investigação da lava jato mira campanhas e núcleo de

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Sem Opção Veículo: Folha de S. Paulo - Caderno: Poder - Seção: - Assunto: Política - Página: Capa e A4 - Publicação: 11/09/19 URL Original: Investigação da Lava Jato mira campanhas e núcleo de confiança de Dilma Investigação da Lava Jato mira campanhas e núcleo de confiança de Dilma Após delação de Palocci, pessoas diretamente ligadas à ex-presidente se tornaram alvo da PF. Mesmo sem ter sido alvo de buscas ou de outras medidas cautelares, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) está no centro das atenções dos trabalhos mais recentes da Lava Jato. As últimas duas operações, deflagradas em 23 de agosto e nesta terça-feira (10), foram concentradas em pessoas ligadas diretamente à ex-presidente da República, além de tratar do financiamento das suas duas campanhas presidenciais, de 2010 e de 2014. As investigações tratam tanto de contratos da Petrobras como das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, principal bandeira de Dilma no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Batizada de Pentiti (palavra em italiano que significa arrependimento), a 64ª fase da Lava Jato foi uma referência às acusações do ex-ministro Antonio Palocci, único petista importante a assinar acordo de delação premiada com a Lava Jato. Ela motivou buscas na casa da ex-presidente da Petrobras Graça Foster, nomeada em 2012 por Dilma, e também mirou Guido Mantega, ministro da Fazenda da petista. Já a 65ª etapa levou à prisão nesta terça de Márcio Lobão. Ele é filho do ex-senador e ex-ministro de Minas e Energia Edison Lobão (MDB), que foi encarregado por Dilma de tocar a obra de Belo Monte. Alvo de suspeita de propina pela Odebrecht, a obra entrou no rol de acusações da delação de Palocci. O Ministério Público Federal acusa Edison Lobão de contar com a ajuda do filho no esquema de propina —a quem caberia a suposta lavagem de dinheiro por meio de obras de arte. O ex-ministro de Minas e Energia já havia sido denunciado por esse caso e se tornado réu em julho. Palocci foi preso em setembro de 2016, na fase Omertà. Em prisão domiciliar desde novembro, ele obteve no mês passado direito ao regime aberto, mas com uso de tornozeleira eletrônica. O ex-ministro petista não conseguiu fechar um acordo delação premiada com a Procuradoria, que justificou falta de provas. Mas a colaboração foi aceita pela PF e homologada no Tribunal Regional Federal da 4ª Região. A delação de Palocci, que atuou nos governos Lula e Dilma, e os depoimentos de executivos da Odebrecht foram a base para as medidas cautelares adotadas no mês passado pela Polícia Federal. Enquanto investigações anteriores da Lava Jato foram focadas principalmente no entorno de Lula, os principais alvos diretos da investigação agora são do núcleo de confiança de Dilma. Graça Foster e Guido Mantega são acusados por Palocci de usar negócios da Petrobras para arrecadar fundos para a campanha da petista. Além de fazer buscas em endereços da ex-presidente da Petrobras, a PF também mirava apreensões em endereços de Mantega, mas a Procuradoria e a juíza Gabriela Hardt consideraram a medida desnecessária, porque ele já havia sido alvo de medida semelhante com resultados infrutíferos. Na delação, Palocci trata da venda de blocos de exploração de petróleo na África ao banco BTG, de André Esteves. Segundo ele, o negócio teve preço abaixo da avaliação inicial, favorecendo o banqueiro. A contrapartida, diz o ex-ministro, seria contribuições à campanha de Dilma em 2014. Palocci afirmou ter sido informado por Lula que "entre Graça Foster e Guido Mantega havia um fluxo de informaçõ permanentes, de modo que a então presidente da Petrobras passava listas de empresas que a estatal auxiliava ou que acabara de efetuar grandes pagamentos". Desse modo, segundo ele, Guido poderia operar "junto a tais empresas, pessoalmente ou pelo tesoureiro do partido, buscando recursos de propina para a campanha de 2014”. André Esteves, segundo a delação de Palocci, já havia dado R$ 5 milhões para cobrir custos da campanha de Dilma à Presidência da República em 2010. A contrapartida seria a gestão petista transformá-lo no “banqueiro do pré-sal”, segundo Palocci disse aos policiais federais. Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, teria se encontrado com o próprio banqueiro na sede do BTG, em São Paulo, e saiu com R$ 5 milhões, que teriam sido usados para pagar fornecedores de campanha, segundo o ex-ministro. Kontic negou à Folha que tenha ido pegar dinheiro com o banqueiro. Palocci não apresentou documentos que comprovem seu relato aos policiais.

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SemOpção

Veículo: Folha de S. Paulo - Caderno: Poder - Seção: - Assunto: Política -Página: Capa e A4 - Publicação: 11/09/19URL Original:

Investigação da Lava Jato mira campanhas e núcleo deconfiança de DilmaInvestigação da Lava Jato mira campanhas e núcleo de confiança de DilmaApós delação de Palocci, pessoas diretamente ligadas à ex-presidente se tornaram alvo da PF.Mesmo sem ter sido alvo de buscas ou de outras medidas cautelares, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) está no centro dasatenções dos trabalhos mais recentes da Lava Jato.As últimas duas operações, deflagradas em 23 de agosto e nesta terça-feira (10), foram concentradas em pessoas ligadasdiretamente à ex-presidente da República, além de tratar do financiamento das suas duas campanhas presidenciais, de 2010 ede 2014.As investigações tratam tanto de contratos da Petrobras como das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, principal bandeirade Dilma no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).Batizada de Pentiti (palavra em italiano que significa arrependimento), a 64ª fase da Lava Jato foi uma referência às acusaçõesdo ex-ministro Antonio Palocci, único petista importante a assinar acordo de delação premiada com a Lava Jato.Ela motivou buscas na casa da ex-presidente da Petrobras Graça Foster, nomeada em 2012 por Dilma, e também mirou GuidoMantega, ministro da Fazenda da petista.Já a 65ª etapa levou à prisão nesta terça de Márcio Lobão. Ele é filho do ex-senador e ex-ministro de Minas e Energia EdisonLobão (MDB), que foi encarregado por Dilma de tocar a obra de Belo Monte.Alvo de suspeita de propina pela Odebrecht, a obra entrou no rol de acusações da delação de Palocci.O Ministério Público Federal acusa Edison Lobão de contar com a ajuda do filho no esquema de propina —a quem caberia asuposta lavagem de dinheiro por meio de obras de arte. O ex-ministro de Minas e Energia já havia sido denunciado por essecaso e se tornado réu em julho.Palocci foi preso em setembro de 2016, na fase Omertà. Em prisão domiciliar desde novembro, ele obteve no mês passadodireito ao regime aberto, mas com uso de tornozeleira eletrônica.O ex-ministro petista não conseguiu fechar um acordo delação premiada com a Procuradoria, que justificou falta de provas. Masa colaboração foi aceita pela PF e homologada no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.A delação de Palocci, que atuou nos governos Lula e Dilma, e os depoimentos de executivos da Odebrecht foram a base para asmedidas cautelares adotadas no mês passado pela Polícia Federal.Enquanto investigações anteriores da Lava Jato foram focadas principalmente no entorno de Lula, os principais alvos diretos dainvestigação agora são do núcleo de confiança de Dilma.Graça Foster e Guido Mantega são acusados por Palocci de usar negócios da Petrobras para arrecadar fundos para a campanhada petista. Além de fazer buscas em endereços da ex-presidente da Petrobras, a PF também mirava apreensões em endereços de Mantega,mas a Procuradoria e a juíza Gabriela Hardt consideraram a medida desnecessária, porque ele já havia sido alvo de medidasemelhante com resultados infrutíferos.Na delação, Palocci trata da venda de blocos de exploração de petróleo na África ao banco BTG, de André Esteves. Segundo ele,o negócio teve preço abaixo da avaliação inicial, favorecendo o banqueiro. A contrapartida, diz o ex-ministro, seria contribuiçõesà campanha de Dilma em 2014.Palocci afirmou ter sido informado por Lula que "entre Graça Foster e Guido Mantega havia um fluxo de informaçõespermanentes, de modo que a então presidente da Petrobras passava listas de empresas que a estatal auxiliava ou que acabarade efetuar grandes pagamentos".Desse modo, segundo ele, Guido poderia operar "junto a tais empresas, pessoalmente ou pelo tesoureiro do partido, buscandorecursos de propina para a campanha de 2014”.André Esteves, segundo a delação de Palocci, já havia dado R$ 5 milhões para cobrir custos da campanha de Dilma àPresidência da República em 2010.A contrapartida seria a gestão petista transformá-lo no “banqueiro do pré-sal”, segundo Palocci disse aos policiais federais.Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, teria se encontrado com o próprio banqueiro na sede do BTG, em São Paulo, e saiu comR$ 5 milhões, que teriam sido usados para pagar fornecedores de campanha, segundo o ex-ministro.Kontic negou à Folha que tenha ido pegar dinheiro com o banqueiro. Palocci não apresentou documentos que comprovem seurelato aos policiais.

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Palocci também disse que uma parte dos recursos, R$ 250 mil, foi usada para pagamento de despesas de viagem que Dilma fezapós a eleição para descansar.Na versão que se tornou pública, esta viagem para a Bahia teria sido custeada pelo advogado Márcio Thomaz Bastos(1935-2014), ex-ministro da Justiça de Lula.Palocci assumiu a responsabilidade pela operação, disse que Esteves não sabia da destinação do dinheiro e que Márcio ThomazBastos não tinha ideia de origem da verba usada para custear a viagem de Dilma.Graça Foster é acusada pela Polícia Federal de ter acobertado atividades ilícitas na Petrobras, sobretudo envolvendo contratosinternacionais da estatal.A nomeação dela por Dilma, segundo os investigadores, teve como efeito esvaziar a influência de Lula na estatal e aumentar opoder da petista na petrolífera. Para confirmar essa tese, os policiais ouviram delatores da Odebrecht, como Marcelo Odebrechte Alexandrino Alencar.Graça substituiu Sérgio Gabrielli, que havia sido nomeado por Lula em 2005.OUTRO LADOA assessoria da ex-presidente Dilma Rousseff não comentou a investigação da Polícia Federal focada nas campanhaspresidenciais da petista, mas disse que Antonio Palocci "mente mais uma vez e, como das outras vezes, sequer apresentaprovas ou indícios".Na nota, ela classifica Palocci como "um mentiroso contumaz".A defesa do ex-ministro diz que ele "continuará colaborando com a Justiça, esclarecendo os fatos que são objeto dos processos eapresentando suas provas de corroboração".O advogado de Guido Mantega, Fabio Tofic, afirmou, na ocasião em que seu cliente foi alvo da operação, que as medidasimpostas representavam “estardalhaço e espetáculo público” da Lava Jato.“Para colocar talvez uma cortina de fumaça nos abusos e nas arbitrariedades que estão sendo reveladas na condução desseprocesso”, declarou.A defesa de Graça Foster disse que a ex-presidente da Petrobras não iria comentar.O BTG disse, por meio de sua assessoria, que não irá se manifestar sobre esse caso.A defesa de Márcio Lobão afirmou que a operação desta terça tratou de fatos antigos, envolvendo diferentes investigações,sobre as quais não houve tentativa de interferência por parte dele.A defesa de Edison Lobão afirmou que ele não foi alvo nesta fase da operação e que as acusações são baseadas apenas empalavras de delatores.Alvos da PF ligados a DilmaGraça Foster, ex-presidente da PetrobrasEm sua delação, o ex-ministro petista Antonio Palocci acusou Graça de usar negócios da estatal para arrecadar verba para acampanha de Dilma. A PF também suspeita de acobertamento de atividades ilícitas envolvendo contratos internacionais. No fimde agosto, ela foi alvo de operação de busca e apreensãoGuido Mantega, ministro da Fazenda de DilmaSegundo Palocci, era parceiro de Graça em esquema para abastecer a campanha da petista, operando junto a empresas quetinham contratos com a Petrobras. No fim da agosto, Mantega foi alvo de operação da PF sob suspeita de receber propina daOdebrechtAndré Esteves, banqueiroDono do banco BTG, teria dado, segundo Palocci, R$ 5 milhões para cobrir custis da campanha de Dilma. Em troca, Esteves setornaria o "banqueiro do pré-sal". No fim de agosto, ele foi alvo de operação de busca e apreensão com base da delação dePalocciEdison Lobão, ex-senador e ex-ministro de Minas e EnergiaFoi encarregado por Dilma de tocar a construção da usina de Belo Monte. Seu filho Márcio foi preso nesta terça (10) sob suspeitade coletar, a mando do pai, propina de esquema ligado à Petrobras e à usina. Márcio também seria responsável por lavar odinheiro obtido ilegalmente, tudo com o conhecimento de Lobão, segundo a PF

Galeria Almeida & Dale é investigada pela Lava Jato por lavagem de dinheiroAgentes da PF estiveram no local, nos Jardins, e na casa de um dos sócios, onde apreenderam celulares, HDs e documentosimpressosDeflagrada nesta terça (10) pela Polícia Federal, a 65ª fase da Lava Jato ganhou o nome de Galeria por envolver agentes domercado de arte contemporânea.Ainda que obras de arte tenham sido apreendidas em fases anteriores da operação, iniciada em 2014, é a primeira vez que umagaleria é alvo de mandado de busca e apreensão e tem seu nome investigado por suspeita de lavagem de dinheiro advindo depropina.Os agentes da PF estiveram na Galeria Almeida & Dale, na região dos Jardins, em São Paulo, e na casa de um dos sócios, ondeapreenderam celulares, HDs e documentos.Na investigação que levou à prisão de Márcio Lobão, filho do ex-ministro das Minas e Energia Edison Lobão (MDB), a compra e

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venda de obras de arte aparece como um dentre os vários mecanismos supostamente usados para travestir de licitude recursosdecorrentes de propina.As transações investigadas envolviam contratos do grupo Estre com a Transpetro, subsidiária da Petrobras, e contratos com aOdebrecht para construção da hidrelétrica Belo Monte. Offshores no exterior, saques em espécie, transações imobiliárias sãooutras das práticas apontadas pelos investigadores.Em entrevista coletiva em Curitiba sobre o caso, delegados da PF citaram a compra de “A Serpente e o Pássaro”, da pintoracarioca Beatriz Milhazes, além de transações de compra e venda de obras de Ivan Serpa, Iran do Espírito Santo e Milton Dacosta(1915-1988).Segundo os investigadores, Márcio Lobão teria, por exemplo, comprado uma obra de Milton Costa em 2009 por R$ 45 mil e arevendido em 2014 por R$ 850 mil. Ainda que a valorização de artistas seja comum, a valorização de 1788% em cinco anoslevantou suspeitas da Receita.Ainda de acordo com a apuração, a aquisição da pintura de Milhazes foi declarada no imposto de renda de Márcio Lobão com ovalor de R$ 802 mil, mais um pagamento de R$ 493 mil em favor de outra galeria, a Fortes Vilaça, pelo intermédio da transação.“Com a quebra do sigilo não foi possível verificar transferências compatíveis com essa aquisição. A única transferência foi de R$183 mil reais para a Fortes Vilaça”, declarou a Polícia Federal.Em uma pasta de nome “Fortes Vilaça”, apreendida em 2016, uma carta encaminhava o preço da obra e um envelope com osdizeres: “Segunda, 10h30, Praia de Botafogo 300”, endereço da sede da Odebrecht no Rio de Janeiro. Junto estavam cópias detrês cheques ao portador emitidos pela galeria Almeida & Dale, dentro do envelope, totalizando R$ 637 mil.Por meio do advogado Ralph Tórtima Stettinger Filho, a galeria Almeida & Dale informou que reafirma compromisso emcolaborar com as investigações, salientando que “a galeria jamais compactuou com qualquer conduta ilícita”. Procurada pelaFolha, a galeria Fortes Vilaça não se pronunciou até a conclusão desta edição.Prática mais usual nos anos 1970 e 1980, a evasão de divisas para o exterior e lavagem de dinheiro por meio da arte tornou-semais rara com a formalização e os esforços crescentes de regulação do mercado.Quadro 'A Serpente e o Pássaro', de Beatriz Milhazes - ReproduçãoEspecialistas ouvidos pela Folha apontam que hoje esse tipo de transação é minoritária, em um cenário marcado pela crescentefiscalização das transações, especialmente após a portaria normativa do Iphan (órgão federal de patrimônio) em 2016.“A primeira preocupação que eu tenho é o que isso significa para o campo das artes nesses momento do país, do descrédito noexterior”, diz Nei Vargas da Rosa, pesquisador de mercado de arte na UFGRS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul).“Acho o nome [da operação desta terça] infeliz. A boa notícia é que isso não é uma prática corrente. Tem um grupo de galeriastrabalhando corretamente, se esforçando para contribuir para o desenvolvimento do meio. É fundamental que o mercado sejaregulado para beneficiar esse grupo que já atua de forma correta”, acrescenta o pesquisador.Para o advogado e presidente da Comissão de Cultura da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Pedro Mastrobuono, o poderpúblico deveria criar um registro para obras de arte, similar ao registro de imóveis em cartório ou o registro de veículos junto aoDetran que ajudasse na fiscalização do histórico de transações de compra e venda e na fiscalização pelos órgãos responsáveis.Outro ladoA galeria de arte Almeida & Dale afirmou, em nota, que tem o compromisso de colaborar com a investigação.“A galeria jamais compactuou com qualquer conduta ilícita e sempre adotou política de absoluta transparência em suastransações envolvendo o mercado de obras de arte”, afirmou.Já a galeria Fortes Vilaça não se manifestou.Em nota, a defesa de Márcio Lobão afirma que a operação trata de fatos antigos, sobre os quais não houve tentativa deinterferência por parte dele.Em nota, a Estre Ambiental informou que tem “colaborado e prestado os esclarecimentos necessários às autoridadesresponsáveis”.

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