investigação filosófica, vol. e4, 2016

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  • 8/18/2019 Investigação Filosófica, Vol. E4, 2016

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      Investigação Filosófica

      Revista de Filosofia

      ISSN: 2179-6742

    Investigação Filosófica, v !4, Rio de "anei#o, 2$16, 211 %

     

    P á g i n a | 1

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    INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA6,,788riodi.oi$*+,ig#.#o'i"o+o'i.#59"og+o,5.o&59r8

    i'i"o+o'i.#:gi"5.o&

    !dito#es Res%ons(veis

    Rodrigo Ri+ L#+,r# Cid

    &oo#denado#es !dito#iais

    Lui! ;"*r# Morir# d# Co+,#

    Pdro V#+.o$."o+ Ju$=uir# Go&"*+?>

    &onsel)o !dito#ial

    D#$i""o d J+u+ Frrir# Li,Gui"6r& d# Co+,# A++u$01o C.2"io

    Lui+ Fr$#$do Mu$#r,,i d# Ro+#Lui! ;"*

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    Sumário / Contents

    Editorial.....................................................................................................................................................05

    Artigos/Articles

    Artigo 1: Nomes próprios: por que a teoria causal de Perry não dáconta da retenão decrenas!...........................................................................................................................0"Autor: #agid #alles

    Traduções/Translations

    Tradução 1: Nomes$ %ss&ncia ePossi'ilidade..........................................................................30Autor: #cott #oamesTradutor: (. ). *arques #egundo

    Tradução 2:*etá+ora..........................................................................................................................",Autor: *a- lac/Tradutor: arlos ndr ernandesRevisores: (. ). *arques #egundo e lu4io outo

    Tradução 3: on6ecimento a priori..............................................................................................7"Autor: l'ert asulloTradutor: (ui )el8cio *arques #egundo e le-andre *eyer (uRevisor: %duardo en/endor+ 

    Tradução : 9 anal4tico e o sinttico$ o necessário e o poss48el$ o a priori e o a posteriori................................................................................................

    ...............................................13,Autor: #cott #oamesTradutor: (ui )el8cio *arques #egundo

    Tradução !: desco'erta do mundo: 9 #erntemporal...................................................1",Autor: ;ein6ardt

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    Tradutor: lu4io outoRevisor: (. ). *arques #egundo

    Tradução das notas de #Con$ecimento a priori #% de Al&ertCasullo............................212

    Investigação Filosófica, v 6, n 2, 2$1. /ISSN: 2179-67420 !dito#ial

    Investigação !dito#ial

    Co$*id#&o+ o+ $o++o+ "i,or+ # i$*+,ig#r $o++o *o"u& +.i#"5 N" #r+$,#&o+u& #r,igo +o9r 'i"o+o'i# d# "i$gu#g& i+,&o"ogi# d S#gid S#""+ di*r+#+

    ,r#du0+ d i&or,#$,+ 'i"/+o'o+ .o$,&or$o+ .o&o S.o,, So#&+ M#B %"#.?A"9r, C#+u""o Ri$6#rd, Gro++$ J#+o$ %r$$#$5 E+++ ,B,o+ *1o d+d # 'i"o+o'i#d# "i$gu#g& #,< # &,#'2+i.# # 'i"o+o'i# o"2,i.#5 E+r#&o+ =u *o.+ ,$6#& u

     9o# #gr#d@*" "i,ur# 'i"o+/'i.#5

     Rodrigo Cid 

    Edi,or 

    P á g i n a | 5

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    .4ES 5R65R'S: 5R 78E A TER'A CA8SA9E 5ERR; 

    .AS

    S#gid S#""+

    RES84:  @en6o dois o'Aeti8os principais neste te-to. Primeiro$

    de+enderei que a 8ersão de Perry da teoria causal da re+er&ncia não

    dá conta de casos de retenão de crena. ao isto por meio de um

    contrae-emplo B teoria de Perry. #egundo$ de+enderei que uma

    8ersão espec4Cca de teoria da identiCcaão capa de lidar com ocontrae-emplo apresentado e$ neste sentido$ superior B teoria de

    Perry.

    5A9A?RASC@A?E: Nomes próprios$ retenão de crena$ teoria

    causal de Perry$ teoria da identiCcaão$ teoria da re+er&ncia.

    ASTRACT: 6a8e tDo goals in t6is paper. irst$ Dill claim t6atPerryEs 8ersion o+ causal t6eory o+ re+erence is not a'le to account

    cases o+ 'elie+ retention. s6all do t6is 'y presenting a

    countere-ample to PerryEs t6eory. #econd$ Dill claim t6at a speciCc

    8ersion o+ t6eory o+ identiCcation is a'le to deal Dit6 t6e e-ample

    and$ in t6is sense$ must 'e pre+erred to PerryEs t6eory.

    BE;RS: Proper names$ 'elie+ retention$ PerryEs causal t6eory$

    t6eory o+ identiCcation$ t6eory o+ re+erence.

    'ntrodução

    credito que uma 8ersão da @eoria da dentiCcaão$ que tem

    seus antecedentes em %8ans$ está correta em relaão B re+er&ncia

    1 Dou,or#$do "o Progr# d P/+-Gr#du#01o & L/gi.# M,#'2+i.# d# U$i*r+id#d Fdr#" d OuroPr,o 9o"+i+,# "o rogr# d %o"+#+ d Dou,or#do d# CAPES5

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    dos nomes próprios.2  #ustentei que esta 8ersão superior Bs

    di+erentes 8ersFes da @eoria ausal$ de Grip/e$ Honnellan e He8itt.

    *as nada disse so're a 8ersão desen8ol8ida por Perry. 8ersão da

     @eoria ausal desen8ol8ida por ele muito pró-ima da @eoria dadentiCcaão que de+endi. principal di+erena consiste no papel que

    am'os damos B causaão na re+er&ncia. Perry aceita que um elo

    causal de um tipo apropriado seAa condião suCciente para o sucesso

    de um ato de re+er&ncia atra8s de um nome$ eu recuso isto.

    principal moti8aão de Perry para a sua teoria que ela dá

    conta de e-plicar casos de retenão de crenas. *eu principal

    o'Aeti8o neste artigo de+ender que Perry não consegue realmenteresol8er pro'lemas en8ol8endo retenão de crenas. Para isto

    repetirei um e-emplo dado anteriormente contra outras 8ersFes da

     @eoria ausal da re+er&ncia$ e sustentarei que ele tam'm pode ser

    usado para mostrar +al6as na perspecti8a de Perry. Penso que o erro

    de Perry considerar um elo causal de um tipo apropriado condião

    suCciente para a re+er&ncia 'emIsucedida.

    9 artigo di8idido em cinco seFes. Na primeira apresento um

    es'oo da teoria que de+endo. Na segunda$ apresento a 8ersão da

     @eoria ausal de+endida por Perry. m'as serão apresentadas apenas

    em caráter de es'oo$ sem mencionar detal6es que poderiam ser

    interessantes. Na terceira e quarta apresento e discuto um

    contrae-emplo a Perry$ sustentando que a sua teoria +al6a em

    e-plicar casos de retenão de crena. %m'ora não seAa meu principal

    o'Aeti8o$ sugerirei$ na quinta seão$ que a min6a perspecti8a so're a

    re+er&ncia mais promissora que a de Perry.

    '

    2 N1o #$#+ E*#$+ 34 + ,#&9 3Q4 d'$d& r+.,i*#+ &ui,o r/Bi+ d# #r+$,#d# $# #r, I d+, #r,igo5 M#+ $1o $,r#ri & =u#i+=ur =u+,+ i$,rr,#,i*#+ #=ui5 U #r+$,#01o d,#"6#d# d &i$6# *r+1o d ,ori# d# id$,i'i.#01o #r#

    # r'r$.i# r"#.io$#$do-# .o& #+ *r++ d+,+ #u,or+ r+o$d$do # u& .o$)u$,o d o++2*i+o9)0+ od +r $.o$,r#d# & S#""+ 34 ri$.i#"&$, # #r, III5 Mi$6#+ .r2,i.#+ ,ori# .#u+#"$#+ *r++ d ri? D*i,, od& +r $.o$,r#d#+ $# #r, II do r'rido ,r#9#"6o5

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    ntes de iniciar a discussão$ preciso +aer algumas

    o'ser8aFes preliminares. lguma independ&ncia entre reerir-se por

    um nome e entender  o que +oi dito atra8s de um nome pode l6e

    parecer plaus48el. %8ans deu alguma importJncia a isto. Pense noseguinte e-emplo. magine que 8oc& esteAa rece'endo a 8isita de um

    amigo ingl&s que não +ala ou entende portugu&s. m'os estão numa

    +esta$ aqui no rasil$ e seu amigo demonstra n4tido interesse em

    con6ecer uma garota. %ntão seu amigo l6e pergunta Kem ingl&sL

    como pode dier$ em portugu&s$ que está interessado nela. Moc&

    então l6e e-plica que ele de8e pro+erir a seguinte +rase para ela.

    1L )itler +oi uma 'oa pessoa.

    pós treinar a pronuncia da +rase$ seu amigo 8ai at a garota e$ com

    um sorriso no rosto$ pro+ere 1. garota$ c6ocada com o que ou8iu$ 8ai

    em'ora. PergunteIse: terá seu amigo se re+erido a )itler atra8s do

    pro+erimento de 1! uem aceita que o ingl&s te8e sucesso em se

    re+erir a )itler e dier algo so're ele$ tem de aceitar alguma distinão

    entre reerir-se e entender . Pois está claro pelo e-emplo que o ingl&s

    não +oi capa de entender o que +e. #ua intenão era dier que

    esta8a interessado na garota$ e ele pensou estar diendo isto quando

    pro+eriu 1. ssim$ mesmo que ele ten6a se re+erido a )itler por 1$ ele

    não entendeu o que +oi dito pelo seu pro+erimento. %le se re+eriu

    atra8s de um nome sem ser capa de entender o que o nome di.

    %u penso que casos como este se 'aseiam em uma con+usão

    entre um +alante ter de ato sucesso em se reerir por um nome e osouvintes terem razões para pressupor que o alante teve sucesso .

    Nosso ingl&s não te8e realmente sucesso em se re+erir a qualquer

    pessoa pelo pro+erimento de 1. *as a garota tin6a raFes para

    pressupor que ele te8e. K%la não sa'ia que ele não con6ecia o idioma$

    não sa'ia que esta8a sendo enganado$ etc.L. #eAa como +or$ não 8ou

    argumentar a +a8or disto aqui. *enciono o ponto apenas para

    ressaltar que$ daqui por diante$ quando +alar em re+er&ncia$ estareiar'itrariamente me restringindo aos casos nos quais os usuários do

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    nome são capaes não apenas de se re+erirem$ mas tam'm de

    entender o que diem com o nome.

    lgum que aceite a distinão acima entre re+erirIse e entender

    pode pensar que um +alante que meramente capa de se re+erir por

    um nome Kmas não de entender o que o nome diL não capa de

    usar o nome para e-pressar e sustentar crenas so're o re+erente.

    Neste artigo$ contudo$ estou interessado Austamente nos casos

    en8ol8endo crenas. ssim$ quando dier que um +alante capa de

    se re+erir$ tam'm estarei aceitando que capa de sustentar e ter

    crenas so're o re+erente do nome.

      9 pro'lema da re+er&ncia dos nomes próprios en8ol8e$ como

    nota He8itt K1>71: 2"I32$ 1>>>: ""L$ pelo menos dois +enOmenos. 9

    primeiro o da fxação da reerncia. asos de C-aão da re+er&ncia

    são aqueles em que atri'u4mos um nome a um o'Aeto.

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    Nesta concepão$ portanto$ o Hescriti8ismo lássico$

    normalmente atri'u4do a rege e ;ussell$ uma teoria da

    identiCcaão. 9 mesmo 8ale para o Hescriti8ismo ausal de Groom

    K1>7=L$ (eDis K1>7,L e ?ac/son K2010L. %stas perspecti8as t&m emcomum o +ato de aceitarem que pelo menos uma condião necessária

    para o sucesso da re+er&ncia atra8s de um nome que o +alante

    sai'a que o re+erente do nome o Qnico a satis+aer alguma

    condião.3  *as sa'er que um o'Aeto o Qnico a satis+aer uma

    determinada condião um modo de di+erenciar este o'Aeto de todos

    os outros do mundo. 9u seAa$ de identiCcar este o'Aeto. *as nem toda

    8ersão de @eoria da dentiCcaão precisa ser Hescriti8ista neste

    sentido. perspecti8a que apresento a seguir um e-emplo de teoria

    da identiCcaão$ mas não um caso de teoria descriti8ista.,

      Para +acilitar a discussão$ c6amemos de consumidor   a cada

    usuário de um nome que se re+ere por emprstimo pelo nome.5

    gora$ a ideia que consumidores usam nomes como mecanismos de

    identiCcaão. sto $ eles usam os nomes para identiCcar o'Aetos.

    Moc& pode o'Aetar que isto seria e-tremamente implaus48el$ dado quedi+erentes o'Aetos podem possuir o mesmo nome. 9 nome

    R#ócratesS$ por e-emplo$ usado para +alar de dois indi84duos

    distintos$ o Aogador do orint6ians e o Clóso+o. #endo assim$ a mera

    posse deste nome não me permitirá di+erenciar um do outro.

    onsequentemente$ não me permitirá identiCcar qualquer um deles.

    liás$ dado que uma prática comum de nossa comunidade usar um

    mesmo nome para di+erentes indi84duos$ seria implaus48el sugerir quenomes ser8issem como mecanismos de identiCcaão.

    3 M#+ $& ,od# 'or d D+.ri,i*i+&o r.i+# +r u Tori# d# Id$,i'i.#01o5 Pod-+ igi$#r or B&"o =u # .o$di01o d,r&i$#$, d# r'r$.i# $1o r.i+# +r .o$6.id# or .#d# u+u@rio do $o&+ "# .o&u$id#d .o&o u& ,odo5, u#$do digo =u &i$6# r+.,i*# $1o < d+.ri,i*i+,# =uro di!r =u $1o +,@ .o&ro&,id# .o& #,+ d =u u .o$di01o $.++@ri# #r# u& '#"#$, S + r'rir # u& o9),o O #,r#*

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    o'Aeão está correta$ e re8ela outro aspecto importante da

    teoria. Nomes são apenas parte de um material maior que usamos

    para identiCcar seus re+erentes. 6amei este material anteriormente

    de material identifcador   K#alles$ 2013: "2L. 6amei B outra partedeste material$ seguindo ?ac/son$ de marcadores. ssim$ o material

    identiCcador de algum pode$ por e-emplo$ ser +ormado por um nome

    T marcadores como R um Clóso+oS$ R um Aogador de +ute'olS$ etc.

    Portanto$ em'ora nomes sir8am como mecanismos de identiCcaão$

    eles não t&m de +aer seu tra'al6o soin6o.

    Moltemos ao caso do nome R#ócratesS. %-istem pelo menos dois

    o'Aetos com este nome$ de modo que a mera posse do nome não nospermitirá identiCcar qualquer um em particular. Neste conte-to$

    podemos usar os marcadores que associamos ao nome para tornar

    nossa 'usca mais precisa. *arcadores como R um Clóso+oS$ R

    gregoS$ etc. nos permitem di+erenciar um indi84duo particular dentre

    todos aqueles chamados %&'crates( .

    om isto$ não estou sugerindo que os marcadores t&m de ser

    verdadeiros  dos re+erentes dos nomes para que a identiCcaão

    ocorra. m modo natural de interpretar a perspecti8a acima seria

    pensar que o indi84duo identiCcado aquele c6amado R#ócratesS que

    de ato +or um Clóso+o$ +or grego$ etc. Não esta a min6a sugestão. 9

    que importa não que os marcadores seAam 8erdadeiros do re+erente

    do nome$ mas que seAam in+ormaFes di+undidas acerca do re+erente.

    ssim$ o o'Aeto identiCcado será aquele c6amado R#ócratesS acerca

    de quem os marcadores R um Clóso+oS$ R gregoS$ etc. +orem

    in+ormaFes di+undidas. om algumas e-ceFes$ a 8erdade dos

    marcadores não importa.

    lm disso$ não estou sugerindo que o usuário do nome ten6a

    de ter con6ecimento proposicional de alguma descrião

    metalingu4stica como Ro re+erente de N quem quer que seAa o o'Aeto

    c6amado N acerca de quem os marcadores tais e tais são di+undidosS.*uito menos que os +alantes comuns ten6am que ser capaes de

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    especiCcar quaisquer condiFes deste tipo. *in6a sugestão apenas

    que os +alantes sabem como usar seu material identiCcador para Cns

    de identiCcaão. %m outras pala8ras$ um consumidor que usa um

    nome N com sucesso em se re+erir tem a 6a'ilidade prática deidentiCcar o seu re+erente como aquele c6amado N acerca de quem

    seus marcadores são di+undidos.

    Para tornar um pouco mais claro como a coisa toda +unciona$

    pense no seguinte e-emplo. magine que um grande 6istoriador da

    ClosoCa descu'ra que #ócrates não +oi realmente um Clóso+o$ e

    sequer era grego. #ócrates +oi apenas um amigo 4ntimo de Platão$ e

    este di+undiu um conAunto de estórias so're ele. #upon6a que nosso6istoriador pu'lique um artigo em uma renomada re8ista de ClosoCa.

    gora$ imagine que todo o material identiCcador que um +alante

    c6amado R?oãoS possua seAa o nome R#ócratesS T o marcador R+oi um

    Clóso+o da

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    marcadores +oram di+undidos acerca do re+erente. sto não uma

    des8antagem$ dado que o que queremos e-plicar o emprstimo da

    re+er&ncia. 9s casos de emprstimo da re+er&ncia são Austamente

    aqueles nos quais o sucesso de um +alante em se re+erir e-plicadoem termos do sucesso de outros +alantes.

    sto sugere a seguinte imagem geral so're como um +alante #

    pode identiCcar o re+erente de um nome N. # de8e dispor de um

    material identiCcador$ +ormado pelo nome N T um marcador V ou um

    conAunto de marcadores V W. # pode usar N para procurar algum

    c6amado N. *as dado que 6á 8ários indi84duos c6amados N$ isto não

    será suCciente." ssim$ # pode usar seu marcador W para distinguir

    um indi84duo espec4Cco dentre aqueles c6amados N: aquele acerca

    de quem W uma in+ormaão di+undida. Para que a identiCcaão de #

    ten6a sucesso$ necessário que e-ista uma prática de usar o nome N

    para se re+erir a um o'Aeto  x $ na qual W seAa uma in+ormaão

    di+undida acerca de x .

    ''

    #ustentei anteriormente que a perspecti8a es'oada acima

    superior a algumas 8ersFes da @eoria ausal da re+er&ncia.

    Nomeadamente$ as de Grip/e K1>=2:>1L$ He8itt K1>71$ 1>>>L e

    Honnellan K1>=,L. 9 caso do Qltimo um pouco mais complicado

    porque ele mesmo parece ser reticente quanto ao papel da

    causalidade na re+er&ncia. Ho modo como o interpreto$ o essencial de

    sua teoria apenas que a re+er&ncia um +enOmeno 6istórico$ e não

    que causal.

    *as o que seria uma @eoria ausal da re+er&ncia parasitária dos

    nomes! Neste te-to$ trato por @eoria ausal qualquer teoria que

    aceite que um elo causal de um tipo apropriado $ no m4nimo$ uma

    condião suCciente para a re+er&ncia por nomes. He modo mais

    preciso$ uma condião suCciente para um suAeito # se re+erir a um

    o'Aeto x) atra8s de um nome N$ que ele esteAa em uma relaão

    " N# *rd#d o r/rio .o$6.i&$,o do '#"#$, d =u < r&i++2*" =u di'r$,+ o9),o+ o++u#& o&+&o $o& +ri# +u'i.i$, #r# =u o '#"#$, +$do .o&,$, $1o u+#++ $o&+ i+o"#do+ d +u+r.#dor+ .o&o &.#$i+&o+ d id$,i'i.#01o5

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    causal apropriada com  x . %u ignoro se tal elo uma condião

    necessária ou não. #eAa como +or$ segueIse disso que a identiCcaão

    não uma condião necessária para o sucesso da re+er&ncia. Nesta

    +ormulaão$ a @eoria ausal inconsistente com a @eoria dadentiCcaão.

     @anto Grip/e como He8itt +orneceram 8ersFes so're como a

    re+er&ncia dos consumidores +unciona. m'os sustentaram que um

    elo causal de um tipo apropriado $ pelo menos$ uma condião

    suCciente para o sucesso do emprstimo da re+er&ncia. m'os

    aceitam$ por e-emplo$ que um consumidor pode ter sucesso em se

    re+erir a algo por um nome mesmo que KiL não con6ea qualquer

    condião que somente o re+erente do nome satis+a$ KiiL não seAa

    capa de identiCcar o re+erente$ KiiiL não se lem're que l6e introduiu

    o nome$ etc. *as +oi He8itt quem tornou a teoria mais precisa.

    ;esumidamente$ a perspecti8a de He8itt so're a re+er&ncia

    parasitária a seguinte:

     *o ouvir & proerir o nome + para se reerir a x) um su,eito & 

     pode) devido a uma relação causal com & ele ouviu o proerimento

    de &) adquirir a habilidade de usar + para se reerir a x.

    ideia que um consumidor adquire a 6a'ilidade de usar um nome

    N para se re+erir a um o'Aeto x  ao entrar em contado com o e-erc4cio

    que outro suAeito +a de sua 6a'ilidade. magine que 8oc& seAa capa

    de se re+erir a #ócrates$ mas eu não. %ntão$ 8oc& me di que #ócrates

    +oi um grande Clóso+o. Neste momento$ 8oc& e-ercitou a sua

    6a'ilidade de usar o nome R#ócratesS. o ou8ir o que disse$ eu

    adquiro a 6a'ilidade de usar o mesmo nome para me re+erir ao

    mesmo indi84duo ao qual 8oc& se re+eriu. 9 mesmo poderia acontecer

    se eu lesse uma +rase pro+erida por 8oc& contendo o nome

    R#ócratesS. *as onde está o elo causal! ;esposta: He8itt está

    interpretando a percepão Kou8ir$ 8er$ etc.L como um tipo de relaão

    causal. ma condião suCciente para o sucesso da re+er&ncia de um

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    consumidor que tudo corra 'em com estes elos que$ no Cm das

    contas$ recuarão at a situaão do 'atismo do re+erente.

    Perry aceita que a e-ist&ncia de um elo causal apropriado

    uma condião suCciente para o sucesso da re+er&ncia atra8s denomes. 9 di+erencial de sua 8ersão que o importante para o elo

    causal a in+ormaão associada ao nome$ e não o nome em si. Na

    perspecti8a de He8itt$ quando 8amos contar a 6istória do elo causal$

    temos de nos +ocar nos di+erentes pro+erimentos do nome$ passando

    de +alante para +alante. Na perspecti8a de Perry$ o que realmente

    importante ol6ar para a 6istória da di+usão das in+ormaFes que o

    consumidor associa ao nome. %m suas pala8ras:

    KXL t6at it is not t6e name itsel+ Kersat or properLt6at is o+ interest$ 'ut t6e grouping o+ predicates. tis t6e predicates grouped t6at lie at t6e end o+ acausal c6ain originating Dit6 t6e person amt6in/ing a'out.=

    Para tornar a ideia mais clara$ comecemos do comeo. Primeiro$

    Perry apela a uma noão teórica muito pró-ima daquilo que c6ameianteriormente de material identifcador  e outra pró-ima daquilo que

    c6amei de marcadores. Y primeira$ ele c6ama de arquivo$ B segunda$

    de  eixes ou agrupamentos de predicados. m arqui8o pode ser

    +ormado por um nome T um agrupamento de predicados$

    e-atamente como o material identiCcador o pode. omo na

    perspecti8a apresentada na parte anterior$ este agrupamento de

    predicados $ ou representa$ in+ormaFes acerca do re+erente donome. *as Perry pensa que um consumidor não precisa usar este

    material para identiCcar o re+erente. 9 re+erente do nome será quem

    quer que seAa a origem causal das in+ormaFes contidas no arqui8o.

    Portanto$ enquanto na min6a perspecti8a o material tem tam'm

    uma +unão identiCcadora$ na perspecti8a de Perry ele tem apenas

    =  Prr> Jo6$ 345 A Pro9"& A9ou, Co$,i$u %"i'5 I$7 The Problem of the Essential Indexical 5OB'ord U$i*r+i,> Pr++ 5 H-5 5Q5

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    uma +unão causal. *ais uma 8e$ elo causal uma condião

    suCciente para o sucesso da re+er&ncia.

    Não min6a intenão entrar em detal6es so're a ontologia dos

    arqui8os ou do material identiCcador. 9 próprio Perry parece ter aintenão de que seAam entidades mentais ou esteAam de algum modo

    localiados no cre'ro. *as ele tam'm não 8ai muito alm. Para os

    nossos propósitos$ a naturea dos arqui8os não importa.

    ma consequ&ncia interessante deste tipo de perspecti8a que

    os nomes são$ em certo sentido$ dispensá8eis. Podemos ter um

    arqui8o +ormado apenas por predicados. Não di+4cil pensar num

    e-emplo em que isto ocorra. magine que uma testemun6a ocular de

    um crime 8á depor na delegacia. %la di ao delegado coisas como

    Rele era gordo$ alto$ e muito 8iolentoS. 9 delegado l6e pergunta se

    sa'e o nome do suspeito. testemun6a responde que RnãoS. Nossa

    testemun6a 6a8ia adquirido 8árias in+ormaFes so're o suspeito no

    dia anterior$ +ormando um arqui8o contendo predicados como R-

    gordoS$ R- altoS$ etc. *as o arqui8o não contm qualquer nome. sto

    não impede a testemun6a de ser capa de se re+erir ao suAeito$ muito

    menos de +ormar e reter crenas so're ele.

    9 mesmo pode ser dito de min6a perspecti8a. 9s marcadores

    de um indi84duo podem ser suCcientemente ricos para permitirIl6e

    identiCcar um o'Aeto independentemente de ele possuir um nome.

    Para pensar em outro e-emplo$ imagine que um especialista em

    Platão$ de8ido a um caso raro de amnsia$ esquea o nome do

    indi84duo acerca de quem ele especialista. %le continua lem'rando

    do que aprendeu$ apenas esquece o nome. #em dQ8ida$ isto não o

    impede de +aer re+er&ncia a este indi84duo$ nem de manter suas

    crenas so're ele.

    possi'ilidade destes casos coloca pro'lemas interessantes. #e

    nomes são dispensá8eis$ então qual $ aCnal$ a sua utilidade! %les

    t&m alguma utilidade! Pro'lemas como estes serão ignorados aqui.

    *e concentrarei apenas em casos en8ol8endo nomes próprios.

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    Z preciso recon6ecer que nem a min6a perspecti8a nem a de

    Perry são totalmente claras quanto a alguns pontos. %stá Perry

    e-igindo que cada in+ormaão presente no arqui8o ten6a de ser

    causalmente deri8ada do re+erente do nome! 9u pode ser o caso quealgumas poucas in+ormaFes +al6em em satis+aer esta condião!

    coisa pode ser ilustrada por um e-emplo. %u acredito que #ócrates

    um grande Clóso+o. ?oão acredita que #ócrates o maior Aogador do

    orint6ians. 9'8iamente$ nós temos pessoas di+erentes em mente.

    *as não sa'emos disso. o contar a ?oão que #ócrates +oi um grande

    Clóso+o grego$ ele pensa que estou +alando do Aogador. %ntão$

    acrescenta o predicado R- um grande Clóso+o gregoS ao seu arqui8o

    so're o Aogador. gora$ uma das in+ormaFes que seu arqui8o contm

    causalmente deri8ada do Clóso+o$ mas todas as outras são

    deri8adas do Aogador. ?oão ainda será capa de se re+erir e ter crenas

    so're algum deles!

    No8amente$ o mesmo pro'lema pode ser colocado para a

    min6a perspecti8a$ em'ora +osse apropriado +alar em outros termos.

    9 material identiCcador de ?oão$ após o processo$ conterá tanto

    in+ormaFes di+undidas so're o Clóso+o quanto so're o Aogador. ?oão

    ainda será capa de se re+erir e ter crenas so're algum deles!

    Pro'lemas como este tam'm serão ignorados ao longo do te-to. s

    teorias acima serão propositalmente mantidas 8agas e em caráter de

    um es'oo.

     Por Cm$ dei-eIme dier alguma coisa so're a moti8aão de

    Perry para a sua teoria. principal moti8aão a sua aparente

    capacidade de lidar com pro'lemas en8ol8endo aquisião e retenão

    de crenas. asos de retenão de crena são aqueles em que um

    indi84duo mantm uma mesma crena ao longo do tempo. #upon6a

    que ontem 8oc& ten6a se encontrado com *aria e adquirido a crena

    de que ela está rica. )oAe 8oc& conta a no8idade para um amigo:

    *aria está rica$ sa'ia! Neste caso$ 8oc& claramente rete8e uma

    crena por um per4odo de tempo. 9ntem 8oc& adquiriu a crena de

    que *aria está rica$ 6oAe 8oc& continua acreditando nisto. %ste um

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    caso simples$ e não esperamos que alguma teoria plaus48el ten6a

    diCculdades em lidar com ele. *as e-istem casos mais complicados.

    Para se ter uma le8e ideia$ 8oltemos ao suposto +ato de nomes

    serem$ no sentido antes mencionado$ dispensá8eis. Mimos dois tiposde casos. No primeiro$ o indi84duo adquire e retm uma crena so're

    o suspeito sem nunca ter possu4do um nome para ele. No segundo$ o

    indi84duo perde o nome que possu4a$ mas ainda retm crenas so're

    o seu re+erente KPlatãoL. Perry pode tratar os dois casos +acilmente$

    pois o que rele8ante para a determinaão do re+erente e retenão

    de crenas não o nome$ mas as in+ormaFes contidas no arqui8o.

    %m am'os os casos$ os indi84duos continuam possuindo um arqui8o

    com determinado nQmero de in+ormaFes causalmente deri8adas de

    um determinado o'Aeto. 9 que +a com que o o'Aeto da crena do

    primeiro seAa o suspeito que estas in+ormaFes são causalmente

    deri8adas do suspeito. 9 que +a com que o o'Aeto da crena do

    segundo seAa Platão que suas in+ormaFes são causalmente

    deri8adas de Platão. %m suma$ o que garante a retenão o +ato de$

    em cada caso$ um mesmo indi84duo estar na origem causal das

    in+ormaFes o tempo todo.

    9 tipo de perspecti8a da identiCcaão apresentado

    anteriormente tam'm dá conta destes casos. di+erena que a

    e-plicaão seria dada em termos de identiCcaão. %m am'os os

    casos$ o suAeito manteria a sua capacidade de identiCcar um o'Aeto

    independentemente de nunca ter tido ou ter perdido o nome.

    #eAa como +or$ penso que a perspecti8a de Perry não +ornece

    um tratamento adequado seAa da re+er&ncia$ seAa da retenão de

    crenas.

    '''

    Nas pró-imas seFes$ de+endo que a teoria causal de Perry não

    dá conta realmente dos casos de retenão de crena. estrutura de

    meu argumento será a seguinte. Primeiro$ apresento um caso

    en8ol8endo a 6a'ilidade de um +alante de usar um mesmo nome para

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    se re+erir e sustentar crenas so're duas pessoas di+erentes. *ais

    especiCcamente$ nosso +alante será capa de usar o nome para

    sustentar uma crena 1 e outra crena 2$ em que 1 e 2 são

    crenas so're indi84duos di+erentes. %m seguida$ imagino ummomento posterior espec4Cco do tempo$ e coloco a seguinte

    pergunta: terá nosso +alante retido as crenas 1 e 2! 9 o'Aeti8o

    in8estigar o que a teoria de Perry nos di so're este caso. #ustentarei

    que e-istem tr&s possi'ilidades de resposta$ e de+enderei que

    nen6uma das tr&s está dispon48el a ele. %ntão concluo que a sua

    8ersão de teoria causal não dá conta deste caso. Por Cm$ e-plico

    como a perspecti8a da identiCcaão apresentada anteriormente pode

    tratar o mesmo caso$ e sustento que ela superior B de Perry.

    Passemos então ao e-emplo.

    magine uma con8ersa entre *arcos e seu amigo. *arcos não

    está interessado no que seu amigo di$ mas 8e em outra Cnge estar

    prestando atenão. %m uma destas 8ees$ ele ou8e o seguinte:

    2L *aria legal.

    Hepois disto$ *arcos se distrai no8amente. o longo do tempo$ ele

    perce'e que seu amigo comea a +alar de outra pessoa$ tam'm

    c6amada R*ariaS$ mas não presta atenão no que di. Pouco depois

    ele ou8e o seguinte:

    3L *aria legal.

    *arcos sa'e que 3 +oi pro+erida para +alar de outra pessoa$ di+erenteda pessoa re+erida em 2. #upon6a que tudo ten6a corrido 'em com

    am'os os pro+erimentos de seu amigo. %m outras pala8ras$ seu amigo

    te8e sucesso em se re+erir tanto por 2 quanto por 3.

    ntes de comearmos a discutir este e-emplo$ +aamos

    algumas estipulaFes. #a'emos que a pessoa re+erida pelo

    pro+erimento de 2 di+erente da pessoa re+erida pelo pro+erimento de

    3. sarei R[S para indicar quando estou +alando da segunda. ssim$

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    quando disser que *aria[ tal e tal$ estarei +alando da pessoa

    re+erida por 3. uando quiser +alar do nome usado em 3$ apenas

    acrescento aspas.

    Penso que os seguintes pontos são intuiti8os so're o e-emplo

    at agora.

    • *arcos adquiriu a 6a'ilidade de se re+erir a *aria atra8s do

    nome pro+erido em 2 KR*ariaSL.

    • *arcos adquiriu a capacidade de se re+erir a *aria[ atra8s

    do nome pro+erido em 3 KR*aria[SL

    • *arcos adquiriu$ podemos supor$ tanto uma crena so're

    *aria Ka crena de que *aria legalL quanto uma crena

    so're *aria[ Ka crena de que *aria[ legalL. primeira

    K1L uma crena di+erente da segunda K2L.

    onsidero que nen6um dos pontos acima requer maior

    argumentaão. ualquer um que queira recusar algum Kse 6ou8er

    quem o +aaL terá o Onus da pro8a.

    *as agora continuemos com o e-emplo. magine que *arcos

    Cnalmente se li'erta de seu amigo e 8ai para casa. ansado$ ele só

    quer uma noite de sono. o acordar$ lem'ra que +oi introduido a

    duas Ke somente duasL pessoas c6amadas R*ariaS$ que am'as eram

    legais e que se trata8a de pessoas di+erentes.7 %le não se lem'ra de

    qualquer outra coisa. Não sa'e quem l6e introduiu os nomes$ nem

    quando +oi$ etc. %m outras pala8ras$ *arcos tem a seguinte crena:

    3: %-istem duas$ e somente duas$ pessoas di+erentes

    c6amadas R*ariaS que me +oram introduidas.

    ;epare que 3 uma crena claramente di+erente tanto de 1 quanto

    de 2. #e 8oc& ainda não está con8encido disto$ tal8e a +ormaliaão

    7 O ,r&o i$,rodu!ido $1o d* +ugrir =u M#r.o+ $+ =u 'oi #r+$,#do + du#+ g#ro,#+ ++o#"&$,5 D '#,o od&o+ +uor =u " $1o +#9 + 'oi i$,rodu!ido + g#ro,#+ ++o#"&$, ou +#$#+ ou*iu .o&o r#"&$, #.o$,.u #"gu

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    aAude. Hei-e RS representar o predicado %c6amaIse R*ariaSS$ e R

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    #egundo$ e mais importante$ supor que qualquer estipulaão deste

    tipo necessária seria um ponto a +a8or de teorias da identiCcaão e

    contra perspecti8as causais como a de Perry. 9ra$ ao +aer esta

    estipulaão$ *arcos está identiCcando o o'Aeto de sua crena como aprimeira a nascer$ dentre as duas que l6e +oram apresentadas.

    Perspecti8as causais recusam que identiCcaão seAa uma condião

    necessária para re+er&ncia. @erceiro$ sequer seria claro se$ após a

    estipulaão$ ainda temos um caso de retenão de crena$ que o que

    nos interessa.> ssim$ de8emos imaginar que *arcos não +e qualquer

    estipulaão deste tipo. Hito isto$ passemos B discussão do e-emplo$

    considerando cada opão de resposta da seão anterior.10 

    0pção 1: 2arcos reteve tanto a crença 31 quanto a crença 34.

    Para aceitar esta opão$ Perry teria de sustentar que *arcos possui

    dois arqui8os di+erentes. m'os os arqui8os teriam o nome R*ariaS T

    a in+ormaão de que o seu re+erente legal e di+erente do re+erente

    do nome contido no outro arqui8o. in+ormaão contida em um

    arqui8o seria causalmente deri8ada de *aria$ e a in+ormaão contida

    no outro seria causalmente deri8ada de *aria[. #omente este estadode coisas permitiria a Perry sustentar que *arcos rete8e am'as as

    crenas.

    Penso que isto implaus48el. *arcos não rete8e as duas

    crenas. Para notar isto$ imagine que ele tente contar a ?os uma das

    duas crenas que rete8e. @anto +a se 8oc& imagina que conta que

    *aria legal ou se conta que *aria[ legal. omo ele poderia +aer

    isto! %le poderia apelar a arti+4cios como aquela que nasceu primeiro.

    > A'i$#" odri# +r o .#+o =u " +i&"+&$, rdu # .r$0# #/+ # +,iu"#01o #++ou # #.rdi,#r $#=ui"o $o*#&$,5 M#+ i+,o < di'r$, d r,r u .r$0#5 A" =u #"g# =u u& "o.#u+#" < .o$di01o +u'i.i$,5 Por ou,ro "#do + # r+o+,# < $1o $,1o od&o+ ro++guir .o& oB&"o #$#+ #++u&i$do =u "#+ $1o o.orr&5

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    Poderia dier coisas como: con6eci duas pessoas c6amadas R*ariaS$

    e me reCro B mais no8a. *as$ como 8imos$ tais arti+4cios estão

    8etados. @udo que ele possui a crena de que +oi introduido a duas

    pessoas com este nome e que am'as eram legais. Neste conte-to$seria implaus48el supor que ele +osse capa de contar ao ?os uma das

    crenas que adquiriu. suposião de que ele possui os dois arqui8os

    nos le8a B conclusão de que *arcos tem uma crena que não pode

    e-pressar.

    #upon6a que *arcos tente e-pressar uma de suas crenas

    atra8s de ,.

    ,L *aria legal.

    ual crena ele está e-pressando! %stá ele e-pressando 1 ou 2!

    ualquer escol6a aqui seria ar'itrária. raão de ser ar'itrária que

    ele não capa de e-pressar qualquer uma das crenas.11

    primeira o'Aeão que algum pode +aer a isto que estou

    con+undindo ter uma crena com ser capa de e-pressáIla. *arcos

    rete8e am'as as crenas$ mas acontece que não pode e-pressáIlas.

    sto não a'surdo. Para pensar num e-emplo radical$ 6á alguma

    plausi'ilidade na ideia de que cac6orros possuem crenas$ mas não

    são capaes de e-pressáIlas linguisticamente. *as não se trata de

    cometer esta con+usão. 9 pro'lema com o caso de *arcos que

    estamos assumindo que ele possui um arqui8o contendo um nome

    mais uma in+ormaão causalmente deri8ada de um o'Aeto. lm

    disto$ assumimos que isto condião suCciente para a re+er&ncia e

    retenão de crenas. *as$ em seguida$ negamos que ele possa

    e-pressar a sua crena. 9 que implaus48el a ideia de que ele

    11 R#r =u # ,+ d =u M#r.o+ $1o < .##! d Br++#r =u#"=ur u d#+ du#+ .r$0#+ & #r,i.u"#r < .o$+i+,$, .o& # ,+ d =u " Br++# alguma .r$0# #o ro'rir 5 U 6i/,+ or B&"o <=u " r'ir# .o$)u$,#&$, + du#+ &u"6r+ #,r#*

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    possa usar este material para reter uma crena$ mas não para

    e-pressáIla.

    9utra o'Aeão consiste em recusar que *arcos não possa

    e-pressar a sua crena. o pro+erir ,$ ele e-pressou alguma das duascrenas que possui. penas acontece que nem nós nem *arcos

    sa'emos qual . uando pro+eriu ,$ *arcos acessou  um de seus

    arqui8os. #e o arqui8o que ele acessou contm in+ormaFes

    causalmente deri8adas da *aria$ então ele e-pressou a crena 1. #e

    contm in+ormaFes causalmente deri8adas de *aria[$ e-pressou

    uma a crena 2.

    raão pela qual ac6o isto implaus48el que retira totalmente

    a responsa'ilidade de *arcos pelo que e-pressa. (em'reIse que

    *arcos não sa'erá e-plicar de qual das duas pessoas c6amadas

    R*ariaS ele +ala. @udo que ele sa'e que +oi introduido a duas e que

    am'as eram legais. Nada disso l6e permite sustentar que +ala de uma

    delas em particular pelo pro+erimento de ,. %le simplesmente pro+ere

    uma +rase$ e seu cre'ro +a todo o tra'al6o por ele. Z como se ele

    pudesse decidir R8ou pro+erir , para +alar de uma das duas pessoas

    que me +oram apresentadasS e depois$ seu cre'ro decidisse de qual

    delas ele +ala. Para+raseando rmstrong so're uine$ *arcos tem

    poder sem ter responsa'ilidade.

    ;esumindo. omeamos com a suposião de que *arcos rete8e

    os dois arqui8os. Neste caso$ teria retido am'as as crenas 1 e 2.

    #ustentei que$ se ele rete8e alguma das duas crenas$ seria capa de

    e-pressáIla. *as ele não capa de e-pressar qualquer uma das

    duas. (ogo$ não rete8e qualquer uma. @al8e ele ten6a retido alguma

    crena$ di+erente destas$ ou tal8e não ten6a retido qualquer crena$

    mas isto em nada a+eta o ponto do argumento.

    0pção 4: 2arcos reteve somente uma das duas crenças. Neste

    caso$ ele terá retido uma crena acerca de uma das duas garotas.

    Para isto$ ele tem de ter preser8ado pelo menos um dos dois

    arqui8os. #e o arqui8o contm in+ormaão causalmente deri8ada de*aria$ então ele rete8e a crena de que *aria legal K1L$ mas se o

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    arqui8o contm in+ormaão causalmente deri8ada de *aria[$ então

    rete8e a crena de que *aria[ legal K2L.

     @al8e o que ten6a tornado implaus48el a ideia de que *arcos

    +osse capa de e-pressar suas crenas no caso anterior +oi a

    suposião de que ele possu4sse os dois arqui8os. #e supormos que ele

    possui apenas um$ tudo correria 'em. o pro+erir ,$ *arcos acessa

    aquele arqui8o que possui.

    *esmo que isto +osse plaus48el Ke não penso que seAaL$ ter4amos

    o pro'lema de e-plicar por que apenas um arqui8o +oi retido. 9 que

    6á de especial em relaão a um arqui8o que o outro não tem! 9

    e-emplo não parece dar margem para sustentar que um deles temalgo de especial$ que +e com que +osse retido. Nem mesmo para

    sustentar que um deles tem algo de pro'lemático$ que +e com que

    não +osse retido. 9 mais plaus48el seria sustentar ou que *arcos tem

    os dois ou que não tem qualquer um dos dois arqui8os. onclusão$ a

    opão 2 não está dispon48el B Perry.

    0pção 5: 2arcos não reteve nem 31 nem 34. Para sustentar

    isto$ Perry teria de aCrmar que *arcos não rete8e qualquer um dosarqui8os$ nem aquele com in+ormaão causalmente deri8ada de

    *aria$ nem aquele com in+ormaão causalmente deri8ada de *aria[.

    ue raão Perry poderia +ornecer a +a8or de que *arcos perdeu

    os dois arqui8os! *arcos lem'ra que +oi apresentado a duas pessoas

    di+erentes$ cada uma delas c6amada R*ariaS. %le tam'm sa'e que

    rece'eu o predicado R- legalS de cada uma delas. Nada parece ter

    preAudicado a perman&ncia dos arqui8os. Nós temos o predicado R- legalS ocorrendo ora como causalmente deri8ado de um indi84duo$

    ora como causalmente deri8ado de outro. 9 que impediria o nome

    R*ariaS de estar associado a um destes predicados +ormando um

    arqui8o e ao outro deles +ormando outro arqui8o! Não 8eAo um

    elemento na teoria de Perry que nos permita responder a isto.

     @al8e o pro'lema esteAa no +ato de 6a8er dois arqui8os

    contendo o mesmo nome. *as isto não pode ser um pro'lema. Nós+requentemente somos capaes de nos re+erirmos a indi84duos

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    di+erentes atra8s do mesmo nome. #ou$ por e-emplo$ capa de me

    re+erir a dois indi84duos di+erentes c6amados R#ócratesS. @am'm o

    +ato de os arqui8os conterem o mesmo predicado não de8e ser

    importante. Cnal$ somos capaes de nos re+erirmos a 8áriosindi84duos que satis+aem o predicado R- 'onitoS.

    9utra opão seria alegar que o pro'lema está no +ato de os

    arqui8os conterem o mesmo nome e o mesmo predicado ao mesmo

    tempo. %m outras pala8ras$ não poderia 6a8er dois arqui8os com as

    mesmas coisas dentro. Para que a coisa +uncione 'em$ o material de

    cada arqui8o teria de ser di+erente. Penso que isto está na direão

    correta$ mas esta resposta tam'm não está dispon48el a Perry. %le

    teria de e-plicar por que o material importante numa perspecti8a

    na qual o que determina o o'Aeto de uma crena a origem causal

    das in+ormaFes. #eria necessário uma AustiCcati8a para aceitarmos

    uma restrião geral B +ormaão de arqui8os com o mesmo material.

    %sta AustiCcati8a terá de ser consistente com uma perspecti8a causal$

    que aceita um elo causal apropriado como condição sufciente para a

    re+er&ncia.

    situaão a seguinte. ntes de ir dormir$ *arcos possu4a duas

    crenas di+erentes. crena de que *aria legal e a crena de que

    *aria[ legal. Perry e-plica isto alegando que ele tin6a dois arqui8os

    di+erentes$ cada um contendo pelo menos o nome R*ariaS mais o

    predicado R- legalS. %stamos supondo que$ ao acordar$ ele não

    possu4a mais qualquer arqui8o. 9 que Perry tem diCculdades de

    e-plicar o que deu errado neste processo.

    ma Qltima alternati8a seria alegar que o elo causal +oi perdido

    porque os arqui8os se misturaram. ntes$ *arcos possu4a dois

    arqui8os contendo in+ormaFes causalmente deri8adas de dois

    indi84duos di+erentes. pós acordar$ de algum modo as in+ormaFes

    se misturaram e +ormaram um Qnico arqui8o contendo in+ormaFes

    so're dois indi84duos di+erentes.12  omo os elos causais se

    misturaram$ ele perde a capacidade de se re+erir e de sustentar

    12 E+, ,r.iro #r=ui*o +ri# di'r$, do+ doi+ #$,rior+5 D &odo =u $+, +$,ido M#r.o+ rdu o+doi+ #$,rior+5

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    crenas so're os indi84duos isoladamente. sto e-plica tam'm

    porque ele não consegue$ como 8imos antes$ e-pressar qualquer

    crena so're um indi84duo particular atra8s do pro+erimento de ,.

    Por Cm$ e-plica porque *arcos não rete8e suas crenas.*as 6á raão para supor a e-ist&ncia de um Qnico arqui8o

    misturado! *arcos não +e nen6uma con+usão deste tipo ao acordar.

    %le não mistura in+ormaFes so're indi84duos di+erentes. %le lem'ra

    per+eitamente que +oi introduido aos nomes de duas pessoas

    dierentes  e que rece'eu in+ormaFes so're cada uma delas em

    particular. Z di+4cil 8er$ neste conte-to$ como uma e-plicaão causal

    poderia apontar para uma mistura dos arqui8os ou da in+ormaão

    contida neles.

    %m conclusão$ a teoria de Perry apresenta pro'lemas nos tr&s

    casos poss48eis. %le não consegue e-plicar o que acontece com

    *arcos$ se ele retm ou não suas crenas e a raão disto acontecer

    ou não. (em'remos que a moti8aão de Perry para a sua teoria era

     Austamente a sua +acilidade em lidar com pro'lemas de retenão de

    crenas. ontudo$ eu aca'ei de apresentar um caso de retenão de

    crenas do qual a teoria não dá conta. *eu diagnóstico que 6á algo

    errado com esta teoria. credito que a teoria da identiCcaão

    apresentada anteriormente pode ser usada para e-plicar o que está

    errado com a perspecti8a de Perry.

    ?

     @ermino considerando o que uma @eoria da dentiCcaão$ como

    aquela es'oada na parte $ nos diria so're este e-emplo. Primeiro$

    consideremos a situaão de *arcos depois de acordar. @udo que ele

    possu4a naquela situaão era a in+ormaão de que +oi apresentado a

    duas pessoas c6amadas R*ariaS e que cada uma delas era legal.

    ssim$ todo o material identiCcador que possui o nome R*ariaS

    mais o marcador R- legalS. *as este material identiCcador$

    o'8iamente$ insuCciente para identiCcar qualquer indi84duo

    particular. Hado que *arcos incapa de identiCcar qualquer

    indi84duo particular atra8s deste material$ ele tam'm incapa de

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    se re+erir e sustentar crenas so're qualquer indi84duo particular.

    Portanto$ ele não retm qualquer uma das duas crenas que possu4a

    antes. *arcos não rete8e nem 1 nem 2.

      ;epare que isto não o mesmo que aCrmar que ele +equalquer con+usão ou que misturou arqui8os. Nós podemos$ se

    deseAarmos$ supor que ele possu4a duas daquelas entidades que Perry

    c6ama de arquivos. ada uma contendo o nome R*ariaS mais o

    marcador R legalS. inda assim$ contudo$ ele não terá retido

    qualquer uma das duas crenas. sto porque o que importa não

    apenas a origem causal dos arqui8os ou da in+ormaão contida neles$

    mas o que +aemos com o material contido neles. %ste material

    usado para identiCcaão de o'Aetos. *as neste caso$ de8ido ao +ato

    de os dois arqui8os conterem um material muito po're$ eles não

    ser8irão para este propósito. *arcos sequer capa de di+erenciar

    *aria de *aria[ com o material que possui. Portanto$ não capa de

    identiCcar qualquer uma das duas. 

    Hado o que *arcos se lem'ra$ nós estamos intitulados a aCrmar

    que ele possui$ pelo menos$ a crena de que existe um x e existe um

     6) tal que: x e 6 são chamados %2aria() x e 6 são legais) e x !

    dierente de 6... sto $ *arcos possui a crena 3. *as esta uma

    crena di+erente tanto de 1 quando de 2. ada uma das duas

    Qltimas uma crena so're um o'Aeto particular$ 3 não. %le está

    ciente de que +oi introduido duas 8ees ao nome R*ariaS$ cada uma

    +aendo re+er&ncia a um indi84duo di+erente$ e que rece'eu a

    in+ormaão de que am'as eram legais. *as isto insuCciente para

    permitirIl6e identiCcar cada uma das pessoas em particular. %le não

    capa de di+erenciar *aria de todos os outros o'Aetos do mundo$ e

    nem capa de di+erenciar *aria[ de todos os outros o'Aetos do

    mundo. *ais uma 8e$ ele sequer capa de di+erenciar uma da

    outra. Por isto$ não possui nen6uma das duas Qltimas crenas.

    on+orme dito antes$ ele seria capa se enriquecesse seu

    material com mais marcadores.13 %le pode +aer isto estipulando que

    13 E&9or# i+,o $1o +ig$i'i=u =u " r,* # .r$0#5

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    'nvestigação (ilos)*ca: vol+ E 2,1"+ -'SS.: 210"2

    deseAa +alar daquela$ dentre as duas$ que nasceu primeiro. %m todo

    caso$ estipulaFes como esta en8ol8em uma peculiaridade. #eu

    sucesso em se re+erir dependeria de a estipulaão +eita ser

    8erdadeira de um e somente um indi84duo. #e ele estipula que deseAa+alar daquela$ dentre as duas c6amadas R*ariaS que l6e +oram

    apresentadas$ que nasceu primeiro$ então seu sucesso em se re+erir

    dependerá de e-istir um e somente um indi84duo$ dentre as duas$ que

    nasceu primeiro. %ste seria uma das e-ceFes em que os marcadores

    teriam de ser 8erdadeiros do re+erente.

    9 mesmo pode acontecer em relaão aos momentos antes de

    dormir. *arcos possu4a tanto a crena de que *aria legal como a de

    que *aria[ legal. *as era capa de identiCcar cada uma de um

    modo pró-imo ao que +oi dito acima. %le poderia$ por e-emplo$

    identiCcar *aria como a pessoa a quem seu amigo se reeriu da

     primeira vez $ e *aria[ como a pessoa a quem seu amigo se reeriu da

    segunda vez . di+erena que no momento da con8ersaão Ke tal8e

    tempo depoisL ele não precisou +aer qualquer estipulaão. sto

    esta8a dado pelo conte-to.

    Portanto$ a resposta ao e-emplo reside no quão rico o

    material identiCcador de *arcos. No momento depois de acordar$

    parece claro que o material po're e não l6e permite identiCcar

    ningum em particular. ssim$ ele não rete8e as suas crenas. No

    momento da con8ersaão parece claro que o material era

    suCcientemente rico$ de modo que *arcos era capa de identiCcar

    am'as as mul6eres$ e sustentar crenas so're cada uma delas em

    particular.

    9 mesmo 8alerá para os momentos após a con8ersaão e$ no

    entanto$ antes de *arcos ir dormir. #upon6a que *arcos con8ersou

    com seu amigo 6á duas 6oras$ mas que ainda não +oi dormir. *arcos

    rete8e as duas crenas que tin6a no momento da con8ersaão! sto

    dependerá da riquea do material retido por ele. #e$ neste momento$

    tudo que ele lem'ra que +oi introduido duas 8ees ao nome

    R*ariaS e que o re+erente de am'os era legal$ então não terá retido

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    nem 1 nem 2. sua retenão destas crenas dependerá de seu

    material identiCcador permanecer rico o suCciente para identiCcar

    cada uma das mul6eres em particular.

    ssim$ conseguimos e-plicar tanto como *arcos pode possuirduas crenas di+erentes em alguns momentos antes de ir dormir

    quanto por que não as possui depois de acordar. perspecti8a da

    identiCcaão tem mais +acilidade que a de Perry para lidar com o

    e-emplo acima. 9 erro de Perry$ penso$ +oi não 8er o papel

    identiCcador do material do +alante.

    %m conclusão. Perry pensa que uma 8antagem de sua @eoria

    ausal e-plicar a retenão de crenas. 9 que garante a retenão de

    uma crena so're  x   a e-ist&ncia de um arqui8o contendo

    in+ormaFes causalmente deri8adas de  x . #ustentei que esta

    perspecti8a não tem realmente sucesso em e-plicar a retenão de

    crenas. i isto atra8s do e-emplo de *arcos. He+endi que nen6uma

    das respostas dispon48eis a Perry satis+atória quanto ao caso. Por

    sua 8e$ sugeri que a perspecti8a da identiCcaão apresentada na

    seão capa de e-plicar o que acontece no caso de *arcos.

    perspecti8a de Perry 'em pró-ima da min6a. principal di+erena

    que acrescento um papel identiCcador aos marcadores$ recusando

    que alguma espcie de elo causal seAa condião suCciente para

    re+er&ncia e retenão de crenas. He8eIse manter em mente$

    contudo$ que nada disse so're a necessidade de um elo causal.

    Nem de longe isto algo decisi8o a +a8or da perspecti8a da

    identiCcaão. sto principalmente porque e-iste um conAunto de

    e-emplos que supostamente mostram que demasiado e-igente

    postular identiCcaão como condião necessária para a re+er&ncia. )á

    uma crena raoa8elmente di+undida de que +alantes completamente

    ignorantes acerca do re+erente do nome podem$ ainda assim$ ter

    sucesso em se re+erir pelo nome. % o mesmo 8ale para a capacidade

    de sustentar e reter crenas so're o re+erente do nome. 9 próprio

    Perry pensa isto K1>70:73L. Por outro lado$ acredito Aá ter mostrado

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    em outro lugar que estes e-emplos não são realmente um pro'lema

    K#alles$ 2013:=,I71L. *as esta outra 6istória.

    &servações (inaisNão ac6o que a soluão de Perry para a re+er&ncia por

    emprstimo esteAa totalmente errada. liás$ a perspecti8a de Perry

    muito pró-ima daquela que eu mesmo de+endo. He +ato$ ac6o que

    Perry acertou em quase tudo. #eu erro +oi não recon6ecer um papel

    adicional dos marcadores$ o papel identiCcador que eles t&m.

    ;epare$ portanto$ que não recuso que elos causais são uma

    parte importante da e-plicaão correta da re+er&ncia. He +ato$ a

    perspecti8a da identiCcaão apresentada na seão aceita tais elos.

    %u sequer recuso que a e-ist&ncia de um elo causal de um tipo

    apropriado seAa uma condião necessária para o sucesso da

    re+er&ncia por emprstimo. No8amente$ a Qnica coisa que de+endi

    que a teoria de Perry erra ao supor que certo tipo de elo causal

    sufciente para o sucesso da re+er&ncia.

    Por Cm$ importante entender que$ pelo menos em um sentido$

    eu não sou um descriti8ista. 9 descriti8ismo muitas 8ees

    interpretado como aCrmando que: uma condião necessária para o

    sucesso da re+er&ncia que o usuário do nome ten6a con6ecimento

    proposicional de que o re+erente do nome o Qnico a possuir certa

    propriedade. #e interpretarmos o descriti8ismo como comprometido

    com esta tese$ então não serei um descriti8ista. teoria da

    identiCcaão que de+endi para o +enOmeno da re+er&ncia por

    emprstimo não requer qualquer con6ecimento proposicional deste

    tipo. He +ato$ tudo que ela e-ige que +alantes ten6am$ pelo menos$

    a habilidade pr"tica  de identiCcar o re+erente do nome$ que os

    +alantes pelo menos saibam como usar o seu material para tal Cm.

    parentemente$ nada nos comprometeria a interpretar esta

    6a'ilidade prática como con6ecimento proposicional. #eAa como +or$ a

    relaão entre o tipo de tese que de+endo e teorias descriti8istas +oi

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  • 8/18/2019 Investigação Filosófica, Vol. E4, 2016

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    'nvestigação (ilos)*ca: vol+ E 2,1"+ -'SS.: 210"2

    in8estigada$ em maior detal6e$ em outro lugar K#alles: 2013: seão

    3.1"L.

    ReDerncias*P%(($ ?o6n K2002L. 7eerence and 3onsciousness. 9-+ord

    ogniti8e #cience #eries. larendon press. 9-+ord.

    H%M@@$ *ic6ael K1>71L R ausal t6eory o+ designation K1 e 2LS. n:

    8esignation. olum'ia ni8ersity Press.

    H%M@@$ *ic6ael. #terelny$ Gim K1>>>L 9anguage and 7ealit6: an

    introduction to the philosoph6 o language. 9-+ord$ lac/Dell.

    H9NN%((N$ Geit6 K1>=,L R#pea/ing o+ Not6ingS. n: #he

    hilosophical 7evie;. Mol. 73$ No 1$ pp. 3I31. Hu/e ni8ersity Press.

    %MN#$ 72L @6e Marieties o+ ;e+erence. larendon Press V 9-+ord

    ni8ersity Press V NeD or/. 2002.

     ?G#9N$ ran/ K2010L. 9anguage) +ames) and $normation.

    lac/Dell.

    G;PG%$ #aul . K1>=21>70L +aming and +ecessit6 . 9-+ord$ lac/Dell$

    1>>0.

    G;99N$ rederic/ f. K1>7=L. Rausal descripti8ismS$ ustralasian

     ?ournal o+ P6ilosop6y$ "5:1$ 1I1=.

    (%f#$ Ha8id K1>7,L RPutnamEs Parado-S n: apers in metaph6sics

    and epistemolog6 . am'ridge ni8ersity Press$ 1>>>. pp. 5"I==

    *c((9G$ 7>L. #he 70L R Pro'lem 'out ontunued elie+S. n: #he

    roblem o =ssential $ndexical and 0ther =ssa6s. 9-+ord ni8ersity

    Press$ 1>>3.

    #((%#$ #agid K2013L. +omes r'prios: 7eerncia e $dentifcação.

    Hispon48el em: 6ttp:ppglm.Cles.Dordpress.com200712dissertacaoI

    ppglmIsagidI+erreira.pd+ .

    http://periodicoinvestigacaoflosofca.blogspot.com.br  |32

    http://ppglm.files.wordpress.com/2008/12/dissertacao-ppglm-sagid-ferreira.pdfhttp://ppglm.files.wordpress.com/2008/12/dissertacao-ppglm-sagid-ferreira.pdfhttp://ppglm.files.wordpress.com/2008/12/dissertacao-ppglm-sagid-ferreira.pdfhttp://ppglm.files.wordpress.com/2008/12/dissertacao-ppglm-sagid-ferreira.pdf

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    'nvestigação (ilos)*ca: vol+ E 2,1"+ -'SS.: 210"2

    .4ES% ESSF.C'A E 5SS''9'AEG

    #cott #oames @raduão de (. ). *arques #egundo1,

    5RH?'A CA5IT89

    1. * signifc>ncia do +aming and +ecessit6 4. or que as descrições não ornecem o signifcado dos nomes

    9 argumento modal de que os signiCcados dos nomes não sãodados pelas descriFes que os +alantes associam a eles.

    5. 8esignação r?gida

    Hesignaão ;4gida e o rgumento *odal

    HeCnião de designaão r4gida o argumento de Grip/e de queos nomes são r4gidos ao passo que as descriFes tipicamenteassociadas a eles não a tentati8a de e8itar esse argumentoapelandoIse para as descriFes rigidiCcadas a e-tensão do

    argumento modal para re'ater essa proposta.

    ma con+usão a ser e8itada

    omo que a aCrmaão de que n  designa o  pode não sernecessária$ muito em'ora n  designe o no que di respeito atodos os estados do mundo poss48eis.

    Hesignaão r4gida e essencialismo

    9 uso da designaão r4gida para re'ater a o'Aeão de uine deque não +a sentido dier de o$ independentemente de como ele descrito$ que ele tem uma propriedade essencialmente.

    Hesignaão r4gida$ mundos poss48eis e RidentiCcaão transmundoS

    *undos poss48eis não são uni8ersos alternati8os que requeremcritrios para a identiCcaão das contrapartes dos o'Aetose+eti8amente e-istentes eles são estados poss48eis nos quais ouni8erso poderia ter estado o sentido no qual os designadoresr4gidos são usados para RestipularS esses estados.

    [  N#&+ E++$. #$d Po++i9i"i,>5  Philosophical Analysis in Twentieth Century, vol !" The Age of  #eaning 5 Pri$.,o$ U$i*r+i,> Pr++ 5 C#2,u"o 51, olsista P%#$ doutorando pela #.

     http://periodicoinvestigacaoflosofca.blogspot.com.br  |33

  • 8/18/2019 Investigação Filosófica, Vol. E4, 2016

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    @. or que as descrições normalmente não fxam os reerentes dosnomes

    9s argumentos contra a 8ersão +raca C-adora da re+er&ncia dateoria das descriFes. concepão da cadeia causal quanto B

    determinaão da re+er&ncia de Grip/e. s cadeias 6istóricas+ornecem descriFes C-adoras de re+er&ncia! Por que elas não+ornecem resoluão de uma +alta de clarea so're a C-aão dare+er&ncia.

    A signi*cJncia do Naming and Necessity 

    Neste cap4tulo comeamos nossa discussão do li8ro de #aul Grip/e$+aming and +ecessit6 $ que +oi originalmente apresentado como tr&slongas palestras pQ'licas na ni8ersidade de Princeton em Aaneiro de1>=0$ quando Grip/e tin6a 2> anos.15 Na poca +oi +eita uma gra8aão

    das palestras$ e dois pro+essores do departamento de ClosoCa dePrinceton$

  • 8/18/2019 Investigação Filosófica, Vol. E4, 2016

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    'nvestigação (ilos)*ca: vol+ E 2,1"+ -'SS.: 210"2

    são parcialmente constitu4dos por +atos inteiramente +ora dele.inalmente$ o +aming and +ecessit6  desempen6ou um grande papelna reAeião impl4cita$ em'ora di+undida$ da perspecti8a V 'astantepopular entre os Clóso+os da linguagem comum V de que a ClosoCa

    nada mais do que análise da linguagem.5or Kue descrições não dão os signi*cados dos nomes

    omearemos a nossa in8estigaão do tra'al6o de Grip/ee-aminando a sua discussão da teoria descriti8ista dos nomespróprios$ da qual ele distingue duas 8ersFes. He acordo com aprimeira$ os nomes próprios t&m os mesmos signiCcados que asdescriFes que os +alantes associam a eles. He acordo com asegunda$ em'ora os nomes possam não ser sinOnimos das

    descriFes$ o re+erente de um nome próprio n$ quando usado por um+alante num dado instante$ determinado$ como questão de regralingu4stica$ como sendo um e Qnico o'Aeto que satis+a as descriFesassociadas a n  pelo +alante naquele instante. ma 8e que osigniCcado de um termo supostamente determina a sua re+er&ncia$ aprimeira 8ersão da teoria descriti8ista entendida como implicando asegunda. con8ersa$ no entanto$ não se dá pode acontecer que ore+erente de um nome seAa$ como questão de regra semJntica$determinado por uma descrião$ muito em'ora o nome não seAasinOnimo da descrião. %ssas duas 8ersFes da teoria descriti8ista sãoe-pressas pelas teses 1 e 2.1"

    8AS TESES SRE S .4ES

     @ese 1: 9 signiCcado de um nome n  Kpara um +alantenum dado momentoL dado por uma descrião$ umaconAunão de descriFes$ ou um agregado dedescriFes H que o +alante associa a n naquele instante.#e H dá o signiCcado de n$ então a su'stituião de umpelo outro preser8a tanto o signiCcado quanto aproposião e-pressa. ssim$ se #E resulta de # pelasu'stituião de H por uma ou mais ocorr&ncias de n em#$ então # e #E signiCcam a mesma coisa e e-pressam amesma proposião.

     @ese 2: 9 re+erente de um nome n  Kpara um +alantenum dado momentoL semanticamente C-adoKdeterminadoL por uma descrião$ uma conAunão dedescriFes$ ou um agregado de descriFes H que o

    1"  E++#+ +1o r.o$+,ru0+ d#+ du#+ ,++ d# $ir# .o&o ri? #+ $,$d5 P#r# #+ r/ri#+'or&u"#0+ d ri? *)# 5 - do $aming and $ecessity5

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    +alante associa a n  naquele instante. #e H C-a ore+erente de n$ então:

    KiL o +alante acredita que H se aplica a um Qnico

    indi84duoKiiL se H se aplica a um Qnico indi84duo o$ então o 

    o re+erente de nKiiiL se H não se aplica a um Qnico indi84duo$ então n

    não tem re+erente.Ki8L o +alante sa'e K capa de sa'erL a priori que se

    n existe, então n é e-pressa uma 8erdade.

    Na palestra 1$ Grip/e o+erece um argumento contra a tese 1$ que 8eio

    a ser con6ecido como o argumento modal. lustremos o argumentocom um e-emplo. #eAa n o nome *rist'teles. #eAam K1I7L candidatos Bdescrião H que dá o signiCcado do nome.

    1. 9 +undador da lógica +ormal4. 9 maior aluno de Platão5. 9 pro+essor de le-andre@. 9 +amoso Clóso+o grego nomeado RristótelesSA. 9 Qltimo grande Clóso+o da antiguidadeB. conAunão de 1I5C. conAunão de todas as descriFes que o +alante associa a nD. m agregado de descriFes$ incluindo 1I5$ que o +alante associa

    a n

    Para os nossos propósitos$ a aCrmaão de que o signiCcado de umnome dado por um agregado de descriFes H1  ... Hn será tomadocom equi8alente B aCrmaão de que o signiCcado do nome dadopela descrião a coisa da qual a maior parte (ou um númerosufciente) das seguintes são verdadeiras: é D1 , é D , !!!, é Dn!Podemos agora testar a aCrmaão de que o signiCcado de *rist'teles dado por uma ou mais das descriFes K1I7L$ aplicando o seguinteteste modal.

    TESTE 4A9

    #e H dá o signiCcado de n$ então a proposiãoK8erdadedeclaraãoaCrmaãoL e-pressa pela +rase

    "e n existiu, então n era D!

    uma 8erdade necessária.

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    raão por trás desse teste que se H tem o mesmo signiCcado den$ então a su'stituião de uma pela outra numa +rase não mudará aproposião e-pressa Kou a aCrmaão +eitaL. *as isso signiCca que a+rase "e n existiu, então n era D e-pressa a mesma proposião

    Kdi a mesma coisaL que a +rase "e D existiu, então D era D. ma8e que a Qltima +rase e-pressa uma 8erdade necessária$ a primeiratem tam'm de e-pressar. o usar a terminologia verdade necess"riadiremos o seguinte: uma proposião uma 8erdade necessária sse KiL 8erdadeira dado o modo como o mundo e+eti8amente e KiiL teriasido 8erdadeira caso o mundo esti8esse em algum outro estadoposs48el no qual poderia ter estado.

    #e a tese 1 esti8er correta$ então tem de 6a8er alguma descrião Hque os +alantes associam ao nome RristótelesS tal que a proposião

    e-pressa por "e #rist$teles existiu, então #rist$teles %oi D  uma 8erdade necessária. He +ato$ uma 8e que H dá o signiCcado deRristótelesS$ a proposião e-pressa por essa +rase de8eria sernecessária e con6ec48el a priori. *as$ argumenta Grip/e$ não 6á taldescrião H. Por e-emplo$ considere a descrião o undador da l'gicaormal  como uma poss48el candidata. Para aplicar o teste modal$perguntamos se a aCrmaão &e *rist'teles existiu) então *rist'telesoi o undador da l'gica ormal  uma 8erdade necessária. Hier que uma 8erdade necessária dier que não 6á maneira poss48el na qual

    o mundo poderia ter sido que tornaria a antecedente$  *rist'telesexistiu$ 8erdadeira$ e a consequente$  *rist'teles oi o undador dal'gica ormal$ +alsa. *as isso não parece correto. Pelo contrário$parece que o mundo poderia ter estado numa circunstJncia na qualristóteles e-istiu$ mas não +undou qualquer lógica. ma 8e queristóteles poderia ter e-istido sem ser o +undador da lógica +ormal$então a aCrmaão condicional &e *rist'teles existiu) então *rist'telesoi o undador da l'gica ormal não uma 8erdade necessária. ssim$o nome  *rist'teles  não signiCca a mesma coisa que a descrião o

    undador da l'gica ormal.%sse resultado não isolado. 9 mesmo argumento poderia ser+ornecido a outras descriFes candidatas K1I7L$ ou a outras descriFescom as quais naturalmente poderIseIia pensar como su'stitutas donome *rist'teles. raão para isso que apro-imadamente todas asdescriFes que as pessoas 6oAe associam ao nome t&m a 8er com os+amosos +eitos de ristóteles$ especialmente aqueles en8ol8endo asua ClosoCa. No entanto$ como Grip/e corretamente mostrou$nen6uns desses +eitos eram condiFes necessárias para ristóteles

    e-istir.1= ristóteles poderia ter e-istido ainda que não ti8esse ido1= M+&o +r $o&#do Ari+,/,"+ $1o r# u .o$di01o $.++@ri# #r# Ari+,/,"+ Bi+,ir5

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    para a ClosoCa$ ou +eito algo importante. Hesse modo$ Grip/e estápronto para a8anar o argumento que aca'amos de o+erecer usandoqualquer descrião ou agregado de descriFes 'aseadas nos +amosos+eitos ou nas caracter4sticas mais con6ecidas de ristóteles. *as uma

    8e que elas +ornecem o principal conteQdo descriti8o que a maioriade nós associa ao nome$ ele conclui que a teoria descriti8ista dosigniCcado incorreta enquanto teoria de como a maioria de nós usao nome.

    +ora desse argumento contra a teoria descriti8ista do signiCcadodos nomes próprios pode ser apreciada perguntandoIse quecondiFes uma descrião teria de satis+aer a Cm de 'loquear oargumento. No m4nimo$ a descrião H teria de ser tal que aproposião e-pressa por "e n existiu, então n %oi D  seria

    necessária e a priori. 9 pro'lema que para apro-imadamente todosos nomes que se possa pensar$ tais descriFes não podem sero'tidas. #e isso esti8er correto$ então a tese 1 +alsa.

    9 argumento que aca'amos de +ornecer contra a tese 1 não  8aicontra a tese 2$ que e-pressa a perspecti8a de que as descriFesC-am semanticamente os re+erentes dos nomes. raão disso quea tese 2 não  alega que nomes e descriFes são sinOnimos. oi

     Austamente a aCrmaão de que os nomes t&m os mesmos signiCcadosque certas descriFes que nos permitiu 8er a tese 1 comocomprometida com a ideia de que quando su'stitu4mos nomes edescriFes uns pelos outros numa +rase$ não mudamos a proposiãoe-pressa$ e$ por conseguinte$ não mudamos o estatuto modal ouepistemológico da +rase. #upon6a$ no entanto$ que ti8ssemos umateoria que nos dissesse não que H dá o signiCcado de n$ mas apenasque H C-a semanticamente o re+erente de n. @al teoria so're a C-aãodo re+erente não se comprometeria com a ideia de que a su'stituiãode um pelo outro tem de preser8ar a proposião e-pressa. *as caso asu'stituião pudesse mudar a proposião e-pressa$ não ter4amos

    raão para pensar que tam'm não poderia mudar o estatuto modalou epist&mico da +rase. ssim$ em'ora o argumento modal possa ser8isto como re+utando a tese de que nomes são sinOnimos dasdescriFes que os +alantes a eles associam$ não re+uta por si próprio aperspecti8a de que essas descriFes determinam semanticamente osre+erentes dos nomes. ssim$ se quisermos criticar a 8ersão C-adorada re+er&ncia da teoria descriti8ista$ preciso de argumentosadicionais. Nas palestras 2 e 3 Grip/e +a isso. *as antes deconsiderarmos esses argumentos$ precisamos e-aminar alguns dos

    conceitos centrais que ele emprega.

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    esignação RLgida

     # designa&ão r'gida e o argumento modal 

    9 primeiro desses conceitos o de um designador r4gido.17

    ES'M.A> Pr++ Q5 P#r# o+ $o++o+ ro/+i,o+ .o$+idr&o+ .o&o ,r&o+ +i$gu"#r+ $o&+ d+.ri0+ d'i$id#+ +i$gu"#r+ .o&o o tal etal 5 

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    no que di respeito ao mundo como e+eti8amente K+oiL. sso não assim no que di respeito a um estado poss48el ; do mundo em quelinton concorreu como um democrata mas o repu'licano o' Hole8ence as eleiFes de 1>>". 9 indi84duo cuAa Cliaão partidária

    determina o 8alor de 8erdade de K10L relati8o a estado do mundo ; ill linton$ o mesmo indi84duo que rele8ante para determinar o8alor de 8erdade de K10L no estado e+eti8o do mundo. ssim$ K10L 8erdadeira no que di respeito a ;. No entanto$ o indi84duo cuAaCliaão partidária determina o 8alor de 8erdade de K>L relati8o a ;não ill linton$ mas antes$ o' Hole. ssim$ K>L +alsa no que direspeito a ;. %sse e-emplo mostra que a descrião o vencedor daseleições presidenciais dos =stados Hnidos de 1FFB  nãoIr4gida$ aopasso que o nome Iill 3linton  r4gido.

    Por que para um designador r4gido o mesmo o'Aeto o  rele8ante noque di respeito a todos os estados poss48eis do mundo$ ao passo quepara um designador nãoIr4gido os o'Aetos rele8antes di+erem deestado do mundo para estado do mundo! resposta pode ser dadacomo se segue: se t   r4gido$ então qualquer o'Aeto que seAadesignado por t   designado por t   no que di respeito a todos osestados poss48eis do mundo em que esse o'Aeto e-ista$ e nada almdesse o'Aeto designado por t  no que di respeito a qualquer estadodo mundo mas se t   nãoIr4gido$ então ou o que e+eti8amente

    designado por t  não designado por t  no que di respeito a outrosestados poss48eis do mundo Kem que esse o'Aeto e-isteL$ ou algoalm desse o'Aeto designado por t   no que di respeito a algumestado do mundo.1>  sso sugere um teste lingu4stico para determinarse um termo singular ar'itrário em Portugu&s um designador r4gido.

    84 TESTE 9'.M8IST'C

    t   um designador r4gido sse a +rase indiv'duo queé (%oi) e%etivamente t não poderia ter existidosem ser t, e nada além do indiv'duo que é (%oi)e%etivamente t poderia ter sido t   e-pressa uma8erdade.

    Posto de outro modo: um termo singular t   do Portugu&s umdesignador r4gido sse as +rases rele8antes da +orma K11L e K12L são

    1> E++# idi# < u &r# #roBio =u ig$or# .r,#+ .o&"i.#0+ #9+,ru+#+ =u +urg& & .#+o++.i#i+ =u#$do o+ i$dBi.#i+ +1o .o$+idr#do+ # $o01o d d+ig$#01o r2gid# < r"#,i*i!#d# #o.o$,B,o5 3O &+&o *#" #r# o ,+, "i$gu2+,i.o =u + +gu45

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    +alsas. m termo singular nãoIr4gido sse ou K11L ou K12L são8erdadeiras.

    11. 9 indi84duo que K+oiL e+eti8amente t poderia ter e-istido

    sem ser t .14. Poderia ter sido o caso que algum alm do indi84duo que

    e+eti8amente K+oiL t   +osse t .

    Grip/e sustenta que se aplicarmos esse teste desco'riremos que osnomes próprios são designadores r4gidos$ ao passo que a maioria dasdescriFes comuns não são. sso não quer dier que ele pensa quenen6uma descrião seAa r4gida por e-emplo$ ele consideraria a raiz quadrada positiva de 4A e o indiv?duo que ! idntico a &aul JripKecomo sendo r4gidas. No entanto$ ele acredita que no que di respeitoB maioria dos nomes comuns$ descriFes como essas não são 'oascandidatas para serem usadas pelos +alantes para dar os signiCcadosou esta'elecer a re+er&ncia.20 ssim$ no caso da 8asta maioria dosnomes comuns$ ele sustentaria que as descriFes associadas a elessão nãoIr4gidas. %m particular$ as descriFes K1I7L associadas aonome *rist'teles em nosso e-emplo são nãoIr4gidas.

    om isso em mente$ podemos apresentar o argumento modal deGrip/e. %m ess&ncia$ o argumento o seguinte:

    KP1L9s nomes são designadores r4gidos.KP2Lomumente$ as descriFes associadas aos nomes pelos

    +alantes não são designadores r4gidos.

    KL Portanto$ os nomes comumente não são sinOnimos dasdescriFes associadas a eles pelos +alantes.

    %sse argumento +oi imediatamente recon6ecido como um desaCopoderoso ao descriti8ismo so're os signiCcados dos nomes próprios$ e

    continua a ser aceito por muitos Clóso+os 6oAe em dia.

    ;ecentemente$ no entanto$ uma resposta ao argumento tem tidocerta aceitaão entre alguns teóricos que continuam a ser atra4dospelo descriti8ismo. resposta 'aseada na o'ser8aão de que paraqualquer descrião nãoIr4gida o $ podemos +ormar uma descriãor4gida o e%etivo que designa$ quando estamos a +alar de qualquer

    20 DiB#&o+ d "#do #=ui .#+o+ +.i#i+ .o&o o $u&r#" =u .o$.9i*"&$, odri# +r d'i$ido.o&o o sucessor de *5

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    estado poss48el do mundo$ o indi84duo que no estado e+eti8o domundo.21 onsidere$ por e-emplo$ a +rase K13L.

    15. Poderia ter sido o caso que o 8encedor e+eti8o das eleiFes

    presidenciais de 1>>" não 8enceu as eleiFes presidenciais de1>>".

    ntuiti8amente$ o que essa +rase di 8erdadeiro. sso signiCca quetem de 6a8er um estado poss48el do mundo$ ;) tal que a +rase K1,L$como usada por nós$ 8erdadeira quando tomada como umadescrião de ;.

    1@. 9 8encedor e+eti8o das eleiFes presidenciais de 1>>" não

    8enceu a eleião presidencial de 1>>".sso$ por sua 8e$ signiCca que o indi84duo que conta como re+erentedo nosso uso do termo o vencedor eetivo das eleições presidenciaisde 1FFB$ quando usada para dier algo so're ;$ o indi84duo que8enceu a eleião$ não com respeito a ;$ mas no que di respeito aomundo como e+eti8amente . +rase K1,L 8erdadeira no que direspeito a ;$ pois esse indi84duo V a pessoa que +oi a 8encedora noque di respeito a estado e+eti8o do mundo V não 8enceu no que direspeito a ;. lião aqui que o resultado de se adicionar o operador

    de e+eti8idade a uma descrião o  resulta numa no8a descrião$ o e%etivo$ que designa rigidamente o o'Aeto que a primeira descriãodesigna no estado e+eti8o do mundo Kse tal o'Aeto unicamentedesignado por o  relati8o ao estado e+eti8o do mundoL. %ssa ideiatem sido usada por alguns descriti8istas pósI/rip/ianos para sugerirque os nomes são sinOnimos$ não das descriFes comuns$ mas dasdescriFes rigidiCcadas pelo uso do operador de e+eti8idade. %ssatese$ com e+eito$ ataca a premissa P2 acima$ e não re+utada peloargumento modal que Grip/e o+erece.

    Não o'stante$ a proposta +al6a por outras raFes. Primeiro$ se aproposta +osse correta$ então a proposião e-pressa por "e nexistiu, então n %oi D seria o mesmo que a proposião e-pressa por"e o D e%etivo existiu, então o D e%etivo %oi D . %ssa Qltimaproposião algo con6ec48el a priori$ independentemente dequalquer e8id&ncia emp4rica. No entanto$ quando n  um nomepróprio comum$ a proposião e-pressa por "* n existiu, então n %oi D tipicamente não con6ec48el a priori. ssim$ as duas proposiFes

    21 E++# #'iro < d #"gu& &udo u& B#gro ig$or# #+ .o&"i.#0+ &$.io$#d#+ $#+ $o,#+ Q5O+ i$,r++#do+ $u& .#+o i+ .o&",o d*ri#& *r # di+.u++1o do u+o do or#dor d ',i*id#d #r#rigidi'i.#r d+.ri0+ $# o9r# .i,#d# $# $o,# 5

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    são di+erentes$ e a proposta de sal8ar a tese 1 8ai a pique. K%sseponto está impl4cito no +aming and +ecessit6 . ;etornaremos a elemais tarde quando discutirmos o conteQdo da palestra 2 de Grip/e.L

    )á tam'm um segundo pro'lema com a proposta que Grip/e nãotratou$ mas que discutido detal6adamente no cap4tulo 2 do meuIe6ond 7igidit6 .22  *encionarei apenas o seu ponto principal. proposião de que o e+eti8o < uma proposião que di so're oestado e+eti8o do mundo que o indi84duo que unicamente no quedi respeito a ele tam'm Pr++ 4523  N++ #r@gr#'o u+o F G .o&o ",r#+ +=u&@,i.#+5 D < u+#do .o&o u *#ri@*"&,#"i$gu2+,i.#5

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    poss48el acreditar na proposião e-pressa por  *rist'teles oi umfl'soo  sem acreditar na proposião e-pressa por D e%etivo %oi um fl$so%o$ e$ por conseguinte$ que as duas proposiFes sãodi+erentes.2,  ssim$ a proposta de que nomes são sinOnimos de

    descriFes rigidiCcadas pelo uso do operador de e+eti8idade +alsa. # con%usão a ser evitada

    ntes de prosseguir$ paremos para a+astar uma con+usão muito +ácilde se +aer$ e muito importante de ser e8itada. con+usão surge deum enigma gerado pelas duas aCrmaFes seguintes.

    KiL 9 nome RristótelesS um designador r4gido. ssim$ para

    todos os estados poss48eis ; do mundo$ re+ereIse ao mesmo

    indi84duo V o 6omem ristóteles V no que di respeito a ;.KiiL Não uma 8erdade necessária que ristóteles se c6amasse

    RristótelesS poderia ter sido o caso de o nome RristótelesS

    não se re+erir a ristóteles. ssim$ tem de 6a8er algum

    estado do mundo$ ;) tal que a aCrmaão de que RristótelesS

    não re+ere ristóteles 8erdadeira no que di respeito a ;.

    m'as as aCrmaFes são 8erdadeiras$ e am'as seriam endossadas

    por Grip/e. No entanto$ isso poderia parecer em'araoso$ uma 8eque KiL e KiiL podem parecer inconsistentes. 9 que +a KiL e KiiLparecerem inconsistentes a tend&ncia de tacitamente se aceitar KiiiLcomo algo demasiadamente ó'8io.

    KiiiL relaão ternária reere LLL no que diz respeito a LLL 

    Ktacitamente in8ocada em KiLL esta'eleceIse entre o nome

    RristótelesS$ o 6omem ristóteles e um estado ; do mundo

    sse 8erdadeiro no que di respeito a ;  que a relaão

    'inária LLL reere LLL Kin8ocada em KiiLL esta'eleceIse entre

    RristótelesS e ristóteles V i.e.$ sse a aCrmaão de que

    RristótelesS re+ere ristóteles 8erdadeira quando tomada

    como uma descrião de ;.

    2, E++ #++o $o #rgu&$,o +u ,#.i,#&$, #++i& .o&o o #rgu&$,o #$,rior .o$,r# # roo+,# =u  x acredita que S  ror,# u r"#01o $,r o .r$, # roo+i01o Br++# or S5 A"gu$+ roo$$,+ d#idi# d + #$#"i+#r o+ $o&+ .o&o d+.ri0+ rigidi'i.#d#+ u+#$do o or#dor d ',i*id#d di+u,# ++#+uo+i01o5 P#r# r+o+,#+ ,$,#,i*# i+ +i+,&@,i.# d d+$*o"*r ,#" o$,o d *i+,# *)# o &u S#u"

    ri? ,6 N.++#r> A Po+,riori #$d ,6 TZo-Di&$+io$#"i+& ;r+> & M5 G#r.i#-C#ri$,ro J5M#.i@ d+5 The Two)(imensionalism ramewor- 3OB'ord7 OB'ord U$i*r+i,> Pr++ H4 o &u

     Reference and (escription5

    http://periodicoinvestigacaoflosofca.blogspot.com.br  |,,

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     %m'ora o princ4pio KiiiL pudesse parecer inegá8el B primeira 8ista$ na 8erdade +also. No decorrer do cap4tulo seguimos Grip/e ao tomar arelaão ternária LLL reere LLL no que diz respeito a LLL  esta'elecidaentre um nome n$ um o'Aeto o e o estado do mundo ; sse n% Kuando

    usado Oor n)s aKui e agora no mundo como eDetivamente N%reDere o o&Peto o% Kuando as nossas Oalavras são tomadascomo descrições de +. Por causa disso$ n pode re+erir o no que direspeito a ; ainda que KaL o nome n não e-ista no que di respeito a;$ ou K'L no que di respeito a ; o nome n não usado pelos +alantespara re+erir algo$ ou KcL no que di respeito a ; o nome n  usadopelos +alantes para re+erir algo que não o. quilo a que os +alantesteriam re+erido ao usar nome n ti8esse o mundo estado em ;  irrele8ante quanto a se n re+ere o no que di respeito a ;. No entanto$ao que os +alantes teriam re+erido ao usar n ti8esse o mundo estadona circunstJncia ;  crucial para determinar o par de nomes e o'Aetosaos quais a relaão 'inária reere  se aplica no que di respeitoa ;. H verdade no Kue diQ resOeito a + Kue o nome n se reDereao o&Peto o sse tivesse o mundo estado no circunstJncia +% osDalantes teriam usado n Oara reDerir o+ ssim$ o que KiiL di que6á estados do mundo tais que$ ti8esse o mundo estado nessascircunstJncias$ os +alantes não teriam usado RristótelesS para re+erirristóteles. sso compat48el com a aCrmaão +eita por KiL Vnomeadamente que$ aqui e agora no mundo como e+eti8amente $

    usamos o nome RristótelesS para re+erir ao 6omem ristótelesquando as nossas pala8ras são tomadas como descriFes de qualquerestado do mundo que seAa.

    Designa&ão 'gida e *ssencialismo

    Por toda a discussão de Grip/e so're nomes na palestra 1 de +amingand +ecessit6   ele toma por garantido que a distinão entre aspropriedades essenciais de um o'Aeto e suas propriedadescontingentes uma distinão leg4tima. ma propriedade essencial de

    um o'Aeto uma propriedade que o o'Aeto não poderia dei-ar de terem qualquer circunstJncia na qual ele e-ista. ma propriedadecontingente$ ou acidental$ aquela que o o'Aeto tem$ mas poderia tere-istido sem ela. %-emplos de propriedades contingentes min6as sãoa propriedade de 8i8er em Princeton$ a propriedade de ser um pai e apropriedade de ser um Clóso+o. %-emplos incontro8ersos depropriedades essenciais min6a são mais raros$ mas as seguintesparecem ser 'oas candidatas: a propriedade de ser 6umano$ apropriedade de ter um cre'ro$ a propriedades de ter um corpo

    constitu4do de molculas$ a propriedade de ser mortal$ a propriedadede não ser id&ntico a #aul Grip/e.

    http://periodicoinvestigacaoflosofca.blogspot.com.br  |,5

  • 8/18/2019 Investigação Filosófica, Vol. E4, 2016

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    'nvestigação (ilos)*ca: vol+ E 2,1"+ -'SS.: 210"2

    )á uma cone-ão 4ntima entre a noão de um designador r4gido e aalegaão de que um o'Aeto possui uma propriedade essencialmente.%ssa cone-ão e-pressa por KiL.25

    (i) #e n  um designador r4gido de o e um predicado que

    e-pressa a propriedade P$ então a aCrmaão de que P uma

    propriedade essencial de o  equi8alente B aCrmaão de que

    é necess-rio que se n existe, então n é !

    equi8al&ncia mencionada em KiL rele8ante a um enigma usado poruine 6á mais de duas dcadas antes de +aming and +ecessit6  a Cmde lanar dQ8ida so're a inteligi'ilidade do essencialismo.2"  uineaCrmou primeiro que a noão de uma propriedade essencial de um

    o'Aeto deCnida em termos da noão de necessidade$ e segundo$que seAa qual +or a compreensão de necessidade que ten6amos$ ela e-pressa pelo nosso uso do predicado ! uma verdade necess"ria$ quese aplica a +rases$ ou pelo uso do operador ! necess"rio que...$ que seliga a +rases. ssim$ pensou ele$ se para darmos sentido B ideia deque é essencialmente   se aplica a certo o'Aeto o$ não temosescol6a a não ser 8er essa aCrmaão como 'aseada na suposião deque a +rase é necess-rio que se t existe, então t é   8erdadeirapara alguma escol6a designada de um termo t  que se re+ere a$ ou

    descre