integração lavoura pecuária na recuperação e renovação de pastagens degradadas

Upload: edson-alves-de-araujo

Post on 07-Apr-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    1/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACRE

    CAPiTULO XIWINTEGRA~AO

    LAVOURA -PECUARIA E PLANTIO D lRETONA RECUPERAQAo E RENOVAQAoDE PA STAGE l\T S DEGRADADAS

    Marcia Vit6ria Santos,Edson Alves de Araujo

    1 . INTRODUC;;A .OOs pastos sao a base da alimen-

    tacao animal da pecuarla nacional,porem estes vem apresentando ra-pido e acentuado decllnlo em suacapacidade produtiva, em decor-rencia dos processos de degrada-~ao que vern reduzindo a eflclenclados sistemas de producao de carnee leite no pars.o manejo inadequado das plan-

    tas forrageiras associado a agricul-tura itinerante agrava os problemascom a deqradacao das pastagens naregiao Amazonica, A maioria das are-as desmatadas desta reqiao do parse ocupada por pastagens estabele-

    cidas apes 0 desmate de areas defloresta nativa e, ou capoeiras. Esti-ma-se que atualmente em torno de55.298 km2 sao ocupados com pas-tagens e cerca da metade, se encon-tre em algum estadlo de degrada-~ao (Figura 1, A) e, ou abandonada(DIAS-FILHO,2005). Praticas comoqueimadas (Figura 1, B), ausenclade adubacao de manutencao e decontrole das plantas daninhas e pra-gas e,taxas de lotacao incompatlve-is com a capacidade de suporte (su-perpastejo) sao ainda comuns empastagens na reqlao do Vale do Acre(baixo e alto Acre), assim como a sln-

    drome da morte do capim-marandu(Brachiaria brizantha cv. Marandu)(ANDRADE & VALENTIM, 2007).

    Uma alternativa para resolucaode tais problemas seria desenvol-ver estrateqlas que visem a recupe-racao de areas degradadas e a ado-~ao de sistemas integrados de ma-nejo das pastagens, que possibili-tem maior producao deorragem pa-ra allmentacao dos animais, semnecessidade de desmatamento denovas areas (Figura 1, B).o desenvolvimento de alterna-

    tivas para 0 restabelecimento dacapacidade produtiva das pasta-

    81

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    2/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAo LAVOURA-PECuARIA E PLANTIO DIRETO NA RECUPERAQAo E RENOVAQAo DE PASTAGENS DEGRADADAS

    gens, bem como 0 uso de sistemasprodutivos mais ecol6gicos torna-se fundamental para sustentabili-dade da atividade pecuaria na Re-giao Arnazenlca. 0 cons6rcio de es-pecles pelos Sistemas lnteqracaol.avoura-Pecuaria (ILP),juntamentecom 0 Sistema de Plantio Direto,despontam como opcoes vlavelsna recuperacao e renovacao de are-as degradadas e como alternativapara maior producao de forragemsem necessidade de novas desma-tamentos, bem como possibilitammelhorias nas caracterfsticas qul-micas, ffsicas e biol6gicas do solo(SANTOS et aI., 2010). Outro fatorfavoravel do cons6rcio e a diversifi-cacao da producao na proprieda-de, aumentando as chances de su-cesso na comerclallzacao dos pro-dutos e da perrnanencla do ho-mem no campo.

    Assim, propos-sa neste capftulodiscorrer sobre algumas tecnlcaspara recuperacao e renovacao depastagens degradadas utilizando alnteqracao Lavoura-Pecuaria e 0plantio direto, ressaltando 0 po-tencial dessas pratlcas para peque-nos, rnedlos e grandes produtoresna Regiao Arnazonlca,

    Figura 1. Pastagem degradada ap6s manejo inadequado (A), desmatamento equeimadas paraforrnacao de pastagem (B),Rio Branco,AC.

    2. DEGRADACAO DE PASTAGENSo conceito e dlnamko e pode sercaracterizado como um conjunto de

    fatores que agem de maneira associa-da. A deqradacao pode ser reduzidaou agravada pelas pratlcas de manejoda pastagem. Parasubsidiar asdiscus-

    sees a seguir, tomou-se como base 0conceito de deqradacao proposto porCarvalho (1993), como sendo a redu-c;:aoda producao de forragem e tam-bern do seu valor nutritivo, mesmoem epocas favoravels ao crescimento,

    e por Spain & Gualdron (1991),que de-finem a deqradacao como a diminui-c;:aoconslderavel na produtividade po-tencial de forragem, para as condi-c;:eesedafocllmatlcas e bi6ticas a quea pastagem esta submetida.

    2.1. CAUSAS DA DEGRADAQAo DE PASTAGENSGeralmente, os fatores que cau-

    sam a deqradacao das pastagens es-tao associados ao manejo destas.Das areas implantadas, recuperadasou renovadas com pastagem, uma

    parte consideravel se perde ao lon-go dos anos, devido a deqradacaoprovocada por fatores relacionadosas tecnkas de formacao, Contudo,falhas de natureza tecnlca durante 0

    processo de estabelecimento e ma-nejo do pastejo podem concorrertarnbem para a deqradacao,o esgotamento da fertilidadedo solo, as alteracoes em suas ca-

    82

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    3/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAoLAVOURA-PECuARIAPLANTIODIRETONARECUPERAQAoRENOVAQAoDEPASTAGENSEGRADADAS

    racterlsticas ffsicas e 0manejo ina-dequado do pasto apes formacaoda pastagem tern ocasionado a de-qradacao. Estima-se que a produ-~ao das pastagens e a producaoanimal sejam de 30 a 40%, em me-dia, superiores no primeiro ana deexploracao pecuarla, em relacaoaos quatro anos subsequentes,que vao sendo limitadas por pro-blemas de clima, solo e manejo in-correto do pasto e dos animais empastejo (MACEDO, 2005). Um dosexemplos de manejo inadequadoque podem contribuir para 0 pro-cesso de deqradacao das pasta-gens e a adocao de mesma taxa delotacao animal durante todo 0 ana

    (SILVA et al., 2004). Outras causasda deqradacao de pastagens estaoresumidas na Tabela 1, conformeMacedo (2005) e Dias Filho (2005).

    E de fundamental lrnportanclao manejo adequado para implan-tacao e rnanutencao da pastagem,devendo 0 produtor conscientizar-se de que a forrageira e uma espe-cie que, como qualquer outra cul-tura, necessita de condlcoes ade-quadas na semeadura e durante to-do 0 seu clclo de exploracao, E co-mum a preocupacao do produtorapenas com a formacao da pasta-gem, havendo esquecimento apesessa fase. Tal pratlca leva a reducaogradativa da capacidade produtiva

    e vigor das plantas forrageiras, ten-do como principais reflexos Indiceszootecnlcos aquern da capacidadeda area, com consequente subutili-zacao e baixa competitividade dopotencial de exploracao da terra(SANTOS et al., 2010).

    Entre as formas de cultivo maissustentavels da terra, os sistemasconsorciados, como lnteqracao La-voura-Pecuarla e 0 Plantio Direto,surgem como tecnlcas capazes dereverter 0 quadro de deqradacaoambiental existente. Alern de for-necer bens e services integrados aoutras atividades produtivas dapropriedade e de potencializar 0usc dos recursos naturais.

    Tabela 1. Relac;:6esdas principais causas da deqradacao de pastagens Fonte: Macedo (2005) e Dias Filho (2005).

    C A U S A S D E S C R IC A OEs co lh a in a de q ua d a d a e spe c ie f or ra g eir a Espec le nao adequada ao s is tema p rodu tiv o e nao adapt ada as condi coes eda to cl lrn at lcas .

    Fo rma~ao in a de q ua d a d a p a st ag em P repa ro i nadequado do solo .Co rre cao da acidez e adubacao i ncorr et a.S i st emas e me todos de f ormacao i napropri ados .Uso f requen te de que imadas .M a ne jo in co rre to d os a nim a is n a f as e d e fo rm a ca o.

    P r a tic a s d e manu te n ~a o in c or re ta s Ausenc ia ou i nadequada adubacao de manu tencao .A u ss nc la o u in efic ie nc ia n o mane jo d e p ra ga s, d oe ne as e p la nta s d an in ha s.M a ne jo in co rre to d os a nim a is e m p as te jo A l ta s t axas de l ot acao ( supe rpas te jo ).o u c olh eit a d a f or ra gem p ro du z id a S i st ema de pas te jo i nadequado.

    Epocas inopor tunas de col he it a, ou em quant id ades i napropr ia das da fo rr agem p rodu z ida.

    3. PLANTIO DIRETO NA REFORMA DEPASTAG ENS

    o Sistema de Plantio DiretoSPD caracteriza-se pelo revolvi-mento mlnirno do solo e manuten-~ao de residues (palhada) da cul-tura antecessora para reallzacaoda semeadura. E uma tecnlca efici-ente para conservacao do solo eda agua, alem da reducao da infes-tacao de plantas daninhas quando

    em cornparacao ao plantio con-vencional (Figura 2, A, B, Ce D).

    Vantagens do SPD, como redu-~ao de erosao devido a protecaodo solo, aumento da materia orga-nica e da fertilidade do solo(SOUZA & MELLO, 2003), melhoriana estrutura do solo, da umidade,retencao e lnfiltracao da agua no

    solo (LANZANOVA et al., 2007),bem como reducao de plantas da-ninhas (FREITAS et aI., 2005,JAKELAITIS et aI., 2004), reducaodos custos de producao e aumentoda produtividade, vem sendo ob-servadas pelos produtores que 0utilizam,o que foi comprovado pordiversas pesquisas como sistema

    83

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    4/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAoLAVOURA-PECuARIAPLANTIODIRETONARECUPERAQAoRENOVAQAoDEPASTAGENSEGRADADAS

    potencial para recuperacao de are-as degradadas como alternativa aopreparo convencional do solo.

    No preparo convencional, nor-malmente e necessarlo maior quan-tidade de herbicidas devido a mai-or lnfestacao por plantas daninhas(Figura 2, D), maior energia para asua reallzacao e custo mais elevadode execucao em relacao ao SPD.Alern disso, 0preparo convencio-nal e caracterizado por deixar 0so-lo sob acao erosiva da chuva e dovento, permitindo perda de solo (Fi-gura 2, C) e depreclacao da propri-edade rural. Segundo Mello et al.(2003), a semeadura direta em cam-po nativo dessecado apresentouperda de solo, em media, 88% infe-rior a encontrada no cultivo con-vencional (aracao e gradagem).

    Outro fator importante a se des-tacar sao assemeaduras dasculturasque no preparo convencional do solopodem ser comprometidas, devido a

    intensidade de precipltacao na Re-giao Arnazonlca, sendo muitas vezesnecessaria nova ara~ao e gradagempara possibilitar 0plantio, tornandoo processo produtivo mais oneroso.Alern disso, a alta intensidade de chu-va apes 0plantio e a baixa lnflltracaoda agua no solo, pode comprometera qerminacao e produtividade da cul-tura agricola e,ou, 0estabelecimentodo pasto (Figura 2, B).o SPD pode ser realizado tanto

    na reforma (recuperacao ou renova-~ao) de pastagens degradadas pelosistema usual (monocultivo) comoem sistemas consorciados. Os siste-mas consorciados apresentam co-mo vantagem 0 retorno mais rapldo(parcial ou total) do investimento re-alizado na reforma do pasto, obtidopela venda dos graos.

    A recuperacao e, ou, renovacaode pastagens degradadas deve ser re-alizada por meio de praticas aqrono-micas com 0 intuito de restabelecer

    a capacidade produtiva da especteforrageira existente no ecossistemae, ou, substituHa por outra especlemais produtiva. Para ambas as ope-ra~6es 0SPD e preconizado, devidoas lnurneras vantagens, ja citadas,em relacao ao plantio convencional,alern do menor custo de reforma.

    A recuperacao e renovacao depastagens degradadas em mono-cultivo sao pratlcas onerosas. Ten-do em vista a descapltallzacao degrande parte dos produtores ru-rais, 0emprego de sistemas con-sorciados, como lnteqracao Lavou-ra-Pecuarla, pode ser a melhor op-~ao na reforma das pasta gens.Esses sistemas apresentam lnume-ras vantagens, entre elas 0aprovei-tamento dos reslduos de fertilizan-tes utilizados na adubacao da cul-tura agricola, pelas plantas forrage-iras, a melhoria das condlcoes desolo, qualidade do pasto e a obten-~ao de renda a curto e longo prazo.

    Figura 2. Milho cultivado no plantio direto (A),detalhe da baixa lnf lltracao de agua dachuva (B),perda de solo e erosao causadospela chuva (C)e lnfestacao de plantas daninhas (D),emcultivo demilho no plantio convencional, em RioBranco,AC.

    84

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    5/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAo LAVOURA-PECuARIA E PLANTIO DIRETO NA RECUPERAQAo E RENOVAQAo DE PASTAGENS DEGRADADAS

    4. PASSOS E TECNICAS ADOTADAS PARAIMPLANTAQAo E ESTABELECIMENTO DEUM SISTEMA DE ILP

    Assim como qualquer outrosistema produtivo e fundamentalatentar para os cuidados complantio (preparo do solo, mudas eou sementes de alta qualidade equantidade adequada), adubacao,controle de plantas daninhas,pragas e doencas, e 0 manejoadequado (manejo da cultura, co-

    Iheita em epoca adequada,manejo da pastagem e dosanimais), para que 0 potencialprodutivo seja alcancado.

    Antes de qualquer atividade enecessa rio 0 planejamento dosistema, com a esco Iha dasespectes mais apropriadas aserem consorciadas e do destino

    da producao (Mercado). Essaetapa e fundamental para 0sucesso da ILP e pode serrealizada com ajuda de tecnicos eextensionistas de cada reqlao,

    A seguir sao descritos algunspontos tecnlcos que devem serseguidos para lrnplantacao eestabelecimento do sistema de ILP.

    4.1. AMOSTRAGEM DE SOLOPara lrnplantacao do sistema 0

    primeiro passo e a amostragem desolo, que e fundamental para se co-nhecer caracterlsticas flsicas e qUI-micas do local a ser implantado 0cultivo.

    A amostragem deve ser realizadaem media com tres meses de ante-cedencla do plantio, na profundida-de de 0 a 20 cm, perfazendo umaamostra composta com cerca de me-io quilo de solo. E recomendado reti-rar pelo menos 20 amostras simplesde solo em diferentes pontos da gle-ba "area de lmplantacao do siste-ma': com 0 objetivo de caracterizaras dlferencas que possam existir naarea de cultivo, no entanto, esse va-lor pode variar dependendo da hete-rogeneidade do solo.

    As amostras de solo devem serrealizadas de forma adequada (Fi-gura 3), serem representativas daarea a ser cultivada e acondiciona-das em embalagens devidamente fe-chad as e identificados com os da-dos da area coletada, proprletarlo eprofundidade de amostragem. Estasdevem ser enviadas a laboratoriesldoneos e no menor espaco de tem-po entre coleta e analise (Figura 3).

    Figura 3. Como realizar a amostragem de solo: retirar material vegetal da superf icie(A); abrir uma pequena tincheira no solo na medida especffica para a coleta (B);coletar 0 solo e acondlclona-lo em balde (C e D); repetir a operacao (nurnero deamostras simples retiradas depende da homogeneidade e do tamanho da area) atecompletar a coleta de toda area amostrada (E); destorroar e misturar todas asamostras ate formar uma mistura mais hornoqenea possivel (F);separar uma amostracomposta com cerca de 500 g, e acondlclona-la em saco plastlco resistente (G);identificar aamostra composta eenvla-Ia ao laborat6rio para avaltacao (He I).

    85

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    6/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAo LAVOURA-PECuARIA E PLANTIO DIRETO NA RECUPERAQAo E RENOVAQAo DE PASTAGENS DEGRADADAS

    4.2. CORREQAo DO SOLOPara correcao do solo, usa-se a

    apllcacao de calcarlo, que elevarao pH, fornecera Ca e Mg, alern dedisponibilizar os nutrientes jaexistentes no solo para a planta. Anecessidade de calagem e feitamediante a Interpretacao dos

    resultados das anallses de solo e aexlqencia da cultura. No caso desistemas em consorclo, asrecornendacoes sao realizadastomando-se como crlterlo aespecie mais exigente e aproducao desejada.

    Diferentemente dos cultivostradicionais, no SPD nao halncorporacao do cal carlo, Nessecaso, se a necessidade de calagemfor alta, deve-se parcelar a doserecomendada para evitar asupercalagem

    4.3. DESSECAQAot a operacao de controle das

    plantas daninhas com herbicida,formando uma cobertura vegetalmorta na superffcie do solo (palha-da), lndispensavel para reallzacaodo plantio direto. Essa operacaosubstitui a aracao e gradagem quee feita no plantio convencional. Adessecacao e realizada por meioda utlllzacao de herbicidas des-secantes, normalmente aqueles abase de glyphosate e, em areascom plantas daninhas dlcotiledo-neas perenes com 2,4-D + glypho-sate. A apllcacao deve ser realizadacom as plantas daninhas em plenovigor "folhas verdes", sem apresen-tar sintomas de estresse, para seobter sucesso no controle. Para tan-to, normal mente faz-se necessaria

    a retirada dos animais do pasto an-tes da apllcacao, dando condlcoespara crescimento das plantas an-tes da dessecacao, 0que tarnbernvai garantir uma quantidade ade-quada de palhada.

    Os herbicidas e as doses de-vern ser recomendados apes aldentlficacao das es pecles deplantas daninhas na area, obser-vando os cuidados previstos emlei com 0meio ambiente e a segu-ranca do trabalhador. Sempre con-sultar urn especialista para a cor-reta apllcacao, Utilize sempre osequi pamentos de protecao indi-vidual (EPrs), completos e lim-pos, e faca a rnanutencao, regula-gem e callbracao do pulverizadorantes da apllcacao (Figura 4).

    Figura 4. Callbracao do pulverizadorem area teste (A)e utlllzacao de barracom dois bicos e estaca de bambuservindocomo baliza naapllcacao (B).

    4.4. ESCOLHA DAS ESPECIES A SEREM CONSORCIADASA escolha das especles vegetais a

    serem consorciadas depende basica-mente da adaptacao delas as condi-c;:oesedafocllmatlcas de cada reqlao,do potencial de consorclacao, da

    plasticidade fenotfpica, do interessee poder econornlco do produtor e domercado consumidor para os produ-tos. Alern disso, e importante conhe-cer as caracterfsticas morfofisiol6gi-

    cas das especles, bem como aspossl-veis lnteracoes que possam ocorrerdurante os cidos produtivos, bus-cando maximizar as lnteracoes posi-tivas e minimizar asnegativas.

    4.5. ESPECIES AGRfCOLASEntre as diversas culturas anuais

    que tern sido utilizadas nos siste-mas em consorcio, 0 feijao e a sojasao culturas promissoras, que po-dem anteceder 0 pasto em sistema

    de rotacao de culturas, uma vezque suas palhadas decompoern-serapidamente, liberando os nutrien-tes para a forrageira.o milho merece destaque devido,

    principalmente, a sua tradkao de cul-tivo, ao grande nurnero de cultivarescomerciais adaptados a diferentes re-gioes ecoloqkas do Brasil,as suas inu-meras utilidades na propriedade ru-

    86

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    7/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAo LAVOURA-PECuARIA E PLANTIO DIRETO NA RECUPERAQAo E RENOVAQAo DE PASTAGENS DEGRADADAS

    ral, alern de sua excelente adaptacaoquando cultivado em consorclo, po-dendo ser destinado a producao demilho-verde, graos ou silagem. A re-

    forma de pastagem realizada atravesdo consordo pasto/ milho permite autllizacao do pasto em aproximada-mente 45 a 60 dias apos a colheita

    do milho, para ensilagem, e ime-diatamente, no caso de milho paragraos, principal mente se a colheitafor manual (Freitaset aI.,2005).

    4.6. ESPECIES FORRAGEIRASAlgumas forrageiras como 0ca-

    pim-marandu (Brachiaria brizanthacv. Marandu), braquiarinha (B. de-cumbens), caplrn-tanzanla e capim-mornbaca (Panicum maximum), tif-ton 85 (Cynodon spp.), entre outras,possuem potencial de usc nessessistemas. Entretanto, caso tenha co-mo planejamento retornar com 0plantio direto da cultura agricolaapes alguns anos de utillzacao dopasto, deve-se evitar 0usc de espe-cie que formem touceiras densas,como as forrageiras do genero Pani-cum, pois essas touceiras podem di-ficultar a semeadura no plantio di-reto. Das especles utilizadas emconsorcio, as do genero Brachiariatern boa adaptacao e propor-cionam alta produtividade(JAKELAITIS et aI., 2004; FREITASetal.,2005).

    Deve-se procurar forrageiras debom cresci mento, elevado valor nu-tricional, grande capacidade deperfilhamento e, sobretudo adap-tadas as condlcoes edafo-cllrnatlcas, a fim de obter um bom

    estande de plantas no pasto e altaprodutividade de carne e leite.

    Para areas com menor drena-gem, deve-se priorizar a escolha deespecles tolerantes ao encharca-mento do solo. Deve-se evitar a uti-llzacao de uma unlca especle emgrandes areas de cultivo. Essaspratt-cas sao fundamentais para evitarproblemas, como a morte do ca-pim-marandu, bastante comum naRegiao Acreana, e cuja posslvel cau-sa seria a nao adaptacao das plantasdesta especle ao encharcamento dosolo, predispondo-as ao ataque defungos fltopatoqenlcos de solo(ANDRADE& VALENTIM, 2006).

    Em areas de pastagens degra-dadas cujo banco de sementes nosolo seja alto e cuja especle que sedeseja substituir seja competit iva,como a Brachiaria decumbens, re-comenda-se a escolha de nova es-pecie com crescimento rapido, queapresente boa cobertura do solo,ou ainda a utilizacao de maior taxade semeadura, buscando sucesso

    no estabelecimento da forrageiradesejada. 0 recomendado, nessecaso, e a rotacao de culturas complantio de graos em monocultivoate reduzir 0 banco de semente daforrageira que se deseja substituir,para depois implantar 0 consorclocom a nova especle forrageira.

    Nas areas em estadlo avancadode de qradacao. as leguminosasforrageiras com capacidade de fi-xa

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    8/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAo LAVOURA-PECuARIA E PLANTIO DIRETO NA RECUPERAQAo E RENOVAQAo DE PASTAGENS DEGRADADAS

    deve ser realizada considerando 0espacamento entre linhas da cultu-ra agricola e 0 ajuste do rnaqulnarlo,Um exemplo e 0 espacarnento de0,5 m entre linhas da cultura aqrlco-la, em que a semeadura da especleforrageira pode ser realizada apenas

    nas lin has de cultivo da cultura aqrf-cola ou ainda uma unica linha na en-trelinha, resultando, ap6s colheitado grao, estante de plantas forragei-ras adequado para 0 es-tabelecimento do pasto.

    E importante que ap6s a colheita

    da cultura aqrlcola exista prevlsaode chuva para 0crescimento e esta-belecimento da especle forrageiraimplantada, portanto 0 quanto an-tes for realizado 0 plantio no perle-do chuvoso, melhor serao as chan-ces de sucesso na lnteqracao,

    4.8. E SPAQAMENTO E DENSIDADE DE PLANT IOo cons6rcio de culturas produ-

    toras de graos e forrageiras tropi-cais e posslvel, qracas ao diferenci-al de tempo e espaco, no acurnulode biomassa entre as especles.Entretanto trabalhos tern demons-trado a lrnportancla de reduzir 0es-

    pacamento do plantio da culturaagricola, a fim de suprimir 0cresci-mento da forrageira e 0 surgi-mento de plantas invasoras no pe-rlodo de desenvolvimento da cul-tura produtora de graos.

    Os espacarnentos mais comu-mente utilizados variam de 50 a

    100 centlmetros entre linha dasculturas aqrfcolas, A densidade deplantio da cultura aqrlcola deve se-guir as mesmas recomendacoespara os plantios em monocultivos,assim como a taxa de semeaduradas especles forrageiras.

    4.9. A DU BA Q .A .O D E PL AN TIOAs recornendacoes de aduba-

    ~ao sao baseadas na analise de so-lo, na exiqencla da cultura, nas con-dlcoes de fertilidade do solo e naprodutividade esperada, para tan-

    to, deve-se procurar a ortentacaode um tecnlco capacitado. A adu-bacao da cultura aqrlcola e feitaadotando-se nlvel tecnol6gico me-dio a alto e respeitando a analise

    do solo. A alta adubacao de plantiocom N-P-K no plantio e de N e Kemcobertura utilizada na cultura aqrl-cola servlra para 0bom estabeleci-mento do pasto.

    4.1 0. A DU BA Q .A .O D E C OBE RT UR AAp6s 30 dias, em media, da

    semeadura de milho e feijao deve-se realizar uma adu bacao decobertura com adubos nitrogena-dos (urela ou sulfato de arnonlo), Aad u bacao n itrogenada decobertura deve ser realizada emdias chuvosos ou horarlos demenor temperatura durante 0 dia(corneco da martha e, ou, ao

    entardecer), e em solo urnldo,A finalidade da inteqracao da

    forrageira e a producao debiomassa, tanto para cobertura dosolo, lndlspensavel para 0 plantiodireto, quanto para a allmentacaodos animais. Porern para um bomdesempenho da forrageira enecessaria a reallzacao de adu-

    bacao nitrogenada ap6s 0primeiro pastejo (pastejo deuniforrnlzacao), 0 que aconteceposteriormente a colheita dacultura aqrlcola. Alern disso, saonecessarias adubacoes demanutencao do pasto ao longodos anos de exploracao dapecuarla, garantindo longevidadee perslstencla da pastagem.

    4 . 1 1 .MANE}ODEPLANTASDAN INHAS , PRAGASEDOENQASo sucesso na adocao de sistemas

    em cons6rcio esta tarnbern relacio-nado ao correto manejo integradode plantas daninhas e pragas. Paraque 0manejo das plantas daninhas

    em culturas consorciadas com forra-geiras seja eficiente, pratlcas comoadubacao mais concentrada de ni-troqenio, no lnfclo do cldo, para fa-vorecer 0 crescimento inicial da cul-

    tura aqrkola em relacao as plantasdaninhas e a forrageira, e, ou, a redu-~ao do espacamento entre as cultu-ras,visando 0 rapldo fechamento daarea, sao necessaries.

    88

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    9/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAoLAVOURA-PECuARIAPLANTIODIRETONARECUPERAQAoRENOVAQAoDEPASTAGENSEGRADADAS

    o controle de plantas daninhaspode ser feito com capina atravesde enxada. No entanto, em areasmaiores, 0 usc de herbicidas emaplicac;:6es dirigidas e recomen-dado. Lembrando a necessidadedo usc de EPrs para seguranc;:a dotrabalhador e a correta recomen-dacao tecnlca do produto a ser uti-lizado. No sistema consorciado deculturas com forrageiras 0metodaqufrnlco (herbicidas) visa reduzir acornpetlcao de plantas daninhas eda forrageira, em relacao a culturaagricola. Em se tratando da culturado milho, tem-se demonstradoque a apllcacao de misturas no tan-que de atrazine com subdoses de

    nicosulfuron, ou da mistura formu-lada foramsulfuron + iodosulfuronmethyl-sodium, tern proporciona-do born controle das plantas da-ninhas, sem comprometer a forma-c;:aodo pasto apos a colheita do mi-Iho (JAKELAITIS et aI., 2004;FREITAS et aI., 2005). 0 herbicidaatrazine e registrado para controlede especles daninhas dlcctlledo-neas. No caso do controle das espe-cies rnonocotlledoneas, recomen-da-se a apllcacao de subdoses(aproximadamente 1/5 da dose co-mercial) de nicosulfuron, ou da mis-tura comercial foramsulfuron + io-dosulfuron methyl-sodium, de for-ma a retardar 0crescimento da for-

    rageira, porern sem afetar seu de-senvolvimento final. A dose reco-mendada dos herbicidas vai de-pender do estadlo de crescimentoda forrageira e das plantas da-ninhas. A tolerancla da forrageiraas sulfonilurelas aumenta com 0desenvolvimento da planta(FERREIRAet aI.,2007).

    Alern das plantas daninhas, ou-tro fator limitante a producao nes-ses sistemas e a ocorrencia de pra-gas e doenc;:as como fungos, lagar-ta do cartucho de milho, cupins, cl-garrinhas, dentre outras, que de-vern ser controladas para evitar per-das de produtividades dos compo-nentes do sistema.

    4.12. COLHEITADE GRAOSA colheita de graos em sistemas

    consorciados com forrageiras e de-pendente do clclo da cultura anuale da sua utllizacao, como exemplodo milho, para qraos ou silagem.No entanto, 0 que se preconiza eque esta seja realizada 0 rnais pre-cocemente posslvel, uma vez queo continuo e intense crescimentodas plantas forrageiras, apos a se-nescencla da cultura agricola, po-de dificultar ou ate mesmo inviabi-lizar a colheita mecanizada. Parapequenas propriedades, ou areasdeclivosas, a colheita manual e aforma rnais indicada. Nesse caso, a

    pastagem pode ser utilizada ime-diatamente apes a colheita, pois asplantas forrageiras nao sao danifi-cadas pelo trans ito de maqulnas(FERREIRAet aI., 2007). Apes a co-Iheita da cultura agricola recomen-da-se 0 pastejo com animais levese por curto perlodo de tempo favo-recendo 0 perfilhamento da forra-geira. Para as forrageiras quantomais cedo for colhida a cultura agri-cola em consorclo, melhores con-dic;:6esedafocllrnatlcas 0pasto terapara seu pleno estabelecimento.Quando a producao e destina-da a fenacao ou silagem, parte da

    forragem produzida e colhida jun-tamente com a cultura, e a restantee danificada pelo translto de rna-quinas na colheita e transporte.Nessa sltuacao, apes a colheita dacultura agricola, recomenda-se aentrada de animais leves e por cur-to perlodo de tempo apenas quan-do 0pasto atingir cerca de 70% decobertura do solo. 1550 acontece,em media, com 45 a 60 dias apos acolheita. Posteriormente a saldados animais, deve-se realizar a adu-bacao nitrogenada, favorecendo 0perfilhamento e 0 estabelecimen-to do pasto.

    4.13. MANEJO DA PAS TAG EM APOS RECUPERAQAoo manejo correto das pasta-

    gens e dos animais e fundamentalpara a sustentabilidade de qual-quer sistema de crlacao de animaisem pasto. Em pasto bern maneja-do, a forrageira normal mente apre-senta crescimento vigoroso, prote-ge melhor 0 solo e compete com

    vantagens com as plantas dani-nhas, pragas e doenc;:as,resultandoem menor custo no controle e ma-nutencao das pastagens.

    Uma das pratlcas fundamenta-is para garantir produtividade aolongo do tempo e a adequada adu-bacao de manutencao, e manejo

    correto dos animais em pastejo. 0manejo dos animais, com taxas delotacao compatlveis com a capa-cidade de suporte dos pastos, tam-bern contribui para melhorar a nu-trlcao do rebanho e, consequen-temente, para aumentar os Indi-ces produtivos.

    89

  • 8/4/2019 Integrao Lavoura Pecuria na recuperao e renovao de pastagens degradadas

    10/10

    ALTERNATIVAS DE UTILIZA~io DE AREAS ALTERADAS NO ESTADO DO ACREINTEGRAQAo LAVOURA-PECuARIA E PLANTIO DIRETO NA RECUPERAQAo E RENOVAQAo DE PASTAGENS DEGRADADAS

    5. MAQUINAS UTILIZADAS NA ILPMuitos pecuaristas nao dis-

    poem de estrutura (rnaqulnas, im-plementos e lnstalacoes) e, princi-palmente, experiencia na con-ducao de lavouras. Nesse caso, e co-mum 0 arrendamento de areas depastagens para agricultores. No en-tanto, e posslvel adequar as estru-turas existentes na propriedade pa-ra as pratkas agrkolas. Alern disso,atualmente, os implementos saomais acesslveis aos produtores,existindo grande variedade para asdiversas sltuacoes de cultivo napropriedade.

    Existem no mercado diversosmodelos de semeadoras de cultivodireto, adubadoras e pulverizado-res tanto para areas planas quantomais declivosas.

    A apllcacao de herbicidas em are-as declivosas pode ser feita com pul-verizadores costal manual, cicio-jet,carroca-jet ou burro-jet (Figura 5 A).Semeadoras de plantio diretotracionadas por tratores (Figura 5e), tradicionalmente utilizadas emreqloes planas para lrnplantacaodo cons6rcio, nao sao reco-mendadas para areas declivosas.Nesse tipo de relevo, podem-se uti-lizar semeadoras de plantio diretotracionadas por animais (Figura 5B) ou, ainda, matracas.

    Para semeadoras que nao pos-suem um compartimento separa-do para as sementes forrageiras, re-comenda-se a mistura da sementede forrageira ao adubo no dia da se-meadura (FERREIRA et aI., 2008).Nesse caso, deve-se regular 0siste-ma de dlstrlbulcao de adubo paraa quantidade necessaria e depoiscalcular a quantidade de sementea ser incorporada na mistura. A se-meadura deve ser a mais superfici-al posslvel, de modo a nao deixar asemente da cultura descobertanem a forrageira muito profunda(FERREIRAet aI., 2007).

    Figura 5. Apllcacao de herbicidas com burro-jet {A}; semeadora de plantio diretotracionada por animais {B}; semeadora de plantio direto tratorizada {C}, milhoconsorciado com braqularla {D}; e area montanhosa com ILP em pastagemrecuperada apes colheita de milho para graos {E,F}.Fonte:Ferreiraetal. (2007).

    6. CONSIDERAyOES FINAlSOs Sistemas de lnteqracao La-

    voura-Pecuarla, em suas diversas va-rlacoes, sao potenciais formas deproducao para Regiao Amazenlca,inclusive para 0Vale do Acre, capa-

    zes de proporcionar recuperacao depastagens e areas degradadas e ga-rantir a sustentabilidade da pecua-ria nesta reqlao do pals, sem neces-sidade de novos desmatamentos.

    90