instituto superior de educaÇÃo do vale do...
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INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA-AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM MOTRICIDADE HUMANA E RECREAÇÃO COM ÊNFASE
EM EDUCAÇÃO INFANTIL
A PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DA CAPOEIRA E CONTRIBUIÇÃO PARA
APLICAÇÃO DA LEI 10639/03 NO ENSINO FUNDAMENTAL SÉRIES INICIAIS
CÉLIO DA CUNHA CARVALHO
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.
ARAPUTANGA/2012
INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA-AJES
ESPECIALIZAÇÃO EM MOTRICIDADE HUMANA E RECREAÇÃO COM ÊNFASE
EM EDUCAÇÃO INFANTIL
A PSICOMOTRICIDADE ATRAVÉS DA CAPOEIRA E CONTRIBUIÇÃO PARA
APLICAÇÃO DA LEI 10639/03 NO ENSINO FUNDAMENTAL SÉRIES INICIAIS
CÉLIO DA CUNHA CARVALHO
Orientador: Prof. Ilso Fernandes do Carmo.
“Monografia apresentada como exigência parcial para a obtenção do título de Especialização em Motricidade Humana e Recreação com ênfase em Educação Infantil.”
ARAPUTANGA/2012
Dedico este trabalho primeiramente a Deus por ter dado força para que eu continuasse quando tive vontade de parar enfrentando os obstáculo pelo caminho
AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado coragem e capacidade de
chegar ate este momento superando todas as dificuldades encontradas no caminho.
Agradeço a minha querida amiga Ana Paula Batista da Silva que me
incentivou a continuar quando a vontade era de parar que me mostrou o caminho a
prosseguir que acreditou em mim quando muitos já tinham desacreditado
Também agradeço meu amigo irmão camarada Claudio Alves de Souza por
ter me ajudado muitas das vezes na graduação e agora na pós graduação seu pai
salvador e dona lda seu irmão Josmar que eu tenho como minha família por sempre
esta do meu lado nos momentos de tribulações
Ao meu pai João Borges Carvalho por ser um homem humilde e de sábias
palavras.
Aos funcionários da escola Rodolfo Trechaud Curvo de Araputanga-MT
principalmente a diretora Lindinalva de Souza Andrade pela a compreensão e
apoio nos momentos de tribulações.
Eu não sou a felicidade, mas tento fazer todos a minha volta feliz
Não sou o amor, mas tento amar a todos a minha volta
Não sou a alegria, mas tento fazer sorrir aquele que está chorando
Quem sou eu sou o Célio um cara como todos os outros cheios de erros e acertos, mas que tenta errar o menos possível e que está sempre pronto para ajudar um amigo ª
Célio da Cunha Carvalho
RESUMO
A capoeira apesar de ser reconhecida como desporto brasileiro não tem seu
espaço garantido nas escolas públicas. A Lei 10.639/2003 tornou obrigatório o
ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de ensino
oficiais e particulares brasileiros. A partir destes entendimentos seguiu a
necessidade de pesquisar o tema fazendo um estudo de caráter descritivo-
exploratório que exigiu a aplicação de 10 sessões de aula com nove escolares do 5º
ano do Ensino Fundamental. Como instrumentos da pesquisa aplicaram-se matriz
de observação das aulas de capoeira, questionário e entrevista semi-estruturada
com a equipe pedagógica da escola-campo. Percebeu-se que a escola contempla o
ensino dos conhecimentos da cultura Afro-Brasileira atendendo a Lei 10639/03, por
meio de projeto coletivo, desenvolvido de forma interdisciplinar, a partir da
adequação dos temas aos currículos específicos de cada área, principalmente,
História, Língua Portuguesa e Educação Física. As estratégicas metodológicas são
diversificadas incluindo: leituras, pesquisas, documentários, dinâmicas, debates,
comemorações de apresentações culturais. Os escolares disseram compreender
que a capoeira faz parte da cultura Afro-Brasileira. As observações das intervenções
realizadas na pesquisa mostram que os escolares não conheciam os elementos
característicos da capoeira como músicas, instrumentos musicas, movimentos
corporais (golpes, ritmo, expressão, ginga, entre outros) evidenciando a importância
do trabalho desse conteúdo nas aulas de Educação Física de forma mais profunda e
constante. Como resultado das intervenções identificou-se que os escolares
desenvolveram a compreensão da capoeira como dança cultura, luta e esporte. De
forma geral, a pesquisa aponta a importância do ensino da capoeira na escola como
uma possibilidade de educação cultural por meio do corpo em movimento chamada
de psicomotricidade humana.
PALAVRAS-CHAVE: Lei 10.639/2003. Educação Física Escolar, Capoeira e
psicomotricidade .
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..........................................................................................................07
1. CAPÍTULO I METODOLOGIA DA PESQUISA...............................................09
2. CAPÍTULO I I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...............................................12
3. CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO
DOS RESULTADOS..................................................................................................14
CONCLUSÃO .........................................................................................................26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................28
ANEXOS.....................................................................................................................31
INTRODUÇÃO
Está pesquisa tem o papel de investigar a capoeira e sua influência na
aplicação da lei 10639/03 e os desenvolvimento da psicomotrissidade dos escolares
no ensino fundamental nas séries iniciais . A capoeira nos ambientes escolares pode
ser desenvolvida como momentos de aulas recreativas e práticas esportivas.
De acordo com SANTANA (2010), a lei 10639/03 trata da obrigatoriedade do
ensino da cultura afro brasileira na escola na extensão do ensino fundamental e
ensino médio, possibilitando que mantenha vivas as identidades originais da cultura
Afro-Brasileira.
A Psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, porque
o indivíduo utiliza seu corpo para demonstrar o que sente de acordo com FONSECA
(1988), a "PSICOMOTRICIDADE" é atualmente concebida como a integração
superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança. Na
Educação da criança busca-se experiências em seu próprio corpo, formando
conceitos e organizando o esquema corporal. A abordagem da Psicomotricidade irá
permitir a compreensão da forma como a criança toma consciência do seu corpo e
das possibilidades de se expressar por meio desse corpo, localizando-se no tempo e
no espaço. O movimento humano é construído em função de um objetivo. A partir de
uma intenção como expressividade íntima, o movimento transforma-se em
comportamento significante. É necessário que toda criança passe por todas as
etapas em seu desenvolvimento. Por meio de jogos, de atividades lúdicas, se
conscientize sobre seu corpo. Através da recreação a criança desenvolve suas
aptidões perceptivas como meio de ajustamento do comportamento psicomotor.
Neste sentido, a presente pesquisa procurou investigar o seguinte problema:
Qual a opinião dos escolares, professores e Coordenação Pedagógica sobre
capoeira e cultura Afro-Brasileira?
Como objetivo geral procurou analisar a opinião dos escolares, professores e
Coordenação Pedagógica sobre capoeira e cultura Afro-Brasileira. E como objetivos
específicos: investigar a base documental do conteúdo afro-brasileiro na Escola com
Projeto Político Pedagógico e planejamento dos professores; averiguar o
conhecimento dos escolares com relação a cultura Afro-Brasileira e a capoeira.;
verificar a aceitação dos escolares pela prática da capoeira e o que aprenderam
sobre o tema cultura Afro-Brasileira. Esta pesquisa terá 3 capítulos, no capitulo I será
apresentado toda a metodologia adotada na pesquisa em questão, no capitulo II será
abordada a fundamentação teórica da metodologia e no capítulo III será feita a
análise e discussão de dados.
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CAPÍTULO I
METODOLOGIA DA PESQUISA
Esta monografia caracteriza-se como descritiva-exploratória. Na concepção
de MATTOS, ROSSETTO JÚNIOR e BLECHER (2008, p. 35), a pesquisa descritiva
procura interpretar a realidade sem interferência em seu objetivo à descrição das
características de um fenômeno. A pesquisa exploratória tem como objetivo
proporcionar ao pesquisador um maior conhecimento com o problema em estudo
com desenvolvimento e esclarecimento, definindo objetivos.
Foram considerados participantes 09 escolares da 4º série que corresponde
a 5º ano do Ensino Fundamental e os professores da disciplina de Educação Física,
coordenadora pedagógica e professores de Português, Matemática, Ciências e
História de uma escola da rede municipal de ensino de Araputanga-MT.
Como instrumentos, foram utilizados: um questionário (APÊNDICE A) com
duas questões do tipo aberta e quatro do tipo fechada e aberta, aplicado antes da
realização de aulas de Capoeira; entrevista semi-estruturada, aplicado aos escolares
após aulas. (APÊNDICE B); questionário com questões do tipo aberto e fechado para
os professores (APENDICES C e D). Os instrumentos foram validados por
profissionais da área.
Para a coleta de dados adotou-se os seguintes procedimentos:
encaminhamento Termo de consentimento livre esclarecido aos pais ou responsáveis
pelos escolares (ANEXO A), bem como do Termo consentimento para fotografias,
filmagem e gravações de voz (ANEXO B).
Após obtenção dos consentimentos, analise dos documentos aplicou-se
entrevistas com a coordenadora pedagógica, questionário com os professores e na
seqüência foi observado sistemáticamente e feito anotações sobre o comportamento
e preferências dos escolares em seguida foram aplicadas 10 (dez) aulas de capoeira
durante duas semanas. Todas as aulas foram ministradas com músicas de capoeira
o que facilitou o aprendizado do tema proposto como mostra figura abaixo.
Figura 1 aulas de capoeira com escolares na pesquisa
Na primeira aula foi aplicado o questionário com os escolares e na seqüência
aplicou-se uma dinâmica: “Pergunte que eu respondo” foi deixado livre para
perguntarem o que quisessem. Em seguida, foram misturadas todas as perguntas e
entregues para que respondessem as perguntas dos colegas. Mesmo a pergunta não
ter sido feita a uma determinada pessoa, esta deveria respondê-la como se fosse a
ela. Deu-se o início a parte principal da dinâmica: um ler a pergunta e o colega do
lado ler sua resposta. Todos sorriram bastante, pois a brincadeira tem este objetivo.
Após fazer a dinâmica, foram escolhidas algumas das perguntas que apareceram na
brincadeira. Foi feito uma reflexão sobre as perguntas. A partir daí deu-se início ao
tema cultura afro-brasileiro e a lei 10639/03.
Na segunda aula foi passado para os escolares, um filme chamado besouro.
Ao término da aula foi feito uma reflexão com os alunos e avaliação. Da terceira aula
até a oitava aula foram trabalhados com os escolares os fundamentos teóricos e
práticos da capoeira, usando os instrumentos musicais da capoeira como berimbau,
pandeiro e atabaque e músicas de capoeira relacionada com a escravidão no Brasil e
Educação. No nono dia de aula foi planejado com os escolares, um teatro para ser
apresentado para a escola com o tema A cultura Afro-brasileira, já que a escola iria
reunir os escolares para cantar o Hino Nacional.
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No décimo dia, foi apresentado a todos os professores e alunos da escola um
teatro sobre a cultura Afro-Brasileira utilizado-se da psicomotrisidade através da
capoeira, obtendo assim, as informações necessárias para a pesquisa obedecendo a
uma concepção sociabilizadora de formação e possibilitando a consciência para
emancipar a formação fundada na pesquisa sobre a prática pedagógica da capoeira
possibilitando refletir ininterruptamente sua ação.
Os resultados foram analisados a partir de uma abordagem qualitativa pois,
os dados coletados têm suas informações interpretadas e analisadas, além disso, é
útil em situações que envolvam o desenvolvimento e aperfeiçoamento de novas
idéias. Nos padrões de respostas. Ela determina quais idéias geram uma forte reação
emocional. (MATTOS, ROSSETTO JÚNIOR e BLECHER, 2008 p. 35)
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CAPÍTULO I I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Capoeira, segundo OLIVEIRA (2007), nasceu em solo brasileiro criado
pelos negros escravizados no Brasil. A capoeira do século XX, já reflete nome de
dois grandes capoeiristas mestres, “Vicente Ferreira Pastinha (o Mestre Pastinha), e
Manoel dos Reis Machado (o Mestre Bimba)” mestre pastinha defendeu a capoeira
de Angola e mestre bimba que criou a capoeira regional da Bahia. A capoeira esteve
proibida no Brasil até 1932. Mestre bimba passou a ensinar a capoeira em regime
fechado ganhando assim um registro de sua academia sendo valorizado por vários
segmentos da sociedade. “Atualmente os Mestres Pastinha e Bimba são referências
para a grande maioria dos capoeiras.” (OLIVEIRA, 2007, p.28). Mestre Bimba foi o
primeiro mestre de capoeira a receber um título de doutor Honoris Causa concedido
pela Universidade Federal da Bahia em 1996, após sua morte. (SILVA 2004, p. 203)
SILVA et al (2010), enfatiza que a capoeira tem cada vez mais se
aproximado da escola através de atividade extracurriculares por meio de
apresentações em datas comemorativas entre outros meios e algumas vezes
aparece nas aulas de educação física a musicalidade da capoeira, e o ritmo é muito
importante para o desenvolvimento da criança, pois possui movimentos corporais
variáveis que ajudam as crianças a desenvolver e vivenciar sua capacidade
psicomotora.
De acordo com DARIDO (2005), a Capoeira tem conquistado espaços em
todo o mundo. Por ser uma arte que ensina ritmo e faz parte da cultura afro
descendente a capoeira traz benefícios para as crianças. O conteúdo aplicado
através da capoeira está de acordo com a abordagem construtivista que busca o
autoconhecimento do aluno. Acapoeira é componente da cultura afro-brasileira é
reconhecida como desporto brasileiro, pode ser integrante do projeto político
pedagógico das escolas, todavia, algumas instituições escolares ainda desconhecem
a influência do papel da capoeira em relação ao componente ensino aprendizagem
da cultura Afro-Brasileira, portanto torna-se necessário um posicionamento mais
critico e esclarecedor sobre a capoeira no ensino fundamental nas séries iniciais.
No desenvolvimento da Capoeira utilizam-se instrumentos musicais e
canções que na maioria das vezes retrata a cultura Afro-Brasileira, fazendo com que
o aluno desenvolva um ritmo próprio, aprendendo a tocar instrumentos da Capoeira,
a jogar e cantar em público. Isso ajuda a criança tornar-se menos desinibida,
aumentando sua capacidade de aprendizado. A educação física escolar tem que
tonar a capoeira como um tema de obrigação a ser trabalhada na disciplina.
De acordo com SOARES et al (1992), a Educação Física deve fomentar o
conhecimento do aluno sobre a cultura corporal, atender o contexto de lazer e
sociabilidade, para que o aluno tenha um desenvolvimento completo e adequado, já
na segunda fase do segundo ciclo que corresponde, 4ª, 5ª e 6ª séries. É o ciclo de
iniciação e a sistematização do conhecimento. Nele o aluno deve aprender sobre sua
atividade mental.
De acordo com SILVA (2008), é importante salientar que as práticas de
atividades físicas ou exercícios físicos, possuem expressividade por meio de sua
vivência individual e coletiva, pois o ser humano produz a possibilidade de
comunicação através de gestos, através das lutas, é possível contribuir com a
disciplina de educação física e também realizar trabalhos interdisciplinares para que
o aluno fique em contato com a história e culturas diferentes, assim, possibilitando a
vivencia de movimentos novos no intuito de enriquecer a sua cultura corporal.
De acordo com os PCNs (BRASIL, 1998, p.70), é relevante dizer que as
práticas da capoeira possuem expressividade e ritmo, quando se fala em ataque e
defesa. A luta tem a função de punir ações de brigas e deslealdades. A Capoeira,
não somente esta envolvida na história do Brasil, como também desempenha um
papel importante no desenvolvimento do aspecto motor do aluno e também o
cognitivo e sócio-afetivo.
A prática da Capoeira tem assumido um caráter disciplinador fora da rotina
escolar e para que ela possa fazer parte da Educação Física ou em outra disciplina
produzido instrumentos pedagógicos, é preciso que o professor saiba a importância
da sua capacitação e aperfeiçoamento de seu conhecimento na área da capoeira e
que os escolares do ensino fundamental séries iniciais, entendam a prática da
capoeira como instrumento da cultura Afro-Brasileira.
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CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Nesta apresentação serão abordados e discutidos os dados coletados na
Escola Municipal Rodolfo Trechaud Curvo de Araputanga-MT que teve como foco
principal verificar a contribuição da capoeira para aplicar a lei 10639/03 no ensino
fundamental.
Figura 2 fachada da escola Rodolfo
A coleta de dados iniciou-se através de analise do projeto político pedagógico
da escola que aponta que a escola está comprometida com o ensino da cultura afro-
brasileira após entrevistamos a coordenadora pedagógica, Quando foram discutidas
duas questões relacionadas à Cultura – Afro-Brasileira e sua relação com o projeto
político pedagógico da Escola Municipal Rodolfo Trechaud Curvo de Araputanga-MT.
O relato sobre o tema está apresentado a seguir:
“Sim, por causa da lei... E ela faz parte da grade curricular da escola... E
também esta inserida na LDEB.” - [sic] - (Sujeito – 1)
Como o tema cultura Afro-Brasileira é desenvolvido pelos professores nas
suas disciplinas.
“Este tema é desenvolvido com os alunos no dia a dia... E temos um projeto
desde o ano passado... Temos um projeto da escola onde está inserido o tema e os
professores trabalham com ele em sala de aula.” -[sic] - (Sujeito – 1)
Os resultados revelados mostram que há uma preocupação da coordenação
pedagógica da escola com o tema cultura Afro-Brasileira e é possível perceber
através da resposta da mesma que há um projeto da escola propondo um trabalho
interdisciplinar, pois através deste conhecimento a cultura afro-brasileira poderá ser
entendida e assim permanecer continuamente viva na memória brasileira, as escolas,
já se envolvem com o tema e está com a preocupação de atender a lei 10639/03 lei
que trata a obrigatoriedade de implantar a cultura Afro-Brasileira no currículo escolar.
Em busca de maior compreensão dos resultados procurou-se as duas
professoras que atuam na disciplina de Historia, Português, Matemática e Ciência,
com duas questões sendo uma relacionada à cultura Afro-Brasileira,e outra ao
planejamento da disciplina vejamos as respostas a seguir:
O tema Cultura Afro-Brasileira está inserido no planejamento anual de sua
disciplina.
“Sim, porque é importante refletir sobre a importância de se valorizar a
cultura africana e incluí-la nas aulas. Por isso, não basta somente abordar o tema no
dia da consciência negra de forma superficial, mas, é preciso trabalhar a formação
do individuo, seus conceitos e valores.” [Sic] – (Sujeito – 2)
“Sim, é de suma importância o trabalho com a diversidade.” [Sic] – (Sujeito –
3)
Assim questionou-se de que forma é trabalhado este tema nas suas aulas
veijamos a seguir.
“Aproveitando as datas comemorativas leituras, documentários, dinâmicas,
pesquisas, constituição federal.” [Sic] – (Sujeito – 2)
“Conversas informais, leituras sobre o tema, pesquisas, debates, aulas de
vídeo, músicas, textos verbais e não verbais e outros.” [Sic] – (Sujeito – 3)
Podemos perceber diante do relato que é desenvolvido em diversos
momentos os conteúdos relacionados à cultura afro–brasileira, tendo em vista a
necessidade deste conteúdo a ser aplicado e desenvolvido nas diversas disciplinas
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para que os escolares façam uma ligação entre a teoria e posteriormente a prática
nas aulas de Educação Física, havendo assim, uma interdisciplinaridade. De acordo
com DARIDO (2005), a escola deve ter momentos inovadores de auto-valorização da
cultura no que diz respeito às diversificações e implicações diretas no
desenvolvimento motor e cognitivo do aluno. De acordo com os sujeitos acima
citados, a cultura Afro-Brasileira esta sendo desenvolvida na escola de acordo com a
Lei das Diretrizes e Bases (LDB). Ainda em busca de um maior entendimento,
questionamos os dois professores de educação física com duas questões a quais as
respostas aparecem a seguir.
O tema Cultura Afro-Brasileira está inserido no planejamento anual de
Educação Física.
“Sim, de acordo com a lei 10639/03 onde o tema é obrigatório, o ensino da
cultura afro-brasileira na educação básica a educação física como componente
curricular obrigatório, teve que se adequar a está nova modalidade onde o
ensinamento das brincadeiras já estava inserido dentro deste contexto.” [Sic]-
(Sujeito – 4)
“Não, porque comecei há pouco tempo nesta instituição e não tive acesso ao
plano do antigo professor” [Sic] - (Sujeito – 5)
Podemos perceber através da resposta do professor de educação física que
atuou na escola até o semestre passado, que ele estava trabalhando o tema cultura
Afro-Brasileira, de acordo com projeto apresentado pela coordenadora pedagógica da
escola. Questionamos ainda de que forma trabalha este tema nas aulas de
Educação Física e qual ou quais conteúdos da cultura corporal de movimento você
aborda este tema.
“A coordenação pedagógica junto a direção desenvolveu um projeto
interdisciplinar onde cada disciplina fica responsável de adequar-se a este conteúdo
nas suas respectivas áreas onde a educação física por sua vez fica responsável
pelo resgate das brincadeiras da cultura afro e manifestações artísticas, como dança
e outras coisas dentro do contexto no final do projeto e realizado uma noite cultural
afro- brasileira onde são mostrados todos os trabalhos.” [Sic] - (Sujeito – 4)
“Como falei na pergunta anterior, comecei nesta instituição há pouco tempo,
trabalhava em outra área da educação física, portanto, não tive tempo para
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desenvolver este tema, mas pretendo sim, pois faz parte de nossa cultura e
abordarei através da dança e lutas.” [Sic]- ( Sujeito – 5)
Percebe-se também através da resposta da professora que atua na
Educação Física escola que ela não trabalha o tema por não ter tido acesso ao plano
de ensino do professor, mas deixa a entender que irá atender às expectativas da
escola a respeito do tema cultura Afro-Brasileira.
De acordo com SANTANA (2010), a escola tem que assumir a
responsabilidade, de implantar a lei 10639/03, que tem como objetivo proporcionar a
reflexão e conhecimento sobre a cultura Afro-Brasileira, só que ROCHA (2006),
salienta que esta Lei 10639/03, não é uma lei transitória, mas sim, permanente e esta
Lei faz parte de uma política de ações afirmativas. No foco da lei não se deve
beneficiar somente a sociedade negra, mas sim toda a população que dela precisar.
O professor de educação física ao iniciar suas atividades numa escola, deve colocar
este tema no seu planejamento. Pois quando o professor não tem um plano de
ensino coerente, os alunos ficam sem vivência do tema na educação física.
De acordo com os sujeitos do corpo docente, a cultura Afro-Brasileira está
inserida na proposta de ensino da escola municipal e é trabalhada de forma
interdisciplinar.
De acordo com, SOARES (2010) a prática pedagógica interdisciplinar dos
professores nada mais é, que um contexto de integração entre disciplina. Seria uma
interdisciplinaridade para pensar, discutir e adequar os temas para chegar a um
conceito, possibilitando pensar e perceber as perspectivas de educar.
Quando falamos de interdisciplinaridade é preocupante, pois há sempre a
possibilidade de um professor ficar na acolhida esperando que o outro tome a
iniciativa. Fundamentado nos relatos acima citados podemos entender que a
proposta do tema já foi aceita pela educação física no passado, mas no momento
esta sendo deixado para o futuro.
Para maior compreensão de como está sendo o entendimento dos escolares
a respeito do tema cultura afro-brasileiro foram questionados, os nove escolares
sobre o que é capoeira e houve diversidade de resposta, onde três escolares
responderam que é cultura Afro-Brasileira, dois esporte, e outros acreditam ser
dança, luta, lazer e brincadeira. Algumas das respostas podem ser vistas a abaixo.
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O que é capoeira.
“É uma aula onde aprendemos as culturas do Brasil”. [Sic]- (Sujeito – 6)
“É uma aula esportiva para todos e também um esporte da cultura afro-
brasileira”. [Sic]- ( Sujeito – 12)
De acordo com GIL e MATHIAS (2005), é normal que as crianças tenham
diversos entendimentos sobre o que é capoeira. Se for perguntar para um músico, ele
levará em consideração mais o lado musical da capoeira, o professor pode entender
como cultura Afro-Brasileira ou movimentos corporais, se perguntarmos a um
bailarino ele dirá que é dança, se for um lutador dirá que é luta, se for um atleta dirá
um esporte, um escritor pode dizer que é um poema, são amplos os campos de
entendimento da capoeira. É normal que uma criança entenda como brincadeira,
dança esporte e dentre outras práticas. De uma forma indireta a capoeira
corresponde a todos estes aspectos podendo ser até mais ampla, tudo depende do
ponto de vista que o sujeito tenha sobre o assunto.
SOARES et al (1992), salienta o sentido da capoeira de uma maneira
globalizada e simplificada, muitas vezes enfatizando que
seus gestos, hoje esportivizados e codificados em muitas "escolas" de capoeira, no passado significaram saudade da terra e da liberdade perdida: desejo velado de reconquista da liberdade que tinha como armas apenas o próprio corpo. (p. 76).
Foram perguntadas ainda para os nove escolares, que tipo de pessoa pratica
capoeira e as respostas foram diversificadas sendo que três escolares responderam
que é homem e mulher, dois uma pessoa honesta e as demais responderam que são
pessoas bondosas, que entendem de cultura Afro-Brasileira, uma pessoa diferente é
uma pessoa que aprende mais, algumas das respostas esta a seguir.
Na opinião dos escolares que tipo de pessoa pratica capoeira.
“É tanto para homem como também para mulher” [Sic]- ( Sujeito – 14)
“Uma pessoa honesta e mais legal do que era” [Sic] – (Sujeito – 7)
De acordo com PIRES (1996). Quando paramos e pensamos que tipo de
pessoas pratica capoeira, temos que voltar ao tempo da escravidão no Brasil e
verificarmos quem praticava capoeira naquela época. Segundo os historiadores eram
os negros escravos, e depois da abolição continuou por muito tempo ainda sendo os
negros, que eram nomeados como bandidos, baderneiros, malandros.
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De acordo com o decreto de lei 487 de onze de outubro de 1890 de autoria
de Sampaio Ferraz, um capoeirista poderia pegar de dois a seis meses de prisão se
fosse pego jogando capoeira, caracterizando assim o capoeirista como um fora da lei.
Depois de 1932 a capoeira passa a ser praticada por homens e mulheres sem
distinção de cor, como é até os dias de hoje praticada em vários continentes. Não
podemos então classificar quem pratica ou não a capoeira, percebe-se que quem
tenta classificá-la desconhece a sua importância no contexto sócio-cultural, portanto
nos dias de hoje basta querer ou não querer praticá-la, a opção é individual e
independe do gênero ou da etnia.
Ao perguntarmos aos escolares se algum professor já ensinou para eles
sobre a cultura Afro-Brasileira sim ou não, se sim, professor de que disciplina dos
nove escolares, seis responderam que sim e três que não, dos seis que responderam
que sim, cinco disseram que aprenderam com a professora de história e outro com
professor de capoeira, sendo apresentadas algumas respostas abaixo.
“Sim, na sala de aula com os professores” [Sic] – ( Sujeito – 8 )
“Sim, na escola” [Sic] – ( Sujeito – 12 )
Foi percebido que em nenhum momento os escolares citam os professores
de educação física como mediadores do conhecimento.
De acordo com SOARES et al (1992), o professor de educação física deverá
ter o cuidado de organizar o conteúdo fazendo uma ligação perfeita entre a teoria e a
prática, pois muitas vezes o conteúdo realmente foi aplicado na prática, porém os
escolares não conseguem perceber que essa prática age conjuntamente com a
teoria. Quando os escolares conseguem ligar teoria com prática, certamente os
conteúdos serão melhores compreendidos.
Quando foram questionados os nove escolares se eles já ouviram falar
sobre cultura Afro-Brasileira se sim, onde aprendeu responderam das seguintes
formas: seis disseram que sim, três que não, dos seis que disseram sim, três ouviram
falar na escola, dois em apresentação cultural na praça e um na escolinha de
capoeira; algumas respostas podem ser vistas no quadro 11 a seguir.
“sim, na escola que a cultura afro-brasileira faz parte da capoeira” [Sic] – (
Sujeito – 6 )
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“sim, eu aprendi em uma festa na praça da cidade, é uma cultura brasileira”
[Sic] – ( Sujeito – 7 )
De acordo com SILVA (2007), a relação social, racial, faz parte da vida dos
seres humanos, tanto em uma vivência direta ou por experiência de terceiros,
podendo ser percebido através de apresentações culturais. Ao analisar a fala dos
sujeitos acima percebeu-se que a maioria já havia ouvido falar sobre a cultura Afro-
Brasileira em lugares como escola e praça. É notório a seriedade do aprendizado da
cultura afro em diversos ambientes, porém percebemos que a escola ainda é o
melhor lugar para se trabalhar estes conceitos, numa perspectiva educacional de
formação do sujeito.
Foi Questionado aos escolares se, eles praticam ou já praticaram capoeira,
sim ou não e por que, Cinco dos sujeitos disseram que sim quatro que não, dos que
responderão sim apenas três responderam o porquê, dois disseram que é legal e um
disse que porque ficou interessado, dos quatro que disseram não apenas um
respondeu o porquê, disse que é porque não sabe aonde ensina, algumas destas
respostas poderão ser observadas no quadro 12 abaixo.
“Sim, porque eu gosto e acho que é muito legal” [Sic] – (Sujeito – 6)
“Não, porque eu não sei aonde eles ensinam” [Sic] – (Sujeito – 7 )
“sim, porque eu acho legal de praticar” [Sic] – (Sujeito – 14 )
De acordo com SOUZA (2001), com a aprovação da nova (LDB) da
Educação, a educação básica brasileira teve novas e significativas adequações às
instituições de ensino como escolas, a Educação Física em especial, passou a ser
valorizada e reconhecida como componente curricular, tão almejada e esperada, há
muito tempo pelos professores de educação física. Cabe ao professor de Educação
Física, a participação nas propostas e elaboração de um bom planejamento das
atividades escolares, visando uma interação séria e compromissada na sua atuação
na escola.
A capoeira é uma arte que só traz benefício para as crianças como
lateralidade, flexibilidade, coordenação motora, noções de equilíbrio, dinâmica, ritmo
e força; tendo assim que ser mais explorada na escola pelo professor de educação
física.
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Foram aplicadas dez aulas para os escolares envolvidos na pesquisa a aula
de número um, na parte principal foi desenvolvida através de uma atividade chamada
pergunta que eu respondo: Onde o escolar poderia fazer uma pergunta para qualquer
um, sem citar o nome, as perguntas foram distribuídas para os sujeitos responderem,
logo após foi misturado e entregue para todos os escolares uma pergunta
respondida, onde um faria a pergunta e o outro daria a resposta, a atividade era
dinâmica todos se divertiram.
Dessa forma eles responderiam a pergunta que foi feita a alguém da turma
de forma distorcida, após a atividade foi escolhida algumas perguntas e questionado
como você se sentiria se esta pergunta fosse feita a você. O debate foi grande, pois
havia perguntas preconceituosas que durante a atividade não foram percebidas pelos
sujeitos. Algumas das perguntas e respostas realizadas pelos escolares na atividade
“Pergunta que eu respondo”, são apresentadas no quadro 01 a seguir e também no
(Anexo E).
Quadro 01 – Perguntas realizadas pelos escolares na atividade “Pergunta que eu respondo!”
Sujeito
entrevistado
Perguntas Respostas
Sujeito - 8 “Você tem cabelo de Bombril? Por que” “Não cabelo incurugida”
Sujeito – 10 “Você acha que se parece com que
animal”
“Macaco”
Sujeito - 13 “Seu pai é branco ou preto” “Branco”
De acordo com SILVA (2007), uma criança pode cometer atos raciais até
sem mesmo perceber, simplesmente, por dizer aquilo que ouviu de alguém. Uma
criança transmite as informações coletadas na escola, na rua, e até mesmo na
convivência familiar, estes aspectos podem fazer parte da vida da criança. A escola
tem o compromisso de informar à criança o que é brincadeira racial, pois se isto não
acontece a criança pode entender que é normal classificar o colega pela cor, pelo
peso e altura.
Para que os escolares entendessem o que é cultura Afro-Brasileira e
racismo, na segunda aula foi aplicado como parte principal um vídeo chamado
Besouro, este vídeo retrata a capoeira no Brasil no período de 1924. Após este vídeo
ter sido apresentado aos escolares, foi feito um debate a respeito de como era a
21
capoeira antes e como é agora, qual foi o papel dela no passado e qual o papel dela
no presente.
No debate foram usados como base teórica, três autores: ALMEIDA e
PORTER (2007), salienta que a capoeira não foi desenvolvida como um ato de
defesa dos escravos, que a capoeira não estava ao nível das armas, como facas e
correntes e estes seriam alguns dos motivos que a capoeira não seria eficaz como
auto defesa. “As provas sugerem que esta teoria é um mito, porque mesmo a dança
era uma prática proibida.” (p. 12), mas ADORNO (1999), salienta que os sons dos
instrumentos como atabaques permaneciam vivos e os cultos aos orixás e outras
danças onde nasceria o jogo da Capoeira, utilizando o disfarce de cantigas e danças.
Em um período onde as fugas eram rotineiras do ambiente das senzalas, o que
restavam aos negros para tentar a liberdade era utilizar da sua diversidade cultural
até que surgisse uma oportunidade boa para a fuga. “Sabe-se que os negros eram
insuperáveis na luta corpo a corpo, também numa conseqüência direta do vigor físico
comprovado no estafante trabalho muscular que exigia alta carga de força.”
(ADORNO 1999, p. 17).
SILVA e HELINE (2008), afirmam que a capoeira fez parte na busca pela
liberdade dos escravos de forma direta e indireta, mas a capoeira passou de um
instrumento de resistência para um instrumento psicomotor para a cidadania. Deste
modo, a capoeira passa a ser visada e vivenciada como um poderoso instrumento
educacional. “Com a capoeira os negros escravos lutaram pelo direito à vida e não
se acomodaram nem aceitaram a escravidão.” (p. 29).
Da segunda até a oitava aula, teve como foco os movimentos básicos da
capoeira como cantigas, ginga e golpes, foram trabalhados todos os componentes
básicos da capoeira. Nas cantigas foram focadas as músicas que falam sobre a
escravidão, dentre elas as músicas, esperança de ser livre, navio negreiro, capoeira
antigamente, estrela brilhou no céu da Bahia, foi mestre bimba, entre outras músicas
também foi trabalhado a música, zum, zum, zum... Só que esta música foi alterada
pelos próprios sujeitos na frase que diz: zum, zum, zum capoeira mata um, para zum,
zum, zum capoeira educa um. Valorizado assim, mais a parte educativa da música.
Na tentativa de valorizar a aprendizagem dos escolares sobre cultura Afro-
Brasileira, foi elaborado e desenvolvido uma apresentação de teatro. No nono dia foi
planejado todo o teatro junto com os escolares envolvidos na pesquisa e ensaiado.
22
No décimo dia, foi feito ensaios finais e logo após, apresentado o teatro. Este teatro
foi apresentado para todos os escolares e professores da escola, foi muito aplaudida.
Os escolares apresentaram o que aprenderam nos dez dias de aula sobre cultura
Afro-Brasileira, e também mostraram a capoeira como principal instrumento da
cultura Afro-Brasileira. No dia da apresentação estava sendo comemorado na escola
o dia da independência do Brasil. Neste teatro os escolares representaram Princesa
Isabel, Zumbi dos Palmares, Feitor, Sampaio Ferras e os Capoeiristas de Hoje.
De acordo com SOARES et al (1992), a educação física tem o compromisso
de resgatar a capoeira enquanto a manifestação cultural, trabalhar com sua história,
valorizando seus momentos culturais e políticos. “Isso leva a entender a riqueza de
movimento e de ritmo que a sustentam, e a necessidade de não separá-la de sua
história, transformando-a simplesmente em mais uma “modalidade esportiva” (p. 53).
No décimo primeiro dia foi aplicada aos escolares uma entrevista semi-
estruturada com três questões para compreender a experiência das aulas de
capoeira, assim, os escolares foram questionados sobre o que aprenderam sobre
cultura Afro-Brasileira, foram diversos os entendimentos sobre o que é cultura Afro-
Brasileira, assim como podemos perceber nas respostas a seguir.
“Que foram os negros que vieram da África e trouxeram para o Brasil” -[SIC]
– (Sujeito – 6 )
“Que cultura Afro- Brasileira foi trazida pelos negros da África” -[SIC] –
(Sujeito – 7 )
“Eu aprendi que a cultura Afro- Brasileira é um esporte trazido da África
pelos escravos” -[SIC] – ( Sujeito – 13 )
Todos demonstraram através das respostas que houve um entendimento
sobre o que é cultura Afro-Brasileira, também os sujeitos mostraram de um jeito
particular, ter entendido o que é cultura Afro-Brasileira.
Questionamos ainda sobre o que foi aprendido sobre a Capoeira e foram
diversas as respostas: que entendem a capoeira enquanto luta, outros como dança e
também citada como esporte e que é parte da cultura. Observe alguns relatos a
baixo.
23
“É um esporte e uma luta e uma dança e também uma cultura”. -[SIC] – (
Sujeito – 7 )
“Eu aprendi que é um esporte que agora é praticado em academia
ensinando para doutor”. -[SIC] – (Sujeito – 9 )
“Capoeira e luta esporte e a cultura e dança”. -[SIC] - (Sujeito – 10 )
Os escolares mostraram de uma forma surpreendente, um entendimento
sobre o que é capoeira e mudaram seu conceito sobre a mesma. Podemos perceber
estas mudanças ao analisar as respostas antes e depois das aulas. SILVA et al
(2010). “A Capoeira conquista diversos espaços por todo o mundo, onde se podem
encontrar adeptos dessa arte que ensina ritmo, força, disciplina, defesa, poesia e
agilidade.” (p. 38). Questionamos os escolares sobre se a capoeira poderia fazer
parte das aulas de educação física e por quê.
“Sim porque é um esporte de lazer”. -[SIC] – ( Sujeito – 9 )
“Capoeira não é só um esporte é uma cultura brasileira”. -[SIC] – ( Sujeito –
10 )
“Porque é um esporte, uma dança e uma luta”. -[SIC] – ( Sujeito – 12 )
“Com certeza, porque é uma brincadeira esportiva e aprende-se a
coordenação”.-[SIC] - ( Sujeito – 13 )
De acordo com os seguintes autores SOARES et al (1992), SILVA e HELINE
(2008), ADORNO (1999), ALMEIDA e PORTER (2007), OLIVEIRA NETO (2007), a
cultura Afro-Brasileira faz parte da nossa história, pois é uma herança deixada pela
escravidão e foi alvo de preconceito por muitos cidadãos brasileiros, mas agora com
a lei 10.639/03 que institui a obrigatoriedade da .cultura Afro-Brasileira na escola
tende-se a melhorar as relações étnico-raciais.
“... Lei nº. 10.639/03. A Lei passou a vigorar acrescida dos seguintes artigos: Art. 26-a. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira” (BRASIL, 2003, p,01).
A capoeira originada pelo negro escravo é considerada um esporte brasileiro,
cultura, dança e luta, a capoeira é uma manifestação que começou como um
instrumento de repreensão à escravidão e hoje é um instrumento utilizado como meio
de educação que proporciona aos escolares coordenação motora, equilíbrio,
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aumento da capacidade cognitiva, benefícios estes, que são comprovados por muitos
pesquisadores.
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CONCLUSÃO
Esta pesquisa se propôs a esclarecer sobre a opinião dos escolares,
professores e Coordenação Pedagógica sobre capoeira e cultura Afro-Brasileira; O
papel e influência da capoeira no ambiente escolar como conteúdo curricular,
identificando a concepção dos alunos antes e depois da pratica da capoeira e
verificando-se a influência da da psicomotricidade no domínio da capoeira e cultura
Afro-Brasileira na rede municipal de educação. Foi notado que a coordenação
pedagógica acoplado aos professores montou um projeto paralelo ao Projeto Política
Pedagógico da escola (PPP) que tem como foco o ensino do tema cultura Afro-
brasileira. Foi percebido que os escolares entendem que a capoeira é uma dança,
esporte, luta e cultura afro-brasileira e as professoras que não atua na educação
física escolar, professor de educação física que não atua na escola no atual semestre
e coordenadora pedagógica da escola procura seguir as diretrizes da (LDB), para
obter resultados lógicos e coerentes através do tema cultura Afro-Brasileira. Notou-se
também que a prática da capoeira e a psicomotricidade não é considerada como
instrumento fundamental para a compreensão da cultura Afro-Brasileira, e os
escolares não mostraram uma compreensão lógica sobre o tema cultura Afro-
Brasileira, mostrando pouca noção sobre o assunto, deixando bem visível assim que
ainda deve ser buscar novos métodos para que o tema seja compreendido pelos
escolares, pois todos ouviram falar sobre o que é cultura Afro-Brasileira, porem não
estavam tão esclarecidos sobre o assunto, este resultado foi percebido antes mesmo
da aplicação das dez aulas, sendo confirmadas durante as aulas. Ao analisar os
dados, o escolar expôs muitas dúvidas sobre cultura Afro-Brasileira e capoeira, no
entanto logo após as aulas os escolares mostraram ter adquirido uma maior
compreensão sobre o assunto. De forma mais esclarecida mostraram compreender
que a capoeira faz parte da cultura Afro-Brasileira é também que é uma obrigação da
escola em ensinar sobre cultura Afro-Brasileira, foi através da capoeira que eles
tiveram uma vivência e maior compreensão sobre o assunto, então se concluiu
assim, que a capoeira pode contribuir para a aplicação da lei 10639/03 na escola e
que ela é bem aceita pelos escolares e que pode e deve ser inserido no plano de
ensino do professor de educação física para que através da capoeira os escolares
tenham conhecimento sobre a história da escravidão no Brasil e como foi
conquistado o direito a liberdade de quem era escravizado. Quem além dos negros
que lutaram pela abolição da escravidão no Brasil entre outros conceitos que pode
ser compreendidos pelos escolares através da capoeira e psicomotricidade na
educação física escolar.
27
REFERÊNCIAS
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Filosofia, Ciências e Letras Curso de Educação Física Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande Do Sul Uruguaiana, Campus Uruguaiana -2007. Disponível em::<http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/graduacao/article/viewFile/3494/2742A> Acesso em 10 ago. 2011. PIRES, Antonio Liberac A. Capoeira no jogo das cores: criminalidade, cultura e racismo na cidade do Rio de Janeiro (1890-1937). Dissertação de Mestrado. Departamento de História. Campinas: UNICAMP, 1996. ROCHA, Luiz Carlos Paixão. Da políticas afirmativas e educação: a Lei 10639/03 no Contexto das Políticas Educacionais no Brasil Contemporâneo Universidade Federal do Paraná. Curitiba 2006 Disponível em: <http://www.nupe.ufpr.br/paixao.pdf> Acesso em: 29 set. 2001 SANTANA, Jair . A LEI 10.639/03 E Ensino de Artes Nas Séries Iniciais: Políticas Afirmativas e Folclorização Racista Universidade Federal do Paraná, Curitiba 2010. Disponível em: http://www.ppge.ufpr.br/teses/D10_santana.pdf. Acesso em 29 set. 2011. SHIGUNOV,V., FARIAS, G. O.; NASCIMENTO, J. V. O percurso profissional dos professores de Educação Física nas escolas. In: SHIGUNOV, V.; SHIGUNOV NETO, A. (orgs.). Educação física: conhecimento teórico x prática pedagógica. Porto Alegre: Mediação, 2002, p. 103-15. SILVA Aline da Silva; MARQUES, Joseane Albuquerque; CHAVES FILHO, José Wariston Taveira; MASCARENHAS, Josiene de Lima. Educação Física Escolar: Implicações para a Motricidade Humana 2º SIMPÓSIO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO UNINORTE. Centro Universitário do Norte – UNINORTE Curso de Educação Física Manaus, Abril de 2010. SILVA, Gladson Oliveira; HELINE, Vinicius. Um instrumento psicomotor para a cidadania. São Paulo: Phorte, 2008 SILVA. Petronilha Beatriz Gonçalves. Aprender a ensinar a relação étnico-racial no Brasil. Porto Alegre. 2007. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/2745/2092>. Acesso em 8 out. 2011. SILVA, Vagner Gonçalves da (Org.) . Artes do corpo: memória afro-brasileira. São Paulo: Summus/Selo Negro, 2004. v. 2. SOARES, Carmem Lucia et al. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992. Disponível em: <http://www.4shared.com/get/qg_41oBR/Coletivo_de_Autores_metodologi.html>. Acesso em 10 nov. 2011. SOARES, Max Castelhano Uma proposta de trabalho interdisciplinar: empregando os temas geradores alimentação e obesidade. Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências. Santa Maria, RS, Brasil 2010. Disponível em:
29
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ANEXOS
ANEXO- A TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Estamos convidando seu filho(a) para participar de uma pesquisa a ser
realizada na Escola, com o tema: A Aplicação da Lei 10.639/03 na Educação Física
e as
Contribuições da Capoeira. Para tanto, necessitamos o seu consentimento.
A pesquisa tem como objetivo Analisar a opinião dos escolares, professores e
coordenação pedagógica sobre capoeira e cultura Afro-Brasileira, Serão utilizados
como instrumentos de coleta de dados questionário, entrevista semi-estruturada e
diário de campo. A pesquisa será realizada nas dependências da Escola a qual seu
filho(a) encontra-se matriculado. O dia e o horário serão previamente agendados
junto à direção da escola.
A identidade de seu filho(a) será preservada, pois cada indivíduo será
identificado por um número. Como não se trata de um procedimento invasivo os
riscos envolvidos neste estudo serão mínimos, tendo apoio da equipe em questão, e
como benefício do conhecimento sobre cultura afro-brasileira e capoeira Considera-
se também uma oportunidade de discussão e orientação aos profissionais em
Educação Física da Escola.
Solicitamos a sua autorização para a realização do estudo e para produção
de artigos técnicos e científicos. Caso aceite assine ao final deste documento, que
está em duas vias. Uma delas é sua, a outra é do pesquisador responsável. Em
caso de recusa você não será penalizado(a) de forma alguma.
Agradecemos desde já sua atenção Pesquisadores responsáveis: Célio da Cunha Carvalho
CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DA PESSOA COMO SUJEITO
Eu, _____________________________________________________________________, RG/CPF _____________________________________________, abaixo assinado, concordo que meu filho(a) participe do estudo como sujeito. Fui informado sobre a pesquisa e seus procedimentos e, todos os dados a seu respeito não deverão ser identificados por nome em qualquer uma das vias de publicação ou uso. Foi-me garantido que posso retirar o consentimento a qualquer momento. Município............, .... .de .......de....... Nome do responsável: ______________________________________________________ Assinatura: _______________________________________________________________
ANEXO B - CONSENTIMENTO PARA FILMAGEM E GRAVAÇÃO DE VOZ
ENTREGUE AOS PAIS OU RESPONSÁVEIS E COORDENADORA PEDAGÓGICA
Eu _________________________________________________________________
permito que o grupo de pesquisadores abaixo relacionados obtenham fotografia,
filmagem ou gravação de meu filho(a) ou de minha pessoa para fins de pesquisa,
científico e educacional.
Eu concordo que o material e informações obtidas relacionadas ao meu filho(a) ou
de minha pessoa possam ser publicados em aulas, congressos, palestras ou
periódicos científicos. Porém, não deve ser identificado por nome em qualquer uma
das vias de publicação ou uso.
As fotografias, filmagens e gravações de voz ficarão sob a propriedade do grupo de
pesquisadores pertinentes ao estudo e, sob a guarda dos mesmos.
Nome do sujeito:
__________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________
Nome dos pais ou responsável:
__________________________________________________
Assinatura: __________________________________________________
Se o sujeito é menor de 18 anos de idade, ou é incapaz, por qualquer razão de
assinar, o Consentimento deve ser obtido e assinado por um dos pais ou
representante legal.
Equipe de pesquisadores:
Célio da Cunha Carvalho
ANEXO E - ATIVIDADE “PERGUNTE QUE EU RESPONDO!”
Aula n. 01 – perguntas elaboradas pelos escolares
Dinâmica - pergunte que eu respondo Perguntas Respostas “Você tem cabelo de Bombril”
“não cabelo incurugida”
“Você é um bode” “eu não cara parda”
“veio de mate “
“sim”
“Você e filho de sua mãe ou seu pai”
“filha do seu cérebro bobo”
“Você nasceu onde” “na lua “
“Você tem uma madrasta “
“eu tenho”
“Você se acha” “eu não”
“Você acha que se parece com que animal” “macaco” “Seu pai é branco ou preto” “branco”
APÊNDICES
APÊNDICE A - QUESTIONÁRIO A SER APLICADO AOS ESCOLARES
Nome: ___________________________________ Sexo: ______ Idade: _______ 1) O que é capoeira para você? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 2) Na sua opinião, que tipo de pessoa pratica capoeira? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 3) Você já ouviu falar sobre cultura afro-brasileira? ( ) Sim ( ) Não Se sim, onde aprendeu? O que você sabe sobre o assunto? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________ 4) Algum professor já ensinou para você sobre a cultura afro-brasileira? ( )Sim ( ) Não Se sim, professor de que disciplina? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 5) Você sabe que a capoeira faz parte da cultura afro-brasileira? ( )Sim ( ) Não Se sim, onde e com quem você aprendeu? ____________________________________________________________________________________________________________________________________________ 6) Você pratica ou já praticou capoeira? ( )Sim ( ) Não Por quê? ___________________________________________________________________________________________________________________________________________
Muito obrigado pela atenção!
APÊNDICE B - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA A SER
APLICADA AOS ESCOLARES
Nome: ___________________________________ Sexo: ______ Idade: _______
1) O que você aprendeu sobre Cultura Afro-Brasileira?
2) O que você aprendeu sobre a Capoeira?
3) Na sua opinião, a Capoeira poderia ser conteúdo das aulas de Educação
Física? Por quê?
Muito obrigado pela atenção!
APÊNDICE C - ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADO A SER
APLICADO AO COORDENADOR PEDAGÓGICO DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
Formação:
___________________________________________________________
Tempo de atuação:
____________________________________________________
1) O tema Cultura Afro-Brasileira está inserido no Projeto Político Pedagógico da
Escola? ( )Sim ( ) Não Por quê?
2) Como o tema cultura Afro-Brasileira é desenvolvido pelos professores nas suas
disciplinas?
Muito obrigado pela atenção!
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO A SER APLICADO AO PROFESSOR DE
EDUCAÇÃO FÍSICA
Tempo de atuação na disciplina:
__________________________________________
Tempo de atuação nesta Instituição:
_______________________________________
1) O tema Cultura Afro-Brasileira está inserido no seu planejamento anual de
Educação Física? ( )Sim ( ) Não Por quê?
2) De que forma você trabalha este tema nas aulas de Educação Física? Em qual ou
quais conteúdos da cultura corporal de movimento você aborda este tema?
Muito obrigado pela atenção!
APÊNDICE E - QUESTIONÁRIO A SER APLICADO AOS PROFESSORES DE
OUTRAS ÁREAS
Disciplina:
____________________________________________________________
Tempo de atuação na disciplina:
__________________________________________
Tempo de atuação nesta Instituição:
_______________________________________
1) O tema Cultura Afro-Brasileira está inserido no planejamento anual de sua
disciplina? ( )Sim ( ) Não Por quê?
2) De que forma você trabalha este tema nas suas aulas?
Muito obrigado pela atenção!