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1 Recife PE 2012

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IRMÃOS, AMIGOS E RIVAIS – parte 2

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Recife – PE 2012

Simone Queiroz

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IRMÃOS, AMIGOS E RIVAIS – parte 2

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Simone Queiroz

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IRMÃOS, AMIGOS E RIVAIS – parte 2

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NO LIVRO ANTERIOR... Enquanto isto circulava em um blog recentemente

criado, fotos da ilustre festa de Lílite Monteiro, com

comentários pesados.

Pelo visto, muita coisa mudou em São Genaro. Teresa

se quer fazer caridade, vá trabalhar na UNICEF! Só assim

você pode fingir ser a boa moça, que vamos ser sinceras: Você

nunca foi. Ops! Será que Lucas sabe disto? Se não sabia,

tomou conhecimento da pior maneira... Não dá para ficar

escondendo quem somos. Volta para seu mundo glamoroso,

Teresa! E deixa a cozinha para o gato borralheiro do Lucas

cuidar.

Lilis teve seu dia de princesa, arrasando em seu vestido

de dar inveja a muitas, como eu. Mas, a inveja parou aí, pois

ninguém queria está na pele dela, no momento seguinte aos

parabéns. Deve ter sido o melhor presente da festa, não

acharam? Tudo isto uma homenagem feita pela sua amicíssima

e detalhe, não convidada, Carla. Que em um dia deste

estiveram se digladiando no vestiário feminino. Hum! E quem

disse que a vida no interior é monótona, não deve conhecer São

Genaro.

O que ninguém entende é como uma garota tão

recatada trocou o namorado galinha, pelo cunhado que possui

uma fama pior. Isto é que deve se chamar de autodestruição.

Fora isto teve o de sempre: Muita azaração, pegação,

dança, bebida, que misturados dá um prato cheio para quem

vos fala. Divirtam-se com as fotos e é claro, quem perdeu o

vídeo sensacional da noite, basta clicar no ícone abaixo e ver

tudo na íntegra, inclusive com a fisionomia surpresa dos que lá

estavam.

Até a próxima! Sempre os manterei informados!

Bjs, G.

A segunda-feira seguinte não seria nenhum pouco fácil,

para eles.

Simone Queiroz

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DEPOIS DA TEMPESTADE, VEM A DEVASTIDÃO

Na segunda-feira seguinte ao aniversário de Lilis a

conversa era praticamente a mesma, as imagens e comentários

do novo blog, cujo endereço fora enviado via e-mail para

diversas pessoas do colégio Três Maria, que diante das imagens

e comentários, encaminharam para outras, espalhando-se como

epidemia a notícia do novo blog de fofoca do colégio.

Lilis chegou ao colégio, acompanhada das amigas, que

lhe restaram, após a expulsão de duas de seu grupo, dentre elas

a sua ex-melhor amiga Carla. Logo que entrou na sala, viu

Carla sentada em seu lugar de sempre, tendo muita raiva,

ignorando por completo as meninas com quem conversava,

jogou sua mochila para uma delas, indo a passos largos até

Carla.

- Satisfeita, agora? – pôs as mãos com o punho cerrado

sobre a cintura.

- Do que você está falando? – Carla ergueu a vista,

olhando-a.

- Não seja cínica, sua fingida! – falou com desprezo. –

Minha felicidade a incomoda tanto assim, é, invejosa?

- Que ridícula! Não tenho inveja de sua felicidade! –

Carla sentiu-se ofendida.

- Meu sucesso deve corroê-la por dentro. – dramatizava

Lilis.

- Deixa de ser idiota, Lilis!

- Realmente quem fez papel de idiota fui eu, graças a

seu “presentinho”, mas isto não vai ficar assim, saiba disto!

- Está me ameaçando? – Carla olhou-a, incrédula.

- Acho que me fiz entender.

- Não tenho medo de você. – retrucou Carla.

IRMÃOS, AMIGOS E RIVAIS – parte 2

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- O pior inimigo é aquele que um dia foi seu amigo. –

sorriu escárnio.

- Você sabe tanto de mim, quanto sei de você. – não se

deixou abater.

- Pode ser, mas quem tem fotos suas comprometedoras

sou eu. – falou Lilis vitoriosa.

- Você não... – preocupou-se Carla.

- Poderia, mas...

- SUA PRAGA! – gritou Carla enfurecida, levantando-

se.

Lilis piscou os olhos assustada esperando-a agredi-la,

todavia sentiu apenas seus cabelos voando quando ela passou

correndo. Lilis girou sobre os calcanhares para ver o motivo da

raiva dela.

Carla “voou” em cima de Gaby, que passava pela porta

da sala delas, quando foi vista, como estava desatenta caiu em

cheio no chão, tendo Carla sobre ela. A primeira reação de

todos foi abrir passagem para aquele ato violento, todavia

rapidamente arrancaram Carla de cima de Gaby, que

massageava a cabeça dolorida.

- Enlouqueceu? – Gaby sentia dor.

- Você! – Carla apontava-a, enrubescida de raiva. – O

“presentinho”... O blog... TRAÍDORA!

- Eu?! – apontou-se fingindo inocência.

- Eu nunca devia ter confiado em você! – dizia irritada.

- O que está acontecendo aqui? – Miguel interveio,

ficando entre elas.

- Sua irmãzinha é a autora de tudo! – respondia Carla. –

Foi tudo culpa dela, na festa! E também o blog.

Miguel olhou para Gaby, desconfiado.

- Ah, sem essa, Miguel! O que tenho a ver com isto? –

questionou com falsa candura.

- Precisamos conversar. – avisou Miguel, puxando-a

pelo braço.

Teresa ao sair do carro, sentiu receio de entrar no

colégio. Insistiu tanto para sua mãe lhe permitir faltar, todavia

Simone Queiroz

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nenhum dos seus argumentos foi atendido. As pessoas fitaram-

na com um olhar de condenação, pelo que ela fizera à amiga e a

seu namorado na época. Quando Lucas chegou com Laís e Táta,

não foi diferente, pois o foco de quase todos os olhares da

escola passou de Teresa para eles. Ela o olhou espremeu seu

material contra o peito, insegura, baixou a cabeça e afastou-se a

passos largos.

- Nossa! – comentou Laís, voltando-se para Lucas. –

Você sabe realmente virar notícia no Três Maria!

- Basta ignorar! – falou grosseiramente, afastando-se.

- Que eu saiba não falei nenhuma novidade! – defendia-

se Laís.

- Como pode ser tão chata? – Táta a questionou.

- E você tão metida, projeto de gente?

- Hum! – Táta cruzou os braços, sem ter gostado,

acenando depois para suas amigas. – Estão todos nos olhando!

- Ai, me poupe, miniatura! – sacudiu a cabeça em

desaprovação.

Táta ignorou-a indo até suas amigas, que a

cumprimentaram animadamente. Laís olhou-as reprovando sua

irmã, que pelo visto comporia o futuro grupo de patricinhas

metidas da escola.

- Só pode ser um pesadelo! – Laís revirou os olhos.

Lucas estava indo para sua sala, irritado com todos

aqueles olhares em sua direção, todavia percebeu Miguel

discutindo feio com Gaby, achando melhor ir lá.

- Como pôde fazer isto com Lilis? – vociferou Miguel.

- Ela...

- CALA A BOCA! Se não... – Miguel ergueu a mão.

Gaby escondeu o rosto com as mãos, sem ver o

momento que Lucas segurou a mão dele no ar.

- Miguel?! – Lucas olhou-o.

Gaby aproveitou a distração para sair correndo de lá,

enquanto Miguel acalmava-se.

- O que deu em você, cara? – fitava-o, preocupado.

IRMÃOS, AMIGOS E RIVAIS – parte 2

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- Foi tudo culpa dela. – respondeu Miguel com tristeza,

escorregando pela parede até sentar-se no chão.

- De Gabriela? – duvidou Lucas.

- O blog.

- Ah, o maldito blog. – sentou ao lado dele. – Que

inferno!

- Não só o blog, mas também aquelas imagens

horrendas.

- Como ela conseguiu?

- Carla.

- Sinto muito, cara! – Lucas apertou o ombro dele.

- Sou eu quem sente... Foi mau, cara! – pediu Miguel.

- Por quê?

- Eu já sabia, mas... – Miguel achou melhor contar a

verdade.

- Do que você sabia? – fitou-o em busca de respostas.

- Que tinha um DVD com imagens de Teresa...

Tentamos até destruí-lo, mas não deu. Desculpa!

- Por que não me contou?

- Não queríamos magoá-lo.

- “Queríamos”?! – Lucas franziu o cenho. – Está

falando de quem?

Miguel balançou a cabeça de um lado para o outro, sem

saber se contava ou não.

- Teresa. – resolveu confessar. – Ela estava sofrendo

muito pelo ocorrido. Quando a gente vê as imagens entende o

porquê.

Lucas ficou pensativo.

- Mas, ela é uma boa garota... Não é mais aquela que

vimos na filmagem.

- Como pode saber? – fitou-o.

- Não sei. – ergueu os ombros. – Só acho.

Eles ouviram o toque, levantando-se.

- Desculpa não ter contado antes. – pediu Miguel

novamente.

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- Sem bronca! – Lucas apertou a mão dele, batendo em

suas costas. – Mas, da próxima vez, tenta me contar antes,

beleza?

- Beleza! – concordou Miguel.

No intervalo Laís fora à biblioteca ler “Casa grande e

senzala”, do sociólogo pernambucano Gilberto Freire que fora

passado pela professora de literatura. JJ entrou na biblioteca,

vendo-a concentrada na leitura, tendo um fone de ouvido.

- Atrapalho? – quis saber JJ, sentando-se ao lado dela.

- Mais ou menos. – marcou a página que lia, tirando os

fones de seu ouvido.

- Como consegue ler este tipo de livro ouvindo música?

– achou estranho.

- Veio até aqui para perguntar isto?

- Não. – sorriu tentando disfarçar sua alegria.

- A música me faz mergulhar melhor na estória. Fica

mais fácil me desconectar do real, para entrar no imaginário.

- Ah, tá.

- Satisfeito? Agora, posso? – levantou o livro.

- Só queria agradecê-la.

- Agradecer, pelo o quê? – procurava um motivo

aparente sem encontrá-lo.

JJ puxou um papel que estava em seu bolso, dando-o

para ela.

- O que é isto? – quis saber Laís, pegando-o.

- Veja! – mandou JJ, apontando-o.

Laís abriu-o, vendo se tratar de uma prova.

De física.

Seus olhos rapidamente foram em busca da nota. Ao se

deparar com um enorme nove e meio, quase chorou de emoção,

levou uma das mãos à boca e sem se conter largou a prova,

abraçando-o.

- Você conseguiu! – dizia ela, quase pulando nos braços

dele, mesmo estando sentada.

- Nós conseguimos! – frisou JJ ainda abraçado a ela.

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Aos poucos Laís se deu conta que eles passaram muito

tempo abraçados, ficando constrangida, afastando-se.

- Parabéns! – disse mais uma vez desconcertada.

Nervosa ela derrubou seu MP4 e quando se abaixou

para pegá-lo, JJ tivera a mesma idéia. Suas mãos se

encontraram e como se tivesse levado um choque, Laís afastou-

se rapidamente, batendo com a cabeça embaixo da mesa,

fazendo o som deste impacto ecoar.

- Ai! – gemeu, sentando-se no chão.

- Está tudo bem? – sentou-se também no chão, pondo a

mão sobre a cabeça dela também.

- Estou! Estou ótima! – mentiu levantando-se

rapidamente, sentindo uma leve vertigem.

- Tem certeza? – segurou-a.

- Está todo mundo olhando! – cochichou Laís, com

vergonha, por ele está tão próximo e com as mãos sobre seus

braços.

- O que importa? Como está? – fitou-a.

Ele estava com o rosto tão próximo ao seu, que sentiu

uma frieza na boca de seu estômago, que parecia revirar. Dentre

outras sensações que lhe eram estranhas.

- E-eu estou bem. – afastou-o de si, sentando-se com

cuidado, temendo pagar outro mico.

- Tem certeza? – pôs a mão sobre o local da cabeça dela

que fora atingido.

- Já disse que estou! – afastou a mão dele de si.

Ele olhou o rosto dela de indignação e ao lembrar-se

dos breves desastres, não se conteve, caindo na gargalhada. Ao

vê-lo rindo descontroladamente, Laís “tomou ar” revoltando-se,

espremeu os lábios, pegou suas coisas saindo de lá. Tia Sic

pediu silêncio a ele, que sem se conter preferiu sair de lá.

À tarde Manoel estava em seu escritório na gráfica,

quando Lucas apareceu em sua porta.

- Atrapalho? – perguntou logo que abriu a porta.

- De maneira alguma. Entre! – pediu com simpatia,

gesticulando.

Simone Queiroz

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Lucas entrou, fechando a porta, indo sentar-se.

- Se veio em busca de emprego, ele é todo seu. –

garantiu Manoel.

- Não é isto. – olhou-o com tristeza.

- O que posso fazer por você? – preocupou-se.

- Ainda não sei... – foi sincero. – Silas precisou ir ao

Recife e eu preciso...

- Desabafar? – concluiu Manoel.

- É.

- Eu soube da festa. – supôs Manoel.

- Aquela é minha namorada. – falou envergonhado.

- Já a vi algumas vezes lá em casa. É uma das amigas

de Lilis. – lembrava Manoel.

- Não sei se viu as imagens.

- Só soube. Infelizmente houve repercussões delas por

toda cidade. Sinto muito! – estava compadecido.

- Pois, é. – suspirou Lucas com tristeza. – Para onde

quer que eu vá percebo cochichos e olhares de pessoas que

nunca nem se quer souberam de minha existência. De repente

virei um coitadinho, ou outra coisa pior.

- Como se sente em relação a isto tudo?

Lucas baixou a cabeça, reflexivo.

- Está sendo pior para Teresa. – fitou-o.

- Tenho certeza disto.

- Nunca tinha visto-a daquele jeito. – expressou seu

sofrimento no olhar.

- Tem raiva dela?

- Não. Raiva não! Mas, não consigo me aproximar. É

como se houvesse uma barreira invisível entre nós.

- E você queria romper com esta “barreira invisível”?

- Não sei.

- Tem medo que ela faça o mesmo com você? Pois, que

eu saiba estava com JJ quando isto tudo aconteceu. – Manoel

foi direto ao ponto.

- Já pensei nisto... Mas, ainda não tenho certeza, se é

esta a grande bronca.

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- Posso fazer um rápido retrospecto de tudo que

aconteceu, segundo o que me contou? – perguntou

retoricamente, vendo-o atento. – Você tem todo o direito de se

sentir confuso... Pois, via-a como uma princesa em apuros, que

você a salvou não apenas de se afogar, como diariamente dela

mesma, que era para você alguém retraída, que sofria por não

ter a devida atenção dos pais e não sabia aproveitar a vida nos

mínimos detalhes, como você mesmo me contou... Mas, de

repente, a vê de maneira diferente, segundo me contaram com

peças íntimas, embriagada, dançando de maneira vulgar e como

se não bastasse dando beijos em meu ex-genro... Isto é bastante

chocante.

- É... E o que devo fazer? – almejava uma solução.

- Este tipo de resposta, você sabe muito bem que não

posso dar... O relacionamento é seu, assim como a vida. Você

precisa saber o que quer... Só posso dizer duas coisas: Ela fez

isto antes de conhecê-lo.

- E qual é a outra coisa? – estava ansioso.

- Quem fez isto uma vez... – refletia Manoel, sem

querer continuar.

- Entendi. – desanimou-se Lucas, encostando-se na

cadeira.

- Mas, você gosta muito dela, não é? – sorriu

analisando-o.

- Sou um tolo por conta disto? – fitou-o.

- Por conta disto não... Eu sei o que é está apaixonado...

E se depois de ter se decepcionado com ela, o que mais tem

vontade é de passar por cima de seu orgulho ferido, sem se

importar com os comentários que farão a respeito de vocês...

Enfrentando a tudo e a todos, só para tê-la em seus braços... Aí,

sim, eu diria que você é um tolo, se deixasse estas coisas o

inibir. – disse com convicção.

Lucas ficou novamente pensativo.

- Se a quer, filho, lute por ela!

- É o certo?

- O que é certo e o que errado? – Manoel rebateu a

pergunta, erguendo os ombros.

Simone Queiroz

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Lucas sorriu refeito, levantando-se, indo até a porta,

saindo.

Manoel sorriu lembrando-se de sua paixão da

juventude, quando sua porta foi subitamente aberta.

- Muito obrigado, Manoel! – agradeceu Lucas da porta,

fechando em seguida.

Teresa tomara uma decisão, não ia mais ficar a mercê

das pessoas daquela cidade. Só estava ali há dois anos, podia

muito bem recomeçar sua vida noutra cidade, longe daquele

pesadelo que sua vida havia se tornado, tudo pelo grave erro

que cometera há mais de seis meses. Seu pai estava disposto a

acolhera em sua casa, para a tristeza de Anice, sua mãe, que a

queria consigo.

Teresa chorava à medida que recolhia suas coisas no

quarto, principalmente quando encontrou as fotos que havia

tirado de Lucas no primeiro encontro deles. Arrasada jogou-se

em sua cama, cheia de roupas. Ao ouvir batida à porta,

levantou-se contra sua vontade, indo abri-la.

- Lucas?! – suas pernas fraquejaram ao vê-lo.

- Oi! – cumprimentou-a sem muita emoção. – Posso

entrar?

- Acho que não é uma boa hora. – garantiu, secando

suas lágrimas.

- Está pensando em fugir? – Lucas pode ver as malas

abertas no centro do quarto.

- E o que mais posso fazer, além de fugir? – escancarou

a porta indo à sua cama, para que ele entrasse.

- Lutar. – respondeu com obviedade.

- Lutar?! Hum! Até parece! – foi irônica, sentando-se.

- Ia partir sem se despedir? – Lucas preferiu mudar o

rumo da conversa, sondando-a.

- Você me evita desde a festa.

- É assim, tão fácil para você?

- E o que quer que eu faça? Infelizmente aquilo tudo foi

demais para mim.

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- Mas, você não é mais daquele jeito! – Lucas lembrou-

a.

- Como pode ter tanta certeza? – cruzou os braços.

- Como pode não ter? – rebateu-a, sentando a seu lado,

após afastar as roupas.

Teresa baixou a vista, comovida.

- Por favor, me perdoa Lucas! – pedia em prantos. – Eu

não queria que tivesse sido deste jeito... Não me orgulho da

vida que levava, nem muito menos do estrago que fiz à vida das

pessoas que eram próximas a mim... Eu era uma inconseqüente,

uma maluca, que por nada me embriagava e fazia escândalos,

como aqueles... Uma maldita filhinha de papai, que achava que

podia tudo, que o céu era meu limite... Que tudo girava em

minha volta... E acabei esquecendo que em vez disto, o mundo

dá voltas e eu acabei pagando feio por todo mal que fiz... E

agora todos podem pintar e bolar com minhas imagens... Isto é

muito mais que posso agüentar... Não sou mais como a imagem

que viu... Acredite em mim! – suplicava lhe segurando às mãos.

- Eu acredito! – fitou-a com sinceridade.

- Acredita?! – estranhou fungando.

- Acredito. – aproximou-se um pouco mais dela. – Eu

vim aqui só para dizer que pode contar comigo... Se antes não

me manifestei foi porque fiquei confuso com tudo que vi.

- Eu pensei que você nunca mais fosse querer me ver,

quanto mais falar comigo... – Teresa baixou a cabeça,

enxugando suas lágrimas.

- Por um instante cogitei esta idéia... – fez uma pausa,

proposital, fazendo-a olhá-lo. – Mas, vi que não conseguiria.

- Não?

- Não... Teresa... É muito mais difícil tirá-la de minha

vida, que enfrentar este pesadelo ao seu lado.

Ela pega de surpresa começou a chorar de novo. Lucas

passou a mão com suavidade pelo rosto dela, fazendo-a beijá-la.

- Teresa, fique! – pediu fitando-a.

- Não sei se consigo. – olhou-o, dolorosamente.

- Só vai saber tentando...

- Eu...