internas cosmologias

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Meu peito anoitece, o coração se põe feito pôr do sol no horizonte de minha espinha. Deitada nasce minha lua, o lado escuro que me habita. Todos somos estrelas, e como apagamos nosso brilho. Piscamos pedindo atenção, rogando por algum olhar que nos veja, ainda que de outro planeta. Em algum lugar do mundo alguém se sente tão sozinho, mais perdido do que eu. Mas só compartilhamos alegrias, porque as tristezas são como água que se bebe, descreve-se o gosto, mas ninguém jamais saberá como é fria ou escassa ou afogativa. Meus buracos negros engolem minha raiva, meu temor, meus medos, minhas ironias... resta um vácuo cheio de apatia. Mas ainda tenho meus cometas, ainda sei que, quando me levantar, virá o dia. E o sol em meu peito brilhará... Enquanto isso sou astronauta, olho o espaço que me cerca, a falta de gravidade como anestesia... Em todo universo há sempre mais matéria vazia. LE TICIA CONDE

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LE TICIA CONDE

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Meu peito anoitece, o corao se pe feito pr do sol no horizonte de minha espinha. Deitada nasce minha lua, o lado escuro que me habita. Todos somos estrelas, e como apagamos nosso brilho. Piscamos pedindo ateno, rogando por algum olharque nos veja, ainda que de outro planeta. Em algum lugar do mundo algum se sente to sozinho, mais perdido do que eu. Mas s compartilhamos alegrias, porque as tristezas so como gua que se bebe, descreve-se o gosto, mas ningum jamais saber como fria ou escassa ou afogativa. Meus buracos negros engolem minha raiva, meu temor, meus medos, minhas ironias... resta um vcuo cheio de apatia. Mas ainda tenho meus cometas, ainda sei que, quando me levantar, vir o dia. E o sol em meu peito brilhar... Enquanto isso sou astronauta, olho o espao que me cerca, a falta de gravidade como anestesia... Em todo universo h sempre mais matria vazia.

LE TICIA CONDE