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INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTÔNIO DO MONTE Praça Getúlio Vargas, nº 18, Centro – Tel.: (37) 3281-1131 CEP: 35560-000 Estação Cultura: Praça Benedito Valadares, Centro. Telefone: 3281 5826 Santo Antônio do Monte – MG Localização 1. Município: Santo Antônio do Monte 2. Distrito: Sede Ficha N o 01 Bem cultural 3. Denominação: Festa de Nossa Senhora do Rosário 4. Condição atual: x Vigente/ Íntegro Memória Descaracterizado 5. Grupos ou associações ligados à celebração: 6. Data: Data fixa: X Data móvel: No decorrer dos meses de julho e agosto Diversas: 7. Duração: Dois meses. No mês de julho é feito o levantamento dos mastros dos santos festeiros e em agosto acontecem as danças e celebrações (os dias da semana variam de acordo com a data escolhida para a culminância da celebração). 8. Periodicidade: x Anual Outra: 9. Celebrações associadas: Não existem celebrações associadas. 10. Histórico da Celebração em Minas Gerais: Os Congados são autos populares brasileiros, que apresentam como elementos centrais, a coroação dos Reis de Congo, os préstimos e embaixadas e as reminiscências de bailados guerreiros e documentativos de lutas. Tem como marco de referência da coroação de reis negros, a história da Rainha Njinga Nbandi (Rainha Ginga) de Angola, falecida em 1663, defensora da autonomia do seu reinado contra os portugueses. 1 O ritual congadeiro, em Minas Gerais, acontece durante os festejos de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino Espírito Santo. O folclorista Saul Martins classifica-o como um dos muitos folguedos populares dedicados a devoção a Nossa Senhora, o que lhe dá um caráter sagrado, embora considere que tenha muitos elementos profanos associados. A época de realização do ritual varia de acordo com o calendário de cada região do Estado, acontecendo mais constantemente nos meses de agosto e outubro. Essa festa de devoção — ritual sagrado — pode ser identificada como uma expressão da religiosidade negra que sobreviveu ao processo de imposição cultural, presente no sistema escravista brasileiro, através da reinterpretarão e reelaboração de valores alheios à concepção de mundo dos negros 2 . Para Brandão, o Congado, uma das mais fortes e importantes manifestações da cultura afro-brasileira em Minas Gerais, combina simbolicamente a memória de acontecimentos e costumes “tribais” com valores da devoção católica aprendidos na catequese. Em concordância com Martins, percebe-se que a transmigração de escravos africanos para as Américas, e especificamente para o Brasil, não apagou, nos povos de origem africana, os signos culturais, textuais e toda a complexidade simbólica que traziam em sua cultura. Assim, o Congado surge da permanência de aspectos característicos de rituais religiosos africanos, adaptados ao culto do Deus e dos santos da religião católica predominante no Brasil na época em que aqui chegaram os negros trazidos da África. Nesse contexto, a Festa de Nossa de Nossa Senhora do Rosário era uma forma de aliviar os males e sofrimentos decorrentes da escravidão, e ainda uma manifestação que afrontava os princípios defendidos pela Igreja Católica. Assim, as Irmandades Religiosas garantiam ao negro não apenas exercício de sua religiosidade, com a afirmação de seus valores e de sua identidade cultural, mas também a solidariedade entre os diversos grupos irmanados pela condição social. De qualquer forma, dada a situação de escravo, as manifestações culturais dos negros foram inferiorizadas e seu valor repudiado. No século XIX, principalmente após a chegada da família real, intensificou-se a preocupação com a ordem pública, proibindo-se danças, tambores e manifestações que resultassem no ajuntamento dos negros. Além disso, as Congadas, que no Período Colonial eram vistas como uma maneira de converter os africanos ao catolicismo, passaram a ser mal vistas quando a igreja, no século XIX, investe no controle maior dos conteúdos e das formas de expressão da fé. Além disso, a retirada do apoio material conferido pelos senhores e o desinteresse destes pelas festas dos negros contribuíram para o enfraquecimento das irmandades dos “homens pretos”. Apesar disso, a capacidade de resistência do africano fez com que muitas das manifestações religiosas sobrevivessem, mantendo-se viva em diversos lugares do Brasil ainda que, no decorrer do tempo, alguns aspectos dessas celebrações tenham se modificado. Assim, a Festa do Reinado se mantém. (continua) 1 CASCUDO, Luiz de Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1962. p. 230. 2 LUCAS, Glaura. Chor’ingoma! os instrumentos sagrados no Congado dos Arturos e do Jatobá. Música hoje: revista de pesquisa musical da UFMG. Belo Horizonte, n. 7. p. 10-38, 2000.

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INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTÔNIO DO MONTE

Praça Getúlio Vargas, nº 18, Centro – Tel.: (37) 3281-1131 CEP: 35560-000

Estação Cultura: Praça Benedito Valadares, Centro. Telefone: 3281 5826

Santo Antônio do Monte – MG

Localização 1. Município: Santo Antônio do Monte 2. Distrito: Sede

Ficha No 01

Bem cultural 3. Denominação: Festa de Nossa Senhora do Rosário 4. Condição atual: x Vigente/ Íntegro ���� Memória ���� Descaracterizado 5. Grupos ou associações ligados à celebração: 6. Data: � Data fixa: X Data móvel: No decorrer dos meses de julho e agosto � Diversas: 7. Duração: Dois meses. No mês de julho é feito o levantamento dos mastros dos santos festeiros e em agosto

acontecem as danças e celebrações (os dias da semana variam de acordo com a data escolhida para a culminância da celebração).

8. Periodicidade: x Anual � Outra: 9. Celebrações associadas: Não existem celebrações associadas.

10. Histórico da Celebração em Minas Gerais:

Os Congados são autos populares brasileiros, que apresentam como elementos centrais, a coroação dos Reis de Congo, os préstimos e embaixadas e as reminiscências de bailados guerreiros e documentativos de lutas. Tem como marco de referência da coroação de reis negros, a história da Rainha Njinga Nbandi (Rainha Ginga) de Angola, falecida em 1663, defensora da autonomia do seu reinado contra os portugueses. 1

O ritual congadeiro, em Minas Gerais, acontece durante os festejos de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino Espírito Santo. O folclorista Saul Martins classifica-o como um dos muitos folguedos populares dedicados a devoção a Nossa Senhora, o que lhe dá um caráter sagrado, embora considere que tenha muitos elementos profanos associados. A época de realização do ritual varia de acordo com o calendário de cada região do Estado, acontecendo mais constantemente nos meses de agosto e outubro.

Essa festa de devoção — ritual sagrado — pode ser identificada como uma expressão da religiosidade negra que sobreviveu ao processo de imposição cultural, presente no sistema escravista brasileiro, através da reinterpretarão e reelaboração de valores alheios à concepção de mundo dos negros2. Para Brandão, o Congado, uma das mais fortes e importantes manifestações da cultura afro-brasileira em Minas Gerais, combina simbolicamente a memória de acontecimentos e costumes “tribais” com valores da devoção católica aprendidos na catequese. Em concordância com Martins, percebe-se que a transmigração de escravos africanos para as Américas, e especificamente para o Brasil, não apagou, nos povos de origem africana, os signos culturais, textuais e toda a complexidade simbólica que traziam em sua cultura.

Assim, o Congado surge da permanência de aspectos característicos de rituais religiosos africanos, adaptados ao culto do Deus e dos santos da religião católica predominante no Brasil na época em que aqui chegaram os negros trazidos da África. Nesse contexto, a Festa de Nossa de Nossa Senhora do Rosário era uma forma de aliviar os males e sofrimentos decorrentes da escravidão, e ainda uma manifestação que afrontava os princípios defendidos pela Igreja Católica. Assim, as Irmandades Religiosas garantiam ao negro não apenas exercício de sua religiosidade, com a afirmação de seus valores e de sua identidade cultural, mas também a solidariedade entre os diversos grupos irmanados pela condição social.

De qualquer forma, dada a situação de escravo, as manifestações culturais dos negros foram inferiorizadas e seu valor repudiado. No século XIX, principalmente após a chegada da família real, intensificou-se a preocupação com a ordem pública, proibindo-se danças, tambores e manifestações que resultassem no ajuntamento dos negros. Além disso, as Congadas, que no Período Colonial eram vistas como uma maneira de converter os africanos ao catolicismo, passaram a ser mal vistas quando a igreja, no século XIX, investe no controle maior dos conteúdos e das formas de expressão da fé. Além disso, a retirada do apoio material conferido pelos senhores e o desinteresse destes pelas festas dos negros contribuíram para o enfraquecimento das irmandades dos “homens pretos”. Apesar disso, a capacidade de resistência do africano fez com que muitas das manifestações religiosas sobrevivessem, mantendo-se viva em diversos lugares do Brasil ainda que, no decorrer do tempo, alguns aspectos dessas celebrações tenham se modificado. Assim, a Festa do Reinado se mantém.

(continua)

1 CASCUDO, Luiz de Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1962. p. 230. 2 LUCAS, Glaura. Chor’ingoma! os instrumentos sagrados no Congado dos Arturos e do Jatobá. Música hoje: revista de pesquisa musical da UFMG. Belo Horizonte, n. 7. p. 10-38, 2000.

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Histórico da Celebração em Minas Gerais (continuação): De acordo com estudiosos, os registros do Congado no Brasil datam do século XVII. Já segundo Arroyo, essa prática “afro-católica” foi constatada no país a partir do século XVIII, sendo dessa mesma época sua origem em Minas Gerais. No entanto, não se pode afirmar uma data precisa, sendo esse aspecto merecedor de um estudo mais aprofundado.

Segundo Pontes e Vilarino, em As Irmandades dos homens pretos e o Reinado3, o mito de origem que estrutura a fé dos congadeiros em Nossa Senhora do Rosário possui muitas variantes. Em comum, todas têm o tema do surgimento de uma imagem da Virgem no mar, o que foi objeto de admiração e veneração por quantos presenciaram o ocorrido, que tentaram repetidas vezes trazê-la para a terra, obtendo sucesso apenas o grupo identificado como “Moçambique”.

Decorre daí o fato das Guardas de Moçambique ser guardiã da coroa do Rosário. Os outros grupos que tocaram e cantaram para a imagem deram origem às demais guardas que compõem o Reinado. Leda Maria Martins, em pesquisa acerca da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do Jatobá (Barreiro, Belo Horizonte), registrou depoimentos que apontam algumas das variações em torno do mito de origem.4 Segundo um desses relatos, no Brasil Colonial, ao largo de um engenho do litoral, apareceu Nossa Senhora sobre as águas do mar. Os portugueses, senhores e donos da terra, recolheram a imagem e levaram-na para uma capela. No dia seguinte, constataram surpresos, que a santa havia voltado para o mar. Alguns dos negros escravizados, reunidos em cortejo, animados por tambores percutidos em ritmo rápido, chamado “Congo”, tentaram, também sem sucesso, retirar a imagem do oceano e mantê-la em terra. Outros negros, usando uma batida mais compassada, denominada “Moçambique”, cantaram para Nossa Senhora, que os acompanhou e permaneceu na terra. Essa seria a razão pela qual, na tradição, o Moçambique puxa as coroas.

O termo Reinado vem sendo empregado como forma abrangente para designar irmandades, guardas, bandas ou ternos e congados, pois todos esses grupos se organizam a partir da devoção a Nossa Senhora, a Rainha do Rosário5.

O Congado em Minas Gerais possui sete subdivisões, chamadas “guardas” ou “ternos” — termos que variam de acordo com a região onde acontece o festejo. São eles: o Candombe, o Congo, o Moçambique, o Vilão, os Catopês, os Marujos, e os Caboclinhos6. Dentro da proposta de Rubens da Silva7, o Reinado se estrutura por meio de três formas hierárquicas: vassalos, capitania e corte.

Os vassalos ou comandados, compõem o corpo de tocadores, dançantes ou brincantes e dividem-se em categorias, compondo as guardas, bandas ou ternos, grupos com rituais distintos, conforme a citada classificação de Saul Martins, cada qual comandado por um capitão. Essa categoria, os “dançantes”, compreende aqueles que batem tambores, cantam, dançam e invocam com fé os poderes do Divino Espírito Santo.

No âmbito da capitania, o principal personagem é o capitão-mor, também podendo ser encontrada a denominação de coordenador ou general. A capitania tem como principal função proteger o seu trono coroado, bem como manter a ordem e a disciplina no interior de cada guarda. Os tocadores e os dançantes não possuem nenhuma autoridade dentro do grupo, tendo a função de prestar homenagens rituais, segundo as determinações da capitania e do trono coroado. O Capitão-mor e o Rei de Congo representam as principais autoridades dentro da hierarquia de um reinado. Os termos Reinado ou Congado designam, portanto, a reunião de todas as guardas – sob as ordens do capitão-mor – que, em conjunto e por meio de sua performance cênica, dança, ritmo e cânticos próprios, prestam homenagem à corte.

A corte ou trono coroado – também conhecido como estado, reino ou coroas – define-se pelo conjunto das personagens coroadas que nos dias de festa recebem as homenagens dos diversos integrantes. Consiste em uma estrutura simbólica complexa e que obedece a uma hierarquia própria, tendo no Rei e Rainha Congos seus membros principais. Representa o Reino de Nossa Senhora do Rosário na Terra e é composto também pelo Rei e Rainha Perpétuos, Rei de São Benedito e Rainha de Santa Efigênia, além dos reis brancos ou festeiros, que são os patrocinadores da festa, os príncipes e as princesas.

(continua)

3 PONTES, Ana Cristina; VILARINO, Marcelo. As Irmandades dos homens pretos e o Reinado. IN PONTES, Ana Cristina; MORAIS, Fernanda Emília. (Orgs.) Heranças do tempo: tradições afro-brasileiras em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura, 2006. 4 MARTINS, Leda M. Afrografias da Memória: o Reinado do Rosário no Jatobá. Belo Horizonte, Mazza Edições, 1997. p.55 5 PONTES, Ana Cristina; VILARINO, Marcelo. As Irmandades dos homens pretos e o Reinado. IN PONTES, Ana Cristina; MORAIS, Fernanda Emília, (orgs). Heranças do tempo: tradições afro-brasileiras em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura, 2006. 6 Classificação elaborada por Saul Martins. IN MARTINS, Saul. Congado: família de sete irmãos. Belo Horizonte: SESC, 1988 7 SILVA, Rubens A. da, Negros católicos ou catolicismo negro? Um estudo sobre a construção da identidade negra no congado mineiro. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1999.

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Santo Antônio do Monte – MG

Histórico da Celebração em Minas Gerais (continuação): As coroas simbolizam duas esferas do sagrado que se interpenetram – é o elo com os santos de devoção e representam a vinculação com a ancestralidade africana. Assim, reis e rainhas, príncipes e princesas destacam-se no plano do reinado como autoridades respeitadas, a quem as guardas devem prestar homenagem e reverenciar com cortejos, danças, cânticos e toque de tambores. A performance cênica que realizam faz parte dos compromissos rituais estabelecidos, desde tempos imemoriais, com os santos de devoção e com a Senhora do Rosário.

Diversos são os elementos sagrados constitutivos dos reinados. As coroas, conforme acima descrito, são símbolos de presença divina entre os membros de um Reino. Da mesma forma, o manto ou a capa utilizado por reis e rainhas, representam o manto da Virgem Senhora, signo de proteção e poder de acolhimento dos santos.

Entre os dançantes e a capitania, há diversos elementos carregados de sacralidade. Dentre esses, os tambores tocados nas guardas e os bastões e espadas utilizados pela capitania merecem destaque. Os tambores são considerados instrumentos sagrados por se constituírem das forças da natureza, por isso são chamados de Treme Terra, Cachoeira e Mata Virgem. Já os bastões e as espadas são os instrumentos de força de cada capitão. E através de seus bastões e de suas espadas que os capitães de reinado podem proteger o seu povo, pois neles estão contidas as forças capazes de afastar influências negativas. O Rosário, símbolo máximo da devoção a Nossa Senhora, contém 15 mistérios (cada um dos terços possui cinco mistérios, os gozosos, os dolorosos e os gloriosos), e é comumente usado em torno do corpo, como proteção. Serve também para indicar os fiéis devotos, representando uma identidade grupal dos congadeiros. As bandeiras cultuadas nos reinados são de duas naturezas: as de guia e aquelas que serão levantadas. As bandeiras de guia são os instrumentos que abrem os caminhos para as guardas cumprirem seus percursos em dias de atividades, tendo estampadas as imagens dos santos de devoção de cada grupo. As bandeiras levantadas são conhecidas também como estandartes e simbolizam o começo das atividades festivas em uma determinada casa. Representam a ligação entre o divino/céu e o fundamento/terra, lugar sagrado que caracteriza o centro energético da Celebração. Existem, ainda, diversos outros elementos que conformam a individualidade das diferentes guardas, como os patangomes, as gungas, os chocalhos e as vestimentas, todos repletos de um simbolismo próprio que identifica e ressalta as particularidades rituais de cada grupo que compõe um Reinado.

11. Histórico da Celebração no Município: É no contexto das manifestações da cultura afro-brasileira em Minas Gerais, descrito acima que se compreende a celebração da Festa de Reinado em Santo Antônio do Monte, a qual constitui um rico patrimônio imaterial, não apenas do município, mas de todo o Centro-Oeste Mineiro. Suas origens, assim como das mais diversas manifestações culturais do país remontam ao período colonial, conforme mencionado no item anterior.

Em Santo Antônio do Monte, não é possível precisar a data da criação da Irmandade e da construção da Capela de Nossa Senhora do Rosário. Pode-se supor que a entidade é bastante antiga, pois já na década de 1830, o juiz de paz da localidade oficiou ao governo que “(...) existe um edifício feito pelos pretos cativos em dias de guarda, com o título de Casa do Rosário (...)”. A construção era um transtorno para as autoridades, pois nela “(...) ajuntavam-se de negros livres e cativos para [quibebes] e [caxambus], ou o que quer que seja, o que sendo-lhes proibido, por causa dos ajuntamentos suspeitosos, acha-se hoje esta casa abandonada (...)”8.

O relato posterior sobre a capela remonta ao ano de 1929 e foi registrado pelo Professor Eugênio Campos em seu manuscrito sobre a História da cidade:

“Esta capela foi erigida na praça do mesmo nome à expensas da Irmandade do Rosário fundada pelos negros da localidade. Em 1911 mais ou menos, adicionaram- lhe uma torre na qual foi colocado o relógio público por conta da Câmara Municipal. Era então presidente e agente executivo o Coronel José Luiz Gonçalves.”

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Não é possível afirmar que os dois relatos se referem à mesma construção, pois entre um e outro existe um espaço de quase um século. No entanto, identifica-se como ponto comum o fato de ser um espaço reservado aos negros locais onde aparece o nome da Irmandade do Rosário. Em 1925, o pároco local, Monsenhor Otaviano José de Araújo, considerando os danos, o mau estado e o reduzido tamanho da Capela, optou por sua demolição e a construção de edifício mais adequado, resultando na atual Capela de Nossa Senhora do Rosário. Os trabalhos ficaram a cargo do Construtor Antônio Viegas sob a direção do Sr. Aquitófel de Oliveira. A Capela foi por algum tempo o centro da celebração do Reinado na cidade até que o cônego Pedro Paulo Michla entrou no comando da Paróquia, na década de 1940. Acatando determinações do Bispado, contra as manifestações calcadas no sincretismo religioso de aspectos portugueses e africanos, o padre proibiu o reinado e transformou a capela em Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. (continua)

8 Documento existente no Arquivo Público Mineiro – Código: SP PP 1/18 caixa 204 Doc. 50. 9 Miguel Eugênio Campos: Esboço Histórico e Geográfico da cidade e do Município de Santo Antônio do Monte – Acervo Secretaria Municipal de Cultura

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12. Histórico da Celebração no Município (continuação): Contudo, em 1961, com a chegada do Padre Cirilo (que era negro) e por intermédio de Nicodemus Silveira e Tomás Felício, a Festa de Reinado voltou ser realizada, anualmente e conforme a tradição. Unidos por um espírito de intensa religiosidade e solidariedade, os congadeiros e fiéis devotos de Nossa Senhora do Rosário realizam, desde então, um grande evento marcado pela organização e pela fé. A festa não apenas se manteve de lá para cá, mas também se expandiu, aumentando o número de congadeiros, envolvendo cada dia mais pessoas da comunidade na sua organização. Percebe- se que o Reinado em Santo Antônio do Monte é uma festa auto- sustentável e que desperta cada vez mais, nos seus integrantes e na comunidade local, o orgulho pela cultura negra. É importante preservar aspectos tradicionais da festa, distanciando-a de uma visão preconceituosa de “manifestação bizarra do folclore”, consolidando-a como uma marca da identidade cultural dos negros e a sua importância no reforço dos laços sociais, procurando entender os significados dos ritos para aqueles que organizam e vivenciam as festividades. Vale ressaltar que, no decorrer dos anos, as festas de reinado passaram a incorporar em seus quadros mestiços e brancos que se unem em torno dos festejos pela condição social ou pela fé. Mantém-se elementos que reforçam a identidade negra como a exigência de que os reis congos sejam negros.

Nos últimos anos, a direção da Irmandade tem buscado o resgate das tradições, inclusive retomando o uso de instrumentos de percussão de couro. Busca-se, através de projetos culturais financiados por instituições diversas, a exemplo do FEC e Tim Tambores, fomentar e preservar os festejos do Reinado, sem, contudo, eliminar a sua capacidade de auto-sustentabilidade bem como as práticas tradicionais de organização da festa.

Atualmente, existem em Santo Antônio do Monte 22 grupos, ternos ou congadas, coordenados pela Irmandade dos Devotos de Nossa Senhora do Rosário. Seguem os nomes e datas oficiais ou estimadas de criação de 18 destes grupos, conforme publicação de 200910:

• Congada do Satiro (década de 1970); • Congada do Nego (1988); • Moçambique Otaviano Piriá (1959); • Guarda de Vilão (1985); • Congada Luís Carolina (1972); • Congada Josué Alexandre (2004); • Congada Santa Efigênia (2005); • Congada Filhas de Maria (2004); • Moçambique de São Benedito (década de 1950); • Congada Soldados de Maria (2003); • Moçambique do Messias Alexandre (2000); • Congada do Gino (2009); • Congada “As Meninas do Rosário”(2004); • Congada do Vidal (1929); • Congada Jovem Santa Lúcia (1995); • Congada José Alexandre (1947); • Congada do Pedrinho (1976); • Congada do Pião (sem referência).

A cada ano, a festa se amplia, aumentando o número de congadeiros e envolvendo cada dia mais pessoas da comunidade na sua organização. Geraldo Aparecido da Silva, presidente da Irmandade dos Devotos de Nossa Senhora do Rosário, destaca a importância da Festa, não apenas pelo seu caráter espiritual, mas também para dinamizar a economia e o turismo local11. Nestes dias, nas ruas que circundam a Praça da Matriz são montadas barracas que fornecem alimentação e bebidas, brinquedos infantis e acontecem também os espetáculos pirotécnicos. Estes acontecimentos atraem, além dos moradores da cidade, milhares de turistas. Pode-se pensar, no entanto, que se deve cuidar para que os eventos paralelos não tirem a visibilidade dos rituais e não se sobreponham a eles e aos seus significados simbólicos.

Esse evento único e múltiplo interfere na cidade. Transforma seu cotidiano, afirma uma identidade, dá à sociedade uma nuance própria. O tempo da cidade (material, cotidiano, científico, utilitário, capitalista) dá lugar e se mistura ao tempo da festa (imaterial, mítico, religioso, voltado para a vivência das coisas e não para o acúmulo da riqueza). Longe de ser uma manifestação engessada em concepções e elementos do passado, no Reinado reinam a tradição e a invenção. Trata-se de um patrimônio cultural imaterial. O Reinado alimenta-se do passado, mas enfrenta contextos, problemas e situações presentes para ser realizado.

10 Em: Informativo da Irmandade dos Devotos de Nossa Senhora do Rosário. Vol. 3 – Edição única – Novembro de 2009. 11 Idem.

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13. Descrição: A Festa de Reinado ocorre anualmente, sendo organizada pela Irmandade dos Devotos de Nossa Senhora do Rosário. No mês de julho é feito o levantamento dos mastros dos santos festeiros, e em agosto acontecem as danças e celebrações.

Para se entender o Reinado e sua organização, deve-se pensar inicialmente que ele é a representação de uma nação. Possui estrutura e hierarquia próprias, papéis sociais definidos e regras disciplinares que permitem o bom andamento da festa. A estrutura montada para possibilitar a existência desta nação é composta por diferentes atores sociais com tarefas bem definidas. O Estado é composto da seguinte forma:

• Soldado de linha, que bate pandeiro e caixa.

• Major, que coordena a congada na rua e organiza a ida nas diversas casas de devotos que prestam homenagem aos santos através da oferta de café – farto lanche com biscoitos, bolos, etc.

• Primeiro, segundo e terceiro capitães, que ensaiam os cortes e entoam os cânticos.

• Comandantes, coronéis e generais: responsáveis pela disciplina, organização e movimentação dos cortes.

• Mordomos, responsáveis pela guarda das estampas dos santos hasteadas durante a festa: Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia.

• Reis festeiros, que proporcionam as refeições para os participantes – almoços e jantares, ou por devoção e vontade de contribuir com a festa ou como pagamento de promessas a Nossa Senhora do Rosário, Santa Efigênia e São Benedito.

• Reis perpétuos, que representam a autoridade dos senhores brancos dentro da nação.

• Reis Congo, que representam os reis negros dentro da nação.

A Diretoria do Reinado é composta por dois segmentos: a Executiva e a Coordenação dos trabalhos e festas. A primeira cuida do gerenciamento dos recursos, contatos e administração. É formada por: Presidente e vice, secretários, tesoureiros, diretores de patrimônio, relações públicas e assistente eclesiástico. A segunda é composta por generais, coronéis, comandantes, capitão da guarda, mesário, fiscal, técnico pirotécnico e coordenador da equipe de apoio.

A festa guarda uma grande quantidade de acontecimentos e rituais cujo elemento comum é o ato de compartilhar, de conviver em atitude de agradecimento, respeito e devoção à Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. O cronograma das diversas atividades é flexível, podendo, de acordo com a avaliação dos organizadores, sofrer algumas alterações de ano para ano. Na atualidade, o levantamento dos mastros ocorre um mês antes do início das festividades, geralmente em julho, e é uma preparação para a festa que será feita. Neste dia é oferecido um almoço pela rainha festeira no Salão Nossa Senhora do Rosário para todas as congadas. Em agosto, ocorre a festa de Reinado, na semana em que acontece a comemoração da Assunção de Nossa Senhora. É realizada durante quatro dias, iniciando-se na quinta-feira, ocorrendo a partir daí da seguinte forma:

• Na quinta-feira pela manhã, os participantes da festa se confessam na Igreja Matriz. Depois, acontece a Procissão de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e São José, saindo de um dos Bairros em direção à Matriz. À noite, ainda na quinta-feira, é celebrada a Missa Conga com a participação de todos os reis festeiros e de todas as congadas. Durante a missa são abençoadas as novas coroas e feito o batizado das congadas recém - formadas.

• Na sexta- feira, os reis festeiros do ano em curso entregam as coroas recebidas no ano anterior ao Padre, durante a missa na Igreja Matriz. É feita a organização dos estados, saindo de diversos bairros da cidade.

• No sábado, os Estados se organizam para a entrega das Coroas aos reis festeiros do ano vindouro. Esta cerimônia também acontece na Igreja Matriz, sendo que os cortejos saem de pontos diferentes da cidade. Devido ao grande número de reis, doze ao todo, atualmente são escolhidos dois pontos nas extremidades da cidade: os Centros Sociais Dom Bosco e São Lucas. Estes locais constituem pontos de apoio para o descanso dos reis no cortejo para a Igreja Matriz. Os cortes, divididos em dois grupos, recolhem todos os reis. Normalmente, os reis só saem de casa retirados pelo Moçambique, seguidos então pelos demais cortes.

• No Domingo, às 18:00, os diversos cortes se encontram na Praça Monsenhor Otaviano, onde se localiza a Igreja de Nossa Senhora do Rosário para o descimento das Bandeiras dos Mastros, de onde partem em Procissão Solene para a Igreja Matriz. Nesta, é celebrada a Missa Festiva e dá-se o encerramento da Festa com a Procissão com as Imagens dos Santos festejados, seguida de apresentação de todas as congadas na Praça Getúlio Vargas. (continua)

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INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL PREFEITURA MUNICIPAL DE SANTO ANTÔNIO DO MONTE

Praça Getúlio Vargas, nº 18, Centro – Tel.: (37) 3281-1131 CEP: 35560-000

Estação Cultura: Praça Benedito Valadares, Centro. Telefone: 3281 5826

Santo Antônio do Monte – MG

Descrição (continuação): Cumpre mencionar que, entre sexta-feira e domingo, as congadas prestam homenagens aos festeiros, conforme as determinações da Irmandade, e cumprem diversos compromissos: Café da manhã (são ofertados por moradores devotos e o roteiro é entregue antecipadamente pela Irmandade), visitas aos festeiros, almoço e jantar.

Cada acontecimento da Festa de Reinado, além de carregar uma série de significados culturais e religiosos, propicia a formação de uma rede de solidariedade e convivência entre os participantes e a comunidade. A harmonia das danças e das músicas é, de certa forma, transposta para a organização de cada detalhe.

Por exemplo, tem-se o almoço servido aos cortes, que demanda grande mão- de- obra e considerável quantidade de alimentos. Anualmente, são servidas mais de 1000 pessoas em cada refeição, o que requer a elaboração de um aparato logístico e uma escala dos cortes, previamente divulgada pela organização da festa. Tradicionalmente, os almoços e jantares são oferecidos pelos reis e rainhas que ficam responsáveis pela equipe de trabalho na cozinha. Normalmente, a razão para tal oferta é o agradecimento por uma graça alcançada, ou seja, um milagre obtido através da interseção de Nossa Senhora do Rosário. A tradição familiar baseada na vontade de participar da festa por devoção também foi outro motivo apontado.

A organização da festa acontece durante todo o ano. Segundo Geraldo Aparecido da Silva (Dinho), Presidente da Executiva do Reinado, os organizadores da festa trabalham o ano inteiro para garantir o sucesso da celebração. Logo após o término da festa, já começam as reuniões de avaliação dos pontos positivos e negativos do evento, onde são debatidas as adaptações necessárias para o ano seguinte. Normalmente, estas reuniões contam com a participação do Pároco local. “Monsenhor Olavo nos passa muita coisa, ele passa orientações espirituais”, nos afirmou Geraldo Aparecido da Silva.

Em torno de 1000 congadeiros participam da Festa. Atualmente, há vinte e dois grupos na cidade, todos eles cadastrados na Irmandade Nossa Senhora do Rosário de Santo Antônio do Monte, tendo dois deles sido batizados nos festejos de 2011. Neste ano apresentaram-se no município, somando-se os cortes visitantes, 33 congadas.

O bom andamento da festa demanda diversas equipes atuando nos bastidores. Na organização dos cortes trabalham cerca de oitenta pessoas, geralmente voluntários. A preparação das refeições envolve outras sessenta pessoas, voluntários e/ou contratados pelos reis festeiros. Pequenos detalhes são pensados para garantir a harmonia e a beleza do evento, tais como: a aquisição de coroas e de varas de prata, a escolha e a confecção das fardas, a manutenção dos instrumentos, aluguel de equipamentos de som e telão e transporte das congadas visitantes.

As despesas da Festa são pagas com recursos angariados em eventos beneficentes, doações de pessoas da comunidade, de repasses do Executivo Municipal e ainda do aluguel do espaço para colocação de barracas na Praça da Matriz, durante as festividades. Em 2006 e 2007, as congadas contaram ainda com a verba repassada através do Projeto Tim Tambores para a compra e manutenção de instrumentos. De acordo com Geraldo Aparecido da Silva, ao contrário da crença popular, as congadas não arrecadam grande quantidade de dinheiro em esmolas. Em janeiro de 2008, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário foi contemplada com a aprovação do projeto de apoio através do Fundo Estadual de Cultura.

14. Lugar da celebração: A celebração envolve praticamente toda a cidade. Destacam-se nesse contexto as casas dos reis e rainhas (que variam a cada ano), onde são realizados os cortejos; a Igreja Matriz de Santo Antônio do Monte e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, onde são realizadas as principais solenidades da celebração, como a missa em honra à padroeira e a transferência da coroa entre reis e rainhas.

Merecem destaque também os logradouros públicos que conduzem à Igreja Matriz, por onde passam as principais procissões e cortejos; bem como as demais ruas, praças e o Salão do Rosário, importantes palcos para o desenrolar dos diversos rituais e manifestações. Durantes os festejos, são montadas barracas que fornecem alimentação e bebidas, e brinquedos infantis nas ruas que circundam a Praça da Matriz. Neste entorno ocorrem também os espetáculos pirotécnicos, que demonstram a relação íntima entre os acontecimentos religiosos e os aspectos socioeconômicos, entre o sagrado e o profano.

A estrutura necessária para os eventos que compõem a celebração nesses locais é organizada pelos festeiros reunidos nas comissões organizadoras, que cuidam da preparação, ornamentação e limpeza no final da celebração.

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Praça Getúlio Vargas, nº 18, Centro – Tel.: (37) 3281-1131 CEP: 35560-000

Estação Cultura: Praça Benedito Valadares, Centro. Telefone: 3281 5826

Santo Antônio do Monte – MG

15. Documentação fotográfica:

FOTO 01: Desfile de grupo local, provavelmente na déc. de 1960. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 02: Desfile de grupo local, provavelmente na déc. de 1960. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 03: Diretoria da Irmandade na déc. de 1970. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 04: Grupo local na década de 1970 (estima-se). Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 05: Desfile de grupo local, provavelmente na déc. de 1980. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 06: Desfile de grupo local, provavelmente na déc. de 1990. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

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Santo Antônio do Monte – MG

Documentação fotográfica (continuação):

FOTO 07: Vista do mastro de Nossa Sra. do Rosário hasteado. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 08: Benção das coroas durante a Missa Conga. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 09: Reis Congos e Reis Festeiros durante a Missa. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 10: Desfile de um dos grupos pela cidade. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 11: Desfile de outro dos grupos pela cidade. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 12: Concentração de público na Praça da Matriz. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

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Santo Antônio do Monte – MG

Documentação fotográfica (continuação):

FOTO 13: Momento de louvor que precede o almoço. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 14: Momento de louvor que precede o almoço. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 15: Preparo do almoço para as congadas. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 16: Agradecimento antes do almoço. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 17: Vista de congadeiro com instrumentos musicais. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 18: Menino congadeiro trajando camisa do seu grupo e rosários./ Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura

de Santo Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

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Santo Antônio do Monte – MG

Documentação fotográfica (continuação):

FOTO 19: Congada concentrada em frente ao Casarão Monsenhor Otaviano./ Grupo Congada do Vidal.

Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 20: Uma das congadas locais concentrada em frente ao Casarão Monsenhor Otaviano.

Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 21: Congada concentrada em frente ao Casarão Monsenhor Otaviano./ Grupo Congada do Pedrinho

Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 22: Congada concentrada em frente ao Casarão Monsenhor Otaviano./ Grupo Irmandade São Benedito.

Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 23: Congada concentrada em frente ao Casarão Monsenhor Otaviano./ Grupo Congada Jovem Santa Lúcia.

Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

FOTO 24: Congada concentrada em frente ao Casarão Monsenhor Otaviano./ Grupo Moçambique Messias Alexandre. Fonte: Acervo do Departamento Municipal de Cultura de Santo

Antônio do Monte. Autor e data desconhecidos.

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Santo Antônio do Monte – MG

16. Referências Documentais / Bibliográficas: • Diretrizes para a proteção do Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Belo Horizonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais – IEPHA/MG.

• Inventário nacional de referências culturais: manual de aplicação. Apresentação de Célia Maria Corsino. Introdução de Antônio Augusto Arantes Neto. – Brasília: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

• Prefeitura Municipal de Santo Antônio do Monte. Plano de Inventário do Município de Santo Antônio do Monte. Santo Antônio do Monte, novembro de 2005.

• Autor desconhecido. Pesquisa do verbete “Congada”. Disponível em:<pt.wikipedia.org>. Acesso 01/12/2011.

• CAMPOS, Eugênio Campos. Esboço Histórico e Geográfico da cidade e do Município de Santo Antônio do Monte – Acervo Secretaria Municipal de Cultura.

• CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 6. ed. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1988.

• COELHO, Beatriz. Devoção e arte: imaginária religiosa em Minas Gerais. São Paulo: EdUSP, 2005.

• GONÇALVES, Antônio Fernando; SILVA, Geraldo Aparecido e SILVA, Márcia Aparecida Bernardes. “O Reinado: Festa Popular, Religiosidade e Tradição” - Informativo da Irmandade dos Devotos de Nossa Senhora do Rosário e da Secretaria Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte – Volume 3 – edição única. Santo Antônio do Monte, Novembro de 2009.

• LUCAS, Glaura. Chor’ingoma! os instrumentos sagrados no Congado dos Arturos e do Jatobá. Música hoje: revista de pesquisa musical da UFMG. Belo Horizonte, n. 7. p. 10-38, 2000.

• ______. Os sons de Rosário: o Congado mineiro dos Arturos e Jatobá. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002.

• MARTINS, Leda Maria. Afrografias da memória: o Reinado do Rosário no Jatobá. Belo Horizonte: Mazza, 1997.

• MARTINS, Saul. Congado: família de sete irmãos. Belo Horizonte: SESC, 1988.

• PONTES, Ana Cristina; MORAIS, Fernanda Emília, organizadoras. Heranças do tempo: tradições afro-brasileiras em Belo Horizonte. Belo Horizonte: Fundação Municipal de Cultura, 2006.

• SENA, Luciano Bernardino e SILVA, Márcia Aparecida Bernardes. “O Reinado: Festa Popular, Religiosidade e Tradição” - Informativo da Secretaria Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte/ MG - Volume 1. Santo Antônio do Monte, Dezembro de 2006.

• SILVA, Márcia Aparecida Bernardes. “O Reinado: Festa Popular, Religiosidade e Tradição” - Informativo da Irmandade dos Devotos de Nossa Senhora do Rosário e da Secretaria Municipal de Cultura de Santo Antônio do Monte – Volume 2. Santo Antônio do Monte, Agosto de 2008.

• SILVA, Rubens A. da, Negros católicos ou catolicismo negro? Um estudo sobre a construção da identidade negra no congado mineiro. Dissertação (Mestrado em Sociologia). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1999.

17. Informações Complementares: Não há informações complementares.

18. Levantamento: Anna Flávia C. Oliveira e Márcia Aparecida Bernardes 19. Elaboração: Márcia Aparecida Bernardes e Anna Flávia C. Oliveira 20. Fotógrafo: Desconhecido/ Acervo do Departamento Municipal de Cultura. 21. Revisão: Viviane de Souza Braga e Costa

Data: Outubro de 2011 Data: Outubro de 2011 Data: Sem referência Data: Dezembro de 2011