ipca rmi lab macro 2

Upload: adriano-mora

Post on 14-Oct-2015

14 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Introduo: A implantao do Regime de Metas de Inflao no Brasil A economia brasileira, por muito tempo, caracterizou-se por uma alta e crescente taxa de inflao. A partir de 1986, foram implantados planos de estabilizao, que no reduziram a taxa de inflao de forma consistente. Somente com o Plano Real, implantado em 1994, atingiu-se tal objetivo. Em janeiro de 1999, em funo das alteraes no mercado internacional de capitais, o volume de divisas internacionais sob posse do Tesouro Nacional reduziu-se drasticamente, forando o Banco Central do Brasil (BCB) a abandonar com urgncia o regime de metas cambiais. Estabeleceu-se, ento, um sistema de flutuao suja da taxa de cmbio, no qual a autoridade monetria intervinha no mercado de forma espordica e limitada, com o objetivo de reduzir a volatilidade da taxa de cmbio. Temerosos com a possibilidade do retorno do processo inflacionrio elevou-se ainda mais a taxa bsica de juros. A partir de ento, a autoridade monetria decidiu pela implantao do Regime de Metas de Inflao (RMI), oficialmente institudo em junho de 1999, sob a justificativa de ser o instrumento mais adequado para a manuteno da estabilidade de preos naquele momento. Destarte, a poltica macroeconmica brasileira ficou caracterizada pela adoo do trip: cmbio flutuante, supervit primrio (equilbrio fiscal) e metas de inflao.A poltica monetria adotada no regime de metas de inflao brasileiro veio a caracterizar-se pela adoo dos seguintes elementos: a) o anuncio de uma meta para a inflao, a ser perseguida pelos agentes responsveis pela poltica monetria; b) compromisso institucional com a instabilidade de preos, como principal objetivo da poltica monetria; c) transparncia na conduo da poltica monetria; e d) independncia dos instrumentos de poltica monetria do BCB.

2 (a) O IPCA calculado a partir da agregao dos ndices regionais das principais regies metropolitanas do Pas. Ele est dividido nos seguintes grupos: alimentao e bebidas, habitao, artigos de residncia, vesturio, transportes, sade e cuidados pessoais, despesas pessoais, educao e comunicao. Os pesos de cada grupo so re-estimados mensalmente.O perodo de coleta do IPCA estende-se, em geral, do dia 01 a 30 do ms de referncia. A populao-objetivo do IPCA abrange as famlias com rendimentos mensais compreendidos entre 1 (hum) e 40 (quarenta) salrios-mnimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos, e residentes nas reas urbanas das regies.Segue nos grficos abaixo o IPCA desagregado em bens durveis, semi durveis e no durveis, e ainda desagregado em servios e bens comercializveis e no comercializveis.IPCA- preos livres variao (% a.m)

databens no durveis bens semi durveisbens durveisservioscomercializveis no comercializveis

1999.06-0,820,390,770,21-0,09-0,11

1999.070,030,240,410,040,35-0,13

1999.080,310,080,460,100,320,15

1999.090,360,430,45-0,100,340,12

1999.101,340,874,390,012,410,12

1999.111,060,650,680,091,050,20

1999.121,040,72-0,170,280,870,23

2000.010,780,180,500,690,470,85

2000.02-0,11-0,050,990,380,100,37

2000.03-0,24-1,050,85-0,11-0,330,15

2000.04-0,210,590,721,470,051,11

2000.05-0,420,490,47-0,07-0,04-0,11

2000.060,260,720,360,000,59-0,15

2000.071,290,630,730,041,370,01

2000.081,460,470,700,241,090,57

2000.090,390,530,370,130,250,40

2000.100,090,540,470,100,010,42

2000.11-0,080,400,160,08-0,040,17

2000.12-0,360,740,080,140,07-0,12

2001.010,550,340,320,500,280,71

2001.020,31-0,160,460,730,100,78

2001.031,05-0,140,370,060,410,63

2001.041,360,180,140,620,601,06

2001.050,410,300,520,380,450,36

2001.06-0,120,870,220,300,270,05

2001.070,540,640,300,770,730,42

2001.080,830,510,140,560,630,58

2001.090,410,40-0,380,200,290,13

2001.101,110,560,460,341,030,34

2001.111,250,770,800,081,250,21

2001.120,731,501,030,221,030,31

2002.010,760,540,870,190,570,59

2002.020,49-0,200,461,220,350,97

2002.030,680,120,160,150,310,45

2002.04-0,040,940,380,500,110,51

2002.05-0,351,160,470,440,070,30

2002.060,021,11-0,140,150,210,07

2002.070,840,750,090,690,610,73

2002.081,470,440,270,401,260,36

2002.091,560,770,910,431,490,48

2002.102,381,130,990,172,180,38

2002.114,421,232,180,403,581,26

2002.124,091,281,050,673,281,14

2003.012,260,931,431,031,731,53

2003.021,130,300,571,690,791,54

2003.032,021,110,750,491,441,10

2003.041,261,110,640,291,110,58

2003.050,651,230,120,300,950,00

2003.06-0,251,490,160,480,38-0,04

2003.07-0,440,290,110,52-0,060,05

2003.08-0,110,26-0,120,610,070,22

2003.090,710,75-0,040,410,670,31

2003.100,450,81-0,190,420,540,17

2003.110,260,910,060,390,250,43

2003.120,560,950,330,460,510,58

2004.010,820,350,880,620,530,97

2004.020,160,140,861,900,061,64

2004.030,620,741,230,490,690,68

2004.040,201,200,620,300,510,24

2004.050,521,330,730,300,750,35

2004.060,591,160,750,260,800,31

2004.070,520,780,380,490,550,47

2004.080,660,610,400,590,300,97

2004.09-0,191,080,860,230,400,00

2004.10-0,061,040,760,330,410,14

2004.110,141,060,690,370,470,29

2004.120,551,270,410,600,640,60

2005.010,630,480,930,460,480,78

2005.020,420,130,311,820,061,68

2005.030,200,550,180,510,190,50

2005.040,990,950,690,350,940,53

2005.050,741,140,310,280,720,43

2005.06-0,470,430,420,50-0,060,16

Grfico do IPCA desagregado entre bens no durveis, bens semi-durveis e bens durveis

Grfico do IPCA desagregado entre servios, bens comercializveis, e no comercializveis.

Crticas ao Regime de Metas de Inflao brasileiro Desde a aplicao do regime monetrio de metas de inflao, o BACEN tem tido dificuldades em alcanar as metas estabelecidas pelo CMN. Ha trs fatores que explicam essa dificuldade: a) baixo grau de previsibilidade da inflao; b) adoo de metas incompatveis com a realidade brasileira; c) a existncia de uma inrcia inflacionria devido indexao das tarifas pblicas, o que implica numa elevada participao dos preos administrados no IPCA, estando estes completamente fora do controle do BACEN; adicionalmente podemos incluir um quarto fator: a volatilidade da taxa de cmbio.As metas inflacionrias foram adotadas no pas, ignorando a necessidade de algumas prvias mudanas no sistema monetrio, tais como a eliminao da indexao dos servios pblicos e da dvida pblica em relao taxa bsica de juros Selic. Assim, as principais crticas ao RMI brasileiro podem ser sintetizadas conforme os seguintes pontos: a) a adoo da poltica de metas inflacionrias sem uma adequao prvia do ambiente institucional; b) a concepo quanto natureza do processo inflacionrio no Brasil; e c) a implementao de uma meta para a taxa de juros como a principal varivel para o controle da inflao, sem levar em considerao outras importantes variveis, como a taxa de cmbio, taxa de desemprego e o crescimento do produto. Com respeito ao primeiro ponto, o RMI foi implantado de forma apressada, em virtude do desequilbrio que havia entre taxa de cmbio e juros, do consequente desnivelamento dos preos relativos e da necessidade de buscar maior credibilidade junto aos agentes econmicos. O segundo ponto diz respeito presena de inrcia e memria inflacionria na economia brasileira, o que inviabiliza o bom funcionamento do regime de metas de inflao. Diferentemente das economiascentrais, onde o componente de demanda o principal responsvel pela inflao, o caso brasileiro caracteriza-se por um componente de oferta muito presente na formao de preos. Ou seja, a desvalorizao cambial impacta mais fortemente a demanda no caso dos pases centrais, em quanto que, nos pases perifricos, impacta diretamente os custos de produo. claro que no se pode julgar a efetividade do RMI brasileiro apenas por esse prisma, visto que, sobre a incidncia de diversos choques sobre a economia brasileira, a poltica monetria foi capaz de ancorar as expectativas e trazer a inflao de volta ao centro da metas. demanda agregada. O terceiro ponto refere-se preocupao excessiva com a estabilidade de preos, sem levar em considerao o comportamento apresentado por outras variveis, tais como cmbio, produto e taxa de desemprego.A elevada participao dos preos administrados no IPCA diminui a eficcia da utilizao da taxa bsica de juros como instrumento de poltica monetria para controle da inflao. Isto porque os preos administrados so insensveis s variaes na taxa Selic, estando fora do controle direto do BCB. Essa crtica vai em direo aos argumentos dos autores ps-keynesianos que no recomendam a utilizao da taxa de juros como instrumento para manter o controle da inflao. Esta viso deriva da concepo que os economistas desta corrente terica tm das causas inflacionrias, em que a inflao est essencialmente relacionada a problemas pelo lado da oferta, enquanto a taxa de juros (sob a tica do regime de metas de inflao) atua sobre o lado da demanda. Ou seja, uma elevao da taxa de juros atacaria os sintomas da inflao e no as suas causas.Por outro lado, a inflao dos administrados tem seus preos direta ou indiretamente influenciados pela taxa de cmbio. Ela apresenta componentes sensveis taxa de cmbio, que tambm no respondem aos mtodos utilizados pelos gestores da poltica monetria para control- los. Ou seja, uma considervel parcela da inflao est fora do controle do BCB. O processo inflacionrio brasileiro assim aguado pela questo cambial e pela grande dependncia aos capitais externos. Ou seja, a taxa de juros no utilizada pelos gestores da poltica monetria apenas para controle da inflao, mas tambm para diminuir a volatilidade da taxa de cmbio e manter os capitais de curto prazo no pas.

2 (b) No caso da presena de preos indexados causa contraes na quantidade ofertada de moeda no conseguem reduzir preos, porque os preos so reajustados automaticamente. Por outro lado, aumentos de quantidade de moeda acabam por sancionar uma inflao causada pelos mecanismos da indexao. Isso foi muito comum no Brasil nos perodos de inflao elevada, durante os anos 80.A elevada participao dos preos administrados (ou indexados) no IPCA diminui a eficcia da utilizao da taxa bsica de juros como instrumento de poltica monetria para controle da inflao. Isto porque os preos administrados so insensveis s variaes na taxa Selic, estando fora do controle direto do BCB. Essa crtica vai em direo aos argumentos dos autores ps-keynesianos que no recomendam a utilizao da taxa de juros como instrumento para manter o controle da inflao. Esta viso deriva da concepo que os economistas desta corrente terica tm das causas inflacionrias, em que a inflao est essencialmente relacionada a problemas pelo lado da oferta, enquanto a taxa de juros (sob a tica do regime de metas de inflao) atua sobre o lado da demanda. Ou seja, uma elevao da taxa de juros atacaria os sintomas da inflao e no as suas causas.Por outro lado, a inflao dos administrados tem seus preos direta ou indiretamente Influenciados pela taxa de cmbio. Ela apresenta componentes sensveis taxa de cmbio, que tambm no respondem aos mtodos utilizados pelos gestores da poltica monetria para control-los. Ou seja, uma considervel parcela da inflao est fora do controle do BCB. O processo inflacionrio brasileiro assim aguado pela questo cambial e pela grande dependncia aos capitais externos. Ou seja, a taxa de juros no utilizada pelos gestores da poltica monetria apenas para controle da inflao, mas tambm para diminuir a volatilidade da taxa de cmbio e manter os capitais de curto prazo no pas.Concluindo, a economia brasileira est presa armadilha da taxa de juros/taxa de cmbio, desde a implantao do Plano Real. Podemos observar no grfico abaixo, um comparativo entre os preos monitorados (indexado) e preos livres no Brasil no perodo entre 1999 e 2005.

Como podemos observar no grfico acima, e na tabela abaixo, os preos monitorados que engloba IPTU, tarifa de gua e esgoto, gs de bujo, gs encanado energia eltrica residencial, nibus urbano e nibus interurbano, so bens mais elevados do que os preos livres em quase todos os perodos analisados, porem com o governo Lula esse ndice reduziu-se significativamente, e passou apresentar, no segundo semestre de 2003 valores negativos.

DataIPCA - preos livres var. - (% a.m.) IPCA - preos monitorados var. (%a.m.)

1999.06-0,101,62

1999.070,105,83

1999.080,241,55

1999.090,230,55

1999.101,340,75

1999.110,651,86

1999.120,580,67

2000.010,650,54

2000.020,22-0,15

2000.03-0,111,22

2000.040,540,05

2000.05-0,070,26

2000.060,240,19

2000.070,744,23

2000.080,862,63

2000.090,32-0,03

2000.100,20-0,03

2000.110,061,07

2000.12-0,022,32

2001.010,480,84

2001.020,420,58

2001.030,510,02

2001.040,81-0,06

2001.050,410,42

2001.060,171,51

2001.070,583,40

2001.080,600,96

2001.090,220,45

2001.100,711,15

2001.110,770,55

2001.120,700,51

2002.010,580,36

2002.020,63-0,38

2002.030,381,21

2002.040,292,16

2002.050,180,30

2002.060,151,14

2002.070,672,56

2002.080,840,15

2002.091,03-0,07

2002.101,361,18

2002.112,534,29

2002.122,321,53

2003.011,643,83

2003.021,122,71

2003.031,291,08

2003.040,871,21

2003.050,530,81

2003.060,20-1,02

2003.07-0,010,73

2003.080,130,86

2003.090,521,44

2003.100,380,07

2003.110,330,36

2003.120,540,47

2004.010,730,84

2004.020,750,26

2004.030,69-0,07

2004.040,390,32

2004.050,570,35

2004.060,581,03

2004.070,521,89

2004.080,600,92

2004.090,220,59

2004.100,290,80

2004.110,391,41

2004.120,621,43

2005.010,610,51

2005.020,770,16

2005.030,331,29

2005.040,761,14

2005.050,590,25

2005.060,04-0,16