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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA Área Departamental de Engenharia Civil Manutenção e Reabilitação de Edifícios de Saúde FILIPA MARISA FERREIRA COELHO (Licenciada em Engenharia Civil) Trabalho de Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil na Área de Especialização em Estruturas Orientador: Especialista, João António Antunes Hormigo Júri: Presidente: Mestre, Cristina Ferreira Xavier Brito Machado Vogais: Especialista, João António Antunes Hormigo Especialista, João Carlos dos Santos Barata Julho de 2016

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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

Área Departamental de Engenharia Civil

Manutenção e Reabilitação de Edifícios de Saúde

FILIPA MARISA FERREIRA COELHO (Licenciada em Engenharia Civil)

Trabalho de Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Civil

na Área de Especialização em Estruturas

Orientador:

Especialista, João António Antunes Hormigo

Júri:

Presidente: Mestre, Cristina Ferreira Xavier Brito Machado

Vogais: Especialista, João António Antunes Hormigo

Especialista, João Carlos dos Santos Barata

Julho de 2016

ões: 8.0 x 12.0 cm2

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Agradecimentos

Aproveito aqui para agradecer, em primeiro lugar, ao meu orientador, Engenheiro João

Hormigo, por me ajudar durante a realização da dissertação, e me orientar quando me sentia

mais perdida.

À Engenheira Rita Lopes, da ARSLVT,I.P. que foi a pessoa que me orientou no decorrer do

estágio, e demonstrou-se sempre disponível para ajudar, mesmo quando não estava presente

fisicamente.

À minha família, em especial aos meus pais, irmão e avó, pela constante motivação e apoio da

parte deles, e por tudo o que fizeram para me poderem dar a melhor educação.

Às minhas melhores amigas Sara e Jennifer que sempre estiveram lá para mim, e muitas das

vezes me forçaram a largar os livros por segundos e aproveitar o tempo da melhor forma.

À minha colega de curso e de estágio Ana Matos, colega de grupo e amiga, que foi o meu braço

direito durante estes anos de ISEL.

A todas as pessoas que fizeram parte deste meu percurso.

Um grande Obrigada!

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Resumo

A presente dissertação enquadra-se no âmbito da manutenção e reabilitação de edifícios, mais

concretamente em centros de saúde da Região de Lisboa Ocidental e Oeiras, elaborada como

Trabalho Final de Mestrado na área de especialização de Estruturas.

Neste documento, para além da teorização de modelos de manutenção e da abordagem de

modelos de gestão da manutenção, são propostos Planos de Manutenção para edifícios de

serviços de saúde (centros de saúde), baseados em visitas técnicas efetuadas durante a

realização do estágio curricular, em recolhas bibliográficas e documentos técnicos, sendo estes

elaborados para cada solução construtiva dentro da área de civil, e também para especialidades.

De modo a compreender melhor o impacto negativo da ausência de planos de manutenção nos

centros de saúde, são abordadas as patologias mais correntes e as respetivas fichas de inspeção,

elaboradas com base em dados recolhidos por inspeções visuais, onde é feita a identificação do

local da anomalia bem como as suas causas e consequências.

Palavras-chave: Manutenção; Reabilitação; Centros de Saúde; Planos de Manutenção;

Patologias em edifícios.

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Abstract

The current dissertation falls within the scope of buildings maintenance and rehabilitation, more

precisely in West Lisbon region and Oeiras’ health care centres, as the Masters Final Paper in

Structures specialization area.

Beyond theorizing maintenance models and approaching maintenance management models, in

this document there are Maintenance Plans proposed for health service buildings (health care

centres) based in technical visits during the internship, bibliography research and technical

documents, elaborated for each constructive solution within the civil area and, also for

specialties.

So we can better understand the negative impact of the absence of maintenance plans in health

care centres, the most common anomalies are addressed along with the respective inspection

records, elaborated based on data collected in visual inspections, containing the anomaly

location as well as its causes and consequences.

Keywords: Maintenance; Rehabilitation; Health Care Centres; Maintenance Plans; Anomalies

in buildings.

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Índice

Agradecimentos ........................................................................................................................... i

Resumo ...................................................................................................................................... iii

Abstract ..................................................................................................................................... iv

Índice ......................................................................................................................................... vi

Índice de Figuras ....................................................................................................................... ix

Índice de Quadros ..................................................................................................................... xii

Siglas e Abreviaturas ............................................................................................................... xiv

1. Introdução ............................................................................................................................... 1

1.1 Considerações gerais ................................................................................................... 1

1.2 Objetivos ...................................................................................................................... 1

1.3 Motivação .................................................................................................................... 1

1.4 Estrutura da Dissertação .............................................................................................. 2

2. Enquadramento do Tema ....................................................................................................... 4

2.1. Introdução ........................................................................................................................ 4

2.2 Evolução da Manutenção ............................................................................................. 6

2.2.1 Histórico da Manutenção ..................................................................................... 6

2.2.2 Interação entre as fases ......................................................................................... 8

3. Teoria da Manutenção ............................................................................................................ 9

3.1. Introdução ........................................................................................................................ 9

3.2. Conceito e objetivos da manutenção ............................................................................... 9

3.3. Manutenção e Reabilitação de Edifícios ......................................................................... 9

3.4. Legislação e Normalização ........................................................................................... 12

3.4.1. Legislação Aplicada ............................................................................................... 12

3.4.2. Normalização ......................................................................................................... 15

3.5. Manutenção de Edifícios ............................................................................................... 17

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3.5.1. Intervenientes no processo de Manutenção ............................................................ 17

3.5.2. Estratégias da Manutenção ..................................................................................... 18

3.6. Gestão Estratégica da Manutenção ............................................................................... 23

3.6.1. Sistema Integrado de Manutenção – SIM .............................................................. 24

3.6.2. Terotecnologia ........................................................................................................ 26

3.6.3. Modelo Eindhoven University of Technology – EUT ........................................... 27

3.6.4. Modelo Total Productive Maintenance – TPM ...................................................... 28

3.6.5. Reliability Centered Maintenance – RCM ............................................................. 29

3.7. Conclusões Finais do Capítulo ...................................................................................... 30

4. Planos de Manutenção .......................................................................................................... 31

4.1. Introdução ...................................................................................................................... 31

4.2. Ações de manutenção .................................................................................................... 31

4.2.1. Inspeção .................................................................................................................. 32

4.2.2. Limpeza .................................................................................................................. 36

4.2.3. Reparação e Substituição ....................................................................................... 36

4.2.4. Condições de utilização .......................................................................................... 38

4.3. Manual de Serviço ......................................................................................................... 38

4.3.1. Manual de Manutenção .......................................................................................... 39

4.3.2. Manual de Utilização ............................................................................................. 40

4.4. Elaboração de um Plano de Manutenção ...................................................................... 41

4.5. Conclusões Finais de Capítulo ...................................................................................... 43

5. Caso de Estudo – Centros de Saúde Lisboa Ocidental e Oeiras .......................................... 44

5.1. Introdução ................................................................................................................... 44

5.2. Descrição dos Edifícios ................................................................................................. 44

5.3. Patologias Correntes ...................................................................................................... 49

5.3.1. Humidade ............................................................................................................... 49

5.3.2. Obstrução dos tubos de queda ................................................................................ 56

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5.3.3. Fissuras ................................................................................................................... 59

5.3.4. Descolamento e Empolamento do Material de Revestimento de Fachadas ........... 62

6. Conclusões ........................................................................................................................... 66

6.1. Conclusões Gerais ......................................................................................................... 66

6.2. Dificuldades Sentidas .................................................................................................... 66

6.3. Desenvolvimentos Futuros ............................................................................................ 67

7. Referências Bibliográficas ................................................................................................... 68

8. Bibliografia WEB ................................................................................................................. 72

Anexos ...................................................................................................................................... 73

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Índice de Figuras

Figura 2.1- Organização das atividades do Facility Management ............................................ 4

Figura 2.2- Evolução do conceito da manutenção, Fonte: Livro Reliability – Centered

Maintenance (Adaptado [1]) ...................................................................................................... 7

Figura 2.3 – Interação entre as fases, descrição de cada fase [Adaptado de (Hormigo, 2015ª)]

.................................................................................................................................................... 8

Figura 3.1– Conceitos associados à manutenção e reabilitação, de acordo com o texto de Shoet

& Rosenfeld (1999), [Adaptado de (Barbosa, 2009)] .............................................................. 10

Figura 3.2– Valores fundamentais da manutenção de edifícios (Lopes, 2005) ...................... 11

Figura 3.3 – Manutenção/Reabilitação (Alves, 2008) ............................................................ 11

Figura 3.4 - Tipos de Manutenção [Adaptado (Hormigo, 2015b)] ......................................... 19

Figura 3.5 – Evolução da manutenção - Resultados versus Tipos de manutenção [4] ........... 23

Figura 3.6 – Fluxograma da estrutura das diferentes áreas dum SIM (Rodrigues, 2001). ...... 26

Figura 3.7 – Modelo da Terotecnologia (Gaspar, 2003). ........................................................ 27

Figura 3.8 - Modelo EUT (Cavaco, 2012) .............................................................................. 28

Figura 3.9 - Pilares do TPM [5] .............................................................................................. 29

Figura 4.1 - Exemplo de uma ficha de inspeção visual [Com adaptações de (Boto, 2014)] .. 33

Figura 4.2 – Cronograma de ocorrência .................................................................................. 34

Figura 4.3 – Ficha-Tipo de Registo de Ocorrência ................................................................. 35

Figura 4.4 - Relatório de Registo de Trabalhos ...................................................................... 37

Figura 4.5 - Subdivisão de um Manual de Serviço [Adaptado de (Rodrigues, 2008)] ........... 39

Figura 4.6 - Exemplo de modelo para o Plano de Manutenção .............................................. 42

Figura 5.1 - Área Geográfica (ACES) Fonte: ARSLVT ......................................................... 45

Figura 5.2 – Vão envidraçado com manifestações de humidade - UCSP St Condestável (Fonte:

Autor) ....................................................................................................................................... 50

Figura 5.3 – Pormenor, na zona da janela, do estado de degradação da madeira e do material

isolante - UCSP St Condestável (Fonte: Autor) ....................................................................... 50

Figura 5.4 - Ficha de Inspeção - Humidade por infiltração junto a janela .............................. 51

Figura 5.5 – Parede junto a porta com manifestações de humidade - CS Paço De Arcos (Fonte:

Autor) ....................................................................................................................................... 52

Figura 5.6 - Estado de degradação da parede devido à humidade por infiltração devido ao

terraço - CS Paço De Arcos (Fonte: Autor) ............................................................................. 52

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Figura 5.7 - Descasque de tinta no teto, devido a humidade por infiltrações derivadas do terraço

- CS Paço De Arcos (Fonte: Autor) ......................................................................................... 52

Figura 5.8 - Ficha de Inspeção - Humidade por infiltração terraço ........................................ 53

Figura 5.9 - Humidade por infiltração no teto de uma cave - UCSP St Condestável (Fonte:

Autor) ....................................................................................................................................... 54

Figura 5.10 - Humidade por infiltração no teto de uma cave - UCSP St Condestável (Fonte:

Autor) ....................................................................................................................................... 54

Figura 5.11 - Ficha de Inspeção - Humidade por infiltração cave .......................................... 55

Figura 5.12- Obstrução de caleira com visível presença de vegetação - UCSP Lapa (Fonte:

Autor) ....................................................................................................................................... 56

Figura 5.13 - Pormenor de um ralo de pinha, deslocado do tubo de queda, totalmente coberto

de detritos - UCSP Lapa (Fonte: Autor)................................................................................... 56

Figura 5.14 - Tubo de queda sem o respetivo ralo de pinha - UCSP St Condestável (Fonte:

Autor) ....................................................................................................................................... 56

Figura 5.15 - Ficha de inspeção - obstrução de tubos de queda .............................................. 58

Figura 5.16 - Fissura em parede de Alvenaria - UCSP St Condestável (Fonte: Autor) .......... 59

Figura 5.17 - Fissura em revestimento cerâmico - UCSP Lapa (Fonte: Autor) ...................... 59

Figura 5.18 - Fissura em junta de dilatação - CS Oeiras (Fonte: Autor) ................................ 60

Figura 5.19 - Ficha de inspeção - Juntas de dilatação ............................................................. 61

Figura 5.20 - Descolamento de material cerâmico na fachada exterior do edifício - CS Paço De

Arcos (Fonte: Autor) ................................................................................................................ 63

Figura 5.21 - Descolamento de material cerâmico numa parede interior do edifício - CS Oeiras

(Fonte: Autor) ........................................................................................................................... 63

Figura 5.22 – Destacamento em parede interior na zona do teto - UCSP Lapa (Fonte: Autor)

.................................................................................................................................................. 63

Figura 5.23 - Destacamento em parede interior junto a janela - UCSP St Condestável (Fonte:

Autor) ....................................................................................................................................... 63

Figura 5.24 - Empolamento em parede interior junto a porta de acesso ao exterior - CS Paço

de Arcos (Fonte: Autor) ........................................................................................................... 64

Figura 5.25 - Ficha de Inspeção - Descolamento de material de revestimento ....................... 65

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Índice de Quadros

Quadro 3.1- Normas Portuguesas aplicadas à atividade da Manutenção [Adaptado de

(Machado, 2013)] ..................................................................................................................... 15

Quadro 3.2 - Principais Organismos Nacionais na área da Manutenção e Reabilitação

[Adaptado de (Leite, 2009) e (Morgado, 2012)] ...................................................................... 17

Quadro 3.3 - Principais Organismos Internacionais na área da Manutenção e Reabilitação

[Adaptado (Morgado, 2012)] ................................................................................................... 17

Quadro 3.4 - Intervenientes num processo de manutenção [Adaptado de (Torres, 2009) e

(Morgado, 2012)] ..................................................................................................................... 18

Quadro 3.5- Manutenção corretiva Planeada VS Não Planeada [Adaptado de (Hormigo,

2015b)] ..................................................................................................................................... 20

Quadro 3.6- Tipos de Manutenção Preventiva (Adaptado de [6]) .......................................... 21

Quadro 4.1- Características de um Plano de Manutenção [Adaptado de (Leite, 2009)] ........ 31

Quadro 4.2 - Subdivisão de um Manual de Utilização [Adaptado de (Rodrigues, 2001)] ..... 40

Quadro 5.1 - Centros de Saúde pertencentes à Zona 3 - Lisboa Ocidental e Oeiras .............. 45

Quadro 5.2- Caracterização dos edifícios em estudo .............................................................. 48

Quadro 5.3 - Casos mais comuns de Humidade em edifícios ................................................. 49

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Siglas e Abreviaturas

ACES Agrupamentos de Centros de Saúde

ARSLVT Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo

CS Centro de Saúde

CSOPT Conselho Superior de Obras Públicas e Transportes

DIE Departamento de Instalações e Equipamentos

EFM Elemento Fonte de Manutenção

EN Norma Europeia

EUT Eindhoven University of Technology

FM Facility Management

GI Gestão de Instalações

MAC Maintenance Availability Computer

MIME Manual de Inspeção e Manutenção de Edifícios

NP Norma Portuguesa

PM Plano de Manutenção

REBAP Regulamento de Estruturas de Betão Armado e Pré-esforçado

RCM Reliability Centered Maintenance

RGE Regulamento Geral das Edificações

RGEU Regulamento Geral das Edificações Urbanas

SIM Sistema Integrado de Manutenção

St Santo

TPM Total Productive Maintenance

UCSP Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados

USF Unidade de Saúde Familiar

VUE Vida Útil de uma Edificação

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1. Introdução

1.1 Considerações gerais

A conservação e reabilitação de edifícios tem vindo a assumir papel relevante nos últimos anos,

desde logo pela crise económica que afetou a construção de novos empreendimentos, mas

também por existirem no país cerda de 1,6 habitações por habitante, de acordo com dados do

INE.

Há assim, um potencial de negócio em perspetiva, que abrange todas as áreas de engenharia:

civil pela necessidade de reabilitar revestimentos, paredes, coberturas, pavimentos e redes de

fluidos, e, em alguns casos, reabilitar estruturas; eletrotécnica, mecânica e informática, como

integradoras das especialidades técnicas nas edificações a intervencionar.

Para além da necessidade de conservar e reabilitar, cujo potencial de negócio se mencionou,

surge a necessidade de manter todo o património edificado, sendo portanto de prever maiores

exigências na fase corrente de exploração das edificações. Assim, terão de ser desenvolvidos

planos de manutenção preventiva e corretiva adequados, com elevado grau de exigência, para

se evitar a degradação decorrente do uso ou de agentes exteriores atuantes sobre as edificações.

1.2 Objetivos

O presente documento tem como principal objetivo a realização de planos de manutenção de

civil e especialidades para centros de saúde, de modo a beneficiar do estágio curricular realizado

na ARSLVT, no DIE – Departamento de Instalações e Equipamentos.

Para a elaboração dos planos de manutenção, foram necessários elementos fotográficos,

recolhidos durante a realização de visitas técnicas, com os quais será possível elaborar uma

análise das patologias mais comuns que se apresentam nos edifícios, com o objetivo de

demonstrar que a grande maioria surge por falta de manutenção.

Um outro objetivo é acentuar a importância que a manutenção tem para o património edificado,

na medida em que previne a degradação e prolonga a sua vida útil.

1.3 Motivação

O tema da dissertação suscitou um interesse pessoal, na medida em que, neste momento em

Portugal, o tema reabilitação e manutenção está na ordem do dia. Apesar da especialização na

área de estruturas, surgiu a oportunidade de realização de um estágio curricular, com a duração

de 4 meses, na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, I.P., onde existia

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uma necessidade de implementação de planos de manutenção. Deste modo, foi então proposta

a zona de Lisboa Ocidental e Oeiras, para dar início à introdução dos planos.

A abordagem deste tema tornou-se ainda mais gratificante na medida em que, para além de

permitir um contacto direto com o mercado de trabalho, permitiu também adquirir outro tipo

de conhecimentos que não tinham sido desenvolvidos na especialização.

1.4 Estrutura da Dissertação

A presente dissertação encontra-se organizada em oito capítulos, incluindo as referências

bibliográficas.

O presente capítulo é o primeiro capítulo “Introdução”, onde é feita uma apresentação do

trabalho, explicando a principal motivação, quais os objetivos que se pretendem atingir e como

é organizada a dissertação.

O segundo capítulo “Enquadramento do Tema” está dividido em duas partes: numa primeira

parte é elaborada uma pequena introdução ao tema da manutenção, partindo de uma análise

geral, com o ‘Facility Management’, até à manutenção propriamente dita. Na segunda parte são

abordados os conceitos relativos à evolução da manutenção, onde estão inseridos os tópicos

associados à história da manutenção, e à interação entre as fases.

No terceiro capítulo “Teoria da Manutenção”, será abordada toda a matéria teórica associada a

esta temática. Será apresentada uma comparação entre manutenção e reabilitação, visto que

estas matérias surgem sempre associadas, a legislação e normalização aplicada à manutenção,

os tipos de ações de manutenção, as diferentes estratégias de manutenção e, por fim, as

considerações finais de capítulo onde é abordada a importância da manutenção.

No quarto capítulo, “Planos de Manutenção”, explica-se a metodologia que deve ser seguida

para a elaboração de um plano de manutenção, sendo descritas todas as atividades que lhe estão

implícitas. É também exposto neste capítulo a importância dos manuais de serviço. Os planos

de manutenção elaborados serão todos apresentados em anexo, e foram elaborados para o

edifício no geral, nas áreas de civil e especialidades.

No quinto capítulo “Caso de Estudo - Centros de Saúde de Lisboa Ocidental e Oeiras”, será

colocado em prática o trabalho desenvolvido durante o estágio, onde serão descritos os edifícios

da zona em estudo, e em pormenor, os edifícios analisados para a elaboração do presente

documento. Serão analisadas as patologias mais comuns nos edifícios, bem como serão

apresentadas as respetivas fichas de inspeção para cada patologia.

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No sexto capítulo serão apresentadas as “Conclusões” do trabalho elaborado. Serão também

descritas as dificuldades sentidas ao longo da elaboração do Trabalho Final de Mestrado, e

serão propostos temas para desenvolvimentos futuros.

Para finalizar, no sétimo e oitavo capítulos serão apresentadas as “Referências Bibliográficas”

e a “Bibliografia WEB”, respetivamente.

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2. Enquadramento do Tema

2.1. Introdução

O Facility Management (FM) é a designação de uma área de serviço que foi iniciada com um

objetivo comercial e mais tarde teorizada e integrada na investigação. Tem responsabilidades

associadas ao planeamento, organização e implementação das instalações, estando encarregue

da gestão, de forma integrada, de recursos financeiros e serviços administrativos (predial e

imóveis), manutenção, segurança, meio ambiente, projetos, construções, entre muitas outras

atividades, ou seja, exige profissionais multidisciplinares que garantam a funcionalidade do

ambiente do edifício, integrando pessoas, lugares, processos e tecnologia, permitindo alcançar

a qualidade desejada e reduzir os custos (Tavares, 2009).

Figura 2.1- Organização das atividades do Facility Management

Como documento de referência atual no contexto do FM, assinala-se o conjunto das normas

EN 15221, que apresentam a seguinte estrutura:

EN 15221 – 1 – Facility Management – Terms and Definitions;

EN 15221 – 2 – Facility Management – Guidance in how to prepare Facility

Management agreements ;

EN 15221 – 3 – Facility Management – Quality in Facility Management;

EN 15221 – 4 – Facility Management – Taxonomy on Facility Management;

EN 15221 – 5 – Facility Management – Processes in Facility Management;

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EN 15221 – 6 – Facility Management – Space Measurement in Facility Management;

EN 15221 – 7 – Facility Management – Performance Benchmarking;

A presente Norma Europeia tem por finalidade definir os termos usados no domínio da Gestão

de Facilities, bem como organizar a área de Facility Management, com vista a:

- Melhorar a comunicação entre as partes interessadas;

- Melhorar a eficácia das atividades principais e dos processos de Gestão de Facilities, bem

como a qualidade dos seus resultados;

- Desenvolver ferramentas e sistemas (NP 15221 – 1 - Facility Management – Terms and

Definitions).

Assim, o FM tornou-se numa prática utilizada pelas diversas organizações, para que os

diferentes dispositivos de apoio, como edifícios, equipamentos e meio ambiente de trabalho

sejam entregues segundo os melhores padrões possíveis (Maurício, 2011).

Dentro do que é o Facility Management, a gestão da manutenção é um dos tópicos importantes

que foi ganhando proporções cada vez maiores não só em Portugal, como no mundo inteiro.

A manutenção de edifícios/equipamentos foi uma área que, durante muito tempo, foi alvo de

desinteresse por parte da população, por ser vista como uma fase pós construtiva que apenas

acarretava custos. Tal indiferença por esta atividade deveu-se, sobretudo, ao facto dos

intervenientes no processo construtivo, pensarem apenas a curto prazo quer em termos de

durabilidade, quer em termos de preços ou custos (Maurício, 2011).

Esta foi uma tendência que, ao longo dos anos, sofreu um aumento significativo na sua

evolução, consequência, não só, do aumento do número e grau de sofisticação das instalações

e sistemas a manter, mas também ao nível das organizações que focam a sua especial atenção

na manutenção, procedendo ao desenvolvimento e/ou consulta de sistemas webizados de apoio

aos sistemas e à gestão da manutenção, tais como, Softwares de gestão desenhados por vezes à

medida do cliente – MAC, sistemas de Gestão de Instalações, GI, entre outros.

Pode afirmar-se que esta atividade facilmente se adaptou às mudanças, pois cada vez se tornou

mais importante a garantia da segurança, conforto e meio ambiente nos edificados, não só nas

grandes empresas como também em moradias e edifícios de habitação (Hormigo, 2015a).

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2.2 Evolução da Manutenção

2.2.1 Histórico da Manutenção

O termo manutenção teve a sua origem no vocabulário militar, nos anos 30, e tinha como

objetivo manter nas unidades de combate e em geral, todo o material, num nível aceitável de

funcionamento e de conservação [1].

Ainda que sempre tenha existido a necessidade de utilização de ferramentas e equipamentos

fiáveis, quer o conceito associado à manutenção, como à fiabilidade e à disponibilidade, não

eram considerados como uma ciência até meados do século XX, sendo que, até ao final dos

anos quarenta, a manutenção estava num estado embrionário, ou seja, limitava-se apenas a

reparar avarias ou a substituir peças danificadas. A este período é dado o nome de 1ª Geração

– Reparar a avaria (Dias, 2003).

Nesta etapa, a eficiência não era privilegiada e era inconcebível forçar uma paragem nos

equipamentos para realizar qualquer tipo de manutenção preventiva, já que, naquela época com

a produção em massa só se ganhava dinheiro quando se estava a produzir, havendo, deste modo,

diversos materiais em stock para prevenir eventuais paragens na produção. Porém, vários

problemas começaram a surgir, uma vez que, devido a paragens não planeadas, os custos de

reparação eram demasiado elevados, não só porque de um pequeno problema poderiam derivar

complicações maiores, mas também devido à demora nas reparações (Pinto, 2012).

Com o objetivo de evitar o impacto negativo nos custos do produto final, só a partir dos anos

50, as empresas começaram a reconhecer a importância da manutenção de equipamentos, como

uma ação autónoma e específica. Assim, a Manutenção industrial passou a ser encarada de outra

forma [1].

A expansão da aviação comercial trouxe novos desafios à manutenção, não só por forçar ao

desenvolvimento dos métodos preventivos, já que a reparação durante o voo só raramente era

possível, mas também por acentuar os problemas de segurança a pessoas e bens. Deste modo

nasce a Engenharia de Manutenção, que veio então criar processos científicos de manutenção

preventiva.

O período seguinte é então classificado como 2ª Geração – Evitar a avaria; etapa em que a

preocupação dominante é a disponibilidade dos equipamentos (Dias, 2003).

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Na década de sessenta a globalização do mercado, entre outros fatores, provocou um aumento

na produtividade das empresas. Como tal, a disponibilidade dos equipamentos em bom estado

tornou-se cada vez mais importante, devido à escassez de tempo para reparações de máquinas,

que normalmente seriam realizadas em situações em que as máquinas deveriam estar paradas,

como durante o fim-de-semana ou durante a noite [1]. Como as operações são contínuas, a

manutenção teve de definir uma estratégia para obter a máxima eficiência das máquinas, dando

inicio, nesta época, à 3ª Geração – Adivinhar a avaria; situação em que a manutenção está mais

orientada para controlar do que para reparar (Dias, 2003).

Figura 2.2- Evolução do conceito da manutenção, Fonte: Livro Reliability – Centered Maintenance (Adaptado [1])

Na década de setenta surge na Europa um conceito mais alargado de manutenção, que engloba

práticas de gestão, finanças, engenharias, entre outra, cujo objetivo visa na redução ao mínimo

dos custos associados ao ciclo de vida de cada equipamento, dando-se pelo nome de

Terotecnologia [1].

É importante saber que, cada vez mais, as falhas provocam consequências na segurança e no

meio ambiente, num momento em que os padrões de exigência nessas áreas estão cada vez mais

elevados. Em algumas partes do mundo, as empresas devem garantir e satisfazer as expectativas

de segurança e de preservação ambiental, caso não o façam são impedidas de funcionar [7].

Foi na 3ª Geração que se reforçou o conceito de manutenção preditiva, manutenção com base

no estado do equipamento. Foi também no mesmo período que a interação entre as fases de

implantação de um sistema (projeto, fabricação, instalação e manutenção) e a

disponibilidade/fiabilidade se tornam mais evidentes (Hormigo, 2015ª).

1ª Geração (1930-1950)

- Reparar a avaria.

2ª Geração (1950 -1970)

- Maior disponibilidade;

- Vida útil do equipamento;

- Baixo custo.

3ª Geração (Desde 1970)

- Maior disponibilidade e fiabilidade;

- Maior segurança;

- Melhor qualidade do produto;

- Nenhum dano para o ambiente;

- Vida útil do equipamento;

- Maior rentabilidade.

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2.2.2 Interação entre as fases

As empresas precisam de sobreviver a mercados cada vez mais disputados. Para tal, optam por

definir um modelo pró-ativo em vez de um modelo reativo.

Assim, a fiabilidade assume o principal papel das atividades dentro das indústrias, dando

origem a ferramentas como a TPM (Total Productive Maintenance) [2].

Para que subsista confiança e disponibilidade do sistema, é necessário que exista uma correta

realização em cada fase de fabrico, sendo cada uma [7]:

Projeto;

Fabrico;

Instalação;

Operação e manutenção.

Todas estas fases de fabrico estão definidas na Figura 2.3.

Figura 2.3 – Interação entre as fases, descrição de cada fase [Adaptado de (Hormigo, 2015ª)]

É importante referir que, da não interação das fases anteriores, a manutenção terá então

dificuldades de desempenho das suas atividades, mesmo que sejam aplicadas as técnicas mais

modernas, estando assim a fiabilidade num patamar abaixo do desejado [7].

• Esta fase deve estar de acordo com as definições do projeto e com as técnicas adequadas e definidas pelo frabricante.

•Garantir a função dos equipamentos, sistemas e instalações, durante a vida útil.

•Requisitos de modernidade e fiabilidade;

• Tomada de decisões para a fase de aquisição, com base no histórico de desempenho dos equipamentos.

• Levantamento de necessecidades;

• Estabelecer os critérios de projeto;

• Produzir documentos detalhados e rigorosos

Projeto Fabrico

InstalaçãoOperação e

Manutenção

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3. Teoria da Manutenção

3.1. Introdução

Como já foi referido no capítulo anterior, a manutenção tem sido uma ferramenta com uma

constante evolução e que, cada vez mais, se torna imprescindível para as empresas.

Deste modo, o presente capítulo tem como objetivo abordar alguns conceitos importantes sobre

a manutenção, bem como os tipos de manutenção existentes e seus graus de importância.

3.2. Conceito e objetivos da manutenção

Entende-se por manutenção “O conjunto de operações que permitem manter ou restabelecer

um sistema, um material, um aparelho, etc., num dado estado ou restituir-lhe características

de funcionamento específicas (…) Ato de conservar uma coisa em bom estado, de fornecer o

que é necessário para esse fim (…) ”(Larousse, 1998).

Para (Lopes, 2005), o conceito de manutenção já se encontra enraizado na sociedade

internacional há muito tempo, onde a primeira norma relacionada com a manutenção industrial

(BS 3811) foi publicada no Reino Unido, e define manutenção como “a combinação de todas

as ações técnicas e administrativas, incluindo o seu controlo, necessário à reposição de

determinado elemento num estado no qual possa desempenhar a preceito a funcionalidade

pretendida”.

Assim, pode afirmar-se que a manutenção é uma atividade que consiste em manter o

equipamento em bom estado, impedindo o recurso a eventuais ações corretivas, evitando deste

modo custos desnecessários.

Para (Pitéu, 2011), os objetivos da manutenção são:

Manter os equipamentos num estado de funcionamento seguro e eficiente;

Manter os equipamentos com uma disponibilidade adequada;

Manter os equipamentos com a fiabilidade adequada;

Reduzir ao mínimo os custos totais, em coerência com os objetivos anteriores.

3.3. Manutenção e Reabilitação de Edifícios

É comum a atividade da manutenção estar associada à reabilitação, mas é essencial demonstrar

as diferenças que existem entre ambas.

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O termo reabilitação, aplicado à construção civil, refere-se às intervenções necessárias, num

edifício ou propriedade, podendo implicar extensas obras de beneficiação, cujo objetivo será

aumentar a vida útil do edificado e o seu valor económico, melhorar a qualidade de vida dos

ocupantes e implementar boas medidas de eficiência energética [3].

Por muito idêntica à definição de manutenção que esta seja, para (Torres, 2009), uma

reabilitação serve para facultar ao edifício condições de conforto superiores relativamente às já

existentes, enquanto a manutenção é uma intervenção com a finalidade de prevenir ou corrigir

ligeiras degradações nas construções, de modo a que estas atinjam o seu tempo de vida útil sem

perda de desempenho.

Assim, pode afirmar-se que a manutenção surge ligada a conceitos como a conservação,

enquanto a reabilitação associa-se a conceitos de inovação, renovação e beneficiação de um

dado edifício (Boto, 2014).

A manutenção, para (Barbosa, 2009), corresponde a um tipo de intervenção ligeira, que inclui

ações correntes e reparações ocasionais, por forma a garantir os níveis adequados de

desempenho. Para além da reabilitação, existem também outros conceitos associados a uma

intervenção profunda, sendo estes, por (Larousse, 1998):

Renovação: “Ato ou efeito de renovar; Mudança para melhor; Modernização”;

Reconstrução: “Ação de reconstruir; Ato ou efeito de reconstruir, de fazer de novo”;

Restauro: “Reparação; Reconstrução; Reparar um edifício ou uma obra de arte”.

Figura 3.1– Conceitos associados à manutenção e reabilitação, de acordo com o texto de Shoet & Rosenfeld (1999),

[Adaptado de (Barbosa, 2009)]

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A manutenção de edifícios assume-se, para (Lopes, 2005), como um fator incontornável para a

valorização e qualificação do parque edificado, dos espaços circundantes, do bem-estar dos

cidadãos e economia.

Os três principais parâmetros pelos quais se rege a manutenção são o bem-estar, os custos

diferidos e o desempenho, como se pode ver na Figura 3.2.

Figura 3.2– Valores fundamentais da manutenção de edifícios (Lopes, 2005)

Atendendo que a manutenção tem como objetivo potenciar a maior longevidade possível, tendo

em conta os aspetos económicos, técnicos e funcionais, esta deve ser pensada desde a fase de

projeto, prevendo, dentro dos possíveis, o comportamento que o edifício vai apresentar,

tentando minimizar e gerir o número de intervenções futuras (Alves, 2008).

O seguinte esquema da Figura 3.3 apresenta, de um modo simples, o conceito de manutenção

e reabilitação:

Figura 3.3 – Manutenção/Reabilitação (Alves, 2008)

Pela análise da Figura 3.3, pode verificar-se que um edifício sem qualquer tipo de intervenção

atinge um estado de degradação, pondo fim à sua vida útil. Deste modo, a manutenção periódica

vai conferir ao mesmo o prolongamento da sua existência, na medida em que esta atividade

devolve o seu nível de desempenho inicial, enquanto a reabilitação irá conceder um nível de

Nível de desempenho

Tempo

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desempenho superior ao inicial, de acordo com as exigências da atualidade, com recurso a

intervenções de um projetista. A atividade de Restauro surge quando o edificado ultrapassa o

limite de utilização, conferindo inicialmente um nível de desempenho superior ao estabelecido,

mas com tendência a atingir os níveis de desempenho de projeto.

3.4. Legislação e Normalização

3.4.1. Legislação Aplicada

Nas últimas décadas, a manutenção dos edifícios foi sempre uma atividade negligenciada dentro

do processo construtivo. Esta situação provém de uma legislação generalista (RGEU e Decreto-

Lei 177/2001 – Obrigatoriedade de obras de conservação, de 8 em 8 anos), nem sempre

cumprida, de ineficientes políticas de arrendamento/manutenção e de uma cultura reativa dos

vários intervenientes (Collen, 2005).

Na tentativa de minimização da situação referida, a CSOPT responsabilizou-se pela revisão do

RGEU, com base no estipulado na Portaria n.º 62/2003, de 16 de Janeiro, dando origem ao RGE

– Regulamento Geral das Edificações que viria a substituir o antigo regulamento. Até ao

momento, tal ainda não aconteceu, continuando em processo de aprovação.

O RGE foi dividido em 9 capítulos, sendo estes:

Título I – Disposições Gerais;

Título II – Meio Ambiente;

Título III – Qualidade do Espaço Edificado;

Título IV – Segurança, Salubridade e Conforto;

Título V – Construção e Demolição;

Título VI – Instalações e Equipamentos;

Título VII – Durabilidade e Manutenção;

Título VIII – Sanções;

Título IX – Disposições Finais e Transitórias.

Dentro destes capítulos, será destacado o Título VII – Durabilidade e Manutenção cujo objetivo,

para Morgado (2012), consiste em melhorar a vida útil, durabilidade e manutenção dos

edifícios, garantindo, por consequência, o nível de qualidade dos mesmos. Tal será possível

com base nas diversas obrigatoriedades existentes no regulamento em causa.

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Neste novo regulamento, foram definidos 4 artigos no âmbito da durabilidade e manutenção,

sendo eles [Adaptado de (Branco and Abrantes, 2004) e (Morgado, 2012)]:

Artigo 117º - Vida útil

A vida útil de uma edificação, também denominada por VUE, corresponde ao período

em que a respetiva estrutura não apresenta degradação dos materiais, devendo esta ser

definida pelo respetivo fabricante;

A VUE deve ser definida pelo dono de obra, e caso tal não seja definido, considera-se

por defeito o valor de 50 anos.

Artigo 118º - Conceção com durabilidade

A conceção com durabilidade implica:

a) Conceção da estrutura para a vida útil da edificação;

b) Conceção para reduzir os efeitos de degradação pelos agentes agressivos,

nomeadamente atmosféricos;

c) Adoção de conceções flexíveis que permitam a substituição fácil dos componentes;

d) Adoção de dispositivos de acesso que permitam realizar inspeções periódicas.

No âmbito do projeto de execução, deve ser elaborado o Manual de Inspeção e

Manutenção da Edificação (MIME):

a) Inspeções correntes e especiais;

b) Eventuais trabalhos de manutenção;

c) Eventuais peritagens técnicas e trabalhos de reparação.

Compete à entidade licenciadora a verificação da existência do MIME como peça do

projeto de execução.

Artigo 119º - Manutenção

Os proprietários devem assegurar a realização de inspeções periódicas correntes e

especiais de acordo com o MIME;

As inspeções periódicas correntes devem ser realizadas de 15 em 15 meses, contados a

partir da data da atribuição da licença de utilização, e, podem ser realizadas por pessoas

sem formação específica, destinando-se a detetar anomalias que deverão ser registadas

nas fichas de inspeção e a originar as ações indicadas no MIME;

As inspeções especiais devem ser entregues a entidades habilitadas para o efeito;

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As edificações sem MIME devem ser objeto de inspeções periciais, pelo menos uma vez

em cada período de oito anos, com a finalidade de manter as mesmas em boas condições

de utilização, sob todos os aspetos de que trata o presente regulamento, e o proprietário

deve proceder à correção das deficiências recomendadas no relatório de inspeção;

As inspeções periciais do número anterior são efetuadas por iniciativa do proprietário,

devendo ser realizadas pelo município ou por entidades habilitadas para o efeito;

Constitui um requisito de validade para a licença de utilização o cumprimento do

dispositivo nos números anteriores;

Os resultados das inspeções devem ser arquivados pelo proprietário das edificações.

Artigo 120º - Intervenção Extraordinária

Os municípios podem determinar a execução das obras necessárias para corrigir

condições deficientes da salubridade, segurança e anomalias, decorrentes de

intervenções que tenham alterado de forma inconveniente a configuração da edificação;

Os municípios poderão determinar, após inspeção pericial, a demolição total ou parcial

das construções que ameacem ruína ou perigo público.

Existem também outras disposições legais, no âmbito da manutenção de edifícios, presentes em

Portugal, por (Leite, 2009):

Decreto-Lei 321-B/90 de 15 de Outubro: Classifica as obras no imóvel arrendado

como obras de conservação ordinária, extraordinária e de beneficiação e estipula a cargo

de quem serão executadas;

Decreto-Lei n.º 349-C/83 de 30 de Julho: Regulamento de Estruturas de Betão

Armado e Pré-esforçado (REBAP), refere que as estruturas para além da sua

necessidade de serem mantidas para desempenharem as funções que foram concebidas,

deverão ser objeto de inspeções regulares (com periodicidade variável de 1 a 10 anos,

consoante o tipo de estrutura) e se necessário de reparações adequadas;

Decreto-Lei 817/2004 de 16 de Julho: Aprova o modelo da “ficha técnica da

habitação”. É um documento descritivo das características técnicas e funcionais de um

prédio urbano para fim habitacional, reportadas ao momento da conclusão das obras de

construção, reconstrução, ampliação ou alteração do mesmo. Descreve também algumas

instruções sobre a sua utilização e manutenção.

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15 | P á g i n a

3.4.2. Normalização

De acordo com a NP EN 45020:2009, “a Normalização é a atividade destinada a estabelecer,

face a problemas reais ou potenciais, disposições para a utilização comum e repetida, tendo

em vista a obtenção do grau ótimo de ordem, num determinado contexto. Consiste, de um modo

particular, na formulação, edição e implementação de Normas.”

Para (Almacinha, 2013), as vantagens mais significativas, que resultam da atividade normativa,

podem ser:

O fornecimento de meios de comunicação entre todas as partes interessadas;

A simplificação e a redução do tempo de projeto;

A economia de matérias-primas;

A economia de tempos de produção;

Uma melhor organização e coordenação do processo produtivo;

A proteção de interesses dos consumidores, através da garantia de uma adequada

qualidade dos bens e dos serviços, desenvolvida de forma coerente;

Uma melhor especificação dos produtos a vender e a encomendar, evitando-se as

amostras;

Uma maior economia resultante da fácil intermutabilidade do ambiente;

A promoção do comércio, através da supressão dos obstáculos originados pelas

diferentes práticas nacionais.

Em Portugal, já existe informação de caráter normativo relativa à atividade da manutenção,

sendo esta descrita no Quadro 3.1.

Quadro 3.1- Normas Portuguesas aplicadas à atividade da Manutenção [Adaptado de (Machado, 2013)]

Norma Título Descrição

NP EN 13306:2010 Terminologia da Manutenção

Especifica termos genéricos e

definições para as áreas

técnicas, administrativa e de

gestão da manutenção

NP EN 15341:2009 Manutenção – Indicadores de

desempenho da Manutenção

Descreve um sistema de

gestão de indicadores para

medir o desempenho da

manutenção, sob a influência

de diversos fatores, servindo

para avaliação e melhoria da

eficiência e eficácia de forma

a atingir-se a excelência da

manutenção.

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16 | P á g i n a

NP 448:2009

Guia para a implementação

do sistema de gestão da

manutenção

Guia que tem como finalidade

a definição dos requisitos para

um sistema eficaz de Gestão

da Manutenção, permitindo às

organizações a definição de

uma Política de Manutenção

para alcançar os objetivos de

desempenho dos seus

processos, aumentando a

satisfação do cliente.

NP EN 13460:2009 Manutenção - Documentação

para a Manutenção

Especifica as linhas de

orientação gerais para a

documentação técnica que

deverá ser fornecida como um

bem antes de este ser posto em

serviço, de forma a apoiar na

sua manutenção e a

informação/documentação a

ser estabelecida durante a fase

operacional do bem.

NP 4492:2010 Requisitos para a prestação

de serviços de manutenção

Especifica requisitos através

dos quais os prestadores de

serviços de manutenção

devem demonstrar a sua

aptidão para, de forma

consistente, proporcionar um

serviço que vá ao encontro dos

requisitos dos clientes e das

exigências legais e

regulamentares aplicáveis.

Existem diversos organismos nacionais e internacionais dedicados à manutenção de edifícios,

inseridos nos Quadros 3.2 e 3.3 que, de um modo geral, partilham os seguintes objetivos

(Morgado, 2012):

Publicação de documentos científicos sobre a manutenção de edifícios;

Promoção do estudo e implementação de tecnologias adequadas de manutenção, tendo

em vista a melhoria da manutenção para os benefícios dos utentes;

Recolha de informação e casos de estudo relativos à manutenção de edifícios;

Tratamento estatístico de informação recolhida;

Inventariação de outras organizações e empresas ligadas ao setor, promovendo

intercâmbios.

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Quadro 3.2 - Principais Organismos Nacionais na área da Manutenção e Reabilitação [Adaptado de (Leite, 2009) e

(Morgado, 2012)]

Organismo Nomenclatura

Instituto da Habitação e Reabilitação

Urbana IHRU

Instituto de Gestão do Património

Arquitetónico e Arqueológico IGESPAR

Sociedade de Reabilitação Urbana SRU

Instituto Português do Património

Arquitetónico IPPAR

Associação Portuguesa para Reabilitação

Urbana e Proteção do Património APRUPP

Associação Portuguesa de Facility

Management APFM

Laboratório Nacional de Engenharia Civil LNEC

Grémio das Empresas de Conservação e

Restauro do Património Arquitetónico GECORPA

Quadro 3.3 - Principais Organismos Internacionais na área da Manutenção e Reabilitação [Adaptado (Morgado, 2012)]

Organismo Nomenclatura

European Federation of National

Maintenance Societies EFNMS

Japan Institute of Plant Maintenance JIPM

Associazone Italiana Manutenzione AIMAN

Associação Brasileira de Manutenção ABRAMAN

Building Owners Managers Association BOMA Internacional

Concil Reasearch and Innovation in Building

and Construction CIB-W70

Federação Ibero-Americana de Manutenção FIM

Asociación Espanola de Mantenimiento AEM

Association Française de Ingénieurs et

Responsables de Maintenance AFIM

3.5. Manutenção de Edifícios

3.5.1. Intervenientes no processo de Manutenção

Nos últimos anos, os donos de obra têm adquirido progressivamente uma maior sensibilidade

para a importância desta atividade, facto este que tem vindo a alterar de forma significativa os

diversos mecanismos de intervenção neste domínio (Torres, 2009).

De um modo geral, todos os intervenientes no processo de um empreendimento contribuem

para uma correta manutenção (Morgado, 2012).

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No Quadro 3.4 são indicados todos os intervenientes num processo de manutenção, bem como

as funções que desempenham.

Quadro 3.4 - Intervenientes num processo de manutenção [Adaptado de (Torres, 2009) e (Morgado, 2012)]

Designação Área de Participação Principais Funções

Dono de Obra Estratégia

Definir o projeto de

intervenção e acompanhar o

seu desenvolvimento

Projetista Conceção

Conceber e detalhar

aprofundadamente a

intervenção

Fiscalização Planeamento e Controlo Acompanhar e verificar a

realização da intervenção

Especialista em Inspeções e

Ensaios Planeamento e Controlo

Recolher informações

necessárias à conceção da

intervenção

Empreiteiro Geral Execução Coordenar os trabalhos e

executar parte deles

Empreiteiro de Serviços

Especializados Execução

Executar trabalhos das

intervenções, eventualmente

mais específicos

Fornecedor Execução Fabricar ou distribuir os

materiais a empregar

Utente Utilização Participar quaisquer anomalias

ou fenómenos pré-patológicos

3.5.2. Estratégias da Manutenção

Tal como uma política de manutenção adequada, uma estratégia de manutenção bem alicerçada,

bem definida e organizada na gestão do edifício, também é de extrema importância para o

sucesso da manutenção e consequente bom desempenho do edifício ao longo da sua via útil

(Tavares, 2009).

Com a previsão de estratégias de manutenção adequadas, é possível determinar os instantes,

durante a vida útil dos elementos, em que se deve proceder a intervenção de reparação ou

substituição. Desta forma, otimizam-se custos e recursos que irão minimizar gastos

desnecessários para tais intervenções (Falorca, 2004).

Assim, de acordo com a Figura 3.4, os tipos de manutenção podem ser subdivididas em três

grupos: Pró-ativa (Preventiva (sistemática e condicionada) e Preditiva), Corretiva (Planeada e

Não planeada) e Detetiva.

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19 | P á g i n a

Figura 3.4 - Tipos de Manutenção [Adaptado (Hormigo, 2015b)]

3.5.2.1. Manutenção Corretiva

Este tipo de estratégia é a mais utilizada em Portugal, correspondendo ao estado inicial do

conhecimento, podendo também ser denominada por resolutiva, curativa ou reativa (Maurício,

2011).

Este é um tipo de atuação que consiste na correção de uma falhar ou do desempenho distinto

do esperado, não sendo necessariamente uma manutenção de emergência (Hormigo, 2015b),

isto é, deixa-se evoluir o mecanismo de degradação do elemento para depois intervir (Falorca,

2004).

Esta é uma atividade que, não só implica custos acrescidos, como também prejudica a normal

utilização dos edifícios, nomeadamente (Collen, 2005):

Os meios disponibilizados não são suficientes para responder às solicitações, em tempo

útil, havendo a necessidade de recorrer a meios externos, com acréscimo de custos;

A ausência de reclamação conduz à progressiva deterioração, agrava os custos, introduz

perturbações no funcionamento normal dos edifícios, conduzindo a situações de

insegurança (perigo de colapso iminente de elementos construtivos);

A execução de reparações/substituições inadequadas, com a escolha e aplicação de

materiais e técnicas deficientes, origina a reincidência das mesmas anomalias ou o

Tipos de Manutenção

Pró-Ativa

Preditiva Preventiva

Sistemática Condicionada

Corretiva

PlaneadaNão

planeada

Detetiva

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20 | P á g i n a

aparecimento de outras, obrigando a novas intervenções, sempre com custos não

previstos.

A manutenção corretiva pode dividir-se em dois tipos: Planeada e Não Planeada, pelo Quadro

3.5.

Quadro 3.5- Manutenção corretiva Planeada VS Não Planeada [Adaptado de (Hormigo, 2015b)]

Planeada Não Planeada

É a correção do desempenho inferior ou

da falha, por decisão de gestão, ou seja,

pela atuação em função de

acompanhamento preditivo ou pela

decisão de manter em funcionamento

até que a quebra ocorra;

Mesmo que a decisão seja a de deixar o

equipamento funcionar até à quebra,

pode planear-se o que fazer quando a

falha ocorrer;

A adoção de uma política de correção

planeada pode prevenir situações de

risco, garante a existência de peças, faz

um melhor planeamento dos serviços,

consegue compatibilizar a necessidade

da intervenção com os interesses da

produção.

É a correção da falha de forma aleatória;

Caracteriza-se pela atuação em facto já

ocorrido, seja este por uma falha ou por

um desempenho inferior ao esperado;

Em geral, não há tempo para preparação

do serviço;

É mais praticada do que deveria;

Quando uma empresa tem a maior parte

da sua manutenção corretiva do tipo não

planeada, o desempenho empresarial

não se adequa à competitividade.

3.5.2.2. Manutenção Preventiva

A manutenção preventiva, inserida dentro da manutenção pró-ativa, é, para Torres (2009),

caracterizada pela execução de operações de manutenção antes do aparecimento de anomalias,

isto é, antes de haver manifestação pré-patológica, permitindo, deste modo, a redução de

trabalhos extraordinários e simultaneamente a probabilidade de falha ou a degradação dos

diversos elementos do edifício (Maurício, 2011).

Para tal, segundo a NP 4483, deverá ser estabelecido um procedimento documentado, onde

serão definidos os seguintes requisitos:

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Determinar potenciais patologias e suas causas;

Avaliar a necessidade de ações a empregar para prevenir a ocorrência de patologias;

Determinar e implementar as ações necessárias;

Registar os resultados obtidos pelo emprego de determinada ação;

Rever a eficácia das ações preventivas empregues [Adaptado de (Ferreira, 2009)].

Para Hormigo (2015,b) a manutenção preventiva é tanto mais conveniente:

Quanto maior for a simplicidade na reposição;

Quanto mais elevados forem os custos resultantes de falha;

Quanto mais as falhas prejudicarem a produção;

Quanto maiores forem as implicações das falhas na segurança do pessoal e da operação.

Existem dois tipos de manutenção preventiva: a sistemática e a condicionada, ambas definidas

no Quadro 3.6.

Quadro 3.6- Tipos de Manutenção Preventiva (Adaptado de [6])

Sistemática Condicionada

Tipo de manutenção que requer:

- Visitas e inspeções periódicas;

- Reparação preventiva em função do

tempo ou número de unidades de

utilização;

- Revisões periódicas.

Tipo de manutenção subordinada à medição de

parâmetros pré-determinados que revelarão o

estado de funcionamento e de degradação de um

determinado equipamento.

Assim, pode conclui-se que a manutenção preventiva está associada a uma ação planeada em

que pressupõe uma atuação com base em rotinas de inspeção, limpeza e reparação ou

substituição. O seu objetivo prende-se com o planeamento de intervenção onde é definida a

periodicidade de atuação, de modo a diminuir o número de operações e, por sua vez, os custos

que lhe são associados (Boto, 2014).

3.5.2.3. Manutenção Preditiva

Outro tipo de manutenção pró-ativa é a manutenção preditiva, também denominada por

condicionada, que, sendo idêntica à preventiva no sentido de criar um planeamento de

intervenções, estas só serão executadas, segundo Costa (2014), perante a modificação dos

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22 | P á g i n a

parâmetros de desempenho ou de condições previamente designadas para os elementos, sendo

esses parâmetros avaliados aquando das inspeções realizadas aos mesmos.

O objetivo deste tipo de manutenção é prevenir falhas nos equipamentos ou sistemas, através

de um acompanhamento de diversos parâmetros, permitindo, deste modo, uma operação

contínua do equipamento pelo maior tempo possível (Real, 2014).

Assim, segundo Hormigo (2015b), a manutenção preditiva prediz as condições dos

equipamentos e, quando a intervenção é decidida, o que se faz é uma manutenção corretiva

planeada.

3.5.2.4. Manutenção Detetiva

A manutenção detetiva teve o seu início em 1990, e consiste na atuação efetuada em sistemas

de proteção, com o objetivo de detetar falhas ocultas, ou não percetíveis pelo pessoal de

manutenção e operação, procedendo às suas correções, mas mantendo a operação.

Neste tipo de manutenção, os sistemas são verificados por especialistas, sem serem colocados

fora de serviço (Hormigo, 2015b).

3.5.2.5. Engenharia de Manutenção

A engenharia de manutenção é o suporte técnico da manutenção que está dedicado a consolidar

a rotina e a implementar melhorias. As suas principais atribuições são [Adaptado de (Real,

2014)]:

Aumentar a fiabilidade;

Aumentar a disponibilidade;

Melhorar a manutenção;

Aumentar a segurança:

Eliminar problemas crónicos;

Solucionar problemas tecnológicos;

Melhorar a capacitação do pessoal;

Gerir materiais;

Participar em novos projetos;

Dar suporte à execução;

Efetuar análises de falhas e estudos;

Elaborar planos de manutenção e de inspeção, fazendo a análise crítica periódica;

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23 | P á g i n a

Acompanhar os indicadores;

Zelar pela documentação técnica.

A Engenharia de Manutenção significa perseguir benchmarks(1), aplicar técnicas modernas e

estar nivelado com as melhores práticas [4].

Figura 3.5 – Evolução da manutenção - Resultados versus Tipos de manutenção [4]

A Figura 3.5 pretende demonstrar a evolução da manutenção, fazendo uma análise dos tipos de

manutenção com os resultados obtidos.

Pela sua análise, pode concluir-se que existem duas quebras de paradigma. A primeira quebra

ocorre no nível 3, que inclui a manutenção preditiva e detetiva, mostrando a primeira melhoria,

pois, nos níveis 1 e 2, corretiva e preventiva, efetivamente, ocorre uma melhoria contínua, mas

não existe qualquer tipo de alteração no declive da reta. A segunda quebra de paradigma

verifica-se no nível 4, quando se muda da preditiva e detetiva, para a Engenharia de

Manutenção, onde o declive da reta é o mais acentuado de todos, dando, deste modo, maior

importância a este tipo de manutenção.

3.6. Gestão Estratégica da Manutenção

Numa economia globalizada e altamente competitiva, com mudanças rápidas, a manutenção é

uma atividade fundamental do “processo construtivo”. Deste modo, as organizações, que

necessitam de ser competitivas para sobreviver, necessitam também de ser competentes,

criativas, flexíveis, rápidas e adotarem uma cultura de mudança e trabalho em equipa (Hormigo,

2015c).

(1) Benchmark – é uma medida, uma referência, um nível de desempenho reconhecido como padrão de excelência para um processo específico

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24 | P á g i n a

Para que um edifício seja mantido em condições ótimas de integridade e funcionalidade,

segundo Cavaco (2012), é necessário implementar um adequado sistema de gestão de

manutenção, permitindo dar conhecimento sobre os momentos certos de intervenção durante a

vida útil dos elementos, racionalizando os custos e recursos sem gastos excessivos e

desnecessários nas ações de reparação e substituição.

Para que tal se desenvolva com sucesso, foram desenvolvidos vários sistemas de gestão

integrada com metodologias de manutenção e reabilitação em diversos países. Estes sistemas

de gestão são baseados num modelo operacional adequado à realidade e complexidade de cada

empreendimento, e são constituídos num sistema informático. Visam também promover a

economia, racionalização e planeamento da manutenção, de forma a apoiar um controlo eficaz

da atividade de gestão da manutenção (Leite, 2009).

3.6.1. Sistema Integrado de Manutenção – SIM

O Sistema Integrado de Manutenção – SIM, foi um dos primeiros sistemas a ser criado em

Portugal, pela autoria do Professor Rui Calejo Rodrigues, no ano de 2001, com o objetivo, para

Ferreira (2009), de colmatar a necessidade de uma metodologia de execução coordenada das

diferentes funções de gestão de edifícios, na qual se integram as atividades funcionais e

técnicas.

Rodrigues (2001) descreve este sistema com exemplo “a quebra dum vidro duma porta de

entrada dum edifício”, assume-se que, na ausência dum sistema de manutenção, uma situação

desta natureza pode ser tipificada da seguinte forma:

- Diferentes reclamantes perante diversos destinatários alguns sem qualquer capacidade para

resolução ou análise do problema;

- Distorção da descrição técnica do problema e identificação de diversas causas;

- Impossibilidade de identificar um responsável;

- Diferentes níveis de urgência na resposta;

- Contratação atípica de serviços de reparação;

- Identificação do problema, diagnóstico, e especificação inexistentes;

- Inexistência de controlo de execução;

- Quando muito, registo contabilístico sem referência explícita ao locar de intervenção;

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- Total falha de refluxo de informação para impedir futuras situações análogas;

- Impossibilidade de reporte histórico (por falta de registos).”

Deste modo, para o mesmo autor, um Sistema Integrado de Manutenção pretende:

Identificar e disponibilizar interlocutores e decisores capacitados;

Tipificar a situação facilitando a análise e resposta (automatizando-a se possível);

Padronizar procedimentos de contratação e intervenção;

Unificar as ações de registo alimentado com um único ato as bases de dados

contabilísticos, tecnológicos e funcionais;

Recolher informação final e realimentar o sistema.

Assim, segundo Leite (2009), este sistema tem como princípios fundamentais tipificar

procedimentos e reunir, registar e atualizar toda a informação, tanto escrita como desenhada.

Os seus objetivos são:

Conhecer o estado de conservação dos edifícios;

Conhecer tendências e prever necessidades de intervenção;

Tipificar ações;

Otimizar custos de manutenção/desempenho.

O fluxograma apresentado na Figura 3.6 tem como principal objetivo estruturar a relação entre

as diferentes áreas dum SIM que está tipificado segundo três grande grupos (Rodrigues, 2001):

Cadastro;

Plano de Manutenção;

Intervenção.

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26 | P á g i n a

Figura 3.6 – Fluxograma da estrutura das diferentes áreas dum SIM (Rodrigues, 2001).

3.6.2. Terotecnologia

A Terotecnologia engloba a gerência de economia e a gerência de tecnologia para dar destaque

à importância do custo do ciclo de vida das máquinas e dos equipamentos. Este sistema de

gestão funciona com pilares básicos associados à busca constante de alternativas técnicas e à

realização de estudos de fiabilidade e de avaliações técnico-económicas para obter ciclos de

vida de equipamentos cada vez menos dispendiosos (Irani, 2011).

Para Gaspar (2003),a Terotecologia é um modelo global bastante completo, visto que engloba

todo o ciclo de vida do equipamento, ou seja, tem em consideração a vida do equipamento desde

o seu projeto até à sua substituição, incluindo as etapas do seu uso e a manutenção no seu

período de vida útil.

Este modelo é apresentado na Figura 3.7 e tem como vantagens a criação de um histórico, e já

tem previsto procedimentos para a fase de projeto de uma edificação. O facto de não ter em

conta os recursos disponíveis, e de não possuir procedimentos descritos para responder a um

caso de manutenção reativa, são as suas desvantagens (Cavaco, 2012).

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27 | P á g i n a

Figura 3.7 – Modelo da Terotecnologia (Gaspar, 2003).

3.6.3. Modelo Eindhoven University of Technology – EUT

Este modelo foi criado por Geraerds, Gits e Coetzee em 1997, e teve como objetivo colmatar

as lacunas deixadas pelo modelo da Terotecnologia, o qual, de acordo com os autores, obrigava

os engenheiros e técnicos de manutenção a alargarem demasiado as suas funções, acabando por

colocar em segundo plano os processos de organização da manutenção. Assim, neste modelo,

também é necessário que técnicos e engenheiros alarguem as suas funções, mas que, ao mesmo

tempo realizem as funções “tradicionais”, particularmente a programação da manutenção,

realizando-a de uma forma mais científica, recolhendo e analisando dados e utilizando os

modelos apropriados de investigação operacional para otimizar o tipo de manutenção a efetuar

e o cálculo dos intervalos a que deve ser realizada (Morais, 2005).

O modelo tem uma estrutura que engloba 14 sub funções das quais se destacam [Adaptado de

(Carvalho, 2007)]:

Os objetos sob manutenção (sistema técnico);

A capacidade interna;

A capacidade externa oferecida pelo mercado;

A capacidade externa oferecida pelos fabricantes;

O planeamento e controlo da manutenção;

O controlo do inventário das peças de manutenção não reparáveis (consumíveis);

O planeamento e controlo da manutenção de rotáveis;

Avaliação de resultados;

O feedback terotecnológico;

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28 | P á g i n a

A metodologia de projeto de um sistema técnico;

A especificação das características de um sistema técnico;

O projeto de um sistema técnico;

O fabrico de um sistema técnico;

O desenho do conceito de manutenção para um sistema técnico.

Figura 3.8 - Modelo EUT (Cavaco, 2012)

O modelo apresentado na Figura 3.8 tem como vantagens a apresentação da elaboração de um

histórico de intervenções, a contemplação de recursos e a possibilidade de aplicar o mesmo

desde uma fase de projeto. Mas, à semelhança do modelo da Terotecnologia, este também não

possui procedimentos para responder a casos de manutenção reativa (Cavaco, 2012).

3.6.4. Modelo Total Productive Maintenance – TPM

Total Productive Maintenance (TPM), ou Manutenção Produtiva Total, é um método de gestão

de manutenção proposto por Seiichi Nakajima, que tem sido implementado de um modo

crescente desde o ano de 1971(Jesus, 2012).

Este modelo tem como objetivo melhorar a eficiência dos ativos através da redução de quebras

de máquinas, da melhor utilização dos equipamentos disponíveis e da redução de perdas nas

diversas fases e áreas dos processos produtivos (Carrijo and Lima, 2008).

O TPM assenta em oito pilares fundamentais, apresentados na Figura 3.9 [Adaptado de

(Hormigo, 2015d)]:

1. Organização do local de produção, limpeza das máquinas, standardização e disciplina;

2. Manutenção autónoma;

3. “Kaizen” (kai – mudança, zen – melhor) isto é, este é um conceito associado a pequenas

melhorias contínuas, envolvendo todas as pessoas da organização. Requer pouco ou

nenhum investimento. O seu objetivo é reduzir desperdícios que afetam a eficiência;

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29 | P á g i n a

4. Manutenção Planeada;

5. Manutenção da Qualidade – Monitorizar e medir valores que podem indicar a ocorrência

de avarias e tomar medidas antes que ocorram essas avarias;

6. Treino em fases;

7. Deve existir um responsável pelo TPM;

8. Garantir segurança, saúde e ambiente.

Figura 3.9 - Pilares do TPM [5]

3.6.5. Reliability Centered Maintenance – RCM

A metodologia RCM é usada para determinar os requisitos de manutenção de qualquer item

físico no seu contexto operacional. Para tal, a metodologia analisa as funções e padrões de

desempenho: de que forma ocorre a falha, o que causa cada falha, o que acontece quando ocorre

a falha e o que deve ser feito para a prevenir (Souza and Lima, 2003).

Este modelo tem como vantagens [Adaptado de Hormigo (2015d)]:

Melhoria da compreensão do funcionamento do equipamento ou sistema,

proporcionando uma ampliação e conhecimentos aos participantes;

Desenvolvimento do trabalho em grupo com reflexos altamente positivos na análise,

solução de problemas e estabelecimento de programas de trabalho;

Definição de como o item pode falhar e das causas básicas de cada falha, desenvolvendo

mecanismos para evitar falhas que possam ocorrer espontaneamente ou causadas por

ações humanas;

Elaboração dos planos para garantir a operação do item num nível de desempenho

desejado. Esses planos englobam: Planos de Manutenção, Procedimentos Operacionais

e Lista de modificações ou melhorias;

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30 | P á g i n a

Os benefícios da RCM podem ser resumidos na obtenção da maior fiabilidade dos

equipamentos, com redução de custos e domínio tecnológico do processo produtivo da

empresa.

3.7. Conclusões Finais do Capítulo

Atualmente, a manutenção deve ser uma prática constante nas organizações e empresas, de

modo a impedir paragens de equipamentos, por quebra ou defeito, evitando deste modo custos

acrescidos aquando uma reparação corretiva.

Para Hormigo, (2015b) importância da manutenção assenta sobre os seguintes pontos:

A atividade de manutenção tem um impacto direto na qualidade do serviço prestado:

condições de segurança, de uso e de conforto dos utentes;

Estudos em diversos países, para diferentes tipos de edifícios, mostram que os custos

anuais envolvidos na operação e manutenção dos edifícios em uso variam entre 1% e 2%

do seu custo inicial. Este valor acumulado ao longo da vida útil dos edifícios é

equivalente ou supera o custo de construção;

Um equipamento bem mantido tem um tempo de duração 30% a 40% superior a um não

mantido;

A implementação de manutenção preventiva ou preditiva induz economia nos consumos

energéticos de 5% a 12%;

Os custos de manutenção são em geral repartidos equitativamente por materiais e mão-

de-obra;

A manutenção corretiva não planeada é três vezes mais dispendiosa que a corretiva

planeada;

Na manutenção corretiva cerca de 20% das peças são desperdício.

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31 | P á g i n a

4. Planos de Manutenção

4.1. Introdução

Um plano de manutenção é um instrumento de trabalho que adquire uma grande importância

no âmbito da avaliação do estado de desempenho de um edifício. Trata-se de um conjunto de

especificações cujo objetivo destina-se a estabelecer previsões e planear ações de manutenção

(Rocha, 2005).

Os planos de manutenção devem conter uma estrutura acessível e objetiva, com descrições

simples e sucintas de modo a que haja um mútuo entendimento entre a entidade, o empreiteiro

e o utente.

Assim, o presente capítulo tem como principal objetivo a apresentação de propostas de planos

de manutenção para centros de saúde, nas áreas de civil e especialidades, partindo de pesquisas

teóricas e visitas técnicas realizadas aos locais, no âmbito do estágio curricular realizado na

ARSLVT, I.P.

4.2. Ações de manutenção

Um plano de manutenção programado, para Leite (2009), deve integrar cinco ações de

manutenção: a inspeção, a limpeza, a pró-ação, a correção e a substituição. A estruturação do

mesmo é definida de acordo com a natureza da informação disponível e com base nas políticas

adotadas.

No Quadro 4.1 apresentam-se aspetos que devem ser contidos num plano de manutenção.

Quadro 4.1- Características de um Plano de Manutenção [Adaptado de (Leite, 2009)]

Planos de Manutenção

Definir a vida útil de cada elemento;

Definir níveis de qualidade mínima;

Definir anomalias relevantes,

possíveis causas e mecanismos de

degradação;

Prever e definir os sintomas pré-

patológicos;

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32 | P á g i n a

Definir sistemas de seleção e

operação de manutenção;

Estabelecer rotinas de inspeção;

Definir estratégias de atuação;

Análise de registos históricos e

comparação com registos de

comportamento;

Registos de custos de operações;

Registos de todas as intervenções e

gestão de informação;

Recomendações técnicas de produtos

e soluções.

Deste modo, é de grande interesse abordar teoricamente todas as ações que devem constar nos

planos, de modo a torná-los mais completos e infalíveis, evitando o recurso a ações corretivas

de emergência, promovendo a segurança, conforto e fiabilidade dos utentes.

4.2.1. Inspeção

Define-se inspeção como “a ação de vigiar, controlar e examinar” (Larousse, 1998).

No âmbito dos planos de manutenção, esta atividade é a primeira a ser executada. O objetivo

principal da realização de inspeções periódicas recai na avaliação do estado de desempenho e

conservação dos EFM, por técnicos especializados, evitando, deste modo, o recurso a ações

corretivas de emergência e a estados de elevada degradação.

Para Boto (2014), o procedimento correto para uma inspeção inicia-se com uma visita ao local,

no sentido de obter a maior informação possível relativamente ao edifício. Das inspeções

visuais surgem as identificações patológicas no edifício e, para um melhor suporte e

esclarecimento da análise, é necessário o levantamento fotográfico com foco na anomalia,

possibilitando a ideia real da dimensão da manifestação patológica, com a devida indicação do

edifício e do local da anomalia.

Na Figura 4.1 é apresentado um exemplo de Ficha de Inspeção, realizada no âmbito do estágio

curricular efetuado.

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33 | P á g i n a

Figura 4.1 - Exemplo de uma ficha de inspeção visual [Com adaptações de (Boto, 2014)]

Além das inspeções periódicas, também é da responsabilidade do utente a comunicação prévia

de qualquer tipo de manifestação patológica detetada.

Designação da Unidade de Saúde Nº

/ /

Elemento construtivo

Designação

Código de identificação

Descrição

Localização

Possíveis causas

Possíveis consequências

Observações

Gravidade Muito grave Grave Ligeiro Sem significado

Grau de alteração Muito alterado Alterado Pouco alterado Não existe

Urgência de atuação

Procedimentos

Assinatura do Responsável

Avaliação da Inspeção

Imediata Médio prazo Longo prazo

(2 a 6 meses) (6 a 12 meses) (1 a 5 anos) (Sem Urgência)

Curto prazo

FICHA DE INSPEÇÃO

Data da inspeção

Fotografia

Método de inspeção

Nome do Inspetor/Técnico

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34 | P á g i n a

Para o caso prático da presente dissertação, foi estipulado que, sempre que se tratar de uma

anomalia de carater urgente, isto é, sempre que o correto funcionamento dos serviços for

afetado, a unidade de saúde tem como dever informar o departamento responsável e comunicar

diretamente com o empreiteiro, caso a irregularidade exija resolução imediata. No caso da

manifestação ser de carater pouco urgente, cabe à entidade responsável a devida análise e

decisão quanto à atuação no local. No cronograma da Figura 4.2, encontra-se um breve resumo

dos encargos da unidade de saúde para o controlo de uma ocorrência.

Figura 4.2 – Cronograma de ocorrência

Todas as manifestações patológicas comunicadas pelo utente deverão constar numa ficha de

registo de ocorrência.

A ficha de registo de ocorrência, apresentada na Figura 4.3, tem como principal objetivo a

criação de uma base de dados na entidade responsável, referente às patologias que ocorrerem

fora do âmbito das ações de manutenção. Este relatório permite à entidade responsável

beneficiar de um controlo mais generalizado de todas as intervenções que executou no local,

evitando deste modo possíveis ações corretivas de emergência futuras.

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35 | P á g i n a

Figura 4.3 – Ficha-Tipo de Registo de Ocorrência

Designação da Unidade de Saúde: Nº

Data / /

/

Localização da patologia: Cobertura Fachada Pavimento Portas/Janelas Intalações sanitárias Outros

Zona afetada Interior: 1º Piso 2º Piso 3º Piso Cave Exterior

Registo de problemas anteriores? Sim Não

(Caso resposta afirmativa)

Houve participação da ocorrência? Sim Não Se sim, houve controlo por parte do DIE? Sim Não Se sim, quando? / /

Foi afetado o normal funcionamento do centro de Saúde? Sim Não

O que se verificou?

Observações finais

Intervenção do DIE? Sim Não Se sim, quando? / /

Gravidade Muito grave Grave Ligeiro Sem significado

Grau de alteração Muito alterado Alterado Pouco alterado Risco 1 2 3

Necessidade de intervenção? sim Não

Observações finais

Não existe

DIEUnidade de Saúde

(a preencher pelo DIE)

Documento revisto por:

Data da ocorrência /

(a preencher pela Unidade de Saúde)

REGISTO DE OCORRÊNCIA

DESCRIÇÃO DA OCORRÊNCIA

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36 | P á g i n a

4.2.2. Limpeza

A ação da limpeza adquire um grau de elevada importância quando associada a processos de

manutenção, tendo como principal objetivo a eliminação de anomalias associadas a agentes

biológicos ou a acumulação de detritos, aumentando assim o grau de desempenho do edifício,

e atribuindo ao mesmo um maior conforto visual.

Esta é uma ação que recai muito no utente, uma vez que uma simples limpeza diária pode ajudar

à eliminação de possíveis patologias futuras. Os técnicos especializados só serão evocados em

situações mais complexas, que exijam a utilização de materiais específicos.

A entidade responsável pela elaboração do plano de manutenção tem como dever informar ao

utente quais os materiais a serem utilizados em cada solução construtiva, bem como a

regularidade com que deve efetuar a sua limpeza, tentando sempre consciencializar para os

graves efeitos que a sua ausência poderá causar, evitando, deste modo, o descuido por esta

atividade.

4.2.3. Reparação e Substituição

A reparação é uma ação de manutenção que tem como objetivo solucionar anomalias que se

manifestam em zonas localizadas, impedindo a propagação para todo o elemento (Morgado,

2012).

Esta atividade é executada por técnicos especializados, escolhidos em concurso público para as

empreitadas, e deve ser realizada após os dados facultados pela inspeção.

Todos os trabalhos efetuados pelo empreiteiro em cada unidade de saúde devem ser presentes

num relatório de registo de trabalhos, onde o empreiteiro deve enumerar as tarefas realizadas

durante uma determinada ação de reparação, por elemento construtivo, isto é, cada relatório de

registo de trabalhos serve única e exclusivamente para um elemento construtivo de um dado

centro de saúde. Neste relatório também deve estar presente a data de início e fim da intervenção

efetuada, bem como todos os trabalhadores que atuaram no local, os materiais e equipamentos

usados.

Toda a duração dos trabalhos de reparação deverá ser seguida e inspecionada por um

responsável da unidade de saúde.

Na Figura 4.4 apresenta-se um exemplo de um relatório de registo de trabalhos.

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37 | P á g i n a

Figura 4.4 - Relatório de Registo de Trabalhos

Designação da Unidade de Saúde: Nº

Elemento Fonte de Manutenção:

Data

Qtd. Fim Total

TOTAL

DIE

Verificação realizada por:

Entidade Representativa Unidade de Saúde

Nome Categoria Prof.

RELATÓRIO DE REGISTO DE TRABALHOS

QUANTIFICAÇÃO DOS TRABALHOS

Observações

Os trabalhos descritos foram concluídos em conformidade, e aceites pela Unidade de Saúde

Mão de Obra Materiais Equipamentos

Descrição dos trabalhos realizados Un. Preço Un. Início

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38 | P á g i n a

A ação de substituição no âmbito da manutenção é, para Leite (2009), um conjunto de

procedimentos que leva à substituição de um elemento por outro com características iguais. No

caso de existir uma substituição por outro elemento, em que as características diferem das

originais, ou que apresente uma maior durabilidade, esta é considerada uma ação de reabilitação

e não de manutenção.

É muito importante que na fase de projeto seja tido em consideração a durabilidade dos

materiais, bem como a sua fácil substituição.

4.2.4. Condições de utilização

As condições de utilização são destinadas aos utentes do edifício, tendo como principal função

colmatar possíveis intervenções de emergência, uma vez que estipula ações de prevenção nos

edifícios, atribuindo assim tarefas também aos seus utilizadores.

As condições de utilização encontram-se presentes num Manual de Utilização, que está inserido

num Manual de Serviço.

4.3. Manual de Serviço

Um edifício de habitação ou de serviço mostra uma tendência natural patológica em três

orientações (Rodrigues, 2008):

Caos na utilização;

Insolvência económica;

Degradação tecnológica.

Perante um cenário de erros que delimitam o desempenho dos edifícios, para o mesmo autor, é

necessário apresentar manuais de serviço quem têm como objetivo a constituição de um apoio

à eliminação de erros de utilização.

Os manuais de serviço devem ser elaborados na fase de projeto, quando se tratam de edifícios

novos, ou na fase de utilização no caso de edifícios existentes, sendo a sua conceção da

responsabilidade de técnicos especializados competentes para analisar o projeto do edifício e a

evolução do desempenho dos vários elementos que o constituem (Ferreira, 2009).

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39 | P á g i n a

Estes manuais encontram-se subdivididos em duas partes, como se mostra na Figura 4.5.

Figura 4.5 - Subdivisão de um Manual de Serviço [Adaptado de (Rodrigues, 2008)]

O Manual de Manutenção destina-se ao gestor e apresenta uma estrutura mais desenvolvida e

tecnicamente detalhada, enquanto o Manual de Utilização, como já foi mencionado, é dirigido

aos utilizadores, sendo este constituído por material de leitura mais simplificado.

4.3.1. Manual de Manutenção

A função do Manual de Manutenção é a de orientar as entidades responsáveis pela gestão das

tarefas e metodologias de manutenção.

Este manual deverá conter os seguintes aspetos (Ferreira, 2009):

Detalhes e justificação do setor do sistema de gestão da manutenção;

Procedimentos e descrição da interação entre os processos dos sistemas de gestão da

manutenção;

Determinar um ritmo de rotinas de inspeção para os diferentes elementos;

Apresentar uma estratégia de intervenção consoante o estado de desempenho dos

elementos.

Para além dos planos de manutenção, este manual deverá estar munido de modelos tipo (Lopes,

2005):

Lista de elementos fonte de manutenção;

Ficha de inspeção;

Ficha de anomalias;

Relatório de inspeção.

Manual de Serviço

Manual de Manutenção

Manual de Utilização

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40 | P á g i n a

4.3.2. Manual de Utilização

O Manual de Utilização disponibiliza aos utilizadores informações sobre os procedimentos a

seguir num processo de manutenção, podendo este ser apresentado de duas formas, como

apresenta o Quadro 4.2.

Quadro 4.2 - Subdivisão de um Manual de Utilização [Adaptado de (Rodrigues, 2001)]

Documento para utilização individual Sinalética para difusão coletiva

Deve ser de consulta rápida com

fichas tipo para contactos

importantes:

- Urgências;

- Gestor do Edifício;

Deve dispor de um conjunto de regras

de emergência, como por exemplo:

- Bloqueio de elevador;

- Incêndios;

- Alarme;

- Fuga de água;

- Intempérie;

Deve dispor de um conjunto de regras

de utilização, como:

- Portas de acesso (chaves, códigos).

- Portas comuns;

- Elevadores;

- Geradores comuns;

- Acesso a zonas técnicas;

- Contadores e contagens;

- Equipamentos domésticos

integrados na construção.

Deve listar boas práticas de

utilização:

- Economia de energia;

- Ventilação e ruído;

- Segurança.

Destina-se a transmitir mensagens de

utilização aos utilizadores, apesar de conter

menos detalhes, como:

Horários;

Acessos;

Locais de interesse comum;

Orientação;

Avisos.

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41 | P á g i n a

4.4. Elaboração de um Plano de Manutenção

Não existe uma só forma de organizar um plano de manutenção, estando essa atividade

relacionada com a entidade responsável pela sua elaboração. Mas, apesar das diferenças

estéticas existentes entre os vários planos, é de extrema importância que subsista uma

conformidade, isto é, que contenham tópicos obrigatórios, tais como:

Local onde se realiza a ação;

Elemento Fonte de Manutenção (EFM) a que é destinado o plano;

Ações de manutenção;

Descrição das atividades a realizar;

Definição do ciclo das atividades;

Data de cumprimento da atividade;

Entidade responsável pela elaboração da ação de manutenção.

De um plano, deverá ser possível retirar as seguintes informações (Rodrigues, 2001):

Necessidades económicas;

Necessidades em meios humanos (Atividade técnica);

Tempos de inoperação/ocupação dos espaços.

Na Figura 4.6 apresenta-se um exemplo de modelo de Plano de Manutenção, realizado no

âmbito da presente dissertação.

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42 | P á g i n a

Figura 4.6 - Exemplo de modelo para o Plano de Manutenção

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 15 20 25 30 35 40Observações

Entidade

Responsável

Ação de

manutençãoDescrição

Inspeção

Revestimento

Limpeza

Reparação

PLANO DE MANUTENÇÃO

Designação da Unidade de Saúde:

Periodicidade (Anos)Data de execução

Elemento fonte de manutenção:

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43 | P á g i n a

Segundo a estrutura proposta na Figura 4.6, a inspeção é a primeira atividade a ser realizada,

tendo o técnico responsável pela execução da ação, em sua posse, o devido material de inspeção

bem como a devida documentação, incluindo as fichas de inspeção.

Só após a realização da inspeção se irá proceder à execução das restantes ações, que dependem

dos resultados da mesma.

Em anexo são apresentados os planos de manutenção elaborados para os centros de saúde, por

elemento construtivo, nas áreas de civil e especialidades.

4.5. Conclusões Finais de Capítulo

Para Borges (2013), uma manutenção eficaz pode trazer garantias de que o processo não perderá

a sua capacidade devido a desvios provocados por problemas no equipamento.

Deste modo, pode então concluir-se que a qualidade de uma empresa passa também pela

garantia de um bom sistema de manutenção.

Dado que os centros de saúde da responsabilidade da ARSLVT,I.P. não se encontram

abrangidos por um sistema de manutenção, a sua existência seria suficiente para que muitas das

patologias presentes em edifícios não atingissem graus de deterioração tão elevados, evitando,

deste modo, que outros problemas mais graves se desenvolvam.

A quantidade de patologias por escassez de manutenção ultrapassa as que surgem devido a erros

de projeto ou de execução, como será demonstrado no próximo capítulo, o que torna este tema

ainda mais relevante.

Mais uma vez referindo que se trata de centros de saúde, locais onde existe uma grande

afluência de pessoas, e estando estes associados à saúde das mesmas, é ainda mais importante

que exista uma preocupação acrescida com o estado de conservação dos edifícios, uma vez que

a segurança e bem-estar dos utentes deveria ser a maior preocupação das entidades

responsáveis.

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44 | P á g i n a

5. Caso de Estudo – Centros de Saúde

Lisboa Ocidental e Oeiras

5.1. Introdução

Atualmente, na região de Lisboa, os edificados são cada vez mais antigos, e a realidade é que a

grande maioria atinge a degradação por falta de manutenção por parte dos proprietários dos

mesmos.

O mesmo acontece nos edifícios de serviço, mais precisamente em hospitais e centros de saúde

que, devido à grande afluência de pessoas, e por estar ligado à saúde das mesmas, necessita de

especial atenção por parte das entidades responsáveis.

Deste modo, e para evitar as chamadas constantes para intervenções do tipo corretivas, a

Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo – ARSLVT, decidiu implementar

nos seus centros de saúde, planos de manutenção preventiva para oferecer à população melhor

conforto e para evitar os custos acrescidos associados a uma manutenção corretiva.

Assim, o presente capítulo tem como objetivo fazer uma descrição dos edifícios em estudo,

apresentando as patologias mais comuns encontradas, para que seja possível demonstrar que

estas existem maioritariamente por falta de inspeções e manutenções periódicas.

Também neste capítulo serão elaboradas as fichas de inspeção, das respetivas anomalias,

descrevendo as possíveis causas, consequências e quais os procedimentos a adotar para as

corrigir.

5.2. Descrição dos Edifícios

A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo é responsável pelas Unidades de

Saúde da Grande Lisboa, Oeste, Médio Tejo, Lezíria e Península de Setúbal, como pode ser

observado na Figura 5.1.

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45 | P á g i n a

Figura 5.1 - Área Geográfica (ACES) (Fonte: ARSLVT)

De todas as regiões presentes na Figura 5.1, para efetuar o estudo das patologias para a

introdução dos planos de manutenção nos centros de saúde, foi escolhida a Zona 3 – Lisboa

Ocidental e Oeiras.

Da presente zona fazem parte os centros de saúde apresentados no Quadro 5.1.

Quadro 5.1 - Centros de Saúde pertencentes à Zona 3 - Lisboa Ocidental e Oeiras

Centro de Saúde Fotografia Número de

pisos

Área Bruta

(m2)

Carnaxide

4

725

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46 | P á g i n a

UCSP Algés

1

300

Linda-a-Velha

4

2400

USF Dafundo

4 pisos de

Unidade de Saúde

+ 3 pisos de

estacionamento

em cave

846

CS Oeiras

3

6237

CS Paço de Arcos

4

4539

Barcarena

2

331

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47 | P á g i n a

UCSP Ajuda

6

1367,37

UCSP Alcântara

5 pisos de

cuidados de saúde

+ 1 piso de

estacionamento

em cave

1842,54

USF Descobertas

1

1026

UCSP St

Condestável

4

331,48

Durante a duração do estágio curricular, foram realizadas visitas técnicas a três edifícios da

zona em estudo, com o objetivo de recolher a maior informação possível a cerca das patologias

encontradas, para a realização dos planos de manutenção.

Por uma questão de realização de obras de reabilitação, a primeira visita realizou-se na UCSP

da Lapa, pertencente à Zona 2 – Lisboa Central, que também será incluída no estudo desta

dissertação.

Assim, os centros de saúde em análise, caracterizados no Quadro 5.2, são:

UCSP Santo Condestável;

UCSP Lapa;

CS Oeiras;

CS Paço D’Arcos.

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48 | P á g i n a

Quadro 5.2- Caracterização dos edifícios em estudo

Centros de

Saúde

Fotografia

Descrição

UCSP St

Condestável

Centro de Saúde situado num edifício (local não

foi programado para a existência do centro) com

4 pisos, com uma cobertura plana em tela de

xisto, revestimento da fachada exterior é pétreo e

pintura e o revestimento de piso em cerâmico e

vinílico.

UCSP Lapa

Centro de Saúde com 2 pisos, com cobertura

inclinada com telas de fibrocimento (local onde

se perspetivavam obras de reabilitação para com

remoção do amianto), revestimento da fachada

exterior em pintura e revestimento de piso em

cerâmico e vinílico.

CS Oeiras

Centro de Saúde com 3 pisos, com cobertura

plana de tela de xisto, e cobertura inclinada com

chapa metálica e fibrocimento, revestimento

exterior da fachada em cerâmico, pintura e pedra,

revestimento de piso cerâmico e vinílico.

CS Paço de

Arcos

Centro de Saúde com 4 pisos, com cobertura

inclinada em chapa metálica, e plana com tela de

xisto, o revestimento da fachada exterior é

cerâmico e pintura, e o revestimento de piso é

cerâmico e vinílico.

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49 | P á g i n a

5.3. Patologias Correntes

Ao longo das vistorias realizadas, constatou-se que muitos problemas eram comuns em todos

os locais, e que, na realidade, a grande maioria era devida à falta de manutenção dos mesmos.

Assim, neste subcapítulo serão mencionadas as patologias mais correntes presentes nos centros

de saúde, bem como as possíveis causas.

5.3.1. Humidade

A humidade é uma patologia muito presente no património edificado, e como tal tem suscitado

elevado interesse devido à sua complexidade, uma vez que nem sempre é fácil encontrar uma

explicação científica para determinados casos.

A humidade manifesta-se de inúmeras formas, nomeadamente [8]:

Humidade de construção;

Humidade do terreno;

Humidade de precipitação;

Humidade de condensação;

Humidade devida a fenómenos de higroscopicidade;

Humidade devida a causas fortuitas;

Outras.

Os casos mais comuns são descritos no Quadro 5.3 [9]:

Quadro 5.3 - Casos mais comuns de Humidade em edifícios

Tipo de Humidade Descrição

Humidade por Condensação

Surge quando o vapor de água que existe no

ambiente entra em contacto com as

superfícies finas. São as mais comuns no lar.

Humidade por Capilaridade Surge devido à ascensão da água por

pequenos canos ou capilares.

Humidade por Infiltração

Este tipo de humidades pode ter várias

formas: avarias em canos, fissuras nas

paredes exteriores, terraços mal

impermeabilizados, algerozes ou caleiras

entupidas, entre muitos outros.

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50 | P á g i n a

Na Figura 5.2 apresenta-se uma situação de manifestação de humidade num vão envidraçado.

Figura 5.2 – Vão envidraçado com

manifestações de humidade - UCSP St

Condestável (Fonte: Autor)

Figura 5.3 – Pormenor, na zona da janela, do

estado de degradação da madeira e do material

isolante - UCSP St Condestável (Fonte: Autor)

De uma análise visual ao local, apurou-se que uma das questões que poderia estar relacionada

à escorrência apresentada na Figura 5.2 prendia-se, não só, com o isolamento das janelas, mas

também com o material constituinte das mesmas. O material isolante foi encontrado em muito

mau estado de conservação, apresentando-se de forma rígida, fissurado e, em algumas zonas,

descolado. Este acontecimento pode, não só, dever-se à má qualidade do isolante, como também

à carência de inspeções periódicas, de carater preventivo, ao elemento. Também foi visível o

desgaste do material constituinte das janelas, sendo neste caso de madeira, que apresentava

alguma fissuração, como se pode ver, em pormenor, na Figura 5.3.

Em seguida, analisando a fachada pelo exterior perto da janela em causa, verificou-se a

existência de uma perfuração que, segundo informações, seria para a colocação de um ar

condicionado. O aparelho não terá sido colocado no local e, consequentemente, o orifício não

foi selado, possibilitando a entrada de água nessa região. Nesta circunstância, o papel da

manutenção teria uma elevada importância, na medida em que iria proceder à correção do erro

de execução cometido, atenuando a ocorrência de infiltrações.

Na Figura 5.4 está presente a respetiva ficha de inspeção, onde se encontram as possíveis

causas, já descritas, bem como o procedimento a adotar para corrigir a anomalia.

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51 | P á g i n a

Ficha de Inspeção

Figura 5.4 - Ficha de Inspeção - Humidade por infiltração junto a janela

Designação da Unidade de Saúde UCSP Santo Condestável Nº

Departamento de Instalações e Equipamentos, DIE

Visual 14 /05 /15

Elemento construtivo

Código de identificação

Descrição

Localização

Possíveis causas

Possíveis consequências

Observações

Gravidade Muito grave Grave X Ligeiro Sem significado

Grau de alteração Muito alterado Alterado X Pouco alterado Não existe

Urgência de atuação X

Procedimentos

Assinatura do Responsável

FICHA DE INSPEÇÃO

Fachada tardoz do edifício. Zona Oeste

Falta de manutenção. Má qualidade dos materiais. Erros de projeto

Humidade por infi ltração

Data da inspeção

Janela

J.1.1

Mau estado do material isolante, e do

material constituinte, dando origem a

problemas de humidade

Fotografia

Método de inspeção

Nome do Inspetor/Técnico

Avaliação da Inspeção

Mau estado de conservação do material

isolanteDesignação

Possível alteração de projeto. Restauração de janelas e colocação de novo isolamento.

Imediata Médio prazo Longo prazo

(2 a 6 meses) (6 a 12 meses) (1 a 5 anos) (Sem Urgência)

Curto prazo

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52 | P á g i n a

Uma outra problemática associada à humidade, prende-se com a existência de terraços. É

importante que, aquando a construção de um terraço, seja respeitada a inclinação mínima

estipulada no RGEU de 1%, para facilitar a drenagem das águas pluviais.

Quando a pendente mínima não é respeitada, existe uma maior dificuldade de escoamento,

aumentando a concentração de água no local, podendo dar origem a fenómenos de humidade

por infiltração ou por capilaridade, como mostram as Figuras 5.5 e 5.6.

Figura 5.5 – Parede junto a porta com manifestações de

humidade - CS Paço De Arcos (Fonte: Autor)

Figura 5.6 - Estado de degradação da parede devido à

humidade por infiltração devido ao terraço - CS Paço De Arcos

(Fonte: Autor)

Da análise visual efetuada ao local representado nas figuras, constatou-se que o estado de

degradação que a fachada atingiu deveu-se à concentração de água no terraço, possivelmente

causada pela fraca pendente, uma vez que os tubos de queda colocados no local se encontravam

em bom estado de conservação e limpeza.

A existência deste terraço não provocou só estragos na parede deste piso, como também deu

origem a patologias no piso inferior, visíveis na Figura 5.7.

Figura 5.7 - Descasque de tinta no teto, devido a humidade por infiltrações derivadas do terraço - CS Paço De Arcos (Fonte:

Autor)

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53 | P á g i n a

Apresenta-se, na Figura 5.8, a respetiva ficha de inspeção.

Ficha de Inspeção

Figura 5.8 - Ficha de Inspeção - Humidade por infiltração terraço

Designação da Unidade de Saúde CS Paço de Arcos Nº

Departamento de Instalações e Equipamentos, DIE

Visual 15 /05 /15

Elemento construtivo

Código de identificação

Descrição

Localização

Possíveis causas

Possíveis consequências

Observações

Gravidade Muito grave Grave X Ligeiro Sem significado

Grau de alteração Muito alterado Alterado X Pouco alterado Não existe

Urgência de atuação X

Procedimentos

Assinatura do Responsável

FICHA DE INSPEÇÃO

Fachada Esquerda.

Erros de projeto - reduzida pendente

Humidade por infi ltração

Data da inspeção

Fachada interior

F.1.1

Descasque do material na fachada

interior, junto a porta, devido a

problemas derivados do terraço.

Fotografia

Método de inspeção

Nome do Inspetor/Técnico

Avaliação da Inspeção

Descasque do material na fachada

interiorDesignação

Aumento da pendente e colocação de mais tubos de queda.

Imediata Médio prazo Longo prazo

(2 a 6 meses) (6 a 12 meses) (1 a 5 anos) (Sem Urgência)

Curto prazo

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54 | P á g i n a

Nas Figuras 5.9 e 5.10 são apresentadas mais tipos de manifestação da humidade, desta vez

presentes numa cave.

Figura 5.9 - Humidade por infiltração no teto de uma cave

- UCSP St Condestável (Fonte: Autor)

Figura 5.10 - Humidade por infiltração no teto de uma

cave - UCSP St Condestável (Fonte: Autor)

Muitas vezes quando os edifícios possuem caves, e principalmente quando se trata de edifícios

antigos, onde os devidos cuidados de impermeabilização não são devidamente implementados,

o solo fica diretamente em contacto com a alvenaria dando origem a graves problemas de

infiltrações. O local em causa já se encontrava num estado avançado de deterioração devido a

graves erros de execução, sendo que a única solução para a resolução deste problema seriam

obras de reabilitação, como está descrito na ficha de inspeção da Figura 5.11.

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55 | P á g i n a

Ficha de Inspeção

Figura 5.11 - Ficha de Inspeção - Humidade por infiltração cave

Designação da Unidade de Saúde UCSP Santo Condestável Nº

Departamento de Instalações e Equipamentos, DIE

Visual 14 /05 /15

Elemento construtivo

Código de identificação

Descrição

Localização

Possíveis causas

Possíveis consequências

Observações

Gravidade Muito grave Grave X Ligeiro Sem significado

Grau de alteração Muito alterado Alterado X Pouco alterado Não existe

Urgência de atuação X

Procedimentos

Assinatura do Responsável

FICHA DE INSPEÇÃO

Cave

Erros de projeto - impermeabilização deficiente

Humidade por infi ltração devido ao contacto direto da alvenaria com o solo

Data da inspeção

Cave

Ca.1.1

Cave em estado de degradação devido a

humidade proviniente do solo

Fotografia

Método de inspeção

Nome do Inspetor/Técnico

Avaliação da Inspeção

Cave com graves manifestações de

humidadeDesignação

Obras de reabilitação no local, com colocação de novas soluções contrutivas de impermeabilização

Imediata Médio prazo Longo prazo

(2 a 6 meses) (6 a 12 meses) (1 a 5 anos) (Sem Urgência)

Curto prazo

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56 | P á g i n a

5.3.2. Obstrução dos tubos de queda

A obstrução dos tubos de queda é um problema grave que impede o escoamento das águas

pluviais, dando origem a infiltrações na estrutura.

Em coberturas planas, os tubos de queda têm uma elevada importância no escoamento das águas

pluviais. Deste modo, é de grande interesse que estes se encontrem devidamente limpos, para

facilitar a drenagem da água.

Das visitas efetuadas às coberturas dos centros em estudo, constatou-se a ação de limpeza não

era realizada com regularidade, dando origem a situações de obstrução de caleiras e tubos de

queda, e a presença de vegetação, como demonstra a Figura 5.12 relativa ao Centro de Saúde

da Lapa, que se apresentava em pior estado de saneamento.

Figura 5.12- Obstrução de caleira com visível presença de

vegetação - UCSP Lapa (Fonte: Autor)

Segundo Figueiredo (2012), a obstrução das embocaduras dos tubos de queda também se deve

à inexistência de ralos sifonados nas mesmas, Figuras 5.13 e 5.14, situação que se agrava

quando a secção do tubo de escoamento das águas pluviais é insuficiente tendo em conta a área

da cobertura e volume de água a escoar.

Figura 5.13 - Pormenor de um ralo de pinha, deslocado do

tubo de queda, totalmente coberto de detritos - UCSP Lapa

(Fonte: Autor)

Figura 5.14 - Tubo de queda sem o respetivo ralo de pinha -

UCSP St Condestável (Fonte: Autor)

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57 | P á g i n a

O ralo de pinha tem como função evitar a acumulação de detritos no interior tubo de queda

facilitando o escoamento. A sua ausência aumenta a probabilidade de acumulação de resíduos

sendo, deste modo, maior a possibilidade de ocorrência de entupimentos.

As figuras descritas acima demonstram duas situações distintas de ausência de proteções dos

tubos de queda. A Figura 5.13 demonstra o resultado da ação dos agentes meteorológicos

associados à falta de limpeza e manutenção, enquanto a Figura 5.14 relaciona-se com erros de

projeto e/ou execução.

Este tema é de elevada importância no âmbito dos planos de manutenção, uma vez que

procedendo a simples ações de limpeza periódicas, serão evitados futuros problemas na

estrutura, como se pode ver na ficha de inspeção apresentada na Figura 5.15.

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58 | P á g i n a

Ficha de inspeção

Figura 5.15 - Ficha de inspeção - obstrução de tubos de queda

Designação da Unidade de Saúde Nº

Departamento de Instalações e Equipamentos, DIE

Visual 21 /04 /2015

Elemento construtivo

Designação

Código de identificação

Descrição

Localização

Possíveis causas

Possíveis consequências

Observações

Gravidade Muito grave X Grave Ligeiro Sem significado

Grau de alteração Muito alterado X Alterado Pouco alterado Não existe

Urgência de atuação X

Procedimentos

Assinatura do Responsável

Avaliação da Inspeção

UCSP Lapa

Limpeza de tubos de queda e colocação de ralos de pinha

Imediata Médio prazo Longo prazo

(2 a 6 meses) (6 a 12 meses) (1 a 5 anos) (Sem Urgência)

Curto prazo

FICHA DE INSPEÇÃO

Toda a cobertura do centro de saúde

Falta de limpeza; Inexistência de ralos de pinha

Acumulação de água na cobertura provocando futuras infi ltrações no interior do edifício

Data da inspeção

Cobertura

Obstrução do tubo de queda

C.1.1

Tubos de queda obstruídos devido a

acumulação de detritos

Fotografia

Método de inspeção

Nome do Inspetor/Técnico

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59 | P á g i n a

5.3.3. Fissuras

As fissuras podem ter diferentes designações, dependendo da sua abertura, podendo ser:

Microfissuras – Caso a largura seja inferior a 0,2 mm;

Fissuras – Quando a abertura varia entre 0,2 e 2 mm;

Fendas ou gretas – Quando a largura é superior a 2 mm.

As possíveis causas de aparecimento deste tipo de patologia são bastante variadas; tanto podem

estar associadas a fenómenos de retração devido à secagem rápida dos materiais, como podem

ser relacionadas com uma execução defeituosa, ou a ações térmicas, deficiências estruturais,

entre outras (Manutenção e Patologias de uma Casa, 2015).

Nas Figuras 5.16, 5.17 e 5.18 podem ser visualizadas diferentes tipos de fissuras, detetadas em

centros de saúde distintos.

Figura 5.16 - Fissura em parede de Alvenaria - UCSP St

Condestável (Fonte: Autor)

Figura 5.17 - Fissura em revestimento cerâmico - UCSP Lapa

(Fonte: Autor)

A microfissura presente na Figura 5.16 foi detetada na cave do centro de saúde de Santo

Condestável, local onde eram visíveis graves problemas de infiltrações provenientes do solo,

como já foi referido num subcapítulo anterior, que deram origem a diferentes tipos de

anomalias, sendo umas delas as fissuras.

Na Figura 5.17 apresenta-se outra fissura em revestimento cerâmico, que foi detetada numa

zona húmida, junto a canalizações. Neste caso, uma das causas pode estar relacionada, também,

com problemas de infiltrações, juntamente com uma má execução associada ao uso de materiais

inadequados para este caso.

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60 | P á g i n a

Nenhum dos casos apresentados acima está associado à falta de manutenção, mas sim a erros

de execução, o mesmo não acontecendo na patologia evidenciada na Figura 5.18.

Figura 5.18 - Fissura em junta de dilatação - CS Oeiras (Fonte: Autor)

A junta de dilatação é uma separação física entre duas partes de uma estrutura cuja presença

serve para que estas partes se possam movimentar sem transmissão de esforços entre elas. Estas

são necessárias ao bom desempenho das paredes [11].

Na visita efetuada, aquando a realização de uma inspeção visual da junta da Figura 5.18,

verificou-se uma perda de elasticidade por parte da mesma. Esta situação faz com que sejam

produzidas tensões na estrutura, que podem ocasionar futuramente, fissuras nas lajes adjacentes

à junta, com a possibilidade de se propagar às vigas e pilares próximos [11].

Este é mais um problema que se associa à falta de manutenção, que pode gerar mais problemas

na estrutura, podendo aumentar cada vez mais a sua gravidade.

A ficha de inspeção da presente patologia é apresentada na Figura 5.19.

Ficha de Inspeção

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Figura 5.19 - Ficha de inspeção - Juntas de dilatação

Designação da Unidade de Saúde CS Oeiras Nº

Departamento de Instalações e Equipamentos, DIE

Visual 15 /05 /15

Elemento construtivo

Código de identificação

Descrição

Localização

Possíveis causas

Possíveis consequências

Observações

Gravidade Muito grave Grave X Ligeiro Sem significado

Grau de alteração Muito alterado Alterado X Pouco alterado Não existe

Urgência de atuação X

Procedimentos

Assinatura do Responsável

Avaliação da Inspeção

Juntas de dilatação com fissuraçãoDesignação

Proceder à reparação das juntas com o material de enchimento estipulado em projeto

Imediata Médio prazo Longo prazo

(2 a 6 meses) (6 a 12 meses) (1 a 5 anos) (Sem Urgência)

Curto prazo

FICHA DE INSPEÇÃO

Fachada interior do 1º piso

Falta de manutenção

Perda de elasticidade por parte da junta, podendo dar origem a possíveis fissuras na laje que

se pode propagar para vigas e pilares próximos

Todas a juntas de dilatação do edifício necessitam de reparação

Data da inspeção

Junta de Dilatação

J.1.1

Junta de dilatação com presença de

fissuração, com material constituinte

em mau estado de conservação

Fotografia

Método de inspeção

Nome do Inspetor/Técnico

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62 | P á g i n a

5.3.4. Descolamento e Empolamento do Material de Revestimento de Fachadas

Este tipo de patologia está associada ao revestimento de fachadas, sendo o descolamento

associado a materiais cerâmicos ou pétreos, e o empolamento a revestimento de pintura.

Para Rhod (2011) as principais causas de descolamentos são:

Descuido da mão-de-obra na preparação da argamassa colante;

Utilização da argamassa, mesmo quando o tempo de abertura estipulado foi excedido;

Uso de técnicas e ferramentas inadequadas;

Pressão de aplicação inadequada;

Infiltração de água;

Contaminação do tardoz da peça por pó.

As principais consequências do descolamento do revestimento cerâmico das fachadas são, para

Bento (2010), as seguintes:

Queda, com elevado perigo de danos humanos e materiais;

Criação de condições para a entrada de grandes quantidades de água para o suporte e

para a interface de colagem, com risco de infiltração para o interior e descolagem

progressiva e acelerada do revestimento;

Degradação do aspeto visual e criação da sensação de insegurança para os utentes.

Relativamente ao empolamento, este surge em materiais plásticos, ou seja tintas, e não põe em

causa da segurança dos utentes, mas pode dar origem a outros problemas na estrutura.

As causas mais comuns do empolamento são [12]:

Infiltração de humidade;

Falta de proteção superior / capeamento de paredes exteriores;

Aplicação de materiais com deficiente permeabilidade ao vapor de água.

Tratando-se de centros de saúde, onde existe uma elevada afluência de pessoas, este tema toma

um grau de elevada importância quando se trata de processos de manutenção. Nas Figuras 5.20

e 5.21 estão representados alguns casos de destacamentos detetados durante as visitas técnicas.

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Figura 5.20 - Descolamento de material cerâmico na

fachada exterior do edifício - CS Paço De Arcos (Fonte:

Autor)

Figura 5.21 - Descolamento de material cerâmico numa

parede interior do edifício - CS Oeiras (Fonte: Autor)

Como foi anteriormente descrito, esta forma de patologia está associada a erros de projeto,

execução ou até à deficiente escolha dos materiais, mas a atividade da manutenção pode ajudar

a prevenir alguns dos casos, podendo transmitir aos utentes uma maior segurança.

Figura 5.22 – Destacamento em parede interior na zona do

teto - UCSP Lapa (Fonte: Autor)

Figura 5.23 - Destacamento em parede interior junto a

janela - UCSP St Condestável (Fonte: Autor)

As situações de destacamento visíveis nas Figuras 5.22 e 5.23 têm a sua possível causa

associada a problemas de infiltrações, uma vez que, no caso da Figura 5.22 a zona de

destacamento se situa numa casa de banho, zona húmida, junto a uma tubagem de água e o

descasque da Figura 5.23 surge junto a uma janela onde eram visíveis graves problemas de

infiltrações devido ao estado de conservação do material isolante, como já foi também descrito

no subcapítulo da Humidade.

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Da análise das duas figuras, pode concluir-se que o caso da Figura 5.22 associa-se a um erro

de projeto ou execução, enquanto o da Figura 5.23 aconteceu por carência de inspeções

periódicas ao local, associadas à inexistência de planos de manutenção.

Na Figura 5.24 é visível uma situação de empolamento que consiste na formação de bolhas,

sem que exista descasque do material de revestimento. A causa desta patologia deveu-se, mais

uma vez, a problemas de infiltrações por se tratar de uma parede junto a uma porta de acesso

ao terraço onde existiam graves problemas de escoamento, como já foi também referido no

subcapítulo da Humidade.

Na Figura 5.25 surge a Ficha de inspeção relativa à patologia de descolamento apresentada na

Figura 5.20, uma vez que as situações de empolamento e destacamento expostas nas Figuras

5.22, 5.23 e 5.24 já terão sido abordadas noutras fichas de inspeção presentes neste documento.

Figura 5.24 - Empolamento em parede interior junto

a porta de acesso ao exterior - CS Paço de Arcos

(Fonte: Autor)

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Ficha de Inspeção

Figura 5.25 - Ficha de Inspeção - Descolamento de material de revestimento

Designação da Unidade de Saúde CS Paço de Arcos Nº

Departamento de Instalações e Equipamentos, DIE

Visual 15 /05 /15

Elemento construtivo

Código de identificação

Descrição

Localização

Possíveis causas

Possíveis consequências

Observações

Gravidade Muito grave Grave X Ligeiro Sem significado

Grau de alteração Muito alterado Alterado X Pouco alterado Não existe

Urgência de atuação X

Procedimentos

Assinatura do Responsável

Avaliação da Inspeção

Descolamento do material do

revestimentoDesignação

Proceder a obras de reabilitação do local, prevendo uma alteração dos materias estabelecidos em projeto

Imediata Médio prazo Longo prazo

(2 a 6 meses) (6 a 12 meses) (1 a 5 anos) (Sem Urgência)

Curto prazo

FICHA DE INSPEÇÃO

Fachada exterior

Erros de projeto associados à má escolha do material de revestimento ou de acentamento

Acidentes originados pela queda do cerâmico; Aumento da probabilidade de infi ltrações

devido à entrada de água

Data da inspeção

Fachada exterior

F.1.1

Descolamento do material cerâmico de

revestimento exterior

Fotografia

Método de inspeção

Nome do Inspetor/Técnico

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6. Conclusões

6.1. Conclusões Gerais

Da presente dissertação pode concluir-se que o tema da manutenção, apesar de ser um tema

muito abordado nos dias de hoje, e que surge associado à conservação de edifícios, ainda não

está a ser implementado no nosso país, com o sucesso que era esperado.

Como se verificou, os centros de saúde alvos de inspeção durante a realização do Trabalho

Final de Mestrado apresentavam diversos problemas associados à escassez de inspeções

periódicas, levando a estados de degradação muito severos.

Toda esta problemática envolveu custos acrescidos e paragens nos serviços sempre que alguma

patologia mais grave se manifestou.

De modo a evitar estes e outros problemas, serve a presente dissertação também para

sensibilizar para a importância da manutenção nos edifícios, associados a um bom plano de

manutenção.

É importante salientar que, devido à constante evolução associada às exigências das populações,

ou às características dos materiais empregues, os edifícios devem sempre conseguir

corresponder aos padrões de qualidade dos utentes. Para tal, é necessário que, muitas das vezes

a manutenção surja acompanhada de ações de reabilitação de modo a satisfazer sempre as

exigências dos utentes, e a desenvolver os padrões de qualidade.

6.2. Dificuldades Sentidas

Como já foi abordado, para proceder à elaboração da presente dissertação foi realizado um

estágio curricular que consistia em realizar diversas visitas técnicas aos centros de saúde, com

o objetivo de recolher o maior número de elementos fotográficos das patologias e expor num

relatório, para proceder à sua análise posterior.

Mas, devido a fatores alheios, o estágio terminou antes do tempo previsto, e as visitas técnicas

que se perspetivavam, não foram integralmente realizadas.

Assim, a principal dificuldade encontrada surgiu quando toda a informação recolhida, que seria

destinada a um relatório de estágio, teve de ser analisada e adaptada a uma dissertação.

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Uma outra dificuldade prendeu-se com o facto de possuir poucos elementos fotográficos que

justificassem a escolha de determinadas patologias, tendo, por esse o motivo, abdicado de

abordar alguns tópicos que, na minha perspetiva, também seriam importantes.

6.3. Desenvolvimentos Futuros

No âmbito do tema da manutenção, foi possível verificar a ausência de alguns estudos que

poderiam enriquecer mais este tema, tais como:

Desenvolvimento de um programa informático para elaboração de um plano de

manutenção – Com a existência deste programa, poderia poupar-se tempo, e as

alterações do mesmo seriam mais facilitadas, diminuindo a probabilidade de erros;

Estudo comparativo entre a manutenção preventiva e a corretiva – Este estudo

pretenderia demonstrar que, talvez em algumas situações, a escolha do tipo de

manutenção pode implicar menos custos em comparação com o outro tipo de

manutenção.

Também seria de grande interesse, no âmbito da presente dissertação, proceder à elaboração da

proposta de concurso para a introdução dos planos de manutenção nos centros de saúde, isto é,

proceder à elaboração do caderno de encargos, listagem de preços unitários e projetos.

Adicionalmente, e como complemento de gestão da manutenção por meios informáticos, com

base na utilização de software adequado, é de propor o estudo da instalação de sistemas que

correntemente se designam por “building intelligence” e que permitem monitorizar o estado de

todos os sistemas instalados nos edifícios e atuar remotamente sobre esses sistemas. Reveste-

se de primordial relevância conhecer e atuar sobre a climatização, os quadros elétricos, os

sensores de movimento, a deteção de incêndios, a intrusão, o controlo de acessos, entre outros).

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73 | P á g i n a

Anexos

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Índice de Anexos

Anexo I – Plano de Manutenção de Coberturas Inclinadas;

Anexo II – Plano de Manutenção de Coberturas Planas;

Anexo III – Plano de Manutenção de Revestimentos de Piso;

Anexo IV – Plano de Manutenção de Revestimentos de Fachadas;

Anexo V – Plano de Manutenção de Portas e Janelas;

Anexo VI – Plano de Manutenção de Rede de Abastecimento de Águas;

Anexo VII – Plano de Manutenção de Rede de Drenagem de Águas;

Anexo VIII – Plano de Manutenção de Equipamentos Sanitários;

Anexo IX – Plano de Manutenção de Instalações de Segurança;

Anexo X – Plano de Manutenção de Instalações Elétricas Gerais;

Anexo XI – Plano de Manutenção de Instalações Elétricas Especiais;

Anexo XII – Plano de Manutenção de Instalações de HVAC;

Anexo XIII – Plano de Manutenção de Rede de Combate a Incêndio;

Anexo XIV – Plano de Manutenção de Diversos.