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ESTUDO DE VIABILIDADE DA UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS CERÂMICOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EM BLOCOS DE SOLO-CIMENTO ATRAVÉS DE
MODELAGEM DE MISTURAS
G.D.A. Bastos (1); I.D.A. Bastos (1); L. Fior (1); L. Hildebrand (1); M.S. de
Araújo (2); J. A. Cerri (3)
Alameda Prudente de Moraes, 770, ap 252, Curitiba – PR CEP 80430-220
(1) CEFET-PR – DACOC
(2) CEFET-PR – DAMEC/PPGEM
(3) CEFET-PR - DACOC/PPGEM
RESUMO
O crescente volume de resíduos gerados nas etapas de construção e
demolição tem acarretado sérios problemas ambientais e econômicos. Ainda, a
escassez de matérias-primas naturais tem elevado o custo das mesmas, que
necessitam ser transportadas de distâncias cada vez maiores. O presente estudo
verificou a influência da adição de resíduos (agregado produzido a partir de blocos
cerâmicos) na resistência mecânica à compressão e na absorção de água de blocos
de solo-cimento (NBR 10.836/89). As composições foram definidas através de um
planejamento experimental baseado em Modelagem de Misturas. As composições
apresentaram valores de absorção de água acima do limite máximo definido por
norma, enquanto que os valores de resistência mecânica à compressão
apresentaram-se aceitáveis. Algumas composições, no entanto, apresentaram
comportamento similar ao da composição de referência. A viabilidade econômica
desta utilização depende somente da oferta deste tipo de agregado, disponibilizada
através da instalação de usinas de reciclagem de entulho.
Palavras-chave: resíduos, solo-cimento, reciclagem, viabilidade.
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INTRODUÇÃO
A par da preocupação com os aspectos ecológicos impactando no setor da
Construção Civil, faz mister se buscar alternativas que se apóiem no processo de
inovação tecnológica. Assim, além de dispor de características que as identifique
como ambientalmente corretas, tais alternativas devem apresentar viabilidade
técnica e econômica. Caso contrário, sua aplicação ficará restrita a ações isoladas
de pessoas dispostas a valorizá-las.
Dessa forma, busca-se avaliar a viabilidade técnica e econômica da utilização
de resíduos cerâmicos de construção e demolição em blocos de solo-cimento.
O ESTADO DA ARTE
Resíduos de Construção e Demolição (RCD)
A indústria da construção civil é a principal geradora de resíduos da economia,
causando importantes impactos ambientais em todas as etapas de seu processo
produtivo. É responsável pela utilização de 20 a 50% de todos os recursos naturais
consumidos pela sociedade e por pelo menos 40% dos resíduos gerados na
economia (7). Já segundo estudo realizado por Pinto (10) em cidades brasileiras de
médio e grande porte, este número varia entre 41 a 70%. Em estudo semelhante,
Zordan (12) obteve o valor de 70%.
As estimativas nacionais de geração de resíduos, segundo pesquisa
desenvolvida por Pinto (10), apontam para valores entre 230 a 760 kg/hab.ano, com
mediana de 510 kg/hab.ano.
A composição dos resíduos de construção e demolição
Segundo estudos realizados por Pinto apud Zordan (12) sobre composição dos
resíduos, verificou-se que cerca de 64% do material é formado por argamassa, 30%
por componentes de vedação e 6% por outros materiais.
Já segundo John e Agopyan (7) estes números são de 63%, 32% e 5%,
respectivamente, o que denota a coerência entre os números.
O solo-cimento e os resíduos de construção e demolição O aspecto técnico: O uso do agregado cerâmico reciclado em tijolos de solo
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estabilizado com cimento é uma solução em que o resíduo é aproveitado pelo
próprio setor que o produz. Além disso, as características de material inerte do
resíduo podem contribuir significativamente para a correção granulométrica do solo.
Dessa forma, o agregado cerâmico reciclado pode se tornar uma fonte de matéria-
prima mais barata e de qualidade para a construção civil (9).
O aspecto ambiental: O que se tem percebido na maioria dos processos
produtivos de materiais é uma crescente escassez de matérias-primas. Analisando
exclusivamente sob o ponto de vista econômico-financeiro, a redução da oferta
necessariamente eleva os custos de obtenção das mesmas. Ainda, devido ao
esgotamento das fontes de recursos naturais próximos aos centros consumidores,
as matérias-primas devem ser transportadas por distâncias cada vez maiores,
elevando o custo de transporte e, conseqüentemente, de obtenção do insumo.
O solo-cimento, então, surge como alternativa interessante para a minimização
desses efeitos. Primeiramente por seu processo produtivo demandar uma
quantidade de energia inferior àquela dos processos de produção de elementos de
vedação cerâmicos tradicionais. Depois, pela possibilidade de incorporação de
diversos resíduos. A adição dos resíduos diminuiria o impacto ambiental da
disposição destes em aterros.
O aspecto econômico: A possibilidade da incorporação de resíduos pode
contribuir para a redução do custo do bloco de solo-cimento. Apesar da pequena
disponibilidade de informações quanto ao custo de produção do agregado reciclado,
a consideração criteriosa dos insumos diretos e indiretos tem apontado para valores
na ordem de 5 reais por tonelada processada (11).
Estudo semelhante foi desenvolvido na tentativa de avaliar a viabilidade da
implantação de uma central de reciclagem de resíduos de construção e demolição
na Região Metropolitana de Curitiba (5). O custo obtido foi de R$ 15,00/m3.
Finalmente, a incorporação dos RCD nos blocos de solo-cimento possibilitaria
a redução dos custos municipais de remoção e destinação destes resíduos. Valores
médios obtidos por Pinto apud John e Agopyan (7), situam-se entre R$ 9,90 e R$
11,90/habitante.ano.
Critérios de dosagem de blocos de solo-cimento Diversos órgãos de pesquisa buscam estabelecer parâmetros de dosagem da
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mistura de solo adequada (6). Percebe-se, nos diversos critérios, coerência quanto à
predominância da fração arenosa sobre a argilosa e de silte. Isso porque a fração
mais fina exigiria um consumo maior de cimento, para que se realizassem as
ligações entre os grãos. Entretanto, faz-se necessária a utilização de partículas
finas, juntamente com o material arenoso, para fornecer ao bloco recém-moldado a
coesão inicial, visto que as reações de hidratação do cimento ainda não se
processaram (6).
Modelagem de misturas
Em modelagem de misturas existem alguns tipos de planejamentos
experimentais, com suas respectivas características e finalidades. Os planejamentos
laterais são especialmente importantes quando se deseja conhecer o
comportamento de determinada propriedade com relações a misturas binárias,
mantendo-se constante o terceiro elemento. Já os planejamentos centróides
surgiram na tentativa de minimizar a necessidade de inserção de pontos internos, e
correspondem a uma permutação das possíveis misturas simples, binárias,
ternárias, até o grau desejado. Permitem um melhor ajuste da superfície de resposta
quando se avaliam pontos internos do modelo (8).
Tais dados são normalmente dispostos em matrizes, para permitir futuras
análises computacionais. As coordenadas dos pontos representam a proporção
teórica de cada um dos elementos constituintes da mistura.
Entretanto, nem sempre é fisicamente possível produzir as misturas segundo
os valores máximos e mínimos de cada elemento. Assim sendo, é necessário definir
limites máximos e mínimos para os teores dos componentes. Dessa forma, a matriz
dos pseudocomponentes é transformada na matriz dos componentes reais, que leva
em consideração as limitações físicas para execução dos ensaios. É a matriz dos
componentes reais que deve ser adotada na execução do estudo experimental.
MATERIAIS E METODOLOGIA
Obtenção dos insumos: os materiais naturais argila (jazida própria) e saibro
(aquisições) foram obtidos junto à empresa produtora de blocos de solo-cimento em
Curitiba. O material reciclado foi produzido a partir de moagem de blocos cerâmicos
em moinho argamassadeira tipo ANVI 500, marca ANVI, Figura I.
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Figura I – Blocos cerâmicos utilizados na produção do material reciclado e
moinho argamassadeira ANVI 500
Foram produzidos diferentes agregados reciclados, obtidos com tempo de
moagem de 5, 10, 15 e 20 minutos. Essas quatro amostras foram caracterizadas
quanto a granulometria e massa específica para que fosse possível escolher o
substituto ideal dos insumos naturais.
Caracterização física dos insumos: foram realizados os ensaios de distribuição
granulométrica (NBR 7217/82) (1) e massa específica (NBR 9776/87) (2) para os
agregados naturais e reciclados.
Definição das composições: a definição das composições também levou em
conta: modelo matemático de três variáveis independentes (argila, saibro e
reciclado); modelo matemático tipo simplex centróide com pontos interiores, devido à
boa representatividade; composições que pudessem ser dosadas volumetricamente;
adoção de uma composição de referência;
Ainda, foram aplicados limites para cada componente da mistura, conforme
orientação da literatura. Tais limites estão apresentados abaixo:
• Argila: 20% a 80%
• Saibro: 20% a 80%
• Reciclado: 00% a 80% Caracterização físico-mecânica das composições: foram realizados os ensaios
de absorção de água (NBR 10836/89) (4) e resistência mecânica à compressão (NBR
10836/89) dos blocos produzidos. Para este ensaio foram formados lotes de 5
blocos por composição, ensaiados aos sete dias. Os blocos foram capeados com
pasta de cimento e rompidos em prensa universal DL 3000 EMIC.
Análise computacional dos dados: geração de superfícies de resposta para as
propriedades de resistência mecânica à compressão e absorção de água com
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auxílio do software STATISTICA (versão 5.1 1997).
Análise de impacto financeiro: comparação dos custos produtivos atuais da
empresa com aqueles relativos ao material reciclado. Visto que não haveria
alterações no processo produtivo, as mudanças nos custos finais para as outras
composições restringiram-se ao custo do material reciclado. Como estimativa inicial,
adotou-se o valor de R$15,00/m3 de material reciclado (5).
RESULTADOS E DISCUSSÃO Caracterização física dos insumos: as Figuras II e III abaixo mostram os resultados dos ensaios de distribuição granulométrica e massa específica.
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
80,0%
90,0%
100,0%
ABERTURA DA PENEIRA (mm)
FRA
ÇÃ
O R
ETID
A A
CU
MU
LAD
A (%
)
RECICLADO 5min
RECICLADO10minRECICLADO15minRECICLADO20minARGILA
SAIBRO
4, FUND0,0750,10,0,1,2,
Figura II – Distribuição granulométrica dos materiais reciclados e naturais
2,635
2,057 2,030
2,500 2,544 2,547
0,0000,2000,4000,6000,8001,0001,2001,4001,6001,8002,0002,2002,4002,6002,800
ARGILA SAIBRO RECICLADO5min
RECICLADO10min
RECICLADO15min
RECICLADO20min
AMOSTRA
MA
SSA
ESP
ECÍF
ICA
(g/c
m³)
Figura III –Massa específica dos materiais reciclados e naturais
O agregado reciclado adotado, devido ao comportamento semelhante ao do
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saibro (material a ser substituído) da curva de distribuição granulométrica, ao valor
similar de massa específica e menor custo energético de produção foi o material
com moagem de 5 minutos.
Definição das composições: as composições estão apresentadas na Tabela I e
Figura IV, nas quais as coordenadas representam a proporção de cada componente.
Tabela I – Matriz de componentes reais
Traço Argila Saibro Reciclado1 0,800 0,200 0,000 2 0,200 0,800 0,000 3 0,200 0,200 0,600 4 0,500 0,500 0,000 5 0,500 0,200 0,300 6 0,200 0,500 0,300 7 0,400 0,400 0,200 8 0,600 0,300 0,100 9 0,300 0,600 0,100
10 0,300 0,300 0,400 ARGILA SAIBRO
RECICLADO
1 298
7
65
4
3
10
Figura IV – Planejamento de componentes reais
Caracterização físico-mecânica das composições: os resultados dos ensaios de
resistência mecânica à compressão e de absorção de água estão apresentados
abaixo, Tabela II.
Tabela II – Ensaios de resistência mecânica à compressão e absorção de água Composição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Tensão Média (MPa)
2,745 3,281 3,092 2,595 2,100 2,750 2,428 2,657 3,077 1,881
Desvio padrão (MPa)
0,320 0,437 0,428 0,478 0,258 0,199 0,194 0,313 0,112 0,172
Absorção Média (%)
22,57 19,77 29,57 25,82 19,54 24,86 27,67 25,00 24,30 29,95
Desvio padrão (%)
2,48 2,78 0,42 0,42 2,05 2,26 2,37 1,57 0,94 0,74
Segundo a norma NBR 10834/89 (3), estariam reprovadas as composições 5, 7
e 10, segundo o critério de resistência. Com relação à absorção de água, todas as
composições estariam reprovadas, pois apresentaram valores de absorção de água
superiores aos limites prescritos.
Avaliando-se os dados percebe-se que não é possível estabelecer uma relação
direta entre os valores de resistência mecânica à compressão e absorção de água,
O resultado pode ser explicado, muito provavelmente, sob a ótica da porosidade.
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Devem ser considerados não somente os vazios intergranulares, resultantes do
empacotamento, mas também os vazios intragranulares, inerentes a cada um dos
componentes da mistura, vazios estes que também contribuem para a absorção. De
maneira bastante simplificada, pode-se observar que as composições que
continham as maiores proporções de agregado reciclado (3 e 10) foram aquelas que
apresentaram os maiores valores de absorção, servindo como evidência da
potencial absorção inerente ao material reciclado.
Análise computacional dos dados: Os dados referentes aos modelos das
respostas de resistência mecânica à compressão e absorção de água estão
apresentados na Tabela III abaixo.
Tabela III – Avaliação dos Parâmetros dos Modelos para a Resposta de Resistência Mecânica à Compressão e Absorção de Água
Modelo Resistência Mecânica à Compressão Absorção de Água R2 R2
ajustado F p R2 R2
ajustado F p
Linear 0,28 0,08 1,38 0,31 0,33 0,13 1,69 0,25 Quadrático 0,71 0,34 1,93 0,27 0,77 0,49 2,62 0,19 Cúbico Especial
0,71 0,14 0,07 0,81 0,92 0,76 5,45 0,10
Cúbico Completo
0,99* 0,99* 1759,10* 0,02* 0,99 0,92 4,33 0,32
Para a resposta de resistência mecânica à compressão, o modelo cúbico
completo apresenta elevados valores de R2 e R2 ajustado, denotando grande
adequação às respostas obtidas, valor de F bastante elevado e valor de p inferior a
5%. Assim, esse último é o modelo mais adequado ao problema, Figura V.
1,8 2,4 3 3,6 above
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃOR²=0,9999; Raj=0,9993
MODELO CÚBICO COMPLETO
acima
Pareto Chart, Standardized Pseudo-Comps; Variable: RES3 Factor mixture design; Mixture total=1,, 10 Runs
DV: RESIST; MS Residual=,0001417
Effect Estimate (Absolute Value)
8,956686-28,7788-30,05-30,7977
-56,297959,29962
231,1233260,3488
276,267p=,05
ABCABBC
AB(A-B)AC
AC(A-C)(A)ARGILA
(C)RECICLADO(B)SAIBRO
-50 0 50 100 150 200 250 300 350
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Figura V – Resposta: resistência mecânica à compressão – modelo cúbico completo
A superfície de resposta de resistência mecânica à compressão apresentou
região de máximo bastante caracterizada em composições com predominância de
saibro, o que vem ao encontro das recomendações de literatura.
O diagrama de Pareto acima representado, Figura V, mostra a contribuição de
cada termo da equação para a resposta obtida. Percebe-se que os elementos
isolados A, B e C são aqueles que mais contribuem para a resposta, com destaque
para o saibro e o material reciclado.
Já para a resposta de absorção de água, apesar dos valores inferiores, mas
ainda elevados de R2, pode-se afirmar, devido aos parâmetros F e p, que o modelo
cúbico especial é o mais adequado, Figura VI.
0,18 0,21 0,24 0,27 0,3 above
ABSORÇÃO DE ÁGUAR²=0,9193; Raj=0,7578
MODELO CÚBICO ESPECIAL
acima
Pareto Chart, Standardized Pseudo-Comps; Variable: ABS3 Factor mixture design; Mixture total=1,, 10 Runs
DV: ABS; MS Residual=,000314
Effect Estimate (Absolute Value)
,14767442,0350452,333738
-2,872711,26312
13,1411917,69
p=,05
BCAB
ABCAC
(B)SAIBRO(A)ARGILA
(C)RECICLADO
-2 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
Figura VI – Resposta de absorção de água – modelo cúbico especial
O diagrama de Pareto acima representado, Figura VI, mostra a contribuição de
cada termo da equação para a resposta obtida. Percebe-se que somente os termos
referentes aos componentes puros possuem contribuição significativa para a
resposta de absorção de água. Ainda, nota-se que o componente reciclado é aquele
que mais contribui positivamente para a resposta, ou seja, uma maior concentração
deste componente, isoladamente, elevaria a absorção de água.
Análise de impacto financeiro: Tomando-se os custos relativos à composição
comercial 4 como 100%, foram obtidos custos relativos de produção.
Tabela IV – Custos Relativos Totais para as Composições Propostas
Composição 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Custo relativo (%)
95,34 104,66 101,21 100,00 98,27 102,94 100,40 95,65 102,53 100,01
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Projetando-se esses resultados para um período de produção anual de
130.000 blocos, a adoção da composição 8 em substituição à composição 4,
representaria uma economia anual de R$19,710 mil.
Observa-se assim que a utilização de agregados reciclados passa a ser
economicamente viável quando da oferta comercial do material, provavelmente
fornecido por central de reciclagem com produção em larga escala. Somente dessa
forma, os materiais reciclados chegam ao mercado com preços competitivos
comparativamente aos materiais naturais.
CONCLUSÃO
Em função dos resultados obtidos pode-se concluir os seguintes aspectos
relacionados à viabilidade técnica e econômica:
- embora nenhuma das composições contendo agregado reciclado tenha
atendido as prescrições das normas técnicas, algumas apresentaram valores
de resistência mecânica à compressão e absorção de água próximos aos da
composição referência (comercial).
- a viabilidade econômica no uso de agregados cerâmicos oriundos de entulho
de construção civil poderá ser obtida através da disponibilização deste material
em grande escala, por meio de centrais de reciclagem.
REFERÊNCIAS
(1) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7217/1982: determinação da composição granulométrica dos agregados. Rio de Janeiro, 1982.
(2) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9776/1987: agregados – determinação da massa específica de agregados miúdos por meio do
frasco de Chapman. Rio de Janeiro, 1987.
(3) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10834/1989: bloco
vazado de solo-cimento. Rio de Janeiro, 1989.
(4) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10836/1989: bloco
vazado de solo-cimento – determinação da resistência à compressão e da absorção
de água. Rio de janeiro, 1989.
(5) BASTOS, G. D.de A.; BASTOS I. D.de A.; HILDEBRAND, L. Central de
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reciclagem de resíduos de construção e demolição – estudo de viabilidade técnica e econômica. Curitiba, 2003. Trabalho de Graduação - Curso de
Engenharia de Produção Civil, Departamento Acadêmico de Construção Civil,
Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná.
(6) CENTRO DE PESQUISAS E DESENVOLVIMENTO – CEPED. Manual de construção com solo-cimento. São Paulo, 1984. 3.ed.
(7) JOHN, V. M.; AGOPYAN, V. Reciclagem de resíduos de construção. Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, 2000.
(8) KHURI, A. I.; CORNELL, J. A. Response surfaces – designs and analyses. 2.
ed., rev. and expanded. New York, 1996.
(9) NEVES, C. M. M.; CARNEIRO, A. P.; COSTA, D. B. Uso do agregado reciclado em tijolos de solo estabilizado com cimento. Projeto Entulho Bom. Salvador:
Edufba, 2000.
(10) PINTO, T. P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção urbana. 1999. 189f. Tese (Doutorado) – Departamento de
Engenharia de Construção Civil. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
1999.
(11) PINTO, T. P. Gestão dos resíduos de construção e demolição em áreas urbanas: da ineficácia a um modelo de gestão sustentável. Projeto Entulho Bom.
Salvador: Edufba, 2000.
(12) ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como agregado na confecção de concreto. Campinas. 1997. Dissertação. Departamento de Saneamento e Meio
Ambiente da Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP. Dissertação (Mestrado), 1997. 140p.
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FEASIBILITY OF USAGE OF CONSTRUCTION CERAMIC WASTE IN SOIL-CEMENT BRICKS
ABSTRACT
The increasing volume of waste produced in the stages of construction has brought
environmental and economic problems. Yet, the natural resources shortage has
raised the costs of these resources. This research verified the influence of the usage
of waste (aggregate produced from ceramic bricks) in the compression strength e
water absorption of soil-cement bricks (NBR 10.836/89). The mixtures were designed
according to an Experimental Mixture Design. The strength results came to be
acceptable, while the water absorption results were not approved by the legislation.
They were similar to the reference design (with no recycled material) though. The
economic feasibility depends on the offer of this material, provided by recycling
plants.
Key-words: waste, soil-cement, recycling, feasibility.
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