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Lisboa 2016 INTERNACIONALIZAÇÃO NA INDÚSTRIA PETROLÍFERA E A CRISE DO PREÇO DO PETRÓLEO EM ANGOLA Estudo de Caso SONASURF ANGOLA ENDY DE SOUSA TOMÉ

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Lisboa2016

INTERNACIONALIZAÇÃO NA INDÚSTRIA PETROLÍFERA

E A CRISE DO PREÇO DO PETRÓLEO EM ANGOLA

Estudo de Caso SONASURF ANGOLA

ENDY DE SOUSA TOMÉ

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INSTITUTO SUPERIOR DE GESTÃODepartamento de Mestrados

Lisboa2016

Dissertação apresentada no Instituto Superior de Gestãopara obtenção do grau de Mestre em Estratégia de Investimento e Internacionalização Empresarial.

Orientador: Professor Doutor Álvaro DiasCoorientador: Professor Doutor Esmeraldo de Azevedo

INTERNACIONALIZAÇÃO NA INDÚSTRIA PETROLÍFERA

E A CRISE DO PREÇO DO PETRÓLEO EM ANGOLA

Estudo de Caso SONASURF ANGOLA

ENDY DE SOUSA TOMÉ

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A Internacionalização na Indústria petrolífera e a Crise do Preço de Petróleo em

Angola

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Resumo

Apoiando-se em diferentes fontes bibliográficas, pesquisas, análises, entrevistas e

instruções adquiridas nas aulas, A presente dissertação de mestrado é um estudo de caso sobre

a empresa SONASURF ANGOLA Empresa de Navegação e Apoio Marítimo Lda. constituída

em 2001. O objetivo desta dissertação é identificar o impacto da crise do preço do petróleo na

organização, essencialmente na fase de crise.

A revisão da literatura começa por debater o conceito de internacionalização e

focaliza-se nos modos de internacionalização de empresas.

O estudo de caso foi efetuado através de entrevistas semiestruturadas aos diretores, a

alguns colaboradores. As entrevistas foram organizadas com base na revisão da literatura,

sendo consideradas como os pilares para análise e conclusão do nosso trabalho.

Este trabalho combina a conjuntura teórica e prática. É verdade que, o comportamento

económico não se pode, no nosso entender, ser explicado adequadamente por estudos

especulativos sobre fenómenos sociais, político, naturais ou de apanágios de alguns sábios. A

interacção social está constantemente em mutação, daí, a complexidade em ter uma resposta

crua sobre a oscilação do mercado global. Por outro lado, a perspetiva económica e financeira

dominam este trabalho.

Palavra-chave: Internacionalização, Angola, Crise, Petróleo, Preço, Sonasurf,

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Abstract

Relying on different bibliography sources, research, analysis, interviews and

instructions acquired in class, this master thesis is a case study conducted on the company

SONASURF ANGOLA Company of Navigation and Maritime Support, founded in 2001.

The aim this dissertation is to identify the impact of the oil price crisis in the organization

essentially in crisis moment.

The literature review begins by discussing the concept of internationalization and

focuses on business internationalization modes.

The case study was carried out through semi-structured interviews to the directors, to

some employees. The interviews were organized based on literature review, being considered

as the pillars for analysis and accomplishment of this work.

This work combines theoretical and practical conjuncture. It is true that economic

behavior cannot, in our view, be adequately explained by speculative studies of social

phenomena, political, natural or privileges of some wises man. Social interaction is constantly

changing, henceforth, the complexity to find a good reply about the oscillation of the global

market. On the other hand, the economic and financial outlook dominates this work.

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Keywords: Internationalization, Angola, Crisis, Oil, Price, Sonasurf,

Agradecimentos

Para a realização deste trabalho de carater cientifico, para além de Deus, que sempre esteve

comigo, iluminado as minhas ideias e caminhos, contou também com o apoio e colaboração

de muitas pessoas que, de forma direta ou indireta muito contribuíram para a concretização

deste trabalho, a todos os meus sinceros e profundo agradecimento.

No entanto, quero ainda muito especialmente deixar uma palavra de gratidão e louvor as

pessoas que mais estiveram ligados diretamente na elaboração deste trabalho, ao meu

professor e orientador Doutor Álvaro Dias e ao meu co - orientador Professor Doutor

Esmeraldo de Azevedo pelo apoio que sempre recebi dos mesmos, que sem a vossa ajuda, não

teria sido possível a realização deste trabalho.

Para o estudo de caso (entrevistas, analise de documentos e recolha de dados) contei com a

generosidade do Dr. Agostinho Neto, Director dos Recursos Humanos, o Eng.º. Rosário

Fernandes, Buisness Development Director e a Sr. Rosa Ganho Diretora Financeira. Obrigado

mais uma vez pelo vosso apoio e disponibilidade.

Por fim, quero ainda agradecer a Sra. Marisa da Conceição pelo apoio concedido na revisão

deste trabalho.

A Minha Mãe, filha e esposa….

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II. Abreviaturas/Simbologias

AHTS Anchor Handling Tug Supply

ANIP Agencia Nacional de Investimento Privado

AIPEX Agencia Angolana para a Promoção do Investimento e das Exportações

BNA Banco Nacional de Angola

BP British Petroleum

CIF Fundo Internacional da China (China International Funds)

EBITDA (earnings before interest, taxes, depreciation and amortization)

FMI Fundo Monetário Internacional

IDE Investimento Directo Estrangeiro

MPOV Veículo de Aguas Profundas

OGE Orçamento Geral do Estado

ONU Organizações das Nações Unidas

OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo

PIB Produto Interno Bruto

PND Pograma Nacional de Desenvolvimento

RH Recursos Humanos

SADC Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral.

SONILS Sonangol Integrated Logistic System

USD United States Dollar

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I. Índice geral

Resumo ........................................................................................................................................................... 2

Abstract .......................................................................................................................................................... 3

Agradecimentos .............................................................................................................................................. 4

A Minha Mãe, filha e esposa…. ..................................................................................................................... 4

II. Abreviaturas/Simbologias ......................................................................................................................... 5

I. Índice geral ................................................................................................................................................. 6

III. Índice de Tabela ....................................................................................................................................... 8

IV. Índice de figuras ....................................................................................................................................... 9

V. Índice de gráficos ...................................................................................................................................... 9

VI. Índice de anexos ....................................................................................................................................... 9

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................... 12

Objecto de Estudo ........................................................................................................................................ 14

Objectivo geral ............................................................................................................................................. 14

Objectivos específicos: ................................................................................................................................. 14

Pregunta de Partida/ Problemática ............................................................................................................... 14

EQUADRAMENTO TEÓRICO .................................................................................................................. 16

CAPITULO I – INTERNACIONALIZAÇÃO ............................................................................................ 16

1.1 Conceito de internacionalização ............................................................................................................. 16

1.2 Teorias do Comercio Internacional ........................................................................................................ 17

1.3 Modo de internacionalização mais utilizado em Angola pelas Empresas petrolíferas ........................... 19

CAPITULO II – MERCADO ANGOLANO BREVE REFLEXO .............................................................. 21

2.1 Enquadramento histórico........................................................................................................................ 21

2.2 Recursos naturais/matérias-primas ......................................................................................................... 23

2.3 Sistema logístico, transportes rodoviários, ferroviário, aéreo, marítimo e Infra-estruturas de

comunicações ............................................................................................................................................... 25

Capitulo III – Angola e a Crise Petrolífera................................................................................................... 28

3.1 Angola e a crise petrolífera de 2015 ....................................................................................................... 28

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3.2 Desempenho económico / Produto Interno Bruto per capita antes e após a crise ................................. 30

3.3. As consequências da crise petrolífera para o processo de desenvolvimento em curso ......................... 33

Consequências económicas; .......................................................................................................... 33

Consequências socias: ................................................................................................................... 35

Consequências políticas: ............................................................................................................... 37

3.4 Choque petrolífero e medidas macroeconómicas ................................................................................... 38

Capitulo IV – Metodologia, recolha e análise de dados ............................................................................... 41

4.1 Metodologia ........................................................................................................................................... 41

4.2 Método de investigação .......................................................................................................................... 41

4.3 Objectivo do estudo empírico ................................................................................................................ 44

4.4 Escolha das variáveis ............................................................................................................................. 44

4.5 Tratamento de dados .............................................................................................................................. 44

4.7 Hipóteses ................................................................................................................................................ 46

Hipóteses ...................................................................................................................................................... 46

CAPITULO VI - ESTUDO DE CASO/ SONASURF e a Crise Petrolífera em Angola.............................. 48

5.1 Breve história da empresa ...................................................................................................................... 48

5.2 Estratégia de Marketing ......................................................................................................................... 51

5.3 Impacto da crise petrolífera na empresa: evidência empírica ................................................................ 54

5.4 A Crise e a Avaliação da Performance Económica e Financeira da Sonasurf Angola .......................... 57

5.5 Impacto da crise para a política de investimento e formação ................................................................. 65

5.6 Modelo encontrado para fazer face a crise do preço do petróleo ........................................................... 66

Conclusões ................................................................................................................................................... 70

Conclusão ..................................................................................................................................................... 71

Referência bibliográficas.............................................................................................................................. 75

Anexos.......................................................................................................................................................... 79

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III. Índice de Tabela

Tabela Nº 1 Indicadores Económicos pagina 24

Tabela nº 2 Angola principais Indicadores económicos 25

Tabela nº 3 Classificação da metodologia científica. 31

Tabela nº 4 Demonstração Consolidada de Resultados por Naturezas 37

Tabela nº 5 Volume de divida a cobrar 39

Tabela nº 6 Indicador operacional 41

Tabela nº 7 Performance financeira 41

Tabela nº 8 Serviço marítimo 42

Tabela nº 9 Performance financeira serviço marítimo 42

Tabela nº 10 Serviço marítimo aguas profundas 42

Tabela nº 11 Serviço marítimo aguas rasas 43

Tabela nº 12 Serviço marítimo barcos para tripulação 43

Tabela nº 13 Serviço submarinos 43

Tabela nº 14 Outros custos e receitas 44

Tabela nº 15 Utilização anual 44

Tabela nº 16 Novos Contractos 44

Tabela nº 17 Receitas consolidada 45

Tabela nº 18 Sonasurf objetivos para 2016 46

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IV. Índice de figuras

Figura nº 1 esquema 7

Figura nº 2 Análise de conteúdo 32

Figura Nº 3 meio envolvente 35

Figura nº 4 Esquema de demonstrações financeiras 40

Figura nº 5 principais clientes

43

V. Índice de gráficos

Gráfico nº 1 Movimento de Carga 22

Gráfico nº 2 Índice de Preços no Consumidor 23

Gráfico nº 3 desenvolvimento da divida e reservas cambias 24

Gráfico nº 4 Cronologia do Preço do Petróleo 27

Gráfico nº 5 Taxa de utilização dos barcos 39

Gráfico nº 6 volume de negócios da Sonasurf 39

Gráfico nº 7 EBITDA em USD dólares 42

Gráfico nº 8 previsão de investimentos Grupo Bourbon offshore 45

VI. Índice de anexos

Entrevistas 57

Sonasurf Angola Organigrama 65

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INTRODUÇÃO

Num cenário de alta competitividade global, de riscos, de incertezas, crise financeira e uma

recessão profunda da economia Europeia. Exige-se das empresas uma resposta coerente e

eficaz, no sentido, de manter a rentabilidade e a solvabilidade. Daí surge a necessidade das

empresas procurarem novos mercados, por um lado, de modo a sobreviverem a crise

económica e financeira que afeta a economia global, e por outro lado, uma oportunidade para

crescerem e dar maior escala aos seus negócios.

Com a crescente globalização e os avanços tecnológicos, as empresas têm tido cada vez mais

acesso ao mercado global. Angola tem sido um dos mercados mais importantes para as

empresas ocidentais que procuram internacionalizar-se. Deste modo, um grande número de

empresários ocidentais procuram o mercado angolano para o seu estabelecimento.

A Internacionalização das empresas tem recebido uma atenção muito especial por parte dos

governos ocidentais, e da sociedade empresarial em geral. Portanto o quadro económico atual

apresenta um desequilíbrio acentuável na procura e oferta, e a estratégia de competitividade

centra-se na satisfação do cliente através de acréscimo de valores ao produto. Os mercados

dos países desenvolvidos, tradicionalmente de grandes consumidores, apresentam taxas de

crescimentos pouco atrativo, ou seja, elas encontram-se na sua maioria saturadas. Estes

factores conduzem á necessidade de diferenciação do produto e dos mercados.

A Crise atual levou com que as empresas europeias fossem a procura de novos mercados. É

verdade que Angola, não é um mercado desconhecido para os europeus, mas continua sendo

um Estado com regras diferentes, e que são necessárias conhece-las antes de uma eventual

partida para este mercado.

Mas com a crise do preço do petróleo, este grande gigante da economia africana tem

encontrado seres problemas de liquidez. Problemas que tem afetado as empresas ocidentais

que estabeleceram-se em Angola, principalmente as empresas prestadoras de serviços no

ramo petrolífero, que têm visto os seus lucros a baixarem drasticamente devido a fraca

procura e fraca produção do crude.

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Contudo, a internacionalização, não é uma opção, é um objectivo nacional, e também um

imperativo estratégico para todas as empresas e Estados, de forma a diversificar e

potencializar a sua economia.

“ As máquinas compram-se os mercados conquistam-se e as pessoas formam-se”

(António Mota, presidente do Grupo Mota-Engil, Semanários Sol. 15. 11. 2008)

Para a execução deste desiderato, estruturou-se esta dissertação da seguinte maneira:

No primeiro capítulo, iremos falar sobre o conceito de Internacionalização e as teorias do

comércio internacional.

No segundo capítulo será desenvolvido temas relacionados com a estrutura económica

angolana. O terceiro capítulo empregara-se a relatar as causas da crise e as suas consequências

para a economia angolana.

O quarto capítulo apresentará a metodologia e os métodos seguidos para a elaboração desta

dissertação, e o quinto capítulo diz respeito ao desenvolvimento e análise de um estudo

empírico feito numa empresas ango-francesa que opera no mercado angolano.

Por último, efetua-se uma síntese onde é apresentado as conclusões mais importantes desta

dissertação.

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Objecto de Estudo: Estudo sobre á internacionalização na Indústria Petrolífera e a Crise do

Petróleo em Angola.

Objectivo geral: O trabalho de carater cientifica a desenvolver visa, portanto, atingir os

seguintes objetivos gerais: Investigar o impacto da descida do preço do petróleo para

economia angolana.

Analisar o impacto da crise do petróleo para a Sonasurf Angola e a estratégia implementada

de modo a evitar perdas.

Objectivos específicos: Analisar a economia angolana, seu potencial e fragilidade.

Procurar entender as causas de internacionalização das empresas e os riscos associados a esta

prática.

Pregunta de Partida/ Problemática: A questão principal inerente ao problema formulado

pode colocar-se da seguinte Forma: De que modo a crise do preço de petróleo tem afetado a

economia angolana e as empresas prestadoras de serviços no ramo petrolífero?

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Figura nº 1 esquema

Pergunta de Partida Faseamento Estrutura

Fonte: Elaborado pelo autor

1. De que modo a crise do preço de

petróleo tem afetado a economia

angolana e as empresas prestadoras

de serviços no ramo petrolífero?

2. Pesquisa teórica

5. Pesquisa prática

8.Pesquisa Complementar

3. Leitura

4. Fundamentação

6.Técnica de pesquisa

bibliográficas

7.Aplicação do método

9.Conclusão

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EQUADRAMENTO TEÓRICO

CAPITULO I – INTERNACIONALIZAÇÃO

1.1 Conceito de internacionalização

Num mundo completamente globalizado as empresas inelutavelmente têm que lidar com

clientes, trabalhadores, concorrentes e fornecedores estrangeiros. Isto aconteceu de forma

muito rápida, graças ao desenvolvimento acelerado nas tecnologias de informação,

comunicação e de transporte que tornaram possível, que um produto ou serviço pudesse ser

visto, conhecido e requerido por qualquer individuo desta “aldeia global” como definiu

Herbert Marshall Mcluhan a globalização e os avanços nas tecnologias de comunicação e

transporte.

Apesar de não haver um consenso na definição correta da internacionalização, há muitas

teorias que tentam explicar o porque da internacionalização, suas conveniências e

inconveniências.

A Internacionalização, corretamente definida, segundo COLLINSON (2012) é uma

extensão das atividades da empresa a países e mercados em diferentes localizações do globo.

Por outro lado, Mohan (2009) Vai mais fundo na sua explanação, aquilo que Collinson,

descreveu como simplesmente uma extensão das atividades das empresas, para Mohan, a

internacionalização é um processo na qual as empresas tentam influenciar diretamente e

indirectamente as trocas comerciais, no sentido de tirarem maior rentabilidade do comércio

internacional e, que a globalização é consequência deste procedimento.

Kontinen e Ojala (2012) describe internationalization process of firms can be viewed as a

process of developing and accessing social capital, since firms initiate, establish, and deepen

ties during internationalization.

Já para o mais conceituado autor de várias obras sobre negócios internacionais e professor

universitário catedrático Alan Rugman, a internacionalização é a mesma coisa que

international business, ou seja, negócios internacionais. Rugman, (2004) Define negócios

internacionais como uma expansão dos negócios para outros Estados.

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Assim também como Adam Smith (1776) na sua teoria de competitividade alega, que é

através do liberalismo que aumentaram as trocas comerciais entre nações, que os povos

conseguiriam obter um alto nível de bem-estar económico. Cada nação, especializando-se em

áreas diferentes, de modo a aperfeiçoarem e obterem assim maior rendimento. As nações

trocariam os bens produzidos pelos objectos de que carecesse e correspondessem às

especializações de outra nação. Assim, todos os Estados, pela divisão de tarefas, pela

especialização e pela livre troca de comércio, alcançariam o progresso.

David Ricardo (1817) defendia que, O livre cambismo torna os países mais competitivos,

uma vez estes competindo entre si, criam vantagens comparativas entre si. Os países menos

competitivos acabarão por desaparecer da arena do comércio internacional.

Assim também, como referiram Barham e Oates, (1991) “ O Mundo é o nosso lugar de

trabalho” a internacionalização impôs-se na ordem do dia em todas as empresas do globo. O

autor alega que, o mundo é um mercado cada vez mais dinâmico e competitivo e que, a

habilidade de uma empresa se internacionalizar constitui uma fonte de crescimento por si só.

Ou seja, mesmo no mercado interno temos que ser internamente competentes. Esta

competência pode obter-se na implementação de práticas e estratégias menos dispendiosas.

As empresas francesas devem acompanhar a dinamização da economia global, porque

França, é um país pertencente a um grande bloco económico, com uma economia

completamente aberta ao exterior. Razões que exigem, maior eficiência e competitividade dos

empresários franceses.

1.2 Teorias do Comercio Internacional

Nos dias de hoje, a maior parte das relações entre povos e entre Estados são de natureza

económica, embora a política económica e as políticas do poder atuam de forma interligadas.

Estas actividades intensificaram com a queda do murro de Berlim e a passagem de um mundo

bipolar para multipolar. Esta transformação alterou completamente as relações económicas

entre Estados e aproximaram as economias mundiais uma as outras.

No que concerne aos Negócios Internacionais, este foi influenciada pelos economistas até

os anos 60, que concentraram as suas investigações, nos fluxos macroeconómicos do

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comércios e investimentos entre países. De acordo com Milberg (2008) “ a

internacionalização, tem a suas raízes na economia Internacional, incluindo uma series de

teorias de comércio internacional, que vêm dar mais sustentabilidade as trocas comerciais

entre Estados”.

Segundo Ilhéu (2009) as teorias do comércio internacional tem como objectivo, dar

respostas apropriadas á algumas questões básicas tais como: porque que os Estados fazem

comércio? E que produto comercializam? A explicação encontrada para o comercio

internacional, foi a diferença nos preço, mas este por si só não é capaz de responder

adequadamente as questões relacionadas com, a politica, cultura, marketing e até mesmo

questões estratégicas de cada Estado.

Smith (1776) na sua obra Riquezas das Nações, introduziu a Teoria do Valor e das

vantagens absoluta, da qual alega que um Estado, deve especializar-se em produtos na qual

pode ter vantagens absolutas, e importar onde há uma desvantagem absoluta. Uma vantagem

absoluta existe quando um determinado Estado, produz um determinado produto mais barato,

do que o seu parceiro comercial. Embora existem possíveis ganhos com a vantagem absoluta,

as vantagens comparativas ampliam a possibilidade de que os Estados tiram mutuamente

proveito nas trocas comercias. Ou seja, ter uma vantagem absoluta não é sinónimo de ganhos,

mas com uma vantagem comparativa o Estado em causa estará numa posição mais

privilegiada.

Posteriormente, Ricardo (1817) ao analisar às trocas comerciais entre Portugal e a

Inglaterra, relativamente aos custos dos factores produtivos, introduziu a Teoria das

Vantagens Comparativas. Esta teoria defende que um país deve concentrar e especializar-se,

naqueles sectores em que tem vantagens comparativas nos custos.

Já no século XX, aparece a Teoria de Heckscher e Ohlin, defendem, que o comércio

internacional é explicado pelo facto, de vários Estados terem diferentes necessidades e

dotação de fatores. O autor refere o fator trabalho e capital, elaborando um modelo de dois-

fatores, concluindo que os Estados que possuem maior capital, exportarão produtos de capital

intensivo, e os Estados que têm abundante mão - de - obra, exportarão bens de mão-de-obra

intensiva (Cobb, 2010).

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1.3 Modo de internacionalização mais utilizado em Angola pelas Empresas

petrolíferas

Após a decisão de internacionalizar e da escolha do mercado em causa, as organizações

enfrentam outra decisão estratégica, a escolha do modo de entrada mais apropriada. Este é

uma decisão muito importante e crítica, uma vez que o modo de entrada inicialmente

escolhido afeta significativamente o desempenho e a longevidade das operações da empresa

nesse mercado.

A análise de trabalho de pesquisa existente sobre este tema, sugere que a escolha do modo

de entrada num determinado país, deve ser baseado nos trade-offs entre riscos e retornos,

citando por Agarwal e Ramwani (1992, p.3) “ espera-se que uma empresa escolha um modo

de entrada que ofereça o retorno mais alto do investimento em função do risco”.

A evidência comportamental indica que, as escolhas das empresas podem também, ser

determinada pela disponibilidade de recursos e pela necessidade de controlo, o que consiste

com certa teorização, que incorpora o modo de entrada em modelos concetuais unificados.

Por exemplo, o modelo de Hill et al. (1990) identifica variáveis do meio envolvente, variáveis

transacionais e variáveis estratégicas, como grupos latos de variáveis que influenciam o modo

de entrada, através do seu impacto no compromisso de recursos, as variáveis transacionais,

influenciam o modo de entrada, através do seu impacto na exposição ao risco a as variáveis

estratégicas, influenciam o modo de entrada, através das necessidades de controlo da empresa.

O modelo representa uma visão contingencial do modo de entrada e concetualiza a otimização

das escolhas possíveis, como uma resposta pela empresa, á interacção entre a classificação do

produto e suas características, o meio envolvente externo e o meio envolvente organizacional.

Em sentido lato, Bradley (2009) Refere três conjuntos de modo de entrada principais:

exportações (directa e indirecta), alianças estratégicas (licenciamento, franchising, joint-

ventures) e investimento direto estrangeiros (IDE).

O Jornal de Angola nº 13770 de 27 de agosto de 2015, referenciou sobre a forma de

internacionalização mais usada em Angola, sendo a Joint venture ou seja parceria o modelo

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20

de internacionalização mais usado em Angola, aliás a antiga e a nova lei de investimento

externo defende claramente esta forma de internacionalização.

Já o Jornal económico nº 364 de 21 de Agosto de 2015 e de acordo com a nova Lei de

Investimento, o investimento estrangeiro em Angola só é permitido no caso de ocorrer em

parceria com cidadãos angolanos, empresas de capital público ou angolanas, em que estes

detenham 35 por cento do capital e uma participação efetiva na gestão.

A nova lei de investimento externo, aprovada no dia 26 de Agosto de 2015 pelo Conselho

de Ministros angolano e posteriormente pela Assembleia Nacional, extingue também o antigo

órgão, a Agencia Nacional de Investimento Privado (ANIP), responsável pelo investimento

externo até a altura e cria a Agencia Angolana para a Promoção do Investimento e das

Exportações (AIPEX Angola). Esta nova entidade tem por missão promover e divulgar as

potencialidades, o quadro-jurídico-legal, o ambiente e as oportunidades de negócio existentes

em Angola.

Esta lei vem alterar a lei n.º 20/11, de 20 de Maio, que estabelecia a Lei de Bases do

Investimento Privado, que determinava as bases gerais da realização do investimento privado

em Angola e descrevia os princípios e o regime de acesso aos incentivos e outras facilidades

concedida pelo Estado angolano a este tipo de investimento. Ela é aplicável a todos aqueles

que efetuem investimento em território angolano, independentemente da nacionalidade e da

origem dos capitais1.

1 Diário da Republica nº 9 de 2015

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21

CAPITULO II – MERCADO ANGOLANO BREVE REFLEXO

2.1 Enquadramento histórico

Entre 1975 e 1989, Angola estava alinhada com a União Soviética e Cuba. Desde então, o

país tem melhorado as suas relações com países ocidentais e reforçadas as suas ligações com

outros países de expressão portuguesa. Em 2006, Angola foi aceite no cartel da OPEP (a qual

presidiu em 2009) e participou na Cimeira do G8 em 2009. Em 2011, Angola assume a

presidência do grupo económico regional com 15 membros, SADC. Angola é membro de

cerca de vinte organizações internacionais e regionais incluindo2:

• Banco Africano de Desenvolvimento (1980);

• União Africana (1975);

• Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (membro fundador, 1996);

• Fundo Monetário Internacional (1989);

• Organização dos Países Exportadores de Petróleo (2007);

• Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (deteve a presidência até

Setembro de 2012);

• Organização das Nações Unidas (1976);

• Banco Mundial (1989);

• Organização Mundial do Comércio (1996);

Relatório do Banco Africano de Desenvolvimento (2009 pág 13) relata que, o fim da

guerra civil de Angola em 2002 coincidiu com o lançamento da política de expansão ("Going

Out policy") da China, quando empresas chinesas privadas e estatais começaram a procurar

aceder a novos mercados. Ao longo da última década, a China conseguiu conquistar uma

posição proeminente na economia de Angola.

2 Fonte: Instituto Nacional de Estatística, Relatório Plano nacional de desenvolvimento 2013

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22

As relações sino-angolanas caracterizam-se, por um lado pela crescente sede chinesa

por petróleo e por músculo financeiro, também pela necessidade de reconstrução e pela

crescente produção de crude de Angola.

Angola é actualmente o principal parceiro comercial da China em África, ao mesmo

tempo que a China substituiu os Estados Unidos enquanto principal parceiro comercial de

Angola.

Em 2006, Angola foi aceite no cartel da OPEP (a qual presidiu em 2009) e participou

na Cimeira do G8 em 2009.

A cooperação oficial chinesa com Angola e com África em geral, refere o Relatório da

Doing business (2012), é dominada por empréstimos concessionais disponibilizados pelos

seus principais bancos para a construção ou reabilitação de infra-estruturas. O governo chinês

estendeu oficialmente linhas de crédito a Angola através de vários dos seus bancos estatais de

investimento (“policy banks"). A primeira linha de crédito oficial chinesa para Angola data de

2002. No entanto, o primeiro empréstimo suportado pelo petróleo foi assinado com o Exim

Bank em 2004. Este tipo de assistência financeira, assegurada pelo acesso chinês aos recursos

naturais angolanos, traz amarrada a compra de bens e a participação de empreiteiros chineses.

Outras importantes linhas de crédito chinesas para Angola foram canalizadas através

do Fundo Internacional da China (CIF), uma joint-venture sediada em Singapura entre a

Sonangol e investidores privados de Hong Kong, conhecidos como o grupo de 88 Queensway.

Entre outros projectos, a CIF tem estado envolvido na reabilitação das três linhas ferroviárias

nacionais e do novo aeroporto de Luanda. No sector petrolífero, a participação chinesa tem

sido conduzida pelo investimento direto das companhias petrolíferas nacionais chinesas.

A Companhia Petroquímica da China (Sinopec) adquiriu a sua primeira participação num

bloco petrolífero angolano pouco depois da assinatura da primeira linha de crédito do Exim

Bank, em Março de 2004. Mais recentemente segundo o jornal de económico (2015) foram-

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23

lhe concedidas participações minoritárias em dois novos blocos de exploração e mais uma

linha de crédito de 24 mil milhões de dólares3.

2.2 Recursos naturais/matérias-primas

A abordagem ricardina sobre as vantagens comparativas ainda continua sendo um

referencial clássico das discussões económicas, principalmente, quando refere-se em matéria

de comércio internacional. A vantagem comparativa de David Ricardo (1817) referia-se a

matérias trabalhadas. Ricardo defendeu que, cada país deveria produzir os bens em que

possuía melhores condições de produção. Deste modo, May, Peter (2010) refere que, os

recursos naturais não são por si só um fator de produção para os países detentores desses

recursos e nem lhes dá uma vantagem comparativa em relação a outros países.

Angola tem um Mercado atraente de cerca de 27,9 milhões de consumidores, está

estrategicamente localizado na costa atlântica da África Ocidental, onde age como uma placa

giratória entre à África austral, central e do leste por meio de ambas redes rodoviária e

ferroviária.

Angola é, potencialmente, um dos países mais ricos de África, devido ao seu petróleo e

outras reservas minerais, os seus recursos hidreléctricos, e as grandes extensões de terreno

cultivável, das quais apenas uma pequena parte é cultivado4.

Antes da independência, Angola era auto - suficiente em alimentos. O país exportava

bananas, café e sisal, cuja produção é agora quase inexistente. Devido á guerra civil a

produção agrícola foi drasticamente reduzida. O país dependia da ajuda internacional e da

importação de alimentos desde meados de 1980.

Angola possui abundantes recursos florestais, especialmente no Kwanza Norte e Cabinda,

com potencial para produção e transformação de madeira. O mar angolano é muito rico em

recursos piscatórios. O sector minero (petróleo, diamantes e outros minerais), revela

perspectivas de forte crescimento que certamente. O país goza de Estabilidade Política e

3 Banco Africano de Desenvolvimento

4 Atlas Mundo «angola Recursos Naturais»

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24

Económica desde 2002 e tem uma das economias que mais crescia antes da crise do preço do

petróleo. Tem a sua disponibilidade uma série de recursos como5:

Bacia hidrográfica: Acesso a 12% dos Lençóis Aquáticos Africanos. Cujos principais

rios são Kwanza, Zaire, Cunene e Cubango;

Terra: Cerca de 7,4 milhões de hectares de terra arável e pastos, dos quais menos de

3% estão cultivados;

Clima: As temperaturas raramente baixam dos 20ºC à noite e geralmente não

ultrapassam os 30ºC durante o dia.

Diversidade de minérios: diamantes, ferro, ouro, fosfatos, manganês, cobre, chumbo,

zinco, volfrâmio, tungsténio, Titânio, crómio, mármore, granito e urânio;

Paisagem e Natureza: Da floresta tropical ao deserto, passando por savanas,

montanhas e praias. Existem mais de uma dúzia de parques, num total de 82000

quilómetros quadrados, quase sete por cento do país. Os parques angolanos são um

paraíso para apreciadores de toda a espécie de fauna e de flora. Angola tem tudo a

perder de vista.

Esses são, ingredientes necessários para o crescimento e desenvolvimento de um país, é

preciso salientar que, nem ¼ destes recursos estão a ser explorados. É verdade também que, a

falta de expertise e uma política sustentável, tem sido o grande obstáculo para uma exploração

racional de alguns recursos.

5 Fonte Agência Nacional de Investimento Privado (ANIP) «Revista Angola potencial económico 2014»

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25

2.3 Sistema logístico, transportes rodoviários, ferroviário, aéreo, marítimo e

Infra-estruturas de comunicações

Ballou, R. H (1992) afirma que, a qualidade da logística e do transporte é agora

reconhecido como sendo vital para o sucesso de muitas organizações e Estados. A capacidade

de transportar mercadorias de forma mais rápida, segura, económico e credível é essencial

para a prosperidade de uma nação. A logística também é vital para poder competir numa

economia cada vez mais globalizado.

Mais recentemente Cohen e Joseph Roussel (2013) afirmaram em seu livro que, não

bastou a internacionalização dos mercados e o aparecimento das multinacionais; na última

década, a era da informação e das comunicações trouxeram como consequência a

globalização das economias. Sob esse novo conceito, clientes e fornecedores podem estar em

qualquer parte do Mundo. Neste contexto, a logística adquire singular relevância.

Um país dotado de boas infra-estruturas logísticas como afirmou Michael Porter

(1985), ao referir sobre vantagens competitivas. Para Porter, a vantagem competitiva brota das

muitas actividades destintas por ela desenvolvidas na hora de conceber, produzir,

comercializar entregar e sustentar o produto. As organizações e os Estados conquistam

vantagens competitivas, realizando essas actividades estrategicamente importantes de modo

mais económico ou melhor que o seu concorrente. A gestão do sistema logístico em geral tem

o potencial de ajudar uma nação a alcáçar tanto vantagens em termos de atracão de

investimentos externos, custo/produtividade como na geração de valor ao logo da cadeia de

produção.

No caso angolano, a guerra que assolou o país durante quase trinta anos, destrui

completamente as infra-estruturas deixada pelo regime colonial português. A falta de

manutenção, de investimento e de quadros para este efeito, foi também um encrave para a

manutenção do resto das infra-estruturas que o país disponha.

Durante o período de guerra (Atlas da Lusofonia «Angola».2004 pag 26), o país

contava apenas com cerca de 76.000 Quilómetros de estradas, dos quais 60.000 Quilómetros

encontravam-se divididos igualmente por estradas asfaltadas e cascalhos. O caminho-de-ferro

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26

de luanda e Benguela funcionavam a meio-gás, sem grandes máquinas para cobrir o país,

guerra também impossibilitava a reconstrução de vias férreas e rodoviárias.

Com o alcance da paz em 2002, o país fez muitas obras públicas e melhoraram as

infra-estruturas. Hoje Angola conta, com mais de um milhão de quilómetros de estradas

asfaltadas, e sinalizadas de acordo com as regras de trânsito.

A estrutura ferrovia é composta por três corredores, com extensão total de cerca de

2750 quilómetros, que garante a ligação entre as áreas do litoral e do interior. Primeiro, a

região norte é servida pelo caminho-de-ferro de luanda com cerca de 541 quilómetros de via,

que liga a capital de Malange. No centro do país o caminho-de-ferro de Benguela, com cerca

de 1037 quilómetros de via, este é um elo de ligação entre a cidade do Lobito a Luau,

permitindo posteriormente a ligação á rede ferroviária zambiana. E por último o caminho-de-

ferro do Namibe, que serve a região sul, assegurando a ligação entre a cidade e o porto do

Namibe e a cidade de Menongue, com cerca de 900 quilómetros de via. Este percurso

ferroviário tem como particularidade os ramais de chamutete, e Chiange, especialmente

concebidos para apoiar a indústria minera. As infra-estruturas portuárias funcionam como

terminar para entrada e saída de mercadorias, assim como descreve o Atlas da Lusofonia

2004.

Os principais portos por ordem de importância são Luanda, Lobito, Namibe e

Benguela, apresentando como características comuns que levam ao desaparecimento de

mercadorias e falta de otimização dos sistemas de logística. É de destacar que o porto de

luanda possui uma grande baía, abrigado por uma extensa restinga de areia, que vai desde a

barra da Corimba até ate a ponta da Palmeirinhas. Interligado com o caminho-de-ferro de

Luanda, este porto possui uma superfície de ancorável de 887 hectares e uma cais de

acostável de 400 metros de extensão. Movimenta cerca de 80% das mercadorias que entra em

Angola, apesar do seu cais não se coadunar com o volume de mercadorias movimentada.

O Porto de Luanda localiza-se numa região da costa ocidental de África, com

características muito propícias para garantir um acesso marítimo facilitado. Isto decorre

principalmente pelas características da região que possui ventos, correntes fracas e agitação

marítima muito regular, e geralmente de pequena altura.

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27

O movimento total de mercadorias durante o período em análise cifrou-se em

9.700.034 toneladas mais 542.500 toneladas, representando um crescimento de 6% da

produção em relação ao ano anterior. Desse movimento a maior percentagem foi de

mercadoria contentorizada cerca de 57% do total de toneladas movimentadas, verificando-se

portanto um crescimento em cerca de 26% de carga contentorizada movimentada em relação

ao ano anterior 6. Apesar de não haver dados actualizados, a figura a seguir mostra o

crescimento dos últimos anos

Gráfico nº 1 Movimento de Carga

Fonte: Porto de Luanda

O aeroporto 4 de Fevereiro ocupa nesta área uma posição de destaque. Neste momento,

encontra-se em construção o novo aeroporto internacional de Luanda, um aeroporto moderno

que ocupa uma área total de 50 quilómetros quadrados, com infra-estruturas complementares,

tais como lojas, restaurantes, escritórios. O projecto também inclui a construção de uma

ligação ferroviária com a capital e o resto do país.

6 Relatório de contas «entradas e saídas de mercadorias» do Porto de Luanda (2013/14)

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28

Capitulo III – Angola e a Crise Petrolífera

3.1 Angola e a crise petrolífera de 2015

Segundo Susan Ackerman (2002), a mesma forma que as crises económicas estimulam as

reformas, a riqueza pode fazê-las parecer pouco importante. Gelb (1988; Sachs e Warner

(1995) ambos citados em Ackerman, afirmaram que, evidencias consideráveis indica que uma

base forte de recursos naturais, não promove necessariamente o desenvolvimento económico.

Países como Nigéria e Venezuela, que experimentaram como Angola a sorte inesperadamente

da exploração petrolífera, têm sido capazes de resistir ás reformas durante muitos anos, e a

riqueza mineral do Congo democrático ajudou a manter o regime autoritário de Mobutu por

muito tempo Diamonds (1993).

Moore (1998) defendeu que países ricos em minerais, sem outras fontes de entrada de

divisas, dificilmente podem ser reformadores, porque o Estado pode financiar-se em royalties

e porque talvez possam haver, no sector privado, poucas alternativas de emprego para a

população. Por tanto, o país é rico em recursos naturais, mas não cria muitos empregos no

sector privado.

Krueger (1998) afirma que nos países subdesenvolvidos, as pessoas habilidosas, preferem

antes concentrar os seus esforços na procura de rendimentos ilegais, do que em atividade

produtiva, a rentabilidade privada das atividades ilegais está acima do seu valor social e pode

afastar o investimento produtivo.

Segundo Rui Moreira (2010) o aumento para 140 dólares por barril, em Julho de 2008, foi

um ingrediente essencial que contribui para a crise financeira que atingiu principalmente as

economias europeias. O autor evocou que, o aumento dos preços do petróleo atua como

imposto indireto na economia mundial e do mesmo modo é inflacionista e deflacionista. Ao

contrário para Angola, o aumento do barril do petróleo ofereceu ao país um período de

crescimento e prosperidade. Durante este período, Angola registou um equilíbrio nos preços

(IPC) e grande aumento do poder de compra da população, assim como ilustra o gráfico

abaixo.

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29

Gráfico nº 2 Índice de Preços no Consumidor

Fonte: Banco de Portugal/ Fundo Monerario Internacional

Para o Banco de Portugal, o processo de ajustamento macroeconómico provado pelas

autoridades angolanas em finais de 2009, no quadro do programa apoiado pelo FMI e o

aumento das receitas do petróleo produziram resultados particularmente expressivo,

permitindo a correção dos desequilíbrios a verificar-se logo em 2010, a evidenciar-se em 2011

e consolidar-se no ano 2013. Esta evolução favorável ficou claramente patente ao nível das

principais rubricas da balança de pagamentos, com destaque para os substanciais excedentes

da balança comercial e da balança corrente, assim como respectivo corolário: um nível de

reservas cambiais brutas cifrado em 32.6 mil milhões de USD no final do primeiro semestre

de 2012 – ou seja, o equivalente a 8.9 meses das importações de bens e serviços estimados em

2011, (contra 7.8 meses no final deste último ano e 3.8 meses em 2009).

Gráfico nº 3 desenvolvimento da divida e reservas cambias

Fonte: Banco de Portugal.

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30

O contexto actual é completamente diferente, prevê-se que a inflação atinja a barreira

dos 14% até ao final de 2015, ultrapassando o objectivo do Banco Nacional de Angola (BNA)

de 7-9%. Exima-se que a dívida pública terá um aumento expressivo, para 57,4% do PIB até

ao final de 2015. Fica claro que Angola, não tirou proveitos significativo do aumento do preço

de petróleo, que perdurou quase 6 anos.

Manuel Rocha (2012) quando abordava sobre os limites do crescimento económico

em Angola referiu que, o aproveitamento das receitas provenientes dos recursos naturais em

Angola, só poderá ter lugar depois da reposição da normalidade política em moldes

democráticos e de ter sido reorganizada a economia. Período a partir do qual se poderão com

a eficiência absorver os recursos humanos disponíveis, reestruturar o aparelho escolar e

aproveitar as potencialidades do mercado.

Segundo Abert Hirchman (1964) citado em Susan Ackerman, o processo de

desenvolvimento é, por definição, uma sequencia de “ desequilíbrios dinâmicos”, mas

unicamente a relembrar defende o autor, que a chamada “good governance” tem regras

mínimas de transparência sem as quais a democracia e uma ficção.

Rocha defendeu que os equilíbrios macroeconómicos são necessários. O facto de haver,

despeças não orçamentadas é pura e simplesmente sinal de gestão ruinosa. Também alega a

deficiência fiscal, um país onde poucos pagam impostos é uma aberração insustentável.

3.2 Desempenho económico / Produto Interno Bruto per capita antes e após a crise

O desenvolvimento económico é uma matéria que continua a merecer a atenção dos

investigadores sociais. Assunto polemica porque do mesmo se tem sempre uma visão da

insuficiência perante o crescendo de necessidades individuais e colectivas. Contraditório

porque quase a culpa por não se ser economia desenvolvida é do contexto internacional, das

anomalias sociais ou das catástrofes naturais.

Manuel Rocha (2012) a economia angolana está numa fase de “adaptação” adaptação á

economia de mercado, á globalização, á competitividade, ao desemprego e adaptação dos

défices públicos. Mas o maior problema desta adaptação, é que muitas das poucas vezes se

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31

conseguem assumir os erros relativos a politicas económicas incorretas, que são mais

determinadas pela manutenção do poder do que ditadas pelas necessidades do país.

Segundo relatório anual do Banco de Portugal (2014), antes da crise do preço do crude, a

economia angolana era uma das que mais crescia na Africa Subsariana. O crescimento da

economia angolana segundo esse relatório rondava entre seis a cinco porcentos ano, como

ilustra a figura a seguir.

Tabela Nº 1 Indicadores Económicos

2009

Est.

2010

Est.

2011

Prog.

2011

Est.

2012

Prog.

2013.

Prog.

PIB real (t.v anual) 2.4 3.4 6.4 3.1 6.8 5.0

Inflação (t.v.a homóloga) 14.0 15.3 10.8 11.4 9.6 7.5

Massa monetária

(t.v.anual)

21.5 7.1 37.8 34.0 14.7 38.1

Balança corrente (%PIB) -10.0 9.0 -4,8 10.8 7,3 4.4

Saldo orçamental global

(%PIB)

- 7.4 5.5 4.5 10.3 2.4 1.7

Divida externa (% PIB) 20.0 21.6 19.6 19.8 19.5 20.4

Fonte: Banco de Portugal

O Mesmo relatório afirma que a economia angolana tinha conseguido sustentar taxas

de crescimento real relativamente sólida nos últimos anos graças ao aumento das receitas

provenientes do petróleo, sobre tudo levando em conta o contexto de crise internacional em

que quase toda economia mundial encontrava-se.

Em contra partida, segundo Relatório Nº15/301 do FMI de 2015 relata que, o choque

dos preços do petróleo está a afetar negativamente a economia angolana e projeta-se que o

preço médio do cabaz de petróleo angolano se situe em USD 53 por barril em 2015, contra

pouco mais de USD 100 por barril em 2014, conduzindo a uma grande diminuição da receita

fiscal e das exportações. Embora a produção de petróleo tenha recuperado na sequência da

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32

conclusão das obras de manutenção, o crescimento do PIB não petrolífero deve desacelerar

para 2,1% em 2015. Os sectores industriais, da construção e dos serviços estão a ajustar-se à

queda do consumo privado e do investimento público e às dificuldades persistentes para obter

moeda estrangeira.

Tabela nº 2 Angola principais Indicadores económicos orçamento revisto de 2015

2014

Prel.

Orçamento de

2015

Original

Revisto

2015

C.T.FMI

S1 2015

Prel.

(em % do PIB salvo indicações em contrário)

Receitas

Petrolíferas

Não petrolíferas

34.6

23.4

8.9

31.0

18.9

10.5

23,4

9,0

12,5

27,4

14,6

10,4

11,9

6,0

4,7

Total das despesas

Despesas correntes

Remuneração dos empregados

Uso de bens e serviços

Subsídios

Despesas de capital

41.1

28.8

10.4

9.8

5.3

12.2

38.7

28.5

11.6

10.2

2.8

10.1

30,3

24,9

12,9

6,0

1,3

5,5

30,9

24,1

12,2

5,8

2,1

6,8

11.0

9,9

5,2

1,5

1,0

1,1

Saldo orçamental global

Preço do petróleo angolano

Taxa de inflação (%)

Taxa de câmbio média

(AO/USD)

Taxa de crescimento PIB real

(var. percentual)

Sector petrolífero

Sector não petrolífero

- 6.4

100.7

7.5

98.3

4.8

- 2.6

8.2

-7.6

81,0

7,0

99,1

9,7

10,7

9,2

-7,0

40,0

9,0

112,5

6,6

9,8

5,3

-3,5

53,0

13,9

113,9

3,5

6,8

2,1

0,9

55,0

9,0

115,8

--------

--------

--------

Fonte: autoridades angolanas e projecção do corpo técnico do FMI

Com este ritmo negativo prevê-se que a inflação ascenda a quase 14% até ao final de

2015, ultrapassando o objectivo do Banco Nacional de Angola (BNA) de 7-9%. O orçamento

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33

para 2015 prevê a descida do défice do governo central para 3,5% do PIB, face aos 6,4%

registados em 2014. A projecção para a dívida pública, porém, é de um aumento expressivo,

para 57,4% do PIB até ao final de 2015, dos quais 14,7% do PIB correspondem à empresa

estatal de petróleo, a Sonangol. Prevê-se que o défice da balança corrente externa ascenda a

7,6% do PIB em 2015 e que as reservas internacionais diminuam para USD 22,3 mil milhões

(cerca de sete meses das importações de 2016) até ao final de 2015. Entretanto, verificou-se

um grande diferencial entre a taxa de câmbio do mercado paralelo e primário, o que indica um

desequilíbrio no mercado cambial.

Contudo conclui o Relatório que em 2016 a conjuntura económica continuará a apresentar

desafios, pois não se espera que os preços internacionais do petróleo recuperem e os riscos

são negativos. Prevê-se também que o crescimento permaneça estável em 3,5% em 2016 e

que o sector do petróleo cresça cerca de 4%. A expectativa para o sector não petrolífero é de

uma ligeira melhoria, com crescimento homólogo de 3,4%, impulsionado sobretudo pela

recuperação mais robusta da agricultura. A inflação deverá abrandar para 13% no final de

2016, sendo de prever que o efeito da recente restritividade monetária seja sentido de forma

mais clara no segundo semestre de 2016.

3.3. As consequências da crise petrolífera para o processo de desenvolvimento em

curso

Consequências económicas;

Joseph Schumpeter, Citado em Manuel Rocha chamou ao desenvolvimento económico

um processo de destruição criadora, um processo tumultuoso de luta permanente entre as

inovações contra o que está estabelecido. Afirmado que estas inovações surgem em vários

domínios: novos produtos, novos processos tecnológicos de produção, novos mercados novas

fontes de matérias-primas e novos processos de organização da actividade produtiva. Ora, um

processo desta espécie como refere Manuel Rocha, é por natureza desestabilizador e

desequilibrado pondo em causa a estabilidade dos preços, a estabilidade do emprego, do

salário e estabilidade dos juros. Angola não preparou-se, canalizando as receitas proveniente

do petróleo para outras áreas da economia.

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Gráfico nº 4 Cronologia do Preço do Petróleo

Fonte: The Insee

Segundo o Relatório do Pograma Nacional de Desenvolvimento (PND) de 2014 a

estrutura do PIB angolano apontava para uma dependência acima de 60%, enquanto a

agricultura não ultrapassava os 12% e a indústria transformadora a ficar abaixo dos 5%.

Em termos de exportação, a situação é mais grave, a receita externa do petróleo

representa 96,6%. As exportações totais situaram-se 7, 3 mil milhões USD dos quais 466

Milhões USD de diamantes. Não há, em termos de vendas ao exterior, outros produtos, que

não os minerais e os derivados do petróleo. Esta dependência doentia do petróleo arrasta

consequências nefastas ao nível das receitas fiscais do Orçamento do Estado, das

disponibilidades em meio de pagamento sobre o exterior e das decisões de políticas

económicas.

Sentiu-se o peso do petróleo na economia angolana, quando a Assembleia Nacional

através da lei nº 23/14 de 31 de Dezembro aprovou a revisão do Orçamento Geral do Estado

(OGE) de 7.251.807.630.778,00 KZ para 5.454.022.865.085,00 e fixado como preço de

referência o barril de petróleo por 40 USD contra os 70 USD anteriormente fixado.

Segundo o PND (2015) Angola vive momentos de contenção financeira, ou seja,

Angola está em austeridade. A crise do preço do petróleo colocou a diversificação da

economia na agenda pública, mas nem sempre encaminham os esforços da reforma da

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economia nas melhores direcções, e isto põe em evidência os dilemas centrais de uma

reforma. Durante o período calmo e estável, quando a reforma da economia podia ser

implementada de modo pensado, faltava vontade politica.

Corrales (1998) defende que as crises podem produzir tanto reformas reais como

respostas disfuncionais. Corrales afirma também que, quando uma crise produz um forte

apoio a mudança, os políticos atuam de forma rápida, muitas vezes sem a devida planificação

ou conselho de pessoas ou instituições especializadas. Fato que pode levar um país a agonia,

porque as decisões não planificadas ou não estudadas, servem para remediar e não para

resolver a cerne do problema.

Consequências socias:

Segundo Manuel Rocha (2012) a afirmação de que a economia angolana tem crescido,

deve ser destrinçada em partes. A economia petrolífera, protegida da crise económica interna

e internacional, rodeada de imensos privilégios e ajustadas na logica do dólar, essa tem

efetivamente crescido. A outra economia, a social, a que tem sido devastada pelas

insuficiências dos bens básicos, aquela que tem de pagar pelos erros estratégicos do passado e

absorver o que mais substancialmente negativos têm os programas de ajustamento estrutural

regredido. O peso desta crise é de tal modo significativo, que as taxas de crescimento

registadas nos anos anteriores, não foram de tal modo, suficiente para contrariar esta

tendência.

O contraste entre a economia petrolífera e a social é, também, denunciado pelos

índices do último relatório dobre o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, onde angola

ocupa a 160ª posição em termos de desenvolvimento humano e o 126 ª lugar no ranking do

Produto interno Bruto por Habitante (PIB Per capita).

O Pograma de Acção de Lagos para o Desenvolvimento Economico de África (1980-

2000) considerava como objectivo central da política económica, o alívio da pobreza e a

melhoria geral dos padrões de vida da população do continente. E de modo como consegui-lo,

deveria justamente, iniciar-se pelo acesso a bens e serviços de consumo.

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O Relatório do Banco Mundial (1995) sobre os problemas sociais de África abordou

da seguinte maneira a questão da pobreza em Africa: “ as causas primeiras da pobreza estão

ligadas a problemas de acesso às oportunidades de geração de rendimento e de dotação de

factores” sendo, em decorrência e sinteticamente “acesso insuficiente aos meios de promover

o desenvolvimento rural, falta de transporte, destruição de recursos naturais e o acesso

insuficiente á educação, á saúde, ao saneamento e á agua potável.

Ora, o mesmo relatório defendeu que “ a análise sobre a evolução da pobreza e de

certos indicadores sociais mostraram claramente que o seu vencimento depende das taxas de

crescimento e, sobretudo, dos modelos de desenvolvimento adoptados.

O PND (2015) defende que o aumento do emprego e da produção dos últimos 13 anos

de pais, gerou uma melhoria dos rendimentos, por sua vez acresceu o acesso aos serviços de

educação, saúde e agua.

Mas para Manuel Rocha (2010) o problema do acesso a maioria dos bens básico - e

particularmente no caso angolano onde respetivamente o mercado paralelo é de quase mil

milhões de USD por ano e onde as respetivas tarifas são 240 vezes superiores às suportadas

pelas famílias abastecidas pela rede formal- é um excelente exemplo do que pode ser uma

correta politica macroeconómicas que pretenda eliminar ou clarificar subsídios ocultos e

encerrar os canais de transferência ilícita de uma parte do rendimento nacional que é pertença

da nação. Pode ser, um bom exemplo duma política social de emergência, mas de impacto

sustentado no tempo. Contudo, o autor defende que Angola deu um exemplo contrário, as

taxas de crescimento registado nos últimos anos serviram mais para alimentar um grupo

restrito e financiar a manutenção do poder do que propriamente dotar a sociedade de bens

básicos necessário.

Segundo Jonuel Goncalves (2014) a economia angolana continua em tensão constante,

os interesses estratégicos em muitos setores assumem contornos militares e políticos. O

capital especulativo e os negócios fora da lei são fabulosos de acumulação primitiva da

riqueza e por sua vez atuando como um oponente na redistribuição justa da riqueza.

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Consequências políticas:

Existe uma simbiose inseparável entre a política e a economia, mas o grande problema dos

países subdesenvolvidos é a partidarização da economia invés da sua burocratização Arnon

Grunberg (2014). A desigualdade na redistribuição dos rendimentos, dificuldade no acesso

aos bens básicos e a falta de liberdade de expressão, foram os grandes vectores dos

cataclismos da nossa e da era transata Eric Laurent (2010).

A pobreza, má qualidade dos cuidados de saúde, baixa esperança de vida e distribuição

desigual do rendimento e da saúde, são endémicos através do mundo. Muitos países têm taxas

de crescimento muito alto, favorecidos com recursos naturais e altas taxas de rendimento per

capita, mas não conseguem alcáçar a relativa paz social. Este conjunto de problemas pode

causar tensões sociais e politica James Kunstler (2006).

Susan Ackerman (2002) existe um paradoxo, as organizações internacionais de

financiamento, tais como FMI e o Banco Mundial, muitas vezes têm dificuldades em localizar

projectos aceitáveis. As defeituosas instituições públicas e privadas, governos que funcionam

miseravelmente significa que a assistência exterior e as receitas provenientes dos recursos

naturais e da própria economia local não estão a ser usada duma maneira eficaz.

Como referiu Jonuel Goncalves (2014) a economia angolana continua em tensão

constante, os interesses estratégicos em muitos sectores assumem contornos militares e

políticos.

A economia Angola esta completamente partidarizada, a crescente desigualdade social

vem pressionando a interacção social, a falta de sensibilidade e vontade política dos dirigentes

angolanos pode levar o país ao caos Rafael Marques (2012).

Se as dificuldades existentes nas relações entre Angola e Portugal, não aconselhavam a

construção de uma parceria estratégica prevista entre os dois Estados, facto de levantou muito

constrangimento na opinião pública portuguesa. Actualmente, as empresas vêm Angola como

um mercado com sérios problemas políticos e económicos Jornal expresso (2015).

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As empresas são os grandes criadores de riquezas, elas contribuem para o

desenvolvimento de uma nação, o sistema político de um país, a sua filosofia e estabilidade a

longo prazo influenciam na manutenção de qualquer organização num determinado Estado.

Bradley (2002).

A economia é um dos mecanismos usado para dirimir as tensões sociais e política. A

divisão equitativa da riqueza (isso poder ser, por via do emprego, subsídios ou assistências

sociais) tem atenuado tensões políticas nos países desenvolvidos, facto que não se tem

verificado em muitos países subdesenvolvidos Hofstede (2008).

Para o líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías

Samakuva, o discurso de José Eduardo dos Santos sobre o Estado da Nação veio mostrar "o

rosto da corrupção em Angola.

A Corrupção em Angola é um fenómeno perversivo que impede e perturba o crescimento

económico Gates, Henry Louis; Anthony Appiah (1999).7 Já para Leonel Gomes, secretário

nacional da CASA-CE, o preço do petróleo manteve em alta durante muitos anos. O país só

não conseguiu diversificar e criar fundos relevantes devido os altos níveis de corrupção.

3.4 Choque petrolífero e medidas macroeconómicas

A grande medida macroeconómica tomada pelo executivo angolano depois da crise do

petróleo foi a alteração do Orçamento do Estado para o ano 2016, de forma a permitir que os

planos fossem viáveis e realistas. A revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015,

aprovado em Março, que surge face à forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo,

o executivo angolano já prevê uma descida dessas reservas para cinco meses de importações.8

Depois seguiram um conjunto de medidas como o fim da subvenção nos combustíveis,

a implementação de medidas fiscais para a banca, a reforma da política fiscal e a contenção

das despesas públicas.

7 https://pt.wikipedia.org/wiki/Corrup%C3%A7%C3%A3o_em_Angola

8 http://observador.pt/2015/07/14/reservas-internacionais-de-angola-ja-perderam-95-do-valor-em-2015/

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O persistente desequilíbrio na obtenção de recursos via extração petrolífera é um dado

de alta sensibilidade, na medida em que os níveis da produção e dos preços do crude estão

relacionados com a procura mundial, em baixa nos períodos de recessão. Nestes termos, olhar

para a economia angolana obriga-nos a olhar antes de mais para a sonangol Januel Gonçalves

(2014).

Os efeitos da queda estenderam-se, portanto, às reservas líquidas internacionais do

país desceram de 27,478 mil milhões de dólares Setembro de 2014 para 25.602 milhões de

dólares em maio de 2015, o que se traduz numa quebra de 9,5 % no acumulado do primeiro

semestre deste ano. Exame nº 66 (Janeiro 2016).

Para garantir equilíbrio da balança de pagamentos e a execução de algumas políticas,

Angola recorreu a empréstimo do Banco Mundial, desta vez 500 milhões de dólares, montante

que, além disso, viabilizará a alocação de outros recursos para o cumprimento do revisto

Orçamento Geral do Estado, sobretudo nos 35% de investimentos sociais, cuja importância é

agora acrescida pelos efeitos da crise. E M (2016).

É reconhecido por todos os atores socioeconómicos (inclusive o Banco Mundial) que a

população mais pobre – a maioria dos habitantes – foi mais atingida e, como projecção no

quadro do corte de despesas para reduzir o deficit orçamental em relação ao PIB, os salários

da função pública não subirá em 2016 acima dos 4%. Por outro lado, a inflação de rodará aos

16%, os aumentos ficam muito por baixo do aumento do custo de vida em 2016.

Perante este quadro, o OGE é um contrafogo decisivo e, não só em Angola onde a

economia tem no Estado seu cliente principal.

A política de crescimento é um imperativo que, ao gerar mais recursos, cria melhores

bases de poupança e liberta meios de intervenção pública para investimento sociais decisivos

como a educação, saúde, água e habitação Januel Goncalves (2012). As políticas de

crescimento em Angola tiveram mais motivações partidária do que puramente sociais.

Mesmo com essas anomalias, o FMI defende que, a economia angolana terá um

crescimento, já praticamente assegurado, de 3,5% em 2015. O ambiente de negócios não

deverá melhorar para a maioria das empresas. No entanto, os desafios estruturais que o país

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não conseguiu superar durante mutos anos impõem um limite neste crescimento. As

expetativas de um desempenho mais dinâmico, que existiam em 2008 e em 2013, tornaram-se

altamente improvável com o actual cenário. O Fundo prevê ainda a recuperação da economia

angolana em 2017.

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Capitulo IV – Metodologia, recolha e análise de dados

4.1 Metodologia

Depois a abordagem teórica apresentada nos capítulos anteriores, neste capítulo

apresentaremos a fundamentação da escolha metodológica que serviram de base para á

concretização do estudo empírico.

Segundo Fabiana Kauak (2010) a fase metodológica - A metodologia é a parte em que se

explica minuciosa, detalhada, rigorosa e exactamente toda acção desenvolvida no método

(caminho) do trabalho de pesquisa.

Kuak alega ainda que, a metodologia é composta de partes que descrevem o local, os

sujeitos, o objecto de estudo, os métodos e técnicas, que muitas vezes estão descritos como

procedimentos da pesquisa, as limitações da pesquisa e tratamento de dados.

Neste capítulo iremos apresentar as etapas pelas quais este trabalho teve de obedecer de

modo a satisfazer alguns critérios científicos e metodológicos.

4.2 Método de investigação

Tendo em conta que, este estudo tem como objectivo analisar a performance económica e

financeira das empresas prestadoras de serviços no sector petrolífero antes e depois da crise

do preço do petróleo, achamos o método qualitativo o que mais se enquadra neste estudo.

Richardson (1999), a pesquisa quantitativa é caracterizada pela aplicação da

quantificação, tanto no modo de recolha de informações quanto no tratamento destas por meio

de técnicas estatísticas.

Por sua vez, Malhotra (2001, p.155), “a pesquisa qualitativa proporciona uma melhor

visão e compreensão do contexto do problema, enquanto a pesquisa quantitativa procura

quantificar os dados e aplica alguma forma da análise estatística”. A pesquisa qualitativa pode

ser usada, também, para explicar os resultados obtidos pela pesquisa quantitativa. Uma vez

que este trabalho não tem como o objetivo fazer uma análise e recorrer a estatística para

fundamentar e explicar os dados recolhidos, somos de opinião que a abordagem que enquadra

nesta forma de estudo é o método qualitativo.

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A pesquisa qualitativa segundo Oliveira (2011) é entendida, por alguns autores, como uma

“expressão genérica”. Isso significa que, ela compreende actividades ou investigação que

podem ser denominadas específicas.

Triviños (1987), por sua vez, defende que método qualitativo trabalha os dados e analisa o

seu significado, tendo como base a Percepção do fenómeno dentro do seu contexto. O mesmo

autor alega que o uso da descrição qualitativa procura captar não só a aparência do fenómeno,

como também suas essências procurando explicar sua origem, relações, mudanças e tenda

compreender as consequências. Ou seja a abordagem quantitativa, segundo os autores, analisa

as causas recorrendo a matemática para o melhor estudo e compreensão dos fenómenos em

causa. Já a abordagem qualitativa, preocupa-se mais com aspetos que não podem ser

quantificados, ela preocupa-se mais em compreender a dinâmica das relações sociais.

Quando ao Objectivo da pesquisa, este estudo caracteriza-se como exploratório.

Segundo Selltiz et al. (1965), citado em Oliveira (2011) enquadram-se na categoria dos

estudos exploratórios todos aqueles que procuram descobrir ideias e intuições, na tentativa de

adquirir maior familiaridade com o fenómeno pesquisado.

Malhotra (2001) também citado em Oliveira (2011) defende que a pesquisa exploratória é

usada em casos que é necessário definir o problema com maior precisão. O seu objectivo é

prover critérios e compreensão. Tem as seguintes características: informações definidas ao

acaso e o processo de pesquisa flexível e não-estruturado. A amostra é pequena e não-

representativa e a análise dos dados é qualitativa.

Quando quanto ao de estudo, este estudo caracteriza-se como estudo de caso único

(restrito). Segundo Oliveira (2011) quanto trata-se da escolha do objecto de estudo, as

pesquisas podem ser classificadas em estudo de caso único, estudo de casos múltiplos, estudos

censitários ou estudos por amostragem.

Por sua vez, Yin (2001), elucida que o estudo de caso pode ser único a uma ou a várias

unidades, caracterizando-o como único ou múltiplo. Tais unidades poderão ser definidas

como indivíduos, organizações, processos, programas, bairros, instituições, comunidades,

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bairros, países e, até mesmo, eventos. Yin (2001), alega ainda que o estudo de casos múltiplos

têm evidencia mais convincentes, é visto como mais sólido.

Yin (2001), por sua vez, alega que, a característica do estudo de caso é o profundo estudo

e exaustivo que o investigador faz, lhe permitindo assim, um vasto e profundo conhecimento

da realidade e dos fenómenos a pesquisar.

Yin argumenta ainda que, “Um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga

um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os

limites entre o fenómeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2001 p. 33).

Hartley (1994) apud Roesch (1999, p.197) citado em Oliveira (2011) alega que o ponto

forte do caso de estudo, encontra-se na sua capacidade de analisar procedimentos sociais à

medida que eles se interagem nas organizações”, permitindo uma análise contextual dos

mesmos.

Tabela nº 3 Classificação da metodologia científica.

Fonte: Maxwell Oliveira

Classificação quanto

aos objectivos da

pesquisa

Classificação

quanto á

natureza da

pesquisa

Classificação

quanto á escolha

do objecto de

estudo

Classificação

quanto á técnica de

Coleta de dados

Classificação

quanto á técnica de

analise de dados

Descritiva

Exploratória

Explicativa

Exploratória

descritiva

Qualitativa

Quantitativa

Qualitativa

quantitativa

Estudo de

Caso único

Estudo de casos

Múltiplos

Amostragens Não

probabilísticas

Amostragens

Probabilísticas

Estudo

Censitário

Entrevista

Questionário

Observação

Pesquisa

Documental

Pesquisa

Bibliográfica

Pesquisa

Triangulação

Pesquisa ação

Experimento

Análise de conteúdo

Estatística descritiva

Estatística

multivariada

Triangulação na

análise

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4.3 Objectivo do estudo empírico

Todos nós aprendemos que, o petróleo é um produto com uma margem de elasticidade do

preço muito rígida. Mais a volatilidade do preço desta commodities nos últimos meses, tem

surpreendido muitos analistas económicos, daí o nosso interesse em analisar os impactos

financeiros e económicos, que esta oscilação tem causado as empresas prestadoras de serviços

neste ramo.

Este estudo tem como objectivo fundamental, analisar o impacto da crise do petróleo para

A SONASURF ANGOLA e a estratégia implementada de modo a evitar perdas e munir a

empresa de uma estruturara solida de modo a fazer face a crise.

4.4 Escolha das variáveis

Lakatos e Marconi (2003) afirmam que, uma variável pode ser considerada uma

classificação ou medida; uma quantidade que varia; um conceito, constructo ou conceito

operacional, que contém ou· apresenta valores; aspecto, propriedade ou factor, discernível em

um objecto de estudo e passível de mensuração.

O objetivo fundamental deste estudo é de analisar o impacto da crise do preço de petróleo

no desempenho económico e financeiro da SONASURF ANGOLA. As variáveis desde

estudo variam de dependente e independente, elas irão desde modo, constituir a linha

padronizadora e cujos resultados servirão para testar as hipóteses a formalizar neste capítulo.

4.5 Tratamento de dados

A técnica escolhida para a análise e tratamentos dos dados é a análise de conteúdo. Para

Lakatos e Marconi (2003) esta fase do estudo é das fases mais importantes da pesquisa, pois,

é nesta fase que serão apresentados os resultados e a conclusão do estudo, conclusão essa que

poderá ser final ou apenas parcial, deixando margem para pesquisas posteriores.

Bardin (1977) citado em Oliveira (2011) assegura que a análise de conteúdo possui duas

funções básicas: função heurística – aumenta a prospecção à descoberta, enriquecendo a

tentativa exploratória e função de gestão da prova – em que, pela análise, procurar-se provas

para afirmação de uma hipótese.

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Por outro lado, Trivinõs (1987, p. 158) citado em Lakatos (2003), “ defende que a análise

de conteúdo é um método que pode ser aplicado tanto na pesquisa quantitativa, como na

investigação qualitativa.

Podemos então concluir que, a análise de conteúdo procura trazer em cena o que está em

segundo plano tudo que se analisa, explorando outros significados intrínsecos nos documentos

estudado, como demonstra a figura abaixo.

Figura nº 2 Análise de conteúdo

Fonte:Oliveira /Bardin

4.6 Técnicas e instrumentos de recolha

Quanto a técnica de Coleta de dados, este estudo fará uma análise documental, entrevistas

e bibliográfica. Segundo Lakatos e Marconi (2003), esta é etapa da pesquisa em que se inicia

a aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas, a fim de se efectuar a

Coleta dos dados previstos. Os mesmos autores definem as técnicas de Coleta de dados como

um conjunto de regras ou processos utilizados por uma ciência, ou seja, corresponde à parte

prática da Coleta de dados.

Segundo Kauark at al (2011), os dados a coletar têm fontes primárias ou secundárias. As

fontes primárias são os documentos que concebem análises para posterior criação de

informações. Podem ser decretos oficiais, fotografias e artigos. As fontes secundárias são as

obras nas quais as informações já foram elaboradas, como livros, apostilas, teses e

monografias.

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Kauark at al (2011) define a entrevista como uma das técnicas utilizadas na Coleta de

dados primários. Ela pode ser, As entrevistas podem ter carácter exploratório ou serem de

Coleta de informação.

De acordo com Cervo & Bervian (2002) citado em Oliveira (2011), a entrevista é uma das

principais técnicas de coletas de dados e pode ser definida como conversa realizada face a

face pelo pesquisador junto ao entrevistado, seguindo um método para se obter informações

sobre determinado assunto.

Quando á análise documental, Gil (1999) afirma que este tipo de pesquisa é muito

semelhante à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das

fontes: enquanto a bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições de diversos

autores, a documental apoia-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico,

podendo ser reelaboradas de acordo com os objectos da pesquisa.

Lakatos e Marconi (2003), a pesquisa documental é a Coleta de dados em fontes

primárias, como documentos escritos ou não, pertencentes a arquivos públicos, arquivos

particulares de instituições e domicílios, e fontes estatísticas.

Os autores afirmam ainda que existem vários procedimentos para a realização da Coleta

de dados, que variam de acordo com as circunstâncias ou com o tipo de investigação. Por

estas e outras razões, estas são as técnicas de coletas de dados que mais se enquadram neste

estudo.

4.7 Hipóteses

As hipóteses deste trabalho foram selecionadas de forma intencional ou por intuição. Gil,

(1999) citado em Lakatos define a hipótese como uma suposta resposta ao problema a ser

investigado. A origem das hipóteses pode estar na observação assistemática dos fatos, nos

resultados de outras pesquisas, nas teorias existentes, ou em simples intuição.

Hipóteses: H¹ - O Estado angolano tem dificuldades em cumprir os seus objetivos

socioeconómicos por causas do baixo preço do petróleo verificado nos últimos meses.

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H² - A crise tem servido de desincentivo no que concerne ao investimento e

recrutamento de novos funcionários.

As hipóteses deste estudo foram selecionadas a partir do conjunto de variáveis e Percepção,

que irão permitir desta forma a sua validação ou não.

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CAPITULO VI - ESTUDO DE CASO/ SONASURF e a Crise Petrolífera em

Angola

5.1 Breve história da empresa

A SONASURF ANGOLA COMPANHIA DE SERVIÇOS MARÍTIMOS LDA formada

em 2001 é uma sociedade por quotas, com capital social detido igualmente pela Sonangol

Holdings Lda. (51%) e pela Bourbon Offshore Surf (49%). A empresa tem como atividade

principal a prestação de serviços marítimos a indústria petrolífera em Angola. A SONASURF

ANGOLA detém uma grande frota de navios de última geração, equipados com tecnologia de

ponta de forma a satisfazer as necessidades dos seus clientes.

A Sonasurf ANGOLA, opera em todo o território nacional, mas tem as suas bases situadas

em Luanda (SONILS BASE), Soyo (BASE KWANDA) e em Cabinda (BASE MALONGO)

de onde ocorre as maiorias das embarcações e operações.

Operando na indústria petrolífera, a estratégia da SONASURF baseia-se em construir uma

liderança sólida em offshore, atendendo as exigências do ramo, a empresa conta com uma

vasta gama de equipamentos de nova geração e apoiado por um ambicioso plano de Recursos

Humanos de forma a responder as exigências do mercado.

A Empresa conta com um volume de negócios que rondam os 466 milhões de dólares e

emprega cerca de 550 trabalhadores directo e indirecto, sendo considerada uma empresa de

grande dimensão. A direção da Sonasurf funciona na Petrangol e as operações estão sedeadas

nas diferentes bases logísticas em Angola. Ao nível da gestão de topo, todos os diretores dos

vários departamentos (Marketing, operação, técnico, logístico e financeiro) reportam direto á

administração (organigrama em anexo).

A SONASURF ANGOLA, neste momento conta com 150 navios nas águas angolanas.

Consequentemente, 56 navios do tipo SURFES (Transporte de marinheiros) e LIBERTYS

(Multi Purpose Offshore Vessel) todos situados em Cabinda, 49 navios do tipo evolution

series (Supply Vessel) e Anchor Handling Tug Supply (AHTS) todos situados no Soyo

província do Zaire e os restantes 45 navios do tipo SURFERS, SUPPLY e MPOV na baia de

Luanda.

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A SONASURF ANGOLA é uma empresa sólida com recursos humanos maioritariamente

angolano, e com uma percentagem limitada de expatriados (16%) maioritariamente de origem

francesa, que desta forma completam os quadros da Empresa. Entre as várias empresas do

Grupo Bourbon Offshore, A Sonasurf Angola representa cerca de 40% do volume de negócio

do grupo. Em 2014 foi o ano de ouro (gold era) para a Sonasurf, a empresa teve lucro de

quase 300 milhões USD dólares.

Sector de Actividade

A Sonasurf Angola e a maior empresa angolana do setor marítimo. A empresa está

presente em varias atividade marítimas deste o fornecimento de:

Pessoal onshore e offshore

Equipamentos;

Tubagem;

Lamas;

Produto de cimentação e Outros produtos químico necessário para perfuração e

produção.

Para além de transportação de mercadorias, equipamentos e marinheiros a SONASURF

ANGOLA também presta serviços na área de:

Abastecimento de plataforma;

Manipulação de âncora fonte reboque;

Navios de abastecimento rápido tripulação;

Navios Utilitários;

Rebocadores Offshore;

Rebocadores de sondas e plataformas.

A Empresa começou a operar no mercado angolano com apenas 2 navios e hoje conta com

mais de 100 navios a operar no mercado angolano.

A atividade marítima (fornecimento de marinheiro e tubagem offshre) contribui

fortemente para o crescimento da empresa.

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A Empresa tem como grande objetivo aumentar a quota de mercado no segmento de

pipeline, a nível internacional, pretende tornar-se numa referência na oferta desses produtos

em África.

Analise SWOT (SONASURF ANGOLA)

Forças

Agilidade operacional e capacidade de resposta.

Diferenciação do produto e serviço.

Forte rede de fornecedores.

Aposta na inovação, diversidade, diferenciação e qualidades do serviço e produtos.

Economias de escala e experiência.

Ligada a um forte grupo (Bourbon offshore)

Tecnologia.

Kow how, e I&D

Fraquezas

A distância entre o seu centro de distribuição de part´s

Custo acrescidos que advêm do ponto anterior

Gestão dependente do Estado.

Possui menos poder negocial que as suas concorrentes.

Não domina toda a cadeia de valor da produção de pipeline.

Dependência dos fornecedores internacionais

Oportunidades

Possibilidade de extensão da sua atividade (Shipmanager)

Mercado com poucos concorrentes.

Aumento da frota.

Liderança no mercado

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Ameaças

Instabilidade económica e financeira em Angola.

Influência estatal.

Preço baixo do petróleo.

Degradação ambiental.

5.2 Estratégia de Marketing

Keegan (1989) citado em Fernanda Ilhéu (2009) refere, que as diferenças entre marketing

no mercado interno e internacional, derivam das diferenças dos meios envolventes nacionais,

uma vez que por definição “ toda a acção estratégica representa um diálogo entre a empresa e

o seu meio envolvente”. Kotler e Keller, (2006) A organização, quando desenvolve o seu

plano de marketing, tendo em conta cada mercado ou público-alvo, sustenta-o numa gestão

cíclica de ativos intangíveis capazes de refletirem diferenças significativas no comportamento

do consumidor, de impulsionarem o valor da marca, as forças competitivas e, também, os

ambientes político, económico, sociocultural e legal. Fernanda Ilhéu (2011) refere, que para

uma empresa atingir o sucesso na sua estratégia de marketing, tem que definir as estratégias e

implementar um programa de marketing que minimize a acção dos fatores condicionantes do

meio envolventes, variáveis não controláveis pela empresa, em cada mercado que pretende

atuar.

Figura Nº 3 meio envolvente

Fonte: MarkComms

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Segundo Govindarajan at all (2000), as empresas devem usar uma estratégia de

expansão de mercado apropriado ao meio envolvente na qual operam. Ou seja, os autores

defendem que as empresas devem adaptar-se ao mercado onde se encontram inseridos e estar

preparado para dar respostas as mudanças que dai ocorrem, implica diferentes estratégias e

constante monotorização dos processos.

Michael Baye (2010) refere, que os primeiros passos para a tomada de decisões é

conhecer os obstáculos e ter os objectivos bem definidos. O autor defende ainda que, uma

empresa deve ter uma visão geral dos princípios básico que levam a uma estratégia de

marketing ao sucesso, acrescentando, que uma organização deve primeiramente identificar os

objectivos, compreender o mercado e reconhecer o valor do dinheiro no tempo. Baye defende

ainda, que o objectivo geral de uma organização é maximizar os lucros e conseguintemente

valorizar a empresa.

Todavia a natureza das decisões empresariais varia de acordo com o comportamento

do mercado, mas sem ainda apartar-se do objectivo primordial que é a maximização dos

lucros.

Segundo Business Development Director da SONASURF ANGOLA, a chave para

tomada de decisões de grande impacto é ter acesso a todas as informações disponíveis na

empresa e no mercado, coletar e processar esses dados de forma a procurar a solução ideal

para a empresa. Uma empresa com a dimensão da SONASURF ANGOLA, o departamento

jurídico fornece informações sobre as consequências legais de decisões alternativas e o

departamento de contabilidade pode oferecer conselhos sobre impostos e dados básicos de

custo. Porém, estas informações devem ser processadas de modo a chegar a uma decisão de

marketing eficaz.

Dando a situação actual do mercado, a SONASURF ANGOLA, usa o elemento preço

para manter a fidelização dos seus clientes e colaboradores. A redução da tarifa diária (daily

rate) é um dos mecanismos escolhido para a estratégia de marketing, uma vez que o mercado

petrolífero encontra-se em fraca procura e baixa produção.

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Está estratégia de marketing escolhido pela Sonasurf Angola, remete-nos em Keegan e

Green (2000) que defende que o preço é um elemento importante do marketing e cada

organização deve desenvolver sistemas e políticas de preços, tendo em consideração os seus

objetivos, mas também as oportunidades e constrangimentos em cada mercado.

O diretor defende que, devido a diminuição da produção do petróleo, por sua vez

diminuindo os níveis de utilização (como ilustra a figura abaixo) e da procura em muitos

serviços oferecido pela empresa, o preço deve e é um mecanismo de fidelidade.

Tabela nº 4 Demonstração Consolidada de Resultados por Naturezas

Fonte; reporte financeiro da empresa (2015)

in € million, unless stated otherwise 2015 2014 Change

2015/2014

Revenue 1,385.3 1,311.9 +5.6%

EBITDAR(1) (excl. capital gains) 499.5 450.3 +10.9%

% of revenue 36.1% 34.3% +1.8 pts

EBITDA (excl. capital gains) 388.8 437.2 -11.1%

EBITDA 449.6 575.7 -21.9%

EBIT (Operating result) 138.6 302.6 -54.2%

Net income 98.7 143.4 -31.2%

Net income, group share 73.7 115.0 -35.9%

Number of vessels (end of period) 505 485 +20

Average utilization rate excluding crew boats 87.7% 89.5% -1.8 pts

Average daily rate excluding crew boats (in US$ per day) 19,658 19,447 +1.1%

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54

5.3 Impacto da crise petrolífera na empresa: evidência empírica

Como defendeu Rita Babihuga vice-presidente da agência financeira Moody's para o

crédito soberano numa conferência de imprensa em Londres, Angola foi o país africano mais

afetado pela queda do preço do petróleo, esta queda agravou as contas públicas e tornou ainda

mais problemática a sustentabilidade da dívida externa. Ora, para as empresas que atuam

neste mercado a queda do preço do crude tem sido também um problema.

De acordo com o Diretor Financeiro da Sonasurf, a empresa teve um péssimo resultado

nos últimos dois anos (2014/ 15) e não esperemos que esta tendência venha a melhorar a curto

prazo, é verdade que as tendências de globalização têm forçado negócios ao redor do mundo a

se concentrarem mais avidamente na lucratividade, esta inclinação está presente também em

Angola. A empresa teve de reduzir a tarifa diária devido a pouca procura dos serviços e a

baixa taxa de utilização dos barcos.

Conforme o relatório financeiro da Sonasurf Angola (2015), até o terceiro trimestre de

2015 a taxa de utilização (Fleet Utilization Rate) de todos os barcos nas águas angolanas

rondava em 79,4% (Angola Overall Fleet UR YTD 2015: 79,4%) nos cerca de 113 barcos

fretados (Angola FTE YTD 2015: 113 Vessels), conforme a figura a baixo ilustra. Quer dizer

que 37 navios estão atracados nos portos de angola sem contrato, representando uma quebra

de 20,6% da taxa de utilização.

Gráfico nº 5 Taxa de utilização dos barcos

Fonte: Relatório da empresa

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Gráfico nº 6 volume de negócios da Sonasurf

Fonte documentos internos

Esta estratégia para fazer face a crise do preço de petróleo, nos remete em Michael R.

Baye (2010). O autor refere, que é importante para qualquer organização ter em mente que

existem dois lados em qualquer transição e que as condições do mercado jogam também um

papel preponderante nesta relação. O autor fala mesmo de rivalidade entre cliente e o agente

prestador de serviços. A rivalidade clientes – prestador de serviço, existe em função dos

interesses diferentes dos clientes e dos prestadores de serviços. Os clientes buscam negociar

para obter preços baixos, enquanto os prestadores de serviços buscam negociar preços

elevados. Baye defende também que, existem limites às habilidades dessas partes em atingir

os seus objectivos. Se um cliente oferece um preço que é muito baixo do que aquele praticado

no mercado, o prestador de serviço se recusará. Portanto as duas forças oferecem um

equilíbrio natural no processo de mercado, mesmo em mercado pouco aberto como é o caso

de Angola.

O Diretor refere também sobre as dificuldades que outras empresas no ramo têm em

liquidar as suas dívidas com a Sonasurf.

Umas dessas empresas como já referimos no capítulo anterior, sobre a projeção para a

dívida pública angolana, dos quais 14,7% do PIB correspondem à empresa estatal de petróleo.

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A Sonangol também é o maior devedor líquido da empresa, assim como a tabela

abaixo ilustra

Tabela nº 5 Volume de divida a cobrar

COMPANY

SUM SSA

SUM SSI

SUM

TOTAL

TOTAL

CUMULATIVE

SONANGOL P& P 11 477 641

11 477 641 37,5% 37,5%

SAIPEM 348 631 € 4 488 754 € 4 837 384 € 15,8% 53,3%

DSME 1 672 828

1 304 477 € 2 977 305 € 9,7% 63,0%

CABGOC ANGOLA 1 792 249

722 928 € 2 515 177 € 8,2% 71,2%

ESSO ANGOLA (EEAL) 239 633 € 1 753 331 € 1 992 964 € 6,5% 77,7%

DYNAMIC INDUSTRY 203 692 € 1 707 021 € 1 910 714 € 6,2% 84,0%

TECHNIP 340 994 € 1 176 607 € 1 517 601 € 5,0% 88,9%

PETROMAR 152 115 € 1 071 367 € 1 223 482 € 4,0% 92,9%

SCHLUMBERGER 714 861 € 205 562 €- 509 299 € 1,7% 94,6%

STAPEM OFFSHORE 462 174 € 462 174 € 1,5% 96,1%

VAALCO ENERGY 443 393 € 443 393 € 1,4% 97,5%

TOTAL E & P ANGOLA 302 164 € 302 164 € 1,0% 98,5%

OCEANEERING 682 190 € 405 197 €- 276 993 € 0,9% 99,4%

COBALT 180 398 € 81 316 € 261 715 € 0,9% 100,3%

SOMOIL- SOCIEDADE PETROLIFERA

ANGOLA SA

210 742 € 210 742 € 0,7% 101,0%

LASSARAT 32 444 € 32 444 € 0,1% 101,1%

OCTOMAR 16 994 € 16 994 € 0,1% 101,1%

BP ANGOLA 225 049 € 213 744 €- 11 304 € 0,0% 101,2%

STATOIL 13 101 €- 353 664 €- 366 765 €- -1,2% 100,0%

Total général 7 214 331

23 412 453

30 626 784 € 100%

Fonte; reporte financeiro da empresa (2015)

O Diretor financeiro defendeu que, a crise em Angola tem afetado a liquidez da empresa,

uma vez que as empresas operadoras no ramo enfrentam problemas de caixa, e portanto,

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pondo em causa a sua operacionalidade. Em suma, se de facto o objectivo primordial de uma

organização é o lucro, portanto, sem este dificilmente uma empresa sobreviverá.

5.4 A Crise e a Avaliação da Performance Económica e Financeira da Sonasurf

Angola

A performance económica de uma organização é o pilar para a sua sustentabilidade, assim

como defende João das Neves (2011). Autor explica que a performance financeira de uma

organização projeta-se da seguinte forma:

Figura nº 4 Esquema de demonstrações financeiras

Demonstração do fluxo de caixa Balanço

Demonstrações dos resultados líquidos

+ Proveitos -

Custos

+ Rendimentos - Pagamentos

=

+

Fonte: João das Neves

Segundo Ganho, em termos de operações, a empresa emprega como medida económica

financeira o EBITDA. Este método é o mais eficaz para a nossa empresa, uma vez que mede o

Activo fixo

Activo

circulante

Capital

próprio

Passivo M/L

prazo

Passivo

circulante

Extraordinários

Financeiros

Operacionais

Operacionais

Investimento

Financiamento

= Fluxo líquido de caixa Disponibilidade

= Resultado liquido

Resultado

liquido

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lucro e o que o negócio foi capaz de gerar. O EBITDA (earnings before interest, taxes,

depreciation and amortization) é o lucro líquido da empresa ajustado. Portanto, ele apresenta

o lucro líquido antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.

Katia Hopfer (2011) defende que EBITDA é mais fácil de calcular do que o EVA. Pois ela

compara o posicionamento das receitas totais em relação às receitas operacionais, procurando

desde modo se existe alguma despesa incluída referente à amortização e a depreciação.

Segundo o entrevistado, a empresa teve um desempenho muito fraco nos dois anos, mas

muito menor do perspetivado.

O diretor defende a medida da performance financeira, é muito importante para

qualquer organização de modo a ter uma ideia para onde vamos e para onde não devemos

seguir. O entrevistado defendeu ainda que, no actual contexto da crise, a realização de

análises económicas e financeiras da empresa ganhou muita atenção por parte da direção, esta

prática nos ajuda a determinar as competências, capacidades e as potencialidades da empresa

para que sejam adoptadas estratégias competitivas.

Ao longo do ano 2015: O EBITDA Ajustado aumentou 7,50 / 0 a € 54,7 milhões e ajustada

margem EBITAR / Receitas melhorou 2,2 pontos em comparação com 2014 graças a

reduções de custo pró ativas, empilhamento dos navios e o impacto dos US Dólar. O prejuízo

líquido, atribuível ao grupo é € 76,6 milhões de afectados por uma taxa de utilização reduzida

e uma perda cambial não realizados em um mercado muito difícil, Sonasurf gerou um fluxo

de caixa livre positivo de € 90 milhões em 2015.

Tabela nº 6 Indicador Operacional

H22015

H2 2014 Change H1 2015 2015

2014 Change

restated H2/H2 restated 2015/

2014

Number of vessels (FTE)* 505.4 496.7 +7.8 500.6 503.0 492.2 +2.2

Number of vessels (end of period)** 511 505 +6 vesse/s 506 511 505 +6

vessel

s

Technical availability rate () 96.5 95.8 +O.7pts 96.4 96.4 95.5 +0.9p

ts Average utilization rate () 73.0 80.5 -7.5pts 78.1 75.5 81.0 5.5pts

Average daily rate $jd 10,920 12,442 -72.2 11,885 11,381 12,254 -7.7

Fonte: Sonasurf/bourbon

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Tabela nº 7 Performance Financeira

Financial performance

Adjusted? Revenues 678.3 750.2 -9.6 758.8 1,437.1 1,421.1 +7.7

(chonge at canstant rate) -6.8 -8.6

Adjusted? Costs (excl. bareboat charters) (421.0) (470.9) -70.6 (468.4) (889.5) (911.5) -2.4

Adjusted" EBITDAR (ex. capo Gain) 257.3 279.2 -7.9 290.4 547.7 509.6 +7.5

EBITDAR / Revenues 37.9 37.2 +O.7pts 38.3 38.1 35.9 +2.2pts

Adjusted" EBITDA 166.3 264.7 -37.2 205.0 371.3 459.8 -79.2

Adjusted? EBIT 15.0 100.7 -85.7 51.1 66.1 145.3 -54.5

IFRS 11 impact *** (11.9) (4.4) n/s (6.4) (18.3) (8.4) n/s

EBIT 3.0 96.2 -96.9 44.8 47.8 137.0 -65.7

Net income (39.7) 88.1 n/s (3.7) (43.4) 98.7 n/s

Net income (group share) (57.4) 78.5 n/s (19.2) (76.6) 73.7 n/s

. . Fonte: Sonasurf/bourbon

Tabela n 8 serviço Marítimo

Operatianal Business Indicators H22015 H22014

Change

H12015 2015 2014

Change

H2/H2 2015/

2074

Number of vessels FTE * 482.9 476.7 +1.3 479.3 481.1 473.3 +1.4

Technical availability rate 96.5 95.9 +0.6pts 96.5 96.5 95.6 +0.9pt

s Average utilization rate 73.6 80.5 -6.9pts 78.3 75.9 80.8 -4.9pts

Fonte: Sonasurf/bourbon

Tabela nº 9 Performance financeira Serviços marítimo

Adjusted Financial Performance H22015

H22014 Change H12015 2015

2014 Change

In millions of euros (restoted) H2/H2 (restote

d)

2015/

2014 Revenues 554.7 604.1 -8.2 612.0 1,166.7 1,155.

9

+0.9

costs (excluding boreboat chorter costs) (355.0) (389.2) -8.8 (389.8) (744.7) (761.3) -2.2

EBITDAR (excluding capital gains) 199.7 214.9 -7.1 222.3 422.0 394.6 +6.9

EBITDAR (exduding capital gains) / 36.0 35.6 +O.4pts 36.3 36.2 34.1 +2.0pt

Revenues

EBITDA 132.7 186.0 -28.7 162.2 294.8 325.8 -9.5

EBIT 6.5 54.9 -88.2 35.0 41.5 68.2 -39.2

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Fonte: Sonasurf/bourbon

Tabela nº 10 Serviço marítimo: agua profunda offshore

Operational Business Indicators H22015 H22014

Change

H12015 2015 2014

Chang

e

H2/H2 2015/

2014

Number of vessels FTE • 85.1 75.3 +13.0 78.6 81.9 73.7 +11.1

Technical availability rate 95.4 92.3 +3.1 pts 96.1 95.7 92.6 +3.1pt

s Average utilization rate 81.4 85.8 -4,4pts 84.9 83.1 86.9 3.8pts

Average daily rate (in USS/day) 18,718 23,350 -19.8 21,097 19,804 22,967 -13.8

Adjusted Financial Performance H22015

H22014 Change H12015 2015

2014 Cha

nge In millions of euros (restated) H2/H2 (restoted) 201

5/20

14

Revenues 208.1 217.7 -4.4 223.4 431.5 411.7 +4.8

costs (excluding bareboat charter costs) (123.5) (129.1) -4.3 (136.6) (260.2) (247.9) +4.9

EBITDAR (excluding capital gains) 84.6 88.6 -4.5 86.7 171.3 163.8 +4.6

EBITDAR (excluding capital gains) / 40.6 40.7 -0.1 pt 38.8 39.7 39.8

-0.1

pt Revenues

EBITDA 51.3 76.2 -32.6 58.6 110.0 127.3 13.6

Fonte: Sonasurf/bourbon

Tabela nº 11 Serviço marítimo: aguas rasas offshore vessels

Operational Business Indicators H22015 H22014

Change

H12015 2015 2014

Change

H2/H2 2075/20

74

Number of vessels FTE * 135.1 134.4 +0.5 138.1 136.6 131.2 +4.1

Technical ovoilability rate 97.5 96.6 +0.9pts 97.7 97.6 96.5 +1.1 pts

Averoge utilizotion rote 76.0 87.8 -

11.8pts

81.4 78.7 88.6 -9.9pts

Average doily rote (in US$/day) 12,507 14,307 -12.6 13,732 13,137 14,177 -7.3

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Adjusted Financial Performance H22014

H22014 Change H12015 2015

2014 Change

In míllíons of euros restated H2/H2 restate

d

2015/20

74 Revenues 210.2 240.8 -12.7 239.6 449.8 455.7 -1.3

costs (excluding bareboat charter costs) (133.7) (160.4) -16.6 (152.0) (285.8) (306.1

)

-6.6

EBITDAR (excluding capitalgains) 76.4 80.4 -4.9 87.5 164.0 149.5 +9.7

EBITDAR (excluding capital gains) 1 36.4 33.4 +3.0pts 36.5 36.5 32.8 +3.6pts

Revenues

EBITDA 42.5 63.9 -33.5 55.5 98.0 117.3 -16.4

Fonte: Sonasurf/bourbon

Tabela nº 12 serviço marítimo: barcos para a tripulação

Operational Business Indicators H22015 H22014

Change

H12015 2015 2014

Change

H2/H2 2015/20

14

Number of vessels FTE • 262.8 267.0 -1.6 262.6 262.7 268.4 -2.1

Technicol ovoilability rate 96.3 96.6 -O.3pts 96.1 96.2 96.0 +O.2pts

Averoge utilizotion rate 69.9 75.3 -5.4pts 74.7 72.3 75.4 -3.1pts

Average doily rote (in US$/day) 4,579 5,066 -9.6 4,837 4,697 5,100 -7.9

* Vessels operated by BOURBON (tncludtng vessels owned or on bareboat charter).

Adjusted Financial Performance H22015 H22014 Change H12015 2015 2014 Chang

e - In míllíons of euros restated H2/H2 restated 2015/2

074 Revenues 136.4 145.6 -6.3 149.1 285.5 288.5 -1.0

costs (excluding bareboat charter costs) (97.7) (99.7) -2.0 (101.1) (198.8) (207.2) -4.1

EBITDAR (excluding capitalgains) 38.7 45.9 -15.7 48.0 86.7 81.3 +6.7

EBITDAR (excluding capital gains) 1 28.4 31.5 -3.2 pts 32.2 30.4 28.2 +2.2pt

s Revenues

EBITDA 38.8 45.9 -15.5 48.0 86.8 81.3 +6.8

Fonte: Sonasurf/bourbon

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Angola

62

Tabela nº 13 Serviços submarinos

Operational Business Indicators H22015 H22014

Chonge H1201

5 2015 2014

Chonge

H2/H2 2015/2

014

Number of vessels FTE * 21.4 19.0 +72.6 20.2 20.9 18.0 +76.7

Technical availability rate 96.7 93.6 +3.7 pts 93.8 95.3 93.5 +1.8pts

A verage utilization rate 59.0 81.7 -22.7pts 73.1 65,80/0 85.0 -

79,2pts Average daily rate (in US$/day) 47,459 48,622 -2.4 49,718 48,365 47,470 +7.8

Adjusted Financial Performance H22015

H22014 Chonge H1201

5 2015

2014 Chonge

In míllíons of euros restated H2/H2 restated 2015/2

074 Revenues 114.3 133.3 -74.3 138.0 252.3 244.2 +3.3

costs (excluding bareboat charter

costs)

(60.0) (71.5) -76.0 (72.6) (132.7) (133.5) -0.7

EBITDAR (excluding capital gains) 54.3 61.9 -72.2 65.3 119.6 110.7 +8.7

EBITDAR (excluding capitalgains) / 47.5 46.4 +7.7 pts 47.4 47.4 45.3 +2.7

pts Revenues

EBITDA 30.4 76.3 -60.2 40.0 70.4 129.6 -45.7

EBIT 6.5 45.8 -85.8 16.2 22.7 77.9 -70.8

Fonte: Sonasurf/bourbon

Tabela nº 14 outros custos e receitas

Adjusted Financial Performance H22015

H22014 Chonge H1201

5 2015

2014 Chonge

In míllions of euros restated H2/H2 restated 2015/2

014 Revenues 9.3 12.7 -27.7 8.8 18.1 21.0 -13.8

costs (excluding bareboat charter

costs)

(6.1) (10.3) -47.2 (6.0) (12.1) (16.7) -27.6

EBITDAR (excluding capitalgains) 3.2 2.5 +32.3 2.8 6.0 4.3 +38.8

EBITDAR (excluding capitalgains) / 34.9 19.2 + 75.7pts 31.7 33.3 20.7

+12.6

pts Revenues

EBITDA 3.2 2.5 +32.3 2.8 6.0 4.3 +38.7

EBIT 2.0 0.0 n/s (0.1) 1.9 (0.8) n/s

Fonte: Sonasurf/bourbon

Em 2014 o grupo teve uma perda de cerca 126,1 milhões de dólares em relação o ano de

2013 e segundo os cálculos de Setembro de 2015 o grupo já estava com uma perda de 187,9

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Angola

63

milhões do que o ano de 2014. O diretor vai ainda mais longe afirmando que, se o mercado

continuar no mesmo ritmo a única saída será a restruturação da empresa.

Tabela nº 15 utilidade anual

In %

Marine Services

Deep water offshore vessels

5hallow water offshore vessels

Crewboats

Subsea Services

"Total fleet excluding Crew boats"

"Total fleet" average utilization rate

Full year

2015 2014

75.9 80.8

83.7

86.9 78.7

88.6 723

75.4 65.8 85.0

79.1 87.7

75.5 81.0

Fonte: Sonasurf/bourbon

Tabela nº 16 novos contratos

FullVear

2015 2014

15 35

9 9

0 15

6 11

1 5

16 40

Fonte: Sonasurf

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64

Tabela nº 17 Receitas Consolidadas

In millions of euros (except per share data) H22015 H22014

Change

201S 2014

Change

H2/H2 2015/2014

Revenues 628.3 703.8 -10.7 1,329.6 1,346.4 -1.2

Direct costs (320.9) (369.1) -13.1 (678.2) (720.5) -5.9

General & Administrative costs (64.2) (67.3) -4.6 (131.0) (137.8) -4.9

EBITDAR excluding capital gains 243.2 267.4 -9.0 520.4 488.1 +6.6

Bareboat charter costs (91.4) (65.4) +39.7 (179.1) (110.6) +61.9

EBITDA excluding capital gains 151.8 202.0 -24.8 341.2 377.5 -9.6

Capital gain (1.9) 50.9 -103.8 0.4 60.8 -99.3

Gross operating income EBITDA 149.9 252.9 -40.7 341.7 438.3 -22.0

Depreciation, Amortization & Provisions (148.4) (158.9) -6.6 (299.7) (307.0) -2.4

5hare of results from companies under the equity 1.6 2.2 -28.7 5.8 5.7 +2.1

method

Operating income (EBIT) 3.0 96.2 -96.9 47.8 137.0 -65.1

Financial profit/loss (26.6) 5.7 n/s (60.8) (9.0) n/s

Incometax (16.1) (13.8) +16.6 (30.5) (29.2) +4.2

Income on equity interests sold - - n/s - - n/s

Income from discontinued operations - - n/s - - n/s

Netlncome (39.7) 88.1 nfs (43.4) 98.7 nfs

,

Minority interests (17.7) (9.6) +85.0 (33.2) (25.0) +32.8

Net income (Group share) (57.4) 78.5 nfs (76.6) 73.7 nfs

Earnings per share - - (1.07) 1.03

Weighted average number of shares outstanding - - 71,504,490 71,586,734

Fonte: Sonasurf/bourbon

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65

5.5 Impacto da crise para a política de investimento e formação

O diretor dos recursos humanos e angolanização sublinhou que, o atual quadro económico levou

com que a empresa ajustasse as suas dinâmicas de funcionamento interno de modo a servir melhor

os seus clientes. Conforme defende Dalberto Bento (2006), a aposta das organizações nos seus

Capitais Humanos é tida como uma forma de viabilizar projetos organizacionais, nomeadamente em

ambientes competitivos.

Serrano e Fialho (2005) citados em Elsa Soares (2013) defendem, que a aposta estratégica em

fatores de diferenciação perante a concorrência deverá ser crítica, nomeadamente, enquanto

objetivo empresarial a perseguir.

Mesmo com a crise no mercado angolano, a Sonasurf Angola tem apostado constantemente na

formação como fator de diferenciação, defendeu o director. As estratégias traçadas para o ano

2015/2016 a formação tem um papel muito importante, não houve qualquer alteração nos objetivos

traçados pela empresa para o próximo ano.

Tabela nº 18 Sonasurf objectivos 2016

SONASURF 2016

PLAN

OBJECTIVES

Yearly average revenue growth

10%

No change

EBITDA/revenue

19%

Adjusted

EBITDA/Average capital employed excl. advances

14%

No change

Fleet availability rate

> 95%

No change

Training

9%

No change

Fonte: Sonasurf relatório 2015

Segundo Pereira (2011) citado em Elsa Soares (2012) a formação é dos fatores capazes de

tornar a organização permanentemente competitiva é o humano, seguindo a ideia de que só

colaboradores devidamente qualificadas poderão produzir ou prestar serviços com qualidade nas

organizações.

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66

O diretor explicou que a crise afetou o plano de recrutamento que a empresa tem em

carteira, mas a empresa tem um plano de formação para poder fazer face o défice verificado em

algumas áreas. Nós tínhamos um plano de recrutamento de 29 colaboradores até 2016, fato que não

venho acontecer devido alterações do mercado.

Estas afirmações remetem-nos em Kotabe e Czinhota (1992) os autores defendem que o mundo

se afasta cada vez mais do mass marketing virando-se para mercados de nichos, a formação e um

mecanismo que pode muito bem tornar uma empresa mais competitiva em relação os seus

concorrentes.

5.6 Modelo encontrado para fazer face a crise do preço do petróleo

Um dos grandes objetivos da Sonasurf Angola é tornar-se líder em serviços marítimos offshore,

mesmo com a situação atual do mercado angolano, não devemos desviar deste trilho, defendeu o

Business Development Director.

Michael Santos (2015) defende num dos seus artigos que, com os preços anormalmente baixos,

algumas petrolíferas são obrigadas a cortar custos e a repensar o modelo de negócio, especialmente,

as empresas mais frágeis, que na impossibilidade de conseguirem receitas, são obrigadas a adaptar-

se ou a fechar as portas. Contínua, as petrolíferas é são os nossos clientes, nos dependemos delas, se

estão a cortar nos custos nós não iremos ficar imunes a estas decisões.

Figura nº 5 principais clientes

Fonte: Sonasurf

46%

21%

17%

16%

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67

Empresas como a BP, Chevron; Conoco Philips, Eni, Exxon, e a Total, representam 46% do

volume de negócio da Sonasurf. Contudo, servir com eficiência e adaptar o mercado em alta

crise não é tarefa difícil. A Sonasurf Angola, como já referimos no capítulo anterior, traçou duas

políticas no sentido de melhor assistir os seus clientes. A primeira é a redução dos preços

praticados e outra é a política de retenção de conhecimento (RH).

No que concerne a política de redução de preços (daily rates), a empresa adotou esta

estratégia no sentido de fidelizar os seus clientes e adotar as suas políticas a realidade do

mercado.

Jeff Rubin (2009) a situação é particularmente terrível no principal mercado mundial de

petróleo – os Estados Unidos. Ao longo de três décadas, a produção norte-americana de crude

caiu literalmente para a metade, com cerca de dez milhões de barris por dia para cinco milhões

por dia, nos 48 Estados mais a sul.

Do mesmo modo, as grandes petrolíferas sedeadas em Angola, diminuíram drasticamente a

sua produção e consequentemente as suas embarcações. Para a Sonasurf, menos embarcações

significa, menos receitas.

Empresas podem usar diversos métodos para induzir a fidelidade á marca. Um dos mais

comuns é a prática de campanhas publicitárias, que promovem o produto como melhor do

mercado. As empresas que praticam competição de preços podem obter lucros maiores Baye

(2010).

A tarifa diária (daily rate) baixou em média 21% desde Abril de 2015. Direcção da empresa

defende que esta é a opção mais viável em momentos de grande competição e contenção

financeira.

Gráfico nº 8 previsão de investimentos Grupo Bourbon offshore

Fonte: Relatório Sonasurf/ Bourbon

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68

O Grupo BOURBON offshore, da qual a Sonasurf faz parte, projetou um investimento de

762 milhões de USD Dólares para o ano de 2015, dos quais 15% desta verba será investido em

Angola. A organização prioriza a formação e a modernização de todo o conjunto de infra-

estruturas de modo a prestar serviço com boa qualidade e melhor eficiência.

Quando a segunda politica (politica de retenção de conhecimento), o atual enquadramento

socioeconómico, a sobrevivência das organizações, independentemente do seu setor de

atividade, é fundamental condicionante pela capacidade de combinar conhecimento atualizado e

diversificado e, posteriormente, de incorporar nos serviços e/ou produtos que coloca no

mercado. Esta visão remete-nos para a centralidade da gestão do conhecimento e, em particular,

para a importância da partilha e da retenção do conhecimento Maria Serrano e Paula Urze

(2015)

Tipicamente, o risco de perda de conhecimento organizacional crítico surge associado á

saída de um grande número de colaboradores da organização. Por isso, é comum considerar-se

que o risco de perda de conhecimento crítico é maior em tempo de crise económica, em

organização com uma população envelhecida e que, a qualquer momento, pode ser confrontada

com pedido de reforma maciço. No entanto, este mesmo risco existe também em setores com

elevada rotatividade Ashworth (2006) ou em situação de reestruturação da em presa Schimitt &

Probst (2011).

O problema da perca de conhecimento associado a crise e a reestruturação é um dos grandes

risco que os gestores tentam ignorar. Ao longo dos anos, a Sonasurf formou perto de 150

funcionários (Onshore e offshore) este capital humano, representa um investimento de quase 4

milhões USD dólares ano, a empresa não pode permitir que este investimento saia de porta fora

sem retorno.

Grande parte do conhecimento organizacional relevante reside nas pessoas. Este é partilhado

por meio de relacionamento pessoais e/ou institucionalizado através de componentes estruturais,

tais como processos, rotinas, meios informáticos, etc (Santos& wane in press) citado em Maria

Serrano e Paula Urze (2015).

A ausência de relação interpessoal, a falta de competências de relacionamento,

comunicação, ausência de confiança entre pessoas e assim como ausência de confiança no

mercado de trabalho são alguns dos aspectos que podem obstaculizar os fluxos de conhecimento

Christensen (2007).

O caracter eminente tecnológico das actividades desenvolvidas pela empresa, associada á

sua expansão, justifica a importância estratégica da transferência e de retenção do conhecimento

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69

na Sonasurf Angola. Ao nível do grupo as necessidades da transferência de conhecimento mais

prementes é, por um lado, a transferência de conhecimento entre expatriados e nacionais, e por

outro lado, a transferência de conhecimento para as joint venture e/ou parceiros externos. Para

concretização desta politica a Sonasurf conta com á data, com 56 projectos ativos de

transferência de conhecimento apoiados por um departamento (Administrative, Development &

Sustainability of Angolanization Director) de transferência de conhecimento.

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70

Conclusões

Os resultados da recolha de dados divulgaram uma amostra que permitiram-nos testar as hipóteses

formulada ao longo deste trabalho.

Portando, das hipóteses formuladas ao longo deste trabalho, foi possível validar a hipóteses H1.

Deste modo, conseguimos comprovar que o Estado Angolano tem dificuldades em cumprir os seus

objetivos socioeconómicos por causa do baixo preço do petróleo. Segundo o FMI, o choque do

preço do petróleo está a afetar negativamente a economia angolana e projeta-se que o preço médio

do cabaz de petróleo angolano se situe em USD 53 por barril em 2015, contra pouco mais de USD

100 por barril em 2014, conduzindo a uma grande diminuição da receita fiscal e das exportações.

A revisão do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2015, aprovado em Março, que surge face à

forte quebra nas receitas com a exportação de petróleo, vem dar mais sustentação a esta hipótese.

Para outra hipótese H2 (a crise tem servido de desincentivo no que concerne ao investimento e

recrutamento), não foi possível comprovar a sua total validade, mas sim parcial, isto porque só são

válidas para algumas áreas. Mesmo com a crise no mercado, a Sonasurf Angola tem apostado

constantemente na formação como fator de diferenciação. As estratégias traçadas para o ano

2015/2016, a formação tem um papel muito importante, sendo que não houve qualquer alteração

nos objetivos traçados pela empresa parai o próximo ano, mas do outro lado a Sonasurf tem

investido menos na aquisição de ativos.

Tabela 19. Validação das Hipóteses

Hipóteses Validação

H¹ - O Estado angolano tem dificuldades em cumprir os

seus objetivos socioeconómicos por causas do baixo

preço do petróleo verificado nos últimos meses

Validada

H² - A crise tem servido de desincentivo no que

concerne ao investimento e recrutamento de novos

funcionários

Parcialmente validada

Fonte: autor

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71

Conclusão

O estudo sobre a internacionalização na Industria petrolífera e a crise do preço do petróleo em

Angola foi realizado através de análises estatísticas, apoiado por um estudo de caso e de revisão da

literatura. Deste modo, permitindo assim um aprofundamento mais solido na formulação teórica.

No início deste estudo, afirmamos que depois de concluído, iriamos dispor de uma melhor

compressão sobre os modos de internacionalização mais usado em Angola e sobre o impacto da

descida do preço do petróleo para as empresas que operam neste mercado, em particular a Sonasurf

Angola.

Já no final deste estudo, acreditamos ser legítimo, concluir que o modo de internacionalização mais

usado em Angola, é a Joint venture (Parceira). Por tanto, a lei do investimento privado angolano,

obriga de certa forma o estabelecimento de parceria.

A antiga Lei nº 20/11 de 20 de Maio obrigava que 51% do capital deviam ser detido por cidadãos

angolanos. A nova Lei nº 14/15 de 11 de Agosto revoga de forma integral a anterior lei e altera o

valor do capital social a deter por cidadãos angolano para 35%, para além de deterem uma

participação na gestão da sociedade, devidamente refletida no acordo de acionistas.

A desvalorização do preço do crude tem sido encarado como um grande encrave para a prossecução

de algumas políticas sociais, e para o cumprimento de algumas obrigações internacionais.

Sabemos que a dinamização da economia angolana terá de acompanhar a dinamização da economia

global, Angola é uma economia pequena, parcialmente aberta ao exterior. O país deve formular

políticas de investimento e comerciais que aliciem os investidores e os mantenham para muitos

anos.

As empresas, seguindo os Estados, são coleções de conjuntos únicos de recursos, que criam uma ou

várias vantagens competitivas e justificam o desempenho no mercado internacional, baseado na

distribuição heterogénea de recursos entre Estados ou empresas. O acesso de um Estado ou

empresas a recursos únicos ajudará estes a possuir vantagens específicas.

Porter defendeu que as empresas, assim como os Estados, são como uma fábrica flutuante -

constituída por módulos interdependentes, prevendo a esquematização da cadeia de valores na sua

constante evolução.

Uma das condições sine qua non para atracão de investimento estrangeiro, são as infra-estruturas

que o país anfitrião dispõe. A falta de infra-estruturas, de uma estrutura logística solida, de um

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72

sistema alfandegário e um setor público-administrativo célere, tem condicionado a afirmação de

Angola como um mercado de destino para muitas empresas.

A descida do preço do petróleo trouxe consigo consequências políticas, sociais e económicas

graves. O problema do acesso a maioria dos bens básicos é um dos grandes problemas da atualidade

angolana. Um país onde o mercado paralelo é de quase mil milhões de USD por ano, e onde as

respetivas tarifas com a crise do preço do petróleo é 240 vezes superiores às suportadas pelas

famílias abastecidas pela rede formal, é um excelente exemplo de que o país está a beira de uma

rotura social.

A Partidarização da administração pública, as politicas e reformas insustentáveis, ineficiência dos

órgãos de justiça acompanhados a uma redução de receitas, têm pressionado o tecido social

angolano.

Em termos políticos e económicos, a alteração do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016,

levantou muitas questões sobre a dependência do petróleo. As receitas geradas durante longos anos

quando o preço do petróleo rondava aos 80-150 USD, desapareceram sem alguma explicação

plausível.

Devemos salientar também que Angola é o país africano mais afetado pela queda do preço do

petróleo, esta queda agravou as contas públicas e tornou ainda mais problemática as questões

sociais e a sustentabilidade da dívida externa.

O petróleo para além de ser uma commodity estratégica, motora da economia no último século,

tornou-se uma reserva de valores. Nos últimos cinco anos, as verbas envolvidos neste mercado

energético aumentou 30 vezes. O elevado valor do petróleo tornou-se numa fonte fácil de

enriquecimento para os países exportadores e uma ameaça para os países importadores. O elevado

preço do crude, era sinónimo de crescimento e prosperidade para muitos países exportadores de

petróleo, mas para os países importadores, a subida do preço do crude causou recessão nas grandes

economias. A descida do preço do petróleo tem permitido a recuperação das economias ocidentais e

agravando os problemas económicos, sociais e políticos naqueles países como Angola, que já

anunciavam problemas estruturais e vem agravando com a conjuntura global.

Para a Sonasurf Angola, a descida do preço do petróleo, vem alterar alguns projetos estratégicos

que a empresa tem em carteira. A empresa teve um péssimo resultado nos últimos dois anos (2014/

15) e não se espera que esta tendência venha a melhorar a curto prazo.

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73

A empresa teve de reduzir a tarifa diária devido a pouca procura dos serviços e a baixa taxa de

utilização dos barcos.

A descida do preço do crude não influenciará a politica de recrutamento, mas haverá um

congelamento dos posto que a empresa pretendia preencher até Julho de 2016, ou seja, a Sonasurf

Angola não recrutará novos quadros até que o quadro económico melhore.

Até o terceiro trimestre de 2015 a taxa de utilização (Fleet Utilization Rate) de todos os barcos nas

águas angolanas rondava em 79,4% (Angola Overall Fleet UR YTD 2015: 79,4%) nos cerca de 113

barcos fretados (Angola FTE YTD 2015: 113 Vessels). Ou seja, 37 navios estão atracados nos portos

de angola sem contrato, representando uma quebra de 20,6% da taxa de utilização.

A Sonasurf Angola tem enfrentado a crise de forma positiva, por um lado, devido a falta de uma

concorrência direta na área onde atua. Em Angola só existem duas empresas a exercer está

atividade, a Sonatide Marine LTD, que surgiu de uma parceira entre a Sonangol Holdings e a

Tidewater Marine Internacional INC e A SONASURF ANGOLA COMPANHIA DE SERVIÇOS

MARÍTIMOS LDA, que é uma sociedade por quotas, com capital social detido igualmente pela

Sonangol Holdings Lda. e pela Bourbon Offshore Surf, ou seja, são empresas pertencente ao Grupo

Sonangol e gozam de uma protecção efectiva no mercado angolano.

A Sonasurf Angola, é uma das raras empresas no ramo petrolífero que não encontrou a solução para

a saída da crise no despedimento dos seus funcionários. A empresa encara o problema da perda de

conhecimento associado a crise e a reestruturação como um risco para a sustentabilidade da

empresa. Ao longo dos anos, a Sonasurf formou perto de 150 funcionários (Onshore e offshore) este

capital humano representa um investimento de quase 4 milhões USD dólares ano, a empresa não

pode permitir que este investimento saia de porta fora sem nenhum retorno.

A Sonasurf Angola é uma empresa solida, apesar de ser afetada pela crise de forma direta (A perca

de contractos) e indireta (falta de pagamento por parte de alguns clientes), a empresa goza de

proteção e incentivos fiscais significativamente alto.

Grande parte das receitas prevenientes dos negócios em Angola, apenas 25% desta receita

permanece em Angola e 75% é pago em USD dólar a Sonasurf Internacional, uma empresa sediada

em Faro/Portugal.

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A inflação afeta gravemente a empresa, os preços em Angola variam do dia para a noite. A empresa

depende muitas vezes do mercado informal para a compra de grande parte de equipamentos para

abastecer a sua frota. Os altos preços dos consumíveis tem um impacto nos lucros da organização.

Contudo a atividade económica anda de mãos dada com a utilização da energia, quando a economia

cresce implica a queima de mais energia. É exatamente por isso que o petróleo é o motor da

economia global, se em contrapartida, a economia estagnar, é usado menos energia, previsivelmente

o seu preço cai. Isto significa que o baixo preço do petróleo é uma aberração temporária, só não

temos a convicção do que vira acontecer com o preço do crude assim que a economia global

começar a crescer.

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Anexos

6.1.Entrevistas

Transcrição da entrevista com Dr. Agostinho Neto, SONASURF ANGOLA, Administrative,

Development and Sustainability of Angolanization & HR Director.

Endy Tomé (M): O Sr.º é responsável pela pasta de recursos humanos e angolanização, queira por

favor explicar-nos concretamente?

Agostinho Neto: O processo de angolanização que foi criado através de um decreto presidencial é

uma política que obriga as empresas estrangeiras que operam em Angola em geral, mas

principalmente, as petrolíferas, a banca e os seguros, a empregarem angolanos em todas as

categorias, posições e gozarem das mesmas regalias em relação aos expatriados. No entanto, eu só o

responsável deste processo e dos recursos humanos?

Endy Tomé (M): Como tem decorrido este processo no cenário de crise em que o país e

principalmente a indústria petrolífera estão mergulhados?

Agostinho Neto: O atual quadro económico levou com que a empresa ajustasse as suas dinâmicas

de funcionamento interno de modo a servir melhor os seus clientes. Ora, para melhor servir os seus

clientes, uma empresa deve contar com um conjunto de mecanismos de modo a responder as

necessidades do mercado e os recursos humanos, mesmo com a optimização em algumas áreas,

continua a ser a pedra fundamental para uma organização.

Mesmo neste cenário instável em que a indústria encontra-se, a Sonasurf Angola tem apostado

constantemente na formação como factor de diferenciação. Neste sentido, as estratégias traçadas

pela empresa para o ano 2015/2016, a formação continua tendo um papel muito importante. Ou

seja, não houve qualquer alteração nos objetivos traçados pela empresa no que concerne a

formação.

Endy Tomé (M): algumas empresas neste ramo estão a despedir em massa devido a baixa do

petróleo, como tem sido para a Sonasurf gerir esta situação?

Agostinho Neto: é verdade que a nossa sustentabilidade depende muito dos nossos clientes. As

grandes petrolíferas sedeadas em Angola, diminuíram drasticamente a sua produção e

consequentemente as suas embarcações. Para a Sonasurf, menos embarcações significa, menos

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receita. Ora, na área operacional (Marinheiros e rasta about), a Sonasurf pensa em negociar

condicionalmente os contratos com estes operadores e esperar que a conjuntura atual altere-se. Isso

quer dizer, que os marinheiros terão um salario reduzido invés da desvinculação do laço laboral.

Endy Tomé (M): De que forma é que esta medida está sendo acolhida pelas pessoas atingidas?

Agostinho Neto: Não tem sido fácil convencer aqueles que integram este leque de pessoas afetadas.

Mas não temos outra escolha, nós dependemos dos nossos clientes, se estes estão a diminuir as suas

operações e consequentemente a procura dos nossos serviços, temos de encontrar uma solução para

mitigar esta quebra, e quanto a nós, está é até uma medida muito mais acolhedora do que o

despedimento.

Endy Tomé (M): Está medida afeta também os funcionários em terra (onshore) ou apenas só para

funcionário offshore?

Agostinho Neto: não há cá uma espécie de discriminação, os marinheiros são funcionários ligados

as operações e frequentemente ficam no mar. Como já havia referenciado, os nossos clientes estão a

diminuir as suas embarcações e a Sonasurf não deve remunerar um funcionário que está em casa.

Agora, quanto aos funcionários onshore, este não serão afetados com estas medidas, porque estes

representam uma pequena metade da nossa força de trabalho e as questões administrativas e

logísticas necessitam de ser conduzidas e executadas.

Endy Tomé (M): Algumas empresas na indústria estão concretamente a aproveitar-se da crise para

fazer head hunting em algumas empresas, como é que Sonasurf tem lidado com essa questão?

Agostinho Neto: É verdade que algumas empresas usam-se da crise para atrair jovens talentosos

para os seus quadros a custo zero, para a Sonasurf, o problema da perca de conhecimento associado

a crise e a reestruturação é um dos grandes risco que os gestores não devem ignorar. Ao longo dos

anos, a Sonasurf, formou perto de 150 funcionários (Onshore e offshore), este capital humano -

representa um investimento de quase 4 milhões USD dólares ano - a empresa não pode permitir que

este investimento saia de porta fora sem retorno.

A Empresa desenvolveu duas políticas para evitar a fuga de quadros para a outras empresas, uma

delas é á política de retenção de conhecimento.

O actual enquadramento socioeconómico, a sobrevivência das organizações, independentemente do

seu setor de atividade, é fundamental condicionada pela capacidade de combinar conhecimento

atualizado e diversificado e, posteriormente, incorporar nos serviços e/ou produtos que coloca no

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mercado. Ora, cá é necessário ter pessoas capazes e competente para poderem dar respostas as

demandas do mercado.

Entretanto, o carácter eminente tecnológico das atividades desenvolvidas pela empresa, associada á

sua expansão, justifica a importância estratégica da transferência e de retenção do conhecimento.

Ao nível do grupo as necessidades da transferência de conhecimento mais prementes é, por um

lado, a transferência de conhecimento entre expatriados e nacionais, e por outro lado, a

transferência de conhecimento para as joint venture e/ou parceiros externos. Para concretização

desta politica a Sonasurf conta com, á data, com 56 projetos ativos de transferência de

conhecimento apoiados por um departamento de transferência de conhecimento. A retenção do

conhecimento na empresa é impreterível, aliás, é do conhecimento que Sonasurf diferencia-se dos

seus concorrentes.

Evidenciando alguns factos, O Grupo BOURBON offshore, da qual a Sonasurf faz parte, projetou

um investimento de 762 milhões de USD Dólares para o ano de 2016, dos quais 15% desta verba

será investido em Angola. A organização prioriza a formação e a modernização de todo o conjunto

de infra-estruturas de modo a prestar serviço de boa qualidade e melhor eficiência.

Transcrição da entrevista com Engº. Rosário Fernandes, Business&Development Director.

Endy Tomé (M): O Sr.º é responsável pela pasta de Business and Development, queira por favor

explicar-nos concretamente as suas responsabilidades?

Rosário Fernandes (SA): Na perspectiva aqui adotada, o Business and development integra um

conjunto de funções desde, finanças, Marketing, trading, logística, sistemas de informação, entre

outras, que gerenciam recursos e geram resultados para agregar valor económico ao processo

empresarial como um todo. Portanto, a função business and development engloba a tomada de

decisões, a gestão de contratos/carteiras de consumidores e a avaliação de resultados, como

qualquer outra função empresarial.

Endy Tomé (M): Como tem sido o processo de aquisição de novos contratos na atual conjuntura

económica.

Rosário Fernandes (SA): Não está a ser fácil gerir o atual contexto económico, para a Sonasurf

Angola, a descida do preço do petróleo, vem alterar alguns projectos estratégicos que a empresa tem

em carteira. A empresa teve um péssimo resultado nos últimos dois anos (2014/ 15) e não se espera

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que esta tendência venha a melhorar a curto prazo. A empresa teve de reduzir a tarifa diária devido

a pouca procura dos serviços e a baixa taxa de utilização dos barcos.

A prioridade da empresa neste exato momento é manter os contractos que tem em carteira, ou seja,

servir melhor os que temos porque não está fácil conseguir um novo contrato.

Portanto, dando a situação atual do mercado, a SONASURF ANGOLA, usa o elemento preço para

manter a fidelização dos seus clientes e parceiros. A redução da tarifa diária (daily rate) é um dos

mecanismos escolhido para a estratégia de marketing, uma vez que o mercado petrolífero encontra-

se em franca procura e baixa produção.

Endy Tomé (M): O mercado angolano está em constante oscilação em termos de preço, como tem

gerido está situação?

Rosário Fernandes (SA): A constante desvalorização da moeda nacional tem causado grandes

transtornos para a fixação dos preços. Mas nos entendemos que, a chave para tomada de decisões de

grande impacto é o acesso a todas as informações disponíveis na empresa e no mercado, coletar e

processar esses dados de forma a procurar a solução ideal para a empresa. Uma empresa com a

dimensão da SONASURF ANGOLA, o departamento jurídico fornece informações sobre as

consequências legais de decisões alternativas e o departamento de contabilidade pode oferecer

conselhos sobre impostos e dados básicos de custo. Porém, estas informações devem ser

processadas de modo a chegar a uma decisão de marketing eficaz.

Os contratos são firmados uma parte em kwanza (25%) e outra em USD dólares (75%), portanto,

está forma de negociação ajuda-nos a minimizar as perdas cambiais.

Endy Tomé (M): Qual é a diferença existente em termos de contratos firmados em relação ao ano

passado?

Rosário Fernandes (SA): Uma vez que o mercado petrolífero encontra-se em franca procura e

baixa produção não se deve esperar muito. O ano de 2014 foi um ano bastante produtivo, o 2015

acaba por ser o pior. Em 2015 a empresa consegui celebrar cerca 10 novos contratos, uma quebra de

mais 50% se comparamos os 23 contractos em 2014.

Endy Tomé (M): Que risco representa esta quebra de contractos para a sustentabilidade da

Sonasurf Angola?

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Rosário Fernandes (SA): A nossa sustentabilidade depende dos contratos a celebrar, assim como

os nossos clientes dependem das receitas provenientes das vendas do crude para a sua

sustentabilidade. Portanto, se o mercado mostrar-se resistente, daí sim teremos motivos que sobram

para nos preocuparmos.

Entretanto, neste exato momento temos 37 navios atracados nos portos de angola sem contrato,

representando uma quebra de 20,6% da taxa de utilização em relação ao ano passado. Ora, se as

coisas continuarem a este ritmo, a empresa deverá procurar uma outra estratégia.

Endy Tomé (M): O FMI prevê para o próximo ano a recuperação da economia angolana, quais são

as expetativas para a Sonasurf Angola?

Rosário Fernandes (SA): A diminuição da produção do petróleo, por sua vez diminui os níveis de

utilização e da procura em muitos serviços oferecido pela empresa. A recuperação da economia

angolana começa a ser algo impreterível para a saúde financeira da Sonasurf e dos nossos clientes.

Não vamos nos basear em estatísticas, aliás o mercado não é estático e nos acreditamos na

recuperação da economia angolana em breve. Angola é um país com grande potencial, o petróleo

angolano é um dos melhores, com baixo nível de enxofre e muito mais procurado em relação aos

seus concorrentes da OPEP.

O grupo BOURBON offshore Services reiterou o seu desejo em apostar sempre no mercado

angolano, é de salientar que, o mercado angolano, mesmo com a crise continua sendo a principal

fonte de receita do grupo, ora isso mostra a importância e a necessidade de investimento continuo

neste país.

Endy Tomé (M): Que politica tem a Sonasurf no sentido de mitigar esta tendência?

Rosário Fernandes (SA):

A Sonasurf tem neste momento, a política de preço e a política de fidelização. Estas políticas

ajudam-nos a encontrar uma solução para melhor gerir a situação atual, ora, a politica de preços

sendo uma variável do marketing, ajuda-nos a atrair mais clientes a custos atrativos, e a politica de

fidelização é nada mais do que manter em carteira aqueles clientes que já estão connosco – e

procurar atrair mais clientes através de uma campanha de preços atrativos. Portanto, Para que destas

políticas surtam efeitos positivos e preciso que tenhamos as informações necessárias para melhor

traçar as estratégias.

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Para qualquer organização a chave para tomada de decisões de grande impato é ter acesso a todas as

informações disponíveis na empresa e no mercado, coletar e processar esses dados de forma a

procurar a solução ideal para a empresa. Uma empresa com a dimensão da SONASURF ANGOLA,

o departamento jurídico fornece informações sobre as consequências legais de decisões alternativas

e o departamento de contabilidade pode oferecer conselhos sobre impostos e dados básicos de

custo. Porém, estas informações devem ser processadas de modo a chegar a uma decisão de

marketing eficaz.

Contudo, a redução da tarifa diária (daily rate) é um dos mecanismos escolhido para a estratégia de

marketing, uma vez que o mercado petrolífero encontra-se em franca procura e baixa produção.

Transcrição da entrevista com Sr. Pedro Ganho, (Accounting Manager) Director Financeiro

Endy Tomé (M): O Sr.º é responsável pela pasta das Finanças, queira por favor descrever-nos

concretamente as suas responsabilidades?

Sr. Pedro Ganho (SA): A função básica de um sénior Accounting Manager é nada mais do que o

registo e a controlo de dados contabilísticos da empresa.

Endy Tomé (M): que influencia tem a baixa do preço do crude para as finanças da Sonasurf

Angola?

Sr. Pedro Ganho (SA): Nós dependemos totalmente da indústria petrolífera, se a produção neste

ramo tiver em alta – significa para nós mais embarcações e consequentemente maior receitas.

Devido a baixa do preço do petróleo e a fraca produção, a empresa teve um péssimo resultado nos

últimos dois anos (2014/ 15) e não esperemos que esta tendência venha a melhorar a curto prazo. É

verdade, que as tendências de globalização têm forçado negócios ao redor do mundo a se

concentrarem mais avidamente na lucratividade, esta inclinação está presente também em Angola.

A empresa teve de reduzir a tarifa diária devido a pouca procura dos serviços e a baixa taxa de

utilização dos barcos. Esta foi uma metida difícil, mas necessário de modo a adaptar-se ao contexto

actual e salvaguardar a sustentabilidade da empresa.

Endy Tomé (M): Se o quadro actual não sofrer nenhuma alteração favorável, como a Sonasurf

pensa gerir esta situação?

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Sr. Pedro Ganho (SA): Não cremos que este cenário venha a manter-se mais um ano, até porque a

economia mundial esta a crescer, não á ritmos desejável mas já cresce. O crescimento da economia

implica mais consumo de combustível, que por sua vez dá uma outra dinâmica ao sector. Mas as

organizações buscam sempre a satisfação do cliente, a superioridade competitiva e a geração de

lucros de forma a garantir a sustentabilidade da organização. Portanto, se este cenário não alterar,

como qualquer organização, o primeiro passo a tomar será a restruturação organizacional – ora -

isso implica a procura, a implantação e melhorias dos processos existentes no sentido de melhor

servir o cliente e manter a saúde financeira da empresa.

Endy Tomé (M): Como tem gerido a actual conjuntura?

Sr. Pedro Ganho (SA): conforme já havia dito o meu colega Rosário Fernandes, Não está sendo

fácil gerir a actual situação económica, a descida do preço do petróleo, vem alterar alguns projetos

estratégicos que a Sonasurf Angola tem em carteira. A empresa teve um péssimo resultado nos

últimos dois anos (2014/ 15) e não se espera que esta tendência venha a melhorar a curto prazo. A

empresa teve que reduzir a tarifa diária devido a pouca procura dos serviços e a baixa taxa de

utilização dos barcos.

Como director financeiro, tenho a responsabilidade de informar a empresa sobre qualquer alteração

verificada nas contas da empresa, sendo ela, positiva ou negativa. Portanto, o atual contexto não é

muito animador.

Endy Tomé (M): Que espetativa tem a Sonasurf para os próximos anos Sonasurf?

Sr. Pedro Ganho (SA): A Sonasurf Angola é uma empresa que aposta no futuro, a formação é uma

das áreas em que a empresa nunca deixará de promover. Melhor formar para melhor servir, é um

dos nossos lemas, mas não podemos fugir da realidade, o atual contexto não é inspirador, mas o

mercado angolana tem potencial e temos confiança de que isto não passa de uma situação

temporária.

O mercado angolano é enorme, cá opera grande parte das multinacionais do ramo, entretanto,

haverá sempre um cliente para servir.

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