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INTRODUÇÃO À MISSIOLOGIA E À HISTÓRIA DA MISSÃO PROTESTANTE NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE POR Dr. Cornelio Hegeman (PhD em Pensamento Cristão) D.Min. em Misiología) 1

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INTRODUÇÃO À MISSIOLOGIA E À HISTÓRIA DA MISSÃO PROTESTANTE

NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE

POR

Dr. Cornelio Hegeman

(PhD em Pensamento Cristão)D.Min. em Misiología)

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TABELA DE CONTEÚDO

INTRODUÇÃO À MISIOLOGIA E À HISTÓRIA DA MISSÃO PROTESTANTE NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE

TABELA DE CONTEÚDO

INTRODUÇÃOREQUISITOS PARA O CURSOQUESTIONÁRIO

LIÇÃO 1 PARA UMA MISSIOLOGIA BÍBLICALIÇÃO 2 A MISSIOLOGIA DEFINIDALIÇÃO3 A REFORMA E A MISSÃO CATÓLICA ROMANA NA

AMÉRICA LATINA ENO CARIBELIÇÃO 4 A MISSÃO REFORMADA NA AMÉRICA LATINA ENO CARIBELIÇÃO 5 A MISSÃO PRESBITERIANA NA AMÉRICA LATINA ENO

CARIBE.LIÇÃO 6 A MISSÃO EVANGÉLICA NA AMÉRICA LATINA ENO CARIBELIÇÃO7 MÁS DE 100 RAZÕES PARA PRESBITERIANOS E

REFORMADOS PARA NÃO PARTICIPAR E PARTICIPAR NA MISSÃO DE DEUS.

LIÇÃO 8 RECURSOS PARA A MISSIOLOGIA

BIBLIOGRAFIABIOGRAFIA

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ABREVIAÇÕES

ANDALCAPENATARPC

CIOCLAICLIRCMICOMIBAMCRCETCETEFCSFLETGMSHCJBICRICRIPCIPIBIPNBIPPRIPVJUCUMLAMMINTS

N.del.ENHKNTNVIPCBerPCCPCGPCSPCJPCUSPCUSA

PMSRDRVSMSUFCSUPCUSCWIC

Acido desoxirribonucleicoAmérica Latina e CaribeAliança Pró-Evangelização de CriançasAntigo TestamentoAssociate Reformed Presbyterian Church (Igreja Presbiteriana Reformada Associada)Companhia das Indias Ocidentais (West Indies Company)Conselho Latino-Americano de IgrejaConfraternidade Latino-Americana de Igrejas ReformadasConselho Mundial de IgrejaCongresso Missionário IberoamericanoChristian Reformed Church (Igreja Cristã Reformada)Educação Teológica ContinuaEducação Teológica por ExtensãoFree Church of Scotland (Igreja Livre da Escócia)Faculdade Latino-Americana de Educação TeológicaGlasgow Mission Society (Sociedade Missionária de Glasgow)Hoy Cristo Jesús Bendice (Estação de rádio em Quito, Equador)Igreja Católica RomanaIgreja Cristã ReformadaIgreja Presbiteriana de Cuba; Igreja Presbiteriana de ColômbiaIgreja Presbiteriana Independente do BrasilIgreja Presbiteriana Nacional do BrasilIgreja Presbiteriana de Porto RicoIgreja Presbiteriana da VenezuelaJovens com Uma MissãoLatin American Mission (Missão Latino-Americana)Miami International Seminary (Seminário Internacional de Miami);MINTS Internacional Seminary (Seminário Internacional MINTS)Nota do editorNederlandse Hervormde KerkNovo TestamentoNova Versão InternacionalPresbyterian Church of Bermuda (Igreja Presbiteriana de Bermuda)Presbyterian Church of Canada (Igreja Presbiterana do Canadá)Presbyterian Church of Grenada (Igreja Presbiteriana de Granada)Presbyterian Church of Scotland (Igreja Presbiteriana de Escócia)Presbyterian Church of Jamaica (Igreja Presbiteriana da Jamaica)Presbyterian Church United States (Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos)Presbyterian Church United States of America (Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos das Américas) Presbyterian Mission Society (Sociedade Missionária Presbiteriana)República DominicanaReina ValeraScottish Mission Society (Sociedade Missionária da Escócia)United Free Church of Scotland (Igreja Unida Livre da Escócia)United Presbyterian Church (Igreja Presbiteriana Unida)United Scottish Church (Igreja Unida da Escócia)West Indies Company (Companhia das Índias Ocidentais)

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INTRODUÇÃO

A missão de Deus é universal e global. O que Deus iniciou no princípio, Ele continua agora e será cumprido perfeitamente no final dos tempos. Qual é a missão? Qual é a base bíblica para a missão? Qual é nossa participação na missão de Deus? Qual tem sido a participação das Igrejas Reformadas e Presbiterianas da América Latina e do Caribe no protestantismo? Como podemos estudar e ensinar melhor o que é a missão de Deus.

Nossa esperança é que este curso introdutório ajude ao estudante a chegar a conclusões bíblicas, cristãs e práticas sobre sua participação na missão de Deus. Nesta busca, será importante que o estudante pense em como ensinar missiologia aos demais cristãos. Esperamos que este curso seja um instrumento para multiplicar o conhecimento da missão de Deus com outros estudantes.

Tenho tido o privilégio de estudar missiologia desde os meus dias estudantis no Reformed Bible College (Grand Rapids, 1978), no Calvin Seminary (Grand Rapids, 1980) e no Westminster Seminary (Filadelfia, 1985). Tenho estudado missiologia no nível de Licenciatura, mestrado e doutorado. Entretanto, a melhor missiologia tenho aprendido no campo missionário, especialmente durante os 12 anos como missionário com a Missão Mundial da Igreja Cristã Reformada na República Dominicana; com os 5 anos de missões no Canadá com a Igreja Reformada Unida; por ter trabalhado com o Ligonier de R. C. Sproul, e agora, com nossa experiência com o Seminário Internacional MINTS. O MINTS tem sido uma grande experiência na terada de ligar os princípios missiológicos com a educação teológica à distância.

A docência como “missiólogo” começou na República Dominicana quando ensinei aos estudantes de teologia da Universidade Nacional Evangélica (UNEV) e com os estudantes visitantes. Agora, tenho o privilégio de continuar com a docência de Missiologia por meio do MINTS.

Dou graças a Deus por Carlos Luis Moreno, coordenador do MINTS no Equador, por fazer o trabalho de edição. Incluímos algumas de suas observações nas notas de referência por considerá-las útil ao leitor.

Dr. Cornélio (Neal) HegemanMINTSMarço de 2005Julho de 2017 (revisão)

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REQUISITOS PARA O CURSO

OBJETIVO

O estudante começará a examinar os conceitos básico da missiologia: o estudo da ciência de missões. A matéria apresentará reflexões sobre a teologia bíblica de missões, a origem da história das missões na ALC e algumas ferramentas para avaliar nossa participação.

METAS1. Familiarizar-se com os conceitos e as definições missiológicas;2. Examinar as motivações, a história das missões e os ensinos bíblicos em relação

às missões.3. Analisar a situação missiológica da Igreja.

REQUISITOS E AVALIAÇÃO1. O estudante pode escolher entre assistir a dissertações sobre a missiologia ou ler

textos missiológicos para tomar conhecimento de temas globais sobre a Missiologia (15%).

2. O estudante refletirá sobre os temas da missiologia, respondendo as perguntas das lições (15%).

3. Os estudantes do bacharelado lerão 300 páginas de missiologia e escrever uma ficha de leitura (conforme modelo) de 3 páginas. Os estudantes do mestrado lerão 600 páginas e farão uma ficha de leitura de 5 páginas (30%).

4. O trabalho final consta de escrever 15 páginas sobre a como missão transcultural se associa com sua igreja local (20%);

5. Os estudantes farão uma prova final (20).

RECURSOS1. O manual do estudante: Uma introdução à Missiologia.2. Leitura de 300 páginas (bacharelado) ou 600 páginas (mestrado) da bibliografia.3. Contato com o autor: Cornelio (Neal) Hegeman: [email protected]

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QUESTIONÁRIO INICIAL

1. O primeiro missionário nas Américas foi:a) Cristóvão Colombo;b) Bartolomeu de las Casasc) Roman Panéd) Antônio Montesinos

2. A essência da palavra “missão” é:a) Evangelizarb) Ser enviadoc) O crented) O obreiro

3. A Missão de Deus na terra começa com:a) O apóstolo Paulob) A primeira vinda de Cristoc) Pentecostesd) A criação

4. A Grande Comissão é mencionada em:a) Salmo 23b) Atos 1.8c) Isaías 53d) João 17

5. A primeira igreja protestante estabelecida no Caribe e nas Américas foi em:

a) Forte Coligny, Rio de Janeiro, Brasilb) Nova Iorque, EUAc) Santo Domingo, República Dominicanad) Buenos Aires, Argentina

6. A melhor maneira de comunicar o Evangelho é em:a) Línguas bíblicasb) Em inglêsc) No idioma do comunicadord) No idioma dos ouvintes

7. Escreva o nome de um missionário para dez nações1. _________________________________ 6. ______________________________2. _________________________________ 7. ______________________________3. _________________________________ 8. ______________________________4. _________________________________ 9. ______________________________5. _________________________________ 10. _____________________________

8. Escreva o nome de dez missionários do seu país1. _________________________________ 6. ______________________________2. _________________________________ 7. ______________________________3. _________________________________ 8. ______________________________4. _________________________________ 9. ______________________________

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5. _________________________________ 10. _____________________________

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LIÇÃO 1

PARA UM MISSIOLOGIA BÍBLICA

INTRODUÇÃO

O que é a missão de Deus? O que Deus está fazendo no planeta terra? Uma maneira, mas não a única, de responder a esta pergunta é dizer que Deus está edificando a Nova Jerusalém.

Parte do fundamento da Nova Jerusalém são os profetas, apóstolos e Cristo Jesus: os escritos inspirados, a doutrina dos apóstolos e o Evangelho de Cristo Jesus (Efésios 2.20). Parte do fundamento é a história da redenção escrita na Bíblia: Deus e a criação (tese), a queda no pecado (antítese), a restauração em Cristo Jesus (síntese) e a consumação nos novos céus e nova terra (meta final).

O que você verá na LIÇÃO 1 são reflexões bíblicas sobre a base para a missiologia que levam a sério Deus e sua criação, a queda do ser humano no pecado, a única esperança de salvação, santificação e glorificação em Cristo e o glorioso destino final na Nova Jerusalém, nos novos céus e nova terra.

1. PRESSUPOSTOS FILOSÓFICOS

Nos Estados Unidos, considerado por alguns como um “país livre”, se canta “God Bless America (Deus abençoe a América) no Congresso Nacional e há orações cristãs na posse de cada novo presidente da nação, mas nas escolas públicas não é permitido orar ou ensinar o cristianismo por ordem da Suprema Corte. Esta perfeita contradição é uma implicação lógica do ateísmo secular. Entretanto, os pais cristãos hão burlado a decisão da Suprema Corte e têm infiltrado o campo secular com milhões de agentes de mudanças, estudantes voluntários e ministérios para implementar o testemunho cristão nas escolas públicas por meio de estudos bíblicos depois de horas de aulas e círculos de oração. O secularismo não tem podido parar o testemunho cristão.

Os pais cristãos ensinam seus filhos a amar a Deus sobre todas as coisas e a testemunhar de Cristo em suas aulas e colégios. Os estudantes não são proibidos de falar de Deus. As escolas públicas estão sendo invadidas por milhões de missionários cristãos menores de idade: os próprios estudantes. Eles falam de Cristo na aula, dão testemunho de Deus a seus amigos, os convidam a visitar a igreja ou grupo juvenil, participam das orações dirigidas por estudantes, e em cerimônias de graduação dão glória a Deus por suas bênçãos. O que faz com que esses jovens sejam mais valentes e mais honoráveis que os juízes da Suprema Corte e que os membros da Diretoria da Escola? A resposta a esta crucial pergunta é: a fé em Deus e a crença que eles têm de que estão em uma missão.

Em Londres, Inglaterra, há um grupo de jovens que tem fé em Alá e são treinados para uma missão especial. Eles crêem, entre outras coisas, que é justificado praticar a Jihad contra aqueles que estão apoiando a guerra contra o Iraque. Eles são treinados em sua missão de suicidarem-se e no processo matar o maior número possível de pessoas. Eles crêem que assim farão pressão para que o Primeiro Ministro, Tony Blair, retire as tropas britânicas do conflito bélico no Iraque. A Jihad tem tido êxito na Espanha. Por que as nações mais poderosas do mundo não podem deter a esses jovens terroristas? A

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resposta: porque sua fé em Deus e a crença de que estão em uma missão os conduz a manter suas convicções até ao fim.

O cristão, o mulçumano e cada pessoa está em uma missão. Qual é a sua?

Este curso usará uma dialética1 para identificar e ver como funcionam os pressupostos cristãos. Nesta dialética evangélica, as verdades bíblicas constituem a tese e a posição contrária e a antítese. Para resolver a tenção é necessário encontrar a síntese do Evangelho de Cristo para ativar a tese e vencer a antítese.

O último componente da lógica dialética evangélica é o resultado de quando a tese e a antítese não mudam. O resultado é uma síntese não resolvida. A isto podemos chamar com toda certeza de sincretismo. A Bíblia chama idolatria a esta não resolução lógica. É quando uma afirmação, um valor, um conceito ou um princípio filosófico tem a forma da religião verdadeira mas não é a verdade.

Na história da salvação vemos este modo dialético: a criação (tese), a queda (antítese), a restauração (síntese) e consumação.2

II. O CRIADOR E A CRIAÇÃO

A missão de Deus começa com o Criador. Há quem pense que a Missiologia começa com a salvação pregada pelos apóstolos e pela igreja cristã depois do Pentecostes, mas não é assim. A mensagem de como ser salvo é intrínseco à missão de Deus, mas não é o começo da missão de Deus.3 Antes de falar de nossos pecados e da salvação do pecado, temos que conhecer a glória de Deus em Sua soberania e conhecer nossos deveres e responsabilidades dadas a nós antes que acontecesse a queda. Temos de conhecer ao Deus que nos fez e devemos saber porque Ele nos criou. Ao entender o Magnífico Criador e conhecer a grandeza de sua criação, entenderemos a profundidade de nossa queda, admitiremos a urgência de uma restauração integral e esperaremos a gloriosa consumação de todas as coisas em Cristo.

A Criação é parte da história da Redenção. A missão de Deus entra na história humana na criação (Gênesis 1, 2), continua depois da queda (Gênesis 3), manifesta-se na salvação oferecida em por Jesus Cristo e termina no novo céu e na nova terra. O papel da criação na história da redenção é que a criação (a obra de Deus antes da queda) é o começo da obra de Deus no mundo. Temos a criação, e depois a queda no pecado, a degeneração, regeneração, transformação e nova criação. Para poder entender cada uma das partes da história da Redenção é necessário pensar em todas as dimensões envolvidas

1 A dialética é um sistema de lógica que identifica a tese, a antítese e a síntese. A dialética do curso não é a dialética revolucionária mas uma dialética evangélica onde a tese é a ação e criação de Deus, a antítese é o pecado e a síntese é o Evangelho de Cristo Jesus.2 O autor usa os princípios da Dialética Evangélica em seu curso de Apologética e Hermenêutica.3É um erro teológico separar o Cristo de sua criação. O Deísmo e o Evolucionismo têm desempenhado um papel propagandístico, pois está firmado em bases “científicas” que tem influenciado o pensamento ocidental. Veja-se Josh McDowell Evidência que exige um veredito, para responder ao deísmo e ao evolucionismo. O papel da criação na missão de Deus poder ser mal aplicado se a seriedade e a profundidade da queda não forem levadas em conta. Este é o erro em que caem aqueles que rejeitam a depravação total da queda. Esse erro influencia o conceito de restauração. Uma depravação parcial nos leva a uma salvação parcial enquanto que a depravação total demanda uma salvação total e uma salvação plena e totalmente realizada por Deus. Qual destas duas perspectivas é a que mais condena o homem e a que mais glorifica ao Salvador?

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em todo o processo. Posto que a missão de Deus é universal, a igreja deve ter esta perspectiva universal.

A criação e a missão estão compostas por quatro relações básicas.A criação de Deus foi feita com quatro relações básicas (Mateus 22.37-40). Estas relações são entre Deus, os seres humanos, a sociedade e a natureza. Cada relação é parte da cosmovisão das pessoas e das culturas.

Relação básica Realidade Missão

Relação entre Deus e Seu povo

Revelação especial de Deus em Jesus Cristo, por meio da Bíblia e da Igreja

Traduzir e distribuir a BíbliaEvangelizar/discipuladoTreinamento de líderes cristãosTestificarServiço por meio da IgrejaAdoração

Relação entre uma pessoa e seu próximo

Bem-estar socialJustiçaIntegridade familiarSaúdedRecreaçãoe arteTrabalhoComunicaçãoSegurançaLiberdadee direitosGoverno

Educação cristáComunicação em massaDesenvolvimento ComunitárioTrabalhar em sociedadeAconselhamentoProgramas de recreação, etc.

Relação consigo mesmo Fée obediência a DeusExercício da vontadeSer moralLerEscreverComunicarSentirRelacionar

FéOraçãoArrependimentoDisciplinas espirituais

Relação com a cultura e a criação

AgriculturaEcologiaEconomiaPolíticaSaúde

Provisão depois de desastresDesenvolvimento ComunitárioEcologiaHospitais

A) A TESE: DEUS E SUA CRIAÇÃO

1. DEUS CRIADOR

a) O Conhecimento do Deus Verdadeiro

A Bíblia começa dizendo: “No princípio criou Deus (Elohim) os céus e a terra” (Gênesis 1.1). Aqui podem ser observadas as seguintes teses missiológicas sobre o conhecimento de Deus em Gênesis 1.1-2:4

4Tese. O autor usa a dialética evangélica para apresentar seus argumentos. A dialética é simplesmente a apresentação de uma tese, uma antítese e uma síntese. A tese é o ponto que alguém deseja defender. A antítese é a posição contrária. A síntese é a reação da tese frente à antítese. Não há nenhuma intenção do autor de identificar-se com os teólogos que usaram a dialética, tais como Karl Barth, nem com os filósofos como Hegel e Nietzsche, e nem a dialética usada por Karl Marx.

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Deus é um missionário. A criação é o grande projeto do Deus missionário. Deus saiu do céu para criar e estar com Adão e Eva no Jardim do Éden. Como bom missionário, Deus explicou claramente seu plano e mandatos aos primeiros humanos. Quando nossos antepassados caíram em pecado, o missionário não abandonou o projeto; ao contrário explicou como viver com Deus e como viver no mundo em meio à essa situação. Por fim, Jesus veio e cumpriu com todos os requisitos para realizar a missão de reconciliação entre Deus e as pessoas e a reconciliação entre pessoas e grupos de pessoas. Agora, Jesus envia a seus discípulos para que lhe representem na tarefa da missão de Deus.

Deus é um. Como podemos conciliar com o Deus monoteísta do Antigo Testamento com o Deus Trino do Novo Testamento? O mistério da pluralidade das pessoas divinas é anunciado em Gênesis 1.1. Elohim é plural (im). O Novo Testamento também revela a pluralidade das pessoas de Deus. Cremos em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, tal como foi anunciado por Jesus na Grande Comissão (Mateus 28.19-20).

Não há outro Deus (Êxodo 20.3; João 14.6; Atos 4.12), nem se pode comparar os demais deuses inventados pelos homens com este Deus único. Ele é incomparável. Entretanto, ainda que seja incomparável, temos de anunciar a verdade sobre o Deus verdadeiro e denunciar a todos os falsos deuses. Temos de fazer apologética a favor do Deus verdadeiro.5

O mistério da Trindade é auto-revelado por Jesus Cristo, que é Deus e foi adorado por seus discípulos (Mateus 28.19-20). Esta auto-identificação de Deus em Cristo é o argumento mais absoluto para demonstrar a existência do Deus verdadeiro.

Na revelação bíblica, a pluralidade de pessoas divinas não deriva de um politeísmo. No politeísmo haveria três deuses. A trindade, ao contrário, é um Deus em três pessoas. O politeísmo é representado como 1+1+1=3; enquanto que a Trindade é representada como 1x1x1=1.

Deus é eterno. Deus existiu antes da fundação do mundo, Ele é eterno. Deus pai é eterno: sempre foi o Pai eterno. Como Pai eterno sempre teve um Filho eterno. Se o Filho é eterno não existisse, o Pai eterno deixaria de ser Pai eterno. Um Pai sem Filho não é Pai. Para que o Filho nos possa salvar e nos dar a vida eterna, Ele mesmo deve ser eterno. Pois, para ser capaz de dar a eternidade (vida eterna por meio da fé), ele tem de ser eterno. No mesmo sentido, o Espírito santo deve ser eterno para preparar os crentes para a eternidade. Para que o Pai, Filho e Espírito Santo possam oferecer a eternidade, necessariamente eles devem ser eternos.6

O Deus-Pai dos Mórmons foi criado em outro planeta. Não é eterno e tal pai-deus é um ídolo. Deus deve ser eterno para dar início e propósito ao temporal. O Deus verdadeiro deve ser absoluto quanto aos atributos pessoais, o propósito da vida e tempo.

O Jesus das testemunhas de Jeová não é eterno nem divino, mas é uma criatura especial que nasceu como ser humano. Tal Jesus temporal, não eterno, não pode salvar ninguém para a eternidade porque não possui a eternidade para oferecê-la e provê-la.

Como dito anteriormente, o Espírito Santo prepara o povo de Deus para que viva e goze da eternidade. Para fazê-lo Ele mesmo deve ser eterno. As testemunhas de Jeová negam a eternidade e a personalidade do Espírito Santo. Como eles viverão com um Deus impessoal, que é uma força e nada mais?5 Entre os apologistas contemporâneos mais efetivos estão Josh McDowell, Evidência que exige um veredito (1982) e R.C. Sproul, A Santidade de Deus (2002).6 José Girón, Los Testigos de Jehová y sus doctrinas (1954).

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Deus é soberano. Deus fez o mundo e sua criação tem um propósito. Por esta razão, o Criador é o único que pode ser Salvador e Aperfeiçoador da criação.

A missiologia bíblica afirma o plano soberano de Deus para estender o Evangelho do reino de Deus a todas as nações (Mateus 24.14). Todas as experiências pessoais, os eventos históricos e as ações de Deus se dirigem para essa meta. O reino de Deus se estende por todos os meios. O Deus soberano é capaz de usar a rebeldia humana e satânica contra elas mesmas. Por exemplo, a morte de Jesus mostrava o pior da injustiça e da natureza humanas e também a melhor ação de Deus para salvar seu povo. Só um Deus soberano pode fazer isso.

Durante o primeiro final de semana de março de 2005, houve um morticínio terrível em Atlanta, Geórgia, EUA. Um estuprador encarcerado, Brian Nichols, iria ser julgado. Nichols roubou a pistola de um guarda e começou a disparar. Matou um juiz, um ajudante do juiz, um guarda, e o motorista do carro que roubou. Depois de um dia, Nichols seqüestrou a Ashley Smith, uma mãe solteira. Nichols amarrou a Smith em uma cadeira. Smith começou a falar com Nichols sobre sua vida. Ela lhe pediu permissão para ler para ele algo de um livro que estava lendo. O livro foi escrito por Rick Warren e se chama Uma vida com Propósito. Smith disse a Nichols que ainda que ele tivesse matado 4 pessoas, sua vida, todavia, tinha propósito. No cárcere ele poderia falar com os demais prisioneiros sobre Jesus Cristo e apresentar-lhes a mensagem da salvação. “Você pode levar a Cristo mais pessoas do que as que você matou”, disse Smith. Por fim, Nichols deixou Smith ir embora e ver sua pequena filha. Smith chamou a policia e Ele se entregou tranquilamente. O propósito e os crimes dos homens são uma coisa, o propósito de Deus é outra.

Deus está presente. O Ruah Elohim, o Espírito de Deus estava sobre a criação (Gênesis 1.2). O avanço da missão de Deus depende da presença, do poder e da obra do Espírito Santo. O Espírito santo põe ordem na criação. Deus é um Deus de ordem e não de caos.

O Espírito de Deus esteve muito ativo no Antigo Testamento. Esteve com os patriarcas, os reis, os sacerdotes, os profetas e o povo de Deus. Sua presença é notável na vida e no ministério de Jesus. A vida humana de Jesus começa com a concepção no ventre de Maria. O ministério de Jesus é ungido pelo Espírito Santo. Ao morrer, ressuscitar e ascender ao céu, o Espírito foi enviado para continuar com o ministério de Jesus. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio em plenitude. O próprio Espírito que pôs em ordem e desenvolveu a criação veio do dia de Pentecostes e veio ao nosso coração para nos dá vida, poder e ordem do reino de Deus. Por isso, é lamentável que alguns movimentos evangélicos associem a desordem emocional com a obra do Espírito Santo. A desordem emocional e espiritual é uma amostra da ausência do Espírito Santo, ainda que Seu nome seja usado, ele é usado em vão.7

Deus se glorifica. Deus se pronunciou sobre sua criação e a qualificou como boa. Deus foi glorificado em sua obra bem feita. As excelências da criação glorificam ao Criador e Salvador (Salmos 19.1). Por isso Deus merece o primeiro fruto da criação e de nossas atividades culturais. Deus é digno de receber toda hora, louvor e glória.7www.benny.htm. Entre as irregularidades apresentadas por estes movimentos neo-carismáticos, sob o pretexto de ser movidos pelo Espírito estão: manipulação emocional para que as pessoas caiam, testemunho de que Deus fala diretamente com alguém, a comunicação com os mortos (com Kathrine Kuhlman) e inumeráveis heresias doutrinárias.

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A missão de Deus exige que cada cultura e atividade cultural sejam transformadas para ser apresentada a Deus. Por exemplo: a música. O salmista nos faz recordar que todos os instrumentos podem e devem ser usados para a glória de Deus (Salmo 150). Cada cultura tem uma música distinta e particular. Deus deseja ser glorificado pelo merengue Dominicano, pela salsa Porto Riquenha e pelos hinos solenes de Genebra. O missionário que impõe um só estilo de música, a música de sua própria cultura, impede a glorificação de Deus pela música da cultura de outros povos. A mesma regra se aplica a todo gênero de música usando para louvar a Deus: “Tudo seja feito com ordem e decência” (1 Coríntios 14.40).

b) Tem que ter uma relação espiritual com Deus

Os missionários também devem ser avaliados quanto à sua fidelidade a Deus e à Sua Palavra. Nem todos que se dizem filhos de Deus, são de fato, filhos de Deus. Os apóstolos originais colocaram muita atenção em discernir quem poderia ser líderes que estariam à frente das comunidades cristãs. Tenho encontrado pessoas associadas com igrejas protestantes que estavam promovendo o planejamento familiar por meio de métodos que matam crianças já concebidas. Outras igrejas enviam missionários que não crêem na ressurreição histórica de Jesus nem na existência do céu e do inferno. Por essa razão, as igrejas nacionais que recebem missionários de outras nações devem atentar para a teologia que esses missionários trazem. Do contrário, a presença de tais missionários será contraditória e contraproducente à missão de Deus.

c) Deus se revela para ser adorado

O missionário glorifica a Deus quando mostra às pessoas porque Deus é glorioso ou quando chama as pessoas para adorar a Deus em nome de Jesus e pelo poder do Espírito Santo. Por isso é essencial nesta tarefa de chamar pessoas para congregarem-se, para escutar a Palavra de Deus e adorar-lhe biblicamente. Qualquer sugestão contrária, como, por exemplo, chamar as pessoas à fé, sem dar importância ao ato de congregar com o povo de Deus na igreja deve ser rejeitada.

O missionário não deve impor um estilo de adoração. Sua tarefa missionária é ensinar às pessoas os princípios de adoração que são revelados na Bíblia. Deus não está buscando nem ritualismo nem formalismo na adoração, mas uma autêntica expressão de gratidão, amor e serviço a Ele.

d) Deus fala de sua missão por meio da Bíblia

Não há um texto melhor para estudar missões que a Bíblia. Para promover o conhecimento bíblico das missões temos que traduzir, interpretar, aplicar e obedecer a Bíblia em todas as línguas e para todas as pessoas do mundo.8Deus se relaciona com seu povo por meio do Evangelho de Jesus Cristo.

8 As igrejas nacionais precisam de líderes que conheçam o hebraico e o grego para que haja uma tradução e interpretação da Bíblia fiel às línguas originais. O povo de Deus tem o direito de conhecer o que Deus disse.

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Ninguém pode estar sozinho na presença de Deus e viver, pois o homem e a mulher pecadores não poder se manter em pé diante da Santidade de Deus. Por isso, o homem necessita da intercessão. Jesus é o grande intercessor de seu povo. Sua intercessão é feita por nós de duas maneiras. Primeiro, Ele é o sacrifício vivo para o povo de Deus. Ele é seu substituto na cruz do Calvário. Morreu pelos pecados de seu povo. Em segundo lugar, parte de sua intercessão é que Ele ora por seu povo. Agora mesmo está orando por nós. A obra missionária consiste em mostrar ao povo como se arrepender de seu pecado e ensinar-lhes a orar ao Pai em nome de Cristo.

A arrogância humanista se manifesta em pensar que ele pode se relacionar com Deus sem a necessária intercessão. O humanista tem um conceito tão bom de si mesmo que pensa que não tem pecado e, por isso, não necessita de um intercessor.

e) Deus capacita seus servos para que Lhes representem no mundo

O que é liderança? Nossa filha mais nova, Melinda, estava solicitando uma bolsa para ir estudar numa universidade cristã na Carolina do Sul. A bolsa era designada para estudantes com talentos de liderança. Foi necessário que ela passasse por uma série de entrevistas realizadas por um grupo de professores. Antes das entrevistas, Melida e eu tivemos tempo para falar sobre o conceito cristão de liderança, porque a viagem de Miami à Carolina do Sul era de 13 horas de carro.

Qual é a sua definição de um líder? Eu perguntei a Melinda.

Sem pensar muito ela disse: “Um líder realiza grandes coisas por meio de outras pessoas”.

“Onde você aprendeu esse conceito tão bom?” Eu perguntei.

“Aprendi de um professor em minha escola”.

Um líder havia ensinado a outro futuro líder. Isso é o discipulado. Jesus praticou o discipulado. Um discípulo aprende para ensinar a outro discípulo. Assim, a missão de Deus passa de uma pessoa a outra. Essa sim é a “sucessão apostólica”.

f) Deus será glorificado

Há algumas coisas na vida com as quais não temos que nos preocupar. Uma delas é que de todas as formas Deus será glorificado! Quando as pessoas são salvas, a graça e a misericórdia de Deus são glorificadas. Quando o pecador não se arrepende, a justiça de Deus é glorificada no castigo do ímpio.

Deus cumprirá seu glorioso plano e enviará missionários por todo o mundo para que as pessoas se submetam ao Rei dos reis e Senhor dos senhores.

B) A CRIAÇÃO DO SER HUMANO

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Page 15: INTRODUCCION A LA MISIONOLOGIAmintsespanol.com/portugues/Missiologia_e_Historia_da... · Web viewPor essa razão, o cristianismo também deve cuidar de não responder a essa realidade,

O ser humano “não caiu” simplesmente dos céus, não se fez a si mesmo, nem evoluiu do mundo animal. Adão e Eva foram feitos por Deus, à sua própria imagem, para representar Deus na terra. Os primeiros missionários que Deus criou foram Adão e Eva.

O homem foi feito missionário por Deus. Não podemos entender o homem se não considerarmos sua origem e seu propósito. O homem foi feito para ser representante de Deus na terra. Há muitas palavras que podem ser usadas para indicar isto: mordomo, senhor, servo, pastor, mensageiro e – porque não? – missionário.

Cada pessoa é um missionário de algo ou de alguém. Por exemplo, um vizinho ao lado da minha casa é mórmon, o outro é batista e outro é judeu. Cada vizinho representa um conceito diferente de Deus bem distinto e antagônico. Cada pessoa e cada cultura têm uma perspectiva cosmológica e manifestam tal perspectiva em suas expressões culturais.

No dia final, no julgamento de cada pessoa e de todos os povos, o Senhor nos julgará segundo nossa fé e ações. Deus nos tem dado uma missão para que a cumpramos. Temos de glorificar a Deus em tudo, seja por meio de dar um vaso de água a outra pessoa no nome de Jesus ou por pregar o Evangelho. “O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” (Mateus 25.40).

O ser humano foi feito pra ser parte do povo do Pacto. Cada pessoa precisa viver em comunidade. Os seres humanos se associam e se fazem membros de grupos que são criados com um propósito comum: familiar, étnico, desportivo, artístico ou social. Neste sentido, a igreja é a comunidade especial que Deus está organizando. A comunidade do pacto de Deus é organizada de acordo com suas promessas e admoestações, suas responsabilidades e privilégios, com uma membresia e uma liderança. No Éden foi criada a comunidade do pacto no início da criação. Os descendentes de Sete, Noé, Abraão e mais adiante, a nação de Israel, foram a comunidade do pacto durante o Antigo Testamento. Jesus nasceu em uma família, mas também chamou seus discípulos para segui-lo. Depois do Pentecostes, a comunidade do pacto ampliou-se mais para incluir aos gentios e foi estendida pela igreja em todas as nações. Os cristãos devem se tornar membros ativos da comunidade de Deus, a igreja.

O homem foi feito à imagem de Deus (Gênesis 1.26). O ser humano não é um anjo nem um animal. O homem tem um propósito especial. A imagem de Deus no homem é tudo aquilo que reflete Deus em seu ser. O ser humano, por ser feito à imagem de Deus, é um ser sagrado. Só Deus lhe de a vida e só Deus pode tirá-la. Disto se deriva que uma parte da missão de Deus é a afirmação do direito de viver.

Mas, o ser humano é mais que vida, e nisso se distingue dos animais criados e com vida. As pessoas são dotadas com faculdades físicas, emocionais, mentais, espirituais e sociais. Portanto, cada dimensão da vida humana deve glorificar a Deus. A ênfase de que só o espírito glorifica a Deus, mutila o homem e reduz o propósito de Deus ao criar o homem. Disto decorre, obviamente, que um foco reduzido do homem desemboca num enfoque reduzido da missão.

Adão e Eva foram criados com vida espiritual. Eles tinham a capacidade de relacionar-se com Deus, adorá-lo, comunicar-se com ele e servi-lo. Eles tinham conhecimento da vontade de Deus por conhecer o mandamento de Deus de como deviam viver. Deus mesmo foi seu pastor e amigo.

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Deus fez a raça humana com dois gêneros: masculino e feminino, “homem e mulher os criou” (Gênesis 1.27). As provas científicas do DNA demonstram claramente que há somente dois gêneros. Nossa missão é afirmar estes gêneros e servir aos homens e mulheres ensinando-lhes e orientando-os a viver como tais para a glória de Deus.9

A criação do homem e da mulher significa a possibilidade para a continuação da raça humana por meio do matrimônio. A formação de famílias implica na formação de uma sociedade que estabiliza a convivência social. Os casados e os solteiros são partes constituintes desta sociedade. Deste modo, Deus fez e estabeleceu as instituições sociais, como a família, o estado e o governo, para proporcionar um ambiente de bem-estar para as pessoas e para a sociedade.

C) A CRIAÇÃO E A SOCIEDADE

Aos seres humanos Deus deu dois mandatos: o mandato cultural e o mandato espiritual. Estes mandatos nos fazer ver como Deus participaria em sua Criação, com suas criaturas e com a formação da cultura humana.

1. O mandato cultural (Gênesis 1.28)

Gênesis 1.28 identifica o plano e o propósito de Deus para a vida social do homem. Aqui, a Bíblia identifica à família como a instituição básica para a sociedade. A partir da família, a sociedade vem a ser edificada por meio da procriação de pessoas e do trabalho e governo da criação. A cultura é e está constituída pela totalidade das ideias, valores, ações, produtos e instituições humanas. A ciência da “antropologia cultural” estuda todas as dimensões humanas em uma sociedade e o ambiente onde as pessoas vivem e atuam.10

Este mandamento é para cada pessoa, cada família, bem como para o trabalho e com implicações para o estado, o governo e todos os sistemas humanos.Visto que Deus é o Criador da cultura humana, Ele deve ser glorificado por meio da cultura. Os cristãos rejeitam o dualismo não bíblico entre o espiritual e o cultural, como se fossem dois campos autônomos. Afirmamos a missão integral de Deus sobre todas as coisas. A cultura humana vem do culto divino. O bem-estar do mandato cultural (Gênesis 1.28) está intimamente relacionado com a obediência ao mandato religioso (Gênesis 2.15-17). Este curso vai explorar esta missão integral de Deus: a relação entre culto e cultura.11

O empreendimento missionário tem contribuído muito para o estudo das culturas humanas. O labor do Instituto Lingüístico de Verano,ou outros tradutores da Bíblia, tinha como objetivo estudar a cultura e os idiomas para traduzir a Bíblia.12 Por meio das agências missionárias e pelo desenvolvimento e compromisso das igrejas nacionais, muitos cristãos contribuem para o desenvolvimento das culturas locais.13

9 Jorge Maldonado,Crisis, pérdidas y consolación en la familia (2002). 10 VéaseVerDocumentos Periódicos de Lausana. Visión Mundial Internacional (1978). Também Stephen

A. Grunlan y Marvin K, Mayers, Antropología cultural(1988).11 Véase Cornelius Hegeman, Cristo santifica la cultura(2017).12 Pablo Deiros, Historia del cristianismo en América Latina(1992), p. 825.13 Louis Luzbetak, The Church and Cultures (1970); Paul Hiebert, Cultural Anthropology (1983);

Charles Kraft, Christianity and Culture (1979); Eugene Nida, Mission and Mission (1975); William Smalley en Practical Anthropology(1976).

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Glorificando a Deus na Cultura. Aurélio Agostinho, em sua defesa do cristianismo durante o século IV dC no Império Romano, identificou “A Cidade de Deus” como a sociedade que tem a meta teocêntrica de amar a Deus sobre tudo e ao próximo como a si mesmo, enquanto “A Cidade dos Homens”, que tem uma meta antropocêntrica, não ama a Deus pois nesta cidade, o homem se ama a si mesmo. Estas duas cidades co-existem no mesmo contexto e tem suas próprias motivações, missionários, ética e missões.

O papel do ser humano na cultura. Visto que a cultura é o produto da capacidade do homem para produzir todos os recursos que lhe permitem viver socialmente, não podemos desconsiderar o papel que a cultura desempenha na formação do homem. O homem é gerador de cultura e a cultura influencia em seu desenvolvimento. Entretanto, nos últimos tempos temos sido testemunhas de como a supervalorização da cultura tem nos levado ao reducionismo de ver o homem como um simples produto da cultura. Finalmente, o que o homem pensa, seus conceitos, seus valores, etc., são de alguma forma determinado pela cultura. A esse fenômeno, chamamos de Determinismo Cultural. O determinismo cultural trata de controlar às pessoas dentro de certa cultura, definindo o que elas são, o que pensam, o que sentem e o que fazem.

Mas, Deus o Criador da cultura, do ser humano e do mordomo da cultura, é maior que a cultura. A perspectiva cristão quanto à cultura é que as pessoas têm mordomia sobre a cultura e a desenvolvem segundo os princípios do santo reino de Deus, para a glória de Deus e para o bem-estar de todos os integrantes da sociedade. Isso não significa que os cristãos devem ser a força dominante da sociedade.

O cristão vive segundo os princípios do reino de Deus, seja como cidadão, como líder ou como uma pessoa com necessidades. Historicamente, os cristãos são a minoria na sociedade. Isso foi o caso de Jesus Cristo e seus discípulos. Qual foi a resposta de Jesus frente à sociedade? “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Mateus 22.21). Temos de ser responsáveis diante de Deus e responsável diante dos homens. Assim cumprimos a Regra de Ouro: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

A Família é a instituição mais básica para a humanidade. As atividades do mandato que Deus dá à família são duas: multiplicar-se e prover. Por meio da família todos temos nossa origem e desenvolvimento. Sem a família humana não há continuidade humana. Por isso é fundamental para o bem-estar da família ter relações familiares sãs segundo a ética bíblica. As noções atuais de “novos modelos de família” contradizem todo o mandato de Deus para a família. As famílias homossexuais ou polissexuais são disfuncionais, pois não multiplicam naturalmente a espécie humana e menos ainda prover relações sãs para a realização das pessoas como glorificadoras de Deus.

A família é a comunidade mais básica para a extensão do Reino. Onde há igrejas, há famílias, há o batismo ou a dedicação de crianças; a juventude e os adultos são educados em conhecimento bíblico, há casamentos, aconselhamento, celebrações familiares e os funerais.

O trabalho. O trabalho é essencial à atividade produtora do ser humano. Deus nos dá a habilidade e a oportunidade para trabalhar. Nas missões, às vezes é necessário apoiar financeiramente a alguém ou atender a um grupo de pessoas para que desempenhem seu trabalho, mas normalmente é o crente que usa o trabalho e o que este produz para apoiar as missões ou realizá-las. Na obra missionária os crentes são motivados a se sacrificarem e oferecer seu serviço a outros em nome do Senhor.

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Governo. O governo no Éden foi uma teocracia representativa,14 pois Deus deu Sua Lei a seu representante, Adão e lhe concedeu a faculdade de “assenhorear-se” de toda a criação com autoridade delegada (sendo mordomo). O conceito cristão de governo está resumido em Romanos 13. O governo existe para proteger os cidadãos, promover o bem estar social e glorificar a Deus. Os sistemas de governo mudam com a cultura e com a história: há sistemas patriarcais, sistemas militares, sistemas democráticos, para mencionar apenas alguns. Entretanto, o propósito do governo não muda: é definido e dado por Deus (Romanos 13.1).

2. O mandato religioso

Gênesis 1.28 dá um resumo do mandato cultura e Gênesis 2.15-17 nos dá instruções especificamente sobre a relação de Deus com seu povo.

Religião. O termo religião não é muito usado no Novo Testamento. Em Gênesis 2.15-17, Deus não se dedica a estabelecer um sistema religioso. Ele estabelece a essência da verdadeira religão. Não há menção de uma liturgia religiosa, cerimônias, ritos ou quaisquer outras atividades religiosas, mas somente um mandato (não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal) um símbolo do pacto (a árvore) e um representante-líder religioso (Adão).

A verdadeira religião mantém as características estabelecidas no Éden. A Palavra de Deus é ouvida; celebra-se o culto em privado e como congregação; praticam-se as ordenanças do pacto e o povo se submete à liderança bíblica e fiel.15

Há um progresso no desenvolvimento da religião verdadeira que atravessa o Antigo e o Novo Testamento. Por exemplo, os mandatos de Deus foram colocados em linguagem escrita no que conhecemos como as Escrituras. Os sacramentos ou ordenanças no Antigo Testamento foram expressos pelo simbolismo do Pacto, com a circuncisão e os sacrifícios, que finalmente foram cumpridos no sacrifício vivo de Jesus sobre a cruz do Calvário. A igreja protestante comemora e celebra esses símbolos do pacto com o batismo com água e com a ceia do Senhor.

A religião falsa. A verdadeira religião é visível por sua resposta fiel à Palavra de Deus, enquanto a falsa religião se identifica por não ser fiel à palavra de Deus.16

I. A ANTÍTESE: A QUEDA

Por causa da queda, há uma forca antitética no mundo. Esta força procura destruir ao Senhor, às pessoas, à sociedade e à criação. A maneira como o mal procura enganar e deter a missão de Deus é pela mentira, ou seja, por tudo que não é a verdade.17

14 Na igreja o governo funciona como uma teocracia representativa. Deus nos deu a Bíblia e os líderes são responsáveis por expressar e representar a vontade de Deus à congregação por meio da pregação/ensino e pelo companheirismo/disciplina.15 A Confissão Belga fala da igreja verdadeira e falsa. A igreja verdadeira prega a Palavra de Deus, celebra os sacramentos segundo a Palavra e exerce uma disciplina(Art. 27-29). As três dimensões da religião verdadeira são um bom paradigma que pode servir para a plantação de igrejas. Deve haver evangelização/pregação/ensino da Palavra de Deus; deve-se estabelecer as ordenanças da comunidade do pacto: o batismo e a ceia do Senhor; e por fim, os líderes da igreja devem ser treinados e confirmados para guiar a igreja e plantar outras igrejas.16 Os teólogos e as igrejas cristãs liberais são conhecidos por não se submeterem à Palavra de Deus.17 Jesus identifica a antítese em João 8.44.

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A) UM PSEUDO-DEUS

Um pseudo-deus se comunica de uma forma anti-bíblica. Nem todos os deuses são Deus. Devemos ter um padrão objetivo para determinar quem é o Deus verdadeiro. Esta preciosa revelação de Deus é dada na Bíblia, a Palavra de Deus escrita. Por isso, Satanás quis negar a autoridade da Palavra de Deus, quando disse: “...Foi isto mesmo que Deus disse...” (Gênesis 3.1, NVI).

Os missionários são chamados a traduzir as Escrituras. Para isso o tradutor deve ser crítico quando ao uso da linguagem e do entendimento da cultura e do contexto bíblico. Assim, como ele mesmo deve examinar-se á luz do que a Palavra escrita significa. No entanto, a revelação da Bíblia deve ser afirmada e mantida no processo de tradução e transmissão. A Bíblia foi escrita em duas línguas principais: o hebraico e o grego. Ambos os idiomas estão “mortos”. Não se fala estas línguas hoje em dia.

As Escrituras foram estabelecidas no marco da história humana e o conteúdo da Bíblia deve ser transmitido de uma geração à outra. Por isso, é preciso que temos de fazer todo esforço possível para cumprir o objetivo de levar a Palavra de Deus ao idioma comum das pessoas comuns em qualquer povo ou etnia.

Um pseudo-deus distorce a verdade. Satanás apresentou Deus como um mentiroso. “É certo que não morrereis” (Gênesis 3.4). Como consequência de enganar aos primeiros seres humanos com esta mentira, foi uma barreira levantada entre Deus e suas criaturas.

As distorções da verdade continuam hoje em dia como instrumento anti-missionário. Por exemplo, o candidato à presidência do EUA, John Kerry (2008), tentou convencer aos eleitores que Deus havia feito os homossexuais como homossexuais, ao afirmar que “simplesmente, eles vivem da forma como Deus os criou”.

Qual será a conclusão óbvia de tal afirmação? Que Deus é responsável pela condição dos homossexuais. Já que, segundo a linha dessa argumentação, não é certo que Deus pensar que Deus tenha feito somente o homem e a mulher. Segundo estes pensamentos, Deus fez homem, mulher, mulher-homem, homem-mulher, etc., etc. Inevitavelmente o argumento deriva ou termina em aferrar-se à ideia de que não somo culpados de nossa condição e de nossas ações morais, pois Deus no fez assim! A culpa é de Deus. Não é isso semelhante ao que Adão disse a Deus sobre Eva? “A mulher que tu me deste!” (Gênesis 3.12).

Um pseudo-deus nega as pessoas da Trindade. Os conceitos associados com o pseudo-deus negam a soberania de Deus o Pai, a eternidade e a redenção de Cristo e a personalidade e a santidade do Espírito Santo.

Se Deus é soberano, os pseudo-deuses não o são. É uma contradição crer em dois ou mais entidades soberanas. O ecumenismo liberal, o relativismo e especialmente o hinduísmo crêem na existência de muitos deuses. Isso se chama politeísmo. Os mórmons são politeístas quando pensam que eles mesmos chegarão a ser deuses. Os ecumênicos liberais reconhecem aos deuses dos animistas e espíritas (manifestados em religiões populares e ancestrais) e dos deuses das religiões mundiais. Entretanto, Jesus representam ao Deus verdadeiro como Pai, Filho e Espírito Santo (Mateus 28.19-20). Um Deus em três pessoas.

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A missiologia bíblica não é centrada no homem (usamos também o termo técnico antropocêntrico). Os cristãos bíblicos rejeitam o clamor absolutistas de todos os ismos.

Por exemplo, tomemos o evolucionismo. A doutrina da evolução torna Deus semelhante a um animal. Para os evolucionistas, o homem evoluiu do mundo animal. Seguindo a linha de raciocínio deste argumento, sendo que Jesus Cristo, o segundo Adão, foi encarnado como homem, ele viria a assumir a herança animal. Isso é monismo: 18uma perfeita combinação de Deus, homem e animal.

Concluindo, os pseudo-deuses não glorificam a Deus como Deus, mas o vêem como uma criatura especial, ou um anjo, ou um homem, ou mesmo um animal. Nunca reconhecem a Deus como o Deus que se revelou.

Um pseudo-deus não glorifica ao Deus verdadeiro. A missiologia bíblica começa com o Deus verdadeiro que está acima de todas coisas e que tem um plano para transformar toda a criação afetada pela queda para sua glória. Este Deus é Triúno, Eterno, se revela, é Soberano, Criador e Onipresente. Se há uma discordância com esses princípios teológicos não podemos está na mesma missão. A missão de Deus não avança por meio das contradições e dos pecados humanos, mas ao contrário, pela obra de Deus manifestada em nós para a obediência fiel ao Espírito e a Palavra de Deus por meio do Corpo de Cristo e para a glória do Deus verdadeiro.

A intenção do movimento ecumênico de reconhecer as religiões do mundo e colaborar nas missões é uma contradição. Por isso, é melhor ouvir o que João disse: “Filhinhos, apartai-vos dos ídolos (instituições, organizações: 1 João 5.4, 21).

B) O HOMEM REBELDE

O homem rebelde é um missionário. Em seu ministério terreno, Jesus nos viu como representantes de algo e de alguém. Somos de Deus, o Pai ou Satanás é nosso pai (João 8.44). Não há uma categoria neutra ou intermediária no campo missionário. A existência do pecado humano e a rebeldia satânica, tem dividido a raça humana em duas linhagens: uma linhagem que é fiel a Deus e a outra que está em desacordo com Satanás. Estas linhagens são identificadas em Gênesis 3.15.19

O missionário representa a alguém. O discípulo Pedro aprendeu esta lição quando confessou a verdade sobre a identidade de Cristo; e Jesus lhe disse que o que ele afirmou foi revelado pelo Pai. No momento seguinte, ele nega que Cristo deve morrer e Jesus lhe disse que o que ele afirmou foi inspirado por Satanás (Mateus 16.16). Pedro foi agente de Deus em um momento, e agente de Satanás em outro.18 ‘Mono’ significa ‘uno.’ El monismo afirma que todo es uno y uno es todo.19 Há dois tipos de missionários como há dois tipos de pessoas. Há os que são regenerados pela fé em Cristo. Há os que não são regenerados. Paulo fala do homem natural e do homem espiritual. O homem natural vive segundo sua natureza humana. Esta natureza é pecaminosa e logicamente produz frutos pecaminosos (Romanos 3.10-23). A semente da mulher consiste nos que crêem e vivem pela fé em Cristo Jesus (Gálatas 3.16). A semente de Satanás representa os que seguem ao diabo (João 8.44). Jesus nos mostra que um crente pode ser influenciado por Satanás (Mateus 16.23). O crente como missionário de Deus, nem sempre é fiel (por exemplo, Jonas e Pedro). No entanto, os missionários crentes não fiéis não formam outra categoria, mas negam sua identidade. Paulo classifica os crentes de fiéis e não fiéis, como santos. Ele identifica o crente segundo sua nova identidade em Cristo. Nisto cabe uma pergunta importante: essas pessoas não-regeneradas podem fazer o bem? A resposta é sim. O jovem rico fez o bem em obedecer a lei de Deus. Entretanto, sua bondade não é intrínseca (fez o bem por ser bom), ao contrário, sua bondade é imputada (fez o bem por obedecer a uma lei boa).

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A cultura secular humanista não reconhece facilmente a influência de Satanás. Por exemplo, ainda que os Testemunhas de Jeová falem de Cristo, quando a deidade de Cristo é negada pelos missionários das Testemunhas de Jeová, tal negação é satânica.

O cristianismo deve cuidar para não ser influenciado pelos enganos de Satanás. Todas as mentiras vêm dele, porque ele é o pai das mentiras. Assim temos de reconhecer que toda a vida é religiosa. Por essa razão, o cristianismo também deve cuidar de não responder a essa realidade, de sagrado e não sagrado, de maneira pecaminosa.

O diabo não trabalha só. Ele opera por meio de pessoas pecadoras e por meio de sistemas humanos pecaminosos. Apocalipse 12-18 nos mostram o cenário do governo, da religião e da cultura anti-cristã. O testemunho simples dos cristãos causa a ira e a rejeição dos governos, dos militares, das instituições sociais e das religiões mundanas.

A esperança escatológica dos cristãos é que “ao nome de Jesus se dobrarão todos os joelhos dos que estão em cima nos céus, e na terra, e embaixo da terra”. Esses joelhos, entretanto, não se dobrarão até que os homens rebeldes tenham procurado erradicar ao Evangelho debaixo de seus pés e tenham tentado escapar da vista de Deus.

C) AS INSTITUIÇÕES HUMANAS REBELDES

As instituições humanas como a organização de pessoas, da família, do trabalho e do governo, foram feitas para serem agências de Deus para a extensão de sua missão. Por causa do pecado estas mesmas instituições se convertem em instrumentos e expressão da rebeldia humana.

A Família rebelde. A família pode ser um campo de batalha. Todos temos constatado que quando há novos convertidos estes são rejeitados por suas próprias famílias. Em outros casos, ao contrário, a família chega aos pés do Senhor Jesus Cristo.

A família sempre tem de enfrentar muitos desafios: o aborto, o abuso infantil, a rebeldia infantil, a fornicação, a separação, o divórcio, o abuso legal, o abuso social, a violência familiar, o suicídio, e muitos outros desastres que ocorrem na família humana. A missão da igreja é responder adequadamente com programas de prevenção (pregação e orientação) esforços de cura (aconselhamento, disciplina) e restauração.

O empregador e o empregado rebeldes. Deus nos tem dado os recursos e os talentos para trabalhar e para contribuir para a família, para a sociedade, para a igreja e para si mesmo. Ainda que pareça o contrário, há suficiente trabalho no mundo para cada pessoa. O desemprego e os abusos laborais não são simplesmente por culpa dos trabalhadores, mas dos empregadores que manipulam seus empregados e o mercado de trabalho. Os abusos devem ser denunciados. Sempre será necessário que melhores alternativas sejam implementadas e as vítimas da exploração laboral, atendidas. (Tiago 2.1-3).

O governo rebelde. Os governos existem para proteger e promover o bem e castigar o mau (Romanos 13.1-4). Não precisa ser cientista ou político para ver que o oposto é o mais comum. O desafio dos cristãos, segundo o apóstolo Pedro, que viveu sob a perseguição do Imperador Nero, é ser um cidadão e uma pessoa com dignidade e respeito para com as autoridades (Romanos 13.10-21).

A cultura rebelde. A cultura do homem está determinada pelos valores que orientam sua vida. O missionário deve fazer os esforços necessários para entender os

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valores e as estruturas da cultura. O missionário, com a mensagem do Evangelho, entra na cultura para transformar os membros participantes dessa cultura.

Um dos testemunhos mais impressionantes sobre o poder do Evangelho em seu conflito com a cultura é o caso do martírio de 5 missionários que em 1956 trataram de evangelizar os índios Huaoranies20na Amazônia equatoriana. Vários índios mataram os missionários, mas com o tempo estes foram convertidos depois de receber a mensagem de paz e reconciliação da parte de outros missionários. Alguns dos filhos dos missionários martirizados foram batizados pelos Huaoranies convertidos. Estes Huaoranies foram convertidos e por fim sua cultura de violência também.21

Mas, uma coisa é falar destas culturas e ver a mudança quando encontram o Evangelho de Jesus Cristo pela primeira vez. Entretanto, o que podemos dizer sobre as culturas modernas que foram evangelizadas desde os primeiro séculos depois de Cristo? Bem, estas igrejas cristãs localizadas na Europa e América do Norte estão perdendo seus testemunhos e missão, e por isso mesmo estão cada vez menos freqüentadas. O território que anteriormente foi cristão e testemunho vivo do poder de Deus, hoje é um campo missionário.

D) A RELIGIÃO REBELDE

A religião rebelde. A religião não-rebelde se submete ao Deus verdadeiro pela fé na Palavra de Deus. Tal religião não está fundada nos poderes angélicos, nem nas filosofias humanas, nem nas forças da natureza, é antes, uma religião capacitada pelo Espírito Santo para seguir ao Messias e para glorificar ao Pai.

A comunidade do Pacto existe desde Adão e Eva. Quando esta comunidade foi capacitada pelo Espírito santo a ser internacional e universal, surgiu um conflito dentro da comunidade onde nasceu a igreja. Depois do ano 70dC, quando o templo de Jerusalém foi destruído, produziu-se uma ruptura completa entre o judaísmo e o cristianismo.

Uma breve revisão da árvore cronológica das religiões do mundo mostra que o cristianismo, o islamismo e o judaísmo provêm do mesmo tronco: Abraão. É claro que cada uma destas religiões tem uma perspectiva diferente quando à sua fé. As religiões orientais (por exemplo, o hinduísmo, budismo) precedem ao cristianismo e vêm de conceitos animistas, naturalistas e/ou politeístas.

O cristianismo bíblico exige que todos os aderentes de outras religiões renunciem sua religião e sua filiação ao deus ou deuses destas religiões, e deve se achegar ao Pai verdadeiro por meio da fé em Cristo Jesus e pelo poder do Espírito Santo (João 14.6). Também devem ser batizados em nome do Deus Trino, se tornar membros da igreja cristã que prega e pratica o Evangelho Cristão segundo a Palavra de Deus (Mateus 28.19-20; Apocalipse 1.9).

Há um movimento missionário que afirma que um convertido ao cristianismo pode permanecer em sua religião anterior e agir como um “cristão escondido”. Por

20 Usamos aquí o termo Huaoranies, pois é o nome da etnia. Em 1956, o termo corrente para nomeá-los era “Aucas, nome dado pelos colonos e pelo imaginário social. No registro que os missionários fizeram também se usa este nome.21Neste caso o autor faz referência à conversão de um grupo do meio dos Huaoranies, famílias inteiras foram mudadas pelo poder do Evangelho e o efeito disso foi que sua cultura violenta mudou.Entretanto, toda não foi toda a etnia que se converteu ao Evangelho.

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exemplo, visto que os novos convertidos entre os mulçumanos muitas vezes são perseguidos por seus familiares e pelas autoridades da comunidade, os missionários consideram que é melhor não professar sua fé publicamente para não ser perseguido. Outra razão dada para ser um “cristão escondido” é para permanecer com a sua família a fim de evangelizá-la. O problema em ser um “cristão escondido” é que isso não é o exemplo dos patriarcas e profetas do Antigo Testamento, nem de Jesus, nem de seus discípulos e apóstolos do Novo Testamento. É uma maneira de escapar de levar a cruz e evitar o martírio. Onze dos dozes apóstolos foram martirizados. Será que estavam equivocados? Será que há uma maneira melhor de fazer missões?

Cristianismo rebelde. Também dentro do cristianismo temos de distinguir entre o cristianismo verdadeiro e o cristianismo falso.

Segundo o Congresso Mundial para o Evangelismo, realizado em Edimburgo em 1910, a América do Sul havia sido evangelizada pela Igreja Católica Romana. Por essa razão tomou-se a decisão (por ser mais importante) de enviar missionários ao Oriente, a lugares como a China, a Ásia, pois segundo este entendimento o cristianismo não havia chegado lá ainda. Entretanto, os líderes nacionais e missionários evangélicos e protestantes que já estavam trabalhando na América do Sul não concordaram com as conclusões deste Congresso e muito menos com suas decisões missionárias; em resposta formaram sua própria Conferência Ecumênica para promover as missões na América Latina. Por isso se realizou o Congresso do Panamá em 1916.

A ênfase do USA Center for World Missions (Centro Americano para Missão Mundial),22 sob a liderança de Ralph Winter, tem uma perspectiva semelhante à de Edimburgo de 1910 em sua estratégia de alcançar os não-evangelizados. Dentro da definição que eles desenvolvem dos “cristãos” estão as igrejas: Católica Romana, Ortodoxa, Anglicana, Protestantes e Independentes.

Considerar com “alcançadas” aquelas pessoas e igrejas que muitos dos evangélicos e protestantes não consideram “alcançados”; e pensar que tais igrejas vão contribuir com a evangelização do mundo não é um cálculo apoiado pelas Escrituras, nem pela história da Igreja e menos ainda por uma missiologia bíblica. Por exemplo: que contribuição tem feito nas iniciativas para o evangelismo, os programas do Conselho Mundial de Igrejas? Não é certo que a Igreja Católica Romana estámais perdendo que ganhando membros?23 Que papel a Igreja Católica Romana desempenha na evangelização do mundo? Se os membros da Igreja Católica Romana são considerados alcançados pelo Evangelho, o que acontece com os “mórmons convertidos”? As estatísticas do evangelismo mundial mudariam drasticamente se mudar as definições de quem é cristão e do que é uma igreja cristã.

III. A SÍNTESE: A RESTAURAÇÃO

A restauração em Cristo manifesta-se em quatro relações principais da vida: a relação entre Deus e a pessoa; a relação que um pessoa tem consigo mesma; as relações sociais, e por fim, a relação entre a pessoa e o mundo.

22 Una institución misionera dedicada a evangelizar a los pueblos no-alcanzados. Localizado en Pasadena, California.

23 Harvey Hoekstra, The World Council of Churches and the Demise of Evangelism (1979).

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O plano da missão de Deus para estender seu reino está claramente descrito na conhecida “Grande Comissão”.

A) A RESTAURAÇÃO COM DEUS

A restauração da adoração verdadeira. Os discípulos adoraram a Jesus depois da ressurreição (Mateus 28.17). Esta adoração não veio por causa da influencia da tradição e nem da pressão cultural, mas sim porque um por um dos discípulos originais reconheceram que Jesus é Deus e o adoraram. A adoração a Deus por meio de Jesus é o que distingue os cristãos (Filipenses 2.10-11). Os cristãos adoram a Deus Pai, Filho, e Espírito Santo e chamam outros para fazer o mesmo (Mateus 28.19-20).

A restauração da vocação. A posição que o crente tem com Deus, o Pai pela fé em Jesus Cristo e pelo poder do Espírito é descrito como “assentado nos lugares celestiais” (Colossenses 3.1). Como Cristo reina do seu trono celestial, os crentes são os seus mensageiros (profetas), Seus conselheiros e intercessores (sacerdotes) e Seus servos-reis (reis). Martinho Lutero “redescobriu” na Reforma Protestante o sacerdócio de todos os crentes, o que inclui os crentes, e não só a ordem clerical ou os líderes da igreja, como profetas sacerdotes e reis. Os reformadores desenvolveram esta visão de acordo com a vocação que Deus dá a cada crente, seja líder ou membro da igreja.24 A vocação de ser mãe cristã (1 Timóteo 2.15) e tão importante como ser pastor, ancião ou diácono (1 Timóteo 3). Sem mães, como poderiam vir ao mundo, seriam criados e se desenvolveriam os líderes da igreja? A vocação de Maria, mãe de Jesus, era tão importante e utilitária como a vocação de Pedro como discípulo e apóstolo de Jesus.

B) RESTAURAÇÃO PESSOAL

A restauração começa com o Evangelismo. O Senhor comissionou seus discípulos para pregar o Evangelho a cada criatura (Marcos 16.15). Cada pessoa seja criança, jovem, adulto ou ancião; sem importar sua cultura, nacionalidade, raça, sexo ou religião, é um sujeito da pregação e prática do Evangelho. A evangelização é para alcançar a todas as pessoas do mundo. Isso nos torna globais em termos espirituais.

A restauração nas relações humanas é expressa no discipulado. Os discípulos foram comissionados para fazer outros discípulos (Mateus 28.19). O cristão descobre seu propósito na sua vida e em sua igreja ao obedecer ao Grande Mandamento (amar) e à Grande Comissão (discipulado). Os pais discipulam seus filhos; os filhos discipulam a seus amiguinhos; os empregados discipulam outros empregados; os professores discipulam seus estudantes etc. O discipulado define a relação que o cristão tem com “o outro”.

O discipulado nos conduz à formação da igreja. A visão comum para servir ao Senhor juntos nos leva ao companheirismo cristão, a matrimônios e famílias cristãs, a trabalhar e servir para a glória de Deus e a ser membro e líder na igreja cristã.

Os valores pessoais são avaliados em termos da eternidade. O cristão tem uma perspectiva que começa na terra e termina nos céus. Este equilíbrio entre “o agora e o ainda não” é demonstrado por Cristo na cruz, na ressurreição, na ascensão, no reinado 24Catecismo de Heidelberg, Dia del Senhor 12.

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dele, na sua segunda vinda e na consumação. Cristo morreu na história humana. Jesus ressuscita para iniciar uma nova criação e nos tornar novas criaturas. Ele é o primogênito da nova criação, o primeiro fruto da vida eterna e a única esperança para a restauração das pessoas. O Senhor ressuscitado reina do céu sobre a igreja e é soberano sobre toda a história e sobre toda pessoa. Os seres humanos ressuscitarão em corpo e alma, alguns para o castigo eterno e outras para serem abençoadas para sempre. A meta final para os filhos de Deus é está com seu Deus na Nova Jerusalém no Novo Éden. A história humana que começou com o primeiro Éden, termina no novo.

C) A RESTAURAÇÃO NA SOCIEDADE

Deus está alcançando as nações de uma maneira muito especial. A Grande Comissão nos envia a evangelizar, pregar e ser testemunhas de Cristo entre todas as nações. A história da igreja mostra que os cristãos tem confundido a evangelização das nações com o imperialismo mercantil, politico e cultural. Apesar dessas distorções, o reino de Deus continua avançando, a igreja continua crescendo em todas as nações e Deus sendo glorificado em cada área da vida.

A Igreja é uma sociedade dentro da sociedade. A igreja é um modelo para a sociedade em geral. No contexto da igreja há a orientação, a afirmação, a reconciliação e a restauração para todas as relações e instituições da sociedade. A igreja verdadeira deve ser o micromodelo de Deus para a sociedade agora e o modelo da sociedade para o novo Éden.

As sociedades missionárias. Quando a igreja institucional não é fiel à missão de Deus, o Senhor levanta as “sociedades” especiais para cumprir Sua missão. O papel dos monastérios medievais, das igrejas protestantes no século XVI, das sociedades missionárias dos Séculos XVIII-XIX, das agencias para-eclesiásticas no século XX e agora das igrejas populares, mostram a soberania de Deus em levantar obreiros e grupos de servos para a extensão do reino.25

Restauração da família. A formação de lares cristãos começa com matrimônios cristãos e pais cristãos. Um dos presentes mais valiosos que os pais cristãos podem dar ao mundo é um lar estável e filhos que amam a Cristo. O mandato cultural (Gênesis 1.28) é cumprido na família humana dos cristãos. Agora, a relação entre a família humana e a família de Deus é que os membros da família humana devem nascer de novo, ser adotados e entrar no pacto com a família de Deus. O batismo ou dedicação dos filhos dos crentes, bem como o batismo e a profissão de fé dos adultos crentes, são os atos visíveis da entrada dos membros na família de Deus. A restauração da família, aqui na terra e antes da consumação, se vê quando os membros da família são reconciliados com Deus, com os membros da família e com outros membros da família de Deus.Podemos ver a restauração da família humana quando estão em plena comunhão na igreja e estão servindo ao seu Senhor. Um exemplo muito conhecido é quando Jesus foi pergunta sobre sua família humana. “...Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem ver-te. Ele porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam” (Lucas 8.20-21).

25 Ralph Winter concorda com o conceito de que as sociedades missionarias nas igrejas são necessárias para a extensão do reino de Deus: “modalidade igreja institucional” e “modalidade sociedade missionária”. Ralph Winter, “Las dos estructuras en la misión redentora de Dios,” Misión Mundial. Tomo II (1990), pp. 38-54.

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Restauração da Educação. Há milhares de colégios cristãos e mais de 500 universidades e “Bible Colleges” (Institutos de Bíblia de nível universitário) nos Estados unidos e Canadá. Os cristãos, também, são ativos e testificam de Cristo nas escolas públicas.

Vejamos um exemplo no testemunho de Rachel Scout que mostra o poder de Deus na restauração. Em Abril de 1999, dois estudantes mataram 13 estudantes na escola secundária de Columbine, Colorado. Uma estudante foi ferida em seu pé e quando um dos assassinos lhe perguntou se ela cria em Deus, ela disse: “você sabe que sim”. No mesmo instante ela foi morta a sangue frio. Que missionária! Os cristãos nas instituições educativas devem está dispostos a serem hostilizados e até mortos por sua fé. A restauração da educação vem por meio do testemunho de Cristo conforme a Palavra de Deus.

Restauração do trabalho. Este ponto de faz recordar de John Wybinga. Quando John era um menino de 12 anos em seu povoado holandês, ele era parte de uma família muito pobre. Quando diácono da igreja foi visitar a família dele para ver se necessitavam de comida, o pai de John disse ao diácono que era também seu patrão: “Não preciso de sua caridade. Preciso sim, de um melhor salário para sustentar minha família”. John me contou esta história ao se aposentar depois de muitos anos de trabalhos difíceis, enquanto ao mesmo tempo se dedicou em tempo completo na obra voluntária entre os imigrantes haitianos na República Dominicana. O trabalho é para servir ao Senhor provendo para a família, para edificar a sociedade e para atender aos órfãos e às viúvas (Tiago 1.26-27).

Restauração do governo. Os cristãos envolvidos nos governos nacionais por todo o mundo e como cidadãos devem ser responsáveis e trabalhar o mais responsavelmente possível. Muitos governos reconhecem a importância da liderança e participação cristã na sociedade. Ainda que também haja péssimos exemplos de crentes em sua participação política, não devemos negar que o crente é chamado a participar ativamente na vida pública para ser testemunho precisamente da restauração do governo que Deus realiza por meio de seus filhos.

Restauração da Cultura. A igreja tem preservado e promovido a melhor expressão da cultura no mundo. Apesar de todos os problemas da era medieval, a arte e a literatura cristã brilharam e têm sido preservadas. Quando a sociedade procura se desfazer da cultura cristã fica um vazio e a cultura tende mais e mais à degeneração. Canadá, Espanha, França, Holanda, os EUA e outras nações têm rejeitado a ética social cristã como podemos ver claramente na aprovação do aborto, dos direitos especiais para homossexuais, a liberdade pornográfica e a eutanásia. Apocalipse fala da Grande Babilônia, a cidade e a cultura caída. De fato, não é nenhuma surpresa para os filhos de Deus que a cultura humana caiu, está caída e por fim será destruída. Entretanto, há uma cultura santificada por Deus e que glorifica a Deus e edifica ao ser humano.26 Esta cultura tem permanência, é transcultural e não só sobrevive, mas também tem significado eterno.

A restauração final: “já e ainda não”. Para completar a restauração é necessário que venha a consumação final. Há muitas dimensões da restauração que ainda estão incompletas. Por exemplo, isto me faz recordar de Franklin Medrano, um homem inválido desde a sua infância; de minha mãe, uma viúva; de Gus Bremen, que está morrendo de câncer; da nação do Haiti, que nunca chegou a seu potencial; e de um montão de coisas mais que somente pode ser cumprida na consumação final.

26 Hegeman, Cristo santifica la cultura (2017).

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IV. META FINAL: CONSUMAÇÃO

A escatologia fala das últimas coisas: da vida futura, da morte, do céu, do inferno, do estado intermediário, da ressurreição e do estado final.

A missão de Deus tem uma dimensão escatológica evangélica. Antes da ascensão de Jesus os discípulos lhe perguntaram se Ele ia restaurar o reino de Israel. Muitos teólogos ainda estão se perguntando com muita preocupação a respeito à restauração da nação de Israel antes da segunda vinda de Jesus. A resposta de Jesus teve outra perspectiva. O Evangelho ia ser pregado em Jerusalém e por todo o mundo. A escatologia de Jesus é evangélica, sua prioridade e seu foco é a evangelização das nações de todo o mundo.

A escatologia inclui o céu e o inferno. Há um céu e um inferno que são reais. Esta realidade em si, deve ser uma motivação para que os missionários procurem resgatar as pessoas que estão no caminho da eternidade sem Cristo. Ninguém entra no céu por está assustado com o inferno. A única maneira de entrar no céu é pela FÉ em Cristo e não pelo TEMOR do inferno. Entretanto, a realidade do inferno deve ser anunciada. Jesus falou muito sobre o inferno e a Grande Comissão fala da condenação do inferno (Marcos 16.16).

A criação, a queda e a restauração são necessárias para ter um novo céu e uma nova terra. Por que Deus fez o mundo quando sabia que Adão e Eva iriam pecar? A resposta está em Apocalipse 21 e 22. Não havia outra maneira de fazer um novo céu e uma nova terra, sem passar pela história da redenção. Você o haveria feito de maneira diferente?

Há uma continuidade e uma descontinuidade nos novos céus e na nova terra. O Senhor ensina e nos mostra como é a ressurreição pessoal. A Escritura revela que haverá uma continuidade de alma e corpo em uma só pessoa. Estaremos plenos e glorificados, e obviamente as pessoas serão capacitadas para viver neste contexto diferente. O Senhor ensina que as relações entre familiares serão diferentes, sendo que não haverá mais necessidade para a procriação e provisão para a família. Ainda que tais funções familiares sejam mudadas, o fato de que seus pais, filhos e esposa(o) estarão no céu mostra uma certa continuidade.

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CONCLUSÃO

A missão de Deus é uma em essência e propósito, desde a eternidade, iniciada na criação, passando pela queda, pela restauração, até chegar à consumação. A missão de Deus é inteligível e visível no poder transformador do Evangelho de Cristo. A missão se estenderá a cada parte da cosmovisão de cada pessoa e de cada cultura. É uma missão Cristocêntrica, integral e eterna. Como Abraão podemos dizer: “porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hebreus 11.10).

PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A LIÇÃO 1

1. Onde se encontra nosso campo missionário, na igreja ou no mundo?

2. Uma pessoa não crente pode entender a relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo?

3. Por que é necessário que o Salvador seja eterno?

4. Em que sentido o ser humano é um missionário?

5. O que é a cultura?

6. O que é o mandato cultural?

7. Qual é a diferença entre a “cidade de Deus” e a “cidade do homem”?

8. Quais são as relações básicas na vida humana?

9. Que importância tem estas relações na missão integral?

10. Em que sentido a nossa missão é horizontal e vertical?

11. Que importância tem o conceito de ser governado pela Lei?

12. O que é o mandato religioso? Que importância tem o fato de que Deus nos governa por mandatos?

13. Em que sentido o homem é um missionário rebelde?

14. Qual é o padrão para medir a nossa restauração?

15. De que maneira a igreja é uma micro sociedade?

16. A sociedade missionária é necessária dentro da igreja?

17. Em resumo, como se relaciona a criação, queda, restauração e consumação com a missão de Deus?

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LIÇÃO 2

A MISSIOLOGIA DEFINIDA

1. INTRODUÇÃO

Qual é sua missão? Qual é sua definição de missões?

Se você perguntar a diferentes pessoas sobre sua definição de missões receberá várias respostas, cada uma delas dependendo da denominação à qual pertence a pessoa. Um católico romano dirá: “minha definição depende da definição de minha igreja.” Um protestante também dirá a definição de sua igreja, que será diferente do católico. O evangélico falaria da prioridade da evangelização e de conhecer a Cristo. Qual seria sua definição de missões? Em que missão você está envolvido?

II. DEFINIÇÃO DE TERMOS

Como se define as “missões”?

É melhor dizer “missiologia” ou “missionologia”? Ambas as palavras podem ser usadas se sua definição é o estudo sobre a missão de Deus. A diferença entre os dois termos é: 1) missio se refere à “missio dei” ou a missão de Deus, que é a essência da missão, 2) enquanto “missões” se refere às atividades associadas com as atividades humanas na missão de Deus. Neste texto uso e prefiro o termo missiologia.27

Missio, em latim, é enviar; Vem do grego, apostello. Logia vem do grego logos que se refere ao conhecimento ou a ciência.28

Missio Dei é a missão de Deus em sua totalidade. O Pai envia ao Filho. O Pai junto com o Filho envia o Espírito Santo. O Espírito Santo chama e enviar os servos e à igreja para fazer sua obra no mundo.29

Missão e missões. Há uma só missão de Deus (missio Dei) e muitas missões. Esta missão se expressa em “missões” focadas nas quatro relações básicas da vida. De forma que, aqui vemos um paralelismo entre a realidade humana, as distorções humanas, os dons espirituais, as missões e os ministérios.

Os missionários são servos enviados por Deus, por meio da igreja, para cumprir uma tarefa especial na extensão do Reino de Deus. Assim como ocorre com o termo “missões”, a Bíblia não fala de missionários. Mas, a palavra “missionário” está associada com o termo apóstolo (enviado). Também se pode fala de um “mensageiro”, aquele que leva e transmite uma mensagem. Entretanto, de todos eles, o termo “servo” é o melhor de todos!

Há dois pontos de vista quanto ao “ofício” do missionário em relação à Bíblia. A primeira posição é que alguns ou todos os ofícios do Antigo e do Novo Testamento tem uma dimensão missionária. A outra posição destaca que o ofício de missionário é distinto, separados dos ofícios regulares da igreja.

27Samuel Escobar en The New Global Mission (2003) define a missiología como "o estudo interdisciplinar para entender a ação missionária" (p. 21).28 K.H. Rengstrof, “Apostello,” Theological Dictionary of the New Testament. Vol. I, p. 421.29 George Vicedom, The Mission of God: An Introduction to the Science of Mission (1965).

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A visão da redenção na Escritura é global.30 A promessa para as nações foi dada a Abraão (Gênesis 12.3) e repetida aos discípulos (Atos 1.8). Os profetas do Antigo e Novo Testamento foram enviados para proclamar a Palavra de Deus, em Jerusalém, Judéia, entre as tribos de Israel ou Nínive. Os ofícios dos sacerdotes e dos reis eram mais localizados, embora, eles tivessem responsabilidade com as nações. A estratégia missionária do Antigo Testamento era atrair as nações a Israel. No Novo Testamento, a igreja é enviada para estar entre as nações.

Os ofícios de profeta, rei e sacerdote do Antigo Testamento são cumpridos no Ungido de Deus: Cristo Jesus. Cristo é o apóstolo supremo, enviado pelo Pai, ungido pelo Espírito Santo, para estabelecer a salvação de Deus em Jerusalém e nas nações.

No Novo Testamento a teocracia do povo de Deus passa de uma nação apenas para ser uma nação global. Agora, o povo de Deus consiste de crentes de todas as nações (Atos 1.6-8). A igreja é o novo Israel, uma nação santa e universal (Gálatas 6.16; 1 Pedro 2.9).

A Missiologia Própria é exclusivamente o estudo das missões, sem delegar o estudo das missões a outro curso, como se se tratasse de outro tema ou outro objeto de estudo. É importante esclarecer isto31 quando se trata de estudar as missões ou A missão. Qualquer âmbito de estudo que se torne uma sub-categoria de outro curso, ou âmbito de estudo não terá o foco necessário para ser útil. Se isso acontecesse, provavelmente o estudo das missões seria delegado a um professor não especializado em missões e os alunos fariam o curso somente para cumprir alguns requisitos acadêmicos. Seguindo essa direção, o resultado seria uma perda de tempo fazer cursos de missões sem está comprometido com “a” missão. Por exemplo, o que aconteceria no campo da medicina se os médicos estudassem a matéria “medicina” como um curso eletivo no departamento de Sociologia? Ou o que aconteceria com a psiquiatria se fosse estudada como um curso eletivo de psicologia?

Por isso no contexto dos estudos de teologia ou estudos bíblicos, cabe a pergunta: O estudo das missões é um curso eletivo? A resposta a esta pergunta depende do que se entende por missão.

A missiologia tem sido tratada como as religiões antigas e exóticas do museu de Antropologia. O estudo das missões traz imagens dos canibais da Nova Guiné, das mulheres amazônicas, dos nativos do Congo tocando seus tambores e os missionários gringos caminhando pelas selvas com casacos brancos e empregados carregando móveis. A realidade das missões é muito diferente. A maioria dos missionários é leiga, mulheres, profissionais com especialização em vocações seculares, auto-sustentados, trabalhando em zonas urbanas.

Os ministérios e os centros educativos cristãos que têm se especializado em Missiologia estão transformando a igreja e, por meio de seus ministérios, ao mundo inteiro.32

30 John Piper, Let the Nations be glad! (2003), pp. 167-17431 O autor nestes parágrafos estabelece o debate de se nos seminários teológicos o estudo das “missões” deve ser considerado como um curso optativo, onde os estudantes escolhem estudar as missões como parte de uma especialização, ou se o escolhem para completar o número de créditos de seus estudos formais. Normalmente os seminários em sua grade curricular não colocam este curso como obrigatório e fundamental para a formação “teológica”. Como veremos, o ponto de vista do autor é criticar a perspectiva da experiência e compreensão das missões das igrejas cristãs anglo-saxônicas.32

Essa é a mensagem do COMIBAM. Os programas de treinamento de líderes da JOCUM, Jovens pra Cristo, Cruzada Estudantil, Operação Mobilização, são ministérios juvenis guiados por uma missiologia bem

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I. DEFINIÇÕES DE MISSÃO DADAS PELAS IGREJAS E CONCÍLIOS MISSIONÁRIOS

A) A IGREJA ANTIGA

A igreja do Novo Testamento definiu sua missão de acordo com a Grande Comissão. Isto é o que está sendo considerado nesta lição. Como foi que a igreja pós-neotestamentária entendeu e experimentou a missão?

Antes da “constantinização” da igreja cristã no século IV, a igreja era autenticamente universal. Com o domínio da sede de Roma, a igreja cristã ocidental perdeu seu catolicismo e se separou das Igrejas Ortodoxas Gregas no Oriente Médio, da Igreja Copta no Egito, da igreja na Índia e mais tarde da Igreja Ortodoxa na Rússia.33

Os Credos ecumênicos (Credo Apostólico, Credo Niceno e Credo de Atanásio) não mencionam nem a evangelização nem a missão. Por exemplo, o Credo Niceno fala de uma igreja santa, universal e apostólica. Isto foi antes da “romanização” da igreja ocidental.

Entretanto, o contexto da igreja antiga era uma igreja crescente que necessitava naquele momento de uma definição mais clara de outros temas cruciais quanto à Trindade, a salvação e a essência da Igreja e a prática de missões era espontânea.34 A igreja antiga era móvel, sem restrições de edifícios e grandes orçamentos e livres para expandir-se por todo o mundo conhecido.

B) OS MOVIMENTOS MONÁSTICOS E AS ORDENS DE MISSÕES

Há uma grande variedade de ordens religiosas católico-romanas que se desenvolveram durante a história da Igreja pós Constantino e durante a era Medieval. Estas ordens incluem: os agostinianos, os beneditinos, os dominicanos, os franciscanos e os jesuítas. O conceito das “ordens monásticas” começou com a prática dos ermitões do século III e IV. Com a organização dos monastérios, a Igreja Católica Romana começou a estender-se e estabelecer-se por toda a Europa. Também no século XVI, os monges destas ordens contribuíram na extensão da Igreja Católica Romana por todo o mundo, a partir da conquista da América e a expansão dos impérios espanhol e português que naquele momento eram eminentemente católicos. As contribuição do movimento monástico foram em áreas como a agricultura, arquitetura, cultura, artes, desenvolvimento comunitário, medicina, educação e jurisdição legal. Não nos esqueçamos tampouco que a literatura cristã e os manuscritos bíblicos foram preservados graças ao paciente e tenaz labor dos monges dos variados monastérios existentes em toda a Europa. Não é descabido concluir que Igreja Católica Romana foi estabelecida e protegida pelo movimento monástico.

Os monges eram leais ao Papa e por isso mesmo participaram na formação e organização da Inquisição. Os monastérios estabeleceram uma sociedade cristã (em alguns círculos a esta condição de sociedade deu-se o nome de “cristandade”) onde havia uma relação estrita entre a igreja, a família, o estado e a cultura.

definida e explicada.33 A ironia e contradição é que a Igreja Católica Romana assumiu o título de Católica quando não o era.34 Roland Allen, The Spontaneous expansion of the Church and the Causes that Hinder it (1927). Justo

González, Historia do Cristianismo (1996).

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Para dar ao leitor uma impressão de primeira mão sobre a organização religiosa das ordens, os parágrafos seguintes foram tirados da “Regra de São Bento” e da “Regra de São Francisco”.35

1. Regra de São Bento

A Regra de São bento consiste de 73 capítulos.

CAPÍTULO IOS TIPOS DE MONGES

1. É sabido que há quatro gêneros de monges. 2. O primeiro é o dos cenobitas, isto é, o monasterial, dos que militam sob uma Regra e um Abade.3. O segundo gênero é o dos anacoretas, isto é, dos eremitas, daqueles que, não por um fervor inicial da vida monástica, mas através de provação diuturna no mosteiro, 4. instruídos então na companhia de muitos aprenderam a lutar contra o demônio 5. e, bem adestrados nas fileiras fraternas, já estão seguros para a luta isolada do deserto, sem a consolação de outrem, e aptos para combater com as próprias mãos e braços, ajudando-os Deus, contra os vícios da carne e dos pensamentos.6. O terceiro gênero de monges, e detestável, é o dos sarabaítas, que, não tendo sido provados, como o ouro na fornalha, por nenhuma regra, mestra pela experiência, mas amolecidos como numa natureza de chumbo, 7.conservam-se por suas obras fiéis ao século, e são conhecidos por mentir a Deus pela tonsura. 8. São aqueles que se encerram dois ou três ou mesmo sozinhos, sem pastor, não nos apriscos do Senhor, mas nos seus próprios; a satisfação dos desejos é para eles lei, 9.visto que tudo quanto julgam dever fazer ou preferem, chamam de santo, e o que não desejam reputam ilícito.10. O quarto gênero de monges é o chamado dos giróvagos, que por toda a sua vida se hospedam nas diferentes províncias, por três ou quatro dias nas celas de outros monges, 11.sempre vagando e nunca estáveis, escravos das próprias vontades e das seduções da gula, e em tudo piores que os sarabaítas. 12. Sobre o misérrimo modo de vida de todos esses é melhor calar que dizer algo. 13. Deixando-os de parte, vamos dispor, com o auxilio do Senhor, sobre o poderosíssimo gênero dos cenobitas.

IVOS INSTRUMENTOS DAS BOAS OBRAS

1. Primeiramente, amar ao Senhor Deus de todo o coração, com toda a alma, com todas as forças.

2. Depois, amar ao próximo como a si mesmo.3. Em seguida, não matar.4. Não cometer adultério.5. Não furtar.6. Não cobiçar.7. Não levantar falso testemunho.8. Honrar todos os homens. 9. E não fazer a outrem o que não quer que lhe seja feito.

35As “regras” das ordens religiosas católicas continham as normas de convivência, de conduta pessoal e os propósitos quanto ao desenvolvimento espiritual do ponto de vista particular do fundador da ordem.

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10. Abnegar-se a si mesmo para seguir o Cristo.11. Castigar o corpo.12. Não entregar-se aos deleites.13. Amar o jejum.14. Reconfortar os pobres.15. Vestir os nus.16. Visitar os enfermos.17. Sepultar os mortos.18. Socorrer na tribulação.19. Consolar o que sofre.20. Fazer-se alheio às coisas do mundo.21. Nada antepor ao amor de Cristo.22. Não satisfazer a ira.23. Não reservar tempo para a cólera.24. Não conservar a falsidade no coração.25. Não conceder paz simulada.26. Não se afastar da caridade.27. Não jurar para não vir a perjurar.28. Proferir a verdade de coração e de boca.29. Não retribuir o mal com o mal.30. Não fazer injustiça, mas suportar pacientemente as que lhe são feitas.31. Amar os inimigos.32. Não retribuir com maldição aos que o amaldiçoam, mas antes abençoá-los.33. Suportar perseguição pela justiça.34. Não ser soberbo.35. Não ser dado ao vinho.36. Não ser guloso.37. Não ser apegado ao sono.38. Não ser preguiçoso.39. Não ser murmurador.40. Não ser detrator.41. Colocar toda a esperança em Deus.42. O que achar de bem em si, atribuí-lo a Deus e não a si mesmo. Mas, quanto

ao mal, saber que é sempre obra sua e a si mesmo atribuí-lo.43. Temer o dia do juízo.44. Ter pavor do inferno.45. Desejar a vida eterna com toda a cobiça espiritual.46. Ter diariamente diante dos olhos a morte a surpreendê-lo.47. Vigiar a toda hora os atos de sua vida.48. Saber como certo que Deus o vê em todo lugar.49. Quebrar imediatamente de encontro ao Cristo os maus pensamentos que lhe

advêm ao coração e revelá-los a um conselheiro espiritual.50. Guardar sua boca da palavra má ou perversa.51. Não gostar de falar muito.52. Não falar palavras vãs ou que só sirvam para provocar riso.53. Não gostar do riso excessivo ou ruidoso.54. Ouvir de boa vontade as santas leituras.55. Dar-se frequentemente à oração.56. Confessar todos os dias a Deus na oração, com lágrimas e gemidos, as faltas

passadas e 57. daí por diante emendar-se delas.

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58. Não satisfazer os desejos da carne.59. Odiar a própria vontade.60. Obedecer em tudo às ordens do Abade, mesmo que este, o que não aconteça,

proceda de outra forma, lembrando-se do preceito do Senhor: “Fazei o que dizem, mas não o que fazem”.

61. Não querer ser tido como santo antes que o seja, mas primeiramente sê-lo para que como tal o tenham com mais fundamento.

62. Pôr em prática diariamente os preceitos de Deus.63. Amar a castidade.64. Não odiar a ninguém.65. Não ter ciúmes.66. Não exercer a inveja.67. Não amar a rixa.68. Fugir da vanglória.69. Venerar os mais velhos.70. Amar os mais moços.71. Orar, no amor de Cristo, pelos inimigos.72. Voltar à paz, antes do pôr-do-sol, com aqueles com quem teve desavença.73. E nunca desesperar da misericórdia de Deus.74. Eis aí os instrumentos da arte espiritual: se forem postos em ação por nós, dia

e noite, sem cessar, e devolvidos no dia do juízo, seremos recompensados pelo Senhor com aquele prêmio que Ele mesmo prometeu: “O que olhos não viram nem ouvidos ouviram preparou Deus para aqueles que o amam”. São, porém, os claustros do mosteiro e a estabilidade na comunidade a oficina onde executaremos diligentemente tudo isso.36

Os missionários beneditinos se estabeleceram por toda Europa. Agostinho (não o de Hipona) do século XI foi considerado o apóstolo da Inglaterra. Bonifácio foi martirizado na Inglaterra no século XVIII. Willibord foi um dos primeiros enviados a evangelizar na província do norte da Holanda. Outros foram evangelistas pioneiros na França, Alemanha e Escandinávia.37

2. A Regra de São FranciscoOs franciscanos, também conhecidos como ordo fratrum minorum “A ordem dos

frades menores” não se limitaram nem se reduziram a viver nos mosteiros. Eles saíram aos campos e ruas e puderam ministrar tanto nas cidades como aos campesinos. No século XIII, junto com os dominicanos, foram os líderes no movimento universitário.

Regra de São Francisco (do ano 1223)38

Capítulo 1Em nome do Senhor! Começa a vida dos Frades Menores

A Regra e vida dos Frades Menores é esta, a saber: observar o santo Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo vivendo em obediência, sem próprio e em castidade.Frei Francisco promete obediência e reverência ao senhor papa Honório e aos seus sucessores

36 https://domvob.wordpress.com/2013/01/25/serie-espiritualidade-regra-de-sao-bento-5/ Acessado em 01/03/2108.

37 www.enciclopedia catolica.com38 http://procamig.org.br/portal/index.php/regra-bulada/

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canonicamente eleitos e à Igreja Romana.E os outros frades estejam obrigados a obedecer a Frei Francisco e a seus sucessores.

Capítulo  2Sobre os que querem receber esta vida e como devem ser recebidos

Se alguns quiserem receber esta vida e vierem aos nossos frades, mandem-nos aos seus ministros provinciais, aos quais somente e não a outros se conceda a licença de receber frades.Mas os ministros examinem-nos diligentemente sobre a fé católica e os sacramentos da Igreja.E se crerem em todas essas coisas e as quiserem confessar fielmente e observar firmemente até o fime não têm mulheres ou, se as têm, e já entraram as mulheres em um mosteiro ou lhes deram licença com autorização do bispo diocesano, emitido já o voto de continência, e que sejam as mulheres daquela idade que delas não possa originar-se suspeita,digam-lhes a palavra do santo Evangelho (cfr. Mt 19,21, par.) que vão e vendam todas suas coisas e procurem distribuí-las aos pobres.O que, se não puderem fazer, basta-lhes a boa vontade.E guardem-se os frades e seus ministros de serem solícitos por suas coisas temporais, para que façam livremente de suas coisas tudo que o Senhor lhes inspirar.Contudo, se precisar de conselho, tenham licença os ministros de enviá-los a alguns temerosos de Deus, com cujo conselho seus bens sejam dados aos pobres.Depois concedam-lhes os panos da provação, a saber, duas túnicas sem capuz e o cíngulo, e bragas e um caparão até o cíngulo,a não ser que aos mesmos ministros alguma vez pareça melhor outra coisa, segundo Deus.Mas, acabado o ano da provação, sejam recebidos na obediência, prometendo observar sempre esta vida e regra.E de nenhum modo lhes será lícito sair desta religião, conforme o mandato do senhor Papa,porque, segundo o santo Evangelho, ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o reino de Deus (Lc 9,62).E os que já prometeram obediência tenham uma túnica com capuz e outra sem capuz, os que quiserem ter.E os que são forçados por necessidade possam levar calçado.E todos os frades vistam-se de roupas vis e possam remendá-las com sacos e outros retalhos com a bênção de Deus.Os quais admoesto e exorto a que não desprezem nem julguem os homens que virem vestidos com roupas finas e coloridas, usando comidas e bebidas delicadas, mas antes julgue e despreze cada um a si mesmo.

Capítulo 3Do ofício divino e do jejum, e como os frades devem ir pelo mundo

Os clérigos rezem o ofício divino segundo a ordenação da Igreja Romana, exceto o saltério,pelo que poderão ter breviários.Os leigos digam vinte e quatro Pai-nosso por matinas, por laudes cinco, por prima, terça, sexta, por cada uma destas sete, pelas vésperas porém doze, pelas completas sete; e rezem pelos defuntos.E jejuem desde a festa de Todos os Santos até o Natal do Senhor.Mas a santa quaresma que começa na Epifania até os quarenta dias contínuos, que o Senhor consagrou por seu santo jejum (cfr. Mt 4,2), os que voluntariamente a jejuam sejam abençoados pelo Senhor, e os que não quiserem não sejam obrigados. Mas jejuem a outra, até a Ressurreição do Senhor.Mas em outros tempos não tenham que jejuar, senão na sexta-feira.Mas em tempo de manifesta necessidade não estejam obrigados os frades ao jejum corporal.Aconselho, porém, admoesto e exorto meus frades no Senhor Jesus Cristo que, quando vão pelo mundo, não litiguem nem contendam com palavras (cfr. 2Tm 2,14), nem julguem os outros;mas sejam amáveis, pacíficos e modestos, mansos e humildes, falando a todos honestamente, como convém.E não devem cavalgar, senão obrigados por manifesta necessidade ou doença.Em

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qualquer casa em que entrem, digam primeiro: Paz a esta casa (cfr. Lc 10,5).E segundo o santo Evangelho, seja licito comer de todos os alimentos que lhes servirem (cfr. Lc 10,8).

Capítulo 4Que os frades não recebam pecúnia

Mando firmemente a todos os frades que de nenhum modo recebam dinheiro ou pecúnia por si ou por intermediário.Mas, para as necessidades dos enfermos e para vestir os outros frades, os ministros apenas e os custódios, por meio de amigos espirituais, tenham solícito cuidado, segundo os lugares e tempos e frias regiões, como lhes parecer servir à necessidade;sempre salvo, como foi dito, que não recebam dinheiro ou pecúnia.

Capítulo 5Do modo de trabalhar

Os frades a quem o Senhor deu a graça de trabalhar, trabalhem fiel e devotamente,de modo que, afastando o ócio inimigo da alma, não extingam o espírito da santa oração e devoção, ao qual as outras coisas temporais devem servir.Como mercê do trabalho recebam para si e seus irmãos o necessário para o corpo, menos dinheiro ou pecúnia, e isso humildemente,como convém a servos de Deus e seguidores da santíssima pobreza.

Capítulo 6Que de nada se apropriem os frades, do pedir esmolas e dos frades enfermos

Os frades de nada se apropriem, nem casa, nem lugar, nem coisa alguma.E como peregrinos e forasteiros (cfr. 1Pd 2,11) neste século, servindo ao Senhor em pobreza e humildade, vão por esmola confiadamente,e não devem envergonhar-se, porque o Senhor se fez pobre por nós neste mundo (cfr. 2Cor 8,9).Esta é aquela eminência da altíssima pobreza que vos constituiu, caríssimos irmãos meus, herdeiros e reis do reino dos céus, vos fez pobres de coisas e sublimou em virtudes (cfr. Tg 2,5).Seja esta a vossa porção, que leva à terra dos viventes (cfr. Sl 141,6). À qual, prendendo-vos totalmente, nada mais queirais possuir para sempre embaixo do céu, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.E, onde quer que estejam e se encontrarem os frades, mostrem-se familiares mutuamente entre si.E com segurança manifeste um ao outro sua necessidade, porque, se a mãe ama e nutre o seu filho (cfr. 1Ts 2,7) carnal, quanto mais diligentemente deve cada um amar e nutrir seu irmão espiritual?E se algum deles cair na doença, os outros frades devem servi-lo como queriam ser servidos (cfr. Mt 7,12).

Capítulo 7Da penitência a impor-se aos frades que pecam

Se alguns dos frades, instigando o inimigo, pecarem mortalmente, naqueles pecados dos quais foi ordenado entre os frades que se recorra só aos ministros provinciais, tenham os preditos frades que re-correr a eles, o mais depressa que puderem, sem demora.Os próprios ministros, se são presbíteros, imponham-lhes penitência com misericórdia; mas, se não forem presbíteros, façam que se lhes imponha por outros sacerdotes da Ordem, como lhes parecer melhor segundo Deus.E devem cuidar de não se irar nem perturbar pelo pecado de alguém, porque a ira e a conturbação impedem a caridade em si e nos outros.

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Capítulo 8Da eleição do ministro geral desta fraternidade e do capítulo de Pentecostes

Todos os frades sejam sempre obrigados a ter um ministro geral e servo de toda a fraternidade e tenham que obedecer-lhe firmemente. Quando ele falecer, faça-se a eleição do sucessor pelos ministros provinciais e custódios no capítulo de Pentecostes, em que os ministros provinciais tenham sempre que se reunir juntos, onde quer que for estabelecido pelo ministro geral; e isso uma vez cada três anos ou em outro termo maior ou menor, como for mandado pelo predito ministro.E se em algum tempo parecer à totalidade dos ministros provinciais e dos custódios que o predito ministro não é suficiente para o serviço e a utilidade comum dos frades, tenham os preditos frades, aos quais foi dada a eleição, em nome do Senhor, a eleger outro para seu custódio.Mas depois do capítulo de Pentecostes possa cada um dos ministros e custódios, se quiserem e lhes parecer oportuno, convocar uma vez seus frades a capítulo, no mesmo ano e em suas custódias.

Capítulo 9Dos pregadores

Os frades não preguem na diocese de um bispo quando lhes for proibido por ele.E nenhum dos frades se atreva absolutamente a pregar ao povo, se não tiver sido examinado e aprovado pelo ministro geral desta fraternidade, e por ele lhe tiver sido concedido o ofício da pregação.Admoesto também e exorto os mesmos frades a que, na pregação que fazem, sejam examinadas e castas suas palavras (cfr. Sal 11,7; 17,31), para a utilidade e edificação do povo,anunciando-lhes os vícios e as virtudes, a pena e a glória, com brevidade de sermão; porque palavra abreviada fez o Senhor sobre a terra (cfr. Rm 9,28).

Capítulo 10Da admoestação e correção dos frades

Os frades que são ministros e servos dos outros frades visitem e admoestem seus frades e os corrijam humilde e caridosamente, não lhes prescrevendo o que for contra sua alma e nossa regra.Mas os frades que são súditos lembrem que por Deus negaram suas próprias vontades.Por isso lhes prescrevo firmemente que obedeçam a seus ministros em tudo que prometeram ao Senhor observar e que não é contrário a sua alma e à nossa regra.E onde houver frades que saibam e conheçam que não podem observar a regra espiritualmente, devam e possam recorrer a seus ministros.Mas os ministros os recebam caritativa e benignamente e tenham tanta familiaridade com eles que possam falar-lhes e agir como senhores com seus servos;pois assim deve ser, que os ministros sejam servos de todos os frades.Mas admoesto e exorto no Senhor Jesus Cristo que se guardem os frades de toda soberba, vanglória, inveja, avareza (cfr. Lc 12,15), cuidado e solicitude deste século (cfr. Mt 13,22), detração e murmuração, e não cuidem os que não sabem letras de aprender letras;mas atendam a que sobre todas as coisas devem desejar ter o Espírito do Senhor e sua santa operação,orar sempre a ele de coração puro e ter humildade, paciência na perseguição e na enfermidadee amar os que nos perseguem e repreendem e acusam, porque diz o Senhor: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem e caluniam (cfr. Mt 5,44).Bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque deles é o reino dos céus (Mt 5,10).Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo (Mt 10,22). 

Capítulo 11

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Que os frades não entrem nos mosteiros de monjas

Mando firmemente a todos os frades não tenham relações suspeitas ou conselhos de mulheres,e não entrem nos mosteiros de monjas, fora aqueles a quem se concedeu licença especial pela sé apostólica;nem se façam compadres de homens ou mulheres para que, nessa ocasião, não se origine escândalo entre os frades ou sobre os frades. 

Capítulo 12Dos que vão entre os sarracenos e outros infiéis

Qualquer dos frades que, por divina inspiração, quiser ir entre os sarracenos e outros infiéis, peça daí licença a seus ministros provinciais. Mas os ministros a nenhum concedam licença de ir senão aos que virem ser idôneos para enviar.Para isso imponho por obediência aos ministros que peçam ao senhor papa um dos cardeais da santa Igreja Romana que seja governador, protetor e corretor desta fraternidade,para que sempre súditos e sujeitos aos pés da mesma santa Igreja, estáveis na fé (cfr. 1Col 1,23) católica, observemos a pobreza e humildade e o santo evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, que prometemos firmemente.

A missão da Igreja Católica Romana se desenvolveu segundo sua própria tradição e herança que foram deixando as distintas ordens. Os documentos missionários estão recolhidos e pode ser estudados no site do Vaticano.39

C) A REFORMA PROTESTANTE

A Reforma Protestante do século XVI é conhecida por sua separação institucional da Igreja Católica Romana. As perspectivas missiológicas protestantes são expressas em seus credos (confissões de fé, catecismos e declarações) e conhecidas em suas práticas missionárias.

Os protestantes não utilizaram a organização das ordens e/ou monastérios para a promoção da igreja e da missão. Antes, os missionários foram enviados e supervisionados por líderes da igreja local. Este foi o caso, por exemplo, com a Igreja Reformada de Genebra (hoje Suíça). Os pastores e missionários foram enviados à França e até para o Brasil. O movimento missionário protestante se associou com o movimento mercantil e a empresa colonizadora de certas nações européias.40 Lamentavelmente para a igreja e para o testemunho do Evangelho, esta associação foi desastrosa para a extensão das igrejas protestantes na América Latina e Caribe.41

Uma das confissões reformadas mais antigas que se conhece é a Confissão de Coligny.42 A Confissão consiste de 17 artigos e foram escritos como uma apologia dos huguenotes43 contra as acusações do Vice-Almirante Villegaignon, da expedição ao

39 www.vatican.va/archives/hist_councils.40As nações consideradas pró-protestantes eran Alemanha, Dinamarca, Escócia, Holanda, Inglaterra e até à metade do século XVI, França. 41 Esse é o tema das Lições 3-5.42 Jean Crespin, "Los mártires de Río de Janeiro,” en Colección “Documentos,” G. Báez-Camargo,

México, CUPSA, s/f., contiene la Confesión de Coligny también conocido como Confessio Guanabara o Confessio Fluminense.

43 Este es el término como se conoce a los reformados (calvinistas) de Francia. El origen del nombre es aún debatido por los historiadores. (N. del E.)

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Brasil. A Confissão mostra a posição antitética dos protestantes huguenotes frente às tradições da Igreja Católica Romana. Os escritores tocaram nos seguintes temas: Bíblia (Artigo 3); Santa Ceia (Artigo 3-8), Batismo (Artigo 9), livre arbítrio (Artigo 10), absolvição de pecados (Artigo 11), imposição das mãos (Artigo 14), intercessão de Cristo (Artigo 16) e oração pelos mortos (Artigo 17). Três dos quatro que assinaram este documento foram martirizados por sua confissão de fé protestante.

Na Europa os reformados44 estiveram envolvidos na expansão da igreja e o foco era manter a pureza da Soteriologia (Doutrina da Salvação) e a pureza da Eclesiologia (Doutrina da Igreja). Isto poder ser visto nas Confissões batistas, reformadas e presbiterianas dos séculos 16-17.

As Igrejas Reformadas reconhecem e usam três confissões (ou formas) de unidade: O Catecismos de Heidelberg, a Confissão Belga e os Cânones de Dort. As igrejas na Suíca usam, além dessas, a Confissão Helvética (1566).

Na Confissão Belga (1561) a universalidade da Igreja é afirmada no Artigo 27, dessa forma: Esta santa igreja também não está situada, fixada ou limitada em certo lugar, ou ligada a certas pessoas, mas ela está espalhada e dispersa pelo mundo inteiro. Contudo, está integrada e unida, de coração e vontade, no mesmo Espírito, pelo poder da fé.

Pergunta 83: Que são as chaves do reino dos céus?

Resposta: A pregação do santo Evangelho e a disciplina cristã. É por estes dois meios que o reino dos céus se abre para aqueles que crêem e se fecha para aqueles que não crêem.

Pergunta 84: Como se abre e se fecha o reino dos céus pela pregação do santo Evangelho?

Resposta: Conforme o mandamento de Cristo, se proclama e testifica aos crentes, a todos juntos e a cada um deles, que todos os seus pecados realmente lhe foram perdoados por Deus, pelo mérito de Cristo, sempre que aceitam a promessa do Evangelho com verdadeira fé. Mas a todos os incrédulos e hipócritas se proclama e testifica que a ira de Deus e a condenação permanecem sobre eles, enquanto não se converterem. Segundo este testemunho do Evangelho Deus julgará todos, nesta vida e na futura.

Os Cânones de Dort (1618) são conhecidos por ser uma declaração sobre a soberania de Deus, os decretos eternos, a depravação total, a eleição incondicional, a expiação limitada, a graça irresistível e a perseverança dos santos. Sobre a base destes argumentos, a conclusão para a necessidade do evangelismo e missão é muito forte.

Artio II.V: A promessa do Evangelho é que todo aquele que crer no Cristo crucificado não pereça mais tenha a vida eterna. Esta promessa deve ser anunciada e

44 El término reformado se usa en este curso de forma restrictiva para referirse a los protestantes congregados en las iglesias fundadas por Calvino o siguiendo las doctrinas que se conocerían como calvinistas. De modo que ser reformado es ser calvinista como sinónimo. (N. del E.)

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proclamada sem discriminação a todos os povos e a todos os homens, aos quais Deus em seu bom propósito envia o Evangelho, com a ordem de se arrepender e crer.

A Confissão de Fé de Westminster (1646), e a confissão semelhante dos batistas, a Confissão de Londres (1689), tampouco mencionam a responsabilidade missionária e evangelística da igreja. Neste momento histórico das igrejas, havia mais interesse em definir o que acontece quando o evangelho é aceito ou rejeitado, que em motivar aos presbiterianos a evangelizar.45

Entretanto, é importante mencionar que sim houve alguns teólogos reformados que falaram da missão da igreja. Por exemplo, a definição de Gisbertus Voetius (1580-1676)tem sido bem aceita: “A missão é a extensão do reino de Deus. As três metas para a missão são: vocatio et conversio gentium (o chamado e conversão do povo); plantario ecclesiae(plantação de igrejas), e gloria et manifestatio gratiae divinae (a glória [de Deus] e a manifestação da graça divina).”46

Johannes Bavinck, o grande missiólogo holandês, no princípio do século XX, reafirma a definição de Voetius completamente.47 A definição de Johanes Verkuyl segue a tradição de Voetius y Banvinck: “A missiologia é o estudo da obra redentora do Pai, Filho e Espírito Santo para estabelecer seu reino no mundo.”48 O missiólogo Portorriquenho Orlando Costas, que estudou sob a mentoria de Verkuyl define a missão como: “A missão de Deus é o desenvolvimento do propósito redentor de Deus em Cristo.”49 René Padilla tem assumido a cosmovisão reformada e aplicado ao conceito da missão integral no contexto da América Latina e Caribe.50

D) PERSPECTIVAS DOS CONCÍLIOS MISSIONÁRIOS DO SÉCULO 20

Enquanto as denominações protestantes continuaram com seu envio de missionários por meio das companhias mercantis e para as colônias, durante o século XVIII surgiram várias alternativas para a obra missionária.

Os protestantes morávios formaram grupos que funcionaram como uma “igreja dentro da igreja”. Eles enviaram seus primeiros missionários ao Novo Mundo em 1732 e trabalharam arduamente com os escravos e servos dos colonos. Em 1792 William Carey foi à Índia financiado por uma associação (sociedade) de pessoas interessadas nas missões e em apoiar a este missionário. Alguns presbiterianos formaram a Sociedade Missionária de Glasgow e em 1800 foram à Jamaica para trabalhar com os escravos. Nessa mesma época houve o crescimento das Sociedades Bíblicas e das sociedades para a promoção da Bíblia, da literatura cristã e a evangelização.

45 Artículo X.4. Joel Beeke, Sinclair B. Ferguson. Reformed Confessions Harmonized. Grand Rapids: Baker Book House, 1999. Confesiones de fe de la Iglesia. Barcelona: CLIE, 1999. Confesión de fe de Westminster.Coyoacán: El Faro, 1995.

46 Jan Jongeneel (Trad. John Bolt), “The First Comprehensive Protestant Theology of Missions, “Calvin Theological Journal. Vol. 26.1 (Abril 1991), pp. 47-79.

47 Johannes Bavinck, An Introduction to the Science of Missions.Philadelphia: The Presbyterian and Reformed Publishing Company, 1960.

48 Johannes Verkuyl. Contemporary Missiology: An Introduction.Grand Rapids, W.B. Eerdmans, 1978.49 Orlando Costas, Theology of the Crossroads in Contemporary Latin America(l976), p. 8.50 René Padilla, Misión Integral(1986).

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No ano de 1910 aconteceu a Conferência Mundial de Missões, em Edimburgo, Escócia, e se proclamou a necessidade de evangelizar ao mundo nesta geração. A Conferência foi um esforço do então incipiente movimento ecumênico e de várias sociedades missionárias para promover as missões. Tal tarefa ecumênica foi afetada pelos eventos da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e pelos conflitos surgidos no interior das igrejas evangélicas e protestantes entre o que se conhecerá como fundamentalismo e o modernismo.51

O Conselho Mundial de Igrejas (CMI) se formou em 1948, e representava as igrejas históricas protestantes, enquanto os evangélicos, mais tarde, organizaram suas próprias conferências ecumênicas e missionárias. O Congresso Mundial de Evangelismo em Berlim (1966) foi seguido pelo Congresso Internacional para a Evangelização Mundial em Lausanne (1974) que produziu o documento conhecido como o Pacto de Lausanne. Depois de Lausanne foram realizados outras várias reuniões, incluindo a de Pattaya (1980), Manila (1989) e Pattaya (2004), entre outras.

Para fins de reflexão missiológica incluímos o Pacto de Lausanne, as conclusões do Manifesto de Manila, e também o Sumário da reunião de 2004 em Pattaya.

PACTO DE LAUSANNE52

INTRODUÇÃO

Nós, membros da Igreja de Jesus Cristo, procedentes de mais de 150 nações, participantes do Congresso Internacional de Evangelização Mundial, em Lausanne, louvamos a Deus por sua grande salvação, e regozijamo-nos com a comunhão que, por graça dele mesmo, podemos ter com ele e uns com os outros. Estamos profundamente tocados pelo que Deus vem fazendo em nossos dias, movidos ao arrependimento por nossos fracassos e desafiados pela tarefa inacabada da evangelização. Acreditamos que o evangelho são as boas novas de Deus para todo o mundo, e por sua graça, decidimo-nos a obedecer ao mandamento de Cristo de proclamá-lo a toda a humanidade e fazer discípulos de todas as nações. Desejamos, portanto, reafirmar a nossa fé e a nossa resolução, e tornar público o nosso pacto.

1. O PROPÓSITO DE DEUS

Afirmamos a nossa crença no único Deus eterno, Criador e Senhor do Mundo, Pai, Filho e Espírito Santo, que governa todas as coisas segundo o propósito da sua vontade. Ele tem chamado do mundo um povo para si, enviando-o novamente ao mundo como seus servos e testemunhas, para estender o seu reino, edificar o corpo de Cristo, e também para a glória do seu nome. Confessamos, envergonhados, que muitas vezes negamos o nosso chamado e falhamos em nossa missão, em razão de nos termos conformado ao mundo ou nos termos isolado demasiadamente. Contudo, regozijamo-nos com o fato de

51O debate entre o fundamentalismo e o modernismo aconteceu no princípio do século 20, principalmente na América do Norte. Os fundamentalistas afirmaram a inerrância e infalibilidade da Bíblia, a concepção milagrosa do Senhor, a deidade de Cristo, a ressurreição física do Senhor, a realidade do céu e do inferno eterno. Os modernistas negavam essas doutrinas.52 http://www.monergismo.com/textos/credos/Pacto_de_Lausanne.pdf

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que, mesmo transportado em vasos de barro, o evangelho continua sendo um tesouro precioso. À tarefa de tornar esse tesouro conhecido, no poder do Espírito Santo, desejamos dedicar-nos novamente.

Isaías 40.28; Mateus 28.19; Efésios 1.11; Atos 15.15; João 17.6,18; Efésios 4.12; 1 Coríntios 5.10; Romanos 12.2; 2 Coríntios 4.7.

2. A AUTORIDADE E O PODER DA BÍBLIA

Afirmamos a inspiração divina, a veracidade e autoridade das Escrituras tanto do Velho como do Novo Testamento, em sua totalidade, como única Palavra de Deus escrita, sem erro em tudo o que ela afirma, e a única regra infalível de fé e prática. Também afirmamos o poder da Palavra de Deus para cumprir o seu propósito de salvação. A mensagem da Bíblia destina-se a toda a humanidade, pois a revelação de Deus em Cristo e na Escritura é imutável. Através dela o Espírito Santo fala ainda hoje. Ele ilumina as mentes do povo de Deus em toda cultura, de modo a perceberem a sua verdade, de maneira sempre nova, com os próprios olhos, e assim revela a toda a igreja uma porção cada vez maior da multiforme sabedoria de Deus.

2 Timóteo 3.16; 2 Pedro 1.21; João 10.35; Isaías 55.11; 1 Coríntios 1.21; Romanos 1;16; Mateus 5. 17-18; Judas 3; Efésios 1.17-18; 3.10, 18.

3. A UNICIDADE E A UNIVERSALIDADE DE CRISTO

Afirmamos que há um só Salvador e um só evangelho, embora exista uma ampla variedade de maneiras de se realizar a obra de evangelização. Reconhecemos que todos os homens têm algum conhecimento de Deus através da revelação geral de Deus na natureza. Mas negamos que tal conhecimento possa salvar, pois os homens, por sua injustiça, suprimem a verdade. Também rejeitamos, como depreciativo de Cristo e do evangelho, todo e qualquer tipo de sincretismo ou de diálogo cujo pressuposto seja o de que Cristo fala igualmente através de todas as religiões e ideologias. Jesus Cristo, sendo ele próprio o único Deus-homem, que se deu uma só vez em resgate pelos pecadores, é o único mediador entre Deus e o homem. Não existe nenhum outro nome pelo qual importa que sejamos salvos. Todos os homens estão perecendo por causa do pecado, mas Deus ama todos os homens, desejando que nenhum pereça, mas que todos se arrependam. Entretanto, os que rejeitam Cristo repudiam o gozo da salvação e condenam-se à separação eterna de Deus. Proclamar Jesus como "o Salvador do mundo" não é afirmar que todos os homens, automaticamente, ou ao final de tudo, serão salvos; e muito menos que todas as religiões ofereçam salvação em Cristo. Trata-se antes de proclamar o amor de Deus por um mundo de pecadores e convidar todos os homens a se entregarem a ele como Salvador e Senhor no sincero compromisso pessoal de arrependimento e fé. Jesus Cristo foi exaltado sobre todo e qualquer nome. Anelamos pelo dia em que todo joelho se dobrará diante dele e toda língua o confessará como Senhor.

Gálatas 1.8-9; Romanos 1.18-31; 1 Timóteo 2.5-6; Atos 4.12; João 3.16-19; João 4.42; Mateus 11.28; Efésios 1.20-21; Filipenses 2.9-11.

4. A NATUREZA DA EVANGELIZAÇÃO

Evangelizar é difundir as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e ressuscitou segundo as Escrituras, e de que, como Senhor e Rei, ele agora

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oferece o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos os que se arrependem e crêem. A nossa presença cristã no mundo é indispensável à evangelização, e o mesmo se dá com aquele tipo de diálogo cujo propósito é ouvir com sensibilidade, a fim de compreender. Mas a evangelização propriamente dita é a proclamação do Cristo bíblico e histórico como Salvador e Senhor, com o intuito de persuadir as pessoas a vir a ele pessoalmente e, assim, se reconciliarem com Deus. Ao fazermos o convite do evangelho, não temos o direito de esconder o custo do discipulado. Jesus ainda convida todos os que queiram segui-lo e negarem-se a si mesmos, tomarem a cruz e identificarem-se com a sua nova comunidade. Os resultados da evangelização incluem a obediência a Cristo, o ingresso em sua igreja e um serviço responsável no mundo.

1 Coríntios 15.3-4; Atos 2.32-39; João 20.21; 1 Corintios 1.23; 2 Coríntios 4.5; 5.11-20; Lucas 14.25-33; Marcos 8.34; Atos 2.40-47; Marcos 10. 43-45.

5. A RESPONSABILIDADE CRISTÃ

Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.

Atos 17.26, 31; Gênesis 18.25; Isaías 1.17; Salmos 45.7; Gênesis 1.26-27; Tiago 3.9; Levítico 19.18; Lucas 6.27,35; Tiago 2.26; João 3.3-5; Mateus 5.20; 6.33; 2 Coríntios 3.18.

6. A IGREJA E A EVANGELIZAÇÃO

Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrificial. Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. Mas uma igreja que pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada pela Cruz. Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização quando trai o evangelho ou quando lhe falta uma fé viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas, inclusive em promoção e

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finanças. A igreja é antes a comunidade do povo de Deus do que uma instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com ideologias humanas.

João 17.18; 20-21; Mateus 28.19-20; Atos 1.8; 20-27; Efésios 1.9; 3.9-11; Gálatas 6.14, 17; 2 Coríntios 6.3-4; 2 Timóteo 2.19-21; Filipenses 1.27.

7. COOPERAÇÃO NA EVANGELIZAÇÃO

Afirmamos que é propósito de Deus haver na igreja uma unidade visível de pensamento quanto à verdade. A evangelização também nos convoca à unidade, porque o ser um só corpo reforça o nosso testemunho, assim como a nossa desunião enfraquece o nosso evangelho de reconciliação. Reconhecemos, entretanto, que a unidade organizacional pode tomar muitas formas e não ativa necessariamente a evangelização. Contudo, nós, que partilhamos a mesma fé bíblica, devemos estar intimamente unidos na comunhão uns com os outros, nas obras e no testemunho. Confessamos que o nosso testemunho, algumas vezes, tem sido manchado por pecaminoso individualismo e desnecessária duplicação de esforço. Empenhamo-nos por encontrar uma unidade mais profunda na verdade, na adoração, na santidade e na missão. Instamos para que se apresse o desenvolvimento de uma cooperação regional e funcional para maior amplitude da missão da igreja, para o planejamento estratégico, para o encorajamento mútuo, e para o compartilhamento de recursos e de experiências.

João 17.21, 23; Efésios 4.3-4; João 13.35; Filipenses 1.27; João 17.1-23.

8. ESFORÇO CONJUGADO DE IGREJAS NA EVANGELIZAÇÃO

Regozijamo-nos com o alvorecer de uma nova era missionária. O papel dominante das missões ocidentais está desaparecendo rapidamente. Deus está levantando das igrejas mais jovens um grande e novo recurso para a evangelização mundial, demonstrando assim que a responsabilidade de evangelizar pertence a todo o corpo de Cristo. Todas as igrejas, portando, devem perguntar a Deus, e a si próprias, o que deveriam estar fazendo tanto para alcançar suas próprias áreas como para enviar missionários a outras partes do mundo. Deve ser permanente o processo de reavaliação da nossa responsabilidade e atuação missionária. Assim, haverá um crescente esforço conjugado pelas igrejas, o que revelará com maior clareza o caráter universal da igreja de Cristo. Também agradecemos a Deus pela existência de instituições que laboram na tradução da Bíblia, na educação teológica, no uso dos meios de comunicação de massa, na literatura cristã, na evangelização, em missões, no avivamento de igrejas e em outros campos especializados. Elas também devem empenhar-se em constante auto-exame que as levem a uma avaliação correta de sua eficácia como parte da missão da igreja.

Romanos 1.18; Filipenses 1.5; 4.15; Atos 13.1-3; 1 Tessalonicenses 1.6-8.

9. A URGÊNCIA DA TAREFA EVANGELÍSTICA

Mais de dois bilhões e setecentos milhões de pessoas, ou seja, mais de dois terços da humanidade, ainda estão por serem evangelizadas. Causa-nos vergonha ver tanta gente esquecida; continua sendo uma reprimenda para nós e para toda a igreja. Existe agora, entretanto, em muitas partes do mundo, uma receptividade sem precedentes ao Senhor Jesus Cristo. Estamos convencidos de que esta é a ocasião para que as igrejas e as

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instituições para-eclesiásticas orem com seriedade pela salvação dos não-alcançados e se lancem em novos esforços para realizarem a evangelização mundial. A redução de missionários estrangeiros e de dinheiro num país evangelizado algumas vezes talvez seja necessária para facilitar o crescimento da igreja nacional em autonomia, e para liberar recursos para áreas ainda não evangelizadas. Deve haver um fluxo cada vez mais livre de missionários entre os seis continentes num espírito de abnegação e prontidão em servir. O alvo deve ser o de conseguir por todos os meios possíveis e no menor espaço de tempo, que toda pessoa tenha a oportunidade de ouvir, de compreender e de receber as boas novas. Não podemos esperar atingir esse alvo sem sacrifício. Todos nós estamos chocados com a pobreza de milhões de pessoas, e conturbados pelas injustiças que a provocam. Aqueles dentre nós que vivem em meio à opulência aceitam como obrigação sua desenvolver um estilo de vida simples a fim de contribuir mais generosamente tanto para aliviar os necessitados como para a evangelização deles.

João 9.4; Mateus 9.36-38; Romanos 9.1-9; 1 Coríntios 9.19-23; Mateus 16.15; Isaias 58.6-7; Tiago 1.27; 2.1-9; Mateus 25.31-36; Atos 2.44-45; 4.34-35.

10. EVANGELIZAÇÃO E CULTURA

O desenvolvimento de estratégias para a evangelização mundial requer metodologia nova e criativa. Com a bênção de Deus, o resultado será o surgimento de igrejas profundamente enraizadas em Cristo e estreitamente relacionadas com a cultura local. A cultura deve sempre ser julgada e provada pelas Escrituras. Porque o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e em bondade; porque ele experimentou a queda, toda a sua cultura está manchada pelo pecado, e parte dela é demoníaca. O evangelho não pressupõe a superioridade de uma cultura sobre a outra, mas avalia todas elas segundo o seu próprio critério de verdade e justiça, e insiste na aceitação de valores morais absolutos, em todas as culturas. As missões, muitas vezes têm exportado, juntamente com o evangelho, uma cultura estranha, e as igrejas, por vezes, têm ficado submissas aos ditames de uma determinada cultura, em vez de às Escrituras. Os evangelistas de Cristo têm de, humildemente, procurar esvaziar-se de tudo, exceto de sua autenticidade pessoal, a fim de se tornarem servos dos outros, e as igrejas têm de procurar transformar e enriquecer a cultura; tudo para a glória de Deus.

Marcos 7.8-9, 13; Gênesis 4.21-22; 1 Coríntios 9.19-23; Filipenses 2.5-7; 2 Coríntios 4.5.

11. EDUCAÇÃO E LIDERANÇA

Confessamos que às vezes temos nos empenhado em conseguir o crescimento numérico da igreja em detrimento do espiritual, divorciando a evangelização da edificação dos crentes. Também reconhecemos que algumas de nossas missões têm sido muito remissas em treinar e incentivar líderes nacionais a assumirem suas justas responsabilidades. Contudo, apoiamos integralmente os princípios que regem a formação de uma igreja de fato nacional, e ardentemente desejamos que toda a igreja tenha líderes nacionais que manifestem um estilo cristão de liderança não em termos de domínio, mas de serviço. Reconhecemos que há uma grande necessidade de desenvolver a educação teológica, especialmente para líderes eclesiásticos. Em toda nação e em toda cultura deve haver um eficiente programa de treinamento para pastores e leigos em doutrina, em discipulado, em evangelização, em edificação e em serviço. Este treinamento não deve

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depender de uma metodologia estereotipada, mas deve se desenvolver a partir de iniciativas locais criativas, de acordo com os padrões bíblicos.

Colossenses 1.27-29; Atos 14.23; Tito 1.5, 9; Marcos 10.42-45; Efésios 4.11-12.

12. CONFLITO ESPIRITUAL

Cremos que estamos empenhados num permanente conflito espiritual com os principados e postestades do mal, que querem destruir a igreja e frustrar sua tarefa de evangelização mundial. Sabemos da necessidade de nos revestirmos da armadura de Deus e combater esta batalha com as armas espirituais da verdade e da oração. Pois percebemos a atividade no nosso inimigo, não somente nas falsas ideologias fora da igreja, mas também dentro dela em falsos evangelhos que torcem as Escrituras e colocam o homem no lugar de Deus. Precisamos tanto de vigilância como de discernimento para salvaguardar o evangelho bíblico. Reconhecemos que nós mesmos não somos imunes ao perigo de capitularmos ao secularismo. Por exemplo, embora tendo à nossa disposição pesquisas bem preparadas, valiosas, sobre o crescimento da igreja, tanto no sentido numérico como espiritual, às vezes não as temos utilizado. Por outro lado, por vezes tem acontecido que, na ânsia de conseguir resultados para o evangelho, temos comprometido a nossa mensagem, temos manipulado os nossos ouvintes com técnicas de pressão, e temos estado excessivamente preocupados com as estatísticas, e até mesmo utilizando-as de forma desonesta. A igreja tem que estar no mundo; o mundo não tem que estar na igreja.

Efésios 6.12; 2 Coríntios 4.3, 6; Efésios 6.11, 13-18; 2 Coríntios 10.3-5; 1 João 2.18-25; 4.1-3; Gálatas 1.6-8; 2 Coríntios 2.17; 4.2; João 17.5.

13. LIBERDADE E PERSEGUIÇÃO

É dever de toda nação, dever que foi estabelecido por Deus, assegurar condições de paz, de justiça e de liberdade em que a igreja possa obedecer a Deus, servir a Cristo Senhor e pregar o evangelho sem impedimentos. Portanto, oramos pelos líderes das nações e com eles instamos para que garantam a liberdade de pensamento e de consciência, e a liberdade de praticar e propagar a religião, de acordo com a vontade de Deus, e com o que vem expresso na Declaração Universal do Direitos Humanos. Também expressamos nossa profunda preocupação com todos os que foram injustamente encarcerados, especialmente com nossos irmãos que estão sofrendo por causa do seu testemunho do Senhor Jesus. Prometemos orar e trabalhar pela libertação deles. Ao mesmo tempo, recusamo-nos a ser intimidados por sua situação. Com a ajuda de Deus, nós também procuraremos nos opor a toda injustiça e permanecer fiéis ao evangelho, seja a que custo for. Não nos esqueçamos de que Jesus nos preveniu de que a perseguição é inevitável.

1 Timóteo 1.1-4; Atos 4.19; 5.29; Colossenses 3.24; Hebreus 13.1-3; Lucas 4.18; Gálatas 5.11; 6.12; Mateis 5.10-12; João 15.18-21.

14. O PODER DO ESPÍRITO SANTO

Cremos no poder do Espírito Santo. O pai enviou o seu Espírito para dar testemunho do seu Filho. Sem o testemunho dele o nosso seria em vão. Convicção de pecado, fé em Cristo, novo nascimento cristão, é tudo obra dele. De mais a mais, o

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Espírito Santo é um Espírito missionário, de maneira que a evangelização deve surgir espontaneamente numa igreja cheia do Espírito. A igreja que não é missionária contradiz a si mesma e debela o Espírito. A evangelização mundial só se tornará realidade quando o Espírito renovar a igreja na verdade, na sabedoria, na fé, na santidade, no amor e no poder. Portanto, instamos com todos os cristãos para que orem pedindo pela visita do soberano Espírito de Deus, a fim de que o seu fruto todo apareça em todo o seu povo, e que todos os seus dons enriqueçam o corpo de Cristo. Só então a igreja inteira se tornará um instrumento adequado em Suas mãos, para que toda a terra ouça a Sua voz.

1 Coríntios 2.4; João 15.26-27; 16.8-11; 1 Coríntios 12.3; João 3.6-8; 2 Coríntios 3.18; João 7.37-39; 1 Tessalonicenses 5.19; Atos 1.8; Salmo 85.4-7; 67.1-3; Gálatas 5.22-23; 1 Coríntios 12.4-31; Romanos 12.3-8.

15. O RETORNO DE CRISTO

Cremos que Jesus Cristo voltará pessoal e visivelmente, em poder e glória, para consumar a salvação e o juízo. Esta promessa de sua vinda é um estímulo ainda maior à evangelização, pois lembramo-nos de que ele disse que o evangelho deve ser primeiramente pregado a todas as nações. Acreditamos que o período que vai desde a ascensão de Cristo até o seu retorno será preenchido com a missão do povo de Deus, que não pode parar esta obra antes do Fim. Também nos lembramos da sua advertência de que falsos cristos e falsos profetas apareceriam como precursores do Anticristo. Portanto, rejeitamos como sendo apenas um sonho da vaidade humana a idéia de que o homem possa algum dia construir uma utopia na terra. A nossa confiança cristã é a de que Deus aperfeiçoará o seu reino, e aguardamos ansiosamente esse dia, e o novo céu e a nova terra em que a justiça habitará e Deus reinará para sempre. Enquanto isso, rededicamo-nos ao serviço de Cristo e dos homens em alegre submissão à sua autoridade sobre a totalidade de nossas vidas.

Mateus 14.62; Hebreus 9.28; Marcos 13.10; Atos 1.8-11; Mateus 28.20; Marcos 13.21-23; João 2.18; 4.1-3; Lucas 12.32; Apocalipse 21.1-5; 2 pedro 3.13; Mateus 28.18.

CONCLUSÃO

Portanto, à luz desta nossa fé e resolução, firmamos um pacto solene com Deus, bem como uns com os outros, de orar, planejar e trabalhar juntos pela evangelização de todo o mundo. Instamos com outros para que se juntem a nós. Que Deus nos ajude por sua graça e para a sua glória a sermos fiéis a este Pacto! Amém. Aleluia!

AFIRMAÇÕES DO MANIFESTO DE MANILA53

1. Afirmamos renovado nosso compromisso com o Pacto de Lausanne como base para nossa cooperação com o movimento de Lausanne.

2. Afirmamos que nas Sagradas Escrituras, nos dois testamentos, o Antigo e o Novo, Deus nos tem dado uma revelação imperativa do Seu caráter e vontade, de Suas obras redentoras e seus significados, e Seu mandato para a missão.

3. Afirmamos que o Evangelho Bíblico é a mensagem permanente de Deus para nosso mundo, e nos comprometemos a defendê-lo, proclamá-lo e vivê-lo.

53 https://underfaith.wordpress.com/visao-ministerial/manifesto/

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4. Afirmamos que os seres humanos, ainda que criados a imagem de Deus, são pecadores e culpados, perdidos sem Cristo, e que essa verdade é preliminar na compreensão do Evangelho.

5. Afirmamos que o Jesus da história e o Cristo da glória são uma mesma pessoa, e que este Jesus Cristo é absolutamente único, posto que só Ele é o Deus encarnado, Ele carregou nossos pecados, conquistou a morte e voltará como juiz.

6. Afirmamos que na cruz, Jesus Cristo tomou nosso lugar, levou nossos pecados, sofreu a morte que nos era merecida morrer, e que unicamente por essa razão, Deus perdoa gratuitamente aqueles que são levados ao arrependimento pela fé.

7. Afirmamos que as demais religiões e ideologias não são caminhos alternativos para chegar a Deus, e que a espiritualidade humana, se não estiver redimida por Cristo, não conduz a Deus se não ao juízo, já que Cristo é o único caminho.

8. Afirmamos que devemos mostrar o amor de Deus de maneira visível, atendendo aos que estão privados de justiça, dignidade, alimento e vestimenta.

9. Afirmamos que a proclamação do Reino de Deus de toda justiça e paz, exige a denúncia de toda injustiça e opressão, tanto pessoal como estrutural. Não evitaremos esse testemunho profético.

10. Afirmamos que o testemunho que o Espírito Santo dá a respeito de Cristo é indispensável para a evangelização e que, sem sua obra sobrenatural, não são possíveis, nem o novo nascimento, nem a vida nova.

11. Afirmamos que a luta espiritual requer armas espirituais, que devemos pregar a Palavra no Poder do Espírito, e orar sem cessar para que possamos participar da vitória de Cristo sobre os principados e potestades do mal.

12. Afirmamos que Deus tem encomendado a toda a Igreja e a cada um de seus membros a tarefa de fazer Cristo conhecido em todo o mundo: nosso anelo é que todos, sejam leigos ou ministros, estejam mobilizados e capacitados para essa tarefa.

13. Afirmamos que os que dizem ser membros do Corpo de Cristo devem superar as barreiras de raça, sexo e classe social dentro da nossa comunidade.

14. Afirmamos que os dons do Espírito Santo são repartidos para todo o povo de Deus, tanto para as mulheres como aos homens, e que se deve promover a participação de todos na evangelização para o bem comum.

de santidade e de amor: se não for assim, nosso testemunho perde sua credibilidade.

16. Afirmamos que toda congregação cristã deve desdobrar-se para estar participante na comunidade em que se encontra inserida através do testemunho evangelístico e do serviço de compaixão.

17. Afirmamos a necessidade urgente de que as Igrejas, agências missionárias e outras instituições colaborem mutuamente na evangelização e ação social, e que repudiem a incompetência e evitem duplicar esforços.

18. Afirmamos que é nosso dever estudar a sociedade na qual vivemos a fim de entender suas estruturas, seus valores e suas necessidades, e desta maneira, desenvolver uma estratégia apropriada para a missão.

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19. Afirmamos que a evangelização do mundo é urgente e que é possível alcançar os povos não alcançados. Tomamos a decisão de dar-nos a esta tarefa com vigor renovado durante a última década do século XX.

20. Afirmamos nossa solidariedade com os que sofrem pelo Evangelho, e procuramos nos preparar para a possibilidade de sofrer da mesma maneira. Trabalharemos a favor da liberdade religiosa e política em todas as partes.

21. Afirmamos que Deus está chamando toda a Igreja para levar o Evangelho a todo o mundo. Comprometemo-nos, portanto, a proclamá-lo com fidelidade, urgência e sacrifício até que Cristo regresse.

REUNIÃO DE EVANGELIZAÇÃO MUNDIAL 2004

Trinta anos depois do Pacto de Lausanne (1974), mais de 1530 participantes de 130 países assistiram a 31 apresentações sobre temas relacionados com a evangelização do mundo. Os temas tratados fora: AIDS, terrorismo, globalização, o papel global dos meios massivos de comunicação, pobreza, a perseguição de cristãos, as famílias fragmentadas, a nacionalização política e religiosa, pós-modernismo, opressão de crianças, urbanização, descuido dos inválidos.54

A evangelização de grupos não alcançados é mencionada no sumário, mas não é a ênfase do documento. O sumário não afirma a autoridade da Palavra de Deus, mas menciona “as palavras de Jesus”. O amor ao próximo, ainda que não em conflito com o amor de Deus, é a maior preocupação. A ênfase do documento protestante é a obra social e política, e toma o lugar da evangelização do não-crente, que é a dimensão vertical e a ênfase evangélica tradicional.55

Na atualidade o chamado e o movimento para voltar a evangelizar aos “não-alcançados” são especialmente praticados pelas novas igrejas populares em todo o mundo.

E. DEFINIÇÕES CONTEMPORÂNEAS DA MISSÃO GLOBAL

A igreja global tem sido influenciada em seu trabalho missionário pelas orientações que provêm das definições da missão do movimento ecumênico tradicional, das perspectivas denominacionais, dos evangélicos e pelo movimento popular.

1. A IGREJA CATÓLICA ROMANA (ICR)

Não há uma só “missiologia” dentro da ICR. A diferença entre o teólogo da libertação Gustavo Gutiérrez e o Papa Bento XVI é tão ampla, como a diferença entre Fidel Castro e George Bush. Entretanto, Gutiérrez e o Papa tem algo em comum: a membresia, comum e liderança dentre de uma só denominação, a ICR. O papado tem influência sobre o que é permissível dentro da igreja ICR, enquanto que a Teologia da Libertação tem influenciado a ética social da ICR.

54 www.lausanne.org (Tradução do autor. Não há uma tradução do documento em português).55 A obra vertical é entre Deus e o homem e o homem com Deus. O movimento horizontal é entre os homens.

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A posição oficial da ICR para a missão é tradicional em doutrina, uniforme em estrutura eclesiástica, pluralista em ética social, sincretista em relação às religiões do mundo e com as igrejas protestantes e evangélicas.56

O diálogo entre Católicos e Evangélicos (Catholics and Evangelicals Together)não tem afetado a ICR tal como tem afetado os protestantes e evangélicos. Historicamente, os protestantes e evangélicos tem evangelizado os católicos romanos e a maioria dos novos convertidos na América Latina, pelo menos, são de origem católica.

O diálogo entre Católicos e Evangélicos mostra a ironia da prática da acomodação da ICR. Os ecumênicos protestantes advogam uma reforma teológica dentro da Igreja Católica Romana e esperam a bênção papal apesar de serem considerados como “irmãos separados”. A ICR rejeita a essência do protestantismo, o “Sola Scriptura”, mas adota as práticas protestantes e evangélicas quanto à música, liturgia, ética social e pessoal, e, entre outras coisas, o uso da comunicação em massa na difusão da mensagem cristã. Enquanto os ecumênicos protestantes se reconciliam e alguns estão voltando à “Igreja Mãe”, milhões de ex-católicos são recebidos na membresia das igrejas evangélicas. Esse é o paradoxo do diálogo ecumênico quando este inclusive dá as costas à realidade dentro do próprio povo que compõem estas igrejas.

2, O MOVIMENTO ECUMÊNICO PROTESTANTE

A estrutura mais ampla e mais conhecida do movimento ecumênico protestante é o Conselho Mundial de Igrejas (CMI). O CMI tem conselhos regionais, como o Conselho Latino-americano de Igrejas (CLAI). A posição do CLAI está definida em sua constituição com claras ênfases provenientes da Teologia da Libertação, postura que tem sido popularizada na região citada. Evidentemente é uma perspectiva sócio-política com ênfase posta em sua opção de mudar as estruturas políticas e as práticas sociais que oprimem os marginalizados.57

A posição do CLAI se afastas da “senda antiga” que dá a prioridade à justificação pela fé somente. A justiça social é acrescentada à justificação pela fé. Ninguém argumenta que a justiça social não é importante, mas a justiça humana não é a base para determinar a salvação de uma pessoa. Tal como “as obras” são fruto da fé, assim a justiça humana é um fruto da justificação pela fé.

A maior parte do movimento ecumênico protestante é liberal na doutrina, pluralista na eclesiologia, libertária na ética social, aberto ao diálogo com líderes das religiões do mundo e a favor do companheirismo com a ICR.

3. MOVIMENTO EVANGELICO PARA-ECLESIÁSTICO

Os evangélicos contemporâneos, diferente dos protestantes históricos,58 não buscam união eclesiástica, mas a cooperação nos ministérios e nas missões. Isso conduz também a um sério perigo e problema que é a multiplicação e proliferação de igrejas que às vezes, não tem nenhuma relação de irmandade entre si. Isto pode ser vantajoso no momento de difundir o Evangelho para alcançar mais lugares, mas também envergonha o testemunho da unidade dos cristãos. Junto a elas, as organizações paraeclesiásticas

56 Catecismo da igreja.57 www.CLAI.org58 O protestante histórico tem sua origen no século XVI. Os evangélicos são movimentos dentro e fora da igreja protestante histórica para o ministério de pregar, evangelizar, ensinar e praticar o Evangelho.

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existem lado a lado das igrejas e denominações, e em geral não são controladas por uma denominação ou igreja em particular.

As agências como Alfalit, Associação Billy Graham, Compassion Internacional, COMIBAM, Cruzada Estudantil, Enlace, HCJB, Liga Bíblica, Operação Mobilização, Missão Integral, Jovens para Cristo, JOCUM, Visão Mundial, Wycliff e outras agências são para-eclesiásticas. As raízes do movimento para-eclesiástico estão profundamente enraizados na expressão de liberdade da religiosidade norte-americana: não é necessário trabalhar diretamente com as igrejas denominacionais.

O movimento evangélico para-eclesiástico em geral é conservador na teologia, interdenominacional na eclesiologia, desenvolvedor em ética social, fechado ao diálogo com os líderes das religiões mundiais e oposto à comunhão com a Igreja Católica Romana.

4. MOVIMENTO POPULAR

O paradigma institucional e denominacional de católicos, protestantes e evangélicos não são adequados para descrever todo o movimento cristão global. A realidade da igreja perseguida, da igreja imigrante, da igreja marginalizada, da igreja nas casas e igreja popular não se ajusta ao molde tradicional. Entendendo como “molde tradicional” a perspectiva e o modelo do que “é” ser cristão segundo a cosmovisão anglo-saxônica (Europa e América do Norte). O “molde popular” é mais comum em países não-livres.

Por isso, a possibilidade de que haja mais cristãos na China que nos EUA, Canadá e Europa devem fazer o missiólogo pensar acerca dos diferentes modos de ser cristão, que sem renunciar aos princípios bíblicos, vive sua fé em seu contexto e responde o que lhe é imposto em sua situação histórica a partir do Evangelho.59

A “igreja popular” é majoritariamente carismática em sua teologia, congregacional em sua eclesiologia, a ética social é personalizada e individualista (por razões econômicas e políticas) e o diálogo inter-religioso não é considerado de muita importância. Estas igrejas não se dedicam à formação de instituições religiosas, mas aos movimentos de missões. Um exemplo disso é a formação de mais de 50.000 igrejas caseiras em Cuba.60 O governo cubano não promove a ideia de os evangélicos formarem novas denominações. Os novos grupos devem afiliar-se com denominações tradicionais. Ainda que algumas sejam parte de denominações já estabelecidas, a maioria faz alianças estratégicas e não doutrinárias para funcional na sociedade.61

A missiologia deve levar em conta a grande mudança no “mundo majoritário”.62 A perseguição religiosa, a dominação política e a opressão social mudam a estrutura social da igreja. A responsabilidade missionária é promover, manter, recuperar a teologia bíblica e Cristocêntrica (Apocalipse 1.9).

59Na visita do presidente do MINTS à China em 2005, a cifra de mais ou menos 100 milhões de cristãos na China foi mencionada. Este número estava em um milhão quando os missionários tiveram de deixar o país no início da década de 50.60 Segundo Norberto Quezada de “Los Pino Nuevos” em Cuba (maio, 2017).61Há congregações em Cuba que associam com uma denominação, pagam uma porcentagem ao deísmo, ou entrada financeira da igreja, para ter cobertura.62 O mundo majoritário é a maior população, o que antes se denominava terceiro mundo. Antes, os sociólogos falaram do primeiro, segundo e terceiro mundo em relação ao status econômico do grupo.

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CONCLUSÃO

Em termos globais, que foi o foco da Lição 2, os movimentos Romanos, Ortodoxos, Protestantes e Evangélicos apresentam uma missiologia de auto-preservação e extensão de suas instituições denominacionais. Ao lado das missões denominacionais há sociedades missionárias e movimentos para-eclesiásticos para as missões que tem mais ênfase na evangelização e ministérios em particular. O terceiro movimento missiológico é o que acontece entre as igrejas populares e nacionais que está crescendo em seu próprio contexto sob a liderança local.

Agora vamos focar a nossa atenção nas missões católicas (Lição 3), nas missões reformadas e presbiterianas (Lições 4 e 5) e nas missões do evangélicos (Lição 6), na América Latina e Caribe.

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PERGUNTAS DA LIÇÃO 2

1. Qual é definição de missão em Latim e no grego?

2. Qual é a distinção entre a missão de Deus e as missões?

3. Onde se encontra a definição e qual é a explicação da missão para a igreja Católica Romana?

4. Qual é o apoio que os credos ecumênicos dão ao nosso entendimento da missão de Deus?

5. Qual é a sua impressão sobre os capítulos I e IV da Regra de São Bento?

6. Qual é a sua impressão sobre a Regra de São Francisco?

7. De que maneira as Confissões Reformadas do século XVI e XVII falam sobre evangelismo e missões?

8. Quais são os três aspectos da missão de Deus segundo Gisbertus Voetius?

9. Por que surgiram as sociedades missionárias durante o século XVIII?

10. Qual é o foto da Introdução do Pacto de Lausanne (1974)?

11. Mostre como o Pacto de Lausanne apresenta uma visão integral sobre a evangelização e missão.

12. Qual é a sua definição de Missiologia?

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LIÇÃO 3

A REFORMA E A IGREJA CATÓLICA ROMANA NO CARIBE E NA AMÉRICA LATINA

I. INTRODUÇÃO

A Reforma Protestante ocorrida no século dezesseis na Europa se caracterizou por suas reformas teológicas e eclesiásticas. Por contraste, os movimentos reformadores dentro da Igreja Católica Romana (ICR) no Caribe e na América Latina (ALC) se expressaram mais na área social e não tanto teológica.

Este estudo demonstrará que os esforços reformadores da ICR no século dezesseis produziram muita inspiração, mas não tiveram os fortes ideais da teologia protestante. Os quinhentos anos de domínio da ICR na Ibero-América na cristandade não se deve somente a seu próprio esforço mas também às debilidades dos protestantes, visto que os protestantes não viveram à altura de suas próprias expectativas.

A lição 3, está dividida em três áreas principais da missão histórica da ICR na ALC: 1) a era do cristianismo ibérico (1492-1791); 2) a era do cristianismo colonial (1792-1962); e 3) a era pós Vaticano II do pluralismo religioso e do ecumenismo (1962 até hoje).63

Serão enfatizados os esforços reformadores do final do século XV e da primeira metade do século XVI empreendido pela ICR no território sob o domínio do império espanhol. A Reforma Protestante ainda não tinha sido estabelecida na ALC nesse período, entretanto, em 1528 se assentavam os primeiros luteranos na Venezuela e ao mesmo tempo os huguenotes franceses recorriam ao mar do Caribe e á Costa Oeste da América do Norte.

II. O CRISTIANISMO IBERO-AMERICANO E OS MOVIMENTOS DE REFORMA NA IGREJA CATÓLICA ROMANA NA ALC (1492-1791)

A. INTRODUÇÃO

O cristianismo católico romano chegou ao Caribe em 1492, à América do Sul em 1500, e ao México em 1519. A ICR chegou com os poderes imperiais espanhóis e portugueses e dominaram a maior parte do hemisfério: parte da América do Norte, toda a América Central e América do Sul, por mais de trezentos anos. As bulas papais (documentos relativos a matérias de fé, interesse geral, ou concessão de benefícios e privilégios) que remontam a 1493, davam poder político e religioso a Espanha e Portugal; o Brasil sob a jurisdição de Portugal e o resto das Américas sob a jurisdição da Espanha. Os imigrantes protestantes não puderam entrar ao centro do Império Ibero-Americano e

63 Este esquema geral é tomado de Enrique Dussel, A History of the Church in Latin America (1981). Dussel fixa a segunda “era no ano 1808, enquanto que este estudo situa o começo das revoluções nacionais na ALC na revolução do Haiti em 1791.

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por tanto tiveram de instalar-se nas ilhas do Caribe sob a proteção de governos holandeses, ingleses e até mesmo sob poderes coloniais franceses.64

As perguntas, denúncias e defesa acerca da natureza da “Primeira Evangelização” nas Américas requer uma investigação profunda, que esta lição não pode proporcionar devido ao espaço e às considerações temáticas. Ainda assim, temas gerais relacionados com a reforma social, teológica e eclesiástica precisam ser mencionados em relação com a monolítica ICR na ALC para assim ter uma perspectiva histórica correta das reformas dos protestantes e do crescente número de evangélicos na ALC. Nesta seção será dada uma breve introdução acerca dos esforços de reforma dentro da ICR na ALC.

Os historiadores escreveram mais de 500 livros acerca do descobrimento da América liderado por Cristóvão Colombo (1451-1506). Muitas das biografias acerca de Colombo dizem que foram motivos religiosos que o levaram à conquista da América. Uma quantidade significativa de literatura tem questionado seriamente os motivos religiosos do grande explorador e dos primeiros conquistadores.65

O historiador protestante dominicano Alfosno Lockward em seu livro Algunas cruces altas (1992) defende a tese de que Colombo foi dirigido pela Palavra de Deus, especialmente pelas profecias de Isaías no Antigo Testamento. Defendendo a origem judia de Colombo, ela dá evidências que mostram que a visão principal de Colombo era fazer uma possível exploração financeira para fazer uma cruzada e reconquistar Jerusalém. Incluído nos planos de explorações de Colombo estava o intento de evangelizar os índios. Isto envolvia levar os índios à Espanha, ensinar-lhes espanhol, ensinar-lhes a doutrina católica, ensinar-lhes os costumes culturais ibéricos. Colombo não estava de acordo com o trato de que os índios recebiam da parte dos colonizadores espanhóis, mas nesse momento, ele era conhecido por seu trato brutal não só com os índios, mas também com os membros da sua tripulação.66

Durante a segunda viagem à Colômbia (1493) Bernardo Boil e 12 trabalhadores religiosos acompanhavam Colombo à Espanha. Roman Pané começou a trabalhar com os índios em 1496. Pané foi o primeiro a aprender o idioma e o primeiro europeu a buscar a conversão ao cristianismo.67

Foram construídas capelas católico-romanas no que hoje é Santo Domingo, República Dominicana (1498). No começo do século dezesseis já se celebravam missas em várias localidades da região. Em 1502 um grupo de franciscanos fundaram a primeira escola primária para os filhos dos colonizadores em “La Veja da Espanhola”.

64Os britânicos chegaram cedo ao Caribe no século XVIII: Bermuda (1609), Barbados (1626), Belize (1638), Jamaica (1655), Trindade (1797), Granada (1783). Veja-se Justo González, Historia..., pp. 142,189, 209-211; David Barrett (ed.) World Christian Encyclopedia (1982), pp. 162, 174, 335, 417, 678; Jean Bastian, op. cit., pp.23-24. Os holandeses chegaram a Curazao en 1634 e a Suriname em 1668. Jan M. van der Linde, Surinaamse Suikerheren en hun Kerk (1966), pp. 13f y A.H. Algra, Dispereert Niet, Vol. 5 (1972.), pp. 278-281. Os daneseschegaram a St. Kitts, St. Thomas, y St. John. Véase K.S Latourette, The Great Century: The Americas, Australia and Africa, Vol. 5 (1978), p. 49. Os franceses tomaram Martinica, Guadalupe. Os huguenotes franceses se instalaram em St. Tomé, St. Kitts, Suriname, Guiana britânica e Guiana francesa. González, op. cit., pp. 142f referente às bulas papais.65 Frank Moya Pons, Op. cit., (1992). 66 Alfonso Lockward, Algunas Cruces Altas (1992).67 Veja Ramón Pané, Relación Acerca de las Antiquedes de los Indios (1988).

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Lockward destaca os intentos de converter os índios na espanhola, levados a cabo por missionários e trabalhadores religiosos da ICR. Algumas histórias católicas que foram escritas falam de confissões feitas pelos indígenas como a que Román Pané escreve:

O primeiro a ser assassinado depois de haver sido batizado foi um índio chamado Gauticavá, que mais tarde recebeu o nome de João. Foi o primeiro cristão que foi submetido a uma morte cruel, e estou certo de que foi martirizado. Porque soube, por meio dos que estavam presentes quando ele morreu, que ele disse: ‘Dios naboria daca, Dios naboria daca’, que significa “sou um servo de Deus”.68

Eram estas conversões, forçadas ou não, as que realmente guiaram os índios a adorar, proclamar e servir ao Deus do cristianismo? O escritor protestante Justo González, escreve acerca da captura do chefe indígena cubano Hatuey, a quem ofereceram mudar sua pena morte de morrer queimado a uma morte imediata se ele aceitasse o batismo católico. Diz-se que Hatuey declarou que se o batismo significava ir ao céu onde estavam os espanhóis, então ele preferiria não ir para lá, nem receber o batismo. Bartolomeu De lãs Casas e outros missionários católicos também protestaram contra os batismos forçados e contra os meios violentos que eram usados para evangelizar.69

A história registrada pelos apologistas da ICR e seus reformadores é eclipsada, se não totalmente silenciada, pelo extermínio total da população indígena convertida ou não na Espanhola em 1545 (ou pouco tempo depois). Genocídios similares ou parciais ocorreram em todo o Caribe e América Latina. O historiador Dominicano Católico Romano Frank Moya Pons, em seu livro The Shock of the Discovery diz:

Me pergunto se os mais de 400.000 índios assassinados não eram, por acaso, seres humanos? Acaso não tinham almas? Não eram também filhos de Deus? Por que se celebram e se justificam hoje essas matanças e explorações como se fosse algo abstrato que ocorreu em uma época e não algo executado por maus cristãos?70

Uma das obras mais importantes, além da História de las Índias escrita por Bartolomeu de las Casas em 1547, foi Doctrina Cristiana para instrucción e información de los indios por manera de historiaescrita em 1544 por Pedro de Córdoba (1482-1521). Tanto De las Casas, Córdoba, como Antonio de Montesinos (?-1528) protestaram energicamente contra o trato que os colonizadores deram aos índios.

Uma das coisas que os reformadores católicos protestaram foi a encomenda “que era um sistema semi-feudal de pagamento de impostos ou tributos no qual os nativos eram reduzidos à qualidade de simples servos dos espanhóis. Las Casas, em seu livro Very Brief Account of the Destruction of the Indies and remedies for the Existing Evils , aborda o tema e confronta as autoridades espanholas porque queria a abolição das

68Pedro de Córdoba, Doctrina Cristiana y Cartas (1988). Lockward cita a Fernando Colón, Vida del Almirante Don Cristóbal Colón (1984), p. 211.69Justo L. González, A Era dos Conquistadores (1980), p. 28. Rodolfo Blank, Teología y Misión... (1996), apresenta o foco não-violento do autor De las Casas,da mesma forma que os “franciscanos espirituais” como uma influência positiva não-violenta para a população indígena. É digno de menção o fato de que o foco franciscano contextualizado esteve ausente entre os protestantes, incluindo os morávios no século XVIII e as sociedades missionárias protestantes no século XIX. As observações de Blank com respeito às sociedades missionárias da ICR merecem ser mencionadas.70“Moya pergunta porque celebram a matança dos índios,” Última Hora (Santo Domingo 30 de março de 1992), p.4.

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encomendas. Seu pedido foi concedido por Carlos V em 1542, mas foi revogado em 1545 para acalmar o protesto dos colonizadores espanhóis. De las Casas e outros continuaram sua busca e luta pela reforma social.71

Na América do Sul, as reduções jesuítas se estabeleceram para atrair os índios à ICR e oferecer-lhes proteção comunitária contra os abusos da encomenda que duraram até 1768. As reduções representam um experimento muito significativo da cristandade católica na ALC. Foi, talvez, o mais próximo a uma comunidade cristã comparado com o protestantismo separatista.72

Entre as figuras religiosas da ICR se encontram alguns homens livre-pensadores, como São Francisco Solano que dedicou os últimos 20 anos de sua vida (1509-1610_ a evangelizar os índios na região de Tucumán, Argentina. Diz-se que pouco antes de sua morte pronunciou as seguintes palavras:

Vou ao reino, sim; mas não por meus méritos, pois sou o maior dos pecadores, mas pelos méritos de Jesus Cristo.73

Assim, no catolicismo do século dezesseis e princípio do século dezessete havia muita motivação para o trabalho de missões, uma mescla de imperialismo (Colón), evangelização (Córdova), direito dos índios (De las Casas) e uma combinação destes três fatores nas reduções. As conversões ao Cristianismo entre os índios e africanos levaram a uma “expressão” do cristianismo indígena. A liderança indígena era muito escassa.

Os historiadores dizem que as conversões de indígenas ao cristianismo sucederam apesar da cristandade, e não graças a ela. Os esforços heróicos de alguns missionários para evangelizar ainda que colocando em risco as suas vidas e vocação, não podem ser usados pela ICR tradicional como exemplos de seus primeiros esforços para cristianizar. Muitos dos missionários mais eficazes era uma exceção dentro da ICR e eram muito críticos das práticas desta. É muito mais comum encontrar, nos séculos dezesseis e dezessete, que os poderes da igreja tradicional e do estado sufocaram os esforços genuínos de evangelização.

A relação entre a ICR e as coroas de Espanha e Portugal dava à ICR o poder político para resistir à oposição. O poder da Inquisição, instituída no México e no Peru, em 1569, manteve sob controle a influência interna dos movimentos de reforma.74Sob

71 Luis Lugo, “Christianity and the Spanish Conquest of the Americas” (1991), p.8. Frey Bartolomeu de las Casas, Historia de las Indias (1985), Vol. 11, pp. 548 y ss.72 Daniel Monti, Presencia del protestantismo en el Río de la Plata durante el siglo XIX (1969), p. 28.73Titus G. Funk, “Jesuitas y menonitas: dos modelos asincrónicos de obra misionera integral en el Paraguay,” Boletín Teológico (41), pp. 31f.74Gonzalo Báez-Camargo, “Evangelical Faith and Latin American Culture,” The Ecumenical Era in Church and Society (Edward Jurij, ed.) (1959), p. 34. G. Báez-Camargo, “The Earliest Protestant Missionary Venture in Latin America,” Church History XXI (1952), p. 135. Os escritos de De las Casas, Vitoria, e Zumárraga foram proibidos em algumas regiões pela Inquisição. González, A Era dos Conquistadores (1980), pp. 63,67. Veja José Toribio Medina, Historia del tribunal de santo oficio de la inquisición en México(1905), y Bastian, op. cit., pp. 15-16; González, Historia..., pp. 144-163. Em 1569, O Santo Ofício da inquisição se estabeleceu no México, e Peru, John MacKay, The Other Spanish Christ(1932), pp. 49-51. G. Báez-Camargo, Protestantes Enjuiciados por la Inquisición en Ibero América (1960); Báez-Camargo reporta que durante os séculos XVI e XVII, houve 301 julgamentos e 58 casos de suspeita foram vistos pela Inquisição. Houve 27 execuções.Richard Greenleaf, “The Mexican Inquisition and the Enlightenment,” New Mexico Historical Review XLI, 3 (1966), p. 190.

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essas condições, nas quais os governantes não estavam a favor da reforma religiosa, foi muito difícil para as forças da Reforma Protestante estabelecerem-se na maioria das sociedades da ALC. A inquisição, entre outros fatores na ALC foi tão efetiva que no final do século dezesseis, o número de juízos e sentenças havia diminuído consideravelmente.

Os ventos da Reforma já estavam soprando nas terras ibéricas antes do descobrimento do Novo Mundo em 1492. Todas as características de uma reforma da igreja em grande escala podiam ser vislumbradas, até que a igreja e o estado apagaram as luzes da reforma com o uso da força militar. Havia um crescente interesse na tradução, estudo e interpretação da Bíblia. Considerava-se seriamente uma renovação teológica entre os sacerdotes e movimentos monásticos. Figuras proféticas como o humanista holandês Desiderio Erasmo (1466-1536) tinham seguidores na Espanha e no Novo Mundo. Nos movimentos monásticos espanhóis houve um renovado interesse pelo cristianismo primitivo. O que acontece com esse fresco vento da Reforma? O historiador protestante mexicano, Gonzalo Báez-Camargo afirma:

O grande avivamento evangélico – pois assim merece ser chamado – de alma ibérica, no século dezesseis, chocou-se com uma força falta de adversários internos: com uma coalização de absolutismo eclesiástico e imperialista, do qual a Inquisição foi sua arma mais exitosa; o auge da ordem jesuíta e o poder da Contra-reforma que lideraram; a expulsão dos mouros e dos judeus que selou o destino da liberdade religiosa na península; e o severo caráter do Concílio de Trento em matérias de fé e ordem.75

O fogo da liberdade religiosa e da reforma do cristianismo não foi avivado pelos conquistadores da ALC. Os índios e africanos foram pressionados a unirem-se à ICR. A espada do governo, o fogo da Inquisição, e a violência pública foram usadas livremente até o século dezenove. A poderosa aliança entre a igreja e o estado não foi desafiada senão com o surgimento do nacionalismo e da independência da América Latina no século dezoito. O nacionalismo conduziu o protestantismo da ALC a ser uma força espiritual necessária para a mudança histórica que os nacionalistas proclamavam

B. REFORMA SOCIAL

Sem embargo, durante os primeiros anos da ICR na ALC houve alguns exemplos de reforma social. Esse trabalho se desenvolveu principalmente entre os marginalizados sociais, ou seja, entre os índios e os africanos.

Antonio de Montesinos, um dominicano que trabalhava na Ilha Caribenha “La Española”, será lembrada por suas proféticas denúncias acerca da opressão dos índios pelas mãos dos colonizadores espanhóis. A citação seguinte está gravada debaixo da estatua de Montesinos, localizada próximo do porto de Santo Domingo na República Dominicana:

Diga-me, sob que direito de justiça vocês mantêm os índios nesse estado de servidão cruel e horrível?... Por que os mantêm tão oprimidos e fatigados, não dando-lhes suficiente comida, não cuidando deles quando estão enfermos? Devido ao excesso de trabalho a que os obrigam, eles adoecem e morrem, ou vocês os matam com seu desejo 75 Báez-Camargo, Op. cit., p.135.

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de extrair e adquirir ouro todos os dias... Acaso não são homens também? Acaso não têm uma mente racional? Acaso não se deve amá-los como vocês amam a si mesmos? Tenham por certo que assim como se vê a situação, vocês não têm mais possibilidades de salvação que os mouros ou os turcos.76

Bartolomeu De las Casas também prestou serviço na Republica Dominicana. Por anos tolerou o trato indigno para com os índios. Entretanto, no duodécimo ano de seu ministério ele se convenceu, devido à influência de Montesinos, dos crimes que os colonizadores cometiam contra os índios. De las Casas, apresentou a causa dos índios ante as autoridades religiosas espanholas.77 Ele dizia que a evangelização dos índios podia ser feita sem violência.78 Ele trabalhou na erradicação das opressas encomendas, que eram comunidades onde os índios eram obrigados a trabalhar e aprender a doutrina católica.79Ele ensinou que as pessoas eram iguais, que não haviam nascido escravas por natureza, como se havia deduzido da doutrina aristotélica acerca do homem e da escravidão.80 De las Casas continuou com sua polêmica contra os abusos do colonialismo espanhol, através de escritos e comunicações pessoais até o dia da sua morte. Depois de sua morte, seu trabalho literário foi proibido em alguns países da América Latina, como o Peru. Em meados do século seguinte, a Inquisição proibiu seus escritos na Espanha.81

Apesar de todos os esforços positivos em favor dos índios, De las Casas não foi visto como um herói pelos afro-americanos. Ele mesmo propôs que se levassem africanos ao Novo Mundo para substituir os trabalhadores indígenas débeis. Quando De las Casas viu o horrível abuso ao qual fora submetido os escravos africanos se arrependeu profundamente da sua ideia anterior.82

Uma terceira voz de protesto no século XVI contra os abusos dos conquistadores proveio de Francisco de Vitoria (morreu em 1575) que era o professor chefe na Universidade de Salamanca na Espanha. Ele estava muito interessado em definir os direitos tanto dos colonizadores como dos índios do Novo Mundo. Escreveu sete proposições a favor dos índios e sete a favor dos conquistadores. A seguir, veremos algumas das ideias expressas nessas proposições.

A primeira tese se refere ao direito que os índios tinham de possuir a terra, suas casas, etc., e de decidir sobre os assuntos da sua própria sociedade. Vitoria advogava em favor do direito que os índios tinham de decidir o que se referia a eles. Vitoria não estava de acordo com a ideia dos conquistadores que diziam que o pecado mortal, a idolatria, e as deficiências mentais era a razão pela qual eles deviam decidir os assuntos dos índios.83

A segunda tese questionava o direito do Papa de exercer autoridade sobre os não-cristãos e seus assuntos seculares. O Papa deveria exercer autoridade somente sobre os cristãos e acerca de assuntos espirituais. Uma guerra santa contra os índios pela simples

76 Véase Dussel, A History..., p. 47.77 González, La Historia..., pp. 61-63; MacKay, The Other..., pp. 45-49; Dussel, A History..., pp. 48-49.78 González, La Historia..., p. 62.79 Stephen Neill, A History of Christian Mission (1975), p. 172; Dussell, Op. cit., p. 86.80 F. Du Bose, ed., Classics of Christian Mission(1979), p. 213.81 González, La Era..., p. 63.82 Carlos Deive, La Esclavitud del Negro en Santo Domingo(1980), p. 61.83 González, La Era..., p. 64.

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razão de que os índios não tinham as mesmas crenças dos católicos não era justificável de acordo com Vitoria.84

Os reclamos de “direito de descobrimento” dado aos conquistadores não levavam em conta os direitos dos índios sobre essa mesma terra. Tal como no caso dos outros direitos dos índios, esta proposição estava baseada na primeira tese, na qual se dizia que que os índios tinham responsabilidade sobre seus próprios assuntos.85

Deveria os índios perder seus direitos sociais e de propriedade caso não se convertessem ao cristianismo? Vitoria entendia a dúvida dos índios acerca de serem cristãos devido à maneira corrupta e violenta com que eles haviam se apresentado. Outra vez, Vitoria queria enfatizar que o cristianismo não deveria ser um requisito para o direito de propriedade.86

Alguns dos conquistadores justificavam a conquista dizendo que era parte do castigo pelos pecados dos índios.87 Outra razão que apresentavam era que viam ao Novo Mundo como Canaã e viam também a eles mesmos, os conquistadores, como o povo de Deus que herdava a nova terra.88 Vitoria rejeitou estes argumentos a partir do ponto de vista bíblico e teológico.

Foi verdade que os índios pediram aos espanhóis para se assenhorear deles, como asseguravam alguns espanhóis? Vitoria colocava em dúvida a dinâmica de tal suposta escolha.89

Vitoria deu também sete razões para apoiar a conquista e o uso de armas. O uso de armas se justificava para proteger o direito de viajar, comercializar, para existir como Igreja Cristã, para prevenir que os índios se matassem, para mediar os conflitos entre as tribos se uma delas solicitasse tal intervenção. O senhorio dos espanhóis era justificável se os índios o houvessem pedido ou se se mostrassem incapazes de governar a si mesmos.90

O reconhecimento de alguns direitos dos índios havia reduzido a violência e os abusos contra os índios, mas ainda assim Vitoria justificava a conquista da América Latina e do Caribe.91

Os historiadores destacam alguns dos esforços heróicos de alguns membros do clero católico para defender os índios dos abusos dos conquistadores. John MacKay, historiador presbiteriano, cita o jesuíta José de Anchieta (1534-1597) e Manuel de Nóbrega (que morreu em 1556?) como um dos grandes defensores dos índios. Intercederam a favor dos índios ante os soldados portugueses no interior do Brasil. Ofereceram suas vidas aos soldados portugueses para defender os índios, obrigando os soldados a parar com os abusos.92

84 Ibid., p. 65.85 Ibid.86 Ibid.87 Ibid. p. 65.88 Ibid.89 Ibid.90 Ibid. pp. 66-68.91 Ibid.p. 68.92 MacKay, The Other…p. 38.

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Enrique Dussel, historiador católico-romano considerava que Antonio de Valdivieso (morreu em 1550) o bispo da Nicarágua foi ainda mais importante que De las Casas devido à sua defesa e martírio em favor dos índios. Valdivieso queria acabar com as injustiças e informou tanto ao rei como às autoridades da igreja acerca dos abusos. Os colonizadores se opuseram a ele e finalmente eles o assassinaram.93 Outros como o primeiro bispo mexicano Juan de Zumárraga (1528-1547); Cristóbal de Pedraza (1545-1583), o bispo de Honduras; Juan del Valle (falecido en 1661), o bispo de Popayán; o sucessor de Del Valle, Agustín De la Coruna (1565-1590); Pablo De Torres (1547-1554 en Panamá), o bispo do Panamá, podem ser mencionados como defensores das reformas sociais entre os indios.94

A aliança da ICR com os conquistadores foi ímpia. Pode-se denominar assim devido aos métodos pecaminosos e injustos que eles usaram para submeter os índios, africanos e protestantes ao sistema sócio-econômico-religioso dos colonizadores espanhóis. Os reformadores católicos mencionados mais acima, mostram que existia uma consciência social numa minoria da liderança da igreja, mesmo quando a igreja como instituição foi muito lenta em implementar mudanças concretas.95

Por meio dos protestos de Montesinos, De las Casas, Córdoba, Vitoria, e o clero antes mencionado, começou-se a se prestar atenção aos direitos dos índios. Mas, o que aconteceu com os direitos dos escravos africanos que foram trasladados para o Novo Mundo e obrigados a trabalhar para desenvolver os impérios coloniais? Pedro Claver (1581-1654), jesuíta de Cartagena, Colômbia, trabalhou entre os escravos africanos que chegavam em milhares de navios negreiros. Muitos dos escravos se encontravam em condições físicas e espirituais deploráveis. Uma quantidade não identificada morreu ou estava a ponto de morrer enquanto se encontravam aprisionados nesses barcos. Claver havia construído um pequeno hospital para ajudá-los. Ele entrava nas embarcações com um grupo de ajudantes a fim de ajudar os escravos em sua grave situação. Ele ensinou aos escravos noções do cristianismo básico e batizou dezenas de milhares entre eles. Claver morreu de mal de Parkinson, uma enfermidade comum entre os escravos nesse tempo.96

Os intentos de reforma em meio às estruturas políticas e eclesiásticas existentes se desenvolveram de forma muito lenta. As reduções, as comunidades indígenas reorganizadas, foram primeiro estabelecidas pelos franciscanos, depois pelos dominicanos, e de forma mais extensa pelos jesuítas, não só no Brasil, mas também no México, Colômbia, Venezuela e Paraguai. As reduções davam a oportunidade de praticar uma forma primitiva de cristianismo ao ser parcialmente separadas das paróquias tradicionais, localizarem-se longe da presença dos colonos e distantes da influência do poder político. Em muitos casos, os sacerdotes aprenderam o idioma dos indígenas, pelo que se viu o nascimento de gramáticas e dicionários, e se traduziram alguns fragmentos da Bíblia. As reduções com o passar do tempo, acabaram devido à falta de apoio da igreja institucional, do estado e dos colonizadores. Os jesuítas foram expulsos dos territórios que estavam nas mãos dos portugueses em 1755, e das áreas controladas pelos espanhóis em 1767.97

93 Dussel, Op. cit., pp. 52-53.94 Ibid. pp. 53-54.95 Ibid. pp. 47-60.96 González, La Era…, pp. 122-126.97 Gerald. M. Costello, Mission to Latin America (1979), p. 20; Dussel, Op. cit., p. 59.

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Graças à semi-separação da estrutura da ICR, parte das ordens monásticas do sistema eclesiástico romano, se beneficiou das reduções que foram desenvolvidas pelos jesuítas conforme mencionamos. Entretanto, da mesma forma que aconteceu com as comunidades protestantes na América Hispana, estas foram destruídas pelos sistemas religiosos e políticos absolutistas e corruptos.

A conquista “com a espada e a cruz católica” deixou os índios e africanos numa situação em que não tinham mais alternativas senão se adaptar. O auge do sincretismo do cristianismo anunciado e o paganismo travestido, ou seja a mistura sincrética das religiões indígenas e africanas com o catolicismo romano, pode ser rastreado até na evangelização imposta aos habitantes naturais destas terras e aos não-colonizadores.98

As faltas de sacerdotes e trabalhadores religiosos foram fatores que levaram a criar uma igreja institucionalizada, estática e dominada continuamente por forças políticas e sociais. O lento desenvolvimento da liderança nativa na ALC fez com que a ICR submetesse a população americana ao domínio estrangeiro.99

No século dezenove surgiu o nacionalismo e as revoluções do princípio do século vinte tinham um aspecto anti-clerical, anti-Igreja Católica Romana, atitude que com o tempo deu a oportunidade para que os protestantes se estabelecessem de forma mais profunda na ALC.

C. REFORMAS NA TEOLOGIA

O descobrimento europeu do Novo Mundo coincide com as reformas teológicas e políticas do norte da Europa. Ainda que a conquista ibérica do Novo Mundo preceda a Reforma na Europa, tanto do norte como do Sul, não devemos minimizar a grande influência das doutrinas protestantes acerca da autoridade das Escrituras, a graça soberana de Deus, a salvação somente pela fé em Jesus Cristo, e a necessidade de contínuas reformas para uma aproximação dos padrões bíblicos e apostólicos.

O funcionamento da Inquisição desanimou os esforços que poderia ter conduzido a uma reforma teológica no próprio seio da ICR. Entretanto, os escritores De las Casas, Vitoria, Zumárraga e outros, foram rotundamente proibidos em algumas regiões da ALC. A inquisição fomentava a conformidade com os esquemas tradicionais. Entretanto, apesar das condições opressoras e violentas da ICR, houve intentos notáveis de reformas teológicas na ICR nesta região.

Pedro de Córdova (1482-1521) escreveu um tratado católico simples, Doctrina Cristiana. Seu propósito era explicar aos índios os aspectos mais importantes da fé Católica Romana. Nesse tratado ele apresentou claramente várias das doutrinas cristãs mais importantes. Não se sabe com certeza de os índios foram doutrinados com este folheto, se podiam ler ou entender espanhol, ou se os trabalhadores cristãos tinham um domínio adequado das línguas indígenas para comunicar de forma efetiva o conteúdo do folheto. À luz do genocídio total dos índios na espanhola, com os quais Córdova havia trabalhado, perguntas como essas se convertem em secundárias.

98 Alfred Metraux, Voodoo in Haiti (1958); George Eaton Simpson, Black Religions in the New World (1978); William Madsen, Christo-Paganism: A Study of Mexican Religious Syncretism (1957); Dussel, Op. cit., pp. 82-86.

99 Gerald Costello, Op. cit. (1979), pp. 23-25.

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O primeiro bispo do México, Juan de Zumárraga, esteve interessado nas traduções da Bíblia, na instrução religiosa e na produção de literatura para os índios. Ele cria no treinamento dos líderes indígenas. Atribui-se a ele a primeira impressão no Novo Mundo. Ele fundou também várias escolas, bem como a primeira universidade do México. Depois da morte de Zumárraga seu livro sobre a doutrina cristã foi considerado uma heresia pela Inquisição.100

Os intentos dos reformadores católicos de levar a ICR a considerar as mudanças teológicas experimentadas no norte da Europa foram rapidamente calados pela Inquisição (veja nota 9). Gonzalo Báez-Camargo reporta que durante os séculos dezesseis e dezessete, a Inquisição levou a cabo 310 julgamentos e 58 casos de suspeita.101 Houve 27 execuções. Nem todas as execuções foram por motivos religiosos, é claro, mas a adesão ao luteranismo102 ou ao calvinismo foram algumas das razões para ser submetido à execução.

A Bíblia que foi traduzida por Casiodoro de Reina e completada na Europa em 1569, foi introduzida na ALC pouco depois. O bispo Agostino Dávila e Padilla (1599, foi a Santo Domingo saindo do México) registra que em 1599 foram apreendidas 300 cópias da Bíblia Protestante e queimadas publicamente.103 Este ato de vandalismo estava de acordo com o que fora estabelecido no Concílio de Trento (1545-1563) onde se concordou que aos leigos era proibida a leitura da Bíblia.

Na ALC logo se começou a desenvolver-se o culto à Virgem Maria e muitas aparições foram reportadas. Não faltaram esforços para deter o crescente sincretismo entre o espiritismo indígena e as tradições da Igreja Católica Romana. Por exemplo, alguns líderes religiosos falaram contra a tradição que rodeava as aparições da Virgemde Guadalupe no México. Bustamante de México (1556) argumenta que ao aceitar a validade das aparições do menino indígena Juan Diego era um retrocesso ao paganismo do qual os índios já haviam sido libertados.104 O debate sobre a autenticidade da Virgem de Guadalupe continuou e finalmente ela foi aceita como parte da tradição católica.105

Dado que as doutrinas básicas da Reforma Protestante não eram aceitas pela ICR, os que as aceitavam tiveram de ir para a clandestinidade, serem expulsos, ou quando possível, tornar-se membro de uma igreja protestante.

Ao contrário dos esforços sacrificiais de alguns católicos em defender e evangelizar à população indígena, a história não registra mártires católicos por defender as verdades teológicas.Mesmo quando os huguenotes franceses enfrentaram o fogo da

100 González, La Era.., p. 93; La Historia..., pp. 146, 149.101 Báez-Camargo, Protestantes Enjuiciados...; Richard Greenleaf, “The Mexican Inquisition and the

Enlightenment,” New Mexico Historical Review XVI, 3 (1966), p. 190.102 O termo “luteranismo” não foi aplicado aos membros da igreja luterana, mas era usado aos que se

identificaram com a teologia de Lutero. Havia poucos membros da igreja luterana que foram julgados pela Inquisição nas Américas.

103 Antonio Camilo González, El Marco Histórico de la Pastoral Dominicana (1983). Não sabemos se foram Bíblias dos espanhóis ou dos piratas.

104 Báez-Camargo, Op. cit., p.138. Espiritismo é uma melhor descrição da atividade sobrenatural dos índios e religiões nativas da África em vez de paganismo. O animismo sofre de tendências evolucionistas. O primitivismo não faz justiça às práticas comtemporâneas de atividades similares.

105 Madsen, Op. cit., pp. 105-180. Louis Luzbetak, The Church and Cultures (1981), p. 7.

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Inquisição das fileiras do ICR, poucos líderes católicos foram disciplinados por razões teológicas.Isso poderia ser porque as fronteiras das Américas e do Caribe eram largas o suficiente para que os protestantes religiosos pudessem levar sua visão a outros lugares? Em um sentido isso explicaria a esperança dos puritanos de alcançar com o Evangelho a América do Norte. Como a cristandade e o cristianismo teriam sido em geral se a verdade teológica e cristã tivesse sido defendida até a morte dentro do ICR e dentro do cristianismo ibero-americano?

D. REFORMA ECLESIÁSTICA

As ordens religiosas chegaram ao Novo Mundo imediatamente após a conquista de maneira oficial. Bernard Boil, o primeiro representante da igreja, tinha o título de Primeiro Delegado Apostólico perante os índios. Ele foi para a República Dominicana (1493-1494), juntamente com 12 trabalhadores religiosos em 1493. Eles foram seguidos pelos franciscanos no final do século e depois pelos dominicanos em 1510. Os jesuítas chegaram à ALC em 1549.

Nas ilhas francófonas, a sede romana tinha controle direto sobre o ICR. Nas colônias espanholas, foi estabelecido o sistema de “patronado” que permitia ao governo espanhol se encarregar da ICR e de suas missões onde quer que ele tivesse autoridade política. O patronado era um direito que a Igreja Católica Romana concedia aos reis da Espanha e Portugal para eleger ou delegar os padres nas diferentes paróquias ou sedes religiosas.

A ICR na ALC consolidou-se com um modelo tradicionalista e no qual a igreja queria preservar sua identidade medieval, a tradição papal e a aplicação da teologia do Concílio de Trento.

As igrejas alternativas fora da ICR não foram aceitas. Os huguenotes franceses em Coligny, Brasil (1555-1567) e os protestantes em todas as colônias espanholas e portuguesas foram invariavelmente expulsos e, em muitos casos, com a intervenção da força militar. Não foi senão até muito mais tarde, quando as novas repúblicas foram formadas durante os séculos XIX e XX e foi incorporado ao nacionalismo e ao secularismo estatal que os protestantes foram protegidos por constituições que reconheciam o pluralismo religioso.

E. CONCLUSÃO

A Reforma dentro da ICR no século XVI era mais social que teológica e eclesiástica. As reformas sociais através das ordens religiosas, missionárias e leigas tiveram um profundo impacto na América Latina e no Caribe.

III. A CRISTANDADE IBEROAMERICANA E OS MOVIMENTOS REFORMADORES NAS COLÔNIAS E REPÚBLICAS NA ALC (1791-1916)

A revolução nacional haitiana contra os colonizadores franceses em 1791, e a ruptura das relações entre Haiti e o Papa ao mesmo tempo, foi indicativa da história da

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ALC durante os séculos dezoito e dezenove. O republicanismo assegurava a soberania nacional e o pluralismo religioso em muitos países.

O decréscimo do catolicismo romano na ALC nestes séculos abriu as portas para o estabelecimento do protestantismo e do evangelicalismo na América Central e América do Sul. Naquela época já havia nas Antilhas no caribe havia uma presença protestante significativa.

Dado que a ICR não foi capaz de responder às amplas necessidades religiosas e culturais da América Latina, o pluralismo religioso chegou a ser um assunto crucial para as novas repúblicas durante as guerras de independência e no processo de adoção de suas novas constituições. Em algumas nações, a ICR reteve a honra de ser a religião do Estado, mas sua influência política foi bastante refreada. O desejo de voltar a uniformizar os distintivos culturais ibéricos é, todavia hoje um tema importante entre os católicos romanos na ALC. As guerras da independência e a intrusão do protestantismo são vistas como parte dos distintivos coloniais ou neocoloniais da Europa Ocidental e América do Norte.106

Os colportores de Bíblias foram os primeiros protestantes a entrarem na cristandade católica romana. Ainda que a oposição da ICR fosse forte, em alguns países houve uma recepção favorável por parte do próprio católico romano ou por ex-membros do clero que se haviam convertido ao protestantismo.107

Em termos da evangelização, desde a Conquista, a maioria dos latino-americanos eram nominalmente católico-romanos, ainda que nem sempre se submetessem à teologia da ICR, à ética ou à liturgia. Isto levou ao que alguns autores chamam de “as religiões mescladas”, “sincretismo” ou “Cristo paganismo”.108

Enrique Dussel prover um resumo de como se desenvolveu o decréscimo do poder cultural da ICR na cristandade colonial a partir de 1808. Ele observa de forma otimista e a vê como uma tendência renovadora no interior da igreja.

O começo deste período na História da Igreja na ALC observou a transição a partir do sistema de patronado, no qual o estado espanhol e oficiais do governo estavam encarregados da igreja e de suas missões, para um sistema secular no qual a igreja recuperava sua liberdade de ação e podia abordar a modificação das estruturas injustas e assim recuperar o apoio e confiança das massas.

Ao mesmo tempo, pode-se observar a transição de uma cristandade na qual a igreja tinha o apoio do sistema político – e onde todas as outras expressões religiosas eram excluídas do corpo – para um sistema pluralista no qual a igreja deve depender de seus próprios recursos e meios em um ambiente de liberdade religiosa. Nesta segunda etapa a igreja já não podia tirar proveito de suas conexões legais devido à sua relação com o estado, mas devia trabalhar através das instituições católicas. E é precisamente o nascimento dessas instituições que nos permite ver a renovação que contemplamos em nossos dias.

106 Dussel, Op. cit., pp. 132-133.107 Véase Arnoldo Canclini, Diego Thomson (1986).108 Dussel, Op. cit., p. 66.

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Isto implicava também que a igreja na América Latina começou a ter um contato direto com Roma, um contato que havia sido interrompido pelo sistema do patronado, o que por sua vez permitiu com o tempo uma abertura não só à Europa, mas a todo o mundo, à medida que os vestígios do império espanhol foram abandonados.109

O cristianismo denominacional protestante e reformado na ALC durante os primeiros 350 anos da conquista teve uma relação antagônica com o catolicismo romano. Desde meados do século dezenove, entretanto, muitos clérigos católico-romanos que compartilhavam as ideias da reforma se uniram ao novo movimento protestante. Este fato, em combinação com a chegada das sociedades missionárias da Europa Ocidental e América do Norte, proporcionou às pessoas outra alternativa à cristandade católica romana.

O congresso protestante do Panamá em 1916, o primeiro que se realizava na região com vistas a tratar do tema da evangelização na ALC, revelou um forte anti-catolicismo. Enquanto que a Conferência de Edimburgo, organizada pelos protestantes europeus poucos antes (1910) havia considerado a América Latina e Caribe como “cristianizada”. Essa postura foi rejeitada pelas agências missionárias norte-americanas e pelos líderes da igreja na ALC que se reuniram precisamente no Panamá para rejeitá-la e tomar uma posição ativa na tarefa missionária. A perseguição física contra os protestantes, as restrições legais e sociais impostas a eles em muitos países da região, e os contínuos desvios teológicos e bíblicos dentro da ICR motivaram esse anti-catolicismo.

IV. CONTEXTO DA MISSÃO DA IGREJA CATÓLICA ROMANA

O catolicismo tradicional e ibérico se relaciona estreitamente com a colonização e imigração a partir da Espanha, Portugal e Itália. O protestantismo na ALC cresceu entre os imigrantes da Europa do Norte. Tanto as colônias espanholas e portuguesas com as do norte da Europa se estabeleceram no final do século XVI. A teologia reformada, luterana e a do norte da Europa não eram permitidas nas colônias hispânicas e não foi conhecida senão no começo do nacionalismo do século XIX.

A aristocracia iberoamericana e os latifundiários formaram uma elite muito pequena, mas muito poderosa, em toda a ALC. A maioria das pessoas que constituíam a massa populacional eram índios, negros, mulatos e mestiços. Desde a Conquista, o catolicismo romano formou uma hegemonia com os governadores coloniais e militares para manter a unidade colonial e uma frente comum ante seus inimigos. O papel da ICR na hegemonia das colônias hispânicas foi desafiado pelos movimentos nacionalistas, que buscavam a independência da Espanha e Portugal durante o século XIX. Esta fratura na armadura hispanoamericana permitiu a ampla chegada do protestantismo. Desse modo, o crescimento do imperialismo dos Estados Unidos no final do século XIX produziu mudanças políticas e religiosas, especialmente no Caribe. Deste modo, finalmente rompeu-se o domínio centenário católico-romano em ilhas como Cuba, República Dominicana e Porto Rico.

109 Ibid. p. 73.

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V. A MISSÃO DA IGREJA CATÓLICA ROMANA

A maioria dos membros do clero para ALC vinha da Espanha. Historicamente a igreja ministrou a quatro grupos populacionais: 1) os colonizadores espanhóis; 2) à eleite colonial crioula e depois a nacional; 3) à classe trabalhadora, 4) e aos escravos. Estes grupos sociais poderiam ser estratificados na forma de uma pirâmide, com o pequeno grupo de colonizadores no topo e a classe trabalhadora e os escravos na base.

O clero da ICR chegou como colonizador. O sacerdote da paróquia trabalhava com os colonizadores e a população em geral; e os “trabalhadores missionários” trabalhavam entre os pobres. Dado que a igreja dependia mais do clero estrangeiro que do nacional, sempre havia escassez de sacerdotes e missionários.

VI. MOTIVAÇÃO DA MISSÃO DA IGREJA CATÓLICA ROMANA

Durante os séculos XVI e XVII a motivação missionária da ICR pode ser resumida na frase usada por Justo Gonzalez: a evangelização era com “a cruz e a espada”. A submissão ao dogma e à liderança da ICR eram tão importantes que se estabeleceu a Inquisição em 1559 para garantir essa submissão. Entretanto, como vimos no inicio da lição, líderes conscientes como De las Casas e Montesinos protestaram contra o uso da espada.

Os séculos XVIII e XIX podem ser denominados com toda segurança como os “da cruz e da constituição.” Pois apesar da pequena quantidade de sacerdotes e da decrescente influência da ICR na ALC, a igreja foi capaz de manter seu status como a religião do estado oficialmente reconhecida pela constituição da maioria das colônias hispânicas na ALC. Esse reconhecimento foi desafiado à medida que as colônias enfraqueceram, mas se manteve na formulação de algumas das constituições nacionais até século XIX. Entretanto, apesar das influências políticas da ICR permanecerem vivas e às vezes parecerem crescer nos países hispânicos, a liberdade religiosa foi concedida em muitos deles.

As motivações militares, políticas e sociais foram predominantes durante os primeiros 400 anos da presença da ICR na ALC, mas o testemunho de De las Casas, Montesinos, Zumárraga, Pané, Claver, Solano e outros não mencionados aqui, mostrou uma preocupação evangelística que os próprios protestantes poderiam invejar. De fato, se os líderes protestantes do século XVI tivessem sido desse calibre, seu futuro na ALC teria sido mais proeminente.

VII. CONCLUSÃO

O domínio religioso e sócio-político da ICR durante os primeiros 400 anos na ALC não encorajou uma reforma dentro da ICR. Até o fim do século XVI a Inquisição e os poderes coloniais haviam limitado as reformas teológicas e eclesiásticas. O crescimento do protestantismo foi inevitável. Piratas protestantes, mercadores, colônias e autoridades civis encorajavam a plantação de igrejas protestantes no novo mundo. Entre

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as primeiras a chegar estiveram as igrejas reformadas. Esta fase da história, estudaremos nas próximas lições.

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PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A LIÇÃO 3

1. Segundo o autor quais são as três épocas principais das missões na Igreja Católica Romana na América Latina e Caribe?

2. Qual é a opinião de Alfonso Lockward quanto à fé de Cristovão Colombo?

3. Quem foi o primeiro obreiro religioso a chegar nas Américas?

4. Qual é a observação de Frank Moya Pons quanto à celebração de 500 anos de evangelização?

5. Há indícios de que havia cristãos autênticos na Igreja Católica Romana na ALC durante o século XVI?

6. Que papel tinham os missionários católicos quanto aos direitos humanos dos índios-americanos e os afro-americanos?

7. Explique a intenção do bispo Juan Zumárraga de evangelizar os índios no México.

8. Que papel tinha o ofício da Inquisição quanto à reforma na ICR?

9. Em que sentido a Inquisição justifica a formação de igrejas protestantes na ALC?

10. Que influência a formação das nações hispânicas teve em sua relação com a Igreja Católica Romana?

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LIÇÃO 4

A MISSÃO REFORMADA NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE

I. INTRODUÇÃO

O protestantismo tem suas origens institucionais na Europa do Norte, quando Matinho Lutero cravou as 95 teses contra as indulgências na porta da catedral da cidade de Wittenberg, Alemanha, em 31 de Outubro de 1517, protestando contra a hierarquia e contra a instituição que a Igreja Católica Romana (ICR) havia começado. Houve intentos antes de Martinho Lutero (p. e. Huss, Wycliff), mas pela primeira vez desde a separação da Igreja Ortodoxa Grega (1054 dC), os protestantes puderam separar-se e sobreviver no contexto do Catolicismo.

O protesto na Europa teve êxito em parte porque os reis espanhóis estavam preocupados com a conquista das Américas. Desde 1492, sua atenção e suas riquezas foram usadas para esta conquista. No período entre 1492 a 1520, os protestantes se organizaram e a ICR não pode deter seu progresso. A Dieta de Worms (1521) foi um evento chave, pois é o ponto de partida do estabelecimento formal das igrejas protestantes com o respaldo dos príncipes alemães.

Os alemães, dinamarqueses, escoceses, holandeses, ingleses, suíços e as nações escandinavas apoiaram as igrejas protestantes em sua reforma eclesial e teológica. Seus primeiros missionários e pastores foram protegidos por seus governos e alguns enviados pelas companhias mercantis, como o caso dos reformados holandeses.

A entrada dos reformados na América Latina e Caribe foi um tanto débil antes da primeira metade do século XVI. A primeira influência “protestante” é atribuída, por alguns historiadores à expedição dos banqueiros alemães, os Welsers. Carlos V autorizou a colonização de uma porção do que hoje é a Venezuela. A expedição durou de 1528 a 1536 (outros dizem 1546). Não há nenhum registro de cultos celebrados, de evangelização ou de alguma atividade cristã. Pelo contrário, o que se sabe é o contrário, a expedição chega com escravos e os colonos tentaram escravizar os índios na Venezuela.110

Houve informes de que um huguenote (reformado) francês, Jacques de Sores, chegou à Havana (Cuba) e distribuiu Bíblias. O que é certo é que os huguenotes franceses chegaram ao Brasil em 1555, fundaram uma colônia que durou pouco (quatro anos) até 1559, quando por problemas internos a expedição de Villegaignon fracassou.111

Depois de várias expedições dos huguenotes franceses, os reformados holandeses, os anglicanos ingleses, os presbiterianos escoceses, os luteranos alemães e os batistas ingleses começaram a chegar à ALC. Nesta lição examinaremos algumas conclusões sobre a missão dos reformados a partir de 1555 até 1916.

II. O CONTEXTO DA MISSÃO DAS IGREJAS REFORMADAS

110 Cornelio Hegeman. Desde la Española hasta Lutero (2003). Rodolfo Blank, um luterano, afirma seu desacordo con Jean Pierre Bastián, associado aos Welsers, e a expediçã, com o luteranismo. Teología y Misión en América Latina, pp. 159-160.

111 Ibid.

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A primeira congregação protestante na ALC foi estabelecida, como já foi dito, pelos huguenotes franceses em Coligny, Brasil, 1557. Desde então, e até 1916, um total de 54 congregações foram estabelecidas em 19 países, com 258 pastores e 11 missionários. Os reformados holandeses trabalharam em 44 congregações e os valdenses italianos em 10.

QUADRO 4.II. IGREJAS E MISSÕES REFORMADAS112

Datas Lugar No. MinistrosReformados franceses1556-1558 Coligny, Brasil 1 3 pastores franceses

1686-1783 Suriname 1 cong. 10 pastores1 missionário

Reformados holandeses

1625-1654 Brasil, Paraíba 22 48 pastores7 missionários

1630-1850’s São Eustáquio 1 9 pastores1630-? Tobago 1 11634-1825 Curaçao 1 311648-1792 São Martinho 1 61660-1827 São Tomás 1 91667- Suriname1667-1916 Suriname 1 531688-1751 Commewijne 1 3

1691-1791 Cottica and Perica113 2 5

1667-1699 Torarica 1 1

1722-1774 São Cristóvão (ilha) 1 9

1736-1816 Saba 1 11736- Guiana inglesa

Berbice 1 2Fort Island 1Demerara (Ilha) 1

1750-1828 São João 1 31822-1825 Aruba 1 1 (leigo)

1823-1916 Suriname: Nickerie 1 5

1825-1916 Aruba UPC 1 41825-1916 Curaçao UPC 1 161843-1916 Bonaire 1 5

1845-? Suriname: Saramacca 1 2

Reformados norte-americanos1774-1792 São Cristóvão 1 11827-1916 São Tomé 1 18Valdenses1856-1916 Uruguai 8 81859-1916 Argentina 2 4 pastores, 3 missionáriosTOTAL 58 258 pastores; 11 missionários

Como diversas foram as iniciativas, vários tipos de igrejas também foram estabelecidas. As primeiras igrejas, como as formadas pelos huguenotes, foram igrejas fundadas para atender espiritualmente aos refugiados que fugiam da perseguição católica 112 Hegeman, Mission to the People…, Op. Cit., p. Tabla 2.113 Cidades de Suriname.

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européia e americana. Estas igrejas existiram em nações ou regiões hostis, como foi o caso com a perseguição e o exílio dos huguenotes na Flória (1565), os huguenotes (1159) e os reformados no Brasil (1654).

As “igrejas coloniais” foram estabelecidas pelos holandeses com a cooperação da Companhia das Índias Ocidentais (CIO). A CIO teve controle sobre o contrato e o envio de pastores e missionários aos lugares onde estavam estabelecidas as colônias, e também exercia influência na administração das igrejas locais. Um representante da companhia era membro do comitê local da igreja local (o que se conhece como o “consistório”). Lamentavelmente a associação de iniciativa missionária com a CIO destruiu a missão das igrejas reformadas entre os povos marginalizados. A CIO aprovou o tráfico de escravos em 1652, e as igrejas foram marcadas por esse lamentável e odioso comportamento. As ilhas caribenhas holandesas foram os centros de “estoque” e eram usadas para a partir dali repartir escravos para as Américas. A CIO sancionou, expulsou e perseguiu os pastores que falaram contra a escravidão. Nestas circunstancias negativas, é óbvio que não se plantaram igrejas entre os escravos.

Posteriormente e com a debilitação dos antigos impérios coloniais europeus, as igrejas unidas começaram a aparecer, como por exemplo, a Igreja Protestante Unida em Aruba, Bonaire e Curaçao.

Ao final do século XIX, as igrejas imigrantes, “igrejas de transplante”, mas com mais autonomia, começaram a ser estabelecidas na Argentina, Brasil, Suriname e Uruguai. Todavia, ao entrar no século XX, as igrejas reformadas não tinha nenhuma igreja indígena, nenhuma igreja estabelecida pelos próprios latinos ou caribenhos.

Em meados do século XX, as igrejas nacionais reformadas, sob a liderança de líderes nacionais, foram estabelecidas na Argentina, Brasil, Cuba, Porto Rico e Suriname. O caráter da maioria destas igrejas nacionais era num sentido ecumênico (com exceção de Porto Rico). Na Costa Rica, Curaçao, Haiti, Honduras, Nicarágua, República Dominicana, Suriname, os missionários da Europa e América do Norte tiveram uma forte influência eclesiástica.

Apesar de estar na América do Sul desde 1555, os reformados não se desenvolveram solidamente como igrejas nacionais. A associação história com a colonização européia, o tráfico de escravos, as colônias de imigrantes e a dependência de missionários, contribuíram para a formação de um movimento eclesiástico débil. A dependência teológica das igrejas nacionais anda de mãos dadas com a atitude de domínio do empreendimento missionário no Atlântico, onde o pensamento cristão autóctone está ainda em desenvolvimento.

III. A AGÊNCIA DE MISSÕES DAS IGREJAS REFORMADAS

A principal agência dos reformados para as missões na ALC foi a congregação local. Entre 1555-1916 mais de 54 congregações foram estabelecidas e atendidas por 258 pastores. No total, 11 missionários trabalhara, durante a mesma época.

A obra missionária espontânea foi realizada por líderes e membros destas primeiras igrejas reformadas. Quando não havia uma estratégia planejada institucionalmente, a iniciativa da missão espontânea foi a única resposta. Assim ocorreu com os huguenotes e os “tupinambás” no Forte Coligny, Rio de Janeiro, Brasil.

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Os holandeses que foram ao Brasil (1630-1654) tinha boas motivações e alcançaram bons resultados. O modelo eclesiástico teve efeitos muito bons; alguns índios e outro não-holandês se converteram à fé cristã; foram treinados líderes e igrejas foram fundadas. Entretanto, quando a Companhia das Índias Ocidentais (holandeses) oficialmente justificou o tráfico de escravos em 1652, o projeto Recife começou a se deteriorar e em 1654 os portugueses já haviam vencido os holandeses. Esta associação do movimento reformado com CIO e o tráfico de escravos foi a morte da evangelização entre os grupos marginalizados na ALC.

Houve intentos nos duzentos anos seguintes, de levar a cabo uma missão colonial. Esta estratégia consistia em “permitir” aos escravos e servos assistir aos cultos e, depois de muitos anos, se tornarem membros da igreja. Esta estratégia não produziu nenhum líder afro-latino ou indo-latino, nem uma igreja não-colonial, por causa das obvias características segregacionistas e racistas desta iniciativa.

Enquanto a CIO e as igrejas enviavam pastores reformados, as sociedades missionárias deram início à suas atividades. Entre elas temos os inícios das sociedades bíblicas e o movimento das sociedades missionárias dentro das igrejas institucionais. Em 1732 os Morávios se organizaram e chegaram a São Tomé. As sociedades missionárias reconheceram que a igreja institucional não ia se encarregar da obra missionária e que era necessário ter organizações especiais para se dedicar à essa tarefa.

Com a chegada de uma nova onde de imigrantes da Europa, as “igrejas de transplante” não formaram suas sociedades missionárias em território americano, e mais, pediram aos europeus e aos norte-americanos para que fizessem a tarefa que por natureza lhes correspondia.

Depois desta etapa, ficou evidente que as igrejas reformadas estavam envolvidas em vários programas das agências para-eclesiásticas. Estas incluíam as sociedades bíblicas tais como os Gideões, a Liga Bíblia e a Sociedade Bíblica. A agência World Wide Christian Schools, apoia às escolas e colégios para que construíssem seus edifícios. Agências de obra social como a Sociedade São Lucas, Atos e Ajuda Mundial tem trabalhado na assitência medica, agricultura e o desenvolvimento de comunidades.

Recentemente alguns líderes e igrejas reformadas iniciaram obras missionárias no campo de distribuição de literatura. Carlos Cruz, em Porto Rico, a Liga Bíblia em várias cidades, incluindo o projeto na República Dominicana sob a liderança de Pierre Phillipe, CLIR com sua sede e impressa em São José, Costa Rica,e várias outras iniciativas.

Há igrejas reformadas que não tem preparado missionários nacionais para plantar igrejas novas. Os conflitos entre os missionários tem seriamente impedido o movimento de plantação de igrejas reformadas em Costa Rica, El Salvador, Honduras e Nicarágua. A incapacidade dos missionários reformados em treinar líderes nacionais para as igrejas reformadas tradicionais no Brasil, Curaçao e Venezuela, tem atrasado o desenvolvimento destas igrejas. As igrejas ecumênicas em Suriname e Argentina tampouco têm crescido. O tradicionalismo por um lado, e a teologia liberal e a teologia da libertação por outro, tem dado um foco não-evangélico a muitas igrejas e missões reformadas.

Até o início do século XXI a igreja reformada na ALC não tinha organizado sociedades missionárias para o envio de missionários. A dependência dos programas missionários e do suporte econômico tem tirado a oportunidade das igrejas reformadas nacionais de desenvolverem suas próprias missões.

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IV. MOTIVAÇÃO PARA A MISSÃO DAS IGREJAS REFORMADAS

As confissões reformadas, escritas no século XVI e XVII não mencionam as missões e a evangelização. As decisões para promover missões foram tomadas por sínodos e assembléias igrejas nacionais européias. Os Classis114 na Holanda tomaram a decisão de trabalhar por meio da Companhia das Índias Orientais.

Nem todos os pastores e missionários estiveram de acordo com o status quo da Igreja Reformada da Holanda, e, menos ainda, com os afãs de expansão imperialista da CIO. Jan Willem Kals, pastor em Suriname, o pastor George van Essen de São Eustáquio, e o pastor Henricus Muller de São Cristóvão, denunciaram a igreja por não fazer sua obra missionária entre os não-colonos. Alguns, como Kals, foram deportados pela CIO para a Holanda por denunciar a escravidão.

Ao final do século XIX, pastores como Nicolas Kuipéri, nas Antilhas Holandesas, trabalharam com os não-imigrantes e começaram a formar igrejas nacionais. Próximo a meados do século XX, especialmente depois dos anos sessenta, as igrejas nacionais começaram a ser desenvolvidas entre os reformados nacionais.

Lamentavelmente, o cristão reformado latino-americano que tem uma perspectiva evangelística e missionária deve buscar recursos fora de sua própria tradição eclesiástica. Assim, algumas igrejas reformada colaboram com projetos do movimento ecumênico, com o movimento evangélico e mais exitosamente com os presbiterianos. Até agora, as obras missionárias reformadas têm se desenvolvido a nível congregacional ou por iniciativa de líderes e membros locais. Por esta causa, tristemente as igrejas reformadas na ALC não têm sua própria identidade missionária como um corpo a nível denominacional. O mesmo sentido de unidade está ainda por desenvolver-se, sendo que há iniciativas incipientes que animam a fraternidade das igrejas reformadas.

V. CONCLUSÃO

A história do movimento missionário reformado das igrejas reformadas na ALC tem sido a história de uma distorção missionária, uma deformação da igreja nacional e uma das lições mais tristes na história das igrejas reformadas. É incrível que as igrejas ainda existam. Fica, pois, muita tarefa por realizar por parte dos irmãos e irmãs reformados na ALC.

Os missionários reformados têm tido melhores resultados quando trabalharam com outras denominações, como os presbiterianos. Assim, tem sido no Brasil e no México. O movimento presbiteriano, que vamos estudar na próxima lição, tem tido uma história muito diferente das igrejas reformadas na ALC. Os presbiterianos são reformados na doutrina, mas têm seu próprio sistema de governo de igreja e sua própria história e tradição.

114 Comité regional de líderes de iglesias. Como el presbiterio de los presbiterianos.

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PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A LIÇÃO 4

1. Que importância tem a conquista das Américas na formação do protestantismo religioso da Europa?

2. Quais nações apoiavam os protestantes e quais apoiavam os católicos romanos?

3. Como os Welsers chegaram à Venezuela em 1528?

4. Onde e quando foi estabelecida a primeira congregação protestante na ALC?

5. Que tipo de igrejas reformadas foram estabelecidas durante os primeiros 400 anos na ALC?

6. Que influencia a associação das igrejas reformadas holandesas teve com o tráfico de escravos da CIO?

7. Quais são algumas observações missiológicas depois de analisar o quadro 4.II?

8. Por que os nacionais não formaram igrejas reformadas durante os primeiros 350 anos de existência?

9. O que aconteceu com os pastores reformados que não estavam de acordo com a política da Companhia das Índias Ocidentais?

10. Que importância tem as estatísticas que mostram que entre 1557-1916 os reformados enviaram 258 pastores e 11 missionários para a ALC?

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LIÇÃO 5

A MISSÃO PRESBITERIANA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

I. INTRODUÇÃO

Os presbiterianos começaram a chegar ao Caribe em 1609, procedentes da Escócia, Inglaterra, Irlanda, Canadá e Estados Unidos. Nesta lição apresentaremos um sumário da história desta denominação,115 e faremos algumas observações missiológicas sobre os presbiterianos na ALC.

II. UM REUSMO DA HISTÓRIA DOS PRESBITERIANOS NOS PRIMEIROS QUATRO SÉCULOS (1609-1916)

No quadro 5.II identificamos os lugares, as denominações, as congregações e os líderes envolvidos com o desenvolvimento do presbiterianismo na ALC.

Quadro 5.II. Presbiterianos na ALC (1609-1916).

Lugar Denominação e data Cong. Pastores e missionáriosI. Caribe

Bermudas

Igreja de Inglaterra (1609)Igreja Escocesa(1644)GMS (1796)PCS(1830)FCS(1845)RCE (1890)UFCS(1900)CS (1929)PCBer (?)

3 23 pastores escoceses ordenados5 missionários escoceses ordenados2 missionários escoceses leigos

San Martin 1700’s 1 1 pastor ordenadoSão Eustáquio 1700’s 1 1 pastor ordenado

Saba 1700’sNHK (1755)

1 1 pastor ordenado

Antigua/ Bahamas CS -1700’s 2 Pastores visitantes

Jamaica

SMS (1800)PCJ (1836)JMP (1836)USC(1840)UPC(1847)

14 20+ escoceses missionários ordenados40+ missionários Jamaicanos1900 - 14 pastores nacionais ordenados e 30+ catequistas.

Granada CS (1830) 2 pastores visitantes5+ catequistas nacionais

Trinidad

USCS (1836)CST (1836)PCC(1865)

7 7 esco. past. ord. 13 can. mis. ord. 12 int. mis. laico7 nac. mis. ord.15+ cat.

CubaIPC (1884)PCUS (1895)PCUSA (1918)

13 2 int. mis. ord.2 nac. past. ord.

115 Para ler uma história mais completa, veja-se Hegeman, Mission to the People...capítulo 3. Esta história presbiteriana trata da época compreendida entre 1609 e 1916.

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Santa Lucia PCC(1896) 1 1 mis. Can.15 Trin. cat.

Porto Rico PCUSA (1899)IPPR (1899)

33 11 USA past. ord.6 nac. past. ord.

Rep. Dominicana Até 1916 nao havia congregação.

2 USA mis. ord.

II. América do Sul

Guiana inglesa

CS (1815)PG (1837)PCC(1880)PCG(1880)

15

59

2 esco. past. ord. 9 can. mis. ord.44 cat.

Perú FCS(1916) 1 esco. mis. ord.

Argentina IEPA (1829)PCUSA

61

4 esco past. ord hasta 19101 USA past. ord.

Brasil

PCUSA (1858)(passou a ser IPB em 1888)

PCUS (1869)(IPIB en 1903)

46

37 (1915)

24 USA mis. ord.15 USA mis. laico45 nac. obreros

10 USA past. ord.26 USA past. laicos21 nac. past. ord.

Colômbia

PCUSA (1856)

PCUS (1873 -1878)

17

2

15 USA mis. ord.12 USA mis. laicos4 nac. past. ord.38 nac. obreros2 USA mis. ord.2 nac obreros

Chile PCUSA (1873)(IPC en 1883) 43

12 USA mis. ord.8 USA mis. laicos7 nac. past. ord.60 obreros nac.

Venezuela PCUSA (1897)(IPV en 1900) 2 6 USA mis. ord.

15 obreros nac.III. América Central e México

BelizeFSC (1825)PCB (1840)CS (1903)

1 1 esco mis. ord.

México

PCUSA (1872)

PCUS (1874) (IPNM en 1901)

ARPC (1879)

69 (1917)

14 (1915)

23 (1910)

34 USA mis. ord.43 USA mis. laico30 nac. past. ord.6 USA mis.ord.10 USA mis. laico.31 nac. obreros1 USA mis. ord.21 USA mis. laicos9 nac. past. ord.

Guatemala PCUSA (1882)(passou a ser IENPG) 64

8 USA mis. ord.10 USA mis. laicos11 nac. past. ord.

TOTAL 22 474

Past. Int.. 61mis. ord. int. 163mis. laic. Int. 159past. int. ord. 111obreros nac. 340mis. nac. 40+Total: 874+

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III. O CONTEXTO MISSIONÁRIO PARA OS PRESBITERIANOSA origem dos ingleses, irlandeses e escoceses no Caribe está associada com as

atividades econômicas e mercantis européias, e do nascente império inglês. Os presbiterianos, logicamente, cumpriram seu labor missionário seguindo as rotas abertas pelas conquistas dos ingleses. As igrejas estabelecidas na ALC estavam conformadas e organizadas para servir aos imigrantes, não para os nativos. Segundo alguns historiadores, o primeiro presbiteriano que chegou ao Novo Mundo foi para as Bermudas em 1609. O Rev. George Keith trabalhou com a igreja anglicana ali fundada. Em 1644 a primeira igreja presbiteriana foi organizada nas Bermudas.

A obra missionária mais extensa foi a iniciada pelos missionários da Scottish Mission Society na Jamaica. Uma onda de missionários começou a chegar em 1800 e trabalharam diretamente com os não-colonos: os afros e indo-caribenhos.116 Esta igreja cresceu tanto que na década de 1860 pôde enviar missionários à Nigéria, África.

Os presbiterianos da América do Norte chegaram ao Caribe por meio da associação com as atividades econômicas e o empreendimento expansionista dos EUA. Quando da sua chegada já havia igrejas presbiterianas estabelecidas principalmente pelos escoceses no Caribe. Pastores como o rev. Maltby de Baltimore, Maryland, foi chamado para ser pastor nas Bermudas, durante o século XVIII e promoveu com notável êxito a membresia de afro-caribenhos.

A Junta de Missões da Igreja Presbiteriana inicia contatos para estabelecer avanços missionários no ano de 1837. Durante o século XIX e até 1916, nove obras missionárias foram estabelecidas pelos norte-americanos em nações de fala hispânica: Argentina, Cuba, Chile, Colômbia, República Dominicana. Guatemala, México, Porto Rico e Venezuela; e uma nação de fala portuguesa: Brasil. O maior movimento no Caribe dos presbiterianos americanos foi no final do século XIX, depois da guerra Hispano-Americana (1898).

Estes presbiterianos entraram agressivamente na América do Sul e México durante o século XIX. Nessa época havia duas grandes igrejas presbiterianas nos Estados Unidos. A do Norte e a do Sul; ambas tinha sua junta de missões. Na Argentina, Chile e Colômbia os primeiros contatos foram travados com gente de fala inglesa, mas depois, na metade do século XIX, a obra entre os de fala espanhola e portuguesa começou. No Brasil (1858) a obra iniciada pelos leigos abriu as portas para os “missionários ordenados”117 e mais adiante os obreiros e pastores brasileiros puderam se estender por toda a nação. Ao mesmo tempo, houve muita colaboração entre sociedades bíblicas (com uma forte presença Presbiteriana) que trabalhou na Argentina, Brasil, Colômbia, Chile, Peru e outras nações.

Na Guatemala, por recomendação da primeira dama do país, os presbiterianos foram enviados a trabalhar em 1882. No México, missionários e missionárias cruzaram a fronteira a partir dos Estados Unidos; e houve presença de missionários transferidos da Colômbia para iniciar a obra. No Brasil e no México, especialmente alguns convertidos da igreja católica Romana chegaram a ser grandes líderes nacionais, e a liderança nacional cresceu rápido. A obra na Venezuela foi também iniciada por missionários transferidos da Colômbia. A obra em Cuba, Porto Rico e República Dominicana está relacionada com a vitória dos EUA na guerra Hispano-Americana.

Tal como foi o costume entre os presbiterianos escoceses, os presbiterianos norte-americanos estabeleceram colégios cristãos nas zonas urbanas. Os colégios que não eram especificamente dedicados à preparação de líderes pastorais e missionários (as) chegaram a ser colégios para expandir a educação americana. Estes colégios não ficaram

116 Os não-colonos não vieram para colonizar, mas, viveram aqui ou foram trazidos como escravos.117 Um missionário ordenado tem credenciais de um pastor.

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independentes economicamente muito rápido já que a igreja local não podia financiar esta e o colégio ao mesmo tempo.

Os canadenses também chegaram ao Caribe no século XIX. Os primeiro missionários presbiterianos chegaram a Trinidad em 1865. Sua obra missionária foi favorecida por ser contextualizada à cultura nacional. Os idiomas, a música, os líderes nacionais e étnicos foram incorporados desde o principio da obra missionária. A rejeição do colonialismo inglês e escocês por parte destes missionários causou um trauma na perspectiva dos cristãos, mas facilitou a mudança para fazer uma transição pacífica de uma nação colonial para nações democráticas.

Os presbiterianos canadenses utilizaram catequistas nacionais, especialmente entre as igrejas das Índias Orientais. Possivelmente uma debilidade da obra foi que os missionários mantiveram o controle administrativo por tempo demasiado, mas apesar disso a obra missionária se estendeu de Trinidad para Granada, Jamaica, Guiana e Santa Lúcia.

A fundação e uso dos colégios cristãos que os escoceses fundaram na Jamaica e os canadenses em Trinidad, foram úteis para o estabelecimento das igrejas presbiterianas. Entretanto, vários autores têm notado que enquanto os colégios se desenvolviam e cresciam a evangelização diminuiu.

Os escoceses chegaram à Argentina, Guiana e Belize no século XIX. Na Guiana houve a colaboração dos presbiterianos canadenses para trabalhar com os índios orientais. Estas igrejas fundadas tinham um caráter colonial, mas estavam mais abertas à membresia e liderança dos não-escoceses que as igrejas escocesas mais antigas no Caribe. A Presbyterian Mission Society foi formada para trabalhar na obra missionária canadenses.

O rápido crescimento das igrejas no Brasil, Guatemala e México tem a ver com a inclusão do povo indígena e rural. O povo indígena, por seu sofrimento nas mãos do povo católico e espanhol, viu no presbiterianismo uma alternativa para seu próprio desenvolvimento e libertação. E assim, em conjunto com missionários norte-americanos, a liderança indígena se desenvolvei e a igreja cresceu.

Entre 1856-1917, a Igreja Presbiteriana do Norte (PC-USA) enviou mais de 100 “missionários ordenados (sem contar suas esposas) e mais de 80 “missionários leigos” a sete nações. Estes, por sua vez, prepararam mais de 70 pastores nacionais. A igreja Presbiteriana do Sul enviou mais de 10 “pastores ordenados” 10 “missionários ordenados”, 26 “pastores leigos”118 e 10 “missionários leigos” e mais 33 “pastores nacionais leigos” e 21 pastores nacionais ordenados. Apesar do esforço missionário, o número de pastores era muito reduzido por várias razões: 1) os missionários não entregaram rapidamente as igrejas nas mãos dos líderes nacionais; 2) o número reduzido de líderes nacionais de devia à “falta de preparação” segundo os padrões missionários.

Pouco a pouco, as igrejas nacionais começaram a ficar independentes das agências missionárias no princípio do século XX. Entre as primeiras que tomaram esta iniciativa estão as igrejas presbiterianas no Brasil (Igreja Independente do Brasil) e a Igreja Presbiteriana Nacional do México.O ano de 1916 foi muito significativo para o desenvolvimento do presbiterianismo na ALC. O Primeiro Congresso Ecumênico realizado na Cidade do Panamá neste ano, foi realizado para organizar a obra missionária das missões e das igrejas da região. Um dos resultados desse evento foi que os presbiterianos foram designados para trabalhar no Brasil, Chile, Peru, Colômbia, Guatemala, México, mas não na Bolívia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Honduras, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Uruguai, entre outros. Durante os 50 anos seguintes as decisões do Congresso de Panamá foram respeitadas por muitas denominações tradicionais do Canadá e EUA. Mas depois, as agências para-118 Un pastor laico no fue ordenado como pastor normal: un pastor graduado de un seminario.

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eclesiásticas e as novas agências missionárias entraram em todas as nações da ALC nos anos 60.

Hoje em dia, as denominações presbiterianas maiores estão no Brasil e México. Estas igrejas têm algumas características missiológicas que merecem menção:

1. Liderança Nacional. As igrejas são dirigidas em 100% por líderes nacionais e as igrejas locais, presbitérios, sínodos e assembléias são nacionais. Há entretanto, debilidade nos seminários e nas instituições missionárias, pois ainda dependem de fundos internacionais.

2. A participação do povo Maia e de outras etnias indígenas é significativa na Igreja Presbiteriana Nacional do México.

IV. AGÊNCIAS MISSIONÁRIAS DOS PRESBITERIANOSEntre 1609-1916 havia 11 denominações presbiterianas e quatro agencias

missionárias que participaram na missão na ALC. No total enviaram mais de 163 missionários ordenados e 159 missionários leigos. Os missionários trabalharam: 1) na evangelização e plantação de igrejas; 2) na educação cristã; 3) na preparação de líderes; 4) na obra social. Todos os missionários ordenados eram homens. A grande maioria de professores eram mulheres solteiras e esposas de missionários.

A obra eclesiástica e missionária escocesa na ALC sofreu muito pelas divisões que ocorreram na Escócia. Por exemplo, algumas igrejas presbiterianas como a igreja das Bermudas, teve oito mudanças de filiação denominacional: participaram de oito denominações diferentes.

Mas, as divisões ocorreram somente entre as igrejas escocesas: Na América Latina as divisões das igrejas e denominações aconteciam por alguns motivos: 1) pelo controle nacional da igreja; 2) pelo fundamentalismo que havia sido trazido pelos missionários e pela literatura teológica; 3) pelo anti-ecumenismo; 3) pela maçonaria; 4) pelo liberalismo; 5) pela crescente presença e influência dos carismáticos; 6) pela teologia da libertação; e, 7) pelo congregacionalismo.

No interior da Igreja Presbiteriana em geral, como fenômeno eclesiástico, se formaram três tipos de igrejas: 1) as igrejas de transplante; 2) As igrejas nacionais iniciadas pelos missionários; e 3) as igrejas nacionais iniciadas por nacionais. Este último tipo de igrejas é o mais predominante hoje em dia.

A fundação de colégios cristãos foi muito extensa em algumas nações. Os presbiterianos canadenses desenvolveram um sistema de educação no Caribe que alcançou mais e 8.000 estudantes no ano de 1916! Em vários países, os colégios denominacionais chegaram a ser instituições educativas privadas orientadas a educar a classe média-alta e alta. Em outros casos, como no México, as instituições educativas locais se dedicaram a treinar mulheres, pastores e leigos para ministrar nas igrejas. No século XXI tem surgido um novo interesse por estudar teologia graças à chegada das novas tecnologias e o aparecimento de instituições de educação à distância. Entre os programas à distância estão LOGOI-FLET e MINTS, ambas, iniciativas ativas entre os reformados e presbiterianos.

Os missionários presbiterianos geralmente utilizaram os obreiros nacionais para estender a obra: como catequistas, missionários leigos e, finalmente, pastores ordenados. A potente igreja do Brasil, no começo do século XXI, havia enviado mais de 90 missionários por todo o mundo. E das instituições educativas formais fundadas no início da obra missionária, ficaram várias que hoje em dia oferecem educação privada.

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A Igreja Presbiteriana no México depende muito dos oficiais anciãos das igrejas para cumprir as tarefas de evangelizar, pregar, ensinar e organizar as igrejas. Por isso, não há pastores suficientes para atender a todas as congregações que se multiplicam. O caráter leigo e voluntário tem sido um fator importante para o crescimento da igreja presbiteriana mexicana. Ao contrário, no Brasil, os seminários tem sido responsáveis pela preparação de um número amplo de pastores, ainda que sempre a necessidade seja maior.

Também as agencias missionárias para-eclesiásticas com presença presbiteriana têm tido uma influência significativa; Há presbiterianos envolvidos nas cruzadas de Billy Graham, nas campanhas evangelísticas de Luis Palau; na Cruzada Estudantil, JOCUM e Operação Mobilização; nas sociedades bíblicas, nos Gideões, na Sociedade Bíblia Unida, entre outros.

Sendo que Brasil e México têm as maiores igrejas presbiterianas na ALC, elas terão a responsabilidade de propagar o presbiterianismo por todo o continente. A igreja no Brasil já começou, enviando mais de 90 missionários a várias partes da região. A do México tem enviado alguns, mas a maioria deles vão aos EUA, em alguns casos trabalhar no meio da população mexicana imigrante. Há que se notar, entretanto, que o presbiterianismo nos EUA não tem crescido muito por meio dos presbiterianos mexicanos. O movimento missionário entre os presbiterianos mexicanos aponta em direção ao sul. Há alguns contatos em Belize, Honduras, Nicarágua e América do Sul.

A formação da Confraternidade Latino-Americana de Igrejas Reformadas (CLIR) sob a liderança de líderes do Brasil, México e dos EUA, é um sinal positivo de sua liderança. Se o projeto missionário da CLIR para iniciar uma igreja no Panamá é uma indicação do futuro, é possível que o presbiterianismo cresça mais além das fronteiras impostas pelo Congresso do Panamá em 1916.

V. MOTIVAÇÃO MISSIONÁRIA DOS PRESBITERIANOS

A maioria das igrejas presbiterianas no Brasil, Chile, México e Peru puderam manter sua identidade reformada intacta. Apesar do apoio das agências missionárias de igrejas teologicamente liberais, como a PCUSA, RCA e CRC,119 os líderes nacionais têm identificado e estabelecido sua própria identidade, distinta das igrejas da América do Norte, Canadá e Escócia. As igrejas Presbiterianas na Colômbia, Cuba, Granada, Guatemala, Guiana, Porto Rico, Trinidad e Venezuela se tornaram liberais.120 A adoção da teologia pluralista do movimento ecumênico, as incursões na teologia da libertação, a acomodação ao liberalismo missionário e a falta de disciplina eclesiástica têm contribuído para a debilitação denominacional.

As igrejas que estão crescendo são reformadas e evangélicas, isto é, são reformadas em sua base teológica e adotam sua herança reformada enquanto que alguns aspectos da sua eclesiologia e na missiologia têm um caráter mais próximo das igrejas evangélicas, que são maioria na ALC. O crescimento das igrejas ocorre tanto nas zonas rurais como nas urbanas. Em alguns setores do México, como em Chiapas, a igreja tem crescido de não ter nenhum crente no início dos anos 50 até mais de 200.000 congregados hoje em dia. A combinação dinâmica dos missionários pioneiros da Igreja Reformada na

119 Presbyterian Church of USA (PCUSA), Reformed Church of America (RCA) y Christian Reformed Church (CRC).

120 Término que hace referencia a que han adoptado la línea de la teología y práctica eclesial de la corriente liberal del protestantismo noratlántico. (N del E).

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América e o sacrifício dos líderes nacionais num ambiente revolucionário têm contribuído grandemente para o crescimento deste movimento massivo.

V. CONCLUSÃO

A tocha do Evangelho trazida pelos missionários presbiterianos durante os séculos XIX e XX, agora está acesa em várias denominações presbiterianas. A ironia é que as igrejas que enviaram os primeiros missionários (PCUSA) agora precisam da obra missionária das igrejas que eles fundaram nessa região.

PERGUNTAS DE ESTUDO PARA A LIÇÃO 5

1. Quando chegaram os primeiros presbiterianos ao Caribe?

2. Quando foi estabelecida a primeira Igreja Presbiteriana no Caribe?

3. Que importância tem a chegada da Scottish Mission Society à Jamaica em 1800?

4. Em que ano a Junta Missionária da Igreja Presbiteriana dos EUA iniciou suas atividades na ALC?

5. Que importância teve a Guerra Hispano-Americana (1898) para a obra missionária presbiteriana na ALC?

6. Que diferença havia entre a presença dos presbiterianos europeus e os presbiterianos norte-americanos do século XIX?

7. Qual a contribuição dos presbiterianos canadenses à obra no Caribe no século XIX?

8. Que importância tem as estatísticas que indicam que os presbiterianos enviaram 163 missionários ordenados, 159 missionários leigos e 61 pastores à ALC de 1609-1916?

9. Que importância tem as estatísticas que indicam que entre 1609-1916 havia 111 pastores presbiterianos nacionais; 340 obreiros nacionais e mais de 40 missionários nacionais?

10. Ainda que as igrejas reformadas e igrejas presbiterianas tenham doutrinas muito semelhantes, que diferença há em suas práticas missionárias?

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LIÇÃO 6

A MISSÃO EVANGÉLICA NA AMÉRICA LATINA E CARIBE

I. INTRODUÇÃO AO MOVIMENTO EVANGÉLICO

A IGREJA CRISTÃ E OS EVANGÉLICOS

A igreja cristã tem muitos nomes. Em cada época há uma ênfase particular, seja doutrinária ou missiológica, que deixa seu nome nas comunidades cristãs para identificar-se ou se distanciar de outras igrejas ou tendências. Pode ser que o nome reflita os ideais da igreja (católica, ortodoxa, metodista, pentecostal) ou o nome de seu fundador (luterana, wesleyana) ou ainda que identifique uma correção necessária da igreja (por exemplo, protestante, puritana, movimento de santidade).

Na América Latina e Caribe a designação “evangélica” é mais comum entre os cristãos não-católicos. Eles são os cristãos que têm como prioridade em sua missão a defesa doutrinária e a extensão mundial do Evangelho, a mensagem de salvação pela fé em Cristo. Temos identificado oito etapas no desenvolvimento histórico e missiológico da igreja cristã. Em cada época houve um movimento evangélico. Os evangélicos têm se expressado de maneiras distintas durante toda a história da igreja cristã. Em termos gerais podemos traçar uma tabela com estas quatro etapas do cristianismo:

AS FAMILIAS DE IGREJAS E OS EVANGÉLICOS

FAMÍLIAS DE IGREJAS ORIGEM OS EVANGÉLICOS

Igreja Primitiva Pentecostes, 33 D.C.Ênfase prioritária em pregar e praticar o Evangelho de Jesus Cristo, a pesar da perseguição.

Igreja Católica Romana Século IV, com ConstantinoO Cristianismo é cultural e os evangélicos são parte do movimento monásticos ou são um remanescente.

Igreja Ortodoxa 1054 Foi um remanescente

Igreja Protestante 1517-1521 A igreja evangélica estava dentro das denominações.

Igrejas EvangélicasMenonitas, pietistas, puritanos, batistas,sociedades missionárias, morávios: Séculos 16 - 18

Começaram a formar suas próprias igrejas e sociedades missionárias e formam igrejas dentro das igrejas

Igrejas Pentecostais USA: 1902 São igrejas desenvolvidas com ênfase em todos os dons do Espírito Santo

Igrejas Independentes África, China Há um crescimento dos líderes étnicos e o sincretismo cultural é proeminente

Igrejas Perseguidas Baixa perseguição, Marginalizados Há evangélicos que são perseguidos

A IGREJA PRIMITIVA

As igrejas cristãs têm sua origem na igreja primitiva que começou como instituição no dia de Pentecostes (Atos 2). Com a igreja cristã temos o traslado da teocracia da nação de Israel para a teocracia do Israel de Deus (Gálatas 6.16; Romanos 9.8; Atos 2.36; Hebreus 13.10-15). A igreja fiel é parte do Corpo de Cristo. Hoje em dia,

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apesar de que haver muitas denominações e igrejas, há um só Corpo de Cristo (Efésios 4.1-6). Isso não significa que todas as denominações, igrejas e cristãos que têm o nome de Cristo (ou se dizem cristãs) são parte do Corpo de Cristo (Mateus 7.21-23). Mas, somente aquelas que nas palavras do Apóstolo João, vivem segundo “a Palavra de Deus e o testemunho de Jesus Cristo (Apocalipse 1.9).

A igreja primitiva era evangélica em sua orientação. A Grande Comissão do Senhor Jesus Cristo é o mandato principal para as igrejas e os crentes. O Evangelho que proclama que Jesus é o Senhor e Deus, e nos salva de nossos pecados, foi anunciado e vivido com a maior intensidade nesta igrejas. Paulo disse: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé” Romanos 1.16-17).

No interior das primeiras comunidades cristãs havia apostasia, como está descrito em Apocalipse 2-3. Havia heresias, identificadas pelos apóstolos, nas epístolas, e os que rejeitavam a doutrina apostólica eram expulsos das igrejas. Recordemos que as sinagogas dos judeus que haviam rejeitado a Cristo e seus discípulos haviam apostatado quanto à sua relação com o Messias. Pois o Messias disse: “Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si mesmos se declaram judeus e não são, mas mentem, eis que os farei vir e prostrar-se aos teus pés e conhecer que eu te amei” (Apocalipse 3.9). Então, mesmo na igreja primitiva havia grandes mostras da fidelidade dos discípulos de um lado, e a triste rejeição do Evangelho por outro lado. A história da igreja cristã sempre foi assim. O desafio sempre foi identificar a igreja verdadeira e rejeitar a falsa, fazer separação entre o joio e o trigo.

A IGREJA CATÓLICA ROMANA

No período do auge e controle da Igreja de Roma, as igrejas funcionavam como igrejas não denominacionais até que a sede da igreja cristã em Roma se afiliou ao estado imperial em Roma. Com esta união a Igreja Católica de Roma chegou a ser a predominante sobre as outras sedes (como Alexandria ou Antioquia). Por certo, há uma diferença de opinião quanto à origem da Igreja Católica Romana. Nós tomamos a posição protestante tradicional que sustenta que a ICR é o produto da dominação religioso-política da sede de Roma, ao invés de ser uma representação fiel dos ideais bíblicos, evangélicos e apostólicos.

Nós identificamos o começo da instituição católica romana com a declaração da igreja de Roma de ser a “sede principal” da igreja cristão no mundo da época, ou seja, até onde chegava o império romano. Naturalmente esta postura é questionada e rejeitada pelas igrejas ortodoxas da Grécia, Egito e Rússia; pelas igrejas protestantes e evangélicas; e pelas igrejas independentes. Isso inclui a própria ICR onde há líderes que questionam esta suposta primazia da sede de Roma.

Quando fui missionário “em treinamento” no México, voltei da cidade do México para os Estados Unidos de Avião. A meu lado se encontrava um sacerdote católico mexicano. Em nossa conversa amigável durante o vôo eu lhe fiz uma pergunta, que é uma pergunta que deve passar na mente de qualquer cristão não-católico romano. Foi sobre “o que pensam os católicos romanos da autoridade assumida pelo Papa de Roma”. A única resposta que o sacerdote católico me deu com um sorriso (que se entende) foi: Que Papa? Sem embargo, apesar da posição anti-papal deste sacerdote, as visitas às Américas

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(Central, do Norte e do Sul) dos Papas recentes mostram que uma grande parte da membresia da ICR, especialmente na ALC, afirma e reconhece a autoridade papal.

Os evangélicos (nos termos que explicamos no início desta seção) dentro da ICR medieval se reuniram com alguns dos movimentos monásticos e, às vezes, com outros grupos especiais como os “Valdenses”.121 De certo modo estes foram grupos dissidentes da ICR e não puderam se separar da instituição papal até que os ortodoxos o fizeram no século XI e os protestantes no século XVI.

AS IGREJAS PROTESTANTES

O movimento protestante tem sua origem no norte da Europa, nas regiões do que posteriormente seria a Alemanha, Suíça, Holanda, Suécia e França. As declarações do monge Martinho Lutero escritas nas 95 teses sobre as indulgências, cravadas na porta da catedral de Wittenberg, Alemanha, do dia 31 de Outubro de 1517, foram a fagulha que incendiou a Reforma Protestante. A igreja luterana, entretanto, só foi estabelecida depois da Dieta de Worms (1521).122

No norte da Europa a maioria das igrejas protestantes foram protegidas por governos nacionais (no sentido de estados, ou reinos regionais) ou príncipes regionais. As exceções desta situação protetora no século XVI foram os “Huguenotes” na França e os Menonitas na Holanda. Cabe indicar que dada a situação histórica de mudanças, crises e convulsões, cada igreja tinha seu próprio credo ou confissão. Esta prática foi comum às igrejas protestantes visto que necessitavam traçar as linhas divisórias com a ICR e estender os limites do ensino bíblico. Não podemos esquecer que os credos e confissões foram úteis para o ensino e instrução bíblica do povo.

IGREJAS, NAÇÕES E CREDOS PROTESTANTES DO SÉCULO XVI

PAÍS IGREJA CREDOAlemanha e Escandinávia Luteranos Confissão de Augsburgo

Inglaterra Anglicanos Artigos de Fé

Escócia PresbiterianosConfissão da EscóciaConfissão de Westminster (século XVII)

França (sem apoio do governo) Huguenotes Confissão da França

Holanda ReformadosConfissão BelgaCatecismo de HeidelbergCânones de Dordt (século XVII)

Holanda (sem apoio do governo) Menonitas Não crêem em credos escritos

Suíça e Hungria Reformados Confissão de Genebra

Ainda que não houvesse uma uniformidade de estrutura internacional, a uniformidade teológica dos protestantes do século XVI foi surpreendente. Com a exceção dos Menonitas, que rejeitaram a teologia sistemática e confessional a favor de um 121 A Igreja Valdense. O movimento valdense faz sua aparição no século XII. Alguns historiadores a consideram como a primeira igreja protestante. Iniciou-se com a obra evangélica de Pedro Valdo, com a influência dos “pobres de Lyon” (Nota do editor).122 “A Dieta de Worms” é o nome que se deu à Assemléia dos príncipes alemães, onde se convidou Marinho Lutero a apresentar suas teses e retratar do que escreveu nas 95 teses (Nota do Editor).

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cristianismo empírico, os protestantes afirmavam as doutrinas da graça. Estas doutrinas são resumidas nos “solas” (Sola Escritura, Sola Fide, Sola Gracia, Solo Cristo e Solo a Deus Gloria).

A diferença entre os protestantes é notada nos ensinos sobre os dois sacramentos: o Batismo e a Santa Ceia. Os Menonitas eram anabatistas (batizavam de novo). Os luteranos e reformados tinham conflitos entre si sobre a presença e obra do Espírito Santo em relação aos dois sacramentos. As noções extra-bíblicas, místicas e confusas quanto aos dois sacramentos foram uma das causas principais para o advento das Igrejas Batistas, começando no século XVI.

A UNIFORMIDADE TEOLÓGICA DOS PROTESTANTES DO SÉCULO XVI

Sola FIDE O crente é salvo por ter fé no Salvador e não por qualquer obra humana.

Solo Cristo Só Cristo morreu na cruz para salvar o crente.

Sola Gracia A graça de Deus, sem mérito algum dos crente, é a causa para a salvação.

Sola Escriptura A Bíblia é a autoridade máxima para a consciência humana, a doutrina e prática da igreja e para a ordem civil e social.

Solo a Dios Gloria Só Deus é glorificado no cumprimento do seu plano universal.

AS IGREJAS EVANGÉLICAS

O movimento evangélico é parte da Reforma Radical, ou também pode ser descrito como um movimento de duplo protesto. Primeiro há um protesto contra a Igreja Católica Romana na Europa (e contra as Igrejas Ortodoxas no oeste). Depois no século XVI, houve outros protestos de alguns protestantes contra as igrejas protestantes. O movimento evangélico está dentro destas igrejas protestantes; primeiro, representado por pietistas e puritanos que ficaram dentro das igrejas protestantes; e, segundo, pelos Menonitas e Batistas que formaram suas próprias igrejas. No final do século XVII houve um florescimento das sociedades missionárias e evangélicas como os Morávios, Metodistas, Quaker, A Sociedade Missionária, Sociedades Bíblicas; e no século XIX, o Exército da Salvação. Como se pode ver o movimento missionário evangélico foi necessário para o avanço missionário na ALC. Os protestantes lamentavelmente não prestaram atenção a isso por dois motivos: doutrinário-teológico e contextual-histórico. No primeiro, o movimento protestante caiu em um escolasticismo árido no desenvolvimento das doutrinas bíblicas, o que se traduziu em um apego ao tradicionalismo e uma falta de vitalidade na vida cristã e na missão. O segundo motivo ao contrário, causou um concubinato entre a igreja e o estado que imprimiu nas Igrejas protestantes o caráter próprio do colonialismo e do neocolonialismo, ligado ao mercantilismo e o capitalismo, que o levou inclusive a legitimar sistemas injustos como a escravidão, a exploração laboral e a opressão econômica. Com isso, a igreja perdeu seu caráter profético como havia sido no início.

AS IGREJAS PENTECOSTAIS

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As Igrejas Pentecostais, tais como a Assembléia de Deus, a Igreja de Deus, a Igreja de Deus de Profecia e outras denominações pentecostais, têm sua origem nos EUA no final do século XIX e princípios do século XX. Além da ênfase nos dons espirituais, os pentecostais tem sido um forte movimento missionário. Não há nenhuma nação no mundo que não tenha presença dos pentecostais. Sua mobilização missionária tem sido principalmente impulsionada por indivíduos e igrejas locais. De certo modo, este movimento recorre ao espírito da época ao dar valor à iniciativa individual e à possibilidade de alcançar os desafios evangelísticos próprios do otimismo da obra missionária.

AS IGREJAS INDEPENDENTES

Com a decadência espiritual e doutrinária de muitas denominações protestantes e evangélicas, muitos cristãos têm optado por ser parte de igrejas não-denominacionais e igrejas independentes. Ainda que as causas possam ser várias e mais complexas, as igrejas independentes também são um fenômeno particular do final do século XX. As divergências com estruturas eclesiásticas rígidas, a incapacidade de parte das denominações de responder aos desafios locais, a carência de novos líderes com formação teológica, os conflitos com a liderança emergente e certas doses de individualismo e luta por interesses pessoais, têm influenciado na multiplicação das igrejas independentes somado ao divisionismo que é próprio das igrejas evangélicas.

Dentro deste movimento contamos com as igrejas nacionais que já não mantém uma relação com suas “igrejas-mães” ou igreja missionária. Tampouco novas denominações são formadas, ao contrário, elas se mantêm como independentes graças à sua tendência ao separatismo e por ver nos movimentos de unidade cristã o perigo para sua própria existência. Entretanto, não de pode negar seus esforços evangelísticos e missionários.

AS IGREJAS PERSEGUIDAS

Há igrejas a nível mundial que são perseguidas. As igrejas que existem em países com governos militares, ditatoriais ou em sociedades que sofrem pelas guerras civis ou guerras de narcotraficantes, são as igrejas mais afetadas. Tal é a situação dos cristãos no Oriente Médio, pelo ressurgimento do movimento que quer instaurar um estado Islâmico. Os crentes são perseguidos, executados, e muitos fogem como refugiados.

II. INFLUÊNCIAS DO MOVIMENTO EVANGÉLICO NA ALC

Há pelo menos seis fontes no desenvolvimento evangélico na ALC. Primeiro, na Europa, houve movimentos de renovação dentro do protestantismo que mais tarde realizaram a obra missionária na ALC. Houve também um grande despertar para a evangelização mundial no princípio do século XIX, o que motivou a organização de sociedades missionárias. Quando os evangélicos emigraram para a América do Norte, formaram suas próprias igrejas evangélicas. Sem tardar, foram organizadas agências missionárias para o movimento missionário a partir da América do Norte. Finalmente, as igrejas nacionais na ALC, que já estavam estabelecidas, prepararam e enviaram missionários para a evangelização local e global.

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GRUPO 1. OS PROTESTANTES E OS EVANGÉLICOS NA EUROPA

Os movimentos de renovação dentro do protestantismo começam com os Menonitas na Holanda. Depois do experimento violento de Tomnas Müsnter, os Menonitas, sob a liderança do holandês Menno Simons, se converteram em uma igreja “pacifista”. Além de seu pacifismo e de ser uma comunidade radicalmente separada da sociedade, os Menonitas eram Anabatistas (praticam o re-batismo). Não foi fácil para os Menonitas sobreviver num contexto adverso por suas crenças: por um lado sofriam a perseguição pela inquisição da Igreja Católica Romana; e por outro, a espada e a exclusão por parte dos reformados e luteranos. Entretanto, os menonitas se tornaram uma comunidade cristã “contra-cultura”, um modelo para muitos evangélicos que afirmavam a separação da igreja e do estado.

A Igreja Batista tem suas origens no médio das Igrejas Anglicanas e Presbiterianas. Por um lado, a Igreja Batista é Anabatista em seu batismo (ou seja, praticam o batismo somente em adultos quando estes fazem a profissão de fé); e por outro lado, a Confissão de Londres (1689) mostra que sua doutrina é semelhante ao Presbiterianismo. A perseguição aos presbiterianos e batistas pelo estado da Inglaterra e pelas autoridades da Igreja Anglicana (a Igreja Católica da Inglaterra, na época) além de sua afinidade com a teologia reformada e puritana, unificou a estas duas famílias de igrejas, apesar de suas diferenças.

A semelhança entre os menonitas no continente da Europa e os batistas na Inglaterra e Holanda se dava quanto ao batismo (o batismo só de crentes). A diferença entre esses dois grupos era sua aproximação da doutrina reformada. Os batistas inicialmente foram mais reformados, enquanto que os menonitas rejeitaram grande parte da ideia de ter dogmas.

Enquanto os movimentos de renovação entre os protestantes no século XVI e XVII tomaram a forma de duas igrejas distintas: Menonita e Batista; as reformas radicais do século XVIII e XIX ocorreram dentro das igrejas protestantes. O puritanismo se desenvolve fortemente nas Ilhas Britânicas. O pietismo, e mais tarde, os Morávios, se organizaram dentro do luteranismo e das igrejas reformadas. Os metodistas na Inglaterra mantiveram sua membresia na Igreja Anglicana e formaram suas sociedades. Os Quaker formaram seus próprios grupos. O Exército da Salvação, ao princípio, não pretendia ser uma igreja, mas um braço para alcançar os pobres com o Evangelho. Quando os Morávios e os metodistas emigraram ao Novo Mundo formaram suas próprias igrejas.

OS PROTESTANTES E OS EVANGÉLICOS NA EUROPA

Igreja Protestante Grupos Evangélicos de Renovação Entrada a ALC

Reformada Menonitas no século XVI Século XX

AnglicanaIglesias Batistas (1609)Os Puritanos (interdenominacional)Sociedades Metodistas (século XVIII)

1804-Haiti

1824-República Dominicana

LuteranaMovimento Pietista (século XVIII)Sociedade Morávia (1732) 1735-São Tomé

Presbiterianos Os Irmãos (século XIX)

Quaker (século XVII) 1919-Bolívia

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Exército da Salvação (Século XIX) 1889 - Argentina

GRUPO 2. AGÊNCIAS E SOCIEDADE MISSIONÁRIAS EUROPÉIASO desenvolvimento das sociedades e agências missionárias começa dentro das

igrejas protestantes durante o século XVII. As primeiras sociedades se formam na Igreja Anglicana. Estas sociedades incluem: Society for the Propagation of the Gospel in New England (1649); a Society for Promoting Chrisitan Knowledge (1698); a Society for the Propagation of the Gospel in Foreign Parts (1701) e a Church Missionary Society (1799), especificamente para organizar os evangélicos dentro da Igreja Anglicana para a obra missionária.

No continente europeu, entre os primeiros a organizarem-se para as missões estavam os seguidores de Nicolas Von Zinzendorf, os Morávios na Alemanha e Holanda. Sua “Comunidade Herrnut” era uma comunidade organizada para se preparar para “conhecer ao Cordeiro e torná-lo conhecido”. A Sociedade Missionária Batista (1792) logo começou a enviar missionários à Jamaica.

As Sociedades bíblicas estão entre as primeiras a organizarem-se para a obra missionária. Junto com a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira, o sistema lancasteriano de educação é introduzido naqueles lugares onde se estabeleciam as missões e os missionários. Neste sistema a Bíblia é usada como texto principal para a educação. Colportores como Diego Thompson e Diego Penzotti, conseguiram penetrar nas nações hispânicas pela primeira vez.

AGÊNCIAS E SOCIEDADES MISSIONÁRIAS EUROPÉIAS123

NomE Origem Entrada na ALC

Society for the Propagation of the Gospel in New England 1649 (Anglicano) John Elliot, primeiro missionário na

Índia.

Society for Promoting Christian Knowledge 1698 (Anglicano)

Society for the Propagation of the Gospel in Foreign Parts 1701

Os Morávios Alemanha (1732) São Tomé (1735)

Sociedade Missionária Batista Inglaterra (1792) Jamaica (1814)

Nederlandse Zendings Genootschaap Holanda (1797)

Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira Inglaterra (1804) Uruguai (1804)

Método lancasteriano de educação Inglaterra Argentina (1819)

Scottish and Glasgow Misión Society 1796 Jamaica (1800)

Church Missionary Society 1799 (Anglicana)

GRUPO 3. AS IGREJAS EVANGÉLICAS NÃO-EUROPÉIAS DA AMÉRICA DO NORTE

Além das igrejas do contexto europeu (Anglicana, Batista, Congregacional, Luterana, Menonita, Morávia, Presbiteriana, Quaker, Reformada) há igrejas que iniciaram na América do Norte. Estas têm um caráter mais evangélico no sentido de que seu propósito era alcançar com o Evangelho a população em geral e não se limitar aos povos étnicos da Europa. As igrejas com sua origem nos EUA, incluem: Aliança Cristã e 123 Herbert Kane, A Concise History of the Christian World Mission (1982), pp. 82-86.

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Missionária, Discípulos de Cristo, Metodistas, Igreja Missionaria, Nazarenos, Pentecostais, Wesleyanas. Estas eram igrejas mais “americanas em cultura (individualista, voluntarista, congregacionais) e seus pioneiros eram evangélicos. As Igrejas Batistas, Congregacionais e Quaker ainda que tenha sido trasladadas da Europa, por ser mais independentes na forma de governo, e mais evangélicas em sua doutrina, se expandiram mais rapidamente por todos os EUA.

A segregação entre anglo-americanos e afro-americanos foi a causa que provocou a formação das igrejas afro-americanas nos EUA, para servir e ministrar exclusivamente à população negra. Depois da emancipação por meio da Guerra Civil Americana, estas igrejas continuaram com seu caráter étnico e são: a African Metodist Episcopalian Church, Igreja Batista Missionária e outras.

O movimento pentecostal foi o fenômeno mais profundo da igreja cristã nas Américas e no mundo durante os séculos XX e XXI. Não há nenhuma família eclesiástica que tenha crescido tanto em apenas um século. Ao final do século XX, os pentecostais podem ser encontrados em cada nação do mundo. Em 100 anos, chegaram a ser um movimento universal. Além da ênfase nos dons espirituais, a administração, o ministério individual e a missão da igreja têm um caráter espontâneo. Muitos pentecostais não precisam de permissão da hierarquia da igreja ou está ligado a uma agencia missionária para ir e estabelecer novas igrejas. O chamado de Deus pelo Espírito Santo é suficiente para mobilizar os líderes e membros e estender a igreja por todo o mundo. Isto não quer dizer que não haja direção e liderança da parte dos líderes denominacionais ou que não haja nenhuma agencia missionária (como JOCUM) entre os pentecostais, mas sim que o caráter e responsabilidade espiritual, espontâneo e individual têm muita importância e valor entre eles.

AS IGREJAS EVANGELICAS NÃO-EUROPÉIAS DA AMÉRICA DO NORTE

Nome da Igreja Entrada na ALCBatista

Batista do Norte Batista do Sul

1782 –Jamaica, George Lisle

Metodistas Metodista Unida Metodistas Africanas - Episcopal Metodista Livre Wesleyana

1760 - Antigua

Nazarenos 1902 – Cuba- Leona GardenDiscípulos de CristoAliança Misssionária 1890’s (Argentina, Chile, Equador)Pentecostais

Assembléia de Deus Igreja de Deus Outras

1906 (Azusa), 1910 (Argentina. Brasil, Chile)

Carismáticas Na década de 60Interdenominacionais Na década de 70

GRUPO 4. AGÊNCIAS E SOCIEDADES MISSIONÁRIAS DA AMÉRICA DO NORTE

As sociedades e as agências missionárias norte-americanas começaram a funcionar por meio das Igrejas Episcopais no século XVII. Foram iniciativas débeis, mas lograram fazer algumas obras missionárias entre os índios. Durante e depois do Grande Avivamento (Great Awakening) que começou antes da metade do século XVIII, os

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colonos, indo-americanos e afro-americanos ouviram pregadores como George Whitefield e John Wesley. Os metodistas (seguidores de Wesley) estavam mais organizados para estabelecer igrejas.

QUADRO 4. AGÊNCIAS E SOCIEDADES MISSIONÁRIAS DA AMÉRICA DO NORTE

Nome Origem na América do Norte Entrada na ALC

Society of Inquiry on the Subject of Missions (Sociedade para investigação do propósito das missões)

1808

Board of Commissions for Foreign Missions (Junta de comissionados para missões estrangeiras) 1810 Argentina

American Baptist Foreign Mission Society (Sociedade de Missão estrangeira Batista Americana)

1814-Adoniram Judson entre os primeiros missionários à Índia

Raizes, 1782 – George Lisle na Jamaica

Sociedade Bíblica Americana 1816 1824 no México

Missão da Igreja Metodista Episcopal 1819 Raízes: Antigua em 1760

Missão da Igreja Protestante Episcopal 1821 Raízes: Bermuda (1609)

Missão da Igreja Presbiteriana 1831 Raízes: Bermuda (1644)

Missão da Igreja Evangélica Luterana 1837 1890, Brasil

Sociedade Bíblica Unida Raízes: 1806, Argentina e Uruguai

Wycliffe Guatemala, 1917

Operação Mobilização México, 1957

Juventude com Uma Missão Século 20

Visão Mundial Século 20

Associação Billy Graham Século 20

GRUPO 5. IGREJAS EVANGÉLICAS NACIONAIS NA ALCAs igrejas evangélicas que mais cresceram na ALC durante o século XX foram as

que mobilizaram seus líderes e membros a participar na evangelização, na plantação de novas igrejas e em levar o testemunho de Cristo a todas as dimensões, das pessoas e da sociedade.

Entre os protestantes das igrejas históricas, a Igreja Presbiteriana do Brasil e México são as que mais tem crescido. A IPB envia seus próprios missionários (cerca de 95 em 2002). As Igrejas Presbiterianas no México não conseguiram ainda estabelecer um movimento missionário internacional. Segundo Moisés López, há suficientes pessoas que desejam ser missionários, mas não há suficiente apoio financeiro nas igrejas para enviá-los.

Entretanto, há que se afirmar que o movimento missionário dentro da ALC durante o século XX, foi encabeçado não por programas denominacionais, nem pelas agências missionárias, mas pela resposta pessoal e espontânea de cristãos das igrejas locais. A evangelização local e extensão de igrejas desde as igrejas locais, tem sido o método preferido na ALC durante o século XX.124

124 Veja David Barrett, World Christian Encyclopedia (2001) e Patrick Johnson, Oepração Mundial para ver dados sobre as igrejas evangélicas nacionais na ALC.

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GRUPO 6. AGÊNCIAS MISSIONARIAS A PARTIR DA ALCEm meados do século XIX, os jamaicanos foram a Camarões, Gana e Nigéria.

Mas as missões não floresceram senão nas últimas décadas do século XX. O congresso de Lausanne (1974), o Congresso de Evangelistas Itinerantes em Amsterdam (1985) e as reuniões do COMIBAM (Congresso Missionário Iberoamericano) foram inspiradoras para muitos líderes e igrejas evangélicas. As denominações nacionais têm se pronunciado sobre a missão global mas são as agências para-eclesiásticas as quem mais têm respondido à tarefa global.

Das agencias entrevistadas pelos investigadores do COMIBAM (513), 26% eram organizações iberoamericanas. Eram 9% mais que as juntas denominacionais (17%) e igrejas locais (16%). Eles conseguiram identificar 6455 missionários transculturais. Mais de 50% haviam trabalhado três anos ou mais. 73% eram casados. 35% eram pentecostais, 35% interdenominacionais e 25% de igrejas tradicionais. 59% trabalharam dentro da Iberoamérica e 41% fora ela. O pais que tem mais missionários transculturais é o Brasil.125

CONCLUSÃOO movimento evangélico não tem uma única face institucional. Alguns

evangélicos se apresentam dentro das igrejas históricas e outros formam suas próprias igrejas. Os evangélicos dentro e fora das igrejas históricas se reúnem para organizar e promover as Sociedades e Agencias Missionárias que promovem a evangelização. Por esta influência missionária, a maior parte dos cristãos na ALC é evangélica.

PERGUNTAS PARA A LIÇÃO 6

1. Quais são as oito divisões históricas da igreja apresentas pelo autor?

2. Explique os cinco Solas do protestantismo.

3. Explique como alguns dos movimentos evangélicos e missionários nasceram dentro das igrejas protestantes na Europa e porque não permaneceram nas estruturas tradicionais.

4. Faça a associação dos nomes com seus respectivos movimentos

_____ Nicolas Von Zinzendorf A. Reformados_____ João Calvino B. Morávios_____ Menno Simon C. Missões Batistas_____ William Carey D. Menonitas

5. De que maneira a missão das sociedades missionárias protestantes da Europa e das agências missionárias da Europa eram diferentes?

6. Que diferença havia entre as igrejas protestantes fundadas na Europa e as igrejas evangélicas iniciadas na América do Norte?

125 Veja www.COMIBAM.org. para ver as agências missionárias que trabalham na ALC. (Parte 3: Resumo Numérico e Gráficos: A Força Missionária Iberoamericana-2001).

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7. Segundo o autor, qual foi o método preferido para a expansão da Igreja usado pelos pentecostais na ALC?

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LIÇÃO 7

MAIS DE 100 DESCULPAS PRESBITERIANAS, REFORMADAS E EVANGÉLICAS PARA NÃO PARTICIPAR NA EVANGELIZAÇÃO E NAS

MISSÕES

I. INTRODUÇÃO

Para responder às desculpas é recomendável identificar a verdade essencial relacionada com a posição contrária e usar esta verdade para contestá-la.

II. DESCULPAS E RESPOSTAS

DESCULPA RESPOSTA1. CULPAR A DEUS 1. GLORIFICAR A DEUS1.1. Se Deus quer salvar os eleitos ele tem

muitas maneiras de fazê-lo sem usar a um pecador como eu.

1.1. Deus comissionou os discípulos de Cristo para anunciar a mensagem da salvação a todas as pessoas.A evangelização é o meio escolhido por Deus para levar a mensagem da salvação aos demais.

1.2. Os eleitos podem ser salvos sem ser evangelizados, então não preciso evangelizar.

1.2. Os eleitos são salvos por crer em Cristo Jesus. Eles devem ser evangelizados porque não irão crer sem receber a Palavra de Deus. (Rom. 10: 17).

1.3. Se você não e eleito, todo o evangelismo no mundo não pode lhe ajudar, pois não é necessário evangelizar a todos.

1.3. A Grande Comissão, segundo Marcos, nos instrui a pregar a TODA criatura. Se não o fazemos, somos desobedientes.

1.4. A missão é totalmente obra de Deus, Ele não precisa de mim.

1.4. Deus designou que sua missão seja realizada por meio da igreja e pelo anúncio do Evangelho. Estes meios são usados por Deus.

1.5. Deus pode alcançar uma pessoa melhor que eu.

1.5. Pela soberania de Deus, nós temos relações particulares com certas pessoas. Por exemplo, sou o único pai de meus filhos. É uma relação única.

1.6. Deus é Onipotente e Ele pode alcançar os perdidos por seu poder.

1.6. Deus decidiu usar o poder do Espírito Santo por meio da evangelização para alcançar aos perdidos.

1.7. Deus não me disse a quem devo falar. 1.7. Deus nos fala claramente pela Bíblia que cada crente deve testemunhar de Cristo e evangelizar qualquer pessoa que esteja por perto.

1.8. Jesus morreu pelos eleitos e seja como for, eles serão incorporados à igreja.

1.8. É verdade que Jesus morreu pelos eleitos, mas este mesmo Jesus nos disse que temos de pregar a toda criatura. Nós não sabemos quem são ou não os eleitos até que venham a Cristo.

1.9. Deus é um Deus de justiça e ira, Ele não está preocupado com a evangelização do mundo.

1.9. Certamente Deus é um Deus de justiça e ira. E posto que nenhuma pessoa é justa por si mesma, todos merecem a ira de

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Deus. Entretanto, pela graça de Deus, Ele mesmo oferece uma justiça divina pela fé em Cristo Jesus, na qual Jesus recebeu o castigo de um Deus irado contra o pecado. Os que são perdoados pela morte de Cristo em agradecimento eterno a Deus serão obedientes e anunciarão esta boa notícia a todos.

1.10. Não creio que evangelizar seja a vontade de Deus para mim.

1.10. A vontade de Deus é expressa na Bíblia. Cristo claramente nos disse na Bíblia que devemos fazer discípulos e isso implica na Evangelização (Mt. 28: 19- 20).

2. RESPONSABILIZAR OUTROS 2. A RESPONSABILIDADE É MINHA2.1. Pagamos ao pastor para evangelizar, eu

não sou pastor.2.1. O pastor não é pago para ministrar, mas

para viver. O salário pastoral é para que o pastor possa dedicar-se em tempo integral ou bi-vocacional, a instruir e treinar os crentes para ministrar (Ef. 4:12).

2.2. Pagamos ao missionário para trabalhar em missões, eu não sou missionário.

2.2. O missionário é pago, tal como o pastor, para viajar e viver adequadamente, para treinar cristãos nacionais para ministrar em seu contexto (Ef. 4:12).

2.3. Algumas pessoas têm o dom de ser missionários, eu não.

2.3. É certo que nem todos os crentes são separados para servir como missionários internacionais. Entretanto, cada crente é missionário em seu próprio contexto. Um missionário é alguém enviado para representar a Cristo em todas as relações da vida. Esta tarefa é para todos os crentes.

2.4. Algumas pessoas têm o dom de ser evangelista, eu não

2.4. Jesus disse: “todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai...” (Mt 10.32). Há o dom de evangelista (mobilizar a igreja para evangelizar) e há a graça para evangelização pessoal, que é para todos os crentes.

2.5. Eu apoio a evangelistas como Billy Graham, eles são mais efetivos que eu.

2.5. Graças a Deus que Billy Graham, sua associação ou outros evangelistas internacionais são efetivos, mas é muito provável que eles não irão discipular seus contatos não-cristãos.

2.6. Os batistas e os pentecostais evangelizam, nós ensinamos.

2.6. A evangelização não é somente para os batistas e pentecostais, mas para todo o corpo de Cristo. Temos de aprender destes irmãos.

2.7. Evangelizar é para evangélicos, e eu não sou evangélico.

2.7. Há pessoas das igrejas católicas e protestantes que não se identificam com o movimento evangélico. Mas isso é secundário ao mandato de Cristo dado a todos os crentes para evangelizar.

2.8. Evangelizar é para o comitê de 2.8. O comitê de evangelização existe para

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evangelização e eu não sou membro do comitê.

organizar a igreja para a obra de evangelização.

2.9. Evangelizar é para evangelistas especiais e não sou um evangelista especial.

2.9. Os evangelistas especiais existem para uma tarefa particular na evangelização. Sem a cooperação de outros, eles não podem exercer sua especialização.

2.10. É necessário ser treinado para evangelizar e eu não fui treinado.

2.10. Você deve se preocupar em buscar alguém ou algum programa (como Evangelismo Explosivo) para ser melhor treinado.

2.11. Cada nação deve evangelizar sua própria nação.

2.11. Não há nenhuma nação do mundo que tenha sido evangelizado 100%. Todos os duas há novos integrantes da nação, seja por nascimento, seja por migração.

2.12. A evangelização vem de pregar o Evangelho e eu não sou pregador.

2.12. A pregação da Palavra na Igreja é sumamente importante, mas a evangelização é mais que pregar. É testificar, discipular e treinar na obra da evangelização.

2.13. Evangelizar é responsabilidade dos homens e eu sou mulher.

2.13. A evangelização entre mulher e mulher e entre homem e homem é muito efetiva. Entretanto, há oportunidades onde podemos evangelizar membros de outro gênero.

2.14. Sou muito jovem para evangelizar. 2.14. O testemunho de Cristo de um jovem é tão valioso quanto o testemunho de um adulto. Temos o caso de Timóteo, que era muito jovem e tinha um cargo de muita responsabilidade em ser pastor da igreja de Éfeso.

2.15. Estou muito ocupado como pai para evangelizar.

2.15. A primeira responsabilidade do pai é evangelizar e atender espiritualmente sua própria família. Parte dessa responsabilidade é preparar a família para evangelizar outras pessoas.

2.16. Sou muito velho para evangelizar, isso é para a nova geração.

2.16. O testemunho dos crentes anciãos é uma grande responsabilidade. Os anciãos devem orar e testemunhar a seus familiares, à nova geração. Que exemplo melhor para a nova geração evangelizar que ver seus avós e pais dedicando-se a esta tarefa até o final de suas vidas.

2.17. Evangelizar é para as pessoas espirituais, e eu não sou muito espiritual.

2.17. Evangelizar é um mendigo dizendo a outro mendigo onde conseguir uma comida que só se dá por graça.

2.18. Evangelizar é para alcançar os pagãos e não conheço muitos pagãos.

2.18. Se não conhece nenhuma pessoa não-crente, ore a Deus para que lhe dê esse privilégio. Também é recomendável sair de sua “zona de conforto” de vez em quando.

2.19. Há outros membros que não evangelizam, porque é minha responsabilidade?

2.19. O pecado do outro não é justificativa para pecar.

2.20. Meu pastor não evangeliza. Por que é 2.20. Se seu pastor não evangeliza, você deve

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minha responsabilidade? evangelizar seu pastor. 3. PARTICIPAR DE MISSÕES NÃO É

ACEITÁVEL HOJE3. PARTICIPAR DA MISSÃO É O MAIS

IMPORTANTE HOJE3.1. As pessoas não querem ser

evangelizadas.3.1. O fato de a criança não querer ir ao

dentista não significa que seus dentes não devam ser examinados.

3.2. As pessoas não precisam ser evangelizadas.

3.2. Se não é pela evangelização global, como é que as pessoas vão conhecer Jesus?

3.3. Não é justo impor sua religião aos outros.

3.3. A religião é a relação entre Deus e o ser humano. Só Deus tem o direito de impor suas ideias e demandas a nós. Este Deus nos manda evangelizar.

3.4. Não quero ofender aos demais. 3.4. O que é pior, ofender ao homem ou ofender a Deus? Jesus disse que se não dermos testemunho dele ao homem Ele não dará testemunho de nos diante do Pai.

3.5. Creio na liberdade de todas as religiões. 3.5. Se o homem está livre para ser idólatra, o crente está livre para evangelizar a todos.

3.6. Evangelizar é impor duas ideias. 3.6. Posto que o ser humano está morto espiritualmente, a imposição da Palavra de Deus que produz a vida espiritual é necessária.

3.7. A sociedade não está a favor da evangelização.

3.7. Se Deus existe, é Ele e não a sociedade quem determina o que é favorável ou não.

3.8. Minha igreja não apóia a evangelização. 3.8. Se sua igreja não apóia a evangelização, é necessário iniciar a evangelização da sua igreja o mais breve possível porque essa igreja está morrendo ou já está morta espiritualmente.

3.9. A era das missões já passou. 3.9. Segundo Jesus, a evangelização continuará até o final do mundo (Mt. 14:14; 28:20).

3.10. A mente pós-moderna não aceita a evangelização.

3.10. A resistência da mente pós-moderna à evangelização é uma mostra de sua falta de tolerância.

4. DESCULPAS TEOLÓGICAS 4. AFIRMAÇÕES TEOLÓGICAS4.1. Evangelismo é coisa de arminiano. 4.1. O arminianismo é baseado na força da

vontade humana para tomar a decisão de ser salvo. É melhor colocar a ênfase na oração para cumprir a vontade de Deus e não a vontade humana.

4.2. Evangelismo é humanista. 4.2. O evangelismo verdadeiro é Deus trabalhando por meio da mensagem dos crentes. Os evangelistas são causas secundárias na evangelização.

4.3. A época da evangelização acabou com a morte dos apóstolos.

4.3. A época dos apóstolos é única, sendo que eles são parte do fundamento e base da igreja (Ef. 2:20). Algo é iniciado para ser continuado. Temos que edificar sobre o fundamento.

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4.4. O ofício de evangelista acabou com a morte dos apóstolos.

4.4. Deus vai eliminar o ofício de evangelista quando a tarefa de evangelização estiver cumprida.

4.5. A Grande Comissão foi dada somente aos apóstolos.

4.5. A Grande Comissão foi dada aos apóstolos com o fim de discipular outros. Este processo de discipulado continua até hoje. Ainda que não sejamos apóstolos, quando nos submetemos ao ensino dos apóstolos somos apostólicos.

4.6. O homem não pode aceitar a oferta da salvação por sua própria força, então, para que oferecer a mensagem de salvação?

4.6. A oferta da salvação aos que estão mortos espiritualmente é por meio do recebimento da Palavra de Deus, a qual é o instrumento do Espírito Santo para nos fazer renascer.

4.7. O evangelismo vai trazer pessoas não-reformadas para a igreja.

4.7. Obviamente, poucas pessoas recém-evangelizadas serão reformadas. As doutrinas da Reforma foram desenvolvidas 1500 anos depois da morte de Cristo. Há que se dá algum tempo para que o convertido entenda o desenvolvimento histórico das doutrinas da graça.

4.8. O evangelismo vai trazer pessoas problemáticas à igreja.

4.8. As pessoas sem problemas não precisam do Salvador nem da igreja. A igreja verdadeira é um hospital espiritual. Um hospital é para pessoas enfermas. Um hospital sem pacientes deve ser fechado.

4.9. As confissões ecumênicas não falam de missões.

4.9. O propósito das confissões ecumênicas era defender a igreja das heresias acerca de Cristo. Não houve grande necessidade de escrever sobre a evangelização nos primeiros anos da igreja, a Bíblia era suficiente.

4.10. As confissões reformadas não falam de missões.

4.10. É lamentável que as confissões reformadas não falaram mais sobre missões porque esta área de seu ministério se desenvolveu muito bem.

4.11. Nosso livro de ordem da igreja não fala muito sobre a missão.

4.11. A ordem da igreja tem como propósito ajudar a organizar o ministério da igreja. A missão da igreja deve ser central neste ministério.

4.12. Os hinos da igreja não falam muito sobre a missão.

4.12. Os hinos antigos falam sobre o domínio de Cristo sobre toda a terra. Os hinos contemporâneos falam mais sobre a experiência do crente com Deus. Mas, há muitos hinos que têm uma mensagem sobre as missões.

4.13. Nossa igreja não tem um programa para evangelizar.

4.13. Agora seria o tempo adequado para iniciar tal programa.

4.14. Nossa igreja não tem um programa de treinamento para evangelizar.

4.14. Agora seria o tempo para buscar como o treinamento de evangelistas, comitês de evangelização e programas de evangelização.

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4.15. Nossa igreja não tem programa de missões.

4.15. Ore para que a igreja reconheça e apóie aos missionários que estão trabalhando. A congregação local é a melhor agência missionária.

4.16. O pastor não fala de evangelismo e missão.

4.16. Nesse caso, é necessário se comunicar com o pastor para ver se ele é cristão. Se ele não for, será necessário buscar ou formar uma igreja que seja obediente à Grande Comissão.

4.17. Nossa igreja é muito crítica dos evangelistas modernos.

4.17. A crítica deve ser construtiva, oferecendo uma alternativa melhor.

4.18. Se não podemos evangelizar perfeitamente, melhor não evangelizar.

4.18. Ninguém, com exceção de Jesus, evangeliza perfeitamente. Só pessoas perfeitas podem evangelizar perfeitamente e ninguém é perfeito. Pedro e Paulo, os grandes evangelistas do NT, tinham problemas. Resolver problemas pessoais é parte do testemunho evangelístico.

4.19. Em vez de evangelizar os não-cristãos temos de reformar a igreja.

4.19. Parte da reforma da igreja é ser obediente à Grande Comissão de Jesus e evangelizar.

5. DISCRIMINAÇÃO 5. COMPANHEIRISMO5.1. Cada raça deve evangelizar sua própria

raça. 5.1. Só há uma raça humana e todos somos

parte dela. Em Cristo não há distinção de raças.

5.2. Cada raça deve evangelizar a sua própria raça e formar sua própria igreja.

5.2. É certo que pessoas da mesma raça podem formar suas igrejas, mas a igreja local deve expressar o caráter universal da igreja e a realidade que uma só raça humana.

5.3. Pela evangelização, pessoas de outras raças vão chegar a nossa igreja.

5.3. A igreja local e universal é de Cristo, não é nossa; A igreja é para todas as pessoas.

5.4. Pela evangelização, pessoas de outras raças vão se casar com nossas filhas.

5.4. A Bíblia não proíbe o casamento entre pessoas de diferentes raças. Moisés foi criticado por casar com uma africana, mas não foi criticado por Deus.

5.5. Pela evangelização, pessoas de outras culturas vão trazer músicas não-tradicionais para a igreja.

5.5. A Bíblia está muito aberta às expressões musicais culturais. Veja o Salmo 150.

5.6. Pela evangelização de outras culturas, pessoas de outras culturas irão trazer comidas raras à igreja.

5.6. A Bíblia ensina que podemos comer todo tipo de comida.

5.7. Pela evangelização, pessoa de outras raças se tornarão membros da nossa igreja.

5.7. Qualquer pessoa que seja discípulo fiel de Cristo pode ser membro em plena comunhão na igreja cristã.

5.8. Pela evangelização, pessoas de outras raças que se façam membros irão se tornar a maior parte da nossa igreja.

5.8. A igreja é para todos. É um grande privilégio e responsabilidade ter pessoas de distintas culturas na igreja local.

5.9. Pela evangelização pessoas de outras raças que se tornem membros da igreja se serão eleitos como líderes da nossa igreja.

5.9. A liderança de pessoas de outras culturas deve ser promovida para que os membros de cada cultura tenham líderes de sua própria cultura e líderes de outras

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culturas. 5.10. Pela evangelização, pessoas de outras

raças podem chegar a ser pastores em nossa igreja.

5.10. O pastorado, como todas as posições de liderança, está aberto a líderes de todas as culturas.

5.11. Pela evangelização, pessoas de outras raças se tornarão pastores em nossa igreja e vão me visitar e orar por mim quando eu estiver enfermo.

5.11. A visitação nas igrejas não é realizada como uma função social ou cultural, mas é parte do ministério espiritual da igreja.

5.12. Pela evangelização, pessoas de outras raças podem ser eleitas como anciãos da igreja e ser tesoureiros da igreja e decidir como usar nossos dízimos e ofertas para si mesmos.

5.12. O uso do dinheiro da igreja para projetos pessoais não é justificável. Os membros têm o direito de voz e voto quanto ao uso do dinheiro arrecadado na igreja.

5.13. Pela evangelização, pessoas de outras raças pode se tornar pastores da igjrea e presidir o meu funeral.

5.13. Aleluia! “Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro”.

6. NÃO ESTOU EM CONDIÇÕES DE EVANGELIZAR

6. AS CONDIÇÕES SÃO ÓTIMAS PARA A EVANGELIZAÇÃO

6.1. Não quero evangelizar. 6.1. Temos de evangelizar em obediência à Grande Comissão de Cristo (Mt. 28:19-20).

6.2. Não posso evangelizar. 6.2. Deus nos dá o poder do Espírito Santo (Atos 1:8).

6.3. Não sei como evangelizar 6.3. A igreja existe para treinar os membros para evangelizar (Ef. 4:12).

6.4. Não devo evangelizar. 6.4. Errado! Temos de evangelizar em obediência a Cristo.

6.5. Não sito a necessidade de evangelizar. 6.5. Nossos sentimentos não nos dirige; a nossa fé nos dirige.

6.6. Não me sinto bem evangelizando. 6.6. Jesus tampouco se sentiu bem quando morreu por nossos pecados.

6.7. Não falo bem para evangelizar. 6.7. Moisés tampouco falava bem, mas Deus providenciou Arão para falar por ele. Deus é capaz de utilizar outras pessoas para nos ajudar a cumprir a sua Palavra.

6.8. Não tenho tempo para evangelizar. 6.8. O Evangelho é um assunto eterno, portanto, temos de tomar o tempo necessário para preparar as pessoas para a eternidade.

6.9. Não tenho oportunidades para evangelizar.

6.9. Temos de pedir a Deus essa oportunidade.

6.10. Ninguém me evangelizou. 6.10. Como você chegou a conhecer a Cristo? Talvez foi por meio de nossos familiares, mas de uma maneira ou outra, alguém nos explicou o que é o Evangelho.

6.11. Não tenho amor pelos perdidos para evangelizá-los.

6.11. Obrigado por ser honesto. Deus é amor e temos de pedir a Deus que nos dê amor pelos perdidos.

6.12. Não tenho paciência para explicar a um não-crente sobre a salvação em Cristo.

6.12. A paciência é fruto do Espírito e temos de pedir a Ele.

6.13. Não dou suficientemente bom para evangelizar.

6.13. Não há pessoa boa no sentido espiritual (Rm 3:10). A bondade vem de Deus e temos de pedi a Deus este atributo.

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6.14. Não sou suficientemente espiritual para evangelizar.

6.14. Ninguém é suficientemente espiritual. A evangelização depende do poder do Espírito Santo.

6.15. Não me preocupa o destino dos não-cristãos.

6.15. Temos que estar preocupado com o destino dos não-cristãos porque Deus está preocupado por eles (João 10.14).

6.16. Não fui chamado para evangelizar. 6.16. O chamado para evangelizar é dado a todos os cristãos por meio da Grande Comissão de Jesus.

6.17. Nunca evangelizei. 6.17. Cada crente deve começar a fazê-lo em algum momento ou outro. Sendo que evangelizar é um mandato, o Senhor nos dará a capacidade e a oportunidade para fazê-lo.

6.18. Não tenho todas as respostas que os não-crentes precisam.

6.18. Nenhuma pessoa tem todas as respostas, mas conhecemos onde encontrar a resposta: na Bíblia.

6.19. Não tenho muito tempo como membro da igreja.

6.19. O ideal é começar a evangelizar antes de se tornar membro da igreja.

6.20. As pessoas a quem vou evangelizar pode me rechaçar.

6.20. A motivação para a evangelização não é que as pessoas nos aceitem, mas que aceitem a Cristo.

6.21. Tenho medo de evangelizar. 6.21. No perfeito amor de Deus não medo. Deus tira o temor quando somos obedientes a Ele.

6.22. Tenho vergonha de evangelizar. 6.22. Se você está envergonhado do Senhor, Ele se envergonhará de você (Rm 1:16-17). Não temos de ter vergonha de uma mensagem tão boa para todos nós.

6.23. Tenho demasiado orgulho pessoal para humilhar-me e evangelizar.

6.23. Paulo disse: “já não vivo eu (Paulo), mas Cristo vive em mim (Gl 2.20). Há que morrer o egoísmo e viver pela fé em Cristo.

6.24. Nossa família não evangeliza. 6.24. Então, você tem de evangelizar sua família.

6.25. Meu amigos não evangelizam. 6.25. Então, você tem de evangelizar seus amigos.

6.26. Só posso orar pelos evangelistas e missionários.

6.26. Além de orar por outros obreiros, você tem de participar da missão local e internacional. Podemos participar apoiando financeiramente os que vão para longe ou preparar materiais úteis para que eles trabalhem.

6.27. Apoio financeiramente os que fazem a obra missionária.

6.27. O apoio financeiro é importante, mas não é a única maneira de promover missões locais e internacionais. Temos de pedir a Deus oportunidades para evangelizar.

6.28. Ninguém me molesta por não evangelizar.

6.28. Satanás não molesta aos que estão fazendo a sua vontade.

6.29. Não tenho uma igreja para trazer as pessoas que devo evangelizar.

6.29. Se sua igreja não pode receber aos novos convertidos você deve buscar ou plantar uma igreja que receba aos novos discípulos.

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6.30. Não sou cristão por isso, não evangelizo. 6.30. Então, você deve escutar uma apresentação das boas novas da salvação em Cristo. Você tem de ser evangelizado antes de poder evangelizar aos demais.

III. CONCLUSÃOA desculpa mais séria é não obedecer à Grande Comissão do Senhor.

PERGUNTAS PARA A LIÇÃO 7

1. Dê um exemplo próprio sobre como culpamos a Deus para nos desculparmos de evangelizar. Qual é a sua resposta a essa desculpa?

2. Dê um exemplo próprio de como responsabilizamos a outros sobre algo que é nossa responsabilidade quanto à evangelização? Qual a sua resposta a essa desculpa?

3. Dê um exemplo de algo que é visto como não aceitável para os cristãos evangelizar a outros. Qual é a sua resposta a essa desculpa?

4. Pense em uma desculpa teológica que você mesmo tem usado para não evangelizar? Qual deve ser nossa atitude bíblica?

5. Dê um exemplo acerca de como você tem sido racista em seu pensamento e ação quanto a evangelizar pessoas de outras raças? Como foi resolvida esta contradição?

6. Formule mais 5 desculpas para não evangelizar e participar da missão de Deus. Dê respostas a essas desculpas.

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LIÇÃO 8

RECURSOS PARA A MISSIOLOGIA

I. INTRODUÇÃO

As recomendações para o estudo da Missiologia serão dadas segundo as classificações assinaladas na Lição 1.

II. MISSIOLOGIA PRÓPRIA

O termo “próprio” refere-se à própria definição e aos pressupostos do estudo de missões. A “Missiologia Própria” responde à seguinte pergunta: O que é missiologia e porque a realizamos? Os estudos para a Missiologia Própria incluem: introdução à missiologia; a teologia bíblica de missões; a cosmologia; a filosofia de missões; a hermenêutica e a contextualização da teologia. O estudo das biografias missionárias e a história das missões é fundamental para se conhecer a missão de Deus.

INTRODUÇÃO À MISSIOLOGIA

Uma boa introdução à missiologia deve incluir definições dos termos mais usados em missões e no estudo delas, além da identificação de conceitos básicos como: missão, missões, missiologia, ministério, evangelismo, serviço ou outras dimensões da missão. Um estudo introdutório deve apresentar uma visão global da missão e da missiologia. Normalmente, estes textos incluem uma breve descrição da teologia da missão, a história da missão, breves biografias de grandes missionários, localização de campos missionários, uma discussão sobre as estratégias missionárias e uma identificação dos recursos missionários.

Ainda que todos os ministérios e serviços que glorificam a Deus sejam parte da missão de Deus, a missiologia presta mais atenção à missão mundial, ou seja, em como a missão de Deus é cumprida em todo o mundo.

Além de uma apresentação global a missiologia pode se especializar em missiologia de um ramo teológico (Missiologia Católico Romana, protestante, evangélica, etc.); um missiologia denominacional (missão das Assembléias de Deus); ou particularizar o estudo de outras categorias (missão urbana, missão entre buditas).

Para os estudantes reformados, por exemplo, será de interesse notar que a Missiologia Reformada consiste de três tendências marcantes: missiologia tradicional; missiologia evangélica e missiologia ecumênica.

A Missiologia Reformada tradicional é definida de melhor maneira por autores como os holandeses Gisbertius Voetius, J. Bavinck y Frans Schalkwyk. Na ALC a Missiologia Reformada tradicional está representada por escritos de missionários como Guillermo Green (Editor da revista teológica Reforma Siglo 21) e os representantes das denominações reformadas conservadoras da Canadian Reformed Church, Gereformeerde Kerken (Vrijgemaakt), e até certo ponto, a Liga Missionaria da Nederlandse Hervormde Kerk.

Do lado dos reformados evangélicos (Missiologia Reformada Evangélica) estão: o mexicano Mariano Ávida, professor de Grego; o chileno Guillermo Serrano, da organização La Hora de la Reforma; o ex-missionário no México, Roger Greenway, autor

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de Apóstoles a la Ciudad; Cornélio Hegeman, decano do MINTS, autor de Origen y el Desarrollo de las Iglesias y las Misiones Presbiterianas y Reformadas e América Latina y el Caribe (1528 – 1916); Woody Lajara, do Evangelismo Explosivo; David Leghters, professor do Seminário San Pablo; Carlos Pinto, psicólogo e educador que trabalha com HCJB em Quito, Equador; Richard Ramsay, autor de: Cuán Bueno debo ser?, A Sua image, e Cuál es La diferencia? David Sills, professor de Antropologia Cultural e Missões no Seminário Batista dem Louisville, KY; Roger Smalling, autor do livro Si Jesús; Les Thompson da Facultad Latinoamericana de Estudios Teológicos; autor de La persona que soy; Juan Wagenveld, da Liga Bíblica que escreveu Iglecrecimiento Integral.

A Missiologia Reformada Ecumênica está representada pelo holandês Johannes Verkuil, professor de Missões da Universidade Livre de Amsterdã; o Sul-Africano, David Bosch; o holandês da Universidade de Utrecht, Jan Jongeneel; o filho de missionários no México, Chuch Van Engen, professor de Missões do Fuller Seminary; e Sidney Rooy. A maioria dos livros destes autores estão escritos principalmente em inglês, com a exceção de David Bosch Misión em Transformación e os escritos de Chuch Van Engen. O equatoriano, C. René Padilla, que tem publicado entre outros textos o livro Missão Integral, que representa uma perspectiva reformada ecumênica contextualizada à America Latina. O texto de Rodolfo Blank, Teologia y Misión em América Latina, é escrito com uma perspectiva luterana. O suíço e ex-missionário no México, Jean Pierre Bastián representa uma teologia e história com a perpectiva da Teologia da Libertação. Sid Rooy representa a transião da teologia confessional à tolerância ecumênica.

A TEOLOGIA BÍBLICA DE MISSÕES

Em termos evangélicos, os escritos associados com o Congresso Missionário Ibero-Americano (COMIBAM) são os mais populares quanto à uma teologia bíblica de missões, isto inclui o Tomo 1 de Jonathan Lewis Misión Mundial e em inglês o curso, Perspectivas. São escritos com uma perspectiva teológica principalmente arminiana. Para os reformados, a casa editorial CLIR e o seminário MINTS estão desenvolvendo materiais para a evangelização, ministério e missões.126

COSMOLOGIA

A cosmologia é parte da filosofia, apologética, religiões do mundo e antropologia cultural. Estuda a descrição total do mundo que um povo em particular tem no marco de sua concepção mundial. A cosmologia procura dar respostas às grandes perguntas da existência humana, a partir da experiência cultural: O que é o homem? Qual é a sua origem? Há algo mais além da vida? Para onde vai o homem? Etc.

Na missiologia, a cosmologia das religiões do mundo (J. Lewis, McDowell) e as tribos étnicas (Deirós, Gunlan, Mayers, Nida)127 têm sido estudadas pelos evangélicos. Os reformados podem consultar a www.CLIR.net e www.mintespanol.com. Os escritos do Dr. Peter Jones (Uno u Dos) são excelentes para entender o pós-modernismo. O Dr. Jaime Morales tem escrito bastante na área de cosmologia ou cosmovisão.

FILOSOFIA DE MISSÕES

126 www.CLIR.org; www.mintespanol.com.127 Veja a bibliografía para ver os livros escritos por estes autores.

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Enquanto a teologia de missões explica a motivação para as missões, a Filosofia de Missões identifica a ideologia que está por trás da organização das missões em particular. Por exemplo, quase todas as agencias, organizações e sociedades missionárias têm uma constituição ou uma declaração acerca de sua visão, objetivos, metas, estratégias, etc. Esta informação ideológica pode ser emprestada de modelos denominacionais (por exemplo: a Constituição de Missão Mundial da Igreja Cristã Reformada), agências para-eclesiásticas (COMIBAM), autores independentes128 ou formulados por alguém.

A HERMENÊUTICA

A hermenêutica é a ciência/arte que dá conta da maneira como se dá a interpretação da Bíblia. Na missiologia, a hermenêutica é a fonte para a elaboração da teologia da missão, a filosofia das missões e para toda a sua missiologia. Podemos, por exemplo, identificar algumas das “hermenêuticas” da missão.

Na interpretação da Grande Comissão, autores associados com COMIBAM identificam o termo grego ethne, em Mateus 28.19, como “grupo étnico”. A Bíblia Reina Valera e a Nova Versão Internacional traduzem a palavra ethne como “nação”. A diferença é significativa para uma estratégia missionária. Muitas denominações identificam sua extensão missionária pelo desenvolvimento de sua missão “nas nações” do mundo. Outras agencias falam de alcançar grupos “não alcançados” (etnias) dentro das nações e até entre nações. O conceito de “nação” e “grupo étnico” não são excludentes, mas o momento de falar de “uma nação” e de “um grupo étnico” estamos nos referindo a dois “conceitos” relacionados a agrupações diferentes. Mas ainda quando o conceito “nação” é mais um termo sociológico e político, enquanto que “etnia” é antropológico e cultural, com todas as implicações a que isso leva na prática missionária.

Outra diferença na interpretação bíblica que afeta a estratégia missionária é como definir “os pobres”. Mateus fala dos “pobres de espírito” enquanto Lucas menciona “os pobres”. A Teologia da Libertação define a missão de Deus em termos de que Deus tem uma “opção preferencial pelos pobres”. A Teologia Reformada tradicional se inclina para “os pobres de espírito” sem negar que a missão de Deus inclui aos pobres no sentido social. Se Deus tem uma opção preferencial pelos pobres sociais, então, a missão será mais social, político e judicial. Se a preferência de Deus é para que seus eleitos creiam em Cristo para serem salvos, a evangelização pessoa e comunal será o foco da missão.

Lucas 4.18-19 inclui a evangelização (pregar o Evangelho, pobre de espírito), por um lado, e a necessidade de ministrar aos pobres, por outro lado. Só os humildes de coração podem ministrar aos “pequeninos irmãos” (Mateus 25.40).

A CONTEXTUALIZAÇÃO DA TEOLOGIA

A contextualização é um termo técnico que presta atenção “ao mundo” da Bíblia, ao mundo do comunicador e ao mundo do receptor (Segundo Eugune Nida, Orlando Costas). Sendo que as missões atuam em diferentes culturas, a missiologia inclui o estudo da aplicação do Evangelho e da missão em diferentes culturas.

128 Juan MacKay, El Otro Cristo Español., Orlando Costas, Christ Outside the Gate (1982); Alfonso Lockward, Algunas Cruces Altas (1992); Cornelius Hegeman, Op. cit.,(2006) Juan Wagenveld, Sembramos Iglesias Saludables (2004).

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As culturas podem ter uma influência positiva ou negativa. O positivo se vê quando há transformação da cultura pelo impacto do Evangelho e por meio da afetação deste nas estruturas da sociedade. Os estudos de Donald McGravan e outros mostram como o crescimento do Evangelho atravessa as estruturas sociais (as chamadas “unidades homogêneas”). A influência negativa da cultura no Evangelho é evidenciada no sincretismo. O sincretismo é a combinação, até que se torne um só sistema, de duas ideologias opostas. Por exemplo, na Teologia da Prosperidade, o cristianismo é sincretizado (combinado) com um conceito de inversões capitalistas para produzir um culto com ênfase no êxito material.

Um dos estudos clássicos sobre contextualização do cristianismo na ALC é a obra de John MacKay, El otro Cristo español. MacKay mostra como o conceito de um Cristo que nasceu no século XV no norte da Àfrica e Espanha foi trazido pelos conquistadores às Américas. Como bom missionário, MacKay não somente identificou o sincretismo acerca de Cristo mas também esclareceu o que as Escrituras dizem sobre Cristo.

O sincretismo cultural do paternalismo missionário e a dependência de setores pobres são parte da crítica da teologia da libertação e o foco de “só plantar igrejas” da escola de crescimento de igreja de Mcgavern. Os proponentes da missão integral apresentam uma perspectiva intermediária.

III. METODOLOGIA MISSIOLÓGICA

Como se faz missões? A metodologia da missiologia inclui a administração de igrejas; administração de missões; andrologia e pedagogia; antropologia cultural; apologética; artes; comunicação; aconselhamento transcultural; diaconia estatística, evangelização; idiomas; lingüística; introdução ao ministério transcultural; liderança missionária e plantação de igrejas.

Como se faz missões?

As ideias do holandês Gisbertus Voetius,129 desenvolvidas no século XVI, servem como base para a missiologia reformada. Os escritos de Roland Allen, La Iglesia espontánea (destaca o papel do Espírito Santo nas missões); de Michael Green: Evangelização Na Igreja Primitiva (o desenvolvimento histórico do crescimento espontâneo e fundamental da igreja); de Jonathan Lewis, Missão Mundial (ressalta o apoio dos Centros de Missões); os materiais do COMIBAM, Evangelismo Explosivo, Liga Bíblica, FLET e MINTS são leituras básicas para aprender como fazer missões na ALC. Além disso, as histórias das igrejas, biografias de pastores, evangelistas e missionários, são muito importante para conhecer a obra missionária.

Metodologia Missiológica

A metodologia missiológica depende de sua definição de missões. Entre os reformados ortodoxos, há três enfoques diferentes: 1) A missão eclesiástica; 2) A missão compreensiva e integral; e 3) A missão Nacional.

A missão eclesiástica é para estabelecer a instituição da igreja. Os missionários são os pastores ordenados, o clero e sacerdotes que administram os sacramentos e proclamam a Palavra de Deus. A plantação de igrejas e a preparação de pastores para 129Op. cit.

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manter as igrejas é a tarefa principal da missão. Os ministérios e missões são extensões da igreja denominacional. Para fazer missões eclesiásticas há que ter um sacerdote ou pastor ordenado. Sem pastor não há missões eclesiásticas. Nesta escola de pensamento, muito semelhante ao clericalismo romano medieval, a obra missionária dos membros e os não-pastores é considerada como ajuda aos pastores missionários. A obra de missões não tem validade até que seja aprovada pelo sistema eclesiástico.

A missão compreensiva e integral é uma ênfase na pregação do reino de Deus em todos os setores da sociedade. A igreja é vista como parte da agência missionária para estabelecer o reino de Deus na sociedade. Todos os membros e líderes da igreja são considerados missionários. Os líderes preparam os membros para ministrar. As Sociedades Missionárias e ministérios para-eclesiásticos têm esta ênfase na extensão do reino de Deus para a colaboração de missionários internacionais e obreiros nacionais.

Apesar da ênfase eclesiástica na formação de igrejas coloniais e entre os imigrantes europeus, os membros e líderes das igrejas começaram a formar e participar de sociedades missionárias e assim realizar missões locais e globais.

A missão nacional é iniciar obras missionárias treinando os nacionais para assumir liderança e responsabilidades desde o princípio da obra missionária. Os missionários trabalhando com igrejas nacionais para realizar missão é um exemplo deste método. O desenvolvimento dos morávios, o modelo de “igreja dentro da igreja”, ou a colaboração entre igrejas, chegou a ser uma força poderosa em estabelecer igrejas nacionais. Hoje em dia, a obra missionária de missionários reformados com igrejas presbiterianas no Brasil, Colômbia, Guatemala, México e Peru tem dado excelentes resultados.130

Administração de igrejas

Não há melhor estudo da administração de igrejas que estudar como as igrejas se organizam. É claro, sempre há uma igrejas que são melhor administradas que outras, mas temos de buscar os melhores exemplos, estudá-los e se possível, imitá-los. As minutas das atas da igreja, histórias escritas para os aniversários da igreja, monografias e biografias dos líderes de igreja ajudam a conhecer como funcionam as igrejas.

A administração da igreja tradicional é vista formalmente na conformidade às Confissões de Fé, à Ordem Eclesiástica, às participação nas assembléias nacionais e regionais e na organização local das igrejas. Há uma alta semelhança entre o modelo de administração da igreja do missionário e da igreja nacional.

As sociedades missionárias mostram maior flexibilidade no desenvolvimento administrativo de igrejas nacionais. As igrejas estabelecidas por sociedades missionárias que incluíram missionários batistas e presbiterianos (ou seja, Bolívia, Colômbia, Peru) usam o modelo presbiteriano para o governo da igreja e a prática batista para os sacramentos. Isso ocorreu em muitas Assembléias de Deus, que usam o governo presbiteriano, os sacramentos batistas e o culto pentecostal.

Quando as igrejas nacionais são estabelecidas principalmente por nacionais (p. ex: Igrejas Cristãs Reformadas na República Dominicana), a administração vai obedecer mais à cultura da sociedade nacional que a cultura dos missionários estrangeiros.

Administração das missões

130 Cornelius Hegeman, El Origin…

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Cada denominação nacional tem seu programa de missões. Entre os presbiterianos e reformados, a Igreja Presbiteriana do Brasil tem o programa de missões globais mais extensivo na América do Sul. Alguns fatores importantes incluem o alto índice de nacionalização de líderes denominacionais e congregacionais, sua ortodoxia reformada, ênfase na educação cristã e capacitação teológica, bom uso de recursos econômicos e a criatividade em administrar projetos missionários.

Os estudos sobre as origens e história das instituições missionárias e evangelísticas são uma rica fonte de informação e desafio quando se está pensando em montar um plano missionário ou uma organização missionária. Os materiais sobre a Aliança Pró-Evangelização de Crianças (APEC), Compassion Internacional, Cruzada Estudantil, Jovens com uma Missão (JOCUM), Operação Mobilização, Instituto Wycliffe, Visão Mundial, Liga Bíblia, Evangelismo Explosivo, etc. mostram os princípios, resultados e lições aprendidas de como funcionam estas agencias que tiveram êxito nas missões.

As investigações de David Barrett mostram centenas de métodos que foram utilizados em missões.131 A maioria destes métodos são praticados nas igrejas, sociedades missionárias e obras nacionais.

Andragogia e Pedagogia

As denominações tradicionais, os colégios cristãos e os ministérios para-eclesiásticos têm muitos materiais para a Escola Dominical, o discipulado de novos crentes e materiais para a preparação de líderes. Entre os melhores materiais se encontram os de Howard Hendricks Ensinando para Transformar Vidas, que tem sido usado pelas igrejas e mestres para apresentar uma pedagogia sã ao estudante.

Nas últimas décadas, a educação tradicional tem sido duramente criticada por ser um instrumento para a domesticação e dominação do povo. Os escritos do católico Paulo Freire, tomando como opção ideológica a Pedagogia da Libertação, são úteis para analisar e avaliar o modelo tradicional de educação. Esta alternativa se expressa na Educação Popular que enfatiza a capacidade do adulto para determinar suas próprias metas e seu próprio processo educativo para alcançá-las.

O movimento da Educação Teológica por Extensão (ETE) começou em Guatemala nos anos sessenta, e tem muita literatura publicada. A ETE produziu muitos textos teológicos para seus programas, mas estes não são muito acessíveis a todas as pessoas, pois necessitam de algo mais.

Muitos programas são controlados pelas denominações e pelas agencias para-eclesiásticas. Com a chegada de novas tecnologias da informação como a Internet e o uso extensivo das páginas da web agora há mais acessibilidade a materiais didáticos que podem ser usados para a educação nas igrejas ou dos crentes.

O MINTS é parte de um movimento da Educação Teológica Continuada (ETC). Com o uso da internet, os estudantes têm acesso a cursos na página eletrônica (mintsespanol.com) e pode comunicarem-se diretamente com os professores e autores dos cursos. O programa usa o melhor dos textos tradicionais (p. ex: Berkhof, Gonzaléz, Mackay), os mestres escrevem seus próprios textos e usa as visitas periódicas de professores para animar os grupos de estudos a desenvolverem-se.

131David Barret, World Christian Encyclopedia, appendices (1982).

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Antropologia Cultural

A Antropologia Cultura é uma ciência muito relacionada com o movimento missionário entre os grupos étnicos. Os melhores estudos foram realizados por missionários como Eugene Nida. Grulan e Mayers apresentam um texto básico para a Antropologia Cultural que é recomendável para começar. Também Pablo Deiros (1992) apresenta a História do Cristianismo na América Latina a partir de uma perspectiva antropológica. Por suposto também há estudos feito por autores e antropólogos seculares como C. E. Deive que apóiam o entendimento cultural. Entretanto, os melhores estudos de antropologia cultural são aqueles realizados em relação ao movimento missionário.132

É impressionante a quantidade de estudos em antropologia cultural que tem sido escrito pelos missionários das sociedades missionárias. Este estudos de lingüística, cultura, línguas indígenas, comunicação, tradição oral, temas de saúde ou outras especialidades ajudaram os missionários a documentar línguas orais, escrever livros de gramática, promover literatura indígena, traduzir a Bíblia, treinar facilitadores para obras de saúde, desenvolvimento comunitário e de justiça e paz.

Ainda que as sociedades missionárias, mas que tudo, desenvolveram a antropologia cultural, os cristãos nacionais continuaram com estes temas por meio das instituições educativas cristãs e instituições culturais.

Apologética

Para que o estudante tenha acesso aos títulos sobre Apologética, lhe apresentamos os seguintes livros que estão disponíveis, seja em livrarias cristãs, seja na internet.

Amos Jr., William E. Cuando el SIDA llega. El Paso: Casa Bautista de Publicaciones, 1989.Anderson, Norman. Las religiones del mundo. El Paso: Editorial Mundo Hispano, 1993.Ankerberg, John. Catolicismo Romano. Miami: UNILIT, 2011._________. Creación frente a evolución: Lo que necesita saber.Grand Rapids: Portavoz, 1999.Berkhof,Hendrikus. Cristo y los poderes.Grand Rapids: TELL, 1977.Bertuzzi, Federico. Latinos en el mundo islámico. Miami: UNILIT, 1990.Bright, Bill. Cómo puedes ayudar a cumplir la gran comisión. Miami: UNILIT, 1995._________. Cómo puedes presentar a Cristo a otros. Miami: UNILIT, 1995._________. Cómo puedes ser un testigo fructífero. Miami: UNILIT, 1995.Bruchez, Dardo. Un mensaje a la conciencia y el hermano Pablo. Miami: Editorial Caribe, 1979.Bruce, F.F. La defensa apostólica del evangelio. Buenos Aires: Ediciones Certeza, 1998.Carder, James. Las ciencias preguntan. ¿Es cierta la evolución? Barcelona: CLIE, 1989.Confesiones de la Fe de la Iglesia. Barcelona: CLIE, 1999.Consiglio, William. No más homosexual. Bogotá: Centro de Literatura Cristiana, 2004.Costas, Orlando. Compromiso y misión. Miami: Editorial Caribe, 1979.Deiros, Pablo. Diccionario Hispano-Americano de la misión. Miami: UNILIT, 1997.Díaz, Edwin. ¿Testigos de Jehová o Satanás? Barcelona: CLIE, sf.Diestre Gil, Antolín. Manual de controversia sobre la historia, doctrinas y errores de los

testigos de Jehová. Barcelona: CLIE, 1993.Escobar, Samuel. Decadencia en la Religión. Buenos Aires: Ediciones Certeza, 1972.

132 Los estudios de Wycliff, Summer Institute in Linquistics, William Carey Library y la USA Center for World Missions en Pasedena, California tiene excelente estudios en la antropología cultural.

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______. Tiempo de Misión: América Latina y la misión cristiana hoy. Bogotá: Ediciones Clara, 1999.

______. Changing Tides: Latin America and World Missions Today. Maryknoll: Orbis Books, 2002.

Feliz, Guido. Corrientes neo-teológicas. Barcelona: CLIE, 1978.__________. Perfil de Karl Marx. Barcelona: CLIE, 1981.__________. ¿Qué es lo mejor?Barcelona: CLIE, 1977.__________.Ruta Luminosa. Barcelona: CLIE, 1975.Gay, Teófilo. Diccionario de controversia. Barcelona: CLIE, 1994.Geisler, Norman y Ron Brooks. Apologética. Miami: UNILIT, 1998.Gerstner, John. A Primer on Apologetics.Orlando: Ligonier Ministries, 1993.Girón, José. Los testigos de Jehová y sus doctrinas.Miami: Vida, 1954.Gish, Duane. Creación y ciencia.Sedin.org.Godwin, Rick. Exponiendo la hechicería en la Iglesia. Buenos Aires: Editorial Peniel, 2007.González, Justo. Historia del pensamiento cristiano. Miami: UNILIT, 2011.González, Valentín B. El desafió del Islam. Barcelona: CLIE, 1987.Gómez, Enrique. Cristianismo frente a las sectas. Barcelona: CLIE, 1990.Green,Michael. Amanecer de la Nueva Era. Barcelona: CLIE, 1994.Hanegraaff, H. Cristianismo en Crisis. Miami: UNILIT, 1993.Hoff, David. Defensa de la fe. El Paso: Editorial Mundo Hispano, 1997.Honeycut, Dwight. Catolicismo Romano. El Paso: Editorial Mundo Hispano, 1995.Jiménez, Carlos. Crisis en la teología contemporánea. Miami: UNILIT, 1994.Koch.Kurt. Diccionario del diablo. Barcelona: CLIE, 1970._________. Ocultismo y cura de almas. Barcelona: CLIE, 1968.Kreeft, Peter and Ronald Tacelli. Handbook of Christian Apologetics. Downers Grove: IVP

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Sites com recursos para a Apologéticawww.barna.orgwww.graciasoberana.com/teología_sistematica/evidencialismo www.iglesiareformada.com www.sobreestapiedra.comwww.thirdmill.org

IV. PREPARAÇÃO MISSIOLÓGICA

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A preparação missiológica missionária deve incluir uma introdução e orientação ao mundo das missões; um treinamento para os que apóiam e participam em missões; os estudos das línguas, das culturas e da administração de missões.

PREPARAÇÃO PARA MISSÕES

O “chamado” missionário

Como uma pessoa pode descobrir se tem um chamado para as missões mundiais? Essa pergunta sempre é o ponto de partida para os que desejam ser missionários, para as igrejas e para aqueles que apóiam a obra missionária. A resposta à pergunta deve ser bíblica e teologicamente orientada. Aqui assinalamos alguns pontos chaves de orientação.

Primeiro, a Grande Comissão é clara quando demanda e ordena que temos de ir às nações e a todas as pessoas para apresentar e ensinar o Evangelho. Então, se a oportunidade se apresenta para ir a outros povos para fazer missões, temos de responder a este “chamado” por fé. Segundo, a outra consideração que temos que levar em conta surge da pergunta: “Por que não estou servindo a Deus entre as nações?” Note que a pergunta não está formulada com um “por que ir”, e não “por que não ir?”.

Os pastores e líderes das igrejas locais devem orientar os membros sobre suas responsabilidades na missão mundial. Também deve pregar, ensinar, orientar, motivar e facilitar a participação dos membros na missão mundial.

Os cristãos e as igrejas locais já estão envolvidos nas missões mundiais por meio da intercessão, apoio com recursos econômicos e no envio de missionários. No entanto, há uma grande necessidade de orientar e guiar às congregações nesta tarefa. Esta é precisamente a maior e mais urgente necessidade na missão mundial a nível internacional: motivar às igrejas locais a enviar e apoiar os missionários.

Em minhas conversas com candidatos hispânicos para missões, o obstáculo número um, mencionado por pessoas interessadas em participar das missões mundiais é que a igreja local não os apóia com recursos econômicos. Nota-se que estas pessoas apelam ao conceito tradicional de missões, ou seja, o modelo eclesiástico. Embora seja importante o apoio missionário por meio da igreja, sem um programa forte de dizimo e oferta, este sonho não será realizado. É melhor buscar apoio dos cristãos que dizimam e ofertam. Este pode ser feito por meio da igrejas, por meio das sociedades missionárias e agências para-eclesiásticas, ou usar o método bi-vocacional.

No entanto, a inatividade da igreja institucional não é uma desculpa para não participar das missões. Os dízimos e ofertas de cristãos e igrejas podem ser usados para os missionários “de fé”. A missão não depende do homem, nem da igreja, mas depende diretamente de Deus. As igrejas, líderes e membros fiéis vão apoiar a missão de Deus, de uma maneira ou de outra.

Orientação

Muitos cristãos não têm contato com missionários e projetos missionários, por esta razão, temos de orientá-los na compreensão da importância fundamental da missão de Deus. Uma maneira muito efetiva para introduzir os cristãos ao mundo das missões é organizar viagens missionárias para visitar um campo missionário. Realmente não há melhor substituto que viver uma experiência missionária.

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Permita-me compartilhar uma experiência pessoal. Recordo quando minha esposa e eu, sendo estudantes universitários, fomos ao México por três verões seguidos, para descobrir se deveríamos servir a Deus em tempo integral nas missões mundiais. Durante os primeiros dois verões, viajamos ao México com o Reformed Bible College no Summer training Session. Além de ser estudante, fui o motorista do ônibus. Viajamos mais de 16.000km em três meses. Saímos de Grand Rapids, Michigan, e viajamos até o Distrito Federal do México. Apesar de ter estudado espanhol, estratégia de missões, antropologia cultural e outros temas importantes, o que aprendi sendo o motorista foi que tem de ser ter o caráter de uma mula para se envolver em missões. Tive de carregar muitas coisas e ainda me manter de pé. Graças a Deus não houve acidentes na viagem e ninguém morreu de um ataque do coração. As condições das estradas não eram ótimas, mas chegamos. Sentimos que Deus ia nos usar apesar de tudo. Aprendi que amava ir às ruas para vender Bíblias, gosto de participar das Escolas Bíblicas de verão, e visitar os irmãos mexicanos era um prazer. Esta experiência foi parte do nosso chamado a ser missionário.

Levantar fundos para o ministério

Normalmente, a primeira etapa na preparação para ministrar por meio das missões é levantar sustento financeiro para viver e exercer as atividades missionárias. Este passo requer uma convicção profunda e um compromisso firme. Temos que recordar que nenhuma pessoa é paga para ministrar, e que seu pagamento é para viver sem que tenham outras responsabilidades que lhe impeçam de ministrar. Ainda assim, quando se pede recursos, estamos fazendo isso, não para nós mesmos, mas para ministrar.

Como dito antes, e vale a pena repetir, para ser apoiado financeiramente em missões, deve-se trabalhar com igrejas e crentes que dizimam e oferecem. Se não há esta graça entre irmãos, não há missão.

Um dos maiores desafios que a América Latina e Caribe tem é enviar missionários a outros países que precisam de missionários. ALC, todavia segue sendo a parte do continente que ainda está recebendo missionários. Isso não está errado, mas a igreja deve pensar seriamente que tem de começar a enviar missionários. O envio de missionários significa que as igrejas locais estão amadurecendo o suficiente para apoiar a obra missionária e deve fazê-lo. Não há nenhuma dúvida de que o século XXI estará marcado por igrejas evangélicas que enviam seus próprios missionários. O exemplo pioneiro é o Brasil que é o líder neste movimento entre os presbiterianos e reformados.

Investigações

Finalmente, deve-se levar em conta que deve-se preparar o terreno do campo missionário. Por isso é necessário fazer estudos históricos, demográficos, culturais e religiosos para conhecer às pessoas a quem se vai ministrar.

OS PARTICIPANTES DA MISSÃO

Os participantes das missões transculturais são: Deus, o comunicador e o receptor. Deus é quem se comunica por meio da Bíblia. O comunicador é o missionário. E o receptor é a pessoa que recebe o evangelho em seu contexto.

Conteúdo e contexto bíblico

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Deus nos deu o Evangelho no contexto das antigas culturas e deixou uma mensagem específica quanto à salvação pela fé em Cristo Jesus. Os comunicadores e os receptores do Evangelho devem ter em mente o conteúdo e o contexto bíblico. Quanto à interpretação da Bíblia Martinho Lutero disse: “O texto sem o contexto é um pretexto”.

O papel da oração na missão é muito importante já que Deus é o autor e mobilizador das missões mundiais. Pois sem a oração intercessória não há direção nem poder espiritual para realizar a missão.

O comunicador

O missionário é o comunicador. Ele deve entender o contexto e o conteúdo da Bíblia, além de entender seu próprio contexto e o contexto do receptor para comunicar bem o Evangelho.

O Receptor

O receptor é a pessoa que recebe a mensagem de salvação. Para ser mais eficiente na missão devemos entender como o receptor está recebendo a mensagem em seu contexto. Há uma explicação mais ampla do processo de comunicação na missão no livro Missão Mundial, Volume 2.

O Resultado

O resultado das missões é a continuação do discipulado. Um missionário é conhecido por seus discípulos que não somente vão continuar a missão, mas também vão multiplicá-la.

TREINAMENTO MISSIOLÓGICO

Para isto há instituições denominacionais, inter-denominacionais e para eclesiásticas que oferecem programas de treinamento em missões.

As igrejas protestantes históricas como anglicanas, batistas, luteranas, metodistas, nazarenas, presbiterianas e reformadas têm seus seminários e até universidades com cursos de missões. Os institutos das Assembléias de Deus, Igreja de Deus e as igrejas Evangélicas e Pentecostais preparam missionários em seus institutos bíblicos. As igrejas evangélicas, carismáticas, neo-pentecostais usam as agencias para-eclesiásticas como COMIBAM, JOCUM, Juventude para Cristo, Operação Mobilização para o treinamento missionário. É claro que todas as agências missionárias para-eclesiásticas, treinam seus empregados e ministros em sua área de especialização. Assim é com APEC; Associação Billy Graham; Compassion Internacional, Cruzada Estudantil; o Instituto Haggai; a Sociedade Bíblica Unida; Visão Mundial; o instituto Wycliffe, e outros ministérios de missões.

Quando as denominações treinam seus próprios missionários, normalmente têm um programa para prepará-los antes de enviá-los. As agências para-eclesiásticas também treinam, mas quando enviam os missionários o fazem através de contatar as igrejas para alcançar o sustento financeiro. Para resolver tal necessidade as agencias para-eclesiásticas devem trabalhar diretamente com as igrejas e denominações locais. Talvez esta seja a melhor maneira que ambos, instituições e missionários saiam também beneficiados.

IDIOMAS

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Na ALC, o instituto mais conhecido para o treinamento de missionários na língua espanhola é o Instituto de Lenguas de San José, Costa Rica. Outro também é o Rio Grande Bible College. É claro, que em cada nação há escolas de línguas seculares e tutores para os missionários.

Para os missionários que deseja sair da ALC o melhor é buscar escolas de idiomas perto ou no país onde vão ministrar. Se falamos, por exemplo, de trabalhar no Oriente Médio temos de aprender as línguas árabes ou outras línguas do Oriente. É melhor gastar tempo suficiente para dominar bem a língua.

MINISTÉRIOS MISSIOLÓGICOS

Os ministérios de missões estão relacionados com todas as relações na vida das pessoas. Aqui anotamos uma lista, como exemplo, mas há listas mais extensas (veja-se como exemplo, David Barrett, World Christian Encyclopedia).

MINSITÉRIOS ACERCA DE NOSSA RELAÇÃO COM DEUSEvangelismo em massaEvangelismo em comunidadeEvangelismo pessoalCultos públicosCultos dentro da igrejaCultos nos laresOração congregacional Oração de intercessãoOração privadaMúsica públicaMúsica na igrejaMúsica pessoalPregação públicaPregação na igrejaTestemunho pessoalTradução e transmissão da Bíblia em públicoInterpretação e ensino da Bíblia na igrejaEstudo devocionalPastoral comunitáriaPastoral da igrejaPastoral PessoalServir a Deus em sociedadeServir a Deus na igrejaServir a Deus em privado

MINISTÉRIO ACERCA DE NOSSA RELIGIÃO SOCIALDiáconos na igrejaInstituições sociaisDireitos humanosAconselhamento familiarProgramas para famíliasPrevençãoCuraCirurgia

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ReabilitaçãoTrabalhoEquipes de construçãoTraduzir Bíblia e LiteraturaCapelãesIgrejas transculturaisAdvocaciaProgramas para refugiadosLares para anciãos

MINISTÉRIOS ACERCA DO INDIVÍDUOEvangelizar e praticar o EvangelhoContra culturaIntegridade e disciplinaEducação CristãProgramas para viciadosComunidades de amorAgências de ministérios e missões

MINISTÉRIOS ACERCA DE NOSSO AMBIENTEAjuda para agricultoresA arte, drama e esportes como cristãosAdvocacia política

COMPREENSÃO DE VALORES E COSTUMES CULTURAIS

Inculturação

A inculturação é o processo de adaptação de uma cultura a outra. Há missionários que carregam consigo muitas coisas de sua cultura e deixam pouco espaço para conhecer, apreciar e saber como adaptar-se à nova cultura. É necessário aos missionários ir ao campo missionário com um container cheio de bens comprados em seu país de origem incluindo todos os móveis de boa madeira, sofás brancos, camas novas, lavadora de última geração, secadora, geladeira, ar condicionado, forno microondas, televisor, computadores, etc., a um país onde se lava a roupa à mão, a secam ao sol e há pouca eletricidade? Não é melhor trazer seu dinheiro ao país e comprar pouco a pouco seus móveis e o que for necessário para suas necessidades materiais? Com este procedimento e atitude estamos transportando nossa cultura americana (American way of life) ao campo missionário ou vamos aprender a viver como as demais pessoas que vivem no contexto onde vamos ministrar? Somos agentes para uma cultura alheia ou modelos para o evangelho estabelecer-se na nova cultura?133

V. HISTÓRIA DAS MISSÕES

Os livros básicos para um conhecimento mínimo da história das missões na ALC são:

Barrett, David. World Christian Encyclopedia. New York: Oxford University Press,1982. Las ediciones de 1982 y 2000 son las más completas sobre las iglesias existentes.

133 Veja Stephen A. Gunlan y Marvin K. Mayers, Antropología cultural (1997).

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Dussel, Enrique, Una historia de la iglesia en América Latina. Bógota: Universidad Santo Tomás, 1984. El libro recoge una perspectiva católica con un enfoque desde la Teología de la Liberación.

De las Casas, Bartolomé. Historia de las Indias (1985). Vol. 11. Hollywood: Ediciones del Continente, 1985. Este libro es un tesoro de información sobre la Historia de la Iglesia Católica en el Caribe, durante el siglo XVI.

Deiros, Pablo. Protestantismo en América Latina. Nashville: Editorial Caribe, 1997.

González, Justo L. Historia del cristianismo. Vols. 1, 2.Miami: UNILIT, 1996. Esta es la historia más reconocida por los evangélicos.

Prien, H.J., Die Geschichte des Christentums in Latein-Amerika.Gottingen: VanderHoeck and Ruprecht, 1978. Para los que leen alemán, esta es una valiosa fuente de información.

Cornelius Hegeman, El Origen y el Desarrollo de las Iglesias y las Misiones Presbiterianas y Reformadas en América Latina y el Caribe (1528 – 1916). Miami: MINTS, 2006.

Também há excelentes biografias dos heróis da fé na ALC. Cada denominação, agência missionária, ministério para-eclesiástico e biblioteca missionárias tem excelentes fontes para estudar a história das missões.

VI. ESTRATÉGIAS MISSIOLÓGICAS

Para definir as estratégias missiológicas temos de considerar algumas perguntas importantes como: Quando se fazem missões? O que é missiologia contemporânea? Quais são as metas missiológicas? Para isso é necessário estudar os dados demográficos e estatísticas; e o crescimento de igrejas. Os livros Missões Mundiais, Volumes 1, 2, 3 apesar de sua perspectiva arminiana, provêm muito boas informações para uma melhor orientação.

VII. CONCLUSÃO

A quantidade e qualidade de materiais para missões está aumentando, e se não houver, os que são necessários para o cumprimento das missões mundiais devem ser preparados.

PERGUNTAS PARA A LIÇÃO 8

1. Se alguém sente o desejo de conhecer mais sobre a Missão Mundial o que você recomendaria?

2. Se alguém lhe perguntar se há um texto para conhecer os “Reformados evangélicos”, qual texto você recomendaria?

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3. Se alguém lhe perguntar sobre algum material para ler sobre os Testemunhas de Jeová, qual texto você recomendaria?

4. Se alguém tiver interesse em conhecer mais sobre as estratégias missionárias, há um livro que você poderia recomendar?

5. Se alguém desejar conhecer culturas diferentes, qual livro você recomendaria?

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PROVA: UMA INTRODUÇÃO À MISSIOLOGIA

Nome: Facilitador: Lugar: Data:

1. Qual é a diferença entre a missiologia como uma logia entre outras logias e a missiologia como uma logia em si mesma?

2. Quais são os três aspectos da missão de Deus segundo Gisbertus Voetius?

3. O que é cultura?

4. O que é mandato cultural?

5. Qual é a diferença entre a “cidade de Deus” e a “cidade dos homens”?

6. Quais são as relações básicas na vida humana? Que importância tem estas relações em uma missão integral?

7. Faça a associação de nomes com os movimentos:

_____ Nicolas Von Zinzendorph A. Reformados

_____ João Calvino B. Morávios

_____ Menno Simon C. Missõe Batistas

_____ William Carey D. Menonitas

8. De que maneira a missão das sociedades missionárias protestantes da Europa era diferente das agências missionárias da Europa?

9. Que diferença havia entre as igrejas protestantes fundadas na Europa e as igrejas evangélicas iniciadas na América do Norte?

10. Há indicações de que havia cristãos autênticos na igreja Católica Romana na ALC no século XVI?

11. Que papel tinham os missionários católicos quanto aos direitos humanos dos indo-americanos e os afro-americanos?

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12. Explique o intento do bispo Juan Zumárraga de evangelizar os índios no México?

13. Em que sentido a Inquisição justifica a formação de igrejas protestantes na ALC?

14. Que importância tem a conquista das Américas na formação do protestantismo religioso na Europa?

15. Que nações apoiavam aos protestantes e quais apoiavam aos católicos romanos?

16. Onde e quando foi estabelecida a primeira congregação protestante na ALC?

17. Que influência teve a associação das igrejas reformadas holandesas com o tráfico de escravos da Companhia Índia Ocidental?

18. O que aconteceu com os pastores reformados que não estavam de acordo com a política da Companhia Índia Ocidental?

19. Que importância tem as estatísticas que mostram que entre 1557-1916 os reformados enviaram 258 pastores e 11 missionários a ALC?

20. Que importância tem a chegada da Scottish Mission Society à Jamaica em 1800?

21. Que importância teve a Guerra Hispano-Americana (1898) para a obra missionária presbiteriana na ALC?

22. Que importância tem as estatísticas que indicam que os presbiterianos enviaram 163 missionários ordenados, 159 missionários leigos e 61 pastores a ALC de 1609-1916?

23. Que importância tem as estatísticas que indicam que entre 1609-1916 havia 111 pastores presbiterianos nacionais, 340 obreiros nacionais e mais de 40 missionários nacionais?

24. Dê um exemplo próprio sobre como culpamos Deus para nos escusar-nos de evangelizar.

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Qual a sua resposta a essa escusa?

25. Dê um exemplo próprio de como responsabilizamos outros sobre algo que é nossa responsabilidade quanto à evangelização?

Qual a sua resposta a esta escusa?

26. Dê um exemplo de como as pessoas acham que não é aceitável os cristãos evangelizar outras pessoas?

Qual a sua resposta a esta escusa?

27. Pense em uma desculpa teológica que você mesmo usou para não evangelizar.

Qual deve ser nossa atitude biblicamente?

28. Dê um exemplo acerca de como você tem sido racista em seu pensamento e ação quanto a evangelizar pessoas de outras raças?

Como essa contradição foi resolvida?

29. Se alguém lhe perguntar sobre alguns materiais para ler sobre os Testemunhas de Jeová, quais textos você recomendaria?

30. Se alguém tiver interesse em conhecer mais sobre as estratégias missionárias, há um livro que você possa recomendar?

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MANUAL DO PROFESSOR

Diário de classeNome do

EstudanteAssistência

15%Tarefas

30%Projeto 25% Prova Final

30%Nota Final

100%

Atividades para a orientação das aulas (6 horas)

1. Revisão de cada lição (30 minutos para cada lição) – [Até 4 horas]

2. Formação de grupos para trabalhar no projeto novo.

a) O projeto especial é fazer um estudo sobre a missão da igreja local, sobre as necessidades, os ministérios e as missões para a igreja local.

b) A classe se dividirá em grupos de 4 pessoas para organizar os temas. O facilitador designa um líder para cada grupo. O líder do grupo ajuda os membros do grupo a escolher seu tema particular. Ele também receberá o último rascunho e entregará todos os rascunhos de seu grupo em um pen drive ou arquivo ao facilitador.

c) Cada grupo tem um tema principal, por exemplo: evangelismo, educação cristã, relações humanas, administração, diaconia, vida espiritual ou outros. Os sub-temas são dados aos membros dos grupos de 4. Por exemplo, para evangelização os sub-temas podem ser: evangelismo pessoal, evangelização em massa, plantação de igrejas, evangelização internacional.

d) O primeiro rascunho de cada estudante será apresentado nos grupos na segunda aula. O último rascunho será entregue na última aula (30 minutos)

e) O rascunho do estudante é dado ao facilitador em um arquivo da internet ou em um pen drive. O coordenador entregará os rascunhos do grupo ao facilitador que junta a todos os rascunhos para enviá-los ao professor.

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3. Revisão para a prova final (30 minutos)

4. Atribuição das leituras e as exposições destas leituras (30 minutos)

a) O professor determinará qual serão as leituras extras.

b) O estudante do nível de bacharelado deve ler 300 páginas e escrever uma ficha de leitura de 3 páginas.

c) O estudante do nível de mestrado deve ler 500 páginas e escrever uma ficha de leitura de 5 páginas. O estudante também será facilitador para a aula ou para um grupo de estudantes.

d) Cada estudante apresentará uma exposição em classe de 10 minutos sobre uma parte da leitura atribuída pelo professor/facilitador.

5. Organização das 4 aulas depois da orientação (30 minutos)

a) Deve-se explicar que os estudantes respondem as perguntas em seu caderno pessoal e chegam preparados para a aula.

b) Nas aulas se revisarão as perguntas e as respostas das 8 lições.

c) Nas aulas haverá exposições orais das leituras extras.

d) Nas aulas haverão exposições sobre o projeto especial.

Aulas depois da orientação. Três aulas de duas horas e uma aula de 3 horas.

Aula #1.a) Revisão das perguntas e respostas das lições 1 e 2 (45 minutos)O estudante receberá 4 pontos por chegar à aula com as perguntas respondidas.

b) Exposições de 25% da turma sobre uma parte das suas leituras, atribuídas durante a orientação (60 minutos)

O estudante receberá 4 pontos por apresentar sua exposição.

c) Reunião dos grupos para revisar como estão seus escritos sobre os ministérios e a missão da igreja local.

d) Avise aos estudantes que eles devem preparar as respostas das lições 3 e 4 para a segunda aula. Também devem lembrar que alguns farão exposições na segunda aula.

Aula #2a) Revisão das perguntas e respostas das lições 3 e 4.

O estudante receberá 4 pontos por chegar à aula com as perguntas respondidas.

b) Exposições de mais 25% da aula sobre uma parte das suas leituras, atribuídas pelo facilitador (60 minutos)

O estudante receberá 4 pontos por apresentar sua exposição.

c) Reunião dos grupos para revisar como estão seus escritos sobre os ministérios e a missão da igreja local.

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d) Avise aos estudantes que eles devem preparar as respostas das lições 5 e 6 para a terceira aula. Também devem lembrar que alguns farão exposições na terceira aula. Designe os estudantes que vão apresentar um resumo sobre seus escritos sobre o ministério e a missão da igreja local (projeto especial) na terceira aula.

Aula #3a) Revisão das perguntas e respostas das lições 5 e 6.O estudante receberá 4 pontos por chegar à aula com as perguntas respondidas.

b) Exposições de mais 25% da aula sobre uma parte das suas leituras, atribuídas pelo facilitador (60 minutos)

O estudante receberá 4 pontos por apresentar sua exposição.

c) Exposição dos estudantes designados sobre seu projeto especial

d) Prepare os estudantes para a prova final que eles farão na quarta aula.

e) Avise aos estudantes que vão apresentar sua exposição e sobre o projeto especial.

Aula #4a) Revisão das perguntas e respostas das lições 7 e 8.O estudante receberá 4 pontos por chegar à aula com as perguntas respondidas.

b) Exposições de mais 25% da aula sobre uma parte das suas leituras.O estudante receberá 4 pontos por apresentar sua exposição.

c) Exposição dos estudantes designados sobre seu projeto especial.

d) Fazer a prova final

e) Cumprir as duas avaliações sobre a aula.

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NOTA SOBRE O AUTOR

Dr. Cornelius (Neal) Hegeman. Licenciatura em Artes, Wilfrid Laurier University, Waterloo, Ontario, Canadá (1975); Licenciatura em Educação Religiosa, Reformed Bible College, Grand Rapids, Michigan (1978); Mestrado em Divindade, Calvin Theological Seminary, Grand Rapids (1980); Doutorado em Ministério, Westminster Theological Seminary, Philadelphia (1985); Doutorado em Teologia (honoris causa), Universidad Nacional Evangélica Santo Domingo, República Dominicana (1996); PhD em Pensamento Cristão, American University of Biblical Studies, Atlanta, Georgia (2002); Doutorado em Ministério e PhD em Estudos Teológicos, Seminário Internacional de Miami (MINTS) 2016. É autor de mais de 50 cursos e livros (www.mintsespanol.com; www.mints.edu).

Cornélius e sua esposa Sandra foram missionários com a Visão Mundial e a Igreja Cristã Reformada na República Dominicana (1980-1993); pastor da Igreja Unida Reformada em London, Ontário, Canadá (1993-1995); diretor do Lingonier Ministries Inc. no Canadá (1995-1998); Decano Acadêmico da Faculdade Latino-Americana de Educação Teológica (FLET) (1998-1999), e Decano Acadêmico do MINTS (2001-2015), Coordenador do programa hispânico com o Seminário Internacional do MINTS. Cornélius é um missionário enviado pela Igreja Reformada de Cape Coral, Flórida.

Ele está casado com Sandra e tem três filhos: Jonathan (1982), Katrina (1983) e Melinda (1987). Eles vivem em Anniston, Alabama desde 2016.

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