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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016 1 Práticas de Telejornalismo Online: Casos da Folha de São Paulo, do G1 e do UOL 1 Thiago FRISON 2 Oswaldo da Silva RIBEIRO 3 Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS Resumo Na conturbada era da convergência de formatos para a internet, procurou-se compreender de que maneira o telejornalismo e suas referências são trabalhadas atualmente no meio online e se ele possui relações com a prática tradicional voltada para a televisão. Partindo da análise de conteúdo, comparou-se a produção em vídeo de Folha de São Paulo, G1 e UOL com de dois telejornais: Jornal Nacional e Jornal da Record. O material dos sites tinha peculiaridades que os diferenciavam de material telejornalístico. Ficou evidenciado o uso do vídeo na internet como apoio ao texto, infográfico, documental e sobre bastidores, além do tratamento diferente à mesma notícia se comparado com a televisão e liberdade quanto ao tempo. Apesar de ter algumas características semelhantes ao telejornalismo, o que se produz na internet é uma desconstrução do formato, que difere do telejornalismo. Palavras-chave: Telejornalismo; Convergência; Internet; Análise de Conteúdo Um formato em construção num momento conturbado É de se observar que o desenvolvimento de novos meios de comunicação tem aproximações com seus antecessores. Assim foi o rádio, que partiu do texto do jornalismo impresso para a criação de uma identidade, bem como foi com a TV, que tinha no texto radiofônico o ponto de partida para os primeiros telejornais veiculados. Ninguém é substituído, mas todos se adaptam aos momentos. A possibilidade multimídia que a internet ofereceu fez com que ela, no princípio, abraçasse mais de um antecessor e, de forma a desbravar as possibilidades, trabalha de tudo um pouco. Esse meio oferece potencialidades para praticar o jornalismo, que nem sempre são utilizadas integralmente. É possível apontar como potencialidades do jornalismo na internet: 1-Multimidialidade/Convergência (Com a digitalização da informação, a multimidialidade no jornalismo online se refere ao uso das mídias tradicionais como formas 1 Trabalho apresentado na Divisão Temática Jornalismo, da Intercom Júnior XII Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação 2 Graduado em Jornalismo (2015B) pelo Curso de Jornalismo da UCDB, email: [email protected] 3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da UCDB, email: [email protected]

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Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – São Paulo - SP – 05 a 09/09/2016

1

Práticas de Telejornalismo Online: Casos da Folha de São Paulo, do G1 e do UOL1

Thiago FRISON2

Oswaldo da Silva RIBEIRO3

Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande, MS

Resumo

Na conturbada era da convergência de formatos para a internet, procurou-se compreender

de que maneira o telejornalismo e suas referências são trabalhadas atualmente no meio

online e se ele possui relações com a prática tradicional voltada para a televisão. Partindo

da análise de conteúdo, comparou-se a produção em vídeo de Folha de São Paulo, G1 e

UOL com de dois telejornais: Jornal Nacional e Jornal da Record. O material dos sites tinha

peculiaridades que os diferenciavam de material telejornalístico. Ficou evidenciado o uso

do vídeo na internet como apoio ao texto, infográfico, documental e sobre bastidores, além

do tratamento diferente à mesma notícia se comparado com a televisão e liberdade quanto

ao tempo. Apesar de ter algumas características semelhantes ao telejornalismo, o que se

produz na internet é uma desconstrução do formato, que difere do telejornalismo.

Palavras-chave: Telejornalismo; Convergência; Internet; Análise de Conteúdo

Um formato em construção num momento conturbado

É de se observar que o desenvolvimento de novos meios de comunicação tem aproximações

com seus antecessores. Assim foi o rádio, que partiu do texto do jornalismo impresso para a

criação de uma identidade, bem como foi com a TV, que tinha no texto radiofônico o ponto

de partida para os primeiros telejornais veiculados. Ninguém é substituído, mas todos se

adaptam aos momentos. A possibilidade multimídia que a internet ofereceu fez com que

ela, no princípio, abraçasse mais de um antecessor e, de forma a desbravar as

possibilidades, trabalha de tudo um pouco.

Esse meio oferece potencialidades para praticar o jornalismo, que nem sempre são

utilizadas integralmente. É possível apontar como potencialidades do jornalismo na

internet: 1-Multimidialidade/Convergência (Com a digitalização da informação, a

multimidialidade no jornalismo online se refere ao uso das mídias tradicionais como formas

1 Trabalho apresentado na Divisão Temática Jornalismo, da Intercom Júnior – XII Jornada de Iniciação Científica em

Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação

2 Graduado em Jornalismo (2015B) pelo Curso de Jornalismo da UCDB, email: [email protected]

3 Orientador do trabalho. Professor do Curso de Jornalismo da UCDB, email: [email protected]

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de linguagem às informações a serem transmitidas); 2-Interatividade (é a interação que o

usuário tem com a notícia, seja com quem a escreveu, seja com quem também a lê ou

mesmo com a hipertextualidade da mesma); 3-Hipertextualidade (É a possibilidade de ligar

textos a outros textos a partir dos links); 4-Costumização do Conteúdo/Personalização

(Possibilidade dada ao usuário de pré-selecionar o que é de seu interesse, além de poder

escolher também a programação visual que preferir); 5-Memória (É o arquivamento [fácil e

barato] do que é produzido na internet dentro dela mesma. O conteúdo pode ser recuperado

a partir da hipertextualidade e de buscadores); 6-Instantaneidade/Atualização contínua (É a

facilidade no acesso às informações na internet aliada à constante atualização dos registros

proporcionada pelas facilidades que as novas tecnologias oferecem). (PALACIOS, 2003).

Vivemos em uma eterna convergência. Produtos convergem em outros e linguagens

noutras. Jenkins (2011) lembra que o momento da convergência é sempre muito

conturbado. Formatos estão construindo-se e, em especial, neste momento em que a web se

fortalece cada vez mais, espaço que o receptor também é emissor, o fluxo de conteúdos

transita nas diversas plataformas, dando espaço para que uma linguagem se solidifique.

E é neste espaço que uma das mais completas maneiras de se contar uma história, como

defendem Machado (2001), Paternostro (1999) e Maciel (1995), também segue

convergindo para um outro formato. O telejornalismo criou linguagens e narrativas quase

absolutas e que oferecem ao telespectador a possibilidade do som acompanhar a imagem. O

repórter em frente à câmera – que entra após os âncoras, diante do teleprompter,

convocarem a sua participação - fala diante dos acontecimentos, elementos gráficos e textos

que entram na tela para complementar a informação – um modelo clássico.

“Telejornalismo online”?

Brasil (2002) defende que segue a construção do telejornalismo online – que, afirma o

próprio autor, utiliza o termo na ausência de outro mais específico. O autor é um dos

pioneiros na utilização da internet para experimentar o telejornalismo. Programas

experimentais foram veiculados na então recente TV UERJ, em 2002, que observou a

potencialidade de explorar uma linguagem monopolizada (a do telejornalismo), em um

meio acessível (a internet). A ausência de um termo específico se reflete na bibliografia,

que utiliza mais de um termo para se referir à mesma construção de um formato de

telejornalismo na internet.

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[...] pode-se definir o “telejornalismo na web” como uma linguagem que

está em construção, junto às falhas e acertos, com a tendência de

aprimorar a informação, de modo que atenda a demanda de uma notícia

esmiuçada, mais satisfatória e, ao mesmo tempo imediata. Interativo e

hipertextual, o “telejornalismo na web” possibilita ao internauta uma visão

da realidade bem mais completa e complexa. (SILVA; RODRIGUES,

2005, p. 74).

As potencialidades do jornalismo na web apontadas por Palacios, naturalmente, podem ser

utilizadas na construção de um telejornalismo online, bem como Brasil fez. Não há ainda,

porém, modelos a serem seguidos. Brasil (2002) faz uma analogia interessante para o caso:

As práticas do telejornalismo online se caracterizam hoje, segundo Brasil (2002), em

cumprir algumas funções experimentais:

Transmissões ao vivo via Internet (livewebcasting) para treinamento

de estudantes e jornalistas. Entrevistas e “entradas” ao vivo em telejornais.

Desenvolvimento de linguagens experimentais para o jornalismo de

TV.

Aplicação de princípios de “realidade virtual” e jogos de simulação

para jornalismo.

Videojornalismo. Produção de matérias jornalísticas em regime de

multitarefas.

Implantação de bases de dados digitais com arquivos de imagens

em movimento e acesso pela Internet.

Desenvolvimento de novas formas de jornalismo participativo e

interativo. ICQ (Instant Communication Query), Chats (forums), Blogs,

Videoblogs.

Produção de matérias para TV que incluam “storyboards”

(transcrições textuais das matérias para televisão referenciadas por

imagens estáticas na forma de videoframes ou quadros de vídeo.

Jornalismo internacional – treinamento específico para formação de

correspondentes estrangeiros com a utilização dos recursos de pesquisa da

rede.

Pesquisas de público em tempo real, “ao vivo” sobre temas

apresentados nos telejornais na Internet.

Experimentação e desenvolvimento de novas formas de

documentários específicos para o jornalismo de TV na Internet (IPTV).

(BRASIL, 2002, p. 7-8).

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A tendência da convergência desse formato, afirma-se com base em Jenkins (2011), é que a

internet pode ser a ferramenta de distribuição de todos os conteúdos, que está cada vez mais

procurando e sendo procurada por públicos específicos. (JENKINS, 2011).

Propostas brasileiras de um formato

Bibliografia escassa e dificuldades de pesquisa. Algo está submergindo, e o que se pretende

é compreender o que o mercado jornalístico do país desenvolve. Foram catalogados 346

vídeos nos websites dos jornalísticos TV Folha (da Folha de São Paulo, TV UOL (editoria

de notícias), G1, Jornal Nacional e Jornal da Record, de maneira que se pudesse

compreender de que maneira uma nova linguagem estaria sendo construída, e as

similaridades e distanciamentos entre os formatos online e “tradicional”. Eles foram

veiculados entre 17 e 21 de agosto de 2015. A ideia é a de que a prática desses sites pudesse

refletir o todo do mercado, bem como Santos (1988) defende em sua tese sobre o glocal,

associando esse princípio com um olhar qualitativo, que permite maior sensibilidade com o

que foi analisado. O método de análise de conteúdo de Bardin (2011) colaborou com o

andamento das análises, permitindo associar a bibliografia estudada com as características

que o material apresenta.

Dos quase 350 materiais coletados, 144 foram selecionados. A proposta era selecionar para

análise apenas cinco por dia de cada veículo, porém, a extrema semelhança entre conteúdos

de um mesmo veículo, como se representassem uma divisão de um mesmo assunto,

motivaram uma coleta superior a proposta – uma liberdade que a pesquisa qualitativa

oferece. Por mais que uma seleção existira, a análise de conteúdo de Bardin (2011) oferece

uma ferramenta que foi imprescindível para os resultados: na seleção, todos os 346 vídeos

coletados foram pré-analisados, e as impressões que os não-selecionados apresentaram

também colaboraram com as análises e os resultados, indicando e fortalecendo as

percepções sobre a linguagem em construção de um telejornalismo na internet.

Era esperado encontrar durante as análises uma reprodução dos modelos tradicionais, bem

como experiências anteriores no Brasil o fizeram. O portal Terra e o UOL, com seus

respectivos Jornal da Lilian e UOL News foram os pioneiros em um telejornalismo online.

Ambos eram produzidos de forma bem simples e seguindo o que se fazia em TV. Eles eram

uma CiberTV, que são como canais de TV que existem somente na internet. (AMARAL,

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2007). Porém, a ferramenta multimídia no espaço web vem possibilitando outras utilizações

para o vídeo, com narrativa diversa do telejornalismo “convencional”.

“Convencional” X Online: abordagens diferentes

Tornou-se evidente diferença de narrativa entre a televisão e a internet mesmo quando

tratam dos mesmos assuntos. Várias ocorrências na semana de análise indicam as

divergências entre os dois suportes.

Quando o grande fato do dia entre os veículos analisados era a votação da desoneração da

folha de pagamento (dia 18), o Jornal da Record produziu reportagem, com as

características apontadas de telejornalismo apontadas por Maciel¹, enquanto o G1 optou

pelos trechos de discursos de políticos com apoio textual.

Com os protestos, algo semelhante ocorreu (17). Enquanto nos dois telejornais a narrativa

reportagem deu voz aos personagens e contexto pontual ao evento (o que ocorreu de forma

bastante semelhante no Jornal da Record e Jornal Nacional), na internet foi possível

explorar nichos (como Folha e UOL fizeram quando se dispuseram a compreender quem é

que estava ali protestando através de vídeos com linguagem possivelmente documental)

sem se preocupar com o tempo. Este “fenômeno” ocorreu em dois protestos que ocorreram

na semana.

A diferença entre abordagens pode depender até mesmo pela velocidade do meio internet,

contra a instantaneidade de Paternostro (1999) – que defende que os fatos são veiculados

tão logo aconteçam, ou ao vivo – e o desfecho tardio de notícias. Num mesmo dia, o Jornal

Nacional nem tratou da discussão sobre a legalização da maconha para uso pessoal

(enquanto G1 e UOL publicaram trechos dos votos, cuja sessão se estendeu pela noite

daquele dia), e noticiou a votação da maioridade penal que, no momento da transmissão,

ainda não tinha acabado, com a participação de um repórter ao vivo. Como o Jornal da

Record é veiculado mais tarde, acabou por noticiar em nota (breve texto informativo), sem

imagens, pelos apresentadores o desfecho da votação. Nota-se grande diferença e uma

necessidade do fato completo para veiculação pelo “convencional”, até porque, juntos, G1 e

UOL publicaram onze minutos da discussão dos ministros do Supremo Tribunal Federal, e

os jornal de televisão pareceram não fazer questão da veiculação no mesmo dia.

Outro evento (dia 20) reforça que televisão e internet dão abordagem bem diferente sobre

um mesmo assunto no vídeo: enquanto o G1 deu espaço inclusive para os ritos cerimoniais

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¹ É o texto gravado pelo repórter sobre as imagens capturadas que serão usadas na reportagem. Serve de

suporte às imagens e deve estar em harmonia com esta (MACIEL, 1995).

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da visita de uma chefe de estado, o Jornal Nacional optou por uma nota de vinte segundos

para noticiar a visita, que e nem comentou sobre os acordos anunciados por Dilma Rousseff

nos vídeos que o G1 publicou.

Também neste dia, UOL e Record deram dois formatos a uma notícia. O IBGE divulgou as

taxas de desemprego referentes ao mês de julho. No Jornal da Record, narrativa de

reportagem tradicional do telejornalismo foi utilizada, enquanto o UOL preferiu divulgar a

entrevista com a pesquisadora do instituto (informações adicionais estavam no texto).

Numa outra ocorrência, no Jornal da Record o discurso da presidente durante o lançamento

de obras do Rio São Francisco deu origem a uma reportagem, enquanto o G1 disponibilizou

mais de sete minutos do discurso da chefe de estado mais a notícia em texto.

Essas diferenças notadas e na análise apontam possivelmente para uma exploração maior

dos temas, sem se preocupar com o tempo. Pode indicar também que a internet estaria

criando o seu próprio método de “contar história”, que unificasse as informações textuais

com as publicadas em vídeo.

Pluralidade de fontes de imagens e tempo maior

É interessante notar em todos os casos um tempo dedicado superior ao do telejornalismo. A

abordagem no vídeo também é diferenciada, e os jornalistas parecem não descartar algum

imagem por mais que ela seja tremida ou amadora, mas sempre aproveitadas na íntegra com

apoio textual.

Quanto ao tempo, fica a impressão de aproveitar que a transmissão não é pela televisão,

onde tempo é dinheiro, e oferecer aos usuários conteúdos mais longos. No período

analisado, G1 e UOL divulgaram muitas entrevistas coletivas na íntegra ou divididas em

vários vídeos, um tempo que seria impossível de ser dedicado na televisão quando se

recordam as características de superficialidade e envolvimento da narrativa com o que o

telespectador está habituado defendidas por Paternostro (1999). Esse conteúdo é

disponibilizado a quem, provavelmente, tem mais interesse no assunto e quer saber além do

que normalmente seria veiculado pela televisão. É evidente o uso pelo G1 e UOL de

imagens oriundas de agências de notícias, como a Reuters e a AFP. As imagens (geralmente

curtas) levam a marca dos sites brasileiros e recebem elementos textuais (que são inseridos

pelos jornalistas), todos sem o off¹. O G1 utiliza em larga escala essa possibilidade, com

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mais da metade desses conteúdos se considerado o total coletado. A TV Folha chegou a

postar uma reportagem na íntegra produzida pela agência internacional Association Press.

Outra possível tendência do vídeo nos portais de jornalismo na internet é evidenciada em

duas ocorrências. Algumas publicações tentam transmitir a sensação de transmissão em

fluxo para os usuários das páginas. Em uma sequência de mais de dez minutos da visita da

líder da Alemanha ao Brasil, coletada em 20/08, o rito de receber líderes de estado foi

postado pelo G1 na íntegra e é um exemplo desse possível fenômeno. G1 e UOL também se

preocupam, principalmente quando envolvem agentes políticos, publicar vídeos com

entrevistas ou declarações quase que imediatamente após a sua concretização na realidade.

Uso como bastidor

Boa parte das notícias publicadas são de temas relacionados à política. Naturalmente, o

senso comum nos lembra de que o ambiente político é de negociação nos bastidores. Essa

questão do bastidor também pode ser uma característica do uso da ferramenta multimídia

vídeo pelos portais jornalísticos da internet.

Em dia de importantes votações no Congresso Nacional, por exemplo, o G1 opta sempre

em publicar junto aos seus textos trechos com duração considerável de discurso da

presidente da República comentando as mudanças defendidas, e do presidente do Senado,

mais preso aos ritos processuais. Essas imagens são disponibilizadas aos usuários com uma

velocidade interessante se considerado o momento em que o fato ocorreu.

Outro tipo de imagem que pareceu descartada pelos telejornais e que transmite a ideia de

bastidor são as discussões de deputados durante as sessões. UOL e G1 publicaram naquela

semana, por exemplo, materiais em vídeo sobre a discussão da maioridade penal e sobre a

legalização do uso pessoal de maconha, enquanto no telejornalismo convencional o assunto

foi abordado maneira bem mais breve. Ocorreu, inclusive, de o UOL publicar (também

vinculado a um texto) a questão de ordem (que originou uma discussão, também divulgada)

de uma deputada contra o trâmite adotado por Eduardo Cunha.

Essa ideia de uso bastidor se evidencia também no G1. As imagens da chanceler alemã

Angela Merkel se aproximando do Palácio do Planalto se encaixam nesta possível

característica do uso do vídeo na internet. Nas imagens, a líder de Estado foi recebida pelos

cavaleiros e cumprimentou a presidente, e em seguida entoaram o hino nacional dos dois

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países. Um rito cerimonial que não foi transmitido em nenhum outro lugar (a não ser pela

TV oficial NBR, de onde o G1 capturou as imagens).

A foto em movimento: uso como apoio ao texto

Mais uma possível utilização do vídeo na internet. Alguns recortes desses materiais

audiovisuais não possuem qualquer estrutura telejornalística de reportagem, mas seus

conteúdos têm relação com o texto da página. Com a possibilidade de utilizar vídeos

amadores sem editá-los, o elemento vídeo parecia dar credibilidade às informações textuais.

Entrevistas e discursos são subdivididos em vídeos e publicados como apoio ao texto

“principal”, sendo cada um desses trechos publicados em diferentes notícias, que por sua

vez, tratavam de ganchos diferentes sobre o mesmo fato. Os discursos também davam a

sensação de complementar as informações da notícia. Mais uma vez, relembra-se da visita

da chanceler alemã, em que os vídeos da visita inseridos junto aos textos pareciam ter

função de complementar, até porque o simples rito cerimonial nada diz sobre o que

realmente ficou acordado entre os dois países.

Nesse sentido de complementar a notícia em texto, as agências de notícias têm grande

importância ao G1 e UOL, que são os que mais utilizaram essas imagens. São vídeos

curtos, alguns com até 30 segundos, e que podem não oferecer entendimento se assistidos

sem ler a matéria.

Tem-se a impressão de que o uso da ferramenta vídeo tem função semelhante ao da foto no

jornal impresso. Nos jornais, o leitor observa a fotografia até antes de ler o texto, para que

tenha certeza do acontecimento, dando ainda mais crédito ao fato. Não são fotos comuns

(bem como os vídeos), mas com as chamadas “partículas informativas”, fazendo da imagem

mais que uma ilustração, mas que também informa (BAURET, 2000).

Tal função como ferramenta é tão forte que o UOL, além de publicar vídeos com

repercussões do meio político, produziu até mesmo um vídeo que analisa as expressões

corporais de Cunha, Collor, Temer e Calheiros no chamado “jogo da política”.

O infográfico, apesar de não figurar na semana analisada nos telejornais Jornal Nacional e

Jornal da Record, já foi utilizado no passado pelos “convencionais”. A ferramenta

multimídia vídeo ganhou também esse uso, reforçando uma sensação de que o conteúdo

multimídia não é telejornalismo. Para complementar outro texto, um vídeo foi utilizado pela

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Folha de São Paulo como infográfico sobre o mapa da cidade de Rio de Janeiro em 1500 e

em 2015, quando tratava do avanço da urbanização sobre o mar.

Destaca-se aqui também outra finalidade do vídeo que foi e é utilizada (relembra o senso

comum) pelo Jornal Nacional: a charge. A TV Folha publicou duas charges durante a

semana, lembrando mais uma vez, todas vinculadas a algum texto. Ao mesmo tempo em

que essa possível característica se revela na internet, deve-se lembrar que já foi utilizada na

televisão, mas não deve por isso deixar de ser apontada.

Uso documental

Uma surpresa se levarmos em conta que, apesar das indicações do senso comum, esse uso

não deu nenhum indício de existência durante as leituras da bibliografia. Foi necessário

recorrer a Nichols (2005) para compreender a narrativa do vídeo-documentário e

estabelecer semelhanças com os conteúdos coletados e que pareciam ter essa estrutura.

Afirma o autor que vídeo-documentário é conhecido como um gênero cinematográfico

voltado para a representação do real, com o objetivo de transmitir a realidade aos seus

telespectadores através de imagens fiéis e testemunhais.

Os documentários de representação social são o que normalmente

chamamos de não-ficção. Esses filmes representam de forma tangível

aspectos de um mundo que já ocupamos e compartilhamos. Tornam

visível e audível de maneira distinta a matéria de que é feita a realidade

social, de acordo com a seleção e a organização realizadas pelo cineasta.

Expressam nossa compreensão sobre o que a realidade foi, é e o que

poderá vir a ser. (NICHOLS, 2005, p.26).

Folha e UOL, talvez até por funcionarem dentro do mesmo grupo, dão a mesma construção

nos materiais que suscitaram dúvida quanto ao uso documental do vídeo nos sites

jornalísticos. Os conteúdos, de forma geral, não possuem texto em off (narração), são

criativos na imagem, não se apegando às práticas comuns do telejornalismo, recorrem a

detalhes que precisam da experiência subjetiva do usuário (com seus depoimentos

construindo toda a história), não tem preocupação linear mas não deixam de perder seu

objetivo e se baseiam em grande parte nas experiências dos entrevistados. Dessa forma,

com base em Nichols (2005), observa-se que a produção destes dois veículos tem essência

documental e transitam entre dois modelos: o performático e o poético.

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No performático, afirma Nichols (2005), o documentário estimula a sensibilidade,

utilizando uma linguagem afetiva; "Bota o dedo na ferida" ao tratar de assuntos polêmicos;

promove uma afinidade subjetiva entre o público; utiliza combinações livres do real e

imaginário; usa técnicas expressivas (números musicais); utiliza técnicas de oratória para

tratar de questões sociais; não usam a "voz de Deus"; técnicas cinematográficas livres; deve

ser subjetivo; e é concreto e material, baseado nas especificidades da experiência pessoal,

na tradição da poesia, da literatura e da retórica. Há tentativa de demonstrar como o

conhecimento material propicia uma compreensão dos processos gerais na sociedade.

O poético tem uma despreocupação com a linearidade e com a localização de espaço e

tempo, valorização do ânimo do narrador, a influência desse sobre os argumentos que criam

a narrativa. Tomadas históricas, fotogramas congelados, câmera lenta, legendas ocasionais

para identificar tempo e lugar, vozes que recitam passagens de diários e a música

obsedante, constroem o tom e o estado de espírito desses materiais. (NICHOLS, 2005).

Com linguagem diferenciada, próximo dessas duas categorias de Nichols, Folha e UOL

produziram, por exemplo, material que tentou compreender quem eram os cidadãos que

participavam do protesto de agosto de 2015, o que os levou a estarem ali e suas opiniões

diante da condução do governo federal. Um conteúdo bem trabalhado e que chama a

atenção pelas suas imagens, edição e narrativas próprias que não se preocupavam com o

tempo.

Procurando “botar o dedo na ferida”, como diria Nichols (2005), a Folha apresentou outro

produto bem elaborado, que é o caso de um documento sobre os moradores da vila Soma,

em Sumaré/SP. A impressão que fica é que a Folha (que não publica muitos materiais em

vídeo) tem preferência pelo documental, não utilizando a o vídeo meramente como foto de

jornal (possível tendência identificada na análise anterior).

O destaque da semana analisada e que reforça a tese de uso documental da ferramenta vídeo

nos sites jornalísticos da internet, e que afasta ainda mais a possibilidade de semelhança

com gêneros do telejornalismo, foram os cinquenta minutos distribuídos em onze vídeos

sobre a organização da cidade do Rio de Janeiro para as olimpíadas. Se reunidos, eles

trariam em um único vídeo diversos ganchos sobre o assunto, com linguagem de

documentário. Em dois desses materiais publicados, observa-se novamente o uso da

ferramenta multimídia vídeo como infográfico, dando apoio aos outros vídeos publicados.

O último evento em que tal tendência foi notada ocorreu no último dia, quando UOL e

Folha de SP produziram pequenos vídeos com linguagem documental sobre a participação

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¹ É o modelo proposto pelo autor: Cabeça (apresentação da notícia), off, boletim (aparição do repórter para

complementar uma informação que pode não ter imagem), sonora (entrevistas) e pé (texto curto narrado pelo

apresentador para complementar ou adicionar uma informação), que é opcional.

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de camadas da sociedade nos protestos pró-governo Dilma, que ocorreram durante aquela

semana. Esses documentários (apesar de alguns também terem vínculo com notícias em

texto publicadas) podem “existir sozinhos” na rede sem perder o sentido. A impressão que

fica é que essa tendência vai aumentar e será predominante na rede nos próximos anos.

Considerações de um novo modelo

Não concluir, mas considerar, buscando evitar a sensação de verdade inquestionável –

inimiga de qualquer pesquisa. Uma delas é a característica do telejornalismo defendida na

fundamentação teórica por Paternostro (1999), que fala sobre o tempo. A tendência no

“convencional” é ser breve no texto, com a superficialidade quebrada com o uso da

imagem. Ao menos naquilo que foi analisado, o material não é breve, como defende a

autora, mas depende na maioria das vezes de um texto para ter sentido.

Essa ausência de sentido pode ser associada à quebra do modelo estrutural de reportagens

de Maciel¹ (1995). Existe a possibilidade da audiência de conteúdo telejornalístico estar

habituada à forma de se contar uma história, que são as características discutidas pelo autor.

Nesse sentido, existe uma desconstrução do modelo, partindo para algo indefinido.

Acredita-se numa desconstrução, pois a prática do recurso vídeo é por essência do

telejornalismo e, apesar de não ser idênticas, algumas características dos materiais da

internet ainda são semelhantes às do telejornalismo, oferecendo essa sensação de

desconstrução e transição para outro formato

Interessante notar que o mesmo UOL que há alguns anos produzia o seu UOL News, numa

época em que Brasil (2002) afirma ser uma mera reprodução daquilo que se praticava no

telejornalismo convencional, “abandonou o barco” e optou por conteúdos menos

elaborados, se assim podemos chamar, com função figurativa do conteúdo texto, que parece

ser o de prioridade para o portal. A exceção fica para os conteúdos com aparência

documental (ou seja, restou evidenciada a desconstrução do telejornalismo para outros

caminhos).

Quando Machado (2001) defendia a reportagem como a forma mais completa de se contar

uma notícia, certamente ele fazia uma observação à época. Existem algumas características

do telejornalismo convencional nos materiais audiovisuais da internet sim, porém, mais

parece ser um conjunto de características subaproveitadas que estão longe da ideia de

narrativa e linguagem telejornalística apontada nos autores presentes na fundamentação

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deste trabalho. O que ainda parece estar ocorrendo é um processo de convergência no

jornalismo produzido para a internet.

Para Jenkins (2009), a convergência é contínua e ocorre em todas as áreas. Por ser uma

época conturbada, o fenômeno ocorre igualmente na prática audiovisual do jornalismo na

rede. Constata-se com base no autor o comportamento migratório dos usuários com base no

grande número de materiais publicados pelos portais se comparado aos telejornais. Esse

público recebe hoje um conteúdo diferenciado da televisão. Se o jornal convergiu ao rádio,

que por sua vez convergiu para a televisão, este último transita para a internet, sendo

possivelmente acompanhado pelo público.

Nesse momento, Jenkins (2009) trata também da cooperação entre múltiplos mercados.

Essa ideia do autor restou evidente do G1, que utiliza imagens da Globo nos textos, mas

transmite pela emissora o breve noticiário G1 em 1 minuto – ou seja, interação entre dois

suportes. Passa por óbvia também esta cooperação na Folha de SP, que é um jornal

impresso por essência, mas que mantém conteúdos em outros mercados-suportes.

Ainda dentro desse fenômeno, observou-se outra tendência apontada por Jenkins (2011), de

que vídeos capturados das mãos de amadores, mesmo sem qualidade técnica, bastariam

para a exposição de fatos íntimos ou que não teriam a presença da imprensa. Foi a partir das

análises que se encontrou a utilização desses vídeos amadores em Folha, G1 e UOL. O

instantâneo nas mãos da população está se integrando à instantaneidade da rede. Talvez seja

esta mais uma profecia de Jenkins que está se cumprindo.

As características de Palacios são parcialmente utilizadas quando analisados apenas os

materiais audiovisuais, o que revela que o meio web não está sendo totalmente explorado

por este nicho do jornalismo. Interessante notar que os telejornais de televisão, que tem por

essência sua transmissão em fluxo, conseguem também utilizar as potencialidades da rede

(principalmente a característica memória).

A hipótese de que existiria uma repetição do modelo convencional foi quebrada. Ainda na

fase exploratória proposta pela análise de conteúdo, a sensação era de que o que os portais

publicavam não era telejornalismo e que a pesquisa tinha perdido o seu objeto. Na

realidade, prosseguir com o estudo foi fundamental para identificar a já apontada

desconstrução do modelo. Semelhanças, sim... diferenças, também. Mas a essência do

telejornalismo defendida pelos autores em bibliografia não parecia estar presente quando os

materiais eram assistidos. E dessa forma é que se chegou ao momento de tentar

compreender como a ferramenta vídeo, alma do telejornalismo, partiu para a internet. O que

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ocorre, na realidade, é a tendência documental e de bastidor. Ousa-se considerar um uso

figurativo do vídeo pelos portais.

Quando Brasil (2002) disse que o modelo estava sendo construído, parece que a obra foi

abandonada e outras utilizações para o vídeo estão sendo feitas. É dessa forma que se

considera neste espaço, por fim, que não existe nos espaços pesquisados um telejornalismo

para o online. Pode ser que no futuro tenha outro nome, mas chamar de telejornalismo

implicaria em ousadia excessiva do pesquisador.

Porque este caminho foi escolhido pelo mercado? Porque abandonar o telejornalismo? Este

que parece surgir é um modelo turbulento e de adaptação como a convergência que ainda

vivemos? Estas são perguntas que futuros estudos podem responder.

Referências

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Espadeiro Martins. 1992. Lisboa: Edições 70

JENKINS, Henry. Cultura da convergência. 2ª ed. São Paulo: Aleph, 2009.

MACHADO, Arlindo. A televisão levada a sério. São Paulo: Ed. Senac, 2001.

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telejornalismo na web. Arcos: Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, 2005.

Disponível em

<http://www.academia.edu/994247/UOL_NEWS_analise_do_telejornalismo_na_web>.

Acesso em: 20 set. 2013.