invexologia - mapeamento dos aspectos constitutivos da invéxis revisÃo maio 2010

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    MAPEAMENTO DOS ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA INVXISE SUA NOO SOCIALMENTE CONSTRUDA

    Alexandre Rosado

    Doutorando em Cincias Humanas (Educao), PUC-Rio

    Professor de Conscienciologia

    e-mail: [email protected]

    website: http://alexandrerosado.net78.net

    RESUMOO objetivo deste trabalho promover uma discusso de temas mais fundamentais a respeito dainverso existencial, ou seja, seus aspectos constitutivos, seus conceitos-chave, as atuais

    lacunas de pesquisa e, sobretudo, a necessidade (ou no) de se aplicar uma tcnica declaradaem seu discurso como evolutiva. Desenvolveremos o trabalho a partir de elementos que estopresentes nos discursos encontrados no cotidiano dos inversores quanto tratam do tema invxise sua operacionalizao, a exemplo destes: evoluo, programao existencial, planejamento,evitaes, autopesquisa, intermisso e parapsiquismo. Em contrapartida, a partir de taisconceitos, hoje quase universalizados no mbito da Conscienciologia, sero acrescidasreflexes a respeito de temas-conceitos como naturalizao, normatizao, performance,adaptao e homogeneizao. Estes contrastes serviro para evidenciar fragilidades presentesna estrutura argumentativa compartilhada em grupo a respeito da invxis.PALAVRAS-CHAVE: Aspectos constitutivos; Modelos de vida; Ideais de performance; Acesso programao existencial.

    ABSTRACTThe objective of this work is to promote a discussion of more fundamental issues about the

    existential inversion, ie constitutive aspects, its key concepts, current gaps in research and,

    especially, the need (or not) to apply a technique declared in his speech as evolutionary. We

    will develop work on elements that are present in the speeches found in the routine of inverters

    and deal with the subject existential inversion and its operations, like these: evolution,

    existential program, planning, avoidance, self-inquiry, intermission and parapsychism.

    However, from such concepts, now almost universalized under Conscientiology, will be added

    reflections on themes such concepts as naturalization, standardization, performance,

    adaptation and homogenization. These contrasts serve to highlight weaknesses present in thestructure of argument in group shared about the existential inversion.

    KEYWORDS: Constitutive aspects; Models of life; Ideals of performance; Existentialprograms access.

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    I.CONSIDERAES INICIAIS

    Objetivo. O objetivo deste trabalho promover uma discusso de temas mais

    fundamentais a respeito da inverso existencial, ou seja, seus aspectos constitutivos, seusconceitos-chave, as atuais lacunas de pesquisa e, sobretudo, a necessidade (ou no) de seaplicar uma tcnica declarada em seu discurso como evolutiva (supostamente promotora debenefcios a quem a aplica).

    Estrutura. Visando este fim, desenvolveremos o trabalho a partir de elementos queesto presentes nos discursos encontrados no cotidiano a respeito da invxis e suaoperacionalizao, a exemplo destes: evoluo, programao existencial, planejamento,evitaes comportamentais, autopesquisa, perodo intermissivo e parapsiquismo.

    Contrapartida. Em contrapartida, a partir de tais conceitos, hoje quaseuniversalizados no mbito da Conscienciologia, sero acrescidas reflexes a respeito de temas-conceitos como naturalizao, normatizao, performance, adaptao e homogeneizao. Estes

    contrastes serviro para evidenciar, do ponto de vista deste autor, fragilidades presentes naestrutura argumentativa compartilhada em grupo a respeito da invxis.

    Constituio. O termo constitutivo nesse caso diz respeito ao que de fato alicera ainvxis, quais seriam os seus pilares fundamentais e que por isso justificam a sua existncia epropagao. Sem esta discusso sobre questes de fundo (primordiais), outras questes edesdobramentos que vm em seguida se tornam extenso de crenas e acordos compartilhadosem grupo e no ambiente social (pensamento contemporneo), muitas vezes to naturalizados eaceitos por todos que no se tornam explcitos e muito menos questionveis1.

    Benefcio. O benefcio principal de se detectar aspectos constitutivos (exerccioterico) est no fato de que, a partir do momento em que so encontrados, torna-se

    extremamente fcil o aperfeioamento tcnico de como aplic-los (exerccio prtico), ou seja,o objetivo proposto deve levar necessidade de ferramentas, no o inverso. Ferramentas,traduzidas na invxis por meio de tcnicas, no podem condicionar objetivos de vida e modosde se relacionar em sociedade, algo comum quanto no se discute a essncia de um campo dosaber, a sua forma histrica de construo coletiva e os modos como vem sendo apropriado.

    Abordagem. Este trabalho procura seguir a corrente da sociologia do conhecimentoque admite a realidade como socialmente produzida (construda), ou seja, em nossa vidacotidiana, a partir de ocorrncias do dia-a-dia, criamos e compartilhamos em grupo vises demundo, modos de institucionalizao, que formam sistemas simblicos, que por sua vezestruturam o modo de enxergar e dar coerncia aos diversos fatos do nosso cotidiano(BERGER & LUCKMANN, 2009).

    1 Exemplo o conceito de evoluo. Fala-se em nome da evoluo das conscincias nos discursoscorrentes no mbito da Conscienciologia (cursos, palestras, eventos em geral), mas pouco se sabe arespeito do tema, especialmente sobre as personalidades-chave como os denominados evolucilogos eserenes. Materializao de tal conceituao terica (categoria de anlise) aescala evolutiva dasconscincias que, antes de ser problematizada em sua validade (matematizao dos comportamentos endices de adaptabilidade), acaba sendo utilizada com grande freqncia para medir os perfis, hbitos ecostumes de seus membros, assumindo-se tal escala como naturalmente verdadeira.

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    Problemtica. O problema principal, que este artigo pretende apontar solues (masno resolv-las de imediato), est relacionado ao uso de regras e prescries comportamentais(acordos coletivos de conduta) provenientes da personalidade do inversor ideal2 que muitas

    vezes leva o candidato prtica da inverso existencial a cumprir um papel socialmenteaceitvel (e at mesmo vantajoso) perante seu grupo de convvio, porm altamentecontraditrio com sua personalidade, seus pensamentos e posturas (singularidade). A inversoexistencial torna-se, ento, mera adaptabilidade ao modelo j existente e legitimado em grupo.

    Aperfeioamento. Desta forma, a proposta de pesquisa aberta neste artigo serve emprimeiro lugar para aperfeioar a prpria cincia Invexologia, hoje baseada na estratgiaevolutiva de inverso existencial de seu propositor, cujos aspectos constitutivos foram poucomapeados at o presente momento, justamente pela sua ampla aceitao no mbito daConscienciologia e conseqente naturalizao, ao longo dos anos, dos procedimentos e normasinstaurados3.

    Premissa. Parte-se da premissa que a execuo da inverso existencial, a partir de

    seus aspectos constitutivos, pode assumir uma srie de variaes normativas, ou seja, a formaoperacional da tcnica pode ser aplicada de inmeras maneiras de acordo com o histrico devida e as necessidades do inversor. Para se chegar nesse nvel, uma reflexo prvia sobre oselementos que compe a idia de invxis, seu discurso bsico e socialmente compartilhado, feita neste artigo em cada uma de suas sees.

    Resumindo: Assume-se ao longo do texto que existe uma teoria bsica da inversoexistencial em termos de fundamentao e cincia, porm existem inmeras prticas e roteirospara execut-la, adaptveis poca e ao contexto de cada indivduo, podendo serreinterpretados, refeitos e repassados. comum a confuso entre roteiro de execuo epilaresde fundamentao, principalmente quando a radicalizao do primeiro obscurece a existncia

    do ltimo.Abordagem. A partir de tais consideraes, no ser objetivo deste trabalho enumerarrecomendaes e caminhos para o leitor, ou seja, no seguir o padro prescritivo ounormativo-operacional (TRACTENBERG, 1998) presente em grande parte dos trabalhos daConscienciologia a respeito do tema (Gestaes Conscienciais vol. 1 a 4, Anais do CINVXISI ao VII e outras publicaes correlatas)4, nem muito menos um relato de auto-superaes

    2 O inversor ideal descrito em toda seo Invexibilidade do livro 700 Experimentos daConscienciologia (VIEIRA, 1994), porm a expresso utilizada explicitamente no captulo 635,chamado de Trafores do inversor ou inversora ideais.3 Esta naturalizao de procedimentos vem sendo reforada e at mesmo sedimentada em discursos

    recorrentes pelas constantes narrativas de vida, visando a coeso das ocorrncias cotidianas de umatrajetria, atravs das tertlias conscienciolgicas dirigidas por Waldo Vieira diariamente e difundidasvia internet pelo website . De certa maneira as tertliasservem de controle discursivo, formando um pensamento coeso e unificado para o grupo.4 A operacionalizao entendida aqui quando se traduz em listagens de itens e frases curtas eobjetivas, ditando-se o modo ideal de agir no mundo, de se comportar e selecionar o que deve ser focoda ateno e o que deve ser descartado. Esta estrutura a base do discurso inicial sobre a invxis, de seupropositor, e que vem sendo seguido em inmeros trabalhos a respeito de variadas temticas ligadas juventude.

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    baseadas em um modelo ideal de vida pr-acordado e confirmado pelo grupo (neste caso omodelo de inversor existencial ideal); ou alguma correlao com outra rea de conhecimento esua utilidade na invxis.

    Exemplos. Apesar do aspecto no-prescritivo do artigo, existem os exemplos deaplicabilidade dos aspectos constitutivos mapeados e indicados na parte final do artigo, ouseja, existem exemplos que no so regras ou normas definitivas, pois foram construdos apartir do caso particular deste autor, no devendo de nenhuma maneira ser considerados maisum tipo de normatizao em substituio das anteriores. Cada indivduo tem liberdade denormatizar a sua inverso existencial, desde que enumere os aspectos constitutivos em que sebaseiam estas normatizaes.

    Qualidade. Antes de mais nada, importante ressaltar: alm das categorias do (a)relato de auto-superao, da (b) prescrio valorativa e da (c) normatizao enumerativa,existe o (d) exerccio de teorizao, que em si uma sntese de vivncias prticas do autor.Logo, um artigo terico vem de uma longa prtica de campo (pessoal e de observao

    externa). Artigos prescritivos no campo da Invexologia em geral tm vindo de prticasaligeiradas (curto tempo para registro e anlise dos dados)5, visando somente adesoprecipitada a um modelo que se pretende ser universal, mas que no fundo so concepesparticulares de vida e que alcanam limitada repercusso.

    Reflexo. O artigo estar voltado para o traado de uma argumentao reflexiva queleve necessidade do indivduo aplicar (ou no aplicar) a tcnica da inverso existencial (comou sem adaptaes normativas) baseando-se em alguns aspectos constitutivos j mapeados(pesquisa em andamento), pois esta uma das principais dvidas de jovens que se interessampela Conscienciologia e se deparam com a proposta da inverso existencial. Procurou-seevitar, ao mximo, qualquer tipo de tecnolatria, traduzida em culto invxis6.

    Fluidez. J que constituiremos um conjunto de reflexes, o esquema de tpicos brevessintticos,frases-sntese e listas enumerativas utilizados no apostilhamento de textos tambmsero evitados (utilizados em ltimo caso), pois no se quer fragmentar ou enxugardemasiadamente o discurso, mas sim formar um texto unificado e fluido (estilo dissertativo),mais til na conduo de reflexes. Para isso um espaamento entre pargrafos ser utilizado

    5 No incomum no mbito da Conscienciologia o artigo escrito visando um evento especfico, feito demaneira apressada, sem se integrar a um projeto de pesquisa em andamento ou alguma linha de pesquisacompartilhada em grupo. So raras as excees e este autor tambm j escreveu alguns trabalhosanteriormente a partir de tais demandas. Evidentemente, a qualidade do trabalho se torna empobrecida,

    com pouca ou nenhuma problematizao do campo cientfico e reduzido grau de inovao. No estosendo aqui levadas em conta as convenincias da superficialidade, ou seja, a no contestao frente aogrupo de suas crenas fundamentais.6 Chamamos aqui de culto invxis a postura comumente encontrada na observao cotidiana depreservao dos escritos originais sobre o tema e sua forma rgida de aplicao e controle, criando umaidentidade de grupo e uma maneira de agir e enfrentar situaes do cotidiano que voltam-se,comparativamente, ao modelo de inversor ideal. O culto teria como cerne a crena na perfectibilidadedos textos originais contidos na obra 700 Experimentos da Conscienciologia, apesar de constantenegao dessa crena.

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    quando os blocos temticos mudarem, assim como subtpicos para os temas gerais quando sefizer necessrio.

    II.DOS ASPECTOS CONSTITUTIVOS DA INVXIS:A CONSTRUO DO SUJEITO INVERSOR A PARTIR DE IDEAIS DEPERFORMANCE

    Mapeando a estrutura argumentativa...

    Pergunta. A primeira pergunta que se deve fazer sobre a inverso existencial, na visodeste autor, seria:Porque escolher aplicar uma tcnica?

    Tcnica. Atcnica, por definio, um procedimento ou conjunto de procedimentos emtodos prticos visando atingir um resultado artstico ou profissional (MICHAELIS, 1998, p.2030). A tcnica, em si, prescritiva, operacional, resultado sinttico de uma vivnciaconsiderada bem sucedida e agora compartilhada com os demais membros do grupo, em geral

    atravs de textos e manuais. A tcnica constitui-se caminho mais curto encontrado atdeterminado momento para se chegar de um ponto x (inicial) a um ponto y (final). Dessaforma questiona-se: qual oponto inicial (x) da invxis?

    1. O ponto x, ou ponto de partida, so as condies que o indivduo apresenta nomomento presente. So as relaes que possui com outras pessoas, os valores que assumiupara si, as qualidades e defeitos pessoais, as metas que deseja alcanar no curto, mdio e longoprazos, os problemas que tem a resolver, sejam de ordem pessoal ou coletiva.

    2. O ponto y, ou ponto de chegada, so as condies que o indivduo ir apresentar aofinal do percurso. Da que o indivduo se perguntar:Aonde eu quero chegar na minha atualvida e de que forma eu irei atingi-lo?

    Evolutividade. No caso da Conscienciologia, este caminho considerado evolutivocaso haja uma melhoria no estado geral do indivduo, representado pelo maior equilbrio ereao mais madura aos contextos no qual interage (amigos, familiares, colegas de trabalho eoutros grupos maiores e mais complexos), produzindo conseqentemente melhorias nacomunidade e no sistema de idias e valores da sociedade.

    Figura 1. Ponto de partida e ponto de chegada em uma vida intrafsica.

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    Ponto xCenrio de Partida

    Ponto yCenrio de Chegada

    Antes dos 26 anosde idade

    Dessoma

    Relaoespessoais

    Traospessoais

    Metas devida

    Famlia Trabalho Amigos Qualidades Defeitos

    Resultadosalcanados

    Traos

    Valores Sonhos

    Curto / Mdio /Longo prazos

    Intermissivo ps

    Balano final devida (Saldo)

    Caminho Evolutivo?Desperdcio deoportunidade?

    Estagnados

    Superados

    Intermissivo prTcnica evolutiva?

    Qual? Como executar?Com quais princpios?

    Mudanasambientais

    Mudanas nogrupo de

    convivncia

    Mudanas scio-polticas

    Planejamento. Se a pessoa escolhe chegar a algum lugar bom que se planeje etapas,

    estratgias e ferramentas. Em Conscienciologia pressupe-se, a partir da existncia de perodosanteriores existncia fsica atual (perodo intermissivo), que esses planejamentos tenham sidofeitos em seus pontos cruciais e que durante a vida intrafsica caber ao executor a manuteno

    e os ajustes dos pontos mais especficos. Estes pontos, ao que tudo indica, mudam com adinmica do cenrio que a pessoa est presente (sociedade, poltica, ambiente).Valores. Aqui caber a pergunta: Essas metas e esses pontos planejados tm por

    base que valores?Assistncia. Em Conscienciologia, seu propositor, Waldo Vieira, afirma que o fator

    principal em um planejamento de vida a chamada interassistencialidade. Seria, em sntese, oato de ajudar e melhorar a vida do outro ao mesmo tempo em que melhoramos a nossa atravsdas aes que realizamos em sociedade. Esta lgica nos leva seguinte inferncia: no existesentido em se planejar algo para a vida intrafsica prxima se esse algo no ir melhorar a vidaem sociedade e a vida interiordo indivduo. Objetivos estritamente individuais no poderiamconstituir isoladamente o planejamento de vida da conscincia e consequentemente a inverso

    existencial, embora possam fazer parte de ambos.Tipos. Essa ajuda ao outro pode ser traduzida de duas formas: ajudar sem modificar a

    essncia dos valores e posturas do ajudado (chamada de tarefa da consolao) ou ento ajudarcom o intuito de mudar a essncia dos valores e posturas desse ajudado (chamada de tarefa doesclarecimento).

    Abrangncia. Quanto abrangncia, a ajuda pode ser individual (egocrmica), local egrupal (grupocrmica) ou ampla e coletiva (policrmica). Vale ressaltar que os limites de cada

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    ajuda (ego, grupo, poli) propostos por Waldo Vieira so de ordem subjetiva e no quantitativaou geogrfica, o que ainda provoca certa discusso. Exemplo: em que ponto uma ajuda deixade ser grupocrmica e passa a ser policrmica? Ajudar uma pessoa em outro pas uma atitude

    policrmica? Ajudar um milho de indivduos uma atitude policrmica? E se forem cem mil?Norteadores. A ajuda, o ato intencional de intervir na individualidade alheia,pressupe alguns princpios bsicos que norteiem essa atitude. Um deles seria: Na hora deajudar, sabemos de fato o que melhor para o outro? Se no sei, quais indicadores me

    ajudam a descobrir?

    Problematizando...

    Ideologia. Esse ato de ajuda possui em geral uma ideologia constitutiva, um conjuntode princpios pessoais que guiam o pensar e o agir de quem a possui, baseando-se a princpionas experincias e concepes de mundo acumuladas pelo indivduo ao longo de suas

    mltiplas existncias (multiserialidade) e em grande parte assimilada da cultura dos grupos dereferncia que o indivduo est inserido na vida atual (mesologia). A ideologia tem relaocom o que a pessoa considera o mais adequado modelo de vida e a melhor forma deinterpretao da realidade.

    Assimilao. Podemos perceber, dessa forma, que a idia de ajuda desinteressada,neutra, assptica7, algo que na prtica se torna irrealizvel. bem provvel que umrepresentante de qualquer ideologia, seja um esprita, um marxista ou um evanglico,considere sua forma de viver a mais adequada para os membros da sociedade, e com issodesenvolva o ideal de assimilao dos demais as suas crenas e valores, construindo para issotodo um sistema de justificativas para tais atitudes. Exemplos: Encontrar Jesus a melhor

    maneira do indivduo estar em paz e construir harmonia interiorou Entender o estado dealienao causado pelo sistema capitalista libertar o indivduo da escravido conduzindo-o emancipao plena.

    Universalizao. O desejo mximo de uma ideologia que em algum momento futuroela se torne universal, desejo este manifesto em seus discursos textuais, em sua propagao ereproduo pela sociedade, seja atravs de publicaes, cursos, palestras, cultos, construo deedifcios e templos, entre outros meios.

    Princpios. No se pode negar que a Conscienciologia tambm possua sua ideologiaprpria, seu conjunto de valores, normas e princpios construdos, acordados e reforados emgrupo e dos quais imprescindvel a adoo para poder pertencer a este grupo. Uma outrapesquisa seria necessria s para mapear os comportamentos aceitos e os comportamentos noaceitos na Comunidade Conscienciolgica, levando-se em conta at que ponto tais

    7 A questo da assepsia tem relao direta com a importao do modelo mdico de ajuda, em que sefazem constantes analogias no discurso conscienciolgico. Este modelo est baseado no ser biolgico,em que so combatidas doenas que contaminam o indivduo, vindas do ambiente externo. No caso daConscienciologia, lida-se principalmente com o ser social e sua estrutura de pensamento, nocomparveis com doenas e distrbios do corpo biolgico. Dessa forma, este artigo contra a existnciade receitas mdicas sociais, procedimentos de assepsia quanto a um suposto ambiente socialpatolgico.

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    (principalmente as tcnicas) e na sociedade como um todo, que deixaram de ter como ponto dereferncia principal os ideais humanos de emancipao do homem9, passando ao predomniodos ideais de aumento de performance individual e coletiva atravs do uso de tecnologias

    (LYOTARD, 2006). Os movimentos de globalizao dos mercados e da competitividadecrescente entre indivduos so evidncias claras desta escalada performtica.Tecnologia. Vale lembrar que a invxis uma tecnologia baseada em procedimentos e

    normas de comportamento de vida, tidas cada vez mais em seu grupo de referncia comoinerentes ao ser humano, excluindo-se sua influncia mesolgica (culturalmente localizadas),ou seja, sua criao a partir de valores sociais vigentes.

    Revelao. comum o pensamento de que a invxis inerente evoluo dasociedade, que simplesmente foi revelada ao seu propositor (visto como exemplo a serseguido), codificada em texto e sempre existiu da mesma maneira em outros planetassuperiores ao nosso, sendo o mais adequado segui-la, fazendo-se pequenas adaptaes sematingir pilares considerados essenciais mesma. Um sistema socialmente criado desta

    maneira destacado da prpria sociedade que o criou, sendo posto acima dela, neutro em suaessncia e universal em sua prtica. Fundamenta-se assim a idolatria tcnica e a busca a todocusto de seus prometidos efeitos.

    Foco. Isso no quer dizer que, na proposta da invxis, a valorizao dos ideaishumanos de emancipao e livre pensamento seja extinta, porm observa-se no cotidiano que ofoco tem sido muito mais nos desempenhos a partir de procedimentos propostos pela tcnica(normas de conduta) e pouco nos resultados a partir desses desempenhos (fins de emancipaodo homem e melhorias sociais). Exemplo: a constante fixao no cumprimento de itens taiscomo a tenepes e o estado vibracional, manifesta em perguntas do tipo quando voc vaicomear a tenepes? (desempenho no tempo) e quandos EVs voc realiza por dia?

    (desempenho na quantidade).Realizaes. No foi realizado ainda um levantamento de dados a respeito derealizaes de significativa melhoria da sociedade executadas pelos denominados inversoresexistenciais contemporneos, com exceo dos inversores histricos como FlorenceNightingale (1820-1910) (ALEXANDRE, 1998), comuns nas primeiras pesquisas publicadasem peridicos de Invexologia nos anos 199010. Existe a idia de que a expanso da

    9 Entende-se aqui como emancipao do homem a formao necessria para entender e questionar asestruturas de poder e de circulao de bens simblicos, econmicos e culturais vigentes ontem e hoje nomundo. Esta formao voltada para o homem e seus potenciais plenos de ao e interveno no mundo

    (modificao do espao e de suas regras), contrariamente formao tecnicista em que os sereshumanos executam mecanicamente aes em seqencias automticas de procedimentos, sem entenderos fundamentos ideolgicos e os grupos de poder por trs de tais estruturas.10 O perodo inicial de publicaes ocorre entre 1994 at o primeiro Congresso Internacional deInverso Existencial em 1998 e a realizao da srie de livros Gestaes Conscienciais. O segundoperodo pode ser caracterizado pela criao daAssinvxis como departamento do Instituto Internacionalde Projeciologia e Conscienciologia e a realizao sucessiva de Simpsios do Grinvex e pela primeiraSemana da Invxis at o ano de 2004. O terceiro perodo vem a partir da institucionalizao daAssinvxis em 2004 at a presente data, em que o foco das publicaes passa a ser a retomada doscongressos internacionais realizados anualmente na cidade de Foz do Iguau, Paran, Brasil e de cursos

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    Conscienciologia (vontade de universalizao) seja a prpria ao ideal de interfernciapositiva na sociedade, semelhante a outros tipos de ideais de cunho filosfico e religioso quemoveram e movem grupos (mais ou menos numerosos) ao longo da Histria11.

    Normalidade. O inversor existencial nesse caso, a grosso modo, atende diversasexpectativas da atual sociedade (o que era de se esperar de um jovem-adulto de classe mdiabem sucedido) vistas como positivas na prpria lgica da competitividade e performanceindividual do sistema e organizao social em vigor (uma aproximao de escala de valoresque no pode ser ignorada), que a princpio no so prejudiciais, porm um pouco menossociais (coletivas) e mais individuais (com exceo do primeiro item). Vejamos a seguiralgumas:

    1. Altrusmo intelectual. Um nvel de boa vontade em ajudar outras pessoas atravsde obras intelectuais e educacionais, de preferncia conscienciolgicas strictu senso (queseguem os trmites burocrticos e pressupostos tericos da Conscienciologia). comum noperfil do inversor ideal, visado pelo grupo que constitui a Comunidade Conscienciolgica, a

    cobrana (implcita ou explcita) em ser professor de Conscienciologia e autor de livros eartigos, vistos como formas ideais de assistncia policrmica (a Conscienciologia seria acincia e o conhecimento ideal a ser abordado em tais obras).

    2. Autocontrole / Preveno. Um grau de autocontrole e autovigilncia para aevitao de condutas perigosas que tornem as atitudes pessoais antiprodutivas no sistema deevoluo concebido e acordado com o grupo. Um exemplo comum o comportamentovigilante, mais introvertido, contido em suas palavras e atitudes quando em convivncia comos pares da Comunidade Conscienciolgica12, e posterior atitude de extroverso e de menorcontrole das expresses e pensamentos quando em ambientes onde no exista predomnio depessoas pertencentes Conscienciologia (maior liberdade de expresso traduzida em menor

    presso para se seguir acordos grupais de conduta).3. Sexualidade / Afetividade. A formao de um casal estvel e duradouro, depreferncia heterossexual, com harmonia (o conflito e sua exposio em pblico se tornaindesejvel), mesmo que artificializada ou simulada. O ideal de inversor, no mbito da

    introdutrios e intermedirios sobre a temtica realizados em cidades diversas do pas, visando aformao do invexlogo.11 Dessa forma esquece-se que a inverso existencial no precisa ser feita, em seus aspectosconstitutivos, por indivduos pertencentes Conscienciologia. comum o pensamento de que o inversorhistrico no executou melhor seus planos porque no conheceu na poca as construes tericas e astcnicas da Conscienciologia. A questo : pode-se comparar pocas distintas com parmetroscontemporneos? Outra questo : pode-se de fato dizer que os desempenhos dos atuais inversores

    causam impacto social to relevante ou equivalente ao de inversores histricos?12 No ser utilizado o termo Comunidade Conscienciolgica Cosmotica, visto que o termocosmotico aplicado a toda uma comunidade supe, como princpio, um comportamento tico constante,porm nem sempre observado na prtica e convivncia cotidiana. Em tese, a comunidadeconscienciolgica cosmotica deveria ser composta somente de pessoas com a desenvoltura do que seconvencionou chamar ser desperto (obviamente, esta noo supe sujeitos com condutas consideradaspelo grupo como as mais ticas e supostamente universais). Um horizonte tico vlido, porm umatica csmica (universal) assumida para si e para seu grupo de referncia algo, no mnimo, duvidoso,nas atuais condies observadas em nossa sociedade.

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    sexualidade, traduzido no ideal de dupla evolutiva, j devidamente codificado noManual daDupla Evolutiva, por Vieira (1997).

    4. Cultura. Um nvel cultural crescente baseado em viagens e principalmente naleitura e no estudo. Nesse caso, espera-se que o inversor tenha sua biblioteca pessoal bemaparelhada e uma coleo razovel de recortes de jornais e revistas, sendo o ato da leituraassociado ao grau de cultura alcanado pelo indivduo. Quantidade de informaes, nesse caso, associada qualidade da produo e do pensamento do indivduo.

    5. Organizao. Um nvel de auto-organizao que se permita sustentarfinanceiramente e ser independente. Este fato inclusive uma exigncia implcita para sededicar ao crescimento da prpria Conscienciologia como grupo organizado. O desempenhoprofissional traduzido em ganhos financeiros bem visto como sinal de xito do inversor,embora existam constantemente relatos de conflitos entre ganhos financeiros e o que feito emtermos de escolhas profissionais para alcan-lo, baseado em uma noo ainda conflitantesobre o que constituiria uma atitude cosmotica e uma profisso cosmotica.

    6. Profisso. A escolha de uma profisso digna (que envolva reas mais afins ao idealde assistncia tais como a educao, a sade e outras que envolvam o intelecto). Nesse ponto incomum a busca por parte do jovem inversor de profisses menos valorizadas socialmente(porm no menos dignas), tais como de atendente, recepcionista, pedreiro, carteiro entreoutras, a no ser em situaes iniciais de vida pr-universitrias. O perfil social do inversortem sido o de classe mdia-mdia e classe mdia-alta, logo, a busca por profisses criativas(liberais / universitrias), mais lucrativas e influentes, se impe frente s profissesrepetitivas (de rotina pr-definida).

    Esgotamento. Faz-se interessante notar que esta busca de performance talvez sejauma das maiores causas de estresse e atos extremos cometidos hoje na sociedade, pois o

    indivduo faz de tudo para ser o melhor, o mais capaz, o mais ajustado, comparando seusdesempenhos aos de outras pessoas e no final chegando muitas vezes exausto fsica,emocional e psquica por no conseguir atender a todas essas demandas sociais (em geralconflitantes entre si). So tantas e to freqentes as chamadas para mudanas (reciclagens) quea identidade, o conjunto de razes que nos oferecem um lugar no mundo, pouco a poucocorroda em mltiplas viragens e deslocamentos (SENNETT, 2008).

    Auto-ajustamento. Derivam desta forma diversas tentativas de ajustes pessoais aosparmetros considerados ideais, seja por empresas, governo, instituies religiosas entre outrasinstncias privadas ou pblicas. Diversos padres e modelos de conduta foram criados at omomento nesse sentido, estando em constante disputa. Basta observar o mercado editorial deauto-ajuda com suas inmeras listagens e dicas de comportamentos ideais e as palestras de

    motivao presentes dentro de grandes empresas e corporaes.Refutao. A invxis no estaria fora dessa regra, seno a consideraramos um

    sistema de conduta ideal e um sistema terico definitivo, reflexo de objetivos universais paraonde caminha a vida (teleolgico), o que acredita-se no ser o caso, pois se localiza em umsistema considerado cientfico (pelo menos no discurso hoje vigente sobre cientificidade) e empermanente construo e desconstruo. Em sntese, a invxis uma construo social e

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    historicamente localizada, reflexo de sua poca e deve ser desta forma estudada como umelemento de socializao.

    III.DAS FORMAS DE ACESSO PROGRAMAO EXISTENCIAL:O CONFLITO ENTRE A PRECISO DETERMINISTA E A INSTABILIDADE CRIATIVA

    Proxis. O conceito de programao existencial (proxis) central no discurso sobre ainvxis, pois a finalidade do indivduo inversor chegar ao final da vida com razovel grau dexito dos objetivos previamente acordados na dimenso extrafsica (curso intermissivo). Oconceito de proxis, no entanto, se liga hoje aos ideais de aumento de performance tovalorizados, por exemplo, pela rea de administrao de empresas, com seus diversosfluxogramas, organogramas e cronogramas.

    Otimizao. Dentro desta lgica discursiva, fcil perceber que pelo ideal demelhoria coletiva de um grupo deve-se otimizar(tornar timo) ao mximo os desempenhos

    das peas, alinhando-as e se evitando ao mximo os distrbios (conflitos de interesses e deopinies). Esse ideal bem expresso na frase minipea no maximecanismo, uma chamadaao auto-ajustamento diante das funes acordadas em grupo.

    Mecanicismo. Lembremos que o mecanismo tem relao direta com o ideal presenteno mecanicismo dos sculos XVIII e XIX, metfora relativa ao funcionamento das peas deum relgio (ou qualquer outro aparelho mecnico) que, em harmonia, geram grande precisoao informar as horas. Preciso dos desempenhos e ajuste do comportamento complementam-se nessa concepo metafrica, comparando-se as aes humanas preciso dos objetosmecnicos, ou seja, destituindo o imprevisto representado pela subjetividade humana em suasrelaes sociais.

    Equilbrio. Implicitamente o conceito de proxis supe esse alinhamento de peas, talcomo em uma mquina bem ajustada, e a conseqente recusa ou temor de fatores relativos aodesequilbrio ou possveis acidentes. o medo da perda de controle, do fator imprevisto, dasujeira na mquina. Isso de certa forma contrasta com o princpio bsico da cincia, arenovao, que supe desequilbrios e reajustes constantes. Em cincia necessrio haverambiente que permita a discordncia, em que o erro seja valorizado como parte do processo dedesenvolvimento de um campo cientfico. Exemplo: no incomum existir em sistemasbaseados na idia de homogeinizao (mecanismo ajustado), a exemplo do comunismosovitico (1917-1989), um conflito entre um ideal de igualdade dos membros e avano socialde idias (criatividade).

    Holociclo. Exemplo contemporneo de mecanismo ajustado na Conscienciologia o

    Holociclo, uma fbrica de verbetes e de produo intelectual em srie, com equipessuperespecializadas, funcionando em ordem pr-determinada, a fim de controlar e ordenar ocaos representado pelas informaes do mundo contemporneo. Tal controle exercido demaneira semelhante aos iluministas do sculo XVIII, criando-se sistemas classificatrios,hierarquias e esquematizaes, cada vez mais complexas e crescentes13. O pice desse

    13O nmero de -logias, ou seja, campos de estudo, propostos por Waldo Vieira j ultrapassam a marcade 200 itens (Ano-base 2009). A Projeciologia um destes campos, justificado pela fartura de materiais

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    ordenamento simblico, tanto hoje como na poca iluminista, so os dicionrios, os catlogose as enciclopdias, sistemas armazenadores e fixadores do caos encontrado na relao dohomem com seu ambiente exterior (BURKE, 2003).

    Contradio. Dessa forma cria-se um conflito entre desempenho ajustado ao modelocriado, como por exemplo, o de inversor ideal, a princpio j definido e instaurado no textoprecursor da tcnica (VIEIRA, 1994, p. 699), com a proposta de inovao e contestaoincentivada pela prpria tcnica de inverso existencial. Caos, subjetividade e instabilidadeversus controle, razo e estabilidade.

    Perguntas: Como conciliar inovao e contestao quando j se definiu que tipo deperformance e modelo deve ser seguido pelo grupo? Essa inovao pode ser aplicada aoprprio modelo ou deve ser dirigida a grupos externos, fora da Comunidade Conscienciolgica(o problema so os outros)? um paradoxo a ser pensado, pois tem relao direta com aformao de valores e crenas de grupo, gerando conflitos internos a partir do binmiotradio-inovao.

    Descontrole. Talvez a obsesso em medir e controlar os modos de ser e de agir dajuventude, hoje to presentes nos artigos sobre invxis, tenha como base a sensao pessoal deno estar dando conta do que instvel e imprevisvel no mundo. O papel impresso, assimcomo o espao de divulgao textual on-line, acaba por ser fixador artificial de um discursoque no consegue aderir e se propagar no espao exterior da vida cotidiana. O espao pblicono reflete e nem quer se comportar de acordo com o que construdo no iderio da invxis. Omundo ideal, imaginado pelas tcnicas conscienciolgicas, devendo estar sob controle, estvel,bem organizado, limpo, assptico no se mostra como tal e nem se rende a domesticaes, daa construo textual que visa orden-lo e dizer como deveria ser (MAFFESOLI, 2007).

    Produo. No por acaso que a construo textual sobre a inverso existencial se

    apie mais nos relatos de performance e experincias adquiridas do que no questionamentosobre os princpios, normas e procedimentos constituintes da tcnica da invxis, vistos namaior parte do tempo como inerentes mesma, ou seja, logicamente naturais e universais.Questionar a invxis reduz-se, na viso de seus difusores, a mera perda de tempo (filosoficeintil), a um ato de rebeldia desnecessrio de algum que no se adaptou corretamente a seuspreceitos. A volta constante ao texto inaugural14 (FOUCAULT, 2000; 2006), reinterpretando-oincessantemente, o fenmeno mais comum para aplacar tal insegurana, pois o que foinecessrio dizer, j est ali, s parar para ler e entender .

    que precisaram de dcadas para se tornar coerentes e justificarem um campo de estudo. Porm 200-logias em uma sociedade j inflada de campos que pouco se comunicam entre si (interdisciplinaridade),

    mostram claramente a vontade da Conscienciologia em se tornar tradutora de boa parte (seno de todos)os campos de conhecimento, tal como um buraco negro que puxa tudo ao redor. Tais movimentos detotalizao no obtiveram xito nos sculos XVIII e XIX, sendo, apesar disso, reeditados em taliniciativa.14 Foucault (2006) nos aponta alguns textos inaugurais, eternamente referenciados, como a obra deSigmund Freud (18561939) no campo da Psicanlise, e a obra da Karl Heinrich Marx (18181883)no campo da esquerda socialista. Tal categoria de obra textual sempre referenciada para justificar omundo em cada poca e a cada mudana ocorrida, justificando o suposto carter premonitrio euniversal de tais obras.

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    Contestao. Em 15 anos de proposta da invxis praticamente nenhum de seusfundamentos bsicos e de sua operacionalidade foi modificado ou seriamente contestado,utilizando-se argumentos dos mais variados possveis: incapacidade evolutiva dos

    pesquisadores; ausncia de parapsiquismo e lucidez; e at mesmo uma tcnica uma tcnica,devendo-se execut-la tal como , e ponto. Predomina, em muitos casos, a postura de defesada tcnica (apego) e no a de pesquisador da cincia Invexologia (busca de um mnimo deiseno). Est mais que na hora de conceber a Invexologia como campo de pesquisa maisamplo e sujeito a novos enfoques e interpretaes.

    Vida. No de surpreender tal falta de contestao se olharmos a invxis sob a ticada sociologia do conhecimento (BERGER & LUCKMANN, 2009). A invxis uma tcnicade vida, ou seja, so normas, valores e procedimentos que a pessoa deve aprender e pr emprtica desde cedo em sua vida, pois outros indivduos a construram e a validaram, oferecendogrande margem de segurana ao jovem diante de um grupo confiante em sua homogeneidade.Por isso mesmo, pelo alto grau de imerso no tema e por sua estrutura de vida depender da

    validade da tcnica que segue, sua contestao se torna to difcil. Contestar a invxis contestar a prpria maneira de viver e a forma com que os laos sociais foram forjados comseu grupo. A pior hiptese, neste caso, receber a alcunha de indivduo desviante, umverdadeiro certificado de excluso do grupo.

    Problemtica. Essa falta de ampliao, refutao e alterao na operacionalidade datcnica da invxis levou prpria problemtica deste artigo, pois ausente at a presente datauma listagem dos aspectos constitutivos que aliceraram as normas operacionais hoje vigentese replicadas a exausto.

    Proxis. Mas continuemos o raciocnio a respeito do tema proxis em nossa prximaseo.

    IV.DA INTERMISSO:UM CAMPO ABERTO PARA DESCOBERTAS EMPRICAS.

    Mapeando a estrutura argumentativa...

    Rememorao. Para se chegar ao planejamento intermissivo, ou seja, seus tpicos emetas, preciso relembr-lo. Relembrar esse planejamento, ou programao existencial, talvezseja o obstculo mais comum quando encontramos os chamados inversores existenciais (ouque pelo menos pretendem aplicar tal modelo) na Comunidade Conscienciolgica.

    Intermissivo. Tecnicamente essa rememorao exige o contato mais estreito com o

    local e as pessoas que participaram ou guiaram esse planejamento, ou seja, os companheiros decurso intermissivo, de preferncia amparadores (considerados aquelas pessoas com maiorviso de conjunto e mais experincia), e as colnias extrafsicas onde tais planejamentos sedo.

    Engramas. Esse contato ajuda na recuperao dos engramas de memria, justificando-se tal mecanismo pela relao crebro-paracrebro visto que as informaes do

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    perodo intermissivo esto presentes neste segundo crebro mais permanente, de acordo comas pesquisas de Waldo Vieira (2002).

    Meios. Esse contato com os fatores desencadeadores da memria extrafsica exigem

    pelo menos dois procedimentos tcnicos bsicos iniciais priorizados na Conscienciologia: aprojeo da conscincia e o estado vibracional (VIEIRA, 2002).Alternativas. claro que existem inmeras outras formas de se chegar a essas

    informaes, mas que no sero especificadas aqui com detalhes, fatores estes j bemexplorados e relatados com mincias em diversas obras espritas, teosficas, parapsicolgicase correlatas.

    Exemplos: Andr Luiz (2002) que relata fenmenos observados na dimensoextrafsica e seus modos de funcionamento; Allan Kardec (1997) que desenvolve descrioinicial de inmeros fenmenos parapsquicos depois aprofundados no incio do sculo XX porautores diversos (William Crookes, Alexandre Aksakof, Ernesto Bozzano); Milton Menezes(1999), Clia Resente (1999), Bruce Goldberg (1993), Lamartine Palhano Jnior (1998) e

    Hermnio Corra de Miranda (1999) que exploram a rememorao de vivncias ocorridasantes da vida atual das conscins15.

    Fenmenos. Seriam ento, resumidamente, os seguintes fenmenos de acesso aoperodo intermissivo: hipnose regressiva (tcnica), psicografia (fenmeno), psicofonia(fenmeno), meditao (tcnica), incorporao benigna (fenmeno), sonho lcido (fenmeno),entre outros.

    PC. Seguindo a abordagem de Waldo Vieira (2002), a projeo da conscincia, ousada do corpo, quando realizada de maneira lcida (sem lastro energtico ou obnubilaoextrafsica) permite a visita direta, nua a crua, ao local onde o planejamento existencial foirealizado, sendo por isso considerada a mais ideal no campo da Projeciologia pelo uso de todos

    os sentidos e emoes daquele que a vivencia, mas no a nica porta de acesso possvel. Valelembrar que existem diversos relatos a partir de projees da conscincia semiconscientes,sendo a validade dos relatos neste caso to questionveis quanto os trabalhos de incorporaomedinica inconsciente.

    EV. J o estado vibracional permite que o acesso ao paracrebro seja facilitado e maisfluido, facilitando a sada do corpo. Qualquer dos dois caminhos exige disciplina e interessecontnuo em sua execuo, pois consenso que o estado vibracional se torna mais eficazquanto mais vezes for realizado, sem soluo de continuidade, e a projeo da conscinciadepende da dinamizao das energias que o estado vibracional proporciona, entre outrosinmeros fatores constituintes da chamada homeostase holossomtica (equilbrio ntimo ouequilbrio interior). Dessa forma um fator (estado vibracional) pr-requisito para o aumentodeperformance do outro (projeo consciente lcida).

    Problematizando...

    15 Posso registrar aqui breve depoimento, em que entre 2000 e 2002 realizei em parceria com outropesquisador, uma srie controlada de experimentos utilizando tcnicas de rememorao de vidaspassadas a partir dos estudos de tais autores, tendo obtido significativo xito e qualidade nasrememoraes.

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    Lacunas. curioso nesse ponto que notemos a fragilidade, vista aqui como lacuna,dos dados apresentados no campo de pesquisa da inverso existencial, pois ainda muito baixa

    a quantidade de artigos, relatos e outros tipos de iniciativas de registros de experinciasextrafsicas relacionadas a cursos intermissivos.Fontes. Curiosamente, apesar de todos os fatores negativos relacionados ao tema

    religiosidade, apontados pela Conscienciologia quando assume o imaginrio da cincia comsua suposta neutralidade e preciso, no campo do espiritismo que encontramos uma ricagama de relatos traduzidos em forma de textos em inmeros livros psicografados. Um dosmais conhecidos no Brasil Nosso Lar(LUIZ, 1999), psicografado em 1944, porm aliteratura esprita voltada ao pblico jovem apresenta relatos intermissivos detalhados emlivros como Violetas na Janela (CARVALHO, 2002), Vivendo no Mundo dos Espritos(CARVALHO, 2000), assim como o livro Cu Azul (CAMARGO, 2000).

    Perguntas. Quais so as atuais temticas estudadas nestes cursos? Quais colnias

    seriam consideradas as mais avanadas e sofisticadas? Quantas pessoas as acessam e por quaismotivos? De onde so provenientes os denominados inversores da ComunidadeConscienciolgica? Em que locais e em quais tarefas esto engajados os estudantesprovenientes destes cursos? Tais questes, essenciais no campo da Invexologia, enquanto noforem respondidas a contento, comprometero a validade da tcnica da invxis, dependente emessncia da coordenao de esforos e objetivos entre as realidades intrafsica e extrafsica(conscins e consciexes).

    Divulgao. O aspecto prtico de investigao esquecido frente prioridade dedivulgao e ensino da abordagem terico-ideolgica presente nos atuais cursos da rea (atmesmo os Congressos de Inverso Existencial e os Simpsios do Grinvex so vistos como

    locais oportunos de promoo e adeso tcnica). Tais levantamentos empricos, desta forma,no so vistos como prioritrios, pois a tcnica em si mesma j teria sido constituda e dadacomo pronta na viso de quem a divulga, sem maiores restries, exigindo conseqentementeaprofundamentos em normatizaes derivadas do originalmente proposto, mas sem contestarsua essncia.

    Circularidade. Enquanto ideologia, a invxis funciona muito bem dando coerncia snarrativas de vida e aos laos sociais criados ao redor dela. Porm, enquanto campo de

    pesquisa, assuntos que envolvem sua empiria so postos no campo do dever pessoal de casa(auto-responsabilizao), ou seja, a invxis no expandida em seus detalhes devido no-adequao (inadaptabilidade) e no-aplicao total dela mesma. A falta de performance eadaptao pessoal invxis utilizada como justificativa para as obscuridades presentes nela

    mesma, o que cria um campo discursivo circular, a princpio sem sada em si mesmo.Prioridade. A pesquisa dos cursos intermissivos deveria ser prioridade bsica das

    instituies que trabalham com o conceito de inverso existencial e proxis, pois a parte maisessencial de sua empiria16. Isso se deve ao simples fato de que sem acesso aos locais onde so

    16 A realizao de dinmicas parapsquicas no Centro de Altos Estudos da Conscienciologia parece serum dos caminhos para a obteno de dados empricos a respeito da intermisso, necessitando porm demaior divulgao e da formao de uma base de dados com relatos pblicos (sem necessidade de

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    dadas as aulas, feitos os debates e definidos os planejamentos de vida, pouco pode se avanarnas otimizaes intrafsicas17 (locais de recepo; temas de estudo; meios de divulgao;cursos ministrados) e nas aes de recepo e ajuda s conscincias recm-ressomadas,

    proposta esta, por exemplo, da Assinvxis (Associao Internacional de Inverso Existencial),mas tambm relevante para todas as outras Instituies Conscienciocntricas que objetivamestudar assuntos de ponta, a exemplo da Apex (Associao Internacional de ProgramaoExistencial).

    Reconhecimento. Porm, para se chegar a tal ponto, os pesquisadores integrantes detais instituies devero reconhecer a fragilidade emprica hoje vigente no campo. Esse ponto,em si mesmo, notoriamente desafiador, pois a constituio identitria do inversor (histria devida), a partir da necessidade de demonstrar exemplos aos demais, muitas vezes exige grandesegurana no discurso frente ao grupo de jovens aprendizes a respeito da cincia sobre asdiretrizes de sua programao de vida. Evidentemente no se entra em maiores detalhes,deixando subentendido em pblico que a empiria foi bem explorada, atravs de uma narrativa

    de vida apresentando coerncia suficiente para fins de propagao dos ideais defendidos.

    Sntese. Fechando este ciclo de idias, percebemos que a inverso existencial exigecomo primeiro passo a manuteno constantemente do estado vibracional (ou outra tcnicaparapsquica eficaz) a fim de ampliar as trocas com a dimenso extrafsica (projees daconscincia e outros mtodos) e intensificar as rememoraes do perodo onde a programaoexistencial foi realizada (recuperao de cons ou unidades mnemnicas de lucidez). Dessaforma se realiza um circuito fsico-extrafsico favorecedor do aumento de performance(segundo ideais pr-acordados em grupo) dos chamados inversores existenciais, executores dediversas demandas indicadas pelos administradores do sistema evolutivo (orientadores

    evolutivos) e de certa forma dentro do padro de caractersticas hoje vigente na sociedade,embora atenda a fins considerados exticos (o conceito de curso intermissivo praticamentedesconhecido na sociedade intrafsica).

    Ressalva. importante enfatizar que este sistema lgico no leva em consideraoainda a possibilidade do planejamento pr-ressomtico conter erros e equvocos e precisar terpontos revisados (evolucilogo no erraria? a sociedade no surpreenderia em seus rumos?). Opressuposto implcito no discurso sobre a proxis, e conseqentemente sobre a invxis, deque o que foi programado o melhor e o mais adequado (ajustado) ao caso da pessoa,invariavelmente, no existindo relatos de ajustes fundamentais de proxis que se tornaraminadequadas frente a mudanas ambientais inesperadas (at mesmo porque poucos a

    identificao do autor). Outra vertente seria a divulgao de relatos exitosos de experimentaeslaboratoriais que envolvam esta temtica, tcnica essa utilizada por Waldo Vieira (2002) durante apesquisa do tema projeo da conscincia.17 Esta dependncia da empiria to forte que no incomum que diretrizes e projetos da Assinvxissejam conduzidos em escala mais ampla por Waldo Vieira, mdium e projetor com acesso aosambientes extrafsicos e suas demandas. Tal dependncia no tem apresentado sinais de diminuio,sendo at mesmo utilizada como justificativa para a realizao e manuteno de projetos, assim como olevantamento de recursos financeiros para os mesmos.

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    relembram em detalhes), embora haja campo para ajustes de menor escala, a chamada lei daadaptabilidade da proxis conforme definida por Waldo Vieira (1998, p. 20).

    Manto. O que resta ao indivduo simplesmente descortinar a proxis pessoal, uma

    tarefa quase sempre solitria, difcil e encoberta por um espesso manto de especulaes eachismos.

    V.DO PAPEL DA AUTOPESQUISA:AUTOCONHECIMENTO PLENO OU AUTO-ADAPTAO EXCLUDENTE?

    Mapeando a estrutura argumentativa...

    Partida. Porm uma programao existencial, como planejamento, parte do ponto x,que representa o sujeito atual, so as condies que o indivduo apresenta no momentopresente. So as relaes que possui com outras pessoas, os valores que assumiu para si, as

    qualidades e defeitos pessoais, as metas que deseja alcanar no curto, mdio e longo prazos, osproblemas que tem a resolver, sejam de ordem pessoal ou coletiva.

    Metodologia. Esse ponto x para ser bem mapeado exige uma coleta de dados maissistemtica, uma observao sobre si mesmo mais acurada, chamada na Conscienciologia deautopesquisa, ou seja, uma introspeco e auto-anlise metdica. Tal mtodo foi duramentequestionado no perodo inicial da psicologia cientfica (sc. XIX) por conter limitaes efragilidades de investigao, mas vem sendo hoje resgatado (mesmo com todas suas limitaese riscos) pela Conscienciologia. Descrever a si mesmo sempre um exerccio difcil, pois como estar em eterno processo de desconstruo da realidade, questionar se o valor atribudos coisas de fato um valor aceitvel, o que provoca insegurana, medo e risco.

    Instrumentos. Para otimizaressas introspeces a Conscienciologia oferece inmerosinstrumentos, a saber: laboratrios de autopesquisa em Instituies Conscienciocntricasdiversas (CEAEC, Arac, IIPC e IAC), o livro Conscienciograma (VIEIRA, 1996), o cursoECP1 ministrado no IIPC, entre outros. Cabe ao candidato a executor da tcnica da inversoexistencial mapear o status atual de sua vida, traduzir em planilhas, esquemas e tabelas osdados que for coletando, tal como um pesquisador recolhe e analisa os dados dos sujeitos desua pesquisa. Inmeros artigos foram escritos relatando tais procedimentos e metodologias,destacando-se no campo da invexologia a Tcnica da apresentao da trajetria de vida (GRINVEX RJ, 2008).

    Mapeamento. Um mapeamento bem detalhado e estruturado se torna til quando sepercebe que a memria humana funciona por associaes de idias, porm perde rapidamente

    dados detalhados quando realiza todas as noites a manuteno e o descarte dos trechos queconsidera menos relevantes para a sobrevivncia humana. Em sntese: se dependermossomente de nossa memria biolgica se tornar extremamente difcil associar comportamentosrecorrentes e se chegar a traos de personalidade que se manifestam em comportamentosvariados.

    Tcnicas. Na Conscienciologia essas formas de organizar os dados coletados estopresentes em tcnicas como: lista de trafores, trafares e trafais; planilhas evolutivas contendo

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    metas mais amplas; planilha de metas do ECP1; Grfico 360 da Conscincia; entre outrosinstrumentos.

    Problematizando...

    Adequao. Apesar de todo aspecto de segurana e controle (racionalidade)oferecidos por tais procedimentos, devemos lembrar que so, em ltima anlise, instrumentosde avaliao de performance e de adequao aos modelos de vida propostos pelaConscienciologia (sistemas de controle), sendo til ao aplicador estar ciente de tais adequaese de que as est seguindo (reconhecer a existncia das regras do jogo e assumir suasconseqncias).

    Instrumentos. Uma instrumentao que objetiva avaliar algo em si mesma umcondensador de uma ideologia, um modo de ver e abordar o bem viver. Analogamente, osujeito adaptado , antes de tudo, aquele que tira nota 10 ao final da avaliao.

    Objetivamente, tirar nota mxima no livro Conscienciograma (VIEIRA, 1996) estar adaptado100% a um modelo de vida, a um ideal de ser humano, ser o prprio super-homem encarnadona Terra (o Sereno).

    Sentido. Embora gere um conforto inicial, ao oferecer um horizonte de sentido para oindivduo construir suas expectativas e metas (ser um desperto, ser um epicon, ser umsereno), rapidamente pode se transformar em fonte de angstia permanente, pois as metas setornam rapidamente inalcanveis, distantes demais (muitas vidas sucessivas) e contraditriasdemais com a realidade imediata, instvel e insegura do cotidiano. Um desconforto que no proveniente de mecanismos exteriores (o panptico foucaultiano), mas que se interioriza naestrutura individual de pensamento e gera cobranas cada vez maiores e adaptaes de conduta

    com demonstraes pblicas de xitos18

    .Conscienciometria. A Conscienciometria, cujo objeto-smbolo o livroConscienciograma publicado por Waldo Vieira (1996), representa um desses instrumentos deadaptao e controle comportamental (testes), junto a outras inmeras publicaes hojeexistentes, pois o indivduo, para receber uma nota avaliativa alta, deve obedecer aosparmetros de comportamento e vida social expostos como ideais na pgina direita de cadaficha avaliativa. Instrumento semelhante est em vias de construo no campo da Invexologia,apesar de sua empiria ainda ser bem restrita (conforme j analisado acima) e poucocomparvel aos anos de observao e catalogao consumidos na preparao do livroConscienciograma (CERQUEIRA & CARVALHO, 2005).

    Diferena. Esta contradio, verdadeira inverso (que no existencial) se processa

    hoje no campo da invxis, com a (re)construo de inmeros artigos propondo escalas,

    18 Na Conscienciologia, em seu grupo social, esta busca de demonstrao vista na constanteapresentao pblica de relatos de superaes e auto-exemplos, uma forma de se afirmar constantementeque o modo de vida seguido est de acordo com o que o grupo compartilha como ideal, assim como nabusca de novos adeptos a tais modos de conduta, propagados como os mais eficazes dentre todos osoutros investigados (modelos de vida provenientes dos campos filosfico e/ou religioso). Nesse ponto,a autopesquisa se torna autoconfirmadora de condutas, umapesquisa-testemunho.

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    medidas, referncias e testes, sem ao menos saber se de fato quem est na dimenso extrafsicae intrafsica necessita de tais direcionamentos (ausncia de empiria). No final das contas,avaliar incluir o semelhante e afastar os dessemelhantes, lidar com a diferena no

    reconhecendo-a como fonte de dilogo e sim como objeto de excluso.Caricaturas.Quanto classificamos algo como mais evolutivo e outro como menosevolutivo estamos exercitando a excluso do Outro, aquele Outro que se difere demais de nsou que representa o tipo de pessoa que no queremos ser ou que queremos negar em nsmesmos. Dessa forma se constroem inmeros perfis, caricaturas de personalidades que devemser afastadas de si ou tratadas em suas impurezas, ao modo do tatuado,do drogado, dame precoce, do rebelde, do organizar de trotes, do alcolatra e tantos outrosrepresentantes do mundo instvel, incontrolvel e acima de tudo juvenil (MAFFESOLI, p.207). Define-se, paradoxalmente, o inversor por aquilo que ele no , atravs de esteretiposdo que se quer tornar indesejvel, impuro, sujo. A anulao dos estranhos, sua aniquilaosimblica, ento completada (BAUMAN, 2001). Os instrumentos de avaliao se tornam

    medidas institucionalizadas de controle e tratamento do que se considera estranho.

    Quadro 1. Sntese das fases da autopesquisa sob a tica da Conscienciologia.FASES DA AUTOPESQUISA ITENS

    Coleta de dados 1. Laboratrios de autopesquisa.2. Livro Conscienciograma.3. Consciencioterapia.4. Curso ECP1.5. Dirio projetivo.6. Dirio pessoal.

    Tratamento de dados 1. Grfico 360 da conscincia.2. Planilhas de ECP1.3. Leitura e sntese do dirio pessoal.4. Leitura e sntese do dirio projetivo.5. Leitura e sntese das anotaes laboratoriais.

    Sntese dos dados 1. Lista de trafores / trafares / trafais.2. Lista de valores e interesses (inclinaes

    pessoais).3. Planilha de metas e decises de vida.4. Escolha da tcnica evolutiva pessoal.

    VI.DOS COMPROMETIMENTOS:PORQUE EVIT-LOS E COM QUAL FINALIDADE?

    Inadaptabilidade. Mesmo aps a coleta e tratamento de dados sobre si mesmo, pode-se chegar concluso que no existe motivo ou no existe capacidade da pessoa utilizar atcnica da inverso existencial tal como foi definida e acordada pelo seu propositor. O quefazer ento? Esquecer de organizar a prpria vida? Considerar-se inadequado a tais padres?

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    Comprometimento. Em sua essncia a tcnica da inverso existencial existe paraajudar, em um primeiro momento, a pessoa jovem a no cair em percalos comuns presentesna dimenso intrafsica que possam gerar acentuado nvel de comprometimento e dessa forma

    prejudicar suaperformance pessoal (sujeiras e imprevistos no caminho).Medicina. uma tcnica essencialmente preventiva e at certo ponto assptica,semelhante s recomendaes mdicas baseadas em situaes e diagnsticos anteriores.Qualquer comprometimento mais grave impediria uma performance ou desempenho de 100%do que foi planejado anteriormente. Serve, em grande parte, como tcnica contempornea decontrole dos atos e vontades do corpo, assim como de regulao de seus prazeres.

    Drogas. Um exemplo consensual so as drogas pesadas geradoras decomprometimento fsico e psquico, que prejudicam o desenvolvimento de raciocnios clarosno indivduo que as consumiu por longos perodos. A droga um smbolo de atentado racionalidade cerebral e biologia natural do corpo, tpico do universo argumentativo dainvxis temeroso do instvel e do imprevisto19. Procura-se ento qualquer tipo de droga, desde

    a oficial e de fcil deteco, at as drogas simblicas, os desvios que fariam o indivduo perdera razo e conseqentemente a sua invexibilidade.

    Polmica. Analogamente s drogas, existem outros tipos de comprometimentosconsiderados no universo da cultura-invxis ainda polmicos e questionveis, so eles: agerao impulsiva de filhos (prole) e os acidentes que envolvam alto comprometimentosomtico, o que diminuiria o percentual de dedicao do jovem-adulto assistncia maisampla (policrmica) proposta pela inverso existencial. Esse nvel de dedicao que se tornabase do questionamento.

    Tempo. Afinal, porque evitar acentuados comprometimentos? A lgica seria: caso ojovem por ingenuidade caia em um comprometimento acentuado durante sua juventude e o seu

    foco se volte para administrar esse comprometimento, o tempo gasto nesta atitudeinviabilizaria a realizao do planejamento e das metas acordadas com o grupo e aspersonalidades amparadoras antes do renascimento fsico. Da a existncia de inmeros artigosa respeito dos chamados mata-burros da inverso existencial, hoje priorizados como pesquisainstitucional da Assinvxis (ano-base 2007) e que se tornaram condensadores morais de seudiscurso, inclusive impressos em cartazes a vista de todos na instituio. So os fatores deinstabilidade geradores de repulsa pblica, expostas para que todos as evitem.

    Concluso. Por este ponto de vista chega-se seguinte concluso: evitarcomprometimentos fortes s faz sentido quando a pessoa possui uma programao de vida queexija tempo e disponibilidade total ou quase-total para a execuo de alguma meta de vidaampla e homeosttica para a sociedade.

    Tempo-qualidade. importante nesse ponto pensarmos sobre a associaoautomtica que feita entre tempo e qualidade de trabalho. Dentro deste esquema mental, aqualidade de uma idia, de uma instituio ou obra medida pelo seu tempo de dedicao

    19 No estamos inferindo aqui que drogas lcitas ou ilcitas no causem danos ao corpo biolgico, ouincentivando algum consumo de tais substncias. O exemplo aqui serve para anlise de estruturasideolgicas de pensamento, sendo que os efeitos biolgicos e clnicos de tais substncias devem seravaliados previamente por seus usurios e junto a especialistas.

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    (devoo). Tais vnculos acabam resultando no descarte daquilo que atrapalha tais objetivos.Encontramos tal lgica no discurso do celibato, em que o sacerdote se priva da distrao

    representada pela mulher e pelo sexo, para formar um par produtivo com a divindade (Deus),

    negando o prazer do corpo substitudo pelo prazer da alma e da recompensa simblica pelaconverso de mais fiis. Em ambos os casos, a noo de abnegao altrusta, evitao econtrole do acesso aos prazeres do mundo, visando o bem estar do outro (humaniddade), estpresente em sua plenitude.

    Metas-necessidades. Ao candidato aplicao da tcnica da inverso existencial deveexistir uma programao existencial que exija alto nvel de desprendimento e liberdade,identificados e justificados com coerncia a partir das metas de proxis rememoradas.

    Incompatibilidade. Utilizando-se o prprio esquema evolucionista de diagnstico daInvexologia (escalas e mtricas), eis uma pergunta intrigante: At que ponto a falta derememorao clara de proxis e de acesso ao curso intermissivo denunciaria um nvel

    evolutivo mediano-medocre da conscincia, fato este j incompatvel com (ou restringidor da)

    proposta da invxis?Utilidade. Em termos prticos: para se saber se a tcnica da inverso existencial ter

    utilidade em sua vida, a pessoa deve em primeiro lugar saber qual a sua programaoexistencial, um fato at certo ponto bvio, porm ainda raro entre os invexologistas(logos),ou pelo menos pouco explicitado e compartilhado em pblico pelos mesmos.

    Escolhas-privao. No vale a pena se privar de comprometimentos de longo prazo,como a to polmica escolha de ter ou no ter filhos, quando tal escolha no contribuir para ainviabilizao da execuo da proxis, ou de maneira mais enftica, o item justamente fizerparte da proxis como desencadeador de ajustes evolutivos necessrios (reencontros

    necessrios) ou simplesmente for desejo para realizao de vida da conscin que gere sensaode bem-estar e qualidade de vida.Ingenuidade. Muitas vezes seguir ingenuamente um conjunto de regras (modelos

    aceitos e compartilhados pelo grupo) pode gerar frustraes e arrependimentos futuros,conforme relatamos nos tpicos anteriores a respeito dos mecanismos de adaptao eadequao. Para evitar tais problemas um primeiro passo investir na auto /heteropesquisa(isenta de classificaes radicais quanto a comportamentos ideais) e no parapsiquismo lcido(projees da conscincia, estado vibracional, ou algum outro meio que for mais adequado aocaso) como explicitado anteriormente. Outro ponto ser sincero quanto aos desejos pessoais,evitando-se seguir um grupo somente para ser aceito.

    Liberdade. A primeira liberdade a ser conquistada a de escolha do modelo de vida a

    ser seguido. O mais inteligente no caso que o modelo de vida seja elaborado para o casoespecfico da conscincia ao invs de ser sistematizado e uniformizado para uma massa deindivduos, como fator de homogeneizao. Basta lembrar que inmeros modelos compretenses de homogeneizar grupos de milhes de pessoas surgiram ao longo da nossa Histriarecente (muitos outros com certeza ainda surgiro). Exemplos: comunismo, marxismo,cristianismo, islamismo, kardecismo, hindusmo, budismo, academicismo, cientificismo,liberalismo entre outros. As conseqncias de tais modelos na sociedade e a existncia de

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    grupos que os defendem no precisam ser revistos aqui, pois j foram objetos de anlise eminmeras obras de historiadores do sculo XX.

    Controle-adequao. No caso da homogeneizao grupal, o fator de sucesso deixaria

    de ser a realizao de algo benfico para a sociedade (finalidade terica ltima da invxis),transformando em xito o grau de adaptabilidade ao conjunto de regras e acordos de condutarepresentados pela tcnica da inverso existencial. O invexograma, neste caso, se tornainstrumento de classificao e controle dos indivduos, visando avaliar para adequar o sujeito aum ideal acordado e construdo em grupo.

    Questionamento. Que utilidade teria a Invexologia (cincia) ao criar o invexismo(doutrina) com seus instrumentos de medida e controle comportamentais?

    Quadro 2. Itens dapr-tcnica da invxis,de acordo com o discurso hoje aceito e compartilhado em grupo.ITEM DESCRIO

    Autopesquisa Mapeamento geral e sistemtico das tendncias pessoais. Instrumentos sugeridos: livro Conscienciograma, cursoECP1, dirio pessoal.

    Lista de interesses Mapeamento daquilo que mais gostaria de realizar navida. Instrumentos sugeridos: papel, caneta e ambientetranqilo.

    Lista de valores Mapeamento das inclinaes pessoais. Instrumentos sugeridos: papel, caneta e ambientetranqilo.

    Heteropesquisa Mapeamento das personalidades e dos principais deslizese problemticas humanas atuais. Instrumentos sugeridos: tcnica do cosmograma etcnicas de coleta de dados em geral (arquivologia).

    Para-pesquisa Mapeamento dos planejamentos realizados no ltimoperodo intermissivo. Instrumentos sugeridos: tcnicas projetivas, auto-retrocognio intermissiva, entrevistas compersonalidades parapsquicas.

    Balano das necessidades Mapeamento do que ser necessrio para cumprir asmetas e acordos realizados na fase intermissiva. Nessemomento se avalia a necessidade ou no da tcnica dainverso existencial.Sugere-se refazer esta etapa e as anteriores quantas vezesforem necessrias. Instrumentos sugeridos: papel, caneta, ambientetranqilo.

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    VII.CONSIDERAES FINAIS:REFINAMENTO DE ACESSO PROXIS

    Refinamento.Neste ponto percebe-se como meta bsica (inicial) para qualquer grupode candidatos ou aplicadores da tcnica da inverso existencial a busca constante do

    refinamento a respeito dos tpicos principais da prpria programao existencial, propondo-seaqui a expresso e ao mesmo tempo a linha de pesquisa refinamento de acesso proxis.

    Meta-primeira. Mesmo que tal refinamento seja lento ele deve ser a primeirapreocupao do candidato aplicao da inverso existencial. Caso contrrio, porsuperficialidade quanto ao entendimento da tcnica, a pessoa se voltar somente para asevitaes, osprocedimentos performticos , os ndices de adaptao e os mata-burros, sem ummotivo claro do porqu de tais procedimentos, fixando-se em aspectos normativos (regras) eesquecendo-se dos aspectos constitutivos (motivos). Este provavelmente o caso de muitosdos que se denominam inversores existenciais precipitadamente, sem o desenvolvimento de

    autopesquisa (auto-observao) mais profunda, com coleta de dados realmente relevantes.Ampliao. E mais: para se chegar a esses tpicos e a esta clareza sobre a

    programao existencial pessoal deve-se ampliar o acesso aos fatores desencadeantes damemria, os amigos de curso intermissivo e o prprio local onde as atividades deplanejamento foram acordadas, partindo-se do pressuposto de que ocorreu de fato algum cursointermissivo e esteve-se presente l. Para se chegar a tal objetivo, as projees lcidas(Projeciologia) e o estado vibracional (Energossomatologia) so importantes facilitadoresreconhecidos no atual momento da Conscienciologia, podendo ser utilizados de maneira amplae prioritria.

    Alternativas. Porm, como procedimento de pesquisa, nada impede que o pesquisadorlance mo de outras formas de captao de informaes no certificadas tais comopsicografia, psicofonia, hipnose regressiva entre outros20. As medidas lgicas ou critrios-morneste caso so a reverificabilidade e a coerncia, j que os itens mencionados no so meiosde acesso pessoal informao, mas sim intermediados e com maior tendncia ainterferncias, no significando, porm, que a projeo da conscincia e o estado vibracionalsejam completamente isentos de falhas e imprecises nas informaes acessadas.

    Futuro. Fazendo um exerccio de futurologia (ou prospectiva), podemos pensar quedaqui a 20 ou 50 anos possuiremos aparelhos sofisticados de comunicao com a dimensoextrafsica (RINALDI, 1997), tal como existem hoje os aparelhos de telefone e a internet quesubstituem parcialmente a telepatia e a clarividncia viajora. Mas isso ainda no fato no atualmomento, apesar de todos os achados no campo da transcomunicao instrumental (TCI) que

    j oferece em suas bases de dados inmeras comunicaes extrafsicas em aparelhos diversosde gravao e reproduo de som.

    20 Vale a pena a leitura do captulo 5 do livro de Gilda Moura (2009), pesquisadora, psicloga,especialista em fenmenos de abduo por extraterrestres. Nesse relato, ela expe suas angstias edescobertas a partir de sesses medinicas experimentais, em que o grau de xito se amplia conforme algica do fenmeno em que esto envolvidos entendida pelos sujeitos-pesquisadores.

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    Proposta. A proposta-resumo a seguir (Quadros 3 e 4) resultado de um exerccioterico-prtico a respeito de quais seriam os principais aspectos constitutivos da inversoexistencial. No um quadro definitivo, e sim um parmetro inicial de pesquisa que vale a

    pena ser debatido com pesquisadores que partam de modelos tericos que contemplem ainvxis como noo socialmente construda e localizada em seu tempo.

    Quadro 3. Resumo descritivo dos aspectos constitutivos da inverso existencial(mapeamento inicial).

    Meta de vida ampla a constituio de um objetivo principal de vida, umarealizao to desafiadora que exija alto grau dedisponibilidade de tempo e disciplina pessoal.

    Meta de vida intervencionistahomeosttica (assistncia)

    a constituio de um objetivo principal de vida queexige interferncia nos esquemas de pensamento evalores de grande nmero de indivduos, tornando-os

    mais homeostticos e saudveis. Obviamente, oindivduo conceber de maneira subjetiva o queconsidera mais saudvel para os outros, cabendo aquianalisar com o mximo de critrio o vis ideolgico desuas idias e a validade emprica das mesmas.

    Recuperao do contedo doperodo intermissivo(refinamento de proxis pelarecuperao de cons)

    a criao de estratgias que permitam arememorao do trabalho de planejamento existencialrealizado no ltimo perodo intermissivo.

    Autoconhecimento preciso a busca do entendimento de si mesmo, das

    caractersticas pessoais, dos valores e dos traos depersonalidade.

    Aumento deperformance pessoal a convico (pessoal e subjetiva) de que s semelhora como indivduo se existe algum aumento deperformance nas aes pessoais. Esse aumento deperformance est ligado execuo da meta de vidaampla e a valores que o pesquisador venha a concluirserem os ideais para o seu momento de vida e asociedade a que pertence. Oferece alto risco de estressee ansiedade, caso o indivduo cobre de si desempenhosacima dos que pode alcanar em determinadomomento de sua vida.

    Viso de conjunto ampla sobre arealidade intra e extrafsica

    a constituio crescente de ampla viso de conjuntoda realidade que qualifique a execuo bem sucedidada meta de vida ampla e da interveno qualificada navida dos demais.

    Quadro 4. Exemplo de como esquematizar (operacionalizar) os aspectos constitutivos.

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    Meta de vida ampla - Explicitar os objetivos que mais gostaria de realizarquando chegar ao final da vida. Pode seresquematizado em perodos de tempo (1, 5, 10, 20, 50

    anos).Meta de vida intervencionistahomeosttica (assistncia)

    - Propor conceitos que ajudem as pessoas a pensar demaneira mais qualificada.- Expor estes conceitos em cursos, palestras, livros,udio ou vdeo.- Ampliar ou criar locais de ajuda a pessoas comnecessidades evolutivas como, por exemplo,instituies de auxlio e educao.

    Recuperao do contedo doperodo intermissivo(refinamento de proxis pela

    recuperao de cons)

    - Aplicar tcnicas de retrocognio intermissiva.- Aplicar tcnicas projetivas com alvo na procednciaextrafsica.

    - Aplicar tcnicas de trabalho com bioenergias paraampliar o parapsiquismo.

    Conhecimento preciso sobre simesmo (autoconhecimento)

    - Fazer um dirio pessoal com o registro das aes dodia a dia.- Fazer sntese de traos pessoais (trafor / trafar /trafal).- Utilizar o livro conscienciograma (ficha deautavaliao) ou qualquer outro meio que ajude naavaliao pessoal.- Fazer lista de valores e interesses pessoais.

    Aumento de performance pessoal - Comparar os desempenhos de ontem com os atuais(balano de vida / trajetria de vida).- Inventrio das realizaes de vida.

    Viso de conjunto ampla sobre arealidade intra e extrafsica

    - Montar biblioteca especializada com temticas deinvestigao, teis s metas definidas.- Participar de eventos a respeito de temas afins metade vida ampla (dentro ou fora da ComunidadeConscienciolgica).- Fazer um curso ou complementao universitria quequalifique a meta de vida ampla.- Utilizar a heteroconscienciometria pela anlisebiogrfica de personalidades afins.

    Roteiro. O esquema representado pelo Quadro 5 resume em ordem cronolgica, ouem reao em cadeia, os esquemas lgicos trabalhados at aqui. uma tentativa de roteirizar opercurso de um inversor existencial sob a tica dos aspectos constitutivos.

    Quadro 5. Reao em cadeia de elementos constitutivos da invxis

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    1. Planejamento intermissivo2. Ressoma3. Rememorao do planejamento

    4. Meta de vida ampla rememorada5. Planejamento de estratgias para a execuo da meta de

    vida ampla6. Eliminao do secundrio e dedicao do tempo7. Viso de conjunto ampla para a execuo da meta de

    vida ampla8. Realizao completa da meta de vida ampla.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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    BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da ps-modernidade. 272 p. Rio de Janeiro, RJ:Jorge Zahar, 1998.

    BERGER, Peter & LUCKMANN, Thomas. A construo social da realidade. 248 p.30 ed. Petrpolis, RJ: Vozes. 2009.

    BURKE, Peter. Uma histria social do conhecimento: de Gutenberg a Diderot. 242 p.Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar Ed., 2003.

    CAMARGO, Clia Xavier. Cu azul. 6 ed. Catanduva, SP: Boa Nova, 2000.CARVALHO, Vera Lucia Marinzeck. Violetas na janela. 26 ed. So Paulo, SP:

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    (Projeto Holomemria da Conscienciometria). 13 dez. 2005. Cpia no publicada.FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. 6. ed. So Paulo, SP: Edies Loyola,

    2000.FOUCAULT, Michel. O que um autor? 6 ed. Lisboa, PT: Nova Vega, 2006. p. 29-

    87.GIDDENS, Anthony. As conseqncias da modernidade. 178 p. So Paulo, SP:

    Editora UNESP, 1991.GOLDBERG, Bruce. Vidas passadas, vidas futuras. 240 p. Traduo Carlos Arajo. 2

    ed. Rio de Janeiro, RJ: Nrdica, 1993.KARDEC, Allan. O livro dos mdiuns. 464 p. Traduo Salvador Gentile. Reviso

    Elias Barbosa. 42 ed. Araras, SP: IDE, 1997.

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    FEB, 2002.LYOTARD, Jean-Franois.A condio ps-moderna. 138 p. Traduo Ricardo CorraBarbosa. Posfcio Silviano Santiago. 9 ed. Rio de Janeiro, RJ: Jos Olympio, 2006.

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    MENEZES, Milton. Terapia de vida passada e espiritismo: distncias e aproximaes.256 p. Rio de Janeiro, RJ: Leymarie, 1999.

    MICHAELIS: moderno dicionrio da lngua portuguesa. So Paulo, SP:Melhoramentos, 1998.

    MIRANDA, Hermnio Corra de. A memria e o tempo. 384 p. 6 ed. Niteri, RJ:Lachtre, 1999.

    MOURA, Gilda. Transformadores de conscincia: um estudo sobre abdues econtatos. 304 p. 3 ed. Limeira, SP: Editora do conhecimento, 2009.

    PALHANO JNIOS, Lamartine. Viagens psquicas no tempo. 184 p. Niteri, RJ:Lachtre, 1998.

    TRACTENBERG, Rgis. A invxis entendida em seus fundamentos. In:CONGRESSO INTERNACIONAL DE INVERSO EXISTENCIAL, 1., 1998, Florianpolis.Anais. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, 1998. p. 91-101.

    RESENDE, Clia. Terapia de vidas passadas: uma viagem no tempo para desatar osns do inconsciente. 368 p. Rio de Janeiro, RJ: Record-Nova Era, 1999.

    RINALDI, Sonia. Transcomunicao instrumental: contatos com o alm por viastcnicas. 240 p. 2 ed. So Paulo, SP: FE Editora Jornalstica, 1997.ROSADO, Alexandre et al. Tcnica da apresentao da trajetria de vida (Resumo).

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    ANEXO IPara fazer sentido: a costura de um projeto de pesquisa em andamento.

    Projeto. Este artigo pode ser includo em uma srie iniciada com Tcnica deapresentao da trajetria de vida, escrito em 2007-2008 a partir de dinmica onde osparticipantes do Grinvex-Rio apresentavam a cada semana um relato oral de suas vidas,visando compor uma panormica at a presente data.

    Tcnica. Tais relatos serviram de material emprico que resultaram em um trabalhotcnico-metodolgico, visando expor os procedimentos e inovaes trazidos por taisdinmicas, realizadas ao longo de 7 meses.

    Noo. Os dados empricos em si mesmos, ou seja, os contedos das trajetrias devida destes jovens, resultaram em uma pesquisa individual que procura descortinar o modo deconstruo e apropriao da noo de invxis por parte dos autodenominados inversoresexistenciais. Procuram-se os fatores sociais e histricos que levam esses jovens a construir

    uma noo sobre o que seria a aplicao da tcnica da invxis, que leitura de mundo e dostextos a respeito da temtica os levam a pautar suas vidas da forma como as relatam.

    Discurso. O presente artigo parte de um esforo inicial para estabelecer as bases dodiscurso da invxis (aspectos constitutivos), em especial os tpicos proxis, procedimentosperformticos e autopesquisa. Esse delineamento ajuda a compreender a lgica interna dodiscurso em torno da invxis, o discurso oficial e legitimado, o modo como foi concebido /criado.

    Sociedade. Atualmente a pesquisa tem se voltado para os contornos mais amplos,sociais e histricos, que giram ao redor da criao da tcnica da invxis, que a embasam, masque no se limitam a ela. O modo como a noo de invxis passa a ser reproduzida e como o

    comportamento do inversor existencial vem se moldando a partir de tal noo socialmentecriada.Eixos. A partir da problemtica geral vista em angstias, problemas e dilemas das

    trajetrias de vida de inversores existenciais, chegou-se a trs eixos de anlise atualmentesendo aprofundados: a normatizao (eixo das instituies de adaptao), a performance (eixodas instituies administrativas) e a prescrio / preveno (eixo das instituies mdicas). Soeixos que marcam a poca atual (sc. XX e XXI), em que avaliaes de performance e criaode normas vem gerando conseqncias em campos diversos, como os do trabalho (sensao deincompletude) e o das concepes sobre espiritualidade (transcendncia inalcanvel).

    Teoria. Como base terica a pesquisa est situada no campo da formao social desentidos, ou sociologia do conhecimento, em especial o conhecimento formado no cotidiano.

    Como viso de sociedade recorre-se a autores que analisam a modernidade tardia ou a ps-modernidade. Como metodologia de campo, mtodos de registro com inspirao etnogrficapodem vir a ser utilizados em imerses mais prolongadas. O olhar antropolgico, de provocaro estranhamento do que familiar, essencial, pois este autor est imerso em tais disputasdiscursivas e comportamentais, sendo sujeito ativo dentro delas.

    Contribuio. Parte-se do pressuposto que ao clarificarmos a noo de invxis esituarmos o modo de produo de tal discurso nos inmeros grupos de inversores existenciais

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    (oficiais e extra-oficiais), a redefinio de prioridades de pesquisa e do prprio campo daInvexologia poder ser feita com bases mais slidas e resultados mais duradouros.