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INTERVENÇÃO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE UMA CRIANÇA COM DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO Eduardo da Silva Borges 1 Joaquim Domingos Soares 2 RESUMO Introdução: A doença do refluxo gastroesofágico é a afecção crônica decorrente do fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes. Acompanhando famílias na disciplina de Interação comunitária nos deparamos com a de R.S.M, e seu filho mais velho D.M.M, portador da DRGE.As dificuldades desde o nascimento e as repercussões desta doença para sua vida são de grande impacto na vida da criança. O objetivo deste artigo é promover melhoria da saúde do garoto estudado. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso, feito a partir de informações obtidas por entrevistas na casa da família de R.S.M e consultas a prontuários médicos da mesma. As informações eram colhidas através de perguntas sem prévia formulação e através de fichas de acompanhamento das famílias na área do PSF. Resultados: Os resultados alcançados se limitaram a mudanças de hábitos alimentares e conscientização. Discussão: Os resultados são significativos no que se refere a adesão da família e em sua conscientização em propiciar ao garoto, alimentação mais adequada, e posturas na hora de dormir. As dificuldades e limitações encontradas estiveram presentes na captação das informações dos prontuários e mudança na grade curricular da 1 Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG. 2 Professor do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG.

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INTERVENÇÃO NA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE DE UMA CRIANÇA COM

DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO

Eduardo da Silva Borges1

Joaquim Domingos Soares2

RESUMO

Introdução: A doença do refluxo gastroesofágico é a afecção crônica decorrente do

fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos

adjacentes. Acompanhando famílias na disciplina de Interação comunitária nos

deparamos com a de R.S.M, e seu filho mais velho D.M.M, portador da DRGE.As

dificuldades desde o nascimento e as repercussões desta doença para sua vida são de

grande impacto na vida da criança. O objetivo deste artigo é promover melhoria da

saúde do garoto estudado. Metodologia: Trata-se de um estudo de caso, feito a partir de

informações obtidas por entrevistas na casa da família de R.S.M e consultas a

prontuários médicos da mesma. As informações eram colhidas através de perguntas sem

prévia formulação e através de fichas de acompanhamento das famílias na área do PSF.

Resultados: Os resultados alcançados se limitaram a mudanças de hábitos alimentares e

conscientização. Discussão: Os resultados são significativos no que se refere a adesão

da família e em sua conscientização em propiciar ao garoto, alimentação mais adequada,

e posturas na hora de dormir. As dificuldades e limitações encontradas estiveram

presentes na captação das informações dos prontuários e mudança na grade curricular da 1 Acadêmico do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG. 2 Professor do curso de Medicina da Faculdade Atenas, Paracatu-MG.

disciplina de interação comunitária. Considerações finais: Os resultados alcançados

são importantes, pois sabermos dos benefícios alcançados pelo menino D.M.M, com a

mudança em sua dieta e seu posicionamento ao dormir, e suas repercussões caso não

tivesse sido feito, As considerações terapêuticas na DRGE devem valorizar o fato de a

doença provavelmente se prolongar por longos anos, se não por toda a vida.

Palavras Chaves: Doença do Refluxo Gastroesofágico; Programa saúde da família;

Interação comunitária.

1-Introdução

1.1Estado da Arte

A doença do refluxo gastroesofágico é a afecção crônica decorrente do fluxo

retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes,

acarretando variável espectro de sintomas (esofágicos ou extra-esofágicos), associados

ou não a lesões teciduais. Convém destacar três aspectos importantes na definição

apresentada: Admite-se a participação de componentes do refluxo duodenogástrico na

fisiopatogenia da afecção. Em função disso, propõe-se o termo refluxo de conteúdo

gastroduodenal ("não-ácido") e não apenas de conteúdo gástrico (ácido). Admite-se a

existência de sintomas esofágicos e extra-esofágicos. Destaca-se que os sintomas podem

ou não ser acompanhados por lesões teciduais esofágicas diagnosticadas pelo exame

endoscópico1. Pacientes com diminuição da amplitude presente na motilidade do

esôfago ineficaz (<30 mm Hg) têm aumento do tempo total de exposição do esôfago ao

pH inferior a 4, e dificuldade na depuração esofágica de ácido, quando comparados com

pacientes com motilidade normal2.O comprometimento da motilidade em região distal

do esôfago e proximal do estômago poderia determinar a baixa amplitude da contração,

o relaxamento transitório do esfíncter inferior do esôfago associado ao refluxo

gastroesofágico, a baixa pressão deste esfíncter e as alterações na acomodação do

estômago proximal ao volume ingerido 3,4. É possível que a diminuição da amplitude

seja conseqüência da esofagite. Este fato é sugerido por estudos que mostram que a

amplitude e a proporção de contrações peristálticas aumentam após o tratamento clínico

da esofagite de refluxo 5 .As formas mais graves da doença do refluxo gastroesofágico

(DRGE) implicam estenose do esôfago distal 6. A DRGE é afecção de grande

importância médico-social pela elevada e crescente incidência e por determinar

sintomas de intensidade variável, que se manifestam por tempo prolongado, podendo

prejudicar consideravelmente a qualidade de vida do paciente. Tem prevalência

estimada de 20% na população adulta dos EUA e taxas similares na Europa 7 .No Brasil,

estudo populacional empreendido em 22 metrópoles, entrevistando-se amostra

populacional de 13.959 indivíduos, observou-se que 4,6% das pessoas entrevistadas

apresentavam pirose uma vez por semana e que 7,3% apresentavam tal queixa duas ou

mais vezes por semana. Em função desses dados, estima-se que a prevalência da DRGE,

em nosso meio, seja ao redor de 12% 8. O espectro das manifestações clínicas da doença

do refluxo gastroesofágico (DRGE) na infância inclui vômito, regurgitação, baixo

ganho ponderal, disfagia funcional, odinofagia, disfonia, sensação de gosto ácido ou

amargo na boca, náusea, desconforto pós-prandial, dor abdominal e/ou retroesternal,

irritabilidade e problemas respiratórios 9.

Segundo relatos de autores, a presença de esofagite é um dos principais fatores

associados à recusa alimentar, choro durante as refeições, dificuldade de aceitar o

cardápio proposto e rejeição de certas texturas e consistências. Não se identificou

distúrbio motor ao estudar a deglutição e o peristaltismo esofágico em crianças com

DRGE 11. Por outro lado, relatos de outros autores indicam que a DRGE, complicada

com esofagite, pode ser uma das causas para recusa da dieta, choro durante as refeições,

rejeição a determinadas texturas e consistências adequadas para a idade 10.

1.2 Contextualização

Durante os quatros primeiros semestres do curso de medicina, da faculdade

Atenas, cursamos a disciplina de interação comunitária, fomos a unidade de saúde pré-

determinada, dentro da cidade de Paracatu, e acompanhamos famílias que nos eram

confiadas por nossas tutoras, para vivenciarmos a situação de cada uma, captar os

principais problemas , discutir e avaliar as melhores intervenções e por em prática,

buscando fazer o melhor por estas. Deparamos-nos com a família de R.M.S, 28 anos,

dona de casa, moradora da área de abrangência do PSF Caic, Vila Mariana. A família é

composta por seis membros, sendo ela e o marido, D.M.M, 29 anos, eletricista ,e mais

quatro crianças, todos homens, na faixa etária de 0 a 11 anos de idade.O casal vive uma

união estável há 11 anos e a casa em que moram está localizada no lote dos pais do

marido onde esta foi recentemente reformada com a ajuda de uma ONG, que atua na

cidade de Paracatu, e presta este tipo de ajuda social.A casa encontrava-se sempre limpa

e organizada, havia saneamento básico completo, e a renda familiar era adquirida pelo

serviço do marido que ganha um salário mínimo e meio, mais a ajuda do bolsa família

(R$90,00), programa de assistência as famílias de baixa renda do governo federal.A

renda era suficiente para que a família vivesse sem que faltasse o básico para todos, de

acordo com relatos da mesma.Todos na casa tinham bom estado geral, e se mostravam

nutridos, saudáveis e alegres, principalmente com o bebê que a pouco chegara a casa. A

família transmitia um bom relacionamento entre os membros. A esposa fez há poucos

meses a cirurgia de ligadura de trompas, o que a deixou satisfeita, pois temia que sem

esta intervenção, poderia engravidar novamente, e chegada de uma outra criança

comprometeria o controle financeiro do casal. O casal possui uma criança, D.M.M, de

11 anos, portador de Doença do refluxo gastroesofágico, caso este que nos chamou

muita a atenção, porém sempre que visitávamos a família ele não se encontrava, estando

na escola, ou viajando para a capital, Brasília, para fazer o acompanhamento da sua

doença, fato que se repetia todos os meses, até que em nossa última visita dentro do

currículo da disciplina, podemos ter o contato com o garoto que se encontrava na

casa.De acordo com relatos da mãe, o menino nasceu de parto normal, sem

intercorrências, sendo feito o acompanhamento pré-natal iniciado aos 3 meses

gestacionais na unidade de saúde.A criança nasceu com bom peso, mas tinha

dificuldades em se alimentar, vomitando tudo o que ingeria, onde neste período a mãe

esteve com a criança na unidade de saúde e no hospital municipal, não conseguindo um

diagnóstico claro do que seria a moléstia, quando com 15 dias de nascimento, havia

perdido metade do peso ao nascer, encontrando-se com grave quadro de

desnutrição.Somente a pós ajuda de amigos da família, a mãe conseguiu levar seu filho

a um médico por consulta particular, que suspeitando da doença do refluxo

gastroesofágico, o encaminhou a Brasília com urgência, sendo atendido no hospital de

Base da capital.A criança ficou internada até que melhorasse seu quadro e os médicos,

através de exames de endoscopia, diagnosticaram a DRGE, com estenose do terço distal

do esôfago.Durante algum tempo, o tratamento foi conservador, com uso de

medicamentos como o Prepulsid, utilizados em casos de refluxo do conteúdo gástrico,

por três anos, obtendo melhoras do quadro clínico. Aos três anos de idade foi internado

no hospital municipal com anemia grave sendo submetido à transfusão sanguínea e com

achado cardíaco de sopro, com suspeita de CIA.a mãe relatou o uso de forma

descontínua do medicamento pela falta do mesmo na unidade de saúde.Há dois anos

atrás, o menino então com 9 anos, apresentou quadro grave de dor retroesternal, com

vômitos, regurgitação, baixo peso ponderal sendo encaminhado pelo médico da

unidade de saúde para exame com médico gastrologista , que após diagnosticar piora do

quadro, cursando com esofagite, e achado de Hérnia de hiato , o encaminhou

novamente a Brasília, onde mais uma vez foi atendido no hospital de Base, sendo

submetido a cirurgia de hérnia de hiato por vídeo laparoscopia.O Atestado médico, um

dos poucos documentos que a mãe possui a respeito da doença atesta que o menino

possui DRGE acompanhado de estenose do terço distal do esôfago. Após a cirurgia, o

garoto se sentiu bem, não apresentando quadros de vômitos, ganhou peso, e houve a

extinção do desconforto retroesternal, assim como extinção da disfagia. O menino

Deveria ir a Brasília todos os meses para acompanhamento pós-cirúrgico onde quem o

acompanhava nas viagens era sua avó paterna, já que a mãe cuidava das outras crianças

menores. Por razões financeiras, já que há despesas com passagens, alimentação e a

família não consegue arcar com os custos, a mais de seis meses a criança não comparece

para revisões médicas, e de acordo com relatos da mãe, o garoto iniciou novas crises de

vômitos e dificuldades de deglutição, associando o ocorrido ao fato de não estar indo às

consultas.A mãe tem medo que possa estar retornando todos os problemas vividos pela

criança em decorrência do não acompanhamento médico regular. O menino tem ainda

dificuldades de aprendizagem e apesar de estar freqüentando uma escola regular e

cursando a quarta série primária, não sabe ler nem escrever. Segue abaixo o genograma

da família de R.S.M.

1.3 Justificativa

Ao se tratar de uma criança com doença do refluxo gastroesofágico, deve-se

valorizar o fato de a doença provavelmente se prolongar por longos anos, se não por

toda a vida.

As intercorrências causadas pela DRGE, tanto para a criança, com todas as suas

manifestações clínicas, levando a impacto negativo na qualidade de vida e seus

prejuízos para seu desenvolvimento e saúde, como para a família, que tem grande

dispêndio de tempo e dinheiro por ser um tratamento de longo prazo, com

medicamentos comprados em farmácias particulares e viagens a capital Federal para

acompanhamento médico, mensalmente, nos motiva a um estudo mais detalhado sobre a

doença e formulações de hipóteses de soluções que possam ajudar a família.

1.4 Objetivos

O objetivo geral deste artigo é promover melhoria da saúde do garoto estudado,

utilizando-se de estudos aprofundados sobre sua doença, para promover orientações e

intervenções quando à alimentação e estilo de vida que possam garantir seu bem estar.

Os objetivos específicos são o encaminhamento a assistência social, em busca de auxílio

para custear suas viagens à cidade de Brasília, onde possa ser atendido mensalmente e

acompanhado pela equipe médica quanto ao seu estado de saúde. Conseguir ainda na

assistência social o pagamento da medicação necessária e indispensável à manutenção

da saúde do garoto. Seria de suma importância que houvesse médicos na cidade que

pudessem acompanhar o caso do menino. Havendo em nossa faculdade um médico

especialista em gastro-pediatria, buscar um atendimento e avaliação da situação. Buscar,

por meio de profissionais qualificados, a melhor decisão quanto ao déficit de

aprendizagem do menino, e até mesmo seu encaminhamento a instituições

especializadas, se for o necessário.

2 - Metodologia

2.1-tipo de estudo

Trata-se de um estudo de caso, realizado segundo um método qualitativo e

científico de um assunto médico.

2.2 Área de estudo

Cursando a disciplina de interação comunitária, matéria da grade curricular do

curso de medicina da faculdade Atenas, tinha como tarefa dentro da disciplina, o

acompanhamento de famílias, que morassem dentro da área de abrangência do PSF

Caic, vila Mariana para posterior formulação de soluções para os problemas

encontrados, e aplicação destas na vida das famílias.

2.3 Coleta de dados

As informações foram obtidas através de entrevistas e consultas a prontuários

médicos. As entrevistas eram feitas na casa de R.S.M. Iniciaram no dia 01 de março de

2007e se estenderam por todo o ano, sendo realizadas nos dias 12 de abril, 14 de junho,

30 de agosto, 20 de setembro e 25 de outubro.Foram feitas ainda visitas em Horários

extras curriculares, quando da necessidade de dados que faltavam e acompanhamento da

evolução do cronograma proposto.A primeira visita feita com esta finalidade foi no dia

13 de setembro de 2007 e a ultima visita foi feita no dia 10 de junho de 2008.Ao todo

foram oito visitas à família que sempre nos recebeu bem, sendo compreensiva e

colaborativa.Durante as entrevistas, utilizávamos fichas de acompanhamentos e

perguntas sem prévia formulação que abordavam a qualidade de vida do menino,

ausência ou presença de manifestações clínicas da doença, evolução da mesma, uso de

medicamentos, associação da DRGE com dificuldade de aprendizado, fato pesquisado,

mas não encontrado em revisão bibliográfica ou artigos sobre o assunto, pela Internet. A

coleta de dados dos prontuários médicos foi feita no decorrer das visitas onde

aproveitávamos o tempo disponível na unidade de saúde para ver e anotar os dados dos

prontuários das famílias. De acordo com informações e consentimento da mãe do

garoto, foi feita a coleta de dados do prontuário na unidade de saúde de outro bairro,

onde o menino fora atendido em anos anteriores.Não me foi apresentado nenhum exame

médico comprovando a doença.Através dos médicos de Brasília que operaram a criança,

só havia um documento médico do ano de 2006 atestando a existência da doença do

refluxo gastroesofágico acompanhada de estenose do terço distal do esôfago e a

necessidade de retornos mensais ao hospital de Base de Brasília para acompanhamento.

2.4 Critérios de seleção dos sujeitos

A família de R.S.M, foi minha escolha pela complexidade da situação vivida

pela criança D.M.M, de 11 anos, por sua dificuldades desde o nascimento e as

repercussões desta doença para sua vida se não tratado ou acompanhado por

especialistas da área médica de forma satisfatória, podendo deixar seqüelas ou levar a

morte.

2.5 Instrumentos ou técnicas utilizados

As informações eram colhidas através de perguntas sem prévia formulação e

através de fichas de acompanhamento das famílias com perguntas pré-estabelecidas a

respeito das situações vividas pelas famílias, respondidas sempre por R.S.M, que

negava a existência de qualquer outro tipo de resultado de exames, anotadas em um

portifólio, que de acordo com o site da Internet wikpédia, é um documento formal que

apresenta as experiências de aprendizagem fora da escola, sendo utilizado para solicitar

reconhecimento acadêmico da aprendizagem experimental individual, sendo estas

registradas em todas as visitas.

3 Resultados

3.1 Descrição

Depois da primeira visita, após estudos em sites e livros, onde buscamos e

estudamos a respeito da doença, no intuito de orientarmos a família, sobre o melhor

modo de lidar com a doença, com mudanças na alimentação e estilo de vida, com a

preocupação de não interferir no tratamento dos médicos de Brasília, propusemos

medidas simples, visando melhor qualidade de vida da criança. Em termos de restrições

dietéticas, devem-se evitar substâncias que aumentam a freqüência de relaxamento

transitório do esfíncter esofágico inferior: cafeína, chocolate, alimentos picantes e

álcool. Recomendam-se, ainda, o controle da obesidade, a abstenção do uso de tabaco e

a suspensão da exposição ao tabagismo passivo9. Assim como os adultos, as crianças e

adolescentes se favoreceriam, durante o sono, do decúbito lateral esquerdo com

elevação da cabeceira9. Realizamos as recomendações e estas foram seguidas, de acordo

com relatos da mãe, além de termos presenciado a cama onde dormia o garoto com a

cabeceira com elevação em torno de 30 graus. Orientamos R.S.M, a estar procurando a

ação social para buscar auxílio quanto ao custeio das viagens da criança e da avó a

cidade de Brasília, ou mesmo o fornecimento dos medicamentos que não são

disponíveis na rede publica, mas até a data da última visita à família, 10 de junho de

2008, a mãe do garoto não havia tomado a iniciativa de buscar o auxílio, na ação social,

estando a mais de seis meses sem que a criança fosse acompanhada pela equipe médica

que o operou e de acordo com relatos de R.S.M, as manifestações clínicas da doença

estavam reaparecendo, retornando os vômitos após o menino se alimentar, fato que

havia cessado desde a operação.Nos propusemos a conversar com o professor Jairo,

coordenador do curso de Medicina da faculdade Atenas, e médico especialista em

gastrologia infantil para estarmos agendando uma visita à família, onde este faria uma

avaliação da doença da criança. Buscamos no mês de dezembro de 2007 na escola Caic,

localizada junto à unidade de saúde, e onde o garoto Douglas cursava a terceira série

primária, entender as razões que levavam um garoto de onze anos, em uma etapa escolar

avançada, não saber ler ou escrever. Estivemos com a pedagoga Mariângela que nos

explicou que muito havia sido feito dentro da escola para propiciar à criança, melhores

condições de ensino, como o acompanhamento individual, aulas de reforço, estando

ciente da gravidade da situação, mas dizendo-nos que o governo federal não admite a

reprovação de alunos dentro do ensino público primário, daí a razão de estar cursando a

terceira série, sem sequer saber escrever o nome.Questionamos a respeito de estar

encaminhando a criança a um ensino especial, onde na cidade há a Apae, associação de

pais e amigos dos excepcionais, que visa acolher crianças que apresentam déficits de

aprendizado, cognitivos e motor, com intuito de um atendimento direcionado e

especializado para o caso do garoto, que poderia assim, ser mais bem avaliado. Ela

concorda, e acha que é uma boa alternativa, mas que deve ser tomada à decisão pelos

pais. Até a data de nossa última visita à família, o garoto continuava cursando a escola

tradicional, no Caic, estando agora na quarta série primária, ainda sem saber ler ou

escrever.

3.2 Tabelas, quadros

Segue abaixo o Cronograma de atividades a serem realizadas como modo de

intervenção na família de R.S.M.

Conduta junho agosto setembro outubro Novembro dezembro Fevereiro

2008

Março

2008

Estudo e pesquisa

a respeito da

DRGE

X X

Orintação quanto

a alimentação e

posicionameto da

criança ao dormir

X X X

Orintação e busca

por auxilio junto

à ação social

X X X

Busca por

soluções a

respeito do déficit

de aprendizagem

X X X

4 Discussão

4.1 interpretação dos resultados

No dia 10 de junho de 2008, estive na casa da família de R.S.M em horário extra

curricular com o intuito de verificar os resultados alcançados, já que desde o final do

ano de 2007 não acompanhávamos a família pelas mudanças ocorridas na grade da

disciplina de interação comunitária. Os resultados são significativos no que se refere a

adesão da família e em sua conscientização em propiciar ao garoto, alimentação mais

adequada, e posturas na hora de dormir que propiciem ajuda no tratamento,onde temos a

certeza de que caso não fossem tomadas as devidas precauções a progressão da doença

teria sido com maior intensa.A não procura da mãe à ação social não nos foi explicada

de modo satisfatório, permanecendo a família na inércia,não conseguindo ajuda para

levar a criança a Brasília, ou custeio dos medicamentos necessários, o que implicou na

piora dos sintomas que antes estavam controlados, iniciando novo quadro de vômitos

após as refeições, quadro este que poderá se agravar muito, levando à esofagite de

refluxo e suas conseqüências, até o câncer de esôfago (esôfago de Barrett).Da mesma

forma não foi tomada nenhuma providência, apesar das recomendações feitas à mãe que

se dirigisse a escola da criança onde a pedagoga estava pronta a conversar a respeito da

situação do garoto, o que acarretou em estagnação no processo de evolução intelectual

do mesmo.

4.2 Dificuldades e limitações

As dificuldades e limitações encontradas estiveram presentes na captação das

informações dos prontuários que se mostravam incompletos em relação à real doença

do garoto.Nos foi explicado que isto se deve a falta da contra-referencias dos médicos

de Brasília em relação ao estado de saúde do menino e a respeito de sua doença, que

apesar do pedido dos médicos da cidade, nunca o fizeram.Uma outra dificuldade

encontrada foi a mudança na grade curricular da disciplina de interação comunitária,

onde a partir deste ano(2008) deixamos de acompanhar as famílias na unidade de saúde

, o que acarretou a interrupção do cronograma de atividades propostas às famílias, e

conseqüente déficit de resultados, principalmente por termos iniciados o

acompanhamentos da família de R.S.M em março de 2007.

4 Considerações finais

5.1 Síntese dos principais resultados

Os resultados alcançados, mesmo que poucos em relação a tudo o que foi

proposto à se realizar para o benefício da família, são importantes, por sabermos dos

benefícios alcançados pelo menino D.M.M, com a mudança em sua dieta e seu

posicionamento ao dormir, caso não

tivesse sido feito, seu quadro clínico que agora está pior pelo não acompanhamento

médico mensal, estaria muito pior, agravando e muito deu estado de saúde.

5.2 Sugestão de novas pesquisas

Sugiro que sejam feitos novas pesquisas que relacionem a Doença do refluxo

gastro esofágico com déficit de aprendizagem, já que em minhas pesquisas, não

encontrei em literaturas ou artigos já publicados, informações que concordassem ou

descordassem que há correlação entre os dois acometimentos que afetam o garoto

D.M.M.

5.3 Proposições ou recomendações

As considerações terapêuticas na DRGE devem valorizar o fato de a doença

provavelmente se prolongar por longos anos, se não por toda a vida. O tratamento

farmacológico da DRGE já alcançou grandes avanços. Mudanças no estilo de vida são

indicadas e oferecem grandes benefícios aos portadores da doença melhorando a

qualidade de vida. Há a necessidade de informações de toda a equipe de saúde do PSF,

para que consigam lidar melhor com casos de doente que venha aparecer na área de

abrangência no qual residem, para que não fiquem desamparados e tenham que recorrer

a centros grandes para acompanhamento médico, onde questões simples, que poderia

ficar a cargo de equipe, não são feito como acompanhamento do uso de medicamento

ou aconselhamento pela procura de órgãos públicos indicados a resolver problemas

específicos. Nota-se que a doença apesar de comum e de grandes repercussões na vida

de uma pessoa, principalmente criança,já que afeta toda a família, é pouco estudada e

são poucos médicos empenhados a tratar a doença.faz-se necessário que todos se

empenhem para levar ao conhecimento da equipe de saúde e possibilitando

acompanhamento e tratamento conservador da DRGE dentro da unidade de saúde.

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, a toda a equipe do PSF Caic , Vila

Mariana,sem distinções, que colaboraram muito durante os quatro períodos , da

disciplina de interação comunitário, onde nos acolheram na unidade e não mediram

esforços para nos ajudar.Agradeço ainda a minha amiga e dupla de posto de saúde,

Cíntia , que sempre me ajudou e me guiou na elaboração deste e de muitos outros

trabalhos.

ABSTRACT

Introduction: The gastroesophageal reflux disease is a chronic disorder stemming the

flow retrograde part of the contents of Gastroduodenal to the esophagus and / or

adjacent organs. Following families in the discipline of interaction with the community

in the face of RSM, and his eldest son DMM, holder of DRGE.As difficulties since

birth and the impact of this disease to their lives are of great impact on the lives of

children. This paper is to promote better health of the boy studied. Methodology: This is

a case study, made from information obtained by interviews in the family home of RSM

and consultations with medical records of the same. The information was collected

through questions without prior formulation and monitoring through sheets of

households in the area of the FHP. Results: The achievements were limited to changes

in dietary habits and awareness. Discussion: The results are significant as regards the

accession of the family and in their awareness in providing the boy, better nutrition, and

postures in the hour of sleep. The difficulties and constraints encountered were present

at the capture of information from medical records and change in grade curriculum of

the discipline of community interaction. Final considerations: The achievements are

important, because we know the benefits achieved by the boy DMM, with the change in

their diet and their position to sleep, and its impact if it had not been done, the

therapeutic considerations in GERD should exploit the fact that disease are like l to

continue for many years, if not a lifetime.

Keywords: Gastroesophageal reflux disease of. Family Health Program. Community

Interaction.

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