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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO JEPEX 2013 UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro. INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS REGULARES E ALUNOS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA POR MEIO DE ATIVIDADES LÚDICAS Pablo Henrique Rodrigues da Silva 1 , Bárbara Brooklyn Timóteo Nascimento Silva 2 , Carla Cristina de Moura Cabral 3 , Laise de Souza Elias 4 , Gyl Everson de Souza Maciel 5 , Yuri Mateus Lima de Albuquerque 6 , Carina Scanoni Maia 7 Introdução Atualmente, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica ou Parecer 17/2001, fazem menção à educação especial de forma coerente com a realidade atual. Ribeiro (2006), afirma que no âmbito pedagógico, este parecer discute a importância de se atender ao “princípio da flexibilização” (p.33), a fim de que o aluno que apresente necessidades educacionais especiais tenha acesso ao currículo de maneira adaptada, seja qual for a sua deficiência, neste caso, os deficientes auditivos. Isto enfatiza a constante inquietação que um professor deve manter quando se deparar com um aluno especial em sala de aula, o desejo contínuo de fazer com que esse indivíduo tenha a mesma oportunidade de progresso pedagógico para desenvolvimento de suas habilidades e competências, igualmente com toda turma. Muitas atividades lúdicas são propostas para o crescimento/desenvolvimento, não só pedagógico, mas social, psicológico e emocional, de um aluno com necessidades pedagógicas especiais. Estas atividades fornecem um ambiente agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades, tais quais, jogos, músicas, danças, teatro são algumas destas que podem ser adotadas no ensino destes alunos, dependendo da deficiência e da disciplina pedagógica abordada. Há sempre uma possibilidade de adequar alguma atividade que despertará o que o aluno tem de mais aguçado e o fará alcançar o desenvolvimento proposto para toda classe (Aguiar, 2004). É de domínio público que dentre as várias disciplinas lecionadas no ensino fundamental II, História nem sempre é vista como algo interessante para a maioria dos alunos por remeter aos acontecimentos passados. No entanto, Fernandes (2013) demonstra a importância do estudo da mesma no currículo escolar: “Recorrer à História é um dos caminhos possíveis para a compreensão de práticas humanas que vivemos nos dias atuais”. Com base na importância da referida disciplina dentro do currículo escolar, o objetivo dessa proposta é elaborar uma atividade lúdica dentro do conteúdo programático da disciplina de História do 6º ano do Ensino Fundamental II, evidenciando a interação entre os alunos especiais e os regulares ocasionando mais estímulos nesse relacionamento tão importante do dia-a-dia escolar. Material e métodos A presente pesquisa teve caráter exploratória e qualitativa com o intuito de obter informações que propiciem a interpretação de fenômenos e significados, sendo assim, por meio de uma abordagem básica gerando conhecimentos novos que podem ser aplicados a partir dos dados. De acordo com o conteúdo abordado levando em consideração o currículo escolar e as competências dos alunos, tomamos como base para a nossa ação educandos do 6º ano do Ensino Fundamental II, onde havia cinco alunos com deficiência auditiva. Neste estudo foram abordados os assuntos das civilizações da Mesopotâmia e do Egito. Para tanto, a atividade foi dividida em dois momentos: primeiro momento para a confecção e o segundo para a realização do jogo. A elaboração se deu no seguinte modelo: painel posto no piso com imagens para garantir a participação e movimentação dos alunos em sala. Para a confecção deste jogo foram utilizados os seguintes materiais: papel sulfite, cartolinas, canetas coloridas, imagens impressas com o conteúdo abordado, cola, tesoura e fita adesiva. Desta forma, cada aluno antecipadamente recebeu um modelo individual do jogo, haja vista a importância de estarem familiarizados com a atividade para que no momento da sua realização no grande grupo possam reproduzir o jogo coletivamente. No momento da atividade em grupo os alunos montaram o jogo no piso da sala seguindo a conformidade das regras pré-estabelecidas. Foi um jogo de perguntas e respostas que esteve sempre associado às imagens para facilitar a fixação 1 Primeiro Autor é aluno de Pós-graduação em Educação Especial, Faculdade Joaquim Nabuco. Av. Guararapes, 233, Santo Antônio, Recife, PE, CEP 50010-000. E-mail: [email protected] 2 Segunda Autora é aluna de Pós-graduação em Ciência Animal Tropical, Universidade Federal Rural de Pernambuco Rua Manoel de Medeiros,s/n,Dois Irmãos Recife, PE, CEP 52171-900. 3 Terceira Autora é aluna de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235 Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901. 4 Quarta autora é aluna de Pós-graduação em Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Manoel de Medeiros, s/n, Dois Irmãos Recife, PE, CEP 52171-900. 5 Quinto autor é aluno da Pós-graduação em Bioquímica e Fisiologia, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235 Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901. 6 Sexto autor é aluno do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Manoel de Medeiros, s/n, prédio, Dois Irmãos Recife, PE. 7 Sétima autora é Professora Adjunto I do Centro de Educação e Saúde, Universidade Federal de Campina Grande. Rua Olho D´água da Bica s/n, Cuité, PB, CEP 58429-900.

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

INTERAÇÃO ENTRE ALUNOS REGULARES E ALUNOS COM

DEFICIÊNCIA AUDITIVA POR MEIO DE ATIVIDADES LÚDICAS

Pablo Henrique Rodrigues da Silva1, Bárbara Brooklyn Timóteo Nascimento Silva

2, Carla Cristina de Moura Cabral

3,

Laise de Souza Elias4, Gyl Everson de Souza Maciel

5, Yuri Mateus Lima de Albuquerque

6, Carina Scanoni Maia

7

Introdução

Atualmente, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica ou Parecer 17/2001, fazem

menção à educação especial de forma coerente com a realidade atual. Ribeiro (2006), afirma que no âmbito pedagógico,

este parecer discute a importância de se atender ao “princípio da flexibilização” (p.33), a fim de que o aluno que

apresente necessidades educacionais especiais tenha acesso ao currículo de maneira adaptada, seja qual for a sua

deficiência, neste caso, os deficientes auditivos. Isto enfatiza a constante inquietação que um professor deve manter

quando se deparar com um aluno especial em sala de aula, o desejo contínuo de fazer com que esse indivíduo tenha a

mesma oportunidade de progresso pedagógico para desenvolvimento de suas habilidades e competências, igualmente

com toda turma.

Muitas atividades lúdicas são propostas para o crescimento/desenvolvimento, não só pedagógico, mas social,

psicológico e emocional, de um aluno com necessidades pedagógicas especiais. Estas atividades fornecem um ambiente

agradável, motivador, planejado e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades, tais quais, jogos,

músicas, danças, teatro são algumas destas que podem ser adotadas no ensino destes alunos, dependendo da deficiência

e da disciplina pedagógica abordada. Há sempre uma possibilidade de adequar alguma atividade que despertará o que o

aluno tem de mais aguçado e o fará alcançar o desenvolvimento proposto para toda classe (Aguiar, 2004).

É de domínio público que dentre as várias disciplinas lecionadas no ensino fundamental II, História nem sempre é

vista como algo interessante para a maioria dos alunos por remeter aos acontecimentos passados. No entanto, Fernandes

(2013) demonstra a importância do estudo da mesma no currículo escolar: “Recorrer à História é um dos caminhos

possíveis para a compreensão de práticas humanas que vivemos nos dias atuais”. Com base na importância da referida

disciplina dentro do currículo escolar, o objetivo dessa proposta é elaborar uma atividade lúdica dentro do conteúdo

programático da disciplina de História do 6º ano do Ensino Fundamental II, evidenciando a interação entre os alunos

especiais e os regulares ocasionando mais estímulos nesse relacionamento tão importante do dia-a-dia escolar.

Material e métodos

A presente pesquisa teve caráter exploratória e qualitativa com o intuito de obter informações que propiciem a

interpretação de fenômenos e significados, sendo assim, por meio de uma abordagem básica gerando conhecimentos

novos que podem ser aplicados a partir dos dados.

De acordo com o conteúdo abordado levando em consideração o currículo escolar e as competências dos alunos,

tomamos como base para a nossa ação educandos do 6º ano do Ensino Fundamental II, onde havia cinco alunos com

deficiência auditiva. Neste estudo foram abordados os assuntos das civilizações da Mesopotâmia e do Egito. Para tanto,

a atividade foi dividida em dois momentos: primeiro momento para a confecção e o segundo para a realização do jogo.

A elaboração se deu no seguinte modelo: painel posto no piso com imagens para garantir a participação e

movimentação dos alunos em sala. Para a confecção deste jogo foram utilizados os seguintes materiais: papel sulfite,

cartolinas, canetas coloridas, imagens impressas com o conteúdo abordado, cola, tesoura e fita adesiva. Desta forma,

cada aluno antecipadamente recebeu um modelo individual do jogo, haja vista a importância de estarem familiarizados

com a atividade para que no momento da sua realização no grande grupo possam reproduzir o jogo coletivamente. No momento da atividade em grupo os alunos montaram o jogo no piso da sala seguindo a conformidade das regras

pré-estabelecidas. Foi um jogo de perguntas e respostas que esteve sempre associado às imagens para facilitar a fixação

1 Primeiro Autor é aluno de Pós-graduação em Educação Especial, Faculdade Joaquim Nabuco. Av. Guararapes, 233, Santo Antônio, Recife, PE,

CEP 50010-000. E-mail: [email protected] 2Segunda Autora é aluna de Pós-graduação em Ciência Animal Tropical, Universidade Federal Rural de Pernambuco Rua Manoel de

Medeiros,s/n,Dois Irmãos Recife, PE, CEP 52171-900. 3 Terceira Autora é aluna de Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235 – Cidade

Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901. 4 Quarta autora é aluna de Pós-graduação em Biociência Animal, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Manoel de Medeiros, s/n, Dois

Irmãos Recife, PE, CEP 52171-900. 5 Quinto autor é aluno da Pós-graduação em Bioquímica e Fisiologia, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof. Moraes Rego, 1235 –

Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901. 6 Sexto autor é aluno do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Manoel de Medeiros,

s/n, prédio, Dois Irmãos Recife, PE. 7 Sétima autora é Professora Adjunto I do Centro de Educação e Saúde, Universidade Federal de Campina Grande. Rua Olho D´água da Bica s/n,

Cuité, PB, CEP 58429-900.

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

dos conteúdos abordados. Todas as perguntas foram relacionadas as suas respectivas imagens de acordo com a

historiografia da Mesopotâmia e do Egito: A. Região localizada entre os rios Tigre e Eufrates; B. Cidades fortes e

poderosas; C. Arquitetura; D. Código jurídico escrito; E. Região conhecia como “dádiva do Nilo”; F. Rei supremo

considerado um deus vivo; G. Técnica utilizada para a vida após a morte; H. Arquitetura; I. Primeiros conhecimentos

em química, matemática e astronomia; J. Escrita egípcia (Figura 1).

Sendo assim a cada resposta correta se avançava uma ou mais casas e caso não conseguissem refletir ao ponto de se

alcançar a resposta, nossos jogadores participaram de uma brincadeira sugerida pelos alunos para poderem seguir rumo

ao segredo destes impérios teocráticos de regadio. O caminho percorrido teve como formato a letra “h”, remetendo a

disciplina história. No decorrer do jogo tiveram que voltar uma ou mais casas conforme regra, responderam a pergunta

secreta, fizeram uma pergunta ao professor e responderam a um desafio. Como o tempo em história é uma perspectiva,

não houve um prazo estabelecido para a conclusão da atividade. Vale salientar que o objetivo do jogo foi a fixação dos

temas, a interação, a ajuda mútua e não simplesmente terminar o passo a passo das casas no menor tempo possível.

Resultados e Discussão

Com a vivência em sala de aula observamos a nulidade de uma prática pedagógica convencional que vem tentando, a

duro custo, incluir os deficientes neste novo mote da educação do século XXI do nosso país. De acordo com Judai

(2013) a perda auditiva causa prejuízos emocionais e torna introspectivo o portador do problema, por não conseguir se

comunicar e interagir. Tal fato foi observado nesta turma do sexto ano, onde havia um deficiente auditivo que se isolava,

sentando-se sempre distante dos outros alunos. Esse hiato que deveria ser solucionado pelo sistema educacional pode

recair sobre o professor que geralmente não recebeu a formação adequada para lidar com essa situação na prática.

Foi observada no decorrer da execução do jogo a grande interação entre os alunos deficientes auditivos junto aos

regulares. Além disso, a colaboração mútua entre os discentes e o compromisso dos alunos regulares em permanecer

continuamente auxiliando os especiais. Ademais ficou evidente o clima amistoso durante o jogo, como demonstrado

por Custódio (2002) que a inclusão, melhora a caracterização dos deficientes, aliado a uma conscientização do grupo

sobre a acessibilidade, e melhoria nas relações interpessoais do grupo.

Assim, com esse tipo de atividade foi possível dinamizar e ao mesmo tempo incluir os deficientes auditivos usando

criatividade e deixando o ambiente, o conteúdo e seus saberes mais adequados à linguagem inclusiva em sala de aula.

De forma geral, todos os alunos com deficiência auditiva responderam positivamente na interação com os alunos

regulares na execução do jogo. Isto já foi demonstrado por Mafra (2008) na sua pesquisa, que indica os jogos como

estratégias metodológicas que proporcionam a aprendizagem através de materiais concretos e de atividades práticas,

onde a criança cria, reflete, analisa e interage com seus colegas e com o professor.

Desta forma, foi notório que o jogo ajudou na fixação de aprendizagem de todos os discentes, promovendo uma

interação significativa entre os alunos com deficiência auditiva e os regulares, assim como no estudo de Aguiar (2004)

que resultou em efeitos positivos dos procedimentos utilizados, com implicações para a educação inclusiva. Torna-se

necessário a dinamização dos conteúdos abordados dentro da disciplina de história, incluindo atividades lúdicas, para

uma maior participação e interação entre os discentes.

Referências

Aguiar, J.S. Educação inclusiva – Jogos para o ensino de conceitos. Campinas: Papirus Editora, 2004. 96 p.

Brasil, República Federativa. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica.

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf. 03 de outubro de 2013.

Custódio, V. S. Atividades lúdicas como elemento facilitador para inclusão do deficiente auditivo na classe comum. São

Paulo: Universidade Estadual Paulista, 2002. 98p. Dissertação de mestrado.

Fernandes, S. Fundamentos para Educação Especial (Série Fundamentos da Educação). Curitiba: Ibpex, 2006a. 125 p.

Judai, M. A. O uso de recursos tecnológicos educacionais estimula a percepção e oferece maiores possibilidades de

exploração, de forma animadora, para crianças com deficiência auditiva; Unoeste.

https://www.unoeste.br/site/ead/noticias/2013/6/recurso-tecnologico-auxilia-aprendizado-de-deficiente-visual.htm. 04 de

outubro de 2013.

Mafra, S. R. C. O lúdico e o desenvolvimento da criança deficiente intelectual. Brasília: 2008. 52p.

Ribeiro, J.C.C. Significações na escola inclusiva – Um estudo sobre as concepções e práticas de professores envolvidos

com a inclusão escolar. Brasília: 2006. 101p.

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.

Figura 1. Jogo lúdico para atividade em aula de História com abordagem dos assuntos das civilizações da Mesopotâmia

e do Egito para educandos do 6º ano do Ensino Fundamental II.