iss cuiaba direito constitucional prova comentada

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Direito Constitucional – Prova Tipo 1 (Branca) 01 O subsecretário de Fazenda do Município X expediu uma portaria determinando aos auditores fiscais que não aplicassem a lei complementar que alterou o Código Tributário Nacional, por entender que a mesma era flagrantemente inconstitucional. Considerando a situação descrita, assinale a afirmativa correta. (A) O subsecretário de Fazenda agiu corretamente, pois o Poder Judiciário não detém o monopólio do controle de constitucionalidade e leis inconstitucionais não devem ser cumpridas. (B) O subsecretário de Fazenda agiu de forma equivocada, pois ao Poder Judiciário é reservado o controle de constitucionalidade das leis. (C) O subsecretário de Fazenda agiu de forma equivocada, pois, tendo em vista o princípio de interpretação constitucional da presunção de constitucionalidade das leis, essas jamais podem ser desconsideradas, até que haja a declaração de inconstitucionalidade, pelo Poder Judiciário. (D) O subsecretário de Fazenda agiu de forma equivocada, pois, embora seja possível ao Poder Executivo exercer o controle de constitucionalidade das leis, somente o chefe deste poder pode determinar a não aplicação de uma lei que julgue inconstitucional. (E) O subsecretário de Fazenda agiu corretamente, pois a recusa ao cumprimento de leis inconstitucionais é um corolário do Princípio da Supremacia da Constituição. RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA D. Trata-se de questão interessante, de um ponto ainda não totalmente pacificado. Muito embora o controle de constitucionalidade seja atribuição do Judiciário, parte expressiva da doutrina entende que é admissível ao Chefe do Poder Executivo (vedada a atuação de agente hierarquicamente inferior, como Secretário, nesse sentido) deixar de aplica lei que considere inconstitucional. Como expõe o Juiz Flávio da Silva Andrade (Revista CEJ, Brasília, Ano XV, n. 52, p. 11, jan./mar. 2011), faz-se necessário o preenchimento dos seguintes requisitos: “a) tratar-se de caso em que, exercendo o direito de interpretação no caso concreto, de maneira motivada, o Chefe do Executivo venha a deparar-se com situação de manifesta inconstitucionalidade de modo que se torne evidente a necessidade de repudiar a lei para prestigiar a supremacia da Carta Constitucional. Nessas hipóteses, o ocupante da Chefia do Poder Executivo não pode ter tido a oportunidade de vetar a lei reputada inconstitucional, pois, do contrário, seria incongruente recusar o cumprimento de norma que ele mesmo considerou constitucional; b) ... por se tratar de medida extremamente grave e com ampla repercussão nas relações entre os Poderes, apenas ao Chefe do Poder Executivo pode ser assegurada essa prerrogativa, negando-se a possibilidade de qualquer funcionário administrativo subalterno descumprir a lei sob a alegação de inconstitucionalidade. ... fora das situações acima, o Chefe do Poder Executivo, ou mesmo um funcionário de nível hierárquico inferior, só poderá deixar de aplicar uma lei se sua inconstitucionalidade já tiver sido reconhecida pela Corte competente, em sede de controle abstrato ou difuso, exigindo-se, neste caso, a formação de jurisprudência que dê respaldo ao repúdio da norma legal.” 02 Um deputado federal impetrou um mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal com o objetivo de obstar o prosseguimento do processo legislativo referente

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Resolução da prova de Direito Constitucional da Prefeitura de Cuiabá, 2014.

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Page 1: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

Direito Constitucional – Prova Tipo 1 (Branca)

01

O subsecretário de Fazenda do Município X expediu uma portaria determinando aos

auditores fiscais que não aplicassem a lei complementar que alterou o Código

Tributário Nacional, por entender que a mesma era flagrantemente inconstitucional.

Considerando a situação descrita, assinale a afirmativa correta.

(A) O subsecretário de Fazenda agiu corretamente, pois o Poder Judiciário não detém

o monopólio do controle de constitucionalidade e leis inconstitucionais não devem

ser cumpridas.

(B) O subsecretário de Fazenda agiu de forma equivocada, pois ao Poder Judiciário é

reservado o controle de constitucionalidade das leis.

(C) O subsecretário de Fazenda agiu de forma equivocada, pois, tendo em vista o

princípio de interpretação constitucional da presunção de constitucionalidade das

leis, essas jamais podem ser desconsideradas, até que haja a declaração de

inconstitucionalidade, pelo Poder Judiciário.

(D) O subsecretário de Fazenda agiu de forma equivocada, pois, embora seja possível

ao Poder Executivo exercer o controle de constitucionalidade das leis, somente o

chefe deste poder pode determinar a não aplicação de uma lei que julgue

inconstitucional.

(E) O subsecretário de Fazenda agiu corretamente, pois a recusa ao cumprimento de

leis inconstitucionais é um corolário do Princípio da Supremacia da Constituição.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA D.

Trata-se de questão interessante, de um ponto ainda não totalmente

pacificado. Muito embora o controle de constitucionalidade seja atribuição do

Judiciário, parte expressiva da doutrina entende que é admissível ao Chefe do Poder

Executivo (vedada a atuação de agente hierarquicamente inferior, como Secretário,

nesse sentido) deixar de aplica lei que considere inconstitucional.

Como expõe o Juiz Flávio da Silva Andrade (Revista CEJ, Brasília, Ano XV, n.

52, p. 11, jan./mar. 2011), faz-se necessário o preenchimento dos seguintes

requisitos:

“a) tratar-se de caso em que, exercendo o direito de interpretação no caso

concreto, de maneira motivada, o Chefe do Executivo venha a deparar-se com

situação de manifesta inconstitucionalidade de modo que se torne evidente a

necessidade de repudiar a lei para prestigiar a supremacia da Carta

Constitucional. Nessas hipóteses, o ocupante da Chefia do Poder Executivo

não pode ter tido a oportunidade de vetar a lei reputada inconstitucional, pois,

do contrário, seria incongruente recusar o cumprimento de norma que ele

mesmo considerou constitucional; b) ... por se tratar de medida

extremamente grave e com ampla repercussão nas relações entre os Poderes,

apenas ao Chefe do Poder Executivo pode ser assegurada essa prerrogativa,

negando-se a possibilidade de qualquer funcionário administrativo subalterno

descumprir a lei sob a alegação de inconstitucionalidade. ... fora das situações

acima, o Chefe do Poder Executivo, ou mesmo um funcionário de nível

hierárquico inferior, só poderá deixar de aplicar uma lei se sua

inconstitucionalidade já tiver sido reconhecida pela Corte competente, em

sede de controle abstrato ou difuso, exigindo-se, neste caso, a formação de

jurisprudência que dê respaldo ao repúdio da norma legal.”

02

Um deputado federal impetrou um mandado de segurança no Supremo Tribunal

Federal com o objetivo de obstar o prosseguimento do processo legislativo referente

Page 2: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

a uma proposta de emenda constitucional que suprimia alguns princípios do sistema

tributário, como o da anterioridade e o da irretroatividade.

Nesse caso, o remédio constitucional deve ser julgado

(A) procedente, porque a Constituição veda a deliberação de proposta de emenda

constitucional tendente a abolir cláusula pétrea.

(B) procedente, porque a Constituição veda a deliberação de proposta de emenda

constitucional que suprima quaisquer direitos dos cidadãos.

(C) improcedente, porque os princípios do sistema tributário não são considerados

cláusulas pétreas.

(D) improcedente, porque falta ao impetrante legitimidade ativa para propor este tipo

de demanda.

(E) improcedente, porque ao Judiciário é vedado o exercício do controle prévio de

constitucionalidade.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA A

Consoante o art. 60, da Constituição Federal de 1988:

§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a

abolir:

“Ok professor, mas princípios tributários são cláusulas pétreas?”

Sim!

O Supremo Tribunal Federal já se posicionou no sentido de que os direitos e

deveres individuais e coletivos não se limitam ao rol do art. 5º da CF/88,

mas espraiam-se pelo texto constitucional (ADI 939-7/DF). Na referida ADI, por

exemplo, considerou-se que o princípio da anterioridade tributária é cláusula pétrea,

protegida, portanto, pelo conteúdo do art. 60, § 4º, IV.

As demais opções são erradas, pois, Deputado Federal pode sim impetrar

mandado de segurança no Supremo Tribunal referente ao supracitado caso (vide art.

102, I, “d”). Ademais, o Judiciário (bem como outros poderes), pode sim exercer

controle prévio de constitucionalidade.

Cláusulas pétreas (expressas)

I - a forma federativa de Estado

II - o voto direto, secreto, universal e periódico

III - a separação dos Poderes

IV - os direitos e garantias individuais

Page 3: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

03

Sobre os direitos e garantias fundamentais, assinale a afirmativa correta.

(A) Os direitos e garantias fundamentais estão taxativamente previstos na

Constituição de 1988.

(B) Os direitos fundamentais de caráter prestacional não são exigíveis do Estado.

(C) Os direitos e garantais fundamentais não se aplicam às relações privadas.

(D) Os direitos e garantias fundamentais são inalienáveis e indisponíveis.

(E) Os direitos e garantias fundamentais podem sofrer limitações que atinjam seu

núcleo essencial.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA D

Podemos trazer aqui as principais características dos direitos e garantias

fundamentais como apontado pela doutrina.

As demais alternativas encontram sua resolução na teoria do Direito

Constitucional, podendo ser respondidas de forma quase intuitiva.

(A) Os direitos e garantias fundamentais estão taxativamente ilustrativamente

(numerus apertus) previstos na Constituição de 1988.

(B) Os direitos fundamentais de caráter prestacional não são exigíveis do Estado.

(C) Os direitos e garantais fundamentais não se aplicam às relações privadas

(eficácia horizontal dos direitos e garantias fundamentais).

(E) Os direitos e garantias fundamentais não podem sofrer limitações que atinjam

seu núcleo essencial (vide cláusulas pétreas).

04

O Presidente da República editou medida provisória alterando o regramento do

Código Tributário Nacional relativo à prescrição dos créditos tributários, ampliando

os prazos para sua configuração, a fim de aumentar a arrecadação. Diante do

exposto, assinale a afirmativa correta.

Características dos direitos e

garantias fundamentais

UniversalidadeDestinam-se às coletividades e não meramente aos indivíduos

Inalienabilidade

Não podem ser cedidos, transferidos ou negociados sob

qualquer forma como ativoeconômico-financeiro

ImprescritibilidadeSeu usufruto não é perecível

com o passar do tempo

IrrenunciabilidadeNão é possível que seu titular os rejeite. No máximo, poderá não

usufruí-los

Concorrência

O usufruto de diferentes direitos e garantias pode ser cumulativo

e simultâneo por um mesmo indivíduo

HistoricidadeSão produto de processos sociais históricos e estão em constante

processo de mutação

Vedação ao retrocesso

Sua mutação não pode implicar em evolução recionária. Ou seja, seu núcleo não pode ser

suprimido ou extinto

Page 4: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

(A) A medida provisória é constitucional, eis que nem toda matéria tratada pelo

Código Tributário Nacional é relativa a lei complementar.

(B) A medida provisória é constitucional, eis que não há restrição quanto a

matérias a serem tratadas, mas apenas, necessidade de observância dos

requisitos de relevância e urgência.

(C) A medida provisória é inconstitucional, eis que não poderia tratar de temas

afetos a lei complementar.

(D) A medida provisória é inconstitucional, eis que o Código Tributário Nacional só

pode ser alterado por lei complementar.

(E) A medida provisória é inconstitucional, eis que alterações legislativas

prejudiciais aos cidadãos só podem derivar de lei ordinária ou complementar.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA C

O art. 62 da CF/88 exprime que:

§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:

Apenas para lembrar, A Lei nº 5.172/1966 (Código Tributário Nacional – CTN)

dispôs sobre o Sistema Tributário Nacional e instituiu normas gerais de direito

tributário aplicáveis aos entes federados.

Como vimos na aula 01, o CTN foi editado com quórum de lei ordinária, mas

recepcionado pela ordem inaugurada com a CF/88 com status de lei complementar,

versando sobre tema que a Constituição atual reserva a esta espécie legal.

“Art. 146. Cabe à lei complementar: [...]

III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária [...]:

Vedada MPpara matéria

I - a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral

I - b) direito penal, processual penal e processual civil

I - c) organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros

I - d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares,

ressalvado o previsto no art. 167, § 3º [abertura de créditos extraordinários]

II – que vise a detenção ou sequestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro

III – reservada a lei complementar

IV – já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do

Presidente da República

Page 5: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

05

O Prefeito do Município X encaminhou à Câmara de Vereadores um projeto de lei para

aumentar a remuneração dos professores municipais. Durante o processo legislativo,

um vereador apresentou emenda ao projeto de lei, estendendo o mesmo percentual

de aumento para outras categorias de servidores públicos do município. Depois, o

projeto de lei foi aprovado com a referida emenda e sancionado pelo prefeito.

Considerando a situação descrita, assinale a afirmativa correta.

(A) A lei é inconstitucional, pois o Legislativo só pode apresentar emendas a fim de

aumentar a remuneração de outros servidores públicos se indicar a fonte de

custeio.

(B) A lei é parcialmente inconstitucional no que se refere à extensão do aumento para

outras categorias contempladas pela emenda, por vício de iniciativa, que não é

suprido pela sanção.

(C) A lei é constitucional, pois a sanção do prefeito supre eventual vício de iniciativa.

(D) A lei é constitucional, pois as emendas apresentadas pelo Legislativo não sofrem

as limitações materiais que incidem sobre a iniciativa das leis.

(E) A lei é constitucional, pois a emenda apenas corrigiu o que representaria uma

quebra de isonomia entre os servidores públicos municipais.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA B

A Lei Orgânica de Cuiabá estabelece que:

Art. 27 São de iniciativa exclusiva do Prefeito as leis que disponham sobre:

I - criação, transformação ou extinção de cargos, funções ou empregos

públicos na Administração Direta, autárquica e fundacional e sua

remuneração;

II - servidores públicos, seu regime jurídico, provimento de cargos,

estabilidade e aposentadoria;

Deste modo, verifica-se vício parcial no emenda do Vereador.

A esse respeito o STF entende que sanção não convalida vício de iniciativa

(vide ADI 2.867, dentre outras).

06

Considerando o direito fundamental à privacidade, assinale V para a afirmativa

verdadeira e F para a falsa.

( ) A quebra do sigilo bancário ou fiscal pode ser determinada por Comissão

Parlamentar de Inquérito.

( ) As provas provenientes de quebra irregular de sigilo bancário ou fiscal são nulas

para fins de responsabilização administrativa e cível, mas não criminal.

( ) Não há vedação a que uma lei autorize certos órgãos do Poder Público a

determinar a quebra de sigilo bancário ou fiscal, independentemente de autorização

judicial. As afirmativas são, respectivamente,

(A) V, V e F.

(B) V, F e F.

(C) F, F e V.

(D) F, F e F.

(E) V, F e V.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA E

Aproveitamos para trazer a lição de Paulo e Alexandrino (2014) no que tange

aos limites das competências das Comissões Parlamentares de Inquérito.

Page 6: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

Já que a Constituição foi silente, coube em grande parte à jurisprudência do

STF definir tais parâmetros.

Pode Não pode

Convocar particulares e autoridades

públicas para depor, seja como

testemunhas seja como investigados

Determinar prisão (exceto em

flagrante), seja temporária,

preventiva ou de qualquer espécie

(proibição extensível à determinação

de medidas cautelares penais e civis

– ex.: sequestro de bens )

Intimar e conduzir coercitivamente

testemunhas (porém, não os

investigados), inclusive com força

policial

Investigar atos de conteúdo

jurisdicional editados pelo Poder

Judiciário (somente é possível

controle sobre atos de natureza

administrativa)

Determinar diligências, perícias e

exames

Determinar a anulação de atos do Poder

Executivo

Determinar busca e apreensão (exceto

domiciliar)

Determinar busca e apreensão

domiciliar

Determinar a quebra dos sigilos fiscal,

bancário e telefônico (registros

apenas) do investigado

Determinar a interceptação (escuta)

telefônica

Assim, verifica-se verdadeiro o item I.

Para avaliar o item II podemos nos socorrer do art. 5º da CF/88:

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações

telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último

caso, por ordem JUDICIAL, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer

para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;

A regra é a privacidade em relação às correspondências, às comunicações

telegráficas e aos dados (RE 389.808/PR). Além da determinação judicial, algumas

exceções podem ser apontadas (não se assustem candidatos, quando avançarmos

no curso, faremos uma análise mais detida dos pontos abaixo):

Comissão Parlamentar de

Inquérito

Criadas pela CD e/ou pelo SF, em

conjunto ou separadamente

(1/3 dos membros da Casa ou do CN)

Tem poderes de investigação próprios das autoridades

judiciais, dentre outros

Apuram fato determinado e por

prazo certo

Não impõe penalidades

(inclusa responsabilização

penal e civil). Conclusões são encaminhadas

para o Ministério Público.

Page 7: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

De todo modo, a obtenção de provas de forma ilícita, TENDE a ensejar vício

nos demais aspectos do processo que delas dependam ou derivem, por

“contaminação”. É a denominada teoria dos frutos da árvore envenenada.

Errado, pois, o item II.

Já o item III se apresenta correto. É o caso, por exemplo, das legislações

tributárias de Municípios, Estados, e da própria Receita Federal, que autorizam, por

exemplo, o repasse de informações das operadoras de cartão de crédito/débito aos

fiscos, dentre outras hipóteses.

07

Assinale a opção que indica os atos normativos que podem ser objeto de controle de

constitucionalidade pela via da ação direta.

(A) Leis complementares e decretos regulamentares.

(B) Leis ordinárias e atos internos do Legislativo.

(C) Medidas provisórias e decretos autônomos.

(D) Atos normativos privados e decretos legislativos.

(E) Normas constitucionais originárias e emendas constitucionais.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA C

A Ação Direta de Inconstitucionalidade genérica tem por objeto lei ou ato

normativo federal ou estadual (ou distrital) editado após a promulgação da CF/88.

Observe-se que uma característica central é a normatividade da espécie em

análise.

Assim, podem ser objeto de ADI, Lei (em sentido amplo) federal ou estadual

(ou distrital): emendas à Constituição; leis complementares; leis ordinárias; leis

delegadas; medidas provisórias; decretos legislativos*; resoluções*.

* Nem todos. Apenas os dotados de normatividade. Ou seja, excluídos os decretos

legislativos e resoluções de efeitos concretos, assim como espécies como decretos

regulamentares, atos internos, atos privados...

O item “E” apresenta questão interessante e elucidativa. As normas

constitucionais originárias (diferentemente das emendas constitucionais, que são

fruto não do poder constituinte originário, mas sim do reformador) são as

“parametrizadoras” do que é ou não Constitucional. Não cabe, portanto,

manifestação da sua constitucionalidade ou não.

Quebra de sigilo

Das correspondências

Hipóteses de decretação de estado de defesa e de sítio

Das comunicações telegráficas e telefônicas

Hipóteses de decretação de estado de defesa e de sítio

Requisição por decisão formal e fundamentada de CPI (apenas pregressos, ou

seja, não se admite interceptação telefônica,a qual sempre dependente

de autorização do juiz competente)

Page 8: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

O sistema constitucional como previsto pelo constituinte originário, mesmo

que às vezes suscite dúvidas e aparentes contradições deve ter sua interpretação

sempre harmonizada, com a solidificação de um sistema coeso.

08

Sobre a organização político-administrativa do Estado brasileiro, analise as

afirmativas a seguir.

I. O Estado brasileiro divide-se em entes federativos de três diferentes níveis

organizados hierarquicamente.

II. Os Municípios podem legislar de forma suplementar sobre matérias elencadas pela

Constituição de 1988 como sendo de competência legislativa concorrente.

III. A competência legislativa sobre assuntos de interesse local é privativa dos

Municípios.

Assinale:

(A) se somente a afirmativa I estiver correta.

(B) se somente a afirmativa III estiver correta.

(C) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

(D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

(E) se todas as afirmativas estiverem corretas.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA D

A CF/88 estabelece:

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;

Assim, corretas as opções II e III.

O erro do item I é que inexiste hierarquia na organização político-

administrativa do Estado brasileiro. Em tese.

No nosso sistema prevalece o princípio do predomínio do interesse. Ou

seja, o nosso constituinte entendeu que determinadas matérias apresentam, por sua

natureza, interesse geral (nacional) devendo ser cuidadas (ao menos em termos de

normas gerais) pela União. Outras repercutem em âmbito eminentemente regional,

sendo distribuídas aos Estados-Membros e ao DF (que, ainda, acumula o interesse

local). Por fim, determinadas questões são mais pontuais... locais, estando seu

cuidado a cargo dos Municípios e ao DF (no acúmulo de competências municipais).

09

Analise o fragmento a seguir.

“Sempre que uma norma jurídica comportar mais de um significado possível, deve o

intérprete optar por aquele que melhor realize o espírito da Constituição, rejeitando

as exegeses contrárias aos preceitos constitucionais.”

Assinale a opção que indica o princípio de interpretação constitucional a que o

fragmento se refere.

(A) Princípio da Unidade da Constituição.

(B) Princípio da Interpretação Conforme a Constituição.

(C) Princípio da Supremacia da Constituição.

(D) Princípio da Força Normativa da Constituição.

(E) Princípio da Concordância Prática.

Page 9: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA B

A interpretação conforme a Constituição é uma técnica aplicável quando, entre

interpretações plausíveis e alternativas de certo enunciado normativo, exista alguma

que permita compatibilizá‐la com a Constituição.

Aplicado nos casos em que a interpretação de uma mesma norma pode

produzir significados diversos (normas polissêmicas). O intuito é conduzir sua

interpretação ao sentido mais compatível com o texto constitucional,

afastando-a dos vieses inconstitucionais e conservando-a no sistema normativo.

Vejamos brevemente o que são os outros princípios apontados:

10

A respeito da Administração Pública, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para

a falsa.

( ) É vedada a vinculação de remunerações entre cargos diversos da Administração

Pública.

( ) O direito de greve do servidor público não pode ser exercido enquanto não for

regulamentado.

( ) Não é admitida a acumulação remunerada de cargos públicos.

As afirmativas são, respectivamente,

(A) V, F e F.

(B) F, V e F.

UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO

A Constituição deve ser interpretada comoum todo harmônico. Os conflitos entre normas(vide choque de princípios e choque de regras)são apenas aparentes e devem ser sanados demodo a evitar a existência persistente decontradições.

SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO

A Constituição se situa no topo da pirâmidedo ordenamento jurídico-positivo (o Direitoque rege nosso dia a dia), numa verdadeirarelação de verticalidade hierárquica com asdemais espécies normativas

FORÇA NORMATIVA

Princípio idealizado por Konrad Hesse, estatuique o ânimo da Constituição deve ser o dematerializar e cristalizar no mundo real arazão normativa que lhe é própria, de tal modoque a consciência sócio-política e jurídica dasociedade seja moldada (e, reciprocamente,molde) a Constituição enquanto sistema dereferência.

CONCORDÂNCIA PRÁTICA /

HARMONIZAÇÃO

Havendo conflito aparente de normas(especialmente princípios), a solução deve serbuscada de modo a evitar o sacrifício total deum deles. Especialmente aplicável em relação aosdireitos fundamentais, por exemplo, quando aliberdade de ação/expressão de um indivíduoentra em choque com a de outro ou dacoletividade.

Page 10: ISS Cuiaba Direito Constitucional Prova Comentada

(C) V, V e F.

(D) F, V e V.

(E) F, F e F.

RESOLUÇÃO: ALTERNATIVA A

A opção 1 reproduz o sentido do art. 37, XIII, da nossa Carta Magna:

XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies

remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público

Em relação à opção 2, o art. 37, VII, dispõe:

VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em

lei específica

A referida lei ainda não foi editada. Em razão da mora do legislador, o STF

determinou a aplicação subsidiária, aos servidores públicos, da Lei 7.783/1989

(lei geral de greve) (MI 708/DF).

Finalmente, também é falsa a opção 3, já que a Constituição Federal admite

acumulação remunerada de cargos públicos. Vejamos as hipóteses:

Acumulação remunerada de cargos públicos

(havendo compatibilidade de

horários)

2 cargos de professor (art. 37, XVI, "a")

1 cargo de professor + 1 cargo técnico ou científico (art. 37, XVI, "b")

2 cargos ou empregos privativos de profissionaisde saúde, com profissões regulamentadas (art. 37,

XVI, "c")

1 cargo público + Mandato de vereador (art. 38, III)

1 cargo de Magistrado + 1 cargo no Magistério(art. 95, parágrafo único, I)

1 cargo de Procurador do Ministério Público + 1 cargo no Magistério (art. 128, §5º, II, "d")