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FRACTAIS – UMA ABORDAGEM EM SALA DE AULA COM O AUXÍ LIO DE SOFTWARES GEOMÉTRICOS
Julia Satiko Kawamoto Macedo 1 Valdeni Soliani Franco 2
INTRODUÇÃO
Não se sabe ao certo como a geometria nasceu, mas o homem através de
observações do mundo que o cerca, reconhecendo e comparando formas criou no
subconsciente uma geometria. Segundo Gerdes (1992, p.18) “a relação dialética
entre a vida ativa e pensamento abstrato é o “motor” do desenvolvimento da
geometria”. Assim, o homem constrói os conhecimentos e encontra formas de
desenvolvê-las por meio de conceitos já adquiridos, e cria novas teorias como
ocorreu com as Geometrias não-Euclidianas. A geometria dos fractais faz parte das
Geometrias não-Euclidianas e estuda os objetos ou entidades geométricas,
denominadas fractais , que possuem uma característica especial onde cada uma de
suas partes representa o todo. Observando algumas árvores, podemos ter uma idéia
dessa característica. Veja, por exemplo, a árvore da foto a seguir. Se pegarmos um
galho dela, constatamos uma semelhança com a árvore, e se observarmos mais um
galhinho, percebemos que continua parecida com a árvore original.
Fonte: Julia S. K. Macedo
Fonte: Julia S. K. Macedo
1 Professor da Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná - e-mail: [email protected] 2 Professor do Departamento de Matemática da Universidade Estadual de Maringá e-mail: [email protected]
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O mesmo ocorre com outros objetos e elementos:
Fonte : Julia S. K. Macedo Fonte: Paulo Matsumura Fonte : Julia S. K. Macedo
As folhas da samambaia, os raios que riscam o céu durante um relâmpago, a couve-
flor, todos são exemplos de fractais. E são essas formas que nos cercam, que
constituem a natureza. As formas representadas e estudadas pela Geometria
Euclidiana são aquelas que o homem constrói e que apresentam regularidades.
Contemplar um fractal da natureza ou aqueles resultantes de programas
computacionais através de várias iterações de equações é algo gratificante e
inacreditável que possam ter sido estudados ou terem sido criados pela matemática.
Por intermédio do Laboratório de Ensino da Matemática aliado à informática, e do
software educacional GeoGebra, propomos um material de apoio contendo a
construção de partes de fractais famosos como a Curva de Koch, a Ilha de Koch ou
Floco de Neve, o Triângulo de Sierpinski e o Tapete de Sierpinski e a
fundamentação teórica para essas construções.
DESENVOLVIMENTO
Ao sugerirmos a utilização de um laboratório de matemática, visamos proporcionar
uma aprendizagem mais significativa ao educando, pois conforme afirma Lopes e
Araújo (2007), possibilita ao aluno elaborar a sua própria aprendizagem,
participando ativamente nas aulas, tornando o processo ensino-aprendizagem mais
motivador. Acreditamos também que esse estudo o incentivará ao processo da
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investigação e pesquisa. Não podemos esquecer que cada pessoa possui um ritmo
próprio no processo de aprendizagem. E para que ela ocorra, é imprescindível a
formalização das atividades, pois o raciocínio lógico é resultado de uma seqüência
de ações ordenadas. Nesse sentido, Lorenzato (2006a) destaca que não faltam
argumentos favoráveis para que se utilize nas escolas objetos e imagens como
facilitadores da aprendizagem, tornando a Matemática mais compreensível aos
educandos.
Vivemos hoje numa sociedade em que a tecnologia domina e a informatização é
crescente. Por exemplo, nas transações comerciais cada vez mais utilizamos
cartões magnéticos, os meios de comunicação e informação são mais rápidos e
avançados, entre outros tantos progressos da atualidade.
Como a escola está inserida nessa sociedade, obrigatoriamente deve acompanhar
esse desenvolvimento. De acordo com Miranda e Laudares (2007), os recursos
tecnológicos facilitam a mediação didática com o uso de ferramentas desenvolvidas
pela eletrônica e microeletrônica. Sendo assim, uma das ferramentas que podemos
estar utilizando, é o software educacional GeoGebra.
Para Geraldes (2006), o programa GeoGebra é um software de geometria dinâmica,
criado por Markus Hohenwarter, com o objetivo educacional e que possibilita o
trabalho com a geometria, álgebra e cálculo. Este programa registra os
procedimentos realizados durante a construção, mostra representações que seriam
impossíveis pelo método tradicional utilizando o quadro e o giz. É um instrumento
muito rico e deve ser explorado pelos professores de Matemática uma vez que já o
temos implantado nos computadores das Escolas Públicas do Paraná. Da mesma
forma que um livro didático excelente não garante o sucesso de um curso, a
utilização do programa sem o prévio preparo do professor também não trará
resultados satisfatórios.
Quase a totalidade dos professores não conhece os softwares educacionais livres
que existem e, não se ensina o que não se sabe. Nesse sentido concordamos com
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Lorenzato (2006b), quando afirma que devemos investir na procura de novas
metodologias que auxiliem a nossa prática pedagógica, promovendo maior
motivação e interesse dos alunos para aprender Matemática.
A beleza infinita dos fractais nos incentiva a conhecer mais sobre eles. Ao observar
que cada parte é similar ao todo e que, a cada nova observação, aparecem outras
partes a serem consideradas é fascinante! Para que o educando possa ter o
primeiro contato com os fractais que não sejam da natureza, há a necessidade da
instalação de um programa que possa gerá-los. E para isso, basta digitar a palavra
FRACTINT3 no Google e fazer o download gratuitamente do software Fractint que
gera fractais. Ou então, apenas observar aqueles já programados no site
http://superdownloads.uol.com.br/download/138/chaos pro/videos.html# ,
acessado em 03.08.08 e especialmente em
http://www.youtube.com/watch?v=G_GBwuYuOOs&NR=1 ,
acessado em 03.08.08 é suficiente para termos uma idéia.
A palavra fractal vem do verbo frangere, que quer dizer quebrar, fragmentar. O seu
criador foi Benoit Mandelbrot, nascido em 1924, em Varsóvia. Matemático estudioso
de assuntos econômicos, analisando o comportamento gráfico de preços de
algodão, verificou que a sua variação era irregular, mas incrivelmente, as variações
diárias coincidiam com as mensais. Observe os gráficos:
3 Sugestão retirada do texto de Tânia Baier e Vivian Otte Rocha (2001), p. 79.
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Figura 1: Gráfico de distribuição normal dos preços do
algodão em função do tempo4.
Anos mais tarde percebeu que a mesma situação se repetia em ruídos nas linhas
telefônicas. Por solucionar esses problemas, Mandelbrot se tornou mundialmente
conhecido. E essa descoberta juntamente com o avanço da tecnologia
computacional, possibilitou a pesquisa e utilização cada vez maior dos fractais
como, por exemplo, em montagem de paisagens cinematográficas, em construções
arquitetônicas, entre outros.
O nosso intuito agora, é introduzir o software GeoGebra mediante a construção de
pedacinhos de alguns fractais famosos e através dessa, incentivar e aprofundar a
pesquisa por parte dos professores e educandos nas suas diversas aplicações e
utilizações.
Iremos agora conhecer o software que será utilizado para nossas construções.
Procure onde foi instalado o GeoGebra no seu computador. Ao abrir o software
aparecem as palavras Arquivo – Editar - Exibir- Opções – Ferramentas – J anela
– Ajuda , que correspondem ao menu de edição do arquivo e embaixo 10 ícones
com figuras. Para acioná-los, deve-se clicar sempre no triângulo invertido, em
vermelho, que aparece abaixo e à direita de cada ícone.
Quando clicamos o 1º ícone aparecem as opções:
4 Gráfico retirado do trabalho Natureza - Caos ou Ordem, de autoria de Ana Batanete, Andréia Castro e Hirllany Lago (2004-2005) da Universidade de Coimbra.
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• com o mouse clicar com o botão da esquerda sobre o objeto
para movê-lo.
• clicar e segurar com o botão da esquerda, para
girar.
Ao clicar sobre o 2º ícone teremos as opções:
• clicar com o botão da esquerda em qualquer local do plano.
• clicar sobre os dois objetos que queremos
determinar a intersecção.
• clicar sobre os dois pontos que queremos
determinar o ponto médio.
No 3º ícone encontramos as opções:
• clicar com o botão da esquerda os dois
pontos.
• clicar com o botão da esquerda os dois
pontos, que definem o segmento.
• clicar com o botão da esquerda
sobre o ponto, definir o
comprimento e clicar a palavra
aplicar. Quando o comprimento
tem o número subscrito por
exemplo: a2, devemos colocar a_2,
para subscrever. Essa ferramenta
assinala o ponto somente na
horizontal.
• clicar com o botão da esquerda na origem
da semi-reta e depois o outro ponto
pertencente a ela.
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• clicar com o botão da esquerda o ponto
inicial do vetor e depois o outro ponto.
• considerar um vetor e clicar com o botão
da esquerda o segundo ponto e o vetor,
para criar um outro vetor.
As opções seguintes são encontradas no 4º ícone:
• clicar com o botão da esquerda sobre a reta que
queremos que seja perpendicular à nova reta. Clicar
sobre um ponto que queremos que a nova reta
contenha.
• clicar com o botão da esquerda a reta que queremos
que seja paralela à nova reta. Clicar sobre um ponto
que queremos que a nova reta contenha.
• clicar com o botão da esquerda sobre os dois pontos
do segmento que quero determinar a mediatriz.
• clicar com o botão da esquerda sobre as duas semi-
retas que queremos determinar a bissetriz dos ângulos
formado por elas.
• clicar com o botão da esquerda sobre a circunferência
e sobre o ponto de tangência.
• relacionado sempre à uma cônica. Clicar com o
botão da esquerda um ponto e a cônica para se
obter a reta polar ou clicar um vetor ou reta e uma
cônica para encontrar a reta diametral.
• clicar com o botão da esquerda o ponto que
queremos traçar o lugar geométrico e depois um outro
ponto pertencente a uma reta, segmento, curva... no
qual o primeiro ponto dependa.
No 5º ícone encontramos:
8
• clicar com o botão esquerdo sobre os vértices do
polígono qualquer.
• clicar com o botão da esquerda sobre dois dos vértices
do polígono. Digitar quantos lados terá o polígono
regular e clicar em aplicar. Se marcarmos os pontos da
direita para a esquerda, o polígono será construído
abaixo destes pontos. Se forem marcados da esquerda
para a direita, ele ficará acima desses pontos.
As opções seguintes aparecem no 6º ícone:
• clicar com o botão esquerdo do
mouse sobre o centro da
circunferência, mantendo clicado
até obter o círculo com o raio
desejado.
• clicar sobre o centro da circunferência com o
botão esquerdo, digitar o raio com a medida
que queremos e clicar em aplicar.
• clicar os três pontos com o botão esquerdo
do mouse.
• clicar os dois pontos com o botão esquerdo
do mouse.
• clicar com o botão esquerdo, primeiro
o centro e após os dois pontos do
arco.
• clicar os três pontos com o botão
esquerdo.
• clicar inicialmente o centro e depois
os dois pontos da circunferência.
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• clicar com o botão esquerdo, os três
pontos da circunferência.
• localizar com o botão esquerdo do
mouse os cinco pontos.
Clicando no 7º ícone, encontramos:
• clicar o vértice e um ponto pertencente a cada um
dos lados do ângulo que queremos representar,
no sentido horário.
• clicar sobre um ponto pertencente a um dos
lados do ângulo, depois o vértice. Digitar o
ângulo desejado e clicar em aplicar.
• clicar sobre os dois pontos que queremos
determinar a distância.
• clicar com o botão da esquerda sobre a figura
que queremos determinar a área.
• clicar com o botão da esquerda sobre a reta que
queremos determinar a inclinação.
No 8º ícone temos as opções:
• clicar inicialmente com o botão da esquerda
sobre a reta que queremos refletir e depois
sobre a reta que fará a reflexão.
• clicar com o botão da esquerda sobre o
ponto que queremos refletir e depois sobre
o ponto que fará a reflexão.
• Marcar um ponto e ao marcar o outro
(que será o vértice) escolher um
ângulo e clicar com o botão da
esquerda em aplicar.
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• Criar um vetor de uma medida qualquer,
clicar com o botão da esquerda sobre o
objeto a ser transladado e sobre o vetor.
• Definir um
segmento e um
ponto e a seguir
clicar sobre o
objeto, depois o
ponto e nomear
o tamanho do
segmento.
No penúltimo ícone temos as opções:
• Clicar em qualquer posição da
página e definir o nome do seletor e
a variação que queremos. Para
arrastá-lo basta clicar com o botão
esquerdo do mouse sobre o
segmento do seletor e carregá-lo até
a posição desejada.
• Ativar a opção e clicar com o botão
direito do mouse, na janela de
álgebra, sobre um dos objetos
escondidos e que queremos exibir
novamente. Uma caixa irá aparecer
para selecionamos os objetos a
exibir.
• clicar sobre o ponto a partir do qual queremos
escrever um texto e clicar em aplicar.
• clicar com o botão esquerdo sobre o ponto
inferior esquerdo da imagem no local
queremos colocá-la.
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• clicar com o botão da esquerda sobre os
objetos que queremos descobrir a relação.
E as opções que encontramos no último ícone são:
• clicar com o botão da esquerda sobre a figura e
arrastar.
• clicar com o botão da esquerda sobre o objeto a
ser ampliado e soltar.
• clicar com o botão esquerdo do mouse sobre o
objeto a ser reduzido e soltar.
• clicar com o botão da esquerda sobre todos os
objetos a serem exibidos ou ocultados e depois
clicar sobre qualquer ícone.
• clicar com o botão da esquerda sobre todos os
rótulos a serem exibidos ou ocultados e depois
clicar sobre qualquer ícone.
• clicar com o botão da esquerda sobre o objeto a
ser copiado o estilo visual (cor, espessura,...) e
depois sobre o objeto que queremos alterar.
• clicar com o botão da esquerda sobre o objeto que
queremos apagar.
Na matemática existem resultados que são aceitos sem demonstração como é o
caso das definições, dos axiomas e dos postulados. Quando realizamos uma
construção geométrica há a necessidade de comprovarmos, através desses
resultados, a existência e a possibilidade da construção5.
5 Toda parte conceitual da matemática registrada nesse trabalho foi extraído do livro Geometria Plana e Espacial – Um estudo axiomático, de autoria de João Roberto Gerônimo e Valdeni Soliani Franco, 2004.
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Ao utilizar o GeoGebra, devemos considerar que: existe ponto; existe reta e
qualquer que seja a reta existem pontos que pertencem à reta e pontos que não
pertencem à reta; e que dados dois pontos distintos, existe uma única reta que
contém esses pontos (p. 7).
ATIVIDADES
1. Vamos construir a Curva de Koch :
a) Abra uma janela no GeoGebra e se o plano cartesiano estiver sendo exibido,
esconda-o, clicando o botão direito do mouse e com o esquerdo clicar sobre
eixo.
b) Ao considerar dois pontos A e B sobre uma reta, o conjunto de pontos
constituído por A e B e pelos pontos que estão entre A e B é chamado
segmento de reta (p. 9). Construa um segmento de reta definido por dois
pontos, utilizando o 3º ícone. Observe que o programa nomeia o segmento.
Vamos dividir o segmento construído em três partes iguais. Para isso
utilizaremos a definição de circunferência, retas paralelas e um teorema sobre
retas paralelas:
• considere O um ponto do plano e r um número real positivo. Ao
conjunto de todos os pontos C, tais que, a distância deles até o ponto
O é sempre igual a r, chamamos de circunferência de centro O e raio
r (p. 33).
• dada uma reta, existe uma reta paralela a ela, passando por um ponto
fora da reta dada6 (duas retas são denominadas paralelas quando não
se intersectam e estão contidas num mesmo plano, p. 174).
• Se três ou mais paralelas determinam segmentos congruentes sobre
uma transversal, então elas determinam segmentos congruentes sobre
qualquer outra transversal (p. 89).
6 Esse resultado, assim como outros que serão citados, pode ser demonstrado, mas como o intuito do trabalho são as construções, vamos aceitar como verdadeiras as afirmações.
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c) Em algum local da tela, construa um outro segmento de reta, que será a
nossa unidade. Construa uma semi-reta partindo do ponto A, de um tamanho
qualquer. Observe:
d) Agora marcaremos na semi-reta três segmentos de mesmo tamanho
utilizando a nossa unidade, a partir do ponto A. Para isso construa uma
circunferência de centro em A e raio b, conforme instruções constantes no 6º
ícone - círculo dados centro e raio – e marcaremos a intersecção de dois
objetos (circunferência e semi-reta – 2º ícone). Repetir o processo mais duas
vezes, centrando o círculo na intersecção. Marque o ponto de interseção da
semi-reta auxiliar com a última circunferência construída.
e) Traçar o segmento de reta g ( 3º ícone), passando pelos pontos B e J e
paralelas a g passando pelos pontos de intersecção F e H de acordo com as
instruções do 4º ícone (retas paralelas). Encontrar o ponto de intersecção
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entre o segmento a e as paralelas que passam por F e H. Observe que
dividimos o segmento em três partes congruentes.
f) Para esconder os objetos que apareceram durante a construção, basta clicar
com o botão direito do mouse sobre o objeto e em exibir objeto. Se quisermos
esconder os nomes dos objetos, clicar em exibir rótulo.
g) Para apagar a parte central, teremos que esconder a reta a e construir dois
segmentos de reta: AK e LB . Vamos agora substituir a parte central por um
triângulo eqüilátero sem um lado, e para isso, desenharemos um círculo de
centro em K e outro, de centro em L e raio j ou k. Marcar o ponto de
intersecção dessas duas circunferências.
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h) Desenhar o segmento de reta KN e NL e esconder as circunferências e o
ponto de intersecção M.
Agora vamos repetir, para cada segmento, o mesmo processo realizado no
segmento inicial. Esse processo é chamado iteração e assim obtemos a curva
Koch . Mas repetir toda a construção realizada nos dará muito trabalho. O
GeoGebra permite a criação de uma ferramenta que reproduz a construção, o qual
recebe o nome de macro construção . Para isso, ative a opção ferramentas – criar
nova ferramenta , abrindo uma janela com as abas:
a) Saída de objetos: são os objetos que quero reproduzir e que dependem de outros.
No nosso caso são pontos K, L, M, segmento j, segmento l, segmento m e
segmento n. Para inseri-los na construção, basta clicar sobre esses objetos com o
botão esquerdo do mouse.
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b) Entrada de objetos: são os objetos que foram informados inicialmente dos quais
dependem toda a construção. No nosso exemplo corresponde aos pontos A, B, C, D
e E. Esses objetos automaticamente aparecem em entrada de objetos .
c) Nome &Ícone: Nomear a nova ferramenta digamos com o nome de Curva de
Koch e clicar em concluído .
Irá aparecer um novo ícone com a ferramenta construída. Para utilizá-la, iremos
clicar no ícone Curva de Koch e nos pontos A, K, C, D e E. Ao construir essa nova
parte da curva, teremos que esconder o segmento j para eliminar o segmento
central. Vamos repetir esse processo novamente, mas agora com os pontos: K, N,
C, D e E; N, L, C, D e E; L, B, C, D e E. Teremos assim finalizado mais uma
iteração. Podemos realizar várias iterações mas como o processo é meramente
repetitivo, faremos somente até a terceira, como indica a figura a seguir.
Se não fixarmos qual segmento será substituído, podemos obter a curva parecida
como a seguir, que é uma curva de Koch irregular . Essa curva é utilizada por
geógrafos para representar a linha costeira que possui reentrâncias irregulares que
se alteram constantemente.
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O nosso mundo é descrito em três dimensões que são o comprimento, largura e
altura. Quando tratamos de superfícies planas, consideramos duas dimensões,
comprimento e largura. E a reta como possui apenas o comprimento, dizemos que
tem uma única dimensão. Segundo Gerônimo e Franco (2004), devemos lembrar
que ponto, reta e plano são noções primitivas, ou seja, conceitos aceitos sem
definição e que existem somente na nossa idéia.
2. Nesta atividade, vamos mostrar como se calcula a dimensão de um fractal. Se
tomarmos uma reta e dividi-la em seis pedaços de mesmo tamanho, podemos
considerar cada um deles auto-similares. Então, para desenhar a reta do
exemplo, são necessárias 6 peças auto-similares. O número 6 é chamado fator
de aumento. Podemos representar o número de peças (p) por ad, onde a é o
fator de aumento e d a dimensão. Dessa maneira, p = ad.
No nosso exemplo, 6 = 6d d = 1.
E uma superfície plana? Como concluir que tem dimensão dois? Considere um
quadrado de lado 6. Sabemos que são necessárias 36 peças quadradas auto-
similares para construí-lo. E o fator de aumento, no caso é 6, pois temos que
aumentar 6 peças no comprimento e 6 na largura. Assim,
p = ad 36 = 6d 6² = 6d d = 2
Raciocinando da mesma forma, considere um cubo de aresta 6. São necessárias
216 peças cúbicas auto-similares para construí-lo. Como temos que aumentar 6
peças no comprimento, 6 na largura e 6 na altura, concluímos que o fator de
aumento é 6. Portanto,
p = ad 216 = 6d 6³= 6d d = 3
E a dimensão de um fractal? Como calcular?
Tomemos como exemplo a Curva de Koch. Dividimos o segmento inicial em 3
partes, resultando em 4 pedaços. Logo, o total de peças é 4 e o fator de aumento 3
e assim,
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p = ad 4 = 3d . Como as bases são diferentes, temos que aplicar o logaritmo em
ambos os membros.
log 4 = log 3d pela propriedade do logaritmo de uma potência log 4 = d.log3
d =3 log
4 log d =
47712,0
60206,0 d = 1,262
Podemos então, generalizar e calcular a dimensão fractal utilizando a fórmula7:
= log (número de peças)d
log (fator de aumento)
Repare que a dimensão do fractal é fracionária, ou seja, está entre 1 e 2 e portanto
não é nem um ponto e nem uma reta. Ao se trabalhar com o Ensino Fundamental,
sugere-se somente apresentar a fórmula e o cálculo feito por intermédio de uma
calculadora.
3. A próxima atividade é a construção das ilhas de Koch ou Floco de Neve .
Iniciaremos construindo um polígono regular de 3 lados, ou seja, um polígono
que possui 3 vértices A1, A2 e A3, dois a dois distintos, formado por segmentos
A1A2, A2A3 e A1A3 , denominados lados (p. 21). Os lados não consecutivos não
se interceptam. Um polígono é chamado regular quando todos os seus lados
são congruentes. Portanto, iniciaremos construindo um triângulo eqüilátero e
sobre cada lado do triângulo construiremos a sua curva de Koch como mostra a
figura:
Observação : Ao utilizar a macro construção na base do triângulo eqüilátero temos
que clicar os pontos da direita para a esquerda, para que a figura não fique
invertida.
7 O cálculo da dimensão foi adaptado do livro Descobrindo a Geometria Fractal para a sala de aula, de Ruy Madsen Barbosa, p.69, bem como o seu desenvolvimento.
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Aproveitando a atividade 2 podemos perguntar: Qual é a dimensão do floco de
neve? Dividimos cada lado do triângulo inicial em 3 partes, resultando em 4
pedaços. Logo, o total de peças é 4 e o fator de aumento 3 e assim,
= log (número de peças)d
log (fator de aumento)
1,262 d 0,47712
0,60206
3log
4log d ≅⇒≅=
Podemos falar em perímetro de fractais? Segue outra atividade.
4. Pensemos na curva de Koch, preenchendo a tabela a seguir.
Níveis Quantidade de segmentos
Comprimento do segmento
Comprimento total
inicial 1 c 1.c = c 1ª iteração 4 = 4¹ c 41. c
2ª iteração 16 = 4² .c 4². .c
3ª iteração 64 = 4³ .c 4³. .c
... ... ... ... n-ésima iteração
4n .c 4n. .c
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O que mudaria na tabela para o cálculo do perímetro da Ilha de Koch ou Floco de
Neve? Observe que o processo para construção do Floco de Neve é o mesmo da
Curva de Koch, só que multiplicado por três pois iniciamos com o triângulo
eqüilátero. Logo teremos
Níveis Quantidade de
segmentos de cada lado
Comprimento do segmento
Perímetro
inicial 1 c 3.1.c = 3c 1ª iteração 4 = 4¹ c 3.4. c = .c
2ª iteração 16 = 4² .c 3.4². .c = 3. .c
3ª iteração 64 = 4³ .c 3.4³. .c = 3. c
... ... ... ... n-ésima iteração 4n .c 3.4n. .c = 3. .c
Uma questão que se pode sugerir para os educandos do Ensino Médio, utilizando a
generalização do perímetro do Floco de Neve8: Considere que o comprimento inicial
seja, c = 1m, quantas iterações teriam que ser realizadas para que o perímetro seja
igual a 60 metros?
3.n
3
4
.c = 60 n
3
4
.1 = 20 aplicando logaritmo em ambos os lados temos,
log. n
3
4
= log.20 pela propriedade dos logaritmos,
n. log 3
4 = log (2².5) aplicando outra propriedade dos logaritmos,
n.(log 4 – log 3) = log 2² + log 5 aplicando novamente as propriedades, encontramos
n =3 log -2 2log
5 log 2 2log +
Considerando log 2 = 0, 301; log 3 = 0,477 e log 5 = 0,699, teremos
8 A atividade sugerida foi adaptada do livro Descobrindo a Geometria Fractal para a sala de aula, de Ruy Madsen Barbosa, p.74, bem como o seu desenvolvimento.
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n =0,477 - 2.0,301
0,699 2.0,301+ n =
125,0
301,1 n = 10,4
Seriam necessárias aproximadamente 11 iterações para que o perímetro seja igual
a 60 metros. Faremos agora o mesmo cálculo, considerando c = 1 m, para que o
perímetro seja igual a 600 metros, e iremos obter
3. n
3
4
.c = 600 n
3
4
= 200 n = 125,0
301,2 n= 18,4
Seriam necessárias aproximadamente 19 iterações para que o perímetro seja igual
a 600 metros. Faremos agora o mesmo cálculo para que o perímetro seja igual a
6000 metros, e iremos obter
3. n
3
4
.c = 6000 n
3
4
= 2000 n = 125,0
301,3 n= 26,4
Seriam necessárias aproximadamente 27 iterações para que o perímetro seja igual a
6000 metros. O que se pode concluir?
Percebe-se um padrão nessas iterações, isto é, vão aumentando de 8 em 8.
Experimente realizar os mesmos cálculos para 90 m, 900 m e 9000 m.
Por que isso ocorre?
Os perímetros são múltiplos de 10, então representaremos por 10p. Ao realizarmos
os cálculos, considerando c=1, encontramos:
3. n
3
4
.c = 10.p 3.n
3
4
= 10.p 3
p10.
3
4n
=
log
=
3
p.10log
3
4n
n. log 3
4 = log 10 + log
3
p
n.(log 4 – log 3) = log 10 + log p - log 3 como log 10 = 1,
22
n.(log 4 – log 3) = 1 + log p - log 3 n =3) log - 4 (log
3 log - p log 1+
n =3 log - 4 log
1 +
3) log - 4 (log
3 log - p log n =
1249,0
1 +
3) log - 4 (log
3 log - p log
Observe que a expressão 3) log - 4 (log
3 log - p log corresponde ao valor das iterações que
tínhamos determinado para perímetros 60, 600 e 6000. Como a fração 1249,0
1 é
aproximadamente 8, podemos concluir que o número de iterações para perímetros
múltiplos de 10 seguirão sempre um padrão de 8 em 8.
Como já temos algum conhecimento da utilização do software GeoGebra, sugerimos
as seguintes atividades:
a) Faremos agora a construção do triângulo de Sierpinski . Considere um
triângulo eqüilátero e, clicando no segundo ícone, determine o ponto médio
de cada lado do triângulo (um ponto C é dito ponto médio de um segmento
AB, se C pertence ao AB e a distância entre A e C tiver a mesma medida que
a distância entre B e C).( p. 32).
Vamos unir os três pontos médios com um polígono, formando quatro
triângulos congruentes e eqüiláteros. Devemos agora retirar o triângulo
central, e para isso iremos mudar a sua cor clicando com o botão direito do
mouse sobre o objeto que queremos alterar a cor e depois em: propriedades
– escolher uma cor – estilo – preenchimento 100 – f echar. Para construir
uma ferramenta que repita o processo, considerar como saída de objetos os
segmentos que correspondem aos lados do triângulo, os pontos médios dos
lados do triângulo e o polígono central que foi retirado. A figura que iremos
obter até a terceira iteração é
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b) Propomos agora um jogo9 que mostra que é possível existir ordem na
desordem. Antes, é necessário conhecermos a definição de mediana e de
baricentro.
Considere um triângulo ABC e o ponto médio M do lado BC. O segmento AM
denomina-se mediana do triângulo relativo ao lado BC (p. 54). O encontro
das medianas dos lados de um triângulo é chamado baricentro (p. 150).
No GeoGebra, considere um triângulo ABC e tome um ponto qualquer P0 em
seu interior, que não seja o baricentro. Escolha, por sorteio, um dos vértices
do triângulo e faça um segmento unindo P0 com esse vértice. Encontre o
ponto médio do segmento e chame-o de P1. Sorteie outro vértice do triângulo,
construa um segmento de reta unindo P1 com esse vértice. Determine o ponto
médio desse segmento e chame-o de P2. Repita esse processo no mínimo
dez vezes, construa triângulos com os pontos médios dos lados do triângulo,
como no triângulo de Sierpinski e observe o resultado.
9 Adaptado do livro Descobrindo a Geometria Fractal para a sala de aula, de Ruy Madsen Barbosa, p. 15.
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Não teremos pontos em nenhum dos triângulos centrais, mesmo que
repetirmos os processos, tanto na determinação dos pontos Pi, quanto na
construção dos triângulos.
c) Para a construção do Tapete de Sierpinski procederemos como no Triângulo
de Sierpinski. Iniciaremos construindo um quadrado, dividindo-o em 9
quadrados congruentes e removendo o quadrado central. Na macro
construção, deve-se considerar como saída de objetos os segmentos centrais
e o polígono 2, que corresponde ao quadrado central (pintar com uma cor
escura).
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d) Tente agora construir um fractal hexagonal tipo Dürer , iniciando por um
hexágono regular e obtendo ao centro um hexágono regular estrelado. Dividir
o lado do hexágono em três partes iguais e colocar como objetos de saída, na
macro construção, todos os segmentos que constituem os hexágonos
internos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vivemos numa sociedade em constante transformação e a educação há muito
deixou de acompanhar essas mudanças. Temos muita dificuldade em abandonar a
forma tradicional de ministrar as aulas e nos adaptar aos aparatos que a tecnologia
disponibiliza. Mas os educandos, por sua vez, vivem essa realidade de maneira
natural e se desinteressam pela aula que só se utiliza somente dessa antiga
metodologia de ensino.
A prática escolar nos permite acreditar que a apresentação de novas formas de
abordar conteúdos torna as aulas da disciplina de Matemática mais atraentes e
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produtivas. Ao se utilizar um software geométrico percebe-se a facilidade para a
construção de figuras geométricas e o educando pode fazer e refazer as atividades
de forma lúdica, ao mesmo tempo em que vai internalizando os conceitos e as
propriedades inerentes a cada construção. Poder observar o resultado do trabalho
realizado, proporciona uma satisfação indescritível e prazerosa, além do que,
verifica-se as propriedades que os fractais apresentam.
Espera-se que com as atividades sugeridas, o educando se interesse pelo software
GeoGebra e explore outras possibilidades da utilização do mesmo. A expectativa
que se tem com relação aos docentes é que se sintam motivados a procurar
inovações tentando diminuir um pouco a distância que se formou entre a realidade
dos jovens e a escola.
A avaliação consistirá em observar se os conceitos geométricos foram
compreendidos, através dos passos que forem sendo seguidos durante as
construções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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