadete do Regimento

de Bragança, que ultimamente avisei a V. Ex.a terem chegado do Rio de

Janeiro. Estes dous ofeciaes, vão entregues dos cabedaes que em outra carta

com a data também de hoje aviso V. Ex a.

Também nesta ocasião marcham dous soldados, um do meu Regimento,

e outro do Regimento de Bragança que são dos três, que aqui estavam doentes

pertencentes às outo companhias que ultimamente marcharam; o outro sol-

dado que aqui ainda está no hospital, na primeira ocasião, que se oferecer

o mando para o Rio de Janeiro, porque está em estado de não poder con-

tinuar o serviço.

Tenho recebido ultimamente as duas cartas de V. Ex.a do premeiro, e

dez deste mês ficando certo sair deste Continente no dia sete o Coronel

Manoel Mexia Leite com os dous inferiores, e três soldados do premeiroRegimento do Rio que vão para o seu destino, e que também vem o Alferes

José Joaquim da Costa nomeado Ajudante da Cavalaria de São Paulo.

Na carta de dez me remete V. Ex.a carta para o Sr. Marquês Vice-Rei

a qual sem demora a fiz remeter, mas não sei se a embarcação que a leva tem

podido sair da Barra do Norte por causa dos ventos contrários. Estimarei queV. Ex.a siga a sua degressão a Porto Alegre com feliz sucesso para ficar certona verdadeira situação dos negócios, e é bem certo que sempre sucede nãoconferirem verdadeiramente as notícias que se desejam.

20.000|000

32.2221076

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 44: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 45 -

As notícias que tenho do Sr. General de São Paulo é ter partido para

o seu destino a vinte e outo do mês passado, seguindo a sua degressão por

terra. V. Ex.a sempre me tem prompto para tudo o que for dar-lhe gosto.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 18 de junho de 1775.

li mo e Ex.®0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

35 Il.mo e Ex.®0 Sr.

Tenho tido o gosto de receber as duas cartas de V. Ex.a do premeiro,

e dez deste mês, agradeço a V. Ex.a a continuação da sua amizade que eu

muito estimo, e não menos a certeza de V. Ex.a passar muito bem. Eu meu

excelentíssimo tenho passado muito mal; agora estive quatro vezes sangrado,

e três purgado, e foi preciso com alguma pressa sangrar-me, por se entender,

que tinha cousa de maior cuidado, o alívio, que tenho exprimentado, e é

muito pouco, e eu me aflijo bastante com esta moléstia por conta de não

puder com a minha assistência diariamente assistir aos muitos diversos ser-

viços, que aqui há, que V. Ex.a não ignora, pois vio o mao estado em que

isto estava, e ao mesmo tempo me é preciso ajustar tudo o que pertence para

a Fazenda Real por conta de se não continuar na ladroeira em que isto

estava, e creio que V. Ex.a, isto, também não ignora.

No meu coração estimarei que V. Ex.a faça a sua degressão com muito

bom sucesso, eu estava desejando muito ir Àlaguna, mas por ora não posso;

mas nesta ocasião, mando o Sargento-Maior Manoel Vieira Leão para ver a

defesa, que se pode fazer naquele porto, e estou apromptando algua arte-

lharia, e paramento para ela para a mesma defesa, e também mando o Sar-

gento-Maior dos Auxiliares Joaquim Ignácio para acabar de poder formar o

Corpo de Auxiliares.

Aqui estou esperando o Coronel Mexia para lhe dar um abraço.

As encomendas, que V. Ex.a diz, e indiscretamente me entregaram já se

acham na Alaguna como V. Ex.a verá do recibo incluso, e mandei ordem

àquele comandante para as fazer remeter a V. Ex.a com toda a brevidade.

V. Ex.a sempre se deve servir de mim, e não de outra pessoa.

O que lá dizem de estar nomeado um ofecial branco do nosso conheci-

mento para Sargento-Maior do Terço dos Mulatos, por ora não é certo, mas

é verdade, que no Rio de Janeiro se espalhou estava nomeado o Tenente

Manoel Mendes para este corpo, e também levantaram, que Luís Pinheiro

ía para o Terço dos Pretos. Dia dos anos de Sua Majestade saio o Capitão

José Joaquim de Moura para capitão de garnadeiros, e para capitães ligeiros

o Tenente de Garnadpiro Antônio José Cardoso Ramalho, e o Calisto, e pas-

saram a tenentes efectivos os tenentes agregados Vicente José de Sousa, e Ro-

berto Car Ribeiro, e para tenente agregado o Alferes Cláudio José de Sousa,

e para a Artelharia Eusébio Antônio para capitão de mineiros, e para capitães

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 45: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 46 -

os premeiros tenentes, Francisco de Assis, Lourenço Caetano, e para premeirostenentes os que eram segundos João Cosme Damião, Antônio José da Silva,

e José Gonçalves Siqueira e para segundos tenentes os sargentos José Francisco

Veloso, e Anastácio Correia, e o Cadete José de Oliveira Barbosa, e os pape-distas do número José de Sousa Sepúlveda, e Manoel Gomes Viana, e para

partedistas do número o Cadete Ignácio Cardoso, e os dous paisanos JoãoSoares Bulhões, e Antônio de Sousa: Saíram reformados o Tenente Rafael

Vaz Frade com meio soldo, e o Segundo Tenente Teodoro de Sousa com

o seu soldo, comandando o destacamento de Santa Bárbara, e dizem que saía

alguma promução para o regimento de Manoel Nunes Teixeira, a qual pre-meiramente V. Ex.a a saberá: Para a Capitania de São Paulo sairam muitos

ofeciaes subalternos, e ainda ofeciaes inferiores que não posso agora repetir

por me não ser possível, e muitos são ofeciaes inferiores do Segundo Regi-

mento do Rio, e dous alferes dos auxiliares que passam no mesmo posto,e um do Premeiro Regimento da Bahia Joaquim Manoel com passagem, e

não remeto a relação que me veio por me vir com umas cotas a margens,

não capazes de aparecerem na presença de V. Ex.a.

Remeto alguns papéis impressos, e outros para V. Ex.a os ver, e verda-

deiramente não posso mais, sem embargo, que havia mais que dizer; isto

que digo a V. Ex.a, e que direi em outras ocasiões é só para V. Ex.a poisnão desejo nunca ser autor de novidades e queira V. Ex.a quando me disser

alguma cousa ser totalmente em carta, que não seja de serviço.

Se o chá Capital estiver acabado, eu poderei fazer um reforço, e também

de bom chicolate, V. Ex.a não deve4 fazer cumprimento comigo, principal-mente estando em parte adonde o que há é em abundância de areas e queiraV. Ex.a dar-me sempre repetidas ocasiões em que eu mostre a minha amizade

e o quanto o estimo. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina 18 de junho de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Captivo e amigo o mais obrigado

De V. Ex.a

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

36 ll.mo e Ex.mo Sr.

Depois das duas horas da tarde recebo por uma sumaca a via do Sr.

Marquês Vice-Rei, para V. Ex.a, que sem perda de tempo a faço expedir,

e me pressuado, que o Sr. Marquês partecipa a V. Ex.a que no dia dezasseis

do mês passado entrou naquele porto do Rio de Janeiro o navio Santa Rosa,

despachado de aviso ao mesmo Sr. Vice-Rei com ofícios lacrados de cinco de

abril, em que se fazem os avisos, que o mesmo senhor me partecipa. Também

os faz a V. Ex.a, e sobre estes avisos, espero, que V. Ex.a me diga o que lhe

parece.

O mesmo Sr. Vice-Rei me diz, que as farinhas, e mais mantimentos, queforem chegando nos deferentes portos, assim a esta Ilha, como à d'Alaguna

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 46: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 47 -

os irei eu remetendo pelo millior modo, que for possível, ou seja por mar,

ou por terra para esse Continente cumunicando-me eu com V. Ex.a, assim

para o milhor modo desta condução, como para a quantidade, que V. Ex.a

precisar, deixando eu também ficar para esta Ilha todas aquelas porções, que

precisar de forma, que em nenhuma parte possa padecer a mais pequena

necessidade.

Sobre a conducção destes gêneros, estava eu posetivamente a falar a V. Ex.a,

pois vejo, que n'Alaguna está uma grande quantidade de farinha, sem que

essa se transporte para esse Continente: V. Ex.a bem sabe, e talvez, que

milhor do que eu as dificuldades que há para se transportar estes gêneros

por terra, e é bem sabido, que na estação em que estamos, não é própria esta

condução por mar, e nestes termos, deve V. Ex.a dizer, se quer, se este man-

timento se vá continuando a conduzir para Alaguna, ou se há nesse Conti-

nente mantimento preciso para se fazer este transporte por mar; pois no caso

de se fazer esta conducção por o lagamar se não faz preciso ir Àlaguna, pois

V. Ex.a sabe belamente a deficuldade que tem aquela entrada, o trabalho que

lhe dá o desembarque, e o trabalho que dará o embarque, e a saída; o que

tudo se evita parecendo-lhe V. Ex.a que daqui se siga em direitura ao lagamar;

sobre este negócio espero, que V. Ex.a me partecipe o como se deve fazer este

transporte, e em que tempo.

O mesmo Sr. Vice-Rei também diz, que para a Bahia, Pernambuco, e

para todos os mais portos, de donde podem vir estes gêneros, tem passado

as mais posetivas, e apertadas ordens, para que se façam remessas dos mesmos

gêneros para esta Ilha, e para o porto d'Alaguna, e que infere, que por

este modo se não poderá vir a exprimentar falta.

Pouco antes de receber as cartas do Sr. Marquês Vice-Rei, me partecipa

o chefe da esquadra, que a noute passada pelas sete horas entrou a nau Ajuda,

e com ela um navio espanhol. Príncipe São Lourenço. Capitão Dom Francisco

Manuel Micón, tem cento, e outenta praças, joga trinta peças, vem de Cádis,

e ía para Calhao de Lima; trazendo cento, e setenta, e outo dias de viagem,

chc-gou a quarenta e sete grãos de latitude, e de lá arribou por falta de ágoa,

mantimentos, e doenças de escrebútico; a carga é baetas, e outras mercadorias:

Diz mais o chefe, que a nau Ajuda não teve nada com este navio, e que a

necessidade é, que o trouxe a este porto, e que só lhe meteo piloto (creio,

que por necessidade.) O mesmo navio traz outenta pessoas doentes de escre-

bútico, e me diz, que é preciso tratar esta gente para se curarem, estou dando

as providências precisas de boa hospitalidade não só aos doentes; mas a mais

gente, porque todos precisam de convalescença, e V. Ex.a bem sabe o estado

da terra.

Diz, que a nau Ajuda sofreo bastantes tempestades, lhe é preciso algum

conserto, traz quarenta doentes, e o peior é, que se apartou do navio em

que anda Antônio Jacinto, que ategora não chegou, o qual navio me dá cui-

dado, pois não tem muita força para agüentar semelhantes tempestades!

Sendo bem certo, que se eu tivesse posetivas ordens sobre esta esquadra,

certamente em semilhante tempo não faria sair deste porto nenhuma embar-

cação pertencente à esquadra, e o mais é, que há poucos dias fez o chefe da

esquadra sair a nau Belém, que ainda se não recolheo. Remeto a V. Ex.a

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 47: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 48 -

essa carta do chefe que tenho em meu poder há uns poucos de dias por eleme dizer a remetesse a V. Ex.a na premeira ocasião, que se lhe oferecesse,

que verdadeiramente é esta: V. Ex.a tem sempre prompta a rainha vontade

para tudo o que for obsequiá-lo. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 5 de julho de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

37 Il.n» e Ex.mo Sr.

Meu excelentíssimo e senhor de todo o meu respeito, remeto essas gazetas,sigurando a V. Ex.a, que me não é possível ser mais extenso, pois tenho ainfelicidade de não ter quem me ajude é-me preciso ver tudo, e assistir ao

que se faz: não repito novidades porque não tive ainda tempo de ler asminhas cartas: Estimarei

que V. Ex.a me dê repetidas ocasiões em que mostreo quanto o estimo. Remeto esse recibo para V. Ex.a ver que as suas enco-mendas logo se expedirão, e eu entendia o tinha já remetido, e parece-me,

que equivocadamente meti outro papel em lugar deste, pois me falta a guiados últimos presioneiros, que José Marcelino remeteo. Deos guarde a V. Ex.amuitos anos.

Ilha de Santa Catarina 5 de julho de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e captivo muito obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

38 11.™° e Ex.rao Sr.

Esta madrugada chegou uma embarcação com essa via de cartas do II."10

e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei para V. Ex.a, ordenando-me a faça expedir com

a maior brevidade, com ordem de a levarem aonde V. Ex.a se achar. Eu recebi

a última carta de V. Ex.a de sete deste mês, e agora me não é possível ser

mais extenso, não só pelo muito, que trouxe esta embarcação a fazer; mas

pelo mal, que tenho passado, de forma que no mesmo instante em que che-

gavam estas cartas estava para me purgar, por ter ontem lido cousa maior

na cabeça, e tomei por milhor cômodo não tomar hoje semelhante remédio,

por ter ficado com a cabeça pertrubada com o Jer as cartas, que me chegaram.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 25 de julho de 1775.

Il.mo e Ex.®0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 705:3-236, 1983.

Page 48: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 49 -

39 Il.mo e Ex.mo Sr.

Há uns poucos de dias, que ando para ter o gosto, e a consolação de escre-ver a V. Ex.a mais largamente, mas a minha moléstia me não dá lugar.

Ontem tive fora da dor de cabeça grande perturbação nela; hoje estando com

o copo na mão para me purgar, chegou uma embarcação, e tive tanto quefazer, que tomei por mais barato o largar o copo, e não tomar este remédio hoje.

Remeto a V. Ex.a essa estampa, que é cousa bem notável, e a sua expli-

cação, e também remeto os mais papéis, que tenho para V. Ex.a se devirtir:

V. Ex.a me deve sempre um grande afeto, e sempre devo ter repetidas ocasiões

em que o mostre. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 25 de julho de 1775.

li."10 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

40 li.»» e Ex.m0 Sr.

Eu sempre desejo pôr-me na estimável presença de V. Ex.a, estimarei

ter a consolação de ter a certeza de V. Ex.a passar muito bem: eu no dia

seguinte do que em que escrevi a V. Ex.a, continuei os meus remédios, mas

não devo a eles o benefício, que tanto preciso.

Agora vou dizer alguma cousa sobre a carta de V. Ex.a do dia sete deste

mês: é bem certo que os moradores do Limoeiro, que V. Ex.a achou nas

quatro companhias, que estão em Porto Alegre, farão deminuir em grande

parte a honra do conceito, que V. Ex.a faz do meu regimento. A mim me dói

o coração de ser José da Nóbrega quem deva de comandar o meu regimento,

pois o conheço muito bem, e depois que está comandando as três companhias,

tem mostrado a pouca subordinação que me tem: V. Ex.a me diz que podendoeu remediar as faltas que tem o regimento o queira fazer: eu meu excelentís-

simo bem desejo pôr remédio a infenitas cousas destas; mas presentementeestou em situação, que não posso fazer o que desejo.

Eu aqui vou labutando com esta defesa, quanto me é possível; mas é

bem certo, que o estado da minha saúde, não premite o eu fazer tudo o que

quero, e ao mesmo tempo vejo, que não tenho o que preciso: eu tenho pe-

dido ao Sr. Marquês Vice-Rei o que entendo é preciso; ele sim tem mandado

parte do que peço; mas não o que é preciso, e já me mandou dizer, quenão sabe o como me há de contentar; mas eu com todo o desafogo irei conti-

nuando a pedir o que entender, e o que mais tenho sentido que me não

mande, é, um parque de artelharia para puder fazer um bataria bulante

para puder acudir as deferentes partes aonde for atacado, e também ao menos

duas companhias de artelharia, pois ainda que este regimento teve ensino de

artelharia, hoje toda a gente capaz, que tinha desse exercício a levou José

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 49: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 50 -

Marcelino para esse Continente, e o único ofecial, que tinha capaz para esteexercício está hoje no Regimento de Chichorro. Eu aqui estou aturando amolidão e inacção de Eusébio Antônio que se não pode duvidar, que é bomofecial; mas tem as más circunstâncias referidas: Creia V. Ex.a, que me vejona maior constrenação de trabalho,

que, é possível; V. Ex a aqui esteve, ecom as suas belas luzes vxo o estado da decadência em que isto estava.O Sargento-Maior Manoel Vieira Leão o tenho na fortaleza da Barra do Sul

por ser aí preciso porvidenciar muitas cousas: O Regimento de Pernambuco

quase que todo é doente do quartel, tomara eu ver-me livre dele.

Muito agradeço a V. Ex.a do aviso que me faz de ir por mar a Laguna,eu por ora me não é possível ir àquela vila.

Aqui estou com o cuidado no navio em que anda Antônio Jacinto, pornão ter ainda chegado, e verdadeiramente não sei o que estas embarcaçõesandam fazendo em semelhante tempo cruzando os mares do sul, creio que asoídens que o chefe da aos comandantes

que saem, é de se não recolherem aténão serem rendidos, veja V. Ex.a como pode ser isto: Eu digo isto porquerecebendo ordem do Sr. Vice-Rei

para apromptar uma embarcação para irà sua presença um capitão-tenente

que é Federico Hesseberg, me diz o chefe

que anda na nau Belém, que anda fora, cuja nau ele não pode esperar até

que o comandante tenha segunda ordem, e que não tem na esquadra umaembarcação capaz, que fazendo corso, a busque. Em este tempo do ano seriaa ceiteza da perdição dela, e que somente a sua nau está capaz para semi-lhante deligência o qual não acha que pode largar este porto em tempo tãocritico! isto é a mesma resposta, que me deo o chefe e já me disse nas minhasbarbas, que não havia arriscar a armada,

que era milhor, que só se perdessea Ilha, que também a armada, ou esquadra. Meu excelentíssimo não queroimportunar mais a V. Ex.a. V. Ex.a me tem sempre prompto para tudo o queé servido. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 30 de julho de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e captivo muito obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

41 Il.mo e Ex.mo Sr.

Ultimamente me pus na presença de V. Ex.a por este modo, no dia

vinte e cinco deste mês, remetendo a V. Ex.a uma via de cartas de S. Ex.a

o Sr. Marquês Vice-Rei, e do mesmo Senhor remeto outra, chegada em uma

embarcação, que traz mantimentos

para a esquadra, e alguns, efeitos, e pe-treichos de guerra, para esta Ilha.

Eu estou esperando a resposta de V. Ex.a da minha carta datada decinco deste mês a respeito das conduções das farinhas; pois na Vila da Lagunano último do mês passado, existia em ser seis mil trezentos, e quarenta e cinco

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 50: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 51 -

alqueires e meio de farinha, e neste mês tem ido bastante, e me pressuado,

que por todo este mês, ao menos poderá haver na Laguna outra tanta, como

existia no último do mês passado; sendo bem certo, se esta condução houver

de ser por mar, dá muito mais trabalho o remeterem-se as farinhas para a

Laguna, e depois ser preciso tornarem a sair, e isto num porto aonde só

podem entrar embarcações que demandam pouco fundo, como V. Ex.a milhor

o sabe.

Já fiz, mandar para a Laguna o fardamento para o destacamento, que

se acha em Porto Alegre do Regimento desta Ilha, a entregar ao comandante

do mesmo destacamento, e o que se remeteo verá V. Ex.a da relação inclusa,

e na premeira ocasião, que daqui se remeter dinheiro para a Junta da Real

Fazenda desse Continente, farei remeter a importância dos feitios perten-

centes ao mesmo fardamento, o que parteciparei a V. Ex.a em tempo competente.

Ontem recebi carta do Sr. General de São Paulo com outra para V. Ex.a,

que remeto; em que me diz, que já escreveo a V. Ex.a, e que desejava, que

V. Ex.a lhe mandasse o Coronel Manoel Mexia, e o Ajudante José Joaquim

da Costa: Eu creio, que estes dous ofeciaes há mais de dez, ou quinze dias,

terão chegado àquela Capitania.

O mesmo Sr. General me diz, que naquela somana, em que me escreve

faz tenção de fazer partir duas companhias, que (a muito trabalho) tem

completado, para esta Ilha; para daqui passarem ao Exército, e assim irá

continuando (caso que caiba nas suas forças) levantar a tropa que lhe foi

ordenado. Creio que V. Ex.a a respeito desta tropa, terá posetivas ordens!

Queira V. Ex.a sem perda de tempo dizer-me se deve esta tropa ir continuando

a sua marcha, a proporção da gente, que foi chegando, ou se deve a mesma

tropa esperar as ordens de V. Ex.a, devendo V. Ex.a ao mesmo tempo dar

as providências precisas, no caso da mesma tropa continuar a sua marcha.

Ao Brigadeiro Governador desse Continente partecipo esta notícia, dizendo-

lhe, que V. Ex.a me ordenará as providências que se devem dar. Deos guarde

a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 30 de julho de 1775.

Il.m0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Nesta ocasião me remete o Sr. Marquês Vice-Rei fardamento para o Premeiro

Regimento do Rio de Janeiro que se acha nesse Continente, e alguns mate-

riaes para os armazaéns do mesmo Continente, c trinta espadas para o Regi-

mento de Dragões; o que tudo se acha ainda embarcado devendo primeiro

o chefe da esquadra desembarcar os mantimentos, que vêm na mesma embar-

cação para a esquadra, e eu logo que me for possível remeterei estes efeitos

na forma da ordem do mesmo senhor.

42 Relação dos gêneros precisos que se remetem do Regimento de Gama para

se fardarem pelo novo método as 53 praças do dito regimento que se acham

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 51: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 52 -

destacadas no Rio Grande cujo vencimento deve ter princípio em 6 de junhode 1775 e finda em 5 de junho de 1776.

Pano azulão

Pano encarnado

Pano branco

Serafina encarnada

Liagem

Pano de linho para calção

Pano de linho para 2 camisas

Fita preta para chicote e laço ....

Brim para 2 pares de polainas ....

Botões de estanho para casaca ....

Botões de véstia

Botões de polainas Meias de linho

Meias de algodão

Pescocinhos pretosChapeos de galão branco

Pentes de osso

Linhas

Todo este fardamento vai em 1 caixão e 4 fardos de n.° 1 até n.° 5: nos

quaes se gastaram 30 varas de grossaria, e 8 libras de cordas de linho. Os

sapatos e solas há de ir a sua importância quando se remeter o dinheiro para

os feitios deste fardamento.

Ilha de Santa Catarina 27 de julho de 1775.

Fernando da Gama Lobo Coelho

43 Il.mo e Ex.mo Sr.

Tendo recebido a carta de V. Ex.a de vinte do mês passado há mais

tempo, não tenho tornado a ir por este modo à presença de V. Ex.a por ter

estado à espera, que chegassem embarcações da Vila de Santos, e do Rio de

Janeiro, por me parecerem, que estas chegariam há mais tempo, e ultima-

mente há bastantes dias, que passo por forma, que não tem sido possívelo aplicar-me a este exercício.

Fico certo ter V. Ex.a recebido as últimas cartas, que remeti do Sr. Mar-

quês Vice-Rei, e vejo o que V. Ex.a diz sobre o transporte da farinha, eu

não só mando pôr a pequena guarda no armazém de Gurupaba (como V. Ex.a

me diz); mas escolhi um bom ofecial inferior para o reccbimcnto destas fa-

rinhas, e mais petreichos de guerra, que se receberem naquele armazém, e parafazer expedir para esse Continente com toda a promptidão tudo o que se lhe

ordenar, sem a menor perda de tempo, dando-se a este ofecial inferior as

4V2

V 6

7e

4

31/*

51/2

32/3

1

3

2

3

1

1

2

1

1

3V2

côvados

varas

238721

85/el

85/ef

212 J

172I/4

70*/.

2911/2 "

1947a

53

159

106 [

159 J

53 1

53 J106

53

53

1851I2 oitavas

dúzias

pares

A11. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 52: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 53 -

instrucções precisas para a boa expedição, e arrecadação para todo o referido,

e é bem certo que na estação em que estamos, se não devem fazer estes trans-

portes por mar; mas eu vejo ainda hoje, que entra neste porto a sumaca porinvocação Nossa Senhora de Ágoa de Lupe de que é mestre José Francisco

Xavier, que vai em direitura ao lagamar com três mil, e tantos alqueires de

farinha por conta da Fazenda Real. O Governador José Marcelino também

me partecipa o que V. Ex.a me diz de comprar bois, e carretas para este

transporte, mas eu desejo que V. Ex.a me diga se entende, que este transporte

ainda no tempo de verão deve ser por terra, pois se V. Ex.a entender, queas farinhas se devem conduzir por mar de outubro por diente, já as que forem

aqui chegando, devem aqui ficar, e não irem para a Laguna por não darem

maior trabalho, e conduzirem-se da Laguna por mar para o lagamar, devendo

V. Ex.a estar certo, que hoje na Laguna, e em Garupaba, se hão de achar

douze, ou treze mil alqueires de farinha com pouca deferença.

O navio espanhol ainda aqui se acha, mas já há dias falam em irem

para Monte Vedio, e de alguma forma os tenho detido com o pretexto de

se lhe apromptarem mantimentos por causa de esperar a conta que dei ao

Sr. Marques Vice-Rei. *

A nau Belém ainda se não recolheo, e sempre me deve bastante cuidado.

A fragata Príncepe do Brasil, comandada por Antônio Jacinto recolheo-se

bastantemente destruçada; mas já está prompta, e o chefe a faz sair com

brevidade.

Entre estes dous regimentos houve desordem, que poderia esta ser maior,

se eu a não atalhasse por alguma forma, sendo o princípio dela um tambor

do Regimento desta Ilha, bêbado, que estando os soldados de Pernambuco

jogando a bola, deram, por acaso, nos pés a este tambor, que como estava

fora de si, clamou vários nomes aos de Pernambuco, que estes depois se

poseram em tal desordem, que ia havendo um princípio de motim, e acudindo

a esta desordem um cabo de esquadra, e um soldado do Regimento de Gama,

ficaram estes; o primeiro mal tratado, e o segundo bem ferido, e também ficou

ferido um de Pernambuco por um tambor: Mandei fazer conselho de guerra

ao tambor, como premeiro motor, declarando no corpo de delito, se devia

proceder contra os delinqüentes, e mais réos de que se viesse no conhecimento

estarem compreendidos 110 outavo artigo da guerra; foram sentenciados o

tambor do Regimento de Gama, um soldado do Regimento de Moraes, e um

soldado do Regimento de Gama; o premeiro a carrinho prepétuo, o segundo

às penas do edital do Sr. Marechal de dezassete de fevereiro de sessenta e

quatro, o terceiro com outro soldado do Regimento de Moraes a uma rigorosa

prisão: este conselho me deveo bastante cuidado; o como o havia mandar

fazer; pois certamente se fosse feito por ofeciaes do mesmo regimento, e

ofeciais inferiores, e soldados, certamente poderia haver maior desordem, e

pude conseguir, que fosse composto por pessoas da esquadra, sendo o presi-

dente o Sargento-Maior Manoel Vieira Leão, e não havendo na esquadra

mais que um capitão, me servi de dous capitães governadores das fortalezas,

* Aqui houve um erro na encadernarão do manuscrito, tendo sido encadernada a folha

88-89 antes da 86-87. Na leitura manteve-se a seqüência correta.

An. Bibl. Nac-, Rio de janeiro, 20*3-236, 1983.

Page 53: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 54 -

e do Capitão Eusébio Antônio que servio de auditor: Depois desta desordemtenho feito trabalhar os regimentos mais do que trabalhavam antecedentemente,

e me pressuado que não terei mais cuidado com a mesma desordem, e ébem certo que os auditores fazem uma considerável falta nos regimentos maseu lhe não posso dar o remédio que desejo.

Na última carta que escrevi a V. Ex.a em que lhe remeti outra do Sr.General de São Paulo, partecipava a V. Ex.a, que este general faria marchar

para aqui duas companhias, as quais saindo do porto de Santos em duasembarcações, chegou só uma com uma companhia, e alguns soldados, e dous

ofeciais inferiores da companhia que vem na outra embarcação, o que tudo

V. Ex.a verá no mapa, que remeto, e na observação em que nela se declara

os soldados e ofeciais inferiores, que pertencem à companhia não chegada,

e também remeto mapa do armamento, e petreichos que traz esta companhia

que ainda que vai assignado pelo capitão, que a comanda, eu aqui fiz um,

e outro porque esta tropa sabe V. Ex.a a creação em que virá.

O Sr. General de São Paulo me diz, que cm observância das reaes ordens,

c das que tem do Sr. Vice-Rei, faz marchar duas companhias de Infantaria,

que tem regulado, quanto ao número e ofeciais em direitura a esta Ilha paradaqui marcharem a esse Continente a incorporarem-se ao Exército e que não

repare eu no pouco disciplinada delas, que o pouco tempo que há, quetomou o peso daquele governo o desculpa do estado em que estão, e que

pela guia, que o capitão me havia de apresentar, veria eu o tempo ate quevem pagos; do qual pelo diente o hão de ser pelo Sr. Marquês Vice-Rei a

quem dava parte desta expedição, como das mais que há de vir fazendo, logo

que se lhe facilitarem embarcações.

Parece-me escusado pôr na respeitável presença de V. Ex.a o estado em

que vem esta tropa: Eu os fiz desembarcar para a fortaleza de Santa Cruz,

não só por não haver nesta Ilha comodidade para o seu aquartelamento,

mas por estarem naquela fortaleza mais seguros por conta da deserção, poissabe V. Ex.a muito bem que toda a tropa nova ao princípio desertam bastante.

Já mandei para aquela fortaleza o Tenente Antônio Correia que foi meu

porta-bandeira para o ensino desta tropa, dando-lhe a instrucção de como

quero, que ela se vá ensinando, e também hei de mandar ensinar os tambores,

porque ambos ainda não tiveram uma só lição; no mar morreu um soldado

de bexigas, o que vai no mapa na casa dos doentes também é de bexigas,

que não poude desembarcar ainda por ter chuvido muito, e estar em estado

de lhe fazer bastantemente mal a chuva.

Eu não tenho nenhumas ordens a respeito desta tropa, e da mais em

que fala o Sr. General de São Paulo, V. Ex.a disporá dela como lhe parecer,dizendo-me se deve marchar, ou esperar que chegue a mais em que fala o

referido Sr. General, e no caso que ela deva logo marchar, há de V. Ex.a

querer dar as providências precisas para o seu transporte, e V. Ex.a muito

bem sabe o estado desta Ilha, os quartéis, e casas que há para se poderemaquartelar mais tropa, sendo bem certo, que eu hei de fazer todo o possível

para inteiramente executar a detreminação de V. Ex.a, e no caso que marchem

V. Ex.a me dirá té quando hão de ir pagos, sem embargo que eu aqui não

tenho ordens a este respeito (como já disse) mas é bem certo que sempre

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 54: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 55 -

lhe hei de mandar pagar o tempo que V. Ex.a lhe parecer. Não me foi pos-

sível ainda ver esta tropa, não só pelo mal que tenho passado; mas porque

o tempo o não tem premetido: O abarracamento que traz esla companhia,

que pertence a ambas, não só é pouco, mas muito mau, o que me diz o

capitão, que não são barracas, mas sim umas chamadas toldas abertas por

ambas as partes, e de uma linhagem de má qualidade, queira V. Ex.a par-

tecipar-me os seus avisos com a promptidão, que for possível, e dar-me sempre

ocasiões de obsequiar a V. Ex.a.

Ao Governador desse Continente faço aviso nesta ocasião da chegada

desta tropa para puder executar as ordens de V. Ex.a.

Remeto a V. Ex.a essa relação em que consta ter remetido ao Coman-

dante da Laguna o fardamento, e mais gêneros, que ultimamente se remeteo

do Rio de Janeiro para esse Continente, e já sei que todo o referido chegou

a Laguna, e ordenei ao comandante daquele porto, que fizesse expedir todo

o referido na forma que me foi ordenado. Esquecia-me dizer a V. Ex.a, que

a tropa, que tem chegado de Santos, vem paga até o último deste mês.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 19 de agosto de 1775.

II m° c Ex.mü Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

44 Relação do fardamento, e mais gêneros que se remetem para o Continente do

Rio Grande de São Pedro à ordem da Junta da Admistração do dito Continente

Fardamento para o Primeiro Regimento do Rio de Janeiro que se acha

destacado no Rio Grande

3:499i/2 Côvados de pano azul

314 Côvados de pano branco

2:56414 Varas de aniagem

21La89 /on.i/£ — i/o de linhas para casiar

2:367 Dúzias de botões de est.° para casaca

1:578 Dúzias ditos para véstias e calções

2:367 Dúzias ditos para polainas

789 Pentes de osso

1:052 Varas de pano de linho para calções

4:339^0 Varas de dito para camisas

789 Chapéos com galão branco

1:578 Pescocinhos pretos

789 Pares de meias de linha

789 Pares ditas de algodão

2:893 Varas de fita preta de lã

Para provimento dos Armazéns Reais do dito Rio Grande

6 amarras de piassaba de 13 té 16 polegadas

8 viradores de ditas de 5 té 9 polegadas

An. Bibl. Nac., Ri.o de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 55: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 56 -

Para o Regimento de Dragões do dito Rio Grande

30 espadas com guarniçõcs de ferro todas com suas bainhas, com bocaes e

ponteiras de latão

1 caixote em que vão as ditas

No fardamento do Primeiro Regimento o seguinte

180 varas de grossaria para capas dos fardos em que vai todo o fardamento18 cordas de linho brancas

3 caixões de pinho em que vão vários gêneros

2 caixotes de dito em que vão os batões

Ilha de Santa Catarina 3 de agosto de 1775.

Félis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

45 II.mo e Ex.mo Sr.

Ontem tinha escrito a V. Ex.a, e não expedi a parada por me não caberno tempo acabar de escrever ao Governador desse Continente. Esta madru-

gada recebi carta de V. Ex.a feita em nove deste mês, e verá V. Ex.a na refe-rida carta as prevenções que tenho dado a respeito da expedição das farinhasde Garupaba para esse Continente, e nesta ocasião adevirto severamente oComandante da Laguna, para que não deixe os particulares carregar fazendasnas carretas, que são tão precisas para as conducções das farinhas, e comovejo, que V. Ex.a diz, que é milhor passar por mar em direitura, sem passarema Laguna,

quando a estação o premitir; fico de acordo fazer deter aqui asfarinhas, que vierem para em tempo competente irem ao lagamar, e se V. Ex.alhe parecer milhor, o contrário disto, queira emediatamente

partecipar-mo,e na cai ta com a data de ontem dezia a V. Ex.a se achavam na Laguna douze

para treze mil alqueires de farinha.

Também dezia na mesma carta, que já na Laguna se achava, o farda-

mento, e mais gêneros, que ultimamente se remeteram do Rio de Janeiro,e se o comandante da mesma Laguna tiver executado a minha ordem, creio,

que tudo isto já estará em marcha para esse Continente, pois o meu desejoé, que não haja demora em se remeter tudo o que pertence ao comando deV. Ex.a.

Na mesma carta de ontem tive a honra de partecipar a V. Ex.a ter chegadouma das duas companhias,

que antes tinha avisado a V. Ex a haviam de partirde Santos, e a tropa que veio consta do mapa,

que também remeto a V. Ex.a,tendo feito os avisos precisos nesta ocasião ao Governador José Marcelino

para puder emediatamente executar as ordens que tiver recebido de V. Ex.a,e como V. Ex.a me diz, que com esta tropa se praticará o mesmo, que se fezcom as outo companhias,

que ultimamente daqui marcharam, fico na reso-

An. Bibl. Nac., Rio tíc Janeiro, 103:3-256, 1983.

Page 56: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 57 -

lução que logo, que tiver aviso de José Marcelino de fazer marchar as cavai-

gaduras, e carretas competentes para as duas companhias (uma que já aqui

está, e a outra que espero a todo o instante) fazê-las marchar na foi ma já

praticada com as outo, e com elas hei de fazer marchar um ofecial prático

até as entregar em Garupaba ao conductor, que José Marcelino há de mandar,

e sem dúvida, que este transporte (sendo feito com pouca gente) se fará mais

comodamente, devendo V. Ex.a querer-me avisar (se for chegando mais tropa)

se sucessivamente deve continuar a marchar, e no caso que tenha demora a

Companhia que ainda não chegou; sempre esta farei marchar, logo que tiver

aviso de José Marcelino se podem estar em Garupaba as conducções precisas,

e porei cuidado sobre as bagages, como se fez com as outo companhias, mas

parece-me, que não será preciso, irem bagages por mar, porém se foiem,

nunca há de ser nesta estação.

A carta que vem para o Sr. General de São Paulo a faço expedir logo,

e eu espero, que V. Ex.a me faça logo aviso, se tudo o que digo, é conforme

ao que V. Ex.a detremina. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 20 de agosto de 1775.

jl mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

46 Il.mo e Ex.mo Sr.

Desejo tanto a amizade de V. Ex.a, que em todas as ocasiões me desejo

pôr na sua estimável presença, e sempre estimo ter a certeza, que V. Ex.a

passa muito bem eu vou continuando a passar muito mal, não sendo possível

descubrir remédio que me dê algum alívio, e ao mesmo tempo com infenitas

amolações, que V. Ex.a bem as conhece.

Tenho o gosto de remeter a V. Ex.a as cartas que têm vindo para V. Ex.a

do Rio de Janeiro de donde não sei novidades, e só sim se diz, que um cabo

de esquadra meu, que assistia em casa do médico Ramos está feito ajudante

de auxiliares de um dos terços de fora da cidade; mas não sei quem é,

porque do meu regimento não sei nada: Também querem dizer, que o gover-

nador, que acabou de ser da Colônia casou às escondidas com uma filha do

coronel da mesma praça já falecido, Tomás Antônio, de quem já, há mais

tempo, tinha tido um filho. .

Depois de ter fechado agora a carta que escrevo a V. Ex.a de ofecio

faleceu outro soldado do Regimento de Mexia: As bexigas são de má quali-

dade, eu há tempos já as tive em casa, que me deveo cuidado grande o me-

nino que aqui tenho comigo, que teve muitas; mas já está de todo bom,

e continuando os seus exercícios, e o andar a cavalo: Queira V. Ex.a sempie

servir-se da minha vontade que a tem muito prompta para tudo o que foi

obsequiá-lo. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina 28 de agosto de 1775.

ll.m0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Captivo e amigo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio tlc Janeiro, 10}\3-236, 1983.

Page 57: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 58 -

47 11.»° e Ex.m0 Sr.

Já partecipei a V. Ex.a ter chegado aqui alguma tropa da Capitania deSão Paulo, e até agora não chegou a outra companhia que saio juntamentecom a que aqui se acha; agora vou a dizer a V. Ex.a que desta tropa se

acham hoje quarenta e sele soldados nos hospitaes, e com exceção de dous,

os mais todos de bexigas, e estas de muito má qualidade, já ontem morreu

um deste mal! nestes termos, eu não faço marchar esta tropa sem novo aviso

de V. Ex.a, pois me diz o comandante da fortaleza de Santa Cruz, que estão

mais alguns abalados deste mal, que como é contagioso creio, que V. Ex.a

não há de querer, que essa tropa exprimente, o que esta aqui tem expri-

menlado; queira V. Ex.a partecipar-me o que detremina a este respeito.

O Senhor Marques Vice-Rei fez remeter a esta Provedoria nove contos,

c outocentos mil réis, ordenanclo-me os fizesse remeter na forma que se tem

remetido o mais dinheiro para esse Continente, pertencendo esta quantia para

pagamento dos soltlos, de parte do mes de outubro das tropas que se achamnesse Continente.

Esta quantia vem em moeda de quatro inil réis, sete contos seiscentos,

e quarenta mil réis, e em cobre dous contos, cento e sessenta mil réis, esie em

quinze caixotes trazendo cada um cento, e quarenta, e quatro mil réis: Nestaocasiao aviso ao Governador

José Marcelino para mandar bestas para estaconducção, c há mais tempo lhe tinha dito, que para aqui deviam vir algumasbestas para estarem promptas para semelhantes conducções, ou as que vem

a Laguna para as mesmas, deviam vir receber a carga Àraçatuba; e V. Ex.a

?>abe muito bem o incômodo, que se dá a estes moradores, sendo semilhantes

transportes feitos nas suas bestas, que muitos deles as têm perdido: QueiraV. Ex.a dar as providências que lhe parecer a este respeito.

O chefe da enquadra fez sair a fragata Príncipe do Brasil, que é coman-

dada por Antônio Jacinto. Ainda se não recolheo a nau Belém, e já se deitou

ao mar a embarcação, que aqui construío o mesmo chefe a qual tem feito

muita ágoa; mas ontem ouvi ao Capitão-Tenente José da Silva, que já esta

embarcação não fazia ágoa, e como foi feita de madeiras verdes, e algumas

delas não capazes, me pareceu que não durará muito. Remeto a V. Ex.a essa

carta do mesmo chefe, e eu desejo sempre obsequiar a V. Ex.a com a mais

prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 28 de agosto de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

48 11.»° e Ex.mo Sr.

Chega a fragata Nazaret, e nela veio o meu Tenente-Coronel Pedro Antô-

nio da Gama, avisando-me o Sr. Marquês Vice-Rei, que em observância das

reaes ordens nomeou este ofecial para Governador desta Ilha com a graduaçãode coronel, de que Sua Majestade há de mandar passar patente na conformi-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0i:3-236, 1983.

Page 58: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 59 -

dade da portaria do Sr. Marquês Vice-Rei, e vai rendido Francisco de Sousa

a quem Sua Majestade também conferio a patente de coronel.

Na mesma embarcaçaõ vêm três companhias completas, e escolhidas do

Regimento do Porto; ficando a embarcar mais uma do mesmo Regimento,

e duas de Artelharia; dizem que ua é do Capitão Eusébio Antônio, e a outra

do Capitão Monteiro, e me diz o Sr. Marquês Vice-Rei, que por um aviso

da nossa corte, que recebeo a 13 do mês passado lhe partecipa o Menistro

de Estado a notícia de que os castelhanos se acham com toda a força armando

navios em todos os seus portos com o destino de passarem ao nosso Biasil,

e como esta Ilha é, que embaraçada, pode cortar todo o socorro, que c preciso

para esse Continente, julga-se que será o premeiro lugar, que eles possam

atacar, e que em conseqüência do que Sua Majestade ordena me previna e

socorra como premitir as suas possebilidades, e também nesta ocasião me

socorre o Sr. Marquês com seis peças de artelharia de campanhas, e seus com-

petentes reparos.

Também nesta ocasião vêm trinta e outo contos quinhentos, trinta e três

mil, cento, e vinte, e quatro réis para se transportar a esse Continente na1

forma que se tem praticado sempre, para pagamento

de parte dos soldos do

mês de outubro, e continuação dos meses de novembro e dezembro, o que

partecipo ao Governador desse Continente para mandar escolta precisa, e

bestas para esta condução, e já partecipei a V. Ex.a da quantia que aqui se

achava pertencente a esse Continente.

Ainda não chegou a companhia de Santos que partio juntamente com

a que aqui se acha, e desta se acham nos hospitaes cincoenta e um, e fora

destes estão em Santa Cruz vinte e tantos, que os mando curar na mesma

fortaleza por conta de não estarem capazes de virem para o hospital; tem

morrido onze, e estão alguns nos mesmos termos.

Logo que tive a notícia que havia marchar o Regimento de Santos parte-

cipei ao General daquela Capitania algumas cousas, que me pareceram pre-

cisas a respeito desta marcha, em que também lhe dezia, que queria com ante-

cipação ser avisado de quando marchava esta tropa para fazer os promptos

avisos a V. Ex.a, e se fazerem as disposições da continuação desta marcha

para esse Continente, e também lhe dezia, que seria bom viessem embarcações

porporcionadas a poderem

entrar na Laguna; a isto me respondeo agora

dizendo-me, que antes do princípio deste mês não mandará mais té dar tempo

a se apromptarem as bagages para o transporte, e que a tropa vinha muni-

ciada até esta Ilha.

Nesta conformidade, e pelos poucos cômodos que V. Ex.a sabe, aqui ha,

e por V. Ex.a me ter partecipado, que esta tropa devia marchar da mesma

forma das outo companhias fico na resolução que logo, que chegar mais tropa

(vindo ela como Deos premita, sem a impedemia, que está exprimentando

a que aqui se acha) fazê-la marchar para a vila da Laguna, e daí se ir trans-

portando na forma dos avisos, que V. Ex.» fizer; isto mesmo partecipo ao

Governador José Marcelino; e eu estou vendo como hei de acomodar as seis

companhias que vêm de guarnição para esta Ilha. Não posso ser mais extenso,

An. Bibl. Nac, Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 59: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

1

- 60 -

porque ontem estive purgado, e hoje estou que não sei parte da cabeça-

Íarfe a° vTxi ^ COm pr°ma vontade- D~

Ilha de Santa Catarina 2 de setembro de 1775.

II mo e Ex.™ Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

49 ii mo e Ex mo Sr.

Pela carta de ofício que tenho a honra de escrever aV. Exa verá V Ex a

o quanto eu estou embaraçado com os deferentes negócios, e ao mesmo tempopadescendo de forma

que ontem ainda estive purgado a tempo de chegarestes novos trabalhos. 5

Eu sinto no meu coração ludo aquilo que pode dar pesar a V. Ex.a

e como V. Ex.» conhece o meu coração, e o muito que o estimo, parece-meser excusado maiores expressões. Tenho a honra de remeter a V. Exa todas

as novidades que se me remeteram,

queira V. Ex.a tornar-mas a remeter poisainda as nao vi, e desejo que V. Ex.a sempre me premita o gosto de o servir

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 2 de setembro de 1775.

II.™ e Ex.™ Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Muito amigo e captivo obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Tendo mandado esta tarde os papéis em que falo fora, me não é possívelpodê-los remeter, mas sei que outros semelhantes vão a Camilo Maria, queV. Ex.a por ora os pode ver, e em outra ocasião os poderei remeter.

50 II.mo e Ex.mo Sr.

Tenho recebido a carta de V. Ex.» de 31 do mês passado em respostadas minhas de 19e 20 do mesmo mês; ficando certo do que V. Ex.a me diza respeito das farinhas de se não deverem conduzir mais para a Laguna,e presentemente estão aqui descarregando duas pequenas sumacas para emtempo competente se transportarem ao lagamar.

Já chegou a segunda companhia de Santos de que é Capitão José PedroGaivão, a qual fez três arribadas; e nelas deixou um tambor, e treze soldadosdoentes, chegando aqui com outenta e cinco praças como V. Ex.a verá domapa

que remeto, e deste número de gente chegaram dez com bexigas, e

presentemente destas duas companhias, estão sessenta e nove doentes, e verda-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 60: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 61 -

deiramente não sei se são mais alguns; porque ultimamente mandei estabe-

lecer na fortaleza de Santa Cruz um hospital por conta do grande incômodo,

que têm estes doentes em se transportar daquela fortaleza para esta vila, e

há três dias, que não sei, se se tem adientado os doentes: têm morrido vinte

e um entrando neste número, um; que declarava o mapa antecedente na

viagem, e mandando saber, que praças estariam capazes de marchar, me dizem

que por todas são cento, e outo, logo que o vento der lugar as faço embarcai

e seguir para a Laguna, visto V. Ex.a dizer-me, que a marcha desta tropa se

não pode dilatar.

Parece-me não poderei prover esta tropa de abarracamento.

Mandei pagar a esta tropa, conforme V. Ex.a me diz, e sobre as bagagens,

creio que não trazem muitas, e no caso de as trazerem, ficarão em Garupaba,

té que V. Ex.a detremine a sua condução.

Já tive aviso do Governador desse Continente, que V. Ex.a lhe tem orde-

nado, que com o meu aviso mande os transportes para seguir esta tropa,

para Porto Alegre; dizendo, que premeiramente devem sair dos quartéis

de

Porto Alegre as companhias que lá se acham (e nesta ocasião também lhe

partecipo a chegada desta companhia) e me diz, que até o dia clez deste

mês chegarão a Laguna as carretas destinadas para as duas companhias, fa-

zendo sair dinheiro para se pagar a esta tropa uma quarta de farinha, e para

receberem na Laguna só meio alqueire (na forma, que se praticou com as

outo companhias) devendo V. Ex.a estar certo, que se o tempo desse lugar

no dia dez estaria esta tropa na Laguna; e na mesma ocasiao, por terra hei

de fazer conduzir o primeiro dinheiro, que aqui chegou pertencente

a esse

Continente, que são nove contos, e outocentos mil réis, e no caso que haja

bestas para conduzir a segunda parcela (de que avisei a V. Ex.a) também

a hei de fazer transportar.

O navio espanhol convi em que ele saísse ultimamente, por saber que

o Sr. Marquês Vice-Rei tinha deixado sair o que foi transportado para o

Rio de Janeiro.

Remeto a V. Ex.a essa carta do Governador da Colônia que ontem chegou,

e não repito o que ele diz, por me parecer que ele partecipa tudo a V. Ex.a.

Aquela praça está em grande constrenação de mantimentos, e lenha eu

me resolvo à mandar-lhe um pequeno socorro destes gêneros, té que o Sr.

Marquês Vice-Rei lhe possa dar as providências que lhe parecer.

Como V. Ex.a me diz, que a marcha desta tropa se não pode dilatar,

fico na resolução de ir fazendo marchar para a Laguna os que vierem capazes,

devendo V Exa dar as providências para a continuação da mesma marcha,

e eu desejo sempre obsequiar a V. Ex.» com a mais prompta vontade. Deos

guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 12 de setembro de 1775.

11 mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac.. Rio de Janeiro, 103:3-236; 1983.

Page 61: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 62 -

51 Il.mo e Ex.mo Sr.

Beijo a V. Ex.a as mãos pelo favor e distinção de me escrevcr da sua

própria mão, o que eu não faço agora por ficar sangrado, pois tive um tal

ataque, que com pressa foi preciso sangrar-me. Eu tenho a fortuna de conhecer,

que V. Ex.a conhece a minha amizade, e por isso me não canso com muitasexpressões.

Remeto os mercúrios, e gazetas, que ultimamente me remeteram, e me

pressuado, que já V. Ex.a lá terá algumas destas gazetas, e dos mercúrios.

Esta tropa, que tem vindo, diz, que é voz vaga, que o Sr. Marquês Vice--Rei

passa a esse Continente, e o mesmo dizem do Rio de Janeiro, e queeu, que vou para aquela cidade; eu não creio, pois o Sr. Vi'ce-Rei me nãofala em tal; mas debaixo de toda a amizade me pareceu, dizer isto só aV* Ex.a e debaixo da mesma amizade desejo saber se V. Ex.a sabe sobre este

ponto alguma cousa: Eu desejo que V. Ex.a me responda de forma, que

não haja demora, pois se isto assim suceder me parece, que também a nãohaverá; mais tinha, que dizer a V. Ex.a, mas fica para tempo competente:Dê-me V. Ex.a o gosto de o servir, que a minha vontade sempre está promptapara lhe obedecer. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina 1 de outubro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

O que digo é só para V. Ex.a.

De V. Ex.a

Captivo e amigo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

52 II e Ex.mo Sr.

Tenho recebido a carta de V. Ex.a de onze do mês passado. Eu desejavaser mais extenso, o que não pode ser, por ficar sangrado,

por causa do muito

mal, que tenho passado da cabeça.

Remeto a V. Ex.a essa via do Sr. Marquês Vice-Rei, chegada na fragata

Nossa Senhora do Pilar, com a companhia que faltava do Regimento do Porto,

e as duas de Artelharia.

Nesta ocasião faço remeter à Junta da Real Fazenda desse Continente

quarenta e outo contos, trezentos trinta e três mil, cento e vinte, e quatroréis como V. Ex.a verá da relação inclusa, que tenho a honra de remeter

a V. Ex.a.

Remeto a V. Ex.a também, o mapa das companhias de Santos, que como

é feito há dias, tem hoje alguma diferença, tendo morrido até a última

parte que se deu da fortaleza de Santa Cruz, trinta deste destacamento, e c

pouco o número, que está capaz de marchar, por esse motivo se não tem

posto em marcha esta tropa.

An. Bibl Nac., Rio de Janeiro, iítf:3-236, 1983.

Page 62: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 63 -

Remeto mais a V. Ex.a carta do Coronel Manoel Mexia chegada em uma

embarcação, que conduz farinha, e feijão, que ia para a Laguna, que eu aqui

deixo ficar, pela dificuldade que há dos transportes por terra (como V. Ex.a

sabe) para em tempo competente, irem estes gêneros por mar na forma, que

V. Ex.a tem convido: Eu não tive carta do Sr. General de São Paulo mas

disse-me Manoel Mexia, que a impedemia das bexigas, tem sido naquela

cidade tão continuada, que chegaram a fazer preces a Nossa Senhora da

Penha; e diz, que se acha com cem praças de menos, e cento, e tantos que

têm de bexigas, e não fala se vem, ou não, já, mais tropa.

Nesta ocasião faz remeter o Sr. Marquês Vice-Rei, quarenta e outo espa-

das para o Regimento de Dragões desse Continente, as quais farei remeter

na primeira ocasião, que se oferecer.

Hei de ver se posso se posso * assistir a estas companhias com um abar-

racamento, como V. Ex.a quer, pois desejo em tudo obsequiar a V. Ex.a.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina o 1.° de outubro de 1775.

II mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

53 Relação do dinheiro que se remete desta Provedoria da Fazenda Real da

Ilha de Santa Catarina para a do Continente do Rio Grande, pelos Capitães

Antônio Luís do Vale, e José Pedro Galvão de Moura, e Lacerda.

Para pagamento de parte do mês de outubro deste ano de toda

a tropa que ali se acha 9:800$000

Para pagamento de parte dos soldos do mês de outubro, e conti-

nuação dos meses de novembro e dezembro deste ano de toda a

tropa que ali se acha 35:941$124

Para o mesmo acima dito 2:592$000

Soma 48:333$I24

Ilha de Santa Catarina 28 de septembro de 1775.

Félis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

54 11."» e Ex.m0 Sr.

As estimadas letras de V. Ex.a recebo eu sempre com o maior contenta-

mento e maior gosto, pois da amizade de V. Ex.a faço o maior apreço, e

espero sempre saber a V. Ex a merecer a continuação dela.

O que V. Ex.a diz sobre o conhecimento da situação destes Continentes,

isto tinha mais que dizer, e a seu tempo porei na presença de V. Ex.a.

Repetido no manuscrito.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 63: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 64 -

Esta última embarcação que aqui chegou, o que traz de novo o saberá

V. Ex.a pelas cartas do Sr. Vice-Rei, supondo a V. Ex.a em algum movimento

depois desta chegar. De Pernambuco se escreve, dizendo, que estando a em-

barcar dous corpos, um de Mulatos, e outro de Pretos, que botavam estes

a mil e tantas pessoas, chegou um navio de Lisboa, e que logo esta gente foi

retirada para suas casas, isto dava alguns indícios de poder haver algum

descanso entre nós: mas pelas cartas do Sr. Vice-Rei, que V. Ex.a receberá,

e eu recebi vemos o contrário; eu pela amizade que devo a V. Ex.a possoter a liberdade de lhe dizer, que o chefe da esquadra é muito confuso, e não

percebe bem a língoa portuguesa, é preciso se V. Ex.a pertender dele alguma

cousa, uma grande explicação, e V. Ex.a perdoe o dizer-lhe isto, e queiraV. Ex.a sempre dar-me as suas ordens, e ocasiões de o servir. Deos guardea V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 22 de outubro de 1775.

ll.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

De V. Ex.a

Súbdito e amigo e captivo muito obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

55 Il.mo e Ex.mo Sr.

Tive o gosto de receber a última carta de V. Ex.a de onze deste mês em

que V. Ex.a me agradece a continuação da assistência que tenho feito aos

soldados do Regimento de Santos; isto é bondade e favor que V. Ex.a me querfazer, sendo bem certo, que em tudo desejo obsequiar a V. Ex.a com a mais

prompta vontade.

V. Ex.a verá no mapa que tenho a honra de lhe remeter, que desta tropa

só há presentemente vinte e cinco doentes nos deferentes hospitaes; mas tem

outenta e um convalescentes, que me figuram, estes, por ora estão tão impôs-

sibilitados para marcharem, como os que estão no hospital, por conta de

uma tal sarnage, de que têm estes infelices o corpo em miserável estado, porémcreio que esta doença em breve tempo se porá em estado desta tropa ter a

honra de seguir as ordens de V. Ex.a; eu me não tenho resolvido a pôr em

marcha as cincoenta e cinco praças promptas, por me parecer este número

pouco, para um transporte, e já disse a V. Ex.a que hei de fazer todo o pos-sível, para que estas duas companhias levem barracas; mas é certo que a

mais tropa que vier, e se diz vem, não poderão ser fornecidas de abarracamento.

Muito estimei que V. Ex.a me dissesse, que as conducções de Garupaba

para Porto Alegre, espera que não faltarão, pois é uma das cousas que me

dava grande cuidado por conta da avaria que poderiam ter as farinhas na a

Laguna, e em Garupaba. Ao comandante da mesma Laguna tenho mandado

recomendar a promptidão com que deve fazer expedir tudo o que pertencea esse Continente.

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 64: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 65 -

O Coronel Manoel Mexia também me tem partecipado a epedemia que

tem havido de bexigas naquele Continente: Eu já fazia tenção que agora

tivesse aqui mais tropa do seu regimento.

O dinheiro que avisei a V. Ex.a tinha daqui feito expedir teve bastantedemora de Araçatuba,

para a Laguna por conta das muitas chuvas, que têmhavido; mas já agora suponho que ele estará todo naquele porto, ou daliterá marchado.

Agradeço a V. Ex.a o partecipar-me ter chegado parte das minhas com-

panhias, e de Bragança ao porto de São Caetano; espero que o meu regimentocontinue em merecer a V. Ex.a atenção que sempre lhe deveo; pois todo omeu interesse, é que ele satisfaça inteiramente às ordens de V. Ex.a, eu bemdesejos tenho de estar com ele para mais promptamente as executar; isto é,tudo quanto pertence à última carta de V. Ex.a, indo agora dizer a V. Ex.ao que me refere o Sr. Marquês na última carta de seis deste mês.

Que com arribada de um navio castelhano saído de Boinos Aires, queia destinado ao porto de Cádis, e obrigado de um temporal em que recebeu

um grandíssimo estrago, pelo que foi obrigado a entrar no Rio de Janeiro teve

ocasião de ser mais amplamente instruído, por uns marinheiros nossos dassumacas naufragadas nessa costa, que eles por força conduzem os navios, doEstado, e forças com que se acham os sobreditos castelhanos, cujas notícias

combinadas com as instrucções, que têm da nossa corte, o põem na precisão

de dar mais algum calor aos movimentos do Exército no Rio Grande e comoestes não poderão ter toda a sua força sem serem auxiliados pela parte do

mar, ao chefe da esquadra escreve na conformidade da carta que ele a mim

me apresentaria; cuja carta, veio hoje aqui apresentá-la, e sobre ela escreveultimamente a V. Ex.a (o que V. Ex.a verá de uma das cartas que remeto

do mesmo chefe que ele aqui acrescentou) eu desejarei muito poder con-

correr para tudo o que for glória de V. Ex.a para o que sempre está promptaa minha vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 22 de outubro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

56 Il.mo e Ex.mo Sr.

O chefe da esquadra me pede, no caso que V. Ex.a queira, ou precisedas cinco embarcações que ele ultimamente falou a V. Ex.a, com homens

desta guarnição, para parte da guarnição das mesmas embarcações: V. Ex.a

bem sabe as deferentes partes a que se deve acudir nesta Ilha, no caso queela seja atacada. Queira V. Ex.a dizer-me se quer que vão nestas embarcações

as duas companhias que vieram de Santos, pois se vão já pondo capazes, ou

de marchar, ou de ir nestas embarcações: espero que com a brevidade pos-sível me queira V. Ex.a responder a este negócio. Nas mesmas companhias

não há novidade que partecipe a V. Ex.a.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 65: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 66 -

O II.™ e Ex.™ Sr. Marquês Vice-Rei ordenou ao chefe da esquadra fi-

GrandeTmrro15"1 ^

C°ntmen]te <Para as embarcações da defesa do RioGrande) todo o murrao,

que pudesse dispensar. O mesmo chefe me mandouentregar dezassete arrobas, e vinte e outo libras, que jâ fiz remeter

para aLaguna, para dat ser remendo com a brevidade

possível na forma que setem praticado com as mais munições,

que daqui se tem remetido; iá fiztambém remeter ulumamente

quarenta e outo espadas em dous caixotes, quepertencem ao Regimento de Dragões desse Continente. É por ora o que tenho

a"v

PEx ^

PreSCnÇa dC V" EX*3 a quem semPre deseJ° obedecer. Deos guarde

Ilha de Santa Catarina a 28 de outubro de 1775.

II.™0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

57 H.mo e Ex.™ Sr.

Meu estimadissimo, e senhor de todo o meu respeito, sempre desejo pôr-mena estimável presença de V. Ex.a em todas as ocasiões

que me é possível paralogar a V. Ex.a a continuação da sua amizade. Eu vou continuando semprea passar mal, mas nada me há de embaraçar o servir, e obsequiar a V Exa

As últimas notícias que vieram do Rio de Janeiro são continuarem em

virem levas de mola tos de Mmas, que alguns têm ido para a Artelharia, e os

mais para Vila Galhao, e que também chegou Francisco de Paula com umacompanhia de dragões.

Parece-me, que V. Ex.a saberá, se mandou sair toda a tropa, ou quasetoda da praça da Coloma, isto é, debaixo de todo o segredo,

pois eu não osei pelo Sr. Vice-Rei; esta vai em direitura ao Rio de Janeiro, e isto me temparecido muito bem; pois é certo que em nenhuma ocasião tem aquela praçadeixado de ser suprendida, todas as vezes que foi atacada.

O nosso Domingos Correia muda para milhor situação.Na minha companhia está um rapaz, que me esquece o nome. que é um

Fulano_ Fagundes, o qual se tiver procedido bem, desejo que ele tenha a

p oteçao de V. Ex. ; e eu sempre desejo ocasiões de servir, e obedecer a V Ex aDeos guarde a V. Ex.a. '

Ilha de Santa Catarina a 28 de outubro de 1775.

Il.mo e Ex.™ Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e mais obrigado captivo

Antonio Carlos Furtado dê Mendonça

58 n.mo e Ex.100 Sr.

Vou por esta livrar a V. Ex.a do cuidado em que está no Tenente ManoelAntonio do Regimento de Bragança, e da mais gente com que ele foi para

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 20J:3-236, 1983.

Page 66: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 67 -

a sumaca, que ia a entrar nesse lagamar, que é a que ultimamente fiz daqui

sair, de que é mestre José Francisco Xavier, cujo tenente quis dar parte aV. Ex.a de que esta sumaca não podia entrar por vir carregada em quatorze

palmos, e não pôde dar esta parte por crescer muito vento da parte do sul,

e navegando com ele depois de passados alguns dias, lhe sobreveio vento norte

em tanta quantidade que o obrigou a pôr-se ao sul do Rio Grande, e tornando

depois bastante vento sul veio navegando com ele, té dar fundo em Vila Nova,

que é para cá do porto da Laguna, e daí veio por terra, e chegando esta tarde,

sem demora o partecipo a V. Ex.a.

Este tenente com a guarda, e mais gente do Regimento de Manoel Nunes

Teixeira, que vinham remando na lancha, patrão da mesma, e pátrico mar-

cham por terra a buscar as ordens de V. Ex.a com a brevidade possível.A este tenente, e à mais tropa, mando pagar: ao tenente dous meses, e

aos mais, mês e meio, e me parece V. Ex.a há de querer, que a importância

deste pagamento se satisfaça nesta Provedoria do premeiro dinheiro, que vier

pertencente a esse Continente.

Esta embarcação, logo que aqui chegar lhe hei de mandar tirar a carga

que for precisa e que possa entrar nesse lagamar.

Esta embarcação encontrou há quatro ou cinco dias com a embarcação

de Pio Antônio (que eu aqui estou esperando1) e falando-lhe proguntou pela

guarda-costa. Creio que Pio Antônio varou a Barra: Diz este tenente queele traria bastante gente, parecendo-lhe ser duzentas pessoas.

Estou esperando os avisos de V. Ex.a, e sempre devo ter ocasião de o

obsequiar, sendo por ora o que tenho que partecipar a V. Ex.a por não ter

vindo embarcação do Rio de Janeiro depois que ultimamente escrevi a V. Ex.a.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 9 de novembro de 1775.

Il.rao e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

59 Il.mo e Ex.mo Sr.

Ontem recebi a carta de V. Ex.a feita no dia dous, e sem demora mandei

entregar a do chefe da esquadra, o qual veio hoje a esta casa participar-me

o que continha a carta de V. Ex.a, e a do Capitão-de-Mar-e-Guerra Jorge

Hardcastle, e parecendo-lhe também ao chefe da esquadra o que V. Ex.a lhe

apontou de mandar alguma pessoa da sua confidência para examinar tudo

o que é preciso para um ponto de tanta circunstância; resolveo mandar o

Capitão-de-Mar-e-Guerra Antônio Januário do Vale, que é o portador desta,

o qual leva as ordens do mesmo chefe, que creio apresentará a V. Ex.a.

Esta manhã recebi carta do Sr. General de São Paulo de vinte e um do

mês passado, em que me diz, que naquela somana expedia duas companhias

comandadas pelo Sargento-Maior Pedro da Silva, o qual também havia trazer

vinte e sete soldados em lugar dos que tinha eu avisado, terem então falecido

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 67: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

-68

das duas companhias que aqui se achara; e porque julgava se lhe guardariamas fardas, vinham estas reclutas desfardadas, as quaes estão entregues aos seus

respetivos comandantes: dizendo-me mais, que logo que a fragata (que é a

fragatinha chamada de Pernambuco) eu a fizer expedir faz marchar as mais

companhias pertencentes a este regimento com o seu coronel: Este aviso chegou

a ponto de eu querer fazer expedir as duas companhias premeiramente che-

gadas; mas já agora devem sair daqui todas as quatro imediatamente cheguem

as duas que conduz o sargento-maior para o que tenho as embarcações precisas

já promptas para se transportarem a Laguna: Remeto a V. Ex.a carta do

mesmo Sr. General da Capitania de São Paulo. Nesta ocasião não escrevo a

V. Ex.a particularmente por ter passado hoje muito mal da cabeça, e não

partecipo a V. Ex.a novidades do Rio de Janeiro, ou da nossa corte por não

ter chegado embarcação depois que escrevi a V. Ex.a. Desejo que V. Ex.a me

dê sempre as suas ordens e ocasiões de o servir. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 11 de novembro de 1775.

Il.mo e Ex.ni° Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

60 Il.mo e Ex.m<> Sr.

Sempre tenho o maior gosto, quando recebo as estimadíssimas letras

de V. Ex.a, desejando sempre que os meus agradecimentos sejam iguaes, ao

menos ao muito que devo a V. Ex.a, sendo certo, que prezo verdadeiramente

àmizade de V. Ex.a.

Sem embargo que o Sr. Marquês Vice-Rei participará a V. Ex.a o mau

sucesso que tiveram os espanhoes em Argel, vou a dizer a V. Ex.a o que meu

irmão Afonso me diz a este respeito. O Rei de Espanha quis castigar os arge-

linos, para o que mandou apromptar uma esquadra de trezentos, e trinta e

quatro navios de transporte, com vinte e cinco mil homens de desembarque,

além das embarcações de guerra, que eram quarenta e quatro naus, fragatas,

chavecos, e de outras qualidades mandada a tropa pelo General Drelle, mas-

quisto de ofeciaes, e soldados, pela sua pitulância, e soberba, e devendo esta es-

quadra partir no princípio de junho o não pôde fazer, por causa dos ventos;

senão no princípio de julho dando tempo aos argelinos a porem-se em defesa

com um exército de outenta mil homens, na paragem donde havia ser o de-

sembarque, e mandando o general desembarcar a tropa, sem conhecimento do

terreno, nem mandando levantar terreno para sua defesa, mandou que a

premeira devisão atacasse logo o inimigo nas próprias trincheiras donde se

achavam imensos ofeciaes rússios que serviram na última guerra; e caindo

estes sobre os espanhoes prenderam (dizem eles) que seis mil homens, e mil

e outocentos feridos; porém a opinião do nosso embaixador é, que foram seis

mil os mortos, e pela retirada percepitada parece ser verdade o que ele diz;

porquanto se embarcaram logo, e durou toda a acção principiando o desem-

barque té tornarem a embarcar, trinta horas: as mais circunstâncias, como

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 68: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

— 69 -

também dos mortos inimigos se não poude saber té a saída das últimas cartas,

e se esperava as dos cônsules, que residem em Argel para se saber a verdade

deste sucesso: a armada toda se retirou para Cartagena, deixando sobre aquela

costa uma esquadra da qual corria notícia (dizem vinda por Cádis) que fi-

zeram um desembarque onde mataram três mil mouros; porém esta notícia

se não verifica ainda.

Em Lisboa têm sido oculto os movimentos em que estamos, e ainda das

grandes promunções, que aqui tem havido, só se tem sabido alguma cousa

pelas notícias que de cá vão: diz mais meu irmão Afonso que corria a notícia

que V. Ex.a tinha apanhado dous correios com o pretexto de que eram espias,

e tirando-lhes os despachos os mandara matar, e que o chefe da esquadra se

achava preso no Rio de Janeiro por insulto que fez a uma fortaleza de

Espanha, acometendo-a sem ordem, e que nesta acção morrera o governadore cinco soldados. Diz que os presioneiros espanhoes que se têm remetido à

corte se têm logo mandado entregar ao Embaixador de Espanha, dizendo

mais que na nossa corte não havia novidade e só de El-Rei estar em Oeiras

nas casas do Marquês de Pombal de donde vai tomar banhos ao Esturil.

Agradeço a V. Ex.a o pressuadir-me para deixar a melancolia; devo si-

gurar a V. Ex.a, que eu aparentemente a não mostro; mas é certo que a mo-

léstia que padeço da cabeça dá bastantes motivos para que eu me lembre

do estado em que estou; porém isto não emporta, e só sim que sejamos bem

sucedidos do que estamos encarregados, e se tiver o gosto de tornar a ver

a V. Ex.a então falarei com mais desafogo.

Eu me pressuadia que V. Ex.a sabia as ordens que se passaram para a

Colônia, e me parece, que esta gente terá chegado ao Rio de Janeiro, poisesta embarcação que ultimamente chegou diz, que no dia, que saio avistou

duas fragatas, que conheceu, uma ser, das duas que daqui foram, mas não

sei se a este respeito da saída desta tropa se se toma nova resolução pois a

embarcação em que anda Pio Antônio com pressa saio, com uma companhia

do regimento de Francisco Antônio, e como não veio para aqui, não podia

ir para outra parte, senão para a Colônia.

O que V. Ex.a diz a respeito das notícias que deram os marinheiros

vindos na nau espanhola, eu me pressuado que não serão muito verdadeiras,

e sempre me tem lembrado o muito que aí se precisa de embarcações compe-

tentes para se poder intentar alguma acção, pois sem elas se não pode fazer nada:

Eu estou bem pressuadido, que V. Ex.a se havia explicar muito bem com

o Capitão-de-Mar-e-Guerra Antônio Januário, e foi muito bem lembrada a

ida deste ofecial, e eu recomendei ao chefe da esquadra que se devia lembrar

de tudo o que lhe era preciso para furnecer as embarcações que se deviam

de armar para qualquer ocasião que se intentasse, pois não tinha não tinha *

com que o socorrer, como ele sabia.

Também agradeço a V. Ex.a o participar-me a chegada do cursário d'Aragão

que me parecia seria maior, que o cursário São José.

* Repetido no manuscrito.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 705:3-236, 1983.

Page 69: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 70 -

Diz o Ramalho que não lhe queseram dar outras ferramentas, pois parece

que as que estavam destinadas para as outo companhias com que ele marchou

se deram aos Regimentos da Bahia. O resto de algum pano, e mais sobras

que havia, diz se meteu nos armazaéns.

Eu tenho sentido muito os três desertores que desertaram na saída de

Porto Alegre, como são de Minas buscarão o rumo daquela Capitania, equeua Deos que não haja mais,

que naturalmente serão da gente que nosmeteram das cadeias do Limoeiro,

queira V. Ex.a raeu excelentíssimo conti-nuar a ter debaixo da sua proteção o meu regimento, e eu está já desejandosaber

quem me dão por tenente-coronel. No Rio de Janeiro já estão duascompanhias de cavalaria de Minas, e um regimento de auxiliares, tambémde cavalaria, têm vindo bastantes mulatos, e agora para o Regimento de Per-nambuco vieram cento, e trinta e tantas reclutas, a mais incapaz gente, quee possível, e parece que baste de matraca. Desejo a V. Ex.a a milhor saúdee ter sempre ocasiões de o servir, e de lhe obedecer, e eu sempre continuoaparentemente mal. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 16 de novembro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo e amigo o mais obrigado

Antonio Carlos Furtado de Mendonça

61 Il.mo e Ex."30 Sr.

Serve esta de acompanhar as cartas do Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei,vindas na fragata,

que agora chegou do Rio de Janeiro, em que me parecetambém se comunicará a V. Ex.a o mau sucesso, que teve a grande armadacastelhana,

que se dirigio à costa de África contra os argelinos.

Também para participar a V. Ex.a que são chegadas duas companhias

do Regimento de Santos, que trazem a gente que V. Ex.a verá pelo mapa

que remeto. Estas duas companhias, e as que aqui se achavam, só terão de-mora, té que o vento dê lugar para a sua saída: As chegadas proximamenteainda vêm em peior estado a respeito do seu fornecimento,

pois nem as cha-madas toldas,

que as outras trouxeram, trazem. Hei de ver o benefício queposso fazer a esta tropa, e avisarei a V. Ex.a logo que ela marche, do comovai furnecida.

Do Rio de Janeiro se remete nesta fragata trinta e dous contos duzentos\mte e dous mil, e setenta, e seis réis para pagamento dos soldos dos me^esde janeiro, e fevereiro do ano que vem, das tropas que se acham nesse Conti-nente, que farei remeter na forma

que for possível, e se tem praticado, logo

que ele desembarque, pois o tempo não tem dado lugar a que possa vir para

esta Provedoria.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 70: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 71 -

Também vêm em um caixote trinta espadas para o Regimento de Dragões

desse Continente que na mesma ocasião farei remeter, e é o que por ora

posso ter a honra de pôr na estimável presença de V. Ex.a, a quem sempre

desejo obedecer. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 16 de novembro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

62 Il.mo e Ex.mo Sr.

Tendo ontem escrito a V. Ex.a para fazer expedir esta parada, a não

expedi por causa do grande temporal, que tem havido. Esta tarde recebi

carta de V. Ex.a feita no dia 9, ficando certo, que a V. Ex.a não lhe parece,

que a tropa de Santos deve ir nas embarcações que se houverem de armar,

no caso, que se intente alguma ocasião no Rio Grande, e por este motivo

as faço marchar para Porto Alegre na forma, que já se tinha assentado, e se

o tempo der lugar com brevidade poderão ir, e logo que elas saiam o parti-

ciparei a V. Ex.a; Tenho ordenado ao Sargento-Maior Pedro da Silva que logo,

que chegar a Laguna na premeira parada, que se oferecer partecipe a V. Ex.a

por um mapa o estado desta tropa, e de tudo o que leva, e se não houver

algõa alteração, o que se põe em marcha são trezentas e cinco praças incluin-

do-se nelas os ofeciaes, ofeciaes inferiores, e tambores: Eu lhe mando dar douze

barracas bastantemente grandes, e hoje se ficam apromptando os competentes

paos com os seus espigões para as chamadas toldas, que trouxeram as premeiras

duas companhias, porque ainda hoje sube pelo major que não os tinham,

nem estacas, nem aselhas em que estas se siguram, e diz o major que com

as douze barracas se poderá remediar.

Já tive aviso da Laguna de ter partido há tempos trinta e tantas carretas

com farinha, e nelas também vai o fardamento, massame, e tudo mais que

estava na Laguna pertencente a esse Continente; logo que o tempo der lugar

há de sair para o lagamar üa sumaca que está carregada, com mais de dous

mil alqueires de farinha, e tenho recomendado para a Laguna a brevidade

com que se deve fazer expedir as carretas que vierem desse Continente, e que

se não consinta que enquanto houver farinhas, ou outros quaesquer gêneros

pertencentes ao Exército se dê carretas a ninguém: O murrão que avisei a

V. Ex.a se remetia vai na sumaca, que fica a partir com a farinha.

Estimo o bom sucesso que teve o Major Rafael, e fico advertido de não

espalhar esta novidade, e é quanto por ora tenho a honra de participar a

V. Ex.a, tendo só mais que dizer que o Tenente de Bragança parte nesta

mesma ocasião. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 17 de novembro de 1775.

II.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibr. Nac., Rio c!e Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 71: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 72 -

63 Il.m® e Ex.mo Sr.

Serve esta de acompanhar a relação inclusa para V. Ex.a ser servidomandar pôr em arrecadação o que ela contém, que é o que vai na sumaca,de que é mestre Antônio José Roís, mandando-lhe V. Ex.a passar os conheci-mentos precisos para certeza da entrega

que fez. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 22 de novembro de 1775.

II.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

64 Il.mo e Ex.mo Sr.

Antes de ontem, foi a última, que tive de receber de V. Ex.a com a data

de 29 do mês passado, tendo antes recebido outra, uma com a notícia de ter

chegado o Capitão-de-Mar-e-Guerra Antônio Januário, e outra que trouxe

o mesmo capitão, o qual me pressuado vinha bem instruído por V. Ex.a lhe

ter, não só mostrado pessoalmente a situação dos negócios, mas mandado ao

Capitão-de-Mar-e-Guerra Jorge lhe desse todas as mais luzes precisas. Ele

apresentou ao chefe da Esquadra o seu plano, dizendo nele o que entendia,

e as embarcações que seriam precisas para se conseguir a ocasião que se está

conjecturando, e como aqui as não há se resolveo, que sem perda de tempo

tudo se participasse ao II.»® e Ex.»®-Sr. Vice-Rei; porém o tempo não tem

dado lugar a que possa sair este aviso, que está prompto, para se não perdertempo em um negócio de tanta circunstância.

Creio que o Sargento-Maior Pedro da Silva já terá partecipado a V. Ex.a

a gente com que marchou; mas sempre vou a dizer a V. Ex.a, que marchou

com dous capitães, três tenentes, três alferes, quatro sargentos, quatro furriéis,

três porta-bandeiras, dezassete cabos, cinco tambores e trezentos e três ampe-

çadas, e soldados que incluindo-se o dito sargento-maior fazem trezentas, e

quarenta e cinco praças: Desta tropa ficaram aqui outo soldados no hospital,

dezoito doentes no quartel, e um alferes, e dos que ficaram no hospital jáfaleceo um. Foi esta tropa paga, os ofeciaes até o fim do mês, e os mais até

o dia quinze; aqui lhe mandei dar doze barracas grandes, e dous sarilhos,

e lhe mandei fazer os paus, estacas, e aselhas para as vintes toldas, que trouxe-

ram as premeiras duas companhias. Vão incluídos no número dos que mar-

charam, um capitão, um ofecial inferior, e seis soldados, que antecedentemente

tinham ido de guarda ao dinheiro que daqui fiz remeter, e nessa ocasião fiz

também remeter pelo mesmo sargento-maior o que consta da relação queremeto a V. Ex.a.

Tenho posto o maior cuidado para que não haja na Laguna demora

em se expedir, não só os mantimentos, mas tudo o que diz respeito à tropa

que V. Ex.a está comandando, tendo sido repetidas vezes advertido aquele

comandante do que deve fazer por não ter dado execução as ordens que lhe

têm ido. Em outra ocasião terei a honra de remeter a V. Ex.a a relação das

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J03:3-236,. 1983.

Page 72: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 73 -

farinhas que V. Ex.a me pede; e por me achar sangrado com um grande ataque

da minha moléstia da cabeça não posso ter a honra de escrevei a V. Ex.a

particularmente.

Torno a remeter essa parada para V. Ex.a querer mandar examinar, se

foi equivocação, dizer-se nela que vinha mais uma carta para o Governador,

a qual não chegou, e sim vinha de fora uma para mim do meu Sargento-Maior

José da Nóbrega, espero que V. Ex.a queira tornar a mandar-me a mesma paiada.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 9 de dezembro de 1775.

Il.roo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

05 Il.mo e Ex."30 Sr.

Meu estimadíssimo senhor de todo o meu respeito, e da minha maior

veneração, desejo que V. Ex.a me dê sempre a certeza de que vai passando

nessas areias sem moléstia, pois é certo que em havendo saúde tudo mais se

vence: Eu vou passando sempre muito mal, e desde que me sangrei ainda

não dei muitos passos por me apostemar a sangria, e por ter o pé muito

cheio de brobulhas; V. Ex.a que conhece o meu gênio, saberá o que me tem

custado estar de perninha.

Esta tarde chegou uma sumaca e não traz nada de novo, so se diz, que

se espera uma nau, e duas fragatas, a mim me parece que se vier só sera a

nau, e também se diz, que a fragata que está há tanto tempo no Rio de

Janeiro com os cabedaes do nosso soberano> e dos particulares sairia ate

quinze deste mês.

Remeto a V. Ex.a esse canudo de folha-de-Flandes em que vai a estampa

da inauguração da estátua eqüestre, que V. Ex.a pode ficar com ela, porque

eu tive mais duas, que dei uma delas ao Governador desta Ilha, reservando

esta para V. Ex.a, e em outra ocasião hei de remeter um extrato dos convites

que houveram para assistência destas festas que faz cócigas, ou vontade de

se ter assistido a elas mas parece-me que por nossos pecados não veremos tão

cedo ao menos a estátua; tomara eu ter o gosto de ir para o meu regimento

estar mais perto das ordens de V. Ex.a. Eu mandei pedir licença ao Sr. Marquês

para ir nas embarcações que devem entrar nesse Rio, no caso que se intente

alguma acção, estou receando que ele me não dê esta licença, mas não terá

razão para tal depois de ter aqui pessoa, que é tanto da sua confidencia:

Parece-me que basta de matraca, queira V. Ex.a continuar-me sempre os siguros

da sua amizade, e dar-me ocasiões de o servir, e de lhe dar gosto. Deos guarde

a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 16 de dezembro de 1775.

II.1110 e Ex.m0 Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Súbdito, amigo, e o mais fiel captivo

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-236, 1983.

Page 73: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 74 -

66 Il.mo e Ex.mo Sr.

Ser\e esta de remeter a V. Ex.a a via com cartas do II.mo e Ex.mo SrMarquês Vice-Rei,

que esta tarde chegaram em uma sumaca.

Parece-me que com brevidade chegará aqui o resto do Regimento de

Santos por ter há mais tempo mandado embarcações buscar este resto naforma do aviso que me fez o Sr. General de São Paulo, e como vêm embar-cações proporcionadas a puderem entrar na Laguna estou de ânimo a queesta gente, aqui não desembarque, metendo-se-lhe nas embarcações, logo quecheguem algumas cousas que precisar, devem continuar a sua marcha paraa Laguna, mandando-lhe aqui fazer pagamento proporcinadamente, no caso

que não venham pagos: Queira V. Ex.a dar as providências precisas de cavai-

gaduras, e carretas para este transporte, e para esta tropa não ter demorana Laguna: Eu nesta ocasião digo isto mesmo ao Governador desse Continente.

1S estes dias há de sair daqui uma pequena sumaca com uns paus queo 11.»° e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei fez remeter ao Governador desta Ilha

para se remeterem a esse Continente, que dizem são para jangadas, e como

nesta embarcação poderá ir mais alguma cousa, ontem fiz aviso disto, ao

chefe da esquadra para ver se quer mandar nela algum massame, e outros

sobresselentes que ele me disse V. Ex.a queria para as embarcações

que seacham nesse Rio, e ainda que estes paus não me vieram remetidos a mim,sempre me pareceo justo dizer a V. Ex.a que ficam a partir.

Ainda não posso dizer a V. Ex.a a respeito do grande descuido que o

comandante da Laguna teve e tem tido a respeito do transporte da farinha.Eu devo sigurar a V. Ex.a

que ponho todo o meu cuidado em tudo o quepertence à expedição desse Continente. Sinto que este comandante não executeo que tanto lhe tenho recomendado. Ele diz que no fim do mês passado exis-tiam naqueles armazaens onze mil cento, e sessenta e seis alqueires, três

quaitas e nove décimos de farinha: estou fazendo delegência a ver como partedela se pode transportar

por mar, e logo que cheguem as embarcações

quetiazem a tropa de Santos parece-me que isto poderá ter algum efeito. QueiraV. Ex.d dar-me ocasiões de o puder obsequiar e dar-lhe gosto. Deos guardea V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 16 de dezembro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. Jòão Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

67 II.mo e Ex.mo Sr.

Serve esta somente de ter a honra de remeter a V. Ex.a a relação inclusa,

que é o que leva esta embarcação; sirva-se V. Ex.a de a mandar descarregar,e fazê-la expedir com brevidade

possível, pois é uma das que devem carregarfarinha para esse porto: Não sou mais extenso, por me pressuadir que po-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 74: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 75 -

derei expedir alguma parada, pois me parece, que com brevidade chegarão

algumas embarcações do Rio de Janeiro, ficando sempre com a maior von-

tade prompto para tudo o que for obsequiar, e servir a V. Ex.a. Deos guardea V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 25 de dezembro de 1775.

II.™0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bòhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

68 II.h» e Ex.rao Sr.

Serve esta de acompanhar o saco de cartas do ll.mo e Ex.mo Sr. Marquês

Vice-Rei para V. Ex.a, que acaba de chegar em uma embarcação do contrato

dos azeites, que sem demora faço remeter a V. Ex.a.

Nestes dias recebi a carta de V. Ex.a com a data de I.° deste mês, de-

vendo dizer a V. Ex.a, que ponho todo o meu cuidado para que o Comandante

da Laguna faça expedir sem demora todas as farinhas, que se acham naquele

porto, e devo rogar a V. Ex.a que passe as ordens mais posetivas ao cabo, ou

pessoa da premeira guarda que se segue do destricto da Laguna, pertencentea esse Continente para que examine se o referido comandante dá licença, ou

consente, que os particulares ocupem carretas, pois tem ordem posetiva paranão deixar transportar daquele porto senão o que pertencer premeiramentea mantimentos, e depois ao Exército, e como é certo que se não poderãotransportar as farinhas, que se acham no referido porto, por terra, entro no

cuidado de mandar para o mesmo porto, embarcações para se transportar pormar; e deste porto ficam a sair duas em direitura ao lagamar, uma é a queveio arribada desse porto, que aqui descarregou, a ficar em onze palmos

para puder livremente entrar, e a outra, é vinda dos portos da Capitania de

São Paulo, e me pressuado que estas duas puderão levar quatro mil alqueires

com pouca deferença.

Nesta embarcação que chega do Rio de Janeiro vem fardamento parao meu regimento, para seiscentas, e quarenta e seis praças, o qual faço remeter

na premeira ocasião, que puder ser para a Laguna, esperando que V. Ex.a

me queira dizer, se quer que vá logo sem demora, ou se deve premeiro trans-

portar as farinhas pois desejo acertar com a vontade de V. Ex.a.

A segunda via em que V. Ex.a me fala ter ido, a premeira na sumaca

Nossa Senhora do Livramento de que é mestre Manoel da Cunha, creio queV. Ex.a já a terá recebido.

Ouço que no lagamar se acham algumas embarcações, e lembra-me agora,

para V. Ex.a ser mais promptamente socorrido querer expedir as que forem

mais pequenas em direitura a Laguna com aviso aó comandante para a fazer

carregar de farinhas sem perda de tempo, e alguma que for maior a este

porto para carregar de farinha que se acha nestes armazaens, pois por ora

não tenho aqui embarcações para este transporte, que cinco que tenho as fiz

ir para o porto de Santos buscar o resto do regimento de Manoel Mexia.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 75: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 76 -

Depois vai também outra embarcação, que faço expedir para esse la-

gamar, que é da Fazenda Real por evocação Nossa Senhora da Conceição,e São Francisco de Paula de que é mestre Manoel José Paes, que leva dez

peças de cabo de linho, dous quintaes de estopa do reino, quatro barris de

alcatrão, uma barrica de breu, que todo o referido me mandou entregar ochefe da esquadra, dizendo-me

que V. Ex.a também pedia cal, e tejolo, emando nesta mesma embarcação um milheiro de tejolo, na qual tambémvão vinte e seis paus de jangada que o ll.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei fezremeter ao Governador desta Ilha para se remeterem a esse Rio Grande, e me

pareceo irem por mar pelo grande trabalho daria a condução por terra.

Queira V. Ex.a dar-me sempre ocasiões de o puder obsequiar. Deos guardea V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 26 de dezembro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

69 Il.mo e Ex.mo Sr.

Meu excelentíssimo, e senhor de todo o meu respeito, desejo que V. Ex.avá continuando a passar muito, e muito bem, e creia V. Ex.a que o desejover livre desse inferno devendo-se V. Ex.a persuadir, que isto aqui é umacousa assim similhante, e para mim o vai sendo cada vez peior pelo mal, quevou continuando a passar. Já avisei a V. Ex.a ter proximamente estado san-

grado por um grande ataque, e como não tenho paciência de estar na camame levantei logo no dia seguinte de se acabarem as sangrias, e esta se meapustumou de tal forma

que só ontem, e hoje saí fora para ir à missa, ecom algum trabalho.

De Lisboa me não dão novidades, e remeto a V. Ex.a as gazetas que memandou meu irmão [abreviatura não decifrada] Furtado e vão também essesmercúiios, que mos mandou Francisco José da Fonseca,

que eu remeto, sem

que piemeiro os lesse, e queira V. Ex.a dizer-me se está desacupado para lhe

puder íemeter deferentes obras que se fizeram à inauguração da estátua eqüestre:Também se me diz de Lisboa, que saem para a América uma nau e duasfragatas, a nau comandada por José de Melo, que é sobrinho do Brainel,e uma das fragatas pelo Ramires; mas eu duvido que este venha porque émais antigo que o Maque Poual, pois todos os que têm vindo são mais mo-dernos

que este chefe, porém pode ser, que nisto haja alguma novidade.Este pode ser, é bem entendido,

que é só para V. Ex.a a quem eu sempredesejo servir, e ter repetidas ocasiões de puder mostrar a V. Ex.a que desejoa continuação da sua estimada amizade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 26 de dezembro de 1775.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e súbdito e captivo muito obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 76: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 77 -

70 II .mo e Ex.mo Sr.

Tenho a honra de remeter a V. Ex.a esse saco com cartas do II.100 e Ex.mo

Sr. Marquês Vice-Rei, e de participar a V. Ex.a, que recebi a sua carta de 22

do mês, e ano passado, e me parece que pelo tempo que há, terão chegado

a Porto Alegre as companhias comandadas pelo Sargento-Maior Pedro da Silva,

e me dá algum cuidado o como poderei continuar a socorrer o resto deste

regimento pela falta de dinheiro, que há nesta Provedoria.

Torno a sigurar a V. Ex.a o quanto sempre sinto a irrigularidade da

conduta do Comandante da Laguna, mas parece-me, que agora se dará mais

alguma expedição por ter mandado encarregar a um alferes que lá se acha

para fazer expedir tudo o que houvesse debaixo das ordens do mesmo coman-

dante, e com recomendação de participar qualquer demora.

Fico certo ter chegado a sumaca da Cananéa o que muito estimo.

Não só, para aí foram em direitura os paus próprios para jangadas; mas

também vieram para aqui; para se remeterem a esse Continente, e nisto já

falei a V. Ex.a; logo que tive a honra de receber a carta de V. Ex.a mandei

examinar os soldados do Regimento de Pernambuco que sabiam da verda-

deira construcção, e governo delas, e examinar também o que se precisava para

a mesma construcção para, no caso que fousse cousa, que aí não houvesse,

a mandar aqui apromptar, e só acho que deve ir daqui um verromão grande

de outo palmos, ou trado, que vale o mesmo, pois tudo mais há de haver nesse

Continente, e logo que se acabe este verromão, faço marchar seis soldados,

e um cabo à ordem de V. Ex.a, e me pareceo remeter a V. Ex.a a relação

que um destes deo do que era preciso.

Fico certo que V. Ex.a faz remeter para aqui um tenente, e vinte soldados

castelhanos, presioneiros, que por falta de lugares, diz V. Ex.a causam emba-

raço onde se acham, até ordem do 11.™ e Ex.™ Sr. Marquês Vice-Rei; isto

mesmo já partecipei ao mesmo senhor. Eu por ora não tenho muitas obras

em que possa acomodar os trabalhadores de galés, e como estes também hão

de fazer maior despesa, devo só, agradecer a V. Ex.a o querê-los mandar, e

pelos referidos motivos os não aceito.

O auditor do Premeiro Regimento, quando recebi a carta de V. Ex.a já

há dias tinha marchado; ele teve aqui alguma moléstia, e creio que não tem

saído da Laguna por não lhe ter chegado a sua bagage.

Desejo a V. Ex.a a mais perfeita saúde, e que me dê ocasiões de o obsequiar.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 3 de janeiro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Agora me trazem o tal verromão acabado, e sem demora faço partir o oficial

inferior, e seis soldados do Regimento de Pernambuco, e no caso que achem

ainda na Barra do Sul as embarcações que daqui se têm expedido para o

lagamar, devem ir nelas, e se não hão de ir por terra com recomendação

para se não deterem.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 77: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 78 -

71 II.mo e Ex.mo Sr.

Meu estimadíssimo e senhor de todo o meu respeito, e da minha maiorestimação: V. Ex.a há tempos me não permite o gosto de uma pequena cartada sua amizade, e como eu a estimo tanto devo rogar a V. Ex.a a continuaçãoda sua amizade, e estimarei

que V. Ex.a vá passando muito bem. Ontem indo

para bordo da chefe apanhei uma trovoada com vento, e uma chuva a maior

que é possível chegando a bordo com bastante perigo de ir pela barra fora;eu me vesti com tudo do chefe, veja V. Ex.a como estaria guapo, tudo muitoapertado, e muito cumprido; recolhi-me a casa esta madrugada, dando graçasa Deos de tornar a ela; Creia V. Ex.a que esta jornada foi bem trabalhosa,agora estou com o receio, que os vestidos do chefe não me preguem o grandeesquentamento com que ele anda;

(isto é só para V. Ex.a) e se eu me visseno estado em que ele está ficaria desta vez intrevado.

O Sr. Marquês mostra grande empenho na entrada do Rio Grande, e eusenti muito que me não desse o gosto de puder dar abraço a V. Ex.a; queiraDeos que sejamos bem sucedidos: eu da minha parte estou fazendo o queposso para que esta expedição se adiente, creio que nesta ocasião o chefe daesquadra diz a V. Ex.a o que há que dizer a este respeito, e na carta de ofíciome esqueceo dizer a V. Ex.a, que com efeito onte saíram os fabricantes das

jangadas para irem por mar, no caso que achassem embarcação na Barra doSul, e se não continuarem a marcha por terra.

Do Rio de Janeiro se não dá novidade, e se faz certo, que vem uma nau,e mais uma fragata ao menos, e como o Sr. Marquês se mudou da chácarado Médico, ou se muda para a de José Gomes; aos pios, e leitores dá istoa intender,

que vem alguma pessoa de Lisboa; mas com efeito nada se sabecom verdade; diga-me V. Ex.a até que número tem visto as gazetas do ano

passado para ver se devo mandar algumas das que tenho, e queira V. Ex.a

perdoar-me o não lhe ter agradecido querer que se fizesse o cabo de esquadra

em que falei a V. Ex.a, e V. Ex.a sempre me tem prompto para tudo o quelor servi-lo, dar-lhe gosto, e obsequiá-lo. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 4 de janeiro de 1776.

II."» e ExSr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Muito seu amigo, e obrigado captivo

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

72 II.«¦» e Ex.mo Sr.

Depois de onte pela menhã ter escrito a V. Ex.a a carta que V. Ex.areceberá nesta mesma ocasião, e expedido a parada, chegou outra embarcaçãodo Rio de Janeiro com outro saco de cartas para V. Ex.a, e como em uma

que recebi do Sr. Marquês parecia-me, que o chefe da esquadra poderia ter,

que dizer a V. Ex.a, mandei a toda a pressa buscar a parada já expedida, e

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 78: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 79 -

fui sem perda de tempo para a Barra, ver se assim adientava mais o projecto

em que estamos; vim hoje de madrugada dizendo-me o chefe da esquadra

que me mandava carta para V. Ex.a, a qual remeto, e me parece que nela,

e nas do Il.mo e Ex.m0 Sr. Marquês Vice-Rei terá V. Ex.a a mais clara luz sobre

as disposições presentes. O Sr. Marquês Vice-Rei me diz se resolve a mandar

embarcações para se formar a esquadra, que deve ir atacar no Rio aos caste-

lhanos para que o chefe da esquadra as arme; para o que me manda defe-

rentes gêneros, que entendeo serem precisos, como também algumas peças de

artelharia ordenando-me lhe dê as que lhe forem precisas, e o mais (que

tudo se deve restituir finda a acção) ontem chegaram duas embarcações, que

se devem armar, e a chalupa que aqui fez o chefe da esquadra, e S. Ex.a

o Sr. Vice-Rei sigura que com brevidade fará partir o resto das embarcações:

Creio que o chefe da esquadra dirá a V. Ex.a que as que devem ir são dez

com pouca deferença de mais ou menos.

O mesmo Sr. Vice-Rei me recomenda a encolha dos ofeciaes, e soldados

que devem ir nesta espedição; porque a acção deve ser atrevida, e sem se olhar

para os embaraços, e perigos, para isto se necessita de homens muito cons-

tantes, e rebustos; a mim me fica o sentimento do Sr. Marquês me não pre-

mitir, ir a esta expedição (como lhe tinha pedido) dizendo-me que S. Ma-

jestade nos deu a cada um o nosso destino e que o mesmo senhor não quer

que nos separemos dele, ficando-me também o sentimento de me não puder

apresentar na estimável presença de V. Ex.a.

Nesta mesma ocasião faz remeter o Sr. Marquês Vice-Rei ao Governador

desta Ilha o fardamento para os regimentos de Estremoz, e de Bragança, e

como agora aqui não há embarcações, que o conduzam para a Laguna: queira

V. Ex.a dizer se quer que estes dous fardamentos, e o do meu regimento vão

por terra, ou por mar.

Também o Sr. Marquês Vice-Rei é servido nesta ocasião fazer-me remeter

a quantia de dous contos, trezentos mil cento, e noventa e seis réis, para

pagamento de três meses de soldos para as guarnições das fragatas, Invencível

Nossa Senhora da Conceição, São José, e Santa Ana, e Santíssimo Sacramento

que actualmente se acham nesse Rio Grande, e para se remeter esta quantia

na primeira ocasião que se oferecer, na forma que se tem praticado; o que

nesta ocasião partecipo ao Governador desse Continente: Queira V. Ex.a

dizer-me se este dinheiro deve ir em direitura a essa Fronteira, ou a Porto Alegre.

Esta menhã recebi aviso de ter chegado a Laguna o condutor que deve

conduzir o resto do Regimento de Manoel Mexia, e logo que ele chegue sem

demora o farei continuar o seu destino, e é quanto por ora me parece tenho

que pôr na presença de V. Ex.a a quem sempre desejo obsequiar com a mais

prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 4 de janeiro de 1776.

Il.mo e Ex®0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 79: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 80 -

73 II.**» e Ex.mo Sr.

Serve esta de ter a honra de remeter a V. Ex.a a carta do Sr. Generalde São Paulo, e sem embargo

que me pressuado ele partecipará a V. Ex.ao que a mim me partecipa sempre me pareceo repetir a V. Ex.a, que ele mediz, que no dia 27 de dezembro do ano passado fazia marchar para o portode Santos o resto do regimento com o seu coronel e tenente-coronel, e assimmais duas companhias de infantaria de voluntários, e que logo devia estatropa embarcar para este porto; a qual lhe não era possível furnecer de bar-raças, e mais petreichos pelos não haver naquela capital, sentindo não lhe

puder dar as providências tão necessárias: Esta tropa se não há de aqui deter,e hei de ver a milhor forma com que possa evitar-lhe os incômodos destamarcha, mandando-a furnecer de tudo o que me for possível, e como o trans-

porte se acha na Laguna é só para três companhias, se faz preciso providênciapara as duas de voluntários, e isto mesmo digo ao Governador desse Conti-nente Brigadeiro

José Marcelino.

Recebi a carta de V. Ex.a de 30 do mesmo mês referido, devendo V. Ex.aestar certo que todas as farinhas

que se acham aqui, que me for possível ashei de fazer remeter por mar, se bem. que não serão muitas atendendo ao

gosto que aqui há. Creio que com esta expedição quererá o chefe dous ou

tres mil alqueires. Eu por toda a forma que me for possível hei de ter a honra

de socorrer a V. Ex.a em todo o tempo, e em toda a ocasião, esperando queV. Ex.a queira expedir com a brevidade

possível as embarcações que daqui

têm saído, e já suponho se acham nesse lagamar, para que estas conducções

se concluam em tempo competente.

Diz V. Ex.a no último capítulo da sua carta, que sente não puder me-recer os meus favores por serviços seus, e como V. Ex.a me deve tanto respeito,fico na dúvida se V. Ex.a se não terá dado por satisfeito do quanto eu sempredesejo atender a tudo o que diz respeito a V. Ex.a a quem desejo sempreobsequiar com a mais prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 13 de janeiro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

74 Il.mo e Ex."10 Sr.

Meu estimadíssimo senhor de todo o meu respeito tive o gosto de recebera última carta de V. Ex.a de 29 de dezembro do ano passado: Estimo queV. Ex.a vá continuando a passar sem moléstia em que tanto me interesso;eu estes dias depois,

que apanhei a grande molhadela, e trovoada, indo ábordo do chefe, tenho passado menos mal.

Do Rio de Janeiro chegou uma embarcação com mantimentos e communições de guerra para a esquadra,

que creio se deve também armar (agorachega uma parada expedida â cjnco que vou ver o que ela contém e conti*

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, iW:3-236, 1983.

Page 80: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 81 -

nuarei esta) e nela vieram muito poucas cartas, só sim o Governador desta

Ilha teve carta do Desembargador Salter em que lhe remetia a cópia queremeto a V. Ex.a. lhe diz mais que um tenente do Regimento de Cavalaria

de Almeida fez uma sátira à estátua eqüestre, ou não sei se ao retrato do

Sr. Marquês de Pombal, pelo que foi açoutado pelas ruas públicas, sendo

primeiro expulso, creio, que com infâmia; estas notícias como não estão pú-

blicas, queira V. Ex.a tê-las só em si até que se veja a verdade disto.

Nesta parada que agora acaba de chegar não tenho o gosto de receber

carta de V. Ex.a de amizade, e só sim uma por data em que V. Ex.a me diz

o estrago que têm feito as chuvas, e que conhece muito bem o Capitão-de-Mar-

-e-Guerra Ramires.

Remeto a folhinha, siguro a V. Ex.a, que tive duas deste mesmo feitio,

e já tinha minhas lembranças de a remeter a V. Ex.a a quem desejo sempre

servir, e obedecer com a mais prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 13 de janeiro de 1776.

II.®0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

75 Il.mo e Ex.mo Sr.

Neste instante recebo a carta de V. Ex.a com a data de cinco deste mês;

é certo que na relação que o Governador desta Ilha me apresentou também

nela não vêm sapatos, solas, nem tacões: Mandarei examinar os conhecimentos

da Provedoria, e no caso que com efeito não venham os referidos gêneros

assim o parteciparei ao Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei para os fazer re-

meter, ficando certo que este fardamento, e os dous que têm chegado para

os regimentos de Estremoz, e Bragança, devem ir por mar nas embarcações

que V. Ex.a faz expedir, e fico também certo dos desertores, que nas mesmas

embarcações vêm, e que V. Ex.a tem ordenado ao Governador José Marcelino

me faça remeter os presioneiros castelhanos, que se acham em Porto Alegre

os quais S. Ex.a o Sr. Vice-Rei ordena sejam transportados ao Rio de Janeiro,

que farei remeter na premeira ocasião que se me oferecer. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina a 13 de janeiro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

76 Il.mo e Ex.mo Sr.

Ontem com a diferença de três horas recebi duas paradas expedidas a

15 e 17 deste mês: Vejo V. Ex.a dizer-me ter recebido as minhas cartas de

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.-

Page 81: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

1

- 82 -

3 e 4 deste mês, com os sacos de cartas do Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei,

e uma do chefe da esquadra; pressuado-me que já agora terão chegado ossoldados de Pernambuco, que devem fazer as jangadas, e estes mesmos sabem

andar com elas.

É certo que com bastante deligência se está apromptando as deferentes

embarcações, que devem entrar nesse Rio, e me pressuado serão dez, ou onzeem que entra um navio em que vim para aqui, chamado a Graça Devina,

e a íragatinha Pernambuco, e estas duas (a meu ver) são as melhores erabar-cações que vão, se bem que o chefe da esquadra, gava muito a chalupa, queaqui fez, que esta é certo demanda mui pouca ágoa. Tenho hoje esperadoa ver se o chefe da esquadra me remetia alguma carta para V. Ex.a em res-

posta da que ontem lhe remeti, vinda em uma das paradas.Diz V. Ex.a que o Sr. Marquês Vice-Rei de quem nos últimos dous sacos

não recebeu cartas relativas a este negócio, já lhe tinha participado o seudesígnio, em uma, prometendo um feliz sucesso desta empresa; sendo certo,

que esta quanto menos se dilatar, tanto mais sigura e fácil será a entrada

destas embarcações. Eu me pressuado, que as jangadas que se devem construir

dos paus vindos de Pernambuco, poderão facilitar a V. Ex.a o puder passara outra parte, como V. Ex.a quer: Siguro a V. Ex.a o quanto sinto não me

puder apresentar a V. Ex.a nesta ocasião (no que faria o maior gosto).O Sr. Marquês Vice-Rei mostra o maior empenho nesta acção, e me tem

recomendado auxilie quanto puder, o que tenho feito com o maior esforço,

e já tenho, da forma que possível separado, e escolhido duzentos soldados com

os seus ofeciaes, e ofeciaes inferiores competentes para irem nestas embarcações,

que são os que o chefe me pede, e do Regimento desta Ilha por conhecer neles

muito ânimo, e desembaraço: No caso que haja algum mau sucesso, que seja

preciso maior trabalho, vai toda a Companhia de Granadeiros na exceção de

alguns que se acharem doentes, ou se intender não forem tão capazes, e um

dos motivos que tenho de ter escolhido esta gente deste regimento, é porqueos do Porto, e de Pernambuco me consta enjoam de tal forma que poderiamchegar incapazes de fazer maior esforço, mas se V. Ex.a intender que esta

escolha não está bem feita queira dizer-me logo de que regimento quer quevão, que promptamente mandarei da tropa que V. Ex.a escolher.

As duas sumacas que V. Ex.a fez vir para esta vila com o tenente do

Premeiro Regimento do Rio de Janeiro, e com os desertores já aqui chegaram

há dias: Uma destas sumacas imediatamente foi carregar farinhas ao Rio de

São Francisco, e já tive notícia que está a carga: Logo sem demora que aqui

chegue há de marchar para esse lagamar; a outra sumaca não pode aqui

carregar por ser precisa para ajudar a transportar a tropa de São Paulo à

Laguna, por não haver outras embarcações próprias para este transporte, e

chegado a ir àquele porto há de também lá carregar, e ir em direitura ao

lagamar, e assim irei continuando nas conduções das farinhas com o cuidado

que me for possível, e nas mesmas embarcações verei se podem ir as fardetas

dos regimentos da Europa.

Estimo chegassem as sumacas Nossa Senhora do Rosário, e Nossa Senhora

de Agoa de Lupe; logo que voltem devem tornar com farinha, estimo também

chegasse o Fincão com os paus das jangadas, e com o massame e tejolos, só

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 82: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 83 -

sinto que chegasse alguma farinha molhada; é bem certo que estas embar-

cações não andam em termos de puder aturar o tempo nessa Barra.

Fico certo de fazer remeter a Junta da Real Fazenda o dinheiro para

pagamento de três meses dos soldos das guarnições das fragatas que aí se

acham, e também hei de fazer remeter o mais dinheiro que depois tem vindo

para pagamento dessa tropa para os meses de março e abril que sendo três

parcelas, todas emportam em trinta e dous contos duzentos vinte e dous mil,

e setenta e seis réis, que com brevidade os farei remeter pelo Coronel Manoel

Mexia, pelo Tenente-Coronel dos Voluntários Henrique José de Figueiredo.

Agora vou partecipar a V. Ex.a que aqui chegou o Coronel Manoel Mexia

com as três companhias, resto do seu regimento, e não digo a V. Ex.a a gente

com que vem porque ele o põe na presença de V. Ex.a pela carta que remeto

dele. Também já aqui se acha uma companhia de voluntários, e outra que

também há de vir com o tenente-coronel comandante que se acha bordejando

na Barra do Norte para entrar, que com os grandes temporaes que apanharam

estas embarcações foi arribada a ansiada de Tapacoróia, que fica seis, ou outo

légoas ao sul do Rio de São Francisco, aonde mandei socorrê-la de manti-

mentos, servindo-lhe de muito o escaler que lá mandei para a rebocar, e como

não chegou este comandante, é o motivo por que V. Ex.a não sabe verdadei-

ramente a tropa que vem deste corpo; mas estas companhias trazem a cem

homens cada uma; porém já lhe morreu um na referida anseada, e dous aqui

do regimento de Mexia, e se vai povoando o hospital com esta tropa; sendo

alguns destes doentes de bexigas. Faço tenção que esta tropa saia daqui

depois de amenhã, depois de furnecer as três companhias de Mexia de abar-

racamento por me parecer justo não ir sem ele (ainda que fico sem nenhum

abarracamento) : Parece-me que o Sr. Vice-Rei me mandará outra tanta quantia

ao menos do que tenho dado a esta tropa a qual deve ir paga de um mês,

e como nesta Provedoria não tenho presentemente dinheiro para este paga-

mento o hei de mandar fazer do dinheiro que estou para remeter à Junta

da Real Fazenda avisando-a de se ter feito o referido pagamento: Tendo a

liberdade de fazer este pagamento deste dinheiro por V. Ex.a me dizer, que

devia esta tropa ser paga durante a sua marcha, e que do premeiro dinheiro

que se remetesse para a Junta da Fazenda se podia descontar. Hei de ordenar

aos comandantes destes dous corpos que marchem separadamente, devendo

marchar primeiro da Laguna o Coronel Manoel Mexia, e depois de um, ou

dous dias os voluntários, e no mais devem seguir em tudo, o que seguiram

as últimas companhias que daqui marcharam do meu regimento, e de Bragança.

Fico na certeza de V. Ex.a fazer expedir o Fincão, o qual, sendo preciso,

há de voltar carregado de farinhas.

Nestas armações não se acha chumbo, que V. Ex.a me diz lhe falta; sendo

bem certo que depois que eu aqui cheguei se tem remetido para esse Conti-

nente tudo o que tem vindo do Rio de Janeiro, na exceção dos fardamentos

pertencentes aos regimentos da Europa, que irão com a brevidade possível.

Remeto a V. Ex.a esse saco do Governador da Colônia e não repito o

que ele me diz, por intender que ele dirá a V. Ex.a ainda mais do que me diz

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 83: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 84 -

a mim. E sempre desejo ter ocasiões de puder obsequiar a V. Ex.a. Deos

guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 26 de janeiro de 1776.

II.»0 e Ex.mo Sr. Jòão Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

77 Il.nw e Ex.mo Sr.

Tive a grande consolação de receber as letras de V. Ex.a escritas a 15,e 17 deste mês, e beijo a V. Ex.a as mãos pela continuação do seu favor eestimo que V. Ex.a continue a passar muito bem: Eu sempre vou passandomal, e ontem muito peior, tendo mais algum trabalho que ainda me fez pa-decer mais. r

Ontem chegou o Capitão-Tenente José da Silva que tinha ido por emba-

xador do chefe ao Rio de Janeiro a buscar, e a propor algumas cousas respe-tivas a ocasião projectada: Eu meu excelentíssimo tenho feito da minha partetudo o que é possível para concorrer ao bem desta expedição Deus lhe ponhaa virtude, e nos dê o gosto de V. Ex.a passar a outra banda com bom sucesso.

Do Rio de Janeiro não há novidade, e como não chegou proximamentenenhuma embarcação de Lisboa, também de lá não há novidade.

Agora dá parte a vegia da costa do mar grosso que vem correndo deleste para a Barra do Norte três embarcações; não sei o que será, mas creio,serão os dous Antônios Januário, e Jacinto, a treceira,

queira Deus não sejaalguma presa que nos dê que fazer: Dê-me V. Ex.a as suas ordens, e ocasiõesde o servir para o que V. Ex a sempre me tem prompto com a maior vontade.Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 26 de janeiro de 1776.

II.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Amigo e captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

78 II.mo e Ex.™0 Sr.

Meu excelentíssimo eu não quero demorar esta parada porque desejofazei a V. Ex.a os promptos avisos, que creio são muito precisos: Sinto queV. Ex.a passe com moléstia, espero ter o gosto de saber que V. Ex.a estáinteiramente bem; eu vou passando sem nenhum alívio, e ontem em um

passeio que dei a pé, dei duas quedas, que pela força que fiz nos braços, quefoi grande, tenho o esquerdo bem maltratado; mas tomara eu ver-me livre damoléstia da cabeça.

Parece-me que está chegado o tempo de V. Ex.a ter alguma ocasião; eu

devo sigurar a V. Ex.a que tenho concorrido

para o preparatório dela com

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 84: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 85 -

tudo o que me é possível,, pondo prompto ao chefe tudo o que tem pedido

pois até mandei tirar espadas aos auxiliares, e dar algumas marmitas da minha

cozinha para não haver çxcecção nestes dous gêneros figurando a V. Ex.a que

tenho o maior interesse em que V. Ex.a seja bem sucedido: Dê-me V. Ex.a

sempre as suas ordens, e ocasiões de o servir. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 2 de fevereiro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henríques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

79 Il.mo e Ex.mo Sr.

Partecipando-me o chefe da esquadra no dia 31 do mês passado algumas

cousas do que precisava, me dezia que daqui havia sair a sete dias o mais;

a que respondi, que como ele dezia devia sair, como fica dito, queria saber

se ele havia escrever, e participar a V. Ex.a esta partida: Esta manhã me res-

pondeo (mandando a esta casa o Capitão-Tenente José da Silva) que a tropa

devia embarcar no dia cinco, e que nesse dia fazia tenção de comunicar a

V. Ex.a a sua última resolução, e que tivesse eu a parada prompta para a

fazer expedir; mas sem embargo desta resposta me pareceo antecipar este

aviso a V. Ex.a, ficando V. Ex.a certo, que a tenção do chefe, é sair daqui

com as embarcações que hão de entrar nesse Rio, no dia sete, e tornarei àvisar

a V. Ex.a do que houver de novo, logo que o chefe comunicar a V. Ex.a a

referida última resolução.

As embarcações que ategora se acham promptas, são a fragata Graça,

e São João Baptista, a fragatinha de Pernambuco, a chalupa, que o chefe

aqui fez, quatro sumacas, uma curveta, e um bragantim pertencente à Fazenda

Real, que por todos são nove, e se até o dia destinado da saída chegar uma

sumaca do Rio de Janeiro, e duas embarcações da Colônia também hão de ir.

A tropa que vai pertencente a esta Ilha,, são seis ofeciaes, quinze ofeciaes

inferiores, cento e setenta e nove soldados, e dous tambores, que por todos

são duzentas, e duas praças: Não posso deixar de lembrar a V. Ex.a, que o

bom sucesso desta expedição, ou ao menos a entrada depende que V. Ex.a

lhe tenha no lagamar, promptos os milhores práticos, que houver, sem em-

bargo que eu daqui lhe mando dous, ou três, e parece-me, que também seria

muito útil, que no mesmo lagamar estivessem algumas lanchas, ou outras

embarcações com alguns ancorotes, e amarretas, para se puder expiar qual-

quer embarcação, que se encoste aos bancos.

Agora vou também ter a honra de participar a V. Ex.a, que fiz daqui

expedir no dia 29 do mês passado a tropa vinda da Capitania de São Paulo:

a saber o Coronel Manoel Mexia com o seu tenente-coronel, dous capitães,

quatro tenentes, três alferes, quatro sargentos, três furriéis, três porta-bandeiras,

treze cabos, nove tambores, e pífanos, um ajudante, ura quartel-mestre, um

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 85: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 86 -

capelão, um cirurgião-mor, um tambor-mor, um espingardeiro, e trezentos,e quarenta e nove soldados e ampeçadas,

que com o coronel fazem trezentase noventa e outo praças, ficando aqui vinte soldados doentes, sendo um destesdas companhias

que marcharam antecedentemente e também existe doente,deste regimento um alferes também das premeiras companhias

que marcharam!e destas levou agora o coronel vinte dous soldados,

que vão incluídos nonumero com que marchou. A tropa dos voluntários com o seu tenente-coronel,dous capitães,

quatro tenentes, quatro alferes,

quatro sargentos, quatro furriéisdous portas-bandeiras, sete cabos, três tambores um ajudante, um capelão,um cirurgiao-mor, dous espingardeiros, e cento, e trinta e quatro soldados,

que com o tenente-coronel são, cento e setenta praças: deste corpo ficou doenteum cabo, um tambor, e trinta e dous soldados, e na jornada de Santos paraaqui lhe morreu um soldado, e a Manoel Mexia três soldados até a sua saída,e já dos que aqui ficaram tem morrido de um, e outro corpo, cinco; estatropa foi municiada de abarracamento, levando o Coronel Manoel Mexiaquarenta e seis barracas, entrando uma de ofecial, e quatro sarilhos, e os volun-tanos reaes vinte e seis barracas, e dous sarilhos, não me ficando aqui mais,que duas únicas barracas: Foram

pagos para este mês: entregando-se ao CoronelManoel Mexia nove contos outenta mil quinhentos e setenta e seis réis, e aotenente-coronel dos Voluntários Reaes outocentos e setenta e um mil quinhentose outenta e um réis, e como aqui não tinha dinheiro para este pagamento setiraram estas parcelas de trinta e dous contos duzentos vinte, e dous mil,e setenta e seis réis,

que mandei entregar a estes dous ofeciaes, pertencenteao pagamento da tropa que se acha nesse Continente

para os meses de março,e abril vindo este dinheiro do Rio de Janeiro em três parcelas, e tambémmandei entregar aos mesmos ofeciaes dous contos trezentos mil cento, e no-venta e seis réis pertencente ao pagamento de três meses do soldo da equi-pagem das fragatas,

que se acham nesse Rio Grande de que tudo fiz avisoa Junta da Real Fazenda.

Agora vou ter a honra de responder a carta de V. Ex.a de 22 do mêspassado, que chegou a 29 pela manhã: premeiramente devo dizer a V. Ex.a

que já fiz expedir por parada a carta, que V. Ex.a me remeteo para o SrGeneral de São Paulo, e me pressuado que V. Ex.a parteciparia ao mesmo

general que as farinhas,

(de que há um grande consumo) venham emgrande abundância, na fragata

que V. Ex.a diz; Creio que Q Sr MarquêsVice-Rei mandará emediatamente,

que receber as cartas de V. Ex.a pagar asletras

que os contratadores das carnes apresentarem na Junta.O caminho em que fala o Sr. General devo dizer a V. Ex.a, que de São

Paulo para o Rio de Janeiro não é novo. Eu truxe na minha carta de instruçãodo Sr. Vice-Rei,

que fizesse abrir um caminho por terra para a Capitania do

Rio de Janeiro, o que logo pus prompto, e por ele já me tenho comunicadocom o Sr. General de São Paulo, e com o comandante da Vila de Santos,e pelas noticias

que tenho adequírido, dizem que daqui se gastará ao Rio

de Janeiro por parada, dezoito dias, mas creio que depois de se darem algumas

prevenções das Capitanias de São Paulo, e do Rio de Janeiro se gastará™en°s

^mP°' Este caminho segue

pelo Rio das Tejucas, e do Taiari, RioFrancisco, Vila de Parnaguá, e da Cananéa, e de Iguape, Vila de

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 86: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 87 -

Santos, Armação da Vertioga, Vila da Ilha de São Sebastião, Vila da Uvatuva,

Prati, Ilha Grande, Sepetiva, e Rio de Janeiro. Sem embargo que o Sr. Ge-

neral de São Paulo, me diz que de Santos devem ir a São Paulo (o que eu

me não pressuado) fico acabando de examinar, e já no dia 31 do mês passado

escrevi ao Sr. Marquês por parada por este caminho por ele assim mo deter-

minar, e é o que posso sobre isto informar a V. Ex.a.

Com os fardamentos não vêm sapatos e o que posso dizer a V. Ex.a, é

que para este regimento desta Ilha também se remeteram quinhentos e qua-

renta réis para cada par de sapatos.

Ontem chegou o Fincão bastantemente destroçado, fica-se apromptando

para nele irem as fardetas, ou farinha, espero que cheguem com brevidade

as sumacas em que V. Ex.a me fala para nelas se transportar mais farinha.

O chumbo em que V. Ex.a me falou ultimamente não é possível aparecer,

nem aqui consta ter este gênero vindo do Rio de Janeiro, e para obsequiar

a V. Ex.a sempre estou prompto com a maior vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 2 de fevereiro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

80 Il.mo e Ex.TO0 Sr.

Ontem tive a honra de espedir a V. Ex.a uma parada; por me mandar

dizer o chefe da esquadra, que no dia cinco, é que devia participar a V. Ex.a

o que tivesse que dizer. Agora que são quatro horas para cinco da tarde, me

remete a carta inclusa, dizendo-me, que são as suas últimas resultas, e sem

demora a remeto a V. Ex.a, e é o que nesta ocasião tenho que pôr na presença

de V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 3 de fevereiro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

81 Il.mo e Ex.mo Sr.

Esta embarcação de que é mestre José Francisco Xavier leva o resto da

carga da farinha que aqui deixou, quando veio arribada desse Rio Grande,

e para completar a sua carga lhe mandei metei- destes armazaens seiscentos e

setenta, e cinco alqueires de farinha, e parte do fardamento do meu regimento,

como V. Ex.a verá do conhecimento, que remeto; para V. Ex.a ser servido

mandar pôr tudo em arrecadação na forma que se pratica.

Ontem pelas outo horas da noute recebi carta do chefe, que deitou o

escaler para a terra na altura da Barra do Sul, chegando esta aqui das sete

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-236, 1983.

Page 87: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 88:-

para as outo horas da noute, e partecipando-me o sucesso da entrada; e eu

agora que é ao amanhecer vou para a Barra do Norte ver se já entrou, e

sempre desejo obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 25 de fevereiro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

82 Il.mo e Ex.1*5 Sr.

Esta embarcação de que é mestre Manoel da Cunha a mandei carregar

ao Rio de São Francisco de farinhas, devendo o mesmo mestre apresentar o

conhecimento que passou ao capitão-mor do referido Rio; e leva mais partedo fardamento dos regimentos de Estremoz, e Bragança na forma do aviso

de V. Ex.a.

Ontem pelas outo horas da noute recebi carta do chefe, que deitou o

escaler para a terra na altura da Barra do Sul, chegando esta aqui das sete

para as outo horas da noute, partecipando-me o sucesso da entrada; e eu

agora que é ao amanhecer vou para a Barra do Norte ver se já entrou, e sempre

desejo obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 25 de fevereiro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Àntônio Carlos Furtado de Mendonça.

83 Il.mo e Ex.mo Sr.

No dia 28 do mês passado recebi a carta de V. Ex.a do dia 20, e no dia

24 tinha recebido outra do chefe da esquadra, que passando na altura da

Barra do Sul no referido dia, largou o escaler por aquela Barra, partecipando-me também o sucesso do dia 19, e bem a meu pesar vejo o mau sucesso quehouve nesta expedição, tendo nós a felicidade de não haver mau sucesso nas

embarcações até chegarem à boca do Rio.

Premeiramente sendo eu inteiramente despido de toda aquela ambição

de governar, creia V. Ex.a, que nesta ocasião desejei ter mais jurisdição para

examinar a qualidade das embarcações, e o como elas iam furnecidas, e ulti-

mamente procurar que os comandantes das mesmas fossem pessoas, que tives-

sem todo o conhecimento preciso para semelhantes ocasiões, sendo certo queeu apromptei ao chefe tudo aquilo que me requereo. Na carta do chefe me

diz que são quatorze os mortos, e trinta e um feridos; mas vejo pela carta

de V. Ex.a, que são doze os mortos além do Comandante da Graça, e vinte

e seis os feridos.

Eu já partecipei ao Sr. Marquês Vice-Rei estas notícias, na forma queV. Ex.a me diz, e creio que o chefe da esquadra na mesma ocasião lhe parte-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 88: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 89 -

ciparia individualmente todo o sucesso, se bem que quem lhe deve fazer uma

verdadeira narração é V. Ex.a, e como V. Ex.a me faz a honra de me dizer

que suspende o seu juízo sobre umas poucas desordens, que houve nesta

ocasião, e queixas sobre a incapacidade dos marinheiros, e outras pessoas,

posso ter a liberdade de dizer a V. Ex.a que de todas estas desordens, e queixas,

deve V. Ex.a fazer uma narração ao Sr. Vice-Rei, para que quando haja outra

ocasião elas se evitem, pois é certo que as pessoas que não fizeram o que

deviam deve-se com elas ter uma demonstração tal, que se fique no conheci-

mento que todos serão castigados se não fizerem o seu dever: Queira V. Ex.a

perdoar este meu dizer, que todo é cheio de paixão com que estou das de-

sordens em que V. Ex.a fala, sendo certo que aqui se não sabe por ora, mais

que o que o patrão do escalei do Chefe divulgou, e o que eu sei por carta

do mesmo chefe.

O mesmo chefe me escreveo ontem, dizendo-me que devíamos cuidar em

mandar feijões, e farinha para a esquadra que deixou no Rio Grande, porque

pelo fim deste mês eles não teriam nada, e que era preciso mandar-lhe várias

vergotas para fazerem mastareos, e vergas, e também cabos, e lonas, pregadura,

e taboado, e que eu concorresse com o que pudesse, destas cousas: A resposta

que lhe dei parece-me não ser preciso repeti-la a V. Ex.a, pois é certo que

todo o meu ânimo é concorrer com o que é preciso para semelhantes ocasiões,

e nisto estou trabalhando.

Por duas sumacas que daqui partiram, tive ultimamente a honra de

escrever a V. Ex.a, e na de que é mestre Manoel da Cunha, devia ter ido o

conhecimento que agora remeto; nestas sumacas, e nas três que saíram da

Laguna ultimamente vão onze mil trezentos e sessenta alqueires, queira V. Ex.a

fazê-las expedir com toda a brevidade para ver se ainda há tempo de se con-

duzir mais algum deste gênero, antes que o tempo não seja competente para

semelhantes conduções, ordenando V. Ex.a algüa destas embarcações que vão

logo em direitura a Laguna.

Remeto esse saco de cartas, que chegou em uma sumaca, a qual trouxe

de viagem vinte, e tantos dias, tendo aqui chegado outras há mais tempo que

saíram depois da mesma sumaca.

Nesta mesma embarcação me fez o Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei

remeter dezasseis contos, cento onze mil, e trinta, e outo réis para pagamento

dos soldos, que no mês de maio futuro hão de vencer as tropas que se acham

altualmente nesse Continente, e como tenho notícia que uma embarcação,

que está a chegar todos os dias, por ter partido, com outra que já aqui está

há mais dias, traz também mais dinheiro: espero que esta chegue para fazer

remeter um, e outro pelo capitão que conduzio os presioneiros.

Dos doentes que aqui ficaram, e na Laguna da tropa vinda de São Paulo,

têm morrido bastantes, e em outra ocasião parteciparei a V. Ex.a os que têm

falecido.

Da fortaleza de Ratones fugiram há mais tempo quatro presos senten-

ciados, três do regimento desta Ilha, e um do Regimento de Pernambuco,

e por este motivo foi sentenciado a ficar no lugar dos mesmos presos o sar-

gento almoxarife da mesma fortaleza, não tendo sido possível descobrirem-se

estes desertores: agora se sabe com certeza que dous destes, chamados José

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 89: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 90 -

Nuíra e José Cardoso ambos do regimento desta Ilha foram com praça de

soldados no regimento de Manoel Mexia, na ocasião em que ele foi com o

resto do seu regimento, e se sigura também que o do Regimento de Pernam-

buco Francisco Roís Ramos ia feito sargento do mesmo regimento, ou do

Corpo de Voluntários, e o último, que falta ficou casado na Vila de Parnaguá:

Não posso deixar de pôr isto na presença de V. Ex.a para que parecendo-lheseja servido mandá-los remeter a esta Ilha para benefício deste sargento quese acha em lugar dos referidos desertores, e eu sempre desejo ocasiões de

puder obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 1.° de março de 1776.

Il.m® e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

84 II.»» e Ex.mo Sr.

Ainda que não tive o gosto de receber nas últimas paradas carta particularde V. Ex.a, eu sempre desejo dar em toda a ocasião a certeza a V. Ex.a do meu

respeito, e do muito que o estimo, devendo sigurar a V. Ex.a o quanto me

tem sido sensível o não ter todo o bom efeito a acção do dia 19. Aqui se

não sabe nada, senão o que o patrão do escaler do chefe divulgou, sendo

bem certo, que cada um pode dizer o que queser; eu senti não puder dizer

o que sentia a respeito dos comandantes das embarcações, pois havendo tantos

capitães-tenentes e tenentes do mar, parece que estes é quem deviam comandar

estas embarcações, e não.ofeciaes de armada e voluntários, enfim, espero queV. Ex.a na sua informação que der se conheça o motivo do mau sucesso, e

por ora devo ficar aqui.

Em uma das cartas de V. Ex.a mais antígua, me diz V. Ex.a que não

conhece o tenente-coronel comandante dos Voluntários Reaes: Este ofecial

quando se formou o Corpo dos Voluntários Reaes no Reino era ofecial infe-

rior do Regimento do Sr. Marquês do Lavradio, que foi para os Voluntários,

e depois chegou lá a ser capitão, e como V. Ex.a sabe que este corpo se des-

manchou, ficou este ofecial como os mais; agora foi puxado para tenente-

-coronel, e para a creação deste novo corpo por se intender ter muita esperteza,

fala muito, mas eu não me pareceo muito bem.

Remeto a V. Ex.a as gazetas que ultimamente me vieram com a sentença

que teve o malvado João Baptista Pelle: As novidades que dão as minhas

cartas do Reino, é ter-se recolhido Sua Majestade de Oeiras muito bom, e

que o Marquês de Pombal esteve em casa quase um mês por conta de uma

canelada, e tudo se acha em grande sussego: Queira V. Ex.a dar-me o gosto

de o servir, e ocasiões de o puder obedecer.

Na carta de fevereiro falo a V. Ex.a sobre uns presos sentenciados, que

fugiram da fortaleza de Ratones não podendo deixar de sigurar a V. Ex.a

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10.J:3-236, 1983.

Page 90: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 91 -

que terei muito gosto que V. Ex.a mos mande entregar, porque desejo favo-

recer o pobre sargento que se acha sentenciado. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 2 de março de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Vindo hoje aqui jantar depois desta feita o chefe da esquadra, e dando-lhe

as gazetas a ler, vejo agora que as levou, e por isso não vão, mas as remeterei

na premeira ocasião que se oferecer.

85 II .mo e Ex.mo Sr.

Serve esta somente de acompanhar a carta inclusa do Il.mo e Ex.M Sr.

Marquês Vice-Rei que neste instante depois das dez horas da noite chega.

Também devo dizer a V. Ex.a que recebi a sua carta de 24 do mês

passado, que servia de segunda vez me partecipar o sucesso do combate do

dia 19 recebendo esta segunda partecipação em um instante em que daqui

fiz expedir a última parada, e sobre esta partecipação, só tenho que

dizer

a V. Ex.a que sem demora fiz remeter ao referido Sr. Marquês a parte que

V. Ex.a lhe dá; e estimo muito o V. Ex.a dizer-me que a perda da gente, e

destruição das embarcações não é tão considerável, como se supunha; sendo

certo, se é verdade uma relação que aqui apareceo sempre os feridos sao

bastantes.

Amenhã sae daqui uma embarcação que leva alguns sobresselentes para

o conserto das nossas embarcações.

Sobre os comandantes das embarcações que entraram não sou respon-

sável; pois é certo que se eu os nomeasse, todos seriam bons ofeciaes da Marinha.

Sobre as recomendações das farinhas devo sigurar a V. Ex.a que ponho

todo o meu cuidado na remessa delas, e não tenho aqui embarcação para mandar

conduzir alguma a Laguna: De V. Ex.a é que depende agora a brevidade desta

condução, fazendo expedir as embarcações, que daqui, e da Laguna sairao

com onze mil e tantos alqueires de farinha; devo dizer a V. Ex.a que na

Laguna, e em Garupaba ainda se acham outo mil pouco mais, ou menos:

Deve V. Ex a mandar para aquele porto as que puderem carregar este nú-

mero isto é se V. Ex.a quer, que vão por mar a farinha que se acha em

Garupaba pois não indo esta por mar, basta que vão para a Laguna embar-

cações que levem três para quatro mil, que é o que se acha na Vila da

Laguna: V. Ex.a me tem sempre a suas ordens, e muito prompto para tudo

o que for da glória de V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex a.

Ilha de Santa Catarina em 5 de março de 1776.

Il.mo e £x.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10.?:3-236, 1983.

Page 91: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 92 -

86 II .m0 e Ex.®° Sr.

Remeto a V. Ex.a esse saco de cartas do Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei,

que veio em üa embarcação, que saio do Rio de Janeiro junto com outra

que também trouxe cartas para V. Ex.a do mesmo senhor, que V. Ex.a já terá

recebido; e esta por má viagem que teve, gastou muitos dias. S. Ex.a o Sr.

Vice-Rei me remeteu üa cópia das ordens que novamente fez repetir pela

Junta da Real Fazenda aos ouvidores das comarcas de Porto Siguro, Espírito

Santo, Parnaguá, e ao capitao-mor da Vila do Rio de São Francisco para conti-

nuarem as remessas das farinhas de guerra para o Exército desse Rio Grande,

em que se declara, que as embarcações devem vir a este porto receber as

minhas ordens pára seguirem a sua derrota para a Laguna, ou para esse

Rio Grande; dizendo-me o referido senhor que as faça expedir, segundo os

avisos que eu tiver de V. Ex.a.

Sobre estas conduções tenho eu praticado com V. Ex.a, o que V. Ex.a

sabe, sendo bem certo, que os transportes por mar são mais promptos, e com

mais facilidade, tendo eu sempre sido de parecer que todos os transportes

que se fizerem para esse Rio Grande sejam por mar; mas estes devem ser em

tempo competente, e não em munção contrária: V. Ex.a me queira dizer o

seu sentido a este respeito, pois como ultimamente mandei mais de onze mil

alqueires de farinha, e na Laguna está üa embarcação actualmente carregando,

e tenho notícia que do Rio de Janeiro (não pelo Sr. Marquês Vice-Rei) se

expediram duas ou três embarcações também de farinha para esse Continente;

não sei se por este motivo quererá V. Ex.a que por ora se não conduza mais

farinha, por ter a que baste até a munção competente, ou se quererá V. Ex.a,

que se continue sempre estas conducções, esperando que V. Ex.a me avise o

que quer que eu faça, não podendo ser nesta ocasião mais extenso por me

achar com um tal ataque da minha moléstia de cabeça, que há mais de vinte,

e quatro horas, estou resistindo a ser quinta vez aqui sangrado, e se não tiver

alguma milhora até a tarde sempre me sangrarei esta noite: Desejo obsequiar

a V. Ex.a e ter ocasião de lhe dar gosto. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 12 de março de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

87 II.»» e Ex.mo Sr.

Ontem pelas nove horas da menhã recebi a carta de V. Ex.a de 13 deste

mês, que se expedio no referido dia pelas sete horas da tarde, e com efeito

alguma cousa aproveitou a recomendação que V. Ex.a mandou pôr nesta

parada: Agora vou preraeiramente dizer a V. Ex.a que as cartas, que vieram

para o Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei, logo .sem demora as mandei parabordo de üa embarcação do contrato dos azeites, que no dia antecedente

tinha expedido, e só agora espera vento sul para puder sair da Barra.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, -1983.

Page 92: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 93 -

Em segundo lugar vou sigurar a V. Ex.a, que as cartas que V. Ex.a re-

meteu no dia 24 do mês passado para o referido Sr. Marquês Vice-Rei, foram

também logo, sem demora; sendo certo que antecedentemente tinha parteci-

pado ao mesmo senhor o que V. Ex.a me avisou em carta de 20 do dito mêa

do sucesso do dia 19, dizendo-me V. Ex.a que não podia por ora escrever ao

mesmo Sr. Vice-Rei, por lhe faltar ainda o verdadeiro conhecimento, e ser

tudo ainda confusão, e que tendo eu ocasião de escrever antes para o Rio de

Janeiro quesesse partecipar este sucesso, que aniquilava üa grande parte das

esperanças de V. Ex.a; sendo isto o que continha o capítulo da carta de

V. Ex.a; e sendo também este o motivo por que fiz esta partecipação a S. Ex.a

o Sr. Vice-Rei, sendo também certo, que de más notícias não devo ser correio.

Estimo no meu coração, que V. Ex.a tenha recuperado o damno que

exprimentaram as embarcações, e que estas estejam em tão bom estado, que

satisfaça a V. Ex.a, e creio pelas notícias que daí têm vindo particulares, que

V. Ex.a me dará o gosto com brevidade de algüa boa notícia.

As faltas que as embarcações hão de ter eu as considero, mas sinto não

as poder remediar; pois aqui não tenho cabos, lonas, nem pregadura, porém

pressuado-me que destes efeitos, mandou o chefe da esquadra, pela embar-

cação que daqui partio, que me parece terá chegado; e agora remeto essa

carta do mesmo chefe, que por equivocação minha não foi na última parada,

que daqui remeti, se bem que quando o chefe me mandou esta carta, me mandou

dizer, não ser preciso que a remetesse senão quando houvesse ocasião, e por

isso não a remeti logo por parada.

Sinto que não tenham chegado todas as cinco embarcações que daqui,

e da Laguna saíram ultimamente com as farinhas, e parte dos fardamentos,

sendo bem certo que estas embarcações, levaram o que partecipei a V. Ex.a,

sobre estas conducções de farinhas, tive a honra ultimamente de falar a V. Ex.a,

espero que V. Ex.a me dê resposta para vir no conhecimento se este transporte

deve sempre continuar, ou se V. Ex.a, com a farinha que daqui tem ido,

e do Rio de Janeiro tem subficientemente deste gênero, té que a munção

seja mais própria para esta conducção e já disse a V. Ex.a, as farinhas que

pouco mais, ou menos havia na Laguna para me dizer o como quer que esta

seja conduzida: Tenho dito também a V. Ex.a, que as embarcações, que tenho

para este transporte, são as que foram daqui, e da Laguna ultimamente.

As embarcações de que dá notícia o mestre da sumaca Nossa Senhora dos

Prazeres, saída do Rio de Janeiro, me pressuado seriam embarcações inglesas

da pesca do esparmacete, que são muitas as que andam pescando nesta costa,

e têm sido encontradas por muitas embarcações nossas, e só não posso vir

no conhecimento qual é a sumaca, que atirou a peça, que diz o mesmo mestre.

Estimo infenitamente que os feridos no combate, se vão restabelecendo,

e que o Capitão-de-Mar-e-Guerra Antônio José Pegado esteja livre de cuidado.

Fico certo de V. Ex.a fazer-me remeter preso o Tenente-Coronel Alexan-

dre Cardoso à ordem do Sr. Vice-Rei, vindo este entregue ao Alferes Antônio

José de Freitas, e logo que chegar lhe mandarei passar o recibo da entrega

deste preso, fazendo-o logo remeter à presença de V. Ex.a, e o preso na forma

que V. Ex.a me partecipa.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983:

Page 93: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 94 -

Agradeço a V. Ex.a o fazer-me remeter os presos, que fogiram de Ratones.

Já fiz expedir para a Laguna o Capitão Antônio Martins Couto, e Crastocom a escolta que o mesmo troxe, e conduzio os presioneiros, na excepção deum soldado,

que fica doente no hospital: Ao mesmo capitão mandei entregardezasseis contos, cento onze mil trinta e outo réis, pertencentes aos soldosda tropa que se acha nesse Continente para o mês de maio, na forma queV. Ex.a verá da relação que remeto, e como provavelmente está aqui a chegaro pagamento da mesma tropa do mês de junho, se faz preciso, que venhaescolta para conduzir este dinheiro, e isto mesmo digo nesta ocasião ao Gover-nador José Marcelino.

Também nesta ocasião estou fazendo expedir a incorporar-se com omesmo Capitão Crasto, que se acha na Laguna, o Alferes

José da Sá, e Câmerado regimento de Manoel Mexia,

que aqui ficou doente, com os soldados,

que se acham capazes de poderem marchar do mesmo regimento, e dos Volun-tários,

que se não houver algüa alteração, vão daqui dezanove voluntários, etreze do Regimento de Mexia, e mando passar as ordens ao Comandante daLaguna, e ao Capitão dos Voluntários,

que ficou na mesma vila com osdoentes para os que se acharem capazes, vão também nesta ocasião a incor-

porar-se com os seus respectivos corpos, levando este alferes daqui as clarezas

precisas dos que têm morrido; e neste hospital só ficam três de Mexia, e

quatro de Voluntários: O mesmo alferes há de levar as clarezas precisas dosmuitos que têm morrido destes corpos na Laguna, que não sei quantos são,

porque o comandante daquela vila nunca diz nada a prepósito: parece-me queé o que tenho que pôr na presença de V. Ex.a a quem sempre devo mostrara minha prompta obediência. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 21 de março de 1776.

II.10" e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Ao mesmo Alferes José de Sá da Câmera mandei entregar cento e cin-coenta e outo mil e outocentos para fazer pagamento à tropa com que daquimarcha, e à que poderá marchar da Laguna como V. Ex.a poderá ver darelação que também remeto.

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

88 Il.mo e Ex.mo Sr.

Tive o gosto de receber a carta de V. Ex.a, sendo certo que eu vivia nadesconfiança de puder merecer a continuação da amizade de V. Ex.a poishavia muito tempo que não tinha o gosto de receber as expressões de V. Ex.a

que tanto estimo, e não menos a certeza de V. Ex.a passar muito bem: Eu tenho

passado muito mal, e hoje de forma, que me tem sido bem violento toda aescrita que tenho feito para esse Continente.

Estimo no meu coração que ser de utilidade o grande trabalho queV. Ex.a tem tido em pôr em bom estado as embarcações, e espero em breves

tempos ter ainda milhores notícias.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103-. 3-236, 1983.

Page 94: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 95 -

Não sei se são novos, ou velhos os pecados de Alexandre Cardoso, mas

é certo, que ele em tempo antes da nossa chegada dizem ser maravilhas, o queV. Ex.a terá também ouvido.

Acerca do milhor sucesso que podia ter havido no dia 19 do mês passado;eu sempre me pressuado, se acção fosse ordenada por outra forma, devíamos

ter colhido milhor fruto, e é bem certo que no meu interior, tinha notado

algumas cousas, e entre elas, eram os comandantes, e que a fragata Graça,

que fazia o premeiro objecto devia ter ido nela milhor gente.

Sinto no meu coração a parte que contém a má conducta do Tenente

Corrêa, e devo dizer a V. Ex.a que este ofecial fez aqui cousas de louco, ou

de estar verdadeiramente doudo, começando as suas doudices por lhe parecer,

que a minha família o desatendia à mesa, não lhe metendo os pratos em

tempo competente, e daí se seguiram outras loucuras semelhantes, e alguma

quase, como a que contém a parte que V. Ex.a me remete, e por este motivo

me lembrei, que ele não fosse nessa ocasião; mas como tinha sido sangrado

e tomado outros remédios, me disseram, que estava bom, ou capaz de ir:

Eu o tinha abandonado para ver se assim tomava algum caminho, verdadeira-

mente nunca pude saber o princípio da causa desta loucura; uns dizem que

por cair numa sepultura de um tenente que morreu do seu regimento, e daí

começou a imaginar, e outros, por perder ao jogo trinta, ou quarenta mil

réis que tinha, e não posso deixar de dizer isto a V. Ex.a para que conheça

o motivo da sua desordem.

Vai esse romance, que vai mal copiado, pois até lhe falta ua parte de

um quarteto, mas assim estava de donde se copiou, e também vão as gazetas,

que acusei a V. Ex.a, se bem que não são as que emprestei ao chefe; mas são

outras do mesmo número, basta de matraca. Desejo que V. Ex.a se queirasempre servir de mim para o que sempre tem muito prompta a minha vontade.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 21 de março de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo, e amigo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

89 II mo e Ex.mo Sr.

A 29 do mês passado recebi a carta de V. Ex.a de 22 do mesmo mês,

e dentro de 24 horas depois de receber esta parada, recebi mais duas de

V. Ex.a de 10 e 20 do mesmo mês, devendo dizer a V. Ex.a que o Alferes

Antônio José de Freitas entregou na fortaleza de Santa Cruz o Tenente-Coronel

Alexandre Cardoso, e leva recibo do comandante daquela fortaleza de ter

feito entrega deste preso, o qual farei remeter ao Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês

Vice-Rei, como V. Ex.a me partecipa, e creio que daqui sairá o mais tardar

até depois de amenhã.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-236, 1983.

Page 95: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 96 -

Pela sumaca que levou algum furnecimento para a esquadra

que se achanesse Rio recebi a carta de V. Ex a de 10 referida, a qual troxe o TenenteAntônio Corrêa de Mesquita, e bem sinto que este ofecial se não continuassea conduzir da mesma forma,

que se conduzio, sendo ofecial inferior do meuregimento, como V. Ex.a me faz a honra de dizer, tendo já partecipado aV. Ex.a que este ofecial aqui tinha feito outras desordens, partecipandotambém a V. Ex.a qual poderia ser o motivo de ele se achar no estado em

que se acha: Eu o mandei conservar preso no forte da Praia de Fora, por me

pressuadir, que estando na sua liberdade poderia fazer excesso que o preju-dicasse mais.

Muito estimo que os meus reparos, acerca das conducções dos mantimentos,V. Ex.a lhe pareçam justos; mas desejo que V. Ex.a me diga se tem farinha

para o tempo em que as munições não são favoráveis nesse lagamar; porqueme parece, que em tempo não competente se não devem arriscar as embar*cações nessa costa, ou se quer V. Ex.a que este transporte continue sempre.

O que V. Ex.a diz a respeito da tropa que se acha para a banda do RioPardo, é bem certo, que esta deve ser furnecida com farinhas por terra parao que já mando partecipar ao Comandante da Laguna que não faça embarcarmais farinha até segunda ordem; pois me pressuado que naquele porto, e emGarupaba se achavam cinco, ou seis mil alqueires, além de üa embarcação,

que está carregando, que se não partio partirá com brevidade para esse lagamar.

Estimo muito que as embarcações, que daqui e da Laguna fiz expedir

chegassem a salvamento, e também as do Rio de Janeiro, que V. Ex.a me

partecipa terem chegado.

Fico certo no que V. Ex.a me diz a respeito da sumaca de que é mestre

Manoel da Cunha, e já sabia que a carga que levou de farinha era comprada

com dinheiro do dono da sumaca que este deve ser pago no Rio de Janeiro,na forma que se tem praticado, não devendo servir isto de embaraço parao seu recebimento.

Torno a remeter a V. Ex.a o mapa dos Voluntários, e creio que por ele

conhecerá V. Ex.a ser certa a informação que diz este ofecial.

O Capitão Crasto que veio conduzir os presioneiros remetidos ultima-

mente de Porto Alegre, creio já marchou da Laguna com o dinheiro queultimamente avisei a V. Ex.a tinha chegado do Rio de Janeiro, indo em

companhia deste ofecial um alferes do Regimento de Santos que aqui tinha

ficado doente, e mais soldados que se achavam capazes do mesmo regimento

e dos Voluntários, e da mesma forma haviam também ir da Laguna os quese achassem capazes, que não digo ainda os que foram, por não saber os queirão, ou foram da Laguna.

Já aqui sabia que as companhias que marcharam por terra tinham pas-sado pela Vila da Laje e que iam com muito bom sucesso.

A carta que V. Ex.a me fez remeter para o chefe da esquadra, vinda da

Colônia, logo lhe foi entregue.

Recolhe-se o ofecial que veio com o Tenente-Coronel Alexandre Car-

doso, ficando aqui o cabo, com dous soldados que vieram em sua companhia,

para conduzirem o dinheiro que forçosamente há de chegar com brevidade

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103-.S-2Z6, 1983.-

Page 96: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 97 -

do Rio de Janeiro para pagamento dessa tropa, e como esta escolta me parece

pouca, queira V. Ex.a dar-lhe a providência que lhe parecer, e a mim ocasiões

de puder obsequiar a V. Ex.a o que executarei com a mais prompta vontade.

Deos guarde a V. Ex.a

Ilha de Santa Catarina ém 3 de abril de 1776.

II.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

90 Il.mo e Ex.mo Sr.

Meu estimadíssimo e senhor, tomara eu ter muitas expressões, e muitas

palavras com que podesse sigurar a V. Ex.a o contentamento, e gosto com

que recebi as notícias partecipadas por V. Ex.a nos dias 1.° e 3 deste mês,

pois é bem certo, que pelo muito que amo, e respeito a V. Ex.a tenho parte

nas acções de V. Ex.a e as estimo como minhas. Logo que recebi a premeiracarta (para desafogo do meu coração) saí pela porta fora partecipar estas

notícias a Pedro Antônio, que como também é apaixonado por V. Ex.a fez

demonstrações de as estimar, e não podendo eu deixar de dizer o que sinto,

siguro a V. Ex.a, que ainda muito mais estimei todo este bom sucesso, sem

que ele dependesse da esquadra, nem das embarcações que aí se acham; enfim

não é agora tempo de o tomar a V. Ex.a, e para demonstração do meu gosto

não só vai esta assignada por mim; mas também por pessoa, que é minha.

Eu espero dever a V. Ex.a as notícias mais individuaes, e que me dê sempre

ocasiões de o servir, e de lhe obedecer. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina em 9 de abril de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

O mais verdadeiro amigo, amante, captivo e obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Luís Antônio Carlos Furtado de Mendonça

91 II.»® e Ex.mo Sr.

Tenho recebido com o maior gosto as cartas de V. Ex.a do 1.° e S deste

mês, e tendo ontem ido à Barra fazer expedir o primeiro aviso para o Il.m0

e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei, parte&ipei ao chefe da esquadra o bom sucesso,

que V. Ex.a teve, e agora lhe partecipei o que contém a última carta de V. Ex.a,

remetendo-lhe o saco para o mesmo Sr. Vice-Rei; pois creio o poderá ainda

levar a embarcação que leva as premeiras notícias, e no caso, que não possamir nesta, irá em outra separada sem perda de tempo, e eu devo sigurar a V. Ex.a

o contentamento com que recebo todas as notícias, que fazem engrandecer as

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1083.

Page 97: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 98 -

acções de V. Ex.a em que sempre me desejo interessar, tendo-me V. Ex.a sempre

prompto para tudo o que for servi-lo. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 9 de abril de 1776.

Il.m<> e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

92 II .»<> e Ex.mo Sr.

A última que recebi de V. Ex.a a que não tenho respondido, é de 12

deste mês; principiando por sigurar a V. Ex.a o gosto com que sempre recebo

as notícias que V. Ex.a me vai partecipando, sendo bem certo que eu em

todas as acções de V. Ex.a tenho Ga grande parte, pelo muito que desejo

interessar-me nelas: Estimo que V. Ex.a achasse a bela artelharia em que me

fala, e os pretreichos; mas não sei se nesta ocasião nos ofecios do II.100 e Ex.mo

Sr. Marquês Vice-Rei receberá V. Ex.a novas ordens, segundo o que me avisa

o mesmo senhor.

Na forma do aviso de V. Ex.a não farei remeter farinhas de munição

na munção contrária, e as que vierem vindo ficarão nestes armazaens, se bem

que ategora não tem vindo nenhüa, depois que vieram as novas ordens sobre

estas farinhas.

Bem sinto o trabalho, que V. Ex.a há de ter tido na passage das boiadas,

e estimo que V. Ex.a esteja nessa vila, e que se vá povoando, e consertando.

Nesta embarcação chega um alferes para os Voluntários Reaes chamado

Domingos Alves Branco, que era cadete do regimento do Coronel Antônio

Cardoso Pissaro o qual o farei marchar para o seu regimento.

E como não desejo demorar estas cartas do Sr. Vice-Rei, é o motivo por

que não sou mais extenso, desejando sempre ocasiões de obsequiar a V. Ex.a

com a maior vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 22 de abril de 1776.

Il.rao e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

93 íl.m(> e Ex.mo Sr.

Tive ultimamente o gosto de receber a carta de V. Ex.a de 12 deste mês,

e no meu coração sempre estimo os bons sucessos de V. Ex.a, e pelas cartas,

que acabo de receber do Sr. Marquês me parece, que isto toma outro sem-

blante, e é bem verdade, que ao menos, parece se quer meter tempo em

meio: Eu mereço a V. Ex.a que me dê üa individual notícia do seu plano,e de todo o sucesso.

Eu nas minhas cartas não tive novidades, só a chegada do Brigadeiro

José Costódio ao Rio de Janeiro.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-236, 1983.

Page 98: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 99 -

Remeto a V. Ex.a essa relação que o Major Coimbra mandou do sucesso

da entrada das nossas embarcações, e como ela foi ter as naus houve quem

fez o outro papel que também remeto contrariando a relação do Coimbra,

que V. Ex.a depois de as ver sem os comunicar espero que mos remeta, e eu

sempre estou prompto para servir, e dar gosto a V. Ex.a com a mais prompta

vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 22 de abril de 1776.

II e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Muito amigo e captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

94 U.mc> e Ex.mo Sr.

Ontem de tarde recebi a carta de V. Ex.a de 24 do mês passado e com

pouco intrevalo recebi também as cartas do II.™0 e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei,

e do Sr. General de São Paulo, e destes dous senhores generaes remeto a V. Ex.a,

do premeiro üa via, e do segundo Ga carta.

Bem considero a V. Ex.a com bastante trabalho, e eu estimaria muito

ter a honra de puder ajudar a V. Ex.a, e sem perda de tempo fico cuidando

na cal, que V. Ex.a me recomenda, e se a houver irá cora a brevidade possível.

No dia 28 do mês passado deu aqui fundo na Barra do Norte a fraga-

tinha de Pernambuco, e o bragatim d'El Rei, e por estas embarcações sube

que para o Rio de Janeiro tinham ido a curveta Glória, e as sumacas, Monte,

e Belém com os presioneiros e desertores castelhanos.

Logo que chegue o dinheiro para pagamento dessa tropa o hei de fazer

remeter com a brevidade que tem ido o mais para o que tenho aqui detido

um alferes que vai para os Voluntários (como já avisei a V. Ex.a) para o

conduzir com o cabo, e dous soldados, que vieram com o Alferes Antônio

José de Freitas, e na mesma ocasião hei de fazer marchar alguns soldados da

Tropa de São Paulo, que aqui já se acham convalescidos, e também da Laguna

hão de ir os que se acharem no mesmo estado, desejando eu sempre ter oca-

siões de obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 2 de maio de 1776.

II.®0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Manoel Bento me pede lhe dispense quatro carretas da Laguna para não

carregarem farinhas por lhe serem muito precisas para lhe levarem alguns

gêneros; mas eu lhas não dispenso, e sim peço a V. Ex.a, no caso que V. Ex.a

intenda, que posso servir este homem, ordene V. Ex.a na premeira ocasião

que se oferecer ao Comandante da Laguna lhos deixe carregar por sua conta.

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 103\3-236, 1983.

Page 99: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 100 -

95 II."» e Ex.mo Sr.

Ontem tive o gosto de receber a carta de V. Ex.a, que sempre estimo,e a continuação da amizade de V. Ex.a, e estimo também,

que V. Ex.a vá

podendo aturar o grande trabalho em que o considero: Eu vou passandosempre muito mal, e beijo a V. Ex.a as mãos pelas expressões que faz aomeu ajudante das ordens pequenino, que beija a V. Ex.a as mãos.

Remeto essas gazetas, e mercúrios, se bem, que não sei se V. Ex.a terá

tempo de ler.

Estimarei, que V. Ex.a consiga o ter nessa assistência muito gado para

assim puder com a chegada de mais dragões acabar de conquistar as nossasterras.

Do Rio de Janeiro se não dá novidades, e só se me diz, que a nossacorte, e a de Castela estão em ajustes Deos premita que isto se conclua paranos podermos retirar, e puder eu ter o gosto de dar um abraço a V. Ex.a.

Aqui também consta que os despojos que deixaram os castelhanos, são

muitos, e eu desejo bem saber quaes são; mas a seu tempo o saberei comoV. Ex.a me diz. Dê-me V. Ex.a ocasiões de o servir,

que tem a minha von-tade muito prompta. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 2 de maio de 1776.

II mo e £x.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Súbdito, amigo, e o mais obrigado captivo

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

86 11.»° e Ex.mc Sr.

Chega üa embarcação do Rio de Janeiro, e traz esse saco de cartas paraV. Ex.a, e o pagamento para a tropa que se acha nesse Continente, perten-cente ao mês de junho, e sem demora, não só expeço esta parada com ascartas; mas também o referido pagamento, mandando também o pagamentode março até maio, pertencente ao destacamento

que se acha nesse Conti-nente do regimento desta Ilha, e nesta quantia se fez abatimento das assis-tências, que aqui se tem feito a algüa tropa pertencente a esse Continente,

como participo também a Junta da Real Fazenda. Faço também marchar

quatro voluntários, e um soldado do regimento de Mexia dos que aqui fi-caram doentes: três voluntários são de uns que tinham fugido da Laguna,

que aqui se vieram apresentar. Esta tropa, e estas parcelas, vão entreguesao alferes dos Voluntários Reaes Domingos Alves Branco, e ao cabo de esqua-dra dos Dragões desse Continente Costódio de Sousa de Oliveira, e o referidoalferes leva as clarezas precisas pertencentes aos soldados que vão e aos quetambém hão de ir da Laguna,

que se acharem capazes para as apresentar aosseus respectivos comandantes.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 100: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

^ lül

Ao Governador desse Continente digo, que provavelmente chegará com

brevidade o pagamento do mês de julho, e que se faz preciso, que venha

escolta para esta conducção, esperando que V. Ex.a queira ordenar, que assim

se execute para não haver demora neste transporte, e é quanto por ora a

minha moléstia premite partecipar a V. Ex.a, e pela relação inclusa verá

V. Ex.a, o dinheiro que faço remeter, e os deferentes destinos, que tem, dese-

jando sempre obsequiar a V. Ex.a com a mais prompta vontade. Deos guarde

a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 9 de maio de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

97 Il.mo e Ex.mo Sr.

As gazetas, e mercúrios que agora remeto não foram na última parada

por equivocação, agora vão, menos üa gazeta porque a sumio o chefe da

esquadra: também agora remeto um embrulho, ou maço, que remete-o o

Tinouco do Rio de Janeiro para V. Ex.a que estimarei V. Ex.a continue a

passar muito bem: Eu vou sempre passando muito mal. e ontem esteve de

purga, não só por conta da moléstia da cabeça; mas por alguma enchação,

que tenho na barriga, que me dá algum cuidado, e conhecidamente estou

quebrado da parte direita, e há seis meses, que estou dizendo a estes cirur-

giões isto mesmo, a que eles deziam era flato, mas como o meu espírito não

está abatido há de premitir Deos que vá podendo com esta cruz, e de toda

a sorte desejo ter ocasiões de dar gosto, e servir a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 9 de maio de 1776.

Il.m0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex a

Súbdito, amigo, e captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

98 H.mo e Ex.mo Sr.

Remeto a V. Ex.a o saco de cartas, que acabo de receber do II.100 e Ex.mo

Sr. Marquês Vice-Rei, para V. Ex.a, e daquela cidade se não partecipam

nenhumas novidades.

Esta menhã saio daqui a embarcação, chamada, Fincão com doze moios

de cal, e não vai mais deste gênero, por dizer o mestre da mesma embarcação,

não poder levar mais carga: Eu desejo que V. Ex.a mande examinar se esta

embarcação leva outra qualidade de carga, ou se podia levar mais cal, e re-

meto a V. Ex.a o conhecimento de como se entregou a referida cal; devendo

V. Ex.a ser servido mandar-me conhecimento de se ter entregue ao comissário

dos vivres, e munições de guerra este referido gênero.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-236, 1983.

Page 101: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 102 -

Agora vou dar a V. Ex.a notícias das embarcações nossas, que daí saíram,

e de üa das dos castelhanos: As nossas parece que logo no dia se apartou a

curveta das duas sumacas, estas ao amanhecer do dia 23 do mês passadoestavam quase juntas com a setia dos castelhanos que daí saio, a qual mandou

a bordo das nossas com üa carta do comandante pedindo-lhe hospitalidade

por se acharem faltos inteiramente de mantimentos, e que como as duas

cortes se achavam em boa paz, e que as desconfianças eram só no Rio Grande,

lhe deviam acudir, e com efeito as nossas duas sumacas lhe deram os manti-

mentos, que poderam, e nisto estiveram até quase meio dia, que apareceo

a fragata de que é comandante Antônio Jacinto da Costa, e logo que as duas

sumacas avistaram esta fragata, foram à poupa para ela, e lhe disseram o queestá referido: Este capitão-de-mar-e-guerra proguntou às sumacas se queriamcomboio, e se receavam de algüa cousa, respondendo-se-lhe que não receavam

nada, e que não queriam comboio fez corso sobre a setia; mas metendo-se

a este tempo, e sendo esta de bastante salseiros lhe não pôde dar caça porestar muito a sotavento da setia; a mim me parece, que as duas sumacas

deviam ter apreendido a setia, e principalmente depois que viram a fragata

de Antônio Jacinto, pois não se perdia nada, em a levarem ao Rio de Janeiro

para o Sr. Marquês Vice-Rei detreminar o que lhe parece. Estas nossas três

embarcações já chegaram ao Rio de Janeiro, premeiramente chegou a curveta,

e depois as duas sumacas; pode ser que V. Ex.a nestas cartas que agora vão,

tenha já estas notícias, mas como eu não as tive do Rio de Janeiro, e sim

pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra Antônio Jacinto, e de terem elas chegado o

sube pelo mestre da embarcação que aqui chegou, sempre me pareceo referir

isto a V. Ex.a a quem sempre desejo obedecer, e em todas as ocasiões obsequiar.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 16 de maio de 1775.

II.™0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

99 11»® e Ex.mo Sr.

Ontem, e antes de ontem recebi as duas cartas de V. Ex.a de 10 e 13

deste mês, agradecendo premeiramente a partecipação da embarcação dos cas-

telhanos, que deu a costa, e eu já avisei a V. Ex.a que üa das que saíram, tam-

bém castelhana, foi encontrada pelas duas sumacas, que V. Ex.a mandou com

os presioneiros, que não sei, que razão houve de não a levarem ao Rio de

Janeiro, principalmente encontrando-se nessa ocasião a fragata, que é co-

mandada por Antônio Jacinto; pois no caso de se dever largar esta embar-

cação castelhana, creio devia ser com a decisão do Sr. Marquês Vice-Rei. Eu

certamente devia ter estimado encontrá-la para a levar ao Rio de Janeiro.

Já aqui constava pelas notícias que tinham vindo do Rio de Janeiro,

que V. Ex.a tinha ordem de suspender todas as acções de hostelidade contra

os castelhanos, que eu não sei o que diga a isto, mas o que for suará, e bom

foi, que estas ordens chegassem a V. Ex.a depois de executado o seu exemplar

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 102: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 103 -

projecto, e como eu já sabia as ordens que tinham ido a V. Ex.a me estava

lembrando a constrenação em que V. Ex.a se poria, no caso de não ter executado

o seu projecto, e nisto tinha falado algumas vezes com o Governador desta Ilha.

Estimo que V. Ex.a aprovasse não fazer remeter as farinhas, agora é pre-ciso, que V. Ex.a me diga o tempo em que daqui as hei de fazer remeter.

Sobre o que V. Ex.a me diz da cal, e tejolo, já tive a honra de parte-cipar a V. Ex.a ter mandado no Fincão doze moios; mas agora acaba de

chegar, parte, da Barra do Sul, que esta embarcação está na barra com ágoa

aberta, depois de chegar distante desse Rio Grande 14 ou 16 légoas: já mandei

sem demora examinar o estado em que vem esta embarcação, e com a brevi-

dade que me for possível a hei de fazer sair, e no que respeita ao tejolo,

em que depois V. Ex.a me tem falado, se aqui tivesse embarcação para o

conduzir logo eria sem demora, e por falta de embarcação o não remeto, nem

tenho esperanças de a ter; nestes termos seja V. Ex.a servido mandar sair

algumas das que aí se acham para carregar este gênero, o qual se fica apromp-

tando para não haver demora em se carregar, devendo-me V. Ex.a dizer quantosmilheiros quer, e quantos moios de cal devem ir; pois é certo que o meu

gosto é socorrer a V. Ex.a com tudo o que me for possível, e com toda a bre-

vidade, estando sempre a minha obediência prompta para tudo o que for

obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 22 de maio de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Essa carta que vai para V. Ex.a do coronel do Regimento de Artelharia natu-

ralmente será muito retardada, pois veio de São Paulo numa parada que há

poucos dias recebi.

100 Il.mo e Ex.mo Sr.

Agradeço a V. Ex.a as suas estimadas notícias, e fico entregue dos papéis

que tinha mandado a respeito da entrada do Rio Grande, devendo repetir

a V. Ex.a o pedir-lhe não sirva de prejuízo ao tutor estas notícias, pois as

mandei debaixo desta condição, e por querer mostrar a V. Ex.a qual é a

minha amizade para com V. Ex.a, e se V. Ex.a tiver que dizer a este respeito

alguma cousa, há de ser com duas letras da mão de V. Ex.a.

Creia V. Ex.a que eu logo ponderei, e tenho ponderado, que V. Ex.a

não tem seguido para Santa Teresa por inteiramente lhe faltarem os meios

competentes, e isto assim se deixa ver; dê-me V. Ex.a o gosto de o servir para

o que sempre prompta a minha vontade.

O que V. Ex.a diz a respeito do dinheiro não ser para V. Ex.a, eu me

acho nas mesmas circunstâncias, pois não sei ainda que soldo hei de ter por

não ter cobrado nada, nem ainda ajuda de custa depois que vim de Minas

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 103: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 104 -

Geraes, parecendo razão, que estando eu era Minas com doze mil cruzados,

e querendo El-Rei aqui servir-se de mim devia ter o mesmo, mas isto ainda

não está decidido. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 22 de maio de 1776.

ll.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Súbdito, amigo e captivo muito obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

101 Il.mo e Ex.mo Sr.

Serei incansável em mostrar a V. Ex.a a minha obediência, amizade, e

afecto; se bem que pela falta de conrespondência eu julgo muito importuna:

porém a honra com que V. Ex.a me trata é quem igualmente desperta estes

repetidos efeitos do meu reconhecimento.

Agora acaba de entrar uma embarcação do Rio de Janeiro, que vem a

carregar azeites para transportar à cidade de Lisboa; saindo deste porto em

direitura ao da mesma cidade, segundo me determina o Sr. Marquês em

conseqüência das condições do mesmo contrato novamente arrematado pordoze anos:

Por ela se me remetem duas bandeiras para o regimento de Mexias, quedevo fazer remeter à ordem de V. Ex.a ao Tribunal da Junta desse Continente.

Chegaram ao porto de Santos duas embarcações de Lisboa, pelas quaesse dá a notícia de estarem igualmente a sair para o Rio de Janeiro; consta

por elas ter-se perdido naquela Barra o cursário Aniceta, ou Inglês por outro

nome, que se dirigia da Bahia com trinta mil cruzados de frete de açúcar;

é considerável perda no importe da sua carga; mas foi mais infeliz na perdade toda a sua tripulação, escapando só um homem, tudo acontecido por muita

cerração.

Em outra sumaca, que está a chegar se remete a guarnição das três em-

barcações, que V. Ex.a tinha expedido para aquela cidade, por se terem

desarmado, e entregues a seus donos; igualmente manda S. Ex.a o Alferes

Diogo Manoel de Chichorro, alguns ofeciaes infriores, e soldados, que lá tinham

ficado pertencentes a essa tropa, além de 15 soldados, que se dirigem parao regimento desta Ilha.

Desejo a V. Ex.a uma vigorosa disposição, e que me permita repetidas

ocasiões de mostrar a minha obediência. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina 2 de junho de 1776.

De V. Ex.a

O mais afetuoso

Pedro Antônio da Gama e Freitas

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-235, 1983.

Page 104: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 1Ò5 -

102 II.®0 e Ex.mo Sr.

Depois que respondi as cartas de V. Ex.a de 10 e 13 do mês passado,

tenho recebido outras duas, com as datas de 10 e 25 também do mês passado;

dizendo-me V. Ex.a na premeira terem entrado nesse porto duas sumacas

com farinhas, de sorte que já não faltam para este enverno farinhas, e eu me

pressuado, que a condução deste gênero nos deferentes portos continua em

direitura a esse Rio Grande, pois ontem por üa embarcação, que chegou

do Rio de São Francisco diz o capitão-mor daquela vila, ficar carregando úa

embarcação para ir em direitura a esse porto, por ter assim recebido ordens

ultimamente da Junta da Real Fazenda; mas as que aqui vierem, eu as não

faço remeter, por V. Ex.a assim o entender, e mo ter partecipado. Na mesma

carta me lembra V. Ex.a a remessa da cal, e tejolo, e já quando recebi esta

carta tinha remetido doze moios de cal; mas depois de ter chegado esta em-

barcação a pouca distância dessa Barra, veio arribada a esta Ilha com ágoa

aberta, de forma, que se descarregou, e não está capaz de ir neste tempo a

esta costa, e aqui não tenho embarcação para levar estes dous gêneros: Eu

já disse a V. Ex.a em outra ocasião não ter embarcação para conduzir o tejolo,

devendo V. Ex.a estar certo, que estes deferentes materiaes estão promptos

para embarcar, logo que V. Ex.a mandar embarcações, ou aqui chegarem de

outras partes em termos de poderem ir a essa costa; mas desejo que V. Ex.a

me mande dizer os moios, ou alqueires que precisa de cal e também os mi-

lheiros de tejolo, e na premeira ocasião irão seis paos de jangadas, que um

dia destes me disse o chefe da esquadra havia lá embaixo, que são os únicos,

que se não têm remetido.

Na carta de 25 me sigura V. Ex.a o quanto sente a continuação da minha

moléstia: Eu beijo a V. Éx.a as mãos por tanto obséquio, que devo a V. Ex a,

e sempre tenho a maior consolação de ver que estas moléstias me não têm

embaraçado a continuação do real serviço do nosso soberano, e de prompta-

mente socorrer a V. Ex.a com todos os meus desejos: Eu me acho quebrado

da brilha direita, e ainda que esta infelicidade a meu ver, me sucedeo há

um ano de um salto que dei de um andame da Casa da Pólvera que estava

fazendo, há pouco tempo é que se capacitavam estes cirurgiões do que me

queixava, mas também esta moléstia me não dá maior incômodo.

Sinto que V. Ex.a continue a padecer a falta de carnes, que me sigura,

e só por ser dito por V. Ex.a é que se não deve estranhar; pois sempre se

disse, que por essas partes havia muita abundância de gado.

Agradeço a V. Ex.a o mapa do que deixaram os castelhanos, e aqui se

dezia ser ainda cousa maior, principalmente mantimentos, que deziam, poderia

sustentar a tropa um ano.

Fico certo no que V. Ex.a diz a respeito dos sinaes se fazerem no forte

de São José da Barra, farei as adevertências necessárias aos mestres das embar-

cações que daqui saírem.

Ontem entraram duas embarcações do Rio de Janeiro, e em uma veio

a carta, que remeto para V. Ex.a; eu recebi carta do Ajudante-das-Ordens

Gaspar José de Matos em que me diz, virem-se incorporar ao regimento desta

Ilha a tropa que guarneceo as embarcações, que aqui se armaram; mas ainda

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103-.3-236, 1983.

Page 105: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 106 -

esta tropa não chegou por vir em outra embarcação, e também o Alferes

Diogo Manoel da Ponte do Regimento de Estremoz, um capelão, um sargento,

e cabo de Bragança; e alguns soldados destes dous regimentos, e do meu quese vão incorporar aos seus regimentos; e dos mesmos vêm com passage parao regimento desta Ilha, quatro do meu regimento, outros tantos de Estremoz,

e sete de Bragança, mas nada disto ainda chegou, e se avisa ao Governador

desta Ilha vir na mesma ocasião as bandeiras do Regimento de Manoel Mexia:

Eu creio que também virá algum pagamento para essa tropa, que o hei de

fazer conduzir pelo referido alferes, e mais tropa referida.

Foi V. Ex.a servido dizer-me quando lhe partecipei ter-se remetido paraestes armazaens os fardamentos dos referidos três regimentos, que fizesse re-

meter as miudezas, e que os panos e forros, e mais pertences, podiam ter

demora de três meses, ou cousa semelhante: Queira V. Ex.a agora dizer-me

se se devem remeter estes fardamentos, e se devem ir por mar, ou por terra,

e eu em todas as ocasiões desejo servir a V. Ex.a, e obsequiá-lo com a mais

prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 3 de junho dc 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

103 II.e Ex.mo Sr.

Tive o gosto de receber as letras de V. Ex.a de 25 do mês passado, de-

vendo sempre repetir a V. Ex.a não só os meus agradecimentos, mas que queiraV. Ex.a sempre continuar-me a sua amizade e o seu favor, e também agradeço

a V. Ex.a a remessa da relação do espólio que deixaram os castelhanos, queaqui se tem dito ser cousa formidável, principalmente mantimentos.

Estimo muito que V. Ex.a se recolhesse da sua aubsência sem moléstia,

e que deixasse os seus postos adientados com sigurança, e a satisfação de

V. Ex.a, e é bem certo, que pelo retrato que V. Ex.a faz há muita deferença

do vivo, ó pintado, e creio que a maior utilidade que há, é estar a Barra

desembaraçada, e já aqui se tinha dito que V. Ex.a tinha remetido üa carta

ao general espanhol, ou vinda do Rio de Janeiro, ou das Secretarias de Es-

tado de um dos monarcas e nesta embarcação que chegou do Rio de Janeirose diz ter chegado aquela cidade com dezasseis dias de viagem a embarcação

que V. Ex.a ultimamente fez daí sair comandada pelo Tenente José de

Melo dizendo-se que V. Ex.a foi uns dias a encontrar-se com José Marcelino,

e a tropa, que acompanhava a Rafael Pinto, e se diz que a embarcação não

deo à costa, e sim entrou nesse Rio por falta de mantimentos.

De Lisboa não tem chegado embarcação ao Rio de Janeiro e sim duas

ao porto de Santos e se dá a notícia de se ter perdido junto à fortaleza de

São Julião o navio Aniceta, tendo escapado Ga só pessoa, o qual ultimamente

tinha ido da Bahia carregado com o lucro de trinta mil cruzados de fretes,

tendo esta desgraça por conta de üa grande sarração, que logo perdeo de

vista üa charrua holandesa se lhe guio [?] esta infelicidade; e se diz mais que

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 106: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 107 -

na nossa corte houve üa forte tempestade, que muitas casas esprimentaram

grande ruína, e que ficavam a sair três embarcações para o Rio de Janeiro,

sendo bem certo que a novidade em que eu mais me interesso, é que isto se

ponha em estado de eu daqui sair.

No Rio de Janeiro se espera com grande espetação notícias desse Rio

Grande; que eu não sei qual elas possam ser, isto é, se o que o Sr. Marques

tem dito e ainda V. Ex.a; ser certo, a respeito de se fiarem os projectos em

que V. Ex.a estava: Creio não ser prejuízo repetir a V. Ex.a queira consumir

logo esta e outras cartas em que falo particularmente

a V. Ex.a a quem eu

sempre desejo obsequiar, e dar gosto com a maior vontade. Deos guarde a V. Ex. .

Ilha de Santa Catarina em 3 de junho de 1776.

II.»0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

De V. Ex.a

Captivo o mais obrigado, e venerador

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

104 Il.mo e Ex.mo Sr.

Remeto a V. Ex.a esse saco de cartas do Il.ra° e Ex.m° Sr. Vice-Rei do

Estado, vindo na sumaca Nossa Senhora da Conceição, São Francisco, e Almas

de que é mestre Antônio da Costa Pereira que saio do Rio de Janeiro a

4 do mês passado com carga da Fazenda Real, e de particulares indo em

direitura a esse Rio Grande aonde esteve fundiado junto com outra em-

barcação, que entendo ser, da de que é mestre Antônio da Costa Pinto, e por

causa do tempo depois de perder deus ferros seguio para o mar e por mais

três vezes foi buscar essa Barra, e de nenhüa delas pôde ter a fortuna de

entrar nela vendo-se obrigado por falta de ferros, e de outras faltas, vir

arribado a esta Ilha.

Também aqui se acha arribado José Joaquim de Freitas Lisboa, mestre

da sumaca Nossa Senhora da Conceição, Santo Antônio e Almas, armada

a curveta, que foi três vezes a essa altura, mas sempre afastada dessa Barra

noventa légoas por nunca ter tempo de se poder chegar, a essa Barra, leva

carga da Fazenda Real, e de particulares, saio do Rio de Janeiro

a 15 ou 16

de maio.

Há poucos dias também daqui saio a sumaca por evocação Nossa^ Se-

nhora do Rosário São João Baptista e Almas de que é mestre Antônio

Pereira do Couto expedida pelo ouvidor de Parnaguá com três mil e trezen-

tos alqueires de farinha.

Também ontem chegaram duas pequenas lanchas, Ga com mil alqueires

de farinha, e outra com novecentos e sessenta, ambas espedidas pelo ouvidor

de Parnaguá; a premeira espedida para aqui, e a segunda para esse Rio

Grande com carta para a Junta da Real Fazenda desse Continente, mas eu

a vejo tão incapaz, e tão mal aparelhada, que provavelmente a mandarei

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 105:3-236, 1983.

Page 107: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 108 -

aqui descarregar, por não querer pôr em risco certo este mantimento, e prin-cipalmente a gente desta lancha.

Aqui estou mandando apromptar üa sumaca que mandei buscar a La-

guna para levar para esse Rio Grande algúa cal, e tejolo, que V Exa dizprecisa e estou esperando pela resposta de V. Ex.* para saber a quantidadeque V. Ex.a quer destes gêneros, e se V. Ex* os manda buscar; sendo bemcerto que todo o meu interesse é socorrer tudo o que pertence à jurisdiçãode V. Ex. a quem sempre desejo obsequiar com a maior vontade. Deosguarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 15 4e junho de 1776.

H « e Ex.™ Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

105 II .nw e Ex.mo Sr.

Desejo que V. Ex.a vá continuando a passar muito bem, e ter eu o gostode ver a V. Ex.a com brevidade; mas estas esperanças se não adientam pornao ter chegado ao Rio de Janeiro até o fim do mês passado embarcação

da Europa; porém esperava-se todos os dias, e eu aqui também estou espe-

rando do Rio de Janeiro a Infantaria com que se guarnecerão as embarca-çoes que foram entrar nesse Rio.

^ p°r uma sumaca

que tem a evocação Nossa Senhora do Rosário e SãoJoão Baptista e Almas tive a liberdade de remeter para V. Ex.a quatro cai-xotes de laranjas,

por me dizerem que na parte onde V. Ex a

se acha as nãohá; mas o tempo é agora tão contrário

que creio não chegarão capazes deV. Ex. se aproveitar delas, e se assim suceder a perda não é considerável.

Aqui vêm vindo as embarcações arribadas que vão do Rio de Janeiro

para esse Rio Grande as quaes me dão bastante enfado porque todos queremo que aqui não há; uns amarras; outros âncoras, e pano, e cabos, e eu voufazendo todo o esforço para remediar estas faltas; sendo bem certo que seeu podesse nenhüa embarcação havia navegar até setembro para esse Conti-nente. De-me V. Ex.a as suas estimadas notícias e ocasiões de o servir, e emque possa mostrar o desejo

que tenho da continuação da amizade de V ExaDeos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 15 de junho de 1776.

Il.mo e Ex.mtl Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Muito amigo e obrigado captivo

Antonio Carlos Furtado de Mendonça

106 Il.mo e Ex.mo Sr.

A ultima que recebi de V. Ex.a foi de 10 deste mês, em que V. Ex.a

diz lhe faz üa grandíssima pena àrribada do Fincão, que levava os doze

moios de cal, que eu tinha partecipado a V. Ex.a, devendo dizer-lhe que

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 70.5:3-236, 1983.

Page 108: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 109 -

presentemente está carregando outra sumaca, que pode ser leve mais moios,

que os doze, e também há de levar algum tejolo; e eu estou esperando que

V. Ex.a me diga as quantidades que quer destes dous materiaes, e também

se devo mandar os fardamentos que aqui se acham, e se devem ir por terra,

ou por mar, desejando ua prompta resposta para puder fazer logo o que

V. Ex.a me partecipar.

Os meus reparos, acerca do encontro das nossas embarcações com a dos

castelhanos, já vejo que não foram bem fundados; pois um dos comandantes

das nossas que chegou há pouco do Rio de Janeiro me diz que o Il.m# e

Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei aprovou tudo o que se tinha feito, e eu em

outra ocasião hei de remeter a V. Ex.a por cópia as cartas que uns, e outros

comandantes escreveram para serem socorridos.

Agora vou a dizer a V. Ex.a que chegou o pagamento para o mês de

julho da tropa, que se acha nesse Continente, e sem nenhuma demora o

fiz espedir pelo Alferes Diogo Manoel da Ponte do Regimento de Estremoz,

e por Caetano Xavier sargento do Regimento de Bragança na forma que

tinha avisado a V. Ex.a, indo nesta mesma ocasião os soldados que se vão

incorporar aos seus respectivos regimentos na forma da minha última carta,

c já aqui não ficam nenhuns da tropa pertencente a São Paulo, que aqui

estavam doentes.

Também na minha última carta falei a V. Ex.a sobre as farinhas, dizen-

do-lhe que o ouvidor de Parnaguá, e o capitão-mor do Rio de São Francisco

me tinham escrito, dizendo tinham tido nova ordem da Junta da Real Fazen-

da, do Rio de Janeiro para as farinhas irem em direitura a esse Rio Grande,

e tendo eu partecipado ao Sr. Marquês Vice-Rei o risco que elas corriam, e

que V. Ex.a tinha provimento bastante foi o mesmo senhor servido em carta

de 28 do mês passado dizer-me, que o tempo, é certo, que é muito mau, e

que só a precisão que tivesse o Exército de ser provido poderia fazer descul-

pável estas remessas em munção de tanto risco, e que em cuja conformidade

a suspenda eu até V. Ex.a avisar do tempo em que precisará deste mantimento

assim, que em tempo competente se possam fazer os avisos necessários, de

sorte que se não venha a exprimentar falta, e por este motivo fico de acordo,

não fazer daqui remessa de farinha até segundo aviso de V. Ex.a, que desejo

seja com tal antecipação que a tropa, que tem a honra de estar debaixo da

ordem de V. Ex.a não exprimente falta.

Também fiz remeter o pagamento do presente mês para o destacamento

que se acha nesse Continente do Regimento desta Ilha, o que tudo V. Ex.a

verá da relação que remeto.

A embarcação que avisei a V. Ex.a ter daqui expedido, com três mil e

trezentos alqueires de farinha remetida pelo ouvidor de Parnaguá, veio outra

vez arribada, que saindo pela Barra do Sul, veio entrar pela do norte.

Estimarei que V. Ex.a me queira sempre dar ocasiões de lhe poder mos-

trar o meu respeito. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 22 de junho de 1776.

II mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103¦.5-236, 1983.

Page 109: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

110 -

107 Relação do dinheiro que se remete para a fronteira do Rio Grande pelo

Alteres do Regimento de Estremoz Diogo Manoel de Pontes, e pelo Sar-

gento do Regimento de Bragança Caetano Xavier: o seguinte.

Para soldos do mês de julho do presente ano de toda tropa

que aí se acha

Para soldos do mês de junho do presente ano do destaca-

mento do Regimento desta Ilha que aí se acha

16:1115038

139$650

Soma 16:250$688

Ilha de Santa Catarina 18 de junho de 1776.

Félis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

108 H-mo e Ex.m!> Sr.

Remeto a V. Ex.a as cartas, que acabo de receber para V. Ex.a vindo

na mesma ocasião o pagamento para essa tropa do mês de agosto, e aviso

nesta mesma ocasião ao Governador desse Continente para mandar escolta

para o conduzir. .

Na última carta que recebi de V. Ex.a não veio a relaçao em que devia

constar o teiolô, e cal, que se precisava para essas obras, como V. Ex. me

dezia, e nesta ocasião faço sair Ga embarcação com douze moios de cal, e

três mil seiscentos, e cincoenta e dous tejolos que V. Ex.a será servido mandar

pôr em arrecadação, pagando-se a esta embarcação os seus competentes

fretes, ou passando-se-lhe letra para a Tesouraria Geral do Rio de Janeiro

(no caso que aí haja ordem para semelhante coisa.)

O IInw e Ex»1» Sr. Marquês Vice-Rei me avisa fazer remeter nesta

mesma ocasião em que vem o referido pagamento vinte ofeciaes dos ofícios

de ferreiro, e carpinteiro para serem remetidos a entregar a ordem de V. Ex.

para os empregar nas obras daqueles mesmos ofícios, sobre o que escreve

ao Governador desta Ilha para assim o fazer executar, sendo por ora o que

tenho que pôr na presença de V. Ex * a quem sempre desejo obedecer. Deos

guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 1.° de julho de 1776.

II,m° e Ex.™0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

109 il.m° e £x.mo Sr.

Por oficio de 20 de junho, me determina o Ex.100 Sr. Marquês Vice-Rei,

que faça remeter a V. Ex.a vinte artífices de ferreiros, e carpinteiros, que se

transportaram a esta Ilha em duas sumacas do Contrato das Balen-s, que

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3*236, 1983.

Page 110: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 111 -

chegaram ontem a este porto; e achando mais conveniente, que sendo estes

conduzidos nas três diferentes embarcações, que se acham a sair para esse

porto, iriam com mais segurança, e brevidade, ponho na presença de V. Ex.a

a relação inclusa dos que remeto nesta ocasião.

Tive a honra de receber estes dias uma carta de V. Ex.â em resposta de

algumas minhas, devendo agradecer a V. Ex.a estes efeitos do maior obséquio,

e afecto, que continuo a merecer a V. ExA Deos guarde a V. ExA

Ilha de Santa Catarina 1.° de julho de 1776.

De V. Ex.a

O mais afetuoso criado e reverente venerador

Pedro Antônio da Gama e Freitas

110 Relação dos oficiaes de ferreiros, e carpinteiros, que passam nesta era-

barcação ao Rio Grande.

Ferreiros.

Bernabé Martins

Antônio da Costa

Paulo Tavares

Carpinteiros

Manoel da Costa

José Teixeira dos Santos. *

111 II."10 e Ex.mo Sr.

Estou muito desfavorecido de notícias de V. Ex.a pois neste mês ainda

não as recebi, nem do Rio de Janeiro tem chegado embarcação depois que

escrevi a V. ExA Vai essa promunção que devia ter ido na última carta,

e estamos bem desejosos de notícias do Reino: Estimarei que V. Ex.a vá

passando muito bem, e que me premita sempre o siguro de sua amizade,

e ocasiões de o servir para o que sempre estou prompto. Deos guarde a V. ExA

Ilha de Santa Catarina em 12 de julho de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

D^V. Ex.a

Muito obrigado captivo, e venerador

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

112 11.®° e Ex."® Sr.

A última que escrevi a V. Ex.a tem a data do premeiro deste mês, não

tendo depois recebido nenhúa de V. Ex.a, e nela avisava ter chegado o paga-

mento dessa tropa para o mês de agosto, e como até agora não tenho notícia,

que esteja em caminho, escolta para o conduzir, me resolvo mandá-lo para

a Laguna para com mais promptidão chegar esta remessa, e não haver falta

no pagamento da tropa, mandando na mesma ocasião o pagamento deste

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-286, 1983.

Page 111: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 112 -

mês para o destacamento do Regimento desta Ilha, que se acha tambémnesse Continente, o que tudo consta da relação

que remeto a V. Ex.a, reme-tendo também à Junta da Real Fazenda os conhecimentos competentes naforma do estilo.

Quando aqui se apromptaram embarcações que entraram nesse Rio

Grande mandei assistir aos ofeciaes de infantaria do regimento desta Ilha,

que as guarneceram com dous meses de comedorias; estes agora pedem selhes mande satisfazer o que se lhes deve até chegarem ao Rio de Janeiro:Queira V. Ex.a dizer-me se estes ofeciaes foram aí assistidos com carne, ou

outros gêneros, e o tempo que se lhes assistio e se quando foram para o Rio

de Janeiro se se lhe meteu mantimentos para os mesmos ofeciaes, ou se

estes foram comendo à sua custa para saber o pagamento que se lhe devefazer de comedorias.

A carta inclusa do chefe da esquadra foi entregue no mesmo dia em

que expedi a última parada a V. Ex.a, dizendo este que bastava fousse na

premeira ocasião.

Há poucos dias não tinha saído da Barra do Sul a embarcação de calde que remeti conhecimentos, e já tornei a recomendar a brevidade com

que devia sair, ontem, e hoje tenho feito delegência para ver se üa embar-cação que aqui descarregou de farinhas se era capaz de conduzir mais ma-teriaes, mas na vestoria que se lhe fez se não achou capaz.

Ainda não sei que quantidade de cal, e tejolo hei de remeter no caso

que tenha embarcação para se conduzir, e também espero os últimos

avisos de V. Ex.a para fazer remeter os panos, e forros dos fardamentos

dos regimentos da Europa sendo que tenho a honra de pôr na presençade V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 12 de julho de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

113 Relação do dinheiro que se remete para a Provedoria do Continente do

Continente * do Rio Grande de São Pedro pelo Alferes de Granadeiros Ber-

nardo de Sousa Henriques, e o Cabo de Esquadra Jacinto Jaques de Oeiras

o seguinte para entregar ao Comandante da Vila da Laguna, e de lá ser

remetido ao referido Continente.

Para soldos do mês de agosto do presente ano de toda a

tropa que ali se acha I6:lll$040

Para soldos do mês de julho deste ano do destacamento

desta Capitania que se acha destacado no dito Continente 142Ç915

Soma 16:2533955

Ilha de Santa Catarina 12 de julho de 1776.

Félis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

• Repetido no manuscrito.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 703:3-236, 1983.

Page 112: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 113 -

114 Il.mo e Ex."10 Senhor

Por üa embarcação, que desta Ilha passou carregada de cal, e tijolo a

esse porto tive a honra de escrever a V. Ex.a, e já nela fazia menção da

carta, que recebi de V. Ex.a de 15 do passado em reposta da minha de 2 do

mesmo mês: aquela me segura da constante ami/ade, e favor, que continuo

a merecer de V. Ex.a; e igualmente me dá a certeza de que V. Ex.a não

tem novidade na sua preciosa saúde, que tão cordial, e afetuosamente

desejo a V. Ex.a por obrigação, e por gratidão: esta é a única, e a mais

significante demonstração de que costumam servir-se aqueles, que como

eu, desejam desempenhar as suas obrigações, e não possuem outro equiva-

lente: eu ofereço, como sinal, e prova de que conheço e confesso as minhas

dívidas; mas não como satisfação delas, por me não ver privado de fazer

sempre a V. Ex.a as mais sinceras confissões do meu agradecimento.

Ontem chegou üa parada do Rio de Janeiro, e pelas cartas, que se

receberam consta ficar Sua Majestade, que Deos guarde, já restabelecido

da moléstia da sua perna. As notícias da nossa corte dão a esperança de

se porem as nossas tropas em sossego.

Ao mesmo Rio de Janeiro chegaram os fardamentos dos Regimentos

da Bahia, São Paulo, Pernambuco, e Porto; e 1500 armas de infantaria,

e 400 de cavalaria. E pelos navios, que em Lisboa ficavam a partir se

esperam mais alguns petreichos de guerra.

Permita-me V. Ex.a no seu serviço os maiores empregos para crédito

da minha fiel amizade e de que verdadeiramente sou.

S. Catarina 18 de julho de 1776.

De V. Ex.a.

O mais obrigado venerador e fiel

Pedro Antônio da Gama e Freitas

115 II.mo e Ex.mo Sr.

Tenho recebido a última carta de V. Ex.a de 6 deste mês em resposta

às minhas de 15 e 22 do mês passado, sendo bem certo que a presente

estação é bem própria de se esperar, que as embarcações mandadas para

essa costa arribem a este porto, aonde ainda se acham duas das referidas,

úa delas por esperar do Rio de Janeiro âncoras, e amarras, e a outra porque

o mestre dela tem estado com doença de perigo, tendo recaído desta a

tempo que estava para sair, e com brevidade creio poderá continuar a sua

viagem, tendo daqui já partido a embarcação que levou o cal, e tejolo, que

saio da Barra do Sul no dia 11, e quanto às farinhas dos mantimentos

estão estas suspendiadas na forma dos avisos que V. Ex.a me tem feito.

Fico certo não mandar mais cal, visto V. Ex.a me dizer que se satisfaz

com a remessa dos douze moios que iam no Fincão, tendo levado esta

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-256, 1983.

Page 113: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

— -114 -

quantia a embarcação referida no capítulo antecedente, e com o tejolo quejá avisei a V. Ex.a.

Enquanto aos fardamentos dos três regimentos da Europa, como estesvieram remetidos ao Governador desta Ilha, a ele partecipei o que V. Ex.ame partecipou, e creio que com brevidade fará remeter o fardamento do

Regimento de Bragança que estando este em termos de embarcar no Fincão,

não vai nele porque o fico expedindo para a Colônia com cartas queontem recebi do li."» e Ex.®° Sr. Marquês Vice-Rei do Estado.

Quanto a V. Ex.a dizer que resolva eu a respeito do fardamento domeu regimento, eu desejo que seja V. Ex.a quem o resolva ficando por oraeste aqui até detreminação de V. Ex.a.

Vejo o que V. Ex.a me diz a respeito do prejuízo que entende podehaver com a demora dos pagamentos, e por este motivo antes de receber acarta de V. Ex.a sem esperar a partecipação de ter chegado a Laguna aescolta para conduzir o do mês de agosto, o fiz remeter ficando na reso-lução^

que logo, que chegaram estas remessas do Rio de Janeiro sem

nenhüa demora as farei remeter ao Comandante da Laguna para ali se

acharem este: pagamentos promptos para serem conduzidos como V. Ex.a

lhe parecer para o que continuarei também, como ategora a partecipar a

V. Ex.a, e ao Governador desse Continente da chegada destas remessas, e

de fazê-las remeter na referida forma, tendo atequi respondido a última

carta de V. Ex.a.

Agora desejando eu sempre obsequiar a V. Ex.a e partecipar-lhe asnotícias que se me partecipam; vou a dizer a V. Ex.a que ontem recebi üa

parada do referido Sr. Vice-Rei. expedida no último do mês passado, quedepois de me recomendar a continuação da deligência de se conseguir ochegarem as referidas paradas em menos tempo, e de lhe ser preciso inviar

cartas para a Colonia, não tendo no porto do Rio de Janeiro embarciaçã,o

nenhüa, que houvesse de sair para aquela praça, mas remetia para quecom brevidade possível as expedisse pelo modo que se me oferecesse mais

fácil, desejando que os navios que tinham chegado presentemente de

Lisboa nos traziam a gostosa notícia de Sua Majestade Fedelíssima nosso

amo se achar inteiramente convalescido da impertenente moléstia, que tinha

exprimentado em üa perna, e que a corte se conservava ainda até aquele

tempo em Salvaterra, mas se esperava muita novidade em Lisboa, e quetoda a mais família real se conservava na mais perfeita saúde, que todos

desejamos, e que os negócios públicos todos siguram estarem em um sem-

blante que nos esperanceiam a todos o maior sussego: Todas estas novi-

dades são de gosto; e as últimas paradas esperanceiam, que eu poderei ter

o gosto de V. Ex.a me ver ainda mandando o meu regimento e merecer a

V. Ex.a os aplausos que sempre lhe devi: Agora só me resta dizer a V. Ex.a,

pois entro em dúvida se já disse a V. Ex.a que o major do Regimento de

Pernambuco fazendo exercício na parada ferio no embigo a um soldado,

que depois veio a morrer: prendi este ofecial, e dei disto conta ao .Sr

Vice-Rei, remetendo-lhe juntamente üa declaração autêntica que fez este

soldado em presença de várias testemunhas, em que declarava que aquele

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 114: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

—^ .115.—

sucesso não tinha sido feito de propósito, e sim casualmente, de que per-

doava o referido major.

Desejo que V. Ex.a continue a passar muito bem, e que me dê sempre

ocasiões de eu poder mostrar o quanto respeito a V. Ex.a. O Sr. Vice-Rei

também me partecipa ter chegado de Lisboa o fardamento para o Regi-

mento de Pernambuco, e que o faz remeter com a brevidade possível, tam-

bém estimo esta notícia pela muita necessidade que tinha este regimento

de fardamento. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 18 de julho de 1776.

Il.rao e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

116 U.mo e Ex.mo Sr.

Nesta ocasião faço expedir para a Laguna, na forma que se tem pra-

ticado dezassei? contos, cento e onze mil e outenta réis para pagamento do

mês de outubro da tropa que se acha nesse Continente, que esta tarde se

recebeo nesta Provedoria; e assim mais faço rémeter cento trinta e nove

mil seiscentos e cincoenta réis para pagamento deste mês do destacamento

do Regimento desta Ilha, que se acha nesse Continente; o qtie tudo consta

pela relação, que tenho a honra de remeter a V. Ex.a, partecipando nesta

mesma ocasião a Junta da Real Fazenda da referida remessa.

Também remeto a V. Ex.a üa via do Il.mo e Ex.01® Sr. Marquês Vice-Rei

para V. Ex.a o qual me diz terem arribado àquela cidade duas embarcações

de guerra castelhanas, que suponho serem as mesmas que se encontraram com

a curveta do.Fincão, e como suponho que o mesmo Sr. Vice-Rei partecipará

a V. Ex.a algüa cousa a respeito destas embarcações, é o motivo por que

não repito o que se diz delas do Rio de Janeiro.

Há mais tempo tive a honra de proguntar a V. Ex.a se os ofeciaes que

foram para a expedição da entrada nesse Rio, se receberam aí ração, ou

comodorias para se lhe dever pagar o resto de algum tempo: Queira V. Ex.a

responder-me aquele capítulo para se poder fazer o referido pagamento.

O Governador desta Ilha me disse ter recebido carta de V. Ex.a em

que lhe partecipava ter chegado a esse Rio Grande üa das embarcações

que aqui vier?m arribadas, o que estimo, e desejarei tenha o mesmo bom

sucesso a outra que já também daqui saio; e sempre desejo ocasiões de

puder obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 4 de agosto de 1776.

Il.ra0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

117 Relação do dinheiro que se remete à Vila da Laguna pelo Tenente de

Infantaria João da Costa da Silveira, e o Cabo de Esquadra Jacinto Jaques

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 115: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 116 —

de Oeiras ambos do regimento desta Capitania, para da dita vila sertransportado ao Continente do Rio Grande de São Pedro.

Para soldos do mês de outubro do presente ano de toda a

tropa que atualmente se acha no Continente do Rio

Grande

Para soldos do mês de septembro deste ano do destacamento

pertencente ao regimento desta Capitania que se acha no

mesmo Continente

16:111$038

1391650

Soma 16:250.|688

Ilha de Santa Catarina 4 de septembro de 1776.

Fé lis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

118 II."® e Ex.mo Sr.

Não tenho respondido a última carta de V. Ex.a de 22 do mês passado,

por intender que chegaria embarcação do Rio de Janeiro, e querer remeter e

querer remeter* juntamente as cartas que viessem para V. Ex.a; mas como

esta vai tardando, me pareceo justo não demorar as cartas que remeto paraV. Ex.a do Sr. General de São Paulo, e do Governador da Colônia, que esta

última veio no saco que V. Ex.a remeteo, que escapou do naufrágio da

sumaca que se perdeo vinda da mesma Colônia, estimando no meu coração

a notícia que V. Ex.a me partecipa de se salvar toda a gente desta embar-

cação, na que mandei daqui carregada de cal, e tejolo, que também

estimo chegasse, ficando na certeza de que V. Ex.a por ora não quer mais

destes materiaes, que sendo precisos os remeterei, tendo embarcação; de-

vendo agradecer a V. Ex.a ter mandado entregar ao Major Nóbregâ o

preto que vinha para mim da Colônia, o qual tinha eu mandado ao Coronel

Domingos Corrêa para lá examinasse Gas poucas de desordens desta casa.

Pressuado-me que V. Ex.a já terá noticia do Alferes Diogo Manoel do

Regimento de Estremoz que foi quem conduzio o dinheiro pertencente a

este mês, e como até agora não tem chegado o que pertence a setembro me

parece que para não haver demora nele se havia aí ir adientando a escolta

para o conduzir, pois já tive a honra de partecipar a V. Ex.a a resolução

em que estava de fazer aqui sem perda de tempo remeter para a Laguna

todas as remessas que viessem.

Aqui chegou o sargento-maior reformado Martinho Correia o qual deve

seguir para o Rio de Janeiro na premeira embarcação que aqui chegar;

* Repetido no manuscrito.

An. Bibi. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 116: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 117 -

sendo por ora o que tenho que pôr na presença de V. Ex.a a quem sempre

desejo obedecer com a maior vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 15 de agosto de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

119 U.mo e Ex.mo Sr.

A última que tive a honra de receber de V. Ex.a, é de 22 do mês

passado, e por entender, que chegaria embarcação com brevidade do Rio

de Janeiro, é o motivo por que não tenho ido há mais tempo por este modo

à presença de V. Ex.a a continuar agradecer-lhe o seu favor, e a sua amizade:

Estimo que V. Ex.a vá continuando a passar muito bem, e creio que

V. Ex.a fez muito, e muito bem em mandar a fragata Graça para o Rio

de Janeiro para assim se livrar de maior despesa, e a mim ainda me

parecia que alguma das outras embarcações podiam daí sair; Deus premita,

que isto se ponha em tempo de V. Ex.a se ver livre de amofinações, e eu

ter o gosto de ver-me na presença de V. Ex.a.

Sinto que as laranjas não chegassem capazes, mas sempre hei de ir

vendo nas mais embarcações, que daqui saírem, se podem chegar em milhor

estado, queira V. Exa.a ter-me sempre na sua obediência, dando-me

ocasiões de o servir. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 1S de agosto de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo o mais obrigado, e venerador

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

120 Il.rao e Ex.mo Sr.

Eu não tive o gosto de receber carta de amizade na parada expedida

a 11 deste mês, e sem embargo de ter-me acabado de sangrar por causa de

um grande ataque, vou da forma que me é possível à presença de V. Ex.a

a dizer-lhe que esta curveta dos azeites que chegou diz, que na curveta

Conceição é que vem as cartas: Eu tive só üa de um dos meus procura-

dores, e só me diz, que os auxiliares de Minas se tinham retirado, e que

Joaquim Pedro estava com efeito justo a casar em Minas com üa filha do

Capitão-Mor Pedro Teixeira, o qual V. Ex.a se há de lembrar tê-lo visto

no Rio de Janeiro, que tem üa pequena figura do Governador de Malmá-

tide: Diz o mestre da embarcação que chegou, que havia já notícia de ter

chegado a Lisboa a fragata Graça com ágoa aberta depois de ter arribado

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 117: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- na-

às ilhas, e que tinha chegado há tempos um navio de Lisboa, que creio é

depois de terem chegado no fim de junho os três que partecipei a V. Ex.a, eagora só me resta desejar

que V. Ex.a tenha dó da noiva de Joaquim Pedro,

pois este tem poucas, forças para a satisfazer: Dê-me V. Ex.a'as suas or(}ens,e ocasiões de o servir, e na carta de serviço me esqueceo dizer a V. Ex.a, queiaa das duas embarcações

que aqui se acham arribadas que iam para esseRio Grande não tem partido por lhe não terem chegado as âncoras, eamarras

que espera do Rio de Janeiro. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 20 de agosto de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Captivo o mais obrigado e venerador

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

121 Il.mo e Ex.mo Sr.

Esta menhã recebi a carta de V. Ex.a do último do mês passado, expe-dida pela parada no dia 11 deste mês, não tendo mais que respondera ela, que dizer a V. Ex.a, que tudo o que V. Ex.a tem dito a respeito dosfardamentos o tenho partecipado ao Governador desta Ilha, que é a querovieram recomendados: Enquanto ao do meu regimento irá também

quan-do V. Ex.a o mandar, agradecendo a V. Exa a partecipação de ter man-dado para o Rio de Janeiro a fragata Graça Devina, e eu farei remeter

para o Sr. Marquês na premeira ocasião, que se oferecer (que será breve)o saco de cartas que V. Ex.a remete para o mesmo senhor.

Agora vou a dizer a V. Ex.a que dando fundo a curveta Victória doContrato dos Azeites ao pé da Ilha da Galé vinda do Rio de Janeiro, eindo a seu bordo Ga lancha,

que andava à pesca das baleas, esta trouxe anoticia que a dita curveta escapara de ser tomada de duas setias caste-lhanas, que topara armadas em guerra, em pouca distância fora destaBarra, as quaes logo que viram esta curveta, velejaram para ela, e lheatiraram três tiros com bala; porém que anoutecendo, e fazendo esta curvetaforça de vela lhe escapara, e como sube esta notícia premeiro que o chefeda esquadra lho partecipei para que ele cxamitiHSse isto; a tempo que ele

já tinha mandado o escaler à Ilha da Galé saber que embarcação era esta,

e me partecipou, que se achava dado fundo esta curveta, e que ele tinha

avistado a 12 do corrente úa setia, e um bargantim espanhol as quaes indo

no bordo do norte com vento leste, logo que deram fé da nossa curveta

botaram em cheio para ela, e que pelas quatro horas da tarde lhe atirou

a setia, que vinha mais adientada, três peças, e que presseguiram até noutefechada, e que isto foi na latitude de 25 graus, e 10 minutos, e na longitude

de 40 graus, e 40 minutos, e que pela distância em que atiraram não pode-ram destinguir se eram, ou não com bala; e não me contentando com estas

notícias mandei sem perda de tempo buscar o mestre desta embarcação;

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 70*3-236, 1983.

Page 118: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 119--

que já então tinha tido vento para entrar, e fazendo-lhe as pfoguntas, que

me pareceram, disse este mestre que aos três dias de ter saído do Rio de

Janeiro na altura de 25 graus, e 10 minutos, supondo-se trinta légoas ao

sul de São Sebastião encontrara üa setia de três mastros, e um bragantim

de dous. que entendia terem bandeira espanhola como vinham à poupa

para ele: trazia a setia a bandeira no tope grande, e o bragantim no caran-

gueijo da mezena, e este trazia fâmula no tope grande, e que avistou estas

embarcações a 12 deste mês pelas duas horas da tarde, as quaes vinham à

bolina no bordo do norte, e deitaram à poupa para ele, e assim o seguiram,

e às quatro horas da tarde lhe atirou a setia um tiro, às quatro e meia outro,

e às cinco, e um quarto outro, e que metendo-se a noute não soube mais

deles e que só vira ao princípio da noute, que ascenderam os seus faroes

os quaes vio por pouco tempo, e que quando lhe atiraram o premeiro

tiro estaria em distância de um quarto de légoa, e que na mesma distância

lhes atiraram os outros; não percebendo se foram, ou não com bala, e que

como vinham à poupa não poude ver, que peças tinham, nem se traziam

muita, ou pouca gente. O chefe da esquadra com estas notícias saio para

fora, e a mim me parece, se estas embarcações eram espanholas, que vinham

da Europa para Monte Vedio, sem embargo deste mestre dizer, que iam

no bordo do norte, e pode suceder que sejam nossas, e que ele não as co-

nhecesse, e afirma não serem o bragantim dos azeites, nem a curveta Con-

ceição que saíram do Rio de Janeiro juntas com esta; mas sem embargo

deste meu parecer, que pode não valer de nada, me pareceo partecipar isto

a V. Ex.a. A referida embarcação digo curveta, e bragantim ainda não che-

garam, e na curveta vem dinheiro para pagamento dessa tropa; o qual logo,

que chegar o hei de fazer expedir na forma que já tenho partecipado a

V. Ex.a a quem sempre desejo obsequiar com a maior vontade. Deos guarde

a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 20 de agosto de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

122 Il.mo e Ex.mo Sr.

Chega a curveta Conceição em que ultimamente falei a V. Ex.a em

a qual veio o pagamento para o mês de setembro para a tropa que se

acha nesse Continente, e mais dous contos de réis para pagamento das

farinhas, que na presente colheita tiveram metido os lavradores nos arma-

zéns reaes desse Continente, que tudo faço expedir nesta mesma ocasiao,

e também cento, e quarenta e dous mil, novecentos, e quinze réis para

os soldos deste mês do destacamento do regimento desta Ilha, que se acha

nesse Continente, o que tudo V. Ex.a verá pela relação inclusa, que sempre

tenho a honra de remeter a V. Ex.a, remetendo por esta parada o saco

para V. Ex.a do Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei do Estado, o qual não

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 10):3-236, 1983.

Page 119: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 120 -

partecipa novidades nesta ocasião em que eu não sou mais extenso porler tomado hoje um remédio por conta da minha moléstia.

Esta curveta não encontrou nenhüa embarcação, só sim a nau do chefeem pouca distârcia desta Barra: Sempre desejo estar a obediência deV. Ex.a com a maior vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 22 de agosto de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

123 Relação do dinheiro que se remete à Vila da Laguna pelo Alferes Rodrigo

José Brandão, e o Cabo Ângelo José Diniz para da dita vila ser transpor-tado ao Continente do Rio Grande de São Pedro.

Para pagamento dos soldos de septembro de toda a tropa

que atualmente guarnece aquele Continente 16:111^038

Para soldos do mês de agosto do destacamento pertencente

ao regimento desta Capitania 142$915

Para pagamento das farinhas que na presente colheita

tiveram metido os lavradores, nos Armazéns Reais daquele

Continente 2:0008000

Soma 18:2535953

Félis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

124 Il.mo e Ex.mD Sr.

Tive a grandíssima honra, e maior prazer de receber a carta de V. Ex.ade 31 do mês passado; V. Ex.a nela me permite a continuação daquela

generosa distinção, que a piedade do generoso coração de V. Ex.a des-

pendeo sempre em meu benefício; e assim também me satisfaz V. Ex.a o

meu cuidado na certeza da boa, e vigorosa saúde, que desejo permanentea V. Ex.a até por um interesse público, pois que da vida, e conservação

de V. Ex.a depende toda a nossa felicidade.

Beijo as mãos a V. Ex.a pela satisfação do fardamento, devendo V. Ex.a

acreditar, que a minha obediência, e o quanto desejo agradar a V. Ex.a

não promove nenhum reparo.

A faíta de embarcação para esse porto, que o possa conduzir, me

põe na precisão de o remeter à Laguna a entregar ao Tenente AlexandrePereira de Campos para logo o remeter por se achar comandando aquela

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 120: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 121 -

vila, por se ter mandado vir para esta capital o que o era pela repetição

dos seus desconcertos.

Agora entra neste porto a curveta Conceição d'El-Rei com o paga-

mento da tropa; e pelas cartas, que recebemos nela, não se vê novidade

memorável, mais que os casamentos dos majores da artelharia, e Antônio

Joaquim; o premeiro com a filha de Manoel Antônio de Carvalho, célebre

pelas suas economias, com trinta mil cruzados e o segundo com üa prima

da mesma memna com vinte, medeando para ambos o respeito do Sr. Marquês.

Isto é o que permite a pressa; ficando sempre para servir a V. Ex.a,

como devo. Deos guarde a V. Ex.a.

22 de agosto de 1776.

De V. Ex.a.

O mais sincero amigo [abreviatura não decifrada]

Pedro Antônio da Gama e Freitas

125 II.m# e Ex.mo Sr.

Ultimamente partecipei a V. Ex.a o que tinha referido o mestre da

curveta dos azeites com o encontro de duas embarcações, que diz o mestre

serem espanholas; agora vou a dizer a V. Ex.a que chegando outra embar-

cação dos azeites, diz o mestre dela, que no dia 14 deste mês encontrou

duas embarcações, que faziam força de vela para o norte andando borde-

jando, e que em um bordo, vira serem ambas de três mastros, e que os

não presseguio; estando em distância delas três légoas.

Ontem à noute chegou aqui üa sumaquinha da Colônia, de aviso, com

üa via para o Il.m° e Ex.MO Sr. Marquês Vice-Rei, outra para o Governador

desse Continente, e outra para mim com a carta que remeto a V. Ex.a por

cópia, e me pressuado que a conta em que fala o Governador da Colônia,

a respeito do tempo em que foi tomada Santa Tecla, não diz nada, para

que os castelhanos houvessem de tornar a reforçar Maldonado; sendo quanto

por ora tenho que pôr na presença de V. Ex.a, e como nesta ocasião

escreve o chefe ele dirá que se recolheu, e que não encontrou nada como

eu entendia, e sempre fico prompto para obsequiar a V. S.a com a maior

vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 25 de agosto de 1776.

li.»0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

126 Cópia

Sr. Antônio Carlos Furtado de Mendonça = Il.mo e Ex.m° Sr. — Depois

que se tomou o Rio Grande, e se comunicou a cessão de hostilidade de

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 121: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

a

Jarte; os casteIhanos ficaram em sussego, e mandaram retirar de

Maldonado a artelharia que ali se achava, e a guarnição, deixando ficar

s°mente quatro peças de pequeno calibre naquele lugar, um tenente,

e quatro soldados; porém depois

que chegou este aviso, se tem observadomandarem outra vez pôr em Maldonado a artelharia

que tinham tiradoe a mesma guarnição que dantes tinha. Observa-se mais, que no Paco deSanta Teresa se forteficam de novo, e conduzem gentes, e trem de arte--haria com força para a defesa daquele

paço. Dizem mais, que estão achegar algumas naus de guerra, e marcantes com gente de transporte, epetrechos; se for verdade

julgo que as cortes se desuniram por saberem

os castelhanos da surpresa de Santa Tecla, e mais guardas, que deitando aconta ao tempo em que elas foram feitas, corresponde a chegada deste aviso.Ate o presente aqui não há novidade

pelo que diz respeito à praça, e sósim a falta de mantimentos, razão pela qual peço a V. Ex.a me faça reme-ter essa embarcação com a maior brevidade,

que for possível, mandando-menela, e em outras que lá se acharem lenha, e carvão, que não tenho Cae outra cousa, e assim da mesma forma não tenho cal nem teiolo, e dessopode vir servindo de lastro às embarcações; e a razão

que tenho de pedirvenha esta embarcação com toda a brevidade é porque não tenho outracom que possa fazer um aviso se for preciso fazer-se. A Il.ma e Ex.mapessoa de V. Ex.a guarde Deos muitos anos.

Colônia 3 de agosto de 1776.

De V. Ex.a muito atento súbdito. Francisco José da Rocha.

Luís Antônio da Cunha e Azevedo

Actual secretário de S. Ex.a

127 . Il.mo e Ex.mo Sr.

Tive a honra de receber a parada que V. Ex a me dirigio, e com elauma carta com data de 17 do corrente, em que V. Ex.a é também servidodeterminar-se novamente faça remeter o fardamento do Regimento deBragança: com o primeiro aviso de V. Ex.a a este respeito havia eu logomandado aprontar uma pequena embarcação, e única, que aqui se achava

para o seu transporte à Vila da Laguna; e se bem que muito desmantelada,e falta de todo o preciso para o mesmo fim, eu a socorri, e auxiliei emforma, que em quatro dias ficou carregada esperando somente ventofavorável para seguir a referida viagem,

participando ao comandante da-

quela vila a pronta expedição dele; e ao Tribunal da Junta da Real Fa-zenda faço a remessa do seu respectivo conhecimento.

Um novo estabelecimento, que vou fazendo pela nova estrada do Rio

de Sao Francisco, por onde hoje correm já as paradas do Rio de Janeiro,

me poe na justa precisão de passar àquela vila, assim como o farei atodas as mais partes do meu governo quando o tempo, e circunstânciaso permitirem, por cuja causa o participo a V. Ex.a como devo, e para que

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 122: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 123 -

também não seja a V. Ex.a estranho deixar de receber nesse meio tempo

carta minha.

Todas as cartas que pertenciam à capital do Rio de Janeiro

compre-

endidas na parada, as fiz logo remeter por uma embarcação, que se

achava a partir.

Estimo muito que tenha entrado nesse porto a sumaca Conceição, e

por outra que agora sae daqui receberá V. Ex.a o resto dos artífices.

Isto é somente o que se me oferece pôr na presença de V. Ex.a, a

quem desejo venturosa disposição, e todas as ocasiões de obedecer, e

agradar a V. Ex.a, como devo. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina 28 de agosto de 1776.

De V. Ex.a

Muito reverente e obrigadíssimo venerador

Pedra Antônio da Gama e Freitas

128 Tenho tido a honra há mais dias de receber a carta de V. Ex.a de

31 do mês passado, e ontem a de 8 deste mês, e não respondi logo a

premeira carta por saber que estava a chegar embarcação do Rio de

Janeiro, e querer aproveitar üa parada para da forma possível pensionar

menos estes pobres moradores, agora que chega esta referida embarca-

ção remeto a V. Ex.a o saco do II.»® e Ex.™> Sr. Marquês Vice-Rei, e as

mais cartas que vieram para V. Ex.» e nesta ocasião também veio parte

do soldo para o mês de novembro, para a tropa que se acha nesse Con-

tinente, e logo que chegar o resto o hei de fazer remeter na forma que

tenho sempre praticado, esperando que V. Ex.a queira dar as providencias

precisas para a condução deste dinheiro.

É bem certo que a falta de dinheiro é grande embaraço para tudo o

que se deve fazer.

Agradeço a V. Ex.a o mandar remeter-me o preto em que me tala.

O que V. Ex.a diz sobre a curveta Victória é o mesmo que eu

sempre ponderei, sendo bem certo que o mestre estava com bastante

medo e iá avisei a V. Ex.a, que as duas embarcações, que encontrou esta

curveta se acham arribadas no Rio de Janeiro, e os comandantes vieram

a saber naquela cidade pelas gazetas, que estavam feitos capitaes-tenentes

Agradeço a V. Ex.a o partecipar-me ter ai chegado o Mestre Manoel

da Cunha, espero que V. Ex.a lhe dê todo o auxílio, e lhe faça todo o

favor, que for possível para daí sair com brevidade.

O que V. Ex.a diz a respeito do que mandou dizer o Governador da

Colônia, eu lhe respondi na forma que V. Ex.a me fala na sua carta.

Eu já sabia há mais tempo ter chegado ao Rio de Janeiro

a fragata

Graça Devina, e não o mandei dizer a V. Ex.a por me não lembrar:

O Governador desse Continente em carta de 5 do mês passado, me

diz que a respeito do juiz ordinário de Porto Alegre faz remover daquela vila

para as aldeas desta Ilha um preso, o qual aqui diz que quando tez o

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i03:3-236, 1983.

Page 123: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

_ 124 -

crime por que vem preso, era soldado da companhia do Capitão Cipriano

Cardoso, do corpo de que é comandante o Major Rafael Pinto, e como

me parece que este criminoso, que se chama Mateus Rodrigues, não deve

ser sentenciado pela justiça, me pareceo partecipar isto a V. Ex.a. Na

mesma ocasião fez remeter o Capitão José Roís Pereira, que vem esteporado,

e o Tenente Vicente Pereira da Costa, e dous soldados todos do Regimento

desta Ilha, dizendo-me que se recolhe ao seu regimento. Eu não mando

fazer serviço ao tenente e aos dous soldados sem que V. Ex.a me diga

se o manda recolher, sendo quanto por ora tenho que pôr na presençade V. Ex.a, desejando que V. Ex.a sempre conheça que tem a minha

obediência prompta para tudo o que me detreminar. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 18 de setembro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

129 Il.mo e Ex.M0 Sr.

Tive o gosto de receber a carta de V. Ex.a de 31 do mês passado,devendo V. Ex.a pressuadir-se que

eu o estimo no meu coração, e a

certeza de V. Ex.a passar muito bem; eu já estou convalescido das sangrias,

e creio, que este remédio me tem feito engordar bastantemente.

Tive carta de Joaquim Pedro, que com efeito ainda não está casado;

mas creio que sempre virá a casar.

As cartas do Rio de Janeiro dizem que em Lisboa estavam surtas no

Rio seis naus de guerra espanholas, e duas setias, e que os oficiaes têm

sido bem hospedados, e que andam em carruagens da Casa Real, e quese estava esperando, a armada francesa, que estava em Cascaes.

No Rio de Janeiro, grande cavalhada para os anos da Sra. Marquesa

Deos premita que eu e V. Ex.a saiamos deste deserto, vai a relação dos

[ilegível] cavalhadas.

Quer V. Ex.a que eu diga o meu pensamento sobre a tropa que

V. Ex.a quei mandar para São Paulo; a mim me parece que como

V. Ex.a a quer fazer partir em tempo competente, que seria milhor

mandá-la vir ao Rio Grande, e daí fazê-la transportar nas milhores embar-

cações que fossem com a conducção das farinhas, pois sabe V. Ex.a, que

a barra da Laguna não preraite, que entre senão sumacas pequenas, e

que é preciso, que aqui haja para este transporte, que como o comércio

do Rio Grande todo vai em direitura do Rio de Janeiro, é dificultoso

acharem-se embarcações, mas no caso que a V. Ex.a lhe não pareça isto

bem com tempo, é preciso saber-se deste transporte.

Chegaram as folhinhas novas de Lisboa a tempo que eu estava para

as encomendar ao Rio de Janeiro, vai esta para V. Ex.a„ e deve V. Ex.a

ver nela o quanto deve gastar cada dia, a proporção da renda que V. Ex.a

An. fiibl. Nac., Rio de Janeiro, 203:3-236, 1983.

Page 124: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 125 -

tem, vão também três mercúrios que depois de serem vistos V. Ex.a os

tornará a mandar, e eu desejo sempre servir a V. Ex.a com a mais

prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 18 de setembro de 1776.

U mo e Ex."10 Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e captivo, o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

Queira V. Ex.a fazer expedir logo as cartas que vão para Porto Alegre.

130 Guias

O Capitao-de-Mar-e-Guerra — D. Francisco Xavier Telles

O Coronel do 1.° Regimento da Bahia — Francisco Antônio da Veiga

Cabral da Câmara

Contra-guias

O Tenente-Coronel do Regimento do Porto — D. João Corrêa de Sá

O Tenente-Coronel da Cavalaria de Minas — Francisco de Paula Pereira de

Andrade

Os que seguem

O Capitão-de-Mar-e-Guerra — Antônio Janoário do Vale

O Capituo-Tenente — José Corrêa de Mello

O Tenente-Coronel e Ajudante-das-Ordens — Gaspar José de Matos Ferreira e

[abreviatura não lida]

O Tenente-Coronel do 2.° Regimento da Bahia — Antônio José de Souza

Portugal

O Sargento-maior do dito Regimento — Francisco José de Matos Ferreira e

[abreviatura não lida]

O Coronel do 2.° Regimento do Rio — Gregório de Moraes Castro Pimentel

O Tenente-Coronel do dito Regimento — Vicente José de Velasco Molina

O Sargento-Maior do Segundo Regimento — Antônio Joaquim de Velasco

Molina

O Sargento-Maior da Cavalaria de Auxiliares — José Antônio de Seixas

Souto Maior

O Ajudante do dito Regimento — José Corrêa

O Tenente do Esquadrão — José Maria

O Juiz dos Órfãos — Francisco Teles Barreto Meneses

Advertência

O ajudante do Regimento da Cavalaria dos Auxiliares foi eleito depois

que o Capitão-de-Mar-e-Guerra Antônio José Pegado de Bulhões ficou mal-

tratado da queda que deo em um dos dias de ensaio:

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J03:S-236, 1983.

Page 125: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

— 126 -

131 II.mo e Ex.mo Sr.

Depois que cheguei da minha jornada tive a distinção de receber umacarta de V. Ex.a datada a 18 do mês passado, veio por ela a honra, queV. Ex.a me permite nas expressões, com que me favorece mais dignas docoração de V. Ex.a, que do meu merecimento.

Fico persuadido de se achar V. Ex.a ciente da remessa do fardamento,

que já me consta ter partido para Porto Alegre, talvez por uma equivo-cação; por dever ser logo remetido em direitura para essa fronteira.

Estimo igualmente que V. Ex.a tenha já recebido todos os artífices,

que fiz expedir daqui, como V. Ex.a é servido participar-me.A sumaca,

que conduzio os materiaes, fica já neste porto, trazendo 23dias de viage, e no mesmo dia da sua entrada passaram para bordo de umaembarcação do Rio de Janeiro os desertores,

que V. Ex.a fez remeter nela;

porém ainda se acham na barra, por falta de vento favorável para seguiraquela viage.

Como V. Ex.a por efeito do seu generoso coração separa alguns instantesde mais importantes cuidados, para se lembrar dos meus interesses no objetoda minha digressão ao Rio de São Francisco, tenho lugar para segurar aV. Ex.a, que fiz esta viagem em 14 dias, tendo-os sempre de marcha, e queapesar de alguns de chuva, do mao estado, em que se acham aqueles cami-nhos feitos de novo por lugares asperíssimos, e com passagens de muitosrios caudelosos; porém contudo tenho estimado haver feito aquela deli-

gência pessoalmente; porque só por este modo poderia conseguir com menosdefeitos o estabelecimento daqueles novos casaes; providenciar o melhorestado daquela estrada, e passagens de rios; e ultimamente animar com aminha presença aqueles miseráveis

povos, que só conheciam os seus gover-nadores pelo nome: tudo isto poderia eu conseguir se os meus talentosajudassem os meus desejos; porém satisfaço com as minhas diligências.

Neste meio tempo da minha jornada, e alguns dias antes, me tinharemetido o Sr. Marquês Vice-Rei em diferentes embarcações do contracto,

que vieram na mesma ocasião, 24 paus de jangada para remeter a V. Ex.adesejarei, que V. Ex.a queira determinar-me, se os devo remeter pelasdiferentes embarcações,

que seguirem para esse porto, visto que está

chegado o tempo da sua navegação, ou se devem ser expedidos em alguma

positiva.

O interesse, com que busco a presença de V. Ex.a, chega a fazer-metal satisfação,

que achando-me sumamente consternado com a notícia dofalecimento de minha mãe, que Deos haja em glória: eu insensivelmenteme vejo com uma escrita tão dilatada, que também enfadará a V. Ex.a.

Desejo a V. Ex.a a felicidade da mais vigorosa saúde, e que me permitasempre a grandíssima honra de empregar-me no serviço de V. Ex.a. Deos

guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina 11 de outubro de 1776.

De V. Ex.a

O mais obrigado, e afetuoso

... Pedro Antônio da Gama e Freitas

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 705:3-236, 1983.-

Page 126: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 127 -

132 Il.mo e Ex.mo Sr.

Desejo que V. Ex.a continue a passar muito bem, eu meu excelentís-

simo, vou sempre passando muito mal; bem poderá V. Ex.a em tom de

amizade dizer se há esperanças de que com brevidade se acabará esta

tragédia.

Não se fizeram as cavalhadas dia dos anos da Sra. Marquesa por conta

de grande moléstia com que tem estado o irmão de Gaspar José, nem

também se fez a função do custume em casa de Pedro Antônio, e o Sr.

Marquês se tem mostrado bem sentido com esta moléstia, e bem se deixa

ver por suspender a demonstração que sempre fazia nos anos de sua mulher.

Avisa-se do Rio de Janeiro que chegaram a fragata Nazareth, e o galião

vindos da Colônia aonde só ficou a fragata comandada por Atos Felipe,

e que tinha chegado de Lisboa o navio Santa Teresa que tinha partido

de Lisboa antes do último, que tinha chegado já ao Rio de Janeiro, e

que não havia nada de novo.

Parece-me que V. Ex.a saberá que está vago no meu regimento quartel

mestre, por este falecer; e nisto não quero falar a V. Ex.a; senão de

amizade: eu desejava ver como podia adientar o Porta-Bandeira Tosé Gomes,

que é irmão do meu Capitão Manoel Gomes, que é hoje agregado a este

regimento o qual eu também desejo no meu regimento; espero que V. Ex.a

me diga algüa cousa a este respeito, e bem desejo já saber quem vai para

tenente-coronel do meu regimento.

Eu tive agora algumas gazetas, que não remeto por não saber as que

tenho mandado; diga-me V. Ex.a até que número tem ido para ir continuando

em as remeter, tendo V. Ex.a sempre a minha obediência muito prompta

para tudo o que for servi-lo, e dar-lhe gosto. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 13 de outubro de 1776.

Restava-me agradecer a V. Ex.a a pele de tigre que é excelente.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Súbdito, amigo, e captivo o mais obrigado.

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

133 Il.mo e Ex.mo Sr.

A última carta que tenho recebido de V. Ex.a tem a data de 18 de

setembro, em que V. Ex.a me diz, que se ademira da limitada porção

de dinheiro. Nesta ocasião faço expedir dezasseis contos; cento onze mil,

e trinta e nove réis para pagamento do mês de novembro da tropa que

se acha nesse Continente, e assim mais trinta, e nove mil cento e sessenta

réis para pagamento do presente mês do Regimento desta Ilha, que com

sessenta, e cinco mil duzentos, e quarenta e três réis, que importam os

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 127: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 128 -

soldos de um capitão e um tenente, e dous soldados dos meses de agosto,e setembro que se recolheram, e se abate no presente pagamento, vema importar cento quatro mil quatrocentos e três réis, que era o cúmpeto

do presente pagamento, e como V. Ex.a me fala nas despesas, que se estãofazendo, parecia-me que V. Ex.a o partecipasse ao Sr. Marquês Vice-Rei comGa conta corrente do que se deve, e do que se precisa, porque creio, queo mesmo Sr. Vice-Rei dará as providências precisas.

Agradeço a V. Ex.a a resposta acerca dos ofeciaes do regimento desta

/lha que foram a esse Rio Grande.

Estimarei que tenha entrado a embarcação de Alberto Ferreira, que éa única que V. Ex.a diz faltava; aqui entrou estes dias a que foi levar a

cal, e tejolo já com alguma falta de mantimentos, e estou certo que V. Ex.a

já terá notícias da Graça Devina, que chegou a salvamento ao Rio de Janeiro.

As cartas para os Srs. Vice-Rei, e General de São Paulo já foram expe-

didas, e eu nesta ocasião remeto üa deste general para V. Ex.a.

Fico certo de V. Ex.a fazer expedir trinta e tantos desertores para a

Laguna para estes serem remetidos ao Rio de Janeiro, e achando-se aqui o

Comandante da Laguna Manoel Gonçalo Leite por conta de ser repreen-

dido por algumas cousas, o mandei recolher, ordenando ao ofecial que tinha

ido em seu lugar, que esperasse pelos referidos desertores, e assim fica

executada nesta parte a recomendação de V. Ex.a.

Nesta ocasião me fez remeter o Sr. Marquês Vice-Rei outo paos de

jangada, recomendando-me que com brevidade possível os fizesse remeter

a V. Ex.a e como aqui não tenho embarcação capaz para este transporte,

me pareceo saber de V. Ex.a; se tem precisão destes paos, ou se eles pode-rao ir nas ocasiões que por aqui passarem as embarcações dos mantimentos

e nesta mesma ocasião também vieram remetidos ao governador quatrodos referidos paos, e aqui se acham há mais tempo remetidos ao mesmo

governador douze, e sobre todos dirá V. Ex.a o como hão de ser transpor-

tados, restando-me só pôr-me na obediência de V. Ex.a, e desejando ter repe-

tidas ocasiões de lhe obedecer. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 13 de outubro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

134 Relação do dinheiro que na presente ocasião se remete à Vila da Laguna

pelo Alferes Rodrigo José Brandão, e o Cabo de Esquadra João de Deos

Corrêa de Ávila, para da dita vila ser transportado ao Continente do

Rio Grande de São Pedro.

Para soldos do mês de novembro do presente ano, às

tropas que guarnecem atualmente aquele Continente 16:I11$039

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10)\3-236, 1983.

Page 128: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 129 -

Para soldos do mês de outubro do presente ano ao desta-

camento pertencente ao Regimento desta Capitania que se

acha no dito Continente 39$160

Soma 16:150^199

Félis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

135 Il.mo e Ex.mo Sr.

Ontem tive o gosto de receber as belas letras de V. Ex.a que sempre

estimo no meu coração, e a certeza de V. Ex.a passar muito bem: Eu meu

excelentíssimo sim estou bastantemente nutrido mas padeço muito, e muito,

e até o meu espírito, e o meu ânimo padece bastante enfim queira Deos

que o problema seja de paz, e que nos mandem da assistência era que esta-

mos para termos o gosto de discorrermos sobre o passado; pois creia V. Ex.a,

que já tenho saudades de beber üa xícara de café era casa de V. Ex.a.

O Capitão Francisco Ferreira que V. Ex.a diz, que ele contará a boa

vida que aí se leva, não sei, quem é; mas lembra-me, que será Francisco

Ferreira porque V. Ex.a mais abaixo, fala na Companhia da Guarda do

Sr. Marquês Vice-Rei.

Não tem chegado mais embarcações do Rio de Janeiro depois que

escrevi a V. Ex.a, e já agora podem vir chegando algumas notícias da figura

que isto há de tomar: Eu aqui a não desejo fazer, e é certo, que não falando

só; por conta das minhas moléstias, tenho grande precisão de ir a Lisboa

por causa das minhas dependências, mas por ora em nada se pode falar.

Já disse a V. Ex.a a causa por que se não fizeram as cavalhadas no

Rio de Janeiro, mas eu creio, que haverá mais algum motivo, ou esta

festividade se faz por outro objecto, e aqui caie bem o dictado, que o

que for suará, eu desejo que V. Ex.a passe muito bem, e que me dê sempre

ocasiões de o servir para o que sempre me tem prorapto. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 20 de outubro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Súbdito, amigo, e captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

136 II.™0 e Ex.m0 Sr.

Acabo de receber as duas cartas inclusas para V. Ex.a do Sr. General de

São Paulo, e outra para o Brigadeiro Governador deste Continente que V. Ex.a

se sirvirá de a fazer remeter na premeira ocasião que se oferecer.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 705:3-236, 1983.

Page 129: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 130 -

Ontem recebi a parada expedida no dia 10 com a carta de V. Ex.a

feita no dia antecedente em que V. Ex.a fala nas desposições da marcha

da Infantaria dos Voluntários, e bom será que cheguem aqui algumas

sumacas capazes de poderem entrar na Laguna para este transporte, de-

vendo pedir a V. Ex.a, que se aí se acharem algumas que possam entrar naquele

porto as faça ir para ele, a tempo de lá se acharem quando a tropa poucomais, ou menos poder também lá chegar, e eu fico esperando pelas dis-

posições desta marcha, que V. Ex.a diz me há de remeter, esperando saber

na mesma ocasião o número desta tropa.

Já falei a V. Ex.a em um capitão, um tenente, e dous soldados, queo Governador desse Continente mandou recolher ao Regimento desta Ilha

do destacamento do mesmo regimento, que lá se acha, que eu não tenho

mandado incluir no serviço, sem saber premeiro se V. Ex.a quer que este

tenente e soldado tornem, ou se devem ficar; sendo bem certo que o capitão

pelas suas grandes moléstias está inteiramente incapaz, não só de tornar;

mas de continuar o real serviço, e na mesma ocasião pus na presença de

V. Ex.a que o mesmo governador fez remeter a estas justiças um criminoso

que tinha sido soldado na chamada Cavalaria Ligeira desse Continente.

Do Rio de Janeiro não têm havido mais novidades, que as que ultima-

mente partecipei a V. Ex.a, quando ultimamente daqui remeti o último

pagamento.

Desejo que V. Ex.a me dê sempre repetidas ocasiões de o puder obsequiar.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 20 de outubro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

137 II.®» e Ex.mo Sr.

Ainda que tive a honra de escrever a V. Ex.a mais largamente depois

que cheguei da minha viage; contudo devo aproveitar esta parada parasegurar novamente a V. Ex.a a minha obediência, e quanto desejo queV. Ex.a continue a lograr uma perfeitíssima saúde.

Aqui não há mais novidade que terem chegado duas embarcações do

Rio de Janeiro com o pagamento da tropa desse Continente para o mês

de dezembro.

As cavalhadas não se fizeram no dia determinado pelo cuidado que

tem devido à moléstia do irmão de Gaspar José, que tem estado em

grande perigo; mas ficava com princípio de milhoras.

Isto é o mais memorável, e o que apenas me permite a pressa, com

que faço esta. Queira V. Ex.a acreditar-me sempre no exercício de servir

a V. Ex.a, como desejo. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina a 24 de outubro de 1776.

De V. Ex.a

Muito verdadeiro e fiel [abreviatura não lida]

Pedro Antônio da Gama e Freitas

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 130: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 131 -

138 H.mo e Ex.100 Sr.

Ao Alferes Manoel Vidal de Arouche, e ao Cabo Manoel Machado

Serpa mandei entregar dezasseis contos centos onze mil, e quarenta réis

que acabam de chegar do Rio de Janeiro para o pagamento da tropa, que

se acha nesse Continente para o mês de dezembro, que vai a entregar ao

Comandante da Laguna para daí o fazer remeter logo que chegar o con-

ductor, que o deve conduzir na forma que se tem praticado, e assim mais

cento, e um mil trezentos e noventa réis para pagamento do mês de

novembro para o destacamento do Regimento desta Ilha, o que tudo consta

pela relação que tenho a honra de remeter a V. Ex.a, sendo por ora o

que tenho que pôr na presença de V. Ex.a a quem sempre desejo obedecer

com a mais prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 24 de outubro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

139 l.a Via

Relação do dinheiro que se remete à Vila da Laguna pelo Alferes Manoel

Vidal Arouche, e o Cabo de Esquadra Manoel Machado Serpa ambos do

Regimento desta Capitania, para da dita vila ser transportado ao Con-

tinente do Rio Grande de São Pedro à ordem da Junta da Real Fazenda.

Pertencente aos soldos que hão de vencer as tropas que

atualmente guarnecem aquele Continente, em o mês de

dezembro do presente ano 16:111$040

Pertencente aos soldos do destacamento pertencente ao

Regimento desta Capitania, que se acha no dito Conti-

nente, para o mês de novembro do presente ano 101$390

Soma 16:2125430

Ilha de Santa Catarina 24 de outubro de 1776.

Fé lis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

140 Il.mo e Ex.mo Sr.

Meu excelentíssimo eu tive a confiança de mandar meter nestas três

embarcações de que são mestres Caetano Gago da Câmera, Antônio

Francisco Xavier, e Manoel Cipriano de Melo duas mil laranjas por saber

que aí as não há pordoe V. Ex.a este atrevimento que eu hei de ir conti-

nuando a mandá-las pelas embarcações do transporte da farinha, que sendo

chegarão algumas capazes, sem embargo de que agora já não há muitas.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 131: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

A sumaca Nossa Senhora da Conceição de que é mestre Manoel Ci-

priano, é do administrador desta armação das baleas João Marcos; queira

V. Ex.a fazer-me a mercê de ser a premeira que descarregue, pois há de

vir aqui para ir para a Colônia, e pertende levar trigos para a mesma

praça; estimarei muito que V. Ex.a lhe possa dar licença de o puder levar,

e o mestre dela, que é Manoel Cipriano, que eu favoreço por ser afilhado

de um irmão meu porá na presença de V. Ex.a o que se quer, e eu desejo

ter ocasiões de servir e obedecer a V. Ex.a Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 29 de outubro de 1776.

II.®® e Ex."» Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex>

Captivo o mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

141 II.100 e Ex.®0 Sr.

Tive presentemente a grandíssima honra, e gosto de receber uma carta

de V. Ex.a datada de 24 do mês passado, e devo agradecer muito a V. Ex.a

as expressões com que me suaviza o grande sentimento, que me acom-

panha pelo falecimento de minha mãe; e assim também o quanto foi do

agrado de V. Ex.a a minha digressão ao Rio de São Francisco.

Por 3 embarcações, que já partiram desta amarração, e que por falta

de ventos creio não têm seguido inteiramente a sua viage faço remeter

a V. Ex.a 12 paus de jangada. Conduzem as referidas embarcações 8439

alqueires de farinha.

Sinto que V. Ex.a não tenha tido mais notícia do fardamento do

Regimento de Bragança: é certo que ele teve equivocação no seu verdadeiro

distino: porém sendo a V. Ex.a presente a sua remessa da Vila da Laguna;

as ordens de V. Ex.a farão emendar aquele descuido fazendo-o conduzir

para onde V. Ex.a determinar.

Permita-me V. Ex.a sempre a grandíssima distinção de servir, e agradar

a V. Ex.a, a quem apeteço a mais feliz disposição, e muitas ocasiões de

obedecer a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex a muitos anos.

Ilha de Santa Catarina 4 de novembro de 1776.

De V. Ex.a

O mais afetuoso e obrigadíssimo [abreviatura não lida]

Pedro Antônio da Gama e Freitas

142 Il.mo e Ex.mo Sr.

Nesta mesma hora chega uma parada do Rio de Janeiro que ainda

que tenha a data de 20 do mês passado a carta que me escreve o Il.mo e

Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei foi expedida no dia 23 pelas onze horas da

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 132: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 133 -

noite; eu não repito o que o mesmo Senhor me diz, porque estou certo

dirá a V. Ex.a se for possível muito mais, e dou a V. Ex.a os parabéns

das honras com que creio Sua Majestade destingue a V. Ex.a; ainda que

na relação que me remete o mesmo Senhor Vice-Rei, só vem por marechal-

-de-campo o Brigadeiro José Raimundo, por brigadeiro o Coronel Sebas-

tião Xavier, por coronel o Sargento-Maior Rafael Pinto Bandeira com mercê

de hábito, e duzentos mil réis de tença, e por tenentes-coronéis os Sargentos-

Maiores ]osé Manoel Carneiro, e Manoel Soares Coimbra. Deos nos ajuda

e premita que continuemos a ser tão feiices, como temos sido atégora.

Tenho recebido a última carta de V. Ex.a de 24 do mês passado, não

tendo mais que responder a ela, que depois de amenhã pelas notícias que

tenho poderá aqui chegar o Capitão Francisco Pereira tendo já embarcações

promptas para coriducção destes desertores.

Daqui saíram para esse porto três embarcações de farinha remetidas

pelo ouvidor de Parnagoá, a saber o Devino Espírito Santo e São Fran-

cisco de Paula de que é mestre Caetano Gago da Câmera, leva dous mil

alqueires. Nossa Senhora do Rosário, São João Baptista e Almas de que

é mestre Antônio Francisco Xavier leva três mil trezentas, e outenta, e nove.

Nossa Senhora da Conceição, Santa Ana, Santo Antônio e Almas de que é

mestre Manoel Cipriano de Melo leva três mil e cincoenta, e cada Ga das

referidas embarcações quatro paus de jangada, como o Governador desta

Ilha partecipa a V. Ex.a a quem sempre desejo obedecer com a mais prompta

vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 6 de novembro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

143 Il.mo e Ex.mo Sr.

Chega üa embarcação do contrato, e dentro no meu saco vieram essas

cartas para V. Ex.a do Il.mo e Ex.mo Sr. Marques Vice-Rei, e aqui se diz

que chegou ao Rio de Janeiro Ga nau de guerra comandada pelo Capitão-de-

-Mar-e-Guerra José de Melo, remetendo também a V. Ex.a essa carta do

chefe da esquadra, que me parece partecipará a V. Ex.a o ir para o Rio

de Janeiro, e me dizem que todo o dia de hoje tem forcejado para sair da

Barra, o que não tem podido conseguir, e eu" me presuado que na mesma

nau do chefe ainda poderei mandar o Capitão Francisco Pereira com os

desertores, que avisou chegavam hoje Aracatuba para onde já mandei em-

barcações para os conduzir; e éu sempre estou prompto com a maior vontade

para tudo o que for obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 8 de novembro de 1776.

Il.mo e Ex.m0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 703:3-236, 1983.

Page 133: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 134 -

O Sr. Marquês Vice-Rei quando me recomendou que fizesse expedir o

saco para V. Ex.a, que antes de ontem remeti, me diz, se daqui puder avisarao Governador da Colônia das novidades que há, seria muito conveniente

para que ele as saiba para seu governo, e cautela, como aqui presentementenão tenho embarcação para fazer este prompto aviso para V. Ex.a ver se

lho pode fazer.

144 li.»0 e Ex.mo Sr.

Meu excelentíssimo chegou ao Rio de Janeiro uma nau de guerracomandada pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra

José de Melo, o qual indo às ilhas

troxe quatrocentos homens, e se diz que vêm duas naus, e dous navios da

Companhia que também hão de ir buscar outocentos homens que estão

promptos nas mesmas ilhas, e se sigura que no Rio de Janeiro se levanta

mais um regimento, e me pressuado, que V. Ex.a já saberá que o Tenente-

-Coronel Kelaque do Premeiro Regimento da Bahia está feito coronel do

Regimento de Artelharia daquela mesma cidade, e se diz que o Capitão-de--Mar-e-Guerra Esmelk que lá se acha encontrara as duas embarcações espa-

nholas que estiveram no Rio de Janeiro junto àquela Barra, e que poralguns fundamentos presionara uma, e que a outra lhe fugira, e que aquela

lhe acharam vários mapas do Rio de Janeiro e da Bahia, e de Lisboa se

diz que se estão completando os regimentos, e que para toda a parte têm

ido muitas munições.

A situação em que eu me acho a sabe V. Ex.a muito bem, e sobre

ela, como amigo velho desejo que V. Ex.a me diga alguma cousa, e me

não é possível nesta ocasião dizer mais, desejando mostrar a V. Ex.a sempre

o meu respeito, e a minha amizade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 8 de novembro de 1776.

II.®0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Amigo e captivo o mais obrigado.

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

145 11.™» e Ex.mo Sr.

A dez deste mês chegou o Capitão de DaragÕes Francisco Pereira, e

por ele recebi a carta de V. Ex.a de 5 do mês passado, o qual conduzio

os trinta e outo desertores, e esta noute embarca o mesmo capitão parao Rio de Janeiro com os referidos desertores, e tinha mandado dar as

providências precisas para que da Laguna se retirassem os ofeciaes inferiores,

e soldados que vieram escoltando estes desertores.

Fico certo ter chegado a sumaca do Mestre João de Souza Guedes,

que já aqui dava algum cuidado.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 134: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 135 -

Na mesma carta me responde V. Ex.a acerca dos ofeciaes, que o G»

vernador desse Continente mandou para aqui, e logo que ele me partecipou,

que eles tinham vindo com consentimento de V. Ex.a ordenei que fizessem

o serviço no regimento, e sobre o soldado da Tropa Ligeira criminoso, eu

não sei como este possa ser sentenciado pela justiça tendo feito o crime

antes de se lhe dar baixa.

Ontem a noite recebi a carta de V. Ex.a de 4 deste mês em que V. Ex.a

me remete as cartas para São Paulo, e como V. Ex.a me não diz, ser logo

preciso remetê-las, irão na parada da segunda-feira da semana que vem,

que custumo sempre expedir para o Sr. Marquês Vice-Rei.

Na mesma carta me torna V. Ex.a a falar nos referidos ofeciaes, e sol-

dados, que o Governador deste Continente mandou, o que já fica acima

respondido.

Agradeço a V. Ex.a a partecipação de marcha para o Campo do Arroio

do Pau, e da ileição que V. Ex.a fez do porta-bandeira do meu regimento

José Gomes para servir de quartel-mestre, que me pressuado dará conta de si.

Com efeito chegou o Capitão Francisco Pereira que V. Ex.a diz tardava

muito a notícia da sua chegada.

Já tive a honra de partecipar a V. Ex.a terem já daqui ido três embar-

cacões com farinha, dizendo na mesma ocasião o nome dos mestres, e a

quantidade que levava cada um: Agora neste instante entra pela Barra do

Sul fia que vem da Cananéa também expedida pelo ouvidor de Parnagoá

de que é mestre Jorge Viana, e a embarcação se chama Bom Jesus, Nossa

Senhora da Guia, e Almas; e leva mil, e quinhentos alqueires e há de sair

logo, que o vento mudar.

Agora resta-me dizer a V. Ex.a, que tendo dito a V. Ex.a não puder

daqui avisar o Governador da Colônia das novidades que tem partecipado

o Sr. Marques Vice-Rei, me foi possível apromptar duas embarcações, üa

com lenha, e outra com farinha em que nelas faço os avisos precisos sendo

o que tenho que pôr na presença de V. Ex.a, não tendo havido mais novi-

dades do Rio de Janeiro que as que ultimamente partecipei a V. Ex.-1 a

quem sempre desejo obedecer, e obsequiar com a maior vontade. Deos guarde

a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 15 de novembro de 1776.

li mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

146 Il.mo e Ex.mo Sr.

Agora depois das três horas da madrugada, estando a embarcar para

as fortalezas da Barra do Norte recebo üa parada do Il.m° e Ex.™ Sr. Marquês

Vice-Rei expedida no dia S deste mês às seis horas da tarde, em que me

partecipa ter recebido o meu aviso do que V. Ex.a me fez de se retirar

a tropa de São Paulo, e me diz que a mande suspender no lugar onde se

An. Bibl. Nac-, Rio de Janeiro, 103:3-286, 1983.

Page 135: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 136 -

acha até que V. Ex.a receba esta carta; mas como não tenho recebido

nenhum aviso do Governador desse Continente, e me pressuado que V. Ex.a

terá passado novas ordens sobre esta marcha, me parece que ela não virá

em marcha sendo quanto tenho que pôr na presença de V. Ex.a. Deos guardea V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 17 de novembro de 1776.

11."» e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

147 II.»» e Ex.mo Sr.

Chegou esta madrugada um aviso da Colônia em que diz o governadordaquela praça, que expedindo um homem, com a obrigação de o instruir

das novidades que havia, e des que chegassem pelo aviso que os castelhanos

esperavam no fim de outubro: diz que a 7 deste mês chegou o tal portador,e lhe sigura ser verdade o vir D. Pedro Sevalhos por Vice-Rei de Buenos

Aires, ou Lima com quatro marechaes-de-campo, e mais ofeciaes corres-

pondentes a 20000 homens, que juntos com os petreichos, conduzem outenta

e tantas velas, e se diz que o grosso desta armada, se encaminha premeiro

que tudo a tomar esta Ilha: diz mais que o Fincão, que eu tinha daqui

mandado houve a infelicidade de dar a costa eáte barco em Castilhos, e queescapando alguns marinheiros conduziram os sacos das cartas, e estas lhes

apanharam os castelhanos, o que o governador se mostra muito sentido,

por dar naquela ocasião parte ao II.™® e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei de

algüas cousas, respeito ao contrabando, e se queixa o governador de falta

de mantimentos, espero, que V. Ex.a me diga o que lhe parece a este respeito

sem demora e me dê repetidas ocasiões de o puder obsequiar. Deos guardea V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 21 de novembro de 1776.

ILm<> e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

148 II.»» e Ex.mo Sr.

Acaba de chegar uma parada, e me recomenda o II®1» e Ex.mo Sr.

Marquês Vice-Rei, que com a maior brevidade remeta esse saco de cartas

para V. Ex.a, o que executo sem perda de tempo.

Lembra-me pedir a V. Ex.a alguma artelharia ligeira de um até três,

ou ainda de quatro de que muito preciso, e me dizem que os castelhanos

deixaram algüa artelharia destes calibres que aqui é muito útil, por se

poder de entre os matos laborar com ela, espero do favor de V. Ex.a ma

remeta, podendo ser com toda a brevidade.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 136: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 137 -

Como V Ex.a se não acha no Rio Grande devo lembrar a V. Ex.*

mandar recomendar a brevidade da descarga das embarcações de farinhas

para tornarem aos de£erentes portos a buscar mais, e sempre desejo obedecer

a V. Ex.a com a mais prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 26 de novembro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

149 Il.mo e Ex.m0 Sr.

Meu excelentíssimo estou muito contra V. Ex.a por me nao partecipar

as honras que V. Ex.a recebeo do nosso soberano; pois como estimo tudo

que diz respeito a V. Exa as desejava saber. Estimarei que V. Ex,avá po-

dendo continuar com o seu laborioso trabalho; eu aqui vou vivendo sabe

Deus como, mas não é tempo de me queixar.

Na parada, que hoje recebi do Rio de Janeiro não tive carta parti-

cular, por isso não repito a V. Ex.a mais alguma novidade que poderá

haver, e só tive as que partecipo a V. Ex.a de o£iclo. De-me V. Ex.a as

suas ordens, e ocasiões de o servir para o que sempre me tem prompto.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 2 de dezembro de 1776.

II mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

De V. Ex.a

Amigo e captivo o mais obrigado.

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

150 11.™° e Ex.mo Sr.

Tenho ultimamente recebido a carta de V. Ex.a de 22 do mês passado,

e é certo que me deve o maior interesse todas as honras, que Sua Majestade

se digna fazer a V. Ex.a, e só sinto não ter sabido as que ultimamente o

mesmo Senhor se dignou fazer a V. Ex.a.

Estimo que entrassem nesse Rio as sumacas da Capitania de Sao Paulo,

dizendo-me V. Ex.a que lhe causou grande embaraço a quantidade

de iari-

nha, que elas conduziram por falta de armazaens, e como V. Ex.a me diz

que não mande mais deste gênero até que V. Ex.a o requerer, devo dizer

a V. Ex.a, que as últimas ordens que o U.mo e Ex.mo Sr. Marques Vice-Rei

passou ao ouvidor de Parnagoá, e mais ministros, ou pessoas incarregadas

destas remessas, foram de irem em direitura a esse Rio Grande, sendo certo

que as embarcações que aqui entraram, que são as que V. Ex. partecipa

terem chegado; umas vieram com alguma necessidade, e outras por causa

do vento contrário, que exprimentaram, e sempre devo dizer a V. fcx. ,

que tem algum embaraço eu fazê-las descarregar aqui; pois como este porto

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 20^: 3-236, 1983.

Page 137: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 138 -

não tem embarcações de particulares, nem aqui as há da Fazenda Real, podesuceder que quando V. Ex.a me partecipar as remeta, não haver aqui em-

barcações para as conduzir persuadindo-me que V. Ex.a poderá nas mesmas

embarcações que forem, ou em outras mais pequenas fazê-las conduzir paraPorto Alegre, e Rio Pardo, aonde há tropa, que forçosamente há de pre-cisar deste gênero, e me pareceo dizer isto a V. Ex.a, na certeza que eu

sempre estou prompto para o que V. Ex.a lhe parecer, e como agora é

tempo competente destas conducções, devo recomendar a V. Ex.a fazer expe-

dir de lá estas embarcações para continuarem nas mesmas conducções.

Diz-me V. Ex.a, que na premeira ocasião, podendo ir mais douze moios

de cal, ou a metade, ficará muito gostoso, por necessitar dela, a qual fica

prompta, mas não há embarcação para esta conducção, que querendo V. Ex.a

mandá-la das que se acham pertencentes à Fazenda Real, ou de algum par-ticular, irá sem perda de tempo.

O saco que V. Ex.a recomenda para se remeter para o II.mo e Ex.mo Sr.

Marquês Vice-Rei, foi por parada, que partio daqui a 30 do mês passado,e segundo o custume até 14 deste mês, há de chegar ao Rio de Janeiro.

Agora vou a dizer a V. Ex.a que esta tarde chegou uma parada expedida

pelo mesmo Sr. Vice-Rei no dia 18 do mês passado às 8 horas da noite, em

que me diz que no dia antecedente tinha chegado o chefe da esquadra, e quesegundo o estado em que este dezia se acha a nau Ajuda, julgava indispen-

sável fazer-lhe um grande conserto, para o que veio ordem ao comandante

dela para que logo partisse para o Rio de Janeiro, e fica a sair com a

brevidade que for possível, e fica esta Barra desembaraçada de embarcações

marcantes, e de guerra por não haver nenhüa nela.

Diz mais, que da nossa corte não tinha recebido mais notícias depois

das últimas, que me partecipou (que são as que foram a V. Ex.a ultima-

mente) por terem os últimos navios que vinham para o Rio de Janeiroencontrado na altura das Canárias quatro naus, e uma fragata castelhana,

que estavam revistando todas as embarcações que vinham para o Rio de Janeiro,dizendo faziam aqueles exames para embaraçarem todos os petrechos de

guerra, que de Lisboa se remetessem, e como lhe não acharam nenhuns deixa-

ram continuar a sua viagem, que porém o medo que teve um dos capitães

fez, que as vias que trazia para o Sr. Vice-Rei as deitasse ao mar, de forma

que me diz o mesmo senhor, que fica obrando com os olhos absolutamente

fechados.

Avisa-me mais o mesmo Sr. Vice-Rei que üa embarcação inglesa queaqui se acha da pesca do esparmacete, detida há mais tempo a deixe ir,

dizendo-lhe, que Sua Majestade que Deos guarde tem defendido todos os

seus portos para os americanos ingleses enquanto eles não prestarem a obediên-

cia que devem ao seu soberano. É quanto tenho que pôr na presença de

V. Ex.a a quem sempre desejo obsequiar com a mais prompta vontade. Deos

guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 2 de dezembro de 1776.

II.®® e Ex.m0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 138: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 139 -

151 11.™° e Ex.mo Sr.

Vou a repetir a V. Ex.a os capítulos mais precisos de uma carta,

que acabo de receber do II.»» e Ex.™ Sr. Marquês Vice-Rei com a data

de 19 do mês passado, expedida no dia seguinte, que diz assim — Na

madrugada do dia de hoje entrou no porto desta capital üa embarcação vinda

de Lisboa com ofícios da nossa corte para mim, em que El-Rei meu senhor

é servido dar-me as suas últimas ordens pelo que diz respeito à defesa dessa

Ilha, aonde o mesmo senhor julga será deregida a expedição, que os cas-

telhanos têm preparado para o Brasil de que é comandante D. Pedro de

Cevalhos: Consta a sobredita expedição do que V. Ex.a verá pela relaçao que

remeto: Consta que üa grande parte dos soldados, e marinheiros é de

gentes bisonhas tiradas do campo, sem nenhuma disciplina: Consta mais,

que todos vêm cheios de susto, lembrando-se ainda do infeliz sucesso, que

tiveram em Argel, do que tiveram no Rio Grande e receando a ardência

do país para onde são conduzidos, fazendo-se por todos estes motivos aquelas

<*entes, menos para recear; porque a experiência tem mostrado, que nao

é a multidão de gentes com que se ganham as acções gloriosas; mas sim a

boa tropa, bem disciplinada, e com bons chefes, cheios de sciência e actm-

dade que os comandem, e por outra parte também é de crer que a suberba

daqueles generaes, se nós lhe rebatermos os seus primeiros esforços em

que vejam não é tão fácil a conquista, como eles imaginaram, que eles

esmorecerão não menos do que já vêm esmorecidas as tropas que eles co-

mandam.

Remete-me o Sr. Marquês de Pombal Ga carta ortográfica dessa Ilha,

e üa instrucção feita à vista da mesma carta, do que se deve praticar na

defesa da mesma Ilha as que remeto a V. Ex.a, e repetindo-me que El-Rei

nosso senhor ordena que em tudo, e por tudo se haja de executar nessa

Ilha, como determina a mesma instrucção; à vista do que a mim me nao

resta nada acrescentar, nem deminuir, e só lembro a V. Ex.a que a alte-

ração deste plano o único lugar que poderá ter, e o em que poderá ser

desculpável quando V. Ex.a veja, segundo algüas circunstâncias que tenha,

ou haja de ocorrer de novo, que a alteração que fizer, é absolutamente

necessária para salvar a Ilha, e ficarem gloriosas as nossas armas.

Detremina as mesmas instrucções, que a nossa esquadra, haja de ir

defender a entrada do porto, nisto tem grandíssima dúvida o chefe pelas

poucas forcas que tem a nossa esquadra: Eu o faço sair sem embargo disso

com as três naus, que aqui se acham e ainda que eu mandei ordem para

que viesse consertar a nau Ajuda, V. Ex.a dirà da minha parte que sus-

uenda até nova ordem: Além destas embarcações mandei pedir ao Sr.

Manoel da Cunha, que quesesse fazer sair, assim as que mandei

^enar

à Bahia, como a em que veio o Capitão-de-Mar-e-Guerra João Ntcolao

Selmerkel, aquelas, que com brevidade podesse apromptar, e no caso de

haverem algumas embarcações marcantes que podessem servir a esquadra

armadas em guerra, ele faria um grandessimo serviço, apromptando todas

aquelas, que lhe fossem possíveis: Ao mesmo Sr. General da Bahia or(*ene^

que fizesse logo partir para essa Ilha o General José Costódio de

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 203:3-236, 1983.

Page 139: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 140 -

Faria, que Sua Majestade ordena o mande para a mesma Ilha para ajudara V. Ex.a aos deferentes serviços, que aí se fizerem precisos para a defesadela, esperando El-Rei meu Senhor que V. Ex.a, o Governador dessa Ilha,e o sobredito brigadeiro, não só entre si concede a mais constante união;mas que todos a tenham com o chefe da esquadra.

Estes são os capítulos mais fortes da carta do referido Sr. Vice-Rei, eme recomenda o mesmo Sr. participe a V. Ex.a estas notícias da sua partea fim que V. Ex.a haja de adientar, aproveitando-se do tempo, e das van-tagens que tem, fazendo-se senhor dos pontos mais importantes,

que podemfazer a sigurança do Continente, e acaba a sua carta ainda em dúvida seescreverá, ou não a V. Ex.a e recomendando-me sempre o desculpe nestaocasião com V. Ex.a.

Remeto também por cópia a relação da força da expedição, e não remetoagora a V. Ex.a a instrucção da defesa desta Ilha por me não ser possível,que toda ela consiste verdadeiramente na força de um cordão, ou cadeiade navios armados com grossa artelharia, e com jangadas de batarias fio-tantes entre as duas fortalezas de Santa Cruz, e Ponta Grossa; sendo certo

que a mesma instrucção a meu ver, não foi feita por pessoa que tenhatoda a prática desta Ilha, e já é segunda vez, que se me diz, que a esquadrainimiga não tem portos aonde faça agoada, o que não é certo, porquedesde a Armação para cima até o porto de Magalhaens, que ainda fica emalguma distancia de Santa Cruz, tem vários portos de poderem muito fazeragoada.

Não posso ser mais extenso, Deos premita que V. Ex.a tenha o mesmobom sucesso que eu desejo para mim. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em S de dezembro de 1776.

II.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bohm

Antônio Carlos Fartado de Mendonça

152 II.a» e Ex.mo Sr.

Esta madrugada pelas três horas recebi as duas paradas, que V. Ex.a,ultimamente fez expedir no último do mês passado, e no premeiro deste:Na premeira me partecipa V. Ex.a a respeito das farinhas,

que têm idodos portos da Capitania de São Paulo, e como eu já a este respeito torneia dizer a V. Ex.a que poderiam ir algumas para Porto Alegre, e Rio

Pardo, espero a última a respeito de V. Ex.a, ou se elas poderão ir paraa Laguna, para daí se transportarem por terra para as referidas partes, edisto mesmo já fiz hoje aviso ao Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei, comotambém o que V. Ex.a me partecipa a respeito da tropa da Capitania deSão Paulo, sendo certo que o que V. Ex.a tinha partecipado a respeito damesma tropa, eram prevenções, no caso de ela dever marchar.

Na parada expedida no premeiro deste mês, me remete V. Ex.a a carta

que recebeo do Governador da Colônia, ficando certo no que ela contém, o

que também logo partecipei ao mesmo Sr. Vice-Rei.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3*236, 1983.

Page 140: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 141 -

Ontem à tarde, e esta madrugada chegaram cartas do Rio de Janeiro

vindas em duas embarcações do Contrato das Baleas, e nelas só tive üa

carta do mesmo Sr. Vice-Rei em que avisava remetia üa recluta para o regi-

mento desta Ilha, e se não tem partecipado, mais novidades que as que

tenho posto na presença de V. Ex.a.

E nas referidas duas embarcações veio o pagamento para a tropa, que

se acha nesse Continente para os premeiros dous meses do ano vindouro

de 1777 o qual mandei entregar ao Tenente Alberto da Costa do regi-

mento desta Ilha destacado nesse Continente que aqui se acha para esta

condução; ao qual também mandei entregar o pagamento do presente mes,

e de ianeiro do referido ano vindouro do destacamento que aí se acha do

regimento desta Ilha, o que tudo consta pela relaçao, que remeto a V. Ex .

tendo só mais que dizer, não terem ainda chegado as naus de guerra

que hão de vir do Rio de Janeiro,

e eu sempre desejo ter ocasioes de

obsequiar a V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 9 de dezembro de 1776.

limo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

153 l-a via

Relação do dinheiro que se remete ao Continente do Rio Grande de Sao

Pedro pelo Tenente Alberto da Costa, e o Soldado Manoel Martins da

Cunha, ambos do Regimento desta Capitania da Ilha de Santa Catarina.

Para soldos dos meses de janeiro e fevereiro do ano vin-

douro de 1777 de toda a tropa que atualmente guarnece

o dito Continente

Para soldos dos meses de dezembro do presente ano e de

janeiro do ano vindouro de 1777 do destacamento que ali

se acha pertencente ao regimento desta Capitania

Soma

Ilha de Santa Catarina 9 de dezembro de 1776

Félis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

154 II.»» e Ex.mo Sr.

Chega o chefe da esquadra com mais duas naus, que são, Prazeres, e

Belém; nelas vêm duzentos barris de pólvera para esse Continente e u

arrobas cada um; vêm mais para esse Continente os alferes da Premeira

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, iOJ: 3-256, 1983.

32:222$080

193S980

32:4163060

Page 141: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 142 -

Companhia da Guarda do II»0 e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei Antônio João,e um de Bragança chamado Manoel Roís Lobão, cento, e vinte e duas

reclutas, quatro soldados d'artelharia, e dous da cavalaria: queira V. Ex.a

dizer o como isto deve ser remetido, pois aqui não tenho embarcações paraesta condução, e para irem por terra precisam gados, e cavalgaduras, quetambém aqui não há, e parecia que se V. Ex.a mandasse duas, ou três

embarcações tudo poderia ir, e também a cal que V. Ex.a precisa, e no

caso que V. Ex.a se resolva a mandá-las seria bom que viesse algüa carne

salgada, ou seca para o transporte desta tropa à qual hei de ir mandando

fazer os pagamentos competentes os quaes se devem descontar no premeirodinheiro que vier para este Continente, o que me parece V. Ex.a haverá

por bem, desejando eu sempre ter repetidas ocasiões de obsequiar a V. Ex.a.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 17 de dezembro de 1776.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

155 II.»0 e Ex.mo Sr.

Chega neste instante uma parada do Rio de Janeiro com as cartas

que remeto para V. Ex.a; que saíram antes das naus de guerra, que aqui

chegaram no dia 17 como já partecipei a V. Ex.a, e também recebi carta

da Colônia vinda pelo Rio de Janeiro em que torna a repetir o governadordaquela praça os avisos que tem feito.

Eu tenho recebido a última carta de V. Ex.a de 11 deste mês, e sobre

ela só tenho que dizer a V. Ex.a que não só aqui recomendo aos mestres

das sumacas, vão de tudo promptos, para esse Rio Grande, mas que estas

mesmas recomendações tenho feito para os deferentes portos, e com efeito

todos têm aqui dito lhe não falta nada. Desejo a V. Ex.a todo o bom

sucesso, e ocasiões de o servir. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 23 de dezembro de 1776.

U.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

156 II.0» e Ex.mo Sr.

Não tenho recebido ainda resposta de V. Ex.a da minha carta, com a

data de 17 do mês passado, em que partecipava a V. Ex.a terem chegado

aqui dois alferes com as reclutas, que pertencem a esse Continente, vindo

na mesma ocasião duzentos barris de pólvera, que também devem ser re-

metidos para esse Continente, desejando eu saber o como V. Ex.a quer se

transporte todo o referido.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:5-236, 1983.

Page 142: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 143 -

Ontem chegou da Colônia a fragata Pilar comandada pelo Capitão-de-

-Mar-e-Guerra Artur Felipe. Eu recebi carta do Governador da Colônia, quetem a data de 20 de dezembro do ano passado, em que diz que até aquele

tempo não tem havido novidades com os seus vezinhos; mas que sabe se

preparam com toda a força, e que esperam o aviso de Espanha para saberera

o que hão de fazer.

Também ontem chegou a fragata Princesa do Brasil comandada peloCapitão-de-Mar-e-Guerra Tomás Estives em que veio o Brigadeiro JoséCostódio: esta fragata estava comandada na Bahia pelo Emilk. Do Rio de

Janeiro se não partecipa cousa de novo, e nesta fragata vieram dezasseis

contos cento onze mil, e quarenta réis para o pagamento da tropa desse

Continente para o mês de março do presente ano, e espero a respeito de

V. Ex.a sobre a forma de marcharem as referidas reclutas, e para fazer

remeter esta parcela, e no caso de V. Ex.a as mandar ir por mar, sempre

um dos alferes, irá conduzir este dinheiro por terra com alguns soldados,

sendo quanto posso ter a honra de partecipar a V. Ex.a, desejando ocasiões

de obedecer-lhe. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 8 de janeiro de 1777.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

157 U.mo e Ex.mo Sr.

No dia 9 recebi a carta de V. Ex.a feita em 2 em que V. Ex.a me

recomenda o saco de cartas para o Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei do

Estado, o qual só com a demora precisa o fiz expedir, e creio que até o

dia 23, ou 24 será Sua Excelência entregue das cartas de V. Ex.a.

Sinto que V. Ex.a não podesse mandar as embarcações para conduzirem

as reclutas, e pólvera, pois as que conduzem as farinhas não é certo virem

deste porto; mas se vierem algüas irei remetendo nelas, como V. Ex.a

me aponta, e tomarei a resolução de mandar o Alferes do Regimento de

Bragança Manoel Roís da Cruz Lobão a conduzir à Junta da Real Fazenda

o pagamento do mês de março da tropa que se acha nesse Continente, e do

mês de fevereiro do destacamento que pertence ao regimento desta Ilha;

o que tudo consta pela relação, que tenho a honra de remeter a V. Ex.a,

e vão com este alferes quatro soldados do Regimento de Artelharia, e duas

reclutas.

Fico certo fazer V. Ex.a sair a fragata Invencível, e crussário Sacra-

mento que pelo comandante da Invencível espero mais miúdas notícias de

V. Ex.a.

Como V. Ex.a me torna a dizer, que já não fala mais em dinheiro,

por ver que é escusado, pareceo-me dizer a V Ex.a, que se V. Ex.a mandar

pela Provedoria ou pela Junta tirar üa conta corrente do que emportam

os soldos da tropa que se acha nesse Continente remetendo-a V. Ex.a ao

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-256, 1983.

Page 143: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 144 -

Sr. Vice-Rei me parece que se dará as providências precisas, e ainda esta

conta devia declarar as despesas que há diárias.

A nossa esquadra se acha na enseada das Garoupas, e é quanto tenho,

que pôr na presença de V. Ex.a a quem sempre desejo obedecer, e ter

ocasiões de obsequiar. Deós guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 17 de janeiro de 1777.

U.m® e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

158 l.a Via

Relação do dinheiro que se remete para o Rio Grande de São Pedro

pelo Alferes do Regimento de Bragança Manoel Roís da Cruz Lobão, e o

Soldado do Regimento de Artelharia José da Silva.

Para soldos do mês de março do presente ano, que há de

vencer o exército que atualmente se acha no dito Rio

Grande

Para soldos do mês de fevereiro do dito ano do destaca-

mento desta Ilha que se acha no mesmo

Soma

Ilha de Santa Catarina 16 de janeiro de 1777

Félis Gomes de Figueiredo

Provedor da Fazenda

159 II.»® e Ex.mo Sr.

Neste instante que são mais de seis horas da tarde tenho o gosto de

receber a carta de V. Ex.a com a data de 13 deste mês, em que V. Ex.a

me partecipa, que o Governador desse Continente há de conferir comigo o

transporte de reclutas que aqui se acham; devo dizer a V. Ex.a que me

foi possível apromptar üa embarcação que já se acha com os duzentos barris

de pólvera, e está carregando a cal, que V. Ex.a há mais tempo me tinha

pedido, e nela também hão de ir as reclutas; e assim pode V. Ex.a avisar

o Governador desse Continente não ser preciso prevenção para o referido

transporte.

No dia de antes de ontem chegaram aqui os dois crussários que V. Ex.a

expedio desse Rio Grande, que já foram incorporar-se à esquadra, e eu nesta

mesma ocasião remeto ao chefe a carta de V. Ex.a.

É bem estimável a notícia, que V. Ex.a me dá de quem foi para a

corte de Madrid, que se assim é tudo se porá na milhor paz, e se ele

concluir todas estas dependências, como todos desejamos.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

16:1115040

955364

16:206$404

Page 144: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 145 -

Só me resta dizer a V. Ex.a, que ontem a tarde acabei de me sangrar

seis vezes, e em 24 horas levei quatro sangrias por um grande ataque em

que tenho estado, e por isso não sou mais extenso. Eu sempre estou na

obediência de V. Ex.a, desejando ocasiões de lhe obedecer. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 21 de janeiro de 1777.

limo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

160 Cópia

II

Última instrução sobre a Ilha

de Santa Catarina que acompanha

a carta de 9 de setembro de 1776.

1. Na Ilha de Santa Catarina da parte do norte, há üa grande ensiada,

que pode conter as maiores armadas do mundo. A esta enseada se segue o

porto, que começa desde a Ponta Grossa até à vila. E depois dela continua

o canal, que corre de norte, a sul entre a dita Ilha, e a terra firme.

2. Agora se acabou de compreender, que este porto é da maior impor-

tância; por que dele depende principalmente a conservação da mesma vila;

e por conseqüência a maior segurança de toda a referida Ilha.

3. Por este motivo se forteficou, e fechou o dito porto da parte do norte,

e entrada dele, com quatro fortalezas. A primeira (Y) de São José na Ponta

Grossa: A segunda (X) a de Santa Cruz na Ilha de Anhatomerim. A ter-

ceira (Z) a de Santo Antônio na Ilha Grande dos Ratones. E a quarta (J) a

da Ilha dos Ratones Pequena.

4. Na parte mais estreita do dito porto projetou o Brigadeiro josé Custódio

a construção da fortaleza (R), que não teve efeito, na terra firme fron-

teira da vila, para também fechar por esta parte o referido porto às embar-

cações pequenas armadas em guerra, que podiam entrar pela Barra do Sul.

5. O mesmo porto acima indicado, que fica entre a Ponta Grossa e a Vila

de Santa Catarina, é navegável por naus de linha até a Ilha Grande dos

Ratones (Z) : Achando-se por todo o comprimento do canal compreendido

nesta distância, cinco braças de água seguras em baixa-mar de águas vivas.

6. Porém a corrente, e direção das mesmas águas; e os baixos, que há

de um, e outro lado do canal do dito porto, não permitem que embar-

cação algua passe além da Ilha de Anhatomerim, sem ir direita à distância

de meio tiro de bala dessa Ilha, a receber na proa os golpes das balas, que

dela se atirarem: as quaes sendo vermelhas, ou incendiárias, farão maior

estrago.

7. Por este motivo: considerando-se a mesma Ilha como a chave daquele

porto: e sendo toda ela formada de um rochedo inacessível, exceto da parte

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 145: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 146 -

do sul, onde tem a entrada: se forteficou todo o dito rochedo com as dife-

rentes batarias, em que nele se acham montadas noventa peças, ou pertodelas; como agora acaba de segurar o Capitão-de-Mar-e-Guerra Guilherme

Roberto, que esteve na dita Ilha, e examinou as forteficações delas com

um particular cuidado.

8. Ao sul da mesma Ilha de Anhatomerim se acha a Ilha Grande dos

Ratones (Z); e nela a fortaleza de Santo Antônio também construída em

outro rochedo, e sufecientemente forteficada.

9. Ao nordeste de üa, e outra das ditas ilhas, há um recôncavo, cuja en-

trada tem o mesmo fundo acima indicado de cinco braças, e pode servir de

se recolher com toda a segurança a nossa esquadra, na forma abaixo

declarada.

10. E formando-se um cordão, ou cadea de navios armados com grossaartelharia, e com jangadas de batarias flotantes entre as ditas duas fortale-

zas, que lhe cobrirão, e segurarão os dous flancos: pode estar ancorada, e

segura, detrás da dita cadea, dentro do referido recôncavo, Ga grande armada

com toda a tranqüilidade, por ser aquele sítio abrigado de todos os ventos,

e o mar ser sempre nele ainda mais sossegado do que no Rio de Lisboa.

11. No mesmo tempo ficará a nossa esquadra ajudando com alguns navios

ancorados detrás da sobredita cadea a defesa do porto, com üa inteira se-

gurança; para que a armada castelhana, ou qualquer outra, que lhes seja

muito superior em forças não poderá ir atacar a dita nossa esquadra

inferior, por entre as ilhas, e fortalezas de Anhatomerim, e dos Ratones:

Primó, porque na estreiteza do canal, por onde há de passar, não será

fácil fazer qualquer manobra, que lhe haja de ser precisa à vista do inimigo

que for combater, sem os ividentes perigos; ou de encalhar nas praiasopostas, ou nos baixos adjacentes a ilhas: Secundo porque não poderá

chegar a prolongar-se com a esquadra, que for atacar, sem passar primeiro

por todo o fogo da artelharia de Santa Cruz da Ilha de Inhatomerim, e de

ficar sofrendo por todo o tempo do combate: Terció, porque sendo as nossas

batarias formadas sobre altos rochedos, onde não poderão chegar de baixo

para cima os tiros da artelharia dos naus inimigas, é perciso que estas pa-

deçam graijdes estragos, sem poderem causar às mesmas fortalezas notável

perjuízo. Quarto, por que as ditas nãos inimigas hão de ir percisamente

com as proas receber todo o fogo das bandas de artelharia da cadea, e

navios postados entre as sobreditas duas ilhas, sem lhes poderem responder

com as outras bandas dos seus costados. Quinto, por que as nãos, que forem

atacar, verão logo que o fazem na certeza de que no caso de lhe ser percisoretirar-se, o não poderão fazer, senão encalhando nos baixos, e praias, queficam a leste das mesmas ilhas; e por isso não houve até agora poder algum

marítimo, que intentasse ir combater dentro a um porto forteficado, e defen-

dido em circunstâncias tão desventajosas como as referidas, e em sítio tão

estreito, e rodeado por toda a parte de tão iminentes perigos, como os

que ficam acima indicados.

12. As últimas guerras marítimas de Europa entre ingleses, franceses, e

espanhoes deram as mais ividentes provas da referida impossebelidade.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 146: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 147 -

No Miditerrânio se vio o Almirante de Inglaterra Saunders, por anos suces-

sivos com üa armada de vinte cinco nãos de linha defronte de Toulon, e

de Cádis, reduzindo-se a esperar que as armadas francesas, e espanholas

saíssem daqueles portos para as combater, sem que nunca lhe passasse pela

imaginação entrar a combatê-las dentro nos mesmos portos. No Ociano

vimos também, no mesmo tempo ó outro Almeirante Hass com outra igual-

mente poderosa armada britânica defronte de Brest, e do Ferrol, sem que

nunca se atrevesse a ir atacar dentro nestes dous portos os navios espanhoes,

e franceses que neles se achavam.

1S. E o que não julgaram praticável almirantes ingleses, ou o não podem

inventar comandantes espanhoes; ou o não poderão compreender sem os

arruinar a sua ignorância pelas razões acima ponderadas; e sem lhe suceder

na Ilha de Santa Catarina o mesmo que no ano passado lhe sucedeo nas

praias de Argel.

14. Acresce contra os ditos castelhanos., que ainda no caso em que à custa

de tantos trabalhos, viessem a forçar o referido porto, com a perícia militar,

e com a resolução que lhes faltam; e no caso em que chegassem a desem-

barcar, sempre desembarcariam depois de haverem padecido no mar estragos

que os impossebelitassem para vencerem as deficuldades de terra, que fazem

a referida Ilha impenetrável por sua natureza, sendo consistente em mon-

tanhas, matos virgens, reachos, ou corgos de deficilíssimas passagens, que

não premitem que os inimigos marchem nela com forças de artelhaiia,

ou de cavalaria, não sendo águas, que possam beber os mesmos inimigos;

e achando-se a mesma ilha guarnecida com todas as boas tropas, que se

acham descriptas nos §§ 27, 28, 29 da instrução de 31 de julho próximo

precedente, que foi marcado com o número IV.

15. Acresce demais contra os ditos castelhanos, que depois de se achar

a nossa esquadra surta no abrigado, e seguro recôncavo, que jaz a nordeste

das Ilhas de Anhatomerim, e Santo Antônio, se augmentaram com as guar-

nições das nãos, e dos navios, que a constituem, não menos de três para

quatro mil homens a favor da defesa da referida útil, e importante Ilha

de Santa Catarina.

16. E acresce ultimamente contra os mesmos castelhanos: que, supondo

neles as prevenções acima indicadas uns inimigos peritos na arte militar,

experimentados na guerra, e resolutos a nos fazerem ataques regulares: tudo

isto passa muito pelo contrário.

17. Pois que, pelo que pertence a essas partes; já se vio pela acção de

19 de fevereiro, que as nossas nove embarcações pequenas, combatendo com

fogo superior das sete fortalezas, e das embarcações armadas, que os ditos

castelhanos tinham na parte meridional do Rio Grande de São Pedro,

conseguiram passar ao porto do Patrão Mor com pequeno estrago, que a

todos causou admiração. Pela outra acção de 26 de março, que um destaca-

mento de quatrocentos cavalos mortos de fome, e de soldados desfalecidos,

e sustentados dc ervas, e raízes, bastaram para defender, e fazer evacuar

a fortaleza de Santa Tecla munida com cinco baluartes; guarnecida com a

competente artelharia, e fornecida com armazéns de toda a sorte de petrechos

An. Bibl. Nac., llio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 147: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 148 -

de guerra e munições de boca: e pelas outras acções dos dias 1.°, e 2.° deabril que quatro companhias dos nossos granadeiros também foram bas-

tantes para que os ditos castelhanos abandonassem todas as ditas sete forta-

le/as com a Vila do Rio Grande de São Pedro, fogindo desacordadamente com

as ditas embarcações armadas; e pondo fogo em toda a parte sem tino, ou

rezão, que não fosse a do terror pânico, que os preocupou.

18. Pois que, pelo que pertence às acções dos mesmos espanhoes nesta partede Europa; também se acaba de ver com a mesma decesiva clareza, quea expedição que por todo o ano de 1773, e 1774, esteve armando a corte

de Madrid, com vinte três mil homens de tropas de desembarque; oito

navios de linha; doze fragatas de guerra, e seis urcas de 40 peças cada íía;

três paquebotes; nove chavecos; quatro galeotas de bombas, tudo isto co-

mandado por dous tenentes-generaes; sete marechaes-de-campo; dezasseis

enginheiros; depois de haverem atroado, e posto em cuidado toda a Europa,

foram perecer miserável, e vergonhosamente, na praia de Argel no dia 8

de julho do mesmo ano próximo precedente; deixando oito para nove mil

homens mortos pelos mouros; e abandonando-lhes a artelharia, armamentos,

bagagens, e munições, que na madrugada do mesmo dia tinham desembar-

cado.

19. E pois que enfim, pelo que pertence também ao parecer desta última

expedição que está amiaçando desde Cádis com tantas rodamontadas o

nosso inalterável silêncio: mostrando a relação que vai junta à carta, queserve de coberta a esta instrução debaixo do número III; que na moralidade,

ou extravagância dos pomposos, e fantásticos títulos de D. Pedro de Sevalhos,

tem posto a corte de Madrid a maior força dela: e não consentindo as outras

forças físicas, que somente se devem contar, nem ainda a metade das sobre-

ditas forças, que no ano próximo passado serviram de almoço aos mouros

de Argel; se manifesta pelas cópias juntas à mesma carta, e marcadas com

o número IV, que além de ir cheia do medo e do terror pânico, que ainda

lhe estão causando as representações daqueles seus infelices sucessos de

Argel, e do Rio Grande de São Pedro, são na maior parte compostas: quantoaos soldados de gente do campo, que nunca teve üa espingarda as costas:

e quanto aos marinheiros, de miseráveis saloios, que nunca ouviram, quecousa era um cabo de laborar, ou subir, ou ferrar üa vela.

20. Factos na aparência tão incríveis, como certos na realidade.

21. Porque havendo entrado há pouco neste porto os seis navios de guerracastelhanos, que constam da mesma relação número III comandados pelochefe de esquadra D. Miguel Gastón, se vio, que as equipagens deles, eram

com efeito das abjetas qualidades acima referidas: que por isso dentro

neste mesmo porto de Lisboa andaram chocando uns contra os outros,

de sorte que foi necessário que lhe mandássemos consertar pela nossa mes-

trança a capitânia deles, que poucos dias depois de saírem desta Barra lhes

sucedeo o mesmo no cabo de São Vicente; de modo que entraram em

Cádis necessitados de outro novo conserto. Além de que nem a metade

das mesmas equipagens chegará viva às costas do Brasil.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 148: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 149 -

22. E sendo bem combinado, e ponderado tudo o referido, não pode ficar

receio algum, de que os referidos conquistadores imaginários possam arro-

gar-se ao domínio da Ilha de Santa Catarina, contendo-se o nosso juízo

dentro dos limites das causas naturais: e deixando reservadas à Providência

Divina as sobrenaturais, sempre inescrutáveis, e sempre superiores à nossa

compreensão.

Palácio de Nossa Senhora da Ajuda em 9 de setembro de 1776.

Marquês de Pombal

161 H.mo e Ex.mo Sr.

No dia 21 tive a honra de responder a V. Ex.a sobre as reclutas que

aqui se acham, dizendo-lhe estava carregando üa pouca de cal, que V. Ex.a

queria para depois fazer embarcar as reclutas; mas recebendo ontem üa

parada do Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei com a carta, e papel, que remeto

por cópia, me faz suspender o expedir esta embarcação, por que poderá ser

encontrada pelas duas embarcações espanholas de que fala a cópia que

remeto; e assim fica esta expedição suspensa até que V. Ex.a me diga o

que lhe parece. Eu não sei ainda a resolução que tomou o chefe da esquadra,

porque ainda não há tempo de vir a resposta.

Na parada que ontem chegou do Rio de Janeiro não veio mais carta

que a referida, que vai por cópia, por isso não partecipo a V. Ex.a algüa

cousa que haja de novo, e eu desejo sempre obsequiar a V. ExA Deos guarde

a V. ExA

Ilha de Santa Catarina em 24 de janeiro de 1777.

li."0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

162 Cópia

Il.mo e Ex.mo Sr. — Agora acabo de receber do Sargento-Maior João de

Abreu, que se acha destacado na Ilha Grande o papel de que remeto a

cópia, de üa embarcação que chegou aí arribada. Ao chefe da esquadra faço

este aviso, que julgo ele sairá a ver se as encontra. A pressa não premite,

que eu seja mais extenso. Deos guarde a V. ExA Rio de Janeiro em 10 de

janeiro de 1777.

Sr. Antônio Carlos Furtado de Mendonça Marquês do Lavradio.

Cópia — Em o dia quinta-feira 26 de dezembro de 1776 pelas cinco horas

da manhã me fiz à vela do porto de Santa Catarina, e no seguinte dia ao

amanhecer vi duas embarcações perto de mim as quaes vinham em meu

seguimento, e logo que clareou o dia percebi a üa delas inçar üa bandeira

no tope da gata, e outra no tope grande, e outra no de proa, e a do tope

grande era encarnada, e depois as amaram, e logo atiraram üa peça, e as

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 149: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 150 -

tornaram a inçar, e tornaram a tirar outra peça, e como era obrigação do

regimento que eu trazia reconhecer qualquer embarcação, que visse, através-

sei e incei a minha bandeira, e logo arriaram as suas, e inçaram a sua flâmula,

e a sua bandeira aonde conheci era espanhola, e inçaram a meio pau üa

azul, e logo a arriaram, e estes sinaes só üa os fazia, e chegando-se a fala pro-

guntavam-me de donde vinha, e eu lho disse, e me disseram, que se punhaa sotavento, e botasse a lancha fora, e duvidando eu por escusas, que lhe

fiz calarem-se, e julgando eu botavam a sua lancha, e outro crussário vinha

para meu balravento deitei as cartas que trazia ao mar amarradas com peso,

que logo se sumiram, sendo üa do Sr. Coronel Governador, e outra do Sr.

chefe da esquadra do sul, e me disseram com furor, que deitasse a minha

lancha fora, e fosse eu ao seu bordo, e logo o fiz, e chegando veio um

òfecial buscar-me ao portaló, e levou-me a câmera aonde estavam dois

ofeciaes, e mandou-me eu assentar, e me preguntou quando tinha saído, e

quantas naus lá estavam, eu lhe disse, que nenhüa, que estavam quatro;

porém que tinham saído comigo, e que julgava iam para o Rio pelo rumo

que navegavam, que era a lés-nordeste, e que quando os tinha visto julgavaserem elas; proguntaram-me de que força eram, disse-lhe eram de cinqüenta

peças no que me duvidaram, e disseram, duas eram como as suas, e duas mais

pequenas, sendo as deles dous crussários de 13 peças por banda: proguntou-me,o que julguei ser o comandante, se levava vias, e se sabia algüa cousa respetível

à guerra ao que lhe disse não sabia nada, e entrou a dizer-me não tivesse

receio de nada, que aquilo era a prática, e que me não ofendiam, e quedissesse o que sabia; eu lhe disse não sabia nada. Proguntaram-me quem

governava o Rio de Janeiro e disse quem era, disseram-me, que era outro,

do que mostravam terem bastante notícia, e que regimentos estavam na

Ilha, e dizendo eu que não sabia, disseram-me eram três, e o que se dezia

do Rio Grande, eu disse-lhe não sabia, também me proguntaram se tinha

chegado algüa nau da Europa ao que lhe disse que não, e só üas embarca-

ções do comércio, e logo me disse se precisava de algüa cousa, e também

disse já tinha visto a Ilha duas vezes, e que me fosse com Deos, que me não

queria estrovar a minha viagem, e vindo para meu bordo, marei o meu

caminho, e eles ficaram atravessados, e chegaram um ao outro, e mariaram no

meu bordo, e como quem vinha em meu seguimento, mas sem puxarem

por pano, e ao por do sol, viraram o bordo do su-sueste, e eu me fui avizi-

nhando para a terra para disto dar parte conforme a ordem que trazia,

e ao amanhecer tornei avistar üa embarcação pela minha popa, que julgueiser das mesmas, e já a este tempo era calma, e com as arages, que tive, vim

àvistar a Cananéa em muita distância, e não me pude chegar a ela, despois

vim àvistar a Ilha de São Sebastião querendo entrar, não pude entrar pelo

vento se chamar à terra, e daí me veio o vento para o mar com sarraçâo,

que vim tomar a Guaratiba aonde incei a bandeira conforme a ordem quetrazia, e pelo vento me ser ponteiro cheguei para a Ilha Grande para dar

parte do passado, a qual lugar cheguei às duas horas da noite dia quinta-feira9 de janeiro de 1777.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 150: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 151 -

Altura em que falei aos crussários lat.e 25 45 long.e 338 30 em o

bargantim São Francisco de Paula do Contrato das Baleas de que é Capitão

Bernardo Jorge.

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

183 H.mo e Ex.m0 Sr.

Havia muito tempo que não tinha o gosto de receber üa carta de mais

estimação de V. Ex.a sem que fosse de serviço: quis Deos que viesse Pedro

Marins para V. Ex.a me premetir esta fortuna, e vendo, que este ofecial

deve a V. Ex.a tantos amores, eu me devo sentir pela grande ambição que

tenho de merecer a V. Ex.a as suas maiores expressões: eu meu excelentíssimo

acabei de ser sangrado seis vezes no pé, e duas na veia jugular, e de tomar

dois purgantes! tudo isto a tempo de ter bastante escrita, e o peior é, que o

alívio, não é o que preciso.

Esitamos à espera das últimas novidades que todos dizem, tudo se põe

em paz; mas do Rio de Janeiro desde 7 deste mês, se não recebem aqui

cartas particulares, e ainda de serviço, só a do Sr. Marquês, que por cópia

remeti a V. Ex.a e como não estou para muita escrita, quero só pedir as

ordens a V. Ex.a, e protestar-lhe a minha obediência. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 30 de janeiro de 1777.

Il.mo e Ex.m0 Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Muito amigo, fiel captivo e mais obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

164 Il.mo e Ex.mo Sr.

Acabo de receber a carta do Governador desse Continente, partecipan-

do-me faz remeter para a Laguna o transporte preciso para a condução das

reclutas, e eu nesta ocasião lhe respondo, dizendo-lhe o que V. Ex.a me tem

partecipado a este respeito, e o que eu tenho dito a V. Ex.a, e o motivo

que houve para não expedir estas reclutas por mar em direitura a esse

Rio Grande, e o aviso de que os faço expedir com a pólvera para a Laguna:

o que me parece, que V. Ex.a assim o haverá por bem visto estarem as

cousas em caminho para este transporte.

O chefe da esquadra pouco tempo com a esquadra andou por fora

em busca das fragatas espanholas e deixando fora üa nau, e üa fragata se

recolheu à enseada das Garoupas, que é hoje o seio de Abrão.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 151: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 152 -

Do Rio de Janeiro não tenho que partecipar a V. Ex.a porque a últimacarta, que tive foi a que remeti a V. Ex.a por cópia a quem eu sempredesejo obedecer, e obsequiar com a mais prompta vontade. Dcos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 30 de janeiro de 1777.

Il.tt0 e Ex.mt> Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

165 Il.mo e Ex.mo Sr.

Agora me remete da enseada das Garoupas o chefe da esquadra essa

via, que veio na fragata, que comanda o Capitão-de-Mar-e-Guerra Antônio

Jacinto, que sem demora tenho a honra de remeter a V. Ex.a, e não tenho

mais que partecipe a V. Ex.a do Rio de Janeiro por não ter recebido carta

do II.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei.

As reclutas, e a pólvera ficam a sair para a Laguna, logo que haja vento

norte, e então direi a V. Ex.a os que morrido, e os que ficam doentes, e eu

desejo sempre obedecer a V. Ex.a com a mais prompta vontade. Deos guardea V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 2 de fevereiro de 1777.

Il.mo e Ex.m0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

IS6 II.»0 e Ex.mo Sr.

Marcha o Alferes da Cavalaria do Rio de Janeiro Antônio João Martins

Brito para a Laguna com cento, e üa recluta, e ficam no hospital desta

Ilha treze, e no mesmo têm morrido cinco; e com o alferes do Regimento

de Bragança foram já duas, como já partecipei a V. Ex.a, o que tudo consta

pela guia, que leva o mesmo alferes, que é o que veio do Rio de Janerro,e na mesma consta o tempo em que vão pagos. Leva mais os dois soldados,

que vieram da cavalaria, e um artelheiro, que estes três levam as suas guiasseparadas. Nesta, mesma ocasião vão os duzentos barris de pólvera a entregar

ao Comandante da Laguna para os fazer expedir com a brevidade possível,e é o que se me oferece dizer a V. Ex.a a quem sempre desejo obsequiar com

a mais prompta vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 4 de fevereiro de 1777.

II.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

167 Il.mo e Ex.mo Sr.

Diz V. Ex.a que antes quer ouvir falar dos meus pecados, que das

minhas moléstias; mas agora o que eu quero é que V. Ex.a ouça falar do

meu bom sucesso, que é o que emporta. Vão as gazetas, que pela fragata

An. Bibl. Nac., Rio cie Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 152: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 153 -

de Antônio Jacinto me chegaram, e não sou mais extenso, por não quererdemorar o aviso que faço a V. Ex.a a quem eu sempre desejo servir com

a maior vontade. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 12 de fevereiro de 1777.

Il.mo e Ex.m0 Sr. João Henriques de Bõhm

Muito amigo, e obrigado captivo

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

168 Il.mo e Ex.mo Sr.

Acabo de receber Ca carta do chefe da esquadra escrita da enseada das

Garoupas com a data de ontem, em que diz, que naquele instante entrou

ua sumaca do Rio de Janeiro, com sete dias de viagem (com carne para

a esquadra) pela qual o II.1110 e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei o informa pelas

notícias públicas, que a esquadra de Cádis saio no dia 17 ou 13 de novembro,

e que é composta de 18 embarcações de guerra, e dez mil homens de tx-opa;

e que toda a esquadra faz cento, e dezassete embarcações: Diz mais, que o

mesmo Sr. Marquês não tem recebido notícias da nossa corte, que era tudo

o que havia de novo: E que ele chefe fazia tenção de logo fazer corso,

depois que tomasse os mantimentos, e eu sem demora faro este prompto

aviso a V. Ex.a.

Tenho recebido duas cartas de V. Ex.a de 27 e 29 do mês passado:

Na premeira me partecipa V. Ex.a ter recebido a notícia da chegada

dos crossários, e do pagamento do mês de março, e que acerca da marcha

das reclutas, já tinha feito os avisos ao Governador do Continente, eu

sobre estas reclutas já disse a V. Ex.a, que marchavam por terra, e com

efeito, não só já tenho notícia de terem chegado a Laguna; mas de

terem começado daí a sua marcha, e pelo alferes da cavalaria que as

conduzio dei conta a V. Ex.a das que tinham morrido, das que ficavam no

hospital, e das que marchavam, e como V. Ex.a na referida premeira carta

me dezia que a pólvera se não podia conduzir por terra sem grandíssimo

perigo, se devia esperar ocasião de puder ir por mar; a qual já se achava

embarcada com as reclutas, que sem perda de tempo a mandei desembarcar

até que V. Ex.a detremine o que lhe parecer. O saco, e o estojo coberto

de couro, sem demora o fiz remeter ao Sr. Marquês Vice-Rei.

Queira V. Ex.a dizer-me, que sem embargo desta iiltima notícia se se

deve remeter por mar os fardamentos do meu regimento, e de Estremoz,

e eu desejo sempre obsequiar a V. Ex.a, e ter ocasiões de o servir. Deos guarde

a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 12 de fevereiro de 1777.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 153: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 154 -

169 Il.«> e Ex.mo Sr.

Esta madrugada pelas três horas chegou üa parada do Rio de Janeiroem que diz o Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei em carta de 4 deste mês,

que a pressa com que está não premite, que possa escrever com mais exten-

são, e só me avisa, que todas as novas públicas dão por certa a saída da

esquadra de Cádis no dia 12 ou 13 de novembro, e que deitara a sua

proa para América; e que ordena ao chefe da esquadra, que se não tiver

já partido cora a esquadra, a vir fazer a defesa da entrada deste porto,e que sem mais perda de tempo se faça logo à vela, e parta para o lugar,

que parecer mais próprio para ajudar a defesa desta Ilha. Ontem, ou jánesta madrugada falei a um mestre de üa sumaca, vinda do Rio de Janeiro,o qual diz (que não em muita distância) encontrou duas fragatas, que pelo

que ele diz, parecem ser as mesmas, que foram encontradas pelo bragantim

do Contrato das Baleias, e ontem mesmo por este motivo se fez à vela a

nossa esquadra, que se achava fundiada entre a Galé, e o Arvoredo, man-

dando o chefe para dentro as lanchas com algüa gente inútil, e me dizem

estão na Armação. O mestre da referida sumaca dá notícia ter chegado ao

Rio de Janeiro poucos dias antes da sua partida, üa curveta, que é do

patrão-mor de Lisboa, a qual tinha saído de Lisboa uns dias antes de outra

que já tinha chegado ao Rio de Janeiro; na qual se diz vêm alguns avisos

da corte, e como o Sr. Marquês Vice-Rei expede agora tudo por terra, me

parece, que dentro destes quatro, ou cinco dias poderei partecipar a V. Ex.aalgüas novidades ou remetê-las, por me pressuadir que então o referido

Sr. Vice-Rei escreverá a V. Ex.a, e a V. Ex.a remeto as cartas que vieram

na parada.

Eu ultimamente recebi a carta de V. Ex.a com a data de 8 deste mês,

e a esta hora terá V. Ex.a sabido a resolução que tomei sobre a pólvera,e cal, e como V. Ex.a me diz ter aí chegado o Mestre Manoel da Cunha,

o qual anda em üa boa embarcação, me parece que se V. Ex.a aqui o

queser mandar, poderá levar a pólvera, e cal, ou os fardamentos, que tudo

irá como V. Ex.a me apontar.

É certo, que as cartas particulares falam em cousas tristes; mas já depois

se tem dito, que o nosso soberano ia com muitas milhoras, e como V. Ex.a

recebe nesta ocasiões carta de Gaspar José, me pressuado que ele remeterá

a V. Ex.a as novidades que presentemente há. Eu desejo que V. Ex.a passemuito bem, e que me dê ocasiões de o puder obsequiar. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 18 de fevereiro de 1777.

li mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Fartado de Mendonça

170 II.™ e Ex*10 Sr.

Pela cópia que aqui relato a V. Ex.a ficará V. Ex.a certo das novidades

que têm ocorrido, e irei continuando a partecipar miudamente a V. Ex.a o

que houver de novo.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 154: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 155 -

Cópia U-mo e Ex.mo Sr.

É este o preraeiro aviso que faço a V. Ex.a, não só com o inimigo à

vista; mas entrando pela barra dentro. Esta madrugada recebi aviso do

Governador da Ponta Grossa, que ontem à tardinha entraram para dentro

do Arvoredo duas fragatas desconhecidas, e recebendo este aviso, sem perda

de tempo fui para a referida fortaleza a observar os movimentos dos espa-

nhoes, que pela grande distância, que há desta vila àquela fortaleza cheguei

pelas outo para as nove horas da menhã a tempo que a referida esquadra

tinha virado no sul em grande distância do Arvoredo; mas logo foi apare-

cendo pela ponta das Canavieiras, e até às onze horas, e meia desta menhã,

que estive naquela fortaleza apareceram vinte e duas embarcações, seis, ou

sete eram de grande porte, e as mais, üas pareciam fragatas, e outras embar-

cações de transporte, e quando saí da fortaleza já duas vinham arribando

para a Barra, e as mais iam assim seguindo: As embarcações espanholas que

pela menhã vio o Governador da Ponta Grossa eram mais de cem, e é por

ora o que posso dizer a V. Ex.a, e irei continuando todos os dias os precisos

avisos, e estou com bastante receio, que as gentes que estão nas paradas

abalem; mas há de se lhe pôr as providências precisas. Passo agora a dar

notícia da nossa esquadra, devendo premeiro dizer a V. Ex.a que no dia

17 deste mês entrou neste porto a sumaca Nossa Senhora do Pilar, Santo

Antônio, e Almas de que é mestre José Antônio de Melo, o qual disse,

que no domingo 16 deste mês pelas três horas da tarde avistou duas fraga-

tas ao sudeste em altura de 27 grãos e na de longitude 337., e 43. minutos

amarados por este bordo com vento lés-nordeste com proa do norte, e que

passaram distante desta sumaca a balravento, assim como de São Bento

dessa cidade a ponte de Alfândega a caminho do és-sudeste, e que depois

de passar unicamente üa hora avistou o Arvoredo, e dando disto parte ao

chefe, logo de caminho se fez este à vela, e dizem que ao mesmo tempo o

Invencível, e não sei se mais algüa fragata veio em busca da esquadra fazendo

sinaes, e o chefe sem perda de tempo se fez com toda a esquadra à vela,

mandando as lanchas para terra muito apressadamente com alguns doentes,

e me escreveo a carta, que vou a repetir - Aqui mando a V. Ex.a as lanchas só

com os patrões, estimarei que V. Ex.a se sirva delas naquilo que precisar,

e na ocasião não posso escusar mais gente; porque o inimigo está à vista:

e é o que continha a referida carta.

A esquadra se achava fundiada entre o Arvoredo, e a Galé na forma

que ultimamente tive a honra de partecipar a V. Ex.a. Um dos mestres

das sumacas, que vieram com carnes para a esquadra, que foi a Garoupas

buscá-las e não achando, saindo para fora, diz, que no dia 16 avistara 35

embarcações e isto é dito agora neste instante, porque entrou para dentro

por conta da esquadra espanhola. Desejo as ordens de V. Ex.a, e ocasiões

de lhe obedecer. Deos guarde a V. Ex.a. Ilha de Santa Catarina em 20 de

fevereiro de 1777. Il.m0 e Ex.mo Sr. Marquês do Lavradio = Antônio Carlos

Furtado de Mendonça.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103\3-236, 1983.

Page 155: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 156 -

Estimarei que V. Ex.=> tenha todas as felicidades, e que me da ocasiões

de o puder obsequiar. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 20 de fevereiro de 1777.

li™0 e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

171 xi.mo e Ex.mo Sr.

Continuo a remeter a V. Ex.» a cópia da carta do Sr. Marquês Vice-Reipara V. Lx. ser ciente do que se vai passando. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 22 de fevereiro de 1777.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antonio C-arlos Furtado de Mendonça

172 Cópia

II.mo e Ex.mo Sr. — Antes de ontem rive a honra de partecipar a V. Ex.aque a armada espanhola, não só estava à vista; mas que vinha entrando eque o chefe da esquadra se tinha antes feito à vela pelos avisos que teve-e eu nao sei mais nada dele, e só me restou dizer a V. Ex.a que a carta>

'

V. Ex.a escreveo ao chefe, em que me diz lhe ordenava, que se não tivesse

partido com a esquadra a vir fazer a defesa da entrada deste porto, que semmais perda de tempo, se fizesse à vela para o lugar,

que parecesse mais pró-pno para a defesa desta Ilha, a qual carta lhe não foi entregue por chegara tempo de ele se ter feito à vela. Mandei examinar

por pessoa inteligenteas forças da armada, e quem foi a esta deligência, diz, que se compõem deJO, e tantas embarcações,

que destas cinco, são de maior lote, e 7 maispequenas, 8, outo fragatas, e outros tantos chavequins de 3 mastros, e nisto

pode haver algüa equivocarão, pois todas elas trazem galharetes, e diz ene

prático, que as embarcações pequenas lhe parecem ser do General Barceló,

e que todas as mais embarcações de transporte, ou a maior parte delas,trazem artelhana, e são de pequeno lote, e que se acham prostadas em linha

para dentro da ponta das Canavieiras até a ponta da Armação chamadada Vegia da parte de fora. Acham-se 6 fragatas, e üa nau das grandesao pe da referida

ponta da Vegia, e as mais naus, e fragatas estão intrepu-ladas com as embarcações de transporte, e para dentro da linha está üa.fragata,

que é a das ordens, que tem vinte e seis peças, e um penquede 18; e üa curveta do mesmo lote, e estas são as que têm andado sondando

com escaleres, duas delas já entraram dentro da Ponta Grossa, e ua passouSanta Cruz, e andando bordejando veio buscar o Pontal, e ambas as for-talezas lhe atiraram alguns tiros, sem efeito pela grande distância em queestava. Esta embarcação atirou 7 tiros com bala a quem foi fazer este exame,

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J03:3-2$6, 1983.

Page 156: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 157 -

o qual esteve bastantemente também perto do escaler desta embarcação,

que também andava sondando, e diz que 5 embarcações têm bandeiras de

chefes de esquadra, não entrando neste número a do general. É bem

certo que se a nossa esquadra estivesse dentro, não se haviam de atrever

a tanto. Eles vão fazendo as suas operações com muito cuidado, e eu

sinto no meu coração não lhe puder fazer o dano que desejo. Eles têm

da parte de fora andado sempre a sondar, e ategora não consta que

tenham feito nenhum desembarque; se bem que esta noite üa lancha que

passou pelo estreito, disse que nas Canavieiras se achava muita gente;

mas se assim fosse já havia muito tempo que aqui poderia estar aviso da

Ponta Grossa, e a mim me lembra que eles com embarcações das mais

pequenas entrem pela Barra do Sul, que se assim fizerem ficamos encurre-

lados, e esta menhã se ouviram para lá quatro tiros, mas não tem havido

parte, nem mais novidades. Devo sigurar a V. Ex.a, que os ânimos de todos

desde o governador até o último soldado se mostram com o maior valor

e espírito sem embargo de verem esta grande expedição: Estimarei que

V. Ex.a me dê as suas ordens, e que eu sempre possa ter a fortuna de

lhe obedecer. Deos guarde a V. Ex.a. Ilha de Santa Catarina em 22 de

fevereiro de 1777. Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês do Lavradio = Antônio Carlos

Furtado de Mendonça.

li mo e Ex.mo Sr. = Agora ao fechar da parada chega üa carta do capitão

de auxiliares que está na trincheira do Rio de Ratones em que diz que um

soldado das ordenanças, que morava em São Francisco de Paula, que se

veio incorporar àquela trincheira diz que querendo ir a sua casa ao descer do

morro de São Francisco de Paula vio um grande número de gente em terra,

e que correram atrás dele, e a mim me tem admirado o não ter vindo

hoje nenhüa parte de Ponta Grossa. Deos guarde a V. ExA Ilha de Santa

Catarina em 22 de fevereiro de 1777. II.™ e Ex-° Sr. Marquês de Lavradio

— Antônio Carlos Furtado de Mendonça.

173 Il.mo e Ex.m0 Sr.

Pela cópia da carta que nesta mesma ocasião escrevo ao Sr. Marquês

verá V. Ex.a a minha infelicidade, e me não é possível remeter a V. Ex.a

as cópias dos termos que tenho feito, por não haver nenhum sussego.

Ontem às onze horas da noite, depois de ter escrito a referida carta,

escreveo o Governador de Santa Cruz, que se achava já com quatro naus

à barba para o baterem, dizendo, que por mandado de D. Pedro Cevalhos

tinha ido um coronel a dizer-lhe, que largasse aquela fortaleza, que estava

prompto, ou cousa semelhante para lhe ademitir algumas condições, e cha-

mando a conselho todos assentaram que estávamos só nos termos de fazer

üa retirada para a terra firme, o que se há de executar hoje, caminhando

para a Laguna, devendo V. Ex.a dar as providências precisas, e dizer-me o

que elevo fazer, e para um homem tão infeliz como eu parece que basta

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 157: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 158 -

de matraca. V. Ex.a me tem a suas ordens, desejando ter ocasiões de o servir.

Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 25 de fevereiro de 1777.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bóhm

De V. Ex.a

Muito amigo, captivo, e obrigado

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

174 Cópia Il.mo e Ex.mo Sr.

Depois de haver escrito a V. Ex.a por parada em 20, e 22 do corrente

com a notícia da chegada da armada espanhola a este porto, e o que havia

ocorrido a respeito desta, té aquela data, devo continuar com o que se

tem seguido até o presente. No dia 23 acabei de ter a certeza de que a dita

armada, havia lançado um grande golpe de gente em terra na falda do

monte de São Francisco de Paula, que está a três quartos de légoa com

pouco deferença da fortaleza da Ponta Grossa, da qual se contaram 12 ban-

deiras, e 12 peças pequenas de campanha, que se viram desembarcar, e se

julgou seriam seis regimentos, sendo um deles de fuzileiros de montanha,

ou caçadores, que logo que desembarcaram entraram a fazer fogo com as peças,

e fuzis para os matos vezinhos, talvez com o receio de algüa embuscada, o

que tudo referiram os ofeciaes da guarnição da mesma fortaleza ao Gover-

nador desta Ilha, e ao Brigadeiro José Costódio de Sá, que passaram à

mesma fortaleza a deligência que logo expressarei, e os mesmos presenciaram

ocularmente o seu campo, e destinguiram os fardamentos, confirmando-se

no número das embarcações, que excediam as de noventa.

No mesmo dia 22 à noite recebi a carta do Capitão Governador da

fortaleza da Ponta Grossa, de que remeto cópia no número 1.°, na qual

verá V. Ex.a a sua representação e como no premeiro conselho em que

entrei com o governador brigadeiro se não conciliavam com formalidade

nos votos os dois ofeciaes por não terem a certeza física das duas paragens

que apontava o dito capitão em que podia ser cortado, no caso de se ver

na precisão de Ga retirada; ordenei aos dois ofeciaes passassem à mesma

fortaleza e examinar com evidência quaes elas eram para poderem votar,

sem escrúpulo nesta matéria, e se puder resolver o que se julgasse mais

acertado, sobre a representação do dito capitão governador, porém para que

qualquer demora não fosse prejudicial lhe dei o puder de resolverem

ambos as ordens, que deviam deixar ao mesmo capitão governador, e como

podia acontecer, o não concordarem, ordenei os acompanhasse o Coronel

do Regimento do Porto Antônio F.e para o desempate; porém vendo que

a dita fronteira não podia ser atacada até o dia de hoje ao meio dia assen-

taram de comum acordo o recolher-se, sigurando ao dito capitão governador

que no dia seguinte lhe chegariam as ordens do que devia obrar, e isto

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 158: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 159 -

com o fim de eu convocar todos os ofeciaes maiores para ser detreminada

com maior circunspeção a ordem que se lhe devia mandar, o que assim

se executou, como tudo consta dos termos de que remeto cópia no número,

ordenando-lhe que se retirasse, vista a impossibilidade que tinha para o

fazer depois de ser atacado, porém o mesmo capitão governador a não

esperou, e saio da fronteira com a sua guarnição té o Pontal do Rio de

Ratones, como se vê da sua carta datada no dia de hoje 24 do corrente

de que incluo a cópia no número 5.

Neste mesmo dia convoquei outro conselho dos ofeciaes maiores a

quem referi o capítulo do ofício que V. Ex.a me expedio datado em 20,

de outubro do ano próximo passado, em que, em suma, V. Ex.a ordenava

que nem nesta Ilha, nem nas partes imediatas a ela se conservassem gados,

mantimentos, ou cavalgaduras para no caso de infelecidade se augmentarem

as forças, e meios aos nossos inimigos, não para se sustentarem; mas para

puderem prosseguir as suas marchas. Que escolhesse eu com a dessimulação

possível um ponto aonde podesse ter üa sigura retirada, e que nele me

podesse fazer forte para embaraçar o trânsito para diente aos mesmos cas-

telhanos; porém que isto se entendia depois de se ter feio nesta Ilha a mais

assignalada, e exemplar resistência. Também lhe mostrei o outro capítulo

das instruções em que Sua Majestade manda, que a nossa esquadra defenda

a entrada do porto, a cadeia, que se devia fazer entre a fortaleza Anhatomerim,

e a de Ratones para cobrir a nossa esquadra, para que sobre estes pontos,

na conjuntura em que nos achávamos, sem a esquadra (de que não tenho

notícia) nem embarcações para formar a sobredita cadeia, pois só me acho

com as lanchas da Armação das Baleias, e três escaleres pequenos, e impôs-

sibilitados a nos pudermos retirar, atacados pela Praia de Fora, e pela da

vila, dessem o seu voto do que devíamos seguir, que tudo se reduz a pormos

a dita retirada em prática antes de sermos atacados. O puder dos castelhanos

é sem questão de dúvida desproporcionado às nossas forças; pois trazendo eles

dez mil homens, que defensa poderemos fazer com üa tropa, que não chega

a duas mil pessoas em que entram auxiliares e ordinanças cuidadosos somente

das mulheres, filhos, e dos pequenos bens, que pessuíam: Eu me conformei

com os mesmos pareceres, não só pelas faltas das forças do mar de que os

castelhanos estão senhores pelas diminutas de terra tão despartidas; mas

por não sacraficar esta tropa, que pode ser útil para embaraçar que os

castelhanos passem por terra ao Rio Grande, o que se se nao evitar porá em

grande constrenação as que ali se acham, e ficamos observando os mo\i-

mentos do inimigo (que já tem próximo da fortaleza de Anhatomerim

quatro naus) para seguirmos o que se tem assentado, e o que mais se resolver

sobre esta importante matéria.

Esta carta foi começada esta manhã, e ainda agora que são dez para

onze horas da noite a não posso expedir por conta do auditor não puder

concluir as cópias dos termos que se têm feito, e fica esta parada prompta

para se expedir logo que for possível, e como V. Ex.a sabe o muito que

padeço conhecerá o estado em que me acho, principalmente porque há cinco

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 159: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 160 -

dias, e noites que em todas elas poderei ter dormido três para quatro horas,

e o que mais me custa é ir dando tão infelices notícias. Deos guarde a V. Ex.a.

Ilha de Santa Catarina em 24 de fevereiro de 1777.

Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês do Lavradio

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

175 Cópia de algumas cartas do Governador da Ponta Grossa

N.° 1.°

Il.mo e Ex.mo Sr. General Antônio Carlos Furtado de Mendonça = Seriam

onze da noite, quando se fizeram à vela duas fragatas, que ao menos têm

30 peças de artelharia, üa fundiou defronte da casa de José de Oliveira,

a outra da parte da terra da Ilha, e da do Francês: a que esteve defronte de

José de Oliveira levou-se pela menhã, e foi saindo para onde a outra está.

Gente em terra não se vê, mas poderão botá-la. A armada se tem chegado

mais para esta fortaleza, o que fez também de noite. Vou a ponderar a

V. Ex.a com a pureza da verdade o que estou presenciando. Eu tenho de

tropa 45 soldados do Porto, que são bons, do Regimento de Pernambuco

60 que a metade deles para nada servem, só sim para fazerem número,

auxiliares, e ordenanças não digo a V. Ex.a o que são, e porque julgo sabe

V. Ex.a muito bem a sua conduta, que só servem para sentir a falta das

suas vaquinhas, e choram desanimando uns aos outros, e o mais é que os

seus ofeciaes são constantes; mas os não podem conter por ser maior o seu

sentimento, e um Cabo de Auxiliares Manoel Lourenço se foi embora sem

licença deixando arma. Eu excelentíssimo senhor estou prompto para a

defensa até dar a última gota de sangue, e os meus camaradas ofeciaes; mas

senhor excelentíssimo nós sós nada podemos com um poder tão grande,como V. Ex.a conhece. Eu tenho duas partes por onde me podem cortar,

que fazendo eles, aqui fica tudo no sacrafício, por não ter por onde se

possa fazer üa retirada; sendo atacado por mar, e terra como me pareceeles se vão apromptando, e este é o seu ponto fixo. Espero que V. Ex.a me

honre, dizendo-me o que em semelhante caso eu devo obrar com mais acerto a

excelentíssima pessoa de V. Ex.a guarde Deos. Ponta Grossa a 22 de feve-

reiro de 1777. De V. Ex.a o mais atento venerador e creado. Simão Rodrigues

Capitão Governador.

N.° 2.°

Sr. Antônio de Melo, e Castro = Amanheceo o dia, e se percebe, que a

fragata, que estava fundiada a terra da Ilha do Francês se chegou mais paraa terra até mandado mais lanchas para a terra, estas têm feito um grandedesembarque de gente por detrás de São Francisco de Paula, e como me

consta que os espanhoes têm falado com üa mulher chamada a Berresta, que

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 160: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 161 -

é diabólica; ela sabe tudo, e todos os caminhos, e me certificam os moradores,

que podem ir às necessidades com bem facilidade. Deos guarde a V. Ex.a

Ponta Grossa 23 de fevereiro de 1777. Simão Rodrigues Capitão Governador.

Parte às 7 e meia.

N.° 3°

Sr. Antônio de Mello e Castro zz Mandando explorar a gente que poderia

haver em terra, me certifica o explorador estão mais de três mil homens,

e a nau de linha está quase emparelhando a fortaleza. Deos guarde a V. S.a.

Ponta Grossa 23 de fevereiro de 1777. Simão Rofs Capitão Governador. Parte

às 8 horas.

N.° 4.°

Sr. Antônio de Melo = O monte de São Francisco de Paula, e até ao

princípio da praia desta fortaleza tudo está cravado de tropa com estan-

dartes largos, e um ofecial general. Da Ilha do Francês para dentro já estão

doze embarcações, e as mais que se estão fazendo à vela, fazendo um círculo a

esta fortaleza, e praia; Nestes termos rogo a V. S.a que me mande algumas

embarcações que a este puder, forças tão diminutas não resistem. Deos

guarde a V. S.a. Ponta Grossa 23 de fevereiro de 1777. Simão Roís Capitão

Governador. Parte à üa hora.

N.o 5.°

II m° e Ex.mo Sr. General Antônio Carlos Furtado de Mendonça = Ontem

pelas dez horas da noite pouco mais, ou menos, além dos mais avisos que

eu tinha das minhas espias, me chegou um aviso a toda pressa do Capitão

Antônio Henrique de Miranda em que me mandava dizer, que o castelhano

já estava chegado ao passo por onde havia de ser a retirada por aviso de

üa espia que tinha mandado à outra banda, e terem fugido os homens da

parada. Nestes termos conhecido o perigo evidente em que ficava todo o

destacamento, e não ser a piedade de V. Ex.a que se sacraficasse me retirei

pelo pontal por ser de noite, e o não puder fazer já pelo passo detreminado.

Fico com todo o destacamento na trincheira da boca do Rio de Ratones, V.

Ex.a me detreminará o que devo seguir a excelentíssima pessoa de V. Ex.a

que guarde Deos. Trincheira do Rio de Ratones 24 de fevereiro de 1777.

Simão Roís Capitão.

N.° 6.°

Sr. Antônio de Melo e Castro — Hoje pelas nove horas da menhã saio

desta trincheira sem licença o Tenente de Artelharia José Henriques, e reco-

lhendo-se o Reverendo Capelão Frei José que quis ir buscar o santo me

certifica que ele saltou da muralha do forte abaixo, e desertou para os cas-

telhanos que estavam na baixa do forte, e também o confessa o seu negro

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 161: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 162 -

por não querer ir com o senhor; o qual o conduzio o Pe. capelão para esta

trincheira. Deos guarde a V. S.a. Trincheira 24 de fevereiro de 1777. Siraão

Roís Capitão. Parte às duas horas.

176 Il.mo e Ex.mo Sr.

A última vez que escrevi a V. Ex.a da Ilha de Santa Catarina foi

dizendo-lhe que me retirava com toda a tropa seguindo para esse Conti-

nente, a fazer-me forte nalgüa parte até que V. Ex.a me dissesse o que devia

de fazer, e com efeito vim até o Cubatão à casa de José Luís Ma[rtins?], com

muito trabalho, e com a infelicidade de se não poderem dar as providências

que eu tinha recomendado: Do regimento da Ilha tem desertado tudo, que

o muito que aqui poderá haver é menos de duzentas praças entrando os

oficiaes e creio que os soldados todos, e oficiaes inferiores se irão embora:

O Regimento de Pernambuco, terá hoje na marcha cincoenta para sessenta

desertores, mas tenho a certeza que daqui para diante poucos marchariam na

exceção dos oficiaes. O Regimento do Porto, terá os mesmos desertores,

que o de Pernambuco e tem estado em mais algüa ordem: Eu intentei marchar

para diante para o que chamei os oficiaes maiores dos regimentos e o Go-

vernador Pedro Antônio, para que os premeiros dissessem se os regimentos

estavam em estado de se continuar esta marcha, e o governador que dissesse

se havia providências para a mesma marcha, e para as passagens de rios,

e assentado todos, que estávamos impossebelitados para daqui sair, mandei

José Custódio a falar com D. Pedro Sabalho, a ver se poderia conseguir

algüa cousa que fosse a bem do serviço de nosso amo, e nosso, e depois

de lá estar três dias porque o general está na Ponta Grossa, veio dizendo

que todos deviam ficar presioneiros, e que os oficiaes depois de darem a sua

palavra de honra se lhe poderia permitir transporte para o Rio de Janeiro,ou para outra qualquer parte; e hoje torna o mesmo brigadeiro a ver como

isto se há de executar.

As forças dos inimigos são dez mil homens de desembarque, catorze mil

marinheiros, fora a guarnição dos soldados da Marinha, e trazem muitos

oficiaes fora dos corpos, e andam com a maior deligéncia buscando práticos

para o Rio Grande: A gente de transporte toda está em terra, e não tem

permetido que desembarquem nada do fato desta tropa; e não tenho mais

que dizer a V. Ex.a só muito pedir a V. Ex.a que por conta da Fazenda

Real mande dar aos portadores desta dez moedas de ouro porque eu assim

lho prometi, e me obriguei a dá-las no caso de as não receberem. Deos dê a

V. Ex.a e à sua tropa melhor felicidade do que eu tenho tido, e guarde a

V. Ex.a por delatados anos.

Cubatão 4 de março de 1777.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 162: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 163 -

177 II.™» e Ex.m0 Sr.

Ontem tive a honra de escrever a V. Ex.a por um soldado, e agora se

me oferece ocasião de tornar a fazer esta deligência devendo dizer a V. Ex.a

que aqui me acho neste Cubatão sem esperança nenhGa de poder seguir para

esta ou aquela parte. O Brigadeiro José Custódio foi falar a D. Pedro Sa-

balho sobre o nosso transporte pela impossebelidade em que estamos de

continuar a marcha.

Hoje sube que a guarnição da Laguna desamparou aquele porto, e

deve V. Ex.a estar certo que os castelhanos têm a estrada franca, e eu não

tenho expressões com que segure a V. Ex.a que me falta o ânimo de dar

a minha palavra de honra de não pegar em armas. Deos dê a V. Ex.a

muita saúde.

Cubatão a 5 de março de 1777.

II."10 e Ex.ra0 Sr. João Henriques de Bõhm

Antônio Carlos Furtado de Mendonça

173 Muito Il.mo e Ex.mo Senhor General Comandante em Chefe

A quinze do corrente cheguei a esta Vila da Laguna com dezassete dias

de viagem sendo-me preciso alugar Ga carreta para conduzir os arreios e

alguns soldados mais empossebelitados porque na demora não perecesse as

execuções que tenho a meu largo.

Logo que cheguei entrei na endagação do estado em que se acha o

inemigo e o que pude alcançar por enformação de três homens que por

diferentes vezes chegaram da Ilha de Santa Catarina que pouco se defire

um do outro 'Mzem que a armada do inemigo consta de seis naus de linha,

e treze fragatas, e os mais ordinárias e dizem ser algüas de negócios que

levam as suas conquistas e que não excedem o número de cento e Ga vela

e traziam pouco mais de sete mil homens, notícias que afirma João Homem

dos Santos homem de negócio morador no quartel do Rio Pardo, e diz

lhe sigurara esta certeza um capelão da nau em que esteve prisioneiro, e

dizem que a tropa é bem pouco luzida.

Os mesmos asseveram que o general castelhano no dia 29 de março

saíra com a armada para fora deixando na Ilha três mil e duzentos homens

e cinco embarcações no poço e Ga ordinária na Barra do Sul e que levara

quatro mil homens e dizem que navegara para o sul levando consigo o

Brigadeiro José Custódio e alguns prisioneiros. Também se diz que o

general da Ilha e governador e mais ofeciaes portugueses saíram em Ga

embarcação a título de os mandar para o Rio porém não se sabe a certeza

se é no Rio de Janeiro ou o Rio da Prata.

Amanhã que se contam dezoito do mês faço tenção adiantar-me a exe-

cutar as ordens que trago e ver se com deligência posso alcançar mais

notícias com que possa enteiramente certificar a V.Ex.a o estado das cousas.

Deos queira favorecer-me para que assim o consiga.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:8-236, 1983.

Page 163: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 164 -

Desde que passei [não lido] tenho atual notícias de que andam nestacosta algüas porém não excedem o número de üa e muito é duas emquantoà vista eu julgo serem algüas que andarão correndo os mares ou talvez sedesgarrassem com algum temporal da armada.

Os moradores desta vila achei bastantemente atinuados porém agora jáos vejo mais capacitados é o que por agora posso enformar a V. Ex.a queDeos guarde por muitos anos. Hoje Vila da Laguna 18 de abril de 1777.

De V. Ex.a

Obediente súbdito

Cipriano Cardoso de Barros Lemos

179 II.mo e Ex.mo Sr. General Comandante em Chefe

No dia 23 do corrente dei parte a V. Ex.a da embarcação que chegou

a Vila Nova e no dia 24 marchei a observar o seu intento ao mesmo tempo

chegou aviso de que o castelhano desembarcava gente em terra, os quaesmarcharam à dita vila a intimar as ordens do seu general para que reco-

nhecessem a EJ-Rei católico por seu legítimo soberano; com esta notícia

adiantei a marcha não obstante o pequeno número de soldados que me

acompanham, com tenção de lhe mostrar que entre os vassalos do meusoberano monarca ainda há quem sabe expor e empregar a própria vida

e sangue por defender os seus estados; por agora se não pode executar o

pertendido por adiantarem os nossos inimigos a retirada e o embarque não

sendo bastante a deligcncia com que o procuramos.

No dia 25 fiz marchar esse pequeno número de soldados dispondo os

ao melhor lance da fortuna, e com efeito a encontraram a tempo que os

nossos inimigos faziam sigunda vez o desembarque atacando à primeira voz

que ouviram que por mim lhe foi dada desprezando o fogo da mosquetaria

inimiga e artelharia da sua embarcação com que favoreciam ao desembarque,

se mostrou as nossas armas deste pequeno corpo tão constante que fizemos

entre prisioneiros feridos e mortos quinze como melhor se mostra da relação

inclusa que remeto a V. Ex.a como também a destinção dos soldados e paisanos

que nesta ocasião se acharam sendo tão igual o valor e zelo com que se

empregaram que me persuado que se V. Ex.a e Sua Majestade os recebesse

nos olhos de sua benignidade sem dúvida os atenderia com aquela liberal

mercê com que costuma atender aos que com zelo e valor se empregam

no seu real serviço. Acho-me nesta Vila da Laguna por ordem de V. Ex.a,

e como ao mesmo tempo vejo a percisão que há de a defender e chamar

os moradores de lá ao grêmio da defesa que devem fazer, assim ao seu

domecílio como aos estados do nosso soberano monarca lhes tenho em

parte mostrado o quanto devem obrar em sua defesa desterrando de si o terror

pânico mostrando em toda a ocasião o que devem fazer derramando a última

gota de sangue e perder a própria vida. Esta resolução já conheço em todos

os moradores servindo-lhes de exemplo esta pequena ação proximamente

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 164: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 165 -

acontecida; eu me persuado que se V. Ex.a der qualquer pequeno socorro

de gente pólvora e bala, e armas, a essa vila não será fácil que o inimigo

a conquiste havendo quem com acerto dê as determinações.

Logo que os nossos soldados executaram a ação e tomaram a lancha

aos nossos inimigos ficaram estes a amarra e se fizeram na volta, navegando

em direitura a Santa Catarina, [não lido] me resolvo a remeter os prisio-

neiros em direitura à capital de Viamão por me parecer não é conveniente

remeter a essa fronteira pelas rezões que no seguinte parágrafo relato a

V. Ex.a.

No dia 20 toparam as nossas patrulhas no campo de Araçatuba um

soldado espanhol que seguia a nossa derrota por vir desertado cujo dá

por notícia certa haver saído no dia 29 de março o general castelhano com

a sua armada deixando somente na Ilha três batalhões e cada um batalhao

de 573 homens e quatro embarcações no poço e üa pequena na Barra do Sul.

Com pouca diferença dão os prisioneiros a mesma notícia.

Uns e outros certificam haver marchado o general espanhol navegando

para o sul na inteligência de ir combater Rio Grande. Também afirmam

haver exprimentado o rigor de alguns temporaes com que tornaram am-

bados àquela Ilha 5 embarcações, eu hei de estimar que V. Ex.a nao tenha

exprimentado algum disgosto.

Nesta costa andam atual as embarcações navegando para ua e outra

parte sem que eu possa alcançar qual seja o seu destino. Tenho agregado

com a maior deligência alguns soldados dispersos da envasão de Santa Cata-

rina ainda que todos derrotados sem armamento nem fardamento algum

tenho os feito conservar por se fazerem precisos até sigunda ordem de

V Exa. Tomei o expediente de representar aos ofeciaes da Câmera a cons-

ternação em que se acha a tropa que existe na goarnição desta vila para

que se lhe assistisse com as monições e socorros precisos, para os poder

conservar e fazer-se aviso à Provedoria ou Junta para por ela ser pago

facelitando nesta forma o conseguir este benefício com menos dispesa ao

que prontamente atenderam os ditos ofeciaes da Câmera todo ao^ bem

comum e eu estimarei seja concernente ao gosto e satisfação de V. Ex. .

Os soldados que me acompanham marcharam dessa fronteira sem rece-

berem o soldo do mês passado pelo que têm exprimentado algua indigencia

e porque na demora que poderemos ter cá se poderá

fazer mais sensível

esta falta rogo a V. Ex.a que como pai da tropa se sirva mandar-lhes remeter

os seus socorros.

A falta que tenho sentido de cavalos me tem causado a demora de

não estar já deste lado da Barra os animaes destes moradores amanhã me

persuado ficarão todos.

Os moradores da Vila Nova me pareceo conveniente deixá-los todos a

esta parte atendendo as diferentes desordens que dali têm acontecido. Quanto

nesta parte tenho obrado tem sido somente pelo ardente fogo que me

assiste e vivos desejos de acertar no serviço de meu soberano monarca. Hei

de estimar acerte na satisfação e gosto de V. Ex.a. A todas as minhas faltas

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 165: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 166 -

supra a grandeza e benegnidade de V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a muitosanos.

Vila da Laguna a 27 de abril de 1777.

De V. Ex.a

O mais obediente súbdito

Cipriano Cardoso de Barros Leme

Relação dos prisioneiros que se fizeram no dia 25 de abril de 1777 executado

pela tropa ligeira que se acha na Vila da Laguna de que é comandante o

Capitão Cipriano Cardoso de Barros Lemos.

Alferes prisioneiro 1

Cabo de esquadra 1

Soldados 2

Marinheiros 2

Ditos feridos 2

Soldados mortos entre [nós?] preferidos 2

No conflito 2

Um que escapou ferido para bordo 1

Um genovês casado no Rio de Janeiro 1

Soma: 14

180 II.»® e Ex.*00 Sr.

No dia 27 do corrente dei parte a V. Ex.a do acontecido no dia 25

juntamente com a remessa dos prisioneiros, para Viamão em cuja resulção

não sei se errei, mais afirmo a V. Ex.a que touda a minha vontade é acertar

no serviço de meu soberano monarca e satisfação das ordens de V. Ex.a.

Hoje me chega a notícia de que o inimigo tem esprementado gravedestroço na armada, que saio de Santa Caterina ainda que afirmam com

certos endícios esta derrota contudo não me resolvo a entender se foi força

do temporal, ou algum encontro, que tivessem no mar; mais sim certificam

as notícias haver aparecido por estas costas e praias muitas relíquias do

des trago.

Esta parte que dou a V. Ex.a não é do que verbalmente pude alcançar

mais sim aquela que só por deligência me deu a notícia.

A 28 do presente marchou um confidente, a alcançar o estado da Ilha;

e ao fazer desta despaicho outro a certificar-me da verdade; porque conferindo

as notícias de um com outro poderei dar a V. Ex.a melhor enformação.

Os moradores da Laguna mostram vontade de defender o seu país porémenteiramente lhes falta as providências precisas porque os armamentos dastropas milicianas se tinham retirado toudos, aos conventos; e desta retiradaresultou as quebras das moniçõs de bala e fougo; tanto que me não temsido possível completá-los de pederneiras.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, lOh3-236, 1983.

Page 166: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

-•167 —

A vontade com que os vejo que e o muito que me têm rogado me

tem premetido trasvidir as ordens de V. Ex.a resolvendo-me a favorece los

na defesa enquanto V. Ex.a não manda o contrário.

Eu me persuado consultando a barra e o país, que nos favorece que

mandando V. Ex.a um socorro de enfantaria com pólvora e bala que se

faz perciso, e o número que não seje menos de cem homens se poderá

defender não faltando a constância, aos defensores; tendo porém um pur-

dente e acertado juízo que os governe.

Tenho procurado com touda a deligência agregar os soldados que se

devandaram no destrago de Santa Caterina e desta deligência tenho resultado

aprontarem-se de diversos corpos o número de 32 entre alguns inferiores, e

para os puder congratular me resolvi a pedir à Câmera desta vila dinheiro

com que faça pagar a tropa que aqui se acha um mês de soldo segurando

com a minha fazenda o cômputo do dito pagamento que emporta 175 mil

e quinhentos réis entrando neste número os soldados que me acompanham;

estimarei esta minha deligência seja do agrado de V. Ex.a.

Nesta mesma ocasião represento o deduzido ao Governador da Província

para que atenda a minha deligência mandando contribuir na satisfação do

dinheiro pedido para a munição da tropa que aqui se acha, me tem sido

preciso pedir mais por esmola que por outra forma; eu a este respeito

não posso dizer cousa alguma conhecendo, que o cumando desta vila foi

Ex.mo Sr. Marqueis dar em nome de Sua Majestade a ofecial que aqui se

acha comendando a recompensa de seus serviços na tranqüilidade, que

naquele tempo se lograva; mais na presente ocasião parece se faz preciso,

quem atenda a toudos os casos, que no tempo de guerra por diferentes

formas se ofereçam; esta é a razão por que no artigo sétimo desta carta

aponto a V. Ex.a na precisão do governo; pois não é fácil achar em um

sujeito juntas as vertudes de bom soldado e de bom governo.

Obriga-me o ser de liai vassalo a expressar a V. Ex.a parte do que

entendo sem que em mim assista tenção ou dolo algum.

Ainda me não tem sido possível remeter a V. Ex.a o mapa com o

cômputo, do que aqui se acha pela desordem, em que tem estado este

pouvo e o seu destacamento.

Ainda continuam a navegarem embar[ca]çõs principalmente em ventan-

do o sul sem que se possa alcançar qual seje o fim delas.

Eu rogo a V. Ex.a que por sua grandeza não se sirva não censurar

as minhas faltas pois posso afirmar que as em que eu cair não é mais

que produção da minha ignorância.

A vida e saúde de V. Ex.a guarde Deos por muitos anos.

Vila da Laguna 30 de abril de 1777.

De V. Ex a

O mais obediente súdito

Cipriano Cardoso de Barros Leme

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 167: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 168 -

Il-mo e Ex.wo Sr. General em Chefe

Na carta de V. Ex.a de 27 de abril, e do primeiro do corrente receboas ordens de V. Exa. para que me recolha, com a pequena tropa, que meacompanha a esse quartel-general; e dispondo-me eu para executar as ordensde V. Ex. pondo-me em marcha recebi fia carta do Comandante Cunha daCamera desta vila, cujas cópias remeto a V. Ex.a e delas me resultaram arepetir-lhas e representar-lhas à obrigação,

que tenho de executar as ordensde meos superiores, o que não obstante a Camera por si, em corpo formadome protestaram todos os prejuízos e quebras que houvesse e resultasse assininas tropas como nos Estados de Sua Majestade enquanto davam

[abreviaturanao lida] a V. Ex.a e eu em resoluto do que devo obrar neste caso medetenho tao somente enquanto recebo a última resulção de V. Ex.a a quemsacrefico com prostada humildade e cega obediência todos os meos designos

pois nao pertendo nem enteresso mais, que servir ao meo soberano monarcae obedecer às ordens de V. Ex.a.

Remeto a V. Ex.a as notícias que me dão três inferiores do Regimento

de Santa Catarina, que se passaram para cá e se apresentaram a este corpo.

O Governador dessa Província mandou ao Tenente Bernardo José Fernan-

des a esta vila a comandar oitenta e quatro praças de deferentes regimentosda Infantaria, dos desparcidos de Santa Catarina

que se apresentaram, nestavila depois,

que aqui cheguei cujos me tem sido sensível conservá-los porfalta de socorro. É todo o meo desejo que V. Ex.a me não negue a glória de

servir na sua presença, nem as forças do meo juízo é bastante para servir emüa fronteira de tantas desordens como esta, e não desejo perder a mercêde filho da grandeza de V. Ex.a. Deos me guarde a pessoa de V. Ex.a etc. etc.

Vila da Laguna 17 de maio de 1777.

Beijo as mãos de V. Ex.a

O mais obediente súbdito

Cipriano Cardoso de Barros Leme

Capitão

182 Rascunho da carta dos oficiaes da Câmara

O povo desta vila representa a nós os oficiaes da Câmera, que V. M.ce seretira com a sua escolta, por ordem que tem do Il.mo e Ex.mo Sr. GeneralComandante em Chefe João Henriques de Bõhm; e por que não é con-veniente ao serviço de Sua Majestade; a conservação desta vila, e seus povos,e mais tropas,

que nela se acha, que V. M.c0 se retire pela conservação delalhe fazemos a V. M.« esta carta de aviso para que se abstenha de seguiro destino de se retirar, não obstante a ordem

que V. M.pe tem do Il.mo eEx.m» Sr. General até que nós ponhamos na sua presença o bem comumdeste povo e conservação dele; ficando V. M.«• responsável a Sua Majestade

por todo o prejuízo, e quebra de reputação que pela sua ausência resultar

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 168: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 169 -

as armas, e domínios de nosso soberano monarca e para que V. M.c0 assim

o cumpra, lhe fazemos a V. M.ce este aviso em nome do mesmo Senhor que

Deos guarde. Vila da Laguna 10 de maio de 1777.

Debaixo do selo da Câmara

Sr. Capitão de cavalos

Cipriano Cardoso de Barros Leme

João Roís Alves

Luís da Costa

José Jorge

José Francisco Guim[arães?\

João da Silva Pinto

183 li.»» Ex.mo Sr. General Comandante em Chefe

No dia 8 do corrente cheguei a esta Vila da Laguna; e me apresentei

ao Comandante dela, passando da Ilha de Santa Catarina aos domínios de

El-Rei meo senhor por haver ficado enfermo na ocasião em que o inimigo

espanhol invadio aquela praça por causa dos muitos trabalhos, que passei

na retirada que fiz com a minha companhia para o Cobatão, porque não

querendo ir presioneiro como foram alguns; no dia cm que se publicou

a voz de que estávamos presioneiros; vendo eu, que me não fazia conta o

ir para a Espanha, me meti pelo mato dentro donde apanhei a tal doença;

mas logo, que me hei notrido tomei a resolução de procurar as bandeiras

do meo soberano monarca a quem nunca neguei nem negarei as obrigações

de leal vassalo; e portanto me ponho na presença de V. Ex.a para que se

sirva empregar-me em qualquer posto ou lugar em que derramando a última

gota de sangue perca a própria vida, espero merecer de V. Ex.a me não

negue ocasiões em que dê evidentes provas do referido, pois como leal vassalo

me ofereço pronto com a mais rendida obediência para executar as ordens

de V. Ex.a. eu 0 mais omilde e enfeliz sargento de granadeiros do Regimento

de Santa Catarina. Deos guarde a V. Ex.a.

Vila da Laguna 12 de maio de 1777.

De V. Ex.a

O mais omilde súdito.

Simão Pereira de Carpes

184 Sr. Capitão Comandante Cipriano Cardoso de Barros Leme

Sei que o meu Sr. o Ex.™0 Sr. João Henriques Bõhm, General em Chefe

do Exército do Sul, ordenou a V. M.ce se retirasse com a sua esquadra para

a fronteira, talvez por não estar o mesmo Sr. Ex.mo enformado, do quanto

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 20-3:3-236, 1983.

Page 169: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

— 170 —

se necessita goarnecer com tropas esta vila para a defender do inimigo es-

panhol, pois se acha tanto vizinho dela.

E por estes motivos devo dizer a V. M.ee, suspenda a sua marcha tésegunda ordem do expressado Sr. General a quem dou parte desta mesmaação; porém quando V. M.ce se resolva a pôr-se em marcha, lhe protesto,qualquer prejuízo, ou invasão,

que possa acontecer nesta vila e nos seuslemites. Deos guarde a V. M.ce muitos anos.

Laguna 10 de maio de 1777.

De V. M.™

Camarada e muito amigo

Manoel Gonçalo Leite de Barros

185 Sr. Jorge Luís

Por carta do primeiro do corrente me ordena S. Ex.a me retire coma minha escolta; e quando pertendia pôr-me em marcha recebi carta da,Câmara desta vila e do comandante da mesma em que me formam protestosa minha retirada; e inresoluto do que devo obrar me detenho até segundaordem do Ex.mo Sr.; e porque toda a minha vontade é retirar-me deste lugar,rogo a V. M.M se sirva amparar esta causa para que eu assim o consiganão obstante as súplicas dos oficiaes da Câmara, e do comandante desta vila,

pois a minha conduta não é bastante para que me eu possa conservar nestafronteira donde depende, o emprego de bem acertado juízo.

Eu desejo merecer a V. M.w atenção do seu favor para conseguir osuplicado.

Os nossos inimigos têm-se aostido desdo dia 25 de abril e tem-se engros-sado as enfantarias vindas de Santa Caterina, cada um conduz as suas notí-cias cujas remeto a V. M.ce para que as ponha na presença de S. Ex.a as

quais vão na mesma forma em que os x-eIatores a expressam.

Vai o mapa do militar, e auxiliares para que V. M.ce o veja não remeto

a S. Ex.a por me parecer, que o comandante desta vila o terá feito; c o quepor agora sou a dizer a V. M.cu que Deos guarde.

Vila da Laguna 20 de maio de 1777.

De V. M.ce

Seu venerador

Cipriano Cardoso de Barros Leme

18® H-mo Ex.mo Sr. General Comandante em Chefe

Em vinte e um do corrente, entrou por esta Barra da Laguna um diatevindo do Rio de Janeiro sem mais lutação que de coatro homens, nemmais carga que um capitão do regimento novo, chamado Cristóvão de Almeida

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 70.3:3-236, 1983.

Page 170: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 171 -

com bastantes socorros de ordens escritas, diz que dadas pelo Il.mo Ex.mo Sr.

Marquês Vice-Rei do Estado.

No dia vinte três quando eu esperava a última decisão de V. Ex.a para

me retirar recebi, üa carta do serviço cuja cópia remeto, enclusa; não

sendo bastante o mostrar ao dito capitão e o estado enável dos cavalos, e o

lugar enútel do destino sem que dali se espere, resulte benefício algum ao

serviço de Sua Majestade; porém vendo eu, que sou obrigado a obedecer às

ordens, que me forem entimadas com a voz de suprior instância, me ponho

ao fazer desta a seguir a marcha donde espero sem embargo de todo o

acontecido me mande V. Ex.a retirar a sua presença nela detreminar-me o

castigo, que pela falta de execução de suas ordens tenho merecido.

Suplico a V. Ex.a não chegue eu a experimentar, o esquecimento da

graça e lembrança de V. Ex.a.

No dia dezassete do corrente foram alguns paisanos, e soldados a terra

firme da Ilha de Santa Caterina, de donde resultou fazerem prisioneiros

a um condestável, e um cadete da goarnição do mar, e por entrar nesta

mesma ocasião o diate se resolveu por mais acertado, remetê-los ao Rio de

Janeiro estes verificam muita parte das notícias, que por via do oficial de

ordens de V. Ex.a remeti, sendo õas das notícias o não saber até o dia sete

do corrente, notícia algfia do General Sabalho, e nem a nao em que ele

navega.

A nossa armada saio do Rio de Janeiro ainda que pequena, a três de

abril, não consta mais que da nao Santo Antônio, e Arrabona, e coatro galiõs;

e passado alguns dias saíram mais cinco, e até o presente no Rio de Janeiro

se não sabe dela.

Há notícia do Rio de Janeiro que se estava aprontando üa esquadra

com a denominação, de Voluntários, sendo oficiaes dela Jorge Aldecastro,

D. José e comandante um englês, que servia na armada de Castela, e conduzio

aos enfelices prisioneiros, de Santa Caterina, e porque o Sr. Vice-Rei fez presa

naquelas embarcações daquela conduta se passou este ao serviço de El-Rei

de Portugal, é o que diz o tal capitão do socorro.

Para esta vila têm vindo dois socorros, um troxe o Tenente Bernaldo

José, que constou de um sargento dois tambores, e um soldado; outro foi

do diate que troxe um capitão o qual diz traz muito número de ordens

expóticas [sic], e eu espero de V. Ex.a mandando-me retirar ainda que seje

preso.

Não sou mais extenso por não parecer enfador espero as ordens de V. Ex.a

com a mercê que suplico, não obstante dizer o capitão há de duvidar nesta

parte qualquer ordem de V. Ex.a porém eu sou a dizer, que esvido a forma

e estilo de suas desposições não é conveniente ao serviço de Sua Majestade

que eu cá esteje. V. Ex.a mandará o que for servido. Guarde Deos a V. Ex.a

por muitos anos.

Vila da Laguna 24 de maio de 1777.

De V. Ex.a

O mais obediente súdito

Cipriano Cardoso de Barros Leme

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 171: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

I c ^ ©/wI <ft>&?»c'^u *&'&•

|

^ ^ ^

""^ '

jj^T

' I

t'

, ••

,. '

., '

j { «L.U;"?|-§I^^ -' • . J

- y /"''>§ « l ' < -, i \ *k *t*« 1^ H *

I ^ I Xs ' * »¦- FA. # ifc w x; rr* • %5 J-HOS -

' ,.2f

Um r

; '

f*«^3C'?] .&«*•*!<£*• ?'>"&*"• '

• I

£hr/h:A. •'

[' H'.sfi . / • r

J ¦ -}--j ¦. • x.:|-

tojklSt*- J J1 i J ; y,

- ' • • .,<? ' •-. . ,|:

KiM&Wi) 1j) ; -

S # 1 ,§

::.V: -' Eyliwfo'f^ > PTi I

';

•' .-^srvar&>t-Sw '

J

'ij ¦•. •" ¦• '•" ¦.'. "-: .. "r . ~ ¦- 1 .= •' '•>-- .- •-.. " •"¦. ,¦ --• '\V-*.- '"¦£

j; .• -. :- ', - - ¦ - . '. - ' .- -.V'Cv ,. •' ..••/ . •...-:, •¦ '/•'¦ '•¦** :

Documento n.° 187

Page 172: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

$Mi #181

Â4%tÂ*

^ k-cmL

*'t ^ ^; %

^

.;/ ' -:'

';— ;""v v'1'1"""

¦ !¦¦*¦ i ijjr II Ni.iM#»!! iiii liÉMjÉjWwiãiiÉIMjpgiliiiljiiiBM':âÀii0:^±SÁ,

^ *$}' V!-

^

J •-'¦/v"/ ¦¦T^'y-y< - -¦•'•J/: ^ VI% :- ••'"

4m-1 :¦..£•"¦ ¦''".

' ' "i •••¦'•>"" ••••¦ -iS ^ '¦%

"$ir§ - - .

' v

'• *>- ••:. ' •: \SA % *** * ¦

:•¦.lisitSmm. ¦..

v ; 'ifcXpFKfe

Hpl? #te : ¦¦¦ :

\ .J,'•.'<<!!m-iS l- n**%"t**'' ..'^ '"'';V:-'-'' :"YJ r'^-^ -—¦ . ¦'

¦" 69T < ' "

^ 'tnAf# '.-• ' i

' ;| ':•- ^maMrn m^M4M a—mfci"

frffiu j v~ -'/vw -J-^" < lJ - TfTT i ¦-' ? :

*) i

^ T ¦

\ 332 "^r't :-n * I 1 iim

V

l&Wa&g gS Sgl fT ±b ;.

. ¦¦

, \; >"¦:|g

j||j |J_u.

-. is*J' is JL J 82 S®S -•¦ •

"

/: ^3mM:k, :T«tf 01? I jjiJ

¦-¦**.

Documento n.° 188

Page 173: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

/etcda âfrapã . Jf/lfar (.'lÃtxtYtã-rci, ijue (fàr.ú* ne.f/a. \

« C

f 7

H gfuatfTm'M

,.- .

H ^wyagg-vigyv. ;p.ww.iil>iiiiiminu iiHiT*T '****4-; • • * • * '«r-. ' ^swie*

j

jfefS^

£j |

__

iSi I

¦; :

•'K;- • -v lj|

jk . ... • ...

¦

' .'{:$

• °'-. /

"' vi . ?. ¦ ;!¦. j ivil--^'"-- F^. / ,^J/• ;"',///• •'¦• ' / Fy^ » ¦ I'" ., ^^n--!aag>_r.« 't- ..gy.>/L|al,|j* |, n--tL . ..r^y ,y - •>< - * •*' ' i £>

. ?'•---!' .•- ;- . '*¦ •' ¦ '- \Jfeettr*;, *

steVe/ur? 3J>Tt&? %?X:r-A ^ - ¦ ^H2i '

) 2 '

i|; .•;>'•¦•'/ ./'.J,; . ... ^ m>&XA ¦¦'¦ ¦ . : -? ¦¦/q I'¦^vv'}-".•.'>'.-r

:'. .-"' . : ' *

. "4}':'^ If] / :|,- Jj Tj' ' ¦

i> ' :?'%¦¦¦¦ - v

¦ -. . '£km^--':^ £$4.*/'/£*.* • i- ' "

yi2| ..? ^

jf I s

w ¦¦ j-

W

Jij 1

/< 1®

^ ^ 1 ¦!. * ftn |jJ

I '"" * ' *" * ' 1 ¦ - ¦ -¦ . ¦¦¦¦«¦ •¦¦•« , , —

Documento n.° 189

Page 174: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 175 -

187 Observações

Tem este mapa mais um sargento de praça da fortaleza da Barra do Sul; o qual não

vai encluso no mapa; tem mais um soldado do Regimento de Gama, que por ser entrevado

das pernas, não pode fazer o serviço: do mesmo regimento apresentou-se, um porta-bandeiraem 17 do corrente.

188 Observações

Tem este mapa, mais um sargento de praça da fortaleza da Barra do Sul, o qual não

vai encluso no mapa; também tem mais um soldado do Regimento de Gama, que porentrevado das pernas, não pode fazer o serviço.

189 Observações

Acha-se nesta vila um sargento de praça, da fortaleza da Barra do Sul o qual não vai

incluído no mapa. Tem mais um soldado de Gama que por não poder fazer o serviço

se não faz menção dele, acresce neste mapa mais üa praça que é o porta-bandeira.

190 Por ordem do Sr. Marquês Vice-Rei, e do Sr. Tenente-General logo, que

V. M.ce receber esta se porá pronto para marchar no dia 24 com a sua tropa

para um lugar chamado, os Morritos; lugar que fica ao pé de Araçatuba e lá

se conservará V. M.ce até segunda ordem dos mesmos senhores.

Empedindo todas as pessoas, que quiserem passar para a Ilha de Santa

Caterina facilitando aos que quiserem vir para esta vila.

Toda a hostulidade que V. M.ce poder fazer ao inimigo o faça; e no

caso de ser V. M.co atacado cora poder superior se retirará V. M.ce para a

Vila Nova e se encorporará com a guarda, que aí se acha, e defenderá

V. M.ce o passo até o último da sua vida, e tudo me dará parte para a

fazer ciente ao Sr. Marquês e ao Sr. Tenente-General. Deos a V. M.ce guarde

por muitos anos.

Vila da Laguna 23 de maio de 1777.

Sr. Capitão Cipriano Cardoso de Barros Leme

Cristóvão de Almeida

191 Saio a armada de Santa Cruz; e foi dar fundo defronte da lagoa, adonde

se conservou quatro dias fazendo-se de manhã à vela para o largo até desa-

parecer, e quando era a tarde vinha dar fundo outra vez na dita paragem;

findos os quatro dias se fez à vela para o sul; e foi até altura de Bojoru

e mandando uma setia para ver se poderia fazer o desembarque na dita

praia; esta logo despedio uma lancha a qual não pôde chegar por causa

do muito mar que fazia; e vindo com a notícia o seu general que se não

podia conseguir semelhante desembarque por causa do muito mar que fazia,

se fizeram à vela outra vez para fora. Diz agora um marinheiro, que vinha

na nau Poderoso, o qual é português que encontrara a dita armada com

a nossa, adonde a nossa nau Santo Antônio largou todos os panos sobre

a nau São José em que anda D. Pedro Sabalhos; o qual fez muito fogo à

nossa sem que esta fizesse caso algum da dita, e chegando perto lhe largou

uma banda, e querendo-lhe dar a outra banda na outra volta que fez já lhe

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-236, 1983.

Page 175: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 176 -

não vio senão os mastareos; o que todos afirmam porque vindo de Europa

uma fragata a qual dizem traz ordem para D. Pedro suspender armas contraPortugal, e esta o tem procurado, e não o achando nesta terra, foi a Mon-tevédio, e Boenos Aires, e Rio da Prata e ao Rio Grande té altura de

quarenta légoas ó mar; e agora chegando outra vez aqui a dita fragata

dá notícia de que o não pôde encontrar; e que só vira uma grande armada

nossa / também dá notícia a mesma fragata que encontrara duas fragatas

nossas conduzindo Ga nau deles para o Rio de Janeiro já presioneira; o quese fala com muita certeza pela muita artelharia,

que se tem ovido duas

semanas a fio, que tudo eram cargas cerradas, e querendo acodir uma fragata

deles das que também vinham corridas esta o não pôde fazer porque a dita

nau não estava no meio de quatro fragata» nossas as quais faziam o fogo

tão violento que a dita nau sem embargo de ser de 74 peças não podia usar

delas; e vindo a dita fragata aqui à Ilha para que fossem acodir a dita nau

logo em seu socorro saíram duas fragatas as quais té agora há perto de

um mês que não aparecem que também se julgam presioneiras; só têm

entrado várias setias, e üa nau de 60 peças, que veio a reboque de duas

fragatas suas deles por causa de que o maior mastro que trazia não tinha

mais de uma braça. E aqui se acham várias embarcações bem desmanteladas,

e todas quantas podem entrar até o perto da vila o estão fazendo, não

sabemos se é com medo; ou para transportarem-se se se virem em algum

aperto / haverá vinte e tantos dias que a nossa nau Santo Antônio em queanda o Maquedu entrou por esta barra dentro com bandeira portuguesalarga, mas logo que as fortalezas a reconheceram fizeram signal de rebate cada

üa com duas peças; e a nossa nau se foi saindo pela barra fora sem que paraisso tivesse empedimento algum / Agora dizem os castilhanos que a sua arma-

da fora destroçada por causa de um grande temporal; dizem que na Barra

do Rio da Prata, e outros que em altura do Rio Grande com que não sabem

com que hão de encobrir esta máquina / eles não se acham na Ilha mais do quecom 3.000 e tantos homens destes 100 em Santa Cruz, 70 em Ponta Grossa,

60 no Ratones, e 60 na Barra do Sul e o mais na vila destes estão perto de

quatrocentos doentes nos hospitais e quase todos os mais estão cheios de

bichos dos pés, não reservando os oficiais que também estão da mesma

forma; a tropa é muito luzida mas pouco exercitada e juntamente acompa-

nhada de muito medo que tem da terra; e demais tem falta de pagamentos

porque já se lhes deve 8 meses; enfim são tantas as cousas, que se falam

que por não causar tédio as não relato; também estão com muito medo de

irem a esse continente porque têm notícia da boa tropa que aí se acha e

dos bons cabos de guerra, que as governam.

Esta é a notícia que dá os primeiros três inferiores, que vieram.

192 A dous de maio, chegou à Ilha de Santa Caterina üa nao castelhana

que vinha de Cádis carregada de mantimento para a dita Ilha, ela montava

80 peças, chegando ela bastantemente desalvorada no velame, e toda baliada

por ter-se encontrado arredado do Alvoredo 90 légoas com três embarcações

portuguesa, e üa delas dizem era nau Santo Antônio em que vinha o chefe

Maquidum e as três cometeram com a nau castilhana, e lhe fizeram grande

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 203:S-236, 1983.

Page 176: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 177 -

fogo, que aturou dois dias neste conflito: e com a cerração da noite amanhe-

cer no terceiro dia e companhada com o vento próspero se foi defendendo

o quanto podia das três, e seguindo à Barra de Santa Caterina por não poder

mais resistir, e não ter prejuízo de ser prisioneiro; e vieram as três embarca-

ções portuguesa as seguindo até altura em que lhe podiam fazer fogo, que

da Barra não fosse visto, e fizeram-se na volta do mar por não terem feito

a empresa de a presionarem; não que o fogo da dita nau a livrasse, se não

tivesse já perto da Barra e ajudada do vento própero, que a favorecia; por-

que da forma que ela chegou a Santa Caterina não era para julgar-se outra

cousa e com perca de 19 homens, e 8 feridos; a dita se acha no Saco da Arma-

ção consertando-se esta novidade conta os marinheiros da mesma nao, do

sucesso que tiveram: logo o governador e o general castilhano, que se acham

na Ilha despedio duas nãos, e dois galiõs a ver se encontravam as três

portuguesas.

No dia 7 do mesmo mês chegou ua setia castelhana, que vinha de Mon-

tevedio, e botou lancha a fortaleza de Ponta Grossa dizem que em Monteve-

dio se achava parte da arma que tinha ido com D. Pedro Sabalho, e que

faltavam outras embarcações; mais a nao do seu General D. Pedro Sabalho;

disse-lhe o comandante da fortaleza que é um capitão que só tinha vindo

arrebadas 8 embarcações, destas duas bombardas que tinham ido com armada

que saio; e se achavam mais seis que tinham vindo de Montevedio no mês

passado com gado para mantimento das topas, que na Ilha se acham, e

que toudas elas tinha chegado desconsertadas por causa da grande tempestade,

que tiveram no mar, que para chegarem a Santa Caterina lhe foi perciso

botar tudo ao mar, e o mesmo as seis embarcações que vinham com o gado

que não chegaram senão com 7 reses, e assim que a lancha da setia teve

esta notícia de que não estava a embarcação de D. Pedro Sabalho, de que

tinha vindo derigidamente de Montevedio a saber se ele se achava na Ilha,

e logo que sobe o contrário se fez na volta do mar: e dando parte o capitão

comandante da fortaleza da Ponta Grossa ao seu general e ao governador da

chegada dessa setia na deligcncia em que tinha vindo mandou logo o governador

ordem que lhe fosse falar o capitão da dita setia e quando chegou a ordem

já a dita se tinha se feito à vela para fora: não se pode asseverar na verdade

aonde pára a nao São José que anda D. Pedro Sabalho só sabe-se dezer que

não está em Montevedio nem em Santa Caterina.

Na praça de Santa Caterina não se acham senão três regimentos de

infantaria, da Princesa, de Verne, e de Múrcia; estes são compostos cada

um de dois batalhões de 18 companhias e dexaram ficar a metade de cada

regimento em Castela e virão mais seis companhias de artilharia, e 5 de

voluntários toudas estas companhias tanto dos regimentos como da artilha-

ria e voluntários são compostos de 70 peças.

Esta notícia dá o filho do capitão e governador que foi da fortaleza

da Barra do Sul Miguel Gbi Leão: o Porta-Bandeira Henrique Luís de Aze-

vedo Leão, que se veio apresentar a 17 de maio que o vira dizer.

193 Notícias, que dá um portador, que foi levar umas cartas em a Vila do

Rio de São Francisco. Dia 15 de maio de 1777.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10J: 3-236, 1983.

Page 177: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 178 -

No dito dia estava a Barra do Norte da Ilha de Santa Caterina com17^ embarcações sendo somente 4 das ditas de força. Na Praia de Fora 4 detrês mastros cada üa, mas sem artelharia. Na Barra do Sul 2 de 8 peçascada uma. r

*

Na fortaleza de Santa Cruz me certificaram estar somente 100 homensde guarnição: estão trabalhando na casa da pólvora, que fazem detrás deumas grandes pedras, que estão detrás da antiga. Está limpo aquele mato,

que estava junto do porto para a parte da vila, e aí querem pôr os quartéis,e na rua defronte dos antigos

pôr artelharia. Na caeira onde tinham cara-

pinas consertando as suas embarcações, e fazendo vários preparos para asditas tudo mandaram

passar para a banda da Ilha.

Na Ponta Grossa tem 70 homens de guarnição, e dizem querem fazerum forte no morro que fica para a banda da Vila Ratones; e Barra do Sultem 60 homens de guarnição cada uma. Julga-se, com pouca diferença, terátoda a guarnição da Ilha menos a Marinha 3000 homens, mas grande nú-mero de doentes,

que já não cabem nos hospitaes e se anda tirando, porterra firme, madeiras e palhas para se fazerem novos.

Estão por toda a Ilha com muitas patrulhas, grande receio, e falta desoldo. Nas Tijuncas Grandes estão 2 homens nossos, que dão passagem muitoocultamente aos nossos j sem embargo de terem ordem, e juramento dos cas-telhanos para fazerem o contrário / e quando o Governador de Santa Cruz lhefoi dar o dito juramento daí trouxe um mineiro nosso,

que tinha tiradoouro do Rio de Tajaí, e o teve preso na fortaleza e lhe fez grandes pro-messas para este lhe dizer, e mostrar o lugar, e tirado para El-Rei de Espa-nha; porém o tal homem lhe pedio um mês para ir buscar sua mulher, e lhefogio para o Rio de São Francisco. O Capitão Rabelo e um filho toram

presos para o Rio, e corre notícia que foram mortos.

No Rio Tajaí, que é onde estão as minas, está uma guarda nossa de

10 homens da banda do Rio de São Francisco. A Vila do Rio de São Fran-cisco está com suas ruas muito bem fechadas com trincheiras de táboas; eterra, os homens estão na vila as fazendas secas e molhadas tudo está emterra firme. O capitão-mor regente foi no dia 8 deste mês, preso cuja deli-

gência mandou fazer o General de São Paulo.

Era Pernaguá se demoram, té 2.a ordem do marquês, todo o vulgo, emilitares.

O ouvidor da dita vila veio à de São Francisco fazer tranqüilizar o povo,e dar perdão parcial / em nome de Sua Majestade / a todos os criminosos, eagora se acha grande quantidade dos ditos na vila prontos.

No dia 21 e 22 de abril hove no mar grande estrondo de artelharia econtinua por algumas vezes valha a verdade de quem conta.

194 Ex-mo Sr. General em Chefe João Henriques de Bõhm

Em 14 do corrente, recebo a ordem de V. Ex.a por aviso da carta devinte sete de maio, do Ajudante-das-Ordens Manoel Marques de Sousa, em

que me diz me conserve na Vila da Laguna por mais algum tempo: dandoas notícias

que eu posso alcançar.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J0.?:3-236, 1983.

Page 178: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 179 -

Recebi esta ordem a tempo que esperava merecer, mandar-me V. Ex.a

retirar pela expressão, que fiz na carta de vinte coatro de maio, em queme relatava haver chegado à Vila da Laguna um capitão do Regimento

novo do Rio de Janeiro com ordem do Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei: encluso

remeti a cópia da carta em que me entimou, marchasse com a minha escolta

caminho de Santa Caterina sem atenção a eu porpô-lhe o emprego, em queme achava na execução das ordens de V. Ex.a: ao que menos atento me res-

pondeu, vinha ausoluto governo; e replicando-lhe, se resolveu a dar-me voz

de preso, a ordem do Sr. Vice-Rei: ao que me foi perciso satisfazer com for-

mais palavras por evitar a minha perdição, e desgosto a V. Ex.a pondo-me na

marcha; me alcançou outra ordem que engrossando o corpo com uns poucosde melicianos, visonhos e emnúteis; avançasse a marcha até Araçatuba, ou

Ansiada de Brito como milhor se vê da cópia enclusa: persoadindo-me, quetodo este procedimento é em trasgrissão das ordens de V. Ex.a, pois nunca

as quis atender não obstante qualquer satisfação que ele pertenda na pre-sença de V. Ex.a.

Do emprego em que me acho, piamente se deve crer não pode resultar

benefício algum ao serviço de Sua Majestade; pela pouca e emnútil tropa

com que me acho, forçados sem deliberação nem exemplo de donde se possaesperar ação nenhua de felicidade pelo que me considero perdida a repu-

tação em tantos anos adquerida; consumidos os cavalos sem utelidade algüa

pois bem se mostra ser esta a própria ocasião em que a cavalaria possa ter

emprego na Marinha.

A poca porção de gente que há não é bastante para conservar a Laguna;

e devedida esta pequena força em tão mal empregadas partes, não podeficar esperança de qualquer felicidade, e nem a mim se não há de esperar

o amparo de V. Ex.a para que não expremente o esquecimento do seu pa-trocínio restaurando-me, e a estes pobres soldados que me acompanham, quecom tanta vontade desejam acertar em tudo quanto suponhem ser do gostode V. Ex.a

Todas estas demoras têm sido causa de haver perdido um cabo da

Companhia de Coronel, e um soldado da Terceira Companhia de Carvalho

ambos falecidos do contágio das bexigas, sendo o primeiro a três do cor-

rente; e o segundo a onze do mesmo, sem que exprementassem na minha

ausência benefício algum, salvo alguns moradores que caritativamente os

favoreceram até dar-lhe sepultura; pois para sustentar a escolta tem sido

perciso que a minha deligência o tenha conseguido, sendo a maior partecom despêndio do meu dinheiro o que tudo dava por bem empregado,

enquanto me empreguei na execução das ordens de V. Ex.a, mais agora

que vejo preterida a honra ameaçada a liberdade e talvez a própria vida

condescendendo com detreminações de tão pouca utelidade ao serviço de

Sua Majestade considerando-me o homem mais infeliz dos sécolos presente;suspendo a pena para não adinntar na digrissão algüa cousa que possa extre-

mular a modéstia e ficamos na esperança de merecer a lembrança de V. Ex.a.

Prova-se que o dito capitão não depende desta pequena tropa que não

excede o número de treze homens; pois não é bastante para qualquer pe-

quena ação, quanto mais para desalojar a um suporoso exército a quem

Ari. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 179: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 180 -

outro competente se não opôs de donde se prova, que a sua entenção éperder-nos todos, ou talvez o seu

juízo não alcança mais.Eu e os meus companheiros nos sacrificamos a tudo quanto for do

gosto de V. Ex.a. Deos guarde a V. Ex.a muitos anos.

Passo de Embaú Campo de Araçatuba 18 de junho de 1777

De V. Ex.a

O mais obediente súdito.

Por me não esquecer da minha obrigação remeto a V. Ex.a a cartaenclusa, é o que pude alcançar

por pedir a um amigo; pois por outra formao nao posso fazer.

Cipriano Cardoso de Barros Leme

195 Cópia da carta do Capitão Comandante da Vila da Laguna Cristóvão deAlmeida escrita ao Capitão da Cavalaria das Tropas Ligeiras Cipriano Car-doso de Barros Leme

Cota

1.° Não é conveniente

por ser lugar aberto sem

cômodo e segurança para

os cavalos.

2.° Não me posso obri-

gar por não haver exem-

pio para o fazer em cam-

po aberto.

3.° Não tem dúvida.

4.° Tem sido a minha

deligência.

5.° Distas nas Tejucas

mais de doze Iégoas da

última povuação do nor-

te, e daqui dizem que 30.

Nunca fui ciente das or-

dens do Sr. Vice-Rei.

Chegado que seja V. M." Araçatuba exami-

nará o lugar mais conveniente para abarracar asua tropa; c- no caso de V. M.ce ver que fica me-

lhor na ansiada de Brito o faça porque disto

mesmo dei parte ao Sr. Vice-Rei.

Terá V. M.ce muita cautela em que lhe nãofuja soldado

para o inimigo, e que estes lhefaçam certo as nossas forças.

Tudo quanto for hostelizar ao inimigo ofaça V. M.ce assim como empedir a sua tropanão ofendam aos nossos.

V. M.ce ajuntará a si tudo quanto for tro-

pa nossa e casais, e se comonicará com Aju-dante Manoel da Costa para que possam cor-rer as paradas enquanto ao mais me pareceestará certo nas ordens do Sr. Marquês Vice-Rei. Deos a V. M.ce guarde por muitos anos.Vila da Laguna 2 de junho de 1777.

Sr. Capitão Cipriano Cardoso de Barros Leme

Cristóvão de Almeida

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 180: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 181 -

196 Sr. Capitão Cipriano Cardoso de Barros Lemos

Recebi a de um com a data de 14 do corrente e vejo o que V. M.0®

me diz enquanto o que respeita as novidades eu lhes declaro [ilegível]

dito por boca do segundo capitão-tenente e do piloto que me parece coal-

quer destes Srs. me não poderão enganar dizem que a nossa escoadra se

compõe de nove embarcações cinco nãos de linha e coatro curbetas.

Ao espanhol não tem tomado senão õa nao de sessenta e ua curbeta

cuja nao anda na conta de 5 que nós não tínhamos senão 4 no dia 7 entrou

a nossa escoadra pela Barra dentro de Santa Caterina podre devulgar bem

a escoadra espanhola estava em linha debaxo das furtaleza e traziam ordem

para a combaterem se achassem de 5 entre 6 nãos de linha mas como acha-

ram 8 e com as fragatas somavam a conta de mas de 30 voltaram para fora

entendendo que eles os porcurariam ma não se demoveram fora das furta-

lezas saio o chefe da armada 14 ou 15 légoas amarado ao leste da Ilha e de

lá despedio a nao Rabona para vir na altura de Vila Nova botar ua lancha a

terra para ver algüas novidades para saber se isto ainda era do português

pois há um mês não tinham tido notícia alguma vindo a nao nesta deligência

como já disse aclamou-lhe [ilegível] da Ilha correndo as ágoas tanto ao

norte [ilegível] deram para se já avistavam a Armação resfrecando-lhe úa

arrajada de vento trouxe enté a Barra do Sul aí tronaram estrá em clamaria

e aí estiveram dois dias à vista da furtaleza da Barra do Sul vendo andar a

gente passeando na mesma fortaleza quanto [ilegível] que se contaram 12

do corrente com ua arage de vento que chegou. Veio se volvendo para o

sul e pela duas horas passado do meio-dia achava-se defronte de Garupaba

potou o escaler ó mar e embarcou o mar-e-guerra e o piloto e dois marinheros

e veio para a terra a porcurar notícias de algum português e ver se podia

saber as forças que tinha o espanhol na Ilha de Santa Caterina e trazer üa

carta para ir para o Sr. Marquês e como eles não eram práticos da costa

não toparam ninguém voltando eles para a embarcação já ela se tinha feito

no bordo de leste e julga-se topar com algumas embarcações espanhóis e julga

o mar-e-guerra duas contra ela pelos fuziis das peças e como o fogo foi muito

violento e se acabou logo não pôde dar com a embarcação e como o escaler

se achava 8 légoas ao mar voltou para a terra ouviu-se mais umas peças que

parecia fogo de caçador julga o mar-e-guerra ver algüa fugindo e as outras

em deu siguimento e ele veio dar na ilhota que está na Barra de Birequetá

e aí esteve saber a fatecha e pela manhã no dia 13 avistou um lancho em

Biteguera e botou um algravio à terra a nado que tirou língoa do flores e

lhe veio ensinar este porto nesse dia apareceram aqui 2 embarcações não

sabemos de quem são só lhe sei dizer a um que por tarde houve muito fogo

não que se visse mas pelo estrondo da artelharia e na noite seguinte muito

mais e té o dia 14 nunca sossegou ou mais ou menos. Se enté os 17 o mar-e-guerra

não vir sinal da sua nao pertende a ir para o Rio de Janeiro com a sua

gente neste barquinho que se acha na Laguna são as novidades que se me

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-236. 1983.

Page 181: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 182 -

oferece dizer a V. M.ce que Deos guarde muitos anos. Vila Nova de Santa Ana

de 16 de junho de 1777.

De V. M.«

Fiel amigo e muito seu venerador

Manoel de Ávila Nunes

Capitão de Cavalaria

197 II mo e Ex.mo Sr. General Comandante em Chefe

Do campo de Araçatuba em carta de dezassete de junho dei parte a

V. Ex.a do estado em que me achava; e remetia as notícias que pude alcan-

çar; e porque, nem desta, nem de outra tenho certeza de que fossem à presença

de V. Ex.a faço esta com a certeza da sua entrega.

Em vinte do dito mês passei a ensiada de Brito donde por ordem do

comandante desta vila tinha adiantado ua patrulha de vinte cinco homens;

e no dia vinte um do mesmo, de manhã; pariceram sobre aquela povoação

sete lanchas espanholas armadas em guerra carregadas de tropa inimiga, que

ao que parecia conduzia até quinhentos homens; e cora a pouca gente com

que me achei, lhe empedi a primeira atenção do desembarque sendo-lhes per-

ciso retirarem-se, obrigados do encessante fougo com que os nossos reparados

de uas pequenas matas empregavam os seus tiros com bastante hostelidade

do inimigo; não sendo bastante o fougo dos pedreiros e mosquetaria com

que varejavam aquele terreno.

Passado algum espaço de tempo procuraram um ponto mais distante, e

favorecidos do terreno e desigualdades das forças conseguiram o desembarque,

não sendo bastante, a deligência com que procurei empedir-lhes; e vendo

que me faltava as forças e ofeciaes para mi ajudarem; pois não se achava

mais do que eu por assim o entender o comandante desta vila, resolvi fazer

üa retirada por que se não conhecesse total a quebra da reputação das nossas

armas; o que consegui sem perda; fazendo retaguarda a cincoenta e tantos,

casais que naquela ocasião se retiraram para esta vila.

Do acontecido dei parte ao comandante desta vila o qual não sei como

tumou pois eu repetidas vezes o admoestei vaticinando-lhe ainda mais do

acontecido.

Com este sucesso mandou me recolhesse para a emediação desta vila;

e me acho nesta Vila Nova de Santa Ana donde ignoro a que fim, nem

o para que efeito; pois me faltam os meios de poder adiantar as notícias que

devo dar a V. Ex.a por se não facilitar as paradas que faço seguir derigidas

a V. Ex.a por não ter merecido ao Comandante Cristóvão de Almeida atenção

de me participar ocasião para eu executar a minha obrigação pelo que julgo

entempestivo a minha estada neste país e nem podê-lo executar por meios

dos soldados que me acompanham pelo dito comandante o haver empedido.

Por ver a consternação em que nos achamos com a contínua falta de

monições de boca, e de pagamentos, destruídos e acabados o antigo farda-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, /0.3:3-236, 1983.

Page 182: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 183 -

mento com que nos achamos, consumida a maior parte da cavalhada, pelo

dito capitão não haver premitido procurar-se pasto conveniente; de que tem

resultado sensível perda sem otelidade algüa do serviço de Sua Majestade

me resolvi a fazer marchar um cabo que me acompanha para segurar a

entrega desta a V. Ex.a; e outra ao Governador desta Província para que

V. Ex.a se sirva atender o estado em que me vejo redozido e os soldados

que me acompanham pois o dilatado tempo que tenho estado ausente da

presença de V. Ex.a conservando as praças da minha partida dispendendo

mais do que as forças da minha possibilidade me permite: me faz sentir

igualmente com os meus camaradas já total endigência; o que tudo remeto

com a mais prostrada omildade e rendida obediência, a piedade de V. Ex.a

para que mereça o amor de pai.

Esta vila se acha com força de gente por haver chegado coatro com-

panhias com seus ofeciaes competentes sendo cada üa de sessenta praças todas,

remetidas pelo General de São Paulo; além de dozentos enfantes, que se junta-

ram dos desparcidos de Santa Caterina; como também outras companhias que

se seguem das de São Paulo que ao fazer desta ficam a chegar; e quanto

mais se aumentam o número de tropa, mais se sente a falta do preciso.

Em dez de julho saio a armada inimiga; deixando neste porto üa nao de

guerra de oitenta: duas bombardas de fougo, e duas somacas das que se nos

tumou; e a tropa dizem se acham em consternação, por falta dos mantimentos;

rezão por que navegara armada para Montevidio para segurar a conduta

dos mantimentos: esta notícia não só alcançamos pelos nossos como também

pelos contínuos disertores, que de lá se estão passando.

O Ajudante Manoel da Costa me participa que em um dos dias de

junho, duas nãos nossas padiceram o engano em üa noite por um sinal

errado, e combatendo-se a nao Rabona, com a nao Belém se disputaram

furiosos a maior parte da noite até que o chefe da armada os viesse aplacar;

ficando desta ação mortos de üa e outra parte corenta homens, sendo um

deles o mar-e-guerra da nao Belém D. Francisco e o chefe os conduzio ao

Rio de Janeiro donde se repararam os destroços e se acumodou os delictos;

e que já tornou a sair.

Por alguns portugueses, que têm vindo da Ilha é público estar a nossa

armada sobre os Arvoredos; e que a Envencível entrara pelas Canavieiras

ao saber o estado daquele porto e se tornou a retirar, ajuntar com armada;

cujo número são diferentes.

Ordeno ao cabo que tendo entregue esta na parada de Tramandi marche

a Porto Alegre, para ver de conduzir alguns cavalos em que eu possa marchar

quando V. Ex.a for servido detreminar-me este bem.

Por agora é o que tenho que pôr na presença de V. Ex.a e fico esperando

as ocasiões de obedecer os preceitos que por V. Ex.a me for mandado.

Guarde Deos a V. Ex.a por muitos anos.

Vila Nova de Santa Ana 6 de agosto de 1777.

De V. Ex.a

Obediente súdito

Cipriano Cardoso de Barros Leme

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 205:3-236, 1983.

Page 183: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

198 Notícia da armada espanhola que enté o dia 13 de junho de 1777 se acha

no porto de Santa Catarina vinda na costa de Monte Vidio esforçada por ura

piloto de ua das embarcações.

Consta a dita de oito nãos que pelos nomes e apelidos são

a nau do general que agora é S. José S. Damásio S. Domin-

gos S. Adrião S. Santiago d'América El Cerio = o Poderoso

=r e outra que se acha desalvorada em termos de não sair.

Consta a dita mais de cinco fragatas de guerra e um cha-

vequim e mais duas bombardas que por todas as de guerra

fazem 16 e destas dizem estarem em Cajoazes e que as mais

té 15 do mês presente saem a corso em dispique da escoadra

portuguesa de 9 navios que os veio a desafiar e hoje se dão

parte desta fortaleza do sul que andavam brigando duas o

mais embarcações fora a leste que se devulgava de noite pelos

fogos e que antecedentemente viera a reconhecer no dia antes

de manhã üa nau o fragata que parecia ser portuguesa e

levou a parte um cadete que diz é sobrinho do Capitão Fran-

cisco Pinto Carneiro.

Acha-se mais um navio grande no porto que consta dos massa-

mes e mastriações da armada que mesmo os havia conduzido

da Europa que todas juntas no vulto de embarcações gran-

des e piquenas fazem a soma de 28 entrando as sumacas

presas.

Regimentos que se acham na Ilha de Santa Catarina e seus números

Regimento de Bernia 675

Regimento da Princesa 675

Regimento de Múrcia 675

Coatro Companhias de Voluntários de Catalunha .. 300

Companhia de Córdova e Sevilha 300

Artilharia 200

2825

Desta gente foi para Monte Vidio com as praças .... 451

2374

II.mo Ex.mo Sr.

Como a notícia de que sai a armada me chega depois de ter cerrado

a carta para V. Ex.a a torno abrir para remeter esta relação para que V. Ex.a

lance as suas linhas; pois me dizem por notícias que se alcançou do coman-

dante da fragata Santa Teresa que o castelhano pertende atacar o Rio

Grande por mar, e por terra fazendo o desembarque por Ibujeru; e meter

De... 60

De 70 peças

De 24

té 30 peças

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 184: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 185 -

as embarcações pequenas pela Barra; e por terra junto com os de Monte

Vedio marchar com sete mil; eu me reporto a enformação que me dão.

Eu e os meus camaradas desejamos nos não falte a presença de V. Ex.a

cujo paternal amor temos sentido; e sentiremos enquanto não formos reste-

tuídos à apetecida presença de V. Ex.a.

Campo de Araçatuba 20 de junho de 1777.

Beja as mãos de V. Ex.a

O mais reverente súdito

Cipriano Cardoso de Barros Leme

199 li.mo Ex.mo Sr. General Comandante em Chefe

Em vinte sete de agosto, recebi carta do II-"10 Ex.mo Sr. Marques Vice-Rei,

com data de dez de agosto, em que ordena cessem as hostelidades, contra

os vassalos de El-Rei Católico, por assim ordenar a Rainha minha senhora.

No primeiro do corrente entrou por esta Barra õa sumaca conduzindo,

mil, e duzentos alqueires de farinha, e duas peças de calibre de três, com a sua

palamenta competente para socorro desta vila.

No Rio de Janeiro se acha o Tenente João da Costa da Silveira reme-

tido pelo Il.m0 Ex.rao Sr. Marquês Vice-Rei, para expedir alguns socorros

que diz traz para esta vila; segundo o aviso com que me honra o Ex.mo Sr.

Marquês Vice-Rei havendo por bem aprovar os pequenos serviços, em que

me tenho empregado nesta vila; ainda que julgo não gozar desta felicidade

sem que para isso concorra o favor e amparo de V. Ex.a de quem espero

merecer a atenção do seu amparo para todo o meu benefício lembrando-lhe

que é obrigação de urbano peito o favorecer partes opremidas.

Não tem havido novidades, que por agora ponha na presença de V. Ex.

com endividuação; porque algüas que corre respeitivas as armadas, não se

fazem certas antes, não acreditadas. Deos guarde a V. Ex.a por muitos anos.

Vila Nova de Santa Ana 3 de setembro de 1777.

De V. Ex.a

Obediente súdito

Cipriano Cardoso de Barros Leme

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i03:3-236, 1983.

Page 185: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

r .f ^|J|M!L|^.fli^MTr,- ,:tri^iTrra^,rmmBxi-iiitrpt,!^w titftwirr.¦_":-n-_i_ujj_j-nn ,*

Documento n.° 200

Page 186: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 187 -

201 li.™0 e Ex.rao Sr.

Meu Senhor seria grande ignorância se eu não tivera d'acordo de pôr

na presença de V. Ex.a, que tive a honra ser nomiado pelo Il.mo e Ex.mo

Sr. Marquês Vice-Rei para vir bombear a Ilha de Santa Catarina com quatro

alferes e um sargento, dous soldados todos do regimento de dita Ilha em

que sou ajudante; e no mesmo tempo vir formando algum corpo de tropa

para que fizesse aos nossos inimigos todas as ustilidades que podesse; e

porque já tenho de que dar parte tenho a honra de pôr na presença de

V. Ex.a que querendo pressionar o capitão governador

da fortaleza de Santa

Cruz, o não pôde conseguir por um atrevido marinheiro ir espreitar a em-

boscada; porém sempre ficaram dezanove, e üa lancha que meti ao fundo,

por não ter donde a guardasse, e um soldado que me resistio foi morto.

Este alvoroço foi causa de os pôr em tal confusão, que estão todas as noites

em armas e não vêm a terra nenhum.

Hoje amanheceram as embarcações deles pondo-se em linha formando

um meio círculo da fortaleza de Santa Cruz, té a da Ponta Grossa; parece

que sentem algua cousa na Barra. Também me chegou um bombeiro da

vila que me dá por notícia certa que minaram dous quartéis sendo um

deles o de Pernambuco, e outro donde estiveram a tropa do Regimento do

Porto; e a fortaleza de Santa Cruz também o estará porque nestes dias tem

rebentado muita pedra, e feito um grande vaiado do forte té a fonte, cujo

aviso já fiz para a Laguna, e o faço a nossa armada em aparecendo.

Eles mandaram deitar bando para que ninguém [não lido] general D.

Pedro Sevalhos e tem toda a vila cercada de patrulhas com temor do Coronel

Rafael Pinto Bandeira. Enfim meu senhor o temor com que estão é grande

e a ocasião muito boa se chegar a nossa armada.

Eu fico esperando ter algüa ocasião em que possa mostrar a vontade

que lhe tenho só porque agrade a V. Ex.a cuja respeitada pessoa Deos guarde

muitos anos.

Freguesia de São Miguel 24 de maio de 1777.

De V. Ex.a

Soldado muito humilde

Manoel da Costa da Silveira

Ajudante

202 II.mo e Ex.®0 Sr.

Hoje tive a honra de receber carta de V. Ex.a do primeiro do corrente,

na qual me ordena V. Ex.a o informe da segurança do caminho por donde

me vêm as cartas do Il.mo e Ex.mo Sr. Marquês Vice-Rei, que a V. Ex.a tenho

remetido; e se pode V. Ex.a remeter pelo mesmo caminho as que escrever

ao dito Sr. Marquês pois chegariam na ametade do tempo, como pelo cami-

nho de São Paulo. Parece-me que na primeira carta que escrevi a V. Ex.a

lhe dava parte de que me achava neste quartel, encarregado da sobredita

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 187: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 188 -

diligencia de remeter as cartas de üa, e outra parte, para o que já tinhadesembaraçado o caminho da comunicação espanhola

que antes podia causarimpedimento. As paradas que para V. Ex.a tenho expedido do Sr. MarquêsVice-Reí, me tem vindo remetidas, com guia que nomea as terras por dondehá de seguir, sendo estas as que ficam beira-mar, té o Rio de São Franciscopaia desta a mandar o comandante e entregar-me aonde

quer que me achar,e abrindo-as eu faço logo expedir as cartas que dentro incluem, mandando-asconduzir

por pessoa de confiança, a entregar ao comandante de qualquercorpo de tropa destacada na enseada do Brito, Embaú, Vila Nova, ou Lagunacom guia para com a maior brevidade serem entregues a quem vão dirigidas!As que V Ex. quiser mandar, vem seguramente, sendo remetidas ao Coman-dante da Laguna, para este, também

por pessoa confidente mas mandar entregar,como até agora tem obrado, com algüas

que tenho remetido ao dito Ex® Srpara o que tomei a providência de pôr na freguesia de São José um oficial daminha conducta

para as receber, e fazer expedir. Informo também a V. Ex.ade que sem embargo da ordem de 10 de agosto,

que recebi do Sr. Marquêspara fazer cessar as hostilidades,

que contra os espanhoes mandava executar,podiam vir, e ir as paradas, conduzidas somente pelos paradeiros, sem receioalgum de serem apanhadas

pelos ditos espanhoes, pois os tinha intimidado

de tal forma, e disposto ordem das paradas, que nenhum se atrevia a passara terra firme, pelo exemplo

que viram nos primeiros, que passaram, e nãovoltaram;

porém como não ignoro a cautela que se deve ter com as cartasdo serviço aonde se fiam os maiores segredos, e importantes ao bem danossa monarquia, as tenho sempre remetido

por confidente pessoa.Dou parte a V. Ex.a de que presentemente me acho nesta vila, a conferir

com o Tenente João da Costa da Silveira,

que veio encarregado do socorrodeste Continente té a Laguna, no modo de conduzir algum do sobreditosocorro, caso seja pedido pelo dito comandante da Laguna, para donde foiexpedir seis mil cruzados; e fico a partir para a terra firme, e continente daima de Santa Catarina, lugar incerto da minha existência.

Hei de muito estimar, que V. Ex.a viva isento de moléstia, não somentepela obngaçao de súbdito; mas pelo interesse

que todos devemos desejarnossa m°narquia,

para o que Deos guarde, e prospere, a pessoa de V Ex a

por muitos anos.

Rio de São Francisco 17 de setembro de 1777

De V. Ex.a

Beija os pés.

O mais humilde e reverente súdito

Manoel da Costa de Silveira

203 II.mo Ex.mo Senhor

Meo senhor, hoje recebo a carta inclusa, que tenho a honra pôr na

presença de V. Ex.a para com ela se vereficar a maldade e traição dos nossosignemigos^Eu meo senhor confesso a V. Ex.a que £oi errado conceit0io 1. e Ex.™0 Sr. Marques Vice-Rei fez de mim para a deligência de tanta

An. Bíbl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236. 1983.

Page 188: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 189 -

circunstância, porque me não atrevo, nem sei resolver cousas de tanta pon-

deração. Bem conhece V. Ex.a que estou metido no maior perigo de minha

honra, e que sou indevido para desputar com os Ex.m09 generais, como fiz

quando me prenderam o Alferes de Granadeiros Bernardo de Sousa Hen-

riques, por sua facelidade, que mandando eu logo vir a minha presença

um alferes espanhol, que havia portado na praia dos Barreiros para me

responder a rezão, que havia para terem presionado a um alferes do meo co-

mando, depois da suspensão de armas, me respondeo, que nada sabia por se

achar destacado na fortaleza de Ratones, e que viera a terra firme por haver

em si a ordem da suspensão de armas, que logo lha tomei, e por ela desputei

para a vila com o Ex.mo General por segunda pessoa sobre este ponto: e

vendo me tornava resposta, findas vinte e quatro horas, mandei pôr o dito

ofecial na fortaleza do seo destacamento fazendo logo outro argumento, que

não queria fazer utilidade mais algüa, porque só cuidava em cumprir as

ordens do meo grande Vice-Rei o que resultou o mandarem-me o meo alferes

solto; e por esta ação ficaram todos confundidos, porém eu não ficarei satis-

feito se não for assim do agrado de V. Ex.a para o que ofereço a minha cabeça

e o meo corpo para todos os martírios, que V. Ex.a for servido fazer-me.

Também fugio um cadete, que roubou ao seo furriel treze dobrões,

e os ofeciais várias prendas; de que o ajudante de ordens me escreveo üa

carta da parte do seo general, quisesse eu remeter o dito cadite para dar

contas do dito roubo, ao que prometi mandar-lhe tirar tudo o que se lhe

achava do sobredito roubo, para restetuir porém o tal cadite não por se

ter valido do meo amabelíssimo soberano; também desertou na mesma

ocasião um excelente pífano, e um soldado. Vieram dous ofeciais espanhóis

procurar-me com grandes desejos de me falarem para me entregarem uma

carta para o Il.mo e Ex.mo Senhor Marquês Vice-Rei do Estado porém eu,

que nenhüa vontade tenho de os ver, lhe mandei receber a carta; e a remeti.

A preciosa saúde de V. Ex.a Deos felecite e prospere por muitos felices

anos.

Beijo os pés de V. Ex.a o mais homilde soldado.

Manoel da Costa da Silveira

Ajudante

204 Sr. Ajudante Manoel da Costa da Silveira

Estando à tarde à porta da botica estão sentados da parte de fora um

capitão de Múrcia Francisco Montalvo, e outro capitão da Princesa por nome

José de Alencastre conversando particularmente e percebi estar um con-

tando a outro que o Sabalhos pertendia mandar oito companhia de grana-

deiros destacados a prenderem o Coronel Pinto, porque tem empenho grande

nisso, cuja deligência mandava fazer sem embargo da suspensão, e que ele respon-

deria a El-Rei por isso, porque é um homem muito projudicial, e que se não

conservarão era paz enquanto ele estiver no Rio Grande; faço este aviso

a V. M.ce porque lá não saberão do pensamento

do Sabalhos, para que o

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, lOh3-236, 1983.

Page 189: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 190 -

dito coronel ande com cautela, e dizem caso o não possam prender que comdinheiro os seos mesmos soldados o entregarão; e não há que fiar nesta sente-aqui ha tanto falatorio que faz perder o juízo a todos. Deos pela sua miseri-córdia

queira por-nos em paz e livrar-nos já dos nossos ignemigos Recebi o

preto de que lhe fico muito obrigado. amigos. Keceoi o

Estimarei V. M.™ passe livre de moléstias. Eu aqui íico a sua ordemRua s encomenda com suas lembranças. Deos guarde V. M.«.

Desterro 12 de outubro de 1777.

De V. M.ce

Muito obrigado venerador

Tomás Cardoso de Almeida

205 Il.m° e Ex.mo Sr

ir aofnésde V1 F aaUSa daminha mo^tia me tem privado a honra de

faltarei C°m° : P°rém ag°ra

que eStou estabelecido não

de MoT\/en,Knram h

BaiTa deSta Ilha SdS espanholas, vindas

' rd0

quatr° d0 Rei' e duas ^rcantes nas que hão deembaicar os voluntários, e artilheiros com oito ofeciaes de cada um dos regi-

estão aS'chea!raSrUai,-r0Pia

^ Prmc.esa: em outras embarcações que me dizemestão a chegar liao de sair o resto dos da Princesa, e Bernia, ficando somente

tura ? E^ànlÍ. ^ ^ da Iiha' Md°s em direi-

Também ponho na presença de V. Ex.* que apresentando-me o admenis-

adorrdí flbric^dJT ,MarC°S

VÍeÍra 35 °rdenS' CIUe tinha do no™tador da fábrica das baleias, na qual lhe mandou suspender a factura da

se clZTÇã0 qUe SC ha"a

PrindPiado "a enseada da? Papacoróia, e ouec legasse para as partes mais vezinhas da armação velha desta Ilha paraahfazer as lenhas, e levantar um armazém donde

pudesse receber todos osmatnaes peicisos para a redeificação da mesma, e vendo eu a sustânciada ordem com as circunstâncias

que têm ocorrido vi que fazendo-se as ditaslenhas na anseada dos Ganchos ficava o transporte4 delasTdis jçlo Z

£3o?hean°oqUe

t0me' ° aTd° eSCreVer a° General C°mandante da Vila

nJ f1t r -ãSSe novidade o estabelecimento de üa guarda

cortar as1leXfJT 7 7° TC'ha' d°nde

Prendia mandarcortar as lenhas paia a factura dos azeites,

que no presente ano se haviam

ciaSnCaonoue

^f0' $^Und° OS tratados <iue feito as duas potên-

eu

IuS™dmanda-qUe

eKrevi' dizendo"lhe que se a guarda lhe fazianovidad™

parf a dha factura",3

° admimstrador com 05 feitores, e escravos precisospaia a dita factura, ao que me respondeu mandasse eu fazê-la donde muito"m^r™

rdaaTuSe M Pe"° * Um «tabeSsempre

guarda de um oficial mfnor e sete soldados, donde se levantou

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-256, 1983.

Page 190: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 191 -

o armazém, e vêm ancorarem as embarcações do mesmo contrato, e não sei

se tenho obrado a saptisfação do agrado de V. Ex.a a quem só desejo mostrar

que sou,

O mais humilde súbdito

Vila dos Barreiros 23 de março de 1778,

Manoel da Costa da Silveira

206 II .mo e Ex.mo Sr.

Meu senhor: com o mais profundo respeito, me ponho na presença de

V. Ex.a dando-lhe parle de que o ll.mo e Ex.mo Sr. Vice-Rei foi servido man

dar-me marchar da capital do Rio de Janeiro com um socorro de peças de

artilharia armamentos, pólvora, e dinheiro para essa Vila do Rio de São

Francisco vindo estabalecendo paradas daquele até este sítio, com muitas

recomendações de S. Ex.a para que em nenhüa parte tenham a mais pequena

demora.

Manda-me S. Ex.a estabalecer aqui em lugar próprio para estar com cau-

tela dos nossos inimigos, e para aqui receber os ofícios que me mandarem

os diferentes oficiaes a quem S. Ex.a tem encarregado de importantíssimas

delegências; assim na terra firme da Ilha de Santa Catarina como na Vila da

Laguna, para daqui as fazer expedir com a maior brevidade e segurança;

avisando a todos da encumbência com que vinha, e que me prestaria para

os socorrer cora tudo aquilo que pudesse, e eles me requeressem. Recomen-

dando-me muito S. Ex.a descobrisse por todos os modos, o meio de poder

socorrer a Vila da Laguna com mantimentos ainda que para isso se façam

as maiores despesas, e fico na deligência de o poder fazer: porém depois

de aqui chegar, recebi as ordens de S. Ex.a do 10 de agosto em que me manda

suster todas as hostelidades que havia mandado praticar com os vassalos cie

Sua Majestade Católica, ficando porém em ser todas ordens que S. Ex.a me

encarregou em cuja execução já fico aprontando uma sumaquinha com

farinha para ir para a Laguna, por me requerer aquele comandante-

Rogo a V. Ex.a queira detreminar-me as suas ordens para poder obrar

com mais acerto, e fazer tudo quanto for do agrado de V. Ex.a a quem todo

me sujeito por obrigação, e afecto.

A ilustríssima pessoa de V. Ex.a guarde Deos muitos anos como hemos

mister para nosso amparo.

Rio de São Francisco 17 de setembro de 1777.

Il.mü e Ex.mo Senhor

De V. Ex a

Beija os pés

Seu mais humilde e reverente súbdito

João da Costa da Silveira

Tenente

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10}\ 3-236, 1983.

Page 191: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

// '

/>' //'

'

J

i iip/>tir at¦ tn/M

Hi ipufit/a, </at(/r//id

ti? fy.il (t hat ir/*///./,« .,./*¦ e w.ixit'-s ¦ I//'/

/ / \ sJ

/ Ann ft*

fS\f/ .

- . 7~7T

'

,F-'J .1*

ff ) / /v \v V- . - 1 v . >> .« _ j

WtN- WnVf.//, / / \^. / , -s. S- C " 2 vf ^ C. , • / / f * * / . » > ?¦ *

^ v" " £

k//y/m7j *

-.y.'-s;i

*# l>*»l\.|l\v\//xV / A /- . . . ^ ¦ V -N^k . ..i-v'.. ' - « ^ .**

*'if,t hi iiAxu/^y rrr. : <

V •-/..•¦¦' <.

)l( , ,

j v/. ^x;..-;..

¦**?,,

L4U4. ' ': ¦'' ¦

S ""' }f', ¦'¦' -' -' '•t'" <*' '• h 'v.- n <¦ i'i >.• ,2 ¦, <*

7< i,j'

i:

~/P7?77/"

I' ? W-, tSlDltl r

¦* >1... ,• .¦ 7 c <; c ;-v

js >;

——L i..t 11 - -. - - —¦ 1 ii .— 1^ MM

Y."' -77 ,

•/ ft-'

>¦ \ .

f

' ' al* w

I'l . "•¦ .

i

Documento n.° 207

Page 192: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 193 -

207 Observações

Como se ignora, os que têm ido presionciros, e os mortos, que por serem muitos e os

quererem ocultar os enterram ao pé do hospital, não sabemos o número dos promptos.Na vigia do Rapa se ocupa também um piloto, para conhecer os cascos das embarcações,

pela virtude de um grande óculo, que até agora não lhe temos conhecido outra, senãotransformar as embarcações de qualquer nação em portuguesas, menos o seo Santo Agostinho

com a qual mio se enganam sempre que aparece.

208 Il.mo e Ex.mo Sr.

A oito de abril saí pela Barra do Rio de Janeiro, a de?anove do dito

mês cheguei à Vila de Santos, a vinte dous à cidade de São Paulo, a vinte e

quatro à Vila de Santos, me embarquei, e na barra estive até dia trinta

que parti para esta Vila da Laguna, onde gastei vinte dous dias, e neste

tempo não encontrei embarcação.

No dia vinte e um de maio me apresentei ao Capitão Manoel Gonçalves

Leite, com quem me mandou o Sr. Marquês Vice-Rei governar esta vila;

e porque a não achei nos tremos não pude logo fazer a minha obrigação;

tanto por comprir a ordem do Sr. Vice-Rei, como por fazer certo o meu

proceder a V. Éx.a.

Esta vila estava guardada por um oficial infirior e doze soldados; na

Barra não tinha guarda; o caminho que daqui vai para Santa Catarina estava

desempedido para quem queria ir e vir; a Vila Nova estava despovoada, o

vigário nesta vila.

No dia vinte e trás fiz marchar um alferes com doze soldados auxiliares

para guarda da Vila Nova; e no dia vinte e quatro fiz marchar o Capitão

Cipriano Cardoso com a sua tropa para um lugar chamado os Muritos, e

porque me requereo o dito capitão que nos Morritos não havia pastos paraos animais, caminho por onde eu nunca andei, quis ir ver para me saber

detriminar.

No dia vinte cinco me pus em marcha para Vila Nova, e detriminei

que todo povo acudisse a sua vila. No dia vinte seis marchei para diante,

na praia de Biraquera me encontrei com o Alferes Bernardo de Sousa queme deu notícia do Ajudante Manoel da Costa, e o dito ajudante escreveo

ao Capitão Manoel Gonçalo Leite, e lhe diz estava abarracado em São

Miguel e que podiam as paradas correrem. Tronei para esta vila e no dia

vinte seis fiz marchar o Tenente Pedro da Silva da praça de Santa Catarina

com dous infiriores e trinta soldados para a guarda de Imbaú.

No dia trinta passei revista aos auxiliares desta vila, e pelos mapas quea V. Ex.a remeto verá V. Ex.a a tropa que há c desta a maior parte dela sem

armas; as ordenanças para nada prestam.

No primeiro de junho passei revista à tropa da Vila Nova e afrimo a

V. Ex.a que só vinte armas contei e destas algumas quebradas.

O Capitão Cipriano Cardoso marchou no dia três com dezoito homens

da sua tropa, dezoito da cavalaria desta vila, vinte e dous da Vila Nova,

dous oficiais infiriores e um soldado de infantaria que pediram por seu

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 193: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 194 -

gosto oito agregados que fará o número de setenta homens, e lhe ordeno

maiche ao campo de Araçatuba, ou ansiada de Brito e naquela parte queachar mais conviniente se abarraque, e se comunique com o Ajudante Manoelda Costa.

Nesta vila há pouco mantimento e principalmente farinhas por cujacausa se está dando meio alqueire por [ilegível] o povo queixa-se que acausa desta falta é o não haver pagamentos aos mantimentos para cujo fimno dia três fiz requirimento à Câmara em nome do Sr. Vice-Rei que medessem algum dinheiro para pagamento das tropas e comprar farinhas, ealguma cousa mais perciso; assim o prometeram fazer.

Pode ser que tenham dito a V. Ex.a que o povo desta vila é constantena defesa desta terra; nestes poucos dias que aqui estou não posso dizerisso, porque nas revistas que passei me faltaram muitos e de cento e umhomem que deixei nesta vila para o que pudesse suceder destes mesmos têmfugido alguns

para os sítios: menos alguns homens de negócio que essesdaqui se não arredam.

O Sr. Vice-Rei me ordena faça aviso para aquelas partes que se encami-

nhou o pouvo desta Vila de Santa Catarina e o Rio de São Francisco etambém a tropa debandada,

que se recolheo a esta vila.

No dia três faleceo o Furriel Caetano de Almeida da companhia doCapitão Cipriano Cardoso de bexigas, e na Vila de Santa Ana está outrocom a mesma moléstia.

V. Ex.a pela sua grandeza me queira adevertir em algumas cousas quevir, eu posso errar. Deus a V. Ex,a guarde por muitos anos- Vila da Laguna4 de junho de 1777.

II.100 e Ex.mo Sr, João Henriques de Bõhm

Remeto a V. Ex.a a cópia da carta de João Antônio Soares capitão deembarcação e me diz o Tenente Pedro da Silva que o Ajudante Manoel daCosta se íetirou com a sua partida para as Tejucas Grandes e que o SargentoManoel Alves Varela indo à vila no dia 31 prendeu a dous línguas, e nodepois soltou-os e ficou na ilha avisando-os do que cá se passa.

Beja a mão de V. Ex.a seu mais reverente criado

O Capitão Cristóvão de Almeida

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, lOh3-23(5, 1983.

Page 194: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

'¦iwrmxrwnà9

\ fCuA?£Lcái*/ d&KJu,JüU/ar&soiLpk Cm/aJa-, eiJ;cás/zco/u&/1>

'' C&&& 1/C&&Á&4 ¦ íU-^y . dâtjt/. x^^s-4/iX, >,Í£*KS. •

' / *>§

.... -.--..V. ......^-.^.-VM-.r- ¦a.,^l,,>lMil.y ¦

* : '.3^*'

*^ •'-§ . .. -

i (/"' :,: •-¦¦-• , s-a

'i--

^ ^ . :j ^

>.

'/'/>// 1*^1

?>§ -

'

M-,/- ' - H- }' ' '

0-'

¦&n-jc>-'**iWt-i ¦ >*/** • * • ' ,* 3 . £>$ ^-4 j[ '¦•

° !••

¦'•" • l

• 4 e\ .; \ .X-A

'¦¦'¦¦_¦ , >

'i'l:¦:.¦•¦¦. •••>;

¦ H i 4: 4^1.;.J 7j . O.^'-V-v .?}

. « ¦ v;i -,«d ¦ ^

' '-¦- ".C'^;

- J-

• -4. 1.4.... i3^r . .....

•• :..J

"... 4JL..14J :. ¦ ¦¦ -;•¦•¦.- , ;S

KM

' ' ;;

"'V - ¦

j£*' 4 „* 4 2 * 4, i *? . *? ¥, 'V

-' if> :.v

.#.' 'V

, k4- • - >.¦

'-V o\ \o, . ¦¦ ¦ *'¦•

[¦ ;:'v";35r C.'* », r's-ifo - -. . • - . • * • I v 0_ Q> - "'"••?• .

.-%r'i"i

••¦ 4 i - v^- „l3 -^j :•••.' -:'.l

I„.ry II •;"

v

:"

"" /

;i

<%y / /

¦¦l»li-IT.III.Il' Vlllii4»i>Mill "' •"•1- : ¦ ¦¦¦-¦---¦ """rn aa-.— - -inflMir.it --W,..v.ri:r^

Vií'4

f~* ?T?;./<& '

r x-/ ij

r Xí <?£/¦>'&%/

'í AVt'¦- 6»p^"

o-cjcsjsc^ &n,- &iàjnjxJ

^Ím.i C&nfz^díM

fr^-x -4'. <Js4vz • > _

.V^tV raposo a* ~ A •"

C- ^ mtsj-t.cc***-l1.1,'X-i'éüjfc-¦"..,.:r'.^-?=r.^!jgr:*a»ur

Documento n.° 209

Page 195: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

sw

"<n/ fô Jpii>\/ra

'

)

! $'yv:?J> I

^

-y

jl ^jj|

. I

!_ T^ ^*v"T _<r4

'yH&k*!. .L.— A.. I.-,. .7 .. 3

•\,>CA4£->U> '*? '3n4tM*9**o -I - ' i -'I!

'-A

(Jr&'-nftiaji /!.«-- C- >.Mmqtitimp,*. M (iii|iiijiij,I iyii% i tli.i,i,i».i^ mmm •

-

^ J_i . . --

I

--< I I

tg*' {•*.- J.-.• ¦¦ • ,¦'' K" *.* t. ¦

"""""""„ *"" """ " ""1 TT ' l'¥"f IllTiT-lBTTilMJIIjMflllll nil ' III 111 -

Clkty*'**** J/ s^"- rs% S -* <Sw*

¦ ^ t^5T-«-f^-

'

¦i» III—¦Mfclti-U..' U '11 T.M.-"" - i..,iM>..i,<MB,£,,^.ww -.f. r- „-, -1t..,r..- .|); ;

j J

Documento n.° 210

Page 196: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 197 -

209 Observação

Acha-se nesta vila um sargento de praça que não vai no mapa, e um soldado por intrevado.

210 Observação

Nas companhias de auxiliares de pé, e de cavalo se acham alguma, praças de soldados

emcapazes de fazer o serviço por velhos, e nas ordenanças todos.

211 Il.mo e Ex.mo Sr.

Relação do parque de Artilharia e do que lhe pertence, e deve ter, a

3 de junho de 1777.

Peças montadas com seos armões do calibre 3 ..

Pecas montadas com seos armões do calibre 1/2

Cartuchos imbalados do calibre 3

Cartuchos imbalados do calibre 1/2

Soquetes do calibre 3

Lanadas do calibre

Cachorros do calibre 3

Saca-trapos do calibre

Soquetes do calibre 1/2

Lanadas do calibre 1/2

Cachorros do calibre 1/2

Saca-trapos do calibre 1/2

Cartucheiras

Baldes

Espoletas incapazes por velhas, e ferrogentas .

Morrões inxofrados

Velas de misto

Desincravadores

Mocetes dos ditos

Telhas, ou capitées

Tocos nem [?] de que se façam

Diamantes

Linhas de força

Barris de pólvoras boas

Dito molhadas

Balas do calibre 3 p. em cartuchos

Balas do calibre 4 que não servem

Carros monclegos [?]

Caixas para as espoletas

Cabos de botafogos

Cristóvão de Almeida

Capitão Comandante

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

2

4

155

400

4

4

4

4

12

12

2

4

6

0

400

29

0

6

6

6

0

12

0

1

1

45

115

2

0

12

Page 197: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

213 Il.raü e Ex.mo âr.

Meu senhoi; O tempo tem sido contra mim, por essa razão não tenhosaiiiicuo a minha obrigação. Nunca a ventura deixou de proteger aos queprocurando distinguir-se com o honroso título de criado de V. Ex.a adquiri-ram por este meio avultados merecimentos. Estes justamente felicidade pelaqual se dignou o II.»» e Ex.°» Sr. Marquês Vice-Rei atender-me

promoven-do-me ao posto de capitão agregado ao meu regimento em que tenho porgosto de servir. r

O reconhecimento desta ventura me arroja a ir beijar com a maiorsubmissão os pés a V. Ex.a mostrando na minha profunda humildade osmais vivos sentimentos de um devido agradecimento.

A II.™ e Ex.™ pessoa de V. Ex.=> guarde Deos com as felicidades quelne desejamos por muitos anos.

Vila da Laguna 4 de junho de 3 777.

Il.m° e Ex.™> Sr. João Henriques de Bõhm

Beija a mão de V. Ex.a

Seu mais reverente criado

Cristóvão de Almeida Corrêa

213 Il.mo e Ex.mo Sr.

Meu senhor no dia dez deste mês fiz marchar o Capitão João da CostaMoreira para cima da serra com oito presos quatro castilhanos desertores,dous prisioneiros c dous purtugueses para serem remetidos ao Sr. Generalde Sao Paulo conforme a ordem do Sr. Vice-Rei. No dia treze deu partea sentinela da vigia

que apareciam ao mar e subindo eu acima do monte vialgumas embarcações; uns contaram nove, e outros contaram onze; quando foide tarde tive parte da Vila Nova em que tinha ido a um lugar chamado Bira-

quera um cicaler nosso, e se lhe fazendo acenos de terra que ali não eradesembarque botou um marinheiro a terra, e o vieram conduzindo até a VilaNova, e desembarcou o Capitão Tenente Bernardo Manoel de Vasconcelos danau Prazeres, e no dia 12 veio a esta vila falar-me e troxe uma carta do seucomandante

para o Sr. Vice-Rei, e saber algumas notícias. Diz o dito capitão queiaira da nau no dia doze pelas duas horas da tarde, c que até a sua saídanao havia novidade

porém que perto das ave-marias vio a nau fazer muitologo, e querendo tornar para trás lhe ia a nau fugindo e daí a poucotempo nao sobe mais da nau por lhe faltar o fogo. Diz o dito capitão

quenao Pocüa >cr a nossa armada a que se vio, porque ele a tinha deixado

quinze légoas ao mar, e nestes dias se oviram muitos tiros ao mar. Esperouaté o dia vinte

que o viesse buscar a nau, e vendo que não vinha foi para oRio no iate em que eu vim levando consigo dez marinheiros e um pilouto.

An. Bibl. Xac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1033.

Page 198: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

— J99

No dia vinte um tive parte do Capitão Cipriano Cardoso em que os

castilhanos engrossavam uma guarda defronte da ansiada do Brito, no mesmo

dia foram atacados por sete lanchas que dizem viriam quientos homens,

e curerita homens que a acompanhavam ao Capitão Cipriano Cardoso os

empediram ao primeiro desembarque, e se retirando loram desembarcar

em um lugar chamado os Cedros, e vendo o dito capitão não tinha partido

se retirou com a sua gente e quase todo o povo da ansiada, não tendo

nenhum dos nossos pirigo, e consta que os deles um foi morto, e muitos

feridos. Atacaram fogo nas casas robaram o que acharam, e corre notícia

que se retiraram para a ilha dizendo que se iam perparar para virem a

Laguna. Pela pouca gente que tenho mandei retirar o destacamento do

Capitão Cipriano Cardoso e o Tenente Pedro da Silva para Vila Nova,

deixei um sargento com dez soldados em Biraquera. No dia quatro também

foram à freguesia de São José prenderam ao vigário e mais algumas pessoas

e a saquiaram e se foram embora.

Diz um desertor que aqui se acha que é certo que a nau Prazeres

prisionou um galião vindo de Monte Vidio com mantimento para seis meses

e pagamento para outro tanto tempo, e que armada piisionou outro galião

com o mesmo, vindo da mesma parte e por essa razão saíra o Sr. General

inimigo no dia 20 a se topar com a nossa armada levando consigo cinco naus,

e cinco cursários; a nossa armada se compõe cie nove naus. A nossa armada

no dia oito foi à Barra de Santa Catarina disafiá-los e diz o capitão-tenente

que não fizeram movimento algum. Aqui se diz que eles querem ir ao

Rio Grande, e que querem fazer desembarque em Bujuru para atacarem

pela retaguarda e pela Barra e pela frente. Me consta que os soldados da

Ilha que lá estão são os piorei inimigos que temos por lhe dizerem tudo

quanto se passa entre nós. V. Ex.a bem sabe a tropa que há nesta vila e

de que qualidade é; se V. Ex.a for servido mandar ordem ao grande José

Marcelino que me mande alguma tropa me faz esmola grande.

É o que por ora posso pôr 11a presença de V. ExA A Il.ma e Ex.ma pessoa

de V. Ex.a guarde Deos muitos anos.

Vila da Laguna 26 de junho de 1777.

Il.mo e Ex,mo Sr. João Henriqucs de Bõhm

Beija a mão de V. Ex.a

Seu mais humilde e reverente

O Capitão Cristóvão de Almeida Corrêa

214 Il.mo e Ex.mo Sr.

Meu senhor, não tenho adientado a parte de V. Ex.a da tropa, que

me remete o capitão-mor das Lajes, por esperar chegassem as seis compa-

nliias de que tive aviso, porém como se demoram ponho na presença de

V. Ex.a que só tem chegado quatro companhias; c estas algumas incompletas,

e alguns sem armamentos, e aqueles que o trazem, quebrados, e ainda que

An. Bibl. Xac., Rio cie Janeiro, 10):3-236, 1983.

Page 199: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 200 -

se consertem, sem préstimo por lhe não caber bala dentro, e menos cavalos

que estes lhe ficaram mortos na serra, e logo que cheguem as duas quefaltam darei a V. Ex.a os mapas.

O pouco mantimento que há nesta terra me dá cuidado à sustentação da

tropa, assim como também a falta que expremento de dinheiro, e me vouremediando na milhor forma que posso.

Mandei o Tenente Bernardo José Fernandes para a guarda de Imbaúcom setenta homens, e pertendo-lhe pôr um destacamento de 100 homens

para melhor facilitar a fuga aos inimigos porque me consta o desejam fazer.

O Ajudante Manoel da Costa me avisa de que a nau Prazeres, com anossa nau Belém se combateram toda üa noite entendendo serem inimigos, eamanhecendo se metera em meio a nau Santo Antônio, e fazendo fogo paraüa, e outia tiveram a perda de 40 homens e perdendo a vida o Capitão-de-Mar--e-Guerra D. Francisco Xavier Teles, e que as levou presas ao Rio de Janeiro.

Notícia do mesmo ajudante, que depois de sair a armada espanhol seouvira muito fogo, e que da Ilha se não viam embarcações

porém queagora lhe tinham mandado dizer da mesma, que se avistavam cinco nãos de

guerra, e algumas pequenas que faziam o número de 12, e que viera üaembarcação pequena reconhecer a Barra e diz o ajudante, que eles só têmseis embarcações quatro as mandaram pôr ao pé do Ratones, e só ficaram duasbombardas que são as que podem fazer fogo.

Notícia dos espanhoes, dizem que na Armação Nova deram algumasvacas, e carneiros e um capitão espanhol à costa.

Dizem que estão morrendo a fome por cujo motivo têm obrigado aoscasaes da freguesia de São José a dar-lhe gado, até agora lhe pagavam, eagora o não fazem.

Também me dizem que a nossa armada prisionara dez embarcações ini-migas, e se for verdade não é pequena felicidade.

Queira V. Ex.a honrar-me com detriminar-me repetidas vezes o que forservido pois o meu desvelo se empregará em servir a V. Ex.a no que ior

do seu agrado para o que lhe sacrifico a minha fiel escravidão. Deos guardea V. Ex.a por felices anos.

Vila da Laguna a 10 de agosto de 1777.

Il.mo e Ex.mo Sr. João Henriques de Bõhm

De V. Ex.a

Seu muito reverente súbdito

Cristóvão de Almeida Corrêa

215 Il.mo e Ex.mo Sr. General João Henriques de Bõhm

Senhor

Ex.no

Em 25 do mês próximo precedente tive notícia por algumas pessoas

que vieram da Ilha de Santa Catarina que os espanhoes a tinham atacado:

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 200: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 201 -

E logo passei ordens para que todas as famílias desta vila passassem a

terra firme, e foram continuando as notícias enté o dia de hoje que me

dizem pesoas de crédito que da mesma Ilha vieram, que toda está pessuída

pelos mesmos castelhanos de sorte que a parada que V. Ex.a ultimamente

mandou ao Sr. General Comandante prossuado-me não lhe será entregue

porque no mesmo dia de hoje que ela por aqui passou; retorcedeu üa carta

que ia do Capitão Manoel Gomes de Ataíde para o mesmo senhor dizendo

quem a levava que: já os espanhoes tinham saltado na Eracetúbal.

Por outras notícias se confirmam o mesmo e até o Sr. General Coman-

dante e Governador; se julga estarem surprendidos ou voloquiados por se

terem retirado com a tropa para o Cubatão:

Dizem que saltaram na Ilha oito regimentos, e que as velas da armada

são cento, e dezassete entre maiores; e menores.

A nossa armada saiu para o mar dizem algumas pessoas que combateu

com algumas nãos da armada inimiga que atrás ficaram porém isto não é

com a maior certeza:

Não tenho mais que expressar a V. Ex.a com a sumissão que devo.

Estimarei sumamente V. Ex.a tenha saúde vigorosa como muito lhe desejo,

e que todos os projetos de V. Ex.a sejam felizes.

A Il.ma e Ex.ma pessoa de V. Ex.a Deos guarde muitos anos como muito

quero.

Laguna 1 de março de 1777.

II."10 e Ex.mo Sr.

De V. Ex.a

Súdito fiel e muito obrigado

Manoel Gonçalo Leite

216 Il.mo e Ex.m0 Senhor General em Chefe João Henriques de Bõhm

Senhor

Excelentíssimo

Tomo aos pés de V. Ex.a com a mesma veneração e respeito, com que

há poucos dias fui.

Até hoje não tenho tido mais notícias da Ilha das que pus na presença

de V. Ex.a no dia primeiro do corrente mês porém julgo que os senhores

general e governador persistem com a tropa no Cubatão.

Eu lhe escrevi já, e ando na deligência de quem lhe leve as cartas, que

me é dificultoso achar um homem capaz: e se conseguir a reposta darei

parte a V. Ex.a.

Esta vila tem mui pouco tropa auxiliar e se tivesse socorro, pode ser

não seja invadida. V. Ex.a se dignará mandá-lo se for do seu agrado.

Eu fiz rotroceder üa parada que V. Ex.a ultimamente mandou ao Senhor

General Comandante porque de Vila Nova mandaram, pela não levarem, ainda

que os matassem.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 201: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 202 -

Fico pronto para executar as ordens de V. Ex.a com suma vontade.

A Il.ma e Ex.ma pessoa de V. Ex.a Dios conceda vigorosa saúde commuitas felicidades.

Laguna a 8 de março de 1777.

P. Ex.mo Sr.

Agoia me disseram pessoas de Vila Nova, que ontem pela manhã saíram

três barcos grandes, e navegaram para o mar, até que se perderam de vista

Tendo saído da Barra do Sul, ou da costa da Ilha. E disseram-me mais queesta madrugada se ouviram tiros na Ilha dita bastantes.

II.030 e Ex.mo Senhor

De V. Ex.a

Súdito mui obediente

Manoel Gonçalo Leite

217 U™0 e Ex.mo Senhor General em Chefe João Henriques de Bòhm

Senhor

Excelentíssimo

Vou aos pés de V. Ex.a com o mesmo afecto e respeito com que tenhosempre ido.

Hoje mesmo têm chegado a esta vila soldados de todos os regimentosda Ilha de Santa Catarina, serão mais de 200 com destino de passarem acimada serra pelos conventos.

E dizem que o Senhor General Comandante o Sr. Governador e o Bri-

gadeiro José Custódio passaram do Cubatão aonde estavam à Ilha embar-cados, e que capetularam com o Sr. General D. Pedro Sabalho para seremtransportados ao Rio de Janeiro.

E neste mesmo dia apareceo aqui Ga carta que trouxe o vigário deVila Nova, e entregou ao juiz, a qual lhe escreveo um vigário da Ilha cha-mado Pe. Teles ao mesmo vigário na qual diz que o Sr. General Sabalholhe tem feito muito agrado e lhe promete benefícios e a todos os povos, e

que os tirou da tiranias em que viviam, e que o seu governo é mais suave.

Que ele Teles rogou ao Senhor General não maltratasse estes povosdaqui e de Vila Nova e que ele lhe dissera escrevesse a estes vigários paraque combocasse o povo, e lhe mandasse dois homens destintos

para lhe en-tregar a terra, e as armas.

Que El-Rei Católico havia de tomar desde a Ilha té o Rio Grande, eaté por cima da serra e se não que mandava tomar esta vila e Vila Nova.

Nesta extremidade suplico a V. Ex.a como já supiiquei no dia 8 docorrente se digne socorrer esta vila. Já me abandonou a maior parte dodestacamento, e no dia 2 deste mês assim a executaram os auxiliares reco-lhendo-se aos sítios. Mas ainda presisto com poucos oficiais de auxiliares

An. Bibl, Nac., Rio de Janeiro, 1 OS: 3-236, 1983.

Page 202: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 203 ~

a fazer o que se pede mas já não tenho quem mande tudo desobedece até

o vigário fugio.

Porém julgo me não devo deixar presionar. V. Ex.a se digne dar-me as

suas ordens e socorrer esta vila quanto antes lhe for possível.

A Il.ma e Ex.ma pessoa de V. Ex.a Deos guarde e felicite com vigorosa

saúde por muitos anos.

Laguna 9 de março de 1777.

I1.K0 e Ex.mo Senhor

De V. Ex.a

Súdito muito fiel e escravo

Manoel Gonçalo Leite

P. Ex.m0 Senhor

Digne-se S. Ex.a mandar üa carreta para enviar as monições de guerra

para Porto Alegre posto que as faço retirar daqui:

218 il,mo e Ex.m0 Senhor General João Henriques de Bõhm

Senhor excelentíssimo. Vou aos pés de V. Ex.a com a sumissão que devo:

Eu abri a carta de V. Ex.a e a do Coronel Rafael Pinto Bandeira, porque o

Tenente Jerônimo Xavier assim mo ordenou da parte do mesmo coronel,

O mesmo tenente exporá a V. Ex.a quanto se tem passado na Ilha e

nestas vilas. E pelo que me dizem infiro as naus da armada não são mais

que 18 porém tem outras de menos porte; e as últimas vão setiar o número

é de 114 dito pelos espanhoes.

A tropa é pouco asseada e até o presente não tem feito destúrbios.

Dizem vão para Monte Vedio duas naus, e 8 faluas e fala-se vão para esse

porto 20 chavecos, isto é o que eles dizem.

O Sr. General Comandante e o Sr. Governador foram para bordo das

naus e bastantes soldados e os ofeciais todos. Não há notícia. Eu não tenho

nenhüa tropa, e está esta vila e Vila Nova colmada de inconstantes: já pei-

tenderam executaram a or[dem] do Pe. Teles, e disseram que se eu embaraçar

os seus desígnios, me matarão. Eu já lhe disse publicamente que me não

dá de morrer pela fidelidade do meu rei e senhor natural.

Não sei o meu destino dele darei parte a V. Ex.a como devo. Digne-se

V. Ex.a servir-se deste seu criado que lhe tem sacraficado a mais pura smceri-

dade e fiel obediência.

A Il,ma e Ex.ma pessoa de V. Ex.a Deos guarde muitos anos.

Laguna a 15 de março de 1777

De V. Ex,a

Súdito fiel venerador

Manoel Gonçalo Leite

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 203: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 204 -

219 II.™0 e Ex.mo Senhor João Henriques de Bohm

Senhor

Excelentíssimo

Vou aos pés de V. Ex.a cheio de respeito; e veneração assim como otenho executado muitas vezes:

Aqui chegou o Capitão da Legião do Coronel Rafael Pinto Bandeira,Cipriano Cardoso de Barros; com treze soldados; e dous cabos. Eu agradeçoa V. Ex.a mil vezes a mercê que me fez pois é um capitão muito destinto

porém a tropa é pouca para as deligências que se pertendem fazer, e para

ocupar alguns postos que de necessidade se hão de goarnecer. Rogo a V. Ex.ase digne aumentar o número da referida tropa.

Eu não tenho escrito mais breve a V. Ex.a porque enté o presente sóda Ilha recebia notícias confusas das coais nada se tira senão ficar na mesmaconfusão. Porém agora que as tenho recebido por três pessoas; e todas poucodeferem umas de outre as partecipo a V. Ex.a.

A armada castelhana que entrou na Ilha no dia 22 de fevereiro do

presente ano era de cento; e Ga velas entre maiores; e menores. Dizem quea maior força desta armada consestia em 6 naus de linha e 13 fragatas, eo mais navios, e setias, e até barcos com comércio.

Que depois da armada entrar se ouvio combater no mar dois dias; e

que dipois apareceram nas praias destroço de naus, ou de navios.

A tropa que vinha na armada pouco mais era que sete mil homensdestes

que ficaram na Ilha 3.200; e com estes se guarnecem toda a Ilha. E

que o General Savalho em sábado de Aleluia se fez à vela para o sul com4.000 combatentes, e ficou na Ilha um tenente-general; e um governador-coronelchama-se este Joan Roca. Não desagradam os povos. Porém em um diado mês presente se publicou um édito para que quem tivesse propriedadeas habitasse dentro em 15 dias, e se não que ficariam debolutas a El-ReiCatolico, dizem que a tropa não é a mais bem disciplinada. Parece queo Sr. General Savalho vence com aparências. E há dúvidas se o Senhor Ge-neral Barbacena, e Governador, e os mais ofeciais se transportaram ao Riode Janeiro.

Eu entento mandar üa parada ao Sr. Marquês Vice-Rei pela costa queirao Altíssimo tenha bom sucesso:

Estimarei que V. Ex.a disfrute vigorosa saúde, e que me dê muitas

ocasiões de mostrar a V. Ex.a a minha fiel obediência.

A II.1118 e Ex.11111 pessoa de V. Ex.a. Deos guarde e felicite muitos anoscomo quero:

Laguna 16 de abril de 1777 anos:

Il.mo e Ex.mü Senhor,

De V. Excelência, súdito muito obediente, e obrigado:

Manoel Gonçalo Leite

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103\3-236, 1983.

Page 204: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 205 -

220 II."10 e Ex.mo Senhor João Henriques de Bóhm

Senhor , , .Excelentíssimo

No dia 23 do corrente escrevi a V. Ex.a e fui a seus pés sempre com

a veneração que devo, e agora bou a dizer a V. Ex.a que no dia 24 do coi-

rente partio desta vila o Capitão Cipriano Cardoso com a sua esquadra de

cavalos em procura dos castelhanos por termos aviso de que tinham desem-

barcado na madrugada deste dia no porto de Vila Nova E na marcha

soube o mesmo capitão que o inimigo se tinha embarcado. Apressou a

marcha e seguindo-os os não pôde bater. Não hostelizaram a vila tudo oram

ações de paz e não eram em número mais do que 68. Porem no dia 2j que

os inimigos quiseram tornar a terra foram atacados pela cavalaria, e ficaram

prisioneiros um alferes e 13 espanhóis soldados e marinheiros e mais um

veneziano, destes vieram 3 feridos, e um que ficou em Vila Nova -

ferido que todos parece-me que se tem feito o que se deve. Deos nos faça

felices. . „

Eu lhe mandei a Vila Nova socorros de gente ao mesmo capitão porque

tudo vai tomando üa volta favorável conforme as minhas curtas intenções.

No mesmo instante em que recebi esta boa noticia me deram parte

de que defronte do porto desta vila estava üa embarcaçao desvelejada mui

perto da terra, no cavalo de quem me deu esta parte

montei no mesmo

instante e marchei para a mesma Barra deixando ordem que me seguissem

alguns soldados e auxiliares porém quando cheguei à praia ]a^ a tal em-

barcação ia pela Ilha dos Lovos havia de ser castelhana sem duvida e ]a

por aqui têm passado outras mais perto da teria.

A mim se me têm vindo mais de 40 soldados dos que vieram debandados

do Cuvatão querem aqui servir. Rogo a V. Ex.» que os que servirem bem

os mande conservar aqui porque os que servirem mal Ia lhos mando. Ji

se lhe assiste com mantimentos e talvez que a Câmera lhe de um mes de

soldo para lhe ser pago por esta Provedoria para os animar.

Sempre suplico a V. Ex.a e hei de suplicar que se digne mandar mais

socorros para esta vila de cavalaria e monições de guena.

Há notícias de que os espanhóis foram sobre o Rio Grande e que a

armada se debandou por causa de üa tromenta, estas dão os prisioneiros que

brevemente partem para Porto Alegre: Espero de V. Ex* mande conforme

os sucessos que espero sejam felices as intenções que devo seguir e o meu

camarada capitão de cavalos.

A Il.ma e Ex.ma pessoa de V. Ex.a Deos guarde e felecite muitos anos.

Laguna 26 de abril de 177/ anos.

II mo e Ex.m0 Senhor

De V. Excelência

Súdito mui fiel

Manoel Gonçalo Leite

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 205: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 206 -

221 II mo e Ex-mo Senhor General em Chefe João Henriques de Bohm

Senhor

„ , . ExcelentíssimoRecebi as csumáveis cartas de V. Ex.a

que se dignou dirigir-me emo mes Proximo precedente, e a 1 do mês que está correndo, as quais

mil vezes agradeço a V. Ex.a e a elas respondo cheio de sumissão e de pro-fundo respeito.

As notícias que eu partecipei a V. Ex.a e as que partecipar, sempre

procurarei que sejam exactas quanto me for possível.

E se eu me ausentar desta vila, ou dos seus lemites, não me havia deesquecer de pôr na presença de V. Ex.a a niagoadíssima retirada. Porémtenho pressistido; e houve tempo em que não tive outro recurso mais do

que o da minha constância; esperando o socorro que a V. Ex.a tinha pedido,e esta esperança me animava a estar firme, até perder a vida como devo

a El-Rei Ffidelíssimo] à pátria, e a mim: até que chegou a esquadra do Ca-

pitão Cipriano Cardoso, tanto a tempo que além da acção tanto destinta

que obrou, tudo está como premeditava; e espero no Altíssimo, e nos socorrosde V. Ex.a se há de defender esta vila e os seus lemites.

Tem-se unido nesta vila um oficial tenente do regimento desta Ilha,chama-se Fiancisco da Silva conduzio a sua família, e é muito bom oficial,e está servindo de ajudante até V. Ex a derteminar o que for do seu agrado'ele escieve ao ajudante de ordens de V. Ex.a expressando-lhe os seus sucessos.E ofeciais mferioies e soldados como consta das relações, ou mapas,

que omesmo capitão põe agora na presença de V. ExA E o Tenente Bernardo

J°-é Fernandes que comanda a infantaria por ordem do Sr. Brigadeiro

Governador executa a mesma ação. E por este motivo não me pareceomandar a V. Ex.a mapa, e nem as últimas notícias que da Ilha se tern sabido,

porque o mesmo capitão as partecipa a V. Ex.a. Aqui chegou a 16 do correnteum porta-bandeira do Regimento de Gama, e pareceu conveniente passar aessa fronteira.

Os auxiliares desta vila se tem unido à tropa, porém não é corpo de

que ^ se possa formar conceito, e muitas destas gentes para a cultura tão

precisa a conservarão dos povos.

E por este motivo, rogo a V. Ex.;i com a maior reverência se digne socor-rer esta vila com tropa, com dinheiro, com monições de guerra de toda aespécia, quanto antes; pois bem reconhece V. Ex«a é este um país tão vizinhoaos castelhanos, muito mais que as Torres: e a conservação desta vila será

glória para a nação, e para V. Ex.a de muito esplendor.

E pelo que respeita à última carta de V. Ex.a desde a minha infânciasei quanto devo ser fiel até derramar todo o meu sangue, ao meu soberanomonarca

Jàdelíjãimo, e assim o tenho mostrado com o favor da onipotência

devma. E a situação em que me acho bem a tenho significado a V. Ex.a.£ espero torno a suplicar a V. Ex,a com a mesma reverência socorros detodo o gênero.- pois assim convém à defensa deste país e com a maior

An Bibl. Xac.. Rio de Janeiro, 103 \ 3-236, 198S.

Page 206: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 207 -

Senhor Excelentíssimo eu me animei a embaraçar a retirada do CapitãoCipriano Cardoso, protestando-lhe o risco que correria esta vila tantovezinha dos espanhoes, superiores em forças, não havendo aqui ofecial quese o inimigo se atrever a tornar a Vila Nova o ataque, e o derrote. Suplicoa V. Ex.a cheio de sumissão se digne disculpar esta acção, pois assim me

pressuadi ser útil ao serviço de S. Majestade Fidelíssima no qual V. Ex.atanto se interessa. E chegou o próprio que foi levar a carta para o Sr. MarquêsVice-Rei ao Rio de São Francisco, e trouxe-me carta de que consta a entre-

gou; e há de voltar com outras queira Deos tenha igual sucesso.

Não tenho presentemente mais que expor a V. Ex.a o que lhe desejointimamente mui completa saúde, e que tenha muitos alívios, e as felicidadescontinuadas para glória do estado, e de V. Ex a.

A Il.ma e Ex.ma pessoa de V. Ex.a Deos guarde muitos anos como muito

quero.

Laguna 18 de maio de 1777.

II.ma e Ex.rao Senhor.

De V. Excelência súdito mui obediente:

Manoel Gonçalo Leite

P. Ex.mo Senhor.

Fica, sem embargo do que acima expresso a V. Ex.a, o porta-bandeiraservindo nesta vila. Chama-se Henrique José. E ponho na presença de

V. Ex.a o mapa geral de toda a tropa que guarnece esta vila.

222 Il.mo, Ex.mo Sr. General Comandante em Chefe João Henriques

de Bõhm

Depois de invadida pelas armadas de El-Rei Católico a Ilha de Santa

Catarina, e ameaçada esta vila, com a mesma desordem tem havido nela

menos acerto na conservação da defesa até que em quinze do mês de abril

próximo passado, chegou a esta vila o Capitão de Cavalos Cipriano Cardoso Le-

mes de Barros, com quatorze soldados, que o acompanhavam, a executar ordens

de V. Ex.a com esta chegada, lhe pidio esta Câmara, e mais povo lhe desse

auxílio para defender esta vila como estado pertencente a nosso Soberano Mo-

narca Sua Majestade Fidelísima, e a diligência com que se tem adiantado

a defesa, juntando-se todos os moradores, e mais tropas, que por este Con-

tinente se achavam, de donde resultou sussego aos povos, e respeito ao país,tanto por notícias que o inimigo tem do corpo de tropa, como por algüas

hostilidades, que os ditos têm recebido, mostrando a experiência com as no-

tícias que se alcança de donde resulta grandes esperanças, de que se possadefender esta vila, e seos moradores.

Porém recebendo o dito capitão de cavalos carta de V. Ex.a, para se

recolher a esse quartel-general, se resolveo esta Câmara, a pedir-lhe em nome

de Sua Majestade se não retirar-se, enquanto por meio desta; pomos na

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 70.7:3-236, 1983.

Page 207: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 208 -

presença de V. Ex.a o bem comum destes povos, e estado de EI-Rei Nosso

Senhor, os quaes em nome do mesmo Senhor, cada um por si, e todos

onânimes pedimos a V. Ex.a, que por serviço de Deos, e de El-Rei se sirva

dar-nos todos os meios, e auxílios para as nossas defesas; pois como leaes

vassalos de um tão soberano monarca prometemos de defender-nos debaixo

de suas armas; e do amparo de V. Ex.a até derramar a última gota de

sangue; e perder as próprias vidas; para o que rogamos a V. Ex.a se digne

mandar a esta vila um oficial, que com as circunstâncias precisas governeas armas, e os povos dela, para o que nos oferecemos obedecer as ordens

de V. Ex.a em tudo quanto debaixo de sua voz no for mandado; ficando

ao cargo de V. Ex.a o responder a Sua Majestade, por esta vila, e seos povos.Nós os deputados desta Câmara beijamos a mão de V. Ex.a

Vila da Laguna 12 de maio de 1777 anos.

João Róis Alves

Luís da Costa

José Jorge

José Francisco Guimarães

João da Silva Pinto

223 Resposta

No mês de março do corrente ano, me consta haverem V. M.ces recorrido

ao amparo, e conselho do Sr. Brigadeiro Governador deste Continente nas

tristes circunstâncias em que se achavam: consta-me também haver-lhes odito Sr. Brigadeiro Governador feito a assistência que pôde. Agora pelacarta que de V. M.cea recebo datada em 12 do mês corrente, vejo pidirem-meV. M.1*8 o mesmo, e me parece muito mais próprio que V. M.0ca continuem

pela primeira forma, por se achar o dito Sr. Brigadeiro mais na sua vizi-

nhança, e conhecer a qualidade deste governo. Nem tropa, nem munições,

nem dinheiro tenho por ora para lhes poder mandar; porém se V. M.cea

entendem que lhes será útil o Capitão Cipriano Cardoso de Barros Lemes

eu consinto em que ele fique. Deos guarde a V. M.**®.

224 Il.mo Ex.rao Sr. General Comandante João Henriques de Bohm

Ex.mo Senhor

No dia vinte um do corrente entrou neste porto üa lancha de EI-Rei;

nela veio o Capitão Cristóvão de Almeida comendar esta vila junto comigo,

traz ordens do Sr. Marquês Vice-Rei, para fazer tornar aqui a tropa, quese debandou no Cubatão armada que se achar em Porto Alegre, e outras

mais; a lancha creio que brevemente há de sair.

O mesmo Capitão comandante não escreve a V. Ex.a porque foi ver os

Morrinhos, e outras cousas mais, conforme as enstruções do Sr. Marquês.

Eu desejo intimamente que V. Ex.a desfrute mui vigorosa saúde, e que

a Providência Devina faça a V. Ex.a tão felix, quanto eu creio que V. Ex.a

tem todas as prendas, e vertudes de um general completo:

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10):3-236, 1983.

Page 208: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 209 -

A Il.ma Ex.raa pessoa de V. Ex.a Deos guarde muitos anos como muito

quero.

Laguna 26 de maio de 1777.

II.mo e Ex.mo Senhor

De V. Excelência súdito mui venerador, e escravo

Manoel Gonçalo Leite

225 Il.mo e Ex.mo Sr. General em Chefe, João Henriques de BÕhm.

Senhor

Excelentíssimo

Vou aos pés de V. Ex.a, cheio de afeto, e de veneração: a expressar a

V. Ex.a que recebi duas cartas que V. Ex.a se dignou dirigir-me em 27 de

maio, e 2 de junho todas deste ano que muito lhe agradeço e a honra com

que me trata.

Estimo muito dignar-se V. Ex.a de primitir aqui se demore o Capitão

Cipriano Cardoso, porque estas gentes fazem bom concerto nele para a sua

defensa, e eu da mesma sorte; ma? ele está distante desta vila.

A carta que V. Ex.a me enviou para o Ajudante Manoel da Costa

Silveira eu lha remeti logo que aqui chegou.

Não tenho notícias que participar a V. Ex.a presentemente, estimarei

sempre pô-las na presença de V. Ex.a de muito gosto, pois sei quanto se

interessa ansiosamente, pela felicidade das armas de Sua Majestade Fidelíssima.

Eu ando intrincheirando esta vila de sorte que me parece ficará bem

defensável se V. Ex.a for servido mandar peças, e monições competentes, e

houver constância nos defensores, que aqui se acham, e nos que vêm des-

cendo pelo caminho do Cubatão, que sem ela nada se vence! Ainda queestou esperando licença do Ex.mo Senhor Marquês Vice-Rei muito meu Se-

nhor para ir servir a essa fronteira. Então terei a honra que muito me hei

de prezar sempre, de servir debaxo das ordens de um Ex.wo Senhor General

tão completo, e tão estimável.

Desejo sumamente que V. Ex.a passe sem quebra na sua estimável saúde.

E sacrafico a minha sincera, e fiel obediência aos preceitos de V. Ex.a.

A Il.ma e Ex.ma pessoa de V. Ex.a Deos guarde muitos anos e felicite

como muito quero.

Laguna a 10 de junho de 1777.

Il.nw e Ex.mo Senhor,

De V. Excelência súdito mui fiel, e reverente criado.

Manoel Gonçalo Leite

P. Sr. Ex.mo

O Furriel Manoel Alves da Cruz montou todas as peças que são 2 de calivre

3 e quatro pedreiros e pôs tudo pronto quanto fora preciso para tudo laborar,

ele é do Regimento da Artilharia do Rio, e do Cubatão passou aqui.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:$-236, 1985.

Page 209: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 210 -

F.spero da intigridade de V. Ex.a há de adiantar em postos, este oficial

inferior, e assim o rogo a V. Ex.a com a maior sumissão.

P. Ex.mo Sr.

Chegaram a esta vila 3 soldados desertados da Ilha naturaes dois de Anover:as notícias que dão é que a fome na Ilha é grande e que os generaes estãodifirentes pois o da terra que o mar ande nele, porém diz este que não tem

mantimentos; se a nossa esquadra lhe impedir os socorros está vencida a

terra. E não sei mais nada, muito meu senhor.

Aqui me instam alguns soldados portense que querem casar com Cas

moças que da Ilha trouxeram em sua companhia outros que as mandaram

vir, e estão coassistindo com elas: Espero de clemência de V. Ex.a primita

que todos casem, porque darão vassalos ao Estado que não tem muitos.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236. 1983.

Page 210: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

RESUMO DOS DOCUMENTOS

Remetentes:

Antônio Carlos Furtado de Mendonça — ACFM

Cipriano Cardoso de Barros Leme — CCBL

Cristóvão de Almeida Correia — CA e CAC

João da Costa da Silveira — JCS

Luís Antônio Carlos Furtado de Mendonça — LACFM

Luís Antônio da Cunha e Azevedo — LACA

Manuel da Costa da Silveira — MCS

Manuel de Ávila Nunes — MAN

Manuel Gonçalo Leite de Barros — MGL e MGLB

Pedro Antônio da Gama e Freitas — PAGF

Simão Pereira de Carpes — SPC

Tomás Cardoso de Almeida — TCA

Carta Ilha de Santa Catarina, 17 de fevereiro de 1775

Comunica sua chegada à Ilha de Santa Catarina. ACFM.

Carta Ilha de Santa Catarina, 17 de fevereiro de 1775

Encaminha carta ao destinatário. ACFM.

Carta Ilha de Santa Catarina, 20 de fevereiro de 1775

Comunica o envio de tropas para o Rio Grande do Sul.

ACFM.

Carta Ilha de Santa Catarina, 28 de fevereiro de 1775

Comunica notícias procedentes do Governador da Colônia

sobre a chegada a Montevidéu de reforços em gente e em-

barcações; avisa, também, que ainda não chegaram as tropas

mencionadas pelo Vice-Rei; solicita sumacas para se fazer o

transporte dessas tropas. ACFM.

Relação das embarcações que se achavam no porto de Montevidéu a 3

de fevereiro de 1775.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 211: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 212 -

Carta Ilha de Santa Catarina, 7 de março de 1775

Comunica a chegada de tropas a serem enviadas para o Rio

Grande do Sul. ACFM.

Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de março de 1775

Comunica a chegada de tropas com destino ao Rio Grande.

ACFM.

Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de março de 1775

Dá notícias de seu estado de saúde, fala das dificuldades re-

lativas à defesa da Ilha, remete um folheto e faz referências a

outros oficiais. ACFM.

Carta Ilha de Santa Catarina. 7 de março de 1775

Participa que remete um mestre-carpinteiro de engenho de

moinhos e outro de moleiro e um soldado. Em post scriptum

pede instruções para o envio da tropa. ACFM.

10 Carta Ilha de Santa Catarina, 29 de março de 1775

Participa que está ciente de que as tropas deverão seguir

por terra e dá notícia das providências que se estão tomando.

ACFM.

11 Carta Ilha de Santa Catarina, 29 de março de 1775

Envia jornais e outos papéis e pede que os devolva. Pede

que entregue cartas a outros oficiais. ACFM.

12 Carta Ilha de Santa Catarina, março de 1775

Comunica que tomou conhecimento da ordem para não ex-

pedir logo as quatro companhias que se destinam ao Rio

Grande. Avisa que o Comandante de Laguna tem mil, qua-

trocentos e vinte alqueires e meio de farinha para serem

enviados ao Rio Grande. ACFM.

13 Carta Ilha de Santa Catarina, 4 de abril de 1775

Dá notícias da esquadra que voltou ao porto depois de com-

boiar o transporte de socorros para a Colônia. Informa a

entrada de duas sumacas e remete o mapa das tropas que

se acham na Ilha e se destinam ao Rio Grande. ACFM.

14 Carta Ilha de Santa Catarina, 4 de abril de 1775

Dá notícias de sua saúde. Comunica que as duas embarca-

ções que seguem para o Rio Grande não trouxeram novi-

dades. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 212: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 213 -

15 Carta das Companhias dos Regimentos de Mendonça, Bragança e

Estremoz. Mapa do armamento, barracamento, ferramentas e

apetrechos. Assinados por Nicolau Antônio de Almeida Pa-

checo.

16 Carta Ilha de Santa Catarina, 10 de abril de 1775

Remete cópia da carta do Governador do Rio Grande e

informa o envio de bagagens e munições e soldados. ACFM.

17 Carta Cópia da carta de José Marcelino de Figueiredo, Governador

do Rio Grande, a Antônio Carlos Furtado de Mendonça.

Cópia das instruções a serem observadas pelo comissário no-

meado para o transporte das tropas ao Rio Grande. Ambas

de Porto Alegre, 25 de março de 1775.

18 Resumo do dinheiro que se envia da Provedoria da Real Fazenda de

Santa Catarina à Junta da Real Fazenda do Rio Grande.

Ilha de Santa Catarina, 8 de abril de 1775. Assinado por

Manoel José [ilegível] Ramos.

19 Carta Cópia da carta enviada por Antônio Carlos Furtado de

Mendonça a José Marcelino de Figueiredo. Ilha de Santa

Catarina, 9 de abril de 1775.

20 Carta Ilha de Santa Catarina, 10 de abril de 1775

Dá notícia de promoções de militares. ACFM.

21 Carta Ilha de Santa Catarina, 20 de abril de 1775

Remete duas cartas do chefe da esquadra e dá notícias de

algumas embarcações. Relata o encontro de uma fragata com

um navio espanhol. Faz referência a um regimento de pau-

listas organizado pelo general de São Paulo. Fala do envio

de farinha para o Rio Grande. ACFM.

22 Carta Ilha de Santa Catarina, 21 de abril de 1775

Fala de sua saúde e da defesa da Ilha. Envia uma lata de

chá. ACFM.

23 Carta Ilha de Santa Catarina, 25 de abril de 1775

Comunica que avisou o chefe da esquadra da presença de

cinco embarcações espanholas a meia légua do Pontal do

lagamar. ACFM.

24 Carta Ilha de Santa Catarina, 27 de abril de 1775

Comunica a entrada de embarcação do Rio de Janeiro com

a notícia de terem chegado àquele porto os governadores de

São Paulo e Minas Gerais. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 213: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 214 -

25 Carta Ilha de Santa Catarina, 27 de abril de 1775

Dá notícia de uma embarcação que se julgava perdida.

ACFM.

26 Carta Ilha de Santa Catarina, 3 de maio de 1775

Envia correspondência do Vice-Rei e trata de assuntos re-

lativos a envio de farinha, aquartelamento de tropa e embar-

que de soldados. ACFM.

27 Carta Ilha de Santa Catarina, 8 de maio de 1775

Noticia a chegada da fragata que foi comboiar o navio

que transportou o novo Governador da Colônia, e transmite

informações recebidas do antigo governador, relativas às ati-

vidades dos espanhóis na fronteira. Remete correspondência

do Vice-Rei. ACFM.

28 Carta Ilha de Santa Catarina, 15 de maio de 1775

Envia jornais e papéis e a narrativa "dos

supostos naufra-

gados do Regimento de Pernambuco que foram ter às Mal-

vinas entendendo que estavam quatro grãos ao norte de

Pernambuco em terras do Pará". ACFM.

29 Carta Ilha de Santa Catarina, 15 de maio de 1775

Comunica a chegada de dinheiro destinado ao Rio Grande

e solicita providência para seu transporte. ACFM.

30 Carta Uhâ de Santa Catarina, 20 de maio de 1775

Avisa que tem em seu poder encomendas chegadas do Rio

de Janeiro e remete modelo de fardamento do Terço dos

Mulatos do Rio de Janeiro. ACFM.

31 Caita Ilha de Santa Catarina, 20 de maio de 1775

Remete cartas que recebeu do Vice-Rei e trata de providên-cias relativas ao transporte de pessoal e dinheiro. ACFM.

32 Carta Ilha de Santa Catarina, 18 de junho de 1775

Trata da remessa de dinheiro para o Rio Grande. ACFM.

33 Resumo do dinheiro que se remete à fronteira do Rio Grande.

Assinado por Félix Gomes de Figueiredo.

34 Carta Ilha de Santa Catarina, 18 de junho de 1775

Comunica que expedirá para o Continente militares chega-

dos do Rio de Janeiro. Deseja sucesso ao general em sua

próxima expedição a Porto Alegre. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 214: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 215 -

35 Carta

36 Carta

37 Carta

38 Carta

39 Carta

40 Carta

41 Carta

42 Relação

43 Carta

44 Relação

45 Carta

Ilha de Santa Catarina, 18 de junho de 1775Dá notícias de seu estado de saúde e de providências toma-

ACFM

* PI°mOÇOeS d0 militares e outros assuntos.

Ilha de Santa Catarina, 5 de julho de 1775Trata do transporte de farinha e noticia a entrada no portoae um navio espanhol em dificuldades. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 5 de julho de 1775Remete jornais e recibo de encomendas. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 25 de julho de 1775Remete cartas do Vice-Rei e dá noticias de sua saúde. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 25 de julho de 1775Dá notícias de sua saúde e envia uma estampa. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 30 de julho de 1775Trata de problemas relativos à defesa da Ilha, fala de suasaúde, da necessidade de material bélico e da incompetênciade alguns oficiais e soldados.

Queixa-se da atuação do chefeda esquadra. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 30 de julho de 1775Trata de transporte de farinha e fardamento e solicita asdeterminações relatjvas ao transporte de soldados. ACFM.

de material que se envia ao Rio Grande.

Ilha de Santa Catarina, 27 de julho de 1775. Assinada porFernando da Gama Lobo Coelho.

Ilha de Santa Catarina, 19 de agosto de 1775Trata do transporte de farinha e petrechos de guerra, noticiadesordens ocorridas com soldados dos regimentos da Ilha ede Pernambuco e trata do envio de tropas vindas de São Paulocom destino ao Rio Grande. ACFM.

do fardamento e demais gêneros que são remetidos para o

Rio Grande. Ilha de Santa Catarina, 3 de agosto de 1775.Assinada

por Félix Gomes de Figueiredo.

Ilha de Santa Catarina, 20 de agosto de 1775Trata de transporte de farinha e de tropa para o Rio Grande.ACr M.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 205:3-236, 1983.

Page 215: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 216 -

46 Carta Ilha de Santa Catarina, 28 de agosto de 1775

Dá notícias de sua saúde, da epidemia de bexigas e novidades

do Rio de Janeiro. ACFM.

47 Carta Ilha de Santa Catarina, 28 de agosto de 1775

Comunica que da tropa vinda de São Paulo muitos soldados

se acham doentes de bexiga. Trata do envio de dinheiro

chegado do Rio de Janeiro e de embarcações que se acliam

fora da barra. ACFM.

48 Carta Ilha de Santa Catarina, 2 de setembro de 1775

Fala da nomeação de Pedro Antônio da Gama para Gover-

nador da Ilha e de novos reforços a caminho do Rio Grande

em vista das intenções dos espanhóis. Informa, também, da

chegada à Ilha de dinheiro que se destina ao Continente, e

trata de outras providências relativas a transporte de mili-

tares. ACFM.

49 Carta Ilha de Santa Catarina, 2 de setembro de 1775

Fala de sua saúde e do trabalho que tem tido. ACFM.

50 Carta Ilha de Santa Catarina, 12 de setembro de 1775

Informa sobre a situação da companhia vinda de São Paulo

e dá notícia do navio espanhol retido no porto e da situação

da Colônia. ACFM.

51 Carta Ilha de Santa Catarina, 1 de outubro de 1775

Fala de sua saúde e remete jornais. Pede informações sobre

sua possível remoção para o Rio de Janeiro. ACFM.

52 Carta Ilha de Santa Catarina, 1 de outubro de 1775

Remete carta e dinheiro. Dá notícias da epidemia de bexigas

em São Paulo. Comunica que chegaram espadas a serem

enviadas ao Continente. ACFM.

53 Relação do dinheiro que se remete para o Rio Grande. Ilha de Santa

Catarina, 28 de setembro de 1775. Assinada por Félix Gomes

de Figueiredo.

54 Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de outubro de 1775

Dá notícias relativas à suspensão de envio de tropas de

Pernambuco e queixa-se do chefc da esquadra. ACFM.

55 Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de outubro de 1775

Informa sobre o estado dos soldados de Santos e pede escla-

recimentos sobre o envio de farinha. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 216: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 217 -

56 Carta Ilha de Santa Catarina, 28 de outubro de 1775

Fala sobre o envio das duas companhias que vieram de

Santos. ACFM.

57 Carta Ilha de Santa Catarina, 28 de outubro de 1775

Comenta notícias chegadas do Rio de Janeiro sobre a vinda

de novos contingentes e a saída das tropas da Colônia e pede

a proteção do general para um soldado. ACFM.

58 Carta Ilha de Santa Catarina, 9 de novembro de 1775

Informa sobre a sumaca de José Francisco Xavier, que se

julgava em perigo, e outros assuntos. ACFM.

59 Carta Ilha de Santa Catarina, 11 de novembro de 1775

Fala da carta do General de São Paulo sobre a remessa de

duas novas companhias. ACFM.

60 Carta Ilha de Santa Catarina, 16 de novembro de 1775

Transmite a notícia, que recebeu, da derrota dos espanhóis

em Argel e trata de outros assuntos, como a permanência

do Rei em Oeiras. ACFM.

61 Carta Ilha de Santa Catarina, 16 de novembro de 1775

Comunica a chegada de duas Companhias do Regimento de

Santos e de dinheiro para pagamento dos soldos das tropas.

ACFM.

62 Carta Ilha de Santa Catarina, 17 de novembro de 1775

Sobre a remessa da tropa de Santos e da farinha que já se

encontra em Laguna. ACFM.

63 Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de novembro de 1775

Encaminha uma relação. ACFM.

64 Carta Ilha de Santa Catarina, 9 de dezembro de 1775

Sobre providências tomadas com o chefe da esquadra. Enu-

mera a gente que marchou para o Rio Grande e outras pro-

vidências. ACFM.

65 Carta Ilha de Santa Catarina, 16 de dezembro de 1775

Dá notícias de sua saúde e envia estampa. ACFM.

66 Carta Ilha de Santa Catarina, 16 de dezembro de 1775

Sobre a vinda do resto do Regimento de Santos que deverá

seguir imediatamente para o Sul. Queixa-se do comandante

de Laguna. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 70.3:3-236, 19S3.

Page 217: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 218 -

67 Carta

68 Carta

69 Carta

70 Carta

71 Carta

72 Carta

73 Carta

74 Carta

75 Carta

76 Carta

77 Carta

78 Carta

79 Carta

Ilha de Santa Catarina, 25 de dezembro de 1775Encaminha relação e solicita seja logo devolvida a embar-cação

que a transporta. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 26 de dezembro de 1775Sobre a remessa de farinha e outras mercadorias. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 26 de dezembro de 1775Dá notícias de sua saúde e comunica novidades recebidasde Lisboa. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 3 de janeiro de 1776Remete cartas e trata de outros assuntos relativos ao enviode material. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 4 de janeiro de 1776Comunica

que esteve com o chefe da esquadra e dá notíciasrelativas à entrada no Rio Grande. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 4 de janeiro de 1776Sobre providências relativas à invasão do Rio Grande. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 13 de janeiro de 1776Sobre tropa de São Paulo a caminho de Santa Catarina etransporte de farinha. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 13 de janeiro de 1776Dá notícias da chegada de munições de guerra para a es-

quadra e novidades do Rio. Remete uma folhinha. ACFM

Ilha de Santa Catarina, 13 de janeiro de 1776Responde a carta recebida do general. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 26 de janeiro de 1776Sobie as providências que se ultimam

para a invasão do RioGrande. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 26 de janeiro de 1776Informa sobre a volta do capitão

que foi ao Rio de Janeirotratar de assuntos relativos à invasão e dá outras notíciasACFM.

Ilha de Santa Catarina, 2 de fevereiro de 1776Dá notícias de sua saúde e assegura sua colaboração. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 2 de fevereiro de 1776Sobre

providências relativas à expedição ao Rio Grande: a

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 218: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 219 -

saída da esquadra, a tropa que marcha, o material, o paga-

mento das praças, etc. ACFM.

80 Carta Ilha de Santa Catarina. 3 de fevereiro de 1776

Encaminha carta do chefe da esquadra. ACFM.

81 Carta Ilha de Santa Catarina, 25 de fevereiro de 1776

Sobre remessa de farinha e fardamento. ACFM.

82 Carta Ilha de Santa Catarina, 25 de fevereiro de 1776

Sobre remessa de farinha e fardamento. ACFM.

83 Carta Ilha de Santa Catarina, 1 de março de 1776

Sobre o insucesso da expedição da esquadra, remessa de fari-

nha para o Sul, chegada de dinheiro do Rio de Janeiro e

outros assuntos. ACFM.

84 Carta Ilha de Santa Catarina, 2 de março de 1776

Comenta o mau sucesso da expedição e transmite notícias

recebidas através de cartas de Portugal. ACFM.

85 Carta Ilha de Santa Catarina, 5 de março de 1776

Sobre o combate de 19 de fevereiro e a remessa de farinha

para o Sul. ACFM.

86 Carta Ilha de Santa Catarina, 12 de março de 1776

Sobre transporte de farinha para o Rio Grande. ACFM.

87 Carta Ilha de Santa Catarina, 21 de março de 1776

Responde a carta recebida, comenta os últimos aconteci-

mentos e trata de remessa de prisioneiros, soldados e

dinheiro. ACFM.

88 Carta Ilha de Santa Catarina, 21 de março de 1776

Comenta fatos relativos ao Tenente Alexandre Cardoso e

ao Tenente Correia. Remete cópia de um romance. ACFM.

89 Carta Ilha de Santa Catarina, 3 de abril de 1776

Sobre as cartas recebidas, a entrega do Tenente Alexandre

Cardoso, sobre as ações do Tenente Antônio Correia de

Mesquita e outros assuntos relativos a deslocamentos de

tropas e remessa de farinha e dinheiro. ACFM.

90 Carta Ilha de Santa Catarina, 9 de abril de 1776

Congratula-se com o general pelas notícias recebidas. ACFM

e LACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10):3-236, 1983.

Page 219: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 220 -

91 Carta Ilha de Santa Catarina, 9 de abril de 1776

Sobre as notícias recebidas e as providências tomadas paratransmiti-las ao Vice-Rei. ACFM.

92 Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de abril de 1776

Comenta a última carta recebida e trata da suspensão da

remessa de farinha e outros assuntos. ACFM.

93 Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de abril de 1776

Comenta a carta que recebeu do Vice-Rei e remete rela»

tório. ACFM.

94 Carta Ilha de Santa Catarina, 2 de maio de 1776

Sobre embarcações da esquadra e remessa

ACFM.

de dinheiro.

95 Carta Ilha de Santa Catarina, 2 de maio de 1776

Remete jornais e comenta as notícias de próximo acordo

entre Portugal e Espanha. ACFM.

96 Carta Ilha de Santa Catarina, 9 de maio de 1776

Encaminha cartas e o pagamento da tropa que se acha no

Rio Grande. ACFM.

97 Carta Ilha de Santa Catarina, 9 de maio de 1776

Envia jornais e um embrulho e dá notícias de sua saúde

ACFM.

98 Carta Ilha de Santa Catarina, 16 de maio de 1776

Envia um carregamento de cal e dá notícia das embarcações.

Dá conhecimento do encontro de uma nau portuguesa com

uma espanhola. ACFM.

99 Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de maio de 1776

Fala de embarcação castelhana que deu à costa e da sus-

pensão das hostilidades entre Portugal e Espanha. Pede queenvie embarcação para transporte de tijolo. ACFM.

100 Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de maio de 1776

Agradece notícias recebidas e declara não saber de quantoserá seu pagamento. ACFM.

101 Carta Ilha de Santa Catarina, 2 de junho de 1776

Remete, por uma embarcação do Rio de Janeiro, duas ban-

deiras para um regimento e dá notícia de outras embar-

cações. PAGF.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 220: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 221 -

102 Carta

í 03 Carta

104 Carta

105 Carta

106 Carta

107 Relação

108 Carta

109 Carta

110 Relação

111 Carta

112 Carta

113 Relação

Ilha de Santa Catarina, 3 de junho de 1776

Trata de providências relativas ao transporte de farinha, cal,

tijolo e madeira para jangadas. Fala de seu estado de saúde,

da próxima chegada de soldados e outros assuntos. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 3 de junho de 1776

Comenta notícias recebidas ultimamente. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 15 de junho de 1776

Informa da chegada de várias embarcações ao porto e

anuncia estar preparando uma remessa de cal e tijolo. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 15 de junho de 1776

Fala do movimento de embarcações e comunica que remeteu

quatro caixotes de laranjas. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 22 de junho de 1776

Refere-se ao envio de cal e tijolo e comunica que chegou o

pagamento do mês de julho da tropa que se acha no Rio

Grande. Trata ainda da remessa de farinha e dá outras

notícias. ACFM.

do dinheiro que se remete para a fronteira do Rio Grande.

Ilha de Santa Catarina, 18 de junho de 1776. Assinada por

Félix Gomes de Figueiredo.

Ilha de Santa Catarina, 1 de julho de 1776

Pede escolta para conduzir o dinheiro do pagamento da

tropa. Comunica a intenção do Vice-Rei de enviar para o

Rio Grande vinte oficiais carpinteiros e ferreiros. Remete

embarcação com cal e tijolo. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 1 de julho de 1776

Refere-se ao envio de ferreiros e carpinteiros. PAGF.

dos oficiais de ferreiros e carpinteiros que são enviados para

o Rio Grande.

Ilha de Santa Catarina, 12 de julho de 1776

Reclama falta de notícias. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 12 de julho de 1776

Comunica ter mandado o dinheiro do pagamento das tropas

para Laguna e outras providências que tomou. ACFM.

do dinheiro enviado à Provedoria do Rio Grande.

Ilha de Santa Catarina, 12 de julho de 1776. Assinada por

Félix Gomes de Figueiredo.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3*236, 1983.

Page 221: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 222 -

114 Carta

115 Carta

116 Carta

117 Relação

118 Carta

119 Carta

120 Carta

121 Carta

122 Carta

123 Relação

124 Carta

125 Carta

Santa Catarina, 18 de julho de 1776

Comunica que chegou ao Rio de Janeiro o fardamento de

alguns regimentos e fala da esperança de paz. PAGF.

Ilha de Santa Catarina, 18 de julho de 1776

Refere-se ao envio de farinha, cal, tijolo e fardamento etransmite notícias recebidas. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 4 de agosto de 1776

Faz expedir dinheiro para pagamento da tropa, envia umacarta do Vice-Rei e dá outras notícias. ACFM.

do dinheiro que se remete para o Rio Grande.

Ilha de Santa Catarina, 4 de setembro de 1776. Assinada porFélix Gomes de Figueiredo.

Ilha de Santa Catarina, 15 de agosto de 1776

Remete cartas e dá notícias de rotina. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 13 de agosto de 1776

Refere-se à última carta enviada e à interrupção da corres-

pondência. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 20 de agosto de 1776

Comenta notícias recebidas. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 20 de agosto de 1776

Sobre a remessa de fardamentos, sobre o encontro de umacorveta portuguesa com embarcações espanholas. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 22 de agosto de 1776

Sobre a chegada de dinheiro para pagamento da tropa quese acha no Rio Grande e para pagamento de farinha.

ACFM.

do dinheiro que se remete a Laguna para ser enviado ao

Rio Grande. Assinada por Félix Gomes de Figueiredo. Sem

data.

[Não dá o local de procedência.] 22 de agosto de 1776

Trata de assuntos pessoais e dá notícias recebidas por carta.

Comunica a chegada do dinheiro para pagamento das tropas.

PAGF.

Ilha de Santa Catarina, 25 de agosto de 1776

Sobre a presença de duas embarcações espanholas na costa.

Remete carta chegada da Colônia. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 222: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 223 -

126 (Cópia da carta de Francisco José da Rocha a A. C. Furtado de

Mendonça.) Colônia, S de agosto de 1776. Solicita provi-dências e material. LACA.

127 Carta Ilha de Santa Catarina, 28 de agosto de 1776

Sobre as providências solicitadas em carta anterior e outras

providências. PAGF.

128 Carta Ilha de Santa Catarina, 18 de setembro de 1776

Comunica que recebeu a carta do general e encaminha outras

chegadas para o mesmo. Trata de providências relacionadas

com um preso e militares enviados para a Ilha. ACFM.

129 Carta Ilha de Santa Catarina, 18 de setembro de 1776

Fala de sua saúde e dá notícias recebidas do Rio de Janeiro.

Comenta providências relativas ao transporte de tropas de

São Paulo. Remete uma folhinha e jornais. ACFM.

130 Guias [Relação de militares]

131 Carta Ilha de Santa Catarina, 11 de outubro de 1776

Comenta a carta recebida e a viagem que fez a São Fran-

cisco. Solicita informações sobre providências a serem toma-

das. PAGF.

132 Carta Ilha de Santa Catarina, 13 de outubro de 1776

Dá notícias recebidas do Rio de Janeiro sobre a chegada de

embarcações. Solicita a promoção de um porta-bandeira e

agradece uma pele de tigre. ACFM.

133 Carta Ilha de Santa Catarina, 13 de outubro de 1776

Informa sobre remessa de dinheiro, dá conta de providênciasreferentes ao envio de desertores para o Rio de Janeiro e

de madeira de jangada para o Sul. ACFM.

134 Relação do dinheiro que se remete para Laguna para ser transportado

ao Rio Grande do Sul. Assinado por Félix Gomes de Figuei-

redo.

135 Carta Ilha de Santa Catarina, 20 de outubro de 1776

Transmite notícias pessoais. ACFM.

136 Carta Ilha de Santa Catarina, 20 de outubro de 1776

Sobre providências relativas ao transporte da Infantaria de

Voluntários e outras providências. ACFM.

137 Carta Ilha de Santa Catarina, 24 de outubro de 1776

Assegura sua obediência e informa porque não se realizaram

as cavalhadas programadas no Rio de Janeiro. PAGF.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-256, 1983.

Page 223: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 224 -

138 Carta Ilha de Santa Catarina, 24 de outubro de 1776

Sobre remessa de dinheiro. ACFM.

139 Relação do dinheiro que se remete para Laguna para ser transportado

ao Rio Grande. Ilha de Santa Catarina, 24 de outubro de

1776. Assinada por Félix Gomes de Figueiredo.

140 Carta Ilha de Santa Catarina, 29 de outubro de 1776

Comunica a remessa de duas mil laranjas e outras providên-cias. ACFM.

141 Carta Ilha de Santa Catarina, 4 de novembro de 1776

Agradece as manifestações de pesar pela morte de sua mãe

e trata de providências relativas ao transporte de madeira,

farinha e fardamento. PAGF.

142 Carta Ilha de Santa Catarina, 6 de novembro de 1776

Comenta promoções havidas no Exército e comunica a saída

de embarcações com farinha. ACFM.

143 Carta Ilha de Santa Catarina, 8 de novembro de 1776

Encaminha cartas recebidas do Rio de Janeiro e do chefe

da esquadra e dá conta dc providências relativas ao trans-

porte de desertores. ACFM.

144 Carta Ilha de Santa Catarina, 8 de novembro de 1776

Informa sobre a chegada ao Rio de Janeiro de uma nau

de guerra e sobre movimentos de tropa. ACFM.

145 Carta Ilha de Santa Catarina, 15 de novembro de 1776

Informa sobre as providências relativas ao transporte de

desertores para o Rio de Janeiro, comenta cartas recebidas

e participa a remessa de farinha e lenha. ACFM.

146 Carta Ilha de Santa Catarina, 17 de novembro de 1776

Sobre a marcha da tropa de São Paulo. ACFM.

147 Carta Ilha de Santa Catarina, 21 de novembro de 1776

Transmite o aviso vindo da Colônia segundo o qual uma

esquadra espanhola está para vir atacar a Ilha de Santa

Catarina. ACFM.

148 Carta Ilha de Santa Catarina, 26 de novembro de 1776

Lembra o pedido de algumas peças de artilharia para a

defesa da Ilha. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 224: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 225 -

149 Carta Ilha de Santa Catarina, 2 de dezembro de 1776

Congratula-se com o general pelas honras que este recebeu

do Rei. ACFM.

150 Carta Ilha de Santa Catarina, 2 de dezembro de 1776

Sobre remessa de farinha para o Sul, sobre a necessidade de

reparos de uma nau e sobre naus espanholas que, na altura

das Canárias, estavam revistando embarcações que vinham

para o Rio de Janeiro para verificar se traziam armas. Re-

ferência a uma embarcação americana retida em Santa Ca-

tarina. ACFM.

151 Carta Ilha de Santa Catarina, 3 de dezembro de 1776

Comunica instruções recebidas a respeito da defesa da Ilha.

ACFM.

152 Carta Ilha de Santa Catarina, 9 de dezembro de 1776

Comenta as cartas recebidas e informa a chegada do paga-

mento da tropa para os dois primeiros meses de 1777. ACFM.

153 Relação do dinheiro que se remete ao Rio Grande. Ilha de Santa

Catarina, 9 de dezembro de 1776. Assinada por Félix Gomes

de Figueiredo.

154 Carta Ilha de Santa Catarina, 17 de dezembro de 1776

Informa a chegada de pólvora e soldados destinados ao Rio

Grande e pede embarcações para o transporte. ACFM.

155 Carta Ilha de Santa Catarina, 23 de dezembro de 1776

Refere-se a cartas recebidas anteriormente. ACFM.

156 Carta Ilha de Santa Catarina, 8 de janeiro de 1777

Refere-se à chegada de embarcações da Colônia e da Bahia.

Chegam também dois alferes com recrutas, duzentos barris

de pólvora e dinheiro para pagamento da tropa que se acha

no Rio Grande do Sul. ACFM.

157 Carta Ilha de Santa Catarina, 17 de janeiro de 1777

Sobre o transporte de recrutas, pólvora, farinha e dinheiro.

ACFM.

158 Relação do dinheiro que se remete para o Rio Grande. Ilha de Santa

Catarina, 16 de janeiro de 1777. Assinada por Félix Gomes

de Figueiredo.

159 Carta Ilha de Santa Catarina, 21 de janeiro de 1777

Comunica o envio de recrutas, pólvora e cal, a chegada de

duas embarcações e dá notícias de seu estado de saúde. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 225: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 226 -

160 Cópia

161 Carta

162 Cópia

163 Carta

164 Carta

165 Carta

166 Carta

167 Carta

168 Carta

169 Carta

da última instrução sobre a Ilha de Santa Catarina que

acompanha a carta de 9 de setembro de 1776. Marquês dePombal. Palácio da Ajuda, 9 de setembro de 1776.

Ilha de Santa Catarina, 24 de janeiro de 1777Suspende até segunda ordem a remessa de recrutas e salACFM.

de um relato enviado pelo Sargento-Maior João de Abreu

sobre encontro com embarcações espanholas. Enviada porAntônio Carlos Furtado de Mendonça ao General Bohmem 10 de janeiro de 1777.

Ilha de Santa Catarina, 30 de janeiro de 1777Manifesta o gosto de ter recebido carta pessoal do generale dá notícias de sua saúde. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 30 de janeiro de 1777

Sobre o transporte de recrutas e pólvora para Laguna. Dánotícia de ter o chefe da esquadra saído em busca das fra-

gatas espanholas. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 2 de fevereiro de 1777

Remete correspondência e comunica que a embarcação com

os recrutas e a pólvora sairão de Laguna logo que haja ventofavorável. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 4 de fevereiro de 1777

Comunica que saiu para Laguna o Alferes Antônio João

Martins Brito conduzindo os recrutas. Vão também duzentos

barris de pólvora. ACKM.

Ilha de Santa Catarina, 12 de fevereiro de 1777

Remete jornais. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 12 de fevereiro de 1777

Informa ter recebido do chefe da esquadra a comunicação

de que segundo carta do Vice-Rei a esquadra espanhola havia

saído de Cádiz em novembro. Trata também de providênciasrelativas ao envio de recrutas e pólvora. ACFM.

Ilha de Santa Catarina, 18 de fevereiro de 1777

Comunica ter recebido aviso do Vice-Rei de que é certa a

notícia da saída da esquadra espanhola, de Cádiz, no dia

12 ou 13 de novembro. Trata ainda de disposições relativas

à defesa da Ilha e outras providências. ACFM.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 226: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 227 -

170 Carta Ilha de Santa Catarina, 20 de fevereiro de 1777

Envia cópia de sua carta ao Vice-Rei, Marquês do Lavradio,

dando ciência de que o inimigo já está entrando pela barra.

A cópia está contida dentro da carta. ACFM.

171 Carta Ilha de Santa Catarina, 22 de fevereiro de 1777

Encaminha cópia de nova carta ao Vice-Rei, Marquês do La-

vradio. ACFM.

172 Cópia da carta ao Vice-Rei, Marquês do Lavradio, dando conta

da invasão dos espanhóis com uma esquadra de mais de 90

embarcações. Em post scriptum comunica ter recebido infor-

mações de que já foi visto um grande número de espanhóis

em terra. A cópia e o post scriptum são datados de 22 de

fevereiro de 1777. ACFM.

173 Carta Ilha de Santa Catarina, 25 de fevereiro de 1777

Comunica que o governador da fortaleza de Santa Cruz rece-

beu ordem de entregá-la aos espanhóis. Reunidos em conselho

decidem retirar-se da Ilha para Laguna. ACFM.

174 Cópia da carta enviada por Antônio Carlos Furtado de Mendonça

ao Vice-Rei, Marquês do Lavradio, confirmando notícias da-

das anteriormente e dando conta das providências tomadas.

Da Ilha de Santa Catarina, com a data de 24 de fevereiro

de 1777.

175 Cópia de algumas cartas do governador da fortaleza de Ponta Grossa

dirigidas a Antônio Carlos Furtado de Mendonça e a Antônio

de Melo e Castro.

176 Carta Cubatão, 4 de março de 1777

Informa ter-se retirado da Ilha com a tropa e que tem havido

muitas deserções. Comunica os contactos feitos com D. Pedro

Cevalhos. ACFM.

177 Carta Cubatão, 5 de março de 1777

Comunica que continua em Cubatão, impossibilitado de

continuar a marcha, e que a guarnição de Laguna abandonou

aquele porto. ACFM.

178 Carta Laguna, 17 de abril de 1777

Comunica sua chegada à Vila de Laguna e o que pôde obter

de informações sobre a presença dos espanhóis. CCBL.

179 Carta Laguna, 27 de abril de 1777

Dá conta de seu encontro com os espanhóis, das providên-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:5-256, 1983.

Page 227: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 228 -

cias tomadas e informa ter tido conhecimento de que os es-

panhóis pretendera atacar o Rio Grande. Remete lista de

prisioneiros — "Relação dos prisioneiros que se fizeram no

dia 25 de abril de 1777 executado pela tropa ligeira

quese acha na Vila da Laguna de que é comandante o CapitãoCipriano Cardoso de Barros Lemos." CCBL.

180 Carta Laguna, 30 de abril de 1777

Comunica ter o inimigo sofrido destroço na armada e falada disposição do povo de Laguna de defender sua terra, parao que pede auxílio. CCBL.

181 Carta Laguna, 17 de maio de 1777

Comunica sua dificuldade na execução da ordem de se re-colher ao quartel-general. Informa

que o Governador daProvíncia enviou um tenente para comandar as praças quese encontram em Laguna. CCBL.

1S2 Rascunho da carta dos oficiais da Câmara de Laguna solicitando aoCapitão Cipriano Cardoso de Barros Leme que permaneçana vila. Assinado

por cinco oficiais da Câmara, com a datade 10 de maio de 1777.

Laguna, 12 de maio de 1777

Comunica que se apresentou, no dia 8, ao Comandante da

Vila de Laguna. Informa sobre as dificuldades que passou

para não ser preso pelos espanhóis. SPC.

Laguna, 10 de maio de 1777

Solicita ao Capitão Cipriano Cardoso de Barros Leme quepermaneça em Laguna até que o general comandante sejainformado da situação e revogue sua ordem. MGLB.

Laguna, 20 de maio de 1777

A Jorge Luís informando que estava pronto a cumprir as

ordens de pôr-se em marcha, quando recebe carta da Câmara

com solicitação em contrário. CCBL.

Laguna, 24 de maio de 1777

Comunica a entrada de uma embarcação com ordens doMarquês Vice-Rei e que, de acordo com ordens recebidas,se retira. Dá notícias de prisões de espanhóis feitas na Ilhade Santa Catarina e outras notícias. CCBL.

187 Mapa geral de toda a tropa militar; e auxiliares de que é coman-dante o Capitão de Cavalaria Cipriano Cardoso de BarrosLeme".

183 Carta

184 Carta

185 Carta

186 Carta

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 228: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 229 -

188 "Mapa

189 "Mapa

190 Carta

191 Carta

192 Carta

193 Carta

194 Carta

195 Cópia

196 Carta

197 Carta

geral de toda a tropa militar, e auxiliares, que se acham

nesta guarnição." Assinado por Manuel Gonçalo Leite.

de toda a tropa que se tem apresentado; destacados da infan-

taria debandada da Ilha de Santa Catarina de que é co-

mandante o Tenente Bernardo José Fernandez."

Laguna, 23 de maio de 1777

Transmite a Cipriano Cardoso de Barros Leme a ordem do

Vice-Rei para que se dirija a Morritos, perto de Araçatuba,

e lá se conserve até segunda ordem, e que impeça a passagem

para a Ilha e facilite os que quiserem vir para Laguna. Cons-

tara outras ordens e informações. CA.

Informa sobre encontros entre embarcações portuguesas e

espanholas. Sem local e sem assinatura.

Informa a chegada de duas embarcações castelhanas k Ilha

de Santa Catarina, com notícias do encontro entre navios

portugueses e espanhóis. Informa, ainda, sobre o número de

soldados espanhóis na Ilha. Sem local e sem assinatura.

Transmite notícias dadas por um portador que foi levar

cartas à Vila do Rio de São Francisco, dia 15 de maio de

1777. Informa sobre o número de homens na guarnição da

Ilha. Sem local e sem assinatura.

Passo de Embaú, Campo de Araçatuba, 18 de junho de 1777

Comunica ter recebido ordem para se conservar na Vila da

Laguna e como recebeu voz de prisão por ordem do Vice-Rei.

Dá outras notícias relativas às forças de que dispõe. CCBL.

de carta

Laguna, 2 de junho de 1777

A carta, com ordem para que o Capitão Cipriano Cardoso

de Barros Leme se estabeleça com sua tropa em Araçatuba,

recebeu, em cota, glosas do destinatário. CA.

Vila Nova de Santa Ana, 16 de junho de 1777

Informa a Cipriano Cardoso de Barros Leme sobre encontros

entre embarcações portuguesas e espanholas. MAN.

Vila Nova de Santa Ana, 6 de agosto de 1777

Informa sobre a situação das tropas portuguesas, que se

reúne nessa vila e sobre atividades da esquadra. CCBL.

An. Bibl. Nac., Rio cie Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 229: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

230 -

198 Notícia

199 Carta

200 "Mapa

201 Carta

202 Carta

203 Carta

204 Carta

205 Carta

206 Carta

207 "Mapa

da armada espanhola que até o dia 13 de junho de 1777 seachava no porto de Santa Catarina. Datada de 20 de junhode 1777, assinada por Cipriano Cardoso de Barros Leme.

Vila Nova de Santa Ana, 3 de setembro de 1777

Comunica ter recebido carta do Vice-Rei que ordena sejam

suspensas todas as hostilidades contra os espanhóis. Comunica,

também, ter recebido suprimento de farinha e armas e dá

outras notícias. CCBL.

geral das tropas que se acham neste continente da Laguna."

Assinado por Cipriano Cardoso de Barros Leme.

Freguesia de São Miguel, 24 de maio de 1777

Comunica ter sido designado pelo Vice-Rei para bombardear

a Ilha de Santa Catarina; informa sobre essa ocorrência e

sobre as providências tomadas pelos espanhóis. MCS.

Rio de São Francisco, 17 de setembro de 1777

Em atendimento ao pedido do general, informa sobre as

medidas de segurança que são adotadas para o trânsito da

correspondência. MCS.

[Sem indicação de data nem de local de origem]

Comenta problemas em que está envolvido e dá notícias de

irregularidades entre os soldados sob seu comando. MCS.

Desterro, 12 de outubro de 1777

Dirigida ao Ajudante Manuel da Costa da Silveira. Dá conta

de conversa que ouviu sobre a intenção dos espanhóis de

prenderem o Coronel Pinto. TCA.

Vila dos Barreiros, 23 de março de 1778

Comunica a chegada de embarcações espanholas para leva-

rem de volta os invasores. Participa também providênciastomadas. MCS.

Rio de São Francisco, 17 de setembro de 1777

Comunica ter recebido ordem do Vice-Rei para vir à Vila

do Rio de São Francisco com reforço de peças de artilharia,

armamento, pólvora e dinheiro. Informa sobre providenciastomadas. JCS.

da tropa espanhola, que guarnece a Ilha de Santa Catarina,

dos destacamentos guardas, doentes, e desertores, extraídos

do dito número." Assinado por Manuel da Costa da Silveira.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:5 2*6, 1983.

Page 230: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 231 -

208 Carta Laguna, 4 de junho de 1777

Comunica que se apresentou, em Laguna, ao Capitão Manuel

Gonçalves Leite para com este governar a vila. Informa sobre

a situação da região, o movimento de tropas e as providênciastomadas. Em post scriptum avisa que remete cópia da carta de

João Antônio Soares, capitão de embarcação. CA.

209 "Mapa da tropa que se tem apresentado dos debandados da infanta-

ria da IJha de Santa Catarina, de que é comandante o Te-

nente Bernardo José Fernandez." Assinado por Cristóvão de

Almeida.

210 "Mapa das Companhias de auxeliares de pé, cavalos, e ordenanças

que se acham na vila da Laguna, e freguesia da Vila Nova

de Santa Anna." Assinado por Cristóvão de Almeida.

211 Relação do parque de artilharia e do que lhe pertence. Datada de

3 de junho de 1777. Assinada por Cristóvão de Almeida.

212 Carta Laguna, 4 de junho de 1777

Agradece ter sido promovido ao posto de capitão agregado

de seu regimento. CAC.

213 Carta Laguna, 26 de junho de 1777

Informa sobre movimentação da esquadra espanhola com a

provável intenção de atacar o Rio Grande. CAC.

214 Carta Laguna, 10 de agosto de 1777

Informa sobre a chegada de tropas, falta de mantimentos e

providências tomadas. Dá notícia da armada espanhola e

do apresamento de alguns de seus navios. CAC.

215 Carta Laguna, 1 de março de 1777

Comunica ter tido notícia do ataque espanhol à Ilha de

Santa Catarina. Informa que as notícias foram confirmadas

e dá conta de providências tomadas. MGL.

216 Carta Laguna, 8 de março de 1777

Informa não ter tido novas notícias da Ilha. Comunica tam-

bém que a vila tem pouca tropa para a defesa e fala no

problema de trânsito de mensageiros. MGL.

217 Carta Laguna, 9 de março de 1777

Comunica que tém chegado soldados de todos os regimentos

da Ilha de Santa Catarina, que o general comandante, o

governador e o Brigadeiro José Custódio capitularam e que

os espanhóis pretendem ocupar toda a região, desde a Ilha

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 231: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 232 -

até o Rio Grande. A maior parte do destacamento de Laguna

já desertou. MGL.

218 Carta Laguna, 15 de março de 1777

Dá notícias da situação de Laguna e transmite informações

obtidas sobre a esquadra espanhola. Avisa que o Tenente

Jerônimo Xavier dará mais detalhes do que se tem passadona Ilha e nas vilas. MGL.

219 Carta Laguna, 16 de abril de 1777

Informa que chegou o Capitão Cipriano Cardoso de Barros

com soldados e cabos. Agradece o socorro enviado e dá infor-

mações sobre a presença dos espanhóis em Santa Catarina.

MGL.

220 Carta Laguna, 26 de abril de 1777

Informa sobre a expedição do Capitão Cipriano Cardoso

contra os espanhóis. Comunica que têm chegado mais de 40

soldados de Cubatão e pede mais socorros para a vila. MGL.

221 Carta Laguna, 18 de maio de 1777

Revela sua disposição de permanecer na defesa da vila e

renova o pedido de socorro em tropa, dinheiro c munições.

Dá notícia sobre a guarnição da vila. MGL.

222 Carta Laguna, 12 de maio de 1777

Os deputados da Câmara, em nome de Sua Majestade, pedemao general que seja mantido na vila o Capitão Cipriano

Cardoso de Barros, de cujo auxílio precisam para sua defesa.

223 Resposta Nãò é datada nem assinada. Afirma que não pode mandar

tropa, nem munição, nem dinheiro, mas permite que o Capitão

Cipriano Cardoso de Barros permaneça na vila. Contém a

resposta de Bõhm à Câmara de Laguna.

224 Carta Laguna, 26 de maio de 1777

Comunica a chegada à vila do Capitão Cristóvão de Almeida

com ordens do Vice-Rei para reunir a tropa que debandou

de Cubatão e dá outras notícias. MGL.

225 Carta Laguna, 10 de junho de 1777

Agradece duas cartas recebidas e a permissão para a per-

manência do Capitão Cipriano Cardoso. Informa que se está

promovendo a defesa da vila e dá outras notícias. MGL.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 232: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

ÍNDICE ONOMÁSTICO

O usuário localiza aqui, em ordem alfabética de sobrenomes, o desti-

natário das cartas, os missivistas e as pessoas ciladas nas mesmas. Quando

não se identificar o sobrenome, a entrada aparece pelo prenomc. Os números

remetem aos números das cartas.

A

ABREU, João de, 162

AFONSECA, Francisco José da, 8, 69

AFONSO, 92, 60

ALDECASTRO, Jorge, 186

ALENCASTRE, José de, 204

ALMEIDA, Caetano de, 208

ALMEIDA, Joaquim de, 20

ALMEIDA, Tomás Cardoso de, 204

ALVES, João Rofs, 182, 222

ANDRADE, Francisco de Paula Pereira de,

ISO

ANTÔNIO JOÃO, 154

ANTÔNIO JOAQUIM, 124

ARAÚJO, Francisco, 20

AROUCHE, Manuel Vidal de, 138-9

ARTUR FELIPE, 156

ASSIS, Francisco de, 35

ATAfDE, Manuel Gomes de, 215

ATOS FELIPE, 132

ÁVILA, João de Deus Correia de, 134

AZEVEDO, Luís Antônio da Cunha e, 126

B

B. TRISTAO, 7

BANDEIRA, Rafael Pinto, 7, 62, 103, 128,

142, 201, 218-9

BARBACENA, gen., 219

BARBOSA, José de Oliveira, 35

BARCELÓ, 172

BARROS, Manuel Gomalo Leite de, 133,

184, 188, 208, 215-21, 224-5

BERNARDO JORGE, 162

BERRESTA, 175

BÔHM, João Henriques de, 1-4, 6-14, 16-7,

20, 32, 34-41, 43, 45-52, 54-100, 102 6, 108-9,

111-2, 11^-6, 118-22, 125, 128-9, 132-3, 135-6,

138, 140, 142-52, 154-7, 159, 161, 16S-8, 170-1,

173, 176-7, 182, 184, 194, 208, 212-22, 224-5

BRAINEL, 09

BRANCO, Domingo Alves, 92, 96

BRANDÃO, Rodrigo José, 123, 134

BRITO, João Martins, 166

BULHÕES, Antônio José Pegado, 130

BULHÕES, João Soares, 35

C

CALISTO, 35

CAMARA, Francisco Antônio da Veiga Ca-

bral da. 130

CAMERA, Caetano Gago da, 140, 142

COMERA, Cunha da, 181

CÂMERA, José de Sá da, 87

CAMILO MARIA, 49

CAMPOS. Alexandre Pereira de, 124

CARDOSO, Alexandre, 13, 87-9

CARDOSO, Inácio, 35

CARDOSO, José, 83

CARNEIRO, Francisco Pinto, 198

CARNEIRO, José Manuel, 142

CARPES, Simão Pereira de, 183

CARVALHO, Manuel Antônio, 124

CASTRO, Antônio de Melo e, 175

CASTRO, Antônio Martins Couto e, 3?, S7

CEVALHOS, Pedro de, 147, 151, 160, 173, 201

CHICHORRO 3, 40

CHICHORRO, Diogo Manuel de, 101

COELHO, Fernando da Gama Lobo, 42

An. Bibl. Nac., Rio cie Janeiro, 205:3-236, 1983.

Page 233: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 234 -

COIMBRA, major, 93

COIMBRA, Manuel Soares, 142

CORREIA, ten., 88

CORREIA, Anastácio, 35

CORREIA, Antônio Caetano, 31-3, 43CORREIA, Cristóvão de Almeida, 186, 190,

195, 197, 208-14, 224

CORREIA, Domingos, 57, 118

CORREIA, José, 130

CORREIA, Martinho, 118COSTA, Alberto da, 152-3

COSTA, Antônio da, 110

COSTA, Antônio Jacinto da, 7, 36, 40, 43,47, 77, 9S-9, 165, 167

COSTA, José Joaquim da, 34, 41COSTA, Luís da, 182, 222

COSTA, Manuel da, 110, 195, 197, 208, 214COSTA, Vicente Pereira da, 128

COUTO, Antônio Pereira do, 104

CRASTO, cap., 87, 89

CRUZ, Manuel Alves da, 225CUNHA, Manuel da, 68, 82-3, 89, 128 151

169

CUXHA, Manuel Martins da, 153

D

DAMIAO ver JOÃO COSME DAMIAODINIZ, Ângelo José, 123

DRELLE, CO

E

EMILK ver ESMELK

ESMELK, 144, 156

ESTIVES, Tomás, 156

EUSÉBIO ANTÔNIO, 35, 40, 43, 48

F

FAGUNDES, 57FARIA,, José Custódio de Sá e, 93, 151 156

160, 174, 176-8, 217F.e, ANTÔNIO, 174FERNANDES, Bernardo José, 181, 186 189

211, 221

FERREIRA, Alberto, 133FERREIRA, Francisco, 135FIGUEIREDO, Félix Gomes de, 33, 44, 53,

107, 1IS, 117, 123, 134, 139, 153, 158FIGUEIREDO, Henrique José de, 76FIGUEIREDO, José Marcelino de, 3, 17, 19,

21, 29, 37, 40, 43, 45, 47-8, 73, 75, 8'/103. 213

FONSECA, Francisco José da, 69FRíA.de, Rafael Vaz, 35FRANCISCO, dom, 197FRANCISCO ANTÔNIO, 60FRANCISCO DE PAULA, 57

FRANCISCO LUÍS, 20FREITAS, Antônio José de, 87-9, 94FREITAS, Miguel José de, 13FREITAS, Pedro Antônio da Gama e, 48,

90, 101, 109, 114, 124, 127, 131-2, 137, *141 *

176, 178

FURTADO, 09

G

GAMA, Fernando da, 22GAS1'aR, josé, 132, 137, 169GASTÓN, dom Miguel, 160GOMES. Antônio, 8, 14, 22GOMES, José, 71, 132, 145GOMES Manuel, 8, 132GUEDES, João de Sousa, 145GUILHERME ROBERTO, 160GUIMARÃES, José Francisco, 182, 222

H

HARDCASTLE, Jorge, 24, 59HASS, 160

HENRIQUE JOSÉ, 221HENRIQUES, Bernardo de Sousa, 113, 203HESSEBERG, Federico, 40

J

JOÃO COSME DAMIAO, 35

JOÃO FRANCISCO, 24

JOÃO MARCOS, 140

JOÃO MIGUEL, 8

JOAQUIM INÁCIO, 8, 35

JOAQUIM MANUEL, 35

JOAQUIM PEDRO, 2, 8, 120, 129

JORGE, 04

JORGE LUÍS, 8, 14, 22, 185

JOSÉ, dom, 186

JOSE. frei, 175

JOSÉ CARLOS, 31-3

JOSÉ CASEMIRO, 4

JOSÉ JORGE, 182, 222

JOSÉ MARIA, 130

JOSÉ RAIMUNDO, 142

K

KELAQUE, 144

L

LACERDA, José Pedro Galvão de Moura e,50, 53

LAVRADIO, Luís de Almeida Soares Portu-

gal Alarcão Eça Melo Silva e Ma^carenhas,marquês do, 84, 162, 170, 172, 174

LEÃO, Henrique Luís de Azevedo, 192

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 205:3-236, 1983.

Page 234: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 235 -

LEÃO, Manuel Vieira, 35, 40, 43

LEÃO, Miguel Gbi, 192

LEITE, Manuel Mexia, 34-5, 41-6, 52, 55, 68,

72, 76, 79, 83, 87, 96, 102

LEME, Cipriano Cardoso de Barros, 128,

178-82, 184-7, 190, 194-9, 200, 208, 213

219-23, 225

LIMA, José Lopes, 8

LIMA, Nicolau Gonçalves, 24

LISBOA, José Joaquim de Freitas, 104

LOBÃO, Manuel Roís da Cruz, 154, 157-3

LOPES, Antônio, 26

LOi'fc.S, Martins, 24

LOUR.DR.Ut, dom Nicolás de, 27

LOURENÇO CAETANO, 35

M

MANUEL, 18

MANUEL ANTÔNIO, 58

MANUEL BENTO, 94

MANUEL JOAQUIM, 20

MANUEL JORGE, 20

MANUEL LOURENÇO, 175

MAQUE POUAL, 69

MAQUEDU, 191-2

MAR1S, Pedro, 163

MARTINS, Barnabé, 110

MARTINS, José Luís, 176

MATOS, Gaspar José de, 7, 102

MELO, Antônio de, 8

MELO, José Antônio de, 170

MELO, José Correia de, 130

MELO, José de, 20, 69, 103, 143-4

MELO, Manuel Cipriano de, 140, 142

MENDES, Manuel, 35

MEMjONÇA, Antônio Carlos Furtado dc,

1-4, 6-14, 16-7, 19-32, 34-41, 43, 45-52,

54-1U0, 102-6, 108, 111-2, 115-6, 118-22,

125-6, 128-9, 132-3, 135-6, 138, 140, 142-52,

154-7, 159, 161-8, 170-7

MENDONÇA, Luís Antônio Carlos Furtado

de, 90

MENESES, Francisco Teles Barreto, 130

MESQUITA, Antônio Correia de, 8, 89

MICÓN, Francisco Manuel, dom., 36

MIRANDA, Antônio Henrique de, 175

MOL1NA, cei., 13

MOLINA, Antônio Joaquim de Velasco, 130

MOLINA, Vicente José de Velasco, 130

MONIZ, Egas, 20

MONTALVO, Francisco, 204

MONTEIRO, cap., 48

MOREIRA, João da Cosia, 213

MOUkA, Francisco da Costa, 20

MOURA, José Joaquim de, 35

N

NICOLAU ANTÔNIO, 29

NÓBREGA, José da, 14, 22, 40, 64, 118

NUÍRA, José, 83

NUNES, Manuel de Ávila, 196

O

OEIRAS, Jacinto Jaques de, 113, 117

OLIVEIRA, Antônio de Sousa de, 17

OLIX EIRA, Custódio de Sousa, 96

OLIVEIRA, Jcsé de, 175

P

PACHECO, Nicolau Antônio de Almeida, 12,

15, 18-9, ^9

PAEò, Manoel José, 68

PEGADO, Antônio José, 87

PELLE, João Batista, 84

PEREIRA, Antônio da Costa, 104

PEREIRA, Francisco, 142-3, 145

PEREIRA, José Roís, 128

PESCADINHA ver MELO, Antônio de

PIMENTEL, Gregório de Morais Castro, 130

PINHEIRO, Luís, 20, 35

PINTO, cel., 204

PINlO, Antônio da Costa, 104

PIN TO, João da Silva, 182, 222

PIO ANTÔNIO, 58, 60

PISSARO, Antônio Cardoso, 92

POMBAL, Sebastião José de Carvalho e Melo,

marquês de, 74, 84, 151, 160

PONTE, Diogo Manuel da, 102, 106-7, 118

PORTUGAL, Antônio José dc Sousa, 130

R

RABELO, 193

RAMALHO, Antônio José Cardoso, 20, 35,

6U

RAMALHO, Manuel Nunes, 7, 12, 29

RAMIRES, 69, 74

RAMOS, 46

RAMOS, Francisco Roís, 83

RAMOS, Manuel José, 18

RIBEIRO, João Alberto, 16, 18-9

RIBEIRO, Roberto Car, 35

ROCA, Juan, 219

ROCHA, Francisco José da, 126

ROCIO, 21

RODRIGUES. Mateus, 128

RODRIGUES, Simão ver ROÍS, Simão

ROÍS, Antônio Jcsé, 63

ROlS, Francisco, 20

ROI5, Simão, 175

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:3-236, 1983.

Page 235: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 236 -

8

SÁ, João Correia de, 130

SABALHO, dom Pedro, 176-7, 186, 191-2,217, 219

SANTA ANA, José de, 9

SANTOS, João da Silva, 13

SANTOS, João Homem dos, 178

SANTOS, José Teixeira dos, 110

SAUNDERS, 160

SELMERKEL, João Nicolau, 151

SEPULVEDA, José de Sousa, 35SERPA, Manuel Machado, 138-9SEVALHOS, dom Pedro ver ZAVALLOS, Pe-

dro de

SILVA, Antônio José da, 35, 47, 77, 158SILVA, Francisco da, 221SILVA, Pedro da, 59, 62, 64, 70, 208, 213SILVEIRA, João da Costa da, 117, 199, 202

206

SILVEIRA, Manuel da Costa da, 201-5 207225

SIQUEIRA, José Gonçalves, 35SOARES, João Antônio, 208SOARES, Pedro José, 4SOUSA, Antônio de, 35SOUSA, Bernardo de, 208SOUSA, Cláudio José de, 35SOUSA, Francisco de, 48

SOUSA, Manuel Marques de, 194SOUSA, Teodoro de, 35SOUSA, Vicente José de, 35SOUTO MAIOR, José Antônio de Seixas, 1S0

T

TAVARES, Paulo, 110TEIXEIRA, Manuel Nunes, 9, 35 58TEIXEIRA, Pedro, 120TELES, Pc., 217-8TELES, dom Francisco Xavier 7 130 214TINOCO, 97TOMAS ANTÔNIO, 46

V

VALE, Antônio Januário do, 29, 59 60, 6477, 130

VALE, Antônio Luís, 53VÁLTER, 74VARELA, Manuel Alves, 208VASCONCELOS, Bernardo Manuel de, 213VELOSO, José Francisco, 35VIANA, Jorge, 145VIANA, Manuel Gomes, 35VIEIRA, João Marcos, 205

X

XAVIER, Antônio Francisco, 140, 142XAVIER, Caetano, 106-7XAVIER, Jerônimo, 218XAVIER, José Francisco, 43, 58, 81XAVIER, Matias, 27XAVIER, Sebastião, 142

Z

ZAVALLOS, Pedro de ver CEVALHOS, Pe-dro de

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J0i:3-236, 1983.

Page 236: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

CATÁLOGO DE RARIDADES BIBLIOGRÁFICAS

RECUPERADAS PELO

SUBPROJETO INTEGRAÇÃO DO ACERVO HISTÓRICO

SÉCULOS XV A XVII

Page 237: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

SUMARIO

Subprojeto Integração do Acervo Histórico

Introdução

Abreviaturas das fontes citadas

Século XV

Século XVI

Século XVII

Bibliografia consultada

índice de autores ou títulos

índice de impressores e co-impressores

Page 238: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

1 SUBPROJETO INTEGRAÇÃO DO ACERVO HISTÓRICO

Criado era 1.® de junho de 1982 pela Diretora-Geral da BibliotecaNacional do Rio de Janeiro, Dra. Célia Ribeiro Zaher, o Subprojeto Integra-

ção do Acervo Histórico tem como principal objetivo a recuperação de umimportante acervo bibliográfico

que abrange os séculos XV a XX.

Este aceivo, constituído de milhares de peças — muitas de comprovada rari-

dade —, encontrava-se acumulado desde 1910 (data de inauguração do atual

prédio da Biblioteca) num espaço reservado na 6.a galeria do 4.'° andar, emcondições

precárias de conservação.

A implantação desse Subprojeto conta-se entre os benefícios que advieramda visita do Excelentíssimo Senhor Ministro Rubem Ludwig à BibliotecaNacional, em 7 de março de 1982.

Para o trabalho de identificação, seleção, processamento técnico e restauração,

fez-se necessária a contratação de bibliotecárias especializadas com conheci-

mento específico de obras raras e domínio de línguas estrangeiras, assim como

de um especialista em línguas clássicas, técnicos em restauração, e do indis-

pensável pessoal de apoio.

A extensão do acervo exigia uma dinâmica de trabalho baseada em método-

logia cuidadosamente elaborada, com o objetivo de colocar no circuito de

atendimento ao leitor, no menor prazo possível, o maior número de obras.

Desse modo, numa primeira etapa, especial atenção foi dada às obras dos

séculos XV, XVI e XVII, não apenas por sua cronologia, mas pelo compro-

vado valor histórico.

A maior parte desse acervo — algumas peças existentes em exemplar único

no país ou mesmo na América, segundo informações colhidas em bibliogra-

fias especializadas — contribuiu para a formação intelectual dos homens quetraçaram as linhas iniciais de nossa trajetória histórica.

Uma grande quantidade do acervo raro desta Biblioteca veio na bagagem

da Família Real quando D. Toão VI se transferiu para o Brasil, por motivo

da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte.

A publicação de um catálogo com as 13S primeiras obras mais raras

recuperadas, datadas dos séculos XV, XVI e XVII, oferece uma visão inicial

da importância do acervo.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 239: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 242 -

O Catálogo foi elaborado pela Coordenadora do Subprojeto Cely de Sousa

Soares Pereira e pelas bibliotecárias Adriana Pereira da Fonseca Villaça AnaVirgínia de Nazaré Teixeira e Valeria Gauz, parte de sua equipe de trabalho.

A experiência do Subprojeto adquire um sentido que ultrapassa seuslimites específicos: ele pode, com justa razão, ser considerado o embrião doPlano Nacional de Restauração de Obras Raras - PLANOR lançado

pela fundação Nacional Pró-Memória, através da Portaria n.° 19, de 7 denovembro de 1983, com a finalidade de identificar e recuperar, a nívelnacional, nosso antigo e precioso acervo bibliográfico.

2 INTRODUÇÃO

Nesta bibliografia relacionamos as primeiras 133 obras de maior raridade, deacordo com fontes de reconhecido valor bibliográfico, identificadas

pela equipede catalogadoras do Subprojeto Integração do Acervo Histórico.

Adotamos a NBR 6023, Referências bibliográficas, da ABNT, visando a

padronização. Fundamentados em seu primeiro item, que dá flexibilidade detratamento para as obras raras, omitimos os títulos originais nas traduções,usamos a forma abreviada para títulos principais seguida de reticências éacrescentamos o formato após a paginação.

O arranjo é cronológico/alfabético e a cada descrição bibliográfica seguem-se

quatro itens, em tópicos distintos, sem numeração, e nesta ordem apresentados:

Enfoque de raridade citado na língua original da fonte;

Notas especiais: ilustrações, timbres, brasões, ex-libris, carimbos, marcatipográfica, marca d'água;

Biografia do autor e/ou co-autor;

Biografia do impressor e/ou co-impressor, isto é, o mercador de livros,o livreiro e o livreiro-editor.

Na composição dos textos adotamos a forma de grafia mais conhecida paranomes geográficos e a forma prevista nas fontes de referência específicas paranomes pessoais, por exemplo, os nomes de autores ou tipógrafos portuguesesforam grafados conforme o citado nas fontes portuguesas e o previsto na grafiaoficial.

As referências bibliográficas foram numeradas de 1 a 133, e assim recuperadasno índice de Autores ou Títulos e no índice de Impressores e Co-impressores,Esperamos

que este trabalho possa atingir seu principal objetivo: transmitiros conhecimentos

que adquirimos pela prática e pelo estudo, servindo de

fonte bibliográfica para alguns estudiosos fascinados, como nós, pela arte da

imprimissão.

Cely de Souza Soares Pereira

Adriana Pereira da Fonseca Villaça

Ana Virgitiia de Nazaré Teixeira

Valeria Gauz

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304. 1983.

Page 240: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 243 -

3 ABREVIATURAS DAS FONTES CITADAS

Azevedo-Samodães

SANTOS, José dos. Catálogo da importante e preciosíssima livraria que

pertenceu aos... condes de Azevedo e de Samodães... Porto, Tip.

da Empresa Literária e Tipográfica, 1921-2. 2 pt.

B. N. de Madrid

BIBLIOTECA NACIONAL, Madrid. Catálogo de incunables de la Biblio-

teca Nacional. Madrid, Tip. Blau, 1945. 624 p.

B. N. de Paris

BIBLIOTHÈQUE NATIONALE, Paris. Catalogue génêral des livres im-

primés de la Bibliothèque Nationale: auteurs. Paris, Impr. Nationale,

1897-1980. 230 t.

Backer

BACKER, Augustin fc BACKER, Alois de. Bibliothèque des écrivains de

la Compagnie de Jésus. Liége, L. Grandmont-Donders, 1836-61. 7 v.

Berger

BERGER, Paulo. Bibliografia do Rio de Janeiro de viajantes e autores

estrangeiros, 1531-1900. Rio de Janeiro, Liv. São José, 1964. 326 p.

Bibl. Lusitana

MACHADO, Diogo Barbosa. Bibliotheca lusitana histórica, critica e cro-

nologica. 2. ed. Lisboa, A. I. Fonseca, 1930-5. 4 v.

Bompiani

DIZIONARIO letterario Bompiani degli autori di tutti i tempi e di tutte

le letterature. Milano, V. Bompiani, 1956*7. 3 v.

Borba de Morais

MORAIS, Rubens Borba de. Bibliographia brasiliana... Amsterdam, Rio

de Janeiro, Colibris, 1958. 2 v.

Brit. Museum

THE BRITISH Museum catalogue oi printed books: 1881-1900... Ann

Arbor, J. W. Edwards, 1946. 58 v.

Brunet

BRUNET, Jacques Charles. Manuel du libraire et de Vamateur de livres...

5. éd. Paris, F. Didot, 1860-5. 6 t.

Cat. Salvador de Mendonça

BIBLIOTECA NACIONAL, Rio de Janeiro. Catalogo da Collecção Salva-

dor de Mendonça. Rio de Janeiro, 1906. 126 p.

Delta

GRANDE enciclopédia Delta-Larousse. Rio de Janeiro, Delta, 1970. 12 v.

Ene. Britannica

THE ENCYCLOPAEDIA Britannica: a dictionary of arts, sciences, lite-

rature and general infoi-mation. 11. ed. New York, 1910-1. 29 v.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro. 7^:237-304, 1983.

Page 241: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 244 -

Espasa

ENCICLOPÉDIA vniversal ilvstrada evropeo-americana. Barcelona Espa-sa-Calpe, 1930. 70 v.

Ode. Ene. Port. e Bras.

GRANDE enciclopédia portuguesa e brasileira. .. Lisboa, Ed. Enciclopédia

1936-60. 40 v. k

Graesse

GRAESSE, Theodor. Trésor des livres tares et précieux. Dresde, R. Kunize1859-69. 7 t. em 4 v.

Hain

Ludwíg Friedrich Theodor. Repertorium bibliographicum, in quolibri omnes ab arte typographica inventa usque ad annutn MD...typis expressi emimerantur... Milano, Gõrlich, 1948. 2 pt. em 4 v.

Hain-Copinger

COPINGER, Walter Arthur. Supplement to Hain's Repertorium biblio-

graphicum. Milano, Gõrlich, 1950. 2 pt. em 3 v.

Horch

HORCH, Rosemarie Erika. Catálogo dos folhetos da Coleção BarbosaMachado.. . Anais da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro v 92 197^t. 2, p. 60. '

' '

Inocêncio

SILVA, Inocêncio Francisco da. Dtccionario hibliographico portaguez.

Lisboa, Impr. Nacional, 1858-1958. 23 t.

J. C. Rodrigues

RODRIGUES, José Carlos. Bibliotheca brasiliense: catálogo anotado dos

livros sobre o Brasil... Rio de Janeiro, Tornai do Commercio, 1907.680 p.

LC 1942

LIBRARY OF CONGRESS. A catalog of books represented by Library ofCongress printed cards: Issued to July 31, 1942. Ann Arbor, T Edwards1912-6. 167 v.

Michaud

MICHAUD, Joseph. Biographie universelle ancienne et moderne... Paris,

Delngrave, s. d. 45 t.

Nouv. Biog. Gén.

NOUVELLE biographie générale... Paris, F. Didot, 1852-66. 46 t.

P. de Matos

MATOS, Ricardo Pinto de. Manual bibliographico portuguez de livros

raros} clássicos e curiosos. Porto, Liv. Portuense, 1878. xii -f 582 p.Palau

PALAU Y DULCE f, Antonio. Manual dei librero hispano-americano.2. ed. cor. y aum. Barcelona, Libr. Anticuaria de A. Palau, 1918. 28 v.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 242: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 245 -

Pellechet

PELLECHET, Marie Léontinc Catherine. Catalogue général des incutia-

bles des bibliothèques publiques de France. Paris, A. Picard, 1897-1909.

3 t.

Ramiz Galvão

ANNAES da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, v. 3, 1877-8. Dir.

B. F. Ramiz Galvão.

Sommervogel

SOMMERVOGEL, Carlos. Bibliothèque de la Compagnie de fésus. Bru-

xelles, O. Schepens; Paris, A. Picard, 1890-8. 8 t.

4 SÉCULO XV

1 GERALDINI, Antonio. Oratio Antonij Geraldini pthonotarij aplici poeteqllaure || ati: ac regij Oratoris: in obséquio canonice exhibito p illustrê

|j comitê Tedille: per pthonotanü Meii/nnêsern: t p ipui3 ptho !j no-

tariü Geraldinü noíe screnissimoq Ferdinãdi regis: - He- !i lisabet

regine hispanie: Jnnocêtio. viij eiq nots Ponti. Maxío. ü Habita Rome

[Stephanus Plannck] xiij kal. Octobris. Anno salulis || sexto t octua-

gesimo supra cccc. t mille [1486] 6 f. n. num. 4.°.

Apud Hain, pt. 2, p. 458; Hain-Copinger, pt. 1, p. 228;

Pellechet, t. 3, p. 511; B. X. dc Macírid 1945, p. 221;

LC 1942. v. 54. p. 377: Brit. Muíeum, v. 21, c. 131; B. N. de Paris, t. 59. c. 24G; Brunet,

t. 2, c. 1545; Nouv. Biog. Gén., t. 20, c. 141.

F. I assinatura a, retro: Oratio Antonij Geraldini pthonotarij aplici poeteqS lauve j| ati:

ac regij Oratoris: in obséquio canonice exhibito p illustvé li comitê Tèdille: per pthcnotariüMetimnêsem: t p ipsuq ptho II notariú Geraldinü noíe seíen;ssimoa Ferdinãdi regis: r He-

I! lisabet regine hispanie: Innocêtio. viij eirj nois Ponti. Maxío. '| Mais abaixo: Qvod olim

Romane reipublice orbis natiões pre stiíere obsequiü: id nüc longe iustus ac sanetius

a cete II ris...

F. 3 assinatura aij, retro, incipit: cognita in mediu hic afevre: Verü enlueto qm vereor ne

san !l ctitatis tue...

F. 6 retro, 1.19, explicit: eoq maiestati: x toti reipub. xpiane sitrna x militiã cõferamus.

]| Dixi. || Mais abaixo: Habita Rome. xiij. kal Octobris. Anno jalutis !' sexto t octaaLçesimo

supra cccc. t mille [I Mais abaixo: Ad hec sunimus Pontifex laudans et extollens mirõ

immo ]| dum gesta...F. 6 verso, peça de 6 dísticos, incipit: Tres mihi clant noman terre: tres laudibus orno

|| ... explicit: Hcrcico cecini mystica sacra pede.Caracteres góticos. Tipo 2 (Wooley 130) 33 linhas.

O nome do imprcssor não consta no exemplar referenciado, mas a impressão é atribuída

a Stephan Plannck por Hain, pt. 2, p. 458; B. N. de Madrid 1945, p. 221, e Pellcchet,

t. 3, p. 511.

Marca d'dgua: uma estrela de seis pontas.

Antonio Geraldini, poeta italiano, nasceu em Amélia, Cmbria, em 1457 e morreu em 1488.

Foi jovem para Roma onde distinguiu-se por seu talento em versos latinos. O Papa Ino-

cêncio VIII o protegia muito e o nomeou protonotário, confiando-lhe importante missão

diplomática na Espanha.

Stephan Plannck, prototipógrafo, nasceu em Passau, Alemanha. Exerceu sua arte em Roma,

de 1480 a 1505 e de sua oficina saíram minúsculos caracteres góticos em não menos de

SUO publicações, em sua maioria folhetos de orações, discursos e formulários.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 243: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 246 -

5 SÉCULO XVI

2 PETRARCA, Francesco. Librorum Francisct Petrarche ImpressorumAnnotatio. De ignorantia suiipsius T multoq... Impressis Venetiys,ímpêsis dni Andree Torresani de Asula per Simomen de Luere, AnnoIncarnationis Christi 1501, die 27 Marcij Feliciter.

Apud Graesse, v. 3, t. 5, p. 234."The

second collective edition of Petrach's Latin works." (LC 1942, v. 117, p. 9)."Containing the Latin works only." (Brit. Museum, v. 42, c. 160).

Exemplar incompleto: faltam a folha de rosto e algumas folhas preliminares.Algumas capitais ornamentadas manuscritas a tinta.TexU» em 2 colunas. Caracteres góticos.Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: uma figura aparentemente humana com tronco, cabeca e chapéu. Trata-sede variante de filigrana encontrada no norte da França e, mais comumente, na Itália- 5CUemprego data de 1410.

Petrarca, poeta italiano e humanista, cristão místico e asceta, na?ceu em Arezio em 20de julho de 1304 e faleceu em Argua (Pádua) em 18 de julho de 1374. A experiênciadecisiva de sua mocidade foi o encontro (1327) com a aristocrata Laura de Noves, àqual dedicou, por toda a vida, intenso amor platônico. Petrarca deve ser consideradouma figura-chave da história intelectual da Europa, e é, ao mesmo tempo, o último homemmedieval e o_ primeiro homem moderno. De certo modo, constituiu um traço de uniãoentre a vida intelectual moderna e a Idade Média.

Torresano de Asola, também chamado Andreas Asulanus, aprendeu a imprimir na tipografiade Nicolò Jenson, da qual tornou-se proprietário em 1482. Nasceu em Asola em 1451e morreu em 1529. Foi sogro de Aldo Manuzio e com ele se associou em numerosostrabalhos.

Simone de Luere, impressor de Venera, trabalhava para os herdeiros de Otaviano ScotoLsou como marca a imagem da Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo, com a divisa "Hisaucibus .

3 LEONARDI, Camillo. Speculum Lapidum Clarissimi Artium Et MedicineDoctoris Camílii Leonardi Pisaurensis. Venetiis, loannem BaptistamSessa, Anno Domini 1502 Die Primo Decembris. 61 f. 4.°.

Apud Graesse, v. 2, t. 4, p. 165.

Folha de rosto com marca de Melchior Sessa e ex-libris manuscrito não identificado.Capitais ornamentadas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Ültima folha com monograma de Giovan Battista Sessa.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao autor.

Giovan Battista Sessa, tipógrafo e editor, foi o primeiro de uma numerosa famíliaque se dedicou à tipografia em Veneza. Iniciou suas atividades em 1489, só parandoem 1509, ano da sua morte. Marcava os livros com seu monograma centrando umacircunferência encimada por uma cruz com dois passivos. A cruz sobre a esfera designariauma aspiraçao a universalidade da fé cristã e a duplicação do passivo teria o sentidode matéria resistente, sob o domínio do espírito, representado pelo ativo.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 244: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 247 -

SUETÔNIO. Svetonivs TranqviV.vs [de vita Caesarum] cvm Philippi Be-

roaldi et Marci Antonii Sabellici commentariis. Venetiis exacta, Per

Ioãnem Rubeum Vercellêsem, Anno domini 1506, die 8 Ianuarii. 392

p. 8.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 6, p. 520."Embora

escritas sem crítica, as obras historiográficas de Suetônio são fonte importante

sobre períodos de que não existem outros relatos." (Delta, v. 14, p. 6469).

Folha de rosto gravada com anotações manuscritas a tinta.

Capitais ornamentadas.

Texto sobreposto com caracteres romanos em 2 corpos.

Marca d'água: 1) brasão de cardeal com abelhas era roquete; 2) uma marca semelhante

a um jarro.

Suetônio, historiador romano, na?ceu por volta de 69, cm Óstia, e faleceu ccrca de 128.Sua vida c pouco conhecida; sabe-se que foi contemporâneo de Tácito e de Plínio, o

Jovem. Arquivista imperial, na época de Adriano, escreveu suas obras durante os reinadosde Trajano e Adriano.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor.

LIBRI de re rvstica... De duobus dierum generibus: simulq; de umbris,

et horis, quae apud Palladium, in alia epístola ad lectorem. Georgij

Alexandrini enarrationes priscarum dictionum, quae in his libris Ca-

tonis: Varronis: Columellae. Venetiis, in Aedibvs Aldi, et Andreae

Soceri mense maio 1514. 341 f. 8.°.

"First Aldine editioiv" (LC 1942, v. 134, p. 466).

"Une éd. Aldine de 1513 n'existe pas du tout." (Graesse, v. 2, t. 4, p. 331).

Trata-se de uma coletânea de escritos sobre agricultura de Varrão, Catão, Columela e

Paládio, autores clássicos.

Caracteres aldinos.

Folha de rosto com marca de Aldo Manuzio.

Marca d'água: um pássaro coroado, de frente, com asas abertas, centrando uma vinheta.

Varrão: polígrafo latino, nasceu em Rieti, em 116, e morreu em 27 a.C.; foi advogado

em Roma, tenente de Pompeu e organizou bibliotecas públicas. Foi um dos maiores

sábios de seu tempo pela vastidão de seus conhecimentos enciclopédicos.

Coluincla: escritor do séc. I, originário de Cádiz (Espanha) , escreveu um tratado de

Agronomia.

Catão: dito o Antigo ou o Censor, político romano; nasceu em 234 e morreu em 149 a.C.

Lutou contra a influência dos costumes gregos que ameaçava a classe média agrícola,força do Império Romano.

Paládio: autor latino de "Opus

agriculturf-.e". viveu provavelmente no séc. IV. Em

sua obra, valeu-se principalmente da experiência pessoal e de alguns autores gregos e

latinos, tais como Demóciito, Aristóteles e Columela.

Aldo Manuzio, impressor e livreiro veneziano, fundou sua tipografia por volta de 1490.

Lançou os caracteres que se tornainm conhecidos como tipos aldinos, itálicos, venezianos

ou letras grifadas. Usou como marca um delfim enroscado numa âncora, com a legenda

ALDUS. O delfim designa a vida, devido à rapidez com que rompe as ondas. A âncora é,

ao contrário, uma marca de repouso e solidez. A combinação desses signos designa, com

justiça, o trabalho sólido e produtivo, desenvolvido sem descanso por este tipógrafo, cons-

ciencioso na formação de seus planos e rápido na sua execução. A beleza dessa marca

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 105:237-804, 1983.

Page 245: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 248 -

criou problemas ao seu dono, devido à semelhança do delfim com uma serpente -iga-se de passagem emblema da tipografia -,

primeira encarnarão bíblica do demônio.Os herdeiros dc Aldo mantiveram sua marca.

As fortes biográficas consultadas não fazem referência ao co-impressor.

6 GUEVARA, Antonio de, bispo. Libro dei eloquetissimo empador Marcoaurelio cõ el Relox de Príncipes, Uan mas q en los passados anãdidasnueue cartas y siete capítulos no et menor estilo y altas sentêcias

qto do lo enl cõtenido [Fué impresso en la muy nombiada ciudad

de Barcelona por Carlos amorós

prouensal al primero dia de Henerode lano] 1532. ccvvi. f. 4.°.

"Nous avons vu une edition de Barcelone, por Carlos Amores prouensal, 1532, in-4. goth.,au^si rare que la prcccdcmc, mais qui n'a pas une grande valeur, non plus que celles de

Séville, 1532 et 1537, in-fol., et que celle de Salamanca a instancia d'Antonio Martin1532, in-8." (Brunet, t. 2, c. 1797)."Eu

Espana fué tan leido... y, según Cejador, fué la bíblia y cl oráculo de los cortesanoa> Ia admiracion de los letrados y escritores..." (Espasa, v. 27, p. 204).tolha de rosto com caracteres em vermelho e preto, emblema eclesiástico da Companhiade Jesus e brasão cia Espanha.Folha de rosto do livro I com monograma não identificado./•notações manuscritas a tinta na folha de rosto e nas margens.Capitais ornamemadas.

A imprema não consta no exemplar referenciado.Esta obra está dividida em três livros, cada um com folha de rosto própria, além deuma comum a todes cies. Vale a pena observar as variações entre a folha de rostocomum e a do Livro I. Nesta, os anjos aparecem de pc' e sem a expressão serena.C emblema eclesiástico da Companhia de Jesus é substituído por monograma não identi-ficado;^ ervas ornamentais tomam o lugar das cornucópias e dos anjos das laterais, e otexto e distribuído sob a forma de dois triângulos invertidos.Marca d'água: l) as iniciais T. M.; 2) letra W, ornamental; 5) uma estrela de oitopontas; 4) uma estrela idêntica à que simboliza a Maçonaria.

Antonio de Guevara, escritcr espanhol, nasceu em Trecano em 1480, e morreu em Valladolidem 1^45. Aos 12 anos entrou para a Ordrm Franciscana, alcançando suas mais altas dieni-dades: foi guarrhao dos conventos de Ávila, Arendo e Soria; pregador, confessor, historió-grato, con-selhcno e cronista de Carlos V; inquisidor de Valência; Bispo de Gaudix (S5°7?)o depois dc Montonêdo (1537). '

Carlos Amorós, impressor estabelecido era Barcelona em 1503, morreu em 1551 e deixoutrabalhos que se notabilizaram pelo esmero e beleza com que foram concluídos.

7 SCALIGERO, Giulio Cesare. Ivlii C.ãcsaris Scaligeri De Cavsis lingvaelatinae: libri tredecim. Lvgdvni, Apud Seb. Gryphivm, 1540. 409 p. 4.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 6, p. 289.The carhest Latm grammar on scicntific principies and follctving a scientific method "

(Ene. Britanmca, v. 24, p. 283-4).

(Michaud de Sraramaire qui soit ecrit d'une manière philosophique."

Capitais ornamentadas e última folha com vinheta representando ura grifo.Caracti-rcs aldmos. ®

st

"D- ¦ ¦da s>iva"e ° d* *» •*

«• // - ¦>¦>

Folha dc rosto com marca de Sébastien Gryphe.

ír'í™TC ScaIiSerü; e mídico italiano, nasceu em Pádua, em 1484, e morreuA0cn, tianra, cm lyJ8. intitulava-se descendente dos Delia Scala, dc Verona. O bispo

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 105:237-304, 1983.

Page 246: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 249

de Agen, Ângelo Delia Rovera, lcvou-o para sua diocese em 1525. Servia durante 20 anos

aos exércitos do imperador Maximiliano e do rei da França, e foi obrigado a abandonar

a carreira militar por motivo de saúde.

Sébastian Gryphe, impressor alemão, nasceu eu Reutlingen em 1493. Morreu em Lyon

a 7 de setembro de 1556, onde estava estabelecido. Tornou-se célebre pela beleza e

correrão de suas edições, impressas em caiacteres aklinos. Suas primeiras publicações datam

de 1528 e as últimas, de 1547. Usou como marca um grifo — figura fantástica representada

de perfil com a parte dianteira do corpo de águia e a traseira de leão, com asas abertas

de pontas para as laterais — símbolo da Diligência; tendo sob suas garras um cubo

— símbolo da Constância, acorrentado a um globo alado — símbolo da Fortuna. A marca

centraliza uma vinheta ornamental com a legenda de Cícero: "Virtute duce, comitê fortuna".

LUTERO, Martinho. Opera omnia. In: — Alie Biicher und Schriften.

VVitebergae, Ioharmem Lufft, 1545*59. t. 5, 7. 6.°.

Apud Graesse, v. 2, t. 4, p. SOO."La

première édition des oeuvrcs complètes de Luther fut publiée à Wittenberg, sous Ies

auspices de 1'clecteur de Saxe, Jean-Frédéric, et par les soins de G. Rõrcr, de Kreutziger,

et de G. Major. La partie aliemande comprend 12 vol., in-fol., impr. dc 1539 ii 1559,

et la partie latine, cn 7 \oI., in-fol. dc 1545 à 1559...'' (Erunet, t. 3, c. 1240) .

Fclha de rosto com os 4 evangelistas assim representados: S. Lucas pelo touro alado; S. Mateus

por um anjo; S. Marccs por um leão c S. João pela águia.

Capitais ornamentadas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Martinlto Lutcro, teólogo e reformador alemão, nasceu em 1483 e morreu em 1546

em Eisleben, Turíngia. De família camponesa abastada, estudou em Magdebourg (1497) ,

Eisenach (1498) e Erfurt, onde se diplomou professor de Filosofia (1505); ingressou, em

seguida, na ordem dos agostinianos. Foi sacerdote (1507) e doutor cm Teologia (1511).

Discordando de certas doutrinas da Igreja, (bula "Exsurge

Domine", 10 de dezembro de

1520) defendeu seus pontos de vista e apelou ao Papa, mas este convidou-o a retratar-se;

Lutero recusou-se a fazê-lo e queimou na Praça de Wittenberg a bula pontificai; foi então

excomungado.

Johann Lufft, impre-sox e livreiro, nasceu em 1495 e moncu em Wittenberg em 1584.

Fundou, em 1525, uma oficina de impressão nesta cidade, merecendo o apelido de "impressor

bíblico", por ter sido o primeiro a concluir a impressão da tradução completa da Bíblia,

de Lutero. Desde então editou com exclusividade os escritos do Reformador.

[ICÍAR, Juart de. Recopilacion subtilissima: intitvlada Orthographia prac-

tica...] Impresso en Çaragoça, por Bartholome de Nagera, 1548.

68 í. 4.°.

"Todas Ias obras de este insígne calígrafo son raras... Las poças que han circulado en

comercio se han apresentado incompletas v en mal estado... Primeira edición. Existe en

la Biblioteca Nacional de Madricl, y en ei Musco Britânico." (Palau, t. 7, p. 14-5).

"Obra muy rara y apreciada que contiene una serie dc adornos de buen gusto." (Espasa,

v. 28, p. 841) .

Exemplar incompleto: falta a folha de rosto.

Capitais ornamentadas.

Ex-libris de João Antônio Marques.

Última folha com marca de Bartolomé de Nagera.

Marca d'água: duas circunferências alinhadas na vertical. A esfera superior está vazia e a

inferior contém as iniciais B. D.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 70^:237-304, 1983.

Page 247: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- *50 -

Juan de Icíar, pedagogo e calígrafo espanhol, nasceu em Durango (Vizcaya) em 1523. Foi

professor de línguas e desenhista. A obra Orlhographia practica contem uma série d<r adornos

desenhados pelo próprio Icíar. Suas obras tiveram vital importância na evolução da Caligrafia.

Bartolomé de Nagera, impressor de Saragoça, ucou como marca o monograma de BorgiusLocus cercado de arabcscos e encimando dois leões, com a divisa "Multi

pacifici sint tibiet consiliarius sit tibi unus de mille".

10 FALCANDO, Ugo. Historia Hvgonis lalcandi Sicvli De rebus gentis in

Siciliae regno iam primum typis excusa. . . Parisiis, apud Mathurinum

Dupuys, sub insigni Nominis Sylvestris, &: Frobenij, 1550. 223 p. 4.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 2, p. 548.

Ex-Iibris de Diogo Barbosa Machado.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: mão espalmada, com dedos irregulares, terminando em punho de camisa

festonado.

Ugo Falcando, historiador siciliano, era de origem normanda. Sua vida é, na verdade,

desconhecida. Alguns historiadores dizem ter nascido na Sicília; outros, que ali foi educadoe que pertencia mais à Normandia que à Sicília. Outros ainda afirmam que era francês

de nascimento, abade de São Dionísio e que tinha ido à Sicília em burca de seu tio

Estevão dei Perche. Só se sabe que escreveu em latim uma crônica da Sicília que abrange

o período entre 1146 e 1169.

Mathurin Du Puis, impressor e livreiro de Paris, usou como marca uma grande coroa real

com a legenda "Non

ccronabitur nisi qui legitime certaverit''. Seu monograma consistianum coração, dividido cm três partes centradas por suas iniciais MDP, encimado poruma cruz com dois passivos; o passivo superior forma o número quatro com o ativo

e termina com um corte vertical. Américo Cortes Pinto designa estas cruzes, muito

comuns nas marcas de tipógrafos, como "cruzes

em posições pervertidas", aludindo à

possível existência de uma seita secreta e satânica entre os impressores.

11 RAMUSIO, Giovanni Battista. Primo [— terzo] volume Delle Navigationi

et Viaggi... aggiuntoui d i nuouo... In Venetia, nella Stamperia

De* Givnti, 1'anno, 1554-74. 3 v. 8.°.

"Importante la parte cartograíica dell'opera, alia quale colaboro anche il Gastaldi." (Bom-

piani, v. 3, p. 279)."Collection recherchée et dont les exemplaires complets sont rares." (Brunet, t. 4, c. 1100).

Exemplar incompleto: falta a f. 436 do v. 1.

Capitais ornamentadas.

Mapa do Brasil nas p. 427-8 do v. 3.

Ex-libris de Diogo Barbosa Machado, e lombada com brasão do cardeal Charles de Bourbon

no v. 2.

Carimbo da Real Bibliotheca nos v. 2 e 3.

Folha de rosto com marca de Luc'Antonio Giunti.

Marca d'dgua: um brasão coroado.

Giovanni Battista Ramusio. historiador e geógrafo italiano, filho de Paulo, o Velho, nasceu

em Treviso em 20 de junho de 1485 e morreu em Pádua em 1557. Desempenhou várias

missões na França, Suíça c Itália e, como recompensa aos serviços prestados à sua pátria,foi nomeado secretário do Conselho dos Dez de Veneza, cargo que ocupou durante 43

anos. O governo italiano fundou uma Escola de Náutica à qual deu o nome de Ramusio,

cm honra ao ilustre geógrafo.

A família Giunti tornou-se célebre entre os antigos impressores; Luc'Antonio Giunti, seu

irmão Filippo e seus herdeiros imprimiram livros em Florença e Veneza de 1480 a 1598.

As fontes consultadas dão notícia de membros desta família que imprimiram em Roma,

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0.?:237-3O4, 1983.

Page 248: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

~ 251 -

Burmw, Salamanca, Madri e Lyon. Em todas as suas marcas o lírio tem lugar de maior

relevo, apesar de Delalain confundi-lo com uma flor-de-lis heráldica. Esta marca normal-

mente vera acompanhada das iniciais de Luc'Antonio, o mais conhecido dos Giunti, que

costumava gravar a maioria das ilustrações de seus livros.

12 FLACIUS, Matthias, illyricus et alii. Ecclesiaüicae historias, continens

descriptionem amplissimarvm rervm iri Regno Christi, quae primo

[— décimo tertio] cum Imperium Romanü gubernarent... Basileae,

per Ioannem Oporinum [1559-74]

13 t. em 8 v. 6.°.

"Ouvrage d'une certaine importance... II a pour principal auteur le célèbre théolcgien

protestant Mathias Flach Francowitz. plus connu sous le nora de Flaccus Illyricus..La

première édition des Centuries de Magâebourg est devenue rare..." (Brunet, t. 1, c. 1/39).

"Les trois premiers vol. de cet ouvrage, célèbre dans son temps, composé par Flaccius

Illyricus, sous 1'assistance de plusieurs théologues luthériens..(Graesse, v. 1, t. 2, p. 103).

Capitais ornamentadas. .

Encadernação gravada com brasão de Jean Jacques Nouet. conselheiro do Parlamento de lans.

Exemplar incompleto: faliam os t. 1-3.

Folhas de rosto com marca de Johannes Oporinus.

Matthias Flacius, teólogo luterano conhecido também por Flávio y Francowich, nasceu cm

Albona, Áustria, em 1520 c morreu em FrankEurt no mês de maio de 1575. Terminados os

estudes das Humanidades viveu na Basiléia, Tubingen e, finalmente, Wutenberg. Em

1544 obteve uma cátedra da língua hebraica. Foi veememe propagador da Reforma e um

dos fundadores da hermenêutica da Bíblia.

Johannes Oporinus, impressor, nasceu na Basiléia cm 15 de janeiro de 1507, ali estabeleceu

sua oficina tipográfica e morreu em 1568. Distinguiu-se por suas excelentes edições em

grego e latim das obras de Luiero. Usou como marca Netuno, de pé sobre um peixe,

segurando na mão esquerda um violino e na direita, o arco.

13 MANUZIO, Aldo. Orthographiae ratio... Pauli F. collecta. Venetiis,

Aldus, 1561. 55 f. 8.°.

Apud Graesse, v. 2, t. 4, p. 376.

Anotações manuscritas a tinta na folha de guarda.

Caracteres aldinos e romanos em vários corpos.

Ex-libris manuscritos de "Camili et amicorum 1655" e

"Dionysii Perrichy .

Carimbo com brasão náo identificado, no verso da folha de rosto, e carimbo da Real

Bibliotheca.

Folha de rosto com marca de Aldo Mamizio.

Aldo Manuzio, filho de Paulo Mamizio e conhecido como Aldo Manuzio, o Jovem, nasceu

em Veneza cm 1547 e morreu em Roma em 1597. Notável latinista e erudito como seu

pai, aos 10 anos publicou sua piimcira obra. Em 1576 loi nomeado professor de Belas-

Axtes na Escola de la Cancilleria; também o duque Francisco de Mediei ofereceu-lhe

a cátedra de Belas-Artes da Universidade de Pisa. Em 1590, Clemente VII nomeou-o

diretor da Imprensa Vaticana, cargo que desempenhou até a morte.

Aldo Manuzio. herdeiios dtr — vide ref. 5.

14 DICTYS, crelensis. Ditte Candiotto eí Darete Frigio delia guerra troiana.

Tradotti per Thomaso Porcacchi da Castiglione Arretino. In Vinetia,

appresso Gabriel Giolito di Ferrari, 1570. 212 p. 4.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 2, p. 383."La

première, Venise, Giolito, 1570, est très-rare." (Brunet, t. 2, c. 699).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris manuscritos de "Fran.o. . da Fon.e*".

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103\237-304, 1983.

Page 249: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 252 -

Folha de rosto cora marca de Gabriel Giolito deTerrari

ra™giamfde Je™ ST" ^ U™ C'UZ ¦»" •»«*,

Õ^SSTí £^,^dSr$£IdlaWW * guerra de Tróia.

decadência enganados, provavelmente pela ficcãlT ro]fdno havia iniCiado sua

diferentes escritores contemporâneos da Lerra ri tÍ P"ÍUcos alexandrinos, diziam que

OS principais acontecimentos" ^

«ÍJS? *f°- —» — «"'.dades , Veneza, no

Aretíno, Vtb" BemhÔ^ ^iuzio

"kXco" época^s

T% r Ff"^ uciit ueua mia moite eterna vita 1 vivo".

15 GESNER, Konrad. Bibliotheca imtitvta et calheta primvm a ConradoGesneio, Deinde m Epitomen redacta & nouorum Librorü accessioneocupletata, iam vero postremo recognita, Sc in duplum

post prioresedmones aucla, per Iosiam Simlerum. Tigvri, apvd Christophorvmi rosenovervm, mense martio, anno 1574. 741 p. G.°.

Apud Gvaessc, v. 2, t. 3, p. 68-9.Capitais ornamentadas.

Texto em 2 colunas.Anotações manuscritas a tinta na folha de rosto e nas mar«ns.Carimbo da Real Bibliotheca.Folha de roslo com marca, provavelmente dc Christophorus Froschoverus

SHSSv?^ -r™

.g^^ar, ür-tejsi rfcMáíFundou um Jaidim Botânico e um Gabinete de História Natural.

grf0 ;'e

ZUri<)"e' «« repetidamente, com

m, 1 ^ -

Fio.ch, ein alcmao — centrando diversas paLa<*ens. Nesta obra a

de um lobo^laTa^o^n^3)'^^ Sap°' Em ^ imprcss0s aPar«ia, também, a imagemoe um lobo ladeado por dois carneiros com a divisa "Chiistvs

Pacificator Noster".

16 OSEGUERA.Diego de. Libro intitulado estaciones dei christiano. ..V alladohd,

por Diego Fernandes de Cordova, impressor de su Ma-gestad, afio 1580. 147 f. 8.°.

(Pahu 7^"pU67)en VeiS° dÍVÍdÍd° e" ,lUCVe cant0£ quc eI aulor titu]a estaciones..."

Folha dc rosto gravada com a imagem da Sagrada Família.Capitais ornamentadas.

Caracteres romanos.Carimbo da Real Bibliotheca.

As fontes biográficas consultadas não fazem referencia ao autor.

SelFSmnhlCZ! ^ C6rd0ba',ÍmPressor de ValIa.rloIid, provavelmente era membro da

1535 Os FeniVde/^ qUC imPriraia na "giào de Castela desde

Cúrdoba Cram conlinuad°res do trabalho de Alfonso Fernández de

da tp^Tem seu pS. tÍPÒgraf°

eSpa"h<" qUC ,0m°U na i^roUuça®

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1963.

Page 250: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 253 -

17 GALENO. Galeni librorvm prima [- septima] classis. . . sexta hac nostra

editione... Venetijs, Apud Iuntas, 1586. 7 t. em 4 v. 8.°. (vide

ref. 20 e 32).

Apud Graesse, v. 2, t. 3, p. 1449."Les

meilleures de ces réimpressions som celles de 1586 ou 1597, 1600, 1609 et 1625." (Isouv.

Biog. Gén., t. 19, c. 250). "Há várias edições dos seus trabalhos... certas versões são

notáveis, como... a Giuntina (Veneza, 1541) com «uas 9 tiragens..." (Gde. Ene. Port. e

Bras,, v. 12, p. 59).

Folhas de rosto com cercadura, sendo a do t. 1 em vermelho e preto.

Anotações manuscritas a tinta em várias partes do exemplar. O t. 3 inclui entre as f. 38

e 39 uma folha solta, de 21x15 cm, com anotações manuscritas a tinta nas duas faces.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris da Bibliotheca Fluminense nos t. 1, 2 e 7.

Folha de rosto e última folha de cada tomo com marca de Luc'Antonio Giunti.

Galeno, médico e filósofo romano, nasceu em Pérgamo, Ásia, cm 129 da nossa era, durante

o reinado do imperador Adriano, e morreu em 199. Era filho do arquiteto Nioón, que

possuía conhecimentos em Astronomia, Matemática e Filosofia pouco comuns. Estudou Me-

dicina em Esmirna, Corinto e, sobretudo, ein Alexandria. Em 1G8, reuniu-se a Lúcio Vero

e Marco Aurélio, que combatiam os germanos.

Luc'Antor.io Giunti e herdeiros, impressoras — vide ref. 11.

18 BRANDÃO, Luís Pereira. FJegiada. Lisboa, Impressa por Manoel de

Lyra, anno 1588. 290 í. 8.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 5, p. 200."A

primeira edição é rara desde muitos annos." (Inoccncio, t. 5, p. 313).

"A edição original, muito raia, deste clássico c apreciado poema, dada á estampa em...

1588..." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 102)."Os

exemplares da l.a edição da Elegida são muito raros..." (P. de Matos, p. 448).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris manuscrito a tinta de "F.«" de Miranda".

Carimbo da Real Bibliotheca.

Folha de rosto com marca de Manuel de Lira.

Luís Pereira Brandão, cavaleiro da Ordem de Cristo, nasceu no Porto em 1540, aproximada-

mente. Ignora-se a data de sua morte. Acompanhou D. Sebastião na jornada da África

e ficou cativo ein Alcácer-Quibir.

Manuel de Lira, tipògrafo, era provavelmente de origem espanhola. Só, ou em sociedade

com outros, imprimiu t'esde 1579 em caracteres redondos e itálicos. Sua marca mais usual

é a figura de Orfcu tocando Lira, emoldurada numa elipse ao centro de uma portada

ornada de figuras com a divisa "Musis sacrum: Non vi sed ingenio_ et_ arte" e as tuas

iniciais. Usou também a marca de João Blávio, pondo-lhe as suas iniciais.

19 FELIPE, Bartolomeu. Tractado dei conseio y de los conseieros de los

Príncipes... Segunda impressión. Turino, Impresso en casa de Gio:

Vincenzo dei Pernetto, 1589. 161 f. 4.°.

"La segunda imprcsión es rarissima. Sabemos que existe cn el Castillo de Perelada.

(Palau, t. 5, p. 278).

Capitais ornamentadas.

Anotações manuscritas a tinta na folha de rosto.

Bartolomeu Felipe, bacharel em Cânones pela Universidade de Salamanca e doutor em

Direito Pontifício pela de Coimbra, onde foi professor, nasceu em Lisboa, em 1480, e

morreu em Coimbra com 110 anos no dia 25 de dezembro de 1590.

A9 fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impresso-r.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 251: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 254 -

20 GALENO. Galeni librorvm prima f— septima] classis... septima hac

nostra editione... Venetiis, apvd Ivntas, 1597. t. 1-3, 5-7 em 4 v. 8.°.

(Vide ref. 17 e 32).

Apud Brunet, t. 2, c. 1449."Les

meilleurcs de ces réimpressions sont celles de 1586 ou 1597, 1600, 1609 et 1625..."(Nouv. Biog. Gén., t. 19, c._250). "Há

várias edições dos seus trabalhos... certas versõessão notáveis, como... a Giuntina (Veneza, 1541) com suas 9 tiragens..." íGde EnePort. e Bras., v. 12, p. 59). vCapitais ornamentadas. Vinhetas.Exemplar incompleto: falta o t. 4.Carimbo da Real Bibliotheca.Folha de rosto gravada com cercadura e marca de Luc'Antonio Giunti.Marca d'água: 1) filigrana com o escudo do município de Cornellá, provfncia ou diocesede Barcelona — brasão com coroa ducal flor-de-Iisada, centrada por cometa de caca —com as miciais G. M.; 2) a palavra ALMASSO.

Galeno, autor — vide ref. 17.

LucAntonio Giunti e herdeiros, impressores — vide ref. 11.

21 SCHMIDEL, Ulrich. Warhaffügevnnd liebliche Beschreibung etlicherfurnemmcn Indianischen Landschafften und Insulem... In: BRY,Théodor de et alii. America

[Frankfurt] in officina Theodori deBry, 1597. v. 7, 31 f. 4.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 6, p. 308 e Brunet, t. 1, c. 1330.Folha de rosto gravada com cercadura, retratando indígenas na prática da antropofagia comarremates de frutos típicos da América.Capitais ornamentadas. Vinhetas.Caracteres góticos.

Ulrich Schmidcl, escritor e aventureiro do séc. XVI, tomou parte na expedição de Pedrode Mendoza às terras do Novo Mundo, em setembro dc 1534, com 80 compatriotas. Destaexpedição resultaram feitos notáveis, como a fundação de Buenos Aires. Regressou sãa esalvo a sua pátria após ausência de 20 anos.

Théodor dc Bry, desenhista, gravador, impressor e editor hc4andês, nasceu em Lièee emIj28, e morreu em 1593, em Frankfurt, onde se estabelecera, aproximadamente, em 1570.1 ublicou grande número de obras e para sua execução, foi ajudado pelos filhos lean Théodoree Jean Israel, gravadores não menos insignes.

22 FERREIRA, Antonio. Poemas lusitanos [Em Lisboa, por Pedro Craes-

beeck, 1598] 248 f. 8.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 2, p. 572.Os exemplares d esta edição de todas a mais estimada são tidos em conta de raros "

(Inccêncio, t. I, p. 139)."Édition

rare, citée par L'Acad. portugaise." (Brunet, t. 2, c. 1234).Dos Poemas Lusitanos é rara e mais estimada a primeira edição." (P. de Matos, p. 259).

Reforço da lombada em papel com anotações manuscritas a tinta.Exemplar incompleto: faltam a folha de rosto e 4 folhas preliminares.Marca d'água: 1) brasão com coroa ducal; 2) as palavras CARMO, BRAGA e ALMASSO.

Antonio Ferreira, escritor quinhentista, nasceu em Lisboa em 1528 e morreu de peste em1569. Fidalgo da Casa Real, estudou em Coimbra, onde freqüentou na Universidade ocurso de leis, tornando-se, em 1556, Desembargador da Relação de Lisboa.

Peclro Craesbeeck (Poter van Craesbeeck), discípulo do célebre Cristóvão Plantino, de Antuérpia,e o primeiro de uma notável dinastia de impres:ores de origem flamenga que, nos séculos XV

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, Í0i:237-3O4, 1983.

Page 252: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 255 -

e XVI, floresceu em Portugal. Estabeleceu-se em Lisboa em 1592. Em 25 de outubro de

1617 foi nomeado Cavaleiro da Casa Real, e em 28 de maio de 1620, impressor régio. As

suas impressões, em caracteres romanos e itáiicos, vão de 1597 até 1632. Como emblemaou marca que possivelmente tivesse usado, adotou um girassol posto numa oval com a

legenda "Trahit sua quemque voluptas" e a esfera armilar com a legenda

"In Reo*\

23 LUCENA, João de. Historia da vida do Padre Francisco de Xavier, e

do que fizeraõ na Inclia os mais Religiosos da Companhia de Jesu.

Era Lisboa, Impressa per Pedro Crasbecck, no an.no do Senhor 1600.

954 p. 8.o.

"Obra de muito merecimento para a história das missões... Os exemplares desta edição

primitiva, bela e principalmente impressa,... são raríssimos." íAzevedo-Samodães, pt. 1,

p. 564)."É

esta uma das obras clássicas da literatura portuguesa .. (Audrey Bell)(Gde. Eac.

Port. e Bras., v. 15, p. 553)."A vida de S. Francisco Xavier, primeira edição, é livro estimado e não vulgar, do qualfoi mandado um exemplar à Exposição de Paris, de 1867." CP. de Matos, p. 358).

Folha de rosto com cercadura e com retrato de São Francisco Xavier no verso.

Folha de rosto adicional com cercadura e emblema eclesiástico da Companhia de Jesus.Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Ex-libris de João Antônio Marques e ex-libris manuscrito de "Bras

Brandão Carn.ro de

Souza''.

João de Lucena, escritor português, nasceu cm Trancoso, a 27 de dezembro de 1550, e

entrou para a Companhia de Jesus, no noviciado de Coimbra, a 14 de março de 13155.

Morreu em Lisboa, na Casa de S. Roque, a 2 de outubro de 1600.

Pedro Craesbeeck, impressor — vide ref. 22.

24 RELAÇÃO das exequias d'el rey Dom Filippe, nosso senhor, primeiro

deste nome dos reys de Portugal.. . Em Lisboa, por Pedro Craesbeeck,

1600. 92 f. 8.°.

"Livro interessante e muito estimado; bela e nitidamente impres-.o. Muito raro." (Azevedo-

Samodães, pt. 2, p. 260)."Os

exemplares são raros..." (InocCncio, t. 7. p. 69)."Afora

esta relação, multas outras relações curiosas para a historia p:;tiia existem impieisas,

e são estimadas e procuradas para as colleções de:Kj gênero." (P. de Maus, p. 483).

Capitais ornamentadas.

Ex-libris da Bibliotheca Fluminense.

Felipe II (Filipe I de Portugal), rei da Espanha e de suas dependências americanas e

asiáticas (1556-1598) de Nápoles, da Sicília e de Pcnugal (1580-1598), filho de Carlos V,

imperador da Alemanha e rei da Espanha, e da imperatriz D. Isabel, filha do rei de

Portugal, D. Manuel, nasceu em Valladclid em 1527, e morreu no Escoriai em 1598.

Pedro Craesbecck, impressor — vide ref. 22.

6 SÉCULO XVII

25 BRUNO, Vicenzo. Meditações sobre os mysterios da paixam, resvrreiçam

e ascensão de Christo nosso Senhor, & vinda do Spiütu Sancto...

agora novamente tradvzidas de lingoagem Italiana na Portuguesa..,

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J0.?:237-3O4, 1983.

Page 253: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 256 -

pello P. Bras Viegas .. Em Lisboa, impresso por Pedro Craesbeeck

a custa de Miguel d'Arenas, 1601. 656 p. 8.°.

'•As Meditações foram sempre estimadas por sua linguagem correcta, doutrina solida e

p 398) Pl°S' C P°r SerCm mUIt° r3rOS C procurados os exemplares..." (Inocêncio, t. 1,

"A l.a edição d'este livro é rara" (1601). (P. de Matos, p. 560).

Capitais ornamentadas.

VÍCe?«oBwn° "aSCeU em Rimini' ItáIia' em I532- Foi médico, abandonando esta profissãoem 1558. Morreu no Colégio Romano, a 13 de agosto de 1594.Pedro Craesbeeck, impressor — vide ref. 22.As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao co-impressor.

26 [SCHOTTUS, Andreas] Hispaniae illustratae sev Rervrn vrbivmq. His-

paniae, Lvsitaniae, AEthopiae et Indiae... Francofurti, apud Clau-dium Marnium, & haeredes Iohannis Aubrij, 1603-1608. 4 t. 6.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 6, p. 314."Cette

collection est fort importante, et l'on s'en procure difficilement des exemplairescompkts" (Brunet, t. 5, c. 218).Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Exemplar incompleto: folha de rosto mutilada.O nome do autor não consta no exemplar referenciado.Carimbo da Real Bibliotheca.

Folha de rosto e verso da última folha do "Series

Eorum" com marca de André Wechel.Andreas Schottus nasceu em Antuérpia a 4 de setembro de 1552. Foi professor de Retórica,em Lovaina, e de Grego, em Salamanca e Saragoça. Morreu a 23 de janeiro de 1629.Claudius Marmus, impressor de Franckfurt, associou-se aos herdeiros de Joannes Aubrius.Lsou a marca de André Wechel que retratava Pégaso galopando no espaço sobre dua3cornucópias — símbolos da abundância — atravessadas por um cariuceu sustentado, porsua vez, por duas mãos safdas de nuvens. A marca não apresenta divisa.

27 ANDRADE, Diogo de Paiva de. Sermões... primeira [— terceira] parte. ..

recopilados dos proprios originais por f. Manoel da Coceição...Em Lisboa, por Pedro Crasbeeck, a custa de Simão de Carvalho,1603-15. 3 v. 8.°.

"São hoje bastante raros, especialmente o tomo III de que há menos exemplares . "

fino-cencio, t. 2, p. 169). k

rEiu'aj ainda a ümca dada a estampa. Muito rara." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p 80)

de rosto do v- 1 com cercadura e brasão não identificados. Este volume inclui retratado autor, gravado por P. P., monograma, possivelmente, do gravador Martino de Udine,denominado Pellegrino de San Daniele.

Folha de rosto do v. 2 com vinheta reproduzindo a tragédia do Calvário, e com imagemda Virgem da Conceição.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-Iibris manuscrito de "Francisco

de Pacheco".Carimbo da Real Bibliotheca.

Diogo de Paiva de Andrade, presbítero secular, nasceu em Coimbra em 1528 e douto-rou-se em Teologia pela Universidade de Coimbra. D. Sebastião de Portugal enviou-oao Concilio de Trento, em 1561, como representante de Portugal. Notabilizou-se por seuimenso saber teológico. Faleceu em Lisboa, a l.« de dezembro de 1575.Pedro Craesbeeck, impressor — vide ref. 22.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao co-impressor.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10):237-304, 1983.

Page 254: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 257 -

28 GOUVEIA, Antônio de. Jornada do Arcebispo de Goa Dom Frey Aleixo

de Menezes... recopilada de diuersos tratados... Era Coimbra, na

Officina de Diogo Gomez Loureyro Impressor da Vniuersidade, Anno

Díii 1606. 158 f. 6.°.

"Ê obra mui bem escripta, de grande mérito, e ainda mais estimada que rara... Os estran-

geiros a têem em grande conta, e nc Manual do Brunet vem com a nota de volume raroe procurado..." (Inocêncio, t. 1, p. 152)."Obra importante para a história da Igreja Católica no Oriente. Clássica e muito estimada. .

(Azevedo-Samodâes, pt. 1, p. 417)."Volume

rare." (Brunet, t. 2, c. 1683).

Folha de rosto coni brasão do Frei Agostinho de Jesus, arcebispo e Senhor de Braga.Capitais Cflrnamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Ex-libris de Francisco José da Serra.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: uma oval coroada, centrada por uma cruz vazia, encimando dois círculos:o primeiro com as iniciais G. A. e., e o segundo, com a letra I.

Antônio de Gouveia, augustinian-o, nasceu em Beja em 1575 e morreu na vila de Manza-nares, Espanha, a 18 de agosto de 1628. Foi bispo titular de Cirene na África, Embaixadore Legado pontifício na Pérsia, Lente e Prior no Convento de Goa.

Diogo Gomes Loureiro, impressor da Universidade e sucessor de seu sogro, o célebreAntônio de Mariz, é um dos mais insignes impres?ores de seu tempo, tendo exercidosuas atividades de 1600 até sua morte, 1649, em Coimbra.

29 HERREllA Y TORDESILLAS, Antonio de. Primera [— tercera] partede la Historia general dei Mundo... En Valladolid, por luan Go-

dinez de Millis; en Madrid, por Alonso Martin de Balboa, 1606-12.

3 v. 8.o.

"Os dous primeiros volumes são da reimpressão de Valladolid, edição rara, complementar da

l.a de Madrid de 1601-1612, á qual pertence o terceiro volume." (Cat. Salvador de Men-donça, p. 74).

Folhas de rofto com brasão de D. Juan de Zúniga, Conde de Miranda.Texto em 2 colunas.

Exemplar incompleto: falta o v. 1.Ex-libris de Salvador de Mendonça e ex-libris manuscrito de Joachin Gómez Lasso dela Vega.

Antonio de Herrera y Tordesillas, historiador espanhol, nasceu em Cuéllar, Segóvia, em1559, e morreu em Madri a 29 de março de 1625. Depois de terminar seus estudos na*Espanha, foi para a Itália secretariando Vespasiano de Gonzaga, vice-rei de Nápoles. Porrecomendação deste, telipe II o nomeou historiógrafo de Castela e das Índias, cargo queconservou em todos os reinados seguintes. O interesse de suas obras reside principal*mente na aburidancia de pormenores históricos. Seus trabalhos são recomendados por suaexatidão, pois quase sempre narram sucessos ocorridos em sua época. Seu nome figurano

"Catálogo de Autoridades de la Lengua".

As fontes biográficas consultadas não» fazem referência ao impressor e ao co-impressor.

30 YVYTFL1ET, Corneille. Histoire vniverselle des Indes Occidentales...

A Dovay, Chez François Fabri, l'an 1607. 3 pt. em 1 v. 4.°.

Apud Graesse, v. 4, t. 6, p. 481.Folha de rosto com brasão da Espanha e com timbre da Albassiana Bibliotheca em vermelho.Capitais ornamentadas. Vinhetai.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0i:237-SQ4, 1983.

Page 255: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 258 -

Marca d'água: I) uraa circunferência centrada por figura não identificada; 2) umailor-de-hs heráldica com o aspecto de uma gaita de fole.

Corneille Wytfhet, historiador e geógrafo, nasceu em Lovaina em meados do séc. XVInão se sabendo a data de sua morte. 'Foi, durante vários anos, secretário do rei.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor.

31 [SCHOTTUS, Andreas] Hispaniae Bibliothcca sev De Academiis acBibliothecis... Francofvrti, apud Claudium Marnium & haeredesloan. Aubrii, 1608. 3 t. em 1 v. 4.°.

•'Cet ouvrage contient, non seulement la notice des bibliothèques ct des Académies de

1 Espagne, mais il donne une idée de la situation des lettres dans ce royaume à la findu seizième siòcle. — À la p. 251, le P. Schott promet une 4.e partie, qui n'a pas étépubliée.

' (Sommervogel, t. 7, c. 884) .

"The fourth part projectcd by the author (cf. p. 251), was never published." (LC 42,

v. 133, p. 430).

tL(3UpU1314)

CCt 0UVra®e rarissime s'est seulement A. S. Peregrinus." (Graesse. v. 3,

Capitais ornamentadas. Vinhetas.Exemplar incompleto: folha de rosto mutilada.Folha de rosto e verso da última folha do

"Series Eorum" com marca de André Wechel.Carimbo da Real Bibliotheca.

A,ndreas, Schottus, autor — vide ref. 26.

Claudius Marnius, impressor, e herdeiro de jfoannes Aubrius, co-impressores - vide ref. 26.

32 GALENCT Galeni librorvm prima [~ sexta] classis... Venetiis, apvdIvntas, 1609. t. 1-3, 5-6 em 3 v. 8.° (vide ref. 17 e 20).

Apud Graesse, v. 2, t. 3, p. 8; e Brunet, t. 2, c. 1449.Ha várias versões dos seus trabalhos... certas versões são notáveis, como... a Giumina

(Veneza, ly41) com suas 9 tiragens." (Gde. Ene. Port. c Bras., v. 12, p. 59) ."Les meilleures de ces réimpressions sont celles de 1586 ou 1597, 1600 1609 et 1625 "

(Nouv. Btog. Gén., t. 19, c. 250).Capitais ornamentadas. Vinhetas.Exemplar incompleto: falta o temo 4.Ex-libris de

"Philosophie Doctoris Josephi Marie Ceppi" nos tomos 1, 2 e 5.

Carimbo da Real Bibliotheca nos tomos 1-3 e 6.Folha de rosto com cercadura e marca da família Giunti.Marca d'água: vide ref. 20, marca d'água 2.

Galeno, autor — vide ref. 17.

Luc'Antonio Giunti e herdeiros, impressores — vide ref. 11.

33 JOÃO DOS SANTOS. F.thiopia Oriental e varia historia de covsas fiotãueis do Oriente. Impressa no Conuento de S. Domingos de Etiora,

por Manoel de Lira impressor, Anno 1609. 2 pt. em 1 v. 8.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 6, p. 269."Lord Stuart possuía um exemplar d'esia obra, que no Catalogo da sua livraria vem

descripta sob n.° 3489 com a indicacão de summamente rara." (Inocéncio, t. 4, p. 31) ... ura dos bons clássicos portugueses dos séc. XVI e XVII. Edição primitiva. Os exem-

Í?íaríSvÍ^VAD?J^MEN/1'E PRECIOS°S E DE ALTÍSSIMO VALOR, são presentemente,de EXTREMA RARIDADE." (Azcvedo-Samodãcs, pt. 2, p 470)"Obra

notabilissima..." (Anselmo, p. 209).

An, Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103\237-304, 1983.

Page 256: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 259 -

"É obra rara e estimada..." (P. de Matos, p. 523).Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas. Caracteres romanos e aldinos.Folha de rosto da parle 1 gravada a buril por Bras Nunes.

Prólogo da parte 2 rematado por duas vinhetas ornamentais gravadas em madeira: a

primeira delas reproduz a imagem de S. Domingos, curiosamente entre um cervo e acabeça de um demônio, e a segunda, um florão.

Ex-libris de João Antônio Marques.

Marca d'água: 1) a palavra THOMAI; 2) á letra P centrando uma vinheta.

João dos Santos, religioso dominicano, nasceu em Évora, em meados do século XVI, emorreu no convento de sua ordem, em Goa, em 1622. Missionou no Oriente com o frei

João Madeira, da mesma ordem. Levantou igrejas, administrou algumas delas e colheu

preciosas informações sobre a riqueza mineral, as espécies zoológicas, a flora e o climade Moçambique. Revelou na sua obra todos os conhecimentos obtidos e que muito contri-buíram para o progresso científico de Portugal no século.

Manuel de Lira, impressor — vide ref, 18.

34 MARIZ, Pedro de. Historia Do Bemauenlurado Sara Ioão de Sahagum

... Em Lisboa, per Antonio Aluarez, anno do Senhor 1609. 2 pt.em 1 v. 8.°.

"Obra clássica e muito estimada. Os exemplares são rarissimos..(Azevedo-Samodães, pt.

I, p. 600).

Folha de rosto com brasão gravado a buril de D. Francisco de Sandoval y Rojas, Duquede Lerma.

Folha 176 com vinheta ornamental.

Parte 2 com brasão de D. Catherina de Zúniga y Sandoval, Condessa de Lemos e Andrade,Marquesa de Sarria.

Ex-libris de João Antônio Marques e ex-libris manuscrito da "Livraria

Meivilla".

Pedro de Mariz, presbítero nascido em Coimbra, morreu em Lisboa a 24 de novembrode 1615. Filho do impressor Antônio de Mariz, teve várias instruções da história sc-cular—

principalmente de Portugal, e dos preceitos de poesia. Pedro de Mariz parece ser omesmo que foi escrivão da Torre do Tombo, em Lisboa.

Antônio Álvares, impressor do Arcebispo de Lisboa, era um dos mais notáveis tipógrafos

portugueses. Exerceu suas atividades até 1623, data provável de sua morte, quando seufilho, de mesmo nome, assumiu a direção da oficina. Usou como marca um braço saindode uma nuvem, tendo um falcão pousado na mão, e embaixo um leão dormindo, tudonuma oval com a divisa

"Post tenebras spero lucem."

35 ESCOLANO, Gaspar. Década primeira de la insigne, y Coronada Ciudad

y Reyno de Valencia... En Valencia, por Pedro Patrício Mey,

1610-11. pt. 2. 2006 c. 8.°.

Apud Graesse, v. I, t. 2, p. 501."Histoire

la meilleurc et la plus complete que l'on ait de cette province. Lcs exemplaireshien conservés en sont très-rares. .(Brunet, t. 2, c. 1056).Iolha de rosto com cercadura formada por retratos de valcncianos insignes, tendo na

parte inferior a imagem de um santo ladeado por S. Jorge e pelo brasão das armas,

provavelmente, de Aragão.

Capitais ornamentadas.

Texto em 2 colunas.

Marca d'âgua: 1) uma cruz latina presa num cordão; 2) três circunferências alinhadasna vertical. As esferas superior e inferior estão vazias: a esfera do centro contím as iniciaisG. A. G.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao autor e ao impressor.

An. Bibl. Nac„ Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 257: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 260 -

36 ZURITA Y CASTRO, Jerónirao. Anales de la corona de Aragon... 3. ed.Impressos en Çaragoça, en el Colégio de S. Vicente Ferrer, por Lo-renço de Robles, Impressor dei mismo Reyno, Ano 1610-21. t. 1-5, 7. 8.°.

Apud Graesse, v. I, t. 2, p. 309."Esta

coleción es estimada..." (Palau, t. 7, p. 263)."De

Zurita dice Cejador: Fué el primer historiador científico y, à la vez, artística deEspafia y sigue siéndolo.(Espasa, v. 70, p. 1566)."Ouvrage

très-estimé." (Brunet, t. 2, c. 445) .Folhas de rosto com brasão de Aragão e caracteres em vermelho e negro.Capitais ornamentadas. Vinhetas.Texto em 2 colunas.

O v. 7 corresponde ao índice dos seis primeiros. Este tomo já havia sido impresso era1604, mas a reimpressão de 1621 é a que se adapta à 3. ed. dos "Anales..."

Exemplar incompleto: falta o tomo 6.Ex-libris manuscrito de "Tristão-Guevestes"

nos t. 1-3.Carimbo da Real Bibliotheca nos t. 1-5.

Marca d'água: 1) um brasão com quebra de bastardia e duas torres, encimados poresfera retratando um eclipse e centrada pela letra N; 2) esfera centrada pelas iniciais E. P.;3) uma cruz de Cristo numa oval e as iniciais A. A.; 4) três circunferências alinhadasna vertical; a primeira centrada por uma cruz vazia, a segunda com as iniciais B. L.e a última com a letra S.

Jerónimo Zurita y Castro, historiador, nasceu em Saragoça em 1512, e morreu em 1580.Pertenceu a ilustre e antiga família aragonesa. Suas relevantes qualidades c. seu talentochamaram a atenção de Carlos V que, em 1530, o nomeou Gentil Homem da Câmara.Foi secretário da Inquisição em Madri. Seus "Anales

de la Corona..." c ocuparam pormais de 30 anos. Morreu aos 68 anos no Convento dos Jerónimos de Santa Engvacia. Doousua rica biblioteca aos '"Cartujos

de la Casa de Dios", nos arredores de Saragoça, e amaior parte dos livros foi levada para o Escoriai em 1626.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor.

37 BARBOSA, Agostinho, bispo de Ughento. Dictionarivm Lvsitanico latinvm

ivxta seriem alphabeticam optimts, probatisq doctissimorum Ancto-

rum.,. locupletatum... Bracharae, sub signo Iesvs suprà duabus Por-

tunis Typis Sc expensis Fructuosi Laurentij de Basto, 1611. 1304 p. 8.°.

"Apreciada e muito rara." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 85). "Não

tenho notícia de quejamais se reimprimisse, e os poucos exemplares que d'elle appareciam á venda corriam...em bom estado de conservarão." (Inocéncio, t. 1, p. 14^ .Folha de rosto com caracteres em vermelho e preto.Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Folha de rosto com marca, provavelmente de Frutuoso Lourenço de Basto, com a divisa:"In homine vincit omnia timor domini et veritas" e

"IHS".

Agostinho Barbosa,_ jurisconsulto português e bispo de Ughento no reino de Nápoles,nasceu em Guimarães em 17 de setembro de 1590 e morreu no seu bispado em 19 denovembro de 1649. Aos 21 anos escreveu o "Dictionarivm

Lvsitanicolatinvm", que foiimpiesso em Braga e mereceu os mais rasgados elogios. Quando rebentou a revoluçãode 1640, por não manter boas relações com o Duque de Bragança, estabeleceu residênciaem Roma, onde foi, em 1618, escolhido para bispo de Ughento.

Frutuoso Lourenço de Basto foi um impressor português do século XVII estabelecidocm Braga. Conhcce-se um alvará de 9 de maio de 1625, dado por Filipe III de Portugal,em que lhe é concedida licença para passar as máquinas e negócio a seu irmão FranciscotFernandes de Basto, que gozaria de todos os privilégios dos Cavaleiros da Casa Real,

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 20*237-304, 1983.

Page 258: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 26 í -

como os tinha e continuaria a ter Frutuoso Lourenço, sem embargo do traspasso e de

ficar aposentado.

38 PAULO DA CRUZ. Enromio de S. Vicente e de svas translações... Em

Lisboa, Impresso cõ as licenças necessarias por Iorge Rodriguez, Anno

de 1614. 48 f. 8.°.

"Ê edição muito rara e inteiramente desconhecida de Barbosa." (Inocêncio, t. 6, p. 362).

"Acha-se reimpresso nâ Vida e Martyrio de S. Vicente, por Diogo Pires Cinza, livro também

raro." (P. de Matos, p. 212) .

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris de Francisco José da Serra.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Paulo da Cruz, franciscano, nasceu em Lisboa, onde também morreu, ou em Medina dei

Campo (Espanha), segundo alguns autores, a 13 de setembro de 1631. Chamou-se no

século Jorge Fernandes, e era conhecido como "íradinho da rainha", pois D. Catarina,

esposa de D. João III, mandou-o vestir a roupa de religioso franciscano e estudar Hu-

manidades. Compôs diversas poesias e, cm 1614, alcançou o primeiro prêmio em verso

latino. Deixou algumas obras manuscritas.

Jorge Rodrigues, impressor de livros, estabeleceu-se na primeira metade do século XVII

em Lisboa e, a partir de 1632, em Portalegre.

39 PIO II, Papa. Pii Secvndi Pontijicis Max. Commentarii rervm memora-

bilivm, qvae temporibvs svis contigerunt... Protast Francofurti, in

Officina Avbriana, Anno 1614. 959 p. 6.°.

"A sua obra mais valiosa é... Pii 11 commentarii rerurn memorabilium quae temporibus

suis contigerunt, história do seu tempo, escrita de maneira interessante e bem ordenada."

(Gde. Ene. Port. e Bras., v. 21, p. 891) .

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Folha de rosto com marca da Oficina Aubriana.

Pio II nasceu em Corsignado — hoje Jienza — em 1405, e morreu cm Ancona, era 1464.

Teve papel de destaque no Concilio de Basiléia. Bispo de Siena em 1449, c cardeal em

1456, não conseguiu, quando Papa, aliar os príncipes cristãos contra os turcos. Reagiu às

teorias conciliares e obteve de Luís XI a ab-rogação da Sanção Pragmática (1461). Deixou

importante obra poética e histórica. Sua vida inspirou um ciclo de pinturas de Pinturicchio,

para a biblioteca da catedral de Sicna. Seu nome secular era Enea Silvio Picccxlomim.

Oficina Aubriana: os herdeiros do impressor Joannes Aubrius, associados a Claudius Marnius,

sc serviram da Tipografia Wechtliana e adotaram a marca (vide ref. 26) e o monogra:na

de André Wechel. O monograma consiste numa cruz em "posição

pervertida" (vide ref. 10) ,

formando o número 4 sobre a letra "A" entrelaçada com o "W". André Wechel, origina-

namente instalado em Paris, foi para Frankfurt por causa das perseguições religiosas

naquele local.

40 GODINHO, Nicolau. De abassinorvm rebvs... libri tres... nunc pri-

iniim in lucem eraissi. Lvgdvni, Sumptibus Horatij Cardon, 1615.

4S0 p. 8.°.

"Obra importante para historia das missões e do nosso domínio nas índias Orientaes

e na Abissinia (Ethiopia Oriental) durante parte da primeira e parte da segunda metade

do século XVI. Apreciável e rarissima". (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 386).

Folha de rosto com caractefes em vermelho e preto.

Reforço da lombada em papel impresso em vermelho e pveto com caracteres romanos.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, /0.?:237-3O4, 1983.

Page 259: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 262 -

Capitais ornamentadas. Vinhetas.Folha de rosto com marca de Horace Caidon

ssa"i?tni;;ou jrx„r ru ¦cr-nr. uma a°'d'-ih«—«"««.»»

sapientibus", e cL súaslnii, "* h°m°ntt' C°m a di™* "A

"«ni, et,

41 PEREIRA, Antônio Pinto. Historia da índia no tempo em qve a governovo visorey Dom Lvis de Ataide. Em Coimbra, Na Impressam derncolao Carualho, Anno Doraini de 1616. 2 pt. em 1 v. 8.°.

C!"!. ha tambcm «cemphres com data de 1617, nos quaes só o rosto é diffe-icnte, sendo alias a me:ma edição de 1CI6.Ê livro raro, e foi sempre tido em estimação." (Inocêncio, t. 1 p 238)

Msg'"fica cdiçao <a únia até hoie exis'£nte) ¦" <Azcvfdo-"É

livro raro e estimado." (P. de Matos, p. 460).

esquerda6

^ ^ bra?3° d" POrlUgaI e com caPitaI ornamentada, colada na lateral

SrK

~Mb"^=ntiECad° 162 « «•«» José da Serra.

r^rrr encimando dois —

mamente, por drligéncia de dlc™ ' ^ "" »—

Nicolau Carvalho, foi impressor da Universidade de Coimbra até 1633 data dtovWI a*&Ua m°,íe' *«*> foi cedido pelo filho, Manuel Carvalho (vide íef ^7)?

42 CABRERA DE CÓRDOBA, Luís. Filipe segundo rey de Espana... EnMadnd, Por Luis Sanchez impressor dei Rey N. S., ano 1619. 1240 p. 8.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 2, p. 3.

(Palaü! Wbl:0gráfÍC0 1 diticil de hallar comPleto 7 ™ bua estado..."

s" °bra más imPO«ante es Ia Historia de Felipe II..." (Espasa, t. 10, p 209>íolha de rosto gravada por Pedro Perret. 'Capitais ornamentadas.

Texto em 2 colunas.

FnTh9deHna^°t graV3da Cm d0UratJ° com as iniciais P- C., sobrepostas numa oval florcadaíolha de rosto com marca de Luis Sanchez.

Marca d'água: 1) uma linha sinuosa; 2) um jarro coroado centrada pela letra M.I u/s Cabrcra de Côrdoba, historiador c homem de estado espanhol, nasceu em Madri cml:»9, c morreu em Entrou muito jovem para a administração pública Ê>cre,™

r'C

K 1,011 de Gó"8°ra- Sn» contemporâneos o tiveram0iande estima, c Cervantes o menciona, com elogio, em seu livro "Viaje

al Parnaso"

^atortí/r; imoriZ PC'° '">mt Iati"° Llltk""'™s «M «ip*-graio regio e imprimiu paia Juan de Bonilla, livreiro de Saragoca com o cmal a^nrirm•se. Usou como marca o brasão da Espanha com a legenda •

lost'tene"™ ^ero Tcem":

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 20.7:237-304, 1983.

Page 260: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 263 -

43 GÓIS, Damião de. Chronica do felicíssimo Rey Dòm Emanvel¦ • . Em

Lisboa, por Antônio Aluarez Impressor, &: Mercador de Liuros, E

feita a sua custa, anno 1619. 349 f. 8.°.

Apud Graesse, v. 2, t. 3, p. 102.

Folha de rosto era vermelho e preto com timbre das armas dc Portugal e com brasão

de D. Teodósio, Duque de Bragança.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Encadernação gravada com brasão de Portugal.

Carimbo da Real Bibliothcca.

Marca d'água: uma coroa com a letra P grifada e o número 2.

Damião de Góis, historiador e humanista português, nasceu em Alenquer, em fevereiro de

1502, e morreu em 1574. Entrou em 1511, como pagem, para o serviço do Paro.

Dedicado à erudição e às artes, foi cantor, músico e colecionador de pinturas. Foi, mais

tarde, acusado pelo Santo Ofício de praticar a religião luterana, sendo condenado a

cárcere penitencial perpétuo. Damião de Góis foi o último dos grandes cronistas-mores

do Reino.

Antônio Álvares, impressor — vide ref. 34.

44 VASCONCELOS, Jorge Ferreira de. Comedia Avlegrafia... agora no-

vãmente impressa a custa de Dom Antonio de Noronha... Em Lis-

boa, Por Pedro Craesbeeck, Anno 1619. 190 f. 8.°.

"Edição primitiva (pelo menos não é conhecida qualquer outra anterior); é a única até hoje

publicada. Muito estimada pelos bibliófilos... de extrema raridade." (Azevedo-Saraodães,

pt. 1, p. 339)."Das tres comédias de Jorge Ferreira, a Avlegrafia é a mais rara..." (Inocêncio, t. 4, p. 169).

Folha de rosto com vinheta retratando ura vaso de flores.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Jorge Ferreira de Vasconcelos, um dos mais antigos dramaturgos portugueses, morreu em

Lisboa, em 1585. Suas comédias em prosa, "Eufrosina", "Ulissipo"

e "Avlegrafia",

são

uma representação minuciosa dos costumes e caracteres da época, puramente nacional, e

muito interessantes sob o ponto de vista histórico e lingüístico. Pertenceu à Corte do

Príncipe D. Duarte e foi escrivão dos departamentos Colonial e de Fazenda.

Pedro Craesbeeck, impressor — vide ref. 22.

45 SILVA, Bernardino. Defensam da monarchia Ivsitana... Em Coimbra,

Na officina de Nicolao Carualho, Anno 1620-7. 2 pt. em 1 v. 4.°.

"Ê obra rara e estimada." (P. de Matos, p. 526)."Obra interessante e de muito merecimento, incluída na lista dos livros portugueses consi-

derados clássicos, e por isso muito mais estimada. Única edição vinda à lume até hoje.

Os exemplares são actualmrnte bastante raros." (Vzevedo-Samodães, pt. 2, p. 539).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris de João Antônio Marques c ex-libris manuscrito a tinta de "An.to

Lestana de

Miranda".

Bernardino Silva, monge da ordem de São Bernardo e doutor ein Teologia pela Universidade

de Coimbra, nasceu em Lisboa em 1569, e morreu era Alcobaça a 8 dc fevereiro de 1641.

Foi, alem dc outras coisas, confessor das freiras dc Arouca e Abade do Convento de

Odivelcs. Ao ver censurada, por Diogo de Paiva de Andrade no Exame de Antiquidades,

a obra de Fr. Bernardo de Brito "A

Monarquia Lusitana", saiu em sua defesa, publicandoa

"Defensam da monarchia Ivsitana".

Nicolau Carvalho, impressor — vide ref, 41.

An. Bibl. Nac„ Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 261: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 264 -

46 BARREIRA, Isidoro de. Tractado das signif/cac.oens das plantas, flores,e frvctos que se referem na sagrada Escriplura. Em Lisboa, Por PedroCraesbeeck Impressor dei Rey, Anno 1622. 614 p. 8.°. (Vide ref. 127).

"Estimada. l.a edição, muito rara." (Azevedo-Samodâes, pt. 1, p. 93) ."Deste

livro é mais rara a 1.a edição." (P. de Matos, p. 57).Folha de rosto com a cruz da Ordem de Cristo.Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Páginas 376 e 377 com vinhetas retratando jarros com flores.Ex-libris manuscrito de um

"Seminário"... não identificado e de

"Manoel da Fonseca

Pachao Guedes".

Marca d'água: duas circunferências alinhadas na vertical; a esfera superior retrata umeclipse e a inferior está vazia.

Isidoro de Barreira, frei da Ordem de Cristo, floresceu no século XVII. Professou m>Convento de Tomas a 7 de março de 1606, onde morreu em 1634. Foi um bom oradorfacro.

Pedro Craesbeeck, impressor — vide ref. 22.

47 MIRANDA, Francisco de Sá de. Comédias famosas portvguesas... EmLisboa, Por Antonio Aluarez Impressor, & mercador de liuros, Efeitas a sua custa, Anno 1622. 157 f. 8.°.

"Peças clássicas e muito estimadas. Edição reproduzindo fielmente o texto revisto e emen-dado pela Inquisição. Apesar disto, em 1628, foi incluída no Index dos livros proibidospublicado neste ano. Muito vara." (Azevcdo-Samodãe-í, pt. 2, p. 393) ."Poucos

exemplares r>parecem desta edição." (Inocêncio, t. 3, p. 53)."As obras de Sá de Miranda foram sempre procuradas e estimadas." (P. de Matos, p. 505).Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Folha de rosto com anotações manuscritas a tinta: "Expurgadas pcrr ordem do Sto. Offírio

D. João..Carimbo da Real Bibliotheca.

Francisco de Sá de Miranda, escritor português, introduziu as novas formas literárias doRenascimento, surgidas na Itália. Nasceu em Coimbra, provavelmente a 28 de agostode 1481, e morreu em Tapada, Minho, em 1558. Entre os que o acompanharam nareforma literária estavam Diogo Bernardes, Pero de Andrade Caminha, Francisco deSá de Meneses, D. Manuel de Portugal. Foi sepultado na Igreja de S. Murtiuho de Cai-razedo.

Antônio Alvares, impressor — vide ref. 34.

48 GONZÁLEZ DÁVILA, Gil. Teatro de Ias grandezas de la Villa de Ma-drid.. . En Madrid, por Thomas Iunti Impressor dei Rey, 1623.540 p. 6.°.

"É obra interessante e de bastante merecimento histórico, e a edição muito bela, extrema*

mente rara." (Azevedo-Sainodães, pt. 1, p. 413)."Este apreciado libro para sei- bien completo debe contener 1 lâmina y Ias paginas 195,196, 197 y 198 repetidas. Hay ejemplarcs en gran papel, pero son raros." (Palau, 6, p. 283).Folha de rosto gravada a buril por Juan Schorguens com brasão da Espanha e retratos deD. Afonso VI e de D. Filipe II.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas com numerosos retratos gravados a buril.Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: 1) uma flor-de-lis coroada; 2) uma âncora centrando uma circunferência

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 70.3:237-304, 1983.

Page 262: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 265 -

encimada por vinheta; 3) um sol esquartí-Iado com as iniciais S., A., D. e P., encimando

as iniciais F. e P.

Gil González Dávila, religioso dominicano espanhol, nasoeu em Ávila em 1578, e morreu

em 1658. Estudou em Roma e, voltando para Salamanca em 1612, foi nomeado cronista

dos reis. Seu nome figura no "Catalogo de Autoridades de la Academia de la Lengua

e Lope de Vega o elogiou em seu "Laurel de Apoio".

Thomas Giunti, impressor desde 1596, era provavelmente filho de Bernardo Giuoti,

e neto de Filippo Giunti. Thomas estabeleceu em Madri uma oficina de tipografia que

se distinguia pela beleza e pela correção, tal e qual seu avô e o irmão deste, Luc'Antonio

Giunti (vide ref. 1!) .

49 ROBOREDO, Amaro de. Porta de línguas ov modo mvito accomodado

para as entender publicado primeiro com a tradução Espanhola.

Agora acrescentada a Portuguesa... Em Lisboa, Da officina de

Pedro Crasbeeck impressor dei Rei, Anno de 1623. 312 p. 8.°.

"Obra filolóeica muito interessante e estimada, e que se considera clássica, ünica edição

publicada até o presente. Os exemplares são MUITO RAROS." (Azevedo-Samodães. pt. 2,

'Todas estas obras tão hoje raras, e de alguma estimação." (P. de Matos, p. 492) .

Folha de rosto com brasão, possivelmente o de D. Francisco de Castelbrando, Conde de

Sabugal.

Emblema eclesiástico da Companhia de Jesus na p. 306.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em português e latim com caracteres aldínos e romanos, respectivamente.

Amaro de Roboredo, notável filólogo, viveu no século XVII. Foi escolhido pelo arcebispo

de Évora D Diogo de Sousa, para seu secretário em 1610. Era homem de excepcional

cultura e de espirito superior à sua época. Ensinou a língua portuguesa e o Latim, delineou

os princípios gerais da gramática e da gramática comparada, e defendeu uma reforma

do método de ensino da língua latina.

Pedro Craesbeeck, impressor — vide ref. 22.

50 FREITAS, Serafim de. De Ivsto Império Lvsitanorvm Asiático... Valli-

soleti, Ex Officina Hieronymi Morillo, Almae Vniversitatis Typo-

graphi, 1625. 226 f. 8°.

"Estimada. Muito rara." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 367).

Folha de resto com caracteres cm vermelho e preto.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris de Francisco José da Serra e ex-libris manuscrito de "P... Saldanha .

Carimbo da Real Bibliotheca.

Folha de rosto com marca de Gerónimo Morillo.

Serafim de Freitas, escritor português do século XVII, homem de rara cultura, foi mestre

em Teologia Sagrada, professor de Direito Canônico em Valladolid, e Juiz Conservador

das ordens militares de Portugal em Castela.

Gerónimo Morillo, impressor da Universidade, imprimia por Antonio-Lopez Calderón. Usou

como marca o brasão da Espanha.

51 LOPES, Francisco. Sam Gonc,alo de Amarante nacimento, criac,ão, vida,

morte, Sj milagres. Em Lisboa, Por Geraldo da Vinha, Anno 1627.

126 f. 8.°.

"Clássico. Obra apreciada. Primeira edição. Muito rara." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 555).

"As primeiras edições dos poemas aqui mencionados são raras e estimadas." (P. de Maios,

p. 356).

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 703:237-304, 1983.

Page 263: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 266 -

Folha de rosto com a imagem de S. Gonçalo gravado em madeiraCapitais ornamentadas.

1 exto em versos. Caracteres romanos.Ex-libris de Diogo Barbosa Machado.Carimbo da Real Bibliotheca.

LÍVle,fí?; escritoi;.e poeta do século XVII, nasceu em Lisboa. Por alvaráde 29 de agosto de 1648, sua viuva, Maria de Gouveia, teve 10 anos de príviléeio uarareimprirmr e vender várias de suas obras, inclusive a vida de São Gonçalo do Amarante.

?—,daHVi";h\ÍmP:eSS0,r dM SéCUl°S XV!I S XVIn- nascimento.

pro-

íeS T nrintír. H - 7 í- 1 -VlgnC' imPress0res em Pa™- Das suas oficinas saiu, em1623, a pumeira edição da História de São Domingos, de Frei Luís de Sousa.

52 ORDEM DE CRISTO. Definic,oes e estatvtos dos cavalheiros & Freires daOrdem de N. S. lesu Christo... Em Lisboa, Por Pedro Craesbeeck,impressor dei Rey, Anno 1628. 304 p. 6.°.

"... Livro estimado. Primeira edição muito rara." (Azevedo-Samodães, pt. I, p. 278).

Folha de rosto com cercadura e a cruz da Ordem de Cristo. Inclui 4 folhas que apresentamas diversas cruzes da Ordem de Cristo.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Marca dágua: uma oval coroada, centrada por uma cruz vazia, encimando dois círculos:o primeiro, com as iniciais D. G. e P.; e o segundo com a letra M.

A Ordem dc Cristo foi fundada pelo rei de Portugal, Dom Dinis I, a 14 de aSostode 1318 e aprovada pelo Papa João XXII em 1319. Esta ordem militar e religiosa era umaíeconstituiçao disfarçada dos Templários e deu origem à ordem de

"Cristo Romano".

A insígnia e formada por duas cruzes superpostas em vermelho.

Pedro Craesbeeck, impressor — vide ref. 22.

53 RENDELLA, Prospero. Tractatvs de vinea, vindemia et vino... Venetiis,Apud Iuntas, 1629. 126 p. 6.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 6, p. 87.

Folha de rosto com caracteres em vermelho e preto.Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Ex-libris manuscrito de "Luis

Corrêa".

Folha de rosto com marca da família Giunti.Marca d'água: as iniciais M. M. ligadas por ura losango encimado por vinheta.

Prospero Rendella, jurista, nasceu era Monopoli, Itália, no século XVI.

Giunti, família de impressores — vide ref. 1!.

54 MACEDO, Antônio de Sousa de. Flores de Espana excelencias de Portv-

gal... En Lisboa, Impressas por Iorge Rodrigues, ano 1631. 268 f. 6.°.

"... Primeira edição, muito rara... impressas por Iorgc Rodrigues Ano 1631..." (Azevedo-

Samodãcs, pt. 2, p. 589)."...

Não pode deixar de ser tido como um monumento de erudição, escripto com muitadiligencia e curiosidade..." (Inocêncio, t. I, p. 276).Folha de rosto com brasão de Portugal.Capitais ornamentadas. Vinhetas.Cortes em vermelho.

Carimbo e ex-libris manuscrito a tinta da Real Bibliotheca - Casa do Infamado.Marca d água: um brasão partido, coroado, com as iniciais I e Y.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10):237-304, 1983.

Page 264: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 267 -

Antônio de Sousa de Macedo, estadista, diplomata, jurlsconsulto e escritor, autor suposto

da famosa "Arte de furtar", fidalgo da Casa Real, nasceu no Porto, sendo batizado a

15 de dezembro de 1606, e morreu em Lisboa, a 1.° de novembro de 1682. Gabou-se da

sua fidalga estirpe no livro "Flores de Espana", escrito na juventude, & Afonso M, no

intuito de premiá-lo pelos esforços que envidou para que toda a Amazônia Ceasse poitu-

guesa, fê-lo senhor da Ilha Grande de Joannes, atual Marajó, outorgando a seu filho, Luís

Gonçalo de Macedo, o título de barão da mesma ilha.

Jorge Rodrigues, impressor — vide ref. 38.

55 ORDEM DE AVIS. Regra da cavallaria e Ordem Militar de S. Bento de

Avis. Em lisboa, por Yorge Royz, ano 1631. 224 f. 6.°.

'¦Resras clássicas c muito estimadas. Edição bastante rara." (Azcvedo-Samodaes. pt. 2, p. 237).

Folha de rosto gravada a buril cora as imagens de S. Bento, da Virgem de Conceição e de

São Bernardo, centrada pelo brasão de Portugal.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris da Bibliotheca Fluminense.

Marca d'água: vide ref. 20, marca d'água 2.

A Ordem de Avis, ordem militar portuguesa, fundada por D. Afonso Henriques em 1147,

recebeu a regra de São Bento e depois a de Cister. Teve inicialmente o nome de Nova

Ordem" seguindo-se "Real Ordem Militar de S. Bento de Avis", Ordem Mihtai de Avis

e. finalmente, '"Ordem de Avis." Foi extinta cm 1910, com a implantaçao da Republica

e restabelecida em 1917 com menos efeitos honoríficos.

Jorge Rodrigues, impressor — vide ref. 38.

56 CUNHA, Rodrigo da, arcebispo dc Lisboa. Tractalvs de primatv Biacha-

rensis ecclcsiae in vniversa hispania. .. Bracharae, Ex officina loannis

Roderici, Anno Dni 1632. 246 p. 6.°.

"R/ira." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p 272) .

Folha de rosto com brasão do autor, gravado a buril.

Capitais ornamentadas.

Texto em 2 colunas. Caracteres romanos e aldinos.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: uma cruz vazia centrando uma oval.

Rodrigo da Cunha, eminente prelado, um dos mais enérgicos e entusiastas defensores da

independência portugue;a quando do domínio castelhano, nasceu em Lisboa, em setembio

de 1377 Estudou Humanidades e doutorou-se na Universidade em Dncilo Canonico. D.

Rodrigo da Cunha era benquisto pelo povo, não só por seus sentimentos patrióticos, como

também por sua caridade. Morreu pobre, em Lisboa, a 3 de janeiro de 1643.

Toão Rodrigues, impressor em Lisboa e depois no Porto, estabeleceu-se em Braga por

mandado de D. Rodrigo da Cunha, prelado a quem servia. Consta_ que um nnpres.or de

mesmo nome dirigia (em 1647) a oficina de Lourenço de Anvers nao se podendo deduzir,

no entanto, se é ou não o mesmo indivíduo (vide ref. 70).

57 IGREJA CATÓLICA. Bispado de Évora. Estatutos do Cabido da Sé de

Évora. Creações dos benefícios delia, e regimento dos seus officios,

e ministros. Em Évora, por Manoel Carvalho, anno 1635. 105 f. >1.°.

"Os poucos exemplares que iVelles tenho visto não trazem folha de rosto." (Inocêndo, t. 2,

p. 235)."É opusculo raro." (P. de Matos, p. 233).

Capitais ornamentadas.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, Í0.?:237-3O4, 1983.

Page 265: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 268 -

Exemplar incompleto: fato a folha de rosto, substituída por cópia manuscrita no versoda folha de guarda.Marca d'água: vide ref. 28.

O Bispado de Évora teria existido no principio do século IV, época em que seu bispoQumciano, esteve presente ao Concilio de Elvira (atualmente Granada). Alguns au.Jrespoitugueses afirmam que o primeiro bispo de Évora foi o romano São Mâncio discípulode Jesus Cristo, enviado pelos apóstolos à Espanha. '

Dominóoficina em ívora'que era da Uni-

58 TOMAS, Manuel. Insvlana. Era Amberes, Era Caza de Ioam MevrsioImpressor, Anno de 1635. 514 p. 8.°.

"... Poucos tenho visto no mercado." (Inocêncio, t. 6, p. 119).

Edição única, MUITO RARA." (Azevcdo-Samodães, pt. 2, p. 644).É um poema heroico em dez livros de oitava rima. É livro estimado." (P. de Matos, p. 547).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres romanos e aldiuos em vários corpos.Exemplar incompleto: falta a folha de tosto e as p. 485-514.

Manuel Tomás, poeta gongórico, nasceu em Guimarães em 1585 e morreu na Ilha da Ma-a a 10 de abril de 1665. Muito novo, foi para esta ilha, onde passou o resto de sua vida,

e segundo consta, foi assassinado com a idade de 80 anos pelo filho de um ferrador. Foisepultado no Convento de S. Francisco do Funchal.

Jean van Meurs, livreiro de Antuérpia, trabalhava só ou em sociedade com a viúva deJean Moretus e com Baltliasar Moretus. Prestou serviços inumeráveis às letras pelas váriasedições de autores gregos que publicou. Usou como marca uma galinha chocando seus ovos,ou um fruntisplcio ornamentado de acordo com o assunto da obra, sob a insígnia "A

laPoule grasse', com a divisa "Noctu incubando diuque".

59 CABREIRA, José. Navfragio da nao N. Senhora de Belem. Feyto na terra

do Natal no tabo de Boa Esperança... Em Lisboa, Por LourençoCraesbeeck Impressor d'El Rey, Anno de 1636. 72 p. 4.°.

"Edição original. Muito rara." (Azcvedo-Samodães, pt. I, p. 395).

Ex-libris de João Antonio Marques.

Cabe aqui citar a curiosa — para não dizer bizarra — descrição que é feita na p. 53, de

um Reavalio

marinho... mais grosso do corpo, que tres grandes touros, com os pés,& mãos muy curtos... as orelhas pequenas... a cabeça muy disforme, porque tem humaboca grandíssima, com uns bevços virados para fóra, que deve de pezar cadahum mais dearroba...", e que nos parece ser a descrição de um hipopótamo.

José Cabreira, oficial da Marinha, morreu em Lisboa no ano de 1638. Foi capitão da nau"Nossa Senhora de Belém», em 1631. Em 1633 era almirante de uma esquadra, quando

seu navio naufragou na costa da terra do Natal, no Cabo de Boa Esperança. Salvou-sedeste desastre, o que lhe valeu escrever o livro acima mencionado.

Lourenço Craesbeeck, impressor lisboeta, filho de Pedro Craesbeeck, exerceu suas atividadesem Lisboa, Évora e Coimbra. Foi impressor da casa real e do santo oficio de Lisboa.Converteu-se ao cristianismo em virtude da condenação de sua irmã, Catarina Craesbeeck,viuva do impressor Manuel Dias, como feiticeira, em 1670. Faleceu era março de 1673.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 7^:237-304, 1983.

Page 266: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 269 -

60 CASTRO, Gabriel Pereira de. Vlyssea, ov Lysboa edificada: poema he-

roico. Em Lisboa, por Lourenço Craesbeeck impressor dei Rey, A

custa de Paulo Craesbeeck mercador de liuros, 1636. 217 f. 8.°.

"Primeira edição. MUITO RARA, deste Poema clássico e estimado." (A/evedo-Samodães, pt.

2, p. 107)."É

livro estimado, e os exemplares da 1.* edição são raros." (P. de Matos, p. 146).

Folha de rosto cora brasão de Portugal.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres romanos e aldinos.

Ex-libris manuscrito a tinta de "Caroli-francisci, Garnierii 8c Amicorum..."

Gabriel Pereira de Castro, poeta e jurisconsulto, nasceu em Braga a 7 de fevereiro de 1571,

e morreu em Lisboa a 18 de outubro de 1632. Doutorou-se, com muita distinção, em Cânones,

na Universidade de Coimbra. As obras do poeta foram muito divulgadas na Espanha e sua

fama alcançou Roma. "Vlyssea, ov Lysboa edificada'' é considerado seu melhor poema e

foi publicado depois de sua morte.

Lourenço Craesbeeck, impressor — vide ref. 59.

Paulo Craesbeeck, livreiro de Lisboa, filho de Pedro e irmão de Lourenço Craesbeeck, nasceu

em Lisboa, e ali morreu a 16 de agosto de 1664. Foi educado em Antuérpia e voltou a

Lisboa para tomar conta da Oficina Craesbeckiana. Em 1628 foi nomeado, temporaria-

mente, Livreiro das Ordens de Cristo, Avis e Santiago. Em 1642 ocupou o cargo em

definitivo.

61 SILVEIRA, Miguel da. El macabeo poema heroico. En Nápoles, por

Egidio Longo Stampador Real, Ano 1638. 634 p. 4.°.

"Poema heroico muito estimado... Edição primitiva, a mais estimada. Os exemplares são

MUITO RAROS." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 557)."Das obras que compoz... mencionarei só a seguinte que é rara e estimada dos bibliophi-

los... El Macabeu... 1638." (Inoccncio, t. 6, p. 248)."Das

suas obras em castelhano publicou se posthuma a seguinte, que é de alguma esti-

mação...'' (P. de Matos, p. 529).

Folha dc rosto com brasão da Espanha.

Capitais ornamentadas. Vinhetas. 20 estampas gravadas a buril. Retrato do autor gravado

a buril por Nic. Perey.

Miguel da Silveira, poeta e escritor, nasceu em Celorico da Beira em 1576, e morreu em

Nápoles em 1636. Freqüentou as Universidades de Coimbra e Salamanca. Mais tarde, na

Itália, foi nomeado vice-rei de Nápoles, e nesta cidade concluiu o seu poema heróico "E-l

macabeo", que veio a ser publicado já depois de seu falecimento. Neste poema cantou a

restauração de Jerusalém e foi considerado notável por sua grandeza e inspiração.

Egidio Longo, impressor da Corte, usou como marca um brasão eclesiástico com a divisa"Conantia frangere frangutvt".

62 TAPIA Y ROBLES, Juan Antonio de. llvslracion dei renombre de Gran-

de. Principio, grandeza y etimologia... En Madrid, en la imprenta

de Francisco Martinez, 16S8. 110 f. 4.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 6, p. 27.

Retrato do Conde de Olivares e seu brasão gravados a buril por Herman Panneels, e retrato

de Felipe IV, segundo desenho de Velázquez.

Vinte retratos gravados a buril por Pedro Perret.

Capitais ornamentadas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

As fontes biográficas consultadas não fazem rcferência ao autor nem ao impressor.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 267: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 270 -

63 CARAMUEL LOBKOWITZ, Juan, bispo. Phülipvs Prvdens Caroli V imp.

filivs. Lvsitaniae Algarbiae, Indiae, Brasiliae legitirnvs rex denxons-tratvs... Antverpiae, ex Officina Plantiniana Balthasaris Moreti1639. 485 p. 4.o.

Apud Graesse, v. 1, t. 2, p. 44."...

importante e apreciada obra... MUITO RARA." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 171).Folha de rosto do pintor E. Quelinus, gravada por Jacobus Neefs com motivos zodiacais,mostrando, curiosamente, um leão coroado portando uma espada — símbolo da Espanha —subjugando um dragão - símbolo de Portugal aludindo, possivelmente, aos 60 anos(1580-1610) do domínio castelhano sobre Portugal, mais precisamente, aos 44 anos de

reinado de Felipe IV — vide ref. 73.

Falsa folha de rosto com brasão de Portugal gravado no verso. Figura da Lusitânia após «Praeludium ad lectorem e 25 retratos de reis e rainhas de Portugal gravados tm chapas demetal.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris de João Antônio Marques e "Do

Principal Castro".Carimbo da Real Bibliotheca.

Juan Caramuel Lobkouitz, monge espanhol, nasceu em Madri a 23 de maio de 1606 emorreu em 7 de setembro de 1682. Foi grande metafísico, matemático, teólogo, jurista, poeta,musicógrafo e defensor da nova escola onde pretendia restabelecer a escala de 7 notas. Nãopode ser considerado polígrafo eminente, pois parte de suas obras não são muito originais.A maior parle de seus livros constitui mais um passatempo ou curiosidade histórica que umafonte direta de consulta. Suas obras são, em geral, verdadeiros primores artísticos e tipo-grãficos. r

A Oficina Plantiniana fei fundada por Christopher Plantin, que nasceu por volta de 1514e aprendeu a arte de imprimir em Caen. Em virtude das limitações impostas à liberdadereligiosa, saiu de Paus em 1548 e estabeleceu-se em Antuérpia. Seus descendentes, filhos deJean Moretus, dirigiram a Oficina, vindo a transformá-la cm Museu, no ano de 1876.

Bahhasar Moretus, tipógrafo de Antuérpia, neto de Plantin e filho de Tean Moretusassumiu a Oficina Plantiniana em 1618 e usou suas marcas. Na obra referenciada, adotou ofrontispicio ornamentado de acordo com o assunto da obra. Foi um humanista de excelentecultura e deu à tipografia um novo fulgor, até sua morte em 1641.

64 BARBA, Álvaro Alonso. Arte de los metales em que se Fjuefía el Verda-devo beneficio de los de Oro, y Plata por Açogue. Madrid, en laImprenia dei Reyno, 1640. 123 f. 4.°.

"Primeira edição muito rara..." (Palau, t. 2, p. 57).

"Édition originale et rare d'un ouvrage qui a été lo-ngtemps estimé." (Brunet, t. I, c. 644).

Anotações manuscritas a tinta às margens.

Exemplar incompleto: falta a folha de rosto substituída por cópia manuscrita a tinta àsf. D9-102 e 120-3.

Marca d'água: 1) um brasão centrando uma vinheta; 2) a palavra GIORM.

Álvaro Alonso Barba, escritor espanhol do século XVII, nasceu em 1569 e foi considerado

por Menéndez y Pelayo como o "mais

ilustre y clássico dos antigos metalúrgicos espanhóis".Seu livro Arte de los metales..." impresso em 1640, foi traduzido para e inglês, alemão,italiano e francês.

As fontes históricas consultadas não fazem referência á tipografia.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, lOh237*304, 1983.

Page 268: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

Folhas de "Rccopilacion subtilissima", de Juan de Icíar (Rcf. 9)

Page 269: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

\ ' , %t Sk*"-"7 ' ' ' ' •

r ,:%•% \ . J

^

/'N t$L

'

I gI

'^0 ¦- X-^a^K' ' '' '"

y

i < .•.*$* 1 ¦'^^r -

'' ¦ : 1', Z'-

-i-'^k iJ w*? ' 'I

ir>. »»f* '^.*'*"^*6 *"^* :t*B» iV •iihi u>Mtf)iii -ff BJ'p ^1

\ ' "'•, ^ y

^F* v

J

^i im~ ¦ ¦>[• i "I1 1 "¦* r "' " " ¦" "' l"*1 '"' 1""' '"""¦"^-"i '¦•¦'" '"ih'i'i i- -r i i^nt ttinr i u g,I<MI!nil 11 iu i n -••-iTriraii>'inLfiy3Byf&iffiiffl3>!aj?fftyTtFyTii)«nV^"^MlTWT^r »J3

1 ~'

[ 1 ¦. ' *'"J

**

"¦•'•" t^', '.. '*'¦ "\i

'"

r ., \

' '¦"£¦> Ut'^ifs-a;.-1'" ¦' ,; ¦ . ¦' !* ^

¦ ' % ..-; - ¦¦ 'V S»

;*\\-: v&- • ¦ -;¦* '*£&>; •:-'" .. ,.¦¦

.^ir:".:^--;-' ^« ' . ; , *•«* «¦>*. •;

*'* * y Nr,

ii-llia ik- k^io ik ''

\iiK'iii;í". pai tu 7 (Rei. 2I_)

Page 270: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

ü-rr r.usrtúru-- tu^t

fi,r.e " h â sAUjurirhi /•,./<

Ati f:u'r<-f Í 'yiftjr

tis!r: Artr.nJcrr I'Hvn»i. ii-rrum.' numi

Folha de rosto pintada por E. Quehnus e gravada por Jacobus Neefs, do livro de CararuuelLobkowitz (Rcf. 63)

Page 271: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

_ IA'.VIX\XU LIBERATA ... _

A' 'l \ vi «ifulíoí'aflvííanorum doiin/iio.¦£*£& W/

jr-*n & / RK^ITitta f

/IJVIVI.I\!íiiJIA\ íínitiluv.&l-.R^;] VoWiki.

ti,»v>jr«o. ""

|(Nnimio ! v >it! ij ia Ju!j)vrío.Kv'^il>»is.Kj;!^'-piil)|ij

ha.< «.Mtcn.sí|'orbi5(7irilha/n i.Ymcipibu.sf ji

AjiIoiíuwi ii. M.i.tuo La-il.iiiiíüi TTiiliOi-rH"r'»c«it!ii;>kg!j Chi -ib

pintou ;u- comim ..'u|nvn:'!Lu.--ü.iíim- .1>'citntfy.>Vn.iTo» T

'

iviis.fVjx-.lit .t.-üKj-ti.iüaminünuiirv amdlitiomnmOI'w - j 'f/i

i'-,\í

' ^

!*?

V

Shr~.i_ j //. /^. -v ^;Õ. /.¦<; // „

' £j^L^>í.

.ftjÃaasImãv/. qmffMCA.x/. ;x hqcs/g.vo

M

im

mgjtt&i.

¦"

^

vicijHWi (wfm

Tolha de rosto adicional de "L\situnia Liboatu" (Rcf. 73)

Page 272: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

SftfilliS

li ;^ft s »*i ; ?h.--; v^r.

ill IllSlil:rl £f UH % !..•?••>

¦ --• ^

I# t|l|?;| |f

Si |# I Wl2 l )i\ .

-" 1

Bf }¦ £* :l'T;i '< s"i\ '" v""*V."S

1.1 t'f;: , :v: f; '"¦' ¦ '¦

1} I *1 : SIS^ ::,,¦

'? :f^

:^S~^"

3T

';' " " ""^gjgMB

P .

^

!*¦':¦ ¦ ¦

'

V'.;>-j

\t'"

- '• ..*A1^;-^I

,y'* ' * ¦¦¦¦„¦ ^feliilife^ #

1'olhu de rosto adicional de "Les

dix livres d'architeciurc de Vilruve" (Rcf. 118)

Page 273: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

V •' . X '

Mapa do Brasil do século XVII {Ref. 128)

Page 274: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 271 -

65 [VIEGAS, Antônio Pais] Manifesto do Reyno de Portugal: No qval se

declara o direyto, as causas, et o modo, que teve para exemirse da

obediencia dei Rey de Castella. Em Lisboa, por Paulo Craesbeeck,

Anno 1641. 43 £. 4.°.

"As fontes que o citam são unânimes em considerá-lo como um opúsculo muito raro."

(Horch, v. 92, t. 2. p. 60)."Opúsculo muito curioso e RARÍSSIMO." (Azevedo-Samodães, pt. 2. p. 76*7).

Folha de rosto com brasão de Portugal gravado por Agostinho Soares Floriano. Na parteinferior do brasão, à esquerda, aparece a esfera armilar e, à direita, um pelicano sobre

o ninho, debicando-se no peito para, com &s gotas de seu sangue, alimentar os filhotes que,de bico erguido, as vão absorvendo.

Capitais ornamentadas.

O nome do autor não consta no exemplar referenciado.

Carimbo da Bibliotheca de Francisco Ramos Paz.

Antônio Pais Viegas, político português, nasceu era Manjões no final do século XVI e

morreu em Lisboa em 1650. Foi Alcaide-mor de Barcelos, secretário particular de D. João IV,

Cavaleiro da Ordem de Cristo.

Paulo Craesbeeck, impressor — vide ref. 60.

66 ANTÔNIO DA PURIFICAÇÃO. De viris illvstribvs antiqvissimae provin-

ciae Ivsitanae ordinis eremitarvm Sancti Patriarchae Aurelij Augus-

tini Hipponensis Episcopi, $c Ecclesiae Doctoris Eximi]: libri tres.

Vlysippone, Ex Officina Dominici Lopes Rosa, Ano 1642. 164 f. 8.°.

"Edição primorosa... Estimada e RARA." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 193).

Folha de rosto com brasão de Frei Dionísio de Angelis, gravado a buril por João Batista»

Vinhetas.

Caracteres romanos e aldinos.

Ex-libris dc Barbosa Machado.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Antônio da Purificação, religioso eremita de Santo Agostinho, nasceu no Porto em 1(501

e morreu a 19 de abril de 1698. Professou no Convento de Évora em 1617 e foi mestre

em Teologia e Filosofia na sua Ordem, e pároco de S. João da Foz. Ele previu, com

exatidão, o dia de sua morte.

Domingos Lopes Rosa, livreiro com oficina de impressor em Lisboa, exerceu esta atividade

até, provavelmente, 1651.

67 CUNHA, Rodrigo da, arcebispo de Lisboa. Historia ecclesiastica da Igreia

de Lisboa: vida, e acçoens de seus prelados, & varões eminentes em

santidade, que nella florecerão. Em Lisboa, por Manoel de Sylua,

1642. 2 pt. em 1 v. 6.°.

"A morte do autor impediu que êle terminasse êste primeiro volume, que foi publicado

pelo P. Jesuíta José d'Escobar. O prometido segundo volume não chegou a sair. Apreciada...

Muito rara.'' (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 270)."É obra estimada." (P de Matos, p. 215)."No

more published." (LC 42, v. 35, p. 408).

Emblema eclesiástico da Companhia de Jesus na f. 300.

Texto em 2 colunas. Caracteres romanos e aldinos.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

An. Bibl. Naç, Rio de Janeiro, 10):237-304, 1983.

Page 275: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 272 -

Ex-libris de Francisco José da Serra.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Rodrigo da Cunha, autor — vide ref. 56.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor.

68 ANTÔNIO DA PURIFICAÇÃO. Chrontca da antiqvssima província de

Portvgal da ordem dos eremitas de S. Agostinho... Em Lisboa, Por

Manoel da Sylua, Na Officina de Domingos Lopes Rosa, Anno

1642-56. 2 pt. 6.°.

"... uma das mais interessantes e valiosas narrativas monásticas portuguesas... A edição,de uma impressão perfeita e nítida, é a única até hoje publicada, o que de certo modo

concorre para que os seus exemplares sejam MUITO RAROS..." (Azevedo-Samodães,pt. 2, p. 193).

Folha de rosto da parte 1 com brasão de Portugal.

Vinhetas com emblema eclesiástico da Companhia de Jesus.Folha de rosto da parte 2 com brasão do Cardeal João Batista Palloto.

Texto em 2 colunas.

Capitais ornamentadas.

Ex-libris de Francisco José da Serra.

Marca d'água: brasão coroado com a legenda "LIBERTAS"

e as iniciais A e B.

Antônio da Purificação, autor — vide ref. 66.

Manuel da Silva, impressor — vide ref. 67; Domingos Lopes Rosa, co-impressor — vide

69 BANDEIRA, Antônio. Sermão qve o padre Antonio Bandeira da Com-

panhia de Iesvs pregov na See desta Cidade de Coimbra. .. Em Coim-

bra, Por Lourenço Craesbeeck Impressor dei Rey nosso Senhor, Anno

de 1643. 11 f. 4.°.

"Ê raro. Ainda não vi d'elle exemplar algum." (Inocêncio, t. 1, p. 93).

Capitais ornamentadas.

Ex-libris de Francisco Ramos Paz.

Antônio Bandeira, josufta e notável orador sacro, nasceu em Besteiros a 16 de junhode 1597, e morreu em Coimbra a 25 de setembro de 1664. Formou-se na Universidade de

Coimbra cm Direito Civil e entrou para a Companhia de Jesus em 1622. Foi reiior do(

Colégio do Forto e lecionou Filosoiia em Lisboa.

Lourenço Craesbeeck, impressor — vide ref. 59.

70 GOUVEIA, Francisco Velasco de. Ivsta acclamac3ão do sereníssimo rey de

Portvgal Dom Ioão o IV. Tratado analytico. .. Em Lisboa, Na Offi-

cina de Lovrenc,o de Anveres. Anno 1644. 469 p. 6.°.

"Obra, relativamente ao assunto que versa, interessante e valiosa; muito estimada. Primeira

edição, já bastante RARA." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 718)."A

Justa acclamação é livro estimado, e como fosse mandado recolher e inutilisar, tornou-se

depois pouco vulgar." (P. de Matos, p. 315).

Folha de rosto com caracteres em vermelho e preto e ex-libris manuscrito a tinta "Da

Livraria pública da Colleção de S. Miguel da Conip.® de Jesus".Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 70^:237-304, 1983.

Page 276: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 273 -

Marca d'água: três circunferências alinhadas na vertical, encimadas por três cruzes assen-tadas numa base comum. A esfera superior retrata um eclipse e a inferior contém asletras B e C.

Francisco Velasco de Gouveia, doutor e lente de Cânones, na Universidade de Coimbra, de1607 a 1633, quando passou a desembargador dos Agravos na Casa da Suplicação e msgis-trado, nasceu em 1589 ou 1590, e morreu em 1659, em Lisboa. Era filho do lente daUniversidade Álvaro Yaz ou Velasco, e seu nome também consta como Irancisco Vaz deGouveia. Para sua saída da Universidade deve ter influído o fato de ter sido preso pelaInquisição de Coimbra, por suas ligações com o judaísmo.Lourenço de Anvers, impressor em Lisboa de 1641 a 1647, era provavelmente de origemflamenga e morreu pelos anos de 1677. Sua carreira foi curta e pouco notável.

71 LOPES, Fernão. Chronica Del rey D. Iocim. 1. de Boa Memória e dos reys

de Portugal o décimo... Em Lisboa, A custa de Antonio Aluarez Im-

pressor do Del Rey N. 1644. 3 pt. em 1 v. 8.°.

"Magnífica edição, nitidamente imprensa, a primeira que se fez da obra; e os exemplares

são hoje EXTREMAMENTE RAROS." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 555)."Esta Chronica é estimada, e raias vezes se encontram exemplares bem conservados á

venda." (P. de Matos, p. 355).Folha de rosto da primeira e da segunda parte com cena da coroaçâo de D. João I por;tnjos que trazem a coroa real, coroas de louro e o brasão de Portugal.Capitais ornamentadas. Vinhetas.Texto em 2 colunas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Fernão Lopes, cronista português, nasceu por volta de 1380. Suas crônicas são sumamenteinteressantes, sobretudo as referentes aos reinados de D. Pedro 1, D. Fernando I e D. João I.Antônio Álvares, impressor — vide ref. 34.

72 LEÃO DE SANTO TOMÁS. Benedtctma Ivsitana... Em Coimbra, Na

Officina de Diogo Gomes de Loureiro, Typographo da Vniuersidade;

Na Officina de Manoel de Carualho. Impressor da Vniuersidade,

1644-1651. 2 v. 6.°.

"Crônica monástica interessante e muito estimada; incluída na lista dos nossos, livros

clássicos antigos. Bela edição, ainda a única que a obra conta até hoje. Os exemplares sãoactualmente MUITO RAROS." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 508)."...

e os exemplares pódem hoje qualificar-se de raros..." (Inocêncio, t. 5, p. 171).obra estimada e raras vezes aparecem os 2 volumes bem conservados á venda." (P. de

Matos, p. 522).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Folha de rosto da parte 1 com brasão da Ordem de São Bento.Retrato de São Bento gravado a buril.

Folha de rosto da parte 2 com brasão de Portugal.Carimbo da Real Bibliotiieca e ex-libris de Barbosa Machado.Marca d'água: 1) no v. 1 — variante de filigrana usada no século XV, no norte da França— trata-se de um jarro coroado ou com flores, que data de 1499; 2) no v. 1 — vide ref.20, marca d'água 2; 3) no v. 2 — vide ref. 35, marca d'água 1; 4) as iniciais I. R. centrandouma vinheta.

Leão de Santo Tomás, monge beneditino, nasceu em Coimbra em 1574 e morreu a 6 de

junho de 1651. Professou no Convento de Santo Tirso em 1590. Foi nomeado lente deTeologia da Universidade dc Coimbra em 1617. Foi, também, reitor do Colégio de Coimbra.

Diogo Gomes Loureiro, impressor — vide ref. 28.

Manuel Carvalho, impressor — vide ref. 57.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, JCP:237-SQ4. .1983.

Page 277: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 274 -

73 MACEDO, Antônio de Sousa de. Lvsitania Liberata ab injusto Castella-norum domínio... Londini, In Officina Richardi Heron, 1645. 846 d4.°. *

'Livro... de alto valor. Magnífica ediçio, ainda a única vinda a lume. Os exemplares são...

MUITO RAROS." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 590).^278)te ^ SU3S °'3ras ^at'nas a Lusitania,,. gosa de maior estimação..." (Inocêncio, t. 1,

"Também é estimada a Lusitânia Liberata..." (P. de Matos, p. 541).

Folha de rosto adicional com um dragão coroado — simbolo de Portugal — subjugando umteão — símbolo da Espanha — com corpo de carneiro, aludindo, possivelmente, à liberta-ção de Portugal do domínio castelhano — vide ref. 63.Na parte inferior, aparecem o brasão de Portugal, um pelicano debicando-se para alimentarcom seu sangue quatro filhotes, a cruz da Ordem de Cristo e a esfera armilar; naslaterais, as imagens da Justiça e da Paz. Frontispício com retrato de D. João IV coma legenda Justitia de Coelo prospexit". O retrato é cingido por serpente que morde aprópria cauda, formando o símbolo da imortalidade, com a inscrição "AETERNITAS"

aolongo do corpo. '

Vários retratos gravados a buril por John Droeshout.Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris de João Antônio Marques.Marca d'água: brasão com a letra I.

Antônio de Sousa Macedo, autor — vide ref. 54.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor.

74 MACEDO, Francisco de Santo Agostinho de. Philippica Portvgvesa contrala invectiva castellana... En Lisboa, Por Antonio Aluarez Impressordei Rey nuestro Senor, ano de 1645. 302 f. 4.°.

"Livro estimado, única edição até agora publicada. MUITO RARA." (Azevedo-Samodães.

pt. 2, p. 464)."Deste

illustre portuguez temos presente a obra... que é rara..." (P. de Matos, p. 514).Folha de rosto e folha preliminar com brasão de Portugal.Ex-libris de João Antônio Marques.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres romanos e aldinos.

Marca d'água: vide ref. 14.

Francisco de Santo Agostinho de Macedo, teólogo e escritor português, nasceu em Coimbraem 1596 c morreu em Pádua em 168!. Ingressou na Companhia de Jesus (1610), abando-nando-a em 1638 para vestir o hábito franciscano dos Menores. Foi um fecundo escritore combateu o jansenismo quando esta seita foi condenada pelo Soberano Pontífice. Entresuas obras encontramos cerca de 60 discursos latinos, 53 panegíricos, S2 orações fúnebres2.600 poemas heróicos e 3.000 epigramas.

Antônio Alvares, impressor — vide ref. 34.

75 PINTO, Fernão Mendes. Historia oriental de Ias peregrinaciones... Tra-dvzido de portvgves en castellano por el licenciado Francisco de Her-rera Maldonado... En Valencia, en casa de los herederos de Chry-sostomo Garriz por Bernardo Nogues, a costa de Iuan Sonzoni yBenit Durand mercaderos de libros, 1645. 522 p. 8.°.

"Tradução muito estimada. Terceira edição, já BASTANTE RARA." (Azevedo-Samodães,

pt. 1, p. 639).

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0i:237-SO4, 1983.

Page 278: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 275 -

"A Peregrinação de Fernâo Mendes Pinto, desde que appareceu impressa até hoje, foi

sempre obra apreciada e estimada." (P. de Matos, p. 594).

Folha de rosto com brasão de Ramiro Felipez de Guzman, Duque de Medina de Ias Torres,

gravado em madeira.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Ex-libris da Bibliotheca Fluminense.

Marca d'água: uma cruz no centro de uma oval encimada pela letra R, tendo na parteinferior a letra F.

Fernâo Mendes Pinto, aventureiro e escritor, nasceu em Montemor*o*Velho em 1509 e

morreu a 8 de agosto de 1583. Foi um dos raríssimos autores portugueses universalmente

conhecidos.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor nem aos co-impressor es.

76 SERRÂO, Jerônimo Freire. Discurso político da excellencia, aborrecimen-

to, perseguição, $ zelo da verdade... Em Lisboa, Por IoaÕ Rodri-

guez Impressor, Na Officina de Lourenço de Anueres, Anno 1647.

657 p. 8.°.

"Livro verdadeiramente curioso e muito apreciável... Extremamente raro." (Azevedo-Samo-dães, pt. 1, p. 367)."É livro estimado e pouco vulgar." (P. de Matos, p. 284).

Ex-libris de João Antônio Marques.

Marca d'água: vide ref. 28.

Jerônimo Freire Serrão, magistrado, nasceu em Évora e morreu em 1651. Cursou a Universi-

dade de Coimbra, onde alcançou o grau de bacharel em Jurisprudência Cesárea. Foi Ju5zde fora em Montemor-o-Novo. Tinha inclinação para a poesia e para o estudo da história

sagrada e profana.

João Rodrigues, impressor — vide ref. 50.

Lourenço de Anvers, co-impressor — vide ref. 70.

77 TÁVORA, Álvaro Pires de. Historia de varoens illvstres do appellido Ta-

vora continvada em os senhores da caza e morgado de Caparica...

Impresso em Paris, por Sebastiam Cramoisy, Impressor dei Rey

Christianiss. e da Raynha Regente, e Gabriel Cramoisy, 1648.

369 p. 4.°.

"f>, estimada, e pouco vulgar..." (Inocêncio, t. 1, p. 48)."Este livro é estimado e não vulgar." (P. de Matos, p. 464).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris de Diogo Barbosa Machado.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: 1) vide ref. 28; 2) vide ref. 20; 3) as iniciais M. G. M. D.

Álvaro Pires de Távora, fidalgo e voluntário na armada que em 1624 foi em socorro da

Bahia tomada pelos holandeses, nasceu na segunda metade do século XVI, e morreu em

Lisboa a 7 de julho de 1640. Era filho de Rui Lourenço de Távora, que teve o título

de vice-rei da índia. Foi senhor do morgadio de Caparica e comendador das Ordens

de Cristo e de Santiago. Sua obra "Historia

de varoens illustres..foi publicada em

Paris depois de sua morte, em 1648, por diligência de seu filho, Rui Lourenço de Távora.

Sébastien Cramoisy, impressor, nasceu em Paris em 1585, e morreu na mesma cidade, em

1669. Foi o primeiro diretor da Imprensa Real, estabelecida no Louvre por Luis XIII,

em 1640.

Gabriel Cramoisy, co-impressor: irmão de Sébastien, foi igualmente notável impressor.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J0J:2S7-3O4, 1983.

Page 279: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

276 ~

78 TIMÓTEO DOS MÁRTIRES. Breve exemplar das vidas de alguns santosconegos... Em Coimbra, Na Impressão de Manuel de Carüalho1648. 480 p. 8.°.

'Obra clássica, muito estimada... Inocêncío, que não conseguiu ver nenhum exemplar,

nao só pôs em dúvida a sua existência, mas chegou a afirmar que ela nunca viera àluz!... Os exemplares são RARÍSSIMOS." (Azevedo-Samodães, pt. 1 p 610)¦ Tanto o Breve Exemplar como a Vida de S. Theotonio são livros raros e estimado; e

se nao tivera sido a venda dos duplicados das Bibliothecas Publicas, difficilmente se encón-traria hoje algum exemplar á venda de qualquer destes livros." (P. de Matos p 383)

Santo Agostinho

*** J"° Gom-°' reP™duzindo a imagem de

Capitais ornamentadas.

Ex-libris da "Livraria

de J. Pereira da Silva & F.°r".

Timóteo dos Mártires, cônego regrante da Ordem de Santo Agostinho, nasceu em Coimbrae morreu a 11 de novembro de 1680.Chamava-se, no século, Antônio Serrão. Professou no Convento de Santa Cruz.

Manuel Carvalho, impressor — vide ref. 57.

79 ANDRIES, Josse. La perpetva cruz o passion de Iesv Ckristo Nuestro

Senor... En Amberes, En Ia emprenta de Cornelio Woons, en IaEstrella de oro, Ano J650. 96 p. 12.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 1, p. 124."...

Raríssimo, pues fue destruída la edición por caer en el índice." (Palau, t. 13, p. 152).Folha de rosto com brasão do Conde de Fuesaldana e desenhos de Antonio Sallaert gravadospor Cristophe Jegher.Capitais ornamentadas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Josse Andries nasceu em Courtrai a 15 de abril de 1588 e foi noviço-aos 18 anos. Dedicou-seao ministério e o exerceu durante 40 anos em Gand, Malines e Bruges. Escreveu Iivretosde piedade e, durante seus sermões, distribuía a seus ouvintes pequenas composições ascé-tieas. nue eram impressas em folhas ou cartazes. Morreu em Bruxelas a 21 de dezembrode 1658.

Cornelio Woons, impressor de Antuérpia, usou como marca uma estrela de oito pontas,suspensa no espaço, ladeada por anjos sobre nuvens, cora a divisa "Pietas homini tutissima

virtus".

80 SIEMIENOWICZ, Casimiro. Artis Magnae Artilleriae pars prima...Amsterodami, Apud Ioannem Ianssonivm, A.° 1650. 304 p. 4.°.

Apud Graesse, v. 3, t. 6, p. 401."Volume

difficile à trouver, mais peu recherché maintenant." (Brunet, t. 5, c. 377).Folha de rosto delineada pelo autor e gravada por L. Meurs.0.Várias ilustrações.

Carimbo da Real Bibliotheca.Marca d'água: vide ref. 28.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao autor nem ao impressor.

81 SOUSA, Manuel de Faria e. El Gran Justicia de Aragõ Don Martin Ba-tista de Lanuza... Madrid, por Diego Diaz de la Carrera, 1650.

2 pt. em 1 v. 8.°.

p°318 9™UÍt°

interesíante e curiosa- Estimada e raríssima." (Azevedo-Samodâes, pt. 1,

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, Í0.?:237-3O4, 1983.

Page 280: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 277 -

Folha de rosto com brasão de Martin Batista de Lanuza, gravada a buril.Precedendo a f. 1, gravura alegórica cora retrato de Dom Martin de Lanuza, aos 71 anos,e seu brasão.

Ex-libris de Antônio Araújo de Azevedo, primeiro Conde da Barca.

Manuel de Faria e Sousa, polígrafo, nasceu na Quinta da Caravela, a 9 de março de 1590,e morreu em Madri, a 3 de junho de 1649. Foi dotado de espírito vivo e de grandememória; possuiu largo conhecimcnto da História e cultivou a Poesia. Teve grande habili-dade para o Desenho. A inclinação que tinha para a poesia afastou-o dos estudos, produ-zintlo, então, versos, que mais tarde queimou por julgá-los indignos de se publicarem. Issoaconteceu antes que completasse os 14 anos de idade. Dedicou-se, nos últimos 15 anos de suavida, a escrever a história das ações políticas e militares dos portugueses nas quatro partesdo mundo.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor.

82 DELICADO, Antônio. Adagios portuguezes redvzidos a Ivgares commvns.. .

Em Lisboa, Na Officina de Domingos Lopes Rosa, Anno 1651. 201

p. 8.°.

Apud Graesse, v. I, t. 2, p. 353."Este

clássico e interessante trabalho adagial de Antonio Delicado, é sem dúvida o maisimportante e curioso que, no genero, se compôs em Portugal. Muito apreciado; únicaedição até hoje publicada... Muito mm" (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 279)."É livro raro e estimado." (P. de Matos, p. 218) .

Folha de rosto gravada.

Ex-libris de João Antonio Marques.

Antônio Delicado, presbítero secular e Prior da Igreja de Santa Maria da Caridade, dosarredores de Évora, nasceu em Alvito em 1610-; a data de morte é ignorada. Foi educadona casa dc Manoel Severim de Faria, Chantre da Sé de Évora.

Domingos Lopes Rosa, impressor — vide ref. 66.

83 MELO, Francisco Manuel de. Carta de guia de casados para que pello

caminho da prudência se acerte com a casa do descanso. Em Lisboa,

na Officina Craesbecckianna, 1651. 211 f. 12.°.

"De todas as obras escriptas pelo auetor, e publicadas separadamente, e com o seu nome, foi

a primeira que imprimiu em portuguez, tendo-o sido todas as outras em castelhano. Este

tvactado de philosophia moral, e economia domestica, é das obras do auetor a mais po-

pular e conhecida em Portugal..." (Inocêncio, t. 2, p. 440-1)."Das obras em portuguez é estimada a Carta de Guia de Casados, raras as primeirasedições..." (P. de Matos, p. 374)."Primeira

edição." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 622) .

Capitais ornamentadas.

Caracteres aldinos.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Francisco Manuel de Melo nasccu em Lisboa, era 1611. Estudou no Colégio dos Jesuitas.Aos 17 anos de idade foi para Castela e lá seguiu a carreira militar, voltando a Portugal

logo que soube da aclamação de D. João IV. Esteve preso por alguns anos, cumpriu exílio

no Brasil e, depois, percorreu vArias cidades da Europa. Foi comendador de Cristo, e faleceu

em Lisboa, em outubro de 1666.

A Oficina Craesbeeckiana foi fundada em Lisboa, em 1592, por Pedro Craesbeeck; foi, tam-bém, sede de uma dinastia de notáveis impressores que ali trabalharam nos séc. XV e XVI.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 281: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 278 -

84 TÁCITO. Alma o aphorismos de Cornelio Tácito, pvblicala Don Antonio

de Fvertes y Biota... En Amberes, En Casa de Iacobo Mevrsio,

anno 1651. 891 p. 8.°.

"Obra e versão muito apreciadas. Edição cuidada e nitidamente impressa. RARA." (Aze-

vedo-Samodíes, pt. 2, p. 611).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Folha de rosto com marca de Jacques van Meurs.

Tácito, historiador e orador latino, nasceu na Cmbria, Itália, aproximadamente em 55, efaleceu por volta de 120. De família senatorial, fez carreira política, sendo nomeado procônsul(c. 110-113); mas, de enraizadas convicções republicanas, sempre esteve em oposição aos des-mandos dos imperadores déspotas.

Tácito é historiador e escritor da mais alta categoria. Sua informação é exata, mas o jul-gamento das pessoas e dos fatos é desfigurado pelo moralismo estóico e pelo seu espíritorepublicano aristocrático; a historiografia moderna tem como certo que ele fez justiça a Tibério.

Jacques van Meurs, livreiro de Antuérpia, usou como marca uma galinha chocando seusovos, com a divisa "Noctu

incubando diuque" sob a insígnia "A la Poule grasse".

85 HORNIUS, Georgius. Georgi Horni De Originibvs americanis,.. Hagae

Comitis, Sumptibus Adriani Vlaco, 1652. 302 p. 8.°.

"Obra curiosa e estimada. Não citada por Brunet no seu Manuel da libraire nem pelo

dr. José Carlos Rodrigues na sua Brasiliense. — Edição primitiva, e parece que única. RARJS-SIMA." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 463)."...

II y a beaucoup d'érudition dans ce livre..." (Michaud, t. 19, p. 640).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-Iibris manuscrito a tinta do "Collegii

Paris Societ. Iesu".

Carimbo da Real Bibliotheca.

Folha de rosto em vermelho e preto com marca, possivelmente de Adrien Vlacq, que consistenuma árvore envolvida por trepadeira com a legenda "Societas

Illaesa".

Georgius Hornius, historiador e geógrafo alemão, nasceu em Greusíen em 1620, e morreu emLeiden em 1670. Dedicou-se ao presbiterianismo e foi professor na Universidade de Leiden.Deixou um grande número de obras, todas escritas em latim.

Adrien Vlacq, matemático holandês do séc. XVII, conhecido por seus trabalhos sobre loga-ritmos, foi também impressor; costumava dirigir a publicação das obras que preparava.

86 PORTUGAL, Francisco de. Ao Príncipe D. Theodosio Nosso Senhor, Di-

vinos, e hvmanos versos. Lisboa, Officina Craesbeckiana, Anno 1652.

168 -f 52 p. 8.°.

"Edição única. Os exemplares são bastante RAROS." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 178).

Folha de rosto com rubrica manuscrita a tinta.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Parte do texto em 2 colunas, era espanhol e português.Conteúdo parcial: Prisoens e soltvras de hvma alma — 52 p.Francisco de Portugal, poeta, nasceu em 1585 em Lisboa, onde morreu em 5 de agosto de1632. Fidalgo da corte, pertencia à casa dos Condes de Vimic-so e à Ordem de Avis. Dis-tinguiu-se por sua bravura na campanha da Restauração da Bahia, em 1624. Resolveu in-

gressar na vida monástica e professou no Convento de S. Francisco da Cidade.

Oficina Craesbeeckiana — vide ref. 83.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 282: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 279 -

87 MENESES, João Rodrigues de Sá e. Elogio funeral do príncipe D. Theo-

dosio, N. Senhor. Escrita por hum criado que assiste a S. Excellencia.

Londres, s.ed., 25. Agosto, 1653. 37 p. 2.°.

"Innocencio e Figanière attribuem este Elogio ao proprio d. João Rodrigues de Sá e

Menezes. Elle constitue uma cspecie bibliographica da mais insigne raridade, pois que não

ha noticia em Portugal de outro exemplar além do que figura em uma colleção de

papeis vários do Àrchivo Nacional." (Ramiz Galvão, v. 3, p. 293-4)."O único exemplar conhecido, segundo a indicação do sr. Figanière, existe, ou existiu no

Archivo Nacional em uma collecção de Elogios que comprchende oito volumes de 4.°"

(Inocêncio, t. 4, p. 30).

Ilustração entre as p. 26 e 27 gravada por Wenzel Hollar que, segundo Ramiz Galvão, v. 3.

p. 294 "não chegou até agora ao conhecimento dos iconographos; é pois talvez uma especie

nova a accrescentar-se na obra de W. Hollar".

Joio Rodrigues de Sá e Meneses, fidalgo do séc. XVII, 3.° Conde de Penaguião, nasceu em

Lisboa em 1619 e morreu a 27 de dezembro de 1658. Foi comendador de S. Pedro de Folgo-

rinho na Ordem de Cristo, capitão-mor das naus da índia, governador do castelo de S. Filipe,

em Setúbal, camareiro-mor dos reis D. João IV e D. Afonso VI, conselheiro de Estado e

embaixador de Portugal na corte de Londres.

O nome do impressor não consta no exemplar referenciado.

88 SOUSA, Luís de. Tvmvlvs serenissimi principis Ivsitaniae Tkeodosii Or•

natus virtutibus, oppletus lachrymis. s.n.t. 152 p. 4.°.

"Por ser mui raro este livro; e pela connexão do seu assunto com a nossa historia política,

apezar de escripto em latim, o admitti no Diccionario..(Inocêncio, t. 7, p. 390)."... hum litterario monumento onde se reprezentaõ as quatro Partes do mundo abertas em

primorosas estampas..." (Bibl. Lusitana, t. 3, p. 150).

Retrato de D. Teodósio, Príncipe de Portugal, e outras estampas representando a Europa,

a África, a Ásia e a América como mulheres chorosas. Nenhuma das ilustrações está assinada.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

O exemplar não apresenta notas tipográficas.

Os locais e a data prováveis — Roma ou Antuérpia, 1653 — foram indicados em Inocêncio,

t. 7, p. 390.

Ex-libris de Diogo Barbosa Machado.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: 1) vide ref. 20. marca d'água 1; 2) brasão com coroa real.

Luís de Sousa, arcebispo de Lisboa e cardeal, nasceu no Porto a 16 de outubro de 1630

e morreu em Lisboa a 4 de novembro de 1702. Em 1646 estudou Humanidades em Lisboa,

e viajou pela Europa a fim de instruir-se com os homens mais célebres da época. Em Roma,

doutorou-se em Direito Pontifício. Esteve depois em Veneza, percorreu a Alemanha, Flandres,

a Holanda e França, regressando para Portugal em 1656 sendo nomeado, mais tarde, Gover-

nador do Bispado e Governador de Relação e Armas da Cidade do Porto, Bispo de Bona,

arcebispo de Lisboa, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto e Conselheiro de

Estado. Em 21 de junho de 1697, o papa Inocêncio XII nomeou-o cardeal.

O cardeal era um bibliógrafo apaixonado e possuía uma biblioteca riquíssima, com mais

de 30.000 volumes.

O nome do impressor não consta no exemplar referenciado.

89 UNIVERSIDADE DE COIMBRA. Estatvtos da Vniversidade Coimbra...

Em Coimbra, Na Officina de Thome Carualho Impressor da Vniver-

sidade, Anno 1654. 360 -f 222 p. 6.°.

"Segunda edição. Os exemplares perfeitos e acompanhados da referida estampa alegjórica,

são raros." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 305).

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103'.237*304, 1983.

Page 283: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 280 -

"A obra Estatutos da Universidade foi sempre estimada... São os Estatutos da Universidade

de Coimbra também conhecidos no estrangeiro..." (P. de Matos, p. 233).Folha de rosto gravada a buril com brasão de Portugal e esfera armilar.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Estampa com as insígnias da Universidade gravada a buril por Josepha de Ayala.

Texto em 2 colunas.

Ex-libris de João Antônio Marques.

A Universidade de Coimbra teve suas origens na iniciativa de vinte e um reitores de várias

igrejas portuguesas que solicitaram aò Papa':NicoIau IV. através de uma-petição eclesiástica,

de 12 de novembro de 1288, a instituição de um "Studium" cm Lisboa; por razões de<ro-

rihccidas, o pedido foi negado. A 1.° de março de 1290, por instituição regia de Leiria, D. Dinisfunda a Universidade,' em Lir.hoa, confirmada por Nicolau IV pela Bula aprobatória de9 de agosto de 1290. Em- 1308, D. Dinis transferiu a Universidade para Coimbra. Em 1377,voltou a ter sede em Lisboa, onde ficou até 1537 quando se lixou, definitivamente, emCoimbra. Vários documentos regulamentaram os estudos, mas foi com os documentos qui-nhentistas de D. Manuel que surgiu, pela primeira vez, o termo "Estatutos".

Os Estatutos

de 1612 tiveram vigência até 1772, período da reforma de D. José I.

Tome Carvalho, impressor da Universidade de Coimbra, exercia suas atividades na

oficina que pertencera a Diogo Gomes de Loureiro e, anteriormente, a Antônio de Mariz.

Tome Carvalho comprara a oficina do primeiro, provavelmente em 1649, e a hipotecou

à Universidade por ocasião de ser provido no privilégio de seu impressor.

80 COSTA, Antônio Pinho da. A verdadeira nobreza. Lisboa, Na Officina

Craesbeeckiana, 1655. 198 4. 126 p. 8.°.

"É opusculo bastante raro.-' (Inocêncio. t. 1, p. 237) .

"É opusculo raro." (P. de Matos, p. 458).

"Segunda edição... MUITO RARA que se fez desta estimada obra." (Azevedo-Samodííes,

pt. 2, p. 142).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Carimbo da Real Bibliothcca.

Folha de rosto com marca, provavelmente da tipografia; trata-se de vinheta com oval cen-

trada por fênix no meio "dás

chamas e no alto, à esquerda, um sol.

Antônio Pinho da Cosia, militar do séc. XVII, combateu na. índia. Em- 1602, comandava

40 soldados de Cochim, que se agregaram à esquadra de Francisco de Miranda Henriques,

indo auxiliar D. Jerônimo de Azevedo na conquista de Colombo. Foi cavaleiro da Ordem

de Cristo,

Oficina Craesbeeckiana — vide ref. 83.

81 FARIA, Manuel Severim de. Noticias de Portvgal. Lisboa, Na Officina

Craesbeeckiana, Anno-1655. 3G8 p. 6.°.

"Obra clássica, curiosa e muito estimada. Edição primitiva; muito bela e MUITO RARA."

(Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 532)."£

obra estimada e a l.a edição nada vulgar.'" (P. de Matos, p. 241).

Folha de rosto com brasão de Portugal.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres romanos e aldinos em vários corpos.

Ex-libris de João Antônio Marques e ex-libris manuscrito a tinta "Do

Conde da Ericeira".

Manuel Severim de Faria, sneerdote e escritor, nasceu em Lisboa em 1583 e morreu em

Évora a 25 de setembro de 1655. Foi presbítero e Dr. em Teologia, Cônego c Chantre na

Sé de Évora.

Oficina Craesbeeckiana — vide ref. 83.

An. Bibl. Nac„ Rio de Janeiro, 705:237-304, 1983.

Page 284: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 281 -

92 FREIRE, Francisco de Brito. Relac/ío da viagem, qve fez ao Estado do

Brazil a Armada da Cõpanhta, anno 1655. Lisboa, Na Officina de

Henrique Valente de Oliueira, Anno 1657. 349 p. 12.°.

"This Relação, published immediatel} after lhe journey, is of the greatest rarity. It was

ifsued later under the titlc Viagem da Armada. I know of only one copy, that at the Na-

tional Library of Paris.'' (Borba de Morais, v. 1, p. 277).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: uma lua crescente e uma espada.

Francisco de Brito Freire, capitão de cavalaria da província da Beira, governador da Praça

de Juroraenha no Alentejo, conselheiro de guerra, nasceu em Corucha e morreu em Lisboa

em 8 de novembro de 1692. Foi, por duas vezes, almirante da Armada portuguesa no

Brasil, e assinou as capitulações dos holandeses em 1654, através das quais se recuperou

o domínio de Pernambuco.

Henrique Valente de Oliveira, imprcssor em Lisboa, prestou serviços ao Rei D. Afonso VI.

Usou em algumas dc suas impressões a inarca de João de Barreira: um coqueiro com seus

frutos pendentes exposto à luz do sol nascendo, com a divisa "omnia omnibus".

93 BAERLE, Kaspar van. Brasilianische Geschichte Bcy Achtiaehriger in

selbigen Landen gefuerhreter Regierung Seiner Fuerstlichen Gnaden

Herrn Johann Moritz, Fuerstens zu Nassau. Clevé, Gedrukt bey Tobias

Silberling. Im Jahr 1659. 890 p. 8.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 1, p. 294."This German translation is harder to find than the second one in Latin, by the same

printer. It contains an account of Nassau's life after his departure from Brazil which does

not appear in the other ed." (Borba de Morais, v. 1, p. 67).

Folha de rosto gravada, com cercadura, brasão do Conde de Nassau e lím monograma não

identificado.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres góticos.Iolha de rosto com marca, possivelmente de Tobias Silberling: trata-se de um pastor com

seu cajado e seu cachorro, guiado por um anjo numa paisagem campestre.

Kaspar van Baerle, poeta e sábio, nasceu em Antuérpia em 1584 e morreu em Amsterdam

em 1684. Era professor de Lógica na Universidade de Leiden. Foi expulso da Holanda

devido à política e refugiou-se em Caen, onde doutorou-se em Medicina. Regressou mais

tarde à Holanda e foi nomeado, em 1631, professor de Filosofia da Universidade de Ams-

terdam. Deixou trabalhos de Física e Medicina, mas sobressaiu-se nas obras poéticas em latim.

O nome do tradutor não consta no exemplar referenciado.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor.

94 BOSSE, Abraham. Representations Geometrales De plusieurs parties de

Bastiments faites par les Reigles de l'Architectvre Antiqve... A Paris,

Chez 1'Auteur, 1659. 14 f. 6.°.

Apud Graesse, v. 1, t. I, p. 501.

Folha de rosto com cercadura.

Estampas e texto gravados em chapa de metal.

Caracteres aldinos.

Marca d'água: um cacho de uvas centrando duas circunferências sobrepostas, com legenda

no intervalo que se forma pela diferença de tamanho entre as duas. Filigrana utilizada na

França a partir de 1453.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10)\237-304, 1983.

Page 285: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 282 -

Abraham Bosse, gravador, nasceu em Tours em 1602, e morreu em Paris, em 1678. Amigodo matemático Desargues, cujas obras publicou depois, aprendeu regras e demonstrações de

perspectiva, ciência que ensinou na Academia de Belas-Artes, sendo eleito acadêmico hono-rário. Foi perfeito na gravura em água-forte. Marcava os livros que imprimia com umamulher semelhante à deusa Minerva personificando a Pintura, com a divisa "Nosce

te ipsum".

95 CORREIA, João de Medeiros. Perfeito soldado, e política militar. Lisboa,

Na Officina de Henrique Valete de Oliveira, Anno 1659. 189 p. 8.°.

"É livro mui pouco vulgar." (Inocêncio, t. 3, p. 417).

"Tanto o livro Perfeito Soldado, como os mais opusculos... são raros, e dos quaes difficil-

mente se encontram hoje exemplares i venda." (P. de Matos, p. 387).Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Retrato de Jerônimo de Ataíde, Capitio-Geral e Governador das Armas do Estado do Brasil.Marca d'água: um quadrúpede semelhante a um cavalo com dois chifres helicoidais.

João de Medeiros Correia, formado em Direito Canônico pela Universidade de Coimbra, eraAuditor Geral do Exército, na província de Alentejo. Nasceu em Lisboa, e faleceu em

janeiro de 1671.

Henrique Valente de Oliveira, impressor — vide ref. 92.

96 LICETI, Fortunio. De Lvcernis antiqvorum reconditis Libb. Sex... Pa-

tavii, Apud Matthaeum Cadorinum, 1662. 1328 p. 6.°.

"Les figures d'un Priape, qui se trouvent pag. 910 et 1142, flont quelquefois mutilées..

(Brunet, t. 3, c. 1069)."Les

pp. 910 et 1142 qui contiennent la figure d'un priape sont ordinairement dechirées <n*

manquent absolument." (Graesse, v. 2, t. 4, p. 202).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Ex-libris de Salvador de Mendonça e ex-libris manuscrito a tinta de "Daudeméno".

Folha de rosto e última folha com marca de Mattia Cadorin.

Fortunio Liceti, filósofo italiano, nasceu em Rapallo em 1577, e morreu em Pádua em 1657.Foi chamado Fortunio por ter sobrevivido, apesar de ter sido dado à luz antes dos 7 meses.Doutorou-se em Filosofia e Medicina em 1600. Em Pisa, ensinou 5 anos de Lógica, e logoobteve uma cátedra de Filosofia de Aristóteles.

Mattia Cadorin, também chamado "Bolzetta'',

foi impressor e gravador. Floresceu em Pádua,

por volta de 1648. Usou como marca a Geografia, representada por mulher sentada com umíamo de louro nas mãos.

97 CUNHA, Antônio Álvares da. Campanha de Portvgal pella província do

Alentejo na Primauera do Anno de 1663. Lisboa, Na Officina de

Henrique Valente de Oliveira, Impressor delRey N. S., Anno de 1663.

114 p. 4.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 1, p. 81."É

pouco vulgar esta obra..." (Inocêncio, t. 1, p. 85)."É livro estimado e pouco vulgar." (P. de Matos, p. 19).

Folha de rosto adicional gravada por Luís Nunes com brasão de Portugal; um brasão não

identificado, possivelmente do autor; e duas marcas laterais: a primeira consiste em duas

mãos, uma alada e outra segurando uma das penas da asa; a segunda marca retrata dcris

leões coroados.

Capitais ornamentadas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: a letra M, ornamentada.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, í0i:237-304, 1983.

Page 286: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 283 -

Antônio Alvares da Cunha nasceu em Goa em I de maio de 1626, e morreu em Lisboa em

2 de maio de 1690. Foi um dos fidalgos que aclamaram D. Jo-âo IV em 1640. Serviu na

guerra como capitão de cavalaria na província de Alentejo, e como governador de Évora.

Era homem de vasta cultura e foi um dos fundadores da Academia dos Generosos em 1649.

Foi Comendador da Ordem de Cristo e guarda-mor da Torre do Tombo.

Henrique Valente de Oliveira, impressor — vide ref. 92.

98 BOSSE, Abraham. Des Q-rdres de colones en VArchitecture et plusieurs

aües dependances d'icelle. A Paris, chez 1'edit Bosse, 1664. 21 f. 6.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 1, p. 501.

Estampas e texto gravados em chapa de metal.

Caracteres aldinos.

Folha de rosto com marca de Abraham Bosse e da Maçonaria.

Marca d'água: vide ref. 94.

Abraham Bosse, autor e impressor — vide ref. 94.

99 BOSSE, Abraham. Traité des maniéres de dessiner les 0'rdres de 1'Archi-

tectvre Antiqve en tovtes levrs parties. A Paris, chez 1'auteur, 1664.

xliv f. 6.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 1, p. 501.

Folha de rosto, falsa folha de rosto e folha da dedicatória gravadas com cercadura.

Folha da dedicatória com brasão de Jean-Baptiste Colbert, Barão de Seignelay e com a

marca da Maçonaria.

Estampas e texto gravados em chapa de metal.

Caracteres aldinos.

Ex-libris de Guglielmo Dugood e de "Petrus Bul.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: vide ref. 94.

Abraham Bosse, autor e impressor — vide ref. 94.

100 BRIANVILLE, Claude Oronce Finé de. Abbregé methodiqve de 1'histoi-

re de France... A Paris, Chez Charles De Sercy..., 1664. 410 p. 8.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 1, p. 539.*<Cet abrégé a eu succès et il a été réimpr. à Paris, en 1674, en 1675, et encore en 1727...

Ia première édition seule conserve quelque prix." (Brunet, t. 1, c. 1255).

Brasão de Luís de França, o Delfim.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris de Diogo Barbosa Machado.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Charles Oronce Finé de Brianville, historiador e tradutor francês, morreu era 1675. íoi

armador do rei e abade de Saint-Benott de Quincy.

Charles De Sercy, impressor e livreiro de Paris, usou como marca duas mãos entrelaçadas

e uma coroa, com a legenda "Fidem

fortuna coronat''.

101 SAO VICENTE, João Nunes da Cunha, conde de. Epitome da vida, e

acc,oens de Dom Pedro entre os reys de Castella, o primeiro deste

nome. Lisboa, Na Officina de Antonio Craesbeeck de Mello, impres-

sor de Sva Alteza, 1666. 131 p. 4.°.

-Obra clássica muito interessante... Edição primitiva e, ao que parece, ainda hoje a única

publicada. MUITO RARA." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. SI).

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103\237-804, 1983.

Page 287: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 284 -

"... tida em muito boa conta." (P. de Matos, p. 428).

Capitais ornamentadas.

Ex*libris da Bibliotheca Fluminense.

João »u«jdaCunhaem Lisboa em 1619, e faleceu em Goa em novembro de 1668.Foi o l Conde de São Vicente, deputado da Junta dos Três Estados, gentil-homem daCamara do príncipe D. Teodósio e governador da Casa do mesmo (1649), conselheiro de

ÍT'pCT f í° EStÜd° dC Aíonso VI' e dePois do Prín«Pe regente D. Pedro,e vice-rei da Índia, nomeado a 11 de março de 1666.

de^°roCSe^CkVderMei0' do sécul° XVI1' & Paulo Craesbeeck e neto

J .Ped,ro Craesbeeck. Como eles, foi impressor régio e publicou todos os regimentos e leisdados à estampa em sua época. Viveu em Lisboa e lá faleceu, por volta df 1687.

102 SAO VICENTE, João Nunes da Cunha, conde de. Panegirico ao serenissi-

mo rey D. João o IV. restavrador do reyno Ivsitano. Lisboa, NaOfficina de Antonio Craesbeeck de Mello, Impressor de Sva Alteza1666. 72 p. 4.°. '

"É também livro interessante e estimado; e a edição a única até agora publicada. Os exem-

plares sao MUITO RAROS." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 31)obras mencionadas [Epitome da vida e Panegirico] são raras..." (P. de Matos,

Capitais ornamentadas.

Ex-libris da Bibliotheca Fluminense.

João Nunes da Cunha, autor — vide ref. 101.

Antônio Craesbeeck de Melo, impressor — vide ref. 101.

103 PORTUGAL, Francisco de. Arte de Galanteria, En Lisboa, En la Em-

prenta de Ivan de la Costa, 1670. 154 p. 4 o.

••Obra interessante e muito estimada considerada clássica. A edição primitiva foi também

st4r;r2, mdclxx ¦ «-i*» *£ ¦»&. —- <^0.

"As obras mencionadas de D. Francisco de Portugal, posto que em castelhano, são esti-madas e «ao vulgares. A arte de galenteria, 1* edição de 1670..." (P. de Matos, p. 467)*olba de rosio com vinheta retratando um jarro com flores.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.Caracteres romanos e aldinos.

Ex-libris de João Antônio Marques e cx-libris manuscrito de "João Baui.» de Castro"

Marca d'agua: três circunferências alinhadas na vertical, encimadas por uma cruz A esferasuperioi retrata uni eclipse, a do meio está vazia e a inferior contém a letra S.Francisco de Portugal, autor - vide ref. 86.

João da Coqa impressor e livreiro francês do séc. XVII, estabelecido. em Lisboa, usou como

^nh?,,Uma PaImeir\com 05 rara0s curvados e a divisa "curvata

resurgo" cingida por umavinheta que tem embaixo um coração com as iniciais J. C.

104 BARRETO, João Franco. Ortografia da lingua

portvgveza. Em Lisboa,Na Officina de Ioam da Costa; A custa de Antonio Leyte Mercadorde Livros, 1671. 295 p. 4.°.

Ê rara, e estimada...'- (Inocéncio, t. 3, p. 380) .

"Edição primitiva. Muito apreciada e rara." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 359)."É livro estimado e não vulgar." (P. de Matos, p. 278).

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 288: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 285 -

Folha de rosto com brasão de Francisco de Melo, gravado por A* P.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Marca d'água: vide ref. 103.

João Franco Barreto, escritor, nasceu em Lisboa em 1600; ignora-se a data de sua morte,

sabendo-se apenas que ainda vivia em 1674. Fez parte da expedição que, em 1624, se dirigiu

à Bahia, para libertar essa cidade das mãos dos holandeses. Freqüentou o Curso de Cânones

na Universidade de Coimbra e, em 3641, acompanhou & França, na qualidade de secretário,

o embaixador Francisco de Melo. Voltando da França, casou e enviuvou, fez-se sacerdote e

foi nomeado pároco da terra onde *ua esposa nascera; foi em 1648 para o Barreiro, onde

exerceu o cargo de vigário da vara.

João da Costa, impressor — vide ref. 103.

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao co-impressor.

105 CASTRO, Gabriel Pereira de. Gabrielis Pereirae de Castro... Tracta-

tvs de manv regia... Editio novíssima. Lvgdvni, Sumptibus Clavdii

Bovrgeat, sub Signo Mercurij Galli, 1673. 2 pt. em 1 v. 4.°.

-Foi prohibida esta obra em Roma, por decreto da Congregação do Index de 26 de outu-

bro de 1640, e coino tal a encontro incluída no Index Librorum prohibitorum SS. D. N.

Pii Sexti jussu editus: Romae, 1787, pag. 201." (Inocêncio, t. 3, p. 108).

Folha de rosto com caracteres em vermelho e preto.

Capitais ornamentadas Vinhetas.

Folha da dedicatória com brasão de D. Francisco Ramos dei Manzano.

Texto em 2 colunas.

Folha de rosto da pt. 1 com marca de Claudc Bourgeat.

Gabriel Pereira de Castro, autor - vide ref. 60.

Ciaudc Bourgeat, impressor de Lyon. Usou como marca a personificação de Mercúrio voando

sobre a Terra, levando na mão esquerda ura livro sobre o qual se lê a divisa "Doctta

per

orbem scripta fero" e na mão direita um caduceu.

106 LACERDA, Fernando Correia de, bispo. Virtvosa vida, e saneta morte

da princesa Dona Ioanna: reflexões moraes e políticas

sobre sua vida,

e morte.. . Lisboa, Na Impressão de Anlonio Craesbeeck de Mello,

Impressor da Casa Real, Anno 1674. 290 p. 4.°.

"Apreciada e RARA." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 257) .

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Emblema eclesiástico da Companhia de Jesus na p. 275.

Inclui carta dedicatória manuscrita de Antônio Joaquim Álvares, comerciante, a D. Pedro II,

imperador do Brasil.

Ex-libris de Teresa Cristina Maria.

Marca d'água: vide ref. 28.

Fernando Correia de Lacerda nasceu em 1628 na diocese de Viseu, e morreu em Lisboa

em 1685. Graduou-se em Cânones na Universidade de Coimbra, foi inquisidor ein Év

e Lisboa, e deputado do Conselho Geral do Santo Oficio, comissário da Bula da Cruzada

e, por último, bispo do Porto, nomeado por D. Pedro II, e confirmado por Clemente X

a 17 de julho de 1673.

Antônio Craesbeeck de Melo, impresior — vide ref. 101.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103-.237-304, 1983. .

Page 289: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 286 -

107 FREIRE, Francisco de Brito. Historia da guerra brasilica. In: — NovaLusitania. Lisboa, Na Officina de Joam Galram, Anno 1675. pt 1478 -|- 39 p. 4.°. '

'

de ST,,"?, g"errH é Iivr° P°uco vu'8«. * estimado; „„ Catalogo da livraria

«I ÜSV d?nI"0 Um excmPlar 'ob «15, com a nota de muito mro »

mlu?X JS 2 p^lT.

£ÍCára ÍmPerfeÍU ^ ^ d° aU"OT' ' nUnC" 55 ^"The

Historia da guerra brasilica and the Viagem da Armada are rare books. Thev becamerare ín the míddle of the XIX century..." (Borba de Morais, v. 1, p. 278)CláSSÍ" 6 dC grandC mereciment° Para a historia dos sucessos que descreve. Formosa

pu 1 p Mg"!"01083"161116 exeCutada"" Apreciadissima. Muito rara." (Azevedo-Samodães.

Folh°abrLetn«adLdaHqUal rarTaS VC2es aPParece exemplares á venda.» (P. de Matos, p. 86).

Siím r í? gravad" P°r Jean Beram em chapa de metal com brasão de PortugalUltima folha com a figura da Fama centrada pelo brasão de PortugalCapitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres romanos e aldinos.Marca d'água: vide ref. 20, marca d'água 1.

Francisco de Brito Freire, autor — vide ref. 92.

arfpSõmekoHwr ™ ""h0"' """" MU atividade ¦>* do Séc. XVII

108 FREIRE, Francisco de Brito. Viagem da Armada da Companhia do Com-mercio, e Frotas do Estado do Brasil... Anno 1655. [Lisboa NaOfficina de Joam Galram, 1675] 72 p. 6.°.

"Obra clássica e de grande merecimento para a historia dos sucessos que descreve Formosaediçã^e primorosamente executada... Apreciadissima. Muito mm." (Azevedo-Samodães, pt. 1,

"The Viagem da Armada describes a voyage to Brazil madc by Brito Freire, and is aninteresting document for the history of Brazilian economy. It was judged a useful document

for other "avigators, and ordered printed by a decree of the Queen which U transcribedin the work. (Borba de Morais, v. 1, p. 278).Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres romanos e aldinosA imprenta não consta no exemplar referenciado.Marca d'água: vide ref. 28.

Sm °^d

f c"catlerna^a com

"Nova Lusitania" do mesmo autor. Publicada em 1657 sob o

1655° -WdeC;aef

99

V13gem' qVC a° Estado do Brazü a Armada da Cõpanhia, anno

Francisco de Brito Freire, autor — vide ref. 92.

João Galrão, impressor — vide ref. 107.

109 PIMENTEL, Luís Serrão. Roteiro do Mar Mediterrâneo tirado do Es-

pelho, ov Tocha do mar... Lisboa, Na Officina de Ioam da Costa,1675. 52 p. 4.°.

"Ê das obras, do auctor a única que em sua vida gosou do beneficio do prelo. As outras

sahiram posthumas... Os exemplares do Roteiro são raros." (Inocêncio, t. 5, p. 321).Folha de rosto com brasão de Portugal. 'Capitais ornamentadas. Vinhetas.Ex-libris manuscrito de

"C.te de Lima" e ex-libris de João Antônio Marques

Marca d'água: vide ref. 103.

An. Bibl. N«., Rio de Janeiro, IQ}\237*804, 1985.

Page 290: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 287 -

Luís Serrão Pimentel, cosmógrafo, nasccu em Lisboa em 4 de fevereiro de 1613 e morreu

em 13 de dezembro de 1679. Estudou Humanidades no Colégio da Companhia de Jesus,mas ingressou na vida militar e em 1631 foi para a índia com seu tio Fernào Serrão.

Depois desistiu da carreira militar e passou a dedicar-se ao estudo da Matemática. Conse-

guiu do Rei D. João IV a criação da Aula de Fortificaçâo e Arquitetura Naval cm 1641,

ano que começou a exercer o cargo de cosmógrafo-mor do reino. Foi um dos impulsiona-

dores dos estudos matemáticos no país.

Joio da Costa, impressor — vide ref. 103.

110 ANDRADE, Antônio Galvão de. Arte da cavallaria de gineta, e estardiota,

bom primor de ferrar, &: Alueitaria. Lisboa, Na Officina de Joam

da Costa, 1678. 623 p. 6.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 1, p. 117."Obra,

no genero, muito curiosa e estimada; nitidamente impressa... Muito rara" (Azevc-do-Samodães, pt. 1, p. 374)."Ê

escripta em linguagem correcta, e havida por classica no» termos relativos ás matérias

de que tracta." (lnocêncio, t. 1, p. 147)."... A introdução do livro, em que o autor, a par de notícias de sua vida, diz as razões

que o levaram a escrever a obra, é uma curiosa peça literária... é obra muito procurada

por bibliófilos e antiquários." (Gde. Ene. Port. e Bras., v. 2, p. 531) .

Folha de rosto com brasão e timbre das armas de Portugal, este último em vermelho.

Capitais ornamentadas. Das 21 f. de estampas, uma é a folha de rosto aquarelada com

brasão de Portugal, retrato e brasão do autor. Todas as estampas foram gravadas a buril

e umas estão assinadas C. R. F. (Félix à Costa); outras, F. D. J.Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: 1) um pinheiro centrando uma oval cercada por três anjos; 2) vide ref. 28.

Antônio Galvão de Andrade, estribeiro-mor de D. João IV c do Príncipe D. Teodósio, era

fidalgo da casa real, cavaleiro e professor da Ordem de Cristo. Nasceu em Vila Viçosa em

1613 e morreu em 9 de abril de 1689. Foi mestre na arte de Cavalaria, que praticou desde

os 7 anos.

João da Costa, impressor — vide ref. 103.

111 MARIANA, Juan de. Historia general de Espana... Ccn el Sumario, y

Tablas. Y aora nvevamente anadido en esta vitima impre-sion por

Don Felix Lúcio de Espinosa y Maio, todo lo sucedido desde el

ano de mil y seiscientos y sessenta y nueve, hasta el de setenta y

ocho. En Madrid, Por Andrès Garcia de la Iglesia. Impressor de

Libros, A costa de Gabriel de Leon. Mercader de Libros, Ano 1678.

2 t. 8.o.

Apud Graesse, v. 2, t. 4, p. 395."Obra estimada. Boa edição, pouco vulgar." (Azevedo-Samodãfj, pt. 1, p. 595).

Folhas de rosto com caracteres em vermelho e preto.Folhas de dedicatória com brasão de D. Franci co Moscoso Osorio y Sandoval, cavaleiro da

Ordem de Santiago.

Texto em 2 colunas.

Anotações manuscritas a tinta às margens.

Exemplar incompleto: faltam 11 p. da "Tabla

general" do t. 1.

Ex-libris manuscrito a tinta de D. Dlonísio da Glória c "Da

Livr* de Grys, 1733".

Folhas de rosto com marca de Gabriel de León.

Marca d'água: uma oval com coroa real encimando duas circunferências.

Juan de Mariana, jesuíta espanhol, nasceu em Talavera em 15S6 e morreu em Toledo em

1624. Foi historiador, humanista e filósofo.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10^:237-304, 1983.

Page 291: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

288 -

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao impressor.

Gabriel de León, livreiro de Madri, usou como marca um leão deitado com a pata dian-teira direita sobre uma oval que contém o seu monograma: G. D. L. O leão e a oval são

circundados por diversas abelhas. Gabriel de León usou a divisa "De

forti dvlcedo".

112 SOUSA, Manuel de Faria e. Evropa portuguesa. Segvnda edicion correta,

ilvstrada, anadida en tantos lugares, y con tales ventajas que es

labor nueva. En Lisboa, A costa d'Antonio Craesbeeck de Mello,

Impressor de S. Alteza, Ano 1678-1680. 3 t. 6.°,

"Tanto a Asia como a Europa Portugueza são obras estimadas, e no estrangeiro ainda mais

que em Portugal... Desta obra foi mandado um exemplar á Exposição de Paris, de 1867."

(P. de Matos, p. 245)."Obra importante... Embora no frontispfcio do 1.° volume traga a indicação de 2.a edição,

esta é a l.a completa, visto que anteriormente (em 1667) apenas havia sido publicado esse

1.° volume. Estimada. RARA." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 317) .

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Brasão hispano-lusitano na capa e ex-libris manuscrito da "R.a

Cathol.*' nos t. 1 e 2.Retratos e brasões gravados a buril.

Ex-libris de Francisco José da Serra no t. 3.

Carimbo da Real Bibliotheca — Casa do Infantado nos t. 1 e 2.

Marca d'água — vide ref. 28.

Manuel de Faria e Sousa, autor — vide. ref. 81.

Antônio Craesbeeck de Melo, impressor — vide ref. 101.

113 ARDIZZONE SPINOLA, Antônio. Cordel triplicado de amor a Christo

Jesu Sacramentado... Lisboa, Na Impressão de Antonio Craesbeeck

de Mello, Impressor da Casa Real, Anno de 1680. 853 p. 4.°.

"Este livro que não é muito vulgar, foi mandado supprimir, e prohibida sua leitura poredital da Mesa Censoria de 6 de Março de 1775...'* (Inocêncio, t. 1, p. 90).

Inclui dois retratos do Príncipe D. Pedro, dois de D. João, um ainda menino, três árvores

genealógicas, e uma estampa representando o P. Ardizzone Spinola dando comunhão na Índia.

Estampas desenhadas pelo autor e gravadas por Cleraent Rillingue, Thomas Dudley e T. D. F.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Ex-libris manuscrito a tinta "Delia Libraria di S...".

Antônio Ardizzone Spj.oh nasceu em Nápoles, em 1609, e morreu em 1697. Naturalizou-se

português. Foi missionário nas possessões de Portugal na índia, em 1639. Alguns biblió*

grafos portugueses chamavam-no "Ardizona".

Antônio Craesbeeck de Melo, impressor — vide ref. 101.

114 SOUSA, Manuel de Faria e. África Portvgvesa. .. Lisboa, a costa d'Anto-

nio Craesbeeck de Mello Impressor de Su. Alteza, Afio 1681. 224 p. 6.°.

"O texto compreende a historia das conquistas portuguezas desde D. João I até o ano de

1562. Muito rara." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 316).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Cabeçalho na página 1 com emblema eclesiástico da Companhia de Jesus.Marca d'água: uma flor-de-lis heráldica com as iniciaiã Y e P.

Manuel de Faria e Sousa, autor — vide ref. 81.

Antônio Craesbeeck de Melo, impressor — vide ref. 101.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0?:237-304, 1983.

Page 292: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 289 -

115 JOÃO DOS PRAZERES. O Príncipe dos Patriarcas S. Bento. Lisboa, Na

Officina de Joam Galram A custa da Congregação de S. Bento,

1682-90. 2 v. 4.°.

"Obra clássica e muito estimada. A edição, de impressão muito cuidada e nítida, é a única

até hoje dada á luz. Os exemplares são MUITO RAROS." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 186)."Ornado com um frontispício de gravura, e grande número de estampas intercaladas no

texto.'' (Inocêncio, t. 4, p. 24)."É adornado com uma estampa de S. Bento e de muitas vinhetas allegoricas." (P. de Matos,

p. 470).

Folha de rosto adicional do v. 1 gravada a buril por Clement Rillingue; Colha da dedica-tória çom brasão de João Osório, abade geral da Congregação de São Bento.

Folha da dedicatória do v. 2 com brasão de Vicente dos Santos, abade geral da Congregaçãode São Bento.

Capitais ornamentadas. Várias vinhetas retratando jarros com flores e o emblema eclesiástico

da Companhia de Jesus. Ilustrações gravadas por Francisco Gomes e por Clement Rillingue.

Caracteres romanos e aldinos em vários corpos.

Ex-libris de João Antônio Marques.

Marca d'água: Uma cruz centrando uma oval coroada, encimando dois círculos alinhados

na vertical. O primeiro, esquarteiado, com as iniciais S. P. D. A.; e o segundo, com as ini-

ciais G. P.

João dos Prazeres, monge beneditino, nasceu no Porto em 31 de agosto de 16-18, e morreu

a 4 de março de 1709. Foi crcnista-geral da sua congregação e pregador muito apreciado.

Teve problemas de saúde mental, poucos anos antes da sua morte. Notável escritor, tem

sido reputado como autoridade em questões de boa linguagem portuguesa, pela correção e

pureza do seu estilo.

João Galrão, impressor — vide ref. 107.

116 MACEDO, Francisco de Santo Agostinho de. Carmina selecta. Vlyssipone,

Apud Michaelem Deslandes, Anno 1683. 426 p. 8.°.

"Compilação estimada. Compreende composições em prosa e verso todas em latim. MUITO

RARA." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 573) .

Folha de rosto gravada.Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Emblema eclesiástico da Companhia de Jesus na p. 307.

Vinheta com palmeira de ramos curvados, numa oval cercada por três anjos na p. 402.

Francisco de Santo Agostinho de Macedo, autor — vide ref. 74.

Miguel Deslandes, célebre impressor, natural da cidade de Thouars, França, foi para Portugal

em 1669 e naturalizou-se cm 1684. Casou com Luísa Maria da Costa, filha do impressor

João da Costa, e teve três filhos: Maria Madalena da Costa Deslandes, Manuel Pedro da

Costa Deslandes e Valentim da Costa Deslandes. Tornou-se impressor régio, em 1687, indo

servir no lugar que vagara com a morte <ie Antônio Craesbeeck.

117 MENESTRIER, Claude François. l.'art des emblemes ou S'Enseigne la

morale par Ias Figures de la Fable, de 1'Histoire, et de la N ature.

A Paris, chez R. J. B. de la Caille, 1684. 434 p, 4.°.

Apud Graesse, v. 2, t. 4, p. 488."Le

grand nombre de figures gravées dans le texte a tenté sans doute la convoitise des

enfants, qui se sont amusés à les découper, et ont ainsi détruit tous les exemplaires quiont passé par leurs mains. Cela expliqueroit Ia raretc de ce volume." (Backer, v. 6, p. 358).

Folha de rosto retratando um jarro com flores.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

An. BibL Nac., Rio de Janeiro, 10h 237-304, 1983.

Page 293: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 290 -

Claude François Menestrier, jesuíta, heraldista e historiador, nasceu em Lyon em 1631 emorreu em Par s em 1705. Educado por jesu.tas, entrou na Ordem aos 15 anos. Em 1667,sucedeu ao Padre Labble no cargo de conservador da Biblioteca de Lyon, que enriqueceu commuitos e preciosos manuscritos. Foi um dos homens mais sábios do séc. XVII.

Jean de la Caille, livreiro e literato, nasceu em Paris, onde exerceu a profissão de impressorapós 1664. Usou como marca a Prudência, representada por mulher segurando numa dasmãos um espe'ho e na outra, várias serpentes, sob a divisa

"Vincit prudentia vires". Morreu

com idade muito avançada em 1720.

118 VITRÚVIO. Les dix livres d'archiíecture de Vitruve. Corrigez et tra-

dvits nouvellement en François, avec des Notes et des figures, Se-

conde Edition reveuè, corrigée. & augmentée par M. Perrault. A

Paris, Chez Jean Baptiste Coignard, Imprimeur ordinaire du Roy,

1684. 388 p. 2.°.

Apud Graecse, v. 4, t. 6, p. 378."Esta

obra, de incalculável valor por ser a única do gênero que nos legou a Antigüidade..."

(Gde. Ene. Port. e Bras., v. 36, p. 514) .

Folha de rosto gravada com brasão de Luís XIV.

Folha de rosto adicional gravada por Sébastien Leclerc.

Algumas ilustrações assinadas por Tournier, Patianiu, Gérard Edelinck, Nicolas Pitau, JacquesGrignon, Sébastien Leclerc, P. Vandrebanc, Gérard Scotin, Estienne Gantrel e Pierre Lepautre.Marca d'água — vide ref. 94.

Vitrúvio, arquiteto e engenheiro romano do primeiro século da era cristã, desenvolveu suasfunções quase sempre fora de Roma. Esteve algum tempo na África romana, onde prestouserviços a Vespasiano, que o leveu ao Egito e outras zonas do Oriente. Sua obra influenciou

por demais a arquitetura dos séc. XV e XVI.

Jean Bapt:ste Coignard, impressor e livreiro francês, nasceu aproximadamente em 1660 emorreu em 1737. Filho e neto de livreiros de Paris, tornou se célebre por sua cultura.Sucedeu ao pai como impressor da Academia Francesa. Sua família excrceu a impressão deforma distinta durante 140 anos em Paris.

119 ANTÔNIO DAS CHAGAS. Escola de penitencia, e flagello de viciosos

costumes, Que consta de Sermoens Apostolicos. Tirados a luz por Fr.

Manoel da Coceyçam. Lisboa, Na Officina de Miguel Deslandes, Sc

à sua custa Impresso, Anno 1687. pt. 1, 516 p. 8.°.

"I Parte (e única)... Estimada. Primeira edição — Não vulgar." (Azevedo-Samodães, pt. 1,

p. 204) ."Todas

as obras d'este auetor... são estimadas." (P. de Mates, p. 156).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Vinheta ornamental centrada por uma palmeira na p. 416.

Texto em 2 colunas. Caracteres romanos e aldincs.

Marca d'água — vide ref. 28.

Antônio das Chagas nasceu na Videgueira, Alentejo, em 1631, e seguiu a vida militar atéchegar ao posto de Capitão. Entrou para o Convento de S. Francisco d'£vora, em maio de1663, aos 32 anos de idade. Foi missionário apostólico e instituider do Seminário Apostólicoem Varatojo. Faleceu no referido Seminário em outubro de 1682.

Miguel Deslandes, impressor — vide ref, 110.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 294: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 291 -

120 QUEIRÓS, Fernão de. Historia da vida do veneravel irmão Pedro de

Basto, coadjutor temporal da Companhia de Iesus... Em Lisboa,

na officina de Miguel Deslandes, impressor de sua Magestade, anno

1689. 623 p. 6.°.

"Edição primitiva, e ainda a única até hoje dada á luz... Os exemplares sSo já BASTANTE

RAROS no mercado..." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 195-6)."Não é vulgar." (Inocêncio, t. 2. p. 291) .

Folha de rosto com rubrica não identificada e emblema eclesiástico da Companhia de Jesus.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Ex-libris da Bibliotheca Fluminense e ex-libris manuscrito de "Salgado".

Fernão de Queirós, missionário e historiador jesuíta, nasceu em Amarante em 1617 e morreu

em Goa a 8 de abril de 1688, após 53 anos de permanência no Oriente. Entrou no novi-

ciado em Coimbra a 26 de dezembro de 1631- Em 1659, foi nomeado deputado do Santo

Ofício de Inquisição, governou os colégios de Diu, Torrão e Baçaim. Seus manuscritos

perderam-se no incêndio que em novembro de 1661 devastou o Colégio de S. Paulo de

Goa, salvando-se, entre poucos, a biografia de Pedro de Basto, publicado um ano após a

morte de Queirós.

Miguel Deslandes, impressor — vide ref. 116.

121 TACHARD, Gui. Second voyage du Pere Tachará Et des Jesuites En-

voyés par le Roy, An Royaume De Siam. A Amsterdam, Chez

Pierre Mortier, Libraire sur..., à 1'enseigne de Ia Ville de Paris,

1689. 374 p. 2.°.

Apud Graesse, v. 4, t. 6, p. 7.

Capitais ornamentadas.

Ex-libris manuscrito de "D.

Fernd.0 de Noronha".

Folha de rosto com marca de Pierre Mortier.

Gui Tachard naseçu em Ang^uléme, França, no dia 7 de abril de 1651. Ensinou Gramática,

Humanidades, Retórica c Matemática. Abandonou o ensino pelas missões. Em 1689, o P.

Tachard foi para as índias, sendo ura dos primeiros apóstolos de Bengala, onde morreu a

21 de outubro de 1712.

Pierre Mortier, impressor de Amsterdam, usou como marca uma vista parcial da cidade de Paris.

122 IGREJA CATÓLICA. Diocese do Porto. Constituições Synodaes do Bis-

pado do Porto, novamente feitas, e ordenadas pelo illustrissimo e

reverendissimo senhor Dom Ioam de Sovsa, bispo do dito bispado...

Na cidade do Porto. Por Joseph Ferreyra, Impressor da Universi-

dade de Coimbra, 1690. 790 p. 4.°.

"Apreciadas. Edição rara." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 248).

Folha de rosto adicional gravada por Herman Panneels com brasão de D. Joáo de Sousa,

bispo do Porto.

Ex-libris da Bibliotheca Fluminense.

Marca d'água: o brasão de Portugal.

Diocese do Porto: suas origens são bastante obscuras, presumindo-se que foi fundada no

século VI. Nas atas do II Concilio Bracarense (572), aparece o nome de Viator com o

título de bispo de Meinedo. Mas, cm 589, aparece já a designação de Diocese do Porto.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0i:237-3O4, 1983.

Page 295: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 292 -

José Ferreira, livreiro com oficina de impressor em Coimbra, teve o privilégio da Uníver-

sidade e do Santo Ofício. Gozou dos créditos de boa tipografia até o ano de sua inorte,

provavelmente em 1707.

123 MEISTER, Georg. Der Orientalisch-lndianische Kunst=und Lust=z

Gaertner... Dresden, In Verlegung des Autoris, Druckts Johann Rie-

dei, Anno 1692. 336 p. 4.°.

Apud Graesse, v. 2, t. 4, p. 467.

Folha de rosto com caracteres góticos era vermelho e preto.Folha de rosto adicional gravada por Moritz Bodenehr.

Fronti-pício com retrato do autor pintado por A. Blatowsky.

Ex-libris de "P.

C. R."

As fontes biográficas consultadas não fazem referência ao autor e ao impressor.

124 CARVALHO, Lourenço Pires de. Enucleationes ordinum militarium

tripartitae penes triplicem... quaestionem nuper ventilatam coram

senatu regio lusitaniae pro causís eorundem ordinum delecto...

Ulyssipone, ex Typographia Michaelis Manescal, Anno 1693-9. 2 v. 4.°.

"Obra interessante e estimada. MUITO RARA." (Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 150).

Folha de rosto cora caracteres em vermelho e preto.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Texto em 2 colunas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Marca d'água: vide rcf. 115.

Lourenço Pires de Carvalho foi doutor em Cânones, Desembargador da Casa da Suplicaçio,

Deputado da Mesa da Consciência e Ordens e Comissário Geral de Bula da Cruzada. Nasceu

em Lisboa a 2 de janeiro de 1642 e morreu a 16 de dezembro de 1700.

Miguel Manescal, livreiro e mercador de livros, usou como marca o monograma do Santo

Nome de Jesus e um anjo segurando uma cruz e os instrumentos da paixão de Cristo.

125 COSTA, Antônio Rodrigues da. Embaixada que fes o excellentissimo

senhor Conde de Villar-Maior (hoje Marquez de Alegrete)... ao

sereníssimo Príncipe Philippe Guilhelmo Conde Palatino do líhim...

com que foi celebrada sua feliz vinda, So as augustas bodas de Suas

Majestades... Em Lisboa, Na Officina de Miguel Manescal, Ini-

pressor da Sereníssima Casa de Bragança, & do Sancto Officio, Anno

1694. 331 p. 6.°.

"Pouco vulgar, e estimada." (Inocêncio, t. 1, p. 258).

"Livro clássico e muito interessante... Muito estimado, e já pouco freqüente no mercado.''

(Azevedo-Samodães, pt. 2, p. 338).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres romanos e aldincs.

Marca d'água — vide ref. 115.

Antônio Rodrigues da Costa, escritor, nasceu em Setúbal a £9 de dezembro de 1656, e morreucm Lisboa, a 20 de fevereiro de 1732. Exerceu vários cargos públicos. Foi um dos cinqüentamembros da Real Academia Portuguesa de História, fundada por D. João V, em 1720.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10):237-304, 1983.

Page 296: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

-293-

126 IGREJA CATÓLICA. Arquidiocese de Braga. Constituiçoens Synodaes

do arcebispo de Braga, ordenadas no anno de 1639, Pelo illustrissimo

senhor arcebispo D. Sebastião de Matos e Noronha E mandadas im-

primir a primeira vez pelo illustrissimo senhor D. João de Sousa...

Lisboa, Na Officina de Miguel Deslandes, impressor de Sua Ma-

gestade, Anno 1697. 847 p. 4.°

"Também não são vulgares os exemplares da S.a edição de 1697.'' (P. de Matos, p. 171).

"Apreciadas e RARAS." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 234).

Folha de rosto adicional aberta em chapa de cobre por Clement Rillingue com diversos

brasões, entre os quais o- de Portugal, com as figuras da Fé e da Caridade, com quatro

medalhões onde se vêem os bustos do Papa João XXI, do cardeal rei D. Henrique de

Portugal, do cardeal D. Jorge da Costa e dc D. Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Arquidiocese de Braga: embora o seu primeiro bispo seja conhecido como Paterno, men-

cionado no Concilio I de Toledo, do ano 400, a arquidiocese de Braga deve ter sido criada

pouco depois de 216, data de sua elevação à capital da província da Galércia.

Miguel Deslandes, impressor — vide ref. 116.

127 BARREIRA, Isidoro de. Tratado das signific.oens das plantas, flores,

e frutos, que se referem na Sagrada Escritura... Lisboa, Na Officina

de Manoel Lopes Ferreyra Sc a sua custa, 1698. 535 p. 8.°. (vide ref. 46)

"O auctor compoz um segundo tomo, que n5o chegou a ser impresso. É obra instructiva,

curiosa, e mui cheia de erudição sagrada." (Inocêncio, t. 3, p. 234)."Edição também mui pouco vulgar nó mercado." (Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 93).

Folha de rosto com vinheta retratando um jarro com frutas.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

•Marca d'água — vide ref. 5.

Isidoro de Barreira, autor — vide ref. 46.

Manuel Lopes Ferreira, livreiro com oficina de impressor em Lisboa foi, provavelmente,

ura dos administradores da oficina dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho no convento

de S. Vicente de Fora.

128 JOÃO JOSÉ DE SANTA TERESA. Istoria delle guerre dei Regno dei

Brasile accadvte tra la Corona di Portogallo, e la Repvblica di

Olanda... In Roma, nella Stamparia degl'Eredi dei Corbelletti,

Anno 1698. 2 pt. em 1 v. 4.°.

"Esta obra é interessante mas sem originalidade, ao passo que não raro deturpa os factos

para apresentá-los mais pitorescos." (J. C. Rodrigues, p. 565^. ... . v,,.,"The Guerre dei... Brasile is one of the mo.t sumptuous works published ín the XVll

century about a Brazilian subject. It was subsidized with 5 thousand 'cruzados' by D. Pedro II.

and the most famous engravers of the time did the engraving. The very bfauliful portraits

of D. Pedro II and D. João IV were designed by the famous Roman artist, Antonio Horacio

Andreas, and engraved by Benedito Farjat..." (Borba de Movais, v. 2, p. 231).

"... He escrita com elegante estilo, excelentemente impressa não somente pelo caracter,

como pelas muitas estampas primorosamente aberta de que está ornada..." (Bibl. Lusitana,

t. 2, p. 621-2).

Folhas de rosto com retratos de D. Pedro II e de D. João IV.

Folha de rosto adicional, delineada por Antônio Horário Andreas e gravada por Benoit

Farjat, retratando paisagem mística cora brasão de Portugal e, na parte inferior, uma ser-

pente e uma corrente.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10Í:237-304. 1985.

Page 297: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 294 -

Inclui vários mapas c plantas. . .

Entre as p. 2 c S hí um mapa do Brasil com minuciosa divisão de provínciasCapitais ornamentadas. Vinhetas.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Folha de rosto com marca de Giu-eppe Corbi.

Marca d';igua: filigrana semelhante a uma flor ao longo do diâmetro de uma circunferência.

!?« t-é dC San Teresa' reIiSioso carmelita, nasceu cm Lisboa em 1658 e morreu após

1733. Dirigiu se à Roma e ali foi acolhido pelo Convento de N. S. da Escada, onde pro-tessou em 1680. Ficou em Roma 18 anos e voltou a Portugal para pedir a D. Pedro IIsubsídios para a publ cação de sua primeira obra.

G:useppe Corbi foi impressor e livreiro de Roma. Os herdeiros deste insigne impressorcontinuaram seu trabalho e mantiveram suas marcas: uma vinheta comum como ocorrenrsta obra. ru um corvo fccrbo em italiano) - tipo de "emblema

falante", porque seumotivo coincide com o nome do tipógrafo - com a divisa "Flammis ipse suis".

129 SAVONAROLA, Girolamo Maria Francesco Matteo. Fe estabelecidasobre a cruz de Christo triunfante... Lisboa, na Officina de MiguelDeslandes, impressor de S. Magestade, Anno de 1698. 291 p. 6.°.

Obra estimada; e a sua versão, também t3o apreciada, que a incluiram no numero dosnossos livros cl;5 sicos. Edição ainda a única até hoje publicada; MUITO RARA." CAzevedo--Samodães,

pt. 2, p. 459).

Folha de rosto com vinheta representando um jarro com flores.Vinheta de abertura da folha da dedicatória com brasão de Portugal.Texto em 2 colunas. Caracteres romanos e aldinos.Marca d'água: dois círculos centradas com as iniciais I t V.

Girolamo Maria Francesco Matteo Savonarola, pregador italiano, nasceu em 1452 em Ferrarae morreu em Florença cm 1498. Dominicano auuero, era desde jovem adepto da reformada Igreja. Seus violentos fermões eram acompanhados de profecias ameaçadoras, que pare-ceram realizar-se quando Carlos VIII assumiu o reinado, em Florença. Em alguns meses odominicano modifcou a constituição, a justiça e o sistema ffccal; tomou medidas radicaisde moralização e mandou queimâr prectoas obras de arte. Muito combatido na própriaFlorença, pre;o, condenado à morte, foi enforcado e queimado. Savonarola foi ura dosmaiores sermonistas em língua italiana e notável poeta.Miguel Deslandes, impressor — vide ref. 116.

130 FROGER, François. Relation d'un voyage Fait en 1695, 1696, # 1697.

Aux Cotes d Afrique, Dêtroit de Magellan, Bresil, Cayenne $ Isles

Antilles... A Amsterdam, chez les Héretiers, d'Antoine Schelte, 1699.305 p. 12.°.

Apud Graesse, v. 1, t. 2, p. 638."Cette

relation dont les cartes et gravures on été executées d'aprés les dessins de Taucteurest encore appréciée, à cause de son exactitude." (Nouv. Biog. Gen., t. 18, c. 917) ."This

work has documental value, is very interesting, and is full of details and exactdescriptions of Bahia and Rio." (Borba de Morais, v. 1, p. 284).Inclui mapa do Rio de Janeiro entre as pág. 64 e 65.Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Folha de rosto com marca de Antoine Schelte.

Marca d'água: um florão com a palavra PARVOV.

François Froger, viajante e engenheiro francês, nasceu em 1676. Em 1694, apesar da suapouca idade, foi engenheiro do Estado na esquadra comandada pelo capitão De Gennes em

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, /0J:237-3O4. 1983.

Page 298: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 295 -

expedição às costas da África, Brasil c mares do Sul. Froger tornou-se o historiógrafo da

expedição.

Antoine Schelte, típógrafo de Amstcrdam, teve seu trabalho continuado por seus herdeiros

que mantiveram a única marca que ele adotara: um animal quadrúpede sustentando-se nas

patas traseiras, tendo as dianteiras apoiadas em uma árvore, com a divisa "Qvaerendo".

131 [FERREIRA, Manuel] Noticias summarias das perseguições da missam

de Cochinchina, principiada, fe continuada pelos Padres da Compa-

nhia de Jesv. Em Lisboa, Na Officina de Migvel Manescal, Impressor

do S. Officio da Sereníssima Casa de Bragança, de Sua Eminência,

Anno 1700. 470 p. 4.°.

Apud Grâesse, v. 1, t. 2, p. 572."Vem esta obra qualificada de rara no Catalogo da livraria de Lcrd Stuart, n.° 1125."

(Inocêncio, t. 5, p. 424)."Obra de suma importancia para a historia das missões portuguesas nas nossas possessões da

China, etc. Foi publicada anônima... Muito estimada e rara." (Azevedo-Samodães, pt. 1,

p. 334)."Ê livro raro e estimado." (P. de Matos, p. 260).

Folha de rosto com brasão de Portugal.

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Marca d'água — vide ref. 129.

Manuel Ferreira, jesuíta, nasceu em Lisboa em 1630 e morreu em Macau a 15 de maio

de 1699. Foi professor de Humanidades no Colégio de Santo Antão. Em 1658 passou à

índia, tendo sk!o preso durante uma perseguição aos cristãos. Voltou à Europa, para negócios

de sua missão e, em 1694, regressou ao Oriente para uma missão em Tongum.

Miguel Manescal, impressor — vide ref. 124.

132 OPTATO, Santo, bispo de Milève. Sancti Optati afri milevitani episcopi

De Schismate Donatistarum libri septem... Lutetiae Parisiorum,

Apud Andream Pralard, Bibliopolam, ad Insigne Occasionis, 1700.

20 + civ -f 604 p. 2.°.

"C'est la meilleure éd. faite sur 5 mss." (Graesse, v. 3, t. 5, p. 30)."Bonne édition." (Brunet, t. 4, c. 196).

Capitais ornamentadas. Vinhetas.

Caracteres romanos e aldinos em vários corpos.

Carimbo da Real Bibüotheca e carimbo de "J. D. Sulensis ex Bibliotheca."

Folha de rosto com caracteres em vermelho e preto e marca de André Pralard, gravada por

Picrre Giffart.

Marca d'água: as letras I e S, sobrepostas.

Santo Optato nasceu na África por volta de 320 e morreu depois de 392. Foi bispo de

Milève e escritor eclesiástico da segunda metade do séc. IV. A vida de Santo Optato é

muito pouco conhecida.

André Pralard, impressor, usou como marca a Ocasião representada por mulher com orna-

mentos variados e a divisa "Inimicos virtute superabis".

133 FERRERAS, Juan de. Synopsis histórica chronologica de Espana. Em

Madrid, por Francisco de Villa-Diego, a Costa de Diego Lucas Xi-

menez, mercador de libros, 1700-27. 16 pt. 4.°.

"Obra importante e estimada. Edição primitiva... RARA." Azevedo-Samodães, pt. 1, p. 343).

Folha de rosto com cercadura.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 299: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 296 -

Capitais ornamentadas. Vinhetas,

Exemplar incompleto: faltam as pt. 1-5 e 7-16.

Carimbo da Real Bibliotheca.

Juan de Ferreras, historiador, teólogo e sacerdote espanhol, nasceu em La Bafieza, Leon, em18 de junho de 1652 e morreu em 8 de julho dft 1735. Estudou no colégio dos jesuítas deMontforte de Lemus, e em Valladolid, e completou seus estudos cm Salamanca.

As fontes consultadas não fazem referência ao impressor e ao co-impressor.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10?:237-304, 1983.

Page 300: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALCOCER Y MARTINEZ, Mariano. Catálogo raionado de obras impresas en Valladolid,

1-Í8I-1800... Valladolid, Imprenta de la Casa Social Católica, 1926. 890 p.

ANNAES DA BIBLIOTHECA NACIONAL DO RIO DE JANEIRO. Rio de Janeiro, v. 3,

1877-8. Dir. B. F. Ramii Galváo.

ANSELMO, Antônio Joaquim. Bibliografia das obras impressas em Portugal no século XVI...

Lisboa, Biblioteca Nacional, 1926. x -f- 367 p.

ARANHA, Pedro Venceslau de Brito. A imprensa em Portugal nos séculos XV e XVI: as

Ordenações d'El-Rei D. Manuel... Lisboa, Impr. Nacional, 1898. 27 p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Rio de Janeiro. Apresentação de

livros e folhetos: NBR 6029; procedimento. Rio de Janeiro, maio 1980. 6 p.

índice de publicações; NB-124. Rio de Janeiro, 1971. 3 p.

índice de publicações; NBR-6032; procedimento, 1.° projeto de revisão da NB-124/1971.

Rio de Janeiro, 1980. 7 p.Referências bibliográficas; NBR-6023; procedimento. Rio de Janeiro, 1978. !7 p.

Sumário; NBR-6027; procedimento. Rio de Janeiro, maio 1980. 3 p.

ATLAS Mirador internacional. Rio de Janeiro, Ene. Britannica do Brasil, 1981. 396 p.

BACKER, Augustin & BACRER, Alois de. Bibliothèque des écrivains de la Compagnie de

Jésus. Liége, L. Grandmont-Donders, 1836*61. 7 v.

BÊNÉZIT, Emmanuel Charles. Dictionnaire critique et documentaire des peintres, sculpteurs,

dessinateurs et graveurs de tous les temps... Nouv. éd. Paris, Griind, 1976. 10 v.

BERGER, Paulo. Bibliografia do Rio de Janeiro de viajantes e autores estrangeiros, 1531-1900.

Rio de Janeiro, Liv. São José, 1964. 326 p.

BIBLIOTECA NACIONAL, Madrid. Catálogo de incunables de la Biblioteca Nacional. Madrid,

Tip. Blau, 1945. 624 p.

BIBLIOTECA NACIONAL, Rio de Janeiro. Catálogo da Colleção Salvador de Mendonça.

Rio de Janeiro, 1906. 126 p.

BIBLIOTHÈQUE NATIONALE, Paris. Catalogue général des livres imprimés de la Biblio¦

thèque blationale: auteurs. Paris, Impr. Nationale, 1897*1980. 230 t.

BRAGA, Teófilo. Historia da Universidade de Coimbra... Lisboa, Academia Real das Sciencias,

1892. 3 v.

THE BRITISH Museura catalogue of printed books: 1881*1900... Michigan, J. W. Edwards,

1946. 58 v.

BROCKHAUS Enzyklopãdie in zwanzig banden... s.l., F. A. Brockhaus Wiesbanden, 1966-76.

v. 13, p. 757-8.

BRUILLOT, Franz. Dictionnaire des monogrammes, marques figurées, lettres inittales, noms

abrêgès, etc... Nouv. éd. rev. corr. et augra. d'un grand nombre d'articles. Munich,

J. G. Cotta, 1832-4. 3 v. em !.

BRUNET, Jacques Charles. Manuel du libraire et de Vamateur de livres. 5. cd. Paris, F. Didot,

1860-5. 6 t.

Dictionnaire de géographie anctenne et moderne à 1'usage du libraire et de lamateur de

livres... Paris, F. Didot, 1870. 1594 c.

An. Bibl. Nac,, Rio de Janeiro, Í0?:237*3O4, 1983.

Page 301: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 298 -

CARAMUEL LOBKOWITZ, Juan. Declaracion mystica de Ias armas de Espana invictamente

belicosas. En Brvselas, en casa de Lucas de Meerbeque, 1636. 6 -j- 237 + 2 p.

CERDEIRA, Eleutério. A imprensa. In: PERES, Damião &: CERDEIRA. Eleutério. Historia

de Portugal. Barcelos, Portucalense Ed., 1928-37. v. 4, cap. 3, p. 278-336.

CLÉMENT, David. Bibliothèque curieuse historique et critique ou, Catalogue xaisonnc de

livres dijiciles à trouver. Gõtüngen, G. Schniid; Leipzig, J. F. Gleditsch, 1750-60. t. 1-8.

CÓDIGO de catalogação anglo-americano. Prep. por ALA, LC, LA, CLA. Trad. e adapt.

do texto norte-americano por Abner Lellis Corrêa Vicentini. Brasília, Ed. dos Tradutores,

1969. Apénd. III, p. 431-56.

COPINGER, Walter Arthur. Sujiplemcnt to Hain's Repertorium bibliographicum. Milano,

Gõrlich, 1950. 2 pt. em 3.y.

D'AGNIÊRES, Aimé Bouton. Armorial spécial de Trance... Paris, J. Claye, 1877. 582 p.

DELALAIN, Paul. Inventaire des marques d'imprimeurs et de libraires de la collection du

Cercle de là Libraire. 2. éd. rev. et. augm.' Paris, Cercle de la Libraire, 1892. p. 1-272.

DESLANDES, Vaiando. Documentos para a historia da typographia portugueza nos séculos XVI

e XVIJ. Lisboa, Impr Nacional, IS88. viu -j- 286 p.

DICCIONARIO enciclopédico hispano-americano de literatura, ciências, artes, etc. Barcelona,

Montaner y Simón; Nueva York, \V\ M. Jackson, s.d. 23 t.

DICCIONARIO Enciclopédico Labor. 3. ed. Barcelona, Editorial Labor, 1967. 8 t.

DIZIONARIO letterario Bompiani degli autori di tutti i terapi e di tutte le letterature.

Milano, V. Bompiani, 1956-7. 3 v.

ENCICLOPÉDIA italiana di scienze, Iettere ed arti. Milano, G. Treccani, 1929-39. 36 v.

ENCICLOPÉDIA vnivcrsal ilvstrada cvropeo-americana. Barcelona, Espasa Calpe, '930. 70 t.

THE ENCYCLOPAEDIA britannica: a dictionarv of arts, sciences, literature and generalinformation. II. ed. New York, 1910-1. 29 v.

ÉVORA. Biblioteca Pública e Arquivo Distrital. Livros impressos no século XVI existentes

na Biblioteca Pública e Arquivo Distrital de Évora. Évora, 1953. v. 1-2.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de

Janeiro, Nova Fronteira, s.d. 1499 p. ,

FIGANIÈRE, Jorge César de. Bibliographia histórica portugueza, ou Catalogo methodico dos

auetores portugnezes, e de alguns estrangeiros domiciliarios em Portugal... Lisboa, Ty-

pographia do' Panorama, 1850. viii 4. 349 +10 p.

FONSECA, Martinho de. Aditamentos ao dicionário bibliográfico portuguez de Inocencio

Francisco da Silva... Coimbra, Impr. da Universidade, 1927. 5 4- 377 p.GALLARDO Y BLANCO, Bartolomé José. Ensayo de una Biblioteca espanola de libros raros

y curiosos... Madrid, M. Rivadeneyra, 1863-89. 4 v.

GARRAUX, Anatole Louis. Bibliographie brésilienne: catalogue des ouvrages français & latinsrelatifs au Brésil (1500-1898). Paris, C. Chadenat k Jablonski, Vogt, 1898. 400 p.

GRAESSE, Theodor. Trésor de livres rares et préciewc, ou Nouveau dictionnaire bibliogra-

phique... Dresde, R. Kuntze, 1859-69. 7 t. em 4 v.

GRANDE dizionariò enciclopédico. 2. ed. Torino. Vnione Tipografico/Editrice Torinese,

1954-62. 12 v.

GRANDE enciclopédia Delta-Larousse. Rio de Janeiro, Delta, 1970. 12 v.

GRANDE enciclopédia portuguesa e brasileira. Lisboa, Editorial Enciclopédia, 1936-60. 40 v.

GUIGARD, Joannis. Armorial du bibliophile... Paris, Lib. Bachelin Deflovenne, 1870-3.

2 t. em 1 v.

HAEBLER, Konrad. Tipografia ibérica dei siglo XV; reproducción en faesímile de todos loscaracteres tipográficos empleados en Espana y Portugal hasta el ano de 1500... Haya,M. Nijhoff; Leipzig, K. W. Hiersemann, 1902. Ixxxvii f.

HAIN, Ludwig Friedrich Theodor. Repertorium bibiographicum, in quo libri omnes ab artetypographica inventa usque ad annum MD. Typis expressi... enumerantur... Milano,Gõrlich, 1948. 2 pt. era 4 v.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, iW:237-304, 1983.

Page 302: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 299 -

HORCH, Rosemarie Etika. Catálogo dos folhetos da Coleção Barbosa Machado... Anais da

Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, 92(1-7), 1974-82.

INDEX Aureliensis: catalogus librorum sedecimo saeculo impre>sorum. Aureliae Aquensis, V.

Koerner, 1965-76. pt. 1, t. 1-6.

LACROIX, Paul et alii. Histoire de 1'imprimerie et des arts et professions qui se rattachent

a la typographie. Paris, A. Delahays, 1851. 160 p.

LELLO universal: dicionário enciclopédico luso-brasileiro em 4 volumes. Porto, Lello, s.d. 4 v.

LIBRAIRIE WILHELM KOEBNER, Breslau. Livres rares et précieux... Breslau, s.d. 14 p.

(Catalogue 217).

LIBRARY OF CONGRESS. A catalog books represented by Library of Congress printed cards:

Issued to July 31, 1942. Michigan, Edwards, 1942-6. 167 v.

Library of Congress and National Union Calalog Author Lists, 1942-1962: A Master

Cumulation. Michigan, Gale Research, 1969. 152 v.

The National Union Catalog: A Cumulative Author List representing Library of

Congress printed cards and titles repcrted by other American Libraires, 1963-1967.

Michigan, J. W. Edwards, 1969. 67 v.

LIVRARIA KOSMOS, Rio de Janeiro. Raridades para bibliófilos: do séc. XV ao séc. XX

inclusive livros sobre o Brasil e América. Rio de Janeiro, 1967. 58 p. (Catálogo 400).

Rio de Janeiro, 1971. 71 p. (Catálogo 540).

Rio de Janeiro, 1972. 36 p. (Catálogo 560).

_ Raridades para bibliófilos: do séc. XV ao séc. XX e livros esgotados e de ocasião. Rio de

Janeiro, 1973. 60 p. (Catálogo 580).

Raridades para bibliófilos: livros raros e esgotados do Século XVI ao Século XX. Rio de

Janeiro, 1975. 116 p. (Catálogo 640).

LONCHAMP, F. C. Manuel du bibliophile français (1470-1920). Paris, Librairie des Biblio-

philes, 1927. 2 pt. em 4 v.

MACHADO, Diogo Barbosa. Bibhotheca lusitana histórica, critica e cronológica. 2. ed. Lisboa,

A. 1. Fonseca, 1930-5. 4 t.

McMURTRIE, Douglas C. O livro: impressão e fabrico. Trad. de Maria Luísa Saavedra

Machado. 2. ed. Lisboa, Fund. C. Gulbenkian, s.d. 688 p.

MATOS, Ricardo Pinto de. Manual bibliographico portuguez de livros raros, clássicos e

curiosos. Porto, Liv. Portuense, 1878. xii -j- 582 p.

MENDE2, Francisco. Typographia espanola, ó Historia de la introduccion, propagacion y

progresos dei arte de la imprenta en Espana¦... Madrid, en la Irnp. de la viuda de

D. Joachin Ibarra, 1861. xviii 4- 427 p.

MICHAUD, Josepli. Biographie universelle ancienne et moderne. Paris, Delagrave, s.d. 45 t.

MORAIS, Rubens Borba de. Bibliographia brasiliana... Rio de Janeiro, Colibris, 1958. 2 v.

NOUVELLE biographie générale... Paris, F. Didot, 1852-66. 46 t.

NUOVA enciclopédia italiana. 6. ed. Torino, Unione Tipografico-Editrice Torinese, 1875-88.

25 v.

PALAU Y DULCET, Antonio. Manual dei librero hispano-americano... 2. ed. cor. y aum.

Barcelona, Libr. Anticuaria de A. Palau, 1948-58. 15 t.

PASTORELLO, Ester. Tipografi editori, librai a Venezia nel secolo XVI. Firenze, L. S.

Olschki, 1924. 104 p.

PELLECHET, Marie Léontine Cathevine. Catalogue général des incunables des bibliothèques

publiques de France. Paris, A. Picard, 1897-1909. 3 t.

PINTO, Américo Cortes. Da famosa arte da impiimissâo: da imprensa em Portugal às cru-

zadas d'Além-Mar. Lisboa, Ulisséia, 1948. p. 430-44.

POLAIN, Louis. Marques des imprimeurs et libraires en France au XV* siècle... Paris, E.

Droz, 1926. 207 p.

QUÉRARD, Joseph Marie. Les supercherits littéraires dévoilées. 2. ed. Paris, P. Daffis,

1869-82. 3 t.

An. Bibl. Nac., Rio ue Janeiro, 20.3:257-304, 1983.

Page 303: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- soo -

RENOUARD, A. A. Annall delle edizioni aldine: con notfcie sulla famiglia dei Giunta erepertario delle Ioro edizioni íino al 1550. Bologna, Editoriate Fiammenehi, 1953.584 + Ixviii + 8 p. 8

RIS-PAQUOT, Oscar Edmond. Dictionnaire entyclopédique des marques $ monogrames,chiffres, lettres initiales, signes figuratifs... Paria, H. Laurens, 1893. 2 t.

RODRIGUES, José Carlos. Bibliotheca brasiliense: catálogo anotado dos livros sobre o Brasil...Rio de Janeiro, Jornal do Commercio, 1907. 180 p.

RODRIGUES, José Honório. Historiografia e bibliografia do domínio holandês no Brasil.Rio de Janeiro, Impr. Nacional, 1949. xvii -f- 489 p.

SANTOS, José dos. Catálogo da importante e preciosíssima livraria que pertenceu aos...condes de Azevedo e de Samodães. Porto, Tip. da Empresa Literária e Tipográfica,1921-2. 2 pt. r

— Catálogo da notável e preciosa livraria que foi do... Conde do Ameal... Porto, Tip.da Sociedade de Papelaria, 1924. 774 p.

SILVA, Inocêncio Francisco da. Diccionario bibliographico portueuez. Lisboa, Imor. Nacional1858-1958. 23 t. *

SOMMERVOGEL, Carlos. Bibliothèque de la Compagnie de Jésus... Bruxelles, O. Schepens.;Paris, A. Picard, 1890-8. 8 t.

SOTHEBY, Samuel Leigh. Principia typographica... London, W. McDowall, 1858. v. 2.SOUSA, José Soares de. índice alfabético do dicionário bibliográfico português de Inocêticio

Francisco da Silva. São Paulo, Dep. de Cultura, Div. de Bibliotecas, 1938. 264 p.THIEME, Ulrich 8: BECKER, Félix. Allgemeines Lexicon der bildenden Künstler von der

Antike bis zttn Genenwart... Leipzig, E. A. Seenann [1940] 37 v.TREVISANI, Piero. Storia delia stamptt. Roma, Ed. Raggio, 1953. p. 74-172.VERBO: enciclopédia luso-brasileira de cultura. Lisboa, Editorial Verbo, 1963. 18 v.

Ad. fi»bl. Nac., Rio de Janeiro, 103:237-304, 1983.

Page 304: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

ÍNDICE DE AUTORES OU TÍTULOS

Os números remetem às referências.

Os dados biográficos, quando apresentados, aparecem sempre na primeira

referência numérica.

Andrade, Antônio Galvão de 110

Andrade, Diogo de Paiva de 27

Andries, Josse 79

Antônio da Purificação 66, 68

Antônio das Chaga9 119

Ardizona ver Ardizzone Spinola, Antônio

Ardizzone Spinola, Antônio 113

Arquidiocese de Braga ver Igreja Católica.

Arquidiocese de Braga.

Baerle, Kaspar van 93

Bandeira, Antônio 69

Barba, Álvaro Alonso 64

Barbosa, Agostinho, bispo de Ughento 87

Barreira, Isidoro de 46, 127

Barreto, João Franco 104

Bispado de Évora ver Igreja Católica. Bispado

de Évora

Bosse, Abraham 94, 98-9

Brandão, Luís Pereira 18

Brianville, Claude Oronce Finé de 100

Brianville, Oronce de ver Brianville, Claude

Oronce Finé de

Bruno, Vicenzo 25

Bry, Théodor de 21

Cabreira, José 59

Cabrera de Córdoba, Luis 42

Candiotto, Ditte ver Dictys, cretensis

Caramuel Lobkowitz, Juan, bispo 63

Carvalho, Lourenço Pires de 124

Castro, Gabriel Pereira de 60, 105

Centúrias de Magdeburg ver Flacius, Mathias,

illyricus

Chagas, Antônio das ver Antônio das Chagas

Correia, João de Medeiros 95

Costa, Antônio Pinho da 90

Costa, Antônio Rodrigues da 125

Ciuz, Paulo da ver Paulo da Cruz

Cunha, Antônio Alvares da 97

Cunha, João Nunes da ver São Vicente, João

Nunes da Cunha, conde de

Cunha, Rodrigo da, arcebispo de Lisboa 56,

67

Çurita, Jerónimo ver Zurita y Castro,

Jerónimo

Delicado, Antônio 82

Dictys, cretensis 14

Diocese do Porto ver Igreja Católica. Diocese

do Porto

Escolano, Gaspar -35

Falcando, Ugo 10

Faria, Manuel Severim de 91

Felipe, Bartolomeu 19

Fernandes, Jorge ver Paulo da Cruz

Ferreira, Antônio 22

Ferreira, Manuel 131

Ferreras, Juan de 133

Flacius, Matthias, illyricus 12

Francisco de Santo Agostinho ver Macedo,

Francisco de Santo Agostinho de

Freire, Francisco de Brito 92, 107-8

Freitas, Serafim de 50

Froger, François 130

Galeno 17, 20, 32

Geraldini, Antônio 1

Gesner, Konrad 15

Góis, Damião de 43

Godinho, Nicolau 40

González Dávila, Gil 48

Couveia, Antônio de 28

Gouveia, Francisco Vaz de ver Gouveia,

Francisco Velasco de

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, lí>i:237-304, 1983.

Page 305: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 302 -

Gouveia.. Francisco Velasco de 70Guevara, Antonio de, bispo 6

Herrera, Antonio de ver Herrera y Tordesil-Ias, Antonio de

Herrera y Tordesillas, Antonio de 29Hornius, Gcorgius 85

Iciar, Juan de 9

Igreja Católica. Arquidiocese de Braga 126Igreja Católica. Bispado de Évora 57Igreja Católica. Diocese do Porto 122

João dos Prazeres 115

João dos Santos 33

João José de Santa Teresa 128

Lacerda, Fernando Correia de, bispo 106Leão de Santo Tomás 72Leonardi, Camillo 3Libri de re rvstica... 5Liceti, Fortunio 96Lopes, Fernão 71Lopes, Francisco 51Lucena, João de 23

Lutero, Martinho 8

Macedo, Antônio de Sousa de 54, 73

Macedo, Francisco de Santo Agostinho de74, 116

Manuzio, Aldo 13

Mariana, Juan de 111

Mariz, Pedro de 34Mártires, Timóteo dos ver Timóteo dos

Mártires

Meister, Georg 123

Melo, Francisco Manuel de 83

Meneses, João Rodrigues de Sá e 87Menestrier, Claude François 117Miranda, Francisco de Sá de 47

Optato, Santo, bispo de Milève 132Ordem de Avis 55

Ordem de Cristo 52

Ordem de N. S. Jesus Cristo ver Ordem deCristo

Ordem Militar de São Bento de Avis verOrdem de Avis

OseguerP, Diego de 16

Paulo da Cruz 38

Peregrinus, A. S. ver Schottus, AndreasPereira, Antônio Pinto 41 . .

Petrarca, Francesco 2Piccolomini. Enea Silvio ver Pio II, Papa

Pimenteí, Luis Serrâo 109

Pinto, Fernão Mendes 75Pio II, Papa 39Portugal, Francisco de 86, 103Prazeres, João dos ver João dos PrazeresPurificação, Antônio da ver Antônio da

Purificação

Queirós, Fernão de 120

Ramusio, Giovanni Battista 11Relação das exequias d'el rey Dom Filippe...

24

Rendella, Prospero 53Roboredo, Amaro de 49

Santa Teresa, João José de ver João José deSanta Teresa

Santo Agostinho, Francisco de ver Macedo,Francisco de Santo Agostinho de

Santo Tomás, Leão de ver Leão de SantoTomás

Santos, João dos ver João dos SantosSão Vicente, João Nunes da Cunha, conde

de 101-2

Savonarola, Cirolamo Maria Francesco Matteo129

Scaligero, Giulio Cesare 7Schmidel, TJlrich 21

Schottus, Andreas 26, 31Serrão, Antônio ver Timóteo dos MártiresSerrâo, Jerônimo Freire 76Siemienowicz, Casimiro 80

Silva, Bernnrdino 45

Silveira, Miguel da 61Sousa, Luís de 88

Sousa, Manuel de Faria c 81, 112, 114Suetônio 4

Tachard, Gui 121

Tácito 84

Tapía y Robles, Juan Antonio de 62Távora, Álvaro Pires de 77Timóteo dos Mártires 78

Tomás, Manuel 58

Universidade de Coimbra 89

Vasconcelos, Jorge Ferreira de 44Viegas, Antônio Pais 65

Vitrúvio 118

Wytfliet, Corneille 30

Zurita -y Castro, Jerônimo 36

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, /0i:237-SO4, 1983.

Page 306: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

ÍNDICE DE IMPRESSORES E CO-IMPRESSORES

Os números remetem às referências.

Os dados biográficos e a descrição da marca tipográfica, quando apresentados,

aparecem sempre na primeira referência numérica. O grifo determina as

co-impressões.

Abraham Bosse 94, 98-9

Adrien Vlacq 85

AEgidio Longhi ver Egidio Longo

Aldo Manuzio 5, 13

Alonso Martin de Balboa 29

André Pralard 132

Andréa Soceri 5

Andréa Torresani d'Asola ver Torresano de

Asola

Andreas Asulanus ver Torresano de Asola "

Andres Garcia de la Iglesia 111

Antoine Schelte, herdeiros de 130

Antônio Alvares 54, 43, 47, 71, 74

Antônio Cracsbeeck de Melo 101-2, 106, 112-4

Antônio Leite 104

Balthasar Moretus 63

Bartolomé de Nagera 9

Benit Durand 75

Bernardo Nogues 75

Bolzetta ver Mattia Cadorin

Carlos Amorós 6

Charles De Sercy 100

Christophorus Iroschoverus 15

Chrysostomo Garriz, herdeiros de 75

Claude Bourgeat 105

Claudius Marnius 26, 31

Corbelletti, Eredi dei ver Giuseppe Corbi,

herdeiros de

Corbelletti, herdeiros de ver Giuseppe Corbi,

herdeiros de

Cornelio Woons 79

Diego Diaz de la Carrera 81

Diego Fernández de Córdoba 16

Diego Lucas Jiménez 1)3

Diogo Gomes Loureiro 28, 72

Domingos Lopes Rosa 66, 68, 82

Egidio Longo 61

Francisco de Villa-Diego 133

Francisco Martinex 62

François Fabri 30

Frutuoso Lourenço de Basto 37

Gabriel Cramoisy 77

Gabriel de León 111

Gabriel Giolitcr deTerrari 14

Geraldo da Vinha ver Gc-rardo da Vinha

Gerardo da Vinha 51

Geróniznó Morillo 50

Gio. Vincenio dei Pernetto 19

Giovan Battista Sessa 3

Giunti, família ver Luc'Antonío Giunti, her>

deiros de

Giuseppe Corbi, herdeiros de' Í28'

Henrique Valente de Oliveira 92, 95, 97

Hieronymus Morillo ver Gevónimo Morillo

Horace Cardon 40

Iacobo Meursio ver Jacques van Meurs

Iinprenta dei Reyno 64

Ioam da Costa ver João da Costa

Ioannes Baptista Sessa ver Giovan Battista

Sessa

Ioannes Ianssonius ver Jan JanssenIoannes Oporinus ver Johannes Oporinus

loannis Roderici ver João Rodrigues

Iohannes Lufft ver Johann Lufft

Iohannis Aubrius ver Joannes Aubrius

IoSo Rodrigues ver João Rodrigues

An. BibL Nac., Rio de Janeiro, J0i:237-3©4, 1985."

Page 307: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 304 -

Iorge Rodrigues ver Jorge Rodrigues

luan Godinez de Millis ver Juan Godinez de

Millis

Ivan de Ia Costa ver João da Costa

Ivan de Vingles ver Juan de Vingles

Jacobo Meursio ver Jacques vau Meurs

Jacques van Meurs 84

Jan Janssen 80

Jan van Meurs ver Jean van Meurs

Jean Baptiste Coignard 118

Jean de Ia Caille 117

Jean van Meurs 58

Joam da Costa ver João da Costa

Joam Meursio ver Jean van Meurs

Joanes Rubeus Vercellêsis 4

Joannes Aubrius, herdeiros de 26, 31

Joannes Janssonius ver Jan Janssen

João da Costa 103-4, 109-10

João Galrão 107-8, 115

João Rodrigues 56, 76

Johann Lufft 8

Johann Riedel 123

Johannes Iansonius ver Jan Janssen

Johannes Oporinus 12

Jorge Rodrigues 38, 54-5

Jorge Royz ver Jorge Rodrigues

José Ferreira 122

Joseph Ferreyra ver José Ferreira

Juan de Vingles 9

Juan Godinez de Millis 29

Juan Sonzoni 75

Lourenço Craesbeeck 59-60, 69

Lourenço de Anvers 70, 76

Lourenço de Robles 36

Luc'Antonio Giunti, herdeiros de 11, 17, 20,32, 53

Ludovicus Sanctius ver Luis Sanchez

Luis Sanchez 42

Manuel Carvalho 57, 72, 78

Manuel da Silva 67-8

Manuel de Lira 18, 33

Manuel Lopes Ferreira 127

Mathurln Du Puis 10

Matthaeus Cadorinus ver Mattía Cadorin

Mattia Cadorin 96

Michaelis Deslandes ver Miguel Deslandes

Michaelis Manescal ver Miguel ManuseaiMiguel d'Arenas 25

Miguel Deslandes 116, 119-20, 126, 129Miguel Manescal 124-5, 131

Nicolau Carvalho 41, 45

Oficina Aubriana 39

Oficina Craesbeeckiana 83, 86, 90-1

Oficina Plantiniana 63

Paulo Craesbeeck 60, 65

Pedro Craesbeeck 22-5, 27, 44, 46, 49, 52Pedro Patrício Mey 35Pierre Mortier 121

Richard Heron 73

R. J. B. de la Caille ver Jean de la Caille

Sébastien Cramoisy 77

Sébastien Gryphe 7

Simâo de Carvalho 27

Simone de Luere 2

Stephan Plannck 1

Théodor de Bry 21

Thomas Giunti 48

Thome Giunti 48

Thome Carualho ver Tomé CarvalhoTobias Silberling 93

Tomé Carvalho 89

Torresano de Asola 2

Yorge Roys ver Jorge Rodrigues

Sem tipografia:

Londres 87

Sem notas tipográficas 88

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 20i;2S7-3O4, 1983.

Page 308: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

RELATÓRIO DA DIRETORA-GERAL

DA

BIBLIOTECA NACIONAL

19 8 3

Page 309: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

SUMARIO

Introdução

Recursos financeiros

Enriquecimento, tratamento técnico e conservação do acervo

Divulgação do acervo e difusão cultural

Atendimento ao público e serviços

Restauração do prédio

Presença no contexto cultural

Treinamento de recursos humanos

Visitas e eventos especiais

10 Conclusão

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:805-334, 1983.

Page 310: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

1 INTRODUÇÃO

Em 1983 pudemos dar continuidade aos esforços iniciados no ano ante-

rior para o alcance dos objetivos da política cultural do Governo em relação

à Biblioteca Nacional. Foi possível dar incremento a todas as reformas que

nos propusemos para reerguer e atualizar a instituição. A maior biblioteca

do Brasil recuperou, como fez aos traços originais da arquitetura de sua

sede, o prestígio a que sempre fez jus, em face da comunidade de estudiosos,

dos bibliotecários e de todos os agentes da cultura e da informação em

nosso país.

Ao encerrarmos esse ano, o segundo de nosso trabalho na Direção-Geral

da Biblioteca, apresentamos os dados e os números que reputamos suficientes

para mostrar um quadro desta unidade da Fundação Nacional Pró-Memória

no exercício que finda.

A visita de Sua Excelência o Senhor Presidente da República, em dezem-

bro, ficará em nossos anais como o marco de um momento de atividade

intensa, cujo espelho desejamos seja apresentado através do presente relatório.

2 RECURSOS FINANCEIROS

O orçamento da Biblioteca Nacional para o exercício financeiro de

1983 foi de Cr$ 893.462.780,00 (oitocentos e noventa e três milhões, quatro-

centos e sessenta e dois mil, setecentos e oitenta cruzeiros), distribuídos por

fonte de recursos conforme o quadro abaixo:

Demonstrativo de recursos movimentados em 1983 por fontes:

Fonte Denominação Valor em Cr$

00 Tesouro Nacional — recursos ordinários 371.540.000,00

46 Tesouro Nacional — recursos vinculados 495.655.780,00

70 Diretamente arrecadados 25.302.000,00

90 Saldo do exercício anterior 965.000,00

TOTAL 893.462.780,00

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, /W:S05*334, 1983.

Page 311: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

Nas obras de restauração da parte interna do prédio da Biblioteca Na-

cional foram despendidos os seguintes recursos:

Fonte Valor em Cr$

00

46

Tesouro Nacional — recursos ordinários

Tesouro Nacional — recursos vinculados

30.000.000,00

111.259.780,00

TOTAL 141.259.780,00

O montante acima foi utilizado basicamente nas seguintes obrás:

Reforma e fabricação de peças: de iluminação e decoração em bronze;

construção e montagem de um mezanino na Seção de Iconografia; recuperação

da cobertura e das esquadrias; pintura e restauração de salas, armazéns (livrose periódicos) e sanitários; recuperação dos elevadores; fabricação e colocação

de lustres metálicos em estilo original; adaptação das instalações para abrigar

os laboratórios de mícrofilmagem e de restauração de papéis; recuperação da

laje do armazém do 6.° andar e limpeza da área externa.

Para dar continuidade ao projeto de automação iniciado em 1982, foram

adquiridos dois microprocessadores e um conjunto-sistema Poly-Net no valor

de Cr$ 25.827.127,00 e um condicionador de ar de 5 Tr, resfriado a água,

no valor de Cr$ 3:582.000,00.

3 ENRIQUECIMENTO, TRATAMENTO TÉCNICO E

CONSERVAÇÃO DO ACERVO

Se o ano de 1982 foi o da .implantação dos serviços automatizados no

qual a tarefa principal, depois da aquisição do equipamento, foi o treina-

mento do pessoal em CALCO, AACR2 e digitação,. 1983 foi. o ano em queos esforços se concentraram na normalização e còmpatibilizãção dós processostécnicos. Nesse sentido, desenvolveram-se trabalhos como o Projeto CAU —

Cabeçalho de Assunto Unificado," instituído eíü novembro de 1982, com

o objetivo de sistematizar os cabeçalhos a serem utilizados no catálogo de

assuntos da Biblioteca Nacional e da rede que se forma em torno de sua

coordenação. O Projeto já elaborou tradução e adaptação das subdivisões

dos cabeçalhos de assunto da Librarv of Congress que foram divulgadas

entre os órgãos da Pró-Memória, bibliotecas centrais universitárias, cursos

de biblioteconomia e principais bibliotecas públicas para críticas e sugestões.

A sistematização está sendo preparada a partir das áreas de conhecimento.

As áreas em que já se efetuaram trabalhos de levantamento e identifi-

cação foram: Língua e Literatura, Teatro, Educação* Economia, Psicologia,

História e Direito.

Iniciaram-se estudos para a adoção de processos computadorizados paracontrole da estrutura doà cabeçalhos, já que o controle artesanal não será

viável no futuro, dada a grande quantidade de termos a serem manipulados.

A consciência da necessidade de um padrão único nacional, de uma

política de catalogação cooperativa. e dá compatibilização de formatos levou

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 705:305-334, 1983.

Page 312: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- m -

a Biblioteca a promover reuniões com outras instituições corno â Fundação

Getúlio Vargas e o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Teaio-

logia para exposição e discussão dos posicionamentos das instituições e do

objetivo de seus programas com vistas ao entrosamento em problemas como:

rede de coleta, treinamento, recursos e controle bibliográfico nacional.

Como um de seus instrumentos de alcance desses objetivos, a Biblioteca

Nacional ampliou durante o ano de 1983 sua rede de bibliotecas com a

entrada no Programa de Integração Nacional de Bibliotecas e Centros de

Informação (INBI), lançado em 1982, das bibliotecas centrais das Univer-

sidades Federais do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Goiás e

Pernambuco, e do Instituto Estadual do Livro, do Estado do Rio de Janeiro.

No âmbito do processamento automático de serviços, está em fase final

o software para a automação da entrada de periódicos através da Seção

de Contribuição Legal e a fusão com os catálogos existentes na Biblioteca,

os quais possuem 39.000 entradas em máquina. O projeto visa a uniformizar

as entradas existentes e os registros correntes, ambos em formato CALCO.

O software em desenvolvimento prevê também a reformatação dos

registros de coleções já em máquina e, progressivamente, a fusão desses

registros no Banco de Dados da Produção Documental Brasileira, núcleo

do projeto de automação dos diferentes serviços da Biblioteca Nacional

(ver anexo).

O Projeto CADENT foi desenvolvido provisoriamente limitando-^e a

reunir apenas em cada listagem 2.000 títulos. O projeto atualmente está

gerando as cartas que acusam o recebimento e, mensalmente, a lista das

publicações recebidas de cada editora. Esse projeto será gradativamente

substituído por programa vinculado ao Banco de Dados.

A Biblioteca recebeu em decorrência do cumprimento do Decreto da

Contribuição Legal 115.288 peças, entre livros, jornais, revistas, folhetos,

partituras, material iconográfico e discos, o que representa um aumento de

entradas de obras de 20% em: relação ao exercício anterior.

O INBI é um dos programas de captação de publicações nos diversos

Estados. Â partir de junho de 1983, todas as publicações remetidas pelas

bibliotecas-base do Programa vêm sendo devidamente identificadas quanto

à procedência, tendo sido recebidas L500 publicações através dessa rede

de coleta descentralizada.

Durante o exercício de 1983 foram adquiridos pela Seção de Compras

131 títulos, sendo 39 nacionais, número constituído de obras de referência,

e 92 títulos estrangeiros, além de uma coleção de fotografias para a Seção

de Iconografia. As constantes variações cambiais e as medidas de economia

não permitiram a aquisição do material bibliográfico selecionado (mais de

1.000 títulos) pela Comissão de Seleção, tendo sido necessário o estabele-

cimento de prioridades para as aquisições de 1983. Foram utilizados

Cr$ 7.553.322,00 para aquisição no mercado interno e US$ 2.033, correspon-

dendo a Cr§ 1.425.133,00, para importação direta. Foram renovadas as

assinaturas de 69 periódicos estrangeiros, perfazendo essas assinaturas a

quantia de Cr$ 7.620.916,00.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10):305-334, 1983.

Page 313: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 312 -

Através da Seção de Intercâmbio, a Biblioteca Nacional recebeu emcaráter de doação 6.838 peças e, por permuta, 3.460 peças.

Na ocasião da reabertura da Seção de Iconografia, o Sr. Cónsul-Geralda Itália fez uma doação de 143 volumes de livros de arte que haviamanteriormente representado esse país amigo na Bienal Internacional doLivro, em São Paulo. Também para a Seção de Iconografia se destinou oálbum Olinda, com litografias de Aloísio Magalhães, doado por SolaneeMagalhães. S

Em maio os serviços de automação passaram à subordinação direta daChefia da Divisão de Processamento Técnico. Para o trabalho de digitaçãoforam contratados seis estagiários, cabendo aos bibliotecários os encargos decodificação e de revisão.

Os trabalhos técnicos de catalogação e classificação apresentaram um

acréscimo de produção em relação ao ano anterior, apesar das paralisações

por motivo de obras e a precariedade das condições de funcionamento daDivisão de Processamento,

por mais de dois meses,'no corredor do 3.° andar,enquanto se restaurava e pintava a ala onde se localizam a Divisão de Aqui-sição e a de Processamento Técnico.

Em virtude das obras que se realizaram nessa ala, de setembro adezembro, os microcomputadores não puderam ser utilizados, voltando a fun-cionsr, em dezembro, em nova sala, com teto rebaixado, e condicionadorde ar próprio. Nessa sala foi montado o novo equipamento adquirido queconsta do Sistema Polv-Net e de mais um microcomputador.

Em números, o processamento de material bibliográfico que deu entrada

na Biblioteca Nacional apresenta o seguinte quadro:

MATERIAL BIBLIOGRÁFICO CATALOGADO CLASSIFICADO

Livros 3I.36U 22.562

Folhetos 2.567 3.538

TOTAL 33.9282 26.100

O crescimento, pois, da produção na catalogação foi de 33.928 (1983)contra 26.298 (1982) e na classificação de 26.100 (1983) contra 12.821 (1982).

Prosseguimos durante o exercício de 83 os inventários de acervo dos

setores da Divisão de Referência Especializada. Na Seção de Obras Raras

dá-se continuidade ao inventário de periódicos raros iniciado em maio de

1982. Foram inventariados 193 títulos e 26.680 fascículos. Observe-se quede abril a novembro, quando foi substituída toda a estanteria e reformulado

o aproveitamento do espaço físico, os funcionários da Seção foram deslocados

para outras áreas, o que determinou uma diminuição no ritmo de trabalho

do inventário. Esse levantamento deverá ser absorvido em 1984 pelo projeto

Nesse total incluem-se 1.816 obras dos séculos XVI, XVII e XVIII identificadas atravésdo Subprojeto Integração do Acervo Histórico.

Incluídos na cômputo 5.927 títulos rccatalogados.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J0.3:3O5-354, 1983.

Page 314: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- -313 -

de catalogação de periódicos correntes, a fim de integrar o Banco de Dados

da Produção Documental Brasileira.

O Inventário de Obras e Folhetos, cuja segunda etapa consistia no con-

fronto catálogo principal X catálogo topográfico X obra e que se encontrava

na letra T do catálogo principal, foi concluído em outubro, em seis dias

úteis, pelas equipes da Seção de Obras Raras e do Subprojeto Integração do

Acervo Histórico em trabalho conjunto. Foram conferidas, nessa fase, 597

obras em 890 volumes e corrigidas 1.323 fichas dos diferentes catálogos. O

término do inventário representa um fator primordial para a implantação

do sistema CALCO nos trabalhos de tratamento técnico das obras raras.

Na Seção de Música e Arquivo Sonoro realizaram-se tarefas de tomba-

mento, etiquetagem e catalogação sumária por computador de 2.050 peças

da coleção de discos LP.

Um passo importante na automação do tratamento de material especial

está sendo dado na adaptação do CALCO para partituras e peças musicais.

Para os trabalhos técnicos preliminares no material do Arquivo Sonoro foram

designados dois funcionários que iniciaram a aprendizagem de digitação em

microprocessador.

Na Seção de Iconografia, o prosseguimento do inventário de mapas

iniciado em 1978 apresentou, no exercício, como resultado a recatalogação

de 1.150 mapas. Essa revisão na coleção de mapas pelo catálogo principal

se faz necessária em face da adoção de normas modernas no tratamento do

acervo geral da Biblioteca. Por outro lado, a revisão pelo catálogo topo-

gráfico vem confirmar a existência do material num acervo de máxima

importância para os estudos históricos e geográficos, no qual se incluem

peças raras dos séculos XVI a XX. Foram inventariadas também 680 estampas

da Escola Flamenga e 161 da Escola Alemã. A coleção de estampas em

inventário na Seção de Iconografia possui peças de grande raridade gravadas

por mestres europeus do século XVI ao XIX. Esses trabalhos foram suspensos

para a arrumação de todo o acervo da Seção nas novas estanterias adquiridas

para a reforma e novo lay-out da sala.

Na Seção de Manuscritos, apesar das obras de restauração que obrigaram

a redistribuição física dos servidores, nem o trabalho de tratamento das

coleções nem o atendimento ao público sofreram solução de continuidade.

Assim prosseguiu o tratamento da Coleção Morgado de Mateus, com o ficha-

mento de 3.3<28 documentos, e o da Coleção Documentos Biográficos, com

o inventário de 15.088 documentos em 9.893 pastas.

A ampliação do programa de tratamento deu oportunidade para a inclu-

são de novos levantamentos de coleções até então não inventariadas, como

a Coleção Afrânio de Melo Franco (correspondência), com 2.905 cartas

inventariadas, € a Coleção Artur Ramos (correspondência), com 110 cartas

inventariadas.

Na área de manuscritos há que se registrar ainda a concessão de novas

bolsas de aperfeiçoamento e a renovação das que já foram concedidas em

1982 pelo CNPq para a execução do projeto Documentos Republicanos.

Foi firmado contrato com a associação Archives de Littérature Latino-

-Américaine et des Caraibes du XXème Siècle para levantamento de ma-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103\305-334, 1983.

Page 315: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

314 ~

nuscritos de literatura brasileira do século XX. Como primeiro passo para

esse levantamento, foi enviada carta circular a todas as editoras, às princi-pais bibliotecas e aos centros de documentação do país, com questionáriosobre a existência de documentação manuscrita de nossa literatura do séculoatual.

O Subprojeto Integração do Acervo Histórico foi iniciado em julho de1982 e prosseguiu seus trabalhos durante todo o ano de 1983. Com oobjetivo de integrar um considerável número de obras que se encontravamfora do fluxo da Biblioteca, apresentou, no exercício

que finda, os melhoresresultados, malgrado as diversas alterações transcorridas na rotina dos tra-balhos em decorrência da restauração do prédio e dos deslocamentos daequipe para apoiar outros serviços. Em fevereiro, o Subprojeto adotou osistema de pontuação da Anglo American Cataloguing Rules 2nd editioncom vistas a compatibilizar a catalogação processada no Subprojeto com a

que vigora na Divisão de Processamento Técnico. Foi adotado a seguir oInternational Standard Bibliographic Description

(Antiquarian) — ISBD(A)para a padronização descritiva das obras dos séculos XVI, XVII e XVIII.

Fm setembro foi iniciado o processamento técnico pelo sistema CALCO como uso de planilhas para uniformizar com o Banco de Dados. Foram retiradas1. Í2G fichas de autor referentes a obras dos séculos XVI e XVII não loca-h/adas nos armazéns da Seção de Obras Gerais. Confrontando-se essas fichascom as obras recuperadas no Subprojeto, verificou-se

que 569 desses títulosconsiderados desaparecidos encontravam-se entre as obras tratadas no Subpro-

jeto em 1982. Espera-se que as demais sejam localizadas no acervo ainda nãoinventariado.

O Subprojeto Integração do Acervo Histórico transferiu pira a Seçãode Obras Raras 11.295 volumes de livros dos séculos XVI e XVII, sendo7.652 volumes oriundos dos armazéns da Seção de Obras Gerais e 3.643 do"reservado"

da 6.a galeria do 4.° andar, tratados tecnicamente pela equipedo Subprojeto em 1982-1983. .

O Plano Nacional de Recuperação de Obras Raras — PLANOR — foicriado através da Portaria n.° 19, de 31 de outubro de 1983, com o objetivo de:

identificar os principais acervos de obras raras existentes em bibliotecase outras instituições culturais;

orientar a organização e catalogação desses acervos, de acordo com asnormas adotadas

pela Biblioteca Nacional e manter intercâmbio com oscatálogos internacionais de obras editadas do século XV a XVIII;elaborar o Catálogo Coletivo das Obras Raras existentes no país;identificar e orientar o registro, em formato CALCO, do acervo editado

no país, a partir do século XIX considerado, raro;dai assistência técnica na instalação de laboratórios de restauração e pro-mover programas de treinamento de pessoal, tendo em vista a normalizaçãoa nível nacional;

organizar campanhas nacionais de restauração de documentos em suporte

papel;definir técnicas e padrões de guarda e encadernação para material biblio-

gráfico raro.

An. Bibl. Nac„ Rio de Janeiro, 10):305-354, 1983.

Page 316: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 315 -

A Biblioteca Nacional foi designada para órgão de coordenação e execução

do PLANOR, cujos recursos serão alocados à Biblioteca pela Fundação Na-

cional Pró-Meraória.

À semelhança da maneira de atuar do Plano Nacional de Microfilmagem

de Periódicos, o PLANOR estabelecerá uma rede de núcleos estaduais res-

ponsáveis pela restauração do acervo bibliográfico e deverá contar com o

apoio de instituições públicas e privadas.

Para a consecução de seu objetivo a Biblioteca Nacional inauguiou em

dezembro seu Laboratório de Restauração, que está sendo dotado de equi-

pamento e material de consumo importados da Espanha e da França. Entre

esse equipamento, será de primordial importância a autoclave Mallet, de

procedência francesa, para desinfecção de livros por fumigação de óxido de

etileno e fréon 12, a vácuo. Para restauração entre outras máquinas, o Labo-

ratório contará com máquina automática Vinyector, espanhola, para preen-

chimento em zonas rotas do papel afetado por causas físicas, químicas e

biológicas. Os recursos foram obtidos através de projeto aprovado pela FINEP

no valor de US$ 79.525,74.

Um setor de encadernação subordinado ao Centro de Pesquisa e Trei-

namento em Papel está sendo instalado para atendimento à grande demanda

de encadernação da Biblioteca Nacional.

Desde 1982 sob a responsabilidade exclusiva da Biblioteca Nacional, o

Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos Brasileiros tem como obje-

tívo identificar, localizar, organizar, recuperar e preservar pela microfilmagem

o acervo hemerográfico brasileiro existente nas diversas unidades da Federação,

visando a sua recuperação para a Biblioteca Nacional, órgão depositário

da memória impressa nacional, e facilitar-lhe a consulta. O crescimento do

Plano se verifica a cada ano tanto na quantidade de convênios assinados

como em abrangência, tendo no ano de 1983 alcançado a totalidade dos

Estados da União.

O Plano atua hoje em 23 Estados, possuindo convênios e acordos assina-

dos com 40 instituições nacionais, sendo 28 com recursos transferidos pela

Biblioteca Nacional; 12 sem repasse de recursos e 3 internacionais.

Além dessas instituições vinculadas ao Plano através de convênios e

acordos, com ou sem ônus, o Plano mantém intercâmbio de informações e

de empréstimo de coleções com mais de 100 instituições, onde foram e estão

sendo processados levantamentos sistemáticos das coleções hemerográficas.

O Plano detém hoje um catálogo coletivo com fichas de controle de

títulos e periódicos de jornais existentes nas 150 instituições cooperantes

que atingem um total de 20-000 (vinte mil) títulos, sendo 60% do século

XIX e 40% do século XX. O inventário de periódicos realizado por compu-

tador atualmente em revisão possibilitará uma ampliação e maior facilidade

para esse trabalho. Estima-se que até 1985 o número de títulos localizados

aumente em cerca de 50%, pois diversos Estados ainda não concluíram o

levantamento na sua Capital-

Aa Bibl. Nac-, Rio de janeiro.. 2Gi:SQà-334, 19$$.

Page 317: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 316 ~

A Biblioteca, através do Plano, orienta e financia as instituições coope-rantes no trabalho de:

identificar os títulos de jornais editados em cada Estado;localizar as coleções,

primeiramente nas capitais e, em seguida, nas cidadesdo interior;

organizar as coleções, para verificação das faltas e falhas;recuperar coleções através da rede de contactos e intercâmbio de infor-mações

que se formou a nível nacional;preservar as coleções originais através de microfilmagem sistêmica, detendoassim o desgaste físico decorrente do manuseio direto.

Relacionamos a seguir a produção obtida pela atuação do Plano Nacionalde Microfilmagem de Periódicos Brasileiros durante o ano de 1983, nosnúcleos sediados no Rio de Janeiro e coordenados

pela Biblioteca Nacional.

Biblioteca Nacional — Centro de Microfilmagem e Reprografia:títulos microfilmados: 215

rolos produzidos: 224

páginas microfilmadas: 246.400

Observe-se que o antigo Laboratório de Microfilmagem da Biblioteca

ficou seis meses paralisado enquanto duravam as obras de instalação donovo Laboratório e três meses com sua capacidade de produção reduzida àmetade.

Núcleo da PUC (Pontifícia Universidade Católica) :

títulos microfilmados: 1

rolos produzidos: 141

páginas microfilmadas: 155.100

Núcleo CMSB (Centro de Memória Social Brasileira):

títulos microfilmados: 1

rolos produzidos: 165

páginas microfilmadas: 181.500

Núcleo FCRB (Fundação Casa de Rui Barbosa):

títulos microfilmados: 74

rolos produzidos: 194

páginas microfilmadas: 213.400

4 DIVULGAÇÃO DO ACERVO E DIFUSÃO CULTURAL

Exposições em torno de temas ou de efemérides ligadas ao livro e àcultura em geral têm constituído uma das formas tradicionais de divulgaçãodo acervo e de promoção cultural. As obras empreendidas no prédio durantetodo o ano de 1983, em especial as que se realizaram no saguão e em todaa altura do vão central, impediram a efetivação de um programa cultural

que incluía, entre outros eventos, a exposição comemorativa do V centenáriode nascimento de Martinho Lutero. No- entanto, a Biblioteca realizou peque-,nas exposições comemorativas em suas dependências do Palácio da Cultura.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0i:3O5-334»;1983.

Page 318: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 317 -

Em 10 de agosto, na Seção de Música e Arquivo Sonoro, 3.® andar do

Palácio da Cultura, inaugurou-se a Exposição Centenário da Morte de

Wagner, numa promoção conjunta da Biblioteca Nacional, Centro de Letras

e Artes da UNI-RIO e do Instituto Cultural Brasil-Alemanha - Instituto

Goethe. Foram exibidas partituras, libretos e programas de óperas de

Wagner, além de notícias de espetáculos, críticas e estudos sobre a obra

do grande compositor alemão.

Atendendo à solicitação da comissão organizadora da "Semana

Josué

de Castro", foi montada na Biblioteca Euclides da Cunha uma exposição

das principais obras do autor existente na Biblioteca Nacional. A inau-

guração, que contou com a presença de familiares do escritor, ocorreu no

dia 20 de setembro. Na oportunidade, a família doou à Biblioteca obras,

recortes e fotografias do autor de Geografia da Fome.

Para marcar a data da conclusão das obras de restauração do prédio,

da implantação das reformas realizadas no biênio 82-83 e a reabertura do

saguão com novas vitrines, foi inaugurada no dia 12 de dezembro a

exposição "Acervo

Precioso" com peças raras e valiosas das coleções da

Biblioteca, como ura missal manuscrito do século XV; a Bíblia de Mogúncia

que, editada em 1462 pelos discípulos de Gutenberg, é um dos marcos dos

primórdios da imprensa; um exemplar do Código Civil Francês que pertenceu

à biblioteca do Palácio de Malmaison, além de material iconográfico cons-

tituído de mapas manuscritos, gravuras de Dürer, Van Levden e Goeldi, e

outras peças de inestimável valor do acervo da Biblioteca Nacional.

No ato inaugural da exposição, ouviu-se um concerto do Quarteto de

Cordas da Universidade Federal do Rio de Janeiro com peças de Boccherini,

Villa-Lobos e Debussy.

Para comemorar o centenário da publicação dos Cantos Populares do

Brasil, de Sílvio Romero, a Biblioteca Nacional promoveu na Seção de

Música, no dia 29 de dezembro, uma exposição de obras de Sílvio Romero

e de outros autores que deram continuidade aos estudos folclóricos no

Brasil, iniciados por Celso Magalhães e pelo próprio Sílvio Romero.

O programa editorial da Biblioteca tem como objetivo principal

a

difusão da cultura e da informação através da divulgação de seu acervo e

dos resultados dos trabalhos da equipe.

De acordo com tal objetivo, foram publicados os seguintes títulos;

Simón Bolívar Informações Bibliográficas, dentro da Coleção Rodolfo

Garcia, em comemoração do bicentenário de nascimento do Libertador,

com tiragem de 1.000 exemplares.

Anais da Biblioteca Nacional, v. 102, com tiragem de 1.000 exemplares.

Boletim Bibliográfico, v. 25, n. 4, relativo ao 4.° trimestre de 1980.

Boletim Bibliográfico, v. 26, n. 1 e 2, relativos ao L° e 2.° trimestres de

1981. A tiragem do Boletim é de 2.000 exemplares.

Acervo Precioso - Catálogo da exposição inaugurada a 12 de dezembro,

com tiragem de 1.500 exemplares.

Foram confeccionados e distribuídos cartazes sobre Contribuição Legal,

sobre a exposição "Acervo

Precioso" e folhetos sobre os cursos a serem minis-

irados em 1984.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, i0.?:3O5-334> 198$.

Page 319: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 318 -

Encontra-se nesté volume dos Anais o Catálogo de raridades bibliográ-ficas recuperadas pelo Subprojeto Integração do Acervo Histórico: séculosXV a XVII. O Catálogo vem enriquecido de pesquisas bibliográficas desen-volvidas pelas bibliotecárias do Subprojeto com a coordenação de Cely deSouza Soares Pereira.

Dando continuidade à publicação dos trabalhos de Alexandre Rodrigue;Ferreira, a Biblioteca Nacional contratou a bibliotecária Glória Marly Fontes

para pesquisar e preparar a edição da parte de Botânica do naturalistabrasileiro. O trabalho deverá ser publicado pela Biblioteca Nacional noexercício de 1985 em co-edição com outras entidades de caráter culturale científico.

Já se encontra em fase de impressão o Boletim Biblioeráiico v. 27, relativoao ano de 1982.

A publicação que contém o Relatório Final e as Recomendações doCongresso Regional do Lívto para a América Latina e o Caribe — COREL—

já foi encaminhada à gráfica. Os textos que integram o volume estãonas três línguas oficiais do COREL: Português, Espanhol e Inglês. Emanexo vêm os discursos

proferidos nas sessões de abertura e encerramentoe a lista dos participantes.

Pronto para ser encaminhado à gráfica está o folheto sobre a BibliotecaNacional. O objetivo dessa publicação é prestar ao usuário e ao visitanteuma visão global da Biblioteca: a história, o acervo, o prédio e os serviços.

5 ATENDIMENTO AO PÚBLICO E SERVIÇOS

A principal forma de a Biblioteca cumprir sua função de "proporcionar

a informação cultural nas diferentes áreas do conhecimento humano" éatravés do atendimento a leitores, pesquisadores e consulentes em suas salasde leitura: Obras Gerais, Referência, Periódicos, Manuscritos, Música eArquivo Sonoro e Reprografia e Microfilmagem.

É o seguinte o quadro estatístico de atendimento ao leitor nos diversossalões da Biblioteca Nacional, durante o ano de 1983:

SALOES LE1TORES PEQAS CONSULTADAS

Obras Gerais 37.421 80.711

Referenda 16.368 18.174

Peri6dicos 15.976 34.750

Obras Raras 712 2.971

Manuscritos 502 2.430

Iconografia 2.164 4.665

Mrisica e Arquivo

Sonoro 5.718 15.189

Reprografia e Micro-

filmagem 15.829 44.000

TOTAL 94.690 202.890

An. Bibl Nac, Rio de Janeiro, i0i:5O5-3M,- 1983.

Page 320: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 319 --

A Seção de Referência recebeu 516 solicitações de pesquisas bibliográ-

ficas, das quais 502 já foram atendidas, estando 14 ainda era pesquisa.

A despeito das dificuldades geradas pelas obras de restauração do prédio,ocorreu um acréscimo global de 17.612 leitores atendidos em 1983 em relação

ao ano anterior (77.078). O decréscimo específico no atendimento da Seção

de Periódicos (de 23.674 leitores em 82 para 15.976 em 83) se justifica

pelo não atendimento de consulta ao Diário Oficial, durante dois meses,

junho e julho, o que representa aproximadamente 1/3 da consulta a perió-dicos na Biblioteca Nacional. Nesse mesmo período, a consulta a jornais e

revistas ficou restrita a leitores vindos de fora do Rio, em casos especiais de

atendimento urgente a pesquisadores e a professores que estavam elaborando

teses e trabalhos de pesquisa com tempo restrito. Observe-se que o mês de

junho é um dos meses em que é maior a demanda, por ser período de

apresentação de trabalhos nas faculdades e escolas superiores.

Entre os serviços oferecidos ao público pela Biblioteca Nacional conta-se

o de cópias, que é atribuição do Centro de Microfilmagem e Reprografia.

É o seguinte o quadro de atendimento ao usuário:

DISCRIMINAÇÃO SERVIÇO

Sala de Leitura de Microfilme

Peças consultadas (unid. rolo)

Volumes p/peças corresponden-

tes aos 14.519

Pedidos de leitores atendidos

em xerox

QUANTIDADE

15.829 leitores

14.519

44.000 volumes

4.545s

Pedidos de leitores atendidos

em microfilmes 455

Outro serviço da Biblioteca Nacional é o registro de direito de autor.

O Escritório de Direitos Autorais, que funciona desde maio de 1982 no 6.°

andar do Palácio da Cultura, registra e certifica direitos de autor na forma

da legislação vigente, bem como fornece e averba certidões relativas aos

registros efetuados. O Escritório de Direitos Autorais modificou o sistema

de registro, passando a usar folhas soltas, datilografadas, com uma cópia,

a do traslado que, de acordo com o Art. 11 da Resolução n.° 5 do CNDA, "...

conterá a transcrição integral do termo...", o que antes não ocorria. Essas

5 A partir de novembro de 1983, com o término das obras no Centro de Microfilmageme Reprografia e reestruturação dos serviços, a Biblioteca Nacional passou a atender 75%dos pedidos de cópias xerox na hora.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10.?:305-S34, 1983.

Page 321: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 320 -

folhas têm impressos todos os quesitos exigidos, de maneira que, preenchen-do-se os espaços com os respectivos dados, tem-se o registro e o traslado ao

mesmo tempo. Esse sistema veio substituir o antigo lançamento do termo

de registro em volumes pesados de 500 páginas manuscritas. Durante o

exercício de 1982 foram efetivados 1.285 registros.

A Biblioteca Nacional, como agência brasileira do ISBN (InternationalStandard Book Number), incentiva o uso desse código numérico entre os

editores nacionais e está apta a fornecê-lo agora através de processamentoautomatizado efetuado na Biblioteca sem a dependência da SEINF, em

Brasília, como era anteriormente. Estão cadastradas 149 editoras. Foram

atribuídos 1.170 números, que representam um aumento de 221% em relação

a 1982. Esse crescimento da demanda do ISBN resulta de uma divulgação

mais ampla do serviço em congressos, encontros, seminários e palestras e da

agilização do processo de atribuição.

A Biblioteca Nacional programou e realizou cursos de curta duração para

graduados, dentro de sua atribuição de estabelecer, em colaboração com os

órgãos competentes, programas de treinamento e aperfeiçoamento de pessoal.Os cursos, realizados em dependências da Biblioteca Euclides da Cunha, de

março a novembro, receberam inscrições de interessados do Rio e de outros

Estados. Foram os seguintes:

Avaliação de Serviços e Coleções de Referência — Prof.a Nice Menezes

de Figueiredo, de 15 a 18 de março. 18 alunos, sendo 6 da Biblioteca,

1 do Ceará e demais candidatos locais.

Sistema de Informação para o Governo — Prof.a Regina Célia Montenegro

de Lima, de 5 a 8 do abril. 17 alunos, sendo 7 da Biblioteca Nacional,

1 do Espírito Santo e demais candidatos locais.

Recursos Humanos em Informação — Prof.a Regina Célia Montenegro

de Lima, de 10 a 13 de maio. 15 alunos, sendo 7 da Biblioteca Nacional,

1 de Pernambuco e demais candidatos locais.

A Biblioteca e a Bibliometria — Prof.a Elizabeth Schneider de Sá, de 21 a

24 de junho. 21 alunos, sendo 2 da Biblioteca Nacional, 1 de São Paulo

e demais candidatos locais.

Livro Raro — História e Conservação — Prof.a Lygia Cunha e Prof.a

Cely de Souza Soares Pereira, de 8 a 12 de agosto. 32 alunos, sendo 16

da Biblioteca Nacional, 1 de Brasília, 2 do Amazonas, 1 do Espírito Santo,

1 de Minas Gerais, 2 de Santa Catarina, 2 de São Paulo e demais candi-

datos locais.

Metodologia de Indexação de Jornais Diários, Literários e Recortes de

Jornal — Prof.a Hagar Espanha Gomes, 3.as e 5.a8-feiras de agosto a no-

vembro. 22 alunos, sendo 4 da Biblioteca Nacional, 1 de Volta Redonda

e demais candidatos locais.

Fundamentos Teóricos da Pesquisa Bibliográfica — Prof.a Alice Barros

Maia, de 19 a 22 de setembro. 30 alunos, sendo 6 da Biblioteca Nacional

e demais candidatos locais.

Formatação e Codificação em Atividades de Informação — Prof.a Ida

Maria Cardoso Lima, de 17 a 21 de outubro. 21 alunos, sendo 14 da

Biblioteca Nacional, 1 de Volta Redonda e demais candidatos locais.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:S03-334, 1983.

Page 322: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 321 -

O Curso Noções Básicas e Administração de Direitos Autorais, com oProf. Henrique Gandelman, foi ministrado no plenário do Conselho Federalde Cultura, gentilmente cedido para esse fim. Teve a freqüência de 82 alunos.

A Biblioteca Euclides da Cunha, supervisionada pela Coordenadoria deSistemas de Bibliotecas e Informação, é uma Biblioteca para o público cm

geral, com sistema de empréstimo domiciliar. A Biblioteca Nacional pretendefazer da Euclides da Cunha uma biblioteca atuante, voltada para o atendi-mento dos alunos de 1.° e 2.° graus. A freqüência desse ano de 1983 foi de9.327 consulentes, com 12.270 obras consultadas e 3.120 emprestadas aos

leitores. A Biblioteca Nacional encaminhou à Euclides da Cunha 1.830 títulos

durante o exercício de 1983.

Durante o exercício de 1983, exceto nos meses de julho e agosto, quandoo terminal esteve desativado por causa das obras, o movimento de pesquisason Une através do PRODASEN se traduz nas seguintes cifras:

172 solicitações recebidas (140 de instituições e 32 particulares)124 solicitações atendidas (97 de instituições e 27 particulares)

O atendimento positivo alcançou 69,2%, resultado considerado razoável,

porém não totalmente satisfatório. Para obtenção desse resultado foram re-

cuperados on Une 13.973 itens, lidos 5.968 e copiados 1.496. Embora tenha

sido dinamizado e bastante melhorado em termos de prestação de serviços,

algumas providências devem ser tomadas 110 próximo exercício, para tornar

essa atividade mais eficiente e evitar a ociosidade do equipamento, tornando-se

menos oneroso, a saber:

treinar e reciclar, periodicamente, dois operadores a fim de que seja asse-

gurada a continuidade do serviço em caso de impedimento de um deles;

estudar as possibilidades clc permitir o uso compartilhado do terminal

por instituições interessadas em obter informações nessa área.

Para elaboração de instrumentos de pesquisa foram realizados levanta-

mentos bibliográficos através de consulta a 5.482 fontes (67 obras de refe*-

rência, 835 monografias e 4.580 periódicos), de exame a 4.899 informações

bibliográficas e elaboração de 2.858 referências.

6 RESTAURAÇÃO DO PRÉDIO

A visita do Senhor Presidente da República, no dia 12 de dezembro,

marcou a conclusão das obras de restauração da Biblioteca Nacional iniciadas

em 1982.

O prédio, datado de 1910, foi submetido à mais completa restauração

de sua história, com a recuperação dos traços arquitetônicos e decorativos deacordo com modelos originais da época.

Antes do início das obras de arquitetura, foi executada uma primeiraetapa que consistiu na liberação de espaço no 1.° andar, através de remane-

jamento de serviços, doação e permuta de duplicatas fora de circulacão.

Desse modo foi possível reformular toda a infra-estrutura da Divisão de

Administração racionalizando seu funcionamento. A Divisão ficou instalada

na ala à direita de quem entra pela Rua México, com novo mobiliário,

Aa Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 103:105-334, 198S.

Page 323: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- m -

balcões e guichês para atendimento ao público, representantes e fornece-

dores. Com a ocupação planejada de antigas áreas livres dos corredores,

pôde-se conseguir espaço para a oficina de manutenção de serviços hidráu-

licos, elétricos, etc., e o setor de expedição.

Além dessa Divisão, o primeiro andar pôde dar espaço para o Centro

de Microfilmagem e Reprografia e o Laboratório de Restauração. Para tanto

foi necessário desfazer o antigo laboratório de reprografia, cujas instalações,

extremamente deterioradas, não ofereciam condições de atender à demanda

do público e ao volume de trabalho do Plano Nacional de Microfilmagem

de Periódicos Brasileiros. Esse espaço, somado ao do antigo laboratório de

restauração, desativado havia algum tempo por se encontrar inteiramente de-

satualizado, pôde receber o novo laboratório de microfilmagem com suas salas

de preparo, chefia e pessoal técnico (96,72m2); o laboratório de microfilmagem

e fotografia propriamente dito (113,24m2) e o setor de xerox (24,09m2).

A sala anteriormente ocupada pelo depósito de livros e originais do

antigo Serviço de Direitos Autorais, atual Escritório de Direitos Autorais,

devidamente reformada e dotada de refrigeração, passou a servir de setor de

expurgo (56,00m2) e de encadernação (75,00m2). As obras editadas que se

encontravam no depósito foram selecionadas e incorporadas ao acervo.

Na ala esquerda do 1.® andar, liberado o espaço ocupado pelo Setor de

Vendas do INL e por setores da Divisão de Administração, e executada a

demolição do piso e paredes que dividiam a área em várias pequenas salas,

foi instalado o laboratório de restauração planejado para receber equipa-

mento nacional e importado da Espanha e da França. Esse importante labo-

ratório, de 184,5Gm2, inaugurado dia 12 de dezembro pela Senhora Ministra

da Educação e Cultura, será o núcleo do Plano Nacional de Restauração de

Obras Raras — PLANOR — cuja portaria de criação foi assinada em outubro

pelo Secretário da Cultura do MEC.

A Seção de Periódicos detinha um salão de depósito de jornais e revistas

na extremidade da ala direita do 1.° andar. Esse salão, antes mal aproveitado,

recebeu nova estanteria de aço que ampliou consideravelmente sua capaci-

dade de armazenamento, podendo receber também os periódicos que se en-

contravam depositados nos corredores do 5.° andar com livros não identi-

ficados e publicações para serem encadernadas. Esses corredores do 5.° andar

estavam completamente inutilizáveis para o serviço e circulação da Biblio-

teca. Selecionados e transferidos os periódicos, o 5.° andar recebeu o refeitório

dos funcionários — que até então funcionava precariamente num dos corre-

dores do 1.° andar — além de oferecer ainda espaço para local de palestras,

lazer, reuniões, pequenas comemorações. O refeitório dispõe de copa com

estufa, geladeira, pia e toaletes.

Outras divisões e seções se beneficiaram das obras empreendidas no

prédio.

O Gabinete do Diretor-Geral foi transferido do 2.° para o 4.° pavimento,

outrora galeria de exposição permanente. Essa parte foi restaurada, corri-

gindo-se também as infiltrações existentes. Os lustres foram trocados, sempre

obedecendo ao estilo original. A restauração dos estuques e a pintura desta

parte do prédio já tinham sido iniciadas em 1979 quando foram recuperadas

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 20^:305-334, 1983.

Page 324: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

— 323 -

as telas de Eliseu Visconti danificadas pelas goteiras. Foram colocados spots

na cúpula central e eliminados os focos de cupim existentes. A galeria recebeu

mobiliário adequado para os seiviços de Asscssoria e da Secretaria e foi dotada

de espaços dispostos para espera, atendimento, reuniões, etc. A transferência

do Gabinete do Diretor-Geral cedeu espaço para a ampliação da Seção de

Iconografia no 2.° andar.

Essa Seção estava com sua capacidade esgotada e sem condições de aten-

dimento ao público. Foram retiradas as divisórias de madeira, a Seção foi

inteiramente pintada, o teto restaurado, os lustres e as arandelas executados

segundo o modelo dos existentes em 1910; também foi colocado um mezanino

no estilo da época para aproveitamento mais efetivo do espaço e restaura-

dos todos os móveis originais; essa Seção abriga, agora, todos os móveis

originais existentes em toda a Biblioteca para constituir uma sala-museu, ou

seja, nela estão todos os móveis originais existentes na Biblioteca Nacional.

Em sua reinauguração pelo Senhor Presidente da República, foi dada à sala

o nome de Aloísio Magalhães. Fique aqui consignado um voto de louvor

ao Engenheiro João Batista Merlin pelo seu excelente trabalho, de que a

Seção de Iconografia é, talvez, o mais expressivo exemplo. Essa nova atru-

mação possibilitará a expansão da coleção em condições ideais.

A Seção de Obras Raras, na parte central do 3.° andar, foi totalmente

restaurada, trocados os lustres, raspado o chão e substituídos os 149 armários

fechados por estantes abertas para a aeração dos livros. As estantes ficam

separadas do local de circulação e atendimento por treliças. Foi instalado ar

condicionado. Sua capacidade, que era até então de 33 mil volumes, passoua ser de 80 mil volumes. A Seção de Obras Raras está agora dotada de

iluminação especial, não prejudicial ao papel.

As duas divisões, Aquisição e Processamento Técnico, que ficam do lado

esquerdo do 3.° andar, foram inteiramente restauradas. Para que tal sucedesse,

mesas, fichários e armários foram retirados e colocados no corredor onde foi

mantida a rotina de trabalho das duas divisões durante três meses. Retor-

nando ao seu local, foram também instalados seis microcomputadores, termi-

nais com cabos partindo do subsolo. No local reservado para os micros foi

instalado ar condicionado a fim de manter a temperatura apropriada.

Todos os móveis da Seção de Manuscritos foram restaurados, raspados,

pintados, obedecendo sua colocação ao novo lay-out. Foram retiradas as divi-

sórias de madeira coladas nas estantes, podendo-se distinguir duas etapas para

esta mudança: a primeira — instalação na metade desse espaço da xerox e

aparelho de microfilmagem; a segunda — retirada desse material para o 1.°

andar, a fim de ser integrado ao laboratório de microfilmagem; as máquinas

leitoras, também ali localizadas, foram retiradas para o salão de Obras Gerais.

Na Seção de Manuscritos, houve reforma de estantes arcazes. Tanto nesta

Seção como no salão de Obras Gerais, todos os lustres foram pintados e res-

tauraclos os móveis originais de 1910 que não podiam ser removidos porcausa de seu peso excessivo.

As antigas vitrines montadas no saguão de exposições foram retiradas,

dando abertura às arcadas de comunicação com os corredores laterais, de queresultou a recuperação visual do conjunto. Substituíram-se as vitrines antigas

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 703:305-334, 1983.

Page 325: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 324 -

por outras mais modernas e de acordo com as novas concepções, que realçam

o material exposto e integram os módulos ao ambiente.

À direita de quem entra foi instalado um serviço de atendimento a

pedidos de cópias e um setor de vendas de publicações da Biblioteca. Àesquerda, ficaram a chapelaria, antes localizada dentro da sala de leitura,e a guarda. Foram colocadas luminárias novas nas paredes laterais para per-mitir melhor iluminação dos catálogos e exposições. Os catálogos de públicoforam raspados e refeitos para tirar os focos de cupim e rebaixados todos

para a mesma altura.

O busto em mármore de Carrara de D. João VI (Leão Biglioschi -

1814) passou por um processo de limpeza, e foram restauradas todas asluminárias e arandelas de escadaria e as das paredes até a altura do 5.° andar.Das que faltavam foram feitas cópias perfeitas para a substituição.

O piso de mármore do 2.° andar foi todo polido.Os vitrais coloridos sobre os vãos centrais das alas direita e esquerda —

sobre Seção de Manuscritos (direita) e Divisões de Aquisição e Processa-mento Técnico (esquerda)

— foram limpos e restaurados.

Os seis andares de estantes que circundam esses vãos centrais em ambosos lados foram restaurados,

pintados, corrigidas as infiltrações e goteiras, pin-tadas as estantes e instaladas as luminárias — cópias das existentes em 1010— nos locais onde estavam originalmente e que desapareceram.

A iluminação a luz fluorescente foi substituída tanto no corredor do

2.° andar como em todos os corredores que circundam as áreas centrais dosandares por lustres feitos segundo o modelo dos originais de 1910. O mesmoccorreu no 4.° andar, na antiga galeria onde se localiza agora o Gabinete daDiretora-Geral, sua Assessoria e Secretaria.

A abóbada do teto teve o seu vitral limpo e foram colocados spots parasua iluminação. Nos corredores que circundam o saguão, em todos os

andares, foram retiradas as divisórias de madeira que tinham sido colocadas

no passado para criar espaço de serviço. Estavam localizados nos corredores

os seguintes serviços: Escritório de Direitos Autorais (hoje transferido parao 6.° andar do Palácio da Cultura) e a Divisão de Conservação (hoje Coorde-

nadoria de Restauração e Microrreprodução) transferida para o subsolo e

para o Palácio da Cultura.

A c-.cada em caracol, que leva ao terraço, também foi restaurada. A res-truuaçao do teto — em sua parte interna — foi complementada pela reforma

do telhado localizado sobre a cúpula; nesse reparo, todas as telhas foram

Mibstiuiídns, a fim de evitar as goteiras e infiltrações.

As grandes portas de bronze da entrada, duas das quais não eram abertas

há sete anos, foram retiradas e recuperadas. Os postes de luz da entrada

foram também recuperados bem como o portão e a balaustrada da escadaria,

que receberam pintura nova.

Os gradis e esquadrias de ferro do primeiro andar foram todos raspados

e pintados. loram raspadas, restauradas e pintadas, além das paredes, todasas portas e janelas.

A elaboração e instalação de um Projeto de Sinalização facilitaram a

eirculaçao dos usuários no interior do prédio, ajudando a localizar os serviços

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 105.205-334, 1983.

Page 326: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 325

oferecidos pela Biblioteca e suas respectivas seções, através de quadros didá-

ticos e informativos.

A Biblioteca Nacional está preparada, desta forma, para atender melhor

à demanda de seus usuários e cumprir o seu papel de guardiã da memória

documental brasileira e centro de estudos e pesquisas.

7 PRESENÇA NO CONTEXTO CULTURAL

Por sua importância no panorama cultural, onde avulta como deposi-

tária da memória escrita do país e, conseqüentemente, centro ativo de

estudos e pesquisa e órgão apto a liderar o movimento bibliotecário nacio-

nal, a Biblioteca tem sido convidada a participar de eventos como congressos,

seminários, simpósios e encontros, para os quais tem levado a contribuição de

suas experiências nas áreas em que atua.

A Biblioteca Nacional se fez presente ao III Seminário Nacional de

Bibliotecas Universitárias, realizado em Natal, de 27 de fevereiro a 4 de

março. Durante o Seminário, a Diretora-Geral, que recebeu homenagem espe-

ciai do Congresso, presidiu reunião dos representantes das bibliotecas per-tencentes ao INBI e, em palestra para todos os participantes na abertura

do Seminário, abordou o tema "Responsabilidade

Cooperativa no Tratamento

das Coleções Bibliográficas".

No dia 11 de março, a Diretora-Geral participou da Sessão Solene em

homenagem ao dia do bibliotecário na Câmara dos Vereadores da Cidade

do Rio de Janeiro. Na oportunidade, foi-lhe conferido o título de Biblio-

tecária do Ano pela Associação Profissional dos Bibliotecários do Rio de

Janeiro.

Durante o II Encontro Espírito-Santense de Bibliotecários, realizado em

Vitória, de 14 a 18 de março, a Diretora-Geral proferiu palestra sobre o

tema "A

Profissão do Bibliotecário e a Interface com Outras Profissões".

De 18 a 20 de abril, as chefes da Divisão de Processamento Técnico

Maria Célia da Matta, e da Seção de Catalogação, Lícia Carvalho Medeiros,

participaram do Seminário para Automação de Bibliotecas promovido pelaIBM. Foi dada ênfase especial, no referido Seminário, ao Sistema Dobis/Libis.

A Prof.a Alice Barros Maia, Diretora-Adjunta, representou a Biblioteca

Nacional na Reunión Regional de Associaciones de Profesionales de la Bi-

blioteca y de la Información de América Latina v dei Caribe, realizada em

Buenos Aires, de 19 a 23 de abril. A Diretora-Adjunta apresentou, conforme

solicitação dos organizadores, trabalho sobre a implantação do sistema ISBN

no Brasil, único país da América Latina a ter esse serviço automatizado.

No dia 24 de abril se reuniram técnicos da Biblioteca Nacional, do

Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia — IBICT —

e da Fundação Getúlio Vargas para discussão sobre políticas de catalogação

cooperativa e necessidade de compatibilização entre os formatos CALCO

em mo.

De 9 a 1H de maio, a Chefe da Coórdenadoria de Restauração e Micror-

reprodução, Esther Caldas Bertoletti, e a Chefe do Centro de Treinamento

em Papel, Cely de Souza Soares Pereira, ministraram curso de conservação

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 70i:3O5-3$4, 1983.

Page 327: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 326 -

e restauração de documentos, em Recife. O curso foi promovido pelo Arquivo

Público de Pernambuco, em convênio com o Gabinete Português de Leitura

e a Biblioteca Nacional.

A Diretora-Geral participou do Colloque International sur Littérature

et Pensée Contemporaine en Amérique Latine et aux Caraibes, de 16 a 20

de maio, em Paris. O colóquio, que contou com a participação oficial do

Centre Nationale de la Recherche Scientifique (França), do Consiglio Na-

zionale dellc Ricerche (Itália), do Instituto Nacional de Investigação Cien-

tííica (Portugal), do Gonsejo Superior de Investigaciones Científicas (Espanha)e das bibliotecas nacionais da América Latina e Caribe, tratou de problemasde conservação, reprodução, difusão e edições críticas de manuscritos de

autores contemporâneos da América Latina e Caribe.

Durante o V Seminário sobre Publicações Oficiais Brasileiras, realizado

em Brasília, de 3 a 8 de julho, a Diretora-Geral participou como expositora

c debatcdora do painel sobre "A

Publicação Oficial e o Acesso à Informação— um Compromisso de Governo". Um painel sobre processos técnicos reali-

zado durante o Congresso teve ainda a participação da Chefe da Divisão

de Processamento Técnico, Maria Célia da Matta, acompanhada de uma

bibliotecária revisora de catalogação. Uma das conclusões do painel é que a

Biblioteca Nacional deve ser o órgão coordenador a nível nacional para a

normalização dos processos técnicos.

A Chefe da Seção de Manuscritos, Maria Celeste Garcia Mendes, parti-cipou do painel da Fundação Nacional Pró-Memória na III Reunião da

Sociedade Brasileira de Pesquisa Histórica, realizada em Brasília, de 4 a 6

de julho. A Chefe da Seção de Manuscritos apresentou um quadro geral

do acervo de manuscritos e dos projetos em desenvolvimento em sua área

na Biblioteca Nacional.

A convite do Presidente do CNPq, a Diretora-Geral participou, a 16 de

junho, no IBICT em Brasília, da reunião do grupo instituído para discussão

de assuntos referentes ao segmento de informação do Plano de Apoio ao

Desenvolvimento Científico e Tecnológico do CNPq.

Maria Alice Barroso, Assessora da Diretora-Geral, representou a Biblio-

teca Nacional na Reunião Latino-Americana para a Apresentação de um Mo-

delo Flexível para um Sistema Nacional de Bibliotecas Escolares, realizada

em Lima, de 18 a 23 de julho, sob os auspícios da OEA e do CERLAL. Nessa

reunião, de que participaram representantes da Argentina, Bolívia, Brasil,

Costa Rica, Chile, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Mcxico, Nica-

rágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Vene-

zuela, foi aprovada, por unanimidade, declaração sobre o papel da biblioteca

escolar como fator fundamental na melhoria da qualidade e na democrati-

/ação da educação.

Aceitando convite do Centro Acadêmico de Biblioteconomia e Documen-

lação da Universidade Santa Úrsula, a Diretora-Geral expôs, no dia 24 de

agosto, no auditório daquela Universidade, o tema "Responsabilidade

da

Biblioteca Nacional Referente à Memória Nacional, sua Preservação, Trata-

mento e Recuperação". Ao relatar as atividades da Biblioteca nesse campo

An. Bibl. Rio i!e Janeiro, 103:rOy-331, 1983.

Page 328: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

¦- '

W -

específico, a Diretora-Geral tratou também do estado atual do mercado de

trabalho para os bibliotecários.

Cely de Souza Soares Pereira, Chefe do Centro de Treinamento em Papel,

e Ana Virgínia de Nazaré Teixeira, revisora de catalogação de obras raras,

ministraram o Curso Panorâmico de Identificação e Catalogação de Obras

Raras, na Biblioteca Pública de Minas Gerais. O curso, que teve a duração

de 22 horas, realizou-se de 19 a 23 de setembro e foi promovido pelo Centro

de Educação Permanente Prof. Luís de Bessa, de Belo Horizonte. '

No IV Encontro de Biblioteconomia do Vale do Paraíba, realizado em

Lorena, no dia 1.° de outubro, a Diretora-Geral proferiu palestra sobre o tema

"O Novo Bibliotecário e sua Área de Atuação".

Realizou-se, de 3 a Ô de outubro, a XII Semana de Estudos da Faculdade

de Biblioteconomia da Pontifícia Universidade Católica de Campinas. A

promoção foi denominada XII Semana de Estudos de Biblioteconomia Célia

Ribeiro Zaher "como

reconhecimento à contribuição excepcional que tem

prestado à biblioteconomia, à difusão do livro e à valorização do trabalho

profissional do bibliotecário". Conforme sugestão dos organizadores, a Direto-

ra-Geral realizou, no dia 3, palestra sobre o trabalho que vem realizando à

frente da Biblioteca Nacional e sobre a criação de um sjstema nacional de bi-

bliotecas e centros de informação, projeto elaborado e apresentado pela Di-

retora-Geral ao MEC para aprovação.

A Diretora-Geral abriu, com a conferência "A

Infprpática a Serviço da

Biblioteca: A Experiência Brasileira", o II Seminário de Informática e Bibho-

teconomia realizado em São Paulo, de 17 a 19 de outubro, dentro da pro-

gramação do XVI Congresso Nacional de Informática, da SUCESU.

De 24 a 28 de outubro realizou-se em Camboriú, Santa Catarina, o

XII Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação. Na sessão

solene de abertura foi entregue à Diretora-Geral o troféu Noret. A Biblioteca

Nacional participou das atividades do Congresso:

Conferência "Informação

e Poder", proferida pela Diretora-Geral em sessão

plenária.

Painel sobre a Biblioteca Nacional, constituído das seguintes partes:

Programa Integração Nacional de Bibliotecas e Informação (INBI), coor-

denado pela Diretora-Adjunta, Prof.a Alice Barros Maia.

Projeto Cabeçalho de Assunto Unificado (CAU), coordenado pela Prof.a

Hagar Espanha Gomes, Coordenadora do Projeto CAU.

Piano Nacional de Microfilmagem, coordenado pela Dr.a Esther Caldas

Bcrloletti, Chefe da Coordenadoria de Restauração e Microrreprodução.

Aplicação de Tecnologia do Processamento Técnico (CALCO), coordenado

pela Bibliotecária Maria Célia da Matta. Teve a participação da Prof.a

Lícia Carvalho Medeiros, Chefe da Seção de Catalogação, Giselda Brasil

Aranovitch, bibliotecária, e Dr. Eugênio Decourt, coordenador do Sistema

Bibliodata da Fundação Getúlio Vargas.

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, Í03:305-334, 1983.

Page 329: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 328 ^

N° decorrer do Congresso, foram ministrados pelo pessoal técnico da

Biblioteca os seguintes cursos:

~

£

Pesquisa Bibliográfica como Suporte à Elaboração e à Apresentação deTrabalhos Intelectuais - Prof a Alice Barros Maia, Diretora-Adjuma.

Noçoes Básicas e Administração de Direitos Autorais ~ Dr. HenriqueGandelman, Consultor

Jurídico do Escritório de Direitos Autorais daBiblioteca Nacional.

Metodologia para Elaboração de índices Impressos — Prof.a Hagar Espanha

Gomes, Coordenadora do Projeto CAU.

Dentro da programação do Congresso, realizou-se também a reunião dosrepresentantes das bibliotecas

que integram o INBI sob o patrocínio daBiblioteca Nacional.

Representando o Secretário da Cultura, Dr. Marcos Vinicios Vilaça, aDuetora-Geral inaugurou uma exposição de documentos sobre Santa Cata-íina existentes na Biblioteca Nacional. Foi montado também um síand devendas de publicações da BN.

A Assessora da Diretoria, Maria Alice Barroso, representou a BibliotecaNacional no IV Congresso de Leitura, realizado na Universidade de Cam-pinas, participando, no dia 12 de novembro, da sessão de debates sobre otema Subsídios

para uma Política de Leitura". A representante da Biblio-teca Nacional apontou a formação de uma" rede de bibliotecas escolares e

públicas como fator indispensável para um programa de leitura que obietive

resultados a médio prazo.

A Biblioteca Nacional esteve sempre pronta a colaborar com outras insti-tuiçoes na promoção de eventos, seja através de prestação de assistência técnica,seja através de empréstimo de material de seu acervo. Assim, a Bibliotecacolaborou com o Consulado-Geral da Venezuela e a Fundação Alexandre deGusmão nas celebrações do II Centenário de nascimento de Simón Bolívar.Como, em decorrência das obras no prédio, não se pôde realizar a exposição

programada pela Biblioteca, o material bibliográfico levantado foi apro-veilado na elaboração de uma bibliografia do Libertador,

que foi lançada110 dia 10 de junho, no auditório da biblioteca do Palácio do Itamaraty,

quando foi aberta a exposição "Libertador

Simón Bolívar", pelo Cônsul--Geral da Venezuela,

pela Diretora-Geral da Biblioteca e pelo Presidenteda Fundação Alexandre de Gusmão.

A convite da Fundação de Artes do Rio de Janeiro - FUNART, a Bi-

biioteca apresentou, na Sala Cecília Meirelles, uma exposição sobre a com-

positora Esther Scliar, dentro da programação da V Bienal de Música Bra-sileira Contemporânea.

A Seção de Música e Arquivo Sonoro serviu de espaço para promoçõescultuiais de outras instituições às quais a Biblioteca Nacional prestou apoioe colaboração.

No dia 29 de abril ocorreu o lançamento de publicações e discos daFUNARTE — Instituto Nacional do Folclore; entre as obras, a Relação

An. Bibl. Nac., Rio tte Janeiro, 103\305-334, 1983.

Page 330: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 329 -

das Faustissimas Festas', de Francisco Calmon, em reprodução fac-similar da

edição de 1762, cujos originais pertencem ao acervo da Biblioteca Nacional,

Coleção Barbosa Machado.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte promoveu, na Seção

de Música e Arquivo Sonoro, no dia 16 de maio, dentro do Projeto Memória,

o lançamento de uma série de discos de compositores potiguares.

A Biblioteca Nacional participou, através do empréstimo de peças raras

ou únicas de seu acervo, da XVII Exposição Européia de Arte, Ciência e

Cultura, organizada pelo Governo de Portugal, por iniciativa e sob os auspí-

cios do Conselho da Europa sobre o tema "Os

Descobrimentos Portugueses

e a Europa do Renascimento". A exposição realizou-se em Lisboa, de 7 de

maio a 2 de outubro.

Na sessão ordinária da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de

Janeiro do dia 16 de dezembro, o Presidente, Deputado Paulo Duque, pro-

pôs, na forma regimental, Moção de Congratulações com a Diretora-Geral"pelo

grande e inestimável serviço que prestou à cultura do nosso país e

do exterior, dando novas dimensões àquela importantíssima Biblioteca, em

virtude de sua extrema competência e capacidade de trabalho".

O Presidente da Sessão, depois de apresentar um resumo do currículo

da Diretora e ler o discurso por ela proferido na visita do Senhor Presidente

da República à Biblioteca Nacional, terminou seu discurso com as palavras:"Desta

forma justifica-se plenamente que a Professora Célia Ribeiro Zaher

tenha sido condecorada pelo Presidente Figueiredo com a Medalha da Ordem

do Mérito Educativo. Não poderia esta Casa, quando tudo isso aconteceu

i)o Rio de Janeiro, ignorar o acontecimento ou deixar de ressaltar o quefoi feito para o povo deste Estado pela ilustre Diretora da Biblioteca Nacional,

Célia Ribeiro Zaher".

8 TREINAMENTO DE RECURSOS HUMANOS

Superada de modo satisfatório a carência de treinamento na área do

processamento técnico a que se deu, em 1982, ênfase especial, em face da

implantação dos serviços automatizados, as atenções se voltaram no exerci-

cio de 1983 para a recuperação do acervo. Em torno de dois pontos centrais

como a construção do laboratório de restauração e o estabelecimento do

Plano Nacional de Restauração de Obras Raras — PLANOR, a Biblioteca

Nacional desenvolveu, em 1983, múltiplas atividades no sentido da formação

de técnicos e de mão-de-obra indispensável à tarefa que se impôs no campo

da recuperação e do treinamento em papel. Com o apoio da CAPES, a

Biblioteca pôde enviar técnicos para cursos e estágios nos grandes centros

de pesquisa em papel e restauração de obras, como o Laboratório de Restau-

ração de Impressos da Bibliothèque Nationale de Paris; a Biblioteca Na-

/ionale Centrale, de Florença; o Centro di Fotoriproduzione Legatoria e

Restauro degli Archivi di Stato, de Roma; o Centro Nacional de Conser-

vación y Microfilmación Documental v Bibliográfica, de Maclri, e o Col-

chcstcr Institute, em Colchester, Reino Unido.

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 103:305-334, 1981.

Page 331: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

— 330 -

Em conjunto com o Arquivo Nacional e á Fundação Casa de Rui Bar-bosa, a Biblioteca convidou Claire Chahine, Diretora-Adjunta do Centre deRecherche pour la Conservation de Documents Graphiques, para realizar

cursos e seminários para os técnicos das três instituições. Mme. Chahine

esteve durante três dias visitando os depósitos de acervos da Biblioteca e

ministrando aulas práticas ao pessoal.

Ainda na área de restauração houve participação de servidores era

cursos, estágios e seminários promovidos pela própria Biblioteca ou poroutras instituições:

De 8 a 23 de agosto realizou-se em regime de horário integral na Fundação

Casa de Rui Barbosa o Curso de Conservação e Preservação de Documen-

tos, do qual participou técnico da Biblioteca.

Ministrado pela Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores

— ABRACOR, e promovido pela Biblioteca Nacional, o Curso de Con-

servação e Preservação de Documentos foi realizado na Biblioteca Euclides

da Cunha, dc 15 a 26 de agosto, com participação de oito técnicos da

Biblioteca Nacional.

Técnico da Biblioteca estagiou de 6 de outubro a 4 de novembro no

Laboratório de Conservação e Restauração de Livros e Documentos do

Ministério da Justiça, em Brasília.

Para o Seminário sobre Aspectos da Conservação dos Suportes Gráficos

realizado na Casa de Rui Barbosa, de 28 a 30 de novembro, a Biblioteca

enviou cinco de seus técnicos em conservação e restauração.

Cursos em outras áreas também tiveram a freqüência de funcionários da

Biblioteca:

Dirigido a bibliotecários e técnicos em ciência da informação, foi minis-

trado pelo Prof. Roberto Azevedo, de 11 a 29 de abril, às 2.as e 5.as-feiras,

de 8h30min às 10h30min, o Curso de Introdução ao Processamento de

Dados Linguagem Basic.

Duas bibliotecárias da Divisão de Referência Especializada participaramdo curso As Grandes Fases da História Colonial, ministrado no Museu

Histórico Nacional de 5 de abril a 3 de maio.

No primeiro Encontro INTERDATA, promovido pela EMBRATEL, de

25 a 28 de abril, três técnicos da Biblioteca em função de chefia ou res-

ponsável por setor receberam treinamento em SDC, QUESTEL e DIALOG.

Ministrado pela Fundação Escola de Serviço Público, o Curso de Redação

Oficial — Nível II realizou-se de 16 de maio a 20 de junho, às 2.aR, 4.as

e 6.ns-feiras, para 25 servidores da Biblioteca com função na área de

comunicação.

De 20 de junho a 8 de julho foi ministrado por professor do Instituto

de Organização Racional do Trabalho o Curso de Administração de Pro-

jetos, do qual participaram servidores de nível universitário em funções

de assessoiia ou de chefia, em número de 21.

An. Bibl. Nac., Rio dc Janeiro, 103:305-334, 1983.

Page 332: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

-331 -

Para o curso Expansão Urbana do Rio de Janeiro, promovido pelo Museu

Histórico Nacional, a Biblioteca enviou quatro bibliotecárias da Divisão

de Referência Especializada. O curso se realizou de 9 de agosto a 1.° de

setembro.

A Biblioteca enviou dois servidores da Divisão de Administração para

participar do VIII Ciclo de Estudos sobre Segurança e Desenvolvimento

da Cidade do Rio de Janeiro. O Ciclo de Estudos, que se realizou de

18 de agosto a 9 de dezembro, foi promovido pela Delegacia da Associação

dos Diplomados da Escola Superior de Guerra.

9 VISITAS E EVENTOS ESPECIAIS

No dia 11 de março a Biblioteca Nacional recebeu a visita do Secretário-

-Geral do MEC, Sérgio Pasquali. Essa visita foi da maior importância para

o desenvolvimento dos trabalhos de recuperação do prédio e para o anda-

mento das reformas que então se realizavam.

O Prof. Lynaldo Cavalcanti de Albuquerque, Presidente do Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico — CNPq, esteve na

Biblioteca Nacional no dia 13 de setembro. A Diretora-Geral da Biblioteca

Nacional e o Presidente do CNPq trataram de assuntos relacionados com

o apoio do Conselho para os projetos da Biblioteca no campo das pesquisas

históricas e no de conservação e restauração de documentos.

O Secretário da Cultura do MEC, Dr. Marcos Vinicios Vilaça, visitou

a Biblioteca para inspecionar as obras de recuperação do prédio no dia 20

de setembro. O Secretário da Cultura esteve acompanhado do Dr. Irapoan

Cavalcanti de Lyra, Subsecretário do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional.

No dia 8 de novembro a Biblioteca Nacional recebeu a visita de Donald

C. Curran, The Associate Librarian of Congress. Na oportunidade, o inte-

grante da diretoria da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos teve uma

reunião com as chefias da Biblioteca Nacional, quando falou sobre as

recentes modificações ocorridas na grande biblioteca americana.

O Secretário da Cultura do MEC, acompanhado dos membros do Consc-

lho de Curadores da Fundação Nacional Pró-Memória, visitou a Biblioteca

Nacional no dia 28 de novembro. O Secretário da Cultura visitou as obras

de recuperação do prédio e falou aos jornalistas presentes sobre os trabalhos

e projetos em desenvolvimento na Biblioteca.

Sua Excelência o Senhor Presidente João Figueiredo esteve na Biblioteca

no dia 12 de dezembro. Sua visita veio marcar o término das obras de res-

tauração do prédio e implantação das reformas técnicas e administrativas.

Em sua comitiva vieram também a Ministra da Educação e Cultura, Prof.a

Esther de Figueiredo Ferraz, o Chefe da Casa Militar da Presidência da

República, General Rubem Ludwig, o Governador do Estado do Rio dè

Janeiro, Engenheiro Leonel de Moura Brizola, além de outras autoridades,

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, J02:3O5-334, 198$.

Page 333: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 332 -

convidados e representantes da imprensa. O Senhor Presidente desterrou placacomemorativa do evento, no saguão do prédio, e assinou a ata da cerimônia(ioto), que sera conservada na Seção de Manuscritos, como as relativas àscerimonias de lançamento da pedra fundamental e da inauguração do prédio

. seSulda- reinaugurou, depois de ampla reforma, a Seção de Iconografia,

cuja sala recebeu, então, a denominação de Sala Aloísio Magalhães.

A Diretora-Geral, que na oportunidade recebeu das mãos do Presidente

da República a Medalha do Mérito Educativo no grau de Comendador,

proferiu o seguinte discurso de saudação a Sua Excelência:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República

Esta Casa vive hoje, certamente, um de seus mais gloriosos dias, porque a presença

K?l l n?^ x— T VCm confenr à solenidade do término das obras de restauração <£

iúbilo A Íoava01ín Pr"/unda siS™"cação e animar a iodos nós do mais justificadojúbilo. A nova fase que se abre para esta Instituição, cujas origens remontam aos reisde_ Ponugal, é decorrência da fecunda poMtica cultural que ,em marcandode Sten»ação e multado» nao só alentado-res como também inegáveis, o Governo de Vo*sa Excelência

Lueireí. FCa ^ enc™™ «as pessoas dos Sinistros Rubem Ludl^ e Esto defigueiredo Ferraz os mais entusiastas realizadores.

Eis aqui, Excelência, nesta mais que centenária Biblioteca, um desses resultados inegá-\ei> que assinalam o desenvolvimento cultural desta Nação. A antiga Real Biblioteca dos

EibHo.ec: Nacional

B/blÍ°M

,'T™' « ^lica H Cone, dos nossos imperais aBiblioteca Nacional do Rio de Janeiro, da Primeira República, a Biblioteca Nacionalde nossos dias retoma diante de Vossa Excelência, neste momento que tanto nos alegrae nos recompensa, o fio de seu passado e ví-se apta, pronta e deddida â laíear-seTm

seremos. ^ * b,bll0teca nacional da P°t*ncia que lutamos por ser e, unidos,

Há muito. Excelentíssimo Senhor Presidente, vinha a Biblioteca Nacional carecendo dedecidido apoio do Governo para recuperar e manter seu precioso acervo, esta rica documen-

•eSS°troUc«hríIL' ^ de noSSa história e todos os aspectos de nossa cultura emstro -obie papel. Sem isso, sem antes garantir a perenidade de uma coleção que

efêtk, °? qUatr° mi,ho?k de pe^as' a ®'bliotóca Nacional não poderia aspirar à ocupaçãoefetiva do espaço que lhe compete de centro nacional de informação bibliográfica

L rlr íi0111?. S£ ClíSSe C°m mu:ta P^Pnedade em relação ao militar e

dmrí% i. sa Excel,hlcia Passo" das armas às almas - "des armes aux

Dalmente' Iar 30 "°SS°

lP,es,(lente clue dedicamos este momento supremo que, princi-palmente nós, funcionários desta Casa, estamos vivendo. Valeu a pena ter vivido Dara

Multo" obrígada!"laIlte ^ lUd° jUS,ífÍCa' ludo enobrece' tudo valoriza e a tudo dá scnüdo.

Em seguida a Senhora Ministra da Educação e Cultura pronunciou umdiscurso sobre o significado do evento e da homenagem

que era prestadaa Diretora-Geral da Biblioteca Nacional. Após a saída do Senhor Presidente,a Senhora Ministra inaugurou o Laboratório de Restauração, visitou asdependências do novo Laboratório de Microfilmagem, ambos localizados no

•° andai, e participou, no Gabinete da Diretora-Geral, de um coqueteloferecido a todos os convidados.

Duiante todo o dia, a Biblioteca esteve com todas as suas dependênciasabertas ao público, tendo sido estabelecido

plantão de funcionários em todosos setores, para prestar aos visitantes as informações

que fossem solicitadassobre o acervo e os serviços da Biblioteca. Às 18 horas foi aberta ao público

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, /0i:SO5-S34f 1983.

Page 334: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

.Sua F.xda, o Sr. Presidente da República assinando n ala da cerimônia do término das

obras de restauração do prédio e implantação das reformas técnicas e administrativas.

Page 335: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 333 -

a exposição "Acervo

Precioso" com uma apresentação do Quarteto de Cordas

da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Durante a cerimônia o Cônsul-

-Geral da Itália fez a entrega à Biblioteca Nacional de 143 livros de arte

e a viúva de Aloisio Magalhães doou o álbum Olinda, de litografias do

ex-Secretário da Cultura.

A Diretora-Geral recebeu em seu gabinete a visita de Sua Alteza o

Príncipe D. Pedro de Orleans e Bragança acompanhado de seu filho, Sua

Alteza o Príncipe D. Filipe. O representante da Casa Imperial Brasileira,

impedido de comparecer à cerimônia do dia 12 de dezembro, esteve na

Biblioteca no dia 22. Na pessoa do príncipe da Casa Imperial do Brasil, a

Biblioteca Nacional quis homenagear seu fundador, D. João VI, e seu grande

benfeitor, D. Pedro II.

Nessa mesma data, o Reverendíssimo Padre Antônio Lemos, Pároco do

Santuário de Nossa Senhora de Fátima, celebrou missa no saguão da Bibiio-

teca, realizando-se a seguir a confraternização de Natal, no salão de festas

do 5.° andar.

10 CONCLUSÃO

A nova etapa na vida da Biblioteca Nacional iniciada em 1982 teve,

no exercício que finda, a continuidade que esperávamos. O objetivo de

implantar e fortalecer a nova estrutura que capacite a Biblioteca Nacional

a exercer a contento suas funções foi plenamente atingido nesse ano de 1983.

Graças ao elevado espírito do Governo e à colaboração de todos os que nela

trabalham, pôde a Biblioteca Nacional representar, ao findar esse exercício

de 1983, uma face inteiramente renovada, tanto em seu aspecto monumental

quanto em seus serviços.

A Biblioteca Nacional vem agindo de acordo com suas prerrogativas de

depositária da memória gráfica do país num trabalho de ampliação de sua

área de atuação, buscando agora, mais que nunca, intensificar sua presença

e sua ação em todo o país a fim de que ela deixe de ser um órgão de

significação regional para se tornar realmente a Biblioteca Nacional de todos

os brasileiros. Ela está cada vez mais apta a assumir sua responsabilidade

frente ao patrimônio documental gráfico de todo o Brasil, desenvolvendo

os mecanismos de coleta de publicações, pesquisando e buscando instrumentos

comuns de trabalho e propiciando assistência técnica às bibliotecas, cenfros

de informação e escolas de Biblioteconomia do país. Essa preocupação da

Biblioteca Nacional se substancia, entre outras atividades, através do estabe-

lecimento do Programa de Integração Nacional das Bibliotecas e Centros

de Informação (INBI), do Plano Nacional de Microfilmagem de Periódicos

Brasileiros, do Plano Nacional de Restauração de Obras Raras e dos progra-

mas de estágios e treinamento.

É de inteira justiça consignar os agradecimentos da Biblioteca Nacional

á Excelentíssima Senhora Ministra da Educação e Cultura, Prof.a Esther de

Figueiredo Ferraz, ao Secretário-Geral do MEC, Sérgio Pasquali, ao Secretário

da Cultura, Marcos Vinicios Vilaça, e ao Subsecretário do Patrimônio Histó-

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, lOh 305-354, 198$.

Page 336: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

- 334 -

rico e Artístico Nacional, Irapoan Cavalcanti de Lyra. A todos aqueles quenos diferentes escalões do Ministério da Educação e Cultura, da Secretariada Cultura e da Fundação Nacional Pró-Memória

prestaram à Biblioteca acolaboraçao de sua competência e de seu serviço somos profundamente gratos.

Queremos manifestar, também, ao término de nossa administração, como

já o fizemos em outras oportunidades, nosso agradecimento aos servidoresda Biblioteca: assessores, coordenadores, funcionários,

grupos de autônomos,estagiários, todos os que nos ajudaram com seu trabalho, seu talento e suavontade de servir à causa da informação e da cultura nesta histórica erenovada instituição.

Biblioteca Nacional, 1.° de março de 1984

CÉLIA RIBEIRO ZAIIER

Diretora-Geral

An. Bibl. Nac., Rio de Janeiro, 10)-.305-3S4, 1983.

Page 337: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

AGENCIA

ISBN

DIREITOS

AUTORAIS

\ \ \ \ /

/ / ,

\ AO / /

\?VN r/V / A /

<b Q s I 6 / / /^v_ n ? ^ T n >*

V * s J ^ o° * ^

* N0

V £ A I S J

^ % \ % s £ / «' /

Lista de BIBLIOTECA Bibliografias

L^SmpraJ NACIONAL

j Catalogos de" j Bibliografias

L^Periodicos / / < . ¦¦ - .. ¦ ^

\ \ _ ppr topicos

/ Cadastro de Cabecalho \ \

/ f L Autoridades de Assunto \ \

/ \

""""^[nificadc \ \

Cadastro de j \ Catalogo Geral

_^Editoras \ [eEspecializado"S"SSSs-«-_--

/ j

Lista do V

.—i LISBN z.

Bibliografia I Catalogos

[^^Brasileira^ [_^Est^duais

^

^

I 1

I f"tdlogos LislagemL Jmpressos^ ^

1 ,

I I

Microfichas 1

Ficha J

Page 338: ISSN 0100-1922 ANAIS DA BIBLIOTECA NACIONAL

ESTA OBRA

FOI INTEGRALMENTE COMPOSTA E IMPRESSA

NAS OFICINAS DA

SINTRA GRAFICA E EDITORA LTDA.

RUA SARGENTO SILVA NUNES, 154

tfl. 270-3946 - rio de janeiro - brasil