intervenÇÃo breve: princÍpios bÁsicos e aplicaÇÃo...
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INTERVENÇÃO BREVE: PRINCÍPIOS BÁSICOS E
APLICAÇÃO PASSO A PASSO
Eixo Práticas
aberta.senad.gov.br
APRESENTAÇÃO
Neste módulo, apresentaremos os princípios para a realização da Internação Breve (IB), no caso do uso de álcool e outras drogas. Técnica
essa que tem conquistado cada vez mais espaço entre profissionais de diferentes áreas e formações. Você aprenderá sobre os seis passos
para realização da IB, seu histórico e como ela pode ser utilizada na sua prática.
AUTORIA
Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni
http://lattes.cnpq.br/6528718059938788
Doutora em Farmacologia, com pós-doutorado e livre-docência em Psicobiologia pela Escola Paulista
de Medicina. Professora do Departamento de Psicobiologia e pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
da Universidade Federal de São Paulo. Foi membro temporário do comitê de experts da Organização
Mundial de Saúde para definição das Políticas sobre Álcool. Editora-assistente da revista Addiction e
membro do corpo editorial da revista Addiction Science & Clinical Practice. Membro fundador da
Associação Brasileira Multidisciplinar de estudos sobre Drogas. Consultora da Secretaria Nacional de
Políticas sobre Drogas, coordenadora do curso de capacitação do Sistema para detecção do uso
abusivo e dependência de substâncias psicoativas: encaminhamento, intervenção breve, reinserção
social e acompanhamento (SUPERA).
Ana Paula Leal Carneiro
http://lattes.cnpq.br/2289598157467696
Psicóloga, doutora em Psicobiologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Coordenadora
do Projeto de Suporte Pós-Curso vinculado ao curso Sistema para detecção do Uso abusivo e
dependência de substâncias Psicoativas: Encaminhamento, intervenção breve, Reinserção social e
Acompanhamento (SUPERA), realizado pela UNIFESP em parceria com a Secretaria Nacional de
Políticas sobre Drogas (SENAD). Pesquisadora na área de saúde pública com ênfase em álcool e outras
drogas.
Denise De Micheli Avallone
http://lattes.cnpq.br/2246867228137055
Doutora em Psicobiologia e pós-doutora em Ciências pela Universidade Federal de São Paulo.
Professora adjunta do Departamento de Psicobiologia da mesma universidade. Coordenadora do
Centro Interdisciplinar de Estudos em Neurociência, Saúde e Educação na Adolescência, membro da
Association for Medical Education and Research in Substance Abuse e colaboradora do Institute for
Translational Research in Adolescent Behavioral Health. Editora Associada do periódico International
Journal of Psychology and Neuroscience.
INTERVENÇÃO BREVE: PRINCÍPIOS BÁSICOS E APLICAÇÃO PASSO A PASSO
INTERVENÇÃO BREVE: PRINCÍPIOS BÁSICOS E APLICAÇÃO PASSO A PASSO
SITUAÇÃO PROBLEMATIZADORA
Figura 1: HQ que tematiza uma intervenção breve. Fonte: NUTE-UFSC (2016).
Nessa história em quadrinhos, apresentamos o início da prática de intervenção que abordamos neste módulo: a intervenção breve. A
primeira etapa dessa abordagem, como ilustrado acima, é a aplicação do instrumento de triagem e o feedback (devolutiva); sendo o
momento em que o profissional de saúde divide com o usuário as preocupações e inicia a intervenção. Assim, a empatia tem papel central
no diálogo entre o profissional e o usuário, e também no vínculo de cuidado e atenção que é construído.
Em sua vivência, você já fez alguma coisa parecida com intervenção breve? Por exemplo, já orientou pacientes diabéticos sobre estratégias
para evitar a ingestão de doces ou orientou pacientes hipertensos a reduzir o uso de álcool? Procure refletir sobre as possibilidades dessa
abordagem: você acredita que a Intervenção Breve pode ajudar alguém a mudar seus hábitos?
INTERVENÇÃO BREVE: PRINCÍPIOS BÁSICOS E APLICAÇÃO PASSO A PASSO
UM POUCO DE HISTÓRIA
A técnica de Intervenção Breve (IB) foi proposta como uma abordagem terapêutica para usuários de álcool, em 1972, por Sanchez-Craig e
colaboradores, no Canadá, e simultaneamente por William Miller e outros pesquisadores nos Estados Unidos. Eles desenvolveram
abordagens semelhantes, estimulados pelo estudo de Griffith Edwards, na Inglaterra, que demonstrou redução do consumo de álcool após
uma única sessão de aconselhamento. A IB é uma estratégia de intervenção estruturada, focal (com destaque para o problema principal) e
objetiva, com procedimentos técnicos que permitem estudos sobre sua efetividade. O objetivo da técnica é ajudar no desenvolvimento da
autonomia das pessoas, atribuindo-lhes a capacidade de assumir a iniciativa e a responsabilidade por suas escolhas. Originalmente, foi
desenvolvida a partir da necessidade de atuação precoce junto a pessoas com histórico de uso prejudicial de álcool, incentivando-as a
parar ou reduzir o consumo. Posteriormente, devido a sua efetividade, passou também a ser aplicada em usuários de outras drogas. Dessa
forma, trata-se de uma técnica que pode ser utilizada em outros contextos e com outras populações, como em ambulatórios de diabéticos
ou hipertensos.
Um fator capaz de explicar o crescente interesse por essa forma de intervenção é seu resultado e o fato de os resultados dos tratamentos
intensivos não se mostrarem superiores aos obtidos pelas abordagens mais breves. Além disso, os custos de um tratamento devem ser
justificados pelo benefício que ele traz, ou seja, a relação custo-benefício dos tratamentos mais intensivos justifica a procura por novas
formas de tratamento menos dispendiosas, como as Intervenções Breves.
Intervenção Breve (IB) refere-se a uma estratégia de atendimento com tempo limitado (de uma a três sessões), cujo foco é a
mudança de comportamento do usuário. Pode ser realizada por profissionais com diferentes tipos de formação, como: médicos,
psicólogos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, nutricionistas, educadores, agentes comunitários e outros profissionais da
Saúde e da Assistência Social.
A IB, em geral, está relacionada à prevenção secundária, tendo como objetivo identificar a presença de um problema, motivar o indivíduo
para a mudança de comportamento e sugerir estratégias para que essa mudança possa acontecer, podendo ser utilizada para:
prevenir ou reduzir o consumo abusivo de álcool e/ou outras drogas, bem como os problemas associados;
orientar, de modo focal e objetivo, sobre os efeitos e consequências relacionados ao consumo abusivo.
Existem diferentes níveis de prevenção (http://www.aberta.senad.gov.br/modulos/capa/prevencao-dos-problemas-relacionados-ao-
uso-de-drogas), considerando o modelo médico do uso de drogas:
Prevenção primária
Refere-se à intervenção junto à população antes de haver o primeiro contato com a droga; seu objetivo é impedir ou retardar o início
do consumo de drogas;
Prevenção secundária
Intervenção realizada quando já existe uso da droga; seu objetivo é evitar a progressão para níveis de consumo associados a riscos
mais intensos e minimizar os prejuízos já existentes relacionados ao uso atual;
Prevenção terciária
Intervenção realizada a partir de um problema existente; busca evitar prejuízos adicionais e reintegrar os sujeitos com problemas
sérios na sociedade. Também tem como objetivo melhorar a qualidade de vida dos usuários junto à família, ao trabalho e à
comunidade de forma geral.
A partir da definição de uma população-alvo, as atividades preventivas passam a ser chamadas de:
Prevenção universal
Dirigida à população geral. Nessa modalidade de prevenção, considera-se toda a população em um mesmo nível de risco de uso
abusivo de substâncias. Os programas de prevenção universal variam quanto ao tipo, à estrutura e à duração, atuando sempre com o
objetivo de prevenir e/ou retardar o uso de álcool e outras drogas. Entre os seus componentes de ação, encontram-se: informação,
desenvolvimento de competências, treinamento de habilidades socioemocionais, entre outros;
Prevenção seletiva
Dirigida a subgrupos com características específicas consideradas como de risco para o uso de drogas. Os programas de prevenção
seletiva, em geral, são de média ou longa duração e trabalham a informação, o desenvolvimento de competências, o treinamento de
habilidades socioemocionais, entre outros;
Prevenção indicada
Dirigida a pessoas que apresentam comportamentos de risco e evidências de uso de substâncias. Nessa modalidade, os programas são
de longa duração e, a exemplo das modalidades anteriores, também trabalham a informação, o desenvolvimento de competências, o
treinamento de habilidades socioemocionais, entre outros. (INSTITUTE OF MEDICINE, 2009).
A Intervenção Breve pode durar desde cinco minutos, na forma de orientação breve, até 15 a 40 minutos. Por essa razão, ela deve ser
FOCAL e OBJETIVA. De modo geral, indica-se a utilização da IB para indivíduos que apresentam uso abusivo ou uso de risco de álcool ou
outras drogas.
Pessoas diagnosticadas como dependentes podem receber uma intervenção breve, para motivá-las a aceitar tratamento, mas devem ser
encaminhadas para serviços especializados. Em geral, esses indivíduos apresentam problemas graves relacionados ao uso de drogas, e
uma Intervenção Breve provavelmente não será capaz de contemplar muitos aspectos importantes, como eventuais comorbidades
psiquiátricas, entre as quais depressão e ansiedade.
INTERVENÇÃO BREVE: PRINCÍPIOS BÁSICOS E APLICAÇÃO PASSO A PASSO
PROCESSO DE AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE USO DE DROGAS
O 1° PASSO NO PROCESSO DE INTERVENÇÃO BREVE
O processo de avaliação inicial do uso de álcool e/ou outras drogas é o primeiro passo para identificar pessoas que fazem uso de
substâncias. Além disso, fornece ao profissional de saúde informações para planejar a intervenção de modo direcionado e "personalizado",
considerando os riscos e os problemas relacionados ao uso da substância, bem como as demais necessidades do usuário. Vários estudos
indicam que o feedback (isto é, o retorno ou devolutiva das informações) ao usuário, a partir da avaliação inicial, pode estimulá-lo e
motivá-lo a considerar a mudança de seu comportamento de uso da droga.
A detecção precoce do uso de álcool e/ou outras drogas em serviços de Atenção Primária à Saúde permite a identificação de um grande
número de pessoas que fazem uso de risco de substâncias psicoativas e que, talvez, ainda não apresentem problemas. Dessa forma,
aumenta muito o prognóstico de sucesso e efetividade da intervenção. Recomenda-se que a triagem seja feita de forma sistematizada,
utilizando instrumentos padronizados e, de preferência, validados para uso em nosso país, como o AUDIT
(http://dev.nute.ufsc.br/modulos/capa/audit-alcohol-use-disorders-identification-test-e-audit-c) e o ASSIST
(http://www.aberta.senad.gov.br/modulos/capa/assist-alcohol-smoking-and-substance-involvement-screening-test).
Glossário
Detecção significa o ato ou efeito de detectar, isto é, de identificar ou sinalizar.
Saiba Mais
Os termos Atenção Básica e Atenção Primária à Saúde podem ser utilizados como sinônimos na maioria das vezes, sem que se
tornem um problema conceitual, porém existem algumas críticas quanto a diferenças conceituais. Na literatura nacional e
internacional, há produções científicas em que os dois termos aparecem, todavia nos documentos oficiais do Ministério da Saúde,
no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), o termo mais utilizado é Atenção Básica.
PRINCÍPIOS DA INTERVENÇÃO BREVE
PRINCÍPIOS DA INTERVENÇÃO BREVE
Os idealizadores da Intervenção Breve, Miller e Sanchez, propuseram alguns elementos essenciais a esse processo, os quais têm sido
reunidos usando a abreviação FRAMES (que em inglês significa moldura, enquadramento, ou seja, você irá “enquadrar” os seus
procedimentos nesses passos).
F
feedback (devolutiva ou retorno)
R
responsibility (responsabilidade)
A
advice (aconselhamento)
M
menu of Option (menu de opções)
E
empathy (empatia)
S
self-efficacy (autoeficácia)
A sigla servirá para facilitar a lembrança dos elementos a serem aplicados.
1º Passo
F (feedback) – Devolutiva ao paciente após a triagem do uso de substâncias
Após a avaliação do consumo de álcool e/ou outras drogas e problemas relacionados a esse consumo, por meio de instrumentos
padronizados, como por exemplo o ASSIST (http://www.aberta.senad.gov.br/modulos/capa/assist-alcohol-smoking-and-substance-
involvement-screening-test), o profissional dá uma devolutiva (feedback) ao usuário, sobre os riscos associados ao seu padrão de
consumo. Este momento poderá servir também de ponto de partida para convidá-lo a receber uma intervenção breve. Um exemplo de
como fazer esse feedback pode ser visto no diálogo, apresentado no início do módulo, entre a personagem Luísa e o personagem Rodrigo,
que fornece a devolutiva ao usuário de forma atenciosa e receptiva, colocando-se aberta ao diálogo e indicando um ponto de partida para
a diminuição dos seus problemas relacionados ao uso de drogas. Em geral, a receptividade do paciente aumenta à medida que ele percebe
uma relação entre seus problemas e o uso da substância.
2° Passo
R (responsibility) – Responsabilidade e metas
Nessa etapa, será realizada uma “negociação” entre o profissional e o paciente, a respeito das metas a serem atingidas no tratamento
visando a redução do uso ou abstinência. Aqui, deve ser enfatizada a responsabilidade do usuário para atingir a meta estabelecida:
Em outras palavras, mostra-se ao usuário que ele é o responsável por seu comportamento e por suas escolhas. A função do
profissional de saúde será de escutar, informar e ajudá-lo neste processo.
A mensagem a ser transmitida ao usuário pode ser: “O uso da substância é uma escolha sua e ninguém pode fazer você mudar seu
comportamento ou decidir por você. Se você percebe que isso está prejudicando a sua vida e a sua saúde, assim como dificultando seu
relacionamento familiar ou no trabalho, e quiser mudar, podemos ajudá-lo, mas a decisão é totalmente sua”. Mensagens como esta
permitem que o usuário perceba que tem o controle em relação ao seu comportamento e suas consequências. Além disso, vários autores
relatam que essa percepção de responsabilidade e controle da situação, por parte do usuário, pode ser um elemento motivador para a
mudança de comportamento e quebra de resistência.
3° Passo
A (advice) – Aconselhamento
O fornecimento de orientações claras sobre a diminuição ou interrupção do uso de drogas reduz o risco de problemas futuros e aumenta a
percepção do risco, fornecendo motivos para que o usuário considere a possibilidade de mudança do comportamento.
Nesta etapa, você pode oferecer ao usuário material informativo sobre o uso de substâncias como cartilhas, acesso a sites de
orientação ou intervenção virtual (https://www.informalcool.org.br/) ou sugerir que assista a filmes sobre o tema, participe
de grupos de autoajuda etc. É indispensável considerar nesses casos o perfil do paciente.
É muito importante relacionar os problemas atuais, relatados pelo usuário, com seu uso de substâncias. Algumas vezes o usuário não
percebe que o uso de álcool ou outras drogas está afetando seriamente sua saúde. Por exemplo, no caso de úlceras gástricas e uso de
álcool, enfisema e uso de tabaco, maconha e problemas de memória etc. Por isso, é importante que você conheça os efeitos agudos e
crônicos provocados pelas diferentes substâncias de modo a relacionar com segurança os principais problemas relatados pelos usuários
com seu uso de substâncias.
Saiba mais
Consulte o conteúdo do módulo Substâncias psicoativas e seus efeitos
(http://aberta.senad.gov.br/modulos/capa/substancias-psicoativas-e-seus-efeitos) para obter informações sobre os
efeitos das substâncias psicoativas.
4° Passo
M (menu of options) – Com um menu de opções, o usuário pode estabelecer estratégias para modificar seu comportamento (reduzir
ou interromper o uso)
Nessa etapa, o profissional busca identificar, junto ao usuário, as situações de risco que favorecem seu uso de substâncias, tais como: onde
ocorre o uso, em companhia de quem, quais sentimentos permeiam o consumo ou em que situações emocionais ele ocorre. O
conhecimento dessas situações permite que o profissional oriente o paciente no desenvolvimento de habilidades e estratégias para evitar
ou lidar de outra forma com as situações de risco.
Fornecer possibilidades de escolhas reforça o sentimento de controle pessoal e de responsabilidade para realizar a mudança,
fortalecendo a motivação.
É importante estimular o usuário a pensar nessas estratégias, mas, se ele apresentar dificuldades de compreensão dessas propostas ou
dúvidas sobre a execução da IB, você pode sugerir algumas alternativas. Veja algumas opções de estratégias a serem discutidas junto com
o paciente:
5° Passo
E (empathy) – Empatia
Evite ter um comportamento confrontador ou agressivo ao conversar com o usuário. Demonstre ao paciente que você está disposto a ouvi-
lo e que entende seus problemas, incluindo a dificuldade de mudar.
O processo de empatia passa fundamentalmente pela disponibilidade de escuta e pelo exercício de tentar sentir-se da forma
como o outro se sente. Essa prática é importante para o desenvolvimento da IB, pois mostra ao usuário que sua situação é
merecedora de atenção e acolhimento, facilitando a relação entre o profissional e o paciente.
Para entender melhor esse tema, sugerimos que você assista a essa animação, de apenas 3 minutos:
https://youtu.be/e3DrdSktu9w
6° Passo
S (Self-efficacy) – Autoeficácia
O objetivo é aumentar a motivação do paciente para o processo de mudança, auxiliando-o a ponderar os “prós” e os “contras” associados
ao uso de substâncias psicoativas. Você deve encorajar o paciente a confiar em seus próprios recursos e a ser otimista em relação à sua
habilidade para mudar seu comportamento, reforçando os aspectos positivos.
Uma Intervenção Breve eficiente não consiste somente em utilizar as técnicas propostas, mas também em criar um ambiente de apoio para
o paciente. Procure saber quem pode ajudá-lo nesse processo e incentive-o a conversar com essa pessoa. Pergunte se há algo que você,
outra pessoa ou ele mesmo poderia fazer para mudar ou aceitar a situação (por exemplo, no caso de uma perda irreparável como a morte
de alguém).
Vejamos algumas dicas para a realização de uma boa intervenção:
Figura 2: Check list de dicas para a realização de uma boa intervenção. Fonte: NUTE-UFSC (2016).
Os usuários de substâncias normalmente apresentam maiores chances de mudança de comportamento quando:
percebem que o uso de substância é o causador de seus problemas;
acreditam que as coisas podem melhorar;
creem que são capazes ou conseguem mudar.
Momento Cultural
Você conhece o teatro do oprimido? O teatro do oprimido possui algumas semelhanças com o processo de IB. Assim como na
intervenção breve, esse método teatral também busca o diálogo e o fortalecimento dos sujeitos.
Pensado por Augusto Boal, teatrólogo brasileiro, o teatro do oprimido reúne diversos exercícios, atividades e técnicas teatrais
de expressão e interpretação, tendo como objetivo auxiliar pessoas que se encontram em situações de vulnerabilidade social -
como a pobreza, uso de drogas, vítimas de opressões sociais, dentre outros exemplos - a dialogar e refletir acerca de sua
condição social, suas relações, dificuldades e potencialidades, tudo isso através da arte! Em resumo, o teatro do oprimido é
“um Método que busca, através do Diálogo, restituir aos oprimidos o seu direito à palavra e o seu direito de ser.” Que tal
conhecer mais a respeito dessa técnica (http://ctorio.org.br/novosite/).
INTERVENÇÃO BREVE: PRINCÍPIOS BÁSICOS E APLICAÇÃO PASSO A PASSO
INTERVENÇÃO BREVE: PRINCÍPIOS BÁSICOS E APLICAÇÃO PASSO A PASSO
Síntese Reflexiva
Neste módulo, você pôde conhecer um pouco da história da Intervenção Breve, seus princípios e as noções que norteiam essa
abordagem, além das etapas que fundamentam esse tipo de técnica. Pôde também ver sugestões de práticas e posturas para
tornar essa opção ainda mais produtiva e favorável à superação dos problemas enfrentados pelo usuário.
Retomando esses conhecimentos, procure pensar sobre a importância do uso de uma técnica estruturada, focal e objetiva para
os usuários de álcool e outras drogas, como a Intervenção Breve, e a forma como ela pode ser utilizada.
Reflita se a Intervenção Breve pode ser utilizada em sua prática diária e como ela pode contribuir para estabelecer vínculo com
as pessoas que fazem um uso prejudicial de drogas. Por fim, analise se a IB pode reduzir o uso problemático, os danos e mudar
a relação que os usuários estabelecem com as substâncias.
REFERÊNCIAS
Textos
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Vídeos
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