irmÃos, amigos e rivais - perse.com.br · do novo blog, cujo endereço fora enviado via e-mail...
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IRMÃOS, AMIGOS E RIVAIS – parte 2
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NO LIVRO ANTERIOR... Enquanto isto circulava em um blog recentemente
criado, fotos da ilustre festa de Lílite Monteiro, com
comentários pesados.
Pelo visto, muita coisa mudou em São Genaro. Teresa
se quer fazer caridade, vá trabalhar na UNICEF! Só assim
você pode fingir ser a boa moça, que vamos ser sinceras: Você
nunca foi. Ops! Será que Lucas sabe disto? Se não sabia,
tomou conhecimento da pior maneira... Não dá para ficar
escondendo quem somos. Volta para seu mundo glamoroso,
Teresa! E deixa a cozinha para o gato borralheiro do Lucas
cuidar.
Lilis teve seu dia de princesa, arrasando em seu vestido
de dar inveja a muitas, como eu. Mas, a inveja parou aí, pois
ninguém queria está na pele dela, no momento seguinte aos
parabéns. Deve ter sido o melhor presente da festa, não
acharam? Tudo isto uma homenagem feita pela sua amicíssima
e detalhe, não convidada, Carla. Que em um dia deste
estiveram se digladiando no vestiário feminino. Hum! E quem
disse que a vida no interior é monótona, não deve conhecer São
Genaro.
O que ninguém entende é como uma garota tão
recatada trocou o namorado galinha, pelo cunhado que possui
uma fama pior. Isto é que deve se chamar de autodestruição.
Fora isto teve o de sempre: Muita azaração, pegação,
dança, bebida, que misturados dá um prato cheio para quem
vos fala. Divirtam-se com as fotos e é claro, quem perdeu o
vídeo sensacional da noite, basta clicar no ícone abaixo e ver
tudo na íntegra, inclusive com a fisionomia surpresa dos que lá
estavam.
Até a próxima! Sempre os manterei informados!
Bjs, G.
A segunda-feira seguinte não seria nenhum pouco fácil,
para eles.
Simone Queiroz
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DEPOIS DA TEMPESTADE, VEM A DEVASTIDÃO
Na segunda-feira seguinte ao aniversário de Lilis a
conversa era praticamente a mesma, as imagens e comentários
do novo blog, cujo endereço fora enviado via e-mail para
diversas pessoas do colégio Três Maria, que diante das imagens
e comentários, encaminharam para outras, espalhando-se como
epidemia a notícia do novo blog de fofoca do colégio.
Lilis chegou ao colégio, acompanhada das amigas, que
lhe restaram, após a expulsão de duas de seu grupo, dentre elas
a sua ex-melhor amiga Carla. Logo que entrou na sala, viu
Carla sentada em seu lugar de sempre, tendo muita raiva,
ignorando por completo as meninas com quem conversava,
jogou sua mochila para uma delas, indo a passos largos até
Carla.
- Satisfeita, agora? – pôs as mãos com o punho cerrado
sobre a cintura.
- Do que você está falando? – Carla ergueu a vista,
olhando-a.
- Não seja cínica, sua fingida! – falou com desprezo. –
Minha felicidade a incomoda tanto assim, é, invejosa?
- Que ridícula! Não tenho inveja de sua felicidade! –
Carla sentiu-se ofendida.
- Meu sucesso deve corroê-la por dentro. – dramatizava
Lilis.
- Deixa de ser idiota, Lilis!
- Realmente quem fez papel de idiota fui eu, graças a
seu “presentinho”, mas isto não vai ficar assim, saiba disto!
- Está me ameaçando? – Carla olhou-a, incrédula.
- Acho que me fiz entender.
- Não tenho medo de você. – retrucou Carla.
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- O pior inimigo é aquele que um dia foi seu amigo. –
sorriu escárnio.
- Você sabe tanto de mim, quanto sei de você. – não se
deixou abater.
- Pode ser, mas quem tem fotos suas comprometedoras
sou eu. – falou Lilis vitoriosa.
- Você não... – preocupou-se Carla.
- Poderia, mas...
- SUA PRAGA! – gritou Carla enfurecida, levantando-
se.
Lilis piscou os olhos assustada esperando-a agredi-la,
todavia sentiu apenas seus cabelos voando quando ela passou
correndo. Lilis girou sobre os calcanhares para ver o motivo da
raiva dela.
Carla “voou” em cima de Gaby, que passava pela porta
da sala delas, quando foi vista, como estava desatenta caiu em
cheio no chão, tendo Carla sobre ela. A primeira reação de
todos foi abrir passagem para aquele ato violento, todavia
rapidamente arrancaram Carla de cima de Gaby, que
massageava a cabeça dolorida.
- Enlouqueceu? – Gaby sentia dor.
- Você! – Carla apontava-a, enrubescida de raiva. – O
“presentinho”... O blog... TRAÍDORA!
- Eu?! – apontou-se fingindo inocência.
- Eu nunca devia ter confiado em você! – dizia irritada.
- O que está acontecendo aqui? – Miguel interveio,
ficando entre elas.
- Sua irmãzinha é a autora de tudo! – respondia Carla. –
Foi tudo culpa dela, na festa! E também o blog.
Miguel olhou para Gaby, desconfiado.
- Ah, sem essa, Miguel! O que tenho a ver com isto? –
questionou com falsa candura.
- Precisamos conversar. – avisou Miguel, puxando-a
pelo braço.
Teresa ao sair do carro, sentiu receio de entrar no
colégio. Insistiu tanto para sua mãe lhe permitir faltar, todavia
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nenhum dos seus argumentos foi atendido. As pessoas fitaram-
na com um olhar de condenação, pelo que ela fizera à amiga e a
seu namorado na época. Quando Lucas chegou com Laís e Táta,
não foi diferente, pois o foco de quase todos os olhares da
escola passou de Teresa para eles. Ela o olhou espremeu seu
material contra o peito, insegura, baixou a cabeça e afastou-se a
passos largos.
- Nossa! – comentou Laís, voltando-se para Lucas. –
Você sabe realmente virar notícia no Três Maria!
- Basta ignorar! – falou grosseiramente, afastando-se.
- Que eu saiba não falei nenhuma novidade! – defendia-
se Laís.
- Como pode ser tão chata? – Táta a questionou.
- E você tão metida, projeto de gente?
- Hum! – Táta cruzou os braços, sem ter gostado,
acenando depois para suas amigas. – Estão todos nos olhando!
- Ai, me poupe, miniatura! – sacudiu a cabeça em
desaprovação.
Táta ignorou-a indo até suas amigas, que a
cumprimentaram animadamente. Laís olhou-as reprovando sua
irmã, que pelo visto comporia o futuro grupo de patricinhas
metidas da escola.
- Só pode ser um pesadelo! – Laís revirou os olhos.
Lucas estava indo para sua sala, irritado com todos
aqueles olhares em sua direção, todavia percebeu Miguel
discutindo feio com Gaby, achando melhor ir lá.
- Como pôde fazer isto com Lilis? – vociferou Miguel.
- Ela...
- CALA A BOCA! Se não... – Miguel ergueu a mão.
Gaby escondeu o rosto com as mãos, sem ver o
momento que Lucas segurou a mão dele no ar.
- Miguel?! – Lucas olhou-o.
Gaby aproveitou a distração para sair correndo de lá,
enquanto Miguel acalmava-se.
- O que deu em você, cara? – fitava-o, preocupado.
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- Foi tudo culpa dela. – respondeu Miguel com tristeza,
escorregando pela parede até sentar-se no chão.
- De Gabriela? – duvidou Lucas.
- O blog.
- Ah, o maldito blog. – sentou ao lado dele. – Que
inferno!
- Não só o blog, mas também aquelas imagens
horrendas.
- Como ela conseguiu?
- Carla.
- Sinto muito, cara! – Lucas apertou o ombro dele.
- Sou eu quem sente... Foi mau, cara! – pediu Miguel.
- Por quê?
- Eu já sabia, mas... – Miguel achou melhor contar a
verdade.
- Do que você sabia? – fitou-o em busca de respostas.
- Que tinha um DVD com imagens de Teresa...
Tentamos até destruí-lo, mas não deu. Desculpa!
- Por que não me contou?
- Não queríamos magoá-lo.
- “Queríamos”?! – Lucas franziu o cenho. – Está
falando de quem?
Miguel balançou a cabeça de um lado para o outro, sem
saber se contava ou não.
- Teresa. – resolveu confessar. – Ela estava sofrendo
muito pelo ocorrido. Quando a gente vê as imagens entende o
porquê.
Lucas ficou pensativo.
- Mas, ela é uma boa garota... Não é mais aquela que
vimos na filmagem.
- Como pode saber? – fitou-o.
- Não sei. – ergueu os ombros. – Só acho.
Eles ouviram o toque, levantando-se.
- Desculpa não ter contado antes. – pediu Miguel
novamente.
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- Sem bronca! – Lucas apertou a mão dele, batendo em
suas costas. – Mas, da próxima vez, tenta me contar antes,
beleza?
- Beleza! – concordou Miguel.
No intervalo Laís fora à biblioteca ler “Casa grande e
senzala”, do sociólogo pernambucano Gilberto Freire que fora
passado pela professora de literatura. JJ entrou na biblioteca,
vendo-a concentrada na leitura, tendo um fone de ouvido.
- Atrapalho? – quis saber JJ, sentando-se ao lado dela.
- Mais ou menos. – marcou a página que lia, tirando os
fones de seu ouvido.
- Como consegue ler este tipo de livro ouvindo música?
– achou estranho.
- Veio até aqui para perguntar isto?
- Não. – sorriu tentando disfarçar sua alegria.
- A música me faz mergulhar melhor na estória. Fica
mais fácil me desconectar do real, para entrar no imaginário.
- Ah, tá.
- Satisfeito? Agora, posso? – levantou o livro.
- Só queria agradecê-la.
- Agradecer, pelo o quê? – procurava um motivo
aparente sem encontrá-lo.
JJ puxou um papel que estava em seu bolso, dando-o
para ela.
- O que é isto? – quis saber Laís, pegando-o.
- Veja! – mandou JJ, apontando-o.
Laís abriu-o, vendo se tratar de uma prova.
De física.
Seus olhos rapidamente foram em busca da nota. Ao se
deparar com um enorme nove e meio, quase chorou de emoção,
levou uma das mãos à boca e sem se conter largou a prova,
abraçando-o.
- Você conseguiu! – dizia ela, quase pulando nos braços
dele, mesmo estando sentada.
- Nós conseguimos! – frisou JJ ainda abraçado a ela.
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Aos poucos Laís se deu conta que eles passaram muito
tempo abraçados, ficando constrangida, afastando-se.
- Parabéns! – disse mais uma vez desconcertada.
Nervosa ela derrubou seu MP4 e quando se abaixou
para pegá-lo, JJ tivera a mesma idéia. Suas mãos se
encontraram e como se tivesse levado um choque, Laís afastou-
se rapidamente, batendo com a cabeça embaixo da mesa,
fazendo o som deste impacto ecoar.
- Ai! – gemeu, sentando-se no chão.
- Está tudo bem? – sentou-se também no chão, pondo a
mão sobre a cabeça dela também.
- Estou! Estou ótima! – mentiu levantando-se
rapidamente, sentindo uma leve vertigem.
- Tem certeza? – segurou-a.
- Está todo mundo olhando! – cochichou Laís, com
vergonha, por ele está tão próximo e com as mãos sobre seus
braços.
- O que importa? Como está? – fitou-a.
Ele estava com o rosto tão próximo ao seu, que sentiu
uma frieza na boca de seu estômago, que parecia revirar. Dentre
outras sensações que lhe eram estranhas.
- E-eu estou bem. – afastou-o de si, sentando-se com
cuidado, temendo pagar outro mico.
- Tem certeza? – pôs a mão sobre o local da cabeça dela
que fora atingido.
- Já disse que estou! – afastou a mão dele de si.
Ele olhou o rosto dela de indignação e ao lembrar-se
dos breves desastres, não se conteve, caindo na gargalhada. Ao
vê-lo rindo descontroladamente, Laís “tomou ar” revoltando-se,
espremeu os lábios, pegou suas coisas saindo de lá. Tia Sic
pediu silêncio a ele, que sem se conter preferiu sair de lá.
À tarde Manoel estava em seu escritório na gráfica,
quando Lucas apareceu em sua porta.
- Atrapalho? – perguntou logo que abriu a porta.
- De maneira alguma. Entre! – pediu com simpatia,
gesticulando.
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Lucas entrou, fechando a porta, indo sentar-se.
- Se veio em busca de emprego, ele é todo seu. –
garantiu Manoel.
- Não é isto. – olhou-o com tristeza.
- O que posso fazer por você? – preocupou-se.
- Ainda não sei... – foi sincero. – Silas precisou ir ao
Recife e eu preciso...
- Desabafar? – concluiu Manoel.
- É.
- Eu soube da festa. – supôs Manoel.
- Aquela é minha namorada. – falou envergonhado.
- Já a vi algumas vezes lá em casa. É uma das amigas
de Lilis. – lembrava Manoel.
- Não sei se viu as imagens.
- Só soube. Infelizmente houve repercussões delas por
toda cidade. Sinto muito! – estava compadecido.
- Pois, é. – suspirou Lucas com tristeza. – Para onde
quer que eu vá percebo cochichos e olhares de pessoas que
nunca nem se quer souberam de minha existência. De repente
virei um coitadinho, ou outra coisa pior.
- Como se sente em relação a isto tudo?
Lucas baixou a cabeça, reflexivo.
- Está sendo pior para Teresa. – fitou-o.
- Tenho certeza disto.
- Nunca tinha visto-a daquele jeito. – expressou seu
sofrimento no olhar.
- Tem raiva dela?
- Não. Raiva não! Mas, não consigo me aproximar. É
como se houvesse uma barreira invisível entre nós.
- E você queria romper com esta “barreira invisível”?
- Não sei.
- Tem medo que ela faça o mesmo com você? Pois, que
eu saiba estava com JJ quando isto tudo aconteceu. – Manoel
foi direto ao ponto.
- Já pensei nisto... Mas, ainda não tenho certeza, se é
esta a grande bronca.
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- Posso fazer um rápido retrospecto de tudo que
aconteceu, segundo o que me contou? – perguntou
retoricamente, vendo-o atento. – Você tem todo o direito de se
sentir confuso... Pois, via-a como uma princesa em apuros, que
você a salvou não apenas de se afogar, como diariamente dela
mesma, que era para você alguém retraída, que sofria por não
ter a devida atenção dos pais e não sabia aproveitar a vida nos
mínimos detalhes, como você mesmo me contou... Mas, de
repente, a vê de maneira diferente, segundo me contaram com
peças íntimas, embriagada, dançando de maneira vulgar e como
se não bastasse dando beijos em meu ex-genro... Isto é bastante
chocante.
- É... E o que devo fazer? – almejava uma solução.
- Este tipo de resposta, você sabe muito bem que não
posso dar... O relacionamento é seu, assim como a vida. Você
precisa saber o que quer... Só posso dizer duas coisas: Ela fez
isto antes de conhecê-lo.
- E qual é a outra coisa? – estava ansioso.
- Quem fez isto uma vez... – refletia Manoel, sem
querer continuar.
- Entendi. – desanimou-se Lucas, encostando-se na
cadeira.
- Mas, você gosta muito dela, não é? – sorriu
analisando-o.
- Sou um tolo por conta disto? – fitou-o.
- Por conta disto não... Eu sei o que é está apaixonado...
E se depois de ter se decepcionado com ela, o que mais tem
vontade é de passar por cima de seu orgulho ferido, sem se
importar com os comentários que farão a respeito de vocês...
Enfrentando a tudo e a todos, só para tê-la em seus braços... Aí,
sim, eu diria que você é um tolo, se deixasse estas coisas o
inibir. – disse com convicção.
Lucas ficou novamente pensativo.
- Se a quer, filho, lute por ela!
- É o certo?
- O que é certo e o que errado? – Manoel rebateu a
pergunta, erguendo os ombros.
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Lucas sorriu refeito, levantando-se, indo até a porta,
saindo.
Manoel sorriu lembrando-se de sua paixão da
juventude, quando sua porta foi subitamente aberta.
- Muito obrigado, Manoel! – agradeceu Lucas da porta,
fechando em seguida.
Teresa tomara uma decisão, não ia mais ficar a mercê
das pessoas daquela cidade. Só estava ali há dois anos, podia
muito bem recomeçar sua vida noutra cidade, longe daquele
pesadelo que sua vida havia se tornado, tudo pelo grave erro
que cometera há mais de seis meses. Seu pai estava disposto a
acolhera em sua casa, para a tristeza de Anice, sua mãe, que a
queria consigo.
Teresa chorava à medida que recolhia suas coisas no
quarto, principalmente quando encontrou as fotos que havia
tirado de Lucas no primeiro encontro deles. Arrasada jogou-se
em sua cama, cheia de roupas. Ao ouvir batida à porta,
levantou-se contra sua vontade, indo abri-la.
- Lucas?! – suas pernas fraquejaram ao vê-lo.
- Oi! – cumprimentou-a sem muita emoção. – Posso
entrar?
- Acho que não é uma boa hora. – garantiu, secando
suas lágrimas.
- Está pensando em fugir? – Lucas pode ver as malas
abertas no centro do quarto.
- E o que mais posso fazer, além de fugir? – escancarou
a porta indo à sua cama, para que ele entrasse.
- Lutar. – respondeu com obviedade.
- Lutar?! Hum! Até parece! – foi irônica, sentando-se.
- Ia partir sem se despedir? – Lucas preferiu mudar o
rumo da conversa, sondando-a.
- Você me evita desde a festa.
- É assim, tão fácil para você?
- E o que quer que eu faça? Infelizmente aquilo tudo foi
demais para mim.
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- Mas, você não é mais daquele jeito! – Lucas lembrou-
a.
- Como pode ter tanta certeza? – cruzou os braços.
- Como pode não ter? – rebateu-a, sentando a seu lado,
após afastar as roupas.
Teresa baixou a vista, comovida.
- Por favor, me perdoa Lucas! – pedia em prantos. – Eu
não queria que tivesse sido deste jeito... Não me orgulho da
vida que levava, nem muito menos do estrago que fiz à vida das
pessoas que eram próximas a mim... Eu era uma inconseqüente,
uma maluca, que por nada me embriagava e fazia escândalos,
como aqueles... Uma maldita filhinha de papai, que achava que
podia tudo, que o céu era meu limite... Que tudo girava em
minha volta... E acabei esquecendo que em vez disto, o mundo
dá voltas e eu acabei pagando feio por todo mal que fiz... E
agora todos podem pintar e bolar com minhas imagens... Isto é
muito mais que posso agüentar... Não sou mais como a imagem
que viu... Acredite em mim! – suplicava lhe segurando às mãos.
- Eu acredito! – fitou-a com sinceridade.
- Acredita?! – estranhou fungando.
- Acredito. – aproximou-se um pouco mais dela. – Eu
vim aqui só para dizer que pode contar comigo... Se antes não
me manifestei foi porque fiquei confuso com tudo que vi.
- Eu pensei que você nunca mais fosse querer me ver,
quanto mais falar comigo... – Teresa baixou a cabeça,
enxugando suas lágrimas.
- Por um instante cogitei esta idéia... – fez uma pausa,
proposital, fazendo-a olhá-lo. – Mas, vi que não conseguiria.
- Não?
- Não... Teresa... É muito mais difícil tirá-la de minha
vida, que enfrentar este pesadelo ao seu lado.
Ela pega de surpresa começou a chorar de novo. Lucas
passou a mão com suavidade pelo rosto dela, fazendo-a beijá-la.
- Teresa, fique! – pediu fitando-a.
- Não sei se consigo. – olhou-o, dolorosamente.
- Só vai saber tentando...
- Eu...