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Machado de Assis pelo olhar dos outros: a polêmica entre Sílvio Romero e José Veríssimo Renata William Santos do Vale (Doutoranda em História/UFF, com apoio do CNPq; pesquisadora do Arquivo Nacional) Orientador: Prof. Guilherme Pereira das Neves Em 1897 foi lançado Machado de Assis, estudo comparativo de literatura brasileira, pelo crítico sergipano Sílvio Romero. Uma das primeiras publicações “inteiramente” dedicadas à análise da obra de Machado de Assis, então já um eminente escritor e de reconhecimento nacional. Machado havia publicado no ano anterior o volume de contos Várias Histórias, e em 1891 publicou seu então mais recente romance, Quincas Borba. Romero coligia então alguns artigos que já havia publicado em outros periódicos, além de parte inédita, sobre aquele que era considerado o principal escritor brasileiro por seus pares, e que havia sido deixado de fora quando veio à luz a sua História da Literatura Brasileira, em 1888. O livro de Romero foi bastante discutido por estudiosos e interessados das letras em artigos na imprensa da capital da nova República, e por críticos de profissão, gerando intensa polêmica em torno de suas opiniões e conclusões que se arrastou durante mais de uma década, principalmente com o crítico paraense José Veríssimo, diretor da Revista Brasileira, e assim como ele próprio e Machado de Assis, membros da recém-criada Academia Brasileira de Letras. Sílvio Romero era um crítico literário egresso do grupo de intelectuais que ficou conhecido como Escola do Recife, nascido na Faculdade de Direito a partir dos anos 1860-70, grosso modo célebre pela introdução e adoção de postulados científicos para o desenvolvimento do pensamento brasileiro, inclusive na crítica literária, sobretudo ligados ao conceito de raça, ao determinismo do meio e ao evolucionismo. Outros intelectuais ligados àquela escola já ocupavam lugar de destaque entre os letrados brasileiros, como o também crítico Tristão de Alencar Araripe Junior, o crítico e historiógrafo João Capistrano de Abreu, o jurista Clóvis Beviláqua, todos cearenses, e o diplomata maranhense Graça Aranha, entre diversas outras personalidades de destaque entre os séculos XIX e XX. As relações entre Machado de Assis e Sílvio Romero remontavam aos anos de 1870, quando este surgiu como poeta e ensaísta e recebeu críticas duras do escritor fluminense

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Machado de Assis pelo olhar dos outros: a polêmica entre Sílvio Romero e José

Veríssimo

Renata William Santos do Vale

(Doutoranda em História/UFF, com apoio do CNPq;

pesquisadora do Arquivo Nacional)

Orientador: Prof. Guilherme Pereira das Neves

Em 1897 foi lançado Machado de Assis, estudo comparativo de literatura

brasileira, pelo crítico sergipano Sílvio Romero. Uma das primeiras publicações

“inteiramente” dedicadas à análise da obra de Machado de Assis, então já um eminente

escritor e de reconhecimento nacional. Machado havia publicado no ano anterior o

volume de contos Várias Histórias, e em 1891 publicou seu então mais recente romance,

Quincas Borba. Romero coligia então alguns artigos que já havia publicado em outros

periódicos, além de parte inédita, sobre aquele que era considerado o principal escritor

brasileiro por seus pares, e que havia sido deixado de fora quando veio à luz a sua História

da Literatura Brasileira, em 1888.

O livro de Romero foi bastante discutido por estudiosos e interessados das letras

em artigos na imprensa da capital da nova República, e por críticos de profissão, gerando

intensa polêmica em torno de suas opiniões e conclusões que se arrastou durante mais de

uma década, principalmente com o crítico paraense José Veríssimo, diretor da Revista

Brasileira, e assim como ele próprio e Machado de Assis, membros da recém-criada

Academia Brasileira de Letras. Sílvio Romero era um crítico literário egresso do grupo

de intelectuais que ficou conhecido como Escola do Recife, nascido na Faculdade de

Direito a partir dos anos 1860-70, grosso modo célebre pela introdução e adoção de

postulados científicos para o desenvolvimento do pensamento brasileiro, inclusive na

crítica literária, sobretudo ligados ao conceito de raça, ao determinismo do meio e ao

evolucionismo. Outros intelectuais ligados àquela escola já ocupavam lugar de destaque

entre os letrados brasileiros, como o também crítico Tristão de Alencar Araripe Junior, o

crítico e historiógrafo João Capistrano de Abreu, o jurista Clóvis Beviláqua, todos

cearenses, e o diplomata maranhense Graça Aranha, entre diversas outras personalidades

de destaque entre os séculos XIX e XX.

As relações entre Machado de Assis e Sílvio Romero remontavam aos anos de 1870,

quando este surgiu como poeta e ensaísta e recebeu críticas duras do escritor fluminense

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quanto a seu estilo e sua poética. Em dezembro de 1879 Machado lançou um de seus mais

importantes artigos de crítica literária intitulado A Nova Geração, publicado na já citada

Revista Brasileira, que se refere à geração nascida no Nordeste brasileiro, e que ganhava

destaque nacional. No artigo o crítico Machado diminui a importância do grupo, apesar

de reconhecer talentos individuais e a qualidade de alguns textos e ideias, alertando para

os riscos dos novos modismos científicos que vinham da Europa e que não

necessariamente coadunavam com os valores nacionais ou teriam vida longa entre as

muitas novas ideias daquele século1. No que tange a Sílvio Romero, diz Machado:

O autor dos Cantos do fim do século é um dos mais estudiosos representantes da geração

nova; é laborioso e hábil. Os leitores desta Revista acompanham certamente com interesse

as apreciações críticas espalhadas no estudo que, acerca da poesia popular no Brasil, está

publicando o Sr. Sílvio Romero. Os artigos de crítica parlamentar, dados há meses no

Repórter, e atribuídos a este escritor, não eram todos justos, nem todos nem sempre

variavam no mérito, mas continham algumas observações engenhosas e exatas. Faltava-

lhes estilo, que é uma grande lacuna nos escritos do Sr. Sílvio Romero; não me refiro

às flores de ornamentação, à ginástica de palavras; refiro-me ao estilo, condição

indispensável do escritor, indispensável à própria ciência — o estilo que ilumina as

páginas de Renan e de Spencer, e que Wallace admira como uma das qualidades de Darwin.

Não obstante essa lacuna, que o Sr. Romero preencherá com o tempo, não obstante outros

pontos acessíveis à crítica, os trabalhos citados são documentos louváveis de estudo e

aplicação.

Os Cantos do fim do século podem ser também documento de aplicação, mas não dão a

conhecer um poeta; e para tudo dizer numa só palavra, o Sr. Romero não possui a

forma poética. [ASSIS (2008): p. 1277, grifos meus em negrito]2

Não cabe nestas linhas uma análise completa desse artigo; interessa principalmente

demonstrar que as relações entre os dois autores não começaram da forma mais amistosa,

e a “acusação” de falta de estilo e de ausência de forma poética não seriam esquecidos.

Embora Machado não fosse econômico em suas críticas a nenhum autor, dificilmente era

tão criterioso e exigente com um autor principiante. Importa também dizer que para

Machado de Assis a crítica era o principal e mais indispensável instrumento para o

fortalecimento da literatura nacional e para o aprimoramento do escritor. Desse modo,

pretendia que os autores não compreendessem as sugestões e comentários como ofensas

ao estilo pessoal de cada um, mas, ao contrário, como um incentivo para o

aperfeiçoamento do texto, do estilo e do próprio autor.3 Entretanto, Sílvio Romero não

parece ter recebido bem as críticas ao seu estilo e menos ainda à geração da qual fazia

parte. Esta parece ter sido uma das motivações para o estudo que publicou sobre Machado

de Assis mais de uma década depois, quando era também um autor e crítico bastante

respeitado no Rio de Janeiro.

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Uma marca do estilo de Sílvio Romero sempre foi a linguagem combativa e muitas

vezes até agressiva, na defesa de suas posições, o que frequentemente levou-o ao

envolvimento em polêmicas diversas na imprensa e na ABL, e rendeu-lhe alguns

desafetos. Esse tom aguerrido dá a tônica do livro sobre Machado e também das respostas

recebidas às suas ideias. Passemos a ele, então. Dividido em 19 partes, além de prefácio

e introdução, o livro dedica-se a estudar a obra de Machado em três momentos, entre

1859-69, fase inicial considerada por Romero romântica, além de pouco expressiva e de

qualidade inferior; entre 1870-1879, chamada de fase de “transição”, como poeta,

romancista e contista, na passagem do Romantismo para o estilo moderno então em voga;

e depois de 1880, até o momento de publicação, a obra madura, como prosador, dedicada

ao romance, ao conto e à crônica, considerada pelo crítico como a melhor fase.

O que prevalece nos capítulos do estudo são os comentários ao talento poético de

Machado, ou a ausência dele, e aos problemas de estilo. Mas o que chama mais a atenção

é que no livro dedicado a Machado de Assis, boa parte do estudo seja dedicado à obra do

poeta, crítico e jurista sergipano Tobias Barreto, considerado o líder daquela geração

egressa da Faculdade de Direito do Recife, que comparada à de Machado, se mostra, na

opinião de Romero, em tudo superior. A comparação e as conclusões sobre o estilo de

Machado levam-nos a crer que o ressentimento provocado em 1879 por aquele ensaio de

crítica não fora esquecido.

No esboço biográfico do autor o tom usado por Romero para tratar de seu objeto é

bastante elogioso tal como outros trabalhos apresentados por diversos admiradores da

obra do escritor fluminense. Entretanto, ainda no prefácio o tom amistoso dá lugar aos

objetivos do autor ao dedicar seu estudo ao célebre escritor:

O presente livro, sabemo-lo a priori, vai desagradar, por mais de um motivo, a grande

número e leitores, se, por ventura, os tiver. Consagrado a um ilustre brasileiro, que nos

derradeiros trinta anos tem sido geralmente apontado como um dos pontos cardeais de

nosso armamento espiritual, e destinado a mostrar que não é de todo exato o sítio em que

o colocam na esfera estelar do pensamento pátrio, ele vai, com certeza, ferir

susceptibilidades! Porque nós não estamos ainda habituados a ver duvidar de nosso

feiticismo literário, quanto já nos habituamos a deixar zombar de nossos feitiços políticos.

Machado de Assis é um dos ídolos consagrados em vida ao nosso beatério letrado. Em

parte merece-o ele, mas só em parte, e a pequena redução que se deve fazer em seu

culto é exatamente o que este livro se destina a provar, e tenta-o asseadamente,

honestamente, sem preocupações nem rancores. E o digno escritor não desmerecerá em

sentar-se em seu verdadeiro posto na história intelectual da nossa pátria, se este ensaio

crítico houver de contribuir para designar esse posto. Bem-aventurados nas letras aqueles

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que são objeto de estudos desinteressados e sinceros; porque ó deles o reino da glória.

Machado de Assis é um desses. [ROMERO (1897): p. XII, grifo meu]4

Ao longo da argumentação, o tom varia, mas em geral vai tornando-se mais ácido,

mais agressivo, e em alguns momentos ofensivo. A linguagem e a intensidade acabam

por dar a tônica do texto e causar a mais forte impressão, principalmente naqueles que

não concordam com os argumentos do crítico e que defendem Machado, o que

praticamente ofusca alguns argumentos que pudessem ser considerados interessantes na

análise da obra do escritor. Não estava em jogo para o sergipano apenas produzir uma

crítica sobre o mais famoso autor brasileiro, ou revidar a forma como fora avaliado por

Machado e como sua geração fora tratada em 1879, mas também lutar pelo

estabelecimento de uma crítica pautada por parâmetros modernos, cientificamente

embasada e profissionalmente estabelecida.

No caso de Sílvio Romero, lutar por uma causa era papel primordial de qualquer

homem de letras que se prezasse, e as causas eram muitas. A constituição de um campo

de saber legítimo, a defesa da ciência como base para a literatura nacional, de suas ideias

em relação à originalidade do povo, do melhor modelo de intelectual, do papel que esse

deveria desempenhar no mundo, e da contribuição que este daria na construção da

identidade, da cultura e das letras nacionais, todas essas questões estavam, de certa forma,

em discussão no livro que Romero escreveu sobre Machado de Assis e Tobias Barreto. O

tom agressivo, um tanto desmedido, demonstrava a necessidade que tinha de que seu

modelo e pensamento triunfasse, fazia parte de sua estratégia de luta e convencimento, na

qual ele usava dos instrumentos que provassem de certa forma seu próprio argumento.

Para Romero, o intelectual/letrado/literato era o homem engajado com uma visão de

mundo, com as novas correntes de pensamento, com a cultura do que ele considerava

como “povo” – dentro dos novos parâmetros científicos –, e que usava sua arte, sua pena

como arma para alcançar seus objetivos. O ataque a Machado e a defesa apaixonada de

Barreto simbolizavam essa estratégia: apoiar o que seria o modelo de intelectual –

engajado, combativo – e rejeitar o que se queria evitar – um homem de letras recluso,

dedicado exclusivamente às artes, equilibrado e conciliador. Dentro dessa lógica, Romero

acaba falando mais de suas ideias do que propriamente fazendo uma análise somente da

A grafia das citações foi atualizada por mim, sem prejuízo da pontuação, para facilitar a leitura. Os grifos

do autor foram mantidos em itálico. Quando há grifos meus em negrito, estão indicados.

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obra de Machado, que serve como um pretexto bastante atrativo de audiência para suas

ideias.

O estudo em questão, embora tenha suscitado grande polêmica e controvérsia, não

chegou a “manchar” ou diminuir a reputação e a fama de Machado de Assis. Talvez o

principal efeito que tenha causado entre os contemporâneos de ambos tenha sido uma

defesa inflamada de Machado, já que ele próprio, como aliás de seu feitio, não se

envolveu em réplicas ou respostas a Romero5. Aliás, esse aspecto do “temperamento” do

autor foi uma das críticas mais contundentes do crítico sergipano, a aversão às

controvérsias, o não revide quando atacado em suas ideias, uma “placidez” e

“tranquilidade” incômodas para o crítico, que não considerava esse um comportamento

válido para o verdadeiro homem de letras nacional.

Passemos agora a analisar os principais pontos controversos da análise de Sílvio

sobre a obra machadiana. Seguindo mais ou menos a ordem dos capítulos do livro, mas

sabendo da impossibilidade de abordar todos os aspectos apresentados pelo crítico, o

primeiro ponto avaliado foi a poesia de Machado. Esse é a matéria na qual Romero mais

se alonga, quase metade do livro, principalmente porque adota a perspectiva da

comparação, o que consome muitas páginas de poesias e citações dos dois autores

confrontados. Apesar de afirmar desde o princípio que a melhor parte da obra de Machado

é a prosa, demora-se bastante na poesia, principalmente para afirmar que não tinha o

talento necessário para ser um bom poeta, que lhe faltava estilo, lirismo, sentimento.

Crisálidas (1864), Falenas (1870) e Americanas (1875) foram elaboradas e publicadas

quando o jovem escritor ainda não havia bem definido seu estilo, que o crítico classifica

como uma mistura de Classicismo na forma, com um Romantismo decadente: “As

Americanas [...] são um verdadeiro desastre, quase de princípio a fim. Nas Crisálidas e

Falenas abundam também as páginas imprestáveis”. [Idem, p. 41]

Toda a obra do escritor é um produto sui generis, dando-nos o exemplo d'uma espécie de

ecletismo maneiroso, ponderado, discreto, em que se refletem as forças de um espírito

valoroso, é certo, porém fundamentalmente plácido e equilibrado. Pegue-se qualquer de

seus mais recentes livros, desses em que parece haver ele mais de perto atingido a realidade

ou o que julga ser tal, e repare-se que, ao lado de algumas páginas desse gênero, deparam-

se-nos outras em que o demônio romântico sente-se solto e entra a fazer das suas... [Idem,

p. 14-15, grifos meus em negrito]

E apesar do esforço e do “espírito valoroso”, a ponderação, a placidez em excesso

impedem que Machado revele sua alma de poeta, ao contrário de Tobias Barreto, para

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Sílvio o maior poeta da nova geração, com sua temática popular. E por aqui entramos

numa questão central para a análise de Romero: as influências dos conceitos de meio e

raça na produção do homem de letras, seguindo os preceitos científicos europeus e da

crítica literária Naturalista, que incorpora temas como determinismo, evolucionismo e as

teorias raciais na expressão dos literatos. Seguindo por esses preceitos, o escritor é um

produto de sua raça, de seu meio e de suas condições sociais. É precisamente na sua

capacidade de expressá-los e de usar sua arte para melhorar esse mundo que reside seu

talento.

Cada escritor é um centro de força, além de uma resultante; como centro de força, age como

causa e fator de diferenciação e progresso; como resultante, é um efeito de um meio dado,

de um grupo social e deve refletir as qualidades do agregado a que pertence. Como centro

de ação e como espírito representativo, seu estudo não interessa, não pode interessar, se é

mesquinhamente isolado, se não se generaliza, se não é capaz de dar, em miniatura que

seja, a imagem de seu tempo, de transformar-se em refletor dos homens e da sociedade da

sua época, quando não em todas, em algumas de suas qualidades fundamentais. Mas [...]

não basta refletir a sociedade, o principal é agir sobre ela. Por isso é que os poderosos

espíritos na esfera do pensamento foram sempre guias d'almas. É nessa ação fecunda sobre

os homens que vai o maior elogio de um escritor. [Idem, p. 31-32]

E sobre Machado:

Machado de Assis não sai fora da lei comum, não pode sair, e ai dele, se saísse. Não

teria valor. Ele é um dos nossos, um genuíno representante da sub-raça brasileira

cruzada, por mais que pareça estranho tocar neste ponto.

Mas a crítica não existe para ser agradável aos preconceitos dos homens, que devem ter

ânimo bastante para libertar-se de infundados prejuízos. Sim, Machado de Assis é um

brasileiro em regra, um nítido exemplar dessa sub-raça americana que constitui o tipo

diferencial de nossa etnografia, e sua obra inteira não desmente a sua fisiologia, nem o

peculiar sainete psicológico originado daí. Com certeza não o molesto, falando assim; e

não pode ser por outro modo. [Idem, p. 17-18 grifos meus em negrito]

Talvez o que mais incomode Sílvio, a ponto de algumas vezes perder a

“imparcialidade” que tanto advoga e soar quase ameaçador (“ai dele se saísse), é o fato

de Machado não se encaixar no papel a ele atribuído. Como produto da “sub-raça

americana”, sua obra deveria refletir e tratar de temas considerados populares, expressão

do folk lore resultante da mestiçagem, da mistura das raças já há bastante tempo tratada

pela História nacional. Mas com seu domínio impecável da língua, seu estilo sofisticado,

até mesmo tido como rebuscado por alguns de seus pares, com seu humor irônico, seu

ceticismo ou mesmo em alguns momentos, pessimismo, mas principalmente com sua

literatura de temas universais, Machado contrariava o papel que deveria desempenhar, e

pior, não confirmava a teoria, a lei científica que Romero pretendia provar com sua tese.

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Desse modo, passa a ser a incômoda exceção, não somente a seus preceitos científicos,

mas talvez também pelo fato de representar um mulato, que não era “portador de

pergaminho, que lhe abrisse a senda de qualquer profissão liberal, como a medicina, a

advocacia, a engenharia ou qualquer outra ao jeito da magistratura, da diplomacia, do alto

magistério” [p. 12], cuja “instrução, ainda hoje bem limitada, foi de princípio demasiado

parca” [p. 38], mas que obteve sucesso pelo talento nas letras e recebeu o devido

reconhecimento ainda em vida. Hélio de Seixas Guimarães, que analisou a crítica sobre

Machado dos principais estudiosos da época – Romero, José Veríssimo e Araripe Júnior,

identifica esse incômodo e também conclui que:

Para Romero, isso é um tipo de afetação, quase uma impostura, com repercussões na obra,

marcado pelo artificialismo, pelo isolamento e indiferença em relação ao meio, pelas costas

voltadas à paisagem e ao povo brasileiro. [...] Machado, que não se enquadrava no papel

previsto e, ato contínuo, era logo encaixado em outro estereótipo, o do mulato pernóstico,

de modos afetados, afrancesados, incapaz de reconhecer sua condição de verdadeiro

meridional e mestiço. [GUIMARÃES (2004): p. 273]6

Essa impostura passa a valer de argumento para considerar a obra de Machado,

apesar de algumas qualidades que lhe reconhecia, uma imitação de algo que não era

nosso, tal como o humor, o pessimismo, o estilo, a inovação nos enredos e dos

personagens, cópias de estilo e ideias europeias que não funcionavam bem porque eram

produto de outros povos e quando transplantados para o terreno brasileiro, resultavam em

falsidades, saídas da pena de um elemento estranho.

Apesar de tratar de forma negativa os aspectos estilísticos e estéticos que analisa na

prosa de Machado, Romero acabou por definir algumas linhas mestras de toda a crítica

literária sobre o escritor fluminense ao longo do século XX. O estilo, a linguagem, o

humor, a ironia, o pessimismo, a descrição dos tipos humanos e sobretudo o nacionalismo

da obra tornam-se assunto para praticamente todos os estudos, biografias, análises críticas

da obra, ainda em vida e postumamente.

O estilo de Machado de Assis não se distingue pelo colorido, pela força imaginativa da

representação sensível, pela movimentação, pela abundância, ou pela variedade do

vocabulário. Suas qualidades mais eminentes são a correção gramatical, a propriedade

dos termos, a singeleza da forma. O período não lhe sai amplo, forte, vibrante, como em

Alexandre Herculano; [...]. Em seus livros de prosa, como nos de versos, falta

completamente a paisagem, falham as descrições, as cenas da natureza, tão

abundantes em Alencar, e as da história e da vida humana, tão notáveis em Herculano

e no próprio Eça de Queiroz.

[...] O estilo de Machado de Assis, sem ter grande originalidade, sem ser notado por um

forte cunho pessoal, é a fotografia exata do seu espírito, de sua índole psicológica

indecisa. Correto e maneiroso, não é vivace, nem rutilo, nem grandioso, nem

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eloquente. É plácido e igual, uniforme e compassado. Sente-se que o autor não dispõe

profusamente, espontaneamente do vocabulário e da frase. [Idem, p. 82-83]

Eis aí o maior problema para Sílvio quanto ao estilo machadiano: faltava a paixão,

a agressividade necessária para mover a ação do homem de letras. Enquanto Machado é

um escritor que se ocupa somente de sua pena e seus personagens, para Romero se o texto

não se propõe à ação, perde valor. Machado não serve como o ideal do escritor nacional.

Por outro lado, percebe-se a crítica quanto à falta de paisagem, entendida aqui como falta

dos elementos nacionais nas histórias. Sílvio obviamente não entende a cor local à moda

dos românticos, com as descrições da natureza em estilo épico, mas carecia de ver mais

da terra, do que ele considera a essência do povo e do meio, as tradições populares

próprias das regiões do Brasil e do povo mestiço que o compunha.

Essa essência do povo contraria, a seu ver, a tendência de Machado de expressar

um humor e uma ironia que não são próprios dos povos latino-americanos, herdeiros dos

europeus ibéricos. O humor empregado por Machado não coadunava com o tipo praticado

pelos povos mestiços, meridionais, como o do Brasil, aproximava-se mais do humor

inglês, e por isso era uma falsificação, uma imitação do original. Por isso em alguns

momentos Romero afirma que não vê graça nos livros recentes de Machado, e prefere os

mais antigos, revelando um certo despeito da originalidade do escritor premiado com a

comenda da Ordem da Rosa.

O humour de Machado de Assis é um pacato diretor de secretária de Estado, e o horrível

de seus livros é uma espécie de burguês prazenteiro, condecorado com a comenda da rosa...

Nem interessam e nem metem medo.

Podem figurar nas páginas das folhinhas e almanaques entre as pilhérias contra as sogras.

O temperamento, a psicologia do notável brasileiro não são os mais próprios para

produzir o humour, essa particularíssima feição da índole de certos povos. Nossa raça

em geral é incapaz de o produzir espontaneamente. [Idem, 133]

Quando digo, pois, que não acho graça no humour de Machado de Assis e que o seu

pessimismo me parece espetaculoso e afetado, dou somente a minha impressão pessoal,

que apenas procuro justificar, porque ela se me antolha justa; mas não tenho pretensão nem

interesse em que os outros a aceitem. Chegado a este ponto, é natural que procure

documentar os meus assertos, e não me parece que me seja preciso ir muito longe.

Pegue o leitor comigo nas Memórias Póstumas de Brás Cubas, vamos percorrê-las desde

as primeiras páginas. O leitor conhece por certo a carcaça do livro; sabe que o autor

imaginou um sujeito que do outro mundo nos brinda com as memórias da própria vida,

onde se acham narrados seu nascimento, educação, amores, negócios, até o desenlace final

da morte, sendo este último passo contado logo em princípio da narrativa. Esta espécie de

espiritismo literário pode ser para muita gente o sinal de grande profundeza; mas lhe não

descubro a menor significação. Como originalidade é de gênero inferior. [Idem, 273-274]

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A mesma crítica quando à impostura do humor e da ironia do escritor é feita em

relação ao seu pessimismo, ou seu ceticismo. Parece a Romero que Machado aprendeu

esses recursos em algum manual estrangeiro e importou para sua obra criando um pastiche

das obras dos grandes escritores europeus, mas que aos olhos nacionais parece apenas

mais uma tentativa de fazer uma obra inspirada na Europa, sem originalidade e verdade,

quando é evidente que o espírito do povo brasileiro é alegre, otimista, e não descrente e

cético como Machado quer aparentar ser, mas, segundo o crítico, não convence.

E com estas notas volto a um dos pontos donde parti: Machado de Assis pode e deve ser

também apreciado pelo critério nacionalista. Não o poeta, porque, a não ser em suas pálidas

Americanas, este nos desdenhou de todo; sim o romancista e o contista; porque estes

dignaram-se de olhar, uma vez por outra, para nós.

Em que pese ao Sr. José Veríssimo, o nisus central e ativo de Machado de Assis é de

brasileiro, e como tal se revela no caráter essencial de sua obra de mestiço e até em várias

roupagens exteriores quando ele assesta sua observação mais diretamente para as cousas

pátrias. Há, porém, uma circunstância que tem escurecido este brasileirismo subjetivo, e

vem a ser a mania filosofária, as patacoadas humorísticas e pessimisticantes.

Tirem estas vestes de faquir dos ombros do autor de Brás Cubas e ele mostrará o trajo de

toda a gente. [Idem, 341-342]

Essa crítica ao nacionalismo de Machado, ou à falta dele, torna-se um tema

recorrente na avaliação de sua obra e é frequentemente revisitada por críticos literários e

historiadores. É a propósito desse critério que o crítico José Veríssimo diferencia-se de

Romero. O crítico paraense, formado nos mesmos princípios da crítica naturalista e

influenciado pelas ideias deterministas e evolucionistas que também fizeram a formação

de Romero, entretanto, acabou por matizar essa influência no entendimento da obra

literária, começando principalmente com a obra de Machado de Assis. Além da

apreciação diferente do estilo, a maior contribuição de Veríssimo no debate acerca da

obra de Machado está no caráter nacional da obra.

Outro preconceito que é mister arredar, é o de não poder o autor de Iaiá Garcia ser

apreciado pelo critério nacionalístico. É a opinião do Sr. José Veríssimo, o ilustrado crítico

dos Estudos Brasileiros.

Eis aqui as suas palavras: «A obra literária do Sr. Machado de Assis não pode ser julgada

segundo o critério que peço licença para chamar nacionalístico. Esse critério, que é o

princípio diretor da História da Literatura Brasileira e de toda a obra crítica do Sr. Sílvio

Romero, consiste, reduzido à sua expressão mais simples, em indagar o modo por que um

escritor contribuiu para a determinação do caráter nacional, ou, em outros termos, qual a

medida do seu concurso na formação de uma literatura, que por uma porção de caracteres

diferenciais se pudesse chamar conscientemente brasileira. Um tal critério, aplicado pelo

citado crítico e por outros à obra do Sr. Machado de Assis, certo daria a esta uma posição

inferior em nossa literatura. Parece-me, porém, que legitimo de certo modo, é por demais

estreito para formarmos dele um princípio exclusivo de crítica.

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Se a base de uma literatura qualquer é o sentimento nacional, o que a faz grande e enriquece,

não é unicamente esse sentimento. Estreitaríamos demais o campo da atividade literária

dos nossos escritores se não quiséssemos reconhecer no talento com que uma obra é

concebida e executada um critério do seu valor, independentemente de uma inspiração

mais pegada à vida nacional. Por isso a do Sr. Machado de Assis deve ser encarada a

outra luz e, sobretudo, sem nenhum preconceito de escolas e teorias literárias. Se

houvéssemos, por exemplo, de julgá-la conforme o critério a que chamei nacionalístico, ela

seria nula ou quase nula, o que basta, dado o seu valor incontestável, para mostrar quão

injusto pode ser ás vezes o emprego sistemático de fórmulas críticas. Eu por mim cada vez

acredito menos nelas. »

Assim se expressa desassombradamente o ilustrado crítico paraense. [Idem, p. 55-56, grifo

em negrito meu]

Para o crítico paraense, o critério nacionalístico não serve para analisar a obra do

escritor fluminense, precisamente pela mesma razão que Romero identifica: Machado é

um escritor único, não se encaixa no perfil da crítica naturalista, não se enquadra no papel

do escritor mestiço, e também não no papel do escritor nacional, cuja obra seja um reflexo

do meio e das tradições nacionais. Nos romances de Machado, a temática refletia aspectos

das relações sociais, humanas, universais. O que havia de nacional, não era a descrição

do ambiente, os temas tidos como nacionais, relativos ao povo, à natureza, aos costumes

e cultura popular; estava na descrição, na psicologia dos personagens, na verossimilhança

com os sentimentos e as relações interpessoais do Brasil. O que fazia com que Machado,

à semelhança de outros grandes mestres europeus, tivesse caráter universal em sua obra,

sem perder aquilo que o identificava com a literatura brasileira, era o sentimento íntimo,

que o próprio Machado identificava como o instinto de nacionalidade na literatura

brasileira dos anos 1870.7 O que tornava Machado um escritor singular não era ser um

produto de um meio e de uma raça, mas um escritor de seu tempo.

A crítica de José Veríssimo não está ainda consolidada naqueles anos que precedem

a virada do século, considerando que o escritor sofreu também influência das escolas

cientificistas nos anos 1860 e 1870. A sua grande História da Literatura8 só fica pronta

em 1916, publicada post mortem, e recupera as ideias que vão sendo apresentadas em

artigos na imprensa e na Revista Brasileira, que dirigiu a partir de 1895. A crítica sobre

Machado e suas opiniões vão sendo construídas e vão amadurecendo com o passar dos

anos, assim como cresce sua afinidade e amizade com o escritor. À medida que a crítica

de Romero se acirra contra o famoso literato, a de Veríssimo se aproxima do autor e

começa a relativizar as teorias naturalistas, questionadas pela obra singular de um escritor

que expressa como poucos a vida nacional, tratando de assuntos não colhidos nas lendas

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e tradições regionais, mas na vida e no costume dos brasileiros. José Veríssimo não

considerava na sua crítica somente os elementos do espaço e do tempo, mas também a

originalidade da obra e do autor, e não tinha um apego tão grande ao conceito de raça,

que embasava o pensamento de Romero. Sua experiência como professor, diretor do

Ginásio Nacional, e estudioso da educação propiciou uma reavaliação do papel do meio

sobre o autor. A exceção, que para Sílvio Romero prejudicava a totalidade da teoria,

representava para Veríssimo a confirmação da fragilidade da regra.

Era de se esperar que Romero não aceitasse o argumento de Veríssimo, e a polêmica

entre os dois intensificou-se, mesmo depois da morte de Machado, o primeiro firme na

sua opinião negativa da obra do presidente da Academia e o segundo cada vez mais

convencido da genialidade do escritor, paulatinamente se afastando da crítica naturalista

e enveredando para uma crítica mais impressionista. A controvérsia teve momentos de

grande agressividade entre os autores, Sílvio não perdoava o menosprezo do crítico

paraense quanto ao papel pioneiro da Escola do Recife na renovação do pensamento

nacional brasileiro. Veríssimo por sua vez deu algumas respostas bastante agressivas às

provocações de Romero e ao comportamento inflamado de seu colega da Academia.

Aparentemente, entretanto, a influência de Machado, que procurava não se envolver em

controvérsias, acabou por prevalecer no comportamento do crítico que adotou um estilo

mais recluso no final da vida.

O que se pode afirmar, depois de brevemente analisar as posições dos dois críticos

e suas opiniões sobre a obra de Machado é que, apesar dos embates e das muitas

contradições, ambos deram contribuições decisivas para a constituição e afirmação do

campo da crítica literária no Brasil, inclusive conferindo ao trabalho do crítico paradigmas

científicos que legitimavam a atividade. Dentro de momentos turbulentos como este, de

embates de opinião e de disputa de poder e de afirmação é natural que ocorram

desavenças, que no caso desses críticos extrapolaram algumas vezes os limites do bom

convívio social. Independente das posições, as obras desses críticos são fundamentais

para compreender a recepção da produção de Machado no final do século XIX e nas

décadas seguintes, e são merecedoras de análises mais aprofundadas do que os limites

deste trabalho, que pretendeu apenas uma breve apresentação de seus principais

argumentos.

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1 A esse propósito, cito a crítica de Capistrano de Abreu publicada na Gazeta de Notícias em 5 de dezembro

de 1879, e reunida em seus Ensaios e Estudos (4ª série. Rio de Janeiro, Brasília: Civilização Brasileira,

INL, 1975, p. 108-110), sobre o artigo crítico de Machado “A nova geração”. Capistrano não se aprofunda

muito na crítica, mas parabeniza e elogia o autor “pelo ato de coragem, porque dizer francamente a sua

opinião, sem descair na louvaminha, nem tombar na detração sistemática, é muito raro neste meio pesado

que nos vicia”. Machado constata a penetração de novas ideias europeias no Brasil, mas critica os novos

escritores pela adesão precipitada a esse novo sistema de pensamento, sem avaliar o contexto nacional e as

especificidades da sociedade brasileira, além de considerar que essa nova geração mais imita as ideias

externas do que reflete sobre elas e as reinterpreta. 2 ASSIS, Machado de. A nova geração. Obra Completa em quatro volumes: volume 3. 2ª ed., Rio de

Janeiro: Nova Aguilar, 2008, p. 1258-1286. Publicado originalmente na Revista Brasileira, vol. II,

dezembro de 1879. 3 Cf. _______. O ideal do crítico. Organização de Miguel Sanches Neto. Rio de Janeiro: José Olympio,

2008. 4 ROMERO, Sílvio. Machado de Assis. Estudo comparativo de literatura brasileira. Rio de Janeiro:

Laemmert & C. editores, 1897. 5 Dois autores que publicaram estudos sobre o livro de Romero foram Labieno, pseudônimo do Conselheiro

Lafayete Rodrigues Pereira, e o diplomata Carlos Magalhaes e Azeredo. O primeiro publicou uma série de

artigos no Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, entre 25 de janeiro e 11 de fevereiro de 1898, coligidos

depois em um volume chamado de Vindiciae – o Sr. Sílvio Romero crítico e filósofo. O segundo publicou

na Revista Moderna, em Paris, em novembro de 1897 um artigo sobre Machado de Assis, que parecia

dialogar com o de Sílvio Romero que saiu ao mesmo tempo. Segundo Azeredo, foi uma coincidência, tanto

que depois de ter lido o livro de Romero, escreveu um outro artigo, “Machado de Assis e Sílvio Romero”,

também publicado em Paris, em março de 1898, ambos coligidos no livro Homens e Livros, de 1901. O

tom das respostas de ambos não poderia ser mais diferente. Enquanto os de Labieno usam a mesma

linguagem, tom e estratégia agressiva para atacar Romero em uma defesa apaixonada de Machado, o

segundo procura fazer uma argumentação bastante sensata e controlada, dado que era amigo pessoal de

ambos, procurando realçar as virtudes do livro e da crítica de Romero, ao passo que contestava o que a

maior parte dos defensores de Machado reclamavam, mas em tons mais amenos e menos apaixonados,

visando a uma conciliação entre os autores. 6 Alguns críticos e historiadores dedicaram-se ao estudo da polêmica entre Romero e Veríssimo sobre a

obra de Machado de Assis. Alguns exemplos de artigos que muito contribuíram para esse breve estudo ora

apresentado: AGUIAR, Mauricio Maia. Objetividade e aventura: Machado de Assis a partir do casmurro

Sílvio Romero. Machado de Assis em linha. Rio de Janeiro, v. 7, n. 13, p. 44-62, junho de 2004; _____.

Machado de Assis em perspectiva: os olhares divergentes de Sílvio Romero e José Veríssimo. Sociologia

& Antropologia. Rio de Janeiro, v. 05.01: 269-296, abril, 2015; BARIANI, Edison. Machado de Assis e as

críticas de José Veríssimo e Sílvio Romero. Faculdade Santa Rita. 2007. Acessado em 31/10/2016 em:

http://www.achegas.net/numero/40/bariani_40.pdf; FERNANDES, Maria Lúcia Outeiro. Os

contrabandistas do pensamento – impasses da crítica literária brasileira no final do século XIX. Revista

Letras. Curitiba: Ed. UFPR, n. 55, p. 29-54, jan/jun. 2001; GUIMARÃES, Hélio de Seixas. Romero,

Araripe, Veríssimo e a recepção crítica do romance machadiano. Estudos Avançados. V. 18, n. 51, 2004,

p. 269-298; SCHWARZ, Roberto. Duas notas sobre Machado de Assis. Que horas são? Ensaios. 2ª ed.,

São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 165-178. 7 ASSIS, Machado de. Notícia da atual literatura brasileira: instinto de nacionalidade. O ideal do crítico,

op. cit., p. 105-124. Publicado originalmente em março de 1873 na revista Novo Mundo, em New York. 8 VERISSIMO, José. História da Literatura Brasileira – de Bento Teixeira (1601) a Machado de Assis

(1908). 3ª ed., Rio de Janeiro: José Olympio, 1954. Cf. especialmente o cap. XIX, sobre Machado de Assis;

ver também Estudos de Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: H. Garnier, 6 séries, 1901 a 1907.