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INTERAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO DE PESSOA SURDA COM ALUNOS OUVINTES.

Rute Pena de Carvalho¹

Andrea Carolina Bernal Mazacotte²

RESUMO: Este artigo demonstra os resultados e reflexões a respeito do projeto “Interação e

Socialização de Pessoa Surda com Alunos Ouvintes.”que desenvolveu oficinas de trabalhos manuais

usando estratégias lúdicas utilizando o artesanato como instrumento de aprendizagem, interação e

socialização entre os envolvidos. O Projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Professora

Carmelita de S. Dias com alunos do 6º ano juntamente com uma funcionária surda. A Intervenção

teve como propósito a interação e socialização entre alunos e a funcionária, visto que havia muita

discriminação e dificuldades de interação entre os mesmos a cada início das atividades escolares no

ano letivo. A intenção na aplicação do projeto foi a contribuição para que ambos exercessem suas

atividades em harmonia, respeitando as diferenças de cada indivíduo, tornando o ambiente escolar

respeitoso e agradável.

PALAVRAS-CHAVE: SOCIALIZAÇÃO E INTERAÇÃO.

INTRODUÇÃO

O Projeto “Interação e socialização de pessoa surda com alunos ouvintes”

apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE é parte

integrante às atividades da formação continuada da Rede Estadual de Educação do

Paraná. Foi desenvolvido junto a alunos de 6ºano e uma funcionária surda do

Colégio Estadual Professora Carmelita de S. Dias, Município de Foz do Iguaçu,

Paraná, no período de fevereiro a julho de 2013.

_____________________________________

1 Professora de Língua Portuguesa no Colégio Estadual Professora Carmelita de Souza Dias em Fozdo Iguaçu e professora PDE na área de Educação Especial.

2 Professora de Libras da Universidade Estadual do Oeste do Paraná- Unioeste Campus de Foz doIguaçu e orientadora PDE na área de Educação Especial.

O tema trabalho a que se refere este trabalho é a interação e socialização de

pessoa surda juntamente com alunos ouvintes para que ambos possam exercer

seus direitos e deveres respeitando as especificidades de cada um e desfazendo-se

as diferenças.

O referido projeto teve como objetivo reforçar o entendimento da concepção

teórico-metodológica que embasa essa nova política educacional implantada pela

Secretaria de Estado da educação – SEED, em 2008.

A elaboração desse projeto partiu da identificação da problemática

representada pela ausência da dimensão histórica das relações sociais e produtivas

no âmbito da categoria trabalho no processo formativo da maioria dos professores,

sendo que esta requer uma metodologia diferenciada que atenda o público

portadores de alguma deficiência.

O outro problema diz espeito à insuficiência de preparo dos professores e

alunos sobre o tema em questão, dificultando a inclusão, interação e socialização

dos mesmos.

Cada ano a educação especial toma um maior espaço na sociedade tendo

maior importância e uma preocupação maior pelos governantes e educadores do

país. A sociedade está num processo de grandes mudanças e renovações na busca

incessante de uma democracia que só acontecerá quando todos tiverem acesso à

escolarização, informações e percepção das mudanças do mundo.

Pode-se afirmar que num primeiro momento, os deficientes eram segregados,

ignorados e excluídos pela sociedade e muitas vezes até eliminados ou colocados

em cáceres privados.

Em 1990, com a evolução da história, a educação especial começou a ser

vista com outros olhos e o sistema educacional obteve avanços.

Surge então a Declaração de Salamanca, (UNESCO, 1994) que formalizou a

“educação para todos” como plataforma básica para o sistema educacional

brasileiro. Por mais contraditórios que possam parecer, esses aspectos têm sido

refletido nos sistemas educacionais, às vezes gerando consequências para a

educação especial, pois a sociedade pede pela igualdade de direitos e neste mesmo

tempo exclui não dando direitos a competitividade, trabalho, lazer e Cidadania.

Com isso, urge a necessidade de pessoas, cidadãos, sabedores e

conscientes de seus valores, direitos e deveres. Portanto a educação precisa ser

flexível, com programas bem elaborados para atender os mais variados tipos de

alunos oferecendo uma educação de qualidade para que todos possam crescer com

o ensino e aprendizagem.

O ensino e aprendizagem realizados a partir de atividades lúdicas aproximam

as pessoas da realidade tornando-se compreensível e de fácil interação entre os

indivíduos. Realizar atividades lúdicas é antes de tudo oportunizar a aproximação,

interação e socialização de pessoas, instigando a curiosidade e difundindo

conhecimentos.

O entusiasmo aparece manifesto em muitos educadores e pais, certos de

que na diversidade reside a riqueza das trocas que a escola propicia. Uma

turma heterogenia serve como oportunidade para os próprios educandos

conviverem com a diferença e desenvolverem os saudáveis sentimentos de

solidariedade orgânica. (CARVALHO,2004.p.27)

O artigo tem como objetivo promover uma reflexão, interação e sensibilização

dos profissionais e alunos ouvintes juntamente com a inclusão de surdos, para

que possam adquirir incentivo, autonomia, espírito crítico, criativo, passando a

exercer a sua cidadania no seu convívio diário, visando-se a socialização dos

mesmos em uma sociedade dominante e excludente, na qual encontram-se

educadores sem formação e qualificação profissional e ambiente inadequado para o

atendimento e recebimento de pessoas com alguma deficiência e no estudo de

caso, o surdo.Baseando-se nos princípios de “igualdade de oportunidade” e

“educação para todos”, é que questiona-se na inserção e permanência à

escolarização aos alunos considerados surdos, em que estão amparados pela Lei

de Salamanca (1994, p.15), e um compromisso assumido pelo Brasil no combate a

exclusão de toda e qualquer pessoa no sistema educacional de ensino. Obviamente

enfrenta-se um desafio tornar a escola um espaço aberto e adequado ao ensino

inclusivo. Sabe-se que muitos obstáculos são encontrados particularmente sobre os

princípios da educação inclusiva para que atenda as especificidades de cada um.

Uma formação continuada mais direcionada ao desenvolvimento da prática

pedagógica, certamente serão minimizados em parte a problemática encontrada no

processo de inclusão, já que esses profissionais terão como suporte a nova filosofia

proposta pela “educação para todos”, inserindo os surdos ao processo de inclusão

na escola pública de Ensino Regular, criando condições, estruturas e espaços para

a diversidade. A escola será inclusiva quando transformar, não apenas a rede física,

mas a postura, as atitudes e a mentalidade dos educadores e toda a comunidade

escolar para conviver naturalmente com as diferenças. O momento é para repensar

a educação escolar, seguindo novos paradigmas, preceitos, ferramentas e

tecnologias educacionais e que demandam inúmeras ações, que são descritas e

estruturadas no plano político pedagógico de cada escola.

Os Sujeitos destacaram como importante nessa proposta de ProjetoEducacional a necessidade de haver maior integração entre surdos eouvintes a partir de uma abordagem bilíngue e multicultural que oportunizemomentos de aprendizagem significativa e integrada.

LARA,(2006,p, 144)

As Diretrizes Curriculares (PARANÁ,2008, p.9) de Educação Especial enfatiza que:

A educação especial, como integrante dos sistemas educacionais, émodalidade de educação que compartilha os mesmos pressupostos teóricose metodológicos presentes nas diferentes disciplinas dos demais níveis emodalidades de ensino.

No entanto, o desafio da participação e aprendizagem, com qualidade, dosalunos com necessidades educacionais especiais, seja em escolasregulares, seja em escolas especiais, exige da escola a prática daflexibilização curricular que se concretiza na análise da adequação deobjetivos propostos, na adoção de metodologias alternativas de ensino, nouso de recursos humanos, técnicos e materiais específicos, noredimensionamento do tempo e espaço escolar, entre outros aspectos, paraque esses alunos exerçam o direito de aprender em igualdade deoportunidades e condições.

Desta forma, a construção de conhecimentos e interação a partir deestratégias lúdicas com o uso do artesanato vem ao encontro às necessidades desocialização e interação entre alunos ouvintes e pessoa surda, desenvolvendohabilidades e integração entre todos do grupo.

Por isso ao usar o artesanato como ferramenta para dinamizar as aulas comalunos ouvintes e pessoa surda, torna-se prazeroso e agradável o ambiente ondetodos trabalham em harmonia.

constitui verdade inquestionável o fato de que, a todo momento, asdiferenças entre os homens fazem-se presentes, mostrando edemonstrando que existem grupos humanos dotados de especificidadesnaturalmente irredutíveis. As pessoas são diferentes de fato, em relação àcor da pele e dos olhos, quanto ao gênero e à sua orientação sexual, comreferência às origens familiares e regionais, nos hábitos e gostos, no tocanteao estilo. Em resumo, os seres humanos são diferentes, pertencem agrupos variados, convivem e desenvolvem-se em culturas distintas. Sãoentão diferentes de direito. É o chamado direito à diferença; o direito de ser,sendo diferente (FERREIRA e GUIMARÃES, 2003, p. 37).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

Ludopedagogia de acordo com o dicionário Aurélio, referente a, ou que tem ocaráter de jogos, brinquedos e divertimentos.

Ludopedagogia, onde ludo vem de lúdico, que relaciona os jogos e asbrincadeiras, pedagogia é a ciência da instrução é a educação. Técnica é oconjunto de métodos e processos de uma arte. Partindo dessas definições,e interagindo-as, dar-se a perceber a importância das técnicas na arte deensinar para as crianças, usando-se de jogos e brincadeiras e tendo comoretorno o desenvolvimento sensório-motor e cognitivo. Pode-se enfatizar aimportância da ludicidade enquanto técnica, pois as percepções positivaspedagogicamente fazem com que os educadores tenham em mente osobjetivos e os fins da brincadeira desenvolvida, sua utilização lúdica,cognitiva, sociocultural, diagnosticar, avaliar e elaborar estratégias detrabalho, identificando, desta forma, as dificuldades e os avanços doseducandos, como Vygotsky e Piaget defendiam em momentos raros. www.webartigos.com/artigos/ludopedagogia-uma-tecnica-de-ensinar.Acesso em 04 de out.2013.

Ludicidade referente a, ou que tem o caráter de jogos, brinquedos edivertimentos(Aurélio.)

Tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo".(Kishimoto)

"[...] não se restringe apenas ao jogo e à brincadeira, implica uma maioramplitude, um envolvimento mais profundo do sujeito, um encontro com elemesmo."(Lucia Helena Pena Pereira).

Os jogos e brincadeiras lúdicas são excelentes estímulos para aaprendizagem com satisfação. Eles exercitam a memória, a paciência, ahabilidade, a concentração, a observação, instiga o talento artístico e aautoestima das pessoas, elas jogam sem medo de errar, discutem asformas de como podem ser montadas as peças, aprendem-se e recriam-sede várias maneiras desenvolvendo a habilidade do pensamento (GANGI,2012,p.3)

"[...] é uma ação vivida e sentida, não definível pelas palavras e, sim, compreendida pela fruição."(Silvio Santin)

HUIZINGA, propõe a expressão "homo ludens" para ressaltar que o lúdico é considerado uma das necessidades básicas do ser humano

"O que mais caracteriza a ludicidade é a experiência de plenitude que ela possibilita a quem vivencia"(Luckesi).

"[...] é um estado interno do sujeito (Luckesi).

A brincadeira é a atividade espiritual mais pura do homem neste estágio e,ao mesmo tempo, típica da vida humana enquanto um todo da vida naturalinterna no homem e de todas as coisas. Ela dá alegria, liberdade,contentamento, descanso externo e interno, paz com o mundo... A criançaque brinca sempre, com determinação auto-ativa, preservando, esquecendosua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capazde auto-sacrifício para a promoção do seu bem e de outros... Como sempreindicamos, o brincar em qualquer tempo não é trivial, é altamente sério e deprofunda significação. (Froebel, 1992, p. 55).

INCLUSÃO- INCLUSÃO SOCIAL

Segundo o dicionário eletrônico Houaiss a palavra “inclusão” significa “estado

daquilo ou de quem está incluso, inserido, metido, compreendido dentro de algo, ou

envolvido, implicado em; introdução de uma coisa em outra de alguém em um grupo

etc.”, sendo seu passado etimológico derivado do latim “inclusio, ónis” que significam

“encerramento, prisão”. Já para a palavra “social” são diversos os significados,

dentre eles, os dois que mais nos interessam são: “relativo ou pertence à firma ou a

uma sociedade” e “relativo à comunidade, ao conjunto dos cidadãos de um país;

coletivo”. Etimologicamente a palavra vem do latim “sociális” que significa “relativo

aos aliados, de aliado, feito para a sociedade, social, sociável, nupcial, conjugal”.

Partindo de seu estudo etimológico, a sociedade caracteriza-se como um

sistema, formado por elementos aliados entre si por algo em comum que os mantém

de alguma forma, unidos. O significado etimológico da palavra inclusão (incluso) nos

apresenta algo que está dentro desse sistema e a ele preso. O termo “inclusão

social” então, nos remete a um sistema fechado, que terá de abrir para que outros

elementos sejam incluídos e adaptados às características comuns do grupo e se

feche novamente.

A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distorcido e ummovimento muito polemizado pelos mais diferentes segmentos educacionaise sociais. No entanto, inserir alunos com déficits de toda ordem,permanentes ou temporários, mais graves ou menos severos no ensinoregular nada mais é do que garantir o direito de todos à educação -e assimdiz a constituição.

Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As grandesinovações estão muitas vezes na concretização do óbvio, do simples, doque é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que se possa sercompreendido por todos e aceito sem outras resistências, senão aquelasque dão brilho e vigor ao debate das novidades.

O objeto de nossa participação neste evento é clarear o sentido da inclusão,como inovação, tornando-o compreensível, aos que se interessam pelaeducação como um direito de todos, que precisa ser respeitado. Pretende-se também demonstrar a viabilidade da inclusão pela transformação geraldas escolas visando a atender aos princípios deste novo paradigmaeducacional.

MariaTeresa Eglér Mantoan- Universidade Estadual de Campinas/UnicampLaboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Reabilitação de Pessoascom Deficiência- LEPED/FE/Unicamp.

VISÃO DE VIGOTSKY SOBRE DEFICIÊNCIA

"A humanidade sempre tem sonhado com o milagre religioso: que os cegosvejam e os mudos falem. É provável que a humanidade triunfe sobre acegueira, a surdez e a deficiência mental. Porem a vencerá no plano sociale pedagógico muito antes que no plano médico biológico. É possível quenão esteja longe o tempo em que a pedagogia se envergonhe do próprioconceito de “criança com defeito” (...) O surdo falante e o trabalhador cego,participantes da vida geral, em toda sua plenitude, não sentirão suadeficiência e não darão motivo para que os outros a sintam. Está em nossasmãos o desaparecimento das condições sociais destes defeitos, ainda queo cego continue sendo cego e o surdo continue sendo surdo."

Vigotski, L.S. Fundamentos da defectologia. Em obras completas. Havana: Editorial Pueblo Y Educacion, Tomo V (1995, p.61Nenhuma escola pode excluir um aluno alegando não saber com ele atuarou não ter professores capacitados. Toda escola (regular ou especial) deveorganizar-se para oferecer educação de qualidade para todos. Assim, aomatricular crianças com surdez, a primeira providência que a direção deverá tomar será comunicar-se com a secretaria de educação e solicitar acapacitação de seus professores e demais elementos da comunidadeescolar. A forma como a escola vai desenvolver o currículo com as criançassurdas vai depender de sua proposta pedagógica e do número de criançassurdas matriculadas. É importante ter a clareza de que o que faz a diferençana educação do surdo não é se a escola é especial ou se é escola comum,mas sim a excelência de seu trabalho. Portanto, o mais importante é que aescola tenha um programa pedagógico que atenda às necessidades doaluno com surdez, que ofereça capacitação para a comunidade escolar, quebusque parcerias e que tenha em seu quadro de profissionais todos oselementos necessários para o desenvolvimento do trabalho, de forma aeducar um indivíduo socialmente ajustado, pessoalmente completo,autônomo e competente, ou seja, um cidadão. A construção de umaeducação inclusiva requer uma mudança de paradigma na percepção doque é educação. (Governo Federal, 2006, p. 94).

Segundo Carneiro, (2007);

A escola deve se transformar perante a inclusão de pessoas com deficiênciaou dificuldades de aprendizado. A escola deve ter o compromisso inadiável,que terá a inclusão como consequência.

A HISTÓRIA DOS SURDOS NO BRASIL.

Por muitos anos atrás, os surdos sofreram com o preconceito e passaram por

um longo tempo dentro da desigualdade social. Não só o surdo, mas qualquer

pessoa com uma deficiência era tratada com indiferença pela sociedade.

Nos tempos antigos, essas pessoas não tinham o direito de serem educadas

e eram consideradas uma aberração da natureza. Por vários anos foram rotulados

como incapazes e não tinham o direito de viver em sociedade. Muitos nesse período

foram exterminados ao nascer. Não havia uma preocupação com o deficiente.

Com o aparecimento de grandes filósofos como por exemplo, Aristóteles, que

pensava que o ” pensar” do ser humano era desenvolvido por meio da linguagem e

da fala e com esse pensar, achava-se que a pessoa surda não poderia ser

considerado como humano.

Com o passar dos anos, todos os tipos de deficientes passaram a ser objeto de

interesse da igreja e pelos médicos. Percebe-se que os surdos podiam falar e com

isso começaram a ter acesso à escrita e à leitura sendo alvo de pesquisas e

estudos.

No Brasil, D. Pedro II assina a Lei Nº 839 de setembro 1857 e é criado o

Instituto Nacional dos Surdos com a participação de um surdo francês chamado

Ernesto Huet.

Huet formou-se professor e emigrou para o Brasil em 1855. Apoiado por D.

Pedro II, ele fundou, no dia 26 de setembro de 1857, o Imperial Instituto de

Surdos-Mudos, onde era utilizada a língua de sinais. Porém, seguindo a

tendência determinada pelo Congresso de Milão (1880), em 1911, o INES

estabeleceu o oralismo como método de educação dos surdos. Hoje

chamado de Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).

Começou alfabetizando sete crianças com o mesmo método do abade

L'Epée. Essa foi a primeira escola a aplicar a língua de sinais na

metodologia de ensino.

Assim como a educação na França, a língua de sinais no Brasil deixou de

se desenvolver com o Congresso de Milão. Embora a influência do oralismo

fosse forte, os surdos brasileiros buscaram outras alternativas de se

comunicarem através da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Organizaram-

se em forma de associações para viverem aí sua cultura.

As associações são lugares onde há uma rica convivência de surdos, troca

de experiências, lazer, esporte e, principalmente, o fortalecimento da

identidade dos surdos.

Principal personagem da história dos surdos no Brasil não é um brasileiro e

sim um francês: Huet nasceu em 1822 e aos 12 anos ficou surdo.

Fonte: www.feneis.com.br

Segundo Paulo Freire, o ser humano é portador de energias e iniciativas

e que constrói saberes respeitando o conhecimento e diferenças de cada

indivíduo.

Paulo Freire entende que a construção dos saberes ocorre em ambas aspartes e são forjadas a partir do lugar onde se vive e que isso deve serlevado em conta.(FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia: Saberes àPrática Educativa, 1996).

A arte e a ciência podem e devem estar integradas na busca de novas

formas de intervenção junto aos alunos, propiciando um caminhar entre o

conhecimento lógico/formal e a intuição advinda da sensibilidade com que se

percebe as expressões humanas.

Segundo Piaget, o indivíduo deve ter assegurado o seu direito à educação e

desenvolvimento, tanto no seu intelectual quanto na sua vida pessoal e moral.

Cabe à escola, a sociedade e família proporcionar condições e experiências

nas trocas interpessoais e momentos culturais que venham a interagir no processo

biológico, permitindo ao indivíduo a capacidade de cada vez mais executar

atividades que os leva ao conhecimento e detalhes para sua atuação na sociedade

dentro e fora do ambiente escolar.

Piaget destaca que a moral e a lógica juntamente com a compreensão de

normas e regras não nascem com a criança mas que são construídas por cada uma

em sua caminhada e desenvolvimento a cada estágio de sua vivência sendo

diferenciada uma das outras por mudanças qualitativas permitindo a assimilação do

conhecimento e novas experiências. Para esta efetivação a educação precisa

estar inserida na moral e no intelectual de cada indivíduo.

Para Vigotsky, o sujeito não é apenas passivo, regulado por forças externas

que o vão moldando; não é somente ativo, regulado por forças internas, ele é

interativo.

Ao nascer, a criança fará parte de uma família com sua história, sua cultura e

costumes de seus antepassados próximos ou distantes que vão ajudar na

construção de seu desenvolvimento moral, social e intelectual. Ao decorrer esta

construção estarão presentes a cultura, os hábitos as experiências, atitudes e os

valores juntamente com a linguagem. Nesta interação também estará presente a

cultura, saberes e história de outros indivíduos com que a criança se relaciona, seja

na escola ou na vida pessoal.

Para que este processo ocorra, a criança deve interagir e participar

ativamente na construção de sua própria cultura e de sua história, modificando-se e

provocando transformação nos demais sujeitos que interajam com ela.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A intervenção pedagógica iniciou-se em fevereiro do corrente ano não sem

antes apresentar o projeto de intervenção aos professores e funcionários da escola

para explicitação e ciência de todos sobre o projeto e sua importância como

conhecimento e subsídio para todos.

As oficinas de artesanato fizeram parte do projeto de intervenção pedagógica

onde o processo de socialização e interação foi o principal alvo. A intervenção teve a

participação de alunos da escola regular (ouvintes) e uma funcionária surda. O local

para a realização deste trabalho foi o Colégio Estadual Professora Carmelita de

Souza Dias.

O objetivo deste contato entre estes alunos juntamente com esta pessoa

surda foi para que os mesmos interagissem entre si sem discriminação ou exclusão,

desenvolvendo o espírito participativo entre todos os envolvidos desfazendo-se as

diferenças tendo como objetivos norteadores deste trabalho o despertar da

cidadania, convívio social, estimulação e conscientização sobre a inclusão de

pessoas surdas nas escolas regulares.

A partir disso, realizou-se a concretização da Oficina de Artesanato. Na

elaboração da oficina ficou estabelecido como objetivos norteadores a integração e

socialização destas pessoas, assim como o despertar da criatividade de cada um,

respeitando sempre as especificidades de cada um desfazendo-se as diferenças.

As oficinas de artesanato funcionaram como catalisadores de ideias, pois não

possuíam uma regra geral e uma única forma de realização das atividades

propostas. Neste sentido, o trabalho visou o estímulo artístico que muitas vezes,

não exercitamos em nosso dia a dia.

O artesanato é uma atividade que propicia o relaxamento, tanto do ponto de

vista mental quanto físico, estimulando a concentração, a memória e a coordenação

motora, sendo indicado para qualquer idade. Esta última característica do artesanato

foi bastante explorada porque além de exercitar as habilidades manuais,

proporcionou uma maior integração entre os alunos, assim como a cooperação, a

criatividade e até a serenidade espiritual.

A realização deste trabalho seguiu a metodologia bastante prática e com

referência a Paulo Freire, compreendendo que o aprendizado é algo dinâmico e

construído coletivamente, respeitando os saberes e diferenças de cada indivíduo.

Paulo Freire entende que a construção dos saberes ocorre em ambas as

partes e são forjados a partir do lugar onde se vive e que isso deve ser levado em

conta. (FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática

Educativa, 1996).

Neste sentido, a referida oficina num primeiro momento foi ensinar as técnicas

e também os materiais a serem utilizados, como peças de gesso, peças em MDF,

tintas, pincéis, cola, entre outros.

Num segundo momento foi a confecção de peças e objetos pelos alunos

usando-se as diversas técnicas e principalmente a criatividade de cada um.

Figura 1:Materiais utilizadosFigura 2:Trabalhos realizados pelos alunos

Fonte: Acervo professora PDE

Figura3: Alunos fazendo artesanato

Figura 4: Funcionária surda fazendo artesanatoFonte: Acervo professora PDE

Durante as atividades realizadas todos do grupo puderam mostrar sua

criatividade na construção de diversos tipos de objetos utilizando materiais

diversificados inclusive muitos deles valorizando e reaproveitando materiais

recicláveis.

Durante a realização do projeto também aconteceu o desenvolvimento do

Grupo de Trabalho em Rede (GTR) onde aconteceu muitas trocas de conhecimentos

entre os professores da rede estadual de ensino. Cada professor pode contar um

pouco de seu trabalho em sala de aula colocando os pontos positivos e

experiências vividas.

Foi um trabalho positivo, pois a grande maioria dos professores trabalhavam

com alunos especiais e suas colocações e relatos serviram para enriquecer o

conhecimento e subsídio para os demais colegas do grupo.

Foto 5: Alunos trabalhando.Fonte:Acervo professora PDE.

Foto 6 :Exposição de trabalhos realizados.Fonte: Acervo professora PDE

CONCLUSÃO

A realização deste projeto teve como objetivo a interação e socialização de

alunos ouvintes de 6º ano/5ª série e uma funcionária surda através do uso do

artesanato tendo em vista que o trabalho em grupo usando-se técnicas lúdicas

aproximam as pessoas contribuindo para a compreensão de mundo, dos direitos

individuais e coletivos.

A realização das oficinas de artesanato permitiu a criatividade de todos os

envolvidos criando um vínculo de amizade, harmonia e respeito onde a professora e

alunos ouvintes conseguiam se comunicar através de gestos ou escrita com a

funcionária surda acontecendo a interação entre todos respeitando-se as

especificidade de cada um, desfazendo-se as diferenças.

Por tudo isso, pode-se considerar que o projeto desenvolvido foi muito

produtivo e contribuiu para a formação de novas concepções para alunos,

professores e toda comunidade escolar quanto a inclusão de pessoas portadoras de

deficiência nos bancos escolares da escola pública.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

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FENEIS, Federal Nacional de Educação e Integração dos Surdos. Acesso em 17 de

julho de 2012 às 18,00horas.

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AUDREI, G. Libras-Que língua é essa?S Paulo, Parábola Editorial,2009.

LOPES, L. C. Possibilidades de pensar a Inclusão. UNISINOS-

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WIKIPÉDIA, A enciclopédia livre.