introduÇÃo ao estudo dos crimes em espÉcie prof. moisés b. abdala 1
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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DOS CRIMES EM ESPÉCIE
Prof. Moisés B. Abdala
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TEORIA GERAL DA PARTE ESPECIAL
• Vimos durante dois períodos a Parte Geral do Código Penal, que traça critérios gerais para a aplicação da lei penal.
• Veremos agora um resumo destes estudos, contendo as categorias e os institutos mais necessários ao entendimento e aplicação da Parte Especial do Código Penal.
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1 – Objetivo do Direito Penal
• Proteger os bens considerados mais relevantes para a sociedade.
• Como estes bens são escolhidos e como as condutas que os ferem são tipificadas?
- Através da observância de princípios penais fundamentais, tais como:a) Intervenção Mínima, Significa dizer que determinada conduta só deve ser considerada, por lei, como crime, se a aplicação de normas não-penais forem insuficientes a restaurar a paz social, abalada pelo resultado por ela causado.
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OBJETIVO DIR PENAL. PRINCÍPIOS
b) ultima ratio. A função precípua do Direito Penal é a proteção subsidiária de bens jurídicos essenciais à tranqüilidade social, porém como ultima ratio, ou seja, como última opção de controle, tendo em vista o fracasso dos outros meios formais de controle social em relação à proteção dos bens da vida relevantes.
c) Adequação Social. A teoria da adequação social foi concebida por Hans Welzel, que preconiza de idéia de que, apesar de uma conduta se subsumir ao tipo penal, é possível deixar de considerá-la típica quando socialmente adequada, isto é, quando estiver de acordo com a ordem social.
d) Lesividade. Só aplica a sanção penal aos comportamentos que lesionem ou ameacem concretamente o direito de outras pessoas (bens jurídicos), e não, simplesmente, as ações pecaminosas ou imorais.
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2 – Como os Tipos são sistematizados?
• Os tipos penais não podem ser analisados isoladamente.
• Se o tipo protege um bem jurídico, existem vários tipos que podem estar também protegendo este bem, somente diferenciando as figuras típicas através de determinados elementos.
• Assim, os tipos são agrupados por bem jurídico protegido. (ex. crimes contra a vida, crimes contra o patrimônio, etc.).
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TIPOS PENAIS
• A principal sistematização do tipo penal está no fato de que só a lei pode proibir condutas. (art. 5º, XXXIX, da CF e art. 1º do CP).
• Esta lei deve ser prévia, escrita, estrita Esta lei deve ser prévia, escrita, estrita e certa. e certa.
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3 – O Tipo Penal
• As normas penais podem ser incriminadoras, permissivas, explicativas e complementares.
• As normas incriminadoras são aquelas que têm por finalidade a narração de um comportamento que se quer proibir e a sanção penal a quem o pratica.
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TIPO PENAL
• Assim, a norma penal incriminadora possui dois preceitos:a) O Primário – Que estabelece a conduta proibida;b) O Secundário – Que estabelece a sanção pela prática da conduta.É neste preceito primário que está o tipo tipo penalpenal, que é o modelo de conduta que que é o modelo de conduta que o Estado deseja proibiro Estado deseja proibir.
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FUNÇÕES DO TIPO PENAL
• O tipo penal descreve e individualiza a conduta penalmente relevante.
• O tipo penal possui três funções:a) Garantidora – Só é punido quem comete a conduta prevista.b) Fundamentadora – A punição só é válida de fundamentada no tipo.c) Selecionadora – Só as condutas selecionadas e tipificadas são puníveis.
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Classificação dos Tipos Penais
• Tipos básicosTipos básicos: modelo mais simples de conduta proibida. (ex. art. 121, caput, do CP).
• Tipos derivadosTipos derivados – modelo onde a conduta básica é acrescida de circunstâncias. (ex. art. 121, §§1º e 2º do CP).
• Tipos FechadosTipos Fechados – descrevem de forma clara e precisa a conduta proibida.
• Tipos abertosTipos abertos – Necessitam de ser complementados por uma valoração judicial. (ex. Art. 121, §3º, do CP).
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CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS PENAIS
• Tipo simplesTipo simples – descreve só a conduta.
• Tipo complexoTipo complexo – descreve a conduta e exige um fim especial de agir (elemento subjetivo). Ex. art. 155 do CP (para si).
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Elementos do Tipo Penal
• O tipo possui elementareselementares, que são dados indispensáveis à definição do tipo, sem os quais não ocorre aquele tipo; e circunstânciascircunstâncias, que são dados que não interferem na definição do tipo, mas apenas na pena.
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• Os elementos do tipo podem ainda ser classificados como:
1)1) ObjetivosObjetivos – descrevem a ação, o objeto da ação e, se houver, o resultado, além das circunstâncias externas do fato e da pessoa do autor ou da vítima.São elementos descritivos, pois descrevem a condutas e elementos normativos, que traduzem a necessidade de um juízo de valor. (ex. “mulher honesta”, “dignidade e decoro” (art. 140 do CP, “sem justa causa” (art. 153 do CP).
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ELEMENTO DO TIPO
2)2) SubjetivosSubjetivos – é a vontade (dolo) ou a culpa. A vontade pode ser geral mas também pode traduzir um fim especial de agir.
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Elementos Específicos do Tipo
a) Núcleo – é o verbo do tipo.b) Sujeito ativo – quem pratica ou omite.c) Sujeito passivo – pode ser formal (o
Estado) ou material (o titular do bem jurídico.
d) Motivos – razão para o cometimento.e) Meios – meio utilizado.f) Motivo – como a execução é levada a
efeito.15
ELEMENTOS DO TIPO
g) Fim especial – de agir.
h) Ocasião – em que o delito ocorreu.
i) Lugar – ermo ou público.
j) Objeto material – pessoa ou coisa sobre a qual recaiu a conduta.
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Normas Penais em Branco
• Normas penais em branco são aquelas onde há uma necessidade de complementação para a sua aplicação. (ex. art. 33 da LTox).
• É homogênea (em sentido amplo) - quando o complemento provém da mesma fonte legislativa. (art. 237 do CP).
• É heterogênea (em sentido estrito) – quando o complemento é oriundo de fonte diversa – art. 33 da LTox.
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Conflito Aparente de Normas Penais
• Não é incomum que, aparentemente, um fato possa se adequar a dois ou mais tipos.
• Quando isto ocorre estamos diante do conflito aparente de normas.
• É aparente porque o conflito não existe, pois só uma norma é aplicada ao caso.
• Para resolver qual norma, devemos analisar os seguintes princípios:
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CONFLITO APARENTE DE NORMAS
1)1) Princípio da EspecialidadePrincípio da Especialidade: A norma especial afasta a incidência da norma geral. (ex. art. 121 e art. 123).
2)2) Princípio da SubsidiariedadePrincípio da Subsidiariedade: A norma subsidiária só é aplicada se a norma principal – mais grave – não for aplicada. (ex. Arts. 132, 238, 239, etc.). Pode ser expressa ou tácita (art. 311 do CTB).
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CONFLITO APARENTE DE NORMAS
3) Princípio da ConsunçãoPrincípio da Consunção: Ocorre quando:a) um crime é meio necessário ou fase normal de outro crime (ex. lesão corporal – homicídio).b) nos casos de antefato ou pós-fato impuníveis. Ocorre antefato quando a situação antecedente praticada pelo agente é meio indispensável para o cometimento do crime (ex. estelionato com cheque e a assinatura falsa no título).O pós-fato é o exaurimento do crime. (ex. venda da coisa furtada).
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CONFLITO APARENTE DE NORMAS
4) 4) Princípio da AlternatividadePrincípio da Alternatividade: Nos crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado (aqueles que possuem mais de um núcleo – ex. art. 217-A CP), se um agente pratica mais de um verbo, ele comete o crime apenas uma vez.
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PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
• O Supremo Tribunal Federal (STF) estabeleceu alguns critérios para aplicação do princípio da insignificância: mínima ofensividade da conduta do agente; nenhuma periculosidade social da ação; reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e inexpressividade da lesão jurídica provocada.
• A insignificância afasta a tipicidade material.
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