introdução orçamento e contabilidade...

23
CCDD Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Projeto Pós-graduação Curso MBA em Administração Pública e Gerência de Cidades Disciplina Contabilidade Pública Tema O orçamento público e o seu relacionamento com a contabilidade aplicada ao Setor Público Professor Marinei Abreu Mattos Introdução A Administração Pública, para conseguir promover o bem-estar social e continuar oferecendo à sociedade os serviços públicos e os investimentos necessários para atender a demanda da sociedade, necessita auferir receitas. A fim de atender as demandas, acaba gerando dispêndios. O ato de auferir receitas e gerar despesas é caracterizado por estudiosos na área de Gestão Pública como atividade financeira do Estado. Orçamento e contabilidade pública Assista à videoaula da professora antes de iniciarmos os nossos estudos. (vídeo disponível no material on-line) Conforme Junior (2008), a atividade financeira do Estado corresponde ao desempenho das atividades políticas, sociais, econômicas, administrativas, entre outras; é o que constitui sua finalidade precípua, com finalidade de atender a demandas sociais. Consiste, ainda, em obter, criar, gerir e despender o dinheiro indispensável ao custeio das necessidades públicas. A atividade financeira do Estado é desempenhada ou desenvolvida em quatro áreas: Receita Pública obter Despesa Pública despender Orçamento Público gerir Crédito Público criar

Upload: others

Post on 17-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

1

Projeto Pós-graduação

Curso MBA em Administração Pública e Gerência de

Cidades

Disciplina Contabilidade Pública

Tema O orçamento público e o seu relacionamento com a

contabilidade aplicada ao Setor Público

Professor Marinei Abreu Mattos

Introdução

A Administração Pública, para conseguir promover o bem-estar social e

continuar oferecendo à sociedade os serviços públicos e os investimentos

necessários para atender a demanda da sociedade, necessita auferir receitas. A

fim de atender as demandas, acaba gerando dispêndios.

O ato de auferir receitas e gerar despesas é caracterizado por estudiosos

na área de Gestão Pública como atividade financeira do Estado.

Orçamento e contabilidade pública

Assista à videoaula da professora antes de iniciarmos os nossos estudos.

(vídeo disponível no material on-line)

Conforme Junior (2008), a atividade financeira do Estado corresponde ao

desempenho das atividades políticas, sociais, econômicas, administrativas,

entre outras; é o que constitui sua finalidade precípua, com finalidade de atender

a demandas sociais. Consiste, ainda, em obter, criar, gerir e despender o

dinheiro indispensável ao custeio das necessidades públicas.

A atividade financeira do Estado é desempenhada ou desenvolvida em

quatro áreas:

Receita Pública – obter

Despesa Pública – despender

Orçamento Público – gerir

Crédito Público – criar

Page 2: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

2

Devemos compreender que “o crédito público é um dos processos pelos

quais o Estado pode obter uma receita pública.” Podemos usar como exemplo

um empréstimo, o qual necessariamente deverá ser reembolsado.

Orçamento público

Conforme Kohama (2008), “o governo tem como responsabilidade

fundamental dar o melhor nível dinâmico de bem-estar à coletividade”. Para que

isso ocorra, o ente público irá se utilizar de planejamento para direcionar seus

esforços.

Para que o governo consiga alcançar os objetivos planejados, deverá se

nortear pela Lei n. 4.320/64 e pela Lei complementar n. 101/2000, conhecida

popularmente como Lei de Responsabilidade Fiscal. Em seu artigo primeiro,

no parágrafo primeiro, essa lei estabelece normas de finanças públicas:

§ 1º. A responsabilidade da gestão fiscal pressupõe a ação planejada

e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes

de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de

metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência aos

limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de

despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívida

consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por

antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em restos a

pagar. (Lei complementar n. 101/2000).

Podemos concluir que o gestor público deve controlar e monitorar os

recursos que estão sobre sua administração para que não afete o equilíbrio fiscal

das contas públicas. Dessa forma, necessita acompanhar o planejamento do

orçamento público, não se esquecendo de que todas as suas ações devem estar

pautadas principalmente nas restrições ou nas limitações da Lei de

Responsabilidade Fiscal.

Diante da argumentação apresentada, podemos aferir que:

O orçamento é o instrumento de que dispõe o Poder Público para

expressar, em determinado período, seu programa de atuação,

Page 3: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

3

discriminando a origem e o montante dos recursos a serem obtidos,

bem como a natureza e o montante dos dispêndios a serem efetuados

(JUNIOR, 2013).

A elaboração do orçamento público é direcionado por políticas públicas,

instrumentos públicos e atende ao mandamento constitucional.

Fonte: Adaptado de Corbary (2013).

Plano Plurianual (PPA)

O plano plurianual é um plano de médio prazo, por meio do qual se

procura ordenar as ações do governo que levam ao atingimento dos objetivos e

das metas fixados para um período de quatro anos ao nível do governo federal

e, também, de quatro anos ao nível dos governos estaduais e municipais.

A lei que instituir o plano plurianual estabelecerá, de forma regionalizada,

as diretrizes, os objetivos e as metas da Administração Pública para as despesas

de capital e outras decorrentes e, também, para aquelas relativas aos programas

de duração continuada (KOHAMA, 2008).

Page 4: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

4

Devemos, ainda, evidenciar que existe na nossa Constituição dispositivos

a serem contemplados na instituição do plano plurianual, complementada pela

Lei de Responsabilidade Fiscal (KOHAMA, 2008).

Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO)

Tem a finalidade de nortear a elaboração dos orçamentos anuais –

compreendidos aqui o orçamento fiscal, o orçamento de investimento das

empresas e o orçamento da seguridade social –, de forma a adequá-los às

diretrizes, aos objetivos e às metas da Administração Pública, estabelecidos no

Plano Plurianual.

A LDO compreenderá as metas e as prioridades da Administração

Pública, incluindo as despesas de capital para exercícios financeiros

subsequentes, e orientará a elaboração da Lei Orçamentária Anual. Disporá,

ainda, sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política de

aplicação das agências financeiras e oficiais de fomento (KOHAMA, 2008).

Lei de Orçamentos Anuais (LOA)

Tem como finalidade viabilizar a concretização das situações planejadas

no Plano Plurianual e transformá-las em realidade, obedecendo a Lei de

Diretrizes Orçamentárias.

Elabora-se o orçamento anual, onde são programadas as ações a serem

executadas. A Lei Orçamentária Anual compreenderá:

Orçamento Fiscal;

Orçamento de investimento;

Orçamento da Seguridade Social (KOHAMA, 2008).

Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro

poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual ou sem lei que

autorize essa inclusão, sob crime de responsabilidade.

Page 5: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

5

O artigo 5º da Lei de Responsabilidade Fiscal traz disposições que devem

ser contempladas na elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual,

conforme a seguir:

Deve ser compatível com o Plano Plurianual e com a Lei de Diretrizes

Orçamentárias;

Deve conter o demonstrativo da compatibilidade da programação dos

orçamentos com os objetivos e as metas constantes no Anexo de Metas

Fiscais da LDO;

Será acompanhado de demonstrativo do efeito sobre as receitas e as

despesas decorrentes e isenções, anistias, remissões, subsídios e

benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia, bem como das

medidas de compensação à renúncia de receitas e ao aumento de

despesas obrigatórias de caráter continuado;

Deve conter reservas de contingências, que podem ser calculadas

utilizando-se o percentual sobre a receita corrente líquida destinada ao

atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais

imprevistos;

Deve conter todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou

contratual, e as receitas que as atenderão constarão na Lei Orçamentária

Anual;

Deve conter o refinamento da dívida pública, que constará

separadamente, e as de crédito adicional;

É vedado consignar crédito com finalidade imprecisa ou dotação ilimitada;

Não consignará dotação para investimento com duração superior a um

exercício financeiro que não esteja no Plano Plurianual ou em lei que

autorize a sua inclusão.

Page 6: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

6

Podemos aferir que os instrumentos PPA, LDO e LOA possibilitam que o

gestor público oriente suas ações visando contemplar o que foi planejado no

orçamento. Atingindo, dessa forma, as metas definidas e demonstrando, por

meio da contabilidade, os resultados auferidos pelos gestores públicos.

Relevância da contabilidade no ciclo orçamentário

Segundo Kohama (2008), a contabilidade é um instrumento que

proporciona à administração as informações e os controles necessários à melhor

condução dos negócios públicos. Por meio dela, os atos e os fatos da

Administração Pública são registrados.

Os atos e os fatos administrativos registrados pela contabilidade permitem

que os gestores elaborem padronizações, comparações e análises,

possibilitando os riscos nas tomadas decisões.

Isso quer dizer que a contabilidade pública deve abastecer de

informações todo o processo de planejamento e orçamentação e, em especial,

as etapas que compõem o ciclo orçamentário: a elaboração, o estudo e a

aprovação, a execução e a avaliação dos resultados, assim como o controle e o

processo de divulgação da gestão realizada (KOHAMA, 2008).

Devemos observar que a contabilidade tornou-se a principal fonte de

informativo dos instrumentos da chamada “Transparência da Gestão Fiscal”, a

qual ocorre por meio da divulgação dos instrumentos de gestão e o relatório

contábil.

Segundo um dos pilares da Lei de Responsabilidade Fiscal, o ente público

deve realizar uma divulgação ampla dos instrumentos de gestão fiscal, inclusive

em meios eletrônicos de acesso público. Os instrumentos divulgados são:

Os planos;

Orçamentos e leis de

diretrizes orçamentárias;

As prestações de contas e o

respectivo parecer prévio;

O relatório resumido da

execução orçamentária;

Relatório de gestão fiscal;

Relatórios Contábeis;

Balanço Patrimonial;

Page 7: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

7

Balanço Financeiro;

Balanço Orçamentário;

Demonstrações das

Variações Patrimoniais;

Demonstração do Fluxo de

Caixa;

Demonstração das Mutações

do Patrimônio Líquido;

Notas explicativas.

A contabilidade aplicada ao setor pública busca, enquanto instrumento de

gestão, controlar tanto as operações financeiras quanto as patrimoniais. Assim,

realiza o registro, o controle, a análise e a interpretação de todos os atos e fatos

da Administração Pública.

Podemos entender, ainda, que a contabilidade voltada à área pública

evidenciará a posição ou a situação de todos que, de algum modo, arrecadam

receitas, efetuam despesas, gerenciam ou administram bens ou recursos

públicos.

Para a compreensão do ciclo orçamentário, devem ser observadas as

etapas do processo que contemplam o orçamento como: elaboração, estudo e

aprovação, execução e avaliação.

Elaboração

A elaboração do orçamento deve contemplar as diretrizes orçamentárias,

compreendendo a fixação de objetivos concretos para o período previsto. Deve

ser observado e mensurado o cálculo de recursos humanos, materiais e

financeiros, necessários à sua perfeita materialização e concretização.

O trâmite da elaboração do orçamento ocorre da seguinte forma: o poder

executivo deverá enviar o projeto de lei orçamentária ao poder Legislativo dentro

dos prazos estabelecidos.

Conforme Kohama (2008), no âmbito federal, o prazo termina em 31 de

agosto, e o Estado de São Paulo deve obedecer o prazo de até dia 30 de

setembro; já os municípios devem obedecer o prazo estabelecido na sua Lei

Orgânica.

Page 8: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

8

Estudo e aprovação

É de competência do poder legislativo. O seu significativo está

configurado na necessidade de que o povo, por meio dos representantes,

intervenha na decisão das próprias aspirações, bem como na maneira de

alcançá-las.

Segundo Kohama (2008), o poder executivo deverá enviar o projeto de lei

orçamentária ao poder legislativo dentro dos prazos estabelecidos; entretanto,

até o encerramento da sessão legislativa, o poder legislativo deverá devolvê-lo

para sanção.

Execução

É a etapa do clico orçamentário que corresponde à concretização anual

dos objetivos e das metas determinados para o setor público no processo de

planejamento integrado e implica a mobilização de recursos humanos, materiais

e financeiros.

Conforme Kohama (2008), a etapa de execução deve, necessariamente,

fundamentar-se na programação – não apenas para ajustar-se às orientações

estabelecidas no orçamento aprovado, mas também para alcançar a máxima

racionalidade possível na solução de problemas que decorrem da

impossibilidade de se fazer uma previsão exata sobre detalhes ligados à

execução das modificações produzidas nas condições vigentes à época da

elaboração do orçamento.

Avaliação

Para Kohama (2008), a etapa de avaliação refere-se à organização, aos

critérios e aos trabalhos destinados a julgar o nível dos objetivos fixados no

orçamento e as modificações nele ocorridas durante a execução. Corresponde,

ainda, à eficiência com que se realizam as ações empregadas para tais fins e o

grau de racionalidade na utilização dos recursos correspondentes.

Page 9: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

9

Princípios orçamentários: universalidade, equilíbrio e

transparência

Conforme Junior (2013), “os princípios orçamentários visam estabelecer

regras norteadoras básicas, a fim de conferir racionalidade, eficiência e

transparência para os processos de elaboração, execução e controle do

orçamento público”.

O referido autor ainda esclarece o alcance dos princípios orçamentários:

“Válidos para os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário de todos os entes

federativos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios – são estabelecidos

e disciplinados por normas constitucionais, infraconstitucionais e pela doutrina”

(JUNIOR, 2013).

O Manual de Contabilidade aplicada ao setor público apresenta nove

princípios orçamentários.

Unidade ou totalidade

Previsto, de forma expressa, pelo caput do art. 2 da Lei n. 4.320, de 1964,

determina a existência de orçamento único para cada um dos entes federados –

União, Estados, Distrito Federal e Municípios –, com a finalidade de se evitarem

múltiplos orçamentos paralelos dentro da mesma pessoa política.

Dessa forma, todas as receitas previstas e as despesas fixadas em cada

exercício financeiro devem integrar um único documento legal dentro de cada

esfera federativa: a Lei Orçamentária Anual (Manual do STN, 2013).

Universalidade

Estabelecido, de forma expressa, pelo caput do art. 2 da Lei n. 4.320, de

1964, recepcionado e normatizado pelo §5 do art. 165 da Constituição Federal,

determina que a LOA de cada ente federado deverá conter todas as receitas e

as despesas de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações

instituídas e mantidas pelo Poder Público (Manual do STN, 2013).

Page 10: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

10

Anualidade ou periodicidade

Estipulado, de forma literal, pelo caput do art. 2 da Lei n. 4.320, de 1964,

delimita o exercício financeiro orçamentário: período de tempo ao qual a previsão

das receitas e a fixação das despesas registradas na LOA irão se referir.

Segundo o art. 34 dessa mesma lei, o exercício financeiro coincidirá com

o ano civil, ou seja, de 1 de janeiro a 31 de dezembro de cada ano (Manual do

STN, 2013).

Exclusividade

Previsto no §8 do art. 165 da Constituição Federal, estabelece que a LOA

não conterá dispositivos estranhos à previsão da receita e à fixação da despesa.

Ressalvam-se dessa proibição a autorização para a abertura de crédito

suplementar e a contratação de operações de crédito, nos termos da lei (Manual

do STN, 2013).

Orçamento bruto

Previsto pelo art. 6 da Lei n. 4.320, de 1964, obriga a registrarem-se

receitas e despesas na LOA pelo valor total e bruto, vedadas quaisquer

deduções (Manual do STN, 2013).

Legalidade

Apresenta o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplicado à

Administração Pública, segundo o qual cabe ao Poder Público fazer ou deixar de

fazer somente aquilo que a lei expressamente autorizar, ou seja, se subordina

aos ditames da lei.

A CF/88, em seu art. 37, estabelece os princípios da Administração

Pública, dentre os quais o da legalidade e, no seu art. 165, estabelece a

necessidade de formalização legal das leis orçamentárias:

“Art. 165 - Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:

I – o plano plurianual;

II – as diretrizes orçamentárias;

III – os orçamentos anuais (Manual do STN, 2013)”

Page 11: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

11

Publicidade

Princípio básico da atividade da Administração Pública no regime

democrático que está previsto no caput do art. 37 da CF/88. Justifica-se

especialmente pelo fato de o orçamento ser fixado em lei, sendo esta a que

autoriza os poderes a execução de suas despesas (Manual do STN, 2013).

Transparência

Aplica-se, também, ao orçamento público, pelas disposições contidas nos

artigos 48, 48-A e 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que determinam ao

governo:

Divulgar o orçamento público de forma ampla à sociedade;

Publicar relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal;

Disponibilizar, para qualquer pessoa, informações sobre a arrecadação

da receita e a execução da despesa (Manual do STN, 2013).

Não vinculação (não afetação) da receita de impostos

O inciso IV do art. 167 da CF/88 veda vinculação da receita de impostos

a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas pela própria

Constituição Federal:

Art. 167 - São vedados:

[...] IV - a vinculação de receita de impostos a órgãos, fundo ou

despesa, ressalvada a repartição do produto da arrecadação dos

impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos

para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e

desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da

administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos

arts. 198, §2, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações

de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, §8, bem

como o disposto no §4 deste artigo; (Redação dada pela Emenda

Constitucional n. 42, de 19.12.2003);

[...] §4. É permitida a vinculação de receitas próprias geradas pelos

impostos a que se referem os arts. 155 e 156, e dos recursos de que

tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a e b, e II, para a prestação de garantia

Page 12: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

12

ou contragarantia à União e para pagamento de débitos para com esta.

(Incluído pela Emenda Constitucional n. 3, de 1993). (Manual do STN,

2013).

A exposição dos princípios orçamentários pelo Manual de Contabilidade

aplicada ao setor público tem foco principal nortear ou estabelecer diretrizes

orientadoras na elaboração e na execução do mesmo pelos gestores públicos.

No entanto, Junior (2008) destaca três princípios que considera premissas

fundamentais, as quais devem ser contempladas na elaboração e na execução

orçamentária:

Princípio da universalidade

Foi estabelecido, de forma expressa, pelo caput do art. 2 da Lei n.

4.320/64, recepcionado e normatizado pelo §5 do art. 165 da CF/88 e determina

que a LOA de cada ente federado deverá conter todas as receitas e despesas

de todos os poderes, órgãos, entidades, fundos e fundações instituídas e

mantidas pelo Poder Público (JUNIOR, 2008).

Princípio do equilíbrio

Deve haver compatibilidade entre receita e despesa, de forma que as

contas públicas não sejam afetadas por déficits. O equilíbrio formal do orçamento

é observado quando a lei orçamentária prevê receitas e fixa despesas em

montantes iguais. O equilíbrio material está mais ligado à execução equilibrada

do orçamento do que à sua publicação com montantes iguais de receita e

despesa (JUNIOR, 2008).

Princípio da transparência

Aplica-se ao orçamento público, pelas disposições contidas nos artigos

48-A e 49 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que determinam ao governo:

divulgar o orçamento público de forma ampla à sociedade; publicar relatórios

sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal; disponibilizar, para qualquer

Page 13: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

13

pessoa, informações sobre a arrecadação da receita e a execução da despesa

(JUNIOR, 2008).

Receitas públicas

Dentre os diversos fatores que são utilizados pelo ente público, alguns

merecem destaque, como é o caso da receita pública.

Mas o que vem a ser receita pública?

Podemos definir como o conjunto de recursos que o estado arrecada de

forma compulsória da sociedade, com vistas a fazer frente às despesas

correntes, e de capital decorrentes do cumprimento de suas funções.

Ainda podemos compreender que as receitas públicas são as entradas de

recursos necessários para a manutenção das atividades do ente público,

entendimento que, por sua vez, está previsto no orçamento público.

No manual emitido pelo STN sobre contabilidade pública, é exposto um conceito

mais amplo sobre as receitas dentro das perspectivas orçamentárias:

Em sentido amplo, os ingressos de recursos financeiros nos cofres do

estado denomina-se receitas públicas, registradas como receitas

orçamentárias, quanto representam disponibilidades de recursos

financeiros para o erário, ou ingressos extraorçamentários, quanto

representam apenas entradas compensatórias”.

Podemos perceber que o conceito exposto no manual é bastante

abrangente, em virtude das situações que podem ocorrer de entrada de recursos

nos cofres públicos.

Page 14: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

14

Para efetivo reconhecimento da receita, a mesma passa por algumas

etapas, conforme a figura a seguir:

Alguns estudiosos discutem as etapas de reconhecimento da receita, pois

consideram que deve ser feita uma distinção entre uma etapa que antecede a

previsão da receita, ou seja, o planejamento da receita. Assim, devemos

destacar que o planejamento da receita é previsto na LOA, onde são

descritas suas metodologias e disposições, sendo que a LRF também

aborda sobre o assunto.

No entanto, para facilitar, vamos seguir a abordagem utilizada no Manual

de Contabilidade aplicada ao setor público, até para compreender a interligação

das etapas de planejamento e previsão.

As etapas da receita, ou também conhecidos como estágios,

correspondem ao momento da execução da receita no processo de realização

(BERNARDONI; CRUZ, p. 67, 2010). A seguir iremos abordar as etapas da

receita.

Previsão: É compreendida como a etapa de previsão da arrecadação da

receita orçamentária contemplada na Lei Orçamentária Anual e, também,

atendendo às disposições constantes na LRF.

Receita

(planejamento e previsão)

Lançamento Recolhimento Arrecadação

Page 15: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

15

Lançamento: O art. 53 da Lei no 4.320/1964 define o lançamento como

ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal

e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta. Por sua vez,

para o art. 142 da Lei n. 5.172/66, do Código Tributário Nacional (CTN),

lançamento é o procedimento administrativo que verifica a ocorrência do

fato gerador da obrigação correspondente, determina a matéria tributável,

calcula o montante do tributo devido, identifica o sujeito passivo e, sendo

o caso, propõe a aplicação da penalidade cabível. Uma vez ocorrido o fato

gerador, procede-se ao registro contábil do crédito tributário em favor da

fazenda pública, em contrapartida a uma variação patrimonial

aumentativa.

Recolhimento: É a transferência dos valores arrecadados à conta

específica do Tesouro, responsável pela administração e pelo controle da

arrecadação e programação financeira, observando-se o princípio da

unidade de tesouraria ou de caixa, conforme determina o art. 56 da Lei n.

4.320/64.

Arrecadação: Corresponde à entrega dos recursos devidos ao Tesouro

pelos contribuintes ou devedores, por meio dos agentes arrecadadores

ou instituições financeiras autorizadas pelo ente. Vale destacar que,

segundo o art. 35 da Lei n. 4.320/64, pertence ao exercício financeiro as

receitas nele arrecadadas, o que representa a adoção do regime de caixa

para o ingresso das receitas públicas.

Origem da receita

Conforme o Manual de Contabilidade, as receitas públicas são

classificadas em categorias econômicas da seguinte forma: receitas correntes e

receitas de capital, com vistas a identificar a natureza da procedência das

receitas no momento em que ingressam no orçamento público.

Page 16: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

16

A lei n. 4320/64 descreve os códigos para as receitas correntes e de

capital:

O esquema a seguir apresenta a categorização da receita conforme sua

origem:

Receitas correntes: são definidas como o conjunto de receitas tributárias –

impostos, taxas e contribuições de melhorias –, somadas às receitas

patrimoniais, industriais e receitas diversas, mais os recursos obtidos

mediante a transferência para a aplicação em despesas correntes

(ASSUMPÇÃO, 2011, p. 83).

Receitas de capital: são aquelas provenientes de operações de crédito e de

amortização de empréstimos e financiamentos, resultado da alienação do

patrimônio e ainda transferências previamente vinculadas a despesas de

capital (ASSUMPÇÃO, 2011, p. 85).

Page 17: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

17

Já estudamos que o orçamento é um instrumento relevante para qualquer

tipo de empresa, seja pública ou privada, pois é um instrumento de planejamento

e controle do fluxo de recursos a disposição do ente público. Dessa forma, a

receita é um dos recursos controlados pelo orçamento que tem um impacto sobre

a situação patrimonial para fins contábeis – quanto ao impacto na situação

líquida patrimonial, a receita pode ser “efetiva” ou “não efetiva”.

Conforme o Manual de Contabilidade (2013):

Em sentido amplo os ingressos de recursos financeiros nos cofres do

Estado denominam-se receitas públicas, registradas como receitas

orçamentárias, quando representam disponibilidades de recursos

financeiros para o erário, ou ingressos extraorçamentários, quando

representam apenas entradas compensatórias. Em sentido estrito,

chamam-se públicas apenas as receitas orçamentárias.

Despesas públicas

A despesa pública constitui-se nos gastos públicos. “É por meio desta que

o governo estabelece uma série de prioridades no que se refere à prestação de

serviços públicos básicos, aos investimentos em prol do interesse geral da

comunidade e ao custeio de diferentes setores da administração”

(BERNARDONI e CRUZ, 2011, p. 94).

Conforme estudamos anteriormente, o orçamento é o instrumento usado

pelo ente público para controlar alguns fatores que são essenciais para que o

mesmo consiga cumprir seus objetivos, que é atender a sua função social.

Receita orçamentária efetiva: aquela que, no momento do reconhecimento

do crédito, aumenta a situação líquida patrimonial da entidade.

Receita orçamentária não efetiva: aquela que não altera a situação líquida

patrimonial no momento do reconhecimento do crédito e, por isso, constitui

fato contábil permutativo, como é o caso das operações de crédito.

Page 18: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

18

Devemos compreender, portanto, que a despesa pública é o conjunto de

dispêndios realizados pelos entes públicos para o funcionamento e a

manutenção dos serviços públicos prestados à sociedade.

Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto

ao impacto na situação líquida patrimonial em:

Natureza da despesa orçamentária

As despesas públicas são classificadas em: categoria econômica, grupo

de natureza da despesa e elemento de despesa.

No entanto, devemos esclarecer que existe o desdobramento da despesa

orçamentária por modalidade de aplicação, cuja finalidade é indicar se os

recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da

mesma esfera de governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas

entidades, eliminando a duplicidade de recursos por ocasião da consolidação

dos balanços públicos (ASSUMPÇÃO, 2011, p. 103).

A natureza da despesa será complementada pela informação gerencial

denominada modalidade de aplicação, a qual tem por finalidade indicar se os

recursos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da

mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas

entidades. O objetivo é, precipuamente, possibilitar a eliminação da dupla

contagem dos recursos transferidos ou descentralizados (Manual, STN, 2013).

Estrutura da natureza da despesa orçamentária

Os artigos 12 e 13 da Lei n. 4.320/64 tratam da classificação da despesa

orçamentária por categoria econômica e elementos. Assim, como na receita

Despesa orçamentária efetiva: aquela que, no momento de sua realização,

reduz a situação líquida patrimonial da entidade.

Despesa orçamentária não efetiva: aquela que, no momento da sua

realização, não reduz a situação líquida patrimonial da entidade e constitui

fato contábil permutativo.

Page 19: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

19

orçamentária, o art. 8 estabelece que os itens da discriminação da despesa

mencionada no art. 13 serão identificados por números de código decimal, na

forma do Anexo IV da referida lei, atualmente consubstanciados na Portaria

Interministerial STN/SOF n. 163/2001 e constantes desse manual.

O conjunto de informações que constitui a natureza de despesa

orçamentária forma um código estruturado que agrega a categoria econômica, o

grupo, a modalidade de aplicação e o elemento. Essa estrutura deve ser

observada na execução orçamentária de todas as esferas de governo.

O código da natureza de despesa orçamentária é composto por seis

dígitos, desdobrado até o nível de elemento ou, opcionalmente, por oito dígitos,

contemplando o desdobramento facultativo do elemento: a classificação da

reserva de contingência, bem como a reserva do regime próprio de Previdência

Social. Quanto à natureza da despesa orçamentária, serão identificadas com o

código “9.9.99.99”, conforme estabelece o parágrafo único do art. 8 da Portaria

Interministerial STN/SOF n. 163/2001.

O elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto,

tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo,

serviços de terceiros prestados sob qualquer forma, subvenções sociais, obras

e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios, amortização e

outros que a Administração Pública utiliza para a consecução de seus fins.

A descrição dos elementos pode não contemplar todas as despesas a

eles inerentes, sendo, em alguns casos, exemplificativa (STN, Manual, 2013):

Exemplo 1: Grupo de natureza da despesa

1. Pessoal e encargos sociais;

2. Juros e encargos da dívida;

3. Outras despesas correntes;

4. Investimentos;

5. Inversões financeiras;

6. Amortização da dívida.

Page 20: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

20

Exemplo 2: Elemento de despesa

1. Aposentadorias do RPPS, reserva remunerada e reforma dos

militares;

2. Pensões do RPPS e do militar;

3. Contratação por tempo determinado;

4. Outros benefícios previdenciários do servidor ou militar;

5. Outros.

Etapas da despesa orçamentária

Assim como a receita, a despesa também tem estágios, que são previstos

pela na Lei n 4.320/64: empenho, liquidação e pagamento. Confira!

Empenho

Segundo o art. 58 da Lei n. 4.320/64, é o ato emanado de autoridade

competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não

de implemento de condição. Consiste na reserva de dotação orçamentária para

um fim específico (CHAVES; JUNIOR, 2013).

O empenho será formalizado mediante a emissão de um documento

denominado “nota de empenho”, no qual deve constar o nome do credor, a

especificação do credor e a importância da despesa, bem como os demais dados

necessários para o controle da execução orçamentária (JUNIOR, 2013).

Embora o art. 61 da Lei n. 4.320/1964 estabeleça a obrigatoriedade do

nome do credor nesse documento, em alguns casos, como na folha de

pagamento, torna-se impraticável a emissão de um empenho para cada credor,

tendo em vista o número excessivo de credores (servidores) (JUNIOR, 2013).

Caso não seja necessária a impressão da nota de empenho, o empenho

ficará arquivado em banco de dados, em tela com formatação própria e modelo

oficial, a ser elaborado por cada ente da Federação em atendimento às suas

peculiaridades (JUNIOR, 2013).

Quando o valor empenhado for insuficiente para atender à despesa a ser

realizada, o empenho poderá ser reforçado. E caso o valor do empenho exceda

Page 21: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

21

o montante da despesa realizada, o empenho deverá ser anulado parcialmente.

Ele será anulado totalmente quando o objeto do contrato não tiver sido cumprido,

ou ainda no caso de ter sido emitido incorretamente (JUNIOR, 2013).

Os empenhos podem ser classificados em:

Ordinário: é aquele utilizado para as despesas de valor fixo e

previamente determinado, cujo pagamento deve ocorrer de uma única

vez;

Estimado: é aquele utilizado para despesas cujo montante não pode ser

determinado previamente, por exemplo: os serviços de fornecimento de

água e energia elétrica etc.;

Global: é aquele utilizado para despesas contratuais ou outras de valor

determinado, sujeita a parcelamento, como os compromissos decorrentes

de alugueis.

Liquidação

Conforme o art. 63 da Lei n. 4.320/64, a liquidação consiste na verificação

do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e os documentos

comprobatórios do respectivo crédito. Tem por objetivo apurar:

Art. 63 - A liquidação da despesa consiste na verificação do direito

adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos

comprobatórios do respectivo crédito. §1° Essa verificação tem por fim

apurar: I – a origem e o objeto do que se deve pagar; II – a importância

exata a pagar; III – a quem se deve pagar a importância, para extinguir

a obrigação.

As despesas com fornecimento ou com serviços prestados terão por

base: §2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços

prestados terá por base: I – o contrato, ajuste ou acordo respectivo; II

– a nota de empenho; III – os comprovantes da entrega de material ou

da prestação efetiva do serviço. (BRASIL, Lei n. 4.320/64).

Page 22: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

22

Pagamento

O pagamento consiste na entrega de numerário ao credor por meio de

cheque nominativo, ordens de pagamentos ou crédito em conta; apenas pode

ser efetuado após regularizar a liquidação da despesa.

A Lei n. 4.320/64, em seu art. 64, define a ordem de pagamento como o

despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa

liquidada seja paga. A ordem de pagamento só pode ser exarada em

documentos processados pelos serviços de contabilidade.

Síntese

Hoje você entendeu a importância de estudarmos o orçamento público e

a contabilidade pública. Aprendemos que a atividade financeira do Estado é

desempenhada ou desenvolvida em quatro áreas: a receita pública, a despesa

pública, o orçamento público e o crédito público.

Conhecemos as políticas públicas e os programas do governo, assim

como os princípios orçamentários e entendemos q relevância da contabilidade

no ciclo orçamentário.

Page 23: Introdução Orçamento e contabilidade públicaava.grupouninter.com.br/.../contabilidadePublica/t2/imagens/impress… · gestor público oriente suas ações visando contemplar o

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico

23

Referências

ANGÉLICO, J. Contabilidade Pública. São Paulo: Atlas, 2006.

BRASIL. Lei n. 4.320/64, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de

Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da

União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal.

_____. Lei Complementar n. 101/00, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas

de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na Gestão Fiscal e dá

outras providências.

_____. Resolução CFC n. 1.111/07, de 29 de novembro de 2007. Aprova o

Apêndice II da Resolução CFC nº. 750/93 sobre os Princípios de Contabilidade.

IUDÍCIBUS, S. de; MARION, J.C. Contabilidade comercial: atualizado

conforme novo Código Civil. 7. Ed. São Paulo: Atlas, 2006.

JUNIOR, O. D. L. C. Contabilidade pública e o plano de contas obrigatório a

partir de 2013. 2013.

MATTOS, M. A.; CORBARY, E.; FREITAG, V. da C. Contabilidade societária.

Curitiba: Ibpex, 2012.

STN. Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 5 ed., Brasília,

2011.