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IOMAR DA COSTA PEREIRA
A RÁDIO ESCOLAR COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE
CIÊNCIAS: ESTRATÉGIA PARA DESENVOLVER ALFABETIZAÇÃO
CIENTÍFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Boa Vista - RR
2015
IOMAR DA COSTA PEREIRA
A RÁDIO ESCOLAR COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE
CIÊNCIAS: ESTRATÉGIA PARA DESENVOLVER ALFABETIZAÇÃO
CIENTÍFICA NO ENSINO FUNDAMENTAL
Dissertação apresentada ao Mestrado
Profissional em Ensino de Ciências da
Universidade Estadual de Roraima, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Ensino de Ciências.
Orientadora: Prof.ª Drª. Josimara Cristina
de Carvalho Oliveira
Boa Vista - RR
2015
P436
Pereira, Iomar da Costa. A rádio escolar como ensino didático no ensino de ciências: estratégia para desenvolver alfabetização cientifica no ensino fundamental. / Iomar da Costa Pereira. – Boa Vista: Universidade Estadual de Roraima – UERR, 2015. 140 f.; il. Color; 30 cm. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade
Estadual de Roraima. Orientador: Profª. Drª. Josimara
Cristina de Carvalho Oliveira.
1. Aprendizagem de ciências. 2. Recursos hídricos. 3.
Linguagem radiofônica. I. Oliveira, Josimara Cristina de
Carvalho (Orient.) II. Universidade Estadual de Roraima –
UERR, Mestrado em Ensino de Ciências. III. Título.
CDD: 507.6
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UERR
Ficha Catalográfica elabora por: Kethllen Gomes Barroso – CRB11/AM - 760
FOLHA DE APROVAÇÃO
IOMAR DA COSTA PEREIRA
Dissertação apresentada ao
Mestrado Profissional em Ensino de
Ciências da Universidade Estadual
de Roraima, como parte dos
requisitos para obtenção do título de
Mestre em Ensino de Ciências.
Aprovado em:
Banca Examinadora
_______________________________________
Profª. Drª. Josimara Cristina Carvalho de Oliveira UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA
Orientadora
_______________________________________
Prof. Dr. Josias Ferreira da Silva UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA
Membro Interno
_______________________________________
Prof. Dr. Habdel Nasser Rocha da Costa UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA
Membro Externo
Boa Vista - RR
2015
DEDICATÓRIA
Dedico este
trabalho à Francisca
da Costa Pereira,
minha bondosa mãe.
AGRADECIMENTOS
A Deus por sua bondade infinita e por esta oportunidade.
À professora Drª. Jocimara Cristina, pela paciência em me orientar, pelos
incentivos e apoios que me motivaram em todos os momentos, por sua bondade e
generosidade.
À professora Drª. Cléria Mendonça de Morais e ao professor Dr. Habdel
Nasser, que compuseram a banca de qualificação, pelas contribuições significativas
com o processo de pesquisa e com meu conhecimento.
À professora Drª. Régia Chacon Pessoa de Lima, Coordenadora do PPGEC,
sempre gentil auxiliando quando necessário.
Ao professor Dr. Josias Ferreira da Silva, que com cuidado minucioso e
preciosas observações, muito contribuiu com a pesquisa e com meu crescimento.
A todos os professores e professaras do Programa de Mestrado Profissional
em Ensino de Ciências. Aos colegas de curso, pela amizade e companheirismo.
Ao professor Alexsandro Alberto da Silva, pelo apoio e colaboração.
À professora Elizângela Costa Miranda, gestora da Escola Pedro Elias, pelo
apoio ao permitir que esta pesquisa se concretizasse.
À professora titular das turmas dos 6º anos, Marilene Rodrigues dos Santos,
que foi parceira e colaboradora permitindo a pesquisa e a professora de Educação
Física, Alessandra Lima de Souza pela participação na construção desse estudo.
À Giovana, funcionária do IBAMA, Liberato funcionário da CAER, Richard,
funcionário da Femarh, ao João radialista, e também as radialistas Sunayra Cabral e
Consuelo Araújo, por suas competentes colaborações. Aos estudantes da Escola
Pedro Elias que participaram da pesquisa e que cederam os direitos de uso de sua
imagem.
Ao meu filho Felipe, por compreender os passeios e bolos que não pude
fazer. Pelo apoio e carinho a mim demostrados nos dias em que estive mui ocupada.
Ao meu pai Júlio José Pereira, por seu amor e compreensão.
A todos minha sincera gratidão!
O rádio é a escola dos que não tem escola, é
o jornal dos que não sabem ler, é o mestre de
quem não pode ir à escola, é o divertimento
do pobre, é o animador de novas esperanças,
o consolo dos enfermos e o guia dos sãos,
desde que o realizem com o espírito altruísta
e elevado.
Edgar Roquette-Pinto
RESUMO
O rádio é uma mídia que possui potencial para criar no ambiente escolar espaço motivador de aprendizagem, atraente e lúdico contribui para a construção do conhecimento. O presente trabalho tem por objetivo apresentar contribuições da rádio escolar para o ensino de Ciências no Ensino Fundamental. Procurou-se utilizar a rádio escolar, para integrar benefícios das tecnologias de comunicação e informação aos conteúdos escolares relacionados ao tema recursos hídricos, a fim de potencializar o desenvolvimento dos estudantes. Enfocou-se a proposta do Ensino de Ciências contextualizado, destacando o papel do professor como mediador e a necessidade de fazer uso das tecnologias de forma integrada, para promover alfabetização científica. A metodologia adotada foi a abordagem qualitativa de cunho etnográfico. Participaram dessa pesquisa 110 estudantes de quatro turmas do 6º ano do Ensino Fundamental de uma escola estadual localizada na periferia de Boa Vista – Roraima. Os dados considerados foram obtidos a partir da observação-participante, pelos registros das atividades educativas desenvolvidas como por exemplo: treinamento radiofônico, elaboração de textos, visita à Companhia de Água e Esgoto de Roraima (CAERR), dentre outras. Por meio deste estudo, concluiu-se que a rádio escolar é um recurso pedagógico potencialmente motivacional, promotor do desenvolvimento de habilidades, competências e de alfabetização científica.
PALAVRAS CHAVE: Aprendizagem de Ciências. Recursos Hídricos. Linguagem Radiofônica.
ABSTRACT
Radio is a media that has the potential to create in the school environment motivating learning space, attractive and playful contributes to the construction of knowledge. This paper aims to present the school radio contributions to science teaching in elementary school. We tried to use the school radio to integrate benefits of information and communication technologies to school content related to the topic water resources in order to enhance the development of students. Focused to the proposal contextualized science education, emphasizing the teacher's role as mediator and the need to make use of technologies in an integrated way, to promote scientific literacy. The methodology was qualitative ethnographic approach. Participated in this study 110 students from four classes of the 6th grade of elementary school to a public school located on the outskirts of Boa Vista - Roraima. The data used were obtained from participant observation, the records of educational activities such as: radio training, writing texts, a visit the Water and Sewage Company of Roraima (CAERR), among others. Through this study, it was concluded that school radio is a potentially motivating teaching resource, skills development promoter, skills and scientific literacy.
KEYWORDS: Sciences Learning. Water Resources. Radio Transmission Language.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Dimensões do ensino e da aprendizagem........................................... 40
Figura 2: Estudantes visitando a estação de tratamento da água....................... 66
Figura 3: Funcionário da CAER falando aos estudantes..................................... 66
Figura 4: Relatório sobre a visita a estação de tratamento da água.................... 67
Figura 5: Estudantes apresentando programas de rádio..................................... 68
Figura 6: Estudantes usando celular na apresentação da rádio.......................... 69
Figura 7: Respostas sobre as etapas do tratamento da água............................. 70
Figura 8: Funcionária do IBAMA realizando palestra e o jogo do bingo.............. 72
Figura 9: Estudantes ouvindo a rádio escolar durante o recreio.......................... 72
Figura 10: funcionário da Femarh, ministrando palestra...................................... 73
Figura 11: Igarapé Wai, poluição e mata ciliar destruída...................................... 76
Figura 12: Estudantes apresentando a paródia.................................................... 77
Figura 13: Estudantes fazendo sabão caseiro na escola..................................... 80
Figura 14: Exposição do material necessário e do sabão caseiro........................ 81
Figura 15: Estudantes apresentando seus trabalhos............................................ 81
Figura 16: Ficha de avaliação utilizada pelos estudantes do 7º ano..................... 82
Figura 17: Funcionário da Rádio Roraima e radialista com estudantes................ 83
Figura 18: Estudantes participando ao vivo na Rádio Roraima............................. 83
Figura 19: Estudantes na Rádio Tropical...............................................................
Figura 20: Mural da Rádio......................................................................................
84
85
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Texto para leitura e interpretação..................................................... 63
Quadro 2: Paródia da música Asa Branca......................................................... 77
Quadro 3: questionário fechado direcionado aos estudantes ouvintes............. 86
Quadro 4: questionário dirigido aos estudantes que atuaram na rádio escolar. 87
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Planejamento da pesquisa.............................................................. 60-61
Tabela 2: Construção de conceitos sobre o tratamento da água.................... 69
Tabela 3: Construção da visão crítica mediante a observação do igarapé.... 78
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1: Resultado das avaliações dos estudantes............................................. 82
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
TDIC: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação.................................... 23
TICs: Tecnologias da Informação e Comunicação.................................................
23
UNESCO: Organização para a educação, a Ciência e a Cultura das Nações
Unidas..................................................................................................................... 28
CTS: Ciência Tecnologia e Sociedade................................................................... 34
ZDP: Zona de Desenvolvimento Proximal.............................................................. 38
UTFPR: Universidade Tecnológica Federal do Paraná.......................................... 40
MEB: Movimento de Educação de Base................................................................. 43
MOBRAL: Movimento Brasileiro de Alfabetização.................................................. 43
LDB: Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96................................................................ 46
PCNs: Parâmetros Curriculares Nacionais............................................................. 60
CAER: Companhia de Água e Esgoto de Roraima................................................. 64
IBAMA: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis............................................................................................................. 71
Femarh: Fundação Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos................... 73
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 13
1 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 17
1.2 OS DESAFIOS DE EDUCAR A GERAÇÃO @ ................................................ 17
1.3 O POTENCIAL INOVADOR DAS NOVAS TECNOLOGIAS ............................ 22
1.4 AS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS ............................................. 26
1.5 O ENSINO DE CIÊNCIAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A
ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA ............................................................................. 28
1.5.1 A formação do professor para os novos desafios ................................ 33
1.6 A CONCEPÇÃO SOCIOINTERACIONISTA DE VYGOTSKY.......................... 35
1.6.1 A importância da teoria de Vygotsky para o ensino-aprendizagem .... 38
1.7 A MÍDIA RÁDIO ............................................................................................... 40
1.7.1 O começo do rádio no Brasil .................................................................. 41
1.7.2 A mídia rádio como instrumento educativo .......................................... 44
1.7.3 O rádio no espaço escolar ...................................................................... 47
2 METODOLOGIA ................................................................................................... 53
2.1 ABORDAGEM DA PESQUISA ......................................................................... 53
2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA .................................................................... 55
2.2.1 Contexto da pesquisa .............................................................................. 55
2.2.2 Sujeitos da pesquisa ............................................................................... 56
2.2.3 Procedimentos técnicos ......................................................................... 57
2.2.4 Primeira etapa – diagnóstica .................................................................. 61
2.2.5 Segunda etapa: sequência didática ....................................................... 62
2.2.6 Terceira etapa: Avaliar os impactos da rádio escolar e indícios de
alfabetização científica ..................................................................................... 65
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................ 66
3.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS ABERTOS E FECHADOS ........................ 86
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 88
APÊNDICES ............................................................................................................. 96
ANEXOS ................................................................................................................. 137
13
INTRODUÇÃO
A escola é o local de preparo primordial de crianças e jovens para a vida em
sociedade. Para cumprir seu objetivo precisa oferecer um ambiente acolhedor,
dinâmico e agradável a fim de produzir impactos positivos para toda a vida. O
problema é que grande parte dos conhecimentos ensinados na escola não
encontram significado para os estudantes, por serem distanciados da realidade
tornam-se desinteressantes e nada motivadores.
O ensino voltado para a transmissão de informações centradas na figura do
professor, tendo os estudantes como passivos receptores, desconsidera questões
importantes envolvidas no processo educativo, como os fatores cognitivos,
psicológicos e sociais. A escola da atualidade precisa estar preparada para evitar os
muitos erros cometidos no passado. O trabalho dos professores precisa estimular o
estudante a buscar conhecimentos com um olhar profundo que ultrapasse os muros
da escola, que não se contente com informações superficiais, mas que desperte a
curiosidade e o gosto pela descoberta desde cedo.
A postura do professor pode ser decisiva para um melhor aproveitamento
escolar por parte dos estudantes. Mediações inovadoras e criativas semeiam raízes
que podem transformar o futuro. É preciso apresentar desafios que motivem a
avançar no conhecimento. As intervenções precisam incentivar a autonomia e tornar
o estudante corresponsável por sua aprendizagem. Cabe desenvolver nos
estudantes o olhar científico sobre os conteúdos estudados. O professor deve evitar
oferecer respostas prontas, pois tiram dos estudantes as oportunidades de encontrá-
las.
O ensino desenvolvido na maioria das escolas, não atende aos desafios
educacionais da atualidade. Há a necessidade de utilizar metodologias que motivem
o estudante a compreender o mundo que o cerca. As mudanças de configuração na
esfera local e global tem caráter social, político, econômico e ambiental. Por essa
razão o ensino de Ciências tem a responsabilidade de promover conhecimentos
científicos e tecnológicos, fundamentais na formação do cidadão. Os conhecimentos
científicos devem contribuir para a compreensão e discernimento dos complexos
impactos na vida das pessoas causados pela Ciência e pelas tecnologias, a fim de
que possam promover alfabetização científica.
14
As tecnologias como instrumentos colaboradores podem tornar as aulas
enriquecidas com aprendizagem contextualizada. Fazem parte das vivências dos
estudantes, por isso ao serem integradas aos conteúdos escolares promovem o
acesso ao conhecimento científico de forma sistematizada e eficiente. As aulas de
Ciências são espaços para conduzir estudantes aos conhecimentos dos problemas
atuais e possíveis soluções. Devem possuir a preocupação de construir habilidades
e competências para a vida.
Por meio de atividades práticas acompanhadas de argumentação, os
estudantes podem construir uma aprendizagem sólida e duradoura. O rádio na
escola serve para estimular a imaginação, despertar a sensibilidade, ampliar
horizontes e experimentar formas diferentes de aprender com direito a diversão. Ao
utilizar a rádio como recurso didático o professor desenvolve estratégias que
permitem aperfeiçoar as habilidades de pesquisar, trabalhar em equipe, falar, ler e
escrever.
A proposta desta pesquisa surgiu devido a inquietações durante o
planejamento de atividades como educadora, em função das dificuldades para
trabalhar os conteúdos científicos de forma contextualizada e atrativa nos anos
iniciais do Ensino Fundamental. Uma vez que utilizando metodologia inadequada as
aulas de Ciências se limitavam quase sempre aos conceitos memorizados de forma
mecânica, isolada e fragmentada, que em nada favorece a uma aprendizagem
duradoura e crítica por estar desvinculada da realidade. Tal situação deixa
estudantes e professores desmotivados e sem entusiasmo pelas atividades
escolares. Por todas as dificuldades surgiram reflexões sobre possíveis estratégias
para ensinar Ciências na escola.
Diante das inquietações com os desafios de propor atividades que
instigassem a criatividade, a alegria, a motivação e a curiosidade dos estudantes
nas aulas de Ciências, surgiu a indagação norteadora da pesquisa: De que maneira
a rádio escolar utilizada como recurso didático, pode contribuir com a alfabetização
científica? No intuito de responder a esse problema foram definidas as seguintes
questões como norteadoras da pesquisa: - Como a participação em programas de
rádio favorecem o ensino e a aprendizagem de Ciências? – De que forma a rádio
escolar poderá promover atividades escolares contextualizadas e
problematizadoras?
15
A escolha do tema mostra-se importante por contemplar a questão atual da
aprendizagem mediada por tecnologias, que exige dos estudantes uma participação
ativa em seu processo de aprendizagem, evitando que recebam informações de
forma passiva, proporciona uma prática pedagógica que transforma os
conhecimentos prévios do contexto dos estudantes, em conhecimentos científicos.
Durante o processo de aprendizagem os estudantes podem encontrar diferentes
oportunidades de desenvolver habilidades que promovem a alfabetização científica
tais como: leitura crítica, expressão oral, escrita e trabalho em equipe. Atividades
que valorizam e contribuem para aumentar a autoestima, o protagonismo juvenil, o
desenvolvimento ético e cidadão.
Diante do exposto, para dar suporte a problemática, foi traçado como objetivo
geral: Identificar o potencial pedagógico da rádio escolar para o Ensino de Ciências.
Para alcançar o objetivo geral foram definidos três objetivos específicos: a)
Promover ações educativas com a temática “Recursos hídricos dos mananciais até a
torneira” utilizando a rádio escolar como recurso didático; b) Verificar contribuições
do uso da rádio escolar para a alfabetização científica no Ensino Fundamental; c)
Elaborar um guia prático para a utilização da rádio escolar como recurso didático no
Ensino de Ciências.
Para atingir as metas traçadas para este trabalho, o mesmo foi organizado da
seguinte forma:
O primeiro capítulo apresenta o referencial teórico que aborda o desafio atual
de educar as novas gerações amplamente inseridas nas novas tecnologias, com os
autores Almeida e Valente (2011), Belloni (2012), Tajra (2012) entre outros. Em
seguida apresenta discussão sobre o Ensino de Ciências e a alfabetização científica
trazendo as contribuições de autores como Chassot (2002, 2008 e 2011), Auler
Delizoicov (2001), Nigro (2007), Cascais e Terán (2013). Apresenta também a teoria
de mediação de Vygotsky (2007), sobre ensino e aprendizagem e finalmente a mídia
rádio como instrumento educativo para o espaço escolar, com base em Assumpção
(2001, 2008 e 2009), Consani (2010), Santos (2010), Setton (2011), Moran (2008),
entre outros autores.
No segundo capítulo é esclarecido o processo metodológico da investigação
realizada, que adotou a abordagem qualitativa, com o método de observação
participante de cunho etnográfico (GHEDIN e FRANCO, 2011; CHIZZOTTI, 2009;
GONSALVES, 2007). São apresentados os sujeitos da pesquisa, que envolve 110
16
estudantes de quatro turmas do 6º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual
Pedro Elias Albuquerque Pereira, bem como as três etapas desenvolvidas durante a
pesquisa. Na primeira etapa ocorreu a sondagem dos conhecimentos prévios dos
estudantes e a oficina de rádio. Durante a segunda etapa foi desenvolvida uma
sequência didática, com a temática água, através de um projeto com o título:
“Recursos hídricos dos mananciais até a torneira”.
No terceiro capítulo, são apresentadas as descrições das etapas da pesquisa,
o registro da participação dos estudantes nas diferentes atividades desenvolvidas e
os resultados alcançados.
Esta pesquisa teve como desdobramento a criação de um produto, ou seja,
uma sequência didática, desenvolvida de forma dinâmica, em uma perspectiva
contextualizada, integrando a rádio escolar como recurso didático no Ensino de
Ciências para promover alfabetização científica. A finalidade da proposta criada é
contribuir para que professores e professoras nela encontrem inspiração e
motivação a fim de que façam adaptações usando o potencial inventivo e criativo
que possuem.
17
1 REFERENCIAL TEÓRICO
1.2 OS DESAFIOS DE EDUCAR A GERAÇÃO @
Os desafios para educar no século XXI são diferentes, é preciso procurar
novas estratégias, pois a escola não é intemporal. Assim como os estudantes e a
sociedade se modificaram, as soluções do passado não podem resolver os
problemas do presente. Desenvolver atitudes de busca permanente para soluções
justas e adequadas, criativas e diversas, é tarefa primordial para os professores na
atualidade (RODRIGUES, 2014).
Atualmente as escolas públicas vivem o desafio de integrar as novas
tecnologias ao currículo, abandonar as práticas pedagógicas fragmentadas que não
apresentam vínculo com a realidade dos estudantes e por isso não fazem sentido
para eles, apenas servem para reproduzir atitudes indesejáveis de dominação e
alienação, deixando uma herança prejudicial que se tem perpetuado como se fosse
algo natural. Trata-se de uma visão simplista da sociedade capitalista que leva a
leitura ingênua e acrítica das mensagens dos meios de comunicação, que interessa
aos dominadores. (MACHADO, 2014).
Na visão de Salla (2014), diante dos variados artefatos digitais e das pressões
para que sejam incorporados ao processo de ensino, muitos docentes se sentem
perdidos, porque durante sua trajetória estudantil não utilizaram as tecnologias de
informação e comunicação, uma vez que grande parte dos conhecimentos dos
professores sobre ensino, o papel do professor e sobre de que maneira ensinar está
baseado em sua própria vida escolar.
A maioria dos professores usam os recursos tecnológicos para dar aulas
expositivas dando informações aos estudantes, quando o uso da tecnologia deve ser
usado para formar pensadores criativos que se envolvam em trabalhos coletivos,
com a experimentação de novas formas de relacionamento com o mundo.
(RESNICK, 2014).
Conforme destaca Cavalcante (2010), a palavra de ordem do mundo atual é
adaptação, mas não qualquer adaptação. As transformações tecnológicas exigem
novas formas de ensinar e aprender, sendo necessário renovar metodologias pela
busca de conhecimento para a alfabetização tecnológica de professores e
18
estudantes, orientar o olhar para a construção do próprio conhecimento deixando de
ser receptor para se tornar construtor, é esta a responsabilidade de todas as
pessoas na atualidade.
Na visão de Cavalcante (2010), o diálogo, a comunicação, a expressão das
ideias de forma livre, a participação, a inclusão e valorização da identidade e da
cultura é significativa, pois construir cidadania começa pelo respeito de opiniões
diferentes, saber ouvir e participar de decisões coletivas. Cidadania significa
possibilidade dos direitos e exercício dos deveres por todos na sociedade. Inclui os
direitos civis, políticos e sociais. Ainda não se concretizou historicamente e
permanece sendo um ideal de todos os povos. Cavalcante (2010, p. 05), adverte:
Portanto o educador deve ter clareza do papel das tecnologias como
instrumentos que ajudam a construir a forma de o aluno pensar, encarar o
mundo, e aprender a lidar com as ferramentas de trabalho posicionando-se
na relação com elas e com o mundo.
De acordo com Santos (2010), a educação para as mídias facilita a evolução
dos indivíduos por ajudar a compreender e desvendar seus códigos e possíveis
manipulações. Educa para a democracia e para as diferentes possibilidades de
expressão, vai muito além da educação formal. Este autor (2010, p. 9) ensina: “O
saber construído desta maneira promove a descoberta de si como um ser histórico e
a necessidade de pronunciar e transformar o mundo”. Desperta mais interesse pelos
conteúdos e renova a prática do professor.
Moran (2008) indica que a informação e a forma de ver o mundo no Brasil se
fazem com base na televisão, que alimenta e atualiza o sentido sensorial, afetivo e
ético de crianças, jovens e muitos adultos. A televisão atua de forma sedutora e
leve, já a fala da escola é distante, intelectualizada, cansativa, rotineira. Em pouco
tempo os recursos da mídia desfazem o que a escola constrói na sala de aula. É
diferente a forma de atuar dos meios de comunicação e da escola, pois, mexem com
o emocional, com a fantasia, com os desejos, usam estratégias aperfeiçoadas que
passam do real ao imaginário com facilidade, usando linguagem concreta, plástica e
visível.
Ainda segundo o autor, a escola é distante cansativa e abstrata enquanto a
televisão é viva e sedutora. É preciso que a escola pense a comunicação em três
19
níveis: organizacional, do conteúdo e comunicacional. No nível organizacional deve
promover a participação descentralizadora, próxima das pessoas, deixando espaço
para a participação em suas práxis e não só com discursos. Com o conteúdo deve a
comunicação incluir a vida, os problemas e o preparo para o futuro, no nível
comunicacional adotar diferentes linguagens na escola.
Almeida e Valente (2012), indicam que o professor deve dialogar com o
estudante, despertando a curiosidade sobre o mundo, problematizar a realidade,
trabalhar de forma a permitir que o estudante explique o que sabe sobre suas
experiências, buscando informações que o levem a sair do senso comum para
novos níveis de conhecimento, a fim de aumentar sua compreensão e adquirir
conhecimento científico. Consciente de seu papel na execução do currículo, o
professor deve refletir sempre, sobre o que ensinar, para quem ensinar e a favor de
quem, considerando a importância da reconstrução do saber. Os autores (2010, p
16), alertam:
Se algum tempo atrás se discutia as relações entre currículo e conhecimento escolar, hoje o foco são as relações entre currículo, cultura, construção do conhecimento escolar e o exercício da docência na perspectiva de uma escola democrática que identifica e considera o conhecimento que o aluno traz de suas experiências, as múltiplas culturas que convivem em seus espaços e a diversidade das experiências de vida.
Segundo Leite (2012), a educação tem caráter libertador, educar para a
comunicação é desenvolver pessoas para desvendar a realidade e construir de
forma democrática a participação social no exercício da cidadania. A escola assimila
os meios de comunicação de massa em seu ambiente, envolvendo seus códigos,
linguagens, imagens, ícones e símbolos, é preciso refletir de que forma faz uso de
todos eles. É indispensável para a atualidade que os professores conheçam e
saibam utilizar educacionalmente as tecnologias disponíveis. Cada professor tem na
atualidade como desafio inserir e integrar as tecnologias em seu cotidiano.
Leite (2012), ressalta que, apenas o domínio da tecnologia pelo professor
não é suficiente para a garantia da qualidade e transformação na educação. Precisa
desenvolver de forma integral as potencialidades dos estudantes em seus diferentes
aspectos sócio-econômico-culturais, visando a transformação social. A combinação
de várias tecnologias pode ser salutar para a aprendizagem numa perspectiva crítica
20
e dinâmica. Todavia, a presença da tecnologia não é garantia de qualidade e
dinamismo da prática pedagógica.
A leitura crítica dos meios de comunicação merece dedicação nas escolas,
para formar o cidadão que atue com sabedoria e lucidez. Por sua influência decisiva
no convívio social, impacta a maneira de pensar, de sentir, de se relacionar com o
conhecimento e de viver de cada estudante na atualidade. Leite (2012, p. 122),
assim se posiciona: “Enfim torna-se indispensável que a escola reveja sua relação
com os meios de comunicação para poder se engajar numa proposta de educação
para a comunicação, consciente da relevância dessa opção política para a
sociedade”.
Para esta autora, a maioria das pessoas não reflete sobre a influência e o
poder das mídias, não atenta para as consequências nas atitudes e na forma de
pensar. É preciso rever sua credibilidade, competência, verdade, imparcialidade,
atração e poder. Existe a necessidade de atuar como receptor ativo que desvenda
os mecanismos de produção e suas intenções nas informações. São eficientes ao
transmitir suas mensagens, de maneira atrativa com adesão voluntária e os
professores como reagem? No geral reagem de duas maneiras: percebem os meios
de comunicação como maravilhas para superar as dificuldades encontradas na
escola ou são encarados como prejudiciais, alienadores, que devem ser mantidos
longe e rejeitados. Posições perigosas, pois não resolvem a situação. As mídias são
atraentes e possuem perigos, precisam ser vistas com visão critica que as
desmistifiquem, mostrando sua face oculta e dissimulada.
Para Setton (2011) ao fazer uso das tecnologias como recurso didático o
professor necessita desenvolver capacidade reflexiva crítica dos meios de
comunicação de massa. Esta autora (2011, p. 10), entende que: “[...] É momento de
refletir sobre o papel pedagógico e muitas vezes ideológico das mídias. Para o bem
ou para o mal, estão presentes em nossas vidas de forma cada vez mais precoce e
cada vez mais forte [...]”. Não se pode fingir que nada está acontecendo, é preciso
preparo para compreender as transformações advindas dessa nova matriz de
cultura, com capacidade de socializar. O conceito de mídias que Setton (2011, p.
07), adota em sua análise sobre as transformações dos dois últimos séculos é
amplo:
21
Mídia é todo aparato simbólico e material relativo à produção de
mercadorias de caráter cultural. Como aparato simbólico, considero o
universo das mensagens que são difundidas com a ajuda de um suporte
material como livros, CDs etc., a totalidade de conteúdos expressos nas
revistas em quadrinhos, nas novelas, nos filmes ou na publicidade; ou seja,
todo um campo da produção de cultura que chega até nós pela mediação
de tecnologias, sejam elas as emissoras de TV, rádio ou internet.
A autora alerta para o cuidado e atenção que se deve ter ao trabalhar a
análise das mídias na sociedade contemporânea. Os textos dependendo do suporte
utilizado mudam de estrutura e significado. É preciso direcionar o olhar das crianças
e jovens para sair da visão ingênua e perceber as intenções escondidas nas
mensagens. Esta é uma tarefa de suma importância a ser realizada e aperfeiçoada
pela escola.
Os adolescentes não possuem o hábito de questionar as informações da
internet, julgam pela quantidade de textos e pelo aspecto da página, superestimam a
própria capacidade de realizar leituras críticas. A fim de prepará-los, os professores
precisam saber de que forma avaliam informações e conhecer os erros que
cometem. Somente as habilidades leitoras tradicionais não bastam é preciso saber
avaliar a confiabilidade e pertinências das informações. Existe o risco de certos
textos possuírem tendências comerciais. Há a necessidade de criar e usar critérios
para avaliar a confiabilidade dos textos, aprender a usar argumentos lógicos, são
fundamentais para julgar sites. Para formar bons leitores: “[...] é preciso criar práticas
pedagógicas que desafiam e ajudam os alunos a encontrar e aplicar critérios
robustos para julgar a qualidade da informação que encontram em ambientes
digitais” (COIRO, 2014, p. 20).
Na visão de Belloni (2012), A escola como instituição especializada em
educação está absorvendo muito lentamente as tecnologias, por essa razão
mudanças sociais que já ocorreram em outros lugares só agora chegam à educação
brasileira. Estando a escola defasada sem condições de lidar com competência com
o impacto das tecnologias na cultura jovem. É preciso aproveitar ao máximo as
potencialidades comunicacionais e pedagógicas dos recursos técnicos, criando
estratégias, metodologias na produção de conhecimentos, para atingir esses
objetivos o investimento na formação dos professores é primordial.
22
Uma grande influência a ser levada em consideração pelas escolas é a da
cultura como organizadora do mundo. As ideias difundidas podem mudar as atitudes
e influenciar o comportamento das pessoas. Direciona o que e como se deve pensar
e agir. As crianças pequenas já recebem as influências das diferentes mídias e das
publicidades que orientam o estilo de vida, com facilidade se adaptam aos recursos
tecnológicos e os utilizam com habilidade, é a “geração @” que após 1980 vivem em
outro ritmo de tempo e espaço. Diferente das gerações anteriores que recebiam a
maioria das informações presenciais, olho no olho, agora além da família e da
escola aprendem com os diversos recursos midiáticos (SETTON, 2011).
As novas tecnologias possuem linguagens específicas, a familiaridade com
tais linguagens deve ser promovida na escola, para melhor compreensão e atuação
na realidade atual, a apropriação das tecnologias ampliam o conhecimento e
facilitam o aprendizado. Sobre o potencial das tecnologias para educar serão as
discussões apresentadas a seguir.
1.3 O POTENCIAL INOVADOR DAS NOVAS TECNOLOGIAS
Segundo Almeida e Valente (2011), as tecnologias digitais criaram novas
possibilidades para a expressão e a comunicação na cultura contemporânea dando
origem a estudos e pesquisas que não existiam. É preciso ter consciência da
distância que existe entre uma pessoa alfabetizada e uma letrada. O alfabetizado
sabe decodificar os sinais gráficos do seu idioma, de modo superficial, lê com
dificuldade, é capaz de escrever textos simples como lista de compras e bilhetes. O
letrado sabe ler e escrever e usa esses conhecimentos em práticas sociais de leitura
e escrita. O termo letramento digital é utilizado para descrever o domínio das
tecnologias digitais no sentido de não ser só um apertador de botão, mas ser capaz
de usar as tecnologias em práticas sociais. Vai além do alfabético e digital, abrange
o imagético, sonoro e informacional. Tendo tais competências pode ser considerado
alfabetizado digital.
Ainda segundo os referidos autores, para fazer mediação proveitosa o
professor necessita dominar as funcionalidades e operações tecnológicas bem como
as possibilidades pedagógicas considerando o currículo, incluindo as necessidades,
expectativas e condições de aprendizagem dos estudantes. Almeida e Valente
(2011, p. 06), Afirmam:
23
Nos estudos realizados, fica claro que a evolução das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) tem um papel fundamental no processo de globalização, provoca mudanças nos modos de ser e estar no mundo, reconfigura as relações comunicacionais e faz surgir uma nova ordem social, denominada de sociedade tecnológica, sociedade em rede, sociedade da informação, sociedade do conhecimento, sociedade cognitiva, sociedade digital [...].
Os autores defendem o uso da tecnologia integrada às atividades da sala de
aula, para ajudar a desenvolver os conteúdos disciplinares e criticam sua utilização
como disciplina de informática porque a utiliza de forma desintegrada, em atividades
assim, o estudante não pode incluir outras informações, expressar o que pensa,
estabelecer diferentes ligações com o conhecimento, interagir com os colegas,
compartilhar seu trabalho, trabalhar em equipe.
Sobre essa questão Cool (2014), assevera que o uso correto das novas
tecnologias permite fazer ainda melhor o que já era realizado e viabiliza trabalhos
diferentes dos habituais. As TICs oferecem numa perspectiva mediadora de
educação uma quantidade variada de opções e recursos para melhorar as práticas
existentes e também criar novas, em atividades conjuntas entre professores e
estudantes. Permite novas maneiras de mediação entre estudante e os conteúdos, o
professor e os conteúdos, o professor e os estudantes e entre os estudantes. Cool
(2014, p. 83), considera que:
O potencial das TIC para inovar e melhorar a educação está na capacidade de promover novas formas de ensinar e aprender a fim de implementar processos de ensino e aprendizagem que não seriam viáveis sem as possibilidades oferecidas por elas para organizar de forma diversa a atividade conjunta de professores e alunos. Não se trata de fazer com as TIC o mesmo que se vinha fazendo sem elas.
O autor conclui seu pensamento esclarecendo que o poder das TICs de
melhorar o ensino e a aprendizagem se tornam reais quando usado para inovar e
melhorar a educação de forma ampla. Mas que facilitar e tornar atraente as
atividades de professores e estudantes. Ajuda a criar diversas maneiras de aprender
e de ensinar.
Estudar as mídias constitui um direito fundamental da humanidade seja
criança, jovem ou adulto, de qualquer classe social. É tão importante quanto a
alfabetização, pois tem grande influência no exercício da cidadania, incluindo os
direitos à liberdade de expressão, acesso a informação e a vida cultural. Permite ao
24
cidadão produzir mensagens, fazer leituras críticas, fazer uso da tecnologia em
situações de aprendizagens. A integração da mídia pelas escolas precisa ser
realizada em dois níveis: como objeto de estudo, ofertando aos estudantes os meios
de dominar sua linguagem e como instrumento pedagógico, oferecendo aos
professores suporte eficaz para aumentar a qualidade do ensino (BELLONI, 2012).
Segundo Belloni (2012), é necessário promover uma formação que possibilite
aos jovens compreender sua época, que vá além das orientações instrumentais
acríticas e conformistas sem reflexão. Não faz sentido promover uma cultura que
evita as interrogações e as ferramentas atuais. A integração das tecnologias precisa
acontecer de forma criativa, inteligente, para que seja possível desenvolver
autonomia e competência evitando que se tornem apenas receptores. Combater a
exclusão e a formação de “ciberanalfabetos”, aproveitar ao máximo as
potencialidades comunicacionais e pedagógicas dos recursos técnicos, criando
estratégias, metodologias, na produção de conhecimentos.
Segundo a autora a educação para a mídia tem como principal objetivo a
formação do usuário ativo, critico e criativo das tecnologias. O que significa investir
na formação dos professores, em políticas públicas e não apenas isso, depende
ainda da mobilização e do comprometimento de educadores com a qualidade do
ensino e a expansão da cidadania. A escola pública é um espaço para ser utilizado
como instrumento de luta para emancipar pessoas e classes, educando para a
cidadania crítica como forma de compensar as desigualdades sociais através de
educação de qualidade e de comunicação efetiva que permite dar vez e voz para
crianças e jovens em formação.
Todos precisam usar com habilidade as ferramentas eletrônicas para
sobreviver na atual sociedade, a escola não pode só aumentar a quantidade de
estudantes atendidos, mas lutar pela qualidade do ensino oferecido, pois apesar dos
avanços da tecnologia, não há tecnologia que substitua a intervenção humana, na
vida dos estudantes. Mas é preciso modificar certas abordagens, a escola fala de
coisas certas de maneira não real, a televisão fala de coisas não reais de maneira
real. “A escola precisa estar inserida nesse contexto tecnológico e cotidiano de todos
nós, apresentar às crianças situações mais reais, tornar as atividades mais
significativas e menos abstratas” (TAJRA, 2012, P. 41).
Na concepção de Tajra (2012), é necessário avaliar as virtudes e os limites
dos recursos tecnológicos de acordo com os objetivos que temos na execução das
25
atividades desenvolvidas. Na maioria dos casos o estudante participa somente como
receptor das mensagens transmitidas, não havendo espaço para a interatividade. O
conhecimento deve provocar mudanças e transformações, o foco precisa ser no
aprender ativamente, e isso acontece quando o estudante se sente desafiado por
situações que precisam ser superadas, problemas que precisam ser resolvidos, que
tenha que aprender a aprender.
Ainda de acordo com a autora, a aprendizagem exige um diálogo interno e
externo, é preciso conhecer seu próprio interior para modificar o exterior. Estar
atento ao contexto para que a educação seja útil e válida, considerar os aspectos
histórico-culturais, biológicos e pessoais, porque hoje a escola foi expandida e
alargou os lugares de aprender, não existem fronteiras de idade, lugar, gênero e etc.
As mudanças atingem o conhecimento e os espaços do conhecimento, mudou a
forma de pensar, de conhecer, e de aprender.
Já Morin (2002) enfatiza que, os meios de comunicação aumentaram, porém
a incompreensão permanece em todos os lugares e aumenta sempre, houve
significativo aumento na compreensão, mas é a incompreensão que se destaca. A
educação deve ajudar na compreensão humana, que é sua maior missão para
garantir a solidariedade terrestre. Morin (2002, p. 33), alerta:
Quanto sofrimento e desorientações foram causados por erros e ilusões ao longo da história humana, e de maneira aterradora, no século XX! Por isso, o problema cognitivo é de importância antropológica, política, social e histórica. Para que haja um progresso de base no século XXI, os homens e as mulheres não podem mais ser brinquedos inconscientes não só de suas ideias, mas das próprias mentiras. O dever principal da educação é de armar cada um para o combate vital para a lucidez.
Textos digitais exigem novas formas de leitura e escrita. A escola deve
ensinar dentro desse formato para formar cidadãos “letrados em tempos digitais”.
Para os estudantes manipularem recursos midiáticos, é preciso que os professores
dominem seu potencial pedagógico, fazendo uso dos recursos tecnológicos como
bons aliados para propor desafios pertinentes. O professor deve ser mediador e
construtor de leitores, para atingir esses objetivos os textos precisam fazer parte do
“universo” dos estudantes, para desenvolver suas capacidades leitoras (PINHEIRO,
2014).
As tecnologias devem ser utilizadas no ensino de Ciências para promover
aprendizagens que exijam mais que acesso à informação. Um aspecto fundamental
26
da educação em Ciências é a leitura crítica, mas como saber de que forma os
conteúdos estão sendo trabalhados e que tipo de aprendizagem potencializam? Este
tema será discutido com mais detalhes na sessão seguinte.
1.4 AS TECNOLOGIAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS
Segundo Chassot (2008), a ciência está presente na vida de todos e é
instrumento de mudança, tem a incumbência de explicar e mudar o mundo, no
entanto quem faz as mudanças são as pessoas. Nessa direção, Chassot (2008, p.
51), adverte: “O conhecimento opera transformações”. É preciso atuar direcionando
a mudança que se espera e não apenas observar, para garantir a mudança para
melhor. Combater o cientificismo que é a crença sem limites nos poderes da ciência,
que lhe atribui somente benefícios. Professores ao ensinar Ciências podem formar
pessoas mais críticas para ajudar a preservar o planeta. Nas palavras de Chassot
(2008, p. 63):
A Ciência pode ser considerada uma linguagem construída pelos homens e pelas mulheres para explicar o nosso mundo natural. Permito-me sublinhar alguns pontos nesta definição de Ciência: é um construto humano, isso é, foi construída pelos homens e pelas mulheres. Como consequência desta natureza humana, a Ciência não tem a verdade, mas aceita algumas verdades transitórias, provisórias em um cenário parcial onde os humanos não são o centro da natureza, mas elementos da mesma.
Para este autor os pobres, pessoas ou países, estão à margem da criação e
benefício do conhecimento científico. É imprescindível criar novos métodos que
abarquem atitudes críticas estabelecendo convênios eficientes entre pessoas, a
natureza e as máquinas, no lugar de ceder a pressões que deixam de fora a
reinvenção de novos caminhos para a mente humana. Muitos são os dependentes
de memórias eletrônicas. A escola transmite o saber escolar, não é produtora do
conhecimento apenas transmite. Isso não a desqualifica, o importante é que
transmita o saber numa perspectiva contextualizadora, e evite ensinar conteúdos
inúteis ou negativos que são os usados para perpetuar a dominação.
Na visão de Romão (2014), a escola deve estar preparada para formar
estudantes de forma integral, para que tenham competência para selecionar e
organizar dados, reconhecendo que estes só se tornam informações se forem vistos
em seu contexto, que informações só se transformam em conhecimentos com
27
perguntas inteligentes e o conhecimento só se torna ciência se for submetido às
regras da ciência. Atualmente as escolas públicas vivem o desafio de integrar as
novas tecnologias ao currículo, abandonar as práticas pedagógicas fragmentadas
que não apresentam vínculo com a realidade dos estudantes e por isso não fazem
sentido para eles, apenas servem para reproduzir atitudes indesejáveis de
dominação e alienação, deixando uma herança prejudicial que se tem perpetuado
como se fosse algo natural.
Segundo Freire (2008), a conscientização implica no desenvolvimento crítico
da tomada de consciência, é necessário ultrapassar a esfera espontânea da
observação da realidade para chegar a um ponto em que a realidade se dá como
objeto cognoscível e na qual o homem assume sua posição epistemológica. Ela é
um compromisso histórico e a consciência histórica faz o homem assumir o papel de
sujeito que faz e refaz o mundo. Exige que crie sua existência com o material que a
vida oferece. Só se modifica a realidade por meio da práxis e não pelo discurso.
Para denunciar a estrutura desumanizante é preciso anunciar a estrutura
humanizante, é um compromisso histórico, é utopia. Os opressores mistificam a
realidade para continuar a opressão, evitam o desvelamento da realidade de forma
crítica.
É um perigo desviar o foco da procura e centrá-lo no próprio homem
tornando-o objeto da procura. O que se deve procurar é o pensamento dos homens,
não se pode pensar no lugar do outro, refletindo juntos de forma crítica se tornam
mais humanos. Quando não há uma pesquisa do meio cultural, o professor pode
não trabalhar de forma a atingir os estudantes. Cada pessoa vive dentro de um
contexto social e cultural que deve ser considerado, para ajudá-lo a ser sujeito.
Precisa estabelecer relação direta com o contexto em que o estudante está inserido.
Refletir sobre sua rotina, seus hábitos praticados sem refletir, tradições repassadas
sem questionamentos. Em contato com sua realidade o homem descobre que faz
parte dela. Compreende a relação que existe entre o futuro, o passado e o presente.
(FREIRE, 2008).
O Ensino de Ciências precisa ser mais comprometido e problematizador da
realidade, com uma aprendizagem significativa para o estudante, precisa contemplar
não somente o conhecimento científico, como também a formação cidadã, buscando
28
desenvolver competências e habilidades que incluam valores éticos e princípios
democráticos (BISPO FILHO et al, 2013).
A grande finalidade da educação em Ciências é a formação do cidadão
competente para uma vida produtiva na sociedade, ou seja, que aprenda a agir de
modo crítico e criativo ao fazer uso dos recursos técnicos na sociedade, isto significa
ser alfabetizado cientificamente. Sobre esse assunto será a discussão apresentada
a seguir.
1.5 O ENSINO DE CIÊNCIAS E SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA A
ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA
Para Santos (2004) é preciso reconceituar o ensino de Ciência e aponta três
alternativas: educação em ciência, educação pela ciência e educação sobre ciência,
o ensino de ciências precisa estar respaldado em princípios e valores que levem a
mudanças significativas de propostas curriculares que venham produzir mudanças
concretas na educação sobre ciência. A formação do cidadão através da ciência que
é a principal meta da educação pela ciência, requer a construção de uma cultura
científica e técnica, que mude a imagem da Ciência como disciplina neutra e objetiva
transmitida por décadas.
De acordo com este autor, educar pela ciência é valorizar conteúdos
científicos com valores práticos e cultura humanista com base no saber fazer e no
saber ser, para valorizar a responsabilidade social da ciência e da técnica, que
aponte para a tomada de decisão para desenvolver a consciência tecnológica e de
integração entre ciência e técnica, para estabelecer relação estreita entre o ensino
de Ciências e a cidadania. Requer uma matriz tripartida: educação em cidadania,
educação através da cidadania e educação para a cidadania.
A alfabetização científica tem por finalidade um Ensino de Ciências
fundamentado nos quatro eixos centrais da “Educação para Todos”, proposto pela
UNESCO, que são: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a aprender e
aprender a ser. Propõe-se que os currículos escolares sejam articulados a partir
desses eixos; que seus conteúdos sejam significativos, tendo como meta o
desenvolvimento de competências e habilidades dos estudantes; que esses quatro
eixos ou princípios sejam observados na seleção dos conteúdos básicos, optando-
29
se pelos mais relevantes e úteis, principalmente aqueles relacionados com o
cotidiano, contribuindo para a formação de verdadeiros cidadãos (BISPO FILHO et
al., 2013).
De acordo com Nigro (2007), o mundo na atualidade está repleto de produtos
da Ciência e com o objetivo de preparar as pessoas para a vida na sociedade atual,
o foco do Ensino de Ciências deve ser a alfabetização científica, que diz respeito ao
conhecimento que o público em geral deve ter sobre ciências. Possui três
dimensões: entendimento das normas e métodos da ciência ou natureza da ciência;
entendimento de termos e conceitos científicos e o entendimento e consciência dos
impactos da ciência e tecnologia que todos na sociedade devem ter.
Segundo Nigro (2007), para promover a alfabetização científica não bastam
as preocupações com termos e conceitos. O ensino deve ser organizado em torno
dos problemas de relevância social, de problemas atuais, sem esquecer o preparo
para os problemas futuros. Um ponto importante a ser considerado é o ensino e a
aprendizagem da leitura e da escrita. Desenvolver habilidades de leitura para ler
criticamente textos sobre ciências que estão presentes na mídia. Ler e escrever tem
papel fundamental na atividade científica. O autor (2007, p. 26), afirma:
“Considerando que não seria possível a atividade científica sem o suporte da leitura
e da escrita e que, uma limitação no quanto uma pessoa sabe ler e escrever
restringe seriamente a sua educação”. Ler não é simples e automático. Encontrar
informações em um texto exige estratégias.
Os estudantes aprendem mais quando lhes são oferecidas oportunidades
para discutir e compartilhar o que já sabem e o quanto estão aprendendo. As
discussões ajudam a clarear e compartilhar ideias, a escrita é fundamental para
transformar ideias iniciais em formulações coerentes e estruturadas, as discussões
acompanhadas de escrita fazem a aprendizagem ser mais duradoura. As interações
verbais e a escrita influenciam a aprendizagem de forma positiva. A escrita contribui
para o desenvolvimento da alfabetização científica. Escrita, leitura e discussão
possibilitam atividade mental e construção social dos conhecimentos (NIGRO,
2007).
Ainda segundo Nigro (2007), o conhecimento não está nos textos, está
baseado em uma atividade construtiva e não pode ser adquirido por um leitor
passivo e sim por uma mente com cognição. Quanto maior a familiaridade com o
texto maior entendimento, diferentes leitores podem ter interpretação variada do
30
mesmo texto. Este autor (2007, p. 108) assim se posiciona: “Em síntese, o processo
de entendimento não é passivo. Ele requer a ação estratégica do leitor. Requer a
ativação de seu conhecimento de mundo. Requer a interpretação por parte do leitor
do que ele assume que são as intenções do autor”.
Para Oliveira (2009), alfabetização científica significa compreensão pública de
uma série de conhecimentos gerais relacionados à natureza, aos resultados e a
relevância do desenvolvimento da Ciência. É uma prática interdisciplinar que
envolve adequação de estratégias e metodologias de ensino, para a implementação
na prática pedagógica e nos currículos, com objetivo de possibilitar conhecimentos
para a emancipação social, política, científica, indicando possibilidades de melhorias
ao processo de ensino e aprendizagem em Ciências.
Muitos autores debatem a importância da alfabetização científica para o
desenvolvimento e legitimação da Ciência como produção pública e todos
concordam que o papel social da alfabetização científica para o Ensino de Ciências
é fundamental para a formação de recursos humanos nas áreas de Ciência e
tecnologia, por ser também a área de pesquisa que possibilita formar cidadãos
interessados em Ciências.
Para Auler e Delizoicov (2001), a questão da Alfabetização Científico-
Tecnológico possui duas perspectivas: a reducionista e a ampliada. A perspectiva
reducionista encara a alfabetização científica tecnológica com visão de neutralidade,
salvacionista e de determinismo tecnológico. Já a perspectiva ampliada que é a
defendida pelos autores, considera as interações entre ciência, tecnologia e
sociedade de suma importância para trabalhar os conceitos e questionar seus
diferentes e incorporados mitos. Analisa as interações entre Ciência e Tecnologia,
associando o ensino de Ciências a três mitos: A superioridade do modelo de
decisões tecnocráticas, a perspectiva salvacionista e ao determinismo tecnológico.
Na visão dos autores, o primeiro mito está relacionado à superioridade do
modelo de decisões tecnocráticas, ao cientificismo, sustentáculo da tecnocracia,
lastreado na crença da possibilidade de neutralizar ou eliminar o sujeito do processo
científico-tecnológico. O segundo mito preconiza a ideia de que os problemas hoje
existentes e os que vierem a surgir serão automaticamente resolvidos com o
desenvolvimento cada vez maior da Ciência e da Tecnologia. Já o terceiro mito,
estabelece que o avanço tecnológico seja uma atividade social, sendo que seu curso
corresponde à direção impressa pela sociedade. Se a tecnologia avança em
31
diversas áreas e não em outras, isso se deve aos incentivos e recompensas
oferecidas. O avanço tecnológico não opera por si mesmo.
Ainda segundo Auler e Delizoicov (2001), a forma como está sendo conduzido
o processo educacional, incentiva e reforça a visão ingênua e a “cultura do silêncio”.
Para mudar precisa ser implantada uma educação dialógica, problematizadora, que
perceba a realidade como dinâmica e o ser humano como sujeito histórico. Para que
seja possível a construção de uma compreensão consistente sobre produção e
apropriação do conhecimento científico e tecnológico que problematize os mitos,
pois é um dos papéis da alfabetização científica calcada em objetivos
verdadeiramente democráticos.
Segundo Freire (2008), a ação para a democracia e a conscientização tem
compromisso com o esclarecimento científico da realidade, expondo mito e
ideologias, busca a separação entre ideologia e Ciência com um convite ao
entendimento da verdade da própria realidade. Entende que a humanidade só se
torna autêntica quando envolvida na procura e transformação criadora da libertação
de si e dos outros. A educação para a prática democrática pede uma pedagogia do
oprimido e nunca para o oprimido.
Para Freire (2008), os oprimidos são marginalizados no espaço físico,
histórico, social, cultural e econômico, estão à margem do centro, impossibilitados
de ser, resta a fome, doenças, deficiências, crime, morte, promiscuidade, etc. São
incapazes de tomar atitudes e precisam adquirir confiança em si. Possuem crenças
mágicas no poder do opressor, o admiram. Freire (2008, p.71), faz um alerta:
O desprezo por si mesmo é outra característica do oprimido, que provém da interiorização da opinião dos opressores sobre eles. Ouvem dizer tão frequentemente que não servem para nada, que não podem aprender nada, que são débeis, preguiçosos e improdutivos que acabam por convencer-se de sua própria incapacidade.
Segundo este autor, a dominação se serve da Ciência oficial, declarada
neutra para impor seus objetivos. “É uma negação da educação e do conhecimento
como processo de procura.” (p.92). Reforça e mantém contradições através de
práticas e atitudes da sociedade opressora, faz questão de manter a ignorância, com
inúmeros analfabetos espalhados pelo país, para quem é preciso primeiro matar os
algozes dentro de si, a fim de alcançarem a liberdade.
32
Segundo Caiscais e Terán (20013), analfabeto é o que não conhece o
alfabeto, privado do conhecimento, logo os que desconhecem os caminhos e
descaminhos percorridos pela Ciência são os analfabetos científicos, pois
desconhecem a história das ideais científicas.
Para Chassot (2011), a história da Ciência facilita a alfabetização científica,
que deve começar no Ensino Fundamental. A ciência é uma linguagem que facilita a
leitura do mundo, mudou, muda e mudará nossas vidas e é preciso parar com o
cientificismo, o ensino deve se basear na história da construção do conhecimento.
O mesmo autor (2011, p. 55), defende que:
A nossa responsabilidade maior no ensinar Ciência é procurar que nossos
alunos e alunas se transformem, com o ensino que fazemos, em homens e
mulheres mais críticos. Sonhamos que, com o nosso fazer educação, os
estudantes possam tornar-se agentes de transformações para melhorar o
mundo em que vivemos.
Para Freitas (2004) não basta falar de mudança é preciso provocá-la, inserir o
estudante como participante da história e não como apenas representante, que só
se torna possível com um ensino mais humanista, partindo da conscientização
social, em um ambiente educativo de cidadania para a formação de uma sociedade
responsável. É muito importante não olhar apenas os benefícios da ciência e da
tecnologia como aplicação da ciência, ter um olhar voltado para a educação pela
ciência, usando o cotidiano não apenas como ilustração, mas como matéria prima e
provocar uma visão mais ampla da realidade.
Na visão de Cascais e Terán (2013), o conceito de alfabetização científica
apesar de ter surgido em 1950, elaborado por pesquisadores e professores de
Ciências, continua sendo um movimento de amplitude mundial para tornar a Ciência
compreensível a estudantes e a todas as pessoas de modo geral. É necessário
incentivar os estudantes a incorporar conhecimentos sobre a história da Ciência, sua
natureza, sua relação estreita com a tecnologia e sua influência na vida pessoal e
social de todos. Apenas na última década do século XX, a alfabetização científica
passou a estar relacionada a letramento científico, que significa capacidade de
letrar-se, atualizar desenvolvimento no aspecto cultural e social tendo como foco a
leitura e a escrita.
33
Para os autores, a alfabetização científica está relacionada aos conteúdos e
conceitos da Ciência e o letramento científico é sua aplicação na prática social e
cultural. A alfabetização científica, portanto inclui o letramento científico como
competência em leitura e compreensão sobre Ciência e tecnologia. Esses
conhecimentos precisam ser trabalhados de forma integrada, para que os
estudantes os utilizem em seu proveito na comunidade em que estejam inseridos,
exercendo cidadania consciente, a fim de que as escolas não continuem a formar
“analfabetos funcionais” como resultado do ensino de Ciências.
Para atingir esses objetivos o investimento na formação dos professores é
primordial. Sobre a formação dos professores para enfrentar os diferentes desafios
de educar as novas gerações que vivem sobre as poderosas influências das
tecnologias, será a discussão da próxima sessão.
1.5.1 A formação do professor para os novos desafios
Segundo Chassot (2011), o ensino de Ciências precisa ser socialmente
contextualizado, por seu papel social nos aspectos: políticos, históricos, econômicos
e éticos, diferente da mesmice do cotidiano que se limita a reproduzir uma
concepção de Ciência pura e neutra. A cidadania só pode ser exercida se a pessoa
tem acesso ao conhecimento, não apenas a informações. Uma das maiores
contribuições do professor de Ciências está relacionada a uma adequada seleção do
que irá ensinar, considerando o papel social dos conteúdos, de acordo com a
realidade, com contextualização: social, política, filosófica, histórica, econômica e
religiosa.
A maioria dos conteúdos ensinados nas aulas de Ciências, não serve para
nada ou serve para manter a dominação. São exercícios de memorização, não
servem para entender a vida, para ter consciência de cidadania, independência de
pensamento, capacidade crítica, que deveria ser adquirida ao longo da escolaridade.
É preciso Abandonar o ensino abstrato, tornar o ensino mais “sujo” encharcado de
realidade. Por culpa da preocupação de ser limpo, o dogmatismo está presente, usa
modelos para facilitar o entendimento da realidade, mas não a realidade, tem sido
para mentes privilegiadas (CHASSOT 2011).
De acordo com Maia e Monteiro (2009), é necessário construir uma
abordagem crítica sobre Ciência e tecnologia, o professor deve conhecer técnicas
didáticas e metodológicas que propicie a articulação entre os conteúdos, os
34
estudantes e os temas atuais como Ciência, Tecnologia e Sociedade, (CTS).
Contextualizar, regionalizar e trabalhar conteúdos de forma significativa para a vida
do estudante. Para que se concretize nas escolas necessita de investimento na
formação dos professores, o que continua débil e frágil.
Conforme Oliveira (2013), a partir de 1990, o poder público passou a priorizar
nas políticas públicas a formação dos professores, porém ainda investe pouco e
como consequência há hoje, desvalorização da carreira profissional, falta
investimento no processo de formação e de aperfeiçoamento dos profissionais de
educação. A autora (2013, p. 28), enfatiza que:
Em regra geral, no contexto das universidades e faculdades, essa formação deixa a desejar, levando-se em consideração que o ensino é ainda livresco, alienígena, por valorizar mais o que vem do exterior, sobretudo pela transposição de experiências da Europa e Estados Unidos. Nem sempre os modelos trazidos do exterior são adaptados à realidade brasileira em detrimento da cultura do país e das especificidades regionais e locais.
De acordo com esta autora, existe o medo de inovar por falta de formação
adequada, não há clareza entre prática docente e prática pedagógica. Prática
docente está relacionada ao ensinar, transmitir e facilitar a produção de
conhecimentos e saberes, já prática pedagógica ou práxis é mais complexa,
orientada por objetivos, finalidades, conhecimentos, está relacionada aos aspectos
sociais do processo ensino-aprendizagem. Por ser mais abrangente inclui a relação
professor-aluno ultrapassando a concepção reducionista ensino-aprendizagem,
currículo e se relaciona com aspectos sociais com vistas à construção de novos
conhecimentos.
A autora destaca ainda a diferença entre conhecimento profissional
dominante e conhecimento profissional desejável, conhecimento dominante são
saberes acadêmicos, princípios e crenças, rotinas e guias e teorias implícitas.
Conhecimento desejável é o conhecimento metadisciplinar, disciplinar e a
experiência profissional. Ensinar não significa transferir conhecimento. Exige do
professor postura crítica com criatividade para adequar o ensino de acordo com as
necessidades dos educandos e respeitar seus saberes. Os saberes
metadisciplinares, disciplinares, e a experiência profissional devem ser valorizados
como fontes do conhecimento profissional desejável.
35
Para Morin (2002) a separação do conhecimento em diferentes disciplinas
não permite que se aprenda o que está entre as disciplinas ou o complexo, que não
é sinônimo de complicado e sim de vínculos entre saberes contextualizados. Sem
uma visão do todo o conhecimento fica fragmentado, fechado, abstrato e torna os
indivíduos incapacitados para analisar causas e consequências na atualidade. De
acordo com o autor (2002, p.38):
O conhecimento pertinente deve enfrentar a complexidade. Complexus significa o que foi tecido junto; de fato, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do todo. (como o econômico, o político, o sociológico, o psicológico, o afetivo, o mitológico), e há um tecido interdependente, interativo e inter-retroativo entre o objeto de conhecimento e seu contexto, as partes e o todo, o todo e as partes, as partes entre si. Por isso, a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade. Os desenvolvimentos próprios a nossa era planetária nos confrontam cada vez mais e de maneira cada vez mais inelutável com os desafios da complexidade.
Sem a consideração necessária do contexto e do complexo das dimensões
do conhecimento, a inteligência se torna cega, sem consciência, irresponsável.
Promove a ignorância do todo e maior conhecimento das partes. Problema universal
que compromete a educação do futuro. Com os saberes desunidos tratados de
forma compartimentada, não é possível resolver os problemas, pois estes são
multidisciplinares, apresentam várias dimensões e são globais “Para que o
conhecimento seja pertinente, a educação deverá torná-los evidentes” (MORIN,
2002, p. 36).
As ideias de autores como Vygotsky são totalmente diferentes, possui outra
maneira de abordar as relações entre as pessoas e defende outra forma de perceber
a educação: trata-se da abordagem interacionista. Serão discutidas as ideias desse
autor nas próximas páginas, foi escolhido para o direcionamento dessa pesquisa
porque o desenvolvimento das bases teóricas e práticas atendem aos objetivos
dessa investigação.
1.6 A CONCEPÇÃO SOCIOINTERACIONISTA DE VYGOTSKY
Apesar de ter vivido somente 37 anos realizou um grande trabalho intelectual,
deixou 200 estudos científicos de variados temas sobre as ciências humanas, que
acrescentou contribuições importantes para a Psicologia e muitas orientações para a
36
pedagogia que servem de ponto de partida para aprofundamentos. Dedicou a vida
ao estudo sobre o desenvolvimento humano, conseguindo superar o conhecimento
de seu tempo. Lia obras de diversas áreas do conhecimento: Tolstoy, Spinoza,
Freud, Marx, Engels, Hegel, Pavlov e muitos outros (REGO, 2009).
De acordo com a autora (2009), seus colaboradores adotaram suas
concepções de diferentes maneiras, suas ideias são ainda hoje revolucionárias.
Coordenou grupos de estudos frequentados por estudantes que se destacaram anos
depois. Estudou: alemão, latim, hebraico, francês e inglês. Embora fosse um
estudante dedicado, enfrentou dificuldade para entrar na universidade por ser judeu.
Quando realizou uma palestra no II Congresso de Psicologia em Leningrado, causou
um grande impacto positivo e foi convidado para trabalhar no Instituto de Psicologia
de Moscou. Era o ano de 1924, ano em que casou com Roza Smekhova com quem
teve duas filhas.
Segundo Oliveira (2008), as obras de Vygotsky foram proibidas por motivo
político de 1936-1956. Só em 1962, o livro Pensamento e linguagem foi publicado
nos Estados Unidos, chegando ao Brasil em 1984. Jean Piaget se surpreendeu ao
ver o que Vygotsky escreveu sobre dois de seus trabalhos, lamentou não terem se
encontrado, comentou suas críticas afirmando que o desenvolvimento de seu
trabalho posterior respondia algumas questões e que outras poderiam discutir se
fosse possível, mas já havia morrido há 25 anos, quando Piaget leu seu trabalho.
Possuem visões diferentes. Piaget defendeu as condições internas para o
desenvolvimento cognitivo mediado por fatores biológicos, os estágios de
desenvolvimento. Vygotsky afirmou serem fundamentais para o desenvolvimento
cognitivo, os fatores externos sociais e culturais.
Depois de 1932 o trabalho de Vygotsky passou a ser severamente criticado,
durante o governo de Stalin, por autoridades soviéticas, já o trabalho de Pavlov era
apreciado, por defender a plasticidade e potencialidades das pessoas no meio
ambiente. Vygotsky concordava com a questão da plasticidade, porém discordava
com seus outros postulados e afirmava que o ser humano também cria seu
ambiente dando origem a novas formas de consciência. Vygotsky passou a
incomodar por não se submeter aos dogmas do stalinismo para a ciência. (REGO,
2009).
Vygotsky era um brilhante palestrante, contagiava os ouvintes, muito culto
estudou vários idiomas, o que facilitou suas leituras em outras línguas além da
37
materna. Ainda hoje o que escreveu a mais de 70 anos continua atual, seu
pensamento tem inspirado muitos estudiosos em diferentes lugares do mundo. Não
pode completar suas teorias, mesmo assim deixou um imenso legado para os
trabalhos de pesquisa em psicologia e em educação. Seus estudos integram o
homem em suas diferentes dimensões corpo e mente, ser biológico e também
social, pertencente a espécie humana envolvido em um processo histórico
(OLIVEIRA 2008).
Na visão da autora, são três os pilares de suas ideias: a) todas as funções
psicológicas se originam em bases biológicas e se estruturam nas atividades do
cérebro; b) a função psicológica tem como fundamento as relações sociais entre o
indivíduo e o meio desenvolvido historicamente; c) a relação entre o homem e o
mundo é mediada por símbolos. Acreditava ser o cérebro um sistema aberto de
grande plasticidade, que se molda ao longo do tempo e depende também do
desenvolvimento individual.
Oliveira (2013) ressalta que, dedicou-se também a estudar linguística,
neurologia, antropologia, cultura, ciências sociais, diferentes deficiências e temas
educativos. Não deixou teoria acabada, porém suas pesquisas sinalizam para
caminhos que levam à produção de diversos conhecimentos e saberes. A partir de
trabalhos com formação de professores, desenvolveu sua teoria sócio-histórica.
Estudou crianças com problemas de cegueira, deficiência mental, e as que
apresentavam dificuldades com a linguagem escrita e a falada, doença chamada
afasia.
A referida autora aponta os cinco postulados da obra de Vygotsky. Sendo o
primeiro a relação entre o indivíduo e a sociedade. As características humanas são
oriundas de sua relação dialética com o meio sócio-cultural. O segundo postulado
aponta para a origem cultural das funções psíquicas que se inicia quando
acontecem as relações do indivíduo em seu contexto. O terceiro postulado diz
respeito à base biológica do funcionamento psicológico. O desenvolvimento mental
não é imutável, é formado no decorrer da vida, por meio da mediação que acontece
através da linguagem. O quarto preconiza a mediação dos indivíduos entre si e com
o mundo por meio da linguagem e por fim o quinto que é a análise psicológica que
capacita o ser humano a conservar suas características. A consciência humana é
produzida historicamente dentro de seu contexto social, sendo dinâmica.
38
O pensamento defendido por Vygotsky, considera que os estudantes
possuem características e ritmos de aprendizagem diversificados, apresentam níveis
de aprendizagem diferentes e necessitam de atendimento específicos por parte do
professor e da ajuda dos colegas. Sobre a importância de sua teoria para a
educação será a discussão apresentada na próxima sessão.
1.6.1 A importância da teoria de Vygotsky para o ensino-aprendizagem
Vygotsky defendeu o processo de ensino-aprendizagem, contextualizado
baseado no diálogo, centrado no aprendiz, tendo como prioridade os aspectos
socioculturais. Os estudantes devem aprender através da interação e cooperação
entre si e na relação com o professor. Considerando e respeitando as diferenças,
mediados pela linguagem e o contexto cultural, o professor deve se manter atento
para o acompanhamento e a utilização da zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
Para propor atividades de ensino, o professor deve conhecer o nível de
desenvolvimento real dos estudantes, tendo compreensão do grau de dificuldade de
cada um, desse modo fará uma intervenção adequada a fim de que cada estudante
possa avançar dentro de suas possibilidades (OLIVEIRA, 2013).
Para Rego (2009), por ter desenvolvido o conceito de zona de
desenvolvimento proximal, Vygotsky apontou questões pertinentes para a
compreensão da integração entre ensinar, aprender e desenvolver, que são
enriquecedoras quando incorporadas nas práticas educativas. Trás também
importantes reflexões sobre a formação psicológica humana, que dão origem a
questionamentos e alternativas ao universo pedagógico.
Vygotsky considera de suma importância o contexto para a aprendizagem, o
que é coerente com a perspectiva histórica, compreende que a escola possui um
papel essencial na promoção do desenvolvimento dos educandos. Por desafiar para
o entendimento das questões científicas, que transforma seu modo de perceber o
mundo e a si mesmo. O conceito de mediação está baseado na relação homem
mundo que acontece através do trabalho com instrumentos e signos dentro do
ambiente, uma relação que é sempre mediada, por não ser possível o acesso
imediato aos objetos. Explica como a cultura se torna impregnada na natureza
humana no processo histórico. O indivíduo se forma não somente com o
desenvolvimento das funções biológicas, mas através das interações sociais
mediadas por seus semelhantes (REGO, 2009).
39
A autora conclui suas considerações afirmando que, o sucesso da escola
depende da qualidade do ensino oferecido, não basta frequentar a escola, é preciso
que esta esteja preparada para atuar como instrumento de atualização e
transformação para a construção de novos conhecimentos. O pensamento de
Vygotsky ajuda a refletir sobre como a escola poderá desempenhar com mais
eficiência sua relevante atuação. As ideias de Vygotsky apontam para uma escola
diferente das observadas hoje, escola que estimule o diálogo, os questionamentos,
as dúvidas, que possa discutir, problematizar, errar, criar. Que tenha espaço para a
autonomia, para a pesquisa e a reflexão com vista a mudanças necessárias ao
crescimento e desenvolvimento individual e social de todos.
Para Vigotsky (2007), o que o estudante vai aprender precisa estar
relacionado com seu nível de desenvolvimento. São três os níveis de
desenvolvimento. O primeiro nível é o de desenvolvimento real, o nível das funções
mentais, estabelecido por ciclos já completos, que a criança consegue fazer sozinha.
O segundo nível é o de desenvolvimento proximal, que é determinado através da
capacidade de solucionar desafios com a ajuda de alguém, que pode ser o professor
ou um colega mais capaz. O terceiro nível é o de desenvolvimento potencial,
representa o que o estudante já é capaz de aprender com mediação correta.
A zona de desenvolvimento proximal, (ZDP) é determinada por funções que
ainda não amadureceram, mas se encontram em processo de maturação, estão em
estado “embrionário” como “brotos” ou “flores” que se tornarão “frutos” maduros.
Para determinar o estado de desenvolvimento mental de uma criança é preciso
descobrir seu nível de desenvolvimento real e a zona de desenvolvimento proximal,
o desenvolvimento proximal hoje, será o desenvolvimento real amanhã, o que faz
com ajuda hoje fará sozinho amanhã (VIGOTSKY, 2007).
De acordo com o referido autor, o ensino concreto deve ser usado como
ponto de apoio necessário para desenvolver o pensamento abstrato. Um ensino
voltado para o nível que o estudante já atingiu é ineficiente para seu
desenvolvimento e atrapalha. O professor deve atuar na ZDP para o estudante
desenvolver-se, avançando sempre. Valoriza o aprendizado organizado
adequadamente porque gera desenvolvimento mental, que de outra forma não
entrariam em movimento e não ocorreriam. Aprender é necessário para o
desenvolvimento das funções psicológicas culturalmente organizadas específicas da
humanidade. O processo de desenvolvimento não coincide com o processo de
40
aprendizagem, o de desenvolvimento progride de maneira mais lenta e após o
processo de aprendizagem, por isso existe a zona de desenvolvimento proximal.
Segundo Schroeder 1 (20014), a zona de desenvolvimento proximal, significa
algo que o estudante está perto de realizar, precisa somente ser adubado, como se
fosse um jardim. Para atuar de forma a produzir resultados positivos a mediação do
professor deve estar vinculada a um contexto de inspiração, comprometimento e
decisões. Usando com eficiência as dimensões envolvidas no ensino-aprendizagem
como mostra a figura:
O conhecimento
Dimensão psicológica Dimensão conceitual
Como os estudantes aprendem? O que ensinar e por quê?
Relação com os saberes Professor (a)
Os estudantes
Dimensão didática pedagógica
Como ensinar? Que linguagens?
Figura 1: Dimensões do ensino e da aprendizagem
Fonte: Schroeder 2014.
Para o desenvolvimento das três dimensões do conhecimento, o professor
precisa de uma formação adequada a fim de possa fazer mediações corretas dentro
da zona de desenvolvimento proximal dos estudantes. Mediações significativas para
a aprendizagem estão relacionadas ao uso adequado de recursos pedagógicos. Um
recurso pedagógico capaz de motivar os estudantes a aprender cada vez mais e
melhor, será apresentado a seguir.
1.7 A MÍDIA RÁDIO
O rádio é uma mídia antiga se comparado com outros meios de comunicação.
Não está ainda adequadamente difundido na educação básica, porém representa
1 SCHROEDER, Edson. Ensinar e aprender Ciências na escola: contribuições da teoria
histórico cultural para professores da educação básica. Palestra proferida no SINECT - UTFPR, Ponta Grossa - PR, 28 de nov. 2014.
41
uma ferramenta repleta de possibilidades pedagógicas de grande capacidade, capaz
de atingir qualquer público. Uma contextualização de seus aspectos sociais,
históricos, culturais e suas qualidades educativas será apresentada no presente
capítulo.
Segundo Consani (2010), o rádio foi usado pela primeira vez durante a
primeira guerra mundial, do tamanho de uma mochila grande, era utilizado como
tecnologia bélica para orientar o deslocamento das tropas, perdeu a utilidade
quando a guerra acabou em 1919. Uma empresa americana disponibilizou para a
compra do cidadão comum. Foi desenvolvida uma programação que fez crescer a
audiência e assim nasceu a ficção e o comercial radiofônico. Sua estreia como
eletrodoméstico aconteceu nos Estados Unidos na década de 1920, com
transmissão de músicas e notícias. As razões de seu sucesso foram muitas:
comunicação coletiva e dinâmica, o uso da oralidade como mediadora nas relações
humanas, atendeu a demanda reprimida por notícias, aproximou a mídia impressa e
a sonora, incluiu expressões artísticas com nova configuração trazidas do teatro e
da música e promoveu o capitalismo com propagandas. Consani (2010, p.25), afirma
que:
A invenção do rádio, enquanto tecnologia de comunicação, nada teve de fortuita nem pode ser considerada obra de um único pesquisador. Na verdade, houve tantos colaboradores, alguns famosos, outros anônimos – alguns até injustiçados-, é difícil estabelecer o momento exato em que este veículo teria nascido.
O rádio passou por muitas transformações tecnológicas, suas relações com o
contexto social mudou, encontrou outros aspectos, chegou ao computador, ao
celular e ao carro. Continua fazendo parte da vida das pessoas. A importância
histórica, cultural e social é marcante e relevante. Sua história no Brasil está
relacionada a cultura, a economia e a política.
1.7.1 O começo do rádio no Brasil
A primeira transmissão de rádio no Brasil aconteceu durante as
comemorações do centenário da independência, empresas americanas trouxeram
duas estações e 80 receptores ao Rio de Janeiro, o discurso do presidente Epitácio
Pessoa foi transmitido ao vivo. Muitos não acreditavam que seria possível, falar em
42
um lugar e ser ouvido em muitos lugares simultaneamente em tempo real
(TAVARES e SUETU, 2007).
A pessoa responsável por sua instalação foi o antropólogo, membro da
Academia Brasileira de Letras, Edgard Roquette-Pinto (1884-1954). Considerado o
pai do rádio no Brasil. Possuía grande ideal humanista e influenciou a divulgação do
rádio no Brasil como instrumento educativo, foi ajudado pelo padre Roberto Landell
de Moura (CONSANI, 2010).
Segundo Carmen Lúcia Roquette-Pinto2, Edgard Roquette-Pinto percebeu
que o rádio era uma grande ferramenta que poderia ser utilizada no ensino, para
divulgar conhecimento e atingir, sobretudo os mais humildes. Acreditava na
tecnologia como forma de promover civilização por meio da utilização de suas
técnicas. Após uma expedição na companhia de Candido Rondon, voltou tendo a
exata dimensão dos problemas do Brasil como analfabetismo, longas distâncias e
dificuldades para levar educação a diferentes lugares. Chegou à conclusão que o
rádio era uma alternativa. Convenceu Henrique Monize a trazer o rádio para o Brasil.
As primeiras emissoras eram patrocinadas por sócios, a programação era
feita de improviso e destinada às elites, ter rádio era para poucos por ser muito caro.
Ouviam-se óperas, conferências, músicas eruditas e textos instrutivos. Em 1932 o
governo de Getúlio Vargas, permitiu a transmissão de publicidade, surgiu os
programas com patrocínio, dando início a variedade na programação que passou a
divulgar músicas e artistas populares. No final da década de 1930 o rádio se tornou
o primeiro veículo de massa e passou a ser vendido a prestação (TAVARES e
SUETU, 2007).
Conforme Almeida (2001), Edgard Roquette-Pinto trouxe ao Brasil a ideia de
educar a distância através do rádio. Para ele a educação tinha por base uma
sociedade igualitária, seu trabalho pode ser visto nas rádios e TVs educativas
espalhadas no Brasil. Inspirou também experiências educativas em espaços não
formais como museus, cinemas e teatros que se tornam sala de aulas com os
recursos audiovisuais. Para Carmen Roquette-Pinto, ele percebeu o que muitos
professores ainda não entenderam que não se aprende somente na sala de aula,
compreendeu que era fundamental a união entre tecnologia e Ciência.
2 Carmen Lúcia Roquette-Pinto filha de Edgar Roquete-Pinto, em depoimento a: TV ESCOLA: Guia
pedagógico para professores. Programas 1 a 10. Manaus: Accorde Filmes, [2011]. DVD.
43
Em 1938 o governo criou o programa de rádio, Hora do Brasil que Getúlio
Vargas utilizava para comunicar-se com a população, fazendo do rádio um aliado
para divulgar propagandas do governo. Em 1940 com a estatização da Rádio
Nacional do Rio de Janeiro teve início a fase de ouro do rádio, que passou a
transmitir radionovelas e propagandas de empresas multinacionais instaladas no
mercado brasileiro. O rádio teve grande importância social, contribuiu na
popularização de esportes com destaque para o futebol ao passar a transmitir copas
do mundo a partir da de 1938 (TAVARES e SUETU, 2007).
Segundo Mancuso (2012), durante o Estado Novo (1937-1945), o rádio foi
utilizado por Getúlio Vargas para veicular propaganda do governo e também como
aparelho repressor. Impedia a divulgação de qualquer informação que criticasse o
governo. Em 1932 a rádio paulista Cruzeiro do Sul, possuía programas educativos.
De 1936 a 1945 a Rádio Nacional de Brasília transmitiu programas educativos. O
programa Hora do Brasil passou a se chamar Voz do Brasil em 1946.
Entre 1950 e 1960 foi criado o MEB (Movimento de Educação de Base), com
a intenção de alfabetizar agricultores do norte e do nordeste com o método Paulo
Freire de educação de adultos, que partia da realidade dos estudantes. Um método
que usando o rádio chegou a lugares bem distantes do país, foi um sucesso em
Goiás. Com o golpe militar de 1964 o projeto acabou, mas o rádio continuou a ser
usado como ferramenta educativa. Em 1967 foi criado o projeto Minerva que
determinou que emissoras comerciais tivessem cinco horas de programas
educativos por semana (MANCUSO, 2012).
O autor relata que de 1950 a 1960 foi desenvolvido no Brasil um programa
chamado MOBRAL com o objetivo de alfabetizar agricultores do norte e nordeste.
Desenvolvia temas educativos em séries veiculadas pelo rádio em até três minutos,
sobre saúde, meio ambiente, higiene, dentre outros. Os governantes ao longo da
história brasileira controlavam e usavam os meios de comunicação principalmente o
rádio para fazer propaganda de suas propostas. Foi assim durante o Estado Novo e
o regime militar. Nas palavras de Mancuso (2012, p.23):
Durante quase um século de história, o rádio foi sempre utilizado como veículo de comunicação informativo ou comercial. Mas a sua função não pode se restringir apenas a esse fim, pelo contrário, este veículo provou que pode ser usado como uma importante ferramenta pedagógica. O uso do rádio na educação sempre partiu do Estado para chegar ao cidadão. Falta uma política que leve em consideração a Escola, o professor e o aluno.
44
Já Assumpção (2001), corrobora com esse pensamento declarando que
durante as décadas de 1980 e 1990 as escolas brasileiras usavam o rádio na sala
de aula. A primeira experiência foi na Cidade de Campos, no Rio de Janeiro. Os
alunos do Ensino Fundamental e Médio faziam um programa chamado Radioteca
Jovem pela Rádio Continental até 1988. Em São Paulo iniciou em 1989, sendo
criada uma rádio itinerante com programação produzida pelos alunos para orientar
atividades no campo no interior de São Paulo e Minas Gerais. No Paraná em 1989
aconteceram quatro experiências com rádio escolar em Curitiba. Há um trabalho que
envolve várias escolas com intercâmbio entre si. Entre 1995 e 1996 o programa
Radioaluno foi transmitido pela Rádio Educativa do Paraná e Santa Catarina com
programação semanal sobre diversos assuntos discutidos e escolhidos pelos
estudantes.
Para Tavares e Suetu (2007), o rádio é um dos meios de comunicação de
massa mais importantes no Brasil, a despeito da concorrência com os outros meios,
a convergência digital com a internet possibilitou sua expansão e atualização. Nas
grandes cidades sua audiência em certos momentos chega a ser maior que a da TV.
Segundo Assumpção (2001), a experiência dos estudantes como produtores de
programas de rádio os torna consumidores mais exigentes, porém “[...] é preciso que
educador e educando conheçam e dominem a linguagem e a produção radiofônica,
o que os levará a compreender a função desse meio e sua atuação na sociedade
contemporânea” (p. 4).
De acordo com Mancuso (2012), o rádio escolar é uma realidade em várias
escolas brasileiras. Como suporte pedagógico, o rádio escolar ajuda a desenvolver
habilidades linguísticas: ler, falar, escrever e ouvir. Estimula a exposição de ideias e
o engajamento, torna os estudantes sujeitos da própria aprendizagem. Melhora a
relação entre os estudantes. O uso do rádio como ferramenta pedagógica será
discutido nas próximas páginas.
1.7.2 A mídia rádio como instrumento educativo
Para Consani (2010), usar o rádio como recurso na abordagem pedagógica
se justifica por seu potencial dialógico, sendo possível trabalhar diversas estratégias
para o ensino e a aprendizagem. Uma vez que a escola e as TICs têm os mesmos
objetivos que é diminuir a distância entre informação e conhecimento, o rádio pode
45
contribuir não apenas como mais um recurso pedagógico, mas como forma de
exercício democrático de que a escola tanto necessita. Pode ser integrado de forma
bem pertinente aos conteúdos escolares, por suas características intrínsecas:
incentivo a imaginação, alcance humano e geográfico, simplicidade, agilidade e
baixo custo. As características extrínsecas também o recomendam, pois são:
seletividade, personalidade, adaptabilidade, essencialidade, identificação pessoal,
didatismo, musicalidade e utilidade pública.
Seu didatismo se ajusta de forma perfeita à exposição oral, o que torna o
rádio um recurso educativo desde sempre, seu conteúdo precisar ser trabalhado até
que chegue a um formato que se possa transmitir. Sua utilidade é outra
característica que o torna atrativo, por atualizar o ouvinte com a hora certa,
situações locais, climáticas e utilidades públicas. Não exige a total atenção dos
ouvintes, pode fazer outras coisas enquanto ouve. Devido o seu alto grau de
adaptação, as informações transmitidas precisam ser resumidas às suas partes mais
importantes, o fato de dirigir-se a cada indivíduo é uma particularidade que permite o
discurso direto, sua relação com a música o torna muito apreciado, o que permite
cativar os ouvintes (CONSANI, 2010).
Na visão de Leite (2012), com objetivo educacional o rádio visa oferecer
condições de aquisição de conhecimento e mudança de comportamento. Possui a
vantagem de ser um instrumento simples, que faz uso da linguagem oral, de uso
universal, econômico e capaz de mobilizar pessoas. Tem função maior do que a de
transmitir informações. Podendo ser utilizado como instrumento na ação educativa
por suas características, promove desenvolvimento integral nas pessoas e também
da comunidade. Um veículo de divulgação das propostas e dos eventos da escola,
que contribui para melhorar sua relação dentro da escola e na comunidade.
Segundo Leite (2012, p. 99): “É um agente mobilizador e formador da identidade da
comunidade e capacita as pessoas para produzirem e veicularem as notícias de que
são protagonistas”.
A escola precisa ser o local privilegiado para ocorrer aprendizagens. Quando
todos interagem o conhecimento circula de forma livre. Deve provocar a organização
racional da informação fragmentada criada pela pressão reprodutora do contexto
pelos meios de comunicação poderosos e sutis. O processo educativo tem como
objetivo transformar os estudantes em protagonistas da própria aprendizagem, essa
46
condição só é possível com outra forma de organização do espaço escolar
(MANCUSO, 2012).
Monteiro (2010), defende que a mídia rádio como ferramenta pedagógica
contribui com o processo de produção do conhecimento por privilegiar mecanismos
de informações, estimular a criatividade e a comunicação no ambiente escolar. O
rádio é uma mídia considerada grande veículo de comunicação de massa,
democrático atinge a todas as classes sociais. Possibilita acesso à informação e
entretenimento. Diante das muitas informações verbais e visuais na sociedade atual,
a escola não pode continuar com a educação que prioriza a leitura dos livros
didáticos, sem explorar a infinidade de recursos dos meios de comunicação da
atualidade.
A autora também argumenta que a deficiência no processo de comunicação
entre a escola e os estudantes é um dos entraves do processo de ensino e
aprendizagem, pois de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases LDB 9394/96, escola
competente é a que possui interesse em formar pessoas que: “compreendam e
dominem os sistemas de produção de informação.” (Idem p. 2). A escola deve
formar cidadãos críticos que possuam discernimento para atuar com
responsabilidade na sociedade. Monteiro (2010, p. 02), também declara que:
A evolução dos meios de comunicação de massa, o desenvolvimento tecnológico tem provocado transformações profundas no âmbito cultural, ocasionando melhores condições sociais, principalmente ampliando as oportunidades de assimilação do conhecimento através das diversas mídias, dentre elas o rádio. No processo educacional, as tecnologias mais remotas unem-se as mais atuais contribuindo com informações e no processo ensino aprendizagem de forma democrática.
A mídia rádio como ferramenta pedagógica contribui com o processo de
produção do conhecimento por privilegiar mecanismos de informações, estimular a
criatividade e a comunicação no ambiente escolar. O professor na
contemporaneidade deve atuar como articulador de novas propostas que contribuam
para modificar o processo educacional de forma positiva, uma vez que apelar para a
manutenção das velhas práticas em que o autoritarismo coloca o professor como
detentor do conhecimento inspira nos estudantes o que existe de pior no ser
humano; revolta, insatisfação, má vontade, indisciplina e descontentamento (Ibidem,
2010).
47
A rádio na escola pode contribuir para desenvolver práticas didáticas
inovadoras, pois é uma maneira divertida e prática de diversificar os discursos e
saberes de forma atraente, sedutora e agradável. Sobre a rádio no espaço escolar
será o assunto discutido nas páginas que se seguem.
1.7.3 O rádio no espaço escolar
O rádio no espaço escolar é uma maneira criativa de interação com a
linguagem das mídias, que estando por toda parte pode ajudar a escola a integrar a
cultura tecnológica, desenvolvendo nos estudantes habilidades com os instrumentos
dessa cultura. Não pode a escola desconsiderar a presença das mídias que se
apresentam como escola sem paredes, de modo atraente, agradável, sem
cobranças, que envolve e seduz com linguagens específicas. Para entender o
discurso simbólico e interpretar a sociedade globalizada o educando precisa
compreender a linguagem jornalística, radiofônica, televisiva e do computador. “A
familiarização do aluno com as linguagens específicas de cada veículo da
comunicação social, provoca a compreensão da realidade” (ASSUMPÇÃO, 2001 p.
3).
Santos (2010) defende que o rádio como veículo de massa tem qualidades
diferentes da mídia impressa que só pode atingir os alfabetizados, o rádio por sua
vez tem maior alcance, atinge também os não alfabetizados. As vantagens do rádio
na escola é seu fácil manuseio, poucos recursos para montagem e os estudantes
não ficam restritos aos conteúdos que o professor apresenta, inclui outros meios,
fontes, formas. Que bem acompanhadas podem ser interpretadas. O rádio na escola
amplia conhecimentos culturais e pedagógicos. O conhecimento de que as
mensagens nos meios de comunicação estão sujeitas a interesses políticos,
econômicos, sociais e ideológicos, interferindo na divulgação da informação e na
formação de leitores críticos.
Por ser atraente e lúdica a mídia rádio pode ser fonte de motivação no
processo ensino e aprendizagem. Traz ao ambiente escolar humanismo,
solidariedade, práticas emancipatórias, permeadas por diálogos, em trabalho
coletivo com temas planejados de acordo com as atividades escolares, com a
participação de todos na escola. Supera a dominação e domesticação criando
possibilidades de reflexões e críticas de atitudes que fazem rever costumes que
promovem mudança na qualidade de vida. (Idem, 2010).
48
Acselrad (2012), afirma que estudos realizados na Inglaterra, asseguram que
o rádio faz bem, aumenta os níveis de felicidade e energia, estimula níveis de
envolvimento positivo no cérebro. Como é esclarecido por Norman Corwin apud
Acselrad (2012, p. 04):
O som por si só atrai – pergunte a qualquer bisbilhoteiro. O som é o primeiro estímulo do bebê. Ele ouve sons, junta um com o outro, dá coerência. Os sons são como romance. O som do grilo à noite serve para compor o clima em um drama radiofônico: um efeito simples. O som do trovão... O som da chuva... O rádio foi o meio que soube usar toda essa mágica.
Na visão de Mancuso (2012), o rádio sendo de fácil acesso e instalação faz a
comunidade se sentir inserida e participante do processo de ensino da escola.
Estimula e enriquece a aprendizagem. Cria o ambiente para aprender e funciona
como motivador da pesquisa. Os introvertidos podem se manifestar com textos
escritos que podem ser aproveitados por seus colegas. Os professores precisam
dos conhecimentos das novas tecnologias não apenas para saber usar, mas para
obter os melhores resultados, estimular seus educandos a buscarem conhecimentos
mais além das necessidades visíveis. De acordo com esse mesmo autor (2012, p.
16):
É necessário que a escola coloque os alunos diante de experiências diversificadas que exijam dos estudantes as capacidades de pensar, criar e agir, enfim, que incitem a busca de uma autonomia do ser. Toda atitude da escola deve ser de produzir experiências que favoreçam o crescimento e o desejo de novas experiências.
É função educativa da escola tornar o educando desejoso de novas
aprendizagens. Ajudar a crescer como cidadão, a romper com preconceitos e aceitar
as diferenças na maneira de pensar. Incentivar a tolerância de ideias e
pensamentos. Dar oportunidades para a busca de informações em várias fontes. O
envolvimento com rádio escolar é uma experiência que produz diferença nas
relações, pois inclui sensibilidade e intensidade nas relações dos membros da
escola (Idem, 2012).
No mesmo sentido Assumpção (2008) argumenta que, o projeto rádio escolar
trabalha com os conhecimentos teóricos e práticos nas formas de vivências na
construção de aprendizagens, o rádio não é só um recurso, estimula e enriquece
criando o ambiente para aprendizagem. Transforma a aula em pesquisa e troca de
49
informação e comunicação. O professor incentiva e motiva. As atividades de ler falar
e ouvir trabalhadas nos programas de rádio são os fundamentos de todas as áreas
do conhecimento. São habilidades usadas juntas no ambiente escolar e no cotidiano
de todas as pessoas.
Para a autora, existe muito trabalho por trás de um programa de rádio. É uma
simulação das etapas desenvolvidas em uma emissora de rádio. Ao desenvolver
certas funções os estudantes constroem conhecimentos com o estímulo do
professor, interagem de forma ativa no processo de conhecimento, todos podem
contribuir, os que não conseguem falar podem escrever. O estudante aprende a
elaborar roteiro, planeja o que deve ser dito, foge do improviso, aprende a organizar
tempo e espaço, elaborar entrevista, reportagem, estruturar ideias, amplia a
criatividade e a imaginação. Estabelece diferença entre a linguagem falada e a
linguagem escrita.
A autocorreção é outra atividade que faz parte do trabalho no rádio. Aprender
que errar é construtivo, pedagógico. Revisar o que se escreve reduz os erros, a
elaboração em conjunto também, faz com que aprendam juntos, buscando apoio em
dicionários e outras fontes. Compreender sobre ética não publicar sem autorização,
respeitar a privacidade das pessoas, ter certeza da veracidade da notícia, valorizar
pessoas. Aprender a ouvir, esperar a vez de falar, respeitar o outro, conviver com
ideias diferentes. Essas vivências enriquecem o ser humano e os tornam melhores
(ASSUMPÇÃO, 2008).
A Lei de Diretrizes e Bases LDB, 9.394/96, no artigo 3º inciso II assevera: -
“Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a
arte e o saber; no inciso XI – Vinculação entre a educação escolar; o trabalho e as
práticas sociais.” As descrições da lei estão em completo alinhamento com o uso da
rádio escolar.
Santos (2010), argumenta que a mídia radiofônica proporciona reflexão ao
transmitir ideias, informações, socialização. Precisa ser usada de forma adequada
por ser um instrumento poderoso capaz de motivar, mudar comportamento,
fortalecer relações entre os envolvidos e contribuir com o processo de ensino e
aprendizagem. O fato de utilizar a linguagem verbal torna suas mensagens mais
fáceis de serem assimiladas que outros meios audiovisuais. Estimula reflexões
críticas, formando seres mais conscientes. É uma forma criativa de interação que
envolve variadas linguagens. Santos (2010, p. 09), assim se expressa:
50
[...] se pode afirmar que, no ambiente discursivo escolar o rádio poderá vir a funcionar como contraponto ao discurso escolar tradicional construindo uma aprendizagem mais inovadora, mais significativa com a voz dos alunos, dos professores e de toda a comunidade escolar.
O conhecimento adquirido como resultado do processo de busca para a
realização dos programas de rádio é crítico e questionador, surge do mundo
vivenciado e das trocas de experiências capaz de possibilitar a tomada de decisões
e posicionamento frente a fatos por ser obtido de maneira participativa e reflexiva,
diferente de apenas ouvir o professor.
É preciso educar para compreender as mídias e utilizá-las de forma
inteligente e abrangente. Aprender a aprender, comparar, sintetizar, descrever e se
expressar. Os meios de comunicação Transmitem informações, mas as tecnologias
não realizam o trabalho de mediação do professor. Ajudam a desenvolver
habilidades, são pontes para o mundo, mostram o mundo de forma mais fácil,
agradável, cheio de novidades, educam entretendo sem esforço, diferente da escola.
Podem se transformar em aliadas a fim de desenvolver a inteligência, habilidades e
atitudes de realização pessoal e social (MORAN, 2008).
Para Mancuso (2012), o trabalho do professor é encontrar oportunidades de
aprendizagem e delas tirar vantagens. “O rádio escolar não tem a intenção de formar
jornalistas e comunicadores para trabalhar nos veículos de comunicação tradicional,
porém os alunos neste ambiente vivenciam determinadas situações próprias desta
função.” (p. 33).
Diante desse contexto Almeida e Valente (2011) apontam que, em atividades
assim o estudante pode incluir outras informações, expressar o que pensa
estabelecer diferentes ligações, interagir com os colegas, compartilhar seu trabalho,
trabalhar em equipe. Para fazer mediação proveitosa o professor necessita dominar
as funcionalidades e operações tecnológicas bem como as possibilidades
pedagógicas considerando o currículo, incluindo as necessidades, expectativas e
condições de aprendizagem dos estudantes. A integração deve ser feita uma vez
que são muitos os benefícios pedagógicos de seu uso.
Segundo os autores supracitados, em uma linha construcionista o professor
pode criar um espaço escolar que possibilite desenvolver atividades relacionadas ao
cotidiano dos estudantes, a fim de que se expressem sobre os assuntos discutidos
na comunidade, tendo espaço para suas ideias, para compartilhar com os colegas,
51
façam investigações e as divulguem. Quando os professores possuem boa
autoimagem e autoestima elevada, sentem prazer em atividades inovadoras. Se as
mudanças almejadas não se encaixam nas crenças e valores dos professores, se
não pertencem às teorias que consideram desejáveis irão resistir, criticar e ficar na
defensiva.
Segundo Assumpção (2009), a rádio escolar amplia o conhecimento cultural e
pedagógico. O conhecimento técnico e artístico da linguagem radiofônica
desmistifica os meios de comunicação, promovendo socialização e prática de
cooperação. Educar para as mídias é criar habilidades para a leitura crítica das
mídias, tomando consciência do seu funcionamento. A rádio escolar é uma prática
educomunicativa.
Para Soares (2002), o educomunicador atua na educação e na comunicação
com o objetivo de formar cidadãos críticos que participem ativamente em seu meio
social. A educomunicação tem como meta a leitura crítica dos meios de
comunicação, visando a interação entre comunicação e educação, desta forma abrir
espaço para o conhecimento crítico e criativo que inclua cidadania e solidariedade.
Na visão do autor (2002), a mediação através de recursos tecnológicos nas
escolas sinaliza a necessidade existente nas escolas de preparar professores e
estudantes para usar de forma adequada recursos tecnológicos nas atividades com
objetivos de ampliar possibilidades expressivas do processo ensino-aprendizagem.
O mundo digital pode aumentar a desigualdade que já é grande no Brasil, existe o
risco do “apartheid digital.” Embora amparada pelas leis, a educação para as mídias
não se efetua pela falta de formação dos professores para utilizar os recursos
tecnológicos no ensino. Soares (2002, p.19), também argumenta:
No Brasil e em todo o mundo, parte considerável do desnível entre pessoas e instituições já é – e será progressivamente ainda mais – resultado da assimetria no acesso e entendimento da informação disponível na sociedade e na consequente capacidade de agir e reagir de forma a usufruir seus benefícios.
O professor precisa ter uma postura pedagógica que supere a visão estreita e
restritiva de mediação, para adotar uma prática pedagógica que amplie
possibilidades de comunicação e expressão em uma educação para a criticidade.
Soares (2002, p. 23), afirma ainda ser necessário “que promova análise crítica dos
meios de comunicação a partir especialmente de seu manuseio [...]”. Uma vez que,
52
as tecnologias por si só não garantem mudanças significativas na educação, pois
não conseguem formar receptores com autonomia e críticos com relação aos meios.
53
2 METODOLOGIA
Neste capítulo apresentam-se o caminho metodológico percorrido pela
pesquisadora ao delinear essa pesquisa quanto à abordagem, ao método utilizado, à
coleta dos dados, à análise destes dados e aos instrumentos e técnicas empregados
na sua realização. Serão apresentados também os resultados a partir dos
instrumentos utilizados e as considerações finais sobre o estudo.
2.1 ABORDAGEM DA PESQUISA
Entende-se que a abordagem metodológica adequada capaz de atender com
eficiência aos desafios que desencadeiam o problema e os objetivos da pesquisa é
a abordagem qualitativa. Segundo Chizzotti (2009), as pesquisas qualitativas se
fundamentam nas interações interpessoais que incluem a coparticipação, pois o
pesquisador participa, compreende e interpreta. Como esclarece o referido autor
(2009, p. 79), no trecho a seguir:
A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações.
Pesquisa aplicada, na visão do autor, tem por objetivo uma utilização imediata
dos conhecimentos produzidos ou a verificação dos dados teóricos no quadro da
prática. A escolha pela abordagem qualitativa se justifica por ser uma pesquisa
realizada na área de educação, pois ressalta as significações que estão inseridas
nas ações e nas práticas. Sobre as atividades envolvidas no trabalho de pesquisa
Chizzotti (2009, p. 35), afirma:
O processo de pesquisa é um conjunto de operações sucessivas e distintas, mas interdependentes, realizadas por um ou mais pesquisadores, a fim de coletar sistematicamente informações válidas sobre um fenômeno
54
observável para explica-lo ou compreendê-lo. É um trabalho complexo que reúne diferentes competências (escrever, sistematizar, analisar), organização pessoal e o domínio de técnicas especializadas (documentação, instrumentos de pesquisa etc.).
O autor indica a posição do pesquisador, que deve agir com tato e prudência,
negociando possibilidades e necessidades apresentadas pelo contexto, que nem
sempre será de consenso. Em todas as etapas da pesquisa deve haver uma relação
dinâmica entre pesquisador e pesquisados, porque é uma tarefa coletiva. Na
realidade da escola pública em que a pesquisa ocorreu, a relação de interação
estabelecida entre os estudantes, a professora titular e a pesquisadora foi de
fundamental importância para o desenvolvimento das atividades educativas, durante
todas as etapas, do planejamento à prática pedagógica, uma vez que havia a
necessidade do envolvimento de todos.
Na visão de Gonsalves (2007), a pesquisa qualitativa preocupa-se com a
compreensão e interpretação do fenômeno, considera o significado que as pessoas
dão às suas ações. Se deve buscar com cuidado todas as fontes e motivos dos
acontecimentos. “Aí estaria o jogo da Ciência: elucidar como os elementos
fenomênicos e essenciais se relacionam, se interpenetram” (IBIDEM p.52).
Durante muito tempo a ciência teve a preocupação de somente descrever e
explicar os fenômenos, com o pesquisador sendo um observador neutro e objetivo.
Agora precisa também estar a serviço das mudanças, tendo a missão de intervir na
realidade para modificá-la qualitativamente. O novo paradigma trás um novo olhar
para os problemas educacionais e busca entender a realidade, o contexto. O sujeito
é visto como “sujeito histórico, dotado de subjetividade e intencionalidades” (SILVA e
MIRANDA, 2012, p. 14).
Ghedin e Franco (2011, p. 73) alertam sobre as qualidades que deve possuir
o pesquisador, sendo muito importante a necessidade de educar o olhar para
perceber o objeto, interpretá-lo para que possa haver compreensão. “Educar o olhar
significa aprender a pensar sistemática e metodicamente sobre as coisas vistas.
Portanto, exige muito mais do que ‘ver’ as coisas; implica perceber o que elas são e
por que estão sendo do modo como se apresentam”.
Para os referidos autores, olhar é sinônimo de pensar e pensar vai além de
olhar, para não correr o risco de aceitar as coisas passivamente, é preciso usar o
olhar crítico. Já Gonsalves (2007), afirma que o pesquisador deve se preocupar com
a compreensão e interpretação do fenômeno, considerar o significado que as
55
pessoas dão às suas ações. Porque o trabalho da Ciência é elucidar como os
elementos se interpenetram e se relacionam.
Foi preciso abordar os participantes da pesquisa de maneira criativa para
atrair a participação e semear o desejo de aprender, experimentar caminhos
diferentes dos padrões conhecidos, abrir possibilidades para uma prática
pedagógica inventiva por meio da rádio escolar. Despertar a curiosidade pelas
mudanças propostas através da intervenção desenvolvida durante a pesquisa,
encarar os desafios com resiliência. São sobre essas questões as considerações a
seguir.
2.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA
A pesquisa foi desenvolvida na Escola Estadual Pedro Elias Albuquerque
Pereira, localizada na periferia da zona oeste de Boa Vista - Roraima. Que foi
escolhida por razões de acessibilidade e do interesse da pesquisadora em
desenvolver a pesquisa no local em que trabalha desde 2001.
2.2.1 Contexto da pesquisa
Em 10 de setembro de 1991, através do Decreto nº 085 foi criada a Escola
Estadual Pedro Elias Albuquerque Pereira, situada na Rua Ametista, nº 631, no
bairro Jóquei Clube, em Boa Vista no Estado de Roraima. Recebeu este nome em
homenagem a um jovem jóquei roraimense, Pedro Elias Albuquerque Pereira,
nascido em 06/04/1965, jovem expressivo, bom filho e companheiro, interrompeu os
estudos para prestar serviço militar na Base Aérea de Boa Vista, onde foi destacado
para Manaus Amazonas. No dia 03 de dezembro de 1984 um acidente em serviço
tirou-lhe a vida. Em homenagem a sua memória, a Escola recebeu seu nome, pela
sua forte personalidade e coragem, pois aos 15 anos já participava no Jóquei-Clube
de Boa Vista, se destacando nas competições.
Durante muito tempo a escola ofertou todo o Ensino Fundamental e a
Educação de Jovens e Adultos, funcionando nos três turnos. Atualmente a escola
funciona com oito salas de aulas no turno matutino e oito no turno vespertino,
atendendo 446 estudantes, matriculados no Ensino Fundamental do 6º ao 9º ano.
Possui 74 funcionários.
56
A direção da escola aceitou a intervenção da pesquisadora e foi feita a
aquisição dos equipamentos da rádio escolar. A professora titular e os estudantes
aceitaram voluntariamente participar e assinaram o termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE A). Quando da instalação dos equipamentos da rádio,
notou-se o erro que ocorreu durante a compra, pois as três caixas de som
adquiridas não vieram equipadas com amplificadores, o que se tornou uma grande
dificuldade. Mesmo com essa realidade a pesquisa foi desenvolvida, usando
somente uma caixa de som grande amplificada, um microfone, um microssistem, os
celulares dos estudantes e da pesquisadora e os CDs dos alunos, da pesquisadora
e dos colaboradores, para divulgar os programas de rádio, elaborados a partir do
planejamento coletivo de aprendizagem com os sujeitos envolvidos na pesquisa:
professora pesquisadora, professora da turma e estudantes.
A escola situada na periferia atende a uma comunidade que possui baixo
poder aquisitivo e pouca escolaridade. Grande parte dos estudantes reside em uma
invasão próxima da escola e quase todos já foram vítima dos constantes assaltos
que ocorrem na região, inclusive em frente e no entorno da escola.
2.2.2 Sujeitos da pesquisa
A escolha das turmas do 6º ano se deu devido a uma intervenção realizada
em 2013, pela pesquisadora, nas duas turmas do 5º ano da escola, sobre rádio
escolar, para continuar com os mesmos estudantes foi feita a opção pelas quatro
turmas do 6º ano: A, B, C e D. A turma A contava com 30 estudantes, identificados
de A1 a A30, a turma B, possuía 31 estudantes, identificados de B1 a B31, durante
a pesquisa, B24 e B28 foram transferidos. Na turma C, eram 28 estudantes
matriculados, identificados de C1 a C28, já a turma do 6º ano D, com 29
estudantes, identificados de D1 a D29, foram transferidos seis: D7, D9, D20, D22,
D24 e D26. Totalizando 110 estudantes. A pesquisa foi realizada de julho a
dezembro de 2014, no turno matutino.
A pesquisa foi desenvolvida com base nos pressupostos da pesquisa
qualitativa, de caráter descritivo. Buscou-se descrever as características dos
estudantes pesquisados, identificar seus aspectos singulares. Quanto ao
procedimento é uma pesquisa participante, pois os dados foram obtidos através das
pessoas, com orientações do método fenomenológico de cunho etnográfico que
57
possibilitou a compreensão e interpretação do problema investigado. A esse
respeito, Chizzotti (2009, p. 82) esclarece:
O pesquisador não se transforma em mero relator passivo: sua imersão no cotidiano, a familiaridade com os acontecimentos diários e a percepção das concepções que embasam práticas e costumes supõem que os sujeitos da pesquisa têm representações, parciais e incompletas, mas construídas com relativa coerência em relação à sua visão e à sua experiência. A descrição minuciosa, cuidadosa e atilada é muito importante; uma vez que deve captar o universo das percepções, das emoções e das interpretações dos informantes em se contexto. O pesquisador deve manter uma conduta participante: a partilha substantiva na vida e nos problemas das pessoas, o compromisso que se vai adensando na medida em que são identificados os problemas e as necessidades e formuladas as estratégias de superação dessas necessidades ou resolvidos os obstáculos que interferiam na ação dos sujeitos.
A pesquisa descritiva tem o objetivo de estudar as características do grupo,
explicá-las e descrevê-las com detalhes, mostrando suas peculiaridades. Com
utilização da observação sistemática para oferecer uma descrição da situação no
momento da pesquisa (GIL, 1999).
Quando tratando dos aspectos da pesquisa descritiva, Gonsalves (2007)
defende que, descrever não é uma tarefa simples porque requer a descoberta da
dinâmica específica e única, ignorando aspectos gerais e periféricos desnecessários
e próprios de qualquer fenômeno, indo à busca de razões específicas. De acordo
com essa mesma autora (2007, p. 67):
A pesquisa descritiva objetiva escrever as características de um objeto de estudo. Entre esse tipo de pesquisa estão as que atualizam as características de um grupo social, nível de atendimento do sistema educacional, como também aquelas que pretendem descobrir a existência de relação entre variáveis. Nesse caso, a pesquisa não está interessada no porquê, nas fontes do fenômeno; preocupa-se em apresentar suas características (p.67).
2.2.3 Procedimentos técnicos
Considerando os procedimentos técnicos, foi adotada a fenomenologia de
cunho etnográfico. Segundo Ghedin e Franco (2011) seu uso em educação,
possibilita visualizar o ensino e a aprendizagem em outros espaços e não somente
em salas de aula. Afirmando que “o pesquisador deve realizar a maior parte do
trabalho de campo pessoalmente, na relação que estabelece com os sujeitos por
meio da observação participante” (p.203). Esclarecem também que a pesquisa
etnográfica não tem a preocupação de fazer generalizações e pode, todavia, indicar
58
caminhos para outras escolas com as mesmas características. Por elucidar várias
questões do dia a dia escolar como rotina, conflitos, questões relativas a prática
pedagógica é também denominada pesquisa do cotidiano escolar.
A pesquisa foi baseada também na teoria hermenêutica como processo de
investigação, pois buscou interpretar a realidade em seu contexto. Baseados nos
princípios da hermenêutica, o estudo possui como objetivo desenvolver
procedimentos de coleta de informações através da observação direta e da
aplicação de atividades e questionários para obter resultados que ensejem
discussões para contribuir com sugestões e debates sobre estratégias pedagógicas
no Ensino de Ciências.
Desse modo, a teoria hermenêutica e a fenomenologia etnográfica
contribuíram com a elaboração de um guia prático para a utilização da rádio escolar
como recurso didático no Ensino de Ciências, estabelecido como um dos objetivos
desta pesquisa.
A pesquisa participante, segundo Xavier 2010, é caracterizada pela interação
entre o pesquisador e os pesquisados. Para desenvolver a pesquisa foi necessário a
interação contínua entre a pesquisadora e os estudantes. O que tornou possível a
elaboração dos programas de rádio, bem como o desenvolvimento de todas as
atividades educativas foi essa interação constante, nas saídas da escola para as
visitas, nas discussões dos desafios a superar para levar ao ar os programas de
rádio, que envolviam ensaios, discussão das pautas dos programas. Adotou-se para
essa pesquisa quanto ao procedimento de coleta de dados a pesquisa de campo
que Gonsalves (2007, p.68), assim define:
Denomina-se pesquisa de campo o tipo de pesquisa que pretende buscar a informação diretamente com a população pesquisada. A pesquisa de campo é aquela que exige do pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre – ou ocorreu – e reunir um conjunto de informações a serem documentadas.
A autora conclui seu pensamento afirmando que a busca pelos dados não é
rígida, mas exige o envolvimento do pesquisador em todas as etapas, pois todas
estão relacionadas, não sendo possível separar a fundamentação teórica do estudo
das outras partes. O pesquisador precisa ter conhecimento do que investiga para
entender o que vai descobrindo durante a pesquisa. A tarefa de coletar os dados
não é algo simples e não pode ser feita por qualquer pessoa, mas pelo pesquisador.
59
Não segue uma hipótese definida antes de iniciar a pesquisa e seu rigor
metodológico é diferente do de outras abordagens, uma vez que, ao interpretar os
dados pode-se precisar ir em busca de novos dados.
De acordo com Oliveira (2013) neste procedimento metodológico está incluído
também a observação, e o pesquisador se faz presente ministrando aula em
colaboração com o professor titular, em constantes diálogos com estudantes e com
o professor. Interagem produzindo novos conhecimentos. O pesquisador registra
anotações sistemáticas no caderno de campo, pois solidifica a experiência, o
conhecimento e valores pessoais, facilita a coleta de dados, permite a análise da
realidade em seu contexto no momento histórico em que se realiza.
Foram também utilizados como instrumento de coleta de dados o questionário
e a escuta atenta que segundo Vieira e Nascimento (2013), o pesquisador ao se
manter em silêncio, prestando atenção nas trocas discursivas entre os estudantes
consegue estabelecer relações entre variáveis.
Como estratégia para responder as questões norteadoras e resolver o
problema da pesquisa, foi proposto o projeto: “Recursos hídricos dos mananciais até
a torneira”, para ser executado durante a pesquisa na escola. De acordo com Moço
(2012), projeto didático é uma forma de organizar e planejar o tempo e os conteúdos
que envolvem uma situação problema, com o objetivo de articular o que os
estudantes devem aprender com a criação de um produto a ser exposto, que pode
ser uma exposição. Serve para ampliar os sentidos das práticas escolares, evitando
a fragmentação dos conteúdos e torna os estudantes corresponsáveis pela
aprendizagem.
Para Moço (2012), o professor precisa delimitar e conhecer o assunto do
projeto, definir o objetivo principal e os secundários; saber o que os estudantes
dominam e o que ainda não dominam; construir o cronograma das atividades;
delimitar a duração do projeto, selecionar os recursos que serão usados e explicar
aos estudantes as metas sociais e cada um dos passos do projeto, para que se
engajem nas atividades e se sintam incluídos no trabalho a ser desenvolvido.
O projeto foi dividido em forma de sequências didáticas aplicadas durante seu
desenvolvimento. Segundo Zabala (2008), sequências didáticas são atividades
organizadas e estruturadas de forma articulada para atingir objetivos educativos,
tendo início e fim conhecido por estudantes e professores. Orienta quanto a:
60
“diagnosticar o contexto de trabalho, tomar decisões, atuar e avaliar a pertinência
das atuações, a fim de reconduzi-las no sentido adequado” (p. 10).
Oliveira (2013) afirma que a sequência didática surgiu na França no começo
dos anos 1980, tendo muita resistência e aos poucos se firmando como proposta.
No Brasil chegou em 1990 com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). D e
acordo com essa mesma autora (2013, p. 54), sequência didática:
É um procedimento para sistematizar o processo ensino-aprendizagem, em que a participação dos alunos é fundamental, indo desde o início com o planejamento para informar aos estudantes o objetivo da sequência didática até o final da sequência com a avaliação e informação dos resultados.
Para efeito de organização e maior controle sobre os dados, a pesquisa foi
dividida em três etapas: a primeira diagnóstica, a segunda organizada em uma
sequência didática com o tema: “Recursos hídricos dos mananciais até a torneira” e
a terceira consistiu na análise e interpretação dos dados. Após a realização das três
etapas as informações obtidas foram utilizadas para elaborar o produto final desta
pesquisa, um guia prático para a utilização da rádio escolar como recurso didático
para o Ensino de Ciências.
As etapas da pesquisa podem ser resumidas conforme a representação da
tabela 1.
Etapa I - diagnóstica Conhecimentos prévios
- Fábula: O lobo e o cordeiro - Caça-palavras - Cruzadinha - Oficina de rádio
- Leitura e interpretação - Dramatização da fábula - Oficina ministrada pelo
radialista João B. Félix da
Silva, no contra turno
61
Etapa II – Sequência
didática
- Elaboração do projeto de aprendizagem “Recursos hídricos dos mananciais até a torneira” - Tratamento da água: - Palestra com funcionária do IBAMA - Palestra do funcionário da Femarh - Visita ao igarapé Wai, confecção de maquetes - Visita à rádio Roraima - Elaboração e ensaio da paródia - Visita à rádio Tropical - Apresentação final do trabalho na escola
- Vídeos educativos - Visita in loco à estação de tratamento da água - Pesquisa na internet sobre tratamento da água - jogo de bingo - Apresentação de slides - Confecção de cartazes, sabão e cartas - Elaborar e apresentar programas de rádio - Mostra pedagógica
Etapa III – Indícios de
alfabetização científica
e dos impactos
causados pelos
programas de rádio.
- Aplicação de questionários
- Avaliação escrita
- Resultados
Tabela 1: Planejamento da pesquisa
2.2.4 Primeira etapa – diagnóstica
A primeira etapa iniciou-se com a leitura do texto o lobo e o cordeiro, após a
leitura os estudantes foram orientados a grifar as palavras que desconheciam para
pesquisar seu significado e feita em seguida a leitura oral do texto de forma coletiva.
Foram então divididos em grupo a fim de estudar o texto e preparar uma
dramatização para apresentar na sala. Para identificar os conhecimentos dos
estudantes foi proposto também um exercício de palavras cruzadas (ANEXO A) e
um exercício de caça-palavras (ANEXO B), com o objetivo de conhecer os conceitos
e representações que os estudantes já dominavam sobre o conteúdo água, para
servir de alicerce aos novos conhecimentos a serem trabalhados. Os estudantes
apresentaram dificuldades, precisaram de ajuda dos colegas, da professora
pesquisadora e também recorreram à pesquisa na internet.
Cabe lembrar o que afirma Veiga (2009), o professor precisa conhecer o que
já conhece o estudante e o que ainda não domina, pois é este o ponto de partida do
trabalho docente. O professor deve adaptar-se às expectativas e necessidades dos
estudantes e não o contrário, se a percepção que o estudante possui da matéria não
for considerada seu sucesso fica comprometido. O ensino deve ser apoiado na
experiência e no senso comum dos estudantes para que de forma refletida por meio
62
da mediação do professor possa ser libertado dos equívocos do conhecimento não
científico e assegurar sua passagem aos conhecimentos científicos.
Para Veiga (2009), os novos conhecimentos precisam ser vinculados à
experiência e conhecimento já assimilados para que possam atrair os estudantes
para novos conhecimentos, as questões colocadas aos estudantes devem trazer à
tona as contradições entre conhecimentos e necessidades, fazer surgir o desejo de
adquirir habilidades e hábitos que não possuem.
Na visão de Vygotsky (2007), antes de qualquer intervenção o professor
precisa conhecer o nível de desenvolvimento real dos estudantes, que é medido por
sua capacidade de solucionar problemas sozinhos de forma independente, também
deve conhecer seu nível de desenvolvimento potencial, que é sua capacidade de
solucionar problemas e questões com a ajuda de colegas mais experientes ou do
professor. A zona de desenvolvimento proximal é definida pelas funções que ainda
não estão alcançadas, mas em processo de maturação, representam o potencial
para a aprendizagem, é a região do desenvolvimento cognitivo, dinâmica, espaço de
atuação do professor.
2.2.5 Segunda etapa: sequência didática
No início da segunda etapa o planejamento das atividades foi apresentado
aos estudantes para esclarecer as etapas do trabalho e incentivá-los a se tornarem
pesquisadores. Reagiram com entusiasmo dando sugestões e acordos foram
estabelecidos. Ficou acordado que os estudantes iriam coletar o óleo usado em
casa e guardar em uma garrafa PET, para ser usado posteriormente na escola,
quando fosse suficiente para a confecção de sabão caseiro. Outro acordo
importante, foi o compromisso de economizar água, estabelecendo parcerias em
casa, a fim de reutilizar a água da máquina de lavar roupa para molhar plantas e
lavar calçada, também usar restos de comida e cascas de plantas e de legumes
como adubo nas plantas e canteiros. O objetivo era descobrir se essas ações eram
proveitosas e positivas.
O tema recursos hídricos é um conteúdo indicado para ser trabalhado no 6º
ano do Ensino Fundamental. Neste trabalho foi feita a opção de buscar uma
alternativa distante do ensino centrado na transmissão de conhecimentos pelo
professor, para estabelecer uma mediação coerente com tal perspectiva buscou-se
auxílio na pedagogia de projetos, por incluir alternativas que abrangem conteúdos e
objetivos conceituais, procedimentais e atitudinais. Para introduzir o tema água foi
63
apresentada a fábula O lobo e o cordeiro, rica de significados, pela comparação que
é possível ser feita entre o cordeiro que foi injustiçado e a água que também sofre
muitas injustiças.
O lobo e o cordeiro
Um cordeiro a sede matava nas águas limpas de um regato.
Eis que se avista um lobo que por lá passava em forçado jejum, aventureiro inato, e lhe diz irritado:
- ‘Que ousadia a tua, de turvar, em pleno dia, a água que bebo! Hei de castigar-te!’
- ‘Majestade, permiti-me um aparte’ – diz o cordeiro.
- ‘Vede que estou matando a sede água a jusante, bem uns vinte passos adiante de onde vos encontrais. Assim, por conseguinte, para mim seria impossível cometer tão grosseiro acinte.’
- ‘Mas turvas, e ainda mais horrível foi que falaste mal de mim no ano passado.
- ‘Mas como poderia’ – pergunta assustado o cordeiro -, ‘se eu não era nascido?’
- ‘Ah, não? Então deve ter sido teu irmão.’ – ‘Peço-vos perdão mais uma vez, mas deve ser engano, pois eu não tenho mano.’
- ‘Então, algum parente: teus tios, teus pais... Cordeiros, cães, pastores, vós não me poupais; por isso, hei de vingar-me’
- e o leva até o recesso da mata, onde o esquarteja e come sem processo.
Quadro 1: Texto para leitura e interpretação
Fonte: Piza e Terán (2013, p 10).
O texto foi estudado e interpretado, procuradas as palavras desconhecidas e
em seguida dramatizado, para que seu rico conteúdo fosse compreendido sendo
feito um paralelo ao que acontece com as fontes das águas que à semelhança do
cordeiro não podem se defender de seus predadores. Pois na visão de Chassot
(2011, p. 17):
São lobos as indústrias que descartam em arroios seus dejetos contendo materiais tóxicos, mesmo sabendo que estes arroios são tributários de rios piscosos e que abastecem estações de tratamento de água para vilas e cidades. São lobos homens e mulheres que usam água tratada para lavar calçada ou automóveis fingindo inocentemente desconhecer o preço da mesma.
Ainda segundo o autor vale muito a pena usar o tema água para ensinar
alfabetização científica. Após o estudo do texto, os estudantes foram levados para
a estação de tratamento de água de Boa Vista (CAER).
64
Segundo Alves (2014), trabalhar com projetos envolve ações organizadas em
uma sequência didática intencional, com princípio meio e fim. Configura-se uma
proposta de ensino e aprendizagem emancipatória e autônoma, fundamentada na
problematização de situações que envolvem o dia a dia dos estudantes que
transformadas em conhecimentos apontam soluções, ajudando no desenvolvimento
de atitudes que contribuem para a formação cidadã e os torna sujeitos ativos da
própria aprendizagem. Uma estratégia motivadora que favorece a mudança de
comportamento.
A escolha da temática água também se deu por sua relevância na vida de
todos, por ser um tema tratado com frequência na mídia atualmente, por afetar
diretamente o futuro da humanidade e por se tratar de uma questão ambiental
mundial. A água é um patrimônio essencial que necessita ser utilizado de forma
racional para não comprometer os objetivos de sustentabilidade da humanidade.
Mudar o olhar muitas vezes desatento a essa questão faz muita diferença.
Com o lançamento do projeto, os estudantes foram incentivados a pesquisar,
dar sugestões, a participar como pesquisadores. Como estratégia inicial os
estudantes participaram no contra turno de uma oficina de rádio ministrada por um
radialista. Assistiram ao vídeo que tratava sobre a água invisível para debaterem
sobre as ideias apresentadas e confeccionar cartazes. Aceitaram sua parte nas
atividades como, por exemplo, armazenar óleo de cozinha usado para fazer sabão
caseiro na escola; fazer reúso da água da máquina de lavar roupas para economizar
água; usar restos de cascas de frutas e de verduras para adubar as plantas.
As palestras ministradas durante esta etapa foram importantes para trabalhar
os conceitos de mata ciliar, doenças de veiculação hídrica, etapas do tratamento da
água, etc. As visitas realizadas na Companhia de Água e Esgoto de Roraima
(CAER), no igarapé que fica nos arredores da escola e nas duas estações de rádio,
foram fundamentais para o desenvolvimento do projeto. Participar na confecção do
sabão caseiro e leva-lo para casa também foi importante como será mostrado nas
páginas que tratam dos resultados desta pesquisa.
A segunda etapa da pesquisa culminou com a apresentação dos trabalhos
para as turmas do 7º ano A, B, C e D. Foram feitos os arranjos para que cada turma
do 6º ano apresentasse seu trabalho a uma turma do 7º ano. Os estudantes do 7º
ano receberam uma folha contendo os pontos a serem por eles avaliados durante a
apresentação dos trabalhos.
65
2.2.6 Terceira etapa: Avaliar os impactos da rádio escolar e indícios de
alfabetização científica
Esta foi a etapa da avaliação do projeto e ocorreu não só ao final das
atividades, mas teve lugar também durante o desenvolvimento do projeto. A
avaliação realizada buscou descobrir os impactos causados nos estudantes pela
participação nos programas de rádio, tanto dos que participaram ativamente como
os que foram somente ouvintes. Buscou-se ainda vestígios de alfabetização
científica como resultado das atividades desenvolvidas. Para tanto foram utilizados
questionários, exercícios escritos e observações no decorrer das atividades.
No decorrer do processo foram realizados encontros com os estudantes para
refletir e discutir sobre o desenvolvimento das atividades, procurando fortalecer os
pontos positivos encontrados e buscar soluções juntamente com os estudantes para
as dificuldades e problemas encontrados.
Nas próximas páginas serão apresentados os resultados e discussões que
finalizam a trajetória metodológica proposta por este trabalho.
66
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na estação de tratamento de água (CAER), os estudantes conheceram o
trabalho realizado para tratar a água da captação até as torneiras. Na escola
realizaram relatórios sobre a visita (Figuras 2 e 3).
Figura 2: Estudantes visitando a estação de tratamento da água
Fonte: Acervo da autora.
Figura 3: Funcionário da CAER explicando o processo de tratamento da água
Fonte: Acervo da autora.
Figura 3: Funcionário da CAER explicando o processo de tratamento da água
Fonte: Acervo da autora.
67
Durante as apresentações dos relatórios foi possível perceber a importância
dessa visita para os estudantes. Ao saber da quantidade de produtos e do tempo
gasto no tratamento da água, ficaram mais propensos a economizar esse precioso
líquido.
Segundo Nigro (2007), quando os trabalhos práticos são integrados aos
trabalhos escritos possibilitam a produção do conhecimento. Leitura e escrita são
atividades centrais na atividade científica, “a educação em ciências deve privilegiar o
trabalho com textos” (p. 53). Falar, observar e escrever é tão importante como
manipular aparatos. O conhecimento só evolui e é acumulado quando é escrito. As
práticas sociais da Ciência não seriam possíveis sem texto. A educação em ciências
não pode utilizar a leitura e a escrita como opcional, pois é fundamental para a
alfabetização científica.
Nas leituras dos relatórios foi possível perceber o quanto gostaram da visita,
como se pode ver no relato a seguir:
Figura 4: Relatório de um grupo de estudantes sobre a visita realizada na
estação de tratamento da água
68
As fases do tratamento da água foram revistas em uma apresentação da
pesquisadora com slides, para rever o conteúdo estudado e as fotos registradas
durante a visita, os estudantes participaram ativamente lembrando as etapas
visitadas. Foram feitas perguntas sobre o tema e aproveitada a oportunidade de
reforçar pontos importantes aprendidos. Dessa forma uma avaliação da visita foi
realizada em conjunto com os estudantes apontando muitos pontos positivos pelas
respostas e os depoimentos apresentados.
Logo que foi realizada a visita à estação de tratamento os programas de rádio
começaram a ir ao ar, organizados em grupos de cinco componentes, os estudantes
realizavam os programas com duração de 15 minutos indo ao ar na hora do recreio.
Os equipamentos usados eram uma caixa de som grande, um microfone, celulares,
tabletes e um computador. Cada semana uma turma ficava responsável pelos
programas, sobre a coordenação da pesquisadora que acompanhava cada etapa.
Figura 5: Estudantes apresentando programas de rádio
A programação foi elaborada sobre os acontecimentos da sala de aula e da
escola. Os estudantes informavam como foi a visita à estação de tratamento da
água, apelando aos ouvintes que economizassem água, porque é caro tratar e o
desperdício está errado, liam seus textos, davam recados, ofereciam músicas, sobre
o tema água, notícias locais, curiosidades, adivinhações, etc. Cada grupo usava o
tempo de forma a inovar, até com concurso de dança em que o prêmio foi um
sorvete. O concurso de dança ocorreu no pátio, sendo uma das atrações da rádio.
69
Figura 6: Estudantes usando celular na apresentação da rádio
Foi solicitado aos estudantes que respondessem a um questionário
(APÊNDICE I) sobre o tratamento da água. O número total de estudantes que
responderam ao questionário e o devolveram foram 25 estudantes. A tabulação dos
dados encontra-se na tabela 2.
QUESTÕES CORRETAS ERRADAS EM PARTE
O que é captação? 20 01 04 Após a decantação a água está pronta para o consumo?
19 06 00 Quais os últimos produtos usados no tratamento da água? 25 00 00 Por que no tratamento da água se utiliza cloro gasoso e flúor?
16 01 08 Toda a população de Boa Vista recebe água tratada?
25 00 00
TOTAL 105 07 04
Tabela 2: Construção de conceitos sobre o tratamento da água
Nas respostas ao questionário foi possível analisar a alfabetização científica
na formação de conceitos como mostra a figura a seguir:
70
Figura 7: Respostas sobre as etapas do tratamento da água
A análise dessas respostas permitiu observar um crescimento no
desenvolvimento discente, reconhece que a água tratada não chega a toda a
população, compreende o conceito de decantação. O que é uma demonstração de
alfabetização científica. Para Chassot (2008) a Ciência tem a incumbência de
explicar e mudar o mundo. Professores ao ensinar Ciências podem formar pessoas
mais críticas para ajudar a preservar o planeta. “Há necessidade de investirmos em
alfabetização científica.” (p. 72). Chassot (2008, p. 73 e 74), afirma também que:
Entender a Ciência nos facilita, também, contribuir para controlar e prever as transformações que ocorrem na natureza. Assim teremos condições de fazer que estas transformações sejam propostas, para que conduzam a uma melhor qualidade de vida. Isso é por sabermos Ciência seremos mais capazes de colaborar para que as transformações que envolvem o nosso cotidiano sejam conduzidas para que tenhamos melhores condições de vida. Homens e mulheres por conhecerem a Ciência se tornaram mais críticos e ajudaram nas tomadas de decisões para que as transformações que a Ciência promove no ambiente sejam para melhor. Só isso faz com que seja importante contribuirmos para uma cada vez mais eficiente alfabetização científica. Assim, estaremos ajudando a formar jardineiros para cuidar melhor do planeta.
Os estudantes assistiram a um vídeo da TV escola sobre o cuidado com os
mananciais, igarapés e sobre a água invisível que está nos alimentos. Depois
discutiram os pontos importantes do vídeo e cada um pode manifestar sua opinião
71
fazendo alertas sobre o desperdício da água através de cartazes. Como enfatizam
Piza e Terán (2013, p. 30 e 31):
A crise da água não admite que nenhum usuário seja excluído, ou seja, ninguém, rico ou pobre, nações desenvolvidas ou em desenvolvimento, pode dizer que o problema não o afeta, porque a água é importante em qualquer aspecto da vida. Todavia, os pobres do mundo continuam a ser mais afetados devido à falta de recursos financeiros para fazer face aos custos crescentes do acesso a água limpa para beber ou para ter conforto e a higiene exigida pela modernidade.
Os autores afirmam também que a educação sobre o meio ambiente é uma
espécie de treinamento ambiental, permite que estudantes modifiquem atitudes,
ensina habilidades que evitem desperdício e degradação ao meio ambiente e
desenvolve comportamento responsável. A escola não está conseguindo ensinar a
sabedoria só tecnologia e informações. O cuidado com a água não precisa estar
ligado ao preço, todos precisam economizar água, sendo responsável por
economizar e evitar a contaminação. Adquirir bons hábitos para consumo e
tratamento da água e do meio ambiente é tarefa da educação.
O tema água faz parte do currículo de Ciências e de Geografia no Ensino
Fundamental, é recomendado nos PCNs, (Parâmetros Curriculares Nacionais),
fazendo parte do tema transversal Meio Ambiente que deve ser tratado nas outras
disciplinas também. Segundo os PCNs, deve ser aprendido em atividades práticas
para facilitar o conhecimento do saber científico. Alerta também para que o professor
faça seu planejamento de acordo com a realidade da comunidade, ou seja, seu
contexto social.
A funcionária do IBAMA ministrou uma palestra sobre a conservação e
qualidade da água (Figura 8). Após a palestra realizou um jogo de bingo sobre o
tema e os estudantes que ganharam no bingo receberam livros de brinde. Segundo
Kishimoto (2013, p. 106-107), “O jogo não pode ser visto, apenas, como divertimento
ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico,
cognitivo, afetivo, social e moral.” De acordo com essa mesma autora (2013, p. 40):
O jogo ao ocorrer em situações sem pressão, em atmosfera de familiaridade, segurança emocional e ausência de tensão ou perigo proporciona condições para aprendizagem das normas sociais em situações de menor risco. A conduta lúdica oferece oportunidades para experimentar comportamentos que, em situações normais, jamais seriam tentados pelo medo do erro e punição.
72
Figura 8: Funcionária do IBAMA realizando palestra e o jogo do bingo
Aos poucos os programas de rádio foram tendo maior participação da
comunidade escolar. Pediam para anunciar eventos, os professores pediam para
avisar de suas atividades e prazos de entrega de trabalhos, estudantes de escolas
vizinhas anunciavam seus eventos, pessoas que perdiam objetos pediam ajuda, etc.
A figura 9 mostra os estudantes ouvindo os programas da rádio durante o recreio.
Figura 9: Estudantes ouvindo a rádio escolar durante o recreio
A responsável pela merenda da escola pediu que a rádio informasse que
estavam desperdiçando merenda e que por esta razão faltava para quem queria
repetir. Foram elaborados programas sobre o desperdício de comida por ser
também desperdício de água. Segundo Shirts (2014, p.03) “Usamos 70% da água
disponível no mundo para produzir comida. Por isso, ao evitar o desperdício, você
73
poupa esse recurso natural.” A cadeia produtiva dos alimentos é movida a muita
água. O mesmo autor (2014, p.03 e 04), assevera que:
Para cada quilo de carne bovina são gastos 15 mil litros de água, desde o plantio do alimento para o gado até a limpeza de seus dejetos. Seguindo a mesma lógica, gasta-se: um quilo de frango 4000 litros, um quilo de ovos 3000 litros, pó para uma xícara de café 140 litros, barra de chocolate 1700 litros. A água que não vemos, mas que é usada em tudo que é produzido, é chamada de pegada hidrológica, e precisa ser levada em conta para se fazer melhor uso desse recurso.
Na visão de Mancuso (2012) “O trabalho do professor é reconhecer as
oportunidades de aprendizagem que ocorrem dentro do espaço escolar e tirar
vantagem delas” (p.28). O rádio estimula e enriquece a aprendizagem, cria ambiente
para aprender, funciona como potencial para pesquisa.
Outra parceria importante foi feita com a Fundação Estadual do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), que através da Divisão de Educação
Ambiental enviou Richard Marcelo Silva Costa que ministrou palestras, forneceu
material para estudos, enriquecendo o debate (Figura 10).
Figura 10: funcionário da Femarh, Richard Costa ministrando palestra
A palestra do colaborador da Femarh foi sobre Educação Ambiental quando
falou da situação precária da educação ambiental de Roraima e da situação da água
no mundo e no Brasil. Segundo Richard Costa3 educação ambiental é:
3- COSTA, Richard. Preservação Ambiental. Palestra proferida na Escola Pedro Elias, Boa Vista -
RR, 01 set. 2014.
74
Um processo permanente de formação e informação que procura desenvolver uma consciência crítica para a identificação e busca de soluções dos problemas ambientais. Segundo a Lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999, é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo formal e não formal. Para que as pessoas possam adquirir mais conhecimentos, novos valores, novas experiências, que lhe permitirão agir individualmente e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que eles se repitam no futuro.
Sobre a questão da água o palestrante concedeu importantes informações
que foram divulgadas pela rádio escolar. A água contaminada pode causar a morte,
em consequência de doenças, que matam mais de cinco milhões de seres humanos
por ano. Uma pessoa que consome água não tratrada pode contrair várias doenças,
dentre elas: febre tifoide, cólera, leptospirose, diarreia, hepatite e verminoses. Água
poluída é a água que apresenta alterações físicas, como: cheiro, turbidez, cor ou
sabor. Normalmente, a alteração física é consequência da contaminação química,
geralmente devido à presença de substâncias, como: elementos estranhos ou
tóxicos. Água contaminada é a água que contém agentes patogênicos vivos, sejam
bactérias, vermes, protozoários ou vírus. Essa água não é potável, logo não deve
ser utilizada. Na geladeira a água para beber deve ser mantida em recipiente
fechado para que o cloro que é volátil não saia e deixe a água sem a proteção
contra as cáries.
Preciosas dicas também foram apresentadas pelo palestrante sobre como
evitar o desperdício da água: não lavando calçadas, ao escovar os dentes fechar a
torneira, tomar banhos rápidos e não deixar o chuveiro ligado à toa, fechar bem as
torneiras, regular as descargas, não jogar nos rios aquilo que os peixes não podem
comer. Preservar as nascentes, os rios, os lagos, evitar o desmatamento e o
assoreamento dos corpos d´água. Concluiu sua palestra afirmando: “A água será o
bem natural mais valioso do terceiro milênio. A nossa qualidade de vida e a vida das
gerações futuras dependem do que fizermos agora. É preciso lembrar sempre sem
água sem vida”.
Chassot (2003) considera necessário a escola ter um papel mais atuante na
disseminação do conhecimento reflete afirmando: “sonhadoramente pensar na
escola como pólo de disseminação de informações privilegiadas” (p.90). As
propostas para o Ensino de Ciências, precisam incluir nos currículos os aspectos
sociais e pessoais dos estudantes. Os alfabetizados cientificamente têm facilidade
75
de ler o mundo onde vivem e entendem a necessidade de transformá-lo em algo
melhor. O compromisso ético das ciências é o de ajudar homens e mulheres na
solução de importantes problemas.
Richard Costa afirmou que Boa Vista apresenta um crescimento
desordenado que está prejudicando os igarapés da cidade, com habitações
construídas em locais proibidos por destruir a mata ciliar. Há também o problema da
poluição crescente dos igarapés da cidade pelos moradores. Próximo a escola o
igarapé Wai se encontra em uma situação bem difícil, com destruição da mata ciliar
para a construção de residências e poluído com todo tipo de lixo jogado pelos
moradores, que fazem parte da comunidade atendida pela escola.
Os estudantes foram até o igarapé Wai (Figura 11), para observar a situação
em que se encontra para divulgar na rádio a necessidade de cuidar e evitar a
poluição. Durante a visita os alunos viram a situação das casas que estão
construídas em local inadequado, ficaram surpresos ao ver a bola da escola jogada
dentro do igarapé, logo ficou claro que os próprios estudantes da escola estão
jogando lixo no igarapé. Após a visita ficou decidido fazer campanha através da
rádio, paródia, cartazes, carta para as autoridades pedindo a limpeza do igarapé
Wai. Todos os alunos do 6º ano redigiram de forma individual uma carta ao
Secretário do Meio Ambiente de Boa Vista, para que fosse escolhida uma delas para
enviar em nome da escola. A carta escolhida foi a da estudante A19, que contou em
sua carta que caiu dentro do igarapé, quando vinha para a escola e ficou muito
doente, só não morreu porque um senhor que passava no momento lhe socorreu.
(APÊNDICE F).
Para que todas as turmas fossem visitar o igarapé foi feito um acordo com a
professora de Educação Física, que juntamente com a professora pesquisadora
levou os estudantes no primeiro tempo de sua aula, quando o sol era mais brando,
pois o trajeto foi feito a pé por ser próximo da escola, todos fizeram caminhada, na
verdade uma aula diferente de Educação Física e Ciência, assim foi possível
observar o igarapé em três pontos distintos, todos apresentando os mesmos
problemas: muito mal cheiro, lixo em seu leito e ao redor, casas em áreas proibidas
que destruíram a mata ciliar. Durante o trajeto o aluno do 6º ano B15, contou que
seu pai lhe disse que há alguns anos atrás havia pescado e tomado banho no
igarapé Wai, que na época era limpo.
76
Figura 11: Igarapé Wai, poluição e mata ciliar destruída
Conforme argumentam Piza e Terán (2013) muitos são os professores que
usam o livro didático como único recurso pedagógico ao ministrar aulas. E esta é a
razão para desencadear uma visão estreita e fora da realidade dos conteúdos
trabalhados. Resultando em decepção com os resultados dos esforços do trabalho.
Quando na verdade poderiam utilizar espaços da comunidade como recurso. Os
autores (2013, p.26), concluem seu pensamento afirmando que:
A história da humanidade não pode ser contada e compreendida sem a apropriação humana dos rios e dos recursos naturais por eles oferecidos. Analisados sob uma perspectiva antropológica, os rios são uma extensão das pessoas, da forma como elas vivem e se relacionam, refletem o que o ser humano faz com a natureza e as águas refletem o que os homens fazem fora delas. A história da água, seus usos e contaminações também estão relacionadas à saúde, pois a espécie humana é afetada por muitas doenças de veiculação hídrica, que são causadas por organismos que se desenvolvem na água ou que tem parte de seu ciclo de vida em vetores que crescem em sistemas aquáticos.
Os programas de rádio informaram sobre a situação do igarapé. Para ajudar
na campanha foi escrita uma paródia, que foi acompanhada pelas flautas tocadas
por dois alunos do 6º ano A: A13 e A22, todas as turmas ensaiaram e apresentaram
a paródia na escola no dia da exposição dos trabalhos.
Paródia da Música Asa Branca
Letra: Iomar Pereira
Música: Luiz Gonzaga
Quando olhei o igarapé Wai cheio de tanta sujeira
77
Eu perguntei a Deus do céu ai porque tamanha judiação (Bis)
Tem cachorro e gato morto, até a bola da escola.
Está fedendo está poluído, ninguém se importa ninguém está vendo (Bis)
Pedro Elias consciente, disse não pode ser não.
Vamos chamar as autoridades, pra resolver a situação (Bis)
Você que mora aqui perto não faça mais isso não O igarapé é nosso amigo e não podemos matá-lo
não (Bis)
Quadro 2: Paródia da música Asa Branca.
Figura 12: Estudantes apresentando a paródia
A paródia fez muito sucesso e foi possível perceber que os estudantes foram
mobilizados ficaram sensibilizados. Foi sugerido que respondessem a um
questionário após as atividades sobre o igarapé Wai. Eram livres para responder
ou não. 55 responderam. Pela análise das respostas (tabela 2) é possível afirmar
que houve uma mudança positiva no olhar dos estudantes, que passaram da visão
ingênua para a visão crítica da situação. Segundo Piza e Terán (2013) “O ensino de
ciências com alto potencial para a formação de pensamentos críticos sobre o saber
ambiental, está orientado dentro do contexto social e na realidade ecológica e
cultural onde se situa os sujeitos e atores do processo educativo.” (p. 55).
78
QUESTÕES VISÃO CRÍTICA VISÃO INGÊNUA
As casas próximas ao igarapé apontam quais problemas? 55 00 Quais as causas da poluição do igarapé? 55 00 Que doenças as águas contaminadas podem provocar? 55 00 O que se deve fazer para evitar que as águas fiquem assim? 55 00 Quem são os responsáveis pela situação do igarapé Wai? 49 06 TOTAL 269 06
Tabela 3: Construção da visão crítica mediante a observação do igarapé
As respostas para a pergunta: Quais são os responsáveis pela situação do
igarapé Wai foram consideradas ingênuas as respostas que apontavam somente
para as autoridades como responsáveis. Felizmente somente seis estudantes assim
analisaram a questão, a maioria respondeu que os moradores são responsáveis
também assim como as autoridades competentes por fazerem vista grossa ao
problema. Uma aluna comentou que o pai pagou uma multa e pôde construir a casa
no lugar que antes havia um buritizal.
Segundo Freire (2009) a modificação da ingenuidade para o pensar crítico
não é automática, necessita ser desenvolvida com atividades que incentivem de
forma contínua e progressiva a curiosidade crítica. Respeite o conhecimento do
educando que se baseia no senso comum para que possa fazê-lo superar, desafia e
incentiva o desenvolvimento de suas potencialidades. Não se fará sem planejamento
cuidadoso. O pensar certo transmite a consciência da historicidade do ser humano,
lhe confere a certeza de que pode intervir no mundo, conhecê-lo, buscar sempre
mais conhecimento, pesquisa e se pesquisa, educa e se educa, está sempre a
procura de novos achados. Esse mesmo autor (2009, p. 30), questiona:
Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde?
O autor reflete asseverando que aprender de forma crítica exige do educador
e dos educandos que sejam instigadores, criadores, inquietos, rigorosos,
persistentes, curiosos, humildes e perseverantes. Não deve haver transferência de
conhecimento entre educador e educandos, os educandos precisam se transformar
em sujeitos da construção e reconstrução do próprio conhecimento. A importância
do trabalho do educador é evidenciada pela sua atribuição de incentivo ao
pensamento correto e jamais repetidor do pensamento dos outros.
79
Piza e Terán (2013) corroboram asseverando que o cuidado com a água não
precisa estar ligado ao preço, todos precisam economizar água, sendo responsável
por economizar e evitar a contaminação. Adquirir bons hábitos para consumo e
tratamento da água e do meio ambiente é tarefa da educação. A educação pode
fazer nascerem nas pessoas outras formas de ver e lidar com o meio ambiente e
nessas mudanças o trabalho dos professores principalmente do Ensino
Fundamental é muito importante. A mudança na maneira de se relacionar com a
água, inclui o reúso, aperfeiçoar usos variados, educar para questões sanitárias e
sustentabilidade. De acordo com esses mesmos autores (2013, p. 44):
A conservação da água depende, sobretudo, de ações educativas junto à comunidade, que deve ser esclarecida com relação aos prejuízos que a poluição pode provocar, e do conhecimento de uma série de leis que as autoridades devem implantar e monitorar. Os desafios atuais incluem basicamente a conservação dos mananciais e a preservação das fontes de abastecimento superficiais e subterrâneas, incluindo os usos adequados do solo, reflorestamento e proteção da vegetação incluindo as matas ciliares.
A carta da estudante ao Secretário do Meio Ambiente foi entregue na
Secretaria do Meio Ambiente com as assinaturas dos demais estudantes, junto com
um ofício enviado pela escola. Não houve resposta até o momento da entrega dessa
dissertação.
.Os estudantes armazenaram óleo de cozinha usado e trouxeram para fazer
sabão caseiro (Figura 13), conseguiram receitas com as avós e as mães, juntaram
todo o material necessário com a ajuda da pesquisadora, tomados o cuidado com a
proteção para os possíveis perigos, foi feito na escola com as quatro turmas. O
sabão foi distribuído entre os estudantes, uma parte foi doada para a copa da
escola. Fez um grande sucesso, aprovado pelas copeiras e pelas mães, que pediam
a receita. Todas essas atividades foram divulgadas na rádio.
80
Figura 13: Estudantes fazendo sabão caseiro na escola
Segundo Hélio Matar4 O óleo de cozinha usado vale muito quando
reaproveitado. A transformação começa em casa. Guardando o óleo em uma garrafa
de plástico, do tipo PET. O óleo usado pode virar sabão, 90% biodegradável,
excelente para lavar roupas. O óleo de cozinha também é utilizado na produção do
biodiesel, combustível renovável, que emite 48% menos CO2, quando comparado
com o diesel comum. Uma ação vários benefícios, guardando o óleo usado em
garrafas diminui as chances de ter entupimentos em casa e reduz o impacto na
natureza. “um litro de óleo pode contaminar até um milhão de litros de água”. Um
dos grandes problemas da poluição de mananciais vem do hábito de jogar o óleo
usado em fritura no encanamento.
No final do terceiro bimestre foi organizada uma Mostra Pedagógica com
todas as atividades desenvolvidas com as quatro turmas (Figuras 14 e 15). Os
estudantes organizados em grupos apresentaram os trabalhos para os colegas das
outras turmas. O 6º ano A para o 7º A, o 6º B para o 7º B, 6º C para o 7º C e o 6º D
para o 7º D. Foi entregue uma ficha de avaliação para os estudantes dos sétimos
anos para que avaliassem os trabalhos dos colegas (Figura 16).
4 Diretor do Instituto Akatu. In Manual de Etiqueta Planeta Sustentável. Parte integrante da revista
Veja. Ed. 2035. Publicação do Movimento Planeta Sustentável e da Editora Abril.
81
Durante as apresentações os estudantes apresentaram o sabão que foi feito
por cada turma, a maquete do igarapé Wai mostrando sua situação, as fotos, a
forma correta de molhar as plantas com regador, como se deve manter as garrafas
de água na geladeira e também a exposição sobre a água que não vemos e que
está presente nos alimentos.
Figura 14: Exposição do material necessário e do sabão caseiro
Figura 15: Estudantes apresentando seus trabalhos
Os estudantes do 7º ano A, B, C e D foram convidados a colaborar avaliando
o trabalho dos colegas. Receberam uma ficha contendo as questões que deviam
analisar.
82
Figura 16: Ficha de avaliação utilizada pelos estudantes do 7º ano
Foram entregues 120 fichas de avaliação, porém somente 100 foram
devolvidas preenchidas, os resultados obtidos podem ser observados no gráfico a
seguir.
Gráfico 1: Resultado das avaliações dos estudante
0
20
40
60
80
100
TOTAL REGULAR BOM MUITOBOM
EXCELENTE
Avaliação da Exposição dos Trabalhos
TOTAL
REGULAR
BOM
MUITO BOM
EXCELENTE
83
Chamou atenção uma estudante do 7º ano B que ao devolver a ficha de
avaliação revelou que estava se sentindo importante por avaliar o trabalho dos
colegas.
Os estudantes foram conhecer a Rádio Roraima, ocasião em que a
pesquisadora deu uma entrevista ao vivo sobre o trabalho que estava realizando
(Figura 17). A estudante B6 cantou ao vivo (Figura 18), dois estudantes foram
entrevistados. Todos visitaram as dependências da rádio e ganharam um DVD de
rádio novelas e músicas. Pediram autógrafos para os locutores e voltaram para a
escola encantados.
Figura 17: Funcionário da Rádio Roraima e radialista com estudantes
Figura 18: Estudantes participando ao vivo na Rádio Roraima
84
Durante a visita feita a rádio Roraima os estudantes foram convidados pela
radialista Consuelo Oliveira a visitar também seu programa na Rádio Tropical. Feito
os acertos foi feita a visita. Foram entrevistados ao vivo três estudantes, a
pesquisadora e o funcionário da escola que também é locutor e deu a oficina de
rádio para os estudantes. Nesta ocasião os estudantes puderam acompanhar o
trabalho dos repórteres bem de perto, foi um grande aprendizado, pois permitiu uma
visão maior dos trabalhos realizados nas emissoras de rádio.
Figura 19: Estudantes na Rádio Tropical
Segundo Mancuso (2012) o projeto rádio escolar trabalha com os
conhecimentos teóricos e práticos nas formas de vivências, na construção de
aprendizagens, o rádio não é só um recurso, estimula e enriquece criando o
ambiente para a aprendizagem. Transforma a aula em pesquisa e troca de
informação e comunicação. “O rádio escolar não tem a intenção de formar jornalistas
e comunicadores para trabalhar nos veículos de comunicação tradicional, porém os
alunos neste ambiente vivenciam determinadas situações próprias desta função”
(p.33).
Para Soares (2008), o trabalho como “radialista” desperta o interesse pelos
bastidores das emissoras de rádio que os estudantes desejam conhecer de perto,
descobrir como montam os programas, como as pautas são levantadas e apuradas,
o formato utilizado na programação do rádio, os torna conhecedores do processo de
atividades com mídias e deixa mais próximo do exercício pleno da cidadania
garantido pelo direito à expressão.
85
Foi criado um mural para divulgar as atividades realizadas (Figura 20).
Figura 20: Mural da Rádio
Após as atividades os alunos responderam a dois questionários (APÊNDICE
H e J) dessa vez as perguntas foram sobre as atividades da rádio escolar. Os
questionários foram propostos com o objetivo de responder à questão norteadora da
pesquisa: De que modo a rádio escolar pode contribuir para o processo de
construção e produção de conhecimentos no Ensino de Ciências?
Um questionário foi direcionado aos estudantes que apresentaram os
programas de rádio e o outro aos que participavam como ouvintes ou participavam
como colaboradores. Os resultados dos questionários aplicados, serão
apresentados na próxima sessão.
86
3.1 ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS ABERTOS E FECHADOS
Perguntas
Estudantes que responderam ao
questionário
Respostas Positivas
Satisfatórias
Respostas Negativas
Insatisfatórias
Turma
1- O que você acha da rádio escolar?
A B C D
10 18 14 15
00 00 00 00
2- Gostaria de participar? A B C D
08 17 14 15
02 01 00 00
3- Qual a parte que mais gosta? A B C D
10 18 14 15
00 00 00 00
4- Você consegue aprender ouvindo os programas?
A B C D
09 18 14 15
01 00 00 00
5- O que você aprendeu que foi significativo para sua vida ouvindo a rádio?
A B C D
10 18 14 15
00 00 00 00
6- Acha que a rádio escola deve continuar? Por quê?
A B C D
10 18 14 15
00 00 00 00
7- Que sugestão gostaria de deixar para os estudantes que apresentam a rádio?
A B C D
10 18 14 15
00 00 00 00
Quadro 3: questionário fechado direcionado aos estudantes ouvintes
As respostas ao questionário dirigido aos estudantes que participaram como
ouvintes foram muito positivas. Como mostra o quadro acima. Nas respostas que
foram analisadas foi possível perceber que gostavam principalmente das músicas e
dos recados. O estudante A5 confessou que não gostaria de participar porque não
tem coragem, a estudante B11 afirmou que se tirar a rádio a escola fica sem graça.
O estudante B24 disse que entendeu que rádio não é só para ouvir é para aprender.
Já B2 sugeriu que fosse colocado mais diversão e piadas. O estudante B10
escreveu que gosta porque enquanto aprende se diverti. C13 declarou que aprendeu
a não brincar com comida, não estragar merenda escolar.
Os estudantes que participaram ativamente dos programas de rádio foram
convidados a responder um questionário com 10 questões abertas. Das quatro
87
turmas 27 estudantes entregaram o questionário respondido, suas considerações
estão no quadro abaixo.
Nº Questões Respostas
01.
Você gosta de participar da rádio? Por quê?
26 responderam que gostam, um disse que não porque acha chato.
02. Você aprendeu novas habilidades? Quais? Todos responderam que aprenderam falar no microfone sem sentir medo ou vergonha.
03. Em que parte mais gosta de participar? Um respondeu que gostava de participar em tudo, 20 responderam que gostam de falar e seis disseram gostar de selecionar as músicas.
04. Você acredita que a rádio torna a escola melhor?
Todos responderam sim, que deixa alegre, divertida, animada e etc.
05. Depois que começou a participar houve alguma mudança em sua vida escolar? Gosta mais de vir a escola?
Um respondeu que sempre gostou da escola, os outros responderam que aprenderam mais com a participação na rádio.
06. Que parte do programa mais gosta de ouvir? Um respondeu que gosta de tudo, os outros preferem a parte musical.
07. Acredita que a rádio escolar pode ajudar a escola? Como?
Todos responderam sim, ensinando e divertindo ao mesmo tempo.
08. Você aprende mais quando participa ou apenas ouve os programas?
Um respondeu aprender mais quando ouve, os outros 26 disseram aprender mais participando.
09. Acha que é possível aprender ouvindo a rádio escolar?
Todos responderam sim.
10. Oque é melhor ouvir ou participar ativamente na rádio?
Um respondeu ouvir, os outros preferem participar.
Quadro 4: questionário dirigido aos estudantes que atuaram na rádio escolar
Pelas respostas dadas aos questionários fica evidente que os estudantes
gostaram de falar e das músicas principalmente, muitos que por medo se achavam
incapazes com incentivo e ajuda superavam seus temores e surpreendiam com a
desenvoltura apresentada. Apesar dos diferentes desafios encontrados, os
estudantes corresponderam e até superaram as expectativas. Eles gostam de
participar e foram responsáveis pelo sucesso da rádio na escola. É possível afirmar
que os programas foram pertinentes, adequados e contribuíram para a compreensão
do tema estudado embora a qualidade da locução não fosse a mais adequada.
88
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho, as aulas de Ciências foram realizadas através de uma
sequência didática com o tema “recursos hídricos”, utilizando como ferramenta
didática a rádio escolar, tendo como objetivo a alfabetização científica dos
estudantes envolvidos. Nesta perspectiva, foram feitas visitas a diferentes
ambientes, trabalhos em grupo, pesquisas, atividades de leitura e escrita
contextualizadas e a participação em palestras, com a finalidade de despertar o
interesse e a curiosidade pelo tema abordado.
Os resultados encontrados indicam que o ensino de Ciências articulado com
os recursos da rádio escolar, contribui com a aprendizagem ativa, criativa e
colaborativa, pois promove no espaço escolar o pensar crítico, a construção coletiva
de saberes, o ensino contextualizado, o envolvimento e colaboração entre os
estudantes, o trabalho reflexivo, criativo e inovador. O rádio na escola utilizado como
ferramenta didática, amplia os espaços de expressão, melhora o raciocínio e
aumenta a capacidade de compreender o mundo. Proporciona também, ganhos
significativos no domínio da leitura, da escrita, da linguagem oral, além de
desenvolver a sensibilidade artística e cultural.
Diante das evidências emergentes da pesquisa, constatou-se que ao
participar de programas de rádio, os estudantes adquirem novos conhecimentos,
novas habilidades, novas competências e enriquecem o vocabulário. Durante a
exibição dos programas se sentem o foco das atenções e do carinho das pessoas, o
que fortalece o relacionamento e a autoconfiança, ajudando a desenvolver o
sentimento de empatia, pois necessitam refletir sobre o que espera o outro. Essas
habilidades preparam para a vida, porque desenvolvem a capacidade de
relacionamento e de resiliência, tão importante em todas as dimensões da
convivência humana.
As visitas realizadas durante a pesquisa enriqueceram o trabalho, tendo como
consequência o desenvolvimento de várias atividades tanto na escola como nos
lares dos estudantes. Visitar espaços como a estação de tratamento de água,
emissoras de rádio e o igarapé próximo a escola, mudou o olhar dos estudantes,
passaram a encontrar vínculo entre os saberes escolares e os problemas do
89
cotidiano. Ficou evidente pelos trabalhos escritos, debates, observações e
atividades realizadas, que perceberam a importância de economizar água tratada,
preservar o igarapé e fazer reúso da água. Merece destaque o empenho dos
estudantes na coleta de óleo usado para fazer sabão caseiro e o impacto da visita
realizada nas emissoras de rádio.
Ao longo do desenvolvimento do projeto, verificou-se um progressivo avanço
nos conhecimentos dos estudantes. Bons resultados também foram observados nas
atividades de redação dos programas de rádio, que relacionavam o tema estudado a
textos informativos exigindo pesquisa, leitura e escrita, revisão textual coletiva e
individual, promovendo a alfabetização científica dos estudantes. Outra estratégia
que mostrou ser produtiva foi a apresentação dos programas, contribuindo para
expandir habilidades, senso de observação e responsabilidade, com ganhos
cognitivos e aperfeiçoamento nas interações sociais.
Assim, é possível afirmar que os objetivos propostos foram alcançados, pois a
participação em programas de rádio favorecem o ensino e a aprendizagem de
Ciências, promovendo a alfabetização científica, uma vez que contribui para
desenvolver a capacidade reflexiva crítica dos meios de comunicação de massa, o
acesso aos conhecimentos científicos e tecnológicos, que instrumentaliza os
estudantes a agirem como cidadãos ativos e responsáveis, estabelecendo relações
entre os saberes escolares e seu cotidiano. Prepara o futuro cidadão com valores
internos bem estabelecidos, a fim de evitar o imediatismo, o consumismo e a
irresponsabilidade.
Reitera-se, portanto, que a rádio escolar prepara os estudantes para o
inesperado, o trabalho cooperativo, para aprender a pensar, saber conviver com
ideias diferentes e compartilhar saberes. Instrumentaliza para resolver problemas do
cotidiano e tomar decisões responsáveis. Desperta o interesse dos estudantes,
tornando as atividades divertidas e dinâmicas. Trabalha os conteúdos didáticos
integrando tecnologias, desenvolve o espírito investigativo. A leitura crítica dos
textos midiáticos promove autonomia, enfatizando valores humanos de respeito e
cidadania.
O trabalho realizado e os resultados obtidos permitem afirmar que o potencial
pedagógico do rádio como ferramenta didática no ensino de Ciências é profícuo e
viável. Os estudantes participaram de forma surpreendente, gostavam de falar nos
programas, os ouvintes se interessavam principalmente pelas músicas, que podem
90
ensinar divertindo. Todos podem contribuir com suas diferentes habilidades de
diferentes maneiras, aqueles que não possuem habilidades para falar podem
escrever ou ajudar com pesquisas, sugestões ou no suporte técnico, pois são
atraídos por essas atividades.
O uso da rádio escolar como ferramenta didática, embora exija maior
empenho e atenção por parte do professor, oferece ricas oportunidades ao processo
de ensino aprendizagem dos estudantes por seu caráter dinâmico e versátil, capaz
de promover a alfabetização científica. A rádio escolar pode ser utilizada para
reduzir as desigualdades nas oportunidades, aprimorar habilidades e tornar os
estudantes protagonistas de sua história, com impacto positivo no nível de
desenvolvimento escolar. Educa para a cidadania na cidadania.
91
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96
APÊNDICES
97
APÊNDICE A:
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Instituição: Universidade Estadual de Roraima/Curso: Mestrado Profissional em
Ensino de Ciências. Título: A RÁDIO ESCOLAR COMO RECURSO DIDÁTICO NO ENSINO DE CIÊNCIAS: estratégia para desenvolver alfabetização científica no Ensino Fundamental Pesquisadora: Iomar da Costa Pereira
Este Termo de Consentimento Livre e Esclarecido tem o propósito de convidá-lo a participar do projeto de pesquisa acima mencionado. O objetivo desta pesquisa científica é: Promover alfabetização científica através da utilização do rádio como instrumento de mediação no ensino de Ciências. Para tanto, faz-se necessário que participe das atividades do projeto: pesquisa, trabalho em grupo, visitas a Emissoras de Rádio, elaboração e apresentação de programas de rádio. Quaisquer registros feitos durante a pesquisa não serão divulgados, mas o relatório final, contendo citações anônimas, estará disponível quando estiver concluído o estudo, inclusive para apresentação em encontros científicos e publicação em revistas especializadas.
Não haverá benefícios diretos ou imediatos para o participante deste estudo, a gestora da Escola Estadual Pedro Elias Albuquerque Pereira, tem conhecimento e incentiva a realização da pesquisa.
Este TERMO, em duas vias, é para certificar que eu,
_________________________________________________________, na qualidade de participante voluntário, aceito participar do projeto científico acima mencionado.
Estou ciente de que a participação na pesquisa não trará riscos para minha saúde.
Estou ciente de que sou livre para recusar e retirar meu consentimento, encerrando a minha participação a qualquer tempo, sem penalidades.
Estou ciente de que não haverá formas de ressarcimento ou de indenização pela minha participação no desenvolvimento da pesquisa.
Por fim, sei que terei a oportunidade para perguntar sobre qualquer questão que eu desejar, e que todas deverão ser respondidas a meu contento. Participante: _______________________________________________ RG: _______________ Data:_____/_______/__________
98
APÊNDICE B: TERMO DE ASSENTIMENTO INFORMADO
TERMO DE ASSENTIMENTO INFORMADO
Assentimento informado para pesquisa com crianças/adolescente
Nome da criança/adolescente:__________________________________________
Este formulário de assentimento informado é para crianças/adolescentes
entre as idades de 12 a 16 anos, estudantes do 6º Ano da Escola Estadual Pedro
Elias Albuquerque Pereira, que estamos convidando a participarem na pesquisa: A
rádio escolar como recurso didático no ensino de ciências: estratégia de
alfabetização científica na E. E. Pedro Elias Albuquerque Pereira em Boa Vista-RR.
Parte I
Introdução
Meu nome é Iomar da Costa Pereira, sou professora. A pesquisa que farei é
para descobrir em que medida uma rádio escolar poderá melhorar a aprendizagem,
desenvolver novas habilidades, incentivar a criatividade, tornando o ambiente
escolar mais atrativo e alegre para os estudantes. Achamos que esta pesquisa pode
nos ajudar a confirmar isso. Eu vou informar você e convidá-lo a participar desta
pesquisa. Você pode escolher se quer participar ou não. Discutimos esta pesquisa
com seus pais ou responsáveis e eles sabem que também estamos pedindo seu
acordo. Se você vai participar na pesquisa, seus pais ou responsáveis também terão
de concordar. Mas se você não desejar fazer parte da pesquisa não é obrigado, até
mesmo se seus pais concordarem.
Você pode discutir qualquer coisa deste formulário com seus pais, amigos ou
qualquer um com quem você se sentir a vontade para conversar. Você pode decidir
se quer participar ou não depois de ter conversado sobre a pesquisa e não é preciso
decidir imediatamente. Pode haver algumas palavras que não entenda ou coisa que
você quer que eu explique mais detalhadamente porque ficou mais interessado ou
preocupado. Por favor, peça que pare qualquer momento e explicaremos.
99
Objetivos
Queremos encontrar melhores maneiras de aprender, motivar a
aprendizagem trazendo novidades para escola todos os dias para que se torne mais
divertido estudar. Para descobrir temos que testar o uso da rádio.
Escolhas dos Participantes
Estamos instalando a rádio na escola e queremos a participação dos alunos
da sua idade entre 12 e 16 anos que estudam na escola. Nesta pesquisa queremos
que a rádio seja realizada pelos alunos.
Voluntariedade de Participação
Você não precisa participar desta pesquisa se não quiser. É você quem
decide. Se decidir não participar da pesquisa é seu direito, se disser “sim” agora,
poderá mudar de ideia depois, sem nenhum problema.
Procedimentos
Nós vamos aprender a utilizar a linguagem radiofônica, participar das
sequências didáticas ou projetos, depois vamos preparar os programas, ensaiar
para depois apresentar na escola.
Benefícios
A pesquisa poderá ajudar a desenvolver habilidades de falar em público,
aumentar a criatividade, aprender mais e ajudar outros estudantes a aprender se
divertindo.
Divulgação dos Resultados
Quando terminarmos a pesquisa, eu sentarei com você e seus pais e
falaremos sobre o que aprendemos com a pesquisa, depois iremos falar com mais
pessoas, professores gestores, alunos sobre a pesquisa. Faremos isto escrevendo e
compartilhando relatórios em reuniões com pessoas interessadas nos trabalhos que
fazemos.
Direito de recusa ou retirada do assentimento informado
100
Você não tem que participar desta pesquisa. Ninguém ficará desapontado
com você se você disser não, a escolha é sua. Você pode pensar nisto e falar
depois se você quiser. Você pode dizer ”sim” agora e mudar de ideia depois e tudo
continuará bem.
Contato:
Para mais informações podem entrar em contato com a pesquisadora pelo
telefone: (095) 9131-1918 3238 1141. Com a Prof.ª Dra. Responsável pelo estudo
Josimara Cristina de Carvalho Oliveira.
Parte II- Certificado do Assentimento
Eu entendi que a pesquisa é sobre uma rádio escolar. Eu entendi que vou
participar no planejamento e execução dos programas de rádio.
Assinatura da Criança / Adolescente: ___________________________________
Assinatura dos pais/ responsáveis: _____________________________________
Ass. pesquisadora:__________________________________________________
Boa Vista,_____,_____,_____.
101
APÊNDICE C: CARTA AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS
CARTA AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS
Apresentamos o projeto de pesquisa intitulado: A rádio escolar como recurso
didático no ensino de ciências: estratégia para desenvolver alfabetização científica
no Ensino Fundamental. Cujo objetivo é Promover alfabetização científica através da
utilização da rádio escolar como instrumento de mediação no ensino de Ciências.
O projeto será desenvolvido por Iomar da Costa Pereira, sob orientação e
responsabilidade da Prof.ª Dra. Josimara Cristina de Carvalho Oliveira da
Universidade Estadual de Roraima (UERR).
O Projeto será realizado durante o período de aulas, as atividades dos
estudantes cujos pais autorizarem a participação no Projeto serão as seguintes:
a) Participar de uma oficina sobre a linguagem radiofônica; pesquisar assuntos
relacionados aos temas dos projetos e sequências didáticas.
b) Preparar em grupo os programas de rádio;
c) Ensaiar os programas de rádio;
d) Apresentar os programas de rádio na escola, durante o recrio.
A participação neste estudo é voluntária, sendo que o participante pode
abandoná-la, se for sua vontade ou de seu responsável, a qualquer momento,
devendo apenas comunicar a encarregada pelo Projeto, não sendo necessário
prestar qualquer esclarecimento.
Os resultados do projeto estarão em poder dos pais ou responsáveis, o mais
breve possível.
Para mais informações os Srs. Podem entrar em contato:
Telefone (095) 91193009, com a Prof.ª Dr. Jocimara Cristina de Carvalho Oliveira,
responsável pelo estudo.
Desde já agradecemos a vossa participação no estudo.
102
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Do procedimento de questionário
Os participantes serão submetidos à aplicação de questionários com os seguintes
objetivos:
1. Criar condições para que os estudantes elaborem e executem programas de rádio
de acordo com os conteúdos de Ciências por eles estudados; 2. Verificar se a
participação ativa dos estudantes nos programas de rádio contribui para desenvolver
alfabetização científica, no sentido de interação, aprendizagem de conteúdos,
realização de pesquisas, elaboração de textos e cartazes, entre outros; 3. Investigar
o impacto e a aceitação dos programas de rádio pelos ouvintes da escola; 4.
Analisar se os programas de rádio levados ao ar contribuem com o desenvolvimento
e aprendizagem científica dos estudantes que participam como ouvintes.
Direito da pessoa que participa do projeto
Toda pessoa que participa do projeto terá acesso a seus dados, bem como
resultados finais. Todo participante terá o direito de abandonar o projeto a qualquer
momento sem prestar qualquer tipo de esclarecimento, mas devendo comunicar sua
decisão ao responsável quanto antes.
Riscos do projeto
O projeto de intervenção não apresenta qualquer risco.
Utilização de dados em pesquisa
Os resultados serão utilizados para trabalhos de iniciação científica, ensino,
pesquisa e extensão, sendo assegurado o anonimato do voluntário, desde que
autorizado expressamente neste termo de consentimento.
Eu____________________________________________, portador do RG
nº_____________________, acredito ter sido suficientemente informado a respeito
das informações que li ou que foram lidas para mim descrevendo o estudo: A rádio
103
escolar como recurso didático no ensino de ciências: estratégia de alfabetização
científica na E. E. Pedro Elias Albuquerque Pereira em Boa Vista-RR. Eu conversei
com a professora Iomar da Costa Pereira, sobre minha decisão de autorizar a
participação do menor _________________________________________. Ficaram
claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem
utilizados, as garantias de confidencialidade e os esclarecimentos permanentes.
Ficou claro também que sua participação é isenta de despesas. Concordo
voluntariamente em autorizar a sua participação neste estudo e poderei retirar meu
consentimento, bem como o menor sob minha responsabilidade seu assentimento, a
qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízos.
______________________________________________Boa Vista, ____/____/____
(Assinatura do pai ou responsável)
______________________________________________Boa Vista, ____/____/____
(Assinatura da pesquisadora)
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste pai ou responsável para a participação do menor neste estudo.
104
APÊNDICE D: CARTA DE ANUÊNCIA PARA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA
105
APÊNDICE E: PROJETO DE APRENDIZAGEM
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS
PROJETO DE APRENDIZAGEM: “RECURSOS HÍDRICOS DOS MANANCIAIS ATÉ
A TORNEIRA”
PÚBLICO ALVO: 6º A, B, C e D.
Turno: Matutino
Disciplina: Ciências
Objetivo Geral: Compreender a importância de conservar os recursos hídricos.
Objetivos Específicos:
- Despertar os estudantes para a necessidade de cuidar dos recursos hídricos;
- Compreender que todas as formas de vida dependem da água para seu
desenvolvimento;
- Promover o interesse na conservação da qualidade da água;
- Aprender a utilizar a água de forma cada vez mais eficiente;
- Respeitar as dádivas da natureza e bem aproveitá-las.
Conteúdos Abordados:
- Tratamento da água;
- Etapas do tratamento da água;
- Água potável;
- Água invisível;
- Mata ciliar.
- Conservação dos recursos hídricos
- Doenças de veiculação hídrica
- Respeito ao meio ambiente
Metodologia:
- Pesquisa bibliográfica e na internet;
- Apresentação de vídeo educativo, slides e objetos de aprendizagem;
- Exercícios orais e escritos;
106
- Participação em palestras;
- Visita à estação de tratamento da água;
- Jogo educativo (bingo);
- Visita ao igarapé Wai;
- Produção de textos;
- Debates;
- Apresentação de programas de rádio escolar
- Visita à rádio;
- Confecção de cartazes, maquetes e sabão,
- Socialização do projeto no ambiente escolar;
- Avaliação diagnóstica, processual e final.
Recursos
- Microfones
- Celulares
- DVD;
- DATA SHOW
- Laboratório de Informática;
- Cartolina, lápis de cor, hidrocor e borracha;
- Visita in loco ao igarapé Uai;
- Visita in loco à CAER;
- Palestras;
- Produção de textos
- Cruzadinha
- Caça- palavras
- Ingredientes do sabão caseiro.
Desenvolvimento
1ª Etapa
Apresentar a proposta do projeto, promover desafios e esclarecer as etapas do
projeto. Planejar juntos com os alunos os combinados e fazer a avaliação
diagnóstica dos conteúdos que já dominam.
2ª Etapa
107
Organizar os grupos para pesquisa, participar das palestras, assistir vídeo para
debater sobre o que foi interessante e tirar dúvidas. Produzir e ensaiar os programas
de rádio e a paródia.
3ª Etapa
Visitar a estação de tratamento da água, o igarapé e Emissoras de Rádio. Construir
textos variados, fazer apresentação de programas de rádio.
4ª Etapa
Confeccionar maquetes, sabão, paródia, cartazes. Preparar a apresentação do
trabalho em grupo.
5ª Etapa
Socialização do projeto
6ª Etapa
Avaliação final.
Cronograma
AÇÕES
MESES
Julho Agosto Setembro Outubro
Semanas Semanas Semanas Semanas
Avaliação diagnóstica X
Elaboração do projeto de
aprendizagem X
Apresentação de vídeo
educativo, slides, pesquisas
na internet
X
Palestra do IBAMA e bingo X
Visita à CAER X
Palestra da Femarh e debate X
Construção de textos,
programas de rádio e
apresentação dos programas
X X X X X X X X X X
Visita ao igarapé Wai X
Produção de textos (carta) X
Confecção maquetes e X
108
cartazes
Confecção de sabão caseiro X
Socialização do projeto na
escola X
Visita à rádio Roraima X
Avaliação final X
Avaliação
- Avaliação diagnóstica, escrita e final;
- Observação e análise da participação do estudante durante todo o processo em
sala de aula, nas visitas e programas de rádio;
- Produção textual.
- Apresentações dos programas de rádio;
- Análise do conteúdo dos debates, desenhos e textos;
- Socialização do projeto;
- Resultados da vivência na rádio escola.
109
APÊNDICE F: CARTA DA ESTUDANTE AO SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE
Boa Vista, 15 de outubro de 2014.
Sr. Secretário do Meio Ambiente: Daniel Pedro Peixoto.
Meu nome é _____________________ e estudo na Escola Pedro Elias
localizada no bairro Jóquei-Clube, no 6º ano A e moro no bairro Olímpico. Para
chegar até a escola passo pelo igarapé Wai. Ele está muito poluído um dia eu caí
nele, foi terrível. Fiquei com muitas doenças por causa das bactérias. Meus pais
precisaram comprar remédios, pois o igarapé está contaminado com todo tipo de
lixo, tem até bicho morto.
Muitas pessoas moram lá perto e elas têm crianças que estão correndo risco
de contaminação.
No dia que eu caí não morri porque um homem que passava me salvou. É
preciso concertar uma das pontes, são muitas as pessoas que passam por lá todos
os dias.
Na minha escola estamos tentando conscientizar a todos da comunidade
sobre a importância de cuidar dos igarapés e prometemos que se o senhor mandar
limpar vamos fazer um trabalho no bairro para que o igarapé se mantenha limpo.
Todos os meus colegas que concordam assinaram esta carta.
Agradeço sua atenção e colaboração, estamos aguardando.
110
APÊNDICE G: QUESTIONÁRIO DE PESQUISA APLICADO AOS ESTUDANTES
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
1. As casas próximas ao igarapé apontam quais problemas?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
2. Quais as causas da poluição do igarapé?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
3. Que doenças as águas contaminadas podem provocar?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
4. O que se deve fazer para evitar que as águas fiquem assim?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
5. Quem são os responsáveis pela situação do igarapé Wai?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
111
APÊNDICE H: QUESTIONÁRIO AOS ALUNOS OUVINTES
Você está sendo convidado a colaborar na pesquisa do Mestrado Profissional no
Ensino de Ciências. Agradeço sua gentileza em participar desse estudo.
QUESTIONÁRIO AOS ALUNOS OUVINTES
1- O que você acha da rádio escolar?
_________________________________________________
_________________________________________________
2- Gostaria de participar?
_________________________________________________
_________________________________________________
3- Qual a parte que mais gosta?
_________________________________________________
_________________________________________________
4- Você consegue aprender ouvindo os programas?
_________________________________________________
_________________________________________________
5- O que você aprendeu que foi significativo para sua vida ouvindo a rádio?
_________________________________________________
_________________________________________________
6- Acha que a rádio escola deve continuar? Por quê?
_________________________________________________
_________________________________________________
7- Quais sugestões gostaria de deixar para os estudantes que apresentam a
rádio?
__________________________________________________
__________________________________________________
112
APÊNDICE I: questionário aplicado após a visita a CAER
Você está sendo convidado a colaborar na pesquisa do Mestrado Profissional no
Ensino de Ciências. Agradeço sua gentileza em participar desse estudo.
QUESTIONÁRIO DE PESQUISA
1- O que é captação?
2-Após a decantação a água está pronta para o consumo?
3-Quais os últimos produtos usados no tratamento da água?
4-Por que no tratamento da água se utiliza cloro gasoso e flúor?
5-Toda a população de Boa Vista recebe água tratada?
113
APÊNDICE J: Questionário aos estudantes que apresentaram programas de rádio
INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA
MESTRADO PROFISSIONAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS
Você está sendo convidado a colaborar na pesquisa do Mestrado Profissional no
Ensino de Ciências. Agradeço sua gentileza em participar desse estudo.
QUESTIONÁRIO aos estudantes que apresentaram programas de rádio
1- Você gosta de participar da Rádio Pedro Elias? Por quê?
2- Você aprendeu novas habilidades? Quais?
3- Em que parte mais gosta de participar?
4- Você acredita que a rádio torna a escola melhor? Por quê?
5- Depois que começou a participar, houve alguma mudança em sua vida
escolar? Gosta mais de vir à escola?
6- Que parte dos programas mais gosta de ouvir?
7- Acredita que a rádio escolar pode ajudar a escola? Como?
8- Você aprende mais quando participa ou quando apenas houve os
programas?
9- Acha que é possível aprender ouvindo a rádio escolar?
10- O que é melhor ouvir ou participar ativamente na rádio?
114
APÊNDICE L: PROGRMA DE RÁDIO
Programa de rádio
Locutora: Bom dia é com muita alegria que comunicamos que a partir deste
momento você está sintonizado no programa Hora ecológica, se ligue aqui. Nossa
programação será divertida e cheia de novidades, porque você merece. Participe
pelo telefone: 9131-1918. Os integrantes da equipe são: _______como técnica de
áudio, nossa repórter _______, secretária _______e _______. Agora vamos de
música, com vocês.
Moça do tempo: Em Boa Vista são precisamente: ...
Pensamento do dia: ”Seja a mudança que você quer ver no mundo”. Mahatma
Gandhi.
LOCUTORA: Nosso tema de hoje é: Consumo consciente para um futuro melhor.
Seu consumo consciente pode ajudar a proteger o planeta. Você é um consumidor
consciente? Parece que nascemos só para consumir e consumir. Fique atento: tome
banhos mais rápidos, escove o dente de torneira fechada, não deixe torneira
pingando, Desperdiçar alimentos não está com nada. Conheça e adote pequenas
atitudes que podem diminuir o que vai para o lixo.
O primeiro passo é tomar consciência de quanto você come e quanto desperdiça.
Olhe bem para a sobra no seu prato após uma refeição e tente diminuí-la nos dias
seguintes.
Sempre que possível, procure se servir em vez de ser servido. Assim, você pega
apenas o que vai comer. E não exagere. Se continuar com fome, você pode voltar e
pegar mais.
Pacotinho: Quando não comer todo o lanche, guarde o que restar para mais tarde.
Leve sempre com você um saquinho ou um guardanapo para proteger a comida que
sobra.
Música: Xote ecológico, Luís Gonzaga.
Notícias de hoje:
115
Distribuição: Teve aquela festa na sua casa e não comeram todos os lanches e
doces? Organize o que sobrou em algumas embalagens e leve para os colegas da
escola ou para alguma instituição que aceite doações.
Sem nojo: As manchinhas que aparecem em frutas como a banana e a maçã não
significam que elas estão estragadas. Pode ser que só estejam maduras. Tire a
parte escura e coma o restante.
Validade: Ao comprar algo industrializado, fique atento à data limite para o consumo.
Se estiver próxima e você não for comer imediatamente, opte por algo válido por
mais tempo.
Nossa repórter _______ que está em algum lugar de nossa escola fará agora sua
participação em nosso programa.
Repórter: Meu bom dia a todos os nossos queridos ouvintes do programa Hora
Ecológica. Estou aqui, para lançar a campanha: Atitude inteligente! Acabamos de
fixar nos banheiros um cartaz com os dizeres: Meia descarga para líquidos e uma
descarga completa para sólidos. Nosso objetivo é evitar o desperdício de água em
nossa escola e em nossos lares, com essa atitude inteligente economizaremos
dinheiro e ajudaremos nosso planeta. Contamos com você!
Propaganda:
Adivinhação: Se você sabe a resposta ligue 99131-1918. Que árvore não é
vegetal?
Locutora: Nosso programa está chegando ao fim, queremos agradecer pelo
privilégio de sua audiência, um grande abraço, fiquem com Deus e tenham todos um
dia abençoado.
Música: Vinheta do programa.
116
APÊNDICE M: PRODUTO
ESTADO DE RORAIMA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA-UERR
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PROPES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS – PPGEC
IOMAR DA COSTA PEREIRA
JOSIMARA CRISTINA DE CARVALHO OLIVEIRA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: “RECURSOS HÍDRICOS DOS MANANCIAIS ATÉ A
TORNEIRA”
BOA VISTA – RR
2015
117
IOMAR DA COSTA PEREIRA
JOSIMARA CRISTINA DE CARVALHO OLIVEIRA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: “RECURSOS HÍDRICOS DOS MANANCIAIS ATÉ A
TORNEIRA”
BOA VISTA – RR
2015
118
1 APRESENTAÇÃO
Este trabalho foi produzido no âmbito do Programa de Pós-graduação em
Ensino de Ciências – PPGEC, da Universidade Estadual de Roraima – UERR, como
um produto da dissertação de Mestrado Profissional em Ensino de Ciências, que
teve como título: A rádio escolar como recurso didático no ensino de ciências:
estratégia de alfabetização científica no Ensino Fundamental.
O projeto foi desenvolvido em uma escola estadual da cidade de Boa Vista
(RR), com quatro turmas do 6º ano do Ensino Fundamental, totalizando 110
estudantes e teve como objetivo promover ações educativas sobre a temática:
“Recursos hídricos dos mananciais até a torneira”, utilizando a rádio escolar como
recurso didático.
Estima-se que as atividades propostas neste trabalho, possam auxiliar os
professores de Ciências, no ensino do conteúdo água, dando suporte para que o
estudante seja capaz de refletir criticamente sobre sua importância, necessidade de
utilizar água com economia, evitar o desperdício e participar do debate sobre os
desafios de administrar a água no planeta. Outro objetivo deste trabalho é mostrar
que a utilização da rádio escolar como estratégia na educação em Ciências, pode
contribuir para trabalhar a leitura e a escrita dos estudantes, promovendo a
alfabetização científica através do desenvolvimento das habilidades de: produção
textual, leitura crítica dos meios de comunicação, trabalha em equipe, uso de
microfone, expressão oral, pesquisa em diferentes fontes e etc.
Ensinar Ciência exige estratégias que estimulem os estudantes a exercitarem
a criticidade frente aos conhecimentos abordados na escola. Para desenvolverem
tais habilidades precisam ter acesso aos conhecimentos da Ciência e das
tecnologias essencial na promoção da alfabetização científica, sobre esse
importante tema, será feita uma breve discussão a seguir.
119
2 ENSINO DE CIÊNCIAS E A PROMOÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA
Segundo Nigro (2012), é preciso incentivar nos estudantes a manifestação de
uma crescente curiosidade, através do ensino dos conceitos de Ciências presentes
no dia a dia. É possível despertar o gosto pelas aulas, integrando os conteúdos
curriculares com as tecnologias e a realidade dos estudantes. É importante
apresentar oportunidade de refletir sobre as invenções humanas, para compreender
que elas possuem dois lados, os positivos e os negativos, pois muitos são os
artefatos criados que usamos que prejudicam o meio ambiente.
Para o autor o ensino e a aprendizagem de leitura e escrita é fundamental na
alfabetização científica. O estudante ao estudar Ciência deve aprender a ler e
interpretar corretamente textos. Estudantes com dificuldade para ler e escrever ficam
com problemas em todas as atividades escolares, o ensino de Ciências no Ensino
Fundamental está associado às atividades de ler e escrever. Para superar as
dificuldades é preciso planejar estratégias que favoreçam e estimulem a leitura e a
escrita. Ressalta que:
A leitura pode ser concebida como um processo estratégico: o leitor procura inferir significado com base no texto, integrando a informação que recebe naquele momento com o seu conhecimento preexistente. Surge daí a interpretação do texto (NIGRO, 2012, p. 81).
Nigro (2012), ainda considera que para fazer Ciências em sala de aula o
professor precisa propor atividades que estimulem a imaginação, é preciso cultivar o
pequeno “cientista” a sair do estado adormecido para germinar e dar frutos. Ao fazer
Ciências na escola os estudantes compreendem que existem muitas respostas, se
envolvem na busca por entender que não existe só uma resposta. Vão criando
autonomia e gosto pelo saber.
Sobre essa questão Chassot (2008), ressalta que é preciso “fazer da Ciência
um instrumento para ler o mundo” (p.63). É analfabeto científico quem não entende
a linguagem em que a natureza é escrita. Promover a leitura da linguagem da
natureza é fazer alfabetização científica. Na proporção que sejam mais alfabetizados
cientificamente as pessoas contribuem para que as mudanças que ocorrem no
planeta sejam positivas. Defende que:
120
Entender a Ciência nos facilita, também, contribuir para controlar e prever as transformações que ocorrem na natureza. Assim teremos condições de fazer que estas transformações sejam propostas, para que conduzam a uma melhor qualidade de vida. Isso é por sabermos Ciência seremos mais capazes de colaborar para que as transformações que envolvem o nosso cotidiano sejam conduzidas para que tenhamos melhores condições de vida. Homens e mulheres por conhecerem a Ciência se tornaram mais críticos e ajudaram nas tomadas de decisões para que as transformações que a Ciência promove no ambiente sejam para melhor. Só isso faz com que seja importante contribuirmos para uma cada vez mais eficiente alfabetização científica. Assim, estaremos ajudando a formar jardineiros para cuidar melhor do planeta (p.73 e 74).
O autor argumenta que é preciso investir em alfabetização científica, para
combater o cientificismo, que é a crença sem limites nos poderes da Ciência,
equívoco que lhe atribui somente benefícios.
Para promover alfabetização científica o professor precisa propor estratégias
de ensino problematizadora que integre os conteúdos curriculares significativos para
os estudantes aos recursos tecnológicos. Sobre o uso de recursos tecnológicos que
possam oferecer alternativas para o Ensino de Ciências, trata a sessão a seguir.
2.2 O RÁDIO COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE CIÊNCIAS
Assumpção (2009), propõe o uso da rádio escolar como estratégia de ensino
problematizadora para enriquecer as práticas pedagógicas e o fazer no espaço
escolar. Considera uma metodologia adequada para desenvolver habilidades
escritas e orais, pois se fundamenta na construção de textos para a programação do
rádio. O estudante que atua na rádio escola se torna ativo na comunicação e na
construção do conhecimento, desenvolve responsabilidade e se prepara para
exercer cidadania.
Para Almeida (2001), o rádio como meio de comunicação dinâmico é um
instrumento importante na educação. A linguagem radiofônica por suas
características peculiares de utilizar frases curtas e diretas facilita o entendimento
das mensagens. Seu potencial complementa e aperfeiçoa o processo de ensino e
aprendizagem. Os temas trabalhados para os programas de rádio precisam ser
121
amplos e significativos para os estudantes, capazes de estabelecer relações com o
cotidiano, abrir situações de investigação.
Segundo o autor o rádio na escola possibilita a escuta reflexiva, desenvolve
capacidades e habilidades orais e escritas, mobiliza a percepção sonora e
imaginativa, a fim de construir a visão de mundo a partir da própria realidade,
promove ações conscientes, função não efetuada pela maioria das escolas. “A
escola é o espaço de formação e o rádio pode contribuir na formação da opinião, por
isso é um casamento que pode dar certo” (p. 6). Falar ao microfone faz o estudante
adquirir autoestima, perder a timidez e adotar atitude cooperativa e solidária.
Para Sevegnani e Schroeder (2013), a escola precisa promover através do
ensino a oportunidade e capacidade dos estudantes participarem nas discussões
sobre o desenvolvimento científico e tecnológico. Seria a educação científica a
condição para a consciência social sobre ciência e tecnologia, seus impactos no
planeta e na vida de cada pessoa. Defendem que seja abandonado o ensino
centrado no professor e na lógica da transmissão – recepção. Sobre um ensino de
Ciências em uma perspectiva crítica, que promova estudantes sensíveis e críticos
capazes de não só identificar os problemas, mas principalmente de vislumbrar
possibilidades de soluções, será a discussão apresentada nas próximas páginas.
O tema recursos hídricos além de muito atual e necessário é um dos
conteúdos curriculares do 6º ano do Ensino Fundamental. Abordado neste trabalho,
será apresentado de forma sucinta nas próximas páginas.
2.3 A IMPORTÂNCIA DO USO RACIONAL DA ÁGUA
Para reduzir o impacto sobre o planeta é preciso mudar hábitos, praticar
escolhas sustentáveis no dia a dia. O aquecimento global faz secas e enchentes
ficarem mais intensas e frequentes no Brasil, portanto os planos para o futuro
exigem adaptações. A poluição atinge os rios e os lençóis freáticos e deles todos
precisam obter água. Comer melhor é a maneira ideal de economizar água, uma vez
que 70% da água disponível é usada na produção de comida, evitar o desperdício
poupa esse recurso natural (SHIRTS, 2014).
122
Segundo Piza e Terán (2013), a contaminação causada por organismos que
se desenvolvem na água prejudica a saúde das pessoas causando muitas doenças
de veiculação hídrica. A poluição aumenta os custos do tratamento para produzir
água adequada. A conservação da água definida como “o ouro azul” depende de
ações educativas que lembre que a humanidade é somente hóspede e não senhora
da natureza, tendo que desenvolver um novo paradigma que inclua a conservação
dos mananciais e a preservação das fontes de abastecimento. Não dar importância
a esses desafios é ensaiar um suicídio, pois se medidas urgentes não foram
praticadas aumenta o risco de a humanidade sofrer penúria d’água grave antes de
2025. Esclarecem ainda:
A história da humanidade não pode ser contada e compreendida sem a apropriação humana dos rios e dos recursos naturais por eles oferecidos. Analisados sob uma perspectiva antropológica, os rios são uma extensão das pessoas, da forma como elas vivem e se relacionam, refletem o que o ser humano faz com a natureza e as águas refletem o que os homens fazem fora delas (p. 26).
A educação pode fazer nascerem nas pessoas outras formas de ver e lidar
com o meio ambiente e nessas mudanças o trabalho dos professores principalmente
do Ensino Fundamental é muito importante. A mudança na maneira de se relacionar
com a água, inclui o reuso e aperfeiçoamento de usos variados. Educar para
questões sanitárias e a sustentabilidade (PIZA e TERÁN, 2013).
3 ESTRUTURA DAS ATIVIDADES
As atividades foram realizadas no segundo semestre do ano letivo de 2014,
numa carga horária de duas aulas semanais de Ciências no 6º ano do Ensino
fundamental. A tabela 1 demonstra de forma geral o desenvolvimento metodológico
proposto pelo estudo:
Tabela 1: Atividades desenvolvidas em sala de aula
123
Etapa I - diagnóstica Conhecimentos prévios
- Fábula: O lobo e o cordeiro - Leitura e interpretação da fábula O lobo e o cordeiro - Dramatização da fábula O lobo e o cordeiro - Caça-palavras - Cruzadinha - Oficina de rádio
Etapa II – Sequência didática
- Vídeos educativos - Palestra com funcionária do IBAMA e jogo de bingo - Pesquisa na internet sobre tratamento da água - Visita in loco a estação de tratamento da água - Elaboração dos programas de rádio e apresentação - Apresentação de slides - Palestra do funcionário da Femarh - Visita ao igarapé Wai, confecção de maquetes - Confecção de cartazes e cartas - Visita a rádio Roraima e a Rádio Tropical e - Elaboração e ensaio da paródia - Apresentação final do trabalho na escola
Etapa III – Indícios de alfabetização
científica
- Aplicação de questionários
- Avaliação escrita
Fonte: Elaborada pela autora.
3.1 DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES EM MOMENTOS
1º momento
Objetivos: diagnosticar as principais dificuldades dos estudantes referentes a
leitura e interpretação de texto.
Metodologia: leitura, interpretação e dramatização da fábula o lobo e o
cordeiro.
Duração: duas aulas
124
Desenvolvimento: Os estudantes fizeram uma leitura silenciosa para grifar no
texto as palavras desconhecidas, procuraram no dicionário as palavras e depois foi
realizada uma leitura oral pela professora pesquisadora e pelos estudantes. Em
grupo foi realizada a dramatização da fábula.
O lobo e o cordeiro
Um cordeiro a sede matava nas águas limpas de um regato. Eis que se avista um lobo que por lá passava em forçado jejum, aventureiro inato, e lhe diz irritado: - ‘Que ousadia a tua, de turvar, em pleno dia, a água que bebo! Hei de castigar-te!’ - ‘Majestade, permiti-me um aparte’ – diz o cordeiro. - ‘Vede que estou matando a sede água a jusante, bem uns vinte passos adiante de onde vos encontrais. Assim, por conseguinte, para mim seria impossível cometer tão grosseiro acinte.’ - ‘Mas turvas, e ainda mais horrível foi que falaste mal de mim no ano passado. - ‘Mas como poderia’ – pergunta assustado o cordeiro -, ‘se eu não era nascido?’ - ‘Ah, não? Então deve ter sido teu irmão.’ – ‘Peço-vos perdão mais uma vez, mas deve ser engano, pois eu não tenho mano.’ - ‘Então, algum parente: teus tios, teus pais... Cordeiros, cães, pastores, vós não me poupais; por isso, hei de vingar-me’ - e o leva até o recesso da mata, onde o esquarteja e come sem processo.
Quadro 1: Texto para leitura e interpretação Fonte: Piza e Terán (2013, p.10).
2º Momento
Objetivo: conhecer os conceitos prévios dos estudantes sobre o tema
recursos hídricos.
Metodologia: caça palavras e cruzadinha
Duração: duas aulas
Desenvolvimento: os estudantes tentaram resolver de forma individual no
primeiro momento, depois com a ajuda dos colegas da professora e de pesquisas na
internet.
3º Momento
Objetivo: identificar a água que não vemos, mas que está presente nos
alimentos, a água invisível.
Duração: duas aulas
Metodologia: assistir ao vídeo: Nascente preservação da vida, aventura da
Ciência. Após assistir ao vídeo foi realizado um debate sobre o que mais chamou a
125
atenção dos estudantes e feito um resgate de pontos importantes sobre a
necessidade de preservar os recursos naturais no caso a água principalmente.
Quadro 2: A água invisível
Fonte: Adaptado de Shirts (2014).
Desenvolvimento: Após assistir ao vídeo foi realizado um debate sobre o que
mais chamou a atenção dos estudantes e feito um resgate de pontos importantes,
tais como a necessidade de preservar os recursos hídricos e a forma diferente da
água se manifestar na vida de todos, como nos alimentos. Os estudantes
confeccionaram cartazes sobre o tema debatido.
4º Momento
Objetivo: Mostrar que cada cidadão roraimense pode contribuir com o
desenvolvimento do estado evitando o desperdício da água.
Duração: duas aulas
Um quilo de frango 4.000 litros de água para produzir
Um quilo de ovos 3.000 litros de água para produzir
Pó para uma xícara de café 140 litros de água para produzir
Barra de chocolate 1.700 litros de água para produzir
Calça jeans 11.000 litros de água para produzir
Um carro 400.000 litros de água para produzir
126
Metodologia: Palestra com a funcionária do IBAMA.
Desenvolvimento: Palestra com a funcionária do IBAMA, após a palestra as
informações transmitidas foram reforçadas com um jogo de bingo.
Figura 1: Palestra com a funcionária do IBAMA
Fonte: Arquivo da pesquisadora (2014).
5º Momento
Objetivo: Constatar que custa caro realizar o tratamento da água que é
consumida por toda a população de Boa Vista.
Duração: duas aulas
Metodologia: visita in loco a estação de tratamento da água.
Desenvolvimento: Os estudantes foram fazer uma visita a estação de
tratamento da água CAER, para verificar os processos de tratamento.
Figura 2: Funcionário da CAER ministrando palestra aos estudantes
127
Fonte: Arquivo da pesquisadora (2014).
6º Momento
Objetivo: Agregar conhecimento sobre o tema tratamento da água para
resultar em ações que resulte na redução do consumo da água.
Duração: duas aulas
Metodologia: Produção de texto sobre a visita a estação de tratamento da
água.
Desenvolvimento: Os estudantes produziram o texto de forma individual para
depois produzirem um texto em grupo com base no que cada estudante observou de
mais importante, em seguida um representante de cada grupo socializou o texto
produzido no grupo.
7º Momento
Objetivo: Produzir programas de rádio com base em informações obtidas
sobre o tema água.
Duração: duas aulas
Metodologia: Divididos em grupos os estudantes produziram programas de
rádio de 15 minutos sobre a temática água.
Desenvolvimento: Cada grupo redigiu e ensaiou um programa de rádio sobre
o tema água, o programa foi ao ar durante o recreio e cada programa era composto
de músicas, recados, utilidade pública, notícias e informações sobre a temática
água. Os programas podiam ser alterados pelos estudantes de acordo com as aulas
desenvolvidas, cada turma ficou responsável por uma semana na programação da
rádio escolar.
8º Momento
Objetivo: Conhecer as implicações legais e sociais causadas pela destruição
da mata ciliar e do crescimento desordenado das cidades nas margens dos
igarapés.
Duração: duas aulas
Metodologia: Palestra com o funcionário da Femarh.
Desenvolvimento: O funcionário da Femarh apresentou slides mostrando a
necessidade de preservar os igarapés de Boa Vista e os prejuízos causados ao
128
meio ambiente pela ocupação desordenada da cidade que destrói a mata ciliar e
polui o meio ambiente.
Figura 3: Funcionário da Femarh em palestra na escola Pedro Elias
Fonte: arquivo da pesquisadora (2014).
9º Momento
Objetivo: Constatar os prejuízos causados ao meio ambiente pela poluição no
igarapé Wai.
Duração: duas aulas
Metodologia: Visita in loco ao igarapé Wai.
Desenvolvimento: Durante a visita os estudantes puderam constatar a
destruição da mata ciliar e a poluição ao igarapé. Também foi possível observar que
as casas construídas nas margens estão em local proibido e oferecem risco aos
moradores devido a poluição no igarapé.
129
Figura 4: igarapé Wai, localizado próximo à escola Pedro Elias
Fonte: Arquivo da pesquisadora (2014).
10º Momento
Objetivo: Analisar as consequências para os moradores causadas pela
poluição dos igarapés.
Duração: duas aulas
Metodologia: Debate sobre a visita ao igarapé Wai e produção textual.
Desenvolvimento: Foi realizado o debate sobre a situação do igarapé, suas
causas e consequências e redigida uma carta ao Secretário do Meio Ambiente do
Município de Boa Vista solicitando a limpeza do igarapé.
11º Momento
Objetivo: Praticar atitudes que ajudam na conservação dos recursos hídricos.
Duração: duas aulas.
Metodologia: Fabricar sabão caseiro.
Desenvolvimento: Os alunos foram orientados a armazenar em garrafa do tipo
pet, óleo de cozinha usado, que foi usado para fabricar sabão caseiro, atitude que
além de evitar entupir a pia também evita contaminar os lençóis freáticos.
130
Figura 5: Estudantes preparando sabão caseiro
Fonte: Arquivo da pesquisadora, (2014).
12º Momento
Objetivo: Avaliar os programas de rádio para corrigir falhas e fazer ajustes.
Duração: duas aulas.
Metodologia: Ouvir cada equipe dando oportunidade para manifestar sua
opinião e fazer uma auto avaliação, para redigir os novos programas.
Desenvolvimento: Ouvir os estudantes e sugerir os ajustes que foram
apontados para melhorar o desempenho de todos. Redigir os programas com as
alterações definidas por todos. Surgiu a ideia do mural da rádio para atualizar as
atividades realizadas durante o projeto, entre outros ajustes.
131
Figura 6: Estudantes ouvindo programa de rádio na escola
Fonte: Arquivo da pesquisadora, (2014).
13º Momento
Objetivo: Conhecer uma emissora de rádio, para ter noção do trabalho
realizado por seus integrantes.
Duração: duas aulas.
Metodologia: Visita in loco a Rádio Roraima.
Desenvolvimento: Levar os estudantes para visitar uma emissora de rádio
para conhecer as dependências e observar o trabalho dos funcionários na produção
dos programas.
Figura 7: Estudantes participando da programação da Rádio Roraima
Fonte: Arquivo da pesquisadora, (2014).
14º Momento
Objetivo: Organizar a apresentação dos trabalhos realizados durante o projeto
para exposição na escola e ensaiar a paródia.
Duração: duas aulas.
Metodologia: Preparar a apresentação em grupo.
132
Desenvolvimento: Cada grupo ficou responsável para preparar uma parte da
apresentação. A turma também ensaiou a paródia a ser apresentada.
Paródia da Música Asa Branca
Letra: Iomar Pereira
Música: Luiz Gonzaga
Quando olhei o igarapé Wai cheio de tanta sujeira
Eu perguntei a Deus do céu ai porque tamanha judiação (Bis)
Tem cachorro e gato morto, até a bola da escola.
Está fedendo está poluído, ninguém se importa ninguém está vendo (Bis)
Pedro Elias consciente, disse não pode ser não.
Vamos chamar as autoridades, pra resolver a situação (Bis)
Você que mora aqui perto não faça mais isso não
O igarapé é nosso amigo e não podemos matá-lo não (Bis)
Quadro 3: Paródia da música Asa Branca
Fonte: elaborada pela pesquisadora, (2015).
133
Figura 8: Estudantes ensaiando a paródia
Fonte: Arquivo da pesquisadora, (2014).
15º Momento
Objetivo: Apresentar para a comunidade escolar as atividades desenvolvidas.
Duração: duas aulas.
Metodologia: Exposição dos trabalhos realizados pelos estudantes na escola.
Desenvolvimento: Cada turma apresentou seus trabalhos para uma turma do
7º ano, para os funcionários, pais e comunidade. Cada aluno do 7º ano recebeu uma
ficha com itens que deviam avaliar. No final cada um dos alunos do 6º ano levou
para casa um pedaço de sabão caseiro que ajudou fazer.
134
Figura 8: Estudantes apresentando a maquete do igarapé Wai
Fonte: Arquivo da pesquisadora, (2014).
135
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades aqui apresentadas são sugestões para educadores dispostos a
contribuir com a educação em Ciências. O ensino baseado na transmissão de
conhecimentos fragmentados centrado no professor e na memorização, não
desenvolve o potencial do educando, não abre espaço para a iniciativa, a
criatividade, a curiosidade e o raciocínio. Sendo o objetivo maior da escola a
formação do cidadão crítico, a escola é o espaço privilegiado de reflexão e
coordenar esse processo cabe ao professor. É fundamental dar ao professor
condições e apoio para conduzir suas tarefas com êxito através de mediações
adequadas a realidade e necessidade dos estudantes.
Este trabalho não é um roteiro a ser seguido, é possível, no entanto servir de
sugestão de atividades que podem ser adaptadas à realidade de cada escola.
Durante o desenvolvimento do projeto foi possível perceber que os estudantes
participavam com entusiasmo, dando sugestões se envolvendo com os diferentes
desafios encontrados. Esta trabalho procurou primar pela autonomia do estudante,
pela cidadania participativa, liberdade de expressão, considerando o educando
sujeito de sua aprendizagem, a fim de perceber e considerar a escola como parte de
si mesmo. Educar na cidadania e não para a cidadania, os desafios são incontáveis,
mas vale a pena. Fica aberto o debate.
136
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Torres Ademar de. Rádio: uma ferramenta no processo ensino
aprendizagem. UFMT, MT, p. 1-12, 2001. Disponível em: <https://www.google.com.br/ #q= Ademar+torres+de+almeida+artigo>. Acesso em: 15 mar. 2015. ASSUMPÇÃO, Zeneida. A rádio espaço escolar: para falar e escrever melhor. São Paulo: Annablume, 1. ed. 2009. CHASSOT, Attico. Sete escritos sobre educação e ciência. São Paulo: Cortez,
2008. PIZA, Pompeu Araújo Adriana; TERÁN, Fachin Augusto. Ensino de Ciências em espaços educativos: conservação dos recursos hídricos. Curitiba: CRV, 2013.
NIGRO, Gonçalves Rogério. Ciências: Soluções para dez desafios do professor.
São Paulo: Ática, 2012. SEVEGNANI, Lucia; SCHROEDER, Edson. Biodiversidade Catarinense: características potencialidades ameaças. Blumenau: Edifurb, 2013. SOARES, Oliveira Ismar de. Gestão comunicativa e educação: caminhos da
educomunicação. Revista Comunicação & Educação, São Paulo, v. 7, n. 19, p.16-23. Jan./abr. 2002. Disponível em:< http://200.144.189.42/ojs/index.php/comeduc/article/ view/4147/3888>. Acesso em: 17 mar. 2015. SHIRTS, Mtthew. (Coord.). Manuel de etiqueta: planeta sustentável. São Paulo:
Abril, 2014.
137
ANEXOS
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ANEXO A: cruzadinha
Fonte: Piza e Terán (2013, p. 101).
139
ANEXO B: caça-palavras
Fonte: Piza e Terán (2013, p. 99).